ANUÁRIO EMIA 2020

Page 1

Em busca de um estado-semente

ANUÁRIO EMIA 2020

anos

ANUÁRIO EMIA 2020 Em busca de um estado-semente



A ESCOLA MUNICIPAL DE INICIAÇÃO ARTÍSTICA É UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA E GRATUITA, REGULAMENTADA PELA LEI N° 15.372, DE 3 DE MAIO DE 2011.


PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE SÃO PAULO

Prefeito

Secretário Municipal de Cultura

Hugo Possolo

Bruno Covas

Secretária-Adjunta

Regina Silvia Pacheco Chefe de Gabinete

Taís Lara

EMIA 2020 Diretor

Antonio Francisco da Silva Junior

Coordenadores de Música

Adriane Cristine Krindges Antonio Carlos de Oliveira Jr.

Assistente Artístico

Evandro Brito da Silveira

Coordenadora de Artes Visuais

Fábio Augusto de Souza Marques

Carmen Olivieri Cicero Barros da Silva Marina Shikichi

Coordenador de Teatro

Rogério Rodrigues de Almeida

Assistente Pedagógica

Renata Facury Farias da Silva

Secretários Administrativos

Secretária de Alunos

Carla Cassia Rozante Lima

Jovens Monitores

Andreia da Cruz Barbosa Eduardo Gonsales Campagna Jaqueline Santos de Oliveira Thaline da Costa

Porteiras

Giselle Loiacono Ramos de Azevedo Joana Pedrassoli Salles José Paulo da Rosa Júlio Cesar Giudíce Maluf Karime Nivoloni Laura Longo Ligia de Moura Borges Ligia Rosa dos Santos Liliana Maria Bertolini Lucas Diego Reis Lopes Luciana de Lima Gabriel Márcia Jesus Marco Glauco da Silva Marcos Venceslau de Carvalho Marili Macruz Ferreira da Silva Maristela Alberini Loureiro Campana Meri Angelica Harakava

Milene Cid Perez Pira Odino Fineo de A. Pizzingrilli Paulo Farah Andre Priscilla Vilas Boas Ronaldo Aparecido Barros Garcia Rosa Maria Comporte Rosana Bergamasco Samuel Pereira Lopes Sheila Christina Ortega Shirlei Escobar Tudissaki Simone Laiz de Morais Lima Telmo Rodrigues Rocha Thiago Arruda Leite Valeska Marlete Guimarães Figueiredo Viviane Godoy Alves Lima Cecconi Wanderley Oliveira Pira Wilson Bezerra Dias

Dulcineia de Andrade Cesar Margarida Jesus da Silva

Coordenador de Dança

Beatriz Aranha Coelho

ARTISTAS-PROFESSORES Adriana Amaral dos Santos Adriano Gregorio Castelo Branco Alves Ana Cláudia César Andréa Fraga da Silva Antonio Corrêa Neto Bárbara Silva Schil de Souza Camila Cursio Brioli Carla Raiza de Oliveira Celso Amâncio de Melo Filho Daniel Fonseca de Freitas Deise Santos de Brito Douglas Froemming Douglas Silva de Jesus Erisvaldete de Castro Carneiro Eugénia Maria Nóbrega de Almeida Flávia Marques Ferraz Geraldo José Olivieri Jr.


ANUÁRIO EMIA 2020 Em busca de um estado-semente

São Paulo – 2020


SOBRE ESTE ANUÁRIO

AGRADECIMENTOS

ESTE ANUÁRIO REÚNE 45 ATIVIDADES ARTÍSTICO-PEDAGÓGICAS DA EMIA, PROPOSTAS PELOS ARTISTAS-PROFESSORES EM MODO REMOTO. O CONTEÚDO COMPLETO PODE SER ACESSADO NO BLOG DA EMIA PELO ENDEREÇO ELETRÔNICO http://emiablogspot.com/.

4

À Secretaria Municipal de Cultura, pela realização deste livro. Aos Alunos e suas Famílias, por acreditarem no trabalho da EMIA em todos os contextos. Aos Artistas-Professores da EMIA, que disponibilizaram seus materiais para compor este anuário. À Renata Facury – Assistente Pedagógica da EMIA, pela curadoria do material e parceria nesta empreitada. À Andréa Fraga – Diretora da EMIA entre 2014 e 2017, por ter aberto tantos caminhos e nos inspirar sempre. À Natália Cunha – Supervisora da Formação Cultural entre 2017 e 2020, por todo suporte à EMIA e trabalho realizado na SFOC.

Antonio Francisco da Silva Junior Diretor EMIA

Desde a primeira semana do mês de abril de 2020, os artistas-professores realizaram 980 postagens com diferentes conteúdos, integrando as linguagens artísticas de Artes Visuais, Dança, Música e Teatro para crianças, jovens e adultos. Ao longo de mais de 30 semanas de trabalho foram realizadas, em média, 40 postagens por semana. A partir do segundo semestre de 2020, as postagens passaram a ser intercaladas com encontros ao vivo (aulas on-line), de modo a diversificar as propostas artístico-pedagógicas. As visualizações das postagens ultrapassaram a marca de 80 mil, e os conteúdos alcançaram crianças de diferentes regiões do Brasil e do mundo. A escola recebeu comentários de pessoas que estavam interagindo com as propostas nos estados da Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul, entre outros. Durante as adversidades e desafios do ano de 2020, a EMIA revela, por meio de seu trabalho remoto, a potência da arte e dos processos criativos, em todos os contextos.


ANUÁRIO EMIA 2020

Em busca de um estado-semente

6

Antonio F. S. Junior | Renata Facury

Encontros possíveis

9

Priscila Vilas Boas

Para que serve a memória?

12

Andréa Fraga

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

BRINCAR CORPO, CASA E CIBERESPAÇO AMBIENTE ONÍRICO SONORIDADES JANELAS E CONEXÕES RECORDAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO CRIAÇÕES DIGITAIS INTEGRAÇÃO EM POTÊNCIA ACONTECIMENTOS ARTÍSTICOS AÇÃO SOLIDÁRIA

ALUNOS EMIA 2020

14 20 26 34 47 54 58 64 67 74 76


ANUÁRIO EMIA 2020 — EM BUSCA DE UM ESTADO-SEMENTE ANTONIO F. S. JUNIOR | RENATA FACURY

A garantia de sobrevivência das espécies vegetais está diretamente vinculada à existência de sementes, as quais simbolizam a sua continuidade e diversidade. Semente é a parte do fruto que contém o embrião no estado de vida latente e que provém do desenvolvimento do óvulo (vegetal) após a fecundação.

6

O ano de 2020 deixará marcas. Sinais de um ano singular da história recente. Acontecimentos sui generis, no tocante à saúde e à vida, fizeram com que muitos de nós ficassem em casa a maior parte do tempo, nos forçando a permanecer distantes fisicamente uns dos outros. Nossas relações passaram a ser mediadas por telas de computadores ou smartphones e nos vimos obrigados a sobreviver sem a preciosidade do toque, elemento tão caro a nós que fazemos e respiramos arte, aliás, respirar juntos, neste momento, é uma das maiores ameaças à vida. Fundada em 1980, a Escola Municipal de Iniciação Artística completa 40 anos de existência. Muitos nomeariam de 40 anos de resistência – e estariam igualmente certos, porque existir, em muitos momentos, é sinônimo de resistir; porém, buscando na poética e na metáfora, aspectos comuns na natureza do trabalho artístico, vamos optar por existência. Existir em um estado-semente, muito mais do que resistir em um estado-raiz. Este estado-semente é a possibilidade de estar constantemente em vias de nascer. 2020 nos provoca a reflexão dos diferentes modos de renascimento. A EMIA passa a existir em ambiente virtual, brota de seu estado-semente, nasce de uma outra forma dentro de nossas casas e, desse modo, ratifica sua vocação mais pura: assegurar o(s) encontro(s). O encontro entre artistas, o encontro entre adultos e crianças, o encontro entre as linguagens artísticas e, por fim, mas não menos importante, o encontro entre arte e educação. A fim de minimizar o impacto das ausências nas atividades artístico-pedagógicas, nós, da gestão da EMIA, propusemos três linhas de atuação: 1) Manutenção dos vínculos com o público

atendido por meio das mídias sociais, canais de comunicação já disponíveis na escola, e outros, a serem criados para este fim. 2) A formação interna dos professores, com referenciais teóricos, e o diálogo com outras experiências que articulassem arte-educação com novas mídias. 3) Registro, documentação e curadoria das atividades propostas pelos gestores e artistas-professores, para a elaboração deste anuário. No início timidamente, procurando entender como se dariam os processos artístico-pedagógicos, tão imprescindíveis de presença, fomos simbolicamente saindo do parque Lina e Paulo Raia, onde estão localizadas as três casas que compõem a EMIA. Fomos, com muita dificuldade, esfriando nossos corpos do calor dos 1.200 alunos que, distribuídos por cerca de 80 turmas, pulsavam vida naquelas casas – concretude tão singular na produção de conhecimento em arte proposta por esta escola. Fomos adentrando as nossas casas, isolados, procurando o nosso estado-semente, para fazer germinar dali os nossos fazeres artísticos. As descobertas e os aprendizados foram acontecendo na relação, ainda que distante, entre os gestores, os 51 artistas-professores, as crianças e suas famílias. Pouco a pouco nasceram maneiras de nos integrarmos e interagirmos em ambiente virtual. As conexões foram aparecendo, novos processos artísticos e pedagógicos se instauraram, mostrando as diversas e diferentes possibilidades em outros formatos de atuação. Por meio de um incipiente, porém profundo, processo de formação realizado entre gestão e corpo docente, buscamos avaliar, pensar e repensar essa nova prática. O que perdemos e o que ganhamos? Como germinamos das sementes mais resistentes, com as cascas mais duras? Como uma maneira de refletir poeticamente sobre as práticas, após três meses de trabalho remoto convidamos o corpo docente, por meio de disparadores poéticos, para vivenciar e se aproximar das sensações dos alunos. Além desses disparadores, elaboramos temas de discussões que corroborassem teoricamente as práticas desenvolvidas pelos artistas-professores. Essas discussões jogaram luz sobre o fazer artístico-pedagógico, no qual estamos inseridos no atual contexto. Trouxemos à


01

02

03

A Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) está instalada no Parque Lina e Paulo Raia, criado no início dos anos 1980. Tombado em 2018, o complexo conta com três edificações, sendo as casas 01 e 03 em estilo eclético e a de número 02, de desenho modernista e grandes superfícies de vidro, projetada em 1960 pelo então proprietário, o engenheiro-arquiteto polonês Lucjan Korngold (1897-1963). A Cinemateca Brasileira também ocupou temporariamente o complexo, antes de ser acolhida em sua sede, na Vila Clementino, após a reforma do Matadouro Municipal na década de 1990.

reflexão assuntos que consideramos urgentes de serem revistos: integração das linguagens artísticas, experiências estéticas, infância em confinamento e a saúde relacional. Tudo isso com o intuito de ampliarmos nossos fazeres e adentrarmos novas possibilidades, abertas nas janelas de nossas telas. Dividimos nossas reflexões em três eixos. O primeiro, BRINCAR EM CONTEXTO, suscitou questões em relação ao olhar para o brincar como uma prática estética e considerações sobre a percepção de quando o brincar se dá no contexto da criança. Quais as possibilidades de explorarmos o brincar por meio do encontro remoto? O segundo, CORPOREIDADES E LUGAR, trouxe os diferentes territórios: o da casa de cada um, o das telas e o dos encontros. Como adentrar as casas das crianças? Como se dá esse processo de forma respeitosa, em uma troca gentil entre professores e alunos? As relações entre professores e alunos se expande para professores e famílias. Como se dão esses encontros? O terceiro e último eixo foi CONTEXTOS, TECNOLOGIAS E POÉTICAS. Trouxemos à luz reflexões sobre como estamos inse-

ridos na globalização e imersos em um desenvolvimento tecnológico que tem como perspectiva avançar cada vez mais. Como as novas tecnologias favorecem os processos artísticos? Quais possibilidades se abrem neste novo formato? O que é possível compartilhar com o mundo, positivamente, a partir de um compromisso ético/estético/político, considerando o contexto em que estamos inseridos? Para a elaboração do Anuário EMIA 2020, estes três eixos foram desdobrados em temas. Cada proposta está inserida em um dos temas, o que não significa que ela não caiba em outros. Estar em um tema não é um fator determinante, mas uma forma de organização em que cada proposta se destaca – prosseguindo com a metáfora do estado-semente, é uma maneira de distribuir as propostas, assim como sementes que germinam em um local (tema) cuja combinação de terreno e clima oferece condições favoráveis ao seu desenvolvimento.

7


Temas “Brincar” – as formas do brincar trazidas pelos professores: brincar sozinho, inventar brincadeiras, chamar a família para brincar junto. “Corpo, casa e ciberespaço” – a relação entre corpo e espaço se realiza nas propostas artísticas. Relação que pode ser pela casa toda ou dentro do quadrado do aplicativo de videoconferência. Além de trazer a forma com que os professores afetaram as crianças, de tal modo que elas se sentiram desafiadas a estabelecer relações (corpo/espaço/tela) mesmo sozinhas, cada uma em sua casa, ao mesmo tempo acompanhadas pelos outros virtualmente.

8

“Ambiente onírico” – toda a potência de criação das histórias contadas pelas crianças, nascidas de suas imaginações, fantasias e sonhos. “Sonoridades” – a prática pedagógica no ensino dos instrumentos musicais. “Janelas e conexões” – as possibilidades do olhar através da janela e as maneiras de se conectar com os elementos externos. Traçar relações entre o dentro e o fora: ressignificar a ideia da janela como ferramenta para se conectar com o fora, trazer o de fora para dentro, traçar e desmanchar molduras. “Recordação e transformação” – a memória afetiva de cada um e como ela se dá no corpo e nos pensamentos, nesse momento de pandemia em que nos vemos em casa. O que germina desse modo de viver, o que transforma em nós, como ficam as relações? “Criações digitais” – a diversidade das conexões como parte do fazer artístico, desde o encontro pelo modo virtual até o uso de ferramentas das mídias digitais.

“Integração em potência” – a literatura como a quinta linguagem dentro da EMIA, como uma possibilidade potente na integração com as outras linguagens artísticas que estamos acostumados a vivenciar no espaço da escola. “Acontecimentos artísticos” – uma pequena mostra dos eventos das quatro linguagens artísticas, Viradinha Musical, Ocupação de Teatro, Encontro Criança Criando, Exposição Artes Visuais, que acontecem anualmente na escola, e seus desdobramentos em tempo de distanciamento e trabalho remoto. “Ação solidária” – a iniciativa de um grupo de professores, transversal aos processos artístico-pedagógicos e fundamental no acolhimento e apoio para as famílias em tempos de pandemia.

Este livro é um registro do que foi o ano de 2020 na EMIA. Assim como uma semente fecundada, nossa escola brotou em um outro ambiente. Ambiente virtual, desconhecido, mas favorável – com os processos artístico-pedagógicos, com o envolvimento dos educadores, com a disponibilidade das famílias e, principalmente, com a potência transformadora das crianças, razão da EMIA existir. Desejamos que cada leitor desfrute deste livro com a mesma amorosidade com que o produzimos e nele se inspire e respire. Saúde e Paz!

Antonio F. S. Junior Diretor

Renata Facury Assistente Pedagógica


ENCONTROS POSSÍVEIS PRISCILLA VILAS BOAS

A EMIA é uma escola de iniciação artística que tem como alguns de seus princípios a integração de linguagens artísticas e a participação das crianças em seus processos de ensino-aprendizagem. A integração de linguagens se dá por meio da proposição de processos de pesquisa artística situados na fronteira entre saberes artísticos de naturezas diversas. Esse processo de construção de conhecimento em arte acontece pela atuação concomitante de dois ou mais artistas-professores, que elaboram projetos a partir da relação entre seus interesses e saberes e os colocam em diálogo com os saberes e interesses das crianças. A EMIA atende crianças com idades entre 5 e 13 anos e a escola trabalha com as linguagens das artes visuais, da dança, da música e do teatro. Os grupos de crianças com idades entre 5 a 11 anos têm de dois a quatro professores com formações artísticas distintas. Já nos cursos de 11 e 12 anos, os grupos possuem dois professores com formação em mesma linguagem artística. Assim, a integração de linguagens se faz a partir da correlação entre pessoas – adultos e crianças – com seus modos de ser e agir no mundo, seus desejos e interesses. É a fusão entre poéticas individuais diversas que constitui os coletivos de adultos e crianças de cada grupo. Dessa maneira, os professores se propõem a escutar atentamente os interesses das crianças, lançando mão de seus saberes, para instigá-las a encontrarem, por meio da investigação artística, seus próprios interesses artísticos e modos de expressão em diálogo com os outros e o espaço-tempo. A participação das crianças se dá pelo fato de que elas são consideradas pessoas competentes para participar ativamente de seus processos de construção de conhecimentos. A escuta dos modos de ser e de interesses das crianças é praticada como princípio, de modo que todos tenham espaço para desenvolver seus processos de criação artística em diálogo com os outros e o espaço. Isso não significa que todos os desejos são sempre atendidos, mas, sim, que são considerados para as constantes decisões dos caminhos a serem tomados durante o processo. Na semana anterior ao início do trabalho remoto, com o as-

9


10

sombro da pandemia pairando sobre todos, as crianças perguntavam repetidamente: Professores, a EMIA vai suspender as aulas? Naquele momento, nós ainda não tínhamos a resposta, pois o futuro era imprevisível. Assim como ocorreu com as atividades de diversas áreas, a transição dos encontros presenciais para os encontros remotos aconteceu de uma maneira súbita, sem tempo para qualquer preparação. As aulas foram suspensas por resolução da própria prefeitura de São Paulo e a gestão da escola se organizou prontamente para elaborar estratégias com o intuito de manter a continuidade dos processos que haviam sido iniciados há tão pouco tempo, com a esperança e dedicação próprias dos inícios e das semeaduras. Naquele tempo, não sabíamos como essas sementes iriam germinar e quais seriam os cuidados necessários para que a colheita acontecesse, já que esses não eram conhecidos até então. Apenas compreendíamos que eles teriam que ser diferentes daqueles praticados durante quarenta anos. Teríamos que descobrir como cultivar nossas flores, frutos e árvores de um modo diferente do que conhecíamos. Sabíamos que as raízes eram fortes e constituídas pelo encontro entre as crianças, suas famílias, os professores e a gestão. Mas como propor processos de investigação e construção de conhecimentos em arte sem ter a possibilidade do encontro presencial, do contato pela proximidade dos olhos, do calor dos toques e abraços, da ênfase nos estados de presença? Como propor um diálogo estreito com as crianças, tendo as telas como mediadoras e a distância física como desafio? Foi como um susto, mas a única escolha possível era o mergulho no desconhecido. Os receios causados pela imprevisibilidade vieram acompanhados da energia necessária para que tudo pudesse continuar. E então gestão, secretaria e professores começaram a se estruturar para manter a relação com as crianças e suas famílias e encontrar meios para a continuidade dos processos de ensino-aprendizagem. No início não foi fácil. Como todos naquele momento, não sabíamos quanto tempo esta experiência duraria. A ideia inicial da gestão foi de que todos os grupos fariam propostas de vídeo,

áudio ou textos que seriam pontes de diálogo entre professores e crianças. Estas propostas seriam postadas no blog da escola para que todas as crianças tivessem acesso a elas. Para ampliar a abrangência da ação, a gestão e a secretaria da escola se comunicaram com famílias por telefonemas e e-mails. Contudo, mesmo com a dedicação de todos, fomos sentindo falta da interação com as crianças. Em um determinado momento, inaugurou-se a possibilidade de que as crianças pudessem postar suas “respostas artísticas” às proposições encontradas nas postagens dos professores, em uma plataforma chamada Padled. Isso foi considerado um ganho, no que diz respeito ao estreitamento do diálogo. Como forma de ampliar a aproximação com as famílias, os grupos de professores fizeram grupos de whatsapp. Nestes grupos, as famílias enviaram mensagens que continham agradecimentos, reflexões, críticas, sugestões e respostas das próprias crianças. Tais interações nortearam as decisões da gestão e dos professores em relação à manutenção ou revisão das estratégias de atuação. Em determinado momento, ainda no primeiro semestre, muitos grupos sentiram a necessidade do acontecimento dos encontros on-line. Mesmo que o contato tivesse o desafio de ser feito por meio das telas de computadores e celulares, os professores foram buscando formas de propor e desenvolver pesquisas artísticas no modo remoto. Tanto nos encontros on-line quanto nas postagens (vídeos, fotos, áudios, textos), foram muitas as formas encontradas para estabelecer espaços de pesquisa e criação em arte no ambiente virtual. O estabelecimento de processos de pesquisa artística por meio das telas foi um desafio que também suscitou muitas descobertas. Em certas ocasiões, o fato de estarmos cada um em sua casa gerou dificuldades e, em outros, gerou descobertas de formas artísticas muito potentes, que só poderiam acontecer naquela realidade. Em muitos casos, as crianças apresentaram aos professores possibilidades de uso do meio digital que nós ainda não conhecíamos, enquanto os professores, por sua vez, recriavam maneiras de propor experiências artísticas que pudessem suscitar interesse nas crianças por novas formas de criação.


Alguns grupos alternaram os encontros on-line com as postagens, enquanto outros optaram por se dedicar apenas aos encontros on-line. A gestão, que durante o processo esteve o tempo todo em diálogo com professores e famílias, proporcionou que cada grupo de professores escolhesse o procedimento que julgasse mais adequado, tendo como referência as respostas das crianças e das famílias ao trabalho. Seguindo o princípio da participação das crianças, os assuntos tratados tiveram relação com os seus contextos e o momento que estavam vivendo. A casa, que era o lugar em que todos passavam a maior parte do tempo, foi explorada em todos os seus cantos e suas características. As sonoridades, as teatralidades e as corporalidades vividas ali pelas crianças e pelas pessoas com quem conviviam, foram questões muito investigadas. Os sonhos, tanto os que fazem parte do nosso sono quanto os que sonhamos acordados, tiveram bastante espaço durante as propostas. A natureza, com suas formas, cores e sons, foi também muito explorada como assunto das postagens e dos encontros on-line. Durante o processo, lidamos com um fenômeno bastante interessante. As famílias, que no modo presencial apenas tinham relação com o processo no diálogo com as crianças e nas reuniões com os professores, começaram a ter uma participação maior. Afinal, as aulas aconteciam dentro das casas. Muitas vezes, as famílias precisavam intermediar o contato das crianças com as postagens, o que gerou a ampliação da compreensão sobre como acontecem os processos de investigação artística praticados na EMIA.

Sabemos que, mesmo com toda a dedicação, não foi possível alcançar a totalidade dos alunos, pois há questões que fogem ao nosso alcance. Assim como no mundo, as crianças que estudam na EMIA também têm oportunidades distintas. Nem todas conseguiram acompanhar o processo remoto e, aquelas que conseguiram, tiveram graus distintos de interação. Algumas famílias acompanharam mais as postagens, enquanto outras, os encontros on-line. Isso aconteceu devido às suas diferentes dinâmicas de vida e possibilidades de acesso aos bens necessários ao ensino-aprendizagem remoto. Mesmo assim, percebemos um aproveitamento significativo das crianças nesse ano atípico. Pudemos perceber – nos gestos, nas falas e nos modos de interação das crianças e das famílias – que as sementes cultivadas durante esse tempo geraram, sim, flores e frutos. E que, mesmo em meio a alguns espinhos, puderam preencher com beleza e alento a vida de todas as pessoas envolvidas nesse desafio. Aguardamos esperançosos o momento de restabelecer as experiências presenciais com segurança e, enquanto isso, convidamos a todos para conhecerem um pouco da riqueza produzida durante esse período, que teve o diálogo como fonte de potência de germinação das novas formas de viver e participar de processos de construção de conhecimento em arte. Priscilla Vilas Boas Artista-professora da EMIA

11


PARA QUE SERVE A MEMÓRIA? ANDRÉA FRAGA

12

Difícil e de grande responsabilidade escrever um texto acerca da memória... Do que nos esquecemos para chegarmos aqui? Do que vamos nos lembrar daqui a alguns anos? O que nos possibilita saber a respeito do que se passou? O que tornará possível o conhecimento do agora aos que vierem depois? Navego entre macro e micropolíticas, da história universal e nacional à de nossa comunidade EMIA, até mesmo minha própria experiência. Onde habita a memória, além de nossas lembranças individuais? Para que serve? Acredito que a memória de situações vividas, de descobertas e conquistas, assim como de fracassos e tropeços, além de encarnadas em nossos corpos, habitam os objetos e documentos que foram forjados nessas experiências. É justamente aí onde não se tinha o intuito de fabricar memória, mas onde o presente do gesto se fixou, que podemos ler a história que não será necessariamente registrada. Só assim conseguimos entender comportamentos, ações e decisões que definiram o que nos tornamos hoje. No tempo em que estive na direção da EMIA, entre 2014 e 2016, além do presente pulsante que vivia no dia a dia da escola, mergulhei por diversas vezes em outros territórios do tempo, entre porões e alçapões, prateleiras e gavetas, pastas e envelopes, organizados ou agrupados ao acaso, que continham desde chaves de armários que não existiam mais até o convite de inauguração da escola. Para que guardamos essas coisas? O que elas nos dizem dos momentos, situações e pensamentos que causaram sua existência? Essas perguntas me atravessavam a cada vez que me deparava com a questão pragmática de preservar ou descartar algo que já não tinha mais “utilidade”. Mesmo com diferentes níveis de relevância, cada documento em si (um bilhete, uma circular, uma ata ou relatório) revelava um pouco do que se vivia e via em diversos momentos: as relações de poder internas e externas; as gestões tanto de direção quanto de Secretaria e Prefeitura, mais democráticas ou mais autoritárias; as vozes das crianças ecoando mais fortemente ou cochichando entre linhas de pensamento explícitas ou subentendidas nos relatórios escritos; o circunstancial e o fundamental, tudo misturado.

Essa experiência me fez navegar na identidade flutuante da EMIA, ora na sua forma de existir presente, buscando com a equipe elencar princípios que nos definissem, ora em mergulhos em documentações que indicavam a construção do que somos já desde muito tempo. Percebia, no entanto, que o cruzamento desses eixos, diacrônico e sincrônico, nem sempre fazia sentido para quem não tinha conhecimento de situações ou acontecimentos passados. Aliás, também só posso dizer isso com o olhar distanciado do tempo para aquela experiência, que me parecia angustiante no momento, mas que agora consigo compreender com mais clareza. Vejo que havia uma necessidade de juntar as peças para que aquele mapa fizesse sentido, na tentativa de definir a memória para além do saudosismo, como processo constituinte do nosso modo de ser artístico, educacional e institucional. Compreender melhor não só quem somos, mas como escolhemos existir. A comemoração de seus 35 anos nos fez empreender uma série de ações que nos levaram a olhar para a história da EMIA e nos reconhecermos como parte dela. Entre Encontro de ex-professores, Festival de ex-alunos, exposição e o livro “EMIA: escola de arte, casa de crianças”, vivemos um processo intenso de reflexão, criação artística e construção de identidade. Foram acontecimentos e encontros que nos moveram como forças centrípeta e centrífuga, ao mesmo tempo para dentro, no sentido de um autoconhecimento como escola, e para fora, com a difusão de nossas práticas. A materialização do livro e da exposição fizeram com que muita documentação fosse levantada e também produzida para esse fim. Todo o acervo de fotografias foi digitalizado, assim como cartazes, programas e reportagens em jornais. Além disso, uma diversidade imensa de documentos foi organizada: atas de reunião, relatórios de processos artístico-pedagógicos, escritos sobre a organização “curricular” e pedagógica da escola, registros produzidos por professores, trabalhos de crianças de diversas épocas, memorandos, entrevistas, partituras e textos dramatúrgicos escritos por artistas-professores, “livros do ano” (documentos artísticos produzidos por professores e direção), convites e programas de apresentações, vídeos e filmes, docu-


mentos relativos à situação funcional dos professores, proposta da EMIA nos CEUs e criação do PIÁ, entre outros. Muito da história da cidade de São Paulo e de suas políticas públicas de cultura pode ser encontrado nesses materiais, além da trajetória de uma escola única como a EMIA, em constante reinvenção e que tem inspirado tantos outros projetos. O desenvolvimento de um modo de fazer e pensar arte, infância e educação, pode ser acompanhado nesses documentos – inúmeros caminhos de pesquisa revelados por essa vastidão de memória. Porém a variedade e quantidade de material que existe precisa ser organizada e catalogada de forma a se tornar acessível ao público. Quando deixei a direção, já estava em andamento o processo que viabilizaria a reforma e restauração da Casa 1, cujo projeto previa um espaço para abrigar o Centro de Memória da EMIA.1 Uma proposta como essa necessita de espaço com mobiliário adequado e a organização por parte de profissionais especializados, como arquivistas, historiadores e técnicos em conservação e restauro. Felizmente a casa já está pronta, os materiais guardados e o diagnóstico de todo o acervo encaminhado para a realização do projeto, que acredito ser de suma importância para a escola, assim como para a cidade. Preservar e tornar acessível esse material é uma maneira de expandir a EMIA. Nesse sentido, os movimentos para dentro e para fora devem acontecer simultaneamente e de forma complementar, identificando singularidades e espalhando possibilidades. As relações entre passado e futuro acontecem no presente como no gesto do crochê, em que o ponto seguinte se faz a partir da laçada que se engancha nos pontos anteriores e prossegue, tecendo a linha do tempo. Ambos os eixos – para fora e para dentro, para trás e para frente – são forças que atravessam a nossa experiência de existir, nos mantendo vivos e vibrantes. Num antigo texto a respeito do conceito de nação, o historiador francês Ernest Renan 2, depois de desfazer as noções de território, língua, etnia e religião como fundamentos de uma nação, diz que o que define de fato um povo é uma história em

comum (de lembranças e esquecimentos), um desejo de permanecer juntos (um plebiscito diário) e, com isso, uma perspectiva de futuro. A memória da EMIA nos constitui, nos localiza no tempo/ espaço, nos dá indícios de quem somos e para onde queremos ir. Assim, numa analogia entre nação/povo e escola, acreditando que a EMIA somos nós, penso que mantermos nossa memória acesa é também construirmos juntos uma possibilidade de futuro, na medida em que escolhemos o que dela manter, descartar, retomar, renovar, atualizar, lembrar, esquecer, nunca mais repetir... Andréa Fraga Artista-Professora de Dança Ex-diretora EMIA

13 1 “[...] os centros de memória são acervos híbridos que resguardam, por meio de materiais e suportes variados – caracterizando-se na literatura especializada como um misto de arquivo, biblioteca e museu –, a trajetória das instituições e de seus atores, com finalidades que variam conforme sua inserção e real importância perante o conjunto orgânico de suas respectivas matrizes.” – Centros de memória: uma proposta de definição, Ana Maria Camargo e Silvana Goulart. 2 RENAN, Ernest. What’s a nation. Palestra proferida em Paris, em 1882. Disponível em: http://ucparis.fr/files/9313/6549/9943/What_is_a_Nation.pdf.

Este texto foi escrito em 2018 pela artista-professora Andréa Fraga, refletindo sobre a importância da manutenção da memória por meio da construção de um espaço para o acervo histórico da EMIA. Considerando-se que este Anuário é a memória de 2020, e pensando que a EMIA tem como proposta criar um Centro de Documentação e Memória junto à Supervisão de Formação Cultural da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, compartilhamos este texto inspirador, nos lembrando o quão importante é a preservação de memórias advindas de processos artísticos tão significativos, potentes e poéticos.


01

BRINCAR


Caixa cênica construída com as crianças

BRINCADEIRAS E ARTE

Artistas-professoras: BETH CASTRO e DEISE DE BRITO Turma: 6 anos

Quais as relações entre brincadeira e arte? Numa tentativa arriscada de responder a essa pergunta, a sugestão foi propor vivências e experiências atravessadas por matrizes e motrizes que abordassem a memória, o pertencimento e o brincar. Acreditamos que o brincar é o alimento da vida inteira, mas, na infância, ele é fundamental, pois estimula o processo das descobertas. É um direito da criança brincar e construir espaços de imaginação, mas para que isso aconteça é preciso compreender a criança como protagonista de suas criações. O lúdico vem surgindo na liberdade das experimentações. Quando a criança constrói suas brincadeiras e brinquedos, ela encontra o sentido do humano. Não sabemos explicar em palavras o que seria esse gesto. Foi na construção da atividade Caixa Cênica que as crianças imaginaram, com suas famílias, possibilidades de brincar dentro de casa diante de uma pandemia. Propusemos às famílias que fizessem, junto com as crianças, suas caixas de imaginações.

A construção da atividade uniu os universos das crianças e dos adultos, mas todos partiram do mesmo lugar: a imaginação. Com ela, a vivência permitiu algumas experiências e sentimentos, e os materiais deram a concretude da construção, permitindo que sentissem texturas, cores, tamanhos, entre outros. Dentro da caixa feita com afetividade, brotaram os brinquedos: petecas, amarelinhas, cinco pedrinhas e um teatro de sombras, onde demos sons e narrativas para as sombras imagéticas das histórias. Era chegada a hora de serem linhas que se movimentavam, dando vida a uma nova corporeidade, vinda da movimentação do ato de brincar. Assim como as brincadeiras são de culturas diferentes, os corpos também criam expressões diversas – começa um diálogo entre brinquedo, brincadeira e arte, a interação com o outro abre novas janelas. Viajamos em outros tempos. Os tempos dos avós, das cantigas de roda, do vento que traz sonoridades... e os mundos vão ficando cada vez mais próximos, as memórias contadas e vividas vão tomando conta das atividades e, juntos, brincamos.

15


BRINCART 16

Artistas-professores: MARCOS VENCESLAU, MARISTELA LOUREIRO, ROSA COMPORTE, THIAGO ARRUDA Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Com o isolamento social, devido à pandemia, começamos com uma atividade de experimentação corporal em diferentes partes, na qual a criança escolhe o que vai mostrar em uma estrutura cênica. Essa atividade foi chamada de “BrincArte em Casa” – um leque de possibilidades: montar uma empanada; criar personagens e histórias; pensar um roteiro considerando a parte sonora e visual da narrativa que culminou em uma história em quadrinhos com onomatopeias. A criação de personagens se deu de diferentes formas: em desenhos no papel, com recortes, brinquedos e bonecos de meia.

Propusemos uma experiência corporal associada aos espaços da casa de cada criança e afunilamos as possibilidades de expressão até chegarmos nas minúcias e delicadezas que as mãos e a tela/plataformas digitais nos possibilitaram. Surge assim o projeto “Janela das Mãos” – experimentações dos elementos virtuais, percebendo as alternativas corporais, as mãos de cada um nas telas do computador ou celular, “um universo em um quadrado”. Dessa forma, com os processos criativos desenvolvidos, participamos da Ocupação de Teatro e do Encontro Criança Criando Dança, que aconteceram virtualmente.


MEMÓRIAS E ARMENGUES

Artistas-professores: GISELLE RAMOS e TELMO ROCHA Turmas: 5 e 6 anos

Assim que soubemos que teríamos que nos comunicar com as crianças de modo remoto, começamos a refletir… Como fazer postagens que pudessem dialogar com as crianças a distância? O que elas teriam disponível em suas casas para nossas propostas? Como retomar o encanto? Lembramos a magia dos encontros presenciais na EMIA no início do ano e que tínhamos conversado com as crianças sobre “armengues” – o que é transformado, feito de improviso. Tivemos a ideia de explorar sucatas e objetos, propondo uma pesquisa sonora, e estimulamos, com esse material, a construção de um “boneco armengue”.

Nossa comunicação nas postagens possibilitou a construção do boneco pelas crianças, que puderam brincar e dançar com ele em suas casas e no nosso primeiro encontro on-line! Pelo blog, restabelecemos nossos contatos, levando para dentro de cada casa um pouco da memória da EMIA.

17


Vovô, Vovó, vamos brincar Quintal dos Avós

QUINTAIS DOS AVÓS 18

Artistas-professores: ODINO PIZZINGRILLI, ANTONIO CORREA (TONINHO) Turma: 6 anos

Agosto de 2020, final de recesso, a turma está chegando, vamos conversando sobre o que tem em casa: – Jorge, a planta atrás de você é de verdade ou pintada na parede? – É colada. – Luigi, a planta atrás de você é de verdade ou pintada na parede? – É planta viva. Nesse momento, Luigi pegou o bichinho de pelúcia que estava no sofá, outras crianças também foram pegando seus bichinhos de pelúcia, para mostrar e contar suas estórias. Fomos parar no quintal com a estória do tatu-bola. Iniciamos nesse exato momento o processo identitário antropofágico cultural que, a partir de seus nomes e do desenho da árvore genealógica (que faria parte do quintal), trouxe todo o significado da árvore – na representação gráfica e simbólica do histórico das ligações familiares de um indivíduo, na formação como ser humano e na formação de cidadania, com raiz, caule, galhos,

flores e frutos, elementos fundamentais da sustentação física e emocional. Na sequência, buscamos a cumplicidade dos pais, para potencializar o caminho do pertencer; veio à tona o desejo de ouvirmos dos avós depoimentos quanto ao brincar na infância. “Saber dos avós como era o quintal da casa deles, onde, como e com quem brincavam” – a partir dessas questões, seguimos o caminho de construção de cena e de elementos para que fôssemos criando a narrativa do coletivo e compartilhando ideias, processos do fazer e a janela virtual (os depoimentos dos avós foram compartilhados com todas as famílias). Propusemos a confecção de um desenho dos quintais dos avós e de uma maquete, o que envolveu toda a família. Cada criança respondeu a perguntas sobre a maquete: com quem fez, o que tinha no quintal, que materiais utilizou? Iniciamos a confecção de bonecos (avós e netos), que estão brincando, juntos, nesse quintal.


Atividade 08, dia 12/06/2020 Zás Trás desenhação-fotoação-publicação

Atividade 20, dia 09/10/2020 Invencionática filtros de enigma

RECEITAS DE BRINCADEIRAS

Artistas-professores: ODINO PIZZINGRILLI, MERI ANGÉLICA, BÁRBARA SCHIL, LUCIANA GABRIEL Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Quisemos dar continuidade a um processo iniciado com a turma do quarteto no ano passado. Então pensamos nas crianças trocando receitas de brincadeiras entre elas. A inspiração para este momento de quarentena veio da lembrança dos encontros com as famílias de alunos, em que elas traziam algum quitute tradicional de sua casa para compartilhar, resgatando histórias familiares... E veio também do documentário Imaginary Feasts, de Anne Georget, que apresenta a situação de mulheres prisioneiras em campos de concentração que, ao se reunirem secretamente para trocar receitas culinárias, resgatam memórias afetivas de sua infância e, assim, se mantêm vivas. A ideia era a de transpor o universo das receitas culinárias (sabores, texturas, ocasiões, ingredientes, modos de fazer, modos de servir) para as regras das brincadeiras; uma tentativa de conduzir a memória da experiência do brincar em grupo, das brincadeiras já vividas, reconstituindo-as imaginativamente da forma mais concreta possível.

Propusemos então “receitas de brincadeiras”, em que as crianças inventariam modos de brincar umas com as outras, considerando a nova conjuntura. A intenção era buscar contato, interação entre os pares (criança/criança, adulto/adulto) para além dos limites de nossas casas. Nesse processo, nós, professores, também nos colocamos em jogo e lançamos proposições lúdicas uns para os outros, o que gerou uma forte interação. Os limites das nossas moradias transformaram-se em áreas de jogo: a provocação estava em fazer o computador ou o celular servirem às vontades que surgiam no ato de jogar. E encontramos diversão na dureza do isolamento social.

19


02 CORPO, CASA E CIBERESPAÇO


A DANÇA NAS ARTES VISUAIS / AS ARTES VISUAIS NA DANÇA — EXPLORANDO NOSSA CASA PELA JANELA VIRTUAL Artistas-professores: MÁRCIA MADDALONI e MARCOS VENCESLAU Turma: 7 anos

Desde o começo, nas postagens no blog, a ideia foi a de criar atividades em que os alunos explorassem a sua casa, interagissem com móveis, objetos e brinquedos, aproveitando para transformá-los em dança, em desenho ou em objetos dançantes. Com poucas adesões nas atividades e contato direto com os alunos, partimos para os encontros on-line, trazendo-os para as aulas e animando as atividades com nosso contato direto. No início houve um estranhamento com as possibilidades das aulas virtuais – uma janela restrita, a tela. Todos falando ao mesmo tempo, pois o tempo virtual é sem pausas e estimula a ansiedade de narrativas atropeladas. Nós fomos aprendendo com as tais persistência e paciência. O processo nos revelou uma surpresa e um potencial da turma em acompanhar e transformar aquilo que era muito forte nas ações presenciais em um lugar afetivo dentro do mundo virtual. Famílias e alunos embarcaram em nossas aulas e esta-

belecemos um diálogo próximo em cada atividade desenvolvida, criando uma nova forma de interagir e criar. A presença dos pais no grupo do WhatsApp foi fundamental para o diálogo, para a troca de desejos, de informações, angústias e realizações. Lá, descobrimos o que as crianças estavam realizando para além dos nossos encontros. As atividades, a princípio, deram sequência ao desenvolvido proposto no primeiro semestre, trazendo o que elas possuíam em casa e aproveitando para que desenvolvessem histórias e ações criativas. Os desejos das crianças também permearam outras atividades – como as dobraduras, assim como as propostas dos eventos da programação da EMIA, como Ocupação de Teatro e Criança Criando Dança – tornando a linguagem on-line mais próxima e eclética para alunos e professores em diferentes temas, de acordo com a dinâmica desejada, criada e desenvolvida em nossa interação como um grupo.

21


CONVERSAS COM O VENTO 22

Artistas-professores: DOUGLAS FROEMMING, LÍGIA BORGES, PRISCILLA VILAS BOAS e SHEILA ORTEGA Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Esse foi o primeiro vídeo feito durante o trabalho remoto e teve como objetivo convidar as crianças para a continuidade do processo que havia sido iniciado de maneira presencial e que, a partir dali, aconteceria de modo virtual. O vídeo “Conversas com o vento” buscou incentivar as crianças a olharem de maneira sensível para seus cotidianos no período de isolamento e para suas relações com o espaço e com os outros. As possibilidades encontradas por cada um dos professores para dialogar com o assunto foram como um convite para que as crianças experimentassem suas próprias maneiras de ventar novas formas de olhar para a vida, o que havia se modificado de maneira abrupta naquele momento.


EXPEDIÇÕES PELA CASA MUNDO

Artistas-professoras: ANDRÉA FRAGA e JOANA SALLES Turma: 5 e 6 anos

Nosso grande desafio, no início do trabalho remoto, era o de transferir de algum modo a experiência que tínhamos com as crianças na EMIA para essa situação de propostas sem o encontro presencial como condição primeira. Para evidenciar o vínculo com as crianças, resolvemos pegar o gancho dedos nossos últimos encontros presenciais com elas. Uma das ações que realizávamos com frequência era a que chamávamos de “expedições pelo parque”. O grito de partida Peguem seus binóculos! significava toda a preparação imaginativa para uma aventura de descobertas. Como iríamos? A cavalo? Num dragão ou num unicórnio? Precisaríamos de binóculos, lunetas ou máquinas fotográficas para pesquisar e registrar, caixas ou trouxas para guardar nossas descobertas. Alguns pegavam capas, chapéus, pás e espadas. Levaríamos lanche? Toalha para o piquenique?

Durante muitas aulas habitamos o parque, ocupando lugares pouco habituais, escolhidos e reinventados pelas crianças, com direito a casa de bruxa, caverna de lobo e florestas selvagens. Fazíamos escavações, esculturas, costuras, desenhos no chão, no ar, entre as árvores. Esta série de postagens, que chamamos de “Expedições pela casa mundo”, dentro da proposta geral de “cantos & coisas”, é uma tentativa de tradução dessa experiência na casa de cada um(a), propondo descobrir seus espaços ocultos, recolher coisas desimportantes (como diz Manoel de Barros) e enxergar por lentes que a transformassem. Durante esse período, tivemos alguns retornos das famílias; um deles, muito tocante. Miguel, de cinco anos, tinha perdido o avô, de covid-19, e sua mãe nos contou que, quando ele viu a avó chorando, ofereceu a ela sua garrafa azul (a lente que tinha escolhido para ver diferente) para que ela visse o mundo mais bonito, ou simplesmente de outra forma. Ela nos agradeceu imensamente, dizendo o quanto a EMIA, mesmo remotamente, vinha tornando sua casa um lugar mais prazeroso de viver.

23


MATERIALIDADES QUASE INVISÍVEIS 24

Artistas-professores: LUCAS LOPES e SHEILA ORTEGA Turma: 11 e 12 anos

– linha orgânica – sombra – água – gelo – o acaso – vapor – vídeos – desenhos coletivos – experimentar o vazio – materialidades diversas – o campo expandido – superfícies – texturas – projeção – a luz como material plástico – observação do espaço – a forma das coisas – a temperatura da luz – processos criativos audiovisuais – investigacões acerca da paisagem

Qual a forma da água? Qual o desenho da sombra? Como registrar o vapor? Quais os desenhos que podem surgir do invisível? Como a casa e o cotidiano podem se transformar em suporte para experimentações artísticas? Em nosso trajeto virtual, desenhamos, junto às crianças, um caminho quase invisível para ser percorrido – descobrindo, pesquisando e explorando pelo universo doméstico o desenho em seu campo expandido. Na finalização do semestre, por meio de encontros virtuais, estamos na produção de desenhos colaborativos. O mundo está em rede, estamos também construindo a nossa; às vezes com água, às vezes com pixel. Sempre às segundas-feiras à tarde.da angústia e do desespero de viver a cruel realidade deste ano. Mais do que nunca repito: a Arte salva!!! “ – Ana Maria Galluzzi.


TRILHAS E TESOUROS

Artistas-professores: DEISE DE BRITO e LÍGIA BORGES Turma: 5 e 6 anos

Quando iniciamos o processo presencialmente, tínhamos o tema “Jogo, rito, festa” como proposta de entrelaçar essas instâncias no nosso processo com as crianças. Almejávamos, assim, valorizar o encantamento enquanto trilha pedagógica em comunhão com as infâncias. As celebrações representaram um caminho fértil para isso, tanto presencialmente como nas primeiras postagens. Em um contexto de isolamento social, caçamos possibilidades de celebrar a vida, as memórias, as sonoridades, sempre amparadas pela imaginação dramática e a fantasia.

No segundo semestre (a partir da aula 12), valorizando a corporalidade e o seu despertar, temperamos nossa vivência com imagens ligadas às trilhas, acampamentos, tendas, tesouros possíveis, buscando manter viva a celebração no nosso encontro.

25


03

AMBIENTE ONÍRICO


COMO SE TORNAR UM MAGO AO ACASO?

Artistas-professores: BARBARA SCHIL e ADRIANO CASTELO BRANCO Turma: 8 anos

Este processo surgiu das crianças nos falando insistentemente sobre Harry Potter. A partir disso, pensamos em como recriar esse assunto, como desconstruir esse personagem e trazê-lo de maneira mais abrangente e inventiva. Precisávamos de um oráculo. Algo secular. Algo magnífico! Algo brincado! E eis que surgiu a famosa dobradura “come-come”. Sendo este brinquedo uma fórmula de escolha, um jogo de sorte, o utilizamos como suporte para a construção do universo desse personagem. Criamos um conjunto de cinco dobraduras, que nos levou ao encontro de como descobrir as palavras mágicas, como entoá-las, como encontrar o objeto de poder, como construir a sua vestimenta e, por último, os feitiços, poderes e magias do personagem.

A dobradura para encontrar a palavra mágica consistiu em colher palavras escritas ao redor, em eletrodomésticos, livros, produtos, camisetas etc. Depois, escolher partes dessas palavras, por exemplo: de Electrolux, “lectro” ou “lux”. Como o brinquedo “come-come” é dividido em oito partes, foi preciso encontrar oito fragmentos de palavras. Já a dobradura para descobrir o modo de entoar a palavra mágica foi composta por jeitos de falar: sussurrando, gritando, repetindo dez vezes, baixo, andando, falando com os braços para o alto, girando e derretendo. Ao passar pelo oráculo das Cinco Dobraduras Come-Come, cada criança se converteu em um mago ou bruxa, conduzida sabiamente pelas escolhas das cores e dos números da sorte! Procurar pelos vídeos: “O oráculo inventor de palavras mágicas” e “Como se tornar um mago por acaso / capítulo 3”, na página indicada pelo código QR acima.

27


CORPO-COBRA-PELE-ROUPA – O CRESCIMENTO DA TITANOBOA 28

Artistas-professores: ANDRÉA FRAGA e ADRIANO CASTELO BRANCO Turma: 7 anos

Nosso último encontro presencial na EMIA foi em um dia quente, em que ficamos um longo tempo no parque... Em nosso passeio, procurando folhas para uma cabana, depois de uma busca arqueológica por objetos abandonados, um menino nos apresentou a Titanoboa – uma cobra gigante que existiu na Amazônia pré-histórica – e imaginamos que ela poderia estar escondida ali. Como tinha sido nossa aula mais feliz até então, decidimos embarcar nessa história em nossas postagens iniciais, com o intuito de manter o vínculo com as crianças. Foram cinco postagens encadeadas sobre o assunto. Contamos a história dessa

serpente; fizemos com partes do corpo e com ele todo uma narrativa circular inventada; experimentamos o crescimento réptil com trocas de pele, desvestindo camadas de roupas pelo movimento do corpo, comparando com o crescimento das crianças e com as roupas que não cabiam mais; desenhando e recortando, criamos filhotes de Titanoboa; e, por fim, numa reportagem imaginada, descobrimos exemplares de Titanoboa disfarçados de objetos da casa, como cintos, colares, cabos de computador e carregadores de celular! Buscamos trazer para dentro da casa, com seus espaços e objetos, uma experiência de imaginação e concretude; ver e vivenciar o que não estava ali no que ali estava.


CRIANDO SERES EXTRAORDINÁRIOS

Artistas-professores: BARBARA SCHIL e DANIEL FREITAS Turma: 5 e 6 anos

O trabalho com estas turmas foi alternado entre encontros on-line e postagens no blog da EMIA. Estamos em casa. De quais materiais podemos lançar mão? O que tem à nossa volta? Ah, temos pregadores de roupa... que em nossas mãos viraram um brinquedo de montar! Formas diferentes começaram a surgir... e esse processo nos levou à criação dos seres extraordinários. O que são seres extraordinários? Quais mundos eles habitam? Será que estão ao nosso redor? Ou dentro de nós mesmos? Cada um criou livremente seres extraordinários para habitarem os nossos mundos!

29


E A GENTE FAZ UM PAÍS 30

Artistas-professores: SHEILA ORTEGA, ANTONIO CORREA (Toninho) Turma: 8 anos

Em determinado momento, decidimos assumir a plataforma digital como outro lugar, um lugar inventado, um país, único e particular. A ideia surgiu pela intervenção de um aluno, ao mostrar seu globo terrestre de brinquedo durante uma aula. As ideias foram evoluindo e levamos a proposta para as crianças, que ficaram empolgadas com a possibilidade da criação de um “país virtual”. Começamos a desenvolver uma cartografia, criada a partir de perguntas: “O que tem um país? Como é sua geografia? A natureza? O modelo político? Os costumes e a cultura?”. A primeira tarefa foi descobrirmos o nome de nosso país; sempre de forma democrática, escolheu-se NOBURUYU. Na sequência, passamos à criação de sua bandeira; um trabalho coletivo, apesar de desenvolvido por meio de plataformas digitais. Todas as crianças participantes foram contempladas durante as atividades. Por fim, definiu-se o hino, proposto e coordenado pela estagiária da UNESP Juliana Siqueira, que durante todo o processo foi uma

pessoa propositiva e afetuosa, ganhando a simpatia dos alunos. Visitamos vários países fictícios: Themyscera, a ilha da Mulher Maravilha; Wakanda, país do Pantera Negra; Atlântida, cidade submersa de onde veio o Aquaman, e vários planetas de Star Wars. Dessas visitas, surgiu o desejo de criarmos trajes típicos de nosso país e de fazermos um desfile virtual (foto). Mas onde fica NOBURUYU, lugar onde todas e todos são bem-vindos? O melhor lugar para se estar. Lugar de igualdades. Este é NOBURUYU. Oficialmente: República Imaginativa de Noburuyo. É considerado o melhor lugar do mundo para se viver; lá, com muita responsabilidade, tudo se pode. Todas as pessoas possuem casa, comida, respeito mútuo e são felizes. Sua principal festa é o Dia do Tirim (“abacaxi” em nobuyês). Acontece toda sexta-feira, dia 6. População: 12 pessoas; na maioria, crianças. Regime político: participativo. Bandeira: (disponível pelo QR-Code, junto ao hino criado, interpretado pelas crianças da turma).


O PIANISTA MISTERIOSO

Artistas-professoras: LUCIANA GABRIEL e MARISTELA LOUREIRO Turma: 8 anos

“Por que em todas as salas da EMIA tem um piano?” – depois dessa pergunta, a turma de oito anos nunca mais foi a mesma. “Se na EMIA tem aula de outros instrumentos, por que será que só tem o piano na sala? Será que tem um pianista misterioso morando na EMIA? Ou será que ele mora num outro lugar e usa uma passagem secreta para visitar a escola em momentos de silêncio?” Assim iniciamos o ano de 2020! Tais indagações fizeram parte da nossa história criativa e o assunto, ou o mistério, nos acompanha até os dias de hoje.

Acreditem ou não, a existência do Pianista Misterioso alcançou materialidades fantásticas ao longo do processo. Ganhamos um bilhete, fizemos outros; imaginamos retratos para além da máscara, colhemos pistas de uma aparição na escola; e desejamos, com toda nossa força criativa, um encontro. O maior presente foi receber sua visita em uma aula on-line, ouvi-lo tocar para nós! Em meio às perguntas e muito entusiasmo, descobrimos que sua morada é o telhado da EMIA. Tal descoberta continuou a nos instigar mais e mais! Os eventos da escola tornaram-se “palco” dos nossos encontros com o pianista! O nosso mistério continua a todo vapor!

31


OS PAPAEMIA 32

Artistas-professores: WANDO PIRAS e THIAGO ARRUDA LEITE Turma: 7 anos

Partindo de histórias ancestrais, contos africanos, folguedos brasileiros, nós e a turma de 7 anos chegamos aos Papangus – figuras mascaradas e fantasiadas que desde o início do século passado, na cidade de Bezerros, saem pelas ruas na época do carnaval, passando de casa em casa, procurando angu para comer, sem ser reconhecidos. Tendo este folguedo como disparador, apresentamos algumas perguntas: O que eles comem? Como se deslocam? Como se comunicam? Quais são seus trajes?

Passamos então a oferecer diversas atividades por videoconferência, que contribuíram para que cada criança conseguisse pesquisar e encontrar sua maneira para construir e criar seus papangus. Suas famílias foram fundamentais, fortalecendo e apoiando esses seres que surgiram com prazer e expressividade. Nasceram Papabanana, Papauva, Papacafé, Papalate, Papaguincho, Papamaça, Papacate, Papapapel, Papachoco e Papalacha. Agora esta turma se prepara para viajar pelo mundo e já está desenhando seus caminhos, dizem que já chegou a Marte e se prepara para outras dimensões.


SONHOS, SONS E IMAGENS

Artistas-professoras: ANDRÉA FRAGA, FLÁVIA FERRAZ, SIMONE LIMA e VIVIANE GODOY Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Nosso planejamento para o segundo semestre estava ligado aos sonhos… sonhos sonhados nesse tempo de pandemia, sonhos inventados e sonhos no sentido de desejo. Juntar, compartilhar e trocar sonhos, dar nome aos sonhos. Intercalamos postagens e encontros on-line. Num primeiro encontro, narramos um sonho imaginado ao som do piano, enquanto as crianças se moviam em seus espaços como se estivessem dentro desse sonho. No encontro seguinte, a partir da postagem que propunha relatar sonhos sonhados, cada criança contou um sonho seu e criou um desenho de seu sonho em folha de sulfite; enquanto desenhavam, conversamos sobre os sonhos que sonhamos dormindo e também aqueles que sonhamos acordados. Diferentes sonhos foram relatados: cair num buraco dentro da lua; andar na rua e não ver pessoas com máscaras; ser picado por uma cobra; ter a família inteira engolida por um tubarão e a barriga

dele ser o próprio quarto; ver uma explosão no mundo; não conseguir sair da cama pois o corpo está colado nela, entre outros. Na postagem seguinte, foi pedido que criassem uma música para seus desenhos, tendo como inspiração uma imagem e uma música criadas por nós. Dessa proposta foi feito um vídeo, apresentado na “Viradinha Musical” em setembro, em que se encadeavam os desenhos e seus sons. Na continuidade do processo, pudemos explorar o sonho de cada um, por meio de narrações e escutas, assim como de improvisações corporais e encenações. Como tínhamos resolvido adotar, como rotina nos encontros, alguns procedimentos que levassem todos a uma ação comum, antes das improvisações fazíamos uma sequência simples de movimentos com o tronco e os braços, que remetiam ao nascer do sol e a um mergulho na noite. A partir daí, cada um movimentava-se livremente, imaginando-se mergulhado no próprio sonho. Dessas experiências, surgiram cenas de cada um vivendo o sonho narrado pelo outro.

33


04 SONORIDADES


AMPLIANDO A ESCUTA

Artistas-professores: CELSO AMÂNCIO e SAMUEL LOPES Turma: Optativo / Cordas Coletivas

Neste dia, iniciamos com uma atividade de escuta, propondo que as crianças anotassem os sons que percebessem no ambiente em que se encontravam, durante o tempo de um minuto. Obtivemos relatos de sons como os de carros, pássaros, ônibus e marteladas. O aluno Guilherme fez, espontaneamente, uma partitura do ambiente, com anotações em forma de linhas que se alteravam de acordo com o volume e intensidade dos sons. Iniciamos questionamentos sobre o que é o silêncio e se ele realmente existe, falando da experiência de John Cage com a câmara anecoica, onde o isolamento acústico é tão eficiente que ele chegou a escutar o som da própria corrente sanguínea e do sistema nervoso, concluindo que o silêncio absoluto não existe. Como desdobramento, Samuel fez, ao violoncelo, uma performance da obra

4’33’’, mas em uma versão reduzida, que chamou de “33’’. A seguir, mostramos outras versões no YouTube dessa mesma peça e refizemos a atividade de escuta, incorporando a iniciativa do Guilherme, e todos criaram uma partitura de suas paisagens sonoras. As atividades musicais em modo remoto são sempre um desafio, pois os nossos sons nem sempre chegam nítidos, muitas vezes com falhas e atrasos da conexão. Assim, este encontro foi marcante pelo modo que conceitos e experiências da música contemporânea, e até mesmo um olhar filosófico sobre a música, embasado em John Cage e Murray Schafer, possibilitaram atividades em que a conexão não foi um empecilho, posto que o foco da escuta e da atenção estava nos sons reais que as crianças experienciavam em seus próprios ambientes.

35


A POESIA ME INTERESSA

36

Coral das Famílias EMIA – 2020 | Artistas-professoras: ROSANA BERGAMASCO e VIVIANE GODOY Participantes: NAIME ANDRÉA DA SILVA, ESTELA MARIS FRAZÃO SALA, KARINE HAMA OMOTO, CELIA DA SILVA, ANA LÚCIA FALCÃO BARROS, NAIGE NAARA DOS REIS GONÇALVES, LOURDES APARECIDA D’URSO, BRUNA D’URSO DE OLIVEIRA, GEORGINA MORETZ-SOHN, VALÉRIA GERARDI ERHARDT, NIVIA APARECIDA GONÇALVES MASUTTI, NOEDSON MARTINS DE ALMEIDA, MARIA RITA PETTORUTI AUADA, GABRIELA IVO DE MEDEIROS MATSUNO, TAÍS HELENA KNEIPP DOS SANTOS

O coral das famílias EMIA é totalmente movido pelo afeto! É um grupo que acolhe, abraça, compreende, estimula, canta, cozinha e come junto. Ligados pelo desejo em comum: a expressão através da arte, percorremos as propostas e o desafio com alegria e disposição. No ano de 2019 criamos coletivamente a canção “A poesia me interessa” transcrita e arranjada pela Rosana. Essa proposta repercutiu muito no grupo e nos trabalhos posteriores, por isso, durante o período de ensino remoto propusemos a elaboração de um clipe dessa música. Contamos com a edição do Noedson de Almeida (integrante do coral) para edição deste vídeo. “A alegria do convívio, as emoções compartilhadas são momentos inesquecíveis, que marcaram nossas vidas. Nossas vozes em uníssono compondo as mais belas canções, Coral EMIA transformando nossa história.” — Estela Frazão

“É na comunhão de vozes e no encontro com coral das famílias da EMIA que recebo os valores mais ricos e tão necessários nesses tempos duros que vivemos: a amizade, a união, o amor pela música, arte e cultura brasileira.” — Naime Silva “O coral das famílias é acalento para a alma, nos nossos encontros mesmo a distância, nos descobrimos, é desafiador e ao mesmo tempo acolhedor.” — Célia Silva “A arte salva!!! Foi relamente incrivel vivenciar o processo deste grupo (coral) neste ano marcado por uma realidade tão dura e tão estranha. E tudo online! A dedicação e o cuidado que Vivi e Rosana tiveram levaram com cada um, com o grupo e com o trabalho nos levaram à experiências totalmente novas e desconhecidas. E não é que deu certo? Ensaiamos, cantamos, bordamos, fizemos pães, gravamos, nos emocionamos e até criamos mais uma canção! Encontramos acolhimento e estímula para continuar. Tenho plena consciência que este trabalho nos salvou, nos curou da tristeza, da angústia e do desespero de viver a cruel realidade deste ano. Mais do que nunca repito: a Arte salva!!!” — Ana Marila Galuzzi


COMO INICIAR O ESTUDO DE PIANO DE FORMA REMOTA E SEM INSTRUMENTO? Artista-professora: MARILI MACRUZ | Turma: Optativo / Piano

Quando o período de distanciamento social chegou, Lourenço não tinha instrumento e Arthur estava fora de São Paulo, também sem instrumento. Os dois garotos tinham feito apenas duas aulas presenciais de piano em dupla, na EMIA. Com uma prática extensa no ensino de música e de instrumento, não tive dúvida: lancei mão de uma proposta que previa alguns desdobramentos e, possivelmente, me daria pistas para o encaminhamento do processo já iniciado. Enviei aos responsáveis pelas crianças, via WhatsApp, uma proposição que aludia à exploração do mecanismo do piano, realizada nas aulas iniciais na EMIA, e sugeria a apreciação de vídeos sobre o funcionamento do piano e a criação de objetos sonoros ou instalações que remetessem a uma máquina de fazer som. O compartilhamento das pesquisas e das construções em maquetes realizadas por Arthur e Lourenço e a prática de improvisação com criação de motivos sonoro-musicais em diálogo foram registrados em fotos.

Esse modo de ação, que privilegiou a inventividade e a expressividade dessa dupla, favoreceu também a abertura de diálogo entre nós três. Depois de algumas aulas, já de posse de seus instrumentos, ambos seguiram trajetórias bem próprias. Lourenço começou a pesquisar tutoriais no YouTube e Arthur deixou-se encantar pelas composições e pelo repertório cultivado por seu pai. Comum aos dois, desde o início, foi a prática da composição e da busca por diferentes sonoridades, abordagem sempre presente em nossos encontros. Tranquilidade, flexibilidade e respeito à individualidade foram atitudes fundamentais de minha parte para iniciar e dar continuidade aos processos de Arthur e Lourenço nos estudos de piano, mesmo que de forma remota.

Instalação com representação em maquete de um piano e jogo percussivo de copos com água, em analogia à organização sonora das cordas do piano. Improvisação e criação de melodias em forma de diálogo.

37


...E UMA AULA POR SEMANA VIROU TRÊS AULAS! 38

Artista-professora: MERI HARAKAVA Turma: Optativo / Flauta doce

O que aconteceu foi que ter aula on-line facilitou muito o encontro! Nas aulas presenciais, meus alunos entravam no fim da aula do colega e, assim, uma parte da aula era em conjunto, duas ou três crianças juntas. Eu planejo os horários com as famílias de forma a agendar as crianças de mesmo estágio num mesmo período da semana, e, uma vez por mês, em um sábado de manhã, eu, as crianças e famílias nos encontramos para tocar, brincar e conversar. Nossa maravilhosa casa, o Parque, é um lugar em que desejamos estar e de onde não temos pressa de ir embora... Quando um feitiço lançou a teia, isolando os lugares de encontro, fomos transportados para o ambiente virtual. E não é que nos vemos mais do que antes? As crianças gostaram da aula em casa, sem correria... E, se agora era tão fácil o acesso, não precisar do adulto para tomar condução, levar e trazer, bom, por que não nos encontrarmos mais vezes?

Eu as convidei a entrar todas as vezes que quisessem pelo aplicativo. Distribuí as horas em três manhãs alternadas, nas segundas, quartas e sextas-feiras. A maioria das crianças entra mais de uma vez por semana – o que era inviável presencialmente. Reservo um ou outro horário para uma aula individual, mas também “calha” que uma só criança entre em aula, e a gente desfruta. O meio virtual também incrementou o trabalho em grupo, incentivando atividades e trocas: jogos, conversas, vídeos e filmes. Através dos aplicativos (lançamos mão de vários: WhatsApp, Zoom e, principalmente, do Jitsi Meet) visitamos as casas e a vida doméstica uns dos outros – e isso foi tão reconfortante num momento em que perdemos o contato com a maioria das pessoas! Portanto, queremos sim voltar o mais rápido possível para a EMIA, as casas e o parque... mas não abandonaremos o meio virtual, não! Queremos o melhor dos “dois mundos”! No código QR acima se tem acesso a uma playlist com vídeos que meus alunos de flauta doce gravaram para a VIII Viradinha Musical.


O SOM INTERIOR!

Artista-professora: EUGÊNIA NÓBREGA Turma: Optativo / Flauta transversal

Nas aulas e no digital, tivemos que readequar, reinventar, transformar, adaptar, criar, enfrentar, desafiar, renovar, inovar, aprender, reaprender, adequar, inventar as experiências mais significativas – foram os desafios que vencemos e os laços que estabelecemos através da distância! Um tempo de resiliência, espera e… muito aprendizado. “Eu também estava gostando muito da aula, não está tão ruim como pensei.” (Atsuhiro Oura) “Estou gostando e foi por causa da pandemia que ganhei a minha flauta.” (Mariana Meirelles) “Eu acho que as aulas são muito boas, a única coisa meio chatinha é o som, fora isso é ótima.” (Mei Murão)

39


INVENÇÃO DE HISTÓRIAS E IMPROVISAÇÃO LIVRE NAS AULAS DE PIANO 40

Artista-professora: LILIANA BERTOLINI Turma: Optativo / Piano

Murilo e Luísa, Anna Beatriz e Catarina, Helena e Guilherme, Clara e Alice, Luma e Eric e Sofia formam grupos nas aulas de piano no primeiro semestre de 2020. Desde o início do trabalho de forma remota, questionei: como considerar tanto os conteúdos musicais quanto os sonhos e as fantasias das crianças, bem como o imprevisível momento da criação? Foi dessa busca que surgiu a proposta. No dia 13 de maio deste ano, motivei os alunos a inventarem uma história coletiva baseada em perguntas: “Como se chamam seus bonecos? O que eles querem te contar? Aonde eles querem ir?” Depois de criada a história, eles tocaram ao piano para

seus personagens e para momentos escolhidos da história, e improvisaram com orientações fundamentadas na obra da musicista espanhola Chefa Alonso – exploração não convencional dos objetos, criação de diferentes atmosferas, criação e recriação de ostinati, diversidade de pulsos e ausência de pulso. Eles pediram bis! Hoje, reflito que demoramos em considerar as ferramentas da internet a nosso favor, pois as crianças estão confortáveis e estimuladas por estarmos nos comunicando e realizando atividades on-line.


INTERASOM

Artista-professora: SHIRLEI ESCOBAR TUDISSAKI Turma: Optativo / Piano

No início da pandemia, tive inúmeras dificuldades em lidar com os recursos tecnológicos, as quais foram solucionadas a cada semana. Agora, no final de 2020, percebo que meus alunos de piano estão estudando piano como nunca e participando das aulas virtuais ansiosos para apresentar o que estudaram durante a semana. O sucesso das aulas virtuais foi tão grande que conseguimos participar de dois eventos virtuais (Audição 1º Semestre e Viradinha Musical), com apresentações ao vivo das crianças. Foram momentos de conexão e, especialmente, de emoção, com alunos e público compartilhando da intimidade com seus instrumentos. Ao final de cada mês, desenvolvemos atividades coletivas para os meus alunos de piano. São atividades de apreciação musical que chamamos de “Sessão pipoca”, para as quais selecionei e são apresentados vídeos relacionados ao repertório pianísti-

co, de maneira bastante diversificada, passando pelo repertório erudito, jazz, rock, pop, entre outros. É um momento bastante especial para as crianças, pois acabam reconhecendo tanto os temas/versões de músicas de seus grupos favoritos quanto as questões técnico-musicais sobre as quais conversamos nas aulas, como postura, dinâmica e fraseado. Além dessa atividade, os alunos participam de um Quiz, na plataforma de jogos Kahoot, com perguntas relacionadas aos vídeos a que assistimos e conteúdos diversos de piano. As crianças participam ativamente dessas aulas e todo final de mês aguardam ansiosamente por esse momento de convivência e diversão. Posso dizer que me sinto muito feliz e satisfeita em poder contribuir com o bem-estar das crianças e famílias durante esse momento de distanciamento social.

41


O CORPO INQUIETO DE CLARA 42

Artista-professor: CELSO AMÂNCIO DE MELO FILHO Turma: Optativo / Violino

Clara está sempre em movimento. Enquanto eu falo, ela dança, parando somente no momento de levar o violino ao queixo. Ela faz dança no curso de 11 e 12 anos e a dança a contagia a todo momento. Fizemos uma experiência com uma música em que ela dançava nos momentos de pausa, entretanto, percebi que, com ela, era preciso ir um pouco mais além, havia ali uma possibilidade radical de integração entre dança e música. Assim, deixei de lado aquilo que estudávamos de específico e propus à Clara que tentássemos criar uma dança, ou performance, realizada junto com a execução de suas próprias sonoridades. Partimos então de uma escuta ativa, deixando que seu corpo primeiro reagisse aos sons que lhe lançava para, em seguida, ela própria explorar as movimentações junto com seus sons. Como proposta para iniciar esse processo de pesquisa, sugeri que Clara experimentasse oposições sonoras reverberadas em seu corpo: som X silêncio; agudo X grave; pizzicato X glissando.

Ao final desta primeira experiência, ela se mostrou empolgada, feliz, com uma vibração e um interesse muito mais despertos que antes. Decidimos que a criação de sua dança/performance/música será o trabalho final deste ano. No encontro seguinte, Clara experimentou outras relações, o violino foi tocado fora do corpo, escutamos uma obra de K. Penderecki acompanhando sua partitura gráfica e Clara compreendeu a relação entre som e grafia que a composição (densa e não convencional) propunha. Decidimos que ela fará também uma partitura própria (e única) para seu trabalho. No fim, pedi que ela desse seu testemunho: “Eu acho a interação entre música e dança uma coisa legal e que combina muito bem, porque sem música dá pra dançar, mas dançar com música é melhor, dançar fazendo música é melhor ainda. Dançar fazendo música é assim: você pensa em alguma coisa que daria bem com aquilo e aí você faz, pode dar certo ou não, mas é sempre muito bom e divertido fazer, tentar...”. Clara Guardino, 11 anos Assista no vídeo a um momento do processo criativo de Clara em aula.


“OLHA QUE FOI SÓ PEGAR O CAVAQUINHO” Artista-professora: ANA CLAUDIA CESAR Turma: Optativo / Cavaquinho

O poder de tocar um instrumento… Cavaquinho, fundamental para a execução da música popular brasileira. Uma menina de 8 anos, depois de ver a professora tocar, resolve encarar… Manu chegou com cavaco e coragem, isso bastou para enfrentar o desafio. Três anos se passaram... e lá vai Manu com Cavaquinho em punho. Mesmo com a mudança radical do novo normal, Manu não se intimidou, continuou aprendendo e tocando cada vez melhor. Carinhoso de Pixinguinha é um dos seus hits. O mundo se ilumina e todos se encantam… Manu, com naturalidade, nos toca fundo ao tocar seu Cavaquinho. Temos a sensação de que nem tudo está perdido.

43


O MESMO VIOLONCELO, NOVAS POSSIBILIDADES 44

Artista-professor: SAMUEL LOPES Turma: Optativo / Violoncelo

Ano surpreendente, com aula pré-pandemia realizada sem luz. Na quarentena, as aulas de cello ganham um novo formato: exploração de materiais da casa (vassoura e rodo que viraram cellos), computador que se transformou em lousa para professor e alunos fazerem anotações e desenhos, lanche coletivo virtual com a Casa 3 da EMIA desenhada como cenário e aula temática junina.


PIANALIZANDO / GINCANA MUSICAL

Artista-professora: CAMILA BRIOLI Turma: Optativo / Piano

Para a Viradinha Musical, sempre optei por explorar e propor atividades que fugissem do tradicional recital. Neste ano, o desafio foi o de como fazer isso remotamente, num ambiente virtual. Surgiram duas ideias. A primeira, foi pensando em meus alunos de piano. No modo remoto, uma vez por mês eu me encontro com os alunos numa aula em grupo, algo que não seria tão fácil de forma presencial. Numa dessas aulas iniciamos o aprendizado de músicas contemporâneas de Martine Joste, aprendendo a ler bulas, criar novos sons, improvisar e trabalhar nossa interpretação individualizada dentro desse novo universo. A partir daí cada aluno aprendeu a mesma música, mas tocando de jeitos únicos. Para a Viradinha, criei uma edição dos vídeos, mesclando a performance de cada aluno, o trecho da partitura/bula que estava sendo tocado e um desenho que representasse aquela música para cada criança.

A segunda ideia foi a de uma gincana, aberta a toda a escola, alunos, familiares e amigos, para a integração das pessoas de forma lúdica, prazerosa e com muitas descobertas e explorações sonoras com objetos da casa de cada um. Nasceu então a atividade Gincana Musical, realizada via Zoom, em que eu e o professor Douglas Froemming fomos os apresentadores/orientadores. A gincana funcionou assim: uma pessoa criava um som com um objeto de sua casa e o tocava para o grupo, com a câmera desligada; os demais participantes, então, tinham 1 minuto para buscar em sua casa um objeto que fizesse o som o mais parecido possível com o que ouviram. Todos votavam para escolher quem havia se aproximado mais do som inicial; o escolhido era o vencedor daquela rodada e iniciaria a rodada seguinte.

45


VAMOS MONTAR UMA ORQUESTRA NÃO CONVENCIONAL? 46

Orquestra Infanto-Juvenil da EMIA | Regente: GERALDO OLIVIERI Assistentes: LILIANA BERTOLINI, JÚLIO MALUF, NADO GARCIA

Desde o início do isolamento social, mantivemos nossos encontros semanais aos sábados. Nosso maior propósito e desafio foi manter o vínculo com os alunos. Somos em média 35 integrantes; 28 alunos, 4 professores e os familiares (pais, mães, avós e irmãos), que eventualmente também participam. É uma alegria estarmos em contato e conhecermos mais as famílias e suas casas, o que acontece por trabalharmos de forma remota, além de estendermos as propostas a todos, o que gera envolvimento e comprometimento ainda maiores dos alunos.

No dia 28 de junho não foi diferente. Pedimos aos alunos que trouxessem objetos de casa para o encontro, de diferentes tamanhos e materiais, como plástico, madeira, vidro e metal. Assim, agrupamos os objetos de acordo com os materiais, para criarmos os naipes, caracterizando os timbres, e praticamos a livre improvisação com orientações fundamentadas na obra da musicista espanhola Chefa Alonso: exploração não convencional dos objetos, criação de diferentes atmosferas, criação e recriação de ostinati, diversidade de pulsos e ausência de pulso, e regência de sinais. O exercício da escuta de si mesmo e do grupo aconteceu de maneira harmoniosa e gerou texturas sonoras coloridas. A seguir, fotos do dia do encontro e a gravação mixada de vários trechos das improvisações.


05

JANELAS E CONEXÕES


ÁGUA 48

Artista-professoras: JOANA SALLES, LIGIA ROSA, MILENE PEREZ e PRISCILLA VILAS Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Nosso planejamento inicial teve como assuntos de pesquisa e criação os elementos água, terra, fogo e ar. Apresentamos aqui o primeiro vídeo dessa série, um ciclo de quatro vídeos com o tema água, feitos logo no início do trabalho remoto. Cada um deles tem como foco uma das linguagens artísticas abordadas pela EMIA (artes visuais, dança, música e teatro), sem deixar de considerar o diálogo entre elas. Tais vídeos foram referência para as experiências de investigação artística propostas nos encontros on-line iniciais com as crianças e as questões levantadas por eles nos acompanharam durante todo o processo.


CORPO-NUVEM

Artistas-professores: DOUGLAS FROEMMING e PRISCILLA VILAS BOAS Turma: 6 anos

Nosso planejamento buscava incitar os estados de escuta e atenção, por meio de diálogos estéticos, com ênfase nas fronteiras entre a dança e a música. Isso aconteceu nas aulas presenciais e teve continuidade com os vídeos publicados, que passaram a ser nossa ponte de diálogo com as crianças. O vídeo “Corpo-nuvem” convida as crianças a se movimentarem como nuvens no céu, buscando estados de leveza e transformação, próprios desse elemento.

49


DA JANELA EU VEJO MAIS ALÉM / É – DIFÍCIL PASSARINHO 50

Artistas-professores: MILENE PEREZ e WANDERLEY PIRAS Turma: 11 e 12 anos / Teatro

Hoje, a proposta é abrir a janela de casa e espiar o que está além, observando as pessoas que passam, as árvores, as outras janelas... e, a partir desse material, criarmos personagens e histórias. Nós abrimos a nossa janela. Querem ver o que descobrimos? Então assistam ao vídeo que preparamos para vocês!

Público-alvo: atividade livre, porém pensada para crianças a partir de 11 anos. Descrição: este vídeo é o resultado do processo vivido pela turma de 11 e 12 anos de teatro, durante as aulas remotas. As gravações das cenas foram realizadas integralmente durante as aulas. A história se passa num edifício, onde as relações possíveis na quarentena acontecem pelas “janelas” virtuais. Os personagens criados expressam os sentimentos e desejos dos jovens, como a necessidade de se relacionar com o outro, mesmo que seja através da tela do computador, ou de colocar para fora o que está dentro, como a ansiedade. Mas, lá, na profundidade de seus mundos internos, ainda prevalece vida que vibra e que está prestes a ser vivida plenamente, assim que a pandemia permitir.


HISTÓRIAS E CANTOS DE PÁSSAROS E CRIANÇAS Artistas-professores: GISELLE RAMOS e PAULO FARAH Turma: 7 anos

Com os olhares e escutas voltados para as crianças da nossa turma, sobre o que tínhamos experenciado desde o começo das aulas remotas, iniciamos o segundo semestre com um processo baseado nos pedidos dos pequenos: histórias, animais, desenhos e músicas! Nestes tempos em que estamos todos em casa, os passarinhos surgiram como solução poética para o desejo de liberdade e voo. Assim, na primeira proposta, contamos uma parte do mito africano da cultura ioruba, “As vozes dos pássaros”, e sugerimos que cada criança imaginasse como a história terminaria. As crianças nos deram retorno por meio de narrativa oral e poética. Em postagens no blog, continuamos nosso ciclo, cantando a música “Uirapuru”, de Waldemar Henrique, e contamos sua lenda indígena que fala desta ave de canto tão lindo. O estímulo para as crianças foi o de desenhar diferentes pássaros, variando tamanhos e cores das plumagens, inspirados nas duas histórias.

Após as narrativas e registros em desenhos, passamos a incluir o canto e a dança. Então, na terceira proposta, criamos a atividade “Cantar e se movimentar no cacuriá”. E tivemos um retorno maravilhoso das crianças Isabelle e João Gabriel, no espaço casa, cantando, dançando, se divertindo, livres e leves como os pássaros! Observamos nos vídeos que as crianças se envolveram bastante com a possibilidade de movimento, cada uma do seu jeito, nesses tempos de pandemia quase sem sair de casa, com pouca ou nenhuma chance de se expressar corporalmente. Finalizamos este ciclo em um encontro on-line, cantando e dançando o cacuriá “Voa voa piá”, de domínio público, e a “Catira do passarinho”, de J. Baumgratz e C. Pan. Estamos em casa, mas voamos simbolicamente nas asas desses passarinhos.

51


HISTÓRIA, MÚSICA E CONSTRUÇÃO 52

Artistas-professoras: GISELLE RAMOS e ROSA COMPORTE Turma: 7 anos

O projeto inicial foi o de trazer para as crianças propostas inspiradas nos elementos da natureza. Elementos que se inserem no todo da vida… Duas artistas professoras integradas em uma escola de artes, a EMIA, disponíveis a receber as crianças na magia e no mistério dos encontros. Contamos a lenda africana, de origem moçambicana, “Mahura, a jovem que trabalhava demais”. Apesar de escolhermos algo da

terra, percebemos a completude dessa história em relação aos elementos – nos grãos que germinam à ação da água e ao calor do sol, no vento que leva o céu e as nuvens para cima, deixando a terra e os rios embaixo… onde vive a humanidade. Pura integração para se criar vida! Demos continuidade em 7 postagens no blog, com estímulos a desenhos, sonoridades e construções. Algumas crianças deram retorno por meio de fotos e fizemos um vídeo com esse material finalizando o processo com a integração dos estímulos oferecidos pela apropriação das crianças na realização artística.


INTERVENCENA

Artistas-profesores: KARIME NIVOLONI, MARILI MACRUZ, ROSA COMPORTE, TELMO ROCHA Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

As propostas deste quarteto, durante o período de isolamento social, estiveram relacionadas ao tema “Intervenção Urbana”, previsto inicialmente em nosso planejamento anual para 2020, ainda nas aulas presenciais. A ideia era estabelecer conexões entre as produções feitas por diferentes artistas em ambientes fora de museus e espaços destinados à arte de caráter formal. Ao nos depararmos com a situação instável do período da pandemia, percebemos a oportunidade de fazer valer ainda mais nosso propósito, a partir da interação com as crianças e suas casas. Este seria o ponto de partida ideal e inusitado para ampliarmos e aprofundarmos nosso projeto.

Dentre tantas experimentações, em que as crianças foram artistas-protagonistas que realizaram interferências nos espaços de suas casas e no ambiente virtual, destacamos a proposta da aula 12: “Crie sua Intervenção Artística na EMIA”. O texto trazia a seguinte proposição: Vamos projetar uma intervenção na EMIA: o que vamos dizer; o que temos vontade de fazer; como interferir artisticamente em um dos espaços da EMIA? Disponibilizamos algumas imagens como plataforma para você criar uma intervenção que converse com um ou mais desses espaços. Pode ser uma dança, uma instalação, um desenho, uma música, uma cena ou mais linguagens juntas... Procure interagir diretamente com a imagem ou imagens escolhidas. Seja criativo e invente o seu jeito artístico próprio de interagir com o espaço que escolher.

53


06 RECORDAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO


A CASA DA MEMÓRIA

Artistas-professores: DOUGLAS IESUS, LAURA LONGO, MILENE PEREZ, SIMONE LIMA Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

No início do nosso trabalho remoto, pensamos em manter viva a conexão com as crianças dando continuidade aos processos iniciados em sala de aula, que tinham como tema “Memórias – individual, coletiva, de futuro, material, inventada”. Compreendemos que existem muitos caminhos para se trabalhar com a memória. Afinal, o que são as memórias? Quais são as coletivas, as celebradas, as propositalmente rejeitadas ou esquecidas? Transpondo essa proposta para as casas, nossos novos espaços de aula, buscamos tratar das memórias da casa, dos objetos, da família, daquilo que compõe as nossas histórias nesse ambiente. Como transformar essa ideia em processos instigantes e em arte? Buscamos, inicialmente por meio de postagens e posteriormente em encontros virtuais, estimular as crianças a pesquisar o universo das memórias e convertê-las em processos artísticos.

Postagens: 1. Quais relíquias encontramos em casa? — Convidamos as crianças e familiares a refletir, procurar e buscar em suas casas imagens e objetos que possuem um valor afetivo, para que construíssem um relicário. O que considero precioso? Quais são as minhas relíquias? 2. Histórias tecidas com os fios da memória — Partindo da ideia de que só é possível falar da memória quando se leva em conta que ela também tem uma história, propusemos que, como detetives, poderiam investigar os rastros e desvendar a história por trás dos objetos presentes no relicário. 3. Os sons dos avós — A proposta foi que as crianças buscassem os sons que permeiam as memórias da família, ouvindo e aprendendo as canções que seus pais e avós cantavam na infância, fazendo sonorizações com instrumentos ou objetos do relicário. 4. O corpo da memória — Quais são as memórias de corpo e de danças que temos? De onde elas vêm? Quais as histórias contidas nesses movimentos e gestos? Com essa proposta, buscamos entender as camadas de histórias e memórias de nosso corpo.

55


DE DENTRO PARA FORA 56

Artistas-professores: MARISTELA LOUREIRO e TELMO ROCHA Turma: 8 anos

A natureza reina na EMIA, enche os olhos de cada pessoa que por ali passa. Um dia, fizemos um passeio para observar e registrar algumas árvores. Pudemos ver as belezas das paisagens escondidas por ali... Foi uma experiência incrível. Na semana seguinte não pudemos continuar com esse processo de descobertas para nosso repertório interno de imagens, sons, cores, aromas e muitas outras percepções... “Agora, nossa aula será pela internet, com postagens no blog da escola.” Com esse novo formato, convidamos as crianças para um passeio dentro de casa, para descobrirem novas imagens e sons. Como elas estavam enfrentando as angústias, incertezas e medos que uma pandemia poderia trazer?

O tema – “De dentro para fora” – veio para que cada uma pudesse lidar de maneira sensível com esse momento delicado. Após algumas aulas, inserimos um aspecto interno e íntimo: falar do medo. Medo que todos estávamos sentindo com as incertezas e mudanças nas nossas vidas de uma hora para outra. Para introduzir esse tema, pedimos que as crianças plantassem um grãozinho de feijão e acompanhassem o seu crescimento fazendo desenhos e/ou tirando fotos. As crianças puderam perceber a caracterização das diferentes etapas da vida por meio da germinação – uma metáfora para a esperança.


DO CASULO AO PANAPANÁ

Artistas-professores: JULIO GIUDICE MALUF e ROSA COMPORTE Turma: 7 anos

Nas aulas presenciais, iniciamos um trabalho com lagartas, tirando fotos dos casulos no parque da EMIA. No trabalho remoto, com o recolhimento durante a pandemia, continuamos o projeto chamando-o de Casa-Casulo (aula-postagem 03). Como seria esse processo de transformação que cada família estava vivendo nesse momento? Esta pesquisa se iniciou com a postagem do dia 22 de abril de 2020 e se estendeu por dois meses, até a postagem de 9 de junho (aula 08). Neste ciclo, chegamos à confecção da borboleta com materiais disponíveis em casa (aula 05).

Todo esse processo culminou com nossa participação na live da EMIA – Ciclo Junino. Para esse momento de celebração, realizado de forma remota, preparamos com a turma o nosso Panapaná: uma revoada de borboletas nas telas dos computadores e celulares, registrado em um vídeo em que utilizamos as músicas e as borboletas feitas em aula.

57


07

CRIAÇÕES DIGITAIS


À DERIVA PELO MAPS – A CIDADE EM OUTRA ESCALA Artistas-professores: ADRIANA AMARAL e DANIEL FREITAS Turma: 11 e 12 anos / Artes visuais

A partir das experimentações desenvolvidas inicialmente no ateliê de artes visuais, com as crianças de 11 e 12 anos, abordando o tema de arte e intervenção urbana, a continuidade das aulas no formato remoto nos trouxe o desafio de pensar em como ressignificar essa proposta, uma vez que a experiência física e afetiva de estar na cidade e ocupar seus espaços não seria mais possível nesse contexto de pandemia.

Foi necessário desenhar um novo projeto. Como ponto de partida, começamos a lançar mão das ferramentas digitais e plataformas virtuais, como meio de materializar e mediar a experiência de descobrir a cidade, explorando, assim, possibilidades outras de construção da linguagem e de experiência estética. A partir desse contexto, convidamos as crianças a usarem a plataforma do Google Maps e a se lançarem à deriva na descoberta de novos espaços da cidade e, juntos, nos lançamos nesse desconhecido de criar para esses lugares novas paisagens e afetos que pudessem nos aproximar.

59


COSMOS SONOROS: TERRITÓRIO EM EXPANSÃO 60

Artistas-professores: CAMILA BRIOLI e DOUGLAS FROEMMING Turma: 11 e 12 anos / Música

A pesquisa artística do 11-12 Música surgiu de uma atividade realizada na última aula presencial, em que brincamos com a sonoridade dos nomes e apelidos de cada aluno, pronunciados ao contrário. A partir dessa ideia, cada nome foi transformado em um planeta dentro de um mesmo universo, e cada planeta transformou-se em desenhos, gifs e pesquisas sonoras com objetos de casa que originassem os sons característicos de cada planeta. As propostas, enviadas por vídeo e postadas no blog pelo YouTube, eram denominadas de Máquina Comunicadora (imagem 1) – um vídeo que mostrava as ondas sonoras de nossas vozes com efeitos sonoros adicionados, para assim explicar e instigar a criação do grupo. Algo que despertou a curiosidade dos alunos sobre como criar efeitos sonoros. Nossas criações sonoras evoluíram de gravações por celular, via WhatsApp, para o uso de uma plataforma chamada Soundtrap – um programa de multipistas para gravação, edição e mixagem, acessado pela internet. Visto que seu template é bastante intuitivo, leve, gratuito

e com fins educacionais, iniciamos projetos a partir das propostas de nossa Máquina Comunicadora. Após uma primeira fase de gravações com a plataforma e trilhas criadas para a Viradinha Musical da EMIA, iniciamos uma nova pesquisa baseada em recursos de edição de som, que culminou e foi perpassada pela Ocupação de Teatro. Durante as semanas de compartilhamento dessas propostas, assistimos à Radionovela dos alunos do quarteto de terça à tarde, das professoras Ana Cláudia, Adriana, Karime e Beth, sobre a história “Florisbela”, inspirada no conto da Cinderela. A partir do vídeo, decidimos usar a música-tema de Cinderela, “So this is love”; alteramos o áudio e criamos uma edição/ remixagem única (Imagem 2), que foi enviada ao Quarteto e rendeu novas elaborações. Começamos o processo da pandemia com todos isolados, distantes – planetas frios e espalhados pela imensidão –, e terminamos o ano com uma grande composição coletiva, em que todos participam conjuntamente, agrupados em um mesmo universo, ao redor de um sol quentinho e acolhedor.


NÓS NA CENA

Artistas-professores: BETH CASTRO e DOUGLAS IESUS Turma: 8 anos

Nossa intenção com a turma de 8 anos, no início das aulas de 2020, era a de desenvolver um projeto artístico-pedagógico que abordasse o cinema, tendo como base os filmes de Charles Chaplin. Naquele momento, nosso desafio foi o de descobrir caminhos para desenvolvermos, por meio da elaboração de um vídeo, uma ação artístico-interdisciplinar. A pandemia nos pegou de surpresa e nos compeliu a abrir janelas virtuais para que déssemos continuidade ao processo criativo iniciado presencialmente. No primeiro semestre, ainda na descoberta dessa nova realidade, promovemos videoaulas que visavam o acolhimento das crianças e a adaptação das famílias aos encontros remotos. Os vídeos eram postados no blog da EMIA e as famílias mediavam as atividades, nos dando devolutivas que foram tão positivamente surpreendentes a ponto de nos fazer perceber a necessidade dos encontros on-line.

Mais uma vez tínhamos um desafio: como criar teatralidade, musicalidade e corporeidade nesse novo formato? Nossa primeira ação foi a criação de um tutorial lúdico que explicasse às crianças como acessar a plataforma. A participação ativa das famílias otimizou esse processo e, sem maiores dificuldades, passamos para a investigação “artístico-tecnológico-cinematográfica”. As crianças vivenciaram todos os jogos propostos e desaguamos em uma poética própria. Elas foram fazendo perguntas cada vez mais instigantes e, com isso, fomos aguçando nossa pesquisa e propondo novos jogos. Logo os espaços de casa viraram palco para vivenciar arte, fotografia em perspectiva, narrativas de memórias, sonoridades de objetos; o guarda roupa-camarim, a sala, o quarto e a cozinha compunham o cenário; as casas eram sets de gravação, os pais cinegrafistas e espectadores das poéticas criadas pelos filhos. Brotamos dentro e fora do corpo casa.

61


NOSSO VÍDEO CLIPE 62

Artistas-professores: ADRIANO CASTELO BRANCO, DEISE DE BRITO, PAULO FARAH e WILSON DIAS Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

“Nosso Vídeo Clipe”. Este foi o título que demos ao trabalho realizado no primeiro semestre deste ano, através das aulas online e de postagens no blog da escola. Com o distanciamento, buscamos inspiração na música “O dia em que a Terra parou”, de Raul Seixas, que tem uma letra muito oportuna e que as crianças adoraram (algumas já conheciam e fizeram menção à “profecia” do autor). Primeiramente aprendemos a música. Em várias videoaulas compartilhadas com as crianças, propusemos brincadeiras variadas: — brincar de estátua quando o vídeo parava; — brincar de lento e rápido quando o vídeo assim o sugeria; — brincar de memória quando o áudio parava e as crianças tinham que continuar cantando.

Depois dessas brincadeiras, que nos possibilitaram dominar a música, propusemos às crianças que elas se filmassem em diferentes atividades: movimentar/dançar com a música; fazer dublagem com a música; fazer “stop motion” com massinhas (ensinamos, também em videoaulas, a fazer massinha caseira); construir máscaras com objetos simples e disponíveis em casa. Todo esse material que as crianças iam registrando, em fotos e vídeos, fez parte do “Nosso Vídeo Clipe”. Não só as crianças se envolveram com a atividade, mas pessoas da família também, irmãos, mães e pais. A experiência foi muito rica e divertida. Nesse segundo semestre estamos avançando, pois, além de termos como projeto um novo clipe, nos baseamos em uma música que o grupo compôs e interpretou coletivamente (temos um coral das crianças) por meio das aulas online.


“OUVI DIZER”

Artistas-professores: ANA CLAUDIA e SAMUEL Turma: 11 e 12 anos

Em um cenário inesperado, com novos desafios e lidando com o desconhecido, a música manteve-se como um farol em meio à tempestade. Alunos e professores navegaram juntos na internet numa soma de contribuições musicais, ainda que distantes fisicamente Banda: Erick Teruya Yawata – violino; Flavia Rocha Brito – ukulele; Heitor Alcântara Silva – bateria (desplugado); Larissa Miyuki Ikeda – teclado; Lucas Miranda Figueiredo – percussão; Lucio Miranda Figueiredo – percussão; Manuela Trindade Smania – cavaco; Matheus Kenzo Batista Ferreira – guitarra; Miguel Marinho Mendes – clarinete; Rafael Sarmento Silveira – violão (baixo); Sofia Sanae Neves do Monte Nakano – teclado; Tomás Henrique de Souza Vedovate – teclado; Vinicius Yuichi Tutya – violão; Zuri Prestes Zerbini – violão.

63


08

INTEGRAÇÃO EM POTÊNCIA


DA PALAVRA AO CORPO

Professores: LUCAS LOPES, CELSO AMÂNCIO, LIGIA BORGES, MARCIA MADALONI Turma: 9 e 10 anos / Quarteto

Nesse momento de nossas experimentações, a literatura esteve presente por meio da síntese dos microcontos. Eles estimularam as criações poéticas com as palavras e o trânsito com as nossas linguagens artísticas. Entre palavra e corporalidade, teatralidade, sonoridade e visualidade, vislumbramos um território em que a autoria das crianças foi protagonista.

65


SOPROS FEMININOS 66

Professora: LÍGIA BORGES Turma: Oficina / Teatro

O Sopro que abrange palavra, gesto, silêncio, ruído foi eleito como eixo da vocalidade poética do narrador, campo de nossa experimentação. Nesse vídeo, um olhar se dirige para o espaço de contar histórias. Uma flecha de duplo vetor foi lançada: espaços da casa podem sugerir narrativas ou uma história e sua atmosfera previamente pensadas podem tornar um espaço mais interessante. A referência foi a obra “A Mulher que matou os peixes”, de Clarice Lispector.


09 ACONTECIMENTOS ARTÍSTICOS


Colagem feita por aluno e “Tutoriel”: manuais de coisas extraordinárias e absurdas de como se fazer isso e aquilo

68

FORMATURA – EXPOSIÇÃO DAS TURMAS DE 11/12 ANOS Coordenador da área das Artes Visuais: FÁBIO MARQUES

Todos os anos, as turmas de 11/12 anos de artes visuais da EMIA realizam uma exposição, como forma de finalizar o processo de aprendizagem que começou lá atrás, quando as crianças, que hoje estão se formando na escola, tinham entre 5 a 7 anos de idade. Durante esse tempo, essas crianças passaram pelas linguagens artísticas das artes visuais, da dança, da música e do teatro, e escolheram, para encerrar o tempo de aprendizagem na escola, as artes visuais. Ao realizar o fechamento dos seus trabalhos, as turmas de formandos da EMIA percorrem, dentro do processo de finalização, o desenvolver de um conceito, o pensar sobre o fazer e em como o trabalho realizado será exposto; às vezes buscam uma decisão individual, às vezes uma decisão em grupo, ou apenas observam a casualidade sobre a estética em uma conversa com um amigo ou com o professor – e isso tudo, apesar da distância e de todas as dificuldades, tecnológicas ou não, na adaptação desses novos tempos, não foi capaz de fazer com que nos perdêssemos.

O que ficou distante foi o convívio presencial, no ateliê, a aproximação ao se observar o trabalho e ver os colegas, o ato de tocar a matéria – essas peculiaridades irrealizáveis nesse novo formato e que somavam em muito para se chegar a um direcionamento ou inspiração de um trabalho. Porém, com as novas propostas, a ação da vivência se modificou e os professores continuaram trazendo apontamentos e referências, estimulando a criação, agora por meio de outro processo. Até então, dentro de todo esse caminho dos anos anteriores de criação no ateliê, existia uma coisa inerente a todos: a matéria, a massa ou o objeto, o estado físico a ser modificado, interagido, transformado. Neste ano não tivemos à disposição nosso sucatário (espaço de armazenamento de sucatas, utilizado como recurso para a construção de parte dos trabalhos), nem papéis ou telas para desenharmos em grupo ou rascunharmos, para logo em seguida mostrar a proposta ao professor ou colega. Tudo assumiu um outro tempo, um outro espaço e a distância realmente se fez – porém isso não foi suficiente para barrar a continuação, o impulso do criar.


Trabalhos de alunos orientados pelos professores-artistas Joana Salles e Adriano Castelo Branco

Artistas-professores responsáveis: ADRIANA AMARAL, ADRIANO CASTELO BRANCO, DANIEL FREITAS, JOANA SALLES, LUCAS LOPES, MARCOS VENCESLAU, ODINO PIZZINGRILLI, SHEILA ORTEGA, SIMONE LIMA, TELMO ROCHA

Apesar de nos ter sobrado somente a possibilidade do virtual, conseguimos nos colocar nesse terreno meio incerto e meio instigante, e foi assim que alunos e professores se reinventaram, pesquisaram, aprenderam e construíram de outras formas, além do físico-matéria, indo em direção a novas possibilidades. Desse modo, surge uma exposição virtual realizada por meio de projeções dos trabalhos dos alunos dentro da própria escola e transmitida por uma live, em que todos – alunos, pais, professores e comunidade – puderam, de suas casas, interagir e participar como em um vernissage presencial de finalização de ano. Assim, a exposição de alunos de 11/12 anos (formandos de Artes Visuais 2020) se realiza neste ano virtualmente, por meio de uma live. Nela, crianças e professores conversam sobre o processo artístico que envolveu a elaboração dos trabalhos desenvolvidos por intermédio de imagens, vídeos, fotos-colagens, animações, fotografias e outros. Durante a conversa virtual, as imagens dos trabalhos são projetadas nas paredes da EMIA, espaço já ocupado pelas crianças com seus trabalhos em momentos

passados, quando o contato físico era possível. As crianças interagem com as perguntas dos professores e as novas criações ocupam esse lugar tão conhecido nosso; as paredes da escola são tomadas pelas novas exposições e, em meio a uma projeção e outra, vozes, depoimentos em vídeo de crianças e professores intercalam-se com as falas ao vivo da live. O distanciamento social não pode barrar o pulsar artístico das crianças e esse trabalho só foi possível porque acreditamos nisso. Desde o início, assim nos colocamos; todos; as crianças, os pais e a gestão da escola, mas principalmente os artistas-professores da EMIA que, além da experiência que carregam no ensino da arte-educação, se debruçaram com dedicação sobre esse momento ímpar, buscando novas possibilidades por meio de estudos, pesquisas e aperfeiçoamento dos seus processos de ensino-aprendizagem, voltados agora para esse novo modo de interatividade – e, assim, conseguiremos terminar este ano cheio de intempéries de forma pulsante e vibrante, ocupando os espaços físico e virtual. Pois sonhamos juntos e assim se fez a realidade!

69


70

#OCUPATEATRONLINE2

Coordenador de Teatro: ROGÉRIO ALMEIDA

Esse ano, a Ocupação de Teatro comemorou 7 anos de existência. Mas o que é a Ocupação de Teatro? É um momento em que, pelo menos uma vez por ano, durante três ou quatro semanas, a área de teatro ocupa espaços da escola para trazer as diferentes facetas da linguagem teatral aos alunos e alunas da EMIA – ambientes provocativos que instiguem a criação e, ao mesmo tempo, o aprofundamento da linguagem. Estamos vivendo um ano atípico, em que tivemos que aprender a lidar com isolamento físico, e que traz consigo muitas reflexões sobre as diferentes formas de ensinar e aprender teatro. Desses desafios, vieram muitas explorações e experiências sobre o alcance da pesquisa da teatralidade por meio dos recursos digitais. Nosso evento desse ano acompanhou esse movimento e marcou presença com o #OCUPATEATRONLINE2020. Começamos com o “Cardápio Cênico”, conjunto de intervenções e videoperformances produzido pelas alunas e alunos junto com suas professoras e professores, que revela a natureza criativa

de nossa escola. Tais manifestações artísticas foram exibidas nas aulas on-line de toda a escola, entre os dias 28/09 a 09/10. #CARDÁPIO CÊNICO “Qual seu Grito Hoje?” (11 e 12 anos – Artistas-professores: Luciana Gabriel e Toninho) “Caixa Cênica” (6 anos – Artistas-professoras: Beth Castro e Deise de Brito) “Onde Está o Saci?” (5 e 6 anos – Artistas-professores: Marcos Venceslau e Paulo Farah) “É – Difícil Passarinho” (11 e 12 anos Teatro – Artistas-professores: Milene Perez e Wando Piras) “Outras Dimensões” (Optativo de Teatro / Quarta-feira de manhã – Artista-professora: Milene Perez) “O Amigo de Papel” (Optativo de Teatro – Artista-professora: Milene Perez e Wando Piras) “C.B.I. – Condomínio da Bagunça Infinita” (Quarteto / Quinta-feira de manhã – Artistas-professores: Wando Piras, Daniel Freitas, Shirlei, Valeska Figueiredo)


Artistas-professores responsáveis: ROSA COMPORTE, LUCIANA GABRIEL, ANTÔNIO CORREA, FLÁVIA FERRAZ, LIGIA BORGES, BETH CASTRO, PAULO FARAH, MILENE PEREZ, WANDO PIRAS

“Narrativas Poéticas de Objetos” (8 anos / Terça-feira de manhã – Artistas-professores: Beth Castro e Douglas Iesus) “Teatro de Objetos” (Video Performance – Artista-professora: Milene Perez) “Outras Dimensões” (Optativo de Teatro / Quarta-feira de manhã – Artista-professora: Milene Perez) “Fotografia em Movimento” (8 anos – Artistas-professores: Beth Castro e Douglas Iesus) “Rabiscos em Processo” (11 e 12 de Teatro – Artistas-professores: Beth Castro e Paulo Farah) “Na Janelas do Zoom” (8 anos – Artistas-professores: Beth Castro e Douglas Iesus) “Radionovela” (Quarteto / Terça-feira à tarde – Artistas-professores: Beth Castro, Adriana Amaral, Ana Claudia e Thiago Negraxa) #OFICINAS Além das performances das turmas, também tivemos duas oficinas no dia 03/10, voltadas para adultos da comunidade escolar: “Desatando Poesia”, às 10h – ministrada pelas professoras Beth Castro, Luciana Gabriel e Lígia Borges – e a “Oficina de

Mediação de Leitura”, às 15h – ministrada pela professora Lígia Borges e o professor Rogério Almeida. Foram encontros maravilhosos, que celebraram e envolveram a comunidade de maneira criativa. Nessas oficinas, descobrimos a importância da EMIA continuar com seus trabalhos de forma remota, já que algumas das mães que participaram eram professoras da rede pública e relataram estar usando o material das aulas publicadas no blog como propostas para seus alunos. Por fim, houve uma palestra, também voltada à comunidade docente e às famílias, conduzida por Verônica Veloso, professora da USP que vem discutindo o tema “Teatralidades na Era Digital”. Uma ótima oportunidade para refletir, não apenas sobre as formas de ensinar teatro nesse contexto, como também as de aprender. #FORMAÇÃO Por fim, houve também uma palestra para a comunidade docente e famílias, conduzida pela professora da USP Verônica Veloso, que vem discutindo o tema “Teatralidades na Era Digital”. Uma ótima oportunidade para refletir sobre formas tanto de ensinar como de aprender teatro nesse contexto atual.

71


ENCONTRO CRIANÇA CRIANDO DANÇA 72

Coordenação da área de dança: BEATRIZ COELHO Artistas-professores responsáveis: THIAGO ARRUDA LEITE, KARIME NIVOLONI, PRISCILLA VILAS BOAS, MARCIA MADDALONI, DEISE DE BRITO, BARBARA SCHIL, ANDREA FRAGA, DOUGLAS IESUS, VALESKA FIGUEIREDO

O Encontro Criança Criando Dança é mais um dos acontecimentos artísticos que compõem o calendário da EMIA. Esse evento, no entanto, costuma ocorrer fora da escola e reúne crianças de diferentes lugares de São Paulo e de fora da cidade, para dançarem juntas, trocarem experiências de dança e compartilharem suas criações artísticas. Em 2020, em sua décima quarta edição, o Encontro aconteceu numa versão remota, como os demais eventos da escola, e, por conta dessa situação, desta vez deu-se somente entre as crianças da EMIA. Um dos eixos norteadores foi o tema da memória, pois vimos que, mesmo com tantos anos de existência, o ECCD ainda era desconhecido de muitas crianças e famílias, ao passo que muitas outras tinham incríveis lembranças da experiência de

participação em anos anteriores, inclusive ex-alunas/os. Assim, a área de dança propôs a organização do vasto material de registro que possui (vídeos, fotos, depoimentos) num formato mais lúdico e acessível às crianças, para que pudéssemos compartilhar essa memória como algo vivo e pulsante neste presente que se constrói. Esse material fez parte do encontro que, assim como os demais eventos do ano, surpreendeu-nos por sua potência em afetar com tanta alegria e sentido as crianças e suas famílias. Nesse modo virtual, a falta e a potência parecem caminhar juntas. Ainda que nada substitua a proximidade dos corpos em sua presença, pelas janelas nas telas vemos a arte entrar literalmente nas casas das crianças e impulsionar a família a dançar.



10

AÇÃO SOLIDÁRIA


SOLIDÁRIA, OU COMO PEDRINHAS N’ÁGUA

Artistas-professores-organizadores: ANTONIO CORREIA (TONINHO), BARBARA SCHIL, BETH CASTRO, TELMO ROCHA (TJ) e THIAGO ARRUDA Ação Solidária

Dizem que uma andorinha só, não faz verão. Alguém já disse que, se todos pulássemos ao mesmo tempo, o mundo sairia do eixo. Na AÇÃO SOLIDÁRIA, preferimos acreditar nas palavras do compositor pernambucano Siba: Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar. Final de fevereiro de 2020, a maior cidade da América Latina foi acometida por uma pandemia, cujos efeitos ecoam ainda hoje na saúde e na economia. Nada na escola parou. Não paramos. Mas alguém parou? Esta pergunta espetava a cabeça de alguns professores. Não parar de trabalhar, ou não perder o emprego, nos mobilizou no desejo de organizar essa ação solidária diante da comunidade da EMIA, da qual fazemos parte.

Ainda que mantendo nossa rotina de trabalho, entendíamos que, além da necessidade da arte, não poderíamos ignorar necessidades outras, enfrentadas por algumas famílias. Entendemos que uma ciranda não se dança só. Demos o primeiro passo: reuniões de planejamento, levantamento de fundos, logísticas, divisão de funções e cadastro das famílias. No meio de tudo isso, o atendimento psicológico também se mostrou necessário. Esta rede de apoio está sendo tecida com a colaboração solidária de muitas mãos: uma psicanalista e um coletivo de terapeutas, famílias e conselho da EMIA, professores, comissão de formandos de 2019, articulação de familiares com outras redes de solidariedade para doação financeira e cestas básicas, campanha Força Artística, assim como dos valentes “meninos da comboza”, moradores da quebrada Alba, sem os quais não teríamos como fazer as entregas. E assim se constituiu a Ação Solidária.

75


ALUNOS EMIA 2020

76

Aaron Ryuichi Melito Kinugawa Aid Martins dos Santos Abá Yawara Silva e Pimenta Akie Hoshino Akashi Akin Vinicius Monteiro de Souza Alana Araujo da Silva Alana Baptista Duarte Barbosa Alannys Sophie Santiago Leal Trugilio Alessandra Torres de Melo Ruiz Alex Imoto Mendes Alex Nishida Chen Alexandre de Souza Vieira Alexandre Sampaio Júnior Alice Benevides Inoue Migliari Branco Alice Bessa Cabral Alice Costa Madeira Alice de Melo Ruiz Alice de Oliveira e Silva Alice Delamonica Naufel Alice dos Anjos Prado Alice Fedozzi Galvão Antunes Alice Fernandes Gonçalves Santos Alice Godoy Cecconi Alice Justino Vasconcelos Ribeiro Alice lima ananias Alice Mellon de Paula Alice Mingues Costa Bezerra Soares Alice Molisani Ferreira Scartezini Alice Moreno Costa Santos Alice Oliva Barga Alice Peixinho Kater Alice Romero Camargo Alice Salomão Lopes Picchi Alice Silva Okoshi Alice Souto Pereira Alice Vitral Villa Alicia Marie Latacz Magyar Aline Ayumi Takiy Olo Aline de Oliveira Cavalcante Aline Ozaki Wallner Aline Tiemi Ikeda Allícia Vitoria Simão dos Santos Amália Boratino Amanda Chan Ng Wang Amanda da Fonseca Sabiá Amanda Freitas Barcellos Amanda Mei Kondo Sano Ana Alice Rodrigues Costa Ana Beatriz Oliveira dos Santos Ana Beatriz Tavares Camargo Ana Brito Haddad Ana Carolina Costa de Souza Ana Carolina Ramiro Dantas Ana Carolina dos Santos Ferreira Ana Clara Baso Lestido Ana Clara de Campos Rodrigues Ana Clara Maia Pereira Carmona Ana Clara Marques Oscalis Profitti Ana Clara Ricci de Paula Minzon Ana Clara Sales Campos Ferreira Ana Clara Souza Fonseca Ana Clara Souza Mudesto Ana Clara Vicente Barbiot Ana Cristina Marg Ana Flora Ribeiro Scomparin

Ana Iara Nicolosi Olabazal Ana Júlia Silva Miranda Ana Laly Ribeiro do Amaral Cruz Santos Ana Ligya Avelino de Andrade Souza Ana Lucia Falcão Barros Ana Luiza Almeida de Sousa Ana Luiza de Souza Batista Ana Luiza Florencio Wakuda Ana Luiza Marques Oscalis Profitti Ana Luiza Paes de Lira Correa Ana Luiza Rosa de Lima Ana Galluzzi Ana Maria Rangel Medawar Ana Victoria Moraes de Almeida Analice de Oliveira Pinho André Agostinelli Ribeiro André Perego de Oliveira André Sosa Bordokan Andrea Sales de Oliveira Andreia Da Cruz Barbosa Andreza Noschese Takahashi Anita Freitas dos Santos Anita Pascholae Oliveira Anna Beatriz Cabello Rodrigues Anna Beatriz Ribeiro Ferreira Anna Luiza Pinheiro Basílio Anna Luiza Rios da Rocha Anne Akemi Soares Takiy Anne Kaori Tanaka Banno Anne Sophie Góes Silva Antonio de Mattos Strassalano Antonio de Souza das Dores Antonio Donha Teixeira Alquezar Antonio Piettro de Souza Ariely Abgail do Nascimento Borges Arthur Akira Inouje Watabe Arthur Alves Sacramento Arthur Carvalho Arthur Costa Gamez Arthur de Alcantara Stefani Arthur Dimitrovicht Castilho Arthur Estevam Oliveira Arthur Fernandes Soglia Arthur Henrique Bento Baulé Arthur Henrique Prado Dal-Col do Valle Arthur Henrique Ribeiro da Silva Arthur Henrique Rodrigues de Aguiar Arthur Koide Saito Arthur Martins Torres Arthur Miguel de Almeida Chagas Arthur Moreti Rocha Arthur Schatzmann Brandão Arthur Schiavetto Costa Ribeiro Artur Henrique de Castro Cardoso Artur Learte Sampaio Atsuhiro Oura Audris Tubelis Pétrikas de Moraes Augusto Tridente Anzilotti Aurora Cardoso de Oliveira Aurora Mogadouro Pomar Bárbara Mendes Barros Beatriz Colette Vegi Akissue de Barros Beatriz Garcia de Almeida Beatriz Harumi Omoto Alves Beatriz Lima de Menezes

Beatriz Monteiro Balasteghin Beatriz Mostaço Franzese Beatriz Terra Benicio Raul Gomes Santander Benjamim Fernandes Jacom Benjamin Antunes Bueno de Oliveira Benjamin Gabriel Resende Benjamin Patricio Mergulhão Bento Aiex Chaves Bento Molisani Ferreira Scartezini Bernardo Berruezo Barbosa Vidal Bernardo Costa Arantes Bernardo Damazio Furukawa Bernardo Eufrozino Ribeiro Bernardo Ferreira Rodrigues Bernardo Paula Silva Vieira Bernardo Rodrigues do Carmo Bernardo São Miguel Novaes Bianca Assis Rabello Bianca Bazoni Macedo Bianca Carvalho Brayan Henrique da Silva Brian Machado Landim Bruna D’Urso de Oliveira Bruna Morais Citrangulo Bruno de Oliveira e Soares Bruno Lima Gati Bruno Pereira da Silva Miranda Bruno Tripodi Pastone Bonifáfio Cadu Pires Venturoli Caio Miyata Portilho Caio Ozaki Wallner Caio Pereira Marciano Caio Prezia Antar Maia Camila Alves Fernandes Camila Padula Carile Tancredi Carla de Oliveira Carlos Daniel Araujo Sampaio Carlos Eduardo Daniel Januzzi Junior Caroline Fukumoto Carolina Godinho de Souza F. Carolina da Silva Souza Figueiredo Jorge Carolina Nakano Sakamoto Carolina Oscalis Profitti Caroline Cabral Romano Fukumoto Caroline Giacomazzi da Silva Caroline da Silva Barbosa Rosa Cassiano de Moura Matos Catarina Fediczko Passos Catarina Ferraro Marques Catarina Franco Ciupka Catarina Manson Eigenmann Catarina Pellegrini Cavalieri Gomes de Souza Catarina Vilario Lopes Catharina Baptista Faraco Catherine Ayumi Takano Cauã Amaral Vianna Cauã Duarte Fillol Cauã Trindade Pereira da Silva Cecilia Aleo Geraldo Cecilia Abdon Feltrin Cecilia Aleo Geraldo Cecília Araújo Costa Cecília Augusta Cardoso Varino Cruz Cecília Bou Anni Pelucio Silva Cecilia Busch Sensato Cecilia Camargo Holm Cunha Cecília Donha Teixeira Cecilia Freitas dos Santos Cecilia Gonçalves das Neves Cecília Lima Carvalho Cecilia Noronha Maciel Lima

Cecília Pereira Martins Silva Cecília Teixeira Celso Toma Lopes Chiara Vannucci Christian Ryuki Yoshitoshi Tsukada Christine Maria Thereza N. de Sá P. S Ferracciu Cristal Liberdade da Silva Moreira Cristiane Remboweki Fernandes Clara Bernardo Guardino Clara Casakin Zwarg Clara de Anunciação Mota Clara de Oliveira Maschio Clara Elias Alvernaz Clara Hamaishi Ferreira Clara Marques de Assis Cunha Clara Monteiro Gonçalves Clara Sophia da Silva Grec Clarice Alario Torres dos Santos Clarice Borges Santana Clarice Mascarenhas Medina Clarisse Nunes Silveira Clarisse Oliveira Pinho Moreira Cora Castillo Luiz Dalila Craveiro Gambin Dagimara V. Rosa Lima Dandara Helena de Britto Amaral Daniel Barbosa Costa Daniel Rodrigues de Lima Daniel Schiavon de Azevedo Daniel Yutaka Saito Lima Daniela Naomy Asanome Daniela Soares da Silva Daniella Alexandre Mathias Danielle Mitie Miura Danilo Martins Ribeiro Danilo nagasaki Yamamoto Dante Riyu Hirata Davi Caldeira de Oliveira Davi Cassano Santos Davi de Freitas Nagai Davi Florentino da Silva Davi Lucca Moreira da Silva Davi Nascimento dos Santos Davi Rodrigues de Lima Deise Helena Pinheiro Perreira Denis Mendonça dos Santos Denise Molina Diana Lourenço Turco da Silva Gorzoni Dora Catussatto Alcerito Roque Edlene Aparecida de Morais Silva Riboldi Eduarda Sophia Castro Sousa Eduardo Akira Ishihara Miyakawa Eduardo Araujo do Evangelho Eduardo David dos Santos Caiaffa Eduardo Esteves Silva Eduardo Gonçalves Lopes Eduardo Gonsales Campagna Eduardo Kenji Tutya Eduardo Kenzo Fernandes Fugita Eduardo Pereira de Macedo Barboza Eduardo Velarde Marchini Vieira Eduardo Vinicius Souza Milantonio Elen Sophia Pires Bezerra Eliane Ferreira de A. Silva Elias Cassemiro de Lucena Júnior Elis Trindade Hartmann Elisa Tanada Giacomini da Silva Ellen Araujo Gomes Ellen Cristina Correia Prieto Eloa Luiza de Oliveira Teixeira Emanuele Aparecida de Morais e Silva Riboldi Emanuelle Assunção Lucio


Emanuelly Caldas Brenes Emanuelly de Souza Felix da Silva Emanuelly Oliveira de Jesus Loureiro Emilly Santana Nunes Enrico de Oliveira Schmidt Enzo Alexandre Barreto de Souza Enzo Augusto de Jesus Araujo Enzo Cotrim Lopes Enzo Eduardo Lima Enzo Gabriel Marques Gisto Enzo Jun Ozay Iwasa Enzo Meira Guastaferro Enzo Neumann de Moura Enzo Trindade Silva Eric Carvalho Mattioli Magnocavallo Eric Gerardi Erhardt Erick Alcântara Silva Erick Teruya Yawata Ernesto de Souza Murakami Estela Lima Estela Santana de Oliveira Estella Feng Wang Estella Miki Murakami Dutra Ester Zion Silveira de Camargo Eunice Amaral dos Santos Eunice de Paula Eunice Terezinha de Paula Eva Borges Vieira Fabia Lika Nishida Faniana Costa Antunes Felipe Aguera Giachini Weigl Antonini Felipe Almeida Silva Gonçalves Felipe Camargo Assis Felipe Cechini Bressar Felipe da Silva Lima Felipe de Francisco Shimizu Felipe Di Donato Ferdinando Felipe Sardella de Castro Felipe Souza Fugulin Felipe Yoshinori Kudo de Camargo Rodrigues Felipe Yukio Fernandes Fugita Fellype Emanuel Silva Dos Santos Feliza Isabel Condori Choque Fernanda Aponte Freire Fernanda Barboni Xavier Fernanda Brandini Nakamura Fernanda de Sousa Fernanda Fernandes de Lima Fernanda Flauto Borba Fernanda Nakama Ikegami Fernanda Prates dos Santos Fernanda Yumi Yamamoto Fernando Agostinelli Ribeiro Fernando Aguilera de Azevedo Fernando Pantaleão Pereira Fernando Ryu Alves Tutya Filipe Bomfim Evangelista Flávia Bittencourt Alves Flávia da Rocha Brito Flávio Augusto Bertoni de Oliveira Flora Alves Simões Flora Gatamorta Cotta Flora Mendes Severino Flora Mota Casella Floreny Fregone Andrade Francine Aléo Geraldo Francisco Alvares Gervaiseau Francisco Gardin Ferreira Francisco Henrique Nunes Cesário de Sousa Francisco Ipê da Rocha Santos Francisco Otto de Barros Campos Francisco Tavares Villa

Frederico Tetsuo Kudo de Camargo Rodrigues Gabriel Abayomi Garcia Oliveira de Sousa Gabriel Barros Predella Gabriel Braga Vieira Pires Mauricio Gabriel de Castro Heitzmann Gabriel de Freitas Cald Gabriel de Jesus Pereira Andrade Gabriel Estefanio Soares Gabriel Gomes Loureiro Seibert Kist Gabriel Medeiros Matsuno Gabriel Oliveira Marques Gabriel Otávio Souza Milantonio Gabriel Pardo Aderaldo Lima Gabriel Russo Slemer Gabriel Silva Santos Gabriel Sousa Pinto Gabriel Souza de Siqueira Gabriela Amorim Matunaga Gabriela Baldrez de Pascale Gabriela Bastos Miranda Gabriela Botelho Trindade Gabriela de Paula Mathias Estrella Gabriela Falchet Sobral Gabriela Fernandes Conceição Gabriela Huck Oliveira Gabriela Matsuno Gabrielle Akemi Seigaki Gabrielly Sin Já da Silva Magalhães Gael Maia Verderame Gael Vilar Flório Gaele Morena Baldrez Queiroz Gaya Gonçalves Mora Georgina Hinojosa de Azavedo M. Sohn Gildete de Oliveira Silva Giovanna Battistini Milantoni Mattiuzzi Giovanna Candido Geronimo Giovanna Leal Giovanna Magalhães Timotheo dos Anjos Giovanna Naomi Shiba Kowarick Giovanna Nicoli Pereira Leal Giovanna Silva do Nascimento Giovanni de Vincenzo Rafael Gisela Bueno Gisela Gayoso Cardoso Bueno Giulia Meira Guastaferro Giulia Starling Stolagli Giulia Strauss Luiz Giulia Tripodi Pastore Bonifácio Giuliana Antonia do Nascimento Giulianna Andrade Pellegrini Giullia Thomaz Otoni Giuseppe Cybis Savegnago de Castro Glenda Cavalcante Soares Glória de Paula Thomas de Almeida Glória Machado Rosa Guilherme Alves Matos Guilherme Basílio da Silva Guilherme Bessa Cabral Guilherme Boettger Brolo Guilherme Carvalho Alves Guilherme da Costa Zen Guilherme de Montille Ferreira Guilherme Estefanio Soares Guilherme Freire Alves Guilherme Lopes Ferreira Guilherme Luiz Soreto Guilherme Machado Rabelo Guilherme Masaru Figueiredo Yamashita Guilherme Mendes Ribeiro Guilherme Mesquita Hashimoto Guilherme Pereira de Rivoredo Guilherme Teles Soares

Guilherme Thierry Oliveira Gustavo Alves Videira Gustavo da Cruz Chieri Gustavo Henrique Clero dos Santos Gustavo Lavorini Camasmie Gustavo Luiz Araujo D’Iasi Terra Gustavo Molinari Breviglieri Fonseca Gustavo Silva Aznar Guylherme Thasso Trindade Almeida Haidee D’Iasi Terra Pinto Heitor Alcântara Silva Heitor Cruz de Menezes Freire Heitor de Sousa Alves Heitor Henrique Cabello Rodrigues Heitor Hyu Procópio de Matos Heitor Lira Pires Heitor Oliveira Diniz Gomes da Silva Heitor Ramos Borges Heitor Toshiyuki Maeda Helena Amaral Paulino dos Santos Helena Bortolin Vieira Helena Carneiro Chaves Helena Costa Sgalla Helena Julião Alfredo Helena Medeiros Matsuno Helena Menezes Dreyfuss Helena Ribeiro Brucoli Helena Tavares Martins Helena Trigo Ferreira Heloisa de Oliveira Cavalcante Heloisa de Oliveira Vargem Heloisa Helena Pereira Heloisa Oliveira dos Anjos Heloisa Pereira Bizetto Heloisa Silva de Souza Henrico Boneli Martins Henrique Afonso dos Santos Henrique Baldrez Queiroz Lessa Henrique Guedes Soglia Henrique Pivovar Moreira Henrique Vasconcelos Alves Henry Ken Kuninari Henry Kunradi Rosa Ian Daher Maimoni Ian de Freitas Nagai Ian Hiro Hirashima Hirata Ian Schil Rojas Iara da Silva Leão Igor Iguma Franco Igor Sadao Horita Indhira Dias Oliveira Iolanda Moreira Ramos Iris Agathe Nkouhomi Isabel Barbosa de Faria Isabel Cristina Rezende de Assis Isabel Jorgenfelth Lemos de Araujo Isabel Megumi Asanome Zanini Isabel Sakura Condori Assada Isabela A. Angelini Isabela Aimi Kimura Feriani Isabela Braga Baião Isabela Carmo Russo Leme Isabela Gonzalo Galhego Isabela Leão Barreto Isabela Machado Soares Isabela Rembowski Fuchs de Jesus Isabela Santos Fialho Isabela Sayuri Mattos Shirakawa Isabela Silia Paranhos Isabella Costa de Souza Isabella Padilha Sattui Isabella Rodrigues Magalhães Pierre

Isabelle Fragoso Pereira Cardia Isabelle Giacomazzi da Silva Isabelly de Sousa Meza Isadora Benalia Penteado Isadora Corado Togni Isadora Espana Nogueira Auad Isadora Gonçalves Pereira Isadora Rodrigues Bittencourt Isadora Starling Stolagli Isaias Miguel Araujo Rodrigues Isis Quércia Ivana Brito Izabelly Palmeiras Ventura dos Santos Izabelly Pietra Saturnino Jade Carrasco de Oliveira Jade Hadlich de Lima Jade Noronha Barroso Jaqueline Santos de Oliveira Jennifer Pereira da Silva Joana Akemi Sakai Silva Joana Aun Moura Joana Rapisarda Romero João Antonio Bento Neto João Antonio Murino Galdino João Araujo Cocuzzo João Cardoso Hernandes e Oliveira João Eric Cuenca Maldonado Silva João Gabriel da Franca Cardoso João Gabriel Lemos Assis João Guilherme Cardoso de Abreu Lima João José Oliveira da Silva João Miranda de Camargo João Pedro Cardoso Lopes João Pedro Fonseca Francisco João Pedro Martins Lousada João Pedro Pettoruti Auada João Pedro Sarmiento Gouvea João Pedro Sousa da Silva João Raphael Soares da Silveira João Roberto Costa Martins Silva Neto João Thor Silva Santiago João Victor Aderaldo Angelini João Vitor Carvallho Campos João Vitor Mendonça Martins João Vitor Sales de Oliveira João Vitor Takiy Olo Joaquim Carlos de Freitas Mendonça Bissochi Joaquim Dallacqua Magrini Joaquim Dias Oliveira Lima Joaquim Garcia Santana Joaquim Ito Maruyama Branduliz Joaquim Olino Dionísio Joaquim Roque Rodrigues Joaquim Sharp Gouveia Jônatas Vieira de Sá Silva Jonathan Marg Jorge Carlini Silva Jorge Freitas Castro de Simone Jorge Lucca Campos do Prado Jorge Mattos Ivo Jorge Roque Rodrigues José Alvim Leite Mortaes e Silva José Carlos dos Santos Kersch José Carlos Yuji Mada Jose David Polanco Fontalba José Galvão de França Amaral José Miguel Ulloa Trolese Lins Josina Pinheiro Cassemiro de Lucena Juan Gabriel Mascarenhas Gomes Julia Akemi Brandini Uezu Júlia Akemi Watanabe Yamada Julia Britto Passos de Figueiredo

77


78

Julia da Silva Furuno Julia da Silva souza Júlia dos Anjos Silva Julia Fanelli Thomaz de Lima Júlia Gonçalves de Araujo Júlia Gonçalves Lima Júlia Harumi Rocha Ogawa Julia Helena Galluzzo Julia Katanosaka Freitas Julia Lira Forés Julia Menezes Malaquias Julia Nykiel Lopes de Oliveira Julia Pessoa Carvalho Muccillo Julia Quércia Julia Quintero Laskievic Faria Julia Resende de Caires Julia Utida Tsukiyama Julia Vogt Paulo Juno Yumi Asanome Zanini Kailan Yuki de Marcos Kaique Castanho Afonso dos Santos Kamila Alves Fernandes Kamila Benevides Reis Karine Hama Omoto Katé Ferreira Dias Katia Cristina Melito Zapata Kauã Ramos Batistusa Kauan Mike Martins Nascimento Kauan Toledo Quintino Kayla Beatriz Marques da Silva Kenji Godinho Fuwa Kenny Barbosa Fernandes da Silva Kenzo Kondo Sano Ketlen Benevides Reis Koji Godinho Fuwa Lahara Lima Barbaresi Lais Martini de Moraes Lalita Gasparini Campiello Lara Alves Faria Lara Alves Simões Lara Cardoso Pierri Lara Claudino Oliveira Lara da Costa Salimbeni Lara Liz Queiroz Almeida Pacco Lara Miranda de Oliveira Lara Serafim Moreira Lara Soares de Macedo Lara Xavier Ferreira Lara Zeppini Menezes Mohr Larissa Joy Pupo Frias Uchenna Larissa Miyuki Ikeda Laura Apostolico Logiacco Laura Belotto Saldivar Bocangel Laura Bonfante Borini Peron Laura Catussatto Alcerito Roque Laura Cunha Carvalho Silva Laura Dias Lima Laura dos Santos Lima Laura Emy Kimura Laura França Vieira Arroyo Laura Freire Alves Laura Machado e Silva Mendonça Laura Nakashima de Freitas Laura Nascimento Marçal Laura Pavanelli Rodrigues Laura Proietti e Castro Laura Sarkis de Alcantara Laura Silva Lima Laura Silva Ribeiro Laura Smania Alves Laura Theodoro Pontes Lavinia Galvão Viana Romualda Lavinia Gilbertoni Nishimura

Layla Gabriela Silva de Oliveira Leah Ruiz Tatini Leandro Keiji Caballeria Taguchi Leila de Sobral Asevedo Leo Morais Kuhlmann Léon Puettker Pascale Leonardo Batista da Silva Leonardo Caregaro Bonini Leonardo Rios Rosa Leonardo Vieira Colaço Leticia Akemi hatori Thanasio Letícia Ayumi Chen Leticia Bomfim Evangelista Letícia de Lima Xavier Letícia Faro Pereira Morais Letícia Franceschini de Souza Leticia Kaori Nishi ferreira Leticia Leal Nobrega Marques Letícia Murano Trindade Leticia Rosa de Oliveira Letícia Ruas Letícia Sampaio Turtera Leticia Valder de Cienfuegos Bucci Letícia Yukari Tanaka Banno Levi Nunes Pelegrini de Oliveira Lia Valença Seiler Lia Yue Moura Lidiani Correia Freitas Ligia Loduca Ramoska Ligia Xiao Ming Wang Gonzaga Lira de Oliveira Rodrigues Lissa Saito Yoshiy Livia Augusta de Carvalho Gabriel Livia Favour Pupo Frias Uchenna Livia Gabriel Livia Oliveira da Silva Lívia Rodrigues de Araujo Liz de Alencar Soares Martins Lorena Akemi Marques Sakuda Lorena de Campos Corrêa Lorena dos Santos Cavallaro Lorenzo Campos Borges Alonso Lorenzo Feitosa Oliveira Lorenzo Leslão Garcia Gonçalves Lorenzo Garrido Tamarossi Alves Lourdes Aparecida D’Urso Lourenço Cavagis Sotero Luan Pablo Barbosa Antunes Luana Colette Vegi Akissue de Barros Luana da Silva Rodrigues Barbosa Luana Yagyu Ferreira Luany Marques Oikava Luca dos Santos De Fiori Luca Ribas Gomes de Paula Corrêa Lucas Akira Brandidi Uezu Lucas Alexandre Franceschini Martins Lucas Baptista Oliveira Lucas Cechini Bressar Lucas Eiji Kubota Lucas Miranda Figueiredo Lucas Orosco Kobuti Lucas Queppe Algarve Lucas Viviani Lima Lucas Yuji Katayama Lucca Espíndola Marques Cruz Lucca Franzoni doa Santos Lucca Jun Ogawa Lucca Moritha Basile Luciana Garcia Neri Nakanishi Luciane Sampaio Chaim Turtera Lúcio Miranda Figueiredo Ludmila de Souza Rocha Luigi Del Bianco Mangano

Luis Augusto de Oliveira Claro Luisa Kei Satomi Oki Luis Octávio Pereira Silva Luisa Ruivo Andrade Luísa Sosa Bordokan Luisa Yumi Kondo Sano Luiz Arthur Ogawa Augusto Gomes Luiz Augusto de Souza Pinheiro Luiz Felipe Mazzolini Luiz Fernando Pereira Martins Silva Luiz Miguel Batista da Silva Luiza Almeida Perazo Luiza Amaral Andrade Pinto Luiza Bortolin Vieira Luiza Espana Nogueira Auad Luiza Gomes Toledo Luiza Gonçalves Masutti Luiza Pereira Nascimbeni Luma Xavier Ferreira Luna Fochesato Bierast Madhu Gonzalez Singh Rawat Maíra Regina Gouvea Trindade Maitê Louise Góes Silva Manoela Zannon de Andrade Figueiredo Manuela Basílio de Souza Manuela Colombini Waack Sampaio Manuela Kneipp Pelarin dos Santos Manuela Lopes David Prado Alves Manuela Mariano Mastelin Manuela Proietti e Castro Manuela Rufino Ferragini Manuela Trigo Ferreira Manuela Trindade Smania Manuele Batista Rodrigues Manuella Fernandes Rocha Manuella Mori Marques Márcia Élida Santos de Oliveira Marco Antônio Gomes Barros Marcos Masaru Sakurai Maria Alice de Melo Kronemberg Maria Alice Paixão Vergueiro Maria Aparecida Pires Balint Maria Bela Bressan Cerri Maria Antonia Denardi Passarelli Maria Antônia Martinho Guedes Maria Cecília Nascimento de Lima Maria Cecília Rangel Amato Maria Cecília Santos Machado Maria Clara Dalessia Figueira Procopio Maria Clara Oliveira Varjão Maria Clara Silvestre de Souza Maria Clara Souza Batista Maria das Graças Borges Maria Eduarda Castro Silva Maria Eduarda Borges Maria Eduarda Marcondes Duarte Maria Eduarda Moraes Cesar Maria Eduarda Oliveira Costa Maria Eduarda Xavier Pinto Maria Elisa Oliveira Costa Maria Estela da Luz Meguro Maria Fernanda Arduini Galhardi Maria Fernanda Cambraia Monteiro Maria Helena Martinho Guedes Maria Júlia Santander Drummond de Almeida Maria Julia Trajano de Souza Maria Luiza Fonseca Francisco Maria Luiza Mirancos da Cunha Camacho Maria Luiza Targino Gonçalves Maria Luysa Dias da Silva Maria Morena Isidoro dos Anjos Maria Nogueira Prado Luis Maria Rita P. Amada

Maria Rosas Vaz Silva Gomes Maria Valentina Costa Bernardes Souza Maria Vitória Guedes Nogueira Maria Vittória Soares da Silveira Mariana Bomfim Evangelista Mariana de Melo Ruiz Mariana dos Reis Gonçalves Mariana Ferreira Magalhães Mariana Garcia da Silva Mariana Huanca Iacomussi Mariana Kato Batista Mariana kiyomi yamamoto Mariana Murari Meirelles Mariana Huanca Iacomussi Mariane Giacomazzi da Silva Marianna Bandeira da Silva Siqueira Marina Ciampolini Costa e Silva Marina Costa Sá Marina Freire Guedes Fernandes Marina Meneghello Proença Tarran Marina Murari Meirelles Marina Passos Carvalho Marina Valentina Halsik Santos Gonçalves Mario Antonio Borges Pena Mario Augusto Nemec Filho Maristela da Graça P. Brito Martim Scabar Bushatsky Mateus Henrique Nogueira Teixeira Garrido Mateus Marques de Oliveira Mateus Tegoshi Rodrigues Mateus Teixeira Nascimento Matheo Morita Basile Matheus Araujo Matheus Barreto de Oliveira Matheus de Holanda Galvão Silva Matheus Emerici Freitas Matheus França Carneiro Matheus Gabriel Leite da Silva Matheus Gabriel Pereira Borges Matheus Kenzo Batista Ferreira Matheus Lobato Tullio Matheus Miranda Kuiawinski Matheus Pinto Cruz Matheus Rodrigues Faim Matheus Torres de Aguiar Matheus Walendy Alaour Mathias de Souza Miranda Matias Boratino Salim Matias Osman Escorse Mayara Caroline de Souza Oliveira Mayumi Garcia Nakanishi Mei Murao Mel Marques de Simone Melina Pivovar Moreira Melissa Silvestre Mangas Michelly Garrido Garcia Miguel Felismino Carvalho Miguel Feltrim de Souza Miguel Marinho Mendes Miguel Marques Costa Miguel Moreira Besseler Miguel Nunes Mendes Miguel Ostheimer Pinheiro Miguel Profitti dos Santos Miguel Ribeiro Tim dos Santos Miguel Sales Carraturi Pereira Miguel Silveira Leal Miguel Teixeira Alquezar Mikael Robson de Santana Pessoa Mikhael Cesar Vianna Santos Mileny Aparecida Afonso Mitsuo Oliveira Tanaka Murillo Garcia Sanchez


Murilo Almeida Silva Gonçalves Murilo dos Anjos de Souza Murilo Lisboa Santos Murilo Ribeiro Tim dos Santos Naige Naara dos Reis Gonçalves Naomi Briganti Colli Naomi de Oliveira Bock Belloube Naomi Iatalesi Tsuchiya Naoto Masuda Nakamura Nara Dias Gugliano Nara Marino Iwamizu Narrimann Ingrid Fabretti Moretti Natalia Cardoso de Souza Natália Marques de Oliveira dos Anjos Natalia Okuma Barros Natalia Oliveira Rosa Natan de Simone Pagnoca Nathalia Maria Novais Pereira Nathaly Santiago Silva Barbosa Nathan Oliveira Sales Fabiano Nereide Mosolino Nicolas Bragante Paula Nicolas D’Iasi Terra Pinto Nicolas Spina da Fonseca Nicole Cardoso Piesko Bueno Nicole Fogaça Alves Felisbino Nicole Montefusco Troccoli Nicole Vasconcelos Alves Nicolle Oliveira Sales Fabiano Nina Luz Shmidt Filev Nina Mei Ozay Iwasa Nivia Gonçalves Masutti Nobuharu Oura Noedson Martins de Almeida Nuno Pires Venturoli Olavo Nervo Pastório Washington de Oliveira Oliver Machado Landim Olivia Craveiro Gambin Olívia Pires Americo Olívia Soares Bueno Oto de França Ribeiro Otto de Campos Haussmann Pablo Benevides Inoue Migliari Branco Pablo Dauzcuk Ayad Paloma Messias Clemente Paolla Narciso de Oliveira Paulo Eduardo Dias Strauss Paulo Henrique Fernandes Miranda Paulo Henrique Sales de Oliveira Paulo Mathias Kobori dos Santos Paulo Miguel da Silva Mattos Pawel Prestes Bartnicki Vairoletto Pedro Amaral Alves Pedro Augusto Galdine Dias Pedro Beltrão Buzzo Pedro Cezar Carli Pedro Colette Vegi Akissue de Barros Pedro da Silva Barbosa Rosa Pedro de Anunciação Mota Pedro de Nóbrega Mader Badini Pedro Fabretti Streapco Pedro Fortes Costa Pedro Gianuario de Sá Teles Pedro Henrique Bertholdo Sousa Pedro Henrique Carro de Souza Guerra Pedro Henrique de Oliveira Schardosim Pedro Henrique Miliano das Graças Pedro Henrique Pereira Lima Nacaratto Pedro Ivo Ribeiro do Amaral da Cruz dos Santos Pedro José Juviniano Zanetti Dudli Pedro Lukas Estevão da Silva Pedro Kouki Ishihara Miyakawa Pedro Luiz Fernandes Miranda

Pedro Marques de Assis Cunha Samuel de Souza Silva Pedro Nunes Mendes Samuel Jeter Correia de Oliveira Pedro Nascimento Marçal Samuel Lemmy Quirino Pereira Pedro Pellegrini Benites Samuel Luna Silva Pedro Rio Branco Pereira Samuel Rodrigues Maciel Pedro Sandrini Ferreira Samuel Silva Souza Pedro Spada Sanchez Saolo Jaquez Trindade Almeida Pedro Togni Sara Avelar Mello Affonso Lemos Tannous Pedro Vieira de Andrade Sara Yukimi Tomioka Pedro Yoshinami Reimão de Melo Sarah Felix Leal da Silva Penelope Souza Beltrão de Moraes Sarah Meira Barreto Pétala Porvida Nascimento Sarah Mendes Leal Torquetto Pierry Gustavo Basilio da Silva Shopie Alves Lourenço dos Santos Pietra de Oliveira Dupont Sebastião Damasceno Buarque de Gusmão Pietro de Castro Assis Bossi Sebastião Salvador Toviansky Alves Pietro Orlando Neves Sibele Tumbert Bocci Pietro de Sá Cavalcante Sofia Akemi Shinku Pietro Nobre Fogaça Sofia Amaral Paulino dos Santos Pietro Numakura Domenicis Sofia Arrigoni Candido Pietro Pontes Gazal Sofia Avelaira Almeida Poliana Yossie Kudo de Camargo Rodrigues Sofia Fediczko Passos Pyetra Soares Caribé Vilhena Sofia Forlani Cruz Pyetra Vaz Sofia Gerardi Erhardt Radyja Gomes Pivetta Sofia Martins de Satel Rafael Barbosa Antunes Sofia Narchi Attorre Rafael Baroni Pareira Sofia Nunes Silveira Rafael Born Holm Bezerra Sofia Paes Silvestre Rafael de Freitas Santos Sofia Piscitelli Rodrigues Aponte Rafael Kazuki Vieira Peixoto Sofia Prado Guimarães Bernardes Rafael Matias Vera Lima Sofia Sanae Neves do Monte Nakano Rafael Naoto Hirakawa Sofia Teixeira dos Santos Rafael Noguti Nunes Sofia Xavier do Nascimento Gonzaga Rafael Peixoto Budoia Sofia Yumi Wakizaka Ueno Rafael Sarmento Silveira Sônia Terezinha Mafra Rafaela D’Ornelas de Freitas Sophia Agnese Oliveira Luongo Rafaela Santos dos Anjos Nascimento Sophia Cordeiro de Oliveira Castro Rafaela Trindade Smania Sophia Dias da Silva Rafaela Tumbert Bacci Sophia Fazani Lima Vieira Silva Ferreira Rafaella Guedes Yamashiro Sophia Floriano Brasil Rafaella Rubio Carvalho Sophia Geovanna Gomes de Oliveira Rahva Steter Guimarães Sophia Helena Teixeira da Cunha Raphael Latacz Africani Sophia Hsu Raphael Luz de Oliveira Sophia Megumi Yamamoto Kajiya Raquel Gabrielly Augusto de Assis Oliveira Sophia Meira Barreto Raquel Teixeira Kappaun Sophia Mel de Carlos Lima Raul Chrispiniano Ito Bocchini Sophia Neves Taleb Raul de Sousa Alves Sophia Rio Branco Nagipe Raul Domingues Ataliba Sophia Rodrigues Caldas Barichello Raul Raguzo Kuiawinski Sophia Rodrigues Carettoni de Toledo Raul Strauss Luiz Sophia Santos Gonçalves Fukuzaki Rayssa Rosa de Oliveira Sophia Silva Tenca Rebeca de Lima Silva Sophia Souza Rocha Regiane Vilar do Nascimento Sophia Vitoria Nascimento Costa Renata Augusto Ferreira Sophia Wandenkolk Ortega Renato Coelho Mathias Duarte Sophia Watanabe Santana Renato Jun Tagashira Sophie do Prado Santana de Brito Rhadija Gomes da Silva Stella Hiraki Kondo Sano Ricardo Corrêa da Silva Tainá Capacla Szilagyi Ricardo Nunes do Nascimento Sena Tainá Marie Rosa de Castro Ricardo Purvinis Musolino Sene Tamburus Tarsila Maria Paixão Vergueiro Richard Gabriel Santana Santos Tarsila Ruiz Borges Rodrigo Molinari Breviglieri Fonseca Teodoro Rischbieter Rômulo Coelho Alves Thais Ramos Cechini Rui Muniz Guilhermetti Thales Marques Costa Ryan Luiz Sugawara Tharcisio Abdon Feltrin Sabrina Beatriz Mendes Benedetti Theo Cardia Okuhara Canalonga Sabrina Lumi Sugawara Bernardo Theo de Campos Haussmann Samara Vander Bill Ferreira Théo Okamoto Stevanatto Calvoso Samille Yumi Massuda Theo Satoshi Santos Gonçalves Fukuzaki Samily Ferreira Almeida Theodora Vitale Negrão Samir Baladi Roberto Godoi Thiago Aguiar da Vitoria Samuel Abdon Feltrin Thiago Batista Richter Samuel Callejo de Araujo Thiago Kai Hashima

Thomás Heiji Bernardes Nakamoto Thomas Jun Santos Gonçalves Fukuzaki Thomás Paiva Melonio Ribeiro Thomas Vohringer Pessoa Tiago Carlini Silva Tiago Portilho Furlan Silva Tiago Sandrini Ferreira Tito Valentim de Barros Campos Tom Carignani Cella Tomás Francisco Cruz Rios Tomás Guerrero Freitas Tomás Henrique de Souza Vedovate Tomás Kaluby Moná Kabengele Tomás Lopes Giudice Maluf Tomás Martins de Grandis Tomás Paes Dolivet Valentin Akira Condori Assada Valentina Brasil Valim Valentina Gonzalez Singh Rawat Valentina Miki de Almeida Sakano Valentina Theodoro Pontes Valter Mendes Barros Vanessa Andrade Caldeira Vera Silva Augusto Marques Vicente Gomes de Barros Vicente Pougy Guazzelli Vicente Queiroz André Vicenzo Ponsati Quarto Escolano Vicenzo Prado Franceschini Victor Alexandre de Pinheiro Francisco Victor Arthur Martinez de Freitas Victor Cianciulli Solitão Victor Fernando dos Santos Oliveira Victor Ferreira Carvalho Victor Kenzo Tsukamoto Victor Oliveira Sales Fabiano Vinicius Barreto de Oliveira Vinícius Fabretti Streapco Vinicius Gabriel Baroni Constantino Vinicius Moretz Sohn Bouzaz Vinicius Pelizzer Paulino Vinicius Seiji Ribeiro Carbonaro Andrade Vinícius Shimizu Dimitriou Vinicius Silva Cassiano Vinícius Yuichi Tutya Violeta Isabel Riquelme Gagliardo Vitor Antonio Costa Pfuntzenreuter Vitor Ferraz de Oliveira Vitor Hao Ming Wang Gonzaga Vitor Hasseda Teixeira França Vitória Haritoo Cidra Vitoria Oliveira de Souza Vitória Silva Aquino Viviane Assunção Lucio Wallace Damião Queiroz de Oliveira Willian Dias Strauss Yara Capacla Szilagyi Yara Simari Borgia Vecchione Cassoni Yasmin Aparecida da Assunção Ramos Yasmin Carolina Oliveira Nogueira Yasmin de Souza Feliz da Silva Yasmin Frazão Afonso Yasmin Neves Camargo Coelho Yasmin Roizman Ventura dos Santos Yhellena Judith da Silva Yumi Maeda Sgalla Yumi Ohara Gardiazabal Yuri de Lima Marques Francisco Yuri Misael Batista de Melo Yuri Ricardo Obenauf dos Santos Zion dos Santos Motta Pinto Zuri Malik Cunha Santos Zuri Prestes Zerbini

79


FICHA TÉCNICA

Coordenação geral

Ante o desafio atravessado em tempos pandêmicos, a proposta para o projeto gráfico deste anuário ocorreu a partir da imagem sugerida de um “janelário” digital contemporâneo formado por múltiplas abas de comunicação. Pesquisas artísticas inspiradas nos movimentos Concreto e Neoconcreto brasileiro evoluíram para um mergulho inspirado por afetividades da infância: blocos de montar, bordados digitais de linhas e pontos, planos de cores esvoaçantes criando cortinas mágicas para um teatro das formas, revestido por folhas douradas. Os grafismos contidos nas páginas sugerem notações musicais. Ora se fragmentam numa policromia de píxeis, ora se agrupam em campos de massa texturizada. Lapidados um a um, sugerem iluminuras de um futuro inventado.

Antonio Francisco da Silva Jr. Curadoria

Renata Facury Farias da Silva Coordenação editorial

Nivaldo Godoy Jr. Projeto gráfico

André Lenz Nivaldo Godoy Jr. Colaboração

Panais Bouki

Nivaldo Godoy Jr.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Anuário EMIA 2020 / curadoria Renata Facury Farias da Silva. – 1. ed. – São Paulo : Nivaldo Godoy Jr., 2020. Vários colaboradores.

André Lenz

ISBN 978-65-00-12777-5 1. Artes 2. COVID-19 – Pandemia 3. Educação 4. Práticas educacionais 5. Pedagogia I. Silva, Renata Facury Farias da. 20-51603

CDD-370.7 Índices para catálogo sistemático: 1. Educação : Arte : Experiência : Educação 370.7 Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129

EMIA Escola Municipal de Iniciação Artística Parque Lina e Paulo Raia R. Volkswagen, s/no – Jabaquara São Paulo, SP – CEP 04344-020 Telefone: (11) 5017-7552 https://emiasp.blogspot.com/

O projeto gráfico do Anuário EMIA 2020 foi concebido tendo como referência a multiplicidade de telas, janelas e códigos gerada pelos meios digitais adotados durante o período de confinamento imposto pela pandemia. Em diálogo com a produção de artistas abstratos geométricos brasileiros dos anos 1950, a publicação adotou o pixel como unidade elementar para a composição das páginas e a orientação de fluxo do conteúdo, tendo eixos temáticos diferenciados por cores e padronagens e propondo um jogo cinético pelo manuseio das páginas. As janelas abertas pelos códigos QR nos apresentam uma paisagem imaginária repleta de vivências e aprendizados, espaço que guarda o fundamental encontro entre artistas e alunos, entre arte e vida.



Em busca de um estado-semente

ANUÁRIO EMIA 2020

anos

ANUÁRIO EMIA 2020 Em busca de um estado-semente


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.