Meu Itinerário Espiritual, vol 2 - Plinio Corrêa de Oliveira

Page 127

O reconhecimento do caráter profético dessa missão Já contei uma conversa que tive certa vez com D. Mayer, ainda antes de mamãe morrer. Ela estava de cama, e D. Mayer e eu tomávamos refeição em minha casa da rua Alagoas. Durante a sobremesa, numa conversa muito íntima – lembro-me até do jeito dele, mexendo uma xicarazinha de café – os senhores sabem que mexer uma xícara de café é um gesto altamente pensativo – ele escorregou o seguinte: – Compreendo bem a posição do Grupo na atual situação da Igreja, mas não vejo bem como será o Grupo numa situação normalizada da Igreja. Diante de uma hierarquia que cumpra a sua missão, o Grupo não terá razão de ser. E não sei qual será a posição do Grupo nessa situação. Respondi a ele: – D. Mayer, entendo a posição do Grupo da maneira seguinte, numa situação normalizada da Igreja. O Grupo nunca deverá pertencer à Igreja docente, ele permanecerá sempre na Igreja discente, é discípulo e súdito. O grupo nunca terá o governo de um Estado, o papel dele é de ser súdito dos reis, dos imperadores, dos senhores que nascerem da ordem histórica criada no Reino de Maria. Mas entendo que o grupo terá a missão, a título de opinião privada, de enunciar, em matéria de Revolução, qual é a doutrina verdadeira e qual é a doutrina falsa; quais os rumos que devem ser seguidos para combater a doutrina falsa, para assim fazer triunfar a verdadeira e modelar todo o espírito da humanidade de acordo com a posição contra-revolucionária, e para atingir a luta contra a Revolução. E ainda afirmei: – Um Papa pode não seguir o conselho, é o direito dele; um imperador pode não seguir o conselho, é o direito dele. Mas ai daquele que não siga, porque derruba o Reino de Maria e fica com as mãos maculadas com esse crime. O que é que V. Excia. acha deste modo de ver?” Ele, sempre mexendo a xícara, e olhando-me fixamente numa posição de cabeça um pouco inclinada, me disse: – Esta era a posição dos profetas no Antigo Testamento. O profeta devia guiar o rei e os sacerdotes, mas sem jurisdição. É um guia, é alguém que exprime a vontade divina aos reis e aos sacerdotes, e os que não seguiram foram punidos. Mas ele não era rei nem sacerdote. É isso que você entende? Depois ele acrescentou: “Prever o futuro era uma tarefa secundária do profeta, não era a tarefa principal. A principal missão do profeta era conhecer as vias de Deus e indicá-las ao povo, ao povo eleito”. Eu então disse: “D. Mayer, essa conversa tomou uma gravidade que não permite mais que ela seja uma conversa entre Plinio e D. Mayer, ela 126

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

“As vozes não mentiram”

12min
pages 238-254

A graça de Genazzano

7min
pages 234-237

O temor martirizante de não estar correspondendo ao chamado de Nossa Senhora

5min
pages 228-230

A paternidade espiritual do fundador

8min
pages 222-227

O receio de ter seguido uma via não desejada por Nossa Senhora

6min
pages 231-233

Consagração a Nossa Senhora nas mãos do fundador Adendo do compilador

3min
pages 220-221

Os discípulos devem discernir o “unum” do espírito do fundador

8min
pages 215-219

O fundador deve ser um símbolo vivo de sua obra

3min
pages 213-214

Pela originalidade de seu carisma, o fundador tem que ser seu próprio formador

5min
pages 210-212

O modo de fazer a ação de graças após a recepção da Sagrada Comunhão

6min
pages 206-209

A desconfiança e a severidade em relação a si mesmo

5min
pages 186-188

O espírito de sacrifício até o holocausto e o desejo de reparação

7min
pages 189-192

a combatividade contra-revolucionárias

16min
pages 177-185

O modo de rezar e pedir

1min
page 201

A atitude diante de Deus e de Nossa Senhora

8min
pages 202-205

O amigo da Cruz que se prepara para carregá-la prevendo a dor

9min
pages 193-197

O senso da honra católica

5min
pages 174-176

A reversibilidade do “tal enquanto tal”

5min
pages 171-173

A procura do sublime e do sacral

13min
pages 164-170

O espírito aristocrático

3min
pages 147-148

A “luz primordial” resumitiva

3min
pages 160-161

A combatividade cavalheiresca

6min
pages 149-152

Os componentes essenciais desse “unum”

3min
pages 139-140

A castidade

1min
page 146

A robustez da Fé

9min
pages 141-145

A pedra angular do amor à grandeza

5min
pages 157-159

A identificação com a Contra-Revolução

7min
pages 134-137

O “unum” da alma de quem foi chamado a simbolizar a Contra-Revolução

1min
page 138

Papel do filão “eliático” na história

3min
pages 125-126

O reconhecimento do caráter profético dessa missão

8min
pages 127-131

“Pater et dux” dos contra-revolucionários

3min
pages 123-124

Entusiasmo pelo Profeta Elias e o zelo pela causa de Deus

10min
pages 118-122

Devoção a Nossa Senhora do Carmo

1min
page 117

O receio de ter que assumir a liderança da Contra-Revolução

1min
page 111

Uma vocação contra-revolucionária

1min
page 108

O lírio nascido do lodo, durante a noite e sob a tempestade

7min
pages 104-107

O anseio por um líder contra-revolucionário

3min
pages 109-110

Novamente escrúpulos e a provação axiológica

5min
pages 101-103

A pior provação: ser perseguido por aqueles mesmos que se quis servir

5min
pages 98-100

O “grupinho do Plinio”: Jó em cima do monturo

2min
page 97

A degringolada como vingança pelo livro “Em Defesa da Ação Católica”

5min
pages 94-96

da Ação Católica de São Paulo

3min
pages 92-93

O encontro do equilíbrio

1min
page 89

Um lenitivo: a leitura do “Livro da Confiança”

9min
pages 84-88

Um novo e elevado patamar após a leitura do “Tratado da Verdadeira Devoção” e a consagração a Nossa Senhora como escravo de amor

8min
pages 69-73

Firma-se o ideal de dedicação integral pela opção do celibato – Choque com um veio de mediocridade no seio das Congregações Marianas

6min
pages 74-77

O combate ao orgulho

5min
pages 66-68

Os frutos da leitura do livro “A alma de todo apostolado”

5min
pages 63-65

Um quiproquó a partir da leitura da “História de uma alma”

2min
page 83

A leitura da “História de uma alma” e a aspiração à santidade

3min
pages 61-62

A provação de crer-se obrigado a abandonar, por obediência ao Papa, as convicções monárquicas e ter que aliar-se à República

8min
pages 55-58

Algumas consolações que sustentaram Dr. Plinio nesta travessia

1min
page 28

com a superficialidade e a brincadeira

6min
pages 17-19

A ruptura definitiva com o mundo revolucionário

9min
pages 38-42

Algumas renúncias fundamentais

1min
page 46

A terrível cruz da incompreensão e do isolamento total

12min
pages 20-26

A ascese para afirmar sua varonilidade sem transformar-se num “Esaú”

2min
page 27

Desenvolvimento da vida de piedade

4min
pages 44-45
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.