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ANO 2 | Nr.16 MENSAL | 1 AGOSTO 2015 | Director: Pedro Santos Pereira | Preço: 0.01€

Apelação com biblioteca premiada

Comunidade Ucraniana

FC Prior Velho em dificuldades

A Biblioteca de São Paulo, na Apelação, foi distinguida com um dos maiores galardões da Península Ibérica dados à arquitectura.

Pavlo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, fala-nos das dificuldades que a sua comunidade vive com a guerra na Ucrânia e a crise económica em Portugal.

O clube da freguesia de Sacavém e Prior Velho mostra-se agastado com a forma como o seu Parque Desportivo tem sido tratado.

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pub

LOURES EM FESTA

PESSOAS SAÍRAM À RUA

Festival do Caracol e festas do Município promoveram a circulação de milhares de pessoas, durante vários dias, pela cidade de Loures, dando-lhe vida.

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EDITORIAL

Crónicas saloias

Palco aos artistas Pedro Santos Pereira Director

Ficha Técnica

O mês de Julho, conforme estava previsto, foi um mês de celebrações. Muitos foram os eventos que se multiplicaram pelo Concelho. Desde iniciativas do Município, passando pelas das juntas de freguesia e alargando a outras instituições, como paróquias e associações culturais e sociais. Um mês de festejos que correu com civismo e animação, pelo menos os que tive oportunidade de assistir. Falando exclusivamente das festas do Município, que englobaram o Festival do Caracol e a noite de condecorações, momento alto dos 129 anos do Concelho, podemos aferir que foi um sucesso. As filas para os caracóis foram constantes nos

17 dias do evento, demonstrando que a população, de Loures e não só, aderiu em massa. O concerto de Camané no dia 24 de Julho encheu o Paz e Amizade, dando possibilidade, a todos aqueles que quiseram e puderam assistir, de comprovar a qualidade única deste artista. No dia 26 encerraram-se as festividades com a noite de condecorações. Uma noite onde o Município teve oportunidade de homenagear filhos da terra que, através do seu percurso, elevam o nome do Concelho. A escolha foi eclética, desde personalidades da música passando por figuras do desporto, da política, da Educação e terminando em associações

de índole cultural e empresarial, existiram distinguidos para todos os gostos. Pode-se dizer que se encerrou com chave de ouro. No entanto queria aqui deixar um pequeno senão. Nos dias que correm, e com eleições legislativas à porta, os políticos têm, por tendência, a necessidade de querer cada vez mais palco. Infelizmente vou sentindo isso a cada dia que passa, independentemente das cores partidárias. Esta necessidade de falar, muitas vezes, chega a retirar palco aos artistas e a desvalorizar o evento em si. Vou apenas dar um caso prático daquilo que escrevo. Na noite de condecorações onde, creio eu, as estrelas eram os

Director: Pedro Santos Pereira Redacção: Constança Lameiras Colaborações: Ana Rodrigues, Anabela Pereira, André Julião, Filipe Amaral, Florbela Estêvão, Francisco Rocha, João Alexandre, José Reis Santos, Joyce Mendonça, Lucília Bahleixo, Martim Santos, Patrícia Duarte e Silva, Pedro Cabeça, Ricardo Andrade, Rui Pinheiro, Fotografia: Cátia Isaías, João Pedro Domingos, Miguel Esteves, Nuno Luz Direcção Comercial: geral@ficcoesmedia.pt Ilustrações: Bruno Bengala Criatividade e Imagem: Nuno Luz Impressão: Grafedisport - Impressão e Artes Gráficas, SA - Estrada Consiglieri Pedroso - 2745 Barcarena Tiragem: 15 000 Exemplares Periodicidade Mensal Proprietário: Filipe Esménio CO: 202 206 700 Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis n.º 6, 1.º Dto. 2685-215 Portela LRS Tel: 21 945 65 14 E-mail: noticiasdeloures@ficcoesmedia.pt Nr. de Registo ERC - 126 489 Depósito Legal nº 378575/14

homenageados, o Presidente da Câmara teve um discurso extenso, em que mais de metade do tempo foi usado para sublinhar o que o Executivo da Câmara fez de bem, desde que chegou e aquilo que o Governo tem feito de mal. Nem sequer vou pôr em causa o conteúdo, mas ponho em causa o momento. Era a noite de condecorações, cujas estrelas eram os distinguidos e não um comício político. Seguramente que existem e existirão outros eventos em que este tipo de discurso fará sentido, não creio que este fosse um deles. Para culminar, dos galardoados apenas um teve voz, o que não pode estar presente, Beto. Como

tinha escrito uma mensagem foi permitido ao seu representante que a lesse. Pergunto eu, e os outros porque é que não tiveram oportunidade de falar? A noite era deles. Se havia alguém que as pessoas queriam ouvir eram os distinguidos. Se havia alguém que, eventualmente, quisesse agradecer eram os homenageados. Não foi pois de estranhar, que alguns deles como Rita RedShoes e DJ Marfox tivessem que usar as redes sociais para agradecer, o único sítio público em que no próprio dia o puderam fazer. Como sabemos, tudo o que é em demasia faz mal.

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Biblioteca da Apelação distinguida A Biblioteca de São Paulo foi distinguida, na categoria de Design de Interiores, pela associação ArquinFAD, um dos mais relevantes galardões de arquitectura da Península Ibérica. Os arquitectos responsáveis pela reabilitação foram Patrícia Marques e J. Paulo Costa. Filipe Esménio Comunição

Mel de Cicuta Rebelde sem causa Não. Não vou falar da Grécia. Não quero fazer parte do chorrilho de disparates que têm sido ditos. De quem tem pressa em dizer e, naturalmente, dificuldade em pensar. Não. Não vou falar de Mariana Mortágua, a deputada da moda, numa altura em que todos se prendem com a forma e o jeito, esquecendo e ignorando o conteúdo. Também não me apetece falar da saída de Jorge Jesus para o Sporting. Desta forma fica mais difícil estar na moda. Não gosto de gin e não aprecio tascas modernas, gosto mais de bagaço e das tascas velhas, à antiga. Também não uso o novo (des)acordo ortográfico. Gosto de vinho tinto, aguardente e de cerveja. Sou do Benfica mesmo que o Maxi Pereira se transforme em Perna de Pau. Não, não me sinto velho, nem conservador. Pelo contrário sinto-me a rejuvenescer em cada acto, que faço em função da minha consciência e não da minha carteira ou de um qualquer bacoco status social. Nunca quis entrar em discotecas em que não me sentisse bem, nem dar beijos na boca de miúdas, apenas por serem giras. (Mas dar beijos na boca de miúdas giras é bom). Tenho um carro com 15 anos, em excelente estado e, apesar de não poder agora ir à baixa no meu carro, vivo feliz com isso. Não tenho dívidas de especial e nem quero tê-las. Gosto de quem gosto e faço cada vez menos fretes. Por isso e por não estar à procura de emprego e muito menos numa multinacional digo-vos: - Comprem produtos portugueses! Apoiem a economia local. Sejam capazes de ajudar os seus vizinhos e acreditem que estes são os primeiros a ajudar-vos. O País precisa de nós e nós podemos dar o exemplo. Ao comprar na sua terra está a desenvolvê-la e pode parecer estranho, mas isso evita crises económicas. A vida pode ser muito melhor se, educadamente, formos iguais a nós próprios e acreditarmos em nós, nas nossas crenças, no nosso País. Tudo feito com flexibilidade e bom senso, mas por nós, pelos nossos e por Portugal. A todos os que conseguirem, boas férias e, de preferência, por cá…. Portugal agradece.

A Biblioteca de São Paulo, na Apelação, foi distinguida, no dia 2 de Julho, na categoria de Design de Interiores, nos prémios FAD (Fomento de las Artes y del Diseño). Os prémios FAD de Arquitectura e Interiores são concedidos pela associação ArquinFAD, do Fomento das Artes e do Desenho, a pessoas e entidades que tenham apresentado obras terminadas durante o ano anterior na Península Ibérica e ilhas. Este é um dos mais relevantes galardões de arquitectura da Península Ibérica. Esta reabilitação foi efectuada pelos arquitectos Patrícia Marques e J. Paulo Costa, que já tinham sido responsáveis pela requalificação do Museu Antoniano, em Lisboa. O júri presidido pelo arquitecto espanhol Victor López Cotelo e constituído ainda por Ignasi Bonet, Agustí Costa, Mònica Rivera, Mariana Pestana (fez parte do projecto Homeland em Veneza, com curadoria de Campos Costa) e Gabriel Valeri destacou a criação de um “ambiente de unidade de recolhimento, envolvente, simples e sereno, muito propício à leitura”. Os arquitectos procuraram “simplificar as geometrias de uma cons-

trução banal” e “uniformizar o espaço tornando-o uno”, sendo “a diversidade e temperatura da sala proporcionadas pelas capas de livros”. A biblioteca de Loures pertence à Congregação Religiosa Pia Sociedade de São Paulo. Segundo os arquitectos explicam na memória descritiva, a intervenção é feita no interior de um edifício anónimo típico dos anos 70. A biblioteca, “que desempenha nesta comunidade um papel determinante”, é vista não só como uma área de trabalho, mas “como espaço de encontro da comunidade” e “de representação, onde pudessem ocorrer reuniões e encontros especiais”. Por isso, na definição do projecto, a importân-

cia da relação da comunidade "sugeria a necessidade de minimizar a presença da infra-estrutura nova e expor os livros de forma a que estes envolvam os seus utilizadores”. No próximo ano os mesmos arquitectos, Patrícia Marques e J. Paulo Costa, voltam a participar com o projecto Capela Jesus Mestre, um espaço situado no mesmo edifício onde está instalada a biblioteca vencedora. O FAD é uma associação privada sem fins lucrativos criada em Barcelona, com o objectivo de promover o desenho e a arquitectura na vida cultural e económica do país, articulando-se com várias associações profissionais relacionadas com estas disciplinas. Estiveram a

concurso um total de 458 obras (em categorias como interiores, cidade e paisagem, intervenções efémeras e pensamento e crítica), das quais 175 eram de arquitectura. Em Maio foram selecionadas 37 obras como finalistas, distribuídas por todas as categorias. Mas a Biblioteca de São Paulo não foi a única distinção lusa, também o Ozadi Tavira Hotel, do arquitecto Pedro Campos Costa, responsável pelo projecto de reabilitação, recebeu o Prémio Arquitectura, em ex-aequo com a Casa Bastida de Begur, em Girona (Espanha), dos arquitectos Elisabet Capdeferro e Ramon Bosch. Pedro Santos Pereira


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O mês do

«Rei» Caracol Julho é o mês do caracol, por excelência, no município de Loures. Durante mais de duas semanas, o gastrópode foi rei e senhor, atraindo milhares de visitantes de todos os cantos do país. A economia agradece e os apreciadores também.

É já considerado uma das maiores atracções turísticas e gastronómicas do concelho. O Festival do Caracol Saloio, que decorreu de 10 a 26 de Julho, junto ao Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, foi, uma vez mais, um estrondoso sucesso. Embora não haja ainda números oficiais da edição deste ano, quem por lá passou testemunhou a maré de convivas e apreciadores de gastrópodes que fazia fila para provar a iguaria. Paralelamente, a feira do artesanato mostrou o que de melhor os artesãos saloios têm para mostrar ao público. «Andamos a deixar o nosso rasto há 16 anos, desde a primeira edição do Festival do Caracol Saloio», conta orgulhoso, Vítor Almeida, o proprietário do Apolo 78, um dos mais famosos restaurantes do festival e ostentador do cobiçado título de Rei do Caracol. «Nos primeiros anos, o Festival do Caracol era uma iniciativa menos digna, algo sem prestígio, pelo qual fui algumas vezes criticado por colegas de profissão, mas, hoje, já estão aqui grande parte deles, pois mudaram, e bem, de opinião», revela. Considerada a maior prova de gastrópodes da Europa, o Festival do Caracol Saloio traz, além de clientes, muita notoriedade e mediatismo aos restaurantes participantes. «Isto é uma grande montra, temos algum mediatismo e é também uma boa fonte de receita», diz Vítor Almeida. «É um evento que faço de coração e que proporciona a alguns jovens a oportunidade de trabalhar durante algumas semanas», acrescenta. Pratos inovadores agradaram a Andrew Zimmern Além de rei do caracol, Vítor Almeida é também o rei dos pratos inovadores. Há dois anos, inventou o pastel de nata de caracol e, no ano passado, chocou tudo e todos com o bombom de chocolate, doce de ginja e caracol. «Fomos visitados pelo Andrew Zimmern, do Bizarre

Foods e, numa reportagem que passou no Travel Channel, ele disse que o que achou mais interessante foi precisamente o pastel de nata e o bombom, curiosamente dois pratos nossos», conta Vítor Almeida. «Este ano, lançámos o Sarói, que é um folhado com recheio de caracoleta e cogumelos», desvenda. «Sarói é um nome árabe que significa homem do campo e que esteve na origem da pala-

vra ‘saloio’ e é uma marca que queremos deixar, porque temos muito orgulho em ser saloios», explica. O segredo do Apolo 78 é não facilitar no caracol cozido, cozinhando o gastrópode da forma mais simples possível. Vítor Almeida defende a tradição: «Não alteramos a nossa receita. Há pratos fantásticos no Festival do Caracol, um ambiente extraordinário e isso é excelente. O

resto depende do palato de cada um. Posso dizer que a caracoleta à Bulhão Pato é o prato que mais vendo, logo a seguir ao caracol cozido, que é o rei da festa». Apesar de começar a generalizarse o conceito, para Vítor Almeida, não há festival do caracol como o saloio: «Nós estamos na Liga dos Campeões, enquanto o resto do País ainda está nas distritais, para usar gíria futebolística. Não é por acaso que Loures é a capital do caracol e que entrámos

para o Guiness com o maior tacho de caracol do mundo». O verdadeiro segredo para cozinhar o caracol é não ter segredos. «O caracol, como qualquer outro produto, tem que ter, acima de tudo, qualidade», explica o «rei do caracol». Mas, a lavagem tem qualquer coisa que se lhe diga, embora Vítor Almeida não o revele. De resto, «há quem ponha chouriço, bacon ou presunto, o limite aqui é a imaginação», remata.


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Manter a audiência «no limite» As expectativas da Câmara Municipal de Loures para a edição deste ano do Festival do Caracol, numa altura em que ainda não se conhecem números oficiais, são de manter a audiência do ano passado. «Em 2014, tivemos cerca de 105 mil pessoas, mais de 60 por cento delas de fora do Concelho e a nossa expectativa é que haja uma continuação desses resultados», revela o vereador Nuno Botelho, responsável pela área do Turismo da equipa multidisciplinar de Desenvolvimento Económico, Turismo e Promoção do Emprego da autarquia. «Esta iniciativa já implica cerca de 700 mil euros de volume de negócios, dá emprego nesta altura a muitos jovens e traz pessoas, emprego e dinâmica ao concelho», defende

o vereador. «Além disso, mostra às pessoas o que temos de melhor na cultura saloia, pelo que são só ganhos para o Concelho e para os munícipes», acrescenta. «Mas, o sucesso do festival não seria possível se o produto não fosse bom e se os restaurantes não tivessem grande qualidade, pois eles é que fazem este evento», diz Nuno Botelho. «Paralelamente, a feira do artesanato traz ao recinto cerca de 50 stands, onde os artesãos locais mostram a sua arte na cortiça, no tecido e noutras actividades, o que é também um modo de mostrarmos os nossos produtos e ter alguma rentabilidade em tempos difíceis», sustenta o vereador. André Julião

Festival do Caracol em números (2014) • • • • • • • •

105 mil visitantes 50 mil quilos de caracol vendidos 37 mil litros de bebidas vendidos 700 mil euros de volume de negócios 500 gramas de caracol consumidos por visitante 10 restaurantes 22 concertos 50 stands de artesanato

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LOCAL

Adão Barata dá nome a praceta e rua em Moscavide Pedro Cabeça Advogado

Os caracóis, “O Sonho ao Poder”, o Medo - É a realidade Estúpido Por uma infelicidade tipográfica, certamente já sobre a influência dos bichos rastejantes (vulgus Caracóis) que foram reis de Loures, no passado mês de Julho, o artigo de opinião do mês passado não ficou neste espaço de papel. (É sabido que, além de basicamente herbívoros, os animaizinhos são extremamente vorazes. É certo que são notoriamente lentos, mas têm um tacto e olfacto bem desenvolvido, sobretudo evidenciados nas pequenas antenas, já que a visão é diminuta). Por isso resumidamente vos digo agora que a referida crónica falava dum final de Junho em que tinha descido (ou subido?) à Capital para assistir ao lançamento do Livro “O Sonho ao Poder”, escrito pelo nosso amigo Filipe Esménio. O Filipe é um amigo e o Mário Viegas (que tive o prazer de conhecer numa breve passagem da minha vida e com ele trocar algumas ideias) era uma referência de irreverência e de como verdadeiramente a palavra pode ser uma arma. Recordo uma história de uma degustação de cravos em palco, enquanto certa figura do estado assistia ao espectáculo. Irreverente ou irascível dependia muito de quem sentia a sua palavra, mas Indiferente não era. E falava a propósito desta irreverência da realidade, do cinzentismo tecnocrata de um parlamento que começa a ser sentido com ares de claque, onde a individualidade de cada um se perde, não no que se devia perder, a linha ideológica e os princípios de um partido, mas antes nos directórios partidários. E dizia que sonhava com gente dinâmica no Poder, Gente que sonhe no poder e não com o poder. Pois nunca poderemos construir um verdadeiro futuro sem o sonharmos. E que “O Loures em Congresso” findou e não nos permitiu sonhar o Futuro de Loures. Mas, depois deste resumo a “despropósito” (ou talvez não) na crónica deste mês falo do fim de um sonho, em que assisto triste ao despertar daqueles que em Janeiro, na Grécia, vieram para a Rua e votaram que não tinham medo. Em que assisto triste ao despertar daqueles que em Janeiro vieram para a Rua sem medo dizer: eu sou Charlie. Aqueles que acreditaram no “Sonho Ao poder” tiveram este mês uma outra História para viver. As pessoas despertaram e viram que tudo não passava apenas de um utópico pensamento de que o Sonho podia ser Realidade. Os Gregos tiveram de aguentar mais austeridade imposta por esta Robusta e “Balzaquiana” Europa (uma história de indiferença semelhante ao que sucedeu nos anos 30 do séc. XX) e o Charlie cedeu, prometendo que, pelo menos sobre um tema, não irá publicar cartoons. E lá se foram os sonhos, os desejos, o acreditar que não temos medo, o acreditar que queremos realmente melhores e diferentes Políticos e Políticas, neste País, nesta Europa, neste Mundo. Todos Sonhamos… Não Temos Medo, mas… depois… É a realidade Estúpido.

Adão Barata foi distinguido pela Junta de Freguesia de Moscavide e Portela e pela Câmara Municipal de Loures na Vila de Moscavide. Um reconhecimento efectuado a uma personalidade da Freguesia e do Concelho, que muitos consensos gerou na sua actividade política. No passado dia 13 de Julho, pelas 17 e 30, foi redenominada a Praceta Mário Fernando Santos, passando agora a chamar-se Eng. Adão Manuel Ramos Barata, que morou na Portela e foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Loures, antecedendo Carlos Teixeira. Conhecido por todos pelas excepcionais características humanas, inclusive pelos seus adversários políticos, faleceu a 29 de Agosto de 2008, vítima de doença prolongada. Fez parte do Partido Comunista Português desde 1975, tendo-se envolvido em inúmeras iniciativas do movimento associativo estudantil contra a ditadura. Em 1994 assumiu a presidência da Junta de Freguesia de Carnide e de 1997 a 1999 foi, sucessivamente, Vereador e Vice-Presidente do Município de Loures, que acabou por liderar entre 2000 e 2002. Entre 2002 e 2007 voltou novamente à condição de Vereador da Câmara Municipal de Loures. Pelo meio foi presidente do Conselho de Administração do SMAS (1997 a 2002) e membro do mesmo Conselho entre 2002 e 2007. Foi ainda membro dos conselhos de administração da Parque Expo e do MARL, assim como dos corpos directivos da Associação

Nacional de Municípios Portugueses. Antes disso já tinha sido distinguido com a Insígnia de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 1999, pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio. Posteriormente foi-lhe atribuída a Medalha de Honra do Concelho, a mais alta distinção feita pela Câmara Municipal de Loures. A Praceta Eng. Adão Manuel Ramos Barata e a Rua, com o mesmo nome, ficam em Moscavide, perto do Comando Metropolitano da PSP, com início na rua Mário Fernando Santos passando pelo Centro de Saúde de Moscavide e terminando na rua dos Deficientes das Forças Armadas. Estiveram presentes a viúva de Adão Barata, Deolinda Barata, um dos filhos, Pedro Barata, o presidente do Município, Bernardino Soares, a presidente da Assembleia Municipal, Fernanda Santos, a presidente da Junta de Freguesia de Moscavide e Portela, Manuela Dias, o vice-presidente da Câmara, Paulo Piteira e os vereadores Maria Eugénia Coelho e Nuno Botelho. Manuela Dias, presidente da Junta de Freguesia, referiu que “não existia nenhuma artéria com este nome em Moscavide. Chegou a altura

de reconhecer o valor de Adão Barata, um exemplo de seriedade, imparcialidade e de respeito pelas pessoas. Era um homem de consensos”. Por sua vez, o filho Pedro Barata assumiu que “é com orgulho e satisfação que vejo o nome do meu pai ser assim recordado. Ele não era dado a protagonismos e dificilmente aceitaria este tributo, mas fico feliz que ele seja lembrado pela forma como se entregou às pessoas. Esta bonita homenagem é o espelho disso mesmo”.

Bernardino Soares, presidente da Câmara de Loures, classificou Adão Barata de “homem notável que entregou o seu saber e seriedade sempre à causa pública”. Para o autarca, “os méritos e capacidade sempre foram reconhecidos, testemunhando que Adão Barata superou a prova do tempo. Muitos ainda se referem hoje a ele como um exemplo de como deve agir um autarca, que ainda tanto teria para dar ao Município e ao País”. Pedro Santos Pereira


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Guarda por um dia O Comando Territorial de Lisboa da GNR, através da Secção de Programas Especiais em Vila Franca de Xira, terminou no dia 16 de Julho, mais um projecto que teve como objectivo sensibilizar e dar conselhos de segurança aos idosos e ainda ajudar a combater o isolamento dos mesmos, atra-

vés da interacção com crianças. Este projecto decorreu entre os dias 14 e 16 de julho de 2015 e foi organizado em parceria entre a Guarda Nacional Republicana e a Instituição de Apoio Social da Freguesia de Bucelas - Loures. Assim, nove crianças daquela instituição, vestidos com as mini-

fardas da GNR, acompanharam os militares do Núcleo Idosos em Segurança, na visita aos idosos em situação de isolamento social/ geográfico daquela Freguesia. Se por um lado foram dar a conhecer alguns cuidados de segurança aos idosos, capacitando-os com informações e conselhos relativos à sua segurança, quer na sua habitação quer na rua, prevenindo a criminalidade de que são alvo, tais como furtos, roubos, burlas e contos do vigário, por outro lado ficaram a conhecer uma realidade diferente do seu dia-a-dia, ajudando a quebrar o sentimento de indiferença que possa existir nos mais jovens relativamente aos Idosos. Este Projecto teve como objectivo geral unir duas gerações, “netos” e “avós” sendo que as crianças, quanto mais cedo forem ensinadas e sensibilizadas para a problemática do isolamento e solidão dos idosos e respectiva criminalidade que daí poderá advir, maior será a probabilidade de no futuro se tornarem cidadãos mais sensibilizados e consciencializados, com vontade de agir contra a indiferença que se faz sentir atualmente relativamente aos problemas do isolamento dos nossos Idosos.

SIMAR alertam Através de um comunicado, os SIMAR alertam os munícipes para a prática fraudulenta perpetrada por algumas pessoas, que pondo em causa a qualidade da água tentam vender apetrechos para a purificar. Perante tal cenário, o SIMAR redigiu o seguinte comunicado, que transcrevemos na íntegra: “Os SIMAR alertam os seus clientes e a população em geral dos Concelhos de Loures e Odivelas, que não se reveem na prática comercial de alguns indivíduos que, fazendo-se passar por seus trabalhadores, procuram aceder

ao interior das suas residências com o intuito de promoverem a venda de equipamentos de filtragem e outros, alegadamente a pretexto da qualidade da água distribuída publicamente. Os SIMAR demarcam-se inequivocamente desta prática, assegurando aos seus clientes que a água distribuída cumpre com todos os requisitos estabelecidos quanto ao fornecimento de água potável, em permanente monitorização dos seus parâmetros de controlo de qualidade, cujos resultados são publicamente divulgados e comunicados à entidade

reguladora do setor. Os SIMAR estão disponíveis para todos os esclarecimentos adicionais que lhes queiram colocar, por intermédio dos serviços da sua Divisão de Laboratório de Qualidade – nas instalações de Sete Casas – Loures ou pelos telefones 219 833 817, ou correio eletrónico dlg@simar-louresodivelas.pt ou ainda, pelos contactos dos seus serviços gerais: telefone nº 219 848 500, ou endereço eletrónico geral@simar-louresodivelas.pt . Para qualquer dúvida, não hesite em contactar-nos.”

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Rotary muda de presidente No passado dia 2 de Julho de 2015 decorreu a transmissão de tarefas do Rotary Clube de Loures, tendo o Presidente cessante, David Valente, passado o testemunho ao Presidente entrante Nuno Sanches. Neste evento decorreu também a Emblemagem de oito Jovens do Rotaract Clube de Loures, que foi reactivado após 15 anos de inactividade. O evento contou com a presença de cerca de 80 convidados e decorreu envolto em sã camaradagem e companheirismo!


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ASSOCIAÇÃO

ACDTIUNHOS

Uma resposta social em movimento no concelho de Loures Associação do Centro de Dia de Unhos “O conhecimento e a informação são os recursos estratégicos para o desenvolvimento de qualquer país. Os portadores desses recursos são as pessoas.” Peter Drucker Muitas têm sido as IPSS do Concelho que exercem trabalho mas nunca são conhecidas por tal. Este mês vamos ao encontro de uma IPSS com alguma História e que se distingue pela forma como envolve os seus colaboradores e como coloca em prática os seus projectos sociais na Comunidade. A Associação do Centro de Dia de Unhos nasceu há 21 anos, como resposta social e serviço de apoio domiciliário à população de Unhos/Catujal. Nasceu com o PAII (Programa de Apoio Integrado a Idosos em 2005), uma vez que era uma zona em processo de envelhecimento e não tinha respostas sociais adequadas às necessidades da população idosa e em situação de vulnerabilidade e isolada. O PAII teve o seu maior desenvolvimento em 2006, com a actual direcção, que assume a liderança da organização desde essa altura, com vários projectos reconhecidos como sendo uma boa prática a seguir no mundo actual onde o empreendorismo e a inovação social são um factor importante na sustentabilidade das organizações do 3º Sector. A Direcção defende que o desenvolvimento só é possível com grande dedicação e empenho, pois o voluntariado é um dos pilares da inovação da organização. Fora de Horas A ACDTIUNHOS destaca um dos projectos com mais relevo desde 2008, o “Projecto Fora de Horas” - luta contra fome e desperdício. O mesmo já conta com alguns reconhecimentos pela forma como nasceu e como provou ser um modelo de empreendorismo e estratatégia na área social, quando a sustentabilidade é uma das maiores preocupações na esfera da economia nacional. O “Fora de Horas” continua a ser um dos estandartes desta Associação e já ganhou reconhecimento pela Confederação Portuguesa de Voluntariado; Prémio Mª José Nogueira Pinto (Responsabilidade Social); Mais para Todos (projecto Social LIDL).

O mesmo acaba por ser reconhecido como uma boa prática segundo o Banco Alimentar Contra Fome e a Segurança Social, que defende ser um projecto a ser modelo a implementar em outras organizações do 3º Sector. O mesmo é constituído por elementos da direcção, colaboradoras da ACDTIUNHOS e voluntários que têm vontade de ajudar a organização, dando o seu tempo para fazer diferença na vida dos que mais precisam. O presente e o futuro Actualmente a Associação tem a resposta social de serviço de apoio domiciliário, onde apoia 75 utentes de (Unhos/Catujal),mas a tendência é uma maior procura, uma vez que é uma zona onde se acentua um envelhecimento pouco activo e sem suporte familiar, com casos de idosos que vivem no limiar da pobreza. A Associação defende que muitas vezes “a melhor maneira de predizer o futuro é criá-lo”. A organização tem conseguido atingir os seus objectivos sociais junto da comunidade que apoia, tal como as entidades que ajudam a Associação, acreditando que uma pequena organização já fez a diferença na sua intervenção diária. António de Almeida Cunha é o presidente da Direcção há nove anos com a mesma equipa. Defendem que é um desafio diário estar a frente da Organização, mas o social e o humanismo falam mais alto. Um trabalho de nove anos de dedicação movem estes elementos a continuar a assumir novos desafios, com o objectivo de realizar o sonho da população, a construção de um novo equipamento social “Centro de Dia”, para dar resposta a muitos idosos que desejam ter um envelhecimento com a qualidade, uma exigência legítima à luz dos direitos humanos/sociais. Actualmente, a ACDTIUNHOS tem três equipas de SAD, seis Ajudantes de Acção Directa de apoio diário 7 dias, seis colaboradores no sector da cozinha (que confeccionam diariamente

76 refeições para a população idosa) e uma assistente social/ directora técnica da organização, que assume o trabalho técnico e o departamento de criação e desenvolvimento de projectos de angariação de fundos em conjunto com os elementos da direcção. Falámos com alguns voluntários internos (colaboradores) no sentido de perceber o que os move para continuar a fazer “Fora de Horas” à noite e deixamos aqui alguns testemunhos. “Fazer este voluntariado é gratificante, sabendo que estes produtos vão ser uma mais-valia para os nossos idosos, o reforço nas cestas.” – “O Fora Horas tornou-se um estado de alma, preciso fazer este voluntariado para me sentir útil à sociedade” – “ Fora de Horas já faz parte da minha agenda semanal” – “Fora de horas ajudou-me a entender muita coisas que podemos fazer nas organizações deste género”. A ACDTIUNHOS continua a defender, na sua lógica de intervenção, que é essencial ter colaboradores motivados para obter bons resultados. Colaboradores que possam envolver-se na MISSÃO da organização, colaboradores com vontade de uma aprendizagem contínua e com vontade de ajudar a fazer a diferença e efectuando um trabalho com alma, para que os idosos possam sentir que existem organizações preocupadas com os seus direitos e, acima de tudo, com a sua dignidade, promovendo, desta forma, a sua qualidade de vida.

para os mais velhos. As políticas sociais devem ser repensadas e analisadas com técnicos no terreno, para que possamos construir uma sociedade “inclusiva”, no que se refere à população idosa, que devia de usufruir de uma maior qualidade de vida e de respostas adequadas às suas necessidades e não existirem diferenças, mas sim acesso a que todos possam gostar de envelhecer e não ter medo, pois a solidão e o sentir-se inútil é um preço que o ser humano não está disposto a pagar. Os Projectos Distingue-se a ACDTIUNHOS pelo seu empenho e como constrói os seus Projectos, que visam a transformação e dinamização dos tecidos sociais. Desde

o “Projeto Fora de Horas”, que acolhe voluntariado sénior e luta contra a fome e o desperdício na sociedade actual, como o “Coaching Care” (treinar os cuidadores informais – Família) a cuidar dos seus idosos em casa, o FisioConforto em Movimento, a reabilitação perto e eficiente na lógica centrada no utente e o SACMovimento - Serviço de Atendimento Comunidade em Movimento, onde uma técnica atende e encaminha o utente para a resposta mais adequada e eficaz na resolução do seu problema social. A ACDTIUNHOS é um exemplo de intervenção comunitária no nosso País, uma Organização onde a essência são as PESSOAS! Paula Meireles

Os milagres acontecem às vezes, mas é preciso trabalhar tremendamente para que aconteçam. Peter Drucker A ACDTIUNHOS vai continuar a trabalhar para que possam sentir este milagre e trabalhar dia-adia de alma e coração, pois em acção social não há tempo para pensar, apenas agir para conseguir mudar algo em nós e nos outros. Portugal precisa de “despertar” as mentalidades e olhar à volta, para um País envelhecido e esquecido de direitos e deveres

Contactos

219 400 009 tesoureira@acdtiunhos.pt secretario@acdtiunhos.pt assistentesocial@acdtiunhos.pt Acção Social em Movimento, uma Resposta a Pensar em Si!


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COMUNIDADES

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Um pedaço da Ucrânia à beira-mar plantado

Chegaram em massa em 2006 para trabalhar na construção civil, mas mais de metade já saiu do País. A crise na construção levou muitos ucranianos a regressar ao país de origem ou a reemigrar para outras paragens. Mas, há uma nova vaga de imigrantes que foge da guerra. Pavlo Sadokha é o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal e tem hoje uma vida estável em Lisboa. Saiu de Lviv, no leste da Ucrânia, para procurar uma vida melhor e passa boa parte do tempo a ajudar os compatriotas que chegam, ou a dinamizar acções culturais, sociais e políticas em prol da terra natal. O maior problema já não é o desemprego, mas a guerra que silenciosamente se prolonga no país. Quantos membros tem e qual a dimensão da Associação dos Ucranianos em Portugal? É a maior associação de ucranianos em Portugal. Tem 15 delegações e mais de 1500 membros em todo o país. Estamos em Lisboa, Porto, Madeira, Águeda, Leiria e noutras agremiações mais pequenas. A mais recente a abrir foi a de Águeda, ainda este ano. Qual a dimensão da comunidade ucraniana em Portugal? Segundo dados recentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), são cerca de 39 mil. Nesta estatística, só entram aqueles que não são cidadãos portugueses. São os que têm visto de permanência ou autorização de residência. Penso que, se contarmos os que já adquiriram a nacionalidade portuguesa, podemos incluir mais 15 mil pessoas nesses números. E como se distribui pelo país? No início da nossa emigração, os ucranianos iam para

as zonas onde as rendas eram mais baratas, como Arroios ou o Intendente, em Lisboa. Foi aí que nasceu a primeira comunidade de ucranianos organizada em Portugal. Com a integração na comunidade local, a maioria passou a viver em zonas perto do trabalho. Não há hoje uma tendência definida. Como se caracteriza em termos de idade, habilitações literárias, profissão? De acordo com as mesmas estatísticas, há um número equilibrado entre homens e mulheres e cerca de 70 por cento dos ucranianos em Portugal têm um curso superior. Desde 2008, muitos ucranianos saíram do país mas, até 2006, entraram em Portugal mais de 80 mil compatriotas. Neste momento, são cerca de metade, porque muitos regressaram à Ucrânia e outros reemigraram para outros países. Quanto às profissões, no início, a grande maioria dos homens vinha para trabalhar na construção civil e as mulheres trabalhavam como empregadas domésticas. Penso que esta tendência ainda se mantém. Em 2007, Portugal e a Ucrânia assinaram um acordo de reconhecimento mútuo de competências e muitos aproveitaram para utilizar os seus diplomas e encontrar melhores empregos. Quase todos os jovens ucranianos entram na Universidade em Portugal. Qual a religião dominante? A maioria dos ucranianos em

Pavlo Sadokha é o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal

Portugal são da zona do leste da Ucrânia, sobretudo de Lviv, como tal, são de religião católica de origem bizantina. Isso notase muito nas festas religiosas, sobretudo no Natal e na Páscoa. Os dados oficiais mostram que a maioria reconhece-se como ortodoxa, mas eu posso confirmar, pelo que vejo nas festas, que os mais activos são os católicos. A comunidade ucraniana está plenamente integrada na vida do País? Sim, desde 2008 que deixámos de precisar de dar apoio à integração e inclusão no País. A maioria já consegue resolver as situações de vida sozinha e à sua maneira. Agora, temos um problema novo relacionado com a guerra. Começaram a vir novos imigrantes da Ucrânia, que fogem da guerra e que precisam de ajuda, sobretudo os que vão para o Centro de Acolhimento a Refugiados da Bobadela. A associação tem algum mecanismo para ajudar a integrar essas pessoas? Sim, trocamos informação e explicamos como é a vida em Portugal. Este ano, já vieram 20 ou 30 pessoas nessas condições, nomeadamente da Crimeia. Não é uma imigração em massa, mas tem vindo a aumentar. Tem havido muita emigração de ucranianos de Portugal para outros países? Sim, a maioria dos homens que

veio para Portugal trabalhava no sector da construção. Há agora um novo fenómeno, que são as famílias que compraram casa em Portugal e cujos homens reemigraram para outros países como a Alemanha, a França ou Angola. Nesses casos, a família fica em Portugal e o homem manda dinheiro a partir desses países, tal como acontece com os portugueses. Tem havido problemas de desemprego na comunidade ucraniana? Não posso dizer que esse seja o maior problema entre os ucranianos. Qualquer imigrante é mais dinâmico na procura de emprego, porque já passou por isso e está mais habituado a lidar com esse problema. Consegue sempre arranjar alguma coisa, de uma forma ou de outra, ou então volta a imigrar. Os novos ucranianos que estão a vir agora têm o problema da língua para procurar trabalho. Além disso, a oferta hoje é mais pequena. Mas, tentamos ajudar-nos uns aos outros e isso torna as coisas mais fáceis. Que tipo de iniciativas a vossa associação faz para preservar a cultura e as tradições do país? Assinalamos sempre as datas nacionais, como o Dia da Independência, o Dia da Constituição e outras datas. Convidamos também vários artistas da Ucrânia a virem a Portugal e organizamos exposi-

ções e mostras de arte do nosso país. Somos muito procurados pelas câmaras municipais em todo o país, para promovermos iniciativas de integração dos imigrantes. Além disso, criámos os centros educativos e culturais para as crianças ucranianas, onde ensinamos a língua, promovemos iniciativas culturais e desportivas. Ensinamos também a luta tradicional ucraniana, as danças e as músicas do nosso país. Desenvolvemos ainda algumas acções políticas, sobretudo pedindo ao Governo e ao Presidente de Portugal que condenem a guerra na Ucrânia e apoiem o nosso país. A comunidade ucraniana em Portugal tem vindo a aumentar ou a diminuir? Tem vindo a diminuir, sobretudo por causa da crise económica em Portugal. A origem da nossa imigração foi a crise económica na Ucrânia. Não havendo trabalho aqui, voltamos à Ucrânia ou reemigramos para outros países. Sabemos que os próximos tempos serão difíceis para a Ucrânia porque, mesmo que a guerra acabe agora, a nossa economia está muito débil. Mas, está tudo muito difícil em muitos outros países também. André Julião


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FC Prior Velho quer recuperar futebol de 11 Farto de ser desprezado pela Junta de Freguesia, o Futebol Clube do Prior Velho está apostado em recuperar o seu campo de futebol de 11. Inserido num imbróglio burocrático, com muitos mal-entendidos à mistura e até uma queixa-crime, o clube pede ajuda para voltar ao que já foi. a concessão do campo, apesar de receber da autarquia uma verba para manter e conservar o campo, pouco ou nada fez durante os anos em que geriu aquele equipamento. Mas, a história do campo é extremamente sinuosa e remonta a tempos mais idos. O campo doado duas vezes

A relação do Futebol Clube do Prior Velho com o poder local podia ser um caso de estudo. Ao contrário do que acontece em inúmeras municipalidades espalhadas pelo País, no caso do Prior Velho, em vez de ajudas oficiais indevidas, tem havido obstáculos e tentativas de boicotar a actividade daquela agremiação desportiva. Quem o diz é a actual direcção que, após anos e anos de histórias rocambolescas, decidiu contar ao NL o trajecto das aziagas relações com a Junta de Freguesia. A história inclui escavadoras a esburacar campos de futebol, queixas-crime, protocolos falsos e muito mais. Nuno Elói «agarrou» na direcção do Futebol Clube do Prior Velho, em 2013, pegando num clube

quase moribundo e procurando «agarrar o touro pelos cornos». Reuniu em salas de igreja, criou aulas de futsal, karaté e zumba e até organizou mercados artesanais para angariar receitas. Mas, o grande sonho de Nuno Elói é reabilitar o campo de futebol do clube para aí dar aos mais novos a possibilidade de praticarem o desporto-rei. No entanto, a tarefa é difícil e onerosa. Vetado ao abandono pela Junta de Freguesia que detinha a concessão, durante anos a fio, o campo foi vandalizado, roubado e destruído, sendo necessários investimentos que, de acordo com as contas da Câmara Municipal de Loures, deverão ascender a mais de 300 mil euros. Isto porque, a Junta de Freguesia que detinha

Tudo começou em 1957, data de fundação do Futebol Clube do Prior Velho. O clube jogava num campo cedido por Joaquim Francisco dos Santos, proprietário de vários terrenos na região. O problema teve início em 1986, quando o benfeitor pediu ao clube que abandonasse a área, em troca de um outro terreno, na Quinta das Pretas, onde ficaria de forma definitiva. O clube acedeu e passou a jogar noutro campo, construindo muros, balneários e instalações eléctricas. «Tudo feito com o dinheiro do clube e a braço, com o esforço dos sócios e das direcções», conta Carlos Dias, o ainda presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Prior Velho. Tudo corria de feição, o clube sagrava-se campeão da segunda divisão distrital em 2002 e o futuro era auspicioso. Puro engano. Um ano mais tarde, os responsáveis do clube aperceberam-se de que o suposto benfeitor havia doado o terreno do campo à Câmara Municipal de Loures, por contrapartida por outros terrenos para construção. «Aqui, admito que tivemos alguma culpa no cartório, porque devíamos ter registado o terreno em nosso nome, em sede própria, na conservatória e não o fizemos na altura devida», admite Carlos Dias. «Mas, isso não dá o direito ao doador de voltar a dar o terreno», acrescenta. «Sempre tivemos excelentes relações com a Junta de Freguesia e com a Câmara Municipal até essa data, mas, em 2003, numa fase em que estávamos no nosso auge desportivo e quando precisávamos de mais ajuda, tudo começou a falhar», adianta Carlos Dias. Nesse ano, há eleições e os executivos da Câmara e da Junta mudam. A Câmara delega na Junta a gestão do terreno e esta começa a fazer exigências. «Já não podíamos fazer publicidade, não podíamos alugar o

campo ao Inatel para eventos, que era uma importante fonte de receita, tudo em troca de um protocolo, em que a Junta nos dava 600 euros mensais», diz o responsável do clube. O clube começou a decair financeiramente e nunca mais foi o mesmo. Ninguém queria assumir a direcção, não havia listas presentes a eleições e foi o caos. «Certo dia, em 2008, a Junta de Freguesia enviou-nos uma ordem de despejo, para que abandonássemos o terreno e as instalações do clube, sem qualquer contrapartida», diz Carlos Dias. «Confrontados com a ordem de despejo, ficámos sem saber o que fazer, escrevemos ao presidente da Junta e da Câmara e tentámos resolver o assunto a bem», diz. «É então que a Junta de Freguesia decide fazer 53 buracos no nosso campo, inviabilizando-o por completo», revela Carlos Dias. «Chamámos a polícia, a comunicação social, ligámos ao nosso advogado e fizemos uma queixa-crime contra a Junta». Essas diligências, fizeram com que a Junta recuasse e propusesse um novo protocolo ao Futebol Clube do Prior Velho. Aí parou a ordem de despejo. Carlos Dias explica: «Com todas as diligências que fizemos, a Junta veio ter connosco e propôs criar um protocolo, admitindo que tinha agido mal e propondo tréguas para o futuro. Ao abrigo do protocolo, nós teríamos um campo novo, com todas as infraestruturas e condições, e sairíamos da zona onde estava o anterior terreno, para que lá fosse possível construir novas urbanizações. Vimos o projecto, assinado por um arquitecto, contratado e pago pela Junta e concordámos. Até colocaram lá um grande placard a dizer ‘Futuro Parque Desportivo do Prior Velho’, que ainda lá está». Mas, o protocolo nunca se cumpriria. «Perdemos o que tínhamos e não ganhámos nada novo e, entretanto, alguém roubou e partiu o que havia nas instalações e tudo ficou caótico, uma desgraça», revela Carlos Dias. «Além disso, a Junta transformou o espaço na lixeira local, onde várias empresas e autarquias passaram a despejar os seus desperdícios», acrescenta.

Manter o clube a pulso Apesar desta história periclitante, Nuno Elói promete não desistir. Já iniciou modalidades como o futsal, o karaté e a zumba, contando hoje com mais de 128 mulheres e 106 crianças inscritas. Entretanto, ao abrigo de um protocolo, ainda em vigor, a Junta de Freguesia concedeu ao clube a concessão do ringue do logradouro da Escola EB1 do Prior Velho. «Reabilitámos o ringue da escola primária, que era um apêndice da escola e tornámos o espaço utilizável», conta Nuno Elói. «Conseguimos trazer para o espaço uns contentores e fizemos ali a sede do clube, mas não temos balneários, nem casa de banho, apesar de termos solicitado várias vezes à Junta que nos fizesse aqui uma», revela. «Foi então que a Junta nos voltou a falar da reactivação do antigo campo de futebol do Prior Velho e as obras tiveram início», acrescenta. Foi contratada uma empresa, que terraplanou, arrancou ervas e arranjou os muros. «Nós pintámos mas, na semana seguinte, a Junta fugiu e nunca mais voltou», conta Nuno Elói. O presidente do clube conta os capítulos seguintes: «O assunto ficou adormecido e, este ano, houve a hipótese de termos um relvado sintético oferecido pelo Estoril Praia. Um campo que dava para os próximos seis a sete anos, mas que a técnica enviada pela Câmara Municipal de Loures achou por bem dizer que não servia. E isso levou à tal questão dos 300 mil euros. Chegámos a Outubro, data em que deveriam começar as aulas de futebol, e nada estava pronto. Tive de dizer às crianças que me passaram a perna». O objectivo do clube é agora voltar a iniciar o futsal no ringue e organizar pequenos mercados de artesanato e fruta, para tentar angariar receitas. «Só precisava de uma casa de banho, mas acho que nem a Junta nem a Câmara nos querem aqui junto à escola, pois tenho a ideia de que nos querem expulsar daqui», confessa o presidente. «Não vou desistir, quero manter o clube vivo e levá-lo para a frente, pois temos 58 anos de história e vamos ter muitos mais», defende Nuno Elói.


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Câmara avança se houver parceiros de financiamento Para saber o que é possível fazer para concretizar o projecto do Futebol Clube do Prior Velho, o NL contactou a Câmara Municipal de Loures e a Junta de Freguesia. Da Junta, nem resposta, mas o vice-presidente Paulo Piteira,

da autarquia, acedeu falar sobre o tema. «Tudo começou com uma zanga entre o presidente da Junta de Freguesia e o clube», defende Paulo Piteira. «Aquele campo era propriedade municipal e estava delegado na Junta de Freguesia, que recebeu cerca de 60 mil euros para a manutenção e conservação do espaço, mas pouco se interveio lá e o presi-

dente da Junta decidiu inviabilizar o campo com uma escavadora», acrescenta. «Entretanto, a Junta concedeu a exploração, sem o aval da Câmara, do logradouro da Escola EB1 do Prior Velho, ao Futebol Clube do Prior Velho para a instalação de contentores, que são uma solução provisória, tendo reposto as condições do campo de futebol de 11, que

está minimamente utilizável», diz ainda Paulo Piteira. Para o vice-presidente, «a instabilidade das direcções do clube e a falta de actividade do mesmo também contribuiu para esta situação, sendo que tudo o que era apoio ao campo, foi sendo progressivamente vandalizado». Admitindo manter reuniões com a nova direcção do clube, o vice -presidente confessa, no entanto, não ter condições financeiras para fazer a obra. No entanto, Paulo Piteira adianta estar a trabalhar para ajudar o clube: «Vamos tentar regularizar o piso, nivelá-lo e pô-lo em condições de ser utilizado, mas o clube e a Junta têm de trabalhar em conjunto para recuperar as instalações e infraestruturas, como os balneários e os holofotes. A solução passa pela recuperação do campo, mas isso não pode ser tudo feito de uma vez porque os constrangimentos financeiros não permitem». O vice-presidente acrescenta: «Em Maio, o clube informou que tinha a hipótese de receber o sintético velho do Estoril-Praia, mas isso já remete para outro tipo de investimentos, incluindo a instala-

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ção de um sistema de drenagem. Por outro lado, os técnicos da Câmara informaram que o sintético estava muito desgastado e que durava apenas mais um ou dois anos. Além disso, o conjunto de todas as obras rondará um valor nunca inferior a 300 mil euros, o que está completamente fora de questão, dadas as condições financeiras da autarquia. Disseram-nos, entretanto, que um investidor do Estoril-Praia estaria disponível para participar no investimento. Então façam-se lá esses contactos, para podermos levar a obra para a frente. A solução seria começar, no imediato, por viabilizar o pelado, como fizemos com o Águias de Camarate, para depois se evoluir para o sintético». Paulo Piteira remata ainda que o que é agora «exequível é tentar uma solução tripartida ou quadripartida e continuamos disponíveis para dar uma ajuda na recuperação das infraestruturas, mas não conseguimos suportar toda aquela despesa, pelo que é necessário um outro investidor». André Julião


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O POVO SAIU À

O mês de Julho é um mês de festas em Loures. Além do aniversário do Município, existiu ai Animação foi o que não faltou em determinados pontos da Cidade, com Camané e António Sa pontos altos dos diversos momentos culturais que se viveram. Rui Pinheiro Sociólogo

Fora do Carreiro Disparate a reverter, insulto a remover O governo decidiu privatizar a Valorsul. É uma decisão que não se consegue entender, a não ser à luz de um radicalismo ideológico sem precedentes em Portugal. O nascimento da Valorsul, estribou-se num princípio de cooperação intermunicipal e o seu desenho foi sustentado na partilha de instalações e participação accionista dos municípios, ao mesmo tempo que as Câmaras Municipais se constituiam os principais clientes da empresa, cujo propósito era resolver o grave problema dos resíduos sólidos urbanos na região de Lisboa, a norte do Tejo. Foram assim estabelecidas contratualizações com os Municípios, onde estes e o Estado central tinham direitos e deveres e, nesse contexto, foram assumidos compromissos com as populações dos Concelhos abrangidas pelo sistema e, em particular, aquelas com maior proximidade à incineradora, à estação de tratamento orgânico e ao aterro sanitário. A Valorsul, ao longo da sua existência – umas vezes melhor, outras pior – foi assegurando a sua missão sem problemas de maior, executando os compromissos que tinha, com a lei, os seus estatutos e as populações que servia, por intermédio dos municípios. A Valorsul gerou os meios necessários ao seu bom desempenho global, aos investimentos que teve de realizar, à satisfação dos compromissos e teve sempre a capacidade de ser lucrativa, retribuindo ao estado central e às autarquias locais com as mais valias obtidas. A Valorsul, ao instalar a primeira incineradora no País e a estação de tratamento orgânico, pagou, formou e desenvolveu conhecimentos técnicos únicos em Portugal e, mesmo, em grande parte do mundo. Tem hoje activos económicos, profissionais e de conhecimento invejáveis. Sem maior aprofundamento ou detalhes, que muitos existiriam para evidenciar a situação, só se pode concluir que não havia e não há qualquer racionalidade na privatização da Valorsul. Apenas razões ideológicas radiciais o podem explicar. Caso esta privatização tenha lugar ainda com este governo em funções, o desrespeito para com os municípios, para com os municípes e para com os contribuintes, ao alienar injustificadamente importantes e valiosos activos nacionais, impõe ao próximo governo a decisão obrigatória de reverter o disparate e remover o insulto. Note-se que a prosseguir a privatização, nos termos em que foi concebida e posta em marcha, o caminho abre-se à constituição de monopólios, terão lugar mais despedimentos, serão aumentadas significativamente as taxas dos resíduos sólidos (onde fica a liberdade de escolha que serve para justificar outras privatizações?!...) e prevê-se trazer os resíduos de toda a margem sul do Tejo para a margem norte, perde-se para mãos privadas todo o capital de conhecimento acumulado ao longo de anos, pago pelos portugueses. Na campanha eleitoral que se aproxima, os líderes partidários, estão obrigados a assumir uma posição.

«Filhos da terra» recebem medalhas Em ambiente de pré-campanha eleitoral, a Câmara Municipal de Loures homenageou as personalidades do concelho que mais se destacaram nas mais variadas áreas. Rita Redshoes, Carlos Mota e o DJ Marfox não esconderam o orgulho de serem «filhos da terra». Foi com pompa e circunstância que a Câmara Municipal de Loures preparou a cerimónia de atribuição das condecorações do concelho, o culminar das comemorações do 129º aniversário do município, numa noite em que o povo saiu à rua para ouvir Camané e comer caracóis. Perante um palanque repleto de personalidades e uma plateia preparada para as admirar, a autarquia entregou os galardões aos homenageados, após um discurso do edil, Bernardino Soares, repleto de farpas ao Governo e ao anterior executivo municipal.

Rita Redshoes, a «saloia» com orgulho Ao contrário do autarca, Rita Redshoes, a quem foi atribuída a medalha municipal de mérito, foi solícita e bastante amável, referindo ao NL estar bastante surpresa com a distinção. «Foi uma grande surpresa receber esta distinção, sobretudo porque sinto que ainda não fiz o suficiente

para a receber», declarou. «Filha da terra», Rita Redshoes adiantou que o galardão é algo que significa muito, «porque vim para o concelho aos cinco anos e fiquei aqui a viver até aos 27, numa região onde cresci e me formei como música e como mulher». Recordando a primeira banda e o primeiro concerto, ambos no município de Loures, a cantora e agora também autora sente que o município ainda é a sua terra: «É com muito orgulho que sou saloia, algo que digo de peito feito, porque, de facto, é aqui que me sinto em casa. Loures tem um cantinho especial no meu coração, é uma cidade onde venho quase todas as semanas, seja para visitar a minha mãe ou amigos que aqui deixei».

DJ Marfox enfatiza gentes dos bairros sociais Por entre concertos que se entrecruzavam no ar, o DJ Marfox, outro dos galardoados com a medalha municipal

de mérito, estava visivelmente satisfeito por poder dar voz aos bairros sociais do concelho. «Esta distinção é a representação das pessoas que tinham voz mas não eram ouvidas, falavam mas não eram escutadas», disse quase emocionado. «Isto, para mim, é uma forma de comunicar com o resto do município e mostrar que os bairros sociais em Loures também têm qualidade e também têm potencial», acrescentou o DJ. Enquanto testemunha do que se passa nos bairros mais pobres do concelho, Marfox defendeu uma oportunidade para as pessoas de bairros como a Quinta do Mocho: «Se nos derem uma oportunidade, conseguimos fazer o que gostamos e progredir a todos os níveis. Vejo este concelho como uma família, porque vivo Loures todos os dias. Sou da Quinta da Vitória e é essa gente que procuro representar, embora não seja possível todos estarem cá. Penso que devíamos todos dar as mãos como uma família, porque somos todos de Loures».

Camané leva milhares de pessoas ao rubro Ter Camané como protagonista de um concerto é garantia de qualidade. Foi o que aconteceu no dia 24 de Julho no Pavilhão Paz e Amizade, que encheu para se deixar envolver pela qualidade do cantor e dos seus músicos. Um concerto de hora e meia em que a assistência vibrou efusivamente, puxando pelo artista que se deixou imbuir pelo ambiente e deu espectáculo. Os milhares de pessoas presentes não deram por mal empregue o seu tempo e no final os comentários eram extremamente positivos. Pela terceira vez em Loures, como o próprio Camané assumiu, ficou mais um momento cultural de elevado nível. Na plateia diversas foram as figuras presentes, com especial destaque para a classe política, de onde se destaca Bernardino Soares, assim como a maioria dos vereadores eleitos. Também da Assembleia Municipal muitos foram os que marcaram o ponto, a começar pela presidente, Fernanda Santos. Também muitos presidentes de junta aderiram ao evento.

Como é de calcular, jantar nesse dia no Festival do Caracol foi quase uma impossibilidade, dada a afluência de

pessoas para um e outro evento e, muitas outras, para ambos.


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u ainda o já clássico Festival do Caracol. o Saiote e os “seus” clarinetes a serem os

O desejo futuro de Carlos Mota Profundamente honrado pela atribuição da medalha municipal de serviços distintos, Carlos Mota, treinador de natação do Gesloures, com especial enfoque nos atletas com deficiência, sentiu uma «imensa honra pelo facto de um painel tão distinto de concelheiros terem tido a generosidade de me escolher para a atribuição desta distinção, sendo que esta condecoração tem um nome, mas esse nome tem imensos nomes por trás». Carlos Mota explica: «Se não fossem os meus administradores, se não fosse a empresa onde trabalho há 23 anos, os meus conselheiros técnicos, os meus colegas de equipa e treinadores, que partilham saberes, que partilham a filosofia do local onde trabalho, se não fosse também uma conjugação de imensos factores, todos com o mesmo sentido de orientação da promoção e desenvolvimento do desporto para pessoas com deficiência, não seria possível ter chegado aqui hoje». Agradecendo à família e à equipa com que trabalha o facto de estar presente na cerimónia pela «porta grande», Carlos Mota deixou no ar um desejo para o futuro: «Temos dois nadadores com mínimos para os próximos Jogos Paralímpicos e o futuro imediato é garantir que as vagas que vão ser abertas por Portugal para participação nesse grande evento sejam ocupadas por eles. Vai haver menos vagas do que atletas com mérito para lá estar e nós vamos tentar ocupar essas vagas com os nadadores do Gesloures.» André Julião

Loures «capital do clarinete» por 3 dias Os melhores clarinetistas do mundo fizeram-se ouvir alto e a bom som durante três dias, em que o concelho teve a oportunidade de ver e admirar António Saiote e 13 músicos de elite mundial. De 17 a 20 de Julho, numa iniciativa organizada pela autarquia, em parceria com as juntas de freguesia de Loures e de Santo Antão e São Julião do Tojal, o evento teve como objectivos mostrar os grandes génios do clarinete mundial e formar jovens músicos da região. No âmbito desta iniciativa, denominada Meeting Internacional de Clarinete, os munícipes puderam assistir a concertos gratuitos, numa tentativa de «potenciar a enorme tradição do concelho neste instrumento, onde existem músicos consagrados e uma nova geração promissora, o que permite ao município ambicionar ser reconhecido como ‘capital do clarinete’», divulgou a Câmara, em comunicado. Treze clarinetistas nacionais e estrangeiros deram concertos, seminários e «workshops», fazendo as delícias dos apreciadores de música de Fanhões, Pinheiro de Loures, Zambujal e Loures. O evento, que contou também com a participação da Orquestra de Clarinetes Príncipes das Astúrias, terminou com «chave de ouro», na Igreja Matriz de Loures, num memorável concerto que encerrou este ciclo musical.

COMARCA DE LISBOA NORTE Loures- Inst. Central – Secção Criminal – J6 Processo: 1109/11.0PHLRS Processo Comum (Tribunal Coletivo) N/Referência 124547597 ANÚNCIO O Mmº Juiz de Direito Dr. Pedro Roberto Fernandes Nunes, de Loures – Inst. Central – Secção Criminal – J6 – Comarca de Lisboa Norte: Faz saber que no Processo Comum (Tribunal Coletivo), nº 1109/11.0PHLRS, pendente neste Tribunal contra o arguido, Mikhail Ivan da Veiga Rompão, filho de Bernardo Rompão Santos e de Domingas da Veiga Cabral, natural de São Tomé e Príncipe; nacional de Portugal, nascido em 31-03-1989, Cartão Cidadão – 159883245ZY3, domicílio: Praceta José Fontana, nº3- 4º Dt., Bairro Quinta da Fonte, 2680-304 Apelação, por se encontrar acusado da prática dos crimes: – 1 crime de Homicídio qualificado na forma tentada, p. e p. pelas disposições conjugadas dos artºs 23º, 73º, 131.º e 132.º n.ºs 1 e 2, al. e), (motivo torpe ou fútil), do C. Penal, praticado em 17-11-2011; – 1 crime de Detenção de arma proibida, p. e p. pelo art.º 86º, nº1, al. c) e nº3, da Lei nº5/2006, de 23/02, da Lei 5/2006, de 23 de Fevereiro, praticados em 1711-2011; foi o mesmo declarado contumaz, em 29-06-2015, nos termos do art.º 335º do C. P. Penal. A declaração de contumácia, que caducará com a apresentação do arguido em juízo ou com a sua detenção, tem os seguintes efeitos: a) Suspensão dos termos ulteriores do processo até à apresentação ou detenção do arguido, sem prejuízo da realização de actos urgentes nos termos do art.º 320.º do C. P. Penal; b) Anulabilidade dos negócios jurídicos de natureza patrimonial celebrados pelo arguido, após esta declaração; c) Proibição de obter quaisquer documentos, certidões ou registos junto de autoridades públicas. Loures, 13-07-2015.

O Juiz de Direito, Dr. Pedro Roberto Fernandes Nunes O Escrivão Adjunto, Daniel Xavier Notícias de Loures, 1/08/2015, 1.ª Pub.


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ARTISTAS DA QUINTA DO MOCHO

João Calheiros Biografia do autor João Eduardo Lima Calheiros Ferrão Completo nasceu a 14 de Março de 1985 em Lisboa e desde que se lembra se interessa por desenhos e pelos materiais riscadores. Em 1997 entrou numa escola em Benfica, onde a cultura do graffiti é muito forte. Daí começou a surgir o interesse em saber como é que aquele fenómeno acontece, como é que aqueles desenhos chegaram aquela parede? Conheceu alguns Writers que o incentivaram e o levaram mais tarde a experimentar usar uma parede como uma folha de papel. Em 1998 iniciou o seu percurso do graffiti e nunca mais conseguiu parar. “Aquilo puxava por mim… fazia-me bem!” As perspectivas, as sombras, as cores, as linhas e claro a adrenalina, faziam-no vibrar por dentro. A partir daí dedicou-se afincadamente e começaram a surgir os trabalhos que lhe davam energia para continuar o seu trabalho como Writer. Em 2006 iniciou o curso de Design que não correspondeu aos seus objectivos artísticos. Em 2010, ano da conclusão do seu curso, descobriu a Arte de Tatuar. …“Era mesmo o que queria fazer: desenhar o dia todo, …conseguia ter tempo para fazer os meus graffitis e para muito mais, desde aí, nunca mais pensei a minha vida,… Sou um homem feliz, faço o que gosto, sou reconhecido por isso, e consigo arrancar uns sorrisos através do meu desenho e isso para mim chega. Era e sou viciado em desenho. Decidi então arranjar um nome que juntasse tudo o que eu fazia. “Risca Com O Que Há” foi o nome escolhido para casar estas actividades todas que eu fui construindo, tornando real a minha actividade como Artista.

Biografia da obra Santa Tinta A minha ilustração baseia-se muito na actividade que agora está na moda e que, até há uns anos atrás, era completamente marginalizada. O Graffiti. Quando esta Arte era considerada marginal, não existiam pessoas a dar a cara por ela, pois era ilegal pintar na rua. Então o pessoal levava a cara tapada, pois o que contava era o que se deixava na parede… E daí surge a ideia para esta ilustração. A minha ilustração possui a forma de um coração humano e tem um rapaz de cara tapada que apela à união. Os cogumelos são como as pessoas: quanto mais agrupados estiverem, mais fortes e mais rápido vão crescer com a esperança que um dia a igualdade seja aceite, independentemente da espécie, honrando a palavra de ordem “juntos somos mais fortes”. A t-shirt tem também umas linhas vermelhas que formam uma mandala, onde a força converge ou diverge do centro, concentrando as energias em seu redor. Em cima, uma parede de tijolos partida casa o nome com o conceito, pois tudo gira à volta das paredes. Quando esta arte não era vista com bons olhos nós estávamos cá a lutar por ela. A luz que está sobre a parede é a exaltação da arte em si. A cada momento que passa, as pessoas valorizam mais o nosso trabalho e o nosso processo criativo, tornando-nos uma peça importante para a sociedade em que vivemos hoje em dia. Os materiais completam a ilustração mostrando um pouco do meu conceito de trabalho “Risca Com O Que Há”. As cordas (União) - que fazem parte deste desenho surgiram do meu desconhecimento sobre o bairro. Não sabia ao que vinha, sabia que os habitantes do bairro eram na sua maioria africanos, mas não sabia quais os seus países de origem. Esta minha dúvida levou-me a pesquisar o que havia em comum entre todas estas pessoas, até que encontrei tecidos de cores fortes, que em todo o Continente Africano são usados para proteger do sol, e todos eles têm esta terminação em corda. Achei que este elemento seria fundamental para tornar o meu trabalho mais forte e mais completo!


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Ninho de Cucos

Paredes de Coura 2015 João Alexandre Músico e Autor

Longe vai o tempo da 1ª edição do Festival em 1993. Nessa altura, publicou João Carvalho no seu facebook (o homem forte de sempre do evento), o cachet das bandas, todas elas nacionais variou entre os 35 e os 80 … contos. Foram angariados 365 contos em publicidade, metade deles doados pela Câmara Municipal de Paredes de Coura. Contando portanto “com mais de 20 anos de história, o festival Vodafone Paredes de Coura continua a proporcionar aos amantes de música uma experiência única num cenário idílico”. Em 2005, a edição espanhola da revista Rolling Stone considerou-o como sendo um dos cinco melhores festivais de Verão da Europa e tem sido muitas vezes nomeado para prémios como: Melhor Festival de Grande Dimensão, nos Europe Festival Awards e como Festival Favorito dos Artistas. Ano após ano, no anfiteatro natural da Praia Fluvial do Taboão são revelados novos valores musicais nacionais e internacionais e confirmados e consagrados, outros tantos num cartaz que aparece sempre como dos mais apetecíveis no que à música não ‘mainstream’ diz respeito. Se em 2014 o sucesso de bilheteira foi um facto com o último dia esgotado, para 2015 a expectativa de modo algum é menor, prevendo-se por isso uma grande afluência de público com destaque para os muitos espanhóis que sempre mostraram predilecção pelo Festival Quando no início de Abril o Notícias de Loures fez uma primeira antevisão dos Festivais de Verão, o cartaz do Paredes de Coura estava ainda muito incompleto, pelo que nos parece apropriado debruçarmonos um pouco mais sobre quem passará pelos palcos de 19 a 22 de Agosto de 2015 nesta bela vila minhota, cujo nome terá quase sido absorvido pelo seu próprio Festival. Dia 19 de Agosto - Assinalamos a presença no Palco Vodafone, o palco principal por assim dizer, dos Slowdive no seu registo dreampop/shoegaze, que tão bons momentos nos deu em edição anterior do Primavera no Porto. As vozes adocicadas de Neil Halsted e Rachel Goswell e as melodias arrastadas encontram cenário perfeito no anfiteatro natural de Paredes de Coura. Menos calmo, ou talvez não, será o regresso dos TV on the Radio com muitos fãs por terras lusas para apresentar o último “Seeds”. Banda ‘melting pot’ de estilos que vão do post-punk ao R&B, não deixará os seus créditos por mãos alheias na sua apresentação ao vivo sempre entusiasmante. Dia 20 de Agosto - Joshua Tillman aka Father John Misty, ex Fleet Foxes apresenta-nos o seu segundo trabalho “I love you honeybear” uma folk eléctrica sofisticada, muito interessante e capaz de arre-

batar as pessoas pela sua visão do amor. Irá conquistar Paredes de Coura por certo. Já os Tame Impala regressam a Portugal para nos presentear com mais uma sessão do seu revivalismo psicadélico, que ao vivo se revela, mais que nunca, hipnótico, desvendando contudo temas do novo “Currents”, não tão consensual quanto os anteriores, pelas experiências Hip hop/ R&B capazes de arrepiar os puristas ‘60’. Dia 21 de Agosto – De Folk, blues soul e pop se faz o 3º dia do Festival nos nomes de Mark Lanegan, carismático ex-líder dos Screaming Trees na explosão do grunge, agora em registo íntimo na sua voz cavernosa, grave, cheia de álcool e fumo a

debitar belas canções; Charles Bradley uma espécie de sósia de James Brown que arrasta o Soul e o R&B da América para o Minho; The War on Drugs que regressam, igualmente, depois do seu álbum “Lost in the dream” ter sido eleito e aclamado por crítica e público como dos melhores de 2014. Influências de Springsteen a Dylan muito electrificadas e modificadas pela infinita colecção de pedais de guitarra de Adam Granduciel. Dia 22 de Agosto – A sueca Lykke Li faz uma rara incursão fora da Suécia para nos trazer o seu lado mais íntimo de baladas pop do terceiro álbum “I never learn” em ambiente de desgosto amoroso não lame-

cha. Já os ingleses Temples apresentam em Paredes de Coura, neste que é o último dia do Festival, o psicadelismo à la Byrds/Beatles e apesar de muito novos sabem-na toda, como prova o muito bom e bem feito álbum de estreia “Sun structures”. Há mais nestes quatro dias de Festival espalhado por três palcos, onde o ambiente casual, descontraído e amigável costuma ser nota dominante num cenário incansavelmente belo. Nós vamos lá estar! Querem vir? A conferir: www.paredesdecoura.com


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CULTURA

Paisagens & Patrimónios A importância de uma várzea Florbela Estêvão

Arqueóloga e museóloga

É impossível não evidenciar nestas breves crónicas o valor patrimonial que representa a várzea (zona baixa, irrigada, com solos férteis) de Loures, inegável marco identitário desta região. A várzea sofreu transmutações ao longo de milhares de anos e, aquela que hoje experienciamos, decorre essencialmente das obras de regularização concretizadas em meados da década de 30 do século passado, que visaram secar os terrenos pantanosos e recuperá-los para a actividade agrícola. No entanto, parte dos rios que sulcam a várzea já foram vias de comunicação, onde se cruzavam embarcações que, vindas do Tejo, entravam pelo braço de mar junto a Sacavém e subiam o Trancão até Santo Antão do Tojal, Frielas e Unhos. Também nela existiram pescadores que retiravam o seu sustento destas águas, muitas vezes salgadas pelas marés vindas do Tejo, o que também, proporcionava a exploração de sal. Mas, destas memórias e desses vestígios falarei mais adiante. Comecemos portanto pela várzea de hoje e pelas obras de regularização que aumentaram indiscutivelmente o seu potencial agrícola. Com efeito, no princípio do século XX, a várzea de Loures era um extenso paúl, sendo conhecida como “a campina” da bacia hidrográfica do rio Trancão e o seu aproveitamento agrícola resumia-se, praticamente, à produção de junça e palha carga. As cheias que alagavam os terrenos não permitiam o seu cultivo e as grandes extensões de águas paradas facilitavam a proliferação de insectos, em particular os mosquitos, responsáveis pela transmissão de doenças, como o paludismo, para grande prejuízo das populações. Foi precisamente para alterar esta situação que se concretizou o plano de intervenção já mencionado, o qual consistiu no desassoreamento e reajuste das linhas de água promovendo a sua regularização; e também na abertura de valas de drenagem para uma adequada vazão das águas. Estas obras possibilitaram minimizar significativamen-

te o fenómeno das cheias e, simultaneamente, melhorar as condições de vida e de saúde pública das comunidades. Ao mesmo tempo, procurou-se valorizar os solos agrícolas através da diminuição das zonas encharcadas e pantanosas e promover o cultivo de vários produtos, com destaque para os hortícolas, na sua maioria encaminhados para o consumo dos habitantes de Lisboa. Hoje, parte da Várzea de Loures está integrada na Reserva Agrícola Nacional, o que corrobora a sua importância agrícola e quem a cruza, ou vive nas suas imediações, poderá constatar que ao longo do ano a actividade produtiva é intensa, traduzida nos reticulados de cores e formas que conferem aos solos um aspecto de mosaico diversificado, produto de laborioso trabalho. O maior destaque do conjunto da actividade agrícola vai, de facto, para a horticultura pelo volume de rendimento que implica. Esta está essencialmente localizada nas zonas mais elevadas e portanto nas áreas mais protegidas de eventuais inundações. Este tipo de actividade é caracterizado por pequenas explorações familiares e apresenta uma elevada produtividade, pois chegam a praticar três colheitas por ano. Mas, a par da horticultura, também merecem ser destacadas as pastagens, naturais ou semeadas, assim como as culturas de cereais, de tomate, de melão e outras de regadio. Estamos perante uma zona com imenso potencial agrícola, que deveria ser usado preferencialmente para esse fim, evitandose dar continuidade à expansão

urbana que acabou nas últimas décadas por ocupar parte dos seus terrenos, erro que foi bem vincado nos encontros promovidos pela Câmara Municipal de Loures, no âmbito do “Loures em Congresso”. Já em 1919, Augusto Dias da Silva, vereador do Município de Loures, preocupado com a situação em que se encontrava a várzea, apresentou um projecto visionário intitulado “O Concelho de Loures - um projecto para o seu ressurgimento”. Neste plano, o autor propôs um conjunto de medidas que visavam, no seu essencial, enxugar os terrenos pantanosos e construir uma albufeira que permitisse desenvolver o regadio. Estas duas ideias tinham como propósito aumentar a produtividade agrícola e os rendimentos dos proprietários destes terrenos, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da região. Neste seu projecto Augusto Dias da Silva faz-nos uma descrição da várzea nessa época, que passo a transcrever: “Presentemente, e devido ao assoreamento resultante da deposição secular de vazas que atingiram enorme espessura, as águas das enxurradas invernais alagam a grande planície que se estende desde a Póvoa de Santo Adrião, por Frielas e Tojal, até à Granja e para baixo de Unhos. (…) são a causa principal do aspecto de miséria e abandono revelado pelas inúmeras ruínas que povoam a região, como testemunho vergonhoso e confrangedor, para nós, da prosperidade e de opulência de outros tempos, ainda próximos.” Diz-nos também que naquela época a lezíria de

Loures “ (…) não produz mais do que uma mísera pastagem para um não menos mísero número de cabeças de gado.” No seu projecto outra preocupação era por ele acautelada, a de realizar obras que permitissem recuperar a navegabilidade dos rios. Sabemos que o rei D. Dinis teve um paço em Frielas no qual se demorava e que se deslocava de barco daqui até Santarém. Nesta localidade ainda são visíveis os vestígios de um cais acostável. Aqui ainda há memória dos pescadores ribeirinhos e das mulheres, as frieleiras, que se dedicavam à venda do pescado e que estão representadas em gravuras aguareladas do início do século XIX (colecção de Costumes Servis da Cidade de Lisboa); ou no Rancho Folclórico e Etnográfico Os Frieleiros. Mas em Unhos também há documentos que nos relatam a presença de pescadores e igualmente aqui existiu um porto, um cais, junto à margem do Trancão. Outros testemunhos reafirmam a navegabilidade e o comércio existente na várzea nos séculos XVI, XVII e XVIII; segundo as palavras de João Brandão (de Buarcos), em 1552, existia um número significativo de embarcações: “Em Povos, Fonte da Talha, Granja, Unhos, Frielas, Camarate, Santo António do Tojal, barco de Sacavém, cento e cinquenta barcos”. Um século depois, em 1608, Luís Mendes de Vasconcelos reafirma que se navegava de Sacavém até à Mealhada; um ano depois, Manuel Severim de Faria descreve-nos uma viagem que fez a esta região e reafirma o movimento de embarcações que

nestas paragens transportavam produtos agrícolas e pessoas: “De Lisboa a Sacavém há duas léguas. Sacavém é um lugar de 100 vizinhos, edificado pela comodidade de um braço de Tejo que pela terra dentro entra duas léguas, até Loures, donde toma o nome. É este esteiro, quando desemboca no Tejo, de grande fundo; tanto que nele entram navios de muitas toneladas, e alguns galiões de carreira da Índia.” Um dos produtos transportados era o sal, proveniente das salinas existentes na várzea, como sejam as Marnotas, devido ao efeito da maré, de tal sorte que os salgados cobriam extensas áreas. Ainda no século XVIII Santo Antão do Tojal tinha um cais em pleno funcionamento, ao qual acostaram as embarcações carregadas com alguns dos materiais utilizados na construção do Convento de Mafra, bem como os sinos e as estátuas. Foi precisamente o rei D. João V que determinou que fosse desimpedido o rio de Frielas para facilitar a sua navegação, melhorada uma ponte em Loures e que se construísse um cais na ribeira de Santo António do Tojal. Mais recentemente, em 1822, as lajes e a madeira necessária para obras realizadas na Igreja Matriz de Loures entraram na várzea pelo rio Trancão até à Póvoa de Santo Adrião e daí foram transportadas até Loures por carros. Podemos dizer que a importância da Várzea de Loures é inegável ao longo de varias épocas. As suas configurações e usos foram distintos em vários períodos e se hoje é uma zona agrícola importante, noutros tempos, não muito distantes, a paisagem que se vislumbraria seria muito diferente. Velas de embarcações, pescadores, salinas, cais, tudo isto nos parece agora quase impossível. Mas se recuarmos ainda mais no tempo, a zona da várzea estaria povoada por vilas romanas; e se a viagem for ainda mais longa, vários são os vestígios da ocupação humana desta zona desde o Paleolítico. Dessas outras várzeas darei conta em próxima crónica!


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ACTUAL

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Apresentação da Polícia Municipal Decorreu, no dia 3 de Julho, junto aos Paços do Concelho, a apresentação pública da Polícia Municipal de Loures, nomeadamente do seu comandante, o sub-comissário Paulo Morgado e dos 19 agentes que a compõem. Apesar do comandante ter já assumido a liderança desta força de segurança em Maio, só agora se reuniram as condições para que os agentes pudessem, de facto, começar a trabalhar no terreno. A cerimónia de apresentação contou com a presença do Secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, com o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares e com o vereador responsável pelo pelouro, Nuno Botelho.

Foi ainda possível assistir à simbólica entrega das insígnias dos agentes e dos veículos caracterizados, de forma a que esta polícia administra-

tiva tenha possibilidades de prestar um serviço público de qualidade à população.

Ricardo Andrade

Comissário de Bordo

Participar sempre e cada vez mais!!

Loures Design O Largo Monumental de Santo Antão do Tojal recebeu, no dia 4 de Julho, mais uma iniciativa Loures Design, na qual os alunos do Curso Profissional “Técnico de Design de Moda”, da Escola de Moda de Lisboa apresentaram as suas novas propostas criativas. O evento, organizado pela Câmara de Loures, com o apoio da União de Freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal e produzido pela Go Models Lisboa,

foi abrilhantado pela apresentação do conhecido actor Manuel Melo. Para além de se ficar a conhecer as novas tendências, foi ainda possível assistir ao espectáculo de sevilhanas do grupo “Sentir Flamenco” e à inauguração da exposição de fotografia “Mulher a 360º”, da autoria dos alunos do Curso Técnico de Fotografia da Magestil. Uma exposição centrada nas imagens de mulheres mastectomizadas e cujo objectivo é mos-

trar que é possível vencer o cancro e encarar a vida com esperança. A iniciativa contou ainda com a presença do vereador da Câmara de Loures com o pelouro do Turismo, Nuno Botelho, assim como com o vereador Fernando Costa e o presidente da União das Freguesias de Santo Antão e São Julião do Tojal, João Florindo.

Em reunião de Câmara foi votado a favor, em Assembleia Municipal foi votado contra

da, pois em reunião de Câmara e em Assembleia de Freguesia, o PS tinha-se mostrado favorável à separação de Santo António dos Cavaleiros e Frielas, algo que não se verificou em Assembleia Municipal.

população da Bobadela. Na cerimónia de inauguração, o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, disse que “esta obra mostra que tudo é possível quando há vontade. Precisamos destes exemplos na sociedade portuguesa. De gente que não desiste nas épocas difíceis”. O presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, lembrou o “muito tempo de trabalho até chegar este dia da inauguração”, regozijando-se pelo recente acordo com a Segurança Social para valência de lar nesta instituição. Nesta cerimónia marcaram igualmente presença a vereadora da Coesão Social na Câmara de Loures, Maria Eugénia Coelho e o presidente da União das Freguesias de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela, Nuno Leitão.

Após a Câmara Municipal de Loures e a Assembleia de Freguesia de Santo António dos Cavaleiros e Frielas terem dado parecer positivo à recriação da freguesia de Frielas, apenas com os votos contra da coligação Loures Sabe Mudar, a Assembleia Municipal de Loures reuniu no passado dia 9 de Julho sendo este um dos pontos de ordem. Nessa reunião, o parecer favorável das duas entidades atrás referidas foi chumbado. Apesar dos votos a favor da CDU e BE, o “não” venceu esta votação com os votos de Loures Sabe Mudar, do PCTP/MRPP e do PS. Uma situação inespera-

Centro Social e Paroquial da Bobadela inaugura instalações Foram inauguradas, no dia 19 de Julho, as novas instalações do Centro Social e Paroquial da Bobadela – Nossa Senhora dos Remédios. Trata-se de um novo edifício com capacidade para as valências de berçário, infantário, centro de dia, apoio domiciliário e lar, dando assim resposta às necessidades da

Foi há já alguns anos que, sem saber bem como nem porquê, iniciei um percurso cívico de participação política. Penso que, tal como muitos daqueles com quem me tenho cruzado ao longo dos anos, a minha grande motivação no caminho que tenho trilhado tem sido sempre um ideal de serviço público, com o objectivo de melhorar o mundo que me rodeia. Acredito ainda hoje, como acreditava no início, que sem crer que é possível atingir algo melhor, jamais conseguiremos viver num mundo mais justo e solidário. Mas por mais que uma ideia de per si tenha a possibilidade de mudar o status quo, ela não é suficiente sem a força de muitos. A ideia de uma sociedade verdadeiramente justa e representativa de uma pluralidade de sensibilidades só é possível se a maioria não se isentar de participar no processo democrático e de, consequentemente, escolher livremente o caminho que pretende seguir. Compreendo que a posição de “treinador de bancada” é, inúmeras vezes, mais cómoda e confortável que a de agente activo de uma mudança real. Entendo… mas não concordo! E é justamente por isso que, sempre que olho para uma sondagem ou para um estudo de opinião, os valores da abstenção no nosso Concelho e no nosso País me provocam uma vontade ainda maior de continuar a intervir social, política e partidariamente. Escutar diariamente críticas por parte dos cidadãos, mas constatar que são vazias pela ausência do exercício do seu direito de voto como modo de fazer ouvir a sua voz, faz-me pensar que não estamos, no nosso dia-a-dia, a honrar a herança democrática que, com muito esforço, dedicação e abnegação, nos foi deixada pelos nossos antepassados. O argumento fácil e populista de que os agentes políticos e os seus comportamentos são as causas isoladas dos elevados valores da abstenção (esse fenómeno crescente e preocupante altamente penalizador para a credibilidade do processo democrático), pode parecer fazer sentido mas… será completamente honesto? Não estaremos, ao utilizar esses argumentos aparentemente simples, a fugir à responsabilidade que cada um de nós tem de intervir para construir a sociedade que pretendemos deixar aos nossos filhos? Partilhados estes pensamentos e desabafos, cabe-me apenas terminar com o apelo sincero e desinteressado para que todos e cada um de nós não se deixe contagiar pela inércia e para que participemos, cada vez mais, na vida do nosso Concelho e do nosso País, começando talvez pelo pequeno grande gesto de sairmos de casa sempre que há um acto eleitoral e de demonstrarmos que são as nossas acções de hoje (e não a ausência delas) que marcam o rumo do nosso amanhã!!


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DESPORTO

Futebol de Praia no GS Loures O futebol de praia é conhecido como uma modalidade fantástica. É um desporto que tem vindo a crescer, conseguindo, de ano para ano, cada vez mais adeptos e praticantes. A realidade é que a modalidade está em ascensão em Portugal, temos como exemplo o título mundial conquistado em Espinho, pela Seleção Portuguesa de Futebol Praia, no passado dia 19 de Julho de 2015. Mas há ainda um caminho a percorrer, de forma a que a implementação da modalidade seja plena e esse caminho passa pela aposta na formação de jovens, bem como o aumento dos quadros competitivos nas competições internas (competições de clubes a nível nacional). Mas sem dúvida que o Futebol

Praia, em Portugal, está no bom caminho e pronto para crescer de forma sustentada. Na comunidade de Loures esta é também uma modalidade que se tem vindo a implementar e a ter cada vez maior adesão! Como prova disso, temos o número de clubes federados do concelho de Loures que se encontram inscritos e a disputar as competições oficiais de Futebol Praia. O Grupo Sportivo de Loures, clube Centenário, que sempre foi uma referência para o Desporto na Comunidade de Loures, desde 2012 que participa nesta modalidade (Futebol Praia).

Títulos: 2014 – Vice-Campeão Distrital (após derrota na final por 4 a 2 com o Sporting Clube de Portugal). Actualmente, o plantel de Futebol Praia do Grupo Sportivo de Loures conta com vários novos atletas (novos no clube, novos na modalidade e novos em idade). Esta realidade torna a meta de atingir bons resultados, mais desafiante e, ao mesmo tempo, mais aliciante! Os objectivos do Futebol Praia do Grupo Sportivo de Loures, na presente época desportiva, passam por: -Dignificar o clube; -Aumentar a visibilidade da modalidade em Loures; -Aumentar o número de praticantes da modalidade em Loures; -Trazer novas gerações de jogadores para a modalidade (Juvenis/Juniores); -Encarar todas as competições, em que o clube participar, com o intuito de ganhar (pensando jogo a jogo)! O Grupo Sportivo de Loures – Futebol Praia agradece o importante apoio e a confiança depositadas pelos seus Patrocinadores: Saber Infinito (Centro de Estudos), Liskasas (Mediação Imobiliária), JC Central Loures (Escola Condução), Valarme (Multi-Proteção, Segurança Eletrónica), HidraulicLoures (Comércio e Fabrico de Material Hidráulico), Equilíbrio (Ginásio), Publi KS (Publicidade e Marketing), Espaço Beleza (Clínica Estética) Carrega GSL!

Cronologia da modalidade no Grupo Sportivo de Loures: 2012 - Ano em que a modalidade iniciou no Clube, tendo o 1º jogo sido disputado num Torneio a 9 de Junho 2012; 2013 - Participação no 1º Campeonato Nacional de Futebol Praia, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol; 2014 - Participação no Campeonato Nacional de Futebol Praia, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol; 2014 - Participação no Campeonato Distrital de Futebol Praia, organizado pela Associação de Futebol de Lisboa; 2015 - Participação no Campeonato Distrital de Futebol Praia, organizado pela Associação de Futebol de Lisboa; 2015 - Participação no Campeonato Nacional de Futebol Praia, organizado pela Federação Portuguesa de Futebol.

Resultados: Campeonato Distrital 1ª Jornada (27-06-2015) Grupo Sportivo Loures-2 vs Estoril Praia-5 2ª Jornada (27-06-2015) Casa Benfica Loures-3 vs Grupo Sportivo Loures-3 3ª Jornada (04-07-2015) Dramático Cascais-3 vs Grupo Sportivo Loures-2 Campeonato Nacional 1ª Jornada (21-06-2015) AJ Vale de Rãs-4 vs Grupo Sportivo Loures-7 2ª Jornada (28-06-2015) Grupo Sportivo Loures-4 vs Estoril Praia-5 3ª Jornada (05-07-2015) Dramático Cascais-3 vs Grupo Sportivo Loures-4 4ª Jornada (11-07-2015) Grupo Sportivo Loures-11 vs AR Porto Alto-3 5ª Jornada (12-07-2015) GD Samora Correia-7 vs Grupo Sportivo Loures-2 6ª Jornada (18-07-2015) Grupo Sportivo Loures-1 vs Venda Pinheiro-4 7ª Jornada (25-07-2015) SR Catujalense-0 vs Grupo Sportivo Loures-1 8ª Jornada (26-07-2015) Grupo Sportivo Loures-1 vs Casa Benfica Loures-4 9ª Jornada (01-08-2015) por disputar Malveira vs Grupo Sportivo Loures 10ª Jornada (02-08-2015) Folga 11ª Jornada (09-08-2015) - por disputar Grupo Sportivo Loures vs Porto Mendo



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SAÚDE

Ondas de Calor Segundo a Organização Meteorológica Mundial, considera-se que ocorre uma onda de calor quando, num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos, as temperaturas máximas do ar são 5ºC superiores à média das temperaturas máximas no período de referência. É de realçar, no entanto, que esta definição está mais relacionada com o estudo e a análise da variabilidade climática do que com os impactos na saúde pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os episódios de onda de calor devem ser definidos pelas condições meteorológicas locais, assim como, pela avaliação dos impactos provocados pelo calor intenso na saúde das populações locais.

na, com o potencial aumento do número de mortes associadas ao calor intenso, problemas de foro cardíaco e respiratório, relacionados com a poluição atmosférica, doenças transmitidas através da água e dos alimentos, assim como, a ocorrência de vectores de agentes que provocam doenças. O que fazer se tiver sintomas devido ao calor -Ir para um local fresco ou uma sala com ar condicionado; -Aplicar toalha húmida ou pulverizar água fria para arrefecer o corpo; -Beber água ou sumos de fruta natural sem açúcar; -Ligar para o número de emergência 112. Recomendações principais

Os efeitos das temperaturas elevadas e das ondas de calor dependem do nível de exposição (frequência, gravidade e duração), da dimensão da população exposta e da vulnerabilidade da mesma. Outros factores que contribuem para o impacto do calor intenso incluem a altura do ano em que ocorre a onda de calor, o comportamento da população durante este evento e a resposta dos serviços de saúde.

-Mantenha o corpo hidratado e fresco; -Mantenha-se protegido do calor; -Mantenha a casa fresca; -Mantenha-se especialmente atento e proteja-se se tiver algum problema de saúde; -Mantenha-se em contacto e atento aos outros. Para mais informações ligue para: Linha Saúde 24: 808 24 24 24

O problema para a saúde O calor excessivo representa um perigo efectivo para a saúde humana e depende da capacidade de adaptação dos grupos populacionais, bem como de factores individuais e ambientais. Estas alterações de frequência e intensidade dos fenómenos climáticos extremos constituem graves riscos para a saúde huma-

(Adaptado de informação disponível em www.dgs.pt) Ana Verde e Fernando Dias Técnicos de Saúde Ambiental Fátima Batarda – Enfermeira Hugo Esteves – Médico Delegado de Saúde (Unidade de Saúde Pública do ACES Loures-Odivelas) Elvira Martins-Coordenadora

Sistema de previsão e alertas No sentido de prevenir os efeitos negativos do calor intenso, mantenha-se atento aos avisos das Autoridades de Saúde, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e da Autoridade Nacional de Proteção Civil. VERDE

Temperaturas normais para a época do ano

AMARELO

Temperaturas elevadas que podem provocar efeitos na saúde

VERMELHO

Temperaturas muito elevadas que podem trazer graves problemas para a saúde

Medidas de Protecção Gerais Enunciamos algumas das principais medidas a adoptar contra o calor excessivo: • Beber mais líquidos, sobretudo água, de preferência à temperatura ambiente e mesmo sem ter sede; • Não ingerir bebidas alcoólicas, gaseificadas, com cafeína ou açucaradas; • Fazer refeições leves, em menor quantidade e mais frequentes; • Usar roupas leves, de cores claras e preferencialmente de algodão, sobretudo nas crianças. Usar chapéus de abas largas e óculos de sol com protecção contra a radiação UVA e UVB. Evitar vestir roupa justa ao corpo; • No exterior, usar protector solar com índice de protecção elevado (>30) e fazer aplicações frequentemente (2 em 2 horas) durante o período de exposição solar; • Permanecer em ambientes climatizados durante as horas de maior calor e pelo menos duas a três horas por dia. Informe-se sobre a existência de locais de "abrigo climatizados" perto de si. Evitar a exposição solar entre as 11 e as 16 horas; • Evitar que o calor entre nas habitações. Correr as persianas durante as horas de calor intenso e manter o ar circulante e promover arejar a casa de manhã e ao final da tarde; • Não praticar exercício físico, nem actividades que exijam esforços acrescidos ao ar livre durante as horas de maior calor; • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de 6 meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar-se a exposição directa de crianças com menos de três anos. As radiações solares podem provocar queimaduras da pele, mesmo debaixo de um chapéu-de-sol; a água do mar e a areia da praia também reflectem os raios solares e estar dentro de água não evita as queimaduras solares das zonas expostas. As queimaduras solares diminuem a capacidade da pele para arrefecer; • Evite a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor. Não feche completamente as janelas. Leve água suficiente ou sumos de fruta naturais sem adição de açúcar para a viagem e pare para os beber; • Não viajar durante as horas de maior calor. Nunca deixar as crianças, idosos ou indivíduos doentes dentro de veículos estacionados; • Colocar menos roupa na cama; • Se sofrer de doenças crónicas ou tomar medicação crónica falar antecipadamente com o médico assistente de forma a melhor planear a época de maior calor, com ajustes terapêuticos, dietéticos e de exercícios físicos.


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SAÚDE

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Alimentos que potenciam um bronzeado perfeito e saudável Anabela Pereira Nutricionista

Chegou o Verão, com ele as férias, os dias passados ao ar livre, na praia, no campo ou na piscina, a aproveitarmos o sol! Todos sabemos que a exposição exagerada ao sol é prejudicial à nossa saúde, causando envelhecimento precoce, queimaduras, urticárias e, em casos extremos, cancro da pele. Por isso, devemos aproveitá-lo de maneira consciente e nas horas mais seguras (antes das 12 e depois das 16 horas), sem esquecer de aplicar o protector solar. Todos os anos esforçamo-nos para obter um

bronzeado perfeito e saudável. Nesta missão a alimentação é uma poderosa aliada. Conheça os alimentos que devem fazer parte das suas refeições nos meses mais quentes do ano: Alimentos ricos em betacarotenos Estimulam a produção de melanina, uma substância que ajuda a potenciar o bronzeado. As principais fontes de betacaroteno são alimentos de cor avermelhada e alaranjada tais como: cenoura, abóbora, toma-

te, beterraba, mamão, papaia e manga. Alimentos com vitamina CeE São poderosos antioxidantes. Activam o bronzeado e ajudam a prevenir rugas através da neutralização dos radicais livres, que são os responsáveis pelo envelhecimento da pele. Encontram-se em frutos como o limão, a laranja, a acerola, o kiwi, o abacaxi, nas amêndoas e no abacate. Alimentos ricos em licopeno Possuem propriedades

antioxidantes, que ajudam na eliminação dos radicais livres e previnem o envelhecimento da pele causado pelos raios UV. Eles são o tomate, a melancia, o mamão e o morango. Alimentos com ómega 3 Estimulam a absorção do betacaroteno, estão presentes em alimentos como: a semente de linhaça, a quinoa e as nozes. Aproveite o melhor do verão com saúde. Conquiste e mantenha de forma segura o bronzeado dos seus sonhos.

SUMO BRONZEADOR -

½ limão ½ cenoura ¼ beterraba 1 copo de água de coco

RECEITA


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PSICOLOGIA

Ansiedade para que te quero? Patrícia Duarte e Silva Psicóloga Clínica

Todos nós já nos deparámos com situações difíceis de gerir ou que aparentemente constituem uma ameaça, invadindo a nossa “zona de conforto”. Nestas alturas, sentimo-nos inseguros, nervosos, tensos, com medo, quase sem saber como reagir perante a ameaça.

apta as situações com que nos deparamos. Contudo, a ansiedade pode constituir motivo de preocupação quando começa a afectar negativamente o funcionamento normal da pessoa, podendo constituir um obstáculo ao seu desempenho em determinadas acções.

Estamos ansiosos!

Como posso saber se estou ansioso?

A ansiedade pode ser definida como uma resposta emocional aversiva face a um estímulo stressor, caracterizada por sentimentos subjectivos de apreensão e preocupação, face à possibilidade de prejuízo físico ou psicológico. Contudo, a ansiedade é desejável e até útil, pois activa determinados recursos que nos permitem resolver de forma mais

A ansiedade manifesta-se a diferentes níveis: cognitivo, emocional, fisiológico e comportamental. Importa, por isso, estarmos conscientes e atentos às suas manifestações no corpo, sendo assim possível activar medidas de gestão da ansiedade sentida. Vamos pensar ao nível do discurso que utiliza no dia-a-dia. Quantas vezes diz “Tenho que

entregar o trabalho até ao final da semana” ou “ Tenho de ter mais tempo para estar com os meus filhos!”? Este “ter que” torna as tarefas mais pesarosas, impostas, retirando o seu prazer e acrescentando ansiedade.

como sempre ou nunca, limitam a nossa maneira de pensar. “Nunca serei feliz!” ou “Nunca terei um emprego melhor!” são exemplos em como optando por extremos, eliminamos um conjunto de possibilidades passíveis de acontecer.

Com certeza, também já deu por si a imaginar situações, a antecipar determinados eventos… “E se a entrevista não correr bem?” ou “E se for despedido?”… Estes “E se?” são uma antecipação dos problemas antes deles acontecerem.

Se se considera um pessoa ansiosa, existem algumas estratégias que poderá pôr em prática no seu dia-a-dia, de maneira a diminuir os seus níveis de ansiedade.

Se por um lado podem ajudar a resolver alguns problemas, por outro, podem fazer com que cada solução encontrada seja boicotada, retirando a auto-confiança na decisão.

Por exemplo, começe o seu dia por se espreguiçar. Ao relaxar e distender os músculos ajuda a libertar a ansiedade. Planeie as actividades do dia-adia, organize-as por prioridades de acordo com o grau de urgência e de importância!

Também o uso de expressões

Faça a si próprio três perguntas chave, “Como gasto o meu tempo?”, “Cumpro os objectivos a que me proponho?”, “Atraso ou adio sistematicamente a realização de actividades relevantes?” Se as respostas não vão no sentido daquilo que pretende alcançar, então está na altura de traçar novos objectivos, sendo estes obrigatoriamente realistas, claros e próximos no tempo. Pratique uma actividade física. O exercício físico ajuda a lidar com estados de ansiedade porque eleva a produção de serotonina, substância que aumenta a sensação de prazer. Ao saber identificar situações que à partida serão ansiogénicas, poderemos criar estratégias e reagir adaptativamente a situações outrora ameaçadoras.


Loures Notícias de

CULTURA

Street Food enche Jardim O Jardim Almeida Garrett, na Portela, foi anfitrião do I Festival Gastronómico de Street Food. Um evento que trouxe para esta zona verde da Portela, de 2 a 5 de Julho, várias centenas de pessoas diariamente. A população aderiu em força, demonstrando disponibilidade total para conviver. Após dois fins-de-semana de arraiais na Igreja de Cristo-Rei, onde a participação da população foi grande, como é tradição, podia pôr-se em causa uma nova iniciativa, com moldes semelhantes na semana seguinte. A verdade é que os fregueses disseram presente, dando a ideia que se mais fins-de-semana existissem com este tipo de acções, todos eles seriam um sucesso. Destaque para as diversas gerações representadas no certame, do qual se pode aferir que é destinado a qualquer idade. Desde crianças de tenra idade até seniores de idade mais avançada viu-se de tudo. A população e o Jardim merecem esta dinâmica.

dança, no que toca à parte musical. Para os mais pequenos o Palhaço Sorriso e pinturas faciais foram os momentos altos.

O Festival em si era composto por diversos foodtrucks, que confecionavam na hora diferentes tipos de comida. Desde o kebab aos cachorros, passando pelos enchidos, ou pelo Leitão da Bairrada, várias foram as opções para os mais variados gostos. Nas sobremesas os doces tradicionais e os gelados não foram esquecidos, assim como as bebidas, comercializadas pela maior parte dos expositores presentes, sendo que um deles era especializado em gin. Mas nem só de comida e bebida vive o Homem e, como tal, também houve momentos de animação, repartidos entre intérpretes ao vivo, dj’s e espectáculos de

Gesloures campeã nacional de Verão A Gesloures conquistou o título nacional de Verão de natação sincronizada nos campeonatos que terminaram no dia 12 de Julho na Piscina Municipal de Felgueiras. A equipa de Loures somou 259 pontos, à frente do Foca Clube de Natação de Felgueiras com 248 e do Aminata com 224. A Gesloures venceu ainda os escalões de Absolutos, Juniores e Juvenis, enquanto as felgueirenses ganharam em seniores e infantis. Um dos momentos altos deste campeonato foi protagonizado pelos dois duetos

portugueses integrados no projecto olímpico Rio de Janeiro-2016, Bárbara Costa/ Diana Gomes e Maria do Carmo Martins/ Ana Isabel Baptista, a cantarem o hino nacional com todos os atletas e público após as suas exibições, que serão realizadas nos Mundiais de Kazan. A competição registou um recorde de participantes com a presença de 172 atletas, em representação de 17 equipas, entre as quais o estreante Lagoa Atlético Clube. O título nacional de Inverno tinha sido conquistado pelo Foca – Clube de Natação de Felgueiras.

Bombeiros Voluntários de Fanhões No período de 3 a 7 de Agosto o Corpo de Bombeiros de Fanhões vai promover uma semana de aprendizagem e diversão para jovens dos 10 aos 15 anos denominada “Férias em Acção”. O programa engloba suporte básico de

Realizadora lourense leva filme a Cannes Laura Seixas é o nome da realizadora portelense responsável pelo filme “Belonging”. A ante-estreia foi na Cinemateca Portuguesa, no dia 10 de Julho às 21 e 30, apesar de o filme já ter sido exibido na Escola Secundária da Portela. Uma película de 17 minutos que foi o projecto final de mestrado na Metschoolfilm de Londres. Escrito por Kerry-Ann Calleja McGregor e história de Laura Seixas, “Belonging” conta com Mafalda Marafusta no papel de "Amélia", Leandro Morais como "Thomas" (de realçar que este actor mora em Moscavide e frequenta a Escola Gaspar Correia) e ainda Margarida Bento, Tiago Fernandes e Ana Peres. Esta curta-metragem já tinha sido premiada em 2014, na competição Shore Scripts, na categoria Short-Script e, em 2015, fez parte do Short-Film Corner do Festival de Cannes. Apesar de tenra idade esta obra está destinada a percorrer o Mundo, depois de Londres e Cannes agora é a vez dos Estados Unidos da América, onde estará presente na 19ª edição do Flickers: Rhode Island International Film Festival. Este evento terá lugar em Agosto e “Belonging” foi seleccionado por entre 5 mil candidaturas provenientes de mais de 60 países, integrando assim a com-

O Festival

vida, protocolos de emergência, noções de cartografia, prevenção e extinção de incêndios, além de muita animação. As inscrições são gratuitas mas limitadas e podem ser feitas pelo 219 738 640 ou pelo e-mail adjuntofanhoes@gmail.com.

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petição oficial deste festival, na categoria de Melhor Curta-Metragem, tendo possibilidades de vencer o prémio que dá acesso à nomeação para o Oscar. Sinopse Baseado numa história verídica, dedicado pela realizadora aos seus avós, “Belonging” foi produzido e realizado para a Metfilmschool. A curta-metragem, rodada em Elvas e ambientada em 1948, conta a história do encontro e da amizade da jovem Amélia com Thomas, um miúdo austríaco que vive com os tios da rapariga durante o período em que está afastado dos pais de quem fora separado durante a Segunda Guerra. Baseando-se numa das suas histórias, o filme de Laura Seixas evoca a época em que os esforços da Cáritas no pós Segunda Guerra trouxeram a Portugal uma série de crianças austríacas. A sessão foi complementada com uma montagem em bruto, de sete minutos, de imagens de arquivo da colecção da Cinemateca que reportam as férias em Portugal de crianças austríacas, correspondentes a excertos de quatro números de 1948, 1949 e 1950 do jornal de actualidades “Jornal Português”. Um destes jornais (Nº 73, 1948) foi apresentado na íntegra.



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