REoCUPA OCUPAÇÃO 9 DE JULHO BRUNNA MARTINS NACAGAWA
2020
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
REoCUPA OCUPAÇÃO 9 DE JULHO BRUNNA MARTINS NACAGAWA
Trabalho apresentado como exigência para conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Daniel Oliveira Cruz.
SÃO PAULO 2020
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“ Insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes” Albert Einstein
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Imagem 1 - Ocupação 9 de julho Autor: Marcos Cimardi 2018
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[ Agradecimentos ] Agradeço à Deus. Agradeço meu pai e minha família Agradeço meu orientador Daniel Cruz Agradeço aos meus amigos e a população da ocupação 9 de julho.
[ RESUMO ]
[ ABSTRACT ]
O presente trabalho insere-se na discussão sobre os vazios construídos na região central da cidade de São Paulo e o direito à cidade, onde a mobilização social dos movimentos sem teto exprime as deficiências da política habitacional brasileira, contesta a atual produção de habitação social, além de questionar a falta de investimentos e incentivos para reabilitar edifícios subutilizados ou abandonados no centro. Através da análise cronológica da evolução urbana do centro e das políticas habitacionais, entenderemos o processo do esvaziamento da região central, o espraiamento da cidade e o crescente déficit habitacional, concomitante os surgimentos das moradias informais como solução a falta de moradia. A proposta do trabalho é um projeto de retrofit do antigo edifício da IAPETC localizado na Av. 9 de julho 584, que desde de 1997 vem sendo ocupado de forma irregular, acolhendo cerca de 100 famílias, o intuito do projeto é atribuir moradia dignar e ambientes colaborativos, além de um espaço multifuncional que abriga eventos culturais e sociais da ocupação 9 de julho, de modo a promover uma cidade mais compacta e inclusiva.
The present work is part of the discussion about the voids built in the central region of the city of São Paulo and the right to the city, where the social mobilization of homeless movements expresses the deficiencies of the Brazilian housing policy, challenges the current production of social housing. and questioning the lack of investments and incentives to recycle underused or abandoned buildings in the center. Through the chronological analysis of the urban evolution of the center and housing policies, we will understand the process of the emptying of the central region, the sprawl of the city and the growing housing deficit, concomitantly with the emergence of informal housing as a solution to homelessness. The proposal of the work is a retrofit project of the old IAPETC building located at Av. 9 de Julho 584, which since 1997 has been occupied irregularly, welcoming about 100 families, the purpose of the project is to assign dignified housing and environments. collaborative, and a multifunctional space that shelters the cultural and social events of the July 9 occupation, to promote a more compact and inclusive city.
Palavras chaves: Habitação de interesse social, Ocupação 9 de julho, Centro urbano, Reabilitação urbana, Requalificação, Retrofit, Direito à cidade.
Key words: Social housing, Occupation July 9, Urban center, Urban renewal, Requalification, Retrofit, Right to the city.
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Imagem 2 - Vista aérea São Paulo Autor:Werner Haberkorn
Imagem 30 - Mapa equipamentos de cultura e bens tombados Imagem 31 - Mapa equipamentos de saúde e segurança Imagem 32 - Hotel Cambridge Imagem 33 - Foto área Hotel Cambridge Imagem 1 - Ocupação 9 de julho. Imagem 34 - Plantas Hotel Cambridge Imagem 2 - Foto Aérea de São Paulo. Imagem 35 - Cortes Hotel Cambridge Imagem 3 - Fachada Ocupação 9 de julho. Imagem 36 - Real Parque Imagem 4 - Crianças na ocupação. Imagem 37 - Pátio interno Real Parque Imagem 5 - Fachada da ocupação Imagem 6 - Crescimento urbano em 1930 (esquerda) e 1950 (direita) Imagem 38 - Foto área Real Parque Imagem 39 - Corte Real Parque Imagem 7 - Theatro Municipal Imagem 40 - Implantação Real Parque Imagem 8 - Edifício São Vito Imagem 41 - Planta apartamento tipo Real Parque Imagem 9 - Edifício Wilson Paes Imagem 42 - Fachada Jardim Edite Imagem 10 - Linha do tempo politicas habitacionas e centro Imagem 43 - Foto área Jardim Edite Imagem 11 - Mural dentro da Ocupação Imagem 44 - Corte Jardim Edite Imagem 12 - Índice de imóveis notificados na cidade de São Paulo Imagem 45 - Fachada Jardim Edite Imagem 13 - Fachada Preste Maia Imagem 46 - Planta pavimento tipo Jardim Edite Imagem 14 - Edifício IAPETC Imagem 48 – Fachada Imagem 15 - O edifício hoje Imagem 49 – Fachada Rua Álvaro de Carvalho Imagem 16 - Interior da Galeria reocupa Imagem 50 – Construção existente Imagem 17 - O edifício hoje Imagem 51 – Horta Exitente Imagem 18 - Contraste social Imagem 19 - Diagrama núcleos compactos desenvolvido por Richard Rogers Imagem 52 – Acesso atual habitação Imagem 53 – Foto área ocupação 9 de Julho Imagem 20 - Mapa de São Paulo e perímetro mem e oucen Imagem 54 – Mapa curvas de níveis Imagem 21 - Mapa densidade demográfica Imagem 55 – Estacionamento Imagem 22 - Mapas de uso e ocupação Imagem 56 – Rampa de acesso para o edifício Imagem 23 - Mapa zoneamento Imagem 57 – Construção existente Imagem 24 - Estratégias Ilustradas ZEIS 3 Imagem 58 – Talude de concreto Imagem 25 - Função social da propriedade Imagem 59 – Fachada posterior Imagem 26 - Mapa cortiços e ocupações Imagem 60 – Desnível natural Imagem 27 -Mapa Mobilidade Imagem 61 – Talude Imagem 28 - Mapa de Abastecimentos Imagem 62 – Diagrama Programa de necessidade Imagem 29 - Mapa de equipamentos de educação Imagem 63 – Setorização
[ LISTA DE FIGURAS ]
Imagem 64 – Fluxograma Imagem 65 – Diagrmas Imagem 66 – Volumetria Imagem 67 – Isométrica Imagem 68 – Fachada Rua Álvaro de Carvalho Imagem 69 – Fachada Av. 9 de Julho Imagem 70 – Fachada Av. 9 de Julho Imagem 71 – Planta de implantação Imagem 72 – Planta nível 757 Imagem 73 – Planta nível 741 Imagem 74 – Vista praça Imagem 75 – Fachada 9 de Julho Imagem 76 – Vista Rua Álvaro de Carvalho Imagem 77 – Fachada IAPTEC Imagem 78 – Isométrica IAPETC Imagem 79 – Planta Térrea, 1 e 2 pavimento Imagem 80 – Planta 3 e 4 pavimento Imagem 81 – Planta 5, 6 e 7 pavimento Imagem 82 – Planta 8, 9 e 10 pavimento Imagem 83 – Planta 11, 12 e 13 pavimento Imagem 84 – Planta 14 pavimento Imagem 85 – Vista interna escola Imagem 86 – Unidades Habitacionais Imagem 87 – Fachada Anexo Imagem 88 – Perspectiva anexo Imagem 89 – Perspectiva estrutura Imagem 90 - Vista interna anexo Imagem 91- Vista lateral anexo Imagem 92- Plantas anexo Imagem 93- Vista interna anexo Imagem 94- Vista interna anexo Imagem 95- Vista interna anexo Imagem 96- Fachada habitação
Imagem 97- Isométrica pavimento tipo Imagem 98- Plantas HIS Imagem 99- Unidades habitacionais Imagem 100- Vista Álvaro de Carvalho Imagem 101- Fachada habitação Imagem 102- Corte AA Imagem 103- Corte BB Imagem 104- Corte CC Imagem 105 – Vista Praça Imagem 106 – Fachada 9 de Julho
[ LISTA DE GRÁFICOS e tabElas ] Tabela 1 - Motivações que conduzem as intervenções em centro Gráfico 1 - Crescimento do déficit habitacional no Brasil Gráfico 2 - Composição DÉFICIT HABITACIONAL Gráfico 3- Relação déficit habitacional e a renda familiar Gráfico 4- Donos dos imóveis ociosos notificados na cidade de São Paulo Gráfico 5 - População recenseada distritos subprefeitura Sé Gráfico 6 - Empregos formais na Subprefeitura Sé e Distritos Gráfico 7 - Rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) Tabela 2 - Distribuição dos Domicílios, por Faixas de Renda per Capita Gráfico 8 - Relação equipamentos e serviços Tabela 3 - Metragem UH Tabela 4 - Tabelas de áreas Tabela 5 - Parâmetros urbanos Tabela 6 - Restrição para uso não residencial Zeis 3 Tabela 7 - Programas de necessidades
[ LISTA DE ABREVIATURAS ] IAPETC - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas IBGE - Instituto brasileiro de geografia e estatísticas. FGV - Fundação Getúlio Vargas. ABRAINC – Associação brasileira de incorporadoras imobiliárias. PNAD - Pesquisa nacional por amostra de domicílios. FAU-USP - Faculdade de arquitetura e urbanismo de São Paulo. MST - Movimento sem teto. MSTC - Movimento sem teto centro. COHAB- SP – Companhia metropolitana de habitação de São Paulo. BNH – Banco Nacional de Habitação. UMM - União dos Movimentos de Moradia. PPP - Parceria público e privado. MEM - Macroáreas de estruturação metropolitana ZEIS - Zona especial de interesse social OUCEN - Operação Urbana Centro UBS - Unidade Básica de Saúde HIS - Habitação de interesse social CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo. FHC - Fernando Henrique Cardoso FGTS - Fundo de Garantia por tempo trabalhado PDE - Plano Diretor
[SUMÁRIO]
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INTRODUÇÃO] ..........1
1
[1- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA] ..
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1.1 - TERRITÓRIOS EM CONFLITOS..............6 1.1.1 - breve histórico dos territórios em conflitos..........................................6
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[ potencial
0.1- APRESENTAÇÃO.................2 1.1.2- ESVAZIMENTO DO CENTRO E A ORIGEM desperdiçado] ........... 21 DOS PROGRAMAS DE REQUALIFICAÇÃO.....9 0.2- OBJETIVOS.......................2 2.1 - HISTÓRIA DO EDIFÍCIO.. 22 1.2 Direito à cidade...........................11 0.3- METODOLOGIA.................2 2.2 - a OCUPAÇÃO HOJE..... 23 1.2.1 PANORAMA HISTÓRIO DAS POLÍTICAS 0.4- ESTRUTURA.....................3 0.5- JUSTIFICATIVA...................3 HABITACIONAIS BRASILEIRA ...................14 1.2.2 - Origem dos movimentos sem teto ........................................................16 1.3 - cenário atual............................17
3
[aÇÕES PROJETUAIS] ........ 25 3.1 - CIDADES COMPACTAS......... 26 3.2 - ÁNALISE URBANA.............. 27 3.3 - eSTUDO DE CASO.............. 39
4 [ PROJETO] .......................... 47 4.1 - TERRENO.......................... 49 4.2 - conceito......................... 53 4.3 - partido............................ 55 4.4 - peças gráficas................ 62 4.5 - retrofit........................... 71 4.6 - anexo.............................. 81 4.7 - habitação........................ 89
5 [ conclusão] ............... 99 considerações finais ........ 100 bibliografia ..................... 101
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0
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introdução
1
[0.1-APRESENTAÇÃO] A concepção deste trabalho iniciou-se pelo questionamento sobre a atual situação de abandono do centro urbano de São Paulo. Porque o centro ainda continua com edifícios ociosos e/ou subutilizados, e em contrapartida, possui o maior número de ocupações irregulares do movimento sem teto? O processo gradual do esvaziamento do centro decorrente das novas dinâmicas de ocupação e expansão da cidade, consequentemente resultou a queda da densidade demográfica, a vacância imobiliária e aumentou o número de edifícios ociosos e/ou subutilizados, contrapondo a rica infraestrutura e a grande oferta de serviços, o centro tornou-se algo obsoleto, que atende apenas o setor de serviço, impulsionado a latência de pessoa e a insegurança. A renovação e o adensamento do centro tornou-se imprescindível, com intuito de perpetuar a história e valorizar o patrimônio construído, a reocupação do centro permite o melhor aproveitamento da infraestrutura consolidada e promove soluções sustentáveis de problemas urbanos atuais, investimento públicos parecem a solução para a reconversão da região, porém tais iniciativas públicas tentam conduzir e transformar o solo mais atrativo para agentes privados, que reordena o território de forma elitista, segregando a região e afastando a parcela mais pobre da população, que migra para margem da cidade.
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Imagem 3 - Ocupação 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa 2019
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De acordo com a prefeitura do município de São Paulo, a cidade apresenta 1.425 unidades de edifícios notificados considerados ociosos, concentrando 819 unidades apenas na região da Sé, conforme o levantamento da prefeitura a concentração desses imóveis está sob posse de agentes privados como imobiliárias e construtoras além de pessoas físicas, que retém esses imóveis à espera da especulação imobiliária decorrente dos investimentos públicos próximos, descumprindo a função social² obrigatória de acordo a constituição de 1988 e contribuindo para a degradação da área Em paralelo o déficit habitacional aumenta decorrente da crise financeira atual do país. De acordo com a Fundação Getúlio Vagas, o Brasil enfrenta um déficit de 7,7 milhões de unidades habitacionais, as políticas habitacionais como forma de sanar o problema se aliam à agente privados, que constroem réplicas de tipologias habitacionais monótonos em lugares desprovidos de infraestruturas e longe da região central da cidade, resultando em uma cidade dispersa, fragmentada e insustentável do ponto de vista econômico, ambiental e social, agravando a qualidade de vida dessa população. O cenário propiciou o surgimento dos movimentos sociais sem teto ou pró-moraria que refletem o descaso das políticas habitacionais ao decorrer da expansão da cidade, como forma de protesto e pelo direito à cidade, os movimentos vêm ganham notoriedade principalmente após o desabamento do edifício Wilson Paes, adquirindo um papel importante de denunciar e de cobrar os direitos à cidade e a moradia digna. Por fim o produto final deste trabalho de final de graduação tem como objetivo específico a Ocupação 9 de Julho e o propósito de um projeto arquitetônico com o intuito de reabilitar o antigo edifício IAPETC, promovendo melhor qualidade e segurança para as atuais famílias residentes da ocupação, além de propor novas infraestruturas para as atividades culturais e sociais que ocorrem na ocupação.
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[0.2-objetivos] [geral] Por trás desse processo o presente trabalho tem como objetivo geral desenvolver um projeto arquitetônico de retrofit no antigo edifício do IAPETC, ocupado de forma irregular pelo MST desde 1997, afim de impulsionar a reabilitação dos edifícios ociosos na região central e implantar novas unidades habitacionais de interesse social.
[ESPECÍFICO] Para se atingir o objetivo geral, propõe-se analisar o declínio da região central de São Paulo em relação as problemáticas habitacionais, o surgimento dos movimentos sociais como protesto ao direito à cidade, estudar novas possibilidades de reconvenção da região, aplicar os conceitos do retrofit em empreendimentos ociosos no centro, estimulando o adensamento habitacional e o compactamente da cidade.
[0.3-METODOLOGIA] Como metodologia buscou compreender as causas e efeitos do processo urbano da cidade de São Paulo através das políticas habitacionais e dos surgimentos dos movimentos sociais, para isso, foi realizado uma revisão bibliográfica para contextualizar a temática e identificar a problemática. Propõe-se interpretar as reais necessidades da ocupação, por meio de visita de campo e entrevistas, além de analisar estudos de casos consolidados. Por fim o produto final deste trabalho de final de graduação tem como objetivo específico a Ocupação 9 de Julho e o propósito de um projeto arquitetônico com o intuito de reciclar o antigo edifício IAPETC, promovendo melhor qualidade e segurança para as atuais famílias residentes da ocupação, além de propor novas infraestruturas para as atividades culturais e socias que ocorrem na ocupação.
Imagem 4 - Crianças na ocupação Autor: Toni Pires 2019 - Via El País
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[0.4-ESTRUTURA]
[0.5-justificativa]
O presente trabalho está estruturado em quatro capítulos, os dois primeiros referem-se à fundamentação teórica, Territórios em conflitos, é abordado a evolução urbana da cidade de São Paulo, e os impactos urbanos que acarretou no declínio e abandono do centro de São Paulo, relacionando com os problemas urbanos de hoje, Direito à cidade, expõe a problemática das políticas habitacionais, analisando o desenvolvimento e suas consequências no dia de hoje.
A atual produção de habitação social questiona a qualidade do planejamento urbano e a segregação socioespacial do território, uma herança desde a economia cafeeira, grande parte da população mora longe dos equipamentos públicos e da oferta de emprego, devido a única oportunidade de uma moradia “digna” nas periferias da cidade.
O terceiro, Potencial desperdiçado, foca no objeto de estudo, o edifício IAPECT, abandonado e ocupado irregularmente pela ocupação 9 de julho, a partir do levantamento de informações sobre a história do edifício, do local e da ocupação, encontrando suas potencialidades e problemas. O quarto capítulo, Ações projetuais, apresenta diretrizes e referências para concepção do projeto através da análise dos conceitos de Retrofit, e Cidades compactas, além dos estudos de casos. Por fim, o quinto capítulo, Projeto, refere-se ao produto final deste trabalho, o projeto arquitetônico, nesta etapa é abordado as diretrizes urbanas do terreno e do seu entorno, o partido arquitetônico, o programa de necessidade e a proposta final do projeto.
A escolha da Ocupação 9 de Julho, localizada na Av. Nove de Julho, 584, se fez pela sua importância social no cenário atual do direito à moradia e pelo seu caráter colaborativo, muito além de uma simples habitação, o projeto contempla espaços multifuncionais que incentiva a população da ocupação como do seu entorno, oferecendo um programa multicultural.
Em São Paulo o cenário desencadeia um movimento social em busca de moradias dignas em regiões abastardas, como o centro da cidade, o chamado movimento sem teto promove uma serie de discursão sobre o tema, a falta de habitação social em regiões rica em infraestrutura e a quantidade de edifícios vazios na região central. A relevância deste tema ganha destaque após o desmoronamento do Edifício Wilson Paes de Almeida em maio de 2018, a edificação modernista era ocupada pelo movimento sem teto e abrigava inúmeras famílias, considerado um patrimônio histórico a construção desabou por conta de um incêndio decorrente da falta de manutenção e pela falta de políticas públicas especificas, a tragédia ressalta a discursão sobre a divergência entre o déficit habitacional e a quantidade de números de edifícios vazios no centro, alarmando a fragilidade e os perigos à população destas ocupações. Imagem 5 - Ocupação 9 de julho Autor: Bunna Nacagawa 2019
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1 fundamentação teórica
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[1.1- territórios em conflitos] O presente capítulo objetiva discorrer sobre os conteúdos centrais abordados pelo trabalho, contemplando a questão dos territórios em conflitos, o surgimento dos movimentos sociais e o direito a cidade.
“A questão da terra se encontra, há 500 anos, no centro do conflito social no Brasil. Especificamente, a região central da maior metrópole do país é um território de intensas disputas, do capital, do mercado e daqueles que usam os imóveis simplesmente para morar e estar próximo ao seu local de trabalho. Diversos conflitos são expostos neste espaço da cidade que nada mais são do que reflexo das contradições do próprio sistema capitalista. ” (ANA GABRIELA AKAISHI, 2019)
[1.1.1- breve histórico dos territórios em conflitos ] A economia cafeeira é o fator que possibilitou o vasto crescimento urbano que tornou a cidade de São Paulo em meados do século XVIII influente capital de investimentos e oportunidade de empregos, graças ao surto industrial a cidade expandiu, junto com ela a forte necessidade de investimentos urbanos e de infraestrutura, de modo que o patrimônio construído não era suficiente para atender a demanda dos novos habitantes, impulsionando a construção de novas edificações que atenda as necessidade da nova elite.
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A grande primeira reforma urbana ocorreu [imagem 6 - Crescimento urbano em 1930 (esquerda) e 1950 (direita)] no triângulo histórico, conhecida pela Rua São Bento, Direita e Quinze de novembro, através da implantação de um novo projeto no Vale do Anhemgabaú, dirigida pelo francês Joseph-Antoine Bouvard, o centro tornou-se referência cultural e ponto de encontro da elite do café, tais intervenções estimularam a consolidação de um novo centro, região da Républica, fora do centro a concentração das fábricas junto as moradias dos mais pobres, fundando os bairros operários como Brás e Pari. (ROLNIK, 2017) O acelerado crescimento e as mudanças do setor econômico, implicou no surgimento de novas centralidade ao decorrer da história de São Paulo, como o Campos Elísios, que no final do século XIX se torna um bairro residencial da aristocracia, a Av. Paulista que abrigava os palacetes dos barões do café e mais tarde sede de empresas do ramo financeiro. O desenvolvimento sudoeste da cidade fundamenta uma geográfica social, presente até os dias hoje, regiões como Faria Lima, Berrini e Vila Nova Conceição configura uma centralidade da elite, concentrando os maiores valores da terra, enquanto os operários e imigrantes se abrigavam em bairros ao leste, como Mooca, Brás e Pari. (ROLNIK, 2017) De acordo com Alvaro A. Comin, no texto “Caminhos para o centro”, elaborado pela Prefeitura de São Paulo em 2004, é equivocado falar do Fonte: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano – Emplasa. 2002/2003. Adaptação: Secretaria municipal de planejamento esvaziamento da região, considerando que o centro apresenta certa densidade e importância eco-
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nômica, o que houve de fato, uma mudança do perfil socioeconômico, visto que a partir do final do século XX houve um desinteresse da elite na região, que migrou para região sudoeste, consequentemente o poder público investiu em novos meios de mobilidade, valorizando o modelo automobilístico sob pneus , a criação de novas vias e viadutos, como o plano de avenidas de Prestes Maia e o elevado Costa e Silva, transformou o centro em um lugar de passagem e um nó de articulação, favorecendo o comércio ambulante e o desinteresse de investimento privados na região. O surto rodoviário, advindo da valorização do automóvel sob pneus, e os novos planos priorizando essa mobilidade, surge em meados de 1930, com a proposta de Preste Maia, o plano de avenidas promoveu um novo modelo de circulação presente até os dias de hoje, sua concepção viabilizou a expansão horizontal, como forma de sanar o problema habitacional da época, tornou o transporte acessível nas periferias e impulsionou a compra e vende de loteamentos distantes e aumentou a oferta de moradia, em paralelo garantiu o deslocamento da elite para outras centralidade, todo investimento resultou em uma urbanização dispersa e fragmentada. (ROLNIK, 2017) O deslocamento da elite para região sudoeste, implicou em uma series de investimentos que acarretou no boom imobiliário nesta região, e consequentemente provocou o esvaziamento e a desvalorização da região central, a maioria dos imóveis ficaram vazios e não cumpriam nenhuma função. Se-
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Imagem 7 -Theatro Municipal
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Autor: Brunna Nacagawa, 2019
gundo Erminia Maricato (2019), a concentração desses imóveis está sob posse do mesmo dono, que retém esses edifícios a espera de especulação, porém é mais vantajoso para essas empresas deixar os edifícios vazios ou transformar em garagens. Ao longa da história da cidade de São Paulo, esse cenário se repete constantemente, as sucessivas demolições e reconstruções, estimula a especulação imobiliária e a desvalorização de certas regiões, onde o crescimento contínuo e descontínuo, denuncia a falta de políticas públicas na preservação do estoque imobiliário e no comprimento da função social. De acordo com Toledo (1981) as grandes cidades têm como tendência construir grandes monumentos arquitetônicos e abandoná-los, ora pelas novas centralidades, pela especulação ou pelo desuso, o centro da cidade é a região mais afetada. “A cidade de São Paulo é um palimpsesto – um imenso pergaminho cuja escrita é raspada de tempos em tempos, para receber outra nova, de qualidade literária inferior, no geral (...) Uma cidade capaz de gerar um parque como o Anhangabaú, um dos mais belos centros de cidade das Américas, para destruí‐lo em poucas décadas, e sem necessidade, apenas por imediatismo e imprevidência. Capaz de criar uma Avenida Paulista, única por sua posição na cidade e insubstituível em sua elegância, para aos poucos destruí‐la
minuciosa e repassadamente. E, sem remorso. ” (TOLEDO, 1981, p.67).
A desvalorização do centro e a vacância imobiliária, traz à tona questões insustentáveis que a cidade está tornando, a crise ambiental gerada pelo vasto crescimento territorial e populacional, acarretou na escassez de água e na falta de tratamentos total do esgoto, além dos problemas urbanos que agrava a crise, como os congestionamentos, os assentamentos em área de preservação, áreas impermeáveis e a falta de área verde. (ROLNIK, 2017) Em paralelo as questões ambientais, surge os movimentos sociais pró moradia no centro, em busca de adensar o centro e reivindicar seus direitos, esta população ocupa edifícios subutilizados, com o intuito de alertar a população e os órgãos públicos sobre a crise habitacional, e inserir a inclusão social em lugares privilegiados e o direito à cidade, ao mesmo tempo que o surge novos investimentos na região central, despertando o interesse dos donos dos imóveis ociosos, que buscam na especulação algum lucro. A partir deste cenário sem urbanização prévia e camuflada, em meio a uma guerra de interesse, surge os territórios em conflitos, locais que foram abandonados pelos proprietários, ganhou vida pelas mãos dos movimentos pró moradia, e que hoje travam uma batalha judicial pela posse do imóvel. Imagem 8 - Edificio São Vito Autor: LiaC - Via wikipedia
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atender as novas demandas do setor terciário, a busca por edifícios com uma infraestrutura mais atualizada, com elevadores e garagens, ocasionou o deslocamento destas empresas para as novas centralidades, como a Av. Paulista, em seguida a Av. Faria Lima e Av. Luís Carlos Berrini, conseA cidade de São Paulo nos anos 1920 tor- quentemente os empresários e funcionários migranou se um ponto de atração de capitais e popula- ram para regiões próximas a empresas. ção, o centro refletia todo o sucesso da expansão A partir da década de 1980 o centro apreda cultura cafeeira, abrigava ícones da arquitetura sentava um processo de desvalorização fundiária e como o Theatro Municipal e o maior arranha-céu da o esvaziamento da população residente, mas ainda cidade, o edifício Martinelli. abrigava sedes de órgãos públicos o que acarreJunto ao crescimento da cidade, o mono- tou no surgimento do comercio popular ao redor, a pólio da empresa Light, que era responsável por diminuição da habitação no centro aumentou a laabastecer e garantir a infraestrutura a cidade, como tência de pessoas, provocando sensação de abanenergia e os bondes, se tornava insuficiente peran- dono e insegurança, tal quadro motivou a queda te as demandas da cidade, nesse contexto surge o dos preços e alugueis, facilitando a ocupação pela Plano de Avenidas de Prestes Maia (1938-1945), população menos abastarda na virada do século.
[1.1.2- ESVAZIMENTO E A ORIGEM DOS PROGRAMAS DE REQUALIFICAÇÃO DO CENTRO]
concebendo um plano urbanístico que se opunha a De fato, o centro não experimentou um esqualquer obstáculo, seja a paisagem construída ou vaziamento total, apenas perdeu forças para novas a população (ROLNIK, 2017). região, que apresentam um ar inovador e dinâmico, O avanço da indústria automobilística via- restando ao centro funções acessórias e subalterbilizou a construções de novas vias, consequente- nas, uma “centralidade periférica”, como afirmam mente a expansão da cidade, e o surgimento de Nakano, Malta e Rolnik em 2004 no projeto “Caminovas centralidade, visto que o centro apresentava nhos para o centro”. problemas urbanos devido ao processo de indusA degradação do centro históricos, à pertrialização, como poluição, congestionamento, esda de função e os danos às estruturas, vem sendo cassez do solo e barulho, fatores que contribuíram discutidas internacionalmente desde a década de para a migração da elite (SALAZAR, 2018). 1950, não somente pelo seu caráter histórico, nem O processo de desocupação agravou quan- pelo seu patrimônio construído e importante posido a infraestrutura do centro não era suficiente para ção na estrutura urbana, mas porque a intervenção
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é necessária (CASTILHO, 2015). As grandes metrópoles mundiais e seu veraz crescimento alerta as questões insustentáveis que tomam conta da urbanização desenfreada, a intervenção vem como uma solução para melhorar a saúda e a estrutura da cidade, nada mais sustentável do que intervir em uma região rica em infraestrutura. “Recuperar o centro das metrópoles nos dias atuais significa, entre outros aspectos, melhorar a imagem da cidade que, ao perpetuar sua história, cria um espírito de comunidade e pertencimento. ” (CASTILHO, 2015, p.4)
Mesmo apresentando indícios de desvalorização nos anos 1970, o centro foi cenário de importantes interveções públicas, como a implantação do metrô, que modificou a estrutura da região, e tornou o centro um grande nó do sistema viário, importante para o mecanismo da cidade, com a inauguração do metrô foi necessario uma série de ações na região envoltória, para suprir a nova demanda, como a inserção dos calçadões e a reformas dos espaços públicos, como a praça da Sé. Na década de 1990, o centro foi palco de debates e propostas, tanto públicas quanto privadas, para reconversão da região. Inspirados em modelos internacional de requalificação dos centros históricos, a prefeitura inaugura uma série de medidas e projetos com o intuito de reverter o quadro do esvaziamento e degradação do centro. Sob gestão da prefeita Luiza Erundina (1989–1992) nasce o primeiro projeto voltado para revitalização do centro,
a operação urbana Anhangabaú, que remodelou o parque e o entorno da região, apresentando projetos voltados apenas para a paisagem urbana. A associação Vivo o centro nasce da iniciativa da sociedade civil interessadas na revitalização do centro, tinha como objetivos promover a fiscalização das ações do poder público e estimular parcerias com agentes privados. Diante deste cenário, o poder público lança o Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São Paulo, conhecido como Procentro, surge como resposta a pressão dos movimentos sociais. Durante o processo de recuperação, o centro passou por diversas etapas e alterações, decorrente das gestões políticas que administram e travam intervenções de acordo com os interesses e prioridades, ganhando diversos nomes, Procentro, Operação Urbana Centro, Plano de reconstruir centro e Programa Ação centro.
TABELA 1 - Motivações que conduzem as intervenções em centro Referência e identidade
O centro têm o papel essencial quanto à identidade e à referência de seus cidadãos e visitantes.
História urbana
O centro é o lugar onde se encontram as sedimentações e as estratificações da história da cidade.
Sociabilidade e diversidade
A variedade de atividades e a tolerância às diversidades reforçam o caráter singular dos centros urbanos em relação aos sucintos mais recentes
Infraestrutura existente
Nos centros das cidades, geralmente, há um sistema viário consolidado, saneamento básico, energia e serviços de telefonia, transporte coletivo, equipamentos sociais e culturais sw diversas naturazes. O descarte dessa infraestrutura, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental, é injustificável.
Mudanças nos padrões demográficos
Alterações como maior expectativa de vida e consequentemente envelhecimento da população; redução do número de componentes da família, ampliação do trabalho feminino, entre outros aspectos, facilitam e reconduzem ao retorno de habilitações nas áreas culturais.
Deslocamentos pendulares
Estaticamente, o centro concentra um maior número de postos de emprego. O retorno do uso residencial para o centro dimunui a necessidade de movimento pendular diário moradia-trabalho.
Distribuição e abastecimento
Durante muitas décadas, vem ocorrendo a dispersão locacional dos negócios. Em diversas escalas, entretanto, o centro ainda rétem uma parcela da distribuição de bens e servições.
Apesar de inúmeros programas para recuperação do centro, ainda há uma disputa pela produção e apropriação do espaço urbano, principal- Fonte: Castilho, 2006, p.5 mente com o surgimento da PPP, parceria público e privado, que visam projetos para estimular a valorização imobiliária e econômica na região central, poucas medidas foram criadas para a permanecia da população de baixa renda no centro.
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direiro à cidade
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Imagem 9 - Edifício Wilson Paes Fonte: Larissa França Peres, via Archdaily
[1.2.1- panorama histórico das políticas habitacionais brasileira] O surgimento da precariedade da habitação no Brasil está relacionado ao período de transição do modelo rural, agrário-exportado, para o modelo socioeconômico do urbano-industrial, o surto industrial da produção cafeeira no final do século XIX trouxe consigo uma massiva imigração de trabalhadores e a necessidade de novas unidades habitacionais. (BONDUKI, 2011) A partir da iniciativa privada as primeiras soluções para sanar esse problema, o chamado produção rentista, foi responsável por gerar inúmeras unidades habitacionais com grande capacidade de adensamento e em condições insalubres, alternativa altamente lucrativa para o setor privado e a única opção de moradias para a população operária. A primeira política habitacional promovida pelo Estado surge com o governo Vargas (1930 – 1945) com a criação do IAPs, Instituto de Aposentadoria e Pensão, auxiliava na venda, aluguel ou financiamento de imóveis para trabalhadores afiliados, o instituto era vinculado apenas com trabalhadores formais, como exemplo bancários, comerciantes e funcionários públicos. Por consequência, o instituto não englobava a maior parte dos trabalhadores, que procuravam subsidio no modelo de alugueis ou empreendimentos onde o valor da terra era baixo. (BONDUKI, 2017)
Em 1940, o governo Vargas, na tentativa de desestimular os investimentos da economia rentista e promover outros setores da indústria nacional, promulga a “Lei do Inquilinato” que tinha como objetivo congelar os valores dos alugueis vigentes. Tal ação, de acordo com Bonduki (2017) agravou a crise habitacional, muitos proprietários rentistas optaram por despejar os inquilinos e vender o estoque imobiliário. Com a redução de ofertas de aluguéis no centro, a população de baixa renda em busca de terra com baixo valor, ocupa a região periférica da cidade. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, surge o crescimento de imigrantes no Brasil, o governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) cria a fundação da Casa Popular como forma de reparar a crescente crise habitacional, porém falhar ao relacionar a produção de habitação com clientelista, excluindo a classe popular. Com o golpe militar, em 1964 as organizações de produção habitacional foram extintas. O governo militar ao abolir todas as experiências anteriores, cria o Banco Nacional de Habitação, o BNH, que enxergou no mercado imobiliário um meio de consolidar o capital industrial brasileiro. O programa de financiamento do BNH, estimulou o modelo capitalista, impulsionado o campo da construção civil, afirmando o raciocino de que a habita-
ção tornou um produto no mercado mercadológico sobrepondo ao real problema da crise habitacional. (BONDUKI e LEITE, 2008). Com a promulgação da constituição de 1988 a responsabilidades urbanas são distribuídas em três esferas, municipal, estadual e federal. A década de 1980 foi marcada pelo avança das políticas urbanas, como o plano diretor, graças a constituição que pela primeira vez o poder público reconheceu o direito à moradia a população de baixa renda. Em 1996 houve um avanço no mercado de financiamento com o novo programa de FGTS, fundo de garantia por tempo de trabalho, além da criação da Secretária de Política Urbana na gestão do governo FHC. Em 2003 funda o Ministério das cidades, que passa efetivamente a controlar a desigualdade social e promover diretrizes e ações para ampliar o acesso à moradia e questões básicas imposta pela constituição. Com a crise mundial em 2008, o Ministério das Cidades perdeu forças e o Governo federal considerou o problema habitacional uma questão economia, surge como uma nova proposta inspirado no BNH, o programa Minha Casa Minha Vida, porém agora engloba famílias com renda até 3 salários mínimos. A proposta tinha como objetivo fomentar a economia brasileira com a circulação do mercado mobiliário e da construção civil, mas do que equilibrar o déficit habitacional, o programa es-
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timulava o mercado privado com incentivos e sem planejamento e controle fundiário, que provocou territórios em conflitos e segregação social. A grande questão do programa MCMV foi a produção em massa de unidades habitacionais supérflua, que não suprem a necessidades de cada região e da população. A construção deste tipo de empreendimento acontece em terra com preço barato, longe de equipamentos e infraestrutura, uma conduta inviável e insustentável.
Atualmente, de acordo com o Estatuto da cidade cada Plano Diretor tem como diretriz controlar e direcionar medidas para controlar o déficit e propor a partir da lei do parcelamento o zoneamento para implantação de habitação de interesse social. Cada plano prevê instrumentos de acordo com a necessidade de cada município.
trumentos oferecidos pelo Plano são importantes para controlar a questão fundiária, mas não monitor a questão econômica, para isso é necessário um plano de financiamento efetivo e que englobe pessoas de baixa renda, além de fomentar a economia do país.
Porém o Plano Diretor não é suficiente para controlar o déficit habitacional, a maior causa é a crise econômica que o pais passa, portanto, os ins-
imagem 10- linha do tempo politicas habitacionas e centro
Modelo ínicio da crise fundação da rentista habitacional casa popular 1933
1942 1940
iaps
1964 1946
lei do inquilinato
bnh
pac-bid
1986 1965
Autor: Elaborado pela autora. Fonte Elisabeth C. Salazar, 2018
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cohabs
política nacional de habitação
1992 1989
caixa econômica federal
2001 1997
CASA PAULISTA
2009 2004
estatuto da cidade
2012 2011
renova centro PMCMV
NOVO PDE
2014 MCMV ENTIDADES
[1.2.2- Origem dos movimentos sem teto] O Brasil nos anos 1980 enfrentava uma estagnação financeira, a intensa crise econômica, conhecia como década perdida, afetou diretamente a classe popular, e devido ao desemprego e a eclosão dos valores do aluguel, emerge os movimentos sociais de moradia e busca pela igualdade social. A União dos Movimentos de Moradia (UMM) inaugura a luta pela moradia com mobilizações sociais, pressão e negociação com o poder público, dentro deste movimento emerge outros, de acordo com a região e atuação. O movimento sem teto centro, o MSTC, foi fundado em 2000, com o intuito de promover o direito à moradia e a inclusão social no centro, de forma a reivindicar melhor qualidade de vida e acesso a infraestrutura a todos associados. O objetivo do movimento é de denunciar a falta de políticas públicas efetivas, que englobem a inclusão da população mais carente no centro, protesta a especulação imobiliária e o descaso público dos edifícios vazios na região central. A ação do movimento não é apenas invadir os edifícios obsoletos, mas de transformar o espaço abandonado, garantir funcionalidade a estrutura e eliminar focos de doenças e pragas, promovendo novos usos e moradias a todos. O projeto conta com gestão compartilhada, todos os moradores são responsáveis por manter uma parte da ocupação, de forma a garantir a funcionalidade do sistema.
ORGANOGRAMA 1- origem do mstc
Para garantir a segurança de todos os associados, o movimento conta com vistorias de arquitetos e engenheiros voluntários, que avaliam a estrutura do edifício e promovem projetos de melhorias das infraestruturas, assegurando a saúde do edifício e de todos os moradores. Todos os projetos dentro da ocupação funcionam a partir da coletividade, o movimento ao longa da sua luta recebeu inúmeras doações e hoje apresenta uma lista de parceiros que contribuem para a consolidação do movimento, oferecendo aulas de marcenaria, culinária, idiomas e computação.
umm
ULC
Unificação das lutas de cortiços 1991
forúm de cortiços e sem teto 1991
mtstrc
movimento dos trabalhores sem teto da região central 1998
união dos movimentos de moradia 1985
mmc
movimento de maradia do centro 1997
mstc
movimento sem teto 2000
Elaborado pela Autora Fonte: Braconi, 2017 e Affonso,2010.
Dentro das ocupações, há programas educativos, culturais e sociais como forma de reduzir a vulnerabilidades dos envolvidos, um projeto que vai além da moradia, mais que engloba questões de direitos, de pertencimento e resistência. Hoje o movimento abriga cerca de 2 mil pessoas distribuídos em 5 ocupações, entre adultos, crianças e adolescente, há uma grande presença de imigrantes, a maioria refugiados que encontram nas ocupações uma segunda casa.
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Imagem 11- Mural dentro da Ocupação Autor: Brunna Nacagawa 2019
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[1.3 Cenário atual]
GRÁFICO 2 - composição DÉFICIT HABITACIONAL
O país enfrenta o crescimento do déficit habitacional, como mostra o gráfico 1, de acordo com PNAD faltam 7,7 milhões de unidades habitacionais para suprir a necessidade e oferecer o direito à moradia, 474 mil estão localizada em São Paulo, para compreender a origem do déficit, é necessário recorrer à história, entre os anos 2000 e 2010, a população de São Paulo cresceu 12,3%, enquanto os números de pessoas que vivem em assentamentos precários subiram 70%. Economicamente, entre 2008 e 2017, o salário mínimo variou 60% enquanto os valores dos alugueis tiveram 100% de reajuste e a valorização de imóveis de 230%, o cenário agravou decorrente da crise financeira afetando principalmente famílias que pagam aluguel. (LUIZ KOHARA, 2019) O déficit habitacional é composto por brasileiros que não possuem moradia, assim como pessoas em condições subnormais, como habitações precárias e adensamentos excessivo. De acordo com a Fundação João Pinheiros, responsável pelos estudos que quantificam o déficit habitacional do Brasil, o maior responsável pelo déficit é o ônus excessivo do aluguel, que obrigam famílias a deixarem suas casas por falta de condições financeiras.
7.770.227 un
7.534.850 un
7.757.183 un
7.555.541 un
7.362.543 un
6.747.193 un
6.881.343 un
7.326.998 un
7.326.998 un
6.751.295 un
7.261.469 un
GRÁFICO 1 - Crescimento do déficit habitacional no Brasil.
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Fonte: Fundação João Pinheiros, Abrainc e FGV.
17
3,91% ADENSAMENTO EXCESSIVO
42,34% ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL
12,45% HABITAÇÃO PRECÁRIA
41,30% COABITAÇÃO FAMILIAR
Fonte: Fundação João Pinheiros, Abrainc e FGV. O ônus excessivo do aluguel pode ser considerado um problema urbano (Ana Maria Castelo, 2018), já que está relacionada com o valor da terra, consequência do Boom imobiliário entre 2009 e 2015, os altos investimentos do setor privados no mercado imobiliário, em conjunto com a falta de regularização fundiária e a flexibilidade da legislação provocou a especulação, resultando no aumento do preço do metro quadrado e do aluguel (MARICATO E ROYER, 2017). O déficit habitacional é maior entre famílias que vivem de aluguel e ganham até 3 salários mínimos, como mostra o gráfico 3, comprovando que a moradia virou mercadoria do sistema capitalista e que as próprias políticas públicas não alcançam toda população, agravando o quadro e estimulando a criação de assentamentos precários, invasões e loteamentos clandestinos. (MARICATO, 2018) “A maior parte da população brasileira não tem acesso à moradia nem pelo mercado e nem pelas políticas públicas. Quem tem condição de pagar uma casa no Brasil em geral é a menor parte da população brasileira” (MARICATO, 2018)
GRÁFICO 3- Relação déficit habitacional e a renda familiar
prem sua função social se iniciou nos anos 1990. Além de organizar famílias
2,10% mais de 5-10 sm 5,70% mais de 3-5 sm
“A ocupação de prédios que não cum-
0,50% mais de 10 sm
que buscavam um abrigo próximo ao trabalho, os movimentos de moradia denunciavam a especulação e pressionavam o poder público por programas de
40,60% Até 1 sm
51,10% Mais de 1 a 3 sm
Elaborado pela Autora Fonte: Fundação João Pinheiros, Abrainc e FGV.
As ocupações do movimento sem teto surgiram como resposta ao quadro do déficit habitacional, denunciando a falta de instrumentos que atendam a população mais carente, agravando a segregação social e a exclusão territorial. Como medida essas ocupações reivindicam seus direitos através dos movimentos sociais, invadindo imóveis e terrenos ociosos localizados em regiões considerados de boa infraestrutura, como forma de pressionar as entidades públicas e tornar público os problemas relacionados a especulação imobiliária e a falta de moradia social no centro das cidades.
produção de habitação no centro.” (NABIL BONDUKI, 08/2018)
O crescente número de ocupações do movimento sem teto centro na cidade de São Paulo, em paralelo a existência de inúmeros edifícios vazios e/ou subutilizados, evidencia um paradoxo entre a produção de novas habitações de interesse social e a obsolescência espacial do antigo centro, considerando que a cidade de São Paulo não tem mais área de expansão e apresenta um estoque imobiliário de construções vazias, a ocupação desses vazios construídos seria a solução mais sensata, conforme afirma Devecchi em seu livro “Reformar não é construir” “Sem dúvida, onde não há mais área pra expansão urbana e o déficit habitacional supera o milhão de unidades habitacionais, pensar a utilização dessas edificações parece uma ideia sensata.” (Devecchi, P.269, 2014)
De acordo com uma pesquisa realizada pela prefeitura do município de São Paulo em conjunto com a plataforma Uol, a cidade apresenta 1.425 imóveis notificados como ocioso e em desacordo com sua função social, identificou que 819
unidades estão localizadas na subprefeitura da Sé, como mostra o Mapa 1, nota-se que os bairros com o maior índice, como Sé, Mooca e Lapa sofreram ao decorrer da sua história com o abandono, seja ele pelo surgimento de novas centralidade ou pela migração do polo industrial para outras regiões. A pesquisa comprovou que 70% desses imóveis estão na posse de construtoras, incorporadoras, pessoas físicas e imobiliárias, ver gráfico 4, ou seja, nas mãos de agente privados. De acordo com a professora da FAU-USP, Erminia Maricato, a concentração destas propriedades é uma tentativa dos donos de provocar a especulação imobiliária, devidos os grandes investimentos públicos na região, como exemplo a proposta do Parque Minhocão, os proprietários retêm esses imóveis à espera da valorização, descumprindo a função social, estimulando o abandono e a falta de segurança. (MARICATO, 2019). Mas não é sobre as ocupações que estamos falando. É sobre responsabilizar quem deixa seus imóveis parados, abandonados e, algumas vezes, em ruínas, em uma região como o Centro de São Paulo - com metrô, empregos, comércios e serviços abundantes - esperando sua valorização, enquanto inúmeros trabalhadores têm de gastar horas para se deslocar nos transportes públicos entre suas casas na periferia da cidade e os locais de emprego. (ANA GABRIELA AKAISHI, CIDADES PRA QUEM, 2019)
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Imagem 12 - Índice de imóveis notificados na cidade de São Paulo
Em paralelo a eclosão das moradias informais e os edifícios vazios, recentes discussões sobre os impactos socioambientais decorrentes a expansão territorial da malha urbana vem ganhando visibilidade principalmente nas grandes metrópoles, a crescente demanda da literatura sobre o tema aborda a urgência do adensamento das regiões centrais como forma de equilibrar a relação entre ambiente natural e ambiente construído, de modo a desacelerar o crescimento territorial insustentável e promover soluções econômicas para combater problemas urbanos como o déficit habitacional, a grande demanda do transporte público, o congestionamento, a insegurança e a exclusão social (CARLOS LEITE, 2012). “Do ponto de vista urbanístico, essas transformações resultaram em uma série de problemas comuns que vem afetando as nossas cidades hoje. O abandono das áreas centrais metropolitanas pelo setor industrial e a con-
Fonte: Prefeitura de São Paulo e Uol. Modificado pela Autora.
sequente degradação urbana de espaços
Dentre os 1.425 imóveis notificados, 70% são considerados vazios, como mostra o gráfico 4, um número estrondoso que aumenta a discordância entre a existência dos vazios construídos e a carência habitacional. (ANA GABRIELA AKAISHI, UOL, 2019)
ção carente acesso a uma infraestrutura rica, além de promover beneficios sustentáveis a estrutura urbano.
De acordo com Nabil Bonduki, reocupar os edificios vazios com habitação de interesse social é necessario, porém não soluciona a crise habitacional, mas assegura o cumprimento da função social e a inclusão social no centro, garantindo a popula-
diária e habitacional, combatendo a especu-
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“Devem-se reabilitar edifícios vazios, mas não é a ocupação de domicílios vagos que equacionará o déficit. O desafio exige política funlação com terrenos ociosos e investindo em programas de produção de moradias adequados à realidade do país.” (NABIL BONDUKI, VITRUVIUS, 2018)
com potencial tão evidente de desenvolvimento afinal, adotados de preciosa infraestrutura e memória urbanas - é face da mesma moeda que expõe a urbanização ilegal, porém real e incontrolável, de nossas periferias. As consequências desse chamado espraiamento urbano são dramáticas em termos de total insustentabilidade ambiental, social, econômica e urbana (ocorre, invariavelmente, em áreas de proteção ambiental) ” (CARLOS LEITE, P.9)
gráfico 4- Donos dos imóveis ociosos notificados na cidade de São Paulo 34%
CONSTRUTORAS E INCOPORADORAS
6% IMOBILIÁRIAS 7%
SEM INFORMAÇÃO
33% PESSOAS FÍSICAS
15% sUBUTILIZADOS 70% NÃO UTILIZADOS 15% NÃO EDIFICADOS
20% OUTRAS EMPRESAS E INSTITUIÇÕES
Elaborado pela Autora Fonte: Prefeitura de São Paulo e Uol. O conceito de cidades compactas vem sendo difundido internacionalmente, sua concepção tem como definição solucionar problemas decorrente da vasta expansão urbana, que afeta diretamente os recursos finitos do planeta, com a finalidade de frear o avanço territorial e a cidade dispersa, tem como diretrizes reaproveitar o estoque imobiliário ocioso, descentralizar serviço, diminuir distancias e promover espaços urbanos autossuficiente com projetos multifuncionais. O cenário questiona a atual atuação pública perante a problemática habitacional e a produção de habitação social em regiões periféricas, em paralelo o centro de São Paulo oferece soluções para equilibrar o déficit habitacional, mas de fato não irá suprir a demanda. A questão de adensamento da região central, tanto em São Paulo como nas maiores cidades do mundo, é necessária visto o atual quadro de poluição e falta de recursos naturais.
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Imagem 13 - Fachada Preste Maia Fonte: São Paulo Antiga
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Imagem 14 - Edifício IAPETC Fonte: Revista de Engenharia Mackenzie nº 81 FEV 1943
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]
2 potencial desperdiçado
Localizado em uma importante estrutura viária, o edifício IAPETC inaugura a verticalização na Av. 9 de julho, representa uma época importante para arquitetura e ascensão dos edifícios públicos, a seguir será abordado um panorama história sobre o edifício, e o impacto que a ocupação 9 de julho trás para a região.
[2.1 HISTÓRIA DO EDIFÍCIO ] A cidade de São Paulo nos anos 1940 passava por uma grande transformação, o plano de avenidas Prestes Maia possibilitou a abertura de novas vias e ampliou o território, viabilizando a construção de novos edifícios, em paralelo ao crescimento da cidade e as novas demandas surge o boom dos edifícios públicos. O edifício projetado pelo arquiteto Jayme C. Fonseca Rodrigues, foi inaugurado em 1947, carrega uma forte influência norte americana advinda da formação do arquiteto, provocando uma obra com traços típicos da arquitetura Artdeco dos Estados Unidos. O terreno de 1.080m² localizado na Av. Nove de Julho 584 e Rua Álvaro de Carvalho 427, possui uma volumetria em forma de “T”, onde a parte central possui 14 andares enquanto as laterais 7 andares, totalizando quase 8.300m² de área construída. O projeto de uso multifuncional foi solicitado pelo Estado da Era Vargas para ser a nova sede da delegacia de São Paulo do IAPETC, os primeiros andares eram destinados a intuição, o segundo e
terceiro andar era ocupada por um amplo serviço médico, e do 4° ao 14° andar acomodava 67 apartamentos com intuito de locação. O prédio se manteve ativo legalmente até 1980, devido as falhas e mudanças nas autarquias da instituição, destinada ao esquecimento o prédio foi ocupado pelo movimento sem teto pela primeira vez em 1997, sua história é repleta de episódios de violência e desastres, foi cenário de inúmeras reintegrações de posse, incêndio e teve sua fachada principal lacrada para impedir novas ocupações e furtos. Após quase 40 anos sem uma destinação, recentemente o imóvel teve sua reintegração de posse extinta e os moradores batalham judicialmente pela posse do imóvel, alegando o descumprimento da função social e a falta de moradia. De acordo com o jornal El País, o imóvel foi transferido para o Instituto de Previdência Municipal em abril de 2019, e em breve pode pertence a Cohab-SP que pretende transformar o local em habitação de interesse social. Hoje a ocupação se tornou uma referência na luta pela moradia no centro, o antigo prédio abandonado se transformou em um polo cultural que oferece programas sociais inclusivos, abriga uma galeria de arte, horta comunitária, amostra de cinema entres outras atividades.
Imagem 15 - O edifício hoje Autor: Brunna Nacagawa 2019
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[2.2 a ocupação hoje ]
Em abril de 2019 o edifício da Ocupação 9 de Julho foi passado para o Instituto de Previdência Municipal, onde o atual prefeito Bruno Covas pretende transferir para a Cohab para transformar em habitação social e seguir o mesmo passo do Hotel Cambridge.
O movimento sem teto, com quase 19 anos de vida, tem 11 ocupações distribuídas por São Paulo, talvez a mais icônica delas, a Ocupação 9 de Julho nasceu em 1997, com a ascensão dos movimentos sociais, porém sofreu inúmeras integrações de posse e até um incêndio em 2008. Em 2004 o governo federal lança um projeto com intuito de recuperar a estrutura existente e transforma em habitação, mas nunca saiu do papel. A longa batalha judicial referente a posse do imóvel foi finalizada em 2019 com a desapropriação pela Prefeitura de São Paulo, graças ao instrumento da Função Social, que garantiu diante a Lei a desapropriação mediante a pagamento de dívida pública.
A ocupação tem uma agenda cultural diversificada, sempre com temas que abrange a luta e ou a busca por direitos, sempre com convidados especiais e um almoço com pratos típicos de regiões ou países diferentes. Contemplar a diversidade social é um tema abrangente na ocupação, cujo moradores tem etnias diferentes, 10% são refugiados.
O movimento começou a ganhar repercussão após o filme “ A era Cambridge” que aborda o cotidiano da Ocupação Hotel Cambridge, sob a mesma liderança a Ocupação 9 de julho aborda a mesma questão cultural do Hotel e oferece a partir de rede de ativistas e voluntariados um programa cultural único. O impacto social da ocupação chegou na Bienal de arquitetura de Chicago esse ano (2019), com o tema sobre os impactos da mobilização social sobre o direito à cidade. Hoje a ocupação tornou um polo cultural, recebendo artista renomados e com públicos de diferentes perfis.
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Imagem 16 - Interior da Galeria reocupa Autor: Brnna Nacagawa 2019
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A estrutura do edifício se mantem intacta graça a mobilização dos moradores que realizaram um mutirão e transformaram o interior, que oferecer até extintores, cada morador é responsável pela manutenção do andar onde mora. Todo sistema funciona a base da colaboração e com um pagamento aluguel para manutenções prediais. Uma questão urgente é a fachada que precisa de reparos, principalmente suas esquadrias.
Imagem 17 - O edifĂcio hoje Autor: Brunna Nacagawa 2019
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3 açþes projetuais
Imagem 18 - Constraste social
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Autor: Brunna Nacagawa 2019.
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Este capítulo pretende aborda questões, levantamentos e estudos pertinente ao trabalho e no desenvolvimento do projeto arquitetônico.
[3.1-cidades compactas] A atual crise habitacional é decorrente do crescimento desenfreado da cidade de São Paulo, de acordo com Richard Rogers a cidade é um organismo vivo, se não controlado desencadeia inúmeros problemas urbanos. A humaninadade tem consumido descontroladamente todos os recursos naturais da terra, e a grande responsável é a crescente taxa de urbanização das grandes metrópoles. Como solução surge o conceito de cidades compactas, com intuito de adensar em média 300hab/ Ha com implantação de usos mistos de forma a evitar o uso do transporte individual automotizado, diminuindo a necessidades das grandes barreiros urbanas existentes. A concepção de cidade autosustentável com usos distribuidos e conectados, otimiza a qualidade de vida da população, além de economizar os recursos naturais da terra.
cidade, principalmente em regiões com boa infraestrutura. Busca com a inclusão social barrar os efeitos da gentrificação e proporcionar cidades mais compactas e igualmente social. Portanto, no contexto urbano atual a aplicação dos conceitos de reabilitação e do compactamento da cidade mostra se como solução para a reconversão e a inserção de habitação social como condicionante para efetivação do direito à cidade imagem 19- DIAGRAMA NÚCLEOS COMPACTOS DESENVOLVIDO POR RICHARD ROGERS
MORADIA
TRABALHO
LAZER
A arquitetura tem como responsabilidade conceber projetos com sobreposição de usos de modo a otimizar a área util do terreno, com o intuito de adensar o metro quadrado e proporcionar em um pequeno espaço múltiplos uso, promovendo uma economia de energia, diminuição do nivel de poluição e maior qualidade de vida.
A criação de núcleos compactos conforme Richards Rogers permite menor deslocamento, promovendo o uso de modais nao automóveis.
Dentro do conceito de cidades compactas surge o princípio de reabilitar propriedades ociosas na
Elaborado pela Autora Fonte: Richards Rogers
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[3.2 - análise urbana]
[Perfil socioecônomico]
A ocupação está localizada entre Av. 9 de Julho 564 e a Rua Álvaro de Carvalho 427, no bairro da República, um dos 8 bairros que englobam a Subprefeitura da Sé. Com 2.666Ha a região está situada na Operação Urbana Centro e no perimetro da Macrozona de Estruturação Metropolitana.
A região apresenta um crescimento populacional nos ultimos anos, devido a revalorização da região e o incentido das operações urbanas. Composto por 48% da área contruída ocupada por habitação e 36% por comércio, a maioria edifícios residenciais com térreo comercial, seu caráter misto é fonte de empregos formais, a subprefeitura é responsável por 726 mil postos de trabalho formal, cerca de 17% do total da cidade, 45% concetrados nos bairros República e Bela Vista. (Dados prefeitura de São Paulo)
imagem 20 - MAPA DE SÃO PAULO e perímetro mem e oucen.
gráfico 5 - população recenseada distritos subprefeitura sé
MEM - mACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO URBANA OUCEN - OPERAÇÃO URBANA CENTRO OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
Fonte: IBGE - Censos Demográficos 2010 e SPurbanismo bom retiro
santa cecilia
Consolação
república
brás sé mooca
Sem escala
bela vista
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
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liberdade cambuci
A região é alvo de programas e politicas urbanas desde 1990, o valor histórico e a importância da sua infraestrutura para o municipio atrai os olhares de investidores, entre os anos de 2002 e 2004 a Sé lançou 260 empreendimentos comerciais em contrapartida 35 habitacionais. (Prefeitura de São Paulo - Plano Regional) Tais investimentos estimula novos moradores, principalmente da classe média, transformando o perfil economico dos moradores.
gráfico 6 - empregos formais na Subprefeitura Sé e Distritos
imagem 21- mapa densidade demográfica
Ocupação
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - RAIS 2014 - SPURBANISMO
gráfico 7 - rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo)
Autor: Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019 Densidade demográfica 2010 0 - 92
tabela 2 - Distribuição dos Domicílios, por Faixas de Renda per Capita 2010 92 - 146 146 - 207
Faixas de Renda (em Salários Mínimos)
207 - 351
351 - 30346 total Distrito
Menos de De 1/2 a De 1 a De 1 1/2 a 1/2 SM Menos de Menos de 1 Menos de 1 SM 1/2 SM 3 SM
De 10 SM e sem De 5 a De 3 a Menos de Menos de Mais rendi10 SM 5 SM mentos
sé
9.098
32
401
1.546
3.840 2.318
520
bela vista
29.967
58
590
1.985
7.299 8.443
6.265 4.008 1.113
bom retiro
10.620
187
551
1.290
3.195
1.273
cambucci
12.645 26.339 27.314
30 238
393 327
1.032 1.195
3.350 3.432 4.665 6.523
2.607 1.296 503 5.937 5.728 1.697
34
657
2.155
6.923
5.612
26.344 35.951
149 105
823 951
2.938 3.108
9.969 7.393 9.627 9.666
consolação
liberdade Républica Santa cecilia
2.667
7.116
84 280
357 1.184
3.283
1.530
3.013 994 6.658 3.985
1.336 1.833
1- Salário mínimo utilizado R$510,00 Fonte: IBGE - Censos Demográficos 2010 e SPurbanismo
Autor: Tabela elaborado pela autora. Fonte: IBGE Censo Demográfico 2010 -SMDU/DIPRU
28
[legislação urbana] imagem 23 - mapa zoneamento
imagem 22 - mapas de uso e ocupação
ZONEAME
USO E OCUPAÇÃO PREDOMI NANTE RESI DENCI AL VERTI CAL MÉDI
PCA_C ZC
COMÉRCI O E SERVI ÇO
ZEIS_
RESI DENCI AL E COMÉRCI O
ZEIS_
GARAGEM
ZEM
EQUI PAMENTOS PÚBLI COS
ZEPAM
TERRENO VAGOS
ZEU_u
SEM PREDOMI NÂNCI A
ZM_u ZOE AC_1
USO E OCUPAÇÃO PREDOMI NANTE RESI DENCI AL VERTI CAL MÉDI O/ALTO PADRÃO
0
75
150 km
ZONEAMENTO PCA_CANT
COMÉRCI O E SERVI ÇO
ZC
RESI DENCI AL E COMÉRCI O
ZEIS_3
GARAGEM
ZEIS_5
USO MISTO
ZEM ZEPAM ZEU_u ZM_u ZOE AC_1
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
29
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
0
75
150 km
[ZEIS 3]
[FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE]
O terreno estudado está localizado em uma zona especial de interesse social 3, de acordo com o Plano diretor (2014), abrange áreas dotada de infraestrutura, serviços e equipamentos, tem o intuito de incentivar o uso de imóveis ou terrenos ociosos, afim de recuperar a região.
Pela constituição de 1988, todo imóvel deve ter um uso condizente com os interesses da sociedade, ou seja ao Plano Diretor, sendo assim a propriedade apenas cumpre sua função social quando seu uso é compatível com a infraestrutura, equipamentos e serviços públicos de forma a colaborar com a sociedade vizinha. (Plano Diretor 2014)
imagem 24 - Estratégias Ilustradas ZEIS 3 60% HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL 40% COMÉRCIO OU OUTROS USOS
A preocupação sobre a ociosidade de propriedades em regiões com boas infraestrutura obrigou o poder público a lançar diretrizes e instrumentos para regularizar a função social das propriedades ociosas em São Paulo, visto que o déficit habitacional da cidade cresce a cada ano, obrigando a população a se alojar em assentamento precários ou na periferias da cidade. imagem 25 - origem da função social da propriedade
Áreas com ocorrência de imóveis ociosos, subutilizados, não utilizados, encortiçados ou deteriorados em regiões dotadas de serviços, equipamentos e infraestrutura IMPLEMENTAR A POLÍTICA HABITACIONAL REDUZIR O DÉFICIT HABITACIONAL COM A DUPLICAÇÃO DA ÁREA DEMARCADA COMO EIS PARA PRODUÇÃO DE MORADIA POPULAR PRIORIZAR A POPULAÇÃO COM RENDA DE ATÉ 3 SALÁRIOS MÍNIMOS PROMOVER A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DOS ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS GARANTIR FONTES DE RECURSOS PERMANENTES DEFINIR DIRETRIZES PARA O PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO - PMH Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento - SMUL 2017 - Modificado pela autora
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
CONCEITO DE FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
ESTATUTO DA CIDADE LEI FEDERAL 10.257/01
DIRETRIZES PARA A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO E LEI MUNICIPAL 16.050/14 E LEI ESPECÍFICA 15.234/10
ÁREAS PARA APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
DECRETO MUNICIPAL 56.589/15
REGULA O LANÇAMENTO DO IPTU DE FORMA PROGRESSIVA NO TEMPO PARA OS IMÓVEIS QUE NÃO CUMPREM UMA FUNÇÃO SOCIAL
Elaborado pela autora. Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento - SMUL 2017
O primeiro instrumento a ser utilizado o PEUC, parcelamento, edificação ou utilização compulsória, tem como objetivo notificar os proprietários dos imóveis sem função social, a propor alguma destinação cabível ao entorno no prazo de dois anos. Caso o proprietário no prazo requerido não comprir com a lei, será aplicado o segundo instrumento o IPTU progressivo, que provoca o aumento do IPTU até cinco anos. Se nesse intervalo o propritário nao intervir , a prefeitura de São Paulo utiliza o terceiro instrumento de desapropriação do mediante pagamentos em títulos de dívidas públicas.
30
imagem 26 - função social da propriedade
COMBATER A TERRA OCIOSA QUE NAO CUMPRE A FUNÇÃO SOCIAL
ARRECADAR IMÓVEIS ABANDONADOS E DAR DESTINAÇÃO SOCIAL
IMPLEMENTAR A COTA DE SOLIDARIEDADE
APLICAR A OUTORGA ONEROSA SOBRE O VALOR DE MERCADO, COM ATUALIZAÇÃO ANUAL Caso o proprietário não cumpra os prazos e obrigações passará a cobrar o IPTU progressivo no tempo, e, depois de 5 anos de cobrança a prefeitura poderá Desapropriar mediante pagamento em título de dívida pública Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento - SMUL 2017 - Modificado pela autora
31
imagem 27- mapa CORTIÇOS E OCUPAÇÕES
0
75
150 km
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
I MÓVEI S NOTI FI CADOS E CORTI ÇOS
32
[INFRAESTRUTURA, EQUIPAMENTOS URBANOS E MOBILIDADE] imagem 28 - mapa MOBILIDADE
o Luís Av. Sã
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Rua Nestor Pestana
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Biblioteca Mário de Andrade
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Praça Roosevelt
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12 min
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6
min
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4
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10
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min
ônio
nt aA t n Sa Av.
0 Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
Praça da Bandeira
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Rua
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2
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Estação Anhangabaú
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1
1
75
150 km
min
imagem 29 - mapa ABASTECIMENTOS
MERCADO MERCADO RESTAURANTE
RESTAURANTE FARMÁCIA FARMÁCIA COMÉRCIO COMÉRCIO SERVIÇOS PÚBLICOS SERVIÇOS PÚBLICOS RAIO 500M RAIO 250M RAIO 150M
0
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150 km
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
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imagem 30 - mapa EQUIPAMENTOS DE EDUCAÇÃO
EQUI PAMENTOS DE EDU EQUI PAMENTOS DEPRI EDU REDE PRIVADA EDUCAÇÃO REDE V
EDUCAÇÃO REDE PRI V
REDE PÚBLICA EDUCAÇÃO REDE PÚBL EDUCAÇÃO REDE PÚBL INFANTIL
EDUCAÇÃO REDE PÚBL EDUCAÇÃO REDE PÚBL REDE PÚBLICA FUNDAMENTAL MÉDIO
RAIO 500M RAIO 250M RAIO 150M
0 Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
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EQUI PAMENTOS DE EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO REDE PRI VADA
OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
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150 km
imagem 31 - mapa EQUIPAMENTOS DE cultura E BENS TOMBADO
EQUI PAMENTOS CULTUR EQUI PAMENTOS CULTUR TEATRO TEATRO CI NEMA SHOW
TEATRO NEMA SHOW ESPAÇO ESPACOSCICULTURAI S CULTURAL ESPACOS CULTURAI S BI BLI OTECAS BIBLIOTECA BI BLI OTECAS
BEM TOMBADO ÁREA ENVOLTÓRIA CONPRESP
RAIO 500M RAIO 250M RAIO 150M
0
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Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
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imagem 32 SAÚDE
- mapa EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA E
EQUI PAMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA EQUI PAMENTOS POLÍCIA FEDERALDE SAÚD BOMBEI RO POLÍ CI A_CI VI L
BOMBEI RO
POLÍ CI A MI LI TAR
POLÍ CI A_CI VI L
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CI A MI LI TAR UNI DADE GUARDA CI VIPOLÍ L METROPOLI TANA UNI DADE GUARDA CI VI L CIVIL
RAIO 500M RAIO 250M RAIO 150M
0 Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
37EQUI PAMENTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA BOMBEI RO
POLÍCIA FEDERAL
75
150 km
fenômeno ocorre principalmente na Av. 9 de Julho, enquanto a Rua Álvaro de Carvalho recebe o intenso fluxo da Rua Augusta e da Rua Avanhandava, por conta dos O contexto urbano está inserido na Operação Urbana Centro, reequipamentos culturais estarem localizados na região do norte do terreno, enquanto gularizada pela Lei 12.349/1997, que pretende através de investimena região ao sul há predominância do uso residencial. tos culturais, turísticos e imobiliários reverter o quadro de abandono e . degradação do centro de São Paulo desde 1997. Desde então a cada UIPAM ENTOS E SER VIÇOS GR ÁFI CO 8 - REL AÇ ÃO EQ revisão e Plano Diretor a operação permite concessões e instrumentos SERVIÇOS legais para impulsionar a construção civil na região, de modo a atrair a COMÉRCIO PÚBLICOS novos investimentos e parcerias público privado com o intuito de amFARMÁCIA pliar o potencial construtivo, porém tal conduta resulta na revalorização eDUCAÇÃO imobiliária e no fenômeno da gentrificação, cenário que pode ser observado após a revitalização da Praça Roosevelt em 2012. SAÚDE TES
[DIAGNÓSTICO FINAL]
Como forma de garantir o direito à cidade para população de baixa renda o Plano Diretor prever para regiões com boa infraestrutura, principalmente localizado em MEM, a aplicação de ZEIS 3, que consiste em recuperar áreas urbanas deterioradas e aproveitar terrenos e edificações não utilizadas ou subutilizadas para a construção de novos empreendimentos com HIS, o terreno da Ocupação 9 de Julho encontra-se em zona de ZEIS 3 desde o último Plano Diretor. O território estudado é conhecido pelo complexo cultural e pela abundância de equipamentos, localizada perto da Praça Roosevelt e da Biblioteca Mário de Andrade, a região oferece múltiplos serviços desde cartórios, restaurantes, bibliotecas e teatros, mas há poucos equipamentos de saúde e de educação infantil, e nenhum de esporte. Seu caráter heterogêneo e sua localização perto de dois grandes modais, a estação Anhangabaú e o terminal Praça da bandeira, além da imponente 9 de julho que cruza a cidade desde do Anhangabaú até a Av. Cidade Jardim, atrai pessoas de toda cidade e os olhares de investidores. Um problema recorrente em regiões centrais é a latência de pessoas, que provoca uma sensação de insegurança no período noturno, esse
E SEGURANÇA
2
RESTAURAN
5,97
MERCADO CULTURA
3
gle Maps 2019 ra. Fonte: Geosampa e Goo Autor: Elaborado pela auto
[Potencialidades e fraquezas] O território estudado apresenta grande importância para estruturação da cidade, palco de grandes intervenções urbanas e futuras ações como a requalificação do Vale do Anhangabaú, a região passa pelo processo de revalorização e adensamento populacional, despertando o interesse de agentes privados. A região tem como ponto forte sua rica infraestrutura e a grande oferta de serviços e equipamentos culturais. Por conta do seu histórico de abandono e degradação há uma carência de equipamentos do cotidianos como educação infantil e esporte público, porém há um aumento de mercados e serviços de abastecimentos graças ao crescimento populacional.
38
[3.3 - estudos de caso]
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Imagem 33 - Hotel Cambridge
39
Auto: Marcelo Brandt. Via G1 2017
[hotel cambridge] Um dos mais imponentes hotéis da metade do século XX, o Hotel Cambridge inaugurava em 1953 um dos pontos mais famoso da cidade de São Paulo, devido a sua localização privilegiada, logo no início da Av. 9 de julho, o Hotel abrigava além de 94 apartamentos, um luxuoso restaurante e um salão de beleza, atraindo hospedes de todo o mundo. Devido as transformações urbanas ocorridas a partir da década de 1970, o centro apresentava um cenário conturbado, a estrutura ultrapassada e o
nó de articulação desencadeou a desvalorização da região, não era mais convidativo se hospedar na Av. 9 de julho.
Em 2012 sem definição sobre o futuro do Hotel, o MSTC ocupou o edifício, mesmo sabendo que a possibilidade de reintegração de posse era grande, o movimento realizou um mutirão para a limpeza
O processo de degradação obrigou hotel a fechar as portas em 2002, descumprindo a função social até 2012, inúmeros empreendimentos da região central fecharam as portas, o quadro de ociosidade chamou a atenção do poder público, onde em 2009 a Companhia Metropolitana de Habitação, COHAB, listou mais de 200 imóveis vazios e aptos para habitação social. Em 2011 o hotel foi desapropriado pela prefeitura e desde então foi ococupado pelo MSTC até 2016 imagem 35 - plantas hotel cambridge
Imagem 34 - Foto áerea Hotel Cambridge Fonte: Geosampa 2017
Fonte: Júlia Bento 2018
40
e adequação do antigo hotel, após a limpeza o edifício acolheu cerca de 170 famílias. Em 2013 sofreu uma tentativa de reintegração de posse, a ocupação resistiu e ocupou de forma irregular até 2016, onde após muita luta consegue a posse do imóvel. Após o plano diretor de 2014, o novo zoneamento alterou o terreno para zona especial de interesse social 3, ZEIS 3, dois anos mais tarde, depois de muitas discursões sobre o futuro, a COHAB e a prefeitura de São Paulo aprovou o edital onde transfere a posse do imóvel para a ocupação Hotel Cambridge e recursos de financiamento da MCMV para a reforma. imagem 37 - corte hotel cambridge
Hoje a ocupação representa um importante passo para o MSTC, após anos recorrendo a justiça e o direito a cidade, o movimento ganha forças e adquire o direito de posse do imóvel, um símbolo da luta por moradia e efetivação dos direitos, a ocupação é referência tanto pela luta quanto por sua estrutura, que além de oferecer moradia digna, conta um programas socias e culturas aberto ao público.
[justificativa]
A importância desse estudo de caso está relacionado pela similaridade
do contexto, liderado pelo mesmo movimento o MSTC, a ocupação 9 de Julho tende a seguir o caminho bem sucedido do Cambridge. A ocupação Hotel Cambridge foi o movimento pioneiro na efetivação do direito e no cumprimento da função social da propriedade, com grande impacto no cenário atual do movimento sem teto, o caso tem como importância a propagação dos movimentos sociais como forma de denúncia e justiça pela desigualdade social. Além da luta por moradia digna o Cambridge oferece programas culturais e educacionais aberto ao público, de forma que a cultura e a educação quebre a barreira da segregação social.
HABITAÇÃO SOCIAL
ESPAÇO SEMI PÚBLICO
Fonte: Mariana Bavoso 2015. Modificado pela Autora
41
[real parque] A favela do Real Parque surgiu em meados dos anos 50, com a construção do Estágio Cícero Pompeu de Toledo, que acarretou na migração de mão de obra Pernambucana além da população existente no local, os índios Pankararu. No final do século XX a favela ganhou repercussão por conta do contraste social e a desigualdade econômica, com 679 domicílios e apenas 54 de alvenaria. (Censo de Favelas do Municipio de São Paulo) A primeira intervenção urbana ocorreu em 1996 com o Programa de Verticalização de Favelas, o PROVER, conhecido como o Cingapura, na gestão do Paulo Maluf (1993 – 1996), o programa até o ano 2000, entregou 549 unidades habitacionais. Porém a favela aumentou em grandes proporções, e parcela da população residente não tinha acesso ao cadastramento e não via o Cingapura como uma solução. Em 2004 com os recursos da Operação Urbana Faria Lima, regularizado pela lei 13.769/04, prevê a urbanização das favelas Real Parque, Panorama e Coliseu, sendo a comunidade do Real Parque prioridade da gestão vigente pela sua proporção e por importantes condicionantes urbanas. Questões como a boa localidade, a infraestrutura disponível, o fácil acesso aos principais modais de transporte e a ampla oferta do mercado de trabalho.
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Imagem 37 - Real Parque Autor: Pedro Vannucchi 2012. Via Portfolio
O projeto prevê mudanças na escala urbana, com novas articulações para a Av. Marginal Pinheiros e novas conexões para a ferrovia da CTPM, além de preservar o desenho urbano existente. O entorno encontra-se urbanizado, com ruas asfaltadas e calçadas com guias. O contexto facililtou a coleta de lixo e os serviços de abastecimentos.
42
O terreno de aproximadamente 50.000m² está divido por quatro quadras, contempla ao todo 1252 unidades habitacionais distribuídas em 11 condomínios. O partido veio da necessidade de criar habitação coletiva vertical com acessibilidade e compatível com a população local, a solução veio com a topografia íngreme que possibilitou que o acesso principal de cada lâmina fosse pelo pavimento intermediário, dispensando a obrigatoriedade do uso do elevador e auxiliando na acessibilidade, ao todo 3% das unidades são destinadas a população portadoras de necessidade especiais. Cada condomínio possui cerca de 150 unidades habitacionais, o programa de necessidade básico, abrange dois dormitórios, sala integrada com a cozinha, um banheiro, uma área de serviço e um terraço. A circulação vertical de cada pavimento é resolvida com varandas voltadas para área de lazer e de convívio. O complexo comporta cerca de 91 unidades comercias na fachada da Rua Paulo Bourroul, conversando com o entorno e com o projeto do Cingapura. No programa também está incluso uma praça de 8.500m² situado ao centro do terreno, um espaço de convívo arborizado e com um mirante, um centro Sociocultural e Educacional localizado na quadra leste no térreo, além de 8 quadras.
43
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Imagem 38 - Pátio interno Real Parque Fonte: Pedro Vannucchi 2012 Via Portfolio
Imagem 39 - Foto áerea Real Parque Fonte: Geosampa 2017
Ano: 2010 - 2015 Local: Av. Marginal Pinheiros - Morumbi Terreno: 36.340 m2 Construção: 79.355 m2 Projeto: Epaulistano Sistema construtivo: Concreto Armado
[justificativa] A escolha desse estudo de caso está associada com a solução arquitetônica a partir do reuso da topografia remanescente, a decisão de usar o terreno aclive como partido colaborou com a implantação de lâminas que dispensa o uso de elevadores e a inserção da acessibilidade tanto nas unidades habitacionais quanto nas áreas de convívio. A introdução de miolo de quadra com a inserção de quadras e mobiliários colaboram com a interação dos moradores e garantindo um respiro urbano e lazer em uma região altamente adensada.
imagem 40 - CORTE REAL PARQUE Mesmo que inativo, há o fosso para o elevador
marginal pinheiros Fonte: Epaulistano 2012.
imagem 41 - implantação real parque
3% de unidades acessíveis O pavimento térreo de acesso sempre está em um pavimento intermediário, dispensando o uso do elevador
unidades habitacionais Dentro 1.252 unidadades existe diversas tipologias, com 50m2 em média
RUAS LOCAIS
Quadra i
237 unidades
imagem 42 - planta apartamento real parque
Quadra H
terraço 4,20 m2
140 unidades
lojas
91 unidades
Quadra leste
terraço 4,20 m2
Dorm. 1 9,50m2
Dorm. 2 8,50m2
Dorm. 2 8,50m2
480 unidades
Dorm. 1 9,50m2
praça e parque
Quadra oeste
Coz. 5,72m2
Sala 16,46m2
Sala 16,46m2
Coz. 5,72m2
394 unidades
quadras esportivas habitação
A.S. 2,67m2
A.S. 2,67m2
Fonte: Epaulistano 2012. Fonte: Epaulistano 2012.
44
[jardim Edite] O Jardim Edite surgiu em meados dos anos 1970, se manteve inalterada até 2002, com a promulgação do Estatuto da cidade e o Plano direto, com diretrizes e instrumentos que prevê direitos para população de baixa renda. Dentro dos direitos legais os líderes da comunidade recorreram ao direito de posse da comunidade, território que ocupam há mais de quarenta anos, a mobilização dos líderes resultou na inclusão da requalificação da favela na Operação Urbana Água Espraiada, Lei 13.260/2001.
Com a operação urbana em andamento a região passa por especulação imobiliária, atraindo o interesse de investidores pela privilegiada localização entre as avenidas Engenheiro Luís Carlos Berrini e Jornalista Roberto Marinho, por pressão o governo desestimulou o andamento da requalificação da favela. Em 2007 o líderes da comunidade recorem ao cumprimento do lei previsto pelo plano diretor. O poder público aplicou diversas recompensas e créditos para os moradores remanescentes saírem do Jardim Edith, porem 240 famílias optaram por continuar e pelo cadastro para o futuro residencial Jardim Edith.
A participação da população local foi de extrema importância para a concretização do da HIS e do programa de necessidade, que solicitou a presença de equipamentos públicos como creche e unidade básica de saúde. O escritório MMBB Arquitetos e H+F Arquitetos foram os responsáveis por viabilizar a verticalização do programa de habitação, com 252 unidades de 50m², e três equipamentos públicos, o restaurante escola (850m²), a unidade básica de saúde (1.300m²) e a creche (1400m²).
45
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Imagem 43 - Fachada Jardim Edite Autor: Nelson Kon Via Archdaily 2010
Como solução arquitetônica a verticalização das unidades habitacionais como meio de integrar com o entorno. O embasamento constituído por três equipamentos públicos importantes tanto para população do Jardim Edite quando para a população local.
1 2 Ano: 2010 Local: Engenheiro Luís Carlos Berrini - Itaim Bibi Terreno: 18.000 m2 Construção: 25.700 m2 Projeto: MMBB Arquitetos e H+F Arquitetos Sistema construtivo: Concreto Armado moldado in loco Imagem 45 - Foto áerea Jardim Edite Fonte: Geosampa 2017
A cobertura dos equipamentos públicos serve como espaço de convivo para os moradores, permitindo maior permeabilidade em uma região altamente adensada. A sobreposição de usos proporciona maior encontro entre pessoas, uma maior comunicação entre pessoas de diferentes padrões sociais. O programa de necessidade das unidades habitacionais contempla dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e uma área serviço, totalizando 50m² cada unidade.
Imagem 46 - Fachada Jardim Edite Fonte: Nelson Kon. Via Archdaily 2010
imagem 45 - corte jardim edite
restaurante escola
Lâmina habitacional
UBS TORRE HABITACIONAL
espaço de recreativo
creche
Fonte: H + F Arquitetura 2013.Modificado pela autora.
46
imagem 46 - Planta pavimento tipo TABELA 3 - METRAGEM UH A.S.
A.S.
coz.
A.S.
sala
coz.
A.S.
ban.
coz.
coz. sala
ban.
sala
sala ban.
Dorm.1
ban.
Dorm.2
Dorm.2
Dorm.1
Dorm.1
Dorm.2
Dorm.2 ban.
Dorm.1
Sala de estar
17m ²
Cozinha
10m ²
Dormitório 1
10m ²
Dormitório 2
7m ²
Banheiro
3m ²
Área de Serviço
3m ²
TOTAL
50M ²
Elaborado pela Autora.
circulação horizontal
circulação vertical
[justificativa]
Fonte: H + F Arquitetura 2013.Modificado pela autora.
imagem 47 - Acessos semipúblico e privado Acesso Habitação Acesso Habitação
Rua aRAÇAIBA
Rua gEORGE oHM
acesso ubs
Rua CHARLES cOLOUMB
equipamentos públicos
Área de convivo condomínio
Fonte: MMBB Arquitetura 2013.Modificado pela autora.
47
acesso restaurante escola
av. berrini
Acesso creche
A sobreposição dos usos distintos em um único lote, em umas das regiões mais adensadas e valorizada da cidade de São Paulo, foi implantada de modo que cada equipamento fosse independente do uso habitacional, os acessos e fluxos são distribuídos de forma direcionada. A solução arquitetônica para ganhar área permeável em um terreno de 18.000m² de modo a setorizar os fluxos de cada uso, foi resolvida com o embasamento dos equipamentos públicos e na verticalização das unidades habitacionais, reaproveitando a cobertura do bloco dos equipamentos como espaço de convívio do condomínio habitacional.
[considerações finais] Os estudos de casos selecionados como base comparativa para o desenvolvimento do objeto de estudo deste trabalho, de modo a colaborar para o partido arquitetônico e oferecer diretrizes projetais. Para isso foram selecionados projetos com cunho social e em um contexto urbano semelhante. Para atingir este objetivo foi utilizado como análise comparativa o programa de necessidade, a legislação vigente e contexto urbano.
socioespacial e da desigualdade do país, além de questionar a atual produção de HIS.
[programa de necessidade] TABELA 4 - TABELA DE ÁREAS Hotel Cambridge
Real Parque
Jardim Edite
Terreno
588m2
36.340m2
18.000m2
Área Construída
8.550m2
79.355m2
27.500m2
TABELA PROGRAMA DE NECESSIDADES
[Contexto urbano] Os três estudos selecionados estão localizados em perímetros de operações urbanas, e em lotes de zona especial de interesse social, o que estimula a inserção da população de baixa renda em regiões com boa infraestrutura e alvo de especulação imobiliária. Para a concretização dos projetos a mobilização social dos moradores remanescentes de cada estudo foi de extrema importância tanto para reivindicar seus direitos perante a lei quanto para a elaboração do programa de necessidade, como no caso do Jardim Edite que além de oferecer unidades habitacionais conta com uma UBS, creche e restaurante jardim.
[Contexto social] A escolha do Hotel Cambridge como estudo de caso no âmbito social, por conta da repercussão dos movimentos sociais sem teto, a ocupação se tornou uma referência na busca por moradia digna e conscientização da segregação
oferece 118 unidades habitacionais mais espaços educacionais e de comércio. O Real Parque soube reaproveitar os desníveis do terreno e implantar laminas de até 9 andares que dispensa o uso de elevadores, enquanto o Jardim Edite trabalhou em uma setorização que permitiu o acesso e fluxo independentes entre o semi público e privado.
Hotel Cambridge
Real Parque
Jardim edite
Unidades habitacionais
118 1.252 un 50m2 - 70m2 50m2
252un 50m2
Área recreativa ao ar livre
8.000m2
X
1000m2
Cultural Educacional
Biblioteca Atêlier Teatro
Centro educacional 2.550m2
Restaurante escola 850m2
Creche
x
800m2
1.400m2
UBS
x
x
1.300M2
Comércio
Salão de beleza, Bolaria e Brechó
91 modulos
x
Elaboradoro pela autora
[SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS] Os três projetos apresentam ótimas soluções arquitetônicos, o caso do Hotel foi necessário uma adaptação para abranger os novos usos, a antiga estrutura acomodou os novos usos e
48
[ 47
4 PROJETO Este capítulo expõe as diretrizes e a proposta final do projeto arquitetônico.
]
imagem 48 - fachada autor: Brunna Nacagawa 2020
48
[4.1 terreno]
IMAGEM 49 - FACHADA RUA ÁLVARO DE CARVALHO
O
projeto tem como intuito requalificar a área então ocupada pelo movimento 9 de julho, com o objetivo de ressignificar o espaço subutilizado e a importância da luta pela moradia. A intenção deste projeto é de garantir habitação, além de resgatar os usos existentes da ocupação. Para isso, foi necessário a intervenção além da escala do edifício do IAPTEC, o lote de aproximadamente 5.600m² situado entre a Av. 9 de Julho e a Rua Álvaro se encontra subutilizado e com construções abandonadas. O terreno atualmente vem sendo utilizado pela ocupação para usos temporários, como amostra de cinema, festa e estacionamento, sem seguir as normas de seguranças da ABNT.
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
IMAGEM 50 - CONSTRUÇÃO EXISTENTE
IMAGEM 51 - HORTA EXISTENTE
IMAGEM 52 - ACESSO ATUAL HABITAÇÃO
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
49
[ficha técnica]
IMAGEM 53 - FOTO ÁEREA OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
Entrada 1: Av. Nove de Julho, 540 Entrada 2 : Rua Alváro de Carvalho 427 Local: República - São Paulo - SP Terreno: 5.600 m² Construção existente Área contruída: 8.248 m² 15 andares materialidade: Concreto Armado
[parÂmetros urbanas]
rvalho a C e d o r Rua Álva
O terreno se encontra de acordo com a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, em zona de ZEIS 3 e zona de qualificação PA1, portanto é indispensável as seguintes diretrizes. TABELA 5 - parâmetros urbanos Zona
C.A
T.O
GABARITO
ZEIS-3/ Pa-1
0,5 até 4
0,7
N/A
RECUO MÍNIMOS Taxa de FUNDO E permeabil FRENTE idade LATERAL 5
3
o
julh e d 9 Av.
0,25
Elaborado pela Autora.. Fonte: Plano Diretor 2016
O zoneamento Zeis 3 permite usos não residencial, mas obriga que 60% da área total seja destinada para habitação de interesse social. Para serviços sociais e educações não há nenhuma restrição, enquanto para outros usos há restrição para área computável.
Fonte: Geosampa 2017
Sem escala
50
[topografia] imagem 54 - Mapa curvas de níveis
imagem 55 - ESTACIONAMENTO
imagem 56 - rampa de acesso para o edifício
2
1
o de Carvalh Rua álvaro 2
3
4
1
o
julh e d 9 Av.
Mapa elaborado pela autora. Fonte: Geosampa 2019
3
Por conta do fundo de vale situada na Av. 9 de Julho, o terreno possui uma declividade considerada, o nível mais baixo localizada na Av.9 de julho, cota 741, se mantem plano até metade do terreno, a cota intermediária sobe 16 metros como um talude natural, como mostra a figura 1, o restante do terreno acontece como uma rampa até a cota mais alta, 756, na Rua Álvaro de Carvalho.
<
<
Imagem 58 - Talude de concreto
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
Imagem 57 - Construção existente Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
51
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
4
imagem 59 - fachada posterio
imagem 60 - DESNĂ?VEL NATURAL
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
imagem 61 - TALUDE
Autor: Brunna Nacagawa, 2019.
52
[4.2 conceito] Após a compreensão da temática, da problemática e potencialidades, expõe-se a proposta para o novo complexo 9 de Julho. Para estruturação desta proposta foi fundamental a preservação da memória existente, tanto do aspecto físico da antiga sede do IAPETC quanto do histórico da ocupação 9 de Julho, para isso buscou priorizar algumas diretrizes: 1. Reabilitar o edifício existente preservando suas características estéticas; 2. Readequar os usos presentes na ocupação; 3. Proposição de novos anexos para suportar o novo programa e inserir o uso misto. Para tanto, o projeto ultrapassou a escala do edifício existente propondo a criação de novas edificações. O partido foi a articulação entre o novo e o antigo, a relação das novas edificações com a construção atual e o lote, de forma que a sobreposição dos usos proporcione a reconversão da área de estudo. O programa de necessidade foi estabelecido através percepção das reais necessidade da ocupação após uma vista de campo, além levantamento de dados com o intuito de identificar as deficiências da região.
A proposta de intervenção é fundamentada nas seguintes diretrizes:
PERMEABILIDADE E FRUIÇÕES Permitir maior integraçãos entres os volumes e maior fruição entre a Av. 9 de Julho e a Rua Álvaro de Carvalho.
diversos usos Diversificação dos usos e maior integraçãos entre eles, estimulando a sociabilização dos usuários.
acessos independentes Priorizar os acessos indenpendentes e privativos.
espaços públicos x privados Mesclar usos privados e públicos, estimulando a movimentação e a economia local.
espaços de convivio Praça pública como respiro urbano.
53
O novo programa de necessidade tem como partido os usos presentes
na ocupação, além de propor novos usos escassos na região. O resultado final
HABITAÇÃO social
elaborado atraves de pesquisa em campo e de levantamentos de dados na região, seguindo os seguintes pilares:
MOBILIÁRIO URBANO
EDUCACIONAL
Implantação de uma escola infantil
A criação de mobiliários urbanos que converse com o entorno e sirva como um respiro urbano para a região altamente adensada
60% da área construída destinada a habitação social, preve uma pequena porcentagem para unidades acessiveis, além de contar com mais de uma tipologia, de modo a atender tipos de famílias
Espaço em comum Espaço semi público para integrar todos os usos
COMERCIAL Inserir modúlos comerciais no térreo, como forma de formetar a econimia dos moradores, oferecendo serviços e empregos.
imagem 62 - DIAGRAMA programa de necessidades
CULTURAL
Continuar com as atividades culturais da ocupação, oferecendo espaços mais estruturados para cada atividade
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
54
[4.3 partido]
[PROGRAMA DE NECESSIDADE]
Em virtude do partido e das diretrizes projetuais determinou-se os seguintes princípios primordiais para o projeto. Na escala do pedestre conduzir a permanecia de pessoas nos espaços públicos, estimulando a movimentação através do comércio essencial, de espaços de convivência e do equipamento de cultura. Proporcionar a transposição de pessoas entre a Av. 9 de Julho e a Rua Álvaro de Carvalho através dos espaços públicos no miolo do lote. Viabilizar novos usos, priorizando os usos existente dentro da ocupação e garantindo espaços apropriados para determinados usos, preferindo usos que forneçam atividades frequentemente, diminuindo a latência de pessoas principalmente aos finais de semanas.
o
.9 av
Fornecer autonomia as novas construções de forma que seus acessos sejam independentes, criando espaços privados e semi públicos. Possibilitar um respiro urbano através de uma praça pública, com mobiliário urbano e um pátio com arquibancada, servindo a escola quando os moradores da região.
55
HABITACIONAL
imagem 63 - setorização
EDUCACIONAL
CULTURAL
de
h ul
j
COMÉRCIO PÚBLICO
área técnica circulação
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
[fluxograma] rua álvaro de carvalho
PRAÇA PÚBLICA
MÓDULOS COMERCIAIS
portaria ANEXO administração
ÁREA TÉCNICA
ACESSO HABITAÇÃO
área em comum
habitação
salas COMERCIAS GALERIA REOCUPA
EDUCACIONAL
MANUTENÇÃO
cine reocupa
SALAS DE TECNOLOGIA
administração
COZINHA REOCUPA
SALA DOS PROFESSORES
CIRCULAÇÃO VERTICAL
biblioteca REFEITÓRIO
CIRCULAÇÃO HORIZONTAL UNIDADE HABITACIONAL
OFICINAS
cozinha SALAS DE AULA
sala
PÁTIO INTERNO
cozinha
ADMINISTRATIVO
dormitórios
ÁREA TÉCNICA
banheiro
circulação vertical circ. horizontal
unidade habitacional sala cozinha dormitórios banheiro SALÃO DE JOGOS LAVANDERIA
ÁREA TÉCNICA
ÁREA TÉCNICA
av. 9 de julho imagem 64 - fluxograma Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
56
[ESTUDOS] [circulação vertical]
[INSOLAÇÃO] SOL MANHÃ
SOL MEIO DIA
[fluxos] SOL FINAL DA TARDE
privado semi público
57
imagem 65 - diagramas Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 66 - VOLUME FINAL Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
RU A
ÁL VA R
O
DE
CA RV AL
HO
AV .9
DE
JU
LH
O
[VOLUME final]
58
[proposta]
imagem 66 - volumétria
praça semipública
habitação
Como resultado foram implantados as intervenções: 1.O antigo edifício da IAPETC abriga 40 novas unidades habitacionais distribuidos em 10 pavimentos , quatro pavimentos com uso educacional e 1 pavimento semi público com programas educacionais. 2. Uma nova lamina habitacional com 60 unidades habitacionais com 3 tipologias. Seu térreo possui módulos para comércio essencial.
de cultural + comercial
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
59
ju
habitação + comercial
av .9
4. Um novo anexo a ocupação 9 de Julho, edificação situada ao lado da existente tem como função atender as atividades culturais e comerciais. Conta com quatro pavimentos, seu acesso é possível pela Av. 9 de Julho e pela praça pública. Sua cobertura ganha funcionalidade ao se comportar como uma extensão da praça.
lh o
3. O lote ganha uma praça pública com acesso à Rua Álvaro de Carvalho, a praça se torna um ponto de encontro entre moradores, trabalhadores e visitantes. Devido ao desnível a praça ganhou um pátio com arquibancada.
educacional
imagem 67 - isométrica
Pátio com arquibancada
rua álvaro de carvalho Módulos comerciais acesso habitação oficinas públicas
acesso anexo cobertura como extensão do nível da praça
o
.9 av
de
h ul
j
acesso habitação isométrica nível da rua álvaro de carvalho
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
acesso educacional
60
61
imagem 68 - Fachada Rua รกlvaro de carvalho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 69 - fachada Av. 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
62
imagem 70 - fachada Av. 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
63
[4.4 peças gráficas] A intervenção ocorre na escala do lote e na escala dos edifícios, para isso, as representações foram divididas em suas respectivas escalas.
Na escala do edifício será apresentado a seguinte ordem. IAPTEC
Na escala do lote, a planta do nível 757, cota da Rua Álvaro de Carvalho mostra a relação entre as edificações, a praça e o entorno, como mostra o volume esquemático abaixo. O nível 741 corresponde ao nível da Av. de Jullho, como mostra o volume esquemático 2. nivel 757 ANEXO
nivel 741 HIS
64
imagem 71 PLANTA DE IMPLANTAÇÃO Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
65
imagem 72 PLANTA NĂ?VEL 757
S
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
S
66
imagem 73 - PLANTA NĂ?VEL 741 Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
S S
67
imagem 74 - Vista praรงa Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
68
imagem 75 - fachada 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
69
imagem 76 - fachada รกlvaro de carvalho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
70
[4.5 retrofit] A proposta de reabilitar o antigo edifício do IAPTEC vem da necessidade básica de ocupar e morar, o objetivo principal deste trabalho é propor moradia digna para os moradores da ocupação. Em sua função original o edifício abrigava unidades habitacionais mesclado com usos institucionais, a proposta é reabilitar sua função adaptando a realidade atual, propondo o uso habitacional e educacional. O acesso ao edifício ocorre em dois níveis, um no nível da Av.9 de Julho e outro na Rua Álvaro de Carvalho, a intenção para este projeto é criar um nível intermediário entre os dois usos proposto. A implantação do uso educacional nos 4 primeiros pavimentos permite maior acessibilidade dos estudantes, cujo os acessos ocorreram nos dois níveis. A criação do nível intermediário na cota da Rua Álvaro permite que os fluxos sejam independentes. O nível intermediário contará com oficinas públicas fornecidas pela ocupação, com a administração do complexo e o acesso privado para as unidades habitacionais. O uso habitacional esta distribuídos nos outros 10 pavimentos, por conta da sua localização em relação ao norte foi implantado unidades habitacionais nas aberturas com fachadas leste, norte e oeste garantindo salubridade e conforto aos moradores.
71
imagem 77 - fachada IAPTEC Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 78 - ISOMÉTRICA IAPTEC Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
PAVIMENTO TÉCNICO
HABITACIONAL
Acesso pela rua ÁLVARO DE CARVALHO
4 pavimentos uso educacional
Acesso pela Av. 9 de julho
[fICHA TÉCNICA] Ano:1947 Concreto armado 15 pavimentos Área construída: 8248m²
72
S
imagem 79 - PLANTA TÃ&#x2030;RREO, 1 E 2 PAVIMENTO
73
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 80 - PLANTA 3 e 4 pavimento Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
74
imagem 81 - PLANTA 5, 6 e 7 pavimento
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
75
imagem 82 - PLANTA 8, 9 e 10 pavimento Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
76
imagem 82 - PLANTA 11, 12 e 13 pavimento
77
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 83 - PLANTA 14 pavimento
imagem 84 - vista interna escola
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
78
[unidades habitacionais]
imagem 85 - Unidades habitacionais Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
79
imagem 86 - Unidades habitacionais Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
80
[4.6 anexo] O novo anexo foi concebido para abrigar as atividades culturais da galeria reocupa. O partido foi criar espaços híbridos com uma estrutura livre para flexibilizar os usos, além de incluir materiais e uma forma contemporânea, contrastando com a arquitetura do edifício existente. O anexo possui 4 pavimentos, o térreo no nível da Av. 9 julho foi proposto o uso comercial com a Cozinha reocupa, o conceito de vão livre permite o uso para grandes eventos. O primeiro pavimento comporta o Cine reocupa, a estrutura sem pilares flexibiliza os usos, tornando o espaço em um grande palco. A Galeria reocupa está localizada no 2 pavimento, o espaço está divido pela escada central promovendo dois espaços independentes. O último pavimento foi projetado para abrigar uma galeria colaborativa, uma alternativa para fomentar a economia local. A cobertura foi projetada como uma extensão da praça pública, a escada se torna um item convidativo. A inserção de grandes aberturas possibilita a entrada de luz natural como também a ventilação cruzada, além de ser um elemento visual, conectando todos os pavimentos. Uma diretriz na concepção deste projeto foi a inserção da escada como um elemento de sociabilização, além do uso de transporte, a inserção da arquibancada permite a trocas sociais e o convívio entre os visitante.
81
imagem 87 - fachada anexo
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 88 - perspectiva anexo
ACESSO PELA RUA ÁLVARO DE CARVALHO
fechamento em esquadria de vidro permitindo iluminação natural e ventilação cruzada
GALERIAS PARA COMÉRCIO COLABORATIVO
RELEITURA DE GRAFITES EXISTENTE NA OCUPAÇÃO
ESTRUTURA LIVRE PARA ACOMODAR DIVERSOS USOS
eSPAÇOS CONVIDATIVOS ESTIMULA A SOCIABILIZAÇÃO Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
ACESSO PELA AV. 9 DE JLHO
82
imagem 89 - Perspectiva estrutura
[ESTRUTURA]
laje steel deck
A concepção desta estrutura surgiu da necessidade de proporcionar grandes vãos e um balanço voltado para Av. 9 de Julho, que além de acomodar os novos usos, rompe com o padrão dos lotes sem recuos. Sua forma, cuja a dimensão de 54x16m exige uma estrutura livre de pilares, afim de promover espaços mais funcionais.
vigas secundárias
Partindo desta reflexão, propõe-se a utilização de viga metálica vieerendel, apoiadas em dois blocos de concreto estruturais. O balanço frontal de 15m possibilitou o térreo livre de pilares. Os únicos pilares sustentam a escada e arquibancadas internas.
paredes estruturais
DOIS BLOCOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO
balanço de 15m
viga viereendel Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
81
imagem 90 - Vista interna Anexo Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
82
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
83
S
S
imagem 91 - Vista lateral anexo
imagem 92 - plantas anexo Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
S
S
84
85
imagem 93 e 94 - Vista interna Anexo Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
86
87
imagem 95 - Vista interna Anexo Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
[ficha técnica] Estrutura metálica 4 Pavimentos Área construída: 2.601,12 ²
88
[4.7 HABITAÇÃO ] A nova edificação concebida em estrutura de concreto armado é destinada ao uso misto, seu térreo abriga módulos comerciais, favorecendo a escala do pedestre. O uso habitacional comporta 60 novas unidades habitacionais distribuídas em 6 pavimentos. Foram implantadas 3 tipologias habitacionais. Sua estrutura foi concebida com uma malha de 3,75mx5,5m flexibilizando a modulação das unidades. O edifício possui fachadas voltadas para face leste e oeste, foi proposto o uso de brises verticais como quebra sol, com intuito de promover mais conforto e privacidades para os moradores. Sua circulação ocorre no núcleo rígido central, o corredor central junto com o átrio garante iluminação zenital e ventilação cruzada. Na cobertura foi implantado placas fotovoltaicas como fonte de energia alternativas para os elevadores ou para áreas comuns.
[ficha técnica]
89
Estrutura: Concreto armado 7 pavimentos 50 unidades habitacionais 10 unidades acessíveis Tipologia 1: 24 unidades Tipologia 2: 24 unidades Tipologia 3: 12 unidades Área construída: 4.158m ²
núcleo rígido de concreto
Modulação 3,75m permitindo flexibilidade das tipologias
m
m
m
3,75
3,75
3,75 m
3,75
estrutura em concreto armado
brise vertical móvel conforto e privacidade
< imagem 96 - fachada habitação Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
imagem 97 - isométrica pavimento tipo Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
90
S
S
imagem 98 - planta his Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
91
[tipologias]
[tipologiA 1 ]
[tipologiA 2 ]
[tipologiA 3 ]
imagem 99 - unidades habitacionais Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
92
imagem 100 - vista rua รกlvaro de carvalho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
93
imagem 101 - fachada habitação Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
94
778 775 772 769 766 763 760 757
753 749 745
741
CORTE AA imagem 102 - corte aa
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
95
764 761 760 757
756
757
758
754 751 748 745 741
CORTE BB imagem 103 - corte aa
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
96
781 778 775
772 769 766 763 760
757 756
CORTE CC imagem 104 - corte aa
Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
97
757
imagem 105 - vista praรงa Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
98
[
]
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
99
A partir das reflexões deste trabalho, foi possível provar a urgência de novas políticas habitacionais associadas a reconversão do centro da cidade de São Paulo. A importância dos movimentos sociais como indícios de problemas urbanos e sociais. A cidade é reflexo das políticas públicas. O direito a cidade não é um privilégio a todos os cidadãos. O trabalho desenvolvido tentou compreender ao máximo a rotina da ocupação e os espaços físicos adaptados pelos moradores, como também a funcionalidade como um todo. O valor da reabilitação dos edifícios ociosos está além do resgaste da memória arquitetônica e urbana, mas da necessidade ocupar a cidade e frear o déficit habitacional. A ocupação 9 de julho mostra a relevância do tema a partir de manifestações culturais, em busca do direito à cidade o movimento procura através da união e do compartilhamento sua consolidação. Por fim, poder propor uma nova intervenção para esse grande movimento possibilitou exercitar a arquitetura em diversas escalas e refletir sobre questões sociais sobre a cidade de São Paulo.
imagem 106 - fachada 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
100
[bibliografia] [livro] ROLNIK, Raquel (Ed.). Territórios em conflitos: São Paulo: espaço, história e política. São Paulo: Três Estrelas, 2017. 278 p. LEITE, Carlos; DI CESARE MARQUES AWAD, Juliana. Cidades sustentáveis cidades inteligentes. Desenvolvimento sustentável num planeta urbano. 1ª Edição, Porto Alegre: Bookman,2012. BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: Arquitetura moderna, Lei do inquilinato e difusão da casa própria. 3. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. 342 p. TOLEDO, Benedito Lima de. São Paulo: três cidades em um século. São Paulo: Duas Cidades, 1981. EMURB. Caminhos para o centro: estratégias de desenvolvimento para a região central de São Paulo. São Paulo, 2014 SEGAWA, Hugo. Jayme C. Fonseca Rodrigues - O arquiteto. São Paulo: BEI Editora, 2018
[artigos] OLIVEIRA, Nathalia Cristina. Os movimentos dos sem-teto da Grande São Paulo (1995-2009). Orientador: Prof. Dr. Armando Boito Junior. 2010. 333 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Universidade Estadual de Campinas, CAMPINAS, 2010. SALAZAR, Elisabeth. Entre Habitar e Reabilitar. Planejamento urbano socialmente inclusivo no centro de São Paulo. Orientador: Prof. José Geraldo de Oliveira. 2018. Graduação ( Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo,2018 . COSTA, Carlos. Reabilitar para ressignificar. Orientadora: Profª Ms. Wendie Piccinini. 2018. Graduação ( Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo,2018. Senedese, Eric. Reabitar 9 julho. Orientadora: Fabiana Stuchi. 2018 Trabalho Final de Graduação da FAAP. São Paulo, 2018. JÚNIOR, Aécio Flávio. Habitação de interesse social: Jardim Edith. Orientador: Profª. Dr. Edite Galote Carranza.2016. 156 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e urbanismo) – Universidade São Judas Tadeu. SÃO PAULO, 2016. Bavoso, Mariana. Sisitemas de Habitabilidade | Novas Formas de Reabilitação no Centro de São Paulo. Orientador álvaro Putoni. 2015. Trabalho Final de Graduação da FAU USP. São Paulo, 2015. BENTO, Julia. Luta e Arte pelo direito à Cidade. Orientador: João Sette. 2018 Trabalho Final de Graduação da FAU USP. São Paulo, 2018.
101
VICENTINI, Carolina. Composição da Paisagem Urbana: O uso multifuncional no Centro de São Paulo Graduação ( Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,2018. Cesar. Anna Carolina. Reativação da paisagem cultural do antigo conjunto ferroviário de Avaré. . Orientador: Samir Hernandes Tenório. 2019 Trabalho Final de Graduação da UNESP. Bauru, 2019 Poli, Caroline. ReHabitar Luz - Novas Dinâmicas de Moradia Para o Centro Velho. Orientador: Carlos Verna. 2019. Final de Graduação da Universidade São Judas Tadeu. São Paulo, 2019
[sites] SÃO PAULO ANTIGA. Edifício IAPETC – INSS, 2011. Disponível em: http://www.saopauloantiga.com.br/inss/ . Acesso em 20 out. 2019. EL PAÍS. Ocupação 9 de julho pende entre apoio de vizinhos abastados e perseguição do Estado, 2019. Disponível em: HTTPS://BRASIL.ELPAIS.COM/ BRASIL/2019/07/05/POLITICA/1562304011_256672.HTML. Acesso em 20 out. 2019. Globo. Ocupação Hotel Cambrigde vira filme e moradores sonham com fim do preconceito e casa própria. 2017c https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/ ocupacao-hotel-cambridge-vira-filme-e-moradores-sonham-com-fim-do-preconceito-e-casa-propria.ghtml Acesso em 20 out. 2019. Uol, Deficit habitacional e recorde no país. 2019. Dísponivel em: :https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2019/01/07/deficit-habitacional-e-recorde-no-pais.htm Acesso em 15 nov. 2019 ARQDOFUTURO. Imóveis ociosos e ocupações revertendo os vazios urbanos. 2019. Dísponivel em:https://arqfuturo.com.br/post/imoveis-ociosos-e-ocupacoes-revertendo-os-vazios-urbanos Acesso em 15 nov. 2019 UOL. Imóveis vazios no centro de São Paulo. 2019 Disponível em: https://noticias.uol.com.br/reportagens-especiais/imoveis-vazios-no-centro-de-sao-paulo-/?foto=1#um-mapa-dos-imoveis-sem-uso Acesso em 15 nov. 2019 CIDADESPARAQUEM. O “problema” do Centro de São Paulo não está nas ocupações de prédios vazios. Mas nos prédios vazios em si. Disponível em: https://cidadesparaquem.org/blog/2019/5/24/o-problema-do-centro-de-so-paulo-no-est-nas-ocupaes-de-prdios-vazios-mas-nos-prdios-vazios-em-si Acesso em 15 nov. 2019 MMBB. Jardim Edite. 2010. Disponível em: HTTP://WWW.MMBB.COM.BR/PROJECTS/DETAILS/74/5 Acesso em 16 nov. 2019. GALERIA ARQUITETURA. Jardim Edite. Disponível em: https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/mmbb-arquitetos_/jardim-edite/889 Acesso em 15 nov. 2019. ARCHDAILY. Jardim Edite. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-134091/conjunto-habitacional-do-jardim-edite-slash-mmbb-arquitetos-plus-h-plus-f-arquitetos Acesso em 15 nov. 2019. EPAULISTANO. Real Parque. Disponível em: http://www.epaulistano.com.br/realparque Acesso em 14 nov. 2019. THE NOUN PROJECT. Citizen. Disponível em: https://thenounproject.com/term/citizen/3189315/ Acesso em 25 maio 2020.
102
[referências projetuais] Instituto Moreira Salles / Andrade Morettin Arquitetos Associados. Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/883093/instituto-moreira-salles-andrade-morettin-arquitetos . Acesso em 25 abril 2020. Confederação Nacional dos Municípios / Mira arquitetos. Archdaily Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/796577/congresso-nacional-dos-municipios-mira-arquitetos Acesso em 25 abril 2020.
103
imagem 106 - fachada 9 de julho Autor: Brunna Nacagawa, 2020.
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