REFLEXÕES SOBRE A VIDA DE
WILLIAM COWPER JOHN PIPER
Traduzido do original em Inglês
Insanity and Spiritual Songs in the Soul of a Saint Reflections on the Life of William Cowper By John Piper
Via: DesiringGod.org • Copyright © 2015 Desiring God Foundation
Tradução por Amanda Ramalho Revisão por Camila Almeida Capa por William Teixeira
1ª Edição: Julho de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão do Ministério Desiring God Foundation (DesiringGod.org), sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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Insanidade e Cânticos Espirituais na Alma de Um Santo
Reflexões Sobre a Vida de William Cowper Por John Piper [Conferência de Bethlehem para Pastores • 29 de Janeiro de 1992]
Por que Cowper? Há pelo menos três razões pelas quais eu escolhi contar a história do poeta do século XVIII William Cowper na conferência deste ano. Uma delas é que, desde que eu tinha dezessete anos — talvez antes — eu senti o poder da poesia. Voltei ao meu arquivo recentemente e achei uma cópia antiga do Leaves of Grass, Revista Literária da minha escola de 1964 e li os poemas que escrevi para ela há quase 30 anos. Então olhei para o Kodon dos meus tempos de Wheaton, e lembrei-me do poema, “Uma de muitas terras” que eu escrevi em um dos meus momentos mais sombrios como um calouro da faculdade. Então eu cavei The Opinion do Seminário Fuller e Coeval de Bethel, de quando eu ensinava lá. Comoveu-me outra vez o que amigo de muito tempo, o escrever poesia, tem sido para mim. Penso que a razão para isso é que eu vivo com uma consciência quase constante da brecha entre a baixa intensidade de minha própria paixão e as realidades surpreendentes do universo ao meu redor, Céu, Inferno, criação, eternidade, vida, Deus. Todos (saibam disso ou não) tentam fechar essa brecha — entre a fraqueza de nossas emoções e a maravilha do mundo. Alguns de nós o fazem com a poesia. William Cowper fez isso com a poesia. Eu acho que sei o que ele quer dizer, por exemplo, quando escreve um poema sobre o retrato de sua mãe muito tempo após sua morte e diz: E, ao mesmo tempo que o rosto renova minha dor filial, Fantasia deve tecer um encanto para meu alívio. Há uma liberação profunda e um alívio que vem quando nós encontramos uma maneira de ver e dizer algumas realidades preciosas ou impressionantes que vem um pouco mais perto de fechar a brecha entre o que temos vislumbrado com a nossa mente e o que temos apreendido com o nosso coração. Não deveria ser surpresa que, provavelmente, mais de 300 páginas da Bíblia foram escritas como poesia. Porque o objetivo da Bíblia é construir uma ponte entre o amortecimento do coração humano e a realidade viva de Deus.
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A segunda razão pela qual eu sou atraído por William Cowper é que eu quero conhecer o homem por trás do hino, “God Moves In a Mysterious Way” (Deus se move de forma misteriosa). Ao longo dos anos, ele tornou-se muito precioso para mim e para muitos em nossa igreja. Deus age de maneira misteriosa Suas maravilhas para realizar; Ele planta Seus passos no mar, E cavalga sobre a tempestade. Profundo em minas insondáveis De nunca falha habilidade, Ele reúne os Seus desígnios brilhantes E opera a Sua vontade soberana. Vós santos temerosos, coragem revigorada peguem, As nuvens que tanto temeis São grandes em misericórdia, e se romperão Em bênçãos sobre a sua cabeça. Não julgue o Senhor com débil entendimento, Mas confie nEle por Sua graça; Por trás de uma providência carrancuda Ele esconde um sorriso no rosto. Seu propósito amadurecerá rapidamente, Desdobrando a cada hora; o broto pode ter um amargor, Mas doce será a flor. A incredulidade cega certamente errará, E vê a Sua obra em vão: Deus é o seu próprio intérprete, E Ele irá torná-la clara. Este hino paira sobre o nosso manto em casa. Ele expressa o fundamento da minha teologia e minha vida tão bem que eu desejo conhecer o homem que o escreveu. Por último, gostaria de saber por que esse homem lutou contra a depressão e desespero
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por quase toda a sua vida. Quero tentar chegar a um acordo com a loucura e cânticos espirituais no mesmo coração de alguém que eu acho que era um santo. Um Esboço De Sua Vida Começaremos com um esboço de sua vida. Quem era ele e quando foi que ele viveu? Ele nasceu em 1731 e morreu em 1800. Isso faz dele um contemporâneo de John Wesley e George Whitefield, os líderes do Avivamento Evangélico na Inglaterra. Ele abraçou a teologia Calvinista de Whitefield, em vez do Arminianismo de Wesley. Esta era uma marca calorosa, evangélica do Calvinismo, formada (no caso de Cowper), em grande parte por um dos homens mais vigorosos do século 18, o “velho blasfemo Africano” John Newton, a quem iremos ver mais em um momento. Cowper disse que ele podia se lembrar de como quando criança via as pessoas às quatro horas da manhã vindo para ouvir Whitefield pregar ao ar livre. “Moorfields (era) tão cheia das lanternas dos adoradores antes do amanhecer como o Haymarket estava cheio de tochas nas noites de ópera” [1]. Ele tinha 27 anos quando Jonathan Edwards morreu na América. Ele viveu as revoluções Americana e Francesa. Sua poesia era conhecida por Benjamin Franklin, que deu ao primeiro volume de Cowper uma boa revisão [2]. Mas ele não era um homem de negócios ou viagens. Ele era um recluso que passou praticamente toda a sua vida adulta no campo Inglês rural perto de Olney e Weston. Do ponto de vista de aventura, política ou envolvimento público a sua vida era completamente sem intercorrências. O tipo de vida sobre a qual nenhuma criança jamais escolheria ler a respeito. Mas para aqueles de nós que somos mais velhos, temos visto que os acontecimentos da alma são, provavelmente, os eventos mais importantes na vida. E as batalhas na alma deste homem eram de proporções épicas. Então, vamos esboçar a sua vida aparentemente sem intercorrências, com vista a ver as batalhas da alma. Ele nasceu 15 de novembro de 1731, em Grande Berkhampstead perto de Londres, uma cidade de cerca de 1500 pessoas. Seu pai era reitor de Grande Berkhampstead e um dos capelães de George II. Assim, a família estava bem, mas não evangélica, e William cresceu sem qualquer relação salvífica com Cristo. Sua mãe morreu quando ele tinha seis anos e seu pai o mandou para um internato de
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Pitman em Bedfordshire. Foi um erro trágico, como veremos a partir de seu próprio testemunho mais tarde na vida. A partir da idade de dez anos, até que ele tinha dezessete anos, ele frequentou a escola privada Westminster e aprendeu o seu francês, latim e grego bem o suficiente para passar os últimos anos de sua vida 50 anos mais tarde traduzindo Homero e Madame Guyon. A partir de 1749 ele foi aprendiz de um advogado, tendo em vista o exercício da advocacia — pelo menos essa era a visão de seu pai. Ele nunca aplicou-se, e não tinha coração para a vida pública de um advogado ou de um político. Durante dez anos ele não levou a sério sua carreira jurídica, mas viveu uma vida de lazer com participação simbólica em sua suposta carreira. Em 1752, ele afundou em sua primeira depressão paralisante — a primeira das quatro grandes batalhas com colapso mental grave [...]. Luta com o desespero veio a ser o tema de sua vida. Ele tinha 21 anos e ainda não era um crente. Ele escreveu sobre o ataque de 1752 da seguinte forma: (Fiquei impressionado) com tal desânimo dos espíritos, como ninguém além daqueles que já sentiram o mesmo, podem ter a menor concepção. Dia e noite eu estava sobre a prateleira, deitado em horror, e levantando-me em desespero. Eu realmente perdi todo o gosto por esses estudos, o qual antes eu tinha sido intimamente ligado; os clássicos não tinham mais nenhum encanto para mim; eu tinha necessidade de algo mais salutar do que diversão, mas eu não tinha ninguém para me orientar onde encontrá-lo. Ele passou por depressão com a ajuda dos poemas de George Herbert (que viveu 150 anos antes). Estas continham beleza o suficiente e esperança suficiente que Cowper encontrou forças para levar vários meses longe de Londres junto ao mar em Southampton. O que aconteceu lá foi tanto misericordioso e triste. Ele escreveu em seu livro de memórias: A manhã estava calma e clara; o sol brilhava sobre o mar; e o país, nas fronteiras, era o mais bonito que eu já tinha visto ... Aqui ocorreu, que de repente, como se outro sol tivesse se acendido naquele instante nos céus, com o propósito de dissipar a tristeza e aflição de espírito, eu senti o peso de todo o meu cansaço retirado; meu coração ficou leve e alegre em um momento; eu poderia ter chorado com o êxtase se eu estivesse sozinho. Essa foi a misericórdia. A tristeza era que ele confessou mais tarde que em vez de dar a Deus o crédito por esta misericórdia, ele formou o hábito apenas de lutar contra sua depressão, se lutasse em absoluto, buscando mudanças de cenário. Foi a mão misericordiosa de Deus na natureza. Mas ele não O viu, ou deu-Lhe glória. Ainda não.
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Entre 1749 e 1756 Cowper apaixonou-se por sua prima Theodora cuja casa ele visitava regularmente nos fins de semana. Ela se tornou a Delia de seus poemas de amor. Eles foram noivos, mas por alguma razão misteriosa seu pai, Ashley Cowper, proibiu o casamento. Sua razão aparente foi a inadequação de consanguinidade. Ela era prima de William. Mas parece estranho que a relação foi autorizada a desenvolver-se por sete anos, bem como o noivado foi apenas quebrado no último minuto. Provavelmente seu pai sabia coisas sobre William que o convenceram que ele não seria um bom marido para sua filha. Isso provavelmente é verdade. Mas isso não ocorreu da maneira como ele esperava. Embora eles nunca mais viram um ao outro novamente após 1756, Theodora resistiu a ele, mas nunca se casou. Ela seguia a carreira poética de William de longe e lhe mandava dinheiro anonimamente quando estava em necessidade, até mesmo um salário regular por certa vez. Sabemos de 19 poemas que ele escreveu para ela com o nome de Delia. Um deles, escrito alguns anos após a sua despedida, mostra a dor permanente: Mas agora, o único companheiro no coração da minha Delia, No entanto fadada longe no exílio para reclamar, Ausência eterna não pode aliviar a minha dor, E a esperança subsiste, mas para prolongar o meu pesar. O que descobrimos é que a vida de William Cowper parece ser um longo acúmulo de dor. Em 1759, quando ele tinha 28 anos, foi nomeado, por influência de seu pai, comissário da Bankrupts em Londres. Quatro anos mais tarde, ele estava prestes a ser feito Escrivão de Revistas no Parlamento. O que teria sido um grande avanço na carreira para a maioria dos homens colocava medo em William Cowper — tanto que ele teve um colapso mental total, tentou três diferentes maneiras de cometer suicídio, e foi colocado em um hospício. Seu pai tinha arranjado para a posição. Mas seus inimigos no parlamento decidiram exigir um interrogatório público para seu filho como um pré-requisito. Cowper escreveu sobre o ataque terrível de 1763: Todos os horrores de meus medos e perplexidades agora voltaram. Um raio teria sido tão bem-vindo para mim como essa inteligência (= interrogatório)... Aqueles cujos espíritos são formados como o meu, a quem uma exposição pública de si mesmos, em qualquer ocasião, é um veneno mortal, podem ter alguma noção do horror da minha situação; outros não podem ter nenhuma [3].
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Por mais de meio ano seus sentimentos eram os “de um homem quando ele chega ao local de execução”. Nesse momento algo terrível retornou à sua memória que nos leva a pensar sobre que tipo de pai William Cowper tinha. O Escrivão de 32 anos de repente se lembrou de um “tratado sobre suicídio” que ele leu quando tinha 11 anos de idade. Eu lembro bem quando eu tinha uns 11 anos de idade, meu pai pediu-me para ler uma vindicação do auto-assassinato, e dar-lhe os meus sentimentos sobre a questão: Eu fiz isso, e argumentei contra. Meu pai ouviu minhas razões, e ficou em silêncio, nem aprovando, nem desaprovando; de onde eu inferi que ele ficou do lado do autor contra mim [4]. Na semana antes do seu exame (Outubro de 1763), ele comprou láudano para usar como um veneno. Ele ponderou fugir para a França para entrar para um mosteiro. Ele tinha ilusões de ver-se caluniado no jornal anonimamente. Ele estava perdendo seu poder sobre a realidade quase que inteiramente. Um dia antes do exame Parlamentar ele partiu para afogar-se e tomou um táxi para Torre Wharf. Mas, em Custom House Quay ele encontrou a água muito baixa e “um porteiro sentado sobre algumas mercadorias”, como se fosse “uma mensagem para o impedir” [5]. Quando ele chegou em casa naquela noite, ele tentou tomar o láudano, mas encontrou os dedos “fechados e contraídos” e “totalmente inúteis”. Na manhã seguinte, ele tentou três vezes se enforcar com uma liga. Na terceira vez, ele ficou inconsciente, mas a liga rompeuse. A lavadeira encontrou-o na cama e chamou o seu tio, que cancelou o exame imediatamente. E esse foi o fim da luta de Cowper com a vida pública, mas não o fim de seu encontro com a morte. A convicção de pecado surgiu, especialmente sobre o que tinha acabado de cometer; a mesquinhez do mesmo, bem como a sua atrocidade, foram exibidas para mim em cores tão inconcebivelmente fortes que eu me desprezava, com um desprezo que não pode ser imaginado ou expresso ... Essa sensação me garantiu-me a repetição de um crime sobre o qual eu não poderia agora refletir sem aversão... Um sentimento da ira de Deus, e um profundo desespero de escapar dela, instantaneamente sucedeu [6]. Agora tudo o que ele lia o condenava. O sono não vinha, e, quando dormia, tinha sonhos terríveis. Quando ele acordou, ele “cambaleou e cambaleou como um homem embriagado”. Assim, em dezembro de 1763, ele foi enviado ao hospício St. Albans Insane onde Dr. Natha-
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niel Cotton, de 58 anos de idade, atendia os pacientes. Ele era um pouco poeta, mas acima de tudo, pelo maravilhoso propósito de Deus, um crente evangélico e amante de Deus e do Evangelho. Ele amava Cowper e estendeu a esperança para ele várias vezes, apesar de sua insistência de que ele estava condenado e sem esperança. Seis meses depois de sua estada Cowper encontrou uma Bíblia deixada (não por acaso) em um banco no jardim. Tendo encontrado uma Bíblia no banco do jardim, eu abri em João 11, onde Lázaro é ressuscitado dentre os mortos; e vi tanta benevolência, misericórdia, bondade e simpatia para com os homens miseráveis, na conduta de nosso Salvador, que eu quase derramei lágrimas sobre a relação; pouco pensei que era esse tipo exato de misericórdia que Jesus estava a ponto de estender em direção a mim. Eu suspirei, e disse: “Oh, que eu não tivesse rejeitado tão bom Redentor, não tivesse eu perdido todos os Seus favores”. Assim o meu coração foi suavisado, mesmo que ainda não esclarecido [7]. Cada vez mais ele sentia que não estava totalmente condenado. Veio outra revelação e ele voltou-se para a Bíblia e o primeiro versículo que ele viu foi Romanos 3:25: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”. Imediatamente recebi a força para crer, e os feixes completos do Sol da Justiça brilharam sobre mim. Eu vi a suficiência da expiação que Ele tinha feito, meu perdão selado em Seu sangue, e toda a plenitude e completude de Sua justificação. Em um momento eu cri, e recebi o Evangelho ... Tudo que meu amigo Madan tinha dito para mim, muito antes, foi reavivado em toda a sua clareza, com demonstração do Espírito e de poder. A menos que o Todo-Poderoso braço estivesse sob mim, eu acho que eu teria morrido com gratidão e alegria. Meus olhos se encheram de lágrimas, e minha voz embargada em êxtase; eu só conseguia olhar para o céu com temor silencioso, sobrecarregado com amor e admiração [8]. Ele tinha vindo a amar tanto o lugar de Dr. Cotton que ele ficou mais 12 meses após a sua conversão. Alguém poderia desejar que a história fosse uma de triunfo emocional depois de sua conversão. Mas isso não acontecerá dessa forma. Longe disso. Em junho de 1765, Cowper deixou St. Albans e foi morar com a família Unwin em Huntington. Mary Unwin era apenas 8 anos mais velha que Cowper, mas ela estava para se tornar para ele como uma mãe por quase 30 anos. Em 1767 o Sr. Morley Unwin, o marido de
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Mary, morreu em uma queda trágica de seu cavalo. Isto preparou o palco para os relacionamentos mais importantes na vida de Cowper. Não só ele e Mary Unwin viveram juntos para o resto de sua vida, mas com a morte de seu marido, John Newton entrou em cena e se tornou a influência mais importante na vida de Cowper. John Newton era o pároco na igreja de Olney não muito longe da casa dos Unwin. Ele havia perdido sua mãe quando ele tinha seis anos assim como Cowper. Mas depois de ter sido enviado para a escola por alguns anos, ele viajou com seu pai no alto mar, acabou, ele mesmo, se tornando um comerciante de escravos. Ele foi poderosamente convertido e Deus o chamou para o ministério. Ele tinha estado em Olney desde 1764 e estaria lá até 1780. Nós o conhecemos, principalmente, como o autor de “Amazing Grace” [Maravilhosa Graça]. Mas também devemos conhecê-lo como um dos mais vigorosos, mais felizes pastores do século 18. As pessoas diziam que outros pastores eram respeitados por seu povo, mas Newton foi amado. Para mostrar a você o tipo de espírito que ele tinha, aqui está uma citação que chega ao coração de como ele se aproximou do ministério: Dois montes de felicidade humana e miséria; agora, se eu posso tomar apenas uma pequena parte a partir de um monte e adicionar ao outro, eu levo um ponto. Se, enquanto eu vou para casa, uma criança deixou cair meio centavo, e se, dando-lhe outro, posso enxugar suas lágrimas, eu sinto que eu fiz algo. Eu deveria estar contente de fazer coisas maiores, mas não vou negligenciar isso. Quando ouço uma batida na porta do meu estudo, eu ouço uma mensagem de Deus; pode ser uma lição de instrução, talvez uma lição de penitência; mas, uma vez que é a Sua mensagem, ela deve ser interessante [9]. Foi dito a John Newton que uma família perto de sua paróquia havia perdido seu pai e marido, os Unwins. Ele fez a viagem para os Unwins e foi de tal ajuda a eles que eles decidiram se mudar para Olney e sentar-se sob o seu ministério. Assim, em setembro 1767 eles se mudaram de Huntington para Olney e viveram em um lugar chamado Orchard Side por quase 20 anos. Por 13 desses anos Newton foi pastor, conselheiro e amigo de Cowper. Cowper disse: “Amigo mais sincero e mais carinhoso nenhum homem já teve” [10]. Newton viu Cowper se curvar à melancolia e reclusão e atraía-o para o ministério da visitação, tanto quanto podia. Eles fariam longas caminhadas juntos entre casas e falariam sobre Deus e Seus propósitos para a igreja. Então, em 1769, Newton teve a idéia de colaborar com Cowper em um livro de hinos para serem cantados por sua igreja. Ele pensou que seria bom utilizar a inclinação poética de Cowper.
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No final, Newton escreveu cerca de 208 hinos e Cowper escreveu 68. O hinário foi publicado em 1779. Além de “Maravilhosa Graça”, Newton escreveu “Quão Doce o Nome de Jesus Soa” e “Coisas Gloriosas de Ti são Faladas” e “Venha, Minha Alma Sua Veste Preparar”. Cowper escreveu” Deus Se Move de Forma Misteriosa” e “Há Uma Fonte Cheia de Sangue” e “Oh, Um caminhar mais perto de Deus”. Mas antes que Cowper pudesse completar a sua parte ele teve o que chamou de “o sonho fatal”. Janeiro tinha vindo novamente. Seus colapsos sempre eram piores em Janeiro. E era agora dez anos desde “o terrível '63’”. Eles vinham praticamente a cada dez anos em sua pior forma. Ele não diz exatamente o que o sonho era, mas apenas que uma “palavra” foi falada que o reduziu ao desespero espiritual, algo no sentido de “Está tudo acabado pra você, você está perdido” [11]. Doze anos depois, ele ainda estremecia com o sonho. Ele escreveu a Newton em 1785, “Eu tive um sonho há doze anos antes da lembrança de que toda a consolação desaparece, e, parece-me, que deve sempre desaparecer”. Pouco antes de sua morte, ele disse a Lady Hesketh, “Em um único dia, em um minuto eu preferia antes ter dito, ela (Natuza) tornouse um espaço em branco universal para mim; e, embora por uma causa diferente, ainda sim com um efeito tão difícil de remover, como a própria cegueira” [12]. Novamente houve repetidas tentativas de suicídio, e a cada vez que Deus providencialmente o impediu. Newton ficou ao lado dele através disso, sacrificando até mesmo pelo menos uma de suas férias, para não deixar Cowper sozinho. Em 1780 Newton deixa Olney para um novo pastorado na Lombard Street, em Londres, onde ele serviu nos 27 anos seguintes. É uma grande honra a ele que não tenha abandonado a sua amizade com Cowper, embora isto teria sido emocionalmente fácil de fazer, sem dúvida. Em vez disso, há uma troca sincera de cartas durante vinte anos. Cowper derramou a sua alma a Newton como a mais ninguém. Talvez foi bom que Newton tivesse ido embora, porque quando ele saiu, Cowper engajouse em seus principais projetos poéticos, entre 1780 e 1786. Você provavelmente nunca ouviu falar de qualquer um destes. Seu maior e mais famoso foi chamado “The Task” [A Tarefa], um poema de cem páginas em verso branco*. Mesmo que ele tenha se visto em seus estados de espírito mais sombrios como réprobo e sem esperança, ele nunca deixou de crer na verdade do Avivamento Evangélico. Todos os seus poemas são destinados a ensinar, bem como a entreter. __________ * Na linguagem literária, “verso branco” é aquele feito com métrica, porém sem rimas (Wikipédia) — N. da R.
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Ele escreveu sobre si mesmo: [...] Eu, que rabisco uma rima Para pegar os levianos da época, E dizer-lhes verdades Divinas e claras Que, se redigidas em prosa, eles não ouviriam [13]. Seu primeiro volume de poemas foi publicado em 1782, quando ele tinha 51anos. Três anos mais tarde, veio A Tarefa que estabeleceu sua fama. A grande utilidade destes poemas é que eles “ajudaram a difundir ideias (do Avivamento) entre as pessoas cultas de todas as classes ... por causa de sua aliança formal com o movimento (Evangélico) e os efeitos práticos do seu trabalho, (Cowper) permanece seu (poeta) premiado” [14]. Talvez sua produtividade mitigou o ameaçado colapso de 1783, o próximo intervalo de dez anos. Mas o alívio não durou muito. Em 1786 Cowper entrou em sua quarta depressão profunda e novamente tentou sem sucesso cometer suicídio. Ele e Mary mudaram-se de Olney a Weston naquele ano e o longo declínio de ambos começa. Ele cuida dela como a uma mãe moribunda de 1790 a 1796, preenchendo os momentos que ele pode com o trabalho em suas traduções de Homero e outras obras gregas e francesas. Ele escreve seu último poema original em 1799, chamado “The Castaway” [O Reprovado], e depois morre, aparentemente, em total desespero, em 1800. Reflexões Sobre Sua Depressão A melancolia de William Cowper é preocupante. Precisamos chegar a um acordo com ela, no âmbito do poder soberano de Deus e da graça para salvar e santificar o Seu povo. O que devemos pensar da longa batalha deste homem com a depressão, e de fato sua aparente rendição ao desespero e desesperança em sua própria vida? Uma coisa a notar é que há alguma inconsistência no caminho em que relata sua miséria e desesperança. Por exemplo, em uma carta a John Newton em 13 de janeiro de 1784, ele escreveu: Sobrecarregada como minha vida está de desespero, eu não tenho tanto conforto como resultaria de uma suposta probabilidade de coisas melhores por vir, se uma vez findasse... Você vai me dizer que esta escuridão fria será sucedida por uma primavera alegre, e se esforçará por incentivar-me à esperança de uma mudança espiritual
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semelhante a isso, mas será trabalho perdido. A natureza revive novamente; mas uma alma, uma vez morta, não vive mais... Meus amigos, eu agora espero que verei novamente. Eles pensam que é necessário para a existência da verdade Divina, que aquele que uma vez teve a posse dela nunca deve definitivamente perdê-la. Admito a solidez desse raciocínio em todos os casos, menos no meu próprio. E por que não no meu próprio caso?... Eu comunico a resposta: os caminhos de Deus são misteriosos, e Ele nunca dá conta de Seus assuntos: uma resposta que serviria ao meu propósito, bem como ao daqueles que a usam. Há um mistério em minha perdição, e no momento certo será explicado [15]. Note que ele afirma a verdade da doutrina da perseverança dos santos, e nem sequer briga com a realidade de sua própria conversão em St. Albans. O que ele contesta é que a verdade geral se aplica a ele. Ele é a única exceção no universo. Ele é réprobo embora uma vez ele foi eleito. Não pergunte o porquê. Deus não dá conta. Esta é a sua mais sombria maneira de falar. Mas note uma outra coisa. Nesse mesmo ano, ele estava escrevendo A Tarefa. Nela, ele relata o que Cristo significava para ele de uma forma que faz com que seja muito difícil acreditar que não há vezes agora, quando isto ainda é real para ele: Eu era um cervo ferido, que deixou o rebanho Há muito tempo; com uma flecha profunda enfincada Meu lado ofegante ficou sobrecarregado, quando eu a retirei Para buscar uma morte tranquila em lugar distante. Lá eu fui achado por Aquele que tinha sido Ele mesmo Ferido por arqueiros. Em Seu lado, Ele suportou, E em Suas mãos e pés, as cicatrizes cruéis. Com força suave solicitando os dardos, Ele puxou-os para fora, e os curou, e me fez viver. Desde então, com poucos associados, nos remotos E silenciosos bosques eu me pergunto, longe daqueles Meus antigos parceiros da cena povoada; Com poucos associados, e não querendo mais. O que ele quer dizer, em 1784, 12 anos após o “sonho fatal” que Jesus tinha puxado as flechas e o curado e o feito viver? Não haviam momentos em que ele realmente sentia isso e afirmava isso contra a melancolia constitucional de sua própria mente? Mesmo na década de 1790, havia expressões de esperança. De vez em quando ele deu
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provas, por exemplo, que ele foi permitido por Deus “mais uma vez a se aproximar de dEle em oração”. Seu mais antigo biógrafo e amigo disse que nos dias da última década Deus tinha mais uma vez aberto uma passagem para ele, mas que “cães de caça espirituais” o assombravam à noite [16]. Mas havia escuridão horrível para ele na maior parte do tempo. Ele escreveu a John Newton (amigo até o fim!), em 1792, que ele sempre parecia estar “lutando no escuro, entre rochas e precipícios, sem um guia. Assim, eu passei 20 anos, mas, assim, não vou gastar 20 anos mais. Muito antes desse período chegar, a grande questão sobre a minha felicidade eterna ou a lição eterna será decidida” [17]. Isto é sombrio, mas não é a reprovação decidida que lemos em 1786. Os últimos dias de sua vida não trouxeram alívio. Sem final feliz. Em março de 1800, ele disse visitar Dr. Lubbock, “Eu me sinto em um desespero indescritível”. Em 24 de abril a senhorita Perowne ofereceu algum refresco para ele, ao que ele respondeu: “O que isso pode significar?”. Ele nunca falou de novo e morreu na próxima tarde [18]. Quais eram as raízes de tal tristeza avassaladora e intratável? Sem dúvida, há segredos que só Deus sabe. Mas nós podemos ver algumas razões pelas quais ele pode ter lutado da forma que lutou. Considere a casa em que ele nasceu. Seu pai John se casou com sua mãe Ann em 1728. Entre o casamento em 1728 e seu nascimento em 1731 três crianças já haviam nascido e morrido! Ele vive. Mas entre 1731 e 1736, quando seu irmão John nasceu, mais dois filhos entram na família e depois morrem. Em seguida, a mãe morre poucos dias depois do nascimento de John. William tem seis anos de idade. O casamento é uma mágoa constante. Provavelmente, a dor e o trauma emocional da morte de sua mãe não podem ser calculados. É verdade que John Newton perdeu a mãe com a idade de seis anos, no mesmo ano em Cowper nasceu. Mas há uma diferença, como veremos em um momento. Em 1790, com a idade de 59 Cowper recebeu um retrato de sua mãe em carta que o varreu com a emoção de anos. Ele não tinha posto os olhos em seu rosto por 53 anos. Ele escreveu um poema para capturar e liberar a dor e o prazer daquele “encontro”. Temos vislumbre do que foi para ele, aos 6 anos, perder sua mãe. E, talvez por que ele se apegou à senhora Mary Unwin. Oh que aqueles lábios tivessem língua! A vida já passou Comigo, apenas mais ou menos desde que eu te ouvi por último. [...]
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Minha mãe! quando eu soube que estavas morta, Digo, tu foste consciente das lágrimas que derramei? Pairou teu espírito em teu filho aflito, Desgraçado, mesmo lá, quando jornada da vida apenas começou? [...] Eu ouvi o sino tocado no teu dia do enterro, Eu vi os carros funerários, que te traziam desacelerar, E voltando-se da janela do meu infantário, dei Um longo, longo suspiro, e chorei um último adeus! [...] Tuas donzelas, entristeceram-se por minha causa, Frequentemente me deram promessa de teu rápido retorno. O que eu desejava ardentemente, eu acreditei por muito tempo, E ainda decepcionado, fui ainda enganado; Pela expectativa todo dia enganado, Ingênuo quanto ao amanhã, mesmo desde criança. [...] Mas o justo registro, Que a memória mantém de toda a tua bondade, Ainda sobrevive à muita tempestade, que tem eclipsado Mil outros temas menos profundamente marcados. *** Tuas visitas noturnas à minha câmara fez Para que tu soubesses que estava seguro e calorosamente deitado; Tuas bênçãos da manhã, antes que eu deixasse minha casa, Seus biscoitos, ou confeitaria de ameixa; As águas perfumadas sobre minhas bochechas derramadas Por tua própria mão, até que frescas elas brilhassem: Tudo isso, e mais agradável ainda do que tudo, Seu constante fluxo de amor, que não conheceu queda, Nem aspereza por aquelas cataratas e rupturas,
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Esse humor interposto muitas vezes faz Tudo isso ainda legível na página da memória E ainda permanece em minha última idade. Começa-se a refletir sobre as estranhas relações que Cowper teve por toda a sua vida com mulheres mais velhas, querendo-as em sua vida, e ainda confundindo-as com os poemas de amor que ele as escrevia quando ele não tinha intenções românticas. Lady Austen, em particular, ficou perplexa pela forma como Cowper escreveu para ela [19]. Esse tipo de comportamento pode ter suas raízes não apenas na perda de sua mãe, mas na perda virtual de seu pai e sua experiência horrível no colégio interno entre as idades de 6 e 8 anos. Ele odiava o colégio interno e ansiava por seu pai: Mas a minha principal aflição consistiu em eu ser selecionado de todos os outros meninos, por um rapaz de mais ou menos 15 anos de idade como um objeto sobre a qual ele podia soltar a crueldade de seu temperamento. Eu escolho evitar recitar os muitos atos de barbárie, com a qual ele fez sua ocupação perseguir-me continuamente: será suficiente dizer que ele tinha, por seu tratamento selvagem para comigo, impressionado tal receio da sua figura em minha mente, que eu bem me lembro de estar com medo de levantar os olhos para ele, mais elevado do que os joelhos; e que eu o conhecia pelas fivelas de seu sapato, melhor do que qualquer outra parte de sua roupa. Que o Senhor o perdoe, e que possamos nos encontrar na glória! [20]. Alguém nunca diria isso no século 18. Mas sabendo o que sabemos hoje sobre seus efeitos e o que sabemos sobre os meninos nessa idade, é difícil não levantar o espectro de abuso sexual. Que horrores um menino de seis anos pode ter experimentado somado com a perda de sua mãe e a perda virtual de seu pai! Talvez as linhas mais pungentes que Cowper escreveu estejam escondidas em um poema chamado Tirocinium (Latim, para o estado de um recruta novo, inexperiência, crueza), no qual ele defende um ensino privado, em vez de um de internato. O que vem por aqui é um grande grito para que seu pai estivesse lá com ele, e um poderoso apelo aos pais, mesmo no século 20 para estejamis lá com os nossos filhos. Ouça estas linhas: Quer o seu filho seja um beberrão ou burro, Lascivo, obstinado, ou tudo isso ao mesmo tempo, Que em tempo útil, o gosto acabado do adolescente Seja para gastos negligentes e desperdício em moda Deve provar a sua ruína, e a dele próprio enfim,
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Treiná-lo em público com uma multidão de meninos, Infantis em travessura apenas e em barulho, Senão de um crescimento masculinizado, e cinco em cada dez Em infidelidade e lascívia, de homens. Lá deve ele aprender, antes de dezesseis invernos de idade, Que os autores são mais úteis, penhorados ou vendidos, Esse pedantismo é tudo o que as escolas dão, Mas bares ensinam o conhecimento do coração. [...] E isso não parece nada aos olhos de um pai que muitos momentos não aprimorados voam? E está ele bem contente, que seu filho deve encontrar Nenhum alimento para nutrir a sua mente crescente Além verbos conjugados, e substantivos recusados? Para tal, é todo o alimento mental fornecido por mercenários públicos no comércio da escolaridade. Quem alimenta o intelecto do aluno com comércio De sintaxe verdadeiramente, mas com um pouco mais, Dispensa suas necessidades quando eles descartam o seu rebanho, Robotizados, e regidos por um relógio. Talvez um pai abençoado com algum cérebro Consideraria isso nenhum abuso ou desperdício de dores, Para melhorar esta dieta sem grande despesa, Com a verdade saborosa e bom senso saudável, Para guiar seu filho para as perspectivas de prazer Para que alguns não caiam abruptamente da altura filosófica, Por consequência de exibir aos seus olhos inquisitivos Além dos mundos circulantes, suas distâncias, e seus tamanhos [...] Para mostrar a ele em um inseto de uma flor Tais provas microscópicas de habilidade e poder, Como oculto dos séculos passados, Deus agora exibe Para combater os ateus nos dias de hoje... Podes tu, a lágrima apenas tremendo nas tuas pálpebras,
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E, enquanto o risco terrível previsto, proíbe, Livre também, e sob nenhuma força constrangedora, A menos que a influência do costume perverte teu curso, Coloque esta estaca sobre o lado perdedor, Simplesmente para satisfazer um guia tão cego? Tu não podes: a natureza puxando o teu coração, Condena o não paternal, a parte imprudente. Tu não quiseste, surdo para o mais terno fundamento da natureza, Deixa-lo à deriva sobre um mar ondulante, Nem dizer, vá lá, consciente de que lá está Uma ninhada de víboras, ou areia movediça em seu caminho; Governados, então, apenas pelas leis de seus próprios entendimentos De piedade natural, não envie-o para a escola. Não! Guarde-o melhor: Não é ele, A ti mesmo em miniatura, a tua carne, teus ossos? E não esperas tu (é a esperança de cada pai) Já que a tua força com os teus anos fogem, E tu hás de precisar de algum conforto para amenizar A última despedida da saúde, como bastão da tua velhice, Que então, em recompensa de todas as tuas preocupações Teu filho deve mostrar respeito para com os teus cabelos brancos. Que saibamos, ele nunca escreveu uma homenagem a seu pai. Ele não diz quase nada sobre ele. Mas este é um apelo poderoso para que os pais amem os seus filhos e lhes deem uma atenção especial na sua educação. Isto é o que ele perdeu a partir dos seis anos de idade em diante. Lições A primeira lição que eu vejo é esta: que todos nós nos fortalecemos contra as horas sombrias da depressão por cultivar uma profunda desconfiança das certezas do desespero. O desespero é implacável nas certezas do seu pessimismo. Mas vimos que Cowper não é consistente. Alguns anos depois de suas declarações absolutas de ter sido cortado de Deus, ele está novamente expressando alguma esperança em ser ouvido. Suas certezas não eram seguras. Assim sempre será com as decepções das trevas. Vamos agora, enquanto temos a luz, cultivar a desconfiança das certezas do desespero. A segunda lição que eu vejo é que amemos os filhos e os mantenhamos perto de nós e seguros conosco. John Newton perdeu sua mãe assim como Cowper. Mas ele não perdeu
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seu pai da mesma forma. Apesar de todo o pecado e miséria daqueles primeiros anos da vida de Newton, havia um pai, e quem pode dizer se as raízes profundas de vigor posterior foram preservadas por causa disso. Vamos estar lá com os nossos filhos e filhas. Nós somos o elo crucial em seu desenvolvimento sexual normal e isso é tão crucial em sua integridade emocional. Terceiro, que o Senhor levante muitos John Newton para nós, para a alegria de nossas igrejas e para a sobrevivência dos Williams Cowpers entre nós e em nossas igrejas. Newton permaneceu pastor e amigo de Cowper o restante de sua vida, escrevendo e visitando uma e outra vez. Ele não se desesperou dos desesperados. Depois de uma dessas visitas em 1788, Cowper escreveu: Eu encontrei aqueles confortos em sua visita, que anteriormente adoçaram todas as nossas conversas, em parte restaurados. Eu conhecia você; conhecia pelo mesmo pastor que foi enviado para me levar para fora do deserto para pasto onde o Supremo Pastor alimenta seu rebanho, e senti os meus sentimentos de amizade carinhosa por você os mesmos de sempre. Mas uma coisa ainda estava faltando, e é a coroa de tudo. Vou encontrá-la no tempo de Deus, se isso não se perder para sempre [21]. Isso não é desesperança completa. E o motivo pelo que não é completa é porque o pastor estava próximo novamente. Aqueles eram os tempos em que Cowper mantinha a esperança. Em quarto lugar, na própria pesquisa e escrita desta palestra eu experimentei algo que pode ser uma lição fundamental para aqueles de nós que somos dados a muita auto-absorção e análise. Dediquei cerca de três dias, da hora de acordar até a hora de dormir, a William Cowper, além da leitura por lazer de sua poesia até aquele momento. Esses três dias eu estava quase inteiramente fora de mim por isso. De vez em quando eu “vim” e tornei-me ciente de que eu tinha estado absorvido inteiramente na vida de outro. Mas a maior parte do tempo eu não estava auto-consciente. Eu era o que estava pensando, não em quem eu estava pensando. Essa experiência, quando eu “vim” e pensei sobre isso, pareceu-me extremamente saudável. Essa é a maneira como eu experimentei. Em outras palavras, eu me senti melhor quando eu não estava acautelado de ser o sentimento de alguém, em absoluto. Eu estava sentindo e pensando a vida de William Cowper. Eu acho que essa é a maneira que a maior parte da nossa vida deveria ser. Auto-exame periódico é necessário e sábio e bíblico. Mas, para a maior parte da saúde mental é usual que a mente concentre-se na valiosa realidade fora de nós mesmos.
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Em quinto lugar, a primeira versão desta palestra foi dada em um culto noturno na Igreja Batista em Bethlehem. Ela provou ser uma das coisas mais estimulantes que tenho feito em muito tempo. Esta vida sombria foi sentida por muitos como dando esperança. Há, sem dúvida, diferentes razões para isso, nos casos de pessoas diferentes. Mas a lição é certamente que aqueles de nós que ensinam e pregam e querem incentivar o nosso povo a prosseguir na esperança e fé não devem limitar-se a histórias de sucesso. A vida de William Cowper teve um efeito de conceder esperança ao meu povo. Essa é uma lição muito importante. Finalmente, vamos repetir as misericórdias de Jesus muitas vezes para o nosso povo, e apontá-los uma e outra vez para o sangue de Jesus. Estas foram as duas coisas que trouxeram Cowper à fé em 1764. Lembre-se como em João 11, ele “viu tanta benevolência, misericórdia, bondade e simpatia para com os homens miseráveis, na conduta de nosso Salvador, que eu quase derramei lágrimas”. E lembre-se como no dia decisivo, ele disse: “Eu vi a suficiência da expiação que Ele tinha feito, meu perdão selado em Seu sangue, e toda a plenitude e completude de Sua justificação”. Você não pode convencer uma pessoa que ele não é réprobo se ele está totalmente convencido de que ele é. Tudo o que você pode fazer é continuar regando-o com a “benevolência, misericórdia, bondade e simpatia” de Jesus e “a suficiência da expiação” e “a plenitude e completude da justificação de Cristo”. Ele dirá que eles são maravilhosos em si mesmos mas que eles não pertencem a ele. Mas no tempo de Deus, a estas verdades podem ainda ser dado o poder de despertar a esperança e gerar um espírito de adoção. Temos boas razões para esperar que se nutrirmos o amor e paciência de John Newton em nossa igreja e a suficiência da expiação de Jesus, os William Cowpers entre nós não serão entregues ao inimigo no final.
Notas: [1] Gilbert Thomas, William Cowper e o Século XVIII, London: Ivor Nocholson e Watson, Ltd., 1935, p. 204. [2] William Cowper e o Século XVIII, p. 267. [3] William Cowper e o Século XVIII, p. 114. [4] William Cowper e o Século XVIII, p. 118. [5] William Cowper e o Século XVIII, p. 118. [6] William Cowper e o Século XVIII, p. 119.
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[7] William Cowper e o Século XVIII, p. 131-132. [8] William Cowper e o Século XVIII, p. 132. [9] William Cowper e o Século XVIII, p. 202. [10. William Cowper e o Século XVIII, p. 192. [11] William Cowper e o Século XVIII, p. 225. [12] William Cowper e o Século XVIII, p. 226. [13] William Cowper e o Século XVIII, p. 265. [14] William Cowper e o Século XVIII, p. 183. [15] William Cowper e o Século XVIII, p. 281-282. [16] William Cowper e o Século XVIII, pp. 368, 374. [17] William Cowper e o Século XVIII, p. 376. [18] William Cowper e o Século XVIII, p. 384. [19] Um escritor diz que as suas atitudes para com as mulheres eram “simples como uma criança”. Eu as chamaria insensíveis e não saudáveis. No verão de 1781, Cowper foi apresentado para a viúva do Sr. Robert Austen. Ela logo se tornou “irmã Ann” e mais. Ela provavelmente se apaixonou por ele e não pode ser culpada por pensar que ele retribuia. Depois de dois meses, ele escreveu para ela não pensar nisso como um romance. Mais tarde, ela veio para Olney, e até mesmo se hospedou no Orchard Side por causa de uma doença. Ela e Cowper tiveram muito tempo juntos por esses dias e ele escreveu pelo menos um poema muito galante para ela que teria dado a qualquer mulher a ideia de romance. Mas ele teve que escrever novamente na primavera de 1784 e “renunciar à sua sociedade”. Não houve reconciliação desta vez. Cowper nunca a encontrou de novo depois de 1784. Ela havia inspirado John Gilpin e A Tarefa, mas agora ela se foi. William Cowper e o Século XVIII, pp. 289-290. [20] William Cowper e o Século XVIII, pp. 69-70. [21] William Cowper e o Século XVIII, p. 356.
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