Jornal Cinemateca

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abril 2012

ELEGIA DA VIAGEM – A GRÉCIA DE THEO ANGELOPOULOS | CINEASTAS, DO NOSSO TEMPO | IN MEMORIAM: ERLAND JOSEPHSON, BEN GAZZARA | IMAGEM MUDA – PIONEIROS, CAÇADORES E VANGUARDISTAS | 8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO ERMANNO OLMI | 80 ANOS DO GRUPO TAUROMÁQUICO ‘SECTOR UM’ | CINEMATECA JÚNIOR | MATINÉS DA CINEMATECA O PRIMEIRO SÉCULO DO CINEMA | O QUE QUERO VER | ANTE-ESTREIAS | CINEMA PORTUGUÊS: PRIMEIRAS OBRAS, PRIMEIRAS VEZES | ABRIR OS COFRES | NÃO O LEVARÁS CONTIGO – ECONOMIA E CINEMA | HISTÓRIAS DO CINEMA: DOUCHET / RENOIR


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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CINEMATECA JÚNIOR CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA RUA BARATA SALGUEIRO, 39 1269-059 LISBOA, PORTUGAL TEL. 213 596 200 | FAX. 213 523 180 CINEMATECA@CINEMATECA.PT WWW.CINEMATECA.PT

CICLOS ABRIL 2012 ELEGIA DA VIAGEM – A GRÉCIA DE THEO ANGELOPOULOS CINEASTAS, DO NOSSO TEMPO IN MEMORIAM: ERLAND JOSEPHSON, BEN GAZZARA A IMAGEM MUDA – PIONEIROS, CAÇADORES E VANGUARDISTAS 8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO ERMANNO OLMI 80 ANOS DO GRUPO TAUROMÁQUICO ‘SECTOR UM’

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Em período pós Pascal, a primeira sessão da Júnior é dedicada a uma das figuras religiosas mais veneradas da História: S. Francisco de Assis, patrono dos pobres e dos animais. Rosselllini e Fellini escreveram o argumento de O SANTO DOS POBREZINHOS tendo como referência duas obras do século XIV, I Fioretti e La Vita di Frade Ginebro. Rossellini realizou-o e o resultado foi surpreendente: “filme extremamente elaborado – sem dúvida um dos mais elaborados de Rossellini – é também uma das suas obras mais concisas e despidas. Basta ao espectador, como basta ao realizador, saber ver e admirar” (João Bénard da Costa). É no dia 14, a não perder. A 21, para os mais novinhos, o primeiro filme de animação da trilogia IDADE DO GELO, onde nasceram as simpáticas criaturas de Sid a preguiça faladora, Manny o mamute, Diego o tigre, e o esquilo Scrat. No último sábado do mês vamos apaixonar-nos e dançar com Gene Kelly e Cyd Charisse numa aldeia de sonho em A LENDA DOS BEIJOS PERDIDOS. No mesmo dia, às 11h30, realiza-se o Atelier Família, dedicado ao som, para juniores entre os cinco e os nove anos, e onde se aprenderá a importância dos diversos sons na história de um filme. O atelier requer marcação prévia até 24 de abril para cinemateca.junior@cinemateca.pt só se realizando com o mínimo de dez participantes. De segunda a sexta-feira, a Cinemateca Júnior tem sessões de cinema, ateliers e visitas guiadas à exposição permanente de pré-cinema para escolas. O programa de atividades é consultável em www.cinemateca.pt. Não esqueça: O Cinema voltou aos Restauradores. Venha ao cinema e aproveite, veja, toque e brinque com as magnificas máquinas da exposição permanente.

RUBRICAS REGULARES DE PROGRAMAÇÃO ABRIL 2012 2 9 10 11 12 12 13 13 13

Foto da capa: JEAN RENOIR (foto de Sam Lévin)

AGRADECIMENTOS Miguel Gomes, António da Cunha Telles, António-Pedro Vasconcelos, Pedro Costa, Daniel Blaufuks, José Filipe Costa, Tiago Figueiredo, Susana Nascimento; Luís Urbano (O Som e a Fúria), Fernando Vendrell (David&Golias); Ana Isabel Strindberg, João Matos (Terratreme Filmes); Isabel Chaves (Hora Mágica); Jean Douchet; Paulo Cunha; António Saraiva; Phoebe Economopoulos; Maria Komninos (Tainiothiki Tis Ellados/Greek Film Archive); André S. Labarthe; João Lopes (Guimarães Capital da Cultura 2012); Brigitte Dieu (I.N.A.); Stefano Savio (8 ½ Festa do Cinema Italiano); Elsa Cornevin, Christine Houard (Ministère des Affaires Étrangers, França); Laura Argento (Cineteca Nazionale, Roma); Carmen Accaputo (Cineteca del Comune di Bologna); Fernando Carrilho, João G. Rapazote, Madalena Miranda (Panorama 2012).

FRANCESCO GIULLARE DI DIO

FRANCESCO GIULLARE DI DIO

CINEMATECA JÚNIOR MATINÉS DA CINEMATECA O PRIMEIRO SÉCULO DO CINEMA O QUE QUERO VER ANTE-ESTREIAS CINEMA PORTUGUÊS: PRIMEIRAS OBRAS, PRIMEIRAS VEZES ABRIR OS COFRES NÃO O LEVARÁS CONTIGO – ECONOMIA E CINEMA HISTÓRIAS DO CINEMA: DOUCHET / RENOIR

O Santo dos Pobrezinhos de Roberto Rossellini com Aldo Fabrizi, Arabella Lemaître, Frei Nazario Gerardi, Padre Roberto Sorrentino, Frade Nazareno, Peparuolo e os frades do convento de Maiori e Baronissi Itália, 1950 – 75 min / legendado em português

Episódios da vida de S. Francisco de Assis, numa das mais austeras obras de Roberto Rossellini, que aplica à época da ação as “técnicas” neorrealistas de ROMA, CITTÀ APERTA e PAISÀ. Totalmente filmado em exteriores e só com dois atores profissionais, é uma lição de humildade na forma e no tema, a propósito do patrono dos simples e dos humildes – “é o estilo que também é franciscano” (Rudolf Thome). > Sáb. [14] 15:00 | Salão Foz

ICE AGE

BRIGADOON

A Idade do Gelo de Chris Wedge, Carlos Saldanha

A Lenda dos Beijos Perdidos de Vincente Minnelli com Gene Kelly, Cyd Charisse, Van Johnson, Elaine Stewart, Barry Jones, Hugh Laing

Estados Unidos, 2002 – 81 min / dobrado em português

Um dos mais populares e divertidos filmes de animação recentes, o primeiro de uma série que atinge já o número de três: durante a Idade do Gelo, quatro animais, entre eles um mamute e um tigre “dentes de sabre”, juntam-se num percurso pela sobrevivência e com uma série de incidentes cheios de ação e humor. Acompanhando-os de longe, encontramos o esquilo mais irresistível, e absolutamente louco que se mostra como o “responsável” pelo “fim” da A IDADE DO GELO! > Sáb. [21] 15:00 | Salão Foz

Estados Unidos, 1954 – 108 min / legendado em português

A quintessência do musical, no que é um deslumbrante conto fantástico sobre uma aldeia escocesa que “vive” um dia em cada século e é descoberta por dois caçadores. Um deles, Gene Kelly, encontra ali o amor da sua vida, o que irá permitir um milagre. BRIGADOON contem um dos mais belos bailados a dois no cinema: Gene Kelly e Cyd Charisse em Heather on the Hill. > Sáb. [28] 15:00 | Salão Foz

PROGRAMA SUJEITO A ALTERAÇÕES Preço dos bilhetes: 3,20 Euros Estudantes/Cartão jovem, Reformados e Pensionistas - > 65 anos - 2,15 euros Amigos da Cinemateca/Estudantes de Cinema - 1,35 euros Amigos da Cinemateca / marcação de bilhetes: tel. 213 596 262 Horário da bilheteira: seg./sáb., 14:30 - 15:30 e 18:00 - 22:00 Não há lugares marcados | Bilhetes à venda no próprio dia Informação diária sobre a programação: tel. 213 596 266 Classificação Geral dos Espectáculos: maiores de 12 anos

CINEMATECA JÚNIOR Bilhetes à venda no próprio dia (11:00 - 15:00): Adultos - 3,20 euros Júnior (até 16 anos) - 1,10 euros Ateliers Família: Adultos - 6,00 euros Júnior (até 16 anos) - 2,65 euros Transportes: Metro: Restauradores bus: 36, 44, 91, 709, 711, 732, 745, 759 salão foz, praça dos restauradores 1250-187 lisboa tel. 213 462 157 / 213 476 129 cinemateca.junior@cinemateca.pt

BRIGADOON

Biblioteca, seg./sex., 14:00 - 19:30 Sala 6 X 2, Sala dos Carvalhos e Sala dos Cupidos, seg./sex.,13:30 - 21:30 - entrada gratuita Livraria Babel CINEMATECA, seg./sex., 13:00 - 22:00, sáb., 14:30 - 22:00 Espaço 39 Degraus: Restaurante-Bar, seg./sex., 12:30 - 23:30, sáb., 14:30 - 23:30 Transportes: Metro: Marquês de Pombal, Avenida bus: 36, 44, 91, 709, 711, 732, 745


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ELEGIA DA VIAGEM

– A GRÉCIA DE THEO ANGELOPOULOS Concluímos a viagem elegíaca pelo cinema e a Grécia de Angelopoulos com segundas passagens de quatro dos dez filmes desta retrospetiva vinda de março, lembrando a importância deste autor maior do cinema contemporâneo e simultaneamente evocando o lugar fundador da Grécia. Voltamos a citar as palavras de Theo Angelopoulos (1935-2012) cuja obra sempre se associou umbilicalmente a uma reflexão sobre a realidade social e histórica e a um modo poético de a habitar: “O mundo precisa do cinema agora mais do que nunca.”

O MEGALEXANDROS “Alexandre O Grande” de Theo Angelopoulos com Omero Antonutti, Eva Kotamanidou, Grigoris Evangelatos, Michalis Giannatos Grécia, Itália, 1980 – 210 min / legendado eletronicamente em português

Um filme que reúne os principais motivos do cinema de Angelopoulos e que, ao acompanhar a degeneração de um líder carismático num tirano, aborda os perigos da transformação do poder em despotismo, lançando um olhar crítico sobre as utopias de uma justiça social absoluta. Partindo da história de Alexandre, o cineasta sublinha o facto de que a corrupção que acompanha qualquer forma de poder absoluto destrói a revolução. E, como terá dito Akira Kurosawa, “através da sua lente, Angelopoulos olha para as coisas em silêncio. É o peso desse silêncio e a intensidade da câmara imóvel do realizador que torna ‘Alexandre O Grande’ tão poderoso, que o espectador não consegue retirar os olhos do ecrã”. Leão de Ouro e Prémio da Crítica no Festival de Veneza de 1980. > Seg. [2] 19:30 | Sala Luís de Pina

TAXIDI STA KITHIRA “Viagem a Citera” de Theo Angelopoulos com Manos Katrakis, Giulio Brogi, Mary Chronopoulou, Dionysis Papagiannopoulos Grécia, 1984 – 137 min / legendado eletronicamente em português

“VIAGEM A CITERA” acompanha o regresso de um refugiado político à sua terra natal, depois de muitos anos no exílio na União Soviética. Não pertencendo a lado nenhum, Spyros é um homem sem nacionalidade que vive no passado, um Ulisses que regressa a um lugar que já não reconhece. Uma viagem que é seguida de perto por um realizador que, cansado de temas pueris, quer fazer um filme sobre Spyros. Não se tratando de uma longa-metragem autobiográfica, “VIAGEM A CITERA” espelha a história pessoal de Angelopoulos, que

em criança assistiu ao regresso do seu pai, depois de ter sido dado como morto durante um período político conturbado. Um filme belíssimo onde está bem presente a influência de Antonioni, que se debruça sobre o passado de um país que não se consegue reconciliar com o presente. > Ter. [3] 19:30 | Sala Luís de Pina

O MELISSOKOMOS “O Apicultor” de Theo Angelopoulos com Marcello Mastroianni, Nantia Mourouzi, Serge Reggiani, Jenny Roussea, Dinos Iliopoulos Grécia, 1986 – 120 min / legendado eletronicamente em português

Depois do casamento da filha, Spyros (Marcello Mastroianni), um professor de uma cidade de província, reforma-se, deixa a mulher, e parte numa viagem através da Grécia em direção às suas raízes, levando as suas colmeias. Pelo caminho encontra uma jovem rapariga, que viaja à boleia, e que parece representar uma nova geração sem memória. Sem conseguir viver o presente, traído pelo passado, e descrente no futuro, Spyros encerra-se no silêncio e no isolamento, abandonandose às suas abelhas. A alienação e o desespero concentramse assim nesta personagem que atravessa a Grécia como um sonâmbulo. > Qua. [4] 22:00 | Sala Luís de Pina

TOPIO STIN OMICHLI “Paisagem na Neblina” de Theo Angelopoulos com Michalis Zeke, Tania Palaiologou, Stratos Tzortzoglou, Dimitris Kaberidis Grécia, França, 1988 – 125 min / legendado eletronicamente em português

A viagem de iniciação de dois miúdos que fogem de casa em direção à Alemanha em busca do pai que não conhecem. O pai pródigo, que regressa a casa em muitos dos filmes de Angelopoulos, deixará assim os seus filhos à deriva. Durante a viagem descobrirão o mundo, com o bem e o mal, a verdade e a mentira, o amor e a morte, o silêncio e a palavra, ao mesmo tempo que inventam o seu universo secreto. Como Alexandros contará a Voula: “No início havia o caos...”. Um filme sobre o vazio, o desespero e as fraquezas da sociedade contemporânea, pontuado por referências a outros trabalhos do realizador, que se revela como uma experiência única de cinema. > Qui. [5] 22:00 | Sala Luís de Pina

CINEASTAS, DO NOSSO TEMPO A retrospetiva dedicada aos “Cinéastes / Cinéma, de Notre Temps” aproxima-se da reta final com os retratos de Hsiao-Hsien, Kitano, Akerman, Garrel, Boetticher, Cavalier, Rohmer, Cronenberg, Franju, Tarkovski, Ford & Hitchcock, Rouch, Kaurismaki, Ferrara, Ken Loach, Straub & Huillet, os irmãos Dardenne, Iosseliani, Moullet, Labarthe – retratista tornado retratado –, Jacques Baratier e Nicos Papakatis. Repescamos ainda o título dedicado a Samuel Fuller. O elenco de nomes e referências sinaliza a abrangência e liberdade da coleção, a mais cinéfila, duradoura e improvável das séries, uma série que, iniciada em 1964, resiste e continua. Frequentemente, o programa inclui a apresentação de filmes dos cineastas retratados.

HHH, PORTRAIT DE HOU HSIAO-HSIEN

CHANTAL AKERMAN PAR CHANTAL AKERMAN

de Olivier Assayas com Hou Hsiao-Hsien, Kuo-Fu Chen, Tien-Wen Chu, She Kao, Giang Lin, Du-Che Tu, Nien-Jen Wu

de Chantal Akerman com Chantal Akerman França, 1997 – 64 min / legendado eletronicamente em português

França, 1998 – 91 min / legendado eletronicamente em português

PHILIPPE GARREL, ARTISTE de Jean-Pierre Limosin com Takeshi Kitano, Shiguehiko Hasumi França, 1999 – 68 min / legendado eletronicamente em português

O retrato de Hou Hsiao-Hsien parte da evocação dos lugares da sua infância e do início do seu percurso no cinema, à volta da questão da identidade – é ele um cineasta de Taiwan ou da China? Foi a primeira vez que Assayas experimentou realizar um documentário, fazendo-o para filmar um amigo de longa data e concretizando uma proposta que ele mesmo fez a J. Bazin e Labarthe. Foi o primeiro filme da coleção a estrear em sala. No filme sobre Kitano, Jean-Pierre Limosin, que rodara TOKYO EYES no Japão com ele, filma o realizador-ator em conversa com o filósofo, ensaísta e crítico de cinema Shiguehiko Hasumi. “Limosin não retira qualquer efeito inútil [da proximidade com Kitano]. Faz dela a matéria do filme a ponto de a pouco e pouco o transformar numa espécie de autorretrato de Kitano, não por imitação estilística mas por empatia, como se se metamorfoseasse em intérprete do cineasta, capaz de o levar a expor-se como nunca antes” (Thierry Jousse, Cahiers du Cinéma). > Seg. [2] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

de Françoise Etchegaray com Philippe Garrel França, 1999 – 48 min / legendado eletronicamente em português

A sessão reúne os títulos da coleção dedicados a Chantal Akerman e Philippe Garrel: o filme dedicado a Akerman é um autorretrato assumido, com a cineasta dos dois lados da câmara a utilizar os seus filmes precedentes para realizar um filme sobre o seu próprio trabalho, resguardando uma dimensão de ficção. “A melhor forma de realizar este autorretrato seria a de fazer falar os meus filmes anteriores. Tratá-los como rushes que montasse para criar este novo filme, que seria o meu autorretrato” (Akerman). Françoise Etchegaray, produtora e colaboradora de Rohmer, assina o filme dedicado a Garrel, que via como “um cineasta de extrema esquerda, moderno, sempre na precaridade”, um dos maiores cineastas da sua geração. No decorrer de uma longa entrevista, Garrel fala da sua paixão pelo cinema como uma paixão de que precisa para viver, evocando-se a sua obra continuamente assombrada pelo trágico. > Ter. [3] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

PHILIPPE GARREL

TAKESHI KITANO L’IMPRÉVISIBLE


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BOETTICHER RIDES AGAIN

THE FLY

TOBACCO ROAD

de Claude Ventura, Philippe Garnier com Budd Boetticher, Mary Chelde, Robert Stack, Burt Kennedy

A Mosca de David Cronenberg com Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz, Joy Boushel, Leslie Carlson

de John Ford com Charley Grapewin, Marjorie Rambeau, Gene Tierney

França, 1995 – 60 min / legendado eletronicamente em português

Claude Ventura foi responsável pelas emissões Cinéma, Cinémas (1982-1991) e foi a ele que Labarthe desafiou para realizar o filme sobre Budd Boetticher, uma ideia não concretizada na viagem a Los Angeles de 1965. O encontro deu-se trinta anos mais tarde, na Califórnia, com Ventura e Garnier a confrontarem Boetticher com o facto de ele ser um dos últimos autores vivos do western. “Querem fazer-me passar por cowboy (…). Fiz cinquenta e um filmes entre os quais dez westerns. Dez westerns de um raio! E querem reduzir a minha vida a isso?” (Budd Boetticher). > Ter. [3] 22:00 | Sala Luís de Pina

ALAIN CAVALIER, 7 CHAPITRES, 5 JOURS, 2 PIÈCES DE CUISINE de Jean-Pierre Limosin com Alain Cavalier França, 1996 – 55 min / legendado eletronicamente em português

Minimalista, rodado de modo minimalista em casa de Alain Cavalier, o filme de Jean-Pierre Limosin sobre ele fixa-se nas suas mãos, nos seus objetos, fotografias e quadros devolvendo o retrato de um cineasta depurado, frágil, resistente. Um retrato de rara intimidade sobre um cineasta avesso a esse papel. “Participei neste filme; estou muito contente. Depois deste não faço mais nenhum” (Alain Cavalier). > Qua. [4] 19:30 | Sala Luís de Pina

LE COMBAT DANS L’ILE O Duelo na Ilha de Alain Cavalier com Romy Schneider, Jean-Louis Trintignant, Henri Serre, Diane Lepvrier

Estados Unidos, 1986 – 95 min / legendado em português

Em termos de impacto público, este remake do célebre filme homónimo de Kurt Neumann com Vincent Price (feito em finais de cinquenta) talvez seja, ainda hoje, o momento em que Cronenberg mais acertou na mouche. Habitando docilmente os códigos do horror movie tal qual os anos 80 os redefiniram, THE FLY é um grande filme sobre a “metamorfose”, um encontro de Kafka com Frankenstein, habilidosíssima condensação de um punhado de elementos centrais no núcleo temático do realizador canadiano. Que, de resto, voltaria aos insetos em NAKED LUNCH e SPIDER. > Seg. [9] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Estados Unidos, 1941 – 81 min / legendado em português

Adaptado de um romance de Erskine Caldwell, TOBACCO ROAD foca a inércia de uma família de camponeses brancos e pobres no sul dos Estados Unidos, numa região conhecida como a “estrada do tabaco”, em constante adiamento da possibilidade da sua recuperação económica. Um estudo truculento e irónico dos “pequenos brancos” do Sul, num filme que alguns comentadores vêm como um hipotético reverso de THE GRAPES OF WRATH. Integrada neste programa, a sessão é também uma matiné da Cinemateca. > Qua. [11] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

JOHN FORD ET ALFRED HITCHCOCK, LE LOUP ET L’AGNEAU de André S. Labarthe com John Ford, Alfred Hitchcock

GEORGES FRANJU, LE VISIONAIRE de André S. Labarthe com Georges Franju, Jean-Claude Dauphin

França, 2001 – 52 min / legendado eletronicamente em português

França, 1996 – 49 min / legendado eletronicamente em português

Entre 1964 e 1987, o ano da sua morte, Georges Franju foi filmado por Labarthe em seis diversas vezes. Este filme é montado como uma conversa única ao longo de vinte e três anos. Trata-se de um caso único na história da série, “um filme-puzzle composto por elementos filmados de forma totalmente independente. (…) Adoro este filme em que Franju explica que ‘não é o mistério que cria a angústia mas a angústia que cria o mistério’.” > Seg. [9] 22:00 | Sala Luís de Pina

UNE JOURNÉE D’ANDREI ARSENEVITCH de Chris Marker com Andrei Tarkosvski, Andrei Tarkovski Jr.

O filme anuncia-se como o encontro dos dois maiores cineastas do mundo, em tudo opostos. Montada em 2001, esta versão, “entre inédito e restauro” retoma imagens filmadas em 1965 durante a primeira viagem da equipa dos Cinéastes de Notre Temps a Los Angeles. O filme sobre Ford foi montado e emitido em 1966, de Hitchcock permaneceram as rushes. Nesta versão, em duas partes, retoma-se a entrevista de Ford (deitado na sua cama) depois alinhada com a parte sobre Hitchcock, que analisa duas sequências de NORTH BY NORTHWEST e PSYCHO. “A nossa ideia consistia portanto em associar Ford ao seu contrário: Hitchcock. Graças a este dispositivo, o filme diz muito sobre o cinema americano, claro, mas não só: sobre o cinema tout court também” (Labarthe). > Qua. [11] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

França, 1962 – 97 min / legendado em português

França, 2000 – 55 min / legendado eletronicamente em português

MOSSO-MOSSO (JEAN ROUCH COMME SI…)

Romy Schneider e Jean-Louis Trintignant formam um jovem e belo casal protagonista de uma história de obsessão e repressão, que envolve uma célula comunista, um ato de traição, e uma história amorosa triangular. Produzido por Louis Malle, coescrito com Jean-Paul Rappeneau, com uma belíssima fotografia de Pierre Lhomme (que depois colaborará com Chris Marker, Jean-Pierre Melville ou Bresson), o filme de Cavalier inscreve-se na filmografia da Nouvelle Vague, contemporâneo da guerra da Argélia cujos reflexos são evidentes na ação dramática. Não é exibido na Cinemateca desde 1999. > Qua. [4] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

O retrato de Tarkovski na coleção é de Chris Marker, de quem veio a proposta a partir da rodagem de SACRIFÍCIO, o último filme de Tarkovski. “Estava a inaugurar a minha câmara de vídeo portátil, uma novidade na altura, e fiz uma série de imagens sem projeto preciso, para testar a besta e pelo prazer de conservar momentos de um génio a trabalhar. (…) Quando os primeiros sinais do seu cancro surgiram, e ele teve que trabalhar no seu filme à distância (a montagem decorria em Estocolmo), fez-me saber que gostaria que se conservasse um rasto desta prova na sua vida, e a rodagem, começada ao sol e com boa disposição em Gotland, tinha continuado à medida que o inverno e a doença lhe mudassem a cor. Foi portanto naturalmente que me pediu que registasse a chegada de Andrioucha a Paris” (Chris Marker, 2000). > Ter. [10] 19:30 | Sala Luís de Pina

de Jean-André Fieschi com Jean Rouch, Damouré Zika, Tallou Mouzourane

ÉRIC ROHMER, PREUVES À L’APPUI (1ER ET 2ÈME PARTIES) de André S. Labarthe com Éric Rohmer, Jean Douchet, Arielle Dombasle França, 1994 – 59 min e 58 min / legendado eletronicamente em português

Em 1996, o filme sobre Éric Rohmer (que como cineasta realizara a emissão de 1966 LE CELULLOÏD ET LE MARBRE) por Labarthe com a colaboração de Jean Douchet é um retrato raro de um cineasta esquivo que demorou largos anos a aceitar ser filmado como protagonista da coleção. Foi também, para Labarthe e Janine Bazin, um último episódio consagrado pela série à Nouvelle Vague, neste sentido alinhando com os filmes dedicados a Godard, Truffaut, Rivette e Chabrol. Rohmer impôs condições para ser filmado, mas foi ele próprio a abdicar delas, revelando além dos seus pensamentos e palavras uma série de documentos raros. > Qui. [5] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DAVID CRONENBERG, I HAVE TO MAKE THE WORD BE FLESH

Mosso-Mosso significa “docemente” e a palavra dá o título ao filme de Jean-André Fieschi, filmado entre França e África, seguindo o itinerário habitual de Jean Rouch, o seu protagonista. O retrato compõe-se de três momentos: uma citação do célebre filme de Rouch MOI, UN NOIR; o encontro com Rouch no café parisiense que ele frequentava e em que evoca como regra de vida e de cinema “fazendo como se, estamos muito mais próximos da realidade” (“comme si…”); e uma estadia no Níger onde “o cineasta do cinéma vérité” roda os primeiros planos de um filme imaginário. > Qua. [11] 22:00 | Sala Luís de Pina

ARIEL

ANDREI RUBLIOV

Ariel de Aki Kaurismaki com Turo Pajalla, Susanna Haavisto, Matti Pellonpäa

Andrei Rubliov de Andrei Tarkovski com Anatoli Solonitzine, Irma Raouch, Nikolai Sergueiev

Finlândia, 1988 – 72 min / legendado em português

URSS, 1966 – 185 min / legendado em português

O mais célebre filme de Tarkovski é considerado um dos grandes monumentos da História do cinema. Filme verdadeiramente místico, “biografia da alma” de um monge que pintava ícones no século XV e não queria admitir a ideia que Deus pudesse vingar-se das suas criaturas no dia do Juízo Final. Depois de viver os horrores da guerra, Rubliov faz voto de silêncio até ao dia em que encontra um adolescente extraordinário, capaz de fundir sozinho um gigantesco sino. O filme também é uma parábola sobre a posição do artista num mundo totalitário e por isso foi retido pelas autoridades soviéticas durante mais de dois anos. > Ter. [10] 22:00 | Sala Luís de Pina

de André S. Labarthe com André S. Labarthe, Serge Grünberg

ARIEL é a segunda etapa da chamada “trilogia proletária” de Aki Kaurismaki (a primeira é SOMBRAS NO PARAÍSO, de 1986, e a terceira “A RAPARIGA DA FÁBRICA DE FÓSFOROS”, de 1990). Trata-se da história do filho de um mineiro que se suicidou e acaba preso por um crime que não cometeu. Consegue fugir da cadeia, mas as coisas não se passam como ele previa. A realização é típica do estilo “minimalista” e cool do realizador finlandês, com os seus diálogos lacónicos e o seu domínio absoluto dos aspectos visuais do cinema (fotografia e iluminação), que fizeram dele um dos cineastas mais importantes da sua geração. > Qui. [12] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

AKI KAURISMAKI de Guy Girard com Aki Kaurismaki, Kati Outinen, Elina Salo, Peter von Bagh, Guy Girard

França, 1999 – 68 min / legendado eletronicamente em português

O filme de Labarthe sobre Cronenberg, com Cronenberg e o crítico e autor Serge Grünberg, segue um dispositivo simples – uma longa entrevista com o cineasta canadiano no cenário impessoal de um gabinete onde este e o entrevistador assistem a excertos de filmes de Cronenberg, esgrimindo argumentos em torno da questão da redefinição da monstruosidade, da ciência, da sexualidade. É também um dos mais conseguidos filmes “Cinéma, de Notre Temps”, um retrato que toca a essência cronenberguiana. > Seg. [9] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

França, 2001 – 55 min / legendado eletronicamente em português

O filme sobre Kaurismaki foi filmado entre JUHA (1999) e THE MAN WITHOUT A PAST (2002). Para Guy Girard, era o cineasta que, ao longo de vinte dois filmes ressuscitara o cinema finlandês: “Kaurismaki é um cineasta-artesão. Trabalha no interior de uma economia que mais ou menos gera e onde nada deve ser desperdiçado. É a este preço que salvaguarda a sua independência. A maior parte do tempo, fabrica os seus filmes com materiais que encontra à sua volta. Tudo o que observa, os cenários, as pessoas que encontra e que ama, encontram-se nos seus filmes mais cedo ou mais tarde. Por isso uma balada no universo de Kaurismaki parece uma balada nos filmes de Kaurismaki.” > Qui. [12] 22:30 | Sala Luís de Pina - atenção ao horário -

LA TÊTE CONTRE LES MURS Os Muros do Desespero de Georges Franju com Jean Pierre Mocky, Anouk Aimée, Charles Aznavour França, 1959 – 91 min / legendado em português

BAD LIEUTENANT ANDREI RUBLIOV

Franju realizava curtas-metragens desde os anos 30, mas o facto de ter dirigido a primeira longa em 1959 transportou-o para o campo da Nouvelle Vague. Afinal Franju fora o homem que colaborara com Langlois nos princípios da Cinemateca Francesa, e sabe-se o tamanho da dívida que para com ela tiveram os cineastas franceses que então começavam. Nesta sua adaptação de um romance de Hervé Bazin, Charles Aznavour revela que o seu talento não era apenas a voz, ganhando o prémio de interpretação do cinema francês. > Seg. [9] 19:30 | Sala Luís de Pina

França, 1999 – 73 min / legendado eletronicamente em português

Polícia Sem Lei de Abel Ferrara com Harvey Keitel, Brian McElroy, Frankie Acciarito, Peggy Gormley, Stella Keitel Estados Unidos, 1992 – 96 min / legendado em português

Abel Ferrara, com obras como THE DRILLER KILLER, MS. 45 ou KING OF NEW YORK, foi construindo a imagem de cineasta cool, figura incontornável do cinema underground. Em BAD


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Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema LIEUTENANT, à observação minuciosa do caos amoral dos subúrbios americanos tão característico do seu universo, Ferrara junta aquele que é o expoente máximo da figura do anti-herói, num dos melhores papéis da carreira de Harvey Keitel. Àparte a polémica com as cenas mais explícitas, o mais perturbante reside sobretudo na profunda ligação entre um sentimento de culpa católica e os requintes de uma violência mais implícita do que gráfica. > Sex. [13] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ABEL FERRARA, NOT GUILTY de Rafi Pitts com Abel Ferrara, Nina Kaze, Roberto Oppel, Pamela Tiffin, Victor Argo

com nenhuma outra (uma mulher fala do marido que amou até à morte), o realizador fez com que verdadeiros músicos executassem a música de Bach em som direto, o que era uma novidade absoluta e um exemplo que não foi seguido por muitos. Por isto, “a música de Bach não é um acompanhamento nem um comentário, mas a matéria-prima” do filme. > Seg. [23] 22:00 | Sala Luís de Pina

ROSETTA Rosetta de Luc e Jean-Pierre Dardenne com Emile Dequenne, Frabrizio Ringione, Anne Yernaux Bélgica, França, 1999 – 94 min / legendado em português

Foi o primeiro filme da coleção coproduzido pela Arte. Ferrara aceitou ser retratado depois de ter visto os filmes dedicados a Scorsese e Cassavetes. Seguindo Ferrara, o filme de Pitts é uma deambulação noturna por Nova Iorque. Inclui poucos excertos (de BAD LIEUTENANT e NEW ROSE HOTEL), “é antes um work in progress. Ferrara a trabalhar, na escola da vida, da sua própria vida: o estúdio onde monta um clip (uma lição de cinema) e as suas incursões noturnas” (Antoine de Baecque, 2003). > Sex. [13] 22:30 | Sala Luís de Pina - atenção ao horário -

Um dos filmes que esteve na origem do “escândalo” do palmarés de Cannes 99, quando o júri presidido por David Cronenberg o escolheu para vencedor da Palma de Ouro. Independentemente das discussões sobre a justiça desse prémio, ROSETTA é um bom exemplo do atípico cinema “social” praticado pelos irmãos Dardenne. Há uma “fúria” quase psicopata na personagem de Rosetta (que a câmara persegue como perseguiria um animal selvagem), e isso é suficiente para gerar uma incomodidade que nunca deixa que o filme amoleça ou se transforme na exposição de uma tese. > Ter. [24] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LAND AND FREEDOM

LE HOMME CINÉMA DES FRÈRES DARDENNE

Terra e Liberdade de Ken Loach com Ian Hart, Rosana Pastor, Frederic Pierrot, Tom Gilroy

de Jean-Pierre Limosin com Luc e Jean-Pierre Dardenne

Reino Unido, Espanha, Alemanha, 1995 – 109 min / leg. em português

Os irmãos Dardenne são filmados por Jean-Pierre Limosin no cenário dos subúrbios industriais de Seraing das suas próprias rodagens, discorrendo sobre a experiência dos seus filmes. “No seu filme consagrado aos Dardenne, [Limosin, com a sua pequena câmara] conseguiu captar uma emoção que nenhuma câmara pesada conseguiria (…): a arte de dar conta das relações íntimas entre duas pessoas, no caso entre dois irmãos a trabalhar” (Labarthe). > Ter. [24] 22:00 | Sala Luís de Pina

França, 2003 – 81 min / legendado eletronicamente em português

França, 2006 – 52 min / legendado eletronicamente em português

Narrado num longo flashback, ambientado em 1936, o filme de Ken Loach com argumento de Jim Allen segue a história de David Carr, um trabalhador desempregado e membro do partido comunista britânico que decide combater o fascismo na Guerra Civil Espanhola pelos republicanos, trocando Liverpool pela frente de Aragão e depois Barcelona. Prémio da Crítica em Cannes 1995. Integrada neste programa, a sessão é também uma “matiné da Cinemateca”. Primeira exibição nestas salas. > Sex. [20] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LES FAVORIS DE LA LUNE CITIZEN KEN LOACH de Karim Dridi com Ken Loach, Jim Allen, Robert Carlyle, Paul Laverty, Chrissy Rock, Ricky Tomlinson, os habitantes do porto de Liverpool

Os Favoritos da Lua de Otar Iosseliani com Katja Rupé, Alix de Montaigu, Pascal Aubier, Hans Peter Cióos, Maite Nahyr

França, 1997 – 64 min / legendado eletronicamente em português

França, 1984 – 105 min / legendado em português

Foi o primeiro filme da série filmado com uma câmara de vídeo. Karim Dridi fê-lo para seguir Ken Loach em todas as circunstâncias. Das ruas de Liverpool à Nicarágua, da rodagem do documentário THE FLICKERING FLAME. “Dridi mergulha-nos sem prevenir num universo de conflitos sociais que lembram as imagens míticas de REPRISE de Hervé Le Roux” (Vincent Ostria, Les Inrockuptibles). > Sex. [20] 22:00 | Sala Luís de Pina

Primeira longa-metragem da fase francesa da obra de Iosseliani, OS FAVORITOS DA LUA oferece-se como puzzle burlesco de movimentos de uma série de personagens principais a que não é alheia uma crítica corrosiva dos costumes sociais. Uma espécie de jogo do acaso e encontros acidentais das pessoas mais díspares: vagabundos que fazem explodir uma estátua, um ladrão que “educa” o filho, um serralheiro traído pela mulher, um armeiro. “Desde que vi OS FAVORITOS DA LUA olho com um olhar novo, talvez inquieto, os últimos vinte metros da rua Raymond Losserand: sei que posso encontrar por aí pessoas estranhas. Foi preciso ter percorrido muito Paris e ter amado muito a cidade para fazer OS FAVORITOS DA LUA” (Jean-Pierre Jeancolas, Positif). > Qui. [26] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

OÙ GÎT VOTRE SOURIRE ENFOUÏ? Onde Jaz o Teu Sorriso? de Pedro Costa com Jean-Marie Straub e Danièle Huillet Portugal, França, 2001 – 104 min / legendado em português

OÙ GÎT VOTRE SOURIRE ENFOUÏ?

No momento da montagem da terceira versão de SICILIA! por Jean-Marie Straub e Danièle Huillet, Pedro Costa rodou uma “comédia da remontagem”. Por detrás da sua paciência “au travail”, terna e violenta, os dois cineastas desvelam uma certa ideia do cinema, do seu cinema, do seu casal, e do casal tout court. Costa montou duas versões do filme, uma, mais curta, para ser emitida no “Cinéma, de Notre Temps” e a que vamos ver. > Seg. [23] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

OTAR IOSSELIANI, LE MERLE SIFFLEUR de Julie Bertucelli com Otar Iosseliani França, 2006 – 92 min / legendado eletronicamente em português

No quadro da série é o primeiro filme difundido por Ciné-Cinéma. Julie Bertucelli segue o cineasta georgiano por altura da preparação de JARDINS D’AUTOMNE, dando a ver o seu trabalho de mise-en-scène e partilhando a sua presença, poética, burlesca, bem como as suas dúvidas e melancolia. No Libération, Philippe Azoury chamou-lhe “uma lição magistral de cinema”: “Iosseliani confessa não gostar das rodagens, gostar um pouco da montagem (quanto menos colagens, mais contente se sente), detestar o momento da projeção e descolar à imagem de Tati durante as misturas. Para além disto, tudo aqui pode servir de lição.” > Qui. [26] 22:00 | Sala Luís de Pina

PIERROT LE FOU Pedro, o Louco de Jean-Luc Godard com Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Samuel Fuller França, 1965 – 109 min / legendado em português

CHRONIK DER ANNA MAGDALENA BACH A Pequena Crónica de Anna Magdalena Bach de Jean-Marie Straub com Gustav Leonhardt, Christiane Lang República Federal da Alemanha, 1967-68 – 93 min / leg. em português

Contrariamente ao que muitos pensam, a terceira longa-metragem de Jean-Marie Straub não é baseado em The Little Chronicle of Anna Magdalena Bach, romance de Esther Meynell, que muitos tomam pelo verdadeiro diário da segunda mulher de Bach. Ao filmar uma história de amor que não se parece

Emblema dos anos 60, emblema do cinema moderno, no sentido histórico do termo, PIERROT LE FOU adquiriu há muito tempo o estatuto de clássico. O mais famoso filme de Godard, de “uma beleza sublime” no dizer de Louis Aragon, continua a entusiasmar as novas gerações que o descobrem pela primeira vez. Um homem e uma mulher, Pierrot e Marianne, deixam subitamente Paris e saem pelas estradas de França, “vivendo perigosamente até ao fim”. Amam-se e matam(-se), mas principalmente recusam a civilização tal como o pequeno-burguês a concebe, vivendo o instante e o dia a dia. A fotografia a cores de Raoul Coutard é um verdadeiro compêndio de muitas tendências estéticas dos anos 60 como o é o som recriado por Antoine Bonfanti. Integrado neste programa, a sessão também é uma “matiné da Cinemateca”. > Sex. [27] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SAMUEL FULLER, INDEPENDENT FILMMAKER de André S. Labarthe com Samuel Fuller França, 1967 – 68 min / legendado eletronicamente em português

Samuel Fuller conta uma história americana – a América e o cinema americano – em capítulos, que passam pelo racismo, o comunismo, a violência, o crime, o dinheiro ou a guerra. O título vem da expressão usada por Fuller em PIERROT LE FOU; o filme nasceu de uma entrevista filmada em Paris entre Fuller e Luc Moullet e de uma intuição posterior de Noël Burch. E apresenta-se como “um diccionário, com temas: as ideias de Fuller sobre a política, a música, a estátua da Liberdade, etc.” (Labarthe). > Sex. [27] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

LE SYSTÈME MOULLET de André S. Labarthe com Luc Moullet, Emmanuel Burdeau, Jean Narboni França, 2011 – 60 min / legendado eletronicamente em português

O filme “de” Luc Moullet foi realizado por Labarthe por altura de uma série de entrevistas dadas por este a Emmanuel Burdeau e Jean Narboni, dissertando sobre o seu método de trabalho, as condições de produção dos seus filmes, com a precisão e o sentido de humor que o caracterizam. “O filme não é oficialmente um autorretrato, como no caso de Chantal Akerman, mas Moullet conseguiu servir-se de todos os que se agitavam à sua volta, Emmanuel Bourdeau, Jean Narboni, a equipa técnica e eu mesmo, para obter uma espécie de autorretrato” (Labarthe). > Sex. [27] 22:00 | Sala Luís de Pina

IL ÉTAIT UNE FOIS ANDRÉ S. LABARTHE de Estelle Fredet com André S. Labarthe, Estelle Fredet França, 2009 – 94 min / legendado eletronicamente em português

Foi Estelle Fredet quem propôs a Labarthe filmá-lo para a série, o que aconteceu na casa de campo deste último, que testemunha sobre o tempo, a velocidade, a morte, o real, o acaso, a manipulação ou a montagem. “É uma mise-en-scène baseada no diálogo permanente, por vezes violento. As nossas discussões andavam precisamente à volta disto: onde está o teu lugar? Onde está o meu? Depois Estelle tomou consciência que esta era a regra do jogo do filme, que era preciso guardá-la, o que era muito difícil [mas o resultado aí está e eu estou feliz com ele!]” (Labarthe). > Seg. [30] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

PORTRAIT DE MON PÈRE, JACQUES BARATIER de Diane Baratier com Jacques Baratier, Diane Baratier França, 2010 – 58 min / legendado eletronicamente em português

NICO PAPATAKIS, PORTRAIT D’UN FRANC-TIREUR de Timon Koulmasis, Iro Sialaki com Nico Papatakis França, 2010 – 45 min / legendado eletronicamente em português

A sessão reúne os filmes da coleção dedicados a Jacques Baratier e Nico Papatakis: diretora de fotografia de Rohmer, Diane Baratier filma o pai Jacques Baratier (1918-2009), no jardim a passar os seus filmes em revista (de GOHA, primeira longa-metragem de ficção em 1958 a RIEN, VOILÀ L’ORDRE, 2003), as pessoas com quem trabalhou (Jean Cocteau, Gabriel Pomerand ou Jacques Audibert), mas também a falar da poesia, da pintura, da guerra da Argélia, da Nouvelle Vague. “O meu pai nunca quis responder a todas as minhas perguntas. Gostava de inventar as suas respostas e eu tinha várias versões da mesma anedota. Pensava não ter feito uma obra, mas fragmentos. Teria consciência de estar a construir um mito?” (Diana Baratier). O retrato do cineasta francês de origem grega Nico Papatakis aos 90 anos, defendido por Sartre, Beauvoir, Breton, Prévert e Genet, autor de cinco filmes, estreitamente ligados à sua vida de exílio e ao entendimento do cinema como arma subversiva. Papatakis é filmado em Paris e o filme de Koulmasis e Sialaki começa por imagens de LES ABYSSES, o seu filme de 1963. > Seg. [30] 22:00 | Sala Luís de Pina


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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IN MEMORIAM:

ERLAND JOSEPHSON, BEN GAZZARA Dois atores de vulto, desaparecidos nos últimos meses. O sueco Erland Josephson (1923-2012), de carreira cinematográfica quase umbilicalmente ligada a Ingmar Bergman, de quem acabou por se tornar uma espécie de “alter ego”; e o americano Ben Gazzara (1930-2012), também ele fortemente associado à obra de um cineasta em particular, John Cassavetes. Escolas e percursos completamente diferentes – ou nem tanto assim, visto que ambos foram também, e nunca deixaram de o ser, atores de teatro talvez mesmo antes de serem atores de cinema. Mas, em todo o caso, uma “teimosia” comum, que os levou a não sacrificar a integridade artística (e a liberdade; a liberdade de fazer o que queriam com quem queriam) em função de uma “carreira”. Também por isso, dois dos maiores atores que o cinema viu. A Cinemateca evoca-os, com uma sessão para cada um. Josephson com Bergman (HERBSTSONATE), Gazzara sem Cassavetes mas noutro dos seus mais emblemáticos papéis, como émulo de Bukowski nas STORIE DI ORDINARIA FOLLIA de Marco Ferreri.

Homens como Aurélio da Paz dos Reis, Manuel Maria da Costa Veiga ou Júlio Worm, correram o país atrás dos principais acontecimentos públicos, cerimónias religiosas e oficiais, visitas de chefes de estado, festas e romarias, acidentes, revoltas políticas e paradas militares, corsos e desfiles cívicos. Os filmes destes “caçadores de imagens” constituem, por isso, um precioso “arquivo visual” do país entre o final do século XIX e o início do século XX. > Seg. [16] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

O país revelado pelo cinema

SERRA DA ESTRELA Portugal, 1921 – 17 min

CINTRA E SEUS ARREDORES Portugal, 1922 – 11 min

A DANÇA DOS PRETOS (MONCORVO) de J. R. dos Santos Júnior Portugal, 1930 – 3 min

“NORTE DE PORTUGAL” HERBSTSONATE

de J. R. dos Santos Júnior

Sonata de Outono de Ingmar Bergman com Ingrid Bergman, Liv Ullmann, Lena Lyman, Erland Josephson

Portugal, 1930 – 13 min (imagens não montadas)

duração total da sessão: 44 min sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo

Suécia, 1978 – 90 min / legendado em português

No final da década de 1910, o desenvolvimento do mercado cinematográfico levou à multiplicação de produtoras de cinema como a Invicta Film ou a Caldevilla Film. Estas produtoras investiram sobretudo no cinema de ficção, mas também em curtas e médias-metragens documentais sobre aquilo a que chamaríamos hoje património natural e arquitetónico. Estes filmes promoviam também o turismo interno e, muitas vezes, usavam como fio condutor o percurso de um grupo excursionista (caso dos dois primeiros filmes da sessão). A descoberta do país pelo cinema também se fez, menos vezes, através de um olhar propriamente etnográfico. J. R. dos Santos Júnior teve um papel pioneiro na utilização do cinema como meio auxiliar do seu trabalho de campo. Dança dos Pretos é, muito provavelmente, o primeiro filme etnográfico português. “Norte do Portugal” é um conjunto de imagens em bruto que combinam registos etnográficos com sequências de outros géneros (da atualidade ao filme de família) a que, tanto quanto se sabe, o autor nunca deu uma montagem definitiva. > Seg. [16] 22:00 | Sala Luís de Pina

O filme que marca o encontro dos dois nomes mais importantes do cinema sueco, os dois Bergman, Ingmar e Ingrid, esta última regressando ao seu país natal em fim de carreira. HERBSTSONATE é também a história de um reencontro, de mãe e filha, a primeira, pianista famosa. Como a música que interpreta, também o filme está composto como uma sonata. > Qua. [4] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

STORIE DI ORDINARIA FOLLIA Contos da Loucura Normal de Marco Ferreri com Ben Gazzara, Ornella Muti, Susan Tyrrell, Katya Berger, Tanya Lopert Itália, França, 1981 – 100 min / legendado em português

Baseado na vida e obra do poeta Charles Bukowski, o filme segue a personagem de um poeta de meia-idade erótomano que se apaixona por uma prostituta ainda mais autodestrutiva do que ele. Ben Gazzara é Charles Serking, baseado na personagem autobiográfica de Bukowski, Henry Chinaski. O filme foi rodado em Inglaterra e nos Estados Unidos e é também conhecido pelo seu título internacional TALES OF ORDINARY MADNESS. Primeira exibição na Cinemateca. > Qua. [11] 19:30 | Sala Luís de Pina

As missões cinematográficas às colónias

GUINÉ: ASPECTOS INDUSTRIAIS E AGRICULTURA de Augusto Seara Portugal, 1929 – 11 min

COSTUMES PRIMITIVOS DOS INDÍGENAS EM MOÇAMBIQUE

A IMAGEM MUDA

de Fernandes Thomaz Portugal, 1929 – 12 min

– Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas

QUEDAS DO DALA - ANGOLA

EM COLABORAÇÃO COM O PANORAMA 2012

PLANALTO DE HUILA

Organizado em colaboração com o Panorama – Mostra de Documentário Português, este Ciclo é dedicado ao cinema de não-ficção mudo em Portugal, no tempo do mudo. Serão mostrados mais de trinta filmes, datados entre 1896 e 1937, divididos em quatro sessões temáticas e duas que destacam o trabalho dos operadores e realizadores Artur Costa de Macedo e Manuel Luis Vieira “Pioneiros e caçadores de imagens”, “O país revelado pelo cinema”, “As missões cinematográficas às colónias” e “Depois de LISBOA, CRÓNICA ANEDÓTICA e DOURO, FAINA FLUVIAL”. A penúltima sessão será seguida de um debate com João Rapazote, Fernando Carrilho, Tiago Baptista e José Manuel Costa. Todas as sessões serão acompanhadas ao piano por Filipe Raposo. O Ciclo decorre também no cinema S. Jorge, com uma sessão, no dia 13, em que serão mostrados os filmes NAZARÉ, PRAIA DE PESCADORES E ZONA DE TURISMO (Leitão de Barros, 1929), ALFAMA, A VELHA LISBOA (João de Almeida e Sá, 1930) e DOURO, FAINA FLUVIAL (Manoel de Oliveira, 1931), e outra sessão, no dia 21, em que será projetado LISBOA, CRÓNICA ANEDÓTICA (Leitão de Barros, 1930).

Portugal, 1931 – 17 min

SAÍDA DO PESSOAL OPERÁRIO DA FÁBRICA CONFIANÇA

A GRANDE CORRIDA DE AUTOMÓVEIS NO D. AMÉLIA

de Aurélio da Paz dos Reis

de João Freire Correia

Portugal, 1896 – 1 min

Portugal, 1910 – 5 min

FEIRA DE GADO NA CORUJEIRA

CHAVES, INCURSÕES MONÁRQUICAS

de Aurélio da Paz dos Reis

Portugal, 1912 – 4 min

Portugal, 1896 – fragmento (9 fotogramas)

CONCURSO HÍPICO DE 1912

O VIRA

Portugal, 1912 – 4 min

de Aurélio da Paz dos Reis

FESTAS DE S. TORCATO EM GUIMARÃES

Portugal, 1896 – fragmento (82 fotogramas)

Portugal, 1912 – 3 min

NO JARDIM

O SUBMERGÍVEL “ESPADARTE”

Aurélio da Paz dos Reis (?)

Portugal, 1913 – 3 min

Portugal, 1900 (?) – 1 min

O NAUFRÁGIO DO “VERONESE”

de Júlio Worm Portugal, 1942 – 7 min

VISITA DO IMPERADOR GUILHERME II de Manuel Maria da Costa Veiga Portugal, 1905 – 1 min

BATALHA DE FLORES NO CAMPO GRANDE de João Freire Correia Portugal, 1907 – 5 min

Portugal, 1930 – 6 min

de José César de Sá e António Antunes da Mata

Pioneiros e caçadores de imagens

A FAMÍLIA REAL

de José César de Sá e António Antunes da Mata

Portugal, 1913 – 5 min

A ESCALADA À TORRE DOS CLÉRIGOS

duração total da sessão: 46 min sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo

Entre 1929 e 1931, a Agência Geral das Colónias e os governadores das colónias portuguesas em África encomendaram a produção de vários filmes destinados a serem mostrados na “metrópole” e em várias exposições internacionais. Para o efeito, foram contratados pequenas equipas de cinema, pomposamente batizadas como “missões cinematográficas”. A primeira, dos Serviços Cinematográficos do Exército, foi liderada por Augusto Seara e visitou São Tomé e Príncipe e a Guiné. Os filmes ali rodados foram mostrados nas exposições internacionais de Sevilha, Anvers e Paris. Uma segunda equipa, constituída por António Antunes da Mata e César de Sá, rodou em Angola. Uma terceira equipa, liderada por Fernandes Thomaz, visitou Moçambique (com uma paragem em São Tomé e Príncipe, onde aceitou fazer um filme de encomenda para o proprietários de plantações de cacau). O filme rodado em Moçambique seria premiado na Exposição Colonial de Paris em 1931. A maior parte destes filmes foi depois retalhada em curtas-metragens que sofreram várias remontagens ao longo do tempo. > Ter. [17] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Artur Costa de Macedo

O RAID AÉREO LISBOA-RIO DE JANEIRO PELOS HEROICOS AVIADORES GAGO COUTINHO E SACADURA CABRAL de Henrique Alegria

de Raul de Caldevilla, 1917 – 9 min

Portugal, 1922 – 33 min

duração total da sessão: 48 min

BARREIRO

sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo

de Artur Costa de Macedo Portugal, 1928 – 41 min

duração total da sessão: 74 min Os primeiros filmes portugueses seguiram a tendência internacional de “registo” do mundo contemporâneo.

sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo


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Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

Depois de Lisboa, Crónica Anedótica e Douro, Faina Fluvial

TRAGÉDIA RÚSTICA de Alves da Cunha Portugal, 1931 – 22 min (incompleto)

DOCAS DE LISBOA de Mota da Costa Portugal, 1932 – 11 min

DE SOL A SOL de Adolfo Quaresma

8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO EM COLABORAÇÃO COM A 8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO Para além da retrospetiva Ermanno Olmi, que resulta de uma colaboração entre a Cinemateca, Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, e a 8 ½ Festa do Cinema Italiano, acolhemos ainda uma sessão em direta articulação com a Festa. Vamos mostrar um documentário, de produção italiana e recente, sobre um dos mais silenciosos autores do cinema contemporâneo, o arménio Artavazd Pelechian. O filme chama-se IL SILENZIO DI PELECHIAN e foi realizado por Pietro Marcello, que virá à Cinemateca apresentar a sessão.

IL SILENZIO DI PELECHIAN

com a presença de Pietro Marcello

de Pietro Marcello com Artvazd Pelechian, Enrico Ghezzi, Pietro Marcello

ARTVAZD PELECHIAN

Destaque para um dos operadores e realizadores mais importantes do cinema mudo português. Artur Costa de Macedo (1894-1966) foi iniciado no cinema por Manuel Maria da Costa Veiga, tendo trabalhado com ele na Lusitânia Filme, onde Leitão de Barros realizou os seus primeiros filmes em 1918. Macedo assinou depois a fotografia de vários documentários e ficções da Invicta Film, entre os quais a travessia aérea do Atlântico Sul de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, ou Os Lobos (Rino Lupo, 1923). Estabeleceu-se então por conta própria e foi correspondente de vários jornais de atualidade estrangeiros. Trabalhou novamente com Leitão de Barros na fotografia de Nazaré, Praia de Pescadores e Zona de Turismo (1929) e Lisboa, Crónica Anedótica (1930). Viveu e trabalhou no Brasil entre 1941 e 1947. Deixou inédito um livro intitulado Técnica Fotografia e Cinegráfica. Foi pai dos fotógrafos João e Artur Bourdain de Macedo, que também trabalharam em cinema. > Ter. [17] 22:00 | Sala Luís de Pina

Itália, Rússia, 2011 – 52 min / legendado eletronicamente em português

O cinema do realizador arménio Artvazd Pelechian tornou-se conhecido do Ocidente em 1983 quando Serge Daney o apresentou ao mundo como um trabalho cujo “objetivo é o de captar um cardiograma social e emocional do seu tempo”. Nele centrado, o recente filme de Pietro Marcello apresenta-se como “a concretização de um feito extraordinário: filmar – pela primeira vez em trinta anos – um dos grandes do mundo do cinema”. Construído à volta da ideia de montagem, o filme abre com um encontro com Pelechian em Moscovo e inclui excertos dos seus filmes e imagens inéditas. Estreado na última edição do Festival de Veneza, a apresentar em estreia em Portugal. > Seg. [16] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Portugal, 1933 – 9 min

ERMANNO OLMI

LEIXÕES de F. Carneiro Mendes Portugal, 1933 – 11 min

duração total da sessão: 53 min sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo

EM COLABORAÇÃO COM GUIMARÃES 2012 CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA E A 8 ½ FESTA DO CINEMA ITALIANO

A estreia de Lisboa, Crónica Anedótica (Leitão de Barros, 1930) e da apresentação de Douro, Faina Fluvial (Manoel de Oliveira, 1931) no V Congresso Internacional da Crítica em Lisboa aconteceram pouco depois de o uso do termo “documentário” se tornar corrente em Portugal. A história do documentário português começa de certo modo sob a influência destes dois filmes, mas também de vários outros filmes estrangeiros de vocação pedagógica e cultural. Os filmes desta sessão dão conta do fértil cruzamento de tendências que alimentou a autonomização do documentário em Portugal, no início dos anos trinta. > Qua. [18] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Manuel Luis Vieira

CAVALARIA PORTUGUESA de Manuel Luis Vieira Portugal, 1929 – 7 min

SETÚBAL: SUAS PRODUÇÕES

L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI

sessão seguida de debate com João Rapazote, Fernando Carrilho, Tiago Baptista e José Manuel Costa

de Virgílio Nunes Portugal, 1930 – 15 min

GATOS de Manuel Luis Vieira Portugal, 1934 – 7 min

CÉU DE OUTONO de Manuel Luis Vieira Portugal, 1934 – 6 min

O CARNAVAL NO PARIS EM 1935 de Manuel Luis Vieira Portugal, 1935 – 7 min

TOSQUIA DE OVELHAS NO PAÚL DA SERRA – ILHA DA MADEIRA de Manuel Luis Vieira Portugal, 1937 – 6 min

duração total da sessão: 48 min sessão acompanhada ao piano por Filipe Raposo

Juntamente com Artur Costa de Macedo, Manuel Luis Vieira (1885-1952) foi um dos mais importantes operadores e realizadores do cinema mudo português, embora, tal como Macedo, a atividade de Vieira se tenha estendido também pelas décadas seguintes à introdução do sonoro. Realizou vários documentários e longas-metragens de ficção na Madeira, de onde era natural. Instalou-se no continente em 1928, onde iniciou uma longa carreira como chefe de laboratório, operador de imagem e diretor de fotografia. Esteve ligado a obras fundamentais do cinema mudo português como A Dança dos Paroxismos (Jorge Brum do Canto, 1929), Lisboa, Crónica Anedótica (Leitão de Barros, 1930; onde trabalhou lado a lado com Costa de Macedo) e MARIA DO MAR (Leitão de Barros, 1930). > Qua. [18] 22:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Descrito como “o dramaturgo do implícito”, ou como “o Bresson italiano”, Ermanno Olmi é um dos realizadores mais originais e livres do cinema contemporâneo. Com uma obra que se estende por mais de seis décadas, distinguida com um Leão de Ouro em Veneza em 2008, Olmi continua a filmar com uma extrema vitalidade, que se manifesta no rigor, na poesia e na densidade que caracterizam os seus filmes, reveladores de uma permanente atitude crítica face à realidade italiana. Entre os mais célebres encontram-se Il POSTO, L´ALBERO DEGLI ZOCCOLI (Palma de Ouro em Cannes 1978) e LA LEGGENDA DEL SANTO BEVITORE, demonstrativos de uma vontade de ficção profundamente ancorada numa tradição documental e num trabalho com não atores, onde está bem patente uma recusa do “cinema-espetáculo” e uma atenção aos pequenos acontecimentos do quotidiano. Nascido em 1931 em Treviglio, no seio de uma família rural, realizou as suas primeiras experiências cinematográficas no contexto da companhia elétrica Edisonvolta, que convenceu a criar um departamento de cinema e a patrocinar os cerca de trinta documentários que fez sobre barragens e centrais elétricas, do Norte ao Sul de Itália, entre 1953 e 1961. Foi nestes filmes que formou o seu olhar de cineasta, sempre atento à condição humana e à relação do homem com a natureza. Em 1959 realizou a sua primeira longa-metragem de ficção, IL TEMPO SI È FERMATO, em que se organizavam os principais traços que iriam caracterizar as suas posteriores ficções. IL POSTO chamou a atenção da crítica pelo cuidado nos detalhes, capacidade que foi confirmada em I FIDANZATI. Em 1983 realizou CAMMINA CAMMINA, no qual recupera a história dos Três Reis Magos, e cinco anos depois terminou LUNGA VITA ALLA SIGNORA, um filme verdadeiramente claustrofóbico que ganhou o Leão de Prata em Veneza. O “Ouro” viria no ano seguinte com LA LEGENDA DEL SANTO BEVITORE, baseado num conto de Joseph Roth. Anos depois, Olmi fez um dos mais inspirados “filmes de guerra”, IL MESTIERE DELLE ARMI, um trabalho que se destacou pelo modo direto como filma a realidade dos soldados. Em 2007, na apresentação de CENTOCHIODI em Cannes, afirmou que daí em diante só faria documentários. Mas, em 2011, regressa à ficção com o admirável IL VILLAGGIO DI CARTONE. Fantásticos ou profundamente realistas, religiosos ou anticlericais, documentais ou ficcionais, os filmes de Olmi desafiam todas estas oposições pois apresentam formas constantemente renovadas, que traduzem uma enorme subtileza e o puro prazer de fazer cinema. Mas, como escreveu o crítico italiano Tullio Kezich, autor de uma monografia sobre Olmi, “o que é certo é que Olmi nunca abandona a ideia da câmara como posto de observação sobre a realidade.” A retrospetiva prossegue em maio com a apresentação de outros dez títulos de longa-metragem de Olmi.


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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A Árvore dos Tamancos de Ermanno Olmi com Luigi Ornaghi, Francesca Moriggi, Omar Brignoli Itália, 1978 – 175 min / legendado eletronicamente em português

Inspirado pelas histórias orais da sua avó, em L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI Olmi enceta uma viagem ao passado ao procurar documentar o quotidiano de cinco famílias de rendeiros de uma grande propriedade rural italiana do começo do século XX. Os trabalhos, as alegrias, as injustiças, a resignação, são aqui reencenados e acompanhados ao pormenor numa imbricação de episódios, cujos protagonistas são camponeses da zona de Bérgamo, que assim enriqueceram esta soberba crónica da vida rural com as suas memórias, objetos ancestrais e com o dialeto local. Uma obra absoluta de Olmi, bem demonstrativa da potência poética do cinema, premiada com a Palma de Ouro em Cannes. > Ter. [17] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Qua. [18] 21:30 | Sala Luís de Pina

IL TEMPO SE È FERMATO de Ermanno Olmi com Natale Rossi, Roberto Seveso, Paolo Quadrubbi Itália, 1959 – 100 min / legendado eletronicamente em português

IL POSTO

Primeira ficção de Olmi, realizada à revelia do produtor, a companhia elétrica Edisonvolta, que supunha que este se encontrava nas montanhas a filmar mais um dos seus documentários sobre barragens e centrais de energia. Centrado num estaleiro deserto onde se interromperam as obras de construção de uma barragem, IL TEMPO SE È FERMATO aborda a relação de amizade que se estabelece na solidão das montanhas entre dois homens, personagens interpretadas por atores não profissionais, cujos gestos e diálogos são captados em som direto e acompanhados por uma câmara sempre atenta às pequenas particularidades do quotidiano. “Desde esse primeiro filme, que tem já a perfeição de uma obra-prima, o método do cineasta aparece em toda a sua maturidade e pureza formal” (Tullio Kezich). Primeira exibição na Cinemateca. > Qui. [19] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Seg. [23] 19:30 | Sala Luís de Pina

De produção mais convencional, o que valeu a Olmi alguns dissabores com a equipa, E VENNE UN UOMO partiu de uma encomenda de Harry Saltzmann para uma homenagem ao Papa João XXIII, que acabara de falecer. Olmi nunca escondeu a sua formação católica e não teve que se afastar muito da sua própria biografia para contar a história da infância de Angelo Giuseppe Roncalli, o futuro Papa que, tal como ele, crescera numa quinta na província de Bérgamo. O filme evoca alguns aspectos de L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI, narrado na primeira pessoa e baseado nos escritos do Papa, e tem ainda a particularidade de misturar materiais de arquivo com cenas encenadas, confundindo assim as fronteiras entre documentário e ficção. Primeira exibição na Cinemateca. > Sex. [20] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Sex. [27] 19:30 | Sala Luís de Pina

UN CERTO GIORNO de Ermanno Olmi com Brunetto Del Vita, Lidia Fuortes, Vitaliano Damioli, Giovanna Ceresa, Renato Blandi Itália, 1969 – 104 min / legendado eletronicamente em português

Quinta longa-metragem de Olmi, UN CERTO GIORNO centra-se no meio milanês da publicidade, resumindo-se o seu guião a um breve esboço, desenvolvido durante a rodagem com a colaboração dos atores amadores que predominam nos seus filmes. Inquérito ao mundo publicitário, o filme é uma crítica ao culto da eficácia, do sucesso e do poder, valores em crescente escalada numa sociedade cada vez mais industrializada e alienada, aqui personificada por Bruno. O olhar sempre atento de Olmi à condição humana manifesta mais uma vez toda a sua acutilância através de um estilo sóbrio e despojado. Primeira exibição na Cinemateca. > Seg. [23] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Seg. [30] 19:30 | Sala Luís de Pina

I RECUPERANTI de Ermanno Olmi com Antonio Lunardi, Andreino Carli, Alessandra Micheletto, Pietro Tolin, Marilena Rossi Itália, 1969 – 98 min / legendado eletronicamente em português

I RECUPERANTI é um filme concebido para televisão, cujos intérpretes são os habitantes do Planalto de Asiago, aos quais Olmi presta homenagem. Metáfora de um mundo em guerra permanente, o filme acompanha o regresso de Gianni à sua terra natal, depois do fim da II Guerra Mundial. Em tempo de crise e sem trabalho, decide ganhar a vida a recuperar os despojos metálicos de restos de armamento disseminado pelo solo da montanha desde a Primeira Guerra, atividade extremamente perigosa que ameaça a vida dos seus praticantes. “A paisagem idílica da montanha contém em si toda a tragédia, a paz incuba a memória da guerra na autêntica saga dos recuperadores” (Tullio Kezich). Primeira exibição na Cinemateca. > Ter. [24] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > segunda passagem em maio

DURANTE L’ESTATE de Ermanno Olmi com Renato Paracchi, Rosanna Callegari, Mario Barilla

IL POSTO

Itália, 1970 – 90 min / legendado eletronicamente em português

O Emprego de Ermanno Olmi com Loredana Detto, Tullio Kezich, Sandro Panseri, Mara Revel

Um dos filmes menos vistos de Olmi, escrito com Fortunato Pasqualino e que dividiu a crítica: um desenhador de mapas milanês, que trabalha para um editor de enciclopédias, tem uma forte paixão pela heráldica e distribui improváveis títulos nobiliárquicos, que em parte assentam na aparência dos seus possíveis detentores. Fazendo-se cavaleiro, coroa como princesa

Itália, 1961 – 105 min / legendado eletronicamente em português

Premiado pela crítica no Festival de Veneza, IL POSTO narra a história de dois jovens à procura do primeiro emprego. Um deles, Domenico, entra numa empresa e na sua vida quotidiana, de que faz parte a amizade com uma rapariga que nunca consegue ver porque trabalham em turnos diferentes. Com irónica leveza Olmi oferece um quadro completo da condição pequeno-burguesa da grande cidade. Um dos grandes “clássicos” de Olmi que, através da história de uma personagem, traça o retrato da sociedade italiana. > Qui. [19] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Ter. [24] 19:30 | Sala Luís de Pina

I FIDANZATI Os Noivos de Ermanno Olmi com Carlo Cabrini, Anna Canzi

E VENNE UN UOMO de Ermanno Olmi com Rod Steiger, Adolfo Celi, Romolo Valli, Rita Bertocchi Itália, 1965 – 85 min / legendado eletronicamente em português

ERMANNO OLMI

Itália, 1963 – 81 min / legendado eletronicamente em português

Uma obra despojada, característica do cinema de Olmi, que reduz ao mínimo a dramaturgia, em grande parte feita por uma troca de cartas entre dois noivos. É o afastamento físico entre os dois noivos que faz reflorescer um amor que entrara na rotina, elemento que foi apontado como característico da cultura católica de Olmi. Adotado por Rosselllini e pela crítica francesa, com Godard à cabeça, o filme não conquista grande popularidade em Itália. À época, Piero Bianchi viu neste filme “um êxtase total, uma alegria subtil, uma obra em tom menor, mas rigorosa e profunda.” > Sex. [20] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro > Qui. [26] 19:30 | Sala Luís de Pina

uma jovem que será a única a defendê-lo face a uma acusação de burla. Um dos filmes mais inesperados de Olmi que, não abandonando os traços maiores que caracterizam a sua obra é “uma espécie de conto de fadas moderno, atordoado e surreal” (Paolo Mereghetti). Primeira exibição na Cinemateca. > Qui. [26] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > segunda passagem em maio

I FIDANZATI

L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI

LA CIRCOSTANZA de Ermanno Olmi com Ada Savelli, Raffaella Bianchi, Gaetano Porro, Mario Sireci, Massimo Tabak Itália, 1974 – 92 min / legendado eletronicamente em português

LA CIRCOSTANZA explora a confusão entre o mundo real e o imaginário, partindo dos problemas de uma família da rica burguesia lombarda que, no final do verão, vê os seus membros disseminados pelas várias casas que possui. Um acontecimento fortuito – “la circonstanza” – será a oportunidade para que os todos possam ultrapassar o impasse a que chegaram e assim alterar o curso das suas vidas. As frustrações dos adultos, a impetuosidade dos mais jovens, os encontros e desencontros, são aqui tratados num estilo fragmentado e com o pessimismo lúcido de um realizador confrontado com os conturbados anos 70. Uma obra admirável pela sua densidade e pureza formais. Primeira exibição na Cinemateca. > Sex. [27] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > segunda passagem em maio

CAMMINA CAMMINA de Ermanno Olmi com Alberto Fumagalli, Antonio Cucciarrè, Eligio Martellucci, Renzo Samminiatesi Itália, 1983 – 165 min / legendado eletronicamente em português

Um filme extremamente livre que revisita a viagem dos três Reis Magos rumo a uma Belém que é aqui transposta para as colinas de Voltera. Os protagonistas desta viagem que dura seis dias e seis noites são inusitadamente retratados como diplomatas com poucos escrúpulos e sem apetência para o seu papel. À semelhança de ACTO DA PRIMAVERA de Oliveira, Olmi parte das festas religiosas de uma aldeia e das suas gentes, transpondo o seu património de memórias ancestrais, mas transformando-as radicalmente. O filme incomodou muita gente, tanto por ser portador de alguma heresia, como por Olmi persistir em convocar os rituais religiosos. Mas CAMMINA CAMMINA é, antes de mais, um filme contaminado pela verdadeiro prazer de fazer cinema. Primeira exibição na Cinemateca. > Seg. [30] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro > segunda passagem em maio


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Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

80 ANOS DO GRUPO TAUROMÁQUICO ‘SECTOR UM’

UMA GRANDE TOURADA À CORDA NAS DOZE RIBEIRAS – ILHA TERCEIRA DOS AÇORES

Em 1992 a Cinemateca dedicou um extenso Ciclo à presença no cinema do imaginário tauromáquico, por ocasião do Centenário da Praça de Touros do Campo Pequeno. Agora, por proposta do Grupo Tauromáquico ‘Sector Um’ para que nos associássemos à celebração do seu 80º aniversário, não nos pareceu que fosse o tempo para voltarmos a abordar o tema com exaustividade. Mas pareceu, isso sim, uma boa ocasião para apresentar algumas raridades documentais portuguesas, preservadas no nosso Arquivo, pouco ou nada vistas desde a época em que foram produzidas. Eis então, com esta sessão composta pelos três documentos abaixo descritos, o nosso contributo para o aniversário do ‘Sector Um’.

duração total da sessão: 45 minutos

de António Luis Lourenço da Costa (?) Portugal, 1929 (?) – 5 min

OS CAMPINOS: ESTUDO DE COSTUMES PORTUGUEZES de Albert Durot Portugal, 1923 – 14 min

HOMENS E TOIROS de Francisco Saalfeld Portugal, 1973 – 26 min

A “tourada à corda” é uma tradição tauromáquica açoriana, especialmente importante na Ilha Terceira, onde parece ter-se realizado desde pelo menos o século XVII. O primeiro filme desta sessão, provavelmente da autoria do documentarista açoriano António Luis Lourenço da Costa, é o mais antigo registo cinematográfico desta tradição. A corrida tem lugar nas Doze Ribeiras, freguesia rural de Angra do Heroísmo. O segundo filme, do realizador e operador de imagem francês Albert Durot, é um documentário sobre os campinos ribatejanos (os “cow-boys” portugueses) e a ganadaria Palha Blanco. HOMENS E TOIROS, realizado e produzido por Francisco Saalfeld, é um documentário de homenagem aos toureiros e forcados portugueses, tomando como pretexto uma corrida no Campo Pequeno, em Lisboa. > Qui. [19] 22:00 | Sala Luís de Pina

STARMAN O Homem das Estrelas de John Carpenter com Jeff Bridges, Karen Allen, Charles Martin Smith Estados Unidos, 1984 – 115 min / legendado em português

Um belíssimo filme de ficção científica, em que um alien chega à terra e “produz” um corpo humano a partir do ADN de um cabelo. O corpo é o do marido morto de uma jovem que o não esquece e que vai ajudar o extraterrestre, em travessia dos Estados Unidos, em busca do local onde se encontra a sua nave. > Seg. [9] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

E LA NAVE VA O Navio de Federico Fellini com Freddie Jones, Florenzo Senna, Pina Bausch Itália, 1983 – 125 min / legendado em português

Sumptuosa e operática encenação de Fellini sobre uma viagem num paquete transatlântico (num mar totalmente construído em estúdio) para, nas palavras do realizador, “cumprir um ritual que testemunha de uma profunda nostalgia por qualquer coisa que já não existe.” Ao mar serão lançadas as cinzas de uma famosa cantora, em vésperas da Primeira Guerra Mundial. Pina Bausch interpreta de forma exemplar a cega princesa Lherimia. > Ter. [10] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

TOBACCO ROAD de John Ford com Charley Grapewin, Marjorie Rambeau, Gene Tierney

MATINÉS DA CINEMATECA

Estados Unidos, 1941 – 81 min / legendado em português

As matinés de abril mantêm o carácter alargado que propõe clássicos e obras dos anos 1980 e 90 dos mais variados géneros. Algumas das sessões estão programadas em associação com o Ciclo “Cineastas, do Nosso Tempo”, surgindo assim sob um duplo chapéu. É o caso de TOBACCO ROAD, LAND AND FREEDOM, uma primeira exibição na Cinemateca, e PIERROT LE FOU.

ALIEN THREE

Ver entrada em “Cineastas, do Nosso Tempo”. > Qua. [11] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Alien Três – A Desforra de David Fincher com Sigourney Weaver, Charles Dance, Paul McGann, Brian Glover, Lance Henriksen Estados Unidos, 1992 – 112 min / legendado em português

Única sobrevivente do combate contra o letal “alien”, a tenente Ripley (Sigourney Weaver) regressa ao planeta onde tudo começara, julgando que se trata de dizimar aquela espécie, quando se trata de um projeto militar para estudar o “alien” como arma. Tudo foge ao controle e Ripley vai ter de voltar a enfrentar o seu terrível adversário. Sequela do filme de Cameron, este terceiro ALIEN foi a estreia de David Fincher na realização de longa-metragens. > Qui. [12] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE SNAPPER O Puto de Stephen Frears com Colm Meaney, Tina Kellegher, Ruth McCabe, Colm O’Byrne, Eanna Macliam CRIMES AND MISDEMEANORS

Reino Unido, 1993 – 94 min / legendado em português

Adaptação do segundo título da Barrytown Trilogy de Roddy Doyle, THE SNAPPER é um drama familiar irlandês, ambientado na Dublin operária e marcado pela gravidez de uma jovem rapariga solteira. Originalmente realizado para a televisão britânica, foi um dos filmes melhor recebidos de Stephen Frears. Primeira exibição na Cinemateca. > Sex. [13] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE BIG SLEEP

CRIMES AND MISDEMEANORS

MOUCHETTE

Crimes e Escapadelas de Woody Allen com Woody Allen, Mia Farrow, Alan Alda, Claire Bloom, Angelica Huston, Martin Landau

Amor e Morte de Robert Bresson com Nadine Nortier, Jean-Claude Guilbert, Marie Cardinal

Estados Unidos, 1989 – 104 min / legendado em português

Depois de JOURNAL D’UN CURÉ DE CAMPAGNE, MOUCHETTE marca um novo encontro entre Robert Bresson e Georges Bernanos: Nouvelle Histoire de Mouchette é o ponto de partida do argumento à volta da personagem de Mouchette. Um filme desesperado e belíssimo. > Qua. [4] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

CRIMES AND MISDEMEANORS é um dos projetos mais ambiciosos de Woody Allen, misto de drama e comédia, composto por duas histórias paralelas que convergem para um encontro final, onde Allen, na figura de um realizador de documentários, encontra Martin Landau, um oftalmologista que resolve “drasticamente” a situação melindrosa para a qual a amante queria empurrá-lo. > Seg. [2] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ASCENSEUR POUR L’ÉCHAFAUD Fim-de-semana no Ascensor de Louis Malle com Maurice Ronet, Jeanne Moreau, Jean Wall França, 1958 – 84 min / legendado em português

Depois das colaborações com Cousteau, ASCENSEUR POUR L’ÉCHAFAUD foi a estreia de Louis Malle na longa-metragem de ficção. Início coroado de sucesso, a que não faltou a atribuição do Prémio Louis Delluc. Através de uma intriga policial desenvolvida em ambientes “à americana” (para o que muito contribui a música de Miles Davis), Malle deixava aqui a certeza de que o “novo cinema” estava prestes a chegar. > Ter. [3] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

França, 1967 – 98 min / legendado em português

À Beira do Abismo de Howard Hawks com Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Dorothy Malone, Martha Vickers, Elisha Cook Jr. Estados Unidos, 1946 – 112 min / legendado em português

Hawks realizou obras-primas em quase todos os géneros principais do cinema americano: musicais, westerns, filmes de gangsters, comédias malucas, filmes “negros”. THE BIG SLEEP, cuja trama narrativa é quase inextrincável, é a quintessência do filme “negro”, que por sua vez é uma forma de quintessência do cinema, pois estes são filmes cuja ação não tem causas claras, filmes de ambiente e de fobias, com personagens criminosos e mulheres traiçoeiras. Estes filmes têm uma estética muito definida: fotografia fortemente contrastada, ação predominantemente noturna, jogos de luz e sombra. > Seg. [16] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

EL ANGEL EXTERMINADOR de Luis Buñuel com Claudio Brook, Enrique Rambal, Jacqueline Andere México, Espanha, 1962 – 92 min / legendado em português

“A melhor explicação para EL ÁNGEL EXTERMINADOR é que, racionalmente, não tem nenhuma”. Assim “explica” Luis Buñuel a sua obra-prima e o penúltimo filme que dirigiu no México, fábula feroz sobre a burguesia presa dos seus conceitos, preconceitos e ideias feitas, onde um grupo de pessoas é misteriosamente impedido de sair de uma festa. > Qui. [5] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ROCCO E I SUOI FRATELLI Rocco e Seus Irmãos de Luchino Visconti com Alain Delon, Annie Girardot, Renato Salvatori, Claudia Cardinale, Katina Paxinou Itália, 1960 – 165 min / legendado em português

O drama da emigração e do desenraizamento cultural numa das obra-primas de Visconti. Uma família meridional parte para o norte industrializado da Itália, onde cada um dos irmãos que a compõem conhecerá o seu destino: conformismo, naufrágio, santidade laica. Drama realista marcado por um pessimismo dostoievskiano (apesar da sequência final, que aponta para a luta de classes), ROCCO E OS SEUS IRMÃOS é uma magistral digressão pelos dramas da condição humana. > Ter. [17] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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Baseado num romance de Robin Maugham (como o posterior THE SERVANT de Losey), THE ROUGH AND THE SMOOTH conta a história de um arqueólogo que tem um romance com uma mulher alemã pondo em risco a sua ligação a outra mulher. Foi o único filme britânico de Siodmak, que em 1952 deixou a carreira de sucesso em Hollywood, realizando vários filmes na Alemanha e em França. É um filme negro e claustrofóbico. Também conhecido por PORTRAIT OF A SINNER. Na Cinemateca, não é exibido desde 1990. > Ter. [24] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

STARS IN MY CROWN de Jacques Tourneur com Joel McCrea, Ellen Drew, Dean Stockwell, Juano Hernandez

PRIZZI’S HONOR

Estados Unidos, 1950 – 89 min / legendado em português

PRIZZI’S HONOR

LAND AND FREEDOM

A Honra dos Padrinhos de John Huston com Jack Nicholson, Kathleen Turner, Anjelica Huston, Robert Loggia, William Hickey

Terra e Liberdade de Ken Loach com Ian Hart, Rosana Pastor, Frederic Pierrot, Tom Gilroy, Iciar Bollain

Estados Unidos, 1985 – 130 min / legendado em português

Reino Unido, Espanha, Alemanha, 1995 – 109 min / leg. em português

Em PRIZZI’S HONOR Huston volta à matriz noir de THE MALTESE FALCON para a parodiar às avessas seguindo o enredo familiar mafioso de personagens pautadas por um singular código de honra. É o segundo filme em que dirige a sua filha Anjelica que aqui conquistará um oscar de melhor atriz secundária em rima, na obra de John Huston, com o Oscar ganho pelo seu pai Walter em 1948 por THE TREASURE OF THE SIERRA MADRE. > Qua. [18] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Ver entrada em “Cineastas, do Nosso Tempo”. > Sex. [20] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

FOXTROT Foxtrot de Arturo Ripstein com Peter O’Toole, Charlotte Rampling, Max von Sydow, Jorge Luke México, Suíça, Reino Unido, 1975 – 89 min / legendado em português

GRAND CANYON O Coração da Cidade de Lawrence Kasdan com Danny Glover, Kevin Kline, Steve Martin, Mary McDonnell, Mary-Louise Parker Estados Unidos, 1991 – 134 min / legendado em português

Anunciado como o (THE BIG CHILL / OS AMIGOS DE ALEX dos anos 90), GRAND CANYON segue uma série de personagens e seus conflitos de classe e raciais vividos pelos diferentes membros de uma mesma comunidade. É também um belo filme sobre Los Angeles. Foi Urso de Ouro no Festival de Berlim 1992. Primeira exibição na Cinemateca. > Qui. [19] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Durante a II Guerra Mundial, um casal decide afastar-se do mundo, convidando um grupo de amigos para um fim de semana de viagem a uma ilha que acabam de comprar. Assolada pela peste e por mortes várias, a viagem é fatal. O thriller de Ripstein também é conhecido pelo título THE FAR SIDE OF PARADISE. Primeira exibição na Cinemateca. > Seg. [23] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

STARS IN MY CROWN é, talvez, o mais belo e perfeito exemplo daquilo a que se chama “americana” (evocação nostálgica do passado dos EUA) no cinema. É também o mais pessoal dos filmes de Jacques Tourneur, que, para o dirigir, aceitou um salário simbólico. Praticamente sem história, STARS IN MY CROWN é uma coleção de vinhetas da vida numa pequena cidade no interior dos EUA no século XIX, que retrata sentimentos e emoções e tem como ponto de partida a vida de uma criança com o seu pai, pregador, na vila que os adotou, onde o tranquilo deslizar do tempo é por vezes quebrado pelo drama (a tentativa de linchamento pelo KKK). > Qui. [26] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

PIERROT LE FOU Pedro, o Louco de Jean-Luc Godard com Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, Samuel Fuller França, 1965 – 109 min / legendado em português

Ver entrada em “Cineastas, do Nosso Tempo”. > Sex. [27] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE LONGEST DAY O Dia Mais Longo de Ken Annakin, Andrew Marton, Bernhard Wicki com John Wayne, Rod Steiger, Robert Ryan, Peter Lawford, Henry Fonda, Robert Mitchum, Sean Connery Estados Unidos, 1962 – 172 min / legendado em português

Um dos melhores épicos sobre a II Guerra Mundial, com um elenco de luxo (numeroso e impressionante). THE LONGEST DAY reconstitui, em Cinemascope, os acontecimentos da invasão da Normandia a 6 de junho de 1944. Óscar para melhores efeitos especiais e melhor fotografia. > Seg. [30] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE ROUGH AND THE SMOOTH A Mulher de Ninguém de Robert Siodmak com Nadja Tiller, Tony Britton, William Bendix, Natasha Parry Reino Unido, 1959 – 89 min / legendado em português

O PRIMEIRO SÉCULO DO CINEMA Este mês, no nosso percurso pelo Primeiro Século do Cinema (clássicos, obras raras, documentários e filmes experimentais, realizados entre 1895 e 1995), teremos ocasião de ver dois títulos daquele que foi o grande género popular nos anos 1970 e 80: os filmes de artes marciais. Veremos duas obras com Jackie Chan, uma das grandes vedetas do género, que se intitularam em Portugal O GRANDE COMBATE e PANCADARIA CHINESA. Também poderemos ver um notável documentário, HITLER, EINE KARRIERE. E obras de quatro mestres do período clássico: Alfred Hitchcock, Fritz Lang, em filmes dos anos 1940 e 50, Robert Bresson e John Huston, em obras do fim das suas carreiras. Do cinema moderno e contemporâneo, importantes filmes de Pialat, Rohmer, Delvaux e Jarmusch. E três maravilhas do período mudo, de Dovjenko, Murnau e Pabst (com Louise Brooks). A consciência do que é a história do cinema é inseparável do prazer de ver e rever filmes.

STRANGERS ON A TRAIN

LOULOU

O Desconhecido do Norte-Expresso de Alfred Hitchcock com Farley Granger, Robert Walker, Ruth Roman, Patricia Hitchcock, Leo G. Carroll

Loulou de Maurice Pialat com Isabelle Huppert, Gérard Depardieu, Guy Marchand

Estados Unidos, 1951 – 101 min / legendado em português

Única experiência profissional de Pialat com Isabelle Huppert, então uma jovem vedeta, mas ainda não reconhecida como a grande atriz que é. Huppert faz o papel de uma jovem da burguesia que vai viver com um rapaz proletário sem ocupação fixa, o que acaba por gerar uma situação de crise. Único filme em que Pialat trabalha apenas com atores profissionais consagrados, porém filmado com a técnica deliberadamente “brutalista” que o caracteriza, com a ausência de cenas de ligação e uma sucessão de blocos narrativos, baseados no trabalho dos atores. > Sáb. [14] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Um dos pontos máximos da obra de Hitchcock, que leva a um grau extremo a virtuosidade característica da mise-en-scène do mestre, com o uso significativo dos objetos e um magistral suspense, marca registrada do realizador. O filme também é uma perfeita ilustração daquele que Claude Chabrol e Eric Rohmer, no livro que escreveram sobre Hitchcock, consideram o tema central da sua obra: a transferência da culpabilidade. Este tema é abordado aqui de modo quase literal: um desequilibrado propõe a um desconhecido matar a mulher dele e espera que ele lhe retribua o “favor”. > Sáb. [14] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

França, 1980 – 104 min / legendado em português

ZEMLYA “A Terra” de Aleksandr Dovjenko com Stefan Schkurat, Sémen Svatchenko, Yulia Solntseva URSS, 1930 – 87 min / mudo, intertítulos russos traduzidos em português

Grande clássico da História do cinema, A TERRA é um verdadeiro “cine poema” por onde desfilam das mais belas imagens que o cinema soviético produziu. Descrevendo a luta entre kulaks e kolkozes (proprietários da terra e cooperativas agrícolas), o filme de Dovjenko é, antes de mais, um deslumbramento lírico e uma manifestação panteísta. Muitas sequências do filme são das mais poéticas da história do cinema. > Sáb. [14] 19:30 | Sala Luís de Pina

CONTE DE PRINTEMPS Conto de Primavera de Eric Rohmer com Anne Teyssèdre, Hugues Quester, Florence Darel França, 1993 – 105 min / legendado em português

Rohmer gosta de variantes subtis no interior de um padrão vagamente predeterminado e é precisamente por isso que fez filmes em série. Temos aqui, como no CONTO DE VERÃO, um homem às voltas com três mulheres, mas trata-se de um adulto e não de um adolescente e a situação não é passageira, de férias. E tudo se situa com a perfeição e o rigor que são a marca do cinema de Rohmer, profundamente enraizadas nas tradições do teatro clássico francês. O filme é “como uma partitura musical, cujos movimentos se sucedem com a mesma precisão geométrica com a que os personagens são dispostos no argumento” (Giancarlo Zappoli). Talvez o mais belo dos “Contos das Quatro Estações”. > Sáb. [14] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro


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Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

desprezada, que se torna prostituta de luxo e após o casamento com um velho milionário, denuncia a hipocrisia do meio que a expulsou. Uma das obras-primas do período mudo. > Sáb. [28] 19:30 | Sala Luís de Pina

KWAI TSAN TSEH Pancadaria Chinesa de Sammo Hung com Jackie Chan, Sammo Hung, Biao Yuen Hong-Kong, 1978 – 107 min / legendado em português

TABU

Conhecido em inglês como WHEELS ON MEALS, este filme foi realizado por um dos nomes mais importantes do cinema de artes marciais de Hong-Kong, Sammo Hung. Ator desde os doze anos (mais de 150 filmes), produtor e realizador (cerca de 40 longas-metragens à data de hoje), Sammo Hung trabalhou com as duas grandes vedetas do cinema de kung-fu, Bruce Lee (Hung é o vilão em ENTER THE DRAGON) e sobretudo Jackie Chan, que contribuiu para transformar em vedeta. Filmado em grande parte em Barcelona, KWAI TSAN TSEH é uma das muitas comédias de artes marciais, que surgiram em reação ao abuso do tema da transmissão do saber por um velho mestre, que caracterizam muitos filmes do género. Aqui, dois primos, donos de uma roulotte, decidem salvar uma bela carteirista. Tudo culmina, evidentemente, num grande combate final. Primeira exibição na Cinemateca. > Sáb. [28] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

HITLER, EINE KARRIER Hitler, uma Carreira de Christian Herrendoerfer, Joachim Fest Alemanha, 1977 – 156 min / legendado em português

EEN VROUW TUSSEN HOND EN WOLF / FEMME ENTRE CHIEN ET LOUP

NIGHT ON EARTH

Mulher Entre Cão e Lobo de André Delvaux com Marie-Christine Barrault, Rutger Hauer, Roger Van Hool

Noite na Terra de Jim Jarmusch com Gena Rowlands, Roberto Begnini, Winona Ryder, Isaach de Bankolé, Giancarlo Esposito, Armin Mueller-Stahl

Bélgica, 1979 – 107 min / legendado em português

Estados Unidos, 1991 – 129 min / legendado em português

Obra característica do cinema intimista de André Delvaux, MULHER ENTRE CÃO E LOBO é situado durante a II Guerra Mundial, em Antuérpia, e conta a história da relação de uma mulher com dois homens: o seu marido é voluntário para lutar na frente do leste, do lado das tropas alemãs. Durante a sua ausência, ela abriga um resistente antinazi. Quando o marido regressa, a mulher recusa-se a abandoná-lo, embora se sinta mais próxima do outro homem, que no entanto começa a afastar-se dela. “Realizar um filme é ao mesmo tempo pintar um quadro e compor uma sinfonia”, dizia Delvaux. Primeira exibição na Cinemateca. > Sáb. [14] 22:00 | Sala Luís de Pina

Jarmusch assume e exponencia a lógica de “sketches” ensaiada em MYSTERY TRAIN. NIGHT ON EARTH são cinco histórias independentes, cada uma na sua cidade, que tem por mote a noite e os táxis, circunstâncias presentes em todas. > Sáb. [21] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

THE DEAD Gente de Dublin de John Huston com Anjelica Huston, Donal McCann, Rachel Dowlin Estados Unidos, 1987 – 80 min / legendado em português

Último filme de John Huston (foi distribuído postumamente) a partir de um conto de James Joyce publicado em The Dubliners, THE DEAD é uma obra-prima elegíaca. Um jantar de fim de ano no começo do século XX é o cenário da encenação de uma despedida, a do próprio Huston ao cinema e à vida. Filmado na Irlanda, com um elenco estritamente irlandês (os Huston e atores dos teatros Abbey e Gate), THE DEAD segue Gabriel Conroy (Donald McCann) na sua descoberta da memória que a mulher, Gretta (Anjelica Huston), guarda de um falecido amor. > Sáb. [21] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

SI YING DIU SA O Grande Combate de Yuen Woo Ping com Jackie Chan, Siu Tien Yuen, Jang Lee Wang Hong-Kong, 1978 – 96 min / legendado em português

Conhecido em inglês pelo belo título de SNAKE ON THE EAGLE’S SHADE, este é um dos grandes clássicos do cinema de artes marciais quando o género estava no apogeu e a sua vedeta, Jackie Chan, tinha 24 anos. Segundo os especialistas, foi o filme que definiu definitivamente a imagem de Chan, pois aqui pela primeira vez ele não tenta ser “o novo Bruce Lee”. A estrutura do filme é típica do género: o protagonista é um jovem órfão maltratado, a quem um velho mestre das artes marciais ensina um tipo de combate conhecido como “o punho da cobra”, baseado nos movimentos dos felinos. Mais tarde, quando o velho se encontra em apuros, o ex-discípulo virá socorrê-lo. Primeira exibição na Cinemateca. > Sáb. [21] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

TABU Tabu de Friedrich W. Murnau, Robert Flaherty com Matahi, Reri, Hitu Estados Unidos, 1931 – 80 min / mudo, intertítulos em inglês

O último filme de Murnau, feito em vaga e discutida colaboração com Robert Flaherty. Situado na Polinésia, TABU narra a história trágica em que o amor se confronta com costumes ancestrais. Uma jovem é consagrada aos deuses tornando-se “tabu”. A quebra deste implica a punição. Ao fatalismo e sensualidade junta-se uma poética mítica, numa das grandes obras-primas do cinema. > Sáb. [21] 19:30 | Sala Luís de Pina

LE DIABLE PROBABLEMENT

Admirável documentário de montagem, no qual são utilizados unicamente documentos de época, HITLER, EINE KARRIER acompanha todo o percurso público de Adolf Hitler. Trata-se menos de um filme sobre a II Guerra Mundial e o extermínio dos judeus do que de uma obra sobre a imagem pública de Hitler e a evolução desta imagem. Realizado com a colaboração do historiador Joachim Fest, biógrafo de Hitler e autor de diversos estudos sobre o nacional-socialismo e a resistência alemã, o filme tem narração em voz off, além de trechos de discursos e da narrativa de noticiários cinematográficos, mas não inclui nenhuma entrevista contemporânea, recusando por conseguinte uma estrutura televisiva. > Sáb. [28] 22:00 | Sala Luís de Pina

de Robert Bresson com Antoine Monnier, Tina Irissari, Henri de Maublanc França, 1976 – 96 min / legendado em português

Penúltimo filme de Robert Bresson, LE DIABLE, PROBABLEMENT é talvez o mais terrível e desesperado de todos os seus filmes. Um olhar impiedoso sobre o mundo contemporâneo e a destruição da natureza e das formas de vida. Uma reflexão sombria feita a partir da descoberta de um cadáver, o corpo de um jovem cuja única resposta para o estado do mundo é o suicídio. > Sáb. [21] 22:00 | Sala Luís de Pina

SCARLET STREET Almas Perversas de Fritz Lang com Edward G. Robinson, Joan Bennett, Dan Duryea Estados Unidos, 1945 – 100 min / legendado em português

Segunda versão do romance de La Fouchardière, anteriormente adaptado por Jean Renoir em LA CHIENNE. Trata-se da história de um pintor que abandona a mulher e mata a amante num acesso de ciúmes. Em relação à versão de Renoir, Lang abandona a faceta realista para acentuar uma sombria incursão pela culpa e pelo peso do destino, numa atmosfera de filme negro. > Sáb. [28] 15:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

HAMOON de Dariush Mehrjui com Khosro Shakbai, Ezzatollah Entezami, Hossein Sarshar Irão, 1990 – 119 min / legendado em inglês

Da mesma geração de Abbas Kiarostami, Dariush Mehrjui é uma das figuras mais importantes do cinema iraniano. Formado em Los Angeles, na UCLA, tornou-se conhecido quando o seu primeiro filme, GAV/“A VACA” (1968), foi proibido pelo governo do Xá e contrabandeado para o Festival de Veneza, onde foi aclamado. HAMOON é a história de um intelectual citadino de meia-idade que se vê confrontado com uma crise pessoal: a sua mulher, uma célebre artista, pede o divórcio e Hamoon rememora a sua vida, tentando perceber onde é que tinha errado. Um dos filmes mais notáveis de um realizador que ainda não teve o reconhecimento que merece. > Sáb. [28] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

DAS TAGEBUCH EINER VERLORENEN “Diário de Uma Mulher Perdida” de G. W. Pabst com Louise Brooks, André Roanne, Valeska Gert Alemanha, 1929 – 104 min / mudo, intertítulos em francês e alemão traduzidos eletronicamente em português

A americana Louise Brooks entrou para a imortalidade cinematográfica com dois filmes que fez na Alemanha, realizados por Georg Pabst: DIE BÜCHSE DER PANDORA e DAS TAGEBUCH EINER VERLORENEN. Este segundo filme foi uma peça fundamental para a construção do mito em que Louise Brooks se tornou. Trata-se da história de uma jovem, seduzida e

O QUE QUERO VER Entre os seus habituais pedidos, os espectadores propuseram Jerry Lewis, e é ao realizador-ator que pertence o filme desta rubrica regular de programação em abril, com um título dos anos 1960: THE PATSY.

THE PATSY Jerry, Oito e Três Quartos de Jerry Lewis com Jerry Lewis, Ina Balin, Everett Sloane, Keenan Wynn, Peter Lorre, John Carradine Estados Unidos, 1964 – 101 min / legendado eletronicamente em português

Uma das obras-primas de Jerry Lewis, que é também uma sátira mordaz ao mundo do cinema. Jerry retoma uma personagem semelhante à de THE ERRAND BOY, no papel de um mandarete de um hotel que uma equipa do mundo do espetáculo escolhe para substituir a sua estrela recentemente falecida. > Seg. [2] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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ANTE-ESTREIAS TABU de Miguel Gomes numa produção O Som e a Fúria; ÉDEN de Daniel Blaufuks numa produção da David&Golias; LINHA VERMELHA de José Filipe Costa e ATELIER de Susana Nascimento, produções Terratreme Filmes; e TCHINHANGO de Tiago Figueiredo, produção da Ânimo Leve, ocupam as sessões de ante--estreia em português de abril. Acompanhando a projeção de LINHA VERMELHA, exibimos TORRE BELA de Thomas Harlan numa sessão do mesmo dia. com a presença de Miguel Gomes

de Miguel Gomes com Teresa Madruga, Laura Soveral, Ana Moreira, Henrique Espírito Santo, Carloto Cotta, Isabel Cardoso, Ivo Müller, Manuel Mesquita Portugal, França, Alemanha, Brasil, 2012 – 118 min

LINHA VERMELHA de José Filipe Costa

“Uma idosa temperamental, a sua empregada cabo-verdiana e uma vizinha dedicada a causas sociais partilham o andar num prédio em Lisboa. Quando a primeira morre, as outras duas passam a conhecer um episódio do seu passado: uma história de amor e crime passada numa África de filme de aventuras.” Assim descreve a sinopse o TABU de Miguel Gomes, filme em duas partes que vai do “Paraíso Perdido” ao “Paraíso”. Prémio da crítica e prémio Alfred Bauer no Festival de Berlim 2012. Primeira apresentação pública em Lisboa. > Ter. [3] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ÉDEN de Daniel Blaufuks

com a presença de Daniel Blaufuks

TORRE BELA de Thomas Harlan Portugal-Itália-RFA, 1977 – 117 minutos / legendado em francês

A sessão de ante-estreia de LINHA VERMELHA ficaria “coxa” sem uma projeção associada de TORRE BELA, objecto de estudo do filme de José Filipe Costa. O mítico filme de Thomas Harlan está actualmente em processo de restauro na Cinemateca,

CINEMA PORTUGUÊS:

PRIMEIRA S OBRA S,PRIMEIRA S VEZES

“Em 1975, a equipa de Thomas Harlan filmou a ocupação da herdade da Torre Bela, no centro de Portugal. Três décadas e meia depois, LINHA VERMELHA revisita esse filme emblemático do período revolucionário português: de que maneira Harlan interveio nos acontecimentos que parecem desenrolar-se naturalmente frente à câmara? Qual foi o impacto do filme na vida dos ocupantes e na memória sobre esse período?” LINHA VERMELHA resulta de um estudo de caso sobre o filme de Thomas Harlan TORRE BELA feito por José Filipe Costa para o seu doutoramento sobre o cinema português e o PREC. Prémio Caixa Geral de Depósitos para melhor longa-metragem portuguesa no IndieLisboa 2011. > Ter. [10] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

TCHINHANGO

Portugal, 2011 – 64 min

de Tiago Figueiredo

com a presença de Tiago Figueiredo

Portugal, 2012 – 120 min

ÉDEN

O trabalho de Daniel Blaufuks na fotografia e no cinema, onde começou pela ficção em 2000 (BLACK & WHITE), tem assentado na memória, linha em que ÉDEN, o seu mais recente filme, se inscreve. “‘O mar e o cinema eram as únicas formas de sair da ilha.’ O olhar documentarista de Blaufuks conduz-nos a São Vicente (Cabo Verde), pelas memórias que o cinema deixou nesta ilha. Assente num interessante trabalho de pesquisa, tanto pela riqueza dos depoimentos, como pelas imagens, ÉDEN é um filme que mergulha no imaginário contemporâneo de um povo e de um lugar através da relação destes com o cinema.” Prémio TAP para melhor documentário de longa-metragem português no IndieLisboa 2011. > Qui. [5] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

com a presença de José Filipe Costa

Portugal, 2011 – 80 min TABU

TABU

restauro efectuado a partir de materiais originais finalmente depositados em Portugal. Por agora, e nesta sessão, vamos ver uma cópia resultante de uma das várias versões feitas por Thomas Harlan em 35mm (adaptando o aspect ratio de 1:1,66) após a estreia do filme em Cannes em 1977, não exactamente correspondente a essa versão de estreia, que tinha 139 minutos. > Ter. [10] 19:00 | Sala Dr. Félix Ribeiro

“Benguela (Angola) viu chegar dezenas de milhares de refugiados em 27 anos de guerra civil, incapaz de dar resposta habitacional, de saúde e educativa. Em 1996, a ONG Leigos para o Desenvolvimento iniciou um projeto de desenvolvimento. Quinze anos depois, que heranças deixaram estes programas na população?” > Qui. [12] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

ATELIER de Susana Nascimento

com a presença de Susana Nascimento

Portugal, 2011 – 84 min

O atelier filmado por Susana Nascimento é o do pintor Gonçalo Pena. “O atelier do pintor Gonçalo Pena confunde-se com o seu trabalho, revelando uma ocupação do espaço que se reparte entre os momentos solitários e silenciosos dedicados à pintura e os momentos partilhados dedicados às conversas com os que o visitam.” Primeira exibição no Festival Temps d’Images 2011. > Sex. [13] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

Figura fundamental do cinema português desde os anos 1960, António da Cunha Telles é produtor, atividade em que iniciou associado à emergência do Cinema Novo Português no seio das Produções Cunha Telles (OS VERDES ANOS de P. Rocha, BELARMINO de F. Lopes e DOMINGO À TARDE de A. Macedo), e realizador, lugar que ocupou mais tardiamente quando se estreou na ficção de longa-metragem com O CERCO (embora da sua filmografia conste a anterior direção das atualidades IMAGENS DE PORTUGAL e a curta-metragem OS TRANSPORTES, por altura do regresso de Paris, onde completou estudos de cinema no IDHEC). Ao leme das Produções Cunha Telles, da Animatógrafo (importante distribuidora nos anos 1970, que a partir da década seguinte se assumiu como produtora), e mais recentemente da Filmes de Fundo (com a filha Pandora da Cunha Telles), o seu trabalho como produtor marca há várias décadas o cinema português, também na coprodução de filmes de realizadores estrangeiros dos quais os primeiros, ainda nos anos 1960, foram Pierre Kast e François Truffaut. Na realização, O CERCO abriu caminho a uma obra prosseguida nos mesmos anos 1970 com MEUS AMIGOS (igualmente programado este mês no contexto da rubrica “Abrir os Cofres”), o coletivo AS ARMAS E O POVO e CONTINUAR A VIVER OU OS ÍNDIOS DA MEIA PRAIA. A década seguinte foi a de VIDAS, a que se seguiram PANDORA (1995) e KISS ME (2004).

O CERCO

com a presença de António da Cunha Telles

de António da Cunha Telles com Maria Cabral, Miguel Franco, Zita Duarte, Ruy de Carvalho Portugal, 1970 – 115 min

Eco tardio do Cinema Novo português dos anos 60, o filme em que Cunha Telles se estreou na realização foi também o filme que revelou a extraordinária fotogenia de Maria Cabral, aqui no papel de uma personagem que atravessa o filme, tão cercada com a cidade com que a sua história se mistura: Lisboa, 1969. A apresentar em cópia preservada. > Qui. [5] 19:30 | Sala Luís de Pina


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Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

ABRIR OS COFRES Prosseguindo a proposta de projeção de títulos de longa-metragem de ficção portugueses da coleção da Cinemateca em sessões comentadas por investigadores que tenham estado a trabalhar sobre elas, os respetivos autores ou temáticas relacionadas do cinema português, programamos dois filmes relacionados com ecos da Revolução de 1974. A apresentá-los estará Paulo Cunha, investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares do século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20), onde desenvolve um projeto de doutoramento sobre o novo cinema português (1949-80).

MEUS AMIGOS

sessão apresentada por Paulo Cunha

de António da Cunha Telles com Manuel Madeira, Teresa Motta, António Modesto Navarro, José Vaz Pereira

HISTÓRIAS DO CINEMA: DOUCHET/RENOIR As “Histórias do Cinema” de abril trazem Jean Renoir por Jean Douchet. Explicitamente concebida e anunciada como um binómio, esta rubrica propõe, de um lado, um investigador ou especialista em cinema; de outro, um autor ou um tema histórico abordado pelo primeiro, ao longo de cinco tardes e em torno de cinco filmes (ou em cinco sessões, com número variável de obras projetadas), cujas projeções são antecedidas e sucedidas de apresentações e conversas sobre o autor ou o tema em causa, numa sequência de encontros pensados como experiência cumulativa. Crítico, historiador, professor de cinema, cineasta, ator ocasional, Jean Douchet inscreveu o início do seu percurso no cinema no fervilhante contexto da cinefilia francesa dos anos 1960, vivida entre a redação dos Cahiers du Cinéma (onde chegou vindo de La Gazette du Cinéma) e o círculo da Nouvelle Vague. Referência da crítica e da historiografia de cinema contemporâneas, é autor de estudos importantes sobre a Nouvelle Vague, Hitchcock, Murnau, Mizoguchi, Minnelli, Godard ou Jean-Daniel Pollet. O seu livro, La DVDéothèque de Jean Douchet (ed. Cahiers du Cinéma, 2006), compila uma série de crónicas escritas a propósito de edições DVD, suporte cujo aparecimento Douchet encarou como uma oportunidade de exceção para transmitir o seu amor pelo cinema, a que regularmente se dedica como conferencista e animando projeções de cinema em cinematecas e salas de arte e ensaio. Desde há vários anos é responsável por um cineclube semanal na Cinémathèque Française – o “Le Cine-club Jean Douchet” – cujas projeções são seguidas de análise e debate com o público.

Portugal, 1974 – 144 min

Segunda longa-metragem de António da Cunha Telles (realização e argumento), MEUS AMIGOS é de 1974 (estreou a 11 de março) e retrata as lutas estudantis no cenário universitário e lisboeta de 1962. Dirigida por Henrique Espírito Santo, a produção é do Centro Português de Cinema, da Tobis e da Animatógrafo. A fotografia é de Acácio de Almeida. > Qui. [12] 19:30 | Sala Luís de Pina

OXALÁ

sessão apresentada por Paulo Cunha

de António-Pedro Vasconcelos com Manuel Baeta Neves, Marta Reynolds, Laura Soveral, Judite Maigre, Lia Gama, Ruy Furtado, Karen Blangueron, Teresa Madruga, Adelaide João Portugal, 1980 – 133 min

Entre 25 de Abril de 1974 e outubro de 1978, um jovem exilado em Paris faz várias viagens a Portugal, experiência que o argumento de OXALÁ trabalha através de uma série de retratos femininos. “De OXALÁ dizia-se que era um filme de mediações (‘só se tem acesso ao que se deseja através de mediações’, escreveu Eduardo Prado Coelho). Permita-se-nos deslocarmos ligeiramente a mesma ideia: OXALÁ é o desejo de pôr em imagens uma memória possível do “25 de Abril” mediado por uma forma cinematográfica alheia” (M.S. Fonseca). > Sex. [13] 19:30 | Sala Luís de Pina

NÃO O LEVARÁS CONTIGO – ECONOMIA E CINEMA A série dedicada à discussão de temas encontrados na confluência entre a economia e o cinema encara o cinema como, também, “questão económica”, mas sobretudo o cinema como retrato e reflexo dos grandes problemas da economia, os eternos, os ocasionais, os recorrentes. A série foi concebida em estreita ligação com um conjunto de personalidades de reconhecida autoridade no tema, tendo a Cinemateca pedido a cada uma delas que escolhesse um filme (ou o filme) que na sua perspetiva melhor ou mais luminosamente exprimisse um olhar cinematográfico sobre a economia. A escolha de abril pertence a António Saraiva, atual presidente da CIP-Confederação Empresarial de Portugal, que propõe UP IN THE AIR.

UP IN THE AIR

sessão apresentada por

Nas Nuvens António Saraiva de Jason Reitman com George Clooney, Vera Farmiga, Ana Kendrick Estados Unidos, 2009 – 109 min / legendado em português

George Clooney é Ryan Bingham, um consultor que tem por profissão demitir trabalhadores para diminuir gastos em empresas, o que o leva a passar boa parte do seu tempo em voos e quartos de hotéis. Está prestes a conseguir um milhão de milhas como passageiro aéreo e conhece a “mulher-viajante frequente dos seus sonhos”. Talhado à medida do seu protagonista, o lado romântico da intriga de UP IN THE AIR apresenta o filme como “The story of a man ready to make a connection”. Mas é a secura das entrelinhas que faz deste um filme atual. Primeira exibição na Cinemateca. > Qua. [11] 21:30 | Sala Dr. Félix Ribeiro

INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES As intervenções de Jean Douchet serão feitas em francês, sem tradução simultânea. Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de 12,80 euros a partir do dia 9 (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa). A partir de 16 de abril, os lugares que não tenham sido vendidos antes serão disponibilizados através do normal sistema de venda no próprio dia de cada sessão, no horário de bilheteira habitual e de acordo com o preço habitual.


Abril 2012 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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BOUDU SAUVÉ DES EAUX Boudu Querido de Jean Renoir com Michel Simon, Charles Granval, Marcelle Hainia França, 1933 – 83 min / legendado em português

Jean Renoir foi uma das maiores referências da geração dos cineastas da Nouvelle Vague, tanto pelo seu génio como pela liberdade que soube sempre conquistar. BOUDU SAUVÉ DES EAUX, realizado quase trinta anos antes da Nouvelle Vague, talvez seja um dos seus mais legítimos predecessores: prodigiosamente inventivo, deliciosamente “anarca”, um filme que está olimpicamente nas tintas para a “correção” técnica, efusivamente provocador. Ou seja, e decididamente, da mesma cepa. > Seg. [16] 18:00 | Sala Luís de Pina

TONI de Jean Renoir com Blavette, Jenny Hélia, Célia Dalban, França, 1934 – 85 min / legendado eletronicamente em português

Passeio ao Campo de Jean Renoir com Sylvia Bataille, Jane Marken, Gabriello, Georges Darnoux França, 1936 – 40 min / legendado em português

Realizado no período mais variado da carreira de Jean Renoir, TONI é considerado o filme que abre a chamada “fase realista” na obra do cineasta e foi realizado, segundo ele, num espírito “tão próximo quanto possível do documentário”. Trata-se, de facto, de uma obra de cunho realista, cujo protagonista é um imigrante italiano e a última imagem do filme é a chegada de um comboio de imigrantes. Mas também é uma obra sobre violentas paixões e sobretudo sobre as paixões eróticas. Um dos mais belos filmes de um cineasta que, segundo Truffaut, “nunca buscou a obra-prima” e que talvez por isso mesmo tenha feito tantas obras-primas. UNE PARTIE DE CAMPAGNE, cuja rodagem foi interrompida no verão de 1936 e cuja montagem foi concluída dez anos mais tarde a partir do material então filmado (a sua génese alimenta uma das lendas da história do cinema), é uma das obras-primas de Renoir, no seu período mais fértil. Adaptando um conto de Maupassant, Renoir assina o mais impressionista dos seus filmes em acordo com o universo pictórico do seu pai Pierre Auguste, mas PARTIE DE CAMPAGNE é um filme do movimento. O dos elementos na imagem (a água do rio, o vento nas árvores) e o da fluidez da câmara. > Ter. [17] 18:00 | Sala Luís de Pina

FRENCH CANCAN

UNE PARTIE DE CAMPAGNE

EDIÇÕES DA CINEMATECA AKI KAURISMÄKI 1ª Ed., Mar. 2000

OTAR IOSSELIANI 1ª Ed., Jun. 2006

LA RÈGLE DU JEU

AS FOLHAS DA CINEMATECA JEAN RENOIR 1ª Ed., Set. 2005 Compilação das “Folhas da Cinemateca”

A Regra do Jogo de Jean Renoir com Marcel Dalio, Nora Grégor, Roland Toutain, Julien Carette, Gaston Modot, Mila Parély, Jean Renoir França, 1939 – 110 min / legendado em português

PHILIPPE GARREL UMA ALTA SOLIDÃO

O mais lendário filme de Jean Renoir. Sem personagem principal, com nada menos do que oito protagonistas, “sem história”, implacável e demencial, objeto de tanta ira como de admiração, LA RÈGLE DU JEU é, para muitos, a obra máxima de Renoir, mostrando-nos uma coreografia em que a câmara acompanha as fugas e jogos de amor das personagens, numa mansão senhorial. Enquanto dançam sobre o vulcão, a Europa e o mundo caminham para a guerra. > Qua. [18] 18:00 | Sala Luís de Pina

1ª Ed., Jun. 2003

DAVID CRONENBERG A EXPRESSÃO NUA 1ª Ed., Jan. 2006

DIARY OF A CHAMBERMAID Diário de uma Criada de Quarto de Jean Renoir com Paulette Goddard, Burgess Meredith, Hurd Hatfield, Judith Anderson Estados Unidos, 1946 – 86 min / legendado eletronicamente em português

LUC MOULLET SOB O SIGNO DA BALANÇA

Das cinco longas-metragens realizadas por Renoir em Hollywood, duas foram situadas em França, o que à época valeu severas críticas ao cineasta no seu país natal. A opinião sobre DIARY OF A CHAMBERMAID mudou radicalmente ao longo dos anos. Este penúltimo filme americano de Renoir adapta o romance de Octave Mirbeau (1890), que voltaria a ser adaptado nos anos 60 por Luis Buñuel. A história retraça o percurso de uma criada que mina por dentro o mundo dos patrões, embora as convenções hollywoodianas tenham obrigado Renoir a alterar o desenlace. > Qui. [19] 18:00 | Sala Luís de Pina

1ª Ed., Jul. 2004

AS FOLHAS DA CINEMATECA JOHN FORD Edição Set. 1997 Compilação das “Folhas da Cinemateca”

FRENCH CANCAN French Cancan de Jean Renoir com Jean Gabin, Françoise Arnoul, Maria Felix, Gianni Esposito França, 1955 – 92 min / legendado em português

Este filme, que marca o reencontro de Renoir com a produção francesa, depois de onze anos de ausência, é também o filme em que Renoir se despede da Paris do século XIX, onde nasceu, a Paris das artes e do espetáculo. Renoir reencontra o seu velho cúmplice Jean Gabin, vedeta de diversos filmes seus nos anos 30, que tem aqui um magnífico papel de maturidade, o de um empresário em fim de carreira, convencido que só o espetáculo permite chegar à “verdadeira vida.” > Sex. [20] 18:00 | Sala Luís de Pina

LIVRO DA QUINZENA

DUAS VEZES POR MÊS, A CINEMATECA E A LIVRARIA BABEL CINEMATECA DISPONIBILIZAM DOIS TÍTULOS COM 50% DE DESCONTO SOBRE O PREÇO DE CAPA.

EDIÇÕES DA CINEMATECA

PAULO ROCHA O RIO DO OURO 1ª Ed., Nov 1996. 175 p. 75 fotos p/b.

25 DE ABRIL NO CINEMA ANTOLOGIA DE TEXTOS 1ª Ed., Abr 1999. 95 p. 70 fotos p/b.

BABEL CINEMATECA

NORTE de Louis-Ferdinand Céline VIAGEM AO FIM DA NOITE de Louis-Ferdinand Céline


CALENDÁRIO

|

2

SEGUNDA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca CRIMES AND MISDEMEANORS Woody Allen

19:00

O Que Quero Ver THE PATSY Jerry Lewis

19:30

21:30

abril

Elegia da Viagem: A Grécia de Theo Angelopoulos O MEGALEXANDROS “Alexandre O Grande” Theo Angelopoulos Cineastas, do Nosso Tempo HHH, PORTRAIT DE HOU HSIAO-HSIEN Olivier Assayas TAKESHI KITANO L’IMPRÉVISIBLE Jean-Pierre Limosin

2012 22:00

Elegia da Viagem: A Grécia de Theo Angelopoulos TOPIO STIN OMICHLI “Paisagem na Neblina” Theo Angelopoulos

9

SEGUNDA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca STARMAN John Carpenter

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo DAVID CRONENBERG, I HAVE TO MAKE THE WORD BE FLESH André S. Labarthe

19:30

21:30

3

TERÇA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca ASCENSEUR POUR L’ÉCHAFAUD Louis Malle

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo CHANTAL AKERMAN PAR CHANTAL AKERMAN Chantal Akerman PHILIPPE GARREL, ARTISTE Françoise Etchegaray

19:30

21:30

22:00

Elegia da Viagem: A Grécia de Theo Angelopoulos TAXIDI STA KITHIRA “Viagem a Citera” Theo Angelopoulos

15:30

Matinés da Cinemateca E LA NAVE VA Federico Fellini

19:00

11

QUARTA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca/ Cineastas, do Nosso Tempo TOBACCO ROAD John Ford

In Memoriam Erland Josephson HERBSTSONATE Sonata de Outono Ingmar Bergman Cineastas, do Nosso Tempo ALAIN CAVALIER, 7 CHAPITRES, 5 JOURS, 2 PIÉCES DE CUISINE Jean-Pierre Limosin Cineastas, do Nosso Tempo LE COMBAT DANS L’ILE Alain Cavalier Elegia da Viagem: A Grécia de Theo Angelopoulos O MELISSOKOMOS “O Apicultor” Theo Angelopoulos

Matinés da Cinemateca EL ANGEL EXTERMINADOR Luis Buñuel Cineastas, do Nosso Tempo ÉRIC ROHMER, PREUVES À L’APPUI (1ÈRE ET 2ÈME PARTIES) André S. Labarthe

22H30

Cineastas, do Nosso Tempo AKI KAURISMAKI Guy Girard

13

SEXTA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca THE SNAPPER Stephen Frears

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo BAD LIEUTENANT Abel Ferrara

19:30

Abrir os Cofres OXALÁ António-Pedro Vasconcelos

21:30

Ante-estreias ATELIER Susana Nascimento

22:30

Cineastas, do Nosso Tempo ABEL FERRARA, NOT GUILTY Rafi Pitts

14

SÁBADO

15:00

Cinemateca Júnior FRANCESCO GIULLARE DI DIO Roberto Rossellini

15:30

O Primeiro Século do Cinema STRANGERS ON A TRAIN Alfred Hitchcock

19:00

O Primeiro Século do Cinema LOULOU Maurice Pialat

19:30

O Primeiro Século do Cinema ZEMLYA “A Terra” Aleksandr Dovjenko

21:30

O Primeiro Século do Cinema CONTE DE PRINTEMPS Eric Rohmer

22:00

O Primeiro Século do Cinema EEN VROUW TUSSEN HOND EN WOLF/ FEMME ENTRE CHIEN ET LOUP André Delvaux

16

SEGUNDA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca THE BIG SLEEP Howard Hawks

18:00

Histórias do Cinema: Douchet / Renoir BOUDOU SAUVÉ DES EAUX Jean Renoir

19:00

A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 1 / PIONEIROS E CAÇADORES DE IMAGENS vários realizadores

Na Ante-estreia de “Linha Vermelha” TORRE BELA Thomas Harlan

Cineastas, do Nosso Tempo ANDREI RUBLIOV Andrei Tarkovski

15:30

21:30

TERÇA-FEIRA

22:00

QUINTA-FEIRA

19:30

10

Ante-estreias LINHA VERMELHA José Filipe Costa

5

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo GEORGES FRANJU, LE VISIONAIRE André S. Labarthe

21:30

Matinés da Cinemateca MOUCHETTE Robert Bresson

22:00

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo BOETTICHER RIDES AGAIN Claude Ventura, Philippe Garnier

15:30

21:30

Cineastas, do Nosso Tempo THE FLY David Cronenberg

19:30

QUARTA-FEIRA

19:30

Cineastas, do Nosso Tempo LA TÊTE CONTRE LES MURS Georges Franju

Ante-estreias TABU Miguel Gomes

4

19:00

Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

Cineastas, do Nosso Tempo UNE JOURNÉE D’ANDREI ARSENEVITCH Chris Marker

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo JOHN FORD ET ALFRED HITCHCOCK, LE LOUP ET L’AGNEAU André S. Labarthe

19:30

In Memoriam Ben Gazzara STORIE DI ORDINARIA FOLLIA Marco Ferreri

21:30

Não o Levarás Contigo – Economia e Cinema UP IN THE AIR Jason Reitman

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo MOSSO-MOSSO (JEAN ROUCH COMME SI…) Jean-André Fieschi

21:30

8 ½ Festa do Cinema Italiano IL SILENZIO DI PELECHIAN Pietro Marcello

12

QUINTA-FEIRA

22:00

15:30

Matinés da Cinemateca ALIEN THREE David Fincher

A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 2 / O PAÍS REVELADO PELO CINEMA vários realizadores

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo ARIEL Aki Kaurismaki

17

TERÇA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca ROCCO E I SUOI FRATELLI Luchino Visconti

18:00

Histórias do Cinema: Douchet / Renoir TONI UNE PARTIE DE CAMPAGNE Jean Renoir

Cinema Português: Primeiras Obras, Primeiras Vezes O CERCO António da Cunha Telles

19:30

Ante-estreias ÉDEN Daniel Blaufuks

21:30

Abrir os Cofres MEUS AMIGOS António da Cunha Telles Ante-estreias TCHINHANGO Tiago Figueiredo


CALENDÁRIO

|

abril

2012

Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 3 / AS MISSÕES CINEMATOGRÁFICAS ÀS COLÓNIAS vários realizadores

21

SÁBADO

15:00

Cinemateca Júnior ICE AGE Chris Wedge, Carlos Saldanha

21:30

Ermanno Olmi L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI Ermanno Olmi

15:30

O Primeiro Século do Cinema THE DEAD John Huston

22:00

A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 4 / ARTUR COSTA DE MACEDO vários realizadores

19:00

O Primeiro Século do Cinema SI YING DIU SA O Grande Combate Yuen Woo Ping

19:00

19:30

Matinés da Cinemateca PRIZZI’S HONOR John Huston

O Primeiro Século do Cinema TABU Friedrich W. Murnau

21:30

Histórias do Cinema: Douchet / Renoir LA RÈGLE DU JEU Jean Renoir

O Primeiro Século do Cinema NIGHT ON EARTH Jim Jarmusch

22:00

O Primeiro Século do Cinema LE DIABLE PROBABLEMENT Robert Bresson

23

SEGUNDA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca FOXTROT Arturo Ripstein

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo OÙ GÎT VOTRE SOURIRE ENFOUÏ? Pedro Costa

19:30

Ermanno Olmi IL TEMPO SE È FERMATO Ermanno Olmi

21:30

Ermanno Olmi UN CERTO GIORNO Ermanno Olmi

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo CHRONIK DER ANNA MAGDALENA BACH A Pequena Crónica de Anna Magdalena Bach Jean-Marie Straub

18

QUARTA-FEIRA

15:30

18:00

19:00

21:30

22:00

A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 5 / DEPOIS DE LISBOA, CRÓNICA ANEDÓTICA E DOURO, FAINA FLUVIAL vários realizadores Ermanno Olmi L’ALBERO DEGLI ZOCCOLI Ermanno Olmi A Imagem Muda – Pioneiros, Caçadores e Vanguardistas PROGRAMA 6 / MANUEL LUIS VIEIRA vários realizadores

19

QUINTA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca GRAND CANYON Lawrence Kasdan

18:00

Histórias do Cinema: Douchet / Renoir DIARY OF A CHAMBERMAID Jean Renoir

19:00

Ermanno Olmi IL TEMPO SE È FERMATO Ermanno Olmi

21:30

Ermanno Olmi IL POSTO Ermanno Olmi

22:00

80 Anos do Grupo Tauromáquico ‘Sector Um’ UMA GRANDE TOURADA À CORDA NAS DOZE RIBEIRAS – ILHA TERCEIRA DOS AÇORES António Luis Lourenço da Costa (?) OS CAMPINOS: ESTUDO DE COSTUMES PORTUGUEZES Albert Durot HOMENS E TOIROS Francisco Saalfeld

20

SEXTA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca/ Cineastas, do Nosso Tempo LAND AND FREEDOM Ken Loach

24

TERÇA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca THE ROUGH AND THE SMOOTH Robert Siodmak

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo ROSETTA Luc e Jean-Pierre Dardenne

19:30

21:30

22:00

Ermanno Olmi IL POSTO Ermanno Olmi Ermanno Olmi I RECUPERANTI Ermanno Olmi Cineastas, do Nosso Tempo LE HOMME CINÉMA DES FRÈRES DARDENNE Jean-Pierre Limosin

26

QUINTA-FEIRA

18:00

Histórias do Cinema: Douchet / Renoir FRENCH CANCAN Jean Renoir

15:30

Matinés da Cinemateca STARS IN MY CROWN Jacques Tourneur

19:00

Ermanno Olmi I FIDANZATI Ermanno Olmi

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo LES FAVORIS DE LA LUNE Otar Iosseliani

21:30

Ermanno Olmi E VENNE UN UOMO Ermanno Olmi

19:30

Ermanno Olmi I FIDANZATI Ermanno Olmi

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo CITIZEN KEN LOACH Karim Dridi

21:30

Ermanno Olmi DURANTE L’ESTATE Ermanno Olmi

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo OTAR IOSSELIANI, LE MERLE SIFFLEUR Julie Bertucelli

27

SEXTA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca/ Cineastas, do Nosso Tempo PIERROT LE FOU Jean-Luc Godard

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo SAMUEL FULLER, INDEPENDENT FILMMAKER André S. Labarthe

19:30

Ermanno Olmi E VENNE UN UOMO Ermanno Olmi

21:30

Ermanno Olmi LA CIRCOSTANZA Ermanno Olmi

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo LE SYSTÈME MOULLET André S. Labarthe

28

SÁBADO

15:00

Cinemateca Júnior BRIGADOON Vincente Minnelli

15:30

O Primeiro Século do Cinema SCARLET STREET Fritz Lang

19:00

O Primeiro Século do Cinema HAMOON Dariush Mehrjui

19:30

O Primeiro Século do Cinema DAS TAGEBUCH EINER VERLORENEN “Diário de Uma Mulher Perdida” G.W. Pabst

21:30

O Primeiro Século do Cinema KWAI TSAN TSEH Pancadaria Chinesa Sammo Hung

22:00

O Primeiro Século do Cinema HITLER, EINE KARRIER Hitler, uma Carreira Christian Herrendoerfer, Joachim Fest

30

SEGUNDA-FEIRA

15:30

Matinés da Cinemateca THE LONGEST DAY vários realizadores

19:00

Cineastas, do Nosso Tempo IL ÉTAIT UNE FOIS ANDRÉ S. LABARTHE Estelle Fredet

19:30

Ermanno Olmi UN CERTO GIORNO Ermanno Olmi

21:30

Ermanno Olmi CAMMINA CAMMINA Ermanno Olmi

22:00

Cineastas, do Nosso Tempo PORTRAIT DE MON PÈRE, JACQUES BARATIER Diane Baratier NICO PAPATAKIS, PORTRAIT D’UN FRANC-TIREUR Timon Koulmasis, Iro Sialaki


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