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Dra. Luciana Allan
Escola.com Como as novas tecnologias estão transformando a educação na prática
São Paulo, 2015
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Escola.com: como as novas tecnologias estão transformando a educação na prática Copyright © 2015 by Luciana Allan Copyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda.
gerente editorial
gerente de aquisições
Lindsay Gois
Renata de Mello do Vale
editorial
assistente de aquisições
João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda Vitor Donofrio
Acácio Alves
preparação
revisão
Clayton Melo Luis Cláudio Allan Renata de Mello do Vale
Acácio Alves
auxiliar de produção
Emilly Reis
projeto gráfico e capa
Larissa Caldin
colaboração e pesquisa
Clayton Melo Luis Cláudio Allan
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Allan, Luciana Escola.com: como as novas tecnologias estão transformando a educação na prática / Luciana Allan. -- Barueri, SP : Figurati, 2015. 1. Aprendizagem 2. Educação - Finalidades e objetivos 3. Educadores - Brasil 4. Planejamento educacional - Brasil 5. Professores - Formação
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CDD-370.010981
Índice para catálogo sistemático: 1. Educação 370.010981
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
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Hoje quero agradecer!
A cada um de vocês, que partilhou dos meus desafios profissionais e colaborou para que eu conseguisse plantar o desejo nos educadores de rever sua prática profissional, pensar “fora da caixa”, trabalhar com os recursos tecnológicos que têm à disposição em busca de uma nova educação, que encante os alunos e faça com que eles possam ter e perseguir seus sonhos. Aos próprios educadores que se despiram de seus preconceitos e que mergulharam de corpo e alma em novas experiências profissionais. Em especial, agradeço a minha família, que vem acompanhando minha trajetória profissional e me apoiando sempre; à equipe do Instituto Crescer atual e a muitas que já estiveram conosco, partilhando de nossos ideais; aos meus parceiros profissionais, que por meio de suas ideias e investimentos permitiram que nossos projetos se concretizassem; e aos meus orientadores de mestrado, professor Frederic Michael Litto, e doutorado, professora Stela Piconez, que me fizeram refletir com mais profundidade sobre os desafios da Educação. Hoje quero parar e agradecer, porque vocês fizeram e sempre farão parte de minha história!
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Sumário Prefácio 8 Introdução A escola e o sistema brasileiro de educação 14
Capítulo I Da Revolução Industrial à Educação 3.0 30
Capítulo II Escola, mercado de trabalho e os futuros profissionais 48
Capítulo III Quem é, o que pensa e como se comporta a geração digital 642
Capítulo IV
Novos conceitos emergem com a revolução digital 82
Capítulo V Novas metodologias para uma nova educação 102
Capítulo VI A reinvenção do material didático 126
Capítulo VII O perfil do professor da era digital 144
Capítulo VIII Não basta ser gestor, tem de inovar 158
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Este livro não poderia ter aparecido num momento melhor no timeline histórico do desenvolvimento da educação no Brasil. O mais generoso observador do cenário atual da educação brasileira diria que se trata de uma autêntica “Torre de Babel”, na edificação da qual os seus “construtores” exibem uma falta de compreensão de uns em relação aos outros, levando a sucessivas confusões, e, talvez, a uma obra que, por sua temática, nunca seja terminada. Os “trabalhadores” nessa construção são muitos, representando os mais variados pontos de vista: desde estreitos interesses corporativistas, passando pela inércia dos intelectualmente mais preguiçosos, e terminando com aqueles que visam apenas lucros presumidos por seus esforços. As faculdades de educação nas universidades públicas e privadas no país são bastiões de conservadorismo profissional, presas a uma visão ultrapassada do papel da educação formal e não formal, resistentes a mudanças inevitáveis no tocante à preparação de professores
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do ensino básico e superior, aos currículos em uso, à introdução de qualquer elemento tecnológico que, não podendo aprender a usar, querem proibir a novas gerações que a fazem. Os docentes dessas faculdades se juntam com seus pares nos sindicatos de professores (que compartilham as mesmas opiniões retrógradas) no controle sobre a formação do Plano Nacional de Educação – documento que, por sua tendenciosidade e demagogia (prometendo metas que nunca serão cumpridas) engessa, por uma década ou mais, qualquer possibilidade de crescimento inovador, criativo ou sustentável. Uma questão ainda mais séria reside no fato de que essas faculdades, para facilitar seu trabalho, em grande parte admitem jovens cuja preparação para o ensino é totalmente inadequada: escasso acesso à cultura nos lares onde foram criados; ausência nas suas famílias de “modelos” apropriados para seguir; muitas vezes, tendo a televisão como referência, veem como carreiras atraentes apenas as de atletas profissionais ou de apresentadores de TV. O mais inquietante é a falta de leituras amplas em razão da carência de bibliotecas públicas em todo o país. É bem provável que se fossem pressionados numa entrevista, muitos candidatos a uma vaga em uma faculdade de educação admitiriam que escolheram essa carreira “por sentirem-se inadequados para entrar em outra mais exigente”, ou “porque não é difícil ensinar matérias básicas para quem é mais jovem que o professor”. Como poderíamos imaginar que a educação básica no Brasil pode avançar nessa configuração, na qual os protagonistas muitas vezes são privados de cultura? E há aqueles, sem imaginação ou iniciativa, que se encontram em uma rotina de magistério idêntica às aulas que receberam quando eram alunos, e às primeiras aulas que deram como professores, julgando as mudanças didáticas ou curriculares como “interferências” em seu morno território. São os mes10
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mos que confundem a “cátedra” (independência disciplinar) do professor universitário com a natureza do ensino básico, no qual o frutífero entrosamento entre docentes deve ser total. Esses “profissionais-obstáculo”, que não crescem intelectualmente ou cientificamente, por vezes acabam sabotando planos de renovação do ensino. Autoridades oficiais, tanto no nível federal quanto no estadual e municipal, geralmente vivem numa “torre de marfim” da qual emitem normas, pareceres, leis e decretos baseados inteiramente em suas inferências e sem muita pertinência com a realidade na sala de aula, ou com a aprendizagem à distância. Ressalte-se ainda a precariedade quanto ao tipo de preparo cognitivo, bem como de habilidades gerais e específicas esperados pelos empregadores que aguardam os recém-formados “no mercado”. Investidos de oficialidade, esses mandantes justificam suas ações dizendo que realizaram “audiências públicas” para ouvir críticas de vários especialistas, mas a lista de convidados para falar é ideologicamente controlada, a fim de não ter que modificar nada do que já foi planejado por uma questão de descaso, desinteresse, ignorância e reacionismo no que se refere a inovações. Inúmeras “fundações” em prol da educação foram criadas nos últimos anos supostamente para ajudar a avançar a educação no país. Cabe lembrar: embora sejam financeiramente independentes de qualquer outra instituição, as pesquisas que realizam e os documentos que emitem não demonstram o vigor de espírito crítico que seus congêneres no exterior revelaram no passado sobre as “realidades” de seus sistemas educacionais. Entre seus posicionamentos, revela-se igualmente sério o fato de ignorarem, de maneira soberba, as pequenas “conquistas” alcançadas nas décadas precedentes às suas fundações por grupos de Prefácio
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pesquisa e desenvolvimento na aprendizagem em todo o Brasil. Elas dão a ideia de que um “novo capítulo” da educação brasileira começou com seu aparecimento num cenário muito hostil. No entanto, ainda estamos aguardando a evidência segura do impacto positivo de suas ações. A crescente complexidade para gerenciar os grandes sistemas de educação pública, com seus milhões de alunos e centenas de milhares de professores, tem atraído empresas comerciais para oferecer seus serviços de administração. Algumas restringem suas atividades apenas aos aspectos burocráticos, financeiros e ao gerenciamento de recursos humanos, mas outras vão mais longe, apresentando “soluções” pedagógicas/didáticas completas, com verdadeiros “enxovais” para os professores, incluindo softwares, powerpoints e links para sites próprios, visando enriquecer a aprendizagem dos alunos, além de oferecer livros de suas editoras. A presença dessas organizações no meio das secretarias estaduais e municipais de educação tem provocado protestos por parte de sindicatos de professores que não admitem a substituição de velhas e ineficientes práticas administrativas por novas maneiras, mais modernas e sensatas, de governar grandes entidades educacionais. Em suma, o que falta ao Brasil no momento é um norte, uma direção clara, dentro das possibilidades reais de um país que intenciona unificar numa visão coerente, harmoniosa e integrada os setores de educação básica, média e superior. Daí, a importância da obra de Luciana Allan nesse contexto. Sua apresentação precisa e sucinta das principais ideias que circulam na educação do mundo hoje permite que o leitor mergulhe na massa de informação valiosa oferecida, selecionando variados segmentos para apurar outros estudos, assuntos com o qual mais se identifica. Sem exibir nenhuma evidência de ser politicamente incorreta [tarefa sutilmente deixada para o autor des12
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te Prefácio], ela criou um guia com interessantes indicadores educacionais muito úteis nesses tempos de dificuldades para a Educação. E por essa contribuição, a comunidade acadêmica agradece.
Fredric M. Litto Professor Emérito, Universidade de São Paulo Presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância-ABED
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A escola e o sistema brasileiro de educação “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.” (Paulo Freire)
Após uma aula muito desmotivadora, formamos um grupo de colegas e resolvemos começar a entender a educação e a escola hoje em dia. Pensamos então em realizar um trabalho sobre o assunto e apresentá-lo na feira cultural realizada no colégio. Começamos a pesquisar para ficarmos mais informados. Encontramos vários artigos, vídeos, documentários, mas um, em particular, chamou muito nossa atenção – “Pelo fim da sala de aula”, da Dra. Luciana Allan. O conteúdo era muito bom e descrevia bem a realidade da educação atual. Resolvemos entrar em contato com a autora para que pudesse nos ajudar a fazer o trabalho. Conseguimos o contato e mandamos o e-mail. Ela nos respondeu prontamente, aceitando a proposta de nos ajudar. Alguns dias depois recebemos um convite inesperado de visitar o Instituto Crescer, do qual ela é diretora, para fazermos uma reunião. Fomos recebidos pela Luciana e apresentamos o que pretendíamos com nosso trabalho. Então, resolvemos fazer
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uma pesquisa para avaliar a satisfação da sociedade (alunos, professores, pais e ex-alunos) sobre a educação brasileira. Os resultados foram interessantes e alguns bem surpreendentes. Confiram os principais:
Desmotivação dos professores Os resultados da pesquisa mostraram que 34,2% dos professores estão desmotivados. Percebe-se pelas respostas que amam o que fazem, mas alguns aspectos os deixam desmotivados. Entre os mais citados estão baixos salários, péssimas condições de trabalho e o desinteresse dos alunos. Ao serem perguntados sobre como classificariam sua rotina, a maioria respondeu negativamente, destacando-se um deles, que resumiu como “doentia”. Motivação para dar aula: Totalmente motivado
Totalmente desmotivado
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O professor não deve ser o único detentor do saber Os dados da pesquisa mostram também que 96,6% dos professores acreditam que eles não devem ser os únicos detentores 16
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do conhecimento, embora esta seja a situação mais comum no dia a dia da sala de aula, o que se reflete no descontentamento por parte dos alunos – 86,5% deles querem ter mais autonomia para escolher o que e como estudar, e 90% querem realizar atividades de aprendizagem fora da sala de aula, um dado que nos mostra o quão chato deve ser para um aluno passar uma manhã inteira sentado em uma carteira escolar. Acreditam que o professor deve ser o único detentor do saber:
3%
Sim
97%
Não
Passar no vestibular não é o foco Ao menos é o que 100% dos pais e professores responderam para o que, na visão deles, a escola deveria capacitar o aluno. Entre os professores, 31,6% respondeu como principal objetivo da escola “ser um bom cidadão”. A maioria dos pais (55%) e boa parte dos alunos (33,1%) acreditam que a escola deva principalmente desenvolver o aluno intelectualmente. O que mais impressiona é que, entre 225 professores e pais, nenhum respondeu “passar no vestibular” e somente 12% dos alunos colocaram o vestibular como principal foco. Introdução
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