Luxo Viaje nhomkinhxuanhuu October 2016

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Noruega

A experiência de ver a aurora boreal com todo conforto

Suíça

No 16

Roteiro cultural cheio de charme em Zurique e Berna

Austrália Ilha-resort, tours de helicóptero e muita mordomia na Grande Barreira de Corais

símbolo do luxo na Flórida, Bal Harbour esbanja sofisticação em hotéis e lojas de grife



NORUEGA

A EXPERIÊNCIA DE VER A AURORA BOREAL COM TODO CONFORTO

SUÍÇA

No 16 R$ 19,90

ROTEIRO CULTURAL CHEIO DE CHARME EM ZURIQUE E BERNA

Ilha-resort, tours de helicóptero e muita mordomia na Grande Barreira de Corais

Aydano Roriz Luiz Siqueira Tânia Roriz

SÍMBOLO DO LUXO NA FLÓRIDA, BAL HARBOUR ESBANJA SOFISTICAÇÃO EM HOTÉIS E LOJAS DE GRIFE

Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz Diretor Executivo: Luiz Siqueira Diretor Editorial e Jornalista Responsável: Roberto Araújo - MTb.10.766 - araujo@europanet.com.br Editor: Paulo Basso Jr. Colaboradora: Heloísa Cestari Editor de Arte: Alexandre Dias (Nani) Revisão de Texto: Cátia de Almeida Diretor de Publicidade Mauricio Dias (11) 3038-5093 São Paulo E-mail: publicidade@europanet.com.br Equipe de publicidade: Angela Taddeo, Alessandro Donadio, Elisângela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli Criação: Adriano Severo (11) 3038-5103 Outras regiões Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600 / 9965-8133 Brasília: New Business – (61) 3323-0205 Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238 Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 8146-1010 Santa Catarina: MC Representações – (48) 3223-3968 Outros estados: Mauricio Dias – (11) 3038-5093 EUA e Canadá: Global Media – +1 (650) 306-0880 Circulação e livrarias Gerente: Ézio Vicente (ezio@europanet.com.br) Equipe: Henrique Guerche, Paula Hanne e Luís Aleff Atendimento ao Leitor e Livrarias Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br) Coordenação: 7DPDU %LIÚ WDPDU#HXURSDQHW FRP EU

Equipe: Carla Dias, Josi Montanari, Regiane Rocha, Camila Brogio, Gabriela Silva, Bruna Fernandes, Bia Moreira e Isabela Lino Europa Digital (www.europanet.com.br) Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) Equipe: Anderson Ribeiro, Anderson Cleiton, Karine Ferreira e Marcos Roberto Produção e Eventos Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br) Equipe: Beth Macedo (produção) e Denise Sodré (propaganda) Logística Coordenação: Liliam Lemos (liliam@europanet.com.br) Equipe: Paulo Lobato e Thiago Cardoso Administração Gerente: Renata Kurosaki Equipe: Paula Orlandini, Vinícius Serpa e William Costa

AO LEITOR

ELEGÂNCIA EXTREMA

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la pode estar no tilintar de uma taça de champanhe servida em uma ilha isolada da Grande Barreira de Corais, ou no desfile de sapatos de salto alto e solado vermelho nos corredores a céu aberto do Bal Harbour Shops, o centro de compras mais badalado dos Estados Unidos. Também pode surgir em meio à natureza, à beira de uma estrada, durante o espetáculo da aurora boreal na Noruega, ou se impor nas ruas e nos museus das grandes cidades suíças, como Zurique e Berna, mesmo quando comemoram os cem anos do dadaísmo, o movimento artístico mais contracultural da história. Independentemente da forma ou da aparência, o fato é que a elegância é peça-chave de uma viagem luxuosa. Eu gosto de observá-la – e, acima de tudo, vivenciá-la – em seu mais alto grau de sutileza. Durante minha caçada à aurora boreal no gélido Círculo Polar Ártico, por exemplo, adorei vê-la surgir singela, quase despercebida, no café e nos pãezinhos quentes servidos no meio da madrugada pela guia. Ali, no extremo do planeta, o esmero em torno de uma simples mesinha com louças charmosas coroou a chegada das luzes do norte, que brilharam logo em seguida no céu, para dar vida a um dos momentos mais espetaculares da vida deste viajante. A atmosfera era rústica, é verdade, mas aquele singelo toque de carinho concebido com delicadeza e elegância tornou o acontecimento ainda mais sublime. História semelhante se passou com o diretor editorial Roberto Araújo, em sua recente passagem pela Austrália, cuja experiência você tem o prazer de conferir nas próximas páginas. Ao chegar a um hotel trendy em Sydney, depois de longas horas de voo, antes mesmo de ser recebido pelos funcionários, Roberto teve a atenção despertada pelo caminhar de um casal. Ela trajava um vestido longo e reluzentes brincos de diamante. Ele usava uma estilosa gravata-borboleta. De braços dados, passaram rapidamente por sua vista, rumo a um dos tantos refúgios proporcionados pela noctívaga cidade australiana. E esbanjaram elegância suficiente para povoar seu imaginário ao longo de todo o trajeto pelo país, que avançou rumo a uma adorável ilha-resort e às maravilhas vistas do ar e no mar da fascinante Grande Barreira de Corais. Austrália, Noruega, Suíça, Bal Harbour... Não falta elegância aos destinos contemplados nesta edição, tão boa de ler na companhia de uma taça de champanhe ou de uma xícara de café preparado com amor. Faça sua escolha e tenha uma excelente viagem!

Desenvolvimento pessoal Tânia Roriz e Elisangela Harumi Rua MMDC, 121, São Paulo, SP CEP 05510-900 Telefone: 0800-8888-508 (ligação gratuita) São Paulo: (11) 3038-5050 Pela internet: www.europanet.com.br E-mail: atendimento@europanet.com.br Distribuidor exclusivo para o Brasil Dinap Ltda. Distribuidora Nacional de Publicações Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678 CEP 06045-390 – Osasco, SP Impressão: /RJ 3ULQW *UºÚFD

Paulo Basso Jr. / Editor paulo@europanet.com.br

SE FOR O CASO, RECLAME. NOSSO OBJETIVO É A EXCELÊNCIA. REDAÇÃO Rua MMDC, 121 – CEP 05510-900 Butantã – São Paulo – SP FONE (11) 3038-5110

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Sumário Experiências VIP 8

Os desejos mais incríveis, loucos, divertidos ou apaixonantes a seu alcance.

Austrália 18 Noruega 28

Artigos 12 Suíça 40

Especialistas contam suas experiências e falam sobre as principais tendências do mercado de luxo.

Austrália 18

Um tour exclusivo e repleto de mimos pela fascinante Grande Barreira de Corais, com direito a parada em Sydney.

Noruega 28

Viagem pelo país escandinavo revela a beleza dos fiordes e o privilégio de observar, com comodidade, o espetáculo da aurora boreal.

Suíça 40

Celebração dos cem anos do movimento dadaísta é um convite perfeito para um roteiro inebriante em Zurique e Berna.

Bal Harbour 52

Esse pedacinho de Miami ostenta hotéis estrelados, restaurantes charmosos e o shopping mais badalado do mundo.

Ilhas dos sonhos 64

Refúgios fora do roteiro convencional oferecem dias de privacidade e contemplação em diversas partes do planeta.

Premium 76

Os melhores spas, restaurantes, bares e opções de compras espalhados pelo mundo.

Objeto de desejo 82

Errata Diferentemente do que está sugerido na reportagem “Os 18 restaurantes Michelin do Brasil”, publicada na edição 15, o atual chef do restaurante Attimo é Francisco Pinheiro. Já no quadro Onde ficar da reportagem “Londres para nobres”, a informação de que Isaac Newton frequentava o espaço ocupado pela biblioteca do hotel The Bloomsbury é incorreta.

Bal Harbour 54

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Alta dose de elegância, bom gosto e desejo refletidos em uma imagem.


VIA RAIL CANADA

www.viatremcanada.com.br

Saia do Comum

THE OCEAN MONTREAL – HALIFAX

Entre em uma jornada pelo atlântico canadense.

O Oceano sai no fim da tarde da bela Montreal e serpenteia pelas colinas Montérégie, onde luzes distantes marcam as pequenas cidades do trajeto. Da sua acomodação, veja o dia nascer. Nessa hora, o trem estará descendo a costa da Baía de Chaleurs, e logo chegará em Moncton, para depois seguir para Halifax, onde a cultura escocesa repousa nas casas e pubs locais. O The Ocean possui serviço de refeições, wi-fi em um dos carros e vagão restaurante. Classes: Sleeper Plus (com dois tipos de cabine: com e sem chuveiro) e Econômica.

THE CORRIDOR CIDADE DE QUEBEC – WINDSOR

Entre no Extraordinário O Corredor une você aos maiores centros urbanos do país.

Deixe-se levar de um centro urbano ao outro. O sistema do Corredor une as principais cidades entre Ontário e Quebec. Além de ser prático, é o melhor jeito de chegar ao coração do entretenimento. De Windsor, os trens passam por Toronto, Ottawa, Montreal e chegam até a Cidade de Quebec e oferecem wi-fi e refeições a bordo na classe executiva. Classes: Executiva e Econômica.

Vai de trem Uma viagem fascinante no coração das montanhas rochosas.

THE CANADIAN TORONTO – VANCOUVER Imagine uma aventura que começa no momento em que você embarca no trem. Deixe o centro da cidade para trás e percorra belos campos, a região rústica dos lagos e cidades pitorescas até os picos cobertos de neve das majestosas Montanhas Rochosas. O The Canadian traz para você paisagens como jamais poderia ver de qualquer outro jeito, com tranquilidade, conforto e serviço excepcionais. Este trem também pode ser comprado em trechos. Classes: Prestige, Sleeper Plus (com três tipos de acomodação) e Econômica

JASPER - PRINCE RUPERT Este roteiro acompanha belos rios até a costa irregular do Pacífico Norte na Província de British Columbia, proporcionando paisagens espetaculares do Parque Nacional de Jasper e das Montanhas Rochosas Canadenses, bem como oportunidade de avistar animais selvagens. Esta viagem é realmente inesquecível. Classes: Turista e Econômica Vai de VIA Atravesse o Canadá de costa a costa através da sua janela panorâmica.

(11) 3702 1840 (11) 3067 0900 (19) 3871 9999 (51) 3408 2198 (11) 4878 1085 Aproveite o dólar canadense mais barato que o USD e o Euro e economize no destino. Consulte pacotes e formas de pagamento com as operadoras. Imagens meramente ilustrativas. Visto canadense é necessário e de responsabilidade do passageiro. Use #vaidetrem #vaidevia e visite o site www.viatremcanada.com.br


experiências

VIP

UMA LISTA COM OS MAIS VARIADOS DESEJOS PARA VOCÊ REALIZAR COM CLASSE E EXCLUSIVIDADE

Mergulhar nas águas límpidas do Oceano Índico é uma das experiências disponíveis na ilha-butique localizada nas Maldivas

Uma ilha para chamar de sua

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epois de promover boas descobertas culinárias e voltas ao mundo a bordo de um jato privativo, a rede Four Seasons resolveu atrair viajantes para sua primeira ilha privada, situada em Voavah, Baa Atoll, nas Ilhas Maldivas. Único refúgio localizado em uma Reserva de Biosfera da Unesco, esse pedacinho de terra

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cercado pelas águas do Índico abriga uma casa de praia com sete quartos, spa, academia, centro de mergulho e uma lancha de 62 pés à disposição. Se você se interessou, saiba que o oásis para até 22 pessoas será aberto no fim de 2016, com a promessa de proporcionar experiências inesquecíveis que vão desde surfar ou pescar o próprio peixe até

mergulhar com tubarões e arraias-jamanta. Um chef particular prepara as refeições de acordo com a vontade do hóspede, seja na sala de jantar da casa de praia, à beira-mar ou em um banco de areia. Já o spa, chamado The Oceans of Consciousness, oferece terapias sobre a água, aulas de ioga, meditação, tratamentos de beleza e cabeleireiro da grife Rossano

Ferretti. E quem tem perfil baladeiro pode realizar festas surpresa ou contratar um show privado de música à beira-mar sem ter de se preocupar com vizinhos ou paparazzi. Tudo com a discrição e os impecáveis serviços sob medida que fazem a fama da companhia hoteleira mundo afora. Reservas: www.fourseasons.com.


Concerto no palácio ocorrerá durante parada do navio (acima) em Viena

Noite exclusiva no Belvedere ao som de Mozart

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lém de anunciar a aquisição do Crystal Luxury Air, jato privativo que acomoda apenas 12 passageiros, a companhia de cruzeiros Crystal Cruises já está com reservas abertas para uma noite especialíssima em Viena, na Áustria, antes de seguir rotas fluviais pela Europa a bordo do navio Crystal Mozart. A experiência consiste em uma visita exclusiva ao Palácio Belvedere, uma das construções barrocas mais impressionantes do Velho Continente, declarada Patrimônio Mundial Cultural da Unesco. Um concerto com composições de Mozart e Johan Strauss recepcionará os convidados no Salão de Mármore. Depois, um especialista guiará o seleto grupo pelos cômodos e pela coleção de arte do palácio vienense. Mais informações no 3 site www.crystalcruises.com.

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luxo também habita as regiões mais geladas do mundo. É o que comprova o roteiro de 16 dias organizado pela Interpoint (www.interpoint.com.br), que parte de Calgary, no Canadá, em direção ao Alasca. Em solo canadense, o viajante passeia em gôndola fechada até o topo da montanha Sulphur, em Banff; vislumbra os belíssimos

lagos Louise e Moraine; fotografa a segunda maior cachoeira do Canadá, a Takkakaw Falls; e corta as Montanhas Rochosas a bordo do trem Rocky Mountaineer. De lá, a viagem segue para o famoso resort de esqui Whistler e, na sequência, para Vancouver, em um espetacular percurso de hidroavião. Após três noites cheias de mordomias no Clayoquot Wilderness Resort, o

viajante parte para o Alasca. Tendo o Glacier Bay Bear Track Inn como base, os passeios incluem visitas à aldeia indígena de Hoonah, às remotas áreas do vale do Rio Sapsski em busca de ursos-marrons e um tour de barco em Bartlett Cove, onde será possível observar gigantescas torres de gelo despencando na água. A aventura custa a partir de US$ 10.450 por pessoa.

7 VIAJEMAIS LUXO

FOTOS: DIVULGAÇÃO / 1 SHUTTERSTOCK.COM

Tour VIP do Canadá ao Alasca


experiências

VIP

UMA LISTA COM OS MAIS VARIADOS DESEJOS PARA VOCÊ REALIZAR COM CLASSE E EXCLUSIVIDADE

Cruzeiro de luxo na Amazônia E m 19 de novembro, o luxuoso navio Insignia, da Oceania Cruises, partirá do Rio de janeiro para uma jornada de 22 dias rumo a Miami, nos Estados Unidos. O diferencial desse roteiro não é exatamente o destino, mas o percurso. Serão sete dias de regalias em pleno coração da Floresta Amazônica, com paradas na charmosa aldeia ribeirinha da Ilha do Amor, em Alter do Chão, e em vários outros pontos icônicos da região, como Boca da Valéria, Manaus, Parintins e Santarém. Depois a embarcação segue para o Caribe, aportando na Ilha do Diabo (Guiana Francesa), em Bridgetown (Barbados), Gustavia (St. Barts) e San Juan (Porto Rico). Com tamanho ideal para esse tipo de viagem, o navio Insignia oferece o padrão de luxo da Oceania Cruises (https://pt.oceaniacruises.com) para seus 684 hóspedes. Assim como em outros navios da frota, a gastronomia merece capítulo à parte. Seus restaurantes gourmet estão incluídos no pacote e proporcionam experiências memoráveis. As tarifas partem de R$ 13.494.

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Com atendimento de alto nível e uma série de mimos a bordo, Oceania Insignia (abaixo) passará por Alter do Chão e outros points da região antes de chegar ao Caribe


De bike ao longo do Mekong

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Volta ao mundo desde o Rio de Janeiro

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ela primeira vez, uma cidade brasileira servirá de ponto de embarque para o tradicional roteiro de volta ao mundo da Costa Cruzeiros. O navio Costa Luminosa partirá da capital fluminense no dia 23 de janeiro para uma viagem de 88 noites pelos destinos mais exóticos

e cobiçados do planeta, como Ushuaia, Polinésia, Tonga, Ilha de Páscoa, Nova Zelândia, Sri Lanka, Índia, Emirados Árabes, Omã e Jordânia, além das tradicionais Grécia e Itália, já em território europeu. Dentro do transatlântico, os 2.826 passageiros dispõem de quatro restaurantes,

Navio Costa Luminosa partirá do Brasil rumo a destinos como Ilha de Páscoa, Polinésia, Índia, Nova Zelândia, Grécia e Itália

11 bares, três piscinas, cinema 4D, simulador de Grand Prix e serviços de bem-estar e relaxamento do Samsara Spa. Excursões em terra estão incluídas no valor da viagem, que parte de R$ 45.129 por pessoa, em cabine interna dupla premium. Reservas: www.costacruzeiros.com.br.

9 VIAJEMAIS LUXO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Os tours de bicicleta são programados entre hospedagens sofisticadas

ndar de bicicleta pelos lugares mais remotos de Laos, Camboja e Vietnã com direito a acessos exclusivos e acomodação em hotéis cinco estrelas. Essa é a proposta do roteiro Mekong Grand Journey, da Butterfield & Robinson (www.butterfield.com.br), que terá uma saída única em fevereiro de 2017. Primeiro, os viajantes conhecerão a fundo os mistérios de Angkor Wat e poderão explorar a mítica cidade de Luang Prabang. Em seguida, vão navegar pelo Rio Mekong, do Camboja até o Vietnã, a bordo de um luxuoso hotel flutuante. No meio da jornada, será possível participar de uma cerimônia Lao Baci, degustar uma tradicional refeição khmer, pedalar ao longo de estradas ladeadas por uma selva de algodão de seda, desfrutar de encontros com nativos e relaxar as pernas no resort Aman, em Siem Reap, antiga residência de verão do rei Sihanouk. Essa experiência singular tem duração 3 de dez dias e sai a partir de US$ 19.495 por pessoa.




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LIFESTYLE CAROLINE PUTNOKI EM...

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esmo que falar de Paris como capital gastronômica seja um pouco déjà vu, eu insisto ao afirmar que a capital francesa continua inelutável nesse quesito. Tudo começa com a qualidade do produto servido por lá. Se bateu uma vontade louca de mergulhar no mundo dos atacadistas, um tour por Halles de Rungis o fará compreender a razão dos chefs parisienses serem mimados. Ali é o ponto de encontro de todos os cozinheiros da capital. Onde há milhares de ingredientes, vindos de toda a França: dos crustáceos da Bretanha aos queijos dos Alpes, passando por frutas e legumes mais requintados do sudoeste do país. Tais frescor e qualidade se encontram diretamente nos pratos tanto dos bistrôs de bairro como das mesas Relais & Châteaux. Esse compromisso de trabalhar com produtores locais não é uma moda, mas uma verdadeira tendência que a associação internacional com sede em Paris integrou há três anos ao apresentar seu Manifesto na Unesco. Estabelecimentos clássicos da Relais & Châteaux, tais como Le Grand Véfour, de Guy Martin, ou o súper na moda Pavillon Ledoyen, recentemente sob o comando de Yannick

12 VIAJEMAIS LUXO

Alléno, rei dos molhos e das extrações, estão baseados nesses fortes valores. “De nada serve ser bretão e propor uma cozinha oriental”, afirma Olivier Roelinger, grande viajante. “O cliente deve saber onde está quando degusta um prato.” Assim é Paris, um condensado da França e do mundo, onde cada chef carrega seu DNA regional e suas influências. Meu endereço predileto, o Le Bistrôt Les Papilles com seu menu “de volta do mercado”, próximo ao Jardim de Luxemburgo, encarna o célebre slogan do venerado Paul Bocuse: produto – cozimento – tempero. Outra boa pedida é Saint-James Paris, mansão localizada no 16° arrodissement, onde a chef Basselot reivindica uma cozinha precisa e autêntica, próxima de suas raízes bretãs, como pode ser visto em seu prato-assinatura: o bacalhau com cozimento perfeito (oito minutos a 120 °C). O fato é que, desde Escoffier, as técnicas culinárias continuam sendo um privilégio dos chefs franceses. Tanto que são exportadas há muito tempo para o mundo todo. Não será Gastón Acurio, embaixador da nova gastronomia peruana, nem Alex Atala que dirão o contrário. Afinal, muito do que aprenderam vem da escola francesa.

Desde Escoffier, as técnicas culinárias continuam sendo um privilégio dos chefs franceses. Tanto que são exportadas há muito tempo para o mundo todo

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Paris é sempre uma boa ideia

Caroline é sócia e fundadora da CapAmazon Tropical Marketing (cap-amazon.com), agência que representa a Relais & Châteaux (www.relaischateaux.com) no Brasil. Ex-diretora do turismo francês no Canadá, é especializada nos setores de turismo, alimentos e bebidas. Cuida também do blog Brasil à Francesa (brasilafrancesa.com).



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LIFESTYLE

TIM DAVIS EM...

À

s vezes, a única forma de seguir em frente é fugir da nossa realidade louca – trabalho, compromissos, obrigações familiares... Quando temos aqueles preciosos momentos de tempo livre, é importante se desconectar e se envolver na luxuosa reclusão de um lugar remoto. Por sorte, não faltam destinos que proporcionam esse prazer. Aqui está minha seleção de três lugares atestados pela Small Luxury Hotels of the World (SLH), que reúne as mais encantadoras e exclusivas propriedades de espírito independente. Ilha Sul, Nova Zelândia Ver de perto a paisagem da Nova Zelândia já é um espetáculo, mas adicione a isso um hotel-butique, bons vinhos e esportes de aventura. Aí, sim, você terá a fuga perfeita da realidade. Na grandeza estonteante das montanhas e da costa rochosa da Ilha Sul, em Queen Charlotte Sound, é uma delícia se incluir na natureza reclusa do Bay of Many Coves. Cada apartamento tem uma varanda privativa com vista para os mares e fiordes intocados. Entre as opções de lazer estão apreciar deliciosos pratos, fazer passeios cênicos de barco e caiaque ou curtir um tour de helicóptero.

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Ilhas de Okinawa, Japão Cerca de 640 km ao sul do Japão estão as ilhas de Okinawa, famosas pela longevidade de seus cidadãos e pelo azul de suas águas. As ilhas subtropicais oferecem uma experiência japonesa autêntica na Ásia tropical, com horas de sol, natureza exuberante e aldeias de pesca ao longo da costa com seu charme tradicional. Passe os dias descansando nas praias serenas ou explore as maravilhas náuticas fazendo snorkel ou mergulhando nos recifes de corais. Para completar a experiência, agende uma terapia no spa do The Terrace Club at Busena, em Nago, onde a equipe criou tratamentos únicos e personalizados em uma localização idílica à beira-mar. São Vicente e Granadinas Palmeiras balançam suavemente com a brisa morna do mar, enquanto você observa as praias “boas demais para ser verdade” nessa região do Caribe. Para aproveitar tudo de camarote, hospede-se no resort Petit St. Vicent, que fica em uma ilha privada cercada por águas azuis, com pequenas ondas que encontram a costa. O espaço é inigualável, com restaurantes que usam produtos locais frescos, villas elegantes com vista panorâmica e um luxuoso spa.

Quando temos aqueles preciosos momentos de tempo livre, é importante se desconectar e se envolver na luxuosa reclusão de um lugar remoto

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Experiências inesquecíveis em terras distantes

Tim é vice-presidente de Branding & Marketing da rede de hotéis-butiques e resorts Small Luxury Hotels of the World (www.slh.com). Com larga experiência em marketing, atuou em empresas como Red Bull, Virgin e Vodafone antes de chegar à SLH. Radicado em Londres (Inglaterra), trabalha com foco em experiência do cliente.



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LIFESTYLE

MELISSA FERNANDES EM...

P

assei dias inesquecíveis na pousada Terraços Marinhos, que fica na Península de Maraú, na Bahia. A região, inserida entre o Oceano Atlântico e a Baía de Camamu, é uma das mais belas do Brasil, com enorme potencial ecoturístico. É um refúgio muito bem conservado e com biodiversidade de belezas únicas. Esse santuário ecológico revela uma variedade de ecossistemas costeiros, compreendendo águas interiores, piscinas naturais, estuários e o vasto Atlântico com suas belíssimas praias, restingas, recifes coralinos, manguezais, campos naturais e diversidade de fauna e flora típicas da Mata Atlântica. Enfim, é um sonho para quem ama a natureza e adora vê-la íntegra e preservada. Hospedar-me na charmosa pousada Terraços Marinhos foi a decisão perfeita para desfrutar dias inesquecíveis por lá. Apesar de o caminho de Ilhéus até a praia do Cassange ser um pouco longo – e com estradas de difícil acesso –, valeu cada minuto. A elegante pousada é comandada com maestria por uma família que se apaixonou pela região há anos e sempre colocou muita energia, tempo e amor no projeto. De frente para o mar, cercada de coqueiros ao vento, duas piscinas que se misturam à natureza e uma praia deserta (dá para andar quilômetros

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sem encontrar uma pessoa), fica em uma paisagem magnífica e de encher os olhos. Conta com seis bangalôs exclusivos e isolados, todos com piscina privativa inspirada nos hotéis da Polinésia Francesa, e quatro suítes com varanda e vista para o mar e para a lagoa – um espetáculo à parte. Na lagoa, dá para andar de caiaque, fazer stand-up paddle ou simplesmente apreciar o maravilhoso pôr do sol. Na parte gastronômica, diversas opções são orquestradas por duas cozinheiras locais. Destaque para o bobó de camarão, a deliciosa casquinha de siri ou o linguine de lagosta com molho bisque e um leve toque de baunilha, prato preferido do proprietário. O serviço não é apenas impecável: é extremamente gentil. Para quem quer conhecer mais sobre Maraú, há diversos passeios interessantes. Um dos lugares mais famosos é a Ponta do Mutá, no extremo norte da península e com o pôr do sol mais famoso da região. Igualmente encantadoras são as piscinas naturais de Taipu de Fora. Viver Maraú – em especial a pousada Terraços Marinhos – é uma experiência linda em todos os sentidos. O lugar é perfeito para descanso, trilhas, mergulho, lua de mel e para quem anseia por muita paz. E é ideal também para quem deseja apenas se cansar de não fazer nada e descansar novamente. Ali, o dolce far niente carrega um significado realmente especial.

Viver Maraú é uma experiência linda em todos os sentidos. O lugar é perfeito para descanso, mergulho, lua de mel, trilhas e para quem anseia por muita paz

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Santuário ecológico em Maraú

Melissa é diretora-geral do Hotel Unique de São Paulo (www.hotelunique.com.br). Presidiu por quatro anos a Brazilian Luxury Travel Association e administra o site www.melfernandes.com.br, no qual divide com os leitores suas experiências mundo afora.



AUSTRÁLIA SEM BARREIRAS VIAGEM REPLETA DE MIMOS REVELA AS MARAVILHAS DENTRO E FORA DAS ÁGUAS DA GRANDE BARREIRA DE CORAIS E INCLUI UMA ESTRATÉGICA PARADA NA INSINUANTE SYDNEY Por Roberto Araújo


ROBERTO ARAÚJO

As areias brancas de Whitehaven se misturam às águas azuladas da Grande Barreira de Corais, para dar vida a uma das praias mais cênicas do mundo


AUSTRÁLIA

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A Opera House, com “conchas” recobertas por azulejos, e o moderninho QT Hotels (abaixo): passagem por Sydney é a premissa de uma grande viagem 2

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AUSTRÁLIA

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ENORME DIAMANTE RELUZIU NA PONTA DO PINGENTE NA ORELHA DA MULHER. COMBINOU COM O DELICADO BRILHO DO VESTIDO LONGO QUE ELA SEGUROU DE LEVE PARA DESCER O PEQUENO LANCE DE ESCADAS ATÉ A RECEPÇÃO DO QT HOTELS, COM SUA PREMIADA DECORAÇÃO RETRÔ. OS PASSOS ELEGANTES QUE O VESTIDO DE GRIFE ESCONDIA SEGUIAM NO MESMO RITMO DO HOMEM DE CABELOS GRISALHOS, SORRISO SILENCIOSO E GRAVATA-BORBOLETA PERFEITAMENTE AMARRADA, EM CUJO BRAÇO ELA SEGURAVA ENQUANTO CAMINHAVAM PARA O ELEVADOR. na esquina da Macquarie com a Praça Shakespeare, ou, para os mais aventureiros, sentir as fortes emoções nos passeios de barco rápido. Em nenhum caso, porém, a visita a Sydney deve excluir um passeio pelo magnífico jardim botânico real da cidade, que festeja 200 anos agora em 2016. Faltava ainda, entretanto, uma perna da viagem. Era preciso pegar um avião para ir até as Ilhas Hamilton. São cerca de 1.500 km de Sydney até lá. Na hora de aterrissar, não sei se foi para ser simpático ou se faz parte da rotina de voo, mas o piloto não economizou voltas sobre o arquipélago de Whitsundays, no estado de Queensland, para que a gente pudesse ter uma boa ideia das delícias que nos aguardavam. Porta de entrada da Grande Barreira de Corais, as Ilhas Hamilton, além de bons hotéis e de um surpreendente campo de golfe, têm um pequeno porto onde atracam os iates e veleiros de quem vai explorar a região. Eu ia prosseguir a viagem no iate do One&Only Resorts. Recebi a taça de champanhe quando entrei. Brindei em silêncio ao dia ensolarado, ao mar de águas claras, ao momento mais que especial e a outra dimensão que a partir daquele momento eu iria viver.

A ILHA

São fortes e cálidos os ventos que lambem aquelas ilhas do Pacífico. Tão gentis e, ao mesmo tempo, tão firmes que parecem carregar para bem longe as chatices do cotidiano, os pequenos aborrecimentos, e substituí-los pela mais linda vegetação que muito sol

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1 SHUTTERSTOCK.COM / 2 DIVULGAÇÃO

Tive vontade de perguntar ao casal em qual dos muitos excelentes programas noturnos de Sydney eles pretendiam se divertir. Talvez tomar um drinque no Orbit Bar para ver a cidade de cima, jantar no italiano Pendolino, apreciar a vista no Quay do estrelado chef Peter Gilmore, ou ir a uma festa no The Royal Sydney Golf Club. Mas o sorriso confiante que se via nos lábios do casal em sua noite de gala não admitia interrupções nem perguntas. Eu tinha acabado de chegar à Austrália, quando encontrei esse casal. Tinha ido pelo voo mais curto para lá, o da Qantas, com escala em Santiago, no Chile, e duração total de 19 horas desde São Paulo até aterrissar em Sydney. Nada demais se você estiver na muito agradável executiva ou na confortável primeira classe. Assim, pude notar que a elegância, além do casal, também estava na juventude da garota de cabelos vermelhos, bem maquiada, roupa de couro, que depositava minha pesada mala atrás da recepção do hotel, sem jamais desmanchar o sorriso. Dar uma parada em Sydney é estratégico para superar as 13 horas de diferença de fuso horário da Austrália para o Brasil. É também útil para acomodar seus ouvidos ao sotaque “selvagem” do inglês falado no país, arriscaria dizer, totalmente europeu que fica no Hemisfério Sul. Um inevitável passeio pela Opera House (achei incrível que as conchas de arquitetura doidona fossem todas recobertas por azulejos, não por metal ou outro material diferente, como imaginava), uma visita à State Library of New South Wales, a mais antiga biblioteca da Austrália,


IBIZA

e boas chuvas podem produzir. Do deque, deixava o vento levar os problemas enquanto via o iate se aproximar da ilha de Hayman. Era ali que iria passar os próximos dias, em um dos melhores locais onde a beleza natural podia unir-se aos confortos de um resort cinco estrelas, ou mais. Um delicioso problema é saber onde se hospedar no One&Only Hayman. Fiquei numa acomodação enorme com duas salas e quarto superconfortável. Nos banheiros, tudo surge em duplicata, desde as pias até os closets para o conforto do casal. Assim, ambos podem se trocar ao mesmo tempo, com comodidade e sem espera. O melhor, porém, estava nas varandas (sim, no plural, porque havia duas, uma na sala e outra no quarto) que davam para a piscina gigantesca que ia até o bar. Dei um mergulho diretamente do meu quarto, só para experimentar a temperatura amena da água. Essa é apenas uma opção. Para famílias, existem as villas, que são praticamente casas completas no meio do resort, incluindo áreas para babás ou outros auxiliares da família. Se definitivamente dinheiro não for problema, é até possível ficar no absolutamente esplêndido “apartamento do dono”, obviamente quando ele não estiver lá, que oferece

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A ilha de Hayman abriga o hotel One&Only, onde o hóspede encontra acomodações completas e villas com varanda, de onde se pode observar, com o máximo conforto, a imensidão azul da Grande Barreira de Corais

vista completa para todo o resort e, evidentemente, um belíssimo pôr do sol, atrás de outra ilha. Todos esses confortos, convenhamos, muitos resorts têm. O que só tem ali é a Grande Barreira de Corais, o maior organismo vivo do planeta, patrimônio da humanidade, entre várias outras distinções. Há, contudo, um pequeno obstáculo. Os corais ficam debaixo d’água. Para mergulhadores não há nada melhor em todo o planeta. Como eu, apesar de ter mais de 55 anos, não tinha experiência em mergulho, devo confessar que estava um tanto receoso.

INSPIRE, EXPIRE, APAIXONE-SE

O setor náutico do resort é o que se pode chamar de algo completo. Tem barcos, tem roupas, tem jet skis, tem cilindros, tem até máscaras de mergulho com os mais diferentes graus para quem usa óculos, como eu. Coloquei minha roupa, peguei o snorkel, entrei o barco e fui ver de perto a tal barreira de corais. A embarcação parou, o guia deu algumas instruções. Como eu estava com um pouco de medo, fui o primeiro a mergulhar. Assim, acreditei, a sensação ia passar logo. Silêncio. Embaixo d’água só ouvia o ar da minha respiração ainda nervosa dos primeiros momentos.


luz, o perfume das essências, a música, a voz modulada bem baixinha da massagista, o quente do óleo na sola dos meus pés... Quando saí, era apenas uma alma que mais planava que caminhava, enquanto pensava se teria sido melhor fazer a terapia ali no spa ou na praia, com as ondas acariciando a ponta dos meus dedos da mão, displicentemente deixados pendidos na água, já que a massagem podia ser feita onde o hóspede escolhesse. Quando a fome chegou, lembrei-me do casal elegante que havia encontrado em Sydney. Ali, eles poderiam se vestir um para o outro com as roupas mais elegantes e reservar o jantar também onde tivessem vontade. Há cantinhos românticos por todo o esplêndido jardim cuidado por 12 paisagistas geniais, capazes de recriar até o Olimpo de Zeus. É possível ir ao Fire, que serve alta cozinha australiana e tem como dress code o “elegant attire”, que arrisco traduzir para “venha como você se sentir elegante”, ou a qualquer dos outros cinco restaurantes que variam do italiano Amici ao japonês Bamboo.

Mesmo quem tem pouca ou nenhuma experiência com mergulho encontra toda assessoria necessária para se divertir em meio aos cardumes de peixes e corais que tomam conta do mar australiano

NO MUNDO DE COOK

Existem muitas maneiras de conhecer a Grande Barreira de Corais. O almirante James Cook, em 11 de

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Procurei relaxar os músculos, movi as pernas e as nadadeiras me impulsionaram para dentro de um mundo que eu só havia enxergado em fotos. Os corais pareciam pequenas árvores fluorescentes que talvez crescessem em outro planeta, para alegria de ETs ecológicos. Corais tinham formas de cérebros; esponjas e anêmonas balançavam ao sabor das ondas. Peixes, peixinhos e peixões nadavam à minha volta. E tudo o que eu escutava era o silêncio e a minha respiração em uma dimensão recém-conquistada. Aos poucos, fui me tornando parte daquilo. Inspira vendo o peixinho Nemo; expira e afunda na água para ver mais de perto; inspira e estica a mão para sentir o dorso do peixe; expira e impulsiona a nadadeira; inspira e sente a respiração calma, como o rebrilhar do azul-cobalto dos corais. Quando voltei para o iate nem tinha vontade de conversar, quase em transe. Só não resisti ao champanhe gelado, aos petiscos... Apenas lamentei profundamente ser alérgico e não poder degustar os enormes camarões colocados à minha frente. Talvez, eu inocentemente havia suspeitado antes, os ventos que lambiam a ilha ou a lindeza do fundo do mar não iriam liquidar minhas tensões e, por isso, tinha agendado uma massagem. À meia-


AUSTRÁLIA

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As experiências em Hayman incluem fazer massagens onde você bem entender (inclusive no mar) e embarcar em helicópteros (dir.) para ver do alto as maravilhas da Grande Barreira de Corais, entre elas, o emblemático heart reef, recife que tem formato de coração (esq.). É para se apaixonar

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AUSTRÁLIA

de uma vez tive de me apoiar nas cordas e boias estrategicamente colocadas nas redondezas. Do alto da plataforma, salva-vidas observavam. O código combinado era simples: qualquer medo ou perigo, bastava levantar o braço e uma moto aquática iria até o local resgatar o temeroso mergulhador. Não foi preciso. Eu já sabia o esquema: inspira, deixa-se envolver pelo visual cheio de cores extraordinárias; expira, vê o balanço das anêmonas; inspira, entra no meio do cardume; expira, sente até vontade de chorar de tanta beleza; inspira. Mesmo que tenha uma câmera fotográfica à prova d’água, pode se dar ao luxo de apenas curtir o mergulho, sem se preocupar em documentar a aventura submarina. Isso porque outro passeio, que sai ali mesmo da plataforma, acontece em um barco com fundo de vidro. Com qualquer celular, dá para fazer excelentes fotos subaquáticas de corais ou peixes enormes — e permanecer seco. A diferença é que no barco a gente se sente apenas um observador e, no mergulho, faz parte de verdade daquele mundo incrível.

PIQUENIQUE CHIQUE

De volta ao helicóptero, o piloto havia reservado o mais emblemático recife para o voo da volta: o heart reef, ou recife do coração, feito caprichosamente pela natureza para a gente se encantar. Encanto que tiraria meu fôlego quando apareceu a praia de Whitehaven, considerada por muitos a mais bela do mundo. As rochas das ilhas de Whitsunday não têm a branca sílica, mas por milhões de anos as correntes marítimas trouxeram de longe o mineral e, além da praia, fizeram um desenho entre as ilhas da região. Não há Photoshop que consiga tantos tons de azul, turquesa ou branco. O piloto chamou a areia de talco. Era 98% pura sílica. A voz entrava pelos fones enquanto ele manobrava o helicóptero sobre o mar do Pacífico para pousar em Whitehaven. Apesar de tanta beleza, não havia ninguém na praia. Apenas um barco solitário. Agitação por ali — guarde esta data — será no próximo dia 13 de novembro, quando haverá o “Whitehaven Beach Ocean Swin”, prova de natação no mar que faz parte do triátlon das Ilhas Hamilton. Os dois helicópteros do passeio “O melhor de dois mundos”, o bom apelido inventado pelo resort, pousaram frente a frente. Os pilotos abriram o guarda-sol com o logotipo da One&Only, acomodaram as bolsas térmicas repletas de comidas e bebidas.

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FOTOS: ROBERTO ARAÚJO / 1 DIVULGAÇÃO

junho de 1770, experimentou a pior delas: encalhou ali seu navio Endeavour, que teve seu casco perfurado pelos afiados recifes. Por 20 horas, os homens de Cook lutaram para salvar o navio, bombeando para fora a água e jogando cargas ao mar, inclusive canhões, para aliviar o peso. Mais leve, o Endeavour foi salvo e Cook demorou dois meses para consertar o estrago e prosseguir viagem. Encalhou porque nunca outro navio europeu havia passado por ali e era ele quem fazia pela primeira vez os mapas da região. Pensava em Cook quando o helicóptero decolou do heliporto do resort e, em poucos minutos, mostrou do alto o mundo multicolorido da Grande Barreira. Ele jamais viu daquele ângulo toda a beleza que descobriu. Fica quase na superfície e, em alguns locais, parece até estar sobre a água. A viagem de magníficos 50 km, dos 2.300 km que compõem a Grande Barreira, terminou em uma plataforma no meio do Pacífico, exclusivamente construída para o pouso de helicópteros. Dali, um barco levou até uma plataforma maior, onde estavam as roupas preparadas para quem quisesse ir reolhar os corais de perto. Dessa vez havia correnteza no mar. Escondido dentro da vestimenta preta, de máscara e snorkel, era preciso usar as nadadeiras com mais força. Mais


AUSTRÁLIA

Piso na tal areia-pura-sílica. É fria de tão branca. O piloto avisa que é proibido fumar, mesmo não tendo ninguém para fiscalizar. Como não fumo mais, isso não foi um problema. Abri a garrafa de champanhe. Deixei a areia branca e gelada entrar no meio dos dedos. Dei um gole no líquido borbulhante da taça e vi os pilotos desaparecerem para deixar o momento o mais privativo possível. Do outro lado do planeta, eu refletia se haveria algum outro lugar melhor para apascentar os olhos ou extasiar os sentidos.

TUDO O QUE VOCÊ QUISER

Haver, não havia. Mas eu adoro histórias. Ainda no final dessa mesma tarde, fui ao barco do capitão Billy para uma escapada ao pôr do sol, repleta de detalhes inusitados. A pele marcada de sal e sol, as mãos calejadas, o sorriso amigo, mas, acima de tudo, a boa prosa de um velho marinheiro que contava histórias sobre o capitão James Cook e 2

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ONDE FICAR One&Only Hayman – Fica numa ilha privativa, a Hayman Island, a duas horas e meia de voo de Sydney, em meio à Grande Barreira de Corais. É luxuoso, moderno, clean, com espaços amplos e bem iluminados com muita luz natural. Oferece diversas categorias de habitação, como as villas com três quartos e piscina privativa, área de 195 m2 e diárias a partir de US$ 2.630. https://goo.gl/0GNtAV

suas proezas pela região me encantou. O papo girou em torno de navios que ali participaram da Segunda Guerra Mundial. Enquanto isso, o céu se redesenhava em azuis, vermelhos e amarelos, refletidos no Pacífico e fazendo o claro-escuro com as ilhas selvagens. Gaivotas resolveram compor o cenário e criar a trilha sonora das histórias do mar. A verdade é que debaixo do sol não existe lugar perfeito. Se na ilha Hayman não existem pernilongos, há uma grande ameaça que vem dos céus. São branquíssimas cacatuas de penachos amarelos que adoram dar rasantes para levar sanduíches, petiscos ou outras delícias. As gaivotas também adoram variar sua dieta de peixes com hambúrgueres ou camarões fritos. Deixe que levem. Novos passeios com motos aquáticas, veleiros, caiaques, pranchas de stand-up paddle, hidroavião, iate ou o que escolher estavam à disposição. Eles fazem tudo o que você quiser, a qualquer momento. Além dos mergulhos, tem pesca, academia de ginástica com personal, ioga, boxe, tênis. Casais adoram ir em lua de mel e muitos organizam casamentos na ilha, com padrinhos e convidados. Há uma pequena capela ao ar livre. No dia em que cheguei, a piscina estava em festa com dezenas de pessoas aproveitando o dia após a celebração da nova família. Se é caro? Claro que é. Mas não vai voar meio planeta, literalmente, atrás de experiências banais. Sempre há brasileiros por lá para viver suas fantasias de aventura e romance no cenário de uma das maravilhas naturais do mundo. Na hora de

QUEM LEVA A Kangaroo (www.kangaroo.com.br) oferece um pacote terrestre de 13 dias na Austrália que passa por Sydney e Ilhas Hamilton, além de Melbourne. Inclui traslados privativos, hospedagem, city tour em Sydney e Melbourne, passeio de dia inteiro na Grande Barreira de Corais, seguro de viagem e outros benefícios. Custa a partir de US$ 3.778 por pessoa em acomodação dupla de categoria luxo. Pela Qantas, uma passagem aérea entre São Paulo e as Ilhas Hamilton na classe executiva custa desde US$ 4.577.

ir embora, todos os funcionários com os quais conviveu no resort vão estar rigorosamente enfileirados e abanando as mãos num adeus para você. Em poucas horas, depois do trajeto de volta no iate, é preciso dar mais uma passadinha nas Ilhas Hamilton, onde fica o aeroporto. Quando acordar do seu sonho, err, do seu voo, vai aterrissar em Sydney. E lá, convenhamos, também é muito, muito legal. Você vai poder até ter o gostinho de desfilar com sua mulher ou seu marido, ambos de braços dados, com um sorriso silencioso e confiante nos lábios, uma gravata-borboleta perfeitamente amarrada e um reluzir de diamantes pendendo da orelha. O jornalista viajou assegurado pela Travel Ace.

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É possível chegar de helicóptero a Whitehaven, cuja areia que parece talco e as águas com os mais variados tons de azul permanecem vazias em boa parte do ano. Mas vale a pena também aproveitar a viagem para fazer alguns passeios de iate (ao lado) pela região

QT – Com áreas comuns que lembram uma balada e decoração moderna, o QT se tornou queridinho de estrelas do cinema e conta com um restaurante e um bar ícone de Sydney. As melhores suítes saem a partir de US$ 780. www.qtsydney.com.au


NORUEGA RELUZENTE

A aurora boreal ocorre entre outubro e março no Hemisfério Norte. A região de Tromsø é uma das melhores do mundo para observar o fenômeno


DO ESPETÁCULO DA AURORA BOREAL AO MAR ONDE VIVE O LEGÍTIMO BACALHAU, REINO ESCANDINAVO OSTENTA PAISAGENS MARCADAS POR GELEIRAS QUE INSPIRARAM FROZEN E FIORDES QUE SERVIRAM DE PALCO PARA HISTÓRIAS FABULOSAS DE VIKINGS E TROLLS

SHUTTERSTOCK.COM

Por Paulo Basso Jr.


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SPECIALIZADO EM CONSTRUIR PLANETAS, SLARTIBARTFAST SE GABA DO PRÊMIO DE ARQUITETURA QUE RECEBEU POR DESENHAR OS FIORDES DA NORUEGA NA TERRA. O PERSONAGEM DO LIVRO O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS, DO ESCRITOR BRITÂNICO DOUGLAS ADAMS, TEM MESMO MUITO DE QUE SE ORGULHAR. POUCOS LUGARES NO MUNDO SÃO TÃO EXUBERANTES QUANTO O PAÍS ESCANDINAVO, QUE ENCANTA DESDE O MAR QUE O BANHA, ONDE VIVE O BACALHAU MAIS SABOROSO DO PLANETA, ATÉ O CÉU QUE O ENCOBRE, EM DETERMINADA ÉPOCA DO ANO, COM A DÁDIVA DA AURORA BOREAL.

Oslo, a capital, é a porta de entrada para quem deseja conhecer esse reino repleto de histórias de vikings e trolls – seres do folclore norueguês, quase sempre enormes e pouco inteligentes, que curiosamente se transformaram em sinônimo de quem provoca outras pessoas com mensagens controversas na internet. Espremida no fiorde que a batiza, em uma região cercada de florestas, lagos e ilhas à beira de uma baía, a cidade é o berço cultural do país. Ali ficam museus como o The National Gallery, onde está exposta uma das quatro versões do famoso quadro O Grito, de Edvard Munch, o Viking Ships, com barcos históricos e uma série de artefatos que contam a trajetória do povo soberano dos mares do norte, e o Norsk Folkemuseum, o museu folclórico, cuja estrela é uma típica igreja de madeira similar àquela com a qual a rainha Elsa é coroada na animação Frozen, da Disney, inspirada naquelas paragens. A relação com a nobreza, por sinal, é algo inerente à Noruega. Hoje, é o casal real Haroldo V e Sônia Haraldsen que tem a honra de acompanhar, de seu palácio no centro de Oslo, o alto índice de desenvolvimento do reino, que já foi o patinho feio da Escandinávia, antes de o petróleo jorrar por lá e transformá-lo em um dos países mais ricos do mundo. De tão exemplar, a capital da Noruega é sede da entrega do Prêmio Nobel da Paz, idealizado pelo sueco Alfred Bernhard Nobel. Cheia de pompa, a cerimônia é realizada anualmente na prefeitura, cujo salão com afrescos fica aberto à visitação o ano inteiro.

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O legado aristocrata, entretanto, não empresta ares tradicionalistas à capital. Oslo tem vibe moderna e nuances de simplicidade, com uma gente educada e bonita que busca vida a céu aberto mesmo nos meses mais frios do ano. O farto leque de opções de lazer ajuda com flertes à cultura, como ocorre nos arredores da futurista Opera House, onde são realizados diversos festivais; às compras, graças a lugares como a Egertorget Square, onde se concentram as grifes de luxo; ao esporte, por conta da enorme rampa de esqui Holmenkollen, de onde se tem uma linda vista da cidade; e à boemia, com a linda região de Aker Brygge, um antigo porto revitalizado com restaurantes e lojas transadas, no mesmo clima de Puerto Madero, em Buenos Aires (Argentina). A atração mais interessante da capital norueguesa, entretanto, é o Vigeland Park. O local abriga fontes e 212 esculturas em bronze e granito criadas pelo artista Gustav Vigeland para simbolizar todas as fases da vida. Românticas e dramáticas, singelas e agressivas, inocentes e lascivas, as obras se descortinam em um cenário com “dupla personalidade”. No verão, o clima é de festa, já que os noruegueses se encontram por lá para fazer piqueniques e jogar conversa fora. No inverno, a atmosfera é bucólica, ressaltada pelo contraste das esculturas com o tapete branco que toma conta do espaço. É fato, porém, que a neve que cai ali nos meses mais frios parece apenas uma pitada de açúcar diante do que se encontra no norte do país, onde


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FOTOS: SHUTTERSTOCK.COM / 1 PAULO BASSO JR.

Igreja à la Frozen do Norsk Folkemuseum (acima), esculturas do Vigeland Park (abaixo) e lojas de luxo: a capital Oslo não economiza em atrações


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Como ocorre com as estrelas, as luzes das cidades ofuscam o brilho da aurora boreal, forçando o viajante a fazer expedições noturnas por áreas mais descampadas para avistar o fenômeno. Ao lado, a encantadora Tromsø , erguida em meio a fiordes

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paisagens dos sonhos são tão abundantes quanto o nobre bacalhau que habita o Mar da Noruega. Uma vez lá, você se sentirá feliz da vida dentro daquelas bolas de cristal com cidadezinhas bem delicadas ao centro, onde “neva” após uma simples chacoalhada.

A DANÇA DA AURORA

Enquanto se desprende do continente em direção ao Círculo Polar Ártico feito um punhado de grãos lançados a esmo, o mapa norueguês revela joias como Tromsø, uma das principais cidades do norte do país – e que, não à toa, carrega a alcunha de Capital do Ártico. Universitária e dona de um comércio agitado, a região ganhou fama por ser um dos principais pontos de observação da aurora boreal, fenômeno que dá as caras por lá entre outubro e março. Apesar de a temperatura local girar em torno de -5 ºC durante o inverno, as condições climáticas da cidade são tranquilas e favoráveis, se comparadas a de outros lugares onde é possível avistar o fenômeno, como Canadá, Rússia e Finlândia, cujos termômetros a -20 ºC indicam que está “quentinho”, tamanho o frio que faz por lá. A despeito de atrações como as lojas do charmoso centrinho e o Polaria, um museu modesto – apesar da fachada vistosa, que imita peças de dominó despencando –, em que é possível observar focas e outros animais que vivem no ártico, Tromsø vive mesmo da aurora boreal. Durante o dia, quem vai


uma das agências locais que promovem caçadas à aurora. Por 995 coroas norueguesas (cerca de € 125), a Friluftsenter (http://tromso-friluftsenter.no), dispõe de guias que parecem farejar o fenômeno. Eles o pegam no hotel em uma van ou carro privativo e avançam para os arredores de Tromsø. Isso porque, assim como ocorre com as estrelas, as luzes das cidades diminuem a visibilidade da aurora (e você aí pensando que os noruegueses viam luzes no céu ao abrir a janela de casa). A partir daí, é preciso ter paciência na escuridão da estrada, aguentar o frio (pode colocar frio nisso) e confiar que a natureza jogue do seu lado. As luzes no céu podem aparecer por alguns segundos ou durar horas. Podem também não aparecer. Às vezes, são fraquinhas, monocromáticas, em geral verdes e semelhantes a nuvens ou arcos estáticos; às vezes, surgem nítidas, coloridas e dançantes, como se fossem cortinas incandescentes em meio a um balé tão espetacular que os olhos incrédulos das testemunhas demoram a compreender. Os guias têm papel fundamental durante o passeio, mesmo porque, a não ser que tenha conhecimentos profissionais e um bom tripé, é difícil fotografar a

Durante o dia, sobra tempo para aproveitar as atrações de Tromsø, como a moderna Ishavskatedralen, também chamada Catedral do Norte. A arquitetura do templo luterano é inspirada em icebergs e também na dança da aurora boreal

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FOTOS: SHUTTERSTOCK.COM / 1 GAUTE BRUVIK/VISITNORWAY.COM

até lá pode visitar o Universitetsmuseet i Tromsø, museu que conta a história do fenômeno, o que ele representou para povos antigos (alguns exemplos: crianças jogando bola no céu, uma ponte para o mundo dos deuses e uma raposa flamejante em caça) e por que acontece na região (veja o quadro “O que é a aurora boreal”, na página 36). Também se pode conhecer a moderníssima Ishavskatedralen ou Catedral do Ártico, igreja luterana com arquitetura inspirada em icebergs, nas estruturas de madeiras em que o bacalhau é colocado para secar e, como não poderia faltar, na aurora boreal. Os amplos vitrais em formato triangular foram projetados, inclusive, para permitir que a luz do fenômeno invada o interior do templo. É quando a noite cai, no entanto, que os ânimos se exaltam. Nos hotéis, ninguém tira os olhos dos apps e sites que indicam se haverá atividade naquele dia e se o clima estará bom para ver as luzes do norte. Basicamente, o céu tem de estar limpo, sem nuvens. Neve e chuva são maus sinais. E, alheias a tudo isso, elas surgem quando bem entendem. Para não ter de se preocupar em decifrar gráficos metrológicos, uma boa dica é contratar


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A uma hora e quinze de Tromsø fica o Camp Tamok, onde Ê possível pilotar snowmobiles e passear em trenós puxados por renas (påg. ao lado). O viajante Ê recepcionado por lapþes, povo nativo das regiþes mais extremas da Escandinåvia

aurora. Como eles dominam a tÊcnica, tiram retratos lindos, que, inclusive, ressaltam as cores que tingem o cÊu e revelam tons de vermelho e violeta que o olho nu interpreta de outra forma. Nada, porÊm, diminui a magia de presenciar o fenômeno in loco. É sÊrio: ver o mar ou a neve pela primeira fez Ê emocionante. Ver a aurora, no entanto, Ê ir alÊm.

TRENĂ“ DE RENAS E SNOWMOBILE

Para aumentar as chances de observar as luzes do norte, vale a pena passar o mĂĄximo de noites possĂ­vel em Tromsø. O que vem a calhar, jĂĄ que, nos arredores da cidade, ĂŠ possĂ­vel curtir uma sĂŠrie de experiĂŞncias VIP durante o dia. A agĂŞncia Lyngsfjord Adventure (www.lyngsfjord.com), por exemplo, leva o viajante para o Camp Tamok, a uma hora e quinze da Capital do Ă rtico, onde se conhece o estilo de vida dos lapĂľes, povo nativo das regiĂľes setentrionais da EscandinĂĄvia. Mais que isso, o local ĂŠ uma espĂŠcie de parque de diversĂľes, onde dĂĄ para passear em trenĂłs puxados por renas (â‚Ź 190) ou cĂŁes husky (â‚Ź 200) e pilotar snowmobiles por 30 km, num trajeto que dura 4h30 (â‚Ź 200). Entre uma atividade e outra, imerge em paisagens fascinantes, com lagos congelados, pinheiros e picos ao fundo. Ao redor de lareiras, lapĂľes com roupas tĂ­picas contam as histĂłrias de seu povo e servem pratos como sopa de salmĂŁo e carne de rena – o animal, protegido na regiĂŁo, tem ĂŠpocas de caça controladas. O Papai Noel que perdoe, mas a iguaria tem um sabor delicioso. Fotos, ĂŠ claro, rolam aos montes, e uma fica melhor que a outra. Ainda mais quando feitas do alto por quem realiza os passeios de helicĂłptero organizados pela Lyngsfjord por â‚Ź 200 a hora, em que ĂŠ possĂ­vel observar Tromsø esparramada em meio aos fiordes e com suas modernas pontes se destacando entre morros envolventes que, ao fundo, permanecem em eterna vigĂ­lia.

NAVEGAR É PRECISO

Graças ao grande nĂşmero de ilhas e reentrâncias insinuantes dos fiordes, a Noruega, cuja ĂĄrea equivale Ă do Mato Grosso do Sul, tem um litoral quase quatro vezes maior que o do Brasil. Esse ĂŠ um dos motivos pelo qual seu povo tem a vida tĂŁo voltada Ă navegação. Ir ao reino escandinavo e nĂŁo passear em uma embarcação ĂŠ a mesma coisa que se virar a pĂŠ em Los Angeles (Estados Unidos). NĂŁo rola. Em Tromsø, dĂĄ para sentir o gostinho de navegar a bordo do Vulkana (www.vulkana.no), antigo barco pesqueiro transformado em uma espĂŠcie de spa flutuante que, entre outubro e janeiro, promove safĂĄris marĂ­timos para avistar baleias jubartes (â‚Ź 150). No restante do ano, ĂŠ possĂ­vel fazer cruzeiros com chef a bordo e navegar entre os fiordes. Os tours de quatro horas com menu de trĂŞs pratos harmonizados com vinhos custam â‚Ź 300 por pessoa. A bordo, com uma taça de champanhe e imerso nas ĂĄguas de uma hot tub (banheira quente), dĂĄ para observar as nuances dessa majestosa formação geogrĂĄfica, que consiste em enormes vales rochosos inundados pela ĂĄgua e criados pela ação do gelo nas idades glaciais. É um espetĂĄculo sem igual – o dignĂ­ssimo Slartibartfast realmente nĂŁo poupou esforços em seus traços –, que se descortina por toda a Noruega atĂŠ atingir seu esplendor em Geiranger, o fiorde mais lindo do mundo, no centro-sul do paĂ­s. O passeio com o pequeno Vulkana nĂŁo avança alĂŠm dos arredores de Tromsø, mas serve de aperitivo para quem deseja fazer um cruzeiro a bordo dos navios de empresas como a Hurtigruten (www.hurtigruten.com), armadora enraizada nas ĂĄguas do norte da Noruega. DĂĄ atĂŠ para pernoitar nas elegantes embarcaçþes, como a MS Kong Harald, recentemente reformada. PorĂŠm, quem quer fazer apenas um tour curtinho a partir da Capital do Ă rtico para ter o prazer de navegar entre os fiordes pode optar pela viagem de cerca de duas horas com

Entender norueguĂŞs nĂŁo ĂŠ uma tarefa simples para quem chega de fora, mas SRU VRUWH D PDLRULD GDV SHVVRDV SRU OÂş IDOD LQJOĂƒV Ă›XHQWHPHQWH 6H PHVPR assim vocĂŞ preferir contar com a ajuda de um guia que fale portuguĂŞs, acesse KWWS JXLDGHWXULVPRQRUXHJD FRP e contrate o serviço de Matias %DOER IRWR DUJHQWLQR TXH GRPLQD D OÆQJXD IDODGD QR %UDVLO &RP HOH Ă‚ possĂ­vel fazer visitas privativas por toda a Noruega, como ir a museus em KRUÂşULRV HP TXH QÂźR KÂş WDQWRV WXULVWDV (P 2VOR SRU H[HPSOR LVVR SRGH VHU fundamental para apreciar os quadros de Edvard Munch, como O Grito QD 7KH 1DWLRQDO *DOOHU\ TXH YLYH ORWDGD VREUHWXGR QR YHUÂźR 1

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FOTOS: MARIUS FISKUM / 1 PAULO BASSO JR.

GUIA EM PORTUGUĂŠS


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O QUE É A AURORA BOREAL SAIBA COMO OCORRE O LINDO FENÔMENO DAS LUZES DO NORTE 1

A luz da aurora boreal está diretamente ligada à atividade solar, que, em constantes erupções, milhões de vezes mais poderosas que as vulcânicas da Terra, joga bilhões de toneladas de partículas eletrizadas no espaço. É o chamado vento solar ou plasma. Essa massa de partículas, após uma jornada de 160 milhões de km, que passa por Mercúrio e Vênus, é atraída pelo campo magnético da Terra e converge em direção aos polos. Uma vez na atmosfera, o vendaval de elétrons entra em contato com moléculas de oxigênio e hidrogênio, entre outras, e cria a luminescência (cada elemento é responsável por uma cor emitida no céu). Só é possível avistá-la nos dias mais escuros do Hemisfério Norte, que se dão durante o inverno – no verão norueguês, por exemplo, o sol pode brilhar a noite toda e impedir a observação da aurora. Por isso, é preciso encarar o frio e contar com a sorte, já que dias nublados dificultam avistar o fenômeno, que por sua vez apresenta atividades de acordo com a vontade da natureza.

destino a Finnsness (ida e volta por € 52). É tempo suficiente para se aconchegar nas confortáveis poltronas dispostas diante das grandes janelas que cercam o deque superior e ficar estarrecido com a paisagem à la Frozen que se exibe do lado de fora.

O MELHOR BACALHAU DO MUNDO

Apesar da vocação marítima, a Noruega também abraça com carinho quem não abre mão de permanecer em terra firme. No reino escandinavo, há diversas rotas turísticas que ligam cidades a partir de estradas cênicas, das quais é possível avistar os fiordes como se estivesse em um permanente mirante.

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A partir de Tromsø, é possível navegar entre os fiordes da Noruega a bordo do Vulkana, antigo barco pesqueiro transformado em uma espécie de spa flutuante (acima) e que pode ser reservado com um chef a bordo


Um bom roteiro é o que liga Tromsø a Senja, a segunda maior ilha do país. Conforme a paisagem nevada da Capital do Ártico vai ficando para trás, tem-se a impressão de adentrar um filme em preto e branco, com grandes paredões escarpados refletidos nas águas espelhadas que banham a costa. De vez em quando, uma casinha vermelha ou amarela aparece no meio do nada, dando ares de poesia àquele reino encantado. De repente, você se vê em mirantes espetaculares, como o que desponta no fiorde Bergsfjord, ou em Tungeneset, o braço de terra que separa os fiordes de Steinsfjord e Ersfjord. Ali, uma plataforma permite observar em detalhes as pontiagudas montanhas negras (cobertas de neve no inverno) de Okshornan, apelidadas de Djevelens Tanngard (“dentes do diabo”). O sol também dá o seu show, brilhando em alguns pontos para revelar o azul do mar cristalino. É naquelas águas frias e limpíssimas que, entre janeiro e abril, é pescado o gadus morhua, o bacalhau mais nobre do mundo. Entre Tromsø e Senja há diversas fazendas de pesca, como a de Husoy, uma ilha fascinante encravada entre os fiordes. Mais do que ver a cabeça do bacalhau (sim, ela existe e é exportada para a Nigéria e outros países africanos, onde é comum ser usada em sopas), quem vai à região acaba se tornando um expert no assunto. Aprende, por exemplo, que ao menos quatro espécies de peixes podem ser definidas como bacalhau (saithe, ling, zarbo e gadus morhua). O processo de salga e seca, que também incorre no termo bacalhau, é usado para exportar os peixes para o Brasil, por exemplo,

Nos principais restaurantes da Noruega é possível provar o gadus morhua, melhor bacalhau do mundo, servido fresco e acompanhado de temperos simples e caldos saborosíssimos

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FOTOS: MARIUS FISKUM / 1 GAUTE BRUVIK/VISITNORWAY.COM

NORUEGA


NORUEGA

assim como a outros países, que o redistribuem para o resto do mundo a partir de processos não certificados pelo controle de qualidade da Noruega (Portugal e China são os mais famosos). Para quem está na região, o que importa para valer é que, ali, é comum encontrar o gadus morhua fresco à mesa, com sua textura macia e sabor acentuado por temperos simples, como sal e pimenta. Nos melhores restaurantes da Noruega, como o Fiskekompaniet (www.fiskekompani.no), em Tromsø, e o Onda (www.onda.no/en), em Oslo, é possível degustar os cortes skrei, espécie de grand cru dos bacalhaus, e também algumas iguarias, como caldos e a língua do peixe, servida frita. Tudo vai bem na companhia de uma boa aquavit, a aguardente norueguesa que tem sabor de anis e rótulos com qualidade – e preço – comparável a grandes uísques.

SENJA EXCLUSIVA

Depois das fazendas de bacalhau, já perto de Senja, a tendência é achar que já está acostumado com as paisagens encantadas da Noruega e nada mais pode surpreender. Mas é aí que depara com o maior troll do mundo, segundo o Guinness Book. Talhado em madeira e com cara de bobão, o mostrengo de 17,96 metros de altura rende selfies divertidas. Dali é um pulo até o Hamn i Senja, o hotel mais exclusivo da ilha. Formado por diversas villas

Deque da marina do Hamn i Senja, antigo porto pesqueiro transformado em hotel. Isolado, o local permite a observação da aurora boreal no conforto do terraço das villas ou em um farol estrategicamente localizado de frente para fiordes

adaptadas a partir de um antigo porto pesqueiro (os galpões, a estação de telégrafos e o posto dos correios foram transformados em simpáticos chalés), o resort foi inteiramente alugado por um xeique árabe há algum tempo, que chegou à região de helicóptero com a família e serviçais (entre eles, 16 motoristas) para aproveitar com estilo todos os atrativos do local. Durante o dia, qualquer hóspede pode fazer safáris marinhos para avistar baleias (no verão) e caminhar na neve, ou reservar um dos barcos ancorados na bela marina que envolve o hotel e, na companhia de especialistas, sair para pescar bacalhau. Caso seja bem-sucedido, você pode solicitar que o peixe fresco seja preparado e servido no jantar. Nesse caso, vale a pena fazer como os noruegueses e optar por comer cedo, por volta das 18h. Isso porque, como o Hamn i Senja fica em um fiorde isolado, você terá a oportunidade de ali, do terraço de sua villa ou de um farol estrategicamente voltado para o fiorde, observar a aurora boreal ao longo da noite. Simples assim, sem esforço e com uma taça de vinho (ou aquavit) na mão. Com sorte, olhando para o céu, em meio àquele espetáculo de cores, você conseguirá até ver Slartibartfast construindo um novo planeta em algum lugar da galáxia e agradecê-lo pelo espetacular presente deixado na Terra. O jornalista viajou assegurado pela Travel Ace.

ONDE FICAR Grande Hotel – É um dos mais tradicionais de Oslo. Fica tão bem localizado que alguns quartos têm vista para a Karl Johans Gate, a rua principal da cidade. Destaque para a decoração clássica e o excelente café da manhã. As melhores suítes, com dois quartos, custam desde € 1.670. www.grand.no

Hamn i Senja – Construído em uma antiga vila de pescadores, conta com villas espalhadas em torno de uma marina. Por ficar isolado, o hotel tem como trunfo permitir ao hóspede observar a aurora boreal sem sair de suas dependências. De lá também é possível sair para pescar bacalhau entre janeiro e abril. Apartamento com três quartos custa a partir de € 440. www.hamnisenja.no

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FOTO: PAULO BASSO JR.

Clarion Hotel The Edge – No centro de Tromsø, tem como destaque o café da manhã, com variados tipos de pães, queijos e peixes, como os nórdicos gostam. Os quartos são simples, mas bem decorados e custam desde € 280. https://goo.gl/skTWyl


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Maldivas Veleje, mergulhe, surfe, ou apenas contemple a vista do céu e mar sem fim. Nesta ilha exuberante e luxuosa, tudo o que você precisa para relaxar está ao alcance das suas mãos. Anatara Veli Maldivas, Kuda Huraa

Trem Hiram Bingham, Peru

Castelo Neuschwasntein, Alemanha

Santa Barbara Beach Resort, Curaçao

Peru

Alemanha

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SUÍÇA VANGUARDA

NO ANO EM QUE SE CELEBRAM OS CEM ANOS DO DADAÍSMO, O MOVIMENTO MAIS CONTRACULTURAL DE TODOS OS TEMPOS, METRÓPOLES COMO ZURIQUE E BERNA MOSTRAM QUE É POSSÍVEL OUSAR NA ARTE SEM PERDER A ELEGÂNCIA DISCRETA QUE TOMA CONTA DE UM DOS PAÍSES MAIS EXCLUSIVOS DO MUNDO

Por Heloísa Cestari


SHUTTERSTOCK.COM

Fachada do hotel The Dolder Grand, em Zurique. Cinco estrelas já teve como hóspedes Tina Turner, Beyoncé e Rihanna, entre outras celebridades


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O Cabaret Voltaire, epicentro do dadaísmo, assistiu a Zurique se transformar em uma cidade refinada e com bons museus, como o Kunsthaus (abaixo)

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Foi naquele refinado restaurante de Zurique, batizado de Terrasse, que há exatos cem anos o alemão Hans Arp, o checo Walter Serner e o romeno Tristan Tzara teriam criado A Hipérbole do Cabeleireiro-Crocodilo e a Bengala, uma série de poemas coletivos, feitos em público e com o público, sem autoria definida. Essa receita de poesia anárquica, irracional e improvisada deu eco ao movimento artístico mais contracultural de todos os tempos, que pregava a falta de lógica e a desordem como forma de expressar o caos provocado pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Embora os precursores do dadaísmo propusessem até um sorteio de palavras para criar obras literárias brilhantemente incompreensíveis, a escolha do município suíço como base do movimento não foi mera obra do acaso. Neutra ante o conflito mundial, Zurique tornou-se ponto de encontro de numerosos intelectuais e artistas contrários à guerra. “Era uma gaiola de pássaros cercada de leões rugindo”, descreveu Hugo Ball à ocasião, enquanto noutros cantos da cidade, alheio aos gritos de dadá, o irlandês James Joyce escrevia Ulisses e os exilados Lênin, Radek e Zinoviev ruminavam seus ideais comunistas. Ironicamente, quem circula hoje pela charmosa metrópole suíça não encontra bagunça generalizada, manifestos efusivos nem tendências à negação de valores estéticos. Muito pelo contrário: tudo ali parece elegantemente discreto, eficiente e planejado, desde as pontualíssimas linhas de bonde até o sistema previdenciário, que chega a pagar R$ 35 mil mensais de seguro-desemprego. Não à toa, Zurique aparece

sempre no topo do ranking de cidades mais caras e melhores para se viver. O DNA dadaísta que tanto alimentou a explosão de vanguardas pelo mundo na primeira metade do século 20 até mantém-se vivo em alguns pontos, como o Grand Café Odeon, bem em frente ao Terrasse, e o histórico Cabaret Voltaire, epicentro do dadaísmo original, onde ainda é possível improvisar no palco para se submeter a aplausos ou ofensas do público. Principalmente neste ano, em que mostras, saraus, oficinas e intervenções performáticas têm pipocado nos mais variados cantos da cidade em alusão ao centenário do movimento. A veia cultural suíça, no entanto, diversificouse no último século, revelando muitas outras facetas em seus mais de 70 museus e cem galerias de arte, como o Kunsthaus, a Casa de Ópera e o Museu da Fifa. E as críticas dadaístas à sociedade burguesa cederam espaço a uma profusão de instituições bancárias. Só em Zurique, há cerca de 360 bancos, famosos pelo sigilo que garantem aos seus clientes. Definitivamente, a palavra na ponta da língua foi do nonsense dadaísta para o senso comum do dimdim, que faz girar a roda da fortuna na Bahnhofstrasse, principal rua da cidade e um dos mais cobiçados polos de compras de luxo do mundo. Lá, grifes como Armani, Ermenegildo Zegna e Gucci disputam as atenções com vitrines fartas em canivetes Victorinox e relógios Rolex. Quanto mais perto do Rio Limmat, mais refinadas são as butiques. De quebra, o viajante ainda pode entrar na cobiçada confeitaria Sprüngle ou

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FOTOS: DIVULGAÇÃO / 1 SHUTTERSTOCK.COM

AMBIENTE SOFISTICADO CAUSOU CERTA ESTRANHEZA EM UM PRIMEIRO MOMENTO. MAS, PARA TER CERTEZA DE QUE ESTAVA NO LUGAR CERTO, BASTOU SENTARME À MESA E UM GARÇOM DESCOLADO OFERECER O CLÁSSICO TAGLIATA DI MANZO AL BURRO ‘CAFÉ DE PARIS’ – FILÉ-MIGNON SERVIDO EM UM MOLHO SECULAR, DO TEMPO EM QUE DADAÍSTAS VIRAVAM NOITES EMBEBIDOS EM DIVAGAÇÕES E DOSES DE ABSINTO.


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na Läderach para conferir o lado mais doce de Zurique, em meio a trufas, macarons e pralinés feitos com o suprassumo dos chocolates suíços. Uma tentação.

ZÜRICH WEST

Se Zurique é o berço do dadaísmo, Zürich West, o bairro pop-underground-chique, é a síntese desse conceito por excelência. Em processo de revitalização, o antigo distrito industrial tornou-se um caótico canteiro de obras. Nada lá parece fazer muito sentido. A começar pela Freitag, loja situada dentro de um amontoado de contêineres que chega a cobrar algumas centenas de francos por uma carteira surrada, feita de material reciclado encontrado em estradas, como a lona de um caminhão. Impossível olhar para os valiosos objetos customizados à venda e não os associar ao ready made, expressão dadaísta criada pelo artista francês Marcel Duchamp, para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como obra de arte por opção do artista.

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Em Zürich West, o destino da moda na cidade, lojas, bares e restaurantes se distribuem em meio a galpões e atraem desde quem procura acessórios inusitados até cervejas artesanais e produtos suíços, como queijos trazidos dos Alpes

Aos poucos, porém, o visitante se deixa cativar pelo estilo metamórfico de West, onde nada é o que aparenta. Vistos de longe, muitos restaurantes, teatros e baladas passam a impressão de serem meros galpões ou fábricas abandonadas. Basta aproximar-se, no entanto, para ver que a vida pulsa lá dentro, e com sofisticação. É a síntese do mais por menos. Uma série de lojas no Viadukt – espécie de shopping erguido sob os arcos de um enorme viaduto que corta o bairro – tem peças de design único (como as do espaço Josefwiese) e ingredientes exclusivos, que o turista dificilmente encontrará em outros cantos da Suíça. No Markthalle, por exemplo, há cervejas orgânicas raras, feitas por pequenos produtores locais, queijos únicos trazidos dos Alpes e aulas exclusivas de como fazer pães artesanais.

ARTE À PARTE

Fora os inúmeros museus e galerias de arte, ainda há coleções privadas de inestimável valor em Zurique,


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Restaurante Saltz

ONDE COMER EM ZURIQUE

Terrasse s 6HUYH FRPLGD LWDOLDQD H PHGLWHUUÂťQHD HP XP DPELHQWH VRĂšVWLFDGR 1R YHUÂźR R DJUDGÂşYHO WHUUDĂ€R QR MDUGLP seduz com a bela vista do Rio Limmat e do centro histĂłrico de =XULTXH Reservas: ZZZ FDIH WHUUDVVH FK Vidukt – Fica sob um dos arcos do viaduto de ZĂźrich West, EHP HP IUHQWH DR JUDPDGR GD ÂşUHD GH FRQYLYĂƒQFLD -RVHIZLHVH 7HP GHVGH SHL[H DVVDGR FRP EDWDWDV DWĂ‚ ELVWHFD GH SRUFR Reservas: ZZZ UHVWDXUDQW YLDGXNW FK

como a do classudo hotel The Dolder Grand. Cerca de 150 quadros e esculturas passaram a decorå-lo desde sua reabertura, em 2008. A maioria das obras estå exposta em åreas comuns, como a figura de Keith Haring atrås do campo de golfe; a bela escultura de uma mulher roliça, típica de Fernando Botero, que adorna o terraço do spa; grandes trabalhos de Salvador Dalí, Marc Quinn, Joan Miró, Takashi Murakami e atÊ do ator Sylvester Stallone (intitulado Best of Life). Um tablet com mapa de todas as obras guia os interessados dentro das dependências do hotel. Os apaixonados pela arte que faz os ponteiros do tempo girarem com a mesma precisão dos trens suíços, por sua vez, podem contratar um pacote que inclui curso de relojoaria na Bucherer, alÊm de um crÊdito de US$ 500 para compras na loja e acesso ilimitado ao spa. A propósito, todos os hóspedes do The Dolder Grand dispþem de traslado gratuito para o centro de Zurique e uma seleção de veículos BMW (X5, i3 e SÊrie 6 Conversível) para dirigir atÊ locais mais distantes.

O The Dolder Grand Ê um dos hotÊis mais sofisticados do mundo. Abriga um excelente spa, com ofurôs a cÊu aberto e tratamentos realizados com extrato de ouro, e obras de arte belíssimas, a exemplo da escultura de uma mulher roliça no jardim, feita por Botero (acima)

Difícil Ê querer sair do hotel com tantos mimos e atividades à disposição. Quem gosta de esportes, por exemplo, pode jogar golfe ou pegar uma bike e pedalar pelos bosques da mansão. Jå os que preferem relaxar encontram um excelente spa. Destaque para os tratamentos faciais com extratos de ouro puro ou pÊrolas de caviar La Prairie (cada um dura 90 minutos e custa cerca de R$ 850). E quando a fome apertar, pode-se saborear as inigualåveis especialidades do chef Patrick Hetz no novo restaurante Saltz, ou pedir o menu-degustação com oito pratos elaborados pelo premiado Heiko Nieder no The Restaurant, que coleciona duas estrelas Michelin e 18 pontos (de 20 possíveis) no Gault-Millau, outro importante guia francês de restaurantes. Não à toa, divas do quilate de Tina Turner, BeyoncÊ e Rihanna jå se hospedaram ali. Entre tantas regalias e o impecåvel serviço de mordomo, nem chegaram a requisitar a suíte mais luxuosa. BeyoncÊ, por exemplo, ficou na Carezza, que tem

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FOTOS: DIVULGAĂ‡ĂƒO / 1 STEFAN SCHMIDLIN

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Saltz – Neste restaurante do hotel The Dolder Grand, o chef 3DWULFN +HW] VXUSUHHQGH RV KĂŒVSHGHV FRP VHXV UHĂšQDGRV SUDWRV de cozinha internacional feitos com produtos tradicionalmente ORFDLV Reservas: ZZZ WKHGROGHUJUDQG FRP


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ONDE COMER EM BERNA

O Rio Aare delineia o centro antigo de Berna e ressalta o urbanismo medieval perfeitinho da capital suíça. Hå diversos hotÊis de alto luxo na região, como o Bellevue, cujo elegante terraço (acima) oferece uma linda vista da cidade

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Casa Novo – 6HUYH HVSHFLDOLGDGHV espanholas em um ambiente familiar e acolhedor, sem falar na simpatia GRV SURSULHWÂşULRV -HVĂ“V H 'RPLQLN 2 PHQX FRP GXDV HQWUDGDV SUDWR SULQFLSDO H VREUHPHVD ĂšFD HP FHUFD GH 5 Reservas: ZZZ FDVD QRYR FK Vue – É um dos restaurantes mais requintados de Berna, com SRQWRV *DXOW 0LOODX 6DERUHLH SUDWRV WLSLFDPHQWH VXÆÀRV H FRQĂšUD a carta de gins enquanto contempla D EHOD YLVWD GR WHUUDĂ€R Reservas: ZZZ EHOOHYXH SDODFH FK Rosengarten – Fica num dos mais belos jardins de Berna, com vista SDQRUÂťPLFD GH WRGD D FLGDGH H PHQXV GR GLD HP WRUQR GH 5 Reservas: ZZZ URVHQJDUWHQ EH Schaukäserei – É o lugar ideal para saborear uma fondue com o autĂŞntico queijo emmentaler produzido ali mesmo, no vilarejo de Affoltern im Emmental, vizinho GH %HUQD 6DL D FHUFD GH 5 Reservas: KWWSV JRR JO < 54\P

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BERNA

Embora Zurique seja mais conhecida dos brasileiros, que muitas vezes fazem dela sua única parada na Suíça em um roteiro pela Europa, é na capital Berna que se encontra uma síntese mais autêntica da essência do país. A cidade não é pontilhada por grandes lagos como Zurique, Genebra, Lucerna ou Interlaken, mas é uma joia do urbanismo medieval. E o Rio Aare, que circunda o centro histórico, faz as vezes de lago, com suas águas verdinhas, extremamente límpidas e cheias de trutas, que servem de parque de diversões para praticantes de rafting e canoagem ou para um mergulho no balneário público de Marzile – o primeiro a permitir topless na Suíça – durante o verão. Para os chocólatras de plantão, uma curiosidade: além de ser o berço da Lindt, é em Berna que se produz todo o chocolate Toblerone. Foi o gênio Albert Einstein quem assinou a patente da marca, em 1909, quando trabalhava no Departamento Helvético de Propriedade Intelectual.

A casa e o museu do mentor da teoria da relatividade, aliás, são pontos imperdíveis na capital, assim como o Parlamento, o Bear Park (com seus três ursos-marrons) e, logo ao lado, o parque Rosengarten, que abriga jardins com mais de 220 espécies de rosas e um excelente restaurante que serve pratos mediterrâneos em um terraço envidraçado com belíssima vista panorâmica de toda a Cidade Velha. Para quem aprecia doses extras de requinte, os hotéis Schweizerhof Bern e Bellevue Palace são, de longe, as melhores opções de hospedagem. O primeiro faz sucesso com seu badalado lounge-bar aberto a visitantes para almoços executivos, chás da tarde, drinques ao adentrar da noite e sofisticadas degustações de sushis e sashimis assinadas pelo chef Hironori Takahashi. Já o Bellevue é o preferido dos chefes de Estado. Quase todos os reis, rainhas e presidentes europeus já pernoitaram ali. Afinal, o prédio é mantido pelo governo, fica no coração da capital suíça e sua história remonta há 150 anos. Fora isso, tem uma suíte presidencial blindada, com vidros à prova de balas e outros mecanismos que garantem total segurança a hóspedes ilustres. Na cozinha, o chef Gregor Zimmermann, do restaurante Vue, esmera-se para elaborar pratos que

O Einstein Museum fica na casa em que o criador da teoria da relatividade viveu e trabalhou. Ali é possível descobrir uma série de curiosidades, como o fato de Einstein, então funcionário do Departamento Helvético de Propriedade Intelectual, ter assinado em 1909 a patente do chocolate Toblerone

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diárias a partir de R$ 27 mil. A mais cara, no entanto, é a Maestro, de 400 m², onde o pernoite não sai por menos de R$ 48 mil.


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atendam ao gosto de cada cliente. Prepara até versões veganas idênticas às receitas com carne para que políticos e diplomatas não se sintam constrangidos de receber um prato diferente dos demais durante um evento, por exemplo. Entre as vedetes do menu, vale pedir o picadinho de vitela com molho de champignons (R$ 180) – um clássico da culinária suíça – ou alguma invenção vegetariana, como o talharim com stracciatella de búfala e trufas negras (R$ 150). Eternizado nos romances de espionagem de John le Carré, o bar do Bellevue é também um ponto de encontro perfeito para happy hours regados a boas doses de gim. E não é para menos. O menu conta com 99 tipos da bebida, outros nove de gim tônica e tem até um sommelier de gim pronto para sugerir um coquetel que seja a cara do freguês. Já para quem não bebe alcoólicos, a dica atende pelo nome de Charlotte. Trata-se do drinque mais famoso da casa, feito com a maçã local do tipo berner rosen, xarope concentrado de uva e gelado de soro de manteiga (R$ 60). Mais inebriante que os coquetéis, só mesmo a vista do terraço, que dá bem de frente para o centro histórico, com o imponente prédio do Parlamento coladinho à direita (há visitas guiadas seis vezes por dia), o cassino à esquerda e, mais adiante, a Torre do Relógio Astrológico (Zytglogge), que nas horas cheias encanta os transeuntes com seus galos, bobos da corte e ursos dançantes. O espetáculo com hora marcada hipnotiza até mesmo quem não sabe da atração e está só passando ocasionalmente por ali. Mas vale procurar o Escritório de Turismo de Berna para, além de assistir ao vaivém de alegorias, fazer um tour privado até o topo da torre e conferir cada detalhe dessa engenhosa engrenagem, que faz os ponteiros girarem mecanicamente há mais de 600 anos. O passeio privativo com guia custa cerca de R$ 50 por pessoa.

REI DOS QUEIJOS

Se você, assim como todo mortal de paladar apurado, é fã confesso dos queijos suíços, reserve ao menos um dia de sua estada em Berna para visitar o vilarejo de Affoltern im Emmental, onde há mais de 700 anos é produzido o fabuloso queijo com furinhos que serve de base para as fondues mais deliciosas do mundo. Com sabor suave, levemente adocicado, aroma de avelã e os característicos buracos que o transformaram em sinônimo de “queijo suíço”, o emmentaler é feito na Schaukäserei seguindo sua mais antiga tradição. Lá, o visitante adentra uma casa de 1741, confere todo o processo de fabricação e pode

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No simpático vilarejo de Affoltern im Emmental, vizinho de Berna, o visitante é convidado a conhecer produtores do emmentaler, o queijo mais famoso da Suíça (dir.). Abaixo, vista a partir do Rosengarten, jardim de rosas de Berna, e a Torre do Relógio Astrológico, um dos símbolos da capital

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ONDE FICAR 2

The Dolder Grand – A diária na suíte Maestro, de 400 m², parte de R$ 48 mil, com mordomo, dois banheiros de mármore, bar, lareira, sauna privativa, hidromassagem e um belo terraço. Para estadias mais longas, no entanto, a Terraza, de 390 m², é mais indicada, pois se trata de uma residência mais afastada do burburinho, com entrada privada, em pleno campo de golfe. Fica em Zurique. Reservas: www.thedoldergrand.com.

até produzir o próprio queijo, que será entregue em casa, seis meses depois, com rótulo personalizado. O processo artesanal garante o honroso selo Apelação de Origem Protegida (AOP), concedido apenas a queijos produzidos em 11 cantões da Suíça. Para tanto, a iguaria deve passar por uma série de condições, como o uso de leite fresco, extraído de vacas que só se alimentam de pasto, e a preparação em 24 horas após a ordenha. Uma roda pesa, geralmente, mais de 100 kg. E até os buracos são medidos, devendo ter entre um e quatro centímetros de diâmetro. Em dias frios, o emmentaler harmoniza bem com vinhos tintos pinot noir ou merlot. Já no verão, vale saboreá-lo com os brancos frutados da Suíça, a exemplo do chasselas, ou regado a tintos mais leves, como o Lambrusco e o Beaujolais. Só não exagere na bebida, pois você ainda terá de encarar 37 km pela via A1 ou pela Rüegsaustrasse para retornar a Berna.

LIVRE, LEVE E SOLTO

Algumas locadoras de automóveis oferecem limusines e carros de luxo em Berna para realizar esse e outros trajetos. Mas vale a pena experimentar o eficiente e pontualíssimo sistema de trens suíço pelo menos um dia da viagem. De preferência, o último. Isso porque a companhia ferroviária SBB

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O eficiente sistema de trens suíço liga Berna a Zurique (acima) e inclui um serviço de despacho de bagagens combinado com o aeroporto, no qual você só precisa se preocupar com as malas quando chegar ao Brasil

oferece um serviço de bagagem expressa por meio do qual se pode despachar as malas na estação ferroviária de Berna ou Lucerna, por exemplo, ir de trem até o aeroporto de Zurique e só reencontrar a bagagem ao desembarcar em São Paulo. Cada mala enviada custa 22 francos (R$ 75), e ainda é possível fazer o check-in do voo na própria estação de trem, desde que a companhia aérea seja a Swiss. Assim, livre de malas e amarras, fica mais fácil voltar de trem para Zurique e – quem sabe? – conferir mais alguma exposição dadaísta antes de embarcar para o Brasil. Se não der tempo de fazer essa última incursão cultural, entretanto, saiba que também pode dar prosseguimento a ela em solo verde-amarelo. Em outubro, o diretor do Cabaret Voltaire, Adrian Notz, estará em Goiânia (GO) para consagrar um espaço na casa do artista Babidu Barboza, do coletivo de performances Grupo EmpreZa, como “sede oficial do dadá no Brasil”, dando o pontapé a uma série de intervenções, mostras e saraus. Só não espere submergir desse mergulho no universo dadaísta com alguma conclusão sobre o que significa, enfim, essa forma anárquica de expressão, ou sobre o que é arte num âmbito geral. Afinal, como disse um dia o alemão Johannes Baader: “nem mesmo os dadaístas sabem o que é dadá; só o superdadá sabe, mas ele não vai contar a ninguém”. A jornalista viajou assegurada pela Travel Ace.

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Bellevue Palace (Berna) – Todos os chefes de Estado em visita a Berna ficam neste hotel da capital, mantido pelo governo. A diária na suíte presidencial, de 115 m² e toda à prova de balas, sai a partir de R$ 10 mil. Reservas: www.bellevue-palace.ch.


EU SOU A DIFERENÇA

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Tendas para massagens de casais do Remède Spa, do St. Regis Bal Harbour Resort. Dos hotéis a restaurantes e shopping, tudo na região é altamente sofisticado


ODE AO LUXO EM BAL HARBOUR MECA DE JET SETTERS E AFICIONADOS POR ARTIGOS DE GRIFE HÁ EXATO MEIO SÉCULO, ESSE CANTINHO EXCLUSIVO DE MIAMI É UM DESTINO COBIÇADO POR QUEM GOSTA DE COMPRAR, COMER BEM, RELAXAR EM PRAIAS PARTICULARES, APRECIAR BOA ARTE E HOSPEDAR-SE COM ESTILO

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Por Heloísa Cestari


BAL HARBOUR

O ambiente refinado é uma marca registrada do balneário. Tudo gira em torno do Bal Harbour Shops, que concentra lojas de grife e excelentes restaurantes, como o The Grill (acima). Ao lado, serviço de mordomo em hotel: não faltam mimos para conquistar quem vai à região

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OI-SE O TEMPO EM QUE MIAMI DENOTAVA CERTO AR DE EXAGERO COM SEUS LETREIROS DE NÉON, AUTOMÓVEIS CONVERSÍVEIS VERMELHOS, VITRINES EXTRAVAGANTES E MULHERES QUE ADORAVAM OSTENTAR MODELITOS NADA DISCRETOS AO CAMINHAR PELA OCEAN DRIVE. NOS ÚLTIMOS ANOS, A CIDADE TOMOU UM BANHO DE ELEGÂNCIA E SE SOFISTICOU NA MESMA PROPORÇÃO COM QUE SUAS BUTIQUES E GALERIAS DE ARTE SE MULTIPLICARAM.


Para celebrar o aniversário de 50 anos, completos em outubro, o empreendimento anunciou um projeto de expansão que prevê dobrar sua área até 2018. De quebra, assistiu à chegada de novas butiques que prometem abrilhantar ainda mais sua constelação de grifes. Só no segmento de sapatos de luxo, há duas grandes novidades vindas da Itália: a marca Aquazurra, criada pelo designer florentino Edgardo Osorio, e a Gianvito Rossi, famosa em Milão por aliar modernidade e tradição em peças únicas. Já os aficionados por roupas e acessórios passam a contar com os artigos de couro da Goyard e com a loja da grife norte-americana 3.1 Phillip Lim, que oferece trajes femininos delicadamente sofisticados. Outro destaque é a IRO, dos irmãos franceses Arik e Laurent Bitton. Inspirada no agito de Nova York e no requinte da França, a dupla de estilistas abriu ponto em Bal Harbour explorando um novo conceito, desenvolvido pelo arquiteto Tanju Ozelgin. A lista de lojas em expansão inclui grifes já consagradas nesse templo do universo fashion, como Balenciaga, Moncler, Ermenegildo Zegna, Fendi, Kiton, Giuseppe Zanotti, Harry Winston, Brunello

O Bal Harbour Shops, inaugurado há 50 anos, é o centro de compras mais rentável e com a maior concentração de marcas de luxo por metro quadrado do mundo, segundo dados do Conselho Internacional de Shopping Centers

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Isso aconteceu especialmente em lugares como Bal Harbour, onde o glamour vem do berço. Situado a 15 minutos do burburinho de South Beach, o local tem a maior concentração de grifes, coberturas luxuosas, restaurantes chiques e corpos sarados da Flórida. Praias particulares belíssimas completam o lifestyle naturalmente VIP. O que há de mais fino nos Estados Unidos está ali. A começar pelo Bal Harbour Shops (www.balharbourshops.com), o centro de compras mais rentável e com a maior quantidade de marcas de luxo por metro quadrado em todo o mundo, de acordo com dados compilados pelo Conselho Internacional de Shopping Centers. Desde os anos de 1960, esse shopping é uma instituição local, que se mantém em constante renovação para nunca perder a majestade. É lá que está a primeira flagship da Ferragamo, a primeira loja new concept da Chanel nos Estados Unidos e também a primeira da maison francesa Lanvin em solo norte-americano, além das marcas new generation John Varvatos e Rag & Bone, só para citar algumas entre as mais de cem disponíveis.


BAL HARBOUR

Cucinelli, Emporio Armani, Loro Piana, Santa Maria Novella. Isso sem contar o sofisticado restaurante Carpaccio, outro ícone local.

COMPRAS A CÉU ABERTO

Mesmo que você não esteja disposto a encarar uma tarde de compras, vale bater perna pelo Bal Harbour Shops só para conferir as últimas tendências nas vitrines ou simplesmente tomar um café envolto pela atmosfera blasé que impera no lado de fora de suas lojas e restaurantes. Isso tudo enquanto sente a brisa fresca do mar soprando entre os impecáveis jardins de seus ambientes. Esse clima ao ar livre tropical, aliás, é um dos grandes diferenciais do shopping, construído num lugar ocupado por barracas do exército durante a Segunda Guerra Mundial, graças ao pioneirismo do visionário Stanley Whitman. Para que os consumidores não se sentissem aprisionados em um grande recinto com ar-condicionado e pudessem usufruir do calorzinho agradável que predomina nesse trecho da costa leste norte-americana em quase todos os meses do ano, o empresário resolveu apostar em uma arquitetura distinta, que priorizasse o frescor de palmeiras e bromélias, das fontes de calcário, dos lagos com carpas e da luz natural, aliada à profusão de varejistas high-end. Sua ideia deu tão certo que em pouco tempo o Bal Harbour Shops se transformou no destino de compras mais exclusivo da terra do Tio Sam, atraindo personalidades como Beyoncé, Shakira e Lenny Kravitz. Não demorou a se tornar referência para diversos empreendimentos mundo afora, inclusive no Brasil. Para os paulistanos, por exemplo, a sensação de estar em casa não se deve apenas à abundância de vendedores, garçons e clientes falando português – incluindo algumas celebridades brasileiras habitués –, mas principalmente à semelhança com o Shopping Cidade Jardim, que reproduziu no bairro do Morumbi os mesmos corredores sem teto, com belos recantos verdes, encontrados nesse reduto de luxo em Miami. Só no original, entretanto, encontrará grande variedade dos itens mais cobiçados do planeta, como as chains (carteiras com corrente) da Chanel, que giram em torno de US$ 1.500, os peep toes da Jimmy Choo e os vestidos com etiqueta Marchesa disponíveis na loja de depar-

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PRIVILÉGIOS NA PRAIA Apesar do apelo das lojas de grife e dos restaurantes de alta gastronomia, passar um dia na praia não é nada monótono em Bal Harbour. Seus 2 km de areia branquinha, praticamente privativos, são perfeitos para nadar e praticar atividades como windsurfe, parasailing, paddleboarding, ciclismo e pesca oceânica. Também tem aluguel de snorkel em Haulover Beach, aulas de ioga by Nomi Pilates em plena areia (foto), um extenso calçadão com pista de corrida que custou US$ 3 milhões aos cofres públicos e até golfe à beira-mar. Além disso, o destino oferece aulas de academia três vezes por semana na praia para os hóspedes dos hotéis locais e há um serviço gratuito de shuttle ligando diversos resorts de Miami Beach a Bal Harbour durante a semana, das 11h às 21h. Vale conferir.

As lojas cercadas por jardins em corredores a céu aberto (pág. ao lado) do Bal Harbour Shops inspiraram o paulistano Shopping Cidade Jardim. Nos EUA, grifes (abaixo) apostam em atendimento VIP

a brincos e colares de design único, como os encontrados nas lojas Bvlgari, Chopard, Tiffany & Co. e Van Cleef & Arpels. Ainda encontra ali preciosos relógios Hublot, IWC Schaffhausen, Audemars Piguet e Breguet.

SERVIÇOS VIP

A lista de serviços exclusivos também é tão generosa que muita gente desiste da praticidade de contratar um personal shopper. A Diptyque, fabricante de velas mais desejadas do mundo, por exemplo, mantém uma conciergerie sempre à disposição dos clientes. Já a marca de cosméticos asiática AmorePacific oferece master classes regadas a champanhe para demonstrar a eficácia de seus produtos, feitos com chá-verde (antioxidante), ginseng vermelho (que dá energia à pele) e seiva de bambu (que substitui a água na hidratação), entre outros ativos botânicos. Tem até atendimento em português. “Não se pode encontrar produtos AmorePacific no mercado brasileiro, só na Ásia, nos Estados Unidos e no Canadá. Mas alguns dermatologistas top do Brasil indicam nossos cosméticos. Por isso, muitas brasileiras nos procuram”, explica a especialista mineira Cristina Campolina, que recebe suas conterrâneas no espaço ocupado pela marca dentro da Neiman Marcus. Vale dedicar uma horinha da tarde ali para conferir o must have da fabricante sul-coreana: o sérum facial anti-idade da linha Time Response (US$ 525). Sua fórmula concentra 63 ingredientes que, juntos, reduzem rugas, flacidez e até manchas.

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tamentos Neiman Marcus – celebrities do quilate de Jennifer Lopez e Anne Hathaway já cruzaram tapetes vermelhos em longos da grife. Como todo destino de luxo que se preza, também não faltam joias para dar aquele toque de Midas às vitrines. Tem opções para aficionados por pedras, peças moduladas e diamantes coloridos e para quem sabe dar o devido valor


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O Le Zoo é uma das novidades gastronômicas de Bal Harbour. O trunfo da casa é levar para o clima tropical a atmosfera de uma brasserie francesa. O cardápio inclui caviar, ostras, camarões e lagostas

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O SABOR DO REQUINTE

Depois de passar uma tarde perambulando pelas lojas, não há nada melhor do que dar um descanso a pés e sacolas saboreando as especialidades dos melhores restaurantes de Bal Harbour. Vários ficam dentro do próprio shopping, em ambientes requintados, alheios ao burburinho das áreas comuns, e com serviços tão impecáveis que muita gente vai ao centro de compras só para comer. Afinal, há opções para todos os paladares por lá. Para quem aprecia a culinária mediterrânea, por exemplo, o novo Le Zoo é uma tentação. Sob o comando do renomado restaurateur Stephen Starr, a casa combina o estilo refinado de uma típica brasserie francesa com a atmosfera badalada de Miami. Um grande destaque do menu é Le Prestige (US$ 300), que reúne caviar, ostras, camarões, lagosta e outros frutos do mar frescos. Também vale provar a Trout Amandine (truta com amêndoas tostadas), a porção de escargots ou o steak au poivre. Tudo, claro, regado a uma excelente carta de vinhos franceses, champanhes e coquetéis clássicos. O Makoto, por sua vez, surpreende os aficionados por comida oriental. Nele, o premiado

chef japonês Makoto Okuwa desenvolve pratos bem inusitados, como o arroz frito com kobe gelado, foie gras, shichimi e ovo jidori; o missô de robalo com couve crocante; e o arroz com atum apimentado, que também explode em crocância e paladar único. Além dessas invenções, sua cozinha autoral oferece desde os clássicos sushis e sashimis até os tradicionais pratos quentes japoneses, com destaque para as robatas – espetinhos feitos com cortes de carnes e peixes grelhados no carvão (a de costeleta com molho ponzu de pimentão e gergelim é sensacional). Para saborear boa parte dessas delícias em uma só refeição, vale pedir o menu-degustação, que custa US$ 70, e experimentar a cerveja japonesa Kirin Ichiban ou um dos drinques preparados artesanalmente com saquês premium. Em tempo: reserve mesa com antecedência, pois o ambiente é concorrido. Para quem prefere massas, a dica é seguir até o italiano Carpaccio. Com várias mesas espalhadas ao ar livre, em um dos pontos nevrálgicos do shopping, esse restaurante é perfeito para quem gosta de ver e ser visto. Até porque muitos políticos, socialites, estrelas do esporte e celebridades de todos os naipes costumam


Coquetel de camarão servido no Fresco Beach Bar & Grill faz todo mundo se sentir no Caribe. Abaixo, ritual da sabrage usado para abrir champanhe todas as noites no hotel St. Regis

marcar ponto ali. Entre as especialidades estão risotos, linguines, fettuccines e afins, além de substanciosos pratos à base de carnes e peixes. Mas se é carnívoro de carteirinha, o endereço certo é o The Grill. Sua clássica cozinha norte-americana serve delícias como tartare de atum, salada de camarão e uma seleção de prime steaks digna de causar inveja às mais conceituadas churrascarias do mundo. Isso sem falar no requinte do ambiente, com obras de arte e paredes de vidro que parecem flutuar sobre as palmeiras e os carrões da Collins Avenue. Impossível não sair plenamente satisfeito de lá.

OURO À MESA

No quesito suntuosidade, não tem para ninguém: os hambúrgueres gourmet servidos no BH Burger Bar do St. Regis Bal Harbour Resort, recentemente premiado pelo Guia Forbes Travel 2016, são imbatíveis. O mais famoso deles é o Foie Gras Burger, que vem com queijo gouda, folhas de ouro, trufas negras, geleia de tomate, molho aïoli, alface-manteiga orgânica e, como o próprio nome indica, um farto terrine de foie gras. Custa US$ 42. Para completar a orgia gustativa sem pensar no amanhã, peça o milk-shake

ONDE COMER Makoto – Fica dentro GR %DO +DUERXU 6KRSV e é referência em FRPLGD MDSRQHVD PDNRWR UHVWDXUDQW FRP Le Zoo – Vinhos franceses e frutos do mar frescos fazem a fama dessa maison ZZZ OH]RR FRP The Grill – Tem ambiente VRÚVWLFDGR H XPD seleção de prime steaks para gourmand nenhum ERWDU GHIHLWR JULOODWEDOKDUERXU FRP Carpaccio – Tradicional, serve massas e outras especialidades italianas em um dos pontos mais badalados do %DO +DUERXU 6KRSV KWWSV JRR JO &D<I'2 BH Burger Bar – É o melhor lugar para saborear um hambúrguer gourmet com milk-shake KWWS EKEXUJHUEDU FRP

de sorvete de baunilha com bourbon, pipoca caramelizada e lascas de chocolate (US$ 13). Assim como o cardápio de sua lanchonete, o St. Regis é um templo do requinte sem igual em Bal Harbour. Para comensais mais comedidos, o hotel oferece um sushi lounge com pratos inovadores, vinhos raros, drinques artesanais e uma exclusiva seleção dos melhores champanhes do mundo. Deixar o espumante rolar solto, por sinal, é uma prática comum no empreendimento. Não à toa, todas as noites, às 19h30, é realizado o pomposo ritual de degolar uma garrafa de champanhe com uma espada, o Champagne Sabering, do mesmo jeito que Napoleão fazia para celebrar as batalhas vencidas. Já durante o dia, o contemporâneo Fresco Beach Bar & Grill, de influência latina, encarrega-se de agraciar as papilas à beira da piscina com uma profusão de frutos do mar que fazem qualquer um se sentir em um point caribenho. Para lembrar que você está de fato nos Estados Unidos, intercale os camarões, peixes e anéis de lula com uma porção de truffle fries – batata frita crocante temperada com parmesão, ervas e molho de trufas.

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RELAX À BEIRA-MAR

Com US$ 500 extras, o hóspede do hotel St. Regis pode curtir o bem-bom em uma das villas. Com vista para o mar e pertinho das piscinas, essas acomodações garantem um conforto a mais durante o dia. E total privacidade em uma área exclusiva com espreguiçadeiras, mesa, ombrelones, serviço de garçom e um quarto todo equipado para trocar de roupa, ver TV ou tomar uma ducha antes da refeição. Próximo dali, o Remède Spa fecha o dia perfeito com uma ampla oferta de massagens e tratamentos customizados. Primeiro, você será recebido com champanhe, trufas Jaques Torres, frutas secas orgânicas e amoras frescas. Depois, poderá escolher entre o chuveiro Vichy, as saunas finlandesas, as terapias individuais ou a suíte VIP para casais, com ducha e banheira de imersão. Tem até tratamento facial com óleo feito com ouro 24 quilates, massagem com pedras preciosas, peeling de diamante e serviços especiais para noivas e convidados. Apesar da elegância dos ambientes internos, também é possível solicitar tratamentos fora. Basta um estalar de dedos que o spa virá até você na praia, villa, piscina ou varanda do seu quarto. Para viver uma experiência completa a dois, contrate o pacote Restorative Gold, que dura cinco horas e custa US$ 2 mil por casal. Ele começa com uma esfoliação corporal feita com sais e lama, máscara de limpeza e uma massagem com pedras que ajuda a absorver os óleos essenciais. Depois, é realizado um tratamento com ouro 24 quilates que nutre e reduz rugas no rosto, mãos e pés. Por fim, o casal recebe um kit com óleo de ouro, esfoliante de açúcar dourado e um creme especial para continuar o tratamento em casa.

EXCLUSIVIDADES EXTRAS

Fora o spa, os restaurantes, os traslados gratuitos em um Bentley e a localização privilegiada, com a recepção de frente para o Bal Harbour Shops e todos os quartos à beira da praia, o St. Regis conta com um balcão de concierge que funciona como um gênio da lâmpada, sempre pronto para transformar qualquer desejo em realidade. Quer um mordomo para desfazer as malas, passar a roupa ou comprar um presente surpresa para a pessoa amada? Terá um à disposição. Está a trabalho e precisa de serviços de courier, cartório ou tradução? Eles providenciam.

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Quer marcar uma partida de golfe ou tênis nos arredores? Fácil! Eles mesmos agendam. Gostaria de ir ao teatro ou a um restaurante específico à noite? Sim, também reservam. E por aí vai... Alguns serviços começam antes mesmo do check-in. Para os aficionados no mundo fashion, por exemplo, a equipe de concierge pode montar um closet personalizado, com os últimos lançamentos das melhores grifes do mundo, para você escolher e comprar no conforto do quarto. As peças são selecionadas a dedo por um stylist da loja de departamentos Neiman Marcus, conforme um levantamento prévio sobre as preferências do hóspede. Assim, fica mais fácil descolar um Michael Kors maxi, uma clutch de Alexander McQueen ou um vestido Marchesa para aquele coquetel de última hora. Todos os sapatos, roupas e acessórios são cuidadosamente arrumados na suíte pelo mordomo e ficam à disposição do cliente gratuitamente durante três dias. Se a ideia for se encantar com joias, peça pelo programa Private Graff Diamond Masterclass, que inclui uma consulta particular dentro

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Em sentido horário, a partir da foto acima: piscina à beira-mar, serviço de traslado em automóveis Bentley e sacada da suíte presidencial do St. Regis; luxuoso banheiro com vista panorâmica de suíte do Ritz-Carlton. Elegância é palavra de ordem nos hotéis de Bal Harbour


BAL HARBOUR

da butique da Graff, onde um diretor da marca mostrará o que inspira Laurence Graff na hora de definir o design das peças, e apresentação da mais recente coleção de pedras preciosas e relógios da grife. No fim do tour, o cliente recebe um presente da loja e retorna de Bentley para o St. Regis a tempo do chá da tarde. Esse pacote parte de US$ 2 mil, com hospedagem na suíte imperial.

ARTE POR TODA PARTE

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Os hóspedes dos hotéis mais luxuosos de Bal Harbour podem visitar gratuitamente os 13 museus mais prestigiados de Miami, como a coleção de arte contemporânea do Rubell Family

Design District, antigo reduto de depósitos de móveis, reúne lofts ultramodernos, esculturas importadas, butiques de marcas badaladas e cafés repletos de gente chique e cult ao mesmo tempo, como quase tudo em Bal Harbour. A jornalista viajou assegurada pela Travel Ace.

ONDE FICAR The Ritz-Carlton – Tem apenas dois apartamentos por andar e muitas obras de arte espalhadas pelas áreas comuns. A diária na suíte presidencial parte de US$ 5.500. http://goo.gl/UA5cdy St. Regis Bal Harbour Resort – A diária na suíte presidencial, de 253 m², sai a partir de US$ 12 mil, com mordomo pessoal, cozinha, banheira de imersão, travesseiros de plumas, lençóis Pratesi de 400 fios, janelas do chão ao teto e TV embutida no espelho do banheiro. www.stregisbalharbour.com Sea View Hotel – Foi o primeiro a ser construído na região, em 1948. Embora seja o mais simples dos quatro principais hotéis de Bal Harbour, seus ares retrô conferem um charme especial às instalações, que abrangem 220 suítes, uma piscina olímpica, cabanas à la Key West, uma lanchonete estilo anos 1960 e um restaurante de culinária norte-americana. A diária na Penthouse gira em torno de US$ 700. http://seaview-hotel.com Bal Harbour Quarzo Boutique Hotel – Seus apartamentos têm decoração moderna, closets espaçosos e cozinha completa, onde um personal chef pode preparar as refeições conforme as preferências do hóspede. A diária na melhor acomodação, para quatro pessoas, parte de US$ 500. www.quarzohotel.com

FOTO: HELOÍSA CESTARI

Os amantes de cultura, por sua vez, ficam extasiados quando se hospedam no Ritz-Carlton. Além de oferecer mais privacidade do que os concorrentes – o que o torna propício a celebridades –, esse hotel soma US$ 4 milhões em obras de arte. Sua equipe também providencia serviços de personal shopper, massagens à beira-mar, passeios de iate e jantares românticos com chef particular na suíte presidencial ou em uma tenda exclusiva montada na areia da praia. Quem aporta em Bal Harbour no fim do ano para conferir a prestigiada Art Basel Miami Beach adora ficar ali, só para apreciar a infinidade de quadros e esculturas. De quebra, todos os participantes da feira têm o privilégio de fazer um tour privativo pelos principais museus e coleções de arte da região na companhia da curadora Claire Breukel. Nos demais meses do ano, moradores e hóspedes dos quatro principais hotéis dispõem do programa Unscripted Bal Harbour - Art Access. Trata-se de um cartão que permite acesso VIP aos 13 acervos mais importantes de Miami, como o Perez Art Museum, o MOCA e os jardins do Vizcaya e do Fairchild. Inclui também as coleções privadas mais famosas do sul da Flórida: Fundação Cisneros Fontanals Art (CIFO), Rubell Family, o espaço de arte contemporânea De La Cruz e a Margulies Collection at the Warehouse. Além desse bônus, a administração local promove exposições periódicas de arte pública pelas ruas, festivais culturais, shows de bandas renomadas em estilo luau, na praia, e sessões de cinema ao ar livre durante o verão, com direito a pipoca e sofás de veludo. Para completar a imersão no mundo das artes, vale visitar as regiões de Wynwood e do Design District. O primeiro é uma espécie de caleidoscópio formado por butiques de luxo, muros grafitados, galerias premium, noites sem limites e gastronomia inventiva. Já o descolado


O novo ingresso de 3 Visitas oferece mais economia e flexibilidade, permitindo escolher os parques que desejar visitar entre SeaWorld, Busch Gardens e Aquatica. Reserve o pacote Discovery Cove Ultimate e viva um dia inesquecível em Orlando. Inclui também 14 dias de visitas ilimitadas e estacionamento grátis em todos os parques.

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RUBENS KATO

18 ILHAS DOS SONHOS

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FORA DO CIRCUITO CONVENCIONAL DO TURISMO REALIZADO POR BRASILEIROS, REFÚGIOS CERCADOS DE ÁGUA ESPALHADOS PELO MUNDO OFERECEM DIAS DE LAZER E CONTEMPLAÇÃO PARA QUEM BUSCA CONFORTO E PRIVACIDADE Texto: Heloísa Cestari e Paulo Basso Jr. Fotos: Shutterstock.com

Com águas em camadas de azul e areias branquinhas, as Ilhas Cook, na Oceania, são perfeitas para quem deseja se isolar por alguns dias 65 VIAJEMAIS LUXO


Com pequenas faixas de areia e água tinindo de azul, a orla de Navagio é uma das atrações da ilha grega

Zakynthos

Embora pertença à Grécia, esse pedaço de terra cercado pelas águas do Mar Jônico tem influência italiana e é muito visitado por europeus em roteiros preparados por agências de luxo. Além das razões históricas (foi a Itália que protegeu a região do domínio otomano), o motivo para a presença de tantos estrangeiros está em suas águas. Como o fundo é de calcário, o mar assume uma tonalidade extremamente azul e cristalina. Convite praticamente irresistível para um mergulho, principalmente no verão, quando os termômetros batem facilmente os 40 ºC. Os passeios mais procurados levam às praias de Vassilikos e Gerakas, ao sul; às grutas de Blue Caves, ao norte; à belíssima orla de Navagio e a mergulhos com cilindro nos destroços de um navio naufragado em Shipwreck Bay. A badalação noturna se concentra em Laganas.

Hvar

Com temperatura extremamente agradável durante o verão europeu, a ilha croata é uma das mais belas do planeta. Um bom passeio pela região começa no centro antigo de Hvar Town, que abriga várias construções do século 17. De lá, pode-se pegar um barco privativo para as ilhas da baía de Pakleni, ir de iate até a praia de Carpe Diem ou seguir por terra, de carro ou até mesmo de bicicleta, em passeios organizados por agências, pelas baías que banham a região. Durante o percurso, a paisagem se alterna entre praias intocáveis, campos de lavanda, dezenas de vinícolas de bom nível e plantações centenárias de oliveiras. O azeite de Hvar, aliás, é um dos mais apreciados da Croácia e combina bem com a principal especialidade dos restaurantes mais refinados da região: pescado fresco com vegetais.

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Chipre

A ilha europeia se destaca pela mescla perfeita de desenvolvimento urbano e costumes tradicionais. Em menos de 30 minutos, é possível percorrer os principais pontos da região e deparar com praias ensolaradas, montanhas que ficam cobertas de neve no inverno, sítios arqueológicos, prédios futuristas e baladas sem hora para acabar. O ponto de partida é Pafos, que conta com ruínas antigas, um belo forte medieval e restaurantes que exalam um irresistível aroma de especiarias. Já a capital, Nicosia, esbanja cosmopolitismo por trás de suas muralhas e construções da época em que os venezianos dominavam a região. Mas se gosta de tranquilidade, prefira a Península de Akamas, ao sul, que abriga hotéis mais intimistas e praias inspiradoras.

Cidades com construções históricas, singelas marinas e belos mirantes tomam conta da ilha situada ao sul da Turquia

Malta

Com cenários de tirar o fôlego e uma fervilhante vida noturna, o arquipélago de Malta não tem uma identidade cultural bem definida. Também, pudera: suas três ilhas já foram invadidas por fenícios, romanos, turcos, ingleses e franceses. As praias mais bonitas ficam na selvagem Ilha de Gozo, que abriga a Gruta Calypso. A minúscula Ilha de Comino, por sua vez, tem como principal atração a Lagoa Azul: o lugar de águas mais claras de todo o Mediterrâneo. É em Malta propriamente dita, a maior das três ilhas do arquipélago homônimo, que está a melhor infraestrutura turística. A massiva presença de jovens atraídos por cursos de inglês faz o bairro Paceville ter uma das noites mais animadas do mundo. De quebra, há três sítios arqueológicos com construções cercadas de mistérios, que são apontadas como as mais antigas do planeta ainda de pé.

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Turks & Caicos

Esse arquipélago ao sul das Bahamas ostenta a fama de ser banhado pelas águas mais lindas do Caribe – título que, convenhamos, não é nada fácil de ser conquistado diante das exuberantes ilhas da região. O clima de refúgio secreto faz parte do perfil exclusivo do destino, frequentado, sobretudo, por ingleses e norte-americanos. Os costumes do Reino Unido, aliás, sobrevivem por lá até hoje. O trânsito tem a mão invertida, embora a maioria dos carros conte com volante do lado esquerdo. É quando se desce do automóvel em frente à praia, porém, que se descobre por que o nome desse pedacinho caribenho faz tanto sentido. Turks vem de turquesa, um (só um) dos tons do mar que banha a região, e que parece tentar o turista a mergulhar na imensidão azul de Providenciales – a ilha mais desenvolvida entre as mais de 40 que compõem o arquipélago e onde há excelentes resorts.

Saint John

Sem aeroporto nem cais, Saint John parece ser uma daquelas joias caribenhas intocadas, que só existem em histórias de pirata. Dois terços da área ficam em um parque nacional protegido, e até os resorts típicos da América Central são escassos ali. As duas principais cidades ficam em pontos extremos da ilha. Uma delas é a Baía Cruz, porta de entrada da reserva verde. Várias trilhas partem dali, serpenteiam entre petróglifos e ruínas de moinhos de cana e terminam em praias isoladas, boas para mergulhar com snorkel em meio a tartarugas e arraias-pintadas. Já na outra extremidade, o clima de happy hour cede espaço para o sossego quase desconcertante da Baía Coral, no East End.

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Cinco estrelas com estrutura completa se espalham por Providenciales, a ilha mais desenvolvida do arquipélago


Santa Lúcia

Dona de uma beleza natural incomparável até mesmo para os padrões caribenhos, Santa Lúcia é abençoada por uma densa floresta tropical cercada por praias de areias brancas e finas, com águas cristalinas, cujo tom varia a todo momento entre o verde e o azul. Também é ali que ficam os Píton, dois cones vulcânicos que despontam em uma área de conservação declarada Patrimônio da Humanidade. O passeio de barco mais concorrido leva os privilegiados hóspedes dos ótimos resorts para ver baleias e golfinhos bem de perto. Também é possível mergulhar com cilindro no aquário natural da região conhecida como Aquabulle. Já quem prefere aventuras em terra firme pode percorrer trilhas de bicicleta, a cavalo ou mesmo a pé.

De alguns hotéis de alto nível, é possível observar os cones vulcânicos Pítons, símbolos da ilha caribenha

Ambergris Caye

Maior ilha de Belize, Ambergris Caye ganhou fama quando Madonna elogiou a beleza de sua encosta, que teria inspirado a pop star a compor um de seus grandes hits: “La Isla Bonita”. Mas nem isso tirou a atmosfera pacata da região, que povoa os sonhos de dez entre dez mergulhadores por servir de ponto de apoio a quem deseja explorar a cobiçada Barreira de Corais do Belize, a segunda maior do mundo. Classificado como Patrimônio Mundial da Unesco, em 1996, o gigantesco arrecife serve de refúgio para diversas espécies de animais e plantas aquáticas em perigo de extinção. A maioria dos 15 mil habitantes de Ambergris Caye vive em San Pedro, no extremo sul. Trata-se da única cidade de fato em toda a ilha, com aeroporto e boas estâncias turísticas.

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Roatán

A lista de atividades que podem ser praticadas em Roatán, a mais charmosa das Islas de la Bahía, em Honduras, inclui tirolesa, pesca em alto-mar e uma visita ao arquipélago de Cayos Cochinos. Esportes aquáticos e mergulho nas intocadas áreas de corais recheiam o leque de atrações desse pedacinho de terra, de 83 km² e 50 mil habitantes. Mas também é possível viver aventuras em chão firme, como passear pelos jardins botânicos de Carambola, visitar a fábrica de artesanato Stone Castle Cameo ou cavalgar por praias de areia branca e águas translúcidas. Uma vez lá, aproveite para relaxar no spa Sante Wellness Retreat, que oferece tratamentos em meio a áreas verdes de paisagismo impecável, repletas de papagaios e beija-flores.

Passeios de barco levam a ver de perto os corais e a rica vida marinha da ilha que pertence a Honduras

Boracay

Enquanto muitas ilhas do Pacífico, como Bali e Taiti, ficam lotadas de turistas, Boracay, nas Filipinas, goza de uma relativa tranquilidade, mesmo tendo tudo tão concentrado em um território com pouco mais de 10 km². Por trás das proporções diminutas, porém, escondem-se praias grandiosas, tanto na beleza como na quantidade de atrativos. A de Yapak Beach (ou Puka) é conhecida pelas lindíssimas conchas brancas. Já a White Beach tem um pôr do sol inigualável e excelente estrutura turística, com serviços que vão desde massagistas até as mordomias de grandes resorts instalados ao longo dos seus 4 km de orla. Bulabog é mais procurada por praticantes de esportes náuticos; a reclusa Balinghai Beach é perfeita para casais apaixonados.

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Labirinto de pedras compõe o visual de The Baths, a praia mais linda da ilha. Lá, dá para mergulhar com snorkel (ao lado)

Virgem Gorda

Vista de longe, a ilha de Virgem Gorda, no Caribe, lembra mesmo a silhueta de uma senhora obesa deitada. E tudo lá se passa mesmo como o metabolismo de quem está acima do peso: lentamente. É nesse ritmo sem pressa que o viajante mais exigente relaxa em hotéis charmosos e mergulha com snorkel na Baía do Diabo. Tudo em meio a uma natureza quase intocada, perfeita para quem gosta de sombra, sossego e água fresca. A praia mais famosa da ilha é The Baths, que abriga um labirinto de grutas ao ar livre com piscinas naturais rasas, iluminadas pelos raios de luz que penetram pelas fendas do teto. Dá vontade de passar o dia inteiro ali, só curtindo a tranquilidade na espreguiçadeira de algum restaurante à beira-mar.

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Tasmânia

O diabo-da-tasmânia habita todos os cantos da ilha, sobretudo as florestas, mas está longe de ser a única atração exótica desse trecho de terra perdido no litoral australiano. Picos nevados, lagos de águas translúcidas, rochedos e escarpas se espalham por toda a costa, compondo uma paisagem esplendorosa. A capital, Hobart, tem vida noturna agitada e um belo centro de compras. A maior parte dos hotéis de luxo, entretanto, recebe hóspedes ávidos por visitar alguns dos 18 parques nacionais, que oferecem trilhas para caminhada e esportes radicais. Em todos você vai deparar com montanhas e muito verde, sem contar os pequenos vilarejos dos arredores, que são um charme.

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Ilhas Cook

Não é nada fácil chegar a esse remoto arquipélago do Pacífico Sul, que mantém livre associação com a Nova Zelândia, embora esteja a 2.700 km do país, num ponto perdido entre Samoa e o Taiti. São necessárias mais de 4 horas de voo para ir de Auckland, principal cidade neozelandesa, até Rarotonga, a maior e mais desenvolvida ilha de Cook. Mas o exotismo das paisagens compensa a dificuldade de acesso. Embora a mão seja inglesa – assim como o idioma –, vale alugar um carro e explorar os encantos da ilha a seu bel-prazer, com direito a relaxar na espetacular praia de Muri Beach e mergulhar entre os corais da Aro’a Beach, muito frequentados por tartarugas, polvos, peixes-leões e baiacus.

Fakarava

Todo mundo lembra de Bora Bora, Taiti ou Moorea, mas a Polinésia Francesa tem outras ilhas lindíssimas menos conhecidas do público, como Fakarava – leia direito, pois alguns arriscam “Farakava” ou até “Furukawa”. Esse atol perfeito para mergulhar fica no arquipélago Tuamotu e é o segundo maior da Polinésia – só perde em extensão para Rangiroa. Tem um formato impressionante, pois lembra uma gigantesca borda de torta flutuante no oceano, sem o miolo. Há ainda um grande e maravilhoso lago natural na parte interna do atol. É de encher os olhos quando se chega de avião. Portanto, não durma nessa hora. O voo a partir de Papeete, a capital do país e que fica na ilha de Taiti, é rápido (dura apenas 40 minutos) e confortável. E fique atento: no caminho você vai ver vários outros atóis menores, com a mesma geografia.

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Isolada entre as ilhas Samoa e o Taiti, Cook tem praias selvagens e costuma receber celebridades em busca de dias de puro sossego

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Koh Tao

Se você quer aprender a mergulhar ou fazer um curso avançado para explorar mares mais profundos, a ilha de Koh Tao, na Tailândia, é o destino certo. Lá, o sol brilha 300 dias por ano e as praias têm águas tão transparentes que garantem visibilidade mesmo em pontos do oceano com grande profundidade – sobretudo a partir do final de janeiro, quando a época de chuvas já passou e a luz do dia volta a ganhar intensidade. Não por acaso, há mais de 60 escolas de mergulho na ilha, cujo nome homenageia as inúmeras tartarugas marinhas que habitam a região. Mas mesmo quem não é chegado a snorkels e cilindros de ar comprimido encontra muito o que fazer em Koh Tao. Não faltam festas na praia, por exemplo, nem casas noturnas pelo pedaço. Já quem prefere programas sossegados ou românticos pode optar por resorts mais isolados, que ficam em praias praticamente particulares.

Ilha tailandesa tem bons pontos para mergulhar, muito verde, praias afastadas com clima romântico e noite agitada

Okinawa

Embora pertença ao Japão, Okinawa tem identidade, costumes e sabores próprios. Naha, a capital, serve de ponto de partida para os passeios que levam às demais ilhas do arquipélago, famoso pelas praias de areias alvas e águas azuis. Vale ficar pelo menos três dias para conhecer um pouco mais da história em monumentos como o Castelo de Shuri, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, e os locais que testemunharam a Segunda Grande Guerra em Himeyuri. Mas é o mar que mais chama a atenção dos viajantes, que podem praticar kitesurfe, velejar, passear de caiaque, mergulhar em um dos ambientes marinhos mais ricos do mundo e participar de luaus ao som do banjo sanshin, com direito à alegre dança eisa, regada a doses do destilado awamori.

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Seychelles

Um dos destinos mais exclusivos do mundo, Seychelles, encravada no Oceano Índico, é a terra do Vallée de Mai, um parque com árvores endêmicas que os nativos acreditam ser o Jardim do Éden. E essa não é a única característica que remete o imaginário à idealização do Paraíso. Afinal, suas 115 ilhas abrigam algumas das praias mais lindas do mundo em uma atmosfera de absoluta privacidade, que atrai casais em lua de mel e celebridades do mais alto quilate. Entre as principais porções do arquipélago estão Mahé, que abriga resorts de grife com serviço de ótima qualidade; Praslin, com um litoral divino; e La Digue, onde fica Anse Source d’Argent, apontada por algumas revistas de turismo como a praia mais bonita do mundo.

Pedras, mar azul e areias que parecem talco fazem de Anse Source d’Argent uma das praias mais desejadas do mundo. Ao lado, hotel com vista para baía de Mahé, a ilha principal do arquipélago

Zanzibar

As praias de areia alva e água cristalina, por si sós, já impressionam. Assim como as paisagens exóticas, o luxo dos resorts, as noites árabes embaladas por lendas da Antiguidade e as ruelas tortuosas por onde sempre paira um agradável aroma de especiarias. Mas nada é mais mítico do que o fato de Freddie Mercury ter nascido ali, na capital Stone Town (Cidade de Pedra), em 5 de setembro de 1946. Na época, as duas ilhas (Pemba e Unguja ou Zanzibar) pertenciam às colônias britânicas. As casas com portas de madeira talhadas, por sua vez, remetem aos tempos em que a região era invadida por sultões omanis, comerciantes indianos e até portugueses à procura de uma passagem para suas caravelas. Hoje, formam um estado semiautônomo da Tanzânia, que encanta viajantes com sua cultura miscigenada, meio africana, meio oriental, que se reflete nos muitos temperos da gastronomia e na hospitalidade do povo.

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Emirates One&Only Wolgan Valley Austrália

O spa desse hotel da rede One&Only é perfeito para recarregar as energias em um cenário inspirador. Os tratamentos podem ser realizados em salas individuais ou em ambientes especiais para casais. Vale chegar de 15 a 30 minutos antes do agendamento para que o terapeuta explique todos os benefícios de cada procedimento e os adapte a suas necessidades. As opções vão desde rejuvenescimento facial até massagens com pedras quentes. Basta escolher a que mais agrada e se deixar levar pela atmosfera de bem-estar. Reservas: http://oneandonlyresorts.com.

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Piscina com vista para a praia de Pembrokeshire se transforma em banheira de hidromassagem ao simples apertar de um botão

St. Brides Hotel & Spa Saundersfoot (País de Gales)

O mar tem um papel fundamental no único hotel-spa de Pembrokeshire, região litorânea do País de Gales. Da piscina externa infinita, avista-se a praia de areia do adorável resort à beira-mar, e com o simples toque de um botão é possível transformar a água da piscina em banheira de hidromassagem borbulhante. Produtos marinhos – argila, lama e algas – são usados nos tratamentos, enquanto a tranquilizante área de banhos (com aroma de capim-limão, sauna com pedras e duchas temáticas) completa o relaxamento. Reservas: www.stbridesspahotel.com/spa.


Villa San Paolo Wellness e Relax San Gimignano (Itália)

Fugir para a área rural da Toscana, no Villa San Paolo Wellness e Relax, pode ser uma boa maneira de reequilibrar corpo, mente e espírito. A antiga fazenda é hoje um resort com acomodações em casas de campo que oferecem conveniências modernas e belíssimas vistas. Em frente aos bangalôs, fica a piscina panorâmica, o fitness center completo, as quadras de tênis e a biblioteca. Mas a maior atração é mesmo o famoso Irispa Wellness Pavilion Spa, que oferece desde banhos turcos e massagens relaxantes com óleos essenciais até cursos de beleza e culinária saudável. Reservas: www.villasanpaolo.com/en/spa.

Depois do tratamento com ouro 24 quilates, dá para relaxar em um terraço privativo

Four Seasons Hotel Dubai International Financial Centre Dubai (Emirados Árabes)

Para quem gosta de relaxar e cuidar da beleza, o spa do novo hotel da rede Four Seasons em Dubai funciona como um suntuoso oásis em meio ao clima árido dos Emirados Árabes. Entre os destaques do menu, estão tratamentos com ouro 24 quilates e um terraço com lounges privativos. Quem se hospeda por mais tempo tem acesso a outra propriedade da marca em Dubai, o Four Seasons Resort Dubai at Jumeirah Beach, de frente para a praia de Jumeirah, que também dispõe de um enorme spa. Reservas: www.fourseasons.com/dubaidifc.

Lapis Spa

O spa do Fontainebleau Miami Beach oferece hidroterapias e tratamentos personalizados. Se o problema é recuperar-se de um voo cansativo, um programa de renovação corporal dá conta de revigorar as energias com banho turco, esfoliação corporal e hidratação com jatos massageadores poderosos. Já quem busca soluções anti-idade encontra um cardápio repleto de alternativas que aliam elementos da cultura termal tradicional a produtos rejuvenescedores exclusivos, como o extrato de algas vermelhas coletadas na costa da Bretanha. Reservas: www.fontainebleau.com.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Miami (Estados Unidos)


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Bahia Vik

José Ignacio (Uruguai) O estilo relax, boêmio e cool da praia de José Ignácio, a 20 km de Punta del Este, ganhou um toque extra de luxo desde a chegada do hotel Bahia Vik e seus 11 bangalôs contemporâneos, que se estendem entre dunas e vegetação costeira, e outras dez suítes cercadas por piscinas em formato de espelhos d’água. Sustentável, o empreendimento tem na gastronomia um de seus pontos altos. O menu contempla desde pães artesanais e o autêntico churrasco uruguaio até pescados frescos acompanhados por uma boa carta de vinhos, que inclui o rótulo VIK, produzido na vinícola e hotel da grife estabelecida no Vale de Millahue (Chile). A diária em bangalô parte de US$ 2.900 por casal, em dezembro e janeiro, quando o parador La Susana se transforma em um dos pontos mais badalados do Atlântico Sul. Reservas: www.bahiavik.com.

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Hotel localizado nos arredores de Punta del Este aposta no clima privativo dos bangalôs de estilo contemporâneo cercados de natureza abundante

Gran Meliá Roma Villa Agrippina Roma (Itália)

Eleito o melhor hotel urbano do mundo pela revista Condé Nast Traveler da Espanha, o Gran Meliá Roma Villa Agrippina é uma obra-prima da marca. Seus 116 quartos ficam em uma histórica villa romana e oferecem vistas do Vaticano, do Rio Tibre e do Castelo de Santo Ângelo. Pelos corredores, artefatos arqueológicos dos séculos 1º e 2º formam um acervo de inestimável valor junto à arte de Michelangelo. Não bastassem tantas relíquias, quem se hospeda na Suíte Emperor – que tem 203 m² de terraço privativo, com área fitness e jacuzzi – conta com mordomo, tratamentos personalizados no spa, tours exclusivos e experiências com culinária italiana elaboradas pelo chef Alfonso Iaccarino. A diária nela tem preços a partir de € 3.500. Reservas: www.melia.com.

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História do Brasil, Portugal e Espanha em

ROMANCES O Desbravador UMA AVENTURA EXTRAORDINÁRIA

Em O Desbravador, Aydano Roriz revela os bastidores da extraordinária Era dos Descobrimentos e dos primeiros anos da colonização do Brasil. Tempos heroicos, quando, em busca de vida melhor no Novo Mundo, as pessoas se metiam em embarcações de madeira, movidas a vento, para atravessar oceanos. Baseado em fatos reais, descobertos em profundas pesquisas; devidamente temperados com doses da melhor ficção; no seu peculiar estilo bem-humorado e de leitura agradável, o autor compôs este romance épico, fascinante e divertido.

R$ 39,90

16cm x 23cm 360 páginas

Autor: Aydano Roriz

Rei aos três anos de idade. Desaparecido em batalha aos 24. Descubra segredos reais, escondidos por quase 500 anos, que mudaram a História. Um livro tão excitante, que não se consegue parar de ler.

O Fundador Autor: Aydano Roriz

Venturas e desventuras de Tomé de Sousa, Caramuru e Garcia d’Ávila para fundar, na Bahia, a primeira capital do Brasil.

R$ 39,00

O Desejado A FASCINANTE HISTÓRIA DE DOM SEBASTIÃO

R$ 39,90

16cm x 23cm 400 páginas

16cm x 23cm 384 páginas

Carlos Quinto Autora: Linda Carlino

Ousado, divertido e apaixonante, Carlos V é um romance histórico que revela as memórias e inconfidências desse todo-poderoso imperador, depois de abdicar do trono.

R$ 39,90

16cm x 23cm 512 páginas

Joana, a Louca Autora: Linda Carlino

Um olhar feminino sobre os bastidores do poder na Europa dos séculos 15 e 16.

R$ 39,90

Invasão à Bahia, Jornada dos Vassalos e Invasão a Pernambuco Autor: Aydano Roriz

Por que eles vieram de tão longe para se apossar do Brasil. Três grandes romances, repletos de aventura, conhecimento e diversão, da primeira à última página.

R$ 39,90 cada ou R$ 89,90 trilogia

16cm x 23cm 416 páginas

Compre nas livrarias, pelos telefones 0800 8888 508 ou (11) 3038-5050 (SP), e pelo site www.europanet.com.br/livraria


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Saquê com ouro Japão

O Japão tem mais de 1.600 fabricantes de saquê, mas só um ostenta flocos de ouro comestíveis na composição. Trata-se do Premium Hakushika. Para os japoneses, presentear ou degustar esse saquê traz sorte, longevidade e sucesso. Além disso, as lascas douradas simbolizam riqueza. A bebida, do tipo seco e com teor alcoólico de 14%, harmoniza com clássicos orientais, como tempurá e guioza, e especialidades da gastronomia ocidental. A garrafa de 720 ml pode ser adquirida no Brasil pelo site www.e-sake.com.br ao custo de R$ 169.

Chocolate Vosges Haut Estados Unidos

Se é chocólatra confesso, dê um pulo na Vosges Haut Chocolat em sua próxima ida a Nova York e descubra que há mais formas de se deleitar com o cacau do que sonha a vã filosofia dos confeiteiros tradicionalistas. Só ali, poderá conferir o casamento nada ortodoxo do chocolate com o bacon, por exemplo. Experimente ainda o Naga, que mistura chocolate ao leite com curry indiano. Não à toa, a loja ostenta a fama de ter alguns dos bombons mais caros do mundo. A caixa com 16 trufas da coleção italiana custa US$ 55. www.vosgeschocolate.com

Trufas brancas de Alba Itália

Assim como um diamante, as trufas brancas são difíceis de ser encontradas. Crescem sob a terra selvagem, perto das raízes do carvalho-vermelho, e são necessários cães de caça para farejá-las. Depois, um tartufaio (especialista em trufas) revolve a terra e as retira sem quebrar. O terroir também é importante. Por isso, as trufas de Alba, na Itália, são as mais cobiçadas entre as brancas, que harmonizam muito bem com massas, risotos e ovos. Dependendo da qualidade, o quilo da iguaria pode variar de € 8 mil a € 27 mil. 1

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Menton (França) Sexto melhor restaurante do planeta pelo ranking da revista britânica Restaurant, o Mirazur é daqueles lugares em que se começa a comer pelos olhos. Incrustada nas montanhas da Côte d’Azur, a casa oferece uma vista esplêndida do Mediterrâneo, e os pratos seguem a mesma explosão de cores que se vislumbram da janela, com frutas cítricas, ervas aromáticas e legumes colhidos ali mesmo, no belo jardim, em terraços da propriedade. Na cozinha, o criativo chef argentino Mauro Colagreco desenvolve pratos únicos, a exemplo da aclamada ostra com tapioca, pera e creme de cebola ou do risoto de quinoa com champignons do bosque e creme de parmesão. Reservas: www.mirazur.fr.

Steirereck

Hunter 486

Sob o comando do chef Heinz Reitbauer, o Steirereck tornou-se sinônimo de alta gastronomia na Áustria, conquistou duas estrelas Michelin e ascendeu à nona colocação na lista dos melhores restaurantes do mundo. E não é para menos. Os ingredientes são todos locais, quase sempre orgânicos, e a tradicional culinária austríaca é contemplada do começo ao fim do menu, seja com um típico wiener schnitzel, seja com o peixe fresco de água doce da montanha, delicadamente cozido à mesa em cera de abelha quente. Reservas: www.steirereck.at.

A cozinha prática dessa charmosa brasserie que funciona dentro do hotel The Arch London tem entre seus frequentadores uma vizinha famosa: a cantora Madonna. E não é mesmo difícil se encantar pelo lugar. A decoração tem panelas de cobre penduradas e forno a lenha à vista dos clientes. A releitura da clássica comida inglesa – que privilegia orgânicos e produtos locais – reina no cardápio e leva o conceito de comfort food a outro nível, fazendo o cliente sentir-se, de fato, em casa. Reservas: www.thearchlondon.com.

Viena (Áustria)

Londres (Inglaterra)

Páru Inkas Sushi & Grill Rio de Janeiro (Brasil)

Primeira casa do chef Jann Van Oordt no Brasil, o Páru Inkas Sushi & Grill é um dos pioneiros em gastronomia nikkei (fusão peruano-japonesa) na América Latina, com versões sofisticadas de sushis, ceviches, peixes e grelhados. Os pratos clássicos peruanos são apresentados no cardápio com uma roupagem nova, inspirados nos saborosos ingredientes brasileiros. É o caso do Tiradito Carioca (carpaccio de peixe branco com mel de açaí, servido com farofa crocante estilo Páru) e da Coxinha de Ají de Gallina, que homenageia o nosso famoso petisco. Para acompanhar, uma lista notável de coquetéis com curadoria do mixologista argentino Tato Giovannoni. Reservas: www.parusushi.com.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO / 1 SHUTTERSTOCK.COM

TOP GOURMET

Mirazur


A EXPRESSÃO DE ALTO ESTILO E SOFISTICAÇÃO EM UMA IMAGEM

ARROW460–GRANTURISMO

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DIVULGAÇÃO

design arrojado do Arrow460–Granturismo deixa claro que a Mercedes-Benz não entrou no mercado de iates de luxo para brincar. Em parceria com o estúdio britânico Silver Arrows Marine, especialista no desenvolvimento e na construção de embarcações de alto padrão, a montadora alemã lançou-se aos mares com um projeto inspirado nos carros da marca. Com 14 metros de comprimento, capacidade para dez pessoas e motor a diesel capaz de gerar 480 cv, o iate conta com um conjunto de janelas com vista 360º, painéis de madeira (eucalipto), máquinas de gelo e sorvete, ar-condicionado, sistema de som, adega de vinhos, banheiro espaçoso, sofás de couro e uma série de outras comodidades. Apenas dez unidades foram fabricadas e, obrigatoriamente, vendidas para pessoas de países diferentes, já que o objetivo da Mercedes-Benz é levar o Arrow460–Granturismo para o mundo inteiro. O iate custa US$ 1,7 milhão.



érias de verdade vão além do destino. Elas são os momentos únicos que você traz quando volta pra casa.

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Sua história sem fim

SM


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