Meu Itinerário Espiritual, vol 2 - Plinio Corrêa de Oliveira

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Quer dizer, Ele passou por esta sensação de que Deus lhe voltou as costas. Mas, dentro desta sensação, a fé continua a dizer: “Esta impressão é absurda. Logo, Ele não voltou as costas”. Nesta matéria, há sobretudo uma coisa que é de dilacerar: é a demora. Quer dizer, é quando vemos as décadas se passarem, e essa esperança fica de pé, mas parecida com um estado de inconsciência. Tem-se vontade de perguntar: “Você não percebe que o tempo está passando, não percebe que sua vida vai se escorrendo como a areia numa ampulheta? E que pouco resta na parte de cima da ampulheta, e você ainda quer esperar até a hora de cair o último grão?”537 O receio de ter seguido uma via não desejada por Nossa Senhora Vou improvisar tudo, porque é um tema muito novo, mas do qual vivi a vida inteira. Por causa de vozes interiores e moções da graça, de que até o ano de 1935 não tinha noção, eu possuía uma certeza interior – que só mais tarde soube explicar – de que tinha uma missão e, se normalmente andasse bem, eu cumpriria essa missão. Na leitura do livro de Santa Teresinha do Menino Jesus veio-me à cabeça, o seguinte problema. A sensação dessa minha missão, apesar de todas as dificuldades que ela acarreta, traz uma consolação e, portanto, traz um elemento de ânimo na vida. Já Santa Teresinha não teve consolação nenhuma, e passou a vida inteira na maior aridez possível. Suportar essa aridez foi uma das cruzes dela. A outra cruz foi de uma vida extraordinariamente curta: ela morreu com 24 anos, com uma doença própria a fazer sofrer muito. Isto dava a ela a ideia de que sua vida tinha sido uma quimera, um bluff, que a tal “Pequena Via” era uma vue de l’esprit, era um engano, que não existia isso, não era real. E que, no total, ela morreria com a sensação de ter consumido a vida dela inutilmente, erradamente, morando num convento de freiras tíbias e com superioras cheias de defeitos. A vida dela dentro do Carmelo era isso. Tendo lido isto da vida de Santa Teresinha, pareceu-me que seria uma coisa muito mais útil para a causa católica se me oferecesse como vítima expiatória como ela se ofereceu. Então morrer num tranco só e oferecer 537 MNF 28/3/91 230

MEU ITINERÁRIO ESPIRITUAL


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“As vozes não mentiram”

12min
pages 238-254

A graça de Genazzano

7min
pages 234-237

O temor martirizante de não estar correspondendo ao chamado de Nossa Senhora

5min
pages 228-230

A paternidade espiritual do fundador

8min
pages 222-227

O receio de ter seguido uma via não desejada por Nossa Senhora

6min
pages 231-233

Consagração a Nossa Senhora nas mãos do fundador Adendo do compilador

3min
pages 220-221

Os discípulos devem discernir o “unum” do espírito do fundador

8min
pages 215-219

O fundador deve ser um símbolo vivo de sua obra

3min
pages 213-214

Pela originalidade de seu carisma, o fundador tem que ser seu próprio formador

5min
pages 210-212

O modo de fazer a ação de graças após a recepção da Sagrada Comunhão

6min
pages 206-209

A desconfiança e a severidade em relação a si mesmo

5min
pages 186-188

O espírito de sacrifício até o holocausto e o desejo de reparação

7min
pages 189-192

a combatividade contra-revolucionárias

16min
pages 177-185

O modo de rezar e pedir

1min
page 201

A atitude diante de Deus e de Nossa Senhora

8min
pages 202-205

O amigo da Cruz que se prepara para carregá-la prevendo a dor

9min
pages 193-197

O senso da honra católica

5min
pages 174-176

A reversibilidade do “tal enquanto tal”

5min
pages 171-173

A procura do sublime e do sacral

13min
pages 164-170

O espírito aristocrático

3min
pages 147-148

A “luz primordial” resumitiva

3min
pages 160-161

A combatividade cavalheiresca

6min
pages 149-152

Os componentes essenciais desse “unum”

3min
pages 139-140

A castidade

1min
page 146

A robustez da Fé

9min
pages 141-145

A pedra angular do amor à grandeza

5min
pages 157-159

A identificação com a Contra-Revolução

7min
pages 134-137

O “unum” da alma de quem foi chamado a simbolizar a Contra-Revolução

1min
page 138

Papel do filão “eliático” na história

3min
pages 125-126

O reconhecimento do caráter profético dessa missão

8min
pages 127-131

“Pater et dux” dos contra-revolucionários

3min
pages 123-124

Entusiasmo pelo Profeta Elias e o zelo pela causa de Deus

10min
pages 118-122

Devoção a Nossa Senhora do Carmo

1min
page 117

O receio de ter que assumir a liderança da Contra-Revolução

1min
page 111

Uma vocação contra-revolucionária

1min
page 108

O lírio nascido do lodo, durante a noite e sob a tempestade

7min
pages 104-107

O anseio por um líder contra-revolucionário

3min
pages 109-110

Novamente escrúpulos e a provação axiológica

5min
pages 101-103

A pior provação: ser perseguido por aqueles mesmos que se quis servir

5min
pages 98-100

O “grupinho do Plinio”: Jó em cima do monturo

2min
page 97

A degringolada como vingança pelo livro “Em Defesa da Ação Católica”

5min
pages 94-96

da Ação Católica de São Paulo

3min
pages 92-93

O encontro do equilíbrio

1min
page 89

Um lenitivo: a leitura do “Livro da Confiança”

9min
pages 84-88

Um novo e elevado patamar após a leitura do “Tratado da Verdadeira Devoção” e a consagração a Nossa Senhora como escravo de amor

8min
pages 69-73

Firma-se o ideal de dedicação integral pela opção do celibato – Choque com um veio de mediocridade no seio das Congregações Marianas

6min
pages 74-77

O combate ao orgulho

5min
pages 66-68

Os frutos da leitura do livro “A alma de todo apostolado”

5min
pages 63-65

Um quiproquó a partir da leitura da “História de uma alma”

2min
page 83

A leitura da “História de uma alma” e a aspiração à santidade

3min
pages 61-62

A provação de crer-se obrigado a abandonar, por obediência ao Papa, as convicções monárquicas e ter que aliar-se à República

8min
pages 55-58

Algumas consolações que sustentaram Dr. Plinio nesta travessia

1min
page 28

com a superficialidade e a brincadeira

6min
pages 17-19

A ruptura definitiva com o mundo revolucionário

9min
pages 38-42

Algumas renúncias fundamentais

1min
page 46

A terrível cruz da incompreensão e do isolamento total

12min
pages 20-26

A ascese para afirmar sua varonilidade sem transformar-se num “Esaú”

2min
page 27

Desenvolvimento da vida de piedade

4min
pages 44-45
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