OUT, NOV | 2010 Ano 3 - 12ª Edição Entidade de Caráter Social e Filantrópico
PORTUGUÊS
Para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a Educação, por isso ela é direito de todos e lutar pela Educação deve ser uma obrigação de todos os cidadãos.
Matemática
BIOLOGIA
Marcia Rodrigues Diretora da Revista
“Educar é preciso e se deixar educar é necessário”. A escolha do tema Educação para desta edição não foi aleatória, pois a S::S::C::H::, exercendo sua função social, propõe uma prática educativa não só com vistas na formação profissional do adolescente, como também desempenha todo o processo educativo de fato, num universo onde o aluno vivencia situações diversificadas que favorecem o aprendizado, sabendo respeitar e a ser respeitado, a reivindicar direitos e cumprir obrigações. Desta forma, é importante que o tema seja cada vez mais discutido, mostrado e acima de tudo que seja um fator determinante de mudança e evolução. É evidente que para melhorar a qualidade da educação no Brasil e facilitar o acesso de todos à educação, seja primária ou secundária é necessário também, o envolvimento de todos: pais, alunos, professores, gestores. Não se trata de discussões utópicas, pois muito já está sendo feito através de programas educacionais que além de aumentarem a qualidade de ensino, garantem a permanência do aluno na escola, e isso reflete principalmente na diminuição da violência, como aponta o Dr. Sérgio Fernando Harfouche (Promotor da 27ª Promotoria da Infância e Juventude) na entrevista que abre esta edição. Entre outras matérias superinteressantes no contexto educação, falamos um pouco do vasto trabalho da OMEP (Organização Mundial para Educação Pré-Escola) e do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), expomos a estória de uma das centenas de crianças que tiveram suas vidas recuperadas através do Programa, além de outras matérias com projetos alternativos que visam promover o desenvolvimento intelectual e social dos cidadãos. A matéria Saúde do Professor também é destaque nesta edição. Os índices comprovam que o número de professores com problemas piscológicos são alarmantes. Atualmente o papel do professor não se restringe ao de transmitir conhecimento ao aluno, a extensão do seu trabalho ultrapassa os limites da sala de aula pelo dever de sua participação em todo o processo educativo, o que às vezes geram estresse e alterações de comportamento, levando-o à detoriação progressiva de sua saúde mental. Finalizo este editorial com uma mensagem de Paulo Freire que achei totalmente providencial: “Não se pode falar em educação sem amor... Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo sonhos, invabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”
Revista Visão Seleta é uma publicação bimestral da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária Presidente: Gabriel Moreira dos Santos 1º vice Presidente: Amilton Nantes Coelho 1º Secretário: Milton Rosa Sandim 1º Tesoureiro: Alfredo José de Arruda Diretora: Marcia Rodrigues
Jornalistas responsáveis: Mirella Bernard DRT 121 MS Nádia Bronze DRT 141 MS Designer Gráfico: Alex Freitas Revisão: Valéria Valli Seffrin e Andrea Werneck
Foto: Marcos Antonio Impressão: Gráfica Seleta Rua Pedro Celestino, 3283 Bairro São Francisco CEP: 79002-320 | Fone: 67 3356 -1525 Fale Conosco: comunicacao@seletams.com.br
índice
04ENTREVISTA Sérgio Fernando Harfouche
08ESPECIAL Educação
SOCIAL 12INCLUSÃO Escola de Todos para Todos
10OMEP Professores Capacitados
DIGITAL 18INCLUSÃO Do quadro branco ao computador PALAVRAS 14PRIMEIRAS Programa Brasil Alfabetizado
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AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO No caminho certo
16PREVENÇÃO Ensinando a dizer não
Entrevista
ENTREVISTA Sérgio Fernando Harfouche Promotor de Justiça Por: Mirella Bernard
Criado em maio de 2009, pela Promotoria de Infância e Juventude, o projeto “Ministério Público em favor da permanência e do sucesso do aluno na Escola” tem como principal objetivo reduzir os índices da violência escolar, incentivar a participação dos pais na escola e ainda diminuir a evasão escolar. Autor do projeto, o promotor da 27ª Promotoria de Infância e Juventude, Sérgio Harfouche destaca alguns fatores que contribuem para o sucesso do projeto, e ainda sobre a realidade educacional, seus desafios, conquistas e problemas.
O projeto e seus resultados
Conforme dados da promotoria, desde a criação do projeto já foram reduzidos em 75% os índices de violência escolar e a participação dos pais nas escolas já chega a 100%. “Nós realinhamos o que precisava ser readequado e otimizamos o que vinha
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sendo feito. Esse trabalho aproxima a promotoria de justiça da escola, para evitar a aproximação do aluno com a promotoria”, ressalta o promotor. O projeto que envolve alunos, professores, diretores e pais direciona também suas atividades ao combate das atividades infracionais. “O aluno que está dentro da promotoria ou dentro de uma delegacia é infrator. A mesma atitude que o torna indisciplinado dentro da escola é a que o torna infrator. Por isso acredito que se conseguíssemos conter as atividades ilícitas, as agressões no ambiente escolar, esse aluno não teria seu nome inserido na promotoria”. O promotor esclarece “É um mito que após os 18 anos a ficha do adolescente fica limpa. Quem pratica um ato infracionário vai carregar isso para o resto da vida. Se o adolescente vem tendo atos ilícitos, até os 18 anos esses atos são infracionais, após os 18 esses mesmos atos são crimes, o que significa que até essa idade ele é primário, mas continua com os maus antecedentes”. Para dar agilidade às atividades do projeto, a promotoria tem um link com as diretorias das escolas públicas, onde em tempo real é possível acompanhar as ocorrências, incidentes e fornecer orientações.
Direitos e Deveres
O Estatuto da Criança e do Adolescente completou em 2010, 20 anos de existência. E ao longo desses anos, conforme Harfouche uma propaganda equivocada vem sendo feita. “Ouvimos falar apenas em direitos e isso não é verdade. Crianças e adolescentes também têm deveres proporcionais a sua capacidade de compreensão”. Conforme o promotor, essa leitura errada resultou na fragilidade de uma geração. “Cansei de ver cartazes nas escolas mostrando os direitos das crianças e adolescentes e essa divulgação errada fragilizou essa geração vinda após o ECA. São jovens que cresceram achando que podiam fazer de tudo,
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“A educação de qualidade é a única ferramenta que nós temos para que os índices de violência sejam revertidos”
educados e isso não se faz longe dos bancos escolares”, afirma Sérgio Harfouche. Após a criação do projeto, a procura por uma vaga nas escolas aumentou. “Antes a mãe deixava o filho em casa e não se preocupava se ele frequentava a escola. Ao mesmo tempo em que queremos esse jovem na escola, é preciso oferecer uma educação de qualidade, é nossa responsabilidade”. Para aqueles pais que insistem em manter os filhos longe da escola, o promotor alerta “O artigo 129, do ECA diz que é obrigação dos pais matricular o filho e acompanhar o filho na escola, caso seja descumprido são enquadrados no Código Penal, artigo 246, que pune esse responsável criminalmente, com o crime chamado Abandono Intelectual, que prevê pena de detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa”. que eram o centro do Universo, que denunciavam seus pais, professores e isso sem perceber que estavam descumprindo seu papel como filho e aluno”. Toda essa divulgação errada teve seu resultado “Esse prejuízo criou uma escola onde o aluno faz o que quer e só recebe uma advertência”, destaca o promotor. Com a criação do ECA, uma outra realidade passou a ser constatada: o abuso da liberdade. “Saímos do autoritarismo e viemos para a libertinagem e estamos formando há 20 anos pessoas nessas condições. As crianças e os adolescentes não foram ensinados a respeitar e partir disso gerou um desequilíbrio, ou seja, adultos reféns de crianças e adolescentes”, constata. “É preciso que os educadores aproveitem mais o Estatuto, leiam e façam uso dele para colocar em prática os deveres desses jovens”.
Responsabilidade de Todos
“Estamos trabalhando a responsabilidade na sua ampla forma, a dos pais, educadores, do Estado e dessa forma mostramos, principalmente aos pais que os filhos não têm opção, eles precisam ser
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Violência que assusta
Dados divulgados entre 1997 e 2007, pelo Datasus/Ministério da Saúde, demonstram um aumento de 35% no índice de homicídios envolvendo jovens no Brasil. Para o promotor a pesquisa relata um quadro caótico e que só pode ser revertido com uma educação de qualidade. “A educação é a única ferramenta que nós temos para que esse quadro seja revertido e já estamos defavazados. Falta preocupação do Estado com a educação, porque o jovem que vai para a Unei deve ser reeducado, mas como reeducar quem nunca foi educado. Esse jovem precisa aprender a respeitar a liberdade, aprender que o direito coletivo está acima do individual”, aponta o promotor. A participação da família também é importante na redução da violência e na educação. “Existem pais que sempre acompanharam seus filhos, outros que colocam na porta da escola e acham que é ela que tem que educar. A escola não tem que educar ninguém, isso é obrigação dos pais. A escola tem que passar conteúdo, trazer formação”, ressalta.
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Entrevista
“É preciso parar de interferir na família. O Estado não consegue educar os filhos dos outros, traz a todo momento normas, pune sem saber o que acontece e quer ensinar aos pais como educar. Isso não se faz, é preciso controlar a violência, os excessos e não como um pai educa”.
Índices X Realidade
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) foi criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Na opinião do promotor, esse e outros índices percorrem outros caminhos. “Para se ter um bom índice no IDEB, a escola aprova todo mundo, e isso eu chamo de aprovação compulsória. O aluno pede para ser reprovado, mas se isso acontece é um atestado de fracasso do sistema educacional”. O promotor aponta “Cada aluno tem em média um custo de R$ 3 mil reais durante o ano, se temos 10 mil alunos reprovados, são 30 milhões pra resolver, então aprova todo mundo. É uma forma de banalizar o estudo. É preciso adequar o Ensino Fundamental e o Médio a nossa realidade, é
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preciso orientar essa garotada, dizer que as coisas têm um preço e nós, enquanto promotoria, estamos levando essa realidade para os jovens”.
Juntos pela Educação
“Para a educação dar certo é preciso que a criança e o adolescente se deixem educar, estejam dentro da escola. A viga mestra de tudo é a presença escolar com sucesso. O aluno precisa aprender a respeitar os pais, professores e também ser respeitado”, relata Harfouche. O promotor lembra que os pais, a autoridade que exercem sobre os filhos deve ser respeitada. “É preciso fortalecer a autoridade dos pais, dar a eles o crédito de educar seus filhos, porém também devem ser fiscalizados, porque infelizmente alguns pais perderam a noção disso”. Em relação aos educadores, Harfouche acredita na qualificação desses profissionais. “Sou a favor da qualificação do professor, de um plano de carreira para que tenha um salário justo e compatível, não simplesmente aumentar salários, porque temos os que não merecem. Devemos valorizar os professores que se dedicam, orientam, que respeitam os alunos”.
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Educação
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Educar é ajudar a desconstruir o que não nos serve mais e reconstruir de forma mais ampla valores, emoções, visões de um mundo melhor. Por: Mirella Bernard O conhecimento se constrói a partir de constantes desafios, de atividades significativas, que despertem a curiosidade, a imaginação e a criatividade. Para promover esse conhecimento, o único caminho é a Educação. Uma educação de qualidade, que ofereça aos alunos a possibilidade de crescer, de desenvolver e acima de tudo de se educar e que permita ao educador ensinar e a contribuir com aquele que está ali, sentado a sua frente, pronto para descobrir o mundo. Pesquisas feitas pelo IBGE, na área educacional apontam que um terço dos brasileiros frequentam diariamente a escola. São mais de 2,5 milhões de professores e 57 milhões de estudantes matriculados em todos os níveis de ensino. Os dados nos trazem outra noticia: queda no índice de analfabetismo, nos últimos 10 anos. Esta queda deve-se, principalmente, aos maiores investimentos feitos em educação no Brasil nos últimos anos. Governos municipais, estaduais e federais têm dedicado uma atenção especial a esta área. Programas sociais têm tirado milhares de crianças do trabalho infantil para ingressarem nos bancos escolares. Programas de Educação de Jovens
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e Adultos (EJAs) também tem favorecido este avanço educacional. Tudo isto, aliado as políticas de valorização dos professores. Na última década, conforme os dados do IBGE, houve um crescimento do acesso das crianças de 0 a 5 anos à Educação Infantil – em 1999 a frequência era de 23,3%, passando a 38,1% em 2009. Mesmo nas áreas rurais, onde há menos escolas para este tipo de ensino, houve aumento no acesso, de 15,2% para 28,4% em dez anos. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), aprovada em 1996, trouxe um grande avanço no sistema de educação do nosso país. A lei tem como meta tornar a escola um espaço de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão. A escola ganhou vida e mais significado para os estudantes. Não apenas a Educação dentro das escolas e universidades. Esse papel é mais amplo e se estende à família e a sociedade como um todo. A Educação que desejamos pode contribuir para que façamos escolhas significativas na construção de uma vida com sentido, que nos realize, que tenha valor aos nossos olhos e aos de outras pessoas.
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Educação
PROFESSORES CAPACITADOS, EDUCAÇÃO DE QUALIDADE Por: Mirella Bernard Há mais de 57 anos no Brasil e 30 em Mato Grosso do Sul, a Organização Mundial para Educação PréEscola (OMEP) dedica suas atividades a educação infantil e principalmente na qualificação e formação dos educadores. “A bandeira da Omep é a investir na política de formação dos professores. Acreditamos que é preciso ter um profissional de qualidade, para que a criança também tenha uma educação de qualidade. É preciso saber cuidar e educar”, ressalta a presidente da OMEP Brasil e Mato Grosso do Sul, professora Maria Aparecida Salmaze. A Organização atende hoje, em Campo Grande, 180 crianças, em período integral, com idades entre seis meses e quatro anos. Elas participam de atividades lúdicas, que auxiliam no seu crescimento e desenvolvimento pedagógico. Paralelo a este trabalho, a Entidade investe na formação dos profissionais que estão diretamente ligados a essas crianças. “A criança precisa de um profissional com formação, que saiba trabalhar, estimular seus extintos e por isso lutamos a favor da formação qualificada desse educador”, destaca.
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Segundo a presidente, todos os professores que atuam na Entidade possuem formação de nível superior, e os auxiliares de ensino médio. “Toda semana esses profissionais fazem planejamento, com acompanhamento da coordenação pedagógica, tem horas vagas para estudar o conteúdo aplicado em sala de aula, ler um livro, além de reuniões em grupo. São trocas de experiências que depois serão aplicadas em sala de aula”, explica. O resultado desses investimentos é visto na prática. “O professor se sente valorizado e vai com mais vontade para dentro da sala”, afirma a professora.
Referência para o mundo
Exemplo para outros países, a Entidade possui sede em 70 outros, a OMEP/MS é a única que possui um centro de educação infantil. “A maioria trabalha com políticas de formação, que ajudam a mudar leis, realizam projetos sociais, pesquisas. Nós estamos com uma grande vantagem, pois temos as crianças que nos ajudam a colocar em prática, ou seja, quando falamos sobre educação infantil, sabemos sobre o que falamos. Temos a vivência do dia a dia”, ressalta a presidente. A OMEP/MS oferece ainda curso de Secretaria Escolar, destinado a jovens com idades entre 18 e 24 anos. Ao todo 45 jovens, trabalham no período matutino, nos Centro de Educação Infantil da Prefeitura Municipal, os Ceinfs. Além do reforço escolar lúdico, destinado a crianças de 5 a 10 anos. “Entendemos que a educação infantil é até os 10 anos, então temos 80 alunos que participam desse reforço. Aqui eles desenvolvem suas dificuldades, participam de aulas de informática, balé, capoeira. Muitas dessas crianças foram nossos alunos e para nós, acompanhar esse desenvolvimento é muito gratificante”. Para a professora Maria Aparecida, educação de qualidade só com professores qualificados. “Todas as
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pessoas precisam passar pela educação. A vida é a escola e por isso o nosso trabalho é investir naquele que cuida e educa essa criança. São eles que muitas vezes acompanham os primeiros passos, os primeiros dentinhos, as primeiras palavras. É por isso precisam de qualificação, ser incentivados e essa é a bandeira da OMEP. Temos um trabalho, acreditamos nele e graças aos nossos parceiros e a nossa credibilidade já mudamos muitas coisas”.
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Educação
ESCOLA DE TODOS PARA TODOS Programa estimula a inclusão social e a construção de uma cultura de paz com a abertura de escolas da Rede Municipal nos fins de semana
Por: Nádia Bronze
Professor Gandhi: “Se a escola não serve a comunidade, ela não tem razão de estar lá”
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Durante os fins de semana, 54 instituições da Rede Municipal de Ensino (Reme) inseridas no Programa Escola Aberta/Escola Viva promovem atividades de esporte, cultura, lazer, saúde e educação para os alunos, seus familiares e a população do entorno. Com poucas opções de entretenimento em alguns bairros, aos sábados e domingos os moradores têm a oportunidade de utilizar a escola como espaço recreativo. São cerca de 70 tipos de oficinas que vão desde aulas de violão até informática e cursos na área de estética. Como forma de valorizar os talentos locais, as oficinas são ministradas por instrutores voluntários da própria comunidade. “Nossa primeira parceria é com a comunidade. Os representantes das escolas se reúnem com as lideranças comunitárias e as associações de moradores apresentando o trabalho. É a população que decide se vai participar e escolhe os cursos que serão oferecidos”, explica o coordenador do Programa, professor Gandhi Winckler. Além das atividades esportivas e culturais, são realizados cursos de qualificação profissional, como o de manicura e pedicura, estimulando a geração de emprego, renda e o desenvolvimento comunitário. A iniciativa alcança um público que varia de 800 a mil pessoas por escola a cada fim de sema-
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Ascom/Semed
na, totalizando cerca de 50 mil participantes por fim de semana. Desde a sua implantação, em 2005, o Programa vem trazendo avanços significativos tanto para as unidades escolares quanto para a população. É o que observa o professor Gandhi. “A Escola Aberta permite a inclusão social dessas comunidades. A maioria dos alunos vai para a escola porque é obrigada. Quando passa a usufruir da estrutura, nos fins de semana, começa a cuidar do local. A relação muda. Não vemos mais pichações e torneiras quebradas. O comportamento dos jovens também muda, não só na escola, mas em casa. Ensinamos a comunidade a exercer sua cidadania”, aponta. O professor é ainda mais enfático. “Se a escola não serve a comunidade, ela não tem razão de estar lá. Com o Programa, percebemos que estamos transpondo uma barreira invisível entre a escola e a comunidade. Os pais não têm mais medo da escola. As atividades permitem a união familiar.
Pais e filhos podem ter um contato mais direto, trocar experiências e também se divertirem juntos. Se antes a presença dos pais na escola era rara, hoje as reuniões estão lotadas. Estamos promovendo a aproximação entre as escolas e as comunidades”.
Educação
Programa Brasil
Alfabetizado Por: Mirella Bernard
Eles são jovens, adultos ou idosos e têm um objetivo em comum: serem alfabetizados. Para realizar o sonho, de aprender a ler e escrever, essas pessoas integram o programa Brasil Alfabetizado. Criado em 2003, pelo Ministério da Educação, o programa é a porta de acesso à cidadania e o despertar do interesse pela elevação da escolaridade. O Brasil Alfabetizado é desenvolvido em todo o território nacional, com o atendimento prioritário a 1.928 municípios que apresentam taxa de analfabetismo igual ou superior a 25%. Esses municípios recebem apoio técnico na implementação das ações do programa, visando garantir a continuidade dos estudos aos alfabetizandos. Em Campo Grande, segundo a Gestora do Programa, Lucia Célia Perius, o objetivo é fazer com que essas pessoas continuem sua educação escolar. “Temos como princípio permitir o acesso de todos à educação, independente da idade, da cultura e das ne-
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cessidades humanas e sociais”. Conforme a gestora, as atividades são desenvolvidas nas comunidades urbanas e rurais, incluindo os assentamentos, carvoarias, unidades prisionais e a aldeia indígena urbana. “As aulas são ofertadas nas escolas e nos espaços alternativos como: associações de moradores, igrejas, residência particular, casa do alfabetizador, entre outros”, informa. Desde que foi implantado, o programa já cadastrou mais de 7,8 mil alfabetizandos na Capital, e muitas dessas turmas foram encaminhadas para a Educação de Jovens e Adultos onde seguiram seus estudos. De acordo com a gestora, o Brasil Alfabetizado é formado por um grupo de educadores, devidamente capacitados. “Os alfabetizadores participam de cursos de capacitação, onde discutem temas sobre a história da educação de jovens e adultos no Brasil, concepções do processo de alfabetização, organização do trabalho pedagógico, entre outros”.
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Primeiras Palavras
O resultado de todo esse trabalho pode ser visto na coletânea Primeiras Palavras. Durante os oito meses, tempo de duração do Programa, a Semed registra as ações desenvolvidas pelos alunos. E essas experiências são transformadas em um caderno de registros. “A coletânea busca consolidar o que aplicamos em sala de aula. Todos os anos publicamos uma pequena amostra dos textos dos alfabetizandos, relatos de experiências dos alfabetizadores, anotações do caderno de registro, além de fotos”, relata Lucia Perius. Com a publicação desses textos, vem a percepção dos resultados. “Com esses registros, histórias de vida, de conquistas e amizades, percebemos que o Brasil Alfabetizado contribui na superação do analfabetismo, universalizando a alfabetização de jovens, adultos e idosos, além de promover o acesso à educação como direito de todos, em qualquer momento da vida”.
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Educação
ENSINANDO A DIZER NÃO
Instrutor conta sobre as mudanças de atitudes de crianças e adolescentes atendidos pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O projeto social da Polícia Militar tem orientado estudantes e a comunidade, além de apoiar os jovens na busca de um futuro melhor. Por: Nádia Bronze
Sargento Jayme Gonçalves: “Com o Proerd a gente vê a mudança no comportamento do jovem, dentro e fora da escola”
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João*, 12 anos, mãe alcoólatra, padrasto agressivo, fumante de maconha. A professora pediu ajuda para o menino ao instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O policial militar, por sua vez, fez com que a professora convencesse João a procurar seu auxílio, uma vez que o objetivo do Programa é a prevenção, não a recuperação. João faltava quase todos os dias, mas não perdia uma só aula do Proerd. Algo o interessava, mexia com ele. Certo dia, num intervalo, ele conversou com o policial. Disse que era usuário de maconha e queria parar. Afirmou que confiava no militar. O primeiro passo para sua recuperação foi dado, ele estava decidido a se livrar da droga. O policial dava as dicas. João as seguia à risca. Algum tempo depois, os professores procuraram novamente o oficial: João entrou no meio de uma briga. Desta vez para afastar os colegas. Ele os aconselhou, explicando que a briga não levaria a nada. Ele já não faltava mais às aulas e suas notas melhoraram de forma significativa. A diretora agora o elogiava. Quatro anos se passaram, mas o sargento Jayme Gonçalves conta emocionado esta história. E muitas outras. O policial militar e instrutor do Programa relembra esses momentos como grandes vitórias contra o vício das drogas, bastante presente na vida dos jovens. No Estado, o Proerd acontece desde 1997 em escolas estaduais, municipais e particulares. A equipe também orienta jovens de projetos sociais sobre os riscos das drogas, estimulando a resistência ao uso dessas substâncias, com o objetivo
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de defender a vida, a integridade física e a dignidade. “Com o Proerd a gente vê a mudança no comportamento do jovem, até no visual. E a mudança acontece dentro e fora da escola. Eu digo que, por maiores que possam ser os problemas que enfrentam, eles podem fazer diferente e escrever suas histórias de maneira que possam ser felizes”. O sargento trabalha com essas ações desde 2004 e diz que, quando conheceu o Programa, se apaixonou. “Eu vi o bem que você pode fazer para outras pessoas. Você participa de um processo. Plantamos uma semente para que os jovens sejam mais questionadores, mais críticos”. Ele acredita que o Proerd aproxima os policiais da comunidade, uma vez que ela passa a enxergar a polícia de forma positiva em função de suas atividades. “Os pais nos agradecem. Querem saber a mágica que fizemos com seus filhos”, ri. Para o sargento, a atuação das equipes pode interferir no projeto de vida dos estudantes. “Certa vez achei um menino com um vidro de perfume. O frasco continha caipirinha. Sem pai, mãe alcoólatra, irmão na Unei [Unidade Educacional de Internação]. Eu conversava com os professores, tentava ajuda-lo, mas não conseguia. Um dia, numa aula do Proerd, convidei dois alunos exemplares, uma garota e um garoto de séries superiores, para uma entrevista, que tratava dos sonhos de cada um. Aquele menino fez uma série de perguntas, questionava tudo. Naquela aula, consegui mexer com o menino. Ele não tinha referencial, não tinha em quem se espelhar. De repente apareceu com o ca-
belo cortado, passou a fazer as atividades. Ele não tinha sequer autoestima. Seis meses o encontrei todo alinhado e pensei: Graças a Deus! Deu certo!”. Bullying - Além da prevenção ao uso de drogas, o Proerd passou a tratar também do combate ao bullying no ambiente escolar, uma das maiores causas de afastamento dos alunos. Bullying é uma palavra de origem inglesa referente a quaisquer tipos de violências físicas ou psicológicas sofridas por crianças e adolescentes dentro do ambiente escolar, seja o estudante vitimado por outros alunos ou por docentes sem o devido preparo. O problema abrange todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, causando dor, angústia, intimidação ou humilhação. As escolas municipais da Capital estão obrigadas por lei a desenvolverem projetos de combate ao bullying. Entre as obrigações da escola estão: orientar as vítimas de bullying visando recuperar sua autoestima, e também os agressores, tentado descobrir as causas de um comportamento inadequado. A lei destaca que a escola deverá capacitar os professores e ainda deverá fazer um levantamento sobre os fatores que desencadearam a agressão. A família deverá ser envolvida nesse processo e a escola deverá manter um histórico dos casos e enviá-lo à Secretaria de Educação. De acordo com o IBGE, Campo Grande ocupa o 8° lugar no ranking sobre este tipo de abuso dentre as capitais brasileiras. Os casos de bullying afetam 31,4% dos alunos entrevistados na Capital. *Nome fictício
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Educação
Fotos: Denilson Secreta
DO QUADRO NEGRO AO COMPUTADOR Por: Nádia Bronze Atualmente todas as escolas da Rede Municipal de Ensino (Reme) são equipadas com computadores, favorecendo a inclusão digital. De acordo com a secretária de Educação, Maria Cecilia Amendola da Motta, o uso de novas tecnologias, mais que um privilégio, é uma necessidade para a escola atual. “Nós sabemos que sem a tecnologia não vamos para lugar algum. É preciso que haja uma apropriação desses instrumentos por parte da equipe pedagógica e técnica da escola. Temos que acompanhar essa velocidade”. Para ela, as tecnologias contribuem para melhorar as práticas educacionais e os professores têm acompanhado os alunos nas salas de informática. “Mas queremos, em longo prazo, que o educador, de qualquer disciplina, dê sua aula diretamente nesses espaços. Esse é o nosso grande desafio. Para isso o professor precisa dominar essa tecnologia e dar segurança aos alunos”. Maria Cecília observa que os estudantes
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se adaptam facilmente às novas tecnologias e ao universo virtual, diferentemente do educador. “A dificuldade é mais nossa, dos professores. Fomos educados em uma outra época: a do giz e quadro negro. Temos que nos adequar a equipamentos avançados e dinâmicos. Todos os dias temos que aprender algo novo. Por isso é preciso investir na formação desses educadores”. A titular da pasta acredita que o uso de ferramentas digitais tem ajudado na aproximação entre aluno e escola. “É incrível o contato que o estudante tem com as tecnologias e isso, sem dúvida o aproxima da instituição de ensino. Gostaríamos que cada um tivesse seu próprio computador. Assim poderia interagir mais com o professor, a exemplo da aprendizagem nas universidades, nos cursos à distância, em que os educadores podem acompanhar, mesmo de longe, o seu aluno. Isso seria maravilhoso. Quem sabe no futuro?”, acrescenta. Visão Seleta Outubro, Novembro | 2010
Geração Digital De acordo com a 1.ª Pesquisa sobre Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação por Crianças no Brasil, mais da metade das crianças de até 9 anos já usou computador, no entanto apenas 23% já navegaram na internet. O levantamento mostra a necessidade de aumentar a inclusão digital na infância, especialmente na escola. Realizado pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), o estudo aponta ainda a importância da inclusão digital nas escolas das zonas rurais:
57% das crianças de 5 a 9 anos já usaram computador 23% das crianças afirmaram ter navegado alguma vez na internet 50% das crianças da zona rural usam o computador na escola 38% das crianças da zona urbana utilizam o computador na escola 80% das crianças usam o computador para fazer desenhos 50% costumam acessar a internet em casa 14% utilizam a internet na escola com regularidade 22% acessam a rede em lan houses 97% utilizaram a rede para jogar 31% têm e-mail Fonte: Estadão.com.br
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Educação
CIM: Uma viagem pela história Projeto desperta a atenção de alunos para a riqueza da memória regional e incentiva a valorização do patrimônio cultural do Estado. Por: Nádia Bronze O CIM - Centro de Documentação, Imagem e Memória de MS -, busca resgatar a memória e valorizar a cultura regional. Criado em 1991, numa iniciativa da professora Henedina Hugo Rodrigues e de Débora Passarelli, da Fundação de Cultura (FCMS), o projeto foi efetivado, a partir de 1996, nas escolas da Rede Municipal (Reme), através da parceria entre Fundação Barbosa Rodrigues (FBR) e a Secretaria Municipal de Educação (Semed). Nele, os professores passam por oficinas e seminários sobre diferentes temas relacionados à história do Estado, que são transmitidos nas salas de aula. Por sua vez, os estudantes se apresentam durante as comemorações do Aniversário da Capital e no espetáculo de encerramento anual das atividades. “O interessante é que as crianças não querem apenas desfilar, querem mostrar que sabem a nossa história. Colocamos os alunos em contato com a cultura regional para que eles descubram o que é o Mato Grosso do Sul”, afirma Rita de Cássia de Barros Galicia, coordenadora do projeto na Semed. Em 1999, durante o desfile cívico de
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26 de Agosto, os estudantes representaram o centenário de Campo Grande, desde a chegada de seu fundador, José Antônio Pereira, até os dias atuais. Nos 500 anos do Brasil, único tema abordado fora do âmbito estadual, os alunos apresentaram a passagem do tempo a partir da colonização portuguesa. Já em 2001, o tema foi a arquitetura da Capital e no ano seguinte, um dos maiores conflitos latino-americanos: a Guerra do Paraguai e a conquista do sul da província. O folclore sul-mato-grossense, Corumbá e a Ferrovia Noroeste também foram mostrados pelos alunos. Para marcar os 10 anos do CIM, em 2006, as escolas participantes desfilaram cada um dos temas apresentados até então. Depois foi a vez do ciclo da erva-mate no estado de Mato Grosso Uno. Pantanal – Patrimônio Ecológico, uma trajetória de lendas e mitos, foi o tema que encantou o público em 2008. “Contamos a préhistória sul-mato-grossense e fomos ovacionados na avenida. A partir do acervo do Museu do Homem Pantaneiro (Muhpan), viajamos pelos oito mil anos da ocupação humana do Pantanal, mostrando a origem do homem pantaneiro, a construção de sua cultura, pinturas rupestres, nações indígenas, a Lenda do Eldorado, o Mar de Xaraés, a festa de São João de Corumbá, o Siriri e uma alusão ao poeta Manuel de Barros. Como historiadora, o tema foi um prato cheio, conta Rita de Cássia. A história do Teatro e as Artes Circenses em MS foram encenadas em 2009, envolvendo os espetáculos apresentados no meio e fim do século passado. No entanto, como medida preventiva à transmissão da Gripe A, as crianças não puderam
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se apresentar na Avenida 14 de Julho. Uma interrupção que não fez parar a trajetória de sucesso do CIM. Neste ano o tema adotado é a imigração portuguesa, italiana, japonesa, espanhola, libanesa, alemã, boliviana e paraguaia no Estado. Atualmente, 16 escolas participam do projeto, que conta com a programação visual do artista plástico Thiago Jordão. Identidade Cultural – Artesanato, música, culinária, arquitetura, publicação de livros e manifestações populares ajudam o público sul-mato-grossense a conhecer a riqueza de suas tradições. Segundo Rita de Cássia, o investimento no trabalho de resgate histórico tem avançado e dado resultados. “O grupo Camalote Danças Folclóricas surgiu do CIM, em 2003. Dentro de algumas escolas existem os ‘Camalotinhos’, onde as crianças ensaiam e apresentam danças típicas da região. O Estado possui um grupo folclórico que viaja pelo Brasil, divulgando a história de Corumbá. Em Três Lagoas, outro grupo mostra as danças típicas com influência paulista. Também temos grupos contemporâneos que fazem Campo Grande ser o que é e se apresentar lá fora”. Ela acredita que a história do Estado é divulgada e bem explorada, entretanto falta mais interesse da população. “No mês de agosto, por exemplo, temos eventos todos os dias em relação à Campo Grande. Em outubro, por conta da criação do Estado, temos diversos eventos. Em qualquer lugar que você vá nesta cidade há algo pra se mostrar sobre a cultura, a história e a arte. Mas as pessoas não têm a disponibilidade de acompanhar tudo isso. Infelizmente, para muita gente, história é passado”. Para Rita de Cássia, “o sul-mato-grossense não tem uma característica. Ele é. Ser sul-mato-grossense é muito particular, é uma coisa que vem de dentro, ele faz acontecer a história, a cultura, a pessoa. Sim, nós temos identidade”, completa.
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Educação
Saúde do professor em sinal de alerta “Uma ação conjunta entre família e professores pode gerar condições mais favoráveis para todos”, professor Geraldo Alves Gonçalves – Presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública Por: Mirella Bernard
Excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo, pressão da direção, violência, demandas de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de suas atividades são algumas das causas de estresse, ansiedade e depressão que vêm acometendo os docentes brasileiros. E com todos esses dados podemos afirmar: o professor está doente. Pesquisa da revista Nova Escola e do Ibope feita em 2007 com 500 professores de redes públicas das capitais revelou que mais da metade dos entrevistados sofre de estresse. Entre as queixas freqüentes estão dores musculares, citadas por 40% deles. Preocupa também o fato de 40% terem declarado sofrer regularmente de alguma doença ou mal-estar. Nos casos mais sérios, os sintomas acabam afastando os profissionais da sala de aula. Em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e da Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul, mais de 60% das licenças médicas concedidas aos trabalhadores em educação no Estado são para professores. Do total de licenças, 38% estão relacionadas a transtornos mentais e comportamentais, o principal motivo dos afastamentos. Para o professor Geraldo Alves Gonçalves, presidente do Sindicato Campo-Grandense dos Profis-
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sionais da Educação Pública (ACP), as consequências do adoecimento dos educadores interferem na aprendizagem. “São casos de licenças médicas e readaptações cada vez mais freqüentes, aposentadoria por invalidez e até mesmo pedidos de exoneração, tudo isso gera interferência no resultado da aprendizagem”. O presidente ressalta ainda que os programas sociais e as políticas públicas ajudam a melhorar as condições de trabalho. “As políticas públicas que visam melhorias nas condições de trabalho dos profissionais da educação são muito importantes porque minimizam e equilibram os problemas de saúde enfrentados por essa categoria de trabalhadores”. Salas de aulas cheias de alunos é um dos problemas que dificulta o trabalho dos educadores. Conforme o professor Geraldo Alves Gonçalves, a relação entre alunos e professores fica comprometida devido a este e outros problemas. “Como a sociedade passa por mudanças, essas mudanças atingem a escola e a relação professor / aluno sofre ajustes. Há indisciplinas, muitas vezes motivadas por salas de aulas excessivamente cheias de alunos, o que torna o trabalho do professor bastante difícil. Com salas menos cheias, o professor tem mais possibilidades de manter um clima agradável e harmonioso, pois pode dedicar a cada aluno, particularmente, uma atenção maior, melhorando assim a relação entre todos”. Visão Seleta Outubro, Novembro | 2010
Novas formas de aprender e ensinar O livro já não é mais a única tecnologia disponível para a aprendizagem; a escola não é também o único espaço onde se aprende e o professor já não funciona também como figura central deste processo. Desta maneira a aula não termina; professores e alunos podem ser acessados de qualquer lugar para conversar, tirar uma dúvida enviar e receber atividades, comentar a aula. A era digital possibilita conviver fora da sala de aula, não apenas quando estão no mesmo espaço físico, mas também virtualmente, professores e alunos vão aprendendo a viver junto e utilizam as ferramentas digitais para dar um sabor diferente ao aprender. “O processo acelerado no aparecimento de novas tecnologias tem levado os profissionais da educação a passarem, constantemente, por capacitações, adaptações. E esses profissionais têm partici-
A ACP realizou em 2009, a “Pesquisa sobre a saúde dos profissionais da educação pública de Campo Grande”. Em 2010, o resultado da sondagem revela dados alarmantes a respeito das condições de saúde de nossos educadores. Confira os resultados da pesquisa realizada em 20 escolas publicas das redes municipal e estadual em Campo Grande: √ “Já fez ou faz acompanhamento psicológico?”: 21,56% responderam sim. √ Sobre acompanhamento psiquiátrico, 18,04 afirmam já terem feito ou ainda fazem.
pado cada vez mais dos meios modernos de comunicação, utilizando todos os recursos oferecidos pelas salas de tecnologias das escolas. Ainda falta muito a se avançar nesse sentido e, por isso, é importante a atuação dos professores instrutores das salas de tecnologias, auxiliando o professor regente no seu fazer pedagógico através das novas tecnologias”, relata. Para o professor Geraldo Alves, transformar a escola em um ambiente mais saudável, para alunos e educadores, é preciso mudanças sociais. “É preciso mais distribuição de renda, mais capacitação do professor, mais recursos modernos que possam ir além do quadro negro e giz, palestras de formação, menos alunos em salas de aula, entre outros itens que podem ser acrescidos. Outro fator muito importante para a construção de uma boa convivência entre todos é a presença da família na escola, participando da formação de seus filhos. Uma ação conjunta entre família e professores pode gerar condições mais favoráveis para todos”.
Isto dá certo Como prevenir ou tratar problemas de saúde dos professores é uma discussão que vem ocorrendo em diferentes níveis. Aqui, oito remédios foram propostos para o tratamento de alguns males, mas eles nada têm de farmacológicos. São apenas ações que, se bem articuladas, além de contribuir para o bem-estar e o desempenho do profissional, podem ter impacto positivo na qualidade da Educação.
√ “Teve problema por doença emocional?” : obteve 32,21% de respostas “sim”.
→ Remédio 1: receber o apoio da direção
√ Questionados se já perderam o controle sobre si mesmo durante a atividade profissional, 34,25% afirmaram que sim.
→ Remédio 3: dispor de horários para estudo e lazer
√ Com relação aos problemas ortopédicos: 25,20% terem feito ou ainda fazerem tratamento ortopédico. √ Outras questões que mostram o adoecimento do professor: Sente alguma dor constante? 36,92% dizem “sim”; Utiliza remédio contínuo? 36,39% “sim”; Tirou licença médica nos últimos dois anos? 37,20% “sim”.
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→ Remédio 2: manter-se em constante formação → Remédio 4: poder contar com o apoio dos colegas → Remédio 5: manter a indisciplina sob controle → Remédio 6: ter boas condições de trabalho → Remédio 7: estar por dentro do projeto pedagógico → Remédio 8: ser prestigiado
Com informações do site Educar Para Crescer
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Educação
No caminho certo: avaliações ajudam a traçar os rumos da educação “As avaliações e os índices da educação servem como diagnósticos. Só assim podemos interceder e direcionar nossos trabalhos”, Maria Cecília Amêndola da Motta, Secretária Municipal de Educação Por: Mirella Bernard
Criado em 2007, com o intuito de medir a qualidade das escolas e das redes de ensino, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), é calculado com base no desempenho de cada estudante. Sendo assim para que o Ideb de uma escola ou rede cresça é preciso que o aluno aprenda, não reprove e frequente as aulas. Para a secretária municipal de Educação, Maria Cecília Amêndola da Motta, os índices demonstram a realidade das escolas. “Os resultados do Ideb é a soma de todos os esforços. Nosso trabalho é fundamentado em cima dessas avaliações. Sabemos que cada criança tem seu tempo. Queremos que cada uma aprenda no tempo certo. Já conseguimos avançar na maioria das escolas e nossa meta é crescer ainda mais”. Neste ano, Campo Grande atingiu a média de 5,2 nas séries iniciais e 4,8 nas séries finais. (Veja os últimos índices de Campo Grande no gráfico). A média nacional do Ideb, medida a cada dois anos, em 2005 foi de 3,8 nos primeiros anos do ensino fundamental. Em 2007, essa nota subiu para 4,2, ultrapassando as projeções, que indicavam um crescimento para 3,9 nesse período. O indicador
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já alcançou a meta para 2009. Se o ritmo for mantido, o Brasil chegará a uma média superior a 6,0 em 2022. É o mesmo que dizer que teremos uma educação compatível com países de primeiro mundo antes do previsto.
Prova Brasil
Implantada em 2005, pelo MEC, a Prova Brasil avalia o desempenho em língua portuguesa e matemática de estudantes de 4ª e 8ª séries (5º e 9º ano) de escolas públicas. Os dados do exame são utilizados no cálculo do Ideb e, também, para melhorar a qualidade do ensino básico em todo o país. “O ponto positivo dessas avaliações, é que com ela tenho um diagnóstico e com isso posso interceder pelos alunos e professores, que também são avaliados. Quando a criança deixa de responder uma questão é preciso saber a razão e é isso que nos direciona”, ressalta a secretária. Os alunos da Rede Municipal de Ensino participam desde 2005 da Prova Brasil. No ano passado, pela primeira vez as escolas rurais de ensino fundamental com mais de 20
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alunos nas séries avaliadas também fizeram a Prova Brasil. Em Campo Grande cinco escolas rurais participaram, além das 82 urbanas. “Os resultados são frutos de um trabalho em equipe. Nos preocupamos em dar aos alunos e professores as condições necessárias para um ensino de qualidade”, enfatiza a secretária. A Prova Brasil permite medir o desempenho por escola e município, uma vez que todos os alunos das turmas avaliadas fazem o exame. As questões da prova são feitas levando em conta as habilidades de leitura, interpretação e raciocínio frente a problemas lógicos.
Provinha Brasil
Eles são pequenos, tem entre seis e oito anos e já participam dessas avaliações. Criada em 2008, a Provinha Brasil tem como meta oferecer aos professores e gestores escolares um instrumento que permita acompanhar, avaliar e melhorar a qualidade da alfabetização oferecida às crianças. Em sua primeira edição cerca de 3,1 mil municípios e 22 Estados participaram da prova. A
avaliação é aplicada aos alunos matriculados no segundo ano do ensino fundamental e a partir dos resultados, os professores têm condições de verificar as habilidades e deficiências dos estudantes e interferir positivamente no processo de alfabetização, para que assim todas as crianças saibam ler e escrever até os oito anos de idade, uma das metas do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). No primeiro teste na Capital foram avaliados 12.016 alunos, de 5 a 12 anos. Desse total, apenas 191 alunos não frequentaram o 1º ano em 2008, o que corresponde a 1,45% dos alunos do 2º ano sem experiência escolar. Conforme a secretária, a Provinha Brasil é um instrumento de verificação e de avaliação do nível de alfabetização de crianças matriculadas nos três primeiros anos do Ensino Fundamental. “Tratase de um instrumento que oferece aos educadores e aos gestores um diagnóstico, que permite corrigir eventuais falhas no processo de ensino, além de servir de parâmetro para a elaboração de projetos pedagógicos voltados à leitura e à escrita, contribuindo, assim, para a formação integral de alunos”.
ANOS INICIAIS
ANOS FINAIS
do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental
do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental
6 5,8 5,6 5,4 5,2 5 4,8 4,6 4,4 4,2 4 3,8 3,6 3,4 3,2 3
5,4 5,2 5 4,8 4,6 4,4 4,2 4 3,8 3,6 3,4 3,2 3
ENSINO MÉDIO 5,2 5 4,8 4,6 4,4 4,2 4 3,8 3,6 3,4 3,2 3
Fonte: Ministério da Educação/INEP
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Denilson Secreta
Educação
Formação Continuada Com foco na formação continuada, a secretaria municipal de Educação direciona suas atividades na qualificação dos professores. “Nosso trabalho é apostar no professor. O conhecimento é provisório e se o educador não acompanhar a evolução desse conhecimento fica para trás”, ressalta a secretária. Outra ação que beneficia o professor é uma nova política de recursos humanos. “Essa política faz com que o educador dê aulas em apenas uma escola, de preferência no bairro que ele more. É
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preciso que esse profissional sinta que a escola pertence a ele, e não apenas as crianças. Pensando nisso fizemos uma reestruturação nas escolas e agora esses servidores trabalham perto de casa”. Dar continuidade aos projetos de capacitação é uma das prioridades da Semed para os próximos anos. “Queremos um professor que domine as tecnologias, que faça da internet uma ferramenta de trabalho. Vamos continuar investindo em cursos, para que esses professores continuem produzindo conhecimentos e com isso tenham seus trabalhos reconhecidos”.
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