E.S.C. LGBTQIAP+
espaço de sensibilização e celebração das lutas e conquistas do grupo LGBTQIAP+ em Sorocaba.
espaço de sensibilização e celebração das lutas e conquistas do grupo LGBTQIAP+ em Sorocaba.
Nícolas Daldon Tomazella
Orientador: Tiago Brito da Silva
Trabalho Final de Graduação
Centro Universitário Facens
Arquitetura e Urbanismo
2022
LGBTQIAP+
Sigla que representa pessoas que não se reconhecem nos padrões de sexualidade e gênero impostos pela sociedade.
Mulheres que sentem atração sexual e/ou romântica por mulheres.
Homens que sentem atração sexual e/ou romântica por homens.
Mulheres e homens que sentem atração por homens e mulheres.
Pessoas não se reconhecem com seu sexo biológico, com o gênero que foi atribuído ao nascer.
Termo que abrange minorias sexuais e de gênero, fora da heteronormatividade e identificação cisgênero.
Pessoas que desenvolvem naturalmente características físicas relacionadas ao feminino e ao masculino.
Falta total, parcial ou condicional de atração sexual a qualquer pessoa.
Atração sexual ou amorosa entre pessoas, independentemente do sexo, gênero ou identidade de gênero.
Pessoas que não são, ou não são apenas ou o tempo todo homem ou mulher, preferem que seja usado pronome neutro ou o indicado por cada um.
Pessoa que se identifica, em todos possíveis aspectos, com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer.
O movimento surgiu dentre a comunidade negra latino-americana
LGBTQIAP+ em Nova York na década de 60 e desde então se entendeu como movimento político pelo mundo através da arte e celebração da diversidade de raça, sexualidade e gênero.
Série POSE Reprodução: FX NetworksO projeto se destaca como um convite ao olhar sobre a diversidade humana, sobre o quão ímpares somos como indivíduos em sociedade e como cada um se entende, se expressa e se compartilha.
Busca trazer à tona a história e os embates da luta LGBTQIAP+ na cidade de Sorocaba na conquista de seu local perante a sociedade. Através de um local para ser e estar onde toda expressão artística tenha valor e respeito. Com um espaço voltado para a contemplação do valor histórico, onde haja aprendizado sobre a trajetória do grupo, os momentos marcantes dentro da comunidade e seu impacto pela cidade ao longo de sua formação.
A intenção do projeto é sensibilizar a sociedade sorocabana a partir das reverberações geradas por um novo elemento arquitetônico e sua apropriação, marcando a representatividade do grupo LGBTQIAP+ da cidade com base na sua humanização.
A busca pelo pertencimento, pelo ser, conviver, foram as principais motivações para escolha do caminho a seguir com o projeto aqui apresentado. Minha vivência como um jovem LGBTQIAP+ em Sorocaba, me guiou ao objetivo deste trabalho.
Todo indivíduo LGBTQIAP+ sabe e entende a importância da presença de seus semelhantes em seu meio social, uma vez que grande parte da sociedade te enxerga como um problema, como um erro, uma aberração. Isso se reflete em nos grupos minorizados, para que tenham forças para lutar por seus direitos os indivíduos se juntam em grupos de semelhantes.
Para que se possa haver esse momento de conexão, de junção entre os seus é essencial que o grupo LGBTQIAP+ tenha locais onde se sintam seguros e pertencentes.
Infelizmente ainda vivemos numa sociedade em que o grupo é marginalizado no cenário cotidiano, estando mais presentes no período noturno, em finais de semana, dificilmente nas partes diurnas do dia.
Na cidade de Sorocaba não é diferente, o formato original de cidade interiorana conservadora ainda se mostra evidente em alguns aspectos mesmo com todo o crescimento da cidade. Isso exibe como é importante que exista um local que empenhe papel de segurança para a comunidade LGBTQIAP+ em Sorocaba, um local de pertencimento onde possamos nos expressar artisticamente, politicamente e afetuosamente, numa ambiência assegurada de empatia e compaixão. Infelizmente, não temos muitos locais disponíveis ao público livre com este perfil na cidade.
A partir desse interesse, foi feito um levantamento da história da comunidade LGBTQIAP+, em busca de identificar seus desafios e obstáculos de desenvolvimento para com o público, desde uma escala generalizada, como na vivência específica em Sorocaba. Foram estudados os espaços em que o grupo pode se desenvolver melhor, entendendo essas necessidades a serem sanadas com os usos distribuídos pelo programa, com áreas de socialização, de exposição e convenção, e o projeto de arquitetura a ser implementado.
Ao longo das últimas décadas o grupo LGBTQIAP+ se mostra em crescimento e toma cada vez mais força e espaço em meio à sociedade, mas isso não se dá apenas por um acaso ou destino. O grupo em seu modo político e social nasceu da busca por direitos básicos por volta da década de 80 a 90 com homossexuais como frente de combate, até então pouco se entendia sobre orientação sexual e identidade de gênero, existiam em um modo ríspido de se dizer apenas gays, lésbicas e heterossexuais.
A epidemia do HIV foi o denominador que fez com que as causas do grupo se tornassem mais evidentes, pois a descriminação para com o grupo tomou um exponente absurdo uma vez que o mesmo era visto como o transmissor do vírus. Neste momento grupos feministas e, até então, GLS começaram movimentações, protestos e atuações políticas em busca de mais direitos para os respectivos grupos marginalizados pela grande gleba
social heteronormativa. Com essas primeiras movimentações o grupo foi conquistando novos espaços e garantindo direitos básicos aos seus. Ao longo do tempo, os estudos e descobertas sobre orientação sexual e identidade de gênero foram tomando mais forma e alcançando mais indivíduos e suas singularidades, foi entendido que não só existiam homossexuais como muitas outras orientações sexuais que as pessoas podem se identificar, tal como a bissexualidade, a pansexualidade e a assexualidade, além destes fatores também entendido melhor o conceito de identidade de gênero e da binariedade e da não-binariedade, casos onde o indivíduo não tem necessariamente um reconhecimento do seu corpo físico com o que realmente é, como pessoas transgênero, travestis, transexuais, pessoas do gênero queer, intersexuais entre outros. A partir de todos os novos entendimentos, temos hoje em dia a sigla LGBTQIAP+ que representa o
O Grupo LGBTQIAP+ e a importância da sua presença.
grupo como um todo, o grupo se estende muito além e é bastante diverso representando as grandes massas dentro do grupo por suas letras iniciais e fazemos o uso do “+” representando outras vertentes do grupo que existem em menor potência.
Sorocaba é um município com quase 690 mil habitantes que se apresenta num ritmo constante de desenvolvimento muito forte, por estar próxima da Grande São Paulo e também do litoral, foi palco de grande desenvolvimento industrial, sendo também conhecida como a “Manchester Paulista”, hoje é a cidade sede da Região Metropolitana de Sorocaba, a quarta maior do estado.
Embora muito grande e muito desenvolvida, Sorocaba abriga ainda muitas características de cidade interiorana dentre os costumes, vivências, culturas, modos de pensar da população o que faz com que a cidade tenha em teoria um grande potencial em abraçar e bem receber os ideais de grupos militantes do meio LGBTQIAP+, feminista e do movimento negro por suas características de crescimento e de grande metrópole, mas com o contraponto da cultura conservado-
ra heteronormativa encravada nas mentes de boa parte da população que ainda sofre e resiste em ceder espaço para estas minorias.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de Sorocaba tem o quarto maior número de casamentos homoafetivos no Estado de São Paulo, um dado muito positivo, mas que infelizmente reflete diretamente uma parcela da população LGBTQIAP+, tais uniões são em sua grande maioria entre pessoas binárias e heteronormativas, deixando de lado outra grande parcela (pessoas do gênero queer, intersexuais, travestis, transexuais, transgêneros entre outras multiplicidades não-binárias) que ainda vive marginalizada pela sociedade.
Se mostra evidente a discrepância entre os tratamentos com diferentes letras da sigla ao reconhecermos os inúmeros ataques violentos verbais e físicos cometidos contra a população LGBTQIAP+ de Sorocaba, com ênfase nos crimes contra travestis, trasexuais e transgêneros, que representam grande parte das ocorrências relacionadas à episódios de violência física e até mesmo de assassinatos.
Em resposta aos comportamentos pungentes e conservacionistas de parte da população, pessoas LGBTQIAP+ começaram a se unir e se identificar em grupos, formando então os primeiros grupos de militância voltados à defesa da causa e busca de direitos ao grupo. Em 1979, Sorocaba foi palco do primeiro grupo de defesa aos direitos LGBT numa cidade interiorana no Brasil, o Somos/Sorocaba, como explana Rogéria Fernandes
do Nascimento em sua dissertação “Homo/Transexualidades e família’’.
Uma análise a partir do 1° “Grupo de pais de homossexuais” do município de Sorocaba”.
Ao longo do tempo foram aparecendo novas faces do movimento e a presença do grupo foi se consolidando na cidade, em 2004 temos a primeira carreata voltada à visibilidade do grupo organizada pelo grupo militante Grupo Girassol, com figuras como Pauletti e Iara Bernardi, que alavancaram ideais de luta pelo grupo LGBTQIAP+ no meio político da cidade. Em 2006, com o crescimento de paradas em grandes cidades do país, é então organizado o primeiro evento que une o sentido de visibilidade e luta com festividade e comemoração na cidade, começando o que hoje temos anualmente como a parada LGBTQIAP+ da cidade de Sorocaba.
Em 2007, o poder público passa a ter papel na organização do evento e começa a contribuir cada vez mais com o mesmo, a partir do ano seguinte o evento é então comandado pela Associação da Parada do Orgulho Gay, Lésbica, Bissexuais e Transgêneros de Sorocaba (APOGLBT-SOR), fundada para organizar e garantir que o evento tenha sua efetividade todos os anos em seus aspectos de reivindicação e
também festivos para com a população LGBTQIAP+.
Em suma, Sorocaba é uma cidade ainda conservadora e com vários estigmas contra o desenvolvimento social de pessoas LGBTQIAP+, porém o grupo está assíduo em sua luta e busca cada vez mais ocupar espaços e se tornar presente, de modo digno, em mesmo nível de importância que o restante da população sorocabana.
“A organização de eventos voltados ao público LGBT e a atuação de algumas entidades organizadas coletivamente em Sorocaba e região têm contribuído para trazer as questões sobre gênero e sexualidade à pauta de discussões na cidade e para dar maior visibilidade aos movimentos que têm como tema central a luta contra a homofobia.”
(NASCIMENTO, 2015, p. 31)
A noite exerce papel fundamental, como palco de trocas, de expressões, de ser/estar livre dos olhos julgadores conservacionistas, tomando um papel de afeto onde se sente segurança em ser, a vida noturna sorocabana acolheu e ainda acolhe grande parte da movimentação do grupo LGBTQIAP+ e é nela que o grupo se conecta e se fortalece.
noite sorocabana foi palco de casas noturnas e eventos, classificados até o momentos como GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) desde o começo dos anos 2000, com presença forte da cultura drag, onde haviam Drag Queens se apresentando, recepcionando e até comandando os eventos. Além das casas noturnas, haviam festas pontuais que recebiam grande número de pessoas sendo referência de evento LGBTQIAP+ no interior do Estado de São Paulo.
Asteroid Entretenimento Acervo Pessoal
Espaços de encontro - Locais ocupados por corpos LGBTQIAP+ em Sorocaba nos últimos 20 anos.
Com o passar do tempo, as casas noturnas voltadas ao público LGBTQIAP+ com todo foco no público e na cultura drag foram perdendo a força e diminuindo. Em meados de 2015 já se existia um cenário em que as casas mais populares eram nichadas no público cis-gênero e binário do grupo LGBTQIAP+, abrangendo mais o público gay, lésbico e bissexual, onde já não se mostravam presentes as outras letras da sigla. No cenário sorocabano, em específico, ainda se vê muito o reflexo da educação conservacionista e heteronormativa passada pelas gerações anteriores no público atual, onde ainda há muita dificuldade entre a própria cena LGBTQIAP+ da parte dos que se encaixam no estilo de vida heteronormativo em olhar para outras pessoas do meio com afeto e entendimento.
LGBTQIAP+ que corresponde aos corpos não binários, pessoas de gênero queer, trans, travestis entre outros, têm tomado novamente aos poucos seu
espaço na noite sorocabana. Nos últimos anos se mostrou um crescimento da Cultura Ballroom na cidade, com o retorno dos “balls” de modo mais frequente, trazendo mais visibilidade e fomentando cada vez mais as discussões sobre esses corpos e suas existências no cenário LGBTQIAP+ sorocabano.
No tempo diurno, o grupo se mostra presente em outros espaços, muito poucos, porém presentes, uma vez que as casas noturnas não acomodam o público LGBTQIAP+ abaixo de 18 anos, essas pessoas buscam por um local onde possam se expressar e se sintam livres para serem si mesmas de verdade, neste caso, o local de maior presença é o Sesc Sorocaba onde jovens e adolescentes se encontram para dançar, cantar, expressar afeto sem receio de julgamentos. Para este público específico é a única opção na cidade de Sorocaba, embora a cidade tenha toda a estrutura que tem, não existe outro local de mesmo cunho social com atividades culturais e espaços para estar.
Outros locais mais pontuais que também oferecem espaço para atividade diurna são alguns cafés como o Café da Vila, localizado na Rua Dr. Artur Martins, no Centro, onde costuma-se encontrar diversos tipos de atividades cotidianas, mas também encontros românticos, são poucos os locais onde um casal LGBTQIAP+ se sentiria à vontade e confortável em ter um encontro durante a luz do dia em Sorocaba.
Definitivamente o grupo está presente na cidade e se põe na posição de ocupação desses espaços, porém
ainda é clara a presença mais forte do grupo no momento noturno. Embora a noite desempenhe um papel social, afetuoso e de pertencimento importante para o grupo LGBTQIAP+, não é justo que o mesmo exista de modo tão exclusivo a este momento do dia, quase como um turno específico onde pode ou não ser livre para estar. São poucos os espaços que oferecem esse estar diurno para o grupo, embora o mesmo demonstra que há necessidades de mais espaços como o Sesc Sorocaba e o Café da Vila na cidade.
Reprodução: https://www.instagram.com/cafedavila/
Café da Vila
Reprodução: https://www.instagram.com/cafedavila/
Embora Sorocaba seja uma cidade muito extensa no quesito territorial, grande parte das atividades sociais exercidas pelo grupo LGBTQIAP+ ocorrem a partir do Centro, se espraiando pelos bairros adjacentes. Parte disso se dá diretamente pelo método de locomoção público da cidade, por meio de ônibus coletivo, ainda que muito eficiente, o sistema de transporte público da cidade se concentra em dois “nós”:
o Terminal Santo Antônio e o Terminal São Paulo, de onde saem as linhas para os bairros da cidade, ambos os terminais e até a rodoviária da cidade se encontram no Centro, ocasionando que o bairro, já muito comercialmente explorado, continue com um fluxo constante de pessoas diariamente.
Com a expansão comercial da Zona Sul da cidade na última década, o valor do metro quadrado no Centro
diminuiu, considerando que antes era o mais alto, hoje tornou-se mais acessível, mas ainda muito cobiçado. Tal fator faz com que o Centro seja cada vez mais alvo de novos locais de estar voltados para um público mais leve que não busca o luxo da Zona Sul, mas conforto e pertencimento e por diversas vezes o mesmo público se funde muito ao grupo LGBTQIAP+ Através de uma leitura objetiva sobre os pontos de encontro voltados majoritariamente ao público LGBTQIAP+ em Sorocaba, se mostra em prática a existência e presença do grupo de forma muito forte no cenário noturno, com poucos pontos marcantes no cenário diurno, apontando novamente a ausência de locais de uso preeminentemente por corpos LGBTQIAP+.
Elaboração: Nícolas Tomazella
Elaboração:
maloca
período noturno
red bar universitário
asteroid entretenimento
bar e balada de uso predominante no período noturno
saravá brasil bar
centro cultural de uso predominante no período diurno
bar de uso predominante no período noturno
café da vila
bar e bistro de uso predominante no período diurno
mavs
bar e balada de uso predominante no período noturno
bar de uso predominante no período noturno
puxadinho
bar e bistro de uso predominante no período diurno e noturno
flow
bar, bistro e restaurante de uso predominante no período diurno e noturno
Localidade.
Partindo do mapeamento de locais nos quais a comunidade LGBTQIAP+ circula, se encontra na cidade de Sorocaba, se mostram evidentes algumas rotas feitas pelo grupo, vias que conectam os bares, baladas e restaurantes muito frequentados por integrantes do meio LGBTQIAP+ e, com base também na análise dos meios de locomoção por transporte público na cidade e os terminais onde grande parcela da população passa diariamente, nota-se grande potencial na Região Central da cidade para a implementação do projeto.
A busca do local em específico se baseia fortemente nas vias que o conecta também com o restante da cidade, torna-se muito importante a presença do edifício em vias com um fluxo forte de pessoas ao longo do dia para que o projeto tenha efetividade em trazer mais visibilidade à causa LGBTQIAP+.
Sendo o ponto intermediário de vias muito importantes no Centro, o
terreno escolhido faz esquina com as vias Rua da Penha e Avenida Moreira César, dois corredores de acesso muito fortes das zonas Sul e Leste para zonas Central, Leste e Norte da cidade, presente na rota diária de muitos sorocabanos. O terreno de esquina aumenta o potencial do projeto em questão com a visibilidade e presença do mesmo na paisagem em que se insere. Além de muito próximo aos terminais de ônibus da cidade, já existe um ponto de ônibus em sua testada com a Av. Moreira César, garantindo um acesso homogêneo da população através do transporte público.
ESCOLHIDO
MALOCA
TERMINAL SANTO ANTÔNIO
MAVS
FLOW
TERMINAL SÃO PAULO
Uma das grandes vantagens do terreno escolhido para projeto é o fácil acesso, existe uma parada de ônibus em sua fachada com diversas linhas que conectam o local aos dois terminais de ônibus que fazem a distribuição da população pela cidade.
Outro fator crucial é o cruzamento em que se encontra, tendo ligação direta com duas das principais vias do Centro da cidade.
As fachadas livres do terreno, voltadas às vias, são também as fachadas voltadas ao Norte, trazendo uma incidência solar eficiente durante o dia, sem grandes barreiras.
Já as fachadas posteriores do terreno, voltadas ao interior da quadra, são muradas e fazem divisa com construções pré existentes ao projeto.
O gabarito das edificações vizinhas não passa de 2 andares por construção, fator positivo quando se trata de uma fachada de baixo interesse, nesta seção do terreno serão posicionados
os espaços de serviço da construção. Seriam as fachadas ideais para aberturas nos níveis superiores, uma vez que, direcionadas ao Sul, essas aberturas fariam a entrada de corrente de ventilação natural para na edificação, trazendo uma eficiência energética que reflete nos gastos e nos impactos da construção no meio inserido.
Acervo pessoalO projeto tem o propósito de promover a representatividade a um grupo invisibilizado, a comunidade LGBTQIAP+. Traz a inserção de um espaço de aprendizado e conhecimento sobre causa e a luta LGBTQIAP+ por direitos em Sorocaba, tanto por seus usos quanto por sua implantação na cidade, com a intenção de provocar um novo olhar da sociedade sorocabana sobre o grupo, partindo de um local de entendimento e empatia. Além disso, o projeto busca consolidar um espaço seguro e afetuoso para a comunidade LGBTQIAP+ na cidade, onde possam desenvolver momentos de expressão artística, movimentos politizados, encontros entre pessoas, entre outros usos.
Para acomodação de tais usos se estabelece um programa simples, porém efetivo contando com três principais espaços: área de exposição, auditório e praça. Onde a área de expo-
sição servirá de palco para exposição de relatos históricos da luta do grupo LGBTQIAP+ na cidade de Sorocaba e também para exposição de trabalhos e expressões artísticas de artistas do meio, buscando maior conexão entre os que vivem dentro e fora do meio LGBTQIAP+. A implementação de um auditório cede um palco à palestras, reuniões e encontros de grupos militantes e também expressões artísticas, eventos que trazem e fomentam discussões sobre o convívio do indivíduo LGBTQIAP+ em sociedade e busca um olhar mais humanizado à causa. O espaço definido como praça tende a ser um local livre para uso diversos, desde expressões artísticas efêmeras à roda de conversas, espaços de estar cotidiano e de encontros, buscando interação livre entre os indivíduos do meio e também um momento de primeiro contato aos que não fazem parte da comunidade e nem a conhece à fundo.
Humanização de corpos LGBTQIAP+ - A inserção de um espaço de aprendizado e conhecimento da causa.
A estética a ser explorada pelo projeto parte de uma lógica que se espelha à seu conceito, o tratamento de uma base mínima como um cubo, um sólido fechado e restringente com intervenções disruptivas, quebras em sua forma física buscando uma mudança efetiva no formato anterior, porém almejando ainda conexões entre os lados, entendimentos. A busca por uma base simples reflete a intenção do edifício de ainda ter uma imagem acolhedora, de ser um local que recebe sem segregar, buscando maior unidade entre a comunidade LGBTQIAP+.
1.
O primeiro estudo físico da forma busca o destaque visual, com angulações e detalhes muito específicos, causando o impacto visual buscado.
2.
No segundo caso se mostra a busca por um modo mais suave de explorar a forma física, buncando um meio de ainda manter o aspecto impactante necessário.
3.
A continuidade de testes evidenciou um interesse em áreas que se tornariam as presentes varandas para o projeto, dessa forma foi buscado um método em que houvessem conversas visuais entre esses recortes feitos.
Busca de uma grande abertura entre o prédio com o externo através da fenda, intenção de posicionar o espaço comum na cobertura, valorizando vistas do Centro de Sorocaba e trazendo uma dinâmica de movimentação mais completa entre o edifício.
Propõe uma mescla entre se neutralizar junto à topografia local e expansão da forma respeitando os gabaritos dos edifícios vizinhos, trazendo uma leveza maior à implantação, com a intenção de criação de diversos espaços comuns ao longo dos níveis do projeto.
Reflexão do conceito e estudo do local escolhido juntamente às suas condicionantes em volumetria.
Forma mais bruta que causa impacto visual no ambiente, traz uma base formal de paralelepípedo esculpida de forma a criar uma terceira via no cruzamento, com um recorte no piso térreo que proporciona a área comum em contato direto com o público externo ao projeto.
Traz a presença de um subsolo, abringando a parte do programa que demanda menor incidência sonora, um grande bloco para área de exposições flutua sobre o piso térreo, que se faz de praça.
Criação de um espaço subsolo restringido aos usos cabíveis, área de convivência com contato direto ao externo. A forma do piso superior abraça e contorna a praça, fazendo com que a mesma ainda tenha o aspecto acolhedor desejado.
espaço de sensibilização e celebração das lutas e conquistas do grupo LGBTQIAP+ em Sorocaba.
A forma do prédio segue os estudos inicialmente produzidos com base na intenção de projeto, a constituição de espaços diversos que traduzem seu programa simples de formas diferentes, com espaços para exposições, desde uma configuração mais sóbria à uma mais despojada e livre, espaço de auditório para encontros educacionais de cunho mais formal e em contrapon-
to espaços livres diversificadamente posicionados pelos níveis do projeto que trazem um uso livre de restrições, pensado para conexões, momentos de integração, de estar, aprendizado e estudo.
de sensibilização e celebração das lutas e conquistas do grupo LGBTQIAP+ em Sorocaba.
O projeto convida o cidadão sorocabano à se integrar com o espaço, ampliando seu olhar sobre a diversidade humana, acolhendo sem restringir.
Oferece um local de segurança e aconchego para a comunidade LGBTQIAP+ e da mesma forma expõe a comunidade de maneira afável aos olhos da parcela da população que não é capaz de olhar a comunidade como parte do todo.
A troca desejada entre o local, seus visitantes e a cidade motivou o formato no qual o prédio foi implantado. Partido da geometria única que o lote proporciona, o volume se molda suavemente num expoente de sua topografia, elevando seu formato pouco acima dos gabaritos presentes trazendo a sensação de imponência balanceada à leveza de suas lajes, liberando a visual das duas principais fachadas do prédio, fazendo com que o mesmo seja mais permeável pela população.
Suas fachadas principais voltadas à Rua da Penha e à Avenida Moreira César, proporcionam plena insolação
dos espaços pensados para uso livre e também dos mesmos que se configuram em espaços abertos.
O estar voltado para as vias traz consigo uma exposição afável, que coloca à vista o uso do espaço para quem passa pelo local utilizando do mesmo como rota para afazeres do dia a dia.
A forma como o prédio se posiciona favorece, principalmente nos pavimentos mais elevados, a vista para a baixada do Centro de Sorocaba, trazendo maior conexão entre o usuário dos programas oferecidos e a cidade como um todo.
A edificação e o local.
ponto de contemplação proporcionado pela praça elevada, valorizando a visual à baixada do Centro de Sorocaba
pav. 03
espaço de exposição livre, sem delimitações, para receber e reverberar expressôes artísticas
pav. 04
pilares metálicos revestidos por um invólucro orgânico de madeira busca uma conversa com a arquitetura desenhada e seu papel social de acolhimentro
espaço de auditório pensado para receber eventos e encontros formais de explanação e fomentação da causa
pav. 01
térreo subsolo
pav. 02
área voltada às soluções técnicas como reservatórios e caixa do elevador
a cobertura acessível ao público compõe um espaço de praça elevada, com usos de estar, expressão, possivelmente até de exposição
terraço coberto formado pelo jogo de cheios e vazios da volumetria, gera um espaço de varanda e estar, trazendo conexão entre os outros niveis da edificação
eixo de circulação vertical por onde é feita a conexão entre os diversos usos do prédio
lounge de recepção recebe e acolhe visitantes dando acesso aos demais pavimentos
administração, espaço de atendimentos e programações
depósito para itens de exposição e acervo fixo
Detalhe banheiros.
Aplicação de um modelo de banheiro onde não se impõe gênero ao usuário, mantendo certa privacidade de modo democrático balanceada com a segurança de quem usa.
O sistema inclui espaços de apoio e cabine voltada para cuidados emergenciais.
banheiro térreo
almoxarifado
cabine de apoio
lavatórios
cabine acessível
banheiro subsolo
cabine acessível
banheiro pav. 03
cabine acessível
lavatórios
lavatórios
Sistema estrutural composto por pilares e vigas metálicas que sustentam de modo suave e delicado a forma das lajes e seus usos.
Detalhe estrutural. Junção de vigas e pilar
Encontro de vigas metálicas em pilar, através de soldagem e aplicação
de parafusos em chapas.
parafusos de junção
cantoneira de ligação
viga
Pilar metálico revestido por um invólucro orgânico de laminado de madeira busca uma conversa com a arquitetura desenhada e seu papel social de acolhimentro.
perfis em metalon moldado compõe a estrutura que dá suporte ao invólucro em Madeira Laminada Colada
invólucro em Madeira Laminada Colada
pilar metálico atua como fator de estrutura principal compondo a malha de estruturas do projeto como um todo
perfis em metalon compõem a estrutura que dá suporte ao invólucro em Madeira Laminada Colada
NASCIMENTO, Rogéria Fernandes do. Homo/Transexualidades e Família. Uma análise a partir do 1° “Grupo de pais de homossexuais” do município de Sorocaba. - Centro de Ciências Humanas e Biológicas, Universidade Federal de São Carlos. Sorocaba. 2015.
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