No Entanto #49

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JORNAL EXPERIMENTAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DCE: de quem é a culpa? pag. 4 e 5

Cultura no feriado da capital Parabéns, Vitória! A Virada Cultural trouxe 35 horas de cultura para os capixabas em diversas localidades da cidade. pag. 7

Alunos se mobilizam para encontrar amigo Podemos nos surpreender com a força estudantil quando se trata de solidariedade. pag. 3


No Entanto 49

Jornal Experimental do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo

Apresentação

Gostaríamos de dizer que você irá precisar de fôlego para ler esse jornal – como nós precisamos de muito para fazê-lo. A edição 49 do No Entanto passou por muitas tempestades, mas nenhuma calmaria. Os previsíveis atritos e problemas que viriam à tona não tiveram tempo ainda para passar. Mas talvez seja bom que não passem mesmo. Aqui, nesse espaço de 8 páginas, você verá o reflexo das reuniões tumultuadas, das discussões infinitas e do jornalismo. Isso mesmo, aqui foi feito jornalismo. Nesses dias em que a imprensa não respeita mais ninguém, seria fazer o mesmo se falássemos da morte de Thiago? Não, os amigos e a família nos apoiaram, e nessa edição você poderá ver a mobilização feita em nome do estudante. Também tem Virada Cultural, Vitória, Projeto Contudo e humor na política. Falta de professores? Ninguém segurou a mão na hora de falar o que deve ser falado da universidade. O No Entanto foi atrás das respostas e descobriu que talvez a culpa seja sua. Respire fundo e boa leitura.

Turma 2010/2

Allan Cancian Marquez, Ayanne Karoline, Carina Couto, Daniely Borges, Flávio Castro, Honório Filho, João Carlos Fraga, Juliana Borges, Karla Danielle Secatto, Leandro Reis, Lila Nascimento, Lívia Corbellari, Lucas Rocha, Marcelo Lobato, Mateus Cordeiro, Patrícia Garcia, Polânia Sôares, Rafael Gonçalves de Assis, Raquel Malheiros, Raysa Calegari, Rebeca Santos, Reuber Diirr, Savya Alana, Victoria Varejão, Vinícius Eulálio, Vinícius Reis, Wilderson Morais, Yuri Barichivich

Editores

João Carlos Fraga, Leandro Reis Lila Nascimento, Victoria Varejão

Diagramação

João Carlos Fraga, Lívia Corbellari, Lucas Rocha, Rafael Gonçalves de Assis, Wilderson Morais

Professor Orientador Victor Gentilli

Email

noentantoufes@hotmail.com

Tiragem: 1000 Avenida Fernando Ferrari, s/nº Goiabeiras - Vitória/ES

No Entanto vem “Contudo” Foto por Raysa Calegari

Por Rebeca Santos e Rafael Gonçalves de Assis O jornal experimental está de cara nova: em cada uma das edições do No Entanto, os leitores poderão conferir também peças publicitárias produzidas pela turma de Publicidade e Propaganda 2009/2. O que é necessário para se fazer um jornal de verdade? Pensando nisso e a fim de produzir um jornal que mais se aproxime do real, a turma de Comunicação Social 2009/2 decidiu unir no jornal No Entanto a propaganda e o jornalismo. O curso de Publicidade e Propaganda na Ufes não possui laboratório experimental. A ideia de criá-lo surgiu de uma conversa informal, e depois de muito se estudar a proposta, a turma entrou em consenso e nasceu o “Projeto Contudo”. Como os próprios alunos sugerem, a proposta vem “com tudo”. “É uma brincadeira com o nome do jornal. Nós queríamos uma conjunção adversativa para chamar de nossa”, brinca Ana Clara Bianchi, uma das idealizadoras do projeto. Janaína Leite, publicitária e professora do departamento de Comunicação Social da Ufes, é a monitora do “Contudo”. Segundo a professora, os alunos a procuraram, pedindo para orientá-los. “O projeto é genial e tem tudo para dar certo”, afirma Janaína. A professora lembra que no curso existem poucos programas voltados para a área de publicidade, diferentemente do jornalismo. “O mais vital é que a iniciativa veio deles (estudantes) e con-

seguiram envolver toda a sala” conclui. O orientador do jornal experimental, Victor Gentilli, conta que nas turmas anteriores também existiu a vontade de integrar as duas habilitações. Entretanto, a idéia não passou adiante. “Jornalismo e publicidade são duas atividades diferentes na comunicação, mas que se relacionam. Este é o grande valor deste projeto. Espero que o Contudo seja uma atividade permanente em todas as edições”. Os dezoito participantes estão distribuídos em três equipes. Cada grupo é constituído por três núcleos, sendo eles: atendimento ao cliente, redação publicitária e criação de arte. “Devido ao grande número de pessoas envolvidas, decidimos nos dividir como se fôssemos ‘mini-agências’”, conta Daniel Costa, membro do projeto. A idéia inicial era lucrar com as peças publicitárias, porém, todos os gastos com o No Entanto são devidamente ressarcidos pela Universidade e, por isso, o jornal não poderá ser comercializado. Dessa forma, todos os serviços prestados pelo “Contudo” não terão fins lucrativos. Espera-se que no futuro a ideia possa se tornar um projeto de extensão e disso surgir o tão necessário laboratório experimental também para o curso de Publicidade e Propaganda. •

“O projeto é genial e tem tudo para dar certo”


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Todos por um

Por Karla Danielle Secatto e Rebeca Santos

Alunos da Ufes se mobilizam por causa nobre. A história do geógrafo licenciado pela UFES, Thiago Felisbino, de 24 anos, ficou conhecida no último feriado. O rapaz cursava o bacharelado em Geografia e desapareceu no dia 3 de setembro. Cientes do ocorrido, muitos amigos e até desconhecidos se reuniram para encontrá-lo. As buscas foram iniciadas no mesmo dia do desaparecimento. “No dia 03, começamos a avisar por e-mail e nas redes sociais para o pessoal daqui, de Geografia” conta a estudante Luiza Alves. Depois, começaram a divulgar para alunos de outros cursos em busca de qualquer informação. No dia 9, ainda sem informações, vários universitários se reuniram na UFES para arrecadar fundos. “Muita gente ajudou, alunos, professores e funcionários dos ICs”, relata Ana Paula Gonçalves. Foram confeccionados dois mil cartazes, que circularam pela Grande Vitória e chegaram até Aracruz, por meio de uma integrante do grupo. Pela internet, a movimentação era ainda maior, uma vez que alunos de outros cursos repassaram e-mails com as informações.

A família procurou a polícia e o grupo de amigos avisou a todos os hospitais da região metropolitana sobre o desaparecimento do geógrafo. A partir daí, saíram às ruas em busca de algo que os levasse até Thiago. Segundo Ana Paula, a procura não foi fácil, pois poucos se disponibilizaram. “Na hora de procurar mesmo, só foram cerca de 20 pessoas. O pior é que a gente sofreu preconceito. Ninguém dava importância, pois achavam que o Thiago era um drogado”.

Foto cedida por Thalita Covre soas diziam que ele estaria em Vila Velha. Entretanto, no bairro Ulisses Guimarães, na mesma cidade, foi encontrado o corpo de Thiago Felisbino Fernandes, no dia 14 de setembro.

No mesmo dia, os estudantes se depararam com mentiras publicadas no site de notícias Gazeta Online. “Depois de tudo, ainda tivemos que lutar pelo nosso amigo, pois esse site divulgou que Thiago era usuário de droga e tomava remédios para depressão sem prescrição médica”, afirma o estudante Rubens Peruzzo. Os jovens se mobi-

“Muita gente ajudou, alunos, professores e funcionários”

Havia grande esperança de encontrar o rapaz com vida, pois algumas pes-

lizaram mais uma vez e mandaram emails até que a matéria fosse corrigida, cerca de duas horas depois de publicada. Além disso, o programa Balanço Geral gravou imagens do corpo do rapaz no local em que foi encontrado, o que causou a revolta de seus amigos. Dois professores, Claudio Zanotelli e Paulo Scarim, conseguiram junto à Universidade ônibus para transportar os estudantes até o enterro de Thiago.

No dia 15, os amigos de Thiago Felisbino fizeram uma bela homenagem ao rapaz no Centro de Artes com uma das coisas que ele mais gostava: a música. •

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De quem é a culpa? Por Allan Cancian Marquez, Carina Couto, Flávio Soeiro, Lucas Rocha, Vinicius Eulálio e Yuri Barichvich . A falta de professores e o resultado das eleições para o DCE comprovam que não há somente um culpado pelos problemas estudantis na instituição O segundo semestre começou de forma conturbada na Ufes, com a grande escassez de professores. O fato se deve a uma recomendação da Advocacia Geral da União (AGU), que normatizou a não-contratação de professores substitutos devido ao calendário eleitoral. A contratação, entretanto, não foi concretizada em decorrência de um novo sistema, adotado desde 2007, desenvolvido pelo MEC e pelo Ministério

Foto por Yuri Barichivich NO ENTANTO #49 - SETEMBRO 2010

do Planejamento. Esse sistema calcula, de forma complexa, a quantidade de professores e suas respectivas cargas horárias, gerando um coeficiente para cada departamento. A diretora do DRH (Departamento de Recursos Humanos), Teresa Cristina Janes Carneiro, explica que “O DRH aguardou a autorização do juiz do Superior Tribunal Eleitoral (STE) para iniciar o período de contratação de professores. Essa autorização sempre fica bem próxima das eleições e, neste ano, ela não ocorreu”. Teresa explica que houve um número acima do esperado de professores efetivos que tiraram licença e não tiveram suas vagas preenchidas. O No Entanto buscou alunos que confirmaram a falta de professores em praticamente todos os cursos, como o estudante de Economia e representante eleito na Chapa 4 para o DCE, “Façamos nós por nossas Mãos”, Vítor César Noronha. Uma das soluções apresentadas pelos Departamentos foi solicitar ajuda de professores voluntários. A fim de obter explicações, o No Entanto conversou com o prof. Dr. Edebrande Cavaliere, 57, Diretor em exercício do CCHN. “O

nosso centro não apresenta o que se chama de bagunça. Nós tivemos três problemas em decorrência do calendário eleitoral”, disse Cavaliere. “Já está tudo encaminhado para ser resolvido com o Departamento de Ciências Sociais e com o Departamento de Letras”, continuou. Questionado sobre a necessidade de uma universidade federal requisitar tantos professores voluntários e substitutos, ele afirmou: “Para mim, todos os professores da Ufes deveriam ser efetivos. Nenhum substituto e nenhum voluntário”. Segundo Cavaliere, a principal deficiência dentro dos conselhos departamentais é a falta de representação estudantil para exigir respostas. “O CCHN cede quatro vagas dentro dos conselhos para os membros dos centros acadêmicos. O problema é que não existe organização para que haja essa representação. Falta força no movimento estudantil. A presença dos estudantes sempre é benéfica”, concluiu o professor. Ex-militante do movimento estudantil durante a redemocratização política, Paulo Fabris afirma que não existe uma bandeira para os estudantes lutarem atualmente. “No passado, nós lutávamos pela liberdade e por questões mais fortes. Hoje, nosso país não precisa, pois vivemos na democracia. O que falta é uma ação coletiva. Não existe aquela vontade de participar, porque tudo se baseia no individual”, disse. Fabris não concorda com a acomodação das políticas universitárias justificada pelo fim da ditadura. Ele mencionou as filas do Restaurante Universitário (RU): “Se naquela época a fila fosse grande assim, a gente pararia o RU e jogaria as bandejas no chão. Até a imprensa seria chamada!”, argumenta.


5 Os representantes da nova gestão do DCE também opinaram sobre o assunto. Leonel Monteiro (chapa 7) afirma que há um enfraquecimento de todos os movimentos políticos, principalmente os de esquerda. Pedro de Andrade (chapa 5) diz que há uma deslegitimação do DCE, uma vez que “meia dúzia de pessoas decidem por 18 mil”. Já Raphael Sodré (chapa 6), aponta a falta de inserção das últimas duas gestões. O cientista político André Pereira acredita que a perda dos ideais é normal, visto que as conjunturas do país estão em constante mudança. “Num certo momento histórico (início e fim da ditadura), os DCEs foram importantes. Foram esvaziados depois. Isso é normal, porque as conjunturas mudam. Neste sentido, desde o governo Collor, várias instituições perderam centralidade na política, como os DCEs, os sindicatos e as associações de moradores”, afirmou.

Reflexo da falta de professores: sala vazia - Foto por Yuri Barichivich

Todos sabemos o que é o DCE ? “Serve para tirar xerox mais barata”. um total de 18 mil. Com base nisso, perEssa foi a resposta de uma aluna, quancebe-se a falta de interesse e informado perguntada para que serve o DCE. ção acerca do movimento estudantil. Apesar de parecer absurdo, é esse o pensamento que muitos estudantes O pleito da universidade têm sobre o diretório. O processo de eleição foi bem calmo e Isso evidencia a falta de conhecimento sem maiores conturbações, até mesmo acerca de um órgão representativo dos nos debates ocorridos. Algumas chapas alunos de uma universidade. A desoptaram por criar pequenos jornais, politização dos estudantes, entretanto, blogs e cartazes para apresentar ao púé culpa não só dos alunos, mas também blico suas ideias e propostas. do próprio movimento estudantil. Dias antes da eleição, de acordo com As eleições para escolher a nova direCarolina Lyra, membro da Comissão toria do DCE aconteceram nos dias 25 Eleitoral, a Chapa 5 pôs em e 26 de agosto. Nem parecirculação pela Ufes um folcia que havia pleito, pelo “Desde o governo heto que continha material clima de calmaria. Quatro Collor, várias instiofensivo aos integrantes da chapas concorriam: Faça- tuições perderam Chapa 4. A Comissão Eleitomos Nós Por Nossas Mãos, centralidade na ral exigiu que a Chapa 5 se Em Construção, Ciranda e política, como os retratasse publicamente Viramundo. por meio de uma carta. Na mesma eleição, houve DCEs, os sindicatos Urnas foram espalhatambém a votação para e as associações das por todos os campi da eleger a representação esde moradores.” Ufes – Goiabeiras, Maruípe, tudantil nos Conselhos SuSão Mateus e Alegre. periores - órgãos de formuForam também preparalação, regulamentação e administração dos mesários para fiscalizar o processo das políticas institucionais e do funceleitoral. No entanto, não havia mesáriionamento adequado da universidade. os suficientes para fiscalizar as urnas, Apenas 3.106 estudantes votaram, em

o que gerou a impugnação de duas delas, a de Geografia e de Economia. No primeiro caso, as cédulas não tinham a assinatura do mesário; e no segundo, a urna desapareceu durante duas horas e gerou um sério debate. De um lado, os que defendiam a impugnação; do outro, os que a contestavam, uma vez que seriam anulados os votos de cerca de 150 estudantes. “A urna foi impugnada, pois sumiu por duas horas e foi encontrada com uma pessoa que não fazia parte do processo eleitoral”, contou Carolina Lyra. Essencialmente, os estudantes perderam o prazer em lutar pelos seus direitos. Junto dos interesses, a percepção da realidade muda. Como o professor Paulo Fabris afirma, não adianta olhar o passado com olhar atual. A realidade das décadas anteriores era diferente e, a motivação coletiva, vista como primeiro passo rumo às conquistas estudantis. •

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A mesma Vitória sob o olhar de distintas faces

Por Juliana Borges, Mateus Cordeiro e Rafael Gonçalves de Assis

Moradores expõem seu ponto de vista sobre a capital do Espírito Santo No dia 8 de agosto, Vitória comemorou 459 anos. A cidade se desenvolveu, a população aumentou e, para mostrar como caminha a qualidade de vida e a infraestrutura locais, um grupo de repórteres se dividiu em diferentes regiões para acompanhar a rotina de dois moradores com realidades distintas - Manoel Moura e Fabio Queiroz. Morador do bairro Cruzamento, Fabio Queiroz, 35 anos, é um dos personagens dessa diversidade da cidade. Desempregado, ele se levanta às 7 horas da manhã e utiliza o transporte coletivo da cidade em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Cozinheiro formado e qualificado em um curso de solda, Fabio lembra uma de suas principais dificuldades em conseguir uma ocupação. “Mesmo com a minha qualificação, minha idade não condiz com o que a maioria das empresas procura”. Quanto à mobilidade urbana, ele reclama da superlotação e insegurança da cidade. “Já fui assaltado na Leitão da Silva e em frente à rodoviária, enquanto esperava o ônibus que, na maioria das vezes, está super cheio”. À tarde, Fabio exerce o papel de diretor de bateria da Escola de Samba Unidos de Jucutuquara. À noite, volta para o Cruzamento e se encontra com a família. Sobre seu bairro, orgulha-se da vizinhança. “Gosto daqui, são todos muito humildes. Pena que os governantes não dão a devida atenção à comunidade”. Sobre a cidade de Vitória, ele lembra das belezas naturais e das opções de di-

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versão pouco aproveitadas pela população. “A cidade possui lugares maravilhosos para lazer e descanso, como o Parque Moscoso, mas chega o final de semana e todo mundo vai para o shopping”, disse. A realidade do aposentado Manoel Moura é bem diferente. Ele leva uma vida tranqüila na altura de seus 65 anos. Foi o emprego na CST que o tirou da cidade natal, Guaratinguetá, no interior de São Paulo, para viver em Jardim Manoel Moura na orla de Camburi da Penha, Vitória. “Toda mudança tem seus prós Foto por Raysa Calegari e contras, mas nesta os prós foram melhores”, iluminação coloca em risco a vida das conta o morador. “Aqui pessoas que freqüentam esta área. O posso ir à praia, correr pela orla, as policiamento está desfalcado e os aspessoas são mais simpáticas e a temsaltantes se aproveitam desse properatura é agradável. Vitória é a cidade blema para roubar. Sinto-me inseguro”. sol!” Na parte da manhã ele costuma leQuando questionado acerca das obras vantar cedo para levar os filhos à faculna orla, mostra-se otimista. “Acho nedade. Na volta, passa no supermercado cessário exatamente por conta desses e faz compras para o almoço. problemas. Estão fazendo isso para A tarde é o momento do dia que ele melhorar a estrutura do espaço”. Ao mais gosta. Subsíndico do prédio onde anoitecer, passa o tempo reunido com mora, é nessa hora que resolve os proa família ou na casa de amigos. blemas do condomínio. Coordena toRealidades diferentes que compardas as questões do interior do prédio tilham um mesmo espaço: a cidade de e orgulha-se de não haver problemas Vitória. Apesar de tudo, Vitória não entre os moradores. Por volta das 16 para de crescer e conta com mais Fabihoras, seu Manoel caminha na Praia os e Manoeis para escrever, quem sabe, de Camburi. Corredor amador, queixaos seus próximos 459 anos de história. se da precariedade da iluminação na • orla e da falta de quiosques. “A falta de


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Cultura no feriado da capital Por Polânia Sôares e Wilderson Morais Virada Cultural traz 35 horas de cultura para os capixabas O feriado prolongado, que ocorreu com a comemoração do dia da Independência (07) e do aniversário de 459 anos de Vitória (08), levou a população às diversas programações que ocorreram nos dois dias de Virada Cultural. O evento surgiu há cinco anos, em São Paulo, promovendo 24 horas dos mais variados tipos de atividades culturais. No Espírito Santo, entretanto, a programação foi de 35 horas ininterruptas. Quem compareceu, pôde acompanhar do pop ao chorinho, além de rock para a criançada e dança do ventre. “Realizado pela primeira vez, a Virada Cultural entra para o calendário de eventos da cidade como um importante mecanismo de democratização no acesso à cultura”, informou a Secretaria de Cultura de Vitória, organizadora do evento. A Virada começou com o desfile cívico na avenida Jerônimo Monteiro.

No entanto...

Grupo 5 a Sax se apresentando na Virada Cultural - Foto por Raysa Calegari Rafael Antônio Santos, maestro da escola Almerinda Portela Colodett, enfatiza: “O desfile é bom para divulgar o trabalho das bandas locais”. Já na Ilha das Caieiras, ocorreu apresentação de música popular, com participação do grupo H20, Amaral e seus teclados e muitos outros. Cláudio de Azevedo Gomes, morador do local há 20 anos, comenta: “Isso é importante para que aumente o turismo da região”. O evento ainda contou com cinema, literatura, artes plásticas, dança, teatro, circo e outras atividades. Também trouxe atrações prestigiadas nacionalmente, como Elba Ramalho e Martinho

da Vila. Quem necessitou do transporte público, precisou de paciência. Devido ao feriado, as linhas de ônibus estavam em números reduzidos. Os banheiros químicos distribuídos nos locais dos eventos estavam em condições precárias de higiene. No Parque Moscoso, houve problemas com o equipamento de som, o que prejudicou a apresentação de alguns artistas. “A Secretaria de Cultura de Vitória informa que está analisando os fatos ocorridos para que os mesmos não ocorram na edição de 2011”, explica a assessoria da Prefeitura. •

A arte de argumentar: gerenciando loucura e canalhice

- Eu tava pensando aqui. - Fala. - É muito melhor assaltar do que pedir emprestado... - Tirando a parte de que assaltar é ilegal e imoral, eu concordo com você. - ... porque quando você assalta, você insulta, humilha e agride a pessoa, como se aquilo que você está exigindo que ela te dê, fosse seu. Mas você age como tal. Não acha isso muito estranho? - Acho você estranho. - Porque só o fato de pedir emprestado é humilhante. Em uma sociedade que

valoriza o “ter” muito mais do que o “ser”, o fato de você pedir alguma coisa emprestada é a sua confissão de que o outro é melhor do que você. Se “ter” diz quem você é, o outro que tem é melhor do que você. Só admitir isso já é vergonhoso. - Quer mais amendoim? - E tem outra: quando você assalta, consegue aquilo pra você e só se desfaz quando quiser. No empréstimo não, você tem que devolver. Além daquela humilhação toda que eu te falei que acontece.

Por Leandro Reis

- Já ouviu falar em escrúpulos? - Isso é uma coisa que inventaram só pra disfarçar o nosso medo de fazer as coisas. Porque se você quer fazer algo, só os seus “escrúpulos” te impedem. Se te dá vontade de fazer mesmo sendo ilegal ou imoral, você tem que fazer. Porque, na verdade, a sua vontade já denuncia a sua falta de escrúpulos. Se você tivesse escrúpulos, nem a vontade você teria. - Depois você reclama que as pessoas te olham daquele jeito. •

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Política:

A PIADA QUE NUNCA FICA VELHA por Honório Filho e Reuber Diirr

A

censura às sátiras e piadas imposta pela lei eleitoral foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste mês de setembro. Contudo, isso não quer dizer que não houve humor nestas eleições até então. Antes, a mídia impressa e os próprios candidatos podiam fazer graça com a cara de todos, incluindo nós, eleitores. Só que agora, felizmente, todo mundo pode rir de todo mundo, sem precisar excluir a TV e o rádio. A piada que já estava pronta será incrementada com o uso de trucagens, montagens e outros recursos de áudio e vídeo. Tudo para presentear à altura os nossos geniais candidatos. A lei tinha sido criada em 1997 para proteger a lisura do processo eleitoral, evitando, entre outras coisas, o favorecimento feito por emissoras a determinados candidatos. Obviamente, a lei foi pensada dessa forma porque é muito difícil escolher entre a liberdade de expressão e o partidarismo. O chargista de A Gazeta, Amarildo, lembrou de um ponto interessante que, de tão claro, provavelmente ninguém deve ter se lembrado no momento em que a lei foi escrita. Segundo ele, existe um contra-senso ao censurar na mídia a imagem de uma figura que é pública. Ele acrescenta reclamando que anteriormente somente os candidatos podiam fazer piadas deles mesmos. A riqueza da cobertura jornalística nas eleições está exatamente na preservação da imagem do político e não no direito do eleitor, não é verdade? Mas agora nossos humoristas podem rir e fazer rir sem correr o risco de pagar multa, que antes variava entre R$ 21 mil a R$ 106 mil. Ou como diz Amarildo: “Poderemos trabalhar relaxados, sem uma espada no pescoço”. Inclusive, a lei serviu para unir os humoristas em favor da luta contra aquilo que os juntou. O movimento “Humor sem Censura”, que se formou no Rio de Janeiro,

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se espalhou por outros Estados do país. Mesmos nos lugares onde quase não há humoristas, como aqui no Espírito Santo, conseguindo reunir alguns poucos representantes da classe. Figuras como “Tonho dos Couros” e os integrantes do “Comédia à la Carte” se juntaram e fizeram um pequeno protesto em Vitória. O próprio chargista Amarildo participou e disse que quando a causa é justa, todos comparecem.

Falando em minoria, o jornalismo brasileiro vai ter, ainda, vários dias de abundância de piadas. O jornalista de A Gazeta Vitor Vogas comemora dizendo que o humor é uma maneira de se fazer jornalismo e que na piada existe o poder de gerar reflexão. Ele complementa dizendo que uma matéria padronizada não chama tanta atenção e que o humor leva o leitor ao detalhe. Agora, os candidatos terão que se preparar para terem os próprios detalhes descobertos e ridicularizados atenciosamente por toda mídia. O deputado estadual Cláudio Vereza ratifica a liberdade do humor, mas ressalta que ela deve se feita sem excessos. Já o jornalista Vitor Vogas rebate dizendo que não há como escapar dos excessos e que há meios do candidato acionar a justiça. Na batalha entre o jornalista e o político, quem ganha é a liberdade de expressão.

Sobrou apenas um mês para a TV e o Rádio descarregarem todas as piadas acumuladas sobre os candidatos às eleições deste ano. Por respeito ao direito do eleitor, nós iremos rir ao máximo deles.


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