Jorge Lemos
São Thomé Das Letras aS visões de eric leriner Talentos da Literatura Brasileira
, 2015
São Thomé das Letras - as visões de Eric Leriner Copyright © 2015 by Jorge Lemos Copyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda. gerente editorial
gerente de aquisições
Lindsay Gois
Renata de Mello do Vale
editorial
assistente de aquisições
João Paulo Putini Nair Ferraz Rebeca Lacerda Vitor Donofrio
Acácio Alves
produção editorial
Revisão Lívia First Tamires Cianci. Siquvia First
SSegovia Editorial Preparação Paulo Franco diagramação
auxiliar de produção
Luís Pereira
capa
Dimitry Uzielxxx
Vanúcia Santos (AS Edições) Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Lemos, Jorge São Thomé das Letras - as visões de Eric Leriner / Jorge Lemos. Barueri, SP : Novo Século Editora, 2015. (Coleção talentos da literatura brasileira) I. Ficção brasileira I. Título. II. Série. 15-06051
CDD-869.3
Índice para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura brasileira 869.3
novo século editora ltda. Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – Brasil Tel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323 www.novoseculo.com.br | atendimento@novoseculo.com.br
DEDICATÓRIA
DEDICO ESTE livro aos meus filhos Fábio e Rafael, e aos netos e netas – luzes que iluminam as sombras de meu caminho.
AGRADECIMENTOS
AGRADEÇO a dedicação de M.I.D., parceira fiel, leitora e revisora crítica de meus escritos...
Prólogo
Numa noite abafada, com o salão do velório apinhado de pes-
soas sussurrando, um grupo de evangélicos aproximou-se do caixão. Alguém disse algumas palavras, e foi dado início a um cântico doloroso. Meia hora depois do pequeno culto, os católicos agruparam-se em torno do morto; uma beata, com o rosário entre os dedos, olhando para as coroas de flores com fitas de mensagens, começou a rezar o pai-nosso. Após algumas palavras, calava-se para que os demais o terminassem, e assim foi também com a ave-maria... Ao fundo, sentados num banco de madeira, sob a sombra densa da morte, estavam um jovem e eu. O rapaz, como se quisesse passar o tempo sem deixar se abater pelas chamas trêmulas das velas em volta do ataúde, começou a falar quase cochichando sobre a possibilidade de conhecer outros mundos por meio da mente. Fingindo que estava atento – ao que me parecia delírio –, fiquei ouvindo as palavras fazerem degraus e desmoronarem devagar. Não estava sendo ruim escutar alguma coisa, mesmo que bizarra, naquele momento pesado e de difícil aceitação. 9
Depois de o monólogo estender-se em tom baixo por longos minutos, percebi que o rapaz falava de alguma coisa diferente: viagens por meio da “imaginação independente”... Sem perceber, eu tinha ficado interessado. Foi então que lhe pedi para repetir. A partir desse encontro, nossas conversas tornaram-se necessárias – um hábito entre amigos. Descobrimos que morávamos na mesma rua e não sabíamos. Ele conseguia falar pelos cotovelos, porém, quando era para escrever, sentia dificuldade; por esse motivo, não tinha escrito nada sobre suas experiências. Sendo um assunto, no mínimo, curioso, achei que não poderia ficar só entre mim, ele e uma meia dúzia de pessoas. Propus-me a escrever sua aventura, e, assim, para satisfação dele e minha, o caso foi sendo anotado conforme se falava. Às vezes, ele encontrava dificuldades para lembrar-se de detalhes importantes, mas, depois de um silêncio, a minúcia escurecida pelo esquecimento vinha à tona clara e legível. Ao fim de algumas semanas, o acontecimento havia sido repetido para mim algumas vezes e, assim, começamos a preencher espaços que ficavam vazios... Com a ajuda do advogado, Dr. Otávio Gomes, simpatizante do caso Eric, e a consulta a um diário encontrado no local de um incêndio estranho, os fatos foram se encaixando e a história pôde ser entendida com clareza. As viagens de Eric a outros mundos talvez ainda não possam ser confirmadas com detalhes científicos, porém, se alguma coisa não pode ser provada, não significa que não tenha acontecido, pois sempre é possível existir uma luz mais clara atrás da parede que limita o nosso desconhecimento. Sinto-me como se uma porta mística se abrisse para mostrar o mundo de Eric ilustrado pelo diário de Sabrina – manuscrito que 10
revelou situações macabras e aflições de uma mulher que morava com o representante do mal, Josef Chibaba. Esse homem, sem que ele próprio soubesse, teria sido expulso de Nop, um lugar onde a noite nunca chega... Travestido de humano, encontrava-se ou ainda se encontra entre nós. Esta é uma história vivida por um estudante de Física que deixara a faculdade no terceiro ano. Experiências cruéis e belas fizeram parte de suas viagens construídas pela “imaginação livre” – livre porque, depois de zerar todo o contato com a realidade, por intermédio de relaxamento, sua imaginação tornava-se senhora de si mesma e o arrastava para outros mundos. Os mistérios de suas viagens gravitam nas grutas e na energia mística de São Thomé das Letras, cidade nascida nos milagres de uma montanha de pedras no sul de Minas Gerais, onde adormecem, desde sempre, mundos ocultos capazes de revelar-nos a beleza do todo...
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“Eu vi um novo céu e uma nova terra...” Apocalipse 21: 1-2
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O Diário
Alguns minutos depois da meia-noite do dia 16 de janeiro,
um morador da Vila Brasilândia, São Paulo, entrou apressado no plantão do 45º Distrito Policial. De pijama e com os olhos arregalados, passara sem cumprimentar os policiais na antessala. – A casa pegou fogo com gente dentro... Acho que já queimou tudo! O senhor precisa ir lá. – Você está a pé? – perguntou o policial, recompondo-se para sair. – Estou... – Então, você vai com a gente na viatura... Dez minutos depois a polícia chegava ao local em que acontecera o fato. Os vizinhos estavam perfilados na rua a uns vinte metros, desenhados por luzes e sombras das chamas que lambiam o imóvel de baixo a cima. Os olhares assombrados, acompanhados de silêncio, esperavam que alguém lhes explicasse por que uma chama tinha ido para o céu sem se apagar. 15
A água do carro dos bombeiros passou a produzir o esperado: as chamas começaram a ser aspiradas pelas cinzas molhadas e, em menos de uma hora, os escombros destacaram-se. Seguiu-se uma quietude escoltada por fios de fumaça saindo com o vapor – uma névoa morna afastava-se e deixava o negrume molhado e ainda aquecido. Os curiosos permaneciam calados e obstinados em saber o que estava debaixo dos escombros e o que teria saído pelo telhado protegido por auras multicoloridas e se enfiado na abóbada celeste... – Gente, o incêndio acabou! – alertou o policial. Continuaram silenciosos, acotovelando-se com os olhos fixos no amontoado de vigas, telhas e pedaços de parede. Os olhares, agora mais sedentos, continuavam querendo saber o que aconteceu além do incêndio. Uma mulher saiu do grupo e se aproximou do policial. – Vou contar como aconteceu... – Ótimo! – disse o policial. – Tem gente morta aí debaixo! – falou, apontando para os destroços. – Eu estava olhando da janela da minha casa e vi o clarão dentro da casa deles... O homem que morava aí batia muito na esposa... – O que a senhora viu aqui, nesta noite? – foi interrompida. – Acho que passava da meia-noite, vi lá dentro uma faísca, tipo relâmpago! Depois a claridade foi aumentando e veio uma explosão. – Pode ter sido o bujão de gás – opinou um bombeiro. – Falaram que os moradores estavam dentro da casa quando começou o incêndio. A senhora viu alguém dentro da casa? – É isso que estou tentando falar! Tinha gente lá, sim... Deu para ver as pessoas andando no meio do fogaréu. A explosão jo16
gou o telhado para cima e do buraco saiu uma tocha, uma garrafa enorme. – A mulher fez um desenho impreciso no ar e continuou. – A tocha arrombou o telhado e subiu até desaparecer no céu. O diabo pôs fogo na casa deles, fugiu e levou alguns deles dentro da tocha. É isso que acontece com gente que mexe com as coisas do outro mundo. O morador era macumbeiro... – A senhora irá depor como testemunha... – disse o policial, que foi interrompido por uma mulher que se aproximava com expressão de medo. Uma mulher, com a gravidez visível, aproximou-se agitada e começou a puxar a testemunha pela mão: – Pare de falar, Raimunda. Minhas cólicas estão aumentando. Você fala sem parar. Fica entregando essa gente! Sabe que depois tem a volta. – Já terminei... e não entreguei ninguém – disse com ares de quem havia falado mais do que devia e saiu acompanhando a grávida que massageava o abdômen. Começou-se o trabalho de remoção e as pessoas permaneciam lá. A retroescavadeira, erguendo caibros, paredes e vigas de concreto, levantou um pedaço de parede e debaixo dele havia um cadáver. Com cuidado, tiraram os entulhos que estavam sobre o morto. A pele consumida pelo fogo mostrava o vermelho brilhante dos tecidos, expostos num homem levemente encolhido, com os braços na frente do rosto, como se quisesse se proteger. – Tinha mais gente aí dentro desta casa... – gritou Raimunda, um pouco afastada. – Acho que os outros foram levados pela tocha... Mas não lhe deram ouvidos. Encontraram um cofre no meio das cinzas e, com um pé de cabra, um bombeiro o abriu. Havia um punhal, uma taça e dinheiro, tudo danificado pelo calor. No lugar onde deveria ter sido 17
a sala, havia um par de algemas, um alicate e pedaços de arame carbonizado. Quando estava para sair, o policial viu alguma coisa debaixo de uma pedra de mármore, enfiou a mão e tirou um diário chamuscado. Abriu-o e, sem fixar-se no que estava escrito, fechou-o, colocando-o com outros objetos que foram apreendidos. Os curiosos, insatisfeitos, dispersaram-se, e a polícia não viu e não escutou nada além da rotina da polícia. Dez dias depois do incêndio, o Dr. Otávio Gomes, advogado, foi à delegacia entrevistar um cliente que estava preso. Ao passar em frente à mesa do escrivão, viu uma agenda com a capa escurecida e as extremidades queimadas. – Parece que foi tirada do fogo! – disse o advogado, apontando para a agenda. – Foi encontrada num incêndio – respondeu o escrivão. – Posso dar uma olhada? – perguntou o advogado. – Pode – falou o escrivão, entregando a agenda ao advogado. A primeira página estava um pouco escurecida, mas não prejudicava a leitura do manuscrito. O lado crédulo do Dr. Otávio foi despertado quando viu escrito que Eric Leriner conseguia fazer viagens para outros mundos por meio da imaginação livre. Doutor Otávio era um homem fascinado por assuntos sobrenaturais. Seu apartamento parecia um santuário. Além de símbolos exóticos, possuía muitos livros e vídeos sobre enigmas. Chegava a ficar horas defronte a uma penteadeira, com duas velas acesas na base do espelho e, depois de algum tempo olhando o espelho, conseguia ver suas vidas anteriores... A busca pelo mundo desconhecido acontecia de forma que não afetava a profissão que lhe dava estabilidade financeira. Depois de entrevistar o preso, seu cliente, na carceragem, Dr. Otávio voltou a falar com o escrivão: 18
– Posso ler o inquérito sobre o incêndio? – Pode... O escrivão tirou um volume do meio de uma pilha de inquéritos que estavam sobre sua mesa e entregou ao advogado. – Este já está com o relatório. Vou mandar hoje para o fórum – disse o escrivão. – Só vou dar uma olhada no relatório e lhe devolvo... Nas últimas páginas do processo, o advogado encontrou o relatório: o resumo do que tinha sido apurado sobre o incêndio. O documento explicava que fora visto no piso da sala da casa incendiada um círculo escuro com área aproximada de noventa centímetros; o perímetro da circunferência tinha passado por temperatura altíssima e o chão carbonizado, numa profundidade de quase dez centímetros, transformava-se em poeira ao menor toque; uma tocha teria rompido o telhado e subido para a abóboda celeste sem se apagar – fatos que foram tidos como fantasia das testemunhas. Viram o que queriam ver, fruto da imaginação, dizia o relatório. Mais adiante, o documento esclarecia que, antes de a polícia sair do local, a gestante, que puxara a testemunha Raimunda, foi socorrida por uma viatura e, no trajeto para o hospital, os policiais foram obrigados a parar e fazer o parto. O nascimento da criança acontecera durante uma ventania que chegou a arrastar o veículo por alguns metros. A rajada de vento tinha feito os policiais perderem o controle da situação e a parturiente, entrar em pânico. O relatório afirmava ainda que o estranho episódio não causara dano à saúde do recém-nascido. Segundo comentários, encontravam-se na casa, no começo do incêndio: o marido, a esposa e um vizinho, mas os dois últimos não tinham sido encontrados nos escombros. Ficou esclarecido que o dono da casa, vítima fatal do sinistro, era um criminoso com várias passagens pela polícia. Foi levantada a 19
suspeita de o vizinho, Eric Leriner, ser amante da mulher do delinquente e, em conluio, os dois o teriam assassinado e ateado fogo à casa, mas essa hipótese foi descartada por outras provas. A autópsia constatara lesões internas no morto, atribuídas a um pedaço de viga que o teria atingido durante o incêndio. O laudo da necropsia deu como causa da morte “parada cardiorrespiratória”. Um curto-circuito foi tido como o causador do incêndio, ampliado pela explosão do bujão de gás – “tocha que voara para o céu”. O depoimento da testemunha Raimunda, que afirmara ter visto outras pessoas na casa, um rapaz, duas mulheres e uma criança, foi considerado fantasioso. Com esses dados, a polícia afastou a suspeita de o incêndio ter sido criminoso e o caso foi encerrado. Ao final da leitura do relatório policial, Dr. Otávio notou que as provas da polícia não combinavam com o que estava escrito na agenda escurecida que lera. Naquela noite, o advogado não pôde dormir direito. Seres aterrorizantes fugiam das páginas do relatório policial e se escondiam no diário. Dentro de uma sala coberta com uma lona escura, uma cobra assombrosa estava presa pela própria saliva. Num lugar sinistro, alguma coisa ou alguém se debatia para sair de debaixo dos escombros originados de um desmoronamento. Na manhã seguinte, o advogado requereu à polícia o diário para estudá-lo. O requerimento foi deferido e o Dr. Otávio pegou a agenda com a intenção de não devolvê-la, pois o inquérito sobre o caso havia sido concluído. Quando saía da delegacia, ao lado de seu carro estacionado havia uma mulher com um lenço colorido na cabeça, usando um par de brincos cravejados de pedras. O vestido longo e alguns dentes revestidos de ouro faziam dela uma pessoa pouco comum. Antes que pudesse entrar no carro, ela aproximou-se e pediu para 20
verificar-lhe as mãos. Ele resistiu à investida com um sorriso e abriu a porta do carro. A mulher voltou a insistir: – Esse diário fala de um caso... mas não está completo. Doutor Otávio hesitou por alguns instantes e entrou no carro. Ela apoiou as mãos sobre a porta, abaixou a cabeça e voltou a falar, enquanto ele virava a chave da ignição: – A criança que nasceu no carro da polícia durante a ventania... é a reencarnação do homem que morreu queimado. Chibaba... O advogado virou a chave e resolveu ouvir a mulher, sem sair do carro. “A criança que nasceu na viatura durante a ventania tem a ver com a tocha que arrombou o telhado”, concluiu o advogado. – Doutor – continuou sem tirar a mão da porta –, a grávida que estava no local do incêndio teve o filho incorporado, ainda no ventre, pelo espírito do morto que foi encontrado no meio das cinzas. O rapaz suspeito de ter colocado fogo na casa vai procurar o senhor. Aguarde-o. Ele é inocente. Não foi difícil para o advogado concluir que, se encontrasse a testemunha Raimunda, cujo endereço constava no inquérito, acharia a mulher que dera à luz o menino que fora tomado pelo espírito da vítima fatal, Chibaba. Alguns dias depois, movido pela curiosidade que o deixava desconcentrado para cumprir sua atividade no escritório, Dr. Otávio foi procurar a testemunha. Após algumas dificuldades com a numeração irregular da rua, achou os destroços e se dirigiu à casa em frente. – É aqui que mora Raimunda? – Sou eu mesma... – disse ela. – O que a senhora sabe sobre o incêndio que aconteceu aqui na sua rua? Acho que foi ali! – Doutor Otávio Gomes apontou para os destroços. 21
– Sei muita coisa! Eu estava olhando da minha janela quando começou o incêndio – fez Raimunda, animada por estar sendo ouvida. – A senhora ouviu falar alguma coisa sobre a criança que nasceu no carro da polícia? – O senhor não vai acreditar, mas eu estava no carro na hora em que a criança nasceu. Não chorou. O menino estava no colo do policial... Eu vi os olhos dele! Até me arrepia! – disse Raimunda, passando a mão no braço. – Acendia uma luz vermelha nos olhos quando piscava. Falei para o guarda, mas ele estava afobado por causa da ventania e não me deu atenção. – A senhora sabe onde está morando a mãe dessa criança? – Na rua de cima. Raimunda fez questão de acompanhar o advogado. – Parece que não tem ninguém na casa... – disse o advogado. – Deve ter saído... Ela veio do hospital no mesmo dia. – Ela foi embora daí faz dias... – interveio a vizinha da casa ao lado, sem sair da janela. – Como? Não se despediu de ninguém? – estranhou Raimunda. – Dois homens de terno e de óculos escuros desceram de um carro preto e conversaram com ela. Ela foi embora com a roupa do corpo e levou a criança. – E o marido dela ficou na casa? – perguntou Dr. Otávio. – Ela vivia sozinha – disse a vizinha, antes que Raimunda falasse. – A senhora viu a placa do carro? – Vi o número três no final... Não deu para ver o resto. Doutor Otávio voltou à casa da mãe da criança outras vezes, mas a informação era sempre a mesma: “Ela saiu do bairro dentro de um carro preto e nunca mais foi vista nas redondezas”. Sem 22
conseguir ir além dessa informação, ele comunicou o fato à polícia. Algumas investigações foram feitas, contudo a mulher não foi encontrada e o inquérito sobre o incêndio permaneceu como estava: encerrado.
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