Boxtype - Design de Comunicação em parceria com o Jornal Gratuito Meia-Hora
entrevista
galerias
oficina 2000&5
agenda
Ângelo de Sousa em conversa com o Sangue Novo falanos sobre o seu contributo para a cidade do Porto, mais precisamente para o Projecto da Rua Miguel Bombarda
As exposições simultâneas de Miguel Bombarda - o novo epicentro artístico da cidade do Porto
Um projecto que resulta da osmose entre o artista João Carqueijeiro e António Franchini
O que acontece na cidade do Porto no mês de Janeiro e Fevereiro, desde concertos, exposições e outros eventos
editorial
as galerias
A criação de um jornal, em tempos como estes, de crise económica pode parecer um sacrilégio ou, no caso dos mais cépticos, uma ideia peregrina. Para nós é tão só um desafio. Pode Portugal assistir ao nascimento de um jornal gratuito de Artes? Pode, como facilmente se depreende pelo objecto que você está a segurar. Não é um sacrilégio, é tão só o colmatar de uma lacuna. Não é uma ideia peregrina, é a concretização de um antigo sonho de muitos. Hoje, a cultura em Portugal, nas suas múltiplas facetas, representa um importante valor económico. A criação artística merece e precisa de um espaço como este, que lhe dedica tempo, que comunica com todos, que acredita no poder das artes. O espectro jornalístico em Portugal precisa de e do Sangue Novo.
A parceria com o jornal Meia Hora do Grupo Cofina permite que o Sangue Novo comece como suplemento de Artes distribuído no Grande Porto. É o primeiro passo. Cauteloso e pensado. Como o nome indica, este espaço procura dar a conhecer ao público o que de melhor se faz nas Artes em Portugal, com especial enfoque nas Artes Plásticas. As Obras, os Autores, as Ideias, os conceitos, os negócios, enfim, a Arte em estado puro, trazendo Sangue Novo a uma área sobremaneira esquecida. A BoxType aceita este desafio, acredita que existe um espaço para este tipo de publicação, entende que o estádio de evolução cultural nacional já o justifica e não duvida que chegou a hora de o provar arriscando. O Meia Hora confiou nos nossos padrões de qualidade aceitando
esta parceria. Agora a palavra é sua, caro(a) Leitor(a). Este Sangue Novo é feito a pensar em Si. Mário Silva Boxtype A sua continuidade não depende apenas de nós, depende igualmente da Sua vontade.
lembrou ao Mário. E se melhor pensou, mais depressa executou. Vai ser em Maio e contará com a nossa colaboração naquele que consideramos como um dos mais curiosos projectos de 2009 no Grande Porto. A escolha da Maia para acolher o evento não foi apenas sentimental. A Garagem da Vizinha podia ser em qualquer armazém ou oficina do país. Existe uma lógica na escolha deste concelho para tão audacioso projecto: a Maia é como a garagem da vizinha, um local com uma certa magia, suficientemente perto e longe do rebuliço citadino, que mistura urbanidade com ruralidade, que é arrojada. Realmente, só podia ser na Maia. A Arte em Portugal precisa de Sangue Novo. Aliás, o Norte precisa de Sangue Novo. É esse o nosso objectivo, abrir novas frentes na comunicação tratandoa como um objecto de desejo através da divulgação da Arte fora das capelinhas tradicionais, sempre tão em voga e constantemente asfixiantes. Por muitas voltas
que se dê, este primeiro número teria sempre de ser dedicado à revolução “Miguel Bombarda” no Porto. Uma revolução Fernando Sá Comunicatessen silenciosa iniciada por artistas e investidores que arriscaram, sem apoios públicos mas com a certeza de terem um conceito que merecia ter sucesso. Conseguiram, ultrapassaram fronteiras e colocaram a Arte, o Porto e o Norte novamente no mapa e no rumo certo. Quando nos perguntam qual a periodicidade da Sangue Novo, imediatamente nos recordamos de algo que descobrimos no ensino da Comunicação: A Sangue Novo será um “quando calhário”, estará nas mãos dos leitores sempre que estes a desejarem. É esse o nosso compromisso. Boas leituras!
comunica_arte A Sangue Novo é um desafio ao qual a Comunicatessen só podia dizer: Presente. A aposta num jornal gratuito na área da cultura, dando especial relevância aos novos criadores e novas tendências é uma aposta arrojada por parte da BoxType que merece, por si só, o nosso apoio. A Comunicatessen orgulha-se na colaboração prestada a este projecto que se estende do Sangue Novo ao A Garagem da Vizinha. Permitam-me um destaque especial para esta segunda aposta: A Garagem da Vizinha. Quando a BoxType, em especial o Mário Silva, me abordou com a ideia de transformar a velha oficina da Maiauto, em pleno centro da Maia, num espaço de exposição temporário de obras de arte contemporânea de jovens artistas nacionais e internacionais, fui imediatamente contagiado pelo seu enorme entusiasmo. Imaginar a Maiauto, uma oficina de que sou cliente, transformada em galeria de arte não lembra a ninguém. Ou melhor,
cartoon
As inaugurações em simultâneo das diversas Galerias de Miguel Bombarda são já um importante evento na cidade do Porto. Muitas são as Galerias que nele participam ficando aqui
alguns destaques das
exposições que inauguram neste dia 17 de Janeiro e a sua localização. ESPAÇO ILIMITADO O Espaço Ilimitado conta com o artista Samuel Silva “Retrospectiva” e está patente até dia 22 de Fevereiro. O espaço Quarto Escuro, inserido dentro do Espaço Ilimitado apresentanos uma exposição colectiva “Dados a um Problema”dos artistas André Rosário, Dayana Lucas, Maria João Macedo, Fred Figueiredo e Tiago Cruz, ambas às 16h. Rua de Cedofeita, 187 1º andar 4050-179 Porto |T| 913 812 544 GALERIA TRINDADE A Galeria Trindade inaugura dia 17 de Janeiro , sábado pelas 16h, uma Exposição Individual de pintura de Rogério Silva ”O lugar entre nós” e de desenho ”Manual de fascínios e respiração”. A Exposição estará patente até 28 de Fevereiro. Rua Miguel Bombarda, 200 4050-38 |T| 222 088 528 |F| 222 087 712 FRANCHINI’S GALERIA
Manuel Alves
A Franchini’s Galeria apresenta Mazza com a exposição “Conflicts”. As composições das suas telas revelam a força plástica deste jovem talento do panorama artístico português. Apresenta a sua primeira grande exposição individual, após um ano de intenso trabalho saem agora do atelier para a Franchini’s Galeria, para se dar a conhecer ao grande público, na primeira exposição em 2009. Uma plasticidade intensa, um gesto solto e um cromatismo ainda mais marcante, revelam “conflitos” sociais, pessoais e estados de alma do artista, os mesmos de qualquer mortal, ansioso por libertar e manifestar os seus desassossegos. Rua Miguel Bombarda, 214 3ºFr/Tras 4050-377 Porto |T| 220 154 979 |T| 961 374 641 |E| franchini.sgaleria@sapo.pt GALERIA MINIMAL A Galeria Minimal apresenta-nos “Landscapes II” da artista Marta Ramos patente até 4 de Março. Rua Miguel Bombarda, 221 4050-381 Porto |T/F| 222 086 252
1981, uma persistente pesquisa abstracta geométrica”.
mapa das galerias
Paulo Barros com “Fragmentos e aparas de desenhos”, concretiza esta experiência do desenhar, traçar, pintar,
explorações estéticas e efémeras que, desde há anos, vem
MUSEU NACIONAL SOARES DOS REIS
desenvolvendo longe do olhar público em locais remotos e
Rua D. Manuel II 4050-342 Porto
praticamente desabitados.Rua Miguel Bombarda, 624
|T| 223 393 770
rasgar, desbastar, separar, acrescentar, cortar, colar e
|T| 226 084 448
repetir de novo todo o processo, como se de um vírus se
|S| www.arthobler.com
GALERIA PARÁBOLA
tratasse.
Rua D. Manuel II, 81CCCrystal Park, loja 24 4050-345
Rua Miguel Bombarda, 526/536 4050-379 Porto
CASA DA ANIMAÇÃO
|T| 226 061 090 |F| 226 061 099
É uma exposição que se movimenta de forma irreflectida
|S| www.fsgaleria.net4b.pt
Porto
nos meandros de ciências que têm como objectos de estudo o impronunciável e o indecifrável. Ao fazê-lo, brinca
GALERIA GRAÇA BRANDÃO
com vacas sagradas e outros tabus mais ou
A Galeria Graça Brandão apresenta-nos uma exposição
menos respeitáveis. Nela participarão mais
colectiva, reunindo trabalhos dos portugueses Ana Vieira
de 4 dezenas de operários gráficos nacionais
(fotografia) e João Tabarra (fotografia), bem como da
e internacionais.
brasileira Niura Bellavinha (pintura) e do espanhol Juan
Edifício Les Palaces
Peñafiel (desenho).
Rua Júlio Dinis, 208/210 4050-318 Porto
Rua Miguel Bombarda, 552 4050-379 Porto
|T| 225 432 770 |F| 225 432 771
|T| 223 403 803 |F| 222 007 414 GALERIA REFLEXUS
|S| www.galeriagracabrandao.com
Na Galeria Reflexus dia 17 pelas 16h, GALERIA SERPENTE Na
Galeria
inauguram 3 exposições individuais, tai nesta
como “Succedior” de Isabel Monteiro, “Made
inauguração de dia 17 Janeiro, é Bruno Corte com a
Serpente
o
artista
presente
in Europe, 10 year warranty” de Rita GT e
exposição “Humus”.
“Project Room” de André Cepeda.
Rua Miguel Bombarda, 558 4050-379 Porto
Rua D. Manuel II, 130 2º Frente 4050-343
|T/F| 226 099 440
Porto |T| 936 866 492 |S| www.arterflexus.com
GALERIA PRESENÇA GALERIA 111
Rua Miguel Bombarda, 570 4050-379 Porto |T| 226 060 188 |F| 226 060 185
A Galeria 111 tem o prazer de anunciar
|S| ww.galeriapresenca.pt
a inauguração da exposição de pintura de Martinho Costa intitulada
“Ruína”. A
POR AMOR À ARTE
exposição estará patente de 17 a 28 de
Inaugura a exposição “Neo Anacronismo” onde o s
Janeiro.
temas em desuso, as correntes artísticas do passado, o
Rua D. Manuel II, 246 4050-343 Porto
gosto popular, a falsa estética do Belo, a falsa utilidade
|T| 226 093 279
decorativa, o lúdico, são alguns dos aspectos comuns a esta GALERIA SÃO MAMEDE
tendência... Rua Miguel Bombarda, 572 4050-379 Porto CC BOMBARDA
QUADRADO AZUL
GALERIA POR UM DIA
Alternativo é a palavra que caracteriza este centro
Rua Miguel Bombarda, 435 4050-382 Porto
Edifício Artes em Partes
|T| 226 097 313 |F| 226 097 317
Rua Miguel Bombarda, 457 1ºandar 4050-378 Porto
comercial. Aqui lojas de produtos pouco frequentes aliam-
GALERIA SÍMBOLO Galeria Símbolo dirigida por Armando Teixeira iniciou
dia 17 de Janeiro a partir das 16 horas, ficando
GALERIA POSTE-ITE
vai participar desta iniciativa de Miguel Bombarda, das
patente até 5 de Março. Rua D. Manuel II, 260
Exposição da artista Mónica Gomes.
inaugurações simultâneas.
4050-343 Porto
Edifício Artes em Partes
Rua Miguel Bombarda, 285 loja24 4050-381 Porto
de divulgação da arte contemporânea portuguesa e
Rua Miguel Bombarda, 457 3ºandar
|T| 934 758 004
apresentação e promoção de novos artistas.
os artistas que nela participam, tais como: Julião Sarmento,
Rua Miguel Bombarda, 572
|T| 934 057 647 |F| 226 099 589 GALERIA PLUMBA
Rua Miguel Bombarda, 451 4050-378 Porto
GALERIA SALA MAIOR
|T| 917 262 214
A temática da artista Isabel Monteiro com “Monkeys
ARTES EM PARTES
exposição de Desenho de Cristina Guise, na sua galeria do Porto que inaugura no sábado,
a sua actividade em Janeiro de 1988 com um projecto
Com uma exposição colectiva nesta galeria são vários
de convidar V. Exa. para uma importante
A Galeria Alvarez no espaço Por Amor à Arte também
PETIT CABANON
JOÃO LAGOA
|T| 226 636 699 |S| www.poramoraartegaleria.com GALERIA ALVAREZ
se a exposições de arte num só espaço. Rua Miguel Bombarda, 285 4050-381 Porto
A Galeria de São Mamede tem prazer
GALERIA ESTETA7 Margarida
Leão
Informamos que inauguram no dia 17 de de
Janeiro, pelas 16h, as exposições de desenho
Business” prende-se com a investigação que a artista
Gaveta” que surge depois de uma experiência vivida em
apresenta-nos
“Desenhos
“Cyrano de Bergerac”, e “Querido, viste os
tem feito para o seu Mestrado em Pintura pela Faculdade
contexto social e familiar, no qual descobre uma forma de
miúdos?” de José Cardoso e a exposição de pintura “Planeta Novo”, de Hugo Oliveira, na Galeria Plumba, localizada na rua Adolfo
Noronha da Costa, Sandra Quadros, Luís Fortunato Lima e
O Artes em Partes conta com duas exposições, na
de Belas Artes da Universidade do Porto. Com ela Isabel
comunicação que passa pela música e acaba na linguagem
Nuno Raminhos, podendo ser visitada de 3ª a Sáb. entre as
Galeria Poste-ite Mónica Gomes e na Galeria IN.transit
Monteiro pretende questionar o grau de autonomia, quer
plástica.
15h e as 19h30. Rua Miguel Bombarda, 408 4050-378 Porto |T| 934 862 080
António Rego. Podem ainda procurar as novidades nas
de pensamento quer de comportamento, do indivíduo nos
Rua Miguel Bombarda, 572
lojas que aproveitando o acontecimento fazem intervenções
actuais modelos de sociedade. Para isso ironiza e serve-se
|T| 222 007 449 |F| 222 082 051
Bombarda. Teremos na galeria um espaço
do macaco enquanto personagem para as suas obras.
|S| www.estetagaleria.com
novo com Livros de Arte. Estas exposições
pontuais. Rua Miguel Bombarda, 457 A 4050-382 Porto
GALERIA DA MIGUEL BOMBARDA O artista Vítor Pomar apresenta-nos a sua exposição
terminam a 14 de Fevereiro.
Rua Miguel Bombarda, 498 4050-378 Porto |T| 226 054 172 |F| 226 054 174
GALERIA ARTHOBLER A galeria Arthobler.com inagura no dia 17 de Janeiro de
GALERIA IN’TRANSIT
2009 a exposição Trilho, de Vitor Pi.
intitulada “It is only between us”, na Galeria de Miguel
Exposição do artista António Rego.
GALERIA FERNANDO SANTOS
Bombarda, que estará patente até dia 3 de Março.
Edifício Artes em Partes
Jorge Pinheiro com “Coisas Várias”, “abandonando
Esta exposição apresentará as mais recentes obras
uma figuração de herança realista, a temática social e a
deste artista, telas e objectos, inspiradas nas suas
formalização picassiana que caracterizara a sua formação
intervenções artísticas na Serra de Montemuro. Desta
escolar, ele desenvolveu, desde meados dos anos 60 e até
forma, Vitor Pi apresenta em contexto de galeria as
Rua Miguel Bombarda, 410 A 4050-378 Porto |T| 222 010 723 |F| 226 105 379
Rua Miguel Bombarda, 457 2ºandar
Casais Monteiro, no número 16, à rua Miguel
Rua Adolfo Casais Monteiro, 16 4050-013 Porto |T/F| 226 062 176 |S| www.plumba.info
|T| 918 198 700
oficina 2000&5 A CERÂMICA COMO ARTE Num ambiente de trabalho, entre pincéis, tintas, cerâmicas e a natural anarquia reinante num qualquer local de trabalho que se preze, fomos recebidos por António Franchini e João Carqueijeiro na Oficina 2000&5 na rua António José da Costa, n.74, à Avenida da Boavista no Porto. Um espaço que visa o desenvolvimento de projectos cerâmicos de autor promovendo encontros, workshops e exposições com os artistas residentes e convidados. Um lugar onde se dá azo à experimentação artística em torno da cerâmica não como mero artefacto artesanal mas antes como Arte em estado puro. Foi, nas palavras de João Carqueijeiro, o concretizar de uma ideia de antigos alunos de Belas Artes de criar uma oficina artística de cerâmica com duas perspectivas diferentes: Por um lado através de
projectos individuais e por outro, alargando a diferentes artistas promovendo o uso artístico da cerâmica. Segundo João Carqueijeiro, “ um espaço de diálogo em torno da cerâmica não como escola mas, sobretudo, enquanto centro de divulgação dando a conhecer a cerâmica a um público mais alargado” o que, segundo o próprio, resultou completamente. Já o galerista António Franchini sublinhou o facto de “a 2000&5 ter tido e continuar a ter um enorme impacto no desenvolvimento artístico da cerâmica em Portugal e não só, fruto da importante participação de artistas internacionais neste movimento singular” numa iniciativa que abriu horizontes e ultrapassou fronteiras. “A cerâmica não tem sido muito bem tratada, mesmo muitos artistas não desenvolviam projectos com este material pela sua forte conotação com o artesanato o que, supostamente, a diminuía” interrompeu João Carqueiijeiro para quem, a Oficina 2000&5, “colocou a cerâmica no patamar da Arte”. A abertura de um pólo de cerâmica na “Fran Galeria” reforça a importância desta alteração de costumes. UMA ESPÉCIE DE “CERÂMICA PARTY” Nesta conversa com a Sangue Novo, artista João Carqueijeiro lançou as pistas para um novo projecto da oficina 2000&5: “Vamos em breve lançar um conjunto de Workshops vocacionados para as empresas tendo como base de desenvolvimento o trabalho artístico com a cerâmica e pensado segundo a lógica dos fins-de-semana empresarias de grupo com duas vertentes fundamentais – a participação de todos os elementos das empresas, em locais especiais, implicando a sua interacção com a cerâmica num forte espaço de diálogo e, através do convite para essas acções a artistas plásticos permitir uma relação comum com a arte num diálogo entre o artista e o público”. Nas palavras de Franchini, “uma espécie de fins-de-semana radicais para empresas cujo elemento radical é a exploração da veia artística que há em todos nós com a colaboração de um determinado artista plástico num local pleno de magia” daí não espantar que o primeiro se realize em plena região do Douro com o apoio de algumas das mais conhecidas quintas produtoras de Vinho do Porto, potenciando a imaginação e colocando a criatividade ao serviço de todos. Para João Carqueijeiro, “decorre de todo o tipo de acções que desenvolvemos e deste encontro de artistas que possibilita a Oficina, o entusiasmo dos artistas plásticos que querem desenvolver trabalhos nesta área e que obtêm na nossa oficina todas as condições essenciais ao desenvolvimento destes seus projectos, incluindo apoio técnico e logístico”.
A Oficina 2000&5 vive sem apoios públicos, embora ambos reconheçam que nunca os procuraram. “Quem nos dera termos um espaço maior, que permitisse ter todas as condições ideias para o desenvolvimento do trabalho dos artistas, era óptimo, se o Estado ou qualquer autarquia nos quiser apoiar, seria algo que receberíamos de braços abertos” afirmam. Sublinhando António Franchini que “não andamos à procura de subsídios, nunca fomos subsídio-dependentes, são os artistas que desenvolvem aqui os seus projectos sem qualquer custo monetário para eles, apenas nos entregando parte do seu espólio permitindo-nos dessa forma, através da sua venda, financiar a Oficina 2000&5”. Segundo João Carqueijeiro, são cerca de 40 os artistas envolvidos neste projecto que nasceu em finais de 2005 mas cujo verdadeiro arranque em força se dá já em 2008. Agora é chegada a hora de aceitar os desafios externos lançados à Oficina. O Brasil e Angola são as próximas paragens e desenvolvimentos da Oficina 2000&5, respondendo a solicitações de diversos artistas desses países e permitindo que o projecto seja conhecido noutras partes do Mundo. “COMPARADO COM MIGUEL BOMBARDA, O SOHO É UMA MERDA” A Sangue Novo quis, também, saber o que pensam do fenómeno cultural que nasceu na rua Miguel Bombarda, local que António Franchini conhece bem, graças à sua galeria nesta artéria da cidade do Porto.
DADOS BIOGRÁFICOS JOÃO CARQUEIJEIRO nasceu no Lobito, Angola, a 25 de Fevereiro de 1954. Até aos vinte anos de idade viveu em Maputo (Moçambique) e em 1974 mudou-se para o Porto (Portugal).
Foi Franchini quem abriu as hostilidades, desde logo concordando que Miguel Bombarda é uma revolução cultural em curso no Porto, “É o local mais in da cidade, tem tudo e está perto de tudo e até tem um centro comercial, o CCB (Centro Comercial Bombarda)” a que reconhece um papel fundamental na dinamização e divulgação de toda a zona. Na Câmara do Porto, sublinha Franchini, “existem inúmeros projectos para toda esta área, inúmeros privados que nela querem investir, abrir galerias, bares, restaurantes, escritórios, etc. e são muitos os que querem viver em Miguel Bombarda”. Para este galerista e investidor na zona, Miguel Bombarda “É o sítio”, onde todos estão e querem estar sendo uma aposta com tudo para dar certo, “já está a dar certo!” So não lhe falem em comparações com Soho que ele logo dispara: “Comparado com Miguel Bombarda, o Soho é uma merda, aqui é Arte, pode escrever isto!”. João Carqueijeiro concorda que Miguel Bombarda é um tónico para a cultura e um local especial. Não esquecendo o apoio na divulgação e promoção que a empresa municipal Porto Lazer continua a disponibilizar.
Foi lá que, em 1982, concluiu o Curso Superior de Desenho (sob orientação do mestre Sá Nogueira) na Cooperativa Árvore (ESAP). Especializou-se ainda na Roda de Oleiro, Vidrados de Grés e Raku, na Escola de Cerâmica de La Bisbal, na Catalunha. Desde 1981, dedica-se ao ensino da cerâmica, quer no âmbito da Formação Profissional, quer no de especializações, orientação de estágios, workshops e programação de Cursos. É formador de cerâmica desde 1985 e desde 1995 é acreditado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua de Professores. É professor dos Cursos Livres de Cerâmica na Cooperativa Árvore desde 1986. ANTÓNIO FRANCHINI nasceu no Porto, em 1959. As suas origens remontam a Itália, a um tetravô, homem ligado às artes. Estudou no Porto sendo licenciado em gestão e MBA em Marketing. Entrou cedo para o mundo financeiro através da banca. Casado e com dois filhos, tem, actualmente, interesses profissionais na área farmacêutica. Sob a orientação de Daniel Gamelas, faz um curso de desenho sobre o tema “figura Humana”.
eventos
Os artistas abrem as portas de uma oficina num evento verdadeiramente inovador de arte contemporânea.
falamos com... ângelo de sousa Imagine uma das mais conhecidas oficinas de automóvel do Grande Porto, situada em pleno centro da cidade da Maia. Está a imaginar? Consegue visualizar o espaço? As latas de óleo, os desperdícios de diversas cores manchados de negro, os pneus a monte num canto, o barulho metálico das ferramentas a cair no solo, o chão sujo e pegajoso, por vezes escorregadio, os calendários sui generis de loiras e morenas. Uma oficina. Agora, esqueça todas as ideias feitas sobre este e todos os espaços como este que você conhece. Concentre-se no oposto de tudo isto. Consegue? Então você já está dentro do espírito do “A Garagem da Vizinha”. Serão oito jovens promessas do panorama das Artes em Portugal, de braço dado com seis dos principais e consagrados valores da Arte Contemporânea portuguesa acrescidos de dois grandes nomes internacionais juntos num só espaço, uma antiga oficina de automóveis, na Maia, mesmo ao
lado da Câmara Municipal. Serão dez dias em cheio onde o público pode visualizar os principais trabalhos destes artistas e deixar-se levar por toda a animação adjacente: música, teatro, workshops, etc. A Garagem da Vizinha abre as hostilidades no dia 7 de Maio de 2009 contando já com a presença de, entre outros: André Alves, André Silva, Dalila Gonçalves, Daniel Gamelas, Inês Gama, Maria Sottomayor, Manuel Alves e Mazza, para além dos consagrados: Franchini, João Carqueijeiro, Marian Van Dar Zwaan entre outros. A Garagem da Vizinha é a primeira feira de arte contemporânea do género realizada em Portugal, seguindo uma tendência internacional e que pretende ser uma montra do que de melhor se faz nesta área. Um evento a não perder e que pode ser acompanhado em www.boxtype.pt.
João Guerra Arquitecto
Ângelo de Sousa nasceu em 1938 em Moçambique. Em 1955, iniciou, no Porto, os estudos de pintura, entre 1958 e 1968, como aluno e depois como professor, integra as Exposições da ESBAP. Em 1959, participa na Premiére Biennale de Paris, Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris. Em 1961, participa na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian e em 1963, na I Exposição de Artes Plástica da Cooperativa Árvore. Nesse mesmo ano inicia funções de docência na ESBAP. Em 1967, é bolseiro da Fundação Gulbenkian e do British Council, na Slade School of Art e St. Martin’s School of Fine Art. Integra o grupo Os Quatro Vintes, em 1968, com Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues, desfeito em 1972, altura em que lhe é atribuído o prémio Soquil. Desde essa altura, Ângelo de Sousa afirma-se como um dos artistas mais inovadores na cena nacional, expondo desenhos, esculturas, pintura, fotografia. Em 1993, a sua obra foi objecto de uma exposição antológica na Fundação de Serralves onde, em 2003, expôs os seus trabalhos de fotografia. Em 2000 foilhe atribuído o prémio EDP, e, em 2006, a Fundação Gulbenkian e a Cordoaria Nacional acolheram uma grande mostra da sua escultura. CONVERSA COM ÂNGELO DE SOUSA AS - Em 2000 foi colocada a hipótese de fazer um arranjo da Rua Miguel Bombarda a pedido das galerias, após reunião com a autarquia. Sugeriram o meu nome, talvez por ser uma espécie de inimputável mais velho e trabalhar de borla, de modo a que eu pudesse dar uma ajuda na requalificação do espaço em causa. O arquitecto Filipe Oliveira Dias, responsável pelo projecto, contactou-me imediatamente após a supracitada reunião, propondo a minha adesão
Fotografias da antiga oficina de automóveis, Maiauto, na Maia, local onde vai decorrer o evento.
e realçando a urgência da apresentação célere da proposta. Este episódio está gravado na minha memória porque na altura encontrava-me num estado de saúde precário e o apertado limite de tempo para a entrega representou uma carga extra. Foi-me pedido que elaborasse uma obra que fizesse uso de materiais de fácil obtenção e baixo custo, sendo por isso escolhido por eleição um préfabricado com branco, preto, ocre e ocre vermelho como tonalidades. Este produto preenchia os requisitos necessários, tendo ainda como mais-valia o facto de ser fácil de trabalhar, existir em abundância e ser de Vila do Conde (portanto, facilmente transportado dada a curta distância do local final). Utilizá-lo-ia, então, como pavimentação da rua, fazendo jogos de cor, em jeito de labirinto. Corre o boato que afinal o material é caríssimo e é proveniente, não de Vila do Conde, mas sim da Alemanha e o projecto atrasou por esta razão. Lamento que o Arq. Filipe Oliveira Dias não me tenha contactado no sentido de procurar uma solução menos onerosa e que provocasse menos atraso na conclusão da obra. Os passeios, por sua vez, seriam constituídos por placas de granito com um certo desgaste, irregulares, com espessura suficiente para não partirem. Nestas placas, deveriam ser inscritas grandes “carantonhas”, das quais foram seleccionadas apenas aquelas com as expressões faciais mais optimistas (o conjunto inicial era constituído por muitas outras, com diferentes estados emocionais), que transmitem calor humano às pessoas que se cruzam com elas. O meu desejo é que estas “carantonhas” funcionem como um público permanente, que está sempre por baixo a dar apoio aos transeuntes (ignorando, porém, a reacção que estas poderão provocar na donzela de saias incauta).
Foi por volta de Julho de 2000 que entregamos a proposta final ao Eng. Nuno Cardoso, à data Presidente da Câmara do Porto. Meses depois, houve eleições, tendo ganho o Dr. Rui Rio e ficado o projecto congelado, penso eu. AS – No Verão do ano passado, chamou-me a atenção o facto de se ter dado início a obras na rua Miguel Bombarda. Fiquei bastante intrigado, pois não tinha conhecimento de alterações naquela área. Foi apenas no início de Dezembro que o Arq. Filipe Oliveira Dias comentou que o projecto estava a ser executado, durante um telefonema onde me solicitava a reprodução dos meus desenhos do pavimento para um postal de Natal, o que permiti. Desde Julho de 2000 até Dezembro de 2008, segundo nos transmitiu Ângelo de Sousa, nunca mais soube de nada sobre o seu projecto para a Rua Miguel Bombarda. Em seu entender, talvez não tenham querido incomodá-lo fruto da sua já avançada idade e debilidade física, o que considera uma simpatia por parte do seu colega Filipe Oliveira Dias. Fica registada a sua fina ironia quanto ao desenrolar deste processo.
falamos com...
gonçalo gonçalves
O Sangue Novo entrevistou Gonçalo Gonçalves, Vereador da Cultura, Turismo e Lazer da Câmara Municipal do Porto, no sentido de contextualizar os eventos que cada vez mais têm surgido para dinamizar a cidade. Sangue Novo – Considera que estamos perante uma revolução cultural em curso na Miguel Bombarda? Gonçalo Gonçalves – É um fenómeno espontâneo e que tem vindo a adquirir uma identidade própria, aliando Arte, Música, Arquitectura, Design e Moda num mesmo espaço, assumindo-se como um excelente cartão de visita da nossa cidade. Estou certo que este é um exemplo de sucesso que deverá servir de referência no que concerne à dinâmica de Cidade. Continuamos a apostar na animação do Circuito Miguel Bombarda conjuntamente com os principais protagonistas que neste caso são os galeristas e os respectivos artistas. Também não posso deixar de referir que o comércio nesta zona trouxe uma dinâmica muito especial a este quarteirão. Um comércio alternativo, mas com um cada vez maior número de adeptos. É uma ligação muito interessante que torna todo aquele espaço único e muito atraente. Não sei se é uma revolução, mas sem dúvida que é uma evolução cosmopolita do Porto. Uma evolução singular no panorama nacional. Um bom exemplo. SN – Que apoios dá a autarquia a este movimento? GG – O município, através da empresa municipal PortoLazer, colabora com as entidades privadas que estão presentes e que se assumem como os principais dinamizadores da zona, através do incremento de uma dinâmica própria nos eventos, nomeadamente no dia das inaugurações das exposições nas galerias. O auxílio baseia-se sobretudo no apoio à divulgação e promoção de iniciativas. Contamos também com a aposta de patrocinadores que ajudam na criação de animações de rua no dia das inaugurações. Além disso, estamos a proceder a todo um conjunto de investimentos na Miguel Bombarda, reabilitando toda a envolvente, repavimentando, criando zonas pedonais e incluindo obras de arte. Prevê-se a finalização das mesmas em Março deste ano. Este é um projecto com algum tempo que foi, felizmente, possível concretizar. SN – Esses apoios estendem-se à promoção da Miguel Bombarda em termos turísticos? GG – Estamos a caminhar nesse sentido, procurando afirmar Miguel Bombarda enquanto “Cultural District”, a exemplo do Soho. Temos presente que não basta a nossa vontade, é necessário que a mesma seja acompanhada por um trabalho que depende dos privados. Todos juntos o faremos, estou certo. O nosso apoio na promoção tende ser através de meios que cheguem a um público abrangente e que não se cinja ao público do grande Porto. Comunicamos já para todo o país e do ponto de vista turístico temos
sentido já a afluência de públicos vindos de norte a sul do território. A próxima etapa passa sem dúvida pela concretização de uma promoção da marca “Porto” onde esta realidade terá que ser vista como um factor qualitativo e diferenciador que possa captar turistas fora de Portugal. SN – Qual a importância da PortoLazer na animação da cidade? GG – A empresa PortoLazer foi constituída há cerca de dois anos por vários factores. Desde logo porque era evidente que se poderia fazer mais pela animação da Cidade. A CulturPorto, que tinha responsabilidades na gestão do Rivoli e na animação da Cidade, não estava a corresponder às expectativas exigidas. Saliente-se que hoje o Rivoli atrai, por dia, cerca de 2.000 pessoas a este equipamento cultural de excelência, contrariando a tendência do passado. Tenho a certeza que o Porto tem potencial para atrair e realizar grandes iniciativas que, pelo seu impacto positivo, possa trazer mais valias à Cidade. A PortoLazer é hoje uma realidade presente, de uma forma transversal, na vida da Cidade do Porto, tanto na relação que conseguiu desenvolver com as instituições culturais da Cidade, como são exemplos Serralves e o Teatro Nacional São João, como na implementação e apoio a iniciativas relevantes. Temos apoiado também toda a dinâmica da baixa do Porto com iniciativas que têm levado um número muito significativo de pessoas a eventos que vão de encontro às ambições do público em geral. A PortoLazer tem também na sua esfera de responsabilidade vários projectos que vão ter um impacto muito relevante. A curto prazo temos a reabilitação do Palácio de Cristal, que ficará provido
de infra-estruturas capazes de receber grandes iniciativas. A Porto Lazer afirma-se cada vez mais como um interlocutor com os privados, com os agentes e entidades que querem animar e dinamizar artística e culturalmente a cidade. Tanto a nível de iniciativas próprias, como as parcerias criadas com entidades da Cidade, a PortoLazer tem-se assumido como um pólo aglutinador de vontades, com um objectivo único, o de criar uma nova dinâmica no Porto. A PortoLazer foi claramente uma aposta ganha. SN – Quais os projectos para 2009? GG – Fundamentalmente, consolidar os que já existem, sem nunca esquecer a ambição que nos motiva na condução do nosso trabalho. As festas de São João deverão contar com um reforço na a sua promoção. Com a criação da nova entidade regional de turismo julgo que a internacionalização do São João deverá ser uma realidade. O Circuito da Boavista e a Red Bull Air Race são para continuar, uma vez que são apostas comprovadamente ganhas. Os vários festivais internacionais que se realizam na cidade são outra das apostas de consolidação. Continuaremos a ter uma participação no FITEI, no FantasPorto, no Festival Internacional de Marionetas, entre outros que entendamos serem importantes para a Cidade. Iremos também insistir na promoção de parcerias com entidades criativas de índole privada, para que se tornem cada vez mais fortes e sólidas num contexto de afirmação de iniciativas com impacto e que por si só possam constituir mais valias para todos os intervenientes. Ajudar a construir projectos sólidos de elevado impacto é um dos desígnios da empresa municipal PortoLazer.
(dia)sign
sugestões
o quotidiano de um designer
casa de pasto ribatejo Abro os olhos ainda com dificuldade, a luz que passa pelas frestas da janela fere-me os olhos, desligo o despertador do telemóvel, pois o despertador clássico analógico foi substituído pelos precisos telemóveis com toques estridentes. Calço as pantufas vermelhas e arrasto-me para a casa de banho, vejo-me reflectida no espelho com uma panóplia de objectos que nos acompanham no dia à dia mas que raramente damos por eles, são apenas elementos duma rotina diária. A água corre e olho para as embalagens de champô coloridas e decido qual delas se adequa ao tipo de cabelo, talvez apenas pela cor ou pelo perfume que emanam, informação. Decido que roupa irei envergar em mais um dia de trabalho, cores, formas, acessórios, sapatos, é tudo uma questão de equilíbrio. Entro no carro e faço o mesmo percurso diário, as ruas são as mesmas, mas as cores estão diferentes, hoje reparei que tinha um anúncio na rua novo, não sei se é recente, mas para mim é novo, nunca tinha reparado nele. Informação visual, aquela que lá está todos os dias, mas só damos conta da sua presença quando alguém nos consciencializa da sua existência, quase como respirar, fazemo-lo involuntariamente até nos consciencializarmos da forma como o fazemos. Tenho uma consciência visual desenvolvida, por defeito de profissão, mas quando me perguntam “o que fazes?” tenho uma resposta formatada, “tudo o que te rodeia”. Sobrancelhas levantadas, pescoço recolhido e um som onomatopeicamente representado por uma conjugação de 3 letras exclamadas no final “hum?!” É isso, é essa a (re) acção esperada! Queres que te diga o quê? Sou designer, e quê? Complicou? Vamos tomar um café que eu explico! Sentamo-nos na cadeira, sim, esse objecto que te sentas diariamente com 4 pernas, mais cómoda, menos cómoda, mais bonita menos bonita, essa mesmo
que te passa ao lado, mas que te é tão útil foi alguém que se lembrou de juntar 4 pernas e 2 tábuas, genial não é? Café e uma água sem gás natural e um sumo de ananás para mim. Gosto deste sumo. É de quê mesmo? Patrícia Moutinho Designer Boxtype Ananás? como sabes se ainda não o provaste? Diz aqui na embalagem. Pois diz, quem se terá lembrado de pôr a imagem de um ananás na embalagem. Genial não é? O café vai ficar frio. Este café é bom, é da marca X, e é muito boa. Como sabes distingui-la? Oh, pergunta parva, pela marca claro! Quem se terá lembrado de desenhar uma imagem para uma marca para ser facilmente reconhecida? Genial não é? Não sou um génio, não apareço sobre uma nuvem de fumo se esfregam uma lâmpada reluzente, sou como tu, ou talvez não, mas eu coloquei um ananás no pacote de sumo para saberes que era de ananás e não de pêssego ou maracujá e desenhei a marca do teu café favorito, não fosses tu ficar confuso a olhar para mil e uma embalagem com um pó castanho no interior e ficares baralhado, fiz com que conseguisses descansar as pernas durante o café, ou seria demasiado estranho ver-te sentado no chão a tentar chegar ao café, não digo que seja mau, mas ao final dumas horas deve incomodar. Eu pus um “S” vermelho com um fundo amarelo num fato azul de lycra, mas não sou a Super Mulher, mas podia ser. Não sou super, mas supero-me. Sou designer. Acordo todos os dias como tu, e tenho as mesmas rotinas, mas sento-me na minha cadeira depois do meu café em chávena escaldada com asa fria e questiono-me. É fácil, olha à tua volta! E tu, quem és?
sexo na bombarda
A Carrie Bradshaw numa galeria dentro dum vestido azul lindo de morrer a apaixonar-se por um pintor russo: eis o conto de fadas moderno. A verdade é que as meninas do Sexo e a Cidade terão servido para exorcizar a paranóia de que todas as manifestações de arte eram chatas, envelhecidas, com mãos nos queixos e a cheirar a mofo. A comunicação de massas aproximou-nos dos artistas, das suas obras e fait divers, fazendo deles humanos, geniais ou não, mais ou menos idiotas ou fascinantes. Provou-se que afinal são quase pessoas como nós, os básicos. A malta perdeu o medo, comprou vestidos azuis, muniu-se do seu ar menos rústico e atacou as galerias. À procura do nosso pintor russo. O constrangimento de um primeiro encontro cheio de empurrões e suor, com cheiro a fumo e “Ahnn’s?” vezes sem conta, foi chutado para canto pelo suplesse duma exposição de arte com gente interessante e interessada, sob iluminação e odores decentes. Ah, classe! A aproximação é feita sem medo e a conversa flui porque somos todos adultos e muito cultos. (Ou pelo menos, com vontade de o sermos...ou parecermos?) Pelo meio, até se pode aprender alguma coisa. Basta ter os olhos e o espírito abertos. Sempre em busca duma boa desculpa para mais um vestidinho (como se
uma pérola na baixa portuense
Ali bem perto da Praça da Batalha, no coração da Invicta Cidade do Porto, situa-se uma casa de bem comer, a Casa de Pasto Ribatejo. A comida tradicional portuguesa é o prato forte deste espaço frequentado por artistas e galeristas que, em boa verdade, o partilham com as já pouco vistas famílias tradicionais da urbe. Mas aqui o importante não é quem frequenta esta casa mas que frequência gastronómica nela habita. O bom cabrito assado no forno, o bacalhau nas suas diversas facetas e os seus filetes de polvo com arroz do mesmo, o bom velho porco preto e que dizer do peixe-galo com migas? Uma cozinha com elevados padrões de qualidade acompanhada de uma garrafeira à altura. Na maioria dos nossos restaurantes as sobremesas são, a mais das vezes, apresentadas como parente pobre da lista, onde pululam os ultracongelados “Doce da Avó” ou a já gasta “Baba de Camelo” industrial. A Casa de Pasto Ribatejo faz o favor de alinhar por diferente bitola: o Leite Creme queimado na hora, as Queijadinhas da casa, o Bolo de Chocolate, Panna Cotta, e o Pudim Abade de Priscos entre outras iguarias da nossa doçaria tradicional, não desmerecem, bem pelo contrário, o lauto prato
principal. Qualquer destas obras-primas gastronómicas podem ser degustadas ou na sala principal (decorada de modo sóbrio mas elegante) ou na soberba esplanada interior (na primavera e no verão e sempre que a metereologia o permite), ao estilo pátio andaluz, ou até num espaço privado mais vocacionado para pequenos grupos ou uma qualquer refeição de base conspirativa (quem sabe, talvez por isso este ser um espaço frequentado por muitos políticos...). Importa referir que a Casa de Pasto Ribatejo encerra ao domingo e que o preço médio por pessoa ronda os 15 e os 25 euros.
o melhor da comida japonesa no porto
fossem precisas desculpas), também eu, suburbana aspirante a personagem de Sexo na Cidade, ou neste caso Sexo na Bombarda, me fantasiei de Carrie Bradshaw e lá me vi entre cores, copos e alguns corpos bem apelativos. Entretanto, já topei que um quadro sempre dura uma vida. Quando não serve no quarto, fica bem na sala. Coisa rara num homem. Em último caso, pode sempre ser usado como bandeja. O quadro, claro. Desde que inventaram a Filosofia não há homens suficientemente planos para isso.Com grande pena minha. Atingi também que a dado estágio das nossas vidas, passamos todos a artistas. Plásticos, de tupperware, silicone ou bandeja. Vivam os artistas da vida, do mundo, do Porto! A Baixa da cidade, graças à arte, ganhou testosterona, pulsa, puxa. Tanto que às vezes dou por Lara Maia mim a achar até que parece que estou numa cidade apresentadora de TV da Europa, quase, quase em Manhatan...
Quando falamos em cozinha japonesa, o primeiro nome que nos vem à memória é ITAMAE. A primeira e a melhor referência da cozinha nipónica na cidade do Porto. Numa localização previlegiada, numa rua que respira arte, numa cidade viva, no coração da mesma, a artisticamente popular Rua Miguel Bombarda. Num jardim com referências à cultura japonesa, num recanto uma mesa repleta de cores e sabores
que são um regalo ao palato dos mais exigentes, com um ambiente quase familiar e um serviço de excelência, ITAMAE é a sugestão do Sangue Novo para um almoço ou um jantar, de negócios ou lazer, o que reina é o prazer. Para os menos destemidos na exploração da cozinha nipónica há sugestões de pratos confeccionados com carne. Sushi? Sim, no ITAMAE.
recomendamos
Bflat em Leça da Palmeira
agenda cultural MÚSICA 17 JAN. MAFALDA VEIGA - Estrada - Coliseu do Porto 22h
Ouvir Jazz numa doca, com o rio e mar como pano de fundo, num ambiente cosmopolita, num edifício verdadeiramente imponente e contemporâneo, parece-nos algo que se encontra apenas por essa Europa fora, na verdade há um espaço como estes bem perto de si. Um serviço de qualidade e a simpatia no atendimento, ao som de uma bateria e saxofones. O sair à noite pode ser cultural mas não precisa de ser complexado. O Bflat tem nova casa; No porto de leixões, em Leça. O Sangue Novo esteve lá e ficou fascinando, embora se sinta que ainda falta limar umas arestas é certo que vai ser um sucesso. Recomendamos vivamente. Cinco estrelas chegam? Força Bflat.
18 JAN. DRUMMING - Grupo de Percursão - Música com Lata - Concerto Promenade do Coliseu do Porto 11h30 20 a 23 JAN. CONCERTOS ABERTOS DA ANTENA 2 - 150 anos do nascimento de Henrique Pousão Museu Nacional Soares dos Reis auditório 19h 22 e 23 JAN. TEIA - concerto - Teatro Helena Sá e Costa 22h 28 a 31 JAN. A MÚSICA ANTIGA NA ESMAE II - Teatro Helena Sá e Costa 21h30 31 JAN. KAISER CHIEFS - Coliseu do Porto 21h
TEATRO até 31 de MAR. UM VIOLINO NO TELHADO - Rivoli Teatro Municipal 3ª. a 6ª. 21h30 Sáb. Dom. e Fer. 17h até 1 FEV. AI POVO... QUE OS PARIU! - Teatro Sá da Bandeira 5ª. a Sáb. 21h30 Dom. 16h até 31 MAR. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - Rivoli Teatro Municipal 2ª. a 6ª. 10h30 e 15h Sáb. Dom. e Fer. 15h até 1 FEV. HISTÓRIA DO SÁBIO FECHADO NA SUA BIBLIOTECA - Galeria do Palácio 3ª. a 6ª. 11h e 15h (grupos com marcação prévia) Sáb. Dom. 16 h (público geral) até 18 JAN. O MERCADOR DE VENEZA - William Shakespeare - Teatro Nacional São João 3ª. a Sáb. 21h30 Dom. 16h até 31 MAR. OS SALTIMBANCOS - Teatro do Campo Alegre 3ª. 4ª. 5ª. 10h30 e 14h30 6ª. 14h30 e 21h45 Sáb. 16h e 21h45 Dom. 16h 30 JAN. a 28 FEV. A CIDADE DOS QUE PARTEM - Teatro Carlos Alberto 6ª. e Sáb. 21h30 Dom. 16h
EXPOSIÇÕES 17 JAN. INAUGURAÇÕES SIMULTÂNEAS NAS GALERIAS DA RUA MIGUEL BOMBARDA - Porto 1 a 31 JAN. JORGE MOLDER - De todas as formas e feitios - Fotografia - Galeria Pedro Oliveira 3ª. a Sáb. 15h 20h até 5 FEV. DUAS ARQUITECTURAS ALEMÃS 1949-1989 - Museu dos Transportes e Comunicações até 8 FEV. FERNANDO PENIM REDONDO - China, a nova Revolução - Fotografia - Centro Português de Fotografia até 27 FEV. FILMES NA INVICTA: A militância do Cineclube do Porto - a propósito dos 100 anos de Manoel de Oliveira - Casa do Infante até 1 MAR. FÁBRICA DE LOUÇA DE MIRAGAIA - Museu Nacional Soares dos Reis até 2 MAR. ANIMAIS RIBEIRINHOS DO PORTO - Museu do Vinho do Porto até 15 Mar. LI ZHENSHENG - O livro Vermelho deum fotógrafo Chinês - Fotografia - Centro Português de Fotografia até 31 Mar. COLECÇÃO DE CÂMARAS DO CPF - Núcleo Museológico Permanente - Centro Português de Fotografia até 31 MAR. ANTÓNIO COSSA- Um Porto Genuíno - Casa do Infante - Arquivo Histórico do Município do Porto até 31 MAR. CICLO DE EXPOSIÇÕES DE JOALHARIA CONTEMPORÂNEA em contexto de Joalharia Antiga - Casa Museu Marta Ortigão Sampaio até 31 MAR. COLECÇÃO DE NOTAS / O DINHEIRO E OS TRANSPORTES - Fundação Dr. Cupertino de Miranda até 31 MAR. MOBILIÁRIO EM FOCO - Casa Museu Guerra Junqueiro até 17 JAN. COLECTIVA DE PINTURA - Café Majestic Galeria até 31 JAN. HUGO SANTOS - Munições para um Diálogo - Desenho - A cadeira de Van Gogh - Associação Cultural até 6 Fev. OBSESSÕES - Colectiva de Artistas Residentes - Galeria Átomo até 28 FEV. DANIEL BLAUFUKS - Os Passos em Volta - Fotografia - Teatro Nacional de São João 3ª. Sáb. 14h-20h Dom. 14h-15h
ficha técnica
até 24 JAN. 40 ANOS DO MDM - Biblioteca de Almeida Garrett até 22 FEV. PÉ DE VENTO 30 ANOS - Biblioteca de Almeida Garrett até 17 FEV. EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA DOS 50 ANOS DO HOSPITAL DE SÃO JOÃO - Pintura -
Periodicidade Bimensal Distribuição Gratuita Tiragem 10.000exemplares Produção e Distribuição Jornal Meia Hora Administrador
Cooperativa Árvore
Responsável Mário Neves Ferreira da Silva, Boxtype, Grupo MFS Chefe de Redacção Fernando Moreira de Sá, Comunicatessen
até 28 FEV. PADRE ANTÓNIO VIEIRA: MOSTRA BIBLIOGRÁFICA - Biblioteca Municipal do Porto 2ª. a
Design Patrícia Moutinho, Francisca Fleming, Boxtype Fotografia Dalila Gonçalves, Boxart Ilustração Manuel Alves, Boxart
6ª. 9h-20h
Redacção Fernando Moreira de Sá, J. Santos, Lara Maia, Mário Neves Ferreira da Silva, Patrícia Moutinho, João Guerra Contactos Comercias Boxtype info@boxtype.pt • 229470510 • www.boxtype.pt • simply-boxtype@blogspot.com Boxtype Sociedade de Artes e Design Lda. Sede Rua Padre António 81 5o Direito, Maia. Grupo Mário Ferreira da Silva, S.G.P.S. SA.
•••••