Jornal Diário da Manhã Passo Fundo 29-09-2011

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DIÁRIO DA MANHÃ - Passo Fundo, 29 de setembro de 2011 bruno@diariodamanha.net

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MANIFESTAÇÃO

Revolta da internet à Câmara Das redes sociais para a Câmara de Vereadores. Assim foi a manifestação realizada na tarde de ontem por mais de 400 pessoas que foram até a sede do Legislativo criticar as declarações do vereador Roque Letti (PDT) feitas na sessão de segunda-feira criticando os adesivos que chamam a cidade de capital dos buracos. No final da sessão ele pediu desculpas à população Bruno Philippsen bruno@diariodamanha.net

Uma manifestação há anos não vista em Passo Fundo. Foi o que aconteceu durante a sessão plenária desta quarta-feira, 28. Conforme prometido em redes sociais, os integrantes de um grupo de discussão intitulado “Passo Fundo A capital dos Buracos” compareceram à Câmara em peso. Mais de 400 pessoas com cartazes, narizes de palhaço, toucas de Papai Noel e reproduções do adesivo criticado pelo vereador Roque Letti (PDT) na segunda-feira, 26, demonstraram seu repúdio à declaração do legislador. A quantidade de pessoas e o barulho foram tamanhos que o presidente da Câmara dos Vereadores, Luiz Miguel Scheis (PDT),

X FOTO BRUNO PHILIPPSEN

Durante a fala de Roque os manifestantes lhe viraram as costas

teve de paralisar a sessão para negociar com os manifestantes. Com muita dificuldade, Scheis tentou acalmar os ânimos dos presentes, que queriam a oportunidade de falar na tribuna. O presidente novamente deixou a decisão ao encargo dos vereadores, que acabaram cedendo. Assim, três manifestantes expuseram sua indignação diante do plenário lotado. Em seguida, os vereadores utilizaram suas comunicações, ainda que com dificuldade diante das vaias e gritos de comando, até a vez de Roque Letti. O vereador que causou a polêmica começou a falar e todos os manifestantes lhe viraram as costas e interromperam diversas vezes com gritos e questionamentos. Os manifestantes saíram na metade da fala de Roque, entoando ordens de co-

mando, como “não me representa”, e outras criticando Letti.

A voz dos manifestantes

Entre os presentes na manifestação, integrantes de diversas organizações, ou pessoas que foram por conta própria, havia gente de diversas faixas etárias, ocupações e nível de ensino. O professor municipal Ronaldo Canabarro, 29 anos, afirmou que a manifestação só mostrou parte da revolta da população. “Essa manifestação foi só a ponta do iceberg de tudo que está acontecendo em Passo Fundo. A cidade precisa urgentemente discutir políticas que sejam realmente efetivas para a cidade inteira. Os buracos na cidade são só uma das questões. Respeito de qualquer parlamentar é o mínimo que precisamos. O que o vereador fez foi quebra de decoro par-

lamentar, embora queiram dizer que não.” Camila Ávila da Fonseca, 19 anos, afirma que a declaração de Letti foi o que faltava para a revolta ser vista. “Eu vim porque acredito que a nossa juventude e nosso povo estão muito parados. A gente não luta pelas causas, mas a declaração do vereador foi a gota d’água. Houve um sério desrespeito pelo vereador. Se ele está onde está foi porque nós cedemos parte do nosso poder a ele. O mínimo que a população deve receber de volta é respeito e uma argumentação de nível. O que se vê é uma argumentação de baixo calão, de bêbados em botecos.” “Acho uma tremenda incoerência um representante da Capital Nacional da Literatura, como ele fala que é, não saber nem empregar o plural”, é a opinião de Natália Sabino Ribas, 27 anos. “É vergonhoso receber as pessoas que vieram no mês passado, durante a 14ª Jornada Nacional de Literatura, com essa infraestrutura.”

Uma manifestação histórica

O vereador e professor de história Juliano Roso (PCdoB), afirmou que a manifestação desta quarta pode ter sido um marco. “Já vi várias manifestações, mas essa é diferente por ter nascido nas redes sociais. Talvez seja a primeira manifestação física das redes sociais feita em Passo Fundo.” Segundo Roso, isso demonstra que a manifestação na internet é importante, mas se ela não tiver a con-

tinuidade física, ela perde o vigor. Ele afirma que a mobilização pode, inclusive, ter influenciado na solução do problema. “Tenho certeza que essa manifestação vai fazer com que o governo municipal tente resolver com mais rapidez o problema. Foi uma manifestação que deixa um ensinamento para nós, homens públicos. É necessário respeitar e escutar a opinião popular.”

O pedido de desculpas ao fechar das cortinas Após os manifestantes terem saído da Câmara, o vereador Roque pediu um tempo de comunicação ao presidente da Casa, o que lhe foi negado. Letti não parece ter gostado do fato, tanto que deu a entender que estaria saindo do PDT, o mesmo partido de Scheis. Entretanto, Letti conseguiu falar durante a comunicação do vereador Zé Eurides (PSB). Somente nesse momento, sem quase ninguém na Casa, aconteceu o que os manifestantes esperavam: o pedido de desculpas. “Reconheço que posso ter me excedido no meu pronunciamento na última segunda-feira. Se eu devo desculpas, eu peço agora. Tenho essa humildade. Se eu ofendi ou magoei alguém eu peço desculpas agora.” Então o vereador se emocionou ao ler uma mensagem que recebeu da filha, encorajando-o a pedir desculpas. Algo que surpreendeu os com mais tempo de Casa, uma vez que dificilmente o vereador se emociona.

HIPERMERCADOS

PODER EXECUTIVO

Projeto de lei é aprovado por unanimidade

Projetos de lei criando e transferindo cargos na educação são enviados ao Legislativo

Sem a presença de entidades do ramo, projeto foi aprovado com quatro emendas Liberação da construção e instalação de hipermercados em Passo Fundo foi aprovada por unanimidade nesta quarta-feira, 28. Como sua votação não era certa, as entidades representativas de supermercados e do comércio em geral, que acompanharam todo o processo, não estavam presentes na Câmara. O projeto, que versa sobre um tema polêmico na cidade, foi apresentado em agosto pelos vereadores e recebeu quatro emendas que pouco modificaram o seu teor. O texto aprovado prevê a liberação da vinda de hipermercados de qualquer tamanho, mas faz restrições aos com área

maior de 2,5 mil m², que deverão ter área de estacionamento e promover a redução do impacto ambiental. Além disso, se esses estabelecimentos maiores quiserem incentivos da prefeitura de Passo Fundo terão de disponibilizar aos funcionários refeitório e creche para seus filhos menores, além de delimitar que 30% das mercadorias sejam adquiridas de produtores da região. A primeira emenda inclui a palavra “assemelhados” à ementa do projeto, deixando assim o possível novo texto: “Dispõe sobre a liberação da construção e instalação de estabelecimentos do tipo supermercados e hipermercados e assemelhados no município de Passo Fundo.” A segunda emenda acrescenta a expressão “incentivos eco-

nômicos”, junto de “incentivos fiscais” que consta no texto original. Outra emenda modifica os 30% de produtos locais: ao invés de percentual de produto, estabelece um percentual de espaço (3%) para alocação de mercadorias produzidas em um raio de 100km de Passo Fundo. Conforme o vereador Rui Lorenzato (PT), que se disse autor dessa emenda, os novos hipermercados terão de ter um espaço dedicado à venda de produtos locais, garantindo a venda do que é produzido na região. A última emenda, também de Lorenzato, destaca que o refeitório e a creche sejam implementados no momento da inauguração do empreendimento.

O prefeito Airton Dipp encaminhou nesta quarta-feira, 28, para a avaliação da Câmara de Vereadores dois projetos de lei que criam e transferem cargos de professores de educação infantil e ensino médio, para garantir as promoções e progressões de carreira, de forma a atender a demanda pelos próximos anos. Neste mês de agosto, 7 professores de ensino fundamental e 6 professores de educação infantil serão promovidos por terem melhorado sua qualificação profissional. Os projetos encaminhados em regime de urgência, tratam da criação de 75 cargos da educação infantil de nível II(professor com graduação), e da transferência de 350 vagas do quadro de carreira do magistério municipal de nível II, para nível III(pós-graduação). Estas modificações no quadro devem aten-

der à demanda da educação infantil pelos próximos 3 anos e do ensino fundamental pelos próximos 5 anos, garantindo a possibilidade de promoção e progressão de carreira no magistério municipal. Podem ser promovidos, professores de comprovarem junto à SME qualificação profissional. São enquadrados no nível I os que tem formação em magistério, no nível II os que concluíram curso de graduação na área afim e de nível III os que são pós-graduados. O orçamento deste ano já previa estas promoções. Os salários dos professores municipais variam, na educação infantil de R$ 1.053,75 (30 horas de nível I) a R$ 2.661,35 (30 horas, nível III) e no ensino fundamental de R$ 1.082,91 (20h- nível II) a R$ 1774,28 (20 horas, nível III).


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X FOTO LUCAS OLIVEIRA BICUDO

ABANDONO

A quem deve recorrer? Com uma população de aproximadamente 20 mil animais, a situação de abandono de cães e gatos em Passo Fundo causa, de um lado preocupação de autoridades, e de outro, anseio por uma solução A população de cachorros e gatos que estão pelas ruas sem donos e habitando diferentes locais e bairros de Passo Fundo, é motivo de atenção de autoridades. Com um número cada vez mais crescente, a comunidade anseia por uma resolução do problema e os órgãos competentes tentam projetar mecanismos para minimizar a situação. Um caso que ilustra este cenário de abando pode ser verificado na Rua Lava Pés, no bairro Boqueirão. Mais de seis gatos ficaram abandonados no local, e de acordo com os vizinhos, os animais eram de moradores que faleceram. “Eles cuidavam dos gatos, mas após sua saída, não teve mais quem os atendessem. Eu venho até aqui para alimentá-los, mas agora onde existiam as residên-

cias vai ser construído um conjunto residencial, e os bichos vão correr risco, podendo até morrer”, preocupa-se uma das moradoras, pedindo que alguma solução seja tomada. Para a coordenadora do Departamento de Bem Estar Animal, vinculado a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Zulma Marques, a prefeitura municipal não tem um departamento para cuidar do recolhimento de animais abandonados. “Apenas existe o setor que coordeno que atende somente casos de animais que têm donos e que são alvos de maus tratos. O que estamos tentando fazer com a Secretaria do Meio Ambiente e a Codepas, é um projeto de castração móvel, onde a Codepas cederia um ônibus e futuramente as instala-

ções para que se possam fazer estes procedimentos, para tentar diminuir a procriação nas ruas. Há uma estimativa de que existam 20 mil animais errantes pelas ruas de Passo Fundo”, considera. A única entidade que o município dispõe para abrigo de animais é o Clube de Amigos e Protetores dos Animais (CAPA), que é um serviço voluntário, e possui mais de 400 animais alojados. “Neste caso especifico da Rua Lava Pés, mas que também é registrado em outros locais, a solução por ora sugerida é que a comunidade acolha estes animais com alimentação, não necessariamente em suas casas, pois o CAPA tem suas limitações e não existe possibilidade de pegar mais. Embora a prefeitura tivesse um abrigo municipal,

BOCAS DE LOBO

Bloqueadores não serão mais necessários Em 2008, a Secretaria de Obras de Passo Fundo investiu na compra de bloqueadores de mau cheiro para instalar em bocas de lobo. Três anos depois, a alternativa não será mais usada devido as obras de canalização do esgoto cloacal O odor que provem das bocas de lobo acabam provocando reclamações dos transeuntes de diversas áreas de Passo Fundo. Para resolver o problema, ainda em 2008, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Obras, adquiriu aproximadamente 15 bloqueadores de mau cheiro, que foram instalados na entrada das bocas de lobo. Agora, este recurso não será mais usado, pois de acordo com o secretário Ermindo Simonetti, com as obras de canalização do esgoto, não será mais necessário os bloqueadores. “Isso se deve porque a Corsan está implementando a canalização do esgoto cloacal, principalmente na área central da cidade e principais bairros, e por esta razão não estamos investindo nesta área. Em 2011, fizemos apenas duas instalações neste ano, porque existiam bloqueadores disponíveis, mas não o faremos mais até porque neste ano não foi previsto recursos para este fim”, salienta o secretário. Conforme explica Simonetti, o odor que exala das bocas de lobo, muitas vezes é causado porque a comunidade larga clandestinamente o esgoto na canalização que é feita para drenagem fluvial. “O bloqueador de mau cheiro proporciona uma melhoria significativa no odor, só que a vida útil não é longa, exige uma

X FOTO LUCAS OLIVEIRA BICUDO

Sistema de bloqueadores de mau cheiro instalados em bueiros não serão mais implantados

manutenção quase permanente”, considera. Com relação a quantidade de bloqueadores instalados, o secretário Ermindo Simonetti diz que não tem conhecimento do número de equipamentos comprados pela municipalidade. “Eu não me detive a fazer este levantamento, pois me preocupei com outras atividades da Secretaria, até porque não íamos dar continuidade. Como vou fazer investimentos em bloqueadores de mau cheiro se o município e a Corsan estão trabalhando na canalização do esgoto cloacal tratado, pois a tubulação fluvial tem que ficar para este fim, e neste sentido não há necessidade de bloqueador”, salienta. O funcionamento do sistema de bloqueadores de mau cheiro é acionado com a água da chuva, permitindo que escoe o liquido em dias de mau tempo, e que em dias ensolarados, o buraco do bueiro fique tampado, evitando a exalação de odores. Alguns pontos da cidade receberam este equipamento, como as nas ruas Alferes Rodrigo com a Av Brasil, alguns bueiros localizados na Av. Sete de Setembro, e também outro próximo ao colégio Fagundes dos Reis, na Av. Brasil.

Na rua Lava Pés, no bairro Boqueirão, seis gatos estão abandonados e são alimentados por moradores

o problema não resolveria, pois a quantidade de animais abandonados é cada vez maior. Por isso, sou da opinião que a melhor solução é a castração, porque assim atacamos o problema pela raiz”, alerta Zulma. A construção de um canil municipal foi uma das alternativas apontadas, porém, ainda não foi concretizada. Conforme relata o secretário de Interior, Gilberto Simor, tinha se encontrado uma área para edificação do abrigo, porém

o local não era adequado. “Tínhamos tudo previsto, mas a Secretaria do Meio Ambiente não liberou em virtude de estar perto de uma pedreira, e como são feitas detonações próximo dali, iria fazer mau para os animais. Nós estamos procurando outros locais e já temos outras duas alternativas, mas precisamos obter autorização para consolidar e durante esta semana pretendemos resolver isto e iniciar ainda neste ano estas obras”, informa o secretário.


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