maio 2016
O Outro Lado de Bob Dylan | As Mil Apoteoses de Minnelli | São Todos Musicais Histórias do Cinema: Adrian Martin / Fritz Lang | Noémia Delgado | Erik Satie Uma Noite no Museu | Moving Cinema | Universidade Aberta – Encontro | Ante ‑estreias | Double Bill | Foco no Arquivo | História Permanente do Cinema Português | Imagem por Imagem (Cinema de Animação) | Cinemateca Júnior
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
CINEMATECA JÚNIOR SALÃO FOZ - RESTAURADORES
f fÍNDICE ALA M. FÉLIX RIBEIRO S O Outro Lado de Bob Dylan São Todos Musicais As Mil Apoteoses de Minnelli Double Bill Ante‑estreias Uma Noite no Museu Noémia Delgado Erik Satie Moving Cinema Universidade Aberta – Encontro
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ALA LUÍS DE PINA S Histórias do Cinema: Adrian Martin / Fritz Lang Foco no Arquivo História Permanente do Cinema Português Imagem por Imagem (Cinema de Animação) Moving Cinema | Cineclube das Gaivotas
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Salão Foz Cinemateca Júnior CALENDÁRIO
2 16
f fAGRADECIMENTOS Edgar Pêra, Faria de Almeida, Mário Fernandes, Pedro Serrazina, Vítor Gonçalves; Adrian Martin; Mariana Pinto dos Santos, Joana Gama (SATIE.150); Tiago Bartolomeu Costa, Luís Vieira (FiMFA LX16; São Luiz Teatro Municipal); Luísa Veloso, Frédéric Vidal, João Rosas; Sofia Sampaio (CRIA, ISCTE-IUL), Gonçalo Mota; Maria do Carmo Piçarra (Rede Aleph-Rede de Ação e Investigação Crítica da Imagem), Leandro Mendonça; Teresa Garcia, Pierre-Marie Goulet (Os Filhos de Lumière Associação Cultural), Cineclube das Gaivotas; Paulo Trancoso (Academia Portuguesa de Cinema); Teresa Joaquim (Departamento de Ciências Sociais e de Gestão, Universidade Aberta), Legendmain; Catherine Gauthier, Daniel Perez (Filmoteca Española); Bryony Dixon, Fleur Buckley (British Film Institute); Carmen Prokopiak (Murnau Stiftung); Samantha Leroy, (Cinémathèque Française); Anke Hahn (Deutsche Kinamathek); Jon Wengström, Johan Ericsson (Svenska Filminstitutet); Mikola Krutilová (Nardoni Filmovy Archiv); Eric Le Roy, Sophie Le Tetour (CNC); Elena Orel (Mosfilm).
Neste mês de maio as sessões programadas na Júnior são para todas as idades: os mais novinhos e os mais crescidos podem assistir aos quatro filmes dos nossos “Sábados em Família”, de animação e de “imagem real”. Começamos o mês com Steven Spielberg que, em 2011, concretizou o sonho de muitos anos de adaptar ao cinema as aventuras de um jovem repórter criado pelo senhor Hergé em 1929, Tintin. O que ninguém estava à espera é que Spielberg se aventurasse pela primeira vez, na sua longa carreira, no cinema de animação: AS AVENTURAS DE TINTIN: O SEGREDO DO UNICÓRNIO é um imperdível encontro entre o traço de um artista euro‑ peu e a conceção hollywoodiana do autor de E.T. Dois génios da História do Cinema marcam presença no Salão Foz nos dias 14 e 28, Buster Keaton e Charlie Chaplin, que realizam e interpretam dois dos seus filmes maiores: Sherlock Holmes Jr. e A Quimera do Ouro. A abrir a sessão de Sherlock Holmes Jr. estão programadas duas curtas‑metragens do mestre que revolucionou o cinema de animação, Norman McLaren. A 21, no nosso cinema, aterra WALL‑E, o bondoso filme de animação de Andrew Stanton: num futuro distante, devido à poluição, o planeta não pode ser habitado por humanos, apenas por máquinas, mas o nosso herói, o pequeno robot Wall‑E, descobre uma planta no meio do lixo e dos destroços. Será um sinal do renascimento da Terra? A 28, às 11h, tem lugar o “Atelier Família”, dedicado à Lanterna Mágica: propomos aos participantes que venham descobrir como funciona este antigo projetor e que recriem, também eles, um espetáculo, ilustrando e narrando a sua própria história. O Atelier requer marcação prévia até 24 de maio para cinemateca.junior@ cinemateca.pt, só se realizando com o número mínimo de dez participantes. De segunda a sexta‑feira, a Júnior tem sessões de cinema, ateliers e visitas guiadas à exposição permanente de pré‑cinema para escolas. Não esqueça a nossa velha máxima: O CINEMA VOLTOU AOS RESTAURADORES. Venha ao cinema e aproveite: veja, toque e brinque com as magníficas máquinas da nossa exposição permanente.
f fDia 7,
Sábado, 11:00
THE ADVENTURES OF TINTIN: THE SECRET OF THE UNICORN As Aventuras de Tintin: O Segredo do Unicórnio de Steven Spielberg Estados Unidos, 2011 – 107 min / legendado em português | M/6
Com realização de Steven Spielberg e produção de Peter Jackson, o filme adapta a mais carismática personagem de B.D. criada, em 1929, por Hergé, Tintin. O argumento baseia‑se em três livros das aventuras do jovem repórter, O Caranguejo das Tenazes de Ouro, O Segredo do Licorne e O Tesouro de Rackham, o Terrível: ao comprar uma réplica de um famoso galeão, Tintin torna‑se alvo de terríveis perseguições, pois, sem o saber, adquiriu um objeto que possui as pistas necessárias para a localização do tesouro do conhecido pirata “Rackham, O Terrivel”. Com a ajuda da fiel Milou, do irascível capitão Haddock e dos famosos Dupond e Dupont, acaba por resolver todos os mistérios.
f fDia 14,
Sábado, 11:00
NEIGHBOURS de Norman McLaren
criando uma banda sonora por intervenção direta na película. SYNCRHOMY é um filme musical visual em que McLaren utiliza técnicas óticas para compor os ritmos da banda sonora por sua vez transpostos para a banda de imagem em múltiplas cores, sincronizando imagem e som no mais literal sentido do termo (vemos o que ouvimos).
f fDia 21,
Sábado, 11:00
WALL‑E Wall‑E de Andrew Stanton Estados Unidos, 2008 – 98 min / dobrado em português | M/6
Uma das mais recentes maravilhas de animação produzida em Hollywood. A história de Wall‑E, um pequeno robot programado para fazer a limpeza de detritos e que há séculos desempenha a missão num planeta, a Terra, praticamente sem vida devido à poluição, enquanto os sobreviventes terrestres vivem em naves no espaço. Um dia Wall‑E descobre uma planta, sinal do renascimento da vida, e encontra uma linda robot enviada para investigar. É amor à primeira vista.
f fDia 28, Sábado,
11:00
com Grant Munro, Jean‑Paul Ladouceur Canadá, 1952 – 8 min
f fCapa
SYNCRHOMY ZIEGFELD FOLLIES
de Norman McLaren
de Vincente Minnelli, Lemuel Ayers, Roy Del Ruth, Robert Lewis, Merrill Pye, George Sidney, Charles Walters
SHERLOCK JR.
Canadá, 1971 – 7 min
Sherlock Holmes Jr. de Buster Keaton com Buster Keaton, Kathryn McGuire, Ward Crane Estados Unidos, 1924 – 50 min / mudo, com intertítulos em francês legendados eletronicamente em português
duração total da sessão: 65 min | M/12 com acom panham e nto ao piano
Cinemateca Portuguesa‑Museu do Cinema Rua Barata Salgueiro, 39 ‑ 1269‑059 Lisboa, Portugal Tel. 213 596 200 | Fax 213 523 189 cineateca@cinemateca.pt | www.cinemateca.pt
Programa sujeito a alterações
Preço dos bilhetes: 3,20 Euros Estudantes/Cartão jovem, Reformados e Pensionistas ‑ > 65 anos ‑ 2,15 euros Amigos da Cinemateca/Estudantes de Cinema ‑ 1,35 euros Amigos da Cinemateca / marcação de bilhetes: tel. 213 596 262
Horário da bilheteira:
Segunda‑feira/Sábado, 14:30 ‑ 15:30 e 18:00 ‑ 22:00 Venda online em cinemateca.bol.pt | Não há lugares marcados Informação diária sobre a programação: tel. 213 596 266 Classificação Geral dos Espetáculos: IGAC
Biblioteca
SHERLOCK JR. é um dos momentos maiores da obra do cómico impassível, Buster Keaton, na figura de um candidato a detetive inspirado nas aventuras do popular herói criado por Conan Doyle. Este genial burlesco é também uma reflexão sobre a magia do cinema, com a personagem de Keaton sofrendo, num ecrã, todos os “acidentes” provocados pelas mudanças de planos. A abrir a sessão, dois filmes de McLaren: NEIGHBOURS e SYNCRHOMY. O primeiro foi uma das mais polémicas produções do National Film Board of Canada pelo seu subtexto antimilitarista. Explora a técnica da animação com dois atores em ação real e objetos em “stop‑motion”
Exposição temporária
Segunda‑feira/Sexta‑feira, 12:30 ‑ 19:30
Sala 6 X 2, Sala dos Carvalhos e Sala dos Cupidos Segunda‑feira/Sexta‑feira,12:30 ‑ 19:30 ‑ entrada gratuita
Livraria LINHA DE SOMBRA Segunda‑feira/Sexta‑feira, 13:00 ‑ 22:00, Sábado, 14:30 ‑ 22:00 Espaço 39 Degraus: Restaurante‑Bar, Segunda‑feira/Sábado, 12:30 ‑ 01:00
Roiz / Os Frescos do Cinema f fDe 11 de março a 7 de maio de 2016
Transportes: Metro: Marquês de Pombal, Avenida | bus: 736, 744, 709, 711, 732, 745
Cinemateca Júnior | Salão Foz, Restauradores
Horário da bilheteira (11:00 ‑15:00) | Venda online em cinemateca.bol.pt Adultos ‑ 3,20 euros; Júnior (até 16 anos) ‑ 1,10 euros Ateliers Família: Adultos ‑ 6,00 euros; Júnior (até 16 anos) ‑ 2,65 euros
Transportes:
Metro: Restauradores | bus: 736, 709, 711, 732, 745, 759 salão foz, praça dos restauradores 1250‑187 lisboa tel. 213 462 157 / 213 476 129 - cinemateca.junior@cinemateca.pt
A partir dos álbuns fotográficos de Adriano Rodrigues (Roiz), confiados à guarda da Cinemateca por Gracinda Rodrigues em 2005, a Cinemateca apresenta uma exposição que “folheia” a sua obra enquanto pintor de cartazes, retratos também de Lisboa (avenidas da Liberdade e Almirante Reis) ao longo de quarenta anos, captados pelos repórteres fotográficos.
Atelier Família
A LANTERNA MÁGICA dos 5 aos 7 anos | duração máxima: 2 horas Antes do nascimento do cinema já existiam grandes espetáculos que atraíam o público para ver histórias mágicas projetadas num ecrã. Vamos reviver esse tempo, ilustrar a nossa história primeiro para depois a contar, à luz deste maravilhoso antigo projetor!
f fDia 28,
Sábado, 15:00
THE GOLD RUSH A Quimera do Ouro de Charles Chaplin com Charles Chaplin, Mack Swain, Tom Murray, George Hale Estados Unidos, 1925 – 72 min / versão sonorizada, intertítulos em português | M/6
O clássico de todos os burlescos e, para muitos, a obra maior de Charles Chaplin, incluído em quase todas as listas dos “melhores filmes de sempre”. O pequeno vagabundo parte à conquista do ouro e da felicidade no Alasca, e encontra ambos no termo de uma série de cenas memoráveis que ficaram na história do cinema: a cabana perdida no gelo e à beira do abismo em equilíbrio instável; as alucinações provocadas pela fome; a inesquecível noite solitária de Natal de Charlot, com o sonho e a dança dos pãezinhos.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO O OUTRO LADO DE BOB DYLAN Em rigor, Bob Dylan não tem só um “outro lado”. É conhecido também o seu interesse pela pintura (desde que desenhou um autorretrato para a capa do seu disco Self‑Portrait, de 1970), atividade em que atingiu alguma cotação, com obra exposta com relativa regularidade. Mas, além da música e da escrita (coisas que nele são inseparáveis), o “outro lado” em que Bob Dylan deixou uma marca profunda foi o cinema. O cinema que se interessou por ele, a começar por esse título‑chave a vários níveis (para a história do documentário, para a história da cultura popular americana, para a história do próprio Dylan) que foi o DON’T LOOK BACK de D.A. Pennebaker; e o interesse dele pelo cinema, que não se manifestou muitas vezes mas sempre que se manifestou deu origem a objetos singularíssimos como RENALDO AND CLARA ou MASKED AND ANONYMOUS. Este Ciclo, organizado no mês em que Bob Dylan (nascido Robert Allan Zimmermann em 1941, em Duluth, Minnesota) completa 75 anos, tenta traçar o essencial da história da relação entre o artista e o cinema. Os filmes que fez em nome próprio, os filmes em que foi ator (como PAT GARRETT AND BILLY THE KID, de Peckinpah), os filmes que o observaram (como o de Pennebaker), os filmes que o examinaram à procura da sua presença ou da sua ausência (caso do I’M NOT THERE de Todd Haynes, que diz que a pergunta “quem é você Bob Dylan?”, que se via no MASCULIN FEMININ de Godard, não tem uma resposta fácil), e alguns dos muitos filmes em que as suas canções foram usadas com algum tipo de significado especial (e tanto as podemos encontrar num Benning como numa produção anónima de estúdio como DANGEROUS MINDS). Este é o “lado A” deste Ciclo. O “outro lado”, obviamente, e não menos im‑ portante, é seguir, através deste conjunto de filmes, o modo como a transbordante personalidade de Bob Dylan, e a magnitude da sua obra, se espalharam pelo imaginário coletivo, deixando uma marca incomparável ainda hoje, quando Dylan continua ativo, a gravar dis‑ cos regularmente e a atuar numa digressão sem fim marcado a que chamou “Never Ending Tour”. Também podíamos ter cha‑ mado assim ao Ciclo: “never ending Dylan” durante todo o mês de maio.
f fDia 2,
Segunda-feira, 15:30
INSIDE LLEWYN DAVIS A Propósito de Llewyn Davis de Joel e Ethan Coen com Oscar Isaac, Carey Mulligan, John Goodman, Justin Timberlake Estados Unidos, 2013 – 105 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Um dos últimos filmes dos irmãos Coen, e também um dos mais sóbrios da sua já longa obra. Inspirado livremente na biografia de Dave van Ronk, cantor e compositor que foi um dos mentores de Bob Dylan, INSIDE LLEWYN DAVIS é um olhar sobre o nicho intelectual da Greenwich Village na viragem dos anos cinquenta para os anos sessenta, e especialmente sobre a sua cena “folk”. A ambiguidade – razoavelmente conseguida – do retrato do lugar e do seu espírito pinta, no fundo, um tempo de impasse. Resolvido nas cenas finais, quando um vulto no palco, nunca nomeado, concentra as atenções: era Dylan a chegar. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 2,
Segunda-feira, 21:30
DON’T LOOK BACK Eu Sou Bob Dylan de D.A. Pennebaker com Bob Dylan, Joan Baez, Donovan Estados Unidos, 1967 – 96 min / leg. eletronicamente em português | M/12
É um dos mais famosos documentários do “direct cinema” dos anos sessenta. D.A. Pennebaker seguiu Bob Dylan na primavera de 1965 durante uma sua digressão de três semanas em Inglaterra: do aeroporto à sala de espetáculos, entre conversas e concertos, em longos planos‑sequência. Se
Pennebaker encarou a possibilidade de acompanhar e filmar Bob Dylan essencialmente como um “campo de provas”, o certo é que DON’T LOOK BACK constituiu‑se como um título essencial para a iconografia de Dylan, como o provam a quantidade de momentos aqui contidos – mais ou menos encenados – que não mais abandonariam o imaginário da cultura “dylaniana”. Teve ainda o condão de interessar Dylan (que detestou ver‑se no filme) pelo cinema para além do espectador curioso e informado que já era: a sua primeira experiência como realizador (EAT THE DOCUMENT) foi uma reação direta ao filme de Pennebaker, completado com a ajuda de… Pennebaker. E este deu o primeiro passo para se tornar especialista no “documentário rock”, género que ainda hoje, quando já ultrapassou os 90 anos, vai continuando a praticar.
f fDia 3,
Terça-feira, 19:00
FESTIVAL de Murray Lerner com Bob Dylan, Peter Seeger, Joan Baez, Johnny Cash
f fDia 4,
Quarta-feira, 21:30
DELIVERANCE Fim‑de‑Semana Alucinante de John Boorman com J on Voight, Burt Reynolds, Ned Beatty, Ronny Cox, James Dickey Estados Unidos, 1971 – 109 min / legendado em espanhol | M/18
Quatro homens decidem desafiar a natureza, descendo, numa canoa, um rio particularmente perigoso pelo seus rápidos. Mas o verdadeiro perigo que vão enfrentar são os humanos que habitam nos bosques isolados que atravessam. O que era uma viagem de prazer torna‑se pesadelo e uma luta de vida ou de morte. Na banda sonora, numa escolha com alguma ironia “comentadora”, ouve‑se Moonshiner por Dylan.
f fDia 5,
Quinta-feira, 19:00
EASY RIDER Easy Rider de Dennis Hopper
Estados Unidos, 1967 – 97 min / leg. eletronicamente em português | M/12
com Peter Fonda, Dennis Hopper, Jack Nicholson
O Newport Folk Festival era um dos epicentros da cena “folk” americana, reunindo anualmente os nomes maiores das várias músicas populares americanas, do “blues” ao “country”. FESTIVAL documenta três anos consecutivos do festival, entre 1963 e 1965, que correspondem precisamente aos anos da “ascensão” de Dylan a astro maior daquele muito particular firmamento – e também à sua queda em desgraça junto dos “folkies”, quando se apresentou, em 1965, com o equipamento eletrificado, momento histórico que o filme de Lerner captou. Primeira exibição na Cinemateca.
Estados Unidos, 1969 – 94 min / legendado em espanhol | M/16
Um filme único, cujo extraordinário êxito se deveu à perfeita sintonia do argumento com as inquietações e interrogações da juventude da época. Aliás, EASY RIDER é uma espécie de balanço, num tom que começa em festa e acaba em requiem, dos anos sessenta da “contracultura” americana, em particular da chamada “drug culture”. Ficaram célebres as sequências do “ácido”, e Jack Nicholson teve aqui um passo fundamental na sua carreira. Mas o mais importante era a maneira como a América se (re)descobria na estranheza das suas divisões
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO internas e na violência latente. Na banda musical encontramos vários grupos próximos de Dylan, como os Byrds ou os The Band, e escuta‑se uma das suas composições, It’s Alright Ma (I’m Only Bleeding).
f fDia 6,
Sexta-feira, 19:00
EAT THE DOCUMENT de Bob Dylan Estados Unidos, 1972 – 52 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Depois da experiência com DON’T LOOK BACK Dylan decidiu que agora ia fazer as coisas à sua maneira. Em 1966, um ano depois da rodagem desse filme, e de novo numa digressão pelo Reino Unido, contratou Pennebaker para o filmar – mas agora às suas ordens, como um simples operador de câmara, filmando o que Dylan pedia e como Dylan queria. 1966 foi também o ano do famoso acidente de motorizada, o que explica que só anos mais tarde Dylan tenha voltado ao material, que ele próprio finalmente montou em 1972. EAT THE DOCUMENT nunca circulou, julgado à época demasiado caótico e incongruente para ter um destino comercial. Mas contém poderosos momentos “dylanianos”, seja a conversa com John Lennon, diálogo “incompreensível” alimentado por substâncias pouco lícitas, seja o célebre concerto em Manchester em que um membro da assistência lhe chama “Judas!”, a que Dylan responde pedindo aos seus músicos que “play it fucking loud” e a seguir dispara numa extraordinária interpretação de Like a Rolling Stone. A apresentar em cópia digital, numa primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 7,
Sábado, 21:30
PAT GARRETT AND BILLY THE KID
NEW YORK STORIES
Duelo na Poeira de Sam Peckinpah com James Coburn, Kris Kristofferson, Richard Jaecek, Katy Jurado, Chill Wills, Bob Dylan, Rita Coolidge, Jack Elam Estados Unidos, 1973 – 122 min / legendado em espanhol | M/12
Um filme emblemático dos anos setenta americanos, e da relação estabelecida nesses anos com as mitologias da América (e já agora, defendem muitos, o melhor filme de Peckinpah). Revisão da lenda de Billy the Kid, e da perseguição que lhe é movida pelo seu ex‑amigo Pat Garrett, é também uma reflexão, “crepuscular” como se costuma dizer, sobre o tempo em que os valores deram lugar aos interesses e o pragmatismo ofuscou o idealismo. Peckinpah detestou a montagem original (feita pelo estúdio). Foi o primeiro papel de ator de Bob Dylan, que também assinou as canções da banda musical – entre as quais se conta Knocking on Heaven’s Door, plena de propriedades “crepusculares” que fazem corpo perfeito com o filme.
f fDia 9,
Segunda-feira, 15:30
ST. VINCENT Um Santo Vizinho de Theodore Melfi com Bill Murray, Naomi Watts, Melissa McCarthy, Jaden Lieberher Estados Unidos, 2014 – 102 min / legendado em português | M/12
Um filme construído à medida do seu protagonista, Bill Murray, aqui na pele de um velho desiludido e misantrópico, beberrão e quezilento, que se trava de amizades com um novo vizinho, um miúdo adolescente sem pai que vê em Vincent (nome da personagem de Murray) o pai que não tem. Estreia na realização de Theodore Melfi, é uma obra modesta mas eficaz, e capaz de tirar o máximo partido da “persona” de Bill Murray. Como por exemplo na longa cena final, espécie de “posfácio” com uma canção de Dylan (Shelter from the Storm) e um par de “headphones”. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 9,
Segunda-feira, 19:00
I’M NOT THERE I’m Not There – Não Estou Aí de Todd Haynes
f fDia 10,
Terça-feira, 15:30
f fDia 12,
Quinta-feira, 21:30
DANGEROUS MINDS
THE OUTSIDERS
Mentes Perigosas de John N. Smith
Os Marginais de Francis Ford Coppola
com Michelle Pfeiffer, George Dzundza, Courtney B. Vance
com Matt Dillon, Tom Cruise, Diane Lane, Tom Waits
Estados Unidos, 1995 – 99 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Estados Unidos, 1983 – 91 min / legendado em espanhol | M/12
Um exemplar daquela sólida linha média de produção que Hollywood ainda conseguiu guardar durante a década de no‑ venta antes de se render à lógica dos “blockbusters” e aos fil‑ mes para um público juvenil. Michelle Pfeiffer, professora des‑ tacada para um liceu num subúrbio complicado de Los Angeles, tem um problema: como conseguir interessar os seus alunos, que têm a cabeça em tudo menos no que se passa na sala de aula. Então, experimenta cativá‑los recorrendo a uma canção de Bob Dylan, Mr. Tambourine Man, cujo poema é amplamente dito e estudado pela professora e pelos alunos, assim se tornan‑ do o centro do filme. Primeira exibição na Cinemateca.
Um filme que apresenta praticamente a nova geração de atores para os anos oitenta e noventa. Adaptação de um romance da escritora S.E. Hinton sobre a juventude da década de sessenta, é uma obra muito marcada pela cinefilia de Coppola, sendo, em grande parte, uma homenagem a GONE WITH THE WIND. O regresso de Coppola ao “low profile” (e ao “budget” reduzido) depois das dívidas contraídas para financiar o ruinoso elefante branco dos Estúdios Zoetrope. A “onda” destes “marginais” não era bem o “folk”, mas ainda assim, entre as canções do filme, ouve‑se uma composição de Dylan, Tomorrow is a Long Time, na versão de Elvis Presley.
f fDia 10,
f fDia 13,
Terça-feira, 21:30
11x14
Sexta-feira, 21:30
RENALDO AND CLARA
de James Benning
de Bob Dylan
Estados Unidos, 1977 – 81 min / leg. eletronicamente em português | M/12
com Bob Dylan, Sara Dylan, Joan Baez, Harry Dean Stanton
Com alguns traços narrativos – ou “cripto‑narrativos”, para a usar a expressão com que J. Hoberman se referiu a ele – 11x14 é um dos mais célebres Bennings dos anos setenta, a observar o midwest americano em planos longos e numa intrincadíssima relação entre a imagem e a banda de som (ela própria, e por si mesma, intrincadíssima). A presença de Benning neste Ciclo explica‑se rapidamente: trata‑se de um dylanófilo que muitíssimas vezes usou canções de Dylan nas suas bandas sonoras. Aqui ouve‑se, e por duas vezes, Black Diamond Bay, em som gravado em direto, a partir de um disco de vinil. Primeira exibição na Cinemateca.
Estados Unidos, 1978 – 235 min / leg. eletronicamente em português | M/12
f fDia 11,
Quarta-feira, 19:00
COMING HOME
com Cate Blanchett, Christian Bale, Heath Ledger, Charlotte Gainsbourg
O Regresso dos Heróis de Hal Ashby
Estados Unidos, 2007 – 135 min / legendado em português | M/12
com Bruce Dern, Jon Voight, Jane Fonda
A aproximação de Todd Haynes ao universo de Bob Dylan, representado – com outro nome – por vários atores e uma atriz, Cate Blanchett, para as cenas decalcadas ou inspiradas por DON’T LOOK BACK. O filme de Haynes mistura elementos biográficos, material poético colhido nas canções de Dylan, “trivia” documental, mitos e lendas dylanianas, para um ensaio sobre a figura do compositor a cruzar vários tempos, várias fases, como uma sucessão de máscaras e personalidades assumidas sem que seja seguro que Dylan esteja, de facto, “there” – o que é, resumidamente, a tese de Haynes. Filmicamente, em todo o caso, é o mais ambicioso projeto ficcional até hoje construído sobre Bob Dylan. Primeira exibição na Cinemateca.
Estados Unidos, 1978 – 127 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Um filme célebre que corresponde aos melhores anos da carreira de Hal Ashby (nomeado para um Óscar por este filme) e à primeira vaga do cinema americano a examinar, em cima da ferida, os traumas da guerra do Vietname (trata‑se de um filme do mesmo ano de THE DEER HUNTER de Cimino). COMING HOME foca o regresso dos combatentes, psicologicamente debilitados e/ou fisicamente mutilados, e a impossibilidade do ajustamento a uma vida social, mas também pessoal, com um mínimo de normalidade. Interpretações poderosas de alguns nomes (Dern, Voight, Jane Fonda) fulcrais no cinema americano dos anos setenta, e uma banda sonora cheia de canções, de Tim Buckley a Bob Dylan, de quem se ouve Just Like a Woman.
A segunda experiência de Bob Dylan como realizador de cinema, um grande jogo do gato e do rato com ele próprio filmado durante uma digressão pelo norte dos Estados Unidos em 1976, alternando sequências ficcionais (com toda a “entourage” de Dylan, incluindo a mulher Sara e ex‑namorada Joan Baez) e atuações musicais ao vivo. Considerado um exercício de narcisismo, julgado totalmente incongruente, RENALDO AND CLARA foi arrasado na época, e Dylan nunca mais voltou a experimentar o cinema até ao seu envolvimento em MASKED AND ANONYMOUS (que interpretou e cujo argumento, sob pseudónimo, escreveu). Mas hoje tem os seus admiradores entusiásticos, como Louis Skorecki, que escreveu, e passamos a citar, que “RENALDO AND CLARA vale todo o Visconti, todo o Pialat, todo o Huston, todo o Cassavetes, todo o Peckinpah, todo o De Palma, todo o John Woo”… Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 14,
Sábado, 21:30
NO DIRECTION HOME de Martin Scorsese Estados Unidos, 2005 – 210 min / legendado em português | M/12
Martin Scorsese, que teve um dos primeiros trabalhos profissionais como operador de câmara no WOODSTOCK de Michael Wadleigh, foi voltando periodicamente ao “documentário rock”, para além de ter trazido, muitíssimas vezes, o “rock” para a banda musical dos seus filmes. Nos últimos tem trabalhado amiúde sobre figuras da música popular, em documentários concebidos para a televisão americana. É o caso de NO DIRECTION HOME, abundante coleção de imagens de arquivos e depoimentos (do próprio
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO Dylan, inclusive, numa das raras vezes em que se predispôs a falar de si próprio extensa e desassombradamente) para um retrato do primeiro período da carreira de Bob Dylan, aquele que terminou em 1966 com o seu “eclipse” na sequência do famoso acidente de moto. Primeira exibição na Cinemateca.
Scorsese estava no auge da sua energia (é o ano anterior a GOODFELLAS...) e realizou um episódio magnífico, elétrico e vibrante, sobre a relação entre um pintor (Nolte) e a sua musa (Arquette), com recurso a vários clássicos da música rock, incluindo Like a Rolling Stone de Bob Dylan.
f fDia 16,
f fDia 20,
Segunda-feira, 19:00
Sexta-feira, 15:30
BREATHLESS
LADY IN THE WATER
O Último Fôlego de Jim McBride
A Senhora da Água de M. Night Shyamalan
com Richard Gere, Valerie Kaprisky, William Tepper
com Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, M. Night Shyamalan
Estados Unidos, 1983 – 96 min / legendado em português | M/16
Estados Unidos, 2006 – 110 min / leg. eletronicamente em português | M/12
BREATHLESS é um remake muito livre de À BOUT DE SOUFFLE, que desloca a ação de Paris para os Estados Unidos, onde uma rapariga francesa mantém uma relação com um criminoso americano. Jesse Lujack (Richard Gere) vagueia por Las Vegas e é obcecado pelo “Surfista Prateado”, da Marvel Comics, e pelo rock ‘n’ roll. Monica Poiccard (Valérie Kaprisky) é uma estudante de arquitetura que conheceu em Las Vegas. Um filme que ganhou um estatuto de culto e que é frequentemente citado como um dos mais “coolest movies”. Segundo Quentin Tarantino “Aqui está um filme que corresponde plenamente a todas as minhas obsessões: ‘comic books’, música ‘rockabilly’ e filmes”. Na banda musical ouve‑se uma das célebres canções de Dylan, Blowin in the Wind.
Como é que ninfas – ou narfas – oráculos, monstros mitológicos e outras peças anacrónicas de um puzzle pré‑socrático se relacionam e funcionam num condomínio do século XXI? LADY IN THE WATER tenta delinear uma lógica narrativa em que os dois universos não só coexistem como interagem. Cada personagem é uma peça cuja descodificação só é possível quando ligada a outra. Aposta enorme e arriscadíssima deste cineasta que, quanto mais não seja por isso, consegue o “milagre” de provar que afinal, mesmo no “mainstream” americano, ainda é possível ser‑se original. Curiosamente, é dos filmes de ficção com mais Dylan na banda musical: nada menos do que cinco canções.
f fDia 17,
Terça-feira, 15:30
NORTH COUNTRY North Country – Terra Fria de Nikki Caro
f fDia 20,
Sexta-feira, 21:30
WONDER BOYS Wonder Boys ‑ Prodígios de Curtis Hanson com Michael Douglas, Tobey Maguire, Frances McDormand
com Charlize Theron, Jeremy Renner, Frances McDormand
Estados Unidos, 2000 – 107 min / legendado em português | M/12
Estados Unidos, 2005 – 126 min / legendado em português | M/12
Baseado numa histórica verídica, NORTH COUNTRY narra a luta de uma mineira (Charlize Theron) que moveu, e ganhou, um processo contra a entidade patronal, que acusava de assédio sexual. Há uns toques “caprianos”; sobretudo no final, mas no contexto deste Ciclo conta sobretudo a imersão num território riural próximo das origens de Dylan – que nasceu no Minnesota (em Duluth), estado onde se passa NORTH COUNTRY. Ouvem ‑se canções de Dylan no bar onde os mineiros vão beber e divertir‑se, o título vem de uma canção dele (Girl from the North Country), e o próprio – algo raríssimo – gravou uma canção propositadamente para inclusão na banda musical (Tell Ol’Bill). Primeira exibição na Cinemateca.
Um belo filme do sempre discreto e raramente dececionante Curtis Hanson. A história de um professor universitário em crise (a mulher deixou‑o, o livro que está a escrever não avança), com quem um miúdo, um dos seus melhores alunos, enceta uma amizade “de homem para homem”. Um raro estado de graça para Michael Douglas, num dos seus melhores desempenhos, bem secundado pelo brilhante Tobey Maguire, um dos melhores jovens atores de Hollywood, num filme sobre as esperanças e as ilusões perdidas, e a relação entre a maturidade e a aceitação do que se perde. Bob Dylan compôs uma canção original (por sinal, magnífica) para a banda sonora, Things Have Changed, e ganhou um Óscar com ela. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 19,
f fDia 23,
Quinta-feira, 21:30
Segunda-feira, 15:30
assassínio, que pelo erro judiciário passou quase vinte anos na prisão até ver reconhecida a sua inocência. No tempo da canção (1975) Carter ainda estava preso e tinha‑se tornado um símbolo político da luta pela igualdade de tratamento a negros e brancos. No tempo do filme de Jewison a visão retrospetiva já podia ter outra amplitude, que o cineasta ilustra com aquela secura não muito imaginativa mas funcional que era sua característica, com um bom Denzel Washington a encarnar Carter. E, claro, ouve‑se o Hurricane de Dylan. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 23,
Segunda-feira, 21:30
HEARTS OF FIRE de Richard Marquand com Bob Dylan, Rupert Everett, Fionnula Flanagan Estados Unidos, 1987 – 95 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Um dos mais bizarros projetos em que Bob Dylan se envolveu, este “veículo” para a sua figura (tinha ele já 46 anos), aproveitando aquele breve período dos anos oitenta em que voltou aos “tops”, pela sua participação no coletivo USA for Africa e pelo relativo sucesso comercial do seu disco Knocked Out Loaded. Dylan faz de “rock star” envelhecida, uma ex ‑vedeta que apadrinha uma jovem cantora (Flanagan), que depois se deixa seduzir por um “rocker” mais novo (Everett). Apesar de ser a estrela, Dylan apenas contribuiu com duas canções para a banda sonora. O filme foi um fracasso colossal e praticamente desapareceu de circulação logo a seguir à estreia. Foi o último filme de Richard Marquand, que, dizem os amigos, “morreu de HEARTS OF FIRE” naquele mesmo ano de 1987. Tanta má fama aguça a curiosidade: que se vai descobrir aqui? Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 27,
Sexta-feira, 15:30
THE DREAMERS Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci com Eva Green, Michael Pitt, Louis Garrel, Jean‑Pierre Léaud Itália, França, Estados Unidos, 2003 – 115 min / legendado em português | M/16
THE DREAMERS marca o regresso de Bertolucci à cidade em que trinta anos antes rodou o mais discutido, e porventura também o mais visto, dos seus filmes: O ÚLTIMO TANGO EM PARIS. OS SONHADORES segue a história de três estudantes que partilham a paixão pelo cinema na convulsa primavera Francesa de 1968. De Dylan ouve‑se uma das mais espantosas canções, Queen Jane Approximately.
f fDia 27,
Sexta-feira, 21:30
NEW YORK STORIES
HURRICANE
Histórias de Nova Iorque de Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Woody Allen
O Furacão de Norman Jewison
de Larry Charles
com Nick Nolte, Rosanna Arquette, Talia Shire, Giancarlo Giannini, Woody Allen
com Denzel Washington, Deborah Kara Unger, Vicellous Shannon
com B ob Dylan, Jeff Bridges, Penelope Cruz, Jessica Lange, John Goodman
Estados Unidos, 1989 – 124 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Estados Unidos, 1999 – 146 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Estados Unidos, 2003 – 112 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Três pesos pesados reunidos para um tipo de filme que foi muito popular na Europa mas nunca criou raízes no cinema americano: o filme de “sketches”. E se, para a ocasião, Coppola e Woody Allen assinaram episódios bastante esquecíveis,
“Esta é a história do Hurricane”, diz a canção de Dylan, uma das mais famosas, longas e torrenciais dos seus anos setenta, em que se conta a história de Rubin “Hurricane” Carter, um pugilista negro erradamente acusado e condenado por
O último envolvimento direto de Bob Dylan, até hoje, no cinema. Não realiza, mas protagoniza e escreve o argumento (com o pseudónimo “russo” de Sergei Petrov, em parceria com o realizador Larry Charles, também ele “mascarado e anónimo” debaixo de um nome suposto).E depois o filme – uma fábula vagamente futurista‑apocalíptica, com certas cenas dignas de John Carpenter – é Dylan por todos os lados (inclusivamente a cantar), cheio de ecos e reflexos da sua vida e da sua obra, e inúmeros elementos visuais a remeterem para canções suas – MASKED AND ANONYMOUS é o mais parecido que existe com uma adaptação filmada de Desolation Row. Na altura, em 2003, foi ignorado por toda a gente, menos por alguns dos mais atentos: Jonathan Rosenbaum inclui‑o na sua lista dos dez melhores filmes desse ano, E é verdadeiramente uma obra surpreendente, que todo o dylaniano (e não só) deve descobrir, para mais com elenco de secundários luxuoso (todos aceitaram ser pagos por tuta e meia pelo privilégio de partilharem um filme com Bob Dylan). Primeira exibição na Cinemateca.
MASKED AND ANONYMOUS
f fDia 28,
Sábado, 21:30
THE LAST WALTZ A Última Valsa de Martin Scorsese com T he Band, Bob Dylan, Neil Young, Van Morrison, Muddy Waters, Joni Mitchell, Lawrence Ferlinghetti, Martin Scorsese Estados Unidos, 1978 – 117 min / legendado em espanhol | M/12
no direction home
A primeira incursão de Scorsese, como realizador, no género do “filme‑concerto” (oito anos antes, o seu nome aparecera já ligado a WOODSTOCK, e, 30 anos depois, dirigiu SHINE A LIGHT com os Stones), teve como pretexto o concerto de despedida dos The Band, grupo emblemático acompanhou Bob Dylan durante alguns anos, desde o tempo em que se chamavam The Hawks. Pelo palco, em jeito de ilustres amigos convidados, vão aparecendo alguns dos nomes de peso do rock anglo‑saxónico, de Neil Young a Joni MItchell, de Ringo Starr a Van Morrison. Para muitos, o melhor de todos os “filmes ‑concerto” jamais rodados, e uma “última valsa” memorável.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO SÃO TODOS MUSICAIS Este Ciclo foi concebido como um eco e um complemento da retrospe‑ tiva integral da obra de Vincente Minnelli que tem início neste mês de maio. Minnelli foi um dos maiores realizadores de filmes musicais da era clássica de Hollywood, com um estilo extremamente pessoal. Neste Ciclo, mostramos um total de dezanove filmes, que são todos musicais, mas distantes do cinema de Minnelli. Dos cinco títulos americanos apre‑ sentados, um pertence à estética de Busby Berkeley, nos antípodas de Minnelli (42ND STREET), outro utiliza algumas das suas vedetas prefe‑ ridas (WORDS AND MUSIC), o terceiro é um longínquo herdeiro do seu cinema (SWEET CHARITY) ao passo que EVITA é a versão filmada de um espetáculo da Broadway, e BREAKDANCE o filme em que Hollywood “re‑ cuperou” o “hip hop” e a “street dance”, dois mundos muito distantes de Vincente Minnelli. Mas a maioria dos filmes escolhidos não pertence à produção americana, de modo a ilustrar as variadíssimas formas que o cinema musical assumiu nos mais diversos países. Da Europa Central, um dos berços do filme musical americano, podemos rever o clássico SKANDAL IN BUDAPEST. Podemos ver também uma comédia musical realizada num país comunista, onde se trabalha a cantar e a dançar, “OS COSSACOS DE KUBAK”. É precisamente com o belíssimo e injustiçado UNE CHAMBRE EN VILLE, de Demy, que não exibimos há nove anos, que o Ciclo é inaugurado. Podemos ver ainda três exemplos de diferentes noções da palavra ópera: A FLAUTA MÁGICA de Mozart, na versão une chambre en ville de Ingmar Bergman; uma das mais célebres “rock operas” de sempre, TOMMY (The Who); e um exemplo da Ópera de Pequim, TIAN XIAN PEI (“O CASAMENTO DA PRINCESA CELESTE”). AAN/PRESTÍGIO REAL, o mais célebre e um dos mais delirantes filmes de Bollywood, não podia faltar nesta programação, que também inclui duas belíssimas obras vindas do continente africano: TRANSES, do marroquino Ahmed El Maanouni (o primeiro filme restaurado pela Fundação Scorsese) e NHA FALA, de Flora Gomes. E há ainda uma raridade argentina dos anos sessenta, PAJARITO GÓMEZ, que nada tem a ver com o tango mas sim com a canção ligeira local. Portugal não está ausente do programa, com dois filmes absolutamente contrastantes, sob todos os pontos de vista: SARILHO DE FRALDAS, glória do “nacional‑cançonetismo” e A JANELA (MARYALVA MIX), de Edgar Pêra. Vinte filmes variadíssimos, vindos dos cinco continentes, que cobrem setenta anos de cinema e que são todos musicais. Dez dos filmes programados são apresentados pela primeira vez na Cinemateca.
f fDia 2,
Segunda-feira, 19:00 | Dia 3, Terça-feira, 15:30
f fDia 12,
Quinta-feira, 15:30
f fDia 17,
Terça-feira, 19:00
UNE CHAMBRE EN VILLE
WORDS AND MUSIC
TOMMY
de Jacques Demy
de Ken Russell
com Dominique Sanda, Richard Berry, Danielle Darrieux
Os Reis do Espectáculo de Norman Taurog
França, 1982 – 90 min / legendado eletronicamente em português | M/12
com Mickey Rooney, Judy Garland, Gene Kelly
com T he Who, Oliver Reed, Ann Margret, Elton John, Eric Clapton, Tina Turner
Com LES PARAPLUIES DE CHERBOURG, UNE CHAMBRE EN VILLE é o único musical de Demy que é cantado do começo ao fim. Paradoxalmente, foi precisamente o que fez com que fosse muito mal recebido por parte do público francês, ao passo que PARAPLUIES foi o êxito mais perene do realizador. A história situa‑se em Nantes, cidade natal de Demy, durante uma greve operária. Um dos grevistas tem uma relação apaixonada com uma mulher de uma classe social mais alta, casada com um homem que detesta. A relação ilícita entre os dois e as peripécias da greve cruzam‑se, antes de um desenlace dramático. O filme não é exibido na Cinemateca há nove anos.
Estados Unidos, 1948 – 120 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Reino Unido, 1975 – 111 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Grande produção da MGM, WORDS AND MUSIC é vagamente baseado na história verídica da colaboração artística entre Richard Rodgers e Lorenz Hart, famosos compositor e letrista de canções de inúmeros musicais, uma das mais famosas duplas da Broadway, que começou a sua colaboração em 1919 e a prosseguiu até à morte de Hart, em 1943. A veracidade dos elementos biográficos tem menos importância do que a sucessão de números musicais.
Em maio de 1969, os The Who lançaram um duplo álbum com a “ópera rock” Tommy, que se transformou de imediato num clássico, com cerca de vinte milhões de exemplares vendidos. Além da versão cinematográfica, houve um ballet e uma versão sinfónica. Trata‑se da história de um rapaz que, depois de uma experiência traumatizante, fica cego, surdo e mudo, mas acaba por se transformar em campeão de pinball e enriquecer. Ken Russel, que fizera diversos filmes absolutamente “kitsch”, inspirados na vida de compositores clássicos (Tchaikowsky, Mahler, Liszt) obtém um excelente resultado cinematográfico com esta “ópera rock”, que figura sem dúvida entre os seus melhores trabalhos e é um dos filmes musicais mais expressivos dos anos setenta. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 4,
Quarta-feira, 15:30
f fDia 13,
Sexta-feira, 15:30
EVITA
SARILHO DE FRALDAS
Evita de Alan Parker
de Constantino Esteves
com Madonna, Jonathan Pryce, Antonio Banderas
com António Calvário, Madalena Iglésias, Nicolau Breyner, António Silva
Estados Unidos, 1996 – 135 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Portugal, 1966 – 111 min | M/12
Este filme de culto que não tem cultores, mas bem os merece, tenta renovar o filão da comédia à portuguesa. Em vez de imagem a preto e branco, fados, “bairros típicos” e mulheres de preto, no Portugal de 1966, em formato panorâmico e Orwocolor, António Calvário, involuntário raptor de um bebé (ao entrar por engano num carro igualzinho ao seu), rasga as estradas entre Lisboa e o Porto na companhia de Madalena Iglésias. Naturalmente, fazem umas pausas pelo caminho para cantar pelos campos ou na casa de banho de um hotel. E também há números cantados em palco, por vezes imitando Demy, outras imitando Minnelli. Esplêndida cópia. Sala Sala
f fDia 6,
Sexta-feira, 15:30
42ND STREET Rua 42 de Lloyd Bacon, Busby Berkeley com Ruby Keeler, Bebe Daniels, Dick Powell, Ginger Rogers Estados Unidos, 1933 – 89 min / legendado em português | M/12
42 STREET foi o filme que fez a glória de Busby Berkeley, com as suas delirantes coreografias baseadas em efeitos óticos e não de palco. Como sucede em tantos filmes musicais, conta a história de um encenador que tenta montar um espetáculo. O último número musical é a sua apoteose, celebrando a agitação de Nova Iorque: pintada em telão por trás dos bailarinos, a cidade é dada a ver em arranha‑céus que se confundem com os próprios bailarinos e as suas sombras. ND
Era inevitável que a vida de Eva Perón, a antiga locutora de rádio que se tornou “primeira‑dama” da Argentina, se vestia como uma vedeta de cinema ou uma rainha, era idolatrada pelas massas populares e morreu aos 33 anos (como Jesus Cristo, dizem os seus admiradores), fosse um dia objeto de um filme. Mas, na verdade, antes de chegar ao cinema (onde Eva Perón teve alguns papéis secundários), as aventuras desta aventureira foram parar à Broadway, num musical de Tim Rice e Anthony Lloyd Weber, de que este filme é a transposição cinematográfica, com Madonna no papel da “Madona dos sem camisa”. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 16,
Segunda-feira, 15:30
A JANELA (MARYALVA MIX) de Edgar Pêra com Lúcia Sigalho, Manuel João Vieira, Nuno Melo Portugal, 2001 – 104 min | M/12
Estreado no Festival de Locarno, A JANELA é um dos filmes mais divertidos de Edgar Pêra. Trata‑se de um musical particular, inteiramente situado num “bairro típico” lisboeta, a Calçada da Bica, com o seu elevador, os seus habitantes “folclóricos” e, naquela era longínqua, nenhum turista. Lúcia Sigalho encarna nada menos do que seis personagens, todos de mulheres “do povo”, decididas e refilonas. E as personagens masculinas cantam canções bem castiças… Música de Pedro Ayres de Magalhães, Artur Cyanetto, Paulo Pedro Gonçalves e Tiago Alves. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 18,
Quarta-feira, 19:00
KUBANSKIE KAZAK “Os Cossacos de Kuba” de Ivan Pyriev com Sergey Lukyanov, Marina Ladynina, Aleksandr Khvylta União Soviética, 1950 – 102 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Filmado em Magicolor (pseudónimo soviético do Agfacolor, para não pagar direitos), é uma das muitas comédias musicais feitas no período estalinista, realizada por um dos mestres absolutos do género. A ação situa‑se em dois “kolkhozes” vizinhos e rivais, respetivamente dirigidos por um homem e uma mulher que estão apaixonados há anos um pelo outro, sem poder dizê‑lo, devido à rivalidade profissional. O trigo é ceifado com entusiasmo e danças e cantorias é o que não falta. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 19,
Quinta-feira, 15:30
TRÖLLFLÖJTEN A Flauta Mágica de Ingmar Bergman com Josef Köstlinger, Håkan Hagegard, Irma Urrila, Ulric Cold Suécia, 1974 – 134 min / legendado em português | M/6
Ao filmar a ópera de Mozart (cantada em sueco e não no alemão original), Bergman decidiu filmar não a ópera, mas uma representação dela. Ou seja, estamos num teatro, com os seus bastidores, o seu público e o seu palco, a léguas da opção que fizeram quase todos os cineastas que filmaram óperas, que consiste em transpor a ação para cenários naturais e “cinematográficos”. À fidelidade ao compositor acrescenta
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO ‑se a modernidade do conceito do realizador. Bergman, como Mozart, conseguiu o milagre da mais aparente simplicidade com o máximo de construção e elaboração.
f fDia 19,
Quinta-feira, 19:00
TRANSES de Ahmed El Maanouni com o grupo Nass El Ghivane e outros Marrocos, 1981 – 83 min / legendado eletronicamente em português | M/12
TRANSES foi escolhido por Martin Scorsese como o primeiro filme restaurado pela World Film Foundation, que o apresentou em Cannes em 2007 (Scorsese já incluíra uma canção da banda marroquina mostrada neste filme em A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO). Segundo filme do seu realizador, TRANSES é sem dúvida o mais conhecido da pouco conhecida cinematografia marroquina. Ahmed El Maanouni acompanha o grupo musical Nass El Ghivane (“os Rolling Stones marroquinos”, embora a música dos dois grupos não se pareça muito), fundado em 1971 num dos bairros mais pobres de Casablanca, que utiliza instrumentos tradicionais e cujas letras repercutem as aspirações e ansiedades da juventude marroquina. Segundo o realizador, “a música deles é a nossa ‘soul’, revela a nossa irracionalidade. Eles inspiram‑se nos últimos mil anos da História de Marrocos e de África e o filme revela e valoriza esta herança”. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 20,
Sexta-feira, 19:00
PAJARITO GÓMEZ de Rodolfo Kuhn com Hector Pelligrini, Maria Cristina Laurenz, Nelly Beltrán Argentina, 1964 – 83 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Rodolfo Kuhn (1934‑87) foi um dos novos nomes do cinema argentino a surgir por volta de 1960, quando o país teve a sua “nova vaga”. PAJARITO GÓMEZ, a sua terceira longa ‑metragem, mostra com um tom leve e irónico, próximo do de certos filmes de François Truffaut, como a indústria discográfica fabrica uma vedeta da canção. O filme dá sempre a ver o protagonista fora dos palcos, no trabalho de promoção da sua figura e sublinha o contraste entre a fachada do que é mostrado e o que fica por trás desta fachada. São incluídas diversas canções, que parodiam o “nacional‑cançonetismo” argentino dos anos sessenta. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 21,
Sábado, 21:30
social. Teve tamanho êxito que foi feita de imediata uma “sequela” e depois uma série de televisão. A trama narrativa segue uma linha ultraclássica: depois de muitos esforços, um grupo de jovens artistas consegue montar um espetáculo. Em BREAKDANCE, uma estudante de dança contemporânea conhece dois dançarinos de rua (“breakdancers”), junta ‑se a eles e triunfa ao som do hip‑hop. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 27,
Sexta-feira, 19:00
TIAN XIAN PEI “O Casamento da Princesa Celeste” de Shi Hui com Shaofang Wang, Fengying Yan, Yungfen Zhang China, 1955 – 100 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Este clássico do cinema chinês capta uma representação de um espetáculo da Ópera de Pequim, O Par Divino. Trata‑se de uma história feérica, em que a sétima filha de um imperador celeste observa por acaso a vida dos humanos, cuja liberdade lhe causa inveja. Desce à terra para se casar com um rapaz que está disposto a vender‑se como escravo, para pagar o enterro do pai. Mas o Imperador não aprecia a desobediência da filha. Shi Hui (1916‑57), que começou a sua carreira como ator na Ópera de Pequim, fez‑se notar como ator e realizador nos anos quarenta e cinquenta, mas foi atacado como “direitista” durante a campanha das Cem Flores e suicidou‑se. Muitos anos depois, seria reabilitado. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 30,
Segunda-feira, 15:30
MOULIN ROUGE Moulin Rouge de Baz Luhrmann com Nicole Kidman, Ewan McGregor, John Leguizamo, Jim Broadbent Austrália, 2001 – 127 min / legendado em português | M/12
Baz Luhrmann reinveste a memória do cinema musical nesta luxuosa produção, que tem por cenário o mítico cabaret parisiense, do começo do século XX, contando a história de amor que liga um poeta à popular vedeta do cabaret, Satine (Nicole Kidman), guardada ciumentamente por um aristocrata, com quem acabará por entrar em confronto. Um dos filmes musicais mais célebres dos anos 2000.
f fDia 30,
Segunda-feira, 19:00
SKANDAL IN BUDAPEST
AAN Prestígio Real de Mehboob Khan
Um Escândalo em Budapeste de Stefan Szekely, Geza von Bolvary
com Nimmi Nadir, Dilip Kumar, Premath, Nadira
com Francisca Gaal, Werne Pledath, Lotte Spira, Szoke Szakall
Índia, 1952 – 117 min / legendado em português | M/12
É a mais célebre das grandes produções de Bombaim, o equivalente de E TUDO O VENTO LEVOU do cinema de Bollywood, conhecido em francês como MANGALA, FILLE DES INDES e em inglês como SAVAGE PRINCESS. História da “domesticação” de uma princesa orgulhosa e do sacrifício de uma camponesa, AAN (literalmente: “Dignidade”) é uma verdadeira síntese das grandes produções indianas dos anos cinquenta, com uma elaborada mise en scène, cores que não existem no espectro solar e várias e fabulosas canções, que se tornaram êxitos perenes na Índia e em vários outros países. A apresentar na versão comercializada em Portugal à época, mais curta do que a que circulou em outros países da Europa. Versão que, em 1953, esgotou o Odéon durante quase um ano.
f fDia 24,
Hungria, Alemanha, 1938 – 81 min / legendado em português | M/12
Coprodução alemã e húngara, UM ESCÂNDALO EM BUDAPESTE é uma comédia musical, realizada quando o género estava muito em voga nas cinematografias da Europa Central e fazia tradição. A história também é romântica, e digna de nota pelo protagonismo das suas vedetas, a começar por Franziska Gaal, uma das mais populares atrizes da época neste registo, mas também extensível a secundários como Szoke Szakall, inesquecível pela sua posterior prestação ao lado de Bogart em CASABLANCA.
Terça-feira, 19:00
PRINCE – SIGN O’ THE TIMES de Prince com Prince, Sheila E., Sheena Easton, Cat, Dr. Fink Estados Unidos, 1987 – 85 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Realizado quando o artista outrora e atualmente conhecido como Prince estava no auge da fama, depois de ter sido moldado como um anti‑Michael Jackson, este filme cuja realização é assinada pela própria vedeta, foi feito durante uma digressão da sua banda. Trata‑se, por conseguinte, essencialmente de um filme concerto, com elementos que misturam ficção e documentário. Mas, como observou Anne Billson no Monthly Film Bulletin, “para quem tem tanto talento natural para estar em palco, os papéis dramáticos são redundantes: a figura da vedeta em concerto é o papel que representa na perfeição”. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 25,
Quarta-feira, 15:30
BREAKDANCE Breakdance, Ritmo da Rua de Joel Silberg com Lucinda Dickey, Ice‑T, Adolfo Quinonos, Michael Chamber Estados Unidos, 1984 – 85 min / legendado em português | M/6
BREAKDANCE é menos um filme do que um fenómeno
sarilho de fraldas
f fDia 31,
Terça-feira, 15:30
NHA FALA A Minha Fala de Flora Gomes com Fatou N’Diaye, Jean‑Christophe Dollé, Ângelo Torres Portugal, França, Luxemburgo, 2001 – 110 min / legendado em português | M/6
Com música de Manu Dibango, Flora Gomes fez uma das raras comédias musicais africanas, que é muito mais do que um divertimento. Segundo uma crença local, toda a mulher que canta, morre. Uma jovem guineense vai estudar para Paris, onde se torna cantora. Consciente de ter violado um tabu, regressa a Bissau para organizar o seu próprio funeral e a sua ressurreição. “Vita organiza a cerimónia que reconciliará as duas culturas. Ousou fazer um ato de dessacralização para mostrar a todos que é possível construir o futuro sem deixar de ser aquilo que se é. Flora Gomes diz que para ele a música sempre foi o símbolo da liberdade. O seu filme é um perfeito exemplo disso” (Jeune Cinéma). Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 31,
Terça-feira, 19:00
SWEET CHARITY Sweet Charity – a Rapariga que Queria Ser Amada de Bob Fosse com Shirley MacLaine, John McMartin, Chita Rivera, Paula Kelly Estados Unidos, 1969 – 135 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Inspirado no argumento de AS NOITES DE CABÍRIA de Fellini, este musical foi o primeiro filme de Bob Fosse como realizador (até então fora dançarino e coreógrafo), três anos antes de CABARET. Shirley MacLaine é uma “taxi dancer” (paga para dançar com um parceiro) que não perde a esperança e o otimismo, apesar de todos os obstáculos e deceções que conhece. Alguns dos números musicais contam‑se entre os mais célebres dos dirigidos por Fosse, como Big Spender e Rich Man’s Frug. O guarda‑roupa é de Edith Head, uma das mais próximas colaboradoras de Alfred Hitchcock.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO AS MIL APOTEOSES DE MINNELLI RETROSPETIVA INTEGRAL EM MAIO E JUNHO Dos grandes cineastas da época clássica do cinema americano Vincente Minnelli era talvez o mais sonante de entre os que nunca mereceram uma retrospetiva integral ou abrangente em todos os muitos anos que esta Cinemateca leva a fazer retrospetivas integrais ou abrangentes. Começamos este mês a reparar esta falta, estendendo‑se a retrospetiva a junho. Vincente Minnelli (1903‑1986) também foi tudo menos consensual, e porventura ainda não é, suscitando enor‑ mes admirações e enormes desprezos, alguns deles célebres. A sua obra está associada ao musical, tão forte foi a marca que imprimiu a esse género do cinema americano, em especial com a sua noção de “musical integrado”, posta em prática a partir de um filme como MEET ME IN ST LOUIS, que trazia as “formas” musicais, as danças e as canções, para dentro da narrativa, em vez de fazer a narrativa parar para que entrasse o musical. Foi um esteta, magistral no uso da cor, como elemento dramático e como elemento “coreográfico”, e no trabalho com as figuras humanas e a sua presença no enquadramento – a dimensão “física” do musical atinge “mil apoteo‑ ses” nos filmes de Minnelli. Mas Minnelli transportou essas qualidades para outros géneros, do melodrama à comédia (sem música), sempre capaz de conciliar a extrema gravidade e a extrema leveza, unidas na espécie de graça que a Shirley McLaine de SOME CAME RUNNING podia simbolizar. Modernidade e classicismo, ou a modernidade dentro do classicismo (como os futuros cineastas dos Cahiers dos anos cinquenta bem assinalaram), pólos eventualmente contrários mas não mutuamente exclusivos, fazem toda a tensão do cinema de Minnelli, seja em que género for. Começamos por ver os musicais que realizou; para o mês que vem, atiramo‑nos às comédias e melodramas. Iludir a organização estritamente cronológica talvez permita, neste caso, o olhar fresco e renovado que a obra de Minnelli pede.
f fDia 11,
Quarta-feira, 15:30
TILL THE CLOUDS ROLL BY Até as Nuvens Passarem de Richard Whorf com J une Allyson, Robert Walker, Lucille Bremer, Judy Garland, Van Johnson, Kathryn Grayson, Frank Sinatra Estados Unidos, 1946 – 135 min / leg. eletronicamente em português | M/12
TILL THE CLOUDS ROLL BY é uma biografia ficcionada de um dos grandes compositores da Broadway, Jerome Kern, que esteve envolvido na produção do filme, morrendo antes de este ser concluído. Famoso pelo seu vasto elenco de estrelas como Judy Garland, June Allyson ou Frank Sinatra, os primeiros quinze minutos do filme correspondem a uma versão condensada de Show Boat, um dos mais célebres musicais compostos por Kern.
f fDia 11,
Quarta-feira, 21:30
MEET ME IN ST. LOUIS Não Há Como a Nossa Casa de Vincente Minnelli com Judy Garland, Mary Astor, Leon Ames, Margaret O’Brien Estados Unidos, 1944 – 113 min / legendado em espanhol | M/12
f fDia 3,
Terça-feira, 21:30 | Dia 5, Quinta-feira, 15:30
AN AMERICAN IN PARIS Um Americano em Paris de Vincente Minnelli com Gene Kelly, Leslie Caron, Oscar Levant, Georges Guétary, Nina Foch Estados Unidos, 1951 – 115 min / legendado em espanhol | M/6
Um dos mais célebres musicais de Minnelli, que leva a sua estética e a da Metro Goldwyn‑Mayer ao apogeu. Na Paris de inícios do século XX, um músico americano hesita entre uma jovem com pouco dinheiro e uma mulher abastada. Tal é o pretexto para um exuberante e luxuoso musical, com música de Gershwin, que arrebatou sete Óscares. Um deles foi para a direção artística de Cedric Gibbons, E. Preston Ames, Edwin B. Willis, F. Keogh Gleason; outro sagrou‑o melhor filme do ano.
f fDia 4,
Quarta-feira, 19:00
CABIN IN THE SKY Um Lugar no Céu de Vincente Minnelli com Eddie “Rochester” Anderson, Lena Horne, Duke Ellington, Louis Armstrong Estados Unidos, 1943 – 96 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Fábula musical sobre a luta entre o Bem (os espirituais e a igreja) e o Mal (os clubes de jazz!), CABIN IN THE SKY marcou a estreia na realização de Vincente Minnelli (vindo diretamente da Broadway). Do elenco fazem parte alguns dos nomes maiores do jazz da época. Duke Ellington surge na figura de um simpático enviado do diabo e interpreta temas como Things Ain’t What They Used To Be e Goin’Up.
Este terceiro filme de Minnelli é, para muitos, aquele que define o seu estilo. Para transformar a realidade quotidiana, Minnelli entremeou com canções esta típica história americana, sobre uma família feliz, situada em St. Louis em 1903, o ano em que a cidade acolheu uma Exposição Universal. Margaret O’Brien recebeu o Óscar de melhor atriz infantil e Judy Garland canta vários êxitos, como The Trolley Song, The Boy Next Door e Have Yourself a Merry Little Christmas.
f fDia 12,
Quinta-feira, 19:00
ZIEGFELD FOLLIES As Mil Apoteoses de Ziegfeld de V incente Minnelli, Lemuel Ayers, Roy Del Ruth, Robert Lewis, Merrill Pye, George Sidney, Charles Walters com F red Astaire, Lucille Ball, Judy Garland, Gene Kelly, Esther Williams Estados Unidos, 1945 – 110 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Um grande projeto do produtor Arthur Freed, nome essencial do musical hollywoodiano entre os anos quarenta e os anos sessenta, e de quem Minnelli foi um colaborador crucial. Tratava ‑se de reviver o espírito das grandes e fantasiosas “revistas” da Broadway de outros tempos (as “Ziegfeld Follies” originais foram encenadas entre os anos 1900 e a década de 1930), numa sucessão de quadros ancorados na música, na dança, e no Technicolor. A nata das vedetas dançantes e cantantes da época foi convocada, e Vincente Minnelli dirigiu as sequências com Fred Astaire. Primeira exibição na Cinemateca.
f fDia 13,
Sexta-feira, 19:00
YOLANDA AND THE THIEF Yolanda e o Vigarista de Vincente Minnelli com Fred Astaire, Lucille Bremer, Frank Morgan Estados Unidos, 1945 – 108 min / leg. eletronicamente em português | M/12
com Red Skelton, Eleanor Powell, Richard Ainley
Outro projeto de Arthur Freed, aparentemente apostado em promover a carreira da sua namorada Lucille Bremer, pondo ‑a ao lado de Fred Astaire e confiando de novo a realização a Minnelli, que já dirigira Astaire em ZIEGFELD FOLLIES. O filme foi um grande fracasso (e acabou com as aspirações de Bremer a estrela de primeira grandeza) mas as canções, os números com Fred Astaire, e o tratamento que Minnelli dá ao Techni‑ color são testemunhos da força com que vivia o musical ame‑ ricano neste período.
Estados Unidos, 1943 ‑ 102 min / leg. eletronicamente em português | M/12
f fDia 18,
f fDia 9, Segunda-feira,
21:30 | Dia 10, Terça-feira, 19:00
I DOOD IT! Marido Por Acidente de Vincente Minnelli
O segundo filme de Vincente Minnelli vive num limbo entre a sua estreia (CABIN IN THE SKY, neste mesmo ano de 1943) e a primeira das suas obras‑primas indiscutíveis, MEET ME IN ST. LOUIS, que dirigiria a seguir. I DOOD IT! vive relativamente esquecido entre esses dois títulos celebérrimos. Trata‑se de uma comédia musical que aproveita muitas das vedetas da rádio de então (a orquestra de Jimmy Dorsey) e é, em parte, um “veículo” para um dos cómicos pais populares da altura, Red Skelton. Que é, aqui, um homem apaixonado por uma corista da Broadway, Eleanor Powell, a quem compete a parte de leão nas despesas das cenas de dança e música. Primeira exibição na Cinemateca.
Quarta-feira, 21:30
THE PIRATE O Pirata dos Meus Sonhos de Vincente Minnelli com Gene Kelly, Judy Garland, Walter Slezak Estados Unidos, 1948 – 102 min / leg. eletronicamente em português | M/12
Um dos mais deslumbrantes musicais de Minnelli, paródia aos populares “filmes de piratas” da década de quarenta, com música de Cole Porter por fundo e por par de eleição Gene Kelly e Judy Garland. “THE PIRATE é um filme surpreendentemente moderno pela sua permanente especularidade, pela sua permanente passagem do ‘sonho’ à ‘realidade’, do ‘mundo imaginário’ ao ‘mundo real’. Só o teatro permite conciliar os dois níveis e não estamos longe, nesta viagem ao século XVIII, de encontrar a mesma moral que Minnelli explicitaria, anos depois, (em) THE BAND WAGON: ‘the world is a stage, the stage is a world of entertainment’“ (João Bénard da Costa).
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO DOUBLE BILL f fDia 23,
Segunda-feira, 19:00 | Dia 24, Terça-feira, 15:30
THE BAND WAGON A Roda da Fortuna de Vincente Minnelli com Fred Astaire, Cyd Charisse, Jack Buchanan, Oscar Levant, Nanette Fabray Estados Unidos, 1953 – 110 min / legendado em português | M/12
Um dos grandes musicais do cinema americano, homenagem ao mundo do espetáculo, o filme de uma melodia que adquiriu a categoria de um hino: That’s Entertainment. Fred Astaire representa a figura de um bailarino em decadência, contratado para um espetáculo moderno, que acaba por se transformar num fabuloso musical, culminando num bailado ‑homenagem ao filme de gangsters. Astaire e Cyd Charisse têm um dos mais belos “pas‑de‑deux” do cinema musical.
f fDia 24,
Este mês, para os duplos programas das tardes de Sábado (dois filmes, uma sessão, um bilhete único), esco‑ lhemos, como é regra nesta rubrica, filmes que se complementam, dialogam ou contrastam, a nível formal ou temático. O primeiro programa reúne dois filmes de ilustres cineastas americanos contemporâneos, Gus Van Sant e Brian De Palma, que tecem variações sobre o cinema de Alfred Hitchcock, em filmes que suscitaram mal entendidos e rejeições. No segundo programa aproximamos filmes que têm muitas afinidades – um dos grandes clássicos do filme negro e um violento thriller de 1973 – realizados por dois cineastas que muita coisa aproxima, Robert Siodmak e Don Siegel. O terceiro reúne os dois cineastas e os dois sistemas de cinema mais diferentes que se possa imaginar (Cecil B. DeMille na Hollywood dos anos vinte e Luis Buñuel na Paris de 1968) à volta do tema da religião. Finalmente, no último sábado do mês, propomos um programa absolutamente contrastante: a alucinada versão buñueliana de O Monte dos Vendavais, em que o “amour fou” desemboca na morte e uma poética obra-prima do período mudo em que o amor assume a forma de uma pequena ressurreição.
Terça-feira, 21:30
BRIGADOON A Lenda dos Beijos Perdidos de Vincente Minnelli com Gene Kelly, Cyd Charisse, Van Johnson, Elaine Stewart, Barry Jones, Hugh Laing Estados Unidos, 1954 – 108 min / legendado em português | M/12
A quintessência do musical, no que é um deslumbrante conto fantástico sobre uma aldeia escocesa que “vive” um dia em cada século e é descoberta por dois caçadores. Um deles, Gene Kelly, encontra ali o amor da sua vida, o que permitirá um milagre. BRIGADOON contém um dos mais belos bailados a dois no cinema: Gene Kelly e Cyd Charisse em Heather on the Hill.
f fDia 25,
Quarta-feira, 19:00
KISMET Um Estranho no Paraíso de Vincente Minnelli com Howard Keel, Ann Blyth, Dolores Gray Estados Unidos, 1955 – 113 min / legendado em espanhol | M/12
Realizado no mesmo ano de um dos seus mais espantosos e “realistas” melodramas (THE COBWEB), KISMET é um mergulho numa fantasia das mil e umas noites, numa Bagdade lendária fabricada em estúdio, e baseado – apesar de já se terem filmado vários KISMETS em Hollywood – num musical da Broadway de um par de anos antes. De todos os musicais de Minnelli, será o que faz mais tangentes ao “kitsch” – algo que no caso nem chega a ser defeito, apenas feitio.
f fDia 30,
Segunda-feira, 21:30
GIGI Gigi de Vincente Minnelli com Leslie Caron, Maurice Chevalier, Louis Jourdan, Hermione Gingold, Jacques Bergerac, Eva Gabor Estados Unidos, 1958 – 116 min / legendado em espanhol | M/12
Segunda adaptação ao cinema do romance homónimo de Colette, GIGI foi um dos triunfos da dupla Lerner‑Lowe (a mesma de MY FAIR LADY), um dos mais belos musicais da história do cinema, um dos píncaros de Minnelli neste género, e também um dos campeões na história dos Óscares (nove estatuetas, uma delas para os deslumbrantes figurinos de Cecil Beaton).
f fDia 31,
Terça-feira, 21:30
ON A CLEAR DAY YOU CAN SEE FOREVER Melinda de Vincente Minnelli com Barbra Streisand, Yves Montand, Bob Newhart Estados Unidos, 1970 – 129 min / leg. eletronicamente em português | M/12
O último musical do cineasta por excelência do musical, Vincente Minnelli (que só faria mais um filme, A MATTER OF TIME, em 1976). Barbra Streisand protagoniza a história de uma mulher dotada de propriedades extrassensoriais que tem a capacidade de “mergulhar” no passado e voltar a encarnações anteriores. É um dos melhores papeis de Streisand que aqui surge coadjuvada por Yves Montand.
ABISMOS DE PASIÓN
f fDia 7,
Sábado, 15:30
PSYCHO Psico de Gus Van Sant com Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne Moore Estados Unidos, 1998 – 98 min / legendado eletronicamente em português
DRESSED TO KILL Vestida para Matar de Brian De Palma com Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen, Keith Gordon Estados Unidos, 1980 – 104 min / legendado em português
duração total da projeção: 201 min | M/16 entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
Ao fazer PSYCHO, Gus Van Sant precisou que não se tratava de um “remake” e sim de uma reprodução ou duplicação do original, algo como a cópia moderna de uma pintura clássica. Considerando o filme de Hitchcock como um palimpsesto, ao invés de refazer o argumento original, Gus Van Sant ilustrou uma outra proposta: refazer a mise en scène, a realização. A sucessão de planos é quase exatamente a mesma e um professor americano deu‑se ao trabalho de contar 101 diferenças relativamente ao original, quase todas ínfimas, algumas substanciais. Seja como for, este filme ultracalculado é tudo menos um “remake” no sentido tradicional e como observou Armelle Leturcq “todos os objetos, cenários, roupas, parecem flutuar numa temporalidade que se estende por 40 anos, entre o original e o ‘remake’. Tudo flutua e ver este filme é fazer uma experiência de memória”. O cartaz original de DRESSED TO KILL diz: “Brian De Palma convida‑o para um desfile da última moda – para os homicídios”. O ponto de partida do filme é o brutal homicídio de uma mulher de meia ‑idade por uma misteriosa loura, que sai em busca de uma prostituta que fora a única testemunha do crime. DRESSED TO KILL é um filme repleto de citações hitchcockianas, como a cena do duche de PSYCHO e a do museu de VERTIGO. O filme transpõe com muito talento o “ambiente” narrativo hitchcockiano, atualizando‑o para o período da rodagem. DRESSED TO KILL foi pessimamente recebido pela crítica, mas defendido por um eminente conhecedor de Hitchcock, Jean Douchet, que declarou numa entrevista: “Fiquei intrigado com as críticas. De Palma é um cineasta apaixonante, pela sua maneira de trabalhar sobre um plano de Hitchcock, do mesmo
modo que Hitchcock trabalhava sobre um plano de Lang. E De Palma sabe perfeitamente bem que a imagem não é mais virgem e nisso ele é um cineasta resolutamente moderno”.
f fDia 14,
Sábado, 15:30
THE KILLERS Assassinos de Robert Siodmak com Ava Gardner, Burt Lancaster, Edmond O’Brien Estados Unidos, 1946 – 103 min / legendado em espanhol
CHARLEY VARRICK Ferro em Brasa de Don Siegel com Walter Matthau, Joe Don Baker, Andy Robinson Estados Unidos, 1973 – 111 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 214 min | M/12 entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
THE KILLERS é um dos clássicos do filme negro, produzido quando o género estava no auge. Baseado no conto homónimo de Hemingway, marcou a estreia de Burt Lancaster, formando um par notável com Ava Gardner, que foi transformada em estrela por este filme. O filme começa com o assassinato do protagonista, um ex‑lutador de boxe e a história desenrola‑se em “flashback”, numa complexa teia de traições, no centro da qual está a clássica figura da mulher fatal e maléfica. A complexidade da trama, a narrativa em “flashback”, a fotografia a preto e branco, fortemente contrastada e com grande uso das sombras, a música de Miklos Rosza e a realização de Robert Siodmak criam a atmosfera inconfundível e irresistível dos grandes filmes negros. CHARLEY VARRICK é um thriller violento e extraordinariamente bem construído, que reata com as mitologias do cinema clássico, atualizando ‑as. Dois modestos bandidos fazem um bem sucedido assalto a um banco numa pequena cidade de uma região semidesértica do Nevada, sem saberem que o dinheiro roubado pertence à Máfia. Esta manda um assassino hercúleo e brutal no encalço da dupla. Walter Matthau está perfeito num papel um tanto diferente daqueles que costuma fazer e a realização de Don Siegel é um modelo de tensão e precisão. O “grand finale” é um combate espetacular entre Matthau e Joe Don Baker. CHARLEY VARRICK é uma primeira exibição na Cinemateca.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO f fDia 21,
Sábado, 15:30
THE TEN COMMANDMENTS Os Dez Mandamentos de Cecil B. DeMille com Theodore Roberts, Richard Dix, Rod La Rocque, Leatrice Joy Estados Unidos, 1923 – 1 36 min / mudo, intertítulos em inglês legendados eletronicamente em português
LA VOIE LACTÉE A Via Láctea de Luis Buñuel com Pierre Clémenti, Paul Frankeur, Alain Cuny, Edith Scob, Michel Piccoli
ANTE‑ESTREIAS UMA NOITE NO MUSEU No espaço regularmente aberto à apresentações de filmes de produção portuguesa recente, maio é mês para uma sessão de PASTOR DA NOITE, de Mário Fer‑ nandes, uma produção Fora de Campo, a apresentar em primeira exibição pública.
f fDia 5,
Quinta-feira, 21:30
PASTOR DA NOITE
França, 1969 – 101 min / legendado eletronicamente em português
de Mário Fernandes
duração total da projeção: 237 min | M/12
com José Oliveira, Manuel Mozos, Ana Petrucci, Rui Pelejão, Hiroatsu Suzuki, José Lopes
TH E T E N C O MMA N DME NT S é apresentado com acompanhamento ao piano
Portugal, 2016 – 75 min / legendado em inglês | M/12
com a presença de Mário Fernandes
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
A primeira versão de OS DEZ MANDAMENTOS de Cecil B DeMille (que poria fim à sua carreira com uma celebérrima nova versão, em 1956) é um filme absolutamente surpreendente. Mais de 60 anos antes do DECÁLOGO de Kieslowski, este filme interroga‑se sobre como os dez mandamentos são seguidos no mundo moderno. A primeira parte é um peplum situado na era bíblica, que conta a história de Moisés. A segunda parte é uma história moderna situada em São Francisco, em que dois irmãos são rivais no amor pela mesma mulher. Como observou Manuel Cintra Ferreira, “OS DEZ MANDAMENTOS são um filme profundamente conservador por um lado e revolucionário por outro. Uma verdadeira obra‑prima, hoje incontornável para se conhecer o cinema dos anos vinte”. O filme não é apresentado na Cinemateca desde 1991. LA VOIE LACTÉE é o mais abstrato e insólito filme do período final de Buñuel. Como num romance picaresco, dois vagabundos vão de Paris a Santiago de Compostela e têm diversos encontros durante o seu périplo. Algumas das pessoas que cruzam pertencem ao mundo presente (um padre louco, as alunas de um colégio católico, uma prostituta que quer ter um filho dos dois vagabundos), outras pertencem à literatura, à mitologia ou ao passado: Jesus Cristo, o Marquês de Sade (Buñuel já juntara os dois em 1930, em L’ÂGE D’OR), um jansenista que tem um duelo com um jesuíta e outros.
f fDia 28,
Sábado, 15:30
ABISMOS DE PASIÓN O Monte dos Vendavais de Luis Buñuel com Jorge Mistral, Irasema Dilian, Lilia Prado, Ernesto Alonso México, 1953 – 90 min / legendado eletronicamente em português
GUNNAR HEDES SAGA “A Casa Solarenga” de Mauritz Stiller com Einar Hanson, Mary Johnson, Stima Berg Suécia, 1922 – 62 min / m udo, intertítulos em sueco legendados em português
duração total da projeção: 152 min | M/12 “ A C A S A S O L A R E N GA” é apresentado com acompanhamento ao piano entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
ABISMOS DE PASIÓN é, sem a menor dúvida, um dos pontos mais fortes do período mexicano de Buñuel. Guillermo Cabrera Infante disse deste filme que era “um mau Brontë, mas um bom Breton”, destacando a sua dimensão surrealista. Note‑se que no título da versão buñueliana de WUTHERING HEIGHTS passamos do “monte” aos “abismos”, o que inverte todas as conotações. Apesar disso (ou por causa disso), esta adaptação do romance de Emily Brontë é fiel ao espírito da obra, acentuando a “possessão” de Heathcliff/Alejandro na siderante cena final no cemitério (a preferida de Buñuel), nec plus ultra do “amour fou” no cinema. O Monte dos Vendavais como nunca foi filmado (basta compará‑lo com a académica versão de William Wyler ou com a anémica versão de Jacques Rivette). Baseado num romance de Selma Lagerlöf, cujo título literal é A História de Gunnar Hede (A CASA SOLARENGA é a transposição do título francês da obra, LE VIEUX MANOIR), este filme magnífico reúne as mais belas qualidades do grande mestre da mise en scène que foi Mauritz Stiller (que nos anos vinte Louis Delluc comparava ao poeta medieval Charles d’Orléans): personagens nitidamente individualizadas, perfeição do “timing”, utilização dos cenários naturais como personagens do drama, sentido plástico e “recusa da mediocridade”, segundo as palavras de Delluc. Neste filme, um rapaz de uma família endinheirada apaixona‑se por uma acrobata de uma companhia ambulante, o que suscita a oposição da sua mãe. Ele perde a memória na sequência de um acidente (numa célebre sequência filmada numa floresta coberta de neve) e recupera‑a, ao reencontrar a jovem, no que é uma sublime história de amor. Como observou um historiador, neste filme Stiller “soube reunir o burlesco, o documentário e o fantástico”.
Com realização e argumento de Mário Fernandes, também creditado como produtor para a Fora de Campo e que é ainda um dos participantes da sua mais recente longa‑metragem, PASTOR DA NOITE é noturno e lisboeta. Com imagem a preto e branco, o filme tem o seu epicentro no cenário de uma unidade de alojamento turístico de baixo custo. A sinopse refere como “na Lisboa hostelizada pelo novo turismo e saloio cosmopolitismo, a sociedade é chamada à receção.” Primeira exibição absoluta.
EM COLABORAÇÃO COM A ACADEMIA PORTUGUESA DE CINEMA E O MUSEU DA PUBLICIDADE Por ocasião da inauguração do Museu da Publicidade, a Cinemateca junta‑se à Academia Portuguesa de Ci‑ nema para evocar e homenagear o cinema publicitário português.
f fDia 6,
Sexta-feira, 21:30
O CINEMA PUBLICITÁRIO PORTUGUÊS (programa a anunciar) Antologia de filmes publicitários portugueses com obras realizadas desde a década de trinta do século passado, em presença de vários do seus autores
NOÉMIA DELGADO EM COLABORAÇÃO COM FIMFA LX16 E SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL Em tributo a Noémia Delgado (1933‑2016), MÁSCARAS é apresentado numa sessão organizada em colaboração com o São Luiz Teatro Municipal e o FIMFA Lx16 – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, que decorre em Lisboa entre 5 e 22 de maio, e que em edições anteriores tem apresentado filmes documentais que refletem a relação “entre a arte da marioneta e artistas de várias áreas, ou a relação entre a marioneta e o cinema”. Também como em edições anteriores, o FIMFA mantém o propósito de revelar “o que de mais importante se tem realizado no campo das marionetas e formas animadas” e “continuar a ser um espaço de discussão, formação e de reflexão sobre o teatro de marionetas contemporâneo”. Noémia Delgado acompanhou a última sessão de MÁSCARAS na Cinemateca, em abril de 2014, no contexto de um Ciclo dedicado ao 25 de Abril (“25 de Abril, Sempre | Parte I. O Movimento das Coisas”). Anotadora e assistente de realização e montagem de uma série de cineastas do Cinema Novo Português, mas também de Manoel de Oliveira (O PASSADO E O PRESENTE) ou Thomas Harlan (TORRE BELA), Noémia Delgado assinou a realização de vários títulos, mas MÁSCARAS, título de referência da filmografia portuguesa dos anos setenta, foi a sua única longa‑metragem.
f fDia 16,
Segunda-feira, 21:30
MÁSCARAS de Noémia Delgado Portugal, 1976 – 110 min | M/12
Noémia Delgado rodou MÁSCARAS entre o Natal de 1974 e a quarta‑feira de cinzas de 1975 em Varge, Grijó da Parada, Bemposta, Pondence, Rio de Onor e Bragança. Centrando‑se nos caretos tradicionais de Trás‑os‑Montes, o filme regista os rituais seculares do “Ciclo de inverno”, associados ao solstício e à iniciação à idade adulta. Ao registar um conjunto de tradições, cujo significado e rigor na representação se estavam a diluir progressivamente no tempo, reencenando mesmo algumas delas, Noémia Delgado fará muito pela recuperação e revitalização dessas mesmas tradições das “terras de feição ainda arcaizante do Nordeste Trasmontano”, como introduz a voz de Alexandre O’Neill.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
SALA M. FÉLIX RIBEIRO ERIK SATIE EM COLABORAÇÃO COM SATIE.150 SATIE.150 é um programa que inclui uma série de concertos e outras iniciativas em diversos pontos do país, pela pianista Joana Gama, com o apoio da Antena 2, no ano em que se celebra o 150º aniversário do nascimento do compositor francês Erik Satie (1866‑1925). A 17 de maio, dia de aniversário de Satie, a Cinemateca junta‑se às celebrações com uma sessão especial dedicada à sua obra, apresentando ENTR’ACTE, de René Clair, e BADLANDS, de Terrence Malick.
f fDia 17,
Terça-feira, 21:30
ENTR’ACTE “Intervalo” de René Clair com Man Ray, Max Ernst, Erik Satie França, 1924 – 22 min / v ersão musicada, com intertítulos em francês legendados eletronicamente em português
BADLANDS Os Noivos Sangrentos de Terrence Malick com Martin Sheen, Sissy Spacek, Warren Oates Estados Unidos, 1973 – 95 min / legendado em francês e eletronicamente em português
badlands
duração total da sessão: 117 min | M/16 A primeira longa‑metragem de Malick é um thriller inspirado num caso verídico que teve lugar nos anos cinquenta no sudoeste dos EUA, e ecoa o percurso de Bonnie e Clyde na década de trinta. Martin Sheen e Sissy Spacek formam o par de jovens que têm de enfrentar a oposição paterna para a sua união. Daí resulta o assassinato do pai da rapariga e, depois, uma série de crimes e uma feroz perseguição, com a imprensa
a explorar o carácter passional dos acontecimentos. É um dos títulos da vastíssima filmografia de obras que contam com música de Erik Satie na sua banda sonora, e será, dentro desse conjunto, um daqueles em que o surgimento dessa música tem um sentido mais poderoso. ENTR’ACTE foi originalmente realizado para ser exibido no intervalo do espetáculo Relâche (“Teatro Fechado”), apresentado em 1924 pelos Ballets Suédois com música original de Satie e cenários de Picabia. Autêntico manifesto Dada, o filme (no qual há aparições de Picabia, Satie, Man Ray, M. Duchamp e do próprio René Clair, entre outros), avança por associações, sem narrativa direta, desembocando num funeral que se transforma em perseguição. A apresentar na versão com a música original de Erik Satie.
MOVING CINEMA EM COLABORAÇÃO COM OS FILHOS DE LUMIÈRE O projeto europeu Moving Cinema é dinamizado em Portugal por Os Filhos de Lumière Associação Cultural, procurando “desenvolver estratégias inovadoras para levar os jovens a descobrir e a conhecer o cinema na‑ cional e europeu e a desenvolver uma capacidade de análise (entender o que é a matéria cinematográfica e perceber os seus sentidos de forma criativa) que os permita adquirir a capacidade de ver e de apreciar o cinema”. A parceria com a Cine‑ mateca tem‑se concretizado na organização de sessões públicas que, em anos anteriores, deram a ver UMA PEDRA NO BOLSO, de Joaquim Pinto, e O SANGUE, de Pedro Costa, em projeções acom‑ panhadas pelos realizadores, ou mais recentemente, XAVIER, de Manuel Mozos. Este mês, é altura de Vítor Gonçalves apresentar a sua longa‑metragem de estreia, UMA RAPARIGA NO VERÃO. No mesmo contexto do Moving Cine‑ ma, em colaboração com Os Filhos de Lumière mas também com o Cineclube das Gaivotas, realiza ‑se uma segunda sessão pública programada pelo Cineclube das Gaivotas, com CONTE D’ÉTÉ, de Eric Rohmer, que tem lugar a 7, às 18h30, na sala Luís de Pina (ver nota na página 15). O Cineclube foi formado em 2014, resultando de uma proposta de Os Filhos de Lumière, no âmbito do projeto europeu Moving Cinema, que também integra A Bao A Qu (Espanha), a Meno Avilys (Lituânia), a Cinémathèque Française e o Center of Moving Image (Escócia) com o apoio da Europa Criativa (subprograma Media), e em parceria, entre outros organismos, com a Cinemateca, BIP/ZIP, a Rua das Gaivotas 6 (Lisboa) e a Câmara Municipal de Lisboa.
f fDia 18,
Quarta-feira, 15:30
UMA RAPARIGA NO VERÃO de Vitor Gonçalves com Isabel Galhardo, Diogo Dória, José Manuel Mendes Portugal, 1986 – 82 min | M/12
com a presença de Vítor Gonçalves, projeção seguida de debate
Primeira longa‑metragem de Vítor Gonçalves, UMA RAPARIGA NO VERÃO foi uma das melhores surpresas do cinema português dos anos oitenta. Revelou Isabel Galhardo e é também o único filme da atriz. Um filme sobre a vida que passa, num dos mais perturbantes e sinceros retratos intimistas do cinema português, que quem viu não esquece. “UMA RAPARIGA NO VERÃO é um filme de cortes violentos e brandas repetições, ou brandas circularidades” (João Bénard da Costa).
UNIVERSIDADE ABERTA – ENCONTRO Em colaboração com a Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade Aberta A Cinemateca associa‑se à Universidade Aberta na orga‑ nização desta sessão no contexto de um Encontro que aí decorre promovido pela coordenação da licenciatura em Ciências Sociais em torno das migrações interna‑ cionais e do movimento de refugiados que marca a atualidade europeia. “As migrações internacionais são uma questão importante para as sociedades atuais glo‑ balizadas e objeto de um particular interesse científico pelas Ciências Sociais. […] Num momento em que vol‑ tam a ocupar um lugar central no debate europeu, por efeito do recente afluxo de refugiados”, a iniciativa da Universidade Aberta pretende envolver os estudantes numa reflexão a partir da projeção de LA JAULA DE ORO, Diego Quemada‑Díez, que é seguida de debate.
f fDia 25,
Quarta-feira, 21:30
LA JAULA DE ORO A Jaula de Ouro de Diego Quemada‑Díez com B randón López, Rodolfo Dominguez, Karen Martínez, Carlos Chajon Espanha, México, 2013 – 112 min / legendado em português | M/12
projeção seguida de debate Longa‑metragem de estreia de um cineasta espanhol instalado no México, LA JAULA DE ORO foi apresentado com êxito no Festival de Cannes (“Un Certain Regard”), onde o conjunto dos atores recebeu o prémio de melhor interpretação. O filme teve distribuição em diversos países, inclusive Portugal. Filmado com amadores, num estilo que mistura documentário e ficção, LA JAULA DE ORO narra o périplo de três jovens guatemaltecos, dois rapazes e uma rapariga (que se disfarça de homem para escapar à violência sexual), que decidem emigrar clandestinamente para os Estados Unidos, como milhares de outras pessoas, numa viagem muito arriscada, durante o qual os atores correram, por vezes, os mesmos riscos que os verdadeiros emigrantes. “O realizador opta por um tom sério e mistura um duro realismo social com uma verdadeira poesia, numa história em cujo centro estão os bastidores do que se passa no domínio do trabalho manual na Califórnia” (Sight & Sound). Primeira exibição na Cinemateca.
scarlet street
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
S A L A lu í s de pina HISTÓRIAS DO CINEMA: ADRIAN MARTIN / FRITZ LANG Adrian Martin vem à Cinemateca para a edição das “Histórias do Cinema” de‑ dicadas ao cinema de Fritz Lang, de que escolheu apresentar e comentar uma das obras folhetinescas do período alemão dos anos vinte (SPIONE); o “filme francês” de Lang, realizado no início da década de trinta entre a sua saída da Alemanha e o início da fase americana da sua obra (LILIOM); e três dos filmes realizados em Holllywood na década seguinte (os muito conhecidos SCARLET STREET e SECRET BEYOND THE DOOR, duas produções Diana, e o ainda hoje menos divulgado HOUSE BY THE RIVER). Adrian Martin, australiano, é uma presença indispensável na cena crítica inter‑ nacional desde os anos oitenta. Ligado ao meio universitário australiano – a Universidade de Monash, onde lecionou durante décadas – e com muito traba‑ lho produzido nesse âmbito, a sua atividade transcende em muito esse contexto específico. Foi crítico de cinema em jornais e revistas australianas, e escreveu dezenas de ensaios, sobre os mais variados temas, para publicações europeias e americanas. Tem obra publicada em livro, sempre numa gama temática va‑ riada e eclética, que tanto o leva a escrever sobre o cinema de Raul Ruiz como sobre a vasta questão da “cinefilia” nos tempos modernos. Como editor da revista “online” Rouge, dirigida a partir da Austrália, foi um dos protagonistas da “revolução crítica” trazida, ou proporcionada, pela Internet, algo que teve sequência na fundação, mais recente, de outra revista “online”, Lola. Nome maior do cinema alemão, primeiro, e do cinema americano, depois, a partir do seu exílio nos anos trinta. Fritz Lang (1890‑1976) foi talvez o cineasta que, nas primeiras décadas do cinema, maiores vocações despertou, tendo sido scarlet street (rodagem) uma influência crucial sobre, por exemplo, o jovem Hitchcock. Foi autor de al‑ gumas das mais espetaculares produções do cinema alemão dos anos vinte, nomeadamente METROPOLIS, e um dos primeiros a experimentar o som enquanto recurso dramático não “natural” (como em M). A sua passagem do “paraíso” do cinema alemão dessa época, onde era uma das personalidades mais populares e poderosas, à “fábrica” de Hollywood, onde nunca gozou da mesma liberdade, nem dos mesmos meios, nem do mesmo estatuto, gerou múltiplos equívocos durante décadas; mas a obra americana de Lang é a continuação da sua obra alemã “por outros meios”, com o nada despiciendo pormenor de, entretanto, ter existido o nazismo no seu país natal, e ter existido a guerra. O grande espetáculo dos anos vinte cedeu lugar a uma violência mais concentrada, cada vez mais fatalista e desesperada, numa perfeita habitação dos códigos e dos géneros do cinema americano, conciliada com uma argúcia no retrato psicológico (e também social) das personagens, sempre divididas entre a “realidade”, mais ou menos casual, dos seus atos (mesmo dos mais violentos), e a “abstração” dos grandes temas universais, como a culpa e a propensão para a violência latente nos seres humanos, articulações em que Lang se revela como um dos grandes pessimistas da história do cinema.
f fDia 23,
Segunda-feira, 18:00
f fDia 25,
Quarta-feira, 18:00
SPIONE
SCARLET STREET
Espiões de Fritz Lang
Almas Perversas de Fritz Lang
com Rudolph Klein‑Rogge, Gerda Maurus, Willy Fritsch, Lupu Pick, Fritz Rasp
com Edward G. Robinson, Joan Bennett, Dan Duryea
Alemanha, 1928 – 2 00 min / mudo, intertítulos em alemão legendados eletronicamente em português | M/12
Segunda versão do romance de La Fouchardière, anteriormente adaptado por Jean Renoir em LA CHIENNE. Trata‑se da história de um pintor que abandona a mulher e mata a amante num acesso de ciúmes. Em relação à versão de Renoir, Lang abandona a faceta realista para acentuar uma sombria incursão pela culpa e pelo peso do destino, numa atmosfera de filme negro. Volta a dirigir Edward G. Robinson e Joan Bennett. “Os dois temas que Lang escolheu para as suas produções Diana [SCARLETT STREET e SECRET BEYOND THE DOOR] giram à volta do assassínio da mulher e da solidão do homem. Sem qualquer complacência, e de algum modo crucificando‑se quando envelhece Robinson e o faz ser humilhado por Bennett, insistindo na sua fealdade e na repugnância física que ele lhe inspira” (Bernard Eisenschitz).
SPIONE é uma das muitas incursões de Fritz Lang nos anos vinte no universo folhetinesco, de que também é exemplo DR. MABUSE DER SPIELER. Um dos momentos mais impressionantes do filme inspira‑se num caso real, que tivera lugar poucos anos antes: o ataque da Scotland Yard à sede de uma organização anarquista em Londres, cheio de peripécias rocambolescas, com que Lang e Thea Von Harbou culminam esta nova digressão por uma Alemanha em crise, onde um super criminoso dirige uma organização que quer controlar o mundo. “Talvez nunca, como em SPIONE, sob a aparência duma narração heteróclita e confusa, se tenha traçado uma espiral que tão contínua e elipticamente contenha todos os sinais que nos permitem, não só refazer o imaginário mítico dos anos vinte, como fundi‑lo noutro mais vasto que é o do próprio cinema enquanto efeito de ilusão e enquanto efeito de real” (João Bénard da Costa).
f fDia 24,
Terça-feira, 18:00
LILIOM Liliom de Fritz Lang com Charles Boyer, Madeleine Ozeray, Florelle, Antonin Artaud França, 1934 – 117 min / legendado em português | M/12
Realizado em Paris, entre a saída de Lang da Alemanha em 1933 e o seu primeiro filme americano em 1936, LILIOM é a segunda adaptação ao cinema de uma célebre peça de Ferenc Molnár, previamente filmada por Frank Borzage. Trata ‑se de um filme peculiar na filmografia de Lang, história de um homem que ao morrer chega ao céu e vê que o “outro mundo” é quase igual a este, com burocratas e regulamentos. Ao filmar o “outro mundo” como se deste se tratasse, Lang também fez uma reflexão sobre o cinema e sobre o seu trabalho. “Genialmente fotografado por Rudi Mate (na sua única colaboração com Lang), com Charles Boyer na criação da sua vida, LILIOM é a desmontagem implacável do absurdo da repressão e da justiça, leis deste mundo e do outro. Num certo sentido, é o filme mais anárquico de Lang; noutro, o mais claustrofóbico” (João Bénard da Costa).
Estados Unidos, 1945 – 100 min / legendado em português | M/12
f fDia 27,
Sexta-feira, 18:00
SECRET BEYOND THE DOOR O Segredo da Porta Fechada de Fritz Lang com Michael Redgrave, Joan Bennett, Anne Revere, Barbara O’Neil Estados Unidos, 1948 – 98 min / legendado em português | M/12
Um dos mais rigorosos filmes de Fritz Lang em Hollywood, construído como um mecanismo de relógio ou como um desenho arquitetónico. A prodigiosa sequência dos quartos,
na qual a perturbação é introduzida por uma quebra de simetria, reflete também um universo mental em que o desequilíbrio se instala. Na década da psicanálise no cinema americano, SECRET BEYOND THE DOOR é o filme onde ela tem mais importância, sendo também aquele em que menos se faz sentir. “É um dos mais fascinantes, encantatórios e complexos filmes de Fritz Lang, uma das suas grandes obras‑primas, ou seja, uma das grandes obras‑primas da História do Cinema” (João Bénard da Costa).
f fDia 28,
Sábado, 18:00
HOUSE BY THE RIVER A Casa à Beira do Rio de Fritz Lang com Louis Hayward, Jane Wyatt, Lee Bowman, Ann Shoemaker Estados Unidos, 1950 – 88 min / leg. eletronicamente em português | M/12
HOUSE BY THE RIVER é um dos filmes menos conhecidos de Fritz Lang (passou despercebido na época da estreia e saiu de circulação durante largos anos), singularmente próximo do universo de Hitchcock com o tema da permutabilidade da culpa. Um escritor mentalmente perturbado, assassina a criada quando tenta abusar dela, tornando o seu irmão cúmplice do ato e servindo‑se de tudo como matéria para o seu livro que se tornará prova incriminatória. “Mesmo com uma rodagem rápida (32 dias), com atores obscuros e sem grande notabilidade (à exceção do estranho Louis Hayward, de quem emana uma verdadeira ‘malaise’), Lang faz de HOUSE BY THE RIVER uma obra simultaneamente compacta e armadilhada, um filme que o toca intimamente, próximo de THE WOMAN IN THE WINDOW, em que qualquer um pode ser estimulado por um movimento assassino” (Bernard Eisenschitz).
sessões-conferência | apresentadas por Adrian Martin, em inglês INFORMAÇÃO SOBRE AS SESSÕES E VENDA ANTECIPADA DE BILHETES Para esta rubrica, a Cinemateca propõe um regime de venda de bilhetes específico, fazendo um preço especial e dando prioridade a quem deseje seguir o conjunto das sessões. Assim, quem deseje seguir todas as sessões (venda exclusiva para a totalidade das sessões, máximo de duas coleções por pessoa) poderá comprar antecipadamente a sua entrada pelo preço global de € 22 (Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 12; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 10) entre 16 e 21 de maio, apenas na bilheteira local. Os lugares que não tenham sido vendidos são depois disponibilizados através do sistema de venda tanto na bilheteira local como na Internet (cinemateca.bol.pt) e rede de pontos de venda associados e de acordo com o preço específico destas sessões (Geral: € 5; Estudantes, Cartão Jovem, Maiores de 65 anos, Reformados: € 3; Amigos da Cinemateca, Estudantes Cinema, Desempregados: € 2,60).
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
S A L A lu í s de pina FOCO NO ARQUIVO As sessões “Foco no Arquivo” de maio seguem projetos ligados à investigação e à sua relação com a coleção da Cinemateca. A sessão “Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo” prolonga as anteriormente dedicadas a uma discussão continuada sobre esta importante parte do acervo fílmico da Cinema‑ teca, organizadas em colaboração com a “Aleph – rede de acção e investigação crítica da imagem colonial”. A Aleph promove a cooperação e partilha de conhecimento entre investigadores académicos, artistas e cidadãos interessados na imagem colonial, colabora com arquivos detentores de coleções coloniais na sensibilização para questões de acessibilidade e preservação dos acervos e promove a partilha de conhecimento. Este mês, Leandro Mendonça, docente na Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro), apresenta um conjunto de curtas‑metragens rodadas em Angola. No seguimento de uma programação que teve lugar durante o ano 2015 na Cinemateca, no âmbito do projeto de investigação “WORKS – O trabalho no ecrã: um estudo de memórias e identidades sociais através do cinema” financiado pela FCT, o novo ciclo “Olhares do cinema sobre o trabalho” adota uma perspetiva mais ampla, procurando destacar formas várias de diálogo entre arquivos e cinematografias nacionais e internacionais. Procura‑se refletir sobre temáticas e problemas sociais que atravessam os filmes. Ao longo do ano 2016, esta programação vai propondo aos espetadores visões distintas sobre aspetos como a precariedade, os espaços de trabalho ou as condições de vida. Este ciclo é dinamizado por Luísa Veloso (CIES‑IUL), Frédéric Vidal (CRIA‑IUL) e João Rosas. Na sessão de maio será mostrada uma seleção de curtas‑metragens sobre Setúbal e representativas das várias facetas desta cidade enquanto território de trabalho. As duas sessões “Cinema e Turismo: modos de ver e mostrar“ continuam o Ciclo “Viagens, olhares e imagens: Portugal 1910‑1980”, organizado no âmbito do projeto exploratório “Atrás da câmara: práticas de visibilidade e mobilidade no filme turístico português” (EXPL/IVC‑ANT/1706/2013; financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES). Este projeto foi desenvolvido no ANIM e no CRIA entre abril de 2014 e setembro de 2015 por uma equipa de investigadores coordenados por Sofia Sampaio (CRIA‑IUL). A seleção feita para estas duas sessões procura mostrar o modo como cineastas portugueses, “profissionais ou amadores”, foram usando as inovações tecnológicas ao seu dispor na realização dos seus filmes. As sessões deste mês são apresentadas por Gonçalo Mota, bolseiro de investigação do projeto “Atrás da câmara”.
sessão apresentada por Gonçalo Mota, bolseiro de investigação do projeto “Atrás da câmara” Esta sessão começa com um filme sobre o Porto, pródigo em vistas da cidade, nas quais se nota que a câmara não pretende apenas captar o movimento do mundo, mas também mover‑se no mundo, nomeadamente através do uso de panorâmicas e travellings. Passamos depois para os efeitos de laboratório (“split screen”, superimposições) do segundo filme, sobre Tomar, que, curiosamente, inclui já publicidade aos estabelecimentos hoteleiros da cidade. Um passeio na Serra da Estrela revela a afinidade das práticas turísticas e de viagem com a prática cinematográfica, num formato de 8 mm, cujo resultado final, com intertítulos humorísticos, torna mais ténue a divisão entre cinema amador e cinema profissional. Já o filme de Fernando Ponte e Sousa traz‑nos, num tom melodramático, um “comentário cantado” sobre o que se vê. Também faz uso criativo da montagem, estabelecendo uma certa continuidade narrativa. Outros aspetos de interesse incluem: um frenético filme de viagem pelo Vale do Vouga dominado pelo comboio; o caso curioso de um filme doméstico ou ‘de família’, filmado por um profissional contratado para registar o passeio, em Sintra, de um empresário e as suas netas ou sobrinhas; e uma espécie de poema grandiloquente sobre o Alentejo, que ilustra bem o tom e estilo que se tornaram comuns num certo tipo de filmes regionais financiados por organismos estatais.
f fDia 31,
Terça-feira, 18:30
Cinema e Turismo: Modos de Ver e Mostrar II
Cabo verde de relance de Miguel Spiguel
f fDia 2,
Portugal, 1961 – 17 min
Segunda-feira, 18:30
Para um álbum de Lisboa
Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo
de Faria de Almeida Portugal, 1966 – 13 min
REGRESSO À TERRA DO SOL
Postal de luanda
de José Fonseca e Costa
de Faria de Almeida
Portugal, 1967 – 21 min
Portugal, 1970 – 10 min
ANGOLA – TERRA DO PASSADO E DO FUTURO
Cenas de caça no baixo Alentejo
de António Escudeiro
de António de Macedo
Portugal, 1972 – 17 min
Portugal, 1973 – 20 min
A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA: OS ENCONTROS DE ALVOR
Verão 74 de Maria do Ó Alvarenga Costa
de José Fonseca e Costa, António Escudeiro
Portugal, 1974 – 7 min
Portugal, 1977 – 16 min
duração total da sessão: 67 min | M/12
A independência de angola (II parte): O Governo de Transição
sessão apresentada por Gonçalo Mota, bolseiro de investigação do projeto “Atrás da câmara”
de José Fonseca e Costa, António Escudeiro, José Carlos Barradas, Pedro Macosse
sessão apresentada por Luísa Veloso (CIES‑IUL), Frédéric Vidal (CRIA‑IUL) e João Rosas
Portugal, 1977 – 19 min
duração total da sessão: 73 min | M/12 sessão apresentada por Leandro Mendonça, docente na Universidade Federal Fluminense (Rio de Janeiro) Esta sessão contrasta dois olhares e dois usos do cinema muito diferentes, embora resultado do trabalho dos mesmos realizadores: José Fonseca e Costa e António Escudeiro, que coassinam os dois últimos filmes (com José Carlos Barradas e Pedro Macosse). REGRESSO À TERRA DO SOL e ANGOLA – TERRA DO PASSADO E DO FUTURO são duas obras de encomenda. O primeiro publicita o Banco Comercial de Angola, cuja sede era então o edifício mais alto de Luanda. O segundo foi patrocinado pela Companhia União de Cervejas de Angola, de Manuel Vinhas, e elenca, do ponto de vista do colonialismo português, as “riquezas naturais e industriais” de Angola. Num registo diametralmente oposto, A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA é um documentário, em duas partes, sobre o processo de descolonização daquele país, produzido por Francisco de Castro.
f fDia 11,
Quarta-feira, 18:30 Territórios de Trabalho
Pescadores de setúbal Portugal, 1941 – 5 min
Setúbal: suas indústrias de Virgílio Nunes Portugal, 1930 – 22 min
Setúbal: suas produções de Virgílio Nunes Portugal, 1930 – 20 min
Setúbal de Fernando de Almeida Portugal, 1956 – 21 min
duração total da sessão: 68 min | M/12
Após os espaços de trabalho, a sessão do Ciclo “Olhares do cinema sobre o trabalho” de maio foca um território clássico do trabalho em Portugal – Setúbal – e a sua progressiva transformação em zona de interesse turístico. O primeiro filme (que recupera imagens de 1920), mostra a atividade piscatória ao largo da cidade. O segundo e o terceiro, encomendas da Comissão de Iniciativa de Setúbal – e que muito provavelmente terão sido mostrados em 1930 como parte da mesma obra de longa‑metragem –, inventariam as diferentes indústrias a região: a cerâmica, o cimento, os adubos químicos, novamente a pesca da sardinha, as famosas conserveiras, o vinho moscatel, o arroz e o sal. O último filme da sessão, patrocinado pela Câmara Municipal de Setúbal em 1956, apresenta um roteiro turístico da região sem todavia omitir algumas das atividades industriais referidas nos filmes anteriores.
f fDia 17,
Terça-feira, 18:30
Cinema e Turismo: Modos de Ver e Mostrar I
A cidade do porto Portugal, 1913 ‑ 15 min
A festa dos taboleiros em tomar de Artur Costa de Macedo Portugal, 1929 – 9 min
Passeio na serra da estrela Portugal, 1939 – 6 min
Vale do vouga de Armando de Miranda Portugal, 1946 – 7 min
Um passeio a sintra com as meninas de João Rocha dos Santos
Alentejo não tem sombra de Orlando Vitorino, Azinhal Abelho Portugal, 1952 – 14 min
duração total da sessão: 68 min | M/12
Esta sessão abre com um filme a cores, tecnicolor e em formato anamórfico, de Miguel Spiguel, realizador que se especializa em filmes turísticos sobre Portugal e as ex‑colónias. Nestes filmes salta à vista o uso de longas panorâmicas na descrição da paisagem cabo‑verdiana. Os anos sessenta são anos de mudança nos modos de fazer cinema em Portugal e os dois filmes de Faria de Almeida integrados na sessão são exemplo disso. No primeiro, o realizador oferece‑nos uma visão satírica de Lisboa com recursos a técnicas do cinema mudo (tais como intertítulos), ou mesmo a imagens de arquivo. No segundo, aquilo que aparenta ser um filme assumidamente turístico e convencional, com planos aéreos, a dieta habitual de “pitoresco angolano” e um claro abuso na utilização de zoom, revela‑se mais interessante, com a introdução de um comentário na primeira pessoa sobre a cidade ao som da música de Carlos Paredes, que altera por completo o tom do filme. Também António de Macedo necessitou de realizar filmes de encomenda para poder trabalhar, mas não sem ver neles um campo de experimentação, como neste filme rodado no Baixo Alentejo, que acaba por se construir, nas palavras do próprio autor, como um “antifilme”. A fechar a sessão, um pequeno filme amador de uma família em férias na praia. São imagens cândidas, filmadas em 8 mm, que prenunciam o acesso generalizado a meios de captura de imagem e som, que entretanto atingiram níveis massivos no registo de práticas turísticas e de viagem das sociedades contemporâneas.
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maio 2016 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
S A L A lu í s de pina HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA PORTUGUÊS A escolha de maio recai mais uma vez sobre obras que foram objeto de trabalhos recentes do nosso labora‑ tório, ainda não divulgados: o filme realizado por Manuel Luis Vieira em 1926 na Madeira, pela primeira vez restaurado com a reprodução das tintagens nos troços originalmente coloridos, e a obra de Artur Ramos, feita na transição para o Cinema Novo, a exibir em cópia nova.
f fDia 5,
Quinta-feira, 18:30
f fDia 12,
Quinta-feira, 18:30
A CALÚNIA
PÁSSAROS DE ASAS CORTADAS
de Manuel Luis Vieira
de Artur Ramos
com Nadine Menut, Arnaldo Coimbra, Ermelinda Viera
com Lúcia Amram, Paulo Renato, Ruy de Carvalho, Leónia Mendes, Gérard Castello Lopes
Portugal, 1926 – 100 min / mudo | M/12
co m acompa n h a m e n to ao pia n o
Nascido no Funchal em 1885, Manuel Luis Vieira (que viria a realizar inúmeros documentários e foi um dos importantes diretores de fotografia na ficção portuguesa das décadas de trinta e quarenta), fundou nessa cidade a Empresa Cinegráfica Atlântida, que constituiu uma aventura pessoal levada a cabo à margem das principais estruturas de produção portuguesas da época e onde começou por converter em estúdio de cinema o seu anterior estúdio de fotografia. A CALÚNIA foi o primeiro filme produzido nesse contexto, todo ele nascido da vontade de juntar as capacidades fotográficas de Vieira ao potencial paisagístico da ilha. Novo restauro, em que os troços tintados são reproduzidos com as cores originais (processo “Desmet”).
Portugal, 1963 – min | M/12
Realizado e estreado pouco antes de OS VERDES ANOS de Paulo Rocha (o filme de Artur Ramos chegou às salas em maio de 1963 e o filme de Rocha estrear‑se‑ia em novembro), PÁSSAROS DE ASAS CORTADAS é, à semelhança do que se pode dizer do DOM ROBERTO de Ernesto de Sousa, uma das obras prenunciadoras do Cinema Novo Português – uma obra de transição, procurando novas intenções e um novo tom, feita por uma equipa mista em que colaboraram alguns técnicos da fase anterior. Talvez precisamente devido a esse carácter transitório, trata‑se também de um filme muito mais esquecido, e, por arrasto, visto desde a época em cópias de menor qualidade. Na Cinemateca, onde passou apesar de tudo com alguma regularidade, foi de facto visto, até hoje, em cópias que considerámos insuficientes, tendo isso levado a um novo trabalho laboratorial. É então o resultado desse trabalho que agora se apresenta, dando continuidade ao objetivo principal da rubrica, que é o resgate do esquecimento e a revisitação de todas as áreas e épocas do cinema feito entre nós.
The Boy Who Saw the Iceberg de Paul Driessen Canadá, 2000 – 9 min
This Unnameable Little Broom de Stephen e Timothy Quay Reino Unido, 1987 – 11 min
duração total (aproximada) da projeção: 50 min | M/12 com a presença de Pedro Serrazina Autor dos aclamados ESTÓRIA DO GATO E DA LUA e OS OLHOS DO FAROL, Serrazina nasceu em Lisboa em 1968 e foi estudante de arquitetura no Porto durante cinco anos, mas deixou o curso incompleto para se dedicar à animação. O seu percurso passa pelo Royal College of Arts, pela University for the Creative Arts e pela Universidade Católica do Porto, participando regularmente em júris e workshops internacionais. Produzido em 1995 por Jorge Neves para a Filmógrafo, ESTÓRIA DO GATO E DA LUA, trabalhado num registo clássico de desenho sobre papel e com narração de Joaquim de Almeida, é um dos títulos maiores do ressurgimento da animação portuguesa. O filme foi selecionado para competição no Festival de Cannes de 1996 e mereceu, entre outros prémios, uma Menção Honrosa do júri daquele que é por muitos considerado o mais importante festival de curtas‑metragens do mundo, Clermont‑Ferrand. Coprodução entre Portugal e a Holanda, OS OLHOS DO FAROL, estreado em 2010, utiliza a técnica de personagens desenhadas sobre combinação de fundo real e texturas pintadas, e mais uma vez circulou por inúmeros festivais internacionais de cinema. Pelo meio, Pedro Serrazina realizou uma curta‑metragem em imagem real, para o Porto 2001, UMA CANÇÃO DISTANTE, com Maria João, Mário Laginha e Pedro Burmester. Dos restantes filmes do programa, CICLO VICIOSO é um “spot” televisivo correalizado com Regina Pessoa e Abi Feijó, e WITHIN e ONE MINUTE ABOUT MY LIFE são projetos concebidos durante a estadia no Royal College of Arts de Londres. Pedro Serrazina apresentará ainda filmes rodados no âmbito de workshops e cursos por si ministrados (com a duração conjunta de 7 minutos), bem como duas obras que escolheu como exemplo de autores que admira no mundo da animação.
f fDia 19,
Quinta-feira, 18:30
Snezhnaya Koroleva “A Rainha da Neve” de Lev Atamanov URSS, 1957 – 62 min / dobrado em português | M/12
Snezhnaya Koroleva foi a primeira longa‑metragem de um dos fundadores da animação soviética, Lev Atamanov. Produzida em 1957 pela Soyuzmultfilm, esta adaptação de um conto de Andersen foi premiada no Festival de Veneza. A mesma história foi alvo de inúmeras outras versões, entre as quais um dos mais recentes trabalhos dos Estúdios Disney, FROZEN: O REINO DO GELO, produzido em 2013, um ano depois de, na Rússia, se ter procedido a nova adaptação, desta vez assinada por Vladlen Barbe e Maksim Sveshnikov.
pássaros de asas cortadas
IMAGEM POR IMAGEM (CINEMA DE ANIMAÇÃO) No espaço que tem sido dedicado à animação mundial propomos a primeira longa‑metragem de um dos fundadores da animação soviética, Lev Atamanov. Quanto ao cinema de animação feito entre nós, é a vez de Pedro Serrazina, mais um dos protagonistas do surto verificado a partir de finais dos anos oitenta, e sobretudo na década de noventa, um autor de quem já exibimos um filme marcante (o primeiro) mas de quem se mostra agora a integralidade da obra.
f fDia 9,
Segunda-feira, 18:30 Filmes de Pedro Serrazina
MOVING CINEMA – CINECLUBE DAS GAIVOTAS EM COLABORAÇÃO COM FILHOS DE LUMIÈRE Ver texto de apresentação na página 11.
f fDia 7,
Sábado, 18:30 Moving Cinema | Cineclube das Gaivotas
CONTE D’ÉTÉ Conto de Verão de Eric Rohmer
ESTÓRIA DO GATO E DA LUA
com Melvil Poupaud, Amanda Langlet, Aurélia Nolin
de Pedro Serrazina
França, 1996 – 114 min / legendado em português | M/12
Portugal, 1995 – 5 min
OS OLHOS DO FAROL de Pedro Serrazina Portugal, Holanda, 2010 – 15 min
WITHIN de Pedro Serrazina Reino Unido, 1998 – 5 min
ONE MINUTE ABOUT MY LIFE de Pedro Serrazina Reino Unido, 1997 – 1 min
CICLO VICIOSO de Pedro Serrazina Portugal, 1996 – 30 seg
sessão acompanhada pelo Cineclube das Gaivotas e seguida de debate Nos dez anos que vão de O RAIO VERDE a CONTO DE VERÃO, Rohmer interessou‑se por personagens cada vez mais jovens e, por conseguinte, indefinidas. O contexto narrativo de CONTE D’ÉTÉ, um dos “Contos das Quatro Estações”, é próximo do de PAULINE À LA PLAGE: as personagens não recapitulam o que se passou, como nos “Contos Morais”, nem têm teorias literárias sobre a vida, como nas “Comédias e Provérbios”. Não dominam os acontecimentos, deixam‑se levar. Neste caso, trata‑se de um rapaz em férias, em permanente hesitação entre três raparigas, com quem marca encontros simultâneos. Filme do calor e da juventude, CONTO DE VERÃO guarda a ligeireza da estação e o rasto da comédia burlesca.
CALENDÁRIO | 2 SEGUNDA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
INSIDE LLEWYN DAVIS Joel e Ethan Coen 18h30 | S ALA LP | Foco no Arquivo Coleção Colonial da Cinemateca: Campo, Contracampo, Fora de Campo
REGRESSO À TERRA DO SOL José Fonseca e Costa ANGOLA – TERRA DO PASSADO E DO FUTURO António Escudeiro A INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA: OS ENCONTROS DE ALVOR José Fonseca e Costa, António Escudeiro A independência de angola (II parte): O Governo de Transição José Fonseca e Costa, António Escudeiro, José Carlos Barradas, Pedro Macosse 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
UNE CHAMBRE EN VILLE Jacques Demy 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
DON’T LOOK BACK D.A. Pennebaker
3 TERÇA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
UNE CHAMBRE EN VILLE Jacques Demy 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
FESTIVAL Murray Lerner 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
AN AMERICAN IN PARIS Vincente Minnelli
4 QUARTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
SARILHO DE FRALDAS Constantino Esteves 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
CABIN IN THE SKY Vincente Minnelli 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
DELIVERANCE John Boorman
5 QUINTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
AN AMERICAN IN PARIS Vincente Minnelli 18h30 | SALA LP | H istória Permanente do Cinema Português
A CALÚNIA Manuel Luis Vieira 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
EASY RIDER Dennis Hopper 21h30 | SALA MFR | Ante-estreias
PASTOR DA NOITE Mário Fernandes
6 SEXTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
42ND STREET Lloyd Bacon, Busby Berkeley 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
EAT THE DOCUMENT Bob Dylan 21h30 | SALA MFR | Uma Noite no Museu
O CINEMA PUBLICTÁRIO PORTUGUÊS ANTOLOGIA
7 SÁBADO 11h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
THE ADVENTURES OF TINTIN: THE SECRET OF THE UNICORN Steven Spielberg 15h30 | SALA MFR | Double Bill
PSYCHO Gus Van Sant DRESSED TO KILL Brian De Palma 18h30 | SALA LP | Moving Cinema Cineclube das Gaivotas
CONTE D’ÉTÉ Eric Rohmer 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
PAT GARRETT AND BILLY THE KID Sam Peckinpah
9 SEGUNDA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
ST. VINCENT Theodore Melfi 18h30 | SALA LP | Imagem por Imagem (Cinema de Animação)
FILMES DE PEDRO SERRAZINA 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
maio
2016
I’M NOT THERE Todd Haynes 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
I DOOD IT! Vincente Minnelli
10 TERÇA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
DANGEROUS MINDS John N. Smith 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
I DOOD IT! Vincente Minnelli 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
11x14 James Benning
11 QUARTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
TILL THE CLOUDS ROLL BY Vincente Minnelli 18h30 | SALA LP | F oco no Arquivo Territórios de Trabalho
Pescadores de setúbal sem créditos de realização Setúbal: suas indústrias Setúbal: suas produções Virgílio Nunes Setúbal Fernando de Almeida 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
COMING HOME Hal Ashby 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
MEET ME IN ST. LOUIS Vincente Minnelli
12 QUINTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
WORDS AND MUSIC Norman Taurog 18h30 | SALA LP | H istória Permanente do Cinema Português
PÁSSAROS DE ASAS CORTADAS Artur Ramos 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
ZIEGFELD FOLLIES Vincente Minnelli
Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema A festa dos taboleiros em tomar Artur Costa de Macedo Passeio na serra da estrela sem créditos de realização Vale do vouga Armando de Miranda Um passeio a sintra com as meninas João Rocha dos Santos Alentejo não tem sombra Orlando Vitorino, Azinhal Abelho 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
TOMMY Ken Russell 21h30 | SALA MFR | Erik Satie
ENTR’ACTE René Clair BADLANDS Terrence Malick
18 QUARTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | Moving Cinema
UMA RAPARIGA NO VERÃO Vitor Gonçalves 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
KUBANSKIE KAZAK “Os Cossacos de Kuban” Ivan Pyriev 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
THE PIRATE Vincente Minnelli
19 QUINTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
TRÖLLFLÖJTEN A Flauta Mágica Ingmar Bergman 18h30 | SALA LP | Imagem por Imagem (Cinema de Animação)
Snezhnaya Koroleva “A Rainha da Neve” Lev Atamanov 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
TRANSES Ahmed El Maanouni 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
NEW YORK STORIES Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Woody Allen
21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
THE OUTSIDERS Francis Ford Coppola
13 SEXTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
EVITA Alan Parker 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
YOLANDA AND THE THIEF Vincente Minnelli 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
RENALDO AND CLARA Bob Dylan
14 SÁBADO 11h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
NEIGHBOURS SYNCRHOMY Norman McLaren SHERLOCK JR. Buster Keaton 15h30 | SALA MFR | Double Bill
THE KILLERS Robert Siodmak CHARLEY VARRICK Don Siegel 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
NO DIRECTION HOME Martin Scorsese
16 SEGUNDA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
A JANELA (MARYALVA MIX) Edgar Pêra 19h00 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
BREATHLESS Jim McBride 21h30 | SALA MFR | Noémia Delgado
MÁSCARAS Noémia Delgado
17 TERÇA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
NORTH COUNTRY Nikki Caro 18h30 | SALA LP | F oco no Arquivo | Cinema e Turismo: Modos de Ver e Mostrar I
A cidade do porto sem créditos de realização
20 SEXTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
LADY IN THE WATER M. Night Shyamalan 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
PAJARITO GÓMEZ Rodolfo Kuhn 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
WONDER BOYS Curtis Hanson
21 SÁBADO 11h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
WALL-E Andrew Stanton 15h30 | SALA MFR | Double Bill
THE TEN COMMANDMENTS Cecil B. DeMille LA VOIE LACTÉE Luis Buñuel 21h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
AAN Prestígio Real Mehboob Khan
23 SEGUNDA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
HURRICANE Norman Jewison 18h00 | SALA LP | Histórias do Cinema: Adrian Martin / Frizt Lang
SPIONE Espiões Fritz Lang 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
THE BAND WAGON Vincente Minnelli 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
HEARTS OF FIRE Richard Marquand
24 TERÇA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
THE BAND WAGON Vincente Minnelli 18h00 | SALA LP | Histórias do Cinema: Adrian Martin / Frizt Lang
LILIOM Fritz Lang
Sala MFR - sala M. Félix Ribeiro | sala lp - sala luís de pina
19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
PRINCE – SIGN O’ THE TIMES Prince 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
BRIGADOON Vincente Minnelli
25 QUARTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
BREAKDANCE Joel Silberg 18h00 | SALA LP | H istórias do Cinema: Adrian Martin / Frizt Lang
SCARLET STREET Fritz Lang 19h00 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
KISMET Vincente Minnelli 21h30 | SALA MFR | Universidade Aberta – Encontro
LA JAULA DE ORO Diego Quemada-Díez
27 SEXTA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
THE DREAMERS Bernardo Bertolucci 18h00 | SALA LP | H istórias do Cinema: Adrian Martin / Frizt Lang
SECRET BEYOND THE DOOR Fritz Lang 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
TIAN XIAN PEI “O Casamento da Princesa Celeste” Shi Hui 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
MASKED AND ANONYMOUS Larry Charles
28 SÁBADO 11h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior | Atelier Família
A LANTERNA MÁGICA 15h00 | SALÃO FOZ | Cinemateca Júnior
THE GOLD RUSH Charles Chaplin 15h30 | SALA MFR | Double Bill
ABISMOS DE PASIÓN Luis Buñuel GUNNAR HEDES SAGA “A Casa Solarenga” Mauritz Stiller 18h00 | SALA LP | H istórias do Cinema: Adrian Martin / Frizt Lang
HOUSE BY THE RIVER Fritz Lang 21h30 | SALA MFR | O Outro Lado de Bob Dylan
THE LAST WALTZ Martin Scorsese
30 SEGUNDA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
MOULIN ROUGE Baz Luhrmann 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
SKANDAL IN BUDAPEST Um Escândalo em Budapeste Stefan Szekely, Geza von Bolvary 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
GIGI Vincente Minnelli
31 TERÇA-FEIRA 15h30 | SALA MFR | São Todos Musicais
NHA FALA Flora Gomes 18h30 | SALA LP | F oco no Arquivo | Cinema e Turismo: Modos de Ver e Mostrar II
Cabo verde de relance Miguel Spiguel Para um álbum de Lisboa Postal de luanda Faria de Almeida Cenas de caça no baixo Alentejo António de Macedo Verão 74 Maria do Ó Alvarenga Costa 19h00 | SALA MFR | São Todos Musicais
SWEET CHARITY Bob Fosse 21h30 | SALA MFR | As Mil Apoteoses de Minnelli
ON A CLEAR DAY YOU CAN SEE FOREVER Vincente Minnelli