Revista XY

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Editorial

É

Foi dada a largada!

novidade sim. Fique a vontade e seja benvindo. Com muito prazer (e suor) está nas bancas a primeira edição de XY. A revista masculina voltada para o Centro-Oeste Paulista. Uma revista diferente. Em todos os sentidos. Para começar, esqueça aquela publicação masculina que só mostra viagens, carros e roupas que custam os olhos da cara. Nosso objetivo não é que você fique sem comer no resto do mês porque comprou uma camisa sugerida pela revista. Esperamos, caro leitor, que ao folhear XY você possa se informar, se entreter, e se divertir, de maneira leve e descompromissada. Não procuramos leitores pela carteira, e sim pela inteligência. Outra diferença é a ausência da sensualidade. Não precisamos e não queremos estampar mulher pelada em ensaio nenhum para vender mais exemplares. Podemos fisgar nossos leitores com conteúdo de qualidade. E isso basta. E o nome de onde vem? Lembra daquelas aulinhas de biologia do ensino médio? Então, nelas nos ensinavam que os cromossomos X e Y são os responsáveis por definir o sexo masculino nos seres humanos. A revista teria ainda outro nome (“A essência do homem”) para corroborar com o projeto pretendido. No entanto, reuniões de pauta se passaram, e o nome foi caindo, por economia e preguiça jornalística, consolidando e unificando a marca XY. E nosso público alvo? Nem é preciso dizer que são homens. Homens entre 20 e 45 anos, com salário entre dois e quatro mil reais. Dentro dessa imensa gama de

homens, procuramos atender a todos que se encaixam nessa faixa, sem priorizar ninguém. Focamos o leitor médio, o telespectador de um telejornal, um leitor de um jornal impresso e o que gosta, no fim de semana, de passear em uma banca e comprar uma revista. Um leitor curioso, antenado, que se interessa em saber um pouco de tudo. Aquele homem que faz sucesso nas rodas de bate-papo, já que consegue conversar com propriedade e coerência desde a escalação do seu time até as tendências da moda verão. Nosso lema é de trazer ao leitor um “balaio de gato organizado”, isto é, conteúdos diversos com planejamento e lógica. Nessa edição falamos de câncer de próstata, limites da bebida alcoólica, pitacos gastronômicos, e o que não pode faltar (carros e esportes). Também traçamos um perfil da bela Miss SP e encontramos um colecionador de camisas esportivas que nunca comprou uma camisa e tem mais de 300 delas só na base da amizade. O cardápio está variado e a espera de um leitor sedento por personagens e informações de nossa região, além de matérias de serviço que podem ajudar sua saúde ou te tirar daquela enrascada. Não queremos nem almejamos mudar o mundo e nem inventar um tipo de homem ideal. Só queremos mostrar maneiras de ser diferentes. E originais. A você, caro amigo, uma boa leitura. Um abraço, Natã Crivari - Diretor de Redação e Otávio Frabetti - Redator Chefe xy

Expediente

Reitor: Juilio Cezar Durigan Diretor da FAAC: Nilson Giardello Coordenação do Curso de Jornalismo: Juarez Tadeu de Paula Xavier Chefe do Depto. de Comunicação social: Ângelo Sottovia Aranha Professores Orientadores: Mauro de Souza Ventura e Tássia Zanini Departamento de Comunicação Social Av. Eng Edmundo Carrijo Coube, 14-01- Vargem Limpa, Bauru - SP - (14) 3103-600 Ramal: 6066 Revista produzida pelos alunos do 6º termo do Curso de Comunicação Social Jornalismo do período noturno da UNESP.

Diretor de Redação/Diretor de Arte/Editor executivo de Design e Infografia: Natã Crivari Redator-Chefe: Otávio Frabetti Editores de Arte: Ana Carolina Costa, Kelly De Conti e Otávio Frabetti Editores de texto: Lucas Esteves e Marcela Antunes Repórteres: Ana Carolina Costa, Everton Sylvestre, Kelly De Conti, Larissa Tomazini, Lucas Esteves, Marcela Antunes, Natã Crivari, Otávio Frabetti e Vania Cristianini Colaboração: Eduardo Frabetti

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CAPA

Resiliência

A resiliência é a propriedade que as pessoas podem desenvolver e transformar desvantagens em vantagens, amadurecendo e não caindo diante dos problemas. Saiba tudo sobre ela e descubra se você é resiliente. Página 38

Esporte e resiliência Teste Mais do que se imagina

Faça o teste e saiba se você é resiliente

Uma entrevista com a psicóloga Salete Cortez mostra que é possível mudar o modo de olhar o mundo

Sexo

Um é pouco, dois é bom, três é demais? Apesar de ainda ser um tabu, cada vez mais pessoas estão dispostas a falar sobre Ménage à Trois Página 12

Centímetro a Centímetro Tabu sobre o tamanho do “garoto” ainda faz parte do cotidiano masculino

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Veja como o esporte pode atuar como prática da resiliência e integração Exclusividade! O maestro e pianista João Carlos Martins e o atletista Marcelo Galvão contam um pouco de sua história


A medicina e a robótica cada vez mais perto da cura para o câncer de próstata Página 18

Os limites da bebida

Se você pensa que cachaça é água... Cuidado! Descubra o que o álcool faz no seu organismo

Saúde

Você se cuida?

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Magrela para todas Em Bauru, vinte grupos se reúnem para curtir o dia e a noite sobre duas rodas Página 26

Inovar com o passado

Elementos da história dos clubes vira elo entre o torcedor apaixonado e o uniforme Página 30

Uma Paixão. E trezentas camisas xy descobriu um dos maiores colecionadores de artigos esportivos da região Página 33

Eles não aceitam Game Over

Diversão

Esportes

as horas

Não importa a idade e nem o sexo. Game over, jamais. Página 36

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Turismo

O sabor da tradição Duas conhecidas famílias de Lençóis Paulista fazem da produção de bebidas uma atração turística à parte Página 54

Pitacos gastronômicos Nossos repórteres provaram e aprovaram: Os três melhores lanches de Bauru pra você

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Os problemas mais comuns que podem ser resolvidos com facilidade e atenção Página 60

Feito sob medida

Detalhes que não passam despercebidos às atentas montadoras em busca de clientes Página 62

Uma miss fora Personalidade

do padrão Com um lindo sorriso no rosto e distribuindo simpatia, a jauense Francine Pantaleão mostra que é muito mais do que os olhos podem ver Página 8

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Carros

Furou? Queimou? Ferveu?


Opinião

http://migre.me/c705h

Será que tem culpado?

Da redação

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tire a primeira pedra quem nunca sentiu medo de morar na cidade de São Paulo e em muitos municípios do interior. Com a recente onda de violência que assola a capital desde outubro, uma certeza parece ficar clara para os habitantes do maior estado da nação. A violência existe, e pode estar bem mais próxima de você do que naqueles bairros longínquos e nefastos que o Datena adora mostrar na televisão. A grande questão em jogo era entender o motivo dessa onda de ataques. Todas as noites, ônibus foram incendiados e registraram-se assassinatos de policiais e de pessoas comuns. O governo e a mídia pareciam não ter respostas para os acontecimentos ou não queriam admitir que o crime organizado estava de volta. As explicações eram vazias e burocráticas. A cúpula de segurança batia na tecla de ataques pontuais e isolados, fruto do endurecimento da polícia contra o tráfico de drogas. Todavia, não davam o braço a torcer e se eram questionados sobre uma suposta participação do PCC (Primeiro Comando da Capital)

rapidamente faziam questão de minimizar o fato e afirmar que o PCC é um grupo com poucos integrantes e que não representavam risco à sociedade. As mortes não paravam de ocorrer, e as explicações já minguavam. O finado secretário de segurança pública (Antônio Ferreira Pinto) e o governador Geraldo Alckmin batiam cabeça tentando achar alguma desculpa para mostrar à população que tudo estava sob controle. Alckmin refutava veementemente as afirmações de que o crime havia aumentado em São Paulo. E realmente tinha razão. O crime não aumentou simplesmente. Ele duplicou. Só em outubro desse ano, 570 pessoas foram mortas no Estado, um aumento de 48% em relação ao ano passado. Na capital, o aumento foi de 114% em relação ao mesmo período. Mais de 100 policiais já foram mortos esse ano. E nosso ilustre governador ainda teimava que tudo caminhava bem. O pior mesmo aconteceu com nosso colega Ferreira Pinto. Em entrevistas, ele batia no peito dizendo que São Paulo não precisava de ajuda externa, como exército e Força Nacional de Segurança. Acabou trocando farpas com o

Ministro da Justiça do governo federal, José Eduardo Cardozo, que gentilmente ofereceu apoio governamental. Pinto negou, mas depois, por intermédio de Dilma, acabou aceitando algumas ajudas, como a transferência de presos para presídios fora de São Paulo e a instalação de um comitê de crise. Logo após, é limado do cargo por deficiência técnica, ou seja, não resolveu o que de fato devia resolver. O que precisamos ter em mente é que a violência está descontrolada sim no estado e na capital paulista. É necessário esquecer aquela história de que os crimes só acontecem na periferia. As pessoas cada vez mais se fecham em verdadeiros “bunkers” em suas casas, em seus carros, e vivem com medo da violência. As autoridades precisam parar de jogar a sujeira para baixo do tapete, e começar a nomear e encarar seus inimigos. Seja o PCC, seja quem for! Enquanto um policial viver com medo de trabalhar e sair de casa, pois pode não voltar, a situação continua crítica e mostra uma superioridade dos bandidos. São Paulo e seu povo não podem viver acuados, amedrontados. Força, São Paulo! xy Página

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 Miss São Paulo

UMA MISS FORA DE PADRÃO Conheça a bela Miss SP Francine Pantaleão

Otávio Frabetti

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omo você imagina que seja uma miss? Talvez se pudéssemos pedir para vocês, leitores de XY, fazer um desenho de como vêem uma, com certeza haveria inúmeros tipos. Mas, mesmo assim, muitas características, e estereótipos se repetiriam. Alta, magra, bonita, sorriso constante, sonhadora, superficial, e com o livro do Pequeno Príncipe na cabeceira da cama. Para não me deixar mentir sozinho a respeito desses estereótipos, um recente comercial televisivo de uma marca de veículos se utiliza de uma personagem que está com uma faixa de miss. Ao saber que seu pedido foi atendido, ela pergunta se alcançaram a paz mundial. Ao saber que, na verdade, não era a paz mundial e sim a manutenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para os carros da marca, a moça solta um leve “Uhul” de felicidade, sendo seguida pela voz grave do locutor advertindo, em tom cômico, que ela havia perdido a linha, como forma de mostrar e dizer que as misses são tão robotizadas e padronizadas que qualquer manifestação diferente do protocolo seria um desvio. Mas, chega de papo. Essa introdução só foi

Sorriso fácil e gostoso são marcas da modelo jauense

Arquivo Pessoal

Personalidade


 Miss São Paulo

Como modelo comercial, há espaço para mulheres mais velhas. Uma modelo de 30 anos em forma e com corpo lindo tem mais trabalho e ganha mais do que quando tinha 20. Mas não pretendo ser modelo até aos 30. Quero estar com minha vida resolvida, casada e com filhos ra precisa cumprir compromissos referentes ao reinado do Miss SP. Francine não ganhou o Miss Brasil (ficou entre as cinco primeiras colocadas).Contudo, sua beleza e carisma foram notados em todo país. Ela foi automaticamente para a final do concurso ao receber o maior número de votos do público via SMS e votação na Internet. Definitivamente, Francine não se encaixa naquele padrão dito acima. Francine é diferente. Muito diferente. E muito melhor. MISS SP empre achei encantador o miss. Era um sonho, mas nunca fui atrás, nunca imaginei que pudesse dar certo. Eu estava super realizada viajando. No ano passado, comecei a conversar com duas misses amigas que ficaram em segundo e terceiro lugar no Miss SP e me interessei. Aí fiz alguns trabalhos em São Paulo e um maquiador amigo me incentivava dizendo que daria certo e tal. Resolvi investir. Peguei os contatos, e

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Arquivo Pessoal

para mostrar o que acha o senso comum. Francine Pantaleão é diferente. É alta, é bonita, é magra, tem um sorriso contagiante, mas não almeja a paz mundial (embora diz que se fosse exagerada por um dia, exageraria na bondade), não é superficial, nem aérea. Ela é de uma simpatia e humildade que ultrapassa qualquer conceito de miss. E sabe o quer. Francine é a nova Miss SP. Tem 23 anos, é natural de Jaú e começou sua carreira aos quinze. O primeiro passo foi quando ganhou um book de presente. As fotos ficaram boas e as pessoas comentavam que Francine deveria ser modelo. Depois, se tornou a Garota Energia do mês (matéria de uma revista de Jaú na qual todo mês há uma garota escolhida em uma sessão de fotos) e ganhou um concurso das Casas Pernambucanas. Foi para outro concurso em Bauru, mas não passou. Um olheiro, no entanto, gostou de seu desempenho e a encaminhou para uma agência internacional em São Paulo. Participou de muitos castings (lista de modelos que participam dos desfiles) no exterior e 6 meses depois tinha seu primeiro contrato acertado no México, onde ficou por 10 meses. Essa vida de idas e vindas durou sete anos. Conheceu doze países, fala inglês e espanhol fluente (entende o italiano, mas confunde com o espanhol e acaba misturando um ao outro) e ago-

desde o fim do ano passado, eu vinha tentando, tudo por Facebook. Conversei com minha coordenadora, que é coordenadora da Band, mas estava tudo muito indeciso, nem a conhecia pessoalmente. Resolvi que não largaria minha vida e voltei para Milão, onde fiquei por mais quatro meses e meio. Nesse meio tempo ela me ligou e falou que tinha dado certo. Eu mudei a passagem na hora e vim pro Brasil! PREPARAÇÃO ós ficamos dez dias confinadas em um hotel de São Paulo. Não podíamos falar com ninguém de fora, nem se minha mãe fosse lá eu poderia falar com ela. É para não afetar psicologicamente. Eram 30 meninas divididas em grupos de dez, que conviviam o dia inteiro juntas. É uma experiência única, mas muito cansativa. Eu acordava às 5 da manhã para me arrumar e ficar perfeita para descer às 7. O tempo todo tem gente filmando, tem gente olhando. Tinha ensaio de coreografia, fomos a um parque, a uma balada, ao jóquei, tudo pra ver como se sai em cada situação, como é sua desenvoltura. Já começava a contar desde aí pros jurados. Todos os dias eles mandavam relatórios pros jurados.

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JAÚ enho orgulho de representar minha cidade. Eu adoro viajar, mas minha casa é Jaú, embora a cidade seja um pouco difícil, as pessoas não dão valor para você quando se está começando. Eu ia atrás de patrocínios pro Miss SP e

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 Miss São Paulo as pessoas nem ligavam. Alguns meios de comunicação sempre tinham carinho (Comércio, Jornal Gente), sempre publicaram uma notinha, mas de resto, muita gente bateu a porta. Agora, que a situação mudou, estão aprendendo a dar valor. É uma satisfação da cidade ver seu nome sendo levado pra frente. Ajuda muito em vários setores. SUCESSO E HUMILDADE sucesso nunca subiu à cabeça. É coisa de raiz. Meus pais sempre me ensinaram isso. Eu sou muito pé no chão. Eu fui criada na igreja, meus pais e eu somos muito de Deus, e eu levo isso comigo, nunca tive esse medo nem nunca aconteceu. Eu me conheço e acredito que nunca vai subir em minha cabeça. Eu sei de onde vim, Deus me preparou para isso. Minha qualidade é a honestidade. Ninguém é melhor que ninguém. Independente do cargo que você tenha, qualquer que seja a profissão, você tá ali como todos. Não tem que ser arrogante, tratar os outros mal. O sangue é vermelho de todo mundo, né?

Natã Crivari

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DINHEIRO muito ralado. O povo só vê o glamour, na passarela, numa campanha, nas fotos. Eu mesmo demorei dois ou três anos para conseguir me sustentar com meu trabalho e não precisar do dinheiro dos meus pais.

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TIMIDEZ u sou tímida. Quer dizer, um pouco. Eu morro de vergonha de falar em microfone, câmera. Para fotografar, pra passarela eu não ligo, mas falar de mim, no microfone, perguntar alguma coisa eu travo, começo a pipocar, quero falar uma coisa e não sai, ou a palavra sai errada

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Francine contempla a cidade de São Paulo durante a dura preparação do Miss SP

CICATRIZ e CRÍTICAS oi a polêmica do Miss SP. Eu tive apendicite e ficou a cicatriz. Como modelo nunca me atrapalhou. Sei que houve críticas. Tem pessoas obcecadas por esse negócio de miss. Não sabia que era tanto. Mas evito ler. Não tem necessidade. Sei o que preciso melhorar. E pode tirar a cicatriz que vão arrumar outro defeito para implicar! PRÓXIMOS PASSOS ontinuo levando minha vida como modelo agora no Brasil e como Miss SP. Eu parei a carreira internacional por enquanto. Tenho um ano de compromisso como miss. Mudo pra São

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Arquivo Pessoal

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Paulo dentro de alguns dias. Tenho certeza que vai acontecer coisas boas. Estar no miss abre muitas portas. É só direcionar a carreira, focar. Quero fazer um curso de teatro, também quero fazer uma faculdade. Penso em publicidade ou jornalismo. Pretendo seguir a carreira na televisão. Eu gosto. Sempre tive essa vontade, até para perder essa vergonha com a câmera. Meu trabalho de modelo é uma personagem, você não é você mesmo. As pessoas falam: Eu quero que você faça um comercial que você seja isso ou aquilo. Quando você tá na TV, encarna um personagem, é mais fácil colocar uma capa e fazer um papel.

Edu Saraiva/AE

 Miss São Paulo

ASSÉDIO SEXUAL ão é o melhor mundo de se viver. Nunca aconteceu nada comigo, mas já vi casos acontecerem com outras pessoas. No entanto, tudo depende de sua atitude. Ela [atitude] conta tudo. Independente do tamanho da roupa que está vestindo, você está trabalhando como modelo. O cara não vai fazer uma proposta indecente se você está agindo como tal.

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DIFERENÇA ENTRE MISS E MODELO Miss representa um estado ou um país e tem que ser exemplo para as mulheres em geral, usando dessa beleza para coisas boas e instigar outras pessoas a ajudar o próximo em causas sociais. Por isso que tem muitas misses que trabalham em ONGs, ajudam o próximo, toda essa coisa mais angelical. É diferente, modelo é personagem e miss é mais você, sua personalidade, sua atitude e poder ajudar sempre o próximo. A moda ajuda o capitalismo. Moda dá dinheiro. Você é modelo para vender algo. A moda “ajuda” as pessoas a gastarem. É só ver uma atriz conhecida vestindo algo, que todo mundo vai querer aquilo. xy

Arquivo Pessoal

A beleza um dia vai embora, isso todos nos sabemos. O que nunca devemos perder é a beleza interior, seu carisma, sua identidade, sua personalidade, sua essência

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Francine é coroada como a nova Miss SP 2012

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 Ménage à Trois Divulgação

Sexo

Um é pouco, dois é bom, três é demais? Apesar de ainda ser um tabu, cada vez mais pessoas estão dispostas a falar sobre Ménage à Trois Larissa Tomazini

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á fazia tempo que eu pedia pra minha esposa para fazermos um Ménage à Trois, mas ela sempre desconversava ou inventava uma desculpa. Até que um dia, na véspera do nosso aniversário de casamento, ela me disse que tinha um presente que eu iria adorar. Dito e feito. Ela apareceu com uma amiga e fizemos o Ménage. Foi ótimo”, conta o médico Ricardo*. O relato do médico retrata uma preferência quase unânime dos homens. Uma pesquisa feita pela Revista Marie Claire perguntou a 100 homens de diversas idades “Qual é a fantasia sexual mais excitante?”. E o resultado não é nada surpreendente. Para a grande maioria dos homens, o desejo de transar com duas mulheres ao mesmo tempo figura entre a preferência. Mas, isso não quer dizer que as mulhe-

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(...) ambos devem estar confortáveis na hora de fazer o Ménage

*Os nomes dos entrevistados foram substituídos por nomes fictícios a fim de preservar a identidade dos mesmos.

res não têm a fantasia de fazer um Ménage. Muito pelo contrário. De acordo com a terapeuta sexual Valéria Walfrido o tabu em relação ao assunto ainda é grande, mas as mulheres já se mostram mais confiantes e a vontade para falar e praticar o sexo a três. “É importante lembrar que ambos devem estar confortáveis na hora de fazer o Ménage. Fazer só para agradar o parceiro ou parceira pode tornar a experiência uma verdadeira tragédia”, complemente Valéria. E foi isso que aconteceu com a estudante Camila*. O namorado insistia para fazerem o Ménage e ela cedeu para não brigar. “Não sabia muito bem o que pensar sobre Ménage. Achava meio vulgar, só resolvi fazer pra agradar meu namorado da época. Mas me arrependo até hoje. Fiquei nervosa, não consegui aproveitar nada”.


 Ménage à Trois

COMO FAZER? ssim que chegar no lugar marcado se solte, esqueça aquela vergonha que te persegue e combine as regras. Procure deixar bem claro o que gostaria de fazer e ver o que te deixaria incomodado. Esse é um passo muito importante para na hora H não acontecer alguma coisa que te chateie e transformar o tão esperado Ménage em algo traumatizante. Outro fator importante é nunca deixar alguém “de lado”. O sucesso do Ménage depende da capacidade de interação do trio. Se todos recebem e dão prazer, será uma ótima experiência. Mas, se alguém

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ficar sozinho, o Ménage pode acabar com inseguranças e cenas de ciúme. Além disso, no caso do Ménage escolhido ser de um homem com duas mulheres, é imprescindível que o homem use uma camisinha para cada mulher, pois ao tirar de uma e penetrar em outra mulher, pode transmitir diversos vírus e bactérias. E você não quer prejudicar ninguém, quer? FETICHE X TRAIÇÃO á quem diga que o Ménage à Trois é mais uma forma de traição. De acordo com a terapeuta Valéria, o sexo a três só será considerado traição se quebrar o “contrato” estabelecido entre o casal. Ou seja, independente do que a sociedade diz e considere vulgar e errado, se o casal concorda em praticar o Ménage à Trois, não é traição. O limite entre “sim” e “não” para um Ménage está associado a valores culturais, morais e religiosos. Se uma pessoa é religiosa ou cresceu em uma família conservadora, provavelmente encara o sexo a três como algo impróprio e vulgar. “Eu nunca fiz Ménage. Também não tenho vontade nenhuma de experimentar. Não sei por que tem gente que gosta disso, pra mim é só mais uma forma de ‘safadeza’”, justifica a estudante Jéssica*. Já para o administrador André* o Ménage é apenas mais uma fantasia que faz parte do imaginário tanto de homens quanto de mulheres. “Tenho esse fetiche, essa curiosidade de experimentar. Não acho que seja errado, desde que os dois concordem em fazer. Acredito que o Ménage seja como qualquer outra fantasia, como ter vontade de transar em lugares públicos, por exemplo”.

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O sucesso do Ménage depende da capacidade de interação do trio.

Divulgação

Nesse caso, a estudante preferiu fazer o Ménage com uma garota que não conhecia, pois tinha vergonha e medo dos comentários que poderiam surgir depois. “É normal escolher a terceira pessoa pra praticar o Ménage através de sites especializados no assunto, assim como também é comum convidarem alguém conhecido pelo casal. A escolha de quem chamar para o Ménage à Trois varia de casal pra casal. É uma questão de concordância entre as partes”, explica a sexóloga Valéria Walfrido. Mas, afinal, o que torna o Ménage à Trois uma experiência tão boa quanto parece? Em primeiro lugar ter certeza de que está fazendo isso porque quer, sem se importar com pressões de companheiros. Em segundo lugar, mas não menos importante, ter noção do que deseja, afinal o sexo a três pode ser praticado entre um homem e duas mulheres, dois homens e uma mulher ou todos do mesmo sexo. Defina o que lhe agrada mais, escolha a parceira e deixe a timidez de lado! Pronto, agora é só partir para a diversão.

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Divulgação

 Ménage à Trois

NÃO TENHO UM RELACIONAMENTO SÉRIO, COMO FAREI UM MÉNAGE? e você não namora, não é casado e não tem amigas que concordariam em fazer o Ménage com você, não se desespere. Ainda há soluções. O engenheiro Rafael* conta que a primeira vez que que fez sexo a três foi com duas garotas de programa. “Sempre tive vontade de fazer e uma vez surgiu a oportunidade. Duas meninas falaram que cobrariam R$300 pra eu transar com elas ao mesmo tempo. Topei na hora. Foi ótimo e faria mais vezes”, explica o engenheiro. Se o desejo de fazer o Ménage é grande e você não tem parceira, vale a pena contratar acompanhantes. Mas cuidado para não cair em algum golpe e acabar saindo no prejuízo. O debate em torno do Ménage sempre vai existir. É traição ou não? É certo ou errado? Saber respeitar as opiniões é muito importante. E se você tem vontade de fazer o Ménage à Trois, vá à luta. Jogue fora a vergonha e o preconceito, descubra a melhor maneira de fazer e encontre as companhias. Boa diversão! xy

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A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Você sabia que o Ménage a Trois já foi um tema abordado em vários filmes e livros? Não? Então abra sua mente e confira abaixo algumas das obras nas quais o romance nem sempre foi vivido apenas por um casal.  Dona Flor e seus dois maridos Esse livro de autoria de Jorge Amado retrata o amor entre um mulher e dois homens, mesmo um deles sendo seu finado marido.  Os normais 2 - A noite mais maluca de todas O filme conta a história do casal Rui e Vani, o qual tenta encontrar uma parceira para realizar o Ménage a Trois.  Selvagens Filme recém lançado no mercado brasileiro, mostra com naturalidade a relação entre dois amigos e uma mesma mulher. “Pode ser errado, mas nos amamos muito”, explica a Ofelia, personagem da atriz Blake Lively.


 Tamanho do pênis

http://migre.me/e0RY2

Sexo

Centímetro a centímetro Tabu sobre o tamanho do “garoto” ainda faz parte do cotidiano masculino

Natã Crivari

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Já tive algumas mulheres que não gostaram não. Mas, já brochei já. Ei, você não vai colocar meu nome nisso aí não, né?

Paulo, 49 anos

anos. Essa é a idade mais comum com que os homens começam a perceber certas mudanças em seus corpos, desde o nascimento dos pelos até o início da ejaculação ou produção de esperma. Mas, não é só isso que acontece nessa idade. Começam também as perguntas “Qual o tamanho certo?” ou ainda “Será que eu sou normal?”. Entre os meninos é comum a “disputa” sobre quem tem o garoto maior. Com o tempo e a idade essa disputa tem fim, mas a pergunta, frequentemente, continua: Qual o tamanho ideal para o “meninão”? Há vários estudos sobre o tamanho certo, muitas versões e algumas pesquisas a esse respeito. Em maio deste ano foi divulgada a nova pesquisa do ranking mundial do “Penis Size World Wide”, que aponta os homens da República do Congo com o maior pênis, sendo uma média de 17,93 cm. Logo em seguida vem os equatorianos com 17,77 cm de comprimento. Nossos vizinhos colombianos e venezuelanos estão empatados em quarto lugar com membros de 17,03cm. Os brasileiros estão em 13º lugar no ranking mundial com uma média peniana de 16,10 cm , a frente de los hermanos argentinos que têm 14,88 cm de pênis e ocupam o 54º lugar no ranking. Vale lembrar que a medida é feita com base em uma média, portanto, existem homens maiores e homens menores em cada país.

Acho que o homem tem que ser ele. Claro que faz diferença o tamanho, mas se ele souber satisfazer a mulher, não importa como, vale tudo.

Lídia, 49 anos

As entrevistas que estão espalhadas pela matéria são reais, porém, os nomes dos entrevistados foram preservados, sendo substituídos por nomes fictícios* Página

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 Tamanho do pênis GROSSO OU COMPRIDO? ocê acha que seu pênis é grande e com isso vai surpreender qualquer gata? Cuidado! Especialistas apontam que o comprimento não é tudo. A vagina possui receptores sensoriais em seu redor, portanto, mais do que grande, o pênis, quando grosso, irá gerar maior atrito e fricção nesses receptores, o que proporcionará à parceira maior prazer na hora do sexo. E não pense que o pênis tem um diâmetro definido! A circunferência peniana não possui uma média estipulada por médicos especialistas, assim como seu comprimento. A vagina, por sua vez, tem um diâmetro definido, mas é adaptável para agasalhar o «garoto». «O canal vaginal pode ter um tamanho de diâmetro inicial de 4 centímetros, contudo é uma musculatura elástica, e não é possível prever até que diâmetro se pode moldar. Não importa o Assim sendo, a partir de 4 ou 5 cm para diante tamanho. podemos considerar que Importa é a vagina é um pouco mais saber usar... larga do que o habitual, o Mas eu prefiro que não quer dizer que isso mais grossinho! possa constituir problema para a mulher, porque tudo depende da forma Laís, 20 anos como esta se sente face à penetração por parte do seu parceiro”, explica a sexóloga Vera Ribeiro. Em contrapartida, o pênis de tamanho exagerado pode entrar em atrito com o cérvix da mulher (colo do útero), fazendo com que ela sinta incômodo e dor. Portanto, não adianta ser bem dotado no comprimento se a mulher tiver o colo do útero baixo e nem ser grosso, literalmente, pois, isso só vai fazer você machucar a parceira e, com certeza, sua transa será um desastre. Para Débora Paulo, especialista em ginecologia e sexóloga, ainda há esperança aos menos abastados pela natureza: “não importa o tamanho do pênis e sim que o homem saiba usá-lo”.

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MAS E AÍ? DÁ PRA MEDIR? claro que dá pra medir o pênis! Em Julho de 2011, um grupo de cientistas coreanos descobriram que é possível prever o tamanho do pênis ereto pela comparação entre o dedo anular e o indicador. O cálculo não é feito pelo tamanho absoluto dos dedos, mas sim pela divisão Uma vez saí do tamanho de um pelo com um cara tamanho do outro. Dividecom pinta de se o comprimento do dedo fortão mas indicador pelo do anular. Quanto menor for resultado, que na hora maior deve ser o pênis. Ou “H” tinha um pinto pequeno. seja: homens com o dedo indicador menor do que o Foi um anular tendem a ter o pênis desastre. ereto mais longo. De acordo com os Luíza, 38 anos pesquisadores, liderados

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por In Ho Choi, da Universidade Gachon, o resultado tem a ver com o nível de exposição que os homens tiveram à testosterona quando ainda estavam no útero. Quer uma medida mais exata sem «previsões» e com fatos? Pois bem, a fita métrica é a melhor companheira neste caso. A medida do órgão vai ponta do pênis ereto.

Cara, na boa, todo mundo que provou, gamou.

Juca, 25 anos

desde a base até a

O MICROPÊNIS e durante a medição você constatar que deu menos de 7 centímetros, é provável que você tenha algum problema de disfunção hormonal, mas não se desespere! Isso tem tratamento. Os tratamentos são cirúrgicos e apenas um médico pode

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 Tamanho do pênis

de seu comprimento que faz o ligamento do corpo peniano ao púbis, presente no osso pélvico. Por meio Já tive mulher de uma anestesia local e que gostou e uma pequena abertura, mulher que não o ligamento suspensor é cortado, fazendo com que teve a segunda vez. Acho que a parte presente dentro do cada uma tem osso pélvico fique agora um gosto exposta. Cabe deixar claro, que o pênis só para de crescer José, 54 anos só quando a puberdade masculina também chega ao fim, ou seja, entre 18 e 22 anos. Nas crianças um “micro pênis” pode ser considerado se o tamanho do membro for menor que 2 cm. Portanto, papais, não se desesperem caso seu filho de 5 anos tenha 6 cm de pênis. Isso é completamente normal. E outra dica simples é não Adoro um bem realizar comparações. Cada grandão. Nada organismo se desenvolve de mixaria. de uma maneira diferente, não importando a idade Mixaria pra cronológica. A puberdade mim não tem vez, meu filho. depende exclusivamente da quantidade de hormônios que o organismo têm. xy

Rute, 30 anos

http://migre.me/c4ntI

indicar uma solução ideal para o problema. Dois dos tratamentos mais utilizados Ah, maluco, são a Bioplastia peniana comigo ninguém e a Cirurgia do ligamento reclamou nunca superior. não, viu. A primeira cirurgia é Sempre dei realizada com pacientes que tenham o intuito de conta do recado. aumentar a circunferência César, 32 anos peniana. Na cirurgia, que é feita com uma anestesia local, é introduzido um material biocompatível chamado PMMA, por meio de um micro injeção na base do pênis. A substância é aplicada entre a pele e Não sei o o corpo cavernoso. Para a realização desta cirurgia é tamanho necessário que o paciente certo... Mas, já tenha feito a postectomia, acho que o cara tem que ou seja, a cirurgia da fimose ou circuncisão, que é a ser bom. Mais retirada do excesso de pele vale um que envolve a glande, ou pequenininho cabeça do pênis. brincalhão Já a cirurgia do ligamento do que um suspensor é realizada com grandão bobão! pacientes que querem aumentar o comprimento do pênis. Este possui uma parte Brena, 19 anos

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Saúde

 Câncer de próstata

Você se cuida? Marcela Antunes Divulgação

A medicina apresenta cada vez mais chances de pacientes com câncer de próstata se curarem, mas, por preconceito e medo, muitos homens negligenciam a própria saúde e descobrem tarde demais a doença

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ocê tem cuidado ao escolher suas roupas, usa um bom perfume, corta o cabelo, faz a barba, tenta cuidar do corpo para ficar bonito, se mantém atualizado quando pode, cuida da sua imagem social, do seu trabalho e da sua vida amorosa e financeira. Mesmo assim, se esquece de cuidar de si mesmo. Estamos no século 21, vemos campanhas de prevenção de doenças o tempo todo, o Google nos fornece inúmeros dados, sintomas e tratamentos de toda e qualquer doença que você buscar. E ainda assim deixamos de lado nossa saúde. Em meio aos novos tratamentos descobertos pela medicina e à desmistificação de certas enfermidades, uma doença ainda é um tabu para a maioria dos homens: o câncer de próstata. Esse já é o sexto tipo de câncer mais comum nos homens em todo o mundo. Os números ficam ainda mais chocantes quando consultamos a realidade brasileira: é o segundo câncer que mais acomete homens, com uma estimativa de mais de 60 mil novos casos em 2012. Em 2010, matou 12.778 brasileiros. Muitas vezes, as mortes ocorrem por negligência do próprio paciente, que não faz os exames preventivos. Descobrir a doença na fase inicial é fundamental para as chances de cura do paciente serem maiores. Através de dois exames complementares o médico pode notar alterações e então indicar a biópsia da próstata para detectar o problema do paciente. Apenas em 27% dos casos a biópsia confirma o câncer – a próstata pode ter outras alterações, como prostatites. Homens com casos de câncer de próstata na família precisam ter atenção redobrada com a saúde, pois têm maior chance de desenvolver a doença. Página

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A cirurgia robótica promete facilitar o trabalho do médico e diminuir os riscos do procedimento, além de resultar em um melhor pós-operatório

Mais de 60 mil novos casos devem surgir em 2012 apenas no Brasil

Para quem busca outros métodos para prevenção do câncer de próstata, a alimentação pode ser uma grande aliada. Alimentos como peixe e brócolis, além da atividade sexual frequente, podem ajudar a prevenir a doença. Já as gorduras saturadas e o excesso de vitamina E podem aumentar a incidência do câncer. Estudos com medicamentos que inibem a enzima 5 alfa redutase têm obtido resultados positivos na prevenção contra o câncer. Mas o urologista Aparecido Agostinho da Uroclínica de Bauru, reforça que nenhuma dessas medidas é suficiente para garantir a prevenção da doença, ou seja, o controle através de exames de prevenção ainda é mprescindível. Os exames preventivos se caracterizam pela dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA), feito através de exames de sangue em pacientes a partir de 40 anos, e o Exame Digital de Próstata, mais conhe-cido como exame de toque, em homens


 Câncer de próstata

Como tratar?

Quem é diagnosticado com câncer de próstata tem algumas opções de tratamento, que devem ser escolhidas com a ajuda do médico resposável pelo caso. Atualmente, os tratamentos utilizados são: - Acompanhamento da doença, sem nenuma medida cirúrgica, para pessoas com expectativa de vida menor do que 10 anos ou câncer em estágio inicial - Radioterapia * Braquiterapia (sementes de iodo são colocadas dentro da próstata) * Radioterapia Externa (usa raios de Raio-X para inativar a glâncdula - Cirurgia para retirada da glândula e vasos seminais * Radical (é a tradicional, feita por um médico) * Robótica (um robô auxilia o médico)

Os argumentos masculinos são frágeis, eles acabam cedendo à pressão dos filhos e da esposa

Divulgação

com mais de 45 anos. O câncer de próstata só causa sintomas quando já está em fase avançada, quando o único tratamento passa a ser o controle do câncer. Nessa fase da doença os sintomas são dificuldades na hora de urinar, urina com sangue e dor óssea (metástase). As mulheres também possuem um papel importante na prevenção de seus companheiros, pois pressionam o marido a irem ao urologista e fazerem os exames de prevenção. O grande argumento usado é que elas se cuidam, vão ao ginecologista e fazem todos os exames necessários. “Como os argumentos masculinos contra o exame são frágeis, eles acabam cedendo à pressão dos filhos e da esposa”, aponta Gustavo Caserta Lemos, Médico há 34 anos e urologista do Hospital Israelita Albert Einstein. Por vivermos em uma sociedade que ainda é muito machista, o homem é mais resistente a procurar serviços de saúde e fazer exames preventivos. Eles também tendem a achar que a doença só atinge os outros, são relapsos com a saúde e afirmam não ter tempo. Outro fator importante é que apenas há algum tempo começamos a nos preocupar com o bem-estar masculino. “Apenas recentemente tem se dado maior atenção à saúde do homem, principalmente na área da oncologia, comparativamente ao que se faz na área da saúde da mulher”, relembra a psicóloga Carmen Maria Bueno Neme, professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e

De acordo com o urologista Gustavo Caserta, os motivos para alguns homens se recusarem a fazer o exame preventivo variam do medo de descobrir que está doente ao constrangimento

Aprendizagem, da Unesp de Bauru. De acordo com uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia, 68% dos entrevistados afirmam nunca ter feito o exame de toque, sendo que desses, 76% sabem que o exame é o principal meio para detectar o câncer de próstata. O preconceito e o medo masculino em relação ao exame preventivo podem ter consequências graves. “Alguns pacientes morrem de câncer, mas se recusam a fazer o toque retal para exame da próstata. Os motivos muitas vezes não são ditos. Certos pacientes sentem sua masculinidade ameaçada, outros se sentem constrangidos e alguns têm medo de saber que tem câncer e enfrentar o problema”, explica Caserta. Ao contrário do que muitos podem pensar, a doença tem cura e os efeitos colaterais dos tratamentos têm diminuído muito nos últimos anos. Quando o paciente é mais idoso e sofre de outras doenças importantes o tratamento pode não ser necessário. Pacientes com expectativa de vida igual ou maior do que 10 anos devem se submeter a tratamentos que busquem a cura do câncer. Se o câncer está em fase inicial e é pouco agressivo, o médico acompanha sua evolução rigorosamente através dos exames de toque, PSA e biópsias. Em casos mais agressivos, o médico pode recomendar a radioterapia, que pode ser de dois tipos: a braquiterapia (sementes de iodo radioativo são colocadas dentro da próstata) e a radioterapia externa (inativa a glândula através de raios de Raio-X). Outra opção é a cirurgia de retirada da próstata, vesículas seminais e gânglios linPágina

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 Câncer de próstata

Prevenção

Além dos exames preventivos, existem algumas outras coisas que você pode fazer para diminuir as chances de desenvolver câncer de próstata: - Coma peixe, frutas e vegetais - Evite consumir gordura saturada, como bacon, carnes gordurosas e laticínios integrais - Evite o excesso de vitamina E, presente em alimentos como milho, amendoim e avelã - Faça sexo. Uma vida sexual ativa diminui as chances de desenvolver a doença - e você aproveita para se divertir e exercitar

fáticos que drenam a glândula. A cirurgia radical é feita por via aberta, com um corte que vai do umbigo até o púbis e tem cerca de 20 centímetros. Já na cirurgia robótica, o médico faz pequenas incisões (de 0,5 a 1cm) e opera através de um robô cirúrgico que possui instrumentos articulados e visão tridimensional de alta definição, além de aumento da imagem de 10 a 12 vezes. “O avanço da tecnologia permitiu que as técnicas cirúrgicas que vinham sendo usadas há mais de um século dessem um grande salto de qualidade”, afirma o médico. Ainda segundo Caserta, a cirurgia robótica tem algumas vantagens, como menos dor no pós-operatório, menos lesão de tecidos sadios para o acesso aos órgãos operados, menor trauma cirúrgico, menor risco de infecções, menor permanência hospitalar, menor tempo com sonda uretral, além de o paciente voltar mais rapidamente às suas atividades normais. A operação com a ajuda do robô cirúrgico também ajuda no trabalho do médico. “Em cirurgias longas não há o cansaço do final, o que melhora a performance do cirurgião. Há um sistema de segurança que, se o cirurgião não estiver olhando no console, o robô não se mexe. Na verdade é um escravo e não um robô, porque ele faz somente o que o cirurgião comanda, ele não tem autonomia nenhuma”, completa. Para operar através dessa tecnologia não basta ser médico formado, é preciso fazer um curso específico. Além disso, nem todos os convênios médicos cobrem esse procedimento, que pode ter um preço bem salgado. Mesmo com toda a evolução e precisão proporcionadas pelo robô cirúrPágina

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A luta contra a doença vai além dos cuidados com o físico

gico, a cirurgia radical não é menos efetiva do que o novo método. “Em tese, as imagens ampliadas, a correção de pequenos movimentos do cirurgião e as pequenas incisões ajudariam da melhoria dos resultados. Porém, estudos não mostram vantagens significativas do ponto de vista dos resultados e os princípios cirúrgicos são os mesmos na cirurgia robótica e convencional”, defende o médico urologista Aparecido Agostinho. Com a retirada da próstata e das glândulas seminais, que juntas são responsáveis por 98% do que sai na ejaculação, os pacientes ficam com a ejaculação seca. A retirada da próstata também pode causar a impotência sexual. Com a cirurgia robótica, os casos de impotência caíram de 40% para apenas 20%. O tratamento da impotência sexual pode ser feito com remédios como o Viagra e o Levitra, através da injeção peniana de prostaglandina ou da colocação de prótese peniana. A luta contra a doença vai além dos cuidados com o físico. O acompanhamento psicológico ajuda o paciente a enfrentar o tratamento e manter o seu equilíbrio. “A pessoa integral do paciente deve ser trabalhada: sua ansiedade, suas crenças disfuncionais, suas angústias e temores. Além disso, deve-se lembrar de que há aspectos que são possíveis mudar e outros temos que reformular, ressignificar e aceitar”, esclarece a psicóloga Carmen Neme. O apoio das companheiras e dos companheiros também é fundamental para pacientes de câncer de próstata – e de qualquer outra doença. Elas devem se informar, participar e dar apoio em todas as fases do tratamento. “Os parceiros e parceiras devem, inclusive, participar das psicoterapias, terapias sexuais e orientações médicas, diretamente, para realmente estar junto do paciente em toda a sua recuperação”, orienta. Por funcionarmos como um todo, fatores psicológicos e sociais influenciam no modo como o paciente irá lidar com a situação. “O paciente mais bem informado, com melhor escolaridade, que participa ativamente de seu tratamento e das opções que tem, que não se deprime, que enfrenta os problemas concretos e seus sentimentos e emoções, terá melhores resultados com os tratamentos e melhor recuperação”, diz. xy


 Auriculoterapia

Saúde

Uma nova forma de relaxar Técnica de 4.500 anos pode ser aplicada em casa ou no trabalho Natã Crivari

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Natã Crivari

uriculoterapia ou acupunpedagoga quer, sim, continuar tura auricular. À pricom a prática. “Estou adoranmeira vista fica difícil do a terapia e pretendo sempre saber o significado desses terfazê-la”. mos, mas basta experimentar A técnica, embora oriental, para entendê-la. A acupuntura ganhou destaque na França auricular é uma técnica surgionde os estudos foram aprofunda na China, há aproximadadados e a acupuntura auricular mente 4.500 anos, onde são ganhou o acréscimo de dezenas utilizadas agulhas, sementes de pontos de reação até então e esferas. Estas são posicionão conhecidos, facilitando asnadas sobre a orelha ou insesim a criação de novas e eficaridas nela por até 7 dias a fim zes técnicas terapêuticas. Desde de tratar disfunções orgânicas 1990 reconhecida pela Organie estruturais, promovendo um zação Mundial da Saúde (OMS), efeito analgésico à dor, bem a técnica deve ser desenvolvida como o reequilíbrio energético. por profissionais qualificados, Pablo Herrera Neves, acucom responsabilidade e diagpunturista auricular, explica que nósticos precisos, pois, depenPrincipais pontos da orelha e suas as regiões do corpo humano dendo da gravidade da queixa, respectivas regiões do corpo humano são diretamente ligadas à ponmuitas manifestações patogênitos específicos das orelhas e cas devem ser tratadas associaque muitas disfunções e problemas resdas à outras técnicas com a acupuntura pondem aos estímulos provocados nelas. sistêmica, craniopuntura, além de, claro, “Nossas orelhas possuem pontos ou áremudança de hábitos alimentares. as de reflexo que correspondem a todos “Um tratamento correto e bem orientaos órgãos e funções do corpo, e quando feito com essa terapia, pode melhorar do estes são estimulados por sementes, significativamente a qualidade de vida do agulhas e esferas, o cérebro recebe um paciente, além é claro de se apresentar impulso que desencadeia uma série de como uma ótima alternativa para aqueles fenômenos físicos, relacionados com a que possuem pavor de agulhas maiores, área do corpo correspondente, produz sem perder sua grande eficácia terapêuEstou um reequilíbrio energético aliviando os tica”, explica Pablo, pós-graduando em adorando sintomas”, afirma Pablo que atende em auricultoterapia e hoje atende pessoas de a terapia e domicílios, escritórios, academias, etc. todos os tipos. pretendo Talita Juliatto é pedagoga, usa da técA técnica pode ser aplicada em qualsempre nica há 2 meses e está gostando do resulquer lugar devido ao uso de materiais fazê-la tado. “Resolvi me tratar com a acupundescartáveis e pequenos, que podem ser tura por que muitas pessoas me falavam carregados em uma mini maleta. IndicaTalita Juliatto, que ela, além de ajudar na parte emocioda principalmente para o alívio de stress pedagoga nal, stress, ansiedade, também ajudava a imediato e dores musculares, a acupunemagrecer - que é o meu maior desejo.”, tura auricular é utilizada amplamente por conta Talita. As sessões, segundo ela, têm médicos, advogados, executivos e outras surtido efeito psicológico significativo, pessoas que não têm tempo de ir até uma mas ainda não fizeram o sucesso esperaclínica especializada ou academia. É imdo na balança. Para se utilizar da prática, portante lembrar que, para ser realizada a moça procurou uma clínica especializafora de uma clínica o profissional deve da, pois seu único medo era da assepsia ser qualificado e reconhecido, levando das agulhas e seu descarte. Mesmo não assim segurança e comodidade para conseguindo emagrecer a curto prazo a quem pratica a auriculoterapia. xy

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Saúde

 Os limites da bebida

Os Limites da Bebida

Divulgação

Se você pensa que cachaça é água... Cuidado! Descubra o que o álcool faz no seu organismo


 Os limites da bebida

Por que beber? Lucas Esteves

Há outros fatores como o uso de bebidas pelos pais ou familiares, timidez, ansiedade, depressão, etc., mas esses motivos respondem por um índice bem pequeno de casos de uso abusivo de álcool

miliares, timidez, ansiedade, depressão etc, mas esses motivos respondem por um índice bem pequeno de casos de uso abusivo do álcool”, acrescenta Carmem. Atualmente o número de adolescentes que consomem bebidas alcoólicas em quantidade excessiva é considerado muito grande, quase configurando um problema de saúde pública. Isso se dá principalmente por duas razões: primeiramente porque a bebida alcoólica é o que os psicólogos chamam de “droga lícita”, ou seja, uma substância psicoativa aceita socialmente, diferente da maconha e de outras drogas. E em segundo lugar porque a bebida exerce alterações de humor e provoca desinibição, o que a faz a substância mais usada entre adolescentes. ALÉM DA ADOLESCÊNCIA as o problema da bebida não se restringe aos adolescentes. O estudante de odontologia, Felipe Gurgel, de 24 anos, só enfrentou problemas com o consumo excessivo de álcool depois de mais

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Motivos do abuso Principais • Pressões sociais na adolescência • Desejo de nos sentirmos aceitos Secundários • Uso de bebidas por familiares • Timidez • Ansiedade Divulgação

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este mundo contemporâneo, os discursos em torno das bebidas alcoólicas têm se tornado cada vez mais maniqueístas. Seja na ficção ou em retratos da realidade, o álcool parece estar sempre ligado a grandes clichês. A pessoa que bebe para esquecer a tristeza, a que bebe como representação do que é diversão e aqueles que destroem suas vidas com o vício. Todos são lados extremos de um assunto que, na verdade, deveria ser tratado com mais responsabilidade e visto de uma perspectiva muito mais ampla. Beber não traz só diversão da mesma forma que não necessariamente leva qualquer um ao vício. Mas se a nossa relação com a bebida alcoólica é muito mais profunda do que dizem por aí, quais são os motivos que levam as pessoas a consumirem álcool? Será que os efeitos dos “pileques” são sempre os desejados? Segundo a psicóloga Carmen Neme, professora adjunta do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru, as pressões externas com relação ao consumo de álcool vêm desde a nossa adolescência e está ligada ao desejo de nos sentirmos aceitos na sociedade extra-familiar. Os motivos, no entanto, podem variar. Por ser uma fase da vida onde estamos bastante suscetíveis a influências externas, toda sorte de motivos pode levar o adolescente ao consumo de bebidas alcoólicas. “Há outros fatores como o uso de bebidas pelos pais ou fa-

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 Os limites da bebida

O álcool

no organismo CÉREBRO: Pode ser afetado cronicamente pela ação do álcool.

CORAÇÃO: Pode levar à dilatação do coração.

MÚSCULOS: O álcool

pode levar à degeneração muscular.

NERVOS: Neuropatia

periférica por deficiência de vitaminas. Sintomas:adormecimento, formigamento, dor crônica dos membros.

FÍGADO: Pode levar ao acúmulo de gordura no fígado, hepatíte crônica ou cirrose hepática.

PÂNCREAS: Pode

desencadear pancreatite aguda ou crônica.

SISTEMA DIGESTIVO:

Lucas Esteves

Pode desenvolver diarreia, gastrite ou esofagite.

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 Os limites da bebida velho. “Meus pais sempre foram rígidos com esse tipo de coisa, então acho que por isso eu nunca senti vontade de beber durante a adolescência ou mesmo depois de ter entrado na faculdade. Eu já estava no terceiro ano quando tomei meu primeiro porre”, diz ele. Depois da primeira vez, beber se tornou cada vez mais frequente para o estudante, até se tornar um problema. As notas caíram e alguns amigos se distanciaram, mas Felipe só se deu conta de que estava abusando quando a namorada terminou com ele: “ela disse que eu ficava muito chato quando bebia e eu achei isso engraçado porque eu bebia nas festas justamente por que sou muito tímido e sentia que precisava me desinibir”. Apesar dos problemas que o excesso de álcool lhe trouxe, ele não considera que tenha se viciado. “Não foi difícil parar de beber porque eu não estava viciado. Meus pais mesmo nem ficaram sabendo dessa ‘fase’. Eu só precisei achar um ponto de equilíbrio”, acrescenta o estudante. A psicóloga Carmen Neme conta que casos como o de Felipe são normais, já que “nunca sabemos exatamente o efeito que vai produzir em diferentes pessoas. Há pessoas que bebem e dormem e há aquelas que passam por outras fases sob o efeito do álcool, como: agressividade, impulsos sem controle e ideações paranoicas”. Para Carmen, o problema dos comportamentos decorrentes do consumo de álcool faz com que o termo “alcoolismo” tenha ficado ultrapassado. O vício não é mais considerado a única consequência negativa do excesso de bebidas alcoólicas. Esses desvios comportamentais, mesmo quando não relacionados à dependência, podem causar problemas de relacionamento entre os usuários. “A pessoa pode ficar chata, desagradável, briguenta, e isso acaba afastando os amigos e impactando as relações sociais, na família e no trabalho”, declara. O ÁLCOOL NO ORGANISMO aber como o álcool age no nosso corpo é sempre uma grande vantagem na hora de achar o ponto de equilíbrio, aquele que mantém o seu consumo como forma de diversão, e não de modo prejudicial. A professora Florence Kerr-Corrêa, do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, conta que os processos do álcool no cérebro e no organismo são

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vários e complexos. Inicialmente, as pessoas tendem a se sentirem mais relaxadas e desinibidas, o que pode causar a sensação de bem-estar. No entanto, o uso abusivo pode levar a tonturas, perda de coordenação motora e até mesmo ao coma ou morte por intoxicação. Além disso, questões como sexo ou tipo físico também podem influenciar os processos do álcool no organismo. “De um modo geral pessoas mais altas e musculares aguentam melhor a bebida, pois o álcool se dilui na massa magra. E para lembrar, mulheres são mais susceptíveis a ação do álcool que os homens”, alerta a professora Florence. Para as pessoas mais magras e baixas, o cuidado para não abusar da bebida tem de ser dobrado, uma vez que elas têm tendência a se embriagarem com maior rapidez e sem necessidade de um grande consumo.

Nunca sabemos exatamente o efeito que vai produzir em diferentes pessoas

EVITANDO A RESSACA álcool só é um vilão quando as pessoas fazem dele um problema. Estima-se que a primeira bebida alcoólica tenha surgido há mais de 10 mil anos. A cerveja foi criada pela civilização suméria mais de dois mil e quinhentos anos antes de Cristo. O inglês Iain Gately escreveu em seu livro Drink: A Cultural History of Alcohol (Drinque: Uma História Cultural do Álcool, em tradução livre, sem versão em português) que por volta do ano 1.000 a.C., o álcool já era conhecido e consumido por todas as civilizações, dá Ásia à África. O mundo tem milhares de anos de história e o álcool só foi ser considerado um problema ao longo do último século. Veja bem, essas não são justificativas para um pileque, mas constatações de que nós só enfrentamos problemas com ele porque não sabemos casar o álcool às responsabilidades que temos no mundo moderno. Entre as recomendações para se ingerir bebidas alcoólicas sem enfrentar problemas ou constrangimentos, não beber quando for dirigir é a mais importante. A bebida é uma substância que altera a percepção, de modo que dirigir embriagado é sempre perigoso. Evitar beber de estômago vazio também é bom. Quando estamos de estômago cheio, o álcool demora mais para ser absorvido e cair na corrente sanguínea. Por fim, intercalar com água ou bebidas não-alcoólicas também ajuda a evitar o estado de embriaguez. xy

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Esportes

 Ciclismo

Magrela para todas as horas Everton Sylvestre

Everton Sylvestre

Um esporte em que os participantes não precisam ser adversários, que faz bem para a saúde e colabora com o meio-ambiente. Na cidade sem limites, já há em torno de vinte grupos que se reúnem para curtir o dia ou a noite sobre duas rodas

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a manhã de domingo, a regra é acordar cedo. Muitos grupos escolhem esse dia para pedalar por trilhas da região. Entretanto, pelo menos uma vez por ano, a maior parte deles tem a oportunidade de se reunir, trocar experiências, atrair mais pessoas; é o que ocorre no último domingo de setembro, quando a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru (Emdurb) promove um passeio ciclístico, fechando a Semana do Trânsito na cidade. Neste ano, em torno de 200 ciclistas participaram da bicicletada, que mudou a paisagem no centro de Bauru. Crianças, adultos, idosos, famílias inteiras, pessoas das mais diversas profissões, com diferentes credos, preferências políticas distintas (neste ano

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Não tem ciclovia, mas dá pra ir de bike

em especial, com direito a políticos disputando votos em meio ao passeio), mas com um elemento em comum: a bicicleta. Ainda tímidos, encontro pai, mãe e filho sentados aguardando a largada. Francisco José, 40 anos, conta que não fazem parte de nenhum grupo, mas são adeptos da bicicleta; aos 11 anos, Júlio já acompanha os pais com sua bike, e a mãe do garoto, Maria Alves, 38, dá o exemplo: a professora conta que usa a bicicleta para trabalhar. “Não tem ciclovia, mas dá para ir de bike tranquilamente”, afirma. Moram num bairro em que não há muito trânsito, contudo, quando pergunto quantas pessoas vão trabalhar de bicicleta na escola de Maria, a professora é enfática: “Somente eu, tem gente que mora bem mais


perto e vai de carro”. Perto deles, um pouco mais ansiosa, outra professora está pronta para o passeio. Elza Inowe, 47, faz parte de grupos de pedal há um ano; a professora, que gostaria de ter descoberto o mundo dos esportes ainda mais cedo, também pratica natação e corrida há seis anos. Elza, que dá aula na Universidade do Sagrado Coração (USC) e mora há dois quilômetros do serviço, conta que não vai trabalhar com a bicicleta porque não tem ciclovias na região. “Eu iria mais cedo, tomaria banho, faria tudo para trocar o carro pela bike”, diz. A professora universitária conta que está acostumada a pedalar em trilhas e a percorrer vários quilômetros. Numa trilha em Agudos, recentemente, pedalou em torno de 38. “Foi bem forte, mas foi bacana”, conta. Elza explica que é preciso começar aos poucos, ganhar condicionamento físico, para depois conseguir acompanhar o ritmo dos homens, e lembra que no grupo que frequenta todos têm que usar equipamentos de proteção como capacete, luvas, óculos e ter sinalização nas bicicletas. Semanalmente, pedala com os Bike Brothers’ em trilhas noturnas que partem da região do campus da Unesp, mas também viaja com o grupo. O próximo destino são as trilhas de Brotas. Pronto para a largada, o policial militar Osmani dos Santos Almeida Júnior, 43, que é membro dos Night Bikers’ demonstra que está bastante familiarizado com o ciclismo. “Tenho uma bicicleta para trabalhar e outra dos fins de semana, para passeio”, ressalta. O policial procura ir trabalhar de bicicleta de três a quatro vezes por semana e afirma que na corporação tem servido como um espelho. “Sou quase um consultor. Para saber de tudo que está pegando sobre bicicleta os outros se reportam a mim”, conta. Osmani incentiva os colegas a aderirem ao esporte e diz

Ganhando espaço Ciclovias e ciclofaixas em Bauru: Até 2009 - - - - - - 1,1 km 2009 - - - - - - - - 7,4 km 2010 - - - - - - - - 10,1 km 2011 - - - - - - - - 21,1 km 2012 - - - - - - - - 21,6 km Fonte: Endurb

Everton Sylvestre

 Ciclismo

Elza Inowe e sua bicicleta, prontas para mais um pedal

Faria tudo pra trocar o carro pela bike

que tem conseguido adeptos. Ele reclama da falta de consciência dos motoristas, mas não é por isso que deixa a magrela em casa. O agente público Marco Labão, 56, que também é adepto ferrenho da bicicleta, partilha dessa opinião. “O ciclista ocupando seu espaço fará com que o motorista o respeite e compartilhe a via pública”, afirma. Labão, que conseguiu unir a paixão ao trabalho e hoje fiscaliza o trânsito em cima de uma bike, lembra que é ciclo-ativista há muito tempo, pedala há 50 anos e já participou de competições internacionais. “Com a bicicleta, ganha-se mobilidade, saúde, disposição, bom humor, tudo”, resume. Rodeados de carros de apoio e acompanhados por um caminhão de som que convida mais pessoas a se renderem ao esporte, os ciclistas partem para a pedalada. Acompanhando-os de longe, chego à Getúlio Vargas, que tem uma de suas faixas fechadas para recreação na manhã do domingo. Muitos caminham, outros pedalam isolados, quando são surpreendidos pela multidão Página

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Everton Sylvestre

 Ciclismo

Em torno de 200 ciclistas, de diversos grupos de pedal, participaram da bicicletada deste ano

que participa da bicicletada. Encontro outra família sobre duas rodas; no caso desta, o menino, ainda pequeno, vai na garupa do pai. “Estamos levando o garoto para pegar carona nessa história”, conta o propagandista Márcio Lima, 36. Ele revela que pedalam há apenas um mês e que ainda precisam ganhar condicionamento físico para se aventurar em trilhas, mas pretendem fazer isso. O casal não sabia da bicicletada e reclama da má divulgação do evento. Outra reclamação que se ouvia no local era pelo fato de realizarem uma caminhada e um passeio ciclístico no mesmo dia, enquanto noutros tantos finais de semana não há nada do gênero. De volta ao local da largada, encontro Jorge Sakashita, 60. Para minha surpresa,

Ciclista à mesa

Faça um lanche 1h antes do pedal Realize uma refeição após a atividade

Consuma mais carboidratos e potássio

Evite alimentos gordurosos e beba água

Tales Sambrano Vieira Nutricionista Página

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Estamos levando o garoto para pegar carona nessa história

Estar em grupo é uma coisa, viver o grupo é outra

o homem que não foi pedalar, não só é um amante do ciclismo como deu uma lição à parte. O autônomo havia participado de um pedal intenso no dia anterior, em Agudos. “Só mato, trilha da hora mesmo”, conta. Na manhã de domingo, acordou tarde e, como tinha se comprometido a ajudar na organização do evento, deixou a bicicleta em casa e foi rapidamente, de carro, para a praça. Ele revela que tem vontade de montar um grupo grande, com distribuição de lanches, carros de apoio, para levar mais pessoas às trilhas, em contato com a natureza. “Estar em grupo é uma coisa, viver o grupo é outra; é preciso se comunicar com as pessoas, ser solidário”, exprime Sakashita, que vê no ciclismo a oportunidade de reascen-

Hora de apertar o freio

Dificuldade com equilíbrio Gestante, TPM, cólica ou mal-estar Dores nas costas, gripe ou torcicolo Dores muculares ou nas articulações que impeçam de fazer tarefas cotidianas

Maicon de Freitas Silva Fisioterapeuta


Everton Sylvestre

 Ciclismo

Numa bicicleta adaptada, Marcos Lopes é um dos vários ciclistas que levam os filhos no embalo dos pedais

der nas pessoas o patriotismo, a noção do amor. “Resumindo, a pessoa fica mais feliz”, explica. Terminado o passeio, a organização faz um sorteio de brindes e o prêmio principal, claro, é uma bicicleta. A contemplada foi a pequena Angel, 7 anos, que desde o começo chamava atenção, desfilando com seus adereços cor-de-rosa sobre uma espécie de triciclo, junto de seu pai. Marcel Lopes Bartolomeu, 36, já pratica o esporte há muitos anos. O vendedor participa de vários grupos: um deles sem denominação especifica; aos sábados, do Bike Brothers e, aos domingos, do Pedal da Família, no qual Angel também vai. A maior parte dos passeios de que participa são por trilhas, mas Marcel também usa a bike para trabalhar. “Ainda volto em casa para almoçar. Pedalo em torno de 10 quilômetros por dia”, destaca. A menina, por enquanto, continuará dividindo com o pai a bicicleta adaptada, mas a nova já tem

Ainda volto em casa para almoçar

destino certo. “É para a mãe”, afirma. Na escola da garota, de acordo com seu pai, a educação no trânsito está em discussão e há incentivos para o uso da bicicleta. Resta aguardar até que esses novos ciclistas cheguem ao volante e assim, quem sabe, possamos conviver num trânsito com bikes e carros em harmonia. xy

Quer pedalar? Saiba de onde partem alguns dos grupos de pedal mais tradicionais da cidade: Bike Brothers’ - Quartas, às 19h00 Saindo do último posto da Getúlio Night Bikers’ - Quartas, às 20h00 Saindo da Rua Júlio Maringoni, Qd. 12 Vai quem qué - Domingos, às 8h00 Saindo do aeroclube Página

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Esporte

 Design de uniformes

A moda é inovar com o passado Kelly De Conti

Alguns dos principais clubes do Brasil buscam elementos da sua história para fortalecer a identificação dos torcedores com o uniforme do clube de coração

Palmeiras e Corinthians já aderiram à moda retrô. O Alviverde (camisa à esquerda) adotou o azul, enquanto o Corinthians (à direita) trouxe o bege, cor de seu primeiro uniforme. Os escudos também são referência à história dos clubes. Kelly De Conti

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camisa do clube do coração é encarada como um dos maiores objetos de culto pelos torcedores, o que fez com que ficassem popularmente conhecidas como “mantos sagrados”. Para renovar o guarda-roupa dos mais fanáticos e inovar a tecnologia e o design, os fornecedores de materiais esportivos buscam sempre criar novos modelos. Alguns dão certo. Outros, nem tanto. Entre os clubes brasileiros, uma tendência do momento é o design retrô aliado às modernas tecnologias dos tecidos. Também para lembrar o passado, alguns modelos buscam homenagear antigos craques ou elementos que ajudaram a construir a história do clube. O Palmeiras, por exemplo, já fez várias homenagens à Itália em seus unifomes. Esse é o caso de uma camisa azul [foto acima] que recebeu destaque na imprensa italiana quando foi lançada em 2009. A referência se deve ao fato de que o antigo Palestra foi fundado por imigrantes desse país que vieram para São Paulo. O arquirrival Corinthians fez algo parecido no ano do seu centenário, quando Página

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Incluir símbolos que eram fortes naquela época, como a letra e o número grandes. Tudo isso faz diferença

Dulce Holanda, Designer

passou a utilizar uma camisa bege - cor do primeiro uniforme - com o escudo que deu origem ao clube. Outro clube que utilizou a técnica, neste ano, foi o Náutico. O clube abriu mão do tradicional vermelho e branco e apostou no verde-água, que remete ao Rio Capibaribe, um dos símbolos de Recife. A técnica para manter o ar moderno e aliar características retrôs ocorre por meio de pequenos detalhes. “Manter a modelagem, mas mudar a cor, deixando um pouco mais antiga. Incluir símbolos que eram fortes naquela época, como a letra e o número grandes. Colocar uma gola que lembra aquelas antigas. Tudo isso faz diferença. As empresas fazem diversas experiências até chegar ao ideal. Vão testando cada detalhe”, pontua a designer de moda Dulce Holanda. “No design, o que mais chama atenção é a cor, depois é a forma. Ou seja, a cor vai identificar aquela característica antiga, aí você vai associando a forma também”, completa. Voltando-se para a paixão em torno do uniforme, o site britânico Subside Sports ficou conhecido por eleger, desde 2009,


 Design de uniformes Divulgação

as camisas mais bonitas do mundo. Na última edição, o terceiro uniforme do Corinthians foi o campeão. O manto corintiano traz a imagem de São Jorge e uma homenagem à equipe do Torino (ITA) por meio da cor escolhida: o vinho. A campeã do ano anterior também traz um design parecido. Com uma serpente desenhada no lado esquerdo da camisa, a Inter de Milão ganhou a disputa. Segundo a designer, um dos elementos que pode contribuir para a vitória é a simbologia presente nos detalhes dos uniformes. Elas fazem com que o torcedor se sinta acolhido ao vestir um símbolo cujo significado será interpretado apenas por quem compartilha aquela mesma paixão e pelos seus opositores, representados pelos rivais no esporte. No caso da camisa corintiana, por exemplo, “se você pensar no torcedor que quer a camiseta como identificação, quanto mais símbolos você tiver, melhor. Um símbolo de força, como São Jorge, é algo que faz com que a pessoa se identifique”. A segunda colocada foi o uniforme do Borussia Dortmund, que traz o próprio estádio, o Signal Iduna Park, no peito. Com isso, “o torcedor se sente fazendo parte da família do clube, mais acolhido. Porque, além da camisa, tem uma outra forma de identificação. Ele se sente dentro de um grupo restrito, porque são os torcedores mais íntimos que vão reconhecer aquilo”, analisou.

Divulgação

Eleita a mais bonita do mundo, camisa cria elo com os torcedores por meio da figura de São Jorge, padroeiro do clube

Borussia Dortmund desenhou o próprio estádio na camisa para homenagear os torcedores

Reprodução

Clube baiano muda design do uniforme para ação social

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ma camisa que chamou a atenção neste ano foi a do Vitória, da Bahia. Conhecido pelo tradicional rubro-negro que carrega em seu uniforme, o clube decidiu tirar as listras vermelhas para promover uma campanha de doação de sangue. “O Vitória sempre deu o sangue por você. É hora de retribuir. Só com a sua doação, a cor da nossa camisa vai voltar ao normal”, diz o site oficial do clube. Gradativamente, portanto, as listras da camisa foram retornando a cada partida, de acordo com o número de doações. E a campanha “Meu Sangue é Rubro-Negro” deu resultado. Depois do início da ação, o Hemocentro da Bahia (Hemoba) teve um aumento de 46% das doações. xy Página

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Esporte

 Seleção brasileira

O fim dos tempos

Ana Carolina

Ana Carolina Costa

O

apagão foi um presságio! Podem dizer que estou aderindo ao Conspiração Esporte Clube, relegando a paixão nacional pela seleção ou indo na onda dos que querem ver o circo pegar fogo. Só não digam que quando as luzes se apagaram no estranho Super Clássico das Américas, vocês resistiram à sensação de pensar no fim de mundo em que fomos nos meter. Caros amigos, o bizarro episódio em solo argentino só comprova nosso mais temível pesadelo: o futebol brasileiro já não é mais a estrela do espetáculo. Antes do jogo, do sentimento de patriotismo, da nossa vontade de torcer estão os meros interesses políticos e econômicos da Confederação Brasileira de Futebol e o compadrio que a cerca. Enquanto a escolha do estádio de Resistência para sediar a segunda partida do minitorneio obedeceu a contornos próprios da estreita amizade entre o governador da província de Chaco, a presidência argentina e a empresa que gerencia os amistosos do país, a CBF em nenhum momento defendeu o que era melhor para seus atletas. E isso não se trata de suposição. O órgão máximo do futebol brasileiro, há um bom tempo, percebeu que é mais lucrativo para ele fingir que não tem nada a ver com isso. Hoje, a CBF sequer escolhe as equipes enfrentadas por nossa seleção. Ima-

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O bizarro episódio em solo argentino só comprova nosso mais temível pesadelo: o futebol já não é a estrela do espetáculo

gine o estádio e a cidade de uma partida decisiva! Na verdade, quem manda no pedaço é uma tal de International Sports Events,com sede na Arábia Saudita. É a empresa quem detém o direito de organizar os jogos da seleção brasileira até a Copa do Mundo de 2022 (Qatar) e escolher quais serão seus adversários nos jogos amistosos. Pois bem, agora tenho quase certeza que vocês, no mínimo, suspeitam da profecia do apagão. Para quem ainda não entendeu o que ela quer dizer, explico: enquanto continuarmos no escuro deixando que sejamos guiados por pessoas que sequer tem uma relação de amor com a seleção nacional, despencaremos escada abaixo. E o gran finale, com toda ironia do destino, poderá ser assistido no quintal de casa, em uma Copa do Mundo que ressuscitará ou sepultará de vez o futebol brasileiro. xy


UMA PAIXÃO. E TREZENTAS CAMISAS

Diversão Otávio Frabetti

 Coleção de camisas

Da redação

Frabetti posa com uma de suas camisas prediletas: a camisa da seleção italiana autografada pelo ex-jogador Sormani

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 Coleção de camisas

E

comprar as camisas. Existem algumas que gostaria de ter, mas prefiro ganhá-las”.

Não gosto de comprar as camisas. Existem algumas que gostaria de ter, mas prefiro ganhá-las.

sim, de camisa a camisa, Edson foi engordando seu valioso e grandioso acervo. E que acervo! MANIAS dson contabiliza pelo menos 300 camisas, das quais aproximadamente 100 ficam guardadas em cabides, e o restante em baú, embalagens plásticas e afins. E, como todo colecionador, tem suas manias. Ele jamais comprou uma camisa. E até proíbe os filhos de comprarem em datas como aniversário e dia dos pais. A única exceção foi uma camisa do Tabajara F.C, que ele aceitou ganhar dos filhos. “Não gosto de

E

ZELO lém da mania de não comprar camisas, outra característica se sobressai nessa coleção. O zelo. “Muito dos amigos que foram profissionais me deram quase todas ou todas as camisas que tinham ao encerrar a carreira. Eles me davam sabendo que tenho muito cuidado e sabiam que eu conservo, que ficariam em boas mãos. Alguns me davam porque sabiam que se ficassem com elas, ou jogariam fora ou dariam para outra pessoa”, afirma o orgulhoso Frabetti. E tem mais. Ele tem o maior xodó com suas camisas. Não as empresta pra ninguém. “Não ganhei nenhum tostão com elas e nem quis ganhar. Meu acervo é muito pessoal, é um hobby, é bem sentimental, por isso tenho cuidado e ciúmes delas”, alerta o ciumento colecionador.

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DIVERSIDADE variedade de exemplares é grande. Edson possui camisas dos quatro times grandes de São Paulo e do Rio, do XV de Jaú e

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Otávio Frabetti

dson Frabetti tem 55 anos de idade e é administrador de empresas. Nascido em Jaú, desde adolescente sempre foi muito ligado ao futebol, jogando em times amadores nos clubes da cidade. Também jogava futsal e chegou a ser pentacampeão amador de Jaú. Não chegou ao profissionalismo. Mas nunca esteve longe dele. No fim dos anos 70, unindo suas duas paixões (futebol e rádio), Frabetti começa a trabalhar como repórter esportivo em uma rádio. Justamente na época que o XV de Jaú vivia sua melhor fase e estava na primeira divisão de São Paulo. “Eu fiz muitos amigos nessa época, o XV era muito badalado.”, afirma Edson. E essas amizades lhe renderam frutos, como a primeira camisa profissional que um amigo lhe deu. “Minha primeira camisa foi do São Paulo. O Estevam [Soares] jogava no XV e foi contratado pelo São Paulo. Na primeira vez que ele veio a Jaú para jogar contra o XV, em 1978, ele me deu sua camisa”, relembra Frabetti. “A partir desse presente, os jogadores que saíam do XV, como o Wilson Mano e o Alfinete traziam camisas para mim no final do ano, quando voltavam para ver a família”, completa. E as-

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Otávio Frabetti

Otávio Frabetti

 Coleção de camisas

Muitos dos amigos que foram profissionais me deram quase todas ou todas suas camisas ao encerrarem a carreira, pois sabiam que elas ficariam em boas mãos

Otávio Frabetti

Otávio Frabetti

de outros times do interior paulista (Guarani, Ferroviária, Noroeste), além de times do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e região Nordeste (Bahia, Vitória, Sport). Há também camisa de um time de Macau (China), da seleção brasileira de vôlei feminino (autografada pela ex-jogadora Virna), da seleção brasileira sub-20 campeã mundial de 1985 (do ponta esquerda Antonio Carlos), da seleção japonesa, além de times da Argentina (Racing, Estudiantes), Alemanha (Bayern Leverkusen), Paraguai (Olímpia) e Espanha (Celta de Vigo). Um fato interessante é que Frabetti possui boa parte das camisas existentes do ex-goleiro Marola (Santos, XV de Jaú e Seleção Brasileira). “O próprio Marola não tem nenhuma camisa. Outro dia até se emocionou ao ver essas camisas em uma homenagem que fizeram a ele em uma TV da cidade. Ele não lembrava que todas essas camisas existiam e estavam guardadas comigo”, conta o emocionado colecionador. Não há registros na cidade de colecionadores de camisas esportivas. Frabetti explica que havia um diretor do XV de Jaú (Cláudio Matta) que tinha muitos exemplares. Todavia, ao falecer, sua família doou as camisas, acabando com a coleção. Mesmo que não oficialmente, nosso personagem do mês é um dos maiores colecionadores de camisas esportivas de Jaú. xy

O acervo de Frabetti é bem variado. Há camisas do Tabajara (única comprada), da ex-jogadora de vôlei Virna e uma camisa sem data, mas muito antiga do XV de Jaú

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 Videogame Vania Cristianini

Diversão

ELES NÃO ACEITAM

GAME OVER

Não importa a idade e nem o sexo. Game over, jamais Vania Cristianini

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ns o consideram um vilão para o raciocínio, para as relações sociais e para o corpo, outros defendem que ele melhora a concentração e, em alguns casos, até estimula a atividade física. O fato é que pesquisa divulgada em março deste ano pelo Ibope aponta que 31% dos brasileiros possuem ao menos um videogame em casa. Quase um terço da população brasileira, aproximadamente 60 milhões de pessoas, entra em contato com o mundo fascinante que os consoles podem proporcionar. Mas, o senso comum estabelece que os videogames fazem parte da infância e da adolescência. Com o aumento da idade, o acúmulo de afazeres e as responsabilidades, as pessoas tenderiam a não jogar mais. O casamento, por exemplo, marcaria a separação com o videogame? Para alguns apaixonados não. O analista de sistemas, João Paulo Malaquin, 33

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anos, casado, é adepto dos videogames e chega a jogar de 2 a 3 vezes por semana. Ele joga desde os 12 anos de idade e entre seus consoles eleitos estão o saudoso Atari, passando pelo Mega Drive, Play Station 2 e, atualmente, um Xbox 360. “Os primeiros videogames, especialmente o Atari, se difundiram muito no passado e todas aquelas crianças, assim como eu, que tinham o seu e jogavam incansavelmente trouxeram para a atualidade aquele gosto pelo videogame. Quase todas essas crianças dos tempos do Atari se casaram e um dos primeiros eletrodomésticos caseiros que adquiriram foi o videogame”, fala. E a união a dois abalou o seu caso de amor com os games? “As responsabilidades aumentam e a disponibilidade de horários para o jogo diminui bastante”, conta. “Minha esposa não acha ruim, pois procuro separar as tarefas diárias e reservar um tempo para o


Vania Cristianini

 Videogame

João Paulo faz parte da geração que cresceu com o videogame

jogo, caso seja possível. Ela joga muito pouco comigo”, diz João, explicando o triângulo amoroso. O importante é saber dosar o tempo. O videogame acaba adquirindo a mesma função do futebol com a galera. João conta que participa de campeonatos caseiros com os amigos, a maioria deles casados também. “Eu considero o videogame como um prazer, um divertimento. O videogame de hoje se tornou uma ferramenta de entretenimento moderno”, fala. A psicóloga Maria Lúcia Nunes Beraldo explica que, hoje, não existe mais uma verdade absoluta acerca do comportamento das pessoas, tudo deve ser muito bem refletido. Existem pessoas que jogam videogame, são excelentes profissionais e não descuidam da família. “É um entretenimento positivo sim, mas tem sua hora, tem seu momento”. O videogame desenvolve o movimento de pinça, extremamente importante para as mãos, trabalha a mente, exercita o raciocínio e, tudo isso, aliado a uma atividade prazerosa. “Se você começa a fazer do videogame a sua vida, eu acho nocivo. A não ser que você seja um empreendedor, um profissional desse meio”, esclarece. QUANDO OS FILHOS ENTRAM NA JOGADA s vezes os casados ganham aliados mais que especiais nos games. É o caso de Germano Augusto Vicente Junior. O músico de 37 anos, casado, pai de uma menina de 6 anos e de um menino de 9 anos, passa bons momentos com os filhos e com o videogame. “É um momento de um fazer companhia para o outro, de fazer alguma atividade juntos”, conta o pai de Luana e Matheus.

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Germano é das antigas e já teve alguns videogames como Odissey, Atari, Super Nintendo, Play Station 1, Play Station 2 e, agora, Play Station 3. “Eu preferia os jogos mais antigos. Era mais divertido jogar antes, pois o acesso era mais difícil”, lembra. Mas o “clube do Bolinha” lidera e o jogo preferido de Germano e Matheus é mesmo o futebol. “Com a minha filha eu jogo mais o Super Mario. Ela não sabe jogar direito então a gente mais brinca mesmo”. Mas e a mãe fica onde nessa história? “Ela só reclama quando a gente joga muito”, explica. Qualquer atividade com os filhos é mais uma oportunidade de estreitar laços, mesmo que competindo. Um estudo de 2011 revelou que os pais devem jogar videogame com os filhos, principalmente com as meninas, desde que sejam jogos adequados para cada idade. As autoras Laura Padilla Walker e Sarah Coyne, da Universidade Brigham Young University, nos Estados Unidos, verificaram que as meninas que jogavam videogame com seus pais (e não com as mães) apresentavam melhor comportamento, se sentiam mais ligadas à família, eram menos agressivas e tinham menos chances de ficar deprimidas. Já para os meninos, o fato de jogar ou não com os pais não provoca resultado positivo ou negativo. Meninos e meninas gastam o mesmo tempo no videogame com os pais, mas os garotos passam mais tempo no videogame. Um fato interessante é que os que mais jogam vão pior na escola e são mais infelizes. Isso pode ser explicado pelo tipo de jogo preferido dos meninos, geralmente games violentos, com armas, carros, etc., e por não se dedicarem a nenhum outro tipo de atividade. xy Página

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CAPA

 Resiliência

Tenho problema

A resiliência é a propriedade que as pessoas podem desenvolver e transformar desvantagens em vantagens, amadurecendo e não caindo diante dos problemas. Como num jogo de xadrez, é fazer de cada lance a oportunidade para vencer.


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as, logo desisto?

Você reclama da vida? Você a acha dura, injusta? E seus problemas e obstáculos? Consegue dar conta deles ou fica reclamando que só você tem problemas e não acha meios de vencê-los? E quando encontra aquela pessoa, que mesmo na pior e atolada de dificuldades, consegue sempre sair de cabeça erguida e mais fortalecida? Dá uma certa inveja? Pois saiba que não é preciso. Essas pessoas “iluminadas” são as chamadas resilientes e é possível se juntar a elas. E viver melhor. Vera Lígia Assis, pedagoga, psicopedagoga e promotora de resiliência da Sociedade Brasileira de Resiliência (SOBRARE), nos fornece pistas sobre um indivíduo resiliente. “Ser uma pessoa resiliente é ter a capacidade de enfrentar, aprender, crescer, e amadurecer com as adversidades, dificuldades, conflitos que a vida muitas vezes impõe, com uma nova maneira de encarar essas situações. Eles possuem também um sentido apurado da realidade, pois acreditam que de uma maneira ou de outra conseguem ter o controle sobre a situação e sobre os eventos da vida.”


 Resiliência

A

A ORIGEM DO TERMO final, de onde veio o termo resiliência? Ele vem do latim RESILIRE, que significa saltar de volta, ricochetear. Antes de ser emprestado à Psicologia, a ciência que deu origem ao conceito foi a Física. O termo surgiu quando o cientista inglês Thomas Young fazia experiências deformando barras de metal. “O termo resiliência, originalmente criado por Young em 1807, refere-se à propriedade que alguns materiais ou elementos têm de armazenar energia quando submetidos à pressão,

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As pessoas resilientes possuem determinação pela vida, visão otimista do presente e do futuro, e tiram proveito das situações de estresse para crescer e amadurecer

sem se deformarem de maneira permanente ou sofrer rupturas em sua estrutura”, explica o físico Rodrigo Gazola. Isso significa que esses materiais têm capacidade de voltar ao seu estado físico inicial após sofrer compressão ou estiramento. “A principal referência do emprego da resiliência acontece no estudo de molas, a famosa lei de Hooke - lei da física relacionada à elasticidade dos objetos -, quando esta se deforma e tende a voltar ao seu estado inicial”, exemplifica. A descoberta desse mecanismo foi importante para o desenvolvimento de várias ciências. Ele é empregado por diversos profissionais. Os engenheiros, por exemplo, consideram a resiliência dos materiais que devem ser usados em obras. Um dos fatores que eles estudam é a temperatura do local onde elas estarão localizadas, já que a variação gera deformações nos materiais. “A compreensão da resiliência foi um fator preponderante durante todo o desenvolvimento humano, pois suas http://migre.me/cbKqZ

s pessoas resilientes possuem características que contribuem para a superação das adversidades: elas aprendem a dar novo sentido para suas crenças (ressignificação), o que possibilita serem flexíveis e coerentes; possuem determinação pela vida; procuram manter relacionamentos que possibilitam fortes redes de apoio e proteção; possuem uma visão otimista do presente e do futuro, um forte senso de valor da vida; percebem as mudanças que estão ocorrendo em seu corpo quando vivenciam situações adversas; tiram proveito das situações de adversidades e de estresse para crescer, se fortalecer e amadurecer na vida, além de conseguirem voltar ao seu estado inicial de equilíbrio. Se você, leitor, esperava ler que os homens são mais resilientes, esqueça! Todos os entrevistados são unânimes ao afirmar que não é possível fazer uma distinção por gênero. Vera afirma que as mulheres possuem uma maior condição de proteção, pois se expõem menos a riscos, em comparação aos homens. No entanto, a psicopedagoga ressalta que esse panorama pode se modificar, em conseqüência dos novos padrões de comportamento (trabalho fora, maior independência) que as mulheres vêm incorporando. A professora Carmen Maria Neme mostra que é possível encontrar exemplos de resiliência em crianças. Ela cita crianças que moram na rua e superam todas as adversidades do ambiente, muitas vezes saindo dessa realidade e se tornando profissionais bem sucedidos e que conseguem vencer na vida.

A mola usada na capa e em toda essa matéria exprime bem o ser resiliente: Alguém que sofre pressões, mas volta ao estado normal sem se quebrar.


 Resiliência

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O João Bobo e a vegetação crescida em uma fenda na estrada ilustram o que é ter resiliência: saber se superar na adversidade e voltar ao equilíbrio mesmo após sofrer golpes, como bem faz o boneco.

aplicações contemplam desde a construção de uma simples arma de caça, como o arco e flecha, até o desenvolvimento de vários mecanismos complexos, presentes no cotidiano de todas as pessoas”, salienta o físico. Vera Assis afirma que o conceito de resiliência é antigo. “Desde os gregos já temos citações da busca de se construir, se reorganizar, se reinventar, recriar os cenários da vida, além de assumir a gestão do projeto pessoal existencial, que era conhecida como epimeléia”. A professora Carmen Maria Bueno Neme, do Departamento de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru-SP, detalha o início do termo na Psicologia, que começou a partir de 1936 com o aumento do estudo sobre stress. “Era para identificar pessoas que pareciam invencíveis, ou seja, conseguiam resistir a eventos poderosos

João Carlos Martins Maestro e Pianista Natã Crivari

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“A minha melhor qualidade é mais do que superação, é a teimosia.” “Eu tive o primeiro concerto com piano aos 8 anos de idade em virtude de uma lesão na garganta que, por dois anos, deixou uma fístula [comunicação entre um órgão e o meio externo] vazando pus e que fez de mim uma criança reclusa. Nessa época, encontrei meu destino na música. Aos 13 anos de idade iniciei minha carreira nacional e aos 18 a [carreira] internacional. Tanto a minha vida pessoal como a profissional parecia a vida dos sonhos, tocando por este mundo afora e levando o nome do Brasil. Até meu primeiro acidente aos 26 anos em Nova York, jogando futebol, que lesou o nervo hunar do braço direito e me fez afastar do piano por algum tempo. O sentimento de tristeza era tão grande que procurei um ramo totalmente afastado da música, o que me levou a ser empresário de boxe conquistando o título mundial com Éder Jofre. Oito anos depois, finalmente consegui voltar ao piano e atingi uma forma superior a que eu tinha antes do acidente, até que um assalto na Bulgária (1995) me ocasionou uma lesão cerebral. Mesmo assim consegui voltar ao piano, até que uma distonia (congelamento dos movimentos dos braços causados por contração involuntária muscular) e uma operação encerraram minha carreira com a mão direita. Por mais dois anos toquei com a mão esquerda, que também foi afetada por um tumor. Aos 64 anos, iniciei minha carreira de maestro e hoje, aos 72 anos, já realizei mais de 1.000 concertos em alguns dos principais teatros do mundo, em todos os teatros principais do Brasil e nas periferias das periferias, levando música para quem nunca teve oportunidade de ouvi-la. A última cirurgia no cérebro (2012) teve o sucesso de fazer voltar o movimento de esticar o braço esquerdo e dar um alívio para a mão esquerda. Tudo que aconteceu na minha vida é pela determinação e pela fé em Deus; sem uma força superior e sem uma força interior nada acontece. Acredito que as adversidades serviram como uma plataforma para construir um futuro e levantar voo, e não como um caminho para o abismo. Nunca me senti fracassado e evidentemente que já pensei em desistir, mas a esperança e a música venceram.”

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de estresse, ou extremas adversidades, sem adoecer mentalmente mantendo a capacidade de se recuperarem totalmente após terminar o evento.” A professora comenta ainda que o conceito foi flexibilizado posteriormente, passando a designar pessoas com grande capacidade de lidar com estresse, choque, adversidades, mas sem a ideia de ser alguém “inquebrável”. “A flexibilização aconteceu devido à complexidade e subjetividade do ser humano e das diferentes formas de adoecimento físico e psíquico que podem ocorrer sem manifestações aparentes, ou mesmo, devido às dificuldades de se delimitar com clareza os limites entre saúde e doença”.

Pouco adiantaria um bebê apresentar condições para desenvolver a capacidade resiliente, se viver num ambiente hostil

Professora Carmen Neme

Áreas da vida ligadas à Resiliência De acordo com a definição do diretor científico da SOBRARE, Dr. George Barbosa, pedagogo, psicólogo e doutor em psicologia. Autocontrole das emoções: se refere à capacidade de se manter calmo e equilibrado para lidar com seus sentimentos quando está sob pressão ou diante de situações imprevistas. É a arte de administrar as emoções. Otimismo para com a vida: a capacidade de manter a esperança com a convicção de que as situações irão mudar, pela crença de que é possível gerenciar a situação no presente com uma visão positiva de um amanhã melhor. Empatia: trata da capacidade de compreender as outras pessoas, em seu estado emocional e psicológico, e agir de acordo com esse entendimento. Autoconfiança: é a habilidade de se sentir eficaz nas ações que serão realizadas. É acreditar em seus recursos e potenciais internos. Análise do Ambiente: é a habilidade de perceber e identificar as razões dos problemas e adversidades, mapeando as pistas que ajudam perceber as condições de riscos presentes no ambiente. Leitura Corporal: se refere à capacidade de perceber as mudanças que acontecem em seu corpo quando se depara com situações adversas, adquirindo condições de controlar os “sintomas do estresse” nos sistemas nervoso e muscular. Alcançar e Manter Pessoas: se refere à habilidade de construir e manter relacionamentos, formando fortes redes de apoio e proteção. Sentido de Vida: se relaciona com a capacidade de entender e manter um sentido maior para a existência, trazendo valor para a vida. É a fonte de felicidade.

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 Resiliência

A resiliência também recebeu contribuições do austríaco Viktor Emil Frankl. Discípulo de Freud, o psiquiatra foi perseguido durante a Segunda Guerra Mundial por ser judeu. Como lema de vida, ele citava uma famosa frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: “Quem tem porque viver suporta qualquer como”. Por meio desse pensamento, ele queria mostrar que as adversidades devem ser superadas e que as pessoas devem encontrar formas positivas de reagir a elas. Ou seja, serem resilientes. Sua história é interessante. Viktor identificou fatores que pareciam facilitar a sobrevivência de parceiros do campo de concentração. Ajudou várias pessoas que estavam com ele nessa situação e considera que sobreviveu porque nunca perdeu a esperança de reencontrar seus pais e sua esposa após o holocausto. Após muitos anos, veio para um congresso no Rio Grande do Sul e foi recebido no aeroporto por seus sogros, que sobreviveram e souberam de sua vinda ao congresso. É nesse momento que ele teve notícias da data e do local de morte de sua esposa. Para ele, foi um “reencontro” que tanto esperou. POSSO APRENDER? era ressalta que a resiliência não é uma característica inata ao indivíduo,

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 Resiliência

“Me sinto orgulhoso por ter tido a oportunidade de conhecer o outro lado da vida.” Marcelo Galvão Atletista Jornal Notícias de Lençóis

mas são comportamentos, pensamentos e ações que podem ser aprendidos e desenvolvidos gradativamente. Para isso, é feito um treino desenvolvendo as competências da pessoa, realizado por um Programa Educacional de Promoção de Resiliência. Com esse programa, é focado o desenvolvimento de uma perspectiva otimista, um discurso interno positivo, uma gestão de controle, o desafio dos pensamentos negativos, aprendizado de técnicas de relaxamento, a melhoria das competências de resolução de problemas e o aprendizado para estabelecer objetivos e treinar uma postura de assertividade. A promotora de resiliência esclarece que há oito áreas da vida (quadro ao lado) que se relacionam com o comportamento resiliente e que podem ser desenvolvidas no treinamento: autocontrole das emoções, otimismo para com a vida, empatia, autoconfiança, análise do ambiente, leitura corporal, habilidade de alcançar e manter pessoas e sentido de vida. A professora Carmen explica que a resiliência pode ser desenvolvida, contudo, é preciso haver uma junção de fatores (hereditários, biológicos e psicológicos) e de oportunidades ambientais. “Pouco adiantaria um bebê apresentar condições para desenvolver a capacidade resiliente, se viver num ambiente hostil, incapaz de corresponder às necessidades básicas para que o ser humano sobreviva física e psiquicamente por extenso período de tempo, especialmente nos primeiros anos de vida.” A docente da Unesp lembra ainda que hoje se tenta delimitar até que ponto é possível aprender a ser resiliente. Para ela, tudo é uma questão dos critérios usados para declarar que diferentes pessoas em diferentes contextos são resilientes. “Em uma pesquisa que orientei, consideramos resilientes a maioria das mulheres sobreviventes ao câncer de mama, há mais de 5 anos fora de tratamento. Entendemos assim, pois elas mantiveram a saúde existencial, seus papeis e funções familiares, sociais após uma longa trajetória de tratamentos invasivos contra o câncer.”

29 de julho de 2000. Marcelo Galvão e sua família voltavam de uma viagem para Pernambuco quando sofreram um acidente de carro em Minas Gerais. Gravemente ferido, Marcelo, com 17 anos, permanece em coma durante dias, até que acorda e recebe a informação de que havia perdido parte de seus movimentos. Os seis anos seguintes seriam de angústia e dor. Marcelo entra em depressão. Com vergonha de sua condição e distante dos amigos, se tranca em casa e chega a pesar 130 kg. Aos dezoito anos, decide que é hora de dar um novo rumo a sua história. “Eu pedi para a minha mãe arranjar alguma coisa pra eu fazer, porque não queria mais ficar desse jeito. Aí ela foi até o médico, que a encaminhou para o posto de saúde, onde indicaram a Adefilp [Associação dos Deficientes Físicos de Lençóis Paulista]”. “Eu lembro até hoje. Foi no dia treze de junho de 2006, uma hora da tarde. Eu fui até lá com a minha mãe. Encontrei o Baixinho [vice-presidente da associação], que perguntou se eu queria trabalhar. Respondi que sim e ele disse que eu estava contratado. Na hora todo mundo chorou. Eu nunca pensei que fosse conseguir um emprego”. Após uma recuperação de dois anos, Marcelo é convidado para competir na equipe de atletismo da associação. Representante da cidade no arremesso de dardo, disco e peso, ele voltaria de sua primeira competição com uma medalha de ouro. Atleta exemplar, o jovem relembra com carinho das dez medalhas de ouro e oito de prata conquistadas ao longo de quatro anos de competições. Medalhas que se converteram em símbolo da mudança pela qual Marcelo passou. “Hoje, sou uma pessoa que pensa alto e vai até o fim para conquistar aquilo que quer. Antes de entrar na Adefilp, eu andava com a cabeça baixa e duvidava da minha capacidade. Agora, estou totalmente de bem com a vida. As pessoas que encontrei na associação me ensinaram e incentivaram a passar por essa transformação.” “Penso que há uma razão pra eu ter passado por tudo isso. Se eu não tivesse sofrido o acidente, talvez não fosse atleta ou tivesse me transformado em uma pessoa pior”.

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 Resiliência

mbora a resiliência seja um estágio avançado da própria educação do corpo e da mente, ela pode ser trabalhada na escola, colégio ou clínicas de recuperação. A prática esportiva no processo de formação e desenvolvimento do indivíduo pode ajudar a perceber e compreender situações e comportamentos da sociedade que se caracteriza competitiva e excludente. Capacidade de enfrentar e superar uma situação problema. É nesse fragmento da definição de resiliência que o esporte se enquadra, segundo Pablo Herrera Neves, professor de educação física. O esporte se mostra uma das mais eficazes ferramentas para socialização, além de ser um aparato cultural no Brasil. Além disso, ele tem um campo extenso de aplicação e estratégias, o que faz com que os competidores ou participantes interajam entre si e trabalhem em equipe, superando as limitações de uns com qualidades de outros e vice-versa. A partir daí pode-se trabalhar com o conceito de resiliência também na educação. Diante de situações que alguns alunos apresentam durante às aulas percebe-se que só o esporte é capaz de fazer com que a criança supere alguns problemas com mais facilidade. A idade também influen-

cia muito, pois, o movimento corporal e a ação mental estão intimamente ligados nos primeiros quatro anos do ensino fundamental. Portanto, os melhores resultados através da prática esportiva podem ser obtidos ainda enquanto a criança tem de 7 a 12 anos.

Exemplo de resiliência: A suíça Gabrielle Andersen completa a maratona na Olimpíada de 1984 mesmo sofrendo de desidratação e cãimbra na perna, o que a fez cambalear nos últimos 200 metros sem desistir de cruzar a linha de chegada.

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Esporte e resiliência: uma combinação sadia

E eu com isso? Essa matéria serve para mostrar aos leitores que a vida não é fácil, e cada pessoa a enfrenta de uma maneira. Algumas reclamam, se lamentam e desistem; Outras, com algumas ações e desenvolvimentos passam a ver a vida como um eterno aprendizado, em que procuramos a estabilidade, mas sempre amadurecendo e crescendo perante aos obstáculos. Ser resiliente não é como comprar um remédio na farmácia e tomar. Requer

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ajuda de profissionais que acarretará uma mudança na sua maneira de ver o mundo. A resiliência também não é o elixir dos Deuses nem algum elemento mágico. É uma valorização de seu interior, de seu otimismo, de sua estrutura emocional, de sua flexibilidade. É encontrar e modificar algo que está dentro de ti. Você pode achar dificuldades em parar nos empregos ou ainda não se sentir valorizado onde trabalha. Essas consequências podem vir da falta de resiliência, da sua (in)capacidade de segurar o “rojão” e dar soluções criativas e maduras para o problema de sua empresa. Ficar atento a isso pode melhorar sua relação no âmbito profissional. Mas, não é só isso. A resiliência é uma forma de saber viver! E viver bem, lembrando que problemas fazem parte da vida de todos. O que não faz parte é a sabedoria na hora de enfrentar cara a cara (perdoem o pleonasmo) as dificuldades com maestria e cabeça erguida!


 Resiliência

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alete Cortez é psicóloga clínica com ampla experiência em psicoterapia individual e de casal em Lençóis Paulista, São Paulo. Para ela “Mudar o mundo é mudar o modo de olhar o mundo” - Este é o resumo da importância da resiliência, para a psicóloga, na vida de uma pessoa.

que faz parte dela. Em determinadas condições, a criança torna-se progressivamente mais autônoma, mais apta para governar-se. A autonomia significa levar em consideração os fatos relevantes para decidir agir da melhor forma para todos. É atingir seus objetivos de uma forma moral e não ser leviano. Acredito que não estamos proporcionando aos mais jovens condições para o desenvolvimento de suas potencialidades, pois os valores e os modelos de resolução de conflitos são aprendidos na interação com todo o http://migre.me/cbXPW

http://migre.me/cbWzK

Mais do que imagina

http://migre.me/cbXOO

xy: Por que existem pessoas que não conseguem incorporar ou desenvolver essa característica? Em seu livro O Julgamento Moral da Criança, Piaget discorreu sobre a importância da autonomia e da moralidade

meio ambiente. Nós humanos somos extremamente plásticos e aprendemos muito por imitação. Fico pensando como os jovens desfrutam atualmente de poucas oportunidades de aprendizado positivo com os adultos. Você pode notar isso na mídia ou nos vários ambientes presenciais ou virtuais, na intimidade das relações familiares, tudo é motivo para justificar o descontrole de pessoas adultas. No âmbito intelectual, a autonomia significa autogoverno e a heteronomia é ser governado por outrem. Assim, o resiliente é autônomo e acredita nas próprias idéias mesmo que os outros não concordem, necessariamente. Já as pessoas heterônomas são altamente influenciáveis a tudo o que lhe dizem, a slogans, a propagandas e fofocas.

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 Resiliência Uma ótima oportunidade para desenvolver as características da resiliência é fazer psicoterapia com um terapeuta que apresente as características de resiliência.

um imprudente. Ele tem medo sim, mas se prepara para enfrentar as dificuldades que foram sinalizadas pelo medo. Avalia a situação, mede seus limites, organiza as alternativas e assume os próprios riscos. Tende a atingir mais seus objetivos e, portanto, pode somar mais tempo de felicidade do que de frustração.

xy: Existe um fator fundamental que dá a alguém as condições de desenvolver a capacidade de suportar as diversas crises? Na minha prática clínica, acho fundamental desenvolver a tolerância à frustração, inibir a tentação de se colocar como vítima dos envolvidos na crise e contextualizar os acontecimentos de uma forma sem julgamentos. http://migre.me/cbXRj

xy: Você acredita que as pessoas

xy: Ser resiliente é ser feliz?

O que é felicidade? Varia de pessoa para pessoa, mas de uma forma geral podemos pensar na concretização do que a pessoa almeja segundo seus valores pessoais. Neste sentido, entre o almejar e realizar existe um caminho a seguir e a pessoa resiliente sabe que não será fácil conseguir o que se quer, além disso, estas tendem a realizar projetos acima das próprias expectativas. Ousam sonhar e a investir a própria auto-estima neles. Pessoalmente acredito que enfrentar riscos pode ser um ato de coragem ou de imprudência. Mas o resiliente mesmo não é

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tendem a ser resilientes nos dias de hoje? Por que? Acredito que seja mais difícil desenvolver tais características atualmente. O humano precisa de certas condições para que seu desenvolvimento físico e emocional aconteça. Temos o impacto da velocidade da vida moderna, o medo da exclusão social, a força do capitalismo para girar o consumo, o encurtamento da infância, a competição nos ambientes por onde as pessoas circulam, convivem, trabalham e habitam. Os ambientes tornaram-se menos confiáveis, as ruas ameaçadoras, as pessoas sentem-se mais solitárias e a família cada vez mais perdida frente às forças potentes que provocam a desestabilização da organização social e a crise de referências. Na raiz do processo encontramos a normose, ou seja, a patologia da normalidade. Explicando de outro jeito, as pessoas tentam se adaptar ao ambiente que habitam, e sem perceber, mergulham nas ondas do capitalismo, negando suas necessidades reais de afeto, de equilíbrio, de respeito e limitando seu processo de individuação. Com isso, verificamos cada vez mais que o viver está esvaziado de significado, tornando as pessoas menos resilientes e vulneráveis a doenças.

xy: Em resumo, qual a importância

da resiliência na vida de uma pessoa? Mudar o mundo é mudar o modo de olhar. As pessoas passam a se interessar mais por assuntos construtivos, tendem a diminuir o julgamento moral e naturalmente reformulam metas. O desenvolvimento da resiliência religa, dentro de nós, o amor ao conhecimento e à ética.


 Resiliência

Teste sua resiliência Escolha uma das opções para cada pergunta abaixo. Em seguida, some os pontos e veja qual o seu nível de resiliência. (Adaptação do teste original do Serviço de Psicologia do Hospital do Coração de São Paulo). 1 – Preocupo-me em excesso com coisas banais? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 2 – Sou exigente comigo mesmo e com quem está em volta de mim? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 3 – Cobro-me para que todas as atividades que realizo sejam perfeitas? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 4 – Tenho pressa em tudo o que faço? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 5 – Irrito-me facilmente no trânsito? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre

6 – Tenho dificuldades para expressar as coisas que me aborrecem? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 7 – Organizo-me para tirar férias e curtir as horas de lazer com a família? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 8 – Teme pela segurança dos meus familiares e amigos? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 9 – Tenho medo de ser assaltado ou seqüestrado? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre 10 – Tenho dificuldade para lidar com mudanças repentinas? ( ) Raramente ou Nunca ( ) Ocasionalmente ( ) Muitas vezes ( ) Sempre Estabeleça em cada uma das questões os seguintes pontos: Raramente ou Nunca = 1 ponto, Ocasionalmente = 2 pontos, Muitas vezes = 3 pontos, Sempre = 4 pontos 31 a 40 pontos – Nível de Resiliência muito baixa - Atenção e respeito a seus limites. - Repense suas atitudes e comportamentos - Converse mais com as pessoas em relação aos seus sentimentos - Procure ajuda profissional. 21 a 40 pontos – Nível de Resiliência baixa - Atente-se a sua qualidade de vida. - Busque atividades de lazer. - Procure colocar para o outro as coisas que o aborrecem. - Procure ajuda especializada. 11 a 20 pontos – Nível de Resiliência Média - Fique atento às situações nas quais você não respeita seu espaço e emoções. - Organize suas atividades. - Delegue tarefas para não se sobrecarregar. 0 a 10 pontos – Bom Nível de Resiliência - Continue assim, parabéns. xy

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Turismo

 Pitacos gastronômicos

Sabor ao alcance de todos Divulgação

Flipper oferece atrativos para todos os públicos, desde famílias com crianças pequenas até universitários

Larissa Tomazini

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ompleto. Foi essa a impressão que tive no Flipper Lanches, numa noite de sexta-feira. Localizado na Rua Henrique Savi, duas quadras pra baixo do Bauru Shopping, a lanchonete consegue unir diversos públicos, desde famílias com crianças pequenas até universitários. “Eu gosto de ir ao Flipper porque os lanches sempre estão bons. Não tem uma vez que esteja ruim. Eles mantêm a qualidade”, explica a estudante Isabela Ramuno. Nessa sexta-feira a lanchonete está lotada e, segundo frequentadores do local, isso se repete todos os dias. O grande movimento de clientes não atrapalha o atendimento às mesas, uma vez que o garçom traz o cardápio quase que no mesmo instante em que escolho uma mesa e me sento. Após ser atendida com rapidez, é hora

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Gosto de ir ao Flipper porque os lanches estão sempre bons

de esperar o lanche chegar e analisar com cuidado o ambiente. O Flipper tem um espaço grande, ampliado para conseguir comportar a demanda de pessoas. Além disso, oferece um atrativo às famílias com filhos pequenos: um parquinho com uma recreadora para cuidar das crianças. “O parquinho interfere bastante no movimento das famílias, acaba atraindo as crianças. Tem crianças, inclusive, que exigem que os pais venham ao Flipper para elas poderem brincar no parquinho”, salienta Carlos, um dos proprietários do estabelecimento. 15 minutos depois de pedir o lanche, ele chega à mesa. O pedido foi um Baby Flipper, composto por pão de hambúrguer, filé de frango e queijo, podendo ser acrescentado ao pedido diversos acom-


Larissa Tomazini

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O parquinho é um atrativo especial para as famílias com crianças pequenas.

Existe mais um fator que conquista os universitários: as promoções

o Flipper e os universitários. “Acredito que o que atrai muitos universitários pra cá é a parceria que temos com eles nas festas, nos eventos organizados por eles. Estamos sempre investindo nessa relação, assim os ajudamos e conseguimos popularizar ainda mais o nome do Flipper”, explica o proprietário da lanchonete. Além disso, existe mais um fator que conquista os universitários: as promoções. Atualmente, de segunda a quinta-feira, os universitários ganham um suco de 300ml, nos sabores de laranja, abacaxi ou limão, na compra de qualquer lanche. Se o que você procura é um lugar para reunir a galera e comer um bom sanduíche, aposte no Flipper. Se deseja levar a família para um lanchonete e não precisar “esquentar a cabeça” com as crianças, o Flipper também é uma boa escolha. Ou seja, vale a pena experimentar os lanches e conhecer a lanchonete.

Divulgação

panhamentos, os quais serão cobrados à parte. No meu caso, pedi que acrescentassem alface e tomate. Além do lanche, todas as opções de Baby Flipper vêm com uma caixinha de batata frita. O lanche é pequeno, como o próprio nome alerta, mas muito bem recheado. Segundo o proprietário Carlos esse é um dos lanches mais vendidos, talvez pelo acompanhamento da batata frita. “O lanche que mais vendemos é o nosso 7b, ganhando inclusive do X-salada. Além dele, vendemos muitos Babys também, que são lanches para crianças, mas acabam servindo pros universitários porque ele acompanha uma batata frita, então acaba saindo bastante”, complementa Carlos. Os universitários são uma boa parcela da clientela do Flipper. Um dos fatores é a localização da lanchonete, que se encontra na região onde moram muitos estudantes. Outro motivo é a parceria entre

Pontos positivos e negativos Rapidez no atendimento, receptividade dos funcionários e a

existência de atrativos como o parquinho e as promoções são os principais pontos positivos do Flipper.

Outro ponto forte é o valor não abusivo dos lanches.  O grande números de pessoas na lanchonete acaba

ocasionando fila na hora do pagamento. Além disso, outro ponto negativo é o tamanho do estacionamento, muito pequeno para a demanda.

Flipper: qualidade e preço acessível Página

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Simplicidade e sabor: a combinação do sucesso Com a presença nítida da família, o Lelo’s Lanches resiste aos fast foods

Natã Crivari

Natã Crivari

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ranquilidade. Isso é o que você deve estar querendo se optar por ir ao Lelo’s Lanches e Bebidas, em Bauru. Fui incumbido de visitar o local, porém, não simplesmente para saborear um lanche ou bebida, como já havia feito, mas com a finalidade de dizer para você, caro leitor, se vale ou não a pena. E sim, vale muito! Conversar, saborear um bom lanche e desfrutar de uma bela vista da Avenida Nações Unidas é lá, no Lelo’s Lanches e Bebidas. Eu e o repórter fotográfico Otávio Frabetti chegamos a lanchonete por volta das 20h de uma quinta-feira. De prontidão, fomos recebidos pelo garçom que nos indicou uma das 19 mesas vazias - é, o salão estava vazio. Havia um casal e um cliente no balcão, somente. O garçom trouxe o cardápio e, instantes depois, perguntei quais os lanches que mais saíam (veja o quadro abaixo!). Decidi pedir o Plez Egg Bacon Salada, um lanche completo - e grande - que vem no pão de hambúrguer com queijo, presunto, ovo, bacon, tomate, alface e hambúrguer bovino. 9 minutos. Esse foi o tempo entre o garçom anotar o pedido e retornar com o lanche. Pronto! Era apenas saboreá-lo. Logo depois do lanche vieram os condimentos, como ketchup, maionese, maionese de alho (estas duas últimas preparadas pelo próprio Lelo’s). Quanto ao sabor, este é bem marcante e mesmo depois de uma sessão de fotos intensa o lanche ainda estava quente. Algo que não agradou foi a falta de um recipiente para jogar os guardanapos

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O que mais sai é o Americano especial e o Pletz. O pessoal gosta muito porque são muito completos

O Lelo’s batidas e lanches encanta clientes e estômagos com seus mais de 30 anos de tradição

de papel, alguma cesta ou prato que pudesse ficar na mesa e servisse para o descarte deste tipo de material. Os refrigerantes vieram com os respectivos copos, sem, no entanto o garçom saber se queríamos canudos ou copos mesmo. Outra coisa que foi feita sem nosso pedido foi o corte no meio do lanche. Todos vêm cortados e com um palito de dentes prendendo-os. Porém, não há nada avisando que há um palito no meio, inclusive bem afundado no alimento. Há o risco de você se machucar se não prestar atenção! Embora os lanches sejam muito saborosos e grandes, a especialidade da casa são as batidas. Lelo’s comentou que trabalhou por dois anos somente com batidas, quando ficava num trailer no cruzamento das avenidas Nações Unidas com a Duque de Caxias. Hoje são 40 tipos, todas preparadas por ele mesmo. Em 1978, em virtude de uma explosão na avenida, Lelo’s Batidas se mudou para a Avenida Nuno de Assis e começou a preparar lanches. Neste local ficou por um ano e, logo em 1980, retornou ao seu endereço de origem. Em 1994, a localização do trailer foi mudada para a quadra 30 da Nações,

Os Mais pedidos Americano Especial: Filé mignon, presunto, queijo, ovo, tomate e alface. Valor: R$ 16,90

Beirute: Pão sírio, rosbife, ovo, cheddar, catupiry, tomate e alface. Valor: R$ 11,90

Plez Egg Bacon Salada: Hambúrguer, queijo, presunto, ovo, bacon, tomate e alface. Valor: R$ 12,90


há uma certa tranquilidade para transitar por entre elas no salão. Este abriga cerca de 120 pessoas e costuma lotar aos finais de semana. “São mais os casais que vêm aqui. Aqui não tem esse negócio das pessoas virem pra beber, encher a cara... O pessoal vem pra saborear um lanche, ficar tranquilo”, confirma o empresário Lelo’s.

O pessoal vem pra saborear um lanche, ficar tranquilo.

Natã Crivari Natã Crivari

Os lanches são saborosos e chegam rápido ao prato, prova de que a organização e a estrutura familiar dão resultado

Natã Crivari

próximo a praça da Paz, onde ele preparou suas iguarias até 2002, quando mudou para a quadra 21 da mesma avenida. O empresário se instalou em 2006 em frente ao parque Vitória Régia, de onde não pretende mais se mudar. O Lelo’s ainda oferece serviço de entrega e trabalha com um motoqueiro. A empresa é, de certa maneira, familiar, pois, apenas amigos e parentes trabalham com Lelo’s. No salão são 2 garçons, já na cozinha trabalham 2 chapeiros e o próprio Lelo’s, que prioriza as batidas. No caixa fica um amigo de Lelo’s ou seu filho. “Já estou cansado já, rapaz. Depois de 36 anos trabalhando, você procura um pouco de tranquilidade e por isso trabalho quase em família”, diz. Assim que os lanches acabaram, os garçons rapidamente retiraram os pratos, mantendo a mesa limpa, mostrando que os funcionários estão atentos ao movimento dos clientes. Quanto às instalações, é tudo meio próximo, desde o banheiro - que é bem limpo e organizado - até o caixa, mesas e cadeiras, mas

Natã Crivari

Natã Crivari

Natã Crivari

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Lelo’s lanches e batidas Fundação: 29 de janeiro de 1976 Primeiro Endereço: Trailer no cruzamento das avenidas Nações Unidas e Duque de Caxias. Origem do nome: O nome é do proprietário - Lelo - que acompanha desde o começo, quando era apenas “Lelo’s batidas”. Endereço atual: Quadra 24 da Avenida Nações Unidas, em frente ao Parque Vitória Régia. Horário de funcionamento: Diariamente, a partir das 17 horas. Delivery: (14) 3234-1868 - Diariamente, a partir das 18 horas. Página

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O Bauru de Bauru Para quem não se preocupa com movimento e badalação, lanchonete ícone da cidade prepara lanche famoso com maestria Otávio Frabetti

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radição. É isso que você vai encontrar ao ir até o Skinão. E lá fui eu com a missão de experimentar o famoso lanche Bauru, que surgiu em 1936, na lanchonete Ponto Chic, em São Paulo, por obra do bauruense Casimiro Pinto Neto, um estudante de direito que pediu ao chapeiro que colocasse rosbife, queijo derretido e tomate em um pão sem miolo. Pronto. Estava criado o Bauru. Eu e o repórter fotográfico Natã Crivari chegamos por volta de vinte para as onze da noite de uma sexta feira. A lanchonete está movimentada, mas ainda há mesas disponíveis. O primeiro e visível ponto negativo é o aperto. O salão tem capacidade para aproximadamente 100 pessoas (há 5 mesas do lado de fora). As mesas são próximas, e foi necessário fazer malabarismos para conseguir se sentar sem bater na cadeira vizinha. A situação piora ainda mais quando há grupos grandes e mesas são juntadas. O primeiro atendimento foi rápido. Demorou cerca de dois minutos. No entanto, o garçom só percebeu nossa presença após levantarmos a mão. Até então, muitos garçons passavam ao nosso redor, ocupados atendendo outras mesas e não nos notaram. Com o cardápio em mãos, perguntei quais eram os lanches mais pedidos (confira logo abaixo) e resolvi pedir o tradicional Bauru. 17 minutos depois e o sanduíche estava na mesa. Um ótimo tempo pela quantidade de pessoas que estavam comendo. O lanche pedido é feito no pão francês, portanto não espere algo que não caiba no prato. Apesar disso, o sanduíche é muito bem servido e, nitidamente, o re-

cheio salta para fora do pão. Para quem nunca comeu o Bauru original, atenção. Ele é feito com rosbife e rodelas de pepino, ingredientes nem sempre encontrados em lanches e que pode não ser do agrado de muitos. Assim, apesar de ser o carro-chefe do Skinão, e ser objeto de tradição, não caia na tentação de pedir só para dizer que comeu. Se não gostar de algum ingrediente, não peça para tirar. É melhor pedir um lanche de sua preferência, do que pedir um que não goste e ficar tirando ingredientes. Para quem gosta do lanche, ele é simples e muito apetitoso, principalmente o cremoso queijo muçarela derretido com orégano, que ocasiona divertidos

Os Mais pedidos Bauru: Pão, rosbife, tomate, picles e queijo derretido. Valor: R$ 14,00 Paulista: Pão, Filé, Tomate e queijo. Valor: R$ 17,00 Pernil salada: Pão, pernil, molho, queijo, tomate e alface. Valor: R$ 12,90 Página

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O famoso lanche, a forte marca e o precursor Zé do Skinão na chapa: Os tempos mudam. Sabor e tradição, não.


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Pontos positivos e negativos Variedade no cardápio. Além de 33 lanches, há 18 pratos comerciais e 16 tipos de porções.

se todas as mesas para conversar com os clientes. (A mesa da reportagem não foi recebida por ninguém, apesar da extrema simpatia da proprietária ao pagarmos a conta).

O lanche corresponde à grande propaganda feita do estabelecimento.

Ambiente bem iluminado.  Barulho excessivo de conversa em um ambiente apertado tira um pouco de privacidade.

 Algumas mesas são próximas umas das outras.  Não há lugar para colocar guardanapos de papel sujos.  Ausência de garçons (Muitas vezes era preciso levantar a mão e até uma garrafa foi levantada em uma mesa para que algum garçom viesse).

 Demora em retirar pratos e limpar a mesa após a refeição. O Skinão é reconhecido como uma lanchonete que prepara o Bauru legítimo. Existe uma lei de 1998 aprovada na Câmera de Bauru que cita, passo a passo, a maneira correta de preparo do lanche. Na lei, assim como no Skinão, o lanche é feito somente com queijo muçarela derretido em água; No Ponto Chic, em São Paulo, o Bauru é feito com a mistura de queijos prato, gouda e estepe ou suíço.

Skinão Natã Crivari

Natã Crivari

Natã Crivari

Rapidez no preparo do lanche. Receptividade dos proprietários, que tentam passar em qua-

e saborosos momentos de ficar com o queijo pendurado entre a boca e o lanche. O Bauru também veio cortado ao meio com palito em cada metade, para não correr o risco do recheio escapar. Mais um lembrete. Atenção para a pimenta verde (cumari) que acompanha o lanche. Não vá se empolgar e encher a colherzinha com o molho. Ele é muito ardido e pode mascarar o tempero do Bauru, que é suave. Outro problema incômodo é o nível de ruído. Frequentado por casais (de preferência sem filhos pequenos) e grupos de amigos (geralmente mais de 4 pessoas), a conversa acaba se misturando e você acaba ouvindo um ruído generalizado. Até é possível conversar, mas se quiser curtir um clima romântico com sua namorada, esqueça. Ou vá para outro lugar ou vá bem cedo ao Skinão, pois, segundo a proprietária, todos os dias o movimento é grande e parecido com o dia visitado. Mesmo assim, vale muito a pena juntar alguns amigos e matar a vontade de comer o verdadeiro Bauru. xy

Fundação: 1971 Primeiro Endereço: Esquina da rua Gustavo Maciel com a avenida Rodrigues Alves. Origem do nome: A lanchonete sempre esteve localizada em esquinas de Bauru. História: José Francisco Junior, o Zé do Skinão, fundador da lanchonete, era freqüentador do Ponto Chic em São Paulo, onde surgiu o lanche Bauru. Em 1973, após um período de fechamento do bar paulistano, Zé resolve manter a tradição do Bauru e começa a testar o lanche, oferecendo de graça aos seus clientes até que a receita foi aprovada. Proprietários: Marcos Sanches e Maria Lúcia Vieira (filho e nora do fundador) Endereço atual: Esquina da rua Rio Branco com a rua Júlio Maringoni- Pça Portugal, Bauru. Horário de funcionamento: De quarta a segunda-feira, a partir das 11 da manhã Delivery: (14) 3224-1110 Página

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Turismo

ďƒœ Bebida artesanal


Ana Carolina Costa

O sabor da tradição Ana Carolina Costa

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radição. É por ela que duas conhecidas famílias de Lençóis Paulista fazem da produção artesanal de bebidas um dos principais atrativos do turismo na cidade. Seja nos vinhos da Vinícola Casagrande ou na premiada cachaça do Engenho São Luiz, o ingrediente principal não é nenhuma variedade exótica de uvas ou cana-de-açúcar, e sim a história. História de imigrantes italianos que fizeram de tudo para manter vivas suas raízes. História de quem descobriu uma nova e apaixonante maneira de se reencontrar com o passado.


 Bebida artesanal

VINHO DA TERRA ão é preciso muito para se encantar com o lugar. A estrada de terra batida que leva ao Sítio Rocinha já é uma experiência à parte para quem gosta da bucólica mistura entre o verde e a estrada de ferro que se desenha entre as árvores do caminho. Mas é ao adentrar a propriedade dos Casagrande que somos alçados a um universo particular. Tradicionalmente conhecido por sua produção de uvas e vinhos, o lugar sobreviveu ao tempo, conservando nas parreiras e construções antigas a memória dos imigrantes italianos que ajudaram a formar a cidade de Lençóis Paulista. Entre eles os próprios Casagrande, donos das terras desde 1919. O roteiro programado para os visitantes, que passam pelo lugar durante todo ano, reconta essa história, desde a vinda do nono Lázaro para o Brasil até a nova empreitada assumida pelo casal Edmilson e Marisa Casagrande, a fim de transformar o sítio em parada obrigatória para os amantes do vinho. Objetivo que se concretiza dia após dia através do trabalho

dos dois, atuais proprietários da vinícola. “De dois anos para cá, começamos a engarrafar o vinho e assumimos definitivamente nosso grande diferencial: a tradição. A procura só cresceu desde então”, destaca Marisa.

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Assumimos definitivamente nosso grande diferencial: a tradição

Marisa Casagrande

PRODUZINDO HISTÓRIA onservando o costume de seus antepassados, que produziam uvas para consumo da família e da comunidade italiana lençoense, que encontrava na localidade uma forma de manter seu vínculo com a terra natal, o casal fez questão de preservar as mesmas características do processo de colheita e produção da bebida, apreendidas ao longo de quatro gerações dos Casagrande. Aproveitando-se das condições ideais do clima e do solo às margens do Rio Lençóis, Marisa e Edmilson selecionam as frutas em seu próprio vinhedo, onde cultivam variedades de uva Niágara e da Máximo, destinada à elaboração de vinhos tintos. O casal, no entanto, investe na melhoria dos tradicionais métodos de produção

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Ana Carolina Costa

 Bebida artesanal

A vinícola dos Casagrande fica no tradicional bairro da Rocinha, na cidade de Lençóis Paulista

A alma de nossa família está fundida aos sabores, aromas e nuances de nosso vinho

Ana Carolina Costa

Marisa Casagrande

da família. Seu maior investimento, hoje, está na preocupação com a otimização e qualidade do vinho produzido. É isso que explica Marisa: “A bebida vem sendo feita da maneira que os avós do Edmilson faziam; mantemos a mesma receita. Mas hoje conseguimos melhorar algumas coisas, como o equipamento disponível. Temos, por exemplo, uma máquina que consegue separar o cacho da uva, não permitindo que ele seja fermentado junto com a fruta. Isso acaba interferindo diretamente no próprio sabor do vinho”. Ao processo de esmagamento das uvas, feito com réplicas dos cilindros usados pelo avô de Edmilson, seguem-se ainda a fermentação e as sucessivas passagens do vinho de um recipiente a outro, a fim de eliminar as impurezas trazidas pela fruta, na velha adega da família, onde a bebida é amadurecida e envelhecida em belos barris de madeira. Somente depois do longo e árduo trabalho, ela finalmente é engarrafada e consumida. Todo processo, desempenhado ao longo de um ano inteiro, atualmente, também encontra outra finalidade. Em abril deste ano, assumindo de vez a vocação turística do Sítio Rocinha, Edmilson e Marisa decidiram que era hora de dar um novo passo. Construída ao lado da adega, uma pequena loja onde visitantes podem comprar suas garrafas de vinho e saborear os queijos e doces caseiros vendidos no lugar, dão a nova cara do sítio que o casal pretende transformar na memória viva dos Casagrande. A intenção da nova geração dos Casagrande, acima de tudo, é eternizar a força dessa história. “Nós queremos que as pessoas percebam que a alma de nossa família está fundida aos sabores, aromas e nuances de nosso vinho, desde quando é escolhido em uma prateleira até ser derramado na taça e degustado”, afirma a apaixonada e dedicada Marisa.

Desde o primeiro semestre de 2012, a vinícola conta com uma pequena loja onde os visitantes podem encontrar os vinhos produzidos no sítio, além de uma diversidade de produtos como queijos e doces

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 Bebida artesanal

NA TRILHA DA HISTÓRIA ugindo do modelo tradicional dos poucos engenhos industriais que se mantiveram de pé na cidade, o novo empreendimento da família decidiu investir em um processo artesanal de produção da bebida. Decisão que Luiz Gustavo, quem hoje toma a frente do engenho, acredita ter trazido o diferencial de sua cachaça: “Por ter adotado esse modelo artesanal, não usamos produtos químicos na fermentação ou destilação. As bebidas são produzidas através de um processo totalmente natural, que exige

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As bebidas são produzidas através de um processo totalmente natural, que exige alguns cuidados

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Luiz Gustavo Zillo

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CACHAÇA DA BOA ão muito longe da vinícola, outra família também vem se reencontrando com o passado. Nas primeiras décadas do século vinte, a cidade de Lençóis Paulista era fortemente marcada pelos tradicionais engenhos de cana de açúcar. Cenário que só mudaria com o final da Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro passou a viabilizar uma série de incentivos para o setor açucareiro, elevando a pequena cidade do interior paulista a um novo capítulo de sua história. O setor continuou a exercer forte influência sobre a economia do município, mas através de uma nova nuance. A empresa Zillo-Lorenzetti, formada a partir da união entre duas tradicionais famílias italianas da cidade, transformou as fazendas São José e Barra Grande em dois importantes centros produtores de açúcar a álcool na região, levando à decadência dezenas de engenhos que sobreviviam ao redor da cidade. A família Zillo, no entanto, já era parte importante da cultura açucareira local. Em 1906, no Bairro da Rocinha, José Zillo e seus irmãos haviam montado uma destilaria de alambique para produzir cachaça. Tradição que ecoaria até os anos setenta, através da dedicação e trabalho de Gino Zillo. Quarenta anos depois, a vontade de resgatar essa história levou Luiz Santana Zillo e seu filho, Luiz Gustavo, a criarem o Engenho São Luiz. Aberto em 2007, ele não demorou a se firmar como um conceituado centro produtor de cachaça do interior paulista.

O processo de produção adotado no Engenho São Luiz é conduzido por doze funcionários, que trabalham de maior a outubro


 Bebida artesanal

A série de reações químicas (...) faz com que o destilado alcance uma qualidade maior

Luiz Gustavo Zillo

neste ano, os dois produtos essenciais do engenho, a cachaça branca e a envelhecida, vêm participando de concursos há algum tempo. Participações que lhe conferiram muitos prêmios, como o 4º lugar no Ranking 2011 de Cachaças Novas-Frescas e Descansadas, elaborado pelo cachaçólogo e degustador profissional Marcelo Camara; o 5º lugar no Ranking de Cachaças Brancas participantes da Feira ExpoCachaça Dose Dupla de São Paulo, em 2011; e o 3º lugar no Festival de Cachaças Especiais de Ourinhos (interior de São Paulo), na mesma época. Apesar da produção em pequena escala, aproximadamente 30 mil litros por ano, e funcionando somente de maio a outubro, o engenho já negocia a exportação de seus produtos para os Estados Unidos. Prova de que tradição de família também pode render bons frutos. xy Ana Carolina Costa

muitos cuidados, especialmente em termos de higienização, para que fatores externos não interfiram nele”. Passando pela colheita da cana de açúcar, a moagem, fermentação, destilação, armazenamento, envelhecimento e engarrafamento dos produtos, a produção alcançou a pureza e qualidade que acabou colocando a Cachaça São Luiz entre as melhores do Brasil. Resultado alcançado, em grande parte, pelos alambiques de cobre e tonéis de madeiras de amendoim e carvalho utilizados no armazenamento da bebida; elementos que Luiz diz trazerem uma característica especial à produção do engenho: “A série de reações químicas que acontecem nos alambiques de cobre faz com que o destilado alcance uma qualidade maior do que a verificada, por exemplo, nos feitos de aço inox”. Com sua comercialização iniciada

As adegas do Engenho São Luiz e da Vinícola Casagrande são um convite à parte para os apreciadores da produção artesanal de bebidas. Nelas, é possível enteder como ocorre o processo de envelhecimento do vinho e da cachaça armazenados em barris de madeira. Página

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 Problemas com o carro

Carros

Furou? Queimou? Ferveu?

Problemas que podem surpreender e exigem calma para serem resolvidos

m pneu furado, o motor fervendo ou uma luz que não acende. Muitos motoristas já passaram por isso e os que não passaram ainda vão passar. Problemas como estes acontecem com uma certa frequência, principalmente se a manutenção não for feita com qualidade e no tempo correto. Mas, embora pareçam difíceis de serem resolvidos, basta ter tranquilidade e calma, pois, esses sim são fatores primordiais diante de uma situação dessas. É importante agir da forma correta para evitar mais problemas e riscos. PARA UM PNEU FURADO macaco, a chave de roda e o estepe devem estar próximos ao pneu a ser substituído. Em seguida é necessário afrouxar os parafusos da roda girando a chave para a esquerda. Depois de soltar os parafusos, deve-se posicionar o macaco ao lado do aro da roda. Muitos veículos possuem a marcação do local ideal para se colocar o equipamento. A altura ideal para se levantar o carro é a que se consiga tirar e colocar os pneus sem tocá-los ao chão, mas cuidado! Não se deve levantar o veículo em exagero! Em seguida, é preciso retirar as porcas que foram afrouxadas, o aro do pneu furado e substituir o novo, mas atenção! Após colocar o novo é imprescindível verificar se o pneu colocado está realmente perpendicular ao chão. Feito isso deve-se apertar as porcas seguindo um “padrão de cruz”, ou seja, a primeira porca a ser apertada é a de cima, depois a de baixo e em seguida as outras. Depois de apertadas, o veículo suspenso deve ser devolvido

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Para resolver um pneu furado é simples. Só é preciso estar em dia com os equipamentos de segurança como triângulo de sinalização e ter no carro um macaco e uma chave de roda, além do estepe cheio, é claro. A primeira parte é parar em um local seguro, fora do trânsito ou o mais seguro dele possível. “Depois de parado o carro com o pisca alerta ligado, o triângulo de sinalização deve ser posicionado há pelo menos 25 metros do veículo. Caso não haja triângulo no veículo deve-se utilizar arbustos, galhos de arvores, pedras ou qualquer coisa que chame a atenção de outros motoristas para a situação”, instrui Anderson Ferreira, policial rodoviário há 13 anos. Essas instruções servem para toda vez que seja necessária uma parada de emergência, seja por um pneu furado, o carro fervendo ou ainda uma luz queimada que deve ser verificada. A partir de então, cada procedimento segue diferente e deve ser tratado com cuidado para que não haja danos no veículo ou que o motorista não corra nenhum risco, desde atropelamentos até queimaduras, cortes nas mãos e escoriações pelo corpo. Para os próximos passos, José Lopes, mecânico há 25 anos, orientou a maneira correta de fazer cada procedimento. ao chão e as porcas terminadas de apertar. Pronto! Agora só é preciso guardar os instrumentos – inclusive o triângulo e o pneu furado – e seguir viagem parando no próximo borracheiro para proceder com o conserto. Natã Crivari

U

Natã Crivari

Natã Crivari


PARA UM MOTOR QUE FERVEU importante sempre observar o marcador de temperatura do veículo. Carros mais antigos trabalham em 90 graus Celsius e os modernos em até 100 graus Celsius. Quando o marcador passa desses valores e começa a aparecer fumaça sob o capô, deve-se parar o carro num lugar seguro. Uma dica interessante é ligar o ar quente do carro na potência máxima. Isso irá ajudar a drenar algum calor do motor enquanto se encontra um lugar para estacionar. Esse truque pode ser usado quando o indicador acusa temperatura acima do normal, mas não quando já está na zona vermelha, ou seja, no nível máximo de aquecimento. Assim que parar o carro, o motor deve ser desligado e o capô levantado com cuidado para que as mãos não sejam queimadas, caso não houver fumaça saindo sob ele. Se houver fumaça, o correto é esperar ela dissipar para então abrir o capô do veículo. Nunca a tampa do radiador deve ser aberta e nem adicionada água fria nele com o motor quente. Isso, além de provocar queimaduras, danifica o motor do veículo. Depois de aberto o capô e o motor sendo ventilado, o tempo para

Natã Crivari

 Problemas com o carro

É

PARA UMA LUZ QUE NÃO ACENDE veículo têm dois sistemas básicos: o elétrico e o mecânico, além do hidráulico, etc. Caso alguma luz, seja interna ou externa, não esteja acendendo Natã Crivari

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Uma vez saí com um cara pela primeira vez e o carro dele ferveu. Ele colocou água fria no motor quente. Espirrou longe, foi engraçado e perigoso.

Taís Lopes, Estudante

que ele esfrie gira em torno de meia hora. Caso o tanque de arrefecimento do veículo esteja vazio, provavelmente o motor aqueceu por algum vazamento. O correto é completar com água e seguir até uma oficina mecânica especializada. Já se o tanque estiver cheio, o problema pode ter sido uma pane elétrica ou mecânica, portanto, cuidado! É preciso contatar um mecânico para que vá até o local ou rebocar o veículo até ele, sem ligar o motor.

é importante verificar as marcações no painel ou as outras luzes. Por exemplo, se a seta dianteira direita não acende mas a traseira do mesmo lado sim, provavelmente a lâmpada está queimada. Caso as duas não acendam, ou ainda as lanternas de freio ou ré também não, é possível que seja um problema elétrico ou apenas um fusível queimado. Em ambas as situações é de extrema importância que o veículo seja levado a uma autoelétrica. Mesmo quando o problema for apenas um fusível, este nunca deve ser substituído sem passar numa oficina especializada. Isso porque se o fusível queimou é devido a algum sistema do carro que está em curto circuito. Cuidado! Nunca um fusível deve ser substituído por clipes, pedaço de fio ou qualquer outra coisa que conduza carga elétrica. Pois, além de provocar irreversíveis danos ao sistema elétrico do veículo, pode causar fogo ou ainda choques em quem tocar na caixa de fusíveis, trazendo perigo a todos os ocupantes do veículo. xy Página

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 Perfil

Carros

Feito sob medida

A fim de conquistar o mercado, as montadoras de carros pensam em cada detalhe para conquistar os motoristas Kelly De Conti

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Kelly De Conti

H

atch, Sedã, SUV. As possibilidades são muitas na escolha do modelo de carro. Aliar essa variedade à paixão pelo ronco do motor faz com que muitas pessoas se tornem colecionadoras, e os motoristas criam uma relação de proximidade com seus carros. Em alguns casos, os automóveis ganham apelidos até carinhosos e herdam o sobrenome dos proprietários. Para acertar na escolha do carro ideal, a revista XY pesquisou quais são os elementos mais importantes para os brasileiros e consultou especialistas no assunto para traçar o perfil que mais combina com cada dono. Ao projetar um veículo, as montadoras consideram o design e as características que mais atraem determinados clientes. Por isso, cada item é importante e deve ser levado em conta na hora da compra. O valor dado ao veículo é tão grande que chega a causar discussões. “É muito comum ver pai brigando com filho ou marido com mulher na hora de escolher. Isso acontece todos os dias. Cada um prefere um modelo”, relata Sidnei do Carmo, consultor de vendas da Renault. “Gostar de automóvel faz parte da cultura do brasileiro. Ele quer ter um carro que deve mostrar a pessoa dele, o perfil. Então, ele quer passar o status por intermédio do carro dele. O carro mostra a personalidade, o gosto, os costumes. Em Bauru, isso é ainda mais forte”, contou Sidnei. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), os bauruenses entram na lista do grupo cada vez mais apaixonado por carros. No primeiro semestre deste ano, houve um aumento de 6.481 veículos na cidade, passando para um total de 225.654. Isso coloca Bauru na 41ª colocação entre as cidades brasileiras com maior número de veículos e

Uma troca de olhares com o carro não é suficiente. Pensar no perfil do modelo é importante para acertar na escolha.

Modelos de Carros Pesquisamos alguns dos carros mais procurados pelos brasileiros

Sedã

SUV

Hatch

Chevrolet Corsa Fiat Siena VW Voyage Chevrolet Cobalt Toyota Hilux Mitsubishi Pajero Jeep Grand Cherokee Ford Ecosport VW Gol Fiat Uno Fiat Palio VW Fox Dados: Fenabrave 2012


 Perfil em14ª entre os 645 municípios do Estado de São Paulo. Se o objetivo é agradar a esposa, por exemplo, a segurança representa um item fundamental. Segundo pesquisa do Instituto Sophia Mind, o público feminino é responsável por 45% da decisão de compra de automóveis no Brasil. Para 76% delas, o item prioritário é a direção hidráulica, seguida pela trava elétrica, com 70%. Na sequência, estão o airbag (61%) e o freio ABS (48%). Já entre os acessórios, a regulagem da altura do banco e do volante ocupa a liderança de preferência, agradando a 57% delas. Visando atender a esses cuidados, as mulheres representam um importante mercado para os utilitários esportivos (ou SUVs), por terem amplo espaço interno. “O SUV é mais família. É um carro maior e mais alto. Ele é mais puxado pra mulher, porque elas gostam de carros altos, que deixam mais imponentes. Isso é notável aqui”, relatou Fernando Bueno, consultor comercial da Peugeot. O sucesso desse modelo também ocorre por serem indicados tanto para o asfalto quanto para áreas de terra. O fato de serem veículos largos, porém, pode pesar contra os SUVs, por dificultarem a passagem por lugares estreitos. O oposto ocorre com os veículos do tipo hatchback (ou simplesmente hatch). Eles são compactos, o que facilita na hora de estacionar. O ponto negativo fica no porta-malas com espaço reduzido, o que desagrada motoristas que gostam de viajar. Outra marca positiva dos hatchs, contudo, relaciona-se ao baixo consumo de combustível. Alguns modelos atraem muitos motoristas jovens, como o futurista Hyundai Veloster, que emplacou 3.956 unidades nos três primeiros meses após seu lançamento. O diferencial desse carro é o design inovador e o fato exótico de ter três portas. Já os sedãs costumam ser vinculados a homens maduros, entre 35 e 50 anos, como apontou Fernando. Por esse motivo, ganharam o apelido de “carro de tiozão”. Segundo Sidnei, porém, as montadoras tentam mudar essa visão por meio do design mais esportivo, que atrai pessoas jovens. O fato é que os sedãs são ideais para quem costuma viajar bastan-

te, já que possuem um grande espaço para bagagens. Isso ocorre porque, diferentemente dos compactos hatchs, o porta-malas não é integrado ao compartimento de passageiros. Esse tipo de veículo faz parte da garagem de muitos

empresários e executivos. Antes de brigar com a esposa ou com os filhos na hora de decidir qual carro vai para a sua garagem, vale lembrar que os modelos são pensados para agradar a cada perfil de motorista. xy

Frota de veículos no Brasil Cidade

Frota

1. São Paulo ............................................ 6.738.698 2. Rio de Janeiro ..................................... 2.267.142 3. Belo Horizonte .................................... 1.480.690 4. Brasília ................................................. 1.385.229 5. Curitiba ................................................. 1.345.310 6. Goiânia .................................................

966.754

7. Fortaleza ...............................................

818.711

8. Campinas

..........................................

770.429

9. Porto Alegre ..........................................

752.543

10. Salvador ............................................

724.310

11. Recife ..................................................

561.300

12. Manaus ..............................................

519.658

13. Guarulhos .........................................

511.041

14. São Bernardo do Campo ..................

496.624

15. Santo André .......................................

457.392

41. Bauru ..................................................

225.654

Dados: Fenabrave 2012

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 A profissão ideal

Carreira

A busca pela profissão ideal Pesquisas apontam quais profissões dão mais prazer e aquelas que causam stress

Kelly De Conti

Kelly De Conti

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ptar pelo salário ou por algo que proporciona prazer? É possível aliar os dois itens? Essas são dúvidas corriqueiras no momento da escolha da carreira. A fórmula para acertar pode variar de acordo com o modo de vida e as prioridades de cada pessoa. Segundo levantamento elaborado por pesquisadores da Universidade de Chicago, EUA, a felicidade no emprego é proporcional à possibilidade maior de se dedicar a causas definidas como dignas ou de participação mais direta nos problemas do dia a dia. A pesquisa, cuja amostra considerou mais de 27 mil pessoas de todos os setores, aponta os cléricos como os mais satisfeitos com a função que exercem. Na sequência, estão os bombeiros, fisioterapeutas, escritores e professores de educação especial. Já na lista dos empregos com menores possibilidades de trazer a satisfação pessoal, aparecem cargos com remuneração mais alta. A liderança é dos diretores de tecnologia da informação, seguidos pelos de vendas e marketing. O psicólogo clínico e coach – profissional que auxilia a refletir sobre os melhores objetivos e caminhos no emprego – José Marques de Lima explica que “cada um busca a profissão que melhor se encaixa aos seus valores. Muitas pessoas dão importância à vida financeira. Nesses casos, a conquista é uma boa posição financeira. Cada momento da vida é pautado por algo importante. Então, você vai se sentir bem se conseguir aquilo que precisa naquele determinado instante”. No Brasil, os cargos que possuem melhor remuneração, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), são os juízes e desembargadores, com salário médio de R$ 13.956. Os profissionais formados em Medicina (média de R$ 8.966), Administração (R$ 8.012) ou Direito (R$ 7.540), todos com mestrado ou doutorado, aparecem na sequência. xy

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Apesar dos altos salários, os diretores de tecnologia da informação não estão felizes com a profissão, segundo pesquisa

Profissões que engordam Agentes de viagem, advogados, assistentes sociais e professores devem tomar cuidado com a balança. Isso é o que aponta uma pesquisa do site norte-americano CareerCast. Após realizar um levantamento com 5.700 trabalhadores, o resultado mostrou que 44% dos profissionais disseram que ganharam peso em seu trabalho atual. Os principais motivos para isso são almoçar em frente ao computador (56%), passar o dia sentado (54%), comer para aliviar estresse (37%), almoçar fora com freqüência (23%) e pular refeições por falta de tempo (19%). Entre os entrevistados, 26% afirmam que engordaram mais de 10 quilos, enquanto outros 14% ganharam mais de 20 quilos. Apenas 16% disseram que perderam peso.


 Confiança nos colegas

Carreira

Cuidado com os ratos corporativos A busca pela promoção pode fazer o colega que sorri para você monitorar seus passos Kelly De Conti

avaliar as fragilidades das relações interpessoais no trabalho. Segundo ela, isso é mais comum nas instituições públicas. “Onde tem muitos cargos políticos e de confiança, percebi um alto grau de animosidade, de fofoca, de intriga”, destaca. Sobre a forma de agir ao identificar um ratocorp, a psicóloga citou uma frase do filósofo francês Jean Paul Sartre. “Ele dizia que não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”, lembra. Com isso, ela destaca que é necessário manter a ética e não utilizar as mesmas armas. Já o psicólogo do trabalho Lucas Manoel Dias afirma que “é necessário controlar as emoções para não dar motivos, porque você iria apenas se prejudicar. O que poderia ser feito é uma negociação de alguns limites. Você não vai mudar a personalidade dele com uma conversa, mas pode estabelecer algumas fronteiras. Sempre conversando com calma. Mas é bom também ficar de olho se realmente parou de agir contra você”, pontua. Para não correr muitos riscos de perder o emprego devido às fofocas e intrigas do ratocorp, Lucas afirma que o mais importante é que o profissional se torne essencial para a empresa. “Tente se qualificar e desenvolver competências em áreas que só você vai saber lidar”. xy Kelly De Conti

A

maioria das profissões depende de um bom trabalho em equipe para garantir resultados e o crescimento da empresa. Um fator fundamental para se conseguir esse entrosamento é a confiança, tanto nos colegas de trabalho quanto no próprio potencial. A alta competitividade e a disputa por cargos podem pesar no relacionamento dentro do ambiente de trabalho. Isso representa um perigo para a empresa, especialmente se alguns dos funcionários forem os chamados ratos corpoarativos (ou ratocorps). Eles são aquelas pessoas que observam o comportamento dos outros funcionários com o objetivo de descobrir pontos fortes e fracos de cada um. Os ratocorps também analisam a política da empresa e o perfil dos chefes. Ele procura ser simpático, distribuir sorrissos e agradar a todos. Mas, quando ninguém está observando, busca informações sigilosas dos colegas, mesmo que precise invadir arquivos pessoais. A médica Márcia Matos sofreu com esse tipo de colega de trabalho. “Quando era auxiliar administrativo, tinha uma pessoa que só queria ver o mal dos outros, tanto que eu e mais duas (funcionárias) saímos porque não dava para trabalhar. Era muita pressão. O tempo todo sabendo que ela estava observando. Qualquer escorregão, ela estava lá para, sutilmente, contar para os chefes”,

recorda a doutora. De acordo com Taís, porém, a descoberta da ratocorp ocorreu por acaso. “Quando peguei ela fofocando sobre um telefonema pessoal que fiz. Passei a observar mais e descobri que sempre fazia isso com outros funcionários e colegas também. Ela era simpática com todos, do chefe até o porteiro, mas quando não estávamos observando...”, revela. COMO ENFRENTAR OS RATOCORPS egundo a psicóloga Marlene Marchi, o desenvolvimento das características das pessoas que possuem esse perfil costuma ser resultado da construção da personalidade ao longo da vida. E esse tipo de atitude mostra uma fragilidade de caráter. “O caráter, a personalidade de cada um, é que define como a pessoa luta pelo seu espaço, pelo poder”. Ela ainda revelou alguns detalhes de uma pesquisa que fez em uma empresa com o objetivo de

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Opinião

 Carreira

Transgressão às transgressões Everton Sylvestre

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á séculos, discute-se democracia, liberdade de expressão, direitos humanos. Porém, esses princípios ainda estão bastante distantes de se confirmarem nas atitudes. Dentro das organizações, especialmente nas públicas, existem princípios claros em defesa dos interesses do Estado e dos direitos do cidadão, em tese, assegurados pela nossa Constituição. Por vezes, as ações dos próprios ocupantes dos postos mais elevados dessas instituições são avessas a esses princípios; e os subordinados àqueles que dão exemplos a não se seguir passam a viver dilemas. Se cumprem ordens inapropriadas ou se omitem diante de ações indevidas, estão compactuando com essa fuga de princípios. Se, por outro lado, resolvem remar contra a maré e seguir princípios, por “mal dizerem”, são vistos com maus olhos e chegam até a ser processados, sendo acusados de difamar ou injuriar os malfeitores. Ainda que nosso país seja um dos líderes nesses aspectos e dono do “jetinho brasileiro”, tais disparates não são exclusividade desta terra. Nos Estados Unidos, dotado de respeito pleno à liberdade de expressão – sendo inconcebível pronunciamento contra o homem que produz um filme carregado de preconceitos religiosos, o qual desencadeia uma série de mortes – assistimos a prisão de um jovem soldado, que trouxe à tona a imagem do ataque a um veículo com duas crianças, durante a guerra no Iraque. Bradley Manning, o denunciante, foi preso e torturado, sem ter sido ainda sequer julgado. A ação do exército estadunidense explicitada pelas imagens foi referendada pelo soldado Ethan McCord, quem aparece socorrendo o casal de irmãos e que, depois, contou que eram treinados para pensar as crianças iraquianas como futuros terroristas. Mas, quanto a isso e às torturas por parte dos próprios agentes públicos a Bradly

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Os subordinados àqueles que dão exemplos que não devem ser seguidos passam a viver dilemas

Ao menos a justiça brasileira, nos últimos tempos, tem se posicionado a favor da verdade

Manning, nenhuma atitude foi tomada pelo Governo dos EUA. De quebra, Julian Assange, o fundador do Wikileaks, bem como o site, foram declarados “inimigos de Estado”, o que pode trazer ainda mais complicações para Assange, sobretudo se for extraditado para os EUA; mas pode causar prejuízos também para Bradley Manning ou para qualquer outro oficial que interaja com o site, pois “comunicação com o inimigo” pode levar à pena de morte. Se não bastassem tais medidas, ainda procuram outros modos de condenar Assange, que é julgado na Suécia por fazer sexo sem camisinha (enquanto o processo contra Strauss-Kahn, ex-diretor do FMI - acusado de estupro nos EUA - foi arquivado pela justiça do país). Aos 13 anos, Isadora Faber, a adolescente catarinense que denuncia mazelas de sua escola nas redes sociais, também já experimenta a fúria dos transgressores de princípios e também sente o preço de ter a consciência tranquila. Se não bastasse ser chamada à delegacia, acusada de injúria por uma professora, a menina incomoda quem repete essas transgressões em escala pelo Brasil. Já lhe acusaram na TV até de ter “mentido a idade” para abrir conta na rede social. Um equívoco, pois essa rede não exige idade mínima para se inscrever. Ao menos a justiça brasileira, nos últimos tempos, tem se posicionado a favor da verdade ao julgar questões do gênero. Com base no código penal brasileiro, não consideram criminoso o funcionário que faz críticas em defesa dos interesses do Estado. Por sua vez, a omissão, esta sim, é crime. Assim como “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, quem transgride a onda de transgressões que vivemos pode ser poupado de punição e reconhecido pelo bem que faz para todos os cidadãos. xy


 Leonêncio Nossa

Leia

Os mistérios do Araguaia

“C

om 1m68 de altura, cabelos tingidos de dourado, relógio de ouro e calça branca, Curió andava a passos lentos pelas ruas empoeiradas. Ele não era mais imperador da Amazônia, título do tempo em que vistoriava o garimpo sem pôr os pés no chão. No cargo de prefeito, ainda benzia cabeças de crianças e idosos. (...) Só aceitava conversar sobre a guerrilha num banco da praça Curió, rodeado de aliados e seguranças, que ficavam em pé e de braços cruzados”. Esse é um trecho que mostra como o jornalista Leonêncio Nossa, do jornal O Estado de S. Paulo, encontrou Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió. Essa foi apenas a primeira das mais de 100 vezes que Nossa encontrou o chefe das forças militares que foram enviadas para a região do Bico do Papagaio (entre os Estados do Tocantins, Pará e Maranhão) a fim de acabar com a insurgência. Isso ocorreu porque o governo temia que a dissidência armada do Partido Comunista Brasileiro (PCB), instalada no local, ganhasse força e ampliasse o movimento socialista em todo o restante do território nacional. O livro traz a biografia do major para contar grandes revelações sobre o maior conflito armado da história do regime militar. O trabalho até a publicação foi grande. Foram cerca de dez anos de pesquisa em arquivos, além de dezenas de entrevistas e viagens para a região do Araguaia. Ao longo da narrativa, a linguagem utilizada pelo jornalista é leve e relata detalhes que mostram

a personalidade e o clima do ambiente, como fica nítido na passagem acima. O título do livro também evidencia o cuidado de Leonencio Nossa com cada ângulo que observou, uma vez que “Mata” é a maneira como os ribeirinhos chamavam a floresta amazônica. Ainda mais determinante para a riqueza de detalhes das informações foi a decisão do próprio Major Curió de abrir seu arquivo pessoal para Leonêncio Nossa. Os documentos inéditos estavam em uma mala de couro vermelha com 32 pastas, além de cinco mapas, seis álbuns de fotografias e vários papéis soltos. A demora para a divulgação desse material ocorreu porque o Major pretendia publicar um livro de própria autoria sobre a guerrilha. Plano este que foi adiado diversas vezes. Com isso, ele decidiu entrar em contato com o jornalista. O livro compila memórias, diálogos, notícias e informações sobre a guerrilha, além de vários relatos e documentos. Uma das principais revelações está em um organograma que mostra a hierarquia de poder. Encabeçam a lista os presidentes Emílio Garrastazu Médici

Os documentos

inéditos

estavam em uma mala de couro vermelha com 32 pastas, além de cinco mapas, seis álbuns de fotografias e vários papéis soltos

Reprodução

Kelly De Conti

Mata! O Major Curió e as guerilhas no Araguaia - Leonêncio Nossa Número de páginas: 512 Editora: Companhia das Letras Lançamento: 2012 Valor: R$ 36,00 e Ernesto Geisel, seguidos pelos generais responsáveis pelo Ministério do Exército, Orlando Geisel, Dale Coutinho e Sylvio Frota. No terceiro patamar está o chefe do Centro de Informações do Exército, Milton Tavares de Sousa, conhecido como Miltinho. O que ainda não se tinha conhecimento nos livros de história é que havia um quarto nível de comando, em que se encontrava o tenente-coronel Léo Frederico Cinelli – chefe do Centro de Informações e Triagem – cujas decisões têm relação direta com execuções e desaparecimentos de comunistas e moradores do Araguaia. A obra ainda traz outras informações inéditas, e o jornalista chega até a conseguir uma confissão do Major Curió. Com isso, Mata! está conquistando seu espaço entre as principais obras sobre a história política e social do Brasil. Ela se destaca entre as grandes produções do capixaba Leonêncio Nossa, que também é autor de “Viagens com o Presidente”, “Homens Invisíveis” e “O Rio”. xy Página

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Entretenimento

 TV

Os homens no sofá roteiros de séries americanas, onde cada episódio tem um fato importante e revelador que prende o telespectador. O diálogo é mais ágil, o ritmo é frenético, tem sempre algo acontecendo. Tem também a atuação impecável de Débora Falabella e Adriana Esteves em cenas que transitam entre comicidade, ação, drama, obsessão, suspense e conspiração. Mas tem, principalmente, a cara da vida real. Com o surgimento da chamada nova classe média, o telespectador cansou de ver gente extremamente rica e perfeita. A bola da vez é retratar a vida e as pessoas como elas são. Chega de homem que só fala e faz as s homens nunca se interessaram por novelas. coisas certas, mulher que ou é santa, ou é vagabunda. Na verdade, eles nunca sequer entendeNinguém é perfeito, ninguém é completamente bom ram o motivo para tanto alvoroço feminino ou mau. Ver isso tudo retratado na televisão ajuda a em torno das histórias dramáticas exibidas diariamenaproximar o telespectador da trama. te. Se você for homem, provavelmente deve ter penAs mulheres sempre tiveram mais facilidade para sado duas vezes antes de continuar lendo este texto fantasiar, sonhar com quando percebeu que a vida perfeita, com o assunto desta coluo casal que se comna era novela. Se você pleta. Pelo menos até leu até aqui, agradeço um tempo atrás. Isso muito pela sua contudo mudou e se reflefiança e interesse. tia também na queda A verdade é que de audiência das nonão estou aqui para velas. Os homens – e falar da vingança da a mulher moderna – Nina, das maldades conseguem se identida Carminha, quem ficar com o que veem merece ficar com em Avenida Brasil. É quem ou como deve a luta constante pelo ser o fim de cada peramor, pela família, pesonagem. Apesar de los seus sonhos, pela sua história elaboravingança... É a luta da, uma das coisas pela sobrevivência. E que mais chama a é isso o que mais faatenção em Avenida zemos nesse mundo: Brasil é que, pela prilutar para sobreviver. meira vez, uma novela Todos os dias, 24 horas por dia, sete dias por conseguiu cair nas graças do público massemana, 365 dias por ano. culino. E não apenas porque tem uma ou É claro que na vida real nós temos pen drioutra gostosa desfilando entre as cenas. ve e sabemos salvar fotos online, mas os fatos Os homens acompanham a produção global, se envolvem com as histórias, co- Pela primeira gerais, o reflexo do ser humano moderno, esvez, uma tão lá. Nada nos envolve mais do que senmentam com os amigos. É tanto sucesso novela tir que nos ligamos de alguma forma com a que tem homem escolhendo assistir novela conseguiu história contada e com as personagens que a em vez de jogo de futebol! Mas o que será protagonizam, e isso João Emanuel Carneiro que esse folhetim das nove tem que os oucair nas está sabendo fazer como ninguém. A grande tros não tinham? É o autor? O tema chama graças do questão é: Avenida Brasil é o futuro das novea atenção do sexo masculino? Será que fopúblico las ou é apenas uma exceção à regra? Para o ram os homens que mudaram? masculino bem da televisão – e dos meus momentos de Tem um pouco de tudo isso. Tem tamlazer – espero que seja a primeira opção. xy bém uma aproximação muito maior dos Marcela Antunes

Marcela Antunes

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 Melhores músicas

Entretenimento

Clipe na internet faz sul-coreano virar atração Billboard e Jovem Pan concordam: Gangnam Style está entre as duas mais tocadas Natã Crivari

D

irigindo para casa é hora de ligar o rádio na FM e “curtir um som”. Quando procuro uma canção que agrade os ouvidos escuto algo meio atípico de tocar em rádios FM comerciais, uma canção em japonês ou algo parePara chegar a “dança do cavalo”, PSY passou um mês no estúdio com seus coreógrafos. cido. O fato me chamou a atenção. Porém, cheguei em casa antes que pudesse saber o depois do seu lançamento, Gangnam Style já tinha nome da música – nada demais. Enquanto nave- mais de 403 milhões de visualizações no YouTube e go pelo YouTube, vejo o clipe de um sul-coreano ocupava posições de destaque no Ranking da Billbocomo um dos mais acessados da rede. Logo escuto ard e Jovem Pan, chegando a ficar em primeiro lugar a canção na balada, depois na casa de um amigo nestes dois. Sua dança já estava disseminada pelo e, sem esperar, vejo o mesmo asiático dando en- planeta e, mais que isso, a música já teve até parótrevista num canal de TV. É o “putz-putz” Gangnam dias, como a do cantor Latino, no Brasil, intitulada Style fazendo o maior sucesso de todos os tempos. “Despedida de solteiro” (que em sua letra nada tem Psy (abreviação de Psycho, no entanto seu nome a ver com a original). é Park Jae-sang), o homem por trás do hit, desfruta O astro do K-pop, Psy, não quer ficar apenas na do status de estrela na Coreia há alguns anos, mas memória. “Para os Estados Unidos e o mundo eu sou Gangnam Style explodiu de tal maneira que nem ele apenas um cara engraçado num vídeo, com uma múesperava ou estava preparado. A música chegou ao sica engraçada, mas na Coreia eu faço os maiores primeiro lugar da parada do Reino Unido e ao segun- shows, com uma banda. Não é dance music. Mudo do da americana, além de ter atingido o topo da lista todas as minhas canções para o rock. Ainda vou fazer de downloads na China. Depois de publicar elogios outros shows e aí você vai entender isso aí”, afirmou à canção no Twitter, o empresário de Justin Bieber, o sul-coreano para o Globo, em Nova York, que diz Scooter Brown, contratou Psy, e uma faixa em inglês dar continuidade aos seus trabalhos no rock. xy talvez seja a primeira colaboração entre os dois. Ele também almeja representar seu país e o seu gênero musical, o K-pop. 1º lugar: One More Night (Maroon 5) Quanto ao nome da música, “Gangnam Style” é 2º lugar: Gangnam Style (PSY) uma expressão em língua coreana para se referir ao 3º lugar: Some Nights (Fun) estilo de vida luxuoso em que as pessoas vivem no 4º lugar: Diamonds (Rihanna) distrito de Gangnam, uma área nobre e elegante de 5º lugar: We Are Never Ever Getting Back Together Seul e por isso o clipe mostra Psy dançando em di(Taylor Swift) ferentes locais do distrito, como em uma sessão de Fonte: http://migre.me/bZ74K yoga ao ar livre e uma banheira de hidromassagem. A dança é cafona, segundo ele mesmo, e para chegar na “dança do cavalo”, Psy passou um mês no 1º lugar: Gangnam Style (PSY) estúdio com seus coreógrafos. “Na Coreia há mui2º lugar: Maré (NX Zero) ta expectativa pelas minhas danças”, diz. Já a letra 3º lugar: Titanium feat. Sia (David Guetta) da música fala sobre a namorada perfeita que sabe 4º lugar: Payphone (feat. Wiz Khalifa) (Maroon 5) quando ser refinada e quando se tornar selvagem. 5º lugar: Skyfall (Adele) Porém, o sucesso não parou por aí. Três meses Fonte: http://migre.me/bZ7ll

As 5 mais tocadas da Billboard

As 5 mais tocadas da Pan

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Entretenimento

 Smartphone

O que vem por aí Apple e Samsung nas cabeças e nos bolsos, enquanto a Nokia “corre por fora”

Lucas Esteves

O TEMPO DO SMARTPHONE Uma pesquisa feita por uma companhia de estudo de comunicação móvel norte-americana, a InMobi, procurou identificar o tempo médio que as pessoas gastam com as principais atividades domésticas, como ouvir música, assistir televisão, mexer no celular ou ler.

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unidades em dois meses. Já a Nokia conseguiu chamar a atenção dos amantes de gadgets com o novo Lumia 920, que traz uma câmera diferente de todas já vistas em um aparelho celular. E, como sempre, divididas entre decepções e elogios, a Apple traz o novo iPhone 5, que vendeu 2 milhões de unidades apenas das primeiras 24 horas de pré-venda. Mas no meio de tanta coisa nova, a pergunta que não quer calar é: qual é o melhor? A verdade é que essa discussão está ultrapassada. Já não vale mais a pena escolher qual será seu próximo smartphone tentando encontrar o melhor, mas sim procurando aquele que se encaixa melhor às suas necessidades. Para ajudá-lo com isso, a Revista XY resolveu mostrar o raio X desses três novos topos de linha.

Divulgação

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uita gente que ama tecnologia já está pensando no que “se dar” de presente neste Natal, mas num mundo onde as empresas desse setor lançam smartphones e tablets para brigas cada vez mais acirradas pelo posto de o melhor de sua categoria pode ficar um pouco difícil escolher. Repetindo a tendência dos anos anteriores, foi agora, no segundo semestre, que as maiores novidades tecnológicas começaram a ser anunciadas e lançadas no mercado. Mas com tanta coisa nova surgindo em pouco tempo, fica difícil entender qual é o produto que se encaixa melhor às necessidades de cada um. A Samsung ainda aposta suas fichas no seu lançamento do ano, o Samsung Galaxy S III, que vendeu mais de 10 milhões de


 Smartphone

O novo topo de linha da família Lumia, da Nokia, chegou de mansinho em agosto deste ano juntando em um smartphone as duas mais interessantes novidades do momento: o novo sistema operacional para celulares da Microsoft, o Windows Phone 8, e a impressionante tecnologia de fotografias da Nokia, a câmera PureView. Verdade seja dita, ainda há dúvidas quanto à capacidade do Windows Phone 8 perante os já adorados Android e iOS, mas vale lembrar que a Microsoft corrigiu as maiores falhas do sistema nessa sua última versão. Além do mais, o Lumia 920 traz a tecnologia PureView, que lhe garante a melhor câmera de smartphone do mercado, e o Nokia Dirigir, um dos melhores sistemas de navegação GPS para celulares.

iPHONE 5

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Quando a Samsung anunciou a mais nova geração da família Galaxy, no começo de maio, havia uma ansiedade silenciosa em torno do novo aparelho. O Galaxy S III finalmente deu as caras e a sensação dos fãs da gigante coreana foi de satisfação e cumprimento das suas expectativas. A terceira geração do topo de linha da Samsung trouxe melhorias em todos os aspectos, mas as duas coisas que mais chamaram a atenção foram seu design e os pequenos detalhes aplicados em cima do Android (como a função de ligar para alguém para quem você está mandando uma mensagem apenas aproximando o aparelho do ouvido) O Galaxy S III, apesar de já não ser mais considerado novidade a essa altura, continua sendo a melhor opção para o usuário já familiarizado com o sistema operacional do Google, que faz bom uso da função GPS e aprecia a possibilidade de personalização.

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NOKIA 920 Divulgação

SAMSUNG GALAXY S III

Sempre polêmico, o iPhone 5 chegou em setembro sendo motivo de decepção de alguns e euforia de outros. A grande novidade da nova versão do aparelho (que na verdade já está na sua sexta geração) é a sua tela de 4 polegadas, maior e mais bonita que a do seu antecessor. A câmera também melhora bastante, o colocando páreo a páreo com seu maior concorrente, o Galaxy S III. Além disso, o novo sistema operacional, o iOS 6, traz integração total com o Facebook e a função de fotos panorâmicas, entre outras cosias. É fato que talvez o iPhone 5 não tenha trazido nada de revolucionário como é sempre esperado, mas a verdade é que seus concorrentes também não. No mais, o novo iPhone continua sendo o aparelho ideal para o usuário que gosta de um smartphone de uso intuitivo – para não dizer mais fácil – e rápido. xy Página

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Futurologia

 O que vai acontecer?

HOMENS

IMPORTANTES JAN FEV MAR

Otávio Frabetti

FEVEREIRO

MARÇO

fotos: divulgação

JANEIRO

Novos Ares

Missão Impossível

Agora Vai

Após perder mais uma eleição, agora para prefeito, José Serra planeja novos rumos, entre eles se candidatar para líder sindical, síndico de prédio ou presidente de alguma ONG motivacional tucana, explicando como se manter de pé após perder duas eleições seguidas para o PT (em cargos diferentes).

Após eleger uma ex-guerrilheira (Dilma) e um ex-ministro da educação que nunca se entendeu com o ENEM (Haddad), [o Rei Midas] Lula recebe convite da Globo para tentar transformar algum ator (mediano) de Malhação e colocá-lo como protagonista na novela das nove.

Cansado de ser perseguido pela imprensa, Adriano [Imperador] resolve ajudar o país na promoção da Copa de 2014 e melhorar sua imagem. Ele é o guia oficial dos estrangeiros que desejam conhecer o funk, festas na favela e periguetes do Rio de Janeiro.

ABR

MAI

JUN

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MAIO

fotos: divulgação

ABRIL

JUNHO

Igual à Winehouse

Daqui Nada se Leva

É do Brasiiiiiiillllll!!!

Pouco tempo depois de emagrecer oito quilos no Medida Certa, Ronaldo volta a engordar 15 quilos e pede um Rehab à Globo, reafirmando que não toma bebidas alcoólicas e que o ganho de peso foi por causa do hipotireoidismo.

Mais louco do que nunca, Silvio Santos larga sua coleção de ternos e gravatas e começa a apresentar seus programas com shorts de cor rosa, camisas floridas e meias bege até na canela. Para piorar a situação, resolve lançar moda e cria sua própria linha de verão Jequiti de roupas.

Galvão Bueno entra com uma representação na FIFA questionando o nome do mascote Fuleco, já que faltaria erres no nome e dificultaria sua pronúncia na Copa. O narrador sugere Rrrrrosbespierrrrrre, Rrrrrrrrrobinho ou Rrrrrrromarinho!


 O que vai acontecer?

QUE FARÃO HISTÓRIA EM 2013...OU NÃO!

AGO

AGOSTO

fotos: divulgação

JUL

JULHO

SET

SETEMBRO

Messias?

Sempre Inocente

Saudades da Fátima

Após condenar os mentores do mensalão, Joaquim Barbosa acabará com a crise mundial na Europa, colocará fim na guerra entre judeus e palestinos e minimizará a desigualdade no Brasil.

Com sotaque caipira igual à de Mazzaropi e de Sabrina Sato, José Dirceu recomeça sua vida novamente na clandestinidade, escondido na “grande” cidade de Pindamonhangaba após tentar fugir do país e ser prontamente reconhecido pelo sotaque.

Cansado de perguntar “Onde está você, Fátima?”, William Bonner pede demissão do Jornal Nacional e começa a fazer o programa junto com a esposa, na tentativa de vê-la pessoalmente.

OUT

NOV

DEZ

NOVEMBRO

fotos: divulgação

OUTUBRO

DEZEMBRO

Brazilia?

Paz e Amor

Quase “Doutô”

Como programa de governo contra a crise econômica, Barack Obama resolve abrir filiais da cidade de Miami no Brasil para aquecer a economia norte-americana e auxiliar os brasileiros, que podem desfrutar do paraíso das compras de Miami sem sair de casa.

Aposentado dos octógonos, Anderson Silva reaviva os melhores tempos do cinema de porrada e ganha rios de dinheiro fazendo filmes à la Chuck Norris e Jackie Chan. Fora das telas, faz propaganda de sua igreja Gladiadores do Milênio do Senhor e diz, com voz grave, ser contra qualquer tipo de violência.

Sertanejo universitário se desenvolve e entra em uma nova fase. Após frequentar uma pós-graduação, músicos abolem as onomatopeias (Tchu Tcha, Lelele, Ai Ai Ai) e “criam” sucessos originais e maduros. Michel Teló faz o maior sucesso com a garotada quando canta as novas “Tristeza do Jeca” E “Boate Azul”. xy Página

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Foto do mês

 Eclipse de Júpiter

Que espetáculo! Texto: Otávio Frabetti/Foto: Natã Crivari

M

aravilhoso. Essa foi a sensação dos moradores das regiões Sul e Sudeste do Brasil que olharam para o céu na noite de 28 de novembro. A data marcou o eclipse de Júpiter, um fenômeno de alinhamento entre a Lua e o planeta. Perto das 21h10, a Lua ocultou Júpiter, e uma hora depois foi possível ver os dois separados novamente. O próximo eclipse acontecerá em 25 de dezembro. A foto acima foi tirada no Observatório Lionel Andriatto, pertencente à Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru pelo repórter fotográfico Natã Crivari. xy

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