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CULTURA: SONHAR MATOSINHOS

ARQ.º ANTÓNIO CARLOS COELHO, DR.ªLUÍSA SALGUEIRO, DR.º FERNANDO ROCHA

“SONHAR MATOSINHOS” POR ANTÓNIO CARLOS COELHO

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IMAGENS CMM

Do Arquiteto António Carlos Coelho, o livro “Sonhar Matosinhos” é uma obra que reúne nas palavras do autor “um conjunto de reflexões, devaneios e algumas utopias” que, ao longo de 30 anos, sonhou para Matosinhos. O Lançamento do livro, que decorreu no passado mês de junho, realizou-se na Sala de Sessões Pública no Edifício dos Paços do Concelho e contou com a presença da Presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, da Presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, e dos Vereadores Fernando Rocha e Correia Pinto. O arquiteto e escritor nasceu no ano de 1963 no Brasil, no Rio de Janeiro. Há 25 anos que trabalha nas áreas da arquitetura e planeamento urbanístico, tendo participado na elaboração de diversos Planos de Ordenamento do Território em Portugal e desenvolveu, também neste país, um intenso trabalho na área de habitação. Em 2007 conquistou o prémio Instituto Nacional de Habitação /Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana com o primeiro empreendimento cooperativo de construção sustentável em Portugal, da cooperativa Norbiceta, na Ponte da Pedra, em S. Mamede de Infesta. Nesse mesmo ano, o mesmo projeto foi contemplado com o prémio “She- Sustainable House in Europe” na categoria Parceria Público-Privada. Ainda em Matosinhos, António Carlos Coelho assinou o projeto da nova EB Irmãos Passos, em Guifões, inaugurada em 2017.

PROFESSOR A. CUNHA E SILVA

EM NOME DO MAR

Simbolicamente, a exposição do pintor Nelson Canastra, ritualiza-se em nome do mar. Memórias da criança que viveu ao pé dos barcos, a saltar de bote em bote, levado pelo imaginário embarque na aventurosa faina da safra da pesca da sardinha. No cais do sul, este menino do lugar do mar gabava-se de se ajeitar conforme podia; hoje, nas gazetas à escola ou à catequese, no dia seguinte, nas fintas à mãe ou diabruras ao pai, tudo gandaias em nome do mar. Nesse reino juvenil das horas esquecidas a espuma da maré enchia-lhe a alma, e os sonhos de brincar eram amanhados no ajeitar das águas. Ajeitar era um termo frequente das famílias marinheiras e para a mulher vareira, o termo servia de ferramenta a ritos gestos e gritos de todos os afazeres; ajeitar o puxo, o comer, o peixe e o avental. Ajeitar, era o cordão umbilical da linguagem pesqueira, desde o alvorecer, na tarefa de salgar o peixe, até ao meter dos cachopos no banho do alguidar, antes de os deitar. O pintor Nelson Canastra, com estas figuras de gente do mar de Leixões, não só as vivifica como as estiliza esteticamente; ajeita-lhes os bonés, as botas, os baús, as redes e os bordões. Robustos e escultóricos homens e mulheres de carnosos pés e mãos, corpos envergando roupas grossas onde cabem todos aqueles que teceram as malhas da vida, nas redes de pesca. Esta exposição de homenagem aos pescadores de Matosinhos é uma espécie de marca d’água de quem viveu no mar ou morou ao relento, nas areias da praia.

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