Análise e comentário

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O Modelo de Auto-avaliação das BE’s: metodologias de operacionalização Análise e comentário crítico aos Relatórios de avaliação externa

Em virtude do site da IGE estar indisponível desde o dia 5 de Dezembro, restringi a amostra para análise a quatro Agrupamentos, três do concelho de Sintra – Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres, Agrupamento de Escolas Padre Alberto Neto (Rio de Mouro), Agrupamento de Escolas D. Fernando II – por se situarem no mesmo concelho e as realidades sócio-económicas e culturais se assemelharem às do Agrupamento de Escolas D. Pedro IV, sendo também próximas as dificuldades sentidas pela Escola no cumprimento da sua missão e ao Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras situado num concelho, vizinho, social e economicamente mais favorecido (pelos menos têm a fama). Em todos os relatórios lidos, produzidos pela IGE, as referências à BE são escassas. Nos relatórios de avaliação externa dos agrupamentos citados, a alusão à Biblioteca Escolar é feita nos Domínios: • 3 – Organização e Gestão Escolar, Tópico 3.3 – Gestão dos Recursos Materiais e Financeiros, enquanto espaço físico organizado e apetrechado. O relatório do Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres adianta que esta condição proporciona uma utilização eficaz aos utentes, não especificando, contudo, como a mesma é feita. Relativamente ao Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras é, apenas, mencionado que a BE/CRE está inserida na RBE, o que me parece completamente descontextualizado. • 4 – Liderança, Tópico 4.4 – Parcerias, Protocolos e Projectos, especificando em todos eles o estabelecimento de parcerias com a RBE (?), à excepção do Agrupamento D. Fernando II, cuja parceria foi estabelecida com a Câmara Municipal de Sintra, com o objectivo de obter a colocação de monitores de recreio e de biblioteca nas EB1/JI. Já no relatório referente ao Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras não há qualquer referência à Biblioteca neste tópico.

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No âmbito do Domínio 2 – Prestação do Serviço Educativo, Tópico 2.4 – Abrangência do Currículo e Valorização dos Saberes e da Aprendizagem, é feita menção à dinamização das BE’s de cada unidade educativa do Agrupamento de Escolas D. Fernando II, enquanto que no Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras referem a utilização da Internet pelos alunos nos computadores disponíveis pela BE/CRE e a dinâmica deste espaço com registo de elevadas taxas de ocupação mensal e de requisição de livros. Divulgam a estratégia utilizada para motivação dos alunos e criação de hábitos de leitura: a oferta de uma obra aos melhores leitores. A palavra biblioteca surge mencionada mais vezes no relatório do Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres nos Domínios: • 3 – Organização e Gestão Escolar, Tópico 3.1 – Concepção, Planeamento e Desenvolvimento da Actividade, cujo PAA integra o Projecto de Dinamização da BE da EB1. • 4 – Liderança, Tópico 4.3 – Abertura à Inovação, em que é salientada a dinâmica das duas BE’s do Agrupamento, palco de muitas actividades articuladas com os currículos e com a comunidade educativa. Não é relatado o tipo de articulação. A meu ver seria bem mais importante descrevê-la na sua globalidade. Também, neste tópico, o relatório do Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras enfatiza o importante trabalho de promoção da leitura e da escrita (sic), no âmbito do PNL e da dinamização de actividades da BE/CRE (se esta actividade é considerada inovação, então todas as escolas têm feito um trabalho

inovador.

Não

me

parece

que

a

inovação

passe

pelo

desenvolvimento de actividades no âmbito do PNL). Feita a análise, posso dizer que estes dados me não surpreenderam, uma vez que, ao longo de muito tempo, a Biblioteca Escolar foi remetida para um “armazém de livros”, religiosamente fechados, para que perdurassem no tempo e entregues, na grande maioria das vezes, a profissionais que por motivo de doença estavam incapacitados para a prática lectiva. O próprio quadro de referência para a avaliação externa das escolas, desenhado pelo IGE, ignora por completo este recurso básico do sistema educativo. Posso compreender esta situação, se pensar que, ainda nem todas as Bibliotecas Escolares integram a RBE, e que o Modelo de Auto-avaliação das 2


Bibliotecas Escolares, apenas, foi aplicado a título experimental no ano lectivo transacto, tendo sido alvo de revisão já este ano lectivo. Desconheço a intenção da IGE relativamente à valorização, ou não, do papel da BE, mas parece-me que esta vai ser outra batalha que a Rede terá que travar, entre outras, para que todo o investimento feito ao longo dos últimos anos não caia por terra.

Se

é

necessário

o

reconhecimento

pela

Gestão

de

topo

dos

Agrupamentos/Escolas, parece-me que o reconhecimento por parte da tutela é igualmente importante. Acredito que a valorização da BE pela comunidade educativa e o reconhecimento do seu contributo para o ensino/aprendizagem só será uma realidade com a avaliação do seu desempenho. Daí que se me configure fundamental a articulação com a auto-avaliação da Escola e a sua inclusão na avaliação externa da instituição em que se insere, porque a biblioteca é uma parte importante da escola, (uma não é dissociada da outra) e assume-se como uma área nuclear, essencial na promoção do sucesso educativo e porque os objectivos da biblioteca são os também da escola e vice-versa.

Odete Ferreira de Almeida

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