REVISTA MUNICIPAL
FESTA DO BODO
A TRADIÇÃO QUE NOS UNE À CONVERSA COM JOÃO FARIA CEM ANOS DO SPORTING CLUBE DE POMBAL
JUL 2022 #01
4
ÍNDICE
04 06 12 14 18 24 30 34 38 40 42
EDITORIAL FESTA DO BODO FESTA DO BODO: CONTA-ME COMO FOI ZONA URBANA DA VÁRZEA ENTREVISTA A PEDRO PIMPÃO SPORTING CLUBE DE POMBAL BIBLIOTECA MUNICIPAL TURISM0 RELIGIOSO HOSPITAL DISTRITAL DE POMBAL JOÃO FARIA LABORATÓRIO INTERNACIONAL D0 ENVELHECIMENTO 46 CORREDOR RIBEIRINHO DO ARUNCA 48 ESTANTE ALMIRANTE SILVA RIBEIRO
06
FESTA DO BODO: A TRADIÇÃO QUE NOS UNE
24
CEM ANOS DO SPORTING CLUBE DE POMBAL
46
À CONVERSA COM JOÃO FARIA
FICHA TÉCNICA N. DL: 503033/22 Propriedade: Município de Pombal Diretor: Pedro Pimpão Edição e coordenação: Gabinete de Apoio à Presidência Fotografia: Gabinete de Apoio à Presidência Produção, design e paginação: Magnetikminds, Lda Tiragem: 10 000 Distribuição gratuita
5
Publicação isenta de registo na ERC ao abrigo do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de junho, art.º 12.º, n.º1b).
Pombal é uma revista que se quer aberta à comunidade, agentes, empresas e coletividades que fazem a riqueza da nossa terra. 6
P
ombal, revista municipal, é uma publicação da Câmara Municipal que nasce do desejo de melhor informar e envolver todos os pombalenses na vida do nosso concelho. Terá uma periodicidade semestral, com edições nos meses de julho e dezembro, coincidindo com os dois grandes momentos festivos e de comunhão: a Festa do Bodo e o Natal. É uma publicação da Câmara, mas, mais do que um tradicional boletim municipal, pretende ser uma revista sobre o território, as suas gentes e património. Pombal é uma revista que se quer aberta à comunidade, agentes, empresas e coletividades que fazem a riqueza da nossa terra. Não deixaremos de informar os munícipes sobre as decisões, projetos, obras e atividades da Câmara, mas queremos mais. Pombal será um veículo para promover os principais ativos do concelho, para divulgar o seu património natural e edificado, a sua cultura, comércio e os projetos e serviços que o tecido empresarial e associativo cria e dinamiza.
EDITORIAL
Neste primeiro número contamos um pouco da história das centenárias festas do Bodo, uma tradição que une pombalenses de todas as gerações e em todos os cantos do mundo. Uma união mais importante ainda no doloroso período que vivemos nas últimas semanas de julho. Momentos de tensão e incerteza, dias que exigiram mais de todos nós e de quem incansavelmente nos protege, mas que fizeram vir ao de cima, uma vez mais, a força da solidariedade e entreajuda que caracteriza as nossas gentes. Nesta primeira edição destacamos o potencial transformador para Pombal do Núcleo de Formação Superior do Politécnico de Leiria, como é disso bom exemplo a instalação no nosso concelho de um projeto inédito no país; o Laboratório Internacional do Envelhecimento. Damos ainda a conhecer a forma como a Biblioteca Municipal tem as suas portas cada vez mais abertas à comunidade, com serviços premiados a nível nacional, como os Cacifos de Leituras e o Espaço Maker. No arranque desta nova revista não podíamos passar ao lado dos cem anos do Sporting Clube de Pombal, que se celebram 7
em 2022, ou da evocação de uma figura incontornável e tão acarinhada em Pombal como é o João Faria. Acredito que Pombal, revista municipal fará a diferença na forma de comunicarmos o nosso concelho, e de como nos relacionamos enquanto comunidade, contribuindo para uma cidadania informada e interveniente. Espero que seja do vosso agrado. Pedro Pimpão, Presidente da Câmara Municipal
F E S TA D O B O D O
AMP_Coleção de fotografias antigas da vila de Pombal 8
F E S TA D O B O D O
FESTA DO BODO. A TRADIÇÃO QUE NOS UNE Depois da pandemia ter cancelado as últimas duas edições, as festas mais populares de Pombal regressam, Cardal acima, Cardal abaixo. Seis dias onde se voltam a juntar gerações, amigos e pombalenses que há muito deixaram o concelho, mas continuam a encontrar nas centenárias Festas do Bodo uma marca afetiva da sua ligação a Pombal. 9
L
F E S TA D O B O D O
Bodo que reencontramos raizes, histórias e amigos”, sintetiza a Confrade-Mor da Confraria do Bodo, Carla Longo. É possível ir às festas sem ter nenhum objetivo concreto que seja matar saudades, rever amigos, passar tempo com quem gostamos de estar. Fundada em 2005, a tarefa da Confraria tem-se concentrado na “promoção da nossa terra e costumes”, e na preservação e divulgação da história das Festas do Bodo. Uma tarefa bem sucedida, considera Carla Longo, lembrando que “no início da Confraria eram muito poucos os que conheciam a origem da nossa festa mais antiga e importante”. Preservação da memória que dificilmente teria sido possível sem o contributo de historiadores, entre os quais se destaca Nelson Pedrosa, que tem vindo a estudar e compilar elementos centrais da história do concelho de Pombal, como é o caso desta festividade centenária. O texto que se segue, com uma breve resenha da lenda e da história dos largos séculos de história da Festa do Bodo, a ele se deve.
ocal de reencontro por excelência de todos os pombalenses, as Festas do Bodo estão de regresso após dois anos de interregno. Numa região marcada pela peso da emigração, os seis dias de festividades funcionam também como ponto de encontro entre quem cá vive e quem, tendo partido, continua com as raízes, memórias e afectos em Pombal e no Largo do Cardal. Celebração do poder da amizade e do reencontro, as festas continuam, ainda hoje, alicerçadas na tradição e na relação com o divino que perdura desde o primeiro dia. Passam os séculos, mudam as festas com a evolução do tempo, e os elementos estruturantes da celebração, o Bodo Antigo e a Procissão à nossa Senhora do Cardal, mantêm-se no centro das festividades. Acompanhando a transformação do país nas últimas décadas, também as Festas do Bodo se foram modernizando, crescendo e mudando. São cada vez mais um evento com dimensão regional, com concertos, espetáculos culturais, desporto, mercados locais, mostras de artesanato, carrinhos de choque e uma parafernália de pontos de venda e de atrações. Mas o essencial, e o que as faz diferentes, mantém-se: a celebração da partilha. É este momento que está na génese imemorial da festa, personificada na distribuição do pão que teve lugar desde os primeiros dias destas festas em honra de Nossa Senhora. A organização é hoje mais profissional, as festividades duram um dia mais, mas o mote continua o mesmo. ”Cardal acima, Cardal abaixo, personifica essa ideia do reencontro, que é o que torna diferente estas festas. É no
Cardal no Bodo_Foto da coleção particular de Apolinária Monteiro Carapeto
10
F E S TA D O B O D O
AMP_Coleção de fotografias antigas da vila de Pombal
11
F E S TA D O B O D O
A LENDA E A HISTÓRIA DO BODO
onde se iniciou uma procissão de preces, que acabou na Capela de Nª Srª de Jerusalém. Decidiu-se então fazer uma missa cantada, prometendo que se um milagre protegesse a terra o povo celebraria uma festa em sua homenagem. As súplicas parecem ter surtido efeito porque, na manhã seguinte, já os gafanhotos tinham desaparecido. Reconhecido o milagre, os pombalenses não esqueceram a promessa à Senhora de Jerusalém, tendo D. Maria Fogaça assumido por sua conta todos os custos com a festa religiosa. No ano seguinte, resolveu o povo cozinhar dois bolos durante as festas para oferecer à paróquia. Ao serem deitados no forno, e dado o seu tamanho, um ficou mal colocado e tombou. Um criado da casa, lembrando-se de quem tinha protegido Pombal no
A origem da Festa do Bodo perde-se no tempo, chegando até nós relatos de uma lenda, recuperados pela tradição oral do povo que sempre viveu a festa como sua. O que nos chega dessa lenda liga as festas do Bodo a uma praga de gafanhotos e lagartas que se abateu sobre Pombal e a uma mítica D. Maria Fogaça, figura muito devota que deu origem à centenária festa. Invadindo casas e envenenando alimentos e água, a violência da praga dificultava a vida aos pombalenses que se refugiaram em preces à Nossa Senhora de Jerusalém, na esperança que esta expulsasse a praga. Continuando esta a fustigar as colheitas, assim as preces e orações se tornaram mais frequentes e levaram o povo até à Igreja de S. Pedro, então Matriz da Vila,
12
F E S TA D O B O D O
ano anterior, entra num forno já em fogo invocando o nome da Senhora de Jerusalém, conseguindo emendar a posição do bolo e ainda escapar ileso. O feito rapidamente chegou ao ouvido de todo o povo, o qual não teve dúvidas que Nossa Senhora tinha novamente intercedido por Pombal. Nascia a a festa do Bodo, passando a fazer-se com temerária devoção ao bolo, ao qual a população deu o nome de “fogaça”. As festas que tinham inicialmente lugar nos finais de junho, passaram a realizar-se no último fim de semana de julho, mais de acordo com o calendário das colheitas. Contudo, nas quatro semanas anteriores, continuaram a promover-se cerimónias em honra da Senhora. Na última dessas semanas, 6 mulheres vestidas de branco, como que amortalhadas, procediam à confecção do bolo, que levava seis alqueires de trigo. Quatro homens com o bolo numa padiola ladeado pelas mulheres que o haviam confecionado, o andor com a imagem de Nossa Senhora do Cardal, o pároco, a filarmónica e muito povo, davam a volta às ruas da vila, dirigindo-se depois para o largo do Cardal. Aí chegados, e tendo o homem que devia entrar no forno passado todo o dia sob o andor a rezar, era replicado o episódio da lenda, entrando dentro do forno onde dava uma volta ao bolo cozinhado enquanto repetia “Viva Nossa Senhora do Cardal”. Na quarta-feira, cinco dias depois do pão ter sido colocado no forno, este era repartido por todos os moradores da vila, mas para o «fazerem he necessária huma serra, porque noutra forma se não pode fazer, por estar muyto seco & recozido». D. Manuel, quem sabe visando impedir alguns dos excessos relatados, proíbe as festividades no século XVI, para as autorizar novamente quando toma conhecimento dos
milagres de N.ª Sr.ª do Cardal. Consta também que terão existido no cartório da Câmara de Pombal diferentes privilégios, e o maior de todos concedidos à vila: toda a pessoa que viesse às suas festas, não podia ser presa quinze dias antes, nem quinze dias depois, excepto por crime de lesa-majestade. Se a origem da festa é difusa, o seu declínio tem datas mais reconhecíveis, como as das invasões francesas e a implantação da República. Pouco depois o bispo de Coimbra proíbe a entrada do homem no forno, não só em Pombal, mas também em Santiago de Litém e de Abiúl, onde a prática também era seguida. Termina assim a entrada do homem no forno, mas o Cardal vai continuar a ser o coração das Festas. Com a separação da Igreja do Estado, é nomeada uma comissão que continua a realizar a festa todos os anos. As suas tradições porém, vão caindo em desuso e as festas vão perdendo algum do fulgor. Mesmo nesses anos, não deixou de se realizar as novenas e a procissão solene no Domingo, com missa cantada, sermão e a grande procissão, a que tem continuado a concorrer muita gente. Na década de 1930, face ao pouco empenho das Comissões em realizar as festividades, debate-se a possibilidade de tornar as festividades bienais. Mas a partir de 1935, com a criação de uma comissão em que entram representantes da Associação Comercial, da Comissão Administrativa Municipal e da Comissão de Iniciativa e Turismo, as Festas do Bodo renascem. De lá para cá muito continuou a mudar, mas as festas permaneceram, chegando aos nossos dias como a recordação viva de uma tradição que continua a unir todos os pombalenses. 13
Bodo 1921 - Foto da coleção particular de D. Graciete Alvarez
F E S TA D O B O D O
CONTA-ME O COMO FOI
Bodo era totalmente diferente do que é hoje. O Bodo evoluiu. Evoluiu ou não, pois na minha opinião não evoluiu. Eles vinham para o Bodo, o Bodo acontecia, e só iam para a cama quando o Bodo acabava. Era tudo no Cardal. Tocavam o acordeão aqui, ali e acolá, ou a concertina, e toda a gente saltava, pulava e dançava. Era assim. Vinham grupos aqui das aldeias próximas, vinham para o Cardal para dançar e pular. As pessoas andavam o ano todo a pensar nesse dia, andavam o ano todo a pensar em não ir à cama.
Relatos extraídos do Documentário produzido pela Associação Cultural Costumes e Diálogos de Pombal sob realização de Paulo Alexandre Silva
E
u ainda hoje me pergunto o que é que estou a fazer no Bodo. Quinta à noite e aqui estou eu, no Cardal, a fazer as mesmas coisas que fazia quando tinha sete, oito, dez, quinze anos. Mas faço uma coisa mais, que é encontrar amigos que só se encontram ano a ano no Bodo. Deve ser gente, como eu, que vem para aí porque é Bodo.
Miro Leitão
H
aquela época, quinze dias antes de começar o Bodo, aparecia aqui uma tenda, penso que vinha do norte, com bonecos de barro e brinquedos de chapa. E vinha para aqui quinze dias antes de começar a festa. Agora não encontramos tendas de brinquedos, mas antigamente havia muitas tendas assim. Elas existem, mas curiosamente não aparecem nas Festas do Bodo.
avia aqueles bonequinhos de barro, os pretinhos, que davam sorte. Mas nós não tínhamos dinheiro! Então, o primeiro que conseguia dar um pontapé na barraca, para ver se caía algum, levava o boneco e era uma sorte para todos. “E vai agora, vai mais um paninho, e leva só mais um!” Aquilo era uma camioneta, estacionada toda a noite, que normalmente tinha essas coisinhas. Eu lembro-me de um dia ir para casa com o meu tio e ele levar às costas um cobertor e um faqueiro. Depois havia uma e outra barraca e eram horas que nós passávamos naquilo, porque era um espetáculo ver as senhoras a vender ao despique. As festas eram assim!
António Pinto
Adelaide Conceição
Jorge Figueiredo
N
14
F E S TA D O B O D O
A
s barraquinhas estendiam-se ao longo do Cardal e iam pela Avenida acima, quando ela foi feita, até onde está o Hospital agora. Depois vinham até à Igreja, só. E aí se petiscava sardinha, e aí se bebia o café feito na púcara, que depois se transformou nas nossas farturas e na nossa cerveja.
E
u tive uma doença de pele muito grande e tínhamos uma empregada que prometeu a Nossa Senhora do Cardal, que, se eu ficasse curada daquilo, eu é que ia pagar a promessa! Afinal de contas, eu é que recebi a benção da cura! Tinha cerca de seis, sete anos, por aí, e fui em março com os meus pais alugar a roupa, porque aquilo ficava reservado com muita antecedência. E quando chegámos ao dia da procissão, em julho, eu já tinha crescido mais do que devia para entrar naquela fatiota. Portanto, a fatiota só pôde ir mais ou menos a meio. Deviam estar uns 40 graus à hora da procissão. Nas sandálias eu já tinha os pés de fora. O alcatrão derretia e as sandálias não cobriam toda a planta do pé, já estavam curtas. Levei o caminho todo com os dedos dos pés para trás, recolhidos. Um martírio! Entretanto, também havia a auréola. A auréola era feita em em ferro, pesadíssima, e apertava-se com uns torniquetes. Foram cerca de três ou quatro horas. Estavam quarenta graus, e eu vestida com um manto, com um vestido apertadíssimo, os dedos arreganhados porque já não cabiam nas sandálias e a cabeça apertada por uma auréola de ferro. Nisto, levava o menino Jesus ao colo. Era uma escultura de cerâmica, pesadíssima, e lembro-me que mantive o menino Jesus abraçado, como se fosse Nossa Senhora, para imitar o que me tinham ensinado. Depois, a dada altura da procissão, eu já levava o menino Jesus arrastado pelos meus pés, pelo chão.
Sílvia Reis
H
á dois momentos em Pombal que trazem gente que vem de todo o lado a Pombal. Uma é os Santos, o outro é o Bodo. Há gente que eu não vejo em Pombal e vejo nos Santos, outras que vejo no Bodo. Uma, infelizmente, é pela morte, esta é pela festa, pela vida. O Bodo é o contraste. Por isso é que para mim, do meu ponto de vista, é muito mais rico. Depois há o timing em que é feito, o tempo em que acontece. E qual é o tempo? É o tempo dos emigrantes, o tempo de vir de férias. Vemos por todo o concelho, que o Bodo não é só de Pombal, aquele encontro de malta que não se vê há muito tempo. Antigamente, hoje já não tanto, mesmo aqueles que estavam em partes de Portugal de onde era mais difícil vir, vinham naquela altura, e era a festa. É o contraste com os Santos. Jaime Portela
Cardal no Bodo_Foto da coleção particular de por Vitor Varela Pinto
Ana Serrano 15
16
ZONA URBANA DA VÁRZEA
MAIS ÁRVORES, MELHORES ACESSOS E NOVAS ZONAS DE FRUIÇÃO PÚBLICA As obras do novo projeto de requalificação do Jardim da Várzea avançam a bom ritmo, antecipando outra forma de viver o espaço pela população e a valorização urbanística de todo o centro da cidade de Pombal.
17
ZONA URBANA DA VÁRZEA
R
a requalificação do Jardim do Cardal e prevê a beneficiação Avenida Heróis do Ultramar para dar uma nova vida ao espaço público e aumentar a atratividade do nosso concelho. Além da atenção especial dada às zonas verdes, as acessibilidades foram reestruturadas para tornar mais segura a convivência entre os peões e os carros e fomentar a mobilidade suave. Os arruamentos serão repavimentados, os passeios alargados e criadas novas redes de drenagem de águas pluviais e residuais e de abastecimento de água, bem como novas infraestruturas elétricas e de comunicações. Todos as árvores saudáveis removidas serão transplantadas para outros jardins do concelho. O novo espaço verde receberá ainda diversas espécies florestais autóctones, como 20 lódãos, 8 bordos vermelhos e 4 amendoeiras. Todos os exemplares plantados têm um porte na plantação considerável, garantindo sombra
ecorde-se que a revisão do projeto inicial considerou os contributos da população recolhidos em auscultação pública, aumentando as áreas verdes, assumindo a plantação de mais doze árvores e a substituição integral das que se encontravam em más condições fitossanitárias, redesenhando algumas áreas para garantir a preservação das principais características do jardim original. Encontrar o equilíbrio entre os espaços verdes e os caminhos pedonais foi o principal objetivo seguido pelo projetista, o atelier do arquiteto pombalense Carlos Vinhas. Esta obra numa zona estruturante da cidade, mas que se encontrava desqualificada há décadas, integra o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, que também contemplou 18
ZONA URBANA DA VÁRZEA
e maior conforto térmico nos dias de maior calor. No final das várias intervenções, os cidadãos poderão confirmar que se manteve uma relação de continuidade com a malha urbana existente, mas integrou-se um “novo tempo” nos materiais utilizados, nomeadamente no pavimento drenante e nos canteiros. Na configuração dos percursos optou-se por soluções mais contemporâneas de mobilidade sustentável. A rede viária será toda intervencionada e o estacionamento reestruturado. Algumas ruas terão novo traçado e os passeios serão rebaixados para melhorar os acessos a pessoas com mobilidade reduzida, recorrendo a pavimentos táteis e eliminando barreiras. Haverá também novo mobiliário urbano, nomeadamente bancos em zonas arborizadas, e novos contentores para triagem do lixo urbano. No Largo da Estação será criada uma nova acessibilidade através de escadas com alguma monumentalidade para enquadrar a estação de caminho de ferro, promovidas zonas de espera com bancos e uma rampa junto à zona de paragem para pessoas com mobilidade condicionada.
“Além de mais zonas verdes, a convivência entre peões e carros é mais segura e promove-se a mobilidade suave.” Num valor global de 1,8 milhões de euros, a obra será comparticipada em 1,15 milhões pelo Programa Operacional Regional do Centro, e abrange uma área total de 22.430 metros quadrados.
19
QUEREMOS TER MAIS PESSOAS EM POMBAL DAQUI A 10 ANOS. COM MAIS QUALIDADE DE VIDA. 20
E N T R E V I S TA
P
ombal foi especialmente fustigada pelos fogos. Sente que, cinco anos depois dos incêndios de 2017, algo mudou no país? É óbvio que a violência dos fogos, e a desigualdade de uma luta que parece viciada, nos remete para as imagens de Pedrógão Grande que vivi e senti na primeira pessoa, mas o resultado final foi muito diferente. Neste momento tão exigente para a nossa comunidade estivemos unidos e determinados na ajuda a todos quantos precisavam, e foram muitos, evitando situações de maior aflição e desespero. O mais importante foi conseguido, proteger vidas apesar do profundo impacto económico-social desta tragédia, nomeadamente, na freguesia de Abiul. Bombeiros, militares, sapadores florestais, proteção civil, presidentes de junta e autarcas, é impossível nomear todos quantos deram o melhor de si, muitos sem dormir ao longo de três dias extenuantes. Agora o momento é de avaliação, para termos uma melhor ideia do que se perdeu, do que é preciso recuperar e de quem necessita de ajuda. O balanço do que há a melhorar, nomeadamente na disponibilidade de meios, será feito a seu tempo, e em conjunto com as autoridades competentes.
Nove meses depois de ser eleito pela primeira vez como presidente da Câmara Municipal de Pombal, Pedro Pimpão fala sobre os desafios que o concelho enfrenta e os principais objetivos para os próximos anos. Reverter o declínio demográfico é a principal prioridade e, para tal, Pombal precisa de atrair empresas e captar talento. Os fundos europeus são um instrumento chave para transformar Pombal na próxima década.
Criticou, logo no dia 12 de julho, a ausência de meios aéreos no combate aos fogos. Não há dúvidas que se tivesse havido um ataque inicial com meios aéreos o incêndio não tinha adquirido as proporções que assumiu, tal como ficou comprovado nos dias a seguir nos fogos de Estevães e Carnide que foram rapidamente controlados com o apoio de meios 21
E N T R E V I S TA
aéreos, mas como disse, a prioridade agora é a avaliação do que é preciso recuperar e ajudar, e posteriormente fazer o balanço com as autoridades competentes do que temos de melhorar, nomeadamente a presença de mais meios de combate. Mas temos de perceber que atravessamos uma seca extrema e basta uma pequena ignição, inócua noutra circunstância, para deflagrar um incêndio. É por isso que temos de evitar comportamentos de risco, perceber que a proteção do território começa em todos nós, e contribuir para que este flagelo não volte a assolar o nosso território. Felizmente, há uma consciência cada vez maior da importância dos nossos comportamentos para a preservação do que é de todos.
dar uma nova dinâmica ao Gabinete de Apoio ao Investidor e ao Desenvolvimento Económico, garantindo que está mais próximo dos empresários e que antecipa as suas necessidades, não ficando à espera de um pedido formal. Quero que seja a Câmara a ir à procura dos investidores, a antecipar as novas tendências e como poderemos captar novos investimentos. Por outro lado, para captar e manter talento, temos de apostar na inovação e qualificação. O protocolo que assinámos com o Politécnico de Leiria, que já abriu um núcleo de formação em Pombal, irá evoluir e contamos construir um Campus de Inovação e Conhecimento, para que os jovens possam encontrar novas oportunidades de formação académica em Pombal.
“Vamos construir um Campus de Inovação e Tecnologia, para que os jovens possam encontrar novas oportunidades de formação académica em Pombal.”
A cada época de incêndios fala-se da necessidade de melhorar o ordenamento do território, mas mesmo concelhos como Pombal, com boas acessibilidades, perdem população. O que é que pode ser feito para reverter o envelhecimento do concelho? O desafio demográfico é a grande prioridade deste mandato. Temos de criar condições para atrair mais empresas e captar talento. O crescimento económico tem de estar no centro de qualquer política demográfica responsável e, como tal, iremos aumentar o perímetro das zonas industriais e criar novas áreas empresariais nas freguesias. Queremos
Que medidas é que a autarquia pode desenvolver para atrair mais investimento e dinamizar a criação de emprego? Pombal tem de ser conhecido como um concelho amigo das empresas, do investimento, da inovação e dos jovens empreendedores. Temos de ser ainda mais ágeis e expeditos no licenciamento de novas empresas, com um gestor de projeto que acompanhe diretamente todas as propostas que criem valor no nosso território. Depois, temos de criar um ecossistema de apoio ao empreendedorismo que ajude os nossos jovens criadores no desenvolvimento das suas ideias, apoiando projetos empresa-
22
E N T R E V I S TA
riais, culturais ou sociais. Queremos apostar numa Startup Pombal que funcione, em simultâneo, como incubadora e aceleradora de empresas e de startups tecnológicas.
condições para aumentar a sua atratividade. Estamos já a fazer várias candidaturas no âmbito do PRR e a estudar outras para o Portugal 2030. Queremos gizar um plano estratégico para a próxima década que seja um plano de ação, com medidas concretas no concelho. Temos 3 eixos centrais onde queremos intervir. O mais importante, que já falámos, é o desafio demográfico, mas também na transição climática e transição digital. Estas duas áreas contam com financiamento europeu e queremos ser muito determinados e persistentes em candidaturas que o aproveitem.
Mas também é necessário apoiar as famílias e os jovens que queriam criar família, certo? Sem dúvida. Esse é outro ponto da nossa estratégia para termos um ambiente propício para fixar jovens casais em Pombal. Neste momento a autarquia já assegura que todas as refeições no pré-escolar e primeiro ciclo são totalmente gratuitas, assim como o transporte escolar até ao 12º ano. Mas estamos a trabalhar no projeto Creche Para Todos, onde pretendemos apoiar os pais no pagamento de uma das suas principais despesas; as creches. Brevemente iremos criar o Gabinete de Apoio às Famílias e à Parentalidade Positiva e vamos também promover incentivos ao arrendamento jovem para apoiar a emancipação dos jovens, assim como pretendemos criar incentivos para a aquisição de bens de primeira infância, que são sempre caros, e uma medida que nos parece ter bastante potencial. O Banco do Bebé é uma iniciativa de economia circular, onde a autarquia poderá facilitar e estimular a partilha entre os pombalenses de equipamentos para a primeira infância.
Pode dar alguns exemplos? Temos duas candidaturas já aprovadas para a construção de uma residência para estudantes em parceria com o Politécnico de Leiria e de um espaço Coworking em parceria com a CIMRL – Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria. Para além disso, temos candidaturas para financiar a reconversão energética de edifícios da autarquia, diminuindo a despesa em energia e melhorando o ambiente. Queremos substituir a iluminação pública por leds, diminuindo 80% do consumo. O mesmo com a frota automóvel, que pretendemos ir substituindo por veículos elétricos, aqui através do recurso ao Fundo Ambiental. Na transição digital queremos, acima de tudo, medidas de apoio para as empresas do concelho. Aliás, todo este processo tem de ser participado e o meu compromisso é envolver empresários, especialistas, professores, autarcas, o maior número possível de agentes para um objetivo comum: termos mais pessoas em Pombal daqui a 10 anos. E com mais e melhor qualidade de vida. É isso que espero e é para isso que trabalharemos dia e noite com afinco.
Por falar em investimento, o PRR e o Portugal 2030 são oportunidades para concelhos como o nosso? Nunca houve tanto financiamento europeu disponível para o nosso país, o que é uma oportunidade única que temos que aproveitar, uma vez que os territórios que melhor usufruírem estas oportunidades, alavancando recursos que são escassos, são os que estarão em melhores 23
E N T R E V I S TA
Pombal é um concelho extenso e diverso. Que investimentos nas acessibilidades é que podiam aproximar as diversas freguesias? O investimento na eletrificação da linha ferroviária do Oeste, sem dúvida, é uma velha ambição e reivindicação de Pombal. O que está previsto e anunciado, e é um processo que temos acompanhado de perto com as Infraestruturas de Portugal (I.P.), é que o concurso público para a ligação entre as Caldas da Rainha e o Louriçal seja lançado nas próximas semanas. É um investimento que não pode esperar e que, conjugado com as obras em curso até Lisboa, permite que a Linha do Oeste volte a ser competitiva para o transporte de mercadorias e atraente para as populações. Na componente rodoviária, temos em cima da mesa a requalificação do IC2, no troço de Pombal até às Meirinhas cujo concurso esperamos que seja lançado a curto prazo. Assim como, é importante que a I.P. avance com a continuidade do projeto de requalificação do IC2 de Pombal até à Redinha. Esperamos que haja novidades positivas nos próximos tempos. Continuamos também a defender a ligação da A1 ao Ic2 na zona de Meirinhas/Barracão, a requalificação da EN 109 na zona do Carriço. E não há dúvida que a requalificação do IC8 no troço entre Pombal e
o Pontão, servindo freguesias como Abiul e Vila Cã, e fazendo a ligação estratégica ao interior do País e a Espanha, seria uma importante ajuda ao desenvolvimento desses territórios, pelo que, continuaremos a lutar por esse investimento.
“Quando digo que temos um plano estratégico para a próxima década é um plano de acão, com medidas concretas no concelho, não é um plano bonito mas que nunca sai do papel.”
Tomou posse como presidente num mandato em que os municípios recebem importantes competências e equipamentos nas áreas da educação, escolas, saúde, ação social. O processo tem estado envolto em polémica, mas Pombal já assumiu essas responsabilidades. Como avalia este processo? Do ponto de vista dos princípios não tenho qualquer dúvida: os municípios fazem mais e melhor do que o Estado central. Conhecem as necessidades dos agentes, estão mais próximos e ouvem a população. A discussão que tem existido é se o envelope financeiro que o Estado quer dar aos municípios compensa os custos com a gestão de escolas ou unidades de saúde. Mas se a nossa posição é que, a partir de Pombal, conseguimos servir melhor a população, a nossa resposta só podia ser uma: decidimos assumir de imediato as nossas competências na área da educação e ação social, sabendo os encargos adicionais que a autarquia vai ter de suportar, e os problemas que isso pode
24
E N T R E V I S TA
acarretar ao nosso Orçamento. Mas estamos concentrados em encontrar soluções, não em procurar desculpas. Dá mais trabalho, nomeadamente em encontrar os recursos necessários, mas estamos certos e convictos que vamos prestar um melhor serviço aos pombalenses. Na área da saúde, ainda estamos a articular com a Administração Regional de Saúde do Centro os termos e condições em que vamos assumir as respetivas competências.
25
26
SPORTING CLUBE DE POMBAL
CEM ANOS DE DEDICAÇÃO A POMBAL
O clube mais antigo do concelho, o Sporting Clube de Pombal, comemora um século em outubro. Um século de histórias, com altos e baixos, e uma ligação à terra com quem foi crescendo de mãos dadas. Um preenchido calendário de comemorações, evocando os principais dirigentes e atletas que defenderam as cores dos leões do Arunca, marca a segunda metade do ano.
27
SPORTING CLUBE DE POMBAL
“A dez minutos de terminar o desafio, algo de importante se passou. O Manuel Simões, numa brilhante fugida, driblou um Tomarense, derrubou outro e ainda outro adversário, escorregou, o guarda-redes dá um mergulho em sentido contrário à direção que a bola levava e marcou-se o “goal“ de honra para os “Leõs” de Pombal. Ainda hoje, e já lá vão vinte e cinco anos, o Manuel Simões zanga-se todo quando lhe pretendem insinuar que aquela bola foi gentileza dos Tomarenses…”
N
ão foi sem dificuldades que começou a centenária caminhada do Sporting Clube de Pombal, como se pode ver pelo curioso relato do primeiro jogo que consta da publicação alusiva aos 25 anos do clube. Telémaco da Conceição sabia do que falava, pois, para lá de primeiro presidente do clube, era o seu guarda-redes e sofreu 16 golos nesse encontro disputado a 20 de outubro de 1922 - dia da fundação do Sporting Clube de Pombal. Um ano depois, a 17 de julho de 1923, o Sporting Clube de Pombal é oficialmente reconhecido como a 10ª filial do Sporting Clube de Portugal, ligação que ainda perdura. As atribulações desse primeiro jogo personificam, de certa forma, os cem anos que se lhe seguiram. Uma vontade imensa de ter em Pombal um clube representativo da terra, conjugando um misto de carolice e dedicação, para atravessar um caminho tortuoso até ao objetivo. A vida do clube é marcada por várias crises diretivas, incluindo períodos em que a atividade chegou a estar suspensa, e uma longa sucessão de modalidades que foram abrindo e encerrando, até cristalizar o futebol como modalidade indisputada. O que é certo é que, cem anos depois, uma longevidade ainda rara entre as coletividades desportivas nacionais, o Sporting Clube de Pombal mantém-se ativo e presente em todos os escalões do futebol masculino. Uma persistência rara, ao nível dos clubes que são essencialmente amadores, e só possível graças à carolice de dirigentes e à dedicação e sacrifício pessoal de atletas e equipas técnicas. É precisamente para recordar os nomes
Telémaco da Conceição (1.º Presidente do Sporting de Pombal). 28
SPORTING CLUBE DE POMBAL
que construíram o que é hoje o Sporting Clube de Pombal que a Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário concebeu um extenso calendário de eventos e atividades. As próximas semanas serão marcadas por duas exposições, uma fotográfica no centro de Pombal, e uma exposição documental retratando a história do clube, patente nos claustros da Câmara Municipal. Englobado no festival de Street Art, será pintado um mural alusivo à efeméride nas paredes do Estádio Municipal. A 21 de outubro, o grande jantar de encerramento, juntando ex-dirigentes e atletas, patrocinadores, comissão de honra e adeptos. Mas se foi o futebol que presidiu à fundação do clube, ao longo da sua extensa vida o Sporting Clube de Pombal foi tendo equipas em moda-
lidades como ciclismo, voleibol, basquetebol e atletismo. É esta última modalidade, aliás, que forneceu o primeira atleta de eleição “nascido” no clube. Fernando Eloy, que começou a correr em Pombal, torna-se campeão ibérico dos 110 metros em 1931. A história do atletismo não se fica por aqui e foi em Pombal que começaram a correr atletas que, anos mais tarde, se viriam a sagrar campeões nacionais em provas de atletismo nas décadas de 1970 e 1980, como Mário Macedo e António Monteiro, ambos ao serviço do Sporting Clube de Portugal. O talento formador do clube distingue-se, nessas décadas, com títulos de campeão nacional de atletismo em iniciados e juvenis. Num concelho com dezassete clubes de futebol, sendo mesmo o mais representado nas
29
SPORTING CLUBE DE POMBAL
competições distritais da Associação de Futebol de Leiria, a ligação filial do clube mais antigo de Pombal a um dos “três grandes” foi sendo alvo de discussão. Há cerca de 80 anos, levou mesmo a uma cisão e à fugaz existência da União Desportiva de Pombal. “Queremos desmistificar a ideia que quem vai ao Estádio Municipal são sportinguistas. Não, são sportinguistas do clube de Pombal. Há muitos benfiquistas e portistas que são sócios e chegámos a ter presidentes da Casa do Benfica que foram dirigentes do Sporting Clube de Pombal. É o clube da terra”, constata João Coucelo, Presidente da Comissão de Comemorações do Centenário. A identificação da terra com o clube, que nasceu quando Pombal era uma vila, parece garantida. Não só tem uma campanha ativa para quebrar a barreira dos 2000 sócios, como os
milhares de pessoas que acompanharam os dois últimos jogos da época são elucidativos de uma ligação que atravessa gerações. Numa semana, os leões do Arunca estiveram a poucos minutos de poder regressar aos campeonatos nacionais e de vencer a taça distrital de Leiria. Duas autênticas finais em sete dias, dois encontros com desfecho negativo, mas com o sentimento de dever cumprido e a certeza que a “prata da casa” deixa boas indicações de continuidade. Um sentimento realçado pelo clube, na sua página oficial: “As últimas semanas foram vividas com grande entusiasmo pelos nossos adeptos e pela população em geral. Espero que este entusiasmo não se esmoreça durante o verão e que, na próxima temporada, voltemos a encher as bancadas do Municipal e dos estádios onde jogarmos. Sem esquecer que em Outubro festejamos o centenário”. 30
31
32
BIBLIOTECA MUNICIPAL
UMA BIBLIOTECA ABERTA À COMUNIDADE
Um computador, dezasseis cacifos e muita vontade de servir a comunidade. Foi esta a base para uma nova forma de relacionamento da Biblioteca Municipal com os seus leitores durante a pandemia, e que, fruto do seu sucesso, ainda se mantém nos dias que correm. Uma abertura à comunidade também patente no Espaço Maker, convidando pequenos e graúdos a aprender experimentando, da pequena robótica à impressão 3D de diversos materiais.
33
C
BIBLIOTECA MUNICIPAL
A facilidade de utilização e a conveniência de horários garantiram a continuidade do projeto, mesmo com os serviços públicos novamente abertos. “Para mim, faz todo o sentido, uma vez que o meu horário de trabalho coincide com o da Biblioteca Municipal”, explica uma das suas utilizadoras, Mabilde Fernandes. A maioria dos pedidos de utilização têm lugar à sexta-feira e fim de semana, retratando um serviço maleável aos horários e rotinas de cada pombalense. Pedro Simas, outro dos utentes habituais, assegura que “agora já não há desculpas para não ler. A biblioteca tem um serviço take-away”. Sendo um serviço integralmente online, a barreira etária continua a marcar o acesso ao Cacifo de Leituras, como é atestado pela idade dos seus leitores: dos 22 aos 52 anos. Atento a essa realidade, o município mantém uma Biblioteca Itinerante que visita todos os meses as escolas do 1º Ciclo, alguns Jardins de Infância, Lares, Centros de Dia e IPSS´s do concelho. A Biblioteca Itinerante promove não só o empréstimo domiciliário como dinamiza atividades de animação do livro e da leitura.
om as pessoas confinadas, foi preciso encontrar formas inovadoras de ligação com os utentes de sempre e com todos os que procuravam uma forma de evasão enquanto estavam retidos em casa. O Cacifo de Leituras surgiu dessa necessidade de voltar a dinamizar o empréstimo de livros, oferecendo as mesmas oportunidades de leitura quando o atendimento ao público estava vedado pelas regras sanitárias em vigor. Sem qualquer contacto com os funcionários, ou necessidade de entrar na biblioteca, os cacifos foram a forma encontrada por Nelson Pedrosa, antigo Coordenador da Biblioteca Municipal, para contornar as limitações existentes, permitindo a cada utente levantar os livros no fim do seu passeio higiénico ou no regresso das compras. “Foi uma forma de nos aproximarmos, sem nos aproximarmos”, resume Daniela Martins, atual Coordenadora da Biblioteca Municipal de Pombal. Mas, como é que funciona o serviço? Nada mais simples. “O leitor visita o Biblionet, que é a plataforma online onde está disponível o nosso catálogo, procura o livro que pretende requisitar e manda um email para saber se está disponível. Se estiver, respondemos a dizer que o pode vir buscar num determinado cacifo e o código para o abrir”, explica Daniela Martins. O sucesso foi imediato. Mais de um em cada cinco livros requisitados na Biblioteca Municipal, durante o ano de 2021, foram levantados num dos dezasseis cacifos resgatados às oficinas municipais e adaptados para este serviço. No total, e num ano atípico, foram levantados 1708 livros através do Cacifo de Leituras.
Pode recorrer ao Cacifo de Leituras em: https://biblionet.cm-pombal.pt/
“Agora já não há desculpas para não ler. A biblioteca tem um serviço take-away.” 34
BIBLIOTECA MUNICIPAL
APRENDER FAZENDO Quem disse que a experiência de utilização numa biblioteca tem de ser passiva? Não a Biblioteca Municipal de Pombal, certamente, que tem a funcionar vai para três anos o primeiro Espaço Maker no país em atividade numa biblioteca. Resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal de Pombal e o Centro Ciência Viva da Universidade de Aveiro, o Doing Pombal - Espaço Maker é uma área com valências diferenciadas que vão da impressão e modelação 3D, robótica, programação ou experiências com eletricidade. Atividades que estimulam a criatividade dos seus utilizadores, abrindo a biblioteca à comunidade e funcionando como um espaço de aprendizagem não formal e ao longo da vida. “Quisemos ir pelo caminho da inovação e da experimentação, oferecendo às pessoas a possibilidade de chegarem aqui e criarem os seus projetos sem limitações e sem custos”, explica Daniela Martins. “Qualquer pessoa que queira fazer bricolage, por exemplo, traz o material e pode usar o equipamento de impressão ou de corte, podendo fazer o que quiser. Tudo com o apoio dos funcionários, dada a relativa complexidade de equipamentos como plotters de corte, impressoras 3D, máquinas de corte ou de gravação a laser. Só são usados plásticos reciclados e os jovens são estimulados a fazer as suas experiências e objetos recorrendo a peças recuperadas de utensílios do dia a dia. Para lá da utilização livre, há workshops e ateliês e visitas organizadas pelas escolas do concelho. Aos sábados, há aulas para os mais jovens na Academia Maker, numa experiência alargada a toda a família. Tudo gratuito, como um dos grandes sucessos do espaço, a probóti-
ca. Com o recurso a peças Lego, e a uma interface intuitiva de programação da mesma empresa, é possível construir objetos que depois executam as ações programadas. Se a pandemia atrasou a consolidação de um projeto que estava a dar os primeiros passos, também estreitou a sua ligação com a comunidade. “Pegámos nos equipamentos que tínhamos cá e utilizámo-los a favor do contexto que estávamos a viver”, recorda Daniela Martins. Das impressoras 3D do Espaço Maker saíram viseiras de proteção para todo o tipo de instituições e a plotter de corte foi usada para produzir os avisos visuais com as regras de distanciamento social presentes no chão e paredes das escolas do concelho e do Museu e Biblioteca Municipal. Passe pela Biblioteca Municipal e veja com os seus olhos como as bibliotecas estão a mudar. Vai ver que vai gostar.
35
36
TURISM0 RELIGIOSO
LOURIÇAL POSICIONA CONCELHO NAS ROTAS DO TURISMO RELIGIOSO
É rica em história e património, mas a vila do Louriçal atrai sobretudo crentes e devotos, afirmando-se cada vez mais nas rotas do turismo religioso do distrito de Leiria. A monumentalidade do convento e a história da sua fundadora, a Madre Maria do Lado, iniciadora do ramo das Clarissas do Desagravo em Portugal, assumem particular interesse desde que, em 2014, foi retomado o seu processo de beatificação.
37
P
TURISM0 RELIGIOSO
monitório do roubo da igreja de Lisboa e Maria de Brito sentiu-se definitivamente chamada a consagrar a sua vida à adoração do Santíssimo Sacramento. A si, juntaram-se mais cinco pessoas de vida exemplar, que na sequência de uma nova visão lhe anunciou que o pequeno grupo se transformaria num convento de 36 religiosas, fundando, em 1631, o Recolhimento das Religiosas Escravas do Santíssimo Sacramento. Templo de escala monumental, o Convento do Louriçal constitui um valioso exemplar da arquitetura religiosa barroca da época áurea de D. João V, cuja construção iniciou em 1690 e foi concluída em 1708. A sua igreja, construída entre 1726 e 1739 pelo arquiteto Irmão Manuel Pereira, da Congregação do Oratório, denota uma austera sobriedade externa, em contraste com a dinâmica e os reflexos luminosos do seu interior, para os quais contribuem, decisivamente, o seu revestimento azulejar. Num diálogo harmonioso de técnicas artísticas, o seu interior assume-se como uma revelação, onde se pode observar um sumptuoso conjunto de painéis de azulejos azuis e brancos de fabrico lisboeta, atribuídos à oficina de Valentim de Almeida, com a representação de cenas da vida de Santa Clara, da Virgem Maria, de São Francisco de Assis e a Paixão de Cristo. Em estreita harmonia e numa simbiose de diferentes artes, sobressaem os retábulos da autoria do artista húngaro Carlos Mardel e as esculturas de João António Bellini de Pádua, que também assina o retábulo-mor em mármores coloridos. Sobrepujando esta perfeita conjugação, eleva-se uma magnificente composição a fresco com a representação da Eucaristia, elevada por dois anjos e ladeada por querubins, superiormente
ortugal é roteiro de templos, mosteiros, cultos e festas religiosas que há muito é percorrido pelos que escolhem “caminhos de fé”, mas também pelos que apreciam obras únicas de arquitetura e arte sacra. Além do Santuário de Fátima, um dos principais locais de peregrinação mariana de todo o mundo, de norte a sul do país, e também nas ilhas, existem grandes catedrais, mosteiros, igrejas, pequenas ermidas e capelas e outros locais de fé e peregrinação que merecem ser visitados. No nosso concelho, a história e a riqueza patrimonial da Vila do Louriçal são incontornáveis. A autarquia tem seguido uma estratégia de promoção deste património junto dos principais agentes nacionais e internacionais. Em junho, esteve presente no 10º International Workshops on Religious Tourism (WRT), considerado o maior encontro mundial de profissionais de Turismo Religioso, que teve lugar nas cidades de Fátima e da Guarda. Mas Pombal também beneficia da sua localização geográfica. O concelho é Caminho de Fátima, sendo percorrido por milhares de peregrinos, portugueses e estrangeiros.
O CONVENTO DO LOURIÇAL A construção do Convento do Louriçal está associada ao célebre roubo da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, em virtude de uma premonição que Maria de Brito teve na véspera do roubo de Santa Engrácia: em êxtase, viu a paixão e a morte de Cristo que lhe confiou que seria de novo crucificado em Portugal pelos judeus. O seu confessor, frei Bernardino de Chagas, interpretou essa revelação como um sinal pre38
TURISM0 RELIGIOSO
enquadrada pela Santíssima Trindade e, na parte inferior, por São Francisco, Santa Clara de Assis e Santo António de Lisboa.
39
H O S P I TA L D I S T R I TA L D E P O M B A L
UNIDADE DE CONVALESCENÇA EM POMBAL QUASE DUPLICA CAPACIDADE DISTRITAL
40
C
H O S P I TA L D I S T R I TA L D E P O M B A L
competências das famílias, no que concerne à conciliação das obrigações da vida profissional com o acompanhamento do familiar doente, especificamente na fase de convalescença, são os motivos que explicam a necessidade desta Unidade na nossa região”, acrescentou Licínio de Carvalho. A Unidade de Internamento de Cuidados de Convalescença possibilitará ainda o crescimento do Serviço de Medicina Física e Reabilitação, que se traduzirá num aumento de resposta ao nível dos cuidados de reabilitação aos doentes do ambulatório.
omeçaram as obras, no final do mês de junho, para dotar o Hospital Distrital de Pombal de uma unidade de Internamento de Cuidados de Convalescença. A empreitada, que terá a duração de nove meses, estará concluída durante o primeiro trimestre de 2023. Findo esse prazo, o novo serviço em Pombal acrescerá 16 camas ao internamento e o distrito de Leiria passará de 20 camas de convalescença para 36. A nova unidade, situada no antigo internamento da cirurgia geral, deverá tratar cerca de 175 utentes por ano. A obra inclui também o novo serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Distrital de Pombal, melhorando significativamente as condições de tratamento e de trabalho dos doentes e profissionais. Trata-se de um investimento estrutural e estratégico do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), no valor global de 1 milhão de euros comparticipados pelo Portugal 2020, para servir toda a região, viabilizando uma gestão mais racional do internamento, agora com capacidade superior a 500 camas, e melhorar o processo de cura e reabilitação dos doentes internados. O presidente do conselho de administração do CHL, Licínio de Carvalho, destacou ainda mais alguns investimentos previstos para o triénio 2022/24 no Hospital de Pombal: a reabilitação e expansão da Consulta Externa, avaliada em 300 mil euros; a requalificação da rede de águas residuais (120 mil euros); e a substituição do equipamento da Radiologia, estimada em 320 mil euros. “O aumento da longevidade da população, das doenças crónicas, da própria população com dependência funcional e a necessidade de reforço das capacidades e
CÂMARA DE POMBAL APOIA AQUISIÇÃO DE MATERIAL E EQUIPAMENTO DA NOVA UNIDADE O presidente da Câmara de Pombal, presente no ato de consignação da empreitada, começou por expressar o reconhecimento, em nome dos pombalenses, aos profissionais de Saúde: “pessoas que merecem todo o reconhecimento do mundo, mais do que justo, que eu também partilho enquanto representante da comunidade. O hospital é o que é hoje, fruto do vosso trabalho e da vossa dedicação”. O autarca anunciou ainda que “o Município de Pombal vai apoiar financeiramente a aquisição de mobiliário e equipamento para esta nova Unidade. Nós temos de estar ao lado das instituições quando elas sentem que estes investimentos valem a pena. Estaremos ao lado do Centro Hospitalar de Leiria na valorização desta Unidade e no apoio que pudermos dar”.
41
JOÃO FARIA
“EU NÃO DAVA TRÉGUAS”
Não há alma em Pombal que não conheça João Faria ou não tenha uma história com este autodidata multifacetado, sempre com algo para contar enquanto exibe a sua última descoberta arqueológica. Presença assídua na meia-maratona das Festas do Bodo, a forma como marcou estas corridas levou a autarquia a dar o seu nome às provas de atletismo das festas. Foi o pretexto para uma conversa com um nome incontornável do concelho.
É
nunca deixaria de ter feito a prova rainha. O reconhecimento do seu papel e regular ligação às provas de atletismo que, ainda hoje, marcam a mais importante festividade do concelho, levaram a autarquia a atribuir o nome de João Faria às provas de atletismo das Festas do Bodo. Embalsamador, pintor naif, atleta, artesão, geólogo, arqueólogo, fotógrafo. João Faria é o verdadeiro homem dos sete instrumentos… que também tocou, primeiramente no Rancho da Charneca e depois no Rancho Típico de Pombal. A contagiante energia que sempre emprestou a cada momento da sua vida levou-o, também aqui, a ser o polo aglutinador dos grupos folclóricos que acompanhava semanalmente com o seu reco-reco ou cavaquinho. No sábado participava na meia-maratona do Bodo, no domingo tocava nas festas.
possível marcar a história de uma prova sem nunca a ter vencido ou sequer disputado os lugares cimeiros? As corridas de João Faria na meia-maratona das Festas do Bodo, presença assídua entre os últimos lugares, provam que sim, é bem possível. Verdadeira corrida dentro da corrida, quando a prova começava já João Faria levava dez quilómetros nas pernas. “Eu vinha a correr de Vermoíl e nunca mais parava. Eu não dava tréguas e ninguém arredava pé até eu chegar”, recorda, orgulhoso mas emocionado com o apoio e carinho popular que sentia ao longo desses quilómetros. Nem mesmo a proibição médica de correr, por razões de saúde, o afastou das corridas. “Passei a fazer a corrida mais pequena”, recorda, garantindo que por ele 42
JOÃO FARIA
Nem o início da pandemia abalou a alegria de viver que é a constante mais regular da sua vida. Décadas a “agarrar na bicicleta com a mochila às costas”, como gosta de dizer, ou a calcorrear as ruas do concelho, levaram-no no início do confinamento a sair da casa que tem sido a sua nas últimas três décadas. “Tivemos de chamar a PSP para o encontrar. A parte boa é que não há nada mais fácil do que encontrar o João Faria em Pombal. Foram uns breves minutos; não há quem não o conheça”, diz com um sorriso Célia Oliveira, a diretora técnica do Lar Rainha Santa Isabel. Figura incontornável no concelho de Pombal, é comum alguém falar e referir-se ao João Faria sem se sentir na necessidade de indicar o primeiro nome. É “o Faria”, apenas, tal é a familiaridade com a sua figura. O nome de três dos mais conhecidos restaurantes de Pombal - o Manjar do Marquês, O Pote e Os amigos da Velha Caroca - estão tatuados no braço direito do Faria. É a forma que encontrou para lhes agradecer a porta aberta, com mesa posta, que sempre tiveram à sua espera durante anos. Presença regular com o seu cavalete no café Nicola, onde ainda hoje está exposto um quadro seu, João Faria foi pintando de acordo com o que ia observando ou o seu conhecido gosto pela História, sendo habitual vê-lo a pintar conventos, ou castelos. “Gosto de pintar coisas antigas, de pintar batalhas”, diz, orgulhoso do quadro da “Praça do Marquês” que vendeu “por cem contos a um tipo inglês”. Foi há uns 30 anos, mas ainda é um dos momentos que recorda com maior satisfação, pela validação de um caminho feito de aprendizagem própria muito peculiar e característico. O maior achado histórico de João Faria não foi nenhuma das suas proclamadas descobertas
arqueológicas, ou os fósseis que ia encontrar na praia do Osso da Baleia. O seu maior achado foi João Faria, ele mesmo, uma personalidade com História e histórias para continuar a contar.
43
44
L A B O R AT Ó R I O I N T E R N A C I O N A L D 0 E N V E L H E C I M E N T O
PRIMEIRO LABORATÓRIO INTERNACIONAL D0 ENVELHECIMENTO NASCE EM POMBAL
Nas últimas duas décadas, Portugal tornou-se um dos países mais envelhecidos do mundo e Pombal quer ser um exemplo a lidar com os idosos. Já é reconhecido por desenvolver boas práticas de promoção do envelhecimento saudável e foi agora escolhido pela Associação Nacional de Gerontologia Social para acolher o primeiro laboratório internacional do envelhecimento do país.
45
P
L A B O R AT Ó R I O I N T E R N A C I O N A L D 0 E N V E L H E C I M E N T O
ortugal é o terceiro país mais envelhecido da Europa e o quinto mais envelhecido do mundo. A inversão da curva demográfica nacional, quando nascem cada vez menos bebés e as pessoas vivem mais anos, tem sido fulgurante e a esperança média de vida situa-se agora nos 80,7 anos. Em média, uma mulher quando se reforma tem cerca de 16 anos à sua frente e um homem 11 anos. Uma realidade nova e que obriga a repensar não só a ideia de velhice, como a promoção de medidas que estimulem o envelhecimento saudável, com autonomia e qualidade de vida. A instalação em Pombal do primeiro Laboratório Internacional do Envelhecimento no nosso país é um passo decisivo para integrar as melhores práticas científicas na análise do trabalho que as organizações sociais estão a desenvolver no território, permitindo aprimorar metodologias de trabalho e disseminar as melhores práticas. Um projeto tripartido entre a Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES), a Câmara Municipal de Pombal e o Politécnico de Leiria, através da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais e de outras unidades de investigação. Uma cooperação inovadora e um triângulo onde as responsabilidades estão bem definidas. A Câmara Municipal assegurará todas as condições logísticas necessárias à instalação e funcionamento do laboratório, o Instituto Politécnico garantirá o conhecimento e o saber científico necessários e a ANGES disponibiliza os recursos humanos adequados ao arranque do projeto: uma gerontóloga, uma neuro-
psicóloga, uma assistente social e uma profissional de ciências da educação, que irão também reforçar o Núcleo de Formação de Pombal do Politécnico de Leiria, proporcionando aos formandos do Curso Técnico Superior Profissional em Gerontologia bolsas de trabalho, de ajuda e estímulo ao emprego. O presidente da ANGES, Ricardo Pocinho, nota que “há muito que Pombal foi identificado como um território com muitas oportunidades para fazermos um projeto-piloto na área do envelhecimento, acolhendo a ciência, uma rede social que funciona extraordinariamente bem e boas práticas que iremos agora validar cientificamente”. “Como é que vamos fazer para que estas pessoas, que têm hoje mais anos, possam permanecer nos seus territórios, nos seus domicílios, com apoio e atividades? O que queremos, naturalmente, é que as pessoas envelheçam nos seus territórios, de preferência nas suas casas, mas com muita qualidade de vida”, considerou Ricardo Pocinho. Recorde-se que Pombal foi recentemente distinguido com a primeira Bandeira de Mérito Social atribuída a um município como reconhecimento do trabalho e estratégia para a promoção do envelhecimento ativo. Na origem da distinção estão programas como o AGILidades Lab Centers, resultado de uma parceria com as IPSS com valência de centro de dia, e uma spin-off do Politécnico de Leiria, e que consiste na aplicação de terapias recreativas como meio de avaliação e treino da função motora, cognitiva, social e da educação e promoção da saúde. 46
47
CORREDOR RIBEIRINHO DO ARUNCA
CORREDOR RIBEIRINHO DO ARUNCA VOLTA A LIGAR A CIDADE AO RIO
O corredor ribeirinho do rio Arunca, que tem desde maio mais quatro quilómetros de passadiços, está a levar os cidadãos a fruir mais das suas margens. O corredor, que já ligava o centro da cidade à zona do açude, foi agora prolongado até Ranha de Baixo e, no futuro, serão executadas duas novas fases para o seu prolongamento até à nascente, em Albergaria dos Doze, e para norte, até Almagreira.
48
O
CORREDOR RIBEIRINHO DO ARUNCA
anúncio desta intenção foi feito pelo presidente da Câmara Municipal de Pombal, Pedro Pimpão, na inauguração dos novos passadiços, que contou com a presença do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino. Pedro Pimpão esclareceu que a autarquia pretende “continuar a devolver o rio Arunca à população porque aumenta a sua relação com a natureza, a qualidade de vida, felicidade e bem-estar”, para além de “promover o conhecimento sobre a fauna e a flora locais e o papel de vigilantes da natureza”.
O secretário de Estado lembrou o facto do rio Arunca estar “cada vez mais valorizado na perspetiva ambiental” e destacou a importância do corredor ribeirinho para a atratividade turística de Pombal, designadamente “junto do turista que valoriza a natureza, a paisagem, a biodiversidade e os rios”, bem como para melhorar a acessibilidade dos agricultores às suas propriedades. A intervenção no corredor ribeirinho representou um investimento municipal na ordem dos 700 mil euros.
49
E S TA N T E A L M I R A N T E S I LV A R I B E I R O
“SOU, E SEMPRE FUI, UM POMBALENSE ORGULHOSO”
O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Almirante António Silva Ribeiro, doou à Biblioteca Municipal de Pombal parte da sua biblioteca particular, num total de 1723 livros.
A
ANTÓNIO SILVA RIBEIRO
maioria das obras doadas centra-se em torno de temas como estratégia marítima e militar, política internacional, sociologia militar, história militar, história marítima e história da hidrografia. Inclui também alguns romances, exemplares de literatura juvenil, biografias, ensaios e outros. “Pela importância que estes livros tiveram na minha vida, hoje cumpro um dos grandes desígnios que estabeleci: que permaneçam acessíveis e úteis para a sociedade. Sou, e sempre fui, um pombalense orgulhoso”, anunciou o Almirante António Silva Ribeiro, antes de garantir que doará a restante metade do seu espólio quando concluir a carreira académica. O acervo está disponível ao público, com uma estante própria na Sala de Leitura de Adultos, com o nome de Espaço Almirante António Silva Ribeiro. As obras estão catalogadas, permitindo a todos os leitores uma pesquisa fácil e acessível através da plataforma Biblionet.
Natural de Pombal, António Manuel Fernandes da Silva Ribeiro ingressou no Curso de Marinha da Escola Naval em 1974, tendo obtido a licenciatura em Ciências Militares-Navais. Foi promovido ao posto de guarda-marinha em outubro de 1978 e especializou-se em Hidrografia. Possui o Doutoramento em Ciência Política e o Mestrado em Estratégia. Possui, igualmente, o Curso Geral Naval de Guerra, o Curso Complementar Naval de Guerra e o Curso de Promoção a Oficial General. Da sua folha de serviços constam vários louvores e condecorações. Em 2012, foi distinguido pela Câmara Municipal de Pombal com a Medalha de Prémio e Carreira, grau Ouro. Exerce o cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas desde o dia 1 de março de 2018. Anteriormente, exerceu o cargo de Chefe do Estado-Maior da Armada. 50
51