Emoções e sentimentos: para compreender melhor

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Organizado por Sara R. Gamper e Glaucia C. Abreu Aliança do Divino Pastor 2017

EMOÇÕES E

SENTIMENTOS: PARA COMPREENDER MELHOR

Em memória de Maria Rosa Cavalcanti, fundadora do Aliança do Divino Pastor, com amor.



Coordenadores: Matilde Ribeiro de Moraes Rubens José Nery Rodrigues Sara Renilde Gamper Sonia Viana Castello Branco Médiuns e colaboradores participantes: Amauri Cony Ana Christina Plaisant de Sá Salomão Ana Cristina Albuquerque Maranhão Ana Vieira Aimée Soares Miranda Arno Hoddecker Júnior Claudia Junqueira de M. Portela Cristina Vidal Deise de Araújo Barata Dilma Silva dos Santos Eliane Montenegro Glaucia Côrtes Abreu Iza Bergiante da Motta José Jarbas de Moraes Rômulo José Marcos Rodrigues Luciana Constan Campos Luciana Costa Marcelo Moraes Márcia Duque Estrada Martha Caminha de Lima Monica Maria Pedroso Mônica Villela Solange de Melo Sant’Anna Theresa Branco Baena Teresa Miguez Rosimar Teykal

O produto da venda desta obra é destinado à manutenção das atividades assistenciais do Aliança do Divino Pastor. Rua Jardim Botânico, 94 - Jardim Botânico. Rio de Janeiro/RJ


Sumário Apresentação

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Prefácio

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Aceitação

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Alteridade

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Amizade

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Amor e Paixão

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Ansiedade

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Arrependimento

20

Autoamor

22

Autoconhecimento

24

Auto-obsessão

26

Autoperdão

28

Carma

30

Ciúme

32

Compulsão

34

Coragem

36

Culpa

38

Defeitos

40

Depressão

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Desapego

44

Diferenças

46

Dor e sofrimento

48

Empatia

50

Escolhas

52

Família

54

Homossexualidade

56

Intolerância

58

Inveja

60

Mágoa

62

Medo

64

Paciência

68

Perdão

70

Perdas

72

Perfeccionismo

74

Pessimismo

76

Preconceito

78

Raiva

80

Vontade

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APRESENTAÇÃO Em uma bela noite de primavera, 5 de novembro de 1942, com a Espiritualidade em festa, foi fundada a INSTITUIÇÃO BENEFICENTE ALIANÇA DO DIVINO PASTOR, no bairro do Leblon, Rio de Janeiro. Seu nome foi escolhido por Emmanuel, querido mentor de Chico Xavier, o que trouxe aos membros desta Casa que estava sendo fundada a responsabilidade de, honrando o querido Patrono, serem fiéis aos postulados Espíritas e a Jesus querido Mestre, compromisso que até hoje buscamos cumprir com determinação. Sob a égide de Ariel, Mentor e Orientador Espiritual da Instituição, a Sra. Maria Rosa Cavalcanti e mais cinco abnegados amigos, envolvidos nos mesmos ideais, iniciaram as atividades. A princípio eram Reuniões Públicas, onde as pessoas, sequiosas de orientação, buscavam a Espiritualidade consoladora, que acolhia a todos com amor fraternal. A pedido de Ariel estenderam-se as atividades para obras sociais, especificamente atendendo a crianças necessitadas. Abriu-se então o Internato “LAR DE ARIEL” para meninas. O local estava pequeno para atender tanta demanda e se fez necessário buscar instalações maiores. Foi então que o ALIANÇA DO DIVINO PASTOR, como hoje é simplesmente conhecido, mudou-se para a Rua Jardim Botânico nº 94, onde permanece em plena atividade. Em 1979, por motivos alheios à vontade da fundadora, foram encerradas as atividades do internato. Mas a assistência à criança não poderia ser alijada e foi então inaugurada a CRECHE BELINHA que assistia crianças de dois a cinco anos de idade. Essa atividade perdurou até junho de 2013, ocasião em que foi desativada, por razões independentes da vontade da direção do Aliança. D. Maria Rosa Cavalcanti, mola mestra desta Casa, partiu para a Pátria Espiritual em 13 de abril de 1995, deixando um grande vazio, que 8


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jamais foi preenchido. Sem mais poder contar com sua extraordinária mediunidade, seguindo orientação dos Mentores, a linha doutrinária do Aliança foi direcionada para o estudo, que tomou lugar de destaque, juntamente com o serviço ao próximo, através do auxílio em seu aprimoramento moral e nas suas dificuldades emocionais. No campo Social continua o atendimento de 36 idosas e sete famílias carentes, através da CAMPANHA DO QUILO. Este é um breve resumo das atividades do Aliança do Divino Pastor nestes 75 anos de existência. Trajetória de lutas, acertos, enganos, sofrimentos e êxitos, sempre sob a proteção dos amigos Espirituais que jamais deixaram de nos guiar e amparar. Rogo a Deus que outros 75 anos sejam comemorados, com novos membros desta forte Aliança, mas com os mesmos objetivos e entusiasmo com os quais aqui chegamos. Trazemos para vocês, em comemoração às bodas de diamantes, este livro de mensagens, feito com amor, carinho e dedicação pelos trabalhadores da Casa, fruto de estudo , que hoje priorizamos, para comemorarmos com entusiasmo e alegria estes anos de trabalho, de amor a Deus e ao próximo. Prestamos com ele nossa homenagem à fundadora desta Casa, que idealizou, construiu e tornou realidade O ALIANÇA DO DIVINO PASTOR. Obrigada a D. Maria Rosa Cavalcanti! Obrigada aos nossos Mentores! Seremos sempre seguidores dos ensinamentos recebidos, buscando servir mais e melhor a todos aqueles que pelas portas do Aliança entrarem, em busca de amparo e esclarecimento. Entregamos este livro a vocês, que frequentaram, frequentam e frequentarão este remanso de Amor. Esperamos, sinceramente, que gostem. Sara R. Gamper 9


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PREFÁCIO Ao receber o honroso convite para escrever este prefácio, senti de pronto a responsabilidade que iria assumir ao apresentar para o leitor os 36 textos que compõem o livro EMOCÕES E SENTIMENTOS: PARA COMPREENDER MELHOR, a ser publicado como parte das homenagens dos 75 anos de fundação da Instituição Beneficente Aliança do Divino Pastor. Não abordarei aqui os primórdios dessa história de amor e solidariedade que teve início em 5 de novembro de 1942, projeto idealizado por um grupo de pessoas generosas, sob a liderança da senhora Maria Rosa Cavalcanti. O tempo, esse guardião de memórias, registrou no calendário da vida aquele dia memorável, em que se estabeleceu um elo vigoroso de corações e mentes para o progresso e aperfeiçoamento de muitos irmãos desejosos de seguir no caminho do bem. Nessa longa jornada, sob as bênçãos de Mestre Ariel, vários elos partiram rumo à Pátria Espiritual, porém, outros vieram participar desta doce, fraterna, mas forte Aliança, com os mesmos ideais e os mesmos sentimentos. Dentre eles encontram-se os 26 trabalhadores da Casa que participam desta obra. Penso que o papel do prefaciador é, antes de tudo, estender uma ponte entre a obra e o leitor, entre a mensagem e a reflexão, entre a inspiração e a aspiração humana. Diz a Benfeitora Espiritual Ermance Dufaux, em seu livro “Jesus – A Inspiração das Relações Luminosas”, psicografado por Wanderley de Oliveira, que o amor é a ponte que pode permitir um trânsito harmonioso desde a inteligência até os sentimentos. Foi o que me fez entender como pessoas diferentes, cada uma com sua bagagem de vida, seus anseios, valores, temperamentos e experiências conseguiram unir seus conhecimentos, estabelecer afinidades, iluminar conceitos e apresentar um conjunto harmonioso de reflexões sobre temas como aceitação, culpa, desapego, mágoa, perdão e muitos outros sentimentos e atitudes que fazem parte das preocupações de todos nós, quando em busca do progresso espiritual e do aperfeiçoamento moral, 10


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através da necessária reforma interior. Com simplicidade e objetividade, com delicadeza, equilíbrio e amorosidade, identificados todos eles com os princípios da Doutrina Espírita e dos ensinamentos do Mestre Jesus, os nossos autores cumpriram seu papel e certamente tocarão o coração dos leitores, neles deixando a melhor das impressões. Assim, espero ter cumprido também a minha missão, incentivando as pessoas à descoberta deste livro, que ora recomendo, ao colocá-lo na vitrine à disposição do público amigo. Ana Maria de C. Fróes

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Aceitação A maior aceitação é reconhecer a vida que Deus nos concede e que sempre é a melhor que poderíamos ter. Entretanto, são as nossas escolhas que fazem com que ela não seja tão boa quanto desejaríamos. A culpa é nossa e não de Deus. Se olharmos para dentro de nós, poderemos ver nitidamente as nossas faltas, desajustes, incompreensão, dúvidas, incertezas etc. Há pouco assistimos, na cidade do Rio de Janeiro, aos jogos paralímpicos, com a participação de atletas de diferentes países do mundo, que se mostraram gratos por aquela oportunidade, o que revelaram através dos seus sorrisos, ânimo e coragem. Esportistas com todo o tipo de deficiência física, mostrando ao mundo o valor de cada um. Que beleza de superação! Que grandeza espiritual demonstraram ao aceitarem, tolerarem, reconhecerem, admitirem que apesar das circunstâncias estavam dispostos a vencer, como venceram, ganhando medalhas de ouro, prata ou bronze. Esta foi uma lição de vida para o mundo. O conformismo, o reconhecimento e a aceitação mostram como podemos vencer as dificuldades que encontramos na vida, nos aceitando como somos e entendendo que não podemos mudar aquilo que faz parte da nossa trajetória evolutiva. Temos que procurar, sim, caminhar da melhor maneira possível. Os atletas paralímpicos não se preocuparam em expor aos olhos do público suas deformidades, mas apenas do que eles eram capazes e de que maneira bonita conseguiram chegar até ali. Cada um deles, personagem de uma história particular, eram todos vencedores na elevação de sua autoestima. Realmente, não devemos nos preocupar com o que os outros pensam de nós, pois somos o que somos, lutamos para vencer os obstáculos que a vida nos 12


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oferece, tanto no que concerne aos problemas físicos como aos morais. Na Doutrina Espírita temos o exemplo de Jerônimo Mendonça, que levou uma vida normal até os 17 anos, quando começou a sentir os sintomas da artrite reumatóide, doença que acabaria por imobilizálo. Com o avanço da enfermidade, sem encontrar a cura na medicina, foi, gradativamente, primeiro para uma cadeira de rodas e depois para uma cama ortopédica. Somado a tudo isso teve perda gradativa da visão e problemas cardíacos. Tornou-se um grande trabalhador, palestrante e escritor espírita, que, juntamente com Chico Xavier, trabalhou pelas causas sociais e pela divulgação da Doutrina Espírita. Cego, retido numa cama, atuou arduamente, ficando conhecido como “o Gigante Deitado”. Na vida temos que ter realmente fé em Deus e aceitarmos que tudo foi programado para nossa melhoria, dependendo somente de nós como vamos usar o livre arbítrio. Cair em depressão ou lutar e vencer.

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Alteridade Alteridade é a capacidade do homem de aceitar as pessoas como elas são. Refere-se a respeitar as diferenças; também significa a não indiferença, o aprender com os diferentes. O exercício da alteridade se aplica tanto na relação entre grupos religiosos, científicos, étnicos, quanto entre pessoas. “(...) Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, fá-lo-á outro. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar (...)”. - O Livro dos Espíritos, questão 804 Não há uma uniformidade de pensamentos no planeta, somos diferentes, coexistimos em várias faixas evolutivas. Não é a identidade de pensamentos e ideais que nos fazem aprender, questionar, mas sim as diferenças. Estas nos levam a refletir e desenvolver o nosso raciocínio e habilidades. Assim, analisando, podemos mudar de opinião ou mantermos os nossos posicionamentos, respeitando quem pensa diferente. Deixamos de julgar, criticar, agredir e impor os nossos conceitos. Lembramos que não se trata de omitirmos ou sermos coniventes diante de arbitrariedades, da violência e de injustiças. Devemos denunciar, sim, e manifestar o nosso descontentamento, sim. O bom-senso deve ser atuante nesses momentos. A crítica deve ter como objetivo o aprendizado. “Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (Mateus, cap. 5, V. 43 a 47). A indiferença quanto aos diferentes é causada pela dificuldade das pessoas em exercitar a fraternidade. É uma negação ou bloqueio (consciente ou inconsciente) do outro, daquilo que não é o eu. Como não há interesse pelo que é desconhecido, resolve-se pela exclusão afetiva do outro. A convivência é um desafio e é necessário sair do egoísmo e buscar a 14


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solidariedade. Para tanto, precisamos reconhecer as nossas imperfeições, querer mudar e investir na nossa transformação. A vivência da Alteridade permitirá uma atuação diferente perante os erros e equívocos dos outros, bem como diante de preconceitos e estereótipos. O acolhimento do diferente, sendo receptivo aos seus sentidos, entendendo as suas razões, nos levará a penetrar em sua essência. Passaremos a ser mais compreensivos e, com o exercício da caridade, aceitaremos o próximo de forma integral. Assim, estaremos aprendendo e nos reformando. Surgirá dessa forma a empatia e dela resultará o amor. Com esse comportamento, as relações passarão a ser mais pacíficas e fraternas. Esse é o futuro que nos espera.

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Amizade Nos tempos de rede sociais passou-se a banalizar o verdadeiro sentido da amizade. As pessoas costumam ficar contentes quanto mais amigos conquistam nas redes, mesmo sem sequer conhecê-los. Mas, será que esses são verdadeiros amigos? Amizade se conquista pela admiração, confiança e respeito mútuos e caracteriza-se por uma afinidade muito grande com alguém, baseada no amor, na compreensão e no auxílio. Além da afinidade, a amizade sólida baseia-se no convívio. Por isso, dizemos que ela é um processo, que deve ser construído ao longo do tempo por ambas as partes. Em uma verdadeira amizade não existe inveja, orgulho, rancor, cobranças ou grandes mágoas, e nem se precisa da presença constante do outro. Também não existe a censura, nem o medo de ter o seu íntimo conhecido. Amigos são como anjos da guarda encarnados, prontos a nos assistirem em nossas necessidades, quando estas estão ao seu alcance, seja para ouvir nossas dificuldades e tristezas ou para compartilhar as alegrias e conquistas. A amizade impulsiona o homem a crescer, retirando-o do isolamento e do vazio interior. Por exigir solidariedade, caridade e compreensão, ela é centralizada no bem e significa um amor generoso. Dessa forma, a sua existência atenua e, até mesmo, evita muitos conflitos emocionais. Com o verdadeiro amigo temos a chance de praticar o amor para com o próximo, ainda tão difícil de exercitar com todos. Existem algumas pessoas que têm dificuldades em fazer amigos, pois vivem em seu próprio mundo, onde ninguém tem acesso. Por timidez ou insegurança, temem se abrir e se expor para o outro, privando-se da alegria da amizade. Outros se afastam do convívio social por ter dificuldade para dedicar-se a alguém, numa fixação egocêntrica, e demonstrando a incapacidade de doação. Essa condição os leva a insatisfações, origem de muitos distúrbios emocionais. 16


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Podemos afirmar que cultivar amizades atende plenamente aos dois objetivos destacados por Allan Kardec: o bem- estar e o progresso individual, porque o convívio com pessoas amigas preenche nossa necessidade de intercâmbio afetivo, bem como possibilita formas de crescimento pessoal, que talvez não possam ser encontradas em outros tipos de relacionamento. Algumas práticas para fazer e manter amigos são: saber ouvir; respeitar as diferenças e as individualidades; o desapego nas atitudes; a lealdade; a compreensão e o amor. Felizes são aqueles que sabem conquistar e serem conquistados, pois quanto mais amigos tiverem mais completos serão.

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Amor & Paixão O amor a Deus nos parece mais fácil e até mais interesseiro, pois quase sempre vem acompanhado das mais diversas solicitações. Por acharmos que Deus é tão perfeito, acreditamos que Ele nos ajudará e compreenderá sempre. O amor ao próximo nos parece mais trabalhoso, pois exige paciência, perseverança, doação e sacrifícios. Porém, é um investimento que proporciona o aprendizado e trás à nossa alma conquistas relevantes. Seja qual for o procedimento de outros para conosco, não devemos cultivar nenhuma animosidade ou ressentimento; pelo contrário, saibamos reverter todas as causas de aborrecimento e aflição em benefício de nossa própria educação moral. O amor é uma força inesgotável, inconfundível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe. Independente de classe social, todos nós temos necessidades, carências e preocupações semelhantes, porém o amor é a nossa maior riqueza. Na realidade, o amor é a chama que nos aquece a alma, ativa nosso espírito e fornece sentido às nossas existências. Aqui estão as regras básicas da conduta do Cristo: “Amor / Respeito para com todos”, “Amor / Respeito pelas imperfeições alheias” e “Amor / Respeito aos ofensores”. Enfim, é o amor que constrói cada degrau da nossa evolução espiritual. Já a paixão, por sua vez, tem por expressão a imaturidade. Chega sem nos consultar, toma-nos, arrebata-nos, leva-nos até à loucura. O ser apaixonado fica fascinado, perde a noção do tempo, espaço e luta para se manter na realidade, cumprir obrigações e deveres. A paixão, quando completamente compartilhada, correspondida, provoca uma sensação benéfica em ambas as partes, mas dura pouco, tem prazo de validade por ser um sentimento efêmero, transitório, com o qual tendemos a valorizar, idealizar e fantasiar o outro. Mas, quando percebemos que ele não é como idealizamos, fechamos os olhos e nos deixamos guiar por sensações e sonhos íntimos sem dar ouvidos ao real, 18


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ou seja, continuamos dependentes do outro. Mas, existe também a paixão motivação, que nos impulsiona às conquistas, que seriam impossíveis sem esta mola propulsora. Referimo-nos, por exemplo, à paixão pelo conhecimento, pelo estudo, pela ciência. A paixão se torna algo benéfico quando movida para conquistas nobres do espírito e nos trás dor e sofrimento quando voltada para os maus instintos que levamos na alma. Por isso, devemos ter discernimento para conseguirmos sempre fazer a melhor escolha em prol de nossa felicidade.

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Ansiedade A ansiedade manifesta-se de várias maneiras: através da impaciência, preocupação exagerada, dificuldade de concentração, irritabilidade, insônia, sudorese, palpitação, podendo chegar a um profundo esgotamento físico ou mental, levando o homem a um estado depressivo. Passamos grande parte do tempo preocupados com o futuro ou relembrando o passado com culpa ou mágoa, dedicando pouco tempo ao nosso presente, esquecendo-nos que não podemos mudar o passado e o futuro depende do que fizermos hoje. Algumas situações já conhecidas por nós, e outras que precisarão ser esclarecidas, poderão ajudar-nos a superar a ansiedade. Sabemos que viemos do mundo espiritual e para ele regressaremos, portanto a vida na terra é passageira. Aqui estamos para a aquisição de valores eternos, adquirir virtudes e desenvolver a inteligência, sendo todos os bens materiais empréstimos divinos. A ansiedade apresenta sintomas físicos e psicológicos e, na concepção de Sigmund Freud, ela é uma espécie de “sistema de alarme”, que nos previne do perigo quando certas ideias estão ao ponto de alcançar o consciente. Freud estabeleceu três tipos de ansiedade: Moral – é a que decorre da censura da personalidade. Real – é a que ocorre pela percepção de um perigo que de fato existe. Neurótica – é a que se expressa pelas fobias, medo persistente e irracional. É importante viver com menor grau de ansiedade, procurando manter a disciplina e buscar a definição de objetivos. Para tanto, precisamos reconhecer o que precisa ser alterado em nossa vida e trabalhar os nossos erros, com vistas à renovação contínua. Devemos, ainda, manter a saúde mental, cultivando o otimismo e vivendo o momento presente, encarando os obstáculos como desafios e acreditando na capacidade de realizar e vencer. Lembremo-nos de que o nosso maior desafio é o autoconhecimento. 20


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Reconhecer o que sentimos, responsabilizarmo-nos pelo que está acontecendo, sem cobranças, é uma boa maneira de lidar com a ansiedade. Admitir a realidade não significa passividade e sim equilíbrio e bom senso em busca de novos caminhos, para que seja conquistado algum progresso, aproveitando essa dádiva divina que é a reencarnação. “Não andeis, pois, ansiosos pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado. A cada dia basta o seu mal” (Mateus 6: 34).

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Arrependimento Como é gratificante viver conduzidos pelos ensinamentos da abençoada Doutrina Espírita. Ela é um depositório de oportunidades para o nosso aprimoramento. No Evangelho Segundo o Espiritismo vamos encontrar a palavra arrependimento por 23 vezes e todas elas a relacionam ao reconhecimento de um ato que nos atormenta, por falhas cometidas e não remediadas. Arrepender-se é reconhecer as faltas cometidas, sabendo que Deus nos permite aliviar a dor de nossa aflição. Através da fé raciocinada, encontramos fundamentos e alicerces para a reparação necessária, sem maiores traumas. Deus permite que nos livremos deste sofrimento que nos escraviza, se não for nessa atual existência nas outras que nos aguardam. O arrependimento é a fagulha divina, o despertar, o convite para a ação magnânima de prestar contas. Que seria de nós, pecadores, se Deus não nos desse a oportunidade da volta à carne com os projetos minuciosamente delineados, colocando-nos frente ao propósito de reparar moléstias, erros, vícios e males inadvertidamente cometidos outrora? Como é bom lavar, limpar, desculpar, trabalhar em prol de nosso progresso ainda que tímido, mas certeiro rumo à redenção. Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, no código penal da vida futura, afirma que “o arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação. (...) Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências”. Na questão 990 do Livro dos Espíritos, podemos interpretar que o arrependimento é o despertar da consciência e este despertar já pode ser sentido no estado corpóreo por conta de nosso processo evolutivo. Na questão 991 do mesmo livro, os Espíritos nos orientam que na erraticidade o arrependimento nos leva a desejar nova encarnação para 22


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que nos purifiquemos, visto que já compreendemos a necessidade de uma outra existência para repararmos os males de anteriores. Deus permite que possamos reparar nossos males na medida de nossas forças. Ocorre que, por ainda sermos crianças no processo evolutivo, muitas vezes fracassamos ou cometemos o mesmo erro, quando nos dispusemos à correção dele. O que nos cabe, então, é buscar uma nova oportunidade para conseguir a corrigenda necessária, porque só depois é que estaremos livres para diferentes projetos. A grande lição para este tema é que não devemos ficar remoendo culpas por fracassos ocorridos no passado, pois, com muita fé em Deus, despidos de orgulho, com a humildade pregada por nosso Mestre Jesus, encontraremos o prazer do arrependimento, que é a chave para o trabalho reparador.

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Autoamor O homem primitivo era dotado de instinto para a sua própria sobrevivência. Esse instinto, ao longo dos séculos, foi se aprimorando gradativamente em sensações e finalmente em sentimentos. O amor é o mais sublime dos sentimentos e resume inteiramente a doutrina de Jesus. Numa visão mais ampla, o amor é pura essência divina. Tendemos a falar sempre sobre amar alguém. Mas... E quanto a nós mesmos?! O autoamor é absolutamente fundamental, pois não apenas nos mostra uma visão mais clara de quem somos como do que desejamos (ou não) para nós. Está intimamente ligado à autoestima e se caracteriza pelo julgamento que fazemos de nós mesmos. É através do autoamor que definimos aonde queremos chegar, estabelecendo metas educacionais, familiares, sociais, econômicas e espirituais, pensando não apenas no agora, mas no futuro infinito da nossa existência. Significa, entre outras coisas, o respeito e direito à vida e à felicidade que cada um de nós merece, com a preservação da paz interior, do culto aos hábitos sadios e aos cuidados morais, espirituais e intelectuais para consigo mesmo. O mais difícil obstáculo para o exercício do autoamor é a aceitação. Quando me aceito como sou, apesar das minhas imperfeições, e consigo visualizar que elas são temporárias e acabarão na medida em que eu me esforce para corrigi-las, estou me amando. O autoamor é também demonstrado quando, ao final do dia, paramos por alguns instantes e meditamos sobre os conhecimentos nele adquiridos. Quase sempre há algo que entendemos ser possível melhorar. Essa disposição em buscar aprimoramento moral e intelectual, sabendo que somos espíritos imortais e que essa bagagem irá nos alavancar em direção à felicidade, é uma demonstração de puro amor por nós mesmos. Atitudes, pensamentos e sentimentos que nos elevem moralmente e nos empurrem sempre para a frente, nada mais são do que o autoamor em ação. Uma das melhores demonstrações de autoamor é o perdão aos outros e a 24


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si próprio. Deixar ir embora uma mágoa beneficia a quem nos magoou, mas sobretudo a nós mesmos, pois nos livramos de grande peso, tornando a nossa vida melhor. Amar a própria família, que nos foi dada como forma de aprendizado e muitas vezes de resgate, e dedicar-se aos relacionamentos, cultivando a paciência, é outra forma de autoamor. Esses nossos companheiros de viagem terrena foram colocados pela Providencia Divina por algum motivo e aceitá-los com tolerância irá reverter em aprendizado para nosso próprio benefício. Afinal, somos todos importantes, criaturas únicas do Universo, que buscam a felicidade através do aprendizado do amor a nós mesmos, ao outro e principalmente a Deus.

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Autoconhecimento O autoconhecimento é esse olhar interior, que nos permite descobrir quem realmente somos, o que queremos e quais as razões e motivações que impelem nosso comportamento perante a vida e as pessoas. Ele nos possibilita desvendar a nossa sombra, o nosso lado negativo e nos incentiva a buscar meios para a sua superação, porque em nós encontra-se tanto a causa como a solução de nossos embaraços. Ao mesmo tempo, ele amplia a consciência sobre nossos potenciais adormecidos, a fim de que possamos vir a ser aquilo que somos em essência. Só a transformação íntima é que nos pode tirar, gradativamente, dos ciclos perversos dos desequilíbrios interiores que geram as enfermidades do corpo e as aflições humanas. É preciso fazer brilhar a luz que há em nós. Permitir que a Centelha Sagrada de Deus se acenda e descobrir nosso valor pessoal na obra da criação. O autoconhecimento é um caminho de longa duração; é o encontro de si mesmo. Esse encontro nos revela as peculiaridades que fazem parte da nossa essência desde que fomos criados simples e ignorantes, tais como instintos, tendências, hábitos, complexos, traumas, crenças, desejos, interesse e emoções. Ao escutar a alma haveremos, inevitavelmente, de encontrarmos nossa luz, mas também a nossa sombra. Desperdiçamos muito tempo e energia no processo de negar tudo que não aprovamos em nós, como se ignorar a existência de nossas dificuldades fosse a solução para elas. Assim, sem medo e sem preconceito, é preciso se aceitar. Se não nos aceitamos, magoamos a nós mesmos. É preciso desenvolver a luz interior para que ela ocupe o espaço da sombra existente. Melhore-se a cada dia; afinal, estamos aqui exatamente para crescer e evoluir. Após a aceitação do que somos, superando o orgulho, devemos gerir bons sentimentos em relação a nós mesmos e nos libertarmos dos padrões idealizados ou da baixa autoestima. Quem se empenha no processo de autoconhecimento escuta os seus 26


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sentimentos e aprende a discernir o que quer da vida; melhora a relação consigo, alcança o clima de serenidade, dilata a sua responsabilidade e sintoniza-se com seu planejamento reencarnatório; imuniza-se contra mágoas, guarda equilíbrio perante acusações e cultiva a indulgência com o seu semelhante. Autoconhecimento é condição indispensável ao bom aproveitamento da reencarnação, é recurso elementar na boa aplicação dos TALENTOS DIVINOS a nós confiados. Quanto mais eu me autoconhecer, mais Deus estará em mim. Quem se autoconhecer dispensa a imponência das máscaras e é feliz por ser quem é.

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Auto-obsessão Temos o hábito de procurar razões externas para o nosso estado de perturbação. Muitas vezes colocamos a culpa dos nossos problemas na influência que os espíritos desencarnados exercem sobre nós, quando, na maior parte do tempo, o problema está dentro de nós mesmos, devido ao acúmulo de ideias infelizes que insistimos em cultivar. Já dizia Allan Kardec “que o homem não raramente é obsessor de si mesmo”, porque com os nossos pensamentos criamos a atmosfera fluídica que nos envolve e, consequentemente, o ambiente em que vivemos, nos tornando responsáveis por nossas companhias. Os auto-obsidiados são atormentados pelos próprios pensamentos negativos, tornando-se vítimas de si próprios e atormentados por si mesmos. Sentem-se tratados de forma injusta pela vida. São almas em desarmonia íntima que atraem para si forças destrutivas, alimentando os diálogos internos da mente com sentimentos negativos, que habitam no inconsciente, gravados na memória espiritual. Ninguém está livre de problemas e dissabores que podem gerar preocupações, mágoas, raiva, medo e ressentimentos, mas, se forem duradouros dentro de nós, podem se tornar ideias fixas nos aprisionando num processo de auto-obsessão e fomentando distúrbios psicológicos. A auto-obsessão pode caracterizar-se, por exemplo, por ideias fixas que a pessoa tem em relação a si mesma e se apresentar de várias formas, como em cuidados extremos com o próprio corpo. Em outros indivíduos, a auto-obsessão traduz-se por um medo exacerbado, em ideias que se repetem, esquisitices que vão sendo cultivadas, doenças fantasmas, emoções negativas, passando eles a ficar dependentes destes estados mentais perturbadores, que se vão cristalizando. A auto-obsessão ainda pode ocorrer em indivíduos que se sentem frequentemente doentes, exagerando os sintomas e julgando-se os maiores sofredores. No campo mental a auto-obsessão está ligada ao que os psicólogos e psiquiatras 28


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chamam de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Em casos mais graves, as ideias negativas que assomam à mente expressam conteúdos de reencarnações anteriores, onde o sentimento de culpa, resultante de comprometimentos de outras vidas, se traduz em distúrbios mentais os mais variados. Para se libertar da auto-obsessão é preciso aprender a se auto-observar, prestando atenção aos pensamentos, emoções e atitudes, e a trabalhar a autoaceitação, sem se julgar ou condenar, assim como o autocontrole e a força de vontade. Quando admitimos o que somos e o que sentimos, nos conscientizando de nossos processos mentais, podemos melhorar o nosso mundo interior, nos autoperdoando, para nos libertarmos da culpa e das mágoas, reconstruindo, sempre que for preciso, a nossa trajetória, sem colocarmos pedras no caminho, para seguirmos em frente no nosso processo evolutivo.

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Autoperdão Perdoar a si mesmo é mais difícil do que perdoar o outro, embora seja o mais urgente em nossas vidas, porque é conosco que convivemos e nos deparamos todos os dias. Reconhecer que somos frágeis, que precisamos estar sempre nos aprimorando é fundamental para que possamos fazer as pazes conosco. Perdoar alguém é buscar a libertação do erro que o outro praticou; perdoar a si mesmo é fazer uma autoanálise, conversando consigo mesmo para resolver os conflitos internos. Aceitar-se, sem perder a noção da necessidade de melhorar a cada dia, sendo feliz como se é e com o que se tem, mas trabalhar a transformação, de maneira a caminhar para a evolução. Pessoas orgulhosas têm mais dificuldades para se autoperdoar, pois, até inconscientemente, se acham incapazes de cometer erros, sendo a humildade fundamental para esse processo. Admitir as deficiências, ter consciência de que também temos cobiça, inveja, orgulho, egoísmo, nos permite entrar em contato com a nossa realidade, dando-nos condições de repararmos o que for preciso. Devemos procurar mudar o que está ao nosso alcance, refazendo aquilo que puder ser refeito, entendendo que nem tudo nos é possível e que nem sempre o nosso comportamento é a única condição para determinar o comportamento do outro. É importante não alimentar a nossa bagagem emocional com culpas que impedem o pleno desenvolvimento do nosso ser, perceber o porquê dos nossos erros e ter a vontade sincera de fazer o melhor, perdoando a nós mesmos. A terapia do autoperdão impõe-se como indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito a si mesmo. O autoperdão nos possibilita enxergar os acertos que insistimos em não ver em razão do reiterado sentimento de culpa. Que possamos ser humildes, mais amigos de nós mesmos e menos severos conosco e com nossos irmãos. 30


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Quando ganhamos a consciência sincera de que não deveríamos agir tal qual fizemos, é porque amadurecemos e aprendemos, ainda que, muitas vezes, a custa de muito sacrifício. O autoperdão é uma libertação, pois significa reter os aprendizados que a vida oferece sem se deixar oprimir, sem se deixar escravizar por sentimentos nocivos que conspurcam a beleza da vida.

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Carma Seu significado é ação em sânscrito, que é uma das mais antigas línguas da Índia. Apesar de não ser um termo usado pela Codificação Espírita é empregado pelos espíritas no mesmo sentido da Lei de Causa e Efeito ou Ação e Reação. Deus nos deu o livre arbítrio para termos liberdade em nossas ações. Essa liberdade faz com que sejamos responsáveis por nossas atitudes perante o próximo, nós mesmos e a natureza. Os pensamentos, sentimentos e ações, sendo positivos ou negativos, vão retornar ao emissor com a mesma força e intensidade. Ao pensar e agir o ser humano está liberando forças, pois o pensamento é uma forma de energia, que flui da alma através do cérebro. Se a orientação dada pela alma às atitudes forem positivas, teremos um retorno positivo; se forem negativas, o retorno será compatível com a força gerada. No caso da prática de atos prejudiciais a si mesmo ou a outras pessoas, os efeitos nem sempre irão se manifestar imediatamente. Muitas vezes eles se manifestarão após uma ou algumas reencarnações. O carma é gravado psiquicamente no espírito. A bagagem histórica do indivíduo desde sua primeira encarnação consiste em suas virtudes, defeitos, acertos, erros, créditos, débitos e tendências. Ele se modifica a cada encarnação devido às novas experiências na matéria, conforme as transformações morais e intelectuais que vivencie. Portanto, ao contrário do que muitos pensam, carma não é sinônimo de sofrimento ou punição. É, sim, consequência de nossas escolhas e ações pretéritas e presentes, criadas pelo uso do nosso livre arbítrio. Se o homem praticar o mal ou o bem, receberá de volta o mal ou o bem equivalente. É o princípio de justiça da Lei Divina, que opera para governar os homens. A Lei de Ação e Reação gera não apenas os destinos das individualidades, mas também dos povos, raças, estados e grupos. 32


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Para esses últimos chamamos de carma coletivo. Devemos entender que somos responsáveis por nossas ações. Portanto, não existem vítimas ou coitadinhos nesse processo. Ao mesmo tempo, não somos condenados a suportar passivamente o nosso carma, pois com entendimento e aceitação podemos nos liberar dele, clareando nossa consciência, constatando as mudanças de atitudes que precisamos fazer e nos harmonizando em nossa encarnação.

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Ciúme O Espiritismo aponta o orgulho e o egoísmo como os geradores de todos os defeitos humanos. O ciúme não escapa a essa regra. Como um sentimento egoísta, o ciúme procura roubar a liberdade do outro, tenta obrigá-lo a seguir por um caminho delimitado ou, simplesmente, cerceá-lo. O ciúme é um exercício enlouquecido de poder, de dominação e aprisionamento do outro. A pessoa ciumenta não sabe diferenciar imaginação e realidade, não sabe distinguir fantasia e certeza. Qualquer dúvida em sua cabeça logo se transforma em delírio. Suas causas interiores, segundo Joanna de Ângelis, são encontradas, principalmente, na insegurança psicológica, na baixa autoestima, no orgulho avassalador que não suporta rivalidades e no egoísmo, que ainda nos faz ver aqueles que estão à nossa volta como posses. O ser inseguro transfere para o outro a causa desta insegurança, dizendo-se vítima, quando apenas é escravo de ideias absurdas, fantasias, ilusões criadas em sua mente, que ateia “incêndios em ocorrências imaginárias”. O ciúme, assim como outros sentimentos, como raiva, mágoa, inveja, desencadeia uma série de doenças que podem se manifestar já nesta encarnação ou acompanhar o espírito imortal até uma próxima oportunidade na matéria, para expurgar essas energias negativas, esse lixo mental e emocional. É importante que o ciumento e sua vítima se conscientizem da necessidade de ajuda. Parece claro que, além da própria personalidade desajustada do ciumento, há interferência de espíritos obsessores nessas situações. Mas, de nada adianta tratamento desobsessivo ou ajuda profissional se não houver o propósito firme de uma reforma íntima urgente. Só com a vontade real de se ajudar, de colaborar consigo mesmo, pode ser efetivada uma melhoria significativa. Isso vale para o 34


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ciumento e também para aquele que é vitimado pelo seu ciúme. Nunca é demais lembrar que ninguém é vitima por acaso. O acaso não existe. Tudo o que nós colhemos é o que um dia nós plantamos. O ciúme é um sinal de alerta mostrando que algo não vai bem, que algo precisa ser reparado, repensado. Sua erradicação de nossas existências somente será realizada com a análise íntima constante, com o vigiar dos pensamentos, dos atos, lembrando sempre que ”ninguém é de ninguém”, que não somos donos das pessoas, e que o verdadeiro amor LIBERTA E CONFIA. O ciúme “insegurança” precisa ser substituído pela confiança “certeza”, que é, sim, uma real prova de amor.

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Compulsão O que é compulsão? Seu significado é: “imposição interna irresistível que leva o indivíduo a realizar determinado ato ou a comportar-se de determinada forma.” Eu digo que é uma força “quase” incontrolável, que nos impulsiona para uma ação, muitas vezes até contra a nossa própria vontade. Passamos a agir quase que como autômatos diante de uma situação; posso citar vários exemplos de compulsão, como o álcool, o jogo, o sexo e o comer. Aqueles que sofrem de uma compulsão sabem que só o fato de pensarem em tentar evitá-la faz parecer que a vida não terá mais sentido algum. Infelizmente, nos tornamos escravos dessa compulsão até porque, num primeiro momento, essa ação pode nos levar ao prazer, à satisfação; mas, depois vem a dor, a culpa, o arrependimento. Acredito que ninguém quer ser escravo de nada. Então, por que agimos assim? Porque essa doença nos leva, entre tantos outros dissabores, à perda da sanidade mental. A compulsão pode ser abordada tanto no aspecto físico, como mental e espiritual. Físico – há um gatilho químico que impulsiona o individuo para a compulsão. No caso do álcool, tomar o primeiro gole já é o suficiente para desencadear o desejo incontrolável de beber. Mental – se expressa pelo pensamento obsessivo por uma determinada ação. Em tudo que a pessoa vê, sente e imagina aquele pensamento obsessivo está ali, presente, gritando e a impulsionando para ser atendida. Espiritual – nesse desequilíbrio emocional as portas se abrem para a ação de um obsessor, levando o indivíduo a entrar na mesma sintonia que ele, permitindo seu domínio em relação a essa compulsão. Fazendo uma analogia, eu diria que a compulsão é como estar numa enxurrada (um desejo incontrolável) rio abaixo. Eu não posso enfrentar essa força descomunal (insanidade), mas posso ser resiliente diante dela: buscar uma saída (um despertar espiritual), encontrar uma pedra (um 36


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grupo de apoio, uma religião) onde possa me agarrar, me fortalecer e me salvar, até a enxurrada passar e o rio voltar à sua calmaria (reencontrando a minha sanidade mental).

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Coragem É muito cômodo continuar com meu sapato velho, afinal ele não me machuca, não me faz calos; já estou acostumada com suas deformações, que foram produzidas pelo meu jeito torto de pisar, de andar, mas, ainda assim, ele é muito confortável. Por que, então, mudar? Pois é, essa pergunta é que sucessivamente continuamos a nos fazer sempre que estamos diante de uma necessidade, ou mesmo diante de uma oportunidade de mudança, de transformação. Temos medo do desconhecido, do novo, e por causa desse medo podemos deixar de conhecer, de vivenciar, de desfrutar daquilo de bom que uma nova situação possa nos oferecer. O medo nos paralisa, nos enclausura na mesmice, na estagnação, na inoperância. Quantas vezes vamos nos deparar com essa situação em nossa vida? Certamente, chegaremos a um ponto em que precisaremos arriscar para não sucumbir de vez. Mas, para arriscar é preciso coragem. E como encontrá-la? A coragem vem da força da fé, da esperança, do desejo de se modificar, de se transformar e, sobretudo, da confiança em um Poder Maior, que está junto e dentro de nós, nos orientando, nos guiando sempre que solicitamos. Então, é preciso orar, mentalizar, entrar em sintonia com essa Vibração Maior, para que assim consigamos ouvir Sua orientação. A coragem tem que partir de nós, do nosso eu, da nossa alma. Ter coragem não é reagir enfrentando o outro ou os fatos de forma atabalhoada, imprudente, raivosa e intempestiva. Isso só nos leva ao caos, aumenta o nosso desequilíbrio, nos coloca em sintonia com forças inferiores, maldosas. Ter coragem é entender e estar atento ao momento necessário para agir com firmeza, com sabedoria, com serenidade e confiança, frente às mudanças que se fazem pertinentes. “No entanto, para esse cometimento é necessária a coragem da fé, essa robustez de ânimo que enfrenta as dificuldades de maneira lúcida e clara, com destemor e espírito de ação, para remover-lhes os obstáculos e alcançar 38


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os patamares mais elevados de harmonia e de bem-estar” (Divaldo Franco, em Espiritismo e Vida). Entendo a coragem como um verdadeiro Despertar Espiritual. Gostaria de finalizar essas reflexões com essa pequena e profunda Oração da Serenidade: “Concedei-me, Senhor, a serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar; coragem para modificar as que posso; e sabedoria para perceber a diferença”.

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Culpa Culpa é o apego ao passado. Ocorre uma tristeza por não ter sido como deveria, por se ter cometido algum erro que poderia ser evitado. Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade, de acordo com os nossos valores, crenças, normas e regras vigentes, podendo variar de indivíduo para indivíduo. A forma de avaliar ou reagir frente aos nossos atos, nos rotulando como bons ou maus, é determinada por um sistema de autocensura, que se encontra estruturado nos níveis da consciência da criatura humana, nos tornando libertos ou culpados. Suas raízes estão fundadas em crenças da existência do pecado e no perfeccionismo. Precisamos nos conscientizar dos limites impostos por nosso grau evolutivo e aceitarmos que somos passíveis de erros. Somos seres imperfeitos a caminho da perfeição, mas gostaríamos de pular etapas e sermos logo seres perfeitos. Esse pensamento nos trás inconformação e, muitas vezes, paralisamos a vida, quando deveríamos prosseguir sempre para alcançar nossos objetivos. A culpa é um sentimento intensamente tormentoso, que deve ser enfrentado com serenidade e altivez e só desaparecerá quando propiciarmos o arrependimento, gerador do autoperdão. Na verdade, ela deve ser uma mola de propulsão para o arrependimento e, a partir deste, alavancar-se a vida, seguindo com fé e coragem para, através de novos comportamentos, alcançarmos o objetivo primeiro, que é a nossa evolução. Quem se arrepende abandona a culpa, assume a responsabilidade por seus erros e procura consertá-los e, conscientemente, não repeti-los. O que já ocorreu não pode mais ser evitado. A culpa e a angústia resultantes dela são estéreis, pois nada de bom resulta desses sentimentos. Se uma ação foi de alguma forma ruim, depois de feita o que importa é a sua reparação. Sua origem pode estar no passado próximo ou em vida pretérita. Há 40


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pessoas que vivem atormentadas pelo sentimento de culpa, mesmo sem saber do quê. São reminiscências do passado, que a vivência no novo corpo físico não apagou. Em qualquer caso, se erramos, não será na paralisação da culpa que poderemos redimir o erro, mas sim trabalhando em benefício próprio ou do próximo. Cada existência terrestre é uma oportunidade de aprendizado. Usar os erros do passado e aprender com eles é um desafio que nos leva ao crescimento. É uma conquista pessoal conseguir ver os erros sem culpa, mas com consciência da responsabilidade com a nossa vida e com a do próximo. A soma das ações positivas anulará o débito moral contraído perante as Leis Divinas. A cada lembrança da causa da culpa devemos cultivar pensamentos de otimismo e realizar ações positivas e edificantes que irão nos libertar gradativamente.

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Defeitos – como lidar Estar atento e refletir. Orar e vigiar. São tantas as oportunidades que dispomos nos dias de hoje, basta que passemos a organizar nossas vidas com determinação, disciplina, coragem e fé. Somos os trabalhadores da última hora. O terreno está devidamente arado. A Doutrina Espírita está consolidada e a cada semana os palestrantes, envolvidos pelo magnetismo dos Benfeitores Mestres da Espiritualidade, nos convidam a refletir sobre os conceitos máximos do “Conheça-te a ti mesmo” e da busca incessante por “Reforma Íntima”. Como lidar com nossos defeitos sem compreender que os temos? Só pelo conhecimento íntimo poderemos planejar nossas transformações e reforma. No Capítulo X do Evangelho Segundo o Espiritismo, Bem Aventurados os que são Misericordiosos, Jesus diz: “9. Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro do teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? - Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão” (Mateus, 7: 3 a 5). Por que temos tanta facilidade em rotular, enquadrar e julgar quem quer que seja de nosso convívio, se não possuímos uma gota de coragem para identificar, mesmo que no íntimo de nossos pensamentos, quaisquer de nossos desvios morais, tão importantes de serem encarados em prol do nosso aprimoramento? Ao buscar o autoconhecimento temos mais tolerância com os nossos defeitos e com os dos outros. Saber lidar com as nossas deficiências nos trás o domínio de nós mesmos. É imperioso termos a consciência de que não nascemos prontos e, por isso, temos a chance de reverter nossas tendências negativas. É também imperioso conscientizarmo-nos de que precisamos 42


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aprimorar não o nosso vizinho, irmão, pai, mãe, filho, marido ou mulher, mas sim a nós mesmos. Aprendemos antes, para ensinarmos depois. Vamos nos encontrando, convivendo socialmente, atentos às possibilidades de nos doarmos em caridade, plantando carinho e afeto, que se transformarão em puro amor. Estejamos convictos de que quanto mais fizermos por nós mesmos mais seremos amparados por nossos Guias Espirituais, que jamais nos abandonam e depositam em nós todos os créditos, sempre com as bênçãos de Deus.

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Depressão A depressão pode ser conceituada como uma alteração do estado de humor, uma tristeza intensa, um abatimento profundo e um manifesto desinteresse pelas coisas. Tudo perde a graça, o mundo fica cinza, viver torna-se uma tarefa difícil, pesada, com ideias fixas e pessimistas. O Ser que não se ama como deve, com sentimento de autoestima em baixa, afasta-se da sua natureza imortal, elo com a fonte inesgotável do Amor Divino. Além do mais, ao se fechar em seus problemas e suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo, que dificulta o acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício. O depressivo, ao invés de utilizar o seu potencial energético para desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, desperdiça energia com sentimentos de autocompaixão, tristeza e lamentações, sofrendo muito. É preciso muita luta interior para que o indivíduo renove seus conteúdos mentais inadequados, libertando-se de complexos de culpa e de ressentimentos, além de melhorar sua autoestima, abandonando o sentimento de autopiedade. Atualmente, a incidência da depressão atinge de 15 a 25% da população mundial. A medicina terrena já comprovou tratar-se de uma doença, enquanto a medicina espiritual informa ser uma doença psicofísica, cujos alicerces são espirituais. Na verdade, ela é uma doença multifatorial e exige muito esforço e perseverança para a obtenção da cura. Nesse processo, há que se considerar as causas orgânicas, psicológicas e espirituais. De acordo com o Espírito de François de Genève, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 25 (A Melancolia), uma das causas da tristeza que se apodera de nossos corações, fazendo com que a vida nos pareça amarga, ocorre quando o Espírito aspira a liberdade e a felicidade da vida espiritual, mas, vendo-se preso ao corpo, se frustra, cai no desencorajamento e transmite para o corpo apatia e abatimento, 44


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sentindo-se infeliz. Para François de Genève, então, a causa inicial é esta ânsia frustrada de felicidade, liberdade almejada pelo espírito encarnado, acrescida das atribulações da vida com suas dificuldades de relacionamento interpessoal, intensificada pelas influências negativas de espíritos encarnados e desencarnados. O quadro depressivo não surge de um momento para o outro. É muito importante procurar o auxílio de um profissional, seja médico ou terapeuta habilitado, além de ajuda espiritual. Frequentar um Centro Espírita pode ajudar muito no tratamento, recebendo passes, tomando água fluidificada, assistindo às palestras e participando dos trabalhos sociais da Casa. A meditação é também um excelente recurso como método preventivo e vem obtendo grandes resultados.

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Desapego O apego aprisiona e o desapego liberta. Há diversos tipos de apego. Ele pode se manifestar com relação às coisas materiais, às situações, a um relacionamento e ao nosso próprio corpo. Segundo Kardec, em o Livro dos Espíritos, questão 913, o egoísmo é o maior dos vícios, o mais pernicioso, dele decorrendo muitos outros. O apego é um deles. Agarramo-nos a alguém ou a algo por medo de perder o que “julgamos” ter. Digo julgamos porque, na verdade, não somos possuidores de nada material. Tudo que temos é por empréstimo. Praticar o desapego não significa que devemos abandonar a vida terrena, mas ter a consciência de que ela é passageira, transitória. O que é permanente é o Espírito. Priorizamos a aquisição de coisas materiais, o domínio sobre situações e relacionamentos, esquecendo de nossas conquistas espirituais, que é o que levamos. Quando conseguimos trabalhar o desapego, vamos, paulatinamente, conquistando a felicidade. Percebemos que ela não depende do outro. Embora possa parecer, o desapego não significa desleixo, falta de amor. Devemos entender que tudo tem seu tempo de iniciar e acabar. No desapego permitimos que um fato ou uma situação se encerre para que outra se inicie. Assim é. Por vezes, confundimos o apego com algo positivo, pois temos a sensação de que, procedendo dessa maneira, estamos sendo cuidadosos, e desleixados quando nos desapegamos. O apego nada mais é do que uma dependência emocional, que acaba trazendo sofrimento. À medida que nos vamos apegando, controlando situações e pessoas, ficamos aprisionados e aprisionamos. O resultado, no caso, é a infelicidade de todos. Perdemos a paz, dificultando a solução de problemas e tirando a paz daqueles a quem nos apegamos. Tudo isso gera uma energia que em nada contribui para que as coisas se resolvam e ainda trás prejuízo aos relacionamentos, afastando as pessoas. 46


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Não devemos nos privar dos prazeres terrenos, como bens materiais e a convivência com pessoas, mas sempre com a alma em desapego, sem a preocupação de perdê-los, sem o sentido de posse. O mais sério dos apegos é, sem dúvida, o emocional, pois mantemos a ilusão de que o outro nos pertence e que ele também nos considera sua posse. Esse sentimento pode durar muito tempo, criando profundos vínculos cármicos. Finalmente, devemos procurar nas pequenas coisas exercitar o desapego, pois somente nos libertando delas, a princípio, conseguiremos exercer o desapego de forma mais abrangente e necessária ao nosso progresso.

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Diferenças – Como conviver Viver é relativamente fácil quando se tem saúde, conviver com o próximo é que se torna complexo, principalmente quando resquícios do egoísmo ainda residem em nossos corações. Conviver em plenitude e de forma sadia é sinônimo de sabedoria, principalmente em família, no amor e mesmo no trabalho, pois é o grande desafio em nossa jornada, uma vez que consiste em pôr em prática tudo aquilo que fomos aprendendo desde a tenra idade na presente encarnação, como também em todas as pretéritas. Conviver é sinônimo de aprendizado, de treino do amor que oferecemos ao outro e a nós mesmos. Não há como amar alguém sem antes entender que a primeira oferenda de amor deve ser direcionada a nós mesmos. Longe de ser percebido como um gesto de egoísmo ou narcisismo, ao agirmos com mais autoestima não nos magoaremos com tanta facilidade e da mesma forma não magoaremos o próximo. Progredir individualmente requer melhor entrosamento com a diversidade. Ao procurar compreender o outro, nos abrimos para uma compreensão maior da vida, pois as barreiras que geramos no campo dos sentimentos são desmontadas. Assim, vencemos a nossa pequenez em querer impor os nossos modelos em detrimento da singularidade do outro. Todos somos diferentes e temos o que ensinar uns aos outros. A beleza da vida está aí, na troca e no aprendizado recíproco. O mundo tende a cada dia para, através do convívio fraterno, aceitarmos as diferenças. Caminhamos para a evolução da Terra em um mundo de regeneração, onde as diversidades serão respeitadas e acatadas. Se você encontra uma pessoa difícil em sua intimidade, essa é a criatura exata que perante as leis da reencarnação lhe foi trazida para o trabalho de aperfeiçoamento. Se as diferenças nos incomodam, lembremos que temos uma longa trajetória reencarnatória e talvez o que nos perturba agora pode ter sido marcante em uma reencarnação passada. Lutarmos 48


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contra os preconceitos se faz mais do que necessário. Se você realmente ama aqueles que lhe compartilham a estrada, ajudeos a se tornarem livres para encontrarem a si mesmos, tal como você deseja sua própria independência, para ser quem verdadeiramente é em qualquer lugar. No campo da convivência é preciso ter tolerância para com os outros a fim de que também sejamos suportados, pois quem valoriza a estima alheia revela apreço pelo seu semelhante. A vida vem de Deus, a convivência vem de nós.

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Dor e sofrimento Os sofrimentos podem ser os mais variados possíveis. Sofremos ao enfrentarmos uma doença física, pela perda de pessoas queridas, por arrependimento de atitudes contrárias à nossa essência moral, por uma situação familiar dolorosa, decepções, misérias, enfim, inúmeras são as causas que podem provocar o sofrimento e a dor, seja esta física ou moral. A dor física anuncia que algo em nós não vai bem e que precisamos de cuidados. Embora sempre queiramos fugir, ela nos oferece a oportunidade de reflexão, a volta para o nosso interior, objetivando o autoconhecimento. A dor é democrática, tanto sofrem os grandes gênios como as pessoas mais apagadas, tanto sofrem ricos como pobres, jovens ou idosos. A dor é contingência inerente à vida e sua atuação enobrece o espírito. A dor moral tem como objetivo o burilamento do Espírito e a correção de rumo, para melhor alcançarmos os objetivos e acertos com as Leis Divinas. O Espiritismo nos ensina que todos os nossos sofrimentos são afeitos à Lei de Ação e Reação. Todos nós, que vivemos neste planeta de expiações e provas, trazemos necessidades de acertos com a Lei e carecemos de muita coragem para não falirmos em relação ao progresso espiritual. As pessoas que possuem débitos com a Lei de Causa e Efeito necessariamente precisam resgatá-los. A Doutrina Espírita nos ensina que, por sermos responsáveis por nossos atos, os erros são irrevogavelmente reparados e esse acerto virá, mais cedo ou mais tarde. Nas dores morais a sabedoria divina considera que qualquer ajuste só é válido quando o indivíduo tem esclarecimento espiritual para entender o porquê do sofrimento, o que justifica a falsa noção de que os bons sofrem e os maus saem ilesos. Aqueles com menor progresso espiritual não têm ainda sentimentos mais refinados para entender a dimensão dos seus erros. Ninguém passa por um sofrimento sem que haja uma razão específica. No capítulo VI do Evangelho Segundo o Espiritismo há um alerta sobre a verdadeira causa dos sofrimentos. Se fizermos uma análise interna para 50


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buscar a origem dos nossos males, veremos que a maior parte dos nossos sofrimentos está relacionada a problemas que poderíamos ter evitado se fizéssemos melhores escolhas. A dor e o sofrimento fazem parte da vida. Cabe a nós estarmos atentos e de cabeça erguida diante das provas que nos chegam, livrando-nos dos sentimentos inferiores, através do entendimento de que a vida é uma escola e que sairemos daqui, com certeza, mais fortalecidos diante das dificuldades, avançando na escala evolutiva.

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Empatia Empatia é a capacidade de “entrarmos no sentimento do outro”. O espiritismo ensina que somos iguais em essência, que fomos criados simples e ignorantes. Aquele que consegue se colocar no lugar do outro, que consegue sentir o mundo como se fosse o seu próprio mundo, exerce a empatia em sua plenitude. A empatia é uma das mais úteis ferramentas para ser bem sucedido na reforma íntima. É a falta dela que faz com que pessoas julguem e condenem, pois só se baseiam em seus próprios princípios. A carência de empatia faz com que as pessoas achem que tudo que fazem está certo e, embora bem intencionadas, consideram correto, sob o seu ponto de vista, seu gosto, sua opinião, ou seja, única e exclusivamente segundo seu ativo evolutivo. No entanto, não são capazes de se darem ao trabalho de tentar olhar pela perspectiva do outro, nem se colocam no lugar dele. O exercício da empatia faz com que as pessoas não julguem, pois não se baseiam em seus próprios princípios e sim em algo bem mais amplo, ou seja, os ensinamentos do Mestre Jesus. A passagem bíblica em que o Mestre Jesus mandou que entre os presentes aquele que nunca tivesse pecado que atirasse a primeira pedra na mulher adúltera, pode ser entendida como uma grande lição de empatia, e, como sabemos, nenhuma pedra foi lançada. A falta desse sentimento, ou seja, de compreensão, muitas vezes causa o fim de muitos relacionamentos promissores. Quem tem a capacidade de exercer a empatia, consegue desenvolver a compaixão e estender as mãos para auxiliar o necessitado. Quem sente empatia pelo outro, entendendo as razões que o movem, consegue suavizar o ódio, o rancor, o ressentimento e se prepara melhor para o perdão. À medida que vamos evoluindo, começamos a compreender que so52


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mos todos companheiros de jornada, caminhando e crescendo através das múltiplas encarnações. Entendendo isso, teremos a certeza de que já cometemos muitos erros pelo caminho e da mesma maneira que desejamos ser compreendidos devemos compreender nossos irmãos.

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Escolhas Passamos a nossa existência fazendo escolhas constantemente, algumas mais corriqueiras, como qual roupa vestir, o que comer no almoço etc., outras mais importantes, como qual profissão seguir, com quem casar, ter filhos ou não, tentar a vida fora ou no Brasil, por exemplo. É importante refletirmos quais as consequências dessas escolhas, pois elas poderão afetar, às vezes, o resto de nossas vidas e mesmo outras encarnações. Elas podem, ainda, influenciar e provocar consequências, nem sempre boas, na vida dos outros. Por que será que estamos ainda neste planeta de provas e expiações? Certamente, pelas inúmeras más escolhas que fizemos ao longo de nossas existências. Em certas situações de tensões e agressões, ao invés de nos mantermos em estado de equilíbrio e calma partimos também para o revide, através de uma palavra dita de forma irritada, raivosa e impensada, que pode levar a consequências dramáticas. Quantos assassinatos e suicídios são resultado de uma escolha infeliz? Muitas vezes, ficamos frustrados por escolher uma determinada situação que não se concretiza. Nessa hora é que, através do entendimento espírita, vamos compreender que foi feito o melhor para nós. Devemos lembrar que existe algo chamado planejamento reencarnatório, realizado anteriormente à nossa atual reencarnação, quando nos reunimos com espíritos elevados, onde diversos apontamentos foram feitos acerca de nossas futuras experiências, opções etc., sempre levando em conta o que seria melhor para a nossa evolução. Todas essas ponderações e planos foram propostos com a nossa anuência, levando em conta o nosso livre arbítrio. Somente através da reforma íntima, combatendo o nosso orgulho, egoísmo, inveja, ódio, cultivando a paciência e aplicando os ensinamentos do Mestre Jesus, como não fazer ao próximo aquilo que não queremos que façam a nós mesmos, e seguindo os princípios da fraternidade e do amor que abraçarmos, estaremos no rumo da necessária renovação e 54


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atingindo o equilíbrio, o que irá nortear as nossas escolhas. Ao fazermos as escolhas precisamos atentar para três perguntas importantes, que nos ajudarão a tomar as melhores decisões: – Eu quero? – Eu posso? – Eu devo?

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Família Em se tratando de família, a primeira noção que nos vem à mente é a da tradicional, geralmente formada pelo pai e pela mãe, unidos pelo matrimônio, e por um ou mais filhos. Porém, estudos no âmbito da sociologia consideram que esse agrupamento humano, para adequar-se a um novo contexto social, sofre um processo de transformação. Enquanto, no passado, a família era vista como agrupamento de pessoas ligadas pelos laços da consanguinidade, hoje o conceito se ampliou. Os sociólogos consideram que se pode aceitar como família um casal e seus filhos, o casal sem filhos, ou pessoas que se unem por afinidade. O conceito atual aproxima-se bastante da ideia espírita, de que os verdadeiros laços de família não são os da consanguinidade, mas os da afinidade espiritual. Os Espíritos, ensina a Doutrina Espírita, vivem em grupos afins, guiados por interesses e afeições que se cultivam no decorrer dos milênios, ou por antiga divergência, que ainda não conseguiram eliminar. “Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos espíritos através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem moralmente, já na existência atual”, como nos ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo. Muitas famílias se dissolvem devido a mortes prematuras, outras por motivos diversos como desuniões, vícios, desvios de conduta provenientes do uso incorreto do livre arbítrio. A constituição da família tem uma importante função educadora e regenerativa. Nem todas as famílias vêm unidas pelos laços de amor; muitas são construídas e desenvolvidas para conter ódios e desavenças do passado. Às vezes, nos perguntamos: “por que nasci nesta família?” Muitos são aqueles que se sentem deslocados perante a sua família, sentem-se como se a ela não pertencessem, e não raro até se costuma dizer que nós 56


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escolhemos os amigos, mas não a nossa família. Porém, ela não é um acaso ou a mera fatalidade do destino. A formação de um lar é o planejamento que se desenvolve no mundo espiritual. É no grupo familiar que temos as melhores oportunidades de aprendizado e experiências. Cada espírito que reencarna trás em si a sua personalidade já formada em encarnações anteriores. As semelhanças de características psíquicas e morais entre pais, filhos e outros descendentes não provêm da carne, mas sim do espírito. A natureza humana é espiritual, não material. Mesmo com desavenças e sofrimento, fazemos parte de determinada família para aprendermos, ensinarmos e crescermos espiritualmente. Procurar ter o mais fraterno e respeitoso convívio é um dos meios para podermos ir superando as dificuldades de convivência. O fundamental é entender que estamos inseridos em famílias diversas, mas fazemos parte de uma só, tendo todos nós o mesmo Criador. A cada encarnação mudamos de pais consanguíneos, porém, em todas elas, Deus é sempre o imutável Pai.

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Homossexualidade Podemos definir a homossexualidade como atração física/emocional e relacionamento afetivo entre pessoas do mesmo sexo. Este conceito passou por um extenso processo de transformação ao longo dos anos, por se ter ampliado o conhecimento científico, que possibilitou a interpretação dessa questão sob novas perspectivas. Há alguns anos a Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial de Saúde, excluiu o homossexualismo da lista de doenças, passando a ser a homossexualidade considerada como característica de um ser, humano ou não, já que também é observada entre outros animais. Hoje se sabe que os transtornos psicológicos dos homossexuais não são devidos à orientação sexual em si, mas decorrentes da discriminação, do preconceito, de maldades e incompreensões de que são vítimas. Existe muita controvérsia em aceitar a homossexualidade, mas o que temos que fazer é entendê-la, à luz da Doutrina Espírita. Sabemos que o corpo material é uma roupagem utilizada pelo espírito quando encarnado e que pode se manifestar como homem ou mulher. Tal espírito tem especificidades psicológicas, resultantes de inúmeras conquistas efetuadas em suas anteriores encarnações. Já tivemos e ainda teremos corpos masculinos e femininos, porque precisamos conquistar valores morais, através de situações em ambos os invólucros físicos, o que faz parte do nosso processo evolutivo. Perceber que os homens têm a sua parcela de feminilidade e as mulheres a sua parcela de masculinidade é compreender o fenômeno das conquistas morais e intelectuais no campo da reencarnação. Tendo sido homem ou mulher em várias vidas, pode o espírito conservar as características que neles ficaram sedimentadas e, voltando à Terra, passam a exibir as inclinações e gostos correspondentes. Essas vivências podem ocorrer por experiência evolutiva, por prova ou expiação. Esta última ocorre quando o homem ou mulher precisa aprender, através 58


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dos problemas sofridos pela sua condição homossexual, o respeito pelos outros, em decorrência de ilusões que tenha espalhado em suas vidas pretéritas. De qualquer forma, o homossexualismo é prova difícil tanto pelos problemas que ocasiona ao espírito como pelos que a pessoa precisa encarar no convívio da sociedade. Não estamos encarnados na matéria para condenar ou aprovar comportamentos de outrem, mas para aprender a amar o nosso próximo, aceitando-o com as suas inclinações, como gostaríamos de ser aceitos com as nossas, por vezes tão difíceis que chegamos até a ter dificuldades em falar sobre elas. Precisamos lembrar, também, que possivelmente já sofremos por nascer com a alma aprisionada em um corpo desconfortável para nós. Portanto, aceitemos os nossos semelhantes como eles realmente se revelam, tratando-os com amor e com carinho porque são nossos irmãos, que numa determinada existência passaram pela experiência da homossexualidade. Que tenhamos por eles o mesmo amor, respeito e consideração que sentimos por qualquer outra pessoa, pois o que realmente importa não é a condição sexual de ninguém, mas em sermos bons.

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Intolerância Intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferentes crenças e opiniões. Seria o ato de depreciar uma pessoa por causa de suas orientações políticas, religiosas, sexuais etc. Embora não seja caracterizado como um crime, a intolerância já levou, ao longo da história da humanidade, a inúmeras tragédias. O desafio do mundo contemporâneo é fazer com que todas essas identidades consigam conviver juntas e em paz. Na atualidade, as atitudes mais extremas de intolerância, como o racismo e o sexismo, são reprovadas abertamente, mas essas mesmas atitudes se reproduzem em outras áreas de um modo mais velado, podendo apresentarse em forma de deboche ou desqualificação. O intolerante sempre acha que tudo deve acontecer como ele deseja. A intolerância e o criticismo andam juntos. Os intolerantes não aceitam os fatos como são e se tornam impacientes. Os críticos, igualmente, não veem a realidade como ela é e vivem tentando impor seu modelo para todas as coisas. A lista de crimes e barbáries contra a humanidade baseada na intolerância é vasta, basta recordar a Inquisição e o Holocausto judeu. A noção de tolerância que temos hoje possui raízes no Iluminismo. Em 1689, o filósofo inglês John Locke (1632-1704) escreveu o livro Cartas sobre a Tolerância, que trouxe importantes argumentos a sua defesa. Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU assinou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que, em seu primeiro artigo, afirma que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os indivíduos têm direitos porque são seres humanos e não por sua condição social. O pensador Karl Popper (1902-1994) acreditava que a intolerância não devia ser aceita. Ele apresenta uma interessante síntese de sua teoria, a partir de três princípios: 1) Eu posso estar errado e você pode ter razão; 60


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2) Conversando racionalmente sobre as coisas, talvez possamos corrigir alguns de nossos enganos; 3) Se discutirmos racionalmente sobre as coisas, talvez ambos possamos ficar mais próximos à verdade. O Movimento Espírita mostrou-se sempre coerente com relação à intolerância, como relata Danilo Villela no livro Enfoques Doutrinários, acolhendo trabalhadores sem distinção de raça, sexo, idade ou condição social, mas sinceramente interessados nos estudos doutrinários e na melhoria de si mesmos, dispostos a cooperar na construção de um mundo melhor, no qual todos se sintam realmente irmãos, integrantes da grande família humana. Devemos, então, manter sempre a esperança de que, um dia, a intolerância possa ser banida definitivamente do nosso convívio e que se consiga viver, civilizadamente, com nossos irmãos que pensam e agem de forma diferente.

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Inveja Inveja é o desejo de ter um bem que o outro possui ou desfruta. É um dos sentimentos mais negativos e antigos que o homem trás no seu íntimo, levando-o às piores ações. Na Bíblia encontramos um dos primeiros relatos conhecidos acerca da inveja. Trata-se do homicídio de Abel por seu irmão Caim. A inveja é calada, dissimulada, sem sintomas aparentes. Mãe da calúnia e da maledicência, do ódio e da destruição. Quase sempre aparece de forma camuflada, sem que seja percebida e, por conta do seu continuísmo, tem uma grande força que pode abalar os invejados. Constatamos que, muitas vezes, o bem-estar do próximo nos incomoda. Nossa sociedade ainda é imatura e a posse é uma forma de segurança, sendo a felicidade em grande parte medida pelos bens acumulados. Mas, não só na posse de bens materiais encontramos a ocorrência da inveja. No ambiente social verificamos a sua existência nas comparações de toda espécie sobre aparência física, intelectualidade e aptidões. No campo moral o sentimento de inveja se apresenta quando as qualidades encontradas no próximo nos incomodam, mostrando o atraso em que ainda nos encontramos. A necessidade de poder e de prestígio desmedidos dos indivíduos nas mais diversas áreas de atuação pode também levar a situações de inveja e de sofrimento, tanto para o invejoso como para o invejado. A inveja está mesclada a outros sentimentos, como a cobiça e o ciúme. Muitos confundem inveja com cobiça, mas são sentimentos diferentes. A inveja é destrutiva, a cobiça é competitiva. A inveja detesta a competição, enquanto a cobiça nos impulsiona a conquistarmos o que outros já alcançaram. Cada vez mais o mundo em que vivemos aumenta em competitividade, principalmente no campo profissional, financeiro e amoroso, e onde existir disputa entre as pessoas criam-se condições propícias ao 62


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desenvolvimento da cobiça. Contudo, para alguns o sentimento que surge nessas horas é o da inveja e, nesses casos, o desejo é de que o outro perca o que conquistou. Nesse processo, o invejoso se compromete com a Lei de Ação e Reação e possibilita que os espíritos inferiores se liguem a ele pela afinidade. Termina, assim, preso a esta sintonia, tornando-se também um infeliz. Faz-se importante ressaltar que tudo o que conquistarmos em termos espirituais será por mérito próprio e não por ambicionarmos o que outros conquistaram. Vamos nos lembrar do ensinamento do Mestre Jesus acerca do “Orai e Vigiai”, mantendo nossos pensamentos, atitudes e ações dentro desse princípio o máximo possível. Assim, iremos conquistando, por merecimento, uma faixa de vibração mais elevada e conseguindo bloquear as más influências de encarnados e desencarnados.

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Mágoa A palavra mágoa vem do latim macula e tem o mesmo significado de mancha, nódoa. Possuía, originalmente, o sentido de impureza. A mágoa é um sentimento reativo, na grande maioria das vezes, a algo que nos é enviado. Logo, nesses casos, sua origem está em fatores externos, mas sua intensidade e permanência em nossos corações dependem exclusivamente de nós. Na verdade, desenvolvemos uma série de expectativas sobre os outros por esperarmos que eles se comportem segundo a nossa forma de pensar, sem considerarmos se têm condições para tal, se podem ou querem agir como esperamos. Acreditamos saber o que é o melhor ou o mais correto e, quando isso não acontece, ocorre a mágoa. Muitas vezes, inconscientemente, acreditamos que ao fazer algo pelo outro criamos um crédito de favor. Então, quando não recebemos o que esperávamos, ficamos aborrecidos e nos sentimos desvalorizados ou enganados. Podemos também nos tornar magoáveis por termos criado expectativas e então acabamos nos frustrando quando as coisas não saem do jeito que queríamos. Não percebemos que muitas cobranças que fazemos correspondem a uma idealização e a uma atitude perfeccionista. O cultivo da mágoa e de suas emoções conexas – a raiva e o ressentimento – descarrega vibrações negativas na corrente energética da pessoa, resultando em prejuízos no corpo físico e danos emocionais, na forma de patologias físicas ou psicológicas. É necessário vigilância e ação da vontade para converter a mágoa em compreensão e tolerância. Não temos como controlar o livre arbítrio das pessoas que nos cercam, portanto, são as ações, omissões, pensamentos e palavras que nos dirigem que despertam em nós sentimentos e sensações. Mas controlamos, sim, o nosso livre arbítrio para determinarmos como a conduta do outro irá nos atingir, pois essa capacidade de tomarmos decisões por conta 64


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própria, conforme nossa livre escolha, é faculdade conferida por Deus, é direito natural, e poderá ser bem exercido, nos protegendo de ofensas, conforme nossos valores e moralidade. Admitir a mágoa é o primeiro passo para trabalhá-la. Depois, é necessário assumir uma atitude de não intensificá-la, isto é, não ficar trazendo à mente a lembrança dos fatos ocorridos e não relembrar cenas e sentimentos estacionados no passado. Devemos procurar criar um distanciamento mental e emocional dos acontecimentos que nos magoaram. Com essa atitude, será mais fácil desenvolvermos um sentimento de compreensão e aceitação, para podermos perdoar. O perdão nos liberta do acontecimento ou da pessoa que nos magoa, nos ofende e nos faz sofrer. Perdoar um antagonista é não lhe retribuir a ofensa, não o odiar, não o conduzir no pensamento, enfim, é a libertação de um vínculo.

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Medo O medo é classificado como um dos piores inimigos das criaturas. Por se alojar na Alma, sobrecarrega as energias dos chacras plexo solar e cardíaco, comprometendo, por conseguinte, a saúde como um todo. Uma de suas causas é a conversão da mente para as calamidades e desastres, que, uma vez gerando bloqueios, levam à perda de boas oportunidades de aprendizado. Todos os tipos de medo têm suas denominações e implicações, porém uma das mais problemáticas é a denominada fobia social, que leva ao isolamento e à depressão, atrapalhando a convivência em todas as áreas de relacionamento. Diversas matrizes do medo podem ser fixadas ainda na infância, muitas vezes até transmitidas, inconscientemente, por parentes, amigos ou pelos próprios pais. Podem, também, ser oriundas de conflitos herdados de existências passadas, de sofrimentos significativos na erraticidade e do assédio de entidades ignorantes (este último fenômeno conhecido por obsessão). O medo paralisa e nos acovarda. Podemos perder grandes oportunidades de crescimento espiritual e até material por medos que não conseguimos superar. Daí a razão prioritária de identificar e classificar esses infinitos medos para melhor administrá-los. Quando não se consegue dominá-los racionalmente (autoliberação), um bom caminho a seguir é procurar aconselhamento simultâneo, ou seja, psicanalítico e espiritual. A terapia espiritual fortalece a fé e onde ela está presente o medo tende a perder a força. Não podemos ocultar, porém, que o medo é um sentimento necessário, pois nos ajuda a ter consciência dos perigos e a nos defender deles. Muitas pessoas têm medo da morte (necrofobia) simplesmente por gostarem da vida terrestre e temerem deixá-la para sempre na crença 66


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de que tudo fica encerrado com a morte física. Outras têm medo do desconhecido, mas sequer se interessam por conhecer algo a respeito. Segundo o psicanalista Luiz Alberto Py, o medo de morrer é, na verdade, uma forma confusa e desorganizada de manifestar o desejo de viver. Enfim, para triunfar sobre o medo é importante estar livre de todo e qualquer conflito mental, a fim de poder abordar cada situação com naturalidade, principalmente com fé em Deus, em si próprio e nas pessoas.

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Paciência A palavra é de fácil entendimento, porém de difícil execução. É senso comum que o autoconhecimento e o equilíbrio emocional são fatores preponderantes para a conquista da paz interior e da desejada paciência. A palavra foi definida recentemente em palestra na Aliança do Divino Pastor como a ciência da paz. E como ciência, ela pode e deve ser conquistada. Essa virtude demonstra o autodomínio. O teste da paciência só pode ser realizado quando o indivíduo enfrenta momentos difíceis e aflitivos em sua vida, nos quais possa, eventualmente, ocorrer uma situação de desespero, que fuja totalmente ao controle. Nesses momentos é que se consegue identificar a dimensão da paciência de cada indivíduo. Divaldo Franco, em palestra, afirma que são nesses momentos conturbados da vida que somos testados. O desafio é conseguirmos nos manter pacientes, apesar da criticidade dos problemas que nos são apresentados. Segundo ele, se a pessoa tiver que passar por aquela dificuldade de qualquer maneira, então que ela conserve a paciência como instrumento de luta, deixando de lado os convites ao desespero. Divaldo também relata que o autoconhecimento é o caminho para se ter paciência, pois quando há conhecimento pleno de si mesmo, há equilíbrio e paz interior. No entanto, a paciência precisa ser exercitada, principalmente em ambientes tumultuados, pois algumas vezes é preciso esperar, suportar incômodos, sem alterar a serenidade. No capitulo IX do Evangelho Segundo o Espiritismo está escrito que a paciência é considerada uma caridade, principalmente quando ela é baseada na tolerância, na perseverança e na aceitação dos erros alheios. Ela também é a capacidade de se persistir numa atividade difícil, mantendo a tranquilidade e crendo que será possível conseguir o que se almeja. É também importante esperar o momento preciso para certas atitudes, aguardar em paz a compreensão que ainda não se tem, exercitando a capacidade de ouvir o próximo com calma e atenção e de se libertar da ansiedade. 68


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A fé facilita o exercício da paciência e a harmonização com a vida, adquirindo-se, dessa forma, esse tesouro valioso. Quando o homem sabe quem é e tem a certeza de Deus como Ser Supremo, Justo e Bom, reconhecendo a sua vida como um mecanismo de evolução e as dificuldades como provações necessárias, então ele já possui a fé robusta que automaticamente afasta a inquietação. Essa fé, que garante no dia de amanhã a esperança e o equilíbrio proporcionados pela Providência Divina, combate a inquietação e enseja o alcance da paciência.

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Perdão Temos convicção de que nascemos para sermos felizes e estamos buscando sempre a paz e a felicidade. Essa é a meta de todas as criaturas. Quando se reconhece um erro, decorrente de um ato impensado ou comportamento equivocado, se faz necessário pedir o perdão. De nada adianta continuarmos a perpetuar os mesmos erros e agressões sem nenhum sinal de esforço pessoal para que essas atitudes negativas sejam banidas de nossa personalidade. É a reincidência de erros, cometidos de forma compulsiva e regular, que demonstram a impotência em vencer a batalha da reforma íntima. Na pergunta 661 do Livro dos Espíritos, a resposta vem bem clara para todos nós: “Aquele que a Deus pede perdão de suas faltas só o obtém mudando de proceder”. Conforme nos ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo, há duas maneiras bem diferentes de se perdoar: o perdão dos lábios e o perdão do coração. O perdão verdadeiro se reconhece nos atos bem mais do que nas palavras. Se tentarmos interpretar o famoso ensinamento de Jesus de que devemos perdoar “setenta vezes sete”, chegaremos à conclusão de que, como seres em evolução neste planeta, estamos todos passíveis de cometer os mesmos erros e da mesma forma. Então, temos o dever de perdoar nossos irmãos para que um dia, igualmente, sejamos perdoados. Contudo, perdoar não é apoiar comportamentos que nos tragam dores físicas ou morais; não é fingir que tudo corre bem quando tudo a nossa volta está em ruínas; não é esquecer a dor que nos atingiu; não é ser conivente com as condutas inadequadas do ser humano. Perdoar é ter compaixão. O Espírito Hammed nos alerta que perdoar é um modo de viver. Perdoar é, acima de tudo, a habilidade de compreender as dificuldades do próximo. O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige reconhecimento de qualquer natureza. Quem perdoa sinceramente 70


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deve fazê-lo no mais íntimo do coração, já nos ensinava Emmanuel. Por outro lado, a iniciativa da reconciliação que devemos fazer, quando fomos nós os ofensores, tem a mesma importância, valendo lembrar que se nosso pedido de desculpas não for aceito, o problema não é mais nosso e sim de quem ainda não aprendeu a perdoar e que por isso, certamente, mantém o coração repleto de orgulho. Reconhecer os próprios erros e tentar repará-los são atitudes que contribuem para a nossa felicidade. O perdão é importante para a vida espiritual porque envolve o amor. Quem não perdoa atrofia sua capacidade de amar. Portanto, nosso lema é: Perdoar sempre!

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Perdas Quando falamos em perdas, as que logo costumam vir à mente são as de entes queridos, talvez por serem as que mais nos causam dor. É muito apego. Reconhecemos, então, que só nos libertaremos dessa dor e desse sentimento que tanto nos machuca através do desapego. O desapego é o remédio para qualquer perda, é a alteração conceitual dos efeitos deste substantivo feminino, que de negativos (dor, machucado, mágoa, ferimento, traumatismo, doença, morte) passam a ser positivos (evolução, desenvolvimento, compartilhamento, ajuda). Para as perdas de entes queridos, o desapego permite introduzir em nossos corações, efetivamente, a assertiva de Chico Xavier de que aqueles que amamos não morrem jamais, apenas partem antes de nós. Somos espíritos imortais, permaneceremos sempre juntos e, se amamos, devemos querer que todos estejam bem, aqui e lá, mesmo que separados momentaneamente pela matéria, mas nos sentindo sempre unidos em espírito. Em relação às perdas materiais, o desapego evita atos de vilania que nos comprometeriam por várias encarnações. Impede que pratiquemos o mal a nós mesmos e a outros para adquirirmos e nos mantermos em posições de poder, não dá espaços a sentimentos de inveja, ciúme, orgulho e vaidade. O desapego elimina o medo da perda e, assim, quando ela é necessária precisamos aceitá-la, permitindo que aconteça de forma a nos trazer aprendizado, compreensão quanto ao seu objetivo divino, sem sofrer sequelas, sem retardar nossa evolução espiritual, sem trocar nossas conquistas permanentes por prazeres temporários. Conforme orienta a resposta à questão nº 912 de O livro dos Espíritos, o meio mais eficaz de combater o predomínio da natureza corpórea é praticar a abnegação e o desprendimento de si mesmo. Vale dizer, é não ser egoísta. A vida é feita em ciclos. É preciso saber quando uma etapa chega ao final e 72


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permitir que ela se encerre. O fim de um emprego, de um relacionamento, um filho que parte para longe, um amigo que desencarna... A felicidade consiste em desapegar-se das coisas, pessoas, situações e sentimentos e permitir que uma nova etapa se inicie em nossa vida, assegurando-nos da necessidade de não ficarmos magoados e nem deixarmos mágoas nos outros. Isso não significa amar menos ou descuidar, pois, ao contrário, enquanto o amor liberta e cuida o apego aprisiona e sufoca.

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Perfeccionismo Perfeccionismo significa a obstinação de um indivíduo em fazer tudo com perfeição. Os perfeccionistas acreditam que o valor das pessoas é medido pelos acertos e erros, e valorizam, excessivamente, os desempenhos bem sucedidos, por acreditarem que os enganos diminuiriam os indivíduos. Inconscientemente, trazem pensamentos de que se forem imperfeitos não serão confiáveis, não terão sucesso e não serão amados. Como consequência, buscam agradar a todos e lhes corresponder às expectativas. Essas fixações por um desempenho perfeito são desenvolvidas na infância, e refletem necessidades de não falhar e, portanto, não desagradar, visando à obtenção de carinho e aprovação. Uma criação repressora e exigente gera pessoas com autocobrança e perfeccionismo exagerados. A criança quando recebe muitas críticas e imposições se sente atingida em sua autoestima, acreditando, inclusive, que é imperfeita. Ela procura o perfeccionismo como forma de ser aceita e amada, o que acaba fazendo com que negue o seu verdadeiro eu e suas reais necessidades. Para conseguir isso, torna-se exigente e rígida consigo mesma e com os outros. A cobrança pelo “acerto” tem um grande componente de orgulho e vaidade. O Ego necessita se sentir superior para ficar bem, compensar sua carência de afeto e apaziguar o medo de rejeição e abandono. Esse modelo perfeccionista, adquirido na infância, acompanha a pessoa ao longo de sua vida, lhe trazendo ansiedade, inquietação e sofrimento. Será necessário que ela reconheça possuir esse comportamento para empreender mudanças em suas atitudes, que inclui o respeito por suas vontades e propensões verdadeiras. Os perfeccionistas não se veem nem aos outros como espíritos falíveis. Eles não percebem que o único fracasso verdadeiro é não conseguir melhorar com os erros e que estes devem ser considerados como uma experiência de aprendizagem, pois o crescimento é lento e gradual, necessitando de 74


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tempo e prática. Nosso aperfeiçoamento vai sendo construído através das várias encarnações pelas quais passamos. Quando um resultado sair diferente do que se gostaria ou esperava, é preciso considerar o fato de estar em treinamento e aproveitar para aprender e fazer diferente na próxima tentativa. É importante trabalhar a humildade como forma de reconhecer o que realmente a pessoa é e o que sabe, respeitando as suas possibilidades e limites reais. O exercício da humildade leva à paciência, ao respeito do ritmo e do tempo de cada coisa, situação, de si mesma e das outras pessoas. Exigir perfeição de nós mesmos é esquecer que não somos ainda perfeitos, mas perfectíveis.

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Pessimismo Pessimista é a pessoa que sempre espera o pior de uma situação e que vê apenas o lado negativo de tudo. Tendo como característica a queixa, a lamentação, o acúmulo de mágoas, ela vive insatisfeita, sentindo-se vítima inocente. Assim, gera em volta de si um campo vibracional negativo, que atrai mais espíritos e pessoas sofredoras, generalizando esse comportamento enfermiço. As cidades, os países e o planeta também possuem o seu campo vibracional, sendo reflexo dos campos dos encarnados. O pensamento exerce influência nos fluidos espirituais. “A ação dos espíritos sobre os fluidos espirituais tem consequências de importância direta e capital para os encarnados. Desde o instante em que tais fluidos são o veículo do pensamento e que este pode lhes modificar as propriedades, é evidente que eles devem estar impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os colocam em vibração, modificados pela pureza ou impureza dos sentimentos. Os maus pensamentos corrompem o ar respirável. Os fluidos que envolvem os espíritos maus, ou que estes projetam, são, portanto, viciados, ao passo que os que recebem a influência dos bons espíritos são tão puros quanto o comportam o grau de perfeição moral deles” (Allan Kardec, A Gênese, cap.XIV, item 16). O pessimista possui uma ótica distorcida da realidade, não percebe o que lhe acontece de bom, o que é uma forma de ingratidão para com Deus. Faz uso de palavras como: “não vai dar certo”, “a tendência é piorar”, “não vai dar tempo” ou “a desonestidade sempre vence”. As ideias negativas tomam conta da sua mente, sendo o campo ideal para que miasmas deletérios se instalem e proliferem causando operações destruidoras, as quais levam à produção das degenerações celulares, gerando doenças. O nosso planeta é de provas e expiações, as dores existem, fazem parte da nossa encarnação. Devemos lutar para superar as dificuldades, sabendo que são necessárias para a nossa evolução. É preciso que haja 76


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uma mudança no comportamento mental, observar o lado bom das situações e confiar em Deus. Tenhamos fé nas nossas potencialidades, pois tudo correrá a nosso favor se esforçarmo-nos na busca do que desejamos. Façamos como o otimista, que vê na vida a beleza, a alegria, a bondade, o amor e a esperança. Sempre tenhamos um olhar positivo diante dos acontecimentos, tendo a certeza de que a Providência Divina nos acompanha e que o melhor virá.

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Preconceito E respondendo, João disse: “Mestre, vimos um que em teu nome expulsa demônios e lho proibimos, porque não te segue conosco. E Jesus disse: não o proibais porque quem não é contra nós é por nós.” Preconceito – conceito antecipado que fazemos sobre costumes, raça, sexo, condição social, material ou espiritual. É algo tão enraizado na humanidade que mancha o indivíduo que o cultiva, trazendo dor, morte e sofrimento de toda a espécie. Preconceito é dor dividida, pois leva vibrações de ódio tanto ao opressor como ao oprimido. Geralmente, está ligado à ignorância sobre determinado assunto, ao medo em relação a algo desconhecido ou ao orgulho. Em plena era de grande desenvolvimento, assistimos a guerras sangrentas, assassinatos cruéis e comportamentos dignos dos bárbaros, devido ao preconceito. Divaldo Franco afirma que é preconceituoso aquele que diz não ter preconceito, porque já tem preconceito por se dizer não preconceituoso. Todos nós, se buscarmos nos escaninhos da alma, somos vítimas dele. Alguns em pequena escala, outros em escalas alarmantes. O preconceito é responsável pela manutenção de ideias que têm dificultado o progresso humano no que diz respeito à ética e à moral, gerando discriminação, violência, confrontos e mortes, ou seja, sofrimentos. No alvorecer do séc. XXI, almas foram preparadas para reencarnarem com o objetivo de transformarem o mundo, visando um futuro melhor. Neste cenário, encontram-se claramente as chamadas minorias, com a missão de ensinar à humanidade a se livrar de “ranços” reencarnatórios, que nos acompanham há séculos. Daí nascerem tantos movimentos em que se trabalha, exaustivamente, para amenizar o que chamamos de preconceito. Nós, espíritas, e, portanto, reencarnacionistas, devemos combater com veemência o preconceito que, geralmente, nos trás ojeriza e horror, porque 78


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temos marcado em nossos espíritos algo profundamente ligado a ele. Para evoluirmos, precisamos nos desfazer de atitudes e comportamentos que nos enraízam aos submundos da inteligência e dos sentimentos. É indispensável exercitarmos a compreensão e o amor, buscando nas orações ajuda para a libertação. Entendamos que somos todos irmãos, filhos de Deus, e que Ele nos ama igualmente.

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Raiva A raiva, também conhecida como ira, cólera, irritação, nervosismo, é uma velha conhecida de todos nós. Apesar de tão comum, é uma emoção que devemos evitar. A raiva é a reação emocional imediata à sensação de que se está sendo ameaçado e que tal ameaça possa produzir algum tipo de danos ou prejuízo. A raiva também compromete nossa saúde, prejudica as pessoas que convivem conosco, faz com que elas se afastem de nós e atrai companhias desencarnadas indesejáveis. A maior dificuldade para eliminarmos a raiva é o fato de colocarmos a responsabilidade nas outras pessoas. Sempre que nos irritamos justificamos que foi devido ao comportamento de alguém. As pessoas podem nos prejudicar, coisas ruins podem acontecer conosco, mas ninguém vai nos obrigar a sentir raiva ou a reagir de forma violenta. É nossa responsabilidade controlar os nossos sentimentos. Não há quem já não tenha sido vítima da raiva. Sentir raiva é atitude natural e normal no quadro das experiências terrenas. Canalizá-la bem, tendo clareza até a sua diluição, é característica do ser saudável e lúcido, conforme assevera a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis. Mas, como impedir que essa sensação inquietante se alastre e não ocupe mais espaços na nossa mente e sentimentos? Segundo a mentora de Divaldo Franco, o primeiro passo a ser dado é a aceitação de que se está realmente com raiva. Não há motivo para nos envergonharmos da raiva e do fato de senti-la. Camuflá-la perante atitudes de falsa humildade e santificação são posturas de quem ilude a si próprio, optando pelo parecer em detrimento do ser. Em seguida, devemos nos indagar: “Por que fiquei tão bravo ou brava com a atitude daquela pessoa? Por que me deixei atingir tanto? O que ela fez de tão desagradável a ponto de conseguir me desequilibrar o restante do dia?” Nesse momento, inicia-se a racionalização da raiva, e 80


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então percebemos que nós mesmos tivemos participação ativa na sua elaboração. Não foi o outro que nos fez sentir raiva, pois fomos nós, de fato, os responsáveis. Logo, nós mesmos a produzimos. Está em nós a sua origem e não no exterior. Canalizar bem a raiva significa, assim, refletir sobre o porquê de nosso desequilíbrio momentâneo. Da mesma forma, outro recurso deve ser empregado: refletir sobre a origem daquele procedimento em quem o manifestou. Isso significa perceber que a pessoa estava em desarmonia no momento em que agiu de forma impensada, produzindo o conflito. Significa tentar perceber que o outro atuou sem nenhuma intenção de produzir o dano que nós então sentimos. O Espiritismo nos esclarece que somos Espíritos em evolução e também o resultado do que fizemos no passado. Não foi Deus quem nos deu nossos defeitos. Fomos nós que os produzimos e compete a nós eliminálos. Sem esta noção de responsabilidade fica difícil nos dispormos à reforma íntima.

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Vontade O universo é a expressão da Vontade Divina. Ela tem sido interpretada como a que rege tudo e todos – não só as vicissitudes da Terra, como as guerras, tragédias, acidentes, doenças, mas também tudo o que existe de felicidade e amor. O Espiritismo, porém, explica que a vontade e justiça divinas são perfeitas como o amor e a misericórdia presentes em toda a criação universal. As dores e sofrimentos são opções do homem pelo mau uso do livre-arbítrio, enveredando assim pelos caminhos do erro e desamor. A vontade é uma faculdade do espírito e o homem poderá empregála para o mal ou para o bem sobre os fluidos espirituais e materiais. O espírito foi criado simples e ignorante, mas com um determinismo inevitável, que é a sua evolução. Nesse processo, o homem passou por várias etapas. No princípio, quando ele ainda mantinha um estreito parentesco com os animais, nele predominavam os instintos. Mais tarde, o homem desenvolveu a inteligência, e as sensações e emoções se tornaram determinantes, aumentando a percepção das coisas, surgindo a vontade, que é a força propulsora da vida. A vontade governa todos os setores da ação mental, comanda e mantém a disciplina, o equilíbrio e qualquer mudança em nossa vida. O uso da vontade é de grande importância no processo de transformação humana. É, portanto, uma função importante do espírito, pois é através dele que estabelecemos as nossas escolhas e assumimos os nossos compromissos. Porém, como qualquer aquisição do espírito, a vontade precisa ser trabalhada, passando por várias fases: MOTIVAÇÃO, DELIBERAÇÃO, DECISÃO, AFIRMAÇÃO, PLANEJAMENTO e EXECUÇÃO. Pela vontade escolhemos, para o bem ou para o mal, a nossa trajetória, sem nos esquecermos de que somos responsáveis por ela. Para o Espírito Joanna de Ângelis: “A vontade é, portanto, o motor que impulsiona os sentimentos e as aspirações humanas para a 82


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conquista do infinito, sendo sempre maior quanto mais for exercitada. Inexpressiva nos primeiros tentames, logo se transforma em comando das possibilidades que se dilatam, enriquecendo o ser com os valores imperecíveis da sua evolução.” Em síntese, a vontade é verdadeiramente fator decisivo em nossas vidas, de vez que ao exercê-la nutriremos a nossa existência com situações favoráveis ou não. Portanto, devemos prestar atenção às nossas escolhas e ao uso do nosso livre- arbítrio, pois através da vontade poderemos construir um futuro promissor.

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