Raul Oliveira - Crónicas da Beira Mar

Page 1



Dedicação de uma vida...

A

ntes de vir para Santo André como Pároco e com a responsabilidade do Jornal “O Leme” já sabia que existia um Senhor chamado Raul que era um jornalista. Cruzei-me com ele algumas vezes em eventos e vi que trabalhava para um jornal regional. A fama dele vai à sua frente. Fama de homem dedicado à sua arte: escrever. Verdade que nem sempre entendido e nem sempre valorizado. Mas sempre dedicado e entusiasmado pelo seu trabalho. Chegou até aqui com muita vontade e gosto. Como Director do Jornal “O Leme” só tenho de agradecer, em meu nome e em nome dos meus antecessores. Sei e sou testemunha que o nosso fundador, o Padre Manuel Malvar saberia neste momento escolher umas palavras cheias de agradecimento que ele lhe remeteria. Mas como ele está impedido de o fazer, eu, quero dizerlhe que a sua vida marcou este jornal e ele o marcou a si. A porta está sempre aberta. Pode sempre entrar e dispor, enquanto os “dedinhos” continuarem a mexer. Um forte abraço meu amigo Raul. E conte connosco.

Padre Abílio Raposo, Director

Decano dos Jornalistas da região do Alentejo Litoral

C

omo colaborador do jornal “O Leme” há tantos anos sinto-me no dever de escrever algumas palavras para demonstrar o apreço e simpatia que o nosso Raúl Oliveira desperta nas pessoas e a grande importância que ele teve no crescimento do nosso jornal. Com uma verdadeira paixão pelo jornalismo, pela crónica escrita com estilo interventivo, usando o sarcasmo e a ironia para se colocar sempre do lado dos mais fracos, do lado daqueles que são vítimas de todos os poderes, Raúl Oliveira tornou-se ao longo da sua carreira jornalística uma referência para todos os seus leitores e colegas de trabalho. Com uma disponibilidade de jovem arranjou sempre energia e tempo para dar cobertura a todos os eventos políticos, sociais e culturais da região. O nosso jornal certamente não seria o mesmo se não tivéssemos tido a ventura de o ter como colaborador desde os primeiros tempos da sua fundação. Com o seu entusiasmo abraçou novos projetos, fundou o jornal “Litoral Alentejano” com um grupo de pessoas que tinham começado no jornal “O Leme” e participou em quase todos os projetos de jornais e revistas que o seu Alentejo criou. Conhecido e acarinhado por todas as pessoas, fui testemunha direta de muitas manifestações de admiração da parte dos seus leitores. Lembro-me muito bem do respeito e consideração que o nosso fundador Padre Manel tinha pelo jornalista e pela pessoa do Raúl Oliveira. Que todos os colaboradores de “O Leme” partilham pela sempre respeitada figura do nosso decano. Independente, irreverente e cáustico nas suas análises sociais e políticas, demonstra sempre lealdade e urbanidade mesmo para aqueles que com ele não concordam. É uma honra poder contar com este jornalista de causas e este trabalhador incansável que com toda sua sabedoria nos ajuda todos os dias na construção do edifício da nossa cidadania coletiva. Obrigado, “Kota” Raúl!

Paulo Mesquita, Director Adjunto 2


Actividade jornalística

E

m 1985 começa a colaborar, por influência de sua sobrinha Carla Oliveira, num projeto de jovens estudantes de Santiago do Cacém: reeditar um jornal que em tempos circulou nesta cidade, “O PÁGINA DO LUSITANO”. Experiência esta conseguida, com êxito, durante 3 anos. Convidado para correspondente local da Rádio Renascença, desempenha esse cargo durante cerca de 3 anos, iniciando também colaboração noutros jornais, nomeadamente, “DIÁRIO DO ALENTEJO” – Beja; “O LEME” – Santo André; “O SÉCULO” – Lisboa, “PÚBLICO” – Lisboa, “SETÚBAL NA REDE” – Setúbal. Presentemente exerce a profissão de jornalista no jornal “O LEME”. Em Maio/90, aquando do 4.º Congresso do Alentejo realizado em Sines, funda (com um grupo de pessoas interessadas no desenvolvimento regional), o jornal regional “LITORAL ALENTEJANO”, a que dedica grande parte da sua atividade jornalística. Em Outubro/93 foi convidado para as comemorações do 10.º Aniversário da Casa do Alentejo de Toronto – Canadá, tendo participado num debate sobre “A IMPRENSA REGIONAL”. Em Fevereiro/94 desloca-se também, a convite do eurodeputado José Apolinário, do PS, ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, França, para o reconhecimento deste local. Convidado a fazer parte da redação da nova revista “IMENSO SUL” (aposta de um grupo de 16 credenciados jornalistas alentejanos), tendo sido um dos seus fundadores, com saída desde o dia 15 de Dezembro de 1994, na sua qualidade de jornalista radicado no litoral alentejano. A sua “cruzada” pela defesa dos valores do Alentejo, com que tem pautado toda a sua atividades, desde que se dedica às lides jornalísticas, continua a ser preponderante. Possui a Carteira Profissional de Jornalista e é o sócio n.º 2841 do Sindicato dos Jornalistas.

4


Biografia

R

AUL JORGE SIMÕES OLIVEIRA, nascido a 16 de Junho de 1935, na freguesia de S. João Batista, em Moura, distrito de Beja, primeiro filho de uma prole de 5 irmãos, do casal João Oliveira (pedreiro) e Francisca Simões Ferreira (doméstica), ambos já falecidos. Desde muito jovem “devora” tudo o que tenha letras, tanto assim que quando começa a frequentar a escola primária, já lia tão bem como os alunos das classes mais avançadas. Todas as semanas “cravava” o seu tio António, para lhe dar 6 tostões (60 centavos) para comprar, à 5.ª feira, o suplemento infantil “PIM-PAM-PUM” do já desaparecido jornal nacional “O SÉCULO”, onde praticamente aprendeu a ler. É através desse suplemento infantil que conhece as primeiras descrições dos países africanos de língua portuguesa, em especial de ANGOLA, que o fascinam e que irão ser decisivas, a certa altura, na sua vida. Viu-se impossibilitado de continuar a estudar (o seu sonho), pelas dificuldades económicas, que resultavam da profissão de seu pai, e por ter mais 4 irmãos, para sustentar. Por tal motivo, resolve emigrar. Em Março/51, com 15 anos, parte para ANGOLA, através de uma “Carta de Chamada” do seu tio Joaquim, fixando-se em Novo Redondo (actual Sumbe, capital do Quanza-Sul). Trabalha no comércio de permuta (troca de produtos agrícolas – café, coconote, milho, feijão, peixe seco e carne de caça, por outras mercadorias), até atingir a idade de prestar o serviço militar. Assenta praça na Escola de Quadros Militares de Nova Lisboa (atual Huambo), tira a especialidade de Transmissões de Infantaria e completa a prestação do serviço militar no Regimento de Infantaria de Luanda. Trabalha como funcionário administrativo durante cerca de um ano, numa grande exploração agrícola, Fazenda Tábi da Companhia do Ambriz, a cerca de 200 km a norte de Luanda. De regresso a Luanda, é admitido como escriturário na fábrica de cerveja da CUCA – Companhia União de Cervejas de Angola. Trabalha aí durante 16 anos, tendo atingido o cargo de Tesoureiro. Casa-se com Maria de Ascenção dos Santos Oliveira, doméstica. Em Luanda, consegue finalmente, como trabalhador-estudante, tirar o Curso Geral do Comércio na Escola Comercial Vicente Ferreira. Entretanto faz parte do grupo de alentejanos que funda em Luanda, em 1966, a CASA DO ALENTEJO, que apesar de ter sido das últimas casas regionais a serem criadas naquela cidade, marcou lugar de destaque no movimento associativo, sendo famosas as suas iniciativas, festas e actuações do seu Grupo Coral Alentejano. É em Luanda que nascem os seus dois filhos, Rute e Raul Jorge, presentemente com 39 e 38 anos (respectivamente), ela a exercer funções de bibliotecária, ele no mundo das artes e espetáculos. Regressa definitivamente a Portugal, em 1975, aquando da independência de Angola. Depois de uma breve passagem pela Casa do Povo de Caldas da Rainha, fixa-se em Santo André, em 1978, entrando ao serviço da Refinaria da Petrogal, como administrativo, onde permanece até 1991, data em que se reforma. Fez também parte dos corpos sociais dos grupos desportivos das 2 grandes empresas onde trabalhou (CUCA e PETROGAL); da Comissão de Moradores do Centro Urbano da “Cidade Nova” de Santo André, tendo sido designado para as representar na FERSAP – Federação Regional de Setúbal das Associações de Pais; representou a FERSAP na revista “A VOZ DOS PAIS” da CONFAP – Confederação das Associações de Pais. Em 1984, começou a sua colaboração com a Associação Cultural de Santiago do Cacém. Foi, em 2002, um dos fundadores da associação “LASA” – Liga dos Amigos de Santo André. Colaborou com a ADECLA – Associação para o Desenvolvimento Educativo e Cultural do Litoral Alentejano, tendo também participado no seu Conselho Fiscal.

3


crónicas

Beira Mar da

A Descolonização e a Má Consciência Jornal “O Leme” n.º 281 - Julho 1999

1999

F

az parte da idiossincrasia dos portugueses serem “extremistas” a discutir certos problemas comuns e a descolonização é um deles, porque não conseguem o equilíbrio, ou são radicalmente a favor ou radicalmente contra. Aliás, como diz um conhecido slogan publicitário “a fama (e o proveito, já agora), já vem de longe”, se nos lembrarmos que passados 500 anos ainda se discutem as virtualidades dos descobrimentos, o que deu até origem ao aparecimento na altura de uma certa fauna de despeitados conhecidos como “velhos do Restelo”, dos quais infelizmente ainda existem muitos descendentes. O que mais me chocou há dias ao ver um programa da TVI, em que o tema de debate era precisamente a descolonização, foi ver a actuação de um jornalista que me habituei a admirar pela acutilância e rapidez de raciocínio, mas que no citado programa me deixou a sensação de não ter feito bem o “trabalho de casa”. Estou a referir-me a Miguel Sousa Tavares e ao programa “Em Legítima Defesa” no passado dia 3 de Junho. Na realidade só quem não conheceu Angola, Moçambique e os outros países africanos colonizados (há que não ter medo das palavras) pelos portugueses (alguns, não todos, é bom não esquecer este pormenor inportante) é que debita algumas das barbaridades que Miguel Sousa Tavares debitou nesse programa. Tal como frisou um dos intervenientes do programa, colonialistas não eram os que lá labutavam por uma vida melhor, que não tinham nas suas terras de origem, mas sim os que viviam no “puto”(continente português) e tanto colonizaram os angolanos/moçambicanos, como os própios continentais. Continentais que foram para aqueles países africanos como outros foram para França/Alemanha/Canadá ou Brasil e que se saiba não foram apodados de colonialistas. A prova de que o programa foi viciado foi o facto de se ter atacado a causa ou os alegados factores do colonialismo, e se olvidou deliberadamente a origem do colonialismo, a claque fachista que sustentava um poder corrupto e corrompido, tanto colonizava em África como no próprio continente. Outra prova da viciação do programa foi terem anunciado a votação do painel residente, contrária à indemnização do espoliado de Angola (um dos muitos milhares que ainda esperam que haja vergonha neste país, dito democrático e de direito) e ter sido sonegada a informação dos telespectadores votantes telefonicamente, que votaram 87% favoravelmente à indeminização. Se isto não é manipulação, vou ali e já venho! Foi de facto decepcionante, ver um conceituado jornalista, sabe-se lá porquê, aduzir argumentos falaciosos e querer descarregar o odioso do colonialismo numa parte das suas próprias vítimas, ignorando deliberadamente os seus maiores e exclusivos culpados, os capitalistas, nacionalistas e estrangeiros, diga-se de passagem. O curioso é que esse mesmo jornalista, poucos dias depois, no seu espaço de opinião no jornal “Publico”, demonstrou a sua admiração por uma figura impar da vida africana, Nelson Mandela. Admiração partilhada por todos os que analisam desapaixonadamente os problemas africanos. Já no programa a que nos reportamos, o mínimo que se pode dizer é que, repito, Miguel Sousa Tavares terá eventualmente feito mal o ” trabalho de casa”. Sim, porque não acredito que tenha estado nesse programa... de má fé (contra os “colonialistas” de pé descalço, esquecendo os de colarinho branco). Pois é, caro Miguel, no melhor pano cai a nódoa.

5


Angola pais adiado Jornal “O Leme” n.º 295 - Fevereiro 2000

2000

T

al como há pessoas infelizes inexplicavelmente, também poderemos dizer que também há países, ou povos, infelizes. No caso de Angola, ao qual estamos ligados afectivamente por lá termos passado os melhores anos da nossa juventude, não poderemos afirmar que é inexplicável a sua situação que torna os seus naturais ou os que para lá foram viver, infelizes. Estão mais que identificadas as causas e os autores da tragédia. As causas as suas portentosas riquezas, que vão do petróleo aos diamantes, das enormes potencialidades do seu solo e subsolo à capacidade do seu povo de criar riqueza, em tempo de paz naturalmente. Os autores da tragédia, as duas figuras macabras da expoliação dos recursos angolanos, à revelia dos seus concidadãos, José Eduardo dos Santos e Jonas Malheiros Savimbi. Como diz o ditado venha o diabo e escolha, qual deles o mais sinistro. As denúncias que têm surgido nos últimos tempos na comunicação social nacional e estrangeira faz pensar naquelas reprizes dos maus filmes doutras eras, em que os maus da fita são sempre os mesmos. O pior é que neste “filme” não se vislumbram mudanças de cenários, enredos e principalmente” actores”, o que pressupõe que os espectadores mais interessados, os angolanos, continuam a sofrer as consequências de toda a pafernália de atentados à sua dignidade e à sua natural ansiedade de liberdade e de poderem viver em paz e usufruir das riquezas do seu país que são expoliadas por uma ínfima parte dos seus governantes, que se apropriou arrogante e prepotentemente delas. É no mínimo chocante e imoral que uma espúria classe privilegiada de pseudo-governantes e aspirantes a governantes viva como autênticos nababos, enquanto a generalidade dos angolanos viva abaixo do limiar da pobreza. Subscrevo com aplausos as palavras que Xavier de Figueiredo escreveu na edição do “Público” do passado dia 5, que com a devida vénia transcrevo: “... o alinhamento com o MPLA, tipo “no return point”, que serve de mola real à política para Angola, já fez perder muitas coisas a Portugal no plano dos valores e dos interesses. A pior das perdas é, porém, a do respeito por Portugal, feito moço de fretes, disponível para tudo, até para prestar-se ao papel de bombo de festa”.

Big Brothers e Acorrentados Jornal “O Leme” n.º 319 - Fevereiro 2001

2001

D

as várias análises que tenho lido, nos órgãos de Comunicação Social de vários quadrantes, acerca da autêntica praga em que se tornaram os “reality shows”, Big Brothers e Acorrentados, nenhuma me convenceu. Vingança do Zé-ninguém comum, subversão dos valores, tirania das audiências, são algumas das acusações com que são mimoseados os atentados ao bom gosto, inteligência e paciência dos telespectadores, que quanto a mim, são aqueles programas. O baixo nível cultural de grande parte da população deste país de brandos costumes, à beira mar plantado, (não é impunemente que ocupamos o topo dos países da comunidade europeia com maior índice de analfabetismo), não serve de justificação para que as televisões comerciais enveredem pelo caminho do “quanto pior, melhor”. Porque há sempre a possibilidade de, pedagogicamente, as pessoas aprenderem a gostar do que é bom. É tudo uma questão de bom senso e bom gosto, já agora. Será oportuno trazer à colocação de um caso bem recente que aconteceu no Porto, com as exposições inauguradas no Museu de Serralves, em que autênticas multidões ali se têm deslocado, precisamente porque elas são de qualidade. É falacioso a opinião de certos “iluminados”, de que o “povo” não sabe apreciar o que é bom, o “povo” gosta é de coisas ligeiras. Nada mais falso, nada mais injusto. As pessoas sabem apreciar o que é bom, as pessoas gostam de qualidade, o problema é que sempre foram sonegadas do seu direito de ter acesso à cultura. Antes do 25 de Abril, por opção de uma classe política apostada, precisamente, no atraso do seu povo, depois dessa data por nunca ter havido uma aposta clara numa política cultural coerente. É chocante o despudor com que as televisões comerciais exploram os baixos instintos e “voyeurismo” das pessoas, exploram a ingenuidade das crianças, insistindo em colher as suas opiniões acerca de programas, que nada acrescentam à sua cultura e ao seu desenvolvimento como seres livres. Não é com programas do nível “cultural” do Big Brother ou Acorrentados que recuperamos o atraso em relação aos nossos parceiros comunitários, mas com a conjugação de esforços das famílias e dos educadores, no sentido de ensinar os jovens a gostar do que é formativo e de qualidade.

6


Tenham maneiras Jornal “O Leme” n.º 348 - Maio 2002

2002

U

m dos mais arreigados defeitos do português que se ´sente´ com algum poder, que qualquer pessoa minimamente inteligente sabe que é sempre transitório, é o de se convencer que pode fazer dele, poder, o que bem lhe apetece, sem curar de dar contas aos outros. Há uma frase no nosso vocabulário popular que define essas situações: «têm o rei na barriga». Duas demonstrações dessa peculiaridade obtusa aconteceram recentemente, que não são de deixar passar em claro. A primeira e mais grave, quanto a nós, foi a ´birra´do ´manda-chuva´da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, que do alto da sua ´importância´ resolveu que o Presidente da República ´tinha a obrigação´de alterar a sua agenda para ir assistir, a um treino dos craques do pé na bola, em Macau. Vai daí, “ofendido”com a recusa, determina que a selecção não se despediria do Primeiro Magistrado da Nação. Não é que Jorge Sampaio, supomos, dê tanta importância ao sucedido a ponto de se sentir ´ofendido´ com a desfeita, apesar das provas dadas de que é um apaixonado pelo futebol, pelo Sporting e naturalmente pela selecção nacional, nós cidadãos comuns do país é que nos devemos sentir ofendidos, por um ilustre desconhecido arvorado em gente, por ser transitoriamente presidente da Federação Portuguesa de Futebol, tenha tido o topete de proceder tão incorrectamente para com o Presidente de todos os Portugueses. Portanto, tenha maneiras senhor Gilberto Madaíl! O outro caso também não é para ficarmos menos indignados, quando um governo que prometeu mundos e fundos, (como é habitual), na primeira oportunidade que é “crontrariado”, resolve pura e simplesmente “borrifar-se” para as leis, que jurou cumprir, e não está com meias medidas, não lhe agradou uma votação, muda... a Lei. A partir daqui podemos esperar mais ”borrifadelas” (para as leis), o que não augura nada de bom. O mais insólito da questão é que foi um dos partidos da actual coligação, o PSD, muito bem acompanhado neste caso da RTP pelo seu ´inimigo´ de estimação PS, os dois em conjunto os culpados da situação a que a RTP chegou. Para além de não assumirem tão desastrado resultado das suas gestões, (lugares para os “boys” e afilhados a isso obrigava), ainda têm o desplante de culpar os trabalhadores e/ ou os gestores ( por eles nomeados ) da bagunça a que a RTP chegou. Portanto, mais uma vez, senhores políticos, tenham maneiras, que o Povo não é tão néscio (salvo seja) como voçês pensam.

Surrealismos Jornal “O Leme” n.º 370 - Maio 2003

2003

A

propósito da visita que a embaixada cultural italiana do Coro António da Vecchi fez à nossa região, em retribuição à que o Coral Harmonia havia feito o ano passado à região de Veneza, detectámos algumas situações, no mínimo insólitas, que não podemos deixar de denunciar. Muito embora o dia em que se visitou a cidade museu de Évora, ser o feriado do 25 de Abril, não se entende lá muito bem porque estavam encerrados a quase totalidade dos estabelecimentos, tendo tornado impossível aos coralistas a compra de recordações da cidade e região, como é o apanágio de quem visita um país qualquer, principalmente peças de artesanato, e disso deram mostras de desagrado. Para mais quando tivemos a oportunidade de comparar com o que nos aconteceu em Itália, onde o Turismo é só uma dos fortes fontes de receita. Quando se apregoa que o Turismo é uma das vertentes que nos permitirá ultrapassar a crise, não é com os estabelecimentos encerrados que se faz negócio. Ainda a propósito de Évora, podemos acrescentar que outra situação manchou a visita, os sanitários do Jardim Público estavam simplesmente impróprios para utilização, não nos convencendo a justificação que o próprio presidente da autarquia que casualmente, encontramos no Jardim, adiantou, em relação à dificuldade de resolver a situação. Felizmente que o Templo de Diana e a Sé de Évora deixaram os nossos visitantes satisfeitos. Na visita que, no mesmo dia, se fez à Vidigueira se o que viram na Adega Cooperativa despertou o seu entusiasmo, principalmente a prova dos excelentes vinhos, bem acompanhados por produtos regionais: chouriço, queijos, torresmos e bom pão alentejano, já não lhes agradou não lhes ter sido possível adquirir o vinho que tanto apreciaram, precisamente porque … era feriado. O que valeu foi a situação ter sido ultrapassada com compras nos supermercados, não tendo faltado o “bacaláo” português que foi o petisco que mais apreciaram. Não restam dúvidas que muito há reformular se queremos ser um país de destino turístico.

7


8


O equilíbrio instável Jornal “O Leme” n.º 402 - Outubro 2004

2004

O

1.º Seminário sobre Sistemas Lagunares que decorreu de 30 de Setembro a 2 de Outubro em Vila Nova de Santo André, confirmou algumas das preocupações que muitas pessoas e entidades têm em relação ao equilíbrio, cada vez mais instável, que é preciso manter entre a necessidade de desenvolver as regiões que envolvem esses sistemas, tão sensíveis como são os sistemas lagunares, sem que esse desenvolvimento venha a por em causa a sua existência. Não é problema que afecte apenas o nosso país, porque de um modo geral em vários pontos do globo, se questiona o que é mais importante, se o desenvolvimento a qualquer preço ou a continuidade da biodiversidade de importantes parcelas de território, que devido à sua especificidade, necessitam de serem preservadas, para salvaguarda das gerações vindouras. Não é novidade também que se movimentam à volta dessas parcelas grandes interesses económicos, que fazendo valer muitas vezes o seu poderio, respaldados por entidades que “esquecem” da sua missão de salvaguardar o património que é de todos, cometem verdadeiros atentados irreversíveis, com consequências desastrosas. Bom seria que o nosso país aprendesse nesse aspecto com a experiência dos outros países e não cometesse os mesmos erros. Foi gratificante constatar que no seminário a que nos estamos a reportar, muitos jovens técnicos e investigadores da área do ambiente, se encontram empenhados em projectos vocacionados para a salvaguarda do nosso património, assim não lhes falte o indispensável apoio das entidades oficiais e institucionais, com vista a que cumpram a sua missão, em que se notou estarem todos imbuídos da importância da sua missão, para o futuro da qualidade de vida na nossa terra. Bem hajam por isso. Gratificante foi também ouvir o presidente do Instituto da Conservação da Natureza salientar a importância das três lagoas da nossa região, Santo André, Sancha e Melides, no cômputo do sistema lagunar do nosso país.

Deixa-me rir ..... Jornal “O Leme” n.º 408 - Janeiro 2005

2005

G

losando uma canção do Jorge Palma, apetece de facto dizer “Deixa-me rir”, a propósito da notícia do “Público”, do passado dia 24, e citamos «...o Ministério da Educação está a estudar, (muito estuda aquela gente, o resultado é que é no mínimo desastroso), a integração obrigatória da disciplina de Inglês no 1º ciclo, para que as crianças comecem a aprender esta língua a partir dos sete, oito anos». É reconhecido internacionalmente que os nossos alunos, não por culpa deles, claro, estão entre os que apresentam mais dificuldades em determinadas disciplinas, com destaque para a Matemática, e em todos os graus do ensino. Será oportuno perguntar porque razão? A razão principal é que desde o 25 de Abril já se perdeu a conta às “reformas” do ensino, no nosso país. Só que, e aqui é que está o busílis da questão, nenhuma chegou ao fim, porque cai o governo ou muda o Ministro, interrompe-se a reforma em curso e “inventa-se” outra reforma, e até hoje, que se saiba nenhuma chegou ao fim. Se é público e notório que os nossos alunos abandonam a escola, e até chegam à Universidade e nem sequer escrever e mesmo falar bem... o Português, sabem, como é que as “luminárias” do Ministério da Educação, querem “a martelo”, pôr as crianças das nossas escolas, do 1º ciclo, a escrever e falar... Inglês (?), sabendo-se que têm as dificuldades que se conhecem, da sua língua materna, face aos métodos de ensino que lhes são ministrados? Ninguém naquele Ministério pensou neste problema? Não me admiro, que os burocratas que decidem do alto da sua sapiência, no remanso dos seus gabinetes, na capital, e muitas vezes nem conhecem o país real, ainda não se tenham preocupado com essas ninharias. E o resultado é o sabido, estamos como em quase tudo, no fim das listas dos países desenvolvidos. Até quando?

9


10


Panela de barro vs. panela de ferro!!! Jornal “O Leme” n.º 449 - Outubro 2006

2006

M

al 'acomparado', como diria o patrício alentejano, essa história dos investimentos espanhóis em Portugal (já que os investimentos portugueses em Espanha não devem fazer 'mossa' que cheire), faz lembrar a história da panela de barro e da panela de ferro, em que a primeira terá dito à 'vizinha' “...chega para lá, não me mascarre” e a resposta foi a outra ter-lhe dado um encontrão e lá se foi... a panela de barro. Este intróito para abordar uma noticia recente a propósito da denúncia da QUERCUS do derrube, no Alentejo, de cerca de...600 azinheiras e sobreiros, por acaso, espécies protegidas por legislação própria. Autor da façanha, um senhor proprietário, por acaso, Espanhol, que como muitos dos seus compatriotas, descobriram um Brasil cada deste lado, uma vez que compraram vastas propriedades, principalmente no Alentejo, (só podia ser), e vá de plantar olival intensivo, uma vez que na terra deles, Espanha, estão PROIBIDOS pela Comunidade Europeia de plantar mais olival. O mais escabroso do caso é que essas plantações, são feitas à custa do derrube de espécies protegidas, e mais, são subsidiadas pela Comunidade Europeia, dado que o nosso país ainda não terá esgotado as suas quotas. Como diria o outro, é tudo prejuízo! Se mal pergunte, o que é que as nossas entidades (ir)responsáveis (?) têm a dizer sobre o assunto? Calhando, NADA! Mais a mais tratando-se de casos que metem nuestros hermanos, que não 'convêm'...afrontar, ainda se fossem portugas! Antevejo ainda um outro prejuízo, o azeite desses olivais intensivos vai degradar o nível de excelência que os azeites do Alentejo, produzidos por métodos menos agressivos, e que alcançaram fama em todo o mundo. Vem à colação as dificuldades de alguns investimentos portugueses em Espanha, como nos casos da rede eléctrica, em confronto com investimentos espanhóis em Portugal, nomeadamente na privatização de algumas empresas portuguesas, como a Galp Energia, telecomunicações, entre outras. Não querendo ser apodado de derrotista, acho que temos o que merecemos, já que nem o que é nosso sabemos preservar.

É só saúde ...!!! Jornal “O Leme” n.º469 - Setembro 2007

2007

É

só...saúde, é hábito dizer-se quando as coisas correm de feição para certos “empreendedores”...à custa do erário público, ou da sua “ultrapassagem”. Dois casos estão por estes dias a levantar grossa polémica, e não é caso para menos, se não vejamos. Um passivo ambiental acumulado no Aterro Sanitário do Pinhal do Concelho, em Santo André/Santiago do Cacém, há cerca de dezena e meia de anos, calculado entre 140 e 170 mil toneladas de lamas oleosas, proveniente das unidades industriais do complexo de Sines, tem andado em bolandas, porque se adivinha um negócio chorudo, e tudo se conjuga para, mais uma vez, não se decidir pela melhor solução, mas pela solução que alguns “patriotas” mais chegados ao poder, tudo farão para que seja decidido a seu favor, mesmo e apesar de ficar mais caro ao erário público. E o mais escandaloso é a persistência com que os nossos governantes insistem com o “Zé Povinho”, que é preciso poupar porque o país está em... crise!!! O outro caso também é exemplar pela “preocupação” dos nossos governantes, com a qualidade de vida e a saúde dos seus concidadãos, no que respeita aos “benefícios” advindos da passagem, junto às respectivas habitações, dos cabos de alta tensão que a EDP espalha por todo o país. Sem dúvida que o transporte da energia eléctrica é indispensável, mas também é indispensável que se evite, tanto quanto possível, atenuar os efeitos maléficos para a saúde, muito discutidos mas sem “certezas” convincentes, que esse transporte acarreta, porque mesmo que tal acarrete investimentos onerosos, a saúde da população não têm “preço”, ou não o deve ter. Mais a mais num país em que os cuidados de saúde deixam tanto a desejar, tanto no que respeita à abrangência como à “gratuitidade”, especialmente aos mais...desfavorecidos economicamente. Aguardamos serenamente mas com expectativa, o que irá decidir em ambos os casos, o “nosso” governo, muito empenhado em resolver tudo com o inefável... Simplex!!! Que mais parece resultar em Complex!!!

11


12


Aqui del'rei!!! óh da guarda!!! Jornal “O Leme” n.º 489 - Julho 2008

2008

C

alhando ainda teremos que pedir ajuda a mais alguma entidade ou divindade que nos acuda, 'porque a coisa aqui está preta', como canta o brasuca, que pessoalmente muito admiro, Chico Buarque d'Holanda, numa das suas canções mais inspiradas. Como poderemos estar seguros de que nada nos acontece, que ponha a nossa integridade física em perigo, quando acontece o inenarrável de os Juízes do Tribunal de Santa Maria da Feira, serem violentamente agredidos por dois meliantes, traficantes de droga, (só podia ser), que acabavam de ser condenados a penas de prisão, pelas suas “boas acções”, claro. Para começar é preciso esclarecer que o caso não se passou nas instalações do próprio tribunal, uma vez que o dito cujo, está em ruínas e precavendo pior resultados, o Tribunal mudou-se de “armas e bagagens”, salvo seja, para o quartel dos bombeiros da cidade. Aliás armas era o que havia pouco, tal como policia e GNR, porque tiveram de pedir reforços para não acontecer o pior, mais agressões e quiçá mais alguma tragédia. Na realidade este país, que já foi de brandos costumes, está a caminho de reeditar as “gloriosas” façanhas do 'Far West' americano, do século XIX. A Justiça, que em qualquer país decente, é uma instituição respeitável e respeitada, em Portugal é, no mínimo, tratada, sem ofensa, com “os pés”!!! Vem a talhe de foice aduzir mais dois exemplos, ligados ao mesmo tema. Na edição do “Público” do passado dia 22 – “…PSP deteve suspeitos de carjacking. Dois jovens de 19 anos, na zona do Cacém, roubaram um automóvel e agrediram a condutora. Presentes ao Tribunal de Cascais foram 'agraciados'…com as medidas de coacção (?), de apresentações semanais na esquadra da área de residência”. Pois!!! É para aprenderem…a ter juízo!!! Na edição do dia 24, outra “pérola”, “…Tribunal de Guimarães funciona em edifício fantasma!!! (há,há,há). O prédio não existe na conservatória nem nas Finanças. Mesmo assim, o Ministério da Justiça arrendou 'prédio urbano composto por seis pisos'. 'Prédio urbano' de que o Estado pagará 4 milhões de €uros, em 10 anos, pela renda do imóvel, que a 'Algarvau' comprou por…2 milhões”. Mais palavras para quê?!!!

Este “fascismo” é pior que o outro!!! Jornal “O Leme” n.º 510 - Junho 2009

2009

P

essoa amiga, que sempre admirei pelo seu sentido crítico, deu-me umas dicas que lhe agradeci, inclusive o próprio título desta despretensiosa, mas oportuníssima crónica. Dizia-me ele “…nos meus tempos de menino e moço, anos 40, quando ia à horta do meu avô, adorava vê-lo regar as couves, árvores de fruto e outras coisas mais, com água de um poço onde nunca faltava água. Nos dias de hoje em que agricultura no nosso país é a desgraça que todos conhecemos, visto estar em vias de extinção, os nossos (des)governantes o apoio que prestam à agricultura e aos agricultores (uma espécie também em vias de extinção), é sobrecarregá-los com normas e coimas, para quem já tem a vida complicada. Já agora o que se tem feito para nos tornarmos auto-suficientes em frutas, legumes e cereais, para deixarmos de importar, de toda a parte do Mundo, o que sempre produzimos no nosso país, apesar das (des)ajudas dos “burro”cratas dos nossos (des)governos?”. Nada a acrescentar, da parte do articulista!

LUGAR AO SUL Ouvinte assíduo deste excelente programa radiofónico da Antena Um, há largos anos, não posso deixar de prestar as minhas mais sinceras homenagens ao seu mentor, Rafael Correia, que é pena não ter quem o acompanhe na sua meritória missão de divulgar a verdadeira cultura popular, registando testemunhos únicos dos verdadeiros poetas e cantores populares. Testemunhos que não fora a sua patriótica missão, registando-os para memória futura, e que sem esse trabalho meritório se perderiam para sempre. Com os votos de que por muitos mais anos, nos delicie com a verdadeira poesia e cantares da alma do nosso povo, reitero as sinceras felicitações e homenagens, do alentejano.

13


14


País surrealista!!! Jornal “O Leme” n.º 524 - Janeiro 2010

2010

Q

ue ideia!!!

Respigando notícias de vários jornais nacionais, acrescidas de “dicas” de pessoa amiga, uma breve lista de casos do “arco da velha”, deste país à beira mar plantado…e esquecido dos deuses!!! À semelhança de outros países nossos parceiros comunitários, onde têm acontecido casos de sobre dosagem de radiações usadas, normalmente em casos de doenças cancerosas, entre outras, mas onde existem Comissões Independentes para a Protecção Radiológica e Segurança Nuclear, em que se registaram e lamentaram dezenas e mesmo centenas de mortes, neste nosso país de “brandos costumes”, a congénere nacional, existe mas…não tem poder regulador. Bruxo!!! O nosso “promero” anunciou recentemente a abertura de 500 creches, de norte a sul do país. Pois, com as leis do aborto em vigor, com as maternidades a fechar, com os incentivos que se conhecem aos jovens casais, por parte das “mãos largas” da nossa (in)Segurança Social, acabarão por ter de “inventar” ocupação…para tantas Creches!!! Ainda o mesmo governante, em visita ao norte foi fotografado com lágrimas nos olhos (por causa do frio), se mal se pergunte, será que se lembrou…dos sem abrigo, que “sobrevivem” sabe Deus como?!! Num país que chegou ao desplante de “sufocar” a sua agricultura, e hoje importa tudo de todo o mundo, dá-se ao luxo de mandar destruir milhares de alfobres de sobreiros e outras árvores prontos para serem transplantadas, porque não houve “tempo” de preparar os terrenos para se recuperar a carência de árvores, que todos os anos são dizimadas por incêndios, a maior parte de origem criminosa. Choca a insensatez com que se autoriza que o Escudo, símbolo da Bandeira Portuguesa, seja aplicado nas …bolas de futebol e se ande aos pontapés com ele. Sugerimos que seja substituído pela “fronha” do responsável de tal disparate!!!

A troika do nosso descontentamento Jornal “O Leme” n.º 559 - Julho 2011

2011

S

inal dos tempos é a insensibilidade com que os “manda-chuva” da política medem os países pela mesma bitola, sem atender ao seu passado, no caso de Portugal, país dos mais antigos e com um passado que lhes devia merecer mais algum …respeito! Mas é sabido que neste mundo desvairado em que vivemos, muito tens muito vales, nada tens nada vales. É chocante mas é o que acontece, infelizmente! Para além do facto de pudermos questionar as escolhas do anterior (des)governo, que fez orelhas moucas a todos os avisos dos vários quadrantes políticos e que virou as costas e deixou a “batata quente” para o governo que o substituiu, é preciso não esquecer que o “filme” está mal contado. Melhor dizendo, a situação chegou ao ponto de ruptura porque alguns políticos, principalmente dos países mais poderosos economicamente, só se preocupam com os seus interesses e estão-se nas “tintas” para os países “michurucas”, que só lhes interessam para garantir as suas mordomias. Como as agências de rating que manobram os mercados monetários internacionais, estão dominados pelos “vampiros” dos países mais desenvolvidos (até no gamanço) não há volta a dar, a não ser um levantamento internacional que ponha cobro a esta pirataria dos tempos modernos. Com a devida vénia socorro-me do excelente artigo de opinião, que a conceituada jornalista Teresa de Sousa publicou no jornal “Público”, do passado dia 10, sob o título “A República, que não é lixo, agradece”, em que dissecando todo o embróglio que tem acompanhado o caso das agências de rating, afirmou “…as agências podem parecer 'americanas', mas, na realidade, não têm pátria e emitem valorações desagradáveis para os países europeus, como antes emitiam para os países da América Latina ou da Ásia ou como o fazem para as empresas chinesas ou brasileiras. Têm critérios distintos para tratar os Estados Unidos (a braços com uma dívida colossal) ou os países europeus a braços com a crise da dívida soberana, porque os Estados Unidos são um poder político forte, e a Europa não consegue ser verdadeiramente Europa. Tratam diferente o que é diferente. Apostam na incapacidade europeia para resolver a crise dos países periféricos, deixando-os à sua sorte, porque a União Europeia passou um ano a provar que não quer resolver a cries dos países periféricos. O que a decisão da Moody's teve de bom é que foi uma espécie de toque a rebate. Pode ser que a Europa acorde. A Republica, que não é lixo, agradece”. Voltaremos ao assunto, porque ele é dos mais pertinentes na conjuntura actual!

15


16


República das bananas? já faltou mais!!! Jornal “O Leme” n.º 577 - Maio 2012

2012

D

uas notícias recentes confirmam a suspeita de já termos atingido o escalão, das Republicas das Bananas, apesar dos nossos “amigos” (salvo seja), da Troika, quiçá por sua…ORDEM! No nosso “confrade” Correio da Manhã do passado dia 22, “Reformas Milionárias custam 250 Milhões por ano”, em título; em parangonas: “Mais 396 pensões douradas” e em subtítulo “No final de 2011 havia 5.235 aposentados com reformas acima de Quatro Mil Euros por…mês, nomeadamente, Magistrados, Docentes Universitários, Diplomatas e Administradores Hospitalares. Ao todo, reformaram-se 23.617 funcionários públicos”. Sabendo-se os cortes que quase diariamente se conhecem nas despesas com a Saúde, com a (in)Segurança Social, com o apoio aos mais carenciados, é no mínimo estranho, para não dizer escandaloso, que haja “classes” imunes …à crise. Poucos dias depois outra notícia confirma que, tratando de se garantirem privilégios próprios, os nossos inefáveis políticos afinam todos pelo mesmo diapsão, uma vez que foi aprovado por todos os partidos, com assento na Assembleia da República, a manutenção dos Subsídios de Férias e de Natal de …TODOS OS DEPUTADOS!!! Lá diz o ditado popular: “…quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é BURRO, ou não tem ARTE”. Curioso o comentário de pessoa amiga: “… à semelhança do que foi justificado para a TAP, também agora devem vir informar que havia o perigo de fuga destes “cérebros” todos para o estrangeiro”. Bingo! Já agora só mais esta achega! Embora o Carnaval já tenha passado no calendário, ainda se fazem, neste país de faz de conta, que continuamos a ser, certas cegadas, como o que se passou com as comemorações dos 38 anos do 25 de Abril, em que alguns protagonistas desse dia memorável, manifestaramse, provavelmente com razão, ofendidos com o trabalho dos deputados e se recusaram a comparecer nas comemorações na Assembleia da República. Nesta altura do “campeonato”, mesmo que houvesse quem se disponibilizasse para uma eventual “repetição” do 25 de Abril, a sua eventual realização seria, no mínimo, problemática!

Lá vamos cantando e rindo… Jornal “O Leme” n.º 597 - Março 2013

2013

A

atual situação política deste nosso (?) país à beira-mar perdido e esquecido, quiçá dos deuses, mas principalmente dos nossos (des)governantes, não augura nada de bom e, pessoalmente fez-me recordar a minha infância, nos idos anos 50 do século passado, em que nós eramos OBRIGADOS a não faltar à lavagem cerebral dos exercícios de uma das marcas do regime de então, a célebre Mocidade Portuguesa, em que das inúmeras “lavagens cerebrais” recordo o hino “Lá vamos cantando e rindo, levado, levados sim”, e por aí fora. Claro que os jovens de hoje já não não são massacrados com essas lavagens cerebrais, mas que todos nós continuamos a ser levados, e de que maneira, por uma cáfila de políticos que nos sugam o nosso sangue, nunca souberam o que custa a vida, porque viveram sempre sem dificuldades económicas, prestam-se a todos os desaforos, obedecendo cegamente aos mais infames desaforos dos nossos “amigos” da “Troika”. Há uma célebre frase de um governante do inicio da revolução do 25 de Abril, que afirmou ao deparar-se com uma manifestação popular “… calma, calma, que o POVO é pacífico”, mas nos dias de hoje tenho sérias dúvidas que tal aconteça, porque o POVO está saturado de tanta iniquidade e desespera de não ver futuro para si e para os seus filhos, e pode muito bem acontecer que chegue a …vias de facto!!! Quem avisa, amigo é! P.S. O inefável Presidente da República continua a ficar mal ,,, na fotografia, porquanto continua a achar que o (des)Governo, está a trabalhar (?) … BEM! Feitios!!!

17


18


O rosário repete-se! Jornal “O Leme” n.º 634 - Novembro 2014

2014

N

ão é uma vergonha o que se passa com a Educação em Portugal? Isto até parece brincadeira… Mas… infelizmente não é… Lá continuamos nós com os problemas na Educação… A meio do primeiro período de aulas e ainda há mais de 100 professores para serem colocados nas escolas! Então e os alunos? O que fazem os alunos nos seus tempos ditos de aulas, que são agora tempos livres por falta de professores? O que fazem os alunos à matéria que ainda não deram, que não podem sozinhos estudar por falta dos professores que obrigatoriamente lhes deveriam estar a ensinar? A educação é um direito universal, certo? Os Direitos Humanos e os Direitos da Criança assim o preconizam, certo? Sendo um direito universal que afecta tantos milhares de crianças e jovens a nível nacional, é inadmissível que os problemas envolvendo o ensino persistam, não se antevendo uma resolução condigna para os próximos tempos. Sim, porque mesmo que os professores em falta venham a ser todos colocados ainda este ano, as aulas perdidas e as matérias não aprendidas pelos alunos já não terão forma de serem compensadas e recuperadas. Esta lamentável situação compromete fortemente o futuro destas crianças e jovens, que deveriam estar com método, empenho, dedicação e entusiasmo a aprenderem as ferramentas e os conhecimentos necessários para a sua formação a fim de poderem alcançar um futuro melhor. E são os adultos deste país, com as suas inenarráveis incompetências que estão a minar e comprometer a educação destas crianças, agora e certamente das gerações mais próximas. É incrível que tendo o 25 de Abril de 1974 trazido tantas melhorias ao povo português, passados 40 anos ainda andamos em bolandas com a questão da Educação em Portugal, porque cada ministro e/ou secretário de estado da educação lembra-se de “tentar melhorar” a Educação em Portugal… Mas, passados 40 anos, parece que ainda andamos a ser alvo de experimentações na Educação, e num horizonte próximo não se vislumbra a estabilidade necessária e devida às nossas crianças e jovens, que são o garante do nosso futuro, do futuro de Portugal. Quem terá coragem para colocar um basta nestes imbróglios todos e trazer à Educação em Portugal a dignidade que lhe é devida?

Liberdade(s) Jornal “O Leme” n.º 639 - Janeiro 2015

2015

A

liberdade de expressão e a liberdade religiosa são duas realidades que mais expressividade têm nas sociedades. Por uns motivos ou por outros, nem sempre bons e algumas vezes maus, são temas que recorrentemente vão surgindo nos meios de comunicação social. Os atentados em França foram mais um alerta para as constantes ameaças à(s) liberdade(s), infelizmente com tantas vítimas. Enquanto a humanidade não se respeitar plenamente em todas as suas diferenças, e enquanto não se envidarem esforços suficientemente claros e incisivos para o reforço da e das liberdade(s), começando com uma educação inclusiva desde a mais tenra idade, e reforçada ao longo da vida quer pelas famílias quer pelas entidades constituintes de toda uma sociedade, a liberdade, as liberdades continuarão a ser alvo de toda a espécie de ataques. A nossa sociedade portuguesa viveu muitos anos privada da sua livre liberdade de expressão. Uma sociedade sem liberdade de expressão, é uma sociedade de "cordeirinhos", expressando-se a uma só voz - a voz da opressão. Que fazemos nós para garantir que a liberdade de expressão que vivemos agora, se irá firmemente manter? Por cá, este alentejano continuará a tentar defender a liberdade de expressão com as suas "Crónicas da Beira-Mar".

19


crรณnicas

Beira Mar da

20



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.