p o r t f ó l i o

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p o r t f ó l i o

n í d i a

a r q u i t e c t u r a

t e l e s

2 0 1 3 - 2 0 1 8



Í n d i c e

curriculum vitae P. 5 habitação colectiva P. 6 projecto iii ▫ Prof. Dr. Luís Viegas MIArq ▫ 2013-2014

equipamento público - centro de arte urbana do porto P. 10 projecto iv ▫ Prof. Dr. João Serôdio MIArq ▫ 2014-2015

reabilitação de ilha na rua s. victor P. 14 reabilitação de edifícios ▫ Prof. Dra. Clara Vale MIArq ▫ 2014-2015

sinergia - planeamento urbano de sines P. 16 projecto v ▫ Prof. Dr. João Pedro Silva MIArq ▫ 2015-2016

a capela de s. frutuoso de montélios P. 20 dissertação de mestrado ▫ Prof. Dra. Marta Oliveira MIArq ▫ 2016-2017

gestão de sítios - convento de s. francisco em braga P. 21 gestão do património arquitectónico ▫ Prof. Dr. Lino Tavares CEAPA ▫ 2017-2018

requalificação urbana do morro da sé do porto P. 22 metodologias de projecto ▫ Prof. Dr. Francisco Barata e Prof.

Dr. Nuno Valentim

CEAPA ▫ 2017-2018

reabilitação de parcelas na rua d. hugo P. 26 metodologias de projecto ▫ Prof. Dr. Francisco Barata e Prof.

Dr. Nuno Valentim

CEAPA ▫ 2017-2018

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nĂ­dia teles porto, portugal (+351) 964736234 nidia.teles@gmail.com


c u r r i c u l u m

v i t a e

formação académica 2017-2018

Curso de Estudos Avançados em Património Arquitectónico

Pós-graduação ▫ Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto Média final de 17 valores

nov. 2017

Prova final de Mestrado “A capela de São Frutuoso de Montélios” Orientação por Professora Dra. Marta Arriscado Oliveira ▫ FAUP Classificação de 20 valores

2011-2017

Mestrado Integrado em Arquitectura

MIArq ▫ Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto Média final de 15 valores

outras formações e comunicações orais jan-fev. 2019 dez. 2018

Campo Arqueológico da Cividade de Bagunte

Limpeza e desenho de estruturas e artefactos ▫ fotogrametria de estruturas Associação de Protecção ao Património, Arqueologia e Museus de Vila do Conde

Participação na Unidade Curricular de Dissertação do MIArq 2018/2019

Apresentação de “Da História como projecto continuado” com Prof. Dr. José Quintão ▫ Faculdade de Arquitectura Universidade do Porto

fev. 2018

11th Meeting of Young Researchers University of Porto

abr. 2017

IX Workshop de Estudos Medievais

jul. 2014

Curso de verão Arquitectura e Cinema

Apresentação de “The chapel of S. Frutuoso de Montélios: Principles of design” Organizado pela Universidade do Porto Apresentação de “A capela de S. Frutuoso de Montélios: Princípios de desenho” Organizado pelo GIHM ▫ Faculdade de Letras da Universidade do Porto Organizado por Ruptura Silenciosa ▫ Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da FAUP

produção científica Teles, Nídia P. 2018. “The Chapel of S. Frutuoso de Montélios: Principles of design”. Em 11th Meeting of Young Researchers University of Porto: book of abstracts, Porto. Teles, Nídia P. 2017. “A Capela de São Frutuoso de Montélios: Princípios do seu Desenho”. Em Incipit 6 Workshop de Estudos Medievais da Universidade do Porto 2017, FLUP: Porto, p. 77-90.

línguas Português (língua nativa) Inglês (boa oralidade, compreensão e escrita)

softwares Autodesk AutoCAD ▫ Adobe Photoshop ▫ Abobe Illustrator ▫ Adobe InDesign Autodesk ReCap Photo ▫ SketchUp ▫ ArchiCad (Noções Básicas)

competências técnicas

nídia raquel pereira teles Funchal, 1992. Mestre em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, concluíndo o curso em 2017 com a Prova Final intitulada de “A capela de São Frutuoso de Montélios.” No ano lectivo 2017/2018 frequentou o Curso de Estudos Avançados em Património Arquitectónico, pós-graduação leccionada pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.

Experiência em levantamentos fotográficos e planimétricos, por método tradicional e por método fotogramétrico. Desenho e modelação de maquetes.

interesses Interesse particular nas áreas de história da arquitectura, sistemas e técnicas de construção tradicionais, reabilitação de património arquitectónico e intervenção em contexto arqueológico, tendo formação complementar em gestão, e teoria, técnicas e metodologias de intervenção em património arquitectónico. Ainda, interesse em arquitecturas de cariz sustentável, soluções inteligentes e de baixo impacto ambiental, sistemas de gestão energética e aproveitamento de recursos.

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habitação colectiva

e d i f í c i o s d e h a b i t a ç ã o n a b o av i s t a

faup 2014 porto, portugal

mia rq projecto iii orientação por prof. dr. luís viegas

Sob o tema da habitação colectiva, o estudo inicia-se com as soluções de acesso: o acesso vertical, em galeria e directo. Foram abordadas as tipologias familiares, as zonas de dia e noite, e temas como a empena, o gaveto e o canto. Seguiu-se a sua aplicação num contexto urbano concreto, numa zona da cidade do Porto a carecer de consolidação, e sob um programa estabelecido de habitação e comércio. Localizada em Ramalde, a área a intervir delimita-se pela linha de Metro, pela Avenida de Sidónio Pais, com habitações plurifamiliares de 3 a 4 pisos, e pelo Bairro de Francos. Apesar da pouca variação topográfica, as dificuldades deste exercício de inserção urbana residiam na definição da estrutura viária e acessos, na resolução da transição para a linha de Metro, na criação de uma novo conjunto urbano que rematasse o existente e que, de algum modo, dialogasse com o Bairro, que não apresenta uma lógica urbana clara. Como resposta, a proposta oferece novos acessos e uma lógica de implantação. Os volumes tomam diferentes valores conforme a escala e necessidades da envolvente, e um espaço verde serve de transição ao Bairro de Francos. É feita uma aproximação no acesso à paragem de Metro, zona de afluência e de recepção, onde dois volumes de acesso em galeria, acentuando a sua horizontalidade, definem uma espécie de praça e onde se concentra a zona comercial. proposta de implantação do novo conjunto urbano

concentração da zona comercial junto à paragem de metro - piso térreo

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piso 2 e 4

piso 1 e 3

piso 0

alรงado posterior

alรงado anterior

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módulo - piso 2

corte AA’

módulo - piso 1

corte BB’

corte DD’

corte CC’

corte EE’

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equipamento público

centro

de arte

urbana

do

porto

faup 2015 porto, portugal

mia rq projecto iv orientação por prof. dr. joão serôdio

Com o tema do equipamento público, o desafio passou por pensar um Centro de Arte Urbana para um local característico, embora descurado, da cidade do Porto: a pedreira da Avenida de D. Afonso Henriques. Estava ainda implícito que fosse assumido o projecto de Siza Vieira, de 2000, que visava o Museu da Cidade e habitação, localizado em frente ao quarteirão em estudo. O afloramento granítico é o que restou da abertura da Avenida da década de 40, com o objectivo de ligar os Aliados ao tabuleiro superior da Ponte Luís I. Reflectida a transformação ou permanência da pedreira, apresentam-se como principais questões a topografia acentuada do terreno, a escala do casario que envolve o quarteirão face à Estação Ferroviária de S. Bento e ao dito Museu da Cidade, e, ainda, a passagem subterrânea da linha de metro revelou-se outro factor decisivo. O edifício proposto desenvolve-se no limite do quarteirão, junto à Avenida, encerrando-o. Um volume contínuo, face aos cheios e vazios do edifício em frente, permite criar uma plataforma que se inicia na cota mais alta da avenida. Esta plataforma procura resolver a diferença de cota, oferecendo ligação entre a Avenida de D. Afonso Henriques e a Rua do Loureiro, nas traseiras do quarteirão, através de uma travessa preexistente.

alçado poente

corte longitudinal BB’

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A plataforma serve de apoio a uma das entradas do Centro de Arte, mas, principalmente, serve para usufruto do público geral, oferecendo novas vistas sobre a cidade e uma área para desenvolvimento de actividades artísticas. Um outro volume é proposto no remate da Rua Chã que, na continuidade do casario, toma as dimensões de uma parcela preexistente, procurando a escala da rua e abrindo-se para a cidade. Neste volume concentra-se uma cafetaria e sanitários, e a zona administrativa, onde consta uma secretaria, três gabinetes e sala de reuniões. O restante volume comporta uma recepção, uma loja, quatro oficinas, sala de exposições, camarins, sanitários, sala para pessoal, além de um auditório, uma sala plana e um estúdio de aquecimento cujos pé direito mínimo teria de ter pelo menos 6 metros. O programa inclui áreas técnicas para a infraestrutura necessária e um cais de cargas e descargas.

piso 2

piso 1

piso 0

piso -1

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intervenção arquitectónica faup 2015 porto, portugal mia rq reabilitação de edifícios

trabalho de grupo

r e a b i l i ta ç ã o d a i l h a 99 e m s . v i c t o r

orientação por prof. dra. clara vale

Dado o tema da reabilitação de uma ilha do Porto, foi seleccionada pelo grupo a ilha 99A da Rua de S. Victor para estudo. O exercício contemplou uma fase inicial de reconhecimento e diagnóstico, com o estudo histórico e de transformações, um levantamento métrico e fotográfico, e a identificação de anomalias e as suas possíveis causas. De presumível datação no início do século XX, ilha 99A organiza-se segundo um corredor central, distinguidose por não possuir uma habitação de classe média associada e pelo pátio com vista privilegiadas sobre o Rio Douro. Construída em alvenaria de pedra com pavimento e cobertura em madeira, esta última revestida a telha nacional, a ilha possuía, originalmente, 13 habitações de piso térreo, embora encontrem-se algumas demolidas, outras com meios pisos acrescentados, e a última habitação com dois pisos. A caixilharia original em madeira é escassa e largamente substituída por caixilharia de alumínio ou de pvc. Como resposta, dada a proximidade à Faculdade de Belas Artes e a intenção de manter o carácter habitacional, propôs-se uma Residência de Estudantes. Foi recuperada a volumetria das habitações térreas, agora convertidas em módulos T0, com uma kitchnette, um pequeno sanitário e um móvel multifunções, com arrumação, cama e zona de trabalho. Como excepção, associaramse as duas últimas habitações, uma delas já de dois pisos, criando um espaço para albergar uma lavandaria, uma sala comum, e um atelier e espaço de trabalho.

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proposta para módulos T0 e área de convívio

pormenor 4 - encontro do telhado com parede de meação

pormenor 5 - telhado e platibanda

corte BB’

alçado norte - principal

alçado sul

pormenor 6 - laje intermédia - encontro com o solo - caixilharia

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planeamento urbano faup 2016 porto, portugal

sinergia. (Re) assumir a identidade

Sines

. U.O. 4. expansão da malha habitacional

mia rq projecto v orientação por prof. dr. joão pedro silva

Aliada à Trienal de Arquitectura de Lisboa, o exercício na área da urbanística teve como tema a cidade de Sines. Após identificação e análise, o principal campo de reflexão do grupo centrou-se em relacionar os desafios urbanísticos da actual cidade em confronto com as novas temáticas que caracterizam a indústria, num ano em que se realizava o Acordo de Paris (2015) sobre as Alterações Climáticas. Observando-se o potencial de crescimento económico proporcionado pela zona portuária - porta atlântica da Europa, e assumindo-se o carácter industrial, de forte presença no território, propusemo-nos a repensar a sua importância no futuro e reflectindo nos objectivos do mencionado Acordo de Paris. Era também necessário vitalizar e dinamizar a economia da cidade, assumindo Sines como um pólo de inovação e melhorar as condições de conforto e de bem estar da população, de forma a atrair habitantes, onde o panorama é o progressivo abandono. 1. Afirmar Sines como grande porto atlântico da Europa e plataforma de serviços logísticos internacional, complexo de indústria e energia; 2. Promover a recuperação/reconversão da indústria regional e a gestão sustentável dos seus ciclos de vida, no quadro das novas tendências dos mercados à escala global; 3. Proteger, implementar e valorizar os recursos territoriais,como a preservação dos ecossistemas e a aposta em energias renováveis: colecta de energia das ondas, marés, solar, dos ventos e produção de biomassa; 4. Desenvolver um sistema territorial estruturado em 4 áreas: a Zona Portuária; a Zona Industrial; Energia/Rede Energética; Zonas Naturais.

estratégia geral para a cidade de Sines

área determinada para U.O 4 - zona habitacional em expansão no sudeste da urbanização

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De modo a implementar estes princípios foram propostas 5 unidades operativas: Centro Tecnológico para as Novas Energias; Parque Temático e Experimental, Parque para a Cultura e Biodiversidade, Protótipo de Quarteirão para o Futuro e Plataforma de Serviços e Centro Logístico Portuário. A proposta passou ainda pela reorganização da rede viária, em resposta às dificuldades de acesso ao núcleo urbano, entre parte alta e baixa da cidade, que, a par dos circuitos de ciclovias permite unificar a cidade: as U.O., o núcleo urbano, e os parques de energia e de preservação.

proposta de demolições e nova construção da U.O. 4


proposta de requalificação urbanística da U.O. 4 - definição da área habitacional, proposta de Parque de Preservação de Ecossistemas e ciclovia

"Giving people many choices for living an urban lifestyle in sustainable, convenient and enjoyable places, while providing the solutions to peak oil and climate change" New Urbanism

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proposta de requalificação da zona habitacional e novo conjunto urbano

ciclos de captação e produção de energia, aproveitamento de recursos e recolha

A U.O. 4 pretende a expansão da área Sudeste da urbanização, onde o tema fulcral é a criação de um protótipo de quarteirão residencial, com implementação de soluções inteligentes e inovadoras no campo da sustentabilidade que serviriam de directriz a novas construções. Ao encontro das premissas da estratégia geral e dos objectivos desta U.O., o desafio passa pela requalificação urbanística aliada à implementação de sistemas de gestão energética, de aproveitamento de recursos e de recuperação de ecossistemas. Principalmente, procura-se melhorar a qualidade de vida da população, fomentando uma prática de urbanismo e arquitectura eficiente, sustentável, correcta e dinâmica. Neste sentido, a intervenção procura ainda oferecer espaços de lazer, como jardins, hortas comunitárias e um Parque de Preservação de Ecossistemas onde se propõe a recuperação de um curso de água preexistente. Sob o conceitos de ciclos, o quarteirão é pensado como um ecossistema vivo. Os edifícios são preparados para produzir a sua própria energia eléctrica, num sistema complementar entre painéis

fotovoltaicos e turbinas que aproveitam os fortes ventos de norte, e onde o excedente será vendido à rede pública ou armazenado. Também a iluminação pública é autónoma, recorrendo ao sistema de Turbine Lights. Em resposta ao Verão seco, um sistema de tanques subterrâneos localizados nas habitações e pátios públicos, permitirem a recolha de água. Também os passeios públicos fazem o aproveitamento deste recurso. As habitações possuem um compostor, sendo o restante lixo direccionado para uma galeria subterrânea segundo o sistema Envac. No passeio público a linha de vegetação cria uma barreira à poluição sonora e ao invés de asfalto utiliza-se o noxer, um fotocatalizador capaz de reter gases nocivos. É implementado o uso de vegetação endémica nos passeios públicos, com árvores de folha caduca a sul e folha perene a norte. As fachadas vivas são um outro elemento passivo com benefícios térmicos, acústicos e, claro, ambientais.

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estudo métrico

a capela de s. frutuoso de montélios

faup 2017 porto, portugal

mia rq DISSERTAÇÃO DE MESTRADO orientação por prof. dr. marta oliveira arriscado

Localizada na cidade de Braga, a Capela de São Frutuoso de Montélios (séc. VII - IX/X) é um exemplar pré-românico único no nosso território, que pelas suas particularidades tem despertado o interesse e discussão entre a Arqueologia, a História e a História da Arte. Com o propósito de inquirir e desenvolver a prática de investigação em torno dos princípios tipológicos e de desenho presentes na arquitectura altimedieval nacional, é designada a capela de S. Frutuoso como objecto de estudo, enquadrando a investigação no âmbito da arquitectura de planta centralizada de referência de cruz grega que se encontrava difundida na Península Ibérica durante a Alta Idade Média. É oferecida uma nova leitura sobre esta obra, numa abordagem que faz uso das ferramentas de trabalho e da perspectiva do arquitecto - através do desenho. O tema principal desenvolve-se em torno dos princípios de desenho presentes no objecto de estudo. Na prática, passa por investigar a existência de uma medida, de um módulobase e de relações de proporção, que permitam definir a modulação do seu projecto. Como parte da metodologia, foi necessário revisitar o que já foi feito, como forma de entender e lançar novas questões, através da pesquisa e

Estudo da unidade base de medida e da modulação de S. Frutuoso

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análise do(s) seu(s) contexto(s), do seu território, das fontes documentais, da sua historiografia, e ainda, da observação de aspectos do seu restauro que permitam a identificação dos seus elementos originais. Foi ainda necessária a elaboração de um levantamento métrico de apoio, essencial para ver o desenho a partir da medida exacta, e do qual foi produzida uma nova planta e elaborado um corte inédito. Partindo do objecto – Capela de S. Frutuoso – esta investigação procura explorar as suas relações de desenho com duas obras chave: a Basílica de Dume (Braga, séc. VI), que difunde a tipologia cruciforme na Península Ibérica e estabelece relações de proximidade com a Capela de S. Frutuoso, e a Capela do Bom Jesus de Valverde (Évora, séc. XVI), inserida na mesma tipologia de planta centralizada e erguida após visita do Cardeal Infante D. Henrique à Capela de S. Frutuoso. No decorrer da investigação serão ainda estudadas outras referências que se inserem entre obras peninsulares enquadradas geograficamente e temporalmente no âmbito deste estudo. Estas referências surgem em parte seguindo as pistas apontadas pelos autores estudados, ou por meio das consultas e pesquisas efectuadas, que pela sua aproximação se mostram pertinentes de serem estudadas.

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gestão de sítios

convento de são francisco em braga

faup 2018 porto, portugal

ceapa legislação e gestão do património arquitectónico orientação por prof. dr. lino tavares

Limites

ZEP da C.S.F.M. Unidade Operativa

Estratégia geral Pontos de interesse (Convento de S. Francisco, Dume e Capela da Ordem) Recuperação da ribeira de Castro e da sua levada Recuperação de ponte preexistente e criação de ponte Acesso automóvel privilegiado Recuperação da via XIX Articulação de percursos existentes Criação e recuperação de percursos (preexistencias já extintas) Proposta de percursos pedestres Principais fluxos e direcções dos percursos propostos Área proposta para hortas urbanas Área proposta para zona de parque Novo limite proposto para expansão da Quinta Pedagógica

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Com o objectivo de criar um Plano Estratégico como ferramenta de gestão e preservação do património, aplicado a um conjunto, sítio, monumento ou paisagem, o tema escolhido foi o Conjunto Conventual de São Francisco. Apesar do seu valor patrimonial e potencial arqueológico, o conjunto encontra-se descurado, com uma clara desintegração entre os elementos que o compunham. Aliado está o crescimento urbano disperso e indefinido que, progressivamente se aproxima, altera a paisagem e não respeita a zona de protecção de que o conjunto usufrui. São vários, e alguns de grande valor, os elementos de interesse presentes no conjunto, assim como envolvente, embora não estejam devidamente identificados, nem articulados entre si. O conjunto conventual é composto pela Igreja de S. Jerónimo, de uso paroquial; a Capela de S. Frutuoso, monumento nacional; dependências conventuais devolutas, em fase de projecto para Museu/C. Investigação gerido pela universidade; e pela cerca conventual, actual Quinta Pedagógica pertencente à Câmara Municipal. Entre os principais objectivos estão a salvaguarda e valorização do património dentro da área definida como de influência; fazer-se respeitar o ZEP da Capela de S. Frutuoso, promovendo a criação de espaços verdes e condicionar a expansão dos prédios de habitação. As zonas verdes destinam-se a receber programas de lazer e recreativos, mas principalmente funciona como zona de protecção. Como parte da estratégia propõe-se a recuperação da Ribeira de Castro e salvaguarda da sua levada, e a criação de uma rede de percursos que permitam articular as zonas verdes aos elementos de interesse do convento, incluindo o futuro Museu e a Quinta Pedagógica, e ainda, na área de influência: a Capela da Ordem, a Via XIX e as Ruínas Arqueológicas de Dume, numa espécie de pequena rota de interesse cultural e histórico, com possibilidade expansão. Junto às habitações procura-se travar o seu avanço com a implementação de hortas e jardins aromáticos para usufruto da população, permitindo a transição para a zona verde. Além do intuito de recuperar o sistema ecológico, o vasto parque proposto seria dotado, não só dos percursos, mas também de equipamento de apoio como café e sanitários e pontuado com zonas de estar e recreativas. A área que se propõe como acrescento à Quinta Pedagógica permitira salvaguardar e aceder à Via XIX, e propõe-se para este espaço a divulgação, simbólica, das actividades agrícolas que fariam parte do quotidiano do convento. Assim, assumem-se os actuais programas e as propostas de usos futuros, passando a estratégia pela necessidade de criar relações entre os vários elementos: Capela, Igreja, as dependências (Museu) e a cerca, a fim de devolver uma compreensão de unidade ao conjunto, aliado ao alto potencial ecológico e patrimonial, e o interesse arqueológico que a área vem a revelar.


intervenção urbana

requalificação urbana do morro da sé

faup 2018 porto, portugal

ceapa metodologias de projecto orientação por prof. dr. francisco barata e prof. dr. nuno valentim

Edifícios e pontos de interesse público no Morro da Sé

Edificação demolida na intervenção dos anos 40 da DGEMN

1 | recuperar relação em cota com fonte do anjo e requalificar “porta de vandoma” - início de percurso

3 | recuperar desenho de pavimento da praça dr. pedro vitorino perdido com uma intervenção recente

2 | reforçar relação com o paço episcopal através do prolongamento do desenho do pavimento existente

4 | requalificar e recuperar carácter da rua de d. hugo

Inserida no Centro Histórico do Porto, a área a intervir compreende a zona do Morro da Sé do Porto, com aproximação à Rua de D. Hugo, onde numa segunda fase é elaborada uma proposta de intervenção a três parcelas. A área encontra-se classificada como Património Cultural da Humanidade pela UNESCO e no PDM do Porto está categorizada como de “interesse urbanístico e arquitectónico” e de “potencial valor arqueológico”. São muitos os edifícios classificados e pontos de interesse patrimonial situados ao longo do Morro, e vários centramse na Rua de D. Hugo, como o Arqueossítio, a Casa-Museu Guerra Junqueiro ou a Capela das Verdades. Esta rua de cariz medieval é maioritariamente habitacional, destacandose a tipologia da casa burguesa. Inícia-se junto à extinta Porta de Vandoma, antiga entrada principal da cidade, estende-se até à Praça Dr. Pedro Vitorino, e tem revelado vestígios arqueológicos que contam a ocupação do Morro. Estes revelam-se também no interior do casario, que se desenvolveu, presume-se, nos limites da muralha primitiva. Merece ainda referência as vistas privilegiadas sobre o Douro, o Porto e Gaia, obtidas de vários pontos do Morro, e claro, o mesmo observado desde a Ponte Luiz I ou a Serra do Pilar, onde o tardoz do casario de D. Hugo ganha destaque. A envolvente à Sé do Porto foi alvo de alterações profundas durante a década de 30 a 40 do século XX. A intervenção, orientada pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, teve como objetivo o destaque da Catedral o que levou à demolição de grande parte do edificado para alargamento do Terreiro da Sé. É de referir igualmente a abertura da Avenida da Ponte para articular a Ponte Luíz I à Praça da Liberdade e que envolveu, também, uma série de demolições na rua e no largo do Corpo da Guarda e o seu casario de raiz gótica. Várias propostas foram apresentadas para a Av. da Ponte, destacando-se o projecto de Fernando Távora de 1955 e os projectos de Álvaro Siza de 1968 e de 2000. Actualmente, o acesso à ponte é apenas pedonal e para passagem do metropolitano. Num primeiro momento, a intervenção no espaço público procura marcar a entrada da Rua D. Hugo, ao recuperar a relação em cota entre o Chafariz do Anjo e a Calçada de Vandoma e ao alargar o início da rua, e, assim, enfatizar o Largo de Vandoma e a entrada do Arqueossítio. A solução apresentada procurar buscar relações de desenho no pavimento existente, prevenir o estacionamento em frente ao Chafariz do Anjo e condicionar neste ponto o trânsito automóvel. Relembra-se que algures nesta zona localizarse-ia a Porta de Vandoma - entrada principal da cidade. No Largo do Dr. Pedro Vitorino pretende-se recuperar o desenho do pavimento identificado através da análise de fotografias, que estabelecia relações entre os elementos constituintes da praça, e se perdeu numa intervenção recente. A proposta passa por reorganizar a pedra existente,

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permitindo melhorar o escoamento de água e solucionar os desníveis e acessos para a Rua das Aldas e para o miradouro. A ligação da Rua da Sra. das Verdades até à Avenida da Ponte passa por reabilitar a viela preexistente nas traseiras do casario da Rua de D. Hugo. Propõe-se que a travessia, iniciada na rocha granítica em bruto, seja estabelecida por um passadiço metálico que anuncia a ligação à ponte. A rematar o fim do percurso propõe-se um jardim com vista sobre o rio, que permita dilatar o espaço, comprimido neste momento pela passagem do metro. O miradouro e a entrada do passadiço implantam-se num terreno desocupado, buscando relação com o que seriam os limites dum extinto lote, do qual resta apenas um muro com três grandes arcos. Quanto à Rua de D. Hugo, esta apresenta momentos em que a pedra do pavimento está solta, com juntas desconfortavelmente espaçadas e piso escorregadio devido à falha no escoamento de água. Para colmatar estas falhas, e sabendo que foi alvo de intervenção recente comprometendo a sua autenticidade, pretendese reorganizar este pavimento, propondo-se que seja assente com argamassa pobre e com juntas mais estreitas. Tendo como referência o desenho preexistente, procura-se valorizar o lajeado central que percorre a rua, aproveitando-o para incluir, e resolver, o escoamento de água e inserir uma conduta com a infraestrutura necessária.

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Aplicável a todo o espaço público será a substituição das diversas tampas de saneamentos metálicas por tampas em pedra, assim como as actuais caixas de visitas nas fachadas que deverão ser retiradas ou substituídas por outras mais adequadas em ferro. Ainda, a iluminação existente é questionável, de modo que se propõe a substituição pela luminária “coroada” desenhada por Souto Moura, mais adequada e já em uso nas Escadas das Verdades. Por fim, resta referir a intenção de valorizar os achados arqueológicos encontrados ao longo da rua através da sua marcação no pavimento com lajes de granito amarelo. Também é proposto o registo das antigas portas da muralha no pavimento, inserindo-as num percurso alargado através do Morro, onde o visitante poderá reconhecer a sua localização tendo como referência o que seria a muralha primitiva. No mesmo sentido, e no âmbito da recente valorização do Caminho Português de Santiago no programa Norte2020, propõe-se a marcação do percurso e direcção, assim como a do novo Centro de Acolhimento ao Peregrino localizado na Capela das Verdades. Como indicado, o trânsito será condicionado e apenas permitido para emergências, recolhas, para a realização de cargas e descargas, tanto de serviços como dos moradores. Incluíram-se dois lugares de estacionamento na Rua de D. Hugo para residentes com mobilidade reduzida. Resta referir que se optou por incluir a proposta de Siza Vieira para Avenida da Ponte de 2000, uma vez que dá resposta a uma área que se considera necessitar de requalificação e porque reúne condições para criar estacionamento subterrâneo para moradores, resolvendo um dos principais problemas encontrados no Morro da Sé.

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intervenção arquitectónica

r e a b i l i ta ç ã o d e pa r c e l a s n a r u a d . H u g o

faup 2018 porto, portugal

ceapa metodologias de projecto orientação por prof. dr. francisco barata e prof. dr. nuno valentim

A reabilitação na Rua de D. Hugo abrange a parcela nº 29, em médio estado de conservação, com típica tipologia de casa burguesa; a parcela nº 33, devoluta e da qual restam apenas as fachadas; e a parcela nº 37/39, uma casa-solar em médio estado de conservação que apresenta achados arqueológicos a descoberto ao nível do rés-do-chão. Para programa, propõe-se uma Residência de Estudantes através da associação das parcelas nº 29 e nº 33, como resposta à crescente procura. No rés-do-chão localiza-se a recepção, a cozinha e, com vistas para o rio a sala de convívio e a de refeições. A cave alberga duas salas de estudo com acesso ao logradouro, e os pisos superiores destinam-se ao quartos, com dois quartos duplos com wc privativo e quatro quartos individuais com wc partilhado, por piso. A parcela nº 29 mantém a sua volumetria, assim como o acesso vertical e paredes de tabique existentes, apenas os acrescentos e construção sem valor são demolidos. A alteração mais significativa diz respeito à demolição do avançado no último piso que ameaça ruir, e que permite recuperar o alçado original e corrigir a cobertura. A parcela nº 33, em avançado estado devoluto, será alvo de maior alteração. Optou-se por acrescentar um piso e incluir um elevador que serve ambas as parcelas. O novo piso permite não só o aumento da área, mas também harmonizar o alçado da Rua de D. Hugo e rematar a cobertura da parcela nº 37/39. Uma vez que este acrescento nunca existiu, preferiu-se que fosse recuado e revestido com placas de zinco, sendo claro porém integrado na lógica da rua. Quanto à parcela nº 37/39, dada a sua tipologia e a presença de vestígios arqueológicos, propõe-se valorizar as ruínas com um Centro Interpretativo ao nível do rés-dochão e cave, e reservar os pisos superiores a um Centro de Investigação, neste caso, feito a pensar numa Unidade de Arqueologia associado ao Ensino Superior. No logradouro uma cafetaria, de cobertura praticável, aproveitando o desnível preexistente, abre-se com vistas para a ponte e o rio. O Centro Interpretativo integra a rede de percursos de interesse histórico e patrimonial, com o objectivo complementar o relato da ocupação sucessiva do Morro, através da observação de vestígios inseridos desde a Idade do Ferro à ocupação Romana, Medieval e Moderna, e expor o espólio encontrado na Rua de D. Hugo. O percurso será realizado através de um passadiço metálico e reversível. Optou-se por tirar partido das quatro salas comunicantes do piso 1, e apresentam tectos de masseira e estuques decorativos, para inserir as salas de investigação, de modo a manter a sua relação e instigar a interacção entre investigadores. O programa alberga ainda um laboratório, gabinetes para professores, sala de reuniões e secretaria. Foi ainda inserido um elevador na parcela, com estrutura de alumínio autoportante e pouco intrusiva.

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piso -1 nº 29 e 33 - Residência de Estudantes | nº 37/39 - Centro Interpretativo


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A proposta segue uma política de conservação e valorização dos vários elementos caracterizadores e de interesse. A nível construtivo procurou-se uma abordagem pouco intrusiva, respeitando os materiais e sistemas construtivos originais. A exemplo, nos sobrados a opção foi intervir ao nível dos tectos, em geral de menor valor relativamente aos soalhos, inserindo-se, assim, o isolamento térmico e acústico ou infraestrutura. Porém, na parcela nº 37/39 inverteu-se esta lógica a fim de conservar os tectos de estuques decorativos. Os restantes elementos como caixilharias, molduras, rodapés, lambris, frisos, portadas, portas, maçanetas e guardas de ferro, são para manter e/ou restaurar. Destacase que, relativamente à caixilharia original, de madeira, realizou-se uma interpretação da janela de corrediça da parcela nº 33, redesenhando-a para receber vidro duplo mínimo. Ao contrário da restante caixilharia reconhecida, a da parcela nº 33 apresentava-se em muito mau estado e praticamente inexistente, não sendo possível reaproveitá-la.

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nĂ­dia teles porto, portugal (+351) 964736234 nidia.teles@gmail.com


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