OJORNAL 08/05/2011

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O JORNA L ALAGOAS

Maceió, domingo, 8 de maio de 2011 | Ano XVII | Nº 194 | www.ojornalweb.com

R$ 3,00

Vale do Reginaldo: uma obra parada De 1.152 apartamentos previstos, só 100 foram entregues; falta de pagamento à construtora foi uma das causas Páginas A3 e A4 Yvette Moura

Eletrobras: CPI deve ser instalada esta semana na ALE A Assembleia Legislativa deve instalar, nesta semana, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação da Eletrobras Distribuidora no fornecimento de energia em Alagoas. Página A4

Sem esperança, desabrigados voltam a morar na beira do rio Quase um ano depois de perderem as suas casas na cheia de junho, muitos desabrigados do Vale do Mundaú estão voltando a morar na beira do rio. O Estado diz que a burocracia atrasou as obras. Páginas A9 a A15

Sem família, sem ter para onde ir e sem esperança, dona Cota vive trancada numa sala de aulas há dez meses – abrigo para onde foi levada – em Santana do Mundaú Fabyane Almeida - Estagiária

Nide Lins

ESPORTES Futebol feminino engatinha em Alagoas

Stênio Garcia: seis décadas de história

Dia das Mães, O JORNAL traz hoje uma matéria especial sobre o tema, com histórias que ocorreram na das casas. É cozinha de mãe para filho: exemplo de Vera e Jonatas Moreira (foto). Nocozinha

Página A18

Como se constrói um amor intenso

Farmácia Popular: remédios a custo zero

Biblioteca de Palmeira dos Índios é abandonada

Página A25

Caderno Dois

O fim da guerra

Marco Antônio

Corinthians e Santos iniciam final do Paulista

Jornal do Povo, com Marcos Rodrigues Página A17

MARÉS 00h28.............................................. 0.7 06h43.............................................. 1.9 13h09.............................................. 0.6 19h28.............................................. 1.8

fim da II Guerra Mundial, com a rendição assinada pelos alemães. Cinco alagoanos, para o “front”, morreram em combate e entraram para a história. Hojedosfazquase66 50anosquedoforam Página A19

Marta chega a Alagoas para o amistoso

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Domingo, 8 de maio de 2011 | www.ojornalweb.com | e-mail: comercial@ojornal-al.com.br

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Política

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Pauta Geral pautageral@ojornal-al.com.br

DEBATE O deputado Judson Cabral (PT) informou que está agendada para o próximo dia 11, às 9 horas, no plenário da Assembleia Legislativa, uma sessão especial para discutir o Plano Nacional de Educação. A iniciativa da sessão é da Comissão de Educação da Casa, presidida pelo petista.

BONS NÚMEROS O secretário-chefe do Gabinete Civil, Álvaro Machado, comemora a redução de conflitos agrários desde a instalação de conselho com os principais movimentos do campo em Alagoas. A próxima reunião ficou definida para o dia 8 de junho, com a presença de representantes do governo federal.

TARTARUGA Os procuradores de Estado encerraram a paralisação de 72 horas para cobrar aplicação de reajuste por parte do governo sem conseguir o objetivo. Só que para provocar o governo passaram a trabalhar em “operação padrão”, um ritmo muito lento, e que vai aumentar o número de processos de posse da Procuradoria Geral do Estado.

SÓ UMA Apenas uma chapa, com Valdice Gomes na presidência, está confirmada na eleição para o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal). O registro da oposição foi indeferido por não reunir os documentos necessários para disputa, como prevê o estatuto da entidade.

Se o Serra for candidato, eu me animo ainda mais a disputar a Prefeitura”

Marta Suplicy (PT-SP), Senadora

LUTO

A deputada federal Rosinha da Adefal (PTdoB) está muito abalada com a morte do noivo e um acidente automobilístico. Ela estava no Piauí participando de um evento de portadores de deficiência e retornou bastante emocionada.

PROGRAME-SE

A 5ª edição da Feira dos Municípios de Alagoas acontece no próximo fim de semana, do dia 12 a 15 de maio, no Centro de Convenções, em Maceió. O espaço será ponto de circulação de lideranças políticas. Segundo organizadores, 65 dos 102 municípios alagoanos já confirmaram presença.

NÃO PODE O desembargador Estácio Gama negou o direito de uma agente comunitária de receber adicional de insalubridade. Segundo o magistrado, inexistindo uma lei regulamentadora do adicional de insalubridade fica impossível a concessão da dita gratificação.

SERÁ?! Tem muita gente suspeitando que a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Eletrobras tenha a intervenção indireta do presidente estadual do PT, Joaquim Brito. Ex-presidente da empresa, na época em que ela ainda se chamava Ceal, ele seria o mentor da proposta apresentada pelo deputado Ronaldo Medeiros (PT). Brito nega.

Vale do Reginaldo: projeto de urbanização está paralisado Moradores de prédios entregues denunciaram problemas estruturais ao MPE Gilson Monteiro Repórter

Há quase três anos, em quatro de julho de 2008 gestores do Estado e do município assinavam a ordem de serviço que dava o pontapé inicial do projeto de urbanização integrada do Vale do Reginaldo, orçado em R$ 120 milhões com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Apesar de fiscalizado com lupa pelo governo federal, o projeto está paralisado há seis meses. Numa visita às obras, a reportagem de O JORNAL constatou que quase nada do que consta no projeto virou realidade. Segundo informações da assessoria de comunicação do Ministério das Cidades, apenas 14% dos recursos foram efetivamente gastos no projeto, ou seja, R$ 16,8 milhões.

Em uma visita às obras, a reportagem de O JORNAL constatou que quase nada do que consta no projeto virou realidade. O projeto previa a construção de 1.512 moradias dotadas de energia elétrica, abastecimento d’água, esgotamento sanitário e iluminação pública. Construção de centro de saúde, escola, creche, áreas de lazer, ciclovias e equipamentos de ginástica para a comunidade. Dessa extensa lista de obras que prometem revolucionar a vida das mais de 7 mil famílias que habitam o Vale, 180 moradias foram construídas, mesmo assim com edificações de qualidade duvidosa, como mostrou reportagem de O JORNAL na semana passada. Moradores procuraram o Ministério Público Estadual para denunciar problemas na estrutura dos apartamentos, que, com apenas dez

meses de construídos, já apresentam alagamentos, inundações e rachaduras. O diretor da Associação de Moradores do bairro, Marcos Antonio Alves da Silva, acompanhou a reportagem em uma visita às obras, mostrando que, desde novembro do ano passado, o local deixou de ser um canteiro de obras. No setor cinco, as fundações de uma creche, um posto de saúde e o alicerce da escola estão abandonados. Com as obras paradas, a creche, que já tinha pintura, teve equipamentos como pias, portas e fiação elétrica levados por moradores. A estrutura do alicerce da escola também foi levada. Depois do “arrastão”, a construtora Marquise, responsável pela obra, contratou vigilantes para fazer a segurança das obras. “Fazemos a segurança, mas,

nesse dia que levaram os equipamentos da creche e a fundação da escola, foi um verdadeiro arrastão. Tinham pessoas armadas, e não foi possível conter”, disse um dos seguranças ouvidos por O JORNAL. O diretor da associação não apóia atitude de parte dos moradores, mas diz que tudo seria evitado se as obras não parassem. “A associação é contra esse tipo de comportamento. Mas com as obras paradas, essas pessoas acabam querendo aproveitar esse material de alguma forma, pois tudo acaba se estragando com o tempo. Os moradores estão frustrados. Todos aguardavam com ansiedade esse projeto do PAC virar realidade, mas até agora o que temos são alguns apartamentos construídos e essas obras fantasmas”, critica Marcos Antonio. Fotos: Fabyane Almeida/Estagiária

Prédios em área de risco Tanto os prédios do setor cinco quanto o bloco de apartamentos no bloco sete foram construídos em área de risco. O resultado desastroso já pode ser conferido mesmo antes das obras concluídas. Com as chuvas da semana passada, as encostas começaram a ceder. Na área onde será construída a escola, a barreira cedeu destruindo parte do muro de contenção. Dois blocos de apartamentos que foram entregues aos moradores há dez meses também foram construídos em área de risco. “Desde que as obras começaram que a Associação denunciou que era essas áreas são de risco. É absurdo construir uma creche, um posto de saúde e uma escola numa área com barreira”, criticou o líder comunitário. Por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), alegou que os projetos levam em consideração as características naturais dos terrenos. “ASeinfra esclarece que, dentro do projeto, estão incluídos projetos de contenção de todas as encostas localizadas próximas às obras. Os projetos consideram todas as características naturais das encostas e se utilizam das tecnologias mais apropriadas para evitar processos de erosão e deslizamento”, disse o texto enviado pela assessoria. A Construtora Marquise, responsável pela obra não se pronunciou sobre os problemas nos apartamentos.

Marcos Antonio, da associação, mostra buraco que se abriu na área dos apartamentos que foram entregues

POR ACASO? Por falar na CPI da Eletrobras, coincidência ou não, a direção da estatal foi ao encontro do Ministério Público Estadual, nos últimos dias, para, segundo sua assessoria de imprensa, “apresentar as ações que estão sendo feitas para melhorar o fornecimento de energia elétrica em Maceió e Região Metropolitana”. A Eletrobras vem sendo alvo de muitas críticas devido às quedas de energia ocorridas em Maceió nas últimas semanas.

VAI AZEDAR Mais uma semana passou, e Ricardo Nezinho (PTdoB) permanece integrando a Comissão de Constituição e Justiça. Com isso, a Mesa Diretora compra uma briga com o deputado Antonio Albuquerque (PTdoB), que, como líder do partido, exigiu a mudança do nome para o dele e ainda não foi atendido.

DIRETAS E deve seguir, na próxima semana, o clima nada tranquilo entre o governo do Estado e os servidores públicos estaduais. O prefeito Cícero Almeida fará uma participação especial no seriado de TV “Caça ao Tesouro Perdido”. O projeto é assinado pelo diretor de TV alagoano Luiz Oliveira, radicado no Rio de Janeiro. Cantor de forró, Almeida já prometeu, inclusive, compor uma música para o programa.

Obras de posto de saúde na localidade estão praticamente abandonadas

Creche, que já foi pintada, teve equipamentos levados por moradores

Ministério diz que obras serão retomadas este mês De uma reunião realizada na última quinta-feira, no Ministério das Cidades, em Brasília, saiu a promessa de que as obras no Vale do Reginaldo podem ser retomadas ainda este mês. A paralisação nas obras foi tema de uma reunião no Ministério das Cidades com a participação de representantes da Caixa Econômica Federal, governo do Estado e da prefeitura de Maceió. As obras foram suspensas para modificações no projeto original, que pre-

cisou se adequar às características naturais da área, como encostas. A Seinfra e a Construtora Marquise, responsável pela execução do projeto, alegam a falta de pagamento de uma parcela de recursos por parte da Caixa Econômica Federal. A Seinfra afirma ainda está descontente com o ritmo das obras, e que, por isso, que já conversou com o governo federal sobre uma possível rescisão do contrato com a Marquise.

“As obras do Projeto de Urbanização continuam aguardando liberação do Ministério das Cidades para que sejam retomadas pelo governo estadual. Aempresa responsável pela execução do projeto (Marquise) alegou falta do pagamento, pela Caixa Econômica Federal, de uma parcela referente aos trabalhos já executados. Além disso, solicitou um o reequilíbrio financeiro do contrato para dar continuidade à obra”, disse a Secretaria,

por meio da assessoria de comunicação. “A Seinfra, por sua vez, considera que a empresa tem demonstrado dificuldades para continuar a obra com a celeridade necessária e está dialogando com o governo federal pela rescisão bilateral do contrato e abertura de uma nova licitação para a execução do restante do Projeto”, concluiu a Seinfra. (G.M.) Continua na página A4

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Política

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Contexto

Construtora diz que há problemas no projeto Fabyane Almeida/Estagiária

Contactada, a Construtora Marquise se pronunciou por meio da assessoria de comunicação. Aempresa se exime de qualquer culpa na paralisação das obras, dizendo apenas que as construções estão paradas porque a Caixa Econômica Federal e o governo do Estado “não se entendem”, por “questões” de projeto. “A Marquise não tem qualquer culpa na paralisação das obras. A construtora apenas aguarda que governo e Caixa Econômica se entendam, pois para a Marquise trabalhar é preciso que haja o pagamento. Há problemas com adequações no projeto. Sem o projeto aprovado, a Caixa não autoriza o pagamento. E sem o pagamento, a Marquise não pode dar continuidade às obras”, disse a assessoria da construtora. Com as decisões tomadas em Brasília, a Caixa Econômica Federal promete se pronunciar amanha sobre o andamento das

Roberto Vilanova - bobvilanova@hotmail.com

LIÇÕES DE GUERRA Há exatos 66 anos, completados hoje, 8, terminava a II Guerra Mundial, o mais abrangente dos conflitos bélicos que envolveu três Continentes e arrastou o Brasil para uma experiência inédita em terras desconhecidas. Foram 25 mil brasileiros reunidos pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) e entre os que tombaram nos campos de batalha estão cinco alagoanos – um tenente, um sargento, um cabo e dois soldados. O mundo mudou depois desse conflito e a mudança se deu em diferentes setores da atividade humana, especialmente a tecnológica, com as experiências de guerra sendo usadas na Engenharia e na Medicina. Mas essas experiências também serviram para alimentar o comércio da guerra com o desenvolvimento de novas armas e, ainda, para fustigar a “guerra fria” que durou até o início da década de 1980. As duras lições da guerra não comoveram, e a paz é ainda um objetivo que se busca atingir sem muita certeza de sucesso, porque a humanidade não aprendeu na dor. A cobiça, a ganância e a usura ainda prosperam nos quatro cantos do mundo.

FORA

DENTRO

O governo federal mandou suspender 27.500 benefícios do Bolsa Família em Alagoas, sendo 10 mil só em Maceió. Motivo: os beneficiários não informaram o número das matriculas escolares dos filhos.

O senador Renan Calheiros (PMDB) conseguiu convencer o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a aumentar o dinheiro destinado à ampliação e modernização do aeroporto de Penedo de R$ 1,7 milhão para R$ 3 milhões.

PLANO DE VOO O projeto do novo aeroporto de Penedo prevê uma pista de pouso de 1,5 quilômetro de extensão por 30 metros de largura.

ABUSO

TODOS

O Ministério Público Estadual (MPE) e o Procon se reúnem nesta segunda-feira, às 10 horas, para discutirem as medidas que adotarão contra os abusos praticados nos preços dos combustíveis em Maceió.

O presidente da Câmara Municipal, vereador Galba Novaes, sugeriu que os vereadores que integram a Comissão Especial de Investigação dos Combustíveis participem da reunião com o MPE e Procon.

REFORÇO DE PESO Para o presidente da Câmara, Galba Novaes, a participação do Ministério Público reforça a CEI dos Combustíveis.

GÁS

Dona Isaura, moradora do Vale: “Só saio daqui para minha casa”

Há problemas com adequações no projeto. Sem o projeto aprovado, a Caixa não autoriza o pagamento. E, sem o pagamento, a Marquise não pode dar continuidade às obras”

Construtora Marquise, Através de sua assessoria de comunicação, sobre as obras no Vale do Reginaldo

Mais 11 famílias são retiradas de áreas de risco Enquanto as obras no Vale do Reginaldo não avançam, quem mora em área de risco teve que ser transferido para imóveis alugados pelo governo do Estado. Mesmo assim, algumas famílias resistem em sair do local. Dona Isaura Santos, que mora há mais de dez anos no Vale, diz que só

deixa a casa quando for para uma casa própria. “Só saio daqui para minha casa. Tenho vizinhos que foram para essas casas de aluguel e o pagamento do aluguel estava atrasado. Disseram que já pagaram, mas e se voltarem a atrasar”, disse a dona de casa.

RESPOSTA - A Seinfra diz que todos os alugueis estão sendo devidamente pagos. Atualmente 70 famílias participam do chamado aluguel social. “Esta semana, com as chuvas, mais 11 famílias foram integradas ao aluguel social, para sair do perigo das encostas”, afirmou a assessoria DE

CPI para investigar Eletrobras deve ser aprovada esta semana

NEON O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Toledo (PSDB), promete colocar o veto do governador Téo Vilela ao reajuste dos subsídios dos deputados em votação nesta terça-feira, 10.

SONHO MEU Com o reajuste de 100%, o subsídio do deputado em Alagoas passará para R$ 20 mil, fora a parte variável, ou seja, a verba de gabinete que ninguém sabe quanto é.

NOVAS

CHAMA

Até o final do ano, a Caixa Econômica Federal vai inaugurar 14 novas agências em Alagoas, seis delas em Maceió. O plano é para 20 agências, mas seis delas estão na dependência de acertos com as prefeituras.

Cada uma das agências custará entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão, e, com a inauguração, a Caixa Econômica Federal vai chamar cerca de 300 aprovados no último concurso que formou cadastro de reserva.

AGUARDE CARTAS O ex-diretor dos Correios em Alagoas, Carlos Alberto Medeiros, perdeu o cargo e o sossego. Ele será responsabilizado pelo encalhe de 200 mil correspondências.

EXPRESSAS Amanhã, 9, a Assembleia Legislativa realiza audiência pública para debater a crise no fornecimento de energia elétrica em Alagoas. O deputado Edvaldo Gaia, líder do governo e ex-diretor da extinta Ceal, explicou que a audiência pública é para evitar a criação da CPI da Eletrobras. Ex-dirigente da Ceal, hoje Eletrobras Distribuidora, o presidente estadual do PT, Joaquim Brito, disse que defende a CPI para investigar a empresa. O Supremo Tribunal Federal não aprovou o casamento gay, mas a “união estável” entre pessoas do mesmo sexo. Quem explica é a advogada Aline Dayane Silva.

comunicação da Seinfra. “As casas são alugadas nas proximidades do bairro pela questão do convívio social. É uma maneira de mantê-los na comunidade, e ao mesmo tempo longe do risco das áreas onde ficam as barreiras”, disse a assessoria de comunicação da secretaria. (G.M.)

NA ASSEMBLEIA

Marco Antônio

Alexandre H. Lino O deputado Joãozinho Pereira (PSDB) denunciou abuso no preço do botijão de gás, que está sendo vendido a R$ 40 em Maceió. “Liguei para Junqueiro e soube que o preço do botijão lá é R$ 34”, disse.

obras. “Após o retorno dos técnicos da CEF estaremos nos reunindo internamente para colhermos as informações sobre o que foi deliberado. Sendo assim, somente na próxima semana, é que poderemos responder aos questionamentos da reportagem”, disse a assessoria da Caixa. A prefeitura diz que a parte que cabe ao município diz respeito à infra-estrutura, cujos projetos também precisam de readequações. “Á prefeitura cabe a parte de infraestrutura, como abastecimento de água, esgotamento, iluminação, vias, drenagem. Aparalisação nesse caso se deve também a ajustes no projeto, pois o solo da região é fraco, com baixa capacidade de sustentação das obras”, disse o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Daniel Eugênio. O JORNALtentou ouvir o Ministério das Cidades, mas não obteve retorno da assessoria de comunicação. (G.M.)

Repórter

José Árabes Editor de Política

A Assembleia Legislativa deve aprovar, esta semana, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação da Eletrobras Distribuidora em Alagoas. O requerimento foi apresentado na última quinta-feira pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT). Foi o próprio parlamentar que recolheu 14 assinaturas para abrir a investigação e apurar se existem irregularidades no fornecimento de energia elétrica em Alagoas. O número de assinaturas é suficiente para o requerimento de abertura da CPI, de acordo com a Constituição Estadual. Agora, a proposta precisa ser lida e aprovada no plenário. Em menos de um mês, essa será a segunda CPI aberta no Legislativo estadual. A outra investiga os serviços da TIM na

Ronaldo Medeiros apresentou o requerimento para a criação da CPI

área de telefonia. Existe ainda a possibilidade da abertura de uma terceira comissão para investigar, novamente, os combustíveis. A partir de instalados, os trabalhos ganham um prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60, para entregar um relatório. O pedido de abertura da CPI surgiu dias antes da sessão pública para ouvir a Eletrobras, marcada para amanhã. A em-

presa já tinha confirmado que participará e escalado técnicos para explicar aos deputados os motivos dos problemas que estão sendo registrados atualmente. Em Brasília, o deputado federal Maurício Quintella (PR) recolhe assinaturas para criação de uma CPI, no ãmbito da Câmara dos Deputados, sobre as ações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Medeiros apresentou no documento a informação de que recebeu inúmeras denúncias de falhas e apagões ocorridos em diversos municípios aos quais visitou. Ele lembrou, ainda, acidentes com vítimas em razão da precária manutenção na rede elétrica do Estado, a exemplo de quedas de linhas que sempre trazem altíssimos riscos para quem se encontra nas proximidades dos postes. No início do ano, um ônibus derrubou uma fiação na zona rural de Girau do Ponciano e matou seis estudantes. “As falhas e os apagões, além do desconforto proporcionado à população, ainda trazem prejuízos de natureza financeira, haja vista que vários equipamentos domésticos e de uso comercial e industrial são afetados, o que obriga que os cidadãos alagoanos enfrentem a penúria de buscar a reparação junto à fornecedora de energia elétrica, o que sempre ocorre com muita demora, haja vista a burocracia imposta ao consumidor”, afirmou Medeiros, no pedido.

ENCHENTES

AMA quer agilidade na aplicação de recursos liberados para Alagoas O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Abrahão Moura, pediu ao Secretário Executivo da Defesa Civil, coronel Gilson Romeiro, agilidade na aplicação dos recursos autorizados pelo Ministério da Integração. O prefeito participou de uma reunião, na AMA, com os coordenadores municipais e anunciou que o governo federal garantiu a ajuda de R$ 1 milhão para

Alagoas. Na próxima semana, Moura vai à Defesa Civil Nacional para agilizar o processo burocrático para a liberação dos recursos. “A ideia é que o dinheiro seja empregado instantaneamente na compra de alimentos, água e colchões para as famílias desalojadas e que tudo isso seja entregue aos municípios”, disse o presidente da AMA, que acompanhou o go-

vernador Teotonio Vilela Filho (PSDB), na reunião, em Brasília com o Ministro da Integração. Moura considerou a ajuda federal “importante, necessária e imprescindível”. “Tanto os municípios como o Estado não têm condições sozinhos de executar obras estruturantes que vão resolver definitivamente o problema das enchentes. A população não pode conviver com tragédias todos os

anos”, disse. A associação está orientando os coordenadores municipais de Defesa Civil para que os relatórios cheguem o mais rápido possível a Brasília. Ontem, os coordenadores se reuniram mais uma vez para definir planos de trabalho, ações preventivas nos locais não atingidos e de ajuda aos desabrigados e desalojados pelas chuvas deste ano.

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Casamento entre gays chega ao Congresso Defensores da união homoafetiva comemoram decisão do STF, mas querem ampliar direitos do dia a dia

Jean Wyllys quer regulamentar o casamento entre pessoas do mesmo sexo

ECONOMIA VERDE

Governo cria Conselhão para sustentabilidade Agência Brasil Um conselho formado por lideranças empresariais que, juntas, são responsáveis pela metade do Produto Interno Bruto (PIB) do País (em 2010, o PIB foi R$ 3,675 trilhões) vai auxiliar o governo a elaborar ações em favor de um desenvolvimento sustentável. Dessa forma pretende colaborar para que o Brasil vire referência na chamada economia verde. O novo grupo nasceu sextafeira, durante reunião do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) – formado por 56 empresas – com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ele será constituído inicialmente pelos presidentes dessas empresas, que terão canal direto com o Ministério do Meio Ambiente e outros órgãos do governo federal. “Não queremos limitar a questão da sustentabilidade à pasta do Meio Ambiente porque é um tema que precisa ser trabalhado de forma transversal, envolvendo também outros ministérios”, disse a presidenta do CEBDS, Marina Grossi, à Agência Brasil. Apedido da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, outros presidentes de empresas, além das ligadas ao CEBDS, poderão ser integrados ao Conselho de Lideranças em Sustentabilidade, a pretexto de “estreitar o diálogo entre setores”. Na reunião de sexta, o novo conselho – que se reunirá a cada três meses – teve a adesão de 17 dos 56 presidentes das empresas associadas ao CEBDS. Entre

as propostas já apresentadas está a de divulgar e valorizar a importância do consumidor para a sustentabilidade, quando opta por consumir produtos sustentáveis. Temas como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos também deverão ser largamente debatidos pelo conselho. Antes da reunião, a ministra Izabella Teixeira citou algumas vantagens que o Brasil tem para alcançar o posto de referência na economia verde. “Somos o país com mais vantagens competitivas. Temos várias iniciativas na área de economia verde e uma matriz energética limpa”, disse. “Temos, também, mecanismos de ativos em torno da biodiversidade das florestas, políticas de mudanças climáticas inovadoras e competitivas, possibilidades de avançar com padrões novos de produção e consumo sustentáveis e de avançar nos ativos de conservação da biodiversidade”, completou. A presidenta do CEBDS, Marina Grossi, disse que “a interlocução e diálogo (dos empresários) com o governo visa a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável, marcada para o ano que vem no Rio de Janeiro) e, também, colocar o Brasil em posição mais competitiva nos próximos 20 anos”. Ela também entende que o país pode ter uma posição de liderança na área de desenvolvimento sustentável no mundo. “Queremos meios para o Brasil se posicionar como liderança verde mundial, e a conversa com o governo serve para acelerar a agenda.”, afirmou.

BRASÍLIA - A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de reconhecer uniões estáveis de casais homossexuais deve ter seus próximos capítulos nas próximas semanas. Se está garantido a homossexuais o direito de terem seu relacionamento firmado em cartório, outros benefícios concedidos a heterossexuais, em especial a adoção de crianças, já provocam cabo-de-guerra entre defensores e adversários da iniciativa no Congresso Nacional. Para Jean Wyllys (PSOL-RJ), o primeiro deputado federal abertamente homossexual do País, “a adoção será a maior dificuldade porque era o pano de fundo de toda a briga contra a união estável”. “A decisão do Supremo não se basta, temos de garantir a extensão dos direitos no dia a dia. É por isso que estou levando à Câmara uma proposta para garantirmos o casamento civil de pessoas do mesmo sexo, para que cheguemos à cidadania plena”, disse. Em uma crítica que também foi feita pelos ministros do STF no fim do julgamento, Wyllys afirmou que o Congresso se

ausentou do debate sobre direitos civis para homossexuais e acabou levando o Supremo a se pronunciar sobre o assunto. “O Poder Legislativo é negligente. Precisou o Judiciário julgar uma ação que leva em conta princípios constitucionais que já estão lá para que a sociedade tivesse uma resposta. Não pode continuar assim”, disse. Evangélico e autor de uma proposta de lei contra a discriminação a heterossexuais, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que a aplicabilidade da decisão do Supremo ainda não está clara. Prever consequências, diz ele, só acontecerá depois da divulgação do acórdão – o resumo da decisão dos ministros. Mas o alvo do próximo embate já é evidente. “A adoção vai ser o principal ponto, sem dúvida. Na sociedade e no Congresso”, afirmou. PODERES - O deputado do PMDB afirma que o Supremo extrapolou sua função ao reconhecer a união estável de casais homossexuais. “O STF quis legislar. O Congresso não é obrigado a legislar sobre um

assunto só porque a legislação não existe para tratar daquilo”, afirmou. O próprio relator dos casos julgados pelo Supremo na quinta-feira, ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que as consequências da decisão são imprevisíveis. Vários colegas dele cobraram uma postura mais ativa do Poder Legislativo para lidar com as questões que virão após o reconhecimento da união estável de homossexuais, como adoção, fertilização in vitro e casamento civil. O presidente da Corte, Cezar Peluso, chamou de “convocação” as cobranças que fez ao Congresso. Os dez ministros presentes no julgamento do STF entenderam que casais gays devem desfrutar de direitos semelhantes aos de pares heterossexuais, como pensões, aposentadorias e inclusão em planos de saúde. Os homossexuais que tentarem expedientes polêmicos como a adoção devem acabar apelando à Justiça. Foram analisados dois pedidos no Supremo: um deles do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para que funcionários públicos homossexuais estendam bene-

fícios a seus parceiros, e o outro da Procuradoria-Geral da República (PGR), para admitir casais gays como “entidade familiar”. A decisão do Supremo terá efeito vinculante, ou seja, será aplicada em outros tribunais para casos semelhantes. CARTÓRIOS - O registro de uniões estáveis homossexuais em cartório deve valer a partir desta semana. A Anoreg (Associação dos Notários e Registradores do Brasil), que representa os responsáveis pelos cartórios no país, afirmou na sexta-feira que vai reforçar a orientação para que seja concedida a Escritura Declaratória da União Estável para casais com parceiros do mesmo sexo. De acordo com a Anoreg, não é necessário que os cartórios aguardem a publicação da decisão do STF para a medida ter efeito. Rogerio Portugal Bacellar, presidente da entidade, afirma que muitos tabeliães já fazem esta escritura, mas agora todos estão aptos a emitir o documento. Em nota, a associação se posicionou favorável à decisão do STF.

Exército cumprirá decisão do STF, garante Jobim O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que as Forças Armadas vão cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a união estável entre homossexuais. Durante visita na manhã de sexta-feira ao complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio, ocupado desde novembro pelo Exército, Jobim evitou qualquer tipo de polêmi-

ca sobre o assunto, e afirmou que a decisão do STF é “soberana”. “Tenho ainda de examinar o conteúdo da decisão final, mas será cumprida dentro dos limites apresentados por ela”, disse. Segundo Jobim, caberá agora ao Congresso estabelecer as disciplinas legais da decisão, como as “situações patrimoniais, sucessórias, ado-

ções, enfim. Condições jurídicas que ficarão evidentemente na área do poder legislativo”, afirmou o ministro. Em fevereiro deste ano, o general do Exército, Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, criou polêmica ao se posicionar contra homossexuais nas Forças Armadas. Ele fez as declarações durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)

do Senado, que analisava sua indicação ao Superior Tribunal Militar (STM). Na época, Jobim disse que o governo brasileiro estava debatendo a admissão de homossexuais nas Forças Armadas, e que isso não seria influenciado pela posição do general. Cerqueira Filho foi nomeado ministro do STM e tomou posse em 25 de março.

ALERTA

Nova droga mais devastadora que o crack se espalha pelo País Uma nova droga chamada oxi está se espalhando pelo Brasil. Assim como o crack, ela é derivada da cocaína, mas os seus efeitos são mais devastadores. Os primeiros casos de uso da droga foram registrados no estado do Acre, em 2004. Atualmente, seu consumo já foi confirmado nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Cogita-se que já tenha chegado ao Sudeste e Sul do país. De acordo com informações do Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), as duas drogas se apresentam na forma de pedras, que são fumadas em cachimbos. Mas, possuem produtos diferentes na sua composição. Ainda segundo o órgão, o grau de impureza de substâncias que foram utilizadas para produção dessas duas formas de cocaína básica é que varia bastante. O oxi, por exemplo, é mais tóxico porque é feito a partir de cal virgem, querosene e gasolina. O oxi causa ao usuário perda do apetite, insônia persistente e efeitos psíquicos, como inquietação, nervosismo e alucinações. Outro aspecto é a degeneração social, pois a pessoa é levada a cometer roubos, pedir esmola e se prostituir para conseguir dinheiro para o consumo. O oxi pode ser encontrado a partir de R$ 2, valor abaixo que o do crack.

Marina Grossi: objetivo é Brasil assumir liderança verde mundial

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Domingo, 8 de maio de 2011 | www.ojornalweb.com. | e-mail: opiniao@ojornal-al.com.br

Bolsa Família No mesmo dia em que o Ministério Público Estadual anunciou um convênio para reforço na fiscalização do Bolsa Família, o Ministério do Desenvolvimento Social também fez um anúncio que chamou a atenção: mais de 27 mil alagoanos podem perder o benefício por falta de atualização cadastral. São informações básicas que não estão batendo com as coletadas nos arquivos do MDS, o que aponta, na hora do registro digital, a possibilidade de indícios de fraude, o que, então, gera a necessidade de cancelamento do benefício. Para variar, os indicadores negativos no cadastro apontados são os piores do Brasil. A justificativa para suspensão é a mesma do convênio assinado com o Ministério Público, necessidade de controle e de monitoramento, pois, para evitar abusos e fraudes, é preciso estar em constante aperfeiçoamento visando a um melhor resultado do programa. O Bolsa Família repassa entre R$ 32 e R$ 242 e atende mais de 12 milhões de famílias em todo o território nacional, sendo mais de 400 mil em Alagoas. O Bolsa Família é a principal vitrine do governo federal por ser um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. O programa é uma sequencia do Fome Zero criado pelo presidente Lula e que tem como objetivo assegurar o direito huma-

no à alimentação adequada. Inclusive o modelo já foi importado para outros países com sucesso. No entanto, como o programa condiciona algumas necessidades para melhorar a qualidade de vida do cidadão, ou seja, “dar o peixe e ensinar a pescar”, o Ministério do Desenvolvimento Social passa a cobrar dos estados e municípios o repasse das informações básicas, como matrículas dos filhos ou a frequência deles nas escolas – o que em Alagoas não está acontecendo a contento. Aqui, a maioria não tem ou não recolhe esses dados e ficam agora reféns da possibilidade de perder o benefício, deixando em aberto as finanças, que provavelmente sustentam uma casa. Na prática, essa situação pode ser um paralelo da história recente de uma alagoana que também ganhou fama nacional. Durante 53 anos, a dona de casa Maria de Lourdes não existiu oficialmente. Ela não tinha o registro de nascimento e só conseguiu o documento após uma forte mobilização. No entanto, a certidão é o mais elementar dos documentos que atestam a cidadania, podendo ser conquistado gratuitamente – o que a Dona Maria, assim como os 27 mil beneficiários do Bolsa Família parece que desconhecem. Ou seja, mais uma vez a desinformação prejudicando a sociedade, que fica sem os direitos conquistados por pura ignorância.

Área de preservação permanente “Os ecossistemas brasileiros são muitos diferentes” Alder Flores Advogado, químico, esp. em Direito, Engenharia e Gestão Ambiental, auditor Ambiental

O despertar ecológico que a cada dia vem se acentuando se reflete nas ciências jurídicas, que tem demonstrado interesse pelo meio ambiente, a ponto de merecer proteção constitucional em muitos países, como no Brasil. Apesar desta avançada legislação, a mesma tem sido alvo de constantes e salutares discussões entre os mais renomados doutrinadores do direito. Dentre os temas discutidos trazemos à baila a aplicação do Código Florestal em seu Art. 2°, que se refere às áreas consideradas de Preservação Permanente e sua aplicabilidade no meio urbano.Neste dispositivo deve-se inicialmente considerar que estas APPs, não estão incluídas entre as espécies criadas pela lei federal n° 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Outro tema avaliado é o critério de fixação da área que deva ser considerada como sendo de preservação permanente, pois estas áreas são delimitadas em função da largura do rio. Destarte o que ficou determinado na norma deve ser observado com clareza mediana, pois que a mesma não poderia determinar um tratamento similar para todo o país, pois é notório que os ecossistemas brasileiros são muitos diferentes, variando de região para região, além de não fazer distinção da área de preservação permanente em relação à área urba-

na e rural. Com relação à fixação da largura mínima de proteção ao longo dos rios e nascentes como área de preservação permanente, no campo da interpretação jurídica tem criado dificuldades na sua aplicação. Na prática como poderá ser delimitada uma área de preservação permanente no momento da aprovação de um projeto agrícola ou de outra natureza em áreas como, por exemplo, no Pantanal Mato-grossense? Já que na lei não há previsão de exceção. Considerando que a metragem, ainda que se utilize entre todas a maior delas, ou seja, 600 metros, previstos em lei, seria adequada suficiente para fixar as áreas de preservação permanente para as demais regiões do País. Como interagir o conceito de área de preservação permanente a essa realidade? Como resolver, por exemplo, a proibição de construção de prédios públicos, ou mesmo residenciais, nos topos de morros, montanhas, nas encostas, se boa parte das cidades brasileiras encontram-se no litoral e quase todas construídas em locais que se enquadram na proibição da norma? Não se pode, ainda, olvidar que os cursos d’água nos centros urbanos já se acham totalmente drenados e, portanto, alterados física e quimicamente, em virtude dos arruamentos ou em razão dos despejos de efluentes urbanos e industriais.

Menos impostos e mais benefícios “A contribuição dos empreendedores individuais para o INSS caiu de 11% para 5% sobre o salário mínimo” Renan Calheiros Senador e líder da bancada do PMDB

A campeã é... você, mãe! “Seja senhora das suas vontades e não tenha medo de experimentar algo novo” Dalmir Sant’Anna Palestrante comportamental, mestrando em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão de Pessoas, bacharel em Comunicação Social e mágico profissional

A cantora Simone interpreta uma bela composição de Paulo Debétio e Paulinho Rezende, chamada “Uma Nova Mulher”. O sentimento de conquista e o de amor fraternal de uma mulher não pode ser interpretado como algo isolado, mas um processo que requer reconhecimento por meio da coerência em ser uma verdadeira campeã. Perceba nos itens a seguir que uma mãe, além dos inúmeros sentimentos, dispõe no íntimo do seu coração algo realmente mágico, chamado amor. Você é uma vilã ou heroína? - O medo pode ser uma força destrutiva na vida de um ser humano. Mas o que é o medo? A raiz da palavra medo vem do termo em latim MÉTUS, que significa angústia, ansiedade, covardia, inquietação e temor. É isso que o medo causa na vida de uma mãe, quando ela permite que essa força destrutiva seja maior que o brilho do seu talento. A mulher que permite ser vilã da própria vida usa o medo como uma justificativa. Que tal reverter hoje essa situação? Fortaleça sua autoestima, acredite mais em você, nas suas habilidades e, jamais esqueça, que a mãe pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor. Com quem você joga bola? - Durante a apresenta-

ção de uma palestra para um auditório com inúmeras participantes do Conselho da Mulher Empreendedora, disse: “Jogue bola com pessoas ruins e você será uma perdedora. Jogue bola com pessoas vitoriosas e você levantará o troféu com elas”. Perceba que se você desejar ser fraca, basta andar com pessoas medíocres, desmotivadas e que somente falam de gente. Em outra perspectiva, se você quer ser uma mulher vitoriosa e uma mãe prestativa, busque continuamente andar com pessoas atuantes, determinadas e empreendedoras. Com quem você está andando? A letra da música “Uma Nova Mulher” diz em uma das estrofes: “quero ser assim, senhora das minhas vontades e dona de mim”. Tudo o que você ama atualmente, um dia era algo desconhecido, estranho ou distante. Você concorda? Seja senhora das suas vontades e não tenha medo de experimentar algo novo. Somente reconhece a sensibilidade do amor, a mãe que olha seu filho no berço e percebe a cada novo dia a descoberta de uma emoção. Seja a cada novo amanhecer uma pessoa ainda mais valente, para sentir que, além de heroína, determinada e valente, você mãe já é uma campeã.

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Ao pagar esta contribuição previdenciária, o trabalhador passa a ter direito à cobertura do INSS, que lhe garante amparo em casos de doença, acidentes, aposentadoria por idade após 15 anos de trabalho, além de licençamaternidade e outros benefícios. Estes profissionais estão isentos do pagamento do imposto de renda, mas precisam prestar contas ao governo para continuar usufruindo dos benefícios oferecidos pelo programa Qualquer autônomo que ganhe menos de R$ 36 mil/ano, tenha mais de 16 anos e empregue no máximo um funcionário pode ser um empreendedor individual. A formalização é isenta de qualquer taxa. O empreendedor obtém o número do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), a inscrição na Junta Comercial e o alvará de funcionamento. A partir daí é gerado em um documento único, que é o Certificado da Condição de Microempreendedor Individual (CCMEI). Temos agora instrumentos tributários e previdenciários e, por esta razão, precisamos avançar no crédito. Por isso, apresentei a proposta que inclui os microempreendedores individuais como beneficiários das políticas de crédito do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado – PNMPO, dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Fundo de Amparo do Trabalhador – FAT. Desta forma teremos fontes estáveis de financiamentos que permitam a expansão destes empreendimentos.

Datas & Fatos 8 de maio - Dia das Mães, da Vitória, do Profissional Marketing, do Artista Plástico e Internacional da Cruz Vermelha.

Nasce Jean Henri Dunant - Em 8 de maio de 1828, nasce Jean Henri Dunant, suíço preocupado com a solidariedade mundial. Foi o ganhador do primeiro Prêmio Nobel da Paz, em 1901, por ter fundado a Cruz Vermelha Internacional e criado a Convenção de Genebra. A Cruz Vermelha é uma organização que até hoje ajuda pessoas doentes no mundo inteiro.

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Há algum tempo venho trabalhando para formalizar a mão de obra dos empreendedores individuais. Agora, desde o início deste mês, pequenos negócios e prestadores de serviços que buscam a formalização vão gastar menos com impostos. Isso porque entrou em vigor a redução da alíquota de contribuição dos empreendedores individuais para o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Ela caiu de 11% para 5% sobre o salário mínimo. Com esta significativa redução, o contribuinte reduz em menos da metade o valor da contribuição com a previdência, que caiu de R$ 59,95 para R$ 27,25. Somando todos os impostos a serem pagos, o gasto total mensal não vai passar de R$ 35. Nas atividades do comércio ou indústria, o empreendedor deverá pagar R$ 27,25 para a Previdência Social e R$ 1 de ICMS, totalizando R$ 28,25. Sendo atividade ligada ao setor de serviços, vai pagar R$ 32,25, ou seja, R$ 27,25 de INSS e R$ 5 de ISS. Caso exerça atividade de prestação de serviço e comércio conjuntamente, o gasto é de R$ 33,25 (R$ 27,25 de INSS + R$ 5 de ISS + R$ 1 de ICMS). A diminuição dos valores é um estímulo decisivo à formalização e tem efeito instantâneo na renda dos empreendedores individuais. Especialmente para aqueles que trabalham sozinhos, que prestam serviços ou comercializam produtos exclusivamente para pessoas físicas.

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Morte de Bin Laden pode mudar guerra Secretário de Defesa americano acredita em “virada de jogo” no Afeganistão favorável aos Estados Unidos WASHINGTON - O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse na sexta-feira que a morte de Osama bin Laden “pode virar o jogo” a favor do seu país na guerra do Afeganistão. Falando a cerca de 450 militares da Força Aérea na Carolina do Norte, Gates - que está a poucas semanas de deixar o cargo disse que dentro de seis meses os militares norte-americanos serão capazes de avaliar se a morte do líder da Al-Qaeda teve algum efeito sobre a guerra. “Acho que há uma possibilidade de que isso leve a virar o jogo”, disse Gates, respondendo a pergunta dos militares. “Bin Laden e o mulá Omar (líder do Talibã) tinham uma relação pes-

soal muito estreita, e há outros no Talibã que se sentiram traídos pela Al-Qaeda, porque foi por causa do ataque da Al-Qaeda aos Estados Unidos (em 11 de setembro de 2001) que o Talibã foi derrubado (do poder) no Afeganistão”, afirmou. “Então precisamos ver como fica essa relação. Francamente, acho cedo demais para fazer um julgamento em termos do impacto fora do Afeganistão, mas acho que em seis meses mais ou menos provavelmente saberemos se fez diferença”, disse Gates, segundo transcrição divulgada pelo Pentágono. O secretário não afirmou se a morte de Bin Laden influenciará o cronograma de retirada das

forças dos EUA do Afeganistão, prevista para começar em julho e terminar em 2014. Sobre as suspeitas de que o Paquistão foi conivente com a presença de Bin Laden em seu território - o militante foi morto nesta semana por forças dos EUA numa casa a poucos quilômetros de um importante quartel paquistanês -, Gates admitiu que a relação entre Islamabad e Washington é “complexa”, mas lembrou que o Paquistão tem combatido o Talibã e a Al-Qaeda em suas áreas tribais, e permitido o uso do seu território como rota de abastecimento para as forças dos EUA no Afeganistão. “Ao mesmo tempo, não há dúvidas de que eles se protegem

nas suas apostas”, disse Gates. “A visão deles é de que os abandonamos quatro vezes nos últimos 45 anos. E eles não têm certeza de que iremos permanecer na região. Eu diria que é uma relação na qual precisamos continuar trabalhando.” Gates falou também a respeito da sobrecarga sofrida pelas Forças Armadas dos EUA nos últimos anos, e alertou que isso não vai acabar tão cedo. “As pessoas têm tidao, como muitos nesta sala provavelmente tiveram, múltiplas passagens no Iraque e no Afeganistão, e agora provavelmente também na Líbia. E isso claramente vai continuar por mais um par de anos pelo menos”.

Robert Gates admite relação complexa com o governo do Paquistão

Terrorista comandava a Al-Qaeda mesmo escondido, dizem EUA WASHINGTON - Materiais obtidos por militares dos EUA no esconderijo onde Osama bin Laden foi morto revelam que ele continuava diretamente envolvido nas atividades da rede Al-Qaeda, segundo relatos de três fontes oficiais do governo norteamericano. Elas disseram que documentos, arquivos de computador e telefones celulares obtidos na casa de Abbottabad, no Paquistão, mostram que o militante saudita não havia se desligado da rede que fundou, embora nos últimos anos sua imagem praticamente não tenha aparecido ao público. Uma dessas fontes afirmou que havia modernos equipamentos de comunicações no esconderijo, mas que não estava claro se o próprio Bin Laden os utilizava. Durante meses de preparação para a invasão militar do começo desta semana, a CIA e outras agências monitoraram as comunicações e observaram a casa, mas Bin Laden nunca foi visto ou ouvido, segundo essa fonte. Porém, os materiais encontrados no local “claramente mostram que Bin Laden ainda era um líder ativo da sua or-

Casa em Abbottabad onde Bin Laden foi morto no último domingo

ganização, oferecendo orientação estratégica, operacional e tática”, afirmou uma das fontes, pedindo anonimato por não estar autorizado a falar publicamente. Outro funcionário informou que as evidências já analisadas indicam que Bin Laden e seus seguidores continuavam interessados em realizar ataques contra “alvos de infraestrutura” dentro dos EUA. Na quinta-feira, o Departamento de Segurança Doméstica dos EUA divulgou um boletim de inteligência alertando para a possibilida-

de de a Al-Qaeda tramar atentados por ocasião do décimo aniversário do seu ataque de 11 de setembro de 2001. Autoridades disseram que o alerta resulta de informações obtidas no esconderijo de Bin Laden, mas que elas datavam de fevereiro de 2010, e que não havia provas de que o plano estaria sendo posto em prática. Um dos funcionários disse que a prioridade da CIA no momento é identificar no material apreendido informações que indiquem ameaças imediatas ou de curto prazo.

SAÚDE

Diabetes do tipo 1 pode ser controlado por aparelho Graffo Um pâncreas artificial, que monitora os níveis de glicose no sangue e libera, automaticamente, quantidades adequadas de insulina, promete revolucionar o tratamento de diabetes tipo 1 – no qual o paciente precisa tomar injeções diárias de insulina para controlar a doença. Pesquisadores da Universidade de Cambridge testaram o aparelho e dizem que ele está pronto para ser usado por diabéticos em casa. Eles fizeram a pesquisa com 24 pacientes hospitalizados. Os resultados foram publicados no periódico “British Medical Journal”. De acordo com os pesquisadores, o aparelho combina um sensor de glicose implantado no corpo a uma bomba com cateter, que libera a insulina. Ao detectar variações nos níveis de glicose, o sensor dispara sinais de radiofrequência para a bomba, que libera a quantidade de insulina adequada. No estudo que testou o dispositivo, os pacientes foram divididos em dois grupos: um se alimentou com quantidades razoáveis de comida e outro comeu excessivamente e bebeu álcool. Muita comida e bebida aumentam a quantidade de açúcar no

sangue e mais insulina é necessária. O pâncreas artificial detectou corretamente as diferentes

necessidades e conseguiu controlar os níveis de glicemia nos dois grupos.

Imagem do YU 55 captada pelo radar planetário localizado em Porto Rico no dia 19 de abril

Asteroide passará perto da Terra em novembro Um asteroide gigante que se move em direção à Terra vai passar pelo planeta em novembro, segundo a previsão de especialistas da agência espacial americana (Nasa, na sigla em inglês). O asteroide foi descoberto no dia 28 de dezembro de 2005 por Robert McMillan, do Programa de Observação Espacial, perto de Tucson, no Arizona, Estados Unidos. A rocha do espaço possui quase 400 m de largura e pesa 55 milhões de toneladas, sendo o maior objeto a se aproximar tão perto da Terra. O objeto vai passar a uma distância de 324 mil km da Terra, o que para um astrônomo é considerado como um “fio de cabelo cósmico”. Essa distância é mais próxima da Terra que a Lua, que orbita a mais de 384 mil km. O asteroide, chamado de YU55, é tido oficialmente como um objeto potencialmente perigoso. Se atingir a Terra, teria a força de mais de 65 mil bombas atômicas, deixando uma cratera de quase 10 km de largura e de 600 m de profundidade. O YU55 orbita em torno do Sol de 14 em 14 meses, porém os especialistas acreditam que o objeto não colidirá contra a Terra até dentro de 100 anos. O asteroide vai poder ser visível com pequenos telescópios por volta do dia 8 de novembro. ESTUDO - Os cientistas da

Nasa estão empolgados com a passagem do asteróide e acreditam que ele poderá revelar detalhes importantes para a ciência. Os pesquisadores aproveitarão a oportunidade, que só é comparável ao que ocorrerá em 2028, quando o asteroide 2001 WN5 deverá chegar ainda mais perto da Terra, para estudar a superfície do asteroide. A passagem do corpo celeste tão próximo assim é relativamente comum, acontece mais ou menos a cada 25 anos. O que torna esta passagem importante é que agora os pesquisadores possuem instrumentos para estudá-los apropriadamente.”Quando objetos deste tamanho passaram próximos à Terra no passado, nós não tínhamos o conhecimento e a tecnologia par nos aproveitarmos destas oportunidades”, explica a cientista Barbara Wilson. Em 2010, Mark Nolan e sua equipe do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, conseguiram reproduzir imagens do asteroide enquanto ele estava a 2,3 milhões de quilômetros da Terra. Quando ele passar próximo ao planeta em 8 novembro deste ano, estará sete vezes mais próximo, o que possibilitará melhores imagens para os cientistas, que utilizarão o radar Goldstone para isso. Espera-se uma resolução

de imagem de 4 metros por pixel. A expectativa pela qualidade da imagem é tão grande, que os cientistas esperam poder estudar a composição mineral do asteroide, que faz parte do tipo C, os possíveis representantes dos materiais primordiais que formaram nosso sistema solar. “FOTO” - O asteroide 2005 YU55 foi “fotografado” pelo radar o radar planetário do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, em 19 de abril. Os dados coletados durante a observação permitiram refinar a órbita da rocha espacial, o que levou os cientistas a excluirem qualquer possibilidade de um impacto com a Terra nos próximos 100 anos. Arocha do espaço estava a cerca de 2,3 milhões quilômetros (1,5 milhões de milhas) da Terra no momento em que a imagem do radar foi gerada, “ou seis vezes a distância que nos separa da Lua”, informa Michael Nolan, diretor do observatório. Aimagem tem uma resolução de 7,5 metros (25 pés) por pixel. Não só o radar pode fornecer dados sobre as dimensões de um asteróide, mas também sobre a sua localização exata no espaço. Usando de alta precisão, os cientistas foram capazes de reduzir as incertezas da órbita do YU55 em 50%.

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Famílias ainda esperam pelas casas Quase um ano após as enchentes que destruíram as cidades ribeirinhas em 2010, população conta seus dramas Sumaia Villela Repórter

Já havia nove meses que as irmãs Madalena Nicácio da Silva, 50, e Deusdete Maria Barbosa dos Santos, 66, viviam imprensadas com mais cinco famílias de parentes na sala de aula de número 16 da escola municipal

de Santana do Mundaú, dividindo um banheiro sem chuveiro espremido embaixo da escada. Fugindo da enchente de junho de 2010, saíram apenas com a roupa do corpo e as crianças. Cansadas de esperar por um teto em local seguro e de posse de um auxílio moradia, elas compraram blocos, cimento,

contraíram dívida em uma loja de material de construção para conseguir telhas e madeira, pagaram um vizinho pedreiro e reconstruíram suas casas. Do chão, que foi o que sobrou quando a água passou na Rua da Baixinha, via que margeia o rio e cujas residências dão com o muro de trás diretamente para

um pequeno barranco à beira do Mundaú, onde, em tempos de calmaria, muitos aproveitam para pescar e jogar conversa fora. Há menos de um mês, cada uma em sua casa, as duas irmãs voltaram a dividir o espaço em que vivem com um perigo dormente, que de ano em ano tenta acordar e destruir tudo por onde

passa: o rio e suas enchentes. Exatamente no mesmo local em que jazia a antiga residência, transformada pela cheia em escombro. Cansadas de esperar solução para suas vidas interrompidas, em abrigo provisório, sobrevivendo através de doação. Essa não é a única história

de retorno ao local do desastre. Não é a única rua onde moradores voltam a se colocar em perigo. Nem mesmo é o único município onde tudo voltou ao risco de antes. Essa é a história dos municípios do Vale do Mundaú e sua população sem esperança, dez meses após o maior desastre já ocorrido na região. Fotos: Yvette Moura

Casas reconstruídas na mesma área de risco Santana do Mundaú está reerguida. Aqui e ali, nota-se um terreno ainda abandonado desde o desastre de junho de 2010, uma casa ainda em processo de reconstrução, um imóvel abandonado ou semi destruído. Mas em uma grande parte da área outrora devastada a paisagem já não é a mesma. Onde nunca havia de se morar uma pessoa de novo, como divulgado à imprensa pelos governos federal e estadual, agora está populoso e aos poucos vai ficando como antes, com os mesmos defeitos e o mesmo povo resistente. A cidade é um caso especial entre os 19 municípios afetados pela cheia que atingiu Alagoas e Pernambuco. É que a população prejudicada não quis se mudar para os famosos acampamentos montados para moradia provisória, cujas precárias condições de abrigos já foram descritas e provadas em uma infinidade de matérias, inclusive em tempo de eleição, quando nenhum mesário

aguentava permanecer em uma barraca por muito tempo, por causa do calor escaldante no seu interior. Os desabrigados e desalojados inicialmente ocuparam escolas ou casas de parentes. Com o tempo, aqueles que podiam pagar aluguel se mudaram para um local mais confortável; outros foram morar fora, em Maceió, São Paulo ou Mato Grosso, onde muitos do município trabalham durante três meses por ano. Muitos escolheram voltar para sua velha casa e construir o que tinha que construir – muitas vezes, tudo de novo. Quem conta o processo doloroso de reorganização dos moradores são os coordenadores de defesa civil municipal Nilo Miranda e Ronaldo Cardoso, representantes da sociedade civil e funcionário concursado designado pela prefeitura, respectivamente. Eles chamaram a atenção da reportagem em uma reunião da Comissão Estadual de Defesa Civil, quando contaram a situa-

ção alarmante do município. Nilo também perdeu a casa na enchente. Ele é o dono da loja de material de construção que as irmãs Madalena e Deusdete compraram fiado – uma dívida de R$ 840 -, assim como muitos da região que optaram por voltar para a beira do rio. Ele é uma dessas pessoas, e como elas, aponta uma única justificativa para o retorno: não há outra saída. “Você acha que se a gente pudesse pagar para viver em outro lugar, estava aqui?”, questiona ele, que também teve a loja parcialmente destruída ano passado. Segundo ele, há tanta demanda por aluguel que está difícil encontrar um imóvel em condições na cidade. O medo de uma nova tragédia, no entanto, está presente no dia-a-dia da população. Madalena revela que todas as noites, ao menor barulho, ela levanta e vai olhar o nível do rio. “Se for de dia a cheia, a gente corre, mas se for à noite? Não dá fuga nem para chamar

a deus”, conta, preocupada. Ela continua lembrando de outra enchente em que quase perdeu a vida, há 18 anos, na mesma rua mas em outra casa, que hoje não existe mais. “Quem não tem para onde ir é assim, fica correndo para viver”, lamenta a senhora, que tem como únicas rendas a venda de salgados em uma escola de Santana e o Bolsa Família. Ao caminhar mais à frente, há um quarteirão do rio, um personagem intrigante está à porta de casa, também reconstruída, esperando a ambulância que o levará para a fisioterapia. Esse é Gesualdo de Oliveira, 39, professor da rede municipal que ficou paraplégico dezoito dias antes da enchente que o deixou sem-teto, em um acidente de moto. Ele justifica a volta pelo desconforto de dar trabalho a sua irmã quando esteve lá por nove meses. “Aúnica solução é mesmo o nosso lugar”, afirma. Continua nas páginas A10, A13, A14 e A15

As irmãs dividem o mesmo espaço apertado que chamam de casa

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Maria Cota: vida atormentada pelo drama da perda e problemas mentais

Período de chuvas tem atrasado o cronograma

O drama das famílias que voltaram ao local destruído não é o único problema. Na mesma escola em que Madalena ficou alojada, uma vida trancafiada é o que encontramos em uma das salas que abriga a única remanescente da cheia que ainda mora na instituição. Quem abre a porta, após algumas batidas, é Maria Cota, uma mulher de meia idade que possui distúrbios mentais e vive com a filha, que estava trabalhando no momento da visita. Ela não lembra do sobrenome ou da idade, mas guarda na memória o sofrimento de uma rotina de prisioneira, desde que as aulas da escola foram reiniciadas, depois de quase um ano de prejuízo do ano letivo, por causa do abrigo aos desalojados. “Eu vivo trancada, porque se deixar a porta aberta os meninos bagunçam, não dá privacidade. É quase um ano mijando e cagando em um balde e jogando no mato no fim do dia”, relata, chorando. Dona Cota, como é chamada pelos conhecidos, diz que ainda não saiu da sala de aula porque não tem para onde ir. “Não tenho família, meus pais morreram”, fala. Durante todo esse tempo, ela conta que recebeu um dinheiro do “governo”, apesar de não saber explicar

O que fez tanta gente se arriscar e voltar a viver em um local tão castigado pela última enchente? Nilo Miranda e Ronaldo Cardoso atribuem a isso a demora na entrega das novas casas. A contrutora Uchôa, responsável pela obra, começou a trabalhar no local há apenas um mês, e enfrenta dificuldades para avançar, já que o período de chuvas se adiantou ao calendário usual. O maior defeito da terra, que possui 100 hectares e foi comprada por cerca de R$ 1,2 milhão, é a topografia acidentada. Nilo Miranda aguarda um relatório da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), também chamada de Serviço Geológico do Brasil, ligado ao Governo Federal, que indica, na página 51, que 68% da área é imprópria para construção de moradia. O órgão também afirma que seria preciso estudar com mais profundidade a região, mas ele alega que isso não ocorreu. No dia em que a reportagem visitou a obra do residencial Santana do Mundaú, a lama impedia a subida de carros e caminhões. Apenas máquinas como uma retroescavadeira fazia a travessia, fato confirmado pelo seu operador, Amauri Márcio dos Santos, 23. A chuva caía com insistência, impedindo que os trabalhadores construíssem a fundação das casas e parando totalmente o processo de terraplanagem – outro procedimento que está causando problemas aos funcionários da construtora. Os moradores alegam que o trecho escolhido para compra não foi a melhor opção disponível, apesar de reconhecer que não há muitas possibilidades na região, que

quem já a procurou. “Minhas filhas ficaram com o dinheiro e foram embora. Aque ficou falou para eu não colocar o dedo em canto mais nenhum, porque depois iam dizer que eu estava roubando”, explicou, indicando que é analfabeta. Sua casa, no entanto, está sendo reconstruída. Ela afirma com convicção que foi o mestre de obra da prefeitura que está cuidando do imóvel, apesar do prefeito de Santana do Mundaú, Marcelo de Souza garantir que não está dando qualquer apoio à volta dos moradores. “Se ele está trabalhando nisso, é particularmente. Não podemos fazer algo que é proibido pela lei, como construir em área de risco”, garantiu. Ronaldo Cardoso, da defesa civil municipal, fora vizinho de Maria Cota. Ele também perdeu a casa, e hoje mora de aluguel no conjunto da antiga Cohab. Ele conta que ela já tinha problemas mentais antes da enchente, mas um número de alto de pessoas passou a sofrer desse tipo de mal depois da tragédia. “Minha mãe morreu meses depois, por causa da depressão. Era uma mulher nova, tinha 57 anos, mas não aguentou”, desabafa. Ele atribui a situação atual como uma “clara violação dos direitos humanos”.

Dona Cota vive trancada em uma sala da escola para ter privacidade

Fotos: Yvette Moura

Segundo engenheiro da obra, mais da metade da área adquirida é imprópria para a construção de moradia

Nilo Miranda afirma que a melhor área não foi desapropriada

é quase toda formada por áreas acidentadas; a cidade se encontra espremida entre o rio e vários morros. Eles argumentam que havia, na mesma fazenda, uma área mais plana, mas esta não foi a desapropriada pelo governo estadual. “A mulher da Caixa falou que nós deveríamos entender o lado do fazendeiro, que iria ficar somente com o terreno ruim”, revelou Nilo. O engenheiro que supervisiona a obra pela construtora Uchôa, Ricardo Lima, conta que fez parte da escolha do terreno, quando era funcionário de outra construtora, Telesil, também alagoana, junto a uma comissão encabeçada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). “Não havia outro local”, alega. Das 1.261 casas previstas, Dois módulos estão em processo de construção, atualmente, cada um com 52 unidades. Cerca de metade já está com a fundação concluída, mas a chuva atrapalha o avanço dos funcionários. “Estamos na lama todo dia, igual ‘caboja’”, brinca o mestre de obras Geraldo Pereira, usando o nome do peixe que percorre a terra firme em busca de água. Cada uma das residências possui cerca de 5x8 metros, ou seja, são 40m² divididos em dois quartos, um banheiro, cozinha e sala. Apenas a

casa destinada a deficientes é maior, com 47m². Cada uma delas está orçada pelo programa Minha Casa, Minha Vida em R$41 mil. O acesso ao residencial tem que ser feito pela BR-101, já que o único acesso que liga o local ao município é intransitável em tempos de chuva. Os coordenadores de devesa civil questionam não só o local e o valor da construção, mas todo o processo de assistência aos desabrigados. A começar pelo comércio, do qual Nilo faz parte. “Nós até abrimos uma associação comercial para lidar com o problema. A área destinada aos estabelecimentos é pequena e só dão o lote. O crédito que viria do BNDES não chegou ainda, e muitos estão parados até agora”, enumerou. Para ele, a gestão dos recursos foi mal elaborada, e poderia ser gasta levando em conta cada região, ouvindo a população sobre suas necessidades. Ele dá como exemplo o mercado de alimentos, que apresentou baixa na cidade, desde que houve distribuição de cestas básicas. “O que chegou para a gente foi muito enlatado, algo que não se costuma comer aqui. Se o pessoal transferisse a renda direto para os moradores, eles comprariam dos mercadinhos daqui”, avalia. A compra da comida de produtores e vendedores locais para fazer a

cesta também foi citada como uma alternativa para fazer circular o dinheiro na cidade e garantir a reconstrução do local. Antes do residencial, o mesmo terreno foi utilizado para erguer o acampamento renegado pela população, que, segundo Nilo, ficou orçado em cerca de R$3 milhões – só os banheiros, construídos com parede de madeirite e telha de brasilite e uma fossa com um buraco, típico de países orientais, teriam custado R$7 mil cada um. “Um mês depois tudo foi derrubado. Isso é dinheiro jogado no rio”, avaliou. O operário e seu futuro lar Em meio aos trabalhadores da construtora, que hoje dormem nas barracas recusadas pelo desabrigados durante 15 dias antes de voltar aos seus municípios de origem, está Edvaldo Florêncio de Barros, 21, natural de Santana do Mundaú e vítima da enchente de 2010. Com o salário mínimo que ganha no serviço, paga o aluguel de R$150 mensais para abrigar ele, a esposa e dois filhos. E o serviço que faz, ganhando um salário mínimo, tem o objetivo de também erguer sua casa, que ele afirma estar entre uma das 1.261 do residencial. Ele afasta a possibilidade de voltar para a beira do rio; prefere esperar pela nova moradia, embora esteja insatisfeito com o tamanho. “É muito pequenininha. A minha casa antiga tinha 10x11m, tinha três quartos”, compara. Edvaldo trabalha há cerca de dois meses como servente de pedreiro; antes, apanhava laranjas, uma das principais atividades econômicas da região. Quanto à distância do residencial, ele revela que já está acostumado a fazer o trajeto a pé, e garante que é mais perto do que parece. Continua nas páginas A13, A14 e A15

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Fotos: Yvette Moura

Das primeiras 650 casas, menos da metade já está pronta; mesmo assim, Murici é a cidade com obras em estágio mais avançado

O aposentado Luís não quer deixar a antiga moradia, que ele considera um “casarão” diante das que estão sendo construídas

Reconstrução mais evidente em Murici Santana do Mundaú não é um caso isolado. A cidade é o retrato do que ocorre nas cidades ribeirinhas da região. Em Murici, o que chama a atenção é a vizinhança dividida: casas recuperadas e ocupadas estão cercadas de imóveis abandonados e áreas em que nada sobrou, apenas o terreno. Muitos passaram pelos acampamentos e voltaram para suas residências; outros retornaram dias após a enxurrada. O ponto de concordância da população da área é uma determinação: mesmo com o término das obras dos dois residenciais do município, eles não devem sair do local. Seu Luís Alves da Silva, 79, é desses apegados ao solo em que vive. Cheio de sabedoria popular, esteve por alguns meses no acampamento, mas resolveu voltar com sua esposa, Elimar Calheiros de Amorim, 43. Sua casa fica em frente à Praça da Estação, que após a cheia ficou tomada por destroços carregados pelo rio; algumas casas depois da dele, uma carreta ficou presa no telhado da residência de um homem conhecido como João Cão. Hoje já não há mais nada no local. O aposentado mora há oito anos em Murici, vindo de União dos Palmares, onde era agricultor. Ele argumenta que mesmo com a chave da nova casa não vai deixar a antiga de lado, ao menos que arranjasse um comprador. “Não vou doar, comprei com dinheiro e foi suado. A gente vai ficar com a casa de cima como um abrigo. Quando apertar a gente já tem para onde ir”, planeja. Um dos defeitos apontados por ele em relação à moradia construída na entrada cidade é o espaço para criação de seus animais, dos quais galinhas e porcos. Ele comparou as duas moradias: “Comparada à outra, essa é um casarão. Aqui tem três quartos. Eu acho fraca a

casa, mas se o governo só pode dar essa vai ela mesmo, né?”, avalia seu Luís, com um sorriso aberto e desdentado. Em Murici, as residências também possuem cerca de 40 m², mas são distribuídas em 6 x 6,60 m. É a obra mais avançada do Vale do Mundaú, com aproximadamente 40% das primeiras 650 casas construídas, segundo Fábio Vieira, engenheiro responsável pela Telesil, uma das construtoras responsáveis pelos dois residenciais. Ele também falou da chuva como um dos elementos de atraso da obra. Outro ponto foi o atraso na disponibilidade do terreno, segundo ele. “Nós começamos com um mês de atraso”, afirma. A maioria das residências está na fase do revestimento – colocação de piso, reboco, esquadrias e outros. O engenheiro não acredita que o prazo geral do projeto será cumprido, apesar das primeiras casas, direcionadas aqueles que ainda estão nos acampamentos, ter julho como previsão. “Devemos passar de dezembro a março”, avalia. Ao contrário de tantas pessoas que escolhem a margem do rio como moradia, mesmo após o desastre, alguns dizem que voltam mais, haja o que houver. É gente como o garçom Wellington Fernando da Silva, 26, que hoje mora em um sítio do seu chefe, com o pai, que se tornou caseiro do lugar. Para quem perdeu bens materiais, ainda há a tentativa de reconstrução. Para ele, no entanto, não há obra que recupere seu prejuízo: o jovem perdeu o avô no dia da enchente, que se recusou a sair de dentro de casa. O corpo de seu antepassado foi encontrado apenas no dia seguinte, a muitos quilômetros do local de onde foi arrastado. “Ele falou que não tínhamos fé o suficiente”, relembrou. Continua nas páginas A14 e A15

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Margens do rio ainda desocupadas Dos municípios atingidos no Vale do Mundaú, apenas Branquinha permaneceu com parte das margens do rio desocupadas, embora a situação seja diferente em áreas periféricas. Na parte central da cidade, o local onde o expresidente Luís Inácio Lula da Silva foi fotografado observando a destruição provocada pela cheia, ano passado, está tomada por uma vegetação rasteira, entrecortada por pedaços de piso ou fundações aparentes. A região, que guarda a memória de tristeza e desespero, ganhou nova vida com a instalação de uma quadra de areia para a prática de esportes como o vôlei, onde se via um grupo de jovens despreocupados se divertindo na última terça-feira, contrastando com os escombros ainda aparentes. Mais à frente, tinha início a área que fora reconstruída, mais distante do rio, mas ainda sob sua ameaça. A ponte, outrora parcialmente destruída pela enxurrada, e os trilhos, retorcidos como num loop de montanha russa, foram recuperados. A lembrança de uma ci-

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dade caótica, registrada na retina ano passado, tem sustentação em alguns pontos que hoje ainda estão de pé, recuperados, como uma igreja que serviu de sede para distribuição de cestas básicas e outros mantimentos. Uma das únicas construções a permanecer de pé, hoje o templo religioso ganhou pintura nova e reabriu as portas para sua função original. Outras estruturas ainda conservam um pedaço do cenário de destruição, como a lembrar os moradores das consequências da ocupação histórica e desordenada das margens de rios. É um caso de um ponto comercial irreconhecível, localizado em uma das esquinas, que, embora mais limpo que antes, continua com suas paredes e teto em pedaços, e uma inscrição à tinta, também presente desde 2010: “Sejam bem-vindos”. À época, no entanto, uma das notícias de maior destaque na imprensa fora a declaração de que Branquinha seria reconstruída em novo local, fora do alcance de novas enchentes. Passado 10 meses, o projeto ainda não saiu do papel.

Yvette Moura

Leucemia mata 15 mil pessoas por ano Falta de doadores de médula óssea ainda é o maior problema na luta dos pacientes contra a doença Valdete Calheiros Repórter

Na área central da cidade de Branquinha, Vale do Mundaú, a praça está sendo reurbanizada na tentativa de ir retomando a paisagem normal

A menina Pamela, filha da dona de casa Maria Aparecida Ferreira, tem 12 anos e há cinco luta para vencer a guerra contra a leucemia. Mãe e filha são naturais de Pariconha e passam pelo menos três dos sete dias da semana em tratamento em Maceió, na sede da Associação dos Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas (Apala). No local, as duas encontram estrutura logística para realizar o tratamento, remédios, hospedagem, alimentação, conforto, apoio para continuar a busca por um doador de medula óssea, espaço lúdico para Pamela tentar recuperar parte da infância perdida pelo tempo dedicado ao tratamento da doença e muito, muito carinho e amor dos voluntários que fazem da Apala, uma instituição de amor.

A dona de casa Maria Aparecida Ferreira lembrou que conheceu a instituição logo no início da descoberta da doença. Desde então, passam no local "os dias mais felizes" da família formada apenas por elas duas. Pamela é filha adotiva. Quando o diagnóstico da doença foi confirmado, a mãe, guerreira, revirou Pariconha de canto a canto para achar os irmãos naturais da filha. Conseguiu achálos. Os três meninos fizeram o teste de compatibilidade sanguínea. A decepção veio logo em seguida. Nenhum dos três era compatível. A busca por um doador para Pamela ultrapassou os limites de Pariconha e as divisas de Alagoas. A adolescente, que carrega no rosto a expressão de uma criança em busca do futuro, é mais uma na lista de espera por um doador de medula óssea. É

Larissa Fontes/Estagiária

Na instituição, voluntários ajudam crianças a esquecer um pouco a luta

mais uma brasileira a depender da solidariedade de outros brasileiros. Maria Aparecida Ferreira fez questão de dizer que a menina é uma criança normal, como outra qualquer. Pula, brinca,

canta, só não sabe ler. Há cinco anos vindo a Maceió com frequência a garota não conseguiu concluir nenhum ano letivo completo. "Agora é que ela está aprendendo a ler", completou a mãe.

A garota não gosta de falar no assunto. Logo no início da entrevista, ela saiu da sala da Apala. A mãe se apressou em explicar que a filha simplesmente não fala no assunto. "Ela só diz para mim que eu pare de chorar que ela não vai morrer. Quanto à doença, ela sabe que o que tem, sabe que faz quimioterapia, sabe que precisa de um transplante, mas simplesmente não toca no assunto. E eu respeito. Às vezes, não consigo me controlar e choro na sua frente mesmo. Não tem jeito. Sou mãe. E tenho uma responsabilidade maior se ela não tivesse sendo criada por mim talvez ela já estive morta", disse, chorando, já cabisbaixa. Em meio às lágrimas, a mãe de Pamela só conseguiu pedir que as pessoas pensem que o seu problema poderia ser de qualquer um. "Se as pessoas pensassem assim, a gente teria mais doadores de medula e

Infraestrutura precária para enchentes O medo revelado pelos antigos-novos habitantes das margens do Rio Mundaú faz sentido. Ainfraestrutura dos municípios sempre foi e ainda é precária para aguentar a variação do nível da água, que, independente de comportas abertas, muda com a estação chuvosa. As grandes cheias são contadas nos dedos pelos moradores, mas todos admitem que já passaram por alagamentos menores com muito mais frequência. As ameaças de enchente são agravadas pela condição psicológica da população, ainda fragilizada pela tragédia recente, que arrastou não só bens materiais, mas conhecidos e familiares dos ribeirinhos. Durante a última semana, diversos municípios passaram por uma desocupação de emergência provocada pelos próprios habitantes. Ao observar o aumento do nível da água, centenas de pessoas deixaram suas casas e ocuparam ginásios e escolas dos municípios, levando con-

Larissa Fontes/Estagiária

sigo os pertences mais valiosos e um medo ainda fresco de ter que reconstruir a vida. Em Santana do Mundaú, a escola que já teve seu ano letivo atrasado em quase um ano voltou a ser ocupada pelos moradores, entre eles o pessoal da Rua da Baixinha, que havia se mudado para o local há menos de um mês. “Está todo mundo desesperado”, anunciava na sexta-feira Nilo Miranda. Em União dos Palmares, um ginásio começou a ser ocupado, e a cabeceira da ponte que ainda estava sendo reconstruída precisou de uma operação de emergência para garantir que a água não prejudicasse a passagem. Retro-escavadeiras trabalharam durante todo o dia jogando pedras e terra no início e no fim da travessia, para conter a erosão do trecho. Rio Largo, Murici e Branquinha também foram tomados pelo pânico no decorrer das chuvas.

Vitória diz que muitos pacientes não conseguem resistir à espera

Apala ajuda portadores de leucemia

Seinfra tem a missão de fiscalizar Passados os seis primeiros meses após as enchentes e a repercussão do desastre na mídia, a comissão estadual que acompanhava a reconstrução dos municípios foi dissolvida. A partir daí, cada um dos secretários ficou responsável por sua área de atuação. Com a Seinfra, ficou a missão de acompanhar as obras dos 29 residenciais, em curso nos dezenove municípios atingidos e somando 17.600 casas, distribuídas entre diversas construtoras convidadas, já que os recursos deveriam ser empregados em regime de urgência e assim afastariam a necessidade de licitação. Segundo o secretário do órgão, Marco Fireman, a fiscalização dos prazos está sendo feita pela Caixa Econômica Federal (CEF), porque, de acordo com a Seinfra, os recursos da construção das casas seriam provenientes, em sua totalidade, do programa federal Minha Casa, Minha Vida, cuja gestão é feita pelo banco estatal. “A nós cabe a parte de cobrança, para dar celeridade às obras, o que estamos fazendo”, garantiu. “Os construções estão tomando o rumo, mas há dificuldades; falta pedreiro e engenheiro em Alagoas, material de construção. É um volume muito grande de obras”. O Estado foi o responsável, junto com uma comissão formada pelos municípios, governo federal, Eletrobras, Casal e Instituto do Meio Ambiente (IMA) – além da consultoria das construtoras – pela escolha dos terrenos e a devida desapropriação das áreas. Respondendo ao argumento das empresas de que houve demora na liberação da terra para iniciar as construções, feitas pelos engenheiros que trabalham em Santana do Mundaú e Murici, o secretário é direto: “Em duas áreas de União isso realmente

ocorreu. Nos demais casos eles estão faltando com a verdade”. Ele argumentou que Murici foi o município onde as obras começaram mais cedo. Em relação à Santana, Fireman revela que a construtora já foi notificada pela sua lentidão em conduzir a construção. Questionado sobre o critério para a escolha do terreno, ele garantiu que não houve decisão política no caso: “Não é porque o Fernando Toledo é presidente da Assembleia. Eu sobrevoei a área há três meses como o vice-governador, e constatamos que realmente não havia outro local. Outros terrenos não comportavam a quantidade de casas ou eram mal localizados”, explicou, alegando ainda que a família não queria vender a terra. Sobre as limitações apontadas pelos moradores, Marco Fireman defende que o Estado não pode bancar a totalidade do acidente. “Ao comércio não cabe ter subsídio, e quem tem melhores condições financeiras pode reconstruir a vida”. Ele também ressaltou o papel das gestões municipais em reconstruir as cidades e impedir que os moradores voltem para as áreas de risco. Quanto ao tamanho e valor das casas, ele revelou que tudo é padronizado pela Caixa Econômica Federal. O prefeito de Santana do Mundaú, Marcelo de Souza, reclamou do “abandono” do município pelos governos estadual e federal. “Nós só recebemos R$800 mil, que gastamos em psicólogos, assistentes sociais, engenheiros, máquinas para limpar os escombros, cestas básicas, recuperação de praças, ruas e outros”, descreve. Ele atribui a morosidade das obras à escolha do Estado de intermediar o repasse de recursos entre União e município ”.

menos pessoas sofrendo. Outro alagoano que está na fila de espera aguardando um doador é Luis Kennedy, 25 anos. Há um ano o rapaz, que trabalhava como ajudante de motorista de caminhão, começou a sentir-se mal. "Tinha tontura, sentia meu estômago cheio mesmo quando não tinha comido ainda, vivia cansado, com fraqueza, tinha sono sempre e estava muito pálido" recordou. Casado e sem filho, o rapaz procurou uma médica que logo foi-lhe preparando para um possível diagnóstico de leucemia. "Quando soube que estava realmente com a doença já estava meio acostumado a ela. Não tive tanta surpresa assim. Estou na Apala há dois meses. Aqui é muito bom. Tem assistente social, psicóloga e tudo que a gente precisa para se sentir um pouco melhor quando está com essa doença".

Yvette Moura

Moradora mostra os pertences que sobraram guardados em sacolas plásticas

Câncer mais comum na infância A leucemia é o câncer mais comum na infância. As leucemias têm origem na medula óssea, o tutano dos ossos, onde é normalmente produzido o sangue. Manifesta-se com dor nos ossos ou nas articulações, palidez, manchas roxas, sangramentos, febre, abatimento, etc. A leucemia é diagnosticada através do mielograma, exame do sangue de dentro do osso. Existem vários tipos de leucemia: leucemia linfóide aguda (LLA), leucemia mielóide aguda (LMA), leucemia mielóide crônica (LMA) e leucemia linfóide crônica (LLC - só existe em adultos). Além da medula óssea, as leucemias podem também acometer os testículos, fazendo com que fiquem mais duros e o líquor, líquido da espinha, provocando dores de cabeça e vômitos. As leucemias podem ter índices de cura de até 80% quando tratadas com quimioterapia. Em alguns casos, pode-se indicar também radioterapia e transplante de medula. Apesar de toda a força de vontade dos pacientes de

leucemia e do trabalho da Apala, os portadores desse tipo de câncer esbarram na baixa quantidade de transplantes de medula óssea realizado no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), em cinco anos, o cadastro de doadores de medula óssea cresceu mais de 500%, no país, mas os transplantes realizados com medulas doadas pelo sistema público de saúde não cresceram nem 15%. A Abrale diz que o principal problema não é conseguir doador. O Brasil tem o terceiro maior banco de medula do mundo, com dois milhões de cadastrados, perdendo só para Estados Unidos e a Alemanha. Amaior dificuldade, conforme a Abrale, é conseguir leito para o transplante e fazer o acompanhamento dos doadores. Quando os dados dos doadores não são atualizados, eles não são localizados na hora em que surge um receptor. A cada ano, surgem 50 mil casos de câncer de sangue no país, causando 15 mil mortes.

A EQUIPE DA APALA LISTOU ALGUNS SINTOMAS COMUNS AOS CASOS DE CÂNCER: Febre que não resolve; Muitos hematomas, manchas roxas, em lugares em que geralmente não aparecem, sem a criança ter batido; Dores nas pernas que fazem a criança não querer andar; Anemia muito acentuada; Adenomegalias, aumento dos gânglios (ínguas), que vão crescendo, com ou sem dor no local; Dor e inchaço nas articulações (juntas); Todas as dores que não vão embora, que fazem a criança parar de brincar ou acordar à noite; Cefaléia, dor de cabeça, que acontece com muita freqüência, principalmente se for de manhã ou acompanhada de vômitos; Perda do equilíbrio; Dor que não passa em uma perna ou um braço, com ou sem inchaço e vermelhidão; Inchaço na barriga que vai aumentando sozinho; Tumor, "bola" que se palpa na barriga, com ou sem dor; Reflexo branco na pupila ("menina do olho") quando é tirada fotografia com flash; Sangue na urina; Pressão alta; Aumento do escroto ou endurecimento de um dos testículos.

AApala, Associação dos Pais e Amigos das Crianças e Adolescentes com câncer, é uma entidade sem fins lucrativos mantida exclusivamente por doações e pela ajuda de voluntários. A instituição atende a crianças com qualquer tipo de câncer e a adultos com leucemia. A instituição tem utilidade pública municipal, estadual e federal e foi fundada no dia 10 de março de 1993. A vice-presidente da instituição, Maria Vitória Tenório, lembrou que a leucemia é o tipo de câncer mais comum entre as crianças, corresponde a 60% dos casos. Ela explicou que, assim como em outros tipos de câncer, quanto mais cedo for diagnosticado melhor. Quem tem interesse em ser voluntário, não precisa necessariamente ir à Apala. "Quem quiser ajudar pode doar alimentos não perecíveis e roupas em bom estado de conservação ou ainda ser um agente multiplicador das campanhas em andamento. Enfim, basta colocar em prática a solidariedade", explicou. Para conseguir renda, a Apala tem um bazar. Os objetos doados ao bazar devem estar em bom estado de conservação. A renda obtida com os produtos vendidos é direcionada ao setor de serviço social para a aquisição de medicamentos para os pacientes. Existe também a modalidade de sócio-contribuinte onde a pessoa contribui mensalmente com uma quantia financeira a critério do sócio. A instituição mantém um cronograma de datas para arrecadação. O espaço para a solidariedade também é aberto a qualquer empresa que queira contribuir com a Apala. A vice-presidente da Apala lembrou que uma grande parte das pessoas assistidas é do interior do Estado e são pessoas de baixa renda. A instituição faz a triagem das famílias mais carentes para entrega de cestas básicas. O setor de Psicologia da Apala tem como missão realizar atendimento psicólógico indi-

vidual e em grupo, na condição de gratuidade aos assistidos, acompanhantes, familiares, profissionais e voluntários, colaborando para a compreensão dos processos intra e interpessoais, através de uma visão interdisciplinar e humanizada. O setor de serviço social contribui para que o usuário tenha um tratamento digno e humano, dando condições para que ele e a família, mesmo numa relação contraditória de sentimentos de medo e rejeição à doença, possam desenvolver o seu potencial humano de exercício da cidadania na busca do direito à saúde e assistência integral. O setor de pediatria é preparado para atender as intercorrências provenientes dos efeitos colaterais do processo de quimioterapia. Além disso, orientar acompanhantes e pacientes sobre a doença tirando as dúvidas e desmistificando mitos. Há ainda o gabinete odontológico criado com o objetivo de realizar tratamento dentário a nível preventivo e curativo junto aos pacientes e acompanhantes. Maria Vitória Tenório afirmou que uma das maiores dificuldades dos pacientes era o tratamento ambulatorial, pois a maioria dos pacientes é proveniente do interior do Estado onde não existem serviços especializados em onco-hematologia. "Por isso foi criada a Casa de Apoio para hospedar os pacientes e seus acompanhantes durante o tratamento". Atualmente, a Apala está com cerca de 380 pacientes. A vice-presidente Maria Vitória Tenório disse que, ao longo dos anos, a Apala já teve algumas perdas de pessoas que não conseguiram resistir à leucemia ou encontrar um doador a tempo. "Mas vivemos do sorriso das pessoas que nos procuram. Nos apegamos às crianças e aos adultos que nos procuram e conhecemos de perto cada uma das histórias que passa pela Apala". Quem quiser entrar em contato com a Apala pode ligar para 2122-9400.


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Margens do rio ainda desocupadas Dos municípios atingidos no Vale do Mundaú, apenas Branquinha permaneceu com parte das margens do rio desocupadas, embora a situação seja diferente em áreas periféricas. Na parte central da cidade, o local onde o expresidente Luís Inácio Lula da Silva foi fotografado observando a destruição provocada pela cheia, ano passado, está tomada por uma vegetação rasteira, entrecortada por pedaços de piso ou fundações aparentes. A região, que guarda a memória de tristeza e desespero, ganhou nova vida com a instalação de uma quadra de areia para a prática de esportes como o vôlei, onde se via um grupo de jovens despreocupados se divertindo na última terça-feira, contrastando com os escombros ainda aparentes. Mais à frente, tinha início a área que fora reconstruída, mais distante do rio, mas ainda sob sua ameaça. A ponte, outrora parcialmente destruída pela enxurrada, e os trilhos, retorcidos como num loop de montanha russa, foram recuperados. A lembrança de uma ci-

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dade caótica, registrada na retina ano passado, tem sustentação em alguns pontos que hoje ainda estão de pé, recuperados, como uma igreja que serviu de sede para distribuição de cestas básicas e outros mantimentos. Uma das únicas construções a permanecer de pé, hoje o templo religioso ganhou pintura nova e reabriu as portas para sua função original. Outras estruturas ainda conservam um pedaço do cenário de destruição, como a lembrar os moradores das consequências da ocupação histórica e desordenada das margens de rios. É um caso de um ponto comercial irreconhecível, localizado em uma das esquinas, que, embora mais limpo que antes, continua com suas paredes e teto em pedaços, e uma inscrição à tinta, também presente desde 2010: “Sejam bem-vindos”. À época, no entanto, uma das notícias de maior destaque na imprensa fora a declaração de que Branquinha seria reconstruída em novo local, fora do alcance de novas enchentes. Passado 10 meses, o projeto ainda não saiu do papel.

Yvette Moura

Leucemia mata 15 mil pessoas por ano Falta de doadores de médula óssea ainda é o maior problema na luta dos pacientes contra a doença Valdete Calheiros Repórter

Na área central da cidade de Branquinha, Vale do Mundaú, a praça está sendo reurbanizada na tentativa de ir retomando a paisagem normal

A menina Pamela, filha da dona de casa Maria Aparecida Ferreira, tem 12 anos e há cinco luta para vencer a guerra contra a leucemia. Mãe e filha são naturais de Pariconha e passam pelo menos três dos sete dias da semana em tratamento em Maceió, na sede da Associação dos Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas (Apala). No local, as duas encontram estrutura logística para realizar o tratamento, remédios, hospedagem, alimentação, conforto, apoio para continuar a busca por um doador de medula óssea, espaço lúdico para Pamela tentar recuperar parte da infância perdida pelo tempo dedicado ao tratamento da doença e muito, muito carinho e amor dos voluntários que fazem da Apala, uma instituição de amor.

A dona de casa Maria Aparecida Ferreira lembrou que conheceu a instituição logo no início da descoberta da doença. Desde então, passam no local "os dias mais felizes" da família formada apenas por elas duas. Pamela é filha adotiva. Quando o diagnóstico da doença foi confirmado, a mãe, guerreira, revirou Pariconha de canto a canto para achar os irmãos naturais da filha. Conseguiu achálos. Os três meninos fizeram o teste de compatibilidade sanguínea. A decepção veio logo em seguida. Nenhum dos três era compatível. A busca por um doador para Pamela ultrapassou os limites de Pariconha e as divisas de Alagoas. A adolescente, que carrega no rosto a expressão de uma criança em busca do futuro, é mais uma na lista de espera por um doador de medula óssea. É

Larissa Fontes/Estagiária

Na instituição, voluntários ajudam crianças a esquecer um pouco a luta

mais uma brasileira a depender da solidariedade de outros brasileiros. Maria Aparecida Ferreira fez questão de dizer que a menina é uma criança normal, como outra qualquer. Pula, brinca,

canta, só não sabe ler. Há cinco anos vindo a Maceió com frequência a garota não conseguiu concluir nenhum ano letivo completo. "Agora é que ela está aprendendo a ler", completou a mãe.

A garota não gosta de falar no assunto. Logo no início da entrevista, ela saiu da sala da Apala. A mãe se apressou em explicar que a filha simplesmente não fala no assunto. "Ela só diz para mim que eu pare de chorar que ela não vai morrer. Quanto à doença, ela sabe que o que tem, sabe que faz quimioterapia, sabe que precisa de um transplante, mas simplesmente não toca no assunto. E eu respeito. Às vezes, não consigo me controlar e choro na sua frente mesmo. Não tem jeito. Sou mãe. E tenho uma responsabilidade maior se ela não tivesse sendo criada por mim talvez ela já estive morta", disse, chorando, já cabisbaixa. Em meio às lágrimas, a mãe de Pamela só conseguiu pedir que as pessoas pensem que o seu problema poderia ser de qualquer um. "Se as pessoas pensassem assim, a gente teria mais doadores de medula e

Infraestrutura precária para enchentes O medo revelado pelos antigos-novos habitantes das margens do Rio Mundaú faz sentido. Ainfraestrutura dos municípios sempre foi e ainda é precária para aguentar a variação do nível da água, que, independente de comportas abertas, muda com a estação chuvosa. As grandes cheias são contadas nos dedos pelos moradores, mas todos admitem que já passaram por alagamentos menores com muito mais frequência. As ameaças de enchente são agravadas pela condição psicológica da população, ainda fragilizada pela tragédia recente, que arrastou não só bens materiais, mas conhecidos e familiares dos ribeirinhos. Durante a última semana, diversos municípios passaram por uma desocupação de emergência provocada pelos próprios habitantes. Ao observar o aumento do nível da água, centenas de pessoas deixaram suas casas e ocuparam ginásios e escolas dos municípios, levando con-

Larissa Fontes/Estagiária

sigo os pertences mais valiosos e um medo ainda fresco de ter que reconstruir a vida. Em Santana do Mundaú, a escola que já teve seu ano letivo atrasado em quase um ano voltou a ser ocupada pelos moradores, entre eles o pessoal da Rua da Baixinha, que havia se mudado para o local há menos de um mês. “Está todo mundo desesperado”, anunciava na sexta-feira Nilo Miranda. Em União dos Palmares, um ginásio começou a ser ocupado, e a cabeceira da ponte que ainda estava sendo reconstruída precisou de uma operação de emergência para garantir que a água não prejudicasse a passagem. Retro-escavadeiras trabalharam durante todo o dia jogando pedras e terra no início e no fim da travessia, para conter a erosão do trecho. Rio Largo, Murici e Branquinha também foram tomados pelo pânico no decorrer das chuvas.

Vitória diz que muitos pacientes não conseguem resistir à espera

Apala ajuda portadores de leucemia

Seinfra tem a missão de fiscalizar Passados os seis primeiros meses após as enchentes e a repercussão do desastre na mídia, a comissão estadual que acompanhava a reconstrução dos municípios foi dissolvida. A partir daí, cada um dos secretários ficou responsável por sua área de atuação. Com a Seinfra, ficou a missão de acompanhar as obras dos 29 residenciais, em curso nos dezenove municípios atingidos e somando 17.600 casas, distribuídas entre diversas construtoras convidadas, já que os recursos deveriam ser empregados em regime de urgência e assim afastariam a necessidade de licitação. Segundo o secretário do órgão, Marco Fireman, a fiscalização dos prazos está sendo feita pela Caixa Econômica Federal (CEF), porque, de acordo com a Seinfra, os recursos da construção das casas seriam provenientes, em sua totalidade, do programa federal Minha Casa, Minha Vida, cuja gestão é feita pelo banco estatal. “A nós cabe a parte de cobrança, para dar celeridade às obras, o que estamos fazendo”, garantiu. “Os construções estão tomando o rumo, mas há dificuldades; falta pedreiro e engenheiro em Alagoas, material de construção. É um volume muito grande de obras”. O Estado foi o responsável, junto com uma comissão formada pelos municípios, governo federal, Eletrobras, Casal e Instituto do Meio Ambiente (IMA) – além da consultoria das construtoras – pela escolha dos terrenos e a devida desapropriação das áreas. Respondendo ao argumento das empresas de que houve demora na liberação da terra para iniciar as construções, feitas pelos engenheiros que trabalham em Santana do Mundaú e Murici, o secretário é direto: “Em duas áreas de União isso realmente

ocorreu. Nos demais casos eles estão faltando com a verdade”. Ele argumentou que Murici foi o município onde as obras começaram mais cedo. Em relação à Santana, Fireman revela que a construtora já foi notificada pela sua lentidão em conduzir a construção. Questionado sobre o critério para a escolha do terreno, ele garantiu que não houve decisão política no caso: “Não é porque o Fernando Toledo é presidente da Assembleia. Eu sobrevoei a área há três meses como o vice-governador, e constatamos que realmente não havia outro local. Outros terrenos não comportavam a quantidade de casas ou eram mal localizados”, explicou, alegando ainda que a família não queria vender a terra. Sobre as limitações apontadas pelos moradores, Marco Fireman defende que o Estado não pode bancar a totalidade do acidente. “Ao comércio não cabe ter subsídio, e quem tem melhores condições financeiras pode reconstruir a vida”. Ele também ressaltou o papel das gestões municipais em reconstruir as cidades e impedir que os moradores voltem para as áreas de risco. Quanto ao tamanho e valor das casas, ele revelou que tudo é padronizado pela Caixa Econômica Federal. O prefeito de Santana do Mundaú, Marcelo de Souza, reclamou do “abandono” do município pelos governos estadual e federal. “Nós só recebemos R$800 mil, que gastamos em psicólogos, assistentes sociais, engenheiros, máquinas para limpar os escombros, cestas básicas, recuperação de praças, ruas e outros”, descreve. Ele atribui a morosidade das obras à escolha do Estado de intermediar o repasse de recursos entre União e município ”.

menos pessoas sofrendo. Outro alagoano que está na fila de espera aguardando um doador é Luis Kennedy, 25 anos. Há um ano o rapaz, que trabalhava como ajudante de motorista de caminhão, começou a sentir-se mal. "Tinha tontura, sentia meu estômago cheio mesmo quando não tinha comido ainda, vivia cansado, com fraqueza, tinha sono sempre e estava muito pálido" recordou. Casado e sem filho, o rapaz procurou uma médica que logo foi-lhe preparando para um possível diagnóstico de leucemia. "Quando soube que estava realmente com a doença já estava meio acostumado a ela. Não tive tanta surpresa assim. Estou na Apala há dois meses. Aqui é muito bom. Tem assistente social, psicóloga e tudo que a gente precisa para se sentir um pouco melhor quando está com essa doença".

Yvette Moura

Moradora mostra os pertences que sobraram guardados em sacolas plásticas

Câncer mais comum na infância A leucemia é o câncer mais comum na infância. As leucemias têm origem na medula óssea, o tutano dos ossos, onde é normalmente produzido o sangue. Manifesta-se com dor nos ossos ou nas articulações, palidez, manchas roxas, sangramentos, febre, abatimento, etc. A leucemia é diagnosticada através do mielograma, exame do sangue de dentro do osso. Existem vários tipos de leucemia: leucemia linfóide aguda (LLA), leucemia mielóide aguda (LMA), leucemia mielóide crônica (LMA) e leucemia linfóide crônica (LLC - só existe em adultos). Além da medula óssea, as leucemias podem também acometer os testículos, fazendo com que fiquem mais duros e o líquor, líquido da espinha, provocando dores de cabeça e vômitos. As leucemias podem ter índices de cura de até 80% quando tratadas com quimioterapia. Em alguns casos, pode-se indicar também radioterapia e transplante de medula. Apesar de toda a força de vontade dos pacientes de

leucemia e do trabalho da Apala, os portadores desse tipo de câncer esbarram na baixa quantidade de transplantes de medula óssea realizado no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), em cinco anos, o cadastro de doadores de medula óssea cresceu mais de 500%, no país, mas os transplantes realizados com medulas doadas pelo sistema público de saúde não cresceram nem 15%. A Abrale diz que o principal problema não é conseguir doador. O Brasil tem o terceiro maior banco de medula do mundo, com dois milhões de cadastrados, perdendo só para Estados Unidos e a Alemanha. Amaior dificuldade, conforme a Abrale, é conseguir leito para o transplante e fazer o acompanhamento dos doadores. Quando os dados dos doadores não são atualizados, eles não são localizados na hora em que surge um receptor. A cada ano, surgem 50 mil casos de câncer de sangue no país, causando 15 mil mortes.

A EQUIPE DA APALA LISTOU ALGUNS SINTOMAS COMUNS AOS CASOS DE CÂNCER: Febre que não resolve; Muitos hematomas, manchas roxas, em lugares em que geralmente não aparecem, sem a criança ter batido; Dores nas pernas que fazem a criança não querer andar; Anemia muito acentuada; Adenomegalias, aumento dos gânglios (ínguas), que vão crescendo, com ou sem dor no local; Dor e inchaço nas articulações (juntas); Todas as dores que não vão embora, que fazem a criança parar de brincar ou acordar à noite; Cefaléia, dor de cabeça, que acontece com muita freqüência, principalmente se for de manhã ou acompanhada de vômitos; Perda do equilíbrio; Dor que não passa em uma perna ou um braço, com ou sem inchaço e vermelhidão; Inchaço na barriga que vai aumentando sozinho; Tumor, "bola" que se palpa na barriga, com ou sem dor; Reflexo branco na pupila ("menina do olho") quando é tirada fotografia com flash; Sangue na urina; Pressão alta; Aumento do escroto ou endurecimento de um dos testículos.

AApala, Associação dos Pais e Amigos das Crianças e Adolescentes com câncer, é uma entidade sem fins lucrativos mantida exclusivamente por doações e pela ajuda de voluntários. A instituição atende a crianças com qualquer tipo de câncer e a adultos com leucemia. A instituição tem utilidade pública municipal, estadual e federal e foi fundada no dia 10 de março de 1993. A vice-presidente da instituição, Maria Vitória Tenório, lembrou que a leucemia é o tipo de câncer mais comum entre as crianças, corresponde a 60% dos casos. Ela explicou que, assim como em outros tipos de câncer, quanto mais cedo for diagnosticado melhor. Quem tem interesse em ser voluntário, não precisa necessariamente ir à Apala. "Quem quiser ajudar pode doar alimentos não perecíveis e roupas em bom estado de conservação ou ainda ser um agente multiplicador das campanhas em andamento. Enfim, basta colocar em prática a solidariedade", explicou. Para conseguir renda, a Apala tem um bazar. Os objetos doados ao bazar devem estar em bom estado de conservação. A renda obtida com os produtos vendidos é direcionada ao setor de serviço social para a aquisição de medicamentos para os pacientes. Existe também a modalidade de sócio-contribuinte onde a pessoa contribui mensalmente com uma quantia financeira a critério do sócio. A instituição mantém um cronograma de datas para arrecadação. O espaço para a solidariedade também é aberto a qualquer empresa que queira contribuir com a Apala. A vice-presidente da Apala lembrou que uma grande parte das pessoas assistidas é do interior do Estado e são pessoas de baixa renda. A instituição faz a triagem das famílias mais carentes para entrega de cestas básicas. O setor de Psicologia da Apala tem como missão realizar atendimento psicólógico indi-

vidual e em grupo, na condição de gratuidade aos assistidos, acompanhantes, familiares, profissionais e voluntários, colaborando para a compreensão dos processos intra e interpessoais, através de uma visão interdisciplinar e humanizada. O setor de serviço social contribui para que o usuário tenha um tratamento digno e humano, dando condições para que ele e a família, mesmo numa relação contraditória de sentimentos de medo e rejeição à doença, possam desenvolver o seu potencial humano de exercício da cidadania na busca do direito à saúde e assistência integral. O setor de pediatria é preparado para atender as intercorrências provenientes dos efeitos colaterais do processo de quimioterapia. Além disso, orientar acompanhantes e pacientes sobre a doença tirando as dúvidas e desmistificando mitos. Há ainda o gabinete odontológico criado com o objetivo de realizar tratamento dentário a nível preventivo e curativo junto aos pacientes e acompanhantes. Maria Vitória Tenório afirmou que uma das maiores dificuldades dos pacientes era o tratamento ambulatorial, pois a maioria dos pacientes é proveniente do interior do Estado onde não existem serviços especializados em onco-hematologia. "Por isso foi criada a Casa de Apoio para hospedar os pacientes e seus acompanhantes durante o tratamento". Atualmente, a Apala está com cerca de 380 pacientes. A vice-presidente Maria Vitória Tenório disse que, ao longo dos anos, a Apala já teve algumas perdas de pessoas que não conseguiram resistir à leucemia ou encontrar um doador a tempo. "Mas vivemos do sorriso das pessoas que nos procuram. Nos apegamos às crianças e aos adultos que nos procuram e conhecemos de perto cada uma das histórias que passa pela Apala". Quem quiser entrar em contato com a Apala pode ligar para 2122-9400.


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Cidades A14

Margens do rio ainda desocupadas Dos municípios atingidos no Vale do Mundaú, apenas Branquinha permaneceu com parte das margens do rio desocupadas, embora a situação seja diferente em áreas periféricas. Na parte central da cidade, o local onde o expresidente Luís Inácio Lula da Silva foi fotografado observando a destruição provocada pela cheia, ano passado, está tomada por uma vegetação rasteira, entrecortada por pedaços de piso ou fundações aparentes. A região, que guarda a memória de tristeza e desespero, ganhou nova vida com a instalação de uma quadra de areia para a prática de esportes como o vôlei, onde se via um grupo de jovens despreocupados se divertindo na última terça-feira, contrastando com os escombros ainda aparentes. Mais à frente, tinha início a área que fora reconstruída, mais distante do rio, mas ainda sob sua ameaça. A ponte, outrora parcialmente destruída pela enxurrada, e os trilhos, retorcidos como num loop de montanha russa, foram recuperados. A lembrança de uma ci-

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dade caótica, registrada na retina ano passado, tem sustentação em alguns pontos que hoje ainda estão de pé, recuperados, como uma igreja que serviu de sede para distribuição de cestas básicas e outros mantimentos. Uma das únicas construções a permanecer de pé, hoje o templo religioso ganhou pintura nova e reabriu as portas para sua função original. Outras estruturas ainda conservam um pedaço do cenário de destruição, como a lembrar os moradores das consequências da ocupação histórica e desordenada das margens de rios. É um caso de um ponto comercial irreconhecível, localizado em uma das esquinas, que, embora mais limpo que antes, continua com suas paredes e teto em pedaços, e uma inscrição à tinta, também presente desde 2010: “Sejam bem-vindos”. À época, no entanto, uma das notícias de maior destaque na imprensa fora a declaração de que Branquinha seria reconstruída em novo local, fora do alcance de novas enchentes. Passado 10 meses, o projeto ainda não saiu do papel.

Yvette Moura

Leucemia mata 15 mil pessoas por ano Falta de doadores de médula óssea ainda é o maior problema na luta dos pacientes contra a doença Valdete Calheiros Repórter

Na área central da cidade de Branquinha, Vale do Mundaú, a praça está sendo reurbanizada na tentativa de ir retomando a paisagem normal

A menina Pamela, filha da dona de casa Maria Aparecida Ferreira, tem 12 anos e há cinco luta para vencer a guerra contra a leucemia. Mãe e filha são naturais de Pariconha e passam pelo menos três dos sete dias da semana em tratamento em Maceió, na sede da Associação dos Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas (Apala). No local, as duas encontram estrutura logística para realizar o tratamento, remédios, hospedagem, alimentação, conforto, apoio para continuar a busca por um doador de medula óssea, espaço lúdico para Pamela tentar recuperar parte da infância perdida pelo tempo dedicado ao tratamento da doença e muito, muito carinho e amor dos voluntários que fazem da Apala, uma instituição de amor.

A dona de casa Maria Aparecida Ferreira lembrou que conheceu a instituição logo no início da descoberta da doença. Desde então, passam no local "os dias mais felizes" da família formada apenas por elas duas. Pamela é filha adotiva. Quando o diagnóstico da doença foi confirmado, a mãe, guerreira, revirou Pariconha de canto a canto para achar os irmãos naturais da filha. Conseguiu achálos. Os três meninos fizeram o teste de compatibilidade sanguínea. A decepção veio logo em seguida. Nenhum dos três era compatível. A busca por um doador para Pamela ultrapassou os limites de Pariconha e as divisas de Alagoas. A adolescente, que carrega no rosto a expressão de uma criança em busca do futuro, é mais uma na lista de espera por um doador de medula óssea. É

Larissa Fontes/Estagiária

Na instituição, voluntários ajudam crianças a esquecer um pouco a luta

mais uma brasileira a depender da solidariedade de outros brasileiros. Maria Aparecida Ferreira fez questão de dizer que a menina é uma criança normal, como outra qualquer. Pula, brinca,

canta, só não sabe ler. Há cinco anos vindo a Maceió com frequência a garota não conseguiu concluir nenhum ano letivo completo. "Agora é que ela está aprendendo a ler", completou a mãe.

A garota não gosta de falar no assunto. Logo no início da entrevista, ela saiu da sala da Apala. A mãe se apressou em explicar que a filha simplesmente não fala no assunto. "Ela só diz para mim que eu pare de chorar que ela não vai morrer. Quanto à doença, ela sabe que o que tem, sabe que faz quimioterapia, sabe que precisa de um transplante, mas simplesmente não toca no assunto. E eu respeito. Às vezes, não consigo me controlar e choro na sua frente mesmo. Não tem jeito. Sou mãe. E tenho uma responsabilidade maior se ela não tivesse sendo criada por mim talvez ela já estive morta", disse, chorando, já cabisbaixa. Em meio às lágrimas, a mãe de Pamela só conseguiu pedir que as pessoas pensem que o seu problema poderia ser de qualquer um. "Se as pessoas pensassem assim, a gente teria mais doadores de medula e

Infraestrutura precária para enchentes O medo revelado pelos antigos-novos habitantes das margens do Rio Mundaú faz sentido. Ainfraestrutura dos municípios sempre foi e ainda é precária para aguentar a variação do nível da água, que, independente de comportas abertas, muda com a estação chuvosa. As grandes cheias são contadas nos dedos pelos moradores, mas todos admitem que já passaram por alagamentos menores com muito mais frequência. As ameaças de enchente são agravadas pela condição psicológica da população, ainda fragilizada pela tragédia recente, que arrastou não só bens materiais, mas conhecidos e familiares dos ribeirinhos. Durante a última semana, diversos municípios passaram por uma desocupação de emergência provocada pelos próprios habitantes. Ao observar o aumento do nível da água, centenas de pessoas deixaram suas casas e ocuparam ginásios e escolas dos municípios, levando con-

Larissa Fontes/Estagiária

sigo os pertences mais valiosos e um medo ainda fresco de ter que reconstruir a vida. Em Santana do Mundaú, a escola que já teve seu ano letivo atrasado em quase um ano voltou a ser ocupada pelos moradores, entre eles o pessoal da Rua da Baixinha, que havia se mudado para o local há menos de um mês. “Está todo mundo desesperado”, anunciava na sexta-feira Nilo Miranda. Em União dos Palmares, um ginásio começou a ser ocupado, e a cabeceira da ponte que ainda estava sendo reconstruída precisou de uma operação de emergência para garantir que a água não prejudicasse a passagem. Retro-escavadeiras trabalharam durante todo o dia jogando pedras e terra no início e no fim da travessia, para conter a erosão do trecho. Rio Largo, Murici e Branquinha também foram tomados pelo pânico no decorrer das chuvas.

Vitória diz que muitos pacientes não conseguem resistir à espera

Apala ajuda portadores de leucemia

Seinfra tem a missão de fiscalizar Passados os seis primeiros meses após as enchentes e a repercussão do desastre na mídia, a comissão estadual que acompanhava a reconstrução dos municípios foi dissolvida. A partir daí, cada um dos secretários ficou responsável por sua área de atuação. Com a Seinfra, ficou a missão de acompanhar as obras dos 29 residenciais, em curso nos dezenove municípios atingidos e somando 17.600 casas, distribuídas entre diversas construtoras convidadas, já que os recursos deveriam ser empregados em regime de urgência e assim afastariam a necessidade de licitação. Segundo o secretário do órgão, Marco Fireman, a fiscalização dos prazos está sendo feita pela Caixa Econômica Federal (CEF), porque, de acordo com a Seinfra, os recursos da construção das casas seriam provenientes, em sua totalidade, do programa federal Minha Casa, Minha Vida, cuja gestão é feita pelo banco estatal. “A nós cabe a parte de cobrança, para dar celeridade às obras, o que estamos fazendo”, garantiu. “Os construções estão tomando o rumo, mas há dificuldades; falta pedreiro e engenheiro em Alagoas, material de construção. É um volume muito grande de obras”. O Estado foi o responsável, junto com uma comissão formada pelos municípios, governo federal, Eletrobras, Casal e Instituto do Meio Ambiente (IMA) – além da consultoria das construtoras – pela escolha dos terrenos e a devida desapropriação das áreas. Respondendo ao argumento das empresas de que houve demora na liberação da terra para iniciar as construções, feitas pelos engenheiros que trabalham em Santana do Mundaú e Murici, o secretário é direto: “Em duas áreas de União isso realmente

ocorreu. Nos demais casos eles estão faltando com a verdade”. Ele argumentou que Murici foi o município onde as obras começaram mais cedo. Em relação à Santana, Fireman revela que a construtora já foi notificada pela sua lentidão em conduzir a construção. Questionado sobre o critério para a escolha do terreno, ele garantiu que não houve decisão política no caso: “Não é porque o Fernando Toledo é presidente da Assembleia. Eu sobrevoei a área há três meses como o vice-governador, e constatamos que realmente não havia outro local. Outros terrenos não comportavam a quantidade de casas ou eram mal localizados”, explicou, alegando ainda que a família não queria vender a terra. Sobre as limitações apontadas pelos moradores, Marco Fireman defende que o Estado não pode bancar a totalidade do acidente. “Ao comércio não cabe ter subsídio, e quem tem melhores condições financeiras pode reconstruir a vida”. Ele também ressaltou o papel das gestões municipais em reconstruir as cidades e impedir que os moradores voltem para as áreas de risco. Quanto ao tamanho e valor das casas, ele revelou que tudo é padronizado pela Caixa Econômica Federal. O prefeito de Santana do Mundaú, Marcelo de Souza, reclamou do “abandono” do município pelos governos estadual e federal. “Nós só recebemos R$800 mil, que gastamos em psicólogos, assistentes sociais, engenheiros, máquinas para limpar os escombros, cestas básicas, recuperação de praças, ruas e outros”, descreve. Ele atribui a morosidade das obras à escolha do Estado de intermediar o repasse de recursos entre União e município ”.

menos pessoas sofrendo. Outro alagoano que está na fila de espera aguardando um doador é Luis Kennedy, 25 anos. Há um ano o rapaz, que trabalhava como ajudante de motorista de caminhão, começou a sentir-se mal. "Tinha tontura, sentia meu estômago cheio mesmo quando não tinha comido ainda, vivia cansado, com fraqueza, tinha sono sempre e estava muito pálido" recordou. Casado e sem filho, o rapaz procurou uma médica que logo foi-lhe preparando para um possível diagnóstico de leucemia. "Quando soube que estava realmente com a doença já estava meio acostumado a ela. Não tive tanta surpresa assim. Estou na Apala há dois meses. Aqui é muito bom. Tem assistente social, psicóloga e tudo que a gente precisa para se sentir um pouco melhor quando está com essa doença".

Yvette Moura

Moradora mostra os pertences que sobraram guardados em sacolas plásticas

Câncer mais comum na infância A leucemia é o câncer mais comum na infância. As leucemias têm origem na medula óssea, o tutano dos ossos, onde é normalmente produzido o sangue. Manifesta-se com dor nos ossos ou nas articulações, palidez, manchas roxas, sangramentos, febre, abatimento, etc. A leucemia é diagnosticada através do mielograma, exame do sangue de dentro do osso. Existem vários tipos de leucemia: leucemia linfóide aguda (LLA), leucemia mielóide aguda (LMA), leucemia mielóide crônica (LMA) e leucemia linfóide crônica (LLC - só existe em adultos). Além da medula óssea, as leucemias podem também acometer os testículos, fazendo com que fiquem mais duros e o líquor, líquido da espinha, provocando dores de cabeça e vômitos. As leucemias podem ter índices de cura de até 80% quando tratadas com quimioterapia. Em alguns casos, pode-se indicar também radioterapia e transplante de medula. Apesar de toda a força de vontade dos pacientes de

leucemia e do trabalho da Apala, os portadores desse tipo de câncer esbarram na baixa quantidade de transplantes de medula óssea realizado no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), em cinco anos, o cadastro de doadores de medula óssea cresceu mais de 500%, no país, mas os transplantes realizados com medulas doadas pelo sistema público de saúde não cresceram nem 15%. A Abrale diz que o principal problema não é conseguir doador. O Brasil tem o terceiro maior banco de medula do mundo, com dois milhões de cadastrados, perdendo só para Estados Unidos e a Alemanha. Amaior dificuldade, conforme a Abrale, é conseguir leito para o transplante e fazer o acompanhamento dos doadores. Quando os dados dos doadores não são atualizados, eles não são localizados na hora em que surge um receptor. A cada ano, surgem 50 mil casos de câncer de sangue no país, causando 15 mil mortes.

A EQUIPE DA APALA LISTOU ALGUNS SINTOMAS COMUNS AOS CASOS DE CÂNCER: Febre que não resolve; Muitos hematomas, manchas roxas, em lugares em que geralmente não aparecem, sem a criança ter batido; Dores nas pernas que fazem a criança não querer andar; Anemia muito acentuada; Adenomegalias, aumento dos gânglios (ínguas), que vão crescendo, com ou sem dor no local; Dor e inchaço nas articulações (juntas); Todas as dores que não vão embora, que fazem a criança parar de brincar ou acordar à noite; Cefaléia, dor de cabeça, que acontece com muita freqüência, principalmente se for de manhã ou acompanhada de vômitos; Perda do equilíbrio; Dor que não passa em uma perna ou um braço, com ou sem inchaço e vermelhidão; Inchaço na barriga que vai aumentando sozinho; Tumor, "bola" que se palpa na barriga, com ou sem dor; Reflexo branco na pupila ("menina do olho") quando é tirada fotografia com flash; Sangue na urina; Pressão alta; Aumento do escroto ou endurecimento de um dos testículos.

AApala, Associação dos Pais e Amigos das Crianças e Adolescentes com câncer, é uma entidade sem fins lucrativos mantida exclusivamente por doações e pela ajuda de voluntários. A instituição atende a crianças com qualquer tipo de câncer e a adultos com leucemia. A instituição tem utilidade pública municipal, estadual e federal e foi fundada no dia 10 de março de 1993. A vice-presidente da instituição, Maria Vitória Tenório, lembrou que a leucemia é o tipo de câncer mais comum entre as crianças, corresponde a 60% dos casos. Ela explicou que, assim como em outros tipos de câncer, quanto mais cedo for diagnosticado melhor. Quem tem interesse em ser voluntário, não precisa necessariamente ir à Apala. "Quem quiser ajudar pode doar alimentos não perecíveis e roupas em bom estado de conservação ou ainda ser um agente multiplicador das campanhas em andamento. Enfim, basta colocar em prática a solidariedade", explicou. Para conseguir renda, a Apala tem um bazar. Os objetos doados ao bazar devem estar em bom estado de conservação. A renda obtida com os produtos vendidos é direcionada ao setor de serviço social para a aquisição de medicamentos para os pacientes. Existe também a modalidade de sócio-contribuinte onde a pessoa contribui mensalmente com uma quantia financeira a critério do sócio. A instituição mantém um cronograma de datas para arrecadação. O espaço para a solidariedade também é aberto a qualquer empresa que queira contribuir com a Apala. A vice-presidente da Apala lembrou que uma grande parte das pessoas assistidas é do interior do Estado e são pessoas de baixa renda. A instituição faz a triagem das famílias mais carentes para entrega de cestas básicas. O setor de Psicologia da Apala tem como missão realizar atendimento psicólógico indi-

vidual e em grupo, na condição de gratuidade aos assistidos, acompanhantes, familiares, profissionais e voluntários, colaborando para a compreensão dos processos intra e interpessoais, através de uma visão interdisciplinar e humanizada. O setor de serviço social contribui para que o usuário tenha um tratamento digno e humano, dando condições para que ele e a família, mesmo numa relação contraditória de sentimentos de medo e rejeição à doença, possam desenvolver o seu potencial humano de exercício da cidadania na busca do direito à saúde e assistência integral. O setor de pediatria é preparado para atender as intercorrências provenientes dos efeitos colaterais do processo de quimioterapia. Além disso, orientar acompanhantes e pacientes sobre a doença tirando as dúvidas e desmistificando mitos. Há ainda o gabinete odontológico criado com o objetivo de realizar tratamento dentário a nível preventivo e curativo junto aos pacientes e acompanhantes. Maria Vitória Tenório afirmou que uma das maiores dificuldades dos pacientes era o tratamento ambulatorial, pois a maioria dos pacientes é proveniente do interior do Estado onde não existem serviços especializados em onco-hematologia. "Por isso foi criada a Casa de Apoio para hospedar os pacientes e seus acompanhantes durante o tratamento". Atualmente, a Apala está com cerca de 380 pacientes. A vice-presidente Maria Vitória Tenório disse que, ao longo dos anos, a Apala já teve algumas perdas de pessoas que não conseguiram resistir à leucemia ou encontrar um doador a tempo. "Mas vivemos do sorriso das pessoas que nos procuram. Nos apegamos às crianças e aos adultos que nos procuram e conhecemos de perto cada uma das histórias que passa pela Apala". Quem quiser entrar em contato com a Apala pode ligar para 2122-9400.


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Jornal do Povo é a nova atração do rádio Jornalista Marcos Rodrigues estreará amanhã programa jornalístico nas manhãs da Rádio O Jornal Alexandre H. Lino Repórter

“O diferencial é a informação”. É desse jeito que o jornalista Marcos Rodrigues assume a partir desta segunda-feira o Programa Jornal do Povo, na Rádio Jornal AM 710. Apaixonado pelo rádio, ele passa a responder por um dos microfones de maior audiência do rádio alagoano, e já chega propondo a criação de um novo modelo, onde a combina-

ção de informação, bom humor e interatividade pretende aproximar ainda mais o ouvinte da nova programação, que será das 7h às 12h, de segunda à sábado. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas, Marcos Rodrigues é uma das referências da profissão quando o assunto é o rádio, é tanto, que foi professor de disciplinas ligadas ao meio, tanto na Ufal, quanto no Cesmac. Sem contar, seu trabalho como repórter. Foi ele

um dos idealizadores da Rádio Universitária FM, que no final dos anos 90 liderou picos de audiência em Maceió pela forma ousada e diferenciada como trabalhava a informação. “Fiz um caminho diferente, comecei a ensinar, na teoria, para estar no rádio, na prática”, analisou. Para agregar valor ao novo programa, Marcos Rodrigues já chega propondo uma nova fórmula. Sempre fiel ao discurso de que o rádio é o veículo de co-

municação de massa mais ágil, o jornalista acredita que ele pode ser também o mais presente na vida das pessoas. “Chegaremos focando no crescimento. Temos muitos e excelentes ouvintes, agora precisamos criar uma nova geração”, analisou, prometendo a criação de um espaço especial para a formação de novos ouvintes do rádio AM. “Vamos estar nas escolas e universidades, abrindo os nossos microfones, e mostrando para todas

as pessoas que elas podem ser ouvidas”, afirmou, demonstrando muita expectativa em começar na AM 710. “O jornalismo é transformador, o rádio pode ser muito mais. Sempre digo que estamos em um novo momento da sociedade. Não basta ter voz, como era antigamente, tem que saber falar, tem que ter conteúdo, e informação de qualidade”, analisou. Outro ponto que promete mudar o jeito como o rádio é feito em Alagoas, é a proposta da

cobertura especializada e segmentada na periferia de Maceió. “Vamos entrar nas grotas. Vamos chegar na Vila Brejal e mostrar os problemas, mas fazer diferente, porque isso todo mundo faz. Vamos mostrar também que na Brejal tem gente boa, que produz arte, conhecimento e que quer apenas um bom lugar para ser feliz”, disse, lembrando do antigo Rap da Felicidade, um dos hits utilizados em seu programa.

Marco Antônio

O rádio é muito mais emoção

O jornalista Marcos Rodrigues agora passa a comandar uma das maiores audiências do rádio AM no Estado

Marcos Rodrigues lembra sou o microfone e comecei a enque cresceu ouvindo o rádio trevistar os meus colegas. Assim por influência dos pais. “Era co- que terminou, ele disse que eu mum na minha casa todo mun- levava jeito e me convidou para do ficar acompanhando o rádio, um estágio na Difusora”, afirlogo cedinho, na hora, em que mou. estava me arrumando para ir a No meio do bate-papo, o jorescola já ficava sabendo o que nalista lembrou uma de suas aconteceu de madrugada e o frases preferidas e que estava previsto para que explica bem o aquele dia”, rememomomento em que ele rou, reforçando a inestá vivendo profisfluência do radialista sionalmente. Citando Jornalista Edécio Lopes em sua o ator e poeta Antonio afirma que formação. “Acordava Abujamra, ela quis sipretende escutando o ‘Manhãs tuar o leitor em sua brasileiras’”, contou. trajetória de vida proalinhar as Outro episódio fissional, iniciada no novas que marcou a história movimento estudantecnologias til e que com o passar de vida do jornalista foi a entrevista feita do tempo foi amaduao rádio pelo falecido Álvaro recendo e se consoliTojal, na cobertura do dando. “Mude, mas vestibular. Os candimude devagar, pordatos não queriam faque mais importante que a lar e o único que foi velocidade é a direção”. entrevistado foi o ainda estuLigado nas novas tendêndante Marcos Rodrigues, que cias, o jornalista afirmou que já tinha participado de uma rá- pretende alinhar novas tecnolodio livre na antiga Escola Téc- gias e as redes sociais com o nica. “Eu estava lá, ele me pas- rádio. Ele também prometeu

fazer um rádio com muito informação política, sem fazer politicagem ou interferir na liberdade de expressão. “Vamos apresentar soluções, sair daquele cenário e daquele modelo de ficar analisando conjunturas, sem apontar um caminho para soluções de fato e de direito”, disse. O Jornal do Povo promete levar aos estúdios técnicos de órgãos públicos que possam tirar dúvidas da população, bem como facilitar a troca de informações. O objetivo é fazer com que o programa traga histórias que marquem e mudem a vida das pessoas. Marcos Rodrigues lembrou de um episódio do ano passado, onde uma adolescente que sofre de síndrome do pânico saiu andando sem rumo pela rua após uma crise. A família procurou a Rádio Jornal e imediatamente a garota foi localizada. “Ela estava na Fernandes Lima e saiu sem rumo. Com a nossa audiência, assim que informamos a encontramos em Flexeiras”, relembrou. (A.H.L.)

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Domingo, 8 de maio de 2011 | www.ojornalweb.com | e-mail: cidade@ojornal-al.com.br Fotos Nide Lins

Jonatas Moreira, que trilhou o mesmo caminho de sua mãe, Vera, é o mais novo chef de cozinha em Alagoas

Diversão: Claudia Mortimere e o filho Vitor cozinham nos bastidores para os amigos e família

Cozinha de mãe para filho Homens seguem os exemplos das matriacas e aprendem a preparar receitas das mais simples até as gourmets Nide Lins Repórter

A alagoana Dona Moçinha, 88 anos, dona de casa, a baiana Vera Moreira, 45 anos, chef de cozinha do Akuaba e a mineira Cláudia Mortimer, 45 anos proprietária do Divina Gula. Todas são mães zelosas, carinhosas e batalhadoras, mas elas têm algo mais em comum, a paixão dos filhos pela gastronomia. Contrariando a regra de que lugar de mulher é na cozinha, os homens pilotam muito bem os fogões, para orgulho das mães. E haja orgulho, a baiana Vera Moreira, é a tipica mãe coruja. Quando perguntada sobre o que ela mais gosta do que o filho, o chef de cozinha Jonatas, faz bem na cozinha, ela logo responde com toda convicção - "Tudo que Jonatas faz é uma delicia", afirma a

baiana com sorriso bem franco. Jonatas até pensou em ser doutor, administrador e jornalista, mas foi nas caçaloras da mãe Vera que ele encontrou a profissão: chef de cozinha. Ele começou fazendo almoço para irmã, depois para os clientes no restaurante, e o resultado final formou-se como chef de cozinha na França, o berço da gastronomia. Foram 4 anos de estudos na badalada faculdade francesa "Institut Paul Bocuse", depois Jonatas retornou para Alagoas mais criativo, ganhou conhecimento e novas técnicas na gastronomia, mas não abriu mão do regionalismo, apenas deu uma nova roupagem às receitas. Atualmente o chef dá aulas de culinária no restaurante e o seu público são 100% mulhe-

res e mães que buscam aprender novas técnicas. HISTÓRIA - Todo dia de domingo Vera deixava dinheiro para Jonatas comprar comida nas barracas de praia de Guaxuma. Mas a geladeira sempre cheia de frutos do mar atiçou Jonatas, que pelo telefone perguntou a mãe como fazia o arroz de polvo. "Ensinei pelo telefone, quando cheguei em casa, Jonatas guardou o arroz de polvo para eu e meu marido Osvaldo provar. Ele só tinha 12 aos", lembra Vera. O arroz de polvo foi seu primeiro prato profissionalmente. "Gosto de tudo que minha mãe faz. Com ela aprendi a cozinhar em especial as comidas baianas, como o arroz de polvo, as moquecas. Sou fã da minha mãe", diz Jonatas.

A família baiana de Vera Moreira gosta da comida de panela e nada de comidas de micro-ondas. "Criei meus filhos com muito suco, feijão, arroz, peixes, frangos, carnes nada de comidas de caixinhas prontas. Quando eles eram pequenos colocava o arroz, o feijão e carne bem pequena e saia correndo pela casa para eles comerem", diz Vera que é avessa ao microondas. O estudo de Jonatas na França, para Vera, era uma eterna saudade e muitas lágrimas, mas quando o filho retornava para Alagoas caprichava nas comidas, como o famoso bife de Vera. "Quando ele chegou pela primeira vez da França fez um frango ao molho de cogumelos com cuscuz marroquino, nunca esqueci o sabor", relata Vera.

Cléo e sua mãe, dona Mocinha, a dama da gastronomia alagoana

Profissão certa: chef de cozinha

Os mandamentos de dona Mocinha

Não é novidade que o mineiro chef de cozinha, André Generoso é um dos grandes talentos da gastronomia em Alagoas. Mas poucos sabem que sua mulher, Cláudia Mortimer também sabe comandar bem as panelas, ou seja, é chef, embora com exclusividade para familia e amigos. Para o André Generoso, cozinhar todo dia é prazeroso, e é também seu negócio, mas na segunda-feira, dia de folga do restaurante, dia de lazer com a família e amigos que sempre se reúnem ao redor da mesa para jogar conversar fora. E neste dia sagrado Claudia e seu filho Vitor, 16 anos vão para a cozinha, e André fica só esperando o "bem bom". "Nasci dentro do restaurante, e sempre gostei de ajudar na cozinha", diz Vitor que vai aperfeiçoar o inglês no exterior e aproveitar para também fazer curso de culinária. E sobre o futuro Vitor não tem dúvida sua faculdade será de gastronomia. As primeiras experiências gastronômicas foram as pizzas. "Faço para os amigos, e gosto de massa fina", diz Vitor, que é super timido, mas na cozinha ele já saca tudo. No restaurante já tem prato criado pelo Vitor, o camarão vitrola. O pai André Generoso foi quem inspirou o filho, mas Claudia também tem participação, tanto que ensinou ao Vitor algumas receitas da comida peruana e francesa. Com a mãe, Vitor aprendeu a receita do ovo poche (com gema mole), uma das iguarias bem apreciada na Europa. Para dar mais sabor, a dica de Claudia é usar ovo de capoeira, porque a gema

Maria José é dona Mocinha, que aos 88 anos, faz jus ao seu apelido, tem a alma e a alegria de uma menina. Mãe de oito filhos, ele nunca entrou numa maternidade e teve todos de parto natural com ajuda de uma parteira. Dos oito, sete estão vivos e ela criou os filhos com o apoio do marido. Nunca teve babá, apenas uma lavadeira para roupas pesadas e só aprendeu a cozinhar depois de casada. "Era filha única e minha mãe não queria me ver na cozinha, mas depois de casada ela ensinou tudo", lembra, dona Mocinha que encontrou na gastronomia uma maneira de expressar amor pelo marido e filhos. Sem a indústria de comida congelada, dona Mocinha foi alimentada pela mãe com os bolinhos de feijão, arroz, farinha e carne. "Com oito filhos era difícil ter tempo de fazer os bolinhos, mas colocava a comida no prato e eles comiam", diz dona Mocinha que é especialista nas comidas de frutas do mar, que não dispensa uma boa farinha de mercado. Dos seu oito filhos, apenas uma morreu, e dois herdaram o seu dom na cozinha, Cleonilza e Cleonilson. "Eles cozinham bem. O Cléo é muito bom, mas ele só aprendeu a fazer comida quando foi estudar na Paraíba, e toda vez que voltava para casa eu dava as dicas", diz dona Mocinha, que apesar de não cozinhar mais, o veredicto final é sempre dela principalmente quando a família está reunida dona Mocinha prova tudo para ver se o tempero está na medida certa. Cleonilson Alves, Cléo como é conhecido é economista e já foi um dos donos do extinto bar Casa Blanca e um dos seus entretenimentos é cozinhar para os amigos, e as

é vermelha e saborosa. Para dar o requinte ao produto mais popular na mesa dos brasileiros, mãe e filho apostaram na manteiga trufada para regar o ovo e umas pitadas de flor de sal (sal refinado). O acompanhamento aspargos, quiabo e torrada de pão. Outra receita que Claudia ensinou ao Vitor são os tiraditos e do chevibe, ambas comidas peruanas, a base de peixes ou frutos do mar curtido no milhão e apimentado. "Não sigo a receita tradicional, aprendi a fazer com minhas irmãs que moram no Peru. Como é uma comida leve adoro fazer em casa e ensinei ao Vitor". TECNOLÓGICO - Para fazer as iguarias peruanas, Claudia sempre conta com assessoria do filho Vitor. Como o jovem rapaz é fã de todas as parafernálias eletrônicas de cozinha, a mãe avisa logo que prefere o gengibre cortado manualmente com a faca conhecida como "volante de cozinheiro". "Ele fez numa máquina que tritura, mas não fica do mesmo jeito", diz a mãe que no final elogia o talento nato do filho para cozinha, que começa pelas pequenas coisas, como cortar alho, cebola, pimenta, gengibre bem picadinho; Vitor também mostra que sabe cortar finas fatias do peixe, que segundo ele o pescado deve ser fresco. "A gente sempre encomenda ao pescador. Para o cheviche ou tiradito é preciso fazer o filé do peixe, corta as fatias bem finhinas, temperar com limão, azeite, gengibre, cebolinha e para acompanhar batata doce", explica o futuro chef alagoano.(N.L.)

Arroz de polvo: primeiro prato feito profissionalmente por Jonatas

Vitor aprendeu a fazer o prato peruano chevibe com a mãe Claudia

Dona Mocinha ensinou a Cléo como fazer o bolo de massapuba

vezes as farras gastronômicas duram de dois a três dias. Sua especialidade é a tradicional gastronomia regional que aprendeu com dona Mocinha. Nas reuniões de amigos e família não pode faltar comida, variedade e tradição como a galinha de mulher parida, sururu de capote, caranguejada, feijoada alagoana,entre outros quitutes. "Das comidas que minha mãe faz o que mais gosto é o sururu de capote (molusco cozido na casca e servido com pirão)", diz Cléo que pesquisa e estuda a gastronomia tradicional. Com dona Mocinha, Cléo aprendeu os mandamentos da boa gastronomia, como a manteiga é essencial nas receitas, nunca usar margarina, pimenta do reino para temperar, cuminho em pequenas quantidades e só para carnes. Frutos do mar limão, sal e pimenta. Usar produtos frescos também é regra na casa da mocinha, que nas sextas-feiras adora preparar arroz e feijão no coco para acompanhar os frutos do mar, em especial siri mole e fritada de camarão, as iguarias preferenciais de dona Mocinha. Mas o que dona Mocinha ama de verdade é o bolo de massapuba para comer com café. "Faço mais de um para presentear os vizinhos", conta Mocinha que tem a receita do bolo na cabeça. Cléo, fã de dona Mocinha segue a risco os ensinamentos da mãe, comida boa e fresquinha, tanto que na casa da Barra de São Miguel, tem horta, galinheiro e até um tanque onde os caranguejos fazem dieta de engorda com cuscuz, manga, coco e água sempre limpa. Depois de um mês de engorda os caranguejos vão direto para as panelas com água e sal conforme dona Mocinha ensinou ao filho Cléo. (N.L.)

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Cidades

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Tropa de militares alagoanos que foi lutar na II Guerra Reprodução da foto do cabo Vilanova, alagoano que morreu na II Guerra

66º ANIVERSÁRIO

Alagoanos relembram o fim da II Guerra Quando o sol se punha, as iluminações pública e residencial não podiam ser ligadas para prevenir bombardeios Roberto Vilanova Especial para O JORNAL

Há 66 anos completados neste domingo, 8, chegava ao fim a II Guerra Mundial. A rendição assinada pelos alemães, depois que o exército da extinta União Soviética invadiu Berlim, marcou o término do maior conflito bélico da história da humanidade e que deixou seqüelas mundo afora, inclusive no Brasil e, especialmente, em Alagoas. Cinco alagoanos, dos quase 50 que embarcaram para o “front” na Força Expedicionária Brasileira (FEB) morreram nos combates na Itália e deixaram seus nomes marcados na história do conflito que dividiu a humanidade em antes e pós II Guerra. Em Maceió, onde o exército dos Estados Unidos montou duas bases – uma no Vergel do Lago e outra em Jaraguá – a notícia sobre o final do conflito foi festejada nas ruas, como recorda o octogenário Temístocles José de Moura. APAGÃO - “Pode acender a luz. A guerra terminou”. A ordem pôs fim à agonia que a população de Maceió – e de outras capitais brasileiras – enfrentava quando o sol se punha e a iluminação pública, e também residencial, não poderia ser ligada para se prevenir contra os bombardeios aéreos. “Eu tinha 15 anos na época e me lembro que a gente acendia uma vela e tomava café embaixo da mesa”, conta o sr. Temístocles, que re-

sidia na Ponta Grossa. Ele recorda também a movimentação intensa de aviões que amerissavam na Lagoa Mundaú – Maceió não possuía aeroporto – carregando suprimentos para as tropas aliadas que combatiam na África. Além da Capital alagoana, Recife e Natal também serviam de bases para o exército dos Estados Unidos, o que sem dúvida atraiu os alemães para o litoral nordestino. O Nordeste é estratégico na “ponte aérea” com o Continente Africano. A TROPA - O primeiro contingente da Força Expedicionária Brasileira, com 5 mil homens, chegou a Itália em julho de 1944. Nele estavam pouco mais de 20 alagoanos do total de 50 que participaram diretamente do conflito – a maioria dos pracinhas alagoanos ficou guarnecendo o Litoral do Estado e outros foram enviados para a Ilha de Fernando de Noronha, mas não chegaram a embarcar para a guerra. Um dos alagoanos que foi à guerra e sobreviveu, Júlio Gomes, pai do médico Júlio Bandeira, contava a sua experiência no “front” comparandoa a uma incursão ao inferno. - “O que mais me marcou foram os gritos dos companheiros feridos. A maioria gritava pela mãe e pedia que não deixasse que morresse”, contava Júlio. Após voltar da guerra, Júlio Gomes foi incorporado ao Estado como fiscal de rendas e faleceu tragicamente assassina-

do em Joaquim Gomes na década de 1980. Mas, ele deixou registrada a sua experiência no “front” ao lado do cabo Olivaldo Barbosa Vilanova – que foi um dos cinco alagoanos mortos no conflito. – “O Camões (era o apelido do cabo Vilanova) era atirador de morteiro. Agente serviu junto na CPP (Companhia de Petrechos Pesados), no 20 BC (hoje 59º BIMtz) e fomos juntos para a guerra. Mas, só quando a gente chegou a Itália é que descobrimos que ninguém estava preparado para nada. Todo o treinamento que nós recebemos e até o armamento não serviam para nada” – contava Júlio. BATISMO - O frio intenso, o terreno acidentado e encharcado nos montes Apeninos – contava o pai do médico Júlio Bandeira – eram inimigos naturais. Mas, o pior para a tropa brasileira é que o “batismo de fogo” se deu pela teimosia do comandante da tropa americana, a quem a FEB estava subordinada, que não ouviu as ponderações do comandante brasileiro Mascarenhas de Morais – que criticou o plano para a tomada do Monte Castelo. - “O exército dos Estados Unidos já haviam tentado duas vezes tomar o Monte Castelo. Uma vez com a divisão de soldados brancos e outra vez com a nonagésima segunda divisão, que era formada só por soldados negros, e não conseguiram. Quando a gente chegou eles (os EUA) deram ordem para um

novo ataque e o general Mascarenhas de Morais sugeriu que o ataque fosse realizado em duas frentes, porque havia muitos alemães entocados em casamatas circundando o morro, mas eles (os EUA) insistiram no mesmo plano”, relatava o excombatente Júlio Gomes. A teimosia do comandante americano ocasionou a morte de 400 brasileiros, entre eles o cabo Vilanova, “amigo-irmão” de Júlio, o que lhe deixou muito triste. Atropa teve de recuar e só assim o comando do exército dos Estados Unidos acatou a sugestão do comando brasileiro e, na segunda tentativa, com o apoio de uma divisão americana, a FEB conseguiu conquistar Monte Castelo. - “A morte do Camões (era assim que Júlio se referia ao cabo Vilanova) e dos outros companheiros poderia ter sido evitada. Eu nunca vi na minha vida uma situação daquela. Era o inferno. A gente tentando subir o morro e os alemães metralhando de cima para baixo. Fazia muito frio e o terreno era lamacento, a gente mal conseguia caminhar. Foi triste” – dizia. Mas, ainda que na guerra e em meio à carnificina, Júlio Gomes lembrava a reação dos soldados negros dos Estados Unidos, que formavam uma divisão à parte dos brancos. “Só os oficiais eram brancos. De sargento para baixo eram todos negros e eles ficavam abismados com a gente, porque todos nós estávamos juntos: negros e brancos. Era uma tropa só”.

Carta recebida pela família do cabo Vilanova relatando sua morte

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Fotos: Carlos Alberto Jr.

Terminal de complementares em caos Segundo a SMTT, local está com dias contados; enquanto isso, passageiros e transportadores convivem com lixo

Carlos Alberto Jr. Repórter

ARAPIRACA - A movimentação era intensa no que deveria ser o terminal de embarque e desembarque de passageiros de transportes complementares em Arapiraca. Deveria, porque as cenas flagradas pela equipe do O JORNAL lembram mais um cenário de guerra. Centenas de pessoas, um dia chuvoso, num terreno sem conservação, limpeza, saneamento, calçamento, ou, resumindo, sem nada que sequer lembre algo parecido com infraestrutura. Onde deveria ter uma cobertura, existem quatro pedaços de madeira fincados no chão, cobertos por uma lona plástica que estava com as laterais com águas da chuva acumuladas. Uma das cenas mais chocantes do local pode ser vista nos banheiros, sem condições de uso humano, pela falta de limpeza, mas que, dada a falta de opção, é usado, sim, por todos que necessitam. As centenas de passageiros que circulam todo dia esperam em três abrigos de alvenaria instalados pela prefeitura. A outra opção é esperar numa barraquinha de lona instalada na entrada principal. Ao saberem que uma

Carroças e animais também circulam pela área; falta de estrutura e fiscalização incomoda quem precisa passar pelo local

chegando e partindo, era intenso no local. Além disso, a concorrência pelos passageiros, em decorrência da falta de fiscalização, em certas situações chega às chamadas “vias de fato”, como relataram alguns motoristas. “Outro dia dois motoristas quase trocaram socos porque os dois iam sair em viagem ao mesmo tempo e, nos dois carros, só faltava um passageiro para completar a lotação. De vez em quando a gente se diverte com os ‘caras’ brigando aqui”, ironiza um motorista complementar. JUNTO E MISTURADO

equipe de reportagem estava no terminal do bairro Manoel Teles para ouvi-los sobre os problemas enfrentados, vários motoristas complementares, regularizados ou não, além dos passageiros, se fizeram ouvir, embora a maioria prefira ficar no anonimato. “Parece que a gente aqui

não existe. Não posso nem dizer que somos mal tratados, porque somos tratados como nada. A prefeitura jogou a gente aqui e pronto. Tudo o que tem aqui, que não é nada, foi a gente quem conseguiu. Falta fiscalização, falta condição, falta estrutura. Falta tudo”, desabafou um senhor que tra-

balha no “terminal” como uma espécie de fiscal de saída dos veículos. A doméstica Isaura Caetano da Silva, de 43 anos, que seguia com destino à cidade de Campo Grande, no Sertão de Alagoas, considerou o local como impróprio para qualquer coisa. “Aqui pode ser tudo

menos um terminal de passageiros. Nem preciso falar nada porque está aí pra todo mundo ver. Só que quem deveria ver parece que prefere continuar com os olhos fechados”, desabafou a doméstica, enquanto se preparava para embarcar. O trânsito de pessoas,

No terminal se vê de tudo. Vans, em sua maioria em estado de conservação duvidoso, caminhonetes abarrotadas de gente, de malas, de utensílios, com cheiro forte de misturas inusitadas de perfumes, de suor. O transportador Everaldo Tenório da Silva, que viaja sob liminar da Justiça, por ainda não estar ainda regularizado, diz que o local deveria ter mais estrutura. “Aqui deveria ter mais dignidade para nós e principalmente para os passageiros. Não temos estrutura e também segurança. Os assaltos aqui são quase uma constante e a gente não pode fazer nada”, revelou. Continua na página A22

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Arapiraca

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Terreno foi vendido a rede de supermercados; mudança é neste mês O superintendente da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Arapiraca, Severino Lúcio, diz que a situação do local é temporária, embora se arraste desde 2005, quando o terreno foi locado pela prefeitura municipal. A medida aconteceu em decorrência do crescimento da cidade nos últimos anos e como forma de desafogar o trânsito na região central de Arapiraca. Ele diz que, mesmo a prefeitura tendo disponibilizado o espaço, a responsabilidade pelos transportadores é da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal).

Isso porque o local adequado para abrigar as mais de quinhentas vans que circulam diariamente por Arapiraca seria a rodoviária, controlada pelo Departamento de Estradas e Rodagens (DER). O terreno, localizado na Rua Maurício Pereira, funciona, desde 2005, como paliativo e deverá haver mudança de local ainda este mês. “Soubemos que o proprietário vendeu o terreno para uma grande rede varejista que vai se instalar em Arapiraca ainda este ano. Semana passada recebemos visita de uma arquiteta e um engenheiro do supermercado. Eles irão começar as obras já no final deste mês”, revelou.

Por conta da venda do terreno, a SMTT de Arapiraca já alugou um outro espaço nas imediações da Praça Pereira Magalhães, no bairro Cacimbas. “Acasa já foi demolida e nós estamos dotando o local de uma estrutura mínima, a exemplo do que fizemos no terminal do [bairro] Manoel Teles. Nossa intenção era construir um grande galpão para abrigar passageiros e transportadores, mas o aluguel é de apenas um ano e esperamos antes disso resolver esse problema”, explicou. Hoje, a cidade recebe uma frota diária de aproximadamente 600 veículos de transporte complementar. Desse total, se-

gundo o superintendente, apenas 230 estão regularizados. “Quase 500 veículos estão cadastrados apenas na SMTT. Isso garante a circulação em Arapiraca. Nós não nos responsabilizamos pelas rodovias que dão acesso à cidade, por exemplo”, justificou. Além do terminal do bairro Manoel Teles, a cidade de Arapiraca possui outros tantos, que nem o superintendente da SMTT sabe contabilizar. Os mais movimentados, no entanto, estão localizados na área central, a exemplo do localizado nas ruas Duque de Caxias e Estudante José de Oliveira leite e na Praça dos Curis. Severino Lúcio diz que, com

a inauguração do Parque Ceci Cunha, a prefeitura incluiu na obra um terminal de ônibus que também atende os transportadores mais antigos que fazem a linha Cohab Velha-Centro. Segundo ele, esses profissionais são os mais antigos na cidade e não poderiam ficar sem circular, sendo uma espécie de “direito adquirido”, como disse o superintendente. Acidade possui hoje um sistema de transporte público ainda precário considerando o porte populacional. Nove empresas têm autorização da SMTT e rodam pelos bairros e povoados. A frota de Arapiraca possui no má-

ximo 70 ônibus. A maioria dos veículos é antiga e precisa ser renovada. Apenas uma empresa, a Real Arapiraca, uma das mais antigas, domina mais da metade das linhas e ônibus que circulam diariamente. Na visão do superintendente, é necessário haver uma licitação para renovação de frota e também das empresas. “Porém, trata-se de um processo demorado que afeta praticamente todo o Brasil. Esse problema não é exclusivo de Arapiraca. Esperamos ainda este ano lançar o edital. Nossa ideia é seguir o planejamento a ser feito por Maceió”, frisou Severino Lúcio. (C.A.J.)

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Fiscalização será mais constante

Rodoviária é o local escolhido pela Arsal para centralizar os transportadores complementares

Situação vai ser resolvida, diz Arsal O problema do terminal de transporte complementar de Arapiraca já foi resolvido ainda este mês. Essa foi a afirmação do presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos de Alagoas (Arsal), Waldo Wanderley, feita com exclusividade

à reportagem do O JORNAL. A rodoviária Deputado Nezinho vai ser o ponto de chegada e partida na cidade. “Nesta semana, o escritório da Arsal será instalado numa sala do prédio que abrigava a rodoviária [anexo ao novo pré-

dio]. Isso para facilitar a nossa fiscalização. Até o final do mês estaremos com todo o fluxo de vans e microônibus centralizado na antiga rodoviária de Arapiraca. O problema já tem solução”, frisou o presidente da Arsal. (C.A.J.)

Waldo Wanderley, no entanto, explicou que o acesso ao local será dado apenas aos veículos que estão regularizados junto à Arsal. “Só terão acesso à estrutura montada na rodoviária aqueles transportadores devidamente regularizados. Não iremos nos responsabilizar pelos clandestinos. Elas não poderão ser atendidas”, explicou o presidente da Arsal. A partir da mudança, ou centralização do fluxo de chegada e saída dos chamados transportes complementares na rodoviária de Arapiraca, será necessário que o município implante linhas de transporte coletivo principalmente até o Centro da cidade. Na opinião de Waldo Wanderley, a maioria das pessoas que utiliza os serviços vem das cidades vizinhas para a maior cidade da região. “Entendemos que o governo municipal deverá reformular e renovar seu sistema de transporte, como forma de atender a demanda e as necessidades de quem chegará ou sairá de Arapiraca a partir da rodoviária”, disse. CAMINHONETES - Um outro problema do transporte complementar, verificado principalmente nas cidades do interior é a elevada frota de caminhonetes que transportam passageiros. De acordo com o superintendente da SMTT e o presidente da Arsal esses veículos deverão deixar de transportar passageiros em breve. A ideia é de que os veículos sejam usados apenas para transporte de utensílios e compras. Para tanto, aqueles transportadores que ainda aguardam o processo de licitação deverão trocar de veículos, se desejarem continuar a fazer o transporte de passageiros. Porém, parte desses profissionais ainda está insegura. Um dos primeiros a desabafar foi o transportador Julio Cesar Ferreira Alencar que faz a linha Mata Grande, no Sertão alagoano, até Arapiraca praticamente todos os dias da semana em sua velha caminhonete. Segundo ele, que roda mediante alvará da prefeitura de Mata Grande e também da SMTT de Arapiraca não teve nenhum tipo de confirmação sobre a nova licitação. “Minha vontade é de trocar a caminhonete por uma Van, mas a gente não sabe até quando poderá rodar, já que trabalhamos sem a licença da Arsal”, afirmou. O presidente da Arsal explicou que esses transportadores serão atendidos pelo edital a ser lançado. “Não é nossa intenção prejudicar esses trabalhadores. Queremos que tudo fique regularizado, até como forma de beneficialos. Com a mudança para a rodoviária e o lançamento do edital de licitação, a fiscalização será reforçada nas rodovias que dão acesso à cidade e também nas ruas de Arapiraca”, disse. O presidente da Arsal salientou, ainda, que o governo estadual deverá publicar o edital para novas licitações de transporte complementar nos próximos meses. Todo o processo de elaboração está praticamente finalizado, conforme explicou. (C.A.J.)

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Projeto teatral trará alegria à cidade Em sua quarta edição, iniciativa acontecerá amanhã e terça-feira no bairro Canafístula; entrada é gratuita Divulgação

Da Redação Com assessoria

A Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, em parceria com a Tigre/ICRH, inicia amanhã o Palco Móvel do Projeto Conexão Cultural. Este ano, que está em sua quarta edição, acontece no bairro Canafístula. As apresentações prosseguem também na terça, dia 10. A programação teatral é realizada no dia nove às 14h e 15h30 e programação e de cinema às 19h. No dia 10, as peças acontecem às 9h, 10h30, 14h e 15h30. O projeto leva gratuitamente as artes cênicas às comunidades onde uma sala de teatro é muitas vezes inacessível, seja pelo preço ou mes-

mo porque não existe. Também haverá uma sessão de cinema. O evento traz “Pepe Nuñez apresenta ‘Bom Apetite’” e “Lurdes e Mércia em as Estrelas do Oriente” (grupo Caixa de Histórias), com a história de duas simpáticas moças do interior que sonham ser artistas de TV. Haverá ainda sessões de cinema com filme escolhido pelo público, entre quatro opções: Chico Xavier, O Bem Amado, Castelo RáTim-Bum e Menino da Porteira. O roteiro do Conexão Cultural 2011 já passou pelos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e, após Alagoas, seguirá para Pernambuco. Serão ao todo 15 cidades de sete estados, visitadas durante dois

meses, com 4,2 mil quilômetros percorridos. ATRAÇÃO À PARTE - Entre uma peça e outra do Conexão Cultural 2011 Tigre/ICRH, o público assiste a uma atração à parte: Marcelo Perna, um mestre de cerimônias que interage com a plateia. Ator profissional, Perna tem 25 anos de experiência em teatro, TV e cinema. Desde 2009, comanda o projeto “AHora do Conto”, uma iniciativa cultural que busca estimular o hábito da leitura. É graduado em Artes Cênicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e já atuou em navios de cruzeiros pela Europa, África e Ásia em atividades de entretenimento como animador, chefe de animação e assistente de diretor de cruzeiro.

Apresentações das peças serão intercaladas com espetáculos do ator espanhol e exibição de filme

Três espetáculos estão confirmados no evento “Pepe Nuñez apresenta ‘Bom Apetite’”. Espanhol e brasileiro, ingênuo e atrevido, adulto e criança, no espetáculo infantil “Bom Apetite”, o ator espanhol Pepe Nuñez mergulha na arte do Ator Cômico. Reelaborando cenas e situações clássicas dos cômicos populares e usando recursos da tradição cômico-circense, o palhaço convida o público a participar ativamente das cenas, compartilhando o lado ridículo e inocente do ser humano. A peça traz música, mágica, malabarismo, jogos coletivos e muito humor. Sediada em Florianópo-

lis (SC), a Cia. Pé de Vento Teatro atua desde 1999 e se apresenta mais de 150 vezes por ano. “Precisa-se de um Mané” – (Grupo La Cascata): comédia inspirada nas gags da palhaçaria tradicional. Tendo como pano de fundo um restaurante, onde Mané faz o possível para agradar seu cliente e seu patrão, a obra tem como princípio de reflexão a gentileza nas relações humanas, pois o trabalho teve como premissa o jogo entre ator e espectador pautado na doçura do primeiro encontro. “Lurdes e Mércia em As Estrelas do Oriente” – Grupo

Caixa de Histórias: Livremente inspirado nas histórias de Pedro Malazarte, traz a busca pelos sonhos, a importância de todas as profissões e a pergunta que ronda o universo infantil “o que você quer ser quando crescer?” é abordada de forma leve, divertida, colorida e musical. A pesquisa, a criação do texto, a relação com os profissionais envolvidos no processo e o fortalecimento da dupla em cena trouxeram uma nova forma de trabalho para as atrizes. Toda essa experimentação revelou uma descoberta artística e se tornou a principal linha de pesquisa de

uma linguagem voltada às crianças.

SERVIÇO: Local: Praça do bairro de Canafístula Dia 9, às 14h, “Pepe Nuñez apresenta ‘Bom Apetite’”, e às 15h30, “Lurdes e Mércia em As Estrelas do Oriente”. Às 19h, sessão de cinema. Dia 10, às 9h e 14h, “Pepe Nuñez apresenta ‘Bom Apetite’”, e às 10h30 e 15h30, “Lurdes e Mércia em As Estrelas do Oriente”. Informações: Secretaria de Cultura – 3521-5313 (Franciane).

Dia das Mães terá show de Adilson Ramos na Perucaba Com assessoria O presente que as mães de Arapiraca vão receber este ano, do governo municipal, é o show do cantor e compositor popular Adilson Ramos, dentro do projeto Viva o Lago. Além do show artista, programado para começar a partir das 17 horas, o Lago da Perucaba vai contar ainda com a apresentação especial de Jucélia Campos. Acantora alagoana vai apresentar as músicas do seu primeiro CD, lançado no final do ano passado, no Clube Fênix Alagoano com o título “Um show! De Interpretação e Ritmos, dos

anos 70 aos dias atuais. Adilson Ramos iniciou na música aos nove anos de idade, quando recebeu de seu pai uma sanfona de quatro baixos e mais tarde um acordeom. Ainda na infância ingressou em uma escola de música. Sua primeira composição foi aos 11 anos de idade, dedicada à sua mãe. Sua carreira musical se iniciou quando tinha apenas 12 anos de idade e passou a fazer parte do elenco do “Clube do Guri”. Em 1963, gravou seu primeiro disco individual, “Sonhar contigo”, de sua autoria e Armelindo Leandro, lançado

em 78 rotações por minuto, ainda nos saudosos tempos do LP, título da canção de sua autoria que já foi regravada por diversos cantores como Elymar Santos, Agnaldo Timóteo, Orlando Dias, Tânia Alves, Irmãs Galvão, entre outros. A mesma canção também fez parte da trilha sonora de “Hilda Furacão”, minissérie da TV Globo do fim dos anos 90. Ainda na década de 60 e na posterior, lançou diversos discos no formato de compacto simples, duplo e LP. Em 1964 fez sucesso com “Leda”, de sua autoria e Gentil Ramon. Em 1977, lançou

mais um de seus discos que obteve grande sucesso, “Eu e o tempo”, pela Copacabana, tendo vendido milhões de cópias. No ano de 1982, mudou-se para Recife, quando lançou pela RCAo LP “Em nome do amor”, que também teve grande sucesso. Em 1985, sua composição “Só liguei porque te amo”, versão da música “I Just Call to Say I Love You”, de Stevie Wonder, tema do filme “A dama de vermelho”, tornou-se conhecida, tendo sido gravada por Gilberto Gil. Atualmente alterna sua atividade de cantor com a de industrial e comerciante.

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REMÉDIOS

Programa significa economia no bolso Enquanto consumidores pagam caro por certos tipos de medicamentos, custo na Farmácia Popular é zero Yvette Moura

Elisana Tenório Repórter

Enquanto centenas de cidadãos deixam de comprar remédio por falta de dinheiro no orçamento doméstico, o Programa Farmácia Popular do Brasil, do governo federal, passa quase despercebido da maioria da população, em especial dos portadores de doenças, como diabetes e hipertensão, que é um dos seus focos principais do programa. Em Alagoas, não há estatísticas oficiais de quantos usuários descobriram e usufruem da iniciativa que, há 5 anos, oferece até 90% de desconto na cobertura de mais de 100 tipos de medicamentos e distribui, gratuitamente, há três meses, 15 tipos de remédios destinados ao tratamento de diabetes e pressão alta. No entanto, sabe-se que, pelo menos 3 mil medicações são vendidas ou dadas a pessoas que chegam à sede da Farmácia Popular do Brasil de Maceió, que fica na principal avenida do Benedito Bentes 2, na parte alta da cidade. Nelson Costa, um dos farmacêuticos do Programa em Alagoas, ressalta, contudo, que não é preciso se deslocar ao Benedito Bentes para conseguir economizar na hora de levar variados tipos de medicação para a casa. “Em Alagoas, as redes de farmácia Pague Menos e Permanente são credenciadas ao programa. Portanto, qualquer pessoa pode ter acesso a remédios a preços muito mais baratos com comodidade e segurança”. Mas, a falta de divulgação está levando muita gente a ter prejuízos extremos. A aposentada Ester Passos, 81 anos, gasta, em média, R$ 500,00, ao mês, na compra de remédios para amenizar

Pelas regras do programa, qualquer pessoa pode ir à Farmácia Popular e comprar medicamentos

a dor causada pela artrose. Amedicação serve para controlar a pressão arterial, a taxa de colesterol e a pressão sanguínea e para diminuir os efeitos da gastrite. Ao todo, são 13 comprimidos ingeridos ao longo de cada dia. Dona Ester só consegue manter o tratamento em dia porque conta, todos os meses, com a aju-

da dos filhos. Para se ter ideia do gasto financeiro da aposentada, ele revela que para adquirir apenas um dos remédios, que contêm duas drogas (hidroclorotiazida + aradois), precisa desembolsar R$ 70,00. “Só tenho como certeza o fato de ter que comprar estes remédios o resto da minha vida”. Se

não fosse meus filhos, não teria como bancar esta conta”, confessa, informando que ganha, de pensão, dois salários mínimos ao mês. Ela revelou, também, que até sexta-feira, quando foi procurada pela equipe de O JORNAL, não sabia do Programa Farmácia Popular. “Nunca vi nenhuma di-

vulgação, nem mesmo da parte de meu médico. Acho que ele errou nesta parte”, opinou. Por não saber, Dona Ester tem amargado grandes prejuízos. Para se ter ideia do disparate financeiro existente entre o mercado convencional e o programa, basta ressaltar que enquanto um dos medicamentos comprados

pela aposentada custa R$ 70,00 a mesma medicação, na Farmácia Popular, é gratuito. Outro exemplo é o remédio Atenolol 25 mg, também consumido diariamente pela aposentada Na tabela do programa, sai por R$ 0,35. Já no mercado convencional custa, em média, R$ 13,00.

Processo de aquisição de medicamentos é simples e sem burocracia O que pouca gente sabe é que é muito fácil ter acesso aos medicamentos do programa Farmácia Popular. Para isso, basta apenas chegar aos estabelecimentos credenciados e mostrar a receita médica, um comprovante de residência, RG, CPF e, caso o paciente tenha problemas de locomoção, uma procuração com firma reconhecida em cartório. “Não há que se comprovar nada além disso, ou seja, não existe exigência, por exemplo, para faixa etária e classe social”, ressaltou o farmacêutico Nelson Costa. No leque de opções do pro-

grama, há medicamentos para o controle de diabetes, pressão arterial, fungos, inflamação, herpes, verme, combate ao piolho, azia, gastrite, úlcera, convulsão e psicotrópicos. Os preços variam de R$ 0,25 a R$ 8,00. A exceção fica por conta dos 15 tipos de remédios para controlar o diabetes e a pressão alta que estão à disposição dos interessados de forma gratuita. COMPENSAÇÃO - A farmacêutica Márcia Karine da Silva explicou que os empresários que têm os empreendimentos conveniados ao programa não saem

no prejuízo, pois o governo federal repassa a diferença do preço do medicamento, quando este é vendido pelo Farmácia Popular do Brasil. “O repasse por parte do governo é de 100% e acontece após a venda de cada medicamento”, acrescentando que a maior reclamação por parte dos usuários fica por conta do excesso de controle no ato da compra dos medicamentos. Ou seja, só é autorizada a venda de acordo com o modo de uso da medicação, independente da quantidade prescrita na receita médica. “Se um determinado remédio possui 30 comprimidos em

sua embalagem, só será autorizada a venda de uma caixa. Só depois disso, ou seja, um mês após, o paciente poderá voltar para comprar mais uma caixa. Algumas pessoas não entendem isso e querem comprar várias delas de uma única vez”, explica Márcia Karine. Há cinco anos, o governo federal criou o Programa Farmácia Popular do Brasil, que ficou sob a responsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A meta foi e continua sendo oferecer medicamento mais barato para que o impacto no orçamento familiar causado pela compra de

remédio diminuísse e, assim, reduzisse, por tabela, a quantidade de pessoas que abandonam seus tratamentos. Para cada um dos medicamentos que consta no programa foi estabelecido um preço referencial, calculado pela média ponderada dos medicamentos de menor preço com maior participação no mercado. O Ministério pagará até 90% deste preço referencial e o paciente arcará com o valor restante, até que atinja o valor de mercado. Quem quiser adquirir os medicamentos a preço de custo deve se dirigir a uma farmácia popular e apresentar ao farma-

cêutico uma receita médica ou odontológica da rede pública ou particular que tenha sido emitida há menos de 180 dias. Apesar de não ser necessária a retenção da receita pelo farmacêutico é essencial que o paciente apresente o CPF da pessoa que consta nela para que consiga comprar o medicamento com desconto. O farmacêutico poderá substituir a droga originalmente prescrita pelo médico exclusivamente por um remédio genérico correspondente. Isso acontecerá apenas quando não houver restrições expressas do médico prescritor. (E.T.)

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ANFAVEA

Carro flex cai para 83,3% das vendas Montadoras registram um recuo na participação dos modelos bicombustível no total de veículos comercializados As vendas de automóveis e veículos comerciais leves modelo bicombustível (flex) somaram 227.443 unidades em abril e representaram 83,3% do total comercializado na categoria no País, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O resultado indica um recuo na participação dos flex nas vendas totais em relação ao desempenho de abril de 2010, quando a fatia era de 86,6%. O número de unidades vendidas, no entanto, foi maior em abril deste ano, já que no mesmo mês do ano passado foram comercializadas 226.725 unidades de veículos flex. A Anfavea informou ainda que as exportações do setor automobilístico, em

valores, somaram US$ 1,32 bilhão em abril deste ano, uma alta de 12,8% em relação a março e um crescimento de 42,1% na comparação com abril de 2010. O mês de abril encerrou com exportações de 48.674 unidades, um avanço de 13,9% ante março e um crescimento de 50,7% sobre abril de 2010. Neste caso, os dados incluem automóveis, comerciais leves e todas as demais categorias de veículos comercializados. De janeiro a abril de 2011, as vendas externas somaram US$ 4,6 bilhões, uma alta de 30,3% ante igual período de 2010. Neste intervalo, foram exportadas 168.206 unidades, o que significou um avanço de 9,1% ante os primeiros quatro meses de 2010.

Já as exportações de veículos registraram alta de 12,8% no mês passado, ajudando a esvaziar os pátios das montadoras

Máquinas agrícolas também recuam As vendas internas de má- vendas externas de máquiquinas agrícolas no atacado nas agrícolas. somaram 5,7 mil unidades em abril, um recuo de 2,7% EMPREGOS - O setor auante março e uma queda de tomotivo como um todo en4,8% frente a abril de 2010, cerrou o mês de abril com segundo os dados da An- 141.020 empregados, um cresfavea. A produção de máquicimento 1% em renas agrícolas caiu 8,2% em lação a março, seabril ante março, para gundo a Anfavea. 6.905 unidades. Em Na comparação relação a abril de com abril de 2010, 2010, a queda foi houve alta 9 5% no de 11,6%. Entre jacontingente de emAs neiro e abril, foram pregados. exportações produzidas 26.712 totalizaram máquinas agrícoINADIMlas, um número PLÊNCIA - A inaUS$ 251,6 4,8% menor que o dimplência nas milhões de igual intervalo vendas de veículos em abril de 2010. continua menor do As exportações que a média do de máquinas agrímercado em geral. colas, em valores, “O índice de inatotalizaram US$ dimplência estava em 251,6 milhões em 2,5% no final do ano passado, abril, uma alta chegou a 2,9% em fevereiro e 6,8% frente a março e um no dado mais recente, de crescimento 28,6% quando março, já chegou a 3%”, afircomparadas com abril de mou o presidente da Associa2010. No acumulado do ano, ção Nacional dos Fabricantes houve aumento 73,5% nas de Veículos Automotores (An-

favea), Cledorvino Belini. Segundo ele, “a inadimplência está em 3%, contra 5,9% do mercado como um todo, mas vem subindo um pouquinho mês a mês”, disse hoje. “Mas a inadimplência não preocupa”, completou. Para Belini, o índice ainda está baixo em comparação a outros anos. Em março do ano passado, por exemplo, a inadimplência estava em 4% e, em março de 2009, em 5%. São considerados inadimplentes os consumidores com parcelas atrasadas por pelo menos 90 dias. Apesar do aumento gradativo na inadimplência, o volume de crédito concedido para o setor automotivo em março foi de R$ 190 4 bilhões, 17,3% acima do registrado em março de 2010. Mas já há queda do porcentual de veículos vendidos a prazo. No primeiro quadrimestre de 2010 essas vendas representavam 66% do total e nos primeiros quatro meses deste ano somaram 62%.

FREQUÊNCIA

Anatel vai leiloar nova faixa de frequência A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a proposta do edital do leilão para a faixa de 3,5 gigahertz (Ghz), que será destinada a serviços de telefonia fixa, móvel e banda larga. A proposta do edital será submetida à consulta pública entre 12 de maio e 27 de junho. Também serão feitas audiências públicas em Brasília e São Paulo para debater a minuta. A previsão é de que o leilão ocorra ainda neste ano.

Serão leiloados 545 lotes divididos em duas partes: os lotes de um a nove serão para faixas de 35 megahertz e os restantes serão para as de 10 megahertz. A Anatel também determinou obrigações de cobertura para quem arrematar os lotes de um a nove. As cidades com mais de 100 mil habitantes e o Distrito Federal devem estar com cobertura total em 24 meses. Para as cidades entre 30 mil e 100 mil habitantes, as metas serão graduais e a

cobertura total deverá ocorrer em 60 meses. As empresas que arremataram lotes nessa faixa, no leilão realizado pela Anatel em 2003, terão que disputar novamente, nas mesmas condições dos demais concorrentes. O Conselho Diretor da Anatel também aprovou o ato de concentração da compra da TVA pela Telefônica. O processo estava em análise na agência desde 2007.

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EspaçoConsumidor Thiago Gomes consumidor@ojornal-al.com.br 4009.1995 (no horário da tarde)

GASOLINA MAIS BARATA O preço da gasolina vai diminuir ainda mais, segundo perspectiva do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis). A tendência é nacional e até já foi anunciada pelo governo federal nesta semana. A média dos postos da capital voltou para R$ 2,95 por litro de gasolina depois que alguns empresários decidiram reduzir o preço. A pressão foi grande dos consumidores e da imprensa. Claro que a alta aconteceu simultaneamente no Brasil inteiro, mas ficou claro que havia práticas abusivas. Prova disso foi a indiferença de alguns donos de postos em não subir o valor do combustível. O sindicato diz que a repercussão foi justificada porque a gasolina passou de R$ 3 para os consumidores. E esse já é um grande motivo para reclamar. A mídia fez a sua parte – de denunciar – e os motoristas botaram a “boca no trombone”. O resultado foi a redução no preço. Mesmo com essa iminente queda no valor do litro da gasolina, o Sindicombustíveis aconselha aos alagoanos que a tendência nacional permanece sendo de alta nos preços.

CRÉDITO Comprou a prazo, em várias prestações, mas ganhou um dinheiro extra e quer adiantar o pagamento de algumas parcelas. Sem problemas. O Código de Defesa do Consumidor assegura a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos. O mesmo Código revê que a multa de mora decorrente do inadimplemento de obrigação no seu termo não poderá ser superior a 2% (dois por cento) do valor da prestação, ainda que o contrato disponha de forma diferente. Caso haja cobrança superior a este limite legal, estará configurada a abusividade e, neste caso, a Justiça, se provocada pelo consumidor, poderá corrigir.

Índice Nacional da Construção Civil varia 0,48% em abril O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo IBGE em convênio com a Caixa, apresentou variação de 0,48% em abril, e ficou 0,04 ponto percentual abaixo da taxa de março (0,52%). Considerando os meses de janeiro a abril de 2011, a alta está em 1,67%, enquanto que em 2010 havia ficado em 2,00%. O resultado dos últimos 12 meses situou-se em 7,00%, acima dos 6,88% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2010 o índice foi de 0,37%. O custo nacional da construção, por m², que em março fechou em R$ 775,43, passou para R$ 779,18 em abril, sendo R$ 439,78 relativos aos materiais e R$ 339,40 à mão-de-obra.

NORDESTE SE DESTACA - Pressionada pelo reajuste salarial da Bahia, a região Nordeste, com alta de 1,21%, ficou com a maior taxa regional em abril. Os demais resultados foram: 0,31% (Centro-Oeste), 0,24% (Norte), 0,15% (Sudeste) e 0,12% (Sul). Os custos regionais, por m², foram: R$ 819,71 (Sudeste); R$ 785,07 (Norte); R$ 760,23 (Centro-Oeste); R$ 757,35 (Sul) e R$ 743,01 (Nordeste). Com relação aos acumulados, a região Nordeste se destacou por apresentar a maior taxa no ano, 2,72%. Devido à pressão exercida pelo reajuste salarial decorrente de acordo coletivo, a Bahia registrou a maior taxa mensal: 3,57%.

SPC/SERASA Dizem as más línguas que pelo menos uma vez na vida o consumidor vai sentir o ‘gostinho’ amargo de ter o nome incluído na lista negra do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou da Serasa. Entretanto, mesmo inadimplente você precisa saber quais são os seus direitos quando isso lhe acontecer. Primeiro, todas as informações cadastrais a seu respeito devem ser repassadas gratuitamente. Deixar de informar é crime previsto em lei. Antes de ser negativado nesses órgãos de proteção ao crédito, você precisa ser avisado com antecedência, e por escrito, para que tenha tempo de se defender. Se não tiver o aviso, a inclusão é anulada e você ainda pode recorrer ao Procon e/ou Juizado. Ficar com o nome no SPC/Serasa por mais de cinco anos também é um erro. Fique atento.

ACONTECEU Hoje é o Dia das Mães, e os lojistas comemoraram as vendas deste ano. Depois do Natal, é esta data que mais movimenta o comércio. A compra é quase inevitável; A previsão da Fecomércio era a de que houvesse crescimento de 15% nas vendas. Pesquisa indicava que mais 80% dos filhos queriam comprar o presente da mamãe; Ainda falando sobre a gasolina, o Procon/AL divulgou nesta semana que vai notificar os postos da capital que estiverem praticando preços abusivos; Junto com o Ministério Público, o órgão vai fazer uma pesquisa de preços de combustíveis, informar ao consumidor e autuar quem descumprir a lei; Com os juros em alta, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, recomendou aos brasileiros que pisem no freio do consumo. Vai aliviar... Procon Alagoas - Rua Dr. Cincinato Pinto, 503, no centro da capital. Atendimento gratuito pelo número 151. Mande sua denúncia, dica ou dúvida para a coluna Espaço Consumidor. Todos os domingos, em O JORNAL.

O custo nacional da construção por metro quadrado também subiu

TRÊS NOVAS USINAS O grupo siderúrgico Gerdau informou que estuda a construção de três novas usinas - duas no Brasil, sendo uma no Norte/Nordeste e outra no Centro-Oeste, e uma nos Estados Unidos. A empresa não informou, porém, quanto seria investido nessas unidades. No Brasil, as usinas em estudo devem ter capacidade entre 500 mil e 700 mil toneladas de aço cada, e serão voltadas para atender à construção civil e à indústria. Os planos para a nova usina nos Estados Unidos, com capacidade instalada entre 700 mil e 800 mil toneladas, visam atender ao segmento de aços especiais. O grupo também avalia instalar um novo laminador na região Sul do País, com capacidade de 600 mil toneladas. Além desses planos, a Gerdau anunciou novos investimentos de quase R$ 1,3 bilhão para ampliar sua capacidade de produção em unidades já existentes. No Brasil, serão R$ 718 milhões, até 2013, nas unidades de Pindamonhangaba e Araçariguama, no interior paulista.

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Restam poucos dias e poucas vagas para o Seminário de Promoção às Exportações (Sempex) e o Encontro Internacional de Negócios (Enin) que a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) promoverá de 10 a 13 de maio, na Casa da Indústria Napoleão Barbosa e no Espaço Multiventos do Ginásio do Sesi, no Trapiche.ara o Enin, o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiea e parceiros trarão a Maceió compradores de países como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Emirados Árabes, Polônia, Japão, entre outros, que gerarão oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas alagoanas das áreas de construção civil, alimentos e bebidas, confecção e acessórios e artesanato e decoração.

SEMPEX Já o Sempex, que será aberto pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Damata Pimentel, é destinado a empresários, estudantes e profissionais ligados à área de comércio exterior. No seminário, palestrantes brasileiros e internacionais abordarão assuntos essenciais para um ambiente propício à comercialização externa de produtos brasileiros, especialmente das micro e pequenas empresas, de forma sustentável e permanente.

INSCRIÇÕES Para participar do Sempex, os interessados podem se inscrever no site www.sempex.com.br. Já para o Enin, as inscrições são feitas na Casa da Indústria. Os eventos destinam-se a micro e pequenos empresários, estudantes e profissionais liberais. Outras informações, pelos telefones 2121-6981 ou 2121-3071 e pelo e-mail sempex@fiea.org.br. São parceiros na realização do evento o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Planejamento, Sebrae/AL, Banco do Nordeste, Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (RedeCIN) e Confederação Nacional da Indústria (CNI).

PUXÃO O aumento as vendas de argamassa (8,5%) e cimento (6%) puxaram o incremento na comercialização de material de construção (6,5%) registrada em abril, conforme pesquisa da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). Na comparação do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período em 2010, as vendas do setor tiveram crescimento de 2,5%. Em 12 meses, a variação é de 9,5%. Em 2010, o setor de material de construção teve um crescimento de 10,6% na comparação com 2009, e apurou um faturamento histórico de R$ 49,8 bilhões.

POSSE O novo presidente da ADEMI foi eleito no início de abril, mas a posse acontecerá este mês. O mês passado foi marcado por feriados e um esvaziamento da agenda empresarial, razão pela qual a diretoria da entidade achou por bem que o evento social acontecesse em maio.

SINDUSCON-AL A Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Qualificação Profissional (Seteq) promoveu na última sextafeira, 6, no Palácio República dos Palmares, o encerramento da Semana do Trabalho, com a entrega do Troféu Destaque Gerador de Emprego para representantes dos segmentos Comércio, Construção Civil e Turismo, os três macrossetores que mais empregaram em 2010. A Caixa Econômica Federal, em Alagoas, também foi homenageada pelo incentivo dado à construção civil com o programa Minha Casa, Minha Vida. O presidente do Sinduscon-AL, José Nogueira, recebeu o troféu das mãos do secretário Hebert Mota. "A geração de empregos na construção civil cresceu 126% em Alagoas", disse o secretário

ESTUDANTES Estudantes da rede estadual de ensino vencedores do Concurso de Redação, que teve como tema "O desafio do Primeiro Emprego", também foram homenageados e receberam prêmios. Na ocasião, o presidente do Sinduscon-AL, que também é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), informou que os três primeiros colocados do concurso de redação ganhariam uma bolsa de estudos ofertada pelo SENAI para o curso de Tecnologia da Informação. "Premiamos não apenas os setores que mais geraram emprego, mas também a juventude, que representa o futuro do País. Dos sete macrossetores o comércio, turismo, serviços e construção civil apresentaram melhor desempenho em 2010. Esperamos que no próximo anos possamos premiar também as empresas geradoras de emprego", disse o secretário Hebert Mota.

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REGRAS

Compra de imóvel sem escritura: um risco que pode e deve ser evitado Você gostou do imóvel, a localização é conveniente, o preço cabe no orçamento, mas o vendedor diz que "não tem escritura" e sugere a assinatura de um compromisso particular. É possível comprar? Primeiro é preciso distinguir as situações: quando se negocia um imóvel na planta, pago a prazo, é normal que se celebre um "compromisso de venda e compra" vinculado à incorporação imobiliária e cuidadosamente regido pela lei, documento que vai prever todo o andamento do negócio e da construção, até que seja atingido o seu ápice: a entrega do imóvel ao comprador e a celebração de uma escritura definitiva de venda e compra. Porém, não é dessa situação que se trata agora. Quando alguém diz que "não tem escritura", tecnicamente quer dizer que não tem registro imobiliário, e isto significa que você está diante de um vendedor que não é o proprietário. E é válido o dito popular segundo o qual "quem não registra não é dono", porque propriedade se prova com o registro da matrícula do imóvel. Logo, o contrato não será de compra e venda, mas de "promessa de compra e venda". Podem parecer minúcias desprezíveis, mas não são. A diferença legal entre ser "comprador" e ser "promitente comprador" é enorme e refere-se, principalmente, à segurança jurídica. De fato, o proprietário usa, vende, aluga, demole, dispõe do imóvel e pode até exigir a sua devolução de quem in-

Sem a escritura, o contrato a ser firmado não será de compra e venda, mas de "promessa de compra e venda"

justamente o ocupe - enfim, é dono do subsolo e do espaço aéreo e tem o que, na linguagem jurídica, se denomina "direito real". Já o "promitente comprador" tem o chamado "direito pessoal", algo que ele sempre poderá defender, é lógico, Mas, para tal, sempre enfrentará uma série de obstáculos jurídicos e, a cada discussão, precisará mostrar todos os seus documentos e provas, enquanto o proprietário ba-

sicamente exibe a certidão do registro imobiliário, isso é tudo. Em suma, o "promitente comprador" está quase lá, mas ainda não detém a propriedade. E se o "promitente vendedor" sumir ou, por uma razão qualquer, não outorgar a escritura no futuro, vão restar para o adquirente os intrincados caminhos judiciais, demorados e caros. Assim, nada impede a negociação "sem escritura", mas

Sudeste é a região mais cara para construir: R$ 819,71 por m²

POR ESTADO - Ao analisar os dados por estado, a Bahia registrou a maior variação mensal, de 3,57%, de-

Fonte: Uol

CASAS

SUDESTE

SÃO PAULO - Mais uma vez, moradores da região Sudeste foram os que mais desembolsaram na hora de construir um imóvel no mês passado. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta sexta-feira (6), revela que o custo do metro quadrado na região chegou a R$ 819,71, incluindo materiais e mão de obra, enquanto que o custo médio nacional atingiu R$ 779,18 em abril. Em seguida estão as regiões Norte, onde o valor do metro quadrado alcançou R$ 785,07; Centro-Oeste, onde os custos atingiram R$ 760,23; e Sul, com o metro quadrado a R$ 754,35. Os moradores do Nordeste, por sua vez, foram os que pagaram menos na hora de construir no mês passado: R$ 743,01. Apesar do menor valor, em abril, o maior aumento de custos em relação ao mês anterior ficou com a região Nordeste, onde a alta foi de 1,21%. Já a variação do Norte foi a menor do mês, de 0,12%. Por sua vez, no Centro-Oeste, o índice variou 0,31%; no Sul, 0,12%; enquanto no Sudeste a variação foi de 0,15%.

jamais se terá a mesma segurança como quando efetivamente se compra o imóvel, com o registro da escritura no Cartório de Registro de Imóveis. Caso você queira assumir esse risco, pague o menos possível pelo imóvel, lembrando que essa diferença vai, certamente, ser gasta na futura regularização da propriedade.

São necessários mais de R$ 800 para que o projeto saia do papel vido aos reajustes salariais. A segunda maior elevação também foi no Nordeste, com o Maranhão, que registrou variação de 0,55% no mês passado, na comparação com março. Na outra ponta, as menores elevações ficaram com Paraná (0,02%) e Espírito Santo (0,03%). Os estados de São Paulo e Minas Gerais também apresentaram taxas baixas, com 0,09% e 0,08% cada.

Com relação ao estado mais caro para se construir, o Rio de Janeiro ficou novamente em primeiro lugar, com R$ 894,95. Por outro lado, o Espírito Santo registrou o menor custo, de R$ 685,38. ÍNDICE - O Índice Nacional da Construção Civil engloba o preço dos materiais e mão-de-obra, que ficaram, nesta ordem, 0,24% e 0,98% mais caros em abril.

500 mil imóveis até o fim do ano A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou eque o número de 500 mil casas entregues pelo programa Minha Casa, Minha Vida deverá ser alcançado até o final do ano. Segundo Miriam, mais de 70% da meta inicial de 1 milhão de casas já estão em andamento. Aministra afirmou que o corte realizado em recursos do programa não vai impedir o seu desenvolvimento. Ela destacou que os recursos de 2011 são superiores aos aplicados no ano passado, mesmo com o corte, e serão suficientes. "Estes recursos - 5% acima do ano passado - serão suficientes para garantir os contratados. Nós entregamos 250 mil casas e, até o fim do ano, chegaremos a 500 mil". Aministra garantiu ainda que a construção de casas continua sendo um "compromisso" da presidente Dilma Rousseff. O governo espera a aprovação do Congresso de medida provisória sobre o tema. A ministra seguiu sem dar posições claras sobre a questão dos restos a pagar. Ela disse concordar que as emendas parlamentares são "importantes", mas disse que é preciso enfrentar o tema sobre o cancelamento. Miriam Belchior não foi definitiva também sobre a reclamação de deputados de que a Caixa Econômica Federal não poderia ter mais exclusividade sobre a liberação de recursos de convênios. Ela afirmou que a solução pode ser o fortalecimento da Caixa, a abertura a outros bancos ou até uma fórmula combinada dos dois caminhos.

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Restam poucos dias e poucas vagas para o Seminário de Promoção às Exportações (Sempex) e o Encontro Internacional de Negócios (Enin) que a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) promoverá de 10 a 13 de maio, na Casa da Indústria Napoleão Barbosa e no Espaço Multiventos do Ginásio do Sesi, no Trapiche.ara o Enin, o Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiea e parceiros trarão a Maceió compradores de países como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Emirados Árabes, Polônia, Japão, entre outros, que gerarão oportunidades de negócios para micro e pequenas empresas alagoanas das áreas de construção civil, alimentos e bebidas, confecção e acessórios e artesanato e decoração.

SEMPEX Já o Sempex, que será aberto pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Damata Pimentel, é destinado a empresários, estudantes e profissionais ligados à área de comércio exterior. No seminário, palestrantes brasileiros e internacionais abordarão assuntos essenciais para um ambiente propício à comercialização externa de produtos brasileiros, especialmente das micro e pequenas empresas, de forma sustentável e permanente.

INSCRIÇÕES Para participar do Sempex, os interessados podem se inscrever no site www.sempex.com.br. Já para o Enin, as inscrições são feitas na Casa da Indústria. Os eventos destinam-se a micro e pequenos empresários, estudantes e profissionais liberais. Outras informações, pelos telefones 2121-6981 ou 2121-3071 e pelo e-mail sempex@fiea.org.br. São parceiros na realização do evento o Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Planejamento, Sebrae/AL, Banco do Nordeste, Rede Brasileira de Centros Internacionais de Negócios (RedeCIN) e Confederação Nacional da Indústria (CNI).

PUXÃO O aumento as vendas de argamassa (8,5%) e cimento (6%) puxaram o incremento na comercialização de material de construção (6,5%) registrada em abril, conforme pesquisa da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). Na comparação do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período em 2010, as vendas do setor tiveram crescimento de 2,5%. Em 12 meses, a variação é de 9,5%. Em 2010, o setor de material de construção teve um crescimento de 10,6% na comparação com 2009, e apurou um faturamento histórico de R$ 49,8 bilhões.

POSSE O novo presidente da ADEMI foi eleito no início de abril, mas a posse acontecerá este mês. O mês passado foi marcado por feriados e um esvaziamento da agenda empresarial, razão pela qual a diretoria da entidade achou por bem que o evento social acontecesse em maio.

SINDUSCON-AL A Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Qualificação Profissional (Seteq) promoveu na última sextafeira, 6, no Palácio República dos Palmares, o encerramento da Semana do Trabalho, com a entrega do Troféu Destaque Gerador de Emprego para representantes dos segmentos Comércio, Construção Civil e Turismo, os três macrossetores que mais empregaram em 2010. A Caixa Econômica Federal, em Alagoas, também foi homenageada pelo incentivo dado à construção civil com o programa Minha Casa, Minha Vida. O presidente do Sinduscon-AL, José Nogueira, recebeu o troféu das mãos do secretário Hebert Mota. "A geração de empregos na construção civil cresceu 126% em Alagoas", disse o secretário

ESTUDANTES Estudantes da rede estadual de ensino vencedores do Concurso de Redação, que teve como tema "O desafio do Primeiro Emprego", também foram homenageados e receberam prêmios. Na ocasião, o presidente do Sinduscon-AL, que também é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA), informou que os três primeiros colocados do concurso de redação ganhariam uma bolsa de estudos ofertada pelo SENAI para o curso de Tecnologia da Informação. "Premiamos não apenas os setores que mais geraram emprego, mas também a juventude, que representa o futuro do País. Dos sete macrossetores o comércio, turismo, serviços e construção civil apresentaram melhor desempenho em 2010. Esperamos que no próximo anos possamos premiar também as empresas geradoras de emprego", disse o secretário Hebert Mota.

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REGRAS

Compra de imóvel sem escritura: um risco que pode e deve ser evitado Você gostou do imóvel, a localização é conveniente, o preço cabe no orçamento, mas o vendedor diz que "não tem escritura" e sugere a assinatura de um compromisso particular. É possível comprar? Primeiro é preciso distinguir as situações: quando se negocia um imóvel na planta, pago a prazo, é normal que se celebre um "compromisso de venda e compra" vinculado à incorporação imobiliária e cuidadosamente regido pela lei, documento que vai prever todo o andamento do negócio e da construção, até que seja atingido o seu ápice: a entrega do imóvel ao comprador e a celebração de uma escritura definitiva de venda e compra. Porém, não é dessa situação que se trata agora. Quando alguém diz que "não tem escritura", tecnicamente quer dizer que não tem registro imobiliário, e isto significa que você está diante de um vendedor que não é o proprietário. E é válido o dito popular segundo o qual "quem não registra não é dono", porque propriedade se prova com o registro da matrícula do imóvel. Logo, o contrato não será de compra e venda, mas de "promessa de compra e venda". Podem parecer minúcias desprezíveis, mas não são. A diferença legal entre ser "comprador" e ser "promitente comprador" é enorme e refere-se, principalmente, à segurança jurídica. De fato, o proprietário usa, vende, aluga, demole, dispõe do imóvel e pode até exigir a sua devolução de quem in-

Sem a escritura, o contrato a ser firmado não será de compra e venda, mas de "promessa de compra e venda"

justamente o ocupe - enfim, é dono do subsolo e do espaço aéreo e tem o que, na linguagem jurídica, se denomina "direito real". Já o "promitente comprador" tem o chamado "direito pessoal", algo que ele sempre poderá defender, é lógico, Mas, para tal, sempre enfrentará uma série de obstáculos jurídicos e, a cada discussão, precisará mostrar todos os seus documentos e provas, enquanto o proprietário ba-

sicamente exibe a certidão do registro imobiliário, isso é tudo. Em suma, o "promitente comprador" está quase lá, mas ainda não detém a propriedade. E se o "promitente vendedor" sumir ou, por uma razão qualquer, não outorgar a escritura no futuro, vão restar para o adquirente os intrincados caminhos judiciais, demorados e caros. Assim, nada impede a negociação "sem escritura", mas

Sudeste é a região mais cara para construir: R$ 819,71 por m²

POR ESTADO - Ao analisar os dados por estado, a Bahia registrou a maior variação mensal, de 3,57%, de-

Fonte: Uol

CASAS

SUDESTE

SÃO PAULO - Mais uma vez, moradores da região Sudeste foram os que mais desembolsaram na hora de construir um imóvel no mês passado. Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta sexta-feira (6), revela que o custo do metro quadrado na região chegou a R$ 819,71, incluindo materiais e mão de obra, enquanto que o custo médio nacional atingiu R$ 779,18 em abril. Em seguida estão as regiões Norte, onde o valor do metro quadrado alcançou R$ 785,07; Centro-Oeste, onde os custos atingiram R$ 760,23; e Sul, com o metro quadrado a R$ 754,35. Os moradores do Nordeste, por sua vez, foram os que pagaram menos na hora de construir no mês passado: R$ 743,01. Apesar do menor valor, em abril, o maior aumento de custos em relação ao mês anterior ficou com a região Nordeste, onde a alta foi de 1,21%. Já a variação do Norte foi a menor do mês, de 0,12%. Por sua vez, no Centro-Oeste, o índice variou 0,31%; no Sul, 0,12%; enquanto no Sudeste a variação foi de 0,15%.

jamais se terá a mesma segurança como quando efetivamente se compra o imóvel, com o registro da escritura no Cartório de Registro de Imóveis. Caso você queira assumir esse risco, pague o menos possível pelo imóvel, lembrando que essa diferença vai, certamente, ser gasta na futura regularização da propriedade.

São necessários mais de R$ 800 para que o projeto saia do papel vido aos reajustes salariais. A segunda maior elevação também foi no Nordeste, com o Maranhão, que registrou variação de 0,55% no mês passado, na comparação com março. Na outra ponta, as menores elevações ficaram com Paraná (0,02%) e Espírito Santo (0,03%). Os estados de São Paulo e Minas Gerais também apresentaram taxas baixas, com 0,09% e 0,08% cada.

Com relação ao estado mais caro para se construir, o Rio de Janeiro ficou novamente em primeiro lugar, com R$ 894,95. Por outro lado, o Espírito Santo registrou o menor custo, de R$ 685,38. ÍNDICE - O Índice Nacional da Construção Civil engloba o preço dos materiais e mão-de-obra, que ficaram, nesta ordem, 0,24% e 0,98% mais caros em abril.

500 mil imóveis até o fim do ano A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou eque o número de 500 mil casas entregues pelo programa Minha Casa, Minha Vida deverá ser alcançado até o final do ano. Segundo Miriam, mais de 70% da meta inicial de 1 milhão de casas já estão em andamento. Aministra afirmou que o corte realizado em recursos do programa não vai impedir o seu desenvolvimento. Ela destacou que os recursos de 2011 são superiores aos aplicados no ano passado, mesmo com o corte, e serão suficientes. "Estes recursos - 5% acima do ano passado - serão suficientes para garantir os contratados. Nós entregamos 250 mil casas e, até o fim do ano, chegaremos a 500 mil". Aministra garantiu ainda que a construção de casas continua sendo um "compromisso" da presidente Dilma Rousseff. O governo espera a aprovação do Congresso de medida provisória sobre o tema. A ministra seguiu sem dar posições claras sobre a questão dos restos a pagar. Ela disse concordar que as emendas parlamentares são "importantes", mas disse que é preciso enfrentar o tema sobre o cancelamento. Miriam Belchior não foi definitiva também sobre a reclamação de deputados de que a Caixa Econômica Federal não poderia ter mais exclusividade sobre a liberação de recursos de convênios. Ela afirmou que a solução pode ser o fortalecimento da Caixa, a abertura a outros bancos ou até uma fórmula combinada dos dois caminhos.

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Dois

Confira as promoções na Revista da TV

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Patrimônio esquecido

Considerada no passado importante instituição cultural, com um dos maiores e mais destacados acervos do interior do Estado, a Biblioteca Municipal Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios, vive hoje dias de descaso e abandono. Deficiências na estrutura, ausência de recursos tecnológicos, obras obsoletas e outros problemas acarretaram não só baixa frequência de visitantes, como pouco estímulo à leitura pela comunidade. O Caderno Dois de O JORNAL foi conferir a situação e ouvir responsáveis e população sobre o porquê de os bons tempos de um dos seus principais equipamentos culturais terem ficado para trás. Leia nas páginas B3, B4 e B5

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Domingo, 8 de maio de 2011 | www.ojornalweb.com | e-mail: cultura@ojornal-al.com.br

TV ABERTA EDUCATIVA

Canal 3

06h00 - Via Legal 06h30 - Brasil Eleitor 07h00 - Palavras de Vida 08h00 - Santa Missa 09h00 - Viola Minha Viola 10h15 - Curta Criança 10h30 - Anabel 11h00 - Castelo Rá-Tim-Bum 11h30 - Janela Janelinha 12h00 - ABZ do Ziraldo 12h30 - Tromba Trem 12h45 - Carrapatos e Catapultas 13h00 - Um Menino Muito Maluquinho 13h30 - Catalendas

14h00 14h30 15h00 16h00 17h00 18h00 18h30 19h00 20h00 21h00 22h30 23h00 00h45 01h45 02h45

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TV ALAGOAS

Canal 5 00h00 - De Frente Com Gabi 01h00 - Série - Arquivo Morto // Cold Case 02h00 - Série - Desaparecidos // Without a Trace 03h00 - Série - A Sete Palmos // Six Feet Under 04h00 - Encerramento

06h00 - Aventura Selvagem (Reprise) 07h00 - Pesca Alternativa 08h00 - Vrum 08h30 - Ganhe Mais Dinheiro com Jequiti 09h00 - Igreja Mundial 11h00 - Domingo Legal 15h00 - Eliana 19h00 - Roda a Roda Jequiti 19h40 - Sorteio da Tele Sena 19h45 - Programa Silvio Santos

TV GAZETA 05h35 06h37 06h48 07h20 07h50 08h50 10h40 11h00 12h40 13h15 14h05

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Canal 7 15h45 - Futebol 2011 - Campeonato Paulista: Santos x Corinthians 18h00 - Domingão do Faustão 20h45 - Fantástico 23h05 - Batendo Ponto 23h40 - Domingo Maior - O Homem Sombra (Exibição em HD) 01h20 - Sessão de Gala - A Vida Secreta das Palavras 03h15 - Corujão

Santa Missa Sagrado Gazeta Rural Pequenas Empresas Globo Rural Fórmula 1 GP da Turquia Auto Esporte Esporte Espetacular Aventuras do Didi Os Caras de Pau Temperatura Máxima Vira-Lata (Exibição em HD)

TV PAJUÇARA 01h15 05h25 05h55 06h45 07h15 08h00 09h00 10h00

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Canal 11 11h00 11h30 12h00 16h00 20h00 23h00

01h00 -

IURD Bíblia em Foco Desenhos Bíblicos IURD - Nosso Tempo Desenhos Bíblicos Record Kids Ponto de Luz Alagoas da Sorte

TV BANDEIRANTES 05h45 07h00 10h30 11h00 12h00 12h45 13h15 15h00

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Dango Balango TV Piá Stadium Auwe Ver TV De Lá Pra Cá Cara e Coroa Papo de Mãe Conexão Roberto D'Ávila EsportVisão Natália Cine Ibermédia A Grande Música Doc TV IV Curta Brasil

Informativo Cesmac Pajuçara 360º Tudo é Possível Programa do Gugu Domingo Espetacular Tela Máxima Voo United 93 IURD

Canal 38

Espaço Vida Vitoriosa Infomerciais Brasil Caminhoneiro Infomerciais Auto+ Band Clássicos Band Esporte Clube GOL o grande momento do futebol 15h30 - Futebol 2011

18h00 - Terceiro Tempo 20h00 - V.I.P. ? Segurança Especial 21h00 - Domingo no Cinema 22h50 - Acerto de Contas 23h30 - Canal Livre 00h30 - Mundo Fashion 01h00 - Show Business 01h45 - Cine Band 03h45 - Espaço Vida Vitoriosa

Horóscopo www.omarcardoso.com.br

ÁRIES (20 mar. a 20 abr.) O lado financeiro ainda estará indo muito bem, o que o deixará com uma incrível segurança neste sentido. Mas, será na família e nos amigos que você estará mais ligado neste período. O período ainda não será positivo no amor.

LEÃO (22 jul. a 22 ago.)

TOURO (21 abr. a 20 mai.) Momento positivo que o beneficiará muito e de modo decisivo. Notícias agradáveis. Não de crédito a rumores e boatos que possam surgir. Data positiva para fazer mudanças. O clima sensual continua muito favorável para você neste período.

VIRGEM (23 ago. a 22 set.)

Início de um novo ciclo anual em sua vida, abrindo-se novas perspectivas. Procure as motivações mais verdadeiras e invista seu esforço nelas. Tendência a cometer certas precipitações e a se irritar no trato com o dinheiro.

Parece que a fase de indefinições que você vinha passando finalmente chegou ao seu final. Aproveite para repensar no que aconteceu e fique atento para que não volte a repetir os mesmos erros.

SAGITÁRIO (22 nov. a 21 dez.)

CAPRICÓRNIO (22 dez. a 20 jan.)

Mudanças na organização do cotidiano, nos estudos e no convívio com as pessoas. Procure não apenas se divertir, mas também definir o que você quer. Até que isso se resolva, haverá a possibilidade de atritos na família.

Período especialmente favorável para iniciar uma união, seja de cunho amoroso ou profissional. Certas facilidades permitirão um bom entrosamento entre você e as pessoas de seu convívio. Diminua as exigências que costuma fazer.

GÊMEOS (21 mai. a 20 jun.) Momento em que sua moral e reputação estarão em jogo, se entrar em contato com pessoas de caráter duvidoso. Por outro lado, o período será dos melhores para negócios relacionados com metais e materiais para construção.

LIBRA (23 set. a 22 out.) Livre-se de suas preocupações tomando atitudes positivas para solucioná-las. O dia se apresenta positivo aos negócios arriscados e as empresas precipitadas. Favorável para receber benefícios de parentes e do cônjuge e para progredir no trabalho e no plano material

AQUÁRIO (21 jan. a 20 fev.) Vênus vai lhe dar inúmeras e ótimas chances de progresso social e financeiro. Sua predisposição para os negócios estará exaltada e será bastante favorecido no amor. O seu magnetismo pessoal do período vai atrair pessoas do sexo oposto.

CÂNCER (21 jun. a 21 jul.) Desenvolvimento da vida financeira, como fruto de atividades pessoais voltadas para a organização e estratégia. Você estará buscando descobrir o seu verdadeiro papel na sociedade através de uma grande força de vontade.

ESCORPIÃO (23 out. a 21 nov.) Através do apoio de outras pessoas, de sócios ou de clientes, você poderá melhorar sua situação material e obter o reconhecimento que a sua capacidade no trabalho fez por merecer. Sua ligação com a família também estará fortemente impulsionada.

PEIXES (21 fev. a 20 mar.) Suas boas qualidades e habilidades influenciarão de maneira benéfica, pessoas importantes para você. O trabalho e o amor estão em bom aspecto. Você sentirá uma forte necessidade de expressar suas ideias com novas pessoas, poderá fazer com que consiga atingir tudo o que deseja.


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País de muitos livros e minguados leitores Shirley Nascimento Repórter

O Brasil caminha para consolidar uma posição entre as oito maiores economias do mundo, mas, em outras áreas que também servem para medir o desenvolvimento, como a Educação, embora alguns índices tenham melhorado nos últimos anos, outros mantêm uma performance histórica de envergonhar qualquer nação séria. Tratando exclusivamente dos dados relacionados ao hábito da leitura, por exemplo, no País de Machado de Assis e Jorge Amado, cada brasileiro lê, em média, apenas 4,7 livros a cada 12 meses, segundo dados do Ministério da Cultura. Isso porque o índice já melhorou muito; há dez anos, era de 1,8, menos da metade do que lê um norte-americano ou um europeu. O baixo índice de leitura reflete no desempenho em várias áreas, como nos resultados em sala de aula. Na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos

(Pisa), divulgada este ano, o Brasil ficou apenas em 53º lugar, num ranking com 65 países. Já a segunda edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, estudo sobre o comportamento leitor no País, realizada em 2007 e divulgada em 2008, mostra que 45% da população pesquisada não havia lido nenhum livro no ano anterior, sendo que a maior parcela de não-leitores está entre os adultos. Outro dado apurado é que, quanto mais abastada a família, mais se lê. Mas 86% dos entrevistados nunca foram presenteados com um livro na infância. Quinze por cento alegaram não ter lido nada no ano anterior por falta de bibliotecas. Se a esses forem somados os que alegaram falta de dinheiro para comprar livros, o item falta de acesso a livros chega a 33%. Segundo as pesquisas, nas cidades pequenas, esses números são ainda mais desanimadores. Não são conhecidas estatísticas específicas sobre o Estado de Alagoas no que diz respei-

to à leitura, mas, quando são analisados os dados relativos à Educação de um modo geral, pode-se constatar o árduo caminho que ainda há a percorrer. O papel do Poder Público para melhorar os índices de educação e de leitura é óbvio. Ou, pelo menos, deveria ser. Mas não é preciso ter acesso a muitas estatísticas para se constatar que tem muito administrador público deixando de cumprir seu papel. Basta visitar escolas ou bibliotecas públicas. Segundo informações de 2005 do Ministério da Cultura, quase 90% dos municípios brasileiros têm pelo menos uma biblioteca. E é aí que 34% dos leitores afirmam conseguir livros, de acordo com as estatísticas. Resta saber qual o estado desses equipamentos culturais, a situação dos prédios, dos acervos e dos recursos humanos. O Caderno Dois de O JORNAL visitou uma das maiores bibliotecas públicas de Alagoas, em Palmeira dos Índios, para ter uma ideia de como anda o acesso ao livro no interior do Estado.

Thiago Sampaio

Instalada no prédio da antiga Estação Ferroviária do município, biblioteca pública era famosa no passado pela quantidade e qualidade das obras

Com acervo ultrapassado, biblioteca é hoje reduto de livros didáticos Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano, é um dos maiores municípios do Estado. É berço de intelectuais, artistas e outras renomadas personalidades, como religiosos, políticos, jornalistas, juristas. Nas paredes da Biblioteca Pública Graciliano Ramos, instalada há dez anos no prédio da antiga estação ferroviária, pinturas de Tobias Granja, Tenório Cavalcanti, Adalberon Cavalcanti, Luiz Torres, Jofre Soares, Joarez Ferreira, Monsenhor Macedo, José Branco, José de Almeida, Byron Torres, Ivan Barros, Chico Nunes, José Rebelo, Luiz Torres e, claro, Graciliano Ramos, mostram que o clima da cidade já foi mais favorável aos estudos e à produção literária, ou ao menos já contribuíram para o destaque de pessoas em várias áreas do saber e das artes. Apenas para citar nomes mais contemporâneos, a desembargadora Elizabeth Carvalho, primeira mulher a assumir a presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas, e o professor José Marques de Melo, primeiro doutor em Ciência da Comunicação no Brasil e fundador da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP),

também nasceram na cidade dos índios Xucurus. Antes de funcionar na estação, o acervo estava disponível na Casa Museu Graciliano Ramos, também no centro da cidade. Ambos os equipamentos, como também o Museu Xucurus, estão sob os cuidados da Secretaria de Cultura do Município, de onde é titular Salomão Torres, que não se encontrava na cidade quando de nossa passagem por lá. Qualquer pessoa em Palmeira ensina o caminho para a biblioteca. Além de disponibilizar livros, o prédio já serviu de gabinete para o prefeito da gestão anterior atender à população - todas as tardes, ele deixava a Prefeitura e ia para a Rua Luiz Pinto de Andrade, no Centro do município, o que contribuiu ainda mais para o conhecimento do endereço atual. À época, o equipamento funcionava todos os dias, nos três turnos. A Biblioteca Graciliano Ramos sempre foi famosa tanto pela quantidade quanto pela qualidade dos livros, revistas e jornais que oferecia. Informações colhidas em sites e jornais locais dão conta de que havia pelo menos

30 mil livros no acervo e que era a única no interior do Estado que disponibilizava jornais do Sudeste à população. “Essa biblioteca sempre foi bem vista pelas pessoas de fora e pelos estudantes daqui mesmo. Eu mesma, antes de ser funcionária, quando precisava pesquisar algum tema, vinha para cá”, disse Robéria Bezerra. Mas a situação mudou. A maior parte do acervo, que é de livros didáticos, está ultrapassada e ninguém sabe ao certo quantos livros há lá dentro, embora, no “Guia de Bibliotecas Públicas Municipais”, do Sistema de Bibliotecas públicas da Secretaria de Cultura do Estado, apareça com acervo de dez mil exemplares. Arapiraca informa 11 mil e Penedo, 20 mil livros. Apenas um jornal local e três revistas nacionais estão disponíveis na biblioteca palmeirense. A situação atual afugentou os visitantes, que já chegaram a ultrapassar cem em um único dia e hoje tem dias em que não recebe ninguém. (S.N.) Continua nas páginas B4 e B5

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Fotos: Thiago Sampaio

Livros desordenados, sem condições de uso e espalhados nas estantes ou no chão, vivem amontoados em salão nos fundos do prédio

Deficiências de estrutura e funcionamento comprometem equipamento cultural “Um país se faz com homens e livros”. A conhecida assertiva de Monteiro Lobato parece não ter chegado aos ouvidos do Poder Público atual de Palmeira dos Índios, cidade que já teve Graciliano Ramos como prefeito. Ao chegar à biblioteca, a primeira coisa que se percebe é que o prédio está cercado de mato. A pintura já está antiga e não há isolamento acústico. O barulho da rua atrapalha quem procura o lugar para ler. Há uma feira a poucos metros do local e o som de buzinas e carros de propaganda é comum. Ao entrar no prédio, o que se vê é muito pior. Um salão mal-iluminado, com piso deteriorado e muitas goteiras e infiltrações por todo lado. O telefone não funciona - aliás, não há nenhum recurso tecnológico a serviço de funcionários ou visitantes. Não há computadores ou câmeras que registrem a mo-

vimentação, muito menos catalogação eletrônica dos livros. Por conta disso, não é mais possível levar os livros emprestados para serem lidos em casa e devolvidos depois. “O povo levava e não trazia de volta”, revela Robéria Bezerra, atendente da biblioteca há pouco mais de um ano. Afrequência à biblioteca não é totalmente registrada. “Quando um estudante vem quase todo dia, a gente não registra mais”, confessa a atendente Ana Rita Pereira do Nascimento. O que ela não sabe é que essa frouxidão nos registros atrapalha o conhecimento de dados sobre o equipamento e, por consequência, a implantação de projetos e programas que possam vir a ser pensados. Não há bibliotecário no local. Os banheiros, tanto os que servem aos funcionários, quanto os destinados aos visitantes, amargam em meio à sujeira. Apenas uma

Além de goteiras e infiltrações, pintura antiga e ausência de isolamento acústico são comuns na biblioteca

funcionária – que não se encontrava no local no momento da reportagem - faz a limpeza. A sala de leitura infantil não tem uma lâmpada sequer. O acervo está condicionado em estantes de ferro ou espalhado em cadeiras e mesas e há dezenas de livros amontoados no chão, entre um balcão e uma parede, no salão dos fundos do prédio. Os funcionários informaram que há uma outra sala cheia de livros que precisam ser separados entre os que ainda servem e aqueles que deverão ser arquivados, resultado de uma limpeza recente. Mas não permitiram o acesso da equipe de reportagem ao local. A biblioteca até recebeu livros recentemente, de Filosofia, de História da África e uma Enciclopédia Barsa. Porém, o material ainda não foi disponibilizado por falta de espaço adequado. O horário de funcionamento também mudou. Das quin-

ze horas diárias em que ficava aberta ao público, alguns anos atrás, hoje só funciona das 8h às 17h. O problema não está na falta de funcionários. Há, pelo menos, 12 atendentes, além de serviçal responsável pela limpeza e vigilantes. O problema da redução paulatina do horário de atendimento, segundo informações, está na falta de segurança. Os vigilantes, que só trabalham à noite, não usam armas e há apenas um por turno. Além de o local ser pouco movimentado depois que o sol se põe, é comum a presença de usuários de drogas e de casais de namorados mais afoitos nas imediações. Por conta disso, aquelas pessoas que só poderiam frequentar a biblioteca à noite são prejudicadas. Um ponto positivo é que ela fica aberta também nos finais de semana e até mesmo em alguns feriados. (S.N.)

Para Teobaldo Dionísio, frequentador assíduo do local, acervo e prédio necessitam de maior atenção

Baixa frequência de visitantes: reforço para situação de abandono Durante toda a manhã em que O JORNAL permaneceu no reduto de leitura palmeirense, foi constatado pouco comparecimento de visitantes. O funcionário público Teobaldo Dionísio foi um deles. Para ele, “a biblioteca está maltratada, mas ela sempre foi muito boa, é bem central. O trato com a educação é sempre assim. Tem que ser feita alguma coisa, se não vai acabar virando uma papelaria velha”, afirmou com uma gramática em mãos. “Já cheguei a frequentar durante seis meses a biblioteca, praticamente todos os dias. Gosto de estudar Língua Portuguesa e

Direito”, conta, revelando ter o Mestre Graça - como também é conhecido Graciliano Ramos -, entre seus escritores preferidos. “Já li Vidas Secas, São Bernardo, Infância. Todo mundo tinha que ler Infância”. Mas, apesar de todo o marketing que a cidade sempre fez sobre o fato de lá ter vivido e até exercido a política um dos maiores escritores brasileiros, poucos afirmam já ter lido um livro de sua lavra. Na biblioteca há uma sessão somente de livros de Graciliano e outra de outros escritores nascidos em Palmeira dos Índios, embora não tenha sido encontrado, em uma busca mais recente, ne-

nhum exemplar da mais famosa obra do escritor, “Vidas Secas”, segundo uma funcionária. Constatada a fraca visitação, O JORNAL saiu às ruas em busca de frequentadoras da biblioteca. A estudante do 2º ano do ensino médio Larissa Rocha, de 15 anos, disse que costumava ir à biblioteca, mas que o hábito foi diminuindo até acabar desde o dia em que adquiriu um computador. Larissa, que estuda no Colégio Diocesano Sagrada Família, confessa que nunca leu um livro do ilustre alagoano que dá nome à biblioteca, realidade que também cerca Amanda

Guilherme de Farias, de 17 anos, estudante do 3º ano no mesmo colégio. “Vidas Secas é de quem?”, perguntou Amanda, que quer fazer vestibular para Direito. “Li esse livro”. Ela conta que ia à biblioteca aos sábados, sempre que tinha trabalho escolar para fazer, mas que também perdeu o hábito depois que adquiriu computador. Questionadas sobre a leitura de outros livros, revelaram: “Só li a série ´Crepúsculo´”. Ivaldo de Melo, de 18 anos, cursa Direito em Arapiraca. “Quando estudava nos colégios em Palmeira, cheguei a frequentar a biblioteca”, diz,

revelando, sem nenhum constrangimento, nunca ter lido livro algum. Segundo a diretora da Escola Estadual Almeida Cavalcanti, Roseli dos Santos, essa é a realidade de muitos estudantes hoje em dia. “Os alunos fazem mais pesquisas resumidas pela Internet e deixaram de frequentar as bibliotecas”, afirma. Já a estudante do 6º ano Ana Natália Bezerra, de 14 anos, contou que costuma ir à biblioteca sempre que tem trabalho escolar, mesmo tendo uma lan-house em casa. “Quando tem trabalho escolar, eu vou até lá, mas só pra fazer

trabalho escolar mesmo, sempre encontrei o que procurava. Nem tudo que tem na biblioteca, tem no computador”. Já a sua irmã, Adelane da Silva Bezerra, de 25 anos, estudante do Supletivo, conta que recentemente precisou fazer uma pesquisa sobre os índios palmeirenses e não encontrou o que procurava na biblioteca. “Só encontrei assunto sobre os índios de Alagoas, de forma geral. Então, minha irmã pesquisou na Internet, e nós entrevistamos um morador da reserva, um índio, para fazer o trabalho”, conta. (S.N.) Continua na página B5


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Carência de obras desestimula jovens leitores Mas, apesar desses depoimentos e de todos os problemas apresentados, as funcionárias da biblioteca garantem que tem gente que frequenta a biblioteca todos os dias. “Próximo das datas comemorativas ainda vem muito estudante fazer trabalho. Eu mesma já dei material para 128 pesquisas em um único dia”, afirma Ana Rita Pereira do Nascimento. Ela conta que muitos jovens já passaram em concursos estudando com os livros da biblioteca pública. Mas reclama que não há nenhum livro ainda com a nova ortografia da Língua Portuguesa disponível no acervo. “A gente precisa de livros que sirvam para quem faz nível superior, são muito procurados. O que mais temos são livros didáticos, e outros que só servem para os meninos fazerem trabalhos escolares”, afirma Robéria Bezerra. Um desses leitores assíduos é Igor Viturino, 18, que concluiu o ensino médio

e revela estar estudando, como ele diz, “para o que aparecer”. Assegurando ir todos os dias à biblioteca atualmente, como fazia quando ainda era estudante, ele cita os livros de História e Geografia como o foco das suas pesquisas por lá, embora estivesse com um livro de Matemática em mãos. “Sempre encontro o que procuro por aqui, mas também costumo pesquisar na Internet. Só que, na Internet, é mais resumido. Aqui, na biblioteca, os livros têm mais conteúdo”. Para o jovem, a biblioteca “é muito antiga, era para ser maior, ter mais livros novos. Aqui é mais tranquilo do que na minha casa, lá me desconcentro, aqui não. Passo umas três horas por dia. Terminei os estudos, mas quero continuar o tempo que tenho estudando”, destaca Igor, que, enquanto estudava em uma das mesas da biblioteca, dividia a atenção com duas goteiras - uma sobre a mesa ao lado

e outra no chão -, que já formavam uma das várias poças de água existentes no local, alcançando alguns livros na parte mais baixa das estantes. Inderson Silva Neves, 22 anos, é outro que vem comparecendo ao local todos os dias, desde o início deste ano. “Fazia cursinho, mas, quando terminou o ano, resolvi estudar por conta própria. Aqui encontro o que preciso e também trago livros de casa. Acho essencial o livro”. Ele escolheu estudar nos fundos da biblioteca como forma de fugir do barulho, principalmente do trânsito que passa ao lado do prédio e dos carros de propaganda. Inderson, que passa entre cinco e seis horas por dia na biblioteca, reclama das condições de higiene do banheiro. “Às vezes falta água ou a descarga está quebrada. Fica muito forte o mau cheiro”. Bem como da falta de atualização das obras oferecidas. (S.N.) Fotos: Thiago Sampaio

Inderson Silva prefere estudar no salão dos fundos para fugir do constante barulho nos arredores do prédio

Responsável pela biblioteca, Marcos Omena afirma que já existe projeto para melhorias nas instituições culturais do município

Casa Museu Graciliano Ramos e Museu Xucurus aguardam atenção Mas, em Palmeira, não só a Biblioteca Pública carece de reformas e outras ações. A Casa Museu Graciliano Ramos - localizada a alguns metros da antiga estação, que também funciona como sede da Secretaria de Cultura -, também apresenta problemas. Infiltrações, principalmente no auditório; ausência de sistema de arcondicionado funcionando e o mato cobrindo parte do terreno - que poderia servir de estacionamento ou mesmo como área para eventos ao ar livre – são apenas algumas de suas muitas deficiências. A parte da frente da casa, que foi ocupada por Graciliano Ramos, é tombada e só pode ser reformada com autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mas o auditório está localizado na parte de trás, um anexo construído depois, e que não faz parte do tombamento. Já o Museu Xucurus, que funciona em uma Igreja católica na parte mais alta da cidade, aparentemente, não vivencia tantos problemas estruturais. Sua carência reside no fato de um tratamento museológico mais adequado. Marcos Omena, apontado pelos funcionários da biblioteca como sendo o responsável pelo local, disse que também acumula os cuidados com a Casa Museu e com o Museu Xucurus. “Vamos resolver todos

esses problemas com urgência. A estrutura física não é adequada. Projeto para isso existe. No caso da biblioteca, não é caso só de pintura, retelhamento e limpeza. O Museu Xucurus também precisa de um museólogo para organizá-lo de forma adequada. Há vários períodos ali representados misturados”. Um levantamento das ações necessárias para que a biblioteca tenha melhores condições de funcionamento e atendimento já foi iniciado por funcionários da Prefeitura. Dedé Tenório apresentou-se como chefe da equipe. “Fui um dos funcionários que trabalharam na implantação da biblioteca aqui, dez anos atrás, então me chamaram de novo agora”. Ele informou que a Prefeitura já dispõe de material para os reparos necessários. “Existe também projeto para climatizar, informatizar, está em Brasília”. Mas Dedé não soube dizer exatamente onde nem sob os cuidados de quem. Uma vaga resposta. A mesma ouvida na Casa Museu. Constrangido, o assessor da Secretaria de Cultura continua: “A administração municipal esteve ocupada com outras questões, mas, a partir de agora, vai começar a olhar para a biblioteca e a Casa Museu e também para o Museu Xucurus. A situação da biblioteca é essa que vocês estão vendo, não dá pra escon-

der. Mas já está garantido que tudo isso será resolvido”. O secretário de Cultura de Palmeira dos Índios, Salomão Torres, foi contatado por O JORNAL, por telefone, mas não foi encontrado para dar maiores esclarecimentos sobre a situação. Assim, algumas perguntas ficaram sem respostas. Qual o orçamento para a Biblioteca no ano de 2011? Quem é realmente o responsável pelo equipamento cultural? Como e onde anda o projeto de melhora das condições da biblioteca? Existe projeto para reparar os problemas no auditório da Casa Museu Graciliano Ramos? E quanto ao número insuficiente de funcionários para a limpeza e para a segurança da biblioteca, o que será feito? Segundo Dedé Tenório, a realização de um concurso que contemplaria vagas para vigilantes está em discussão na Câmara de Vereadores. Existe previsão de que sejam contratados bibliotecários e instalados sistemas informatizados para o funcionamento adequado do local? Qual a situação jurídica do uso do prédio, perante a empresa que administra a rede ferroviária? Há projetos ou programas de dinamização cultural envolvendo os equipamentos culturais palmeirenses? Os estudantes e leitores da terra dos Xucurus e arredores esperam pelas respostas. (S.N.)

Casa Museu necessita de reformas e outras ações


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RELIGIÃO

Maio: mês de devoção a Maria Thallysson Alves Nossa Senhora é evocada pelos católicos como divina figura materna

Estagiário*

Maio é o mês em que os católicos dedicam suas orações a Maria, mãe de Jesus. Apesar de motivos diferentes, no mesmo mês, comemoramos o Dia das Mães, celebrado hoje em todo o Brasil. Para os fiéis à Igreja Católica, Nossa Senhora, como também é denominada em várias nomeações, é a mais alta figura materna, logo, não existe melhor época para homenagear a Mãe de todas as criaturas. Entre dezenas de “Nossas Senhoras”, podemos considerar como as mais conhecidas pelos alagoanos as Aparecida, da Assunção, da Conceição, da Glória, da Misericórdia, das Graças, de Lourdes, do Brasil, do Carmo, dos Navegantes e Rosa Mística. Todas elas remetem à figura de Maria, que, segundo o arcebispo emérito de Uberaba (MG), Dom Benedicto de Ulhoa Vieira, é vista como um ser privilegiado, escolhida para a alta missão de gerar o filho de Deus. Para melhor perceber o perfil materno de Nossa Senhora, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cita três passagens bíblicas. Aprimeira é a das Bodas de Caná, que realça sua figura intercessora; a segunda é a que nos mostra seu silêncio e sua humildade, quando o anjo a encontra na quietude de sua casa, rezando, para Cantora carioca tem sua história registrada em filme, CD e biografia

O canto de amor da “mãe do Brasil” Gabriela Lapa Estagiária*

Em suas músicas, a cantora carioca Flordelis diz que ninguém nasce com jeito de super-herói. “Nossos sonhos, a gente é quem constrói”, diz a letra de “Conquistando o impossível”, uma das faixas do CD “Basta uma palavra para mudar”. Os versos podem até ser verdade para a maioria das pessoas, mas não para a sua criadora. Aos 50 anos, a carioca tem uma história de vida que já foi transformada em filme, cantada em CD e, agora, contada em uma biografia. Mãe de 50 filhos adotivos, Flordelis salvou crianças da miséria, no Rio de Janeiro, e mostrou que superheróis existem, mesmo para quem tem a força de construir os próprios sonhos. Na noite da última sexta-feira, pela primeira vez em Maceió, ela fez uma única apresentação na igreja do Evangelho Quadrangular, na Ponta Grossa. Além de cantar músicas como “Conquistando o impossível”, que está na trilha sonora do documentário sobre a sua vida, Flordelis falou sobre a importância de cultivar uma mensagem de amor entre as pessoas que leem o Evangelho, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade social . “As famílias não podem desistir de lutar pelos seus filhos. Se precisarem gritar, as mães têm que gritar. Se precisarem brigar, têm que brigar; só não podem deixar que eles morram pelo tráfico”, aconselha. E de filhos, ela entende. VIDA DE ADOÇÃO - A história da carioca que salvou 50 crianças das favelas do Rio começou há 21 anos, quando, aos 39, Flordelis dos Santos de Souza adotou o primeiro dos 47 filhos que passaria a criar mais tarde. Com três biológicos – dois meninos e uma menina –, ela levou para a família um bebê que havia sido jogado no lixo pela mãe. A prática continuou nas ruas da Central do Brasil e da favela do Jacarezinho,

onde a carioca cresceu, até que as próprias crianças começaram a procurá-la. “Me chamavam de “missionária do tráfico” porque eu conseguia ajudar os meninos a sair daquela vida. Um dia houve um tiroteio na Central, e os 37 sobreviventes bateram à minha porta. Ficaram 47 pessoas vivendo na mesma casa, que só tinha dois quartos”, conta Flordelis. Com uma família tão grande, a cantora gospel revela que sofreu preconceito, foi acusada de sequestro e acabou tendo que fugir para não perder as crianças. “O juizado de menores me deu 24 horas para entregá-las, então, me escondi na rua por quatro meses, depois fui para a casa de um amigo, por mais quatro meses, até que finalmente consegui legalizar a situação. Outro amigo me levou à imprensa e, contando a história, consegui permissão da Justiça para criar os meus filhos”, lembra Flordelis. Hoje, para sustentar tanta gente, ela diz que conta com o apoio do empresário Pedro Werneck e com a renda gerada pelas apresentações que faz dentro e fora do Rio de Janeiro. A história da missionária chamou a atenção da mídia e lhe rendeu o título de “mãe do Brasil”, concedido pela TV Globo em um programa da Xuxa. Logo depois, Flordelis e seus 50 filhos inspiraram um documentário, que ela diz com orgulho, estrelado por atores como Cauã Reymond, Deborah Secco e Fernanda Lima. Este ano, em abril, a carioca lançou sua biografia pela editora Thomas Nelson. Para dar conta de tantos eventos e conciliá-los com as apresentações nas igrejas, Flordelis vive na estrada, mas sempre em viagens curtas, como a que fez a Maceió. Arazão é bem simples: depois de enfrentar tanta dificuldade para manter os filhos adotivos consigo, ela diz que a única coisa que quer é ficar perto deles. “Faço questão: um dia na estrada, outro em casa”, justifica. *Sob a supervisão da Editoria de Cultura

dizer-lhe que fora escolhida por Deus para trazer ao mundo Emanuel, o Salvador; e a terceira é a sua corajosa atitude diante de

todo o sofrimento vivido na criação de Jesus. *Sob a supervisão da Editoria de Cultura

Oração Carismática, Apostolado da Oração e Legião de Maria: os louvores à santa Em Alagoas, diversos são os movimentos e grupos da Igreja Católica voltados à Maria. Além da tão famosa Oração Carismática, que sempre invoca tal poder supremo materno, é fácil lembrar do Apostolado da Oração e da Legião de Maria. Diva Caetano da Silva, de 59 anos, é participante desses grupos. Como ela mesma diz, com brilho nos olhos, sempre foi católica, “desde o colo da mãe”. “Ela me levava para a Igreja, rezávamos o terço juntas; foi um tempo muito marcante em minha vida. Morávamos em uma cidadezinha do interior, até que precisamos vir para a capital trabalhar”, contou. Depois de algum tempo de moradia em Maceió, Diva perde seus pais e constrói sua nova família em uma estreita rua no bairro da Jatiúca. “Foi quando conheci a Paróquia Divino Espírito Santo, muito conhecida pela quantidade de fiéis engajados nos grupos da igreja. Desde o tempo em que conheci os grupos de lá, tempo que nem lembro mais quando foi, não deixei de frequentá-la. Hoje vou para a missa todos os dias, celebradas às 16h30 durante a semana; aos encontros da Legião de Maria, que acontecem às quartas-feiras, às 14h30; além das missas de fim de semana. Sinto-me realizada”, declarou. Alegionária, como são conhecidas as integrantes da Legião de Maria, é profundamente apaixonada pela Mãe de Jesus. “Ela é a nossa mãe. Se não fosse o ‘sim’ que Ela deu, o que seria de nós? Sou muito agradecida. Toda pri-

meira quarta-feira do mês vou à missa no Santuário Virgem dos Pobres. Rezo o terço e o rosário todos os dias. E já fui presenteada por muitas graças, as quais eu tenho certeza de que receberam Sua intercessão”, disse. Filha de pais analfabetos, atualmente, Diva é aposentada e todo o dinheiro que recebe é destinado ao seu sustento. Devota de Nossa Senhora Aparecida, ela alimentava o sonho de conhecer a cidade de Aparecida, em São Paulo. “Eu não tinha como pagar a viagem, foi quando um dia encontrei uma Medalha Milagrosa debaixo da porta. Fiquei muito emocionada, pois dizem que, quando a ganhamos, é porque vamos receber uma graça. Orei muito. Até que um dia, na igreja, divulgaram a viagem. Ela só tinha duas vagas, imaginei logo que era a da minha filha e a minha. E foi o que aconteceu”, lembra. “Foram cinco dias de realização. Chorei muito na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, quando vi a representação de pertinho, e voltei com uma felicidade imensa”, completou. Mas as intercessões na vida da aposentada pela Virgem Maria não pararam por aí. Portadora da Doença de Chagas e cansada dos exames que precisava fazer com frequência, Diva conta que começou a pedir ajuda para suportar a enfermidade. “Foi quando, uma noite, senti um aconchego que começou nas mãos e percorreu até o meu coração. Adormeci. Sonhei com duas Senhoras: uma branquinha, com um véu branco, e outra mais escura. De repente

acordei e me pus a chorar. Depois de algum tempo fui ao médico e descobri que o problema estacionou. Foi quando tive a certeza de que havia recebido a graça”, recordou. Conforme a legionária, do dia 13 de maio até a mesma data do mês de outubro, a Legião de Maria leva a imagem de Nossa Senhora de Fátima às casas. Mas, durante todo este mês, fiéis da Igreja Nossa Senhora das Graças, na Levada, rezam o terço 30 minutos antes da missa, que se inicia às 19h, durante a semana. Segundo Maria Vitória Alves de Lima, de 72 anos, em cada missa, uma imagem diferente de Nossa Senhora entra na igreja, carregada pelos devotos. Ao som de hinos que contemplam a santa, toda a igreja recebe a representação com alegria, onde a organização de cada dia está sob a responsabilidade de um grupo distinto da paróquia. “Nessa sexta-feira, dia 13 de maio, vai ser a noite do Apostolado. É o Dia de Nossa Senhora de Fátima, então, Ela será a homenageada dessa noite. Estamos programando uma grande festa e convidamos toda a comunidade para participar”, ressaltou Maria Vitória. Para a CNBB, maio é o mês propício para despertarmos ou renovarmos a nossa devoção mariana. Um convite a voltarmos o nosso olhar a essa Mãe querida, pedir e agradecer pelas graças alcançadas. Que abramos nossas mãos para receber as bênçãos de carinho sobre nossos passos nessa difícil escalada que é a vida. (T.A.)

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Rainha Marta joga em Alagoas com a seleção PÁGINA 4

Uma visita real


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Sem tempo a perder ASA encerra participação no Estadual e engata planejamento para estreia na Série B

Fernanda Lins Repórter

Quinze dias separam a final do Campeonato Alagoano da estreia do ASA na Série B do Campeonato Brasileiro. O Alvinegro de Arapiraca não vai ter descanso nem tempo a perder. Com ou sem o título do Alagoano 2011, a equipe precisa se concentrar para o primeiro jogo da Série B contra a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli, em Campinas/SP, no dia 16 deste mês, às 16h. O cronograma de treinamentos e as rotinas de preparação ainda não foram definidos pela diretoria do ASA, que se reúne na próxima semana para definir os dias, horários e locais dos treinos. A reunião também deve definir a situação de alguns jogadores que o contrato vence no final de maio. Segundo o supervisor de futebol Marcelo Jesus, após a final de ontem, o elenco terá

folga no domingo e segunda, se reapresentando na terçafeira, quando o planejamento, de fato, começará a ser posto em prática. “O tempo é curto entre o fim do Estadual e o começo da Série B, já que estrearemos nessa competição no dia 21 deste mês. Apesar de termos adiantado alguns aspectos e contratados alguns jogadores, são muitos detalhes que fazem o dia a dia de um clube de futebol. Mesmo assim, todos aqui no ASA estamos confiantes de que estamos no caminho certo para realizarmos mais uma boa campanha na Segunda Divisão do futebol brasileiro”, declarou Jesus. Por enquanto, o maior inimigo da equipe Alvinegra tem sido as fortes chuvas que chegaram a Arapiraca e região. Além da situação do gramado do Estádio Coaracy da Mata ter obrigado a Federação Alagoana de Futebol (FAF) a transferir o jogo da

final do Campeonato Alagoano Sub-20 da quarta-feira para a última quinta, o time do ASA treinou, durante a semana, em Junqueiro. Se o tempo ajudar, os treinos deverão acontecer no Municipal. Até agora, a preparação para competição nacional tem se resumido às finalizações e aos treinos leves com a bola. Os atletas que jogaram o Campeonato Alagoano terão de cinco a sete dias de folga, mas os reforços que chegaram ao clube não terão descanso e já estão treinando. São oito já confirmados: Rafael, goleiro; Raulen, lateral-direito; Maurin e Nilton, laterais-esquerdo; Galiardo, volante; Thiago Alves, zagueiro e os atacantes, Alexsandro e Fernando Sá. Os dirigentes esperam fechar com mais dois meias, um volante, um zagueiro e um atacante que devem chegar na próxima semana, quando o elenco será, definitivamente, fechado para a competição nacional.

CRB espera resposta de Marcelo Villar Até o fechamento desta edição, a diretoria do CRB a diretoria do CRB – mais precisamente Alarcon Pacheco e Ednilton Lins – não haviam retornado da Paraíba, onde foram levar uma proposta ao técnico do Treze-PB, Marcelo Villar, para dirigir o Galo da Pajuçara no Brasileiro da Série C. Atencioso, o treinado do time paraibano ouviu o que os diretores tinham a dizer, mas disse que só pode começar a conversar após fim do campeonato daquele Estado, daqui a 10 dias. Como o primeiro nome da lista passou a ser Marcelo Villar, o clube da Pajuçara afirma que vai esperar pelo prazo pedido pelo técnico do Treze. Se a resposta for negativa, só depois disso é que o clube partirá para as outras opções

para comandar o time na Série C. Os outros nomes são, por exemplo, de Luiz Carlos Cruz, ex-CRB, Lorival Santos, exCorinthians, Flávio Araújo, exIcasa e Fortaleza-CE. Ainda sobre contratações, os dirigentes também afirmam que muitos atletas estão apalavrados e que, nesta semana, Alarcon e Ednilton Lins devem viajar para Sul e Sudeste do País, onde levarão os contratos para os jogadores assinarem. Atletas de clubes como Olaria e Boa Vista, do Rio, podem ir defender o Galo da Pajuçara. Enquanto nada disso se concretiza, os comentários de torcedores em programas esportivos de rádio e sites que também tratam o assunto não são positivos. A maioria deles teme pela demora nas contratações.


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Ainda sou competitivo Aos 42 anos, Michael Schumacher diz que pode voltar a ser campeão do mundo Mesmo atrás do companheiro de equipe Nico Rosberg, Michael Schumacher ainda fala com a autoconfiança de um heptacampeão. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o alemão ignorou a má fase e declarou: “Acredito que ainda posso ser campeão do mundo”. Shumacher estará no GP de hoje, na Turquia, corrida que começa a partir de 9h. “Quantos fariam o que faço aos 42 anos? E depois de ter parado três anos? Estou muito feliz com meu trabalho”, disparou Schumacher. “Pergunte aos preparadores físicos e eles dirão, unanimemente, que ainda estou no auge. Alguns comentaristas

de televisão, ex-pilotos, jornalistas que desconhecem os detalhes do meu real estado, afirmam o oposto”, completou. Sobre a disputa interna com Rosberg, Schumacher também teve uma explicação: “Se você perguntar à nossa equipe, eles te responderão que hoje eu sou mais rápido que Nico nas curvas de alta velocidade, e quando o carro está equilibrado, ando na frente dele. E que quando a asa móvel não funciona eu não sou, essa é a realidade”. Sobrou até para a equipe rival: “Há um acordo entre as equipes para limitar o número de integrantes. Ross Brawn segue a regra. A Red Bull não,

Massa: “Cobrança não é apenas da direção” Depois dos treinos de sexta e ontem para o Grande Prêmio da Turquia, às 9h de hoje, o piloto brasileiro Felipe Massa admitiu que o momento da Ferrari é de pressão. Afinal, a equipe italiana, sempre uma das favoritas a vitórias, ainda nem subiu ao pódio na temporada deste ano e vem sofrendo para acompanhar Red Bull, McLaren e, agora, Mercedes. Mas Felipe admitiu que não é apenas a direção que cobra os pilotos. “A cobrança também é dos pilotos para os engenheiros para melhorar. A gente trabalha na equipe mais importante e famosa, e tem sempre pressão, vencendo corrida ou não. A pressão vem de todos os lados para que o trabalho saia 100%. A gente compete contra equipes superimportantes e ninguém é bobo. Se não trabalhar direito e não fizer o trabalho perfeito, é difícil ven-

cer o campeonato”, comentou. Massa reconheceu ainda que a Mercedes foi o time que mais evoluiu seu carro nas três semanas desde o GP da China: “Talvez eles estejam usando um escapamento novo, você ganha muita coisa. Essa pode ter sido a diferença em que eles podem ter crescido mais, mas não sei se estou falando a verdade. Parece que nos treinos a Mercedes cresceu mais”, disse. Sobre o desgaste dos pneus durante os treinos livres, Massa esperava que a borracha tivesse uma degradação mais acentuada. “Acho que tem desgaste, não tem como não desgastar numa pista dessas, como na curva 8, em que tem uma pressão muito grande. Mas acredito que poderia desgastar mais do que a gente viu. A estratégia sem dúvida vai ser muito importante”, comentou.

possui muito mais empregados. Não há como competir, as duas escuderias estão sob regras distintas. Ou a Mercedes passa a jogar o mesmo jogo ou então que as regras sejam cumpridas por todos”, reclamou. Schumacher encerrou a entrevista sem saber o que dizer sobre seu futuro após o término do contrato, no fim de 2012. “De verdade, não sei. Tenho muitos hobbies, vamos ver, ou ficar com a minha família. Não me vejo trabalhando em uma equipe de Fórmula 1 a não ser na condição de piloto. Essa paixão pela competição ainda está bem viva dentro de mim”, completou.

Alemão Michael Schumacher corre hoje no Grande Prêmio da Turquia

CLASSIFICAÇÃO DO MUNDIAL DE PILOTOS APÓS 3 DE 19 CORRIDAS: Posição

Piloto

País

Equipe

Pontos

Vitórias

1

Sebastian Vettel

ALE

RBR-Renault

68

2

2

Lewis Hamilton

ING

McLaren-Mercedes

47

1

3

Jenson Button

ING

McLaren-Mercedes

38

0

4

Mark Webber

AUS

RBR-Renault

7

0

5

Fernando Alonso

ESP

Ferrari

26

0

6

Felipe Massa

BRA

Ferrari

24

0

7

Vitaly Petrov

RUS

Renault-Lotus

17

0

8

Nick Heidfeld

ALE

Renault-Lotus

15

0

9

Nico Rosberg

ALE

Mercedes

10

0

10

Kamui Kobayashi

JAP

Sauber-Ferrari

7

0

11

Michael Schumacher ALE

Mercedes

6

0

12

Sebastien Buemi

SUI

STR-Ferrari

4

0

13

Adrian Sutil

ALE

Force India-Mercedes

2

0

14

Paul di Resta

ESC

Force India-Mercedes

2

0

15

Sergio Pérez

MEX

Sauber-Ferrari

0

0

16

Jaime Alguersuari

ESP

STR-Ferrari

0

0

17

Jarno Trulli

ITA

Lotus-Renault

0

0

18

Jerome D’Ambrosio BEL

MVR-Cosworth

0

0

19

Timo Glock

MVR-Cosworth

0

0

20

Rubens Barrichello BRA

ALE

Williams-Cosworth

0

0

21

Heikki Kovalainen

FIN

Lotus-Renault

0

0

22

Pastor Maldonado

VEN

Williams-Cosworth

0

0

23

Vitantonio Liuzzi

ITA

Hispania-Cosworth

0

0

24

Narain Karthikeyan IND

Hispania-Cosworth

0

0


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Esportes 4

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Um viva à Rainha Marta joga pela 1ª vez em Alagoas e no Rei Pelé com a seleção no próximo sábado Luciano Milano Editor Interino

Em época de casamento Real, Alagoas se prepara para reverenciar sua Rainha. Apesar de reinar há cinco anos consecutivos como a melhor jogadora do mundo – eleição da Fifa – a alagoana da cidade de Dois Riachos, Marta, nunca deu aos seus súditos o prazer de vê-la desfilar suas majestosas jogadas nos tapetes da Terra dos Marechais. O encontro Real está marcado para o próximo sábado, às 16h, no estádio Rei Pelé, aqui na capital alagoana. A Rainha do futebol mundial deve se apresentar de maneira inédita em Maceió no amistoso contra o Chile, preparaatório para o Mundial de futebol feminino na Alemanha, que acontece entre 6 e 17 de julho. Além deste jogo no Trapichão a seleção do técnico Kleiton Lima também faz amistoso contra as argentinas, no dia 16, em Recife. Com o aval da CBF, os amistosos são promoção da Sports Promotion e Ativa Promoções, esta empresa pernambucana. De acordo com as empresas os dois amistosos serão transmitidos pela TV Bandeirantes, de forma exclusiva.

Hoje no Wester New Flash, Marta foi alvo de polêmica quanto à sua presença no amistoso em Alagoas

Apesar de estar convocada, a semana seguiu com especulações de que Marta, que hoje atua no Nova Iorque Flash dos EUA, não disputaria os dois amistosos em Maceió e Recife. A informação foi veiculada pelo

site Globo Esporte, na última terça-feira. Segundo publicação do portal, Marta só se apresentaria à seleção no dia 6 de junho, na Granja Comary, já na última fase de preparação para o Mundial da Alemanha.

Entretanto, O JORNAL foi buscar esclarecer os fatos e, pelos oficialmente, conseguiu a confirmação de que Marta estará presente nos dois jogos, principalmente aqui em Maceió. Primeiro, a reportagem

manteve contato com os diretores da Ativa Promoções, por intermédio do diretor comercial Leonardo Oliveira. Ele não só confirmou a presença de Marta no jogo do Rei Pelé, como acusou a Globo de tentar boicotar os amistosos – com a presença da alagoana – porque questões políticas com a concorrente. “Não só o povo alagoano, mas qualquer pessoa que queira ver a Marta no Rei Pelé ou aqui em Recife, poderá fazê-lo no dia 14 e 16 respectivamente. A passagem dela está comprada e ela, com a delegação brasileira e as adversárias do Chile, chegam em Maceió no dia 12. Infelizmente, como a Band vai transmitir, de forma exclusiva, os dois jogos amistosos, a Globo tenta criar fatos como aconteceu na matéria do globoesporte.com”, denunciou Leonardo Oliveira. Em seguida, O JORNAL manteve contato com a assessoria de imprensa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que confirmou a presença de Marta nos dois jogos amistosos. “A Marta foi convocada pela seleção para esses jogos amistosos e está confirmada”, garantiu o assessor de imprensa Gregório Fernandes.

Marta é eleita cinco vezes a melhor do mundo pela Fifa Nenhum jogador de futebol independente do sexo conseguiu tamanha façanha. O posto só foi ocupado pela alagoana: ser eleita por cinco vezes seguidas a maior e melhor jogadora de futebol mundial. Nascida em 19 de fevereiro de 1986, Marta veste a 10 e joga na frente, mais como uma atacante. Há dois anos, ela foi eleita pela Revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes. Um pouco mais atrás, suas

atuações pelos campos do Brasil – principalmente nos Jogos Panamericanos de 2007, chegaram a lhe render comparação com o Rei do Pelé. “É muito bom ouvir isso, mas o Rei Pelé é único. Me sinto orgulhosa, mas sei que ainda muito a percorrer para poder chegar próximo a ele”,disse, à época a Rainha Marta. Também naquela ocasião, a alagoana colocou os pés na calçada da fama do Maracanã, no Rio, sendo a primeira, e até agora, a única

mulher a ter tal honra. Em sua carreira, Marta se transferiu, também em 2009, para o Los Angeles Sol dos Estados Unidos, depois de brilhar por muitos no Umea IK, da Suécia. Apesar de ter sido vicecampeã nos EUA, Marta foi artilheira da competição. No mesmo ano, ela anunciou sua transferência para o Santos, por empréstimo de 3 meses. Pelo time da Vila Belmiro, Marta foi campeã da Copa do Brasil e Libertadores.

No começo desta temporada, ela se transferiu para o seu atual clube, o Western New York Flash, dos EUA. “Espero continuar contribuindo com o futebol do mundo, e mais uma vez aqui nos EUA. Assim como outras meninas que jogam futebol, procuro dar o meu melhor a cada vez que entro em campo”, disse a jogadora alagoana, já nos EUA. Em 27 de setembro de 2007, em jogo da semifinal na Copa do Mundo de Futebol

Feminino de 2007, realizada na China, contra os EUA, marcou o gol mais bonito da competição e, para alguns, o gol mais bonito marcado durante toda a existência daquele torneio e ajudou o Brasil a chegar pela primeira vez em sua história à final dessa competição. O Brasil ficou em 2º lugar e Marta foi escolhida a melhor jogadora da Copa, recebendo o prêmio Bola de Ouro e também foi a artilheira da competição, com 7 gols.


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Na terra da garoa Timão e Santos iniciam final do Paulista; Liedson e Elano têm duelo particular por artilharia A disputa de Corinthians e Santos pelo título do Campeonato Paulista de 2011, hoje, às 16h, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, terá um interessante duelo paralelo pela artilharia da competição. A segunda partida será no dia 15, também às 16h, na Vila Belmiro. Curiosamente, os atuais goleadores do estadual são Liedson, do Timão, e Elano, do Peixe. Com 11 gols cada, eles prometem disputar gol a gol esse posto nos dois jogos que restam. É verdade que o atacante Fábio Santos, do Oeste, vem logo atrás, com dez gols, e é um forte concorrente, já que o time de Itápolis disputa a decisão do Torneio do Interior com a Ponte Preta. Mesmo surpreso com sua presença entre os artilheiros, o santista Elano está empolgado com o rótulo de goleador. “Não esperava disputar a artilharia do campeonato. Mas fico muito feliz com esse momento. Quem sabe nessas duas finais eu possa, com mais gols, ajudar o Santos a conquistar o Paulista”, declarou Elano. Mesmo na meia, ele supera atacantes como Zé Eduardo e Maikon Leite, com sete, Keirrison, seis, e Neymar, três. Liedson, por sua vez, não tem nenhuma ameaça no elenco corintiano. O camisa 9 é disparado o principal artilheiro do Timão no estadual. Os que mais se aproximam são os atacantes Dentinho e Willian, com quatro cada um. Esses dois, aliás, disputam uma vaga na equipe titular na final desta tarde. O Levezinho teve um início arrasador no Timão. Herdou a 9 de Ronaldo e fez a torcida “esquecer” o Fenômeno em muito pouco tempo. Mas logo que começou a ganhar muito destaque no Timão, o atacante tratou de valorizar o grupo. “Fico lisonjeado em ter uma marca dessa no Corinthians. Espero continuar marcando cada vez mais. Mas isso é, como sempre falo, trabalho de grupo”.

Liedson e Elano possuem 11 gols cada um no Campeonato Paulista

Guia do torcedor GUIA DO TORCEDOR

CORINTHIANS - Julio Cesar; Moacir, Leandro Castan, Chicão e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Bruno Cesar e Jorge Henrique; Dentinho e Liedson.

SANTOS - Rafael; Jonathan, Durval, Edu Dracena e Léo; Arouca (Adriano), Danilo, Elano e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Zé Eduardo.

Quando: hoje Onde: Pacaembu Árbitro: Cléber Wellington Abade

ACRE (9ª rodada) 18h30m - Plácido de Castro x Adesg 20h30m - Atlético-AC x Rio Branco-AC

MINEIRO (Final – jogo de ida) 16h - Atlético-MG x Cruzeiro

AMAZONENSE (Taça Cidade de Manaus - 7ª rodada) 16h45m - São Raimundo-AM x Fast 16h45m - Sul América x Operário-AM

PARAENSE (Taça Estado do Pará – 6ª rodada) 17h - São Raimundo-PA x Independente-PA

BAIANO (Final - jogo de ida) 16h - Bahia de Feira x Vitória CATARINENSE (Final – jogo de ida) 16h - Criciúma x Chapecoense CEARENSE (Final – jogo de ida) 16h - Ceará x Guarani de Juazeiro GAÚCHO (Final – jogo de ida) 16h – Internacional x Grêmio MARANHENSE 17h - Sampaio Corrêa x Iape

Amanhã (09/05) 20h30m - Remo x Tuna Luso PARAIBANO (Semifinal (segunda fase) - jogos de volta) 16h - Treze x Botafogo-PB 16h - CSP x Campinense PERNAMBUCANO (Final - jogo de ida) 16h - Sport x Santa Cruz PIAUIENSE (Primeiro turno - 6ª rodada) 17h - Flamengo-PI x River POTIGUAR (Final – jogo de volta) 17h - ABC x Santa Cruz-RN


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Respeito nunca é demais Dorival Júnior diz que time precisa ter cautela contra o Cruzeiro no clássico O técnico do Atlético-MG, Dorival Júnior, que neste domingo fará a primeira decisão dele no comando da equipe alvinegra, na decisão do Campeonato Mineiro, contra o Cruzeiro, diz que respeito e cautela são fundamentais aos comandados. O treinador alvinegro minimizou o fato de que alguns jogadores do Galo teriam ‘caçoado’da eliminação do Cruzeiro na Taça Libertadores. Dorival diz estar de acordo com o meia Montillo, do time rival, que falou não ver sentido em um time comemorar as derrotas do adversário. “Seria desnecessário falar alguma coisa (sobre respeito). Vi a maioria das declarações e todas sempre muito respeitosas. Vi a declaração do Montillo e sou totalmente favorável a ela. Temos que comemorar nossas vitórias, e não derrotas de adversários. Sempre existiu respeito muito grande, mas às vezes aconteceu uma colocação, nada mais que isso Não vejo motivo para terem dúvidas do nosso respeito”, declarou Dorival. O técnico do Atlético ainda faz um alerta: para ele, o time do Cruzeiro tem mais experiência

pelo fato de jogar junto há mais tempo. No entanto, lembra que o Atlético-MG está em uma crescente. “Equipe que joga junto há algum tempo, e que queira ou não tem um currículo muito positivo. Nossa equipe está começando a se definir, dando uma boa resposta, bem jovial com relação ao Cruzeiro e estamos procurando nosso caminho”, afirmou. TORCIDA ÚNICA - O clássico deste domingo será o quarto disputado com torcida única desde quando o Mineirão foi fechado para obras. A partida deste fim de semana será apenas com os torcedores atleticanos. Curiosamente, todos os mandantes das desses clássicos foram derrotados. Para Dorival, é apenas coincidência. “Apenas lamento porque é uma atitude ruim para com o futebol, você ter um clássico com esse apenas com uma torcida. Agora é ao nosso favor, depois o Cruzeiro. Não influencia para um lado ou para o outro, são equipes maduras que sabem se comportar em decisões”, comentou o treinador.

Montillo ainda lamenta a desclassificação do Cruzeiro na Libertadores

Dorival Júnior comanda o Galo em seu primeiro clássico contra o cruzeiro

Para Montillo, vencer o Mineiro é obrigação Após a eliminação na Taça Libertadores, o meia Montillo deixou claro que não pensa em outra coisa que não seja a conquista do título mineiro pelo Cruzeiro. Hoje, a Raposa encara o Atlético-MG pelo primeiro jogo das finais do Campeonato Mineiro. A partida será em Sete Lagoas, na Arena do Jacaré, a partir das 15h50. O camisa 10 espera comemorar sua primeira conquista com a camisa celeste, já que o time perdeu a chance de voltar a con-

quistar a Libertadores. “Em mata-mata você não pode errar. Ganhar o Mineiro é uma obrigação, pois acho que tínhamos time para conquistar os dois títulos”, declarou. Montillo defendeu os companheiros na derrota para o Once Caldas-COL, na última quartafeira, e mostrou vontade para o primeiro jogo da final contra o arquirrival. “Aqui ganhamos todos. Quando dá errado não é porque o Montillo jogou mal.

Quero jogar bem no clássico. Temos que ganhar. Todos queremos revanche depois de quarta-feira. Estou tranquilo, pois sempre tento fazer o melhor. Às vezes as coisas saem bem, às vezes mal. Infelizmente contra o Once Caldas, tudo deu errado e nós passamos por aquele vexame. Quero pedir mais uma vez desculpas aos nossos torcedores e dizer que vamos nos empenhar ainda mais pelo título Estadual em Minas”, afirmou Montillo.


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Fotos: Fabyane Almeida/Estagiária

Saltos dão lugar às chuteiras

O time União se prepara para a Copa do Brasil

Jogadoras alagoanas se destacam no futebol nacional Fabyane Almeida Estagiária*

utebol também é “coisa” de mulher. Essa é uma frase muito usada pelas meninas, mulheres apaixonadas pelo esporte. Para algumas delas, o jogo de bola não é apenas um esporte, significa raça, realização pessoal e amor ao futebol. A equipe de O JORNAL visitou alguns times de futebol feminino e pôde observar de perto a luta de quem pratica o esporte. O atual campeão alagoano é o time União Desportiva Alagoana, composto por 25 meninas, que irão representar o Estado na Copa do Brasil, competição que reúne os melhores times de futebol feminino de cada Estado. O União conta com o reforço de atletas emprestadas por outros times, tudo isso para representar bem Alagoas. O Estado possui ótimas atletas, e, de acordo com o técnico Adeilson da Silva, a maioria delas está no interior. “Alagoas era para ser uma escola. Temos atletas muito boas por aqui, como nos times do Cesmac, Esporte Clube Alagoas e União, e, juntando as melhores, formaremos uma seleção alagoana muito boa, sem contar que algumas ainda vêm do interior”, disse o técnico que tem oito anos de carreira treinando apenas as mulheres. Algumas atletas que poderiam ter um futuro brilhante no futebol já deixaram o esporte, pois não há retorno financeiro, e isso acaba impossibilitando uma carreira promissora. ”Pelo fato de não receberem salário, muitas de nossas atletas já nos abandonaram e foram trabalhar, pois não conseguiram encontrar no esporte um sustento financeiro. Muitas vezes somos nós quem pagamos as passagens e a pousada das meninas que vêm de longe”, explica. Um dos grandes destaques é a goleira do time Oito de Março, Ana Carolina da Silva, que é surda e está treinando

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com o União para reforçar a equipe durante a Copa do Brasil. Para Juliete do Nascimento, que sempre a acompanha, o futebol é o que deixa Carolina realizada. “Eu já acompanho há 6 anos, e essa é a minha forma de ajudar, pois sei que ela faz o que gosta e se realiza no campo. Irei deixar os últimos dois meses da escola para dar apoio na Copa Brasil”, explicou Juliete. “A mãe de Carolina só a deixa sair de casa se for acompanhada e para jogar só se for comigo porque fica com medo do que possa acontecer”. A dedicação do time União foi reconhecida, e quatro atletas do time foram convidadas para jogar no Palmeiras, em São Paulo, times de Sudeste do País. Uma delas foi Mayara Lima, de 20 anos, que antes jogava Futsal e há pouco tempo está no campo, mas agora pretende agarrar a chance. “Essa é uma oportunidade única; estou nervosa e ansiosa para que tudo ocorra bem. Recebo o apoio dos meus pais, de minha avó, que sempre me incentivaram e agora mais ainda”, contou. “Que outras meninas não desistam do futebol nem do seu sonho, pois na hora certa a

Um dos destaques do reforço é a goleira surda Ana Carolina, que vem superando as dificuldades a cada dia

oportunidade vai aparecer”, enfatizou Mayara. As jogadoras Graziela Cavalcante, Cristiane Lopes e Adriana da Silva também serão liberadas para irem jogar no Palmeiras após a Copa do Brasil. O amor e a vontade de futebol também podem ser uma herança de família. Foi assim que aconteceu para a atleta que joga a mais de 10 anos, Daniele Cavalcante. A quinta filha de

cinco irmãos aprendeu a dar os primeiros chutes jogando com eles no meio da rua. “Essa era a única brincadeira em que eu poderia estar junto de todos por serem homens. Começou como brincadeira e acabei gostando”. Estudante de Educação Física, Daniele não pretende deixar o esporte, mesmo se não seguir carreira. “Já participei de competição fora do Estado, pela Copa do Brasil, e se ocorrer à

oportunidade de sair do estado vou abraçar e seguir em frente, mas, caso isso não aconteça, quero continuar no esporte. No futebol, o meu ídolo é o Ronaldo Fenômeno, pela sua história de vida, superação. Também gosto da raça da Cristiane. Essas duas histórias representar bem o futebol”, enfatizou Daniele. * Sob a supervisão da Editoria de Esportes


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Estar entre os meninos No time do Sport Club Corinthians Alagoano a equipe de O JORNAL encontrou Luana Leite dos Santos, de 9 anos, jogando entre os meninos e disputando a bola sem medo, mas ao contrário das jogadoras do União no início ‘a pequena’ não teve o apoio da família. De acordo com Enedina de Aquino, madrinha de Luana, os pais dela não queriam que ela entrasse no time. “Eu que fiz a matricula dela, porque sei que Luana sempre gostou de jogar futebol. Agora a mãe, já está apoiando, mas antes não queria nem saber. O pai dela dizia que isso não era coisa de mulher. A chuteira foi comprada por uma tia que também apóia.” Como muitas meninas, Luana também começou jogando em peladas na rua com o primo, que hoje também faz parte do time do Corinthians. A pequena Luana em disputa de bola

Para ‘a pequena’, que ainda está na terceira série do fundamental, o futebol é o único esporte que ela tem vontade de praticar.” Eu jogava bola com meu primo e foi assim que comecei a gostar, a posição que mais gosto de jogar é no ataque e nunca tive vontade de aprender outro esporte”. O talento de Luana é confirmado pelo treinador e exjogador, Rogério Martins, que é responsável pela turma do fraudinha, de 7 a 11 anos. Segundo o técnico, ela tem uma movimentação diferente, que faz ser um destaque nos jogos. “Luana é dinâmica no campo, está bem desenvolvida para a idade dela. No próximo domingo (hoje) vai jogar com os meninos e está entre os titulares, é bem adiantada. Além de ser uma menina tranqüila, tenho certeza de que ela vai crescer muito”, afirmou Rogério Martins.

Jogadoras trocam o salão de beleza pelo futebol de salão

Frequentando um salão bem diferente Algumas das atletas que fazem o time do Cesmac jogam futebol de campo, mas garantem que preferem o futsal, assim é para a estudante de Administração Lidiane Lopes. “Jogo os dois: campo e salão, mas o amor está no salão, devido à velocidade, ao contrário do campo que é um jogo mais parado”, contou. De acordo com a ala direita, o sonho de fazer parte da seleção brasileira já não existe mais. “Já cheguei a pensar em seleção brasileira, mas aqui em Alagoas é muito difícil, então eu pratico porque gosto e para representar Alagoas, além de termos uma ótima estrutura para treinar”, falou. “Minha inspiração é na Marta que foi simplesmente cinco vezes a melhor do mundo e para as meninas que ainda sofrem com o preconceito que não desistam dos sonhos, se divir-

tam e almejem chegar ao lugar mais alto porque devagar a sociedade está mudando e outras Martas ainda surgirão”, relata. Nem sempre as jogadoras têm o direito de escolher a posição em que jogam. Para a estudante de Farmácia, Zenaide Tenório, tornar-se goleira foi uma surpresa. “Jogava na linha, um dia em que a goleira faltou, eu agarrei e o técnico acabou gostando e fiquei por um tempo. Mas como estamos com uma jogadora machucada e nunca deixei de treinar na linha também, agora vou voltar a ser aproveitada por ali”. Há seis anos a estudante joga pelo Cesmac. Segundo ela, a emoção é indescritível. “Agarrar significa ajudar o time e a emoção de fazer um gol é o resultado do nosso trabalho, é a consequencia, o momento de realização”, disse

Zenaide Tenório. CARÊNCIA - A falta de apoio faz o time Esporte Clube Alagoas, mais conhecido como ECA, que existe desde 1997, recorrer nas horas das viagens a ajuda do salário do presidente do time, que arca com uma boa parte das despesas. Para diminuir ainda mais as despesas, Esmeralda Tavares, de 73 anos, que é tesoureira, conta com a ajuda de três filhos para a manutenção do time. “Um é o técnico, o outro preparador físico e a minha filha que também joga e ajuda na preparação”, afirmou. Os 20 anos de experiência de Esmeralda Tavares no futebol feminino rendem comentários técnicos na seleção das jogadoras. “Para ser uma jogadora tem que ter muito jogo de cintura, ser disciplinada e estar bem fisicamente”, destacou.


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