Pantera Negra: quem é o Pantera Negra?

Page 1




pantera negra Quem ĂŠ o pantera negra?


uma histĂłria do universo marvel

jesse j. holland adaptado da graphic novel de reginald hudlin & john romita jr.

Š 2018 marvel


São Paulo, 2018


Black Panther: Who is the Black Panther?

© 2018 marvel

Equipe Novo Século editorial Jacob Paes João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda Renata de Mello do Vale Vitor Donofrio tradução Caio Pereira p. gráfico, capa e diagramação Vitor Donofrio revisão Isabela Leite

ilustração de capa Todd Nauck Rachelle Rosenberg ilustrações internas John Romita Jr. Klaus Janson design original Jay Bowen Salena Johnson

Equipe Marvel Worldwide, Inc. vp, produção & projetos especiais Jeff Youngquist editora­‑associada Sarah Brunstad editora­‑assistente Caitlin O’Connell gerente, publicações licenciadas Jeff Reingold svp print, vendas & marketing David Gabriel editor­‑chefe C.B. Cebulski presidente Dan Buckley diretor de arte Joe Quesada produtor executivo Alan Fine

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 1o de janeiro de 2009.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Holland, Jesse J. Pantera Negra: Quem é o Pantera Negra? Jesse J. Holland [tradução de Caio Pereira]. Barueri, SP: Novo Século Editora, 2018. Título original: Black Panther: Who is the Black Panther? 1. Literatura norte­‑americana 2. Super­‑heróis – Ficção 3. Super­‑vilões – Ficção 4. Pantera Negra (personagens fictícios) i. Título ii. Hudlin, Reginald iii. Romita Jr., John iv. Pereira, Caio 18­‑0377 Índice para catálogo sistemático: 1. Literatura norte­‑americana 813

cdd­‑813

Nenhuma similaridade entre nomes, personagens, pessoas e/ou instituições presentes nesta publicação são intencionais. Qualquer similaridade que possa existir é mera coincidência.

novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455­‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699­‑7107 | Fax: (11) 3699­‑7323 www.gruponovoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br


Para Carol, Rita e Jamie. O melhor ainda estå por vir‌



1



Um trio de robustos veículos pretos percorria uma estrada de terra. O vento do fim do outono arrancava as folhas das árvores que balança‑ vam, espalhando‑as na estrada, fazendo tons de amarelo e laranja con‑ trastarem vivamente com as nuvens acinzentadas que cruzavam o céu numa grande espiral. Os carros levantavam uma nuvem de poeira atrás de si ao cruzar a so‑ litária estrada do estado da Virgínia. A não ser por um ocasional olhar de curiosidade de uma ou outra vaca, os carros estavam sozinhos, totalmen‑ te removidos de seu ambiente nos confins do interior. Depois de escalar uns dois morros e manobrar para desviar dos buracos da pista, os dois utilitários fizeram, cada um por vez, uma curva brusca para uma abertu‑ ra entre as árvores, onde a via parecia mais duas trincheiras infinitas na grama, e foram açoitados nas laterais pelos galhos das árvores, até que entraram numa clareira onde havia uma casinha em ruínas. Diminuindo bastante a velocidade, seguiram pela trilha de grama, dando a volta na casa, em direção a um imenso celeiro antigo, e lentamente cruzaram as portas abertas da entrada. Protegido do céu pela copa de imensos carvalhos, o celeiro pintado de marrom e verde camuflava‑se perfeitamente a seus arredores… não fosse o satélite escondido debaixo de uma cornija no teto, mais ao fundo, e as câmeras de vigilância disfarçadas nos galhos mais altos e por todo o perímetro. Dentro do celeiro, os carros foram estacionados. Trios de homens de terno escuro desembarcaram, e logo avistaram os conjuntos de monito‑ res de alta tecnologia pendurados por toda a estrutura, em todos os seus níveis. Ao redor deles, no térreo, no que deviam ter sido baias de cavalo, estavam homens de macacão, uns loiros, outros ruivos, montando e ma‑ nipulando rifles, Ak‑47s e outras armas. Nos fundos do celeiro ficava um campo de tiro improvisado onde ou‑ tros homens, de jeans e camiseta, disparavam balas sem parar em mane‑ quins de cor escura. Um dos passageiros de terno preto acenou para os colegas e foi lentamente até um dos homens que atiravam. Alto, de barba ruiva e rala, com o corpo tremendo de tantos tiros que dava no manequim, arrancando dele a cabeça e os ombros. Embora usasse roupas de gosto um 11


tanto peculiar – jeans rasgados, camiseta suada declarando “O sul vai se le‑ vantar de novo” e uma bandana da Confederação na testa, para o suor não chegar aos olhos espertos que brilhavam com assustadora intensidade. O homem de terno preto levou isso em conta enquanto ajeitava sua gravata Armani. Felizmente, no ramo das armas, esse tipo de homem não costumava pechinchar. Quando o clipe finalmente esvaziou‑se, o trafican‑ te cutucou o homem no ombro. – Carson Willabie III? Willabie virou‑se lentamente e avaliou o outro de cima a baixo antes de falar. – Pode ser. E você é…? – Um cara que não tem tempo pra brincadeira, sr. Willabie. Se estiver com o meu dinheiro, estou com o seu pedido. Willabie abriu um sorriso enigmático, balançando um pedaço de feno na boca. – A gente sempre tem tempo pra brincadeira, sr. Blackthorne. Blackthorne resmungou, e tossiu quando o cheiro rançoso de suor e pólvora invadiu seu corpo. Respirando pela boca, ele respondeu: – Encontre outra pessoa pra brincar, então. Não quero ter que ficar aqui mais do que preciso. Me dá o meu dinheiro, pega a sua mercadoria no meu carro, e me deixa voltar pra cidade. Willabie riu, e entregou ainda mais o sotaque sulista quando tornou a falar. – Esses vigaristas metidos da cidade ficam incomodados quando veem um homem de verdade, né? Ficam aí falando de melhorar o país, mas quando chega a hora de fazer o trabalho sujo, fazem tudo que podem pra abrir caminho para os homens de verdade. Enquanto Willabie dizia isso, a agitada atividade do celeiro foi ces‑ sando. Os homens foram se aproximando de seu líder, que ficou mais ani‑ mado e agressivo durante a fala. Pequenos flocos de baba grudaram em sua barba desalinhada, e os braços, ele os agitava para todo lado. – Nós somos os americanos de verdade! E vamos tomar nosso país de volta desses estrangeiros e imigrantes! Ninguém vai montar um templo pra eles no meu país enquanto a gente puder impedir, não é, pessoal? 12


Os aplausos e urros esparsos dos homens incentivaram Willabie a erguer os braços como se fosse um lutador comemorando a vitória. Blackthorne parecia apenas muito entediado. Willabie exultou nesse con‑ tentamento por uns segundos, depois acenou para uma baia separada que parecia ter sido convertida em escritório improvisado, e saiu andando, seguido por Blackthorne, que continuava calado. Willabie sentou‑se atrás de uma mesa antiga e meteu a bota em cima da superfície imunda. – Por favor, sr. Blackthorne, feche a porta pra termos um pouco de privacidade pra conduzir nossas questões financeiras. Blackthorne hesitou perante a porta por um segundo, encucado com a situação. Tirou do bolso um ponto eletrônico, ajustou‑o no ouvido e falou no microfone. – Se eu não sair em quinze minutos, passem para o plano Ômega 5. Varredura total. Mantenham silêncio no rádio até eu voltar. – Não confia em mim, hein? – riu‑se Willabie, propelindo uma bola enorme de cuspe no piso sujo. – Só mantendo mais opções em aberto – disse Blackthorne. O homem fechou a porta e tirou o rádio do ouvido. O silêncio reinou na sala por alguns segundos. Willabie levantou‑se lentamente, deu a volta na mesa e foi encarar Blackthorne, que firmou os pés no chão e curvou os lábios num sorriso. Os dois então caíram na risada e se abraçaram. – Johnnyzinho – disse Willabie, dando leves tapas nas costas do amigo. – Que bom te ver pessoalmente de novo. Como vai o mercado de armas? Blackthorne riu. – Tão bem quanto o trabalho do agente secreto, Car. Tem falado com o pai ultimamente? Willabie bufou. – Aquele velho pateta? A última vez em que ele se dignou a falar com o filho mais novo ainda dava uma de Tio Patinhas na cena social de Fort Lauderdale. – Erguendo a mão, ele se sentou na cadeira. – E, antes que você pergunte, sim, a gente continua fora do testamento. 13


– Droga. – Blackthorne puxou uma cadeira magrela do canto e a levou até a mesa. – Estava torcendo pra que ele já estivesse demente agora e tivesse esquecido que nos deserdou. – Estamos sem sorte. E por nossa própria conta por um pouco mais de tempo. Trouxe as coisas? – Trouxe. Foi um pouco complicado, mas nosso contato belga ro‑ lou. Consegui umas metralhadoras, uns lançadores de granada e umas Brownings do mercado cinza. Tudo barato, mas com boa margem de lucro na hora da revenda. Seu pessoal está pronto? Willabie recostou‑se na cadeira, mordiscando a palha. – Aqueles idiotas? Estão mais prontos do que nunca. Tudo o que te‑ nho que fazer é comentar que os brancos estão perdendo na América, e eles ficam prontos pra fazer qualquer bobagem que eu puder inventar. E dessa vez vai ser uma beleza… Blackthorne riu. – Enfim. Só leve todos pro shopping e cause um fuzuê. Eu cuido de tudo a partir daí. Precisamos deixar as pessoas bravas… E, nossa, se isso não der certo, não sei o que poderia dar. – Fica tranquilo. Vou agitar o pessoal, deixar todo mundo pronto. – Lembre‑se de não ficar por lá, hein? Caso as coisas saiam do contro‑ le. – Willabie riu‑se mais uma vez. – Pode acreditar: quando eu terminar, vão implorar que eu fique pra conduzir a luta pela glória. É só misturar um pouco de orgulho racial com muita discórdia e você já tem um exército pronto, velho. – Ele soltou um suspiro e deu uma fungada nas roupas. – Agora tenho que voltar pro personagem. Só queria não ter que ficar tão… perfumado neste trabalho. Coloca de volta a sua cara de agente secreto e vamos em frente.

14



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.