Nervos #3

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AGOSTO2011

CAPA BOLOS QUENTES e JORGE NAPER

#3


A Nervos é uma revista de música portuguesa, nova, velha ou extinta. Sem compromissos de novidade, até porque só sai uma vez por mês.

AGOSTO2011 TEXTOS GONÇALO TRINDADE RAQUEL SILVA FOTOGRAFIA & DESIGN LENHA CAPA JORGE NAPER + BOLOS QUENTES Apoios

#3


edição especial

MILHÕES DE FESTA Adoramos triângulos, apesar de a nossa cena serem os círculos e rectângulos. Este amor chega a um ponto de fazermos uma edição especial, com espécies de entrevistas e espécies de reportagens dos concertos nacionais que passaram por um dos melhores festivais portugueses - se não o melhor. Quem foi o ano passado, sabia ao que ia. Quem não foi, de certeza ouviu os relatos, e veio de lá tão encantado quanto nós. Há poucos ambientes como o daquele fim-de-semana em Barcelos, e o único problema de esse fim-desemana demorar a ser, é que quando for, acaba. Já só faltam 354 dias.

FESTÃO MÍNIMO GARANTIDO!


DIA 0 Mal sabíamos nós que ao chegar a Milhões de Festa iríamos ser os primeiros a estrear a piscina. Mal sabíamos nós que os concertos mais memoráveis viriam a ser os portugueses - para nossa fortuna. Sabíamos mais ou menos que ia ser incrível, mas não a este nível. Este ano o campismo tinha relva, o T-Rex foi substituído por um Triceratops a guardar a bilheteira, o banho continuava a ser quente apesar das obras no pavilhão e a piscina continuava a ser deliciosa. Se não gostámos de alguma coisa, foi de haver tanta música boa ao mesmo tempo, que tivemos de escolher aquelas que iríamos incluir nesta edição. Tivemos de mudar um bocado a nossa ideia inicial e reduzimos as páginas que tínhamos previsto. O grau de amor, no entanto, é o mesmo. A festa começou um dia antes. Casa arrumada, fomos descobrir onde era o Bar do Xano e o Lambreta (onde se passava o warm-up) e passamos literalmente a noite toda entre os dois sítios nunca deixando de passar pelo concurso de bandas a decorrer entre os dois bares - a esbarrar e a falar com pessoas que não víamos

desde o ano passado. Fizemos o plano de ataque para os dias seguintes e a coisa parecia encaminhada. Acabámos por perder alguns concertos, muito em parte porque se estava bem demais na piscina, e porque assumimos a nossa incompetência em relação a algumas bandas que não conseguimos conhecer por mais que estudássemos. Foi a vida que escolhemos…



DIA 1 Marinamos ainda duas horas pela piscina até os HILL entrarem no palco mais querido do país. Compostos por João Guedes (Sizo) e Miguel Azevedo (Plus Ultra), foram a primeira grande sova de som. Ninguém toca guitarra nesta banda, ela toca-se a ela própria, encostada à bateria, e toca-se melhor que muitos guitarristas. Não ficámos só satisfeitos, estávamos oficialmente felizes! De seguida, entre mergulhos, os Black Bombaim a substituir uns chilenos que não sabem o que perderam, chegaram a distribuir stoner por cima de água. Os concertos na piscina exigem alguma contenção, por isso o lado B do Saturdays and Space Travels pareceu-nos pequeno, mas compensaram com uma malha única, “Pool Jam”, feita à medida. Ainda assim, foi um abuso de concerto, daqueles de uma pessoa se querer estender de braços abertos no chão, a abraçar a terra, e sussurrar "Porque é que demoraste tanto tempo a chegar?" A esta altura, ainda estávamos perfeitamente convencidos de que conseguiríamos ver tudo o que pudesse interessar à Nervos, mesmo que pelo caminho ficassem algumas bandas estrangeiras.

Nesta inocência, fomos à descoberta do Palco Lovers & Lollypops, à beira do rio, onde tocavam então os Blac Koyote. Debaixo de um Sol daqueles que dá cancro, num palco ainda menos simpático (por onde passaram tão bons concertos, no entanto), a banda de metade dos Nimai, José Alberto Gomes, tocava para um público diminuto e distribuído pelas sombras. Não é banda que convide a andar aos saltos em frente ao palco, por mais desconfortável que seja para uma banda estar a tocar para um

técnico de som - que nem o era - e um descampado vazio, como viria a acontecer ao longo dos dias. A repensar a jogada, regressámos à piscina, pó a fora (sentimo-nos de volta ao SBSR durante 20 metros), lavámos os pés e demos dois mergulhos até serem horas de voltar ao recém-descoberto inferno, onde iriam actuar os Botswana.

Fotos: HILL e Black Bombaim


P&R

black bombaim O que é que almoçaram hoje? ALTAS FEVERAS! Quem tem os pior gosto para sapatos? O Tojo, só tem um par de sapatilhas e cheiram mal. Qual é o vosso filme favorito do Senhor dos Anéis? Aquele em que os pequeninos andam, continuam a andar, param um bocado, andam mais um bocadinho, e atiram um anel para o fogo. Estão a deitar milhões de contos fora. Se pudessem fazer uma tour mundial, que banda queriam que vos acompanhasse? Mötley Crüe, por razões mais que óbvias. Quem é a melhor gaja do mundo música? Grace Slick, sem merdas. Adorávamos perseguir o coelho branco com ela.

blac koyote Achas que ser cheerleader é um desporto? Mais de que um desporto, o cheerleader é um modo de vida. Está acima da compreensão da maior parte dos comuns mortais. Quando for grande espero vir a ser capaz de alcançar a honra de praticar tal nobre desporto. Tal que estou a trabalhar de forma a incluir o cheerleading nos concertos de Blac Koyote. Gostas de andar de metro? O metro foi das melhores coisas que aconteceu. Adoro, adoro adoro. É importante melhorar a qualidade de vida do povo. Volta e meia é preciso dar alguma coisa para o manter calmo e pacífico. O único defeito é que o amarelo prende um bocado com a roupa que se usa. É difícil escolher as cores certas para andar de metro. Mas eu claro que só ando de carro. Não gosto lá muito de pessoas assim no geral. Qual é a tua palavra favorita? Ainda bem que perguntas. Já andaste a cavalo? Sobre isso gostava de partilhar uma experiência muito pessoal com os leitores. Blac Koyote acabou de lançar um single com o apoio da Get Off the Coast com dois remixes incríveis de Labrador e Ghuna X (download gratuito) e tudo a rolar para o lançamento do álbum em Outubro.

black bombaim saturdays and space travels

É assim que se faz. Os Black Bombaim já não são revelação nenhuma para quem tem andado atento, e a qualidade deste Saturdays & Space Travel (impressionante em todos os aspectos) é apenas o que já se esperava. Dividido num “Side A” e um “Side B” foi editado em vinil, e sendo o lado B mais energético que o A, o que salta de imediato à vista é a guitarra, que comanda tudo o que se segue. O baixo é subtilmente genial, tendo um papel importantíssimo em preencher cada faixa, cada pequeno instante, algo particularmente visível logo nos primeiros dos quase 20 minutos de “Side A”. O psicadelismo, misturado com aquele estilo stoner à anos 70, está lá, representado por uma guitarra totalmente doida e, ao mesmo tempo, bastante controlada. E é preciso falar, claro, da bateria, que define surpreendentemente bem o ritmo de cada momento. Mais uma prova do talento dos Black Bombaim que, por esta altura, já estão nos leitores de MP3 de todos os que andam de ouvidos bem abertos, e nas colecções de discos daqueles que se convencem perfeitamente de que, assim, vale a pena.


Não deixaram de ser super-banda por terem trocado de baixista - o João é parte dos defuntos Killing Frost e não só foi uma boa aposta técnica para o baixo, como ficava bonito no meio dos iniciais Botswana. Mais uma vez, o palco ingrato não lhes fez jus, mas não impediu que o caos se instalasse. Andou pó pelo ar (os fotógrafos não apreciaram), andou Joca pelo chão, e houve músicas novas a acrescentar ao Antilla Atlas, com problemas se som que nunca mais acabaram. Sendo esta uma das bandas mais inovadoras do país - atrevemo-nos a dizer - há que os exigir em qualidade e quantidade quanto baste.

Foto: Botswana

Não ficámos até ao fim, mas ouvimos relatos de tendas no ar. O Rock Sem Merdas dava-se na piscina.


botswana atilla atlas

P&R

UTOPIUM

Já choraram com algum filme? J.: Em Busca do Vale Encantado. JR.: Chorar não, mas achei todos os filmes do Rambo extremamente comoventes. R.: Os Rapazes Não Choram. Se pudessem interpretar no cinema uma personagem do Dragonball, qual seria? J.: Bulma. JR.: O Cell. Sempre quis mandar lasers da boca. R.: Tartaruga Genial. Acreditam na existência de vida extra-terrestre? J.: Sim, e acredito que se alguma vez vierem é directamente para o Milhões de Festa. JR.: Não. Tenho a certeza absoluta que somos a única forma de vida no universo. E mesmo que existissem outros seres, duvido que fossem tão bonitos ou inteligentes ou perfeitos como nós. R.: Sim, tenho um exemplar em casa. O que é que acham desta moda em que os homens usam cor-de-rosa? J.: Usar cuecas cor-de-rosa conta? JR.: Eu acho bem. Assim é mais fácil identificar os idiotas no meio da carneirada. Não que tenha alguma coisa contra a cor em si, mas pela minha experiência pessoal, os indivíduos do sexo masculino que usam cor-de-rosa têm tendência a serem uns cretinos. R.: Usava antes de ser moda, agora acho feio. Preferem piscina, praia, ou rio? J.: Cerveja. JR.: Desde que haja gajas boas por perto, tanto me faz. R.: Prefiro que te rias.

Sejamos honestos: basta ouvir os primeiros segundos da “The Story of Vlad” para perceber que este EP de estreia dos Botswana é coisa boa (culpem em grande parte o senhor Igor Domingues, baterista). Muito boa, aliás. E depois este pensamento vai-se confirmando, perseguindo-nos ao longo das cinco excelentes faixas. A voz de João Pimenta (que merece todas as vénias do mundo) está cada vez melhor, e nota-se aqui aquele peculiar estilo de escrita a que já nos tinha habituado nos Green Machine. Tudo o resto está igualmente espectacular, lembrando por vezes os momentos mais caoticamente inspirados dos The Fall. Os músicos são todos eles espectaculares, e cada canção parece construída com cuidado (até as backing vocals assentam que nem uma luva) no meio de um caos sonoro. “I Am Masada, You Are Yoko”, por exemplo, soa ao início de apenas mais uma malha, mas está repleta de pequenos pormenores (atenção à guitarra) que mostram bem uma coisa simples: aqui há talento, e não é pouco. Rock das entranhas como faz falta, com tudo bem composto e interligado, sempre a bom ritmo. Mais uns que vão longe, sem dúvida. Quer dizer, grandes já são… agora só têm de ficar maiores.


P&R

THE GLOCKENWISE

Qual foi a cena mais fixe que já viram? Foi um grupo de ciganos a desancar noutro enquanto ele dormia, isto foi só para o acordar.

Alguém anda a tomar algum medicamento? Sim! Queria até fazer um pedido porque isto de ter bandas tem muita piada mas o dinheiro não chega para os medicamentos e como toda a gente sabe a saúde está em primeiro lugar. A que horas acordaram hoje? Eu por acaso acordei as 10h mas voltei a adormecer às 10h30, tendo depois acordado às 14h. Quanto aos outros por acaso não sei mas aposto na mesma hora. Quem tem as unhas mais bem arranjadas? Normalmente temos todos as unhas bem arranjadinhas, mas ao fim da noite acabamos sempre com as unhas (mãos em geral) num horror! Porque é que hoje é melhor que ontem? Porque hoje podemos sempre bater o dia de ontem ; )

Respondido pelo Rafa e aprovado pelo Nuno.

Foto: The Glockenwise


Um bocado à pressa, chegámos a meio da segunda música dos The Glockenwise, que por momentos nos transportaram para um casamento indiano. O Nuno trocou a mega camisa da República Dominicana por uma túnica, e o resto da banda fez o mesmo - todas de cores diferentes, aqui ninguém imita ninguém. Reviveram um bocado a Bardamu Girls, agora no verdadeiro espírito má onda e de piscina. No vídeo parecia que mais gente dançava, mas na água atrás do mar de gente que assistia ao concerto em seco, fazia-se festa. Há bandas e bandas,

os The Glockenwise não podia falhar neste palco. Como neste festival não há tempo para pensar decentemente - nem as condições estão reunidas para que tal aconteça - não vimos Glam Slam Dance nem o Pedro Santos/Senhor Guimarães. Fomos trocar de roupa e provar a banda mais mobília deste festival - os Riding Pânico. Pela quarta vez, reuniram-se para a bela ocasião, sem o Mike e com Chris Common dos These Arms Are Snakes na bateria, e deram talvez dos melhores concertos [dos talvez 10] que vi. Foi o

primeiro dos "regressos" a mostrar que assim vale a pena voltar, com energias no máximo. A estrear o palco Milhões, regressaram também os Born a Lion, com o baterista mais simpático de sempre. Mostraram novidades, e porque é que os clássicos não se esquecem. As inaugurações de palcos foram sempre concertos louváveis. Do outro lado do rio ouvimos dizer que os Utopium fizeram um óptimo trabalho nesse campo.


P&R

LOBSTER Qual foi a ferida mais estúpida que fizeram na vida? G: Uma vez morri sem querer. Nunca troquem de carro dentro da roupa! R: Eu fiz uma ruptura de ligamentos no tornozelo a jogar badminton. Dá para acreditar? Já jogaram golf? G: Mini-golf do Windows. R: Nunca joguei, mas nem me importava de experimentar. Secam o cabelo sempre que acabam de tomar banho? G: Tento manter o meu sempre molhado com uma mistura caseira de diferentes óleos. Fica com um efeito seco. R: Não, mas devia! Ainda acabo careca e constipo me muitíssimas vezes. E se em vez de acabar o mundo, acabasse só a internet, para sempre? G: FFFFFFFUUUUUUUUUUR: Passava a trabalhar muito mais, mas… era uma catástrofe do caraças! Há alguém que vos deteste? G: Nope. R: Deve haver! Há sempre alguém que detesta tudo e mais alguma coisa.

Foto: Lobster


Antes da rajada de reuniões que viria a seguir, houve ainda tempo para os Motornoise fazerem a sua cena dedicar músicas a bêbados e admitirem-se como tal, em forma de rock pesado. No palco Milhões não houve mais que contar (por nós, continuou a haver concertos daqueles). Lugar dado ao palco Vice, com os If Lucy Fell, Veados com Fome e Lobster. Mas uma coisa de cada vez…

Os If Lucy Fell tinham o Hélio aleijado. Mesmo assim, o momento não pedia cancelamentos ou substituições. Acreditamos que lhe tenha custado e agradecemos muito pelo esforço - encheu o peito de nostalgia, os olhos de lágrimas e os pulmões de falta de ar. Em “She Lives/She Dies”, veio Cláudia Guerreiro ajudar à guitarra e a encerrar um dos concertos mais tocantes do festival. É banda da qual não se percebe ou aceita o fim. Talvez porque há

sempre uma dor pequenina por cada banda favorita que acaba. Palavras não são suficientes. Sobre os Veados com Fome, não sabemos bem o que dizer. Foi um concerto óptimo apesar de frio. Não fizeram propriamente um aquecimento para o que se passaria a seguir (e bem precisávamos que alguém nos tivesse aquecido). Atiraram-nos com Paquito, 18, Corda e Ultramar de rajada e com a despedida à cara. Foi bom, e triste ao mesmo tempo. Quem tentar contar o que foi o concerto de Lobster, só o pode fazer comparando com Monotonix no ano passado. Passou-se tudo sobre o mesmo cimento, sem medo de partir dentes ou pedais, ou que estes fossem roubados enquanto se passeava por cima do público. Se o Makoto já tinha preparado os músculos para carregamentos humanos, Guilherme Canhão tirou partido desses restos. Quantas vezes o som foi abaixo, e quantas vezes ninguém se importou com isso? Relembrar aquelas guitarradas e aquela força de bateria foi indescritível. Sem dúvidas dos concertos da noite, do festival, da vida. Houve abraços e lágrimas - somos um público muito sensível. Encerrou-nos o melhor dia de trabalho possível, para no dia a seguir se repetir tudo outra vez…


d.i.s.c.o.texas P&R Qual de vocês é mais sexy? Moullinex: O Rui. Até a dormir. Xinobi: O Rui. Até a dormir. Rockets/Lazydisco: Nu ou vestido? É que faz diferença. Vestido é o Rui (quer seja a dormir, quer seja acordado). Nu não posso dizer. Vê-se no Milhões. Mr. Mitsuhirato: O Zimmer, que ainda é novinho e cheio de pinta! FLiP: Sem margem para enganos - o Rui. Bandido$ (Rui Teixeira): Sou grande e fofo. Bandido$ (Bruno Sousa): Depende da situação, mas eu diria “eu próprio”. Porque tenho um rabo assim meio redondo, firme e “saído”, um “rabo de pato”. E quando rapo os pelos do peito fico bem de roupão aberto. Mas isso é apenas uma opinião.

Já perderam os óculos? Moullinex: Terceiro par de Persol 649 em 2 anos. Os primeiros duraram 2 semanas. Estes últimos já se sentaram em cima deles, e estão muito tortos. Xinobi: Mergulhei com os meus segundos óculos de um rochedo em Cascais. Não boiaram. Perdi uns Ray-Ban clássicos, daqueles tipo aviador, num sitio qualquer. Roubaram-me outro dia uns óculos. Até VER os que comprei há 2 meses, ainda estão pela minha cara. Rockets/Lazydisco: Já perdi óculos em concertos. Mas não eram meus, portanto é na boa. Mr. Mitsuhirato: Não, mas já os parti umas quantas... FLiP: Os de sol, inúmeras vezes, os outros foram susbstituidos por lentes que se os perder não vejo as capas dos discos. Bandido$ (Rui Teixeira): Nope, mas já achei uns Persol e uns Ray-Ban de aviador.... Bandido$ (Bruno Sousa): Nunca perdi óculos.

Qual foi o pior concerto a que já assistiram? Moullinex: Provavelmente a gaja que fez a primeira parte de Air no Coliseu. Ouvia-se o barulho “clac-clac” do volume do Macbook dela entre músicas. Xinobi: Libertines. Rockets/Lazydisco: Um cantor de rua no metro de Londres, a tentar imitar Sex Pistols enquanto bêbedo. Acho que só os Sex Pistols bêbedos é que conseguem imitar Sex Pistols. Mr. Mitsuhirato: Não me lembro, mas sei qual foi o melhor: Shellac @ ZDB. FLiP: R.E.M, se bem que a miúda da abertura de AIR que o Luís fala, era mesmo má (naquilo que fez). Bandido$ (Rui Teixeira): Fui meio obrigado a ver Angélico ao vivo. Posso dizer isto? Bandido$ (Bruno Sousa): Um qualquer grupo de escuteiros a tocar violão numa qualquer missa em que ia quando era pequeno, obrigado pelos meus pais. ODEIO missa, ODEIO escuteiros e ODEIO violões. Já vos contei que o padre da minha freguesia vinha beber whisky lá para casa aos Domingos?


Já referimos que é complicado pensar neste festival. Por isso, perdemos a trupe da D.I.S.C.O.Texas, que tão carinhosamente preencheu estas duas páginas. Viriam a actuar também no dia seguinte, na piscina, mas voltámos a perde-los aí. Ficou por ver se houve algum escadote em palco desta vez…

Quantas virgens é que o Nicolas Cage matou para conseguir aquele cabelo?

Se fossem uma personagem de um video-jogo, qual seriam?

Moullinex: Rui, faz aí um desenho. Xinobi: Falas do cabelo de que filme? Ou falas das entradas? Rockets/Lazydisco: Que tipo de virgens, e que tipo de cabelo? Este cabelo?

Moullinex: Lemming mineiro. Ou Leisure Suit Larry, o Casanova das Cadeias. Xinobi: Curtia ser o gajo do Trap Door. Rockets/Lazydisco: Gostava de ser a linha do Tetris. Ou um porco do Angry Birds. Ou um diamante do Bejeweled. Ou uma planta trepadeira do Super Mario. Todas estas personagens ignoradas pelo público e todas personagens que merecem mais atenção e carinho. Mr. Mitsuhirato: Solitário conta como videojogo? FLiP: Qualquer minhoca do Worms Armageddon, com o esquema de armas completo, que o mundo era meu. Bandido$ (Rui Teixeira): Pá, pensava que alguém aqui ia dizer que curtia ser a Cobrinha do jogo da Cobrinha dos Nokias. Eu já fui uma personagem verdadeira de videojogo no PES. Fiz um Rui Teixeira igualzinho a mim, com cabelos longos e bem atlético. Fui o melhor marcador do campeonato e o Manchester United comprou-me na época seguinte. Meti o Ronaldo no banco de suplentes. Mas também era na boa o Chuckie Egg, porque curto ovos e patos. Bandido$ (Bruno Sousa): Se eu fosse um personagem de um vídeojogo, provavelmente seria o ANÃO do Golden Axe. Usava o meu MACHADO para cortar o mister universo ao meio (pelas costas, está claro) e depois, ainda usando o MACHADO, cortava o bikini da amiga. Na realidade, quando jogava Golden Axe, nunca queria ser o anão. Preferia ser o FORTE, depois a gaja e, em último, o anão. Agora, por falar nisso, acho que preferia ser a GAJA. Seria uma espécie de Transformismo em vídeojogos, o que me excita ligeiramente.

Mr. Mitsuhirato: O Nicolas Cage é o novo Dorian Gray! FLiP: Eu sou uma pessoa muito respeitadora de cabelos por isso direi apenas uma. Mas devidamente sacrificada. Bandido$ (Rui Teixeira): Vou desenhar uma merda qualquer. Bandido$ (Bruno Sousa): Se calhar o próprio Cage é virgem. Ou vocês pensam que nos filmes as cenas de sexo são a valer? Não são. O gajo tem que fazer aquilo com a piça presa com fita-cola gaffa, daquela preta.


DIA 2 O dia voltou a começar cedo para nós na piscina - gostamos de sombra e de nadar à vontade mais do que dormir em tendas-estufa, não há nada a fazer. Decidimos não ir ao palco Lovers & Lollpypops nesse dia - à conta da preguiça e das bolhas nos pés por causa do estoiro do dia anterior. Ficámos pela piscina e pelo recinto, enquanto do outro lado do rio actuavam os EAK e os We Are the Damned, enquanto à beira desse rio actuavam Indignu e Filho da Mãe. Depois dos Traumático Desmame (cuja t-shirts, destacamos, custavam 6,66€), chegou a guerra de Viana do Castelo. Pelos vistos só os Vianenses é que têm coragem de subir a colunas de 2 metros, os Mr. Miyagi começaram o ritual. O desafio era meter toda a gente na piscina depois de andar à porrada, e conseguiram fazê-lo. Braços de skaters partidos à parte, a banda mais despreocupada do festival levou elementos à água, a berrar na cara das pessoas. Festa de destruição por completo, são cenas a repetir sempre que possível.

Fotos: Mr. Miyagi


P&R

MR. MIYAGI

Algum filme que vos descreva?

Falaste-nos em filmes, a primeira coisa que nos ocorreu foi o “Histórias do Norte”, mas como é pouco conhecido pelo sul acho que o que mais nos identifica é mesmo “As Longas Tranças do Careca” e o mítico “Judas a Cagar no Deserto” parte 2, gostamos especialmente daquela parte em que tenta cagar e não consegue, e assim que consegue a única coisa que lhe resta é um cacto para se limpar.

O que é que mais vos irrita?

Entrevistas sérias, cerveja quente e morta, bater com o dedo mindinho do pé nas esquinas, rebentar cordas nos concertos, nunca temos uma segunda guitarra ou baixo, esperar muito para tocar e ter de levar com bandas e gente aborrecidas, acordar no sotão do Ricardo e bater com a cabeça no tecto… Isto nunca mais iria acabar, esta resposta não tem fim…

Quem é que dá melhores toques de bola?

O Ciso costuma ir à baliza, ninguém o quer na frente, o Bita quando jogava na escola era escolhido a seguir às raparigas, o Jaime ficou pela ginástica rítmica e o Russo foi sempre o pé esquerdo do Cristiano Ronaldo, esteve ao lado de uma grande carreia milionária.

Qual foi a vossa pior decisão?

Responder à pergunta anterior, temos uma predisposição natural para nos humilharmos a nós próprios.

Quem cozinha melhor e qual é a tua especialidade?

O Ricardo é o melhor cozinheiro sem dúvida, tem até um restaurante de comida tradicional tibetana na Rua do Maneta Malabarista nº 666 em Viana. A sua especialidade são cogumelos a lá trip!

Qual foi a melhor noite da vossa vida de banda?

Não conseguimos escolher uma para a melhor, recordo-me que Gijon, Maasbree e La Felguera foram das melhores noites, mas uma das melhores noites foi mesmo em viagem entre Vigo e Gijon. Porquê? O que se passa na tour fica na tour, menos herpes! (Risos)


Do outro lado da balança (ou do baloiço), chegaram os Long Way to Alaska. Se houve concerto mais fofinho que este, não vimos. Deu para dançar e para cantar ao som de Eastriver e temas novos, que pareciam propositados para a ocasião. Com eles, sentimos quão leve tinha sido o nosso dia, apesar de os olhos já pesarem de cansaço.

Fazer reviews de cenas que não vimos não é muito a nossa onda, mas não podemos deixar de referir o evento Chungwave a passar-se no Bar do Xano. Houve palestra e concertos de Feia Medronho, Foice Humana, The Festmen e The Macaques, projecto do célebre "Bruno Aleixo". Diz quem foi que foi memorável, que apareceu a polícia mas que não aconteceu nada de mais, e que depois sai em DVD. Arrependemo-nos por tudo de não ter ido.

P&R

LONG WAY TO ALASKA

Algum jogo de computador que tenham ficado viciados durante uma quantidade ridícula de tempo? Comix Zone e Football Manager. Qual é o vosso pássaro favorito? Poupas. Sabem o que são "Sucrilhos"? Frosties brasileiros. Quais eram os vossos nicks no IRC? Gil "vassourito" Gonçalo "_gap" Nuno "jesus_del_campo" Lucas (Ele nem sabe o que isso é.)

O que é que mudavam no mundo, se só pudessem usar uma lima para o fazer? Começávamos a limar as unhas, coisa que nunca fazemos.


indignu

Têm vergonha de falar com desconhecidos? Nunca, se há coisa que nos falta é vergonha. Já tiveram algum acidente de carro? Sim! E alguns deles a caminho de concertos. Nesse aspecto o mês de Junho de 2009 foi produtivo, em dois fins-de-semana que havia concerto, houve acidente em ambos. Mas nunca se cancelou nenhum por esse motivo. Gostam do cheiro a incenso? O Ketas gosta. Os restantes, tem dias. Acreditam no Monstro do Lock Ness? Da Escócia acreditamos no power dos Mogwai, no bom whisky... no Monstro de Lock Ness já não acreditamos tanto... Quem tem o emprego mais divertido? Poderemos dizer que todos temos empregos divertidos, mas sem dúvida que o Jimmy tem o mais apetecível: estofador de urnas funerárias.

Foto: Long Way to Alaska


FOICE HUMANA Qual é para ti o sentimento mais lindo? Hmmmm… Respeito/Consideração. Não é bem um sentimento, mas o que daí provém, é bom. O que é que tens debaixo da cama? No Porto, pó. Em Lisboa, pó e uma caixa de arrumação. Gostas de alface? Gosto. E de tomates também. Qual é a cena de que tens mais orgulho? Ser casmurro. O que é que achas da vida que levas? A vida que eu escolhi.

Feia medronho Quais são as vossas bebidas alcoólicas favoritas? Feia: Não. Medronho: Num copo alto coloque 2 dedos de altura de gin tónico. Deite água tónica por cima até deixar espaço para pôr o gelo. Quando puser o gin coloque meia rodela de limão. Por último deite as pedras de gelo. É uma bebida agradável para o Verão! Qual é o melhor gordo do mundo música? Feia: TIM MAIA. Medronho: Vou ser directo nisto. O meu companheiro Feia. Porque é que no Baywatch as raparigas correm quase sempre em slow-motion? Feia: Porque como é a fingir, ninguém está aflito. Vão a correr depressa porquê? Eu ia nas calmas. Medronho: O Orçamento do Estado é, em Portugal, o instrumento de gestão que contém a previsão das receitas e despesas públicas, apresentado pelo Governo à Assembleia da República, sob a forma de Proposta de Lei, até 15 de Outubro de cada ano. E os slow-motions são explicados pelo prazer visual de umas mamas a saltar. Preferem camisas pretas ou rosa? Feia: Sim. Medronho: De Vénus XXL. Se pudessem espancar um músico em palco, quem seria? Feia: O Toni, The Festmen, sem sombra de dúvida. Medronho: O André Tentugal, porque ainda não confiamos o suficiente.


THE FESTMEN Preferes gravata ou laço? Prefiro laço. Há um gajo que na Sic Notícias fala sempre de laço e nunca soube o nome dele, mas do laço lembro-me sempre. Fazias voodoo a alguém? Fazia voodoo à Odete Santos para a ver pelo ar a expelir hélio. Qual é a banda mais azeiteira de sempre? Metallica Se visses a tua namorada tirar macacos do nariz, acabavas com ela? Se ela mantivesse a postura depois de levar com um olhar à Clint Eastwood era bem capaz. Tens uma mensagem para as pessoas que vão para os concertos e ficam o tempo todo com a máquina fotográfica no ar? Sim. Alguém tem fotos de mim a fazer crowdsurfing, mosh e wall of death no concerto de INVOCATION OF DEATH SATAN?

WE ARE THE DAMNED Porque é que ninguém reconhece o Clark Kent quando ele tira os óculos? Por causa daquele caracolinho que ele usa e do gel, que só usa para voar e não se despentear. Os homens que usam cuecas em vez de boxers assustam-vos? Não assusta nada, o verdeiro homem usa cueca, boxers é para meninos. Se o vosso trabalho fosse jogar um único jogo de tabuleiro o dia todo, qual preferiam que fosse? Naturalmente seria o o clássico futebol de mesa dos anos 80, aqueles com a rodela, em que disparavas e fuzilavas a equipa contrária por completo. Já viram alguma avestruz com a cabeça na areia? Claro, temos um amigo nosso que trabalha no zoo, e vamos visitá-lo com regularidade. Qual é a pior banda a tocar no festival? Podem ser os GRAVEYARD, porque vão tocar no dia antes de nós e não os podemos ver! Eheheh

we are the damned the shape of hell to come

Escolhemos reouvir o primeiro álbum dos We Are the Damned por motivos puramente históricos. The Shape of Hell to Come ainda contou com uma vocalista feminina, Sofia Magalhães, dos Crisis e RAIJIN, e fez toda a diferença. Não era uma rapariga na voz que os faz bons, mas fazia-os especiais. O álbum é uma descarga de tudo: energia, suor, berros, crítica e essencialmente, música pesada da boa. A voz da Sofia foi substituída, e deixa algumas saudades: “Dynasty of Perversion” ou “The Nihilist”, são pontos altos de uma banda que seguiu caminho, ainda olhando para traz ao mesmo tempo que inovava. As guitarras perfeitamente arranhadas ou a força de bateria fazem dos We Are The Damned um misto de hardcore e música que quase dá vontade de dançar. “Release the Wolves” serve para explicar o que queremos dizer. Deixaram ao título da “O Despertar da Besta” a tarefa de carregar a língua (peso que agora partilha com “Devorador de Mortos”) além fronteiras. Deveras uma boa maneira de o fazer.


P&R

TIGRALA Qual foi o vosso primeiro animal? G: Um ornitorrinco embalsamado e escondido na árvore de Natal. I: Um urso de nome Cocho o qual esteve comigo até os 24 anos, e um cão do qual não lembro o nome, ainda era um anão. N: Um peixe chamado Vanderlei. Qual é o canto mais interessante da vossa sala de ensaios? G: Aquele onde o Norberto faz os seus cigarros mágicos porque cheira sempre bem. I: Tem cantos interessantes, mas tem uma cantiga muito própria que une os cantos todos “tigralaaa, tigralaaaa, tigralaaaa, na sua sala”. N: Aquele onde o Gui injecta extracto de gengibre e beladona porque fede constantemente. Gostam que vos abracem? G: Não. I: Particularmente sim, principalmente a família, os amigos e as “chiquitas”. N: Temos lepra. Este é o melhor ano das vossas vidas? G: Estou a trabalhar nisso. I: Sem dúvida nenhuma… Não!… Mas está a ser muito diferente e produtivo! N: É. Já mudaram de roupa dentro do carro? G: Uma vez mudei de carro dentro da roupa. I: Claro!… Não é normal?! N: Não, pois apesar de viver no carro, uso sempre o mesmo paletó. Tirar a cartola, conta?

Foto: Tigrala


O resto do nosso dia ficou feito com Tigrala e Kafka (no pódio de regressos que menos sentimos). Os Tigrala, formados pelo mesmo monstro da guitarra da noite anterior (desta feita no baixo) - Guilherme Canhão - e outro monstro igual - Norberto Lobo - com Ian Carlo na percussão, deram um concerto eléctrico, sem cadeiras a apoiar o debruce sobre as guitarras, que tornou as músicas quase irreconhecíveis e tão agradáveis ao mesmo tempo. Começou então a bater o sentimento de "amanhã é o último dia", que não é nada agradável. Fomos repor o sono para ficarmos até de manhã no dia de despedida.


DIA 3 P&R LARKIN Os cancelamentos do dia anterior, repostos no último dia, trocaram-nos as voltas.

Queríamos muito ter visto Pega Monstro e Larkin, que passaram a ser os últimos a actuar na piscina. Fomos obrigados a escolher, e acabámos por perder um dos melhores concertos da piscina, reza a lenda - o dos Larkin. Mais uma vez se subiu às colunas e foram eles que deram a aula de hidroginástica este ano. Quem viu, diz que foi lindo. Nós que só vimos vídeos, dizemos que o Nuno Teles tem um bom jogo de ancas. Nessa altura estávamos a enganar-nos nos horários do palco SWR, onde pusemos os pés pela primeira vez para tentar apanhar Löbo e falhámos redondamente. Também conseguimos perder Torto (que ouvimos que foi bom), Old Gun, e o Granada. Enfim, desastres à parte, ainda chegamos para ver Equations, sendo que foram eles que nos inauguraram o último dia de trabalho.

O vosso meio de transporte para os concertos, alguma vez vos falhou? Não!! Felizmente estes anos todos nunca aconteceu tal coisa. E já percorremos 11500km em 21 dias com clima adverso como no UK a nevar a potes e nunca tivemos o mínimo de problema. As falhas de Larkin nunca foram a mecânica... Correcção... Já nos avariou o meu carro, que é de 1994, a caminho do X-Mas Rockfest Penafiel, em Dezembro de 2010! O motor estava a aquecer demais, e tivemos de voltar a Viana para trocar de carro. Para piorar a situação, ao trocarmos de carro o HUGO pisou merda... E sempre que ligávamos o aquecimento do carro, porque estava mesmo muito frio nessa noite, o cheiro vinha direitinho para as nossas caras!! Qual de vocês se veste melhor? O Ricardo usa sempre t-shirts de bandas como Megadeth e às vezes veste umas calças que parece que usa fraldas, mas não usa porque nós ja lhe vimos os truçes. Têm um Pokemon favorito? Qu’éssa merda? Tiveram a tentação de meter os dedos na tomada, em putos? Não! Mas o Teles já meteu a pila com toda a certeza do mundo! Qual de vocês matará mais rapidamente um membro irritante do público? Nenhum! O máximo que poderá acontecer é irmos pr’ós copos com ele a seguir à actuação.


PEGA MONSTRO Têm uma banda melhor amiga? J: Duas: Os Passos em Volta e os Kimo Ameba M: Então as bandas amigas são as mesmas! Qual é o vosso gelado favorito? J: Santini, de framboesa. Ou maracujá, ou morango, ou melancia. M: Häagen Dazs de chessecake! Quantas horas dormiram na noite passada? J: 7h, acho eu. M: Dormi 9h, o que me fez faltar à primeira aula da manhã. Já tiveram problemas com a polícia? J: Nop. M: Eu tive um probleminha! Invadi propriedade privada quando tinha 12 anos. Era um edifício enorme ao lado de uma prisão. Mas acabou tudo bem e não fiquei com cadastro. Gostam do que se diz sobre vocês na internet? J: A maioria sim, claro! Houve coisas que nem tanto mas é sempre engraçado. M: Subscrevo o que disse a Júlia.

GRANADA Qual é o teu videojogo preferido? Call of Duty. Guerra! Alguma vez foste à apanha da azeitona? Não, mas adorava ir! Tens pés gregos ou romanos? Tenho pés egípcios! Qual é o teu disco favorito? Daft Punk - Homework Se pudesses pedir tudo o que quisesses para o teu camarim, o que é que pedias? Um camarim!

larkin every living day begs the question

O primeiro álbum dos Larkin tem influências bem definidas - o punk/hardcore sueco dos Refused, e alguns toques de Poison the Well são as mais evidentes. É, sem margem para dúvidas, um dos melhores álbuns algumas vez gravados em terras lusas. De Viana de Castelo, para os meus ouvidos, directamente. Na altura, o vocalista era outro, e a diferença entre álbuns torna-se abismal nesse aspecto, tudo soava mais pesado. Eram uns Larkin diferentes, que dificilmente voltarão (e não faz tudo parte da história?). “Retrospect” é tão geométrica que dói. Soa tudo tão bem, todas as músicas parecem fazer um sentido que o último álbum não quis acompanhar. É complicado, se não impossível, encontrar um ponto fraco em Every Living Day Begs the Question - por isso, vamos deixar que “Culture Seeks Acceptance” assente nas orelhas e deixarmo-nos de apontar dedos.


Com um álbum ainda no segredo dos deuses (mais ou menos), os Equations reuniram no palco Lovers & Lollypops três das participações do disco: Makoto Yagyu (If Lucy Fell e Riding Pânico) e Ricardo Martins (dos Lobster e de inúmeras outras bandas), e o Hugo dos Objects, em substituição, que pelos vistos foi o homem da hora (não foi isto que passaram a chamar-lhe o resto do festival, mas é o mais apropriado). Apresentaram quase todas as músicas do álbum-z, e revelaram-se ao mundo (depois de já terem tocado no Náice!). Foram demasiadas pessoas em palco para aquele espaço, gente assim merece que o Sol se ponha só por um bocado, para ser suportável dançar. Fomos directamente para o recinto (ainda passando pela piscina para ver se apanhávamos os Larkin, mas sem sucesso) assistir ao vivo ao rockuduro. Os Throes juntaram-se pela primeira vez aos The Shine para uma filmagem da Videoteca do Bodyspace, e desde aí a coisa tem crescido. Enquanto se abandonava o palco Milhões, onde actuaram os pacíficos Dear Telephone, juntavam-se cada vez mais pessoas à mega dança que foi esta junção de estilos. Os The Shine sempre comunicativos, admitiram não saber o nome da Wild Rainbows, renomeando-a

Fotos: Equations


P&R

EQUATIONS

Qual de vocês tem o melhor cabelo? O Bruno. Porque ele fez uma permanente a semana passada. Foi para ir bonito ao Festival Náice!. Querem saber uma coisa? O Bruno é Francês. Nós estamos a tentar ganhar uma classe demográfica específica, que são o público imigrante da França, Suiça e Benelux. Foi como fez o Marco Paulo. Ele também fez uma permanente. Agora como já tem os imigrantes como fãs, está a tentar apanhar as pessoas com problemas auditivos e está a oferecer o seu álbum novo na compra de qualquer equipamento auditivo da Minisom. Mas o Bruno não vai fazer isso, só daqui a uns anos. Conhecem alguma loira burra? Conhecemos gente burra. Conhecemos gente loira também. Loiras burras é um bocado mito. Essa ideia só se propagou porque aqui há uns anos atrás havia aquele programa da SIC, os malucos do riso que tinha loiras burras que estavam sempre na casa de banho de uma discoteca, a maquilharem-se. Mas era tudo a fingir. Eram actrizes. Eu já tive na casa de banho de uma discoteca e nunca lá vi loiras burras a maquilharem-se. A 56ª pessoa no vosso facebook. É bonita? Na verdade nós só temos 20 amigos no facebooker. Somos nós, a nossa família e pessoas que deixam o computador aberto no facebook na faculdade, em cyber cafés e residências privadas de portas abertas e que vamos lá entrar à socapa fazer um like na nossa página. Quando tivermos 56 fãs dizemos se a pessoa é bonita ou não. Espero que seja. Qual é a vossa opinião sobre o Axel Rose? Não podemos dizer mal dele, porque não temos a certeza se ele é o Macaco da Ribeira ou o primo dele ou o caneco. “Welcome to the Jungle, ass: Macaco”. Lemos isso no interior de uma das portas da casa de banho da estação de serviço de Antuã. E onde é que há macacos? Na selva. Ficamos a desconfiar até hoje. Alguém usa anéis? Porquê? O Zézé usa. Mas são anéis da pinta. De Homem! São crocodilos. Aquele australiano daquele filme tinha um igual. Também usava ao pescoço dentes de crocodilo. Disso o Zézé ainda não mandou vir da net. O Zé também usa anéis. Mas só quando vai a Lisboa. São roubados. E finalmente, qual é a pior banda de sempre? Sem medos... A pior não sabemos, mas toda a gente concorda que a que tem o melhor nome é Necrocannibalistic Vomitorium.

equations em preview

O primeiro disco dos Equations começou a circular em forma de preview, para efeitos de estudo de mercado, e o público já aceita. A voz do Bruno é a mesma que em Without Death Penalty, as guitarras são cada vez mais bem treinadas, às quais se junta um setubalense, e o baixo novo faz os remendos na rede de math rock a que se propuseram. O álbum conta com algumas participações, especialmente na voz, de pessoal que já os apadrinhou, mesmo só os vendo em dias de festa (que a bem dizer, é quando um homem quiser). Continuam a notar-se Without Death Penalty, mas com boas razões de fundo para a troca de nome - na verdade, é uma etapa nova. Há mais experimentalismo, mais electricidade, e há mais e outras influências a emergirem (não me digam que não conhecem Marvins Revolt ou Tera Melos). No meio de 10 temas bastante fáceis de ouvir (e nem sequer os ouvimos masterizados) destacamos para já “Coronado” pela guitarra saltitante que fica no ouvido. Só se pode aguçar o apetite, enquanto a caravela não descongela.


para "YEAH". Deram uma lição de ancas a quem não as sabia mexer e foram eles e os Green Machine que colmataram o nosso dia. Não sem antes passarmos por We Trust. Com expectativas em alta, depois da conhecida Time (Better Not Stop), o projecto de André Tentugal serviu-se apenas do single para fazer levantar o público do chão. Valeu um suporte de músicos de excelência, Rui Maia e Gil Amado entre eles, para nos presentearem com um concerto no mínimo agradável, mas ainda longe de preencher todo o vazio que sentíamos por o Milhões de Festa estar a chegar ao fim. Foto: We Trust

P&R

WE TRUST

Se tivesses um concerto só com covers, de que banda seria? Certamente algures entre o Neil Young e os Smiths… Quem é a pessoa mais estranha que já conheceste? As pessoas são em geral estranhas, mas acho que eu próprio devo ser a mais estranha e ainda ando a tentar conhecer a cada dia que passa. Que séries vias em puto? X-files… Twin Peaks… ahh e Party of Five! Ahahah Gostas de chuva? Gosto bastante, não curto é vento. O que é que fazias se tivesses de viver dentro de uma bola de plástico? Como aquelas pessoas que são alérgicas ao ar. Apanhava um alfinete e rebentava-a rápido. Dizem que as alergias são vencidas quando as contrariamos. Eu já fui alérgico a morangos e chocolate e agora já não sou. O truque foi continuar a comer até criar imunidade.


we trust time (better not stop) ep

Nunca é demais dizer: “Time (Better Not Stop)” é, muito possivelmente, uma das canções do ano. Não fazemos ideia em relação às restantes do disco, que só sai no final do Verão, mas torna-se difícil não ter esperanças só por esta primeira amostra. Quatro minutos e meio de uma electrónica cativante, complexa (excelente jogo de teclados), e que fica no ouvido. Um grande single, que consegue manter as expectativas bem alto quando se ouve também o “B Side Them Lies”, que mantém o estilo ambiental e sóbrio da música de André Tentugal, mais conhecido entre nós como realizador de videoclips. A promessa está lançada, agora resta esperar ver se o resto do material iguala o que já se ouviu. As expectativas, por agora, estão bem lá em cima.


green machine themes for the hidebounds

Foi aqui que tudo começou para eles, e para muitos de nós também. Lembro-me bem da primeira vez que ouvi este EP, e de ter pensado “Porra, quem são estes gajos?”. Não muito depois estava a vê-los na ZDB, e a sair de lá encharcado em suor e epifania. Anos depois, ainda me lembro surpreendentemente bem de canções como “The Hidebounds” ou, claro, “A Caligula Complex”. Há pouca coisa igual. Excelente do início ao fim, com canções rápidas e energéticas, que remetem para um universo ainda hoje um pouco visível nas restantes bandas de João Pimenta, Themes for the Hidebounds é bem capaz de ser dos melhores discos de estreia de sempre de uma banda portuguesa. Tudo bem coordenado, tudo perfeito e feito com um cuidado (ou com um descuidado que calhou tão bem que até parece pensado). Vertiginoso do início ao fim, com pequenos toques que mostram bem as influências que os tornam tão únicos (“A Caligula Complex” e o seu saxofone), este é um disco que tem, acima de tudo, de ser ouvido. E, claro, experimentado ao vivo. Deixam saudades, e um fosso que só com tempo outros poderão ocupar (estou a olhar para vocês, The Glockenwise). Banda incrível, disco incrível, e deixam um legado que exerce mais influência do que muitos pensam..


Depois de Green Machine, mandámos as máquinas de fotografar para a tenda e não quisemos mais saber do assunto. Se já estávamos tristes com o fim, o último concerto dos Green Machine deixou-nos ainda mais de coração nas mãos. Não houve cordas vocais suficientes para acompanhar a voz do Joca naquelas que foram as

músicas de tão importante influência para a cena musical de Barcelos. É claro que se chorou. A cada vez que se dizia "Vamos enterrar esta banda", era uma facada no coração. Mas o que tem de ser, tem muita força, e acabou com um dos melhores vocalistas do país a passear-se por cima do público a gritar "Green Machine is fucking

dead". A corrida ao pack de t-shirts e CDs provou aquilo que não precisava de provas - tantas bandas que voltaram a este festival, uma que acabou, não se percebe qual das acções teve mais impacto e reacção.

Foto: Green Machine


O que se sente a sair de Barcelos é indescritível. É a sensação de que todo o ano foi inútil, que a nossa vida foram aqueles três dias e agora nos tiraram a casa e temos dívidas para pagar. É o regresso a uma realidade triste onde tudo nos irrita, onde a comida nos cai mal, e onde não há piscina. Os dias seguintes são os piores, parece que nos morreu alguém, temos a voz cansada e não queremos acordar e não ter concertos, nem ter pessoas à nossa volta a fazer alto chiqueiro logo às 8h da manhã, ou um galo a cantar às 6h enquanto chegamos à cama. Quase preferíamos que nos tivesse assaltado a tenda, para termos gostado menos. Faltam 300 dias e muitas interminalidades para o próximo. Vamos para o resto da vida.



2011


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