Maceió, 13 de novembro de 2011 Domingo
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Documentário sobre Kalankós tem repercussão nacional
Jorge Rodrigues Jorge/CZN
Exemplar de Assinante
O Jornal
Ano 18 Número 352 R$ 3,00
Fernanda Lima Comanda “Amor & Sexo” na ponta da língua
A18
Suplemento
RENDA MENSAL
FICHA LIMPA
Professores precisam fazer “bicos”
Para o coordenador nacional do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral, juiz Marlon Reis, a aprovação da Lei da Ficha Limpa para 2012 A3 e A4 depende só de um voto.
PLEBISCITO O País pode ganhar dois estados. Plebiscito no dia 11 de dezembro decidirá sobre a divisão do Pará, cujo território pode originar dois A7 estados: Carajás e Tapajós.
Livro de Douglas Apratto registrou mitos, lendas, rotas e herança deixados pelos holandeses que viveram 24 anos em AL. B1 a B3
Professor Adelmo almoça no carro na viagem para São Miguel, onde trabalha
Professores com jornada de trabalho de até 15 horas, ou que almoçam no banco traseiro do carro enquanto chegam a mais um local de trabalho. É assim que se viram centenas desses profissionais que precisam trabalhar em várias escolas ou em outras funções, como entregador, por
exemplo, para pagar as contas da família no final do mês. Nesta edição, uma reportagem especial conta a história de três professores do ensino básico que se enquadram perfeitamente na palavra “trabalhador”. Eles trabalham dobrado para complemenA11, A13, A14 e A15 tar o salário.
lixo na praia Yvette Moura
brasileirão
Thiago Sampaio
CULTURA
Mestres se desdobram para complementar renda
Bota e Vasco fazem o jogo da rodada Suplemento
Em Alagoas, o Instituto Biota acompanha as tartarugas
SALA VIP
Um casal que tem a missão de ensinar O casal João e Solange Ramalho tem a missão de ensinar os pequenos. A união dos dois é a chave do sucesso na educação Suplemento infantil em Alagoas.
Plástico é uma ameaça às tartarugas As mortes de tartarugas que ocorreram nos últimos dias no litoral norte de Alagoas podem
Marés 04h43..................................................1.9 10h47..................................................0.4
16h56..................................................1.9 23h09..................................................0.3
estar ligadas à grande quantidade de lixo existente nas praias. Na praia, as tartarugas comem plás-
tico, adoecem e morrem. Neste período de desova, a frequência desses animais na praia é grande,
Fases da Lua Nova...................................................27/11.....16h55
Cheia..................................................13/11.....06h18
Crescente............................................06/11.....04h03
Minguante...................................... ....19/11.....21h32
aumentando os riscos. Ao todo, foram 80 mortes este ano no Estado de Alagoas. A9 e A10 A ssinaturas : 82 4009.1919 Classificados : 82 4009.1930
P ublicidade : 82 4009.1961 Pabx : 82 4009.1900
A2
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Política PautaGeral
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de funcionários
Em SP, TREs trataram de excesso de cessões
Da Redação politica@ojornal-al.com.br
Articulado
O
presidente da Câmara de Vereadores, Galba Novaes, conseguiu na Justiça garantir o pagamento dos inscritos no concurso que o Legislativo não fez em 2008. Com isso, quase dez mil pessoas reconquistam o direito de reaver o dinheiro que já era dado como perdido. De quebra, Galba ainda conseguiu gravar um vídeo e veicular na imprensa com a promotora de Justiça Fernanda Moreira e com o defensor público Othoniel Pinto no qual os três comemoram a conquista. Ficou muito bem-feito, mas no fundo teve cara de pré-campanha.
Em AL, Tribunal possui apenas três servidores que são, originariamente, dos quadros da Funasa Thiago Sampaio
Sistema
O governo estadual vai inaugurar um novo modelo de sistema prisional no próximo dia 17. Totalmente construída com recursos próprios, a obra recebeu investimentos no valor de R$ 2,5 milhões, oriundos do Fundo Especial de Segurança Pública (Funesp). Ponto para o secretário de Defesa Social, Dário César Cavalcante, um entusiasta do projeto.
Obrigado
O presidente eleito do Crea, Roosevelt Patriota, telefonou para o senador Renan Calheiros um pouco depois de saber o resultado da votação. Ele agradeceu o apoio recebido – na disputa que derrotou Disneys Pinto, apoiado pelo governador Teotonio Vilela.
Pode ser
O ex-secretário Eduardo Bomfim foi sondado para assessorar o ministro Aldo Rebelo na pasta dos Esportes. Eles são contemporâneos de movimento estudantil na Ufal e ambos são filiados ao PCdoB.
Sem eco
Não soou muito bem a nota em que a VTK rebate a reportagem da Folha de São Paulo sobre o pagamento da campanha de Téo Vilela feita pelo PanAmericano – e que teria passado também pela cobrança de uma tal “taxa de retorno”. Nenhum documento foi apresentado pela produtora para negar o pagamento assunto principal da matéria.
Ganhou
O estudante Andre Luiz Rodrigues, de Taquarana, é o novo presidente da Juventude do PT em Alagoas. Ele foi eleito e vai dividir os dois anos de mandato com a jornalista Fabiana Machado dos Santos, filha do ex-deputado Paulão. André teve o apoio do deputado Judson Cabral.
Traipu
Ainda repercute a entrevista do procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares, ao Fantástico. Ele foi duríssimo ao cobrar a punição para o prefeito afastado de Traipu, Marcos Santos, que está foragido da Justiça. A frase “Ele vai deixar de ser o Barão do Rio São Francisco. Ele vai ser mesmo o barão da penitenciária” foi uma das mais reproduzidas no mundo político alagoano durante a semana.
Diretas
GILSON MONTEIRO gilsonmonteiro@ojornal-al.com.br Em reunião na cidade de São Paulo esta semana, diretores dos Tribunais Regionais Eleitorais de todo o país debateram o excesso de servidores de outros órgãos federais cedidos para a Justiça Eleitoral. Segundo o diretor-geral do TRE alagoano, Marcondes Grace Silva, Alagoas possui apenas três servidores que originalmente são lotados na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). De acordo com acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) os TREs dos outros 237 estados estariam com servidores emprestados acima do limite permitido pela resolução 88 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que seria de 20% do total. O tema “No nosso caso [Alagoas], temos apenas três servidores que são originalmente lotados na Funasa. Então essa questão já foi resolvida em Alagoas. Mas há Estados onde
Yvette Moura
esse problema é bem maior, como Minas Gerais e São Paulo, e foi justamente para buscar saídas que esse tema está na pauta desta reunião”, disse Grace a O Jornal. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o órgão alega que as requisições na Justiça Eleitoral seguem a lei 6.999/82 e resolução do próprio TSE. Essas regras permitem requisitar um servidor a cada 10 mil eleitores ou fração superior a 5 mil. RECADASTRAMENTO Na reunião de Brasília também foi debatido o andamento do recadastramento biométrico, que em Alagoas e Sergipe está em andamento em todas as cidades. No último dia 4, o TRE de Alagoas divulgou que, somente em 2011, foram recadastrados mais de um milhão de eleitores em todo o Estado. Em 2010, foram colhidos os dados de 11 municípios que começaram a utilizar o novo sistema de identificação no ano passado. ATALAIA A Presidência do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas autorizou o funcionamento do Cartório Eleitoral da 6ª Zona – Atalaia ontem e no
Marcondes diz que, no Estado, questão de servidores cedidos está resolvida
próximo dia 19 de novembro, das 8h30 às 12h30. A medida excepcional foi tomada em razão da proximidade da data de encerramento do prazo para o recadastramento biométrico do eleitorado e pelo fato do número de atendimentos estar abaixo do esperado. As informações são da assessoria de comunicação do TRE Até a última sexta-feira, mais de 51% do eleitorado
de Atalaia já havia sido recadastrado, o que representa 15.106 eleitores do total, que é composto por 29.615 votantes. O prazo final para a revisão é o dia 16 de dezembro. De acordo com as informações do juiz eleitoral Alfredo dos Santos Mesquita, Atalaia é um município dormitório. Outro motivo que dificulta a revisão é o fato de grande parte da população residir em zonas rurais do município.
PPPs do saneamento
JHC diz que fará carta aberta SUMAIA VILLELA sumaiavillela@ojornal-al.com.br As divergências do deputado João Henrique Caldas (PTN) com a decisão tomada pelo Estado de fazer uma Parceria Público Privada (PPP) para construir um sistema de abastecimento de água para dez municípios do agreste alagoano, incluindo Arapiraca, acabou gerando +-uma resposta oficial do presidente da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Álvaro Menezes, considerada “infeliz” por JHC. O assunto deve ganhar mais em polêmica esta semana, com uma carta aberta do parlamentar ao gestor da Casal. Segundo a assessoria de comunicação do parlamentar estadual, a carta aberta deve
sair até amanhã. JHC anunciou ainda que vai se reunir com a Comissão de Fiscalização de Controle da Assembleia Legislativa para definir que providências tomar em relação ao ofício. Eles devem analisar a necessidade de convocar o presidente da Casal para se explicar sobre a PPP para a comissão. O Ofício Em uma das partes do ofício, Álvaro Menezes fala que chamar as PPPs de privatização é fruto de um pensamento já em desuso: “Maldosamente por questões ideológicas ultrapassadas tenta-se informar que a PPP é privatização ou ainda, que haverá aumento de tarifas e outras desinformações cujo objetivo parece ser nunca
ter solução definitiva para os problemas para o setor de saneamento”, escreveu. A Casal justifica ainda que deu ampla divulgação à licitação através de duas audiências públicas realizadas em Arapiraca, mesmo local onde, meses antes, a presidente Dilma Rousseff anunciou o programa Água Para Todos, com a intenção de universalizar o acesso à água, e onde o prefeito Luciano Barbosa (PMDB) afirmou que a adutora do agreste, que hora está sendo levada a uma partilha entre setor privado e público, seria feita com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Eufemismos” Em sessão esta semana na Assembleia, o deputado reit-
erou sua posição e acusou o presidente da Casal de utilizar “eufemismos” para falar sobre o projeto. “Não adianta usar de eufemismos para tentar nos convencer de que a PPP não é privatização. O nome disso é privatização sim, e essa água vai ficar mais cara, e a população será prejudicada”, afirmou. JHC diz ainda que Álvaro Menezes foi “infeliz” em entrar no mérito da questão. “Achei que ele ultrapassou o limite da discussão, inclusive técnica. Ele sabe que duas audiências não são suficientes para discutir a PPP. Não é suficiente para discutir um assunto simples, imagine uma sigla que ninguém sabe o que é. No mundo inteiro, as redes que foram privatizadas estão sendo reestatizadas”, defendeu o deputado estadual.
Marco Antônio
A briga do vereador Júnior Pedro com o prefeito Cícero Cavalcante, em São Luís do Quitunde, pode terminar com a cassação do mandato do vereador. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, estará em Maceió na terça-feira. Ele receberá Medalha do Mérito da República. Nas últimas semanas, o prefeito Cristiano Matheus melhorou sua avaliação no comando de Marechal Deodoro. No entanto, enfrenta crise entre os partidos aliados. Não chamem o prefeito Cícero Almeida e seu ex-padrinho político Benedito de Lira para mesma festa. O clima é mais que tenso entre os dois. Já em relação a outros partidos, o discurso já tem, como objeto.
Para o deputado João Henrique Caldas, com PPPs "água vai ficar mais cara"
Álvaro Menezes critica informação de que parcerias significam privatização
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Política
Contexto Roberto Vilanova bobvilanova@hotmail.com
Apenas ilação
O
senador Renan Calheiros jura por todos os santos que não tem nada a ver com a volta do ex-vice-governador e tesoureiro do PMDB, José Wanderley Neto, ao governo do Estado. – “Ofereceram o cargo a ele, e ele aceitou. Mas não tenho nada a ver com isso” – sustentou. O senador Renan disse à coluna que a única indicação que fez em favor de José Wanderley foi para ele ser o ministro da Saúde do governo Lula – que aceitou na hora; quem não quis foi Wanderley. – “Na época estávamos a 15 dias da convenção para a eleição majoritária de 2006 e o PMDD já o havia indicado para ser o vice-governador, e ele (Wanderley) optou por ser vice-governador” – disse Renan. Para o senador, a notícia que envolve o seu nome na indicação de Wanderley para ocupar a Secretaria Especial do governo Téo Vilela é inverídica. Ou melhor: trata-se de ilação que até pode ser pertinente devido à amizade que os une, mas não passa de ilação. – “O Wanderley é meu amigo-irmão, gosto dele, é o tesoureiro do partido, mas eu não tenho nada a ver com a indicação dele para o governo” – completou Renan.
Ponto
O deputado federal João Lyra (PSD) diz que a presidenta Dilma está no “caminho certo” e que a sociedade deve confiar nela nesse momento de expectativa geral em função da crise financeira internacional. “Não há o que temer”, diz João Lyra.
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Entrevista l Marlon Reis l coordenador do MCCE
"Ficha Limpa está a um voto da aprovação" nada ao julgamento desse processo de cassação por quebra de decoro. Já é assim. Ao ele exigir a abertura do processo, ele mantém as coisas como são. Ou seja, os políticos vão poder receber pesadas denúncias, vai ser averiguada politicamente se o conselho de ética vai receber ou não, e em instantes anteriores à reunião do conselho de ética ele decidirá se renuncia ou não. Como tem acontecido em casos escandalosos. É uma coisa com a qual o Brasil não pode mais conviver. É preciso que haja uma revisão. Felizmente o ministro Fux já anunciou que pretende reanalisar a questão. A intenção dele foi aprimorar, mas é muito importante que ele e os demais ministros reanalisem esse ponto.
Marlon Reis: "A inelegibilidade não é gerada pela denúncia"
Forte
E, por falar no deputado federal João Lyra, ele é só satisfação com o desempenho do PSD – que já nasceu grande. “Quem duvidava está pagando agora”, sustenta ele ao garantir que o PSD virá “firme” para a disputa municipal do ano que vem.
Acesa
Ex-PT do B e agora no PMDB, o deputado Ricardo Nezinho mantém acesa a esperança de virar o “candidato de consenso” à Prefeitura de Arapiraca. Nezinho tem confidenciado a amigos que a candidatura dele teria duas grandes motivações.
Chifre em cavalo
A Assembleia Legislativa gastou R$ 1,3 milhão com a biblioteca da Casa e a Escola Legislativa – que, na verdade, ainda não existem de verdade.
Fora
A deputada federal Célia Rocha (PTB) “lavou as mãos” na questão da sucessão do prefeito Luciano Barbosa (PMDB), porque o problema virou “questão de família”. Claro, ela se refere à disputa entre os irmãos Ricardo e Rogério Teófilo.
Trocando em miúdo
Para o deputado Ricardo Nezinho, as motivações são: administrar Arapiraca e se vingar do presidente do PT do B, Marcos Toledo, que o chamou de “fraquinho” para a disputa.
Duas
O resultado da pesquisa nacional realizada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) sobre o “Índice de Desenvolvimento Municipal” em todo o País, deixou o senador Renan Calheiros (PMDB) dividido entre “alegria e tristeza”.
Faces
Sobre a pesquisa da Firjan, a nota ruim é que Alagoas continua no último lugar em “Desenvolvimento Municipal” – o que o senador Renan diz que o entristeça. E a notícia boa é que Murici está entre as dez melhores cidades alagoanas.
Tempo de Murici
E, por falar em Murici, o Bradesco vai inaugurar ainda este ano uma agência na cidade – que passará a ter agora dois bancos: Banco do Brasil e Bradesco.
Expressas Amanhã, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins receberá a Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Moura Castro. A Medalha do Mérito Judiciário Desembargador Moura Castro será concedida ao ministro Humberto Martins pelo Tribunal de Justiça, às 17 horas, na sede do TJ. O ministro do STJ Humberto Martins faz parte da turma de 1975 de Direito da Ufal, de onde saíram o hoje ministro Aldo Rebelo e o senador Renan Calheiros, entre outros. Até agora, três alagoanos chegaram a ministro do STJ. Foram eles: Pedro da Rocha Acioly, Humberto Gomes de Barros e o atual ministro Humberto Martins.
GILSON MONTEIRO gilsonmonteiro@ojornal-al.com.br
R
epresentando 51 entidades reunidas no Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o juiz maranhense Marlon Jacinto Reis tem encabeçado, no âmbito da sociedade civil, o debate sobre a aplicação da Lei Complementar 135, a Lei da Ficha Limpa, norma que veta candidaturas de pessoas condenadas em segunda instância. Em Maceió para participar de um congresso nacional dos servidores do Poder Judiciário estadual, Reis concedeu entrevista exclusiva a O Jornal, onde fala sobre os capítulos mais recentes da saga em que se transformou o debate no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as novas regras de inelegibilidade. Nas contas otimistas do coordenador do MCCE, a decisão pela constitucionalidade da Ficha Limpa depende de apenas um voto. “Nós temos, no momento, cinco votos favoráveis: os ministros Joaquim Barbosa, Carmem Lúcia, Ayres Brito e Ricardo Lewandowski, somado com o voto do Luiz Fux, já temos metade dos votos do Supremo. Então falta um voto dentre os seis ministros que faltam votar, incluindo a ministra que irá tomar posse, para que a sociedade vença essa disputa histórica”, calcula o ministro.
Foi frustrante o pedido de vista feito pelo ministro Joaquim Barbosa? Foi meio frustrante, mas por outro lado a gente tem que aprender as regras do jogo. É um direito de cada ministro de pedir vista. Por outro lado, o motivo que foi apresentado pelo ministro logo após o termino da votação, é um motivo idôneo. Agora, é aguardar a complementação do Tribunal para que a votação seja com 11 ministros de maneira que não haja empate. O ministro Luiz Fux, no dia seguinte à votação, fez ponderações com relação ao próprio voto. Seria um recuo sobre questionamentos como se declarar a inelegibilidade com base apenas numa petição para abertura de processo que pode levar à cassação de mandato? Foram duas questões que o Fux se referiu no voto dele. Não temos nada contra as ponderações que reduzem um pouco o prazo da inelegibilidade, no caso dos condenados criminalmente. A forma como ele colocou, não nos opomos. É feita uma diminuição, mas uma diminuição pequena, em relação ao que está posto na lei. O que ele quer que seja diminuído no tempo da inelegibilidade o tempo que a pessoa já ficou impedida de se candidatar por ter sido
condenado. Então, o prazo está sendo observado. Não temos reparos, continua de bom tamanho e de acordo com o sentimento da sociedade de que essas pessoas devem passar um bom tempo alijadas do processo
"O primeiro voto foi favorável. Faltam 10 ministros, contando com a nova ministra, que será nomeada, votar" Marlon Reis Juiz federal coordenador do MCCE
eleitoral. E a segunda questão... Aí ele, certamente de boa fé, mas andou mal. A inelegibilidade não é gerada pela apresentação da denúncia, é a renúncia. Ele apontou como não bastasse uma denúncia, seria necessário que a renúncia tivesse acontecido após o recebimento da abertura do processo no conselho de ética. O que nós apontamos é que, quem quer renunciar, já renuncia antes da abertura do processo. Porque, o parágrafo quarto o artigo 45 da Constituição estabelece que a renúncia, apresentada após a abertura do processo, fica condicio-
Foi frustrante a lei complementar não ter sido aplicada em 2010, quando foi sancionada? No caso da não aplicação de 2010 era uma das decisões possíveis. Preferíamos que fosse outra. A Lei da Ficha Limpa não foi feita para as eleições de 2010. E também não foi feita para as eleições de 2012. A Lei da Ficha Limpa foi feita para mudar a história do Brasil pelo resto de sua existência. Em algum momento ela iria acontecer. Será uma modificação radical na qualidade da classe política nacional. E hoje já temos uma conquista. O Brasil já está sob a vigência da Lei da Ficha Limpa. A Lei Complementar 135/2010 é constitucional, é lei, está em vigor, e é aplicável. Só deixará de ser se for considerada inconstitucional. Mas a aplicabilidade da lei ainda está ameaçada, considerando o julgamento pendente no STF... Existe a possibilidade porque o Supremo está analisando se a lei é inconstitucional. O primeiro voto foi favorável. Faltam 10 ministros, contando com a nova ministra, que será nomeada, votar. Tem risco, tem, mas somos otimistas, pois avaliamos que temos grande probabilidade de êxito. Nós fomos beneficiados em parte por esse tempo que demorou onde foi amadurecida essa questão pela comunidade jurídica. Nós temos, no momento, cinco votos favoráveis: os ministros Joaquim Barbosa, Carmem Lúcia, Ayres Brito e Ricardo Lewandowski, somado com o voto do Luiz Fux, já temos metade dos votos do Supremo. Então falta um voto dentre os seis ministros que faltam votar, incluindo a ministra que irá tomar posse, para que a sociedade vença essa disputa histórica. (Continua na página A4)
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O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
Política
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“O mandato não é algo que nasce conosco, como o é a liberdade” O julgamento da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa aguarda então a posse do 11º membro da Suprema Corte, a ministra Rosa Maria Weber. O MCCE fará algum tipo de pressão para acelerar esse trâmite? O MCCE não exerceu, nem exercerá pressão pessoal sobre nenhum julgador. O judiciário deve estar infenso a essas coisas. Tampouco vamos tentar fazer qualquer incidência no sentido de acelerar ou não essa nomeação. Agora, nós temos o direito de procurar apresentar, à nova ministra nossos argumentos, para que ela os leve em consideração. Isso nós iremos fazer.
A avaliação do ministro Luiz Fux reforça o posicionamento do MCCE com relação ao princípio da presunção da inocência? Nós comemoramos o voto do ministro Luiz Fux, porque ele trabalhou de maneira magistral dois pontos. A presunção da inocência e a irretroatividade da pena. Com relação à presunção da inocência, ele mostrou com clareza que não se está questionando, diminuindo a importância desse princípio. Acontece que ele não se aplica às inelegibilidades, ele é do direito penal, para evitar encarceramento de pessoas que ainda podem provar que são inocentes. No campo eleitoral, o mandato não é algo que nasce conosco,
como o é a liberdade. Nós obtemos esse direito, e o obtemos no momento em que nos enquadramos nos requisitos que a sociedade legalmente estabelece. Então o senhor não considera a inelegibilidade uma pena... Não. Não há o direito à candidatura. Ele só nasce quando a pessoa ultrapassa todos os requisitos. Os candidatos são aqueles que ultrapassaram uma série imensa de barreiras, que ele precisa preencher como ser filiado a um partido, ter a idade mínima etc. isso prova que a inelegibilidade não é uma pena, é uma condição, um requisito. E se não é uma pena, como é que a gente vai aplicar o princípio da presunção da
"Não há o direito à candidatura. Ele só nasce quando a pessoa ultrapassa todos os requisitos" Marlon Reis, Juiz federal coordenador do MCCE
inocência, que é voltada para a aplicação da lei penal? Da mesma maneira se trata da irretroatividade da lei. Ela também não se aplica porque inelegibilidade não é pena. Mas correntes de juristas discordam sobre esse
rigor alcançar fatos do passado... Mas é da natureza das condições que seja assim. Não é para todo mundo. Como disse o ministro Fux, é uma retroatividade imprópria, ou seja, apenas uma consulta a fatos passados para se interfere, ou não, em condições atuais. Vou dar um exemplo que explica bastante. Eu pretendo vender uma casa e anuncio. Eu aceito parcelar, mas tem uma condição. Só parcelo se o interessado me apresentar 40% do valor a título de adiantamento. Isso é uma condição jurídica do contrato no campo do direito civil. E um mandato é um contrato, só que um contrato público, onde eu, povo, soberano, nós povo, vamos outorgar uma procu-
ração para o candidato falar em nosso nome. Só que estabelecemos algumas condições. Cientistas políticos falam em politização do Judiciário, assim como a judicialização das instâncias políticas. Considerando esse debate, a apreciação da Lei Ficha Limpa na Suprema Corte tem sido uma discussão meramente jurídica? Acho que é uma discussão jurídica que está sendo tratada, com sérias repercussões no universo político. E essa demora de aprovar, rever, voltar a plenário, é uma demora é natural. E torcemos para que no final das contas possamos comemorar essa vitória. G.M.
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Validade da norma: entenda a polêmica
Galdêncio diz que a lei "é apenas parte de um processo"
A Lei Complementar 135 foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 4 de julho de 2010. A norma prevê uma série de vetos para registro de candidatura, entre eles, pessoas condenadas, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, por crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; crimes eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; abuso de autoridade, lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; tráfico de entorpecentes e drogas
afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos entre outros. Em março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lei só surtiria efeito a partir de 2012. No último dia 8, a Suprema Corte voltou a tratar do tema, desta vez analisando duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), e uma Ação Direta de Constitucionalidade (ADI). Mas o julgamento acabou adiado com o pedido de vista feito pelo ministro Joaquim Barbosa. Ele argumenta que sem a presença do 11º membro da Corte, a ministra Rosa Maria Weber, que ainda não tomou posse. Sem ela, o placar pode acabar empatado. O relator considerou
improcedente a ADI 4578, que impugnava dispositivo da Lei da Ficha Limpa (alínea “m”), e ressaltou o entendimento de que, no ponto em que trata da renúncia de políticos no exercício de mandatos (alínea “k”), é desproporcional se declarar a inelegibilidade por conta de mera petição para abertura de processo que pode levar à cassação de mandato. O caso de renúncia, para o ministro, só deve levar à inelegibilidade se o processo de cassação já tiver sido aberto. Mas mesmo com o pedido de vista, o relator do processo, o ministro Luiz Fux, expôs o voto dele, parcialmente, declarando-se favorável à constitucionalidade da lei. G.M.
Debate é necessário, avalia cientista político
Ministro do STJ: "Ficha Limpa é a lei do futuro"
Para o cientista político da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Julio Cezar Galdêncio, as idas e vindas da lei complementar 135/2010, a Lei da Ficha Limpa, é fruto das brechas do arcabouço jurídico brasileiro. A lei, que veta candidaturas de pessoas condenadas em segunda instância, foi sancionada em 2010 em julho do ano passado. “A nossa Constituição, diferentemente do que acontece em outros países, ela versa sobre absolutamente tudo. Isso leva a várias interpretações, onde os juristas se valem das brechas para questionar, para propor e tentar modificar mudanças propostas”, teorizou o professor. Mas para Galdêncio, a demora em uma conclusão acerca das regras de inelegibilidade é normal, considerando que a mudança traz alterações
Em entrevista a O JORNAL, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, o alagoano Humberto Martins, comentou a lei complementar 135/2010. Classificando a nova norma como “a lei do futuro”, o ministro disse concordar com a não aplicação da lei nas eleições de 2010, por ter sido sancionada há menos de um ano do processo eleitoral. Nesta segunda-feira, Humberto Martins está em Maceió, para receber a comenda desembargador Moura Castro, a maior honraria concedida pelo Judiciário alagoano. “A Lei da Ficha Limpa é a lei do futuro, materializa fundamento da democracia, qual seja a iniciativa popular. É a legítima aspiração da nação brasileira, cujo objetivo maior é a de representantes no mundo político, sobre os quais não pesa qualquer ressalva de ordem legal, baseada nos princípios constitucionais da probidade e da moralidade administrativa. Conceitos que devem ser inerentes não só à classe política, mas a todo agente
ao sistema político. Em março deste ano o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela anulação dos efeitos da nova norma para as eleições de 2010, e agora analisa a constitucionalidade da lei. “Essa ‘demora’ na conclusão desse tipo de decisão é natural, e reflete um processo de mudanças lenta e gradual no amadurecimento do sistema democrático. É um tipo de modificação na legislação que traz mudanças significativas ao sistema político-eleitoral do país, e precisa ser amadurecido realmente, com todas as imbricações que uma alteração desse tipo traz ao cenário sociopolítico. Então essas análises, posteriores à aprovação da lei são normais, e salutares para amadurecer o debate”, avaliou Galdêncio. “Porém, a Lei da Ficha
Limpa, que traz mudanças significativas, não resolverá todas os problemas. Ela é parte de um processo que precisa avançar ainda mais, sobretudo com os pontos que estão em discussão na reforma política”, acrescentou. Modernidade Para o professor da Ufal, o sistema eleitoral brasileiro está avançando com mudanças na legislação como as propostas pela Lei da Ficha Limpa. “C o m c e r t e z a é u m sistema avançado sim. Essa lei traz modificações importantes, temos o sistema de votação eletrônico, que traz uma segurança maior para garantir a participação do cidadão no processo democrático. Esses avanços só não interferem em questões subjetivas, como a corrupção, a compra de voto, que são culturas que dependem do papel de cada um como cidadão, e o contexto em que as pessoas são convocadas a participar desse processo democrático”, disse o professor da Ufal. G.M.
Humberto Martins afirma que lei é "a legítima aspiração da nação brasileira"
público”, avalia o ministro. “Na mesma linha do decidido pelo STF, entendo que a Lei nova não pode ser aplicada no mesmo ano da eleição, nos termos do contido no art. 16 da Constituição Federal, que tem por obje-
tivo evitar surpresas no ano eleitoral. Bom lembrar que ainda está em discussão no Supremo, por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4578, a constitucionalidade da Lei Complementar 135/2010”, concluiu Martins.
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O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
Nacional Nhenhenhém Jorge Bastos Moreno/Brasília moreno@bsb.oglobo.com.br
Ausências
“
Já esteve melhor” foi o que respondeu um amigo da presidenta Dilma sobre a relação dela com Cabral. Menos pelas bravatas petrolíferas do governador e mais pela sua ausência, e a do seu vice, Pezão, na solenidade de ampliação de financiamento para alguns estados. Dos estados beneficiados pela medida, o Rio foi o único ausente.
Fofoqueiro
lGente, se o Gilberto Carvalho trabalhasse mais e fofocasse menos, o governo estaria muito melhor. Ele fala mal de todo mundo. Para todo mundo.
Mistério
lJosé Serra anda indo ao Rio com uma frequência muito superior à do próprio governador Cabral. O mais curioso é que, aparentemente, sem a menor motivação política. É aí que mora o perigo.
Governo a distância
lO governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mudou-se para o Jardim de Alah, entre Ipanema e Leblon. Alega que não aguentou o trânsito da Barra. Na verdade, quer vigiar mais de perto seu futuro oponente Aécio Neves, que nasceu e nunca arredou o pé do Leblon. Campos governa Pernambuco pelo Twitter.
Prisão VIP
lPor falar nisso, a polícia seguia o Nem na Rocinha, e o meliante me seguia pelo Twitter. Só pode. É que, na hora da prisão, enquanto seu advogado, estranhamente, queria levá-lo para a delegacia da Gávea, e não para a sede da PF, Nem implorava, como faço pelo Twitter, para ser levado à 14a-, do Leblon, onde trabalha a bela delegada Elisa Borboni. Eduardo Cunha, se algum dia alguém conseguir te botar na cadeia, eu te recomendo também. A delegacia é boa.
Biscoito com refrigerante: cardápio indigesto
lSe eu fosse do Cade, impediria a compra dos biscoitos Mabel pela Pepsi. É, acima das questões econômicas, um duro golpe político contra o governo no Congresso. Ou vocês acham que só os esforços da ministra Ideli e dos líderes Vaccarezza e Jucá garantem os quoruns das madrugadas no plenário? Os próprios parlamentares já se acostumaram. Quando o deputado Sandro Mabel despeja caixotes de rosquinhas de coco, é sinal de que vão virar a noite, como aconteceu agora na votação da DRU. E, agora, quem é que vai dar biscoitos à tigrada? Não fossem as rosquinhas Mabel, a turba de famintos e sonolentos teria linchado, agora, o deputado Mendes Thame (PSDB-SP), um dos parlamentares mais educados e queridos do parlamento. É que, lá pelas 3h, o deputado, dono também do título de um dos mais prolixos da Casa, tentou combater a prorrogação da matéria com longas metáforas. Com todo o respeito aos dois, mas, até fisicamente, Mendes Thame é muito parecido com um também querido petista. Tanto que o chamam de “o Suplicy da oposição”.
Filho ingrato
lSaia-justa na passeata do Rio. As famílias Cabral e Garotinho caminham em sentido contrário num estreito corredor que une a Câmara Municipal ao palanque. Encontro inevitável. Cabral e Garotinho, cara a cara, viram o rosto em gesto sincronizado. As proles vão se cruzando e repetindo as coreografias dos pais, até que chega a vez de Marco Antônio Cabral, o mais político e jeitoso dos Cabral, cruzar com a bela e igualmente envolvente Clarissa Garotinho. Perguntem se ele foi solidário ao pai! Esse menino puxou ao avô. Nos seus tempos de garoto, viu, Magaly?! Que lindo! l Eduardo Paes rendeu-se também à beleza da Clarissa, com quem tirou fotos: — Diga para seu pai que sou o melhor prefeito que o Rio já teve.
Reforma ministerial
lSe eu não engrossasse o coro dos que acham o ministro da Reforma Agrária, Afonso Florence, um baita de boa-praça, eu diria que ele sai. Perdeu, Mercadante! lA não ser que a Dilma queira perder o seu quadro mais importante infiltrado na mídia, aposto o meu emprego se José Henrique Paim Fernandes, atual secretário-executivo do MEC, não for o sucessor de Haddad no cargo.
Kassab x Paes
lPesquisa Embratur/Ministério do Turismo aponta que São Paulo ganha do Rio não só no atendimento como também no preço dos táxis.
Um a zero
lNem também dizia que só sairia da Rocinha abatido à bala e que a polícia não tinha coragem de prendê-lo. A polícia foi mais rápida do que Dilma, com todo o respeito.
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7 maravilhas naturais
Amazônia e Cataratas do Iguaçu são eleitas Concurso teve 440 locais de 220 países inscritos e recebeu os votos de cerca de um bilhão de pessoas
O
site New Seven Wonders divulgou na sexta-feira o resultado da votação que elegeu as Sete Novas Maravilhas Naturais do mundo, e entre elas estão a Amazônia e as Cataratas do Iguaçu. De acordo com os organizadores, o resultado ainda não é definitivo porque agora os votos serão verificados, validados e depois passarão por uma auditoria. Os outros locais eleitos
são a Baía Halong, no Vietnã; a Ilha Jeju, na Coreia do Sul; a Ilha Komodo, na Indonésia; o Rio Subterrâneo de Porto Princesa, nas Filipinas; e a Montanha da Mesa, na África do Sul. Os locais foram anunciados em ordem alfabética e não por ordem de votação. O concurso recebeu cerca de 1 bilhão de votos. Inicialmente, foram inscritos 440 locais de mais de 220 países, filtrados em 28 finalistas, depois a 14, e finalmente aos sete vencedores. A organização ressalta que pode haver alguma mudança nos países eleitos com a recontagem de votos. As Cataratas do Iguaçu, com seus 275 saltos ao longo
do rio, é considerada a maior cortina de água do mundo e teve candidatura binacional franqueada pelo Brasil e pela Argentina. A linha fronteiriça entre os dois países passa pela Garganta do Diabo – o maior de seus saltos. A Amazônia ocupa cerca de 5,5 milhões de quilômetros quadrados que se espalham por nove países. O Brasil tem cerca de 60% da floresta, e o resto está dividido entre o Peru, Equador, Suriname, a Colômbia, Venezuela, Bolívia, Guiana e Guiana Francesa. De acordo com a coordenadora-geral de Regionalização do Ministério do Turismo, Ana Clévia Guerreiro, essa conquista vem somar ao
Brasil é único a ter duas maravilhas na lista O Brasil é o único país com duas maravilhas da natureza na lista. As Cataratas e a Amazônia também são as únicas maravilhas localizadas no Ocidente e ambas são compartilhadas por mais de um país. No caso, as Cataratas estão na fronteira do Brasil com a Argentina. Já a Amazônia reúne o Brasil, a Bolívia, a Colômbia, o Equador, a Guiana, a Guiana Francesa, o Peru, o Suriname e a Venezuela. O resultado parcial leva em consideração a primeira contagem de votos. Segundo a New Seven Wonders, é possível que haja mudanças entre os vencedores provisórios. A lista preliminar é em ordem alfabética, não por qualquer posição ou ranking. O cálculo de votação está sendo checado agora, validado por uma verificação independente (da New Seven Wonders) e os ganhadores confirmados serão anunciados no início de 2012, durante a cerimônia oficial de premiação. O título deve garantir mais divulgação do turismo do Destino Iguaçu em todo o mundo e, por consequência, um incremento em toda a economia local. Para o secretário de Turismo, Felipe González, o que ficou mais marcado nessa campanha Vote Cataratas foi o poder de mobilização dos brasileiros e argentinos em prol do atrativo. Para Enio Eidt, presidente do Iguaçu Convention & Visitor Bureau, o comitê e a Itaipu estão de parabéns pelo empenho. “Foi uma dedicação integral. Os grandes vitoriosos dessa ação são a população da região das três fronteiras”. O presidente do Sindhotéis, Carlos Silva, afirma que a eleição das Cataratas demonstra o potencial do Destino Iguaçu. “É uma conquista que deve ser dividida entre brasileiros e argentinos”, avalia. O diretor do Instituto Chico Mendes, que administra o Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, agradeceu à população que declarou seu amor às Cataratas.
Cartão-postal do Brasil e Argentina, Cataratas têm 257 saltos ao longo do rio
A Amazônia se espalha por 9 países, mas a maior parte é localizada no Brasil
Processo de escolha teve início em 2007 A eleição para as Novas Sete Maravilhas da Natureza teve início em 2007, com a participação de 440 atrações de 200 países e territórios. O Comitê Vote Cataratas foi formado para alavancar votos para o atrativo. Após duas etapas, que envolveram voto popular e a seleção de especialistas, as Cataratas do Iguaçu conquistaram uma vaga entre as 28 finalistas. A campanha Vote Cataratas foi abraçada por artistas, jornalistas, intelectuais e a imprensa de todo Brasil. No Paraná, o governador Beto Richa, deputados e vários outros políticos manifestaram apoio à eleição da atração. Os cantores Daniel e Zezé Di Camargo e o apresenta-
dor Carlos “Ratinho” Massa também gravaram vídeos pedindo votos para o cartão postal brasileiro e argentino. Também foram feitas várias ações de mídia, como a travessia do alpinista Waldemar Niclevicz sobre as Cataratas do Iguaçu usando uma tirolesa. Antes disso, o dirigível da Fundação New Seven Wonders fez um sobrevoo nas quedas. As imagens percorreram o mundo inteiro. O concurso promovido pela Fundação New Seven Wonders, da Suíça, foi feito nos mesmos moldes da disputa que consagrou o Cristo Redentor como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno criadas pelo homem.
momento positivo de exposição mundial que o país vive com a chegada da Copa do Mundo e das Olimpíadas. “Não é só o turismo que se beneficia, mas todas as atividades econômicas que envolvem as belezas naturais”. Ela também ressaltou que a premiação beneficiará o turismo de todo o país, e não só dos locais escolhidos. “Quando a pessoa vem ao Brasil, ela tem um tempo de permanência maior e deseja aproveitar ao máximo para conhecer o que pode do país. Ela faz um roteiro misto onde tem algo principal que motivou a viagem dela e depois aproveita para conhecer outras coisas”.
Lado argentino faz queima de fogos na Ponte da Fraternidade O Comitê Local de Apoio à Candidatura das Cataratas comemorou com festa o título. O governador da província argentina de Misiones (estado), Maurice Fabián Closs, conclamou a população para participar de uma queima de fogos na Ponte da Fraternidade, que liga Foz do Iguaçu a Puerto Iguazú, depois das 18h30. No Brasil, os organizadores do Vote Cataratas convocaram a imprensa para uma coletiva, no Hotel Rafain Centro, para comentar o resultado. Para o coordenador do Comitê, o jornalista Gilmar Piolla, superintendente de Comunicação Social de Itaipu, “essa vitória deve ser comemorada por brasileiros e argentinos. É um reconhecimento do mundo, do planeta, a uma das belezas mais impressionantes da natureza”. O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, comemorou o resultado da votação e fez questão de agradecer a todos, moradores da região ou não, que reservaram um pouco de seu tempo para votar nas Cataratas como uma das Nova Sete Maravilhas da Natureza. Segundo ele, a eleição confirma o que todos já sabiam: que o principal atrativo da tríplice fronteira é, senão o primeiro, um dos destinos mais belos do planeta. “Aquilo que já era de direito, conquistamos também no voto”, afirmou. Samek destacou também que o turismo é o grande negócio do século 21 – “uma indústria sem chaminé” – e que a divulgação é sua principal matéria-prima. E é justamente a visibilidade do atrativo um dos principais benefícios que a votação da New Seven Wonders traz para a região. “De nada adianta você ter o melhor destino e não receber bem, não ter infraestrutura para poder bem acomodar”, observou. “Estamos caminhando numa direção correta de aliar o destino, que é uma maravilha, com uma infraestrutura que a cada dia está melhor”.
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O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
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A
prisão do traficante “Nem da Rocinha” no Rio de Janeiro demonstrou o poder da união de esforços dos aparelhos de segurança pública. Foi a prova de que o poder do Estado é forte o suficiente para eliminar qualquer tipo de ameaça contra a ordem pública. A iniciativa do governo Sérgio Cabral de instalar nas favelas as chamadas Unidades de Polícia Pacificadora é uma política pública acertada, que faz com que a sociedade carioca retome o que de fato é dela, tanto territorialmente quanto nos aspectos de segurança. É impossível aceitar que um grupo criminoso arrecade mensalmente mais de R$ 10 milhões por mês vendendo drogas e destruindo vidas. Nem da Rocinha já era uma ameaça visível há mais de cinco anos, a partir de sua ascensão no mundo do tráfico após a prisão de Marcinho VP, Fernandinho Beira-Mar e Elias Maluco, três dos mais famosos criminosos do Rio de Janeiro. Ele, assim como se faz no mercado, ocupou espaços que estavam abertos, sem concorrência. Dono de um jeito debochado, sarcástico, misturado com muita inteligência e perspicácia, o traficante ganhou fama rápida e se notabilizou pela violência e corrupção policial. Ele mesmo assumiu que mensalmente gastava metade do que arrecadava pagando a “taxa de retorno” para não ser
preso nem incomodado. Só que quando a população fica refém, o Estado precisa agir. E foi assim que foi feito. As forças de segurança pública se uniram. Da Polícia Militar ao Exército, passando pela Aeronáutica e a Polícia Federal. Todos estiveram juntos, desde o anúncio de que a Favela da Rocinha seria ocupada até a prisão do traficante. E foi essa união que impediu, por exemplo, que um policial fosse corrompido pela oferta da propina ou que uma facção criminosa fosse desmontada sem a necessidade do disparo de um único tiro. Um sucesso que ganhou até mesmo repercussão internacional e terá reflexo positivo na chegada de visitantes para Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Hoje será mais um dia desse trabalho coletivo. Milhares de policiais prometem cercar o complexo de favelas da Rocinha, onde moram mais de 500 mil pessoas. Será uma operação de guerra, onde até mesmo o espaço aéreo estará fechado na região da comunidade. O que se espera é que no final deste domingo a UPP seja instalada no alto do morro, onde antes reinava o traficante Nem. Portanto, agora é hora de esperar para avaliar a ocupação e colher os resultados dos investimentos em um trabalho conjunto e, antes de tudo, de pacificação social.
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“Não adianta usar de eufemismos para tentar nos convencer de que a PPP não é privatização. O nome disso é privatização sim, e essa água vai ficar mais cara, e a população será prejudicada” JOÃO HENRIQUE CALDAS, deputado estadual (PTN).
Para meus filhos Álder Flores Advogado e auditor ambiental
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eço permissão para aqueles que lêem meus artigos semanalmente publicados neste importante periódico do nosso Estado para me manifestar sobre outro tema diferente do que comumente escrevo, pois, no atual estágio em que me encontro, sinto imensa vontade de dedicar estes escritos para meus dois filhos. Desde que meu pai se foi, nunca mais tive oportunidade de expor situações pessoais e desabafos, pois entendo que pouquíssimas pessoas mereciam ouvir. Atualmente me encontro na plena maturidade alcançada ao longo dos anos e são inevitáveis os momentos de angústia e solidão. Sei que muitas coisas já consegui fruto de grande esforço, trabalho e dedicação, outras talvez, nunca as alcançarei. Tenho dito como pai aos meus filhos que o tempo passa rápido, e brevemente muitas emoções deixaram de ter aquele colorido que se traduzem na essência da vida. No entanto, devo lembrá-los que a vida é preto no branco e cada ser humano pincela a aquarela da sua vida como quiser. O mundo atual vive num clima de pura incerteza, mas digo aos meus filhos que tenham fé e esperança, mesmo sabendo e me preocupando com o amanhã, que além de incerto se mostra que será excessivamente perigoso. Seria insensato se revelasse agora para meus filhos que o mundo é uma maravilha, um encanto. Com a experiência adquirida, sou obrigado a dizer-lhes que não é. Há muitas desigualdades, sofrimentos e maldades. Os valores éticos estão em profunda decadência e
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João Batista Herkenhoff Professor da Faculdade Estácio do Sá do Espírito Santo e escritor
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o ser humano caminha a passos largos para um clima de desamor e indiferença em relação ao próximo. A felicidade vai depender muito da maneira de pensar e agir de cada um. No entanto, admito que os honestos, os bons, os sensíveis e os educados com certeza sofrerão mais. Entretanto, não se afastem dessas qualidades. Assim desejo. Não cheguem a confiar totalmente nas pessoas, se quiserem economizar sérias e dolorosas decepções. Todas não são más, entretanto, pouquíssimas merecem a nossa confiança. A fé é o melhor remédio para as horas de tristezas e amarguras. Não a desprezem nunca. Pois a vida sem o estigma da fé é vida falha, sem ela pode-se cair no vazio sem precedentes. Procurem amar a Deus, este sim merece este nobre sentimento. Vocês meus filhos são pessoas que verdadeiramente amo e peço a Deus que os ajude a alcançarem seus objetivos pessoais, com honestidade e competência e não utilizem meios escusos para que os seus objetivos sejam alcançados. E isto com certeza me orgulhará, onde quer que eu esteja. Este orgulho será meu, mas o mérito será de vocês.
Silêncio e cidadania
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A fé é o melhor remédio para as horas de tristezas e amarguras
San
Datas & Fatos 13 de novembro - Abolição da Escravatura, da Fraternidade Brasileira, do Automóvel e do Zootecnista. Novo presidente francês - Em 13 de novembro de 1945 Charles De Gaulle foi eleito presidente, cargo que ocupou apenas alguns meses. Devido a divergências com a Assembléia Nacional, que se recusou a instaurar uma presidência forte, De Gaulle renunciou em 1946, retirando-se da vida pública. 1822 - A vila de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, é elevada a cidade. 1845 - Morre o general Rondeau, que participou da luta pela emancipação da Argentina. 1860 - O presidente peruano Ramón Castilla promulga uma nova constituição, que permanece vigente até 1960. 1921 - Morre no exílio, em Paris, a Princesa Isabel. 1934 - O governo italiano determina que é obrigatório o uso de uniformes nas salas de aula. 1935 - No Egito, revoltas contra a presença britânica eclodem no país inteiro. 1940 - Estréia Fantasia, filme da companhia Disney. 1943 - Foi criada a FEB, Força Expedicionária Brasileira, contingente militar que participou da Segunda Guerra Mundial. 1955 - Na Argentina, o general Pedro Aramburu é eleito presidente.
1958 - Na União Soviética, um novo plano econômico prevê crescimento industrial de 80% em sete anos. 1970 - As obras de terraplanagem são iniciadas para a construção do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. 1970 - Hafez al-Assad lidera um golpe de estado militar e sobe ao poder da Síria. 1971 - Entra em órbita a sonda norte-americana Mariner IX, para o estudo do planeta Marte. 1985 - A erupção do vulcão Nevada Del Ruiz causa a morte de mais de 20 mil pessoas na Colômbia. 1987 - Os Estados Unidos elevam as taxas sobre importados do Brasil. 1992 - Oficiais militares tentam, sem sucesso, assassinar o presidente peruano Alberto Fujimori e derrubar o seu governo. 1994 - Onze alpinistas morrem ao cair de uma encosta do Himalaia, no Nepal. A queda teria sido provocada por uma avalanche. 1997 - Cientistas divulgam a possibilidade de existir água em Marte. 1997 - Um crise nas bolsas de valores dos países asiáticos atinge todo o mundo financeiro, incluindo Estados Unidos e América Latina.
ilêncio tem ligação com cidadania? Há limites para o barulho? Há locais onde o barulho é tolerável e outros de onde deve ser proscrito? À primeira vista essas indagações não merecem espaço nas páginas de Opinião dos jornais, páginas onde, em regra, comparecem questões muito sérias. Entretanto, se aprofundarmos a reflexão concluiremos que, atrás das perguntas formuladas, o que está em questão é o respeito que as pessoas devem umas às outras. Este artigo foi produzido a partir da reclamação de moradores de um bairro de Vitória (Praia do Canto), mas o problema aqui mencionado ocorre em muitos outros espaços urbanos, pelo Brasil afora. Os moradores da Praia do Canto rebelam-se contra a instalação e funcionamento de uma boate justamente no espaço mais silencioso e aprazível do bairro, onde só existem casas e prédios baixos residenciais. As ruas Adolpho de Oliveira e Madeira de Freitas são as mais diretamente agredidas pelos sons ensurdecedores, motivo pelo qual os cidadãos, que têm casas nesse endereço, ingressaram com abaixo assinado perante a Prefeitura pedindo providências. O economista José Augusto Freire, que mora no bairro há vinte anos, lamenta que não pode mais receber a visita da neta, no fim de semana, em razão do ruído insuportável. O desprezo ao convívio civilizado transpõe, é claro, as fronteiras da Cidade Sol, onde o céu é sempre azul, cidade que é sonho de luz e sorriso de mulher, nos versos imortais de Pedro Caetano (Hino de Vitória). Tanto o problema é nacional que
O que está em questão é o respeito que as pessoas devem umas às outras existe na internet um site para quem quer reclamar: www.chegadebarulho.com/ O silêncio é indispensável à paz interior, ao descanso, à vida familiar, ao estudo e até mesmo à comunicação com o divino. O barulho excessivo provoca danos irreparáveis ao organismo. O legislador trabalhista esteve atento ao problema quando estatuiu normas específicas de proteção em favor dos obreiros que possam ser vítimas de doenças profissionais resultantes da continua exposição do ouvido à invasão sonora. Clubes, bares, espaços destinados à diversão de um modo geral, em todos esses lugares é possível que se exerçam as atividades respectivas, de forma respeitosa, sem agredir o ouvido das pessoas, sem perturbar a paz pública. A consciência cidadã aponta no sentido do acolhimento espontâneo a padrões de convivência civilizada. Mas ainda assim a presença do Poder Público será necessária para exigir dos recalcitrantes o zelo pela paz alheia e assim preservar um mínimo padrão de harmonia social. Para alcançar este objetivo, a autoridade competente adverte os barulhentos, estabelece regras, multa e, em última instância, fecha estabelecimentos que teimam em desrespeitar o sossego alheio.
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O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
Nacional
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PLEBISCITO
Pará discute a sua divisão Plebiscito marcado para 11 de dezembro decidirá sobre criação dos estados de Carajás e Tapajós
P
esquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira mostra que
58% dos eleitores do Pará são contrários à divisão do estado em três unidades federativas (Pará, Tapajós e Carajás). A pesquisa ouviu 880 eleitores com 16 anos ou mais em 42 municípios do Pará, entre os últimos dias 7 (segunda) e 10 (quinta), e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número
46041/2011. O levantamento foi encomendado pelas TVs Tapajós e Liberal e pelo jornal Folha de S.Paulo. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Isso significa que o percentual de contrários à divisão do estado pode variar entre 55% e 61%.
No próximo dia 11 de dezembro, os paraenses decidirão em um plebiscito se são favoráveis ou contrários à criação dos novos estados. Na sexta, começou nas emissoras de rádio e na TV locais a campanha das frentes pró e contra a divisão do Pará. No plebiscito, os eleito-
res paraenses responderão a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás?” e “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?”. Ao indagar a opinião dos eleitores sobre os dois casos, o Datafolha obteve exata-
mente o mesmo resultado em ambos. Sobre a criação de Carajás, 58% se declararam contrários e 33% favoráveis à criação do novo estado - 8% disseram que não sabiam responder. Em relação a Tapajós, também são 58% contrários e 33% favoráveis - 10% responderam que não sabem.
Tapajós seria o maior Estado, mas com menor PIB A divisão do Pará, que acontecerá caso a decisão seja aprovada em plebiscito estadual marcado para o dia 11 de dezembro, daria origem a três estados muito desiguais tanto em tamanho quanto em extensão territorial: Pará, Carajás e Tapajós. Atualmente, as principais forças da economia do Pará são a extração de minério e de madeira, com destaque para o ferro, bauxita, manganês, calcário, ouro e estanho; além da agricultura, pecuária, indústria e turismo. Estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp) aponta que, caso a divisão se tornasse
realidade, Tapajós teria mais de três vezes o tamanho do Pará já dividido, e apenas um quinto do seu Produto Interno Bruto (PIB). Conforme estimativas divulgadas em junho no “Retrato da Divisão do Estado, com a divisão, Tapajós teria uma área territorial de 732.509,5 Km², o que equivale a 59% da área total do atual estado do Pará, e teria um PIB de R$ 6,4 bilhões, ou 11%. Já o Pará dividido teria 218.776,4 Km² de área (17%) e PIB de R$ 32,5 bilhões, o que corresponde a 55,6% do total. Carajás ficaria com uma área de 296.664,1 Km² (24%), com PIB de R$ 19,6 bilhões, ou 33,5%.
A grande extensão territorial do Pará atual é justamente o motivo principal citado pelos defensores do desmembramento da área em três. O alto custo de manutenção de mais dois novos estados, no entanto, é o argumento usado para criticar a divisão.
R$ 32,5 bi Esse é o valor do PIB do Pará após a divisão, segundo estudo do Idesp
Ipea aponta para déficit de R$ 2,16 bilhões Cálculo feito em maio pelo economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Rogério Boueri, aponta que, considerando os dados mais recentes disponíveis, referentes a 2008, os estados de Tapajós e de Carajás teriam, respectivamente, um custo de manutenção de R$ 2,2 bilhões e R$ 2,9 bilhões ao ano. Diante da arrecadação projetada para os dois estados, os custos resultariam num déficit de R$ 2,16 bilhões, somando ambos, a ser coberto pelo governo federal. Em entrevista ao G1, concedida em maio deste ano, Boueri destacou que, em caso de divisão, os novos estados seriam economicamente inviáveis e dependeriam de ajuda federal para arcar com as novas estruturas de administração pública que precisarão ser instaladas. O economista Célio Costa,
Argumentos contra a divisão Roberto Corrêa, economista, cientista político e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), defende que o argumento da dimensão territorial não se sustenta. “Não é verdade que quanto menor o estado, maior o PIB”, rebate. “O que leva um PIB a se desenvolver é a racionalidade da gestão pública, estimulando a iniciativa privada.” Na opinião de Corrêa, a tentativa de divisão do estado tem mais fundamento político do que econômico. “Vejo um terremoto federativo que não tem nada a ver com auto-
nomia étnica ou cultural. É apenas de natureza casuística, política”, disse. O professor da UFPA critica o que chama de “febre separatista oportunista”. “A partir de 88, aumentou em 33% o número de municípios, para distritalizar votos”, diz. Segundo Corrêa, os cidadãos paraenses precisam vencer o desinteresse para evitar que um alto índice de abstenção no plebiscito do dia 11 de dezembro “chegue a ameaçar a vontade regional explícita contra a divisão”. Na opinião de Corrêa, o desmembramento representaria uma grande
desvantagem para o que ele chama de “Pará-mirim” – o Pará já dividido. O estado teria 56% do PIB total e ficaria com 64% da população. “Vamos cair num precipício de arrecadação per capita”, diz. O processo migratório também poderia representar um risco para os novos estados. “Esses estados nascem com atrativo de migração muito grande, mas não têm recursos, nem política pública, nem capacidade administrativa para conter essa onda migratória. Haverá uma destruição dos rios, das fontes, dos lençóis freáticos”, defende.
porém, discorda. “Eu estou convencido que as receitas geradas pelos próprios estados, além dos fundos constitucionais, que são repassados pela União para todos os estados da federação, garantem a sustentabilidade da máquina dos novos estados”, enfatiza. Célio Costa também estudou e defendeu, há 22 anos, a viabilidade da divisão do estado de Goiás em dois, que deu origem a Tocantins. “Nós acertamos em defender a viabilidade de Tocantins. É certo que ainda tem problemas a serem solucionados, mas não se pode negar que houve melhorias no desenvolvimento econômico e social da região”, ressalta ele. “Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são outro bom exemplo: a descentralização administrativa faz bem tanto ao estado que se emancipou, quanto ao estado de origem”, acrescenta.
Já na opinião de Roberto Corrêa, economista da UFPA, a comparação com os casos de Tocantins e Mato Grosso gera distorções. “Era outra época. A população era rarefeita nesses estados e não vivíamos uma democracia, vivíamos
"Receitas geradas pelos próprios estados garantem sua sustentabilidade"
célio costa Economista
uma ditadura militar, e por questões de fronteira, entre outras razões, criaram isso.”
Argumentos a favor da divisão Pa r a o e c o n o m i s t a Célio Costa, descentralizar a administração é fundamental em estados que ele classifica como “superdimensionados”, a exemplo do Pará. Segundo ele, este Estado tem quatro vezes o tamanho da média dos territórios dos demais estados brasileiros e “não arrecada o suficiente para cuidar dos seus milhões de habitantes”. Números levantados por Costa apontam que, em 2010, o Estado gastou R$ 110 milhões a mais do que arrecadou em 2010. O economista é respon-
sável pelo estudo “Assimetrias Regionais no Brasil – Fundamentos para a Criação do Estado de Carajás”, encomendado pela Associação dos Municípios do Araguaia, Tocantins e Carajás (Amat Carajás), e também analisou as condições para a criação do Estado de Tapajós. “Do ponto de vista das finanças e da dimensão territorial, que é enorme, o Pará é inadministrável”, afirma Costa. “Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que têm os cinco orçamentos mais ricos do País, cabem
dentro da área do Pará, que tem um orçamento para toda a região. Dá para entender a gravidade da situação? Como você ocupa e desenvolve uma região se não tem a efetiva presença do Estado? O Estado do Pará está estagnado”, avalia. Para Costa, a divisão do Pará “vai ser uma salvação”. “Vai ser bom para a Amazônia brasileira e para os novos estados. Vai ser bom para o pacto federativo e também para desconcentrar o desenvolvimento nacional. O Pará precisa de socorro, e este é o momento para fazer um grande ajuste fiscal.”
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PALESTINA
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Permanece impasse na ONU Diplomata admite "derrota" para os Estados Unidos dentro do Conselho de Segurança
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AÇÕES UNIDAS - Sem conseguir sequer atingir o número de votos mínimos no Conselho de Segurança (CS) para ter ao menos uma vitória simbólica e obrigar os EUA a usar o poder de veto, os palestinos admitiram na última sexta-feira que não conseguirão neste momento a aprovação da Palestina como membro pleno das Nações Unidas. Os próximos passos, de acordo com o enviado especial palestino à ONU, Riyad Mansour, serão determinados “rapidamente depois de o nosso governo e outras autoridades árabes analisarem o relatório”, divulgado nesta sexta. Este texto foi elaborado por uma comissão de admissão das Nações Unidas, composta pelos mesmos membros do Conselho de Segurança, mas não houve consenso entre eles. De um lado, ficaram Brasil, Rússia, China, Líbano, África do Sul e Índia, que defendem a inclusão da Palestina como membro pleno da ONU. De outro, os Estados Unidos, que dizem c o n s i d e ra r a a d m i s s ã o palestina prejudicial para o processo de paz, atualmente
congelado. “Sabemos que temos forte apoio no CS e dois terços na Assembleia-Geral (AG). Infelizmente, segundo relatório da comissão de admissão, um poderoso país disse que, mesmo se tivermos 14 votos, usaria o poder de veto neste momento”, afirmou o diplomata palestino ao se referir aos Estados Unidos. Atualmente, a Palestina tem o status de entidade observadora. Para ser membro pleno, um Estado precisa da aprovação de nove dos 15 membros do conselho, sem nenhum veto, e dois terços dos 193 integrantes da AG. Uma segunda alternativa, proposta pela França aos palestinos, é buscar o reconhecimento como Estado observador. Neste caso, basta ter maioria simples na Assembleia Geral. Em um sinal de que esta deve ser opção, Mansour afirmou que “todos os países europeus disseram que nos apoiariam na Assembleia Geral caso busquemos esta alternativa”. Segundo o representante palestino, eles pensaram que poderiam “reverter a oposição deste ‘país poderoso’. Avaliamos que, com os esforços diplomáticos e o sucesso na Unesco, poderíamos ser admitidos. Mas esta não é a realidade. Por este motivo, seguiremos trabalhando até que as condições sejam favoráveis para a Palestina ser admitida como membro”, acrescentou.
Lutetia faz parte de cinturão raro e misterioso
Estudo
Asteroide pode ser fragmento da Terra Novas observações do Observatório Europeu do Sul (ESO) indicam que o asteroide Lutetia é um fragmento que restou da matéria original que formou os planetas Terra, Vênus e Mercúrio. Os astrônomos combinaram dados da sonda espacial Rosetta com outros de telescópios e descobriram que as propriedades do asteroide são muito similares às de um tipo raro de meteoritos encontrados na Terra e que se pensa terem sido formados nas regiões interiores do Sistema Solar. Uma equipe de astrônomos de universidades francesas e norte-americanas estudou detalhadamente o asteroide incomum Lutetia com o intuito de determinar a sua composição. Foram combinados dados oriundos da câmara OSIRIS situada a bordo da sonda espacial Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA), do New Technology Telescope (NTT), do ESO, e do Infrared Telescope Facility e Spitzer Space Telescope, ambos da Nasa, a agência espacial americana. Com todos estes dados foi possível obter o espectro mais completo já construído para um aste-
roide. O espectro foi seguidamente comparado com o de meteoritos encontrados na Terra e que têm sido estudados extensivamente em laboratório. Apenas um tipo de meteorito - condritos enstatite, também conhecidos como condritos do tipo E - apresenta propriedades semelhantes a Lutetia em todos os comprimentos de onda estudados. Os condritos enstatite são conhecidos por conterem material que data dos primórdios do Sistema Solar. Pensa-se que se tenham formado perto do jovem Sol e que tenham constituído o principal material de construção dos planetas rochosos, em particular Terra, Vênus, e Mercúrio. Lutetia parece ter tido origem, não no cinturão de asteroides onde hoje se encontra, mas muito mais próximo do Sol. Os astrônomos estimaram que dos corpos situados na região onde a Terra se formou apenas menos de 2% chegaram ao cinturão principal de asteroides. A maioria desapareceu após alguns milhões de anos, incorporados nos jovens planetas em formação.
Imagem de Lutetia capturada pela sonda espacial Rosetta; astrônomos da França e dos EUA estudam sua composição
Lutetia, que tem uma dimensão de cerca de 100 km, pode ter sido ejetado para fora das regiões interiores do Sistema Solar caso tivesse passado próximo de um dos planetas rochosos, capazes de alterar drasticamente a sua órbita. Um encontro com Júpiter durante a sua migração para a atual órbita, pode justificar igualmente a grande variação de órbita de Lutetia. Estudos anteriores das propriedades de cor e superfície deste asteroide mostraram que Lutetia é um membro do cinturão de asteroides bastante incomum e misterioso. Ra s t re i o s a n t e r i o re s mostraram que objetos deste tipo são muito raros, representando menos de 1% da população de asteroides do cinturão principal. “Lutetia parece ser um dos maiores, e dos poucos, restos de tal material no cinturão de asteroides e alvo ideal para missões futuras de recolha de amostras para estudarmos detalhadamente a origem dos planetas rochosos, incluindo a Terra”, conclui Pierre Vernazza, autor do artigo científico que descreve este resultado.
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Uma ameaça às tartarugas Animais encalham em praias do litoral alagoano e morrem pela ingestão do lixo doméstico LÁYRA SANTA ROSA layrasantarosa@ojornal-al.com.br
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sacola plástica tão útil nos dias de compras em supermercado pode ser o principal motivo para a crescente mortandade de tartarugas marinhas que chegam à costa alagoana. Nos últimos três meses, mais de vinte animais foram encontrados encalhados nas praias de Maceió e 90% deles, tiveram como causa da morte constatada a ingestão de lixo doméstico. As tartarugas, que estão em período de desova desde o início de setembro, são os principais alvos dessa poluição que atinge os mares. Ao chegarem ao litoral para deixarem seus ovos, elas acabam confundindo os plásticos com águas vivas, seu alimento preferido. O problema é que o plástico demora 200 anos para se decompor na natureza e não é digerido pelo réptil, que acaba morrendo por sufoca-
Cortesia Instituto Biota
mento ou por inanição (parar de se alimentar) por que sente constante saciedade. Para biólogos e ambientalistas, o plástico tem sido hoje um grande problema para a preservação do meio ambiente e um dos grandes inimigos da vida marinha, em especial das tartarugas. Pesquisas apontam que, no Brasil, um bilhão de sacos plásticos são distribuídos pelos supermercados, isso significa 33 milhões por
Sufocamento Tartarugas acabam confundindo as sacolas plásticas com águas vivas, seu alimento preferido
dia e 12 bilhões por ano, ou 66 sacolas plásticas para cada brasileiro em apenas um mês. E o pior é que a maioria delas só é utilizada uma única vez. De acordo com o diretor técnico do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo
Tartaruga morre após ingestão
César de Oliveira, o lixo pode ser encontrado a quilômetros da costa alagoana. “Em
algumas ações na nossa costa é comum encontrar uma grande quantidade de saco-
las plásticas boiando. O pior é que existe uma grande quantidade de lixo em alto mar,
muito longe do litoral que reflete esse problema grave”, afirmou.
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Mortandade aumenta em período de desova Cortesia Instituto Biota
Como não existe um órgão que cuide especificamente da vida marinha em Alagoas, uma estimativa das ONGs que trabalham com a preservação de tartarugas é que só em 2011, mais de 80 animais tenham morrido em todo litoral Alagoano. Porém, nos últimos três meses, quando iniciou o período de desova, que vai até março, é que a situação têm se complicado. Em Maceió, a equipe do Instituto Biota de Conservação tem tido trabalho dobrado, principalmente nos finais de semana, quando o movimento de pessoas aumenta nas praias. “Quando recebemos um chamado para encalhes nas praias de Maceió, encaminhamos uma equipe para fazer todo o levantamento. A necropsia é feita no local e retiramos material para análise. Essas informações são enviadas para o setor de Biolo-
Necropsia de tartarugas é feita no local da morte pelos técnicos do Biota
gia da Universidade Federal de Alagoas para estudos”, contou Eri Araújo, diretora do Biota. Pelo menos 90% dos resultados das necropsias das tartarugas, que são feitas através da coleta de material estomacal, o lixo doméstico têm aparecido como causa aparente das mortes. “Já encontramos bola
de sopro, teclado de computador e sacolas plásticas no organismo de tartarugas. Elas confundem o lixo como alimentos e acabam sufocando”, explicou Eri Araújo, que é estudante de biologia da Ufal. Outro dado preocupante é que a maioria das tartarugas
encontradas mortas é fêmea da espécie Chelonia Mydas. “Já chegamos a encontrar uma tartaruga morta com os ovos ainda em seu organismo. Infelizmente esse aumento está ligado ao período de desova. É quando elas estão mais frágeis e chegam mais perto da Costa. Como nosso litoral é bastante poluído, acaba acontecendo de elas ingerirem lixo e terminar morrendo”, disse. Apesar de não poder garantir que essa é a causa principal das mortes no Estado, a ambientalista acredita que é preciso mudar alguns conceitos. “Infelizmente, vivemos numa sociedade que não cuida do seu lixo. Não existe uma coleta especifica. Até podemos fazer, mas quando chegam os caminhões de lixo eles misturam t udo e o trabalho feito acaba não servindo e o pior é que esse lixo termina nos oceanos”, falou. L.S.R.
Instituto é referência nos dados com tartarugas Sem incentivos do Governo Federal, o Biota trabalha no litoral maceioense há dois anos e tem se tornado referência nos cuidados com tartarugas. Hoje, um dos principais objetivos do instituto é conseguir fazer com que Maceió passe a fazer parte do Projeto Tamar, que pertence ao Instituto Federal Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e cuida de animais marinhos. “O nosso sonho é que um dia Maceió possa fazer parte do Tamar. Temos muitos casos de desovas nas nossas praias e de encalhes. Por isso, fazemos
Yvette Moura
essa coleta de dados, enviamos para Universidade e quem sabe um dia, com comprovação através de estatística eles resolvam inserir o projeto no nosso Estado. Hoje, eles estão apenas na Praia do Peba, em Penedo, mais temos outros pontos com grande incidência que também merecem atenção”, afirmou Eri Araújo. O instituto também trabalha com a recuperação de tartarugas e com o acompanhamento de ninhos, devolvendo os filhotes após o nascimento para o mar. “Quando encontramos uma
Eri Araújo destaca projeto Tamar
tartaruga encalhada com vida, trazemos para a sede do
Instituto de passamos a cuidar dela. É um trabalho duro, com o acompanhamento de veterinário. No final de outubro deste ano conseguimos devolver um desses bichos ao mar. Foi uma vitória”, relatou. “Agora, estamos monitorando um ninho que está para eclodir a qualquer momento na Praia da Sereia. O nascimento também é um momento mágico. São mais de cinquenta tartaruguinhas que irão habitar nosso oceano e o melhor, é que um dia elas voltaram a praia que nasceram, para colocar seus ovos”, destacou. L.S.R.
IMA busca controlar a chegada de lixo às praias Yvette Moura
Em uma ação que poderá ser determinante para controlar a chegada de lixo às praias de Alagoas, o IMA se prepara para realizar em 2012 o combate aos lixões municipais, principalmente aqueles que ficam próximo à região litorânea. Justamente por não existir o tratamento e separação dos resíduos domésticos, que esse material termina nos oceanos. “Já estamos fazendo esse Lixo jogado na areia pode ser ingerido pelas tartarugas durante a desova levantamento de todos os lixões do Estado. Será uma lixo, os resíduos não tem o do IMA,a medida será muito medida que está sendo destino correto. Eles são depo- importante, mas é preciso discutida com os municí- sitados em qualquer parte, ainda que exista um trabalho pios e deverá ser aplicada no inclusive próximos de rios que de conscientização intenso próximo ano. Não podemos desembocam no mar e com as com a população. “Hoje, o uso mais permitir que esses lixões chuvas e o vento, tem destino do plástico na nossa sociedade continuem”, afirmou Ricardo certo para os oceanos”. é muito grande. Existe ainda a César. “Sem tratamento do Segundo o diretor-técnico disposição inadequada em
quase toda área costeira. Como se trata de material de fácil transporte, acaba chegando às praias facilmente. É preciso entender que todos têm um pouco de responsabilidade sobre isso”, disse. Em Maceió não existe trecho de praia que é apontado como o que tem maior quantidade de sacolas plásticas, já que isso varia de acordo com os ventos e o período de corrente marítima. Porém, o Riacho Salgadinho e o Complexo Estuário Lagunar Mundaú-Manguaba são apontados como grandes responsáveis por levarem o lixo nas praias. “Como eles passam por muitos pontos fica difícil descobrir onde começou", contou Ricardo César. L.S.R.
Dados sobre mortes são repassados por ONGs Yvette Moura
O IMA tem poucas informações sobre a mortalidade de tartarugas em Alagoas. Os dados que eles recebem chegam através das ONGs que cuidam desses animais. “Geralmente, quando recebemos chamados de encalhe passamos a informação para as ONGs e elas ficam responsáveis pelas necropsias. Elas têm cadastro no Ibama e a sempre passam informações”, explicou Ricardo César. “Pelo que fomos informados, hoje a maior parte das mortes no nosso litoral está ligada à ingestão de lixo pelas
tartarugas. Esses resíduos são um dos grandes problemas que enfrentamos por serem altamente poluentes”, disse o diretor técnico. Segundo ele, o que acontece com as tartarugas é que elas confundem as sacolas plásticas que bóiam no oceano com alimentos. “A água viva é um alimento preferido das tartarugas. Quando o saco está boiando, elas acabam confundindo, já que visualmente se assemelha. O plástico acaba ficando preso no sistema digestivo, que não tem enzimas para digerir esse mate-
Ricardo César destaca importância de não jogar saco plástico na praia
rial e elas acabam morrendo. Algumas sentem sensação de saciedade e sequer, conseguem se alimentar”, falou.
Outra questão que pode estar diretamente ligada a morte de tartarugas são as redes de espera, que muitas vezes acabam matando os animais sufocados. “Em alto mar existem muitas redes de espera, para pesca de peixes. Só que as tartarugas acabam se enganchando na rede e morrem sufocadas. Elas precisam vir a superfície respirar”, disse. “O número de mortes por esse motivo é menor, mas também acontece principalmente nesse período de desova"completou Ricardo César. L.S.R.
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vida de professor
Buscando um dinheiro extra SUMAIA VILLELA sumaiavillela@ojornal-al.com.br
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ão seis horas da manhã na casa de Adelmo Apolinário da Silva Júnior, e ele já está de pé. Não dormiu bem a noite passada, para variar, mas precisa tomar banho e café da manhã rápido. Do Tabuleiro para o Cepa, nesse trânsito de hoje, é complicado. Sai meia hora depois, em seu Pálio financiado em 60 meses, rumo a mais um dia longo, como sua paciência para o ensino. Terá ainda que viajar a São Miguel dos Campos, à tarde, e almoçar no banco de trás do veículo, com um amigo dirigindo.
No mesmo horário, Anderson Magalhães Cerpa se prepara no Henrique Equelman para cumprir mais uma manhã de aula no Conjunto Denisson Menezes. Há dois anos tem a mesma rotina. Vai encontrar com alunos cheios de problemas pessoais e sociais em uma escola municipal, e terá que fazê-los se envolver na teoria e prática do teatro. No tempo livre, se transformará em entregador e visitará clientes de casa em casa. Eduardo Vasconcelos segue um caminho um pouco diferente. Vai para uma escola privada. Lá é diferente, argumenta o senso comum. Lá o ensino é melhor que na rede pública. Mas o salário é tão ruim quanto, pensaria ele, caso ouvisse tal cons-
tatação. Tem ainda muitos cursinhos pela frente – famoso e competente professor de literatura e língua portuguesa, consegue colecionar matérias em vários. Não pode se esquecer das atividades do sindicato. Esses três homens podem ser enquadrados no que orgulhosamente se chama “trabalhador”. Trabalho, de fato, é o que não falta para esses professores do ensino básico. Cansaço, sobrecarga e baixos salários também não. Movidos pela necessidade de complementar a renda mensal, eles buscam em diversas fontes um salário Frankenstein, formado a partir de diversos empregos. Essa é a vida de quem se dedica a formar o resto de nós.
Adelmo tem uma jornada de trabalho de 15h
Professor Adelmo almoça no banco de trás do carro em direção ao trabalho
Adelmo trabalha de 7h às 22h, fora o tempo que demora para sair de casa à escola e de volta, à noite. Já foi pior. Hoje já está terminando sua graduação em Matemática, mas até pouco tempo precisava acordar às 3 da manhã para acessar as aulas do curso à distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No turno matutino, ele se reveza entre as escolas estaduais Afrânio Lages e Moreira e Silva, ambas no Cepa. Tem no Estado 40 horas semanais para cumprir, iniciados há 11 anos, por obra do destino e da onda de privatizações ocorridas no governo Fernando Henrique Cardoso. “Eu trabalhava na Refesa, companhia federal ferroviária, como mecânico.
Fiquei lá por 15 anos. Aí houve demissão em massa, e fui para a rua”, contou. Quando ficou sem emprego, Adelmo estava cursando engenharia civil, e resolveu abrir uma loja de materiais de construção, mas o negócio não deu certo. Na época em que estava se formando, uma amiga o chamou para ingressar no ensino de matemática. “Nunca tinha entrado em uma sala de aula como professor. Mas não tive tempo para estágio em engenharia, e a idade pesou para contratação”, justificou. Fez um concurso em 2000 para ingressas da rede pública estadual. Não entraria, não fosse a carência grande de professores na área de
exatas, que obrigou o Estado a chamar também profissionais que não tivessem formação em licenciatura. Recebeu uma promessa de que seu “patrão” bancaria o curso, mas cansou de esperar, e, depois de mais de cinco anos, resolveu tirar do próprio bolso para se qualificar. Há quatro anos Adelmo está sobrecarregado. Impossibilitado de sustentar dois filhos do primeiro casamento e a esposa atual com menos de R$ 2 mil, ele fez um concurso para lecionar na rede municipal, em São Miguel dos Campos. E passou. Lá ele ensina em duas escolas, com início às 13h. Por causa do tempo apertado, não tem como almoçar.
“Vou com três ou quatro colegas de carro, então quando dá, um deles dirige enquanto eu vou almoçando no banco de trás. Senão só às 15h30, quando tem intervalo entre uma aula e outra”. Às 17h30, acabou o expediente na primeira escola. Falta o segundo, o nortuno, 19h às 22h. Ao todo, são 14 turmas e cerca de 700 alunos, no total. Para tudo isso consegue reunir R$ 3,5 mil brutos. O professor de matemática não tem tempo nem para pensar em si ; quando questionado sobre qual seria seu sonho, não foi muito longe: quer estabilidade financeira, não precisar se esticar tanto e economizar para alcançar o fim do mês. S.V. Continua na página A13.
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Anderson não conseguia viver com um salário O “bico” de Anderson fora da licenciatura começou quando ele percebeu que não conseguiria sobreviver apenas com o salário de professor. “Viver do Estado não dá”, sentencia. Quando começou a dar aulas, há cerca de dois anos, pensava em se dedicar apenas à escola municipal onde possui 30h e a espetáculos de teatro. Logo viu que precisaria de outra ocupação. Peregrinou por diversos empregos; até a função de segurança noturno ele encarou. “Minha rotina dependia do dia da semana. Às vezes eu saía direto do serviço [de segurança] e ia dar aula”, lembra. Atualmente trabalha no Espaço Fotográfico, entregando álbuns de formatura a clientes. Um trabalho mais flexível, mas nem por isso menos extenuante. O trânsito da capital castiga ainda mais o moderno “office-boy”. Pelo trabalho que executa na escola municipal, ganha R$ 540. À tarde segue para um projeto na Escola Estadual Afrânio Lages, duas vezes por semana, e ganha R$ 300 por isso. Pela função “extra educação”, consegue mais que os dois juntos. “É por comissão, então varia muito. Mas eu tiro R$ 1 mil, R$ 900”, quantifica. “Mas não dá para muita coisa. R$ 1 mil, hoje em dia, só dá para pagar a prestação do carro e as contas de luz e água, no máximo”, afirma. Ele trabalha para pagar o instrumento – o veículo – que usa para pagar as contas; um círculo vicioso
Anderson já peregrinou por diversos empregos para complementar a renda
que não pode desandar. Ao seu dia ainda precisam ser incluídas as aulas da faculdade; ainda está se formando em Teatro na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “estou devendo o TCC. O excesso de trabalho atrapalha muito”, justifica. Normalmente ele chega às 23h em casa, mas ainda considera que sua rotina é mais leve que a de colegas de profissão. “Conheço uma pessoa que dá aulas em Maceió e Messias. Três vezes por semana tem que pegar ônibus, um sufoco. A gente precisa de carro ou moto para conseguir cumprir tudo”. O que mais parece pertur-
bar Anderson, por suas repetidas formas de dizer isso, é o desânimo que se abate pelos companheiros de profissão, e as críticas que direcionam à rede pública de ensino. “O pessoal reclama de professores de escolas públicas, que não planejam a aula direito, não estimulam o conhecimento. Mas é impossível fazer um bom trabalho com o salário que a gente ganha”, protesta. “Eu procuro não deixar o cansaço fazer com que eles percam a experiência da aula, porque eu vejo os alunos como ser humano, e não só como profissional”, falou . Continua na página A14
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Eduardo conta a rotina estressante de dar aula em várias instituições
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Professores já deram aulas em 8 escolas Com longa carreira nos cursos pré-vestibulares de Maceió, Eduardo já passou por rotinas mais apertadas do que hoje. “Já cheguei a dar aulas em oito instituições”, conta. De escolas de renome a matérias isoladas, no três horários – manhã, tarde e noite. Agora diminuiu o ritmo, e tem vínculo “apenas” com quatro unidades de ensino. Lida com mais de 2 mil alunos anualmente. “Dá mais trabalho planejar aula normal, porque os estudantes estão vendo o assunto pela primeira vez. Pré-vestibular pressupõe revisão”, explica. Nem por isso seu dia-a-dia é menos corrido. Além dos turnos completamente ocupados, ele ainda precisa dar aulas no sábado. “Professor não tem mais férias ou descanso na rede privada, por causa do Enem”, revela.
Antes, sua situação financeira era mais confortável, mesmo que baseada em um ritmo alucinante. Chegou a faturar R$ 7 mil. Mas não deu para aguentar muito tempo”, desabafou. Hoje ele conquista R$ 3 mil mensalmente, e reserva um espaço para se dedicar ao Sindicato dos Professores do Estado de Alagoas (Sinpro) do qual é vice-presidente. Como sindicalista e como professor, conhece os problemas que a categoria enfrenta de cabo a rabo. “O assédio moral é o pior deles. Quando os resultados são positivos, é resultado da instituição. Quando vai mal, é culpa dos professores”, reclama. Segundo ele, as metas são cada vez mais sufocantes, e o conteúdo está cada vez menos voltado para a construção de seres humanos preparados, e mais voltados Alguns professores para completar a renda dão aulas em várias escolas
"Professor-táxi" de escola em escola Existe um termo em voga, pelo menos entre os sindicalistas da profissão, que define esse corre-corre diário: o professor-táxi. O nome é uma alusão à forma de trabalho dos taxistas: mal acabam uma corrida, seguem para outra, sem intervalo para descanso ou alimentação. O problema é que, se o taxista lida com no máximo quatro pessoas por vez durante não mais que meia hora, no geral, o professor precisa encarar uns 40 alunos a cada 60 minutos de aula. Numa pesquisa feita por Thiago Alves e José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP), constatou-se que, como Anderson, outros 266 mil profissionais da educação básica do Brasil optam por ter um segundo trabalho fora da sala de aula, uma espécie de bico, mas que algumas vezes representa mais de 50% de sua renda mensal. O estudo foi divulgado dia 7 na Folha de S. Paulo. Segundo a publicação, o número alcança 10,5% do magistério nacional (redes pública e privada), três vezes mais que o índice do “bico” na população brasileira, onde 3,5% das pessoas têm uma segunda ocupação.
Para chegar ao resultado, eles cruzaram as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, com o Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC), ambos de 2009. Entre os segundos empregos mais comuns na classe docente, segundo a matéria, estão o de vendedores de lojas e de funcionários de salões de beleza. Os professores ainda recorreriam mais a outro trabalho do que padeiros e corretores de imóveis, e ultrapassariam até os mais famosos adeptos do bico, os policiais militares. Os representantes sindicais da categoria, em Alagoas, reconhecem que esse tipo de complementação da renda existe. São conhecidos casos de professores que trabalham também como corretores de imóveis, advogados, vendedores e até PMs. Célia Capistrano, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), conta que não há um estudo sobre o caso, mas fala de forma segura que pelo menos 85% dos professores da rede pública de ensino, em Alagoas, trabalham em duas ou três escolas. “Em instituições públicas, ele só pode ter dois vínculos", diz. Continua na Página A15
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Salário irrisório, rotina estressante: problemas de saúde a curto prazo A razão para essa sobrecarga está mais que exposta nas histórias dos professores alagoanos: o salário paupérrimo. Os pesquisadores da USP descobriram que a média salarial brasileira dos docentes do ensino fundamental, em 2009, era de R$1.454 a R$1.603. Eles compararam os vencimentos com salários de outras categorias, como caixas bancários, que recebem R$1.709, e corretores de seguro, que ganham R$1.997. O piso nacional do professor da educação básica e da rede pública, garantido pela lei nº 11.738/2008, está em R$ 1.187,08 para um profissional que possui 40 horas semanais de trabalho e só tenha o magistério, assim que ingressa na carreira. Para quem dá 20 horas, o salário é R$ 593,54, quase um salário mínimo. Se for 25 horas, sobe para R$ 741,93. Como esses valores serão usados para calcular os vencimentos de níveis de escolaridade superiores ou
tempo de serviço, no entanto, cabe a cada estado, prefeitura ou instituição federal. “E vários municípios ainda se recusam a pagar esse piso miserável. Nós estamos entrando com uma ação no STF pata obrigar Palestina e São Miguel dos Milagres, por exemplo, para que cumpra a lei”, revela a presidente do Sinteal. “O Estado de Alagoas, mesmo, só aceitou aplicar o piso esse ano, depois de toda aquelas manifestações. Durante toda a gestão do atual governo, o magistério de 20h recebia R$ 476,26. Menos de um salário mínimo! Para chegar ao mínimo se usava complemento, mesmo sendo ilegal, porque os nossos vencimentos são em forma de subsídio, que não admite qualquer adicional por fora”, denuncia Célia. O valor defendido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) é um pouco maior: R$1.597,87. Segundo a sindi-
calista, esse salário é baseado no que preconiza a lei do piso nacional, que fala, em seu artigo 5º, parágrafo único, que a atualização será feita anualmente, sempre em janeiro, a partir do percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano. “O cálculo não foi feito corretamente, deixamos de incorporar os ganhos do custo aluno de 2010, porque o piso inicial de R$950, de 2009, só foi aplicado no ano seguinte, segundo aconselhou a AGU [Advocacia Geral da União]”, acusa. Nenhum dos dois valores, no entanto, ultrapassa o salário mínimo necessário estimado pelo Departamento Intersindical de Estudos Sociais e Econômicos (DIEESE), para outubro de 2011, de acordo com o custo de vida do período: R$ 2.329,94. E muito menos as expectativas de Adelmo e Anderson sobre os salários
que mereciam receber. Para os professores da rede privada, só quem vive com um salário um pouco melhor são aqueles que conseguem emprego em uma das parcas escolas voltadas para a classe média alta, em Maceió, cujas
DIEESE Estima que o piso ideal para professor de acordo com o custo de vida em 2011 seria de R$ 2.329,94 mensalidades já ultrapassam, em alguns casos, o próprio salário mínimo. Alvos de situações ainda mais precárias que a rede pública, porque são horistas, ou seja, não possuem
um salário estabelecido, esses docentes precisam encarar retornos de menos de R$ 10 por hora/aula, valor menor que o preço do ingresso inteiro de qualquer cinema da cidade. “Existem instituições que pagam R$ 4,50 por hora/aula. Nós fechamos um acordo coletivo, com alguma dificuldade, para, a partir do ano que vem, as escolas não poderem pagar menos que R$ 7 por hora, o que já é um valor baixíssimo. O problema é que existem instituições de tamanhos variados. Se a gente estabelecer R$ 50 por hora/aula, que é o que consideramos ideal, muitas escolas podem fechar, aquelas menores, de bairro”, explica Olavo. FALTA DE DIREITO Como se não bastassem os salários baixos, a categoria sofre ainda com a falta de direitos normalmente garantidos na rede pública, ou mesmo no trabalho formal: muitas
vezes, a carteira é assinada em apenas uma escola, segundo denuncia o secretário-geral do Sinpro. Assistência médica também não existe para esses profissionais, e as férias unificadas entre instituições são uma lenda. “O professor acaba sem ter aquele sagrado direito do trabalhador, de descansar durante um mês depois de um ano de serviço, porque enquanto a rede pública está em aulas, a privada está de férias. Fora a competição para conseguir as primeiras colocações no vestibular, que tiram cada vez mais tempo livre da gente. Tem escola aí começando as aulas no dia 16 de janeiro”, conta Murilo. “E o aumento do período do aluno em sala não é garantia de aprendizado. Estão fazendo tudo ao contrário”, critica. A formação continuada do professor, também não é apoiada na maior parte das redes privadas e públicas.
PROBLEMAS NA VOZ, ESTRESSE E DEPRESSÃO As consequências da quantidade excessiva de trabalho são extensas, e atingem não só a qualidade das aulas, mas a saúde do professor. Enquanto atividades externas, como ida a museus, e métodos complementares de ensino, como experiências científicas, são deixadas de lado pela falta de tempo para planejamento e execução, os docentes sofrem com diversas doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Célia Capistrano conta que o trio campeão de males é a combinação entre problemas nas cordas vocais, estresse e depressão. Mas se destacam também doenças relacionadas ao sistema respiratório, à coluna, articulações, varizes e obesidade. “Tudo isso é fruto de sobrecarga de trabalho e a violência cada vez mais presente no comportamento dos alunos”, aponta.
A falta de amor pelo trabalho não raro é caso para a medicina ou a psicologia, e não derivado de escolhas pessoais equivocadas. “A Síndrome de Burnout é muito comum entre professores. A pessoa fica cada vez mais sem vontade de lecionar. Quando chega segunda-feira está desanimada, não quer voltar à sala, trem um quadro de depressão”, explica Eduardo Vasconcelos, sobre a síndrome identificada por um psicanalista norte-americano nos anos 70, ligada exclusivamente à vida profissional. Mas Eduardo Vasconcelos também acredita que cada vez mais jovens estão ingressando em cursos de licenciatura e pedagogia porque encontram uma taxa de concorrência mais baixa. Não querem ser professores, na verdade, só escolheram o caminho mais “fácil” rumo a um emprego.
“Os melhores alunos não estão indo para a sala de aula ensinar. Eles preferem profissões que remunerem melhor. Estamos ficando com aqueles que rendem menos no colégio”, avalia. A dificuldade de planejar as aulas adequadamente, principalmente em tempos de pouco interesse dos alunos pelo ensino tradicional e da necessidade de usar a criatividade para trabalhar o assunto dentro e fora de sala de aula, também é um mal que acomete a classe. Anderson conta que planeja suas atividades quando o ano letivo ainda não começou. “Seu eu esperasse para fazer quando as aulas já tivessem começado, não ia dar conta”, explica. “Mas nosso dia-a-dia é tão puxado que tem professor que faz um só programa, assim que ingressa no emprego, e depois só fica
repetindo”. Com o tempo, muitos perdem o senso crítico e a vontade de melhorar a educação brasileira. “A gente trabalha dia e noite, como bicho, como máquina. Aí ninguém mais consegue pensar sobre o que está ensinando, é só fazer, só fazer. Vi pessoas com expectativa de mudar muita coisa, empolgados, depois de seis, sete anos falar que deixe para lá, que esqueça, não vai dar certo”, lamenta Anderson. “Tem professor que já chega na escola querendo sair”. Todos eles afirmam que a melhoria de vida e da educação deve passar, obrigatoriamente, pela valorização do professor. “Ele não tem o reconhecimento enquanto profissional. Parece que as pessoas pensam que o magistério é uma missão, um trabalho de caridade”, aponta Célia.
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Cidades
GUERREIROS DE MACEIÓ
www.ojornalweb.com cidade@ojornal-al.com.br Marco Antônio
Marco Antônio
Sem conseguir vender os produtos no espaço da Praça Sinimbu, muitos artesãos fecham as portas dos quiosques
Dentre as dificuldades apontadas pelos artesãos está uma feira de carros que funciona ao lado dos quiosques deles
Alta temporada sem clientes Artesãos reclamam que mudança para Praça Sinimbu afastou clientela e tentam novo espaço ANNA CLÁUDIA ALMEIDA annaclaudia@ojornal-al.com.br
A
chegada do verão traz um grande número de turistas para Maceió. São pessoas vindas de todas as partes do Brasil e de outros países para conhecer as praias, comidas regionais e as belezas naturais de Alagoas. É nesta época que comerciantes aproveitam para faturar, com a expectativa de aumentar o rendimento da família. A notícia deveria ser motivo de comemoração para os comerciantes do Artesanato Guerreiros de Maceió, mas desde a transferência para a Praça Sinimbu, no centro da capital, os cerca de 100 microempresários contabilizam perdas nas vendas e não
encontram uma solução para reverter o problema. Amargando prejuízos com a falta de frequentadores na nova localização, muitos comerciantes já fecharam as barracas, sem conseguir ao menos quitar os débitos de empréstimos adquiridos com o Banco do Brasil, há cerca de um ano. Das 103 barracas montadas, pelo menos 60 já não estão mais em funcionamento, em sua grande maioria, de forma definitiva. Eles ocupam o novo espaço desde outubro do ano passado, quando tiveram de ser transferidos do terreno pertencente à União, no bairro do Jaraguá. A decisão tentou ser revertida pelos comerciantes, mas sem sucesso, eles precisaram encontrar um novo ponto para instalação das barracas. O local permanece com boa estrutura, mas de difícil perspectiva de retorno aos velhos tempos de lucros. Os corredores do novo ponto comercial permanecem vazios e os artesãos passam a maior parte do tempo sem
clientes e com produtos antigos, já que não existe recurso suficiente para adquirir novos artigos. Uma das representantes dos artesãos, Aparecida Rosato, explica que é essa baixa procura e a péssima localização do artesanato que tem contribuído para o fracasso nas vendas. “ To d o s n ó s e s t a m o s passando por problemas financeiros. Tem pessoas aqui que não conseguem sequer o dinheiro para a passagem. Pagar a dívida no banco é praticamente impossível e olhe que o valor não é tão alto assim, mas sem turistas, sem clientes, cada dia mais ficamos nesta dificuldade”, disse Rosato, que atualmente montou uma barraca para comercializar alimentos, buscando assim uma nova alternativa de sustento. Por conta dos diversos problemas, vários comerciantes estão sofrendo com a falta de dinheiro e acometidos por doenças depressivas. “Nós vivemos aqui a espera de um milagre. Para se ter noção da
situação, no ano passado, dos navios que atracaram no Porto de Maceió, com milhares de turistas, só conseguimos receber a visita de duas vans”. O m o t i vo é s i m p l e s, segundo relata a artesã. Os guias consideram o local inapropriado para receber os turistas, pois não apresenta uma estrutura de estacionamento e nem a segurança necessária para garantir a tranqüilidade dos grupos. Além da escuridão do local no período noturno, os artesãos precisavam dividir espaço com a feira de automóveis e grupos de sem-terras, que sempre escolhem o local para montar acampamentos. “É praticamente impossível conseguir manter esse espaço sem os turistas, porque são eles que consomem os produtos. Os próprios guias já nos disseram que é impossível colocar esse espaço na rota do turismo, não é seguro. Na antiga feirinha, no Jaraguá, as barracas funcionavam até as 21 horas, mas aqui por volta das 18 horas”, colocou a artesã.
Transferência de local surge como alternativa Localizada na praia da Pajuçara, a feirinha do artesanato é um dos pontos turísticos mais movimentados da capital. Numa localização privilegiada, o espaço foi construído nas proximidades de hotéis, bares e restaurantes, além da visão encantadora e tranqüila do mar de águas claras e cristalinas da capital. São 200 barracas que oferecem aos turistas o melhor do artesanato, artigos locais e regionais. A grande procura pelos produtos da terra é o maior atrativo do espaço pelos turistas que traz a cultura
nordestina em seus mínimos detalhes, em esculturas, artigos em palha, madeira, cerâmica, blusas em renda, bolsas e bijouterias. É justamente por conta de todos esses ingredientes que os artesãos da Praça Sinimbu questionam o porquê da prefeitura não disponibilizar um espaço para eles no mesmo local. Aparecida Rosato afirma que, por apresentar todas as condições favoráveis, esta deveria ser a solução ideal para resolver o impasse. “Quando estávamos no Jaraguá, não podíamos recla-
mar, porque os turistas sempre frequentavam, era um local agradável e ficava justamente no percurso dos ônibus das empresas de turismo. Ficar na feirinha da Pajuçara seria a solução mais adequada, porque juntaríamos todos os artesãos num único espaço”, diz a artesã. Quase ao lado da feirinha existe ainda o Pavilhão do Artesanato, prédio particular que traz toda a estrutura, com bancas, restaurante, elevador e estacionamento garantido. Mas o problema neste espaço, como alegam os comercian-
tes, é a impossibilidade do pagamento de aluguel. Segundo eles, vários artesãos se arriscaram e conseguiram um Box no local, mudando de ponto, mas como a maioria amarga dívidas, não existe perspectiva de que possam custear aluguéis, deixam a situação cada vez mais complicada. “Não desistimos do artesanato, estamos aqui enfrentando todos os problemas. O que poderia ser feito era a ampliação da feirinha do artesanato”, finalizou Rosato. A.C.A.
Prefeitura diz que espaço foi o único disponível As reivindicações do grupo de artesãos parecem que não sairão do papel. Isto porque, segundo a Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano (SMCCU), tudo o que estava ao alcance da prefeitura foi efetivado, com a disponibilização de um espaço provisório para a instalação das barracas. Galvacy de Assis, superintendente da SMCCU, confirmou que não existe outro espaço público que esteja
disponível, significando que os comerciantes deverão permanecer na Praça Sinimbu. Apesar disto, um novo problema deverá ser enfrentado pelos artesãos. “Eles devem ficar no local até que a praça seja recuperada, mas não existe a possibilidade de que sejam transferidos para outro local. O que poderia ser feito pela prefeitura já foi feito”. Como em Maceió já existem três espaços reservados para o artesanato – Feirinha
da Pajuçara, Mercado do Artesanato e Pontal da Barra –, Galvacy coloca que a capital não tem condições de inaugurar mais um ambiente, descartando ainda a ideia de que os artesãos Guerreiros possam ser integrados na feirinha da orla. “Os boxes na Pajuçara já estão completos e não podemos levar mais pessoas para o local, até porque existe uma decisão da Justiça que não pode haver mais ocupação
naquele pedaço da orla. Por isso, esse fato está fora de cogitação”, explicou o superintendente. Parte dos artesãos ocupou, de acordo com a SMCCU, os boxes do Pavilhão do Artesanato, mas outros persistem em querer receber do Executivo Municipal a doação de espaço. “No Pavilhão muitos comerciantes já estão lá e pagam o aluguel, mas outros querem ficar em área pública”, concluiu Assis. A.C.A.
Sem turistas para comprar, espaço de artesãos fica vazio na alta temporada
Litoral norte é cogitado pela associação Por conta de todas as condições e sem alternativas, a mudança mais provável que possa acontecer é para o Litoral Norte. A saída do Artesanato Guerreiros de Maceió da Praça Sinimbu ainda não foi confirmada, mas a perspectiva é encontrar um novo lugar na região, de acordo com presidente da Associação dos Guerreiros, Margarida da Silva. Para atender os turistas que optam por passeios nessa região, e assim melhorar os rendimentos, a Associação decidiu se retirar do espaço cedido pela Prefeitura, como foi recentemente divulgado à imprensa. “Ainda não encontramos um lugar. Pensamos no terreno vizinho a um supermercado, em Cruz das Almas, mas está muito caro para nós”, informou Margarida. A decisão de se retirar do local foi tomada durante uma reunião no final do mês passado com o Banco do Brasil, que apoiou a mudança e ofereceu o Microcrédito Produtivo Orientado, vinculado ao Governo Federal. O gerente responsável pelas negociações, Vicente Amorim, explicou que cada artesão poderá financiar até R$ 15.000, totalizando R$ 1.545.000, para custear as novas instalações e a compra de matéria-prima. “Essa linha de crédito tem
condições diferenciadas para ajudar os empreendedores de pequeno porte, como esses artesãos, a gerar renda e emprego.” Desde o incêndio do Cheiro da Terra, primeira instalação dos artesãos, o Banco do Brasil oferece linhas de crédito especiais ao grupo através do programa de Desenvolvimento Regional Sustentável. Inicialmente, cada empresário pôde financiar R$ 3.000 em 36 meses com juros de 1% ao mês para arcar com os prejuízos. Depois do acidente, a feira ocupou um terreno na praia de Jaraguá. Por uma ordem judicial, foram retirados do local cedido pela União e transferidos para a Praça Sinimbu, no Centro, quando tiveram acesso a um crédito complementar de até RS 5.000 pagos em 60 meses. Mas a alternativa parece não ter agradado todos os comerciantes. Alguns se mostram contrários a mudança por não conseguir dinheiro suficiente nem condições em buscar um novo financiamento. “Já está sendo difícil quitar os antigos débitos e a prova disso são as barracas fechadas. Adquirir outro financiamento está totalmente impossível”, lembrou a artesã Aparecida Rosato. A.C.A.
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Universidades
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Índios da Aldeia Kalankó dançando durante ritual festivo
Documentário melhora vida de aldeia indígena Projeto do Cesmac mudou a realidade de famílias que lutavam há 10 anos pela demarcação territorial Fabyane Almeida estagio@ojornal-al.com.br
“D
emarcação territorial, tradição, costumes, crenças, danças, cultura”, tudo remete à população indígena e foi com o intuito de contribuir na luta do povo Kalankó que o professor Jorge Vieira deu início ao projeto de extensão: “Formação e capacitação do povo Kalankó sobre direitos indígenas e utilização dos meios de comunicação no processo de afirmação étnica e na conquista do território tradicional”, que foi aprovado para ser apresentado no 5º Congresso Brasileiro de Exten-
são Universitária, promovido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esse projeto de extensão foi realizado no ano de 2008 e terminou com a gravação de um documentário sobre a aldeia Kalankó. De acordo com Jorge Vieira, mesmo após três anos da conclusão do projeto, ainda continua tendo bons resultados. “O documentário é uma junção de pesquisa com extensão, que compõe o conhecimento universitário em três vertentes: o ensino, a pesquisa e a extensão”, contou Vieira. “A pesquisa faz parte do processo de busca, investigação da realidade para adquirir e produzir um conhecimento novo, e a extensão é quando se devolve isso para a comunidade, porque o conhecimento é uma produção social e nunca individual. A academia tem que ser algo produtivo e conectado com a realidade e as demandas da sociedade”, Um dos objetivos da
O então estudante Wadson durante a produção do documentário que rendeu apresentação nacional e internacional
pesquisa foi trabalhar a capacitação dos indígenas sobre os direitos que estão previstos na constituição federal, que fala do direito a terra, educação e saúde. “Foi nesse momento que produzimos um vídeo
para mostrar à sociedade a realidade desse povo, além do que através do documentário a própria população teve conhecimento da existência dos índios, pois eram conhecidos como camponeses e sertane-
jos”, relatou Jorge Vieira. A outra meta foi resgatar a história do povo Kalankó que completava 10 anos de luta pelo reconhecimento territorial. “Inicialmente imaginávamos apenas registrar a
história dos índios e poder devolver para eles, mas alcançou uma dimensão gigantesca , até internacional. Foi apresentado em vários veículos de comunicação aqui no estado, enviamos também as universidades da França, Holanda e Alemanha, além dos membros de movimentos sociais e entidades não governamentais. Foi requisitado inclusive por professores da Universidade Ferderal de Alagoas (Ufal) e da secretaria de educação para levar as escolas da rede pública”, explicou o professor, que deixou transparecer a felicidade em ter o trabalho entre um dos selecionados para o congresso. O grande resultado desse projeto de extensão também teve impacto para a própria comunidade. “Com a divulgação houve uma melhoria na qualidade de vida do povo Kalankó, que conquistaram saneamento básico, casas de alvenaria, rede elétrica, criação do Grupo de Trabalho (GT).
Trabalho de extensão foi fundamental para o conhecimento
Os idealizadores: professor Jorge Vieira e o jornalista Wadson Correia
História da aldeia kalankó Povo de origem Pankararu, situada a 370km de Maceió no município Água Branca. Foram considerados sertanejos e camponeses, mas, nunca deixaram a cultura, mantinham sempre os rituais que permanecem até os dias atuais. Em1978 resolveram voltar à luta para serem reconhecidos como índios e terem uma educação diferenciada afirmando toda sua cultura. A aldeia Kalankó é formada por 78 famílias, 400 índios que sobrevivem da agricultura e criação de pequenos animais. De acordo com Jorge Vieira a terra é fundamental para preservar a cultura. “A demarcação da terra é importante porque existe uma relação entre índio e terra, que não tem como separar, o índio é resultado da própria natureza, além de ter os espíritos, os encantados, a história, a memória. O indígena não se separa da terra”, finalizou Jorge Vieira.
A produção do documentário sobre a aldeia Kalankó, contou com a participação de três estudantes de jornalismo do Cesmac: Wadson Correia, Nigel Anderson, Roosevelt Valões. Para o agora jornalista Wadson Correia, foi muito proveitoso integrar a equipe que pode mudar a história de um povo indígena do sertão alagoano. “Adquiri um grande conhecimento sobre as questões indígenas, pude aprender desde a cultura, modo de vida, os costumes, além de estar ao lado para defender a causa", ressaltou. Foi através desse projeto que a imagem que a mídia transmitia sobre os povos indígenas foi modificada. “Muitas vezes, os índios foram discriminados; e nós conseguimos mostrar através do documentário a identidade desse povo e defender
as suas reivindicações, que eram pr incipalmente a demarcação territorial, que já lutavam há 10 anos”, contou Correia. “Para mim, esse projeto foi muito proveitoso e válido. Além de nós, os indígenas também aprenderam bastante como se comportar diante da câmera e da mídia”. Para o jornalista, participar do congresso é o reco-
nhecimento de um trabalho. “Fico muito feliz em estar participando deste evento e aconselho que os novos alunos participem, pois é muito gratificante, é ainda na academia a hora de buscar ter um maior conhecimento. O documentário abriu espaço para o mercado de trabalho, além de engrandecer o currículo”. Ele, que é de Mata Grande, mesmo após a faculdade pretende continuar realizado projetos no sertão de Alagoas. “Mesmo depois de formado não posso deixar a produção, pretendo continuar estudando e produzir mais documentários”, explicou Wadson. PRODUÇÃO A escolha de ser um documentário partiu da ideia de que seria mais fácil para a disseminação da informação,
que era o maior objetivo. “Nós escolhemos ser em forma de vídeo pela facilidade de leitura já que o índice de analfabetismo é alto e o vídeo seria a forma mais fácil de absorção do conhecimento e para criar um tipo de debate na própria comunidade”. A produção foi um novo conhecimento e aprendizado. “Nós gravamos durante o dia e a noite uma parte do ritual, todos envoltos da fogueira dançando, o cacique dialogando com os índios. Lá as crianças ficam ao ar livre é uma vida diferente, existe união e eles conseguem viver de uma forma diferenciada, com apenas o básico”, enfatizou o jornalista Wadson Correia. “O documentário tem13 minutos, eu filmei e editei, obedecendo o roteiro do Jorge Vieira, com o discurso científico”.
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Arapiraca
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Fotos: Divulgação
Projeto não atende às necessidades de motoristas e pedestres que passam pela rodovia
AL-220 está problemática Obras de duplicação da rodovia continuam causando problemas a quem precisa transitar pelos seis quilômetros de extensão CARLOS ALBERTO JR. carlosalberto@ojornal-al.com.br
A
RAPIRACA – A duplicação da rodovia AL-220 em Arapiraca continua causando transtornos a motoristas e pedestres que circulam pelo local. A obra se tornou uma verdadeira dor de cabeça para todos. Os acidentes, envolvendo veículos de passeio e de transporte pesado, são frequentes. No mês de outubro, por exemplo, foram registrados quatro acidentes. Por sorte, não houve vítimas fatais. A nova duplicação conta
com quase seis quilômetros de extensão e o projeto só contempla, em toda essa extensão, dois pontos de retorno de veículos, um próximo ao 3º Batalhão da Polícia Militar e outro após a ponte sobre a linha férrea, em direção ao entroncamento com a rodovia AL-115, próxima à saída para as cidades de Igaci e Palmeira dos Índios. Outro fator que tem preocupado a sociedade é o acesso justamente à Unidade de Emergência do Agreste. Com o término das obras, as ambulâncias terão que percorrer alguns quilômetros para poder entrar na unidade. Não existe um retorno em frente ao hospital, o que preocupa em um caso de emergência. Além dos retornos serem um problema diagnosticado pelos condutores, a travessia de pedestres também não foi prevista no projeto, uma vez
que os canteiros centrais não possuem a largura adequada para a segurança de quem transita a pé pelo local. A doméstica, Maria Cicera da Silva, conta que quase foi atropelada há cerca de três semanas. “Era por volta das dez da manhã. Achei que daria tempo atravessar, mas um motorista, mesmo me vendo atravessar, não diminuiu a velocidade e eu não fui atropelada porque corri para chegar ao outro lado”, frisou. PONTO ESQUECIDO O acesso ao bairro Santa Edwiges, que abriga várias instituições, como o Fórum, Ministério Público Estadual, o Centro Administrativo Municipal, Tribunal do Trabalho, INSS, Clube do Sesc, Centro de Referência Integrada de Saúde, Centro de Saúde e diversas escolas, sem esquecer do futuro shopping center, não
Trecho de acesso das ambulâncias à Unidade de Emergência do Agreste ficou mais complicado com a reforma
foi previsto no projeto da obra. Outro importante ponto de entrada e cruzamento de pessoas e veículos, o trevo da Massaranduba não possuirá entroncamento, o que poderá causar transtornos para os
moradores e sobrecarregando o único trevo previsto um quilômetro depois, no já congestionado ponto de intersecção com a AL-115, na saída para Palmeira dos Índios. Em menos de 20 dias após ser libe-
rada, a nova rodovia já está com vários buracos, inclusive com acidentes sendo provocados. Outro ponto são as multas que estão sendo cobradas para motoristas, mesmo sem a devida finalização.
Chuvas causaram estragos no asfalto novo O problema do momento começou a aparecer após as chuvas caídas na região no último final de semana, quando choveu por três dias seguidos em quase todo o Estado. O asfalto já apresenta sua fragilidade, pois vários buracos estão aparecendo, antes mesmo da inauguração da rodovia. Um trecho da rodovia que está em obras foi percorrido durante a última semana pela reportagem de O Jornal,
entre a Unidade de Emergência Doutor Daniel Houly e o 3º Batalhão de Polícia Militar, onde já existem vários buracos na pista. O contador Daniel Roberto de Lima, que reside no bairro Brasiliana, precisa passar pelo local todos os dias e tem sofrido com o andamento lento das obras. “Antes a gente reclamava da lentidão nas obras. Mas agora somos obrigados a conviver com essa buraqueira toda. E olhem
que estão apenas no começo. Imagine a situação como ficará daqui a um mês, por exemplo”, Funcionários da empresa L. Pereira, responsável pelas obras, informaram que haverá outra camada de asfalto a ser aplicado, tanto no trecho que apresenta buracos, quanto na antiga pista que corta a cidade. O motivo dos buracos seria somente nesse trecho onde falta a segunda aplicação maior do asfalto. O material utilizado para fazer a proteção de um lado a outro da rodovia, ao invés de ser uma mureta de concreto é apenas um meio fio. Veículos sobem no canteiro e pegam o sentido contrário danificando a obra, o que poderá provocar acidentes num curto espaço de tempo. Um encontro já oficializado entre membros do Conselho Municipal de Trânsito de Arapiraca foi agendado para a próxima semana. O Secretario de Estado da Infraestrutura, Marcos Firemam, foi convidado a se fazer presente, mas pela terceira vez, acabou adiando a sua ida ao município de Arapiraca. Uma nova data ficou para ser confirmada.
Pouco mais da metade das obras de duplicação rodovia teve as obras concluídas pela construtora responsável
Última vistoria foi no mês passado O diretor-presidente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Marcos Vital, realizou a última vistoria nas obras de duplicação da AL-220, no trecho que corta Arapiraca, no dia 26 de outubro passado. Junto com ele estavam uma equipe técnica do órgão e o representante da governadoria do Agreste, Francisco Azevedo. Os gestores conferiram de perto o avanço dos trabalhos no município. O DER também debateu ques-
tões técnicas da obra visando dar celeridade à execução da duplicação. Além da ampliação da sinalização e questões referentes aos retornos que serão implementados, a equipe verificou os avanços na obra, como explica o diretor-presidente do órgão, Marcos Vital. “A duplicação da AL-220 é extremamente importante para o desenvolvimento não só da Arapiraca, mas de toda a região Agreste. Por isso, viemos
conferir de perto o andamento da obra”, destaca Marcos Vital. Durante a visita, representantes comunitários fizeram pleitos referentes a obra que serão analisados posteriormente pelo DER, sem, no entanto, definir datas ou prazos. “A visita teve a intenção de dar celeridade a execução da obra, mas em paralelo avaliaremos os pleitos da comunidade”, explica o diretor-presidente do DER.
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Arapiraca
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incentivo
Agricultura cresce no Agreste Com apoio do Estado e do Município, agricultores recebem mais incentivos e produção dispara DA REDAÇÃO Com assessoria
A
RAPIRACA - A agricultura praticada na segunda maior cidade de Alagoas continua sendo referência para todo o Brasil desde a época do auge da cultura do fumo, que durou até o final da década de 1980, quando a cidade era conhecida por ter a maior área plantada do produto. Hoje, o município continua chamando a atenção de todo o Brasil, mas por outros méritos, como a produção de mandioca, por exemplo. Foi por conta dessa produção e da articulação com os supermercados para comercialização da mercadoria que a presidenta Dilma Roussef esteve na cidade, no mês de julho, para o lançamento do programa de compra da produção da agricultura familiar pelas grandes redes. Até agora, a Cooperativa Agropecuária de Campo Grande (Cooperagro), primeira entidade beneficiada para comercializar a farinha de mandioca produzida no Agreste, já vendeu 48 toneladas do produto aos supermercados. “A aceitação tem sido muito boa e o preço bastante acessível ao consumidor. O próximo lote, em torno de 12 toneladas, deverá ser repassado na semana que vem”, adiantou o gerente de Negócios da Cooperagro, Eloísio Lopes Júnior. Segundo ele, já são mais de 50 pontos de distribuição da farinha em todo o Estado. “O produto é oriundo das casas de farinha e das propriedades dos agricultores familiares”, lembrou o
gerente da cooperativa. Na região Agreste de Alagoas, existem cerca de 20 mil hectares utilizados para o plantio de mandioca, com uma produtividade média de 18 toneladas por hectare. Estima-se, no entanto, que 60% da produção ainda sai do Estado in natura para consumo e beneficiamento em Sergipe e Pernambuco. “Já soubemos até que foi vendida para a Paraíba e o Rio Grande do Norte, mas o ideal seria que fosse toda beneficiada aqui em Alagoas”, observou Eloísio Lopes Júnior. De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, Jorge Dantas, a farinha de mandioca é apenas o primeiro dos produtos que serão vendidos para os supermercados dentro desse programa. “A nossa intenção é incluir, depois, outros produtos oriundos da agricultura familiar. Há um leque de possibilidades muito grande, mas ainda estamos trabalhando na definição”, afirmou. Crédito e assistência O município de Arapiraca também é conhecido pelo repasse de crédito aos agricultores pelas instituições financeiras. Os recursos vão para culturas como mandioca, fumo, abacaxi e hortaliças. São extensionistas sociais, agrônomos, zootecnistas e técnicos que orientam os agricultores na produção, beneficiamento, gestão e comercialização.Um dos exemplos é a Associação de Mulheres da Comunidade Taboquinha, que recebe orientação e produz broas, doces e bolos para venda ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do município, além de participar de feiras e exposições. “Esse grupo já recebeu visitas de gestores e agricultores de outros estados, pois se tornou modelo de empreendedorismo”, salientou o
Plantio de mandioca e outros alimentos tem atraído novos produtores na cidade de Arapiraca, que se tornou referência para o Estado e para o Brasil Fotos: Divulgação
Produção tem aumentado após agricultores começarem a receber mais incentivos dos poderes públicos
gerente regional da Seagri no Agreste, Rui Palmeira.Outro grupo de associadas que recebe acompanhamento
comemoração
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UCURSAL - Os moradores da Rua 15 de Novembro, em Penedo, também conhecida como “Rua do Melão”, estão preparados para receber os visitantes que todos os anos lotam o local no dia em que é comemorada a Proclamação da República. Intitulado de “Folia na 15”, o evento acontece este ano em sua quinta edição e, repetindo o sucesso dos anos anteriores, terá uma programação voltada às manifestações religiosas, culturais e artísticas. De acordo com uma das organizadoras do evento, Linair Feitosa, fazer uma festa como essa que já virou tradição é muito difícil. Segundo ela, as dificuldades são maiores do que a vontade das pessoas em ajudar e só mesmo com muita força de vontade e paciência para conseguir alcançar os objetivos almejados. “A ideia de fazer o ‘Folia
gestão e gerando mais renda. Também incentivo para o fortalecimento da produção com a distribuição de semen-
mudança
Rua promove festa no feriado DA REDAÇÃO Com assessoria municipios@ojornal-al.com.br
técnico fica na comunidade Baixa do Capim. Lá, as mulheres participaram de um diagnóstico e estão melhorando a
tes. Os agricultores de Arapiraca receberam, em 2011, mais de 40 toneladas de sementes de feijão, milho, algodão e mamona. Cerca de 2 mil agricultores foram beneficiados. Os produtores do município também já receberam, por meio de suas associações, três bancos comunitários de ferramentas, compostos por 12 arados e 120 plantadeiras. “Essas ferramentas auxiliam o agricultor no plantio e reduzem os custos de produção. Elas ficam no banco e podem ser usadas por todos eles, nos anos seguintes”, explicou o secretário Jorge Dantas. Ele informou que no município serão implantadas sete unidades de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais). A cidade também recebe diariamente 3.146 litros de leite, que beneficiam famílias em situação de vulnerabilidade alimentar.
na 15’ na verdade surgiu de uma brincadeira. Um grupo de amigos que de uma forma ou de outra tem ligação com a Rua 15 de Novembro, resolveu fazer um evento que movimentasse o local que tem papel importante para a história da cidade. Então criamos o projeto, corremos atrás dos patrocínios e conseguimos realizar a festa, que já em sua primeira edição mostrava que veio para ficar. Com o passar dos anos o evento foi crescendo e as necessidades foram aumentando. Hoje, com uma equipe reduzida, tivemos que correr contra o tempo para realizar a festa, uma vez que, gente para criticar tem muita, mas para ajudar e apoiar a ideia pouquíssimas, infelizmente”, desabafou a Linair. Ainda segundo a organizadora, a programação da festa neste ano trás muitas novidades para os moradores da rua e os visitantes que prometem lotar o logradouro. A partir das 10 horas, a comunidade e os visitantes poderão brincar
e dançar ao som do envolvente Frevo que será tocado pela orquestra “Amigos da 15” e contará com a participação do Tadeu e seus bonecos. Logo após o Frevo, os jovens do Projeto Encanto Juvenil, do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), do bairro Santo Antônio, farão uma apresentação que promete encantar o público presente. Em seguida, os presentes poderão conhecer um pouco da história da rua e das pessoas que já residiram no local, mas partiram para a morada eterna. A grande novidade será que enquanto os painéis serão visitados um cantor com um violão na mão promete dar um toque especial ao momento ao tocar e cantar grandes sucessos da Música Popular Brasileira, que sem dúvidas marcaram gerações. Finalizando as festa, as bandas “Louko Romance” e “Revolução do Samba” prometem encerrar com chave de ouro a 5ª edição do “Folia na 15”.
Ambulantes vão para novo ponto DA REDAÇÃO municipios@ojornal-al.com.br
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UCURSAL - Os 22 ambulantes que comercializam os mais variados tipos de produtos no Centro Histórico de Penedo serão removidos do local. A medida adotada pela prefeitura municipal, atende a provocação do Ministério Público Estadual que exigiu uma solução para o problema, devido às constantes queixas da população e do comércio formal que se sentiam prejudicados pela oferta dos serviços. De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, os ambulantes do Centro Histórico serão provisoriamente colocados nas calçadas da Rua São Miguel, ao lado da Igreja de São Gonçalo Garcia, local escolhido por técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras. A decisão de remover os ambulantes foi tomada durante reunião realizada na última quarta-feira, dia nove,
entre o executivo municipal e os feirantes. A medida visa ainda a remoção dos comerciantes que não residem em Penedo e trabalham nas imediações do Mercado da Carne. O local deverá ser ocupado por comerciantes da cidade que negociam frutas e verduras nas proximidades de um antigo galpão da localidade. Os comerciantes que não residem na cidade foram informados oficialmente das mudanças durante a feira livre de ontem. Eles terão que desocupar o espaço que na semana seguinte receberá os novos comerciantes. RECLAMAÇÃO Um dos ambulantes que trabalha no local e participou da reunião com o executivo municipal declarou que não foi possível opinar durante o encontro. Segundo ele, sempre que tentava falar era impedido, ficando sem ter como expressar sua revolta e discordância com a decisão.
“Toda vez que a gente ia conversar eles falavam o seguinte: Daqui a pouco vocês falam. Só eles que podiam falar. Apesar da gente não ter estudo, temos que nos defender porque pagamos impostos. Há mais de 15 anos que eu trabalho nesse ponto aqui. Agora tirar a gente da frente de uma loja para colocar na frente de outra loja não existe. A gente trabalhou o ano todo e quando chega nos meses em que ganhamos mais dinheiro, como no natal, final de ano, porque o comércio melhora mais, querem colocar a gente num lugar daquele. Como vamos pagar cartão, cheque? Aqui todo mundo é pai de família e nós não recebemos 13 º [Salário]”, desabafou o comerciante. Os comerciantes que vendem alimentos no Centro Histórico, principalmente amendoim, irão ocupar a Praça Comendador José da Silva Peixoto. O prazo limite para transferência é a próxima quarta-feira, 16.
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Mulheres
Economia
A solenidade de lançamento do +Mulher 360 aconteceu em São Paulo, na quinta-feira
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Foi promovido também um debate intermediado pela jornalista Glória Maria
Walmart lança programa de desenvolvimento da mulher +Mulher 360 objetiva capacitar e empregar 200 mil profissionais em todo o Brasil, como meta, até 2015 Gabriela Lapa Estagiária São Paulo - De olho no crescimento da participação feminina no mercado, que já soma 45%, empresas varejistas lideradas pelo grupo Walmart lançaram, na última quinta-feira, o Movimento Empresarial pelo Desenvolvimento Econômico da Mulher “+ Mulher 360”, um plano de ação para ampliar as condições de trabalho dessa mão de obra, capacitando e empregando 200 mil mulheres, em todo o Brasil, até 2015. O objetivo do movimento é impulsionar a economia nacional aproveitando profissionais subestimadas por questões culturais, mas que
têm grande potencial produtivo. Segundo o presidente da Walmart Brasil, Marcos Samaha, em países como os Estados Unidos, as mulheres foram responsáveis por, pelo menos, 25% do crescimento do PIB nos últimos 40 anos. “Um estudo do Fórum Econômico Mundial mostrou que essa renda ainda pode crescer mais 20% até 2030, se houver maior participação feminina no mercado. Uma pesquisa feita nos EUA, em 2009, mostrou que, dos cinco países com maior participação feminina na economia, quatro estão na lista dos mais desenvolvidos, mostrando uma relação direta entre o crescimento econômico e o papel da mulher no mercado. O resultado apontou Estados Unidos (59,2%), Canadá (62,6%), Austrália (60%) e Japão (48%), mas não incluiu nenhum país latino-americano – o que, para a presidente da Organização
Internacional do Trabalho no Brasil (OIT), Laís Abramo, indica a necessidade urgente de investimentos nas mulheres, nessa região. Com quatro pilares diferentes de ação, que vão da contratação à valorização da imagem na sociedade, o Movimento vai aproveitar políticas de inclusão de gênero que já vinham sendo trabalhadas pelos varejistas, como a flexibilização do horário de trabalho e a ampliação da licença-maternidade. “Antes, as pessoas pensavam que empregar mulheres era mais caro, justamente por causa desses diferenciais, mas são elas que mais contribuem com o aumento da produtividade da empresa. Mulheres chefes de família trabalham melhor, por exemplo, quando têm a possibilidade de adequar o horário comercial às obrigações de casa. Investir nelas é negócio, e ao contrário do que se imagina, não gera custos
adicionais”, destaca Samaha. Os parceiros do movimento – que inclui organizações sociais e de ensino -também pretendem estimular a criação de políticas públicas de combate à desi-
"Temos que aproveitar toda a contribuição que elas têm a oferecer à economia e à sociedade" Marcos samaha Presidente do Walmart no Brasil durante lançamento do +Mulher 360
gualdade de gênero. Segundo Marcos Samaha, o objetivo é levar o +Mulher360 para além de um “sistema de cotas” nas empresas, visando exclusivamente o aumento da mão de
obra feminina. “Não se trata somente de ter mais mulheres do que homens no mercado, mas de aproveitar toda a contribuição que elas têm para oferecer à economia e à sociedade como um todo. Capacitar e contratar é um passo, mas é só o primeiro”, explica o presidente da Walmart. Para lançar o movimento no Brasil, a empresa trouxe a coordenadora do Fundo de Investimento Social Elas, Amália Fisher, que reforçou a importância dessa visão macro da participação feminina na economia. “Quando você investe nas mulheres, está investindo em toda uma sociedade”, disse Fisher, “porque elas são agentes de transformação. Mude uma mulher, e ela vai mudar os filhos, os vizinhos, o bairro inteiro”. Em um debate mediado pela jornalista Glória Maria, o grupo apresentou um panorama da participação das
mulheres na economia global, e as expectativas para os próximos anos, considerando os investimentos que serão feitos através do Movimento. Reforçando a ideia de uma ação que vá além das “cotas” nas empresas, Denise Delboni defendeu os benefícios que o “empoderamento” feminino representa para a força masculina de trabalho, na medida em que proporciona uma “divisão de tarefas” entre os dois personagens. “O homem que trabalha e tem família pode se dedicar mais aos filhos quando a mulher também está no mercado”, argumentou. “Por uma questão cultural, a nossa sociedade não está acostumada a associar a figura masculina à família, mas os homens também são sensíveis, também sentem necessidade de estar perto. E isso só é possível quando ele pode dividir a administração da casa, em todos os sentidos, com a esposa”.
Regionais serão respeitadas, diz Samaha O Movimento Empresarial pelo Desenvolvimento Econômico das Mulheres vai englobar 50 empresas do varejo e organizações sociais e de ensino, para trabalhar nacionalmente pelo aumento da participação feminina na economia. A proposta é de que a iniciativa seja aplicada em todo o País, respeitando as particularidades de cada região, em função das diferenças sócio-econômicas, que variam especialmente entre o Norte e o Sul-Sudeste do Brasil. Em entrevista coletiva após o lançamento do Movimento, o presidente da Walmart, Marcos Samaha, disse que as empresas parceiras vão trabalhar apenas melhorando os
programas de “empoderamento” que já funcionam no contexto local, no sentido de ampliar a sua atuação e atender a um maior número de mulheres beneficiadas, até 2015. “Não se trata de colocar um programa uniforme em todo o País, como uma meta a ser alcançada com os mesmos resultados em toda região, porque o próprio cenário socioeconomico brasileiro não permite isso. As empresas parceiras vão trabalhar o “empoderamento” das mulheres dentro das suas possibilidades, com uma visão de 360 graus, que também não deve ficar restrita à relação trabalhista. Nós queremos estimular uma transformação social”, destacou.
Como convidada do lançamento, a senadora por São Paulo Marta Suplicy
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Turismo
O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
Economia
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Baixa temporada com hotéis lotados
Trade alagoano comemora boa ocupação e projeta alta temporada que deve superar 2010 ELISANA TENÓRIO elisanatenorio@ojornal-al.com.br
O
trade turístico alagoano já tem motivos para abrir a champanhe e comemorar o sucesso do Rèveillon. A alta temporada turística na grande Maceió começou mais cedo. Desde
o mês passado, a ocupação hoteleira subiu mais que o previsto. Em relação ao mesmo período de 2010, foi um acréscimo de quase 3%. É claro que as belezas naturais continuam sendo o principal atrativo da cidade. Porém, a grande novidade é o reconhecimento da capital de Alagoas como turismo de eventos e negócios. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH-AL), a ocupação média fechou outubro em 78.77%, o que equivale um acréscimo de
2.63% em relação ao mesmo período do ano passado. E a tendência é finalizar o ano com uma ocupação média anual acima de 70%. Até dezembro, a perspectiva da ABIH é de que tenham se hospedado na rede hoteleira alagoana aproximadamente 181.817 pessoas. Contudo, se for levar em consideração outros meios de hospedagem, a quantidade de turistas sobe, em média, para 395.254. O presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagem (Abav),
Carlinhos Palmeira, ressalta que cada apartamento de hotel ocupado, representa de quatro a 6 postos de trabalho. Mas, o melhor são as projeções para 2012. Espera-se que a ocupação da rede hoteleira se mantenha em alta o ano inteiro. Se o parâmetro for o calendário de eventos verificado no segundo semestre deste ano, não há razão para pessimismo. A programação do Centro de Convenções, em Jaraguá, está praticamente fechada para 2012 e já há reservas para 2013. O superintendente
Eduardo Vilela Toledo ressalta que foi batido o martelo para vários eventos nacionais e internacionais pertencentes a segmentos variados, como é o caso do Panamericano de Arquitetura; Encontro Internacional de Cardiologia; Encontro Nacional de Distribuidoras de Combustíveis e muitos outros. “A gama de negócios está muito grande e abrange áreas diversificadas. Temos recebido eventos internacionais, nacionais e locais de áreas e tamanhos variados. Semana passada houve o Encontro
Brasileiro de Enfermagem, que teve um público de 6 mil pessoas”, explicou Eduardo Toledo, acrescentando que a capacidade total é de 8 mil pessoas. Ele revelou que o calendário de eventos começou a ficar mais intenso no segundo semestre deste ano, o que, para ABIH-AL, representou um importante passo a frente. “De julho para cá foram realizados grandes eventos no Centro de Convenções, e, com isso, foi possível diminuir a baixa ocupação hoteleira, que é verificada nesse período.
Alta temporada é aguardada com expectativa Maioria é formada por profissionais liberais Paralelo ao turismo de evento, os visitantes, atraídos pelas belezas naturais de Maceió e sua gastronomia, continuam freqüentado a capital. São os casais em lua de mel e as pessoas que aproveitam a baixa temporada e compram pacotes turísticos mais baratos. Porém, segundo os jangadeiros, artesãos e taxistas, a movimentação de turistas nesse segundo semestre não está sendo suficiente para alavancar o faturamento. Para eles, o boom das vendas só acontecerá em janeiro, quando das férias escolares e famílias inteiras gastam com hospeda-
ria, alimentação, passeio e nas compras de brinquedos, roupas, além das famosas lembrancinhas. “Minha filha, quem vem a negócios pode até passear entre a gente (nos artesanatos), mas não demonstra interesse em comprar nossos produtos. Eles vêm mesmo para passear, para conhecer a cidade e só... Por isso, o movimento continua fraco”, frisa a artesã Maria Dantas, que trabalha na Feirinha da Pajuçara há 15 anos. Já o jangadeiro Genivaldo Belo do Santos resume a movimentação da seguinte forma: “Quando consigo fazer um
passeio por dia é um milagre! Passo três, quatro dias sem ter ninguém para levar à piscina da Pajuçara... O movimento só irá melhorar em janeiro”. Dentre os que chegaram à Maceió, a novidade foi o mercado de Brasília, que cresceu consideravelmente. Segundo dados da ABIH-AL, de julho para cá, foram vendidos 12 mil pacotes, através de uma promoção entre grandes operadoras e companhias aéreas. São Paulo continua em primeiro lugar. Em seguida, vem Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe e Bahia.
Para o trade turístico alagoano, o grande gargalho de Alagoas é a malha aérea, que continua bastante limitada. O presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem (Abav), Carlinhos Palmeira, ressaltou que nossa malha é muito pequena e por isso, as operadoras, muitas vezes, não conseguem fechar pacotes, já que as resumidas ofertas de voos encarecem as passagens e causam transtornos. “Para ir a João Pessoa e Natal, por exemplo, é preciso se deslocar para Brasília, São Paulo ou Salvador. Muita gente termina desistindo”,
frisa Palmeiras. A mesma impressão tem Tereza Bandeira, da ABIH. “Atualmente o grande empecilho para o aumento de turistas em Maceió é a restrita malha aérea. Por ser pequena, ela é cara, tornando-se menos competitiva em comparação a outras capitais do Nordeste. O governo do Estado está empenhado em conseguir junto às companhias aéreas a melhoria desta malha aérea. Durante o evento da Abav foi negociado o aumento de um voo da Azul e também a partir do próximo ano a Avianca deverá pousar em Maceió. Está sendo negociado o
"Atualmente, o grande empecilho para o aumento do turismo em Maceió é a restrita malha aérea" Tereza Bandeira Diretora da ABIH/AL
aumento dos voos charter da TAM para a alta temporada – uma vez por semana. Continua na página A23
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Economia Espaço Vendas para Réveillon já estão aquecidas Consumidor
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Thiago Gomes consumidor@ojornal-al.com.br
Use o 13º com sabedoria
C
omo a primeira parcela do 13º salário é paga pelas empresas este mês, o Procon/AL sai na frente para conscientizar o consumidor a empregar o dinheiro extra da maneira mais correta. A principal dica é planejar como ficará o orçamento familiar antes mesmo de receber e se sentir tentado a gastar. O superintendente do órgão, Rodrigo Cunha, admite que as festividades natalinas atraem os olhares, mas elas ofuscam a realidade para as despesas fixas de janeiro – matrículas, materiais escolares e os impostos, a exemplo do IPTU. Segundo ele, a boa estratégia é priorizar os pagamentos das dívidas – sobretudo do cartão de crédito e do cheque especial – e definir, em seguida, as prioridades. Além disso, é bom pagar logo as faturas cheias que já tenham os juros elevados para evitar o chamado refinanciamento (bola-de-neve). O gerente de atendimento do Procon, Denis Malta, informa que o órgão dispõe de um núcleo específico para instruir e acompanhar os consumidores endividados.
Celular proibido nos bancos
Depois que o governador Teotonio Vilela Filho sancionar o projeto de lei nº 50/2011 ficará proibido usar o aparelho celular ou qualquer outro equipamento de transmissão no interior das agências bancárias de Alagoas. A matéria é de autoria do deputado Joãozinho Pereira (PSDB) e já passou, na última semana, por votação no plenário da Assembleia Legislativa. O parlamentar argumenta que utilizar o celular nos bancos facilita a ação de criminosos no sentido de monitorar os clientes que sacam valores altos em dinheiro. Com isso, poderia se evitar as conhecidas ‘saidinhas de banco’, muito frequentes aqui. Joãozinho ainda luta para aprovar a criação de cabines individuais nos caixas nas agências. Elas iriam afugentar os ladrões, na opinião dele.
Acione sempre o call-center
Para a secretária municipal de Promoção do Turismo (Semptur), Cláudia Pessôa, a previsão para temporada de verão é otimista. “Os novos hotéis como Tropicalis, e o Brisa Mar, recentemente inaugurado, estão com ótima ocupação, ou seja, Maceió hoje tem boa oferta de leitos e com qualidade. Para o Réveillon, os hotéis 3 e 4 estrelas já estão com mais de 80% das reservas confirmadas”, disse Claudia Pessôa. Ela destaca que nos últimos quatros anos, a gastronomia, a reurbanização da orla e os novos hotéis deixaram a capital alagoana mais atraente para os turistas nacionais e internacionais. Uma prova deste avanço é que até 2014, Maceió vai ganhar 15 mil leitos
e para 2012 estão programados o Meridiano com 260 apartamentos e o Ritz Suítes com mais 336. Segundo dados da operadora CVC para a temporada de verão, Maceió vai receber mais voos fretados do Rio Grande do Sul, saindo da capital Porto Alegre. Aliás, para a capital durante todo o verão, de dezembro até o Carnaval 2012, com saídas das principais capitais brasileiras, sendo as principais delas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba, entre outras. Para 2012, a companhia Avianca começa operar com voos regulares para Maceió. Outros voos também estão programados para o Aeroporto Internacional.
Para Cláudia Pessôa, Maceió colhe os resultados dos investimentos no setor
Para a temporada deste ano, o setor se programou e espera surpreender no atendimento ao turista de navio
A assessoria de comunicação da Eletrobras Alagoas orienta os consumidores para que registrem as reclamações sobre quedas, falta de energia, emergência com fios partidos e colisão acionando o call center da distribuidora, pelo número 0800 82 0196 e guardar o número do protocolo que é oferecido pela atendente. Somente assim será possível verificar e acompanhar o que está sendo feito para a solução do problema. Esse número é a segurança do consumidor de que sua queixa foi registrada. Sem este procedimento, de acordo com a assessoria, é impossível se conhecer o que, de fato, está acontecendo.
Sempre as telecomunicações
O JORNAL noticiou nesta semana, com base em dados colhidos pelo Procon/ AL, que as empresas de telefonia fixa e móvel e que oferecem televisão por assinatura estão liderando o ranking das reclamações no Estado, seguindo o parâmetro nacional. Os serviços deixam a desejar em inúmeros aspectos. Quando o assunto é banda larga, os problemas são frequentes, principalmente com a velocidade que nem sempre alcança a adquirida pelo consumidor. Cobranças abusivas e indevidas, empecilhos na hora de rescindir o contrato ou no cumprimento dele, além do fato de algumas empresas resistirem na hora de prestar o serviço adequado ou fazer o cancelamento dele. A coluna sempre frisa que o usuário prejudicado deve acionar o órgão de proteção ao consumidor ou procurar os Juizados Especiais espalhados pelo Estado.
Atente ao extravio das comandas
Ir a bares, restaurantes e casas noturnas que utilizam a comanda para registrar os pedidos pode se transformar em situação desagradável para o cliente. Perdê-la é sinônimo de constrangimento e até de pagamento de multas abusivas. Quando isto acontecer, os órgãos de proteção ao consumidor orientam que o cliente somente é obrigado a pagar a multa se for ele o responsável pelo extravio do papel. Acontecendo um furto ou roubo no estabelecimento, a culpa não pode ser atribuída a ele. Caso a empresa não disponha do controle dos gastos, o cliente dirá quanto consumiu e o quanto deverá pagar. Claro as partes devem estar fundamentadas no princípio da boa-fé.
Seguro de vida
Com as inúmeras opções de apólices oferecidas pelo mercado para seguro de vida, escolher a melhor alternativa pode ser uma tarefa complicada. Por isso, antes de fechar o contrato é preciso verificar exatamente o que está incluso. Um fato é certo: os seguros de vida, apesar de vantajosos, podem não ser a melhor opção para quem já ultrapassou os 60 anos. Como nesta idade o valor das apólices fica maior, o benefício se torna menos competitivo do que outros investimentos.
Ajude você também
Você também pode ajudar o Lar de Amparo à Criança para Adoção (LACA) assim como fez o Procon/AL na última quarta-feira. Mais de 200 latas de leite em pó foram doadas à instituição. Elas foram arrecadadas por conta da inscrição na seleção de estagiários, em outubro. O LACA funciona somente com recursos próprios e pela doação de voluntários. Ele serve de abrigo provisório a crianças de 0 a 8 anos e está localizado na Rua Coronel Pacheco Ramalho, 219, Pitanguinha. Ajude!
Procon Alagoas - Rua Dr. Cincinato Pinto, 503, no Centro da capital. Atendimento gratuito pelo número 151. Mande sua denúncia, dica ou dúvida para a coluna Espaço Consumidor. Todos os domingos, em O JORNAL.
Temporada de navios prevê 95 mil passageiros A partir de 24 de novembro começa a temporada de cruzeiros 2011/2012 no Porto de Maceió. A previsão é de 42 navios, trazendo cerca 95 mil passageiros e tripulantes. A informação foi divulgada pelo administrador substituto do Porto, Roberto Leoni, à secretária municipal de Promoção do Turismo (Semptur), Claudia Pessôa, e aos representantes do Grupo Receptivos de Alagoas (GRAL), durante visita técnica ao Porto. “Nosso objetivo é oferecer o melhor para que o turista do cruzeiro seja bem atendido e retorne à nossa cidade como hóspede. Este ano vamos contar com um espaço climatizado e o Porto de Maceió será responsável pelo transporte interno dos passageiros até a saída do terminal, onde o visitante poderá escolher o melhor passeio pela cidade, seja de táxi, a pé ou por outro meio de transporte”, disse Claudia Pessôa. Para o presidente do Gral, Afonso Dacal, as quatro agências cadastradas já começaram a venda dos passeios turísticos para os passageiros de navio e que a estrutura de tenda climatizada é uma ótima iniciativa. “Em média, 20% a 30% dos passageiros compram os passeios e o restante prefere conhecer a cidade de táxi ou até mesmo a pé. O importante é que o turista saia da cidade com o desejo de voltar, porque, tradicionalmente, os alagoanos sabem receber bem”, disse Dacal. O primeiro navio a atracar é da Companhia Ibero, com 800 passageiros.
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Imobiliário
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Número de corretores cresce O
déficit habitacional no Brasil está longe de ser liquidado. Mesmo assim a distância entre os imóveis e os futuros proprietários é reduzida com a presença do corretor de imóveis. A carreira é promissora, são diversas áreas de atuação para esco-
lher e o número de profissionais não para de crescer. Segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ), em pouco mais de três anos o número de corretores credenciados superou os 10 mil. Isso representa um aumento de 43% no período analisado, que foi de dezembro de 2007 a junho de 2011. Para Antônio José da
Silva, presidente da Primar Administradora de Bens, a realização de grandes eventos no Brasil, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, contribuem para o aumento de pessoas interessadas em atuar no ramo. "Um fato que atrai os profissionais são as comissões. Nem todas as empresas trabalham com base salarial, mas ao vender um imóvel o corretor pode ganhar até 6% de comissão. Ou seja, na venda um apartamento de R$ 200 mil o ganho pode chegar a 12 mil", aponta. Basicamente, o corretor imobiliário é responsável pela intermediação entre o cliente que compra e o que vende em uma transação imobiliária, mas há outras tarefas. Independente do tipo de imóvel, urbano ou rural, um especialista é fundamental para garantir a segurança do negócio. "Dificilmente os envolvidos na transação se conhecem e há um trâmite complicado até a efetuação da venda,
43 por cento Esse é o percentual de crescimento entre os profissionais que atuam no setor
que pode ser descomplicado com a ajuda de um corretor. O profissional conhece bem o mercado imobiliário e isso é imprescindível", afirma. A falta de qualificação profissional é uma das principais queixas do mercado imobiliário, por isso para se dar bem é preciso se preparar. Quem deseja atuar na gestão de imóveis pode ingressar no ensino superior e fazer o curso de Ciências Imobiliárias, que confere o diploma de bacharel aos alunos e tem dura-
ção de quatro anos. Outras opções são o curso de Gestão Imobiliária, que dura dois anos, ou o Técnico em Transações Imobiliárias, que tem a duração de apenas um ano. É possível ainda fazer o exame de proficiência para poder exercer a profissão. Silva lembra que a carreira legal exige ainda o credenciamento junto ao Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Além da especialização, os candidatos a corretores devem ter algumas aptidões para lidar mais facilmente com as dificuldades do percurso. "Gosto por vendas e por lidar com o público, paciência, bom humor, carisma, dedicação, capacidade de argumentação, boa aparência e raciocínio aguçado são características fundamentais para atuar no ramo imobiliário", destaca. O corretor de imóveis tem como principais atividades a coordenação da venda, locação, permuta e incorporação
de imóveis, apresentação de imóveis aos interessados, a verificação do andamento de construções e a reunião de documentos e papéis necessários a negociação. "O gestor de imóveis tem que se manter informado sobre o planejamento urbano da cidade, especialmente nas regiões onde estão localizados os imóveis de sua responsabilidade, as alterações na legislação e outras informações que possam influenciar a negociação imobiliária", ressalta. Imobiliárias, construtoras, consórcios imobiliários, cartórios de registros de imóveis, leilões e empresas de loteamento e planejamento de imóveis são alguns dos locais onde o corretor pode trabalhar. "O profissional pode se especializar em um segmento da área imobiliária", explica. JORNAL CORREIO DO ESTADO - ÚLTIMAS NOTÍCIAS/MS CONSTRUÇÃO
Projeto de lei proíbe terceirização
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rática comum em todas as atividades da construção civil, a terceirização de mão de obra como diriam os esportistas, está na “linha do pênalti”. Projeto de Lei (PL) que tramita na Câmara Federal em caráter conclusivo (dispensa votação em Plenário, e adquire força de lei ao ser aprovado por comissões que o analisam) propõe a proibição dos contratos de terceirização, o que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O autor do projeto de lei, deputado Padre Ton (PT-RO), justifica a proposta argumentando que “a intenção é dar instrumentos à CLT para combater o comércio de mão de obra simulado em contratos de terceirização”. Ainda de acordo com o autor, “a terceirização avançou sobre os institutos jurídicos trabalhistas consolidados, motivando o surgimento de institutos paralelos, como a locação de mão de obra revestida de contrato de prestação de serviço”, conforme noticia a Agência Câmara. A proibição prevista no projeto de lei, que leva o número 1299/11 possui algumas excessões e, por exemplo, não se aplica ao regime de trabalho temporário, prestado por pessoa física para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal; ou a acréscimo extraordinário de serviços. A análise do projeto que proíbe a terceirização de mão de obra é de responsabilidade de duas Comissões da Câmara: Trabalho, Administração e Serviço Público; e Constituição, Justiça e Cidadania.
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Dois
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Uma Alagoas holandesa Livro do historiador Douglas Apratto, com posfácio assinado pela museóloga Cármen Lúcia Dantas e capa ilustrada pelo quadro do artista Pierre Chalita, busca, em suas 174 páginas, desvendar as quase três décadas vividas pelo povo flamengo na terra dos antigos índios Caetés; “A Presença holandesa – A história da guerra do açúcar vista por Alagoas” será lançado no próximo dia 29, no Museu Théo Brandão Páginas B2 e B3
Igreja de Taperaguá, em Marechal Deodoro, substituiu a de N. Sra. da Conceição, incendiada pelos holandeses no ano de 1633
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Variedades
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Influências holandesas em Alagoas marcaram quase três décadas Elô Baêta cultura@ojornal-al.com.br “A disposição de afirmar e defender a identidade cultural parece ser uma das forças motrizes da sociedade”. A menção, dita certa feita pelo professor senegalês e por anos diretor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Amadou Bow, ve m e n c o n t ra n d o sentido em alguns historiadores. Talvez, o intuito seja atentar a humanidade não a agarrar-se imutável ao seu passado, mas a partir dele se abrir a uma espécie de síntese renovadora de si mesmo, de comunidades, de nações. Encaixando a ideia de Bow de preservação de lendárias passagens da história mundial, recorda-se o tempo do faraó Ramsés, reconhecido nos registros egípcios como o de “maior brilho do País”; o século de Péricles – o estadista de Atenas –, na Velha Hélade chamado de o “século de ouro” da Grécia; o período de Otávio Augusto, na Roma dos Césares; do imperador Carlos Magno, na França, e tantos outros. Em território brasileiro, são testemunhos históricos as casas-grandes que sobreviveram à herança do ciclo do café no Sul do País, os restos arqueológicos existentes em São Raimundo Nonato, pelas bandas do Piauí e outros cenários.
Por aqui, a influência dos povos holandeses e os 24 anos de sua permanência em terras alagoanas aparecem como um desses tempos históricos, que permanecem no imaginário do povo, “com suas narrativas aliando verdades, meias-verdades, falsas versões”, a que se referem estudiosos e pesquisadores como mitistória – aquela mescla de “história e mito em sua interpretação fabulosa que ao mesmo tempo que fascina gera controvérsias”. “É curioso como a tradição alagoana, o seu imaginário, foi tão fortemente marcado por essa época, rivalizando e, em muitos casos, sobrepujando outros anos igualmente importantes. A curta passagem holandesa por Alagoas tem muito de história extraída das observações dos cronistas e da documentação existente e muito também dos relatos fantásticos da nossa tradição oral, como os dos tesouros deixados pelos invasores que não os puderam levar em sua fuga: os fantasmas louros que costumam aparecer em certos templos e em locais de combate como Porto de Pedras e Santa Luzia; os túneis que, construídos por eles para retiradas estratégicas, saídos de conventos, igrejas e engenhos, eram um excelente recurso de guerra...”. O trecho com referências sobre esse importante momento vivido pelos
É curioso como a tradição alagoana, o imaginário, foi tão fortemente marcada por essa época".
flamengos na terra dos antigos índios Caetés foi escrito pelo historiador Douglas Apratto Tenório em “A presença holandesa – A história da guerra do açúcar vista por Alagoas”. Um dos mais novos registros sobre esse tempo, que será lançado no Museu Théo Brandão, às 19h do próximo dia 29. Destacado pelo autor como uma forma de resgate dessa época esquecida, o livro vem também como um incentivo a estudos regionais sobre o tema e a conhecimentos contidos em outras publicações, para que possam ser “conhecidas e reeditadas” em um futuro próximo, como atenta o historiador. Com posfácio assinado pela museóloga Cármen Lúcia Dantas e capa ilustrada pelo quadro do artista Pierre Chalita “Invasores”, da série 500 anos do Descobrimento do Brasil – sobre a estada dos holandeses no Estado –, a publicação busca ainda, em suas 174 páginas, desfechos para certos questionamentos. Como se deu a ocupação e a expulsão dos holande-
Maurício de Nassau: presente no imaginário alagoano como um dos mais fortes mitos da invasão flamenga no Estado
ses do território alagoano? Qual a participação de sua gente nessa era flamenga? Como os artistas trazidos pelo conhecido como um dos heróis desse tempo, Maurício de Nassau, retrataram as Alagoas? Qual o significado das lendas, dos tesouros e dos subterrâneos falados em vários pontos do Estado? E a
figura polêmica de Domingos Fernandes Calabar? Quais os lugares, povoações, que guardam recordações do período? Estes e outros – em meio a tantas lendas e crônicas incorretas –, se não de todo, “A presença holandesa” tem o intuito de desvendá-los a partir de acervo documental e bibliográfico consistente
do ponto de vista alagoano, como ressalta Apratto nas páginas introdutórias do livro, que dá continuidade ao tema a partir da publicação do calendário cultural 2011 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), “Presença holandesa em Alagoas”, lançado no ano passado.
De vestígios materiais a mitos e lendas Nas referências sobre a vinda daquela gente loura vinda dos Países Baixos para tomar conta de Pernambuco – e de sua parte sul emancipada em 1817 chamada Alagoas –, o livro traça uma espécie de mapa. Entre as passagens, a chegada de Matias de Albuquerque e sua tropa ao Estado, levando os sobreviventes da Guerra de Guerrilhas contra os invasores; o desembarque dos holandeses em Barra Grande – atual Maragogi; o incêndio da povoação, de casas e igrejas de Madalena da Lagoa do Sul (a Marechal Deodoro de hoje); a construção do Forte Maurício, presidindo a passagem do rio São Francisco em Penedo; a heróica resistência do município de Santa Luzia do Norte à invasão e outros temas completam a “rota” da narrativa. Peças e objetos sobre o período também marcam “Presença...”. Citados pelo autor como dos poucos “vestígios da passagem holandesa entre nós”, aparecem canhões, alguns encontrados no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL); peças de artesanato, cachimbos, jarros quebrados; armas como floretes – a maioria já desintegrada pela ferrugem – fôrmas holandesas; moedas em mãos de colecionadores como Jorge Quintela. “Esses vestígios materiais foram encontrados no Forte Holandês de Paripueira e pertencem ao acervo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas estão malconservados”, disse o historiador ao O JORNAL. Ressaltando que é nos fortes construídos pelos flamengos naquele tempo, como os de Paripueira, Camaragibe, Porto Calvo e Forte Maurício, que se
encontram os maiores indícios da presença desses povos. As lendas desse tempo também mereceram registro. Uma delas é a da volta da tacha. Ou a presença de uma arca repleta de florins, barras e moedas de ouro, joias, que teria sido avistada na curva do rio São Miguel por um senhor de engenho da região, em uma noite de lua cheia de uma sexta-feira 13. Diz a fábula que, pelo não cumprimento da promessa pelo abastado homem de com um negro - a quem pediu ajuda para retirar a tacha do rio com correntes – dividir as riquezas, quebraram-se os encantos e as correntes, e a tacha voltou ao fundo do rio sem nunca mais reaparecer sobre suas águas. “Reza a lenda que, toda sexta-feira, dia 13, à meia-noite, quem estiver sem pecado, em dia com suas obrigações cristãs, pode ainda ver a tacha emergindo reluzente do leito do rio e, em seguida, voltando para o fundo com toda a sua riqueza. Há outras lendas holandesas, ainda muito presentes nas comunidades. Uma delas, que não consta no livro, fala sobre a existência de botijas de ouro na lagoa da cidade de Quebrangulo”, contou Douglas. Já sobre os mitos, Nassau e Calabar são citados pelo historiador como fortes referências quando se fala na presença flamenga em Alagoas. O primeiro, o estrangeiro branco de feições finas, retratado pela maioria como o nobre príncipe de berço e atitudes. Já o segundo, o mito da terra, mestiço de feições duras, dividido entre herói ou traidor? E.B. Continua na página B3
Objetos encontrados no Forte de Paripueira atestam a vinda dos povos
Tela "Invasores", de Chalita, também traz registros do tempo holandês
Quadros de artistas como Frans Post, vindos com intelectuais, sábios e cientistas na comitiva holandesa, retrataram Alagoas durante a invasão
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O Jornal l Maceió, 13 de novembro de 2011 l Domingo
Variedades De olho no Patrimônio
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Alessandra Vieira alessandra@ojornal-al.com.br
Museus protegidos?
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ma proposta de proteção de patrimônio museológico e coleções de arte foi apresentada pelo Brasil à Unesco e aprovada pelo órgão das Nações Unidas em reunião realizada em Paris. A iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão do Ministério da Cultura, foi apoiada por 30 países. O Brasil deve agora coordenar o processo de elaboração de normas globais e políticas públicas para o setor museológico. Embora seja um passo na elaboração de políticas de proteção ao patrimônio, pouco muda de imediato. Ideias e propostas serão discutidas num encontro liderado por Ibram e Unesco, que deve acontecer no ano que vem, no Brasil, com especialistas da área. A criação desse instrumento normativo havia sido aprovada anteriormente pelos ministros de países ibero-americanos na XIV Conferência Ibero-americana de Cultura, realizada no Paraguai. Durante a Conferência Geral, o Brasil também foi um dos 15 países eleitos para compor o comitê executivo de criação do Museu da Civilização Egípcia, que será patrocinado pela Unesco e construído no Cairo.
Bandeiras e brasão do Estado seguiram o ideal holandês de confecção com cores e figuras significativas da paisagem alagoana
Heráldica dos símbolos pátrios
Viagem virtual
A influência da heráldica holandesa nos símbolos alagoanos é um capítulo à parte. O escudo da Vila de Alagoas – com suas três tainhas em representação às lagoas Mundaú, Manguaba e Jequiá –, diz Douglas, vem do tempo
dos domínios holandeses em terras alagoanas. Assim como a atual Bandeira do Estado de Alagoas e seu Brasão de Armas seguem a ideia de Nassau de sua confecção com o uso de figuras significativas da paisagem da região.
Sobre os tons da bandeira, escreveu o historiador: “As cores dos símbolos heráldicos da Bandeira de Alagoas são, respectivamente, o azul, característico dos rios e lagos e também símbolo da justiça e da fidelidade; e o vermelho,
cor da própria argila de que são os morros constituídos e que recorda, no seu significado simbólico, o sangue ilustre dos habitantes da vila e a coragem nas lutas travadascontra o invasor holandês”. E.B.
Que tal fazer uma viagem por patrimônios brasileiros e da humanidade sem sair de casa? Esta é a proposta do site Hzoom (http://hzoom.com.br), que documenta e difunde fotografias de 360 x 180 graus exibindo vestígios dos processos históricos, dimensões das paisagens e traços da arquitetura brasileira. As “fotografias imersivas” permitem ao usuário ver o patrimônio de um ponto de vista de 360 graus – dando a sensação de estar no centro da ação, como se estivesse no local.
Cliques
Alguns cliques e o internauta pode entrar na clausura de uma igreja pernambucana do século XVIII; seguir viagem até uma casa grande em Campinas (SP); ou dar um pulinho na Praça Santa Cruz, em São Cristóvão (SE).
Historiador iniciou o projeto com recursos próprios
Disponíveis
Já estão disponíveis três sítios do patrimônio mundial (Serra da Capivara, no Piauí; Olinda, em Pernambuco; e São Cristovão, no Sergipe) e alguns do patrimônio nacional e estadual (em Sete Cidades, no Piauí, e em Campinas, São Paulo). Tudo começou pelas mãos de Rafael Vasconcellos. O historiador notou uma carência de registros do patrimônio mundial do Brasil na Internet. Acompanhado pela fotógrafa Marília Vasconcellos e pela historiadora Mirza Pellicciotta começou a documentar três sítios do patrimônio mundial. No início, usava recursos próprios. Hoje já conta com o apoio da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.
Missão árdua
Agora, eles vão começar a documentar outros 15 sítios do patrimônio mundial, etapa que deve ser concluída dentro de um ano. Paralelamente, outros sítios de âmbito nacional e estadual serão documentados de acordo com aspectos históricos, culturais, de meio ambiente e de turismo. A missão é árdua: são quase 200 bens tombados em todo o Brasil, sem contar cerca de dois mil patrimônios estaduais e municipais. O desafio agora é correr atrás de patrocínio e do apoio de instituições como o Iphan e a Unesco.
Próximas paradas
A ideia é focar nos monumentos tombados pela Unesco, por representar uma síntese da nossa “riqueza histórica, cultural e ambiental”. Alguns dos próximos sítios previstos no projeto são os seguintes: Parque Nacional do Jaú, na Amazônia Central (AM); do Centro Histórico de São Luiz do Maranhão (MA); do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI); do Centro Histórico da Cidade de Olinda (PE); Arquipélago de Fernando de Noronha (PE); e Praça de São Francisco, em São Cristovão (SE).
Diretas Os restos de Miguel de Cervantes foram sepultados em 1616 no convento das Trinitarias Descalzas de Madri. No entanto, depois de várias reformas no local, o corpo foi removido e não se sabe onde está. Um grupo de historiadores, liderado por Fernando Prado, acredita que será possível localizar os restos do escritor de "Dom Quixote de La Mancha" no ano que vem.
Percurso pelos caminhos e veredas onde há indícios e restos do período holandês e da Guerra do Açúcar almeja dar novo enfoque turístico às regiões
Rota holandesa em Alagoas Saindo de bandeiras, símbolos e brasões, os “rastros” holandeses ainda podem ser percebidos através da idealização de uma rota, a “Rota holandesa em Alagoas”. O roteiro, menciona o historiador, poderia começar em Maragogi – a antiga Barra Grande por onde os holandeses aqui chegaram. Passar pela lendária terra natal de Calabar. Seguir por Passo de Camaragibe, que assistiu a importantes passagens da guerra pelo produto tão cobiçado pelos holandeses, o açúcar. Prosseguir pelos caminhos e veredas por onde andou o conde Bagnuolo e Nassau em São Luís de Quitunde. Partir por outras locali-
dades por onde os flamengos passaram, chegar aos minúsculos agrupamentos do passado de Barra de Santo Antônio e Paripueira, que assistiram a bandeiras de várias tropas se degladiarem. E, finalmente, findar viagem na terra do forte Maurício de Nassau, a chamada “capital barroca do São Francisco”, Penedo, onde as tropas do conde Bagnuolo foram derrotadas e expulsas para os estados de Sergipe e Bahia. Para Douglas, a rota flamenga no Estado pode atrair pessoas interessadas em conhecer os locais onde se travou a Guerra do Açúcar, em consequência, esses “indícios e restos” do período holandês
podem provocar um novo enfoque turístico e a abertura de novas possibilidades. “Num Estado onde existem vestígios marcantes, por que não aproveitar o nosso potencial histórico? Conhecermo-nos melhor e passar isto para as gerações jovens?, questiona o autor. E completa: “´A presença holandesa – A história da Guerra do Açúcar vista por Alagoas´ é uma forma de valorização desse regional numa época em que a globalização tende a unificar as culturas em uma só. Entendendo que é necessário que as identidades locais sejam fortalecidas a partir de seus resgates históricos, também dá uma contri-
buição para firmar a nossa própria identidade. Aqui, as culturas negra e índia prevalecem, mas a holandesa ainda tem grande força”. E.B.
Vá lá: “A presença holandesa – A história da Guerra do Açúcar vista por Alagoas” será lançado no próximo dia 29, às 19h, no Museu Théo Brandão. Após o lançamento, o livro estará disponível para compra no Sebrae.
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Roteiro
em grande estilo
Hoje O Brasil Modern Jazz Quarteto vai se apresentar às 15h, no Quintal Restaurante, Música e Bar (Praça São Pedro, 460, em Garça Torta -próximo ao Restaurante Lua Cheia), em um show de pré-lançamento do “Magic Hour”, primeiro CD do grupo. No repertório, clássicos do jazz contemporâneo, além de composições dos integrantes Ricardo Lopes (guitarra), Carlos Bala (bateria), Félix Baygon (baixo) e do americano Atiba Taylor (sax e voz). Couvert artístico: R$ 5. Mais informações: (82)9939-0391. Banda Black Sabbath gravou seu último albúm em estúdio em 1978
Black Sabbath anuncia retorno para 2012 Amanhã E-Summer Festival vai trazer com exclusividade djs nacionais e internacionais para esquentar a cena eletrônica alagoana no próximo dia 14, no Baru (Barra Nova – R. João Argemiro Rosa, s/nº, próximo à Marina Catuçaba - Marechal Deodoro). O comando da pista vai ficar por conta dos meninos do Felguk (RJ), do Live Maybe 2 (AL), do Dirtyloud (BH), do DJ Renato Cordista (AL), do 2 Hot (SE), do Caverna (PE), de Tiago de Renor & Romero B (PE), e de Rodrigo Ilino & Georg (PE), além dos internacionais L’adour (Miami – EUA) e dos grandes Dimitri Vegas & Like Mike (Bélgica). A produção do evento é da Liveformusic, apoio da Inusitado Produções, Fusion Groove Eventos e Celebration. Vendas pelo site: www. showdeingressos.com.br, na loja Chilli Beans (Shopping Maceió), no Folia Brasil (G Barbosa) e Comissários. Mais informações: (82) 9997-7332 / (81) 9302-1152. A Cia. de Comédia Os Melhores do Mundo vai contar a história de um Natal diferente: o nascimento do Pequenino - desde a Anunciação até a chegada dos Reis Magos - e Papai Noel e suas renas sobrepujando o caos da sociedade contemporânea para realizar o desejo de milhões de criancinhas. “Dingou Béus” vai levar ao palco do Teatro Gustavo Leite (Centro Cultural e de Exposição de Maceió, em Jaraguá) Adriana Nunes, Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues, nos dias 14 (21h30) e 15 de novembro (às 18h e 20h30). Ingressos: R$ 30 (meia) e R$ 60 (inteira) a venda no stand Sue Chamusca (Maceió Shopping). Mais informações: (82)3235-5301 / 9925-7299 / info@chamusca.com.br.
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banda Black Sabbath anunciou, na tarde de sexta-feira (11), o retorno do grupo com sua formação clássica: Ozzy Osbourne no vocal, Tony Iommi na guitarra, Geezer Butler no baixo e Bill Ward na bateria. Segundo vídeo publicado no site oficial do grupo, o re t o r n o c o n t a r á c o m um álbum de inéditas - o primeiro em 33 anos nessa formação - além de uma turnê mundial. A banda, que gravou seu último álbum em estúdio com todo material original em 1978, disse em entrevista coletiva em Los Ange-
les que vai se apresentar no Festival Download, na Inglaterra, em junho de 2012, e então iniciará uma turnê mundial. O guitarr ista Tommy Io m m i , o c a n t o r O z z y Osbourne, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward se juntaram pela primeira vez em 1969. Após uma série de reviravoltas em sua formação, eles se reuniram novamente em 1998 para o álbum ‘Reunion’, mas se separaram depois disso. Rumores sobre uma possível volta da banda de metal inglesa, que vendeu mais de 70 milhões de discos, têm circulado há meses.
nova música
Em Breve Para comemorar um ano de sucesso, a comédia “Devassas – O que as mulheres gostariam que fizessem com elas na cama” volta ao palco do Teatro Deodoro nos dias 18 e 19 deste mês, sempre às 20h. O espetáculo traz ao palco, de maneira franca e divertida, o debate sobre alguns clichês e tabus relacionados à sexualidade feminina. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Mais informações: (82) 3315-5665. O espetáculo de dança “Pela luz dos olhos teus” é a nova montagem da Academia e Companhia de Dança Maria Emília Clark. Dessa vez, o espetáculo vai percorrer a trajetória da colecionadora e pintora naif Tania de Maya Pedrosa. A apresentação vai acontecer no Teatro Gustavo Leite (Centro Cultural e de exposições de Maceió, em Jaraguá), nos dias 19 (19h) e 20 e novembro (16h e 19h). Ingresso: R$ 25 (promocionais a preço de meia-entrada). Duração: 2h.
Cantora estaria muito decepcionada com vazamento da nova canção
Madonna se diz "muito decepcionada"
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agente de Madonna, Guy Oseary, disse que a cantora estava “muito decepcionada” com o vazamento de uma amostra de sua nova canção “Give me all your love” na Internet. A música, que foi divulgada na rede na quarta-feira e já escutada por fãs em todo o mundo, deve ser a canção de estreia do novo álbum de Madonna, seu primeiro lançamento de estúdio desde que a cantora deixou a Warner Bros para se juntar à Live Nation. “Madonna me disse esta manhã ‘meus verdadeiros fãs não fariam isso’... quem for responsável por esse vazamento, pedimos para que você pare por favor!” disse Oseary no Twitter. “Eu fiquei muito feliz com a reação positiva, mas estou muito decepcionado com quem vazou a
música!!!!!!”, acrescentou. Respondendo a perguntas enviadas pelos fãs no Twitter, Oseary disse que o novo álbum seria concluído “no próximo mês ou perto disso”, e que ainda não havia um título. Ele acrescentou que a cantora norte-americana, de 53 anos, cujos sucessos incluem “Like a virgin”, “Vogue” e “Hung up”, havia composto uma “linda canção” para seu filme “W.E”. No f i l m e, a s e g u n d a produção cinematográfica de Madonna como diretora, ela acompanha a vida de Wallis Simpson, uma divorciada americana cujo relacionamento com o rei Edward VIII causou uma crise na Grã-Bretanha que o levou a abdicar do trono. O filme teve sua estreia mundial no Festival de Veneza e chega aos cinemas dos EUA em dezembro.
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Religião
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Nossa Senhora das Dores será lembrada com 10 dias de festa No próximo domingo, dia 20, após a missa, os fiéis vão seguir em procissão por Bebedouro Da Redação redacao@ojornal-al.com.br
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om o tema “No caminho para o discipulado de Jesus, Maria caminha conosco”, a Comunidade Saem celebrará 10 dias de festa com missas ao som da música de corais em comemoração a Nossa Senhora das Dores. Os festejos, que começam hoje, serão realizados na Paróquia Santo Antônio da Pádua, em Bebedouro. Neste domingo, a comemoração será enriquecida com a explanação do tema “Maria ensina-nos a confiar no teu filho”. Na ocasião, o frei Hélio Barbosa presidirá a missa ao som do canto do
grupo Obra Nova. Amanhã, dia 14, o mote será “Maria ensina-nos a partilhar nossos dons”. A missa, celebrada pelo padre Valmir Galdino, será ao som do grupo Luz da Vida. Na terça-feira, dia 15, “Maria ensina-nos a meditar os mistérios do Pai”, foi o tema escolhido. O cônego Claudinier José Medeiros celebrará a missa embalado pelo canto dos Homens do Terço. Na quarta-feira, dia 16, o assunto será “Maria ensina-nos a enfrentar nossas dores”. O padre Elison Santos vai presidir a missa acompanhado pelas vozes dos Cruzadinhos. Na quinta-feira, dia 17, o tema será “Maria ensina-nos a sermos gratos a Deus”. A celebração da missa ficará a cargo do padre Francisco Assunção. Dessa vez, o canto ouvido será o dos Marianinhos. Na sexta-feira, dia 18, “Maria ensina-nos a sermos da igreja” será o ponto a ser apresentado. Na presidência
Imagem de Nossa Senhora das Dores é representada com espadas transpassando o seu coração
da missa, o monsenhor José Melo vai comemorar Nossa Senhora das Dores ao som das Rosarinas. No sábado, dia 19, a conversa vai girar em torno do tópico: “Maria ensina-nos a achar Jesus em teus braços”. A celebração será do arcebispo
Dom Antônio Muniz e o canto do grupo Christo. O último dia de comemoração da festa será no domingo, dia 20. A missa festiva será celebrada às 9h, pelo cônego Walfran dos Santos e o grupo Amigos de Santo Antônio dará o tom musical. Após a missa, às
14h, os fiéis devem seguir em procissão para homenagear a santa. HISTÓRIA Segundo a tradição católica, a veneração de Maria como Senhora das Dores se deve ao seu sofrimento
durante a sua vida terrena. A imagem é representada com sete espadas transpassando seu coração, para lembrar não somente as suas aflições, mas também a infinita agonia da humanidade. Para os católicos, a devoção a Nossa Senhora das Dores possui fundamentação bíblica, pois é, segundo os ensinamentos da religião, na Palavra de Deus que se encontram as sete dores de Maria: o velho Simeão que profetiza a lança que transpassaria (de dor) o seu coração; a fuga para o Egito; a perda do menino Jesus no templo; a paixão de Jesus; a crucifixão e morte e o sepultamento de Jesus Cristo. Para os fiéis, Maria, imagem da Igreja, aponta para uma Vida Nova, que não significa ausência de sofrimentos, mas, sim, de entrega de Si para uma civilização de amor. Fonte: www.nossasenhoradasdores.org.br
Evangélica
lapinhas
Cantor Thalles Roberto anima maceioenses
Concurso resgata a tradição
Thiago Gomes noticias@ojornalweb.com
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onsiderado um grande nome da música gospel na atualidade, inclusive um dos finalistas na categoria melhor cantor do Troféu Promessas 2011, o cantor Thales Roberto lançou ontem o seu primeiro CD em Maceió. O show promovido pela Free Som Produções agitou a casa de espetáculos Vox Room, no bairro de Jaraguá, e reuniu milhares de apreciadores do som do artista. O primeiro trabalho de Thalles pela Graça Music chama-se "Na sala do Pai", um projeto que inclui CD e DVD, num estilo bem acústico, com muito louvor e adoração, engenhosamente mixado a muita musicalidade, uma das marcas do cantor. “Estou trazendo, para este CD, um som novo. A minha experiência de vida está toda aqui. O disco está bem a minha
cara, ou seja, está bem bonito (risos)”, disse. Com 14 faixas, todas autorais, e produzido por ele mesmo, o CD "Na sala do Pai" já chegou às lojas, com uma megacampanha de divulgação, promovida pela Graça Music. O DVD, segundo informações da gravadora, sairá em fevereiro de 2010. Aos 31 anos, Thalles é o que se pode chamar de uma pessoa animada, de bem com a vida. Vindo de família humilde, filho de pastores, Thalles nasceu no interior de Minas, em uma cidade chamada Passos. Apesar de ter crescido em um lar evangélico, não tinha tido uma real experiência com Deus. Sempre com dons musicais, tanto para tocar violão e guitarra, quanto para cantar e colocar para fora seu timbre forte e inconfundível. Há cerca de seis anos o cantor tomou uma decisão e resolveu agir, como ele mesmo diz, “como filho pródigo”, e foi parar em uma famosa banda mineira.
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om o tema “Neste Natal faça do seu lar o lar do Menino Jesus”, a paróquia São Francisco, do Santos Dumont, lança pela primeira vez um concurso de presépios. A iniciativa tem como finalidade motivar as comunidades a retomarem uma antiga tradição e a viverem o sentido verdadeiro do Natal - considerado a maior festa comemorada pelos cristãos que celebra o nascimento de Jesus. Os que desejarem participar do concurso deverão fazer a inscrição até o dia 30 deste mês, através do telefone (82) 3371-0226. São Francisco de Assis foi o primeiro a fazer um presépio de argila no ano de 1223. Naquela noite, o Natal foi diferente para o religioso, que não comemorou a data como fazia tradicionalmente na igreja. São Francisco decidiu seguir em direção à floresta de Greccio, transportando um boi e um burro, para poder explicar aos camponeses a histó-
ria do nascimento de Jesus. O costume se espalhou entre as igrejas, catedrais e mosteiros europeus durante a Idade Média, chegando também às casas dos reis e nobres. A partir do século XVIII, moradores de casas comuns da Europa passaram a instalar o presépio e em seguida, o costume chegou a outros lugares do mundo.
HISTÓRIA O presépio conta a história do nascimento de Jesus quando José e Maria chegaram a Belém e percorreram diversos albergues para que pudessem descansar. Segundo a tradição, como não encontraram um local, o casal foi obrigado a pernoitar em uma gruta que
havia nas imediações. Jesus nasceu em uma manjedoura destinada a animais, onde havia uma vaca e um burro. Pastores avisados por um anjo e guiados por uma estrela foram ao local e levaram para o menino incenso, ouro e mirra. O fato aconteceu no tempo do rei Herodes.
As peças do Presépio: Menino Jesus: É o filho de Deus. Foi o escolhido para ser o salvador do povo. Maria: É a mãe do filho de Deus. Do seu ventre, nasceu Jesus Cristo. José: É o pai adotivo do menino Jesus; foi um homem judeu, provavelmente carpinteiro/pedreiro. Curral: É o local simbolizado pelo presépio. Era onde se guardava o gado, o curral. Por isso, no presépio, Jesus fica sobre as palhas, em uma manjedoura. Manjedoura: É um lugar de aconchego onde Jesus ficou quando nasceu. É como se fosse o berço de Jesus. O burro e o boi: Os animais representam a simplicidade do local onde Jesus nasceu. “Jesus não nasceu em palácios, nem em lugares luxuosos, mas sim em meio aos animais”.
Anjos: Os anjos anunciam a chegada do filho de Deus aos pastores. Eles sabem que nasceu o Salvador Pastores: Os pastores são homens do campo, que simbolizam a simplicidade do povo, já que Deus acolhe todos, sem se importar com sua condição social. Estrela: A estrela de Belém é aquela que se coloca no alto da árvore. Foi ela que guiou os três Reis Magos quando Jesus Cristo nasceu. Reis Magos: Os três Reis Magos - Belquior, Baltazar e Gaspar eram considerados sábios. Eles estavam no local onde Jesus nasceu. Eles vieram do Oriente conduzidos pela estrela. Chegaram à cidade de Belém, local de nascimento do menino Jesus, trazendo presentes: mirra, ouro e incenso. O ouro representa a realeza, a mirra é símbolo da paixão e o incenso significa a oração.
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Social
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Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br Fotos: Zanone Fraissat/Folhapress
Isabel Villares, Alessandra Terpins, Fernanda Resstom e André Guazzelli, organizadores da mostra, no Copan
Ocupe o Copan H
á dois meses, Alessandra Terpins, 26, tomou coragem. Pediu demissão da galeria Fortes Vilaça, onde era assistente de curadoria, e ligou para uma amiga. Disse a Fernanda Brenner: "Vamos fazer". Combinaram de juntar 30 artistas de 20 e poucos anos e sem representação em galeria. Selecionaram uma ou duas obras de cada um para expor num espaço desocupado de três andares, com 3.500 m de área, dentro do edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer no centro de SP. Alessandra acumulou experiência de oito anos trabalhando em galerias e um incômodo: "Saí do mercado desolada, querendo fazer algo mais transgressor. Nas galerias, todo mundo diz que quer ser agressivo, mas acaba seguindo as regras do mercado". Já Fernanda tinha o contato do dono do imóvel, um engenheiro que não quer se identificar. Ele cedeu o local, que possui há 20 anos e nunca conseguiu vender, relata a repórter Thais Bilenky. Na segunda-feira passada, as duas convocaram os 30 artistas para uma reunião no futuro palco de exposição. "Vamos realizar um trabalho mais experimental que o das galerias, sem o estresse de ter que fazer a carreira do artista crescer", afirma Lelê, como Alessandra é chamada. "O que estamos fazendo aqui acontece muito no exterior. Cada vez mais, artistas em Berlim e em Nova York se apropriam de lugares caindo aos pedaços em regiões 'uprising' [em
Fraissat
ascensão], para montar exposições." "Daqui a pouco, vocês [artistas] entram para uma galeria e vão fazer dinheiro n e s s e m e rc a d o, q u e t á bombando. Os preços vão subindo e a gente não sabe onde isso vai parar. Enquanto isso, esse imóvel está sendo depreciado, mesmo sendo uma obra magistral." O proprietário pede R$ 10 milhões pelo conjunto. No dia 24, haverá uma abertura para 250 "convidados VIPs" (leia-se: colecionadores). No dia seguinte, fazem uma festa de inauguração "para a galera". A partir daí, a mostra fica em cartaz por mais dez dias. A idealizadora do projeto tirou do bolso R$ 20 mil para viabilizá-lo. Pretende reaver o dinheiro cobrando 30% de comissão das obras que forem vendidas (a taxa praticada pelo mercado é de 50%). "Não sei se vou sair no zero a zero ou com um lucro pequeno. O importante é fazer acontecer." Explica aos artistas que fará o orçamento para montagem e exibição dos trabalhos de cada um conforme as necessidades, mas pede que "sejam barateiros". "A gente brinca que os preços das obras vão de R$ 10 a R$ 10 milhões, porque inclui a obra-prima do Niemeyer", diz a estudante de arquitetura Fernanda Resstom, da comissão organizadora da exposição, intitulada "Imóvel". Completam o grupo Isabel Villares e Thiago Gonçalves, também alunos de arquitetura, e André Guazzelli,
Fernanda Brenner e sua tela “Cenografia da Espera” Fraissat
Seu Oliveira, zelador que mora no segundo andar do espaço desde 1999
formado em desenho industrial. A reunião avança e as perguntas vão surgindo. "Vai ter bombeiro?", quer saber Silvio De Camillis Borges, 26. Sua ideia é fazer uma instalação com uma chapa de metal colocada em um fogão industrial --superaquecida, portanto. Sobre a placa, uma torneira jorra um filete contí-
nuo de água, gerando, devido ao choque térmico, pequenas "explosões". Batizou-a de "Contrata-se Ferreiro". "É uma iniciação para esse espaço, que está há 20 anos 'desligado'. Sem calor, não existe vida", explica Borges. As dúvidas prosseguem: "Vai ter segurança? 24 horas? Podemos vir [trabalhar] de madrugada?". É a deixa para
Seu Oliveira aparecer. Zelador do espaço desde 1999, Oliveira Marques da Silva, 72, diz que "pode, desde que não façam barulho". É que ele mora no imóvel --improvisou uma cozinha e um quartinho em pleno saguão. "Tem fantasma aqui?", perguntam. Seu Oliveira responde que sim. "Mas não tenho medo, não. Pior foi quando entraram uns trombadinhas querendo fumar alguma coisa", lembra. Além de atuar na organização, Fernanda Brenner vai expor "Cenografia da Espera", duas telas sobre "o momento imediatamente anterior a um acontecimento". "Esse lugar aqui [o conjunto no Copan] tá esperando acontecer alguma coisa. É um espaço em branco." Em um dos quadros aparecem uma pessoa, uma janela, um banquinho, um gaveteiro e uma fonte de luz.
Antes de ser comprado pelo engenheiro, o local da exposição serviu como hospital dos funcionários do Bradesco. Sobraram resquícios da época, como placas apontando para o "gabinete dentário" e para o "ambulatório médico". Ficaram também restos de cenários montados para filmes e comerciais rodados ali, que garantem ao proprietário uma renda para pagar o condomínio. "Eu vi muito entulho, vigas, escadas. Posso usar?", pergunta o artista Daniel de Paula, 24. É que ele pretende preencher com tijolos espaços vazados entre colunas em V, símbolo da arquitetura moderna, e degraus de escadas. "O que eu tinha imaginado é discutir a função que tem hoje o estilo de Niemeyer", diz. Daniel de Paula acha "interessante" a proposta da exposição. "Não é todo dia que você tem a oportunidade de intervir diretamente numa obra do Niemeyer. É aqui ou na Bienal [cujo prédio, no Ibirapuera, também foi projetado pelo arquiteto]." O problema, diz, é o prazo: menos de 20 dias para a montagem. "Realmente, se eu tivesse mais tempo, colocaria o projeto no Catarse [site de financiamento colaborativo]", diz Lelê. Mas não vai dar. Ela está "apaixonada" e, em dezembro, vai viajar para a Austrália por três meses com o namorado. Terá que esperar a próxima edição, que os organizadores pretendem fazer no primeiro semestre do ano que vem.