O que é Fatalismo?, por B. B. Warfield

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O que ĂŠ Fatalismo? Benjamin B. Warfield


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Traduzido do original em Inglês

What Fatalism Is? By Benjamin B. Warfield

Via: TheHighWay.com

Tradução e Capa por William Teixeira Revisão por Camila Almeida

1ª Edição: Outubro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

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O que é Fatalismo?* Por Benjamin B. Warfield

É um triste estado de espírito este em que as pessoas caem, por vezes, no qual elas não sabem a diferença entre Deus e Destino. Uma das mais surpreendentes ilustrações disto em toda a história é, sem dúvida, a que é assegurada por nossos irmãos Presbiterianos de Cumberland que, durante cem anos, agora, têm vigorosamente declarado que a Confissão de Westminster ensina o “fatalismo”. O que eles querem dizer é que a Confissão de Fé de Westminster ensina que é Deus quem determina tudo o que deve acontecer em Seu universo; que Deus não tem — para usar uma frase do Dr. Charles Hodge — “atribuído nem à necessidade, ou ao acaso, ou ao capricho do homem, ou à malícia de Satanás, o controle da sequência de eventos e todas as suas questões, mas manteve as rédeas do governo em Suas próprias mãos”, Isto, dizem eles, é Destino: porque (assim eles dizem) isso envolve “uma necessidade inevitável” no desenrolar dos acontecimentos. E esta doutrina de “fatalidade”, dizem eles — ou pelo menos o seu historiador Dr. B. W. McDonnold diz para eles — é “a única suprema dificuldade que nunca foi possível reconciliar” e que ainda “permanece como um obstáculo insuperável para uma união” entre eles e “a igreja mãe”. “Quer as difíceis passagens da Confissão de Westminster sejam justamente chamadas fatalidades ou não”, ele acrescenta, “elas são muito difíceis para nós”. Agora, não é surpreendente que homens com os corações abrasados pelo amor de Deus não deveriam distingui-lO de Destino? É claro que sim, a razão não é difícil de encontrar. Como os outros homens, e como o cantor do doce hino que começa assim: “eu era uma ovelha perdida”, eles têm uma objeção natural a ser “controlada”. Eles querem ser os arquitetos das suas próprias fortunas, os determinantes de seus próprios destinos; embora o fato deles fantasiarem que poderiam fazer isso melhor para si do que Deus possa ser confiável para fazer isso por eles, é um enigma a ser entendido. E a sua confusão é promovida ainda mais por uma forma defeituosa que eles têm de conceber o modo como Deus age. Eles imaginam que Ele opera apenas por “lei geral”, “influência Divina”, que é como eles o chamam (em vez de chamarem de “Ele”): E concebem esta “influência Divina” como uma força difusa, presente através de todo o universo e que opera sobre todos igualmente, assim como a gravidade, ou luz, ou calor. O que acontece com o indivíduo, portanto, é determinado não pela “influência Divina” que age igualmente sobre todos, mas por algo em si mesmo o que faz dela uma resposta maior ou menor à “influência Divina” comum __________ * Este artigo foi extraído de Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield [Seleção de Escritos Curtos de Benjamin B. Warfield], vol. 1, editado por John E. Meeter e publicado pela Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1970. Este artigo foi publicado originalmente em The Presbyterian, 16 de março de 1904, pp. 7-8.

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a todos. Se concebermos os modos de Deus agir, portanto, sob a analogia de uma força natural, não é de admirar se não podermos chamar-Lhe de Destino. Pois, o Destino é apenas uma Força Natural; e se uma Força Natural, assim regesse todas as coisas, isto seria Fatalismo. A concepção é, nós vemos, em essência, a mesma que a dos antigos gregos. “Para o estóico, de fato”, diz o Dr. Bigg, “Deus era a Lei Natural, e Seu outro nome era Destino. Assim, podemos ler no famoso hino de Cleanthes: “‘Leve-nos, ó Zeus, e tu também, ó destino, aonde quer que vós designastes que nós devamos ir. Pois eu seguirei sem hesitação. E se eu me recusar isso viria a ser um mal, porém mesmo tudo seguirei’. O homem é ele mesmo uma parte da grande força mundial, levado no seu circuito abrangente, como o besouro de água em uma torrente. Ele pode lutar, ou ele pode deixar-se ir; mas o resultado é o mesmo, exceto que, neste último caso, abraçará o seu fardo, e assim estará em paz”. Quando um homem identifica Deus como uma mera lei natural, ele pode obter resignação, mas ele não pode atingir a religião. E a resignação obtida pode dissimular uma intensa amargura de espírito. Todos nos lembramos daquele terrível epigrama de Palladas: “Se a preocupação aproveita em algo, porque, certamente, tome bom cuidado; mas se a preocupação é exercida em seu lugar por um Deus, que proveito há em preocupar-se? É tudo a mesma coisa se você se preocupar ou não se preocupar; Deus cuida somente disso, a saber, que você tenha se preocupado o suficiente”. Isso é o resultado do fatalismo, de confundir Deus com a Lei Natural. Qual é, então, a real diferença entre esse Fatalismo e a Predestinação ensinada, por exemplo, em nossa Confissão? “Predestinação e Fatalismo”, diz Schopenhauer, “não diferem no essencial. Eles diferem apenas no fato de que com a predestinação a determinação externa da ação humana procede de um Ser racional, e com o fatalismo de algo irracional. Mas em qualquer dos casos o resultado é o mesmo”. Isto é, eles diferem precisamente como uma pessoa difere de uma máquina. E ainda Schopenhauer pôde representar isto como uma diferença não radical! O professor William James sabe melhor; e em suas palestras sobre “As Variedades da Experiência Religiosa”, ele amplia a diferença. Isto é ilustrado, diz ele, pela diferença entre a observação fria de Marco Aurélio: “Se os deuses não cuidarem de mim ou meus filhos, há uma razão para isso”; e o grito apaixonado de Jó: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” [Jó 13:15]! Esta diferença também não é apenas na disposição emocional. É precisamente a diferença que se estende entre materialismo e religião. Não há, portanto, nenhuma heresia tão grande, nem heresia que consiga arrancar a religião pela raiz, como a heresia que pensa em Deus de acordo com a analogia da força natural e esquece que Ele é uma Pessoa. Há uma história de um menino holandês que ilustra perfeitamente a relação entre Deus e OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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Destino. A casa deste pequeno rapaz estava localizada em um dique na Holanda, perto de um grande moinho de vento, cujas longas pás passavam tão perto do chão que punha em perigo aqueles que descuidadamente passavam sob elas. Mas ele gostava muito de brincar precisamente debaixo deste moinho. Seus pais cuidadosos o havia proibido de aproximarse dele; e, quando a sua vontade teimosa não cedia, haviam procurado assustá-lo para que ficasse longe do moinho, despertando a sua imaginação para o terror de ser atingido pelas pás e ser levado para o ar e perder sua vida por seus golpes incessantes. Um dia, sem se importar com a advertência, ele se desviou de novo para debaixo das perigosas pás, e logo distraiu-se em sua brincadeira e esqueceu-se de tudo o mais, focando na presente diversão. Talvez, ele estava meio consciente de uma brisa surgindo; e em algum lugar no fundo de sua alma, ele pudesse ter estado vagamente consciente do perigo que o ameaçava. De qualquer forma, de repente, à medida que ele brincava, foi violentamente atingido nas costas e de repente estava com a cabeça para baixo, suspenso, ao ar; e, em seguida, os golpes vieram, firmes e duros! Oh, que desespero do coração! Que terrível e grande escuridão! Aconteceu, então! E ele se foi! Em seu terrível estremecimento, ele virou-se e aproximandose, olhou para cima, e não viu a extensão imensurável dos céus de bronze acima dele, mas, sim, o rosto de seu pai. No mesmo instante, ele percebeu subitamente, que ele não foi pego pela máquina, mas que somente estava recebendo o castigo ameaçado de sua desobediência. Ele derreteu-se em lágrimas, não de dor, mas de alívio e alegria. Naquele momento, ele compreendeu a diferença entre cair no poder de uma máquina de moagem e nas mãos amorosas de um pai. Essa é a diferença entre Destino e Predestinação. E toda a língua dos homens não pode dizer a imensidão de diferença que há entre eles.

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2 Coríntios 4 1

Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem, 3 na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está 4 encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória 5 de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo 6 Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, 7 para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 10 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus 11 se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na 12 13 nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, 14 por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará 15 também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de 16 Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o 17 interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação 18 produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se 7 OEstandarteDeCristo.com Issuu.com/oEstandarteDeCristo não veem são eternas. 2


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