Homem de ferro: vírus

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A Hidra vive. A Hidra cresce. Sua cabeça foi cortada, mas outra cresce em seu lugar, mais forte e melhor do que a última. Eu sou essa cabeça. Eu sou seu guia. Vou recriar vocês à minha imagem, a imagem à qual a Hidra sem‑ pre aspirou. Juntos, seremos o colosso de muitas cabeças que finalmente alcançará os objetivos que aqueles líderes mais fracos visualizaram. Eles não conseguiram levar suas visões a cabo; nós conseguiremos. A Hidra con‑ seguirá. Um novo tempo começou, nascido do fogo e das cinzas do fim do antigo. Uma nova Hidra ergue­‑se, resoluta e indomável, graças ao corte das cabeças mais fracas, que por tanto tempo os desencaminharam. Agora, vamos nos erguer para reivindicar o que é nosso, reivindicar à força o que por tanto tempo foi visado, mas falho devido à fraqueza. Vocês são a Hidra! Eu sou a Hidra! Nós somos a Hidra!

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uma história do universo marvel

alex irvine marvel.com

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rus SĂŁo Paulo, 2015

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Iron Man: Virus Published by Marvel Worldwide, Inc., a subsidiary of Marvel Entertainment, LLC.

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gerente editorial Lindsay Gois editorial João Paulo Putini Nair Ferraz Vitor Donofrio

gerente de aquisições Renata de Mello do Vale assistente de aquisições Acácio Alves auxiliar de produção Luís Pereira

tradução Caio Pereira

revisão Samuel Vidilli

preparação Jonathan Busato Paulo Ferro Junior

capa Equipe Novo Século

diagramação Equipe Novo Século

ilustração de capa Will Conrad

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Irvine, Alex Homem de Ferro: Vírus Alex Irvine; [tradução Caio Pereira]. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015. Título original: Iron Man: virus 1. Ficção norte­‑americana I. Título. 15­‑01928

cdd­‑813

Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura norte­‑americana 813

novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455­‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699­‑7107 | Fax: (11) 3699­‑7323 www.novoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br

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Pelas janelas reluzentes

de uma limusine similar a qualquer ou‑ tra das dez mil limusines que apinhavam as rodovias de Long Island, Madame Hidra observava a paisagem que passava e pensava sobre o novo dia que estava para nascer para a Hidra. À sua frente, Arnim Zola estava perdido em seus pensamentos… ou, até onde ela sabia, nos dela. Ela o aceitara com a mistura de ambição e trepidação que se sen‑ te quando se lida com uma arma perigosa. Ele tinha muito a oferecer à Hidra, especialmente devido à perda de tantos durante o último episódio infeliz com Tony Stark e a S.H.I.E.L.D.; entretanto, estava relutante em admitir que a Hidra – ou seja, que ela – precisasse dessa monstruosidade saltadora de corpos, que emergia do ardiloso anonimato somente quan‑ do sentia que tinha algo a ganhar. Madame Hidra não desejava ser al‑ guém de quem se ganhavam coisas. – Este é um novo tempo para a Hidra – disse Zola. Madame Hidra olhou para ele, tendo que desviar o olhar para baixo. Ela o conhecia havia anos, mas ainda olhava, por reflexo, para onde deveria estar o rosto dele, sempre que ele falava. Deitar olhos na caixa de Percepção Extrassensorial era muito inquietante. Como teria sido esse corpo quando ainda perten‑ cia a um homem? Era possível ver que tinha sido forte, robusto. Ombros largos, tronco cheio, bem desenvolvido a ponto da tela de televisão aco‑ plada na frente do peito de Zola não deformar os contornos do corpo. Que eram belos… até que o olhar chegasse à cabeça. Ou, mais precisa‑ mente, onde devia haver uma. Em vez disso, via­‑se um aparato retangu‑ lar de metal brilhante, ancorado aos ombros por uma coluna de aço que se conectava – ela supunha – à espinha dorsal. Uma antena brotava do topo da caixa. A caixa de PES recebia e decifrava qualquer sinal eletro‑ magnético, de ondas neurais a transmissões de micro­‑ondas, e com ela Zola podia emitir seus próprios sinais. Madame Hidra conhecera muitos homens que afirmavam ter a habilidade de controlar mentes. Mas nunca havia visto alguém fazer isso como Zola. Nem sabia, inclusive, se ele estava manipulando os pensamentos dela naquele exato momento. Na tela do peito, o rosto de Zola estava sorridente.

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– Um novo tempo – ele repetiu. – Vamos dar passos grandiosos juntos. – A Hidra já deu muitos passos grandiosos – Madame Hidra retrucou com frieza. Zola inclinou a cabeça. – Minhas profundas desculpas se a ofendi. Não foi minha intenção. Sou uma criatura de ambição, sabe? Olho para o futuro. É difícil para mim, às vezes, lembrar que, ao olhar para o futuro, não devemos ignorar as realizações do passado. A limusine passou pelo portão que levava à Avenida da Chegada – nome deveras floreado –, que circundava os terminais do aeroporto. – Espero que você retorne de Washington a tempo de ver as mais recentes criações – disse Zola. – E eu espero que você aguarde minha volta para colocar nossas no‑ vas iniciativas em ação. A limusine parou. Madame Hidra esperou que o motorista abrisse a porta. Ela saiu para a calçada, ciente das pessoas que se viravam para olhar. Vestida de preto e esmeralda, possuía o tipo de aparência que fa‑ zia as pessoas pensarem que se tratava de uma atriz cujo nome não lhes vinha à mente. Era uma ilusão útil e inofensiva, que oferecia vantagem tanto para os enganados como para a enganadora. De dentro do automóvel, Zola disse: – Todos nós, às vezes, devemos esconder nossa verdadeira natureza do mundo. Madame Hidra suspirou. – Estou muito ciente de suas habilidades, Monsieur Zola, e acho essa sua necessidade de demonstrá­‑las constantemente bastante cansativa. – Mil perdões – ela ouviu, de dentro da limusine. Então, o motorista fechou a porta e Madame Hidra seguiu para o terminal, acompanhada por um funcionário que carregava sua única mala. Deu­‑lhe uma gorje‑ ta de cem dólares e em seguida mostrou suas credenciais diplomáticas da Latvéria para um dos seguranças. Uma vez sentada na ponte­‑aérea para Washington, DC, ponderou sobre as palavras de Zola. O que es‑ taria escondendo dela? Foi ele quem sugeriu que ela viajasse num voo 10

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regular. A S.H.I.E.L.D. andava monitorando aviões particulares de modo mais intenso. Talvez fosse mesmo boa ideia. As pessoas que ela estava para encontrar preferiam chamar o mínimo de atenção possível. Eram da Hidra, assim como ela. Muitas pessoas, algumas escondidas, outras simplesmente disfarçadas. Zola, ela supunha, também era da Hidra. Não o apreciava, mas sua presença era necessária. Assim que ele tivesse cumprido com sua função, ela pretendia cortar­‑lhe a cabeça e ver se algo cresceria no lugar. Até lá, sim. Verdadeiras naturezas deviam manter­‑se escondidas do mundo.

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Petição Provisória para Patente TÍTULO Sistema de armamento de disparo de pulso, acoplado. DESCRIÇÃO Um sistema de geração e disparo para a produção de estouros concentrados de energia cinética que ganham força conforme viajam, adquirindo potência devido ao deslocamento de ar. Pensado para uso em conjunção com armadura pessoal como as patentes [editado], [editado] e [editado], das Indústrias Stark. A capacidade aper‑ feiçoada de projetar pulsos é um multiplicador de força crucial quando em campo de batalha; a tecnologia possui também aplicações industriais, como mineração, sistemas de propulsão e construção/demolição. ARGUMENTO Aperfeiçoa e amplia inovações tecnológicas prévias nas patentes [editado], [edi‑ tado] e [editado] das Indústrias Stark. Melhoramentos específicos incluem: maior energia cinética por unidade de poder gerado, refinamento no disparo e nas len‑ tes para reduzir a necessidade de sistemas de resfriamento no ponto de geração. Esses aperfeiçoamentos aumentam a utilidade da tecnologia de disparo de pulso em aplicações que demandam portabilidade e facilidade de uso, incluindo as áreas de controle de civis e combates de infantaria leve. STATUS DE SEGURANÇA Projeto conduzido sob os auspícios dos acordos firmados entre as Indústrias Stark e o Departamento de Defesa, a S.H.I.E.L.D. e outras agências governamentais defini‑ das pelo decreto [editado], o decreto [editado] e a resolução [editado]. A tecnologia é propriedade das Indústrias Stark, mas será totalmente compartilhada com todas as entidades elegíveis. A tecnologia é secreta e não será licenciada até a revogação do tempo de sigilo. Ao longo da via expressa de Long Island, a caminho do novo laboratório, Tony Stark recebeu uma ligação de Nick Fury. – Atender – ele disse ao telefone, e depois cumprimentou Nick. – Sargento – disse. – Como vai a guerra? 15

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– Engraçadinho – Fury retrucou. – Aonde você vai? Estou recebendo recados de senadores preocupados achando que você não vai entregar certos itens de interesse do governo dos Estados Unidos. – Poupe­‑me da dor de barriga dos senadores. Tony observava os arredores pelos vidros filmados, à prova de balas, enquanto seu motorista descia uma rampa de acesso à estrada que levava ao laboratório. Sentia­‑se mais animado para voltar ao trabalho do que estivera em meses. – Talvez eu te poupe da próxima rodada de contratos também – Fury resmungou. Tony riu. – Nick, por favor. Acho que as Indústrias Stark conseguem sobrevi‑ ver sem receber esmolas do governo. – Não, não se o DOD analisar tudo o que você já fez com as esmolas do governo. E só pra ser claro, não se trata de ameaça direta, mas ouvi isso sendo discutido numa reunião de comitê ontem à tarde. – A única coisa que vai acontecer é que meus advogados vão ficar ainda mais ricos – disse Tony. – Muitos dos senadores são advogados – disse Fury. – Lembre­‑se disso. Tony suspirou. Quantas vezes já conduzira esse mesmo joguinho com Fury, com a S.H.I.E.L.D., com assessores dos senadores e dos escri‑ tórios do Departamento de Defesa? – Quer saber? Venha até o novo laboratório. Vou lhe mostrar no que estou trabalhando, depois você pode voltar ao Congresso e dizer àqueles chorões que seu suprimento de produtos das Indústrias Stark vai conti‑ nuar sem interrupções. Talvez eles só não recebam aquilo que achavam que receberiam. O carro parou em um portão. Os sistemas reconheceram o carro, mas o guarda da cabine fez contato visual, segundo o protocolo de per‑ missão de Tony. Este piscou para o rapaz, e o portão foi aberto. – Esperava que dissesse isso – disse Nick, no ouvido de Tony. – Deixe o portão aberto; estamos logo atrás de você.

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•••• Tony estava um pouquinho furioso ao levar Nick e Rhodey para co‑ nhecer o Laboratório de Interface em Tempo Real das Indústrias Stark. Espertão, pensou ele. Fury tem sempre que jogar esse joguinho pra me mos‑ trar quem manda de verdade. Estava triste consigo mesmo também. Foi mancada de alguém não ter notado Fury e Rhodey na cola dele a cami‑ nho do portão do complexo, e Tony estava disposto a assumir a culpa. Visualizou esquemas para um sistema de câmeras ligado por satélite que identificaria todo carro nas redondezas. Seria fácil identificar a quem per‑ tencia cada carro, e onde estivera. A ideia cabia perfeitamente no Projeto de Controle Imediato, motivo pelo qual ele construíra o laboratório novo, na verdade. Controle imediato. Adorava repetir as palavras em sua mente. Também adorava a ideia de que, de qualquer lugar, ele poderia se conectar imediatamente e con‑ trolar qualquer aplicativo ligado às Indústrias Stark – através da central da armadura do Homem de Ferro. A última querela com a Hidra fizera Tony se lembrar de quão importantes eram os sistemas de comando e controle. Ele sempre soube disso teoricamente, mas o Homem de Ferro sempre fora capaz de vestir a armadura e detonar tudo, resolvendo todos os problemas. E se ele pudesse acrescentar sistemas de controle de inter‑ face múltipla, em tempo real, que empregassem mais aplicativos do que somente a armadura? Primeiro o mais importante, Tony disse a si mesmo. Existem muitos obstáculos técnicos para superar nas novas neurointerfaces. Ele deu meia­‑volta, pondo um fim proposital à sua irritação; deu um tapinha nos ombros de Rhodey e Fury e ergueu os braços feito um ho‑ mem de negócios, apresentando as reluzentes novas instalações. – Não aceitei nem um centavo de isenção de impostos aqui, des‑ de que a questão das parcerias público­‑privadas foi mencionada. Agora deixe­‑me explicar do que se trata. O prédio principal do laboratório era em formato de L, com uma área de testes exterior acoplada ao canto interno do L. A perna mais curta 17

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era ocupada por laboratórios menores e mais simples, para a confecção dos componentes individuais do sistema de neurointerface. A perna mais longa era um único piso de produção e testes, cobrindo quase 150 me‑ tros ao longo da margem de um lago que delineava o limite ao norte da propriedade. – Gastei cem milhões de dólares neste laboratório – Tony disse, com certo orgulho –, e levamos dez semanas para passar das fundações ao funcionamento on­‑line. Toma essa, governo. – Muito engraçado – disse Rhodey. – Tem mais alguma piadinha pra contar, ou podemos passar para o que você anda fazendo aqui de fato? – Sou cheio das piadas, Rhodey, meu chapa – disse Tony. Ele deixou que um painel conectado a uma porta de ferro deslizante examinasse sua retina. Quando ela se abriu, ele acrescentou: – Mas vou mantê­‑las guar‑ dadas por ora. Entraram na área de testes. Sob um teto de doze metros de altura, a instalação era dividida verticalmente em duas áreas. À esquerda, uma fileira de mesas de trabalho e miniestruturas de montagem. À direita – que ficava ao lado da área de testes exterior –, um corredor comprido e aberto, permeado aos intervalos por conjuntos de sensores e instrumen‑ tos feitos para medir de tudo, desde o fluxo laminar até a consistência química do suor do ocupante da armadura. – Tenho uma estrutura completa de montagem lá embaixo, em ou‑ tro espaço vazio – disse Tony, apontando para um conjunto de elevado‑ res localizados na metade da parede à esquerda. – Componentes aqui em cima, montagem lá embaixo, testes aqui e lá fora. Não vão acreditar nos resultados que já estou tendo. – Acreditaríamos, se você nos contasse – disse Rhodey. Nick Fury as‑ similava as instalações com seu típico olhar calculista e reservado. Cedo ou tarde, pensou Tony, ele vai me dizer o que acha. Sinto que, mesmo que ele tente ser legal, por mais estranho que isso soe, não vou gostar do que ele tem a dizer. – Estou falando em termos de história – disse Tony, e continuou, encobrindo um murmúrio grave de Fury. – Quando a guerra era somente dois caras com espadas, não importava o que acontecia ao redor deles. Tudo o que precisavam saber era o que o outro cara estava fazendo. Daí, 18

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quanto mais avanços tecnológicos são envolvidos na guerra, mais você precisa saber, e de uma só vez, numa área ampla, pra terminar o serviço. Na Segunda Guerra Mundial, você tinha que sincronizar o radar, o rádio, as comunicações visuais. Se não fizesse isso, e a artilharia entrasse na hora errada ou os bombardeiros atirassem no lugar errado do mapa, você tinha um “Market Garden” em vez de um “Dia D”.* Tempo. Você tem que diminuir o tempo que leva pra tomar decisões de comando, usando um número grande de itens espalhados sobre uma grande área. Ele os levou até uma tela plana de dois metros de altura, acima de uma mesa de trabalho, perto da porta. Ela mostrava um conjunto de equações e histogramas. – Então – Tony prosseguiu –, e se você pudesse construir um sistema de batalha independente que soubesse tudo de todo fator que influen‑ ciasse nas circunstâncias do combate? E se pudesse não somente saber tudo sobre esses fatores, mas exercitar controle imediato sobre cada apli‑ cativo a mão? Essa é a ideia. Está muito distante ainda, mas tenho feito um progresso interessante. – Não preciso citar o velho ditado sobre planos que sobrevivem ao contato com o inimigo, preciso? – Rhodey perguntou. – Não. Tem razão. Mas e se os planos pudessem ser refeitos ime‑ diatamente, repito, imediatamente, conforme o contato com o inimigo evolui? – Aqui entra o complexo de Deus, Tony – Fury observou. – Ninguém pode parar o tempo, e sistema nenhum pode lidar com tantos itens dife‑ rentes de uma só vez em tempo real. – Ainda não – disse Tony. – Mas se você der uma olhada nisso aqui… Fury o interrompeu: – Tony. Você já tentou isso, lembra? Fazer essa coisa de ciborgue com a armadura? Quanto tempo levou pra consertar seu sistema nervoso?

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Market Garden e Dia D são os nomes de duas operações realizadas na Segunda Guerra Mundial. (N.T.)

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– Nick, estou disposto a admitir por livre e espontânea vontade que aquela não foi uma boa ideia, considerando­‑se quão pouco eu sabia sobre o que estava fazendo na época. Mas agora, com a tecnologia que desen‑ volvo neste laboratório, estou descobrindo como posso diminuir o atraso entre minha resposta nervosa e a ação correspondente na armadura qua‑ se a zero, como permite a velocidade da luz. Esse é o primeiro passo em direção ao controle imediato. Totalmente exterior, por ora. – Por ora? – disse Rhodey. Essa parte pareceu ter chamado a atenção de Fury também. – Nunca digam nunca, cavalheiros – disse Tony. – Só porque já tive uma experiência negativa com interfaces neuromusculares não quer di‑ zer que são uma má ideia, em princípio. Mas não vou me transformar num ciborgue. Não se preocupem. – Transforme­‑se no que quiser, Tony, contanto que continue entre‑ gando o que assinou contratos pra entregar – disse Fury. – Fica frio, Nick Fury da S.H.I.E.L.D. – Tony sorriu. – A ligação entre as Indústrias Stark e seus melhores clientes jamais será desfeita. Mas, por trás do sorriso, ele os queria longe dali. Queria mergulhar dentro do laboratório, cercar­‑se de medidores de força de tensão, políme‑ ros experimentais, canais de comunicação em nanoescala de alto volume. Controle imediato. Com verdadeiro controle imediato, não importaria o lugar do mun‑ do em que estivesse; ele seria capaz de controlar a armadura como se estivesse dentro dela, e comandar um bando de drones ou infantaria me‑ cânica, ou mesmo satélites como se fossem um cardume de peixes, todos disparados na mesma direção de uma só vez, sem receber ordem ou indi‑ cação visível. Ele estaria em todo lugar e ao mesmo tempo, independente de onde estivesse realmente. E quando desligasse tudo, voltaria à tran‑ quilidade de seus estudos. Sem ninguém por perto. Quanto mais apren‑ dia sobre o potencial inerente à ideia, mais gostava dessa parte. Ação à distância, e ninguém lá para incomodá­‑lo quando terminasse. Esse seria o passo seguinte no controle imediato. O passo final. – Então, senhores, se não há mais o que dizer… – Ele começou a ca‑ minhar de volta à porta. – Não consigo fazer nada com vocês por perto 20

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– disse, quando chegaram ao lado de fora, como se estivesse brincando, mas notando um tom irritadiço na própria voz. – Se é isso que anda fazendo quando não estamos por perto – disse Rhodey –, vamos fazer mais visitas. Fury foi ainda mais duro. – Você tem obrigações, Tony. Quando não cumpre, as pessoas ficam em perigo. – Ele começou a se afastar, e Rhodey o seguiu. – Hora de pen‑ sar em alguém além de si mesmo, sr. Stark – Fury acrescentou, sem olhar para trás. Um lampejo no céu chamou a atenção de todos. Tony viu tudo de uma só vez: a bola de fogo negra, a trilha de fumaça que ia dela até a terra, o brilho da luz solar no metal que caía. Uma colisão entre aviões, perto de Islip. O rumor da explosão os alcançou quando estavam parados e vendo tudo do estacionamento. Rhodey já havia sacado o telefone quando os ecos cessaram na atmosfera. Tony viu a fumaça se espalhando para o sul, acima do aeroporto. Perguntou­‑se se estavam perto o bastante para ouvir sirenes, e pensou em quantas pessoas deviam haver naquelas duas aeronaves. A voz de Rhodey, baixa e autoritária, foi o único som ouvido no estacionamento, até que Tony virou­‑se para Nick Fury e disse: – Controle imediato, sargento. Se aqueles aviões ou mesmo a torre tivessem controle imediato, não teríamos visto essa cena. Agora me diga quem está pensando só em si mesmo.

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