Jornal Cinemateca

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MARÇO 2014

PA U LO R O C H A E F E R N A N D O LO P E S , “ U M A E S P É C I E D E G É M E O S D I F E R E N T E S ” K I Y O S H I K U R O S AW A , O PA D R I N H O D O T E R R O R | FA C A – F E S TA D E A N T R O P O LO G I A , C I N E M A E A R T E | O U T R A S S E S S Õ E S M A R Ç O 2 0 1 4 | A N T E - E S T R E I A S | C I N E M AT E C A J Ú N I O R


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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CINEMATECA JÚNIOR CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA rua Barata Salgueiro, 39 1269-059 Lisboa, Portugal tel. 213 596 200 | fax. 213 523 180 cinemateca@cinemateca.pt www.cinemateca.pt

“UMA ESPÉCIE DE GÉMEOS DIFERENTES” – PAULO ROCHA

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“UMA ESPÉCIE DE GÉMEOS DIFERENTES” – FERNANDO LOPES

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KIYOSHI KUROSAWA, O PADRINHO DO TERROR

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FACA – FESTA DE ANTROPOLOGIA, CINEMA E ARTE

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OUTRAS SESSÕES MARÇO 2014

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ANTE-ESTREIAS

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CINEMATECA JÚNIOR

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CALENDÁRIO

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É mês de Carnaval nada parece mal. A Cinemateca Júnior desafia o seu público de miúdos e graúdos a celebrarem o Entrudo aparecendo mascarados no Salão Foz. Poderão ser estrelas de cinema, esqueletos, cadáveres monstruosos ou animais imitando as principais personagens da programação de março. Como sempre, para os mais pequenos, há filmes de animação: o clássico produzido por Walt Disney A DAMA E O VAGABUNDO, que segue o amor impossível de uma cadela bem nascida com um rafeiro, está programado no dia 1. A 21, partimos de malas e bagagens na companhia do senhor Lemuel Gulliver pelos mais estranhos dos sítios imaginários. O filme que nos permite esta aventura é AS VIAGENS DE GULLIVER, de 1939, realizado por Dave Fleischer. Fechamos o mês, dia 29, com almas de outro mundo e assombrações criadas por Tim Burton no filme A NOIVA CADÁVER. Ao público mais crescido propomos duas sessões centradas no tema “filmes sobre filmes”: dia 8, o incontornável O CREPÚSCULO DOS DEUSES, de Wilder, o filme mais cruel sobre a Fábrica de Sonhos que era e é Hollywood; a 22 pode ver-se STATE AND MAIN, de David Mamet, uma comédia sobre atribulações de rodagem. O filme tem Philip Seymour Hoffman (1967-2014) por protagonista e a sua projeção é também uma homenagem da Júnior a este fabuloso ator. No dia 29, às 11h00, a Cinemateca Júnior propõe um atelier matinal intitulado IMAGENS COM LUZ DENTRO, destinado a crianças dos 6 aos 7 anos, com a duração de duas horas. O atelier requer marcação prévia até 26 de março para o e-mail cinemateca.júnior@cinemateca.pt e está sujeito a confirmação, só se realizando com um número mínimo de 10 participantes. De segunda a sexta-feira, a Cinemateca Júnior tem sessões de cinema, ateliers e visitas guiadas à exposição permanente de pré-cinema para escolas. Consulte o programa de atividades em www.cinemateca.pt. Não esqueça a nossa velha máxima: O Cinema voltou aos Restauradores. Venha ao cinema e aproveite, veja, toque e brinque com as magníficas máquinas da nossa exposição permanente.

FOTO DA CAPA Paulo Rocha e Fernando Lopes (fotomontagem)

THE LADY AND THE TRAMP

STATE AND MAIN

A Dama e o Vagabundo de Clyde Geronimi, Hamilton Luske, Wilfred Jackson

State and Main de David Mamet com William H. Macy, Philip Seymour Hoffman, Alec Baldwin

Estados Unidos, 1955 – 76 min / dobrado em português do Brasil

AGRADECIMENTOS Manoel de Oliveira; Bruno de Almeida; João Lopes; Jorge Silva Melo, Regina Pessoa, Filipe Araújo; Pedro Barateiro; António José Martins (RTP-Rádio e Televisão de Portugal); Pedro Borges (Midas Filmes); Secretário Ken Kondo, Maria José Martins (Embaixada do Japão, Japan Foundation); Teresa Garcia, Pierre-Marie Goulet (Os Filhos de Lumière Associação Cultural); Catarina Alves Costa, Rodrigo Lacerda (FACA – Festa de Antropologia, Cinema e Arte).

Um clássico da animação dos estúdios Disney na década de cinquenta. Música, romance e humor envolvem a história de um “vira lata” que namora uma cadelinha aristocrata. Tomado erradamente como o atacante do bebé dos donos (quando de facto o salvou das ratazanas), o vira lata é enviado para o canil para ser abatido, mas todos os cães da redondeza ajudam a “dama” a salvar o “vagabundo”.

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SÁB. [01] 15:00 | SALÃO FOZ

Estados Unidos, 2000 – 105 min / legendado em português

Um dos mais divertidos filmes do habitualmente circunspecto David Mamet. Uma equipa de cinema instala-se de armas e bagagens numa povoação rural – e do choque entre o movie people e os habitantes locais nasce boa parte da intriga e dos efeitos de comédia. Diálogos irrepreensíveis, argumento burilado ao pormenor, mise en scène segura, todas as características do cinema de Mamet. Com um plus: o sentido de humor.

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SÁB. [22] 15:00 | SALÃO FOZ

THE CORPSE BRIDE A Noiva Cadáver de Tim Burton e Mike Johnson Estados Unidos, 2005 – 76 min / legendado em português

Bem-vindos ao universo fantástico de Tim Burton, que desta vez nos leva nem mais nem menos do que… ao “outro mundo”, com esqueletos, numa irresistível dança macabra à volta das aventuras e desventuras de um jovem que, ensaiando os votos de casamento num cemitério, desperta uma “noiva cadáver” que tem também contas a ajustar com quem a abandonara.

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SUNSET BOULEVARD Programa sujeito a alterações Preço dos bilhetes: 3,20 Euros Estudantes/Cartão jovem, Reformados e Pensionistas - > 65 anos - 2,15 euros Amigos da Cinemateca/Estudantes de Cinema - 1,35 euros Amigos da Cinemateca / marcação de bilhetes: tel. 213 596 262 Horário da bilheteira: seg./sáb., 14:30 - 15:30 e 18:00 - 22:00 Não há lugares marcados | Bilhetes à venda no próprio dia Informação diária sobre a programação: tel. 213 596 266 Classificação Geral dos Espectáculos: maiores de 12 anos

O Crepúsculo dos Deuses de Billy Wilder com Gloria Swanson, William Holden, Eric Von Stroheim Estados Unidos, 1950 – 110 min / legendado em português

O filme que mudou a imagem de Hollywood no cinema. Billy Wilder “ressuscitou” Gloria Swanson, retirada há muitos anos, para um papel que poderia ser o dela própria (uma diva do mudo, retirada, num patético comeback), para dar um retrato negro da cidade dos sonhos. Cecil B. DeMille, Buster Keaton e Hedda Hopper aparecem brevemente, nos seus próprios papéis.

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SÁB. [08] 15:00 | SALÃO FOZ

Biblioteca, seg./sex., 12:30 - 19:30 Sala 6 X 2, Sala dos Carvalhos e Sala dos Cupidos seg./sex.,13:30 - 22:00 - entrada gratuita Livraria Babel CINEMATECA seg./sex., 13:00 - 22:00, sáb., 14:30 - 22:00 Espaço 39 Degraus: Restaurante-Bar, seg./sáb., 12:30 - 01:00 Transportes: Metro: Marquês de Pombal, Avenida bus: 736, 744, 709, 711, 732, 745 CINEMATECA JÚNIOR Bilhetes à venda no próprio dia (11:00 - 15:00): Adultos - 3,20 euros; Júnior (até 16 anos) - 1,10 euros Ateliers Família: Adultos - 6,00 euros; Júnior (até 16 anos) - 2,65 euros Transportes: Metro: Restauradores bus: 736, 709, 711, 732, 745, 759 salão foz, praça dos restauradores 1250-187 lisboa tel. 213 462 157 / 213 476 129 cinemateca.junior@cinemateca.pt

GULLIVER’S TRAVELS As Viagens de Gulliver de Dave Fleischer, William Bowsky Estados Unidos, 1939 – 74 min / legendado em português

O grande rival de Walt Disney no cinema de animação clássico, pai do realizador Richard Fleischer, escolheu como objeto desta sua longa-metragem o romance de Jonathan Swift, Viagens de Gulliver, limitando-se à primeira viagem, a Liliput. Uma fantasia irresistível com desenhos deliciosos e canções que ficaram no ouvido.

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SÁB. [15] 15:00 | SALÃO FOZ

SÁB. [29] 15:00 | SALÃO FOZ


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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PAULO ROCHA E FERNANDO LOPES, “UMA ESPÉCIE DE GÉMEOS DIFERENTES” As obras de Paulo Rocha e Fernando Lopes, os dois cineastas que abriram o caminho do Cinema Novo Português nos anos sessenta (OS VERDES ANOS e BELARMINO, cujas datas de estreia em novembro de 1963 e de 1964 marcam os 50 anos do movimento português do Cinema Novo) filmando até ao início da segunda década de 2000 (EM CÂMARA LENTA de Lopes e SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA de Rocha, este último estreado postumamente), são mostradas em retrospetivas integrais em 2014 num diálogo entre os seus filmes, seminais do cinema português contemporâneo. Ambos nascidos em 1935 e falecidos em 2012, Lopes e Rocha acompanharam na Cinemateca as retrospetivas aqui organizadas em 1996, numa “ficção’ encenada pela Cinemateca” no “ano de todos os centenários”, como então escreveu João Bénard da Costa sublinhando a coincidência da data com o calendário do primeiro centenário do cinema português. As duas foram ocasião para a edição dos catálogos que tomaram o nome dos respetivos Ciclos, “Fernando Lopes por Cá” (realizada em Lisboa em maio e junho) e “Paulo Rocha: O Rio do Ouro” (que teve lugar no Porto, em novembro). As retrospetivas de 2014 são portanto um regresso e uma atualização.

OS VERDES ANOS de Paulo Rocha com Isabel Ruth, Rui Gomes, Ruy Furtado, Paulo Renato Portugal, 1963 – 85 min

“É a história da iniciação de dois jovens provincianos nos problemas da cidade e do amor” (Paulo Rocha), “um filme do subterrâneo contra a altura, (…) sobre a ascensão e o mergulho” (M.S. Fonseca), “a matriz do cinema português, a sua pedra angular” (João Bénard da Costa). O primeiro filme de Paulo Rocha é um olhar sobre Lisboa, desencantado, terno e amargo. O filme que, juntamente com BELARMINO, de Fernando Lopes, marca o arranque do Cinema Novo Português e o começo de uma nova geração de atores e técnicos do cinema português (o único profissional na equipa é o diretor de fotografia, Luc Mirot), foi a primeira das produções portuguesas Cunha Telles. Com diálogos de Nuno de Bragança, é também indissociável do tema original de Carlos Paredes, na sua primeira composição para cinema. Premiado no festival internacional de cinema de Locarno onde estreou em 1964.

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SEX. [07] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

MUDAR DE VIDA de Paulo Rocha com Geraldo Del Rey, Maria Barroso, Isabel Ruth, Constança Navarro Portugal, 1966 – 93 min

MUDAR DE VIDA (RODAGEM)

PAULO ROCHA Paulo Rocha (1935-2012) deu, juntamente com Fernando Lopes, os passos que puseram em marcha o Cinema Novo Português nos anos sessenta. Faz parte da história do cinema português, é-lhe consanguíneo, marcou-o ao longo das seis décadas que mediaram OS VERDES ANOS (1963) e SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA (2012), afirmando-se como um dos grandes autores do cinema moderno. A sua obra compõe um olhar de conjunto sobre a “portugalidade”, a partir de uma série de encontros e de choques: entre o país urbano e o país rural, ou entre a modernidade cultural e as tradições populares, por vezes em diálogo com as formas e expressões culturais exógenas, como sucede nos seus filmes (notoriamente em A ILHA DOS AMORES) que refletem a presença portuguesa no Extremo Oriente, também a partir de uma vivência pessoal. É também uma obra marcada pela estética da colagem, pela primeira vez trabalhada em POUSADA DAS CHAGAS. Nascido no Porto, é nessa cidade, em 1955, que “descobre” o cinema numa projeção de JIGOKU MON /AMORES DE SAMURAI de Teinosuke Kinugasa. A cinefilia pratica-a em Lisboa, onde frequenta a Faculdade de Direito e integra o grupo de universitários católicos reunidos no CCU (Cine Clube Universitário), antes de partir para Paris, onde é espectador assíduo da Cinemateca, se licencia em realização no IDHEC (Institut des Hautes Études Cinématographiques), e é assistente de Jean Renoir em LE CAPORAL ÉPINGLÉ (1962), rodado em Viena de Áustria. Fica “a dever tudo ao Renoir, visto e revisto” e tem um fundamental contacto com os filmes de Kenji Mizoguchi. Por mestre português, elege Manoel de Oliveira, com quem colabora em A CAÇA e sobretudo ACTO DA PRIMAVERA, no seu regresso a Portugal em 1961. Inicia-se na realização, pela longa-metragem, com OS VERDES ANOS, um filme lisboeta, que surge como a primeira decisiva lufada de ar fresco do cinema português. Será sobretudo realizador de longas-metragens de ficção, assinando as obras que as notas seguintes apresentam dando igualmente conta do seu percurso, feito de passos portugueses e japoneses (faz várias viagens ao Japão tomando contacto com a cultura do país; é adido cultural da Embaixada de Portugal em Tóquio entre 1975 e 1984). Primeiro produzido por António da Cunha Telles (OS VERDES ANOS, MUDAR DE VIDA), associa-se ao Centro Português de Cinema (POUSADA DAS CHAGAS), concebendo a sua própria estrutura de produção a partir de A ILHA DOS AMORES. A Suma Filmes – ou a Gafanha Filmes, no caso de SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA – assume o quadro da sua atividade de produtor-realizador, também produzindo realizadores como Edgar Feldman, Manuel Mozos, Rita Azevedo Gomes ou João Viana. Como ator, Rocha colaborou com alguns destes realizadores, mas também Jorge Silva Melo (PASSAGEM OU A MEIO CAMINHO) Manoel de Oliveira (FRANCISCA, LE SOULIER DE SATIN), João Canijo (TRÊS MENOS EU), Fernando Lopes (O FIO DO HORIZONTE) ou Raquel Freire (RASGANÇO). Da sua biografia constam ainda a direção do Centro Português de Cinema nos anos setenta e a passagem pela Escola Superior de Cinema onde marca gerações de futuros realizadores, não menos impressionados pelos seus filmes. Na sua grande maioria, os filmes desta retrospetiva são apresentados em cópias novas, depositadas ou resultantes de processos de preservação. OS VERDES ANOS e MUDAR DE VIDA, que em breve terão reposição comercial em novas cópias digitais, vão ser projetados em cópias novas 35mm. SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA teve a sua primeira apresentação pública em Portugal na Cinemateca, em janeiro de 2014, não sendo exibido agora dada a sua iminente estreia comercial.

Filmada no Furadouro, também creditada como uma Produção Cunha Telles, a segunda longa-metragem de Paulo Rocha é um filme onde ecoa em surdina a guerra colonial, com a história de um homem que regressa ao país e se reencontra dificilmente com a sua aldeia natal, por onde também passam sinais de um desejo de mudança. Mudança de vida, mudança de cinema. Depois de OS VERDES ANOS, novo fortíssimo retrato de um país e de um tempo, numa obra que convida incessantemente a novas visões e avaliações. “Se OS VERDES ANOS é um filme de condenação, MUDAR DE VIDA é um filme de redenção […]. É o seu primeiro filme em que a influência do cinema japonês é visível, quase sempre quando não se espera, com a mesma rebeldia no feminino das heroínas de Mizoguchi, é também o filme onde o realizador melhor absorve as lições da Nouvelle Vague. (…) É a sua primeira e radical colagem, conduzida pela poética de António Reis, autor dos mais belos diálogos do cinema português” (João Bénard da Costa).

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SÁB. [08] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

COMO SERVIR O VINHO DO PORTO Portugal, 1966 – 9 min

SEVER DO VOUGA UMA EXPERIÊNCIA locução de Alexandre O’Neill Portugal, 1971 – 30 min

POUSADA DAS CHAGAS – UMA REPRESENTAÇÃO SOBRE O MUSEU DE ÓBIDOS com Luís Miguel Cintra, Clara Joana Portugal, 1971 – 17 min

de Paulo Rocha duração total da sessão: 56 min A sessão reúne três “filmes de encomenda”, dos quais os dois primeiros são títulos que Paulo Rocha não renegou mas sempre foi reticente em considerar verdadeiramente “seus”, sendo que, encomendado pelo Grémio de Exportadores de Vinho do Porto e descrito pelo seu título, COMO SERVIR O VINHO DO PORTO não consta sequer da sua filmografia oficial. Em SEVER DO VOUGA, realizado com o patrocínio da Shell Portuguesa e supervisão creditada a Manoel de Oliveira, aborda-se a questão agrícola em Portugal, sublinhando os problemas devidos à má qualidade das alfaias e das sementes e propondo como solução a mecanização e a criação de uma cooperativa. Encomendado pela Fundação Gulbenkian a Paulo Rocha, filmado já depois do início das viagens ao Japão começadas a seguir a MUDAR DE VIDA, e com Jorge Silva Melo na assistência de realização, POUSADA DAS CHAGAS – UMA REPRESENTAÇÃO SOBRE O MUSEU DE ÓBIDOS, baseia-se em textos de Camões, Pessoa, Garcia Lorca, Rimbaud, Mário Cesariny, Lao Tzu, Tao Chien, Mumon, e é fulgurantemente interpretado por Luís Miguel Cintra e Clara Joana. “A ILHA [DOS AMORES] e a POUSADA são filmes ópera, neo-kabuki (...) numa estética de excesso que tem a ver com certos caminhos da arte moderna em que o dispêndio de energia tenta refundir fragmentos de um mundo fraturado” (Paulo Rocha). Fruto da aliança entre a Fundação Gulbenkian e o Cinema Novo, estreia numa histórica sessão de 1972 com O PASSADO E O PRESENTE de Manoel de Oliveira.

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SEG. [10] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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A ILHA DOS AMORES de Paulo Rocha com Luís Miguel Cintra, Clara Joana, Zita Duarte, Jorge Silva Melo, Paulo Rocha, Yoshiko Mita Portugal, 1982 – 169 min

Primeira produção Suma Filmes (fundada por Rocha, produtora ou coprodutora de todos os seus filmes exceto quando assinalado nas notas posteriores), A ILHA DOS AMORES, cujo primeiro projeto foi apresentado à Gulbenkian em 1972, foi filmado em Portugal e no Japão quase dez anos depois de A POUSADA DAS CHAGAS, longamente preparado durante os anos em que Paulo Rocha foi adido cultural da embaixada de Portugal em Tóquio (1975-1984). Film fleuve, compõe-se em nove cantos e é um filme inspirado na vida e obra do escritor Wenceslau de Moraes, que saiu de Portugal nos finais do século XIX para buscar no Japão uma “arte de viver” que conciliasse o material e o espiritual. Uma das obras mais arriscadas do cinema português, em que o trabalho de mise en scène é sobretudo realizado no interior dos próprios planos. “Cantos de Os Lusíadas, de Pound, de Chu Yuan (...) Era um pouco megalómano: juntar todas as culturas, todas as artes, todos os estilos, todas as línguas. Mas lá estavam o Moraes e a Ko-Háru, o gato e o pássaro de O-Yoné, o pintor impotente, para darem humanidade ao décor excessivo” (Paulo Rocha). Estreou mundialmente no festival de cinema de Cannes, estreando no circuito comercial português apenas em 1991 no contexto de uma “Operação Paulo Rocha”, numa iniciativa de Paulo Branco. Teve um assinalável êxito no Japão, onde foi descrito como “a unificação da memória coletiva da humanidade”.

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SEX. [14] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

MUDAR DE VIDA

PORTUGARU-SAN, O SENHOR PORTUGAL EM TOKUSHIMA de Paulo Rocha com Álvaro Faria, Ângela Pinto, Isabel Fernandes, Bruno Cochat, Silvina Pereira, Alfredo Brito, Júlio Martin Portugal, 1995 – 75 min

A ILHA DE MORAES de Paulo Rocha com Eiki Matsumura, Jakucho Setuchi, Armando Martins Janeira, Adelaide Moraes Costa Portugal, 1984 – 102 min

Paulo Rocha voltou ao escritor Wenceslau de Moraes depois de A ILHA DOS AMORES, filme com que A ILHA DE MORAES estabelece um diálogo íntimo. Para filmar a vida e obra do escritor português que viveu no Extremo Oriente, Paulo Rocha filmou documentos e lugares vividos pelo escritor, confrontando-os com os textos de Moraes e com o seu A ILHA DOS AMORES. “Como A ILHA DOS AMORES – tudo, como disse, parte dela, mas tudo também não cessa de voltar a ela – este é um filme sobre Portugal e a Europa e o Oriente, sobre os séculos XVI e XIX, sobre o próprio século XX e a mudança (…), sobre a mulher e sobre a morte, sobre a viagem e o conhecimento, sobre a História e os documentos” (José Manuel Costa).

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SÁB. [15] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

Foi o primeiro filme rodado em vídeo de Paulo Rocha, baseado no espetáculo sobre Wenceslau de Moraes, Portugaru-San do Teatro Maizum, com dramaturgia e encenação de Silvina Pereira a partir de uma colagem de textos do escritor. Uma produção do Teatro Maizum e da Rosa Filmes, também coprodutora do seguinte SHOHEI IMAMURA, LE LIBRE PENSEUR. “Como resolveria Paulo Rocha as relações de interioridade e exterioridade com um objeto que, sendo ‘seu’ – ‘o meu Wenceslau’ – se encontra aqui noutras mãos que remetem o cineasta para a condição de ‘quase-espectador’? Neste sentido PORTUGARU-SAN é, num dos seus ângulos mais estimulantes, uma espécie de ‘crónica’ do relacionamento de Paulo Rocha com a peça do Teatro Maizum. […] Paulo Rocha consegue algo de decisivo: imprimir um ritmo visual – e apetece dizer que também um ritmo narrativo – que transforma PORTUGARU-SAN num filme que já não precisa do seu objeto – a peça – para viver. Ganhou uma vida própria e exuberante” (Luís Miguel Oliveira).

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QUI. [20] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

SEG. [17] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

OLIVEIRA L’ARCHITECTE O DESEJADO OU AS MONTANHAS DA LUA de Paulo Rocha com Luís Miguel Cintra, Caroline Chanioleau, Jacques Bonnaffé, Manuela de Freitas, Isabel Ruth, Duarte de Almeida Portugal, França, 1987 – 122 min

Inspirado numa das mais famosas obras da literatura japonesa, o Genji Monogatari, associado ao mito nacionalista do Desejado. Com argumento e diálogos de Jorge Silva Melo e Manuel Lucena, o filme é uma história de jogos de poder, logo de sedução e de política, por onde se vê, em filigrana, muito da história de Portugal num passado recente. “É um filme imperfeito, mas na mesma aceção que leva a chamar imperfeitas às capelas da Batalha. […] Portugal, 1982, ainda podia ser o fogo renovador da Ilha. Portugal, 1987 – ano da Europa – só já pode ser o eco que em eco nos converte. Uma beleza imensa, mas disseminada” (João Bénard da Costa). Estreou mundialmente no festival internacional de cinema de Veneza em 1987.

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Oliveira o Arquitecto de Paulo Rocha com Manoel de Oliveira, Duarte de Almeida, Leonor Silveira

O RIO DO OURO de Paulo Rocha com Isabel Ruth, Lima Duarte, Joana Bárcia, João Cardoso, Filipe Cochofel, José Mário Branco Portugal, França, Brasil, 1998 – 95 min

Inspirado em cantigas populares, romances de cordel e dramas “de faca e alguidar”, O RIO DO OURO (um projeto acalentado por Rocha desde OS VERDES ANOS) foi aclamado pela crítica depois da sua estreia mundial em Cannes, sendo, para alguns, a obra-prima de Paulo Rocha. Um filme possuído por uma força telúrica, onde pulsam a paixão e a violência, dominado pela “parte maldita”, com a paisagem do rio Douro ao fundo. E a outro fundo tudo arrasta Isabel Ruth, Carolina, nome suave para tais voos de bacante. “De certo modo, transfigura MUDAR DE VIDA, como transfigura Isabel Ruth“ (João Bénard da Costa). Foi o filme do regresso de Paulo Rocha à ficção ao cabo de uma década em que lhe foi impossível realizar projetos como “O Naufrágio de Sepúlveda” sobre a história trágico-marítima portuguesa e é também o filme do começo da sua colaboração na escrita com Regina Guimarães (uma constante na obra de Rocha até SE EU FOSSE LADRÃO… ROUBAVA).

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SÁB. [22] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

A RAÍZ DO CORAÇÃO de Paulo Rocha com Luís Miguel Cintra, Joana Bárcia, Isabel Ruth, Melvil Poupaud Portugal, França, 2000 – 118 min

Paulo Rocha realizou dois filmes para a notável série francesa “Cinéma de Notre Temps”, sobre Oliveira, fundamental referência do seu cinema, e sobre Imamura, por cuja obra tinha grande admiração. Este foi o primeiro, filmado em Lisboa (na Cinemateca) e no Douro (de Oliveira, quando preparava VALE ABRAÃO), e é apresentado como a reunião de dois homens do cinema português contemporâneo. Foram feitas duas versões, e o filme teve estreia em sala numa versão para cinema mais longa do que a transmitida como emissão da série, e é esta a versão que vamos ver. “Não queria nada de didático, de retrato explicativo. Queria um ramo de flores venenosas, uma salva de palmas para o velho mestre canibal” (Paulo Rocha).

Lisboa por Paulo Rocha, mais de trinta anos depois de OS VERDES ANOS. Um candidato da extrema-direita à Câmara Municipal, que também veste as roupagens de Santo António, trava uma luta cerrada com um grupo de travestis que lhe fazem oposição política. Filmado em cores luxuriantes, A RAÍZ DO CORAÇÃO é também dilaceradamente sombrio. “É o filme da suprema beleza, é o filme que ousa olhar a beleza pela beleza e extasiar-se nela. (…) Em A RAÍZ DO CORAÇÃO a parada sobe ao máximo, como os travellings do filme, atravessando todos os espaços e tempos, toda a vida das formas. E é uma beleza desmedida, uma estética de excesso, a única que podia servir de âncora para personagens e histórias tão excessivas e tão desmedidas” (João Bénard da Costa). Estreou no festival internacional de cinema de Locarno em 2000.

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Portugal, Alemanha, França, 1993 – 78 min

SEX. [21] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

TER. [25] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

TER. [18] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL de Paulo Rocha com Vítor Norte, Fernando Heitor, Inês de Medeiros, Miguel Guilherme, José Viana, Henrique Viana Portugal, 1988 – 64 min

Quase vinte anos depois de POUSADA DAS CHAGAS, Paulo Rocha regressou a uma surpreendente colagem sobre o modernismo português, centrado em Amadeo de SouzaCardoso. Entre a reconstituição dos anos do Orfeu e do manifesto futurista, a montagem de uma exposição na Gulbenkian e um onirismo jugulado, Rocha propôs uma das mais singulares e fascinantes visões desse mundo de cores e metais, tão saudosista quanto anarquizante, tão altaneiro quanto inseguro. Foi mostrado em Pesaro em 1989, no contexto de uma retrospetiva dedicada ao cinema português.

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QUI. [20] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA SEG. [24] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

O RIO DO OURO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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MARGINÁLIA de Saguenail Portugal, 1998 – 140 min

Rodado na região do Douro e na cidade do Porto durante as filmagens de O RIO DO OURO, que Saguenail e Regina Guimarães acompanharam, MARGINÁLIA (uma produção Hélastre e Suma Filmes) é constituído por quatro videogramas em torno da rodagem do filme de Paulo Rocha “que exploram as margens do RIO DO OURO e expõem sucessivamente o projeto, o método, as dificuldades e o resultado” (Saguenail, Regina Guimarães). O primeiro segmento (PREÂMBULO) centra-se numa longa entrevista a Rocha. Os restantes intitulam-se DEDICATÓRIA, RODAPÉ e ÍNDICE.

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QUI. [27] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SHOHEI IMAMURA, LE LIBRE PENSEUR de Paulo Rocha com Shohei Imamura França, 1995 – 60 min / legendado eletronicamente em português

Graças à sua experiência japonesa nos anos setenta e oitenta (onde viveu e filmou A ILHA DOS AMORES) e ao seu conhecimento e gosto pelo cinema de Imamura, Paulo Rocha realizou este segundo filme para a série “Cinéma de Notre Temps” (com produção portuguesa da Rosa Filmes) regressando ao Japão para o encontro com o cineasta a filmar, o que não deixa de ser, também, um confronto com o seu próprio passado. Assim o entendeu Rocha: “De volta a Lisboa, na minha sala de montagem, pude começar o verdadeiro trabalho: cruzar as vozes e as imagens do Imamura de hoje com as do Imamura do passado, procurar as contradições, as ironias, as metáforas, os acasos poéticos, dinamitar o documento, fazer triunfar a verdade da ficção.”

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SEX. [28] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA SÁB. [29] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

CAMÕES – TANTA GUERRA, TANTO ENGANO com Augusto Portela, Isabel Fernandes, Julio Martin, Silvina Pereira Portugal, 1998 – 54 min

AS SEREIAS Portugal, 2001 – 33 min

de Paulo Rocha duração total da sessão: 87 min A sessão reúne os dois títulos respetivamente filmados antes de O RIO DO OURO e depois de A RAÍZ DO CORAÇÃO. CAMÕES – TANTA GUERRA, TANTO ENGANO surge na sequência da aproximação de Paulo Rocha ao Teatro Maizum como um registo em vídeo do espetáculo teatral homónimo com quatro atores no Convento dos Inglesinhos e argumento de Silvina Pereira a partir de Camões, agora coproduzido com o Teatro pela Suma Filmes. Exibido no festival internacional de cinema de Turim em 1998, onde foi apresentado como um vídeo filmado por uma jovem equipa comandada por Paulo Rocha, em que “cada plano se torna um mundo, uma aventura em que a poesia, as vozes, os corpos, se reinventam num espaço que está para além da razão”. Realizado no contexto da Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, estreado mundialmente no festival de Roterdão desse ano, AS SEREIAS segue uma noite de solstício de verão no Porto – a noite de São João de junho de 2000, a mais popular festa da cidade. Rocha quis filmar “essa coisa mágica e pagã que é a noite mais curta do ano, em que a natureza, as águas, as plantas ganham valores de exaltação da vida”. Primeiras exibições na Cinemateca.

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SÁB. [29] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

VANITAS de Paulo Rocha com Isabel Ruth, Joana Bárcia, Filipe Cochofel, Pedro Miguel Silva, João Pedro Bénard Portugal, 2004 – 100 min

Lúgubre, insano, demente, desmesurado, cheirando a incenso e óleos, crepuscular, tétrico, fantomático, desgarrado, este filme desequilibrado, rasgado, filme roto, filme nu, filme irredutível, dorido e cantável, imensa melodia da passagem decrescente dos dias, será o filme mais amaldiçoado do mais amaldiçoado dos grandes cineastas modernos, Paulo Rocha. A ele se aplica o que Duras dizia de Montgomery Clift: “Só espero que haja cada vez mais homens que tremem como ele.” O título completo é VANITAS OU O OUTRO MUNDO e foi apresentado no festival internacional de cinema de Turim em 2004.

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SEG. [31] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

BELARMINO (RODAGEM)

FERNANDO LOPES Fernando Lopes (1935-2012) deu, juntamente com Paulo Rocha, os passos que puseram em marcha o Cinema Novo Português nos anos sessenta, como ele assumindo-se uma sua figura tutelar. Entre os anos sessenta de BELARMINO – a primeira longa-metragem, dois anos posterior à estreia no cinema – e os da segunda década de 2000 de EM CÂMARA LENTA, a obra de Fernando Lopes atravessou capitalmente o cinema português, construindo-se num balanço de dois impulsos, o documental e o da ficção, congregando afinidades e assumindo uma pluralidade de tons que permitiu a coexistência, com as obras de maior fôlego, de pequenos filmes institucionais e publicitários que foram simultaneamente um campo de experimentação (numa primeira fase, dos anos sessenta e setenta) e retratos de cumplicidades artísticas (nas décadas de noventa e seguintes). Nas longas-metragens de ficção, assinala-se a recorrência das adaptações literárias de escritores contemporâneos de Lopes, a partir de UMA ABELHA NA CHUVA, cujo argumento se baseia no romance homónimo de Carlos de Oliveira: casos de Mário Zambujal (CRÓNICA DOS BONS MALANDROS), Antonio Tabucchi (O FIO DO HORIZONTE), José Cardoso Pires (O DELFIM, com a participação no argumento de Vasco Pulido Valente), Rui Cardoso Martins (EM CÂMARA LENTA). E os casos em que Fernando Lopes assumiu a autoria ou coautoria dos argumentos que filmou, como em NÓS POR CÁ TODOS BEM (onde teve a colaboração literária de Alexandre O’Neill) e o seu raccord passados cerca vinte anos – SE DEUS QUISER…; MATAR SAUDADES (que também contou com as participações de Carlos Saboga e António-Pedro Vasconcelos); LÁ FORA e 98 OCTANAS, os dois filmes da sua parceria com João Lopes; OS SORRISOS DO DESTINO, em cujo argumento trabalhou com Paulo Filipe Monteiro. Nelas, Fernando Lopes foi originalmente lisboeta, cronista, retratista, no sentido em que as notas seguintes apresentam os seus filmes. Nascido em Alvaiázere, chega a Lisboa em 1945 e apaixona-se pelo cinema com HANGMEN ALSO DIE de Fritz Lang, praticando uma cinefilia autodidata nas salas de cinema da cidade e no Cineclube Imagem. Da sua formação fazem parte o trabalho na televisão pública portuguesa onde começa em 1957, depressa descobrindo na montagem o seu espaço natural; a aprendizagem académica na London School of Film Technique frequentada graças a uma bolsa do Fundo Nacional de Cinema entre 1959 e 61, onde toma contacto direto com o “free cinema”, se torna espectador do British Film Institute e tem a oportunidade de um estágio com Nicholas Ray em THE SAVAGE INNOCENTS; a posterior atividade retomada na RTP paralelamente à realização de curtasmetragens para cinema. Realiza a primeira longa, BELARMINO, a convite de António da Cunha Telles, no ano anterior a uma residência de um mês nos Estados Unidos com uma bolsa da Fundação Fulbright (que lhe permite conviver com Jean Renoir em Los Angeles), reunindo-se depois ao grupo que elabora o documento “O Ofício do Cinema em Portugal”, dirigido à Fundação Calouste Gulbenkian e decisivo para o seu apoio ao cinema através da cooperativa Centro Português de Cinema, de que é presidente. Entre 1972 e 1974 assume a direção da nova série da revista Cinéfilo, que tem grande influência e deixa um assinalável rasto, voltando à RTP em 1978 para dirigir o segundo canal da estação pública e, mais tarde, o seu departamento de coproduções. Entre 1979 e 93, neste contexto, desenvolve um trabalho fundamental na produção de cinema em Portugal, revelador de uma visão e de uma generosidade que pessoalmente o marcam como o interlocutor privilegiado de realizadores portugueses de várias gerações e círculos. Em 1975, é um dos trabalhadores da atividade cinematográfica que (não) assinam o coletivo AS ARMAS E O POVO. Participa como ator em alguns filmes de outros realizadores, de KILAS O MAU DA FITA de José Fonseca e Costa e ROSA DE AREIA de António Reis e Margarida Cordeiro nos anos oitenta, a A FELICIDADE de Jorge Silva Melo ou THE LOVEBIRDS de Bruno de Almeida (2008), dando voz à versão portuguesa de KALI, O PEQUENO VAMPIRO de Regina Pessoa (2012). Os filmes desta retrospetiva vão ser apresentados em cópias novas ou resultantes de processos de preservação dos anos noventa (até SE DEUS QUISER… e à exceção de O FADO OPERÁRIO, a apresentar numa cópia 16mm de época). Entre as “falhas” desta retrospetiva, as primeiras das quais as curtas de escola THE BOWLER HAT, INTERLUDE e THE LONELY ONES realizadas em 1960 em Londres, é de assinalar a ausência de NACIONALIDADE PORTUGUÊS, correalizado em 1973 com Gérard Castello-Lopes e Nuno Bragança. HABITAT e SONS E CORES DE PORTUGAL, duas curtas-metragens documentais realizadas no contexto de produção do Centro Português de Cinema, originalmente rodados em 16mm e de que não existem materiais de projeção, vão ser apresentados em transcrições videográficas na sala 6x2, onde este mês estará igualmente patente o registo da conferência de imprensa que anunciou a retrospetiva da Cinemateca “Fernando Lopes Por Cá” em 1996 e a série televisiva de 2005 ELA POR ELA.


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

[06]

BELARMINO de Fernando Lopes com Belarmino Fragoso, Albano Martins, Júlia Buisel Portugal, 1964 – 72 min

É um dos filmes chave do Cinema Novo Português, produzido por António Cunha Telles com uma equipa pequena de jovens iniciados e baixo orçamento pouco depois de OS VERDES ANOS de Paulo Rocha. BELARMINO capta uma Lisboa noturna e marginal como até então ninguém a tinha filmado. Utilizando métodos semelhantes aos do cinema direto, Fernando Lopes segue Belarmino Fragoso, um pugilista, e através dele mostra os sinais de uma cidade (e de um país) à beira do sufoco. “BELARMINO é o nosso ‘filme negro’, o nosso filme de guerra, de gangsters ou de aventuras: fala da solidão e do medo. Fala de algo universal e por isso resiste” (José Manuel Costa).

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SEX. [07] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

AS PEDRAS E O TEMPO – ÉVORA Portugal, 1961 – 16 min

O VOO DA AMIZADE Portugal, 1961 – 13 min

AS PALAVRAS E OS FIOS Portugal, 1962 – 12 min

de Fernando Lopes duração total da sessão: 41 min A sessão reúne três trabalhos de curta-metragem de Fernando Lopes anteriores a BELARMINO, dois títulos seminais na sua obra (AS PEDRAS E O TEMPO e AS PALAVRAS E OS FIOS respetivamente produzidos pelo Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo e por Álvaro Belo Marques para a CEL-CAT) e um terceiro representativo da série de filmes institucionais e promocionais que realizou em paralelo à sua obra cinematográfica (O VOO DA AMIZADE, uma produção Filipe de Solms para a TAP, com fotografia de Aquilino Mendes como AS PEDRAS E O TEMPO). Com AS PEDRAS E O TEMPO, Fernando Lopes quis, como disse na altura, “fazer sentir a presença do tempo em Évora, estabelecendo um contraste entre o silêncio das pedras e o ruído da vida, entre o vazio das praças e a gente que passa, entre o preto e o branco, tudo isto salientando os extraordinários valores plásticos da capital alentejana”. Retratando um universo industrial, AS PALAVRAS E OS FIOS revela por seu lado uma óbvia inspiração na exploração do movimento e da cor. Como em BELARMINO, a sua banda musical apresenta o jazz de Manuel Jorge Veloso. Dedicado aos emigrantes, utilizando imagens de arquivo alusivas à viagem inaugural de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, O VOO DA AMIZADE centra-se na rota aérea entre Lisboa e o Rio de Janeiro como estímulo das relações entre Portugal e o Brasil. O VOO DA AMIZADE é uma primeira exibição na Cinemateca.

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SÁB. [08] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

VERMELHO, AMARELO E VERDE Portugal, 1966 – 9 min

CRUZEIRO DO SUL Portugal, 1966 – 17 min

HOJE ESTREIA Portugal, 1967 – 8 min

TEJO – ROTA DO PROGRESSO Portugal, 1967 – 11 min

BELARMINO

Matos Silva como assistente de realização, centrando-se “no mais lisboeta dos cinemas de Lisboa”, o Condes, inaugurado em 1916 e reconstruído em tempo mínimo em setembro de 1967 na sequência de um incêndio nessa mesma data. ERA UMA VEZ… AMANHÃ (produção Telecine-Moro) é realizado com colaboração literária de Maria Alberta Meneres. Terceira das curtas-metragens filmadas entre a ABELHA e NÓS POR CÁ TODOS BEM (para além de ERA UMA VEZ… AMANHÃ e NACIONALIDADE PORTUGUÊS, correalizado em 1973 com Nuno Bragança, a mais grave das “faltas” desta retrospetiva, por inexistência de materiais localizáveis a esta data), O ENCOBERTO é o filme em que Fernando Lopes filmou a escultura de D. Sebastião de João Cutileiro no momento da sua montagem pelo escultor em Lagos.

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TER. [11] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA QUI. [13] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

UMA ABELHA NA CHUVA de Fernando Lopes com Laura Soveral, João Guedes, Zita Duarte, Ruy Furtado, Carlos Ferreiro Portugal, 1971 – 66 min A segunda longa-metragem de Fernando Lopes é uma adaptação do romance homónimo de Carlos de Oliveira, um clássico da literatura portuguesa. Uma realização original, com alguma influência de Bergman, contando a história das frustrações de um casal formado por um proprietário rural e uma aristocrata arruinada. Primeira adaptação literária

de Lopes, UMA ABELHA NA CHUVA é um filme elíptico e surpreendente. “Instigado por esse desejo de rutura com a transparência ou o naturalismo americano, Lopes refletiu sobre o lugar da ficção cinematográfica centrando-se naquilo que, por esses anos, voltava a ser uma pedra de toque: a montagem” (José Manuel Costa).

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TER. [11] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

O FADO OPERÁRIO / CANTIGAMENTE – Nº 1 de Fernando Lopes Portugal, 1976 – 78 min Produção do Centro Português de Cinema para a RTP, é o primeiro episódio da série televisiva “Cantigamente”, que também contou com títulos realizados por António-Pedro Vasconcelos, José Álvaro Morais, Rogério Ceitil, Ernesto de Sousa e António Escudeiro, assente na ideia da revisitação da história social e política portuguesa do século XX a partir do eixo orientador de músicas e canções representativas da época retratada. Contando com testemunhos de Jacinto Baptista, Oliveira Marques, César de Oliveira, João Perry e Alexandre O’Neill, e assente numa estrutura convencional que combina testemunhos, material de arquivo (incluindo excertos de LISBOA CRÓNICA ANEDÓTICA de Leitão de Barros e JOÃO RATÃO de Jorge Brum do Canto) e comentário off, O FADO OPERÁRIO documenta o período que vai do fim da monarquia ao momento da ascensão do regime fascista em 1926.

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QUA. [12] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA SEG. [17] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

A AVENTURA CALCULADA Portugal, 1970 – 14 min

ERA UMA VEZ… AMANHÃ Portugal, 1971 – 10 min

com Luís Lança, Conceição Pombo, Isabel Fernandes

O ENCOBERTO Portugal, 1975 – 11 min

de Fernando Lopes duração total da sessão: 80 min O programa reúne sete dos títulos de curta-metragem realizados por Fernando Lopes entre meados dos anos sessenta, pós-BELARMINO, e meados dos anos setenta, pósUMA ABELHA NA CHUVA no caso dos dois últimos filmes do alinhamento que segue a cronologia das datas. VERMELHO, AMARELO E VERDE, TEJO – ROTA DO PROGRESSO, A AVENTURA CALCULADA (respetivamente produzidos pela Prevenção Rodoviária Portuguesa, Lisnave e Laboratório Nacional de Engenharia Civil) integram-se na série de filmes institucionais que Lopes realizou respondendo a encomendas encaradas como um campo de ensaios e experimentação. O primeiro, também o primeiro filme de Lopes com fotografia de Manuel Costa e Silva, tem comentário de Alexandre O’Neill e assenta em variações sobre o motivo do trânsito, dos sinais e da prevenção rodoviária; o segundo, com música de Manuel Jorge Veloso, regista imagens do estaleiro da Lisnave como a maior doca seca ocidental da altura; o terceiro, com locução de Gérard Castello-Lopes regista um estudo de barragens e obras de engenharia portuguesa como as da primeira ponte sobre o Tejo. CRUZEIRO DO SUL (uma produção Ricardo Malheiro para Cultura Filmes) evoca a travessia aérea do atlântico sul em 1922 por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. HOJE ESTREIA (produzido por Gérard Castello-Lopes para Média Filmes) tem comentário de Alberto Seixas Santos e Fernando

UMA ABELHA NA CHUVA


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

[07]

NÓS POR CÁ TODOS BEM

O FIO DO HORIZONTE

de Fernando Lopes com Zita Duarte, Wanda França, Adelaide João, Fernando Barradas, Lia Gama, Paula Guedes

de Fernando Lopes com Claude Brasseur, Andrea Ferreol, Ana Padrão

Portugal, 1978 – 80 min

Nesta adaptação do romance de Antonio Tabucchi, Fernando Lopes revela-nos uma Lisboa escura e melancólica, à margem dos clichés e inspirada em Cesário Verde. Entre o thriller e o fantástico, sem nunca resvalar para nenhum deles, O FIO DO HORIZONTE mostra-nos um homem confrontado com a imagem da sua própria morte. “Encontramos uma Lisboa revista em chave ambiguamente realista. ‘Realista’, porque todos estes lugares são reconhecíveis, dotados de uma espécie de plausibilidade que nem se esgota numa mera sinalização tipológica nem, no fundo, a contradiz (…). Mas ambígua porque esta Lisboa, raramente ou nunca filmada ‘em plano geral’, surge singularmente cerrada, misteriosa, ‘cabalística’ (…) Uma Lisboa, enfim, filmada como inesgotável fonte de narrativas” (Luís Miguel Oliveira). Foi o filme da segunda colaboração entre Lopes e António da Cunha Telles, produtor de BELARMINO, aqui responsável pela produção executiva.

Longe do “cinema militante” e mais perto do que se pode designar por “cinema etnográfico”, a terceira longa-metragem de Fernando Lopes elege o lugar da Várzea dos Amarelos, na Beira Litoral, e os seus habitantes: um documento sobre a vida na Várzea, uma entrevista com a mãe do realizador, um registo da realização do filme. E também uma forma de notar os “ecos da revolução” na sociedade portuguesa, fora da cidade, depois do 25 de abril de 1974. NÓS POR CÁ TODOS BEM é uma produção do Centro Português de Cinema, inserindo-se no projeto coletivo do Museu da Imagem e do Som, que também deu lugar a TRÁS-OS-MONTES de António Reis e Margarida Cordeiro, MÁSCARAS de Noémia Delgado e FALAMOS DE RIO D’ONOR de António Campos.

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QUA. [12] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

CRÓNICA DOS BONS MALANDROS

Portugal, França, 1993 – 91 min / versão francesa legendada em português

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TER. [18] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

de Fernando Lopes com Duarte Nuno, João Perry, Lia Gama, Maria do Céu Guerra, Nicolau Breyner, Paulo de Carvalho

SE DEUS QUISER…

Portugal, 1984 – 82 min

Portugal, 1996 – 64 min

Quarta longa-metragem de Fernando Lopes com ponto de partida no livro homónimo de Mário Zambujal. Filme elíptico e festivo em que o protagonismo é concedido à cidade de Lisboa, CRÓNICA DOS BONS MALANDROS junta uma estrutura narrativa fragmentária a uma série de referências que incluem a tradição policial, a comédia, a música ligeira e a banda desenhada. “Tentei fazê-lo como uma espécie de banda desenhada, mas não o consegui levar consequentemente até ao fim. [...] Curiosamente acabou por ser o meu filme mais popular: teve cem mil espectadores” (Fernando Lopes).

Primeira experiência em vídeo de Fernando Lopes, SE DEUS QUISER… foi o filme do seu regresso à Várzea dos Amarelos, onde nasceu e realizou NÓS POR CÁ TODOS BEM. “SE DEUS QUISER… passou a ser um work in progress, com revisitações regulares à Várzea, uma espécie de diário e de reflexão sobre imagens e sons, que espero venham a ter efeito sobre futuras ficções minhas. Digamos que ver este SE DEUS QUISER… é aceitar um convite à viagem, à oficina das imagens e dos sons, tal como eu as pratico, e que desejo compartilhar convosco” (Fernando Lopes).

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SEX. [14] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

de Fernando Lopes

Portugal, 1988 – 83 min

Um emigrante, ex-combatente na guerra colonial, volta à sua terra em Trás-os-Montes para ajustar contas com as traições que lhe foram feitas e recuperar o amor da mulher que o esqueceu. Chama-se Abel, como o irmão traído por Caim, e regressa a casa como Ulisses a Ítaca, sendo a sua história filmada a partir de um argumento escrito por Carlos Saboga, António-Pedro Vasconcelos e Fernando Lopes. “Para uma visão tão radicalmente panteista, Fernando Lopes não procurou apoios em textos. Mas no imaginário cinematográfico português que já fora a essas terras para ver (Oliveira, certamente, mas mais ainda António Reis) e no imaginário mítico cinematográfico, onde as paixões dos homens mais radicais foram. Temos que remontar aos grandes westerns (Vidor, Walsh, Ford) para buscar a outra linhagem deste filme que, como num western, comprime o tempo para dilatar o espaço” (João Bénard da Costa).

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SÁB. [15] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

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QUA. [19] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

O DELFIM de Fernando Lopes com Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Rui Morrison, Miguel Guilherme, Joaquim Leitão Portugal, 2001 – 83 min

Fernando Lopes filmou o argumento de Vasco Pulido Valente a partir do romance de José Cardoso Pires, dando a Rogério Samora e a Alexandra Lencastre dois dos seus melhores papéis em cinema: Portugal, finais dos anos sessenta, Tomás Palma Bravo, o Delfim, senhor da Lagoa, da Gafeira e marido de Maria das Mercês, “é o herdeiro de um mundo em decomposição”. À volta da sua personagem, o retrato da agonia lenta do país salazarista em plena Guerra Colonial, com ligações identificáveis a UMA ABELHA NA CHUVA. O DELFIM foi o filme do início da colaboração de Fernando Lopes com Paulo Branco, que seria o produtor das suas longas-metragens de ficção seguintes.

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SEX. [21] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

LÁ FORA de Fernando Lopes com Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Ana Zanatti, Maria João Abreu, Joaquim Leitão Portugal, França, 2004 – 105 min

Portugal, 1998 – 43 min

Depois de O DELFIM, Fernando Lopes conservou o par protagonista (Rogério Samora e Alexandra Lencastre) e mergulhou-o em ambientes e registos completamente diferentes. LÁ FORA é um filme quase antonioniano sobre as solidões e as dificuldades de comunicação no mundo moderno – assumindo-se aqui que esse “mundo moderno” é representado pelo condomínio fechado em que vivem os protagonistas. LÁ FORA tem argumento de João Lopes (a partir de uma ideia de Fernando Lopes), que assinaria também o do seguinte 98 OCTANAS. A fotografia é de Edmundo Díaz, a partir deste filme diretor de fotogafia de Lopes. Entre a música, algumas peças de Bernardo Sassetti.

de Fernando Lopes

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QUA. [19] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA TER. [25] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

MATAR SAUDADES de Fernando Lopes com Rogério Samora, Teresa Madruga, Pedro Éfe, Eunice Muñoz

– as fotografias dos anos cinquenta e as dos anos oitenta em diante – são seguidas na primeira pessoa. As famosas fotografias das escadinhas de São Cristóvão (Lisboa, 1957) e da grande pedra que flutua no mar (Figueira do Guincho, 1988) são duas âncoras do filme.

LISSABON WUPPERTAL LISBOA Portugal, 1998 – 35 min / legendado em português

GÉRARD, FOTÓGRAFO

SÁB. [22] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

duração total da sessão: 78 min A sessão reúne dois títulos documentais de 1998 centrados em criadores artísticos. O primeiro acompanha a residência em Lisboa de Pina Bausch e da sua companhia, a Tanztheater Wuppertal, que conduziu à criação de “Masurca Fogo”, coreografia inspirada na cidade. Ao incidir sobre o trabalho concreto deste conjunto de bailarinos, o filme testemunha uma experiência única, compartilhando o peso e a graça do universo de Bausch. Para o segundo, Fernando Lopes filmou Gérard Castello-Lopes em 1997, compondo o seu retrato do fotógrafo, amigo e colaborador em NACIONALIDADE PORTUGUÊS (correalizado por Lopes, Gérard e Nuno Bragança em 1973) a partir de uma longa entrevista filmada no laboratório do fotógrafo. A descoberta da fotografia, o percurso e as várias fases do trabalho fotográfico de Gérard

98 OCTANAS de Fernando Lopes com Rogério Samora, Carla Chambel, Márcia Breia, Fernando Heitor, Joaquim Leitão, Fernando Lopes Portugal, 2006 – 95 min

O filme da segunda colaboração de Fernando Lopes com João Lopes no argumento adapta um texto de Diogo Seixas Lopes da obra homónima que retrata o universo das autoestradas e estações de serviço. “A viagem de 98 OCTANAS faz-se de uma dupla geografia. Percorrendo o país através de sucessivas áreas de serviço, Dinis e Maria são náufragos de um tempo cuja violência conhecem demasiado bem, mesmo se não sabem que palavras dizer ou que gestos executar para resistir a todas as suas manifestações quotidianas. Utopicamente (mas eles já não sabem o que seja a utopia), seriam um par romântico entregue ao fascínio do seu próprio enigma. Na verdade, deslocam-se em direção a esse ponto de fuga que é a avó de Maria como quem pergunta: será que temos uma história? Será que ainda podemos ter uma história?” (Fernando Lopes). Primeira exibição na Cinemateca.

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SEG. [24] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

OS SORRISOS DO DESTINO de Fernando Lopes com Ana Padrão, Rui Morrison, Milton Lopes, Teresa Tavares, Cristóvão Campos, Pedro Lopes, Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Julião Sarmento Portugal, 2009 – 98 min

Partindo de um argumento coescrito com Paulo Filipe Monteiro, OS SORRISOS DO DESTINO é, escreveu Fernando Lopes, “um filme sobre relações virtuais e infidelidades electrónicas (…), uma história de intensos amores e profundos desamores que, como diria a Dolores Duan, é como se fosse uma canção de dor de corno”. Variação sobre o tema do casal a partir de uma intriga assente num triângulo amoroso com reminiscências de motivos anteriores do realizador, trabalhando o registo da comédia de costumes e referências cinéfilas com lugar para a evocação de um muito célebre plano de lua segundo Méliès. Primeira exibição na Cinemateca.

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GÉRARD, FOTÓGRAFO

QUA. [26] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

[08]

TOMAI LÁ DO O’NEILL

de cinema empenhado num filme sobre boxe, um arqueólogo estrangeiro obcecado nas escavações em que está metido, um taxista emigrante e um piloto de aviões. Fernando Lopes interpreta o papel do realizador de cinema num segmento que evoca “raccords sobre raccords (Fernando Lopes e BELARMINO, Belarmino e Lisboa, Lisboa e o cinema, para nomear os mais transparentes)” (Maria João Madeira).

com Rogério Jacques

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BERNARDO MARQUES – O AR DE UM TEMPO Portugal, 1999 – 45 min

CINEMA com Isabel Ruth Portugal, 2001 – 23 min

SEX. [28] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Portugal, 2004 – 53 min

de Fernando Lopes

KALI: O PEQUENO VAMPIRO

duração total da sessão: 121 min

de Regina Pessoa com Fernando Lopes (voz)

A sessão reúne dois títulos documentais, o primeiro dos quais realizado no quadro da série da RTP “Artes & Letras”. A partir de uma ideia de Maria João Seixas, a colaboração e participação de Maria Elisa Marques, por ocasião de uma retrospetiva do artista organizada pelo Museu do Chiado, BERNARDO MARQUES – O AR DE UM TEMPO evoca a vida e obra do caricaturista, desenhador, aguarelista e ilustrador, destacada figura da segunda geração de pintores modernistas portugueses. Realizado a seguir a O DELFIM, com depoimentos de Antonio Tabucchi, Hellmut Wohl, Gérard Castello-Lopes, João Botelho, Afonso O’Neill, Mário Cesariny de Vasconcelos, TOMAI LÁ DO O’NEILL é outro dos retratos afetivos de Lopes a um dos seus cúmplices de longo curso, um tributo pessoal a “um dos maiores poetas do nosso século XX, com quem tive o privilégio de conviver”, como na altura disse. Entre os filmes documentais, apresenta-se CINEMA, realizado para a Porto 2001 em homenagem a Aurélio da Paz dos Reis e rodado no Teatro Sá da Bandeira, como um filme construído a partir do poema homónimo de Carlos de Oliveira com a participação de Isabel Ruth e imagens de OS VERDES ANOS de Paulo Rocha. “Um filme que dá conta da liturgia do cinema, da sua morte e ressurreição.” Primeiras exibições na Cinemateca.

Portugal, 2012 – 9 min

FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE de João Lopes Portugal, 2008 – 94 min

Portugal, 2007 – 8 min

O MEU AMIGO MIKE AO TRABALHO

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QUA. [26] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

ELEGIA POR ALGUNS FOTOGRAMAS PORTUGUESES com Isabel Ruth

SEG. [31] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

Portugal, 2008 – 48 min

de Fernando Lopes

EM CÂMARA LENTA

duração total da sessão: 56 min

de Fernando Lopes com Rui Morisson, João Reis, Maria João Pinho, Maria João Luís, Maria João Bastos, Carlos Santos, John Frey, Nuno Rodrigues, Miguel Monteiro

A sessão reúne dois filmes de Fernando Lopes produzidos pela Midas Filmes. Em ELEGIA POR ALGUNS FOTOGRAMAS PORTUGUESES, partindo das imagens pioneiras do cinema português de Aurélio da Paz dos Reis, de fotogramas de filmes de Manoel de Oliveira, João César Monteiro ou, entre vários outros, José Álvaro de Morais, Fernando Lopes filma ainda o poema Cinema de Carlos de Oliveira numa interpretação de Isabel Ruth (retomada de CINEMA), concebendo, em duas partes, uma ELEGIA pessoal ao cinema português. O MEU AMIGO MIKE AO TRABALHO apresenta-se como “um filme de Fernando Lopes com o pintor Michael Biberbstein” e foi filmado no atelier do pintor, que então vivia em Portugal há 30 anos. Fernando Lopes escreveu na altura: “Decidimos partir para esta aventura numa conversa em casa de amigos comuns. ‘Mike, porque é que não fazes um quadro para eu filmar?’. ‘Porque não?’, respondeu-me o Mike. ‘Devo dizer-te, no entanto, que se não gostar do quadro não há filme.’ ‘Vamos arriscar, essa é a verdadeira natureza do cinema, e já agora da pintura, não achas?’”. O que arriscaram resultou num belíssimo filme que evoca Michael Biberbstein (1948-2013), artista plástico suíço radicado em Portugal desde a década de setenta.

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Por serem títulos originalmente rodados em 16mm, de que não existem materiais em condições de projeção que permitam a sua apresentação em sala no contexto da retrospetiva da obra de Fernando Lopes a decorrer este mês, são exibidas na 6x2 as cópias em vídeo existentes de HABITAT e SONS E CORES DE PORTUGAL, duas curtas-metragens documentais realizadas no contexto de produção do Centro Português de Cinema. Apresenta-se ainda o registo da conferência de imprensa que anunciou a retrospetiva da Cinemateca “Fernando Lopes Por Cá” em 1996 e ELA POR ELA, realizado em 2005 para a RTP.

duração total da sessão: 103 min Fernando Lopes é a voz da versão portuguesa do mais recente filme de animação de Regina Pessoa, “a história de um rapaz que sonha com um lugar ao sol mas é na sombra que encontra a luz que procura. É o último capítulo de uma trilogia e o resultado de uma reflexão sobre os temas e as estéticas que me têm inspirado: a infância e os seus os medos, a diferença, a solidão, a luz e a sombra. No fundo, é a reconciliação com a infância, o aceitar ser adulto, deixar de fugir dos medos e conseguir vê-los de outro ângulo”. (Regina Pessoa) Primeira exibição na Cinemateca. “Sou um realizador improvável porque, como diria o O’Neill, estou onde não devia estar. Nada na minha vida indicava que eu podia vir a ser um realizador de cinema. (…) No fundo, o que estava previsto era que eu fosse um camponês da Várzea, alguém que trabalhasse a terra… e depois acabei a trabalhar imagens e sons” (Fernando Lopes em FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE). Na sua primeira longa-metragem, João Lopes retrata Fernando Lopes num filme que define como uma viagem em que “desaparecem as fronteiras entre o cinema e a vida” sem que seja “um movimento nostálgico, mas uma exigência de verdade”. Da infância passada na Várzea à aventura lisboeta do Cinema Novo português, FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE foca o universo e percurso do realizador.

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SALA 6X2

APRESENTAÇÃO DO CICLO FERNANDO LOPES POR CÁ | 3 a 7 de março Portugal, 1996 – 27 min

Registo da conferência de imprensa e sessão de apresentação da retrospetiva organizada pela Cinemateca em maio e junho de 1996 com o título “Fernando Lopes por Cá”, que teve lugar na pastelaria Vává a 15 de abril de 1996. Com intervenções de João Bénard da Costa, Fernando Lopes e António da Cunha Telles.

HABITAT- UN DÉFI | 10 a 12 de março Fernando Lopes, Portugal, 1976 – 24 min

Produção do Centro Português de Cinema, uma curta-metragem documental centrada na situação das carências habitacionais portuguesas da época. Comissão Nacional para o Desenvolvimento e o Fundo de Desenvolvimento para a Habitação

SONS E CORES DE PORTUGAL | 13 a 14 de março Fernando Lopes, Portugal, 1977 – 11 min

Produção do Centro Português de Cinema, uma curtametragem documental que regista a realidade portuguesa pós-1974 através da ilustração da música original de António Victorino d’Almeida.

ELA POR ELA | 17 a 31 de março Fernando Lopes, Portugal, 2005 | 13 programas de 25 min

Série televisiva com Agustina-Bessa Luís e Maria João Seixas em conversas sobre provérbios e aforismos.

Portugal, 2011 – 71 min

EM CÂMARA LENTA é a última longa-metragem de Fernando Lopes, a partir de um argumento de Rui Cardoso Martins que adapta livremente o romance homónimo de Pedro Reis, “um asteroide romanesco raro e surpreendente na literatura portuguesa” nas palavras de Fernando Lopes. O filme é assim apresentado: “Salvador conhecia Constança e Santiago. Não conhecia mas admirava Laurence. De entre eles, Laurence conhecia Santiago. Constança não conhecia Laurence. Só Santiago conhecia Laurence, Constança e Salvador. Uma teia de relações em que cada personagem talvez não coincida com a própria identidade que a ficção parece garantir. Num certo sentido, cada um vive em estado de branda amnésia: o inevitável ‘quem sou eu?’ amplia-se, transfigura-se e ecoa num plural e perturbante ‘não sei quem tu és’.”

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SEG. [31] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

QUI. [27] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

A FELICIDADE de Jorge Silva Melo com Fernando Lopes, Pedro Gil, Miguel Borges Portugal, 2008 – 8 min

THE LOVEBIRDS de Bruno de Almeida com Michael Imperioli, John Ventimiglia, Ana Padrão, Joaquim de Almeida, Drena De Niro, Fernando Lopes Portugal, Estados Unidos, 2008 – 81 min / legendado em português

duração total da sessão: 89 min sessão apresentada por Bruno de Almeida e Jorge Silva Melo (a confirmar) Fernando Lopes filmado por Jorge Silva Melo e Bruno de Almeida. Sobre A FELICIDADE (primeira exibição na Cinemateca), Jorge Silva Melo: “Um pai e um filho. O pai terá setenta anos, o filho pouco mais de vinte. O filho leva o pai ao hospital. Na rádio, ouve-se música clássica: o Exultate, Jubilate de Mozart, cantado por Teresa Stich-Randall. Nem o pai sabia que o filho gostava de música clássica, nem o filho sabia que aquela seria a última conversa que teria com o pai. Mas Mozart pede que as almas se alegrem, que os homens rejubilem.” THE LOVEBIRDS, terceira longa-metragem de ficção de Bruno de Almeida passa-se em Lisboa, onde foi filmado, no decorrer de uma noite que segue seis histórias simultâneas, todas elas de amor e sobrevivência. As personagens principais são um americano que está de passagem, uma rapariga de Alfama, dois malandros dedicados a pequenos roubos, um realizador

THE LOVEBIRDS. FOTO DE ALEXANDRA SILVA. COPYRIGHT BA FILMES 2008


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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KIYOSHI KUROSAWA, O PADRINHO DO TERROR EM COLABORAÇÃO COM A EMBAIXADA DO JAPÃO E A JAPAN FOUNDATION Este breve Ciclo proporcionará aos espectadores portugueses a oportunidade de se familiarizarem um pouco mais com a obra de Kiyoshi Kurosawa (que não tem nenhum laço de parentesco com o seu célebre homónimo), um dos mais conhecidos nomes do cinema japonês de terror. Depois de estudar na Universidade de Tóquio sob a orientação do ilustre crítico Shigehiko Jasumi, Kiyoshi Kurosawa começou a realizar filmes de modo profissional a partir dos anos oitenta, ilustrando diversos géneros do cinema japonês: os “filmes cor-de-rosa”, os filmes de baixo orçamento ditos V-Cinema (isto é, “direto para o vídeo”) e filmes de yakuzas, os gangsters japoneses. À data de hoje, entre longas-metragens, curtas e episódios para televisão, assinou quarenta e um trabalhos como realizador. Kiyoshi Kurosawa ganhou projeção internacional em 1997 com CURE (ou KYUA). No mesmo ano realizou dois filmes, que agora se apresentam, ambos com o mesmo protagonista e o mesmo tema narrativo (um pai que quer vingar a morte do filho), mas com histórias totalmente diferentes: “O CAMINHO DA SERPENTE” e “O OLHAR DA ARANHA”. Também KAIRO, outro filme de terror, apresentado no Festival de Cannes de 2001, teve grande impacto. Mas Kiyoshi Kurosawa abordou outros géneros, histórias de amor e dramas familiares, como em SONATA DE TÓQUIO, que teve edição comercial em Portugal. Influenciado no seu período de formação pela análise de filmes de Hitchcock e Ozu, Kurosawa declara-se admirador de Don Siegel, Sam Peckinpah, Robert Aldrich e Tobe Hooper. Como observou o crítico Tim Palmer, “os filmes de Kiyoshi Kurosawa ocupam uma posição peculiar, entre a matéria-prima típica dos filmes populares e um gosto pela abstração esotérica e intelectual”. À exceção de “O CURA” os filmes a apresentar são primeiras exibições na Cinemateca.

FACA FESTA DE ANTROPOLOGIA, CINEMA E ARTE A Cinemateca acolhe parte do programa de cinema da FACA – Festa de Antropologia, Cinema e Arte, que também decorre na Galeria Zé dos Bois e no Arquivo 237, em Lisboa, entre 6 e 9 de março, numa iniciativa do Núcleo de Antropologia Visual e Arte do CRIA [NAVA] que pretende “apostar na convergência de duas esferas: a do cinema, com uma mostra de filmes que exploram os mundos da antropologia visual, e a da arte” procurando “refletir sobre a transversalidade dos campos artístico e antropológico”. Os filmes programados são primeiras exibições na Cinemateca.

LUIZ DA ROCHA de Inês Mestre Portugal, 2013 – 19 min

P’RA IREM PRÓ CÉU de Pedro Antunes Portugal, 2013 – 19 min

FADO TROPICAL de Catarina Faria Portugal, 2013 – 45 min

duração total da projeção: 83 min A sessão reúne três títulos realizados em 2013: LUIZ DA ROCHA é um retrato do centenário café de Beja com o mesmo nome, pondo em evidência “o trabalho manual especializado, a produção caseira e as relações de familiaridade desenvolvidas ao longo dos anos”. Documentando a prática ritualística da Encomendação das Almas em Proença-a-Nova, P’RA IREM PRÓ CÉU apresenta-se como “um filme etnográfico de contemplação das almas, das que cá estão e das que lá estão”. FADO TROPICAL “conduz-nos numa viagem ao universo do fado no Brasil, a partir das múltiplas vozes dos seus protagonistas, no Rio de Janeiro e em São Paulo” evocando os anos sessenta e setenta de um período áureo do fado no Brasil em diálogo com o presente.

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CURE / KYUA “A Cura” de Kiyoshi Kurosawa com Koji Yaskusho, Masato Hagiwara, Tsuyoshi Ujiki, Anna Nakagawa Japão, 1997 – 110 min / legendado eletronicamente em português

CURE é um poderoso thriller sobre um polícia emocionalmente reprimido, casado com uma mulher mentalmente instável. O homem investiga uma série de crimes estranhos: embora todas as vítimas sejam mortas da mesma maneira (com um grande “x” marcado a faca no pescoço), os homicidas nunca são os mesmos. Alguns são presos, confessam os crimes, mas não sabem dizer o que os motivou a matar. O polícia busca o cérebro por detrás dos crimes. No papel principal, Koji Yaskusho, o ator preferido de Kiyoshi Kurosawa.

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SEG. [24] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO TER. [25] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

HEBI NOMICHI “O Caminho da Serpente” de Kiyoshi Kurosawa com Sho Aikawa, Shiro Shitamoto, Teruyuki Kagaya Japão, 1998 – 85 min / legendado eletronicamente em português

Em 1998, Kiyoshi Kurosawa aceitou um desafio insólito: fazer dois filmes em duas semanas, com o mesmo elenco e orçamento reduzido. Estes filmes são HEBI NOMICHI e KUMO NO HITOMI, que formam um curioso díptico: ambos seguem o mesmo ponto de partida narrativo (um pai que se vinga do homicídio da sua filha pequena) e em ambos o papel principal foi confiado ao mesmo ator, Sho Aikawa. Mas os acontecimentos narrativos são inteiramente diferentes nos dois filmes, numa afirmação do primado da mise en scène sobre a “história” narrada.

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TER. [25] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO QUA. [26] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

KUMO NO HITOMI “O Olhar da Aranha” de Kiyoshi Kurosawa com Sho Aikawa, Dankan, Ren Ohsugi Japão, 1998 – 83 min / legendado eletronicamente em português

Esta segunda face do díptico “da serpente” de Kiyoshi Kurosawa situa-se, como a primeira, no meio dos yakuza, os grupos do crime organizado no Japão e em tudo difere da

primeira a nível do ambiente e da trama narrativa, apesar do fio condutor ser o mesmo. Não se trata de todo de uma “sequela” e ver cada um destes dois filmes altera a nossa perceção do outro. Apesar do tema soturno, o filme tem um tom surpreendentemente leve. Apresentado no Festival de Toronto, em estreia internacional.

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QUA. [26] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO QUI. [27] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

NINGEN GOKAKU “Licença Para Viver” de Kiyoshi Kurosawa com Hidetoshi Mishijima, Shun Sugata, Lily Japão, 1999 – 110 min / legendado eletronicamente em português

NINGEN GOKAKU é a história de um rapaz de 24 anos que desperta depois de dez anos de coma, na sequência de um atropelamento. Entretanto, a sua família dispersou-se e o rapaz decide retomar a direção da propriedade rural que a sua família dirigira. Recusando o melodrama e os efeitos fáceis, o realizador prefere uma mise en scène discreta, em surdina. “A trama narrativa é digna de um melodrama americano, mas Kurosawa frustra a avidez do espectador. Faz parte dos cineastas, cada vez mais solitários, que se recusam a fazer o trabalho do espectador, que exigem dele uma atenção nunca verdadeira” (Frédéric Bonnaud, Les Inrockuptibles).

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QUI. [27] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO SEX. [28] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

KAIRO “Pulsação” de Kiyoshi Kurosawa com Kumiko Aso, Kurume Arisake, Masatoshi Matsuo, Kenji Mizushashi Japão, 2001 – 118 min / legendado eletronicamente em português

Estreado no Festival de Cannes (secção “Un Certain Regard”), KAIRO (ou PULSE) tornou-se rapidamente um clássico do cinema de terror contemporâneo. A trama narrativa gira à volta de fantasmas que invadem o mundo dos vivos através da Internet e desenvolve duas tramas narrativas paralelas. “A realização impressiona, com um uso destro de sons distorcidos e movimentos não naturais. O resultado é um belo filme de ambiente, algo soturno” (Andrew Osmond, Sight & Sound).

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SEX. [28] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO SEG. [31] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

SEX. [7] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

OS DIAS DA HORTA de Hellington Vieira Portugal, 2013 – 48 min

MEU PESCADOR, MEU VELHO de Amaya Sumpsi Portugal, 2013 – 58 min

duração total da projeção: 106 min OS DIAS DA HORTA propõe-se como “um importante documento sobre o projeto comunitário mais experimental de Portugal, a Horta do Monte (2010-13). Um olhar íntimo e sensível sobre o quotidiano, o trabalho coletivo, os altos e baixos, os sonhos e as motivações de hortelões que viam no cultivo apenas um pretexto”. MEU PESCADOR, MEU VELHO observa a transformação da paisagem e da identidade da comunidade do porto de Porto Formoso, atingido por uma onda na noite de Carnaval de 2005. “Com apoios institucionais, os mestres constroem barcos novos e maiores, mas o pequeno porto de areia não tem condições para eles. Os pescadores reclamam uma doca em cimento que lhes permita trabalhar com as novas embarcações, mas muitos habitantes opõem-se”.

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SEX. [7] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

ZADNJI PIONIRJI Os Últimos Pioneiros de Daniela Rodrigues Eslovénia, 2012 – 11 min / legendado em português

PABIA DI AOS de Catarina Laranjeiro Portugal, 2013 – 57 min

duração total da projeção: 68 min Os dois filmes da sessão retratam realidades da Eslovénia e da Guiné-Bissau: “Na Jugoslávia, até ao seu desmembramento, todas as crianças eram iniciadas no movimento pioneiro. Celebravam a ideologia da Federação de ‘Irmandade e Unidade’. Mas nos anos noventa novos valores entraram na então independente República da Eslovénia. Como é que a última geração de pioneiros sentiu esta transição?”, questiona a sinopse de ZADNJI PIONIRJI. A de PABIA DI AOS esclarece: Na Guiné-Bissau, quarenta anos depois da guerra, aqueles que aderiram ao movimento de libertação e aqueles que lutaram no exército colonial põem em cena uma multiplicidade de discursos e memórias irreconciliáveis.”

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SÁB. [8] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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LAZARETO de Diogo Allen Portugal, 2013 – 16 min

TÃO PERTO DO SILÊNCIO de Arlindo Horta

cópia resultante do restauro de 2008 efetuado no laboratório da Cinemateca, antecedendo o início das retrospetivas das obras de Paulo Rocha e Fernando Lopes, em cujos começos foi uma importante referência.

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SÁB. [01] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Portugal, 2013 – 71 min

duração total da projeção: 71 min LAZARETO é “Um registo que se constrói a partir de espaços distintos e habitados por uma comunidade cigana residente no Lazareto, um bairro no interior do País.” TÃO PERTO DO SILÊNCIO acompanha o quotidiano de um grupo de teatro amador composto e dinamizado por refugiados e requerentes de asilo em Portugal. Diaby, Asif, Omid e Yana: “performance da memória durante o processo burocrático de um pedido de asilo é um recurso obrigatório para um requerente do estatuto de refugiado. Mas qual o espaço que a memória, por vezes traumática, ocupa no presente de um refugiado? Quais as palavras que, voluntariamente, coloca em cena perante um público ou perante a câmara?”

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SÁB. [8] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

BLIND DATE Encontro Inesquecível de Blake Edwards com Kim Basinger, Bruce Willis, John Larroquette, William Daniels, Phil Hartman Estados Unidos, 1987 – 95 min / legendado eletronicamente em português

Walter Davis, um workaholic convicto, convida a bela Nadia para um jantar da sua empresa, esperando impressionar os sócios. Mas, quando Nadia bebe um copo a mais, deita por terra a noite e a própria carreira de Walter. BLIND DATE foi o primeiro grande sucesso de Bruce Willis no cinema, conduzido à beira da loucura nos hilariantes momentos proporcionados por uma Kim Basinger alcoolizada (salvo seja).

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LADY WINDERMERE’S FAN O Leque de Lady Margarida de Ernst Lubitsch com May McAvoy, Irene Rich, Ronald Colman, Bert Lytell Estados Unidos, 1925 – 102 min / mudo, intertítulos em francês

Ponto culminante da “segunda fase” americana da obra de Lubitsch, depois da revelação trazida por A WOMAN OF PARIS, de Chaplin (1923), LADY WINDERMERE’S FAN também é importante por outro motivo: marca o encontro de duas almas, se não gémeas, pelo menos muito semelhantes: Oscar Wilde e Ernst Lubitsch. O realizador adaptou a trama e nada perdeu do espírito da peça, mas não guardou nem um só dos seus inúmeros e divertidos epigramas. Mas a semelhança entre Wilde e Lubitsch vai mais longe: cinismo, elegância, discussão aberta (embora polida e indireta) do sexo. E o uso do espaço neste filme em nada é inferior ao que Lubitsch faria de mais prodigioso no período sonoro.

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SEG. [03] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

SÁB. [01] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

E LA NAVE VA BURN AFTER READING

O Navio de Federico Fellini com Freddie Jones, Florenzo Senna, Pina Bausch

OUTRAS SESSÕES MARÇO 2014

Destruir depois de Ler de Ethan Coen, Joel Coen com George Clooney, Frances McDormand, Brad Pitt, John Malkovich, Tilda Swinton Um documento informático com memórias de um ex-agente da CIA de que constam segredos governamentais vai parar às mãos de dois empregados de ginásio sem escrúpulos. É este o ponto de partida do argumento do filme com que os irmãos Coen voltaram à comédia (negra) depois de ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS. Primeira exibição na Cinemateca.

Sumptuosa e operática encenação de Fellini sobre uma viagem num paquete transatlântico (num mar totalmente construído em estúdio) para, nas palavras do realizador, “cumprir um ritual que testemunha de uma profunda nostalgia por qualquer coisa que já não existe.” Ao mar serão lançadas as cinzas de uma famosa cantora, em vésperas da Primeira Guerra Mundial. Pina Bausch interpreta de forma exemplar a cega princesa Lherimia.

A NIGHT AT THE OPERA

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Estados Unidos, 2008 – 96 min / legendado em português

SEG. [03] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Itália, 1983 – 125 min / legendado em português

SEG. [03] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Uma Noite na Ópera de Sam Wood com Groucho, Chico e Harpo Marx, Margaret Dumont, Kitty Carlisle, Allan Jones Estados Unidos, 1935 – 89 min / legendado em português

A NIGHT AT THE OPERA é o primeiro dos dois filmes que os irmãos Marx interpretaram sob a égide de Irving Thalberg. É também o mais famoso, com os Marx a invadir o mundo da ópera não deixando pedra sobre pedra numa récita de Il Trovatore. Uma das mais famosas cenas tem lugar a bordo de um navio em que um camarote é hilariantemente atulhado de gente, com Groucho a perguntar: “É da minha imaginação ou isto está a ficar apinhado?”

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SÁB. [01] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO TER. [04] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

IRMA LA DOUCE Irma la Douce de Billy Wilder com Shirley MacLaine, Jack Lemmon, Lou Jacobi Estados Unidos, 1963 – 142 min / legendado em português

Proibido em Portugal até ao 25 de abril, IRMA LA DOUCE foi também um “caso” no seu país de origem. Apesar de já se estar em 1963 e de a censura andar a ser “batida” aos pontos por realizadores rebeldes, a forma como se representaram as prostitutas a trabalhar, sem eufemismos para a profissão, foi considerada demasiada audaciosa. Mas todo o filme joga tanto com o que é mostrado como com o que é elidido. IRMA LA DOUCE, uma das mais divertidas, irreverentes e provocantes comédias de Wilder, foi outro “prego” no caixão do código de censura, com Shirley MacLaine num dos papéis da sua vida, e Jack Lemmon inesquecível na figura do polícia-chulo.

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SÁB. [01] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

LA BOUTIQUE A Boutique de Luis García Berlanga com Sonia Bruno, Rodolfo Beban, Ana María Campoy, Osvaldo Miranda, Lautaro Murúa Espanha, Argentina, 1967 – 93 min / legendado em português

LA BOUTIQUE é o ponto de partida de uma trilogia que é completada por VIVAN LOS NOVIOS e TAMAÑO NATURAL. Se cada filme de Berlanga pode ser descrito como uma análise da Espanha sua contemporânea, este não é uma exceção retratando um país já longe do pitoresco, assolado pelo consumo e por uma alteração de valores. Como escreveu Manuel Cintra Ferreira: “LA BOUTIQUE não deixa hipótese nenhuma ao espectador. A falta de moral é a sua moral.”

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SÁB. [01] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

ACTO DA PRIMAVERA de Manoel de Oliveira com habitantes da aldeia da Curalha Portugal, 1962 – 90 min

ACTO DA PRIMAVERA fixa uma representação da Paixão de Cristo numa aldeia de Trás-Os-Montes, e mostra também, de forma magistral, a impercetível passagem do quotidiano à representação do sagrado e o regresso ao quotidiano, confundindo o ritual com a representação. A apresentar em

ACTO DA PRIMAVERA

HOTEL CHEVALIER

ETERNALLY YOURS

de Wes Anderson com Jason Schwartzman, Natalie Portman, Waris Ahluwalia, Michel Castejon

Fabricante de Mulheres de Tay Garnett com Loretta Young, David Niven, F. Hugh Herbert, Billie Burke

Estados Unidos, França, 2007 – 13 min / legendado em português

Estados Unidos, 1939 – 91 min / legendado em português

THE DARJEELING LIMITED

Para lá da assinatura de Garnett, ETERNALLY YOURS conta também com a marca de Walter Wagner, produtor que, não sendo comparável a Selznick, desenvolveu uma relação extremamente interessante com uma vasta galeria de realizadores que passaram pela United Artists. A um conjunto de situações previsíveis soma-se uma história menos convencional para a época: o triunfo de uma relação quase marginal face aos constrangimentos morais e sociais.

Darjeeling Limited de Wes Anderson com Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Amara Karan, Bill Murray, Anjelica Huston Estados Unidos, 2007 – 91 min / legendado em português

duração total da sessão: 104 min Com argumento de Wes Anderson, Roman Coppola e Andrew Weisblum, a história da quinta longa-metragem de Wes Anderson pode ser simplesmente descrita como a de três irmãos que se juntam um ano depois do funeral do pai numa viagem de comboio que atravessa a Índia, onde vão encontrar a mãe numa tentativa de (re)conciliação. Também se pode dizer que é uma variação dos motivos habituais do cinema de Anderson, marcado por famílias disfuncionais, um muito peculiar sentido de humor, e uma cinefilia subterrânea (no caso, Renoir, Satyajit Ray e Louis Malle). A curta-metragem HOTEL CHEVALIER funciona como um prólogo a THE DARJEELING LIMITED, protagonizado por um dos irmãos e uma namorada (Jason Schwartzman e Natalie Portman) durante uma improvável noite num hotel parisiense.

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SEG. [03] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SEG. [03] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

BACHELOR MOTHER Mãezinha à Força de Garson Kanin com Ginger Rogers, David Niven, Charles Coburn Estados Unidos, 1939 – 82 min / legendado em português

Em fins dos anos trinta, a parceria entre Ginger Rogers e Fred Astaire já estava esgotada, mas ela continuava a ser uma vedeta. Começou então a mudar de registo. BACHELOR MOTHER é uma divertida história de uma inesperada “mãezinha”, que revela Ginger Rogers como atriz de comédia. Ao seu lado, um dos grandes secundários dos anos quarenta e cinquenta: Charles Coburn. TER. [04] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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MONKEY BUSINESS

GOOD WILL HUNTING

THE APARTMENT

A Culpa foi do Macaco de Howard Hawks com Ginger Rogers, Cary Grant, Charles Coburn, Marilyn Monroe

O Bom Rebelde de Gus Van Sant com Matt Damon, Robin Williams, Ben Affleck, Minnie Driver, Stellan Skarsgard

O Apartamento de Billy Wilder com Shirley MacLaine, Jack Lemmon, Fred MacMurray

Estados Unidos, 1952 – 97 min / legendado em português

Estados Unidos, 1997 – 126 min / legendado em português

Uma comédia genial de Hawks que começa logo com um irresistível pré-genérico: a apresentação de Cary Grant. Este é o típico sábio distraído, químico de profissão, que julga ter descoberto o elixir da juventude e o experimenta, regredindo até à primeira infância. Ginger Rogers faz o papel da sua mulher. Num papel secundário, Marilyn Monroe.

O filme de Van Sant foi a estreia como argumentistas de Matt Damon e Ben Affleck (distinguidos com um Óscar de melhor argumento original, um dos dois do filme, que também pôs nas mãos de Robin Williams o de melhor ator). Filmado em Boston e Toronto, é dos títulos mais mainstream de Van Sant e parte da história de um jovem pouco sociável (Will Hunting) cujo génio matemático se oculta atrás da profissão de empregado de limpeza numa escola e é obrigado a seguir um programa de terapia psicológica com um analista em crise emocional. Primeira exibição na Cinemateca.

Cinco Óscares para esta obra-prima de Billy Wilder, a quem couberam três estatuetas (produtor, realizador e argumentista), que mistura em doses perfeitas a comédia e o drama, a pureza e o cinismo. Jack Lemmon é um empregado de escritório que procura subir na hierarquia, cedendo o seu apartamento para as aventuras extraconjugais dos administradores. Até que se apaixona por uma dessas conquistas: Shirley MacLaine.

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TER. [04] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

FRA DIAVOLO / THE DEVIL’S BROTHER Fra Diavolo de Charles Rogers, Hal Roach com Stan Laurel, Oliver Hardy, James Finlayson, Wilfred Lucas

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QUA. [05] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Estados Unidos, 1933 – 89 min / legendado eletronicamente em português

FRA DIAVOLO é um exemplo de um tipo de burlesco operático em que Stan Laurel e Oliver Hardy se destacaram na década de trinta. Trata-se da adaptação de uma opereta de Auber, compositor do século XIX, várias vezes levada ao cinema e que relata a história de um salteador nas estradas de Itália. Um dos melhores filmes de Laurel & Hardy.

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TER. [04] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

GREENBERG Greenberg de Noel Baumbach com Ben Stiller, Greta Gerwig, Jennifer Jason Leigh Estados Unidos, 2010 – 107 min / legendado em português

É uma comédia dramática e, anterior ao recente FRANCES HA, foi o filme seguinte a THE SQUID AND THE WHALE e MARGOT AT THE WEDDING que em 2005/7 asseguraram o reconhecimento na realização de Noel Baumbach, também conhecido pelo seu trabalho como arguementista de Wes Anderson (THE LIFE AQUATIC WITH STEVE ZISSOU, FANTASTIC MR. FOX). Em GREENBERG, Ben Stiller é um obstinado nova-iorquino de 40 anos que, num momento de depressão, se instala em Los Angeles para tomar conta da casa do irmão, que saiu em férias. Primeira exibição na Cinemateca.

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Café e Cigarros de Jim Jarmusch com Roberto Benigni, Steve Buscemi, Cate Blanchett, Bill Murray, Tom Waits COFFEE AND CIGARETTES era a designação genérica de uma série de pequenos sketches que Jarmusch foi periodicamente filmando desde os anos oitenta. Em 2003, resolveu reuni-los num só filme, rodando mais alguns para o efeito. À volta de mesas com chávenas de café e cigarros, pares ou trios de personagens discutem sobre tudo e nada, em episódios que tanto podem ser essencialmente improvisados como constituírem uma espécie de short story. Forçosamente desigual, mas com momentos brilhantes, e quase sempre muito divertido.

Estados Unidos, 1945 – 72 min / legendado eletronicamente em português

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TER. [04] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

COFFEE AND CIGARETTES

Estados Unidos, 2003 – 94 min / legendado em português

Estados Unidos, 1941 – 95 min / legendado em português

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QUI. [06] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

O Que Podem Umas Pernas de Allan Dwan com Dennis O’Keefe, Marie MacDonald, Binnie Barnes, Barry Sullivan

O Sr. e a Srª Smith de Alfred Hitchcock com Carole Lombard, Robert Montgomery, Gene Raymond, Jack Carson Com JAMAICA INN, MR. AND MRS. SMITH é o filme mais “atípico” de Hitchcock. Aliás, o realizador referiu-se a ele como um filme de circunstância, declarando que o fizera pela amizade que o ligava a Carole Lombard. É uma comédia clássica (dentro do modelo da sophisticated comedy, a lembrar os filmes de Lubitsch e Cukor) sobre um casal que se crê divorciado mas não o é (devido a um pormenor administrativo), num processo que resulta em reconciliação

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GETTING GERTIE’S GARTER

GETTING GERTIE’S GARTER é uma comédia pouco conhecida e que apresenta semelhanças com UP IN MABEL’S ROOM. Trata-se, aliás, da adaptação de outra peça do mesmo autor, Wilson Collison, explorando intriga semelhante. Desta vez O’Keefe é um cientista recém-casado que procura recuperar uma liga que oferecera a uma outra namorada antes do casamento.

MR. AND MRS. SMITH

Estados Unidos, 1960 – 125 min / legendado em português

QUA. [05] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

DOUBLE DYNAMITE Casar Não Custa de Irving Cummings com Jane Russell, Groucho Marx, Frank Sinatra, Don McGuire

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QUI. [06] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

NO LANÇAMENTO DO LIVRO EMPATIA E ALTERIDADE

CAT PEOPLE A Pantera de Jacques Tourneur com Simone Simon, Kent Smith, Tom Conway, Jack Holt Estados Unidos, 1942 – 71 min / legendado em português

Esta comédia musical da RKO, protagonizada por muito ilustres nomes, teve como título de trabalho IT’S ONLY MONEY (nome de um dos seus números musicais). Foram o estúdio e Howard Hughes os responsáveis pela alteração do título, inspirado no famoso decote de Jane Russell. A atriz interpreta o papel de uma discreta secretária na sua quarta longa-metragem, estreada em 1951 mas rodada uns anos antes.

O primeiro filme de Jacques Tourneur para o produtor Val Lewton é uma obra-prima de suspense que praticamente se tornou um modelo para os melhores filmes do género, muito imitado, nunca superado. Não dispondo de meios financeiros para ter efeitos especiais credíveis, o realizador explora a angústia provocada pela sugestão e pela ilusão (nunca se vê o monstro, sente-se a sua presença), jogando também com superstições e pulsões sexuais recalcadas. A projeção é organizada no contexto do lançamento do livro de José Bogalheiro Empatia e Alteridade – a figuração cinematográfica como jogo, recentemente editado pela Documenta. O livro é apresentado na mesma sala às 19h30.

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Estados Unidos, 1951 – 80 min / legendado em português

QUI. [06] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

QUI. [06] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

QUA. [05] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

MADAM SATAN Madame Satan de Cecil B. DeMille com Kay Johnson, Reginald Denny, Roland Young, Lilian Roth Estados Unidos, 1930 – 115 min / legendado em português

MADAM SATAN reata com os delirantes filmes realizados por Cecil B. DeMille no período mudo, protagonizados por Gloria Swanson. Trata-se de uma incursão parcial no musical, que culmina num espetacular baile de máscaras, num dirigível que sobrevoa Nova Iorque, durante o qual uma mulher seduz o próprio marido. Quando o dirigível começa a cair, só há um para-quedas para duas rivais… É também uma comédia de alcova, em que o adultério é visto como terapia de choque para o casamento.

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QUA. [05] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

UP IN MABEL’S ROOM Um Noivo Tímido de Allan Dwan com Dennis O’Keefe, Gail Patrick, Mischa Auer Estados Unidos, 1944 – 76 min / legendado eletronicamente em português

UP IN MABEL’S ROOM é uma das várias adaptações ao cinema de uma peça popular desde o começo do século XX, sobre um recém-casado que vê aparecer à sua frente e da sua jovem esposa uma antiga paixão.

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QUA. [05] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA CAT PEOPLE


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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BRUCE ALMIGHTY Bruce, o Todo-Poderoso de Tom Shadyac com Jim Carrey, Morgan Freeman, Jennifer Aniston Estados Unidos, 2003 – 100 min / legendado em português

Jim Carrey é um dos mais estimáveis atores cómicos da atualidade. Em BRUCE ALMIGTHY o seu papel é o de um repórter televisivo insatisfeito por natureza e grande praguejador. O coprotagonista é Morgan Freeman, no papel de Deus Todo-Poderoso, que vem sabiamente conceder parte dos seus poderes à personagem de Jim Carrey dando-lhe a oportunidade de perceber as dificuldades da tarefa divina. Uma comédia para dois grandes atores e situações divertidas. Primeira exibição na Cinemateca.

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SEX. [07] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

cidade americana recebem, cada uma delas, uma carta de uma amiga íntima contando a sua aventura com um dos maridos delas. Em flashback, cada uma evoca a vida de casada para tentar saber quem foi o “fugitivo”.

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SEG. [10] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

DRACULA Drácula de Tod Browning com Bela Lugosi, David Manners, Helen Chandler, Dwight Frye, Edward Van Sloan Estados Unidos, 1931 – 74 min / legendado em português

NEVER A DULL MOMENT Convite ao Amor de George Marshall com Fred MacMurray, Irene Dunne, William Demarest, Andy Devine, Natalie Wood Estados Unidos, 1950 – 89 min / legendada em português

Comédia ligeira, NEVER A DULL MOMENT é um típico produto de Hollywood, o chamado filme para toda a família. Irene Dunne, uma compositora da Broadway, apaixona-se por Fred

Primeira adaptação “oficial” ao cinema do clássico de Bram Stoker, a história do famoso vampiro humano tornou-se quase numa espécie de “alter ego” do ator Bela Lugosi, que o interpretou no palco e na tela… e na morte(!), pois foi enterrado com o fato da personagem. Browning cria uma atmosfera viscosa e fúnebre que envolve à perfeição a sombria personagem, com a colaboração da fotografia de Karl Freund.

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TER. [11] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

NEVER SAY GOODBYE Nunca Digas Adeus de James V. Kern com Errol Flynn, Eleanor Parker, Lucille Watson, S. Z. Sakall Estados Unidos, 1946 – 97 min / legendado em português

Um casal divorciado e uma filha empenhada em reconciliar os pais são os ingredientes narrativos desta comédia com Errol Flynn e Eleanor Parker, anunciada pelo cartaz da época como “Warner’s great big heat with the great big laughs!!!” É um dos primeiros filmes de James V. Kern, também argumentista, ator e cantor, que, como realizador, se notabilizou na série B, passando mais tarde para a televisão.

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TER. [11] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

IN MEMORIAM PHILIP SEYMOUR HOFFAMN

CAPOTE Capote de Bennett Miller com Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins Jr., Chris Cooper Canadá, Estados Unidos, 2005 – 114 min / legendado em português

CAPOTE

THE LIQUIDATOR Assassino de Encomenda de Jack Cardiff com Rod Taylor, Trevor Howard, David Tomlinson, Jill St. John Reino Unido, 1965 – 103 min / legendado em português

Notável diretor de fotografia britânico entre finais dos anos trinta e meados da década de oitenta, Jack Cardiff tornou-se realizador na década de cinquenta. THE LIQUIDATOR é baseado no romance homónimo de John Gardner, seguindo uma história de espionagem. Primeira exibição na Cinemateca.

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SÁB. [08] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

REMEMBER LAST NIGHT? de James Whale com Edward Arnold, Constance Cummings, Robert Young, Robert Armstrong Estados Unidos, 1935 – 81 min / legendado em português

Realizado entre THE BRIDE OF FRANKENSTEIN e SHOWBOAT, este tresloucado e injustiçado filme era o preferido de James Whale entre todos aqueles que fez (ex aequo com THE INVISIBLE MAN). Foi também um dos seus projetos mais pessoais, pois foi ele quem sugeriu ao estúdio que comprasse os direitos do romance The Hangover Murders, cujo título resume a ação: depois de uma festa absolutamente louca, descobre-se pela manhã o cadáver do dono da casa na sua cama. Mas como todos beberam litros de álcool, ninguém se lembra do que aconteceu. O resultado é de “uma loucura tão desinibida que em muitas sequências o espectador fica de cabeça perdida, pelo esforço que tem de despender para saborear tudo sem perder nada” (Frederico Lourenço).

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MacMurray, um rancheiro do oeste, e decide ir viver com ele para o campo. A adaptação à “pacata” vida provinciana não é fácil, mas, como fatalmente teria de ser, tudo acaba bem. Natalie Wood, com 12 anos, interpreta o papel de uma das filhas de Fred MacMurray.

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SEG. [10] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

A CLOCKWORK ORANGE

O Solteirão e a Pequena de Irving Reis com Cary Grant, Myrna Loy, Shirley Temple, Rudy Vallee, Ray Collins

Laranja Mecânica de Stanley Kubrick com Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Adrienne Corri

Estados Unidos, 1947 – 95 min / legendado em português

Reino Unido, 1971 – 136 min / legendado em português

Comédia romântica (embora o argumento se assemelhe ao de uma screwball comedy) com Cary Grant no papel de um playboy que é a paixão de uma adolescente, Shirley Temple (o filme foi lançado como o primeiro papel “adulto” da exmenina prodígio). Decidida a conquistá-lo, ela entra subrepticiamente no seu apartamento, onde é descoberta pela irmã, Myrna Loy, juíza de profissão, que condena o conquistador a namorar oficialmente a irmã. Em lembrança de Shirley Temple (1928-2014).

A impressiva adaptação do romance de Anthony Burgess por Kubrick tem por pano de fundo uma sociedade de um futuro “próximo” (talvez não muito diferente da de hoje), onde gangues de adolescentes dão largas aos seus instintos e brutalidade em cenários estilizados, ao som de Beethoven e de Singin’ in the Rain. O filme foi muito cortado pela censura em vários países. Entretanto, conquistou um estatuto de culto. Esta parábola política tem imagens ultratípicas da estética dos anos setenta e uma fabulosa interpretação de Malcolm McDowell no papel principal.

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TER. [11] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO QUI. [13] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

de Raoul Walsh com Jack Benny, Alexis Smith, Dolores Moran, Allyn Joslyn Estados Unidos, 1945 – 78 min / sem legendas

Comédia fantasista com Jack Benny no papel de um anjo enviado à Terra para a destruir com a trompeta de Gabriel. É um Walsh pouco conhecido, uma das mais divertidas e irreverentes comédias de um género então em voga, o dos “anjos na Terra”. SEG. [10] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

A LETTER TO THREE WIVES Carta a Três Mulheres de Joseph L. Mankiewicz com Linda Darnell, Kirk Douglas, Jeanne Crain, Ann Sothern, Paul Douglas, Celeste Holm Sibilino e irresistível, A LETTER TO THREE WIVES é um dos filmes mais mordazes de Mankiewicz. Três mulheres numa

QUA. [12] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO SÁB. [15] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

THE BACHELOR AND THE BOBBY-SOXER

SEG. [10] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

Estados Unidos, 1949 – 103 min / legendado em português

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IN MEMORIAM SHIRLEY TEMPLE

THE HORN BLOWS AT MIDNIGHT

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CAPOTE é o filme que conta a história da vida do escritor Truman Capote no momento em que investiga o homicídio, em 1950, de quatro familiares de uma pequena cidade do Kansas que dará origem a In Cold Blood / A Sangue Frio. Foi pelo seu desempenho neste filme, interpretando a personagem do escritor num papel de composição em que se apropria dos seus gestos e maneirismos, que Philip Seymour Hoffman foi distinguido com o Óscar de melhor ator (entre diversos outros prémios). Em lembrança de Philip Seymour Hoffman (1967-2014).

A CLOCKWORK ORANGE

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QUA. [12] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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MATKA JOANNA OD ANIOLÓW Madre Joana dos Anjos de Jerzy Kawalerowicz com Lucyna Winnicka, Mieczyslaw Voit, Anna Ciepielewska Polónia, 1961 – 108 min / legendado eletronicamente em português

MADRE JOANA DOS ANJOS é o filme de uma possessão demoníaca baseado no romance de Jaroslaw Iwaszkiewicz e ambientado num convento da Polónia do século XVII. “É um filme contra o dogma. (…) É uma história de amor sobre um homem e uma mulher que envergam roupas de igreja e cuja religião não lhes permite que se amem. (…) Os demónios que possuem estas personagens são as manifestações externas do seu amor reprimido” (Jerzy Kawalerowicz). Prémio especial do júri no Festival de Cannes em 1961.

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QUA. [12] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

MONTPARNASSE 19 O Vagabundo de Montparnasse de Jacques Becker com Gérard Philipe, Anouk Aimée, Lilli Palmer, Lino Ventura TODAY WE LIVE

França, 1958 – 118 min / legendado em português

Visão romanceada dos últimos tempos da vida de Modigliani. Gérard Philipe passeia, lunático e sonhador, pelos bares de Montparnasse tentando em vão vender os seus quadros, enquanto é perseguido por um comerciante, à espera que ele morra para se apoderar dos quadros sem gastar um tostão. Trata-se de um projeto de Max Ophuls que só a morte o impediu de concretizar, quando já estava pronto todo o trabalho de pré-produção. Becker tomou-o em mãos mas alterou-o bastante, dando-lhe um cunho pessoal.

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QUI. [13] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

OS FILHOS DE LUMIÈRE / CINEMA, 100 ANOS DE JUVENTUDE

AMIZADE INTENSA MALDIÇÃO A VIDA DÁ VOLTAS UNSPOKEN OLHARES CRUZADOS PREMIERS DIES O HOMEM DO SACO L’APPARITION NO BANCO DO JARDIM Portugal, Brasil, Reino Unido, Espanha, França, 2014 – 90 min (duração total aproximada)

projeção seguida de conversa com os participantes do projeto Sessão organizada em colaboração com Os Filhos de Lumière Associação Cultural e dedicada à apresentação dos filmes finais desenvolvidos por escolas participantes no projeto experimental de educação ao cinema “Cinema, Cem anos de Juventude”, que implica cinematecas, associações e salas de cinema à escala internacional, e é coordenado em Portugal, desde 2006, por Os Filhos de Lumière, em parceria com a Cinemateca. No ano letivo de 2013/14, foram mais de 1500 as crianças e adolescentes de oito países, a realizar filmes a partir do mote “mettre en scène”. Nesta sessão são apresentados filmes realizados em Portugal (por escolas da Moita, Lisboa e Serpa) e uma selecção de filmes de outros países (França, Espanha, Reino Unido, Brasil), contando com a presença de muitos dos seus autores e realizadores, cineastas que os acompanharam, professores e parceiros culturais.

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QUI. [13] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

TOM JONES Tom Jones, Romântico e Aventureiro de Tony Richardson com Albert Finney, Susannah York, Hugh Griffith, Edith Evans, Joyce Redman, Diane Cilento, Joan Greenwood Reino Unido, 1963 – 127 min / legendado em francês e eletronicamente em português

SERGEANT YORK

TODAY WE LIVE

Sargento York de Howard Hawks com Gary Cooper, Walter Brennan, Joan Leslie, George Tobias

A Vida É o Dia de Hoje de Howard Hawks com Gary Cooper, Joan Crawford, Robert Young

Estados Unidos, 1941 – 130 min / legendado em português

Estados Unidos, 1933 – 115 min / legendado em português

Um dos filmes mais populares de Gary Cooper e o que lhe deu o primeiro Óscar da Academia. Inspirado na vida do sargento Alvin York, combatente da primeira grande guerra, o filme de Howard Hawks foi feito antes da entrada dos EUA no novo conflito mundial, mas é um dos mais eficazes trabalhos de propaganda bélica jamais feitos, com ênfase na transformação do pacifista York em guerreiro.

TODAY WE LIVE foi a primeira colaboração de Howard Hawks com William Faulkner. O escritor foi o autor da história e dos diálogos. É uma história de amor e sacrifício, de uma mulher e três homens, tendo por pano de fundo a Primeira Guerra Mundial. De todos os mestres do cinema clássico americano, Hawks foi o único a realizar obras-primas em todos os géneros principais: filmes de gangsters, filmes negros, westerns, comédias malucas, musicais. Aqui aborda com êxito um género a que não costumamos associá-lo: o melodrama, tendo no principal papel feminino aquela que viria a ser uma das rainhas do melodrama americano: Joan Crawford.

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SEX. [14] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

THE RIVER O Rio Sagrado de Jean Renoir com Adrienne Corri, Patricia Walter, Nora Swinburne, Radha Shri Ran, Esmond Knight, Thomas E. Breen França, Índia, Estados Unidos, 1951 – 99 min / legendado eletronicamente em português

THE RIVER marca o início da fase final da carreira de Renoir. Filmado na Índia, a cores, o filme conta a história de uma família inglesa e a “ação” resume-se ao facto de nascer, morrer e amar pela primeira vez. O rio do título é ao mesmo tempo físico (o Ganges) e metafísico (a vida, o tempo). Um dos filmes mais celebrados de Renoir, imbuído de uma espiritualidade assombrosamente serena.

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SÁB. [15] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

MOROCCO Marrocos de Josef von Sternberg com Marlene Dietrich, Gary Cooper, Adolphe Menjou, Francis McDonald O primeiro filme de Marlene nos EUA e aquele que a impôs definitivamente. Uma delirante história de amor, onde uma cantora troca a riqueza do amante mais velho pelo amor de um legionário, incarnado por Gary Cooper, que Sternberg transforma num poderoso sex symbol, num eco masculino à imagem de Marlene Dietrich. Uma cena que deu escândalo: Marlene cantando, vestida de homem, e quebrando um tabu do cinema ao beijar na boca uma cliente do cabaret. Um final que ficou lendário: Marlene seguindo a pé o seu beau légionnaire pelas areias do deserto. O mito de Marlene Dietrich no auge e a arte de Sternberg no apogeu.

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SÁB. [15] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SEX. [14] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

THE BODY SNATCHER O Túmulo Vazio de Robert Wise com Boris Karloff, Bela Lugosi, Henry Daniell, Edith Atwater, Russell Wade Estados Unidos, 1945 – 78 min / legendado em português

Adaptado de um conto de Robert Louis Stevenson, THE BODY SNATCHER foi o último filme que juntou os dois reis do cinema de terror da década de trinta, Boris Karloff e Bela Lugosi, agora fornecedores de cadáveres para as experiências de um médico (Henry Daniell). Quando falta “matéria-prima”, eles encarregam-se de a encontrar. Um clássico produzido por Val Lewton.

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SEX. [14] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

THE BIG RED ONE

SEG. [17] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

THE UNKNOWN O Homem sem Braços de Tod Browning com Lon Chaney, Joan Crawford, Norman Kerry Estados Unidos, 1927 – 66 min / mudo, intertítulos em inglês traduzidos em português

Um dos mais bizarros filmes do “príncipe do bizarro” que foi Tod Browning, THE UNKNOWN é ambientado num circo, como a mais célebre obra-prima do realizador, FREAKS. A história, de obstinação e vingança, é a mais perversa que se possa imaginar: um homem que finge não ter braços, para fazer o seu número no circo, descobre que a vedeta do circo tem medo dos braços masculinos, amputando deliberadamente os seus no momento em que ela vence a fobia e casa com outro. Título essencial da associação Tod Browning / Lon Chaney, foi o filme que levou Joan Crawford a dizer que nunca como aqui, junto de Lon Chaney, aprendeu tanto sobre a arte de representar.

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Estados Unidos, 1930 – 91 min / legendado em português

A melhor adaptação de Fielding ao cinema. A história pitoresca e picaresca de Tom Jones, um bastardo que, no século XVIII, devido a intrigas familiares, é forçado a partir para Londres em busca de fortuna e aventuras. Vencedor de quatro Óscares, incluindo os de melhor filme e melhor realização.

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SEG. [17] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

THE BIG RED ONE O Sargento da Força Um de Samuel Fuller com Lee Marvin, Mark Hamill, Robert Carradine Estados unidos, 1980 – 110 min / legendado em português

O regresso de Fuller à realização depois de alguns anos de silêncio, num espantoso relato autobiográfico sobre as suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial, num pelotão de infantaria, chefiado por um duro e experimentado sargento (Lee Marvin). Uma narrativa densa e forte, num filme que é um balanço da obra e da vida de um dos grandes cineastas da sua geração.

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SEG. [17] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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ONE FLEW OVER THE CUCKOO’S NEST

GHOSTS OF MARS

CLÉO DE 5 À 7

Voando Sobre Um Ninho de Cucos de Milos Forman com Jack Nicholson, Louise Fletcher, Brad Dourif, William Redfield

Fantasmas de Marte de John Carpenter de John Carpenter com Natasha Henstridge, Ice Cube, Pam Greer, Jason Statham, Joanna Cassidy, Robert Carradine

Duas Horas na Vida de uma Mulher de Agnès Varda com Corinne Marchand, Antoine Bourseiller, Dominique Davray

Estados Unidos, 1975 – 130 min / legendado em português

Estados Unidos, 2001 – 98 min / legendado em português

França, 1962 – 89 min / legendado em português

O segundo filme americano do checo Milos Forman foi um enorme êxito comercial e conquistou todos os Óscares principais (filme, realização, argumento e intérpretes principais), proeza que não se conseguia há 31 anos, desde IT HAPPENED ONE NIGHT. Adaptando um romance de Ken Kesey, o filme é a denúncia dos limites da psiquiatria convencional no tratamento das “doenças” do seu foro, que mais não são do que revoltas contra uma sociedade em que se perdeu o sentido do humano e o valor da liberdade.

Uma série de assassinatos em massa ocorrem em várias colónias que (num futuro mais ou menos próximo) os terrestres criaram no planeta Marte. Os responsáveis são, nem mais nem menos, do que os fantasmas de antigos habitantes do planeta. Uma mulher polícia e um condenado conduzem os sobreviventes. Remake, mais ou menos velado, de ASSAULT ON PRECINT 13.

Talvez a obra-prima de Varda e o mais “Nouvelle Vague” de todos seus filmes. Narrado em tempo real (o tempo da narrativa é o mesmo da duração do filme), o filme mostranos uma mulher que pensa ter um cancro e aguarda os resultados das análises médicas que fez. Enquanto espera, encontra pessoas conhecidas e desconhecidas e atravessa a distância entre o obscurantismo e a lucidez sobre a sua própria identidade. E, como tantos filmes da Nouvelle Vague, CLÉO DE 5 À 7 também é um grande filme sobre Paris.

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TER. [18] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO SEG. [24] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

MATERNITÉ Maternidade de Jean Choux com Hella Muller, Françoise Rosay, Felix Oudart, Odette Talazac França, 1935 – 76 min / legendado em português

Pintor e poeta, Jean Choux foi também realizador, tendo-se tornado conhecido em 1931 com JEAN DE LA LUNE, o seu filme que teve maior sucesso. MATERNITÉ é um dos seus títulos dos anos trinta, também conhecido como TOUT POUR TOI MON ENFANT e POUR TOI MON ENFANT. Primeira exibição na Cinemateca.

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TER. [18] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

TERJE VIGEN O Lobo do Mar de Victor Sjöström com Victor Sjöström, Edith Erastoff, August Falck Suécia, 1917 – 56 min / mudo, intertítulos em norueguês, traduzidos em português

A partir de um poema épico de Henrik Ibsen, Victor Sjöström realizou uma das suas grandes obras-primas e um dos filmes que revolucionou o cinema sueco (um dos melhores do mundo, nesta fase do período mudo), rompendo com a estética teatral e trazendo a liberdade dos exteriores e explorando a sua força dramática na história de um pescador que perde a família durante o bloqueio de Napoleão e procura a vingança.

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TER. [18] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA SEX. [21] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

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QUA. [19] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

BOUND FOR GLORY O Caminho da Glória de Hal Ashby com David Carradine, Ronny Cox, Melinda Dillon, Gail Strickland, Randy Quaid, M. Emmet Walsh Estados Unidos, 1976 – 148 min / legendado eletronicamente em português

BOUND FOR GLORY parte da adaptação da autobiografia de 1943 do cantautor folk e poeta Woody Guthrie (também conhecido como o mentor de Bob Dylan), personagem aqui interpretada por David Carradine. “This land is your land, this land is my land, from California to the New York island. This land was made for you and me”. Foi o filme em que pela primeira vez se usou a steadicam inventada por Garett Brown.

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QUA. [19] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO SÁB. [22] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

TRUE GRIT Velha Raposa de Henry Hathaway com John Wayne, Glen Campbell, Kim Darby, Dennis Hopper, Robert Duvall Estados Unidos, 1969 – 128 min / legendado em português

Finalmente, ao cabo de uma carreira de 40 anos, John Wayne, o “Duke”, símbolo e imagem do western, ganhou o Óscar da Academia, para que já fora nomeado em 1949 por SANDS OF IWO JIMA. E ganhou-o no género que o imortalizou, interpretando a figura de Rooster Cogburn, um truculento xerife, com uma arma numa mão e uma garrafa de whisky na outra, contratado por uma adolescente para caçar os assassinos do pai.

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QUI. [20] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

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SEX. [21] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

LA TORTUE SUR LE DOS de Lec Béraud com Jean François Stévenin, Bernadette Laffont, Virginie Thévenet França, 1978 – 109 min / sem legendas

Filme de estreia, aos 33 anos, de Luc Béraud, que faria carreira sobretudo na televisão. Um crítico observou que este é “um filme que trata como uma comédia um tema dramático”. Um escritor que há seis anos não consegue escrever e vive às custas da mulher, acusa-a de ser responsável pela situação. Os dois separam-se e depois de algumas peripécias o homem é levado a compartilhar um quarto com um imigrante africano, com quem estabelece uma certa cumplicidade. Consegue assim voltar a escrever. Filmado no estilo realista do cinema francês dos anos setenta (o de Claude Miller, por exemplo, que coassinou o argumento), porém com personagens algo insólitas, trata-se de um filme original, que merece ser redescoberto.

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SEX. [21] 22:00 | SALA LUÍS DE PINA

THE GODFATHER PART II O Padrinho - Parte II de Francis Ford Coppola com Al Pacino, Robert Duvall, Diane Keaton, Robert De Niro, John Cazale, Talia Shire, Lee Strasberg, Michael V. Gazzo Estados Unidos, 1974 – 177 min / legendado em francês e alemão e eletronicamente em português

Segunda parte da saga do capo mafioso Michael Corleone, a sua conquista do poder e esforços para legalização da atividade da organização, contada em paralelo com a iniciação de seu pai, Don Vito Corleone, nos anos vinte. Vencedor, entre outros, dos Óscares de melhor filme, realização e interpretação (Robert De Niro).

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SÁB. [22] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

ASPHALT Asfalto de Joe May com Gustav Frölich, Betty Ammann, Albert Steinrück Alemanha, 1929 – 93 min / mudo, intertítulos em alemão traduzidos eletronicamente em português

Uma das obras-primas do cinema mudo alemão, apesar do argumento não ser dos mais típicos do cinema alemão do período (um polícia é seduzido por uma ladra). O historiador de cinema Siegfried Kracauer classificou-o entre os “filmes da rua”, que foi uma das correntes do cinema alemão mudo. De facto, os cenários exteriores, que descrevem a cidade, são simplesmente extraordinários, ao passo que a iluminação “expressionista” realça os momentos mais dramáticos. Um grande momento de cinema, que também é um dos muitos exemplos da influência que o cinema alemão mudo viria a ter no cinema americano dos anos trinta e quarenta. A primeira sequência reproduz, em estúdio, a zona da Potsdamer Platz, “mais real do que a realidade”.

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SÁB. [22] 19:30 | SALA LUÍS DE PINA

COLORADO TERRITORY Golpe de Misericórdia de Raoul Walsh com Joel McCrea, Virginia Mayo, Dorothy Malone, Henry Hull Estados Unidos, 1949 – 93 min / legendado em português

THE LADY VANISHES

ALPHAVILLE

Desaparecida! de Alfred Hitchcock com Margaret Lockwood, Michael Redgrave, Dame May Whitty, Paul Lukas

Alphaville de Jean-Luc Godard com Eddie Constantine, Anna Karina, Akim Tamiroff

Um dos grandes westerns de Walsh, uma história trágica marcada pelo romantismo, que segue o percurso da relação entre um fora da lei e uma rapariga mestiça. Nova versão de um outro clássico de Walsh, HIGH SIERRA, transfere o pano de fundo do filme negro para o western e inclui um final alucinante que só tem paralelo, na obra de Walsh, noutra obraprima do realizador feita nesse mesmo ano: WHITE HEAT.

França, 1966 – 96 min / legendado em português

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Reino Unido, 1938 – 95 min / legendado em português

Um dos mais famosos filmes britânicos de Hitchcock, espécie de resumo dos anos trinta da sua obra. Colocando a tónica no humor, narra uma história de espionagem clássica que envolve um grupo de nazis e uma velha e fleumática senhora inglesa num comboio que atravessa a região dos Balcãs. Brilhante exercício de estilo do realizador. Recuperado da cópia em nitrato, exibida em Portugal quando da estreia do filme, entre nós, em 1942. Também programado em “Matinés da Cinemateca”.

Um dos filmes mais “fáceis” de Godard, que é ao mesmo tempo uma homenagem ao filme negro, uma obra de ficção científica e de ficção política. O agente secreto Lemmy Caution (que era o protagonista de uma série do cinema francês) vai à cidade de Alphaville, onde todos os sentimentos foram abolidos e onde ninguém é capaz de perceber poesia, tentar convencer um cientista a regressar aos “planetas exteriores”. Esta parábola sobre a sociedade futura foi inteiramente filmada em cenários naturais, em Paris e nos seus arredores.

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ASPHALT

QUA. [19] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

QUI. [20] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SEG. [24] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SHADOWS Sombras de John Cassavetes com Hugh Hurd, Lelia Goldoni, Ben Carruthers Estados Unidos, 1960 – 81 min / legendado em português

SHADOWS foi a primeira longa-metragem de John Cassavetes, e para muitos o começo da obra do cineasta confunde-se com o nascimento do “novo” cinema independente americano. SHADOWS seria, assim, o seu manifesto. Nesta sua estreia,


Março 2014 | Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

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UN MAUVAIS FILS Um Mau Filho de Claude Sautet com Patrick Dewaere, Brigitte Fossey, Jacques Dufilho, Yves Robert França, 1980 – 112 min / legendado eletronicamente em português.

Depois de ter cumprido pena de prisão nos Estados Unidos, Bruno vai viver com o pai em Paris, numa tentativa de recomeço de vida marcada pela conflitualidade da relação com o pai. “Único filme de Sautet ambientado no meio da classe operária da sua infância, UN MAUVAIS FILS retrata pessoas comuns, um tanto abatidas pela força do destino, lutando contra os rigores sísifos da vida quotidiana” (Film Society Lincoln Center). Primeira exibição na Cinemateca.

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SÁB. [29] 19:00 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

ONLY ANGELS HAVE WINGS Paraíso Infernal de Howard Hawks com Cary Grant, Jean Arthur, Richard Barthelmess, Thomas Mitchell, Rita Hayworth HANNAH AND HER SISTERS

Cassavetes utilizou técnicas do “cinema direto” e inaugurou um modo de trabalhar com os atores (onde a improvisação é um dado importante) que se tornou porventura na sua mais legítima marca distintiva.

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TER. [25] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

HANNAH AND HER SISTERS Ana e as Suas Irmãs de Woody Allen com Woody Allen, Michael Caine, Mia Farrow, Barbara Hershey, Maureen O’Sullavan Estados Unidos, 1986 – 107 min / legendado em português

Um dos filmes mais complexos de Woody Allen, cuja ação decorre ao longo de várias celebrações do dia de Ação de Graças, que pontua a evolução das relações entre três irmãs, os seus maridos ou ex. Relações marcadas por separações e enganos, deceções e neuroses várias. O mundo neurótico de Woody Allen no seu melhor.

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QUA. [26] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

THE TERMINATOR O Exterminador Implacável de James Cameron com Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Michael Bihen, Paul Winfield, Lance Henriksen Estados Unidos, 1984 – 104 min / legendado em português

Possivelmente trata-se do melhor filme que o popular Mr. Músculo, Arnold Schwarzenegger, interpretou. O papel parece talhado à sua medida: um ciborg, meio homem, meio máquina, que vem do futuro tendo por missão matar uma mulher que está destinada a ser a mãe do chefe dos resistentes humanos ao domínio das máquinas, no futuro.

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NORTH BY NORTHWEST Intriga Internacional de Alfred Hitchcock com Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Leo G. Carroll Estados Unidos, 1959 – 136 min / legendado em português

NORTH BY NORTHWEST, um dos filmes mais célebres de Hitchcock, é um prodígio de construção de suspense, com algumas das cenas mais famosas do mestre (a perseguição do avião, a corrida no monte Rushmore). O filme é também um autêntico repositório de todos os seus temas e obsessões, de todos os seus “jogos” e alusões eróticas e da exploração do tema do “falso culpado”, que está no cerne da sua obra.

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SEX. [28] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

BIGGER THAN LIFE Atrás do Espelho de Nicholas Ray com James Mason, Barbara Rush, Walter Matthau, Robert F. Simon

Estados Unidos, 1939 – 120 min / legendado em francês e eletronicamente em português

Howard Hawks realizou obras-primas em quase todos os géneros do cinema de Hollywood (musicais, comédias, westerns, filmes “negros”) e também em filmes de aviação, de que ONLY ANGELS HAVE WINGS é exemplo. Protagonista do filme, Cary Grant, explicava assim o segredo da sua atração: “I play myself”. Em ONLY ANGELS HAVE WINGS, ele é o homem que nunca tem lume e atira sempre uma moeda (sem coroa) ao ar perante uma dúvida. A quintessência do cinema de Howard Hawks: um filme de aviadores, de sacrifício por amor e de heróis suicidários. Um dos mais belos filmes do mundo.

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SÁB. [29] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SWEENEY TODD: THE DEMON BARBER OF FLEET STREET Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street de Tim Burton com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Timothy Spall, Sacha Baron Cohen Estados Unidos, Reino Unido, 2007 – 116 min / legendado em português

James Mason tem um dos papéis da sua vida neste filme sobre um homem cuja estabilidade social e familiar entra em desagregação devido à crescente dependência de medicamentos e drogas. Ray e Mason (que produziu o filme) compõem um admirável (e muito adulto) retrato de uma personagem atormentada num filme “muito maior que a vida”.

SWEENEY TODD é mais um título resultante da parceria Tim Burton / Johnny Depp, a partir de um musical de Stephen Sondheim e da mitologia londrina da literatura do século XIX. O protagonista (Todd/Depp) é um sanguinário barbeiro concentrado em vingar a tragédia que se abateu sobre si e a sua família, uma personagem que também é uma negra variação de Eduardo Mãos de Tesoura. Primeira exibição na Cinemateca.

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Estados Unidos, 1956 – 95 min / legendado em português

SÁB. [29] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

SEG. [31] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

QUI. [27] 15:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO

ANTE-ESTREIAS Em março, a rubrica regular de programação “Ante-estreias” conta com a apresentação de duas sessões para A SÉTIMA VIDA DE GUALDINO de Filipe Araújo e PERTENCEMOS ÀS OUTRAS PESSOAS QUANDO ESTAMOS NA RUA (a mostrar com HOJE ESTAMOS DE OLHOS FECHADOS) de Pedro Barateiro, numa projeção que conta com a reinterpretação da banda sonora ao vivo por Ana Moreira, Miguel Loureiro e Pedro Barateiro.

PERTENCEMOS ÀS OUTRAS PESSOAS QUANDO ESTAMOS NA RUA com as vozes de Pedro Barateiro, Ana Moreira, Miguel Loureiro Portugal, 2013 – 22 min / legendado em inglês

HOJE ESTAMOS DE OLHOS FECHADOS A SÉTIMA VIDA DE GUALDINO

Portugal, 2010 – 10 min / sem som

de Filipe Araújo

de Pedro Barateiro duração aproximada da sessão: 45 minutos

Portugal, 2013 – 60 min

com a presença de Pedro Barateiro

com a presença de Filipe Araújo Produção da Blablabla Media para a RTP, o filme de Filipe Araújo acompanha o quotidiano do carismático baterista autodidata Gualdino Barros, tem banda sonora original do guitarrista André Fernandes e animações de André Carrilho. A sinopse apresenta-o assim: “No culminar de uma vida rocambolesca preenchida de aventuras, desventuras e proezas surreais, um baterista autodidata elevado a “lenda do jazz” por ter lançado nos palcos dezenas de jovens inexperientes como Jorge Palma, Bernardo Sassetti ou Dany Silva, sofre um acidente vascular cerebral. Fica inicialmente paralisado de metade do corpo, mas nem por isso a sua teimosia se deixa de impor. A missão é ambiciosa: recuperar os movimentos, reaprender a tocar bateria, lançar uma última cantora e regressar a Paris, onde tocou com Nina Simone e chegou a viver debaixo da ponte.”

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QUI. [13] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO PERTENCEMOS ÀS OUTRAS PESSOAS QUANDO ESTAMOS NA RUA

Pedro Barateiro é um artista plástico cujo trabalho, na sua multiplicidade de suportes, tem vindo a abordar as noções de narratividade, encenação, arquivo ou representação, bem como o papel da obra de arte e do artista. Esta sessão é composta por dois filmes em 16mm, o primeiro dos quais tem a sua primeira exibição em Portugal, após uma primeira apresentação numa exposição individual em Inglaterra. PERTENCEMOS ÀS OUTRAS PESSOAS QUANDO ESTAMOS NA RUA / WE BELONG TO OTHER PEOPLE WHEN WE’RE OUTSIDE revela uma visão singular da história de arte através da convocação de uma sucessão de imagens de obras específicas, acompanhadas com uma narrativa escrita por Barateiro. Um filme que será mostrado na Cinemateca de um modo inédito, uma vez que a sua banda sonora será reinterpretada por Ana Moreira, Miguel Loureiro e Pedro Barateiro no decorrer da projecção. HOJE ESTAMOS DE OLHOS FECHADOS / TODAY OUR EYES ARE CLOSED parte de imagens recolhidas na Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e no jardim do Museu Nacional do Teatro, em Lisboa, que combina com uma montagem de fragmentos textuais de autores como Almada Negreiros, Aragon, Diderot ou Oscar Wilde.

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QUI. [20] 21:30 | SALA DR. FÉLIX RIBEIRO


CALENDÁRIO |

Março 2014

01 SÁBAD0 15:00

15:30 19:00 19:30 21:30 22:00

Cinemateca Júnior THE LADY AND THE TRAMP Clyde Geronimi, Hamilton Luske, Wilfred Jackson A NIGHT AT THE OPERA Sam Wood IRMA LA DOUCE Billy Wilder LA BOUTIQUE Luis García Berlanga ACTO DA PRIMAVERA Manoel de Oliveira BLIND DATE Blake Edwards

0 3 S E G U N DA -FE IR A 15:30 19:00

19:30 21:30 22:00

BURN AFTER READING Ethan Coen, Joel Coen HOTEL CHEVALIER THE DARJEELING LIMITED Wes Anderson LADY WINDERMERE’S FAN Ernst Lubitsch E LA NAVE VA Federico Fellini ETERNALLY YOURS Tay Garnett

1 0 S EG UNDA-F E I RA

19:00 19:30 21:30 22:00

BACHELOR MOTHER Garson Kanin MONKEY BUSINESS Howard Hawks FRA DIAVOLO / THE DEVIL’S BROTHER Charles Rogers, Hal Roach MR. AND MRS. SMITH Alfred Hitchcock A NIGHT AT THE OPERA Sam Wood

0 5 Q U A R TA -FE I R A 15:30 19:00 19:30 21:30 22:00

GREENBERG Noel Baumbach MADAM SATAN Cecil B. DeMille UP IN MABEL’S ROOM Allan Dwan GOOD WILL HUNTING Gus Van Sant GETTING GERTIE’S GARTER Allan Dwan

0 6 Q U I N TA -FE I R A 15:30 19:00 19:30 21:30 22:00

DOUBLE DYNAMITE Irving Cummings THE APARTMENT Billy Wilder Lançamento do livro Empatia e Alteridade SESSÃO DE CONVERSA COFFEE AND CIGARETTES Jim Jarmusch No lançamento do livro Empatia e Alteridade CAT PEOPLE Jacques Tourneur

1 5 :3 0

19: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

1 9 :0 0

19: 30

COMO SERVIR O VINHO DO PORTO SEVER DO VOUGA UMA EXPERIÊNCIA POUSADA DAS CHAGAS – UMA REPRESENTAÇÃO SOBRE O MUSEU DE ÓBIDOS Paulo Rocha THE HORN BLOWS AT MIDNIGHT Raoul Walsh A LETTER TO THREE WIVES Joseph L. Mankiewicz NEVER A DULL MOMENT George Marshall

21: 30 22: 00

1 1 T ERÇA-F E I RA 15: 30 19: 00 19: 30

THE BACHELOR AND THE BOBBY-SOXER Irving Reis DRACULA Tod Browning

21: 30

22: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

UMA ABELHA NA CHUVA Fernando Lopes NEVER SAY GOODBYE James V. Kern

15: 30 19: 00 19: 30

CAPOTE Bennett Miller A CLOCKWORK ORANGE Stanley Kubrick

21: 30

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

22: 00

NÓS POR CÁ TODOS BEM Fernando Lopes MATKA JOANNA OD ANIOLÓW Madre Joana dos Anjos Jerzy Kawalerowicz

1 3 Q UI NTA-F E I RA 15: 30 19: 00 19: 30

21: 30

22: 00

MONTPARNASSE 19 Jacques Becker Os Filhos de Lumière CURTAS-METRAGENS DE ESCOLA

BRUCE ALMIGHTY Tom Shadyac

19:00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

1 4 S EXTA-F E I RA

OS VERDES ANOS Paulo Rocha Faca – Festa de Antropologia, Cinema e Arte LUIZ DA ROCHA Inês Mestre P’RA IREM PRÓ CÉU Pedro Antunes FADO TROPICAL Catarina Faria

15: 30

TOM JONES Tony Richardson

19: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

22:00

19: 30 21: 30

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

BELARMINO Fernando Lopes Faca – Festa de Antropologia,Cinema e Arte OS DIAS DA HORTA Hellington Vieira MEU PESCADOR, MEU VELHO Amaya Sumpsi

22: 00

15:30 19:00

15: 00

15: 30

19:30

21:30

22:00

Cinemateca Júnior SUNSET BOULEVARD Billy Wilder THE LIQUIDATOR Jack Cardiff

19: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

21: 30

AS PEDRAS E O TEMPO – ÉVORA O VOO DA AMIZADE AS PALAVRAS E OS FIOS Fernando Lopes Faca – Festa de Antropologia, Cinema e Arte ZADNJI PIONIRJI OS ÚLTIMOS PIONEIROS Daniela Rodrigues PABIA DI AOS Catarina Laranjeiro “Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

MUDAR DE VIDA Paulo Rocha Faca – Festa de Antropologia, Cinema e Arte LAZARETO Diogo Allen TÃO PERTO DO SILÊNCIO Arlindo Horta

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

A ILHA DOS AMORES Paulo Rocha SERGEANT YORK Howard Hawks

1 5 S Á BAD 0

08 SÁBAD0 15:00

CRÓNICA DOS BONS MALANDROS Fernando Lopes THE BODY SNATCHER Robert Wise

19: 30

22: 00

Cinemateca Júnior GULLIVER’S TRAVELS Dave Fleischer, William Bowsky THE RIVER Jean Renoir

19 Q UARTA-F E I RA 1 9 :0 0 1 9 :3 0

2 1 :3 0 2 2 :0 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

A ILHA DE MORAES Paulo Rocha

19: 00 19: 30

21: 30 22: 00

TODAY WE LIVE Howard Hawks THE UNKNOWN Tod Browning

1 5 :3 0 1 9 :0 0 1 9 :3 0

2 1 :3 0

2 2 :0 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

O FADO OPERÁRIO / CANTIGAMENTE – Nº 1 Fernando Lopes

22: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

TRUE GRIT Henry Hathaway ALPHAVILLE Jean-Luc Godard

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

15: 30 19: 00

19: 30

CLÉO DE 5 À 7 Agnès Varda

1 9 :0 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

1 9 :3 0

O DELFIM Fernando Lopes TERJE VIGEN O Lobo do Mar Victor Sjöström

2 1 :3 0

21: 30

22: 00

2 2 :0 0

22 S ÁBAD 0 1 5 :0 0

1 5 :3 0 1 9 :0 0

1 9 :3 0 2 1 :3 0

2 2 :0 0

Cinemateca Júnior STATE AND MAIN David Mamet THE GODFATHER PART II Francis Ford Coppola

15: 30 19: 00

1 9 :0 0

1 9 :3 0 2 1 :3 0

2 2 :0 0

21: 30

22: 00

O RIO DO OURO Paulo Rocha BOUND FOR GLORY Hal Ashby COLORADO TERRITORY Raoul Walsh

15: 00

15: 30 19: 00 19: 30

21: 30 22: 00

1 9 :0 0

1 9 :3 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

A FELICIDADE Jorge Silva Melo THE LOVEBIRDS Bruno de Almeida Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror NINGEN GOKAKU “Licença para Viver” Kiyoshi Kurosawa Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror KAIRO “Pulsação” Kiyoshi Kurosawa “Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

Cinemateca Júnior THE CORPSE BRIDE Tim Burton BIGGER THAN LIFE Nicholas Ray UN MAUVAIS FILS Claude Sautet “Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

SHOHEI IMAMURA, LE LIBRE PENSEUR Paulo Rocha ONLY ANGELS HAVE WINGS Howard Hawks “Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

31 SEGUN DA - FEIRA 15: 30

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES 19: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

21: 30

SHADOWS John Cassavetes Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror HEBI NOMICHI “O Caminho da Serpente” Kiyoshi Kurosawa

NORTH BY NORTHWEST Alfred Hitchcock

CAMÕES – TANTA GUERRA, TANTO ENGANO AS SEREIAS Paulo Rocha SWEENEY TODD: THE DEMON BARBER OF FLEET STREET Tim Burton “Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

VANITAS Paulo Rocha 19: 30

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

KALI: O PEQUENO VAMPIRO Regina Pessoa FERNANDO LOPES, PROVAVELMENTE João Lopes

MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL Paulo Rocha 1 5 :3 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

MARGINÁLIA Saguenail Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror KUMO NO HITOM “O Olhar da Aranha” Kiyoshi Kurosawa

29 SÁ B A D0

98 OCTANAS Fernando Lopes ONE FLEW OVER THE CUCKOO’S NEST Milos Forman Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror CURE / KYUA “A Cura” Kiyoshi Kurosawa

25 T E RÇA-F E I RA

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

SHOHEI IMAMURA, LE LIBRE PENSEUR Paulo Rocha

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

24 S E G UNDA-F E I RA 1 5 :3 0

19: 30

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

LÁ FORA Fernando Lopes ASPHALT Joe May

THE TERMINATOR James Cameron Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror NINGEN GOKAKU “Licença para Viver” Kiyoshi Kurosawa

28 SEXTA - FEIRA

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

OLIVEIRA L’ARCHITECTE Paulo Rocha LA TORTUE SUR LE DOS Lec Béraud

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

ELEGIA POR ALGUNS FOTOGRAMAS PORTUGUESES O MEU AMIGO MIKE AO TRABALHO Fernando Lopes

21 S E XTA-F E I RA 1 5 :3 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

OS SORRISOS DO DESTINO Fernando Lopes Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror HEBI NOMICHI “O Caminho da Serpente” Kiyoshi Kurosawa Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror KUMO NO HITOM “O Olhar da Aranha” Kiyoshi Kurosawa

27 QUIN TA - FEIRA

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL Paulo Rocha Ante-estreias PERTENCEMOS ÀS OUTRAS PESSOAS QUANDO ESTAMOS NA RUA HOJE ESTAMOS DE OLHOS FECHADOS Pedro Barateiro

HANNAH AND HER SISTERS Woody Allen

BERNARDO MARQUES – O AR DE UM TEMPO CINEMA TOMAI LÁ DO O’NEILL Fernando Lopes

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

SE DEUS QUISER… Fernando Lopes BOUND FOR GLORY Hal Ashby

PORTUGARU-SAN, O SENHOR PORTUGAL EM TOKUSHIMA Paulo Rocha

22: 00

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

EM CÂMARA LENTA Fernando Lopes Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror KAIRO “Pulsação” Kiyoshi Kurosawa

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

SE DEUS QUISER… Fernando Lopes

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

A ILHA DE MORAES Paulo Rocha THE BIG RED ONE Samuel Fuller

21: 30

20 Q UI NTA-F E I RA

1 7 S EG UNDA-F E I RA 15: 30

19: 30

THE LADY VANISHES Alfred Hitchcock GHOSTS OF MARS John Carpenter

LISSABON WUPPERTAL LISBOA GÉRARD, FOTÓGRAFO Fernando Lopes

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

MATAR SAUDADES Fernando Lopes CAPOTE Bennett Miller MOROCCO Josef von Sternberg

19: 00

2 2 :0 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

VERMELHO, AMARELO E VERDE CRUZEIRO DO SUL HOJE ESTREIA TEJO – ROTA DO PROGRESSO A AVENTURA CALCULADA ERA UMA VEZ… AMANHÃ O ENCOBERTO Fernando Lopes Ante-estreias A SÉTIMA VIDA DE GUALDINO Filipe Araújo THE BACHELOR AND THE BOBBY-SOXER Irving Reis

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

O DESEJADO OU AS MONTANHAS DA LUA Paulo Rocha MATERNITÉ Jean Choux “Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

O FADO OPERÁRIO / CANTIGAMENTE – Nº 1 Fernando Lopes

15: 30

O FIO DO HORIZONTE Fernando Lopes TERJE VIGEN O Lobo do Mar Victor Sjöström

1 5 :3 0

26 QUA RTA - FEIRA

ONE FLEW OVER THE CUCKOO’S NEST Milos Forman

2 1 :3 0

1 2 Q UARTA-F E I RA

15:30

21:30

1 9 :3 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- FERNANDO LOPES

VERMELHO, AMARELO E VERDE CRUZEIRO DO SUL HOJE ESTREIA TEJO – ROTA DO PROGRESSO A AVENTURA CALCULADA ERA UMA VEZ… AMANHÃ O ENCOBERTO Fernando Lopes

0 7 S E XTA -FE I R A

19:30

18 T E RÇA-F E I RA

REMEMBER LAST NIGHT? James Whale

15: 30

0 4 T E R ÇA -FE I R A 15:30

Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

2 1 :3 0

2 2 :0 0

“Uma espécie de gémeos diferentes”- PAULO ROCHA

A RAÍZ DO CORAÇÃO Paulo Rocha Kiyoshi Kurosawa, O Padrinho do Terror CURE / KYUA “A Cura” Kiyoshi Kurosawa

rua Barata Salgueiro, 39 | 1269-059 Lisboa, Portugal tel.: 21 359 62 00 | fax: 21 352 31 80 cinemateca@cinemateca.pt | www.cinemateca.pt


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