Edição 9940 11-12-13-07-2020 (2)

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O DEBATE DIÁRIO DE MACAÉ

Macaé (RJ), sábado, 11, domingo, 12 e segunda-feira, 13 de julho de 2020

LICENÇA

Bacia de Campos com muito gás e óleo para queimar A Petrobras recebeu licença de operação do Ibama para perfurar no setor SC-AP3, no leste da Bacia de Campos, que tem dois blocos que geraram, em leilões em 2017

H

á mais mistérios entre a lâmina d’água dos oceanos e as profundezas dos leitos rochosos que podem supor nossa vã filosofia, diria Shakespeare, nos dias de hoje, sobre a cadeia produtiva de petróleo e sua sede por novas jazidas. Nesta semana, sem muito alarde, a Petrobras recebeu licença de operação do Ibama para perfurar no setor SC-AP3, no leste da Bacia de Campos, que tem dois blocos que geraram, em leilões em 2017, bônus de assinatura de R$ 3,6 bilhões. Esses números mostram a viabilidade do petróleo que há lá em águas profundas e suas perspectivas de geração de royalties para a região - o setor SC-AP3 tem suas ortogonais frontais ao município de Campos (RJ), incidentes, portanto, para base de cálculo de indenizações. Na 14ª Rodada de Licitações em 2017, o governo federal alcançou R$ 3,8 bilhões arrecadados com bônus de assinaturas. O ágio registrado chegou a 1.556%, gerando “o maior bônus de assinatura total da história” em um leilão de concessão. A melhor marca, anterior, ocorreu na 11ª Rodada, em 2013, com R$ 2,8 bilhões em bônus de assinatura.

DIVULGAÇÃO

Os números mostram a viabilidade do petróleo que há em águas profundas e suas perspectivas de geração de royalties para a região

Na 17ª Rodada, que seria feita esse ano, mas que foi adiada em abril pelos impactos da pandemia do Covid-19, é prevista a licitação de mais um setor expressivo da Bacia de Campos, o SC-AP1, e de parte do SC-AP3

que não foi licitada em 2017, na 14ª rodada. No total, foram aprovados 128 blocos para este próximo leilão. Os setores selecionados estão nas bacias de Campos e Santos (fora do polígono do pré-sal) e Pará-

Maranhão, Potiguar e Pelotas, totalizando 64,1 mil km2 de área. O setor SC-AP1 da Bacia de Campos tem linhas ortogonais beneficiando São João da Barra (RJ), e parte da área ainda a ser licitada do SC-AP3 cortando

novamente Campos. No setor SC-AP3 da Bacia de Campos o recorde ficou com os blocos C-M-346, com R$ 2,34 bilhões, e C-M-411, com R$ 1,2 bilhão, enquanto vários outros pequenos contaram com valo-

res de médios de R$ 12 milhões, R$ 30 milhões, R$ 40 milhões, e R$ 65 milhões de bônus. Esses blocos fazem parte das licenças liberadas agora pelo Ibama, compreendendo além dos citados C-M-346 e C-M411, os blocos C-M-210, C-M277, C-M-344, e C-M-413. Arrematadas na 14ª Rodada de Licitações de Gás e Petróleo, as áreas são operadas pela estatal (50%) em parceria com a ExxonMobil (50%). É projetada a perfuração de sete poços exploratórios, sendo três firmes (chamados Mairarê, Urissanê e Mairarê Oeste) e quatro contingentes (Urissanê Oeste, Quiriri, Mairarê Pocema e Tutoia). A estatal, contudo, não divulgou em quais blocos esses poços serão perfurados. Em princípio, cada poço deve sediar um Teste de Formação de Reservatório (TFR), que será contingente aos resultados da perfuração. As atividades serão realizadas pelo navio-sonda ODN II, da Ocyan e, como alternativa, o West Tellus, da Seadrill, responsável pela perfuração de Naru. O primeiro período exploratório dos seis blocos tem término previsto para janeiro de 2025. FONTE: FATORE

PERDA

Saída de profissionais da Petrobras faz companhia perder capital intelectual A Petrobras informa que deve reduzir em 22% seu atual quadro de funcionários por meio de programa de desligamento voluntário (PDVs) O anúncio feito pela Petrobras na semana passada (2), informando que deve reduzir em 22% seu atual quadro de funcionários por meio de programa de desligamento voluntário (PDVs), pode estar levando a empresa para uma espécie de escola primária do petróleo e gás. É o que muitos acreditam. O percentual também inclui os desligamentos via Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI), voltado aos empregados aposentáveis até 31 de dezembro de 2023. Os dois programas vão atingir 10.082 funcionários. Isso vai significar a

perda repentina dos funcionários mais graduados e mais experientes que, na verdade, é a grande memória técnica da companhia, o seu grande capital intelectual. Aparentemente não está havendo uma transição, mas uma ruptura. Para sequência da companhia, pode não ser um fator positivo. A resposta da empresa é tecnocrata: “ as medidas são parte das ações de resiliência, com objetivo de maximizar a geração de valor para os acionistas”. Só o PDV, encerrado no último dia 30, teve 9.400 inscritos. Os demais programas atingiram 670 inscritos. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, diz que os PDVs contribuem para a redução permanente da estrutura de custos, o que ajudará a empresa a enfrentar com sucesso um cenário de preços mais baixos do petróleo no longo prazo. Mas aí há uma antítese na política que ele está impondo em Sede da Petro-

brassua própria administração. O seu desejo é que a Petrobrás seja apenas uma empresa de exploração e produção. Se ele reconhece que os preços do único ativo que a companhia terá no futuro serão deprimidos, para onde a empresa está sendo levada? Parece ser um rascunho de apenas uma Trading, muito distante do que a empresa já representou para o país. A Petrobrás acredita que a redução de custo com o pessoal nos próximos cinco anos seja em torno de R$ 4 bilhões por ano. O retorno adicional menos o desembolso, as indenizações serão de aproximadamente R$ 18 bilhões até 2025, diz a empresa. O que se planeja é a empresa com um quadro reduzido a pouco mais de 28 mil dos 86 mil atualmente. Só o PDV 2019 somou 9.405 inscritos, o que representa 94% do total de funcionários elegíveis ao programa, que somam 22% do atual quadro de empregados.

COVID-19

Ocyan doa mais 3.600 equipamentos de proteção individual à ONG para combate a COVID-19 Contribuição reforçará o combate ao Coronavírus na rede pública de saúde Como apoio no enfrentamento ao novo Coronavírus, a Ocyan doou 3.600 equipamentos de proteção individual (EPI) à Associação União Fraterna ADVIR, que direcionou os itens ao Hospital Público de Macaé, que atende ao município e região. Entre eles, estão luvas de segurança de borracha nitrílica para proteção de agentes químicos e as de látex para uso hospitalar, além de macacões também para os profissionais de saúde. A entidade realiza ações para proteger as pessoas mais afetadas pela pandemia com a confecção de máscaras, distribuição voluntária de cestas básicas e atendimento

psicológico. A associação tem apoio do projeto Rir Pra Não Chorar que atua, desde 2016, em hospitais, asilos, escolas e eventos promovendo saúde integral à população por meio de terapias e espiritualidade. Desde o início da crise sanitária e a adoção da quarentena, a Ocyan já realizou diversas ações proativas de prevenção com a intenção de minimizar os efeitos provocados pela COVID-19 Está em nossa cultura o compromisso com nossos integrantes e com a sociedade em geral e, principalmente, com as comunidades onde nossas atividades estão inseridas. Desde o início da crise do COVID-19, já doamos cestas básicas e colchões a comunidades de Cabo Frio e placas de acetato à UFRJ (Macaé) para a confecção de máscaras para profis-

sionais de saúde. Também realizamos curso de corte e costura online gratuito a moradores de comunidades carentes da cidade do Rio de Janeiro para capacitar e fomentar a geração de uma renda extra e ainda nos comprometemos com a compra de 60 mil máscaras produzidas por estes profissionais, que serão destinados para doação - afirma, Marco Aurélio Fonseca, diretor de Sustentabilidade da Ocyan. O executivo explica ainda que a empresa adotou medidas para evitar a proliferação do vírus entre os seus integrantes, como o home office para aqueles que atuam nos escritórios no Brasil e no exterior, além de diversas barreiras e medidas preventivas nas embarcações e na logística dos integrantes a fim de garantir o embarque seguro.

E aí está surgindo uma nova Petrobrás, mudando a sua cultura. Os novos contratados estão trazendo conceitos mais privatistas, como quer o presidente Castello Branco. É esta visão que o presidente sempre defendeu e aposta como futuro da empresa. Enxuta e com mais mobilidade. Para competir. Mas, se esse for objetivo, há uma nova antítese. Se ele quer a empresa competindo e ao mesmo tempo focada na venda de sua produção de petróleo, irá competir com quem, se os preços da commodities são estabelecidos por um mercado internacional? A indústria do petróleo tem seus segredos e não é um mercado para qualquer arco e flecha. Esses segredos e, principalmente, os conhecimentos, estão saindo pela porta da frente da companhia, se transformando em consultorias até para outras petroleiras. Mesmo aposentados, há muito conhecimento desperdiçado.

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O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, diz que os PDVs contribuem para a redução permanente da estrutura de custos


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