OJORNAL 25/09/2011

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O JORNA L Maceió, domingo, 25 de setembro de 2011 | Ano XVIII | Nº 311 |

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ALAGOAS

R$ 3,00

Comércio começa a contratar temporários Lojas do Centro e dos shoppings de Maceió já estão recebendo currículos de candidatos às vagas de emprego temporá-

rio. Esperando vendas maiores no Natal deste ano, lojistas dizem que as contratações vão surpreender. Páginas A28 e A29 Larissa Fontes/Estagiária

Em seu famoso Cadilac, o político alagoano Tenório Cavalcanti discursa para o povo da Baixada Fluminense

Cão ou gato, muita gente quer ter um pet para chamar de seu

Quando bichos viram “membros da família” Você sabia que há em Maceió casa de show, creches e até cemitérios para cães e gatos? Pois é, o mercado pensa em tu-

do e oferece esses serviços para os bichos que são praticamente “membros da família”. Páginas A17 a A19

Relatório de ministra do TSE favorece criação do PSD O voto favorável da relatora, ministra Nancy Andrighi, no TSE, animou as lideranças do PSD. “Mais um avanço na formação do PSD”, disse Gilberto Kassab pelo Twitter. Página A3

Carol Paz: bom gosto do alagoano está em alta

Mais de 600 mil pessoas são extremamente pobres em AL A falta de comida na mesa do alagoano ainda é um desafio a ser superado no Estado. Dados oficiais dão conta de que mais de 600 mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza.

AL será sede de maior evento de paraquedismo

Páginas A10, A12 e A14

Brasileirão em análise

Suplemento

MARÉS As mil formas de viver em “A Vida da Gente”

01h41.........................................2.1 08h02.........................................0.1 14h08.........................................2.0 20h13.........................................0.2

Reportagem revela os segredos de Tenório Em um caderno especial de 24 páginas, O JORNAL desvenda a história de Tenório Cavalcanti, o alagoano que saiu da pequena Bonifácio, em Palmeira dos Índios, e se fixou em Duque de Ca-

xias, no Rio de Janeiro, para se tornar um dos personagens mais marcantes da política brasileira no Século XX. Através de pesquisas, entrevistas em Alagoas e no Rio de Janeiro e depoimentos de

seus familiares, a reportagem histórica resgata a memória de Tenório, traz informações inéditas sobre sua trajetória e revela, finalmente, quem foi o controverso homem por Suplemento trás da capa.


O JORNAL

Política A2

Pauta Geral pautageral@ojornal-al.com.br

TENSÃO Para quem trabalha com política, a derrubada de vetos do governo, na semana que passou, foi um recado para o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Isso porque só o deputado Fernando Toledo (PSDB) defende a proposta de repasse de R$ 135 milhões para a Assembleia Legislativa em 2012. Os demais deputados concordam que o aumento tem que atingir os R$ 150 milhões, com a “justificativa” de que o reajuste permitirá a implementação do PCC dos servidores sem nenhum susto orçamentário. Atualmente, os parlamentares trabalham anualmente com algo em torno dos R$ 120 milhões. O assunto promete dividir governo e bancada nos próximos dias, já que os tucanos não querem negociar um aumento maior.

DESCRENÇA Pouca gente da política em Joaquim Gomes acredita que a eleição suplementar conseguirá ser organizada antes do próximo ano. O município está sem prefeito eleito há quase três anos. Um recorde no Brasil.

EU NÃO O deputado estadual Sérgio Toledo (PDT) informou aos aliados que não pensa em disputar a eleição para Câmara Federal em 2014. O pedetista estranhou o surgimento do boato envolvendo seu nome.

SERTÃO O governador Teotonio Vilela Filho estará em Olho d’Água das Flores amanhã. Ele vai participar de mais uma edição do Governo Perto de Você. Nos bastidores, articula composições de olho nas eleições na região.

Vamos em frente! Nosso Brasil precisa e merece o PSD”

Domingo, 25 de setembro de 2011

Observatório da Corrupção pede detalhes sobre ações policiais Objetivo é saber o andamento de processos após término dos inquéritos

ARTICULADO

O novo conselheiro do Tribunal de Contas, Anselmo Brito, deu um nó político em seu principal concorrente: o também auditor João Batista de Camargo. Ele largou bem atrás na indicação para o cargo vitalício, mas conseguiu conquistar mais aliados em torno de seu nome.

AMIGÃO

De uns tempos para cá, o vereador Ricardo Barbosa (PT) e o presidente Galba Novaes (PRB) estão mais que próximos. A nova amizade tem aumentado os rumores de uma futura composição de olho com a sucessão em 2012.

POR ALI O deputado federal Rui Palmeira (PSDB) dividiu os holofotes com a também deputada Rosinha da Adefal (PTdoB), organizadora do jogo beneficente com a presença de Romário. Em tempo: ambos aparecem como pré-candidatos na disputa pela Prefeitura de Maceió em 2012.

RECONDUZIDO Dirigentes das 27 Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiram, na última sexta-feira, em São Luís (MA), reconduzir o presidente da Seccional da OAB de Alagoas, Omar Coêlho de Mello, ao posto de coordenador nacional do Colégio de Presidentes de Seccionais da OAB. O mandato do coordenador é de um ano e meio.

COMENDA O presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senai/IFEPD, Wilton Malta, vai receber a Comenda Vereador Otacílio Holanda, conferida pela Câmara Municipal de Maceió a personalidades políticas, comerciais e industriais, além de entidades e instituições, que se destacam nessas áreas. A indicação da comenda é do vereador Eduardo Canuto (PV). A homenagem será na sessão da próxima quinta-feira, na Praça Multieventos, Pajuçara, durante o Parlamento na Praça, a partir das 9 horas.

DIRETAS A superintendente do Incra, Lenilda Lima, informou ao seu grupo no PT que não será candidata em 2012. Ela prefere continuar no cargo. Aos poucos, mesmo sem demonstrar interesse, a deputada federal Célia Rocha (PTB) vai se aproximando da candidatura a prefeita em Arapiraca. O prefeito Cícero Almeida (PP) não perde uma chance de espetar os tucanos. Ele se sente traído depois do apoio dado por ele na sucessão do governador. Oscar de Melo (PP) ganha com vantagem ao ser o político que mais usa o Twitter em Alagoas. Ele tinha 2.253 seguidores até o fechamento desta edição.

rial, e posteriormente partir para um segundo momento, que será verificar na Justiça o andamento dos processos oriundos desses inquéritos”, disse Firmino. “O superintendente [da PF] disse, e eu compreendo e concordo que há informações que não podem ser repassadas, que são informações confidenciais, e isso poderia prejudicar o trabalho da instituição. Mas o Amaro Vieira compreendeu nosso trabalho, e dentro da legalidade e correção com que trabalha, dentro das possibilidades, vai nos ajudar”, ressaltou o advogado.

Gilson Monteiro Repórter

Na última semana, o coordenador em Alagoas do Observatório da Corrupção, o advogado José Firmino de Oliveira, entregou à Superintendência da Polícia Federal uma lista com as operações realizadas pela instituição ou das quais tenha participado em conjunto com outros Estados, nos últimos seis anos. Trata-se de um ofício onde Firmino pede à PF informações sobre os inquéritos e demais procedimentos que tenham sido instaurados por meio dessas ações da PF, informações que irmão fomentar o trabalho do Observatório, cujo objetivo é vasculhar o andamento dos processos instaurados após o término dos inquéritos envolvendo desvio de dinheiro público. A lista inclui nove operações da PF: Guabiru, deflagrada em 2005, Sanguessuga, em 2006; Navalha, de 2007; Taturana, deflagrada em 2007 além das operações Farol, Incongruência, Mascotch e Tabanga, todas realizadas este ano, esta última deflagrada na semana passada, em Traipu.

Firmino entregou lista com nove operações; entidade quer resultados

Firmino conversou pessoalmente com o superintendente da PF, delegado Amaro Vieira Ferreira onde falou sobre o projeto, e avisou sobre o requerimento apresentado essa quintafeira. Conversa que nesta semana deverá acontecer com o delegado-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco. Todo esse levantamento prévio de informações junto à PF e à PC se deve à decisão da coordenação do Observatório em Alagoas de não esperar as soli-

citações da sociedade por meio do site do Observatório. “Na conversa com o superintendente da PF expus o objetivo do Observatório e como a instituição pode ajudar. Fiz uma espécie de mapa das operações que investigaram desvio de dinheiro público, iniciando em 2005 com a operação Guabiru. E enviei esse mapa por meio de um ofício, onde requeiro informações sobre os inquéritos, para ter base, fundamento para fazer uma análise de todo esse mate-

SIGILO - Quando esteve em Alagoas, no último dia 12, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, anunciou que irá propor ao Congresso Nacional a aprovação de uma lei que acabaria com o sigilo bancário e fiscal dos mandatários de cargos políticos. Seria, segundo Ophir, mais um instrumento de combate à corrupção. Ophir promete levar a discussão ao movimento suprapartidário contra corrupção e impunidade, coordenado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Operações da PF em Alagoas

Índio da Costa,

Ex-deputado federal e uma das lideranças nacionais do PSD, sobre voto favorável de relatora ao registro do partido no TSE

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OPERAÇÃO GABIRU / 2005

imóveis de luxo, fazendas, gado e automóveis em municípios alagoanos.

Os prefeitos foram denunciados com base na investigação feita pela Polícia Federal, durante a Operação Gabiru, em maio de 2005. Eles são acusados do desvio de cerca de R$ 1,8 milhão em verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundef), lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

OPERAÇÃO TATURANA / 2007 Desarticulou grupo responsável por desvio de recursos da Assembleia Legislativa, incluindo 15 deputados.

OPERAÇÃO FAROL / 2011 Realizada em fevereiro deste ano pela chamada “Força Tarefa previdenciária” que uni o Ministério da Previdência Social, Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

OPERAÇÃO SANGUESSUGA / 2006 A Operação Sanguessuga Sanguessugas desarticulou a chamada “máfia das ambulâncias”, um escândalo de corrupção onde uma quadrilha desviava recursos destinados à compra de ambulâncias.

OPERAÇÃO NAVALHA / 2007

OPERAÇÃO INCONGRU NCIA / 2011

Cenário preparativo para desdobramentos da Operação Tabanga

Investigou uma organização criminosa que desviava recursos de vários ministérios, entre eles Minas e Energia e da Integração Nacional e mais oito estados e no Distrito Federal. Em Alagoas foram envolvidas 11 pessoas. O acusado de ser o mentor do esquema, Zuleido Soares de Veras, dono da construtora Gautama.

OPERAÇÃO CARRANCA / 2007 Desarticulou uma quadrilha especializada em fraudar licitações de obras públicas entre os anos de 2004 e 2007. O dinheiro era “lavado” por meio da compra de

Deflagrada em maio deste ano, prendeu servidores da Receita Federal em Alagoas e Pernambuco, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.

OPERAÇÃO MASCOTCH / 2011

15 pessoas foram presas acusadas de desvio de recursos destinados à merenda escolar em 13 municípios alagoanos, entre eles, Traipu. Foi realizada em março, pela PF.

OPERAÇÃO TABANGA / 2011

A mais recente ação da PF alagoana, deflagrada no último dia 20. Desdobramento da “Mascoth”, a operação Tabanga desarticulou esquema de desvio de recursos federais destinados ao transporte escolar na cidade de Traipu. Até o fechamento desta edição o prefeito Marcos Santos continuava foragido.

Denúncias têm que ser detalhadas, diz Brêda O presidente da Comissão de Combate à Corrupção e à Impunidade, da OAB nacional, que coordena o Observatório, o conselheiro Paulo Brêda, alerta à sociedade que as denúncias precisam ter mais elementos. O grupo ainda não fez um balanço desse primeiro mês de atividades, mas segundo Brêda, as denúncias que têm chegado são carentes de dados. Brêda orienta que se o cidadão não souber o número do processo, pode informar pelo menos o nome de pelo menos uma das partes no processo, ou seja, com o nome do réu, ou do advogado, por exemplo. “Temos denúncias que chegam com pouquíssimas informações. Isso dificulta. Geralmente os processos se referem a operações, e são várias. Ao longo dos anos tivemos operações da Polícia Federal, Civil. Operações que resultaram em vários inquéritos. Fica difícil chegar quando pedem informações sobre determinada pessoa que está sendo processada dentro de determinado inquérito ou processo. Precisamos de mais informa-

Marco Antônio

Paulo Brêda explica que processos demoram por falta de informações

ções”, alerta o advogado. COMO FUNCIONA - Clicando-se no link “Observatório da Corrupção” será exibido um termo de uso onde são explicadas as regras. Aceitando os termos, o cidadão é comunicado que as informações apresentadas serão direcionadas a um relator da Comissão Especial de Combate à Corrupção e Impu-

nidade, CECCI), que verificará a existência do processo e submeterá o processo aos demais integrantes. A decisão de acompanhar ou não o processo será comunicada ao usuário, que receberá, em caso positivo, um número de processo no CFOAB e uma senha para acesso aos andamentos. Em seguida, com base haverá tentativa de localizar o processo/procedimento informado,

e ainda uma análise do enquadramento do caso nos objetivos do Observatório. Sendo aceito, o processo será distribuído automaticamente e será gerado um número de protocolo. O cidadão será informado da aceitação ou não do processo para acompanhamento através de e-mail. O Presidente da CECCI encaminhará ao Presidente do CFOAB o pedido para a formação de um grupo de integrantes da OAB na localidade de tramitação do processo denunciado, chamado de “Grupo de Visita”, que em Alagoas é comandado pelo advogado José Firmino. De acordo com o entendimento da Diretoria do CFOAB, os julgadores ou investigadores responsáveis pela demora injustificada no andamento dos processos acompanhados poderão ser representados em seus respectivos órgãos correcionais . O processo será encerrado no CFOAB após o proferimento de uma decisão judicial de 2ª. Instância ou de Órgão Colegiado, ou ainda de arquivamento de procedimento investigativo. (G.M.)


Política Domingo, 25 de setembro de 2011

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Contexto Roberto Vilanova - bobvilanova@hotmail.com

TODO GÁS A maior jazida de gás natural do País, dissociado do petróleo, está em Alagoas. São 2 milhões de metros cúbicos extraídos diariamente, e é tanto gás que a Petrobras é obrigada a queimar o excedente que extrapola a sua capacidade de beneficiamento na Chã do Pilar. Mas o Estado pouco se beneficia dessa condição especialíssima no seu subsolo. Poderia produzir 50 mil botijões de gás de cozinha por dia, mas produz apenas 13 mil porque 80% da produção vão para a Bahia, Sergipe e Pernambuco. O subsolo alagoano contém riquezas que poucos conhecem, e essa riqueza se entende à Plataforma Continental, de modo que a descoberta de mais uma jazida de gás esta semana não é novidade. A novidade é que se incluiu Sergipe como litisconsorte da privilegiada geografia alagoana, e sabe-se que o gás sergipano é impuro e misturado com o petróleo - o que encarece o seu beneficiamento. Ao dividir o bolo pode estar aí - quem sabe - a grande jogada para tirar de Alagoas a condição especialíssima que a natureza dotou por obra e graça com exclusividade. E, com isso, se bombear mais gás para os vizinhos sedentos - que ficam com 80% do bolo.

ÚNICO

LESMA

É do ex-deputado federal Rogério Teófilo o único pronunciamento nos anais da Câmara Federal sobre as reservas minerais no Agreste alagoano - que, aliás, devem mesmo ser levadas para beneficiamento no polo baiano de Camaçari.

Na época (2003/04), o então deputado federal Rogério Teófilo cobrou do governo alagoano "agressividade" para tocar os projetos de exploração de minérios no Agreste, mas, até hoje, sete anos depois, tudo caminha a passos lentíssimos.

EM CONTAS-GOTAS Para explorar o minério no Agreste alagoano, a Companhia Vale do Rio Doce exigiu uma linha de energia elétrica e água em adutora exclusiva.

FORTE

FIRME

O deputado federal João Lyra está convencido de que o PSD vai superar todos os obstáculos e se firmar como sigla alternativa no quadro político nacional. Ele considera natural a reação contrária ao surgimento do PSD.

O deputado Dudu Holanda concorda com o pensamento do deputado federal João Lyra e vê nas reações contrárias ao surgimento do PSD "o desespero de quem tem a certeza de que o partido surge forte em todo o País."

ATRAÇÃO FATAL Em Alagoas, o deputado Dudu Holanda calcula que o PSD vai arrebanhar 1 terço dos prefeitos.

DE BOI

EXTRA

Para a secretária municipal de Infraestrutura de Taquarana, Maria Edina Cavalcante, a única solução para os matadouros públicos municipais - que estão na mira do Ministério Público do Trabalho - é entregá-los para os magarefes terceirizados.

Dois fatos marcam o ingresso da superintendente do Porto de Maceió, Rosiane Beltrão, no PT: 1) É a única filiada ao partido em Alagoas com a ficha abonada pelo ex-presidente Lula ; 2) É a única filiada ao PT em Alagoas em solenidade fora do Estado.

No TSE, voto de relatora aponta para criação do PSD até o dia 7 Ministra Nancy Andrighi julgou improcedentes questionamentos do DEM Alexandre H. Lino Repórter

O voto favorável à criação do PSD dado pela relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, em julgamento no Tribunal Superior Eleitoral, já é motivo de comemoração entre as principais lideranças do novo partido. O julgamento foi suspenso e adiado devido ao pedido de vista do ministro Marcelo Ribeiro. Mas, antes, a relatora julgou improcedentes os pedidos do DEM e do que tentavam inviabilizar a criação do partido e votou favoravelmente à formação da legenda. A votação continua nesta terça-feira. A decisão final depende da opinião de seis ministros, ou seja, faltam mais três votos favoráveis. O PSD precisa obter o registro até o próximo dia 7 para ter condições de disputar as eleições municipais de 2012. Alegislação obriga que quem quiser disputar a eleição precisa ter pelo menos um ano de filiação a uma legenda. Para o advogado Admar Monteiro, representante nacional do novo partido, a expectativa é positiva para a criação da nova legenda - que já tem representantes em todos os estados do Brasil, e em Alagoas será presidido pelo deputado federal João Lyra. Durante a leitura do parecer, a relatora do processo disse que contabilizou 514,9 mil assinaturas válidas, mais que as 490 mil necessárias. Segundo a relatora, “uma operação matemática” foi usada para afastar possíveis duplicidades. A ministra disse que mais de 27 mil apoios foram retirados por problemas de formato das certidões dos cartórios eleitorais. A defesa do PSD apresentou 538.263 assinaturas de apoio. O DEM, que se sente prejudicado com a criação do novo

Ministra desconsiderou questionamentos do DEM e disse que processo de formação cumpre o que pede a lei

partido, alegou que existia dúvida sobre a certificação das assinaturas de apoio ao novo partido. A lei exige o apoio de 490 mil eleitores. O PSD entregou listas autenticadas apenas por cartórios eleitorais e outras que, além disso, foram aprovadas por Tribunais Regionais Eleitorais (TREs). A incerteza é sobre a validade das que passaram apenas pelos cartórios, apresentadas assim para agilizar o processo. O partido começou a ser gestado em março deste ano, pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab – que saiu do DEM por estar isolado. Andrighi afirmou que a análise das denúncias de fraude apresentadas durante o processo poderão ser investigadas pelo Ministério Público após a oficialização do partido. “Eventuais indícios de ilícitos no processo de coleta de apoiamento estão submetidos ao crivo do Ministério Público Eleitoral, titular da ação penal, que poderá requerer a instauração de inquérito criminal”, disse.

Deputado federal João Lyra será o presidente estadual da nova sigla

Legislação garante segurança jurídica do PSD

AXÉ POUCO Detalhe: a direção estadual do PT não foi sequer convidada para a solenidade de filiação de Rosiane Beltrão que se deu em Salvador.

ENIGMA

FLORES

O deputado Ricardo Nezinho (PT do B) até que gostaria de disputar a Prefeitura de Arapiraca, mas tem revelado que o prefeito Luciano Barbosa (PMDB) "é muito difícil de decifrar", porque ninguém sabe ao certo o que ele está pensando.

A deputada federal Célia Rocha (PTB) se emocionou no encontro com o governador Téo Vilela (PSDB), de quem se afastou em 2006. Os dois conversaram a sós e apararam as arestas, mas não definiram nada sobre a sucessão em Arapiraca.

PAUTA CENSURADA Ao saber que a deputada federal Célia Rocha iria se encontrar com o governador Téo Vilela, o prefeito Luciano Barbosa ligou para ela e pediu para não tratar sobre a sucessão em Arapiraca.

EXPRESSAS O secretário municipal de Governo, Ricardo Teófilo, apenas rir quando alguém pergunta se vai enfrentar o irmão, Rogério, na disputa pela Prefeitura de Arapiraca. Em Traipu, há quem garanta que o prefeito Marcos Santos deixou a cidade antes de a polícia chegar pela rodovia. Ou seja, não usou o rio São Francisco como rota de fuga. O PSDB realizará amanhã, em Colônia Leopoldina, mais um encontro com os filiados para discutir a sucessão municipal. O filho da prefeita de Anadia, Sânia Tereza, que era secretário de Finanças da mãe, corre o risco de ser responsabilizado também pelo desvio de recursos federais.

Índio da Costa já fez anúncio que sairá do DEM

Gilberto Kassab comemorou o voto pelo Twitter

Dudu acredita em rápida expansão O deputado estadual Dudu Hollanda é um dos mais animados com a expressão da relatora favorável a criação do PSD. Ele que tem percorrido o Estado construindo diretórios municipais do partido e feito contatos com lideranças regionais. Segundo o deputado, o Tribunal Regional Eleitoral deve julgar a legalidade do diretório regional na próxima terça-feira. “Tudo será homologado. Estamos dentro da legalidade. Vamos ampliar bastante o nosso crescimento. Pois, de acordo com a resolução do TSE, teremos mais 30 dias para recebermos novos filiados”, avaliou. O PSD nasce com 49 deputados, dois senadores, dois governadores e cinco vice-governadores, entre eles o de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. A expectativa de membros da nova legenda é que, com a concessão do registro pelo TSE, o PSD atraia novos quadros, especialmente parlamentares. Kassab já disse que o PSD terá comporamen-

Deputado tem viajado pelo Estado convidando novas lideranças

to “independente”, “nem de esquerda nem de direita” e que poderá votar no Congresso a favor de projetos do governo que sejam “de interesse do país”. Em Alagoas, são esperados novos filiados até o final do mês. “Boa parte dos interessados em se filiar estão apenas aguardando essa decisão do TSE para ter mais segurança

jurídica”, afirmou o deputado. Uma prova dessa força foi o evento de lançamento realizado em maio. Só de prefeitos no evento eram quase 20, sendo que quatro deles anunciaram o interesse em também entrar na legenda: Oziel Barros (Pilar), Rita Bomfim (Porto Real do Colégio), Márcio (Maribondo) e Maria de Fátima (Santa Luzia do Norte).

Adefesa do PSD também foi apresentada durante o julgamento. O partido negou as fraudes sugeridas pelo DEM. O advogado Admar Gonzaga, que fez a defesa do pedido de registro, argumentou que a sigla já obteve a aprovação em 18 Tribunais Regionais Eleitorais. “Estamos com uma expectativa muito boa para a aprovação. O voto da relatora foi um indicativo de que estamos no caminho da consolidação nacional”, disse. Segundo o advogado, que foi contratado pelo PSD, o partido obteve aprovação por votação unânime nos 18 tribunais. Ele ressaltou que o número é o dobro do exigido por lei - nove Estados. O número, no entanto, foi contestado pela vice-procuradora eleitoral Sandra Cureau, que só reconheceu menos da metade das assinaturas de apoio apresentadas pelo PSD. De acordo com Admar Gonzaga, que conversou com O JORNAL por telefone, direto de Brasília, os dirigentes do novo partido já foram informados que a lei dos partidos e a resolução 23282 do Tribunal Superior Eleitoral, que regulamenta a formação de novas legendas, são favoráveis ao provimento do registro do PSD. “Essa semana será decisiva”, assegurou. ANIMAÇÃO - O clima de vitória expressado pelo advogado do partido, também pode ser sentido nas principais lideranças nacionais. “Mais um avanço na formação do PSD”, escreveu o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, no microblog Twitter. O ex-deputado Índio da Costa, candidato derrotado a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) no ano passado, que também anunciou a saída do DEM para o novo partido, afirmou no Twitter: “Vamos em frente! Nosso Brasil precisa e merece o PSD”.


Política

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CÓDIGO FLORESTAL

Senado deve votar projeto em 20 dias Texto foi aprovado pela CCJ da Casa na última semana e ainda deve passar por mais duas comissões O projeto de reforma do Código Florestal deve ser votado em até 20 dias na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado, já com contribuições para o aperfeiçoamento do texto. A previsão é do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), presidente da CCT, a segunda comissão do Senado que analisará a matéria. O projeto foi aprovado na pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa na última quarta-feira. As informações são da Agência Senado. “Espero que em 15, 20 dias esteja resolvido na CCT. E tenho a convicção de que vamos avançar”, frisou ele, ao ressaltar entendimentos para inclusão de incentivos econômicos e financeiros visando à manutenção e recomposição de florestas. Eduardo Braga informou que, na próxima terça-feira, se reunirá pela manhã com o relator da matéria, senador Luiz

Henrique da Silveira (PMDBSC), e, à tarde, anunciará em plenário o calendário de tramitação na CCT. Ele adiantou que a comissão deverá realizar pelo menos uma audiência pública, com o propósito de ouvir as contribuições de especialistas em ciência e tecnologia e para detalhar aspectos legais e técnicos dos incentivos à manutenção de áreas protegidas. Luiz Henrique foi relator do projeto na CCJ, mas optou por tratar apenas de aspectos relativos à constitucionalidade e juridicidade do texto, deixando a análise das 96 emendas já oferecidas ao projeto para o relatório que apresentará na CCT ou na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), onde também é relator. Antes de ir a plenário, o texto passa ainda pela Comissão de Meio Ambiente (CMA), onde será relatado pelo senador Jorge Viana (PT-AC).

SUGESTÕES - A proposta poderá receber outras emendas, uma vez que se abre novo período para apresentação de sugestões sempre que o projeto é enviado a uma comissão. O próprio Eduardo Braga informou que apresentará 12 emendas, a maioria tratando de incentivos econômicos e financeiros para estimular a preservação de áreas florestadas. Entre as sugestões do senador está um conjunto de fontes de recursos para remunerar agricultores que mantêm matas nativas em Áreas de Preservação Permanente (APP) e de reserva legal e para financiar a recomposição dessas áreas. Ele também quer inserir no novo código um sistema de redução de emissões por desmatamento e degradação, conhecido como REDD+. Também estão entre as emendas a serem oferecidas por Eduardo Braga a criação de programa para pagamento por serviços ambientais, voltado espe-

cialmente para propriedades rurais familiares, e a oferta de crédito com juros reduzidos para esse segmento. “Acreditamos que as emendas que serão oferecidas na CCT ajudarão a construir um código inteligente, para o futuro e não apenas um código que regularize a ilegalidade passada” disse ele, fazendo menção aos dispositivos que tratam do passivo ambiental. ARTICULAÇÃO - O senador pelo Amazonas também comentou a disposição de parlamentares dos estados da Região Norte em buscar uma posição em defesa dos interesses regionais, a ser trabalhada no âmbito da reforma do Código Florestal. “Estamos discutindo as idéias e esperando poder fazer uma unidade da bancada do Norte. Isso está sendo construído passo a passo, pois é uma bancada ainda em articulação”, afirmou.

Projeto vai a debate em audiência conjunta O texto do novo Código Florestal volta a ser discutido na próxima semana pelo Senado. Aspectos técnicos do projeto de lei que muda as regras ambientais do país, serão debatidos em audiência conjunta das comissões de Meio

Ambiente, de Ciência e Tecnologia e de Agricultura. A reunião será na próxima terçafeira, às 8h30. Foram convidados para a audiência pública Elíbio Leopoldo Rech Filho, membro da Academia Brasileira de Ciên-

cias (ABC), Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Recursos Genéticos e Biotecnologia; e Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor doutor da Universidade de São Paulo. Os requerimentos para a

realização da audiência foram apresentados pelos presidentes das três comissões: senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), da CMA; senador Eduardo Braga (PMDB-AM), da CCT; e senador Acir Gurgacz (PDTRO), da CRA.

Eduardo Braga pretende apresentar 12 emendas ao texto da Câmara

Áreas rurais serão mantidas ativas

Relator, o senador Luiz Henrique fez apenas algumas modificações sobre inconstitucionalidades

Na CCJ, só correções de detalhes Na aprovação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça, na última quarta-feira, foi acolhido o texto do relator, senador Luiz Henrique, que fez pequenas correções de inconstitucionalidades, deixando novos ajustes e o exame das 96 emendas apresentadas pelos senadores para as demais comissões que analisarão a matéria. Ao defender seu voto, Luiz Henrique reafirmou compromisso de analisar as emendas em novo relatório que apresentará nas comissões de Ciência e Tecnologia e de Agricultura, onde também é relator da proposta. Ele anunciou ainda disposição de construir um voto em conjunto com o relator do texto na Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana. Na discussão do projeto, diversos senadores elogiaram as alterações feitas por Luiz Henrique, mas apontaram aspectos que seriam contrários à Constituição e permanecem no texto. Visando alterar esses aspectos, foram apresentados dez destaques para votação em separado de emendas que corrigem as inconstitucionalidades. No entanto, o exame dos destaques foi rejeitado por 14 a 8, o que permitiu a aprovação do relatório de Luiz Henrique, com o entendimento de que a correção de inconstitucionalidades poderá ser feita nas outras comissões ou mesmo com o reenvio do texto à CCJ, caso haja necessidade. Antes da votação, o senador Randolfe Rodrigues (PSOLAP) apresentou voto em sepa-

rado pela rejeição do projeto, que não chegou a ser votado, face à aprovação do texto do relator. PRESERVAÇÃO - No texto aprovado na CCJ, o relator modificou o artigo 8º, oriundo da polêmica Emenda 164, aprovada ao final da votação da matéria na Câmara. O texto dispõe sobre as condições para supressão de vegetação em áreas de preservação permanente (APPs), como margem de rios e topos de morros. O relator manteve regra que limita a intervenção nessas áreas protegidas a hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, incluindo ainda o detalhamento sobre cada uma delas. Luiz Henrique também alterou a redação do caput do artigo para explicitar que a autorização para atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e turismo rural em APP será conferida exclusivamente para atividades consolidadas até julho de 2008. Essa data é questionada por diversos senadores, que apresentaram emenda propondo sua modificação. Na discussão da matéria, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) apontou contradição entre o texto do artigo 8º e dos artigos 10, 12 e 35, que também dispõem sobre área consolidada. Na versão inicial do relatório, Luiz Henrique abria a estados e ao Distrito Federal a possibilidade de dividir com a União poder para definir outras condições de intervenção

em APP, além das previstas na lei. Ele, no entanto, retirou esse dispositivo, dizendo ter chegado à decisão após entendimento com o governo federal. Luiz Henrique também modificou diversos trechos de artigos que estabeleciam a necessidade de futuro regulamento. Com as modificações, o relator determina que questões em aberto sejam sanadas em “ato do chefe do Poder Executivo”. MÉRITO - Apesar de a análise na CCJ ser restrita a aspectos de juridicidade e constitucionalidade, muitos senadores fizeram considerações sobre aspectos de mérito, deixando explícitas as diferenças de opiniões. Enquanto Lindbergh Farias (PT-RJ), por exemplo, propõe modificar o texto para ampliar a proteção de APPs, Kátia Abreu (DEM-TO) afirma que a implementação das sugestões de Lindbergh obrigaria a retirada dos moradores da Rocinha, no Rio de Janeiro. A necessidade de proteção das APPs também foi defendida por Marcelo Crivella (PRB-RJ). Outro aspecto discutido foi a necessidade de melhor utilização da terra pela pecuária, como forma de liberar área para a expansão do agronegócio. A baixa produtividade da pecuária brasileira foi apontada pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Em contrapartida, Blairo Maggi (PR-MT) lembrou que boa parte da agropecuária no Brasil requer a correção e melhoria do solo, aumentando os custos da produção brasileira.

A manutenção das atividades agrícolas em áreas rurais consolidadas foi defendida na última sexta-feira por representantes de produtores rurais de Rondônia. O tema foi debatido durante audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária na cidade de Vilhena (RO), para discutir o projeto do novo Código Florestal. O conceito de área rural consolidada trazido no projeto não existe na legislação em vigor. O texto, do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), considera como consolidadas as áreas ocupadas antes de julho de 2008 por atividades econômicas, com edificações, benfeitorias e as chamadas agrossilvopastoris. Os agricultores argumentam que é necessário manter no texto a previsão de que não será necessário recompor a reserva legal nas áreas se a ocupação tiver sido feita de acordo com a lei que vigorava à época. “Aclasse produtora tem uma grande expectativa pela aprovação desse código. Nós dependemos de que este código seja aprovado quase que na sua íntegra porque precisamos sair definitivamente da ilegalidade”, defendeu Carlos Sartor, conselheiro do Sindicato dos Produtores Rurais de Vilhena. Segundo os produtores, que falam em “direito adquirido”, o desmatamento teria sido incentivado pelo governo à época da ocupação do estado. O presidente da CRA, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), afirmou que o governo, à época da ocupação, exigia o uso de 50% do solo para a concessão dos títulos de posse. Para

o senador Reditário Cassol (PPRO), os maiores erros não foram cometidos pelos produtores, e sim pelos governantes. “Se nós erramos com a derrubada, éramos mandados pelo próprio governo Federal, pelo Incra”, argumentou o senador. Acir Gurgacz defendeu, ainda, a possibilidade de redução da área de reserva legal de 80% para 50% nos estados da Amazônia que tiverem mais de 50% de suas terras ocupadas por unidades de conservação e áreas indígenas. “Esse é o nosso pensamento. É uma emenda que nós estamos colocando para ser debatida com os demais senadores. Entendemos que é uma discussão importante para o desenvolvimento dos estados da Amazônia que já têm uma conservação, que se preocuparam em preservar” disse o senador. ISENÇÃO - Outro ponto do texto de Aldo Rebelo lembrado pelos participantes é a previsão de que os imóveis com até quatro módulos rurais não sejam obrigados recompor a mata nativa desmatada até 2008. Para alguns dos debatedores, quem preservou a mata nativa será prejudicado, já que a isenção só vale para o passado e não dá permissão para que os proprietários desmatem a partir de agora. O representante do Conselho Regional e Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) de Rondônia, Inaldo Gomes, considera que a não recuperação da reserva nessas áreas é inviável, já que a maior parte das 190 mil propriedades do Estado está abaixo dos quatro módulos fis-

cais estabelecidos no texto de Aldo Rebelo. Ou seja, quase todos os produtores ficariam isentos de recuperar as áreas desmatadas. “Com a não manutenção das reservas legais, nós teríamos um problema muito sério, que traria sérios prejuízos e, futuramente, conseqüências irreparáveis à biodiversidade, aos recursos hídricos e ao solo, que é novo e facilmente se degrada” explicou. ÁGUA - A necessidade de conservação da água foi consenso entre os participantes ligados à área ambiental e à agricultura. Apesar disso, o pesquisador Vicente Godinho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, disse considerar que falar ideologicamente sobre o tema é “chover no molhado” e que a discussão precisa levar em conta os aspectos técnicos. “A definição do que vem a ser uma reserva legal, do que vem a ser uma Área de Preservação Permanente (APP), a largura de uma mata ciliar, isso a gente tem que discutir. São questões técnicas”, afirmou. O pesquisador também lembrou que a discussão sobre a preservação da água não deve ser só rural, mas também urbana, já que atinge a todos. O secretário de Agricultura e Pecuária do Estado, Anselmo de Jesus, concorda que a discussão envolve todas as classes. “Não se trata de agricultura familiar, agricultura empresarial ou ambientalista. A lei que foi votada na Câmara [o projeto do novo Código Florestal] trata do Brasil, do povo brasileiro”, disse Godinho.

Os produtores querem garantir o “direito adquirido” para não precisarem recompor as áreas devastadas

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Nacional Domingo, 25 de setembro de 2011

O JORNAL JORNA L

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Dobram os casos de coqueluche no País Ressurgimento da doença será debatido por especialistas em jornada marcada para outubro, em São Paulo O número de casos de coqueluche registrados no País dobrou em relação ao ano passado - passou de 291 pacientes confirmados para 583. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, garante, porém, que o Brasil está longe de um surto. Mas ressalta que o aumento de registros da doença serve de alerta para a importância da vacinação de crianças, que devem receber doses da vacina Tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e meningite) aos dois, quatro e seis meses

de vida, com dois reforços na infância. Segundo Barbosa, o crescimento de casos ocorre pelo que se chama de “acúmulo de suscetíveis”. A estimativa é de que, a cada ano, cerca de 5% das crianças não sejam imunizadas - ou por não terem tomado a vacina ou por algum problema no seu sistema imunológico. “Nos anos de 1980, registrávamos 80 mil casos por ano. Com as campanhas de vacinação, esse número caiu para 15 mil na década de 1990. Nos anos 2000 o número de casos foi estabilizado, mas a cada

cinco anos temos um acúmulo de suscetíveis e os registros crescem”, afirmou. “Isso serve de alerta para que os pais continuem vacinando suas crianças”. O ressurgimento da coqueluche será um dos destaques da 13ª Jornada de Imunizações, que reunirá especialistas em São Paulo, em outubro. “Há uma preocupação maior com as crianças menores de 2 meses, que ainda não foram imunizadas. É preciso garantir que as crianças recebam as doses no momento certo e melhorar a vigilância

epidemiológica, para que os casos da doença sejam identificados”, afirma a infectologista Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, seção Rio de Janeiro (SBIm-RJ). Dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo mostram que as cinco crianças que morreram na cidade, até 17 de agosto, tinham menos de um ano de idade; e 70% dos casos confirmados da doença eram de bebês com menos de seis meses (quando as três doses da vacina ainda não foram ministradas).

Feira de Santana confirma surto da doença Doença comum na infância e há anos esquecida pela população brasileira, a coqueluche fez a cidade de Feira de Santana, na Bahia, virar notícia ao confirmar surto da doença que causa problemas no aparelho respiratório. Como a coqueluche é transmitida por uma bactéria, a Bordetella pertussis, e é altamente infecciosa, só há uma maneira de preveni-la: tomando vaci-

na, que imuniza por 10 anos. Apesar de atingir principalmente bebês, quando é muito perigosa e pode levar a sérias complicações neurológicas, a doença vem infectando também os adultos, que sofrem de coriza, tosse seca e pneumonia como consequência. O tratamento consiste no uso de antibióticos prescritos por infectologistas, mediante diagnóstico. Quanto mais cedo o pro-

blema for detectado, menores são as chances de graves consequências para o paciente. ALERTA - No caso da cidade de São Paulo, a secretaria de Saúde emitiu um alerta epidemiológico por conta do aumento de cerca de 40% do registro de coqueluche em relação a 2010. Em 75% dos casos de coqueluche em bebês, o transmissor da bactéria vive na mesma casa da

criança. Isso ocorre porque a vacina garante a imunização por cinco a dez anos. O adulto volta a ficar suscetível, contrai a doença, mas os sintomas são mais brandos. “A literatura mostra que de 20 a 25% das tosses com mais de 14 dias são coqueluche. Mas o médico não pensa nisso. Considera um problema resolvido e trata como alergia”, diz a infectologista Isabella Ballalai.

INCONSTITUCIONAL

TREVO DE QUATRO FOLHAS

Projeto de mães cuidadoras será replicado nos estados do Nordeste Agência Brasil O programa Trevo de Quatro Folhas de mães cuidadoras que ajudam mães e crianças carentes em risco e que não têm apoio familiar vai ser aplicado em todo o país, começando pelo Nordeste, especialmente em municípios onde a mortalidade infantil é mais alta. O anúncio foi feito na sexta-feira por María Elisa Bernal, coordenadora de um concurso promovido pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU), para selecionar iniciativas empreendedoras em inovação social que inspiraram políticas públicas regionais. Os projetos selecionados foram apresentados na sexta, durante evento na Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo María Elisa, os projetos vão ser replicados em vários locais. “Tivemos a notícia de que o projeto (Trevo de Quatro Folhas) será implementado em todo o território brasileiro, iniciando

Programa de mães sociais, o Trevo de Quatro Folhas foi implantado em Sobral, no Ceará, em 2001

pelo Nordeste em municípios onde há mais mortalidade infantil. O Ministério da Saúde já o assumiu como seu e irá dar continuidade. Esse é o nosso ideal”. Implantado em 2001, no município de Sobral, no Ceará, o programa Trevo de Quatro Folhas conta com a participação das chamadas mães sociais, que são mulheres da própria comunidade com a função de acompanhar mães e crianças em risco

e sem o apoio da família. Elas recebem capacitação como cuidadoras nas residências ou hospitais e trabalham para promover saúde, prevenir complicações e partos prematuros, além de dar apoio à amamentação e trabalhar pelo fortalecimento da autoestima das mulheres e dos vínculos familiares. Segundo a representante do Trevo de Quatro Folhas, Francisca Júlia dos Santos Souza, os trabalhos do grupo começaram

com o apoio às mães carentes que não tinham com quem deixar seus filhos quando davam à luz a outro bebê. “O Trevo veio para resolver essa questão. Hoje, temos muitas mulheres capacitadas como mães sociais que assumem as tarefas domésticas da gestante carente para que ela possa ter repouso quando precisa e para que ela tenha com quem deixar os outros filhos para ir às consultas médicas”.

Cepal também seleciona projeto contra corrupção Outro projeto selecionado pela Cepal foi o Observatório Social, de Maringá, no Paraná. Projeto criado pela organização não governamental Sociedade Eticamente Responsável (SER), seu objetivo é prevenir desvios de dinheiro nos processos de licitação e fiscalizar a transparência no uso dos recursos públicos na prefeitura da cidade. Segundo a representante do programa, Fábia dos Santos Sacco, o

projeto surgiu a partir de um anseio coletivo pela melhoria dos gastos públicos em Maringá em decorrência de um grande desvio de verbas públicas descoberto na prefeitura, há 10 anos. AONG difunde a importância do comportamento ético dos funcionários públicos e a importância econômica dos impostos. O trabalho do Observatório Social consiste em sugerir melhorias nos processos de licita-

ção, promover cursos de capacitação para os funcionários da prefeitura e divulgar as licitações para os empresários da cidade. “A política do Observatório não é sensacionalista, divulgação de coisas erradas. É tentar corrigir aquilo que está errado.” ACepal selecionou 25 projetos entre 4.800 inscritos. Eles serão detalhados numa publicação da comissão que será difundida com o objetivo de replicar

os programas em diversas regiões. As características dos projetos são a alta participação da comunidade, os baixos custos de implementação e o objetivo de superar a pobreza e a desigualdade, em países como o Haiti, Belize, o Peru, Chile, a Bolívia, Colômbia, Argentina e o Brasil. O objetivo da Cepal é que os projetos façam parte de políticas públicas gerenciadas por governos municipais, estaduais e federal.

PRÉ-SAL

Senadores propõem novo acordo para a divisão dos royalties A menos de 15 dias da votação do veto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Emenda Ibsen, que determina a divisão igualitária dos royalties do pré-sal entre todos os estados e municípios, os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ),

Lindberg Farias (PT-RJ) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES) protocolaram projeto propondo uma nova divisão dos recursos oriundos da exploração do petróleo. Os senadores sugerem que sejam atualizadas as tabelas usadas no cálculo da participação

especial dos maiores poços produtores de petróleo, “em atenção ao princípio jurídico de que correções monetárias não são alterações de contrato”. Segundo Dornelles, apenas 4% dos campos de petróleo estão pagando participação especial

devido aos “exagerados volumes de isenção” no país. Ele revela que, no início de 2011, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), só 18 campos pagaram participação especial e sete deles concentram 96% do recolhimento total.

STF proíbe cobrança de taxa por rua fechada BRASÍLIA - Morador de uma rua fechada do Butantã (zona oeste de SP), o juiz Rubens Correa foi condenado a pagar R$ 28 mil de mensalidades “em atraso”, a título de rateio de despesas. A ação movida pela Associação de Proprietários do Parque dos Príncipes foi julgada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no ano passado. O morador recorreu. Na última terça-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que esse tipo de cobrança é inconstitucional, ao analisar recurso de um dono de dois lotes de um residencial no Rio. Por unanimidade, a Primeira Turma do STF entendeu que o pagamento para uma associação só pode ser feito se a vinculação do cidadão for espontânea. A decisão vale só para o caso concreto, mas, para o relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, é um “precedente valioso”. “Um cidadão não pode ser compelido a participar de uma associação”, disse o ministro. Nos tribunais, no entanto, prevalece o entendimento de

que o morador deve pagar por usufruir dos benefícios. “O TJ-SP tem dito que se você sai da sua casa e percorre o bairro, está usufruindo dos trabalhos da associação, que valorizam a área”, afirma Antonio Souza Aranha, advogado de Correa. “É absurdo.” Desembargador aposentado, Aranha, também morador do local, move ação contra a mesma associação. “Há moradores perdendo os imóveis, penhorados em ações de até R$ 50 mil”, diz. Segundo a assessoria da Associação do Parque dos Príncipes, 85% das causas foram, até hoje, julgadas a favor dela, e apenas 10% dos moradores não pagam o rateio. Para o promotor José Carlos de Freitas, o precedente aberto pelo STF pode virar jurisprudência. “As vilas e ruas fechadas não são ilegais, mas são inconstitucionais porque privatizam o espaço público.” Em São Paulo, há 197 ruas fechadas em áreas de dez das subprefeituras. Pela lei local, 70% dos moradores têm de concordar para que a rua seja fechada.

BOLSAS DE ESTUDO

Brasil e Alemanha fecham parceria O Brasil quer aumentar o número de estudantes de tecnologia com cursos de graduação ou doutorado na Alemanha. Para isto, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação firmou na última terça-feira acordo com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico. O convênio tem o objetivo de identificar as instituições que possam receber os brasileiros e oferecer apoio naquele país com cursos de língua inglesa ou alemão. O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico também incentivará a realização de pesquisas nas universidades locais, com a participação de brasileiros. Ainda não foram definidas quantas bolsas serão oferecidas, mas a estimativa do programa Ciência sem Fronteiras, executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

é ofertar 75 mil vagas, em vários países, até 2014. As bolsas serão preferencialmente de graduação, doutorado, pós-doutorado, doutorado sanduíche ou de estágio sênior nas áreas de tecnologia, fármacos e energia. O valor atual é 800 euros para graduação e 1,3 mil euros para doutorado. A partir do convênio, a expectativa é que o número de estudantes brasileiros naquele país aumente consideravelmente a partir de 2012. Hoje, 2 mil alunos e pesquisadores frequentam universidades e institutos de pesquisa alemães. Segundo o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Ruy Nogueira, o país quer dar um salto tecnológico com investimentos na área de inovação e espera contar com a Alemanha para a formação de profissionais.


O JORNAL

Opinião A6

Domingo, 25 de setembro de 2011

Redescobrir o passado Sempre que temos tempo, ficamos ouvindo histórias contadas pelos nossos colegas e familiares, especialmente aqueles que contam histórias a respeito de suas vidas. Quando ampliamos isso para cobertura de pautas no jornalismo, podemos encontrar até outro viés. É interessante essa perspectiva, pois todos os leitores deviam também acompanhar essa trajetória seguida pelo jornalista. Muitos não imaginam como foi a produção do conteúdo. Se tivessem ideia daquilo que é feito para se ter uma boa matéria, dariam maior valor a cada página. Algumas empresas midiáticas relatam o fazer jornalístico, só que se esquecem de dar valor ao conteúdo e da descoberta. Muitas vezes, é preciso olhar o passado, redescobrir a sabedoria da experiência e não deixar-se levar pelo modismo, muitas vezes nos apresentado nos dias de hoje. Essa é parte da lógica que fez O JORNAL investir tempo, dedicação e trabalho de diversos profissionais para apresentar um produto diferenciado para o leitor nesta edição de domingo. Uma reportagem especial que conta uma série de detalhes da vida e trajetória de Tenório Cavalcanti, “O Homem da Capa Preta”. Alagoano que ficou imortalizado no cinema.

O valor de cada descoberta nessa longa história pode muito bem ser observado nas 24 páginas que o leitor terá acesso na edição especial de hoje. Conhecer o alagoano que ganhou fama nacional nos anos 50 no Rio de Janeiro servirá para resgatar a imagem de uma das vítimas desconhecidas da Ditadura. Afinal, aos poucos, Cavalcanti teve a sua história apagada do mundo político brasileiro para não incitar novas lideranças populares que pudessem se contrapor ao regime ou agitar as massas. Reacionário e muito polêmico, ele teve a violência como companheira logo no início de sua vida, quando presenciou o assassinato de seu pai. Empunhando uma metralhadora e usando uma capa preta e uma cartola, ele se tornou uma espécie de justiceiro, desafiando os corruptos e poderosos. Sua trajetória mistura os papéis de político e bandido, coisa recorrente ainda hoje. Tenório Cavalcanti é visto como um defensor do povo entre as classes mais miseráveis por suas atitudes populistas, conquistando fama e fortuna, ao mesmo tempo em que era tido como um assassino frio pela classe média e pelos políticos dominantes. Todos os detalhes você vai conhecer um pouco mais nessa redescoberta do passado.

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Dilma honrou o Brasil na ONU “Estadista de uma nação que se agiganta e impõe respeito ao mundo” João Lyra Deputado federal e membro da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara O dia 21 de setembro de 2011 ficará marcado, para sempre, na história da Organização das Nações Unidas (ONU), onde, pela primeira vez, a Assembleia Geral de Debates foi aberta por uma mulher. E essa mulher é brasileira, a presidenta Dilma Rousseff. O discurso de Dilma Rousseff foi um quase-poema de leveza pela paz, porém extremamente crítico à forma com que os países mais ricos enfrentam a atual crise econômica. Em sua fala inicial, ressaltou que, “pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o debate geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna, que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo”. Confessou-se “humilde”, mas com “justificado orgulho” pelo que classificou de “um momento histórico”. E foi aplaudida por todos os líderes mundiais. A seguir asseverou: “Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos que, como eu mesma, nasceu mulher”, acrescentou antes de dizer que este é o “século das mulheres”. Jogou flores aos presentes, lembrando que, “na língua portuguesa, as palavras vida e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje”. A partir daí, a presidenta deixou as flores e as luvas de pelica de lado, criticando acidamente a estratégia de combate à crise econômica mundial, adotada pelos países ricos, baseando-se no corte de gastos.

Diante de Barack Obama (Estados Unidos), Angela Merkel (Alemanha), Nicolas Sarkozy (França), David Cameron (Inglaterra) e Yoshihiko Noda, Dilma Rousseff reiterou que “a crise é séria demais, para que seja administrada apenas por uns poucos países”. Em sua corajosa e sincera intervenção sobrou até para a China, que mantém baixo o valor de sua moeda, para competir no mercado internacional - uma das principais queixas dos empresários brasileiros. Desafiou as maiores potências mundiais a “substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas articulações para um mundo novo”. Naturalmente, em um breve artigo é impossível recordar a riqueza da fala dessa extraordinária mulher, estadista de uma nação que se agiganta e impõe respeito ao mundo. Mas não custa assinalar que, no decorrer de todo o seu pronunciamento, a presidenta exortou as mulheres a combater o desemprego, que “não é apenas uma estatística, tira a esperança e deixa a violência e a dor”. Agora, meus leitores, vejam que não exagerei ao afirmar que o discurso de Dilma foi um quase-poema. São seus esses versos: “Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade”. Na ONU, Dilma Rousseff demonstrou e confirmou ao mundo que não é nenhuma marionete e que tem altivez política, sobriedade e total capacidade para ocupar o cargo para o qual foi eleita com mais de 56 milhões de votos. O Brasil se orgulha de sua presidenta.

Área de preservação permanente e o Município (1) “A proteção do meio ambiente deve ocorrer de maneira a assegurar o bem-estar social, mas isso não quer significar a intocabilidade” Alder Flores Advogado, químico, esp. em Direito, Engenharia e Gestão Ambiental, auditor Ambiental

Salários em alta e pobreza em baixa “Se houver prioridade para os pequenos municípios nordestinos, o combate à pobreza terá maior efetividade” Renan Calheiros

Senador e líder da bancada do PMDB

A política sócio-econômica desenvolvida pelo Brasil nos últimos anos está sendo decisiva para reduzir a pobreza e redistribuir renda em um País conhecido pela concentração histórica de riquezas. Os programas sociais tiveram papel central na redução da desigualdade social e fizeram com que a renda média do brasileiro crescesse 28% e a desigualdade caísse 5,6% de 2004 a 2009. Estes números foram divulgados na última semana pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Entre os anos de 2004-2009, a evolução na distribuição de renda foi motivada por uma conjugação de fatores, entre eles o crescimento econômico, a geração de milhões de novos empregos, os aumentos do salário mínimo acima da inflação e programas como o Bolsa Família. O estudo do Ipea, intitulado de “mudanças recentes na pobreza brasileira” analisou as transformações sociais provocadas pela redução na desigualdade de renda nos últimos cinco anos. A parcela da população brasileira com renda menor do que um salário mínimo diminuiu de 71% para 58% entre 2004 e 2009. O novo desafio do governo, neste momento, deve ser o de concentrar ações para a pobreza nas regiões mais pobres, como o Nordeste. Se houver prioridade para os pequenos municípios nordestinos, o combate à pobreza terá maior efe-

tividade; isso porque os programas sociais contribuem para diminuição da pobreza, mas não têm o mesmo efeito na redução das desigualdades sociais. Os dados divulgados pelo Ipea revelam ainda que 51% dos considerados extremamente pobres estavam inativos ou desocupados em 2009. Já entre os pobres o índice era de 40%. O estudo concluiu que, apesar dos programas do governo, a mobilidade social só foi possível para famílias beneficiárias que têm rendas alternativas. Este estudo do Ipea é, sem dúvida, uma grande notícia para aqueles que apostaram e apoiaram as políticas sócioeconômicas do governo brasileiro nos últimos anos. O PMDB, como parceiro do governo, teve uma grande contribuição neste processo ao propor, aprovar e colaborar para a implementação de vários programas que hoje demonstram seus êxitos. Dados como este só nos estimulam a seguir em frente rumo ao crescimento e ao fim da pobreza. Eu, particularmente, fico honrado pelo fato de ter podido colaborar com este processo. No Senado fui o relator do programa Bolsa Família e, quando presidi o Congresso, criei o grupo que propôs o crescimento do salário mínimo acima da inflação. Duas iniciativas fundamentais para o crescimento do País.

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são ordenada, é capaz de antecipar suas ulteriores consequências. Devendo ser integral, abrangente, isto é, deve envolver os aspectos econômicos, sociais, físicos, territoriais e administrativos ou institucionais da realidade a ser planejada. Neste sentido o plano diretor de desenvolvimento integrado, como modernamente se diz, é o complexo de normas legais e diretrizes técnicas para o desenvolvimento global, constante do Município. Na orientação do desenvolvimento do Município é a lei suprema e geral que estabelece as prioridades nas realizações do governo local, conduz e ordena o crescimento da cidade, disciplina e controla as atividades urbanísticas em benefício do bem-estar social. Neste sentido, entendo que as aplicações da regra de preservação da área de preservação permanente listadas no Código Florestal, que usa indistintamente os limites para as zonas urbanas e rurais, é desarrazoada por desprezar as substanciais diferenças entre tais zonas. A proteção do meio ambiente deve ocorrer nas cidades de maneira a assegurar o bem-estar social, mas isso não quer significar a intocabilidade das áreas referidas no artigo 2º do código, mesmo porque raramente existem. É possível que se autorize a supressão de vegetação, mediante o controle, que deve avaliar cada situação e determinar as medidas compensatórias ou mitigadoras mediante práticas de planejamento, de monitoramento e de controle da vida urbana.

Datas & Fatos

25 de setembro - Dia Nacional do Trânsito lll O visionário Amyr Klink - Em 25 de setembro de 1955, nasce o brasileiro Amyr Klink. Um dos mais respeitados navegadores do mundo, realizou em 1984, a primeira Travessia do Atlântico Sul a Remo em Solitário, viagem contada no livro "Cem dias entre céu e mar". Em 1986, iniciou viagem à Antártida, a bordo do veleiro polar "Rapa Nui". 1884 - Nasce Roquette Pinto, precursor da radiodifusão no Brasil. 1944 - Nasce Michael Douglas, ator e cineasta norte-americano. 1952 - Nasce Christopher Reeve, ator norte-americano. 1955 - Nasce o navegador brasileiro Amyr Klink. 1968 - Nasce o ator norte-americano Will Smith. 1969 - Nasce Catherine Zeta Jones, atriz britânica. 1978 - Morrem 142 pessoas em choque de dois aviões de passageiros, na Califórnia, Estados Unidos. 1982 - O Brasil derrota a União Soviética e ganha a medalha de ouro no Mundialito Masculino de Vôlei, realizado no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

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No Brasil a Constituição de 1988 veio contemplar, de forma inaugural, o instituto do plano diretor, que, pelo seu art. 182, é o instrumento básico da Política de Desenvolvimento Urbano, executada pelo município, que tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, devendo o referido plano ser aprovado por lei municipal, sendo considerado como norma básica para o desenvolvimento da política urbana e de expansão urbana. De fato, a ocupação urbana e o desenvolvimento dos espaços habitacionais na cidade não podem ocorrer de maneira meramente acidental, através de interesses privados ou da coletividade. Ao contrário, são necessários estudos aprofundados acerca da natureza da ocupação, sua finalidade, avaliação da geografia local, da capacidade de comportar essa utilização sem danos para o meio ambiente, de forma a permitir boas condições de vida para as pessoas, permitindo o desenvolvimento econômico-social, harmonizando os interesses particulares e os da coletividade. É importante ressaltar que, para que todas essas variáveis tenham um mesmo direcionamento, se mostra necessário que se faça um planejamento urbano. O planejamento é um método de aplicação, contínuo e permanente, destinado a resolver racionalmente os problemas que afetam uma sociedade situada em determinado espaço, em determinada época, através de uma previ-

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ONU debate amanhã adesão da Palestina Pedido de reconhecimento do estado palestino será analisado pelos 15 membros do Conselho de Segurança NOVA YORK - O Conselho de Segurança se reunirá amanhã à tarde para uma primeira sessão de consultas sobre o pedido de adesão de um Estado da Palestina à ONU, anunciou na sexta-feira à imprensa o embaixador do Líbano, Nawaf Salam, que preside o Conselho em setembro. Salam indicou que havia apresentado o pedido palestino aos outros 14 Estados membros do Conselho, depois de tê-lo recebido do secretáriogeral da ONU, Ban Ki-moon. O presidente palestino, Mahmud Abbas, apresentou na sexta-feira o pedido de adesão à ONU de um Estado da Palestina, uma decisão histórica justificada com um discurso perante uma Assembleia Geral, que o ovacionou. Nesta segunda, o Conselho, integrado por cinco membros permanentes e com direito de veto (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China) e outros dez temporários revisarão a solicitação palestina, mas isso não significa que votem no mesmo dia. Fontes diplomáticas informaram que dessa maneira se abre um processo que poderia levar várias semanas até que se chegue a uma votação, na qual o sinal verde ao pedido de Abbas só

aconteceria com uma maioria de nove votos e nenhum veto. Os EUA já anunciaram que vetarão a proposta, mesmo que isso represente um duro revés à sua política externa e concretamente às suas relações com os países árabes e à sua imagem no Oriente Médio, que o presidente Barack Obama tentou melhorar nos últimos anos. Os atuais membros temporários do Conselho são Brasil, Líbano, Bósnia-Herzegoviana, Gabão, Nigéria, Colômbia, Alemanha, Índia, Portugal e África do Sul. Até o momento 122 países já anunciaram o reconhecimento do Estado da Palestina, entre eles alguns membros permanentes do Conselho de Segurança, como China e Rússia, e também dos temporários, como Brasil, Índia, Líbano e África do Sul. DÚVIDAS - Ainda não se sabe como votarão França, Reino Unido, Alemanha, Portugal, Nigéria, Gabão e Colômbia. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou na semana passada que seu país reconhece o direito da Palestina a ser um Estado, mas como produto do diálogo com Israel, para que possam conviver em paz.

Na sexta-feira, Abbas entregou a Ban Ki-moon o pedido de adesão

Principais pontos de desacordo entre palestinos e israelenses A questão de Jerusalém, as fronteiras no Oriente Médio, o regresso de refugiados, a água, os assentamentos judeus e o vale do Jordão são alguns dos principais pontos de atrito entre Israel e Palestina, que pediu nessa sexta-feira para ser reconhecida pela ONU como seu 194º membro. Os árabes consideram que a solicitação reforçará as oportunidades de resolver um conflito que tem esses seis temas como fonte de discórdia.

1 - Jerusalém A cidade é considerada santa tanto por judeus como árabes. Até o momento, esse é o assunto que menos progrediu nos acordos anteriores de paz. Os palestinos reivindicam a zona oriental da cidade e oferecem em troca o acesso aos lugares santos aos judeus. Já Israel quer manter controle sobre a região que ocupou em 5 de junho de 1967 e que foi anexada durante a Guerra dos Seis Dias.

2 - Fronteiras Os israelenses se recusam a retornar às fronteiras anteriores a 1967 e devolver territórios que ocuparam na Faixa de Gaza e Cisjordânia, onde existem muitos assentamentos judeus. Os palestinos exigem o cumprimento da resolução 242 da ONU, que prevê a retirada de Israel da região que ocupou na Guerra dos Seis Dias. A última proposta israelense, de maio de 2008, aceita devolver 91% da Cisjordânia, mas os palestinos só concordam com a devolução de pelo menos 97% desse território.

3 - Os refugiados Existem quatro milhões de refugiados palestinos vivendo em campos da Cisjordânia, Gaza, Líbano, Síria e Jordânia. O êxodo começou em 1948, com a declaração do Estado de Israel. A autoridade palestina exige o cumprimento da resolução 194 da ONU, que afirma que os refugiados têm direito a retornar às suas casas, agora dentro das fronteiras israelenses, ou que recebam uma compensação financeira. Israel é contra a medida por questões demográficas.

4 - Assentamentos judaicos Atualmente, nos cerca de 150 assentamentos erguidos na Cisjordânia, considerados ilegais pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) e pela comunidade internacional, vivem 230 mil israelenses, em meio a uma população de 3,4 milhões de palestinos. Em 2005, iniciou-se o Plano de Desligamento, articulado pelo então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, que previa a retirada das 21 colônias judias da Faixa de Gaza e quatro da Cisjordânia.

A iniciativa gerou protestos enérgicos entre a direita nacionalista de Israel. Já o atual primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, incentivou a construção dos assentamentos na região, o que tem sido decisivo para o fracasso das negociações de paz propostas pelo presidente americano Barack Obama.

5 - A distribuição A distribuição de água numa região desértica. Oitenta por cento dos recursos hídricos, que abastecem os lares palestinos, são controlados por Israel. Os árabes consideram a quantidades destinada ao seu povo insuficiente (22 galões por dia contra 70 consumidos pelos israelenses, segundo a ANP).

6 - Vale do Jordão Israel quer manter sua fronteira no local, a região mais fértil de seu território, por questões de segurança, mas está disposto a reduzir a presença militar na região se a segurança do país estiver garantida.


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Marisqueiras não passam fome, mas têm no Sururu única fonte de proteína

Segurança Alimentar é desafio em AL Mais de 600 mil alagoanos ainda vivem em situação de extrema pobreza; não têm comida na mesa todo dia Valdete Calheiros Repórter

Alagoas tem 633.650 pessoas em situação de extrema pobreza, o que representa 20,3% da população total do Estado, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Uma dessas pessoas é a marisqueira Cristiane Tavares da Silva, 24 anos. Ela mora às margens da Lagoa Mundaú, no Dique Estrada, no bairro do Vergel do Lago, o 7° mais populoso da capital, com o companheiro e três filhos. Todos meninos e que têm sete, quatro e dois anos de idade. Cristiane da Silva ainda está se recuperando do aborto daquele que seria o quarto

filho do casal. À mesa da família, alimentos em pequenas quantidades. Somente mais básico “do básico”. O prato com feijão, arroz e farinha parecia ser a única refeição de toda a família na quinta-feira passada, dia 22. A próxima refeição estava prevista para qualquer dia desde que o dinheiro apurado na “pesca do sururu” fosse suficiente para fazer as compras. “Aqui na minha casa, ninguém sabe o que é verdura ou mesmo carne. Os meninos conhecem alguns alimentos apenas pela televisão. Falar em determinada comida aqui em casa é assunto proibido”, disse, às lágrimas.

Pessoas como a marisqueiPor definição, segurança ra Cristiane Tavares – e outros alimentar e nutricional é a gamilhares de alagoanos – não rantia do direito de todos ao podem nem pensar em segu- acesso a alimentos de qualidarança alimentar e nutricional. de, em quantidade suO dinheiro não é sufificiente e de modo perciente e a classe social manente, com base em a que pertencem, não práticas alimentares deixa. Famílias como a Segurança saudáveis e sem comdela se alimentam prometer o acesso a ouquando e com o que alimentar é tras necessidades essendireito podem e não com a freciais nem o sistema aliquência e qualidade garantido mentar futuro, devenque deveriam. do se realizar em bases pela Alagoanos como ela sustentáveis. só não pegam comida Constituição Todo o país deve do lixo porque ou ser soberano para asainda têm forças para segurar sua segurança trabalhar ou contam alimentar, respeitando as cacom a solidariedade de racterísticas culturais de cada familiares que tem alguns reais povo, manifestadas no ato de a mais no bolso. se alimentar. É responsabilida-

de dos Estados assegurar esse direito e devem fazê-lo em obrigatória articulação com a sociedade civil, cada parte cumprindo suas atribuições especificas. A superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Paula Quintella Mélo Ferreira, garantiu que o Estado está se esforçando para mudar a realidade desses 633.650 mil cidadãos alagoanos. O trabalho é árduo. No entanto, ela garante que está sendo feito. “As ações têm que ser voltadas com um reforço em termos de apoio social e com foco nas políticas púbicas de edu-

cação, saúde, saneamento e habitação, além de políticas de emprego, renda e desenvolvimento local. Caso contrário, vira apenas ações de assistencialismo. Medidas eficazes somente serão possíveis com a intersetorialidade das secretarias de Estado”, acredita. . Desde fevereiro de 2010, a alimentação foi incluída entre os direitos sociais previstos no artigo 6° da Constituição Federal. A inclusão foi resultado da luta da sociedade civil, organizações e movimentos sociais, órgãos públicos e privados, artistas e cidadãos de todo o país que se mobilizaram pela “Campanha Alimentação – Direito de Todos”.

Limitação de acesso a recursos

Dona Rosimira diz que na casa dela acaba a comida quando o dinheiro do Bolsa Familia e do Sururu acaba

Apesar da conquista na Carta Magna, a inclusão do direito não é o suficiente para garantir a todos uma alimentação adequada e saudável. Entre os desafios a serem enfrentados estão a limitação do acesso à terra, à água e ao trabalho. Das camadas da população em maior vulnerabilidade social e, portanto, com menores garantias de chegar à segurança alimentar e nutricional, a superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Paula Quintella, destacou as populações negras e povos e comunidades indígenas. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea realizou um levantamento sobre a situação de insegurança alimentar em 2009. É o mais recente estudo no país sobre o assunto. A região Nordeste é a que detém os maiores índices negativos em relação ao tema. A insegurança alimentar leve é realidade para 26,7% da popula-

ção (contra 39,8 da população brasileira). A insegurança alimentar moderada está presente na vida de 13,2% dos nordestinos (contra 20,3 da população brasileira). A insegurança alimentar grave amedronta 10,7% das pessoas (contra 11,3 da população brasileira) e a insegurança alimentar total chega à mesa de 50,6% dos que vivem no Nordeste do Brasil (contra 8,2 da população brasileira). Em Alagoas, 15% dos domicílios estão em situação de insegurança alimentar leve; 24% em situação de insegurança alimentar moderada e 9,30% em situação de insegurança alimentar grave. O rendimento familiar é o maior determinante do grau de acesso aos alimentos. Na pesquisa, mais da metade dos domicílios com rendimento mensal de até meio salário mínimo por pessoa estavam em situação de insegurança alimentar grave. Em outros termos, quando a pobreza é reduzida, cai também a insegurança alimentar. A escolaridade também é um fator importante na determinação da situação de segu-

rança alimentar. A superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Paula Quintella, citou o Projeto Alimentação Complementar de Gestantes em Situação de Vulnerabilidade Social e Insegurança Alimentar e Nutricional como um dos mais exitosos do Estado. “São objetivos do Programa, combater as carências nutricionais das gestantes alagoanas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar, através da complementação alimentar diária com o fornecimento mensal de uma cesta nutricional de alimentos; reduzir a taxa de mortalidade infantil; promover a segurança alimentar e nutricional; garantir a assiduidade das gestantes às consultas pré-natais; inserção automática das gestantes nos Centros de Referência de Assistência Social”, detalhou. A meta é atender 40.190 gestantes, com um total de 160.000 cestas anuais. O programa é executado desde 2009. (V.C.) Continua na página A12


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Famílias vivem com menos de um quarto do salário mínimo por mês

Famílias vivem em pobreza extrema O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de um dólar por dia e pobreza moderada como viver com entre um e dois dólares por dia. No Brasil, o critério é o mesmo. A definição para a extrema pobreza é viver com menos de um quarto de salário mínimo por mês. É assim que vive a família da adolescente Mirleide Maria da Silva que aos 15 anos de idade já segura nos braços a filha de três meses de vida. O companheiro tira o sustento da família da Lagoa Mundaú e sobrevive do que o sururu dá. A adolescente foi uma das beneficiadas pelo Projeto Alimentação Complementar de Gestantes em Situação de Vulnerabilidade Social e Insegurança Alimentar e Nutricional. “Não sei como teria me alimentado bem e minha filha teria nascido fortinha (sic) se não fosse as cestas que recebi durante a barrigada [gestação]. Pena que tudo acaba logo, assim que a criança nasce. Por enquanto, ninguém está gastando mais com a comida porque ela mama no peito. Daqui a um tempo, quando ela precisar comer massa, não sei como vamos fazer”, contou, preocupada. Mirleide da Silva não recebe mais os benefícios dos programas sociais. Ela abandonou a escola, assim que se descobriu grávida. Agora, passa os dias no barraco enquanto cuidando da menina, enquanto o companheiro está na pesca. Ao chegar em casa, ele assume os cuidados com a bebê e ela despinica o alimento que, além de ser consumido pela família, vira a única fonte de renda da casa. “Na cesta básica a gente recebia de tudo. Menos a mis-

tura. Mesmo assim, faz falta muita falta. Era bom ganhar a cesta. Ainda mais que todo mês eu via como a minha filha crescia e virava gente dentro de mim. Se eu deixasse de ir à médica, deixava de ganhar a comida do mês inteiro”, contou. Em Alagoas, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, mais de 416 mil famílias recebem o Bolsa Família e 104 mil o Benefício de Prestação Continuada, programa que consiste na garantia constitucional de um salário mínimo mensal às pessoas idosas, a partir dos 65 anos e às pessoas com deficiência que as incapacitem para a vida independente e para o trabalho, em qualquer idade e, em ambos os casos, possuam renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo. O Bolsa Família, programa de transferência de renda do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, exige que os estudantes cumpram percentuais mínimos de frequência: 85% das aulas para alunos entre 6 e 15 anos e 75% para adolescentes de 16 e 17 anos. A baixa frequência ou a ausência escolar podem levar ao bloqueio e até ao cancelamento do benefício. Manter em dia a vacinação das crianças e o pré-natal das mulheres gestantes e garantir que crianças e adolescentes frequentem a escola são os compromissos a serem cumpridos pelas famílias que recebem a transferência de renda do programa. O valor dos benefícios do Bolsa Família varia entre R$ 32 e R$ 306, de acordo com a renda mensal e o número de filhos. (V.C.) Continua na página A14

Mirleide diz que programa é fundamental para alimentar filha


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Bolsa Família e novas regras para beneficiários A partir de novembro, o Bolsa Família pagará um benefício extra no valor de R$ 32,00 por mês a gestantes e mulheres em fase de amamentação. O anúncio foi feito pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, na semana passada. Ela também detalhou outra novidade: a criação do chamado “retorno garantido”. Uma mudança que já está em vigor é que os atendidos pelo programa – uma vez que passem a ter renda acima do permitido pelo Bolsa Família – poderão se desligar, mas terão o seu direito ao retorno imediato, em caso de perda de renda. O prazo para o reenquadramento é de 36 meses. As novidades representam um aumento de R$ 728 milhões no orçamento anual do Bolsa Família. E, para maior eficácia, o Ministério do Desenvolvimento Social está cruzando dados com o Ministério da Saúde para identificar as gestantes e mães em fase de amamentação que serão atendidas. Hoje o Bolsa Família contempla com o benefício variável de R$ 32,00 por mês as famílias que tenham até cinco filhos, num total de R$ 160,00 referentes a filhos de até 15 anos. A redução da proporção de lares em situação de insegurança alimentar nos últimos anos pode ser atribuída ao crescimento econômico e

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Cristiane fala que os filhos só conhecem alguns alimentos pela TV

programas sociais, como o Programa Bolsa Família e o Beneficio de Prestação Continuada. Talvez por isso, a família de Rosimira Maria da Silva,

38, não consiga atingir a segurança alimentar e continue a fazer parte das estatísticas que associam boa parte das famílias alagoanas à pobreza.

Seu filho foi cortado do Bolsa Família. Segundo ela, alegaram que ela tinha uma renda mensal de R$ 700,00. “Não é verdade. Ficaram de vir na minha casa para ver a minha situação. A porta está aberta até hoje e ninguém veio ainda. Essa história tem mais de dois anos. Meu marido e eu já tentamos de todo o jeito provar que somos as mesmas pessoas e com o mesmo dinheiro que tínhamos quando começamos a receber o dinheiro do governo. Isso me revolta. Eu deixei de receber e tem gente que tem até mercadinho e recebe ainda o dinheiro da presidente Dilma”, reclamou. Enquanto esperam que a situação dos benefícios dos programas sociais seja resolvida, Rosimira da Silva e o companheiro Adeilton da Silva, 33, sabem que têm dois dias certos para uma farta refeição. Às quartas e quintasfeiras, eles recebem – assim como outras famílias do Dique Estrada – pão e café de pessoas que distribuem a refeição. Muitas vezes, a única alimentação de uma família inteira durante todo o dia. A dona de casa não sabe identificar quem ou que instituição doa o pão e o leite. “Meu menino diz que não tem nada escrito no carro que traz a comida. Por isso, eu acho que é gente de bem que não tem nada a ver com governo ou nada igual. Era bom até eu saber para poder agradecer a pessoa certa”, deduziu.

Gestantes terão benefícios durante a gravidez O benefício à gestante terá duração de nove meses e o das nutrizes de seis meses, a contar da data do registro do filho no cadastro único. A iniciativa está no âmbito do programa Brasil Sem Miséria e tem como meta incluir 800 mil famílias até dezembro de 2013. Para quem não sabe, o Bolsa Família atende 13,18 mil-

hões de famílias. O orçamento do programa em 2011 é de R$ 16 bilhões. Nesse contexto, as medidas anunciadas pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome são um aperfeiçoamento do programa. O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), instituído pela

Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan) – Lei n° 11.364, de 15 de setembro de 2006, é um sistema em construção que tem por objetivos formular e implementar políticas e planos de segurança alimentar e nutricional, estimular a integração dos esforços entre governo e sociedade civil, bem como promover o acom-

panhamento, o monitoramento e a avaliação da segurança alimentar e nutricional no país. Alagoas ainda não tem o Losan. Segundo a superintendente de Segurança Alimentar e Nutricional, da Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, Ana Paula Quintella, a legislação está para ser criada.

Oitenta anos de combate à fome no Brasil “Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens”, Josué de Castro, intelectual brasileiro que pioneiramente mapeou o drama da fome no Brasil e no mundo.De Josué de Castro à inclusão na Constituição do Direito Humano à Alimentação. Veja como o Brasil constroi sua política de segurança alimentar e nutricional: 1932 – Lançamento do primeiro inquérito no Brasil, feito por Josué de Castro que denuncia o flagelo dos trabalhadores e a fome. 1939 – Criação da Comissão de Abastecimento e do Serviço Central de Alimentação.

1993 – Surgimento da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, cujo principal líder é Herbert de Souza, o Betinho. Criação do Consea. 1994 – Realização da primeira Conferência Nacional de Segurança Alimentar, onde duas mil pessoas aprovaram a “Declaração em Defesa de uma Política Nacional de Segurança Alimentar” Extinção do Consea. 1995 – Criação do Comitê Setorial de Segurança Alimentar e Nutricional na esfera do Conselho da Comunidade Solidária. Instituição do Programa Nacional do Fortalecimento de Agricultura Familiar (Pronaf).

1945 – Criação9 da Comissão Nacional de Alimentação.

1996 – Constituição de uma comissão de representantes do governo Federal, da sociedade civil e da iniciativa privada, dentro da Cúpula Mundial da Alimentação.

1946 – Publicação de “Geografia da Fome”, por Josué de Castro.

1999 – Aprovação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição.

1940 – Criação do Serviço de Alimentação de Previdência Social no Brasil, sob a direção de Josué de Castro.

1955 – Criação da Campanha da Merenda Escolar. 1962 – Criação da Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal). 1972 – Criação do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (Inan). 1973 – Criação do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição. 1976 – Criação do Programa de Alimentação do Trabalhador. 1979 – Lançamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar. 1985 – Primeira referência à segurança alimentar e nutricional no Brasil. O documento “Segurança Alimentar – Proposta de uma Política contra a Fome”, do Ministério da Agricultura, apresenta a primeira recomendação para a criação de um Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea). 1986 – Realização da I Conferência de Alimentação e Nutrição, no âmbito da VII Conferência Nacional de Saúde. 1990 – Criação do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 1992 – Lançamento do Mapa da Fome, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).

2001 – Criação do Programa Bolsa Alimentação. 2003 – Recriação do Consea, lançamento da Estratégia Fome Zero e instituição do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome. Criação do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar. Primeira aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Criação do Bolsa Família. 2004 – Criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 2006 – Aprovação da Lei n° 11.346 que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan). 2007 – Criação da Frente Parlamentar Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. 2009 – Promoção da Campanha “Alimentação: direito de todos”. Aprovação da Lei n° 11.947 que consolida e fortalece o Programa Nacional de Alimentação Escolar. 2010 – Aprovação da Proposta de Emenda à Constituição n° 047/2003, incluindo no artigo 6° a alimentação entre os direitos sociais da Constituição Federal. 2011 – Lançamento da coletânea “Fome Zero: uma história brasileira”. Eleição de José Graziano, ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, como diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com a missão de expandir para todo o mundo programas de combate à fome.


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UNIVERSITÁRIOS

Ministério da Saúde investe em hospitais O Ministério da Saúde vai liberar mais R$ 400 milhões, até outubro,para dar seqüência ao processo de melhorias ereestruturação dos 45 Hospitais Universitários Federais do país. Com este aporte financeiro, o investimento extra do governo federal nessas unidades chegará a R$ 500 milhões em 2011 – 66,6% a mais do que ano passado. Em Alagoas, o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, tem verba prevista de R$ 4 milhões. Os recursos fazem parte Programa de Expansão e Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) e devem ser empregados na aquisição de equipamentos, reformas e na ampliação do atendimento à população. Ainiciativa é coordenada pelos ministérios da Saúde e de Educação, com o apoio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Os R$ 400 milhões serão repassados em duas parcelas: a primeira - R$ 250 milhões foi será liberada na semana passada e os outros R$ 150 milhões em outubro. No primeiro semestre deste ano, foram aplicados R$ 100 milhões para a melhoria dessas unidades. No ano passado, quando foi criado o REHUF, o Ministério da Saúde liberou R$ 300 milhões aos Hospitais Universitários Federais. “Fizemos um esforço muito grande para ampliar os recursos para os Hospitais Universitários Federais e atender as suas necessidades. Muitas dessas unidades são referências no atendimento pelo SUS e, este ano, estamos firmando o compromisso dos hospitais

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com as redes prioritárias do Ministério da Saúde”, destaca o Secretário de Atenção a Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães. “Estamos ampliando os recursos para as unidades e procurando integra-las cada vez mais ao SUS”, reforça. Para receberem parte dos recursos, os hospitais universitários precisaram se comprometer com o fortalecimento das redes de assistência lançadas pelo Ministério da Saúde, entre elas, a Estratégia Rede Cegonha, para a atenção integral de gestantes e bebês; a rede Saúde a Toda Hora, voltada ao fortalecimento da rede de urgência; a rede de atenção psicossocial para o enfrentamento do crack e outras drogas; além dos programas nacionais de controle do câncer de mama e de colo do útero. O programa prevê o aumento gradual do investimento do governo federal nas unidades, além dos valores repassados mensalmente para custear o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – em 2010, foi R$ 1,23 bilhão. O objetivo é, instituir mecanismos adequados de financiamento desses hospitais que atuam na assistência à população e na formação dos profissionais de saúde. O valor destinado a cada unidade é definido conforme o plano de reestruturação elaborado pelo gestor do hospital, com a participação da secretaria de saúde municipal e estadual e da reitoria da universidade a que está vinculado. Cada uma das 45 unidades de saúde fez um diagnóstico da situação e elencou prioridades.

Casos de coqueluche dobram neste ano em relação a 2010 Crescimento de casos ocorre pelo que se chama de “acúmulo de suscetíveis” O número de casos de coqueluche registrados no País dobrou em relação ao ano passado - passou de 291 pacientes confirmados para 583. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, garante, porém, que o Brasil está longe de um surto. Mas ressalta que o aumento de registros da doença serve de alerta para a importância da vacinação de crianças, que devem receber doses da vacina Tetravalente (difteria, tétano, coqueluche e meningite) aos dois, quatro e seis meses de vida, com dois reforços na infância. Segundo Barbosa, o crescimento de casos ocorre pelo que se chama de “acúmulo de suscetíveis”. A estimativa é de que, a cada ano, cerca de 5% das crianças não sejam imunizadas - ou por não terem tomado a vacina ou por algum problema no seu sistema imunológico. “Nos anos de 1980, registrávamos 80 mil casos por ano. Com as campanhas de vacinação, esse número caiu para 15 mil na década de 1990. Nos anos 2000 o número de casos foi estabilizado, mas a cada cinco anos temos um acúmulo de suscetíveis e os registros crescem”, afirmou. “Isso serve de alerta para que os pais continuem vacinando suas crianças”. O ressurgimento da coqueluche será um dos destaques da 13ª Jornada de Imunizações, que reunirá especialistas em São Paulo, em outubro. “Há uma preocupação maior com as crianças menores de 2 meses, que ainda não foram imunizadas. É preciso garantir que as crianças recebam as doses no momento certo e melhorar a vi-

ta epidemiológico por conta do aumento de cerca de 40% do registro de coqueluche em relação a 2010. Em 75% dos casos de coqueluche em bebês, o transmissor da bactéria vive na mesma casa da criança. Isso ocorre porque a vacina garante a imunização por cinco a dez anos. O adulto volta a ficar suscetível, contrai a doença, mas os sintomas são mais brandos. “A literatura mostra que de 20 a 25% das tosses com mais de 14 dias são coqueluche. Mas o médico não pensa nisso. Considera um problema resolvido e trata como alergia”, diz Isabella.

gilância epidemiológica, para que os casos da doença sejam identificados”, afirma a infectologista Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, seção Rio de Janeiro (SBIm-RJ). Dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo mos-

tram que as cinco crianças que morreram na cidade, até 17 de agosto, tinham menos de um ano de idade; e 70% dos casos confirmados da doença eram de bebês com menos de seis meses (quando as três doses da vacina ainda não foram ministradas). A secretaria emitiu um aler-

BAHIA - Doença comum na infância e há anos esquecida pela população brasileira, a coqueluche fez a cidade de Feira de Santana, na Bahia, virar notícia ao confirmar surto da doença que causa problemas no aparelho respiratório. Como a coqueluche é transmitida por uma bactéria, a Bordetella pertussis, e é altamente infecciosa, só há uma maneira de preveni-la: tomando vacina, que imuniza por 10 anos. Apesar de atingir principalmente bebês, quando é muito perigosa e pode levar a sérias complicações neurológicas, a doença vem infectando também os adultos, que sofrem de coriza, tosse seca e pneumonia como consequência. O tratamento consiste no uso de antibióticos prescritos por infectologistas, mediante diagnóstico. Quanto mais cedo o problema for detectado, menores são as chances de graves consequências para o paciente.


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Vivendo para os bichos Os cuidados dedicados diariamente aos bichos de estimação transformam os animais em membros da família Larissa Fontes/Estagiária

Gabriela Lapa Estagiária*

Donos que o digam: bichos de estimação são como filhos que nunca vão sair de casa. Eles precisam de atenção, de comida, têm que brincar, cuidar da saúde e, aos poucos, com jeitinho, conquistam até quem nunca imaginou criar um animal. Nise da Silveira ficou famosa por defender esses filhos de quatro patas como alternativa de terapia. E, usando gatos no tratamento de pacientes, provou que os bichos podem ter uma influência extremamente positiva na vida de quem vive para eles. Gatos ou cachorros, com ou sem pedigree, a felicidade de muita gente é ter um pet para chamar de seu. “É como uma paixão de infância. Quando era pequena, meu pai tinha uma fazenda que virou praticamente um criatório de gatos, de tantos que eu levava para cuidar lá. Bastava encontrar algum na rua, maltratado, para colocar no carro”, conta Ana Carolina Ávila. Hoje, apaixonada pelos felinos, ela trocou a fazenda do pai pelo prédio onde mora, e como não podia criar todos os animais dentro de casa, passou a alimentar os que encontrava nas redondezas. “Meus favoritos são aqueles bem sofridos, maltratados, porque posso resgatá-los e dar uma vida decente. É um pouco complicado se apegar aos gatos de rua porque você não sabe se vai vê-los novamente, mas eu adoro assim mesmo. Na minha rua, muitos vizinhos colocam

Animais de estimação podem influenciar de forma positiva a vida dos donos

veneno na comida que deixo pelo telhado; quando pego um gato, com pouco tempo ele desaparece. Mesmo assim eu adoro, alimento três vezes ao dia até os que vejo perto do trabalho”, explica. Entre as amigas de expediente, a paixão pelos animais ganhou o singelo nome de “AL Gatos”, e já rendeu até mobili-

zação para custear uma cirurgia de castração. “A gente alimentava várias famílias de gatinhos que apareciam por aqui. Um dia, chegou um bem grande e gordo; a verdadeira personificação do Garfield. Ele comia a comida dos outros gatos, deitava na cadeira do vigia, só queria ser o ‘dono do pedaço’. Convencemos uma das meni-

nas a adotá-lo, com a condição de providenciar a castração. Mas no dia da cirurgia, ninguém estava livre para levá-lo ao veterinário”, lembra Ana Carolina. Entre adiar a data da castração e garantir logo a adoção de Garfield, as amigas decidiram chamar um táxi, e como ninguém podia acompanhar o bichano até a clínica, elas tiveram

que pagar a mais para que o motorista entregasse o “passageiro” pessoalmente nas mãos da veterinária. “Acho que foi a corrida mais estranha que ele já fez”, conta, rindo, Ana Carolina. “Fizemos um monte de recomendações, colocamos o Garfield em uma gaiola, e dissemos ao motorista para ir conversando com ele, para ajudar a

desestressar. Na hora de colocálo no carro, ainda falei para o taxista não correr demais, nem fazer curvas perigosas. “O senhor sabe como é, ele vai fazer uma cirurgia e não pode ficar nervoso”, foi a última recomendação”.

*Sob a supervisão da Editoria de Cidades

Continua nas págs. A18, A19 e A20


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Gatos de rua são bons companheiros A história do Garfieldé lembrada entre risos divertidos, mas as amigas também lamentam que outras pessoas ainda hoje nutram preconceitos contra os gatos de rua. “Ao contrário do que muita gente pensa, eles também são carinhosos e bons companheiros. Quando fico doente, os meus deitam por perto; quando trabalho até tarde, eles sentam no computador, fazem aquela cara de ‘vamos dormir’. Essa ideia de que os gatos são territorialistas é só meia-verdade. Eles gostam da casa, do conforto, mas também se apegam aos donos”, argumenta Valkíria Ramos, a “mãe adotiva” do Garfield. Na casa dela, a história do gato gordo que dormia na cadeira do vigia ganhou outro nome, e mais dois companheiros. Chamado de “Bola”, o Garfield castrado passou a ser o sexto membro da família que já tinha dois gatos em casa, Frajola e Belinha. “No começo eu não queria mais um, porque dois já davam bastante trabalho. Mas, um dia, Bola levou um chute, e apareceu no meu trabalho todo machucado. Quando cheguei em casa contando o que aconteceu, minha mãe e minha filha não pensaram duas vezes: disseram logo ‘traz ele para cá, e a gente vê o que faz depois’”, conta Valkíria. Como o gordo Bola, Belinha e Frajola também entraram para a família com his-

tórico de maus-tratos. Valkíria lembra que a única fêmea do trio foi encontrada no Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa), uma ONG que recolhe animais abandonados e oferece serviços como adoção, castração e atendimento veterinário. “Eu fui com a minha filha para adotar um cachorro. Mas, assim que chegamos lá, ela correu para as gaiolas de gatos e viu a Belinha. Era a única gatinha da ninhada que ainda não tinha sido adotada, e quando viu a minha filha, se agarrou a ela com força, como se pedisse para tirá-la de lá”, conta a “mãe”. Já Frajola foi pego na Cambona bebendo água do esgoto. “Minha mãe ficou com pena, pensou que ele podia morrer se ninguém fizesse alguma coisa para ajudar; aí levamos para o veterinário e acabamos ficando com mais esse gato. Hoje eles são minha companhia; vive cada um no seu espaço, com outros dois cachorros que temos em casa”, diz Valkíria. Assim como Ana Carolina, ela também vê os animais como uma paixão, e defende os que acreditam que eles podem fazer um bem enorme aos donos. “É só prestar atenção à maneira como eles nos olham. Gatos não falam, mas se você parar para notar, têm um olhar de gratidão que é muito bonito. É quase como se tivessem consciência do que fazemos por eles”, explica. (G.L.)

As amigas Valkíria Ramos, Ana Carolina, Vanessa e Madalena Silva compartilham o amor pelos animais de estimação

Animal de estimação precisa de alguns cuidados por parte dos donos

O benefício por trás dos cuidados Essa relação de amor entre bichos e donos foi um dos fatores que fez a fama da alagoana Nise da Silveira, uma médica que já no seu tempo adivinhava o bem por trás do cuidado com os animais. Usando métodos nada convencionais para os hospitais psiquiátricos de 1946, ela provou que ter um bichinho de estimação não só estimula o afeto como ajuda a desenvolver características importantes do comportamento, como a responsabilidade. “Na verdade, é quase como cuidar de outra pessoa. Você precisa entender a importância que é ter um animal, o que é necessário para garantir o bem-estar dele, e principalmente, os cuidados necessários à sua própria saúde no relacionamento com o bichinho”, analisa o veterinário Roberto Rômulo. Em outras palavras, filhotes de quatro patas exigem tanto ou mais atenção quanto aqueles que vêm dos próprios pais. Rômulo, que tem vários animais de rua em casa, lembra que independente da raça eles vão viver bastante tempo, e ao contrário dos filhos “humanos”, nunca poderão cuidar de si mesmos. “Às vezes as pessoas querem ter um bichinho porque acham bonito, ou porque pensam que é simples tê-los por perto, mas a escolha é um pouco mais difícil”, alerta o veterinário. Para criar um animal, seja gato ou cachorro, Rômulo dá algumas orientações básicas que fazem toda a diferença. “Primeiro, se ele vem da rua, é preciso levar ao veterinário

e providenciar a vacinação e o vermífugo. Depois, esses animais têm um histórico desconhecido, e como você não sabe por onde ele passou, que doenças ele tem, não deve ter um contato próximo logo no começo. O ideal é deixá-lo de quarentena, sem contato até com os outros animais da casa”, orienta. Isso porque, de acordo com o veterinário, existem doenças que possuem um período de incubação, e não se manifestam imediatamente no animal. “Se ele pega uma virose, ou uma hidrofobia (raiva), por exemplo, ela só vai aparecer depois de algum tempo. Até lá, se houve contato com outros bichos, ele pode perfeitamente passar a doença”, explica. O veterinário reconhece que há muitos riscos envolvendo os bichinhos de estimação, mas defende que, havendo responsabilidade, a criação é extremamente saudável e benéfica, até quando envolve os que vêm da rua. “Eu, mesmo, tenho vários”, confessa. E aproveita para desmistificar os preconceitos em torno de certas espécies de animais: “gatos podem transmitir toxoplasmose se forem contaminados quando novos, mas eles não são os únicos agentes. Nós, homens, também podemos contrair a doença se comermos alimentos mal cozidos ou mal lavados. É preciso der cuidado nas duas situações, mas criar um gato não é sinônimo de ficar doente. Eles também podem fazer parte da vida de qualquer família”. (G.L.)

Ana Madalena Silva e seu marido criam os gatos Antunes e Paul


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Larissa Fontes/Estagiária

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Estrutura montada oferece espaço para o pet brincar, alimentar-se e comer

Animais têm playground, salão de festa, banho, tosa e hotelzinho

Salão de festas e creche para animais

A rejeição se transformou em afeto e cuidados “Quando peguei Antunes, eu estava de viagem marcada por uma semana para a Chapada Diamantina. Ele tinha sido arremessado do prédio, durante a noite, e passou um bom tempo miando, machucado”, conta Ana Madalena Silva. “Como nunca pensei em ter um gato no apartamento, comecei a alimentá-lo deixando a comida do lado de fora, até que um vizinho apareceu dizendo que ia matar o filhote porque não gostava dos miados”, lembra. Depois de devidamente resgatado, Antunes – que ainda não tinha nome – deveria ter ficado apenas alguns dias na casa da família. O suficiente, segundo Madalena, para ela e o marido organizarem os preparativos da viagem à Chapada. “Colocamos anúncios em todas as redes sociais, tentamos telefonar para amigos, mas ninguém queria o gato. A solução, já que a viagem estava se aproximando, foi deixá-lo em um hotelzinho que me indicaram”, conta Madalena. Aí Antunes ganhou

um nome, e o que deveria ser uma guarda provisória se transformou em adoção com direito até a data de “aniversário”. “Comemoramos em 28 de novembro, que é quando ele foi resgatado”, explica a “mãe” do siamês. O segundo filhote veio no dia da Consciência Negra, também por acaso. Madalena conta que, dessa vez, foi o marido quem encontrou o gato. Sem pensar em ter outro bicho, a estratégia do casal era não batizá-lo para não se apegar. Mas felizmente, para o gato e para eles, o plano deu errado. “Um dia, meu marido acordou e disse ‘vamos chamar o gato de Paul’”, lembra Madalena. E Paul, que já tinha data de aniversário, ganhou sobrenome Magatney. “Idéia de um amigo nosso, porque o Paul McCartney estava no Brasil”, explica. Defensora dos gatos, como as amigas do trabalho, Madalena também reconhece o bem que os bichos fizeram à ela e ao marido. “Digo que tenho duas crianças”, brinca.

“Eles estão sempre com a gente, seja esperando pela comida, por um cafuné ou só para dar ‘bom-dia’, de manhã”, completa Isabel Rodrigues, outra amiga amante dos bichos. Na casa dela, esse amor também veio por acaso. As histórias com os gatos começaram com uma fêmea siamesa batizada de “Grampola”, e uma ninhada de sete filhotinhos órfãos de mãe. “Grampola teve duas paradas cardíacas durante o parto, e não resistiu. Resultado: eu, que nunca quis bicho, tive que improvisar uma incubadora para os gatinhos e criar um esquema de revezamento para alimentá-los a cada três horas”, conta Isabel. A alimentação dos gatinhos foi recomendação do veterinário. Depois da morte de Grampola, a família de Isabel passou a se dividir para dar uma solução feita com gema de ovo, leite desnatado e mel aos filhotes. Tudo cuidadosamente misturado em uma seringa de insulina. “As coisas aconteceram em um feriadão,

então ficamos quatro dias nos revezando para alimentar os gatos, cada pessoa acordando em uma hora. Só que eles ficaram sem resistência e foram morrendo. Da ninhada toda, só restaram dois”, lembra Isabel. Depois desse episódio, a “árvore genealógica” da família ainda incluiu Galego, achado na garagem de casa, e Magaly, uma gata de rua por quem, como conta Isabel, ele se apaixonou. “Quando ela foi internada para fazer a castração, Galego passou a noite sem comer”, conta Isabel. A história ainda teve direito a 15 minutos de fama, quando o primeiro gato da família ganhou um concurso do antigo hipermercado Via Box, e passou dez dias com o rosto estampado na propaganda da marca. “Era um concurso e a história do Galego foi a vencedora. Quando lembro disso, penso em como a vida deles é difícil na rua, e como a gente pode mudá-la completamente com tão pouco, que é acolhendo e cuidando”, avalia a “mãe”. (G.L.)

Os veterinários recomendam e os donos comprovam: animais de estimação precisam ser bem cuidados. Em Maceió, quem não pode ou não tem tempo de garantir toda a atenção necessária ao seu bichinho pode recorrer à creche; um lugar onde o pet poderá brincar, tomar banho, se alimentar e “socializar” com outros bichos enquanto os donos estão no trabalho. Parece estranho? É verdade. O serviço tem três meses e já conquistou adeptos de toda parte da cidade. A proprietária e veterinária, Fabrícia Omena, diz que montou a estrutura pensando em uma maneira de contribuir com a saúde dos animais. “Algumas pessoas ouvem ‘playground’, ‘salão de festas’, ‘creche’, e pensam que é bobagem. Mas quando os bichos têm um espaço para brincar soltos, eles aliviam o estresse e melhoram o sistema imunológico. Independente da raça ou da espécie, um bichinho estressado pode ter várias complicações de saúde”, explica. Na clínica, gatos e cachorros têm direito a playground e salão de festas, além do serviço tradicional de banho, tosa e hotelzinho. Além disso, o espaço também oferece sistema de creche, no qual o bichinho entra de manhã e sai à noite. “Ele brinca, come, toma banho, depois vai para casa”, diz Fabricia. “É ótimo para os donos ocupados, ou que moram em apartamento, e não tem tempo de dar atenção ao animal”. A idéia do espaço veio depois de uma pesquisa feita em São Paulo. “Ao longo do curso de veterinária fui me apaixonando pelos bichos menores, me afeiçoando aos cães, gatos, e quando fui a São Paulo percebi que o playground faz

muito sucesso por lá. Há três meses montamos tudo, em Maceió, apostando nas pessoas que vivem em apartamento, e até agora tem sido maravilhoso”, comemora a veterinária. Para quem usa o serviço de hotelzinho, quando a família viaja e não tem onde deixar o pet, é preciso seguir algumas regras. Fabrícia explica que não há limite de dias para a estadia do bichinho, mas antes de ele chegar é preciso fazer um teste, e deixá-lo por um dia ou dois no hotelzinho, para se acostumar. “Assim temos como saber se ele é sociável e se não vai ter problema com os recreadores”, acrescenta. Também é importante, segundo a veterinária, que o dono leve a ração habitual, a cama e até os brinquedos com os quais o animal está familiarizado. “Ficar longe dos donos, principalmente para os cachorros, é muito difícil. Com as coisinhas dele, esse processo fica mais tranqüilo”. O espaço também dá oportunidade para os donos mais entusiasmados comemorarem os aniversários dos filhotes. Com capacidade para até 40 pessoas e 30 animais, o salão fica reservado aos “humanos”, como explica Fabrícia, e o playground fica aberto exclusivamente para o aniversariante, com seus convidados “animais”. “A pessoa que vai fazer a festa organiza o Buffet e nós damos a estrutura, com mesas e cadeiras”, completa. A próxima festa já tem data marcada e até tema. “Será sobre os smurfs. Algumas pessoas acham estranho, à primeira vista. Mas, falando a verdade, quem já teve um bichinho e nunca pensou em fazer festa para ele?”, brinca Fabrícia. (G.L.)

Cemitério de animal de estimação Cemitério tem espaço para o “descanso” dos bichinhos Quem tem animal de estimação, na certa já pensou no que fazer quando ele se for. Por medida de segurança sanitária, o dono não pode simplesmente enterrar o bichinho no quintal de casa. A alternativa, para os mais apegados, é recorrer ao cemitério de animais, um serviço semelhante ao cemitério dos homens, mas que contempla exclusivamente os pets. Em Maceió, a oferta é relativamente recente, tem apenas um ano. O proprietário, Jairo Miranda, conta que criou o cemitério porque percebeu que, mesmo sendo uma idéia pouco habitual, tinha uma demanda promissora na capital. “Vi muitas pessoas se perguntando o que fazer quando os animais de estimação morriam. Em Recife já existe até crematório para esse “público”, mas aqui havia uma carência grande do serviço. Foi quando consegui o espaço e a au-

torização para funcionar, e desde então trabalho com uma equipe para dar aos bichinhos um descanso digno”, explica. No cemitério, como em qualquer outro, cada sepultura tem direito a uma lápide, onde o dono do finado animal pode colocar o que quiser: o nome, um epitáfio, ou mesmo a foto. Quando o serviço é contratado, um carro vai até a casa da família, envolve o animal em um pano específico (ataúde) e leva até o cemitério, onde é feito o enterro. “A família pode acompanhar, colocar flores. O espaço só não permite animais de grande porte, com mais de 60kg, e imagens de santos ou que remetam a alguma religião”, esclarece Jairo. A proposta, para receber a todos por igual, é ter um local ecumênico, onde as famílias se sintam à vontade, independente da crença que tenham, para deixar o seu animalzinho descansar em paz. (G.L.)


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Em Murici, montagem rápida agiliza reconstrução de casas Enchimento com concreto celular permite melhor conforto térmico Fotos anexas: Matheus Sandes

Assessoria Seinfra

Secretaria já disponibilizou cartazes convocando para cadastramento

VAGAS NA ESCOLA

Crianças do Carminha serão cadastradas A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), por meio da Superintendência de Articulação de Projetos Sociais, realizará o cadastramento de todas as crianças e adolescentes moradoras do Conjunto Santa Maria, no bairro do Eustáquio Gomes. O levantamento, realizado por assistentes sociais da Seinfra e mais sete voluntários, ocorrerá nos dias de amanhã até o dia 28 de setembro, das 8h às 12h e das 14h às 18h. A ação social faz parte do Projeto de Urbanização da Orla Lagunar, que contemplou 821 famílias com novas casas no Conjunto Santa Maria e visa atender a demanda de ensino fundamental por meio da nova escola que está sendo construída para os moradores. “É sempre um sufoco levar meus quatro filhos pra escola. Preciso caminhar vinte minutos com eles, porque não tenho como pagar passagem de ônibus. Agora, com a escola no conjunto não vou ter mais essa

preocupação”, declara aliviada a dona-de-casa Cristiane Vieira, de 37 anos, que também tem uma filha fora da escola por falta de vaga em uma unidade mais próxima. Para a presidente do Conjunto Santa Maria e líder fiscal da comunidade Mundaú, Marta Lúcia Silva, a iniciativa vai evitar futura evasão escolar. “Muitos alunos têm dificuldade de frequentar escolas devido à distância. Além disso, há aqueles que ainda nem foram matriculados. Com a escola perto de casa, eles dificilmente abandonarão as aulas”, declarou. De acordo com a superintendente de Articulação de Projetos Sociais da Seinfra, Angela Paim, a ação permitirá o acesso de todas as crianças residentes no conjunto à educação. “Esperamos, dessa forma, que cada criança que esteja fora da sala de aula, seja por condições financeiras ou dificuldades de acesso, complete o ciclo educacional”, destacou Paim.

A novidade chama a atenção de quem visita o canteiro de obras dos residenciais Pedro Tenório Raposo e Major Olavo Calheiros Novaes, em Murici. Mais de 2,3 mil casas do Programa da Reconstrução estão sendo erguidas por meio de uma tecnologia mais rápida que a construção convencional, informou a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) nesta quinta-feira (22). Fôrmas pré-instaladas são preenchidas diariamente com concreto celular, um tipo especial de concreto que, além de permitir melhor conforto térmico, reduz a produção de entulhos nas construções. A tecnologia está sendo utilizada com sucesso no residencial Pedro Tenório Raposo, onde três casas são erguidas por dia, além das casas já construídas em alvenaria. De acordo com um dos engenheiros responsáveis pelas obras, Fábio Vieira, mais de 800 casas já estão em fase de acabamento e a previsão é utilizar o concreto celular também no residencial Major Olavo Calheiros. “O trabalho funciona assim: cada fôrma equivale a uma casa inteira, que é montada e depois preenchida com concreto celular. O processo para desmontagem dura um dia e então a fôrma já vai ser montada para outra casa. Essa tecnologia reduz a geração de entulhos na obra e proporciona ao morador da casa um conforto térmico, já que esse tipo de concreto não propaga calor”, explica o engenheiro Fábio Vieira, da empresa Telesil.

Formas pré-instaladas são preenchidas com concreto celular; isso reduz a produção de entulhos

Obras propiciam geração de emprego Os residenciais Pedro Tenório Raposo e Major Olavo Calheiros Novaes estão sendo construídos por meio do programa Minha Casa, Minha Vida e serão destinados aos desabrigados das enchentes que atingiram Alagoas em 2010. Mais de 50% das obras já estão concluídas e cerca de 800 homens trabalham nas construções. Para o secretário de Estado da Infraestrutura, Marco Fireman, a geração de empregos é um dos fatores mais importantes dos empreendimentos. “Nossa orientação desde o início foi que as empresas dessem prioridade aos trabalhadores locais. Muitos dessas pessoas estavam ociosas e foram capacitadas para atuar nas construções”, diz Fireman. Seguindo orientação do governo de Alagoas, as empresas Telesil e Engemat deram prioridade à contratação de mão-deobra local. Mais de 500 dos tra-

balhadores da obra são de Murici ou de regiões vizinhas, incluindo vítimas das enchentes, como oservente de obras José Adriano Barbosa, de 30 anos. O morador relembra com tristeza o momento de aflição, quando viu a casa da família sendo destruída pela enchente. “Na agonia das coisas, só deu tempo de salvar minha mãe, que só não morreu porque a puxei pelo braço. Perdi um familiar e todas as minhas coisas”, desabafou José à equipe da Seinfra. Mas, para ele, trabalhar na construção da própria habitação e de tantos outros amigos também vítimas das enchentes é um consolo e uma alegria. “Estou muito aliviado e feliz por saber que vou ter uma casa para morar com minha família e uma casa ainda mais segura do que a que eu tinha. Estou muito feliz por estar construindo minha própria

casa”, diz José Barbosa. Em União dos Palmares, a empresa Sanco também inovou para agilizar a construção das casas para os desabrigados das enchentes. Paredes pré-produzidas em fôrmas de aço permitem que várias casas sejam erguidas diariamente. No Residencial Newton Pereira Gonçalves, a tecnologia intensificou o ritmo das construções 2.020 casas e o conjunto será um dos primeiros a serem entregues em Alagoas. A cobrança por trabalhos diuturnos vem sendo feita pelo governo estadual desde o início das contratações das empresas junto à Caixa Econômica Federal. Para a superintendente de Política Habitacional da Seinfra, Marisa Perez, os investimentos realizados pelas empresas em novas tecnologias é resultado do acompanhamento do governo estadual sobre as obras.


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Escolas viram território de guerra As escolas públicas de Alagoas travam um luta para que a violência não faça novas vítimas dentro da instituição Fotos: Yvette Moura

Láyra Santa Rosa Repórter

Os últimos meses não foram fáceis para educação pública em Alagoas. Se não bastassem os problemas estruturais, a violência invadiu o universo escolar, tirando a vida de profissionais da educação, ferindo alunos e maculando um local que para muitos parecia seguro. E por mais que seja reforçada a segurança nas escolas, o problema não para de crescer. Depois de ser alvo de tráfico de drogas e precisar fechar às portas com receio da violência, a escola municipal Rui Palmeira, no Vergel do Lago, agora parece um reality show com câmeras espalhadas por toda parte. A medida de segurança foi tomada em março, após a direção detectar que traficantes da Vila Brejal tinham invadido a escola para fazer de lá, ponto de drogas no horário noturno. “Foi um momento crítico. Algumas pessoas que tinham envolvimento com drogas vinham dizendo que queriam estudar, mas estavam presentes para comercializar entorpecentes para outros alunos. A direção ficou desesperada e decidimos fechar às portas até que algo fosse feito. Hoje, temos câmeras de segurança por toda parte e também recebemos duplas de policiais para fazer a segurança. Depois disso, tivemos uma evasão no horário da noite de quase 70%”, disse uma diretora da Rui Palmeira, que preferiu não se identificar. Ainda segundo a educadora, a situação na escola hoje é mais calma, apesar de ainda existirem muitas brigas entre

Na Escola Rui Palmeira, o videomonitoramento foi a solução encontrada para afastar a delinquência

alunos e algumas agressões verbais a professores. “Existem alunos que não respeitam professores e a qualquer atitude mais brusca, eles ficam agressivos, respondem e até fazem

ameaças. Nesse caso, chamamos os pais, para que eles tomem a providência. Só que a violência vem de casa. Eles aprendem a serem agressivos na rua e isso reflete dentro da

escola”, falou. A porteira Teresinha Soares trabalha na escola há mais de 15 anos e revela que é preciso ser linha dura, para manter a ordem. “Estou aqui pela

manhã e esses meninos não respeitam ninguém. Fazem bagunça, brigam o tempo todo e são violentos. Mas, comigo isso não acontece, porque sou linha dura. Tenho que manter a

ordem e muitas vezes “engrosso” a voz, para conseguir controlá-los. Falta a cultura de paz nessa escola e na vida desses meninos”, afirmou. Continua na página A23


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Violência vem dominando o espaço que deveria ser de aprendizado A situação de violência nas escolas tem se agravado. Em agosto, a invasão de um homem armado à escola Estadual Rosalvo Lobo, na Jatiúca, chamou a atenção para o perigo que os alunos da rede pública têm corrido. No horário da tarde, um jovem identificado como Rafael da Mancha, entrou no prédio, atirou em duas pessoas e fugiu correndo. As duas vítimas, uma aluna de 17 anos e o porteiro Janilson Alves Pinto, 44, não eram os alvos do bandido, mas acabaram sofrendo as consequências. A menina teve ferimentos leves, já o por-

teiro acabou morrendo, após ficar internado por alguns dias. Depois do crime, professores e alunos não quiseram mais voltar ao trabalho, só depois que a segurança fosse reforçada. “O que nós queremos é apenas segurança. Não temos como educá-los nos sentindo inseguros”, disse o professor de educação física da escola, Alexsandro Santos Vieira na época do ataque. As aulas na escola voltaram na última quarta-feira, com homenagens às vítimas do atentando. No evento a diretora da unidade, Lucy Jane Lins pres-

tou esclarecimentos aos alunos e pais sobre como deve acontecer o funcionamento da escola, que logo após o atentado ainda sofreu com a queda do teto de uma das salas. “Todo o trabalho necessário está sendo feito pela escola e pela Secretária de Educação para que nossos alunos não sejam prejudicados. Também vamos nos reunir para definir como será feita a reposição dos dias de aula paralisados para que não haja atraso do ano letivo e as aulas terminem na data prevista”, afirmou. Já no início de setembro, a violência voltou a atingir outra

escola em Maceió. Dessa vez, a confusão ocorreu na Escola Estadual Guiomar Almeida Peixoto, antigo Grupo Escolar Sete de Setembro, na Ponta Grossa. Em intervenção há dois meses, justamente para tentar mudar essa realidade agressiva de seus alunos, a escola foi alvo de um ato de vandalismo, promovido por jovens que estudavam no período noturno. A confusão começou por volta das 20h, do dia cinco de setembro e só acabou com a chegada da polícia. Segundo informações da direção da unidade escolar, a diretora Maria

Salete, teria pedido para um aluno desligar um som, que estava atrapalhando as aulas e retirar um boné para permanecer em sala de aula. O aluno não atendeu a determinação e junto com outros amigos, resolveu promover o quebra-quebra. Mesas, cadeiras, ventiladores e até bebedouros foram depredados pelos alunos, que reviraram pelo menos duas salas de aulas da escola. Eles só foram controlados com a chegada da Polícia Militar, que reforçou a segurança no prédio. Essa atitude mostra a inversão de valores que está

acontecendo dentro da escola, onde elas só conseguem voltar a funcionar depois da instalação de duplas policiais. “Estamos buscando formas de manter uma cultura de paz na nossa escola. Ninguém está com medo de trabalhar, mais é preciso um reforço da polícia, para garantir a ordem. Infelizmente, ainda temos alunos que perdem os limites e cometem atos de vandalismo como este que aconteceu”, disse o representante da 1ª Coordenadoria Regional de Ensino (CRE), Arsélio Alves. (L.S.R.) Fotos: Larissa Fontes/ Estagiaria

Alunos do Rosalvo Lôbo pediram, em protesto, reforço na segurança após a morte de um funcionário

Na Escola Guiomar Almeida, na Ponta Grossa, alunos praticaram atos de vandalismo no turno da noite

Cultura de paz começa em casa A paz deve se tornar uma rotina Educação emocional. Essa pode ser a chave para uma cultura de paz, dentro das escolas públicas alagoanas. Diante de tanta violência 16 cidades do Estado, já iniciaram o projeto Paz nas Escolas com suporte da Secretaria da Paz, que visa ensinar às crianças das séries iniciais a cultivar o amor ao próximo, controlar seus extintos e expressar seus sentimentos, longe da agressividade. O projeto ainda está em fase inicial, mas já tem tido alguns resultados, de acordo com os próprios diretores de escolas, que tiveram reunidos para trocar experiências na última quinta-feira. “É tudo muito novo mais já podemos perceber a mudança no comportamento de cada um deles. Antes, eles eram agressivos, brigavam o tempo todo e não respeitavam a figura do professor. Agora estão mais calmos e entendendo a importância de manter a paz”, disse Lucidalva Gomes dos Santos, professora da Escola Pedro Carvalho Pedrosa, que fica na cidade de Coqueiro Seco. De acordo com a professora a escola fica localizada num bairro violento da cidade, onde existe tráfico de drogas, prostituição infantil, alcoolismo e até mesmo agressões dentro das próprias casas. “As crianças vivem uma cultura de violência. Aprendem a ser agressivos dentro de casa e nas ruas. Vivem com medo e receio de falar o que sentem. A violência acontece na maior parte fora da escola, mas se reflete dentro, o tempo todo. Tanto que o comportamento da maioria é agressivo”, relatou. Com a aplicação do projeto, cerca de 180 crianças da educação básica, com idades entre 8 e 10 anos, passaram a refletir sobre a violência. “Eles aprendem a serem agressivos nas ruas e agora, estão aprendendo a refletir sobre suas emoções dentro da escola. Nas aulas eles falam sobre seus sentimentos, aprendem a relaxar e pensar antes de tomar qualquer atitude. Estamos com o programa desde agosto, está no começo, mais eles já estão diferentes. Isso é muito bom”, falou Lucidalva. Em Maceió, o projeto Paz nas Escolas foi implantando apenas na Escola Municipal Professor Petrônio Viana, que fica localizada no conjunto Carminha, no Benedito Bentes, um dos mais violentos da capital. A instalação do projeto aconteceu após o

Fotos: Yvette Moura

O projeto Paz na Escola surgiu há cinco anos e foi aplicado em São Paulo e Minas Gerais. Ele foi criado diante da necessidade de trabalhar situações reais como violência urbana e principalmente dentro das famílias. O idealizador do projeto Paz na Escola, o professor paulista João Roberto Araujo, também esteve em Alagoas na última semana e explicou um pouco sobre a importância de cultivar a paz, através da educação emocional. “As pessoas acham que violência se resolve com políticas de repressão, através da polícia e da Justiça. Isso também tem que ser trabalhado, mas não é a única alternativa. Costuma dar um exemplo que é o caso da Meningite, se os

médicos tratam apenas a febre, a bactéria continua. Bem assim é a violência, se tratamos apenas a repressão o problema não passa. É preciso políticas sociais mais firmes e que ensinem uma nova forma de pensar nessas crianças, onde a paz se torne uma rotina”, explicou o professor João Roberto. Segundo o idealizador do projeto, um dos maiores problemas da violência é o analfabetismo emocional. “As crianças são reeducadas. Elas passam a ter aulas semanais, onde recebem acompanhamento dos professores para aprender a lhe dar com raiva e suas emoções. A paz se aprende e é isso que queremos ensiná-los”, falou. “Com essa educação pela paz, as crianças acabam se tornando multipli-

cadores e eles exercem uma influência grande nas suas famílias. E isso se torna um movimento grande, onde uma sociedade se modifica”. O projeto consiste em aulas de meditação com música, momento de reflexão, conversas em grupos, livros didáticos e até quadro da emoção, para que cada criança possa expressar o que está sentindo e seja orientada pelos educadores de como agir. “Os professores passam a perceber o estado emocional dos alunos e ajudálos a lhe dar com esses sentimentos. As crianças aprendem como se comportar, para preservar essa paz”, completou o professor, informando que além de Alagoas, outros 17 estados brasileiros já têm o projeto implantando. (L.S.R.)

Secretário Jardel Aderico destaca que 16 cidades já estão no projeto

local ser alvo constante de crimes bárbaros, como foi o caso do assassinato da empregada doméstica, Maria de Lourdes Farias, que foi esquartejada por traficantes na frente da comunidade. Apesar do fato não está diretamente relacionado com a escola, acabou influenciado no emocional dos alunos, que passaram a ver fatos como este de forma banal. “A violência não é banal. Ver uma pessoa morta, com a cabeça degolada não pode ser tratado como fato comum e isso vinha acontecendo com as crianças daquela comunidade. Não temos índices graves de violência dentro da escola, mas sabemos da inversão de valores que acontecia na vida dos nossos alunos. Eles passaram a admirar traficantes como heróis, brincavam como bandidos e queremos muda essa situação”, disse a diretora da escola no Carminha, Roxana Araújo da Silva. O projeto ainda está sendo iniciado. Os professores foram treinados e devem iniciar as aulas nos próximos dias. “Queremos alfabetizar a emoção das nossas crianças. As aulas serão mais lúdicas, trabalhando a amizade, respeito e tolerância. A nossa meta é tentar tirar a perversidade e violência da vida das nossas crianças, ajudando a levar para a paz para vida deles e para dentro de casa. Acredito nesse projeto e que vamos formar adul-

tos melhores. É uma ação que tem tudo para dar certo na nossa comunidade”, relatou, dizendo que cerca de 400 crianças devem ser beneficiadas com a implantação do projeto.secretário da Paz, Jardel Aderico, informou que a meta do órgão é que o projeto seja implantado em todo o Estado. “É um investimento grande, que requer parceria com os municípios, mas estamos trabalhando, para que essa cultura de paz chega à todas as cidades alagoanas. Existe um apelo muito grande dos educadores, para que a paz esteja no ambiente escolar, que acaba sendo reflexo da violência que atinge o Estado”, disse. Para Jardel Aderico esse projeto é de grande importância, pois ensina as crianças a mudarem seus conceitos. “Em casa, aprendemos a resolver tudo na violência e agora, queremos mudar isso, através de um conjunto de ações, que se inicia dentro da escola, com a educação emocional. As crianças vão aprender a tratar o medo, ciúme, raiva, além de entender a conviver com as diferenças”, falou. “Tratando o emocional acredito que vamos mudar a realidade de muitas crianças, já que elas vão sentir necessidade de usar drogas, se envolver com alcoolismo e violência. É uma estratégia que deve mudar essa situação”. (L.S.R.)

Roxana Araújo, diretora de uma escola no Carminha: “Há uma inversão de valores na vida dos alunos”


O JORNAL

Arapiraca A24

Domingo, 25 de setembro de 2011

| www.ojornalweb.com | e-mail: municipios@ojornal-al.com.br Fotos: Cortesia/ Bruno Veríssimo

Ao fundo, o prédio onde os animais são abatidos em condições duvidosas de higiene e conservação

Os currais são depósitos ao ar livre de dejetos e restos dos mais de 100 animais abatidos em Arapiraca

Matadouros em caos pelo interior Enquanto o novo abatedouro de Arapiraca não fica pronto, o velho recebe animais de outras cidades Carlos Alberto Jr. Repórter

ARAPIRACA – Já não é de hoje que a situação dos 81 matadouros de Alagoas é caótica. Os problemas são os mais diversos possíveis, os quais deveriam ser impensáveis, quando se fala em saúde pública, a ponto de 17 estarem interditados. O mau cheiro é o menor deles ao se entrar no de Arapiraca, por exemplo, mesmo após o local ter acabado de ser lavado, como a reportagemo a constatar na última quintafeira, 22, ao adentrar no prédio, além de antigo, mal conservado, localizado no bairro Cacimbas, de onde se pode ver um dos cartões postais da cidade, o Lago da Perucaba. Também por causa dos

problemas verificados no Matadouro Público de Arapiraca, prefeitos e secretários municipais das regiões Agreste e Sertão do Estado compareceram a uma reunião no Fórum Estadual de Arapiraca, na última terça-feira, dia 20. Na verdade tratou-se de uma audiência pública que discutiu a grave situação, na qual se encontram os matadouros alagoanos, principalmente os do interior. Os representantes das cidades receberam dos procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) recomendações sobre as medidas urgentes que devem ser tomadas para melhorar as condições de trabalho nos abatedouros e também coibir a presença de crianças nesses locais.

A reunião foi uma iniciativa do MPT, em parceria com o Ministério Público Estadual (MPE), Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Os procuradores do Trabalho, Adir de Abreu, Alexandre Magno, Gustavo Accioly, Rodrigo Alencar e Virgínia Ferreira ouviram os gestores, esclareceram dúvidas e cobraram mudanças urgentes. Virgínia Ferreira deixou claro que, ao entregar a notificação recomendatória, o MPT está dando uma chance para que os gestores façam as adequações necessárias para dar condições mais dignas aos trabalhadores que trabalham nos matadouros. “Nosso intuito é resolver o problema

sem precisar recorrer à Justiça do Trabalho, mas se a situação degradante permanecer temos provas suficientes para adotar as medidas legais e judiciais cabíveis”, ressaltou. Para o procurador Gustavo Accioly, só com a melhoria das condições dos matadouros, em respeito à Constituição Federal e às normas de segurança e saúde do trabalho, será possível dar dignidade ao trabalhador. “Para sensibilizarmos a sociedade e os gestores, é necessária a atuação do Ministério Público e dos parceiros”, disse. De acordo com Alexandre Magno, a notificação recomendatória traz vários itens sobre o que os gestores têm de fazer para melhorar as condições de trabalho e, consequentemente, de higiene dos matadou-

ros. “Instalações de pisos adequados e sanitários, fornecer equipamentos de proteção individual e comprovar que menores de 18 anos não frequentam os matadouros”, esclareceu. 15 DIAS - Os municípios que receberam as notificações, como foi o caso de Arapiraca, têm prazo de 15 dias para apresentar ao MPT documento indicando como será cumprido cada um dos itens recomendados. “A notificação é para que os gestores tomem conhecimento do que é necessário fazer para adequar o meio ambiente de trabalho e regularizar a situação. Essa responsabilidade é do município”, completou Alexandre Magno. O secretário municipal de

Agricultura, Manoel Henrique Bomfim Cavalcante, participou da reunião e recebeu a carta recomendatória dos representantes do MPT e do MPE. “Agora temos 15 dias para atender o que estão nas exigências feitas pelo Ministério [Público do trabalho]. Nosso matadouro atende uma demanda elevada, da cidade e de alguns municípios vizinhos. O município tem interesse de se adaptar às novas regras colocadas”, justificou. A notificação também será entregue aos prefeitos dos municípios da região do Sertão e da Zona da Mata, quando da realização de audiência públicas em Delmiro Gouveia e União dos Palmares, cujos dias serão agendados nos próximos dias pelo MPT.

Alternativas para solução dos problemas

Nova sede está escondida no meio do mato e com acesso precário

Atraso de um ano e seis meses na obra As obras do novo Matadouro Público de Arapiraca, orçadas em pouco mais de R$ 3 milhões, com recursos federais e estaduais, começaram no dia 1º de janeiro de 2010 e a previsão, segundo conta na placa era de exatamente um ano. No entanto, elas estão atrasadas há quase um ano. A previsão dada pelo secretário municipal de Agricultura, Manoel Henrique, é que ela perdurem por, pelo menos, mais seis meses. Durante a visita feita na última quinta-feira, dia 22, ao canteiro de obras, localizado no povoado Baixa da Onça, a reportagem do O JORNALprecisou passar por uma ponte feita de pedras para chegar ao local que fica localizado literalmente no meio do mato, num terreno com área total de 10 mil m2. Apenas 20 pessoas trabalham na obra, que parece estar sendo tocada de forma lenta. A equipe de reportagem foi acompanhada pelo encarregado da obra, Josenildo da Silva, que apresentou todas as instalações. Quando estiver pronta, a nova

unidade deverá ser enquadrada como uma das mais modernas do Nordeste, dada a suntuosidade do prédios e dos equipamentos que deverão ser instalados. Serão seis currais para bovinos, caprinos e equinos e duas lagoas para tratamento dos dejetos líquidos. De acordo com o encarregado, a construtora EISA Engenharia deu prazo para término das obras até o próximo mês de outubro, informe que contrasta com o fornecido pela prefeitura. O secretário de Agricultura de Arapiraca salientou que, após a inauguração do novo matadouro, a unidade deverá atender a demanda de outras cidades da região Agreste que ainda não terão condições para se adequar às novas determinações apresentadas durante a reunião da última terça-feira. “Hoje nós abatemos, 150 cabeças de animas, em média. Esse número deverá ser ampliado de forma significativa, o suficiente para atender Arapiraca e região. Essa é nossa expectativa”, frisou. (C.A.J.)

A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Virgínia Ferreira, esclareceu que o município que não puder manter as condições ideais devem buscar alternativas, como por exemplo, fazer o abate de animais de forma regionalizada, a chamada gestão consorciada. “Os gestores têm autonomia para buscar soluções. O que não podem é deixar a situação como está”, enfatizou. O secretário municipal de Agricultura de Arapiraca, Manoel Henrique, disse que hoje a matadouro recebe animais apenas da cidade de Campo Alegre. No total, em média, por dia, o número de abatidos chega a 150. Ele não viu problema na gestão consorciada, desde que as cidades-pólo não fiquem sobrecarregadas. Com relação à proposta de consórcio entre os municípios para gerir os matadouros, a secretária de Infraestrutura de Taquarana, Maria Edina Cavalcante, falou da dificuldade de gerência, caso isso seja concretizado. “Cuidar de matadouro não é fácil e custa caro para o município. Creio que fazer uma gestão consorciada é um projeto inviável porque muitos municípios são envolvidos e é muito complicado. O ideal seria realmente terceirizar esse serviço”, defendeu. Sobre a terceirização dos matadouros, o secretário de Agricultura de Delmiro Gouveia, Antenor Serpa, informou que esse projeto está em prática desde agosto de 2010. “Todas as melhorias, inclusive aquisição de câmeras frias, estão sendo feitas sem ônus para o contribuinte. Tudo é investimento da empresa que administra o abatedouro”, justificou. Serpa garantiu que o município de Delmiro deixou de gastar 30 mil reais por mês com o matadouro. “Estamos melhorando a estrutura do local e teremos capacidade

Carlos Alberto Jr.

Representantes dos municípios receberam terça-feira as novas recomendações do MPT, em Arapiraca

para atender a demanda de mais sete município do alto Sertão”, revelou. O juiz Giovanni Jatubá, diretor do Fórum Estadual, destacou a atuação do MPT no sentido de buscar o diálogo aberto com os municípios antes de partir para o enfrentamento com os municípios e exigir o cumprimento da legislação trabalhista. “O Ministério Público primeiro faz um trabalho de orientação e ouve os municípios sobre suas peculiaridades e, em não resolvendo, aí sim, partirá para as vias judiciais”. O magistrado também sugeriu um trabalho conjunto do MPT com os juízes que atuam nas cidades do interior para coibir a presença de crianças e adolescentes nos matadouros. “O combate ao trabalho infantil nos matadouros é também de responsabi-

lidade de cada juiz da Justiça Estadual que atua nas comarcas. Cada um deles dispõe de mecanismos, inclusive o Conselho Tutelar, para fiscalizar os locais”, completou. CAMPANHA - Você sabe o que existe por trás da carne que você come? Essa é a pergunta que o Ministério Público do Trabalho (MPT) faz na campanha lançada durante a audiência pública, realizada em Arapiraca, na última terça-feira. O tema é voltado a cobrar soluções para o problema das péssimas condições de trabalho nos matadouros alagoanos, bem como, alertar a população sobre os riscos para saúde pública. Segundo a procuradorachefe do MPT em Alagoas, Rosemeire Lopes Lôbo, o objetivo da campanha é mostrar a falta de condições mínimas de

higiene e de funcionamento dos matadouros. “Queremos alertar a população sobre os riscos de se consumir carne vinda de ambientes insalubres de sem higiene, além de exigir providências urgentes dos gestores públicos, porque os matadouros, como estão, prejudicam a saúde e a segurança do trabalhador e mantêm crianças trabalhando”, enfatizou. De acordo com dados da Adeal, dos 81 matadouros existentes em Alagoas, 17 estão interditados e, dos demais, poucos possuem condições de funcionamento. A campanha institucional do MPT tem apoio do Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região, do Ministério Público Estadual e da Superintendência do Trabalho e Emprego (SRTE/AL). (C.A.J.) Continua na página A26


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ENTREVISTA/ALEXANDRE MAGNO

Municípios precisam se ajustar às normas lançadas pelo MPT O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Alexandre Magno, em entrevista exclusiva a O JORNAL revelou que apenas dois dos 59 matadouros públicos de Alagoas estão em condições de funcionar normalmente. Para ele não importa se a gestão será No caso de Arapiraca, o atual matadouro público está em péssimas condições de higiene e conservação. O município já recebeu alguma notificação sobre isso? Infelizmente, a situação do matadouro público de Arapiraca não é exceção, e sim regra. Apenas para se ter uma idéia, de acordo com relatório a nós enviado pela Adeal [Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas], do ponto de vista sanitário, nas regiões do Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, atendidas pelo Ministério Público do Trabalho em Arapiraca, apenas dois matadouros, os de Igreja Nova e Delmiro Gouveia, em um universo de 59 municípios, se encontrariam em condições de funcionamento, o que não significa que estes matadouros atendam às normas de segurança e saúde do trabalho, visto que a Adeal não fiscaliza o cumprimento destas normas. Diante desse quadro, instauramos inquéritos civis em face de todos os municípios do Estado de Alagoas, com exceção dos que já possuíam Termo de Ajuste de Conduta firmado ou estavam respondendo a ações judiciais em curso. Requisitamos desses municípios o envio de diversos documentos, relativos à observância das normas de segurança e saúde do trabalho, bem como à existência ou não de trabalho infantil nos matadouros. Além disso, realizamos, no último dia 20, audiência pública, no Fórum de Arapiraca, para tratar do tema, ocasião em que alguns municípios, dentre eles o de Arapiraca, receberam notificação recomendatória, visando à adequação do ambiente de trabalho dos matadouros às normas de segurança e saúde do trabalho, e à erradicação do trabalho infantil nos

terceirizada ou consorciada, sendo importante atender às normas de meio ambiente do trabalho. Quando o assunto é o trabalho infantil, ele afirmou que ações estão sendo desencadeadas pelo MPT para acabar com esse problema. Carlos Alberto Jr.

matadouros públicos. Na mesma audiência pública, lançamos a campanha “Você sabe o que existe por trás da carne que você consome?”, visando conscientizar a população, pois os problemas existentes nos matadouros públicos em Alagoas afetam não só a saúde dos trabalhadores que ali exercem sua atividade, mas toda a população, sujeita a diversas doenças decorrentes das condições em que o abate é realizado, transmitidas não só pela carne, mas em alguns casos pela água dos rios, visto que em alguns municípios os dejetos são lançados diretamente nos rios, sem qualquer espécie de tratamento. Arapiraca já apresentou o documento indicando o cumprimento das recomendações do MPT? E no caso de outras cidades? Na notificação recomendatória entregue no último dia 20 [terça-feira] ao município de Arapiraca, consta o prazo de 15 dias para o mesmo se manifestar quanto ao cumprimento das recomendações do MPT. O mesmo vale para as cidades que receberam a notificação recomendatória em audiência - foram 19 municípios ao todo. As demais receberão a notificação recomendatória nas respectivas prefeituras e deverão se manifestar sobre o cumprimento das recomendações no mesmo prazo. Há previsão, também, de nova audiência pública, para a região do Sertão, que deverá ser realizada em Delmiro Gouveia. As obras do novo matadouro de Arapiraca estão com atraso de quase um ano. Vocês fizeram ou estão fazendo algum tipo de fiscalização no andamento das obras? O que o município justificou para esse atraso?

Durante audiência pública de terça-feira, Alexandre Magno, disse que modelo atual é deficitário

O foco da nossa atuação está sendo a adequação dos matadouros existentes às normas de segurança e saúde do trabalho, até porque a construção de matadouros públicos está sujeita a diversos imprevistos, inclusive de ordem política, e a saúde dos trabalhadores e da população não pode esperar que um dia esses matadouros fiquem prontos. Há outros matadouros na mesma situação, como o de Quebrangulo, que está previsto para atender 18 municípios e não saiu do papel, e o de Campo Alegre, onde quem passa pela estrada em direção a Arapiraca vê que só há a placa indicando a realização da obra. Na audiência pública realizada no último dia 20, o representante do município de Arapiraca se manifestou no sentido de que a obra seria concluída no próximo ano. O que o senhor acha mais

viável, a gestão consorciada ou a terceirização? Não tenho preferência por modelo de gestão, o importante é que atenda às normas de meio ambiente do trabalho. Porém, como reconheceram alguns representantes municipais na audiência pública realizada no último dia 20, o modelo atual é deficitário para os próprios municípios, de modo que o ideal seria o fechamento da maior parte dos matadouros públicos, e a concentração do abate em algumas cidades-pólo, dentre elas Arapiraca, por exemplo. O problema da gestão consorciada é que a atividade fica sujeita às variáveis da política, com possíveis retrocessos a cada mudança de gestores públicos municipais. A experiência da terceirização está sendo realizada, por exemplo, em Delmiro Gouveia, um dos melhores matadouros da re-

gião, segundo a Adeal. Porém, deve-se destacar que a terceirização não retira a responsabilidade dos municípios, do ponto de vista trabalhista, conforme entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho. Sobre o fechamento dos matadouros que matam menos de 10 cabeças por dia, o que está sendo feito? Em reunião realizada em 19 de agosto, na sede do Ministério Público do Trabalho, em Maceió, ficou acordado o fechamento desses matadouros por parte da Adeal, em até 30 dias. Não recebemos nenhuma informação oficial por parte da Adeal até o momento. O que de concreto existe sobre a fiscalização do trabalho infantil nos matadouros públicos de

Alagoas? Além dos procedimentos já abertos em relação a cada matadouro, que abrange não só o cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalho, mas também o combate ao trabalho infantil nesses ambientes, temos tratado o problema do trabalho infantil de forma mais ampla. Possuímos, em relação a todos os municípios das regiões do Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, procedimentos promocionais, cujo objeto é fazer um diagnóstico da situação do trabalho infantil em cada município e, a partir de tal diagnóstico, sensibilizar os gestores públicos municipais para a realização de uma série de políticas públicas que visam conferir tratamento de prioridade absoluta, conforme preveem a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao combate à exploração do trabalho infantil. Verificamos, além do trabalho infantil nos matadouros públicos, o trabalho em lixões e, hipótese mais comum, o trabalho em feiras livres. Procuramos destacar que o trabalho em feiras livres, tratado como um mal menor em muitos municípios, prejudica a formação psicológica de crianças, expostas aos malefícios existentes nas ruas, além de acarretar riscos a sua saúde e a sua integridade física, pelo peso das compras que carregam. Obtivemos recente vitória com relação ao município de Maribondo, cujo gestor se comprometeu em executar as políticas públicas propostas pelo MPT para combater a exploração do trabalho infantil no município. Esperamos que os demais municípios sigam o mesmo caminho. (C.A.J.)

Juiz destaca fundamentos da condenação de professor Da Redação Na semana passada, alguns moradores da cidade de Batalha fizeram manifestação contra a decisão que condenou o professor de informática A.B.O., a 20 anos de prisão, em virtude do crime de estupro de vulnerável, possuindo como vítimas 10 crianças na escola onde lecionava, com idades entre oito e 10 anos de idade. De acordo com a decisão, as declarações e testemunhos colhidos comprovam o delito, tanto na sua existência, quanto na autoria, não havendo

nada que possa levar a suspeitar da idoneidade dos testemunhos. Além disso, o fato de não terem sido constatadas a existência da violência sexual através do exame pericial (como rompimento do hímen ou qualquer outro tipo de violência física), não significa dizer que não houve o delito de estupro, uma vez que este crime pode ser praticado de várias formas, não só pela conjunção carnal (penetração). Na sentença, o magistrado confirmou a prática do crime de estupro de vulnerável, que

pode ser praticado através da conjunção carnal ou com a prática de qualquer outro ato libidinoso diverso da conjunção, com menor de 14 anos de idade (carícias em partes íntimas, toques libidinosos, felação, dentre outros). Todas as 10 vítimas, em audiência, expuseram de forma coincidente, uniforme e firme as variadas condutas praticadas pelo acusado, como os atos de colocar as crianças no colo, acariciar os seios, pernas e outras partes íntimas. O juiz enfatizou na sentença que em crimes como este,

exatamente porque praticado em locais de pouco acesso a testemunhas, impõe-se maior valor a palavra da vítima, considerando todos os aspectos que constituem a sua personalidade. Segundo ele, a Corte Superior possui entendimento de que, nos crimes contra a liberdade sexual, a palavra da vítima é um importante elemento de convicção, na medida em que esses crimes são cometidos, frequentemente, em lugares ermos, sem testemunhas e, por muitas vezes, não deixando qualquer vestígio.


O JORNAL

Economia Domingo, 25 de setembro de 2011

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Sococo amplia investimentos em AL Novos equipamentos vão garantir a modernização da fábrica de Maceió, elevando a capacidade de produção Chegaram a Maceió os novos equipamentos adquiridos pela Sococo para a modernização de sua fábrica na capital alagoana. O moderno maquinário é de fabricação da conceituada Tetra Pak, empresa cuja marca é uma líder mundial em termos de tecnologia especializada em envase asséptico. A transnacional Tetra Pak é originária da Suécia, e produz suas sofisticadas máquinas em terras suecas e também na Itália. A empresa fornece produtos para as principais indústrias alimentícias em todo o mundo. “A Sococo trabalha com a Tetra Pak há duas décadas, sempre acompanhando a evolução tecnológica mundial para embalagens seguras. As novas máquinas destinam-se ao processamento e envase de água de coco e de Soysuco. Ampliarão em 80% a capacidade de envase da fábrica alagoana nesse segmento”, esclarece Emerson Tenório, diretor-presidente da Sococo. A instalação dos novos equipamentos, vindos diretamente da Itália, já está em andamento acelerado. O novo maquinário, completamente digitalizado, deverá entrar em pleno funcionamento dentro de poucos dias. “As pessoas voltaram a acreditar em Alagoas e no Brasil, e temos ambiente seguro para novos investimentos. As empresas que apostam em nosso Estado estão ampliando seus parques industriais, ganhando competitividade e garantindo empregos para nossa população”, informa Emerson Tenório.

O moderno maquinário vai permitir uma ampliação de 80% no envase de água de coco e de Soysuco

EM 2011

US$ 5,109 BI

Remessa de lucros foi surpresa negativa, anuncia o Bradesco As remessas de lucros e dividendos feitas por empresas estrangeiras com sede no Brasil, que atingiram US$ 5,109 bilhões em agosto, foram a grande surpresa negativa nas transações correntes para o Bradesco. É o que afirmam, em relatório, economistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do banco. “Os setores financeiro, automobilístico e de bebidas foram os que mais remeteram”, diz o texto. Em setembro até hoje, no entanto, o montante já mostra alguma acomodação, com as remessas de lucros e dividendos somando US$ 1,023 bilhão, conforme divulgou o

Banco Central (BC). “De qualquer forma, os dados parciais para as remessas de lucros (referentes até 23 de setembro) são mais tranquilizadores, pois mostram uma saída bastante moderada de pagamentos de lucros e dividendos no período mais recente”, acrescentaram, no relatório, os economistas Octavio de Barros, Marcelo Cirne de Toledo e Fernando Honorato Barbosa. Esta semana, o Banco Central informou que o déficit de transações correntes no Brasil ficou em US$ 4,862 bilhões em agosto. O resultado negativo ficou acima das estimativas dos analistas, que esperavam

um déficit entre US$ 2,200 bilhões e US$ 4,300 bilhões, com mediana negativa em US$ 2 800 bilhões - o mesmo valor esperado pelo Bradesco. Já do lado positivo, o relatório destaca os investimentos estrangeiros diretos (IED) que somaram US$ 5,606 bilhões em agosto, acima do previsto pelo Bradesco, US$ 4,300 bilhões. “A entrada de IED se manteve como a principal fonte de financiamento desse déficit em conta corrente.” Os economistas observam que, em agosto, o IED se deu de maneira mais disseminada, ainda que haja concentração de algumas operações no segmento de produtos alimen-

tícios, químicos, comércio e atividades imobiliárias Daqui para frente, o Bradesco estima que os investimentos estrangeiros diretos continuarão favoráveis, “ainda que registremos alguma moderação nos próximos meses.” “O déficit em conta corrente, por sua vez, deverá continuar sendo financiado pelo IED, fechando o ano de 2011 praticamente estável como proporção do PIB em relação ao encerramento de 2010”, escreveram. No ano passado, a conta de transações correntes do Brasil encerrou com déficit de US$ 47,518 bilhões, o equivalente a 2,28% do Produto Interno Bruto (PIB).

Peso dos impostos continuará aumentando SÃO PAULO – Em 2011, a carga tributária deve continuar aumentando, impulsionada pelas receitas extraordinárias, como a negociação de dívidas com a União por meio de Refis da Crise, segundo afirmação do coordenador-geral de Previsão e Análise da Receita Federal, Othoniel Lucas de Sousa. De acordo com a Agência Brasil, no ano passado, o peso dos impostos na economia correspondeu a 33,54% do PIB, alta de 0,42 ponto percentual em relação a 2009. “A tendência é a de crescimento, em função das receitas extraordinárias, que foram significativas”, explicou Sousa. Segundo ele, esse crescimento não é apenas pelo aumento de impostos, mas também pelo crescimento e formalização da

economia, que amplia a renda das empresas e dos trabalhadores e se reflete no pagamento de mais tributos. Outro fator que influenciou no crescimento dos tributos foi o aumento das importações devido ao IPI e à Cofins. CARGA TRIBUTÁRIA No ano de 2008 foi registrada a maior carga tributária até agora. Naquele ano, o peso dos impostos sobre a economia chegou a 34,11% do PIB. Já em 2009, a carga tributária chegou a 33,58% do PIB, mas o número foi revisado e ficou em 33,14%. Em 2010, o tributo com maior arrecadação foi o ICMS, administrado pelos estados. Mas, na comparação com o PIB, o peso do tributo caiu de 7,03% para 6,99% em 2010.


Economia A28

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VAREJO

Temporários começam a ser contratados Com foco no movimento maior para o final de ano, lojistas já iniciaram o processo de seleção de novos funcionários Elisana Tenório

Marco Antônio

Repórter

O finalzinho de setembro decreta o início da seleção dos empregos temporários para o comércio varejista. Até janeiro, centenas de pessoas terão a oportunidade de trabalhar em lojas de segmentos variados, e quem tiver um pouco mais de sorte e jogo de cintura poderá até ganhar um emprego formal. Para este ano, especialistas econômicos prevêem um bom nível de contratação, porém, um pouco menor do que o registrado em 2010 devido ao recrudescimento da economia brasileira, que, de acordo com estimativas, registrará, até dezembro, uma desaceleração média de 3% em relação ao ano passado. O professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e consultor do Fecomercio/AL, Fábio Guedes, lembra que, no ano passado, a economia do País cresceu 7%. Já, este ano, a expectativa é de que não ultrapasse os 4%. E isso, é claro, irá contribuir diretamente para uma sutil queda na contratação dos empregos temporários também em Alagoas. “Se até dezembro, a economia atingir o percentual de crescimento de 4% estaremos no lucro. Até 15 dias, a taxa de juros do País estava alta, o que representa uma estratégia do governo para combater a inflação e diminuir o ritmo de consumo e a tomada de crédito. E essa decisão, tomada no início do ano, tem reflexo seis meses depois”, avaliou Fábio Guedes. Ao mesmo tempo, porém, ele declara que a quantidade de empregos formais prevista para a partir de agora não ficará tão baixa. Na prática, isso significa dizer que, enquanto em 2010 a quantidade de empregos provisórios em Maceió foi de 1.500, este ano deverá atingir a margem de 800 a 1200, ou, até mesmo, chegar aos 1.500. Esse otimismo no percentual de contratações é reflexo de um outra tendência que esta sendo verifica no mercado local: a expansão de lojas e redes de varejo. Como exemplo basta citar três casos recentes verificados em segmentos variados: as inaugurações de mais uma unidade da Casa Vieira, outra da Loja Guido e um nova loja do Supermercado Palatto, além, é claro, do terceiro centro de compras da capital, o Shopping Parque Maceió, previsto para 2014.

As projeções de contratação entre os lojistas dos shoppings também são otimistas, já que é esperado crescimento nas vendas este ano

Décimo terceiro vai injetar R$ 550 mi Os empregos temporários atingem praticamente todos os ramos do varejo, já que, às festas de final do ano representam a melhor época para o comércio, quando o índice de vendas mais do que quadriplica. Além da tradição de presentear amigos e familiares, isso é reflexo, sobretudo, da injeção de dinheiro extra na mão do trabalhador formal. Para esse ano, a estimativa é de que o décimo terceiro injete R$ 550 milhões na economia alagoana. Para se ter uma ideia da grandiosidade do montante, que já começou a chegar à mão do varejo, basta dizer que a quantia corresponde a um ano de pagamento do Bolsa Família em Alagoas. O incremento gerado pelo 13º faz com que a arrecadação de ICMS do Estado aumente em 10%. (E.T.)

Empregadores acreditam que contratações irão surpreender

No centro de Maceió, as lojas já registram um movimento maior de pessoas que estão indo em busca da vagas temporárias de trabalho

Gerentes de segmentos variados estão otimistas com relação às contratações. Eles garantem que a reta final será surpreendente e deverá atingir de 15% a 20% do total de funcionários. As funções mais solicitadas são para vendedores, caixas e crediaristas. O coordenador de marketing das Lojas Guido, Bruno Henrique, revela que, em 2010, foram contratados 40 funcionários para atuar nas vendas de 10 lojas. Este ano, a rede, que atualmente possui 500 trabalhadores diretos, espera contratar, pelo menos, 20% desse montante. “É claro que em 2010 o mercado estava mais aquecido e em expansão. Mas isso não quer dizer que, este ano, não estejamos em ritmo de crescimento. Estamos otimistas! Prova disso é a inauguração de mais uma unidade que trará novas contratações”, ressaltou. As lojas Guido atuam em dois ramos muito procurados nessa época do ano, o de eletroeletrônico e o de movelaria. Assim como eles, calçados, brinquedos, confecções, alimentos, dentre outros, também conseguem excelentes índice de vendas. O gerente-geral de uma unidade das Lojas Abys em Maceió, Kaliston Bezerra de Araújo, também se diz otimista, porém, frisa que o número de contratações temporárias deverá ficar um pouco menor que a do ano passado. “O crescimento de 2010 foi maior”, resume. (E.T.) Continua na página A29


Economia Domingo, 25 de setembro de 2011

O JORNAL JORNA L

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DIMINUA AS DESPESAS DOMÉSTICAS Pequenas atitudes diariamente podem fazer com que as suas despesas domésticas diminuam consideravelmente. São medidas simples que a coluna destaca nesta semana para o consumidor alagoano. Agindo desta maneira ou chegando perto destas dicas, você pode economizar bastante e ainda investir o seu rico dinheirinho em áreas consideradas, até agora, supérfluas. Vamos lá:

Com esforço, temporário se torna permanente Kaliston Bezerra é um bom exemplo de como um emprego temporário pode ser um abre-alas para se obter ascensão profissional. Ele próprio entrou no ramo varejista de calçados há 18 anos, quando foi contratado, nessa época do ano, para trabalhar como vendedor por três meses. Ele conseguiu permanecer no emprego e hoje atua como gerente-geral na mesma rede de varejo. “Além do meu esfor-

ço pessoal contei com o incentivo da empresa que, dentre outras coisas, me ajudou a pagar minha faculdade de Marketing”, contou. Já o vendedor Jonas Freire Soares da Silva, 19 anos, torce para que seu futuro profissional seja parecido com o do seu chefe. Há um ano, ele foi contratado pela mesma rede de varejo, na qual o gerente Kaliston trabalha, para atuar por quatro meses nas vendas de

calçados. Porém, no comecinho deste ano recebeu a notícia de que seria contratado formalmente. “Meu emprego temporário transformou-se num emprego formal, aliás, no meu primeiro emprego formal. Sinto-me muito feliz e gratificado. Agora, o que posso dizer para as pessoas que queiram disputar uma vaga nos temporários é que sejam muito obstinadas, tenham força de vontade, paciên-

cia e muito jogo de cintura para lidar com o público”, orienta. Todos os dias, Jonas trabalha das 8h às 18h30. Para isso, ganha um salário mínimo mais comissão. Na prática, seu salário líquido varia de R$ 800,00 a R$ 900,00. “Para um começo está ótimo. Não tenho do que reclamar”, confessa. Não só às lojas localizadas no Centro registram um boom de vendas nesta época do ano. (E.T.) Fotos: Thiago Sampaio

ALIMENTAÇÃO Antes de ir ao supermercado, elabore uma lista de tudo o que você precisa. Desta forma, evitará gastos desnecessários. Fique atento à disposição dos produtos nas prateleiras: supérfluos e itens mais caros estão, normalmente, sempre ao seu alcance.

VESTUÁRIO Não compre por impulso. Pesquise! O mesmo produto pode, por vezes, ser encontrado em diversas lojas por preços diferenciados. Cuidado com as promoções. Nem sempre elas são tão vantajosas quanto se apresentam.

MENSALIDADES Atente-se às cláusulas referentes às datas de vencimento dos pagamentos, assim como às penalidades previstas em contrato. Procure, se possível, adequar os vencimentos a datas posteriores a do recebimento do seu salário.

ENERGIA ELÉTRICA Aproveite a iluminação natural, abrindo cortinas e janelas. Locais que não estão sendo usados dispensam lâmpadas acesas. Lembre-se de que pinturas escuras dentro de casa exigem mais iluminação, gerando maior consumo de energia. Em locais de grande circulação (cozinha, área de serviço, banheiro) procure utilizar lâmpadas fluorescentes, que duram mais e reduzem o gasto com energia. Com relação às geladeiras e freezers, mantenha-os desencostados de móveis ou paredes, em local arejado e distante de fontes de calor (fogão, luz solar etc.). Evite o "abre e fecha" das portas que provoca grande consumo de energia e não a deixe aberta por longo tempo. Acumule a maior quantidade possível de roupas e passe-as de uma só vez. Evite banhos quentes demorados. Desligue a televisão quando ninguém está assistindo e não durma com a tevê ligada. Utilize máquinas de lavar e secar em sua capacidade máxima, mas sem sobrecarregá-las.

TELEFONE Procure utilizá-lo racionalmente. Ligações mais demoradas e/ou interurbanas ficarão mais baratas se feitas em horários de tarifas reduzidas. Informe-se junto às operadoras e pesquise quais são esses horários. Lembre-se de que as ligações em aparelhos celulares possuem tarifas mais elevadas.

ÁGUA Mantenha as torneiras sempre bem fechadas e verifique regularmente se não há vazamentos. Utilize a água racionalmente para lavar roupas, louças, limpeza e banho.

ALUGUEL E CONDOMÍNIO Procure não comprometer mais do que 1/3 de seu orçamento com o aluguel e condomínio. Pague sempre em dias essas despesas, evitando juros e multas. Participe regularmente das assembléias de condomínio. Impostos como IPVA, IPTU e outros devem ser considerados na elaboração de seu orçamento. Contribuições a órgãos de classe e compromissos com instituições assistenciais não podem ser esquecidos e devem ser relacionados.

DESPESAS EVENTUAIS Preserve sempre uma parcela de seu salário para os gastos imprevistos que podem ocorrer mensalmente, como: a compra de remédios, a necessidade de adquirir um presente, um pequeno reparo em um eletrodoméstico ou uma saída com a família ou amigos. Despesas sazonais como volta às aulas, datas comemorativas (Dia dos Pais, das Mães, dos Namorados, da Criança, Natal, Páscoa etc.), também devem ser consideradas. Elas podem representar um gasto substancial em seu orçamento.

NA HORA DA COMPRA Ao fazer suas compras é importante lembrar que os estabelecimentos comerciais colocam à sua disposição diferentes formas de pagamento. Evite qualquer comprometimento do seu orçamento, analisando a real necessidade da compra em parcelas e seu efetivo custo. À vista: opte por esta forma de pagamento. Isto pode possibilitar bons descontos e evitar futuros aborrecimentos. A prazo - fique atento às taxas de juros cobradas para o financiamento de mercadorias e serviços. O preço à vista, da entrada, das parcelas, do total a prazo, bem como as taxas de juros, o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a TAC (Taxa de Abertura de Crédito) devem ser informados previamente, conforme está previsto no Código de Defesa do Consumidor. Mesmo no parcelamento "sem acréscimo" geralmente estão embutidos altos juros. Atrasos no pagamento da prestação de financiamento implicam multa de até 2%. É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada dos débitos, total ou parcialmente, mediante a redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

Procon Alagoas - Rua Dr. Cincinato Pinto, 503, no centro da capital. Atendimento gratuito pelo número 151. Mande sua denúncia, dica ou dúvida para a coluna Espaço Consumidor. Todos os domingos, em O JORNAL.

Um exemplo: Kaliston Bezerra, de temporário a gerente de loja

Já o atendente Jonas Freire se diz satisfeito com o primeiro emprego formal

Shoppings também são oportunidade Com a proximidade do Natal e réveillon, os grandes centros de compras também faturam como nunca. E para atender a demanda, a partir de agora, finalzinho de setembro, é dada a largada para o início oficial do período da seleção de currículos para as vagas de emprego temporário. De acordo com Associação de Lojistas do Maceió Shopping (Almacs), esse ano, serão oferecidas mais de 1.300 vagas de emprego temporário nas 200 lojas do empreendimento. “Nesse período, aumentamos em 50% o número de funcionários”, afirma Alexsandro Santos, um dos diretores da Almacs. As pessoas interessadas em entregar currículos devem se dirigir à sede da Almacs, que fica no próprio shopping, no horário de 14 até 18h. Acoordenadora de Recursos Humanos do Maceió Shopping, Janet Lôbo, explica que no momento da seleção, além do grau de escolaridade e da experiência do candidato, também são observados critérios como facilidade de comunicação, liderança e relacionamento com o público. GURIZADA - Como outubro é o mês das crianças, as lojas de brinquedos e artigos infantis sempre costumam dar uma atenção especial a garotos e garotas. Além de vitrines chamativas e promoções específicas, muitos lojistas e centros de compras investem em programações especiais. O Shopping Maceió oferecerá um espaço de lazer e entretenimento como atrações para a garotada. Durante todo o mês de outubro, os famosos personagens de Maurício de Sousa estarão no local, com o evento Turma da Mônica Fashion. De acordo com a assessoria de comunicação, o evento é gratuito e estimula a interatividade e a criatividades dos pequenos, com atrações como estúdio de modelos, passarela para desfiles, turbmóvel.


JORNAL

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Imobiliário

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Em audiência pública realizada no último dia 13 de setembro, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, em Brasília, sobre o Plano Brasil Maior, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloísio Mercadante, destacou o convênio firmado entre o ministério, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a Universidade de Brasília (UnB) e o Building Research Establishment (BRE) para a construção, em Brasília, de um parque tecnológico destinado à pesquisa em construção civil.

GARGALOS O Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído (Pisac) faz parte das estratégias do governo e do setor privado para aumentar a produtividade da construção civil e solucionar gargalos do setor que enfrenta escassez de mão de obra. O objetivo, segundo Mercadante, é mostrar o que há de mais avançado em tecnologia da construção civil e em sustentabilidade ambiental.

CBIC Durante a audiência, o ministro afirmou que a construção civil não é mais tijolo, pá e cimento. "Há novos materiais, novos métodos de construção, com iluminação natural, com economia de energia, com seqüestro de carbono, etc. Essa é uma perspectiva fantástica que estamos abrindo junto com a CBIC, para mostrar o que há de mais avançado em termos de inovação e de sustentabilidade", disse Mercadante.

Domingo, 25 de setembro de 2011

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CONSTRUÇÃO CIVIL

Empresários mantêm otimismo

A50ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada junto a uma mostra de 241 empresários da construção de todo o país, pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas), apontou que os empresários da construção civil brasileira continuam confiantes em relação ao desempenho da atividade do setor. Este otimismo é ligeiramente inferior ao registrado em agosto de 2010, o que demonstra que a atividade das construtoras, muito embora siga em ritmo forte, passa por um processo de ajuste em relação à grande aceleração registrada no ano passado. Realizada em agosto, a enquete trimestral revelou que as principais preocupações dos empresários referem-se às variáveis macroeconômicas, como crescimento econômico e inflação. "Note-se que a pesquisa foi feita antes da decisão do Banco Central de baixar os juros", alerta o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan. Segundo ele, "ainda é cedo para avaliar o impacto do corte de juros na opinião dos empresários da construção sobre a condução da política econômica. Mas certamente a mudança de atitude da autoridade monetária, confiando numa política fiscal mais austera por parte do governo federal, deve ser saudada por todo o setor produtivo brasileiro. É inimaginável que o Brasil tenha que manter a maior taxa de juros real do planeta por tanto tempo sem

Apesar do bom resultado, confiança do setor é ligeiramente inferior ao registrado, no mesmo período, ano passado

pagar um preço alto em termos macroeconômicos", conclui. RESULTADOS - Na sondagem, os empresários atribuem a cada quesito uma pontuação que vai de 0 a 100, na qual valores acima de 50 denotam desempenho ou perspectiva favorável. A exceção é no quesito das dificuldades financeiras, no qual valores acima de 50 apontam perspectiva ou desempenho não favorável. Um elemento positivo revelado pela última sondagem refere-se aos custos. A percepção em relação a esse componente apresentou melhora tanto na comparação com a pesquisa anterior, de maio de 2011, quanto com agosto de 2010. Apesar de

se manter no campo das preocupações, isto é, com 43,55 pontos, o elemento de avaliação de custos registrou em agosto o patamar mais elevado desde fevereiro de 2010. O indicador de desempenho das empresas manteve-se praticamente estável nos últimos três meses, com variação de apenas 0,83%, contabilizando 54,72 pontos. As perspectivas otimistas de desempenho futuro praticamente permaneceram estáveis (ligeira queda de 0,44%), ficando em 56,96 pontos. Já expectativa em relação ao crescimento econômico baixou 6,26%, representando redução do otimismo para um patamar de preocupação (47,17 pontos). Aconfiança na política econô-

mica aumentou 12,37%, indo para 47,5 pontos. Aexpectativa de uma inflação reduzida apresentou aumento de 39,23%, somando 38,54 pontos. As dificuldades financeiras reduziram 4,74% atingindo 52,6 pontos. As perspectivas de evolução de custos apresentaram aumento de 9,42%, apresentando 43,55 pontos. Na comparação com a sondagem feita em agosto de 2010, houve uma queda de 7,6% no otimismo em relação ao desempenho das empresas. Entretanto, como as expectativas estavam bastante elevadas há um ano, nos demais indicadores registrou-se um arrefecimento na comparação anual, sobretudo em relação à expectativa de crescimento econômico, que caiu 24,4%.


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Dois Domingo, 25 de setembro de 2011

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B1 Fotos: Yvette Moura

João de Lima é uma das principais referências em Alagoas quando o assunto é repentes, modas, toadas e poesia cantada

João de Lima:

um violeiro

O Caderno Dois de O JORNAL conversou com João de Lima, um dos maiores representantes da cantoria de viola em Alagoas, para saber por que ele foi um dos contemplados com o título de Patrimônio Vivo do Estado este ano. Confira o bate-papo! Elô Baêta Repórter

E

m Porto Real do Colégio, a história registra o toré mantendo firmes os passos dos Caririxocós como os primitivos habitantes daquelas terras. Na aldeia, peças de artesanato surgiam do coco, da madeira; também de sementes, penas e ossos. E ganhavam cor com o calcário tauá fazendo as vezes de tinta. Longe dali, no Sítio Boa Vista, era a música de viola que dava o tom ar-

tístico à localidade anos atrás. De fato, a sonoridade perpassava muitas das casas de porta e janela dos homens do campo. Mas era no clã dos Limas, que, no repouso da enxada, reinava absoluta. A viola era para os Limas como a mandioca na mesa de todo dia. Tanto quanto acompanhar leituras e mais leituras dos folhetos de cordel era algo corriqueiro entre aquela gente. Mas o costume da família de dedilhar cordas de aço do instrumento e delas retirar intrigantes e instigantes modas e toa-

das nasceu com o pai. Estendeu-se aos tios. E atingiu em cheio o pequeno João Pereira Lima. Isso lá para o final dos anos 40. Hoje, aos 68 anos, aquele meninote que costumava plantar e colher na roça e amarrar cabras e bodes nos açudes cantarolando e improvisando versos e traquinar no violão do pai na esperança de um dia poder afiná-lo atende simplesmente por João de Lima. E virou uma das principais referências em Alagoas quando o assunto é repentes, modas, toadas, poe-

sia cantada. Ele e suas dez violas, que diz mantê-las com o mesmo apreço de quando as tirou da caixa com cheiro de novas. Beirando quase cinco décadas de dedicação a um dos mais típicos cancioneiros do Nordeste, João de Lima foi um dos contemplados com o título de Patrimônio Vivo do Estado este ano. Agora, ele dá uma parada para relembrar alguns dos bons momentos de sua caminhada com o cancioneiro da viola ao Caderno Dois de O JORNAL. Continua na página B3


Variedades

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Roteiro

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Artes plásticas Música Teatro Dança Cinema Horóscopo Artesanato

alessandra@ojornal-al.com.br

Hoje

n O Projeto Sorriso em Dobro vai levar Romeu, Eva e

Adão (gravação do DVD), às 17h e Sexo, Etc. e Tal, às 20h, ao palco do Teatro Gustavo Leite. Ingressos: entre R$ 10 e R$ 15 (antecipados) + 1kg de alimento não perecível à venda no Stand Viva Alagoas (Maceió Shopping) e Folia Brasil (G Barbosa Stela Mares). Mais informações: (82) 3032-2234/9967-1074/9938-4172.

Quarta-feira n Depois de divulgar a Dança Solta por todo o País, Mineirinho de Maceió completa 20 anos de carreira em 2011, e dentro da programação de aniversário estão várias participações em eventos especiais, a começar pela capital alagoana, onde tudo começou. Mineirinho de Maceió estará na casa de festas Regente, às 17h, no evento da Rede Feminina de Combate ao Câncer, onde dará uma aula de Dança Solta. Os participantes só precisarão levar uma toalha de banho branca ou uma lata de leite em pó para curtirem essa modalidade que vem conquistando todo o País.

n A cidade de Penedo volta ao circuito do audiovisual

ao ser escolhida como sede para o 1º Festival de Cinema Universitário de Alagoas, que acontece do próximo dia 28 a 2 de outubro. Durante o festival também será realizado o 1º Encontro de Cinema de Alagoas (ECA), que busca o debate sobre cinema e produção independente no âmbito acadêmico. Na programação estão previstas oficinas, mesas-redondas, apresentações e exposições de trabalhos acadêmicos, além de mostras paralelas. As fichas de inscrição para o Festival de Cinema Universitário e para o ECA se encontram no site do evento (www.evento.ufal.br/icinufal). Ainda no endereço online, uma prévia da programação pode ser conferida, com as regras para as inscrições na mostra e informações técnicas sobre as obras e as competições. Mais informações: (82) 32213122.

Horóscopo ÁRIES (20 mar. a 20 abr.) Não é conveniente aventurar-se em novos negócios. Mantenha-se em suas atividades rotineiras. As suas amizades ficarão mais fortalecidas, fazendo com que as pessoas de um modo ou de outro, procurem ajudá-lo principalmente no setor profissional.

LEÃO (22 jul. a 22 ago.)

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TOURO (21 abr. a 20 mai.) Evite prejudicar sua saúde, não cometendo excessos na alimentação. Não confie demais em subordinados e em estranhos. Todavia, o sucesso pessoal e a evolução da personalidade serão evidentes. Ultimamente, você anda correndo atrás de resultados, que não foram semeados no passado.

VIRGEM (23 ago. a 22 set.)

Suas energias poderão ser empregadas com resultado. No entanto, evite assumir compromissos contra os seus interesses, mesmo que seja para agradar a alguém. Nesta fase do ano, você não deve perder um só dia para realizar tudo o que houver de importante para fazer.

Dia dos mais indicados para iniciar a melhoria da aparência de sua casa, tais como nova decoração e reformas. Fará ótimas amizades, mas não confie demais em estranhos. Sucesso junto ao sexo oposto. Feliz para o amor.

SAGITÁRIO (22 nov. a 21 dez.)

CAPRICÓRNIO (22 dez. a 20 jan.)

Ótima saúde e bastante capacidade criativa, você terá neste dia. Pode fazer negócios, colocar em prática suas novas ideias e solicitar favores, que será bem sucedido. O dia promete elevação material e progresso e chances de ganhar na loteria.

Excelente aspecto astral para iniciar negócios e empreendimentos de vulto e para tratar de questões jurídicas que estão em pendência. Positivo para a vida religiosa e ao amor. Você deverá ter cuidado ao se relacionar com a pessoa amada.

GÊMEOS (21 mai. a 20 jun.) Neste dia, que lhe será promissor, haverá muita produção profissional e muita facilidade para arranjar empréstimos e para solucionar suas dificuldades financeiras. Os astros também anunciam uma fase marcada pela renovação, tanto de ideias como no seu modo de agir.

LIBRA (23 set. a 22 out.) Dia em que favorece extraordinariamente os seus interesses monetários. Pode comprar ou vender propriedades. Bom, também, ao amor, a saúde, as novas amizades. Poupe suas economias. Os transportes e as mudanças estão também favorecidos.

AQUÁRIO (21 jan. a 20 fev.)

Alguma coisa importante, alguma notícia inesperada poderá deixá-lo aborrecido e irritado. Procure superar sua emotividade colocando-se acima dos acontecimentos. Novas oportunidades de sucesso no plano social e amoroso.

CÂNCER (21 jun. a 21 jul.) Você poderá obter lucros compensadores em negócios relacionados com petróleo e líquidos de um modo geral e na aquisição de bens móveis e imóveis. Encare todos os seus problemas, e procure resolver um a um, com confiança.

ESCORPIÃO (23 out. a 21 nov.) Procure a felicidade no terreno espiritual e tudo será mais fácil. Os obstáculos tendem a desaparecer diante do período propício que se inicia agora. Hoje você lucrará em negócios imobiliários, pelo esforço no trabalho e no emprego de suas economias em fundos públicos.

PEIXES (21 fev. a 20 mar.)

Tudo indica que você será inclinado a fazer uma viagem, se é que ainda não viajou. Acontecimentos, notícias e circunstâncias felizes farão desta fase, um dia de pleno êxito e de satisfações. Há uma tendência a viajar e a concentrar-se em estudos mais elevados.


Variedades Domingo, 25 de setembro de 2011

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Fotos: Yvette Moura

PARA PETS

By Chico Brandão

Sabe quando você diz que teve um ‘dia de cão’? Nesse caso, a máxima não se aplica. Foi construído em Dubai, nos Emirados Árabes, um hotel 7 estrelas exclusivos para pets. O Urban Tail Pet Resort oferece comodidade, conforto e segurança para os animais de estimação. Os “hóspedes” podem usufruir de ginásio para a prática de esportes, piscina e playground e ainda têm um mordomo exclusivo à disposição. Além disso, os bichinhos de estimação usam calçados especiais durante suas atividades esportivas e caminhadas. Os donos dos animais também podem monitorar seus pets pela Internet. No final da estadia, é possível adquirir um álbum de fotos com os melhores momentos dos bichinhos no local. A diária da suíte real custa o equivalente a R$ 192.

João de Lima é autor de mais de uma dezena de folhetos de cordel, livros de poesias e repente, além de diversos DVDs e CDs

Do meio rural aos palcos urbanos de Alagoas

Neste domingo, registramos a beleza marcante de Cláudia Toledo, um nome que enaltece a Medicina alagoana

The Best

RAFAEL CORTEZ Um dos talentos da nova safra de comediantes brasileiros, Rafael Cortez, do programa CQC da Rede Bandeirantes, faz show em Maceió no próximo dia 2 de outubro, no Teatro Gustavo Leite. O show, intitulado De tudo um pouco, terá início às 20h30. Trata-se de um dos ícones do estilo stand up.

ventos oficiais sem nenhum treinamento prévio.

V BIENAL Aprofessora Sheila Maluf nos convidando para o café de lançamento da V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que acontecerá na próxima terça-feira, dia 27, a partir das 8h30, no Hotel Ponta Verde. ABienal acontecerá de 21 a 30 de outubro.

ETIQUETA A vida de princesa não é fácil. Kate Middleton está se encontrando com membros das mais respeitadas instituições da Grã-Bretanha com o objetivo de se preparar para uma vida de compromissos reais. Aulas particulares com especialistas em governo, artes e imprensa vão ensinar a Duquesa de Cambridge sobre o que, um dia, ela irá representar. Os encontros deverão acontecer no Palácio St. James. Sua sogra, a Princesa Diana, costumava reclamar do fato de ter sido "jogada" em e-

EXCESSOS EM VIAGEM Agendar compromissos demais e prazer de menos; Fazer tudo em grupo; levar uma lista de encomendas e envolver outras pessoas para se encarregar de outros itens; nunca ter dinheiro trocado e fazer com que os outros paguem a sua despesa – nem que sejam tostões; encher o prato com todos com todas as opções que o sistema selfservice do hotel oferece, como se fosse a última refeição da sua vida; estourar o cartão de crédito.

Na lente

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O amigo Zé Pereira finalizando os preparativos para o aniversário de três anos de seu restaurante. Afesta acontecerá no próximo dia 11 de outubro, véspera de feriado, no Espaço Pierre Chalita, e conta com os shows de Jorge de Altinho, Cannibal e Galã do Brega. Aturma já está com a corda toda!

2

Nunca o “Altas Horas” de Serginho Groismann teve tanta audiência. Pelo menos na web. Um vídeo em que o ex-namorado da Madonna, Jesus Luz, se apresenta como DJ no programa virou hit na Internet. Todos apontam que a participação de Jesus Luz no programa não passou de uma farsa. Os vídeos chamam a atenção para o fato da aparelhagem de som do rapaz estar desligada no momento da apresentação, e que tudo não passaria de playback. Farsa? Falha técnica?

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Milão ferve. Tudo porque Marc Jacobs está na cidade, e, por onde passa, suscita questionamentos acerca de seu futuro na moda. Não se fala em outra coisa: a Dior vai anunciar quem substitui Galliano no comando da maison no dia de seu desfile, em Paris. E, apesar de ninguém confirmar, é 99,99% certo de que o nome anunciado seja mesmo o de Mr. Jacobs.

4

Boa notícia para as chocólatras. De acordo com uma pesquisa, o doce predileto de muitas mulheres tem o mesmo poder que os exercícios físicos para melhorar o desempenho atlético. Segundo o estudo, o chocolate - especialmente os amargos, de coloração mais escura - contém um composto chamado Epicatequina, capaz de estimular o crescimento muscular de forma semelhante ao exercício.

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“Meu pai era lavrador e excelente violeiro. Praticamente não sabia ler, mas tocava e cantava divinamente repentes nas festas de Porto Real do Colégio. Cresci nesse ambiente. Vendo duplas de repentistas nas casas dos meus tios. Ouvindo historinhas de cordel e pelejas de cantadores como Joaquim Jaqueira, Patativa do Norte, Severino Borges e outros”, conta. Foram essas vivências que fizeram João de Lima amadurecer na vida, desde que fugiu do sítio dos pais aos 16 anos para subir em um pau de arara rumo ao interior de São Paulo. Ainda sem a companhia da viola, haveria de se embrenhar nos campos de cafezais, algodão e amendoim para, só aos 20 anos, de volta a Alagoas, virar mestre em tirar versos e rimas das cordas de aço. E ele recorda sua primeira apresentação em público. “Foi no sítio Poço Comprido, em Limoeiro de Anadia. Eu e o can-

tador José Francisco das Alagoas. Foi complicado porque eu nem sabia ainda afinar a viola, que naquele tempo era guardada coberta com uma toalha cheia de broches. Mas naquela noite ganhei um bom dinheiro e consegui comprar meu primeiro violão, em Arapiraca. Ainda me lembro. Era azul, com corda de aço, custou treze mil reais e eu afinava como viola”. Apenas o primeiro passo para sua vinda definitiva para a capital ao lado do violeiro Guriatã de Alagoas. Foi em Maceió que João de Lima tornou-se conhecido de respeitados artistas e folcloristas como Théo Brandão - que cita como seu maior incentivador -, Ranilson França e outros. Nos anos 60, através do mestre Théo, chegou à rádio Difusora de Alagoas, onde passou a atender ao pedido dos ouvintes com seus repentes e modas no programa A Hora dos Municípios, à época reproduzido para todo

o Nordeste. A cantoria de sua viola também chegou às rádios Palmares, Progresso e outras. Mas seu João sempre sonhou alto. As ondas do rádio não lhe eram suficientes. Seu desejo era chegar às emissoras de TV. E chegou. A convite do locutor Haroldo Miranda se apresentou nas TVs Rádio Clube de Pernambuco, Jornal do Comércio e outras. “Mas meu sonho não era só chegar ao rádio e à TV. Mas ficar famoso no Brasil”, dispara. A primeira investida de sucesso veio em 1977, quando gravou Repentes e poesia, seu primeiro LP. Depois veio o segundo, Os vagalumes da serra. Além da participação com faixas de sua autoria nos discos Cheiro do povo - onde aparece com a que ele chama de "poesia triste" intitulada O ônibus da Rio-Bahia e O rancho de Paulo Bob, com a poesia alegre O papa e o jumento. Ainda nos anos 70, João de

Lima começou a construir sua história em programas de TV de repercussão nacional. No Rio de Janeiro “fui para o trono do Show de Calouros do Cassino do Chacrinha”, relembra. Fez várias gravações para o Projeto Minerva, com narração de Sérgio Chaplen. Participou dos programas O Povo na TV, no SBT, e Sem Censura, na TV Educativa. Chegou às ondas das rádios Nacional, MEC, Globo, Tupi, Mauá... Ao palco do Sílvio Santos. À poltrona do Jô Soares... Seus repentes e poesias também foram ouvidos por gente importante, como a atriz Sandra Brea, os ex-presidentes João Figueiredo e José Sarney, o jornalista Roberto Marinho, dentre outras personalidades das artes e da política brasileiras. Tudo devidamente documentado em fotos e reportagens em diversos jornais do País, em uma pasta que ele leva debaixo de braço pra todo lado. (E.B.)

Inspiração vinda do campo e da saudade O homem que revela ter ganhado corpo e tamanho com bons bocados da “farinha nossa de cada dia” saída da mandioca do roçado do pai e ter comprado o primeiro sapato - com “sola fina”, como faz questão de ressaltar - somente aos 16 anos de idade, tornou-se um poeta do povo com características bem peculiares. Falante e bem à vontade no ofício que escolheu, seu João não dá rodeios sobre a modéstia ao falar sobre seu potencial de poeta do povo e violeiro. Questionado sobre quais suas poesias preferidas dentre as tantas que já escreveu, que diz já ter perdido as contas, é enfático. “Escrevo com tanta perfeição que gosto de todas. Minha poesia é um cordel clássico. Para mim, são do nível das de Cassimiro de Abreu”, dispara. E, quando o assunto é inspiração, ele fala no verde e nas folhas secas dos cenários do campo. E em saudade. Mas a que tipo de nostalgia ele se refere? “Aos meus tempos de menino, andando descalço na roça. Ou de alpercatas, que só tirei dos pés quando já estava homem feito. Era uma vida com pouca coisa, mas de muita paz. É essa a minha saudade. E que passo em muitas das minhas poesias”, revelou seu João enquanto cantava “O arroz e a farinha”, um dos tantos poemas em que retrata sua origem interiorana. Católico convicto e sem querer revelar seu grau de instrução, o João de sobrenome Lima apressa-se em se apresentar como um leitor voraz de livros de todo tipo - da história do Catolicismo à literatura de grandes escritores brasileiros, que ele chama de “homens nobres”.

João de Lima: “Minha poesia é do nível da de Cassimiro de Abreu”

E em dizer que muitas de suas poesias já foram publicadas em livros de diversos autores do País. Mas, e sobre ser um dos escolhidos como Patrimônio Vivo de Alagoas? “Foi ótimo. Mas

tenho dito que já sou patrimônio vivo há muito tempo porque exerço a profissão de violeiro, poeta, repentista, trovador e cordelista há anos. Fui contemplado merecidamente e já deveria ter sido eleito há muito mais

tempo pelas vezes que já representei Alagoas pelo Brasil. A poesia é a minha vida. É com ela que divido minhas alegrias e resolvo meus problemas. Tenho muita história para contar”, afirma. O autor de mais de uma dezena de folhetos de cordel, livros de poesias e repente, diversos DVDs e CDs como Recordações e lembranças, Vergonha, verso e viola, Sonhei cantando no céu, Paisagem da minha terra, O poder do criador, Percorrendo as estradas do passado e outros, que carrega na bagagem com o mesmo orgulho dos registros dos lugares por onde já passou, diz que, se pudesse voltar atrás, a viola e a poesia não seriam mais seu ganha-pão. “Não seria mais violeiro se voltasse no tempo. Não pela concorrência, mas porque tem muita gente por aí que não sabe nada da profissão e diz que é violeiro. E ainda se acha bom. É isso que desgosta”, explica. O João de Lima de Porto Real do Colégio, que gostaria de ter sido “um general do Exército ou um juiz de Direito dos bons”, não poderia encerrar seu bate-papo com O JORNAL senão cantando e falando de mais sonhos. “Já realizei muita coisa, mas ainda tenho outras para realizar. Gostaria de ter um programa de TV em nível nacional onde eu pudesse apresentar artistas de Alagoas. Tem muita gente boa aqui, de muita competência, mas que nunca chega lá. Também penso em construir uma igreja para Nossa Senhora Aparecida no Sítio Boa Vista, onde me criei. É tudo o que quero”. E segue com seus sonhos e a viola a tiracolo para soltar os versos de sua cantoria do povo em outras paragens. (E.B.)


Variedades

O JORNAL JORNA L

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Domingo, 25 de setembro de 2011

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RELIGIÃO GRUPOS CATÓLICOS

Jovens vão realizar encontro em outubro Thallysson Alves Estagiário *

“Muda tua cara, cara muda a tua vida, essa é tua casa, é a tua família. Ânimo irmão! Ânimo irmão! Vem para a vida!”. Será através dessa canção, de autoria própria, que a Comunidade Shallom de Maceió oferecerá a todos os jovens, com idade a partir de 15 anos, o seminário de vida no Espírito Santo, “Caia na real!”. Para seus organizadores, uma virada cristã na vida dos participantes promete acontecer no próximo fim de semana, que apesar de ainda não ter local definido, já tem grande parte da programação confirmada. A festa terá início sábado, dia 1º, às 8h, e só terá fim no dia seguinte após a Santa Missa, programada para as 17h. São esperados, no mínimo, 40 jovens, já que não existe limite de inscrições, apenas o custo de R$ 20 destinados às alimentações, limpeza e transporte de pregadores. E como vão dormir no evento, todos os interessados precisarão levar materiais de limpeza pessoal e roupas próprias. De acordo com a missionária Paula Gomes, originária de Natal (RN), durante todo o dia acontecerão palestras e diversões. Mas na noite de sábado, um grande momento de fraternidade está planejado, com direito a brincadeiras, cinema e atividades de relacionamento. “São muitas as palestras

que vamos ofertar. ‘Amor de Deus’, ‘Pecado e Salvação’, Será itinerante do Senhor, teu Deus’, ‘Senhorio de Jesus’, ‘A promessa do Pai para ti’, ‘Crescer na graça de Deus’ e ‘Fusão no Espírito Santo’ são algumas delas. Além de adorações e acompanhamentos pessoais”, adiantou à missionária. Entre os pregadores, já está confirmada a vinda de Marcos Paulo, natural de Sergipe. “Mas também estamos negociando com animadores e atrações que possam abrilhantar ainda mais a nossa festa”, revelou Paula Gomes. “Será a oportunidade perfeita para os jovens terem uma experiência diferente com Deus. Se perceberem felizes, plenos. Uma verdadeira virada em sua vida”, defendeu. O Centro de Evangelização da Comunidade Shallom de Maceió está localizado na Rua Paulina Maria de Mendonça, nº 341, bairro de Mangabeiras. Ele fica por trás de um posto de gasolina e é lá onde já estão sendo realizadas as inscrições. É também nesse local onde se encontram cinco grupos jovens (aos sábados, às 17h), dois grupos mistos (terças e quartas-feiras, às 19h), ministérios de arte (música, dança e teatro sempre aos sábados, às 14h) e estudantes de violão e canto (aos sábados, às 14h). “Somente as aulas de violão e canto custam R$ 20. Elas têm duração de três meses e única taxa de inscrição”, destacou a missionária.

Para seus organizadores, uma virada cristã na vida dos participantes promete acontecer no próximo fim de semana

Também na sede da Shallom Maceió acontecem momentos de oração, aconselhamentos e adorações - a última acontece nas tardes de quintas-feiras e se estendem até a noite. “E temos espaços destinados à venda de livros cristãos e lanche”, comentou

Paula Gomes. Para Monara Dayane, frequentadora da comunidade, o “Caia na real!” é sinônimo de oportunidade para os jovens viverem um fim de semana diferente. “Todas as vezes que participo dos eventos da Shallom saio com muitas

informações sobre a verdade da Palavra de Deus. É sempre uma experiência única, muito forte. E muitos são aqueles que presencio sair do encontro convertidos, abandonando a ‘felicidade falsa’ para viver a ‘verdadeira’, que está nas mãos de Deus”, declarou.

Para mais informações, os interessados podem buscar a página oficial da comunidade no Facebook - Shallom Maceió. Ou ligar para (82) 32352624 / 3325-5186 / 8845-6873. * Sob a supervisão da Editoria de Cultura

EVANGÉLICA

Assembleia de Deus celebra 54 anos do círculo de oração Thiago Gomes Repórter*

O tradicional círculo de oração Betesda, da igreja-sede da Assembleia de Deus (AD), no bairro do Farol, comemorou este mês 54 anos de um trabalho cujo objetivo é a intercessão. Coordenado atualmente por Luzanira Barbosa, o evento deste ano durou dois dias inteiros de agradecimento a Deus pelas conquistas alcançadas graças à oração. O tema estava contido em Atos 16.25 “Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus”. Foram convidados para a pregação a missionária Suely (Rio Grande do Norte), o pastor Bonifácio (Aracaju), o evangelista Múcio (Farol), pastor Fernando (SP), o pastor Genival Bento (Rio Largo) e o pastor Paulo Kamisaki (paulista que faz a obra missionária no Canadá). O pastor Kamisaki agradeceu a oportunidade de estar na capital alagoana e de ter sido designado pelo pastor Neco a transmitir a palavra do Senhor durante o evento. Além disso, aproveitou para parabenizar as interces-

soras que compõem o trabalho de oração por mais uma data comemorativa. Ele fez a leitura bíblica no Evangelho segundo escreveu João, capítulo 11 e versículo cinco, que assim está escrito: “Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro”. Com fundamento neste trecho, o pastor enfatizou a intenção de Cristo em proteger e ter sentimento pelos seus servos. Já a pregação do pastor Genival Bento encerrou a programação festiva. Ele deu a mensagem como se estivesse conversando com os espectadores e falou sobre a maneira de agir do profeta Habacuque, citando ainda, como exemplo, o personagem Jó que esperou a providência de Deus e não perdeu a própria identidade de servo “íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal”. Mas, o fundamento da palavra estava no tema da festa. Diante deste assunto, ele resumiu a mensagem em um único foco: a espera para receber a bênção no tempo certo. Para exemplificar, o pastor relatou como se deu o cumprimento da vontade de

Deus em sua vida para ministrar fora do Brasil Para o louvor foram chamados o departamento de senhoras do Rio Grande do Norte e uma dupla mirim de Sergipe. Cantores da terra também estiveram se apresentando nos dias da festividade, segundo divulgou a coordenação. Luzanira Barbosa está há 26 anos na direção do círculo de oração Betesda e relata que não tem como contar as inúmeras graças alcançadas pela Igreja neste período. “Sou eternamente grata ao Senhor pelos inúmeros milagres que Ele tem feito. São muitas conversões, libertações, curas, providências de portas de trabalho, de dinheiro, enfim. Deus tem sido muito fiel”, agradece. Ela lembra que recentemente uma mulher agradeceu a Deus por uma causa impossível que se tornou possível. “Ela relatou que chegou ao banco e verificou que tinha entrado dinheiro em sua conta para ela sanar uma dívida alta. Só o Senhor mesmo para fazer isso. Vamos continuar orando pelas causas impossíveis da Igreja”, promete Luzanira.

O evento deste ano durou dois dias inteiros e reuniu centenas de pessoas em torno da oração intercessora

HORÁRIOS DAS MISSAS AOS DOMINGOS Igreja Nossa Senhora da Assunção (Santo Eduardo): 9h30 e 19h; Igreja Divino Espírito Santo (Jatiúca): 7h e 18h; Igreja dos Capuchinhos (Farol): 6h30, 9h, 18h; Igreja Menino Jesus de Praga (Pinheiro): 7h30, 16h, 19h30; Igreja Nossa Senhora de Lourdes (Horto): 7h30 e 19h; Igreja de São Pedro (Ponta Verde): 8h e 19h.

4º MUTICOM A Pastoral da Comunicação do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realiza a cada dois anos o Muticom Mutirão Regional de Comunicação. O 4º Muticom acontece de 28 a 30 de outubro, no Colégio Santa Madalena Sofia, com o tema “Processos de comunicação e mídias digitais: evangelização em tempo de cibercultura”. As inscrições podem ser feitas até o dia 30 deste mês através do blog: www.4muticom.blogspot.com, na Cúria Metropolitana (Av. Dom Antônio Brandão, 559 A, Farol), ou na Livraria Paulinas, na Rua da Alegria, no centro da cidade.


O JORNAL JORNA L Domingo, 25 de setembro de 2011

D1

| www.ojornalweb.com | e-mail: comercial@ojornal-al.com.br Água Doce Cachaçaria - Rosiel Caetano e Rafael Medeiros

Alan Vagner (D Proteção e Verdi Ambiental)

Prêmio NetAL 2011 Alan Matias (Lojas Mister´s )

André Fon (Fotografia)

Auto Posto Liderança

Claudio Bulgarelli, organizador do prêmio, entre Cristiane e Iza, assessoras do evento

Clinica Paulo de Moura - Dr. Paulo de Moura

Glaucia Lopes (Agora Propaganda)

Body Fantasy Alagoas

Cleide (Auto Placas)

Ederson (Orlando Auto Peças)

Eliane Gonçalves (Studio Lili Hair)

Barbara Santiago e Reizinho Porgrama Conexão

Emanuella Monteiro (Pousada do Toque)

Fabio Taveiros (Studio F web)

Imobili Consultoria - César Carvalho

Igor Sampaio (Pro House)

Fred e Henrique (Músicos do Betamax atração da noite)

Flávio Cansanção Maceió 40 Graus

Instit. Imagem - Jose Lopes e Rosana Houly

Izabel Possamai (Fabricatto Móveis) Lella Mafra (Buffet Lella Mafra)

Kaline Lages (O Jornal)

Janine e Helena Lyra(Madu Presentes)

José Pereira (Zé Pereira Restaurante) João Kepler, Rodrigo Fontam e Gustavo Alcantara (Maceió Music Festival)

Madeiras do Brasil Mauricio Padilha

Marcelo e Seu Antonio - Poly Sport

Marcelo Mendes Vox Room

Miguel Pierri (Grafmarques)

Marieli e Estafania (Clinica Vis a Vis) Ricardo Vagner (Parmegianno)

Paclar Ferreira Hora

Paulo Dantas (O Piano Pizza Bar) Alana Morrilak (Maceió Mar Hotel)

Wilson Caruaru (Galeteria Caruaru)

Ricardo Silva - Decanter Importadora de Vinhos Vanessa (Hotel Ritz Lagoa da Anta)

Ronaldo e Michelly (Restaurante Mar e Cia)

Neto Holanda (Igramal)

CMYK


O JORNAL

Classificados D2

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InvasĂŁo aĂŠrea Alagoas vai sediar em dezembro o maior evento de paraquedismo do Nordeste


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BatePronto Victor Mélo - jornalistavictor@gmail.com

BRASILEIRÃO EM ANÁLISE O Brasileirão está chegando à sua reta final. Restam para a maioria dos clubes 13 rodadas, mas algumas definições podem ser percebidas, em blocos. Numa competição marcada pelo equilíbrio, é difícil cravar quem vai ser o campeão e até mesmo quem vai lutar até o fim pelo título. Há dez rodadas, por exemplo, falava-se num duelo particular entre Flamengo e Corinthians. Hoje, os dois estão longe de serem os favoritos da competição. Por isso, temos que dividir a disputa em compartimentos. Por enquanto, brigam por três ou quatro vagas (se um brasileiro, tirando o Vasco, conquistar a Sul-Americana, perde-se uma cadeira) na Libertadores Flamengo, Fluminense, Botafogo, Corinthians e São Paulo. Inter e Coritiba alimentam um sonho distante, mas, a menos que consigam uma arrancada pouco provável, devem ficar mesmo com a SulAmericana. O Palmeiras perdeu força e parece não ter elenco capaz de suportar o tranco. O Fla também está em má fase, assim como o Corinthians, e vai precisar beber guaraná em pó todos os dias para reagir. Vasco, São Paulo, Botafogo, Corinthians e, se forçarmos um pouco, Fluminense e Santos ainda podem beijar a taça e a princesa. Os quatro primeiros ainda não apresentaram um futebol exuberante na competição, mas não deixam dúvidas de que são mais equilibrados. O Flu arrancou no Returno, mas ainda oscila muito e o Peixe vem, literalmente, correndo por fora. Se vencer os jogos pendentes, contra Grêmio e Botafogo, entra no páreo. A turma da marola já tem sérios candidatos. O Figueirense, com 33 pontos, é o principal deles. Os catarinenses vencem em casa, perdem pontos fora e fazem uma campanha sem sobressaltos. Devem atingir em breve o objetivo de escapar da zona do rebaixamento e até pegar uma praia na Sul-Americana. Esse grupo dos sonolentos deve ter Inter, Palmeiras, Atlético-GO e Grêmio. Os desesperados são, sem dúvida, Bahia, Cruzeiro, Ceará, AtléticoMG, Atlético-PR, Avaí e América-MG. Desses sete clubes, quatro devem estar na Segundona no ano que vem. Da turma, o que demonstra poder de recuperação é o Bahia. O Tricolor venceu duas partidas seguidas e saiu do Z-4. Quem deve estar mais preocupado é o torcedor do Cruzeiro. A Raposa despencou na tabela e não apresenta sinais de melhora. Montillo até desequilibra, mas sua qualidade não está sendo suficiente para fazer o time ganhar seus jogos. Apesar do esforço, América e Avaí são hoje os principais candidatos à queda. Para esses, a luta parece ser inglória.

CENÁRIO DE 2010 Na 26ª rodada do Brasileirão do ano passado, o Fluminense liderava com 48 pontos, seguido de perto por Corinthians, com 47, Cruzeiro, 44, Inter, com 41, e Botafogo, com 40.

FATOR GRÊMIO O cenário era parecido com o atual. A novidade em 2010 foi o Grêmio, que aparecia com apenas 33 pontos, arrancou na reta final e conquistou a vaga na Libertadores em quarto lugar, com 63 pontos. Com 71, o Fluminense sagrou-se campeão brasileiro.

CURTO-CIRCUITO Na 26ª rodada do ano passado, dos quatro clubes que estavam na zona do rebaixamento, dois caíram, Barueri e Goiás, e dois escaparam, Atlético-MG e Atlético-GO. Curiosamente, Guarani e Vitória, os outros rebaixados, estavam tranqüilos na 26ª rodada. O Bugre tinha 33 pontos e o Leão 31. Deitaram na vantagem e despencaram para a Série B. Fica o alerta.

Mano Menezes disse que só tirou um jogador de cada clube brasileiro para os jogos de outubro

Fazendo política Mano Menezes evita fazer estragos em times nacionais Os amistosos da seleção brasileira vão ser realizados em período de intensa disputa no Brasileirão. O técnico Mano Menezes destacou que fez o possível para minimizar as perdas dos clubes nas convocações, chamando apenas um atleta de cada agremiação para as partidas contra a Costa Rica e México. Esses dois jogos da seleção estão marcados para 7 e 11 de outubro, respectivamente, em San José e Torréon. Neste período de reunião do grupo, viagem e retorno ao País, os atletas perderão duas rodadas do Brasileirão (28º e 29º). A CBF pode alterar as datas do Nacional. “Não é possível fazer o tal do omelete sem quebrar os ovos. Para minimizar essas perdas, é limitar um jogador por clube na segunda convocação”, resumiu Mano Menezes em coletiva de convocação dos atletas, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro. Dos sete melhores times do Nacional, apenas o Corinthians não teve atletas chamados para os amistosos contra Costa Rica e México.

Para o duelo contra a Argentina, dia 27 de setembro, em Belém, a convocação da seleção

brasileira não prejudica os clubes. Não haverá rodada do Nacional.


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Entrevista/ Alarcon Pacheco

Um desafio chamado CRB Luciano Milano Repórter

A

os 31 anos, o administrador de empresas dedicou boa parte de sua vida ao futebol, mais precisamente ao Corinthians-AL. Hoje, o alagoano de Maceió Alarcon Pacheco Barbosa Oliveira vive uma nova experiência, exercendo o papel de gerente de futebol remunerado do CRB, que ontem iniciou a disputa da segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série C. De personalidade e bom trato com imprensa e com os que o cercam, Alarcon conversou na tarde da última quarta-feira com a reportagem de O JORNAL, no campo da Pajuçara, enquanto apresentava Paulo Comelli como novo treinador do time regatiano. No bate-papo, o dirigente falou sobre seu início no futebol, em 1999, no extinto time amador do Maceió Atlântico Clube, no bairro do Sanatório. De lá, ele foi convidado por Eurico Beltrão e João Feijó para trabalhar com o amador do Timão da Via Expressa. Na ocasião,

Alarcon foi apresentado aos diretores do Corinthians pelo técnico Péricles Chamusca. Em 2000, Alarcon passou a dirigir a base do clube e viajou com a delegação para a Itália, onde o Corinthians participou de um torneio naquele país. Em 11 anos de Corinthians, ele saiu apenas uma vez para tentar ampliar os horizontes: em 2005, foi para o Vitória da Bahia, mas a falta de organização do clube da Boa Terra o fez ficar por lá somente um mês. Considerado um dos melhores e mais capacitados dirigentes do futebol nordestino, Alarcon tem um título de campeão estadual pelo Corinthians, em 2004, uma seletiva do Campeonato do Nordeste em 2003 e boas campanhas com o time na Copa do Brasil. Ele não confirma, mas a possibilidade de trabalhar em um grande clube, com torcida, e entrar nas competições para ser campeão, como no CRB, deve fazer com que os 11 anos de Corinthians se encerrem no fim deste ano. No Galo, Alarcon Pacheco não tem medo de ser apontado caso o time retorne à Série B do futebol brasileiro em 2012, ano do primeiro Centenário regatiano. Larissa Fontes

Onze anos de Corinthians – Tudo que aprendi no futebol foi lá na Via Expressa. Comecei no Corinthians nas divisões de base e logo subi para o profissional, depois que o então gerente de futebol Fernando Aguiar, em 2003, acabou saindo do clube. Fui surpreendido pelo João Feijó dizendo que não contrataria ninguém para o cargo, porque eu seria o gerente profissional. Desde então, montamos uma parceria profissional.

Frustração com a bola – Não tenho muitas. Acho que a maior foi em 2007, quando fizemos uma excelente campanha na Copa do Brasil, desclassificamos o Atlético-PR lá dentro da Baixada, voltamos para Maceió e perdemos o título de um turno para o ASA, depois de termos vencido os caras na primeira partida, em Arapiraca. Aquela foi uma frustração muito grande mesmo.

Fim da parceria com o Timão – Ainda não avalio esse tipo de assunto. Por toda gratidão que tenho ao clube, João Feijó, ao próprio Eurico Beltrão, que não saiu de lá por problemas pessoais, não tomaria nenhuma decisão sem falar com o pessoal. Por enquanto estou cedido ao CRB e focado no trabalho aqui. Revelar jogador ou conquistar título – Revelar jogador é um trabalho gratificante, e mais difícil do que qualquer outra tarefa em um clube de futebol. No Corinthians, sabemos que o foco é fazer o trabalho de base. E gosto muito disso. Mas também é bom respirar outros ares e trabalhar num clube como o CRB, onde o foco é mais a conquista de título, embora o presidente Marcos Barbosa venha planejando dar mais estrutura aos times considerados de baixo aqui na Pajuçara. Gosto de revelar, mas ser campeão também é muito gratificante. Desafio no CRB passa por ser campeão – Quis viver o desafio de poder trabalhar em um clube com grande torcida, como o CRB. É uma experiência muito particular, que quis viver também por

fase da Série C. Claro que não posso dizer se o clube vai voltar à Segunda Divisão, mas garanto à torcida do Galo que fizemos o melhor e nos dedicamos o tempo todo. A segunda fase – começou ontem com CRB e Rio Branco em Maceió – será também muito difícil, mas nos reforçamos com jogadores de qualidade e somos um forte candidato ao acesso.

Alarcon Pacheco disse que o seu objetivo é ajudar o CRB a voltar ao Brasileiro da Série B

proposta pessoal. Aceitei o convite do Marcos Barbosa para ajudar no retorno do clube à Segunda Divisão em 2012, ano do primeiro Centenário regatiano. Acho que estou me saindo bem.

a relação deve ser determinada pelo clube, estabelecendo as bases do negócio, ditando as regras. Feito isso, não há como a agremiação ser prejudicada.

Permanência na Pajuçara ano que vem – É como falei antes: por enquanto estou aqui no CRB trabalhando na Série B. O futuro, o ano que vem, só vai ser discutido lá na frente. O que posso dizer é que estou gostando da experiência.

Futebol e profissionalismo – O que vou dizer pode parecer redundante, lugar-comum. Mas é a verdade. Futebol mudou pra caramba e, quem não se profissionalizar o quanto antes, não vai mais ter espaço para trabalhar. Profissionaliza ou fecha.

Empresário no mundo da bola – Não considero o empresário um mal necessário, não vejo dessa forma. Acredito que

CRB e retorno para Série B – Montamos um time bom, competitivo e que conseguiu classificação para a segunda

Armações nos bastidores do futebol – Agente sempre escuta falar, mas nunca vi nem me foi proposto nada disso. Se um dia eu souber, deixo o futebol e vou cuidar da minha vida em outra coisa. Jogadores de destaque – Dos muitos que trabalhei em 11 anos de carreira, posso destacar pelo menos três deles: o Zé Carlos (atacante hoje no Criciúma), que começou a trabalhar comigo ainda no Maceió Atlântico Clube; também atacante João Paulo (ex-seleção brasileira), e o Gláucio, que também passou por Flamengo e Portuguesa. Alarcon Pacheco Barbosa Oliveira – Sou tranquilo, dou muito valor à família, tanto que sempre me esforço para almoçar com pais e avós aos domingos. Sou trabalhador e respeitador. Mas o que me define mesmo é a honestidade.


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O avião Becch 99 está confirmado no Boogie de Maceió

Os paraquedistas estão chegando Sky Comics Boogie vai reunir 150 atletas renomados do Brasil e do exterior em Alagoas Victor Mélo Editor de Esportes

Maceió vai sediar o maior evento de paraquedismo do Nordeste no mês de dezembro. Essa foi a promessa do mineiro Stélio Andrade, que veio ao Estado neste mês para fechar patrocínios e definir detalhes a respeito do Sky Comics Boogie. O organizador do evento tem muita experiência no esporte e pretende trazer 150 atle-

tas de destaque no Planeta para saltar em Alagoas entre os dias 30 de dezembro e 8 de janeiro. “Esse vai ser um grande encontro internacional de paraquedismo. Já fechamos com o Aeroclube de Maceió e estamos vendo também a possibilidade de saltarmos no Francês, em Paripueira e até em Arapiraca. Também já temos confirmados saltos nas principais praias de Maceió, Jatíuca, Ponta Verde e Pajuçara. Alguns deles, inclusive, estão marcados para o úl-

timo dia do ano. Nosso objetivo é demonstrar todo o espetáculo do nosso esporte para o público alagoano e colocar o Boogie no calendário esportivo do País e do Mundo”, explicou Stélio, que visitou a redação de O JORNAL ao lado da paraquedista alagoana Ruth França. Ela é diretora do Departamento de Paraquedismo do Aeroclube de Maceió e também é uma das atletas de referência da modalidade no Nordeste.

Desde que começou a competir, em 1997, Ruth participou da quebra de recordes da modalidade nos quatro cantos do País. “O Paraquedismo já está consolidado no Brasil. Temos hoje atletas de grande destaque até internacional e agora nossa comunidade está muito animada com a possibilidade de participar de eventos como o Boogie em Maceió. Vamos reunir feras do PQD em Alagoas e mostrar todas as nossas belezas naturais”, declarou Ruth, que nas-

ceu em Penedo, passou muitos anos em São Paulo e voltou ao Estado na última década. “Desde que a Ruth retornou a Alagoas, em 2006, o paraquedismo se desenvolveu muito no Estado. Antes, a modalidade não tinha atividade regulares e, com o dinamismo da Rutinha, o PQD ganhou impulso. A prova disso é a realização desse megaevento por aqui”, disse o paraquedista Makosan Lima, mato-grossense radicado em Alagoas.

Tentativa de quebra de recordes vai animar o evento No Boogie de Maceío, os 150 atletas vão tentar quebrar os recordes alagoano, cearense, sergipano e baiano. Para realizar os movimentos sincronizados a partir dos 5 mil metros de queda, os atletas precisam ter habilidade e entrosamento. Stélio aposta no sucesso da missão.

“Vamos treinar muito para executar as formações com perfeição e atingir marcas importantes no Estado. No próximo ano, quero transformar esse evento no principal do calendário de PQD do País. As paisagens de Alagoas atraem atletas do mundo inteiro e, certamente, eles vão trazer também

seus familiares para cá. Vamos também aumentar o fluxo turístico de Alagoas, que já um dos carros-chefe do Estado. Nosso objetivo é fechar com um hotel específico para o evento e dar conforto aos competidores e as pessoas que vierem com eles. Vamos vender também pacotes completos, que incluem os saltos,

no nosso site www.skycomics.com.br”, informou Stélio. SALTOS DIURNOS – Apesar de o evento ser realizado também no último dia do ano, Stélio disse que os saltos vão ser apenas diurnos. “A dificuldade é porque os gastos com voos noturnos são maiores

e isso aumentaria até os custos do pacote. No mais, em noite de lua cheia, é perfeitamente possível saltar no escuro. Nesse cenário, a visão do paraquedista é bem parecida com a diurna. Já fiz saltos nessas condições, a Ruth também e não há grandes dificuldades nesse sentido”, explicou. (V.M.)


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Avião alemão Beech 99 é uma das atrações Stélio Andrade contou que as principais razões de Maceió ter sido escolhida para sediar o evento foram as belezas naturais, o apoio do Aeroclube e a viabilização de patrocinadores. De acordo com o promoter, que também é instrutor de paraquedismo, o Sky Comics se banca com uma arrecadação de R$ 150 mil. “O investimento para a realização do Boogie é muito alto. Só o avião alemão que fechamos recentemente vai ser deslocar para Alagoas por R$ 50 mil. O Beech 99 é bem mais rápido que as aeronaves comuns usadas no Brasil, comporta 17 pessoas, e é ideal para o nosso esporte. Por tudo isso, é importante captarmos recursos com patrocinadores. Já fechamos com a Secretaria de Turismo do Estado e a Convention Bureau

e iniciamos os contatos com a Carajás. Há outras cotas de patrocínio e estamos à disposição das autoridades de Alagoas e dos empresários de todo o País”, declarou o promoter, que começou a saltar em 1982. “Meu primeiro salto aconteceu num período romântico do paraquedismo. De lá pra cá, muita coisa mudou no esporte, mas a paixão é a mesma”, acrescentou Stélio. Ruth França ainda lembrou na entrevista que o organizador do Sky Comics introduziu o salto duplo no País. “Ele trouxe esta novidade para o Brasil há 25 anos. Hoje, esse tipo de salto já é muito difundido. No duplo, o acompanhante sente as mesmas emoções do instrutor e não precisa fazer nenhum curso. É uma experiência segura e inesquecível”, comentou a alagoana.

Profissionais e amadores no evento Stélio e Ruth observam área para saltos em Alagoas

Stélio informou ainda que o Sky Comics vai abrir inscrições para iniciantes na modalidade. Os cursos custam entre R$ 600,00 e R$ 700,00 e duram 10 horas. “Vai ser interessante para quem pretende começar no paraquedismo porque já vai saltar ao lado de grandes atletas da modalidade”, declarou o promoter, destacando que todas as medidas de segurança vão ser tomadas pela organização. “A partir da década de 90, o paraquedismo se desenvolveu muito no quesito segurança. Hoje contamos com equipamentos de altíssima tecnologia e não descuidamos em nenhum momento. Costumo dizer que o PQD é um esporte potencialmente seguro, dependendo de quem pratica. Pessoas de alto nível e responsáveis estão espalhadas pelo Planeta para iniciarem novas turmas. Em Alagoas, já temos esses instrutores”, afirmou Stélio. Ruth disse que a cada 15 dias,

mesmo sem fazer propaganda, o Departamento de Paraquedismo do Aeroclube é procurado por interessados na modalidade. “Ofertamos esses cursos durante o ano todo”, informou a atleta e instrutora “Basta procurar o Aeroclube ou ligar para o telefone 3354-2187.É importante destacar que essas aulas habilitam para o salto solitário e que os inciantes vão ser orientados via rádio pelos instrutores durante o voo”. INTEGRANTES – Stélio fez questão de agradecer ao presidente do Aeroclube de Alagoas, Saulo Cavalcanti, e outras pessoas diretamente envolvidas na organização do evento. “Além do San e da Ruth, temos o Fernando, o Nadinho, o Frank e o Felipe que fazem parte do grupo de paraquedistas do Estado. Também conto com total apoio da Cacau Cipolli, que me ajuda a organizar o Boogie”, lembrou. (V.M.)


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Primeira Edição

REI PELÉ

CSA tenta vencer a terceira na 2ª Divisão O CSA vai participar hoje de mais uma rodada dupla na Segunda Divisão do Alagoano. O Azulão entra em campo para enfrentar o São Luiz, às 17h15, depois do jogo entre São Domingos e Sete de Setembro, marcado para as 15h. Tentando animar a massa, os dirigentes azulinos fizeram promoção na venda de ingressos desde a última quarta. Os ingressos foram vendidos até ontem por R$ 6,00 (arquibancadas) e R$ 10,00 (cadeiras especiais). Hoje os bilhetes vão ser vendidos por R$ 10,00 e 20,00. O técnico Celso Teixeira continua fazendo observações no grupo azulino. Na semana passa-

da, ele dispensou o meia Adriano Silva por indisciplina e deficiência técnica. Agroa, a diretoria disse que pretende emprestar o jogador para não ter prejuízo. Para o duelo de hoje, a principal baixa é o volante Anderson Cabeção, que recebeu o terceiro cartão amarelo na vitória de domingo sobre o Sete de Setembro, por 2 x 0, também no Rei Pelé. Com seis pontos na tabela do Grupo B, o Azulão entrou na rodada na terceira colocação. O clube foi convidado para participar da competição e tem pouca motivação na disputa. "Mas temos a obrigação de vencer”, resumiu o treinador. (V.M.) Marco Antônio

O técnico Freitas Nascimento enfrenta seu maior desafio no Brasileiro da Quarta Divisão de 2011

“Hora da onça beber água” No Recife, Coruripe inicia o mata-mata contra o Santa Victor Mélo Editor de Esportes

O Coruripe enfrenta hoje um dos grandes clubes do futebol nordestino. Atual campeão pernambucano, o Santa Cruz é o adversário do Hulk no primeiro mata-mata da Série D, e o jogo que abre o confronto está marcado para esta tarde, às 16h, no Estádio do Arruda, no Recife. O time alagoano fez uma excelente campanha na primeira fase, classificou-se co-

mo líder da chave e tem a vantagem de decidir a disputa no próximo sábado no Estádio Gerson Amaral, em Coruripe. Cogitou-se a possibilidade de o Hulk atuar em Maceió, mas o técnico Freitas Nascimento pediu à direção para esquecer o assunto. O treinador recebeu três jogadores na semana passada. Chegaram, treinaram e já estão prontos para estrear o zagueiro Diego Padilha, o volante Rhuan e o meia Jônatas, que estavam atuando

no Campinense no Brasileiro da Série C. O atacante Edson Di foi liberado pelo Departamento Médico do Alviverde, treinou na última quinta-feira no Gerson Amaral e deve reunir condições de atuar no Recife. A CBF definiu também na última quinta-feira o trio de arbitragem para o confronto. O paulista Rodrigo Braghetto comanda a partida, sendo auxiliado por Vicente Romano Neto e Fábio Rogério Baesteiro.

Técnico Celso Teixeira continua fazendo testes na equipe do CSA


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Agenda Hoje Brasileirão 16h Corinthians x Bahia 16h Botafogo x São Paulo 16h Internacional x Atlético-MG 16h Cruzeiro x Vasco 16h Avaí x Grêmio 18h Atlético-GO x Palmeiras 18h Ceará x Coritiba

Série C 16h Paysandu-PA x América-RN 16h Joinville x Ipatinga-MG

Série D 15h Mirassol x Juventude 16h Treze-PB x Santa Cruz-RN 16h Santa Cruz-PE x Coruripe 16h Volta Redonda x Tupi 16h Itumbiara x Villa Nova-MG 16h Cianorte x Oeste 17h Sampaio Correa-MA x Cuiabá-MT 17h Penarol-AM x Independente-PA

O volante Casemiro está fora da partida de hoje, às 16h, contra o Botafogo, no Estádio do Engenhão

Baixas do clássico

Espanhol 07h Mallorca x Real Sociedad 11h Levante x Espanyol 13h Granada-ESP x Osasuna 15h Sporting de Gijón x Racing Santander 17h Zaragoza x Málaga

Francês

Casemiro e Paulinho desfalcam São Paulo e Corinthians O clássico entre São Paulo e Corinthians, válido pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Morumbi teve todos os ingredientes de um grande jogo, pelo menos antes da partida. Durante os 90 minutos, os mais de 45 mil presentes no Morumbi não puderam gritar gol nenhuma vez, e ainda de quebra, perderam jogadores por suspensão para a próxima partida. O jogo valia liderança, pelo menos temporária. Além disso, os tricolores queriam acabar com um incomodo jejum no clássico. Desde fevereiro de 2007 que o São Paulo não vencia o Corinthians no Morumbi. De lá para cá, foram sete jogos, com cinco empates e duas vitórias do Timão. O Corinthians por sua vez, buscava reabilitação. No Parque São Jorge, muitos problemas após a perda da liderança. Apesar do presidente alvinegro Andrés confirmar a permanência de Tite no comando até o fim do ano, a torcida protestou no CT e pediu a saída do treinador.

Desde a chegada no estádio, o clima já era de batalha. Ônibus do Corinthians foi alvo de pedradas na chegada ao Morumbi, felizmente ninguém ficou ferido e dois torcedores do São Paulo foram presos. Dentro de campo, as novidades ficaram por conta de Chicão vetado por Tite, e a não estreia de Luis Fabiano, que ficou em suspense até o último segundo. Denílson também foi desfalque, uma vez que estava com gripe. Com a bola rolando, as jogadas de mais perigo foram para o São Paulo, que acabavam nas mãos de Julio César ou na marcação de impedimento do bandeirinha, sendo oito no total da primeira etapa. O Corinthians tentou reação e também levou perigo, porém, por apenas uma vez, mas também parou em Ceni. O primeiro tempo foi marcado por muitas faltas do Corinthians, que parou o jogo por falta por 13 vezes, e jogo duro, sendo que três jogadores receberam cartão amarelo.

O primeiro saiu para o sãopaulino Casemiro, aos 36 minutos, ao dar um carrinho em Emerson Sheik. Casemiro estava pendurado, e desfalca o São Paulo hoje, às 16h, diante do Botafogo, no Engenhão. O segundo contemplado com amarelo foi do adversário, Paulinho, quatro minutos depois. Assim como o rival, o volante também estava pendurado, e não atuará diante do Bahia, também neste domingo, às 16h, no Pacaembu. Antes o apito final da primeira etapa, Emerson também recebeu amarelo. No segundo tempo, o Corinthians se encontrou mais na partida e esteve muito mais perto de abrir o placar, mas também não transformou o domínio do jogo em gols, acabando a partida por 0 x 0. O lado negativo da partida foram as substituições de Piris, do São Paulo, Leandro Castán e Liedson do Corinthians. Todos pediram para ser substituídos por contusão.

12h Brest x Ajaccio 12h Auxerre x Sochaux 14h Saint-Etienne x Auxerre 16h Rennes x Saint-Etienne

Inglês 12h QPR x Aston Villa

Italiano 07h30 Chievo Verona x Genoa 10h Atalanta x Novara 10h Cagliari x Udinese 10h Catania x Juventus 10h Lazio x Palermo 10h Siena x Lecce 15h45 Parma x Roma

Alemão 10h30 Colônia x Hoffenheim 12h30 Werder Bremen x Hertha

Argentino - Apertura 11h Independiente x Vélez Sarsfield 14h Tigre x All Boys 16h San Lorenzo x Racing Club 18h10 Argentinos Juniors x Boca Juniors 20h15 Estudiantes x Belgrano

Português 12h Beira-Mar x Rio Ave 12h Paços Ferreira x Gil Vicente 12h Olhanense x União Leiria 15h15 Marítimo x Vitória de Guimarães


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Sem afobação Vettel garante que chance de título em Cingapura não aumenta a pressão Com chances de conquistar o título já no GP de Cingapura, hoje, a partir das 9h (de Brasília), Sebastian Vettel garante não se sentir pressionado. O jovem piloto afirma que irá para o GP noturno da mesma forma que entrou em todas as outras corridas da temporada. “Se houver a possibilidade ou a chance de vencer aqui nós queremos alcançá-la. Eu não sinto nenhuma pressão extra em tentar vencer o campeonato aqui ou em algum lugar específico. Nós precisamos apenas nos lembrar qual é nosso objetivo na temporada: não é exatamente vencer o

campeonato em Cingapura, é simplesmente vencer o campeonato. Não importa quando, importa acontecer”, diz o líder. Enquanto seus adversários na disputa já jogaram a toalha e consideram o título de Vettel questão de tempo, o alemão evita cantar vitória com antecedência. “Seria, poderia, deveria... Até agora não ganhamos nada. Obviamente um monte de gente fala isso, mas certamente coisas precisam acontecer. Nós estamos em uma situação boa, mas ainda há um caminho a percorrer. Temos que correr, fazer

nosso trabalho e dar o máximo”. Líder do campeonato com 284 pontos, Vettel pode se sagrar bicampeão em Cingapura. Para que essa possibilidade se concretize, há três cenários possíveis: Se Vettel vencer, Button e Webber precisam chegar no máximo em terceiro e Alonso em quarto. Caso chegue em segundo, Hamilton precisa chegar no máximo em terceiro, Button e Webber em quinto e Alonso em oitavo. Se ficar em terceiro, Hamilton precisa chegar no máximo em quarto, Button e Webber em sétimo e Alonso em nono.

Massa está preocupado com o calor O brasileiro Felipe Massa acredita que uma boa preparação física será fundamental para o GP de Cingapura deste fim de semana. Apesar de ser disputada à noite, a corrida asiática costuma ser muito desgastante devido ao forte calor e elevada umidade típicos da região. “O calor faz a corrida ser uma das mais difíceis do calendário. É muito quente e úmido, mesmo com a corrida começando à noite. Além disso, Cingapura é a prova mais longa da temporada. Acho

que ano passado a prova durou poucos minutos menos que as duas horas limite, o que não é tão fácil de lidar fisicamente. Eu considerei isto na minha dura preparação para este domingo”, ressaltou o piloto da Ferrari, lembrando do GP de 2010, que durou 1h57min 53 e foi vencido pelo seu companheiro, o espanhol Fernando Alonso. O discurso de Felipe Massa de cuidado na preparação para o GP foi reforçado por pilotos como Mark Webber, da RBR, e Heikki

Kovalainen, da Lotus. “Cingapura é a mais longa corrida do ano. O calor intenso e a umidade fazem com que seja muito quente o cockpit. Você tem que prestar atenção à sua hidratação durante a preparação para a corrida”, destacou Webber. “Fisicamente eu me senti bem durante toda a temporada. Mas é obviamente mais desafiador a umidade e calor de Cingapura. É um grande desafio e é isso que é feito a F-1”, completou Kovalainen.


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Mil formas A Vida da Gente, a nova novela das seis, da Globo, traz em seu enredo a nova formatação dos lares brasileiros, como Ana, papel vivido por Fernanda Vasconcellos, uma jovem que se apaixona pelo “meio-irmão” Páginas 6 e 7


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ASPAS

O ASTRO

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"Consegui fazer com que me vissem como eu queria. Então, vamos manter as esperanças...". Thaís Fersoza (foto), a Patrícia de "Vidas em Jogo", da Record, dizendo que se sente mais poderosa com os cabelos louros e não descarta a possibilidade de posar nua (Revista "Playboy").

Divulgação

Delicada relação

"Sempre tive autocontrole, sabia até onde podia ir". Cássia Kis Magro, a Dulce de "Morde & Assopra", ao revelar que, quando adolescente, fumava maconha e bebia chá de cogumelo (Jornal "O Dia").

O QUE VEM POR AÍ

"Sou muito tímida e nunca tinha feito cenas assim". Ellen Roche, a Valéria de "O Astro", jurando sentir muita vergonha quando protagoniza cenas de sexo na novela ("ego.com.br"). "Foram adequadas". Adriane Galisteu sobre as vendas da edição de aniversário da "Playboy" em que saiu na capa. Enquanto a edição comemorativa do ano passado vendeu cerca de 700 mil exemplares com Cleo Pires, a de Adriane não alcançou a marca dos 500 mil ("ego.com.br"). "A primeira vez que me convidaram eu era muito novinha. Quem sabe...". Sthefany Brito, que volta ao ar em "A Vida da Gente", sobre fazer um ensaio nu (Jornal "Diário de S. Paulo"). "Já incomodou, hoje não mais". Rodrigo Lombardi, o Herculano de "O Astro", sobre o posto de galã ("gente.ig.com.br"). "Eu comeria ela e o bebê". Rafinha Bastos, com mais um de seus comentários polêmicos no "CQC", referindo-se à cantora Wanessa, que está grávida de seis meses. "Não sou nem linda, nem rica". Deborah Secco discordando da imagem que as pessoas, de uma maneira geral, fazem dela ("famosidades.com.br"). "É como beber água, comer". Alinne Moraes, a Lili de "O Astro" falando sobre sexo (Revista "IstoÉ Gente"). "Eu era totalmente introspectiva, CDF e muito envergonhada".

Paola Oliveira lembrando como era diferente do que é hoje em dia na época da escola ("gente.ig.com.br"). "Não é nada que me faça parar de

trabalhar e namorar". Claudia Jimenez, que volta ao ar em "Aquele Beijo", próxima novela das sete da Globo, após descobrir que está com uma calcificação na válvula aórtica ("ego.com.br").

Esta semana, em "O Astro", a relação entre Nina (Juliana Paes) [foto] e Herculano (Rodrigo Lombardi) ganhará novos ares. Ela é a dedicada secretária que o Grupo Hayalla precisava. Contudo, o assédio de Amin (Tato Gabus Mendes) faz com que Nina peça demissão a Herculano. Ele não ignora um forte sentimento que tem pela moça e a convence de permanecer no Grupo com outras funções. Para evitar um escândalo, Herculano vai cobrar que Amin fique longe de Nina. Mas, no fundo, parece que ele quer mesmo protegê-la. Mais tarde, com esse sentimento de proteção garantido, Nina beija Herculano e dá o passo inicial para aquilo que pode ser um romance. O entrosamento entre eles é visível. Quem não gosta nada disso é a decidida Amanda (Carolina Ferraz). Ela os observa enquanto conversam e dali nasce um pressentimento de que está perdendo o homem que ama. Mas é bom ela estar preparada porque Nina pode ser tudo, menos boba e não abrirá mão de Herculano tão facilmente. (Gabriel Sobreira/PopTevê) # Jôse desmaia durante um jantar. # Samir paga a fiança de Felipe e Henri.


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PERSONAGEM DA SEMANA

Jogo rápido Por Luana Borges PopTevê

Adriana Birolli conseguiu, em relativamente pouco tempo, o que a maioria dos jovens atores deseja para suas carreiras. Diferentemente de muitos novatos, ela não precisou fazer personagens pequenos até conseguir se destacar na teledramaturgia. Depois de apenas duas participações em "Faça Sua História" e "Beleza Pura", interpretou a Isabel, de "Viver A Vida", e agora dá vida a Patrícia, de "Fina Estampa" - duas personagens importantes em tramas das nove na Globo. Para a atriz curitibana, que começou a fazer teatro aos oito anos, estar no horário nobre da emissora não muda em nada seu trabalho de atriz. "Acho que a diferença é o reconhecimento do público. E você passa a ter uma vida pública, que eu não tinha antes. Mas a batalha é a mesma", garante ela, que se mudou para o Rio de Janeiro em 2007, quando passou para a Oficina de Atores da Globo. "Chega uma hora em que, se você faz o seu trabalho, se ama o que faz, de alguma maneira, você é recompensado. Com mais trabalho, de preferência", pontua. Agora, na pele da romântica Patrícia, Adriana encarna uma personagem completamente diferente da que lhe revelou na tevê: a venenosa Isabel. E é justamente a possibilidade de experimentar novas sensações que mais instiga a atriz. "É muito bom poder trabalhar em outra energia. Acho que a maior mudança de um personagem para o outro é a energia que você trabalha", explica. Mas depois que Patrícia descobre que foi enganada por Antenor, de Caio Castro, até então seu namorado, sua personagem começa a passar por um período de transformações. Uma delas é enfrentar a mãe, Tereza Cristina, de Christiane Torloni, que sempre a mimou e protegeu do mundo. "Sei que é uma personagem que passa por muitas mudanças. Ainda vão acontecer muitas coisas que farão com que ela vá mudando e amadurecendo", avisa.

P - Você ficou conhecida depois de interpretar a Isabel, em "Viver A Vida", uma personagem invejosa e má. Em "Fina Estampa", vive uma jovem romântica, completamente diferente de seu papel anterior. Dessa vez, como foi seu processo de composição? R - Nessa primeira fase, a Patrícia é muito princesa, menina e reservada. Foi uma coisa até que o Wolf Maya me pediu no começo, essa reserva. Mas, ao mesmo tempo, fui procurar referências que não têm nada a ver com isso, como a Anna Magnani, que é uma atriz forte. Tudo que ela faz é forte. Na mudança da personagem, sei que isso vai ser necessário. Vejo muito a Isabelle Adjani também porque acho que ela tem potencial tanto para fazer a menina, pois tem uma força dramática e uma verdade forte, como para fazer a moleca, coisa que a Patrícia ainda é. P - Em cena, Patrícia está sempre bem vestida. De que maneira esse processo de caracterização influencia no seu trabalho? R - Ajuda em tudo porque, quando a gente chega aqui, tem seis capítulos e você não sabe o que vai ser. Aí, começa a chegar o figurino e nós somos um pouco do que vestimos. APatrícia é muito detalhista, tem três colares que usa ao mesmo tempo. O brinco dela é uma coisa muito simples, mas que eu nunca vi na vida, que é uma bolinha achatada. Ela usa maiô com uma blusa transparente por cima, com uma calça jeans. São elementos que vão trazendo um pouco da personalidade dela, o cuidado que ela tem, o quão "patricinha" ela é.

Na pele de Patrícia, em "Fina Estampa", Adriana Birolli vive papel oposto ao que a revelou na tevê

P - Em 2007, você saiu de Curitiba para morar no Rio de Janeiro e, hoje, interpreta sua segunda personagem no horário das nove. A que atribui esse destaque que você ganhou com pouco tempo de carreira na tevê? R -Acho que todo mundo tem o seu caminho, eu batalhei pelo meu. Quando cheguei aqui, fiz as minhas peças, fiquei fazendo teatro durante dois anos e também viajando com os espetáculos. Chegou uma hora em que aquele trabalho que eu deixei arquivado na Globo chamou atenção de alguém, que me chamou para um teste, que chamou atenção de um diretor, que me chamou para outro teste. Acho que é um caminho mesmo.

ANIVERSÁRIOS DA SEMANA DE 25 DE SETEMBRO A 1º DE OUTUBRO 25/09 - Glória Perez, 63 anos. 26/09 - Cláudio Marzo, 70 anos, Dan Stulbach, 42 anos, Alexandra Marzo, 43 anos, e Leandro Hassum, 38 anos. 27/09 - Dennis Carvalho, 64 anos, e Caco Ciocler, 40 anos. Neste dia, há 18 anos, foi ao ar o primeiro capítulo de "Sonho Meu". Escrito por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, o folhetim foi inspirado nas novelas "A Pequena Órfã", exibida pela TV Excelsior em 1968 e pela Globo em 1971, e "Ídolo

de Pano", que foi ao ar pela TV Tupi em 1974. Na trama, Cláudia (Patrícia França) é vítima de violência do marido Geraldo (José de Abreu). Por isso, ela resolve sair do Rio de Janeiro e vai para Curitiba, onde conhece os irmãos Lucas (Leonardo Vieira) e Jorge (Fábio Assunção). Cláudia se apaixona por Lucas, enquanto Jorge é um mau-caráter que faz qualquer coisa para conquistá-la. A moça está em busca de sua filha, Maria Carolina (Carolina Pavanelli), que ficou sob a guarda de sua cunha-

da Elisa (Nívea Maria) por causa das brigas constantes dos pais. Mas a menina não é bem tratada por sua tutora e se apega ao tio Zé (Elias Gleizer), que a protege. Ainda no elenco, Beatriz Segall, Ângelo Paes Leme, Cláudia Magno, Débora Duarte e Yoná Magalhães, entre outros. 28/09 - Domingos de Oliveira, 75 anos, Patrícia França, 40 anos, Guta Stresser, 39 anos, e Helder Agostini, 21 anos. 30/09 - Daniel Filho, 74 anos.


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MAPA DA MINA Por Manu Moreira

Aventureiros (GLOBO, DOM, 13h) No episódio de "Os Caras de Pau" deste domingo, Pedrão, de Marcius Melhem, e Jorginho, vivido por Leandro Hassum, se inscrevem em uma corrida de jipe em uma trilha "off road". Mas Pedrão joga fora o mapa do percurso, alegando que comprou um GPS que irá ajudá-los a encontrar um atalho e ganhar a corrida. Porém, ao invés do aparelho guiar a dupla, os confunde ainda mais.

Participação (GLOBO, SEG, 18h) No primeiro capítulo de "A Vida da Gente", novela das seis da Globo que estreia nesta segunda, o ex-tenista Gustavo Kuerten faz uma participação. Na trama de Lícia Manzo, a personagem de Fernanda Vasconcellos, Ana, é uma tenista em início de carreira com um futuro promissor no esporte. Como a jovem está conquistando diversos torneios, Guga dá uma declaração que enaltece as qualidades esportivas e o talento da atleta.

Para rir (GLOBO, DOM, 21h) Neste domingo, vai ao ar o segundo episódio da série "Stand Up Nosso de Cada Dia", quadro de humor dirigido por Cláudio Manoel no "Fantástico". Criado por Claudio Torres Gonzaga, um dos precursores do gênero "stand-up comedy" no Brasil, o quadro traz um grupo de atores de grande destaque no gênero retratando situações cotidianas de maneira bem-humorada.

Umbigada (TV BRASIL, TER, 19h30) Em 2007, o Tambor de Crioula - dança popular afro-maranhense - foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional. O "Expedições" desta terça mostra a força do Tambor de Crioula através de seus principais personagens, os coureiros e as coureiras, brincantes que organizam e participam da festa.

Veloz (GLOBO, DOM, 8h50) Para os amantes da velocidade, as manhãs de domingo são especiais. Nesta semana, a Globo dá um gostinho para os admiradores da Fórmula 1. A emissora exibe o Grande Prêmio de Cingapura ao vivo.

Olho no lance (GLOBO, QUA, 21h45) Os "clássicos" do futebol sempre deixam ainda mais eufóricos os torcedores apaixonados. E, quando se trata de uma rivalidade internacional, todos se unem pela seleção do seu coração. Nesta quarta, os amantes do esporte poderão acompanhar a partida Brasil x Argentina.

Banco da praça (SBT, QUI, 23h) Carlos Alberto de Nóbrega continua "pagando os seus pecados" em "A Praça É Nossa". Nesta semana, ele recebe a visita dos atrapalhados heróis Batman e Robin, interpretados, respectivamente, por Tuca Laranjeira e Alexandre Frota. Segue o som (GLOBO, SEX, 0h50) Os fãs da música poderão acompanhar os sete dias do Rock in Rio pela cobertura especial da Globo. Nesta sexta, a emissora exibe os melhores momentos do festival e ainda mostra, ao vivo, alguns shows. A apresentação ficará a cargo do jornalista Zeca Camargo. Bruno De Luca e André Marques comandarão entrevistas e "flashes" do local. Batuque (TV BRASIL, SAB, 22h) O município de Nazaré da Mata, em Pernambuco, é o grande celeiro dos maracatus, ritmo de origem Nordestina. Feitos em sua maioria por trabalhadores rurais dos canaviais da região, eles formam grupos que mantêm a tradição dessa brincadeira já por quase cem anos. O segundo episódio da série "Sábados Azuis: Histórias de um Brasil que dá Certo" mostra um pouco da história desse ritmo.

Rapidinhas # Neste domingo, a Globo exibe as partidas Cruzeiro x Vasco para a rede e São Paulo x Botafogo apenas para a "terra da garoa". (Globo, dom, 15h45) # A Band exibe um episódio inédito da série "Um Tio da Pesada". (Band, seg, 20h30) # Danilo Gentilli investe no humor ácido nesta terça, no "Agora é Tarde". (Band, ter, 23h45) # O SBT exibe, nesta quarta, mais uma eliminatória do "reality" "Se Ela Dança Eu Danço". (SBT, qua, 20h15)

# A Globo exibe alguns shows do Palco Mundo nesta quinta e os melhores momentos de outras apresentações. (Globo, qui, 1h25) # Nesta quinta, a Band exibe a premiada comédia "Família Moderna". (Band, qui, 20h30) # O "Almanaque Brasil" desta sexta recebe o músico João Bosco. (TV Brasil, sex, 20h). # Neste sábado, vai ao ar mais uma eliminatória do "Projeto Fashion", "reality" de moda apresentado por Adriane Galisteu. (Band, sab, 22h45)


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CORPO EM EVIDÊNCIA

MALHAÇÃO

Caso sério

A prática de uma atividade física é um martírio para muitas pessoas. Acordar cedo, entrar em uma academia lotada e ainda enfrentar uma série de aparelhos nada "charmosos" tampouco ajudam. Porém, para Natália Soutto, isso muda de figura quando o cenário para o exercício é naturalmente belo - como uma praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro - e as geringonças de ferro dão lugar a simpáticos instrumentos coloridos. "Quando faço abdominais na areia, chego a sentir o músculo trabalhando e até minha barriga ficou durinha", anima-se a intérprete da Das Dores, de "O Astro", da Globo. No texto de Geraldo Carneiro e Alcides Nogueira, Das Dores é quase uma "faz tudo" da residência de Neco, de Humberto Martins. Logo no começo da história, assim que Lili, de Alinne Moraes, resolveu dar um basta na exploração do malandro, ele providenciou a Das Dores como substituta. "Só que tudo que o Neco fazia com o papel da Alinne, ele continua fazendo com a minha personagem", resume Natália, no momento do aquecimento para a aula de circuito funcional com a "personal trainer" Tatiana Breia. Enquanto se prepara para o salto lateral de obstáculo, Natália traz na ponta da língua os benefícios da atividade física em sua vida. Além da barriga durinha, a perna afinou e não para por aí. "O meu corpo mudou completamente. Criei cintura", observa, entre risos. As novas medidas se tornam ainda mais especiais porque ajudam na composição do papel em "O Astro". Em algumas cenas, a personagem Das Dores tem aparecido em roupas justas e curtinhas. "Me sinto bem com meu corpo e avisei a Tati que ela tem de me ajudar e focar nisso", brinca com "personal", pedindo para que capriche em alguns exercícios. O circuito funcional trabalha praticamente todas as qualidades físicas. Entre elas, a coordenação, o equilíbrio, a potência, a força e a explosão. No momento em que faz exercícios de sustentação de tronco com prancha de equilíbrio e crucifixo inverso para as costas, Natália fala sobre um amadurecimento que percebe em si

Natália Soutto, de "O Astro", melhora o condicionamento físico com circuito na praia

mesma através de sua personagem. "A Das Dores foi criada para esta versão. É engraçado porque é a minha primeira personagem que não tem nem pai e nem mãe. Antes, sempre vivia a filha do 'fulano' ou a sobrinha de 'beltrano' na novela", analisa com tom de humor. Sob a orientação da "personal trainer" acerca de uma melhor postura para cada exercício, Natália lembra que os benefícios do circuito vão além de uma questão estética. "Quando volto para casa, depois da aula, tenho um sentimento de missão cumprida. Além disso, tenho muito mais fôlego e o meu percentual de gordura diminuiu 10%. É muita coisa", vibra a atriz, que está pronta para encarar o elástico de tensão e força. Para Natália, é instigante participar de "O Astro" porque tem em seu núcleo tanto a comédia quanto o drama. "É uma conquista para mim", derretese ela, depois de uma pequena pausa entre um exercício e outro. Sobre o futuro da personagem Das Dores, a atriz desconversa se a personagem vai manter a postura submissa ou mesmo conquistar o patrão. "Estou curiosa, pois me garantiram que vem coisa boa por aí. Estou esperando", confessa, aos risos.

O QUE VEM POR AÍ

PopTevê

Fotos: Luiza Dantas/CZN

Por Gabriel Sobreira

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Útil, agradável e belo

Betão (Lucas Cordeiro) está sem sorte esta semana, em "Malhação". Apesar do apoio da família e amigos, o lutador precisa conviver com seu desafeto, Gabriel (Caio Paduan), que entrou na mesma academia de lutas marciais que ele. Como se não bastasse, também precisa driblar Débora (Juliana Lohmann). A garota é apaixonadíssima por Betão e resolveu fazer aulas de kung fu para ficar perto do amado. A cabeça de Betão está tão zonza, que ele, ao sair da aula, não presta atenção no trânsito e é atropelado. Nada muito sério, apenas tem o ombro deslocado. Babi (Marcella Rica) se oferece para ajudar o amigo. Ele topa e a jovem consegue colocar o ombro dele no lugar. O que Babi não imagina é que ela será motivo de uma aposta. Filipe (Pedro Tergolina) desafia o irmão a ficar com Babi. Betão aceita e agora se dedica a conquistar a moça. O problema é que uma simples brincadeira pode virar algo sério. (Gabriel Sobreira/PopTevê) # Dieguinho não consegue animar Jefferson. # Laura desestimula Guido a acreditar na possibilidade de os dois ficarem juntos.


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EM FOCO

Laços familiares Por Manu Moreira PopTevê

Aestrutura familiar mudou muito nos últimos anos. Figuras como padrastos, "irmãos postiços", e "donos de casa" são cada vez mais frequentes nos lares. E são justamente essas transformações nas relações que a estreante autora Lícia Manzo pretende discutir em "A Vida da Gente", novo folhetim das seis da Globo, com direção de Jayme Monjardim. "Há pouco mais de 50 anos, a formação de uma família era algo rígido: um pai, uma mãe, filhos, um cachorro. Hoje, temos lares desfeitos e refeitos, mães e pais solteiros, enfim, mil formas de configurações familiares possíveis", explica a autora que, apesar de já ser redatora da Globo há 14 anos, emplaca seu primeiro folhetim na emissora. Antes, apareceu como escritora principal apenas na série "Tudo Novo de Novo", exibida no ano passado. "Estou investido em uma novela clássica agora", esclarece ela sobre o folhetim, que terá em torno de 180 capítulos. A nova produção investe no melodrama para substituir a bem-sucedida fábula "Cordel Encantado", de Duca Rachid e Thelma Guedes. Com ótimos índices de audiência, a produção marcava entre 25 e 30 pontos no horário. "Estou com frio na barriga. Com 'Cordel' aconteceu algo que há muito não presenciava, o público falando de uma novela com amor. Temos de chegar com muita força", deseja Lícia. Em "A Vida da Gente", Lícia repete parte do conflito abordado em "Tudo Novo de Novo". Porém, aprofundando o tema "relações familiares" com mais núcleos e desdobramentos. Para ilustrar essa nova formatação da família, está o clã encabeçado pela mocinha Ana, protagonista de Fernanda Vasconcellos. Tenista profissional e renomada aos 17 anos, sua vida vira um verdadeiro caos emocional quando se apaixona pelo "meio-irmão" Rodrigo, primeiro mocinho de Rafael Cardoso. Ele é filho de Jonas, seu padrasto, interpretado por Paulo Betti, casado com a gananciosa Eva, de Ana Beatriz Nogueira, sua mãe. "O tempo todo a personagem pensa nos que estão a sua volta. Abre mão da sua própria felicidade pela família", adianta Fernanda. Depois da reprovação dos pais, o romance "à la" Romeu e Julieta dura até Ana descobrir que está grávida. Repreendida pela mãe, que está preocupada com a carreira da filha, a antagonista Eva convence a tenista a se afastar

A Vida da Gente" estreia com proposta de mostrar as novas formatações nos lares

durante a gestação e deixá-la assumir a criança como sua filha. "O desenho dessa personagem é de uma mãe feroz que é capaz de fazer tudo pela cria. Muitas pessoas vão identificar as atitudes dela", defende Ana Beatriz, que gravou essa fase do folhetim ao lado de Fernanda no Ushuaia, no extremo Sul da Argentina. O drama segue com cara de folhetim mexicano quando Ana sofre um acidente e entra em coma profundo por quatro anos. Ao acordar, sua vida está completamente virada. Sua irmã e cúmplice Manu, interpretada por Marjorie Estiano, mantém um relacionamento com Rodrigo. Além disso, sua filha chama a irmã de mãe. "Ano passado, tive a notícia de que duas pessoas que haviam trabalhado comigo entraram em coma. O coma tem um caráter emblemático, parece estacionado na fina fronteira entre a morte e a vida", justifica Lícia. Anova família se estabelece em Gramado - representada no Projac em uma cidade cenográfica de 80 mil m² - e nem sonha com a volta de Ana. "É a figura que ela representa para a criança que

está crescendo. Não é proposital ou calculado", defende Marjorie. Como pano de fundo para tantas histórias dramáticas, Jayme Monjardim investiu em paisagens deslumbrantes e muitas externas. A equipe já viajou para Porto Alegre, Gramado, Canela, Ushuaia, Buenos Aires e Bonito. E tudo que foi captado nas cidades será mostrado nos primeiros capítulos da trama. "A maior dificuldade foi driblar a previsão do tempo para gravar com dias lindos de sol. No inverno, isso não é tão fácil, mas era fundamental para a história ter uma fotografia colorida. 'A Vida da Gente' é uma novela solar", sintetiza Jayme Monjardim, que divide a direção geral com Fabrício Mamberti. Com as gravações já locadas nos estúdios da Globo no Rio, a produção utiliza aproximadamente 70 cenários para contar a história escrita por Lícia. "'Casamento' é uma boa palavra para definir a relação entre autor e diretor. O texto da Lícia traz muita verdade para as cenas e estou adorando a nossa parceria", garante Jayme.


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Ana Fonseca (Fernanda Vasconcellos) - Tenista de sucesso e filha protegida, a menina se apaixona por Rodrigo, filho de seu padrasto. Engravida e resolve assumir a criança. Sofre um acidente e fica em coma por quatro anos. Nesse tempo, sua irmã Manuela e Rodrigo vivem uma relação e criam Júlia, sua filha. Rodrigo Macedo (Rafael Cardoso) Filho de Jonas, se apaixona por sua "irmã postiça" Ana, filha de sua madrasta. Desse encontro nasce Júlia. Mas, com Ana em coma, o jovem se aproxima de Manuela, irmã da tenista, com quem cria a criança. Manuela Fonseca (Marjorie Estiano) - Filha de Eva e irmã mais velha de Ana. Rejeitada pela mãe, Manu cresceu à sombra da irmã talentosa e "perfeita". Após o acidente que deixa a irmã em coma, assume a responsabilidade por Júlia e uma relação com Rodrigo. Lúcio (Thiago Lacerda) - Médico e futuro marido de Ana. Constrói vínculos com os pacientes e acredita que a afetividade é indispensável no processo de cura. A paixão por Ana e o amor a Júlia lhe descortinam uma nova vida. Eva Fonseca (Ana Beatriz Nogueira) - Mãe de Ana e Manu. Ardilosa e manipuladora, vive assombrada pela pobreza e humilhação do passado. Ao descobrir que Ana era um prodígio no tênis, nem mesmo o casamento com Jonas a faz perder de vista a carreira da filha.

Jonas Macedo (Paulo Betti) - Pai de Rodrigo e ex-marido de Eva. Ao perceber a aptidão do filho para os estudos, se empenha em fazer dele seu sucessor na empresa. Troca Eva então já quase cinquentona - por Cris. Cris (Regiane Alves) - Ex-personal trainer e alpinista social, Cris passa rapidamente de funcionária a patroa na mansão de Jonas. Tendo vivido sempre na dureza, após o casamento vira uma grande consumista. Júlia (Jesuela Moro) - Filha de Ana. Ao descobrir que Júlia é sua filha, Rodrigo passa a criá-la com Manuela. Júlia revela forte temperamento quando Ana desperta e surge como sua verdadeira mãe. Revolta-se contra a mãe biológica e exige a permanência de Manu ao lado de Rodrigo. Iná (Nicette Bruno) - Avó de Ana e Manu. Positiva, Iná é uma mulher de bem com a vida. Tem sabedoria e forte intuição: costuma fazer previsões com a leitura da sorte no baralho, mas apenas para a família e um ou outro amigo mais próximo. Laudelino (Stênio Garcia) - Namorado de Iná. Marceneiro, íntegro, trabalhador, é louco por ela. Romântico, faz o gênero "amante à moda antiga". Muito pobre na infância, conseguiu prosperar à custa do próprio trabalho. Vitória (Gisele Fróes) - Treinadora

de Ana. Arrogante e franca, é famosa pelos petardos que profere contra equipe e alunos. Casada há 10 anos com Marcos, vive a inversão moderna da mulher que trabalha fora enquanto o marido se ocupa da casa e das crianças. Marcos (Ângelo Antônio) - Marido de Vitória. Embora graduado em Direito, acomodou-se à confortável rotina doméstica criada pela mulher. Faz com que seu desemprego pareça uma opção, um desejo irrefreável de acompanhar de perto a infância de seus filhos. Alice (Sthefany Brito) - Filha biológica de Vitória, criada por Suzana e Cícero. Alice cresceu sabendo que foi adotada e sairá secretamente em busca de sua mãe biológica, a despótica Vitória, inscrevendo-se na escola de tênis mantida por ela. Suzana (Daniela Escobar) - Mãe de criação de Alice. Sabendo-se estéril, optou pela adoção ainda nos primeiros anos de casamento. Com o marido bem estabelecido, resolveu deixar o emprego e dedicar-se exclusivamente à maternidade. Cícero (Marcelo Airoldi) - Pai adotivo de Alice. Bem-sucedido e responsável, é dono de uma concessionária de automóveis. Apaixonado pela filha, Cícero sofre ao perceber a necessidade de convívio da menina com o pai biológico.

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Olhos abertos

O QUE VEM POR AÍ

QUEM É QUEM EM "A VIDA DA GENTE"

AMOR E REVOLUÇÃO

Não é de hoje que Violeta (Patrícia de Sabrit) está tentando descobrir o que Doutor Ruy (Antônio Petrin) [foto] sabe sobre a morte de sua irmã. Mas, nos próximos capítulos de "Amor e Revolução", ela o botará contra a parede. Depois de humilhar Filinto (Nico Puig) o abandonando na igreja, agora o médico é que será seu alvo. Ela liga para Dr. Ruy e o ameaça, já que ele não revela nenhuma informação sobre o assassinato. A morena afirma que ele é cúmplice no crime e o chama de canalha. Por causa de sua desconfiança, ela declara que os atos dele não ficarão impunes e desliga. Dr. Ruy fica incomodado com as acusações e começa a pensar em uma possibilidade que ainda não havia passado por sua cabeça. Ele diz a Julia (Gabriela Portieri) que está cogitando a hipótese de Olívia ter tido uma catalepsia, uma doença rara que faz com que a pessoa pareça morta. Ele acha que Violeta é, na verdade, Olívia. Além de ficar transtornado com o telefonema que recebeu, o médico também se preocupa com a filha Heloisa (Natasha Haydt), que foi ao Rio de Janeiro participar de uma manifestação. Ele teme que a moça se envolva em algum problema. Se depender de Violeta, a fase ruim do médico vai durar muito tempo. (Ana Paula Hinz/ PopTevê) # O estudante Edson Luís é assassinado. # Telmo diz a Violeta que pode ajudá-la a se vingar de Filinto.


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TV POP

MORDE & ASSOPRA

Luiza Dantas/CZN

BOA FORMA

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Laços de família

No ar como a ingênua Becky de "Rebelde", Lana Rodes (foto) se assemelha pouquíssimo com a sua personagem. A proximidade está apenas quando se trata de manter a forma. Fã dos esportes, a atriz fez balé durante muitos anos e, hoje em dia, investe em corridas na praia e na academia. Aliás, apesar da silhueta bem enxuta, Lana gosta de levantar peso na malhação. "Mas faço há muitos anos e tenho uma consciência corporal muito grande. Além de ter sido orientada a minha vida inteira. Não dá para sair pegando pesado do nada", adverte.

VIP

O QUE VEM POR AÍ

Na última segunda, a Nextel fez uma festa de arromba no Rio de Janeiro apenas para convidados. Entre os presentes, estava Fábio Assunção, que já participou de uma das propagandas do Clube Nextel. Durante o evento, o ator conversou muito Hebert Vianna, vocalista do Paralamas do Sucesso. Aliás, o cantor confessou já ter sido fã número um de Lulu Santos, que se apresentou na festa. "Lembro que quando descobri onde ele morava, fui até a porta e fiquei plantado lá. Ele me recebeu, mostrou os instrumentos...", recorda.

NOVA FASE

Ainda na festa do Clube Nextel, Fábio Assunção, que foi um dos primeiros a chegar no evento, garantiu estar empolgado com o novo momento na televisão. O ator ingressa no elenco de "Tapas e Beijos", humorístico da Globo exibido às terças. "Adoro o formato do programa, o elenco é maravilhoso e o ritmo é bem tranquilo. Gravo uma vez na semana", comemora.

OUTRA ÁREA

No ar em "Fina Estampa", Malvino Salvador está se dedicando a outro projeto além do folhetim de Aguinaldo Silva. O ator está divulgando um documentário onde destrinchou o processo criativo na concepção dos personagens de "Mente Mentira", peça da qual fez parte e chegou a produzir. "Inscrevi em alguns festivais e pretendo divulgar nas faculdades. É um filme interessante para estudantes", explica.

BICO

Não é novidade para ninguém que celebridades da televisão, além de cumprirem suas funções no veículo, participam de eventos e publicidades "vendendo", assim, a sua imagem. Na última terça, Zeca Camargo trabalhou como mestre de cerimônias. Ele apresentou o jantar que comemora os 60 anos da Bienal de São Paulo. O evento foi para 300 convidados.

TORCIDA

O público e os artistas continuam fazendo uma corrente positiva para a recuperação de Reynaldo Gianecchini. Na última terça, foi a vez de Alinne Moraes, no ar em "O Astro", se manifestar sobre o assunto. A atriz, que fez par romântico com o ator em "Da Cor do Pecado", disse, durante o prêmio IstoÉ Gente, que falou com o amigo nos últimos dias e que ele disse estar bem e confiante.

BONS VENTOS

Não é só no trabalho que Rodrigo Lombardi está se dando bem. Na última terça, o intérprete do misterioso Herculano Quintanilha em "O Astro" foi homenageado durante o prêmio IstoÉ Gente, que aconteceu no terraço da Daslu, em São Paulo. O ator foi o vencedor na categoria "Mais Sexy do Brasil".

SÉTIMA ARTE

No elenco de "Morde & Assopra", da Globo, Bárbara Paz nunca abandona o cinema. Na última terça, a atriz foi prestigiar o 6º Grande Prêmio do Canal Brasil, que aconteceu no Rio de Janeiro, para a premiação dos melhores curtas-metragens nacionais. A atriz circulou sem o marido, o cineasta Hector Babenco.

REVELAÇÃO

Na família de Heloísa Périssé, a veia artística é passada de geração para geração. Sua filha, a jovem Luísa, de 12 anos, está prestes a estrear como atriz. Ela interpretará Dercy Gonçalves quando adolescente na série sobre a humorista que está sendo produzida pela Globo. Amenina é neta de Chico Anysio e já fez uma pequena participação em "A Turma do Didi".

Existe um dito popular que diz que nem tudo pode dar certo em um único momento. Se as coisas vão bem no amor, é sinal de que o profissional pode entrar em crise. O pensamento parece de quem tem pouca esperança na vida, mas poucas vezes falha. É o caso de Júlia (Adriana Esteves) [foto] em "Morde & Assopra", nesta semana. A paleontóloga recebe uma grande notícia: seus pais, desaparecidos, podem estar vivos. Primeiro, ela recebe a pista de um fóssil encontrado com seu nome gravado. Júlia logo lembra que a peça estava com seu pai no dia em que eles sumiram. Apura com algumas pessoas e realmente chega à conclusão de que eles podem não ter morrido. Enquanto investiga, ela ainda descobre que suas pesquisas têm um patrocinador anônimo. Com essa notícia, a paleontóloga chega a ter certeza de que, em breve, encontrará seus pais. Mas, como nem tudo pode ser uma maravilha, Júlia entra em crise com Abner (Marcos Pasquim). Será que a vida dela entrará nos eixos e desmentirá o ditado popular? (Manu Moreira/PopTevê) # Doutor Tadeu afirma que Rafael está curado e Ícaro comemora. # Minerva estranha a pressa de Renato para se casar com Alice.


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SEMANA DAS NOVELAS

A VIDA DA GENTE - Rede Globo - 18h Segunda (26/09) - Rodrigo assiste escondido ao jogo de tênis de Ana. Todos comemoram o aniversário e a vitória da tenista. Manuela conta para Iná que Ana contrariou Eva e não foi ao treino. Rodrigo implica com Ana na frente de todos, mas a procura quando ela sai chorando. A tenista pula em um lago para fugir de Rodrigo. Eva flagra Jonas e Cris juntos e decide sair de casa. Rodrigo se declara a Ana e os dois se beijam. Eva vê Ana e Rodrigo se beijando na porta de casa e fica histérica.

Terça (27/09) - Ana e Rodrigo tentam se explicar, mas Eva e Jonas não ouvem os filhos. Eva manda Manuela ficar na casa da avó quando ela e Ana forem para o torneio de tênis em Buenos Aires. A menina vence o torneiro. Nanda e Rodrigo se revoltam contra Cris e Jonas defende a amante. Ana sente-se mal e a treinadora a repreende por chegar atrasada para o treino. Eva conta para as filhas que Jonas lhe deu um golpe. Ana fala para Manuela que desconfia que esteja grávida.

Segunda (26/09) - Júlia e Abner acabam se desentendendo. Abelha conta para Júlia que achou um fóssil com seu nome entre as coisas de John. Júlia conta que o fóssil estava com seus pais quando eles desapareceram e conclui que John tem alguma ligação com o sumiço. Diogo fala com Cleonice sobre a compra do prédio do hotel e Salomé tenta convencê-la a não vender o imóvel. Elaine/Élcio arma para Xavier não revelar que ele é homem. Wilson desmascara Elaine/Élcio. Júlia confronta John e o pressiona a dizer se seu pai está vivo.

Terça (27/09) - Cristiano pressiona John a revelar o que sabe sobre o sumiço dos pais de Júlia. Wilson prende Élcio. Maria João vê Elaine sendo presa e descobre que ela é um homem. Eliseu fica arrasado por ter sido enganado por Élcio. John revela que uma fundação patrocina as pesquisas de Júlia em segredo e ela o pressiona a marcar um encontro com seu representante. Alice comunica à família que vai se casar com Renato. Júlia conversa com o avô e conclui que o fóssil é um sinal de que seu pai está vivo.

Quarta (28/09) - Ana e Manuela vão a um laboratório e confirmam a gravidez. Cléber conta para Jonas que Eva o denunciou para a Receita Federal e ele manda o advogado tirar tudo o que pode da ex-mulher. Jonas não aceita o relacionamento de Rodrigo e Ana. Eva descobre a gravidez da filha. Rodrigo se encontra com a namorada no clube e os dois discutem. Manuela aconselha Ana a contar para Rodrigo que está grávida. Vitória pensa em uma solução para que a tenista dê continuidade à sua carreira.

Quinta (29/09) - Vitória explica a Eva que entrou em contato com uma agência de adoção. Nanda implica com Cris e Jonas não gosta. Manuela não consegue explicar para a avó por que a irmã terá que viajar. Vitória faz uma coletiva informando que Ana está com uma lesão grave e vai se tratar fora do país. Rodrigo se assusta ao ver a coletiva na televisão e tenta falar com Ana, mas Eva apaga a mensagem dele sem que a filha veja. Manuela pede para Maria avisar a Rodrigo do horário do voo da irmã. Rodrigo chega ao aeroporto e grita por Ana, que paralisa ao vê-lo.

Sexta (30/09) - Eva não deixa Ana e Rodrigo conversarem. Manuela fica chocada ao ver Rodrigo beijar uma garota no show. Ana e Eva chegam à Patagônia e vão à agência de adoção. Manuela conta para irmã que viu Rodrigo com outra. Ana troca correspondências com Manuela durante toda a sua gestação. Cris se muda para a mansão. Vitória fica aliviada ao saber que falta pouco para Ana voltar para o Brasil. Alice conta a Ana que é filha de Vitória e que ela a entregou para adoção. A tenista fica nervosa e entra em trabalho de parto.

Sábado (01/10) - Eva leva a filha para o hospital. Ela avisa a Manuela que a sobrinha dela nasceu. Ana pede para ficar sozinha. A tenista vê Júlia e desiste de entregar sua filha para Verônica, que se desespera. Rodrigo encontra Manuela e pergunta por Ana. Manuela avisa a Vitória que a irmã teve a bebê. Verônica e o marido contam a Eva que Ana não quer entregar Júlia para eles. Ela tenta convencer a filha a cumprir o acordo, mas não consegue. Eva vai ao consulado brasileiro registrar sua neta como sua filha.

Sexta (30/09) - Júlia descobre que a fundação tem presidente secreto. Ícaro rejeita Amanda e ela decide acabar com Naomi. O representante de seu patrocinador diz a Júlia que ela está no caminho certo para completar o titanossauro, mas não sabe nada sobre seus pais. Ela denuncia John por desvio de verba da fundação e o representante avisa que ele pode ser preso. Eliseu e Cleonice se casam. Ela passa a escritura da casa de Salomé para Natália e entrega os demais imóveis para o banco. Raquel se casa com Élcio na delegacia e Xavier se torna o padrinho.

Sábado (01/10) - Wilson suspeita que Augusta seja cúmplice de Élcio. Minerva descobre que Isaías vai fazer um discurso na praça e trama para sabotar o evento. Ícaro pede a guarda de Rafael a Amanda. Dulce desabafa com Júlia e diz temer que Guilherme se deslumbre com o dinheiro do pai. Celeste encontra Salomé cuidando de Maria e se surpreende. Júlia sugere que Ícaro ofereça dinheiro a Amanda para ficar com Rafael. Diogo pede permissão a Guilherme para falar com Dulce e a pede novamente em casamento.

MORDE & ASSOPRA - Rede Globo - 19h15 Quarta (28/09) - Júlia volta a sonhar com o mundo dos dinossauros e Deo passa a acreditar que ela pode encontrar os pais. Minerva estranha a pressa de Renato para se casar. Amanda leva o remédio para Naomi e ela hesita em tomar. Wilson explica para Xavier que Elaine é o fugitivo que eles estavam procurando e Herculano zomba do sargento. Raquel conta para a família que está grávida de Élcio. John avisa a Júlia que a fundação que a patrocina mandará um representante para encontrá-la. Ícaro e Amanda levam Rafael ao consultório de Tadeu e questionam se ele está curado.

Quinta (29/09) - Doutor Tadeu afirma que Rafael está curado e Ícaro comemora. Naomi tem alucinações novamente e Ícaro acredita que ela precisa ser internada. Abner pressiona Élcio a se casar com Raquel por causa da gravidez e ele aceita. Júlia conta a Abner que encontrou uma pista de seus pais. Cleonice avisa a Salomé que vai mantê-la como empregada após casar-se com Eliseu. Amanda ameaça ir embora com Rafael e beija Ícaro. Júlia se encontra com o representante da fundação que a patrocina e pergunta sobre seus pais.

REBELDE - Rede Record - 20h30 Segunda (26/09) - Diego tenta mostrar para Artur que sua prova foi trocada. O professor decide aplicar outra prova para ele. Roberta conta a Binho que reconheceu sua letra na prova de Diego e que seu plano deu errado. Ela elogia o professor por ele ter se tornado uma pessoa mais legal. Alice e Carla dizem que, se é guerra que os meninos querem, eles terão. Pilar diz a Binho que sua armação para Diego falhou. Roberta escuta Pilar defendendo os rebeldes e se assusta. Binho oferece ajuda para estudar com Carla. Ela vê Tomás, segura o vilão pelo braço e aceita sua ajuda. Becky diz a Vicente que perdeu o bebê.

Terça (27/09) - Becky explica a Vicente o que aconteceu e o professor tenta consolá-la. Os rebeldes combinam de não levar problemas pessoais para o porão e decidem ensaiar. Diego diz a Roberta que quer ter mais músicas suas na banda e pede ajuda da namorada para fazer isso. Márcia e Vitória contam a Carla que Becky perdeu o bebê e a adolescente fica desesperada. Roberta vê Carla correndo e decide ir atrás dela. Tomás vê Binho saindo com Carla e pergunta a Pilar onde a ex-namorada foi, mas ela não responde. Pilar conversa com Pedro e Alice vê a vilã segurando o braço de seu ex-namorado.

Quarta (28/09) - Alice tira satisfações com Pedro e o rebelde gosta da cena de ciúmes que a ex-namorada faz. Roberta diz a amiga que Pilar não deve ter tido má intenção, pois ela também ajudou Carla. Pedro conta a Tomás que Carla foi para casa com Binho porque Becky perdeu o bebê. Pilar acompanha Carla até o quarto e alega que amigas são para isso. Jonas fica orgulhoso da atitude de sua filha. Carla convida Pilar para tomar café com ela, Alice e Roberta. Pilar e Alice discutem. Jonas vê e exige que elas se dirijam a sua sala.

Quinta (29/09) - Jonas diz a Alice e Pilar que, como punição pela briga, as duas terão de passar o dia inteiro juntas e ele irá supervisionar tudo. Elas são obrigadas a sentar juntas para fazer a prova de inglês. Jonas diz que elas terão de trabalhar no jardim com Leila e as adolescentes não gostam da notícia. Maria vê que Carla está passando, fala de Tomás com Vitória e deixa a dançarina chateada. Vitória não gosta da atitude da amiga e vai atrás de Carla. Pedro leva Pilar para assistir ao ensaio da banda e todos tentam entender a atitude do adolescente.

Sexta (30/09) - Pedro explica que Pilar está no porão porque estava de castigo com Alice. Jonas procura por Pilar e Alice e Téo decide avisar aos rebeldes. Alice, Roberta, Pilar e Carla fingem estudar no quarto. Jonas vê e se sente vitorioso por seu plano ter dado certo. Roberta diz a Alice que está preocupada com Diego e que tem medo que ele volte a beber. Jonas conta a Leila que convidou Oscar Schmidt, Robson Caetano e Fernando Scherer para visitar o Elite Way. Pedro e Pilar procuram o celular da vilã. Os dois tentam pegá-lo ao mesmo tempo, acabam se tocando e acontece um clima entre os dois.

FINA ESTAMPA - Rede Globo - 21h Segunda (26/09) - Antenor vai embora de casa e Griselda fica arrasada. Zambeze se penaliza ao ver Antenor, com as malas, pegar uma van para ir embora. Griselda não percebe quando o comprovante de seu jogo de loteria cai no chão do quarto de Antenor. Luana termina de ditar o caderno de receitas de dona Zilá e desmaia. Amália e Quinzé tentam convencer Griselda a voltar atrás na decisão sobre o irmão. Quinzinho guarda no bolso o comprovante do jogo de loteria. Patrícia procura Antenor.

Terça (27/09) - Patrícia afirma a Antenor que não quer mais ficar com ele e vai embora da pousada, mas ele a segue e a beija. Baltazar agride Celeste e Solange a defende. Amália se lembra do que Luana lhe disse sobre produzir os cremes de dona Zilá. Patrícia comenta com Renê a conversa que teve com Antenor. Griselda chega à casa de Celeste e estranha o comportamento de Baltazar. Wallace comenta com Teodora sobre o mal-estar que teve no treino e ela se preocupa. Esther fala para Danielle que vai fazer o que for preciso para ter um filho.

Quarta (28/09) - Esther fala para Danielle que não conversou com Paulo sobre sua decisão de fazer a fertilização in vitro. Leandro começa a trabalhar na Fashion Motos e Dagmar fica orgulhosa. Wallace sente uma dor no peito ao pegar sua moto e disfarça para Teodora. Celeste e Solange ficam cismadas com o novo comportamento de Baltazar. Paulo desabafa com Renê que não quer ter um filho por uma fertilização. Guaracy flagra Quinzé e Dagmar se beijando. Teodora percebe algo estranho em Wallace e ele confessa que está se sentindo mal.

Quinta (29/09) - Teodora fica nervosa com a revelação de Wallace. Guaracy repreende Dagmar e Quinzé. Griselda paga parte da franquia do seguro do carro de Juan. Severino percebe o interesse de Vanessa em Renê. Paulo é frio ao falar com Esther. Griselda termina a obra no Le Velmont. Amália consegue fazer os cremes de dona Zilá e se emociona. Renê se orgulha da organização que Tereza Cristina fez para a festa. Teodora diz que Wallace precisa vencer a luta, para eles não falirem.

Sexta (30/09) - Wallace garante a Teodora que vai vencer a luta. Antenor liga para Patrícia, que desliga o telefone sem falar uma palavra. Amália pergunta se Griselda perdoaria Antenor se ele mudasse seu jeito. Leonardo avisa a Dagmar que vai à luta de Wallace com o ingresso que Renê Junior lhe deu. Teodora vê o marido levar a mão ao peito e fica preocupada. Clint a expulsa do vestiário. Vilma apresenta seu número no palco do programa e todos vibram com seu desempenho. Paulo afirma a Esther que não quer que ela faça a fertilização e ela fica chocada.

Sábado (01/10) - Paulo sai da Fio Carioca nervoso e deixa Esther arrasada. Vilma fica enlouquecida ao ver seu carro e Letícia e Carolina se emocionam. Clint estranha o comportamento de Wallace. Paulo se desculpa com Esther e promete conversar com ela depois da festa de Renê e Tereza Cristina. Antenor dribla a segurança para entrar na festa. Vanessa se insinua para Renê. Griselda esvazia os bolsos e deixa de lado o comprovante do seu jogo de loteria. Teodora não gosta de ver Marcela sentada a seu lado na primeira fila. Crodoaldo encontra Antenor.

AMOR E REVOLUÇÃO - SBT - 22h15 Segunda (26/09) - Miriam diz a José que se sente um objeto sexual para ele e questiona se ele vai atrás de Maria no Rio. Aranha promete achar o assassino de Marquinhos. José tenta convencer Miriam de que não está pensando em Maria. Lobo Guerra manda Filinto ir para o Rio e prender Maria. Ele diz ao general que precisa descobrir onde está Violeta. Thiago vai usar o telefone de Lúcia e descobre o grampo. Ela fica preocupada, pois os militares podem ter ouvido a conversa em que Maria disse que estava a caminho do Rio para a manifestação dos estudantes.

Terça (27/09) - Violeta diz que Dr. Ruy é cúmplice do assassinato de Olivia. No restaurante Calabouço, no Rio, os estudantes organizam a manifestação. Violeta conta a Telmo que tem a intenção de sequestrar Filinto e fazê-lo sofrer como Olivia sofreu. José chega ao restaurante Calabouço. Tavares e Fernanda estão infiltrados entres os estudantes. Maria conhece o estudante Edson Luís. O restaurante Calabouço é cercado pelos militares. Os estudantes fazem uma barricada de cadeiras e mesas na porta do restaurante. No meio do tumulto, Maria e José se reencontram.

Quarta (28/09) - Filinto, Borges e policiais fazem um cordão de isolamento na rua. Maria pergunta por que José não respondeu às cartas dela. Tavares e Fernanda reconhecem Maria, que está nos braços de José. Começa a batalha entre policiais e estudantes. José fala a Maria que ela corre perigo de vida e a aconselha a se disfarçar de menino. Tavares manda Fernanda seguir Maria até o banheiro. Aguerrilheira está disfarçada de menino. Fernanda aponta uma arma contra Maria e diz que é do Dops. Um policial atira contra o estudante Edson Luís.

Quinta (29/09) - Maria e Fernanda travam uma luta no banheiro. Tavares afirma a José que Fernanda vai prender Maria Paixão. Maria bate em Fernanda, que cai desmaiada. A guerrilheira consegue sair ilesa. Tavares e José trocam socos. Os policiais tentam invadir o restaurante Calabouço enquanto os estudantes levam Edson Luís ao hospital. O médico o examina e diz que o jovem está morto. Lobo Guerra e Ana conversam sobre o assassinato de Edson Luís. Pelas ruas, os estudantes carregam o corpo de Edson Luís e cantam o hino nacional.

Sexta (30/09) - Batistelli diz que, com a morte de Edson Luís, a máscara da ditadura vai cair. Filinto, Tavares e Borges planejam uma estratégia para resgatar o cadáver do menino. José chega ao velório e alerta Maria que ela corre grande perigo. Determinada, ela diz que não vai abandonar o velório e vai resistir até o fim. O militar diz para a guerrilheira fingir que não o conhece. Provocadora, ela diz ao militar que os dois vivem o que a maioria das pessoas somente sonha: um grande amor correspondido.

VIDAS EM JOGO - Rede Record - 22h15 Segunda (26/09) - A turma do bolão tenta descobrir quem foi que mandou a coroa de flores e começam a se acusar. Zizi explica a Adalberto sobre a proteção de Rita e tem medo de que o marido bata nela. Guilherme conta a Francisco que Fátima irá processá-lo. Rita diz que tentará convencê-la de que Francisco não matou Belmiro. Patrícia diz à mãe que está aceitando o seu filho. Ela vai ao hospital acusar Jorge de tentar matar os integrantes do bolão. Zizi pede que Francisco se afaste de Rita para que ela não sofra nenhum atentado por causa dele.

Terça (27/09) - Francisco concorda com Zizi e decide se afastar de Rita. Cleber entra no condomínio da turma do bolão e eles tentam descobrir quem foi o responsável pela explosão. Cleber revira a casa de Margarida atrás de alguma pista sobre Ernesto. Rosely tenta fazer Ivan confessar que teve algo a ver com a explosão do restaurante, mas ele diz que Ernesto é o culpado. Cleber diz a Regina para dar um recado para seu amante. Ele diz que se Ernesto não deixar Regina em paz, irá morrer. Ernesto liga para Severino pedindo que ele entregue uma quantia em dinheiro para Divina e o ameaça. Divina tenta marcar um encontro para entregar o dinheiro.

Quarta (28/09) - Ernesto aceita se encontrar com Divina. Margarida conta a Francisco sobre o plano para prender Ernesto. Patrícia visita Francisco para conversar sobre seu filho e falar da desconfiança que tem de Jorge. Rita vê os dois e fica com ciúmes. Ernesto recebe uma ligação sobre a armadilha da turma do bolão e fica irritado. Carlos tenta ir embora do debate para ajudar Francisco a prender Ernesto, mas Marizete veta e o deixa irritado. Ernesto liga para Divina e decide mudar o lugar do encontro. Ele invade o condomínio da turma do bolão. O carro chega e, como combinado, pisca o farol duas vezes. Todos ficam em alerta para flagrar Ernesto. O comerciante invade a casa de Severino.

Quinta (29/09) - Elton sai do carro e faz com que Divina, Francisco e Severino fiquem indignados com o que veem. Ernesto se identifica, brinca com Daniel e filma tudo. Ele grava um recado para Severino e tenta sequestrar Daniel, mas Zé vê e chama Carlos. Carlos conta a Severino que Ernesto tentou sequestrar Daniel, mas que o comerciante acabou fugindo. Carlos dá a Severino a fita que Ernesto gravou e o aconselha a entregar para polícia. Carlos diz a Francisco que irá proteger Rita e o sambista o acusa de ser o autor da explosão no cantinho do Severino.

Sexta (30/09) - Carlos discute com Francisco, que o chama de assassino e eles trocam socos. Rita separa a briga e decide ir embora com Carlos. Patrícia liga para Francisco, percebe que ele está chorando e pergunta o que aconteceu. O sambista diz que brigou com Rita e ela se aproveita da situação para ir a casa dele. Maurício tenta descobrir com Ivan se ele é o mandante do atentado. Welligton faz um gol, Fátima se empolga na comemoração e é expulsa do jogo. O time do Cariocas perde. Armando fala para Zizi que descobriu o nome da pessoa que colocou a bomba no restaurante.

Os resumos dos capítulos de todas as novelas são de responsabilidade de cada emissora – Os capítulos que vão ao ar estão sujeitos a eventuais reedições.


Jornal da TV

O JORNA L JORNAL

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Domingo, 25 de setembro de 2011 |

TV ALAGOAS 06h00 06h30 07h30 08h30 09h00 11h00 15h00 19h00 19h40 19h45 00h00 01h00

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02h00 03h00 04h00 05h29 -

TV GAZETA

Canal 7

05h35 - Santa Missa 06h35 - Sagrado 06h50 - Gazeta Rural 07h20 - Pequenas Empresas 07h55 - Globo Rural 08h50 - Fórmula 1 - GP de Cingapura 11h05 - Auto Esporte 11h25 - Esporte Espetacular 12h40 - Aventuras do Didi 13h15 - Os Caras de Pau 14h05 - Temperatura Máxima Filme: Toy Story - Um Mundo de Aventuras (Exibição em HD) *** 15h45 - Futebol 2011. Campeonato Brasileiro - Cruzeiro x Vasco 18h00 - Domingão do Faustão 20h45 - Fantástico 23h05 - Hipertensão 23h55 - Rock In Rio 03h10 - Sessão de Gala Filme: Alta Fidelidade (Exibição em HD) ***

EDUCATIVA 06h00 06h30 07h00 08h00 09h00 10h15 10h30 10h45 11h00 11h30 12h00 12h30 12h45 13h00 13h30 13h45 14h00 14h30 15h00 16h00 17h00 18h00 18h30 19h00 20h00 21h00 22h30 23h00 00h45 01h30 03h00 03h30 04h30 05h30 05h50

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01h15 05h45 06h00 06h30 07h40 09h00 10h00 11h00 11h30 12h00 16h00 20h00 23h00 00h00 01h00

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Canal 3

Via Legal Brasil Eleitor Palavras de Vida Santa Missa Viola Minha Viola Curta Criança Escola Pra Cachorro Meu Amigãozão Castelo Rá-Tim-Bum Janela Janelinha ABZ do Ziraldo Anima TV Tromba Trem Anima TV Carrapatos e Catapultas Um Menino Muito Maluquinho Catalendas Cocoricó Dango Balango TV Piá Stadium As Maravilhas do Sistema Solar Ver TV De Lá Pra Cá Cara e Coroa Papo de Mãe Conexão Roberto D'Ávila EsportVisão Curta TV Cine Ibermédia DOC TV IV EsportVisão De Lá Pra Cá A Grande Música Caminhos da Reportagem Musicograma Programação do Dia Seguinte

TV PAJUÇARA Iurd Bíblia Em Foco Iurd - Nosso Tempo Desenhos Bíblicos Todo Mundo Odeia O Chris Ponto de Luz Alagoas da Sorte Informativo Cesmac Pajuçara 360º Tudo É Possível Programa do Gugu Domingo Espetacular A Fazenda 4 Série Heroes Ponto de Luz

FILMES DA SEMANA

Canal 5

Arnold Aventura Selvagem -Reprise Pesca Alternativa VRUM Igreja Mundial Domingo Legal Eliana Roda A Roda Jequiti Sorteio da Tele Sena Programa Silvio Santos De Frente Com Gabi O Mentalista The Mentalist Divisão Criminal The Closer V-Visitantes Giro da Noticia Encerramento

DOMINGO, 25/09

SEGUNDA, 26/09

Toy Story - Um Mundo de Aventuras (Globo, 14h) Toy Story, de John Lasseter. Elenco não informado. EUA, 1995, cor, 80 min. A emissora não divulgou classificação etária. Animação - O aniversário de Andy está chegando e os brinquedos estão nervosos. Afinal de contas, será que um deles será trocado por alguma nova maravilha da tecnologia? Este é o dilema central do filme, que apresenta a história de como Woody, um caubói do faroeste, e Buzz Lightyear, um astronauta do espaço, se conhecem e disputam a preferência de seu dono.

Táxi (Globo, 16h) Taxi, de Tim Story. Com Queen Latifah, Jimmy Fallon e Henry Simmons. EUA, 2004, cor, 97 min. A emissora não divulgou classificação etária. Comédia - Washburn, um atrapalhado policial, faz com que uma operação policial termine em acidente. Ele ouve através do rádio da polícia um alerta sobre um assalto a banco. Decidido a recuperar o prestígio perdido, ele resolve prender os bandidos. Mas, para perseguir os bandidos, ele precisa da ajuda de Belle, uma taxista que tirou a carteira de motorista recentemente.

Até que os Parentes Nos Separem (Band, 20h45) The In Laws, de Andrew Fleming. Com Michael Douglas, Candice Bergen e David Suchet. EUA/Alemanha, 2003, cor, 90 min. Classificação Etária: 12 anos. Comédia - Alguns dias antes do casamento da única filha, Jerry conhece Steve, o pai do noivo, que se apresenta como um vendedor. Só que Steve, na verdade, é um atrapalhado agente da CIA, que vive colocando a família em perigo. Enquanto Jerry tenta provar para sua filha que Steve é um maluco, ele acaba se metendo em uma missão secreta do futuro parente. El Bien Esquivo (TV Brasil, 23h) El Bien Esquivo, de Augusto Tamayo. Com Diego Bertie, Jimena Lindo e Orlando Sacha. Peru, 2001, cor, 130 min. Classificação Etária: Livre. Drama - Jeronimo é um jovem mestiço deserdado que, depois de ter lutado em guerras europeias, regressa ao Peru, em 1618. Uma vez ali, se vê convertido em fugitivo pela justiça colonial. Tentando encontrar sua mãe índia, ele conhece Inês Vargas, uma noviça que oculta sua verdadeira vocação: escrever poemas. Eles fogem juntos, buscando viver seu amor e sua poesia em liberdade. Topkapi (Band, 1h45) Topkapi, de Juan Dassin. Com Melina Mercouri, Peter Ustinov e Maximilian Schell. EUA, 1964, cor, 120 min. Classificação Etária: 12 anos. Aventura - A exótica Elizabeth Lipp, recruta Walter, seu ex-amante, para fazer parte de um fantástico esquema para roubar uma valiosíssima adaga cravejada de pedras de um museu da cidade de Topkapi. Porém, o serviço logo toma outro rumo.

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Alta Fidelidade (Globo, 3h10) High Fidelity, de Stephen Frears. Com John Cusack, Iben Hjejle, Todd Louiso. EUA, 2000, cor, 113 min. A emissora não divulgou classificação etária. Comédia - O dono de uma loja de discos de vinil costuma fazer listas dos "cinco mais" com seu incrível conhecimento sobre música e a ajuda de dois vendedores malucos. Ele leva o fora da namorada e, tentando entender o que fez com que ela o deixasse, faz uma lista dos cinco maiores foras que recebeu e analisa seus relacionamentos e sua vida. Adaptação do livro homônimo de Nick Hornby.

Controle Absoluto (Globo, 22h25) Eagle Eye, de D J Caruso. Com Shia Labeouf, Michelle Monaghan e Rosario Dawson. EUA/Alemanha, 2008, cor, 118 min. A emissora não informou classificação etária. Aventura - Jerry e Rachel têm seus caminhos cruzados depois de receberem um telefonema de uma mulher desconhecida, ameaçando a vida deles e de suas famílias. A misteriosa voz os coloca em uma série de situações perigosas usando a tecnologia para rastrear seus movimentos. Enquanto a situação se agrava, eles tornam-se os fugitivos mais procurados do país e precisam trabalhar juntos para descobrir o que está acontecendo. Leila Diniz (Globo, 2h40) Leila Diniz, de Luiz Carlos Lacerda. Com Louise Cardoso, Diogo Vilela e Tony Ramos. Brasil, 1987, cor, 101 min. A emissora não informou classificação etária. Drama - Biografia de Leila Diniz. A atriz quebrou tabus de uma época em que a repressão dominava o Brasil, escandalizando ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia. Ela era considerada uma mulher à frente do seu tempo, ousada e que detestava convenções. TERÇA, 27/09 Robôs (Globo, 16h20) Robots, de George Miller. Elenco não informado. EUA, 2005, cor, 91 min. A emissora não informou classificação etária. Animação - Um robô com dom para inventar máquinas decide partir para cidade grande para conhecer seu ídolo, o Grande Soldador. Em sua busca, se torna amigo dos enferrujados, um grupo de robôs de rua que sabem se virar e lhe dão abrigo. Mantendo seu ideal de fazer um mundo melhor, ele enfrenta situações que colocam em risco a própria existência de Robópolis. A Hora do Rush 3 (SBT, 23h) Rush Hour 3, de Brett Ratner. Com Jackie Chan, Chris Tucker e Yvan Attal. EUA, 2007, cor, 91 min. Classificação Etária: 12 anos. Ação - O embaixador Han sofre um atentado em Los Angeles minutos antes de revelar a identidade do líder da Tríade, a maior organização criminosa chinesa. As investigações levam os agentes Lee e James

Carter até Paris, onde a dupla enfrenta bandidos chineses e a polícia local. QUARTA, 28/09 Gracie (Globo, 16h) Gracie, de Davis Guggenheim. Com Dermot Mulroney, Elisabeth Shue e John Doman. EUA, 2007, cor, 95 min. A emissora não informou classificação etária. Aventura - Uma moça, cujo irmão perdeu uma importante partida de futebol pouco antes de morrer em um acidente de carro, resolve se tornar uma jogadora pela glória de sua cidade e pela memória do irmão. Mas ela vai bater de frente com o preconceito de que mulher não sabe jogar futebol. QUINTA, 29/09 Em Busca da Princesa dos Mitos (Globo, 16h) Princess, de Mark Rosman. Com Nora Zehetner, Kip Pardue e Nicole Gale Anderson. Canadá, 2008, cor, 90 min. A emissora não informou classificação etária. Infantil - Quando William vai a um evento beneficente organizado pela bela e exótica princesa Itaca, surge uma bonita relação; até que ele descobre que ela é uma verdadeira princesa encantada e, como tal, precisa ser resgatada. SEXTA, 30/09 Independence Day (Globo, 15h55) Independence Day, de Roland Emmerich. Com Jeff Goldblum, Bill Pullman e Will Smith. EUA, 1996, cor, 145 min. A emissora não informou classificação etária. Ficção científica - A Terra é invadida por alienígenas nas vésperas do feriado que comemora o dia da Independência dos Estados Unidos. Em uma tentativa desesperada de derrotar os invasores, um piloto de caça, um especialista em computação, um veterano de guerra e o próprio presidente americano se unem em uma batalha decisiva. Esquina da Ilusão (TV Brasil, 22h) Esquina da Ilusão, de Ruggero Jacobbi. Com Alberto Ruschel, Ilka Soares e Waldemar Wey. Brasil, 1953, preto-e-branco, 85 min. Classificação Etária: 14 anos. Comédia - Um imigrante italiano se faz passar por grande industrial homônimo em suas cartas aos familiares que permanecem na Itália. A farsa fica ameaçada quando seu irmão, encantado com as proezas contadas nas cartas, decide visitá-lo. Poseidon (SBT, 23h) Poseidon, de Wolfgang Petersen. Com Josh Lucas, Kurt Russel e Richard Dreyfuss. EUA, 2006, cor, 98 min. Classificação Etária: 12 anos. Ação - Em pleno ano novo, o transatlântico Poseidon é atingido por uma onda gigantesca que o faz virar em alto-mar. O desastre deixa poucos sobreviventes e, contrariando as orientações do capitão, um grupo liderado por John Dylan decide buscar uma saída.


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RETRATO FALADO

FINA ESTAMPA

Conflito

Não é novidade que "Malhação" seja a porta de entrada de muitos atores para a tevê. Mas, para alguns, a novela juvenil da Globo é uma verdadeira escola sobre a profissão. Desde que começou a interpretar a bem resolvida Michele no folhetim, Giovana Ferrer descobriu inúmeras possibilidades artísticas. "Eu estou no começo e já gosto muito. Aprendo cada dia mais", comemora a atriz, que foi chamada para fazer os testes por um produtor de elenco do canal e passou logo no primeiro. Até então, ela só tinha feito algumas apresentações no colégio e uma grande peça, "Sonho de uma Noite de Verão", de Shakespeare. "Sempre gostei do palco, mas ainda não pensava em tevê porque não conhecia nada e nem ninguém do meio", avalia. Na trama, Michele é uma estudante alto astral, ativa e espontânea. É filha adotiva, mas não se incomoda com isso. O fato de estar um pouco acima do padrão magro de outras garotas da idade também não é nenhum problema. "Ela se garante", constata. Assim como seu papel, Giovana não se preocupa muito com quilinhos a mais. Mas admite que ficar de biquíni logo na primeira cena que gravou foi uma experiência complicada. "Eu não conhecia o elenco e a equipe e tinham câmaras por todos os lados. Então, a minha vergonha era enorme", confessa. Mesmo interpretando uma jovem segura e madura para muitos assuntos, Giovana tem consciência de que Michele tem uma mania muito diferente: colecionar relíquias de famosos. Mas, o que para a personagem são preciosidades, para os outros é lixo. Isso porque seu acervo inclui chiclete mastigado e outros objetos usados por artistas. Por causa dessa particularidade, Giovana gravou sua sequência mais engraçada e difícil até agora. Depois que Michele quebra, sem querer, um "ossinho" de galinha deixado pelo cantor Fiuk em um restaurante, ela se descontrola. "Eu não choraria por causa disso, então eu tive de achar alguma coisa dentro de mim para tentar justificar aquele desespero dela", conta a atriz, que começou a fazer um grande sucesso com o público desde então. "É um momento trágico para a Michele, mas todo mundo achou engraçado", diverte-se.

Giovana Ferrer encara as dificuldades de seu primeiro papel, a Michele, de "Malhação"

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Admirável mundo novo

Nome: Giovana Chaves Ferrer de Moreira. Nascimento: Em 7 de outubro de 1993, no Rio de Janeiro. Na tevê: "Clipes musicais, novelas e filmes". Nas horas livres: "Vou à praia e ando de bicicleta". No cinema: "Acho lindo o filme 'Um Amor para Recordar'", de Adam Shankman. Livro: "Na natureza Selvagem", de Jon Krakauer. Música: "Sou eclética". Prato predileto: Comida japonesa. Pior presente: "Já ganhei uma castanhola. Achei engraçado". O melhor do guarda-roupa: "Adoro meus saltos". Mulher bonita: Gisele Bündchen. Homem bonito: Ashton Kutcher. Cantor: Nando Reis. Cantora: Adriana Calcanhoto e Marisa Monte. Ator: Antônio Fagundes.

Atriz: Glória Pires e Lília Cabral. Perfume: Moschino. Animal de estimação: "Nala, minha poodle cor champagne. Ela chegou na minha casa parecendo um filhotinho do 'O Rei Leão", da Disney. Programa de índio: "Odeio ficar em fila". Melhor viagem: "Uma que fiz de carro com a família pela Europa". Sinônimo de elegância: "Meu avô". Melhor Notícia: "Entrar para 'Malhação'". Gula: Folheado de queijo. Inveja: "De quem toca violão". Ira: "De grosseria". Luxúria: "Homem de blusa rosa". Cobiça: "Crescer na carreira". Preguiça: "Acordar cedo em dia de chuva". Vaidade: "Passar creme corporal". Mania: "Ouvir música enquanto me arrumo". Filosofia de vida: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz".

Um casal pode ser feliz sem filhos. Esther (Julia Lemmertz) e Paulo (Dan Stulbach) [foto] se amam incondicionalmente e a ausência de um herdeiro nunca pareceu ser um problema. Mas o fato é que Esther quer muito ser mãe, mesmo diante da infertilidade do marido. Nos próximos capítulos de "Fina Estampa", Paulo não gosta nada de saber que sua esposa foi para Itaipava, mesma cidade em que fica a clínica da dra. Danielle (Renata Sorrah). Lá, as duas têm mais uma conversa e Esther se mostra decidida: quer ter um filho e vai fazer o que for preciso para isso. Ela avisa para a médica que não conversou com o marido sobre sua decisão de se submeter à fertilização "in vitro". Enquanto isso, Paulo faz um desabafo para René (Dalton Vigh) e diz que não quer ter um filho por inseminação artificial. Quando encontra a esposa, nem consegue disfarçar a insatisfação e a trata com frieza. Até que resolve contar que não quer que ela faça o tratamento. Esther fica chocada com o que ouve. Será que ela vai seguir com sua vontade ou vai abrir mão do sonho de ser mãe por um capricho do marido? (Luana Borges/PopTevê) # Guaracy flagra Quinzé e Dagmar se beijando. # Antenor liga para Patrícia, que desliga o telefone sem falar nada.


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NOME PRÓPRIO

A VIDA DA GENTE

Juventude difícil

Na reta final de "Morde & Assopra", André Bankoff fala de seu estudo sobre paleontologia para personagem

Muitas vezes, um ator conhece novas realidades através do papel que interpreta. Na pele do Tiago de "Morde & Assopra", André Bankoff teve a chance de dissecar o universo da paleontologia, já que seu personagem é um experiente profissional da área. O ator precisou fazer um intenso laboratório com a equipe do Museu Nacional do Rio de Janeiro e com William Nava, um paleontólogo da cidade de Marília, em São Paulo. O processo, além de ter sido um surpreendente aprendizado para André, foi fundamental para a composição de Tiago. "Aprendo sobre os dinossauros, as causas de sua morte, como se alimentavam. Tudo a respeito desse mundo é fascinante", enfatiza. "Isso vai munindo o ator de recursos para criar seu personagem", completa. O que também é importante para André é a opinião do público. Afinal, através do que escuta nas ruas, pode sentir de que maneira seu trabalho está sendo absorvido. Ao longo dos capítulos, Tiago se mostrou um rapaz sem voz, que é oprimido pelo pai, Oséas, de Luís Mello. Por isso, volta e meia André se depara com opiniões de telespectadores que não concordam com a falta de atitude do personagem. Principalmente, no que diz respeito a Lídia, de Ildi Silva. Na trama, Tiago se envolveu com a moça depois que ela foi trabalhar em sua casa, mas tem dificuldades de desafiar o pai, que é contra o relacionamento. "As pessoas torcem para ver o Tiago enfrentar o pai e assumir o romance com a Lídia. Dizem: 'Dá um soco no seu pai! Como eu o odeio!'", conta, aos risos. Essa troca com os telespectadores ajuda André a perceber se encontrou o tom correto para o papel. "Esse tipo de apoio das pessoas em relação à personalidade do Tiago vai mostrando que estou no caminho certo e o quanto mais devo me aprofundar", acredita. Aalgumas semanas do fim de "Morde & Assopra", André terá cerca de um mês e meio para se preparar para seu próximo trabalho. Ele vai entrar em "Fina Estampa", que estreou em agosto, na pele de um misterioso personagem. O convite para a trama das nove, inclusive, veio bem antes da novela de Walcyr Carrasco. Mas, no meio do caminho, surgiu a chance de atuar no folhetim das sete e André imaginou que não faria mais a produção de Aguinaldo Silva. "Mas, para minha

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PopTevê

Jorge Rodrigues Jorge/CZN

Por Luana Borges

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Tempo de descobertas

alegria, o convite para fazer 'Fina Estampa' veio novamente", comemora. O fato de praticamente não ter férias entre as produções não o incomoda. Pelo contrário. "Agora nem penso em descansar, mas em trabalhar", avisa. Depois de acumular papéis importantes em novelas da Record, André decidiu voltar para a Globo, onde já havia feito "Mad Maria" e "Bang Bang". "O convite veio em um momento bom. Então, por que não aceitar conhecer outras pes-

soas e permitir abrir esse leque de novidades?", questiona ele, que viveu seu primeiro protagonista em "Bicho do Mato", exibida pela Record em 2006. Esse é, inclusive, um dos personagens que André destaca como um dos mais marcantes em sua carreira. "Tudo era novo para mim. Era um mundo mágico, desconhecido", recorda. O outro é André Campos, que interpretou em "Poder Paralelo". "Pela primeira vez, provei o poder que um vilão tem nas mãos", orgulha-se.

Aos 16 anos, a vida da maioria dos adolescentes é um mar de rosas. Estudar, encontrar com os amigos depois da aula, namorar. Tudo sem grandes responsabilidades. Mas, em "A Vida da Gente", a autora Lícia Manzo pretende mostrar o outro lado da juventude. Amocinha Ana (Fernanda Vasconcellos) [foto] não sabe o significado da palavra "facilidade". É uma jovem bonita e com um belo futuro programado pela mãe, a gananciosa Eva (Ana Beatriz Nogueira). Prodígio do tênis, a menina é uma verdadeira máquina de dinheiro para a família. Ao lado da irmã e cúmplice, Manu (Marjorie Estiano), o "patinho feio", a adolescente encontra força para encarar a mãe carrasca. O problema é qua a família não aceita o romance de Ana com Rodrigo (Rafael Cardoso), seu "irmão emprestado", já que é filho de seu padrasto. E a paixão recémassumida ganha ainda mais votos contra quando Eva e Jonas (Paulo Betti) passam por um processo de separação que mais parece uma guerra declarada. Mas tudo ainda pode piorar. Sofrendo pela dificuldade de manter a relação, a jovem esportista descobre que engravidou na primeira noite de amor que teve com Rodrigo. Não é necessário dizer que a vida dela vira um caos maior ainda. Eva a repreende de todas as maneiras, joga na cara da menina que ela está desperdiçando a chance de ser uma grande tenista e pede que ela tenha o bebê em outro país. Assim, Ana ignora os pedidos apaixonados de Rodrigo por explicações quanto ao seu afastamento, não conta para ele que está grávida e parte para a Patagônia, na Argentina, para esconder a gestação. Ao lado de Eva, ela dá à luz Júlia. O problema é que o instinto maternal logo toma conta da menina. E ela não aceita que a mãe assuma a criança como dela. Só resta esperar onde esse "duelo de titãs" vai parar. (Manu Moreira/PopTevê) # Cris se muda para a casa de Jonas.


O JORNAL desvenda hoje, neste caderno especial de 24 páginas, os mistérios que envolvem o alagoano Tenório Cavalcanti. A partir dos relatos da família, a reportagem resgata as memórias de sua infância e de sua tumultuada vida pessoal. Nesta edição, também será contada parte importante da história política brasileira no século XX sob a ótica de um de seus mais controversos personagens.


Uma supermatéria U

ma boa história para contar, três livros e uma dissertação "devorados" e mais um filme exibido na década de 80. Estava pronto o norte para a produção desta grande matéria que O JORNAL premia seus leitores nesta edição, contando detalhes da vida de Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta. A exploração do material político, histórico, curioso e pitoresco ficou sob a responsabilidade dos repórteres Victor Mélo, Alessandra Vieira e Elô Baêta. Esse trabalho conjunto funde as editorias de Esportes e Cultura numa só em busca de uma excelente história para contar a Alagoas e ao Brasil. A inspiração veio de outra grande matéria produzida no ano passado sobre o Centenário de Aurélio Buarque de Holanda, trabalho premiado no Estado. Foram quase seis meses de leitura, pesquisas, viagens e entrevistas. Por onde Tenório Cavalcanti passou, nossos repórteres estiveram lá. Do povoado de Bonifácio, em Palmeira dos Índios (AL), a Duque de Caxias (RJ). Aliás, foi no Rio de Janeiro que o nosso personagem, que tinha “luz própria”, construiu sua história e difundiu toda a sua alagoanidade, o que chamou a atenção de aliados e inimigos no

mundo conturbado da política brasileira nas décadas de 40 e 50. Por pouco não foi governador da Guanabara e, então, estaria pavimentado o caminho rumo à Presidência da República. Na vida política, além de vereador, Tenório Cavalcanti foi ainda deputado pelo Rio de Janeiro. O leitor verá nesta super-reportagem que Tenório Cavalcanti levou o sangue alagoano para todos os lugares em que esteve. Sua identificação com o Estado onde nasceu mereceu em sua vida muito mais destaque do que uma simples lembrança da farinha alagoana ou da Matriz de Santa Rita, no Farol. Um alagoano de verdade, com a palavra que dispensa carimbos em cartório e a coragem do povo sertanejo. A matéria, no entanto, não é para exaltar Tenório Cavalcanti nem para tornálo vilão. Esta reportagem trata de uma história contada por três jornalistas que, nos últimos 180 dias, abdicaram do lazer, da vida em família e dos feriados para produzir um material denso, bem apurado, bem escrito e, acima de tudo, verdadeiro e informativo. O JORNAL traz nesta edição um documento histórico. Inclusive com um ingrediente a mais: uma confissão que nenhum livro contou.

Familiares de Tenório Cavalcanti falam de um crime atribuído a ele, mas que nos anais da polícia judiciária não consta a autoria definida. No Rio de Janeiro, já na condição de vereador por Duque de Caxias, Tenório Cavalcanti acolhia todos os nordestinos que por ali chegavam para tentar ganhar a vida, como aconteceu com ele, como se fossem velhos conhecidos. Se esses nordestinos fossem de Alagoas, eram "promovidos" à condição de seus familiares. O mito fez história tanto pela sua capacidade política, pelo destemor, como pela facilidade que tinha para falar para um público de eruditos ou de pessoas comuns. Para falar sobre este “detalhe” na vida de Tenório Cavalcanti, nossos repórteres entrevistaram o “imortal” Carlos Heitor Cony e o biógrafo Ruy Castro, além de historiadores, antropólogos e estudiosos com trabalhos publicados sobre O Homem da Capa Preta. Quando visitava Alagoas, sua casa em Palmeira dos Índios virava o gabinete do governador. Era de lá que ele [o governador] despachava. Tenório Cavalcanti foi um "oficial" de todas as forças militares, muito embora não tinha patente nenhuma. De um marechal ganhou uma metralhadora alemã

Da esquerda para a direita: Victor Mélo ao lado da porta do cofre que guardava um esconderijo na fortaleza, em Caxias-RJ; Elô Baeta segura a famosa metralhadora Lurdinha; e Alessandra Vieira observa a parte frontal da casa de Tenório, que foi blindada a mando do político alagoano

Sobre o projeto gráfico Desenvolver um projeto gráfico é sempre um desafio. É como montar um quebra-cabeça, no qual, ao mesmo tempo, imagens, textos, preenchimentos, vazios, cores, tamanhos e proporções ocupem os espaços da página com harmonia, leveza, lógica e criatividade de maneira atrativa aos olhos do leitor. Para criar a concepção gráfica deste caderno especial, decidimos contemplar o passado e nos dirigir ao moderno e às vanguardas do começo do século XX, exatamente no período em que reinava a art déco, um movimento que mudou a cara da arquitetura, da decoração, do mobiliário, da moda, da arte, do cinema, da publicidade, do desenho gráfico no período que equivale, aproximadamente, entre 1915 e 1945. Precisamente durante o tempo em que o nosso personagem viveu boa parte da sua história. Através do caderno, o leitor vai observar o rigor geométrico característico da art déco. As linhas retas e as figuras geométricas estilizadas - forte marca do estilo - aqui se encontram para emoldurar e/ou sustentar textos e imagens. A textura envelhecida das páginas e a forma

como foram dispostos os textos e as fotos tomam como base jornais antigos, uma homenagem à Luta Democrática, o periódico de Tenório Cavalcanti. Destaque para a fonte (tipo de letra) escolhida para o texto e legendas. A AmerType Md BT se aproxima da grafia das máquinas de escrever - mais uma referência aos jornais antes da era digital. Já a Broadway, o tipo dos títulos, faz alusão à fonte usada nos cartazes e nos materiais publicitários do filme O Homem da Capa Preta, responsável por imortalizar o mito alagoano na Sétima Arte. Outra alusão aos antigos jornais são as fotografias em preto e branco, com exceção das páginas centrais (12 e 13). Elas são as grandes estrelas do caderno, pois exibem os dois mais emblemáticos símbolos de Tenório: a capa preta debruada de encarnado e a Lurdinha. Enfim, o projeto foi pensado para, junto ao material escrito, contar ao leitor quem é este homem por trás da capa (atente que aqui a palavra capa pode ter dois sentidos: a capa do homem e a capa do caderno). Boa leitura!

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batizada pelos "pracinhas" brasileiros de Lurdinha. Para ele, a arma era tão inseparável do seu corpo quanto o anel de formatura no Curso de Direito, de ouro e com um rubi reluzente. A capa preta, a lurdinha e o mito eram indissociáveis. Sobre isso, Ruy Castro fez uma analogia onde compara Tenório Cavalcanti ao Zorro, com a ressalva de que não houve, em sua época, uma simbologia mais forte que O Homem da Capa Preta. Nas próximas páginas, nossos repórteres contarão toda a história que apuraram sobre Tenório Cavalcanti. Haverá momentos em que o leitor se deparará com um texto um pouco mais romanceado. Mas essa fase mais literária da reportagem faz parte do caminho trilhado pela equipe de reportagem. O foco mesmo da história é contado em texto jornalístico bem escrito e revisado e mantendo o rito inerente ao bom jornalismo. Convido-os, então, para uma viagem no túnel do tempo, onde nossos repórteres foram buscar uma bela e interessante história para contar sobre um alagoano chamado Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque.

Deraldo Francisco Editor-Geral


Tenório, o homem que virou mito

A

capa era a blindagem de sua alma. Foi também a máscara escolhida pelo personagem para atravessar o longo curso da história. Altivo, tratava de impor o medo ou o respeito por onde quer que fosse. Além de carregar no braço uma arma batizada de Lurdinha, levava na armadura palavras e frases capazes de mudar o tom da prosa e acirrar a disputa. Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu no iní-

cio do século passado, num distante vilarejo de Palmeira dos Índios. A vingança foi um dos nortes de sua trajetória. Ainda criança, viu o pai ser assassinado dentro de sua casa e, com o ódio alimentado por cinco anos, feriu a golpes de arma branca o executor. Foi para encher de vida a sua jornada que deixou a família em 1926 e foi buscar abrigo no Rio de Janeiro, então Capital Federal do Brasil. Marcado pelo destino, foi adorado na mesma proporção em

que foi contestado, mas deixou para as gerações que o sucederam um incomparável estilo político. Seguiu seu percurso com incursões marcantes nos fronts da comunicação, fundando o sensacionalista jornal Luta Democrática, e do Direito, usando o seu dom de unir as frases para defender causas de grande repercussão. Teatral, Tenório Cavalcanti viveu seus dramas e alegrias cercado por superstições, armas, discursos e pessoas

humildes que seguiam seus mandamentos. Controverso, assumiu muitas vezes na mesma cena os papéis de herói e vilão e viu sua trajetória ganhar imponência nos cartazes do cinema nacional. Em edição histórica, O JORNAL entra na fortaleza dessa lenda brasileira e, com a permissão de sua família, os ataques de seus inimigos e as memórias de quem lhe viu em ação, tenta desvendar quem foi o homem por trás da mítica capa preta.

A força das memórias de infância Por fora, o manto negro debruado de cetim vermelho, o chapéu de feitio dos lordes e a arma com status de espada revelavam o homem de barba farta, ao estilo - dependendo do gosto - do Nazareno ou de Mefistófeles. Por dentro, apenas um sujeito valente e sonhador que, em busca da sobrevivência, trocou Alagoas pelo Rio de Janeiro no início do século passado. Aquele Natalício de sobrenome Tenório parece ter nascido com a missão de liderar. Seu rebanho não estava preso à cidade de sua infância; a massa que lhe conferiu cinco

mandatos de deputado vivia longe de Palmeira, num inóspito distrito fluminense. Criativo, Tenório costumava ter frases prontas para cada situação. Para impressionar seus seguidores, deixava suas palavras, às vezes, no limite do estranho: “Ele vivia entre a parábola e o apocalipse; o evangelho e a profecia; o cântico e o réquiem”, definiu o escritor Carlos Heitor Cony numa reportagem de 1977 sobre o Homem da Capa Preta. Mas o convincente orador dava lugar ao homem de poucas palavras

quando o assunto era a sua infância. O seu doído passado raramente emergia. Esquivo como ninguém ao que dizia ser suas amargas memórias, poucas vezes falou sobre os primeiros anos de sua vida, seus tempos de menino, seu fulgor juvenil. Essa era a passagem de sua trajetória entrincheirada por terríveis traumas. Diante dessas lembranças, o silêncio de Tenório apenas era quebrado pela voz do íntimo. Mas, um dia, questionado pela filha Sandra Cavalcanti sobre aqueles tempos de dor, seu passado veio à tona com uma força desmedida.

A superstição se apresenta à criança A história de Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque começa à meia-noite do dia 27 de setembro de 1909. Era noite de lua cheia. E o dia, dedicado aos santos gêmeos Cosme e Damião. Seu choro inquieto rasgou a madrugada da humilde vila chamada Bonifácio, na agrestina Palmeira dos Índios. Distante dali, diziam que ainda era possível ouvir os ecos da parteira: “É menino home! É menino home!”. Nos primeiros seis dias, foi mantido em um quarto escuro “para evitar mau-olhado” - como reza a cartilha dos nordestinos. “No sétimo dia, cobriram-no com vestes amarelas, para impedir a icterícia ou o ‘mal-de-sete-dias’, que naquela região matava mais que a própria seca. No oitavo, a pequena janela do cômodo se abriu e a luz do Sol pôde, enfim, entrar”, escreveu a filha mais velha do Homem da Capa Preta, Maria do Carmo Cavalcanti, na biografia que publicou sobre o pai. O misticismo também deixou sua marca em Tenório. Nos braços de seu pai, Antônio, recebeu a costumeira oferenda dos moradores daquela região. Era sua apresentação à deusa Lua, o que significava estar protegido por toda a vida. “Oh! Senhora da noite! Oh! Lua-luar, olha meu filho... Me ajuda a criar, te peço agora em nome de Deus. É tua essa criança que chega e vibra em minhas mãos”, suplicava Antônio Tenório, num ritual descrito no livro da filha caçula do Homem da Capa Preta, Sandra Cavalcanti.

Mãe Marica rezava para os santos protegerem Tenório

Em nome do padrinho poderoso Era Tenório mais um pequenino que selava a herança deixada pelos índios que por séculos habitaram aquela terra. Rezava a lenda que, se uma criança nascia sob a escuridão da noite, o pedido de proteção deveria ser feito à divindade Lua; se a luz era a do dia, o deus Sol seria o responsável por cumprir a tarefa. Mas ela não poderia chorar. Diziam na região que as lágrimas eram um sinal de mau agouro e, para alegria da família Cavalcanti, o menino de Antônio resistiu ao choro naquela madrugada. A escolha do nome veio como mais um prenúncio do seu destino: “Ele vai se chamar Natalício, em homenagem ao seu padrinho, o importante deputado Natalício Camboim. E meu filho há de seguir os passos de seu padrinho!”, previa o pai. Se por Antônio o misticismo começava a ganhar força na vida de Tenório, pela mãe Marica a religiosidade era imposta já na primeira promessa: “Vou ensinar meu filho a ser filho, a abrir os caminhos com a testa, com os punhos e com fé, ignorando até, se possível, seu próprio sangue e suas chagas. Meu filho terá fé nos seus santos padrinhos, Cosme e Damião, que estarão ao seu lado como companheiros de luta. Tenho que acreditar que existe uma força maior, capaz de protegê-lo dos maus tempos, capaz de revigorar a cada momento suas energias, impedindo que ele fraqueje”. As palavras de Marica foram publicadas por Sandra Cavalcanti na biografia que assinou sobre Tenório. “Minha vó e Tia Dona foram muito importantes para a reconstrução do cenário de papai em Bonifácio. Ele pouco falava sobre o assunto”, explicou Sandra em entrevista a O JORNAL, no Rio de Janeiro.

A igreja do povoado Bonifácio foi construída em 1915, ao lado da casa de Tenório Cavalcanti

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“A superstição acompanhou Tenório por toda a sua vida e também foi passada por ele às gerações que se seguiram”

A mãe ensina a Oração do Calvário Conta a família Cavalcanti que a matriarca ergueu aos céus o punho direito e repousou a mão esquerda sobre o peito de Tenório. Tudo para selar a jura. “Meu filho há de ser alguém, eu juro! Terá o corpo fechado às maldades do mundo. Que nada a ele aconteça! Que o mundo desabe, mas ele há de vencer!”. A criança ainda foi abençoada pela força dos rosários - o verde, direcionado a Santo Antônio; o branco, às Almas Santas Benditas; o azul, a Nossa Senhora do Rosário - e pelas rezas de sua matriarca de fé. Todos encerrados com a Oração do Calvário: “No topo do calvário tem uma cruz, travesseiro e cama do meu bom Jesus. Na cama em que o meu bom Jesus dormiu, deite o meu Natalício. Deus por ele, nada contra ele, que os inimigos se afastem dele. Nada contra ele, ninguém contra ele”. Essa foi a oração de todos os dias e a proteção que envolveu Tenório por toda a vida. Sob a luz do lampião de querosene, o “Lunário Perpétuo”, antigo almanaque de astrologia, foi aberto por um curandeiro da vila chamado João Albuquerque no dia e na hora do nascimento de Natalício. O velho sábio também se ocupou de predestinar seus caminhos. “Ah, menino feliz! Ah, menino feliz!”, gritava o benzedor depois de ter visto importância e grandeza no futuro da criança. Anos mais tarde, aquele descendente do tronco mais humilde dos Cavalcantis de Albuquerque viria a saber - e entender - o sentido que todo o ritual místico e crendices que povoaram o seu nascimento teria para a sua vida. A superstição acompanhou Tenório por toda a sua vida e também foi passada por ele às gerações que se seguiram. Na casa de Tenório em Palmeira, fotos do pai e da mãe têm destaque

Surras e bênçãos Tenório foi daquelas crianças que, desde o primeiro dia de vida, sentiu os efeitos de ser o filho amado. Ao mesmo tempo em que vivenciava a benevolência do pai, experimentou da mãe a personalidade enérgica de mulher forte do Sertão. Dela recebia chibatadas acompanhadas de bênçãos: “Deus te abençoe, meu filho! Deus te guie! Deus te faça feliz!”, dizia Marica enquanto batia no menino com força. Diante da autoridade materna, o que se via e ouvia dele era apenas o trincar de dentes, o engolir seco, a recusa a todo e qualquer consolo; jamais contestação: “Ela é minha mãe! Pode bater em mim e ninguém tem nada com isso!”, costumava dizer. De temperamento voluntarioso e rebelde, seu caráter era contraditório. Às vezes, mostrava-se violento e belicoso; em outras ocasiões, enfurecia-se diante de toda e qualquer forma de violência física. Tenório não vivenciou o amor incondicional apenas dos pais, mas também da única irmã, que a ele dispensava cuidados de filho. Dona era sua pajem, engomadeira e lavadeira. Aceitava suas peraltices. Assumia seus malfeitos, muitas vezes. Tanto quanto satisfazia seus desejos e caprichos. Fazia-lhe cafuné, tirava o barro de suas alpercatas, levava até ele a refeição do dia. Mas todo o afeto familiar não impedia que sua mente fosse povoada por devaneios. Eram longas suas viagens nas histórias que ouvia sobre os Tenórios ricos, a nobreza dos Cavalcantis, os imigrantes que ajudaram a colonizar o Nordeste. A riqueza e o conforto dos seus antepassados também o fascinavam.

A realidade da seca Em meio ao humilde povoado onde vivia, Natalício sabia como ninguém o que era sobreviver do pouco que era oferecido pela terra seca. O convívio com a gente do Sertão, tantas vezes arrancada do seu chão rumo ao Sul do País, não lhe dava esperanças de prosperar em Bonifácio. Aos 6 anos, assistiu à grande seca de 1915. Um espetáculo que costumava chamar já adulto de um dantesco tempo de miséria. “Tempo de calamidade, fome; de rios secos e de terra rachada; de esqueletos de animais por toda parte e plantações perdidas, sem que ninguém socorresse o pobre nordestino”, declarou Tenório, em entrevista à revista O Cruzeiro, em 1953. A violência estava também ligada à sua vida desde os primeiros anos. Contendas políticas e sociais eram resolvidas à bala. Tocaias e assassinatos eram cenas constantes na região onde vivia. Foi com seu próprio discurso sobre essas lembranças, escrito pelo historiador Israel Beloch no livro “Capa Preta e Lurdinha”, que, certa feita, ele falou sobre essa realidade: “O tremendo flagelo das secas de 1915 gerou em mim uma profunda revolta (...).

Foi a primeira bomba que detonou em meu espírito, condicionando-me uma formação explosiva, talvez intolerante e rebelde. Vivi meus primeiros anos num caldeirão de desgraças (...). Como se não bastasse o flagelo das secas, que tantas mortes causava, surgiu o flagelo do cangaço, que espalhava o terror por aqueles confins. Os bandoleiros assassinavam às centenas, fazendo o sangue humano regar a terra ressequida pela estiagem”, lembrou Tenório. Se no lar Natalício aliviava suas tensões sobre as malvadezas do homem e dizia se sentir protegido das misérias do mundo como em uma “fortaleza”, na escola, onde aprendeu o “abc” com um velho mestre, tomava ainda mais conhecimento da sofrida realidade do seu povo. “Sabendo ler, constatei que a desgraça dos meus patrícios era muito maior do que aquilo que via ao meu redor”, revelou à revista O Cruzeiro. Diante de tantas tragédias, o menino sonhava com a imponência da cidade grande. Tão clara quanto a pobreza do ambiente onde vivia era sua certeza de que teria de ser construtor de sua própria história, como acreditavam seus pais.

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Os traumas que prendiam as palavras Natalício foi o único filho homem do lavrador Antônio Januário Tenório Cavalcanti, descendente dos holandeses, e da humilde Maria Cavalcanti de Albuquerque, a Mãe Marica, de jeito embrutecido pela vida, fiel religiosa e de mãos calejadas pela lavoura e a renda de bilro. Dizem ter sido seu nascimento um presente para o casal, que já embalava a pequena Josefa, carinhosamente chamada de Dona, há três anos. “Assustador, estranho e controverso”, como muitos o viam. “Personagem maldito”, como achavam outros. “Alagoano dos bons, capaz de travar os mais sangrentos embates em proteção aos fracos e oprimidos”, definiam alguns. “Orador vibrante, político de mérito inquestionável”, pensavam os que o amavam. “Mítico, em certos instantes; paladino, em outros”, gritavam seus seguidores. “Demônio!”, vociferavam os que o odiavam. “Populista e demagogo”, atacavam alguns historiadores. O alagoano de tantos predicados teve espantosas memórias para contar, mas ainda insistia em prender a narrativa quando falava dos tempos de Bonifácio. “Eu acabara de nascer e meu choro, longo e agudo, rasgou o calor e a seca, fazendo-se ouvir por centenas de metros dali”, falava Tenório sobre a Vila Bonifácio, em Palmeira dos Índios, onde nasceu. Essa foi uma das poucas vezes que se rendeu aos constantes apelos para que revelasse detalhes sobre sua infância. Naquele dia, as revelações foram feitas à caçula de suas quatro filhas, Sandra Cavalcanti, autora do livro “Tenório, meu pai”, uma das três obras biográficas sobre ele escritas. “São muitas as histórias que envolvem a vida de papai. Os acontecimentos não passaram despercebidos da família, e cada um de nós tem sua própria visão. Certas coisas foram tão fortes e significativas que, se mamãe, minhas irmãs e eu nos propuséssemos a contá-las, certamente surgiriam relatos distintos. E o leitor pensaria estar lendo a respeito de cinco homens diferentes. Na realidade, ele viveu várias vidas. Muitas coisas estão, até hoje, inexplicadas... (...) Persegui-o com a violência do meu desejo irreprimível de conhecer seus segredos”, escreveu Sandra na obra publicada em 1986, um ano antes da morte de Tenório Cavalcanti.

Biografias dão tom heroico a Tenório O pouco que se sabe até hoje sobre o passado do Homem da Capa Preta em Palmeira dos Índios foi contado por sua irmã, Dona. A linha de dúvidas e contradições parece infindável. O fato é que sua verdade ainda inquieta historiadores, intelectuais e estudiosos que se debruçam sobre sua trajetória. O antropólogo Mário Grynspan, autor de extensas pesquisas sobre Tenório Cavalcanti, chamou a atenção em entrevista a O JORNAL para o tom heroico que os livros escritos pelas filhas dão ao político alagoano. “As biografias de Tenório, via de regra, seguem de perto a estrutura modelar das histórias de heróis brasileiros. Nestas, partindo de uma origem pobre, modesta, mas trazendo, já, as marcas de uma personalidade excepcional, nossos heróis chegariam a seu destino luminoso não sem antes, contudo, passar por duras provações que, em última instância, reafirmariam e reforçariam suas qualidades extraordinárias”, analisou.


Antônio é assassinado na frente do filho Tenório Cavalcanti foi o filho de uma união não muito clara de sentimentos. Crescia ouvindo dizer que Marica nutria por Antônio apenas um amor maternal. Era comum ver a mãe incentivar o pai a ir aos forrós de Bonifácio, sem ter que voltar para casa até o raiar do dia. Talvez, essa relação pouco comum tenha sido o mote para um triste episódio que viria marcar, a fogo, Tenório Cavalcanti. Com apenas uma década de vida, viu da mesa de casa a espingarda de um dos mais ferozes homens das redondezas, Severino Onofre, ser apontada para as costas do pai. Depois,

ouviu o estampido da arma e o eco da explosão no peito do homem. O sangue de Antônio atingiu o seu rosto e a queda roubou sua infância. Até hoje, tudo o que se sabe sobre esse episódio foi revelado pela irmã Dona, como atestam seus familiares. “Jamais conseguimos arrancar do papai uma palavra sequer sobre o assassinato do avô Antônio. Quando insistíamos, dizia que estávamos provocando nele lembranças adormecidas, que jamais gostaria de reavivar. Questionava o motivo para tanta curiosidade. Dizia que as pessoas não estavam interessadas em conhecer esse

Novo homem da casa Muito cedo, Natalício passou a ser o homem da casa. Protegeu a mãe e a irmã até o fim, desde a perda do braço forte do pai. Assumiu também a responsabilidade de lavar a honra da família. Aprendeu a comandar o roçado e os empregados como gente grande e deixou para trás a criança mimada de outrora. Ao mesmo tempo em que honrava incondicionalmente o nome de Antônio, atendia às expectativas da mãe Marica, solidarizando-se às suas feições sempre sérias e às vestes negras de um luto eterno. Para Tenório, o trabalho braçal do qual sempre foi poupado significou um alento naquele período para a sua dor. Foram o cabo de enxada e o revolver da terra que passaram a ditar o ritmo normal da sua vida. O plantar e colher atenuavam seu desejo de vingar a morte do pai. Os esperados dias de feira, que lhe tiravam o sono nos primeiros anos de sua infância, foram substituídos pela consciência de um adolescente inconformado porque o homem que matou seu pai estava vivo. Era esse pensamento que dificultava suas horas de descanso. Sob essa atmosfera de vingança, a biografia Tenório, o homem e o mito, escrita pela filha Maria do Carmo Cavalcanti, faz referência a uma “covarde provocação” feita por Zeferino, filho de Severino Onofre. De acordo com o livro, Tenório Cavalcanti teria sido ameaçado de morte certa vez, mas teria atingido o homem à altura, com um cabo de enxada. Dizem que não o matou, apenas o tirou os sentidos por algumas horas. Já no livro de Sandra Cavalcanti e de acordo com as memórias do amigo Ivan Barros, o agressor de Tenório foi o mesmo de seu pai. “Sentiu a sombra de um homem encobrirlhe o corpo e ouviu uma voz a ameaçá-lo: Menino! Nada tenho contra você, mas tenho que matá-lo agora para não morrer por suas mãos mais tarde”, dizia o homem que havia matado Antônio. Mais uma vez, Tenório escapou. Inverteu o cano da arma e atingiu o agressor. Conta-se em Palmeira que ele não viu mais o sujeito que o ameaçava. A dúvida sobre o desfecho da história ainda persiste. Ninguém sabe se Severino Onofre morreu pelas mãos de Tenório ou apenas foi desmoralizado na cidade. “É significativo que, após a briga com o assassino, ou com o filho do assassino de seu pai - os relatos divergem neste ponto -, Tenório tenha ficado, por algum tempo, sob a proteção de um coronel da região”, comentou o antropólogo Mário Grynspan.

seu passado. Mas, na última vez que tentei, ele olhou para o chão, como a decidir se falava ou não. Resolveu parar. Não queria que se falasse sobre sua infância”, revelou a O JORNAL a caçula Sandra Tenório. O silêncio de Tenório sempre levantou dúvidas e lendas sobre o episódio que tornou 1919 o mais triste dos anos para o clã Cavalcanti. Pelos relatos de alguns familiares e amigos, a sentença de morte do pai do Homem da Capa Preta teria sido selada em uma de suas divertidas noitadas e consumada por Severino, marido de uma das mais belas moças da região, por um simples cru-

Encantos da aristocracia rural Tenório viu de perto os cenários do coronelismo alagoano. Foi justamente o convívio com um desses homens de posses, Felino Tenório, que aguçou ainda mais sua simpatia pela opulência. Passou a apreciar os hábitos da aristocracia rural, aprendeu a se portar em fartas ceias, com louças finas e alvas toalhas rendadas. Atraiu-se pelos mistérios de guardar e acumular dinheiro em porões. Despontava para o lado nobre de sua região. Em meio àqueles abastados homens rurais, Tenório passou a tomar gosto pelas notícias sobre o Brasil e o resto do

mundo. A conhecer mais de perto a atuação daquele que seria seu primeiro ídolo político: o presidente da República à época, Epitácio Pessoa, o ousado nordestino protetor da flagelada gente do Nordeste. Também se sentia importante por ser um dos Tenórios, o que lhe dava as honras de os sinos das missas dominicais na paróquia da Palmeira dos Índios só pararem de tocar para o início da celebração após a chegada da tradicional família. Foi com aquela gente de bens que Tenório passou a conhecer o gosto do poder, do dinheiro e do paternalismo.

Preparado para ser valente Deixar a ilusão de ser um aristocrata alagoano significava retornar ao seu ambiente e aprender a ser valente com a dureza da mãe. As “surras” que levava deixaram não só marcas no corpo franzino, mas também o dever de ser “forte, direito, trabalhador, honesto, corajoso. Um verdadeiro guerreiro, como se cobrava de todo filho macho do Nordeste”, declarou a filha do Homem da Capa Preta, Maria do Carmo Cavalcanti. Tenório foi preparado pela mãe para que enfrentasse com valentia a vida tumultuada e o cruel destino que suas visões pressentiam lhe estarem reservados. Por isso, ela chorava. Por isso, por ele rezava. Por isso, diziam ser seu amor por ele “grande demais”. “Só mesmo o de Nossa Senhora por Jesus”, afirmava a irmã Dona para as sobrinhas. Ao lado das duas grandes mulheres de sua vida - Marica e Dona -, Tenório entendia quantas modificações estariam sujeitas a sua vida desde a partida da família da Vila Bonifácio para seguir para a calma e verdejante Serra da Mandioca - lugarejo tam-

bém pertencente a Palmeira dos Índios - em busca de uma nova vida sem o braço forte do pai. Na Serra, voltou a ser o menino alegre que inventava modas. Passou a participar das festas de Santana e da Lapinha de Natal. Tornou-se figurante obrigatório dos folguedos do reisado e adorava tocar sanfona. Cultivava o sonho de um dia ser o cavalheiro do chapéu espelhado ou até um dos reis. Recebeu a primeira Eucaristia do padre Macedo. Tomou gosto pelos rituais católicos, com a mãe fazendo parte da Congregação do Sagrado Coração e a irmã sendo uma Filha de Maria. Cuidava das poucas cabeças de gado e da pequena roça que mantinha. Ouvia da mãe Marica todos os dias, como uma prece, as mesmas palavras: “Seja forte, meu filho. A vida, a gente constrói com as próprias mãos. Se Deus é por nós, ninguém será contra nós. Teus santos protetores (Cosme e Damião) serão tua força e teus guias. Nunca esmoreça, pois estarei sempre com você”, escreveu Maria do Carmo na biografia que fez sobre o pai.

ITINERÁRIO DE TENÓRIO CAVALCANTI DE SUA TERRA NATAL, BONIFÁCIO, EM PALMEIRA DOS ÍNDIOS, ATÉ DUQUE DE CAXIAS (RJ)

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zar de braços. “Gesto interpretado, no cenário nordestino à época, como um pedido de abraço”, contou Sandra. Outros, como o jornalista Ivan Barros, amigo de Tenório, acreditam ter sido a morte motivada pela velha luta por terras, disputadas a ferro e fogo pelos “cabras machos” da região mais seca do País. “Nunca desvendamos esse mistério, se teria sido por motivo de mulher ou por questões de terra. Contavam-se muitos casos, histórias fantásticas, cheias de mistérios, acusações e mortes. Mas a verdade nunca foi descoberta de fato. Ele morreu preservando a imagem do pai”, disse Sandra.

Despedida de Alagoas Aos 14 anos, Tenório soltava-se e envolvia-se cada vez mais com as ocorrências do lugar. Ao mesmo tempo, sentia crescer dentro de si inquietações próprias da juventude. A Serra da Mandioca lhe era tão querida quanto representava o cerceio de ambições, bloqueio de esperanças. Mas a sensação de que a vidinha simplória e sem futuro do lugar era muito pouco para os seus anseios jamais deixou de o acompanhar, assim como os pensamentos sobre como seria a vida nas grandes capitais do Brasil. Ainda era adolescente quando resolveu ir embora para o Rio de Janeiro - como ansiavam os moços daqueles tempos -, por medo de que levasse enxadada, machadada ou bala a qualquer momento, tal qual o pai. Deixar a Serra da Mandioca significava estudar, trabalhar, ficar rico, tornar-se importante; pelo menos, mais do que seus parentes alagoanos, palmeirenses, quebrangulenses. Mas havia jurado proteção à mãe e à irmã pelo resto da vida. E cumpriu. Confiou sua Dona, sua Marica e suas responsabilidades de homem da casa ao primo Ulisses. Como fez a mãe no seu nascimento, naquele dia, foi dele o juramento, com a voz embargada: “Mãe, não se aperreie. Eu juro, quando for doutor, mando lhe buscar”. Seguiu para as bandas cariocas, em 1926. Subiu no pau de arara com a mala debaixo do braço, roupa surrada, sorriso de esperança, cabeça cheia de ilusões. E desapareceu na poeira da estrada. Embarcou no porão do navio Duque de Caxias com algumas linhas de recomendação dirigidas ao padrinho deputado Natalício Camboim como a única segurança. Ainda teve o ano do seu nascimento alterado para 1906, pelo coronel Felino Tenório, como o único modo de viajar sozinho pela vida. Assim, Tenório inscrevia-se no drama narrado pela literatura de Graciliano Ramos com menos de duas décadas de vida. Era um novo e importante capítulo que se iniciava na vida daquele rude nordestino do Sertão alagoano.


“Os inimigos, por outro lado, afirmavam que Tenório conquistou sua popularidade tocando o terror na Baixada e avançando suas linhas com métodos violentos”

O início na vida política Tenório Cavalcanti ganhou projeção na política fluminense abrindo fogo contra a elite. O poder constituído pelos ricos donos de terra e influentes comerciantes foi questionado pelo alagoano rebelde. Em pouco tempo, destacou-se como um dos líderes dos migrantes que, na época, deixavam o Nordeste em busca da sobrevivência na Capital Federal. Ele dizia que não nascera para ser escravo e, desde cedo, quis mudar o cenário de Duque de Caxias. “O homem era referência para os chamados paus de arara que chegavam ao Rio nas décadas de 30, 40 e 50. Tenório dava abrigo e emprego aos irmãos nordestinos que precisavam de ajuda para não morrerem de fome. Os alagoanos, então, tinham tratamento especial na casa do vereador ou, mais tarde, do deputado”, declarou o advogado e jornalista Ivan Barros, amigo e ex-diretor do jornal de Tenório, a Luta Democrática. Com um discurso voltado para os mais humildes, ganhou voz na cidade e, com ela, conquistou o povo e arregimentou inimigos. Segundo a família, os constantes atentados fizeram o alagoano montar um forte esquema de segurança ao seu redor. Dizia que a reação vinha com a mesma intensidade da ação. Não houve ataque a ele ou a seus aliados que não foi respondido à altura. “Já matei, infelizmente não nego, mas sempre foi tudo em legítima defesa. Teria um remorso tremendo se os que tentaram me matar continuassem vivos”, disparou Tenório Cavalcanti, em entrevista concedida ao jornalista Arlindo Silva e publicada na revista O Cruzeiro no dia 26 de setembro de 1953. Os inimigos, por outro lado, afirmavam que Tenório conquistou sua popularidade tocando o terror na Baixada e avançando suas linhas com métodos violentos. Para eles, o apoio aos migrantes nordestinos fortalecia a base eleitoral do alagoano, que usava os conterrâneos para ascender politicamente. Benfeitor ou populista, o alagoano foi, de fato, alvo de muitas emboscadas desde que se estabeleceu na Baixada. Para fazer alarde, convocava a massa logo após os atentados e proferia discursos inflamados contra os supostos mandantes. Depois, muitas vezes, se encarregava pessoalmente de executar a vingança. Entrevistado por O JORNAL, em Palmeira dos Índios, Ivan Barros impostou a voz e tentou conter as lágrimas ao resumir quem foi, para ele, o homem por trás da capa. “Tenório era uma figura mefistofélica, enigmático e um pouco diabinho também. Mas, ao mesmo tempo, era um homem bom, que se preocupava com o povo que defendia e com o seu País. Eu, que o acompanhei em muitas batalhas, diria que, com a capa, ele era um mito. Sem ela, um sonhador”.

Antes da Lurdinha, revólver salvava o político

Orador vibrante, Tenório atacava inimigos em discursos inflamados

Da fazenda Santa Cruz ao recomeço em Caxias O primeiro emprego de Tenório Cavalcanti na Capital Federal foi de lavador de garrafas. Depois, passou a vendê-las para garantir o sustento. Mas, apesar de dizer que nasceu em berço humilde, a sua família tinha amigos influentes. Padrinho do Tenório, Natalício Camboim de Vasconcelos foi deputado em Alagoas entre 1906 e 1926 e, antes de o afilhado viajar para o Rio, lhe presenteou com uma carta de apresentação. Filha do Homem da Capa Preta, Sandra Cavalcanti contou que um tio e um primo policial do alagoano já viviam no Rio na década de 20, o que facilitou sua escolha. “Ele se desencontrou com o Natalício Camboim, que viajara a Alagoas quando meu pai veio ao Rio, e ainda foi assaltado na então Capital Federal. Sem dinheiro, chegou a mendigar na cidade, mas nunca perdeu a esperança de conquistar seu espaço”, contou Sandra, em entrevista a O JORNAL no Rio de Janeiro. “Há algumas contradições sobre essas histórias em relação a datas e, até mesmo, fatos porque meu pai não gostava muito de falar sobre a primeira fase de sua vida. O que sei é que ele encontrou um primo policial e se estabeleceu no Rio, mesmo com imensas dificuldades financeiras”. Em 1927, por causa da

influência de Camboim, Tenório conseguiu seu emprego mais importante até então: controlador de ponto nas obras da estrada RioSão Paulo. Hildebrando de Góes abriu espaço para ele após ler a carta do padrinho de Tenório. Mais tarde, em 1928, o próprio Hildebrando recomendou o alagoano ao engenheiro Edgar do Pinho, que precisava de um administrador para a fazenda Santa Cruz, localizada numa região marcada por violentos conflitos na Baixada Fluminense. Em entrevista concedida em 1953 ao repórter Arlindo Silva, da revista O Cruzeiro, Tenório explicou como deixou a fazenda e se fixou em Caxias. “Meu sócio e patrão, Edgard Pinho, cunhado de Otávio Mangabeira, e um dos meus maiores amigos, receoso de que minha permanência naquela região trouxesse resultados contraproducentes aos interesses de sua propriedade - por mim administrada -, resolveu entrar em entendimento comigo para meu afastamento. Tudo por causa das minhas profundas divergências com as autoridades locais. Recebi uma indenização e abandonei a fazenda, estabelecendo-me em Caxias com uma casa comercial de madeiras e materiais, onde comecei vida nova”, declarou o alagoano.

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Combates na Baixada No final da década de 20, a região de Duque de Caxias era um gueto escolhido por pessoas humildes para buscar espaço na cidade grande. A maioria dos que se sustentavam em subempregos na então Capital Federal levantava moradia no distrito de Nova Iguaçu e precisava se submeter às leis específicas do lugar. A Baixada Fluminense vivia a transição entre o urbano e o rural. A veia política de Tenório Cavalcanti o levou ao combate. Com um afinado discurso populista, o alagoano dizia que não suportava ver o povo sofrer nas mãos dos coronéis de Caxias, que exploravam a mão de obra e tratavam as pessoas como se não tivessem alma. A revolta logo transformou-se em política. Natalício já se fazia valer da impressionante capacidade de se comunicar. Com a voz metálica e a oratória envolvente, era capaz de encantar o povo e acumular seguidores. “Tenório foi um defensor dos pobres e dos migrantes, que eram quase escravos na Caxias daquela época. Faltava de tudo na Baixada Fluminense. Não havia condição de trabalho e mesmo de sobrevivência. O índice de mortalidade infantil era altíssimo. A revolta dele ganhou força nas camadas populares e, mesmo sem recursos, logo foi eleito vereador”, contou Ivan. A carreira política do alagoano se desenvolveu rapidamente. Em Caxias, Tenório ganhava votos na mesma proporção em que colecionava inimigos. A elite local fervia por causa da ousadia do forasteiro. Seus discursos inflamados deixavam marcas nos trabalhadores, que exigiam mudanças na forma de administrar a região. Assim, o sucesso do alagoano foi acompanhado de perto por pistoleiros pagos para eliminá-lo. “Quando os jornalistas perguntavam quantos o Tenório matou, ele costumava abrir a camisa e mostrar as marcas de bala que tinha no peito. Ele exibia com orgulho essas cicatrizes”, lembrou o jornalista Ivan Barros, amigo de Tenório e ex-diretor do jornal a Luta Democrática.

Muitas vezes, o alagoano foi ferido no front


A versão do antropólogo Mário Grynspan A versão menos nobre da história diz que o alagoano foi uma espécie de chefe de milícia em Caxias. Ele criou um grupo formado por parentes que, na base da força, defendia quem estivesse ao seu lado. “Tenório lideraria uma das várias brigadas armadas que combatiam entre si em disputas e na defesa de terras. É desse modo que podemos entender a ação armada inicial de Tenório, bem como por que, já num momento posterior, principalmente a partir de meados dos anos 30, ele teria como principais oponentes não chefes de outras milícias, mas, sim, representantes do governo”, relatou o doutor em Antropologia Mário Grynspan, autor de uma dis-

sertação de mestrado que teve como principal mote a trajetória do político alagoano. Natalício se tornou comerciante em Caxias e também foi fiscal da prefeitura. A ascensão social de Tenório ainda foi influenciada pelo casamento com Walquíria Lomba, conhecida como Zina. Ela era de uma família não muito rica, mas de influência na cidade fluminense. Mais tarde, já depois de ter sido eleito vereador, formou-se em direito e passou a atender as pessoas necessitadas. Essa junção de coisas contribuiu para a formação do político que Tenório se transformou. “Além de dar proteção a pessoas influentes que visitavam a Baixada,

Eleito vereador em 1936 por Nova Iguaçu Tenório Cavalcanti abriu trincheiras na política em 1936. Já exercendo forte influência sobre o povo da Baixada Fluminense, foi eleito vereador por Nova Iguaçu. Seu reduto eleitoral, Caxias, era, na época, um distrito sem grande representação. O alagoano ajudou a mudar esse cenário. “Começaram, em todo o País, as movimentações partidárias para a Constituinte de 1934. Não transformei a bandeira dos meus ideais em mortalha de neutralidade. Continuei na constante vigilância contra o arbítrio, na expectativa de que um movimento surgisse para que o Brasil retomasse definitivamente a ordem. Essa esperança foi tomando corpo com o movimento político que se iniciou para a Constituição de 34. Pensei muito naquela situação e resolvi aceitar um convite de Getúlio Moura para ingressar na ‘União Progressista Fluminense’”, explicou o Homem da Capa Preta, em entrevista concedida ao repórter Arlindo Silva, em 1953, e publicada na revista O Cruzeiro. Ele venceu a eleição defendendo a sigla da União Progressista, fazia forte oposição ao então governador do Rio Protógenes Guimarães e também radicalizava na luta contra o governo federal, comandado à mão de ferro por Getúlio Vargas. Nesse período, o político alagoano encon-

trou inimigos violentos e travou batalhas territoriais marcantes em Duque Caxias. “Os atentados contra a vida de Tenório eram normais. Ele atacava gente poderosa, que costumava mandar eliminar os inimigos. Quando atacado, não se acovardava dentro de casa: revidava com gosto e dava cabo dos pistoleiros”, contou Ivan Barros, jornalista e amigo de Natalício. Os conflitos entre Tenório e o então secretário de segurança do Rio Agenor Barcelos Feio ganharam as manchetes. Feio e o então interventor fluminense Ernani do Amaral Peixoto foram acusados pelo político alagoano de tramarem o seu assassinato. Durante o Estado Novo, as ruas de Caxias cheiravam a pólvora. Em entrevista concedida a Arlindo Silva, Tenório tentou explicar os motivos que o levaram ao combate armado na Baixada. “Em Caxias, imperava o bandoleirismo. Por isso tratei, antes de mais nada, de carregar um revólver. Estava começando a viver e já carregava uma pistola na cinta. A culpa, evidentemente, não foi minha, mas do destino, que me obrigou a fugir da miséria das caatingas nordestinas para vir tentar a vida melhor aqui no Sul. Se a lei em Caxias era a da bala, eu tinha que pautar minha conduta por essa lei”, declarou, à época, o político alagoano.

ele expulsava invasores de terras. Tenório foi acusado pelos inimigos de ser grileiro, mas isso não posso falar com propriedade porque não há provas. Nas décadas de 20 e 30, a Baixada Fluminense era uma área rural, mas, com o tempo, as terras começaram a se valorizar, e isso gerou muitos conflitos no local. Tenório esteve no centro desta batalha. Depois, com a organização do Estado e o fortalecimento da polícia, essa situação começou a mudar. E não foi por coincidência que os principais inimigos do Tenório eram delegados”, analisou o antropólogo. Mário disse, ainda, que é impossível rotular Tenório Cavalcanti

como herói, vilão, benfeitor, populista ou oportunista. “Na verdade, ele foi tudo isso. Essa mistura de coisas levou Tenório ao patamar político que atingiu. É impossível dizer se ele foi mau ou bom, simplesmente. Não podemos, por nada, avaliarmos esse político com uma visão maniqueísta”. Em suas memórias, o próprio Homem da Capa Preta confirmou a versão da brigada armada na Baixada Fluminense. “Consegui reunir cerca de 40 homens no meu barracão, todos eles afeitos àquela vida rude, rápidos no gatilho, corajosos, dispostos a enfrentar qualquer situação. A maioria viera do Norte”, declarou Tenório.

Tenório mata pistoleiro Sobrinha do Homem da Capa Preta, Antônia Cavalcanti se emocionou quando recordou uma passagem marcante da vida do político. Sentada à mesa onde Tenório fazia suas refeições quando estava em Palmeira dos Índios, ela disse à reportagem que o tio flertou com a morte após um atentado em Duque de Caxias. Nesse período, o político já defendia suas convicções na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu. “Numa ocasião, um pistoleiro foi procurar meu tio. Perguntou se ele era mesmo Tenório Cavalcanti e, depois,

abriu fogo. Meu tio levou tiros no peito, no braço e na perna, mas ainda teve tempo de puxar o revólver para acertar o pistoleiro, que morreu na hora”, recordou Antônia, conhecida em Palmeira como Vidinha. “Meu tio, entre a vida e a morte, pedia aos amigos que cuidassem de sua família se ele morresse. Pediu por sua mãe, pela irmã, filhas e sobrinhas e fez eles jurarem que não nos deixariam desamparadas", relatou, emocionada, Vidinha, que hoje ainda mora na casa de Tenório em Palmeira.

A sobrinha lembra que esse foi um período muito difícil enfrentado pela família. O alagoano foi levado ao hospital, e os médicos queriam amputar-lhe a perna. “Mas, para isso, tinham que ter a autorização de minha avó. Ela era uma mulher muito forte e muito católica. Rezou demais para meu tio se recuperar e não deixou que amputassem a perna. Ela dizia que ele estava protegido e não iria morrer. Foram seis meses de muita agonia no hospital. Mas ele se recuperou e, graças a Deus, também voltou a andar”.

Alagoano romanceava as histórias O Homem da Capa Preta alimentava o seu mito com uma impressionante capacidade de contar e romancear suas histórias. Nas entrevistas que concedia, passagens marcantes de sua vida e os próprios atentados que sofreu ganhavam contornos de filmes de faroeste. O drama vivido por sua família no episódio do atentado em que matou o pistoleiro era narrado com humor pelo político. “Estava com um grupo de amigos na porta de um bar de Caxias quando se aproximou um desconhecido com cara de mau e perguntou: ‘O

senhor é o vereador Tenório?’. Sim, eu mesmo. O que deseja? ‘Prepare-se para morrer’, ele falou antes de sacar o Colt”, disse Tenório, em entrevista publicada na revista O Cruzeiro, em 1953. Segundo o alagoano, o desconhecido descarregou o revólver em seu corpo, mas, mesmo ferido, ele puxou o seu 38 e disparou duas vezes contra o pistoleiro. Mesmo no hospital, o então vereador contou que chamou os amigos e pediu para que dessem um enterro digno ao seu agressor: “Respeitem esse cabra, que é macho. Além do enterro,

Em seus discursos, o deputado gostava de contar suas aventuras usando a linguagem do povo

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também quero que encomendem uma missa de sétimo dia por intenção de sua alma”. O alagoano também gostava de fazer alarde quando perguntavam como se escrevia o seu sobrenome. “Tenório fazia questão de dizer que era descendente do Barão de Buíque, Cavalcanti com ‘i’. Segundo ele, no Nordeste, essa linha genealógica significava sangue azul”, contou Ivan Barros, jornalista e amigo de Tenório. “Também costumava dizer que valente não briga com valente. Chama para compadre”, acrescentou.


“(...) os sujeitos ouviam o Tenório uma hora e meia, duas horas, um discurso interminável em que ele ia engatando uma coisa na outra”.

O deputado no faroeste da Baixada

Alagoano ganha projeção nacional

Tenório Cavalcanti se adaptou com facilidade ao faroeste da Baixada. Conheceu a morte desde criança, e uma de suas principais virtudes era a valentia. Não costumava mandar recado: mesmo nos embates mais perigosos, partia para o front da batalha e não se intimidava com as ameaças. Com a queda do Estado Novo, o alagoano aceitou a filiação à União Democrática Nacional (UDN), em 1945, e, polêmico, dizia para quem quisesse ouvir que estava disposto a apresentar o povo ao partido das elites. “A UDN ainda não conhece a tempestade. Senhores, eu e o povo estamos dentro da tempestade. Ou melhor, eu sou a tempestade”, declarou Tenório na famosa reunião que marcou sua filiação ao partido. Em suas memórias, o Homem da Capa Preta explicou a estranha opção pela UDN. “Eu precisava de uma sólida base em que me apoiar, para poder enfrentar o poderio discricionário do Comandante (Getúlio Vargas). Assim, entendi-me com o senador Macedo Soares, do qual já houvera recebido um convite para uma visita no Rio de Janeiro. Assumi com ele o compromisso de fidelidade partidária até que fossem reestruturados os partidos nacionais (...) O Brasil vibrava com a preparação política para o pleito eleitoral que se avizinhava. Os nomes do general Eurico Dutra e o do Brigadeiro Eduardo Gomes já haviam sido lançados como candidatos à Presidência da República. A despeito das ordens de Barcelos Feio, retornei a Caxias e iniciei os preparativos para instalação do diretório local da UDN”, explicou. Duque de Caxias foi emancipada no dia 31 de dezembro de 1943 e cresceu na mesma proporção que as ambições de Tenório. Sua fama de combatente se espalhou pela Baixada e, em 1947, conquistou uma vaga na Assembleia de Niterói. “Diria que Duque de Caxias cresceu com Tenório e apesar de Tenório. Há duas formas de avaliar um político como ele. Muitos vão dizer que ele foi fundamental para o desenvolvimento de sua cidade; outros vão lembrar de seus métodos violentos e dizer que Caxias foi vítima de suas ações. A avaliação fica ao gosto do cliente que conhecer sua história”, comentou o historiador Israel Beloch, autor do livro Capa Preta e Lurdinha. Eleito deputado estadual com 2.800 votos, Tenório encontrou em Niterói um velho inimigo. Barcelos Feio também conquistou uma cadeira na Assembleia, e os embates entre os dois foram memoráveis. Nas sessões mais agitadas houve até troca de ameaças entre os deputados. Tenório acusava Barcelos de ser o mentor da série de atentados que sofreu na Baixada Fluminense. Nesse período, os deputados andavam armados, e a metralhadora Lurdinha era uma fiel companheira do alagoano no plenário. Algumas vezes, ele pensou em fazê-la funcionar em Niterói, mas conteve os seus instintos primitivos e cumpriu seu mandato sem acionar o gatilho da arma.

Tenório começou a se transformar em um dos líderes mais carismáticos do Rio de Janeiro. Mobilizava multidões em seus comícios e, com ações sociais e até certo ponto oportunistas, elevou o patamar de sua política. Em 1950, ele foi eleito deputado federal com 9.072 votos e começou a traçar planos mais ousados para a carreira. Mas o destino reservou algumas surpresas desagradáveis para o Homem da Capa Preta. Getúlio Vargas voltou à Presidência da República pelo voto popular e Ernani do Amaral Peixoto (PSD) venceu a disputa para o governo do Rio contra Prado Kelly (UDN). Tenório chegou à Câmara Alta, mas estava cercado por inimigos nos principais cargos do País. Na UDN, o alagoano era uma peça que ainda destoava. O partido, a contragosto de alguns de seus líderes, mantinha o deputado em seus quadros por sua força popular, não por sua linha política. Principal voz do partido, Carlos Lacerda falava com certo desdém do líder de Caxias. “E a gente ainda levava de quebra um Tenório, que entusiasmava as massas, contando aquelas histórias e com aquela capa, que tinha uma audiência enorme no interior. Você pode imaginar o que era a legenda do Tenório Cavalcanti no interior: os sujeitos ouviam o Tenório uma hora e meia, duas horas, um discurso interminável em que ele ia engatando uma coisa na outra. De vez em quando, ele dizia coisas muito engraçadas e, sobretudo nas cidades mais humildes, encantava aquela gente. Afinal, era a primeira vez que ouviam um sujeito da UDN falando feito matuto e com ‘ar de povo’”, relatou Lacerda, em suas memórias.

Com a famosa capa preta, Tenório Cavalcanti anda pelas ruas de Duque de Caxias

Tenório na visão do imortal Cony O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony abriu seus arquivos pessoais para O JORNAL. Ele viveu o tempo de Tenório Cavalcanti e, ao longo da carreira, usou sua pena para contar, às vezes com incisivas críticas, as façanhas do Homem da Capa Preta. “Dizia-se de Balzac que o romancista fazia concorrência ao registro civil, tantos personagens criara. De Tenório se podia dizer que fazia concorrência às avessas ao mesmo registro civil, tantos cidadãos mandou para o médico legal. No mais, um excelente sujeito, que manteve uma obra social respeitável, num bairro pobre acoplado a Caxias”, declarou Cony, para, depois, reconhecer que o político foi um produto de seu meio. “Para falar bem de Tenório é necessário falar da cidade que lhe deu fama e mandato. Ali nasceu Duque de Caxias, numa das raras fazendas da região. Pois o resto era um pântano de três mil quilômetros quadrados, hipoteticamente

ligados à cidade de Nova Iguaçu. E a verdadeira e leal história de Tenório começa nesse fasto da vida fluminense: o governo Washington Luís encarregou o engenheiro Hidelbrando Araújo Góis de sanear a Baixada, dela resultando duas novas cidades: Caxias e Meriti, que antes constituíam o 4º Distrito de Nova Iguaçu. Com seus métodos, ajudou, sem dúvida, a transformar a região”, analisou o jornalista de 86 anos. Cony disse, ainda, que, apesar de usar práticas contestáveis, o político cumpriu seu papel já no primeiro mandato. “Como vereador, conseguiu autonomia para o município. Mas seus discutíveis métodos políticos até hoje são citados quando se deseja ilustrar a irresponsabilidade, a demagogia e o crime que campeavam na época em que o Brasil alimentava uma democracia que lhe corroía as entranhas”, assoprou, para depois morder o famoso escritor. Cony, assim como todos os críticos do Homem da Capa Preta, chamou a

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atenção para as duas faces do personagem. “Ele foi de um tempo mais cruel e glorioso, quando sua metralhadora fazia justiça por conta própria. E, além da Lurdinha, Tenório tinha a Câmara dos Deputados para defender o povo. E as colunas de seu jornal, onde escrevia artigos precisos numa preciosa linguagem”, elogiou, na medida do possível, o crítico. Apesar dos ataques, Cony se rendeu à lenda de Tenório durante uma entrevista especial, em 1977. “Nesse dia, Dom Tenório Cavalcanti de Caxias me fez uma mercê: apanhou sua famosa capa preta e me investiu cavaleiro, deixando que aquele manto debruado de cetim vermelho repousasse sobre meus ombros e me sagrasse campeão e paladino. Fiquei emocionado”, contou o imortal, que foi ungido pela glória do Homem da Capa Preta alguns anos antes de envergar o não menos famoso fardão da Academia Brasileira de Letras.


Jornal de Tenório conquista povo do Rio Tenório Cavalcanti sabia da importância dos meios de comunicação para a sua ascensão política. Na década de 40, ele colocou no ar a Rádio Difusora de Caxias e, alguns anos depois, inaugurou na Avenida Rio Branco a sua principal máquina de divulgação: o jornal Luta Democrática. Com a ajuda do jornalista Hugo Baldessarini, o Homem da Capa Preta mandou o periódico para as ruas no dia 3 de fevereiro de 1954 e foi responsável por algumas inovações no mercado de comunicação. Quando lhe foi mostrada a primeira capa da Luta, a família conta que o político mandou o diagramador refazê-la. “Tem muita letra nesse jornal. Vamos enfeitar isso. Temos que denunciar nas fotos os assassinos do meu povo e também publicar fotos das tragédias da Baixada”, reclamou Tenório, prontamente atendido pelos colaboradores. Três meses depois do lançamento da Luta, Baldessarini desistiu do projeto e Tenório convidou Santa Cruz Lima para ser o novo redatorchefe. Filha mais velha do dono do jornal, Maria do Carmo Cavalcanti lembra dos momentos marcantes do poderoso veículo de comunicação criado pelo pai. “Depois da chegada de Santa Cruz, a Luta Democrática passou a ser o jornal de maior circulação do Grande Rio, o que lhe permitia viver de sua própria tiragem. Era o primeiro a ser vendido nos trens suburbanos, para alcançar o operário antes mesmo que ele chegasse ao local de trabalho”, recordou Do Carmo, renomada artística plástica que hoje vive em Curitiba. A filha de Tenório também destaca a importância da Luta para o jornalismo nacional. “Seu primeiro brado de guerra transformou-se em lema: ‘Um jornal que luta por aqueles que não podem lutar’. Dando ênfase ao realismo cru, mas também sustentando campanhas memoráveis em defesa dos interesses do povo, a Luta criou um estilo jornalístico, marcou época e fez escola na imprensa carioca”, declarou. Segundo a filha, a maioria dos editoriais era escrita por Tenório Cavalcanti. “Foram artigos que ficaram famosos, a maioria contra grupos econômicos que empobreciam o povo brasileiro. Eram clamores dramáticos, que denunciavam à nação fatos hoje confirmados. Pelo editorial ‘Porta da igreja não tem porteiro’, por exemplo, escrito por meu pai, a Luta Democrática recebeu uma bênção especial do Papa João XXIII”, revelou.

A Luta Democrática Carlos Heytor Cony 28 de junho de 2011

Jornalista Ivan Barros assumiu o comando da Luta Democrática no início da década de 60

Redação com sotaque alagoano Mais tarde, já na década de 60, um novo diretor assumiu o comando do jornal de Tenório Cavalcanti. O dono da Luta Democrática não queria que o matutino perdesse a linha que seguia desde o lançamento, em 1954, e as regras estabelecidas por ele eram bem claras: “‘Barrinho, para vender jornal, temos que explorar homicídios, passionalismo, crimes sexuais... A tragédia passional tem que ser manchete’. Foi esse o discurso que Tenório fez para mim no dia em que assumi a diretoria executiva da Luta Democrática”, contou o jornalista Ivan Barros, que nasceu em Palmeira e era conterrâneo de Tenório. De acordo com Ivan, os nordestinos tinham prioridade na redação. “Tenório sempre ajudou o povo da nossa região. Coloquei dez alagoanos na redação da Luta Democrática. Foi um período de efervescência jornalística. Chegamos a vender 100 mil exemplares apenas num dia. Tenório acompanhava nosso trabalho e, comendo cream craker com café, se divertia com as manchetes sensacionalistas. Lembro como se fosse hoje, uma delas trazia o seguinte destaque: ‘Cachorro faz mal a mulher’. Dentro do jornal, uma pequena matéria noticiava que uma moça comeu um cachorro quente estragado numa lanchonete da Rua do Lavradio e morreu intoxicada. Apimentávamos o caso para vender mais exemplares”, lembrou Ivan.

O próprio ex-diretor da Luta revelou que os métodos de arrecadação eram “pouco ortodoxos”. “Na verdade, nós extorquíamos os bicheiros. O Tenório mandava tirar foto do resultado do bicho nos postes para colocar no jornal. Depois, nos acertávamos com os donos da banca. Também arrecadávamos com os motéis. Explico: na época, motel era ilegal e nós colocávamos um fotógrafo na porta para pegar as placas do carro. Assim, quem não queria aparecer nas nossas páginas, precisava pagar”, revelou. Segundo Ivan, apesar do sucesso, o dinheiro não sobrava na redação. “Quando eu ia pedir um vale ao Tenório, ele puxava algumas cédulas de dez cruzeiros e atacava: Pra que você, Barrinho, filho de um tabelião, quer tanto dinheiro? Deixe isso para os sicários”, recordou, às gargalhadas, o jornalista. “Meu amigo era muito pãoduro”, emendou. Ivan destacou que o jornal sempre foi um importante instrumento eleitoral, mesmo no período em que Homem da Capa Preta estava cassado. “Ele elegia vereadores em Caxias e fez de seu genro, Hydekel de Freitas, deputado com a ajuda da Luta. Num período de embate político com Chagas Freitas (governador do Rio na década de 70), Tenório fazia do jornal sua válvula de escape. Infelizmente, por causa das imensas dificuldades financeiras, a Luta fechou em 1977”.

O jornal Luta Democrática ajudou o deputado Tenório a multiplicar seus votos

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RIO DE JANEIRO - Este era o nome do jornal que o Tenório Cavalcanti (190987), deputado, homem da capa preta e pistoleiro nas horas vagas, publicou durante vários anos. Sua peça de resistência era o crime em geral; dizia-se que, ao se espremer o jornal, jorrava sangue de suas páginas. Além disso, era famoso por suas manchetes, inclusive esta, sobre um casamento em Duque de Caxias (RJ), feudo do próprio Tenório: "Pau comeu na noite de núpcias". Ainda há por aí jornais que se dedicam ao crime, pois há uma espécie de convicção segundo a qual o sangue vende mais do que o esporte e tudo o mais. A verdade é que os jornais sérios, comprometidos com valores mais altos, dedicam ao crime o peso que merece, mas não a ponto de jorrar sangue de suas páginas. Pergunto: se espremermos os jornais de hoje, o que jorrará de suas páginas? Acredito que será a corrupção e sua consequência mais visível: o escândalo. No jornal do Tenório não se inventava nada, os crimes aconteciam com a regularidade dos cometas e dos eclipses. Não havia espaço para as fontes, para os dossiês. A adúltera assassinada pelo marido era adúltera mesmo, e o marido era, de fato, ébrio contumaz. Com a corrupção, com o escândalo político e econômico, não há tal e tamanha transparência, tudo se dilui, tudo entra em desconstrução, editorialistas e colunistas se esbofam cobrando punições ou reparações, todos cultivam suas fontes capazes de ampliar ou minimizar o problema. Tirando a previsão do tempo e a cotação do dólar, o que jorram da maioria de suas páginas são as agruras dos partidos, dos cargos, das verbas, dos documentos que confirmam ou negam uma tramoia passada. Ou uma tramoia futura, em gestação nos complicados escaninhos da vida pública nacional.


“O primeiro tiro atingiu Bereco e o delegado na cabeça. Depois, veio a rajada de metralhadora, que deixou marcas até na parede do hotel que servia como cenário do ataque”.

O Caso Albino Imparato Os embates entre Tenório Cavalcanti, a elite de Duque de Caxias e o governo do Estado ganharam força na década de 50. Para tentar conter o avanço político do Homem da Capa Preta na Baixada, os seus inimigos convenceram as autoridades fluminenses a “designarem um delegado linha-dura” para Caxias. O paulista Albino Imparato tinha o perfil adequado para a função e, com o discurso de “manter a lei”, bateria de frente com Tenório. O investigador Arnaldo Bereco tinha características diferentes das do delegado, mas seu estilo também poderia acirrar as batalhas contra o deputado. O policial tinha o dom da provocação e logo atingiu o braço armado do político alagoano. “Naquele tempo, o grande desafio dos delegados nomeados para Caxias era o meu pai. Consideravam ponto de honra afastá-lo da arena política e, se possível, eliminá-lo fisicamente. Com isso, é claro, esperavam atrair a simpatia dos superiores. Cada delegado que assumia, inaugurava um novo método, com o objetivo de derrubar o Dragão”, relatou a filha mais velha de Tenório, Maria do Carmo Cavalcanti. Tenório não demorou a entrar em choque com Imparato. Segundo a família Cavalcanti, numa visita do deputado à delegacia para prestar queixa contra um pistoleiro que o perseguia a mando da polícia, foi xingado e, de pronto, devolveu as palavras impróprias ao delegado. “Ao ver meu pai em sua frente, Imparato ficou furioso e pôs-se a dar socos na mesa, dirigindo-se a ele com termos desrespeitosos e grosseiros, para exibir valentia”, contou Do Carmo, acrescentando que Tenório se irritou com Imparato e caminhou de costas em direção à porta da delegacia, “respondendo aos insultos e palavrões do delegado, desafiando-o a brigar lá fora”. Maria do Carmo confirmou que, após o incidente, o Homem de Capa Preta, tomado pelo ódio, metralhou a delegacia. “Ele vestiu o colete de aço, presente do amigo Rubens Berardo, apanhou a metralhadora e dirigiu-se à delegacia, pelos fundos, que confrontavam com o quintal de nossa casa. De lá, escondendo-se atrás de uma árvore, descarregou a arma nas paredes, nas vidraças e no telhado do prédio. Isso seria uma advertência e uma resposta à altura ao atrevido Imparato”, detalhou a filha de Tenório.

Políticos influentes apoiam alagoano

Perícia feita pela polícia de Caxias no carro Hudson 52 de Albino Imparato

As 47 marcas de bala Primo e um dos seguranças do Homem da Capa Preta, José Tenório foi tomar satisfação na delegacia na mesma noite do conflito na Associação Comercial de Caxias. Valente, o homem desafiou a força da polícia e, segundo o clã Cavalcanti, pagou um alto preço pela ousadia. “Na entrada da Associação, Bereco chegou a passar a mão no rosto de Carlota, esposa do José. Enfurecido, ele foi tirar satisfações na delegacia, principalmente sobre a atitude desrespeitosa do pistoleiro com sua mulher. Depois, o nosso advogado, Dr. Edmar, encontrou-o jogado numa cela imunda, todo ensaguentado, semimorto. O exame de corpo de delito revelou que seu estômago tinha sido rompido de tanta pancada que recebera. Alguns meses depois, morreu em consequência das sevícias que sofrera na delegacia”, afirmou Maria do Carmo Cavalcanti, filha de Tenório. Segundo os relatos da família,

no dia seguinte, o delegado Imparato foi afastado do cargo. O novo delegado, Wilson Frederici, procurou Tenório para que se submetesse a um exame de corpo de delito. Em entrevista aos repórteres Arlindo Silva e José Medeiros, da Revista o Cruzeiro, o Homem da Capa Preta ainda brincou com a situação. “Apesar de tantos martírios, acho que a coisa tende a melhorar. Estou há 30 anos nesta terra, e esta é a primeira vez que o governo me manda a exame de corpo de delito. A polícia registrou os ferimentos de número 46 e 47 no meu corpo, esquecendo-se dos 45 anteriores, que recebi sem que tivessem a preocupação de apurar as responsabilidades”. A entrevista, publicada na revista de maior circulação do País, teve grande repercussão e foi responsável por uma série de reportagens sobre o Homem da Capa Preta, que tinha 47 ferimentos à bala no corpo e desafiava a morte a cada esquina que dobrava.

Polícia acusou Tenório de assassinar o delegado Imparato e o investigador Bereco

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Ataque a delegacia No dia seguinte ao ataque de Tenório Cavalcanti ao distrito policial, os jornais do Rio de Janeiro estamparam o conflito na Baixada: “Tenório bombardeia a delegacia de Caxias!”, “Começa a guerra entre Tenório e o novo delegado”; “Morte à vista!”. As manchetes pareciam prever as cenas dos próximos capítulos. No dia 23 de agosto de 1953, durante uma solenidade na Associação Comercial de Caxias, veio o contragolpe da polícia. “Ofendido também por não ter sido convidado para o evento, o delegado Imparato postou-se em frente à associação, acompanhado de alguns de seus investigadores. Entre eles, estava o conhecido pistoleiro Bereco, que tinha mais de 30 mortes nas costas”, afirmou Maria do Carmo. “Terminada a conferência, meu pai foi buscar a família para o baile, que haveria logo após. Ao voltar à Associação Comercial, deparou-se com os policiais. Resolveu entrar rapidamente, mas não pôde evitar as provocações de Bereco. ‘Bonitas moças, hein, pessoal?!’ Revoltado, meu pai mandou que a família subisse na frente. Ele iria depois de ‘conversar’ com os baderneiros”, lembrou a filha de Tenório. Ainda segundo Maria do Carmo, o Homem da Capa Preta foi ao encontro dos policiais com o paletó desabotoado e a aba do chapéu levantada. “Pose típica dos momentos em que resolvia tomar uma atitude”, acrescentou. “Meu pai ainda parou para conversar com o deputado estadual Sebastião Oliveira, do PSD, e, enquanto falava, percebeu que, do outro lado da rua, Imparato fazia sinais para Bereco. Em seguida, apontou a metralhadora para Tenório, que só teve tempo de empurrar o outro e recuar, escada acima, de costas. A rajada atingiulhe a mão. Mesmo assim, ele sacou o seu 38, folheado a ouro, e fez alguns disparos. As pessoas trancavam-se nos banheiros ou jogavam-se pelas janelas. Foram momentos de horror. No final do embate, quatro pessoas ficaram gravemente feridas”, declarou Maria do Carmo.

Emboscada para o delegado A tensão entre Tenório Cavalcanti e a polícia da cidade ganhou força. No dia 27 de agosto de 1953, um crime planejado com detalhes marcou a história de Duque de Caxias. O delegado Albino Imparato ignorou os avisos de seus amigos para não sair à noite e foi vítima de uma emboscada. Um carro preto deu algumas voltas pelo centro da cidade e apenas diminuiu a marcha quando se aproximou do automóvel Hudson 52, de Imparato, que tinha acabado de estacionar. O primeiro tiro atingiu Bereco e o delegado na cabeça. Depois, veio a rajada de metralhadora, que deixou marcas até na parede do hotel que servia como cenário do ataque. O investigador morreu na hora, e Albino Imparato não resistiu aos ferimentos no Hospital Getúlio Vargas. No mesmo dia do atentado, em entrevista ao jornal O Globo, o governador Amaral Peixoto incriminou Tenório. “A participação do sr. Tenório Cavalcanti no crime é inegável. Toda vez que deseja matar alguém, ele faz uma fita antes. Diz-se ameaçado de morte e depois o autor da ameaça é eliminado”. Em seguida, o novo delegado de Duque de Caxias, Wilson Frederici, indiciou o Homem da Capa Preta. “Pela prova dos altos, ficou claro e insofismavelmente comprovado que Wilson Tenório Cavalcanti e o deputado Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque foram os autores dos disparos que vitimaram o delegado Albino Martins de Sousa Imparato e Arnaldo Fernandes Bereco e feriram gravemente Wander de Morais Maia”, relatou Frederici.


Os embates entre a UDN e o PSD Houve uma grande mobilização política no Rio de Janeiro. As autoridades do governo queriam pegar Tenório Cavalcanti vivo, se não resistisse à prisão, ou morto, se tentasse defender sua honra com as balas da Lurdinha. A polícia foi acionada, e, poucas horas depois de o juiz José Navega Crotton expedir o mandado de prisão, a casa do Homem da Capa Preta estava cercada por militares fortemente armados. A imprensa fez grande alarde sobre o caso e Caxias tornou-se o centro de um jogo de xadrez político. Em entrevista ao historiador Israel Beloch, o ex-governador do Rio Amaral Peixoto deu sua versão sobre o famoso cerco à casa do deputado. “O juiz Crotton deu um mandado de busca na casa de Tenório Cavalcanti para prender o indigitado assassino de Imparato, que, dizia-se, estava homiziado lá. Mas o Feio (secretário de Segurança) se precipitou e começou o cerco às 7 horas da noite, o que, pela Constituição, era proibido”, declarou Amaral.

Discurso na Câmara Federal e a vitória Grato aos companheiros que o ajudaram a levantar o cerco, Tenório Cavalcanti proferiu um discurso famoso na Câmara dos Deputados. Como de costume, apontou a palavra, sua segunda máquina de guerra, para os inimigos Ernani do Amaral Peixoto e Agenor Barcelos Feio. O veneno do ódio alimentou suas frases e, mesmo sem ensaiar, o homem coberto pela capa subiu ao púlpito e disparou o verbo contra os mentores da operação. “A UDN, com a Câmara Federal, ao defender-me da tocaia amaralista, idealizada e posta em prática por esse sórdido criminoso que é o senhor Barcelos Feio, salvou a dignidade nacional, porque não era o homem que ela salvara, não era o político atacado em seu lar pelos janízaros governamentais, mas a honra da própria Câmara”, declarou Tenório, em discurso publicado pelo jornal Luta Democrática no dia 20 de agosto de 1954, quatro dias antes do suicídio de Getúlio Vargas. O Homem da Capa Preta saiu-se vitorioso da contenda. A disputa entre os três grandes partidos da época, UDN, PSD e PTB, estendeu-se para o Congresso, e sua cassação foi votada. Com apoio da maioria da casa, ele manteve-se na condição de deputado e, para desespero de seus inimigos, aumentou a força de sua lenda. Agora reconhecido nacionalmente e com o poder da Luta Democrática, quadruplicou os votos na eleição seguinte (42.060 sufrágios), em 1954, para deputado federal. Em 1958, foi reeleito com 46.029 votos e começou a desenvolver o ambicioso projeto de ser governador da Guanabara.

Inimigos do Mata Sete

Tenório aumentou a força de sua lenda após a vitória sobre a polícia

Em casa, Tenório resiste ao cerco O Homem da Capa Preta se entrincheirou em sua residência e foi cercado por tropas do major Zulmiro. Segundo o historiador Israel Beloch, mais de 50 homens fecharam a rua e se posicionaram na frente da casa do deputado federal. Sandra Cavalcanti, filha de Tenório, lembrou que os policiais jogavam pedras no telhado para provocar os homens da fortaleza. “Meu pai gritava para ninguém atirar. Era tudo o que eles queriam para responder à altura”, contou Sandra. Vestido com a capa preta, Tenório andava de um lado para o outro e, quando se acalmava, fazia contatos telefônicos com políticos influentes. Desde o início do cerco, deixou claro que ninguém entraria na casa sem a sua autorização. Depois de um impasse, o delegado Frederici recebeu o salvo-conduto do deputado para negociar em sua sala. O policial estipulou o prazo de 40 minutos para a rendição, mas ouviu de Tenório que não sairia de lá enquanto o cerco não fosse levantado. Com um “refém” na casa, a polícia não se arriscaria a invadir ou atirar antes da chegada da “tropa de choque” do político alagoano. Passadas mais algumas horas, o senador Afonso Arinos, o presidente da

Câmara, Nereu Ramos, e o deputado Flores da Cunha chegaram ao local acompanhados pelo então ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha. “O Oswaldo me disse: ‘Afonso, vamos morrer em defesa do Tenório’. Conversa de gaúcho com mineiro. Eu disse para ele: ‘Não, vamos fazer com o que o Tenório não morra’”, declarou o senador Afonso Arinos aos jornais que noticiaram o caso na época. Em entrevista a Beloch, Amaral Peixoto afirmou que a história foi mais uma peça teatral encenada pelo Homem da Capa Preta para ganhar projeção. “Não iam matá-lo, ora, iam prender o assassino que estava lá dentro. Me recordo que, na saída, o deputado José Augusto ainda me disse: ‘É lamentável que nós dois, homens de bem, fiquemos acordados até essa hora por causa de um bandido’”. Nas horas que se seguiram, houve uma intensa disputa política entre a UDN, partido de Tenório, e o PSD, sigla de Amaral Peixoto. Depois de debates calorosos, as partes chegaram a um consenso: dois empregados do deputado, acusados de cumplicidade no crime de Imparato, foram entregues à polícia. Em contrapartida, a busca foi cancelada e o cerco, enfim, suspenso pela manhã.

O historiador Israel Beloch fez uma das pesquisas mais amplas sobre a trajetória de Tenório Cavalcanti. Em seu livro Capa Preta e Lurdinha, ele reuniu entrevistas do político alagoano, de aliados, familiares e de seus principais inimigos. O governador do Rio de Janeiro Ernani do Amaral Peixoto entrou em litígio com o Homem da Capa Preta desde os tempos do Estado Novo, em meados da década de 30. Também nessa época, Tenório travou disputas violentas com o secretário de Segurança do Rio Agenor Barcelos Feio e ainda colecionou desafetos na polícia. Essas pessoas traçavam um perfil demoníaco do político alagoano, que, segundo elas, era um bandido sanguinário. “Os inimigos costumavam chamar o Tenório de ‘Deputado Pistoleiro’ e de ‘Mata Sete’”, lembrou o jornalista Ivan Barros, amigo do Homem da Capa Preta e ex-diretor do jornal Luta Democrática. Doutor em história, o alagoano Golbery Lessa chamou a atenção para o apelido pejorativo dado a Tenório pelos rivais. “Segundo o historiador Câmara Cascudo, Mata Sete é um arquétipo. Esse apelido foi atribuído a personagens diferentes em diversos países”, comentou em entrevista a O JORNAL. Na década de 50, o delegado Wilson Frederici também foi uma ameaça a Tenório. Sucessor de Albino Imparato - assassinado em 1953, segundo relatos da polícia, pelo Homem da Capa Preta -, o delegado costumava dizer que o alagoano era um réu confesso. “O deputado Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, em suas memórias, publicadas no vespertino Diário da Noite e na revista o Cruzeiro, narra, com luxo de minúcias, sua participação em dolorosos e sangrentos acontecimentos”, escreveu Frederici no relatório policial sobre o assassinato de Imparato. Segundo Beloch, Tenório admitiu em suas memórias ter sido citado em 28 episódios violentos entre 1928 e 1953. “Mas ele se apresenta como um Quixote, que persegue déspotas e dragões para a glória do bem e da virtude. Tenório sempre afirmou ter agido em legítima defesa e imputou o desaparecimento de seus desafetos a mãos anônimas, a terceiros, às vezes com vaidoso sarcasmo”, publicou o historiador em seu livro Capa Preta e Lurdinha. “Tenório era, na verdade, um político do tempo antigo, que reviveu em Duque de Caxias o coronelismo de Alagoas. Ele dominava a periferia, mas seu discurso não atingia, por exemplo, a classe média do Rio, que se dividia à época entre os movimentos de esquerda e a UDN de Lacerda”, analisou Beloch, em entrevista a O JORNAL. “Em sua saga, conheceu por oito vezes os xadrezes e penitenciárias do Estado, recebeu 47 ferimentos de bala, permaneceu hospitalizado por longos períodos e foragido por outros tantos”, acrescentou Beloch.

Depois do cerco, Tenório Cavalcanti resolveu transformar a sua antiga casa numa fortaleza

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A lenda da capa preta Os cavaleiros medievais não eram mais do que homens destemidos quando estavam longe de suas armaduras. Com elas, eram capazes de vencer os embates mais improváveis e até dragões imaginários. Forjadas com o bom aço do reino que defendiam, elas serviam de proteção nos combates e davam a quem as ostentava o poder de representar indefesos. A combinação ainda trazia rituais sagrados ou mesmo profanos. Assim, os valentes da Idade Média triunfaram nas batalhas e encantaram camponeses. Tenório Cavalcanti era um homem culto, afeito a palavras marcantes e companheiro dileto dos livros. Os cenários que atravessou desde a infância poderiam transformá-lo apenas num sujeito

rude, que ignorava símbolos e culturas. Mas a fascinação pela literatura também desenvolveu no político o dom de representar. Assim, usou a repetição de frases, de gestos e até de sua rica indumentária para cativar o público. Aceito pelo povo, o traje que o imortalizou também não precisou do aval oficial para, assim como as armaduras dos cavaleiros, abrir trincheiras na história. Há alguns desencontros sobre a origem da tal capa preta. Seguindo os mandamentos do patriarca, filhos, netos e sobrinhos sustentam a versão mais conhecida. Reza a primeira lenda que Tenório ajudou um estudante humilde a custear sua faculdade de Direito em Coimbra, Portugal. As cadei-

ras lusitanas representavam, à época, o poder máximo da advocacia. Quem envergasse sua toga seria capaz de desafiar as mentes mais ousadas dos tribunais. O estudante teve dificuldades para demonstrar toda a sua gratidão pelo presente e, depois de muito pensar, resolveu entregar a Tenório o símbolo maior de sua conquista. Envaidecido, o político passou a usar a capa em meados da década de 40 e, na versão de seu clã, causou um alvoroço na imprensa. A repercussão de sua nova indumentária espantou até mesmo o deputado. Antevendo o poder que a roupa conquistaria, ele tratou de criar sua lenda baseado em conceitos diversos, que oscilavam entre o popular e o erudito.

Tenório Cavalcanti joga “poção” no seu traje Além da alusão ao Direito de Coimbra, Tenório Cavalcanti foi buscar na superstição popular elementos importantes para a “poção” que iria jogar no seu traje. Mais tarde, confirmou que a capa preta também remetia a uma entidade espiritual. Poderosa e respeitada, ela vivia entre o céu e o inferno, assim como o político “lotado” em Duque de Caxias. Por fim, confessou que tinha a pretensão de ser o vingador dos oprimidos e, antes de entrar em ação, se transformava dentro de seu quarto, na conhecida casa-fortaleza. A ideia foi,

enfim, desenvolvida e Tenório passou a envergar a capa, carregar a Constituição Federal na mão direita e esconder no seu novo traje a ameaçadora Lurdinha, famosa metralhadora que também o ajudava nos despachos. Assim, o deputado passou a aparecer em público e, de tanto repetir a lenda da capa, se acostumou ao personagem. Ela representava agora o seu corpo fechado contra os ataques dos inimigos e, com o tempo, começou a ser venerada pelo rebanho do político. Há quem diga na Baixada

Fluminense que um simples toque no cetim vermelho era capaz de levantar enfermos e protegêlos contra quase todos os males do mundo. A cada episódio em que ajudava seu criador a enfrentar as intempéries, a capa preta ganhava novos poderes. Seu encanto transformou-se na marca que Tenório forjou, quase sozinho, com muito sangue, balas e discursos. Sua lenda cobriu o tempo de glória do político alagoano e até hoje é capaz de intrigar quem teve a curiosidade de ouvi-la.

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Ruy Castro e o Zorro da Baixada O jornalista Ruy Castro é um dos biógrafos mais conceituados do País. Seu talento com as palavras e a pesquisa produziu livros definitivos sobre a trajetória de Mané Garrincha, Carmem Miranda e Nelson Rodrigues. Em setembro do ano passado, ele dedicou uma crônica na Folha de São Paulo a suas memórias de infância, e as imagens marcantes escolhidas foram a do pijama listrado de Getúlio Vargas e a da intrigante capa preta de Tenório. Ruy concedeu uma entrevista a O JORNAL e falou sobre o espanto causado pelo deputado de Caxias no menino da década de 50. “Em 1954, poucos meses depois do suicídio de Getúlio Vargas, o presidente Café Filho abriu o Palácio do Catete para visitas ao quarto onde Getúlio se matara. Meu pai me tomou pela mão e fomos de bonde até lá. Na minha memória de garoto de 6 anos ficou a imagem da cama cercada por uma corda verdeamarela e o pijama listrado, dobrado sobre a coxa creme”, contou o jornalista, antes de explicar a comparação entre o presidente morto e Tenório

Cavalcanti. “Pois bem, naquela época, para mim o pijama de Getúlio só tinha paralelo nos jornais à capa preta de Tenório. Ele vivia sofrendo atentados, aos quais respondia com a metralhadora, chamada de Lurdinha, que escondia sob uma sinistra capa coimbrã”, explicou Ruy. O arremate da história definiu o espanto do jornalista. “Enquanto um único tiro matara Getúlio, dizia-se de Tenório que tinha 47 marcas de balas no corpo, fora as facadas. Era a capa que o tornava inexpugnável e, de tanto ser fotografada, ficou famosa não só no Rio, como no País”. Na infância, Ruy Castro contou na crônica que via o deputado como um herói de sua cidade. “A capa dava a Tenório um quê de Zorro da Baixada Fluminense. Pois acabo de saber que, nos anos 70, o lendário Tenório, já aposentado, deixava seu neto Fábio brincar de Zorro com ela pelos corredores da fortaleza. Que mimo. Nenhum símbolo dura para sempre”, escreveu o biógrafo sobre homem e sobre a capa.

O novo guardião da capa

Capa preta e Lurdinha, fotografadas por Alessandra Vieira, de O JORNAL, em agosto de 2011

Fábio Tenório foi escolhido pelo Homem da Capa Preta para alimentar, sempre que possível, a chama de sua lenda. Fiel companheiro de aventuras do “Velho”, como ele costuma se referir ao avô, teve a honra de guardar o símbolo que representava o poder de Tenório Cavalcanti. Supersticioso como quase todos os membros do clã, Fábio conta para quem quiser ouvir que recebeu a guarda da capa preta num ritual comandado pelo próprio Tenório. “Ele me fez ajoelhar e tocou com a mão direita no meu ombro, ao mesmo tempo em que pronunciava frases em Latim. Depois, ao me entregar a capa preta, rezou a oração do Calvário, que o protegia contra os ataques dos inimigos. Foi um momento marcante na minha vida”, lembrou, emocionado, o neto, que brincou com a capa preta na velha fortaleza e presenciou

ataques à bala contra o avô. “Eu gostava muito do Zorro e brincava realmente com os meus amigos usando a famosa capa preta. A minha vantagem sobre eles é que o meu super-herói também estava em casa e atendia quando o chamava de avô”. Além de guardar as maiores joias do “Império Cavalcanti”, Fábio também tenta trilhar os caminhos de Tenório na política. Não se elegeu deputado, mas hoje preside o PTB em Duque de Caxias e costura alianças que possam reconduzir sua família ao cenário político nacional. Com a proteção da capa e as bênçãos das filhas do “Velho”, ele diz acreditar que o encontro com o povo será marcado a qualquer momento. Enquanto espera, tenta seguir os ensinamentos do avô e manter o seu traje longe dos inimigos servis ao tempo. “Ela ainda vai atravessar gerações. Não tenho dúvidas disso”, prevê o guardião da famosa capa.

A segunda versão da história Menos romântico ao narrar a história da capa preta, o jornalista Ivan Barros deu outra versão sobre a lenda. Ele atribuiu ao velho amigo a criação do símbolo e das histórias que foram guardadas sob o cetim debruado de vermelho. “Tenório criou uma lenda em torno da capa. Foi ele quem mandou fazê-la numa costureira de Caxias. Seria o defensor do povo, como o Zorro, e teria, a partir da ideia de usá-la, uma marca registrada. Acho que ela fez parte de uma das mais notáveis estratégias de marketing político já utilizadas no País. Todos, até os que não gostavam do deputado, queriam vê-lo com a capa. Ele a usava com o objetivo principal de esconder a Lurdinha, seu outro símbolo marcante. A capa era mesmo uma toga, porque Tenório dizia que, em qualquer circunstância, era um defensor do povo”, contou Ivan. Tenório confessou durante uma entrevista a O Jornal, do Rio, publicada no dia 26 de agosto de 1973, que a capa foi realmente inspirada num guia espiritual. Apesar de ser um católico convicto, ele buscava nas crendices populares novas formas de fazer alarde.

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“Servia para impor respeito”, resumiu. O deputado também dizia que, após a morte de seu pai, sua mãe fez uma promessa de usar preto durante o resto da vida desde que seu filho também não fosse assassinado. Assim, a capa preta reforçava a lenda criada em Caxias de que o político tinha o corpo fechado. “Tenório também gostava de contar que uma cartomante havia dito que ele não morreria de bala, morreria já velho e na cama, como realmente aconteceu”, lembrou Ivan. Ainda havia o complemento da indumentária. Antônia Tenório, sobrinha do Homem da Capa Preta, contou a O JORNAL, em Palmeira dos Índios, que ele sempre gostou de usar chapéu. “Desde pequeno, já andava com um chapeuzinho. Minha mãe contava isso. Meu tio costumava ir até ao riacho perto de sua casa, em Bonifácio, com a cabeça protegida. Era mais costume do que superstição. Mais tarde, a capa se juntou ao chapéu preto, e ele sempre aparecia em público dessa forma. Ficava muito bonito com eles", explicou Antônia, de 85 anos.

Oração do Calvário “No topo do calvário tem uma cruz, travesseiro e cama do meu bom Jesus. Na cama em que o meu bom Jesus dormiu, que eu me deite. Deus por mim, nada contra mim, Que os inimigos se afastem de mim, Nada contra mim, Fábio passou por um ritual para receber a capa do avô

ninguém contra mim.”


“Além da Lurdinha, Tenório possuía uma metralhadora Thompson (...) Mas essa ele deu de presente a um amigo que era delegado. (...) ele resolveu presenteá-lo dizendo: ‘Arma que não atira, para mim, não serve’”

No tempo em que a Lurdinha “falava” No mesmo rito em que lhe foi entregue a capa, também foi confiada ao descendente a guarda da Lurdinha, outro emblemático símbolo de Tenório. Com ela, o destemido e temido deputado percorria as ruas das cidades da Baixada sem receio. Através dela, impunha o medo e o respeito num tempo em que os germens da violência, do coronelismo e da desordem urbana floresciam com vigor. A metralhadora alemã - segundo a família, presente de Góes Monteiro

Por que Lurdinha? Mas, afinal, por que o alagoano Rei da Baixada chamava um armamento perigoso como aquele de forma tão carinhosa? Provavelmente, Tenório resolveu homenagear a sua metralhadora 9 milímetros, da marca Ina, com o mesmo nome de uma arma alemã, a MG-42, batizada de Lurdinha pelos pracinhas durante a Segunda Guerra Mundial. A alusão é justa. Como a Lurdinha de Tenório, a Lurdinha MG42 também não brincava em serviço. É o que confirma a mestra em História Fernanda de Nascimento. “Diz-se que seria por conta da cadência dos seus tiros que teria surgido a denominação ao armamento MG-42 dada pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). O som se assemelharia a uma máquina de costura operada então por uma moça de nome Lurdinha”, conta Fernanda, que mantém um blog (memoriasdofront.blogspot.com) com o objetivo de resgatar histórias da Segunda Guerra Mundial. Além dessa, ainda existem outras versões sobre a origem do nome. Segundo a historiadora Tânia Amaro, diretora do Instituto Histórico da Câmara dos Deputados de Duque de Caxias, os pracinhas a chamaram assim porque o som que ela fazia parecia a voz da noiva de um deles. “Eu já ouvi dizer também que o nome teria surgido entre os empregados de Tenório Cavalcanti. Dizem que, quando eles se reuniam para tomar um chopp em algum bar, um deles sempre tinha que sair mais cedo por causa da esposa que se chamava Lurdinha. Então os outros ficavam dizendo, em tom de brincadeira, que a esposa era tão brava quanto a metralhadora do patrão. Na verdade não existem registros históricos que possam comprovar a veracidade e nenhuma dessas versões”, afirma Tânia. “Independentemente da origem da alcunha, a metralhadora fazia seu trabalho tenazmente no front. Uma saraivada de tiros bem dada sobre um infante poderia despedaçá-lo facilmente”, diz Fernanda de Nascimento, que também é doutoranda pela PUCRS. É o que percebemos ao ler o depoimento do sargento Leonercio Soares da FEB, no seu livro Verdades e Vergonhas da Força Expedicionária Brasileira. “A cada clarão de very-light, seguiam-se os tiros e o repicar das metralhadoras em rajadas tão rápidas, nas quais os estampidos se uniam em sequência, perdendo-se num só gargalhar, serenamente tétrico”, conta o sargento sobre a imagem que viu proporcionada pelo fogo das metralhadoras alemãs, em sua primeira noite no front, ao final do mês de novembro de 1944.

METRALHADORA THOMPSON Além da Lurdinha, Tenório possuía uma metralhadora Thompson, segundo Fábio, do mesmo modelo usado na época pela máfia nova-iorquina e nos filmes de Al Capone. “Mas essa ele deu de presente a um amigo que era delegado. Ela estava com defeito e ele resolveu presenteá-lo dizendo: ‘Arma que não atira, para mim, não serve’”.

quando ocupou o cargo de Ministro da Guerra - era impaciente nas mãos de Tenório. Dezenas de morte foram atribuídas a ela, porém nenhuma assumida por seu portador. Poucos que a ouviram “falar” sobreviveram para contar como foi. Para o neto Fábio Tenório, o Homem da Capa Preta costumava se justificar dizendo: “Meu filho, a mesma bala que veio de lá pra cá foi a mesma que foi de cá pra lá. Então quem decidiu quem ia morrer? Deus é claro!”. “Realmente exis-

te certa lógica. Eu mesmo presenciei uma vez em que meu avô deu um tiro e levou outro no mesmo momento e na mesma parte do corpo em que o seu oponente. Mas só morreu um dos dois. Foi meu avô quem matou?”, defendeu Fábio em tom de brincadeira. Mas a verdade é que a Lurdinha de Tenório Cavalcanti matou sim. E uma dessas mortes ficou na história como a de maior repercussão na longa cronologia de “baixas” confe-

ridas a ele. Os alvos: delegado Imparato e seu fiel escudeiro Bereco. “Quem me contou sobre o Imparato foi um dos que participaram do episódio e ficou vivo durante muito tempo. Ele me disse que meu avô mandou uma única bala com a Lurdinha. Essa bala acertou as cabeças do delegado e do Bareco de uma só vez. Depois o ‘Velho’ mudou a função da Lurdinha - porque ela tem dois tempos - e disparou a rajada no carro”, contou Fábio.

Fortaleza sofre com o descaso Além desses simbólicos objetos capa preta e Lurdinha -, Tenório Cavalcanti construiu a fortaleza, uma casamata revestida de aço blindado a qual chamava de lar. Dentro dela, o alagoano se sentia resguardado, protegido dos seus inimigos. “Ao entrar pela porta, ele deixava todos os problemas do outro lado. Não permitia que nada do que tivesse acontecido lá fora fosse, sequer, comentado dentro de casa. Para ele, a fortaleza era uma espécie de santuário. Certa vez, ele havia acabado de sofrer um atentado, e eu, menino novo, amedrontado, estava pálido de medo. Dentro do carro, em frente ao portão que dava para a garagem, ele me disse: ‘Meu filho, o que aconteceu agora a pouco vai ficar aqui fora. Quando entrarmos, eu não quero que nada seja comentado. Lá dentro é a nossa casa, um lugar sagrado’”, disse o neto Fábio Tenório à reportagem de O JORNAL. “Porém minha mãe odiava a casa. A chamava de mausoléu”, comenta a filha Sandra Tenório. Projetada pelo arquiteto Sérgio Bernardes, a edificação de 3.200 metros quadrados tem quatro andares, 14 cômodos - divididos entre salas e quartos -, nove banheiros, além de passagens pelo teto, ligações secretas entre os ambientes e falsos armários que escondiam cofres e acessos a esconderijos. Não exagera quem diz que é possível se perder lá dentro, pois o

imóvel é um verdadeiro labirinto com várias portas e janelas voltadas para o centro. Tantos segredos garantiam a segurança da esposa e filhas, de Tenório Cavalcanti e de seus aliados nos tempos da ditadura militar. Conta-se que em sua casa, o Homem da Capa Preta escondeu artistas e políticos perseguidos pelo movimento. “Aqui se escondeu Chico Anysio, José Serra e muitos outros”, contou o superintendente de Turismo, Daniel Eugênio. “Dizem que há um túnel que liga a fortaleza a outra casa de Tenório Cavalcanti, na Vila São José. Mas essa saída nunca foi encontrada nem confirmada pelos familiares. Acho que é uma lenda. O que é certo é que uma dessas passagens secretas ficava embaixo do fundo falso de um vaso sanitário. O caminho dava para a parte inferior da casa. Mas essa trilha foi toda fechada quando a casa foi alugada a uma farmácia há uns anos”, disse o antropólogo Gutemberg Cardoso, secretário de Cultura de Duque de Caxias. Embora ainda guarde muitas características originais, essa não foi a única alteração sofrida pelo edifício desde que seu proprietário o deixou. Infelizmente, o imóvel descrito pelos descendentes de Tenório e por pessoas que o frequentaram não é o mesmo que a reportagem encontrou no dia 26 de agosto deste ano. Atualmente

Em Caxias, a fortaleza de Tenório tem até passagens secretas

locada a um centro de ensino da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), a fortaleza localizada na Avenida Governador Leonel de Moura Brizola, antiga Estrada Rio-Petrópolis, no centro de Duque de Caxias, foi visivelmente adulterada por insensatas reformas. Entre o que foi destruído está a piscina - famosa pelo episódio descrito no filme O Homem da Capa Preta, no qual Tenório, em rede nacional, derrubou o apresentador Flávio Cavalcante durante a apresentação do seu programa ao vivo. Aterrada, ultimamente não passa de local de passagem. O painel pintado à mão que narra fatos da tumultuada vida de Tenório Cavalcanti e sua estirpe se esconde, hoje, por trás de um tapume, impossibilitando a visão do seu estado de conservação. Outra questão são objetos antigos - como um fogão e um cofre de época - que estão mal acondicionados sujeitos a ação do homem e do tempo. “É um crime o que fizeram com a fortaleza. Há mais de 10 anos, quando ela ainda estava como Tenório a deixou, houve um movimento da comunidade cultural de Caxias para que a casa fosse transformada em museu. Mas nada foi feito. Vivemos aqui uma batalha diária para recuperar a memória da cidade, e a fortaleza é uma peça importante nesse processo”, disse a historiadora Tânia Amaro.

O fogão da década de 50 ainda resiste ao tempo na velha casa

A casa de Tenório vai virar museu Embora com certo atraso, o apelo da comunidade intelectual caxiense parece que vai ser atendido. Recentemente, o prefeito José Camilo Zito assinou o decreto municipal n° 5.872, no qual declara que o imóvel é um bem de utilidade pública. “Vamos recuperar a casa e construir o Museu da Memória Política Natalício Tenório Cavalcanti. O objetivo é, além de prestar uma justa homenagem a Tenório, desmitificando a imagem de pistoleiro, preservar a história dos movimentos sociais, políticos e trabalhistas de Duque de Caxias”, contou Gutemberg Cardoso. “É uma notícia muito importante tanto pela memória de Tenório quanto pela política nacional”, comentou Tânia Amaro.

DE VOLTA AO LAR - Além de contar com a capa e

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a metralhadora, o museu vai abrigar vários pertences pessoais já prometidos pela família do lendário parlamentar. Incluindo o acordeão, uma imagem de Cosme e Damião - santos protetores de Tenório -, móveis, quadros e automóveis (um Ford Landau ano 1976 que se encontra na mão de um colecionador e um Buíque que permanece no pátio da casa na Vila São José em péssimo estado de conservação). Documentos, incluindo jornais, relatórios oficiais e fotografias contando a história da cidade também vão poder ser apreciados pelo visitante. “Acredito que até o segundo semestre de 2012, o museu já esteja funcionando”, falou Gutemberg Cardoso. “Esperamos que se concretize rápido para que a casa não sofra mais danos”, disse a historiadora.


A arte brasileira se rende a Tenório Toda áurea mítica e mística em torno de Tenório faz dele uma personalidade única, emblemática. Alvo fácil e fértil para compositores, escritores e cineastas. Prova disso são os livros, filmes e composições feitos em sua homenagem ou tendo sua figura como inspiração. Assim foi em 1953, no longa Carnaval em Caxias. A comédia de Paulo Wanderley traz o personagem Honório Boamorte - vivido por José Lewgoy - claramente inspirado em Tenório Cavalcanti. Para compor a sátira não faltaram elegantes ternos e uma capa preta escondendo a fiel metralhadora. Premiado - prêmio “O Índio” de Melhor Argumento (Alex Viany e Leon Eliachar) e Melhor Edição (Rafael Justo Valverde) -, o longa tem no casting nomes como Costinha, Jece Valadão e Nelson Gonçalves. O fascínio da Sétima Arte pelo mito não parou por aí. Baseado em dois depoimentos familiares escritos pelas filhas de Tenório - Maria do Carmo (Tenório, o homem e o mito)

e Sandra Cavalcanti Lima (Tenório, meu pai) - e mais uma tese acadêmica Capa preta e lurdinha - Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada, de Israel Beloch, o diretor Sérgio Rezende imortalizou o enigmático deputado em 1986, num filme que tempos depois seria visto como um dos representantes do revigoramento do cinema nacional. “Foi um sucesso tremendo e levou mais de um milhão de espectadores aos cinemas”, contou a O JORNAL o crítico de cinema Elinaldo Barros. “Seu lançamento foi no auge do Plano Cruzado, criado no governo do presidente Sarney, e o povo brasileiro estava eufórico com a promessa do fim da inflação”, disse. Para Elinaldo Barros, o longa policial marcado por cores fortes e contrastes de luz e sombra tem toques de cinema noir. “O Homem da Capa Preta, além de um filme marcado pela boa aceitação popular, marcou também pela qualidade estética, direção sóbria e elenco afiado”. Com José Wilker, Marieta Severo,

Jonas Bloch, Carlos Gregório e Paulo Villaça no rol de atores, o longa, com produção de Mariza Leão, levou o Kikito de melhor filme no 14º Festival de Cinema de Gramado daquele ano, tanto do júri oficial como do popular. Também deu a José Wilker o prêmio de melhor ator, e a David Tygel o de melhor música original. Marieta Severo também conquistou o Kikito de melhor atriz, mas pela atuação em “Com licença, eu vou à luta”. Em O Homem da Capa Preta, minha participação foi pequena, mas me marcaram as gravações que foram feitas na própria fortaleza”, disse Marieta à reportagem. “Sem dúvida é um papel marcante na carreira de José Wilker. Ele incorporou o personagem de tal forma que, quando Tenório Cavalcanti chegou para assistir ao lançamento do filme no cinema, o público que estava presente achou que era o Wilker que havia chegado”, comentou Elinaldo Barros. Não era para menos. Wilker teve

José Wilker encarna Tenório mais uma vez

a oportunidade de fazer o laboratório (pesquisa para montar o personagem) com o próprio Tenório. “Ele ia sempre lá em casa e ficava prestando atenção nos gestos que o meu avô fazia. Um dia, almoçando, o ‘Velho’ percebeu que tudo que ele fazia, o Wilker repetia. Daí, ele bateu com a mão fechada na mesa e esbravejou: ‘Você tá me arremedando?’”, disse o neto, Fábio Tenório. No entanto, nem todos foram unânimes em relação à película. Parte da crítica considerou que o olhar do diretor havia se rendido ao personagem que inspirou o filme. “Não concordo. Sérgio Rezende não foi condescendente ao retratar Tenório. Ele mostrou todos os aspectos do biografado. Ao mesmo tempo em que era populista, era chegado à violência, mas existia o outro lado, digamos, humano. Isso tudo está muito claro no filme. Afinal, todo mundo tem dois lados. Todo mundo é cara e coroa; bom e mau. Tenório não seria diferente”, analisa Elinaldo.

Bamba de Caxias Moreira da Silva e Ribeiro Cunha

Sou nordestino, um homem fino, com diploma de doutor Sou deputado, sim senhor. Palavra inflamada, orgulho da bancada, da qual sou grande valor - e também grande orador. Fico enfezado quando, alguém em mal estado, vem a mim pra revelar: - “Doutor Tenório, o seu comissa quer me arrebentar, Será que o doutor não vai providenciar…”

Em 2007, José Wilker encarnou novamente Tenório Cavalcanti. Dessa vez, para desfilar na Sapucaí pela Acadêmicos do Grande Rio. Nesse ano, a escola ganhou o vicecampeonato, perdendo para a BeijaFlor de Nilópolis. A escola de samba homenageou Duque de Caxias, sua cidade-sede, e levou para a avenida o samba-enredo Caxias - O caminho do progresso, um retrato do Brasil, do carnavalesco Roberto Szanieck, reverenciando ícones locais do esporte, da música e da política. Antes, em 1954, Tenório já havia sido tema de música e decantado em Bamba de Caxias, de Moreira da Silva e Ribeiro Cunha. Na melodia, o Rei da Baixada arranja emprego pra quem está desempregado; arranja água pra quem tem cano furado e é pistolão e amigão de qualquer um. Enquanto sua Lurdinha, “que tosse que é uma belezinha, Brrrr. (...), tem fogo pra dez dias”.

AINDA NA LITERATURA - Além de imortalizado pelas obras literárias de suas filhas e pela tese de Beloch, o alagoano também foi mira de Arlindo Silva, em Memórias de Tenório Cavalcanti, da editora O Cruzeiro (1954) e de Ivan Barros, em Abrindo a janela do tempo: Memória e história. Em seu livro, Ivan conta, entre outros episódios da sua vida, a sua experiência na Luta Democrática, jornal do amigo. “Ainda vou escrever um livro sobre Tenório. Tenho um arquivo valioso sobre o Homem da Capa Preta.

Que me queimo de estalo, e lá da tribuna solto o meu vocabulário: - Senhor Presidente, protesto contra certa autoridade, Que anda dando em homem de idade, em pleno coração da cidade. Arranjo emprego pra quem está desempregado. Arranjo água pra quem tem cano furado. Sou pistolão e amigão de qualquer um, Mesmo de quem tem dinheiro, mesmo de quem vive a vida Sem nenhum. Eu sou protetor de quem é fraco e oprimido. Eu nunca fui fingido como alguns colegas meus. Graças a Deus, eu sou um homem respeitado, glória do meu Estado, O maior e sem igual - E qualquer um quer ser meu cabo eleitoral. - Se não votar por bem…vota por mal… A minha capa preta não tem medo de careta, Não dispenso parada, nem por nada deste mundo, Se alguém folga comigo, me avexo ou perco a linha, Aí eu taco o dedo no gatilho da Lurdinha… Brrrr

Wilker levou personagem do cinema para desfilar na Avenida

- Que tosse que é uma belezinha. Brrrr. E tem fogo pra dez dias. Eu sou o revertério ad locum tum lá de Caxias.

José Wilker ganhou o Kikito pela sua interpretação no filme O Homem da Capa Preta

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“Ora, presidente,

a mim chamam de bandido de fita de série, e ao senhor muitos chamam de bandido em série, sem ser de fita”

Frederici acusa o alagoano em relatório O delegado Wilson Frederici também atribuiu à ascensão política do deputado às suas práticas violentas. Segundo ele, Tenório Cavalcanti não perdoava seus desafetos e ainda ganhava popularidade por fazer justiça com as próprias mãos. “Logo após sua chegada, começou a pôr em prática façanhas que viriam, por incrível que pareça, a dar projeção ao seu nome, graças ao terror por ele implantado e a custo do crime e do vício”, ataca Frederici, que também acusou o deputado pelo assassinato de um subdelegado. “Joaquim Peçanha, homem probo, de elevada estatura moral, considerado pelas suas grandes qualidades e virtudes como cidadão de maior prestígio no município, também foi covardemente assassinado no interior de um trem da Leopoldina, próximo a Caxias, para onde se dirigia, comentando-se na época que o deputado Tenório era o mandante de tão bárbaro crime”. Frederici ainda afirmou em seu relatório que, em 13 de julho de 1945, o deputado Tenório Cavalcanti “abateu a tiros de revólver Osório Ferreira Franco e Paulo Lins, pessoas de grande projeção no município, cujas mortes são até hoje comentadas e pranteadas”. Segundo o historiador Israel Beloch, Tenório, em suas memórias, admite ter cometido um ato criminoso no episódio do desaparecimento de Ferreira. “O homem estava nas minhas mãos. Faria o que entendesse com ele. Levei-o para um matagal e interroguei-o à moda Filinto Muller: socos, pontapés e tapas na cara do miserável. Ainda hoje há duas versões desencontradas sobre o destino de Ferreira: uns dizem que ele abandonou o crime e é comerciante próspero em Minas; outros falam de certo cadáver encontrado boiando no Rio Paraíba”, conta, sarcástico, o Homem da Capa Preta. O próprio Tenório contestou as afirmações do delegado, mas não negava que impunha sua lei em Duque de Caxias. “Eu, quando dou um tiro na barriga da perna de alguém, é porque ele está maconhado e é uma cobra venenosa que eu não posso deixar na rua. Os covardes é que se omitem, deixam o cachorro louco ou a cobra venenosa agredir o indefeso. Tem que matar o agressor injusto, que é injusto não só contra você, mas contra toda a coletividade”, declarou o político em suas memórias. Amigo e ex-diretor do jornal Luta Democrático, Ivan Barros revelou que já viu Tenório tomado pela fúria em Duque de Caxias. “Estava na casa dele quando um homem bêbado começou a gritar do lado de fora. Ele chamou Tenório, desafiouo, porque havia sido expulso da Vila São José por perturbar a ordem. O indivíduo ameaçou e chegou a pegar na barba do Tenório, que ficou furioso. Ele entrou em casa, pegou o revólver e atirou no homem. Quando a polícia apareceu, o povo da Vila São José assumiu a culpa para livrar o deputado”, contou Ivan.

Após o encontro com Getúlio Vargas, em 1953, Tenório Cavalcanti deixou de atacar o presidente da República em seus discursos

O duelo de frases com Getúlio Vargas

A primeira fase do Governo Vargas foi combatida por Tenório

O Homem da Capa Preta também era um negociador habilidoso

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Tenório sempre fez oposição ao presidente Getúlio Vargas. Indiretamente, eles lutavam em campos opostos até o início da década de 50. Um sempre comemorou a derrota do outro, mas o tempo cuidou de aproximá-los. A família Cavalcanti conta que, após um encontro inesperado no porto do Rio de Janeiro, em 1953, os políticos diminuíram as diferenças e as críticas. Em seguida, o então presidente da República recebeu o deputado no Palácio do Catete e, segundo a artista plástica Maria do Carmo Cavalcanti, filha de Tenório, ficou impressionado com a articulação do alagoano. “Primeiro, meu pai recebeu a missão de representar a Câmara num encontro com Getúlio. Ele foi já a contragosto e ainda ficou furioso porque tinha uma fila grande de políticos para falar com o presidente. Foi quando mandou dizer a Getúlio que não era homem de ficar em fila e que estava de saída. O presidente mandou chamá-lo imediatamente e, depois de passar na frente de todos, meu pai atendeu ao convite ‘real’”, disse Maria do Carmo.

Depois dos cumprimentos iniciais, Getúlio fez uma pergunta embaraçosa ao político alagoano. “Tenório, me digas, por que te chamam de bandido?”. A resposta foi imediata e atravessada. “Meu pai, então, atacou: ‘Ora, presidente, a mim chamam de bandido de fita de série, e ao senhor muitos chamam de bandido em série, sem ser de fita’”, lembrou Do Carmo. Para quebrar o gelo, o presidente disse que os nordestinos tinham muito em comum com os gaúchos, “nos foros da valentia”. Tenório não concordou. “Nós, os nordestinos, temos alma de bandoleiro debruçada em coração generoso. Vocês, gaúchos, têm alma generosa, debruçada em coração bandoleiro”. Getúlio sorriu com a resposta e, por fim, perguntou ao Homem da Capa Preta por que era tão combativo contra o governo. Tenório saiu da armadilha e virou o jogo outra vez. "Vossa excelência deveria considerar-me seu melhor amigo porque, repetindo Santo Agostinho, é preferível que me critiquem por que me corrigem, do que me elogiem, porque me corrompem”.


Tenório se aproxima de João Goulart Os historiadores ainda hoje se perguntam qual o motivo de o alagoano, conhecido por ser um político popular, ter ingressado na União Democrática Nacional (UDN), partido elitista que conservava em seus quadros as chamadas reservas morais do País. Maria do Carmo Cavalcanti, filha do Homem da Capa Preta, revelou que Tenório aceitou o convite da UDN simplesmente por causa o antigetulismo da sigla. Por combater o gaúcho, Tenório travou confrontos históricos em Duque de Caxias com membros da tropa de choque do presidente. “A explicação foi

justamente essa oposição que a UDN fazia a Getúlio. Nesse sentido, era o partido que se destacava no Brasil, a começar por Carlos Lacerda. Meu pai foi convidado para ingressar no partido, e, num discurso célebre, o senador Afonso Arinos disse aos colegas de sigla que a UDN precisava atender aos clamores populares, e Tenório era uma janela aberta para o povo”, explicou Do Carmo. O encontro com Getúlio em 1953 diminuiu a carga de Tenório contra o governo. Eles passaram a ter uma convivência pacífica, e o Homem da Capa

Preta começou a se aproximar de João Goulart, o herdeiro político de Vargas. Ao mesmo tempo em que se aproximava das esquerdas, Tenório se afastava da UDN. “Jango era muito ingênuo. Getúlio era um pai para ele e, depois da morte do presidente, ficou desamparado. Foi justamente Tenório quem o acolheu politicamente e passou a aconselhá-lo. Traçou o mapa político do Rio de Janeiro e o ajudava a superar as armadilhas que se apresentavam. Com o tempo, eles se tornaram muito amigos e confidentes”, relatou Maria do Carmo.

A filha de Tenório revelou que, segundo o Homem da Capa Preta, Jango não era comunista. "Numa das oportunidades em que conversávamos sobre política, perguntei a meu pai justamente sobre os ideais de esquerda de João Goulart. A resposta me surpreendeu: ‘Agora posso lhe dizer que Jango nunca foi comunista, talvez se aliasse a eles com receio de perder o lastro popular. Deu-me a entender várias vezes que o único jeito de forçar os americanos a cederem alguma coisa ao Brasil era ameaçá-los com o fantasma do comunismo’”, destacou Do Carmo.

A arriscada missão em Porto Alegre

Em Porto Alegre, Tenório Cavalcanti defende posse do presidente Jango e é carregado por uma multidão eufórica

Encontro com Prestes selou acordo Tenório Cavalcanti ganhou projeção nacional, tornou-se uma liderança importante na Câmara Federal e resolveu testar a força de seu carisma. Em 1960, reuniu-se com a cúpula da UDN e pediu apoio na decisão de se lançar candidato ao governo da Guanabara. A sigla preferiu apoiar Carlos Lacerda na disputa e Tenório foi procurar espaço no Partido Rural Trabalhista (PRT). Essa ruptura com a UDN mudou de vez os rumos políticos do deputado. O alagoano ficou em terceiro lugar na eleição, mas não desistiu de ser governador. "Ele foi decisivo na disputa de 60. Carlos Lacerda só venceu a eleição porque Tenório tirou os votos de Sérgio Magalhães, do PTB", comentou o historiador Israel Beloch, em entrevista a O JORNAL.

“Mesmo estando num partido pequeno, ele recebeu mais de 220 mil votos na eleição para o governo da Guanabara”, acrescentou. Em 1961, Tenório lançou sua candidatura ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Social Trabalhista (PST), já que o então governador Roberto Silveira havia morrido num acidente de carro e a cadeira ficou vaga. O principal adversário do Homem da Capa Preta era o irmão do ex-governador, Badger Silveira. Filha de Tenório, Maria do Carmo Cavalcanti revelou à reportagem que, às escondidas, ele se reuniu nesse período com Luiz Carlos Prestes, o conhecido líder comunista. Antes, no auge de seus discursos mais conservadores, atacava o comunismo com a convicção de um re-

publicano dos Estados Unidos. Depois desse encontro com Prestes, mudou alguns conceitos e passou a defender até mesmo a reforma agrária. Mais ligado à esquerda, Tenório atingiu um eleitorado que o detestava e venceu as eleições em Volta Redonda, histórico reduto comunista. “Prestes ajudou muito nesse sentido. Quase ninguém sabe que eles se reuniram numa fazenda em Volta Redonda e fecharam um acordo político. Meu pai cessou o fogo contra o comunismo e, em troca, o Partidão o apoiou ao governo”, revelou Do Carmo. O político alagoano ficou em segundo na eleição de 1962 (com 224.734 sufrágios), mas assegurou, em seguida, outro mandato de deputado federal, recebendo 21.629 votos.

O líder comunista Luiz Carlos Prestes apoiou Tenório na eleição de 62

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João Goulart era vice-presidente da República em 1961, quando Jânio Quadros renunciou ao cargo dizendo estar ameaçado por forças ocultas. Nesse ínterim, Jango estava na China comunista e foi criado um cenário de guerra no Brasil. Os militares não aceitavam que um político com ideias de esquerda assumisse o comando do País. “O Exército estava querendo matar João Goulart. Meu pai ficou sabendo disso e preparou um grande esquema de segurança para o novo presidente em Porto Alegre. O Congresso também defendia a legalidade da posse de Jango, e meu pai recebeu a missão de sequestrar um avião e alterar a rota para a capital gaúcha, que estava com o espaço aéreo fechado e tomada pelas tropas do então governador Leonel Brizola”, contou Do Carmo. “O III Exército, em Porto Alegre, iria para o confronto armado, mas a intervenção de meu pai foi decisiva. O piloto convenceu Tenório de que não havia combustível para a louca tentativa de desviar a rota. Então, ele e os deputados Esmerino Arruda e José Lopes voltaram ao aeroporto do Rio e pegaram um pequeno bimotor, que fez escalas em São Paulo, Bauru e Coritiba. Depois, desceram em Porto Alegre”, prosseguiu a filha de Tenório. O Homem da Capa Preta conversou com Brizola no Palácio do Piratini e, com o salvo-conduto do governador gaúcho, partiu para o Quartel-General comandado por Machado Lopes com a missão de evitar uma guerra civil no País. Tenório apresentou ao general a posição do Congresso e o memorial assinado por 92 líderes sindicais de que seria deflagrada uma greve geral caso Jango não tomasse posse em Brasília. Com essas garantias, o Rio Grande desistiu do levante legalista e João Goulart tomou posse sem que um tiro fosse ouvido. “Felizmente, tudo deu certo, evitou-se o pior e João Goulart assumiu o comando do País. Grato a meu pai, o novo presidente queria que ele aceitasse ser ministro do Trabalho, mas não era o momento. Tenório disse que estava honrado com o convite, mas lembrou que ajudou Jango como amigo, sem interesse, e seguiu suas convicções políticas”, declarou Do Carmo.


“(...) Tenório disse ter documentos secretos capazes de fazer explodir uma nova revolução no País”

A verdade sobre o caso ACM Uma das passagens mais marcantes de Tenório na Câmara Federal envolve outro personagem conhecido da política brasileira. O baiano Antônio Carlos Magalhães começava a ganhar prestigio nacional quando se envolveu numa peleja com o Homem da Capa Preta. No plenário, Tenório discursava contra o então presidente do Banco do Brasil, o deputado baiano Clemente Mariani. As acusações eram ácidas e falavam até em desvio de verbas. Amigo de Mariani, ACM pediu um a parte e saiu em defesa do conterrâneo. “Vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que

vossa excelência é mesmo é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão”, atacou Antônio Carlos. “Vai morrer agora mesmo!”, contraatacou o temido Homem da Capa Preta. Há relatos romanceados pelo folclore político que ACM foi salvo por uma incontinência urinária, versão negada pela filha caçula de Tenório, Sandra Cavalcanti. Em entrevista a O JORNAL, no Rio de Janeiro, ela contou como foi a reação do alagoano ao discurso. “Meu pai ficou realmente indignado. Não admitia que ninguém atacasse a sua honra e, em determinado momento, colocou a mão dentro

do paletó. Antônio Carlos entendeu que ele iria sacar um revólver e saiu do plenário em desabalada carreira. Meu pai, depois de passada a raiva, até se divertiu com o caso”, lembrou Sandra. O biógrafo Ruy Castro confidenciou em entrevista a O JORNAL que, numa de suas colunas na Folha de São Paulo, contou a história do duelo entre Tenório e ACM. “Escrevi realmente que o futuro ACM foi poupado porque teve uma incontinência urinária no plenário. Essa história me deu uma grande dor de cabeça. O filho do Antônio Carlos ligou para mim cuspindo marimbondos, dizendo que a passagem

era mentirosa”, lembrou Ruy. “Depois fiquei sabendo que o herói do caso foi outro. Um deputado aqui do Rio foi o protagonista da história, que, por causa da lenda em torno de Tenório, foi a ele atribuída”, acrescentou. Neto do Homem da Capa Preta, Fábio Tenório sustenta a versão contada pela tia. “Foi tudo verdade, mas não teve nada de incontinência urinária. Mais tarde, encontrei ACM e ele disse que respeitava muito meu avô. Não houve outros desdobramentos, mas, não há dúvidas, que essa realmente foi uma das histórias mais engraçadas envolvendo o Velho na política”.

Ameaça aos militares Tenório também ameaçava os militares por seu carisma. No período do golpe, o objetivo do alto comando era evitar que líderes de oposição fossem capazes de organizar uma contrarrevolução. Segundo o jornalista Ivan Barros, o político alagoano fazia parte de um seleto grupo de adversários perigosos ao regime. “Os militares não queriam que políticos populares e carismáticos pudessem formar um bloco forte de oposição. À época, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola, Carlos Lacerda, João Goulart, Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes e Tenório tinham essas características. Por isso, meu amigo perdeu seus direitos políticos e teve que se isolar em sua casa na Vila São José. Sufocaram a política de Tenório de todas as formas. Ele nunca mais foi o mesmo. Cassado, despojado de seus direitos, tornou-se um homem amargo. Dizia-me: ‘A vida tem para mim o gosto travoso do caju verde’”, relatou Ivan. Tenório esperava voltar à vida pública. Numa entrevista concedida em agosto de 1973 a O Jornal-RJ, ele fez críticas, mas também teceu elogios à Ditadura Militar. No começo da fala, o alagoano disse que o Brasil escolheu o direito de ser infeliz em 1964, ano do golpe. Mais tarde, exaltou algumas realizações do regime, como se tentasse receber um salvo-conduto dos militares. “Há nove anos, saímos de um atoleiro para trilhar o caminho do progresso e da paz”, discursou. De acordo com a matéria, Tenório disse ainda que, apesar de passar por seis processos por subversão e três por crimes comuns, estava disposto a colaborar com o governo. “O comunismo está tomando conta do mundo”, emendou o Homem da Capa Preta, expondo suas diferenças históricas com a esquerda. Na mesma entrevista, Tenório disse ter documentos secretos capazes de fazer explodir uma nova revolução no País. “Diversas vezes, o Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Serviço Secreto dos Estados Unidos estiveram em minha casa à procura disso”. Segundo ele, guardara “três toneladas” de fitas com depoimentos bombásticos sobre a política nacional e sabia quais foram as forças ocultas que fizeram o presidente Jânio Quadros renunciar. Filha de Tenório, Maria do Carmo Cavalcanti contou a O JORNAL que a entrevista fez parte de uma das estratégias do Homem da Capa Preta de voltar a ter voz na imprensa brasileira. “Meu pai estava cansado de ser perseguido pelos militares. Foi um combatente atuante contra o regime e parece controverso nessa entrevista de 1973 porque realmente tentava abrir espaço na política. Para falar, precisava fazer elogios à Ditadura. Assim, poderia abordar alguns assuntos importantes que queria. Fazia parte do jogo político da época”, explicou.

Tenório era um radical adversário dos comunistas, e isso agradava parte da cúpula militar que tomou o poder

O Homem da Capa Preta “vira à esquerda” Tenório Cavalcanti não costumava elogiar a esquerda. Apesar de ser um dos líderes da oposição no período em que Getúlio Vargas esteve na presidência e depois ter deixado a UDN para disputar as eleições da Guanabara com Carlos Lacerda, em 1960, o Homem da Capa Preta também era um radical adversário dos comunistas. Essa característica agradava parte da cúpula militar que tomou o poder no Brasil em 1964. O presidente Castelo Branco era um dos admiradores de Tenório, tanto que relutou em cassar seus direitos políticos. Mas as atitudes do alagoano a partir

de 1961 preocuparam o alto comando. O jornalista alagoano Ivan Barros lembra que foi um período de extremos. “Não havia meiotermo naquela época. Ou se era amigo ou inimigo do regime. Castelo, realmente, pensou muitas vezes antes de cassar os direitos de Tenório, mas o fez. Ele abraçou as causas dos que lutavam contra o golpe e abrigou na fortaleza líderes estudantis importantes, como José Serra, que, no futuro, seria governador de São Paulo e candidato à Presidência da República. Um dos líderes da luta de esquerda à época, Leonel

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Brizola também teve o apoio de Tenório”, revelou Ivan. Além de políticos influentes, o alagoano deu cobertura a artistas perseguidos pela Ditadura, como Chico Anysio e Norma Bengell, e também preocupava os militares pelo seu poder de insuflar a massa. “Não tenho dúvidas de que, se não fosse cassado, Tenório iria ser governador do Rio de Janeiro. Sua trajetória o levaria a esse destino. Antes, já na disputa pelo palácio, há quem conteste a derrota. O povo estava com ele”, afirmou o ex-diretor da Luta Democrática.


As estranhas mortes de Jango, Juscelino e Lacerda O ano de 1976 teve importância histórica para o País. A luta nos bastidores pela anistia aos exilados e a reabertura política aumentava a tensão entre o governo de Ernesto Geisel e os inimigos do regime. Os rebeldes enfrentavam a repressão da polícia, e o avanço de seus líderes preocupava os generais de “linhadura”. A abertura poderia até ser discutida, mas as regras deveriam ser ditadas por quem estava no poder. Três homens, em especial, articulavam o retorno às eleições diretas. Com a volta da democracia, João Goulart seria o candidato à presidência pelo PTB, Juscelino Kubitschek defenderia a sigla do PSD e Carlos Lacerda lançaria seu nome pela

UDN. Mas a morte repentina interrompeu a trajetória desses líderes entre agosto de 1976 e maio 1977 e ajudou a mudar o curso da história nacional. Ex-diretor do jornal Luta Democrática, o alagoano Ivan Barros estava no olho do furacão naquele período. Ele diz ter sido testemunha de fatos estranhos envolvendo as mortes de Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda e ainda fala com perplexidade sobre o ataque cardíaco que vitimou Jango na Argentina. Ivan defende a tese de que houve um complô internacional para eliminálos. “Trabalhava na revista Manchete e fui o primeiro repórter a chegar

ao cenário do ‘acidente’ de Juscelino. A polícia isolou logo a área e mudou a posição do carro. Foi tudo muito estranho. Até hoje ninguém me convence que foi um simples acidente. Estranhamente, recebi um telefonema na Manchete duas semanas antes sobre a morte do ex-presidente num acidente de automóvel. JK desistiu de viajar e foi encontrado por amigos, sorridente, em sua fazenda. Depois, um terrível acidente realmente ocorreu na Via Dutra”, revelou o jornalista. O inquérito policial foi conclusivo sobre a morte do ex-presidente. Segundo o relato oficial, o Chevrolet Opala 1970 que conduzia Juscelino Kubitschek, dirigido por Geraldo

Ribeiro - seu motorista desde o primeiro dia como prefeito de Belo Horizonte, em 1940 -, foi atingido, por trás, por um ônibus. Desgovernado, atravessou o canteiro central e, na outra pista, foi apanhado, de frente, por uma carreta. JK morreu no dia 22 de agosto de 1977, no KM 165 da Via Dutra, quando viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro. O ex-presidente estava prestes a completar 74 anos. De acordo com o deputado Carlos Murilo, Juscelino estava muito preocupado naquele ano com as tensões que envolviam a política nacional. “Democracia no País só depois da minha morte. Eles têm muito medo de mim”, confidenciou JK ao amigo.

A enfermeira Ivan Barros ainda conta uma história intrigante sobre a morte do exgovernador da Guanabara. Quando ouviu no rádio a notícia do falecimento de Carlos Lacerda, aos 63 anos, na Clínica São Vicente, Zona Sul do Rio de Janeiro, ele partiu para o local para registrar o fato com riquezas de detalhes. A folhinha da redação marcava o dia 21 de maio de 1977. “Fiquei nervoso, mas corri para o local com o fotógrafo João Silva. Havia um tumulto generalizado no hospital, quando vi e ouvi uma enfermeira em pânico. Aos prantos, ela gritava: ‘Deram uma injeção errada! Mataram o Doutor Lacerda!’. Infelizmente, ela sumiu depois daquela cena e não tive como provar apenas com meu testemunho. As circunstâncias dessa morte também foram muito estranhas (na versão oficial, Lacerda foi vítima de uma infecção rara no coração, a endocardite bacteriana). Lacerda foi internado no hospital com um quadro de gripe forte e, alguns dias depois, faleceu. Isso sem contar no infarto sofrido pelo Jango (o ex-presidente João Goulart) na Argentina. Nem fizeram a autopsia em um ex-presidente da República. Assim, restaram apenas Brizola, Arraes e Tenório como líderes populares. Acredito na versão de assassinato. A Operação Condor, que, segundo consta, foi tramada por agentes da CIA e as ditaduras militares da América do Sul, para mim, não foi uma ficção”, declarou Ivan. O ex-presidente João Goulart morreu na cidade de Mercedes, na Argentina, no dia 6 de dezembro de 1976, aos 57 anos, quando tentava colocar em prática seus planos de voltar à política brasileira. No dia 23 de maior de 2000, foi constituída uma Comissão Externa na Câmara dos Deputados com o objetivo de esclarecer em que circunstâncias ocorreu a morte de Jango, atendendo ao requerimento do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). A investigação foi inconclusiva e uma névoa ainda paira sobre o caso.

Carlos Lacerda morreu em maio de 1977

Versão oficial: Jango foi vítima de infarto

JK sofreu acidente fatal na Via Dutra

Tenório sustentava tese do assassinato Tenório Cavalcanti conhecia os bastidores da política nacional com a mesma precisão que se movia nos labirintos de sua fortaleza. Homem de muitos contatos com pessoas influentes de dentro e fora do governo, ele era um arquivo vivo de informações confidenciais. Filha mais nova do Homem da Capa Preta, Sandra Cavalcanti revelou em entrevista exclusiva a O JORNAL, no Rio de Janeiro, que seu pai não tinha dúvidas sobre a causa das mortes de Juscelino, Lacerda e Jango. Para ele, os principais inimigos do regime foram alvo de atentados tramados com sórdidos detalhes. “Ele dizia que os maiores líderes do País ameaçavam a ditadura e iriam ser decapitados sutilmente. Fazia até uma comparação da situação com o futebol. Certa vez, me perguntou quando surgiria outro Pelé. Respondi que não sabia e, em seguida, disse que líderes, sejam positivos, como Churchill, ou negativos, como Hitler, não apareciam da noite para o dia. No mínimo, eles precisariam de 25 anos para fazer seus sucessores.

Dessa forma, meu pai, que conhecia como poucos os bastidores da política nacional, sabia do que estava falando quando afirmava que Juscelino, Lacerda e Jango foram assassinados”, revelou Sandra. Ela disse ainda que, após as mortes estranhas dos líderes que formaram a chamada Frente Ampla, em 1966, Tenório Cavalcanti intensificou seus cuidados com a segurança pessoal. “Sem dúvida, ele era um dos líderes capazes de conduzir o povo a uma contrarrevolução. Não foi por acaso que os militares cassaram seus direitos políticos, calaram a sua voz e tentaram apagar o seu nome da história nacional. Ele preocupava a cúpula da ditadura e, nesse período de trevas, redobrou os cuidados. Sabia que poderia sofrer um ‘acidente’ fatal ao atravessar uma rua sem movimento. Não foi abatido como os outros líderes, mas acabou sendo vencido pelo tempo. Meu pai não se deu conta do poder devastador desse inimigo silencioso, que lhe roubou as forças e desviou sua trajetória”, contou, emocionada, Sandra Cavalcanti.

Preocupado com as mortes dos líderes, Tenório aumentou o seu esquema de segurança

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“(...) sua memória, sempre impecável, começou a ficar comprometida devido ao mal de Alzheimer, que o acometeu dois anos antes de sua morte”

Fiel protetor da família Tenório Cavalcanti foi construtor de marcas indeléveis. Uma delas foi revelada no discurso unânime de seus descendentes mais próximos: a de fiel protetor da família. Cinco anos depois de se estabelecer em Duque de Caxias, era ainda jovem quando se casou na capela do município - aos pés de Nossa Senhora de Belém - com Walkíria Lomba, que diziam pertencer a uma das mais tradicionais famílias do Rio de Janeiro. Foi com a esposa, por ele carinhosamente chamada de Zina, as quatro filhas - Maria do Carmo, Maria Helena, Wilma e Sandra -, dez netos e 16 bisnetos que construiu, segundo a família, uma sólida história de amor e dedicação. “Ele foi o pai, o avô e o bisavô mais terno que alguém possa imaginar. Era extremamente amoroso. Não admitia que ninguém repreendesse qualquer um de nós com violência. Preferia conversar. Tinha por minha mãe um respeito que jamais nutriu por alguém. Ela era apaixonada por ele, embora por vezes a relação fosse tumultuada pelo ciúme que sentia devido à atenção que ele dedicava à política. Fazia poesias expressando todo o seu amor, e ele a respondia da mesma forma, com versos”, revelou Maria do Carmo a O JORNAL. Se fora da fortaleza Tenório se firmava pela postura, era dentro dela que o audacioso político se rendia ao homem fiel e cuidadoso, que primava pela educação das filhas. “Quando ele foi cassado, muitos amigos o aconselhavam para que se exilasse em outro país, mas meu pai sempre dizia: ‘Não posso deixar minha família´. Tudo isso ele nos contava quando nos reuníamos à noite, após o jantar, para cantarmos toadas enquanto ele tocava sanfona. Ele fazia questão desses momentos e de passar para nós as tradições nordestinas através de suas conversas e cantigas. Até hoje lembramos dessas canções de

Alagoas. Também fazia questão que tivéssemos acesso a muitos conhecimentos através dos livros de sua ampla biblioteca, que ele nos fazia ler. Dizia que queria passar para nós o que ele não teve”, contou Do Carmo. Tenório tentou proteger a família de tudo e todos. Mas não conseguia evitar que muitas vezes o medo transpusesse os modernos portões de aço da fortaleza e acertasse suas filhas e a esposa Zina. “Sofremos muito pela perseguição política de que ele foi vítima. Mesmo ele tendo construído a fortaleza para nos proteger ao máximo da violência externa, não pôde evitar que muitas vezes sentíssemos medo. Da escola onde estudávamos, ouvíamos os ecos dos tiros e ficávamos imaginando: será que mataram o papai? Algumas vezes, também fomos vítimas do preconceito. Certa vez uma colega de escola chegou para mim e falou: ´Seu pai é um assassino´. Cheguei em casa chorando e perguntei: Pai, você é um assassino? E ele me respondeu dizendo quantas vidas, famílias e pessoas tinha salvo. Que não tinha sido ele o responsável pelas mortes, mas as contingências da vida. Confesso que ele tirou de mim aquele pavor, aquela vergonha que sentia”, revelou a filha Sandra a O JORNAL, no Rio de Janeiro.

CONVERSÃO - Nos últimos anos, o deputado fez uma última tentativa de se reaproximar do povo. Passou a frequentar uma igreja evangélica e, segundo o locutor da Rádio Difusora de Caxias à época Irapuan Sisnando Panzariello, 69 anos, converteu-se ao evangelho. “Não foi bem assim. Estávamos assistindo ao culto e o pastor fez aquela típica pergunta de quem aceitaria a Jesus. Levantamos as mãos como qualquer um faria”, falou Fábio Tenório. Irapuan contesta. “A Rádio Difusora até passou a apresentar programas evangélicos. O

que sei é que Tenório era um bom marido, um bom pai, um homem manso. Um homem de Deus”, disse o ex-radialista. Entre agruras e vitórias, Tenório trilhou todo o seu caminho em Caxias ao lado da família. Enfrentou e venceu inimigos políticos. Caiu ferido algumas vezes em combate, mas sobreviveu até os 81 anos. “Percebemos os primeiros sinais de que a saúde do ‘Velho’ não ia bem desde quando sua memória, sempre impecável, começou a ficar comprometida devido ao mal de Alzheimer, que o acometeu dois anos antes de sua morte. Ele foi ficando debilitado também por uma gripe que avançou para uma pneumonia, foi quando resolvi afastá-lo da imprensa e dos amigos políticos. E ele decidiu viver na chácara o período em que esteve doente”, contou Fábio a O JORNAL. No dia 5 de maio de 1987, após ter ficado na UTI de um hospital no Rio de Janeiro cerca de três dias com o diagnóstico de pneumonia, Tenório faleceu com o neto Fábio junto a ele. Uma lembrança que jamais saiu da memória do herdeiro dos emblemáticos símbolos do lendário político. “Ele tinha muita preocupação comigo. Fiquei cuidando dele na chácara. Trouxe ele para o Rio. Fiquei com ele até o fim da vida. Nossa ligação era tão forte que, antes de ele morrer, um amigo meu que é espírita me chamou e disse: ´Deixe o seu avô descansar. Ele só está aqui por sua causa. Diga a ele que você está bem e que ele pode ir em paz´. Foi o que fiz. Disse a ele: Velho, você já me ensinou tudo. Ele fez o sinal da cruz na minha testa, eu beijei a mão dele, e ele me perguntou se eu ia ficar bem. Depois disso me deu um sono enorme. Dormi no colo dele, em cima de suas mãos. Acordei com a enfermeira me dizendo que ele tinha morrido”, relembra Fábio emocionado.

Pastor das Tempestades Em Duque de Caxias, a morte de Tenório foi marcada por um dia de luto oficial. Foram feitas muitas homenagens ao político, desde a Câmara dos Vereadores até o Cemitério Nossa Senhora de Belém, no centenário bairro do Corte 8, onde o corpo do Rei da Baixada foi sepultado. Lembranças reavivadas por Maria do Carmo Cavalcanti à reportagem. Valdemar Julião Cica, de 85 anos, segue contando aos mais jovens de Caxias a lenda do Homem da Capa Preta. “Falavam muito da violência de Tenório, mas só posso dizer que ele foi um homem muito bom, que ajudava os que precisavam, e foi muito importante para Caxias. Certo dia, vi Tenório cair e se fingir de morto, igual se faz no cinema, em uma das tantas emboscadas preparadas para ele na região”, contou Julião. Apesar dos constantes pedidos às filhas para ser enterrado na sepultura de sua mãe, em Palmeira dos Índios, segundo a família Cavalcanti, o povo da Baixada não deixou que o Homem da Capa Preta saísse de Caxias. “O enterro de Tenório parou a cidade. Creio que foi o mais concorrido da nossa história. As ruas foram tomadas pelo povo”, lembrou o superintendente de Tu-

rismo da cidade, Daniel Eugênio. No Cemitério Nossa Senhora de Belém, o morador de Caxias Gessy Nunes Trindade disse a O JORNAL que acompanhou o enterro do líder. “Estava no meu carro e vi o cortejo passar. Percebi que era uma pessoa muito querida e decidi acompanhar o funeral. Logo vi que se tratava de Tenório Cavalcanti. Boa parte da cidade participou. Da entrada do cemitério até aqui, eram só coroas de flores”, relembra Gessy. O neto de Tenório recorda mais uma passagem marcante do cortejo que percorreu a cidade no dia 5 de maio de 1987. “O carro que levava o caixão do meu avô seguia por Caxias antes de seu enterro e, por uma dessas coincidências do destino, quebrou em frente à fortaleza. Num silêncio respeitoso, o povo se encarregou de empurrá-lo até o cemitério do bairro Corte 8”, contou Fábio Tenório. Hoje, na lápide negra feita em homenagem ao político alagoano, uma pequena frase destacada em dourado causa impacto aos que visitam a sepultura do lendário Homem da Capa Preta: “Aqui descansa no Senhor Tenório Cavalcanti, o Pastor das Tempestades”.

Sandra é a filha mais nova de Tenório

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Traços psicológicos de uma personalidade poderosa A personalidade envolvente de Tenório Cavalcanti, capaz de fazê-lo construir uma imagem singular no País, tem ingredientes suficientes para ser um poderoso objeto de estudo das ciências do comportamento. O patrimônio visual, intelectual e social formado a partir de suas atitudes e postura peculiares chamou a atenção também da Psicologia. Atenta a todas as referências sobre os primeiros anos de vida do controverso político alagoano, a psicóloga alagoana Viviane Duarte explicou que suas vivências na infância e adolescência assim como as de todos os indivíduos foram determinantes para a construção da postura psicológica forte e, ao mesmo tempo, sensível que Tenório passou a manifestar na vida adulta. “Na infância de Tenório Cavalcanti, o registro que ele tinha de valor moral, de valor cultural, foi de poder. Um poder que ele conquistou desde pequeno. Primeiro pela supervalorização da sua imagem cultuada na infância. Depois pela maneira orgulhosa como foi apresentado à sociedade onde vivia pelos pais. E também pela adoração que lhe era dispensada por ser o único filho varão do casal. Isso tudo favoreceu para que ele construísse um amor por si mesmo, a chamada autoestima, e uma autossegurança espetaculares”, afirma a psicóloga. Para Viviane, não restam dúvidas do quão os primeiros anos da vida dos indivíduos são determinantes na formação de sua personalidade. No caso de Tenório Cavalcanti, explica a psicóloga, mesmo ele vivendo em meio a uma estrutura familiar matriarcal - era a mãe que detinha a autoridade sobre ele e o lar, a educadora que impunha suas regras -, contrária ao modelo patriarcal da época, “o assassinato daquele pai amado, com quem tinha uma relação não de rival - como é mais comum -, mas de irmão, a visão da arma apontada, o sangue que respingou no seu corpo, tudo isso se transformou em um trauma profundo, que se configurou na vida adulta com a visão de que matar era algo banal. Não matar por perversidade, porque ele não era um sujeito mau, mas por justiça. Isso fez, simbolicamente, com que o sangue do pai entrasse nos seus poros”, enfatiza Viviane. Para a psicóloga, com sua metralhadora, a relação era inconscientemente fálica, assumida a partir do momento em que passou a comandar a vida econômica e social da família e a proteger a única irmã e uma mãe que via o pai mais como filho do que como marido. O que significa que saiu da condição de filho apenas com apenas 10 anos de vida, para assumir o papel de homem da casa. Em relação à construção da fortaleza, quando já havia estabelecido de fato sua imagem como líder de Duque de Caxias, a psicóloga alagoana explica: “Tenório construiu a fortaleza como uma reconquista da proteção, do afeto, da segurança que recebia em casa quando criança. Foi uma forma de preservar sua segurança e da família; de se proteger e de estender essa proteção às outras pessoas. Ele tinha uma intensidade de personalidade e, ao mesmo tempo, uma sutileza de caráter, porque pensava no outro”. E a sua eterna recusa em falar sobre a criança Natalício também tem uma explicação da psicóloga. “Bloqueio devido à morte do pai. Ele tentava apagar essas lembranças da memória por serem traumáticas. Calou-se sempre tanto para preservar a imagem daquele pai tão amado quanto para se defender da morte”, disse Viviane, encerrando, assim, um breve perfil comportamental de mais um Tenório por trás da capa.


Em Caxias, Tenório é coroado Rei da Baixada A terra onde foi erguida a cidade de Duque de Caxias começou a ser povoada na segunda metade do século XVI. Nos cem anos seguintes, cultivou culturas de cana e recebeu engenhos de açúcar e aguardente. Com sua história contada sobre trilhos, desde cedo também teve seu solo plano encharcado pela força das águas das primeiras enchentes. A Caxias do passado, com interessantes capítulos de sua trajetória descritos pelo historiador Israel Beloch no livro Capa Preta e Lurdinha, também chamava a atenção pela fartura dos loteamentos baratos e abandonados. Um pouco mais tarde, com a valorização do lugar, a disputa por essas terras armou seus moradores. “As batalhas por espaço da cidade faziam lembrar a ocupação das áreas virgens do oeste norte-americano”, cita o historiador.

A porção da Baixada onde o jovem Tenório Cavalcanti desembarcou nos anos 20, viveu e prosperou politicamente, ainda estava longe de vir a ser um município. Submissa a Nova Iguaçu, a antiga Estação de Merity foi marcada por transformações. E seu novo habitante nordestino foi testemunha de praticamente todas elas. Da abertura da rodovia RioPetrópolis, em 1928, à elevação de distrito, três anos depois, sua luta por emancipação ainda chegou à década de 40. Essa autonomia só foi conquistada oficialmente a partir de um memorial assinado por uma comissão de notáveis intelectuais. Somente no auge do Estado Novo, em 31 de dezembro de 1943, é que celebraria sua independência definitiva de Nova Iguaçu, trazendo no nome a homenagem - conta-se vinda de um an-

tigo morador - ao bravo marechal da Guerra do Paraguai e patrono do Exército Brasileiro, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Com os cobiçados loteamentos transformados em bairros, pouco mais de quinhentos veículos motorizados pelas ruas, apenas onze logradouros públicos iluminados à luz elétrica e um único posto de serviços telefônicos para ligações interurbanas, a cidade teve seu velho cenário descrito por Tenório Cavalcanti no jornal Luta Democrática. "Um pobre aglomerado humano. Não possui o município nem rede de abastecimento d’água nem esgotos sanitários, o que, sem dúvida, constitui situação incompatível com o seu progresso e uma grave ameaça à saúde pública", referia-se o jornal à cidade de Caxias da década de 40. Mas o lugar atrasado da primei-

ra metade do século XX se desenvolveu muito com a inauguração da Fábrica Nacional de Motores, a FNM, em 1942, e a instalação da mais completa refinaria de petróleo do País, a Reduc, em 1961. Também ganhou status em Brasília ao ser considerada “Área de segurança nacional” em 1968. Assim, seus prefeitos seriam indicados pelos militares que ocupavam o poder no País desde 1964. “Duque de Caxias tornou-se, então, terra almejada pelos forasteiros que vêm de longe recomeçar a vida, sobretudo nordestinos, escorraçados de suas regiões de origem pela seca e pelo pauperismo, bem como dos estados vizinhos e das localidades decadentes do território fluminense”, disse o historiador Beloch.

A memória do líder foi apagada

Atual prefeito exalta o alagoano

Duque de Caxias é hoje um dos mais importantes polos industriais do País. Sua população é estimada em 855.046 habitantes e o município compreende uma área de 464.573 km2. A cidade cresceu, tornouse uma “Antecâmara da Metrópole”, como escreveu o historiador Israel Beloch, e há muito deixou de ter apenas características de interior. Até 2009, os dados da Secretaria Municipal da Fazenda já registravam em seu espaço 1.984 indústrias e 19.562 estabelecimentos comerciais. Mas, apesar da força econômica da cidade, há questões históricas ainda mal resolvidas. Enquanto as referências ao duque padrinho da cidade concentram-se na estátua de dois metros e meio erguida ao centro da Praça da Amizade e no Museu Duque de Caxias, instalado na Taquara onde o Patrono do Exército nasceu e viveu, para o político alagoano Tenório Cavalcanti há poucas homenagens. “Queremos corrigir isso. Tenório foi um dos maiores líderes da história desse município, e referências a ele são fundamentais para a memória de Caxias, até do ponto de vista turístico. Estamos tentando trabalhar essa parte da cidade, e o resgate da história do Homem da Capa Preta vai ser muito importante nesse sentido”, declarou Daniel Eugênio, superintendente de Turismo de Duque de Caxias.

Atual prefeito da mais nordestina das cidades do Rio de Janeiro, o pernambucano José Camilo Zito dos Santos Filho disse em entrevista a O JORNAL que reconhece a importância do Homem da Capa Preta para a história de Duque de Caxias e que vai apoiar o projeto da transformação da fortaleza em museu. “Meu pai falava muito sobre ele. Isso me chamou a atenção. Analisei com cuidado quem foi Tenório Cavalcanti e hoje posso falar sobre a importância do legado que nos deixou de amor e respeito à cidade de Duque de Caxias e de esperança de que todos nós poderíamos viver em condições de igualdade. Ele podia até ser visto de um jeito não muito simpático, mas ensinou a cidade a ser respeitada sem fazer uso da Lurdinha nem da capa preta. Temos satisfação de muitos caxienses terem participado dessa história verídica, que deixou não digo saudade, mas a influência de um cabra macho do Nordeste que tornou Caxias conhecida no cenário nacional”, declarou Zito. Duque de Caxias continua recebendo nordestinos, como nos tempos de Tenório, e tem entre suas maiores atrações uma feira típica da região. “A comida, as roupas e a música da região Nordeste podem ser apreciadas em nossa feira, que já se tornou uma referência no Estado”, destacou o superintendente de Turismo, Daniel Eugênio. “Caxias não tem nada de violência. É uma cidade que cresceu muito nos últimos anos e tem grandes atrações, como o moderno Centro Cultural Oscar Niemeyer, projetado pelo próprio arquiteto que traçou as linhas de Brasília. E ainda temos o Teatro Raul Cortez e templos religiosos de arquitetura requintada, como a Catedral de Santo Antônio”, acrescentou Daniel.

Durante a entrevista, o prefeito Zito recebeu uma ligação de Sandra Tenório

Famosa Vila São José Um pouco mais distante da cidade, resiste a Vila São José, construída a partir de recursos obtidos por Tenório junto ao presidente Juscelino Kubitschek após a grande enchente de 1958. “A Vila foi, sem dúvida, a principal obra de Tenório. No final da década de 50, milhares de desabrigados procuraram o deputado em desespero. Ele arregaçou as mangas e lutou junto ao governo para a liberação rápida de recursos para atendê-los. Esse foi, inclusive, o primeiro conjunto habitacional do Brasil e o trabalho

deu grande projeção a Tenório. Na sua Vila, ele sempre foi um herói de capa e espada”, lembrou o jornalista alagoano Ivan Barros. Hoje, a Vila São José ainda faz pequenas referências ao deputado. Recentemente inaugurado, o Instituto Tenório Cavalcanti foi concebido com a proposta de ensinar música clássica aos moradores da região. Perto dali, ainda resiste à ação do tempo a chácara construída pelo Homem da Capa Preta para viver mais perto da “poeira” que lhe deu voz e mandatos.

Casa da Vila São José foi o local escolhido por Tenório Cavalcanti para seu exílio após cassação

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“Do ‘Rei da Baixada’, Palmeira guarda ainda grupo escolar, bairro e rua com o seu nome. Além do loteamento Tenório e da Vila Nova”

Palmeira dos políticos e dos intelectuais Palmeira dos Índios guarda um rico passado pronto a emergir. Na cidade, dividiram espaço desde sua emancipação, em 1889, conservadores, coronéis, boêmios da noite e de praças, homens de prosas e versos, ilustres da literatura e contadores de histórias. Personagens que permanecem sendo lembrados em longos capítulos de livros, teses e dissertações sobre o município. "Como também viveram homens valentes, de grande rebeldia e que usavam o poder da força para se promover", cita o estudante Erisvaldo Alves do Nascimento na monografia Palmeira dos Índios na metade do Século XX: considerações sobre política, economia e cultura, apresentada ao curso de História da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em 2010. A cidade também chegou a ser descrita por pensadores como uma terra lendária. O escritor Luiz Torres era um dos que afirmavam ser a fábula da jovem índia Tixiliá e do ágil arqueiro Tixili ligada à fundação do município. Assim, a identidade histórica de Palmeira se firmou. E nela a lenda do audacioso filho da Vila Bonifácio - povoado pertencente ao município - e sua conhecida capa preta se perpetuaram. Assim é até hoje. Nascido em Palmeira, o escritor e jornalista Ivan Barros confirma a força da imagem de Tenório Cavalcanti entre os moradores do lugar. “Quando ele vinha a Palmeira, era uma verdadeira romaria em torno de Tenório. E ele jamais deixou de ajudar as pessoas. Não faz muito tempo que estudantes saíam pelas ruas da cidade, em desfiles comemorativos a datas cívicas, usando capas e chapéus em homenagem ao deputado. Isso prova o quanto Tenório ainda é lembrado por aqui”, recorda. Ivan prossegue ainda com outras passagens. Como o dia em que a cidade recebeu a notícia da morte do político. “Numa manhã friorenta de 5 de maio de 1987, Palmeira dos Índios perdia um de seus filhos mais ilustres e famosos, Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque. Quando ele morreu, o Brasil revelou um sincero sentimento de consternação”, disse o escritor, que é membro das academias Alagoana de Letras e de Ciências e Artes de Palmeira dos Índios.

Desenho marcante na Biblioteca Municipal A 136 quilômetros da capital Maceió, Palmeira dos Índios - cujos registros históricos atestam ter nascido entre palmeirais banhados pelos Xucurus e Cariris e uma serra de quase trezentos metros de altura - vem, embora timidamente, prezando por sua cultura. E pela memória centenária do descendente dos Cavalcantis. Na fachada da Biblioteca Municipal, instalada na antiga estação ferroviária do município, uma caricatura em pretoe-branco do emblemático deputado Tenório Cavalcanti figura ao lado de outros palmeirenses ilustres, como Jofre Soares, Valdemar de Souza, Tobias Granja e Graciliano Ramos. O desenho foi feito à mão pelo conhecido artista penedense Castanha. Do “Rei da Baixada”, Palmeira guarda ainda grupo escolar, bairro e rua com o seu nome. Além do loteamento Tenório e da Vila Nova, que, segundo o jornalista Ivan Barros, foram erguidos pelo político. “Ele construiu Palmeira”, atesta o amigo. No jornal Tribuna do Sertão - fundado por Ivan Barros - também há uma estátua em tamanho real do Homem da Capa Preta.

Sobrinha de Tenório, Vidinha guarda com cuidado móveis e objetos do tio na casa construída no bairro da Ribeira

Casa de Tenório ficou parada no tempo A Palmeira dos Índios atual ainda guarda alguns descendentes do clã Cavalcanti, mas sua influência no município, de acordo com Ivan Barros, é mais afetiva que política. “A família tem uma relação de carinho com a cidade. O membro que teve um cargo de maior destaque foi o Chiquinho, sobrinho de Tenório, que já foi vereador e diretor da Casal”, destaca o jornalista. Parentes próximos ao Homem da Capa Preta que vivem em um sítio na Vila Nova (atual bairro Ribeira) ainda revivem lembranças do tempo em que Tenório visitava sua terra natal. “Todo mundo aqui gostava dele. Quando ele chegava a Palmeira, até o bispo vinha visitá-lo. Meu tio foi como um rei. Por aqui, todos o veneravam. Mas ele ficava meio triste toda vez que chegava. Talvez porque relembrasse a perda do pai”, re-

corda a O JORNAL, com os olhos marejados, a sobrinha Antônia Cavalcanti Fernandes, conhecida no lugar como Vidinha. Na casa da família - a qual Tenório construiu uma réplica na chácara na Vila São José, em Duque de Caxias -, a decoração é a mesma dos tempos do patriarca. Peças de mobiliário adquiridas e utilizadas por Tenório em suas idas e vindas à cidade ainda são mantidas no local com apreço. Foi em um desses objetos da mobília, uma espaçosa mesa com cadeiras de madeira compradas pelo político, que Vidinha, hoje com 85 anos, fez curiosas revelações a O JORNAL. “Meu tio tinha uma sina que não sei o que era. Não sei como uma pessoa de família pobre, criada na roça e com tão pouco estudo saiu daqui e se transformou em alguém tão respeitado”.

Vidinha também contou que o tio nunca pensou em ser candidato em Alagoas. “Apesar de ele ser adorado em Palmeira, dizia que a vida dele era para lá mesmo. Ele queria ser governador do Rio de Janeiro”, lembrou a sobrinha, que disse não entender os motivos de Tenório ser perseguido em Caxias. “Meu tio era caçado pelos inimigos. Sempre teve uma vida invejada. Mas era um bom filho, um bom irmão e um tio-pai para mim. Ajudou minha mãe a criar minhas irmãs. Ele era carinhoso e muito bondoso. Só aqui na cidade, ele doou vários terrenos para construção de grupo escolar, do prédio da Maçonaria e de outros. Um deputado com a força dele acho que não tem mais no mundo”, disse Vidinha, que conserva com respeito e saudade todas as referências de Tenório em sua casa.

Bonifácio mudou pouco no último século

José Moreno: “Dr. Natalício era um rei para o povo de Bonifácio”

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Em alguns aspectos, na serrana Vila Bonifácio, o tempo parece não ter passado. A geografia, comum às pequenas vilas do começo do século, ainda guarda algumas peculiaridades. A igreja datada de 1915 situa os habitantes de hoje ao tempo em que Tenório, ainda menino, perambulava por suas ruas apreciando manifestações da cultura popular. Com 79 anos, seu José Moreno dos Santos ouvia os mais velhos falarem dessa época. “Todos diziam que ele gostava de reisado (folguedo alagoano). Ele era uma pessoa boa, não brigava com ninguém. Mas sempre dizia que queria fazer a vida dele no Rio de Janeiro. Era o mesmo que um rei, um herói, por aqui. Quando chegava, distribuía dinheiro para as pessoas. Bonifácio fazia muita festa quando o Doutor Natalício passava por aqui”, contou o agricultor, um dos moradores mais antigos do lugar. Da varanda do seu Moreno, remonta-se a mais uma fase da vida do ilustre político na vila. O terreno, que antes abrigava a casa onde Tenório nasceu e viveu até a morte do pai, hoje é ocupado pelo Grupo Escolar Francisco F. Barbosa.


O início em Bonifácio: no lugar onde nasceu Tenório foi erguido um grupo escolar

Fim em Caxias: túmulo de Tenório com erros nas datas de morte e nascimento

Como nascem as lendas

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oucos são os homens capazes de elevar sua história à condição de lenda. Eles precisam ter o dom de marcar o seu tempo com ações que fujam a galope do senso comum. Sua voz e seus gestos destoam do movimento da massa, e suas palavras são capazes de ganhar vida todas as vezes que forem pronunciadas. Não foi por motivos fúteis que Tenório Cavalcanti marcou a fogo a geração que acompanhou seus feitos. Trabalhadores mais humildes e intelectuais de primeira grandeza

do País guardam com detalhes os momentos em que viram o Homem da Capa Preta desafiar seus velhos inimigos ou simplesmente cruzar as ruas de Caxias com seu Cadilac conversível. Ninguém era indiferente ao político. Suas ações eram aplaudidas pelo povo ao mesmo tempo em que eram reprovadas com veemência pelos críticos. Pouco afeito às amarras partidárias, flertou com vários lados do embate político e, segundo a família, guardava a palavra lealdade como os religiosos guardam o domingo.

Os fiéis aliados eram, para ele, mais importantes que as frias diretrizes das siglas que defendia e a condução de seu rebanho mais relevante do que os debates acirrados na Câmara Alta. Sabia, como poucos, adequar os discursos à plateia. Com frases mutantes, levantava seus eleitores e impressionava até seus adversários mais combativos. As cidades de Palmeira dos Índios e Duque de Caxias conservam uma distância de 2.221 km, mas, por causa de um certo Homem da Capa

Preta, ostentam até hoje cenários semelhantes. Essa impressionante capacidade de encantar o público e igualar culturas distintas explica parte da lenda de Tenório. Muitos reprovaram seus métodos; outros tantos guardam seus feitos como se fossem a lembrança do primeiro brinquedo. Ninguém nessas cidades deve percorrer as linhas do tempo sem ouvir suas histórias de capa e espada. Elas têm o poder desmedido de contar parte relevante da trajetória nacional no conturbado século XX.

A casa em Palmeira é um santuário de lembranças

Bar com metralhadoras entalhadas pertencia a Tenório

A biblioteca de Palmeira tem caricatura de Tenório

Famosa Lurdinha repousa guardada pelo neto Fábio

Fortaleza sofreu modificações desde a saída do dono

Acervo que pertence à Câmara dos Deputados de Caxias

Agradecimentos Sandra, Do Carmo, Fábio e Vidinha (família Tenório Cavalcanti); Marieta Severo (atriz); Ivan Barros (jornalista); Israel Beloch (escritor); Lêdo Ivo (escritor); Mário Grynspan (escritor); Golbery Lessa (historiador); Ruy Castro (escritor); Carlos Heitor Cony (escritor); Jorge Vieira (antropólogo); Viviane Duarte (psicóloga); José Camilo Zito (prefeito de Duque de Caxias); Gutemberg Cardoso dos Santos (secretário de cultura de Duque de Caxias); Daniel Eugênio (superintendente de Turismo de Duque de Caxias); Ana Paula (secretária da Secretaria de Cultura de Duque de Caxias); Tânia Amaro (diretora do Instituto Histórico da Câmara Municipal de Duque de Caxias); Marcos Sampaio (coordenador do Cine Sesi Pajuçara).

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Expediente Diretor-Executivo Luciano Góes Editor-Geral Deraldo Francisco Coordenador Editorial Voney Malta Chefe de Diagramação Jobson Pedrosa Reportagem Alessandra Vieira Elô Baêta Victor Mélo

Revisão Jackson Pinheiro Ilustrações (capa e mapa) Marcelo San Fotografias Alessandra Vieira Arquivo pessoal da família Reproduções dos livros Tenório: o homem e o mito, de Do Carmo Cavalcanti Fortes; Tenório, meu pai, de Sandra Tenório Cavalcanti; e Capa Preta e Lurdinha: Tenório Cavalcanti e o povo da Baixada, de Israel Beloch Tratamento de imagens Eudes Cavalcante Geraldo Almeida Marcelo San Paulo de Castro Designer Gráfico e Diagramação Alessandra Vieira Motoristas Bonifácio e Palmeira dos Índios: Thiago Tavares Rio de Janeiro e Duque de Caxias: Andréia Panzariello Costa

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