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FICHE TECHNIQUE DIRECTION Directeur de la publication
Lídia Sales lidiasales@gmail.com REPORTAGE Reporter / Journaliste
Gomes de Sá Guilherme José On a collaboré à ce numéro
André Thomazzi António Grácio Catarina Delduque Cristina Gomes Marco Martins Nina da Silva Nuno Miguel Batista REALISATION
João Cazenave
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crónica da direcção
REDACTION
Confiança Foi a palavra CONFIANÇA que José Sócrates, 1º Ministro de Portugal, empregou com mais frequência por altura do discurso no segundo colóquio Novo Mundo, Novo Capitalismo em Paris, onde foi o convidado de honra; e foi esta palavra que me inspirou para escrever esta crónica, estou cansada de ler e ouvir discursos com críticas negativas que não levam a lado nenhum; confiança e acreditar em nós próprios é o caminho para, seja qual for a actividade a que nos dedicamos, conseguirmos o objectivo pretendido; é o que devemos ter, em primeiro lugar em nós próprios e depois nos outros, em quem nos governa, nas pessoas com quem trabalhamos, nos serviços que utilizamos, não devemos estar na defensiva e projectarmos os nossos receios; se formos agressivos somos recebidos também com agressividade e é uma perda de energias quando deviam ser aproveitadas para actos positivos . O ano de 2009 ficou para trás e a núvem negra que o ensombrou já começou a dissipar-se e só as intempéries naturais, com cheias no hemisfério sul e nevões no hemisfério norte, perturbam o quotidiano e a produção dos países mais atingidos e alegria da entrada de 2010 que me parece mais auspicioso que o anterior. O reconhecimento do trabalho desenvolvido por alguns portugueses pelo Governo português é motivo de orgulho para o visado e para toda a comunidade que se reflecte no premiado porque vêem que não estão esquecidos, que a alguém lá longe chega a informação de obra feita esteja em Paris, Londres, Nova York ou noutra qualquer metrópole; cientistas, pesquisadores, escultores, pintores, escritores, empresários são muitas as áreas em que somos bons, devemos parar de nos desvalorizarmos porque o povo português tem qualidades de adaptação e de integração que são um passo de gigante para o êxito, aproveitemo-las pois. Lídia Sales — lidiasales@gmail.com
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sumário 2
01 crónica da direcção Confiança
04 reportagem
30 entrevista Tereza Salgueiro apresenta “Matriz”
Tradição de Natal na Embaixada de Portugal em Londres
08 reportagem Londres é a cidade Natal da europa
36 festas Réveillon em Paris
16 cultura Isabel Meyrelles condecorada na Embaixada em Paris
40 comunidade A CCIFP organizou jantar de Gala
44 música Luso descendente é uma cantora de sucesso na Finlândia
48 mundo Cayo Levisa
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56 consultório jurídico A renda no âmbito do Contrato de Arrendamento
18 cultura Museu do Oriente, uma porta para a Ásia em Lisboa
58 passatempos 64 horóscopo
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Tradição de Natal na Embaixada de Portugal em Londres O Embaixador de Portugal em Londres organizou pelo quarto ano consecutivo um cocktail de Natal. O objectivo é juntar representantes da comunidade portuguesa. Os anfitriões o Embaixador e Embaixatriz recebiam as dezenas de convidados que chegavam ao número 11 de Belgrave Square. Todos os símbolos natalícios estavam a enfeitar os salões nobres da residência oficial da diplomacia portuguesa em terras de sua majestade.
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Logo no hall de entrada uma enorme árvore projectava os nossos olhares. Ao cimo uma estrela para que neste ano possamos todos brilhar.
De facto a comunidade portuguesa em Londres está de parabéns. 2009 foi um ano importante. Os portugueses que habitam na grande Londres — cerca de 400 mil — viram renascer a festa das comemorações do dia de Portugal, o ensino da nossa língua em algumas universidades na Inglaterra, nomeadamente em Bristol e uma
Senhor Embaixador o porquê de organizar este cocktail? É mais uma forma de chegar à comunidade? Sim, o objectivo é apoiar a comunidade portuguesa conjuntamente com os consulados gerais de Londres e Manchester e porque tem uma grande dimensão. maior aproximação do seu Embaixador e das entidades competentes aos portugueses.
anfitriões não tinham mãos a medir, tinham que dar atenção a todos os convidados.
2010 promete ser ainda melhor, vai nascer em breve um centro comunitário, com o apoio do Governo Britânico, entre outros projectos.
A acompanhar a boa gastronomia portuguesa. Pequenos canapés envolvidos no vinho nacional. Nem todos os convidados eram portugueses, por isso há que mostrar que temos um país desenvolvido e com bons produtos.
Aqui neste dia lembram-se os portugueses que se destacam na sociedade britânica. Aos poucos o Salão onde se iria passar o cocktail começava a encher-se de gente. Os
Para António Santana Carlos, Embaixador de Portugal no Reino Unido este foi um ano positivo.
São pessoas que por vezes têm uma vida díficil, que trabalham muito, e que não têm muitos deles a família presente. Este é uma altura especial do ano, é um momento de convívio, de festa. E os convidados são pessoas que se destacam na comunidade? Eu procuro dentro da capacidade que temos aqui dentro da embaixada de organizar um cocktail, uma recepção com alguns dos representantes da comunidade portuguesa. É
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claro que temos que ser selectivos. Não com base num critério de amizade mas com base num critério de representatividade. Esta recepção serve também um pouco como festa de Natal da Embaixada? Foram convidadas as pessoas que trabalham na embaixada e nos consulados na Inglaterra, os conselheiros das comunidades portuguesas e o da madeirense, os empresários que se destacam em empresas em todo o Reino Unido. Nós procurámos garantir uma presença alargada dessa forma. José Eduardo Macedo Leão, o Cônsul-Geral de Portugal em Londres, está ele também satisfeito com a presença dos portugueses em 2009 no seio da sociedade britânica. Espera ainda que 2010 seja um ano de afirmação. Visto Portugal ser a segunda maior comunidade estrangeira por exemplo a sul da capital inglesa, na região de Lambeth. “O senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, veio há pouco tempo a Londres e condecorou dois cientistas portugueses com a Ordem de Santiago. Foi uma condecoração muito importante para os dois cientistas, um na casa dos 40 e outro na dos 50 anos, que têm feito bons progressos científicos aqui em Londres”, afirmou.
“Isto vai ajudar um pouco a mudar a imagem que os ingleses têm da nossa comunidade. Há novos projectos para 2010, a criação de uma rádio, o centro comunitário”. Numa época de especial união, a diplomacia portuguesa em Inglaterra abriu as portas ao Natal num encontro de amigos.
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Carlos Vinhas Pereira, Gomes de Sá, reitor Nuno Aurélio, Angelo Silva, Luís Malta e Maria da Silva
Quem também partilha desta opinião é Ângelo e Maria da Silva, do grupo Alfyma e parceiros do projecto “Quando decidimos apostar no projecto, fizemo-lo, conscientes, de que este seria um projecto de sucesso. A Internet é cada vez mais uma ferramenta indispensável em to das as áreas e, uma televisão pela Internet, faz todo sentido porque vai permitir levar a cultura portuguesa a todos os cantos do mundo”. Muitas foram as figuras que marcaram presença na festa e que vieram partilhar da opinião de que esta Web tv vem dar os meios que faltavam à comunicação social: “Já temos a rádio, temos a imprensa escrita, faltava a imagem, que vem agora com a Lusopress Tv. Estou confiante no sucesso deste projecto”, sublinhou Luís Ferraz, Cônsul de Portugal, em Paris.
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reportagem 8
Um conto de Natal
Londres é a cidade Natal da Europa
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A história de Londres começa na Era dos Romanos, na altura chamava-se Londinium. O centro de Londres, a antiga City of London mantém ainda hoje as suas fronteiras medievais. Desde o século XIX, o nome “Londres” refere-se à metrópole desenvolvida em torno desse muro. Nos dias actuais esse muro é a Torre de Londres, onde começou a cidade. Londres é um dos maiores centros financeiros do mundo. A capital da Inglaterra e do Reino Unido possui uma forte influência na política, finanças, educação, entretenimento, media, moda, artes e cultura em geral, o que contribui para a sua posição global.
Enfeitada a rigor para as Festas Diz a lenda através de um conto de Charles Dickens que Londres é a cidade do Natal, a cidade onde vive Ebenezer Scrooge, um homem avarento que não gosta do Natal. Numa véspera de Natal Scrooge recebe a visita do seu ex-sócio, Jacob Marley, que morreu há já sete anos, no dia 24 de Dezembro. Marley aparece ao malvado Scrooge e diz-lhe que o seu espírito não pode ter paz, já que não foi bom nem generoso em vida, mas que Scrooge tem uma chance, e por isso três espíritos o irão visitar nesse dia.
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reportagem
Os principais pontos turísticos da cidade:
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As grandes lojas de Oxford Street, lojas de luxo em Knightsbridge, onde se encontra a famosa loja Harrod´s e Bond Street (lojas das grandes marcas), teatros, locais como o Soho, Covent Garden, Mayfair, Piccadilly Circus e Leicester Square. Os monumentos mais conhecidos são a Abadia de Westminster junto ao Big Ben, as Casas do Parlamento, o Museu de Cera Madame Tussaud, o Museu Britânico, o Palácio de Buckingham, o Palácio de Kensington, o Palácio de St. James, o Royal Albert Hall, a Tower Bridge, a Torre de Londres, o London Eye a Catedral de São Paulo, a National Gallery, a Tate Gallery e Parques Reais de Londres (entre eles o Hyde Park).
Esta é também a história de um filme da Disney que estreou na quadra natalícia e o tema das decorações de Natal de Londres, “A chris tmas carol”. Charles Dickens, o escritor do conto, descreveu-o como um “livrinho de Natal”. Foi publicado em 19 de dezembro de 1843, com ilustrações de John Leech. A história transformou-se num sucesso, vendendo na altura mais de seis mil cópias numa semana. Hoje e percorridos vários séculos, a obra tornou-se num clássico da literatura inglesa, e está nos céus da capital inglesa. Scrooge (agora conhecido pela pele do actor Jim Carrey) dá ironicamente as boas vindas às festas. No início de Oxford Street, lá está a sua figura transportada para o écran, num misto de luzes douradas, envolvidas numa rede. Percorrida uma das maiores avenidas do mundo viramos em Regent Street, as grandes lojas que estão cheias de pessoas que compram prendas, aproveitam os descontos antes do Natal.
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Londres é por excelência uma cidade virada para o consumo, não há loja que deixe escapar a febre do consumismo. Descendo Londres em direcção ao rio, viramos em Picadilly. Os grandes arcos onde noutros tempos compravam os lordes estão enfeitados para as pessoas passarem, comprarem um pouco de tudo e disfrutarem das montras.
Os turistas tiram fotos e mais fotos. Há todos os temas e para todos os gostos, ceias de Natal à maneira russa, onde são lembrados os czares. A ópera de Viena. Artigos de luxo que fazem sonhar. Uma dessas pequenas passagens de Picadilly, tem o nome de Arlington. Aqui compram-se produtos franceses, desde o foie gras, os macarons, a pastelaria francesa, produtos russos, desde gelados de vodka, a champagne vodka.
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reportagem 12
São as passagens que um turista normal não olha muito durante o ano inteiro, mas que nesta época tornam-se ainda mais belos. Numa das zonas mais procuradas pelos jovens, Soho, a decoração é diferente. Por momentos deixamos para trás, as histórias de Dickens, o luxo de Picadilly, os czares. Aqui entra-se numa outra dimensão, a Londres do futuro. Nos céus balões em forma de coração com palavras significativas como felicidade, amor, orgulho, uma decoração única, original e a lembrar o que a cidade foi outrora. Nos anos 70 um forte espó-
lio de cultura, moda e música. O revivalismo em forma de coração.
Turismo
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Londres tem povos de todos os continentes, culturas e religiões. Em Julho de 2007, a população oficial era de 7 milhões e 557 mil habitantes, sendo o município mais populoso da União Europeia. A Área urbana da Grande Londres (a segunda maior da UE) 14 milhões de habitantes.
A cidade é um dos locais preferidos pelos turistas, números oficiais do Governo britânico indicam que este ano poderão ter visitado a capital inglesa entre 15 de Dezembro e 4 de Janeiro, 27 milhões de pessoas. Isto representa 10% do PIB do país. Por esta altura a Libra fica mais baixa que o Euro, neste momento 1 Libra é 1,118 de euros. Tudo a pensar no consumo e nos saldos. Saldos que começam logo a 26 de Dezembro, no dia que os ingleses chamam de “Boxing Day”, um feriado nacional a seguir ao Natal.
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reportagem 14
Sócrates em Paris para simpósio sobre os novos mundos e o novo capitalismo No segundo colóquio “Novo Mundo, Novo Capitalismo”, José Sócrates sucedeu a Tony Blair como convidado de honra. O Primeiro-Ministro português foi o orador na sessão de abertura. Sócrates chegou à sala de conferências acompanhado pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy. Num francês muito próprio o Primeiro-Ministro de Portugal saudou os anfitriões e agradeceu o convite. Depois dirigindo-se aos presentes, informou que iria discursar na sua língua oficial o português. José Sócrates começou o seu discurso com um: “É curioso um socialista vir aqui falar de capitalismo, é irreverente e moderno, tal como o Presidente francês”, mais tarde Sarkozy retribuiu o comentário de Sócrates dizendo: “que só o Primeiro-Ministro português é que ainda não percebeu que é mais do que socialista”. Troca de palavras entre amigos.
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O Primeiro-Ministro português trouxe a discus-
são o tema: “Gerimos Bem a Crise?”, a sua intervenção abordou várias medidas excepcionais adoptadas em Portugal, não apenas no campo económico mas também no campo social e de incentivo à educação e investigação científica. O Primeiro-Ministro discursou quase 45 minutos. Sócrates passou pela crise do Séc.XX, a do Séc.XXI, as quais disse terem sido bastante diferentes. Desta vez (crise do Séc.XXI) houve
Sócrates acabou o seu discurso por apoiar as políticas que vão ser adoptadas na presidência rotativa da Espanha, da União Europeia. Findo o discurso do Primeiro-Ministro português, foi a vez de Nicolas Sarkozy, Presidente francês, dirigir-se aos presentes. uma reposta rápida, eficaz, mais intensa e coordenada. Salientou ainda de que o seu próprio Governo tem encontrado soluções para combater os obstáculos que têm surgido. José Sócrates defendeu ainda a ideia de uma nova política mundial, assim como um compromisso dos países membros de UE na cria-
ção de uma agenda política europeia, à qual chamou “Governação económica na Europa”. Isto passará por um projecto europeu, através de uma política comunitária, no campo das energias, nas áreas tecnológicas e digital, uma diplomacia económica e deu ainda especial realce ao papel do Estado. Estado que foi muito importante no combate à crise.
Durante dois dias, na Escola Militar de Paris, foram debatidos assuntos relacionados com a crise económica: os novos mundos e as novas formas de capitalismo. O colóquio contou com a presença e intervenção de vários países emergentes, caso do Brasil, que foi representado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Celso Amorim.
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Isabel Meyrelles condecorada na Embaixada em Paris
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O Embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa entregou no dia 11 de Dezembro, na Embaixada de Portugal em Paris, em representação do Presidente da República, as insígnias da comenda da Ordem de Sant’Iago da Espada à escultora Isabel Meyrelles.
O Embaixador Francisco Seixas da Costa ainda não conhecia pessoalmente a artista mas sublinhou que a condecoração “se destinava a premiar o mérito literário, científico e artístico” daquela que representa ainda hoje a corrente surrealista portuguesa.“Admito que não conhecia pessoalmente a Isabel Meyrelles mas foi uma grande honra para mim entregar esta condecoração. O trabalho de Isabel Meyrelles como escultora, tradutora e divulgadora das culturas que se expressam em português há muito que merecia este reconhecimento. É certo que não haja todos os anos uma pessoa da comunidade portuguesa em França que será condecorada mas o Governo português está atento às pessoas que tem feito muito pelo comunidade portuguesa em França e nos outros países onde há uma forte comunidade portuguesa” disse o Embaixador de Portugal.
Na cerimónia, estiveram presentes alguns amigos de Isabel Meyrelles. De realçar que Francisco Seixas da Costa leu uma comunicação de Cruzeiro Seixas, amigo da artista, referindo-se a ela como uma “velha amiga
desde os anos 40, em que a liberdade não nos era dada, mas conquistada minuto a minuto”. O Embaixador leu também uma mensagem do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga : “Cumpre-se, hoje, o 10 de Junho de 2009 com a merecida homenagem de Portugal a uma das suas mais distintas embaixadoras. Isabel Meyrelles ilumina a contemporaneidade como Poetisa e Escultora de eleição, na boa tradição do movimento surrealista, no qual ocupa lugar pioneiro e cimeiro. Desde a tradução de autores de referência na literatura nacional, que desenvolveu variadíssimas vezes com inegável talento, em que destaco José Régio, até à poesia e à escultura, a sua extraordinária actividade criativa deixa uma marca indelével. Aliás, presente no meu próprio distrito que tem o privilégio de beneficiar da sua obra na colecção da Fundação Cupertino Miranda onde, há bem pouco tempo, lhe foi prestada sentida homenagem. Somente compromissos de natureza política, previamente assumidos, impedem a minha presença em Paris neste dia para, pessoalmente, e mais como admirador e menos como Secretário de Estado, me associar a este evento e pessoalmente colocarlhe a condecoração. Que a homenagem do seu País a uma das mais significativas figuras da nossa diáspora à qual, desde a primeira hora, com
particular gosto, me associei e promovi, encerre com chave de ouro as comemorações do 10 de Junho de 2009”. Isabel Meyrelles agradeceu a homenagem.“Sinto-me muito honrada com esta medalha” disse a artista.“Sei que os meus amigos ficam contentes quando eu estou bem disposta e hoje estou bem disposta” disse. E realçou que não está habituada a receber medalhas. “Recebi há pouco tempo uma medalha de honra da minha cidade em Matosinhos em Portugal. Cidade que deixei com 17 anos quando saí de Portugal. E também recebi a medalha das Comunidades. É sempre gratificante receber estes prémios sobretudo na minha idade”. Isabel Meyrelles não será de certo a última personalidade da comunidade portuguesa em França a ter esta condecoração. Nos próximos anos deverá haver muitos mais se o Governo continuar a olhar para as obras cada vez mais importantes feitas pelas diferentes comunidades portuguesas em todo o Mundo.
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cultura 18
fotos Museu do Oriente
Museu do Oriente,
uma porta para a Ásia em Lisboa É preciso uma boa parte do dia para conhecer o Museu do Oriente, em Alcântara, sobre o Rio Tejo, mas depois de visitar os três pisos de exposição do edifício, que falam da presença de Portugal na Ásia, das religiões asiáticas, das diferentes culturas e hábitos que se encontram na região, a riqueza do acervo que está exposto acaba por passar a quem o visita.
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O Museu do Oriente é uma experiência cultural em movimento sobre a região asiática. Mais do que uma exposição de 1.400 peças alusivas à presença portuguesa na Ásia, ou às 650 pertencentes à colecção Kwok On, agrupadas sob a temática Deuses da Ásia, o Museu, pertencente à Fundação Oriente, funciona como um centro cultural, com diversos eventos que promovem a cultura daquela região.
contadas várias histórias e explicadas tradições, religiões, festividades. As diferentes regiões asiáticas estão separadas por secções, e são devidamente acompanhadas por explicações, e também as peças estão acompanhadas por explicações que são, por si, suficientemente esclarecedoras.
Todos os meses se apresenta uma bem preenchida agenda cultural, com os mais diversos eventos, como música, bailado, concertos, workshops de culinária asiática, de trabalhos manuais, de escrita, dança, seminários, e outras actividades, com artistas asiáticos, ou estudiosos da região.
O primeiro piso do Museu é dedicado às exposições temporárias, enquanto no segundo e no terceiro se encontram as duas exposições permanentes, “A presença portuguesa na Ásia” e “Deuses da Ásia”.
A parte de exposição encontra-se ao longo de três pisos, de corredores estrategicamente pouco iluminados, de modo a que a luz se concentre apenas sobre as peças expostas, são
No segundo piso, a que se pode aceder por uma escadaria, ou por elevador, “A presença portuguesa na Ásia” apresenta 1.250 peças artísticas e documentais pertencentes
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a vários museus e outras instituições culturais, cujo empréstimo ou depósito foi confiado ao Museu do Oriente, bem como diversos objectos de pintura, cerâmica, têxteis e outros, adquiridos pela Fundação Oriente. São inúmeras as coloridas e apelativas peças, oriundas das mais diferentes origens, como Japão, China, Birmânia, Nepal, ou Índia, e que representam cenas religiosas, ou do dia a dia, bem como mapas, louças, colchas, leques, e outras peças. No terceiro piso, a colecção Kwok On tem o seu lugar permanente, dedicado às diferentes religiões, e apresentando, ao longo de corredores escuros, com a luz a incidir sobre as peças expostas, as personagens mais importantes das diversas religiões que se encontram na região, a sua história e as diversas representações que se foram encontrando.
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Esta é um testemunho das artes performativas de raiz popular e das grandes mitologias e religiões de toda a Ásia, “reconhecida como uma das mais importantes à escala europeia”, refere o Museu do Oriente.
A colecção dispõe de mais de 13 mil peças relacionadas com a música e com o teatro, como instrumentos musicais, trajes, marionetas, máscaras, pinturas, porcelanas, e com festividades tradicionais, como objectos rituais, lanternas, pinturas, jogos.
No entanto, aconselha-se uma visita guiada, sempre que possível, já que complementam a informação apresentada, podendo chamar a atenção a pormenores que escapam, ou por vezes mencionando histórias e episódios, que nem sempre são conhecidos, e que enriquecem o conhecimento. As estátuas de padres católicos que são representados com longas tranças e vestes asiáticas, ou explicações mais aprofundadas sobre como foi a presença dos portugueses em territórios asiáticos como Macau, ou sobre as religiões naquela região, podem ser alguns dos assuntos explicados. O piso térreo do Museu foi ocupado pela exposição Máscaras do Oriente, que actualmente está em Leiria. Esta é a primeira itinerância de peças do Museu. Actualmente, no Museu é possível ver as exposições Shipbreaking, uma foto reportagem sobre a prática de desmantelamento de navios em países do Sul da Ásia, Selos portugueses do Oriente, Trinta Anos de Relações, uma exposição fotográfica sobre os 30 anos de relações luso-chinesas e os dez anos da transferência de poderes em Macau, e Artistas Timorenses, que apresenta a visão que nove artistas que saíram de Timor, têm sobre o seu país. O Museu dispõe também de um Auditório, de um Centro de Reuniões e de um Centro de Documentação, bem como de uma loja, cafetaria e restaurante. O Museu do Oriente, que pretende ser um testemunho das relações históricas entre Portugal e a Ásia, foi inaugurado a 8 de Maio de 2008. O projecto era um desígnio da Fundação Oriente desde a sua criação há 20 anos. A partir de 4 de Janeiro o Museu passa a encerrar às segundas-feiras, mantendo-se o seu horário de funcionamento das 10h00 às 18h00, de terça-feira a Domingo, e das 10h00 às 22h00 às sextas-feiras, com entrada gratuita entre as 18h00 e as 22h00.
Entre as actividades previstas para Janeiro estão um “curso de formação no novo acordo ortográfico”, a ter lugar dia 9 de Janeiro, a “2ª escola de Gamelão da Ilha de Java”, dia 18, e um workshop de gas-
tronomia coreana no dia 19. No dia 23 de Janeiro, Pedro Jóia fará uma apresentação a solo das suas obras para guitarra, e terá também lugar uma conferência sobre “Zen e o Cristianismo”.
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história 22
Tivoli Lisboa,
a tradição portuguesa no século XXI Entrar pelas portas de vidro do Tivoli Lisboa é apreciar o luxo de um histórico 5 estrelas, que alia a tradição do serviço às comodidades modernas, proporcionando um sem número de experiências. Situado no centro da cidade, na Avenida da Liberdade, entre a Baixa e o Marquês de Pombal, e próximo a lojas de marca, a história do Tivoli Lisboa remonta a 1933 e desde a sua criação, que inúmeras personalidades passaram (e continuam a passar) pelo seu interior.
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Em 2008, o 5 estrelas passou por uma profunda remodelação, passando a ser considerado um Tivoli Collection, a marca de hotéis exclusivos e diferenciadores do grupo, que conjugam a vanguarda e a tradição, e apostam no serviço personalizado, e único. “O Hotel Tivoli Lisboa, representa desde o passado o melhor da tradição portuguesa. Tem um vasto leque de clientes habituais provenientes de longa data”, refere o director da unidade, Rui de Sousa, que realça a fidelização de clientes que gostam de repetir a experiência de um serviço especialmente dedicado, como o seu tratamento pelo nome, quer à chegada quer durante toda a sua estadia, em todas as áreas de serviço, e o conhecimento e respeito dos seus hábitos.
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história 24
“Captamos os nossos clientes através da nossa capacidade de ultrapassar e de antecipar as suas expectativas, procurando manter as tradições e em simultâneo empregar métodos modernos e avançados em todas as áreas da sua gestão”, explica Rui de Sousa. “Os nossos clientes sentem-se em casa, porque proporcionamos-lhes o mesmo conforto que encontram nas suas próprias casas”, acrescenta.
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Além do conforto “caseiro”, o hotel não descura outros pontos importantes, como a restauração de luxo, com os dois restaurantes, um novo centro de conferências recentemente inaugurado e o conceito Tivoli Experiences, lançado pela rede.
quartos não fumadores e a unidade dispõe ainda de dois quartos para deficientes. Actualmente, o hotel dispõe de 308 quartos, com camas King size ou Twin, e decoração moderna, com serviços como internet sem fios, máquina de café Delta, ou Nespresso, televisão e telefones, minibar e casa de banho completa. Em cinco dos pisos do hotel encontram-se
Os quartos do Tivoli Lisboa incluem uma Suite Presidencial, com 250 metros quadrados, situado no sétimo piso, com um quarto, um quarto de vestir, casa de banho completa, sala de jantar e ktichinette, uma Suite Diplomática, com 75 metros quadrados, com sala de jantar privativa, quatro Suites Executive, nove Suites, 23 Tivoli Rooms, com cerca de 40
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história 26
metros quadrados, com sala de estar e quarto, 10 Junior. Suites, 59 Quartos Collection, que se encontram entre o sexto e o oitavo piso do hotel, com uma vista única sobre a Avenida da liberdade ou o pátio interior do hotel e que oferecem diversos serviços aos hóspedes, como serviço de pick-up e drop off do Aeroporto Internacional de Lisboa em limousine, pequeno-almoço executivo no Restaurante Terraço, serviço de Private Concierge e checkin personalizado, 55 Quartos Deluxe, 39 Quartos Superior e 105 Quartos Standard. Em Março de 2008, o antigo restaurante Beatriz Costa deu lugar à novíssima Brasserie Flo, em resultado de uma parceria entre a rede Tivoli Hotels & Resorts e o Groupe Flo, levando para Lisboa o mesmo ambiente de Paris, aliado à cultura e ao teatro, e oferecendo uma cozinha tradicional francesa, com destaque para uma banca de ostras e de mariscos, funcionando das sete à uma da manhã. O restaurante Terraço, no ultimo andar do hotel, que oferece uma vista panorâmica sobre a Avenida da Liberdade e o rio Tejo, e serviço de bar a partir das 15h30 até à hora do jantar, oferece uma carta criada pelo chef Luís Baena, com um buffet diário ao almoço ou serviço à la carte para o jantar, em que a carta de vinhos foi prepara pelo enólogo Aníbal Coutinho. O Sky Bar, a esplanada do restaurante, é um espaço que funciona durante os meses de Verão.
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A sua decoração confortável, à base de puffs e almofadas, é acompanhada por uma carta especial de “confort food”, adaptada aos meses de calor.
As experiências são um do novo conceito que a Rede Tivoli começou a desenvolver em Setembro de 2008, com vista a oferecer um novo serviço de atendimento ao cliente, e que teve no Tivoli Lisboa uma das primeiras unidades a disponibilizar esta nova oferta. As Tivoli Experiences baseiam-se em três vertentes, a gestão do cliente, com o o Experience Team que acompanha o cliente desde a sua reserva até à saída do hotel, T/Experiences, que oferecem experiências criadas a partir da oferta de cada destino, e que dispõe de mais de 35 ofertas, e o lazer e gama de serviços, ou os T/Services, onde se procura de alguma forma facilitar a estada do cliente, através de transferes, jornais, ou pequenas atenções. O Tivoli Lisboa oferece diversas T/Experiences, com pacotes dedicados à família, ao romance, à gastronomia, e às experiências “majestosas”. As opções mais procuradas são o Fly & Taste bem como todos os pacotes que caem sobre as experiências Royal, informa o hotel. Desde a sua abertura, o Tivoli Lisboa rece-
beu diversas personalidades do Mundo e de Portugal e foi a casa da famosa actriz Beatriz Costa, que o escolheu para viver, habitando o quarto 600. Em 2010 o Tivoli Lisboa tem algumas novidades já preparadas, nomeadamente a abertura de um Elements Spa da Banyan Tree, que irá ter 14 salas individuais de tratamento deluxe, com banheiras spa, duche e vapor privados, tratamentos exclusivos, piscinas de imersão de água quente e fria, sauna, salas de vapores, sala de relaxamento, salão de beleza, um ginásio e um centro de ioga e de meditação.
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arte 28
Gladys Neves Ferreira expôs jóias na Embaixada de Portugal em França
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No dia 10 de Dezembro, a designer e também embaixatriz, Gladys Neves Ferreira, expôs a suas obras, jóias, feitas com materiais naturais. Numa apresentação na qual havia uma forte presença feminina, as pessoas podiam simplesmente ver, experimentar ou até comprar algumas peças. Uma exposição que serviu de promoção à designer. “Não sei se é bem promoção que estou aqui a fazer hoje, mas acho que se esta promoção der mais visibilidade, é o essencial. Estas jóias foram criadas para as mulheres que
vão muitas vezes a “soirées” ou a “cocktails” e que não querem especialmente ter ouro ou prata ou outra matéria, e que querem algo de mais soft e elegante. Também o que atrai neste trabalho é o facto das jóias serem feitas com matérias naturais que eu descobri na África e que acho que devem ser usadas para criar jóias. Espero que o meu trabalho agrade às pessoas”, acrescentou Gladys Neves Ferreira. Quem também estava contente com a apresentação era a Embaixatriz Virginia Seixas da Costa. “É um prazer receber uma artista como a Gladys Neves Ferreira. Acho que estas jóias são fantásticas, bonitas e originais. O que aprecio mais nestas peças, é a forma como o gancho é posto. Parece que não pode funcionar e funciona. São jóias que cada pessoa gostaria de ter, e as matérias naturais dão um outro aspecto a estas jóias”, concluiu. Nesse dia, era também a ocasião de poder ver as peças sobre manequins, estudantes do Instituto Marangoni em
Paris. Essa escola é uma das mais importantes em Paris no que diz respeito aos criadores de moda e de design. No lote de estudantes, de realçar uma portuguesa, Tereza de Herédia. “Estou muito contente por ter sido convidada para estar aqui a expor as jóias de Gladys Neves Ferreira. Acho importante este tipo de iniciativas para nós porque também podemos vestir roupas que críamos, o que nos faz uma certa publicidade. Quanto a mim, espero mostrar o talento de uma portuguesa que tenta entrar numa profissão que é deveras complicada. Acho que os portugueses não tentam muito ter uma carreira internacional, e no entanto têm potencial, é pena”, admitiu a jovem estudante. O talento português foi bem visível na Embaixada de Portugal em França para os portugueses verem, mas igualmente os franceses presentes. Para a Embaixada, estas iniciativas são para continuar a fazer porque o talento dos portugueses tem de ser exposto.
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entrevista 30
A carreira de Tereza Salgueiro começou em 1986, quando dois dos fundadores do grupo Madredeus ouviram-na cantar com um grupo de amigos, numa mesa ao lado da deles, numa tasca do Bairro Alto, em Lisboa. Depois da sua primeira audição com um fundador do grupo, Tereza Salgueiro passou a ser a voz e, nas palavras de Pedro Ayres Magalhães, “a maior inspiração da música dos Madredeus”. Teresa Salgueiro é uma soprano de vasta extensão vocal, com um talento natural para a música. Em 2007, a cantora deixa a banda e lança-se numa carreira a solo, acompanhada pela Lusitânia Ensemble. Depois do espectáculo “La Serena”, que deu origem a um disco com o mesmo nome, nasceu “Matriz”, o seu mais recente trabalho e que foi apresentado em concerto no Teatro de Neuilly, na região de Paris.
Tereza Salgueiro apresenta “Matriz”
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A Matriz Tereza este seu disco “Matriz” é uma viagem pelos sons de Portugal? Era uma ideia antiga que já tinha começado a trabalhar. Então convidei o Jorge Varrecoso Gonçalves para fazer os arranjos originais dos temas que colhi. Eles surgeriu outros e escolheu os músicos. O grupo Lusitânia Ensemble foi remodulado com novos músicos e instrumentos. Temos connosco por exemplo, na guitarra o Pedro Jóia, no acordião o Pedro Santos.
Considera então um trabalho de grupo e não a solo? A questão a solo deve-se ao facto de eu estar noutra extrutura idependente à anterior. Era conhecida como a vocalista dos Madredeus, e isso durante muitos anos. A solo, um cantor a solo, a não que seja totalmente autónomo e toque guitarra, que eu gostaria muito de o fazer, precisa sempre de músicos para acompanhá-lo.
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Tereza Salgueiro
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entrevista 34
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Posso então dizer que a Tereza neste momento está mais intérprete , cantando em nome próprio? Neste caso é uma voz que trabalhou durante muito tempo num grupo, mas que queria continuar na música, e que teve a sorte de conhecer e trabalhar com o Jorge Varrecoso Gonçalves num anterior disco. E neste meu primeiro disco a solo, quis de novo trabalhar com ele e com os Lusitânia Ensemble para realizár-mos este projecto “Matriz” que já queria fazer, tal como lhe disse à pouco, com o sonhava há já algum tempo.
A Tereza hoje tem mais controlo total do seu trabalho? Inclusivê tem a sua própria editora. É uma grande aprendizagem também. Este disco que fiz com a “Clepsidra”, que é uma empresa que abri no ano de 2008, é um disco de recolhas, Uma recolha de temas da música portuguesa, desde o século XIII até aos anos 70 do século XX. Percorrendo várias épocas e diversos autores e estilos da música portuguesa. Celebrando a sua riqueza, diversidade e antiguidade. Foi um disco que fiz com a minha empresa, e ainda bem que o fiz, pois estou em contacto com todas as áreas de actividade para se gravar e produzir um disco, fazer um concerto, estar em contacto com os músicos.
Saída dos Madredeus e própria editora
E agora como encara o futuro sem os Madredeus? Espero com o tempo poder construír ou definir um pouco a minha personalidade musical. Nos Madredeus era apenas uma vocalista, não escrevia as letras das canções, nem compositora. Assim como em todos estes projectos que fiz, mas eu tenho outras ideias, outras coisas que quero concretizar. Para isso é preciso haver tempo.
Tereza achou que era altura de reinventar-se como artista e decide sair dos Madredeus devido aos inúmeros cumpromissos profissionais que tinha. Foram 21 anos de sucessos, prémios e muito quilómetros de estrada.
“Matriz” é um disco obrigatoriamente a escutar. São cantigas de outrora, numa viagem profunda às raízes da música portuguesa. Aqui embelezadas pela voz hipnotizadora de Tereza Salgueiro.
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Réveillon em Paris de de cantar, dançar e beber, claro que com moderação…, outros ainda reservam mesa e festejam assim a entrada do novo ano e foram alguns destes que a equipa de Lusopress acompanhou na Île de France.
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A comemoração das passagens dum ano são sempre umas datas que tentamos que seja de alegria e celebrada com as pessoas que mais gostamos. Assim são muitos os
portugueses que se juntam e fazem dessa a noite a mais longa, e se alguns preferem a pacatez dos lares outros saem para a rua e nem o frio da noite lhes refreia a vonta-
No Restaurante A Ponte em Suresnes Manuel Moreira o proprietário e Chefe de Cozinha brindou os clientes com uma ementa de Fim de Ano e também deu um passo de dança
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tradicional portuguesa. Visitámos depois o L´Auberge de Brou em Brou-sur — Chantereine e o ambiente familiar aliado à boa cozinha justificam os clientes fiéis, muitos deles franceses, que ano após ano festejam a passagem de ano com Manuel e família. No L´Auberge de Brou o ponto alto acontece à meia-noite com o fogo de artifício. No Mercadinho em Pontault-Combault, Carlos Domingues e Beta proporcionaram também uma noite cheia de boa comida e muita música. Manuel Boiça do Restaurante Continental situado em Ormesson sur Marne abriu as portas do restaurante com a cozinha de qualidade que lhe conhecemos e muita música. O Oceano em Champigny sur
Marne com cozinha de excelência e uma equipa muito animada liderada por José Luís contagiava todos os presentes.Finalmente a nossa equipa terminou esta longa noite no Ilha Doce também em Champigny sur Marne. Aqui o ambiente era verdadeiramente eufórico, a juventude dos dirigentes, Michael e Jessy e da restante equipa ajudaram à descontração e a muita, muita alegria.
Stand Beiralacte
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comunidade 40
A CCIFP organizou Jantar de Gala A Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa (CCIFP) organizou um jantar de gala, na quinta-feira 17 de Dezembro num restaurante em pleno Bois de Boulogne às portas de Paris, no Jardin d’Acclimatation, no Pavillon des Oiseaux. Esta foi a segunda edição do Jantar de Gala dos empresários portugueses de França.
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Dos 160 empresários inscritos, apenas 15 desistiram à última da hora, argumentando o nevão que caiu na capital francesa. Portanto o apelo do Presidente da CCIFP, Carlos Vinhas Pereira, era bem aberto a todos. “Esta é uma oportunidade para que os nossos empresários tragam as esposas e tenham um jantar de festa por ano” explicou. No seu discurso, Carlos Vinhas Pereira, que também é o Director-Geral da Fidelidade Mundial em França, fez questão de referir o apoio que o Embaixador Francisco Seixas da Costa tem dado à CCIFP. “O Embaixador Francisco Seixas da Costa abriu-nos as portas da Embaixada e temos feito várias acções nas instalações da Embaixada”. E na sua intervenção, o Embaixador de Portugal, referiu igualmente esse aspecto. “As portas da Embaixada estão abertas para as vossas actividades. É verdade que quando cheguei, o projecto já estava numa fase avançada, mas a realidade é que este é um excelente projecto. É importante ter uma Câmara de Comércio forte e ver reunidos no mesmo projecto vários empresários portugueses e espero que continuem a crescer”.
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Para além de Francisco Seixas da Costa, estavam também presentes o Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Luis Ferraz e a Directora da AICEP em França, Teresa Moura. O Cônsul também realçou a importância da CCIFP. “Em tempo de crise, é bom ver os empresários portugueses juntos e a lutarem para que a situação melhore. Com o fim da crise, a CCIFP poderá crescer ainda mais para o bem da comunidade portuguesa em França”. Este jantar da CCIFP também tinha como objectivo entregar prémios a dois dos seus membros. Havia cinco empresas nomeadas para o Pré-
mio de melhor empresa do ano 2009: os bancos CGD e Banque BCP, a Alpha Trad, a Tradi-Art e a Axial Coignières. “Foram empresas que se destacaram por terem organizado eventos para trazerem novos sócios para a CCIFP” acrescentou Carlos Vinhas Pereira. E foi Francisco Valdemar, da empresa Tradi-Art que recebeu o Prémio. O empresário estava sobretudo surpreendido com a distinção. “Eu não estava à espera. Foi uma grande surpresa para mim. Pensava que não podia ganhar por estar no Conselho de Administração mas não estive à par da decisão final. Agora espero é sobretudo trazer mais empresários para a CCIFP. Temos e podemos crescer muito mais. Daqui a poucos anos, espero que sejamos o dobro, e porque não já para o ano…”. O segundo
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prémio da noite foi para a empresa que teve uma maior evolução de volume de negócios. Foi um prémio baseado no Palmarés das empresas portuguesas de França, que vai ser publicado brevemente pela CCIFP. Por isso o prémio foi para Georges Ferreira, proprietário da Ardeco. Novamente o membro da CCIFP revelou-se surpreendido. “Não esperávamos ganhar este prémio. Ficou muito feliz. E espero que para este ano de 2010, crescer ainda mais. Acho que os portugueses são muitas vezes individualistas, temos de mudar isso. Temos que nos ajudar e ajudar os outros, para crescermos e sermos mais fortes. Quanto mais fortes formos, mais peso podemos ter na economia francesa, o que será importante para a evolução das condições da comunidade portuguesa em França. Se a Câ-
mara de Comércio não tiver um grande peso, não podemos crescer e dar mais importância à comunidade. Temos de ser unidos”. Por fim, a CCIFP aproveitou o jantar de Gala para apresentar a primeira edição da sua nova revista empresarial, “Bilateral”. A revista vai passar a ser realizada trimestrialmente pela Câmara de Comércio Franco-Portuguesa. Um exemplar foi distribuído a cada participante no jantar e a revista está a ser enviada pelo correio aos empresários portugueses membros da CCIFP. Para além do Palmarés das empresas que vai ser anunciado neste início de ano, a CCIFP prevê organizar a terceira edição do Fórum de empresários, talvez em Abril, aquando da Cimeira Franco-Portuguesa, que juntará os Primeiros-Ministros dos dois países, José Sócrates e François Fillon.
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música 44
Nasceu uma “Estrela”
Luso descendente é uma cantora de sucesso na Finlândia Anna Abreu venceu o programa “Pop Idols” e é hoje uma cantora sucesso internacional. Nasceu Anna Eira Margarida Mourão de Melo e Abreu, a 7 de Fevereiro de 1990 em Vantaa, na Finlândia.
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Foi uma das revelações da versão finlandesa do progama “Pop Idol”. Numa das eliminatórias interpretou “Solta-se o Beijo”, um original da Ala dos Namorados e Sara Tavares. Quando lhe perguntam o porquê de cantar em português num programa finlandês, Anna responde de pronto que: “Senti que precisava de mostrar também o meu lado português. Sempre tive muito orgulho na minha dupla nacionalidade. Apesar de achar que não me correu muito
bem por causa dos nervos , parece que o público finlandês adorou o facto de ter cantado numa língua “exótica”. Certo é que a jovem chegou à final e venceu, como prémio tinha uma promessa de contracto com a gigante Sony Music. Em 2007 sai o seu primeiro disco, simplesmente intitulado “Anna Abreu”. Em poucos dias chegou ao disco de platina. Anna começou a viajar pela Escandinávia para promover as suas canções, e nunca deixou de
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interpretar o tema cantado na língua “exótica”. Um ano depois surge o seu segundo trabalho. A maioria das letras são cantadas em inglês, a jovem luso-descendente tem uma paixão pelos sons dance, r’n’b e latinos. “Now” chega de novo ao Top de Vendas da Finlândia e torna-se no disco mais vendido de sempre nesse país. A jovem cantora é solicitada para longas horas de autógrafos e passa a ser a cantora mais falada no Finlândia.
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“Os fãs são muito activos e queridos. Aqui também se vendem bastantes álbuns e tenho muito trabalho, o que é muito importante porque
estou numa carreira que adoro. Aqui se calhar a posição de um cantor, a ter saído dos Ídolos é um bocado diferente, temos muitas oportunidades de trabalho no campo da música.” No final do ano passado Anna Abreu chegou ao mercado britânico. O seu terceiro disco “Just a pretty face?” (como quem pergunta se ela é mais que uma cara bonita?), está a conquistar a Europa. Anna gostava de editar os seus discos em Portugal: “Espero poder lançar o meu álbum em Portugal, mas ainda não foi possível. Actuar é sempre foi um grande sonho meu. Acho que o público português é muito vivo.”
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mundo 48
Cuba
Cayo Levisa Há inúmeros lugares perdidos pelas Caraíbas que poderiam ter servido de inspiração para a Ilha do Tesouro, o famoso romance de Robert Louis Stevenson. Cayo Levisa é um deles. Penso que nenhuma imagem melhor poderia recriar melhor a magia deste pequeno Ilhéu, situado ao largo da província Pinar Del Rio, a oeste de Havana.
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Ricky e os Guitar Express
Essa foi a sensação que nos seguiu durante o percurso para Cayo Levisa, especialmente aos poucos no grupo que, como eu, teriam a sua primeira experiência na ilha - aventura, mistério e até mesmo, quem sabe, o local do Tesouro enterrado do capitão Flint. Adultos e crianças, todos estávamos bastante excitados ao embarcar na mini-van, em Havana, que nos levaria ao nosso destino. A viagem até Cayo Levisa percorre alguns dos vales mais bonitos de Cuba. Pinar Del Rio, a província que faz fronteira com Havana e se espalha até à ponta ocidental da ilha, é conhecida pela sua beleza natural e por aí se localizarem as melhores plantações de tabaco em todo o mundo. O nosso destino era na costa, porém, o que nos levou a sair da auto-estrada e progredir por uma estrada de montanha, que rapidamente nos rodeou com uma paisagem verde e selvagem. A floresta tropical luxuriosa era interrompida, aqui e ali, por um pequeno conjunto de casas, um posto médico, uma es-
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cola pública com todos os alunos de uniforme, saudando-nos ao longo da estrada. Cayo Levisa situa-se ao largo da costa, pelo que apenas se pode alcançar tomando um ferry. O barco, operado pelo Estado cubano, faz apenas duas travessias por dia, pelo que convém planear a viagem tendo em atenção os seus horários. Há, no entanto, outros barcos disponíveis para transporte, a qualquer hora do dia ou da noite - e é sempre bom saber que não se está abandonado numa ilha, sem opções para sair. No nosso caso, como tivemos a nossa viagem bem organizada, chegamos ao ferry a tempo. No terminal, um pequeno café permite refrescar um pouco e ouvir as histórias dos pescadores locais, sobre os golfinhos que poderemos encontrar na praia, a beleza dos recifes de coral ou sobre o gigantesco espadarte que alguém apanhou no dia anterior.
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O ferry não é dos mais modernos, mas há que dar o desconto. Afinal, estamos em Cuba. Apesar disso, e como tudo em Cuba, encontra-se operacional, e, do ponto de vista da segurança, tinha todo o equipamento necessário para enfrentar uma eventual emergência. Emergência que acabou ocorrendo, quando um dos nossos amigos viu o seu chapéu de palha cair ao mar – a visão do chapéu flutuante, à deriva com a maré, não levantou qualquer dúvida ao capitão: tínhamos que voltar atrás e recuperálo. Toda a gente no barco aplaudiu o salvamento, quando um membro da tripulação pescou
o chapéu com um arpão sobredimensionado. Este foi um momento hilariante, que nos preparou para a chegada da ilha. A primeira impressão de Levisa, temos de admitir, é um pouco decepcionante, porque apenas se vê um pontão rodeado de mangroves e um pântano lamacento, sem qualquer grão de areia à vista. Já nos começávamos a perguntar onde estava o paraíso prometido, quando, após percorrer um pequeno passadiço de madeira, passando as últimas árvores, a paisagem nos atinge, como uma pintura, o mar verde, a
areia dourada e o pôr-do-sol, que estava prestes a começar. O hotel é um pequeno complexo de 33 bungalows, posicionado em cima da praia, com um pequeno restaurante e um bar ao ar livre, onde fomos de imediato acolhidos pelo pessoal extremamente prestável e pela oferta de um cocktail cubano de boas vindas. O check-in foi feito sem problemas, mesmo a tempo de desfrutar o pôr-do-sol. O sol transformou-se numa imensa bola de fogo vermelha,
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contrastando com o azul esmeralda do oceano. Ali ficamos, em profundo silêncio, sufocados pela beleza daquele instante. A praia, o mar e uma piña colada. O Paraíso, ao alcance das nossas mãos. Cayo Levisa é um lugar próprio para famílias, onde as crianças se sentem completamente livres e podem explorar o Robinson Crusoe dentro delas. Os mais velhos divertem-se a explorar a ilha, construir cabanas ou ir à pesca. Os mais jovens brincam na areia, construindo castelos ou cavando buracos. No final, nenhum deles resiste ao apelo do mar, onde a água morna, calma como uma piscina, está sempre pronta a acolher-nos É um lugar de felicidade sadia, onde os pais não sentem a pressão de terem que manter uma vigilância constante sobre as crianças e são capazes de usufruir dos sorrisos nos seus rostos.
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Aqui, pode-se aproveitar os prazeres simples da vida, um passeio na praia, um livro que se desejava ler, saborear um daiquiri com os pés dentro de água. O verdadeiro dolce fare nien-
te, que os italianos transformaram numa forma de arte. Os mais aventureiros aproveitam para um passeio em catamarã, uma saída de barco para fazer snorkeling, ou mesmo mergulho em profundidade. Pesca de alto mar também era uma opção, e o chefe da cozinha do restaurante encontrava-se disponível para preparar as capturas do nosso dia.
partida competitiva de volley de praia, ou, frequentemente, nenhuma delas, pois acabávamos por ficar numa relaxada cavaqueira, explorando a lista de cocktails do bar e apenas apreciando o ambiente sem stress de Cayo Levisa, um mundo a leste das preocupações da vida quotidiana, dos horários das 9 às 5, dos engarrafamentos no trânsito ou dos transportes públicos.
Para mim, o mais agradável eram os passeios à beira mar. Poder caminhar até à extremidade da ilha e contemplar o oceano, completamente só, na minha praia privativa.
Com o cair da noite, todos se reuniam para ver o pôr-do-sol. Dava realmente gosto vê-lo, e fazia-nos pensar se aquela paisagem não teria sido desenhada por uma artista divino, propositadamente para aquela ocasião especial. Para que tudo estivesse perfeito, apenas tínhamos que garantir que o empregado do bar nos servisse o rum especial nos daiquiris e mojitos que acompanhavam o pôr-do-sol.
A hora do almoço era a altura em que nos reuníamos para compartilhar as nossas aventuras de manhã e planear as actividades dessa tarde, fosse um passeio de barco a pedais ou uma
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Uma das noites, as luzes do complexo apagaram-se todas de repente, um dos famosos “apagones” de Cuba que ocorrem frequentemente devido ao deficiente sistema eléctrico ou à necessidade de economizar no combustível. Em vez de constituir uma preocupação, o corte de luz veio oferecer-nos um dos momentos mais belos e inesquecíveis de nossa estadia. Sentados na praia, vimos como um milhão de estrelas iluminavam o céu, todas as constelações desenhadas diante dos nossos olhos, como um gigantesco planetário ao ar livre que nos mostrava como somos pequeninos, no meio deste vasto universo. As noites não se prolongam muito, pois não há discotecas ou clubes de salsa na ilha. Mas há sempre quem se lembre de improvisar uma festa na praia, com meia dúzia de cervejas ou uma garrafa de vinho, um pouco de música e, sobretudo, a atmosfera que nos envolve nestes ambientes. Ficávamos a falar, entretidos a jogar ou, simplesmente, a ouvir o som melódico das ondas a chamar por nós. E sim, podemos facilmente tomar banho no mar à noite, porque a temperatura da água é sempre agradável. A melhor coisa em Cayo Levisa era mesmo o acordar com o som das ondas do mar. Só de pensar que tudo o que precisava era abrir a porta do quarto e já me encontraria a poucos metros do oceano, fazia-me iniciar o dia de bom humor. Ao sair do quarto encontrava-me de imediato na areia branca, rodeada de água azul, e verde, e todas as tonalidades entre si.
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Mas nem tudo é perfeito numa ilha tropical. Por isso, é bom saber que Cuba possui um dos mais impressionantes serviços de protecção civil em todo o mundo. Assim, e embora esti-
vemos numa ilha, todos nos sentimos bastante seguros em Cayo Levisa. Numa ocasião, estávamos já um pouco afastados da costa, num barco a pedais, caiu sobre nós uma tempestade, com fortes aguaceiros e ventos fortes. Os nossos esforços para regressar eram inúteis, pois o vento continuava a arrastar-nos para fora. Para as crianças que estavam connosco, não era mais do que uma aventura. Eu, por outro lado, começava a sentir-me um pouco apreensiva, pois sentia que não seria fácil regressar à praia. Felizmente, não foi preciso esperar muito
pelo salvamento, já que os guardas salva-vidas se encontravam já a caminho para nos rebocarem para terra com a sua lancha rápida. O regresso a Havana não foi fácil. Ao despedirmo-nos dos funcionários do Hotel sentíamos a nostalgia de quem diz adeus a um familiar que não sabe bem quando irá rever. Esse é um dos grandes motivos de charme de Cayo Levisa, a afinidade que se desenvolve com o local e as pessoas que aí se descobrem. Apesar de tudo, todos tínhamos como certeza de que aquele não se tratava de um verdadeiro adeus. Talvez mais um, até mais tarde. Provavelmente um, até breve. Em qualquer dos casos, será sem dúvida uma experiência que todos iremos querer reviver.
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consultório jurídico 56
António José Rosado Grácio Advogado Estagiário na Loja Jurídica das Amoreiras Telefone (+351) 21 112 75 35 agracio@lojajuridica.pt
A Renda no âmbito do Contrato de Arrendamento A renda deve ser paga pelo Inquilino na data que conste do Contrato de Arrendamento ou no primeiro dia útil do mês anterior a que respeita e no domicílio do Senhorio.
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Por outro lado, o Senhorio e o Inquilino podem, no Contrato de Arrendamento, acordar como será feita a actualização da renda, sendo que, se não o fizerem, a renda pode ser actualizada um ano após o início do contrato e desde que o Senhorio tenha, por carta registada com aviso de recepção e com uma antecedência mínima de 30 dias, informado o Inquilino de tal aumento. O aumento mencionado será o que consta do Aviso publicado em Diário da República com o coeficiente de actualização que, para o ano de 2009, foi de 1,028 (Aviso 23 786/2008, emitido pelo Instituto Nacional de Estatística, e publicado na 2ª Série do nº 195 do Diário da República de 23 de Setembro de 2008). O Senhorio, quando o Inquilino, não paga a renda tem direito a todas as rendas em atraso acrescidas de uma indemnização correspondente a metade do que é devido, isto é, se o Inquilino deve dois meses de renda (€1.000,00), o Senhorio tem direito a €1.000,00 (rendas em atraso) acrescidas de €500,00 (indemnização). Porém, a indemnização apenas pode ser
pedida se o Senhorio não resolver o contrato pelo não pagamento das rendas. Se o Senhorio resolver o Contrato de Arrendamento com base no não pagamento das rendas deve fazê-lo no prazo de um ano a contar data em que tem conhecimento de que o Inquilino tem mais de 3 (três) meses de renda em dívida. Para o Senhorio rescindir o Contrato de Arrendamento com base no não pagamento das rendas, tem de Notificar Judicialmente o Inquilino para que este pague as rendas em atraso e desocupe o imóvel. Se o Inquilino não pagar as rendas em atraso e ainda não tiver desocupado o imóvel, o Senhorio pode propor uma Acção de Despejo do Inquilino, exigindo a entrega do imóvel e o pagamento das rendas em atraso. Por outro lado, se o Inquilino já se tiver ido embora e não tenha pago as rendas em atraso, o Senhorio pode requerer uma execução, peticionando o valor das rendas em atraso acrescido de todas as despesas que o Senhorio teve para a resolução desta questão, tais como a taxa de justiça desde que tenha comunicado ao inquilino qual o valor das rendas em dívida através do envio de carta registada com aviso de recepção.
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passatempos 58 SUDOKU CLÁSSICO
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5 7 9 1 1 9 4 6 7 5 2 3 9 4 7 2 7 4 5 3 2 8 5 4 8 7 3 5 9 2 6 8 7 5 3 9
Sudoku nivel 2:
2 8 9 7 9 2 9 7 3 5 9 1 7 5 2 2 7 8 8 4 9 6 2 1 4 1 3
5 6 7 2 4 1 4 5 3 7 2 4 9 6 5 6 8 5 3 7 5 7 9 8 6 4 8 7 3 2 2 3 1 4 5 9 5 2 6 8 8 7 6 4 2
Sudoku nivel 4:
Sudoku nivel 3:
Sudoku nivel 1:
Preencha as casas vazias com algarismos de 1 a 9 de forma a que o mesmo número não se repita em cada linha, coluna e quadrado.
3 9 2 4 3 5 1 4 3 9 4 7 5 7 8 7 1 3 2 7 6 9 4 2 7 6 9
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Solução das diferenças. Há 1 peixe a mais no cardume, bolsos das calças de ganga, falta risca no chão, o peixe isolado está maior, falta alça da mala , falta placa de identificação
Sudoku nivel 1
9 4 8 6 7 3 5 2 1
9 2 4 6 1 7 5 3 8
5 3 7 2 9 1 8 4 6
1 8 7 4 5 3 2 6 9
6 1 2 8 4 5 9 3 7
5 3 6 9 2 8 7 1 4
7 2 4 3 1 9 6 8 5
8 6 9 2 7 4 1 5 3
1 8 9 4 5 6 3 7 2
4 7 1 5 3 9 8 2 6
3 5 6 7 2 8 1 9 4
2 5 3 8 6 1 9 4 7
3 1 8 7 4 5 6 9 2 6 9 5 3 8 2 4 7 1 7 4 2 1 9 6 3 8 5
Sudoku nivel 2
2 6 3 1 8 7 4 5 9 4 9 1 5 3 2 7 6 8 8 7 5 9 6 4 2 1 3
Sudoku nivel 3
5 2 3 7 6 9 1 4 8 8 1 9 3 4 2 5 7 6 6 4 7 5 1 8 2 3 9 9 5 4 6 7 3 8 2 1 1 7 8 4 2 5 6 9 3 2 3 6 9 8 1 7 5 4 4 8 2 1 9 7 3 6 5 3 9 1 2 5 6 4 8 7 7 6 5 8 3 4 9 1 2
Sudoku nivel 4
3 7 8 5 9 1 6 4 2 9 4 2 7 6 3 5 1 8 6 5 1 4 2 8 9 3 7 1 9 6 8 3 4 7 2 5 5 3 4 2 7 6 1 8 9 2 8 7 1 5 9 4 6 3 4 2 3 9 1 7 8 5 6 8 6 9 3 4 5 2 7 1 7 1 5 6 8 2 3 9 4
60 DIFERENÇAS - Entre estas duas imagens existem 6 diferenças. O seu objectivo é descobri-las
passatempos
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passatempos 62
Para descontrair Iam dois bêbados na ponte, quando um deles se desequilibra e cai no rio. De imediato o outro foi pedir socorro, mas quando o tiraram da água já estava morto. - Então, como é que ele está? - perguntou o outro bêbado. - Bebeu água a mais. - Está a ver. Bebe água pela primeira vez e morre.
Enigma Dinheiro Para o Santo Um homem chega numa igreja que tem 3 santos, ele se dirige até o primeiro santo e fala: - Se você dobrar o dinheiro que eu tenho no bolso, lhe dou 20 euros. O santo dobra o que ele tem no bolso e o homem lhe dá os 20 euros e parte para o segundo santo, e fala: O santo dobra o que ele tem no bolso e o homem lhe dá os 20 euros e parte para o terceiro santo. Ao chegar, ele fala: - Se você dobrar o que eu tenho no bolso, lhe dou 20 euros. O santo dobra o que ele tem no bolso e o homem dá os 20 euros para o santo e fica sem nada no bolso. Pergunta: como pode ele dobrar 3 vezes o que tinha no bolso e acabar sem dinheiro? Com quanto dinheiro o homem chegou na igreja?
2º dobrou, ficou com 30, deu 20, ficou com 10... 1º dobrou, ficou com 35, deu 20, ficou com 15... 17.5 euros
Estava um velhote de gatas a olhar para o chão, chega uma pessoa ao pé dele e pergunta-lhe: - O senhor perdeu alguma coisa? - Perdi sim, um caramelo. - Então e o senhor está aqui de gatas há tanto tempo por causa de um caramelo, que importância pode ter um caramelo? - É que este tem os meus dentes agarrados!...
- Se você dobrar o que eu tenho no bolso, lhe dou 20 euros.
3º dobrou, ficou com 20, deu 20, ficou sem dinheiro...
Num asilo : - Digam o que entendem por objecto transparente. Levanta-se um doido: - É um objecto através do qual se pode ver ! - Muito bem ! Dê-me um exemplo de um objecto transparente ... - O buraco da fechadura !
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Solução:
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horóscopo 64
CARNEIRO ( 21/3 a 20/4 )
LEÃO ( 21/7 a 22/8 )
Deverá ter novas motivações no trabalho, especialmente para fazer revisões de algo. Propensões a vivenciar contatos sociais diferentes no dia, mesmo em horas de lazer e diversões. A relação com os filhos também deverá ter momentos especiais e de alguma situação importante a tratar. AMOR: Demonstrações apaixonadas deverão surpreender positivamente a quem ama desde que alguns de seus impulsos não causem intimidação.
A ansiedade de solucionar assuntos de rotina que estão pendentes deve ser controlada para que não faça nada de forma precipitada. Decisões devem ser revistas ou ajustadas, especialmente algumas que teve as pressas, recentemente. AMOR Evite que impulsos tragam assuntos do passado na vida a dois, especialmente se for algo que não tenha mais necessidade de lidar.
TOURO ( 21/4 a 20/5 )
VIRGEM ( 23/8 a 22/9 )
Há mais tendências para decisões importantes em assuntos domésticos. Consertos na casa ou mudanças que há tempos deseja devem ser concluídas com mais dedicação. Período especial para decisões que esclareça alguma divergência familiar ou com pessoas que gosta. AMOR: São grandes as chances de lidar com situações do passado junto ao cônjuge ou esclarecer sentimentos antigos, se estiver sozinho(a).
Reflita sobre algumas posturas suas, especialmente sacrifícios por causa de outras pessoas. Ações solidárias são importantes, mas não deve se anular por elas. Boa hora para valorizar suas crenças e também ter mais dedicação aos temas de espiritualidade. AMOR: Posturas anti-sociais não ajudarão a esquecer antigos sentimentos. Evite fugir de novas chances para envolvimento amoroso.
GÊMEOS ( 21/5 a 20/6 )
BALANÇA ( 23/9 a 22/10 )
Retomar assuntos importantes, especialmente com parentes, será algo que beneficiará a resolução de problemas. Ajustes que envolvam papéis relacionados a assuntos materiais será outra tendência que deverá tomar sua atenção de forma intensa. AMOR Suas palavras e a forma de se expressar terão impacto especial na relação a dois, especialmente para ajudar o cônjuge em decisões.
Procure não criar divergências com pessoas que gosta ainda mais se forem do circulo de amizades. Momento de agir com mais compreensão e até perdoando algumas atitudes tidas por amigos distantes. Velhas convivências poderão ter uma reaproximação. AMOR Ambientes sociais favorecerão novas paqueras e envolvimentos aos que estiverem só. Os comprometidos desfrutarão mais do lazer a dois.
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CARANGUEJO ( 21/6 a 20/7 ) O momento é indicado para observar as necessidades materiais que tem. Refletir sobre elas ajudará a fazer com que busque coisas mais essenciais e até deixar outras pouco úteis que tenha interesse. Chances maiores para mudar planos em gastos. AMOR Possibilidades de definir objetivos materiais junto ao cônjuge. O diálogo sobre divergências de ambições será importante.
ESCORPIÃO ( 23/10 a 21/11 ) Demonstrações de afeto deverão ser mais intensas as pessoas que gosta. Procure evitar exageros ou radicalizar diante de opiniões com aquelas que mais convive. Será importante a tolerância com divergências na forma de pensar e com conceitos junto às relações AMOR: Questões domésticas deverão ser compartilhadas junto à pessoa amada, tanto em planos futuros como em problemas pendentes.
SAGITÁRIO (22/11 a 21/12 ) Tende a se dedicar aos assuntos de viagens, tanto envolvido(a) em alguma como em planos para futuras que queira fazer. O contato com pessoas a distância tende a ser mais intenso. Possibilidades maiores de esclarecer questões burocráticas relacionadas a dinheiro AMOR: Compartilhar gostos em comum, especialmente ideológicos e culturais, será um ótimo exercício no convívio com a pessoa amada. CAPRICÓRNIO ( 22/12 a 20/1 ) O período é de mais risco para imprevistos financeiros, requerendo cautela e mesmo um freio diante de investimentos ousados. A estratégia será importante no trabalho e alguns segredos ligados ao setor devem ser descobertos para ajudar em decisões futuras. AMOR: Momentos confidenciais serão mais comuns de se compartilhar junto a quem ama. Quem estiver só, é propenso a envolvimentos repentinos. AQUÁRIO ( 21/1 a 19/2 ) A dedicação com assuntos de outras pessoas poderá ser parâmetro para a dimensão dos seus problemas. Às vezes não percebemos a força que podemos ter para solucionar nossas situações, tendo mais clareza quando nos envolvemos e ajudamos aos outros. AMOR: Conversas pendentes sobre objetivos serão retomadas junto ao cônjuge. Evite agir de forma ansiosa, se excedendo em cobranças na relação. PEIXES ( 20/2 a 20/3 ) Procure compensar o stress da rotina semanal com lazer e atividades que equilibrem suas energias. Voltar a ter hábitos simples que beneficiem o corpo e a mente fará grande diferença. Também deve evitar manias que impeçam de relaxar mais. AMOR Se for mais atento(a) aos detalhes e gostos da pessoa amada, valorize mais atitudes românticas e surpresas a ela.
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