Atrás da
Palavra REVISTA CATÓLICA
www.paroquiasdescalvado.com.br
Ano 1 | Nº 5 | Outubro/Novembro 2014
Nossa Senhora Aparecida
AS APARIÇÕES MARIANAS
Ao longo da história cristã, contam-se cerca de duas mil indicações relativas a aparições marianas
A consagração da Rainha Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso não sabiam, mas estavam edificando o pilar da fé do povo brasileiro
FESTA DE TODOS OS SANTOS O sentido dessa festa ressalta o chamamento de Cristo a cada cristão para segui-lo
VIDA DE SANTIDADE
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PAPA FRANCISCO
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FAMÍLIA - PAIS E FILHOS
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RELIGIÃO
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ESPIRITUALIDADE
Editorial
EXEMPLO DE FÉ
e obediência Queridos irmãos em Cristo, Para os que creem no amor infinito de Deus, este é um tempo de despertar para o mais perfeito modelo de fé e de obediência que a Bíblia nos revela: o “sim” de Maria. Em outubro, quando celebramos a festa de Nossa Senhora Aparecida, a igreja nos oferece um momento de vivificar essa forte presença da Mãe de Jesus em nossas vidas. Por esse motivo, escolhemos a história dos três pescadores e da imagem milagrosa que se tornou o mais importante símbolo de fé em nosso país como reportagem de capa desta edição. E para fortalecer a devoção de nossos leitores por Maria, queremos nos aprofundar um pouco mais em sua história mostrando suas aparições e manifestações pelo mundo. Nesse período, não poderíamos deixar de registrar duas importantes datas que para nós, cristãos, são oportunidades de celebrar a vida eterna e a comunhão íntima com Deus: o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados. Entender o significado dessas datas é, sobretudo, um amadurecimento da fé cristã. Nas próximas páginas, nosso querido leitor vai encontrar artigos sobre a família – esse maravilhoso plano de Deus para os homens – e um pouco da história de 3 Santos que são modelo de vida para todos nós: São Benedito, São Francisco e São Judas Tadeu. Abordaremos também a importância e o caminho para sermos verdadeiros “Missionários”, e atender o convite que Jesus nos faz. A editoria que revela a trajetória dos descalvadenses a cada edição, desta vez tem como tema a questão da saúde no Descalvado antigo, suas doenças, a morte e a celebração do dia de Finados. Esta é, na verdade, a melhor maneira de manter viva na memória a história de nossa querida cidade. Um abraço fraterno aos nossos paroquianos e que Nossa Senhora da Conceição Aparecida continue rogando por nós.
Boa leitura
Pe. Antonio Carlos de Almeida Nesta Edição PAPA FRANCISCO Dia de Finados | RELIGIÃO As aparições Marianas | FAMÍLIA O papel dos pais na formação dos filhos | RELIGIÃO Festa de todos os santos | ESPIRITUALIDADE Superando o “si” mesmo | MATÉRIA DE CAPA Nossa Senhora Aparecida | VIDA DE SANTIDADE São Judas Tadeu | MISSÕES Uma Igreja em constante missão | VIDA DE SANTIDADE São Benedito | COMUNIDADE EM DESCALVADO Nossa Senhora da Aparecida | DESCALVADO PELA MEMÓRIA DO POVO O dia de finados | VIDA DE SANTIDADE São Francisco SEMPRE AQUI
NOTAS E CURIOSIDADES | SOCIAL | ESPAÇO DA CRIANÇA 4
Atrás da Palavra
Outubro / Novembro 2014
Atrás da
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Religião
Foto • giulio napolitano / Shutterstock.com
Papa Francisco
Dia de
Adaptação Por Pe. Valdinei Antonio da Silva e Pe. Angelo Rossi
Finados
A morte representa, para o cristão, uma transição entre a forma de vida física que se extingue e, com ela inicia-se o processo de uma nova etapa da vida.
N
o mês de novembro, voltamos nossa atenção à realidade da oração que a Igreja nos chama a fazer pelos falecidos. A “Igreja peregrina” nesse mundo – que somos nós – é chamada ao culto e à oração pela “Igreja triunfante” – que são nossos irmãos que já terminaram sua caminhada na terra. Dia 02 de novembro, a Igreja nos convida a celebrar de modo especial a memória dos nossos irmãos e irmãs falecidos, no Dia de Finados. Certamente, a meditação sobre esse dia precisa ser iluminada pelas palavras do Papa Francisco e sobre o ensinamento da Igreja acerca da realidade da morte cristã. “Entre nós, comumente, há um modo errado de olhar para a morte. A morte diz respeito a todos, e nos interroga de modo profundo, especialmente quando nos toca de modo próximo,(...) Se entendida como o fim de tudo, a morte assusta, aterroriza, transforma-se em ameaça que infringe todo sonho, toda perspectiva, que rompe toda relação e interrompe todo caminho.
Isso acontece quando consideramos a nossa vida como um tempo fechado entre dois polos: o nascimento e a morte; quando não acreditamos em um horizonte que vai além daquele da vida presente; quando se vive como se Deus não existisse. Esta concepção da morte é típica do pensamento ateu, que interpreta a existência como um encontrar-se casualmente no mundo e um caminhar para o nada. Mas existe também um ateísmo prático, que é um viver somente para os próprios interesses e viver somente para as coisas terrenas.
A “Igreja peregrina” nesse mundo – que somos nós – é chamada ao culto e à oração pela “Igreja triunfante” – que são nossos irmãos que já terminaram sua caminhada na terra.
Se nos deixamos levar por esta visão errada da morte, não temos outra escolha senão ocultar a morte, negá-la ou banalizá-la, para que não nos cause medo.” A morte é condição da vida humana. Experiência pela qual todos nós passaremos um dia. A morte representa, para o cristão, uma transição entre a forma de vida física que se extingue e, com ela inicia-se o processo de uma nova etapa da vida. Continua o Papa: “E então qual é o sentido cristão da morte? Se olhamos para os momentos mais dolorosos da nossa vida, quando perdemos uma pessoa querida – os pais, um irmão, uma irmã, um cônjuge, um filho, um amigo – nos damos conta de que, mesmo no drama da perda, mesmo dilacerados pela separação, sai do coração a convicção de que não pode estar tudo acabado, que o bem dado e recebido não foi inútil. Há um instinto poderoso dentro de nós que nos diz que a nossa vida não termina com a morte”. Revista Católica
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Papa Francisco
ESPERANÇA EM JESUS À luz de nossa fé uma certeza nos consola, como Jesus Cristo ressuscitou, também vamos ressuscitar com Ele. Esta sede de vida encontrou a sua resposta real e confiável na ressurreição de Jesus Cristo. A ressurreição de Jesus não dá somente a certeza da vida além da morte, mas ilumina também o próprio mistério da morte de cada um de nós. Se vivemos unidos a Jesus, fiéis a Ele, seremos capazes de enfrentar com sabedoria e serenidade mesmo a passagem da morte. A Igreja, de fato, prega: “Se nos entristece a certeza de dever morrer, consola-nos a promessa da imortalidade futura”. Uma bela oração esta da Igreja! Uma pessoa tende a morrer como viveu. Se a minha vida foi um caminho com o Senhor, um
caminho de confiança na sua imensa misericórdia, estarei preparado para aceitar o último momento da minha existência terrena como o definitivo abandono confiante em suas mãos acolhedoras, à espera de contemplar face-a-face o seu rosto. Essa é a coisa mais bela que pode nos acontecer: contemplar face-a-face aquele rosto maravilhoso do Senhor, vê-Lo como Ele é, belo, cheio de luz, cheio de amor, cheio de ternura. Nós caminhamos para este ponto: ver o Senhor. São Paulo diz, “Não quero que vocês fiquem tristes, se lamentando pela morte. Porque nós somos chamados a uma vida eterna. E a morte é apenas uma passagem, um túnel escuro, mas que pode ser iluminado pelas luzes da fé e que certamente, vai nos conduzir para o outro lado dessa mesma estrada que é a vida”.
E a morte é apenas uma passagem, um túnel escuro, mas que pode ser iluminado pelas luzes da fé e que certamente, vai nos conduzir para o outro lado dessa mesma estrada que é a vida”.
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Atrás da Palavra
Outubro / Novembro 2014
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Religião
Então sua santidade continua: “Neste horizonte se compreende o convite de Jesus a estarmos sempre prontos, vigilantes, sabendo que a vida neste mundo nos foi dada também para preparar a outra vida, aquela com o Pai Celeste. E para isto há um caminho seguro: preparar-se bem para a morte, estando próximo a Jesus. Esta é a segurança: o meu preparo para a morte estando próximo a Jesus. E como se fica próximo a Jesus? Com a oração, nos Sacramentos e também na prática da caridade. Recordemos que Ele está presente nos mais frágeis e necessitados. Ele mesmo identificou-se com eles, na famosa parábola do juízo final, quando disse: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era peregrino e me acolhestes, nu e me vestistes, enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim…Tudo aquilo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 35-36. 40). Portanto, um caminho seguro é recuperar o sentido da caridade cristã e da partilha fraterna, cuidar das feridas corporais e espirituais do nosso próximo.
Um caminho seguro é recuperar o sentido da caridade cristã e da partilha fraterna, cuidar das feridas corporais e espirituais do nosso próximo. A solidariedade no partilhar a dor e infundir esperança é premissa e condição para receber por herança aquele Reino preparado para nós.
A solidariedade no partilhar a dor e infundir esperança é premissa e condição para receber por herança aquele Reino preparado para nós. Quem pratica a misericórdia não teme a morte. Pensem bem nisto: quem pratica a misericórdia não teme a morte!”. Essa é uma recordação fundamental: a morte é páscoa, passagem de uma realidade à outra. Para nós seres humanos, pela convicção da fé, não se trata, simplesmente, só de atravessar o mar ou atravessar o rio, ou de fazer uma mudança. Trata-se de uma mudança profunda que faz toda a diferença: de escravos a homens livres, por causa da graça de Deus e do gesto de Jesus Cristo, que inaugurou para todos nós essa nova realidade. A Igreja nos convida a vivermos nesse mundo realizando em nosso dia a dia, nossas pequenas ‘páscoas’ pela nossa conversão
e mudança de vida. Pela nossa participação na Igreja de Jesus Cristo, e o serviço concreto junto dos irmãos. Pela vivência da Palavra de Deus, pela transformação daquilo que nós somos – enquanto pessoas humanas – em algo melhor. Para nós um esforço que deve fazer de nós homens e mulheres – mais santos. “Crer na ressurreição de Jesus Cristo e, portanto, na páscoa – a passagem – é crer que o homem tem conserto. Não está tudo perdido”... (Pe. Zezinho) Assim nos diz o Papa Francisco: “Se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos mais pequeninos, então também a nossa morte se tornará uma
porta que nos introduzirá no céu, na pátria bem-aventurada, para a qual estamos caminhando, desejando habitar para sempre com o nosso Pai, Deus, com Jesus, com Nossa Senhora e com os santos.” ■
“Crer na ressurreição de Jesus Cristo e, portanto, na páscoa – a passagem – é crer que o homem tem conserto. Não está tudo perdido”.
Revista Católica
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Religião
Aparições Marianas
Surgiu no céu um grande sinal:
as aparições
marianas Ao longo da história cristã, contam-se cerca de duas mil indicações relativas a aparições marianas, com alguma relevância histórica.
Por Pe. Antonio Carlos de Almeida
A
o longo da história da Igreja Católica sempre existiram as chamadas “aparições marianas”, manifestações onde uma ou mais pessoas ‘veem’ a Virgem Maria, recebendo dela mensagens a respeito da fé cristã. E a Igreja sempre foi muito ponderada sobre esse assunto, por isso estabelece critérios para averiguar a legitimidades de tais aparições marianas. Em primeiro lugar, há uma diferença entre visão e aparição, onde a primeira – visão – é de índole espiritual. Enquanto a segunda – aparição – é de ordem física, ou seja, existe a experiência real e sensível de quem aparece. Em segundo lugar, compete ao bispo diocesano, ao arcebispo metropolitano – em tempos mais recentes às conferencias episcopais do território – e ao Papa, o discernimento sobre a veracidade dos fatos apresentados que se referem à visão ou aparição mariana. Após a consideração dos pressupostos, institui-se uma comissão teológica,
Ao longo da história da Igreja Católica sempre existiram as chamadas “aparições marianas”, manifestações onde uma ou mais pessoas ‘veem’ a Virgem Maria, recebendo dela mensagens a respeito da fé cristã. 8
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que investigará os videntes e avaliará os testemunhos e também eventuais mensagens ligadas à aparição. Se a autoridade eclesiástica verificar que tratou-se de fraude ou até da fantasia de algum visionário, o julgamento é “constat de non supernaturalitate”, isto é, consta a não sobrenaturalidade. Caso o julgamento seja interlocutório e não possível apurar a veracidade, mas nem desmenti-la, se adota a fórmula “non constat de supernaturalitate”, isto é, não consta a sobrenaturalidade, mas isso não exclui que possa ser verificada em um segundo momento – é a situação de Medjugorje. E por fim, quando há a autenticação pela autoridade eclesiástica, as manifestações extraordinárias gozam de liberdade de adesão, ressaltando que a fé pública se presta só a revelação pública de Deus concluída com a morte do último dos apóstolos. O reconhecimento das aparições marianas pela Igreja não as torna uma verdade de fé e o fiel católico não é obrigado a acreditar nelas. A Igreja considera concluída a revelação pública com a morte dos apóstolos e, portanto, todas as aparições, todas as mensagens posteriores, mesmo que tenham um valor universal, são consideradas revelações “privadas”, as quais o fiel não é obrigado a acreditar, porque não acrescentam nada à mensagem evangélica e ao Magistério da Igreja.
Ao longo da história cristã, contam-se cerca de duas mil indicações relativas a aparições marianas, com alguma relevância histórica, mas reconhecidas oficialmente pela Igreja são cerca de uma dezena, entre as quais:
• Guadalupe, no México (1531); • Rue du Bac (Paris -1830), • La Salette (1846) e Lourdes (1858), na França; • Fátima, em Portugal (1917);
MÉXICO 1531
Guardalupe
AS APARIÇÕES EM
Segunda tradição arraigada, a imagem da Virgem de Guadalupe apareceu impressa na manta do índio Juan Diego (canonizado em 2002 pelo papa São João Paulo II) em 1531, na cidade do México. Por isso permaneceu alguns dias na capela episcopal do bispo D. Frei Juan de Zumárraga e depois na Sé. Em 26 de dezembro do mesmo ano, foi solenemente levada para uma ermida aos pés do cerro de Tepeyac. Seu culto propagou-se rapidamente, muito contribuindo para a difusão da fé entre os indígenas. Após a construção sucessiva de três templos ao pé do mesmo cerro, edificou-se o atual, concluído em 1709 e elevado à categoria de Basílica por São Pio X em 1904.
Em 1754 Bento XIV confirmou o patrocínio da Virgem de Guadalupe sobre toda a Nova Espanha (do Arizona à Costa Rica) e concebeu a Primeira Missa e Ofício próprios. Em 1910, São Pio X proclamou-a Padroeira da América Latina e em 1945 Pio XII deu-lhe o título de “Imperatriz da América”. A veneração da Virgem de Guadalupe, solícita a prestar auxílio e proteção em todas as tribulações, desperta no povo grande confiança filial. Constitui, além disso, um estímulo à prática da caridade cristã, ao demonstrar a predileção de Maria pelos humildes e necessitados, bem como sua disposição em assisti-los. A celebração litúrgica da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe acontece no dia 12 de dezembro.
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Em 1978, depois de quatro anos de estudo, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu o documento Normas da Congregação da Doutrina da Fé sobre o modo de proceder para julgar as supostas aparições e revelações. O documento estabelece que se deve obter “informação precisa sobre os fatos sob observação e a reunião de testemunhas dos sinais de fé, exame da mensagem sujeita no fato sobrenatural, que não deve estar contra a fé cristã, diagnóstico médico-psicológico para garantir a saúde e a normalidade do vidente, e também para descartar a possibilidade de fenômenos alucinatórios; nível de educação do vidente, seu conhecimento da doutrina, sua vida espiritual, seu grau de comunhão eclesial, frutos espirituais, como o retorno da fé dos afastados; moralidade e eclesialidade da existência, cooperação na evangelização do mundo, cultura e costume, eventuais curas milagrosas que se recebem em razão da referida revelação privada, o juízo da Igreja”.
• Banneux, na Bélgica (1933); • Amsterdã, na Holanda (1945); • Akita, no Japão (1973); • Kibeho, em Ruanda (1981). As aparições marianas sempre possuem um significado de ajuda, de apoio, às vezes de advertências aos fiéis, além de um convite à oração e à conversão.
A veneração da Virgem de Guadalupe, solícita a prestar auxílio e proteção em todas as tribulações, desperta no povo grande confiança filial. Revista Católica
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Religião
Aparições Marianas
FRANÇA 1858
Lourdes
AS APARIÇÕES EM
Havia apenas quatro anos que Pio IX enriquecera a Igreja com o sinal luminoso do poder salvador concedido pelo Pai ao Redentor: Maria, sua Mãe, cheia do Espírito Santo, totalmente preservada do pecado, é Imaculada – dogma da Imaculada Conceição. A 11 de fevereiro de 1858, Maria manifestou-se, cerca de dezoito vezes, com a “Imaculada” adolescente Bernadete Soubirous, numa gruta de Lourdes, até 16 de julho. O perene “milagre” de Lourdes é a Eucaristia. Para além do “fenômeno” religioso, permanecem os efeitos da mensagem fundamental do Evangelho, proclamada fortemente por Maria: a “conversão”, e do grande gesto de Cristo, que é “dar o próprio corpo e o próprio sangue” para a salvação dos seres humanos. A alegre aceitação dos sofrimentos, em união com Cristo, por parte dos doentes, a admirável doação de tantos jovens aos pobres e sofredores, o “clima” ininterrupto de intensa oração em Lourdes só são compreensíveis à luz da Missa, que tem sempre o primeiro lugar na “cidadela” de Maria. A celebração litúrgica – memória facultativa – de Nossa Senhora de Lourdes é no dia 11 de fevereiro, quando também se reza mundialmente pelos doentes.
PORTUGAL 1917
Fátima
AS APARIÇÕES EM
No dia 13 de maio de 1917 realizou-se em Fátima a primeira das seis aparições da Virgem aos privilegiados videntes Lúcia (que ainda vive) Francisco e Jacinta, quando o mundo se debatia ainda nas violências e atrocidades da guerra.
A Virgem Maria apareceu seis vezes em Fátima aos três pastorinhos e, através deles, a Santa Mãe de Deus recomendou insistentemente aos homens a firmeza da fé e o espírito de oração, penitência e reparação. O culto de Nossa Senhora de Fátima, depois de ter sido aprovado pelo Bispo da diocese e mais tarde confirmado pela Autoridade Apostólica, foi especialmente honrado com a peregrinação do papa Paulo VI ao local das aparições no ano 1967 e pelo santo Papa João Paulo II, no ano 1982. Atualmente não consta uma data específica universal no calendário litúrgico da Igreja: trata-se mais de devoção local (Portugal) e popular. ■ Fontes consultadas: Liturgia das Horas l www.santoprotetor.com.br www.wikipédia.org
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O papel dos pais
O PAPEL DOS PAIS NA FORMAÇÃO RELIGIOSA DOS
filhos
PARTE 2
Por Luis Pedezzi
S
endo poucas as disponibilidades de formação aos pais e filhos, podemos destacar uma da qual faço parte. O Movimento Familiar Cristão, que por sua essência é de formação cultural, social e religiosa. Embora o Movimento Familiar Cristão seja ecumênico, aqui em Descalvado ele está fortemente calcado na Igreja Católica. Temos várias atividades, como a que vivemos nos dias 26 e 27 de julho passado em Tupã com o nosso 2º Encontro Estadual. Nos dividimos em comunidades de reflexão, com os seguintes temas: “O Poder da mídia na educação da família”, “Banalização da sexualidade”, “Valores... Perdidos ou esquecidos?”, “Novos tipos de família e suas consequências”, entre outros. As crianças executaram atividades lúdicas relacionadas aos temas e os jovens refletiram sobre os mesmos temas de forma mais adequada para eles.
Toda esta reflexão aconteceu em um ambiente fraterno e acolhedor. Por que toda esta propaganda? Um dos mais belos gestos do cristianismo é a partilha. E partilhar uma maravilha que acontece em nossa vida com outros nos faz discípulos de Jesus, fazendo o que Ele nos mandou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado” (São João 13, 34).
Família
Há muito a refletir e a crescer com relação a sermos pais e filhos.
qual nos identificamos, pois como São Tiago afirma: “Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta” (São Tiago 2, 26). Há muito a refletir e a crescer com relação a sermos pais e filhos. E quando nos unimos a outros com os mesmos desafios, esta reflexão e crescimento ganham velocidade, nos tornando melhores. ■
Um dos mais belos gestos do cristianismo é a partilha. E partilhar uma maravilha que acontece em nossa vida com outros nos faz discípulos de Jesus. Deus usa várias formas para nos tocar, basta que nos abramos a elas. Este é apenas um dos vários movimentos e pastorais disponíveis para nossa formação e ação. Vamos buscar aquele com o
Revista Católica 11
Todos os santos
santos Festa de todos os
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Religião
O sentido dessa festa ressalta o chamamento de Cristo a cada cristão/ã para segui-lo.
Por Pe Valdinei Antonio da Silva
N
o início do mês de novembro a Igreja celebra a festa século seguinte, que o Papa Bonifácio IV, ao fazer exorcizar, pude Todos-os-Santos marcada por honrar a memória rificar e benzer o antigo Panteão romano — que fora dedicado de todos os santos e mártires, conhecidos ou não pelos “a todos os deuses do Império” — dedicou-o a Nossa Senhora e fiéis. Na perseguição de Diocleciano o número de mára todos os mártires. Ele passou a chamar-se Sancta Maria ad tires foi tão grande que não se podia instituir para cada Martyres e depois, Nossa Senhora da Rotonda, por causa de sua um deles uma festa particular. Mas, forma circular. Para lá mandou levar No início do mês de como a Igreja queria que todo mármuitos ossos de mártires que haviam novembro a Igreja celebra nos vários cemitérios e catacumbas tir fosse venerado, apontou um dia comum para todos. O primeiro traa festa de Todos-os-Santos de Roma. A partir de então, todos os ço disso encontramos no ano 359, anos, no dia dessa dedicação, havia marcada por honrar a em Edessa, que celebrava no dia 13 memória de todos os santos uma celebração em honra de todos de maio a “memória dos mártires de os mártires que ali se veneravam. e mártires, conhecidos ou Por volta do ano 731, o Papa Gretodo o mundo”. Vemos também uma não pelos fiéis. gório III consagrou, na igreja de São menção dessa comemoração em Pedro, uma capela em honra de todos os santos, e desde um sermão de Santo Efrém (373) e em uma homilia de São então celebrava-se na Cidade Eterna uma comemoração João Crisóstomo (407). Em 411, o calendário siríaco já asem seu louvor. O Papa Gregório IV, em 837, estendeu essa sinalava também uma “Comemoração dos Confessores”, no festa à França e depois a toda Igreja. sexto dia da Semana da Páscoa. No Ocidente, embora os Sacramentários dos séculos V e VI traEm 1480, o Papa Sixto IV concedeu uma oitava à festa, o que gam muitas missas em honra dos santos mártires, não havia a tornou ainda mais célebre em todo o mundo, chegando a dia fixo para sua celebração. Foi no dia 13 de maio de 610, no ser uma das principais da Cristandade. 12 Atrás da Palavra
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A FESTA Esta festa do 1º de novembro precede a celebração de finados. O sentido dessa festa ressalta o chamamento de Cristo a cada cristão/ã para segui-lo buscando construir uma vida de santidade. Uma vida que se torna correspondência ao plano de Deus que nos fez à sua imagem e semelhança. Isto não só faz ver que existem santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa pode almejar por seu esforço ser/ter uma vida de santidade, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da “vocação universal à santidade”, tema renovado com grande ênfase no Concílio do Vaticano II. Nesta celebração, o povo católico é conduzido à contemplação do que, por exemplo, dizia o Cardeal Beato John Henry Newman: não somos simplesmente pessoas imperfeitas necessitadas de conversão e mudança de vida (de todos os aprimoramentos possíveis), mas sim rebeldes pecadores que devem render-se,
aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus. A Igreja “aqui da terra” – militante suplica a intercessão da “Igreja do céu” - triunfante - e chama em seu favor toda aquela admirável companhia da corte celestial. Nos primeiros tempos do Cristianismo, costumava-se celebrar no próprio local de seu martírio o aniversário da morte daqueles que tinham morrido por Jesus Cristo. No quarto século, no Oriente, dioceses vizinhas começaram a intercambiar festas, transferir relíquias, dividi-las e a unir-se em uma festa comum. Isso se comprova por um convite que São Basílio de Cesaréia (379) enviou aos bispos da província do Pontus. Pelo fato de muitos mártires terem sofrido o martírio no mesmo dia, estabeleceu-se uma comemoração conjunta de vários deles.
POR QUE UMA FESTA PARA TODOS OS SANTOS? A Santa Igreja quis, com essa festa, honrar também os sanve admiravelmente São João no Apocalipse: “Vi a cidade santa, tos que não têm uma comemoração particular durante o a nova Jerusalém, que descia do céu de junto de Deus, preparada ano, seja porque são pouco conhecidos ou porque se faz como uma noiva que se apronta para o seu noivo. Ouvi uma voz menção de seus nomes apenas no dia de seu triunfo para forte, vinda do trono, que dizia: Eis o tabernáculo de Deus com o Céu. Seu número, incontável, impede que tenham um os homens; Deus habitará com eles, eles serão o seu povo e ele culto distinto e separado. Certamente não era justo deio seu Deus; enxugará as lágrimas dos seus olhos; e não haverá xar sem honra esses admiráveis mais morte, nem luto, nem A Santa Igreja quis, com essa festa, clamor, nem mais dor, porque heróis do cristianismo que serhonrar também os santos que não viram fielmente a Deus durantudo isto passou” (Ap 21, 2-4). têm uma comemoração particular te sua vida mortal e empregam E “a cidade santa (a Jerusalém continuamente suas preces no celeste) não tem necessidade durante o ano, seja porque são Céu para nos obter perdão de de sol, nem de lua, que a ilupouco conhecidos ou porque se faz nossos pecados e graças pode- menção de seus nomes apenas no dia minem, porque a claridade de rosas para chegarmos à feliciDeus a ilumina, e a sua lâmde seu triunfo para o Céu. dade de que já gozam. pada é o Cordeiro. As nações Era, pois, necessária uma festa que fosse uma homenagem de caminharão à sua luz e os reis da Terra lhe trarão sua glória e sua toda a Igreja Militante a toda a Igreja Triunfante. Por fim, na inshonra. As suas portas não se fecharão no fim de cada dia, porque tituição desta festa dedicada a todos os Santos em um só dia, a ali não haverá noite. Levantará à glória e à honra todas as nações. Igreja propôs aos fiéis que desejassem a felicidade inestimável Não entrará nela coisa alguma contaminada, nem quem cometa e a glória a que foram elevados, as riquezas e as delícias de que abominação ou mentira, mas somente aqueles que estão inscrigozam na mansão eterna os bem-aventurados, como descretos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21, 23-27).
O QUE FAZER PARA PARTICIPAR DESSA FELICIDADE E GLÓRIA NA JERUSALÉM CELESTE? Temos os Mandamentos a doutrina da Igreja e os exemplos dos santos. Todos os santos brilham no Céu, de uma luz que é participação da luz do próprio Deus. Mas no Céu os santos de Deus, apesar da uniformidade do amor que os abrasa, resplandecem com diferentes luzes, de acordo com a virtude com que mais brilharam na Terra. ■ Revista Católica 13
Social
Eventos
Fique por dentro das festas e eventos que aconteceram em nossas Paróquias. FESTA DA PADROEIRA NOSSA SENHORA DO BELÉM • Paróquia Nossa Senhora do Belém
SEMANA DA FAMÍLIA • Quase Paróquia São Judas Tadeu
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NOVENA DE NOSSA SENHORA DO BELÉM • Paróquia Nossa Senhora do Belém
SEMANA DA FAMÍLIA • Quase Paróquia São Judas Tadeu
Revista Católica 15
Religião
Espiritualidade
Espiritualidade que dá sentido:
SUPERANDO O “SI” MESMO “Se alguém quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” Por Pe. Alex Sander Turek Machado
A
partir da experiência espiritual não há só coisas e fatos. Começam a existir a irradiação das coisas e o sentido que vem dos fatos. Nas crises mais profundas, mesmo quando morre um ente querido, quando se desfaz um matrimônio, quando perdemos um filho por causa das drogas, podemos sempre perguntar: qual o significado disso tudo para mim? Que direção essa realidade quer me mostrar? Não basta chamar um terapeuta, não é suficiente tomar um antidepressivo e dormir horas a fio. É preciso que nos confrontemos perguntando corajosamente: que sentido mais profundo esta realidade traz para mim? De que me purifica? Em que me faz crescer? Em momentos assim a espiritualidade é fundamental. Saber que não estamos vivos apenas porque ainda não morremos, mas porque a vida é uma oportunidade para crescer, para aceitar nossos limites, nosso envelhecimento e nossa mortalidade. Só assim vamos amadurecer para outro tipo de vida: a interior, a espiritual.
É preciso construir um pensamento que se volte para a ideia da renúncia.
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Para superarmos este contexto em que vivemos e tão marcado pelos desafios da nossa existência, é preciso construir um pensamento que se volte para a ideia da renúncia. Renunciar tornando-se livre para o alcance de nossa liberdade compreendida como alicerce da manifestação do crescimento de nossos horizontes. Quanto mais compreendemos, dando sentido para os fatos e interligando-os com a espiritualidade da renúncia, mais subimos e enxergamos do alto aquilo que a princípio se estreita aos nossos olhos e aos nossos sentimentos.
RENUNCIAR Expressão maior desta renúncia está na Palavra de Jesus que nos convida a “renunciar a si mesmo”. Esta forma de renúncia produz uma espiritualidade de forma específica e contraditória com nossos tempos atuais. Talvez uma espiritualidade que aos poucos deixada para trás , mas que necessita ser multiplicada como proposta desafiadora e plena de sentidos. Espiritualidade que vive da gratuidade e da disponibilidade, que vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, que vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta rea-
lidade. Quebra a relação de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas. “Se alguém quiser me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” Renunciar a si mesmo não significa fazer algo para se anular. Ao contrário é uma proposta de vida que valoriza nossa vida e nos oferece uma autêntica espiritualidade para nossos tempos marcados por uma cultura do egoísmo.
Esta forma de renúncia produz uma espiritualidade de forma específica e contraditória com nossos tempos atuais. Quando falamos de “cultura” entendemos aquele pensar comum da nossa sociedade onde são admirados comportamentos interesseiros e de esperteza. Hoje é muito comum, por exemplo, ouvir expressões como “o que eu ganho com isso?” que é símbolo desta cultura de egoísmo. Nossa vida não pode ser movida apenas por interesses: há muitas coisas que nos enriquecem e que são feitas por amor, por compaixão, solidariedade, generosidade, e não para ganhar alguma coisa. Ouvimos
também a expressão “o que tenho a ver com isso?”, é como se a indiferença estivesse sendo instituída como modo de viver. Isso nos faz lembrar uma passagem da Bíblia, quando por inveja, Caim mata seu irmão Abel. Deus pergunta para Caim: “onde está o teu irmão?”. A resposta de Caim é: “por acaso sou eu vigia do meu irmão?”. Esta resposta, símbolo de uma consciência pesada e de falta de responsabilidade, é muito parecida com a frase que disse antes “o que eu tenho a ver com isso?”
NA CONTRAMÃO DO MUNDO Nesta cultura dos tempos atuais a pessoa que aceita o convite de Jesus e renuncia ao egoísmo como forma de vida, se torna uma luz que brilha e que nos mostra que a vida de fraternidade e responsabilidade comum, é possível e cheia de significados. Qual a melhor forma de desejar uma espiritualidade senão esta marcada pelo desabrochar interior desta força maior que é o amor? Nele se descobre sentido novo, novos coloridos. Descobrimos as respostas de nossas indagações existenciais e desesperadoras, mas não como respostas definitivas, e sim alívio para quem caminha e sabe que existe chão pra pisar.
Olhar para o nosso lado, e movidos pelo espírito fraterno/solidário, vamos descobrindo que a vida é tão pequena se colocada diante dos fatos que nos atingem isoladamente. Existe a dor que se transforma em cruz, contudo existe forma de dar um novo significado à dor, colocando nela um bálsamo quando confrontada e partilhada com o sofrimento de quem convive ao nosso lado. Por isso compreendemos a cruz no início do cristianismo como sinal do amor infinito de Deus na pessoa do Seu filho Jesus Cristo. Portanto, um símbolo de amor aos poucos se tornou um símbolo de sofrimento: neste pensamento, carregar a cruz significaria então carregar o sofrimento.
Carregar a cruz, porém, significa assumir o amor na nossa vida com todas suas consequências. Carregar a cruz é fazer todo dia o esforço de acreditar no amor e vivê-lo em todas as situações. Precisamos resgatar este sentido construtivo da cruz e não pensar que carregar a cruz significa se deixar esmagar pela dor. Por isso lutamos contra todo sofrimento, e assumimos com dignidade as situações difíceis que acontecem na vida, não deixando de amar e lutar por um mundo melhor e mais partilhado. Este é nosso desafio: construir uma espiritualidade que seja uma tentativa acertada de dar resposta e direção para nossa vida a partir do alargamento de nossos horizontes e pela ativa manifestação da nobreza dos sentimentos humanos e cristãos. ■ Revista Católica 17
Matéria de capa
Nossa Senhora Aparecida
A consagração da
Rainha Q
uando Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria para pedir sua intercessão naquela difícil pescaria de outubro de 1717, não imaginavam a dimensão que essa história iria tomar. Era tempo de capitanias hereditárias e de escravidão e as famílias viviam basicamente da agricultura e da pesca. Apesar de ser uma época imprópria para pescaria, os três pescadores da região de Guaratinguetá, interior de São Paulo voltaram com tantos peixes que tiveram que retornar ao Porto de Itaguassu, no rio Paraíba, para que seus barcos não afundassem. O milagre foi atribuído à imagem de Nossa Senhora da Conceição que eles encontraram quando lançaram as redes. No primeiro lance, apenas uma parte da imagem, quebrada na altura do pescoço, foi resgatada. Na segunda tentativa, os pescadores encontraram a cabeça. Naquele momento, Domingos, João e Filipe não sabiam, mas estavam edificando o pilar da fé do povo brasileiro.
O nome Aparecida foi incorporado pela devoção popular, já que a santa milagrosa “apareceu” na rede dos pescadores.
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O COMEÇO A história dos peixes percorreu a capitania e as pessoas criaram o hábito de rezar diante da imagem da santa, que peregrinou, entre 1717 e 1732, em Ribeirão do Sá, Ponte Alta e Itaguassu, sempre nas casas dos pescadores. Com o tempo, a devoção atravessou as fronteiras e pessoas de todos os lugares vinham em romaria para ver a imagem da Nossa Senhora da Conceição. O nome Aparecida foi incorporado pela devoção popular, já que a santa milagrosa “apareceu” na rede dos pescadores. Como o número de fiéis não parava de aumentar, em 1745 o vigário de Guaratinguetá resolveu construir uma capela no alto do Morro dos Coqueiros para comportar uma quantidade maior de peregrinos. Algum tempo depois, foi iniciada a construção de uma igreja ainda maior – hoje conhecida como Basílica Velha – inaugurada em 1888. Naquele mesmo ano, a princesa Isabel ofertou à santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis e um manto azul, em pagamento a uma promessa que ela havia feito. Em 1894 um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas se estabeleceu na vila criada ao redor da igreja para atender os romeiros. Os relatos de milagres eram ouvidos por toda a parte e muitos fiéis se instalavam no vilarejo. Tamanha movimentação contribuiu para a emancipação política da região que deu origem ao município de Aparecida, nome escolhido em homenagem à santa milagrosa.
O SANTUÁRIO A história de fé originada pelos três pescadores teve continuidade com a construção do Santuário Nacional de Aparecida algumas décadas mais tarde. Projetado pelo arquiteto Benedito Calixto, o complexo possui a forma de uma cruz grega, com 173 metros de comprimento e uma cú-
pula de 70 metros de altura. Em sua visita ao Brasil em 1980, o papa João Paulo II consagrou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida como o maior santuário mariano do mundo. A extensão total do complexo dedicado à Nossa Senhora Aparecida é de 143 mil metros quadrados de área construída e em nada lembra o pequeno oratório no Porto de Ita-
guassu construído pelo filho do pescador Filipe Pedroso para receber os fiéis que vinham rezar diante da imagem da santa. Só a Basílica, onde fica a exposta a imagem milagrosa da Padroeira do Brasil, possui 72 mil metros quadrados. Tudo isso para atender os 12 milhões de peregrinos que visitam anualmente o Santuário Nacional.
OS MILAGRES Tamanha fé tem explicação nos incontáveis milagres atribuídos à Nossa Senhora Aparecida. E eles são muitos. Uma prova disso está na Sala dos Milagres que fica no subsolo do Santuário. O lugar conta com uma exposição de mais de 70 mil fotografias e diversos objetos em madeira, barro, gesso, tecido e cera, tudo em agradecimento à ajuda espiritual recebida de Deus por intercessão de sua Mãe. Para se ter uma ideia, são 18,5 mil objetos entregues mensalmente como testemunho das graças alcançadas. O primeiro milagre concedido por intercessão de Nossa Senhora Aparecida foi a pesca milagrosa testemunhada pelos três pescadores em 1717. Depois disso, outros seis relatos foram ganhando domínio público: as velas que se acenderam sozinhas durante um momento de oração entre os devotos; as correntes de um
escravo que se romperam enquanto ele rezava diante da santa; a ferradura de um cavalo que ficou cravada na pedra da escada quando o cavaleiro ia entrar na igreja para zombar dos fiéis; a recuperação da visão de uma menina cega; e o salvamento de um menino que estava prestes a se afogar. De lá pra cá, os testemunhos não pararam mais de crescer.
PADROEIRA DO BRASIL Os títulos de Rainha e Padroeira do Brasil foram conferidos à Nossa Senhora da Conceição Aparecida pelo papa Pio XI em um decreto assinado no ano de 1930. Antes disso, porém, em 1904 a imagem já havia sido coroada, em função de um decreto da Santa Sé assinado pelo papa Pio X. A festa da Mãe Aparecida é celebrada em 12 de outubro. Mas nem sempre foi assim. Até o
início da década de 50, as comemorações não tinham um dia fixo até que uma assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em 1953, definiu outubro como o período mais apropriado para a comemoração, por ser o mês em que a imagem foi descoberta. Oficialmente no Brasil a data só foi reconhecida por uma lei de 1980. Revista Católica 21
Matéria de capa
Nossa Senhora Aparecida
O ATENTADO Em maio de 1978, um rapaz de 19 anos quebrou o vidro de proteção da imagem de Nossa Senhora Aparecida e levou a santa consigo. No momento em que ele foi preso pelos policiais, arremessou a imagem no chão e ela se partiu em mais de 200 pedaços. Os fragmentos da imagem foram levados para o Museu de Arte de São Paulo, onde a imagem foi restaurada pela artista Maria Helena Chartuni. Em agosto do mesmo ano a imagem voltou à cidade num carro do Corpo de Bombeiros, seguida por um grande cortejo de fiéis.
O JUBILEU
Em 2017 será celebrado o Jubileu de 300 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição. Para os brasileiros um ano de festa e de reafirmação do amor de Maria Santíssima.
Oração à Nossa Senhora Aparecida
Milagres Incontáveis são as graças alcançadas pelos devotos de Nossa Senhora Conceição Aparecida e muitos deles relatados nos meios de comunicação.
“Ó Maria Santíssima, que em vossa querida imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil; eu, cheio(a) do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado(a) a vossos pés consagro-vos meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis.
FELIPE MASSA - Uma reportagem no site do Globo Esporte de outubro de 2013 aponta a intercessão da Padroeira do Brasil na recuperação do piloto Felipe Massa por conta do grave acidente sofrido durante o treino classificatório para o GP da Hungria, em 2009. Foram 11 dias de internação e, de acordo com o texto, provavelmente um fã do piloto fez uma promessa para salvá-lo. O piloto, totalmente recuperado do acidente, desconhece a promessa, mas o fato é que atualmente uma de suas sapatilhas autografada é a relíquia mais visitada na Sala das Promessas do Santuário Nacional.
Consagro-vos minha língua, para que sempre vos louve e propague vossa devoção. Consagro-vos meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.
O MENDIGO PARALÍTICO - Um dos missionários redentoristas do começo do século narra a história de um menino paralítico que pedia esmolas pela rua e foi curado após rezar uma novena à Nossa Senhora Aparecida.
Recebei-me, ó Rainha incomparável, no ditoso número de vossos filhos e filhas. Acolhei-me debaixo de vossa proteção. Socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais e, sobretudo, na hora de minha morte. Abençoai-me, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja.”
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A CURA - Relato publicado em 1935 no jornal “A Tribuna”, de Campinas, mostra a história de uma senhora chamada Ernestina Santos, que ficou por sete meses praticamente imobilizada em seu leito e chegou a ser desenganada pelos médicos até que, em uma visita à Capela de Nossa Senhora Aparecida, sentiu-se tocada durante as orações e começou a andar sem dificuldade. O MENINO DE CUIABÁ - Em seu livro “História de Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, o padre Júlio Brustoloni, missionário redentorista, relata o testemunho de uma família que veio de Cuiabá, Mato Grosso, para agradecer pela vida do filho pequeno que foi resgatado debaixo de um caminhão em movimento com apenas alguns ferimentos leves após a invocação do nome de Nossa Senhora Aparecida. SEM QUEIMADURAS - Outro relato do padre Júlio Brustoloni mostra a graça de um casal de Guandu, Bahia, que teve sua filha salva de um incêndio pela intercessão da Mãe Aparecida. ■
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São Judas Tadeu
Vida de Santidade
São Judas
Tadeu Foto • Renata Sedmakova / Shutterstock.com
PADROEIRO DAS CAUSAS DESESPERADAS
Seus numerosos milagres o transformaram no Patrono dos Aflitos e Padroeiro das Causas Desesperadas.
N
ascido em Cana da Galiléia, na Palestina, Judas Tadeu era filho de Alfeu, irmão de São José, e de Maria Cléofas, prima irmã de Maria Santíssima. Alguns pesquisadores afirmam que ele era um fazendeiro e que falava grego e aramaico, assim como os seus contemporâneos naquela região. Um de seus irmãos, Tiago, assim como o próprio Judas Tadeu, também foi discípulo de Jesus. Na Bíblia, é São Judas Tadeu que pergunta a Jesus: “Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?”, ao que Ele responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou”. (Jo 14, 22-24). Conta a história que São Judas sempre foi um dos mais fervorosos entre os apóstolos e que, depois da ascensão de Jesus Cristo e após ter recebido o dom do Espírito Santo, iniciou sua pregação de fé na Galiléia, em meio a muitas perseguições.
Também divulgou a Palavra na Judéia, Samaria, Idumeia e em várias outras populações judaicas. Evangelizou na Mesopotâmia, atual Pérsia, Edessa, Arábia, Síria, Armênia e Líbia. Sua morte teria acontecido juntamente com a de Simão, o zelote, na Pérsia. Há relatos de que ambos foram martirizados cruelmente e mortos a golpes de machado. A Carta de São Judas que está na Bíblia demonstra a fé e as graças do céu que acompanhavam suas pregações: “Que a misericórdia, a paz e o amor se realizem em vós copiosamente” (Jd 1, 2). Mas também é uma advertência contra os falsos mestres e um convite ao verdadeiro exercício da vida cristã, com exortações à fé, à oração e à confiança na misericórdia de Jesus Cristo.
“Que a misericórdia, a paz e o amor se realizem em vós copiosamente.” (Jd 1, 2) A devoção a São Judas Tadeu como advogado das causas desesperadas e dos supremos momentos de
angústia surgiu na França e na Alemanha no fim do século XVIII. No Brasil, essa devoção se tornou mais fervorosa no início do século XX. Seus numerosos milagres o transformaram no Patrono dos Aflitos e Padroeiro das Causas Desesperadas.
A imagem de São Judas tem o livro, que é a Palavra de Deus por ele anunciada, a machadinha, o instrumento de seu martírio, e uma auréola, símbolo de Pentecostes. Seus restos mortais foram guardados por algum tempo no Oriente Médio e na França, até serem transferidos definitivamente para Roma, na Basílica de São Pedro. Sua festa litúrgica é celebrada em 28 de outubro, provável data de sua morte. ■ Revista Católica 23
Religião
Missão
Ide e anunciai: UMA IGREJA EM CONSTANTE MISSÃO
Jesus nos dá uma responsabilidade: a de sair e fazer a todos(as) seus discípulos e seguidores.
Por Irmã Zenilda das Neves Lopes
D
eus, na pessoa de Jesus Cristo, constantemente nos convoca a sermos Discípulos(as) Missionários(as). Então, vamos refletir um pouco sobre esta Missão para a qual somos convocados(as). A missão tem sua origem no Deus Trinitário e vem para toda a humanidade, é o mistério do amor – envio de salvação. Jesus nos dá uma responsabilidade, como nos coloca a leitura de Mt 28,19-20: a de sair e fazer a todos(as) seus discípulos e seguidores. O(a) missionário(a) é a presença de Deus e da esperança na realidade em que se encontra. A missão é o coração da Igreja que tem dois movimentos: envia para a periferia do mundo, aonde pouca gente vai. Convoca ao retorno para a libertação – purificação. Somos enviados para articular uma grande rede de solidariedade e unidade na diversidade. A viver certa utopia da nova criação, pois se formos missionários no lugar em que nos encontramos, consequentemente sairemos para a periferia, nos deixando tocar por esta
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realidade e assumindo o grande desafio de trazê-la para o nosso meio. O nosso compromisso é encontrar o Novo – o Reino do Senhor que se faz presente onde estou. Nossa tarefa de discípulos(as) é a do Profeta peregrino que anuncia e denuncia. O profeta é aquele que faz uma análise crítica da realidade, a partir do que o Senhor o inspira, testemunhando o que o Senhor quer do seu povo.
A primeira missão do discípulo é estar com o seu Mestre. É levar a cruz e estar disposto a doar a vida.
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A missão só transforma se atinge o coração, pois é o coração que leva a uma resposta, a uma ação. A missão só é autêntica quando nasce desse apaixonamento pelo Cristo e seu Reino, não perdendo nosso ponto de partida. Lembrando que o ponto de partida da missão é o ser humano. É preciso sair de si e ir ao encontro do diferente. E como bem diz Dom Hélder Câmara: “missão é partilha. É sair de si, caminhar, deixar tudo...É deixar a porta aberta para encontrar os outros. É sempre partir.” Uma questão que merece ser refletida é: TEMOS SAÍDO PARA O ENCONTRO COM OS MESMOS OU COM OS DIFERENTES? É esse encontro com o diferente, que nos leva a ser ousados, criativos e inovadores diante da novidade evangélica. Porque evangelizar é fazer surgir, fazer brotar o que já tem. É uma tarefa de escultor, uma vez que anterior à nossa chegada a qualquer lugar, Deus já está presente. E isso me leva a perceber que a missão não depende de mim, que sou colaborador(a) Daquele que confia em mim.
O objetivo da missão é a Paz, aquela que garante a vida dos que sofrem, dos que perderam o sentido da vida, na busca de perceber o sentido que Deus dá. Toda pessoa é sujeito de mudança, por isso tem a capacidade de se levantar e resgatar a sua dignidade. A missão se faz a partir da realidade, os resultados não lhe pertencem, o que lhe cabe é se situar no coração de Deus que sempre lhe conduzirá a um serviço maior. O projeto de Deus quebra os meus projetos para que o Seu se efetive.
A MÍSTICA MISSIONÁRIA É A ESSÊNCIA DA VIDA CRISTÃ E POSSUI TRÊS EIXOS: Itinerância (caminho) – é uma experiência de liberdade que vai formando um programa de vida. Para corresponder à realidade tenho que estar a caminho – movimento, que é lugar de aprendizagem. Despojamento – é o exercício cotidiano que envolve todas as dimensões da vida. O desapego é central para desprender-se, a fim de deixar algo ser dentro de mim. Militância – é vida de serviço, de dedicação ao Projeto de Jesus, à causa do Reino. É estar aberto para a questão universal a partir do Espírito de Jesus.
O objetivo da missão é a Paz, aquela que garante a vida dos que sofrem, dos que perderam o sentido da vida, na busca de perceber o sentido que Deus dá.
ATITUDES
MISSIONÁRIAS
Portanto neste caminho temos que assumir algumas atitudes missionárias: SENTIRSE VULNERÁVEL – ter cons-
ciência dos próprios limites, não ser autossuficiente, porque diante da dor do outro somos incapazes de dar uma resposta. A fraqueza é a porta de entrada para conhecer a ternura e a misericórdia de Deus. TER COMPAIXÃO – viver na vida a dinâmica da misericórdia, que é deixar Deus passar à minha frente. A compaixão exige que olhemos nos olhos e entremos em uma relação com o outro. SER DISPONÍVEL – deixar-se conduzir por Deus aonde Ele quer e precisa. PROCURAR O TESOURO – reconhecer onde está o tesouro da sua vida. É a intensa experiência de Deus que vai te levar a querer destacar e proclamar aquilo que encontrou. APRENDER DO OUTRO – partilhar o que tenho e sou não diminui a minha identidade. IRMÃOÃ UNIVERSAL – é uma abertura sem fronteiras, sem confins aos irmãos e irmãs, testemunhando o amor que é para todos.
UM GRANDE DESAFIO Nosso grande desafio é pensar sobre o essencial. O QUE É ESSENCIAL, NECESSÁRIO E IMPRESCINDÍVEL PARA MINHA VIDA? Se tenho clareza disso não me perco com o consumismo, egoísmo, imediatismo, soberba, ganância... contexto que me remete à sociedade atual, num emaranhado de informações inúmeras e velozes que precisamos filtrar diante da nossa busca. Somos chamados(as) a fazer de nossa vida um sinal de oportunidades a todos aqueles(as) que se encontram ao nosso redor. Uma vez que levantamos a vista do nosso pequeno círculo para olhar adiante, descobrimos as oportunidades da vida que Deus nos oferece. A primeira missão do discípulo é estar com o seu Mestre. É levar a cruz e estar disposto a doar a vida. Temos de perceber na sutileza do seguimento o segredo de começar sempre de novo. Se sabemos o que buscamos, quando abater o desânimo e o cansaço, saberemos dar um novo sentido à nossa presença e contar com a leveza e suavidade do jugo do Senhor, que acima de todas as coisas resplende o amor total, sublime e sem reservas. A vida se torna significativa quando se torna canal de vida doada aos outros. ■
“Missionário(a) é aquele(a) que descobre a direção do outro.” (José Comblim) Revista Católica 25
Notas
Curiosidades
?
Você Sabia DIA DE FINADOS
Em novembro é celebrado o Dia de Finados ou o Dia dos Fiéis Defuntos, uma tradição religiosa que teve início no século 5. Naquela época, a igreja já dedicava um dia do ano para rezar pelos mortos, especialmente por aqueles que não eram lembrados por ninguém. Somente no século 13, é que o dia 02 de novembro foi definido pela igreja como a data dedicada aos falecidos. O mundo todo celebra essa data e cada um tem uma tradição diferente. Para os católicos, essa é o momento de homenagear a vida eterna que é a comunhão íntima com Deus.
Santos DIA DE TODOS OS
O Dia de Todos os Santos, comemorado e celebrado pela igreja católica em 1º de novembro, é uma homenagem a todos os santos mártires, apóstolos e servos – conhecidos ou não – que tiveram vida exemplar e que comungam da presença de Deus. Antes de estabelecer uma data para a celebração, a tradição religiosa já realizava missas, vigílias e orações para lembrar o aniversário da morte dos cristãos martirizados pelo testemunho de sua fé. A comemoração regular começou no ano 609 DC. Para o catolicismo esse é também um chamamento de Jesus Cristo para os cristãos viverem à imagem e semelhança de Deus.
HÓSTIA Na Antiguidade, chamava-se hóstia o animal sacrificado para honrar os deuses ou a vítima oferecida para honrar a divindade. Já em latim, língua oficial do Vaticano e da igreja católica, a palavra hóstia quer dizer vítima. Para o cristianismo, a hóstia é o Cordeiro de Deus, imolado, morto e ressuscitado para o perdão dos pecados humanos. 26 Atrás da Palavra
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Milagres Milagres são eventos ou situações sobrenaturais, ou seja, algo que não pode ser realizado nem pelo homem nem pela natureza, e que só pode ser entendido pela fé. Depois que a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada, muitos milagres foram atribuídos a ela. Veja os primeiros milagres atribuídos à santa relatados no site do Santuário Nacional de Aparecida:
Menina cega Em 1874, uma senhora chamada Gertrudes Vaz levou sua filhinha, que era cega desde o nascimento, para conhecer a capela de Nossa Senhora Aparecida. A viagem demorou três meses e, quando chegou na estrada que levava ao santuário, a menina disse: “Olhe, mamãe, a capela da Santa!”. Agradecidas, mãe e filha se puseram a rezar.
Zacarias Um escravo chamado Zacarias, ao ser resgatado por seu feitor depois de fugir, pediu para rezar para Nossa Senhora Aparecida quando passava pela capela. Com muita fé, Zacarias olhou para a imagem da santa e, quando estava fazendo suas orações, as correntes de sua algema se soltaram. Assim, ele ficou livre.
Velas Certa noite, quando o povo da aldeia dos pescadores se reunia para rezar para Nossa Senhora Aparecida as velas que ficavam ao lado da imagem se apagaram. Quando uma das senhoras, chamada Silvana da Rocha, se levantou para acender as velas novamente, elas se acenderam sozinhas, misteriosamente.
Salvamento Durante uma pescaria, uma correnteza forte derruba um menino no rio. O pai, desesperado porque o filho não sabia nadar, pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida. No mesmo momento, o corpo do menino parou de ser arrastado mesmo com a correnteza forte e o pai consegue salvar seu filho.
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São Benedito
São
Vida de Santidade
Cuiabá, Mato Grosso / BR - Rosário e São Benedito Um dos marcos fundadores da da cidade.
A VIDA DE Por Pe. Valdinei Antonio da Silva
Benedito
B
enedito, entre todos bendito! De todos os santos bendito! Socorre o fiel no pranto e o coração se enche de encanto, dos devotos de todos os cantos! O pão não deixa faltar, a alegria devolve ao lar, os enfermos deseja curar, pois sua bondade sem par socorre a quem invocar. Benedito, hoje e sempre, a todos deseja amar.
Benedito dedicavase incansavelmente na promoção e na defesa da vida, exortava os fiéis na busca da salvação. Seus pais eram africanos da Etiópia e foram arrancados de sua pátria e vendidos como escravos na Sicília, Itália. O pai foi vendido para um rico fazendeiro, chamado Vicente Manasseri. Na
época os escravos tinham que adotar o sobrenome do seu senhor, assim sendo, o pai de Benedito era Cristóvão Manasseri. A mãe de Benedito, quando chegou à Itália, foi libertada pelo seu senhor, porém sempre conservou o sobrenome herdado – Diana Larcan. Foi na Sicília que os dois se conheceram e se apaixonaram. Tornaram-se cristãos e se casaram na Igreja Católica. O jovem casal era exemplo de honestidade, lealdade e de fé!
ENTRE TODOS BENDITO! No ano de 1526, nasce o primeiro filho do casal e na pia batismal recebe o nome de Benedito, que significa “abençoado”. O maior presente que o pequeno Benedito recebeu foi a carta de alforria do senhor Manasseri. Logo em seguida nasceram Marcos, Baldassa e Fradella. Foram desde
muito cedo orientados na fé e nos princípios cristãos e aprenderam a rezar no joelho de D. Diana. Eram muito pobres e jamais tiveram condições de estudar, trabalhavam no arado da terra e com o pastoreio de ovelhas. Nosso Santo era humilhado e escarnecido por seus colegas da lavoura. O preconceito era escandaloso contra Benedito e ele tudo suportava por amor. Um dia entre os insultos dos jovens, uma voz enérgica se fez ouvir: “-AH! Hoje zombais desse pobre negro! Mas logo vereis sua fama correr pelo mundo!” Era frei Jerônimo Lanza, o eremita, que assim profetizava. O jovem Benedito sente o chamado, se alegra com as palavras do Frei Jerônimo e deixa o arado e o trabalho com os bois. Implorando a bênção dos pais, parte para o eremitério dos Franciscanos. A cada dia os frades se alegravam com a presença do irmão Benedito, ele tornara-se tudo para todos. Revista Católica 27
Vida de Santidade
São Benedito
O PÃO NÃO DEIXA FALTAR Era generoso, simpático e muito piedoso. Depois de 5 anos, irmão Benedito fez sua profissão religiosa, professando a irmã pobreza, a obediência, a castidade e vida de contínua penitência. No eremitério viviam em extrema pobreza e alimentavam-se com o pão que mendigavam e as verduras que plantavam. Viviam a perfeita pobreza como ensinava a regra do seráfico Pai Francisco de Assis. Aos poucos, o povo da cidade e região foi percebendo naquele irmão negro, de olhar brilhante e sorriso luminoso, algo de extraordinário e sobrenatural. O povo cada vez mais queria ouvir os conselhos do irmão Benedito e ser por ele abençoado. Longas filas eram formadas todos os dias na porta do mosteiro. Com a morte de frei Jerônimo, os eremitas procuraram abrigo em outros conventos franciscanos. Frei Benedito foi para o convento de Santa Maria de Jesus, na Sicília, onde permaneceu até a morte.
O primeiro trabalho de Benedito foi como cozinheiro, ele transformou a cozinha num santuário de oração. Quando tudo faltava na dispensa, Benedito rezava e o milagre acontecia. Os frades a cada dia eram surpreendidos com manifestações extraordinárias, como peixes frescos que apareciam nos jarros, pães que se multiplicavam, o vinho que não terminava, a lenha para o fogo no rigor do inverno.
Quando tudo faltava na dispensa, Benedito rezava e o milagre acontecia. Os frades gritavam: “Milagre, milagre!” No dia de Natal e tendo a visita do bispo para o almoço, o convento estava em festa e Benedito, de joelhos na capela, contemplava em êxtase a cena do nascimento do Menino Jesus. Perde-se no tempo e se esquece
do almoço, todos estão a sua procura e o encontram em oração. Benedito sai correndo e, com toda confiança na providência, fecha a cozinha. Os frades, quando olham pela janela, ficam extasiados, pois contemplam dois seres luminosos na cozinha ajudando frei Benedito. O almoço servido parecia um manjar dos céus! Frei Benedito foi eleito por unanimidade superior da província. Ficou profundamente angustiado, e suplicou que revissem a escolha, pois era grande a responsabilidade para um pobre e analfabeto irmão. Em nome da santa obediência, frei Benedito aceita, com respeito e amor, a responsabilidade inerente de um superior.
A ALEGRIA DEVOLVE AO LAR Benedito torna-se um pai para todos os frades e um modelo de acolhimento para todos os fiéis que visitavam o convento. Uma senhora saía do convento em uma charrete e trazia em seus braços seu filhinho adormecido. Um susto fez com que os cavalos derrubassem da charrete a mãe com a criança. A criança morreu para desespero da mãe, que aos berros chamava Frei Benedito. O bondoso frei tomou o menino nos “eu não curo braços, orou com grande fervor e ninguém, o menino voltou à vida. Um jovem mas vamos com o pescoço coberto de tumores rezar aos foi levado diante de Frei Benedito pés de Jesus para que o curasse. O frade responSacramentado deu: “eu não curo ninguém, mas e da Virgem vamos rezar aos pés de Jesus SacraMaria, eles é mentado e da Virgem Maria, eles é que curam”. que curam”. O milagre aconteceu, para espanto de todos. E assim, em sua biografia encontram-se incontáveis fatos e milagres extraordinários. 28 Atrás da Palavra
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A TODOS DESEJA AMAR Benedito dedicava-se incansavelmente na promoção e na defesa da vida, exortava os fiéis na busca da salvação. No ano de 1589, Frei Benedito, com 63 anos, percebe que é chegada a hora de sua partida para a pátria celeste. Suas forças chegam ao fim e com o olhar fixo no alto, implora o perdão dos confrades e tendo o rosto transfigurado, entrega sua santa alma a Deus. O povo da cidade só soube da morte do santo depois do sepultamento. Todos estavam numa festa na cidade vizinha. Em poucos dias, centenas de milhares de pessoas chegaram ao mosteiro para rezar diante de seu túmulo. O povo já aclamava Frei Benedito como santo. Foi beatificado em 1763 e canonizado em 1807. No Brasil a devoção ao bem-aventurado Frei Benedito chegou em 1686 na Bahia, com a ereção canônica da Irmandade dos Homens Pretos. ■
Nossa Senhora Aparecida
Comunidade em Descalvado
Nossa Senhora da Aparecida COMUNIDADE
QUASE PARÓQUIA SÃO JUDAS TADEU
A
comunidade surgiu no início da década de 1980, através de um grupo de fiéis devotos que rezavam o terço levando a imagem de Nossa Senhora Aparecida às casas do bairro onde residiam, na cidade de Descalvado. A iniciativa da reza do terço foi da devota Maria Daniel Teribele. Posteriormente, o terço continuou a ser rezado na garagem da casa de Maria Inês Mauri, em 1985. O primeiro ministro da palavra e da eucaristia da comunidade foi João Rubens Gouveia, hoje já falecido. A primeira missa na comunidade foi celebrada na creche Renata Gentil e foi presidida pelo Monsenhor José Canônico. Ainda durante algum tempo, as missas foram realizadas na creche, até o momento em que a direção da mesma não mais permitiu a celebração naquele local, ocasião em que as missas passaram a ocorrer na garagem da casa de Maria Inês Mauri, da mesma forma que os trabalhos de catequese. Esse mesmo grupo de fiéis, então bem organizado, decidiu solicitar junto ao Monsenhor José Canônico que era o responsável pela única paróquia de nossa cidade, uma outra igreja que pudesse abrigar o movimento que estava em franco crescimento.
A CONSTRUÇÃO DA IGREJA Como na época havia sido lançado um loteamento de terrenos no bairro, hoje Recanto dos Ipês, de propriedade da família Mauri, a paróquia e o grupo de fiéis fizeram um pedido formal para que a família cedesse um desses terrenos para a paróquia. Assim, de forma muito generosa, a doação foi concretizada e, com a ajuda e o envolvimento de toda comunidade e dos cidadãos descalvadenses, através da realização de quermesses e doações, foram levantados os recursos financeiros necessários para a construção da igreja Nossa Senhora Aparecida, que atualmente está totalmente concluída e localizada na Avenida Descalvado.
A imagem em madeira de Nossa Senhora Aparecida que está até hoje exposta na igreja da comunidade foi adquirida em Aparecida do Norte e doada pelo Pe. Angelo Rossi em cerimônia religiosa realizada com a presença de inúmeros fiéis.
Nos dias de hoje, a comunidade Nossa Senhora Aparecida, que está sob a orientação da Quase Paróquia São Judas Tadeu, cujo responsável é o Pe. Alex Sander Turek Machado, realiza as missas semanalmente, aos sábados, às 19h30, bem como as atividades de catequese e as demais funções pastorais da comunidade. Que a graça de Deus seja sempre derramada a todos os fiéis devotos da querida e amada Nossa Senhora Aparecida. ■ Revista Católica 29
História
Descalvado pela memória do povo
SOCIEDADE E IGREJA NO BRASIL1
ODoenças, DIA DE FINADOS morte e celebração no Descalvado antigo O Dia de Finados, em 02 de novembro, era um momento especial de lembrança e reverência aos entes falecidos, saudosos e queridos.
Por Marco Antonio Pratta
O
velho sertão paulista, como era conhecido no século XIX, estendia-se a partir da cidade de Campinas, abrindo-se por todo o interior da então província de São Paulo. A região era assolada por muitas doenças epidêmicas, como a febre amarela e a malária, com grande número de óbitos. Em Belém do Descalvado a situação não era diferente.
“Estado sanitário. Não tem melhorado, infelizmente, o nosso estado sanitário. As providências que temos instantemente reclamado não se tem tomado. Em uma casa á Rua Uruguayana2 já falleceram de febre amarella três pessoas; entretanto até hoje não nos consta que se tenha procedido á desinfecção que exige esse prédio, onde não se observa nenhuma condição de asseio” (jornal Gazeta de Descalvado, 06/03/1892, 01). O primeiro cemitério da cidade, chamado na época de Campo Santo, foi um espaço próximo à Matriz, onde hoje está a Praça Barão do Rio Branco (Jardim Velho). Ainda no final do século XIX esse cemitério foi desativado, uma vez que o coreto da praça atual, por exemplo, foi inaugurado em 15 de novembro de 1900. Entre as ruas Pedro de Alcântara Camargo e José Bonifácio, onde hoje está a Praça Santa Cruz das Almas, funcionou o segundo cemitério urbano, desativado completamente em 1958. 30 Atrás da Palavra
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O atual Cemitério Municipal, inaugurado em 1893, foi necessário por dois motivos: o grande número de falecimentos devido à febre amarela, entre 1892 e 1893, e a nova legislação, decorrente da Constituição republicana de 1891, que exigia a separação entre a Igreja Católica e o Estado. Assim sendo, os cemitérios passaram a ser administrados pelo poder público. Além das epidemias, era muito grande também o número de brigas e desentendimentos nas fazendas, somados com outras doenças e situações, que também provocavam muitas mortes.
O atual Cemitério Municipal, inaugurado em 1893, foi necessário por dois motivos: o grande número de falecimentos devido à febre amarela, entre 1892 e 1893, e a nova legislação, decorrente da Constituição republicana de 1891. “Ferido. Na fazenda Santa Maria, no município, foi offendido com diversas facadas o Sr. José Adam, filho do velho Adam de Campos. Os aggressores, dous italianos, evadiram-se. Desejamos prompto restabelecimento” (jornal O Descalvadense, 11/09/1902, 03).
“O trachoma3. Conforme previamente annunciei tenho percorrido várias fazendas deste município com o fim de orientar-me sobre o número de pessoas atacadas de trachoma. (...) Sendo o maior número de doentes italianos, tem sido destribuído instruções no respectivo idioma, encarregando-se os administradores de fazer larga destribuição entre os colonos” (jornal Correio de Descalvado. 07/04/1907, 02). “Infelizmente, nesta comarca, o número de suicídios tem augmentado consideravelmente, motivados quase sempre por desiquilíbrios mentais e algumas vezes pela miséria-negra, a companheira inseparável dos desprotegidos da sorte. (...)” (jornal O Descalvadense, 25/09/1910, 02).
Além das epidemias, era muito grande também o número de brigas e desentendimentos nas fazendas, somados com outras doenças e situações, que também provocavam muitas mortes. Com a grande produção cafeeira e a chegada da ferrovia o acesso aos meios de prevenção e aos cuidados médicos melhorou um pouco, mas mesmo assim a situação geral da saúde pública era bastante precária. “Relatório da Delegacia de Hygiene Municipal de Descalvado apresentado ao snr. Cap. Prefeito Municipal no dia 16 de Janeiro de 1909. Obituário – 1908 – 353 óbitos: Pela idade: 0 – 7 annos: 237; 7 – 20 annos: 18; 21 – 30 annos: 17; 31 – 60 annos: 50; 61 – 99 annos: 31. Pela nacionalidade: Brasileiros: 284; Italianos: 44; Hespanhòes: 12; Allemães: 3; Austríacos: 2; Norte-americano: 1; Nacionalidade ignorada: 7” (jornal O Descalvadense, 01/03/1909, 03).
Lazareto (1910)
Outro grave problema do município era a hanseníase, conhecida popularmente como lepra ou morphéia4. Sem cura na época, quando alguém aparecia infectado a saída para a maioria era retirar-se para a Vila de São Lázaro, o Lazareto, que se localizava próxima às margens do Ribeirão Bonito, defronte à atual Rua Pedro de Alcântara Camargo. “Sociedade Beneficiente dos Morphéticos do Descalvado. Movimento de Doentes na Villa São Lázaro: Existiam internados – 14. Entraram durante o mêz – 3. Sahíram durante o mêz – 4. Ficaram – 31. Thesoureiro – Juvenal Macedo” (jornal O Descalvadense, 24/03/1918, 03).
Com a grande produção cafeeira e a chegada da ferrovia o acesso aos meios de prevenção e aos cuidados médicos melhorou um pouco, mas mesmo assim a situação geral da saúde pública era bastante precária. Tal como atualmente, o Dia de Finados, em 02 de novembro, era um momento especial de lembrança e reverência aos entes falecidos, saudosos e queridos, celebrado após o Dia de Todos os Santos, na época também um feriado guardado pela maioria. ■
Nos textos antigos está mantida a ortografia original da época. Atual Rua Coronel Rafael Tobias. O antigo nome fazia alusão a uma batalha da Guerra do Paraguai. 3 Oftalmopatia crônica, de causa infecciosa, que compromete a córnea, levando à fotofobia, dor e lacrimejamento (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 1986, 1696). 4 Morpheu, Morfeu: identificado como o Deus do sono, dos sonhos e das sombras na antiga mitologia grega. Posteriormente foi identificado com a morte. 1
2
Bibliografia: DESCALVADO. Arquivo de jornais da Biblioteca Pública Municipal “Gérson Alfio de Marco”. KASTEIN, Luiz Carlindo Arruda. Conheça Descalvado. Descalvado, 1996.
Revista Católica 31
São Francisco
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Vida de Santidade
Francisco o irmão de todas as criaturas Por Pe. Valdinei Antonio da Silva
O
ser humano de todos os tempos sonha com a paz. Almeja por algo que o leve para além de si mesmo, a uma realidade superior. Francisco, tomando esta consciência da busca por algo superior, descobre que a via para alcançar tal patamar é a palavra de Deus. E cantou essa palavra com a sua vida. São Francisco vive a presença e o encontro místico com Deus em
No pensamento franciscano das origens, a caridade ocupa um lugar central. 32 Atrás da Palavra
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sua vida em todos os instantes e não deixa, de forma alguma que algo lhe atrapalhe, pois a experiência de Deus é única e o que ele simplesmente faz é “cantar” esta grande e única vivência de Deus, feita na criação. “Onipotente e bom Senhor, a ti a honra, glória e louvor; Todas as bênçãos de ti nos vêm e todo o povo te diz: Amém”! Quando encontrou o bispo, Dom Guido de Assis, que aconselhou Francisco a ser menos radical com a vida: (‘Vossa vida me parece dura e áspera, pois não possuís nada neste mundo’), Francisco responde: ‘Senhor, se tivéssemos bens, precisaríamos dispor também de armas para defendê-los.
AMOR AO PRÓXIMO
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É da riqueza que provêm discussões e brigas, e assim se impede de muitas maneiras tanto o amor a Deus, quanto o amor ao próximo. Por isso não queremos possuir nenhum bem material neste mundo’. Francisco acaba por aqui; não acrescenta o fácil conselho: ‘Vós também deveríeis mudar’. No projeto do santo há um ponto a ser ressaltado – apenas o exemplo positivo pode induzir alguém a mudar e se corrigir. “Pelo exemplo, mais do que pelas palavras, as quais, de qualquer forma, nunca devem soar como crítica ou acusação, mas apenas como fraterna exortação de igual para igual” (Chiara Frugoni). Uma das características mais marcantes da santidade nos séculos centrais
da idade média é a caridade. No pensamento franciscano das origens, a caridade ocupa um lugar central. Ela é amor e representa o Deus louvado por Francisco (Tomás de Celano). Francisco vivia em uma cidade e, portanto, conviveu, no seu dia a dia, com diversos aspectos das transformações que marcaram o período medieval. Dentre estes, destacamos o aumento da população citadina, a construção de grandes prédios, a proliferação de movimentos religiosos leigos, como a organização de confrarias e de associações de penitentes, a perseguição às heresias, etc. E, certamente, teve contato com letrados, clérigos, pobres, leprosos, jograis e prostitutas nas ruas da cidade. Francisco também sofreu diretamente o impacto dos conflitos entre as diferentes instâncias de poder na Península Itálica.
É da riqueza que provêm discussões e brigas, e assim se impede de muitas maneiras tanto o amor a Deus, quanto o amor ao próximo.
VIDA DE DEDICAÇÃO Em 1200, quando tinha cerca de 18 anos, provavelmente participou da revolta dos citadinos que resultou na organização da comuna de Assis. Neste momento, os nobres se refugiaram nas cidades vizinhas, retornando após o tratado de paz assinado entre os bons homens e os homens do povo em 1203. Francisco iniciou, segundo os documentos, uma mudança de comportamento que culminou com o rompimento do seu ofício de mercador para a adoção da vida de penitente. Assim, começou a restaurar templos, dar esmolas, praticar o jejum e dedicar-se à oração em locais retirados, até que finalmente rompeu com a família, por volta de 1206, e passou a viver na Igreja de São Damião. Alguns anos depois, em 1208, iniciou sua atividade de pregação, que exortava à penitência. A partir deste momento começou a atrair seguidores. Provavelmente por mediação do bispo de Assis, em 1209, Francisco e seu grupo foram a Roma solicitar ao então Papa Inocêncio III aprovação para o seu modo de vida religioso. Nos seus dois últimos anos de vida, Francisco dedicou-se à meditação e à oração, fazendo ainda viagens de pregação. Estava já muito doente, chegando a fazer alguns tratamentos médicos, como uma cauterização nos olhos. Ele faleceu em 1226, em Assis. Dois anos após a sua morte, Francisco foi canonizado pelo papa Gregório IX após um processo, como era então a normativa papal. Seu culto foi difundido paulatinamente a fim de registrar e propagar a sua memória. ■
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Espaço Criança
Falando de Jesus
Decifrando Palavras B
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Ela é rainha brasileira, Mãe de todos nós. Nossa querida padroeira, Rogai sempre por nós!
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Rio em que os pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
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No dia 12 de outubro, a igreja católica comemora o dia de Nossa Senhora Aparecida. Descubra um pouco mais da história dessa santa que é considerada a Padroeira do Brasil.
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2 Cidade aonde a imagem foi encontrada.
g u a r a t in g u e t a ——
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que ofereceu uma coroa de ouro e 3 Princesa um manto azul à santa.
i s a b e l ——
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Nome de um dos pescadores que achou a 4imagem da santa.
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a l v e s
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imagem de Nossa Senhora Aparecida foi 5 Amodelada em um tipo de argila chamada.
t e r r a c o t a —–
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2.GUARATINGUETA 3.ISABEL
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4. JOAO ALVES 5. TERRACOTA
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—– 1.RIO PARAIBA
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Resposta
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Dia das Crianças Você sabia que o Dia das Crianças foi criado por um decreto? Em 1924 o deputado federal Galdino do Valle Filho resolveu propor a criação de um dia para a “festa da criança”. A proposta foi aprovada no Congresso Nacional e no mesmo ano o presidente Arthur Bernardes assinou um decreto instituindo o dia 12 de outubro para essa comemoração. Mas a data só começou a ser comemorada mesmo em 1960, quando a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção em conjunto com a Johnson & Johnson para incentivar os pais a presentearem seus filhos. Daí para os outros fabricantes de brinquedos criarem promoções parecidas foi um pulo. Para alegria das crianças e desespero dos pais, no ano seguinte, as indústrias resolveram se unir para realizar as campanhas de incentivo à compra de brinquedos na data já estabelecida pelo decreto.