NossoCORPORitual YOHANA OIZUMI | ÉRICA SANCHES | ANTONIO PULQUERIO
NossoCORPORitual YOHANA OIZUMI | ÉRICA SANCHES | ANTONIO PULQUERIO
[...].Do sorriso de Dionísio nasceram os deuses do Olimpo; de suas lágrimas os homens.[...] Friedrich Nietzche em O Nascimento da Tragédia
[...] E eis-me aqui, igual a você, como você vê! Charles Baudelaire em A perda da Auréola
NossoCORPO YOHANA OIZUMI | ÉRICA SANCHES | ANTONIO PULQUERIO
Construções Sublimes. Nesta conjugação de substantivo e adjetivo se define(m) a(s) exposição(ões) de Oizumi, Sanches e Pulquério no SUBSOLO- Laboratório de Arte. E é esta sublimidade que poderia definir os meandros conceituais da mostra que fluem já desde seu título. O sublime aqui na lógica das rupturas de apropriação da arte contemporânea. O sublime aqui em contraposição ao belo tradicional e a consequente requalificação atemporal no rastreamento de precedentes, salvando tempo, espaço, contexto e conceitos, por exemplo, de Paul Oskar Kristeller nas suas concepções do Renascimento e da época medieval como precursor desta definição. Da mesma forma, nas teorias precursoras do sublime de Nietzche sobre a beleza harmônica: nem centrada na razão e na harmonia nem centrada na desordem criativa e na embriaguez (o apolíneo e o dionisíaco). Ou ainda na abordagem da harmonia dissonante na junção de contrários em Matisse, num mundo ainda dissonante, ou nas associações de rupturas das teorias de Mark Rothko e Barnett Newman, por exemplo.
Ritual Com precedentes, como os relatados acima, os três artistas visuais confrontam e expandem suas pesquisas artísticas integradas na construção de uma videoinstalação que dá nome à exposição. Esse processo de estruturação do audiovisual surge em uma primeira tentativa durante encontros e discussões sobre recursos e metodologias visuais a serem pautadas para os artistas, para que se estabeleça conexões próximas ou antagônicas de suas pesquisas particulares. E nesse percurso analítico/discursivo perante as consequentes e pertinentes prerrogativas do sistema artístico contemporâneo, priorizaram a continuidade dos diálogos com outros agentes do sistema para estruturar, por exemplo, a exposição Nosso CORPO Ritual nas salas de exposição e na biblioteca do SUBSOLO-Laboratório de Arte.
Nessa tentativa de comparação, os artistas se reparam com uma fluidez semântico/espacial/conceitual & associativa/sensorial que definem a partir dos vocábulos Nosso Corpo Ritual, e os expandem a leituras além do dogmatismo literal e cartesiano de interpretação em todas as obras de arte e as relações entre elas no espaço arquitetônico. Em cada sala dialogam obras dos três artistas visuais catalogando a exposição como coletiva & individual, como o rizoma – contemporâneo - de Édouard Glissant e o rizoma Deleuze-Guattariano. Assim, o “Nosso” projeta-se diametralmente oposto à literalidade da poética modernista do EU romântico; com o “Corpo” dissolve-se a permanente regressão cartográfica de um corpo simbólico do corpo humano para inserir os corpos múltiplos que semeiam conhecimento, instrução, posicionamento crítico e interdisciplinaridade nas obras de arte na exposição e o “Ritual” (ou RITUAIS) que aparece(m) como processo(s) e/ou pretexto(s) do fazer artístico, que aborda(m) questões culturais e sociais, provoca(m) tensionamentos nas abordagens de questões distintivas à religião, às técnicas visuais desdobradas em modalidades artísticas contemporâneas e à manipulação das ferramentas para a concretização das mesmas em um diálogo coeso e vibrante desde o desenho, da escultura, a impressão digital, a colagem, a pintura, a cerâmica, a performance, a instauração e a instalação. Sorrisos e lágrimas que fluem no confronto interdisciplinar de realidades particulares e plurais. O sublime como antidoto contra a banalização da arte, em experiências transcendentes no “aqui e agora”.
Andrés I. M. Hernández – Curador São Paulo , Primavera, 2020.
OurBODY YOHANA OIZUMI | ÉRICA SANCHES | ANTONIO PULQUERIO
Sublime Constructions. In this union between noun and adjective it is possible to define the exhibition of Oizumi, Sanches and Pulquerio at SUBSOLO- Laboratório de Arte. And it is this sublimity that could define the conceptual intricacies of the show that have been flowing since its title. The sublime here in contrast to traditional beauty and the consequent timeless requalification in tracking precedents, saving time, space, context and concepts, for example, by Paul Oskar Kristeller in his conceptions of the Renaissance and the medieval era as a precursor to this definition. In the same way, it can be seen in the precursory theories of Nietzche’s sublime about harmonic beauty: neither centered on reason and harmony nor centered on creative disorder and drunkenness (the Apollonian and the Dionysian).
In this attempt to compare, the artists notice themselves with a semantic / spatial / conceptual & associative / sensorial fluidity that define from the words Our Body Ritual, and expand them to readings beyond literal and Cartesian dogmatism of interpretation in all works of art and the relationships between them in the architectural space. In each room works by the three visual artists are presented, cataloging the exhibition as collective & individual, such as the rhizome - contemporary - by Édouard Glissant and the Deleuze-Guattariano rhizome.
Ritual Or even in the approach of dissonant harmony in the sum of opposites in Matisse, in a still dissonant world, or in the rupture associations of Mark Rothko and Barnett Newman’s theories, for instance. Like the precedents reported, these three visual artists confront and expand their artistic research integrated in the construction of a video installation that gives the exhibition its name and this process that structures the audiovisual production appears in a first attempt during meetings and discussions about visual resources and methodologies to be guided by the artists, in order to establish close or antagonistic connections of their individual researches. And in this analytical / discursive path in view of the consequent and pertinent prerogatives of the contemporary artistic system, they prioritized the continuity of dialogues with other agents of the system to structure the exhibition Our BODY Ritual (Nosso CORPO Ritual) in the exhibition spaces of SUBSOLO-Laboratório de Arte.
In this way, “OUR” projects diametrically opposed to the literalism of the modernist poetics of the romantic “SELF”; with the “Body” the permanent cartographic regression of a symbolic body of the human body is dissolved to insert the multiple bodies that sow knowledge, instruction, critical and interdisciplinary positioning in the works of art in the exhibition and the “RITUAL” (or RITUALS) that appears as a process (es) and / or as an excuse (s) of artistic making, which addresses cultural and social issues, causes tension in approaches to issues distinctive to religion, to visual techniques unfolded in artistic modalities contemporary and the manipulation of tools to make them happen in a cohesive and vibrant dialogue from drawing, sculpture, digital printing, collage, painting, ceramics, performance, installation and installation. Smiles and tears that flow in the interdisciplinary confrontation of particular individual and plural realities. The sublime as an antidote against the trivialization of art, in transcendent experiences in the “here and now”.
Andrés I. M. Hernández – Curator São Paulo , Spring Time, 2020.
AntônioPulquério por Regina Rocha Pitta
Antônio Pulquério se formou no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde mora. O artista comenta que primeiro se dedicou à cerâmica utilitária, mas a partir de 2010 passou a trabalhar exclusivamente com arte e desde então se vê como artista visual. Hoje desenvolve a geometria entre as formas e o corpo e se reconhece como artista visual, incorporando outras modalidades às suas obras, que extrapolam para a fotografia, a colagem, o vídeo e a performance.
Antônio Pulquério graduated from the Centro Universitário Belas Artes in São Paulo, where he lives. The artist comments that he first dedicated himself to utilitarian ceramics, but from 2010 he started working exclusively with art and since then he sees himself as a visual artist. Today he develops the geometry between forms and the body and recognizes himself as a visual artist, incorporating other modalities into his works, which go beyond photography, collage, video and performance.
EricaSanches por Regina Rocha Pitta
Erica Sanches é artista visual formada pela Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. Ela atuou como arte educadora e passou para a carreira artística quando foi morar em Ubatuba, “onde encontrei a tranquilidade e a subjetividade necessárias para a criação”, afirma. Sanches se utiliza da cerâmica, fotografia, desenho, pintura, colagem e recentemente partiu para o vídeo. Através dessas modalidades a artista expõe suas investigações que se desdobram na dualidade presentes nos seres vivos, como força e fragilidade, finitude e recomeço, feminino e masculino, equilíbrio e desequilíbrio, temas que permeiam suas obras, de forma implícita ou metafórica, em analogia com a humanidade.
Erica Sanches visual artist graduated from Universidade São Judas Tadeu, in São Paulo. She acted as an educating art and moved on to an artistic career when she moved to Ubatuba, on the coast of the state of São Paulo, “where I found the tranquility and subjectivity necessary for creation”, she says. Sanches uses ceramics, photography, drawing, painting, collage and has recently left for the video. Through these modalities, the artist exposes her investigations that unfold in the duality present in living beings, such as strenght and fragility, finitude and restart, feminine and masculine, balance and imbalance, themes that permeate her works, implicitly or metaphorically, in analogy with the humanity.
YohanaOizumi por Regina Rocha Pitta
A artista visual Yohana Oizumi é uma das formandas do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo de 2019. Sua pesquisa está voltada para a resistência de materialidades, como a argila, a linha, o papel diante do embate entre corpos através da performance, do desenho e da escultura até a exaustão da matéria e/ ou de si. Através dessas modalidades artísticas ela questiona sistemas de controle social e suas consequências físicas e psicológicas ao desconstruir, reconstruir, aceitar e ressignificar marcas e moldes.
The visual artist Yohana Oizumi graduated from the Centro Universitário Belas Artes of São Paulo in 2019. Her research is focused on the resistance of materialities, such as clay, the line, the paper before the clash between bodies through performance, drawing and sculpture until the exhaustion of matter and / or self. Through these artistic modalities, she questions social control systems and their physical and psychological consequences by deconstructing, reconstructing, accepting and reframing marks and molds.
Yohana Oizumi, Sem título, 2017. Escultura em argila e cabo de aço galvanizado dourado. 25x35x20cm
Erica Sanches, Metamorfose, 2015. Cerâmica esmaltada e vidro. Área de ocupação de solo. 10 cm X 240 cm x 100 cm.
Yohana Oizumi, Série sem título, I, II, III, 2017. Escultura em madeira e linha. 50x35x25cm/ 80x34x28cm /46x24x20cm.
Erica Sanches, Organismos Vivos, 2016. Cerâmica esmaltada e vidro. Área de ocupação de solo. 18 cm x 120 cm x 150 cm
Yohana Oizumi, Lugar de Prensa, 2020. Performance 3’42’’ Video 4’14’
Erica Sanches, Renovando a espécie, 2017. Cerâmica esmaltada e base de madeira. 70 cm x 80 cm x 50 cm
Yohana Oizumi, Reverências, 2020. Lápis dermatográfico, grafite, caneta em gel, pastel seco e oleoso sobre papel Canson. 300x150cm
Erica Sanches, Uma nova chance, 2016. Cerâmica de baixa temperatura e terra. 23 cm x 160 cm x 130 cm
Yohana Oizumi, Depois do Sétimo Dia, 2019. Impressão a jato de tinta sobre papel pólen. 15cm x 127cm
Erica Sanches, Há algo que nos une, 2018. Cerâmica de baixa temperatura, terra e cinzas. 25 cm x 130 cm x 130 cm
Yohana Oizumi, Série Getsemani, VII, 2020. Impressão a jato de tinta em papel algodão Hahnemuhle. 120cm X 13cm
Erica Sanches, Série Reentrâncias, 2020. Desenho em nanquim sobre papel Paraná. 24,5 cm x 33cm (cada).
Yohana Oizumi, Série Getsemani, II, 2020. Impressão a jato de tinta em papel algodão Hahnemuhle. 150x100cm
Erica Sanches, Terra Mãe, 2020. Instauração. Duração 1’
Antonio Pulquério, Encontro, 2020. Instalação de chão e parede. 200 x 300cm
Antonio Pulquério, Protegendo o Pai, 2020. Performance, 3’.
Antonio Pulquério, Eu Te ofereço, 2019. Impressão fotográfica sobre papel de algodão Ehanced. 250mgm 60 x40x5cm Fotógrafo: Vagner Ribeiro
Antonio Pulquério, Para Sempre Será, 2018. Cerâmica vidrada. 54 x45x 26cm
Antonio Pulquério, Série: Construções Barroca n1, 2020. Colagem sobre impressão fotográfica. 45x39x5cm
Antonio Pulquério, Série: Construções Barroca n2, 2020. Colagem sobre impressão fotográfica. 55x40x5cm
SUBSOLO LABORATÓRIO DE ARTE Curadoria: Andrés I. M. Hernández Direção Executiva: Danilo Garcia
Antonio Pulquério, Série: Construções Barroca n3, 2020. Colagem sobre impressão fotográfica. 55x40x5cm
Fotografia: Isabela Senatore e João Chimentão Assessoria de Imprensa: Regina Rocha Pitta Tradução: Alexandre Marcondes