Jornal Novo Almourol ed 412 junho 2016 dig

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Novo

Almourol

JUNHO 16 | N°421 | ANO XXXVI | PREÇO 1,20 EUROS | MENSAL DIRETOR RICARDO ALVES | MÉDIO TEJO

Tempo de festas A sardinha é sinónimo de festas populares e as festas populares prenunciam encontros, música, gastronomia e muita animação. Abrantes, Vila Nova da Barquinha e Entroncamento celebram junho p17, 18&20 p03, 04&05

Fernando Freire em entrevista

Prestes a completar três anos à frente dos destinos da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire (PS) faz um balanço do seu mandato.

p18

p07

Secretário de estado da educação "deslumbrado"

Bons Sons completo O Sport Clube Operário de Cem Soldos apresentou os nomes que em agosto vão actuar no festival Bons Sons. No entanto, a apresentação serviu para passar uma mensagem diferente: Cem Soldos quer ser mais que o Bons Sons e crescer em torno da cultura

p006

USF inaugurada A primeira Unidade de Saúde Familiar (USF) de Abrantes iniciou funções no dia 30 de maio com cinco médicos a prestar serviço a cerca de 10.400 utentes, dos quais 4.500 utentes sem médico de família.

Palavra de João Costa, secretário de estado da educação que visitou a Escola Ciência Viva de Vila Nova da Barquinha e teve oportunidade de conhecer um projeto pioneiro em Portugal.


02 CURTAS & GROSSAS

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Medalha de Honra Municipal

Novo supermercado a nascer no Entroncamento

O Castelo Almourol recebe ente os dias 24 e 26 de junho a primeira Festa Templária do concelho de Vila Nova da Barquinha.

Já começaram os trabalhos de remoção de árvores e limpeza do terreno que vai receber uma nova superfície comercial no Entroncamento. O novo supermercado, uma unidade da Sonae, o Continente Bom Dia, vai ser construído junto ao Tribunal Judicial da cidade e junto às oficinas da Câmara Municipal, na Avenida José Eduardo Vítor das Neves. Para já não há informações sobre quando se iniciam os trabalhos de construção ou sobre a data de conclusão do projeto. O projeto já era falado há alguns meses na cidade e agora inicia.―

O Município de Vila Nova da Barquinha atribuiu a Medalha de Honra Municipal ao Regimento de Paraquedistas de Tancos, pelas mãos de Fernando Freire, presidente da autarquia, e Rui Picciochi presidente da Assembleia Municipal O Regimento de Paraquedistas celebrou o seu 60.º aniversário no dia 23 de maio.

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A Câmara de Abrantes assinou um contrato de 6 milhões de euros resultante da aprovação do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano que permite desbloquear os fundos do Portugal 2020, garantindo o financiamento comunitário para diversas intervenções.―

Pomonas Camonianas

Cortejo religioso e cultural do Tejo passou pela região

A quarta edição do cortejo religioso e cultural do Tejo já está a decorrer desde dia 28 de Maio. Partiu de Vila Velha de Ródão e só termina em Oeiras, no dia 18 de Junho. O cortejo divide-se em 12 etapas, sendo as terceira e quarta as que mais perto acontecem nesta região. No dia 2 de Junho o cortejo estacionou em Constância, e passou pela Praia do Ribatejo, Arripiado, Tancos e Vila Nova a Barquinha (foto). No dia 3 o cortejo passou por Pinheiro Grande, Chamusca e Golegã (Azinhaga), localidade de onde partiu no dia seguinte, em direcção a Alpiarça.Este cruzeiro religioso e cultural é dedicado a Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, e percorre as várias comunidades avieiras e piscatórias do Tejo ao longo do rio, em peregrinação.―

De 9 a 12 de junho, Constância recebe as XXI Pomonas Camonianas, evento cultural que pretende homenagear Camões, a época em que o épico viveu e a sua ligação à vila de Constância. Paralelamente ao mercado quinhentista, integram o programa o espetáculo de teatro Lear, pelo Fatias de Cá, uma prova de orientação noturna, a Feira de Antiguidades e Velharias, o Concurso de Pintura ao Ar Livre, o V Festival Hípico, a cerimónia de deposição de coroas de flores, o Declamões, a exposição de fotografia Retratos da Festa, a apresentação do livro Camões Contado às Crianças Adultas, o Fadoando (com Ana Lains, Mafalda Arnaut e Maria Ana Bobone), a taberna quinhentista e muita animação d'época.―

↑ rio acima Francisca Laia

A atleta abrantina é já uma das figuras do ano ao conseguir, com 21 anos, o apuramento para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. p.16

Abrantes centenária

A cidade de Abrantes sopra cem velas e está de parabéns. 2016 é um ano de celebração e de pico criativo na cidade. Venham mais 100 anos.

Manuel Maia

O veterano atleta Manuel Maia sagrouse campeão europeu de estrada . O atleta barquinhense mostra que nunca é tarde para sonhar. p.16

↓ rio abaixo Mais mortes

Mais do dobro de mortes comparando com os nascimentos. É a realidade do Médio Tejo em 2015 e assim deverá ser nos próximos anos. p06

Overdose cultural

Por muito que se goste das festas concelhias a verdade é que a oferta cultural ao longo do ano é escassa na maior parte dos concelhos. É bom lembrar.

Escola pública

O ruído em torno dos contratos associação demonstra a falência das ideias das últimas décadas em Portugal. O estado deve valorizar a sua rede e apenas procurar soluções para onde não chega.


ENTREVISTA 03

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FERNANDO FREIRE

“Afinal a geringonça funciona. Estou a gostar do que estou a ver” Prestes a completar três anos à frente dos destinos da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire (PS) faz um balanço do seu mandato. O autarca debruça-se ainda sobre as mudanças institucionais e políticas que o novo quadro governativo trouxe e sobre o Tejo e seus problemas afirma que será um seu defensor, sempre na linha da frente

Fernando Freire visto da varanda do seu gabinete

TEXTO & FOTOS RICARDO ALVES

A entrar no terceiro ano de primeiro mandato na presidência, que balanço faz a nível pessoal sobre as expectativas que tinha sobre o cargo? Quem aceita um cargo com estas caraterísticas está ciente que a responsabilidade é gigantesca ademais num contexto social complexo como aquele em que ocorreu a tomada de posse e nos anos seguintes com a intervenção da troika em Portugal. Com os talentos que Deus me deu e com o auxílio da Família foi possível atenuar o esforço e desempenhar o cargo com denodo, humanidade e responsabilidade colocando sempre como prioridade última os interesses das populações e do concelho. Acredito que o nosso dever é contribuir para o bem comum colocando as nossas aptidões, as nossas competências e os nossos conhecimentos ao serviço da comunidade que em nós confiou. Certo estou que neste cargo vale a entrega, a atitude, a proximidade e, essencialmente, o exemplo. Quando chegou à presidência sentiram-se alterações profundas ao nível das infra-estruturas turísticas, o nascimento da primeira grande superfície comercial, a criação do GADEL (Gabinete de apoio ao desenvolvimento e empreendedorismo local)… Pode dizer-se que são estas as suas marcas políticas no concelho?

Importa salientar que não tenho marcas políticas. Os caminhos trilhados são de todos os dirigentes e trabalhadores. Eu só tão só o dirigente máximo. Ou seja, o trabalho realizado é de todos e é para todos. Não cabe à Câmara, nem ao Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Local, a criação de empresas que estimulem a economia. Todavia, devemos apoiar as iniciativas privadas no desenvolvimento das suas atividades. Estas conduzirão à criação e conservação de postos de trabalho tão importantes nos dias de hoje. Este apoio é feito com diferentes incentivos, cedência de serviços de consulta, orientação e agilização de procedimentos, informação completa. Numa verbo “descomplicar”. É a mensagem que transporto para quem presta um serviço público.

“Acredito que o nosso dever é contribuir para o bem comum colocando as nossas aptidões, as nossas competências e os nossos conhecimentos ao serviço da comunidade (...)”

Foi eleito numa altura de grande expectativa em relação à intermunicipalidade, ao novo quadro comunitário, mas também num quadro de profunda crise social e económica geral. Como avalia estas questões? O processo da intermunicipalidade tem funcionado muito bem quer pelo empenho de todos os presidentes de Câmara, no Conselho Intermunicipal, quer pelo excelente desempenho de Miguel Pombeiro como secretário executivo. O quadro comunitário, como sabemos, encontra-se com dois anos de atraso por responsabilidade do último Governo que adiou a sua entrada em vigor. Contudo, temos projetos já com garantia de financiamento como é


04 ENTREVISTA

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exemplo: Serviços Online, Valorização de Almourol, Regeneração Urbana, Percursos, Eficiência energética, Construção do Jardim-de-infância da Barquinha, Apoio à criação de emprego, inclusão para todos, Envelhecimento ativo, Combate ao Insucesso e Abandono Escolar, etc. Outrossim, temos desenvolvido esforços para atenuar as enormes dificuldades resultantes do atual contexto socioeconómico, cujas consequências afetam as famílias mais vulneráveis. A aposta na reabilitação urbana está ganha? Há mais projectos na calha para o centro da vila? A aposta na Regeneração urbana só agora começou. Há alguns edifícios privados que estão a ser reconvertidos mas importa alavancar este processo. Devemos manter informada a iniciativa privada no acesso aos apoios provindos da União Europeia e da legislação nacional, mormente a isenção de impostos. Estamos neste momento a trabalhar no Plano de Ação de Regeneração Urbana que deverá ser apresentado muito em breve e que trará novidades para o centro da vila. Quais são a maior atracção e a maior dificuldade para quem queira habitar no centro histórico? A maior atração será a existência de serviços (loja do cidadão, serviços municipalizados, restauração, clínica, alojamentos em espaço rural, Parque de Escultura Contemporânea de Almourol, Centro Cultural, Centro Estudos de Arte e galerias). A dificuldade tem a ver com o preço dos prédios devolutos e degradados. O município tem feito um enorme esforço na notificação dos proprietários para a sua recuperação ou alienação sem prejuízo de triplicar o IMI para quem não proceder à sua conservação.

“A aposta na Regeneração urbana só agora começou. Há alguns edifícios privados que estão a ser reconvertidos mas importa alavancar este processo.”

A situação financeira da autarquia é estável, há margem para investimento ou este sempre dependerá dos fundos comunitários? Os documentos de prestação de conta referentes a 2015 apresentam um saldo positivo de cerca de 696 mil euros. Porém, existem compromissos que temos que honrar. Como afirmei aquando da minha tomada de posse haverá obra se existirem fundos comunitários. Ora alguns projetos já têm financiamento garantido pelo que importa continuar a trabalhar para assegurar novos financiamentos sem descurar a conservação/manutenção de infraestruturas públicas, e que já são muitas, que importa cuidar.

telo e Almourol no nosso território. Sabemos que não é fácil conciliar a questão operacional com a questão lúdica. No mês passado reuni com o Secretário de Estado da Defesa Nacional demonstrando a minha preocupação na dinâmica atual deste ambicioso projeto.

O GADEL teve os efeitos que esperava? Essa questão deverá ser colocada aos investidores e promotores, não posso advogar em causa própria. Sente que o parque de negócios poderia estar mais ocupado? Se sim porque não está? O desenvolvimento do Parque está condicionado à evolução da economia e à confiança dos empresários. Certo é que nos últimos dois meses já levámos à reunião de Câmara propostas de empresas para a aquisição de lotes. Julgo que com o desbloquear dos fundos comunitários, maioritariamente direcionados para as empresas, vamos ter mais investimento no nosso concelho. Uma questão que lhe é próxima é a do turismo militar. Há avanços ou as questões legais serão sempre um obstáculo? O desenvolvimento de produtos de turismo militar e de ações deste tema, num mundo cheio de símbolos portugueses, e num país que dispõe de incomensuráveis unidades e instalações militares, museus e fortes, demonstram um colossal potencial histórico e cultural e são um potencial de consumo turístico. O nosso concelho é privilegiados pela localização das suas unidades militares e pela presença do Cas-

“O desenvolvimento do Parque (de negócios) está condicionado à evolução da economia e à confiança dos empresários. Certo é que nos últimos dois meses já levámos à reunião de Câmara propostas de empresas para a aquisição de lotes.”

Castelo de Almourol é a grande atração do concelho

Em 2015 o concelho de Vila Nova da Barquinha viu triplicar a oferta de camas turísticas

É uma das vozes mais audíveis quando toca a defender o tejo. Sente que é difícil esse “malabarismo” entre notar e realçar os problemas do rio e ao mesmo tempo ter de “vender” o produto turístico do qual o tejo é peça central? A Consciencialização cívica para preservação do património natural e histórico do Rio Tejo é tema atual. Estamos a aguardar o relatório que será apresentado no final deste mês e pedido pela Comissão Parlamentar do Ambiente que esteve presente no nosso concelho. Como é público e notório verifica-se uma baixa generalizada do caudal do rio Tejo, passaram-se a notar focos de poluição e morte elevada de fauna e flora. Como autarca tenho denunciado a saúde do nosso rio. Por outro lado não posso de deixar de promover o mesmo rio na vertente natural, cultural e económica. Procuro, com parcimónia, garantir a coerência das diversas ações desenvolvidas em torno do recurso endógeno Tejo e do foco temático Turismo e Lazer com Sustentabilidade Ambiental. Porém, até que o rio não recupere a saúde direi presente na linha do combate político para a preservação da qualidade ecológica dos ecossistemas deste rio que nos leva para o mundo. Sente alguma impotência nesta matéria, enquan-


ENTREVISTA 05

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to autarca, na mudança de paradigma na defesa do tejo? Quem não luta pode não ganhar mas de certeza se não lutar não pode vencer. Este tema terá na linha da frente sempre a minha pessoa, nem que seja sozinho com os movimentos que se dedicam a esta nobre causa. Porém, verifico que existe uma vontade política como nunca existiu, quer de autarcas quer por parte da Assembleia da República, de que é exemplo a Resolução n.º 103/2015, em defesa da sustentabilidade do rio Tejo, aprovada por unanimidade. Por outro lado o Governo e as autoridades ambientais estão no terreno a instaurar processos-crime para quem não cumprir as regras ambientais. Também, o Município e a Comunidade Intermunicipal fazem parte da Comissão de Acompanhamento da Poluição do Tejo. Estamos vigilantes, aguardamos a conclusão do relatório que será apresentado no final do mês de junho e logo na primeira semana de julho será realizado um Congresso no nosso concelho que envolverá várias personalidades ligados ao tejo sobre este delicado tema. Pautou o seu discurso ao longo deste mandato pela urgência em dar resposta social à população do concelho. Após estes quase três anos como vê o concelho nesse âmbito? A recessão foi muito grande, o desemprego subiu muito acima do previsto e a dívida pública cresceu mais depressa e para lá do calculado. O que era previsível é que os cortes no Estado social, nos salários, nos rendimentos dos reformados e dos pensionistas e a descapitalização estendida a toda a classe média levariam a um forte investimento com a criação de empresas e novos postos de trabalho. Ora esse investimento caiu 40%. Mas o outro lado deste ajustamento terrível, que teve efeitos devastadores, foi na área social com reflexos no nosso concelho. Temos acudido através da Loja Social em parceria com os grupos de voluntários e com as IPSS´s pelo que mantenho enorme preocupação diária sobre este tema. Há um novo governo, de esquerda. Enquanto autarca que avaliação lhe faz? Afinal a geringonça funciona (risos). Uma nova atitude tem este Governo, diálogo com os autarcas e procura conjunta de soluções. Estou a gostar do que estou a ver. Gosto da colaboração plena entre instituições, com saliência para a Presidência da República. Vejo bons sinais no horizonte… E enquanto cidadão, o que acha desta novel dinâmica política no país, com este arco da governação? Como homem do Direito acho que todas as soluções no plano constitucional são viáveis. Tanto vale um voto do partido A como do partido B. A decisão expressa pelo povo foi contra uma política de austeridade que foi muito para além da troyka e por isso deu maioria à esquerda parlamentar que, por sua vez veio apoiar um Governo legítimo. Podemos discordar mas … a solução é constitucional e é inovadora ! Nada será como dantes. António Costa com arte e engenho tem levado a nau num mar de intempéries mas também de esperança. Por isso como diz o poeta é preciso acreditar “que se um barco parte ou volta passará no alto mar … e é livre o alto mar”. O que, no seu mandato, faria de diferente e o que tem a certeza, ou quase, de que fez bem? Certamente fiz coisas bem e coisas mal, errar é humano. O que importa é a minha consciência. Enquanto esta não for assassinada pelos meus atos, o julgamento de alguns não me desviarão do meu caminho que tem um rumo: a defesa da população e da qualidade de vida no nosso concelho.

“Quem não luta pode não ganhar mas de certeza se não lutar não pode vencer. Este tema (Tejo) terá na linha da frente sempre a minha pessoa, nem que seja sozinho com os movimentos que se dedicam a esta nobre causa.”

Que mensagem gostaria de passar aos barquinhenses quando se aproximam os festejos concelhios? Divirtam-se. Está de volta a Feira do Tejo. Ele fortifica as nossas tradições e aproxima a nossa gente. Todos juntos com as nossas forças vivas vamos confraternizar e mostrar aquilo que bem fazemos. A Barquinha não pode parar! Em 2017 há eleições autárquicas. Gosta de estar presidente e vai voltar a candidatar-se? Gosto de estar presidente, logo isso envolve que tudo na vida é efémero e transitório, inclusive as recandidaturas a cargos políticos. Terei, em devido tempo, de avaliar muitas razões: as profissionais, as familiares e as políticas. Até esse tempo acontecer devo procurar ser honesto, sincero, humildade e próximo das pessoas. O futuro a Deus pertence!―

“Divirtam-se. Está de volta a Feira do Tejo. Ele fortifica as nossas tradições e aproxima a nossa gente. Todos juntos com as nossas forças vivas vamos confraternizar e mostrar aquilo que bem fazemos. A Barquinha não pode parar!”


06 NÓS

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Contributo para a História da Investigação Arqueológica de VNB

XVII: Novas Descobertas Júlio Manuel Pereira Investigador de História Local Mestre em Pré-História e Arqueologia

Apesar de os últimos artigos se referirem mais aos aspetos organizativos do Núcleo de Arqueologia e às atividades viradas para o exterior, nomeadamente para a população, isso não significa que não tivesse prosseguido o trabalho de reconhecimento do território concelhio e, por vezes, indo mesmo para além dos limites geográficos deste. Assim, a título meramente exemplificativo, pois não me é possível recordar de todas as ações, darei aqui conta de algumas descobertas realizadas no ano de 1993, deixando para artigo posterior, as de 1994. • Lavacolhos – Em data incerteza, prospetando sozinho na zona de Lavacolhos (Praia do Ribatejo), tive oportunidade de recolher um machado em anfibolito verde, bastante tosco, possivelmente relacionado com alguma atividade mineira no local, onde poderia ocorrer a lavagem de conhos, com acontecia noutras conheiras da região. • Bonito I – Em data incerta, em visita coletiva à zona das piscinas do Bonito, no Entroncamento, localizámos um antigo terraço fluvial que continha materiais arqueológicos do Paleolítico Inferior. • Bonito IV – E data incerta, prospetando na zona do Bonito e alargando a área de busca, numa camada areno-siltosa, sobrejacente a um terraço fluvial, na margem esquerda da Ribeira do Bonito, detetámos uma mancha de vestígios arqueológicos (seixos talhado em quartzito, lascas de sílex, um fragmento de lâmina de sílex, que aqui se reproduz, etc.).

conhecida por Ribeira da Ponte da Pedra), em ambas as margens desta, mas com maior incidência na margem esquerda. Foi, inicialmente, reconhecida pelo Zé Gomes e a associada Maria da Anunciação Freitas1. Este sítio viria a revelar-se um dos mais importantes para a compreensão do povoamento pré-histórico da região, tendo sido alvo de diversas campanhas arqueológicas e objeto de muitos artigos científicos. Reproduz-se aqui uma ponta de seta por mim recolhida no local.

• Torrinha I – Este sítio, na Quinta da Torrinha, foi descoberto em data incerta de 1993, numa ação coletiva de prospeção. Aí, em sucessivas visitas, foi recolhido um importante espólio, constituído por cerâmica lisa; lascas, núcleos, lâminas, raspadores e buris de sílex; pesos de pedra com entalhes; diversos elementos de moagem e artefactos de pedra polida, de que se reproduz aqui um fragmento de enxó em fibrolite, por mim recolhido.

Escola Ciência Viva mostrou porque deve ser "exemplo para o país" TEXTO NA

O Secretário de Estado da Educação, João Costa, e o Diretor Geral de Educação, José Vitor Pedroso, estiveram na manhã de dia 19 na Escola Ciência Viva e juntamente com representantes da autarquia, nomeadamente o Presidente da Câmara Municipal, Fernando Freire, e o vereador Ricardo Honório, o director do Agrupamento de Escolas, Paulo Tavares e Ana Rodrigues da Universidade de Aveiro, visitaram as instalações. Também Miguel Pombeiro, atualmente secretario executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio tejo, esteve presente. A visita integrou a iniciativa “Barquinha de Ciências, Barquinha de Vivências”, organizada pela Escola Ciência Viva (ECV ) de VNB nos dias 18 e 19. Ana Rodrigues, da Universidade de Aveiro, foi a cicerone da vista. A Universidade de Aveiro é parceira da autarquia e do Agrupamento de Escolas no projeto. Foi um secretário de estado deslumbrado aquele que falou aos jornalistas, já depois de ter assistido a várias apre-

MÉDIO TEJO

Escola Ciência Viva mostrou-se à comunidade

sentações dos alunos e alunas da escola, bem como ter visitado as aulas abertas. Numa altura de discussão latente sobre a escola pública e privada, João Costa afirmou que a ECV “é um exemplo para todo o país daquilo que pode ser feito e bem feito na escola pública”. “É preciso inovar tecnologicamente e integrar o conhecimento”, disse o secretário de estado, sublinhando que essa ideia está subjacente ao projecto da ECV. “Levo daqui fascínio e admiração pelo projeto que esta escola tem vindo a desenvolver. Fala-se muito da Finlândia como um exemplo para a Educação, mas em Portugal existem muitas

Finlândias. Esta escola é uma delas. Estou deslumbradíssimo e as pessoas vão-se cansar de me ouvir falar daquilo que vi hoje, que é uma excelente prática. O trabalho feito aqui na sala de aula deve ser replicado noutras escolas do país” disse. Visitas guiadas à escola e ao CIEC, aulas abertas no laboratório, mostra de AEC’s, mostra de eventos do CIEC, oficinas e espetáculos de magia foram algumas das atividades promovidas durante o evento, resultante da parceria da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Agrupamento de Escolas e Universidade de Aveiro.―

2015 com uma diferença de 1793 entre mortos e nascidos TEXTO NA

O alargamento da área de prospeção veio a permitir a descoberta de outros locus próximos. Outras descobertas se seguiriam, como teremos ocasião de ver em próximo artigo.

• Ribeira da Atalaia – Esta extensa mancha de vestígios arqueológicos, situa-se no vale da Ribeira da Atalaia (também

VN BARQUINHA

1 A Carta-Galeria Arqueológico-Histórica do concelho de Vila Nova da Barquinha, erradamente, dentro da lógica de homenagear o Zé Gomes, não faz qualquer referência ao papel da Maria Assunção na descoberta do sítio e, como faz erradamente em muitos outros casos, refere que essa descoberta ocorreu em 1991.

Segundo os dados do minstério da saúde para os treze concelhos do Médio Tejo, em 2015 morreram 3329 pessoas ao passo que apenas nasceram 1536. Dos concelhos apresentados apenas o Entroncamento tem um "saldo" positivo, de apenas dois, é certo, mas positivo. Nasceram no concelho ferroviário 182 bebés e as mortes foram 180. Os dados dos últimos anos apontam para a desertificação do interior mas todo o país se debate com o problema.―


SAÚDE 07

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ABRANTES

Nova Unidade de Saúde Familiar para servir 10.400 utentes

TOMAR

Medicina Interna garantida até outubro

A primeira Unidade de Saúde Familiar (USF) de Abrantes iniciou funções no dia 30 de maio com cinco médicos a prestar serviço a cerca de 10.400 utentes, dos quais 4.500 utentes sem médico de família TEXTO NA

"As inscrições dos utentes para as listas dos médicos de família que vão integrar esta unidade já estão a decorrer e irão continuar, a partir de agora, em Abrantes", referiu à Lusa a diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, Sofia Theriaga A responsável acrescentou que os 4.500 utentes sem médico de família pertencem à União de Freguesias de S. João, S. Vicente e Alferrarede. Nos 11 municípios da área de influência do ACES Médio Tejo trabalham atualmente 112 médicos de Medicina Geral e Familiar, mas, segundo Sofia Theriaga, "serão necessários mais 17 para ter cobertura total" e dar resposta aos 32.466 utentes do Médio Tejo que não têm médico de família. A diretora do agrupamento disse ainda que o concelho onde faltam mais médicos é Abrantes. "A abertura desta USF vai ser muito importante para uma resposta mais cabal em termos quantitativos e quali-

Ministro da Saúde esteve em Tomar

TEXTO NA

Ministro da Saúde com Maria do Céu Albuquerque, presidente da autarquia, na inauguração da USF

tativos à população e significa o arranque da implementação em Abrantes do novo modelo organizacional no âmbito da reforma dos cuidados primários", destacou Theriaga. A USF de Abrantes, que irá funcionar no novo edifício da Rua de Nossa Senhora da Conceição, em frente ao Mercado Municipal, vai contar com cinco médicos, cinco enfermeiros e quatro administrativos, na sua fase inicial. Numa fase posterior, a USF de Abrantes irá contar com um total de seis médicos, seis enfermeiros e cinco administrativos e poderá vir a abranger mais utentes que entretanto fiquem desprovidos de médico de família tendo em conta a eventual situação de reforma de alguns profis-

sionais de saúde que exercem funções nesta área geográfica. No âmbito da criação da unidade, o município decidiu atribuir um incentivo financeiro aos médicos que ali vão prestar serviço, num total de nove mil euros anuais, suportados pelo orçamento camarário. Este apoio durará dois anos, com a possibilidade de ser prorrogado por mais um. O edifício da USF de Abrantes, onde a autarquia pretende também instalar uma Loja do Cidadão, no 1.º piso, representou um investimento camarário de um milhão e cinquenta mil euros, que contou com fundos comunitários no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).―

O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reafirmou no dia 3 de junho, numa reunião em Tomar, que a abertura da Medicina Interna no Hospital da cidade será uma realidade até ao final de Outubro do corrente ano. O governante anunciou ainda a aquisição de um equipamento de TAC para a unidade hospitalar de Tomar que será instalado até ao final do primeiro trimestre do

próximo ano. Adalberto Fernandes esteve em Tomar no âmbito da discussão da estratégia de saúde para a região, na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, numa iniciativa que contou igualmente com a presença da presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, do presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo e da diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo.―


08 PUBLICIDADE

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EDUCAÇÃO 09

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REGIÃO

Politécnico de Tomar desenvolve estágios Ciência Viva em Barquinha e em Alvaiázere

VN BARQUINHA

CIAAR com novos órgãos sociais

TEXTO NA TEXTO NA

O programa Ciência Viva no Laboratório - Ocupação Científica de Jovens nas Férias (OCJF) - proporciona aos estudantes do ensino secundário uma oportunidade de aproximação à realidade da investigação científica e

tecnológica. No âmbito deste programa o Instituto Politécnico de Tomar obteve a aprovação da realização de dois estágios, um a decorrer em Alvaiázere (Centro de Arqueologia e Património) e outro em Vila Nova da Barquinha (Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo), em

Julho e Agosto. A arqueologia é a área científica de base nos dois projectos em que poderão candidatar-se jovens a frequentar o 10º, 11º e 12º anos, sendo que o estágio contempla alimentação e alojamento. As informações relativas aos dois estágios encontram-se no site da Ciência Viva.―

Aos vinte e um dias do mês de Abril de 2016, reuniu no Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo, a Assembleia Geral da ACIAAR para a eleição dos novos corpos gerentes ficando assim constituídos: Direcção: PresidenteRita Inácio; Vice- Presiden-

te- Conceição Catroga; Tesoureira – Cidália Delgado; Secretário, Pierluigi Rosina; Vogal- Pedro Cura. Conselho Fiscal: Presidente – Rui Constantino; Secretário – Luiz Oosterbeek; Relator – Ricardo Alves; Assembleia Geral: PresidenteFernando Freire; Primeiro Secretário- Cristiana Ferreira; Segundo Secretário- Sara Cura.―


010 ECONOMIA

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NovoAlmourol Quatro concelhos do Médio Tejo vão ter posto de abastecimento para veículos eléctricos. Os concelhos de Entroncamento, Sertã, Abrantes e Vila Nova da Barquinha são os concelhos que vão adoptar a medida. A informação foi dada por

Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal do Entroncamento durante a reunião camarária de dia 16 de maio. O autarca afirmou que a instalação do posto estará para breve sem ter precisado a data.

Ainda segundo Jorge Faria, a informação de que os quatro concelhos seriam escolhidos para a instalação do posto de abastecimento eléctrico surgiu da parte do Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes.

TRAMAGAL

Hey! Hackathon – MFTE reuniu massa crítica das Universidades e Politécnicos O desafio lançado a 15 equipas de estudantes do Ensino Superior contou com 24 horas de actividade e uma fábrica aberta para a promoção da eficiência. Secretário de Estado da Indústria marcou presençaa quadramento Estatístico dos sinistros laborais, para comunicação e actuação célere e eficaz. No 3º Lugar ficou a equpa “DEI Vai às Bombas” com o desafio da “Logística Interna “ apresentando uma solução assente numa ferramenta que incorpora modelos analíticos que reflectem o actual sistema de abastecimento, permitindo simular, antever e planear a operação. O projecto chama-se “Deus Daimler Disse”.

TEXTO NA

Sessenta e quatro estudantes do ensino superior, integrados em 15 equipas, participaram num Hackathon, organizado pela empresa Mitsubishi Fuso Truck Europe – Sociedade Europeia de Automóveis (Tramagal – Abrantes), nos dias 20 e 21 de Maio. Denominado Hey! Hackathon, este evento contou com a presença do Sr. Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos. João Vasconcelos, que visitou os participantes na noite do dia 21, considerou “fabulosa a actividade. É única e demonstra a vontade desta fábrica de participar no século XXI. De colocar a fábrica a discutir as tecnologias mais avançadas que existem, para aumentar a eficiência e competitividade. E querem fazê-lo com o melhor que nós temos para oferecer, que é esta geração.” Referindo-se aos alunos participantes, reforçou “ser esta a geração mais qualificada de sempre. É a geração que nos coloca a par do que há de melhor no mundo.

Foto do grupo que durante 24 horas lançou mãos ao desafio proposto

É notável que numa fábrica das mais bem geridas do país, estes alunos ainda consigam encontrar motivos de eficiência. Esta empresa, com muita inteligência, promovendo um evento como este, já percebeu o que é que vai acontecer no futuro. Já percebeu o poder do digital e da tecnologia. E quer fazer parte desse futuro.” Durante as 24 horas do evento, os participantes integrados em equipas de três e cinco elementos desenvolveram soluções baseadas em

desafios lançados por colaboradores da Mitsubishi Fuso Truck Europe, nas áreas de Produção, Qualidade, Logística e Engenharia Industrial. Os dois primeiros projectos vencedores pertenceram ao Instituto Politécnico de Tomar, sendo que a terceira equipa classificada, era oriunda da Universidade de Coimbra. A equipa vencedora, denominada “oUltimoLugar”, apresentou uma solução para a área de Logística.

Os três melhores projectos. Em 1º Lugar, com o desafio “Logística Interna” ficou a equipa “ oUltimoLugar”, com o projecto “Logistics Solução”: Visualização e gestão da logística de abastecimentos de peças através de microcontroladores e sensores nos postos de trabalho. Em 2º Lugar, com o desafio “Engenharia Industrial” ficou a equipa “Covil dos Engenheiros”. O seu projecto, “Hey! Quemedoi”, baseava-se na Monitorização, Alerta e En-

Em balanço final, Jorge Rosa, CEO da Mitsubishi Fuso Truck Europe, considerou que em termos globais “o resultado foi muito positivo, cumprindo com os objectivos delineados. As empresas em geral e a nossa, em particular, não se podem fechar sob si próprias e a ligação com as escolas é fundamental para potenciar o crescimento do país. Esta geração, que está hoje nas universidades, será a geração que liderará a 4ª Revolução Industrial (a designada Indústria 4.0). Enquanto empresa, queremos estar na linha da frente e, por isso, contamos com estes jovens.”―

NERSANT

Formação de Formadores arranca em Ourém TEXTO NA

A NERSANT - Associação Empresarial da Região de Santarém, vai dinamizar mais uma ação do curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores, em Ourém. A ação inicia no dia 13 de junho e ainda existem algumas vagas para formandos.

Os interessados em obter o Certificado de Competências Pedagógicas podem inscrever-se nas ações de Formação Pedagógica Inicial de Formadores que a associação NERSANT realiza um pouco por todo o território do distrito de Santarém. Neste momento, está prestes a arrancar uma ação de formação do curso em Ourém, já no próximo

dia 13 de junho. A frequência e conclusão com aproveitamento do curso Formação Pedagógica Inicial de Formadores proporcionará aos formandos a aquisição e o desenvolvimento de competências no domínio pedagógico, o que lhes permitirá o exercício da função de formador nas áreas para as quais estão habilitados.

Para além da ação de formação em Ourém, existem outras ações já agendadas para Torres Novas, Santarém, Benavente, Abrantes e Cartaxo. As inscrições são realizadas online no portal da associação, em www.nersant.pt. As empresas associadas da NERSANT que inscrevam colaboradores têm 10% de desconto em cada inscrição.

Para mais informações, os interessados devem contactar o Núcleo NERSANT de Ourém através dos contactos 249 544 211 ounucleo.ourem@nersant.pt. De referir que os formandos que concluírem com sucesso esta ação, passarão a pertencer automaticamente à Bolsa de Formadores da NERSANT.―


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OS PASSOS DE SÍSIFO

Otimismo OPINIÃO LUIZ OOSTERBEEK A reitora da Universidade de Harvard, no seu discurso de abertura do presente ano letivo na academia militar de West Point, destacava que mais de metade dos líderes mundiais são formados em Humanidades e que 70% dos dirigentes das maiores empresas do mundo consideram como critérios fundamentais de seleção de quadros as capacidades de análise crítica, comunicação e escrita, treinadas nas Humanidades. E acrescentava que os cortes que muitos governos estão a fazer neste setor têm um impacto direto na capacidade de liderança dos EUA. A Comissão Europeia, criada sobre as cinzas de duas guerras mundiais como um projeto “caro” para pagar o custo de manter a paz, não terá escutado este discurso, e certamente não percebe que para nada serve manter défices baixos quando morrem milhares de pessoas no Mediterrâneo todos os dias e se erguem de novo as antigas fronteiras nacionalistas que tantas más memórias nos trazem. Infelizmente, o discurso da excelência isolacionista (na verdade bastante medíocre e pouco competitivo) e do desprezo pelos investimentos sem retorno financeiro imediato

também são hoje moeda corrente naquele que deveria ser o último reduto do conhecimento e da reflexão de longo prazo: o ensino superior. Houve tempos, que precederam grandes períodos de crescimento económico, em que a Europa focou a sua atenção e investiu prioritariamente na reflexão de médio e longo prazo, como quando se criaram as primeiras universidades (nos séculos XII e XIII) que foram decisivas para o Renascimento, ou quando se desenvolveram os grandes debates filosóficos em torno da reforma, do racionalismo e do idealismo alemão, que foram fundamentais para o grande crescimento económico dos séculos XVIII e XIX. Esses tempos estão esquecidos, mas o mundo não é apenas a Europa e os EUA. No passado já se viveram momentos muito mais graves que o atual, e por diversas ocasiões uma grande parte da população mundial morreu…mas ainda aqui estamos. Como refere o filósofo James Pawelski, da Universidade de Pensilvânia, quando olhamos para quem marcou a diferença e ajudou a reverter quadros negativos no passado, encontramos sobretudo pessoas que, nas maiores adversidades, não desistiram e mantiveram o otimismo de

querer viver o melhor possível que as circunstâncias de cada momento permitissem, sem soçobrar ao desânimo da autoflagelação. Sabemos que a economia, quase gelada a Norte, tem o seu motor mais dinâmico hoje na Ásia, e em especial no Sudeste Asiático. E a relação com as Humanidades e as Artes é bem distinta nesses países. Nos primeiros dias de Junho reunirá em Macau o IV Fórum Cultural Mundial Taihu, uma iniciativa da China, iniciada há alguns anos, e que se inspirou no Fórum Económico de Davos, na Suíça (Taihu é um lago na China), mas assumindo que a Cultura é o epicentro das grandes questões e mudanças estratégicas da Humanidade. O tema do Fórum será Dar as mãos para uma Comunidade com Destino Humano. Nos finais de Outubro, o Fórum Mundial das Humanidades, na Coreia do Sul, irá reunir-se pela quarta vez, desde a sua criação em 2011, na sequência da qual a UNESCO veio a adotar uma resolução que voltou a atribuir prioridade na investigação às Humanidades. O tema do Fórum este ano será Esperança! A compreensão do papel central das Humanidades na criação de sentido na vida, ou

“Em todos os momentos de decadência do passado, um dos primeiros sinais foi a perda de interesse social na reflexão a médio e longo prazo, sem se perceber, nesses momentos como hoje, que sem uma visão de futuro só restarão os conflitos do presente e, mais cedo ou mais tarde, a guerra.”

seja, na construção de caminhos partilhados em que se possam encontrar interesses divergentes de momento, em torno de visões partilhadas de futuro, é a chave do sucesso dos gigantes asiáticos. Visões como as da China ou da Coreia do Sul, também se encontram na Índia ou em Singapura, e constituem a maior fonte de otimismo que podemos hoje ter em relação ao futuro comum da Humanidade. Este não é um debate novo. Em todos os momentos de decadência do passado, um dos primeiros sinais foi a perda de interesse social na reflexão a médio e longo prazo, sem se perceber, nesses momentos como hoje, que sem uma visão de futuro só restarão os conflitos do presente e, mais cedo ou mais tarde, a guerra. Mas tal como no passado, foram muitas vezes as periferias a resgatar o melhor dos centros em decadência, reabilitando a prazo esses centros, como no caso do Helenismo, que foi grego pela educação de Aristóteles, mas essencialmente Macedónio pela vontade e, depois, Romano pela capacidade. Vivemos tempos difíceis, muitas vezes angustiantes, mas certamente podemos intervir e tentar contribuir para reverter a maré. Porque há razões sólida para manter este tipo de otimismo.―

DOM RAMIRO

A arte da “época”… OPINIÃO CARLOS VICENTE Falemos então de artes. Em geral tal como no resto do mundo, subvertido pelos poderes, do poder que têm, ou pelo poder da economia (rápida), geradora de oportunidades bem aproveitadas pelos oportunistas do costume. Parece-me… que simplesmente fazem parte do “todo” tresloucado, que é a sociedade neste momento. Existe uma boa diferença entre a fruta que vamos escolher para comprar e pagar… em relação há, que nos cai da árvore do vizinho, quando (imaginem) passávamos por acaso. O que mais se deferência, além da atitude ou do acontecimento, é o “tempo” do acontecimento (em

si) que nos leva a pensar. Que fruta? Onde comprar? A escolha desta (aparência e cheiros) e o preço. No fim, a degustação. Façamos então um exercício a posteriori do “valor” dessa mesma fruta; o monetário, o quantitativo, o qualitativo e o satisfatório. - Sim, é a minha cara. Foi uma escolha minha assumida, declaro que a fruta é de boa colheita, tem sentimentos e é de boas famílias… consigo sentir o aninhar da terra com a enxada em volta da caldeira que lhe dá de beber, sentir a mão na apanha, o cuidado no transporte e o aninhamento na prateleira onde espero que me levem dali e me saboreiem. Que bom, mereceu todo o investimento… - Caída da árvore do vizi-

nho. Hum… estará boa? Que sorte e de borla… bom, é sempre ganho, vamos lá rentabilizar o achado! Que tal uma injecção de condimentos bem cheirosos, uns drunfos que lhe darão muito mais tempo de

prateleira sem entrar em decomposição… que tal um botox e uma boa massagem para brilhar em qualquer situação… Que tal, o Conde de patilhas até ao pescoço de cachucho no dedo que nunca sentiu terra… tal montra

cheirosa de spray nova vaga e néon cintilante… tal qual o meu vizinho da frente, também Conde de patilhas até ao pescoço de cachucho no dedo que (também) nunca viu terra… então o meu amigo Conde, compra-me a fruta a dez, que vende por vinte a outro Conde que a vai vender a trinta… a tal que caiu da árvore do quintal do vizinho do lado… A minha, comprei a quatro do agricultor que a vendeu a 1.5 (com todo o carinho) para ser vendida a três na loja da Ritinha (porque ela também tem de ganhar a vida…). E, o que é que isto tem a ver com a arte? hoje. (Só porque o Verão está aí… e a fruta faz tão bem como a arte). Compre-a ao produtor com sabor e sentimentos...―


016 DESPORTO

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ABRANTES

Francisca Laia apurada para os Jogos Olímpicos

TEXTO NA

A canoísta Francisca Laia apurou-se no dia 19 de maio, para os Jogos Olímpicos Rio'2016 em K1 200, ampliando para sete o número de canoístas no Rio de Janeiro, após o seu quarto lugar em Duisburgo, Alemanha. A estudante de medicina de 21 anos, formada no Clube Desportivo os Patos de Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, precisava ser uma das duas primeiras na final, mas como as rivais da Alemanha e Eslováquia, primeira e terceira, respectivamente, já tinham garantido vaga para o país noutra tripulação, Francisca Laia foi beneficiada com os dois lugares libertos e vai cumprir assim o sonho olímpico. Com uma má largada, à semelhança do que já tinha feito nas eliminatórias, a canoísta do Sporting completou a prova

Escola de triatlo do Clube de Natação no europeu

Francisca Laia cumpre sonho aos 21 anos

em 42,098 segundos, atrás da alemã Sabine Volz (41,470), da sueca Linnea Stensils (41,509) e da eslovaca Martina Kohlová (42,081). Horas antes, Beatriz Gomes e Helena Rodrigues falharam o que seria a terceira qualificação olímpica consecutiva, em K2 500. Portugal vai apresentar sete canoístas em regatas em linha,

nomeadamente Francisca Laia, Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro, David Fernandes, Hélder Silva e Teresa Portela. Actualmente no Sporting Clube de Portugal, a atleta abrantina presenteia o seu concelho de origem, Abrantes, com um feito que entra para a galeria de momentos notáveis em ano de centenário da cidade.―

ATLETISMO

Manuel Maia é campeão europeu TEXTO NA

A cidade de Vila Real de Santo António, no Algarve, recebeu nos passados dias 20 a 22 de maio, o “Campeonato da Europa de Estrada – Masters” e o CLAC – Clube de Lazer Aventura e Competição do Entroncamento esteve a representar a Seleção Nacional, com uma comitiva de seis atletas. Nos resultados alcançados nestes “emacns 2016”, destaque para a vitória de Manuel Maia na “Estafeta Cross”, em que Portugal ganhou a medalha de ouro no escalão de M75 anos, à frente da congéneres da Suíça e da República Checa, que foram medalha de prata e de bronze, respetivamente. A estafeta foi composta, para além de Manuel

TORRES NOVAS

Manuel Maia na companhia da colega Ana Abegão

Maia, pelos atletas Arménio Patrício, que fez o primeiro percurso e Armando Aldegalega, o último. No dia seguinte, Manuel Maia participou ainda na Meia Maratona, na companhia de Ana Abegão, tendo obtido o 7º lugar no seu escalão. Quem igualmente ganhou a sua prova foi José Canelo, que alinhou nos 10 quilómetros,

no escalão de M90 anos(!), mas que ficou a saber depois de concluir a mesma, que tinha sido desclassificado, pelo controlo médico da corrida, que aquando a apresentação do protesto, alegou que o atleta português, não reunia condições “médicas” para acabar a prova. 7 No entanto, José Canelo acabou a sua prova, em perfeitas condições de saúde.―

Realizou-se no Parque das Nações em Lisboa, o Campeonato da Europa de Triatlo entre 27 e 29 de maio. As triatletas juniores femininas foram as primeiras a lançarem-se ao Tejo. Neste escalão estiveram presentes atletas de 23 selecções europeias, sendo Gabriela Ribeiro do Alhandra, a melhor portuguesa terminando na 30ªposição, enquanto a torrejana Carolina Serra não foi além do 49ºlugar. Na distância Sprint, André Rodrigues chegou na 22ªposição no Grupo de Idades 16-19 anos, enquanto Miguel Moreira e Rafael Marques, foram 28º e 29ºclassificados. No Grupo de Idades 3539 anos, Rita Amaro foi a única atleta torrejana feminina que participou nesta prova e terminou no 29ºlugar. Destaque também para o 17ºlugar de Marco Sousa, no Grupo de Idades 40-44 anos, com Pedro Silva a chegar na 43ªposição, 2 lugares acima de Ricardo do Canto que no Grupo de Idades 45-49 anos terminou no 41ºlugar. Na prova de distância olímpica, e no Grupo de Idades 25-29 anos, Miguel Reis e Silva terminou a sua 1ªprova nesta distância no 30ºlugar, enquanto André Antunes foi 47ºclassificado no escalão 35-39 anos, e o seu irmão Pedro Antunes no Grupo de Idades 40-44 anos, concluiu no 54ºlugar. Marco Sousa, Pedro Silva e Ricardo Canto voltaram a competir nesta prova de dia 29, e foram 27º, 68º e 65ºclassificados.―

ENTRONCAMENTO

Jovem lutador ganha três medalhas de ouro em Campeonato do mundo

O atleta do Entroncamento, Tiago Veríssimo, ganhou 3 Medalhas de Ouro em 3 modalidades diferentes no Campeonato Mundial de ALL STYLES WAC realizado nos dias 18, 19 e 20 de março. Orientado pelo treinador Joel Magalhães nas modalidades Jiu Jitsu Brasileiro & M.M.A KIDS (Artes Marciais Mistas para Crianças), na Equipa MMA PRIDE TEAM, Tiago Veríssimo venceu duas vezes nas finais contra membros de uma equipa francesa (Kemposhinkaï) nas modalidades BJJ WITH GI & NO-GI (Jiu jitsu brasileiro com kimono & sem kimono) e ainda MMA KIDS (Artes Marciais Mistas), venceu a final contra um português da equipa Ginofitness Kempo de Felgueiras. Esta sexta edição do WAC decorreu de 18 e 20 de março, na cidade de Caldas da Rainha que recebeu mais de 5.000 competidores de 54 nacionalidades. O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Faria, recebeu o atleta e o seu treinador nos Paços do Concelho, realçando a importância da prática e da promoção do desporto junto das crianças e jovens e salientou o sucesso e empenho do jovem atleta Tiago Veríssimo na conciliação da atividade desportiva com a vida escolar.―


CULTURA 017

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“O Estado existe para realizar o que é útil. O indivíduo para realizar o que é belo.”

Roteiro do Tejo: dos territórios, das pessoas e das organizações

55. Nova estratégia de Turismo para Portugal

Oscar Wilde

VN BARQUINHA

Rita Guerra é cabeça de cartaz de festa para toda a família

Rita Guerra é apelo para grandes multidões mas programa encerra surpresas

TEXTO NA

Cinco dias de festa. Vila Nova da Barquinha não vai parar entre 9 e 13 de junho. Vem aí o maior evento anual do concelho, com dezenas de expositores de artesanato e tasquinhas. Na edição 2016 da Feira do Tejo não irão faltar animação de rua, teatro, dança, folclore, marchas populares, pirotecnia, desporto, insufláveis, exposições e muita música. Nos concertos, de destacar a atuação do abrantino FEL (9 jun), o pop dos portugueses D'Alva (10 jun), a alma e energia do grupo Cais Sodré Funk Connection (11 jun), as grandes vozes e a música da Orquestra Ligeira do Exército (12 jun) e Rita Guerra, uma voz ímpar e consagrada que assinala 30 anos de carreira (13 jun), uma noite que promete ser memorável, de canções sincronizadas com pirotecnia. Do programa fazem parte também os batismos a cavalo, voos suspensos em balão de ar quente, jogos tradicionais, workshops, ateliers de fotografia e pintura para crianças, en-

A dupla D'Alva vai surpreender muita gente...

tre outras atividades para toda a família. O evento é também uma oportunidade para conhecer o Parque de Escultura Contemporânea Almourol (www. barquinhaearte.pt), que nestes dias oferece visitas guiadas pelas 11 esculturas de grandes dimensões, o Castelo de Almourol, monumento nacional que abriu recentemente ao público renovado com um novo projeto de musealização, ou um dos mais recentes espaços de divulgação da ciência em Portugal – o Centro Integrado de Educação em Ciências (www.ciec. vnb.pt). Sem esquecer a gastronomia, baseada nos sabores do rio, que pode ser apreciada nos inúmeros restaurantes do concelho. Mais uma vez, a parceria

do Município de Vila Nova da Barquinha com as associações e entidades do concelho criaram condições para cinco dias de muita diversão junto ao rio Tejo, num espaço de rara beleza. Espaço de recato ao som do jazz e rock. O Clube União de

Recreios de Moita do Norte (CIR-Ex-Tuna) e a Associação de Pais e Encarregados de Educação do JI de Moita do Norte associam-se para criar um espaço de jazz e rock na Feira do Tejo. No Quiosque Central atuam o "Jorge Esperança Quarteto" (jazz), no dia 10 de junho pelas 21h00. No dia 11, pelas 19h00, é a vez da dupla de Djs "Dois Tipos Mais ou Menos Assim Assim".―

Luís Mota Figueira Professor Coordenador do Instituto Politécnico de Tomar

A Estratégia Turismo 2027 define-se através de 5 eixos: 1. Território; 2. Economia; 3. Conhecimento; 4. Produtividade; 5. Projectar PORTUGAL. A discussão pública sobre a ET2027 iniciou-se em 24 de maio de 2016 no Convento de Cristo de Tomar. Das palavras da Secretária de Estado do Turismo Ana Mendes Godinho retivemos o seguinte esquema: * desenvolver uma estratégia partilhada; * determinar políticas públicas activas; * combater a litoralização do país; * tornar o turismo resistente aos ciclos económicos desfavoráveis; * atenuar a sazonalidade; * desenvolver política de compromisso e de trabalho articulado; * mobilizar a sociedade civil, as regiões, as empresas e os trabalhadores; * “abolir a palavra potencial” (sic), porque o que interessa é fazer; * passar dos desejos à construção; * planear o turismo em rede articulada; * considerar que “Portugal é Turismo e Turismo é Portugal” (sic). Assinalando-se a o optimismo político destas pretensões e no seguimento do “PENT” e do “Turismo 2020-cinco princípios para uma ambição”, geridos pela autoridade turística nacional, inaugura-se nova abordagem ao sector. Do que respigámos da apresentação vejamos os desafios colocados: ET2027 - Desafios ao turismo nacional. 1- PESSOAS: (valorização dos recursos humanos). Foi assinalado o rendimento de prestadores de serviços de hotelaria e de restauração situado em média, 37% abaixo da média da restante economia (contestado na discussão). Não deixa de ser significativa a política geral de depreciação do factor trabalho que, no Turismo como noutras actividades económicas, se regista; 2- COESÃO TERRITORIAL: porque cerca de 90% as dormidas se localizam no litoral, o combate às assimetrias regionais é urgente; 3- CRESCIMENTO ECONÓMICO: (valores). Crescer e agregar mais valor ao negócio com aumento da receita média por turista; 4- SAZONALIDADE: impor medidas partilhadas para reduzir os efeitos da sazonalidade, porque ela apresenta uma taxa média de 37% a 39%, obrigará à concertação estratégica entre Organizações, visando aumentar a qualidade dos destinos; 5- ACESSIBILIDADES: Portugal tem que saber passar

da situação tradicional de país periférico a destino com capacidade para atrair turistas da China, Austrália, Américas e mercados emergentes, revelando a sua realidade ambiental, cultural, artística, social e empresarial; 6- PROCURA: Estimular a procura baseada no conhecimento dos perfis dos turistas, cada vez mais exigentes e informados com ênfase, nomeadamente, no turismo sénior e turismo desportivo/ambiental; 7- INOVAÇÃO: Utilização de instrumentos e ferramentas da economia digital e empreendedorismo focado, entre outras iniciativas, na densificação de propostas de startups e novos reforços ao negócio turístico (http:// startups.ativarportugal.pt/ como exemplo); 8- SUSTENTABILIDADE: Valorizar os 836 anos de história oficial nacional, comemorados a 23 de Maio, aumentando o uso da digitalização para conservação e valorização do património ambiental e cultural e da biodiversidade articuladas, também, com a salvaguarda dos valores paisagísticos; 9- SIMPLIFICAÇÃO: Simplificação da linguagem turística e desburocratização de projectos de investimento e dos procedimentos a eles associados; 10- INVESTIMENTO: dada a descapitalização das empresas, a alocação dos recursos que possam garantir o acesso das empresas a financiamento é um objectivo central para criação de emprego e revitalização do sector. Do texto institucional da autoridade turística nacional respigamos: TURISMO 2027- A Estratégia para o Turismo 2027 pretende ser o referencial estratégico para o Turismo em Portugal na próxima década, tendo por base um processo participativo, alargado e criativo com contributos de diversos ângulos da sociedade nas suas várias valências. Consubstancia uma visão de longo prazo, combinada com uma ação no curto prazo, permitindo atuar com maior sentido estratégico no presente e enquadrar o futuro quadro comunitário de apoio 2021-2027. http:// estrategia.turismodeportugal. pt/ . Esperemos que o processo tenha o sucesso que praticamente todos os presentes em Tomar auguraram a este novo caminho que está a ser desenhado para o turismo nacional. Riachos, 1 de junho de 2016.―


018 CULTURA

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TOMAR

O Bons Sons são quatro dias... Cem Soldos acredita 365 dias por ano TEXTO&FOTOS R. ALVES

São 16h45 minutos do dia 17 de maio e a maior parte dos jornalistas ainda não chegou à sede do Sport Clube Operário de Cem Soldos (SCOCS). Não tardam a chegar e quando o fazem vêm ruborizados, de máquina fotográfica em punho. Acabaram de fazer a visita à aldeia tomarense, percorreram as ruas onde, de 12 a 15 de agosto, o Bons Sons recebe mais de três dezenas de milhar de visitantes. Nas ruas a calma é palavra de ordem, tal como em qualquer aldeia. A igreja que se vê ao fundo da rua, da porta da sede do SCOCS é, naquele momento, “apenas” um local de comunhão da aldeia, religiosa, leia-se. A praça que alberga o palco Lopes Graça está como é habitual, plácida. Mas sempre pronta para as cores do Bons Sons. Notam-se-lhe os tremores de quem só tem que esperar mais três meses para abraçar a multidão sorridente. Os jornalistas começam a chegar à sede do SCOCS, um edifício de tectos altos com recantos mais acolhedores, um deles recebe a apresentação da edição 2016 do Bons Sons. A sala está mais cheia do que em 2015. Há mais objectivas, mais olhos, mais canetas e blocos de folhas. Mas também há menos faces ruborizadas e mais rostos familiares. Não é por acaso que o Bons Sons, embaixador de um projecto maior do SCOCS (já lá vamos) consegue apelar ao fascínio da imprensa nacional. A maior parte dos que ali estão já percorreram outras vezes aquelas ruas, sentiram o pulso à sua dinâmica, conheceram as avós e aproveitaram para fazer uma pausa nas suas rotinas diárias para dizer boa tarde a quem passa ou sorrir para as casas abertas e rostos curiosos de três quartos de século em média, em premonição do que se vai passar em agosto.

A equipa do SCOCS é jovem, simpática, acolhedora e crente em si e naquilo em que acredita. Acima de tudo, apostam na sua terra, na sua comunidade e, declaradamente, querem ser exemplo. E aqui não há nada de egocêntrico ou narcisista. “Somos um aldeia que acredita, e que porque acredita faz”, diz a certa altura Luís Ferreira, presidente do SCOCS e operário graduado de Cem Soldos nestas coisas da cultura. Este ano a apresentação do Bons Sons é uma passadeira vermelha para o que está por detrás. E é muito. A edição de 2016 encerra maior sentimento de festejo, são dez anos de música portuguesa e o culminar de um período em que por Cem Soldos, pequena aldeia no concelho de Tomar, passaram os maiores nomes da música portuguesa. Desde então serviu de rampa de lançamento para projectos hoje bem conhecidos do público português. “É bom ter casa cheia”, diz-nos Luís Ferreira sentado numa ponta do palco vazio, encimado por uma tela onde passarão vídeos sobre o projecto de Cem Soldos. Os jornalistas são servidos com Mouchão, uma bebida típica do concelho, fresca e muito agradável. Na ponta do palco, Ferreira explica que este ano propõe “uma conversa algo diferente, focando-nos numa acção, algo que é muito importante, mas vamos fazer muitas reflexões, sobre o legado para a música mas também para a aldeia e para o espaço rural”, avisa convicto. “Somos o Bons Sons e muito mais que um festival”, atira. “Há um Cem Soldos que nos é muito difícil de comunicar”, contextualiza depois. E é verdade. Não há como esconder. Tal como qualquer bom operário, o trabalho do SCOCS passa muitas vezes despercebido mas os resultados surgem quando menos se espera. E vão surgir cada vez mais. Se tal não acontecer apenas acontecerá por mesquinhez política e

Luís Ferreira apresenta o projecto de Cem Soldos

FLAK, fundador dos Rádio Macau esteve na apresentação com Diego Armés

O Bons Sons não é propriamente uma árvore do dinheiro mas é o motor para muitas ramificações culturais e mudanças na aldeia e nas suas gentes. pequenez nacional. É aqui que este texto passa de jornalístico a opinativo. Numa região arregimentada ao modus operandi das tre-

vas criativas, focada na luta pela sobrevivência perante Lisboa e dando a mão aos criativos quando politicamente lhe(s) convém, há uma pequena aldeia que cria e que sonha. Mais, sonha e executa, com convicção. “A diferença quando trabalhamos para e com as pessoas”, atira a certa altura Luís Ferreira. “O Bons sons é um projecto que coloca a cultura como

Cada vez mais jornalistas marcam presença na promoção do Bons Sons

base de desenvolvimento, coloca a cultura no centro ou na base do desenvolvimento”. E só isto já serve para diferenciar o projecto de Cem Soldos. Mas esta abordagem tem os seus obstáculos quando plasmado no mundo dos números. “Não podemos avaliar os projectos apenas pelos números ou contrariaremos exactamente aquilo que julgamos que devemos fazer”, responde. O Bons Sons não é propriamente uma árvore do dinheiro mas é o motor para muitas ramificações culturais e mudanças na aldeia e nas suas gentes.

Os números que contam, por agora, são estes: seis edições, 192 concertos, 173 mil visitantes, uma aldeia cultura. O SCOCS apoia desde os serviços de saúde da aldeia aos projectos de requalificação urbanística da mesma. “Educação, turismo, Envelhecimento, Desporto, Urbanismo e cultura são os pilares de um projecto maior. “Há dois anos a escola em Cem Soldos corria o risco de acabar”, contou Luís Ferreira, mas no ano lectivo de 16/17 trabalhou-se no “desenho do projecto Pedagógico” para a aldeia. A aposta passa pelo ensino moderno, um outro modo de formar as crianças. No caso, um ensino que forme cidadãos atentos e sensíveis ao mundo que os rodeia, começando pela sua aldeia. “Pensar como crescemos na aldeia. Uma aldeia sem uma escola não é uma aldeia.” E pensar que o Bons Sons poucos apoios consegue granjear na região… Bons Sons 16

Sobem aos oito palcos do Bons Sons vários nomes nacionais: Best Youth, Sensible Soccers, Da Chick, Jorge Palma, Carminho, D'Alva, Branko, Deolinda, Vera Mantero, Tiago Pereira, André Barros e ainda DJ Lilocox, Niagara, Puto Márcio, Os Tunos, entre outros. entre os dias 12 e 15 de agosto, em Cem Soldos, no concelho de Tomar. 8 palcos, 50 nomes da música portuguesa e 4 dias de festival.―


CULTURA 019

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ABRANTES

Marca d’ Água

O melhor da minha rua?

Festa em tons de centenário

Alves Jana Filósofo

Os The Gift e Luís Represas (em baixo) marcam presença nas festas da cidade

TEXTO NA

De 9 a 14 de Junho Abrantes está em festa com uma programação diversa direcionada para diferentes públicos com diferentes interesses, no ano em que a cidade celebra o centenário. Como vem sendo habitual os espetáculos musicais decorrem em diferentes locais, proporcionando animação por todo o centro histórico da cidade. Dia 9 destaque para a Orquestra Ligeira do Exército na Praça Barão da Batalha, dia 10 conta com o localmente famoso Carlos Catarino no Jardim da República e momento alto com os The Gift às 22h na Praça Barão da Batalha, às 22h 30 na Praça Raimundo Soares é a vez de Hotplay (tributo aos Coldplay) subirem ao palco. No dia 11 destaque para os Azeitonas às 22h na Praça Barão Batalha, Fel e Filarmónica

Elétrica Livre às 23h30 na Praça Raimundo Soares e DJ Mossy à 01:00 na Praça D. Francisco de Almeida. No dia 12 atuam David Antunes & The Midnight Band às 22h na Praça Barão da Batalha, às 23.30 os abrantinos Kwantta atuam na Praça Raimundo Soares. No dia 13 o projeto Vozes de Abrantes faz-se ouvir, o concerto aqui apresentado constitui-se integralmente como um tributo a Abrantes e conta com uma participação especial de artistas abrantinos e uma dinâmica multimédia, através de fotografias e ví-

deos. No último dia de festa, dia 14 realizam-se as cerimónias comemorativas do Dia da Cidade, com início às 11h nos Paços do Concelho. Às 16h realiza-se no Cineteatro São Pedro a cerimónia oficial do dia da Cidade. Encerram as festas com um concerto de Marisa Liz e Luís Represas às 22h no Castelo de Abrantes. As festividades contam com as tradicionais tasquinhas e a feira de artesanato de Abrantes, patente no largo João de Deus, na Rua Avelar Machado e no Largo Ramiro Guedes.―

ALCANENA

Ateliê de Artes do CEAC em exposição TEXTO NA

Está patente desde dia 5 de junho na Galeria Maria Lucília Moita, na Casa da Cultura, em Alcanena, a inauguração da exposição do Ateliê de Artes de Vila Nova da Barquinha. Os trabalhos desenvol-

vidos no Centro de Estudos de Arte Contemporânea de

Vila Nova da Barquinha em diversos ateliês vão desde a pintura, ao desenho, à fotografia e vídeo. Esta exposição estará patente ao público, na Galeria Maria Lucília Moita, até dia 24 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9:00h às 12:30h e das 14:00 às 17:30h.―

Não há qualquer razão para um concelho, ou uma região, se fechar em si mesmo e não importar do exterior bens culturais – pessoas e obras – que venham fecundar o que se faz dentro. Fecundar não é apenas ser espectáculo que corre como chuvada intensa para o mar… do esquecimento. Fecundar é transformar, é produzir vida. Não há nenhuma boa razão para não apostarmos nos criadores locais. Como não há cultura portuguesa sem criadores culturais portugueses e em Portugal, também não há verdadeira cultura local ou regional sem criadores culturais em acção nesse local. Por exemplo no nosso concelho e na nossa região. Há que apostar nos nossos criadores. Apoiar os que existem – e há muitas formas de apoio já testadas – estimular os potenciais criadores e semear a criatividade cultural nas novas gerações. E uma das formas de o fazer é multiplicar as interacções entre os criadores locais. E entre os locais e os grandes criadores de fora, outra razão para não ficarmos fechados. O contrário disto tudo é ficarmos encasulados sobre uma ou outra figura local, já consagrada localmente, como se, pobrezinhos mas honrados, ficássemos satisfeitos com o que temos. Isso não é cultura, vida, criação. É bolor, decadência, morte lenta. Outra das apostas tem de ser na qualificação dos atores culturais que temos. A grande revolução nas artes plásticas portuguesas ficou a dever-se às bolsas concedidas pela Fundação Gulbenkian a artistas portugueses para que fossem ver e aprender lá fora. O mesmo tem de ser feito a nível local e regional se não quisermos perder o pé no mar agitado da criação que nos envolve. E não creio errar se disser que neste domínio está (quase?) tudo por fazer entre nós. Quem apostou em quem? Outra das apostas terá de ser na “exportação” dos nossos criadores e das suas obras. Por várias razões, por exemplo para os valorizar e potenciar. Um escritor que é “bom” por ser o melhor da sua rua ou do

seu concelho, não é o mesmo que por ser testado e reconhecido a nível nacional, se não mesmo internacional. E não é grande atrevimento afirmar que alguns dos nossos criadores são competentes para se afirmarem num contexto nacional e em certos contextos internacionais, apesar de nunca terem tido oportunidade de sair da sua pequena terra. Quem perde? Todos nós. E também eles, é claro. Não é difícil concluir que ao nível cultural está (quase) tudo por fazer. Até porque o

“Há que apostar nos nossos criadores. Apoiar os que existem – e há muitas formas de apoio já testadas – estimular os potenciais criadores e semear a criatividade cultural nas novas gerações. E uma das formas de o fazer é multiplicar as interacções entre os criadores locais.” mais importante não é o que está feito, é o que falta fazer. Não que sejamos um deserto cultural, nem no que respeita ao passado, nem no que diz respeito ao presente. Mas entre o que há e o que pode haver existe uma distância… a percorrer, a desafiar-nos, a comprometer-nos. Está aí alguém?―


020 CULTURA

JUNHO 2016

NovoAlmourol

A Bem Dizer...

ENTRONCAMENTO

Pomonas Camonianas: celebrar Camões em Constância

Carlão nas festas da cidade António Matias Coelho Historiador. Consultor Cultural amatiascoelho@sapo.pt

Junho é mês de Pomonas em Constância. O que timidamente começou, há mais de 20 anos, transformou-se num dos grandes acontecimentos do calendário de realizações do concelho e da região a meio de cada ano: pelo 10 de Junho, Dia de Camões, Constância traz ao presente a atmosfera quinhentista em que o grande épico viveu e, segundo afirma a ancestral tradição popular, por aqui terá passado. Digo Constância traz e digo-o de propósito e a-propósito: é Constância que faz a festa. São as crianças e os jovens do concelho, dos jardins de infância até ao ensino secundário, enquadrados pelas suas educadoras, professores, funcionários, pais e encarregados de educação, com o apoio do município e de associações locais, que tudo preparam e tudo realizam. As Pomonas Camonianas são, em rigor, feitas com o ouro da casa – dizer prata é pouco porque falamos do melhor que Constância tem. São festas genuínas, autênticas, que emanam do gosto, do trabalho e do empenhamento de centenas de pessoas de todas as idades e do seu profundo afeto a Camões e à relação íntima e singular que Constância tem com ele. A ideia foi apresentada à Câmara Municipal, em 1994, por Manuela de Azevedo – presidente da Associação Casa-Memória de Camões em Constância, camonista e amiga de Constância – e visava apresentar, num ambiente quinhentista evocativo do tempo do épico e sob a invocação de Pomona, a divindade romana protetora dos frutos e dos jardins, uma exposição-venda das flores e dos frutos referidos por Camões na sua obra, da mesma forma que o Jardim-Horto Camoniano, ali ao lado, apresenta em permanência, as plantas que o poeta cantou. Tive o privilégio de participar ativamente nessa primeira edição das Pomonas Camonia-

nas e em muitas outras que se seguiram e sei bem das dificuldades que tiveram de ser vencidas para concretizar a ideia e, por outro lado, do contagiante entusiasmo que a atividade gerou, mobilizando cada vez mais pessoas para uma das mais belas e mais significativas homenagens que se fa-

"As Pomonas Camonianas não são uma festa qualquer: são uma demonstração de afeto a Camões que emana da gente da terra e contribui decisivamente para fortalecer os laços que unem a vila e o concelho de Constância à memória do nosso épico. Nenhuma outra terra de Portugal tem, como Constância tem, este sentimento de tão profunda ligação a Luís de Camões." zem em Portugal a Camões e à língua e literatura portuguesas. Muitas das crianças e dos jovens que vão fazer as Pomonas deste ano – representando figuras da época, clérigos, no-

bres, gente do povo, o próprio Camões, dançando ao jeito renascentista, declamando poesia, apregoando e vendendo nas bancas onde se expõem as flores e os frutos – muitas dessas crianças e jovens são filhos dos primeiros alunos, da então Escola C+S de Constância, que, há cerca de 20 anos, realizaram as primeiras Pomonas e cresceram a ouvir contar aos pais as suas experiências, vividas há tanto tempo, que uns e outros, filhos e pais, vivem de novo agora. É assim que Camões vai entranhando na identidade coletiva. As Pomonas Camonianas não são uma festa qualquer: são uma demonstração de afeto a Camões que emana da gente da terra e contribui decisivamente para fortalecer os laços que unem a vila e o concelho de Constância à memória do nosso épico. Nenhuma outra terra de Portugal tem, como Constância tem, este sentimento de tão profunda ligação a Luís de Camões. Do mesmo modo que nenhuma outra terra de Portugal tem, como Constância tem, os elementos identitários que simbolizam essa relação: o Monumento a Camões, o Jardim-Horto Camoniano e a Casa-Memória de Camões. O que se fez em Constância nas últimas décadas em matéria de consolidação da presença de Camões é uma obra coletiva absolutamente notável. E constitui um património de inestimável valor. Que, se bem avalio, o país não tem valorizado como devia. Nesta edição de junho do Novo Almourol, sendo embora suspeito, tenho de dizer bem das Pomonas Camonianas, deixando aqui o convite a todos, em especial aos que ainda não as conhecem, para as visitarem e viverem Camões numa festa genuína e encantadora. Porque, a bem dizer, as Pomonas Camonianas de Constância são do melhor que se faz no Médio Tejo em termos culturais.―

A energia de Carlão é atração

TEXTO NA

As festas de São João e da Cidade no Entroncamento acontecem de 17 a 25 de Junho, no largo da Câmara. Este ano com destaque para os espetáculos musicais de Santa Maria (dia 17), Carlão (dia 18) e UHF (dia 25). Para além dos nomes referidos, atuam também no Entroncamento os Átoa, Ricardo Rebelo, Gringos, Fun2Rock, Tributo Queen e também diversos DJ´s animarão as noites das festas da cidade. Existirá também um palco 2 dedicado às coletivida-

des, associações e escolas do concelho, onde atuarão entre outros o Coro da Escola Rumo ao Futuro, Escola de Cavaquinhos e Tuna da Universidade Sénior do Entroncamento, espetáculo de Dança pelo Es-passo de dança “the new cats”. No desporto destaque para o XXII Grande Prémio Museu Nacional Ferroviário e III caminhada José Canelo, dia 19 de Junho (domingo) às 10h. Destaca-se também as já conhecidas tasquinhas, o artesanato, exposições, animações de rua e o espaço criança.―

VN BARQUINHA

"Sobre a natureza das coisas" TEXTO NA

De 9 de junho a 28 de agosto, as Galeria do Parque e Galeria St.º António em Vila Nova da Barquinha recebem os trabalhos de Adriana Mestre, Cíntia Louro, João Soares, Leonardo Sousa, Maria Horta e Raquel Leal. A exposição mostra pela quarta vez na Galeria do Parque e este ano em simultâneo com a Galeria Santo António, em Vila Nova da Barquinha, a proposta coletiva do alunos finalistas do curso de Artes Plásticas, Pintura e Intermédia da Escola Superior de Tecnologia

de Tomar/I.P.T., correspondente ao ano letivo de 2015/2016. O conjunto de obras apresentadas demonstra o carácter interdisciplinar e multifacetado através do qual estes jovens artistas transformam o seu pensamento em objetos, imagens e situações, num complexo jogo de aproximações à ideia de natureza e de um conjunto muito alargado de hipóteses de leitura que esta no propõe na sua relação com o meio ambiente natural ou artificial, a vivência dos espaços selvagens ou edificados e a simbologia do natural na experiência do mundo de hoje.―


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Junho M ÚS IC A

T E AT R O/ DA NÇ A

SABER

CINEMA

PAT R I M Ó N I O

E T N O G RA F I A

AR LIVRE

GA ST R O N O M I A

L I T E RAT U RA

Feira do Tejo, VN Barquinha

E X P O S I Ç ÃO

Jazz na Tuna solidário

Arraial Popular Santa Casa

19h30

16h00

18 de junho

Exposição Momentos 3º Festival Gastronómico Coisas d' Ovo

Até 26 de junho 6ª feira ao jantar, sábados e domingos RESTAURANTES E CAFÉS ADERENTES FERREIRA DO ZÊZERE -

Até 28 de agosto O talento e trabalho de António Cotrim são reconhecidos com a publicação de fotografias em inúmeros livros, folhetos, catálogos, sem contar com as variadíssimas edições em jornais e revistas, tanto nacionais como internacionais. A par disso, expôs o seu trabalho em reconhecidas galerias e venceu distintos prémios na área da fotografia. CENTRO CULTURAL GIL VICENTE SARDOAL -

Pomonas Camonianas

9 a 12 de junho CONSTÂNCIA -

XXII Grande Prémio MNF e 3ª Caminhada José Canelo Até 15 de maio 10h00

Inscrições limitadas e decorrem até ao próximo dia 12 de junho. Mais informações: telefone: 249 718 761 ou por e-mail: gpmnf.clac@gmail.com ENTRONCAMENTO -

Exposição "Sobre a natureza das coisas" De 9 de junho a 28 de agosto Ecposição com a proposta coletiva do alunos finalistas do curso de Artes Plásticas, Pintura e Intermédia da Escola Superior de Tecnologia de Tomar/I.P.T., correspondente ao ano letivo de 2015/2016. GALERIA DO PARQUE E GALERIA SANTO ANTÓNIO VILA NOVA DA BARQUINHA -

De 9 a 13 de junho Fel, D'Alva, Orquestra Ligeira do exército, Cais Sodré Funk Connection e Rita Guerra. Gastronomia e animação diversa.

"Um dia pela Vida", Liga Portuguesa contra o Cancro. Concerto de Jazz. Bifanas, grelhados, bebidas, entre outros. CIR- EX-TUNA MOITA DO NORTE VN BARQUINHA -

18 de junho

Música, actividades para crianças, gastronomia alusiva. SANTA CASA DA MISERICÓRDIA VILA NOVA DA BARQUINHA -

3.ª Concentração de Tractores 26 de junho 3.ª Mostra Agrícola e Industrial PERALVA TOMAR -

Festa de Cem Soldos

24 a 26 de junho Arraial e Santos Populares CEM SOLDOS TOMAR -


024 POR AGORA É TUDO

JUNHO 2016

Novo

­Almourol

Título Jornal Novo Almourol Propriedade CIAAR - Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo Diretor Ricardo Alves Chefe de Redação Ricardo Alves Colaboradores Cidália Delgado Opinião Luiz Oosterbeek, António Luís Roldão, Alves Jana, Luís Mota Figueira, Luís Ferreira, Humberto Felício, Carlos Vicente, Miguel Pombeiro, Rita Inácio, António Matias Coelho Edição Gráfica Pérsio Basso e Paulo Passos Fotografia Ricardo Alves Paginação Ricardo Alves Publicidade Novo Almourol Departamento Comercial 249 711 209 - novoalmourol@gmail.com Jornal Mensal do Médio Tejo Registo ERC nº 125154 Impressão FIG Indústrias Gráficas SA Tel. 239 499 922 Fax. 239 499 981 Tiragem Média Mensal 3500 ex. Depósito Legal 367103/13 Redacção e Administração Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo - Largo do Chafariz, 3 - 2260-407 Vila Nova da Barquinha Email ciaar.vnbarquinha@gmail.com / novoalmourol@gmail.com

Editorial

É a economia, estúpido!

Ricardo Alves Diretor

James Carville, estratega da campanha vencedora de Bill Clinton (Estados Unidos da América) em 1992, procurava com a frase que faz de título a este editorial resumir o que guia o povo nos seus votos. Já aqui o havia escrito: a solução governativa atual é um risco que tínhamos de tomar. Seja pela desfragmentação política que causou, seja pelo amadurecimento da nossa democracia. Derradeiramente, precisava o nosso país de uma solução concertada, ideológica, admito, ao saque neoliberal a que fomos sujeitos enquanto país mas igualmente enquanto humanidade. Pergunto se faz sentido caminharmos enquanto espécie como uma amálgama errante orientada pela voz mais estridente. É a economia. Sim, sabemos que a economia guia os nossos anseios e os nossos votos, mas a democracia permite que a ideologia faça pender os esforços económicos para um lado ou para o outro. A voz mais estridente, nunca se engane o leitor, será sempre a do privado, esfomeado por reduzir o estado, que somos nós, ao seu mais ínfimo e mecânico papel. Um dos assuntos mais falados nas últimas semanas foi o dos contratos de associação nas escolas. E o que terá este pormaior que ver com as visões diametrais do mundo? Tudo. Tendo em conta que a educação é a base de todas as democracias, estados, países. Mas aqui, o que salta à vista é o debate salutar que se criou em torno da questão. Se no início a voz estridente dos privados ganhava o concurso de simpatia da opinião pública, uma acção informativa, conjunta, coerente, não ensurdecedora, por parte dos partidos PCP, BE e PS, alteraram os “votos”. Claramente, a mensagem inicial de

Vivemos um momento da história mundial em que o conflito ideológico nunca foi tão estridente e, ao mesmo tempo, tão silencioso. que o governo queria eliminar a escola privada, que queria deixar centenas no desemprego, que queria sei lá o quê, foi sendo diluída. Aqui entra a ideologia. O que este governo de esquerda quer é valorizar a escola pública, os investimentos nela feitos, aumentar a qualidade da sua oferta, respeitar “à risca” o seu propósito constitucionalmente definido. Eu não quero que deixem de existir escolas ou colégios privados, ou qualquer outra instituição privada num sector deficitário do estado. O que não quero é pagar pelo privilégio de alguns, que se regem por regras diferentes das do estado, que se regem pelo lucro mesmo quando a sua existência não se justifica. Como em tudo, quem quiser o privado paga. É o preço. Nada nem ninguém impede alguém de o fazer. O Estado deve assegurar a saúde, a educação, os direitos da nossa espécie. A ideologia reinante traz consequências. Eu prefiro que a crise seja paga com justiça e não olhando para uma folha de excell da mesma forma que se olha para os números da população e se fazem cortes baseados em fórmulas. Vivemos um momento da história mundial em que o conflito ideológico nunca foi tão estridente e tão silencioso ao mesmo tempo. No fim, aposto, é a força do povo, dos povos, que prevalecerá. Assim seja e não nos deixemos enganar pela minoria abastada que nos alimenta a ideia de sermos descartáveis. Não. Somos tudo. E se algum dia decidirmos parar, todo o mundo vai parar. Como já aconteceu. ―


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