5ª Edição da Revista Digital Olhares

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Edição 5

E se...

Acadêmicos e funcionários da Univali realizam seus sonhos por um dia

SCMC

Confira a capsule collection criada pela Univali na 7ª edição

Bienal de Design em Santa Catarina Oba! Fique por dentro dos preparativos

Vida de Estudante Na Univali, estrangeiros complementam sua formação em Design


Olhares Múltiplos Revista Digital dos Cursos de Design da Univali Direção geral Bianka Cappucci Frisoni Edição e revisão Graziela Morelli Direção de arte e diagramação Mary Meuruer e Arina Blum Projeto Gráfico Mary Meurer Arina Blum Thiago Boller Laila Gebhard da Rosa Fotografia Euclydes Da Cunha Neto Vitor Luiz Ebel Redação Tabata Kadur Vera Lúcia Sommer Graziela Morelli Bianka Capucci Frisoni Arina Blum Colaboradores Lucélia Silvestri Luís Eduardo Moser Yasmim Fassbinder de Oliveira Ulisses Serafim Contato Campus Balneário Camboriú Bloco 04 - 1o andar 5a Avenida s/n Bairro dos Municipios CEP 88337-300 Balneário Camboriú - SC Telefone: (47) 3261-1235 contato@designunivali.com www.designunivali.com


Editorial Brasil, meu Brasil brasileiro! O país que está na crista da onda, que se transformou no assunto do momento e que parece que alcançou o lugar ao que eu sempre ouvia quando era criança “Brasil é o país do futuro!” é nossa inspiração para esta edição. Para muitos de nós, brasileiros, que enxergamos uma série de problemas relacionados a educação, saúde etc pode ser que não conseguimos conhecer esse “Brazil” visto de fora, mas o fato é que o mundo olha para o que o Brasil faz. O sociólogo Michel Maffesoli fala que o Brasil é um laboratório vivo da pós-modernidade. E é esse Brasil, não apenas aquele do samba, da caipirinha e do futebol que se tornou inspiração para a 5a edição da revista Olhares Múltiplos, mas sim aquele Brasil criativo, contemporâneo, das artes, da cultura e do design. O tema “O Brazil não conhece o Brasil/ O Brasil nunca foi ao Brazil” referenciado dos versos da letra de uma música de Aldyr Blanc serviu de inspiração para os acadêmicos dos cursos de Design da Univali durante o primeiro semestre de 2013 e também a nós para desenvolver essa edição. A capa, produzida a partir do trabalho do artista Emanuel Nunes, já traz uma ideia do que pretendemos. A revista está recheada de coisas boas e produções muito brasileiras! Na Prata da Casa entrevistamos ex alunos dos cursos de Design Industrial, Gráfico, Moda e Jogos que já estão no mercado se destacando. Na seção dos TGIs destacamos alguns dos melhores TGIs dos quatro cursos apresentados no primeiro e segundo semestres de 2012. E a participação dos acadêmicos não termina aí. Na seção Mostraí publicamos trabalhos autorais de fotografia e ilustração desenvolvidos por eles e em Imagem e Ação apresentamos 4 editoriais de moda produzidos nas disciplinas de Fotografia e Produção de Moda mas também um deles que mostra os looks criados para a sétima edição do Santa Catarina Moda Contemporânea. E ainda falando de acadêmicos resolvemos conhecer mais sobre os estrangeiros que andam circulando pela Univali. Nos últimos anos os cursos de Design têm recebido vários alunos estrangeiros (assim como nossos alunos também têm ido para fora) e resolvemos então descobrir o que os trouxe até Santa Catarina, em particular, a Univali. 2013 é um ano especial para o Design na Univali e em Santa Catarina. Na Univali porque comemoramos 15 anos da abertura do curso de Design Industrial e em Santa Catarina porque iniciamos os preparativos para a Bienal de Design que acontece por aqui em 2015. E esses dois são temas abordados na revista de forma muito especial. Não deixe de conferir. E, para fechar com chave de ouro, voltamos para a seção E se… que se aprofundou nos desejos de professores, alunos e funcionários da Univali que se transformaram por um dia naquele personagem que sonhavam em se tornar um dia. Um luxo! Não deixe de conferir tudo, curtir e compartilhar! Esperamos que goste!


revista olhares mĂşltiplos


Artista da capa Emanuel Nunes

A obra que aparece na capa desta edição da Olhares Múltiplos é trabalho do escultor Emanuel Nunes, nascido em Moçambique e formado em Belas Artes em Lisboa. Especialista em fundição e estruturas metálicas e civis, é proprietário da FUNDARTE e suas obras podem ser encontradas em museus e espaços públicos e privados espalhados pelo mundo. Depois de uma passagem pelo Brasil em 2005, o artista se apaixonou pelo país e hoje vive em Balneário Camboriú, cidade onde abriu seu ateliê. Além de escultor profissional, Emanuel é também vice-presidente da Associação de Artista Plásticos e Preservação do Meio Ambiente (ACAPPMA) e membro representante da Fundação de Artistas.

Obra: Reclinada, 2007 O

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Sumรกrio 76


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Fernando dos Santos Cardoso Design Gráfico 8º periodo Aquarela sobre papel

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TGI O Trabalho de Graduação Interdisciplinar TGI dos cursos de Design da UNIVALI é uma atividade prática de projeto gráfico, desenvolvida pelos acadêmicos no último período do curso como requisito parcial para a conclusão da sua graduação. O TGI consiste no desenvolvimento de um projeto individual completo, onde o aluno deve integrar os conhecimentos adquiridos durante todo o curso nas diversas disciplinas e atividades de pesquisa, extensão e estágio. Os projetos são apresentados publicamente e defendidos oralmente perante uma Banca Examinadora, que procede a sua avaliação, sempre objetivando a adequação às áreas do Design Gráfico, Industrial, Moda ou Jogos. A seguir são apresentados os TGIs que se destacaram no ano de 2012. São projetos desenvolvidos para diversos segmentos e representam a inovação, tecnologia, criatividade e preocupação social presentes nos cursos de Design.

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TGI Gráfico Fotografia The Asperger Syndrome – Photography Project Aluno: Max Yan Orientadora: Profa. Bianka C. Frisoni

O projeto aborda através da fotografia e intervenção gráfica, as características dos portadores da síndrome de Asperger. A análise das informações obtidas deu origem a uma série de obras fotográficas, de forma autoral e criativa.

Ilustração Desenvolvimento de uma linha de estampas baseadas nas canções dos Beatles Aluno: Anderson Lisboa A. Alves Orientadora: Profa. Bianka C. Frisoni

O projeto tinha o objetivo de elaborar ilustrações manuais para uma linha de estampas de camisetas com inspirações nas canções dos Beatles, com linguagem de rock. Percebeu-se uma oportunidade no mercado de moda na área de estamparia, a fim de atender um público específico com necessidades de camisetas relacionadas ao mundo da música e da arte.

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TGI

Editorial Livro Infantil Interativo Aluna: Daiara S. Rotava Orientadora: Profa. Mary Meürer

Este projeto teve como objetivo a criação de um livro infantil interativo para crianças de 4 a 7anos, utilizando metodologias do Design Gráfico. A temática abordada para a criação do livro é o Dia das Bruxas e o conceito fun/infantil.

Embalagem Embalagem para Cupcakes Aluna: Kelly A. Faria Orientador: Prof. Marco Aurélio Dos Santos

O propósito deste projeto foi desenvolver embalagens para os cupcakes da marca AnaCake. O projeto de embalagem se justifica pela necessidade de conservar, guardar, transportar e proteger os cupcakes. A embalagem pode contribuir com o aumento de vendas, por ser classificada como uma mídia extremamente dirigida e ferramenta de marketing.

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TGI Moda Estampas Coleção Like a Stone Aluna: Joseane R. dos Santos Orientadora: Profa. Daniela de Aquino

O projeto propõe o desenvolvimento de uma coleção de estampas destinadas ao público feminino para a marca Like a Stone, tendo como temática de inspiração a artista Frida Kahlo e o Dia dos Mortos comemorado no México.

Slow Concept Dessá: uma coleção slow fashion com estilo contemporâneo Aluna: Andressa Dallazen Orientadora: Profa. Graziela Morelli

O objetivo desde projeto foi criar uma coleção destinada ao público feminino definido como “singular woman”, apropriando-se do conceito de slow fashio. As peças possuem shapes e cores que buscam assimilar qualidade e maior vida útil, resultando numa proposta de consumo consciente através de itens versáteis e atemporais.

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TGI

Sapatos Coleção de calçados femininos inspirados no ataque a Pearl Harbor Aluno: Cloves Dos Santos Durães Orientador: Profa. Bianka C. Frisoni

A proposta deste projeto foi a de desenvolver uma coleção de calçados femininos tendo como tema de inspiração o ataque a Pearl Harbor. A coleção foi direcionada em duas linhas, uma com a visão americana e outra a visão japonesa do acontecimento. Além disso, foram pesquisados materiais dos anos 40 e objetos usados na Segunda Guerra Mundial, adequados às tendências e aplicados no projeto.

Coleção Asgard Coleção Asgard para a marca Irion Aluno: Francielle Borges Irion Orientador: Profa. Egéria H. Borges Schaefer

O projeto teve como propósito desenvolver uma coleção, denominada Asgard, para o público feminino voltado ao segmento casual/chique. A coleção seguiu as macrotendências previstas para a Primavera/Verão 2012-2013, inspirada nos elementos de cena e figurino do filme Thor.

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TGI Industrial Acessório Fisioterapêutico Acessório destinado a auxiliar o tratamento da Artrose em adultos e idosos Aluno: Anderson Rogério Pariz Orientador: Prof. Flávio Anthero Nunes Vianna dos Santos

O objetivo deste trabalho foi desenvolver um aparelho para auxiliar pessoas a fazerem os exercícios necessários para o tratamento da artrose. O acessório fisioterapêutico é destinado a estimular a fabricação do líquido sinovial do joelho através de exercícios físicos na intenção de diminuir dores causadas pela artrose e manter as articulações constantemente hidratadas.

Mobiliário Infantil Mobiliário Residencial Infantil Aluna: Thais Geovani Delavy Orientador: Prof. Flávio Anthero Nunes Vianna dos Santos

Através deste projeto foi desenvolvido um mobiliário infantil, que teve como ênfase satisfazer o bem estar das crianças dando a elas opções de diversão em um de seus ambientes mais particulares, seu quarto. Outra característica do trabalho é o aspecto sustentável do produto. Trata-se de um berço que, com a mesma estrutura se transformará em uma mini cama, reduzindo assim o desperdício de materiais que ocorreriam na troca desta mobília.

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TGI

Triciclo Elétrico Urbano Triciclo Elétrico Urbano Aluno: Bernardo R. Pastore Orientador: Prof. Carlos Eduardo de Borba

Este trabalho teve como objetivo desenvolver um triciclo urbano leve com uso de propulsores elétricos, com o intuito de fornecer uma sensação de pilotagem diferenciada, aliada a maior segurança e economia aos seus usuários.

Móvel Extensível Móvel Extensível Aluna: Gisele Lorenson Orientador: Prof. Flávio Anthero Nunes Vianna dos Santos

O objetivo deste projeto foi desenvolver um modelo de móvel extensível (rack), para alavancar a participação da empresa Patrick Móveis Ltda. no mercado, através do planejamento/criação de móveis práticos, versáteis e compatíveis com pequenos espaços de moradia que atendam às necessidades contemporâneas em habitação da sociedade do século XXI.


TGI Jogos Nanocyte Nanocyte Alunos: Alexandre J. de Lima Filho e Alexandre Pandolfo Orientador: Prof. Benjamin G. Moreira

O projeto denominado Nanocyte teve como objetivo apresentar um game beat’em up desenvolvido na Unreal Development Kit (UDK) com o tema Cyberpunk. O Cyberpunk foi um movimento que surgiu nos anos 80, com a junção da alta tecnologia e o sistema underground.

Kosmoz Kosmoz Aluno: Fernando Paulo Orientador: Prof. Benjamin G. Moreira

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O projeto do jogo Kosmoz teve como objetivo o ensino de conceitos e curiosidades sobre astronomia, enquanto o usuário participa de desafios. O game foi desenvolvido para ser usado por escolas e instituições de ensino como material de apoio no ensino do tema. O jogo também pode ser utilizado por pessoas que querem aprender sobre o tema, mas não sabem como começar.


Deivid Hodecker Design Grรกfico 8ยบ periodo Retrato

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Balaio Ciao Mao Os calçados da Ciao Mao, criados pela designer e fundadora da marca Priscila Callegari, oferecem a possibilidade de interatividade do usuário com o produto, agregando função lúdica e incentivando a criatividade e individualidade no calçado. Os acessórios possibilitam que o usuário personalize quantas vezes quiser, desenvolvendo a própria moda. O produto é feito com materiais nobres e técnicas produtivas que garantam a qualidade e conforto. A marca é reconhecida nacional e internacionalmente, conquistando diversos prêmios, tais como: IDEA 2008, TOP XXI 2009 e Brazil Design Award. http://www.designbrasil.org.br

Cadeira Esqueleto A cadeira “Esqueleto”, criada pelo designer Pedro Franco, teve como inspiração os cabides de roupa e o esqueleto humano. Suas peças são produzidas a partir de um molde e apresentam angulação ergonômica, resultando num produto funcional. A matéria-prima usada para sua confecção foi predominantemente a madeira líquida injetada, tendo assim a síntese da brasilidade industrial, foco da empresa A Lot of Brasil. http://www.alotof.com.br/

Luminária Renda Luminária Renda – Jum Nakao A convite da empresa A Lot Of , o designer Jum Nakao criou uma coleção de móveis em chapa metálica recortada a laser com pintura eletrostática. As linhas dos móveis buscaram conferir leveza ao material e o mesmo aspecto de fragilidade do papel. A referência utilizada para o corte a laser foi o mesmo padrão de renda de um dos vestidos de papel do desfile “A costura do invisível”. A Luminária Renda pode ser encontrada em dois tamanhos: a pequena (130cm x 24cm) e a média (160cm x 27cm). http://www.alotof.com.br/

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Balaio

Politicagem Jogo de xadrez “Politicagem” O Jogo de xadrez, denominado “Politicagem”, teve como inspiração “escândalos políticos de algum país das Américas que sempre acabam em pizza”. A designer Maria Alice Gazanig criou o jogo em 2009 e o mesmo foi vencedor do 10º Prêmio House & Gift Design. O tabuleiro é feito em material impresso fosco, as peças em borracha de PVC e embalagem em caixa de pizza. http://www.desmobilia.com.br

Banco Serbena Banco Serbena Este projeto foi inspirado no famoso banquinho caipira, com o intuito de mudar a imagem rústica do objeto fazendo uma releitura moderna. O banquinho é produzido em dois tamanhos: grande e pequeno. Feito a partir de um monobloco, por injeção de PP, pode ser empilhado. Criado pelo designer Henrique J. Serbena e produzido pela empresa Pnaples Indústria e Comércio de Plásticos, o Serbena recebeu uma premiação no IF Product Design Award em 2011. http://www.designbrasil.org.br

Wood Lamp Wood Lamp – Irmãos Campana A “Woodtable” e “Woodfloor” são duas luminárias complementares, criadas pelos designers Fernando e Humberto Campana. As duas opções são similares e têm o mesmo design, só se diferenciam no tamanho. São feitas de madeira com estrutura de aço inoxidável, podem ser ajustadas em duas posições e são próprias para uso externo. http://www.alotof.com.br/

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Vida de estrangeiro no Design da Univali Por Vera Sommer Fogografia: Vitor Luiz Ebel

Elas causaram frisson assim que aqui chegaram. Eram de onde mesmo? De Portugal? Ah, muito interessante.

Elas causaram frisson assim que aqui chegaram. Eram de onde mesmo? De Portugal? Ah, muito interessante. Foi justamente a curiosidade sobre a terrinha além mar e a moda entre os lusitanos que levou as alunas do segundo período de Design de Moda da Univali, em Balneário Camboriú, a estreitarem suas relações com as recém-chegadas. Queriam saber as razões por terem optado pelo curso da Univali, em Santa Catarina. Afinal, sabiam da existência de inúmeros cursos de moda, e com bolsa de estudos, para várias universidades em diferentes países da Europa. As perguntas eram muitas, de ambas as partes, inquietação que aproximou as acadêmicas de moda das meninas estrangeiras, principal atração no início deste segundo semestre. Apesar de Milão, na Itália, ter sido a primeira opção de Marta R.C. Pascoalinho, 21 anos, a estudante de Lisboa optou pelo Brasil por entender que o design brasileiro passa por um bom momento. Ela acabou se interessando pelo curso de moda na Univali por causa de amigos que tinham estado no país e também na instituição de ensino. “O curso aqui é bem diferente do de Portugal, onde só tem vestuário. Aqui há a possibilidade de fazer joias e acessórios”, compara Marta. A amiga, colega e conterrânea Mafalda L.M. Ferreira, de 21 anos, admite que sempre teve curiosidade pelo Brasil, por isso resolveu vir estudar aqui. Ambas admitem, contudo, que, financeiramente, seria mais em conta fazer intercâmbio na Europa, embora aqui o custo de vida seja mais baixo. Impressionadas com a calorosa recepção de professores e colegas de curso, Marta e Mafalda têm muito ainda a conhecer e aprender, pois estão aqui há apenas alguns meses. “Todos são muito simpáticos e nos recebem de braços abertos. Ainda é muito cedo para dizer, mas, de tudo o que tive oportunidade de ver e experienciar gostei muito!”, salienta Mafalda. Como os cursos têm grades curriculares distintas, elas estão encontrando alguma dificuldade na compatibilidade de horários, uma vez que a Univali oferece Design de Moda à noite, período em que elas, na faculdade em Lisboa, nunca haviam frequentado aulas. O que, entretanto, não tem impedido as meninas de circularem no campus em outros horários. “Elas são alunas atentas e têm bom conhecimento”, assinala a professora Maria Rosaime Cabral, de 56 anos, que ministra algumas disciplinas para as estudantes portuguesas. A docente, especialista em moda, também comenta a facilidade de entrosamento delas com a turma, seja com alunos, seja com professores. E, embora

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Vida no Campus

As portuguesas Marta e Mafalda chegaram em agosto para cursar o semestre em Design de Moda

a proximidade das línguas facilite, Rosaime admite a existência de termos de uso e sentido diferenciados, o que, contudo, não atrapalha no processo de ensino aprendizagem das meninas. “Elas comparam tudo. O que a gente oferece aqui e o que elas têm lá em sala de aula. Mas, não tenha dúvida, o nosso curso não deixa nada a desejar em relação a um curso europeu na área”, observa Rosaime com muito orgulho. A propósito da qualidade do curso de Design oferecido pela Univali, é preciso compartilhar a experiência da angolana Rose E. L. Palhares, de 28 anos, que estudou Moda no período de 2009 a 2012. “Para mim, era a faculdade mais completa em termos de Design de Moda”, ressalta ao lembrar que procurou várias universidades na Espanha, nos Estados Unidos e na França, mas, apenas no Brasil, o clima se identificava com o seu país. Rose decidiu fugir de São Paulo e Rio de Janeiro para encontrar, como ela mesma diz, sua cidade dos sonhos. “Quando decidi fazer moda, descobri que a cidade dos sonhos não era Floripa, mas Balneário Camboriú. Afinal, encontrei o melhor curso na Univali”. A estudante, que nasceu em Angola, mas estudou em Portugal, gostou principalmente do vasto leque de oportunidades de aprendizado. “É muito diferente do curso em Lisboa, não era tão completo. Também não era o tipo de moda que eu procurava”, conta Rose. Hoje ela tem sua própria confecção em Luanda, onde, todos os dias, em cada coleção, em cada criação, utiliza as técnicas que aprendeu no curso da Univali. “Até tenho material aqui comigo como apoio”, observa a aluna que não esquece do importante contato com os professores. “Noventa por cento do que eu sei de moda, aprendi na Univali”, reitera animada, e adianta: “Vocês têm um mar para nos ensinar!”. A simpática angolana amou demais o Brasil e sente muita falta dos amigos, dos irmãos como ela os chama, pois logo conseguiu se entrosar com os colegas brasileiros com quem mantem contato até hoje. “Sinto muita falta do Brasil. Meu mundo é totalmente diferente do vosso, mas uma parte de mim virou brasileira.” Rose sente muitas saudades dos três anos que conviveu com alunos e professores de Design de Moda, na Univali. E ela garante: “Não sei como seria se eu não tivesse cursado, mas hoje não mudaria nada”. O

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Por um design mais lúdico Nem só de estrangeiros portugueses vive o Design da Univali. Jose Rene A. Moreno é cubano, tem 22 anos, vive no Brasil desde 2009 e estuda Design Industrial na Univali, último semestre. Ele aprecia principalmente a parte prática do curso, muito diferente daquele oferecido em seu país, onde, por falta de infraestrutura, está focado na teoria, o que, segundo ele, deixa muito confuso a real aplicação social da profissão de designer. Rene salienta ainda a importância da nova impressora 3D, adquirida pelo curso, em cuja montagem, graças ao professor Carlos Eduardo Mauro, teve a oportunidade de ajudar,além do acervo da Biblioteca do campus de Balneário Camboriú. Assim como a angolana Rose, Rene também fez muitas amizades. Para ele, o idioma ainda é sua maior dificuldade, apesar de admitir que venha diminuindo a cada ano. “Minhas maiores surpresas têm sido o carinho e a compreensão com que fui recebido, tanto por parte de alunos como por professores”, conta o cubano. Ele tem participado de vários eventos do Design, tendo sido finalista do concurso Madero&co 2013 e do Mostraí, realizado por esta revista. Empolgado com o que aprendeu e experimentou no curso, pretende trabalhar como estagiário em empresas de iates e barcos de Balneário Camboriú. Depois, quer guardar dinheiro para fazer um mestrado na região da Califórnia, Estados Unidos, mas com bolsa de estudos. A respeito do design brasileiro, Rene é enfático: “Gosto do desenho brasileiro porque é mais lúdico, tem mais cores, parece uma brincadeira. Gosto bastante disso, desse tipo de experiência”. Outra cultura, múltiplos olhares e diferentes aprendizados O interesse por um país diferente e por uma nova cultura, manifestado tanto pelas estudantes brasileiras quanto pelas portuguesas, inclusive em sala de aula, é incentivado no universo acadêmico principalmente pela possibilidade do intercâmbio. No caso específico das lisboetas Marta e Mafalda, apesar da familiaridade com a língua e da própria história do Brasil e de Portugal, que em vários momentos se mistura e se une, elas estão, de fato, convivendo com outros valores, hábitos e crenças. Como não estranhar? Como se adaptar? Realmente é uma etapa que, para uns e outros, é mais fácil ou mais demorada, mas comum a qualquer estrangeiro. Seja onde for, ocorre um choque cultural. Para Maria Elizabeth da Costa Gama, é preciso viver e aceitar o outro, e essa convivência constitui um dos maiores desafios enfrentados pelos intercambistas.Responsável pela Coordenadoria de Assuntos Internacionais – Coai, da Univali, a professora Beth considera fundamental a preparação desses estudantes para a realidade que vão encontrar no outro país. Tanto aqueles que saem, quanto aqueles que chegam de fora devem ser preparados pelas instituições de ensino que os encaminha para um intercâmbio. “Eles precisam saber o que vão enfrentar e como devem lidar com essa situação.

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Jose Rene ou “Cubano“ como os amigos conhecem, na Univali desde 2009


Vida no Campus

Querendo ou não, este aluno vai acabar se transformando por causa dessa experiência, desse aprendizado”, explica a professora que está sempre em contato com os intercambistas. Historicamente, a Univali sempre enviou mais alunos para fora do país do que recebia como intercambistas. Hoje, contudo, houve um sensível incremento em função, não só da economia brasileira, mas também dos eventos esportivos de 2014 e 2016 aqui no Brasil. “Essa mudança deve-se muito também aos esforços da instituição em dar maior visibilidade aos seus cursos e suas disciplinas internacionais a partir da nossa participação em eventos mundiais de mobilidade acadêmica”. Beth explica que, se antes a Univali recebia 19 alunos estrangeiros por ano, hoje esse número aumentou para 48, dentre os quais 30% são espanhóis, que buscam, em sua maioria, pelo curso de Oceanografia. Até então, parte considerável dos alunos estrangeiros na instituição vinha de Portugal, como é o caso das portuguesas Marta e Mafalda. Elas fazem parte de um número crescente de estudantes oriundos de diversas partes do mundo. O país tornou-se ´a bola da vez` desde quando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva foi considerado pelo presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, como ´o cara`. A partir daí, a terra brasilis passou a ocupar a vitrine internacional, movimento impulsionado principalmente pela estabilidade da economia diante das crises norte-americana e europeia. Os olhares de investidores, empresários, turistas e estudantes voltaram-se para a América Latina, onde o Brasil brilha como estrela (pelo menos brilhava até agora). Não bastassem a expansão da economia e a eleição da primeira mulher como presidente da República, dois eventos esportivos internacionais, dos mais importantes, contribuem sobremaneira para voltar os holofotes ao território verdeamarelo: ser o país sede da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016. Esse contexto brasileiro favorável, de acordo com a professora Beth, do Coai, atrai pessoas do mundo todo.Esses megaeventos precisam de mão-de-obra, e quem está à procura trabalho sabe que pode encontrá-lo aqui, onde há oportunidades de crescer, de encontrar um emprego melhor.

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Matéria de Capa

O Brazil não conhece o Brasil O Brasil nunca foi ao Brazil Por Graziela Morelli e Bianka Capucci Frisoni

O Brasil contemporâneo não se resume ao samba, futebol e caipirinha. Os versos que dão título a essa matéria fazem parte da letra de uma música de Aldyr Blanc, e nos parece uma provocação, não? Mesmo antiga, ela ainda nos parece atual e soa como uma provocação, não só sobre a visão dos estrangeiros sobre o Brasil, mas também dos próprios brasileiros, que criticam, mas contribuem para divulgar uma imagem de samba, praia e caipirinha. Mesmo que o Brasil não se resuma ao que sempre se divulga em filmes, campanhas etc, a visão continua sendo essa. No entanto, há alguns anos, o Brasil tem sido apontado como “a bola da vez”, considerado como o país do futuro. O sociólogo francês Michel Maffesoli que vem ao país frequentemente para conferências, cursos e palestras aponta o Brasil como um laboratório vivo da pós-modernidade onde as misturas acontecem e a pluralidade das tribos é uma realidade. Pessoas e empresas estrangeiras, cada vez mais, desembarcam no Brasil em busca de uma tal criatividade e do jeitinho brasileiro. Mas o que é isso exatamente? Que Brasil é esse que temos aqui? Aquele Brasil de samba, mulata e futebol ainda existe ou será que temos mais do que isso? Será que esse país do futuro é capaz de produzir outra imagem mostrando o que faz de melhor? Essa foi a proposta para o tema do primeiro semestre de 2013 para os cursos de Design. Explorar esse questionamento e responder a questão apresentando produtos, soluções, arte, música e cultura que mostrem que o Brasil de hoje não é tão tupiniquim como se imagina. Somos um país globalizado, que não precisa ser, necessariamente, regional e artesanal para ser Brasil.

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Capa

Domenico de Masi, outro sociológo entusiasta e visitante frequente do Brasil, comentou que o Brasil é o melhor dos mundos existentes. Não é o melhor dos mundos possíveis, mas é, sem dúvida, o melhor que se tem hoje. Para ele, o Brasil deve se posicionar como um novo mundo, como uma nova solução mesmo que tenha passado 450 anos copiando o modelo europeu e 50 anos o americano. Segundo De Masi, em entrevista para a Globo News, explicou: “O Brasil ainda hoje é menos conhecido e valorizado do que merece. O Brasil é quase tão grande como a China, mas é uma democracia. O Brasil é quase três vezes maior que a Índia, tem quase o mesmo número de etnias e de religiões, mas vive em paz interna e em paz com os países limítrofes. O Brasil é quatro vezes maior que a zona do Euro, mas tem um único governo e fala uma única língua. O Brasil é o país onde há mais católicos, mas onde a população vive da forma mais pagã. O Brasil é o único país no mundo onde a cultura ainda mantém características de solidariedade, sensualidade, alegria e receptividade”. Para ele, a força de um país não está no seu crescimento econômico e na noção de progresso, como comenta Maffesoli no seu último livro chamado Saturação. Essa noção de progresso desenvolvimentista que tomou o mundo ocidental nos últimos 200 anos está em declínio. Para Maffesoli, a revalorização da natureza, de pequenas coisas, do estar junto é mais importante e o Brasil, na sua essência, sabe fazer isso muito bem. De Masi comenta também que a riqueza de um país está na capacidade de distribuir igualmente a riqueza, o trabalho, o poder, o saber, as oportunidades e as proteções. Nós temos alguns desafios a vencer como o analfabetismo, a violência e a desigualdade, mas temos muitos outros elementos que nos fazem especial buscando-se aproximar cada vez mais da felicidade. A base da nossa imagem é plural, diversificada, alegre, intensa, over, debochada, criativa. Mas também pode ser minimalista, tecnológica, qualificada, contemporânea, clean, luxuosa, séria... Tudo depende do propósito. É necessário que se olhe para o Brasil de hoje, carregado de calor, valores, histórias, de um grande legado, mas que pode ser visitado para criação do novo e não, somente, para ser sempre cópia do passado. A aquarela brasileira não é mais apenas de cores alegres e primárias. Não são apenas as cores da bandeira. Nosso Pantone se ampliou: nele se encontram também o preto, o nude, os cinzas, os tons terrosos... O Brasil contemporâneo é outro Brasil. como é o Brasil pra você?

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Imagem de transição A transitoriedade da vida refletida em imagens.

Editorial produzido na disciplina de Fotografia do 5º período de Design de Moda sob orientação do Prof. Álvaro Galrão de França Neto.

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Quanto Cobrar

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Fotografia: Matea Teresa Meinert Marroquin, Ana Paula Siqueira, Maria Carolina Kumm Pontes e Luisa Steffens Make e hair: Matea Teresa Meinert Marroquin, Ana Paula Siqueira, Maria Carolina Kumm Pontes e Luisa Steffens
 Produção de Moda: Matea Teresa Meinert Marroquin, Ana Paula Siqueira, Maria Carolina Kumm Pontes e Luisa Steffens
 Tratamento de imagem: Matea Teresa Meinert Marroquin, Ana Paula Siqueira, Maria Carolina Kumm Pontes e Luisa Steffens Modelo: Ricardo Nedel Roumow

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High Contrast A capsule collection, criada para a sétima edição do Santa Catarina Moda Contemporânea, que propôs uma exploração do estilo resort para o estado, apresenta um clima futurista, tecnológico e acolhedor em uma parceria Univali x Audaces.

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Fotografia: Euclydes da Cunha Netto Make e hair: Mateus Côrrea Produção de moda: Lucelia Silvestri, Tabata Kadur Asssistentes de produção: Ruan Nunes e Nívea Ceratti Pernanchini Tratamento de imagem: Thiago Boller Modelos: Jhonattan França e Ana Santos

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pop & kitsch Regada a música e comida, a popular festa no quintal mistura cores e elementos, no mais puro estilo brasileiro.

Editorial produzido na disciplina de Fotografia do 5º período de Design de Moda sob orientação da Profa. Vanessa Silva Alves Ferreira.

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Fotografia: Fernanda Motta Make e Hair: Ruan Nunes Produção de Moda: Nivea Ceratti Pernanchini, Suzana Almeida e Vivian Deeke Direção de Pose: Ruan Nunes Tratamento de imagem: Fernanda Motta Modelos: Ana Santos, Isabela Fernandes

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SEAPUNK GANG

O punk e suas referências unem-se ao fundo do mar para dar vida a uma nova tribo, os Seapunks. Confira este editorial produzido para a disciplina de Produção de Moda do 7o período do curso de Design de Moda. 44 revista olhares múltiplos


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Fotógrafia: Fábio José Guilherme Júnior Produção: Carine Ceccatto, Silvio Gardini, Fabio Guilherme Modelos: Desiree Bordignon e Silvio Gardini Assistente de Produção: Diego Elias Tratamento de Imagem: Fábio Guilherme

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Prata Da Casa

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Traçando novos caminhos Buscar um caminho profissional é uma das grandes preocupações dos jovens que entram na faculdade e, depois de terminar o curso, a consolidação no mercado de trabalho é outro grande desafio. Formar-se na área de Design pode ser, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade e uma grande dúvida pois são muitas as possibilidades de atuação no mercado. Deve-se levar em conta as possibilidades da região, os talentos e as capacidades de cada um. Entrevistamos para a Prata da Casa desta edição quatro formados pelos cursos de Design da Univali que nos contaram o que estão fazendo e o que aconteceu em suas vidas profissionais depois do canudo na mão.

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OM: Antes de trabalhar como designer na Catarina Yachts, quais foram suas experiências profissionais? Rodrigo: Sempre trabalhei, desde os 12 anos. De construção civil, pintura predial até restaurantes. Essa experiência na adolescência me fez adquirir algumas habilidades que seriam chave para meu destaque profissional. Na área de design, trabalhei em um bureau gráfico por dois anos e em uma empresa de mídia digital como web designer também por dois anos, além de alguns freelances que fazia sempre que possível. OM: Como foi o processo pra ter seu trabalho reconhecido e conquistar os primeiros clientes? Rodrigo: Foi de bastante esforço, dedicação e foco, tentando sempre estar um passo à frente e antecipando problemas para conseguir saná-los antes mesmo que acontecessem, o que fez eu me destacar pela velocidade das soluções e qualidade assertiva. OM: Quais foram as principais dificuldades encontradas em sua vida profissional? E os próximos desafios?

Rodrigo Berlim Rodrigo Berlim se formou em Design Industrial pela Univali em 2006. Em seguida, se especializou em Yacht Design na Itália, área em que atua e desenvolve projetos desde então. Ele conta como funciona o processo de criação de produtos náuticos e destaca seus projetos mais importantes até agora. Olhares Múltiplos: Depois de concluir a graduação, quais foram seus primeiros passos? Rodrigo Berlim: Busquei me especializar o máximo possível na área em que estava atuando para poder ter uma carreira sólida como designer industrial. OM: Como o curso de Design Industrial ajudou a construir sua carreira? Rodrigo: Contribuiu para despertar o lado criativo e poder desenvolver projetos que pudessem realmente ser utilizados no mercado. OM: Já realizou algum curso de especialização ou pós-graduação? Pretende realizar? Rodrigo: Sim, realizei em 2008 um máster em Yacht Design pelo Instituto Europeo di Design, IED, em Veneza na Itália, que me agregou uma forte experiência e conhecimento na área.

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Prata da Casa Rodrigo: Os maiores desafios na carreira foram: lidar e corrigir o lado intrapessoal que é bastante delicado, desenvolver o perfil de liderança para poder conduzir a equipe de projetos, conseguir estimular a equipe e atingir os objetivos em grupo, além de criar um perfil administrativo para trabalhar melhor com custos e orçamentos. O próximo desafio é ter uma fabricação própria de uma linha de barcos pequenos e populares destacando-se dos atuais no mercado. OM: Como funciona seu processo criativo? Onde busca inspiração para criar seus produtos? Rodrigo: Quando não funciona com um simples insight, geralmente produzo um briefing com as informações mais importantes do projeto, faço um levantamento do que realmente já existe no mercado e crio um croqui base com as dimensões principais levando em consideração a ergonomia. Na sequência, trabalho sobre as distribuições dos maiores volumes de espaço e equipamentos, geralmente no caso de uma embarcação, para seguir em sua proposta estética completa, tanto interior como exterior. Por fim, dou andamento no seu detalhamento, sou bastante técnico

e gosto de deixar o resultado funcional, que para mim é mais importante do que ser somente bonito. OM: Destaca alguma criação específica? Fale a respeito do seu produto e do mercado em que ele está inserido. Rodrigo: Dentre os projetos pessoais que realizei recentemente destaco um Catamaran de 50´(pés) em construção no Rio de janeiro para uso turístico e recreativo nas águas de Angra dos Reis, que ainda está em desenvolvimento; o projeto conceitual de um mega veleiro de 68m, com dois mastros tipo “ketch” que foi finalista de uma competição internacional de Yacht Design, promovida pela revista Boat International em 2010. Este projeto destacou-se pela sua proposta de velas solares que supriam a energia do barco e a autonomia por motores elétricos quando o uso fosse necessário; o projeto para o estaleiro Fibrafor; o interior da lancha cabinada 260 lançada no Boat Show de São Paulo em 2012 e o trabalho conceitual em parceria com o designer Jorge Jabor formado pela Art Center College da Califórnia, que se trata de um mega-yacht de 65m, amplo incluindo uma garagem para submarino.

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aulas. Vai desde a aula de ergonomia para montar um site até dicas de gestão e planejamento. Sempre acreditei que você mesmo faz seu curso ser bom e sempre corri atrás do que me chamava atenção. Tire o máximo de informação, contatos e da estrutura que o curso oferece. OM: Já realizou algum curso de especialização ou pós-graduação? Pretende realizar? Ana: Não tive tempo de parar para fazer cursos, mas tenho muito interesse em voltar a estudar. Faz bem se renovar e encontrar gente que pensa parecido. Somente falta ver o que o mercado oferece e minha disponibilidade. OM: Antes montar sua marca/negócio, quais foram suas experiências profissionais? Ana: Trabalhei como diagramadora num jornal, designer numa empresa de etiquetas e artefinalista numa agência de publicidade. Além disso, mantinha minha marca informal de almofadas que eu mesma costurava, e sempre gostei de atender o público.

Ana Flávia Marques Ana Flávia Marques é formada em Design Gráfico pela Univali e, observando o mercado, lançou uma marca de tênis e camisetas (até o momento!) onde o diferencial são as estampas. As vendas acontecem pela loja online e a marca se chama Oir Geek. Olhares Múltiplos: Depois de concluir a graduação, quais foram seus primeiros passos? Ana Flávia Marques: Achar um emprego! Era o que mais pensava (risos). Trabalhei em uma Agência de Publicidade por quase um ano para sentir que precisava mais liberdade para fazer o que eu gostava muito: criar coisas novas e atender o público. OM: Como o curso de Design Gráfico ajudou a construir seu próprio negócio? Ana: Ajuda muito prestar atenção nas

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OM: Quando surgiu a ideia criar sua própria marca/ negócio? Ana: Quando cansei de trabalhar para os outros (risos). Tinha a ideia, a vontade e decidi correr atrás. Foi um ano de preparação até o lançamento. Houve muita pesquisa e tentei ter noção do mercado que eu ia entrar, mesmo conhecendo pouco sobre ele. Sou formada em Design Gráfico e meio que pulei pra Design de Moda e Design Industrial, isso quer dizer que basta correr atrás do que você quer. OM: Como foi o procedimento para viabilizar os recursos, estrutura e conquistar os primeiros clientes? Ana: Foi uma correria! Já tinha meu ateliê e como


Prata da Casa trabalho com venda online não precisava de muito mais, porém investi pesado nos produtos e os primeiros clientes vieram pela internet mesmo. OM: Quais foram as principais dificuldades encontradas? E os próximos desafios? Ana: Uma grande dificuldade foi com relação ao fornecedor, pois complicou bastante meu início pelo atraso e demais obstáculos que enfrentei (como estampa não estar na cor certa, por exemplo). Depois, o principal obstáculo está em ser reconhecida e o pessoal curtir os produtos a ponto de divulgar pros amigos. Acabamos de lançar camisetas e espero com o tempo ter mais produtos à disposição. Ainda não chegamos onde queremos estar, e aos poucos moldamos o conceito e forma da marca. OM: Como funciona seu processo criativo? Onde busca inspiração para criar seus produtos? Ana: Internet, ah internet! É o principal meio que utilizo para encontrar novas ideias, desenhistas e novos produtos. Procuro viajar sempre que posso também e ficar atenta ao que me rodeia. Escutar as pessoas e ver suas necessidades e ideais também ajuda a criar. OM: Você destaca alguma criação específica? Fale a respeito do seu produto e do mercado em que ele está inserido. Ana: A loja não possui ainda muita variedade de produtos, afinal são calçados e camisetas. Porém, acredito que é importante ressaltar que, ao lançar um produto, você precisa analisar o mercado. Os calçados são exclusivos e diferentes, porém as camisetas têm mais saída e giro por serem mais baratas. Analisar bem o mercado e ver o que vem pela frente sempre é uma maneira das coisas darem mais certo.

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Sabrina Granucci Sabrina Granucci é formada em Design de Moda pela Univali desde 2009. Logo depois do curso, mudou-se para Santiago, no Chile onde lançou uma marca que tem seu próprio nome. Entre desafios e conquistas, ela conta como cria e leva a marca em terras chilenas. Olhares Múltiplos: Depois de concluir a graduação, quais foram seus primeiros passos? Sabrina Granucci: Mudei-me para Santiago do Chile e comecei a buscar trabalhos em grandes empresas de moda. Depois de algumas entrevistas conclui que não era esse tipo de trabalho que me faria feliz. Então busquei dados de costureiras, tecidos, lojas... E montei a minha marca, com uma estrutura reduzida, mas que funcionava. Depois de ter mais informação e entender melhor o mercado, montei a minha confecção onde se fabricam todas as peças da marca. Atualmente, estou montando a loja, pois acredito que seja o próximo passo para continuar crescendo. OM: Como o curso de Design de Moda ajudou a construir sua própria marca? Sabrina: Através das diferentes disciplinas conjugadas numa mesma carreira, me deram uma ideia do conjunto de variáveis que são necessárias lidarem dentro da moda, desde modelagem, que se aplica nos primeiros passos da construção da peça até a fotografia, que se desenvolve e conceitua na campanha da coleção. Acredito que isso é fundamental a qualquer marca. OM: Já realizou algum curso de especialização ou pósgraduação? Pretende realizar? Sabrina: Ainda não, quero muito cursar uma pós em administração e marketing, acredito que essa é a etapa que entrei agora e gostaria de me preparar melhor para ela.

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Prata da Casa OM: Antes de montar sua marca, quais foram suas experiências profissionais? Sabrina: Fiz dois estágios durante a faculdade, um na revista Sucesso, direcionada a moda, onde consegui entender o outro lado do trabalho, onde o cliente são as marcas de moda e não o consumidor final. E na empresa Turma da Cookie, marca jovem de moda, que me deu noções sobre mercado e público alvo. OM: Como foi o procedimento para viabilizar os recursos, estrutura e conquistar os primeiros clientes? Sabrina: Comecei trabalhando em uma estrutura muito pequena e de baixo custo, trabalhava sozinha e tinha uma costureira que eu pagava por peça. Além disso, colocava a roupa em lojas já conhecidas pelo público-alvo, por isso não tinha gastos fixos e ficava mais fácil estruturar o negócio e esperar que desses frutos. Depois de um tempo nesse sistema, já conhecia algumas clientes pessoalmente e consegui crescer e montar uma pequena confecção para baixar custos de produção. OM: Quais foram as principais dificuldades encontradas? E os próximos desafios? Sabrina: Trabalhar sozinha é o mais difícil, não ter um sócio pra tomar as decisões importantes e dar outra visão sobre as estratégias é a grande dificuldade hoje. O próximo desafio é instalar a loja, porque é outro foco e por mais que seja complementar é uma área diferente. OM: Como funciona seu processo criativo? Onde busca inspiração para criar suas coleções? Sabrina: Acho que a inspiração pra cada coleção chega sozinha, como se mostrassem o que devo pesquisar e desenvolver. Podem vir de qualquer parte, de uma recordação, filme, experiência, paisagem... O importante é estar aberto a captar o essencial dela e transformar em roupa! OM: Destaca alguma coleção específica? Fale a respeito do seu produto e do mercado em que ele está inserido. Sabrina: A coleção de primavera do ano passado, que apresentei no evento Raiz Diseño em outubro, inspirada no filme brasileiro “Viajo porque preciso, volto porque te amo”; trouxe todos os tecidos do Brasil, incluindo a chita, que aparece no filme. Também pelas características western que coloquei em peças, pela semelhança entre o clima seco e árido do norte brasileiro e as paisagens usadas nos filmes norte-americanos do velho oeste estadunidenses. Foi importante porque é a primeira coleção que coloco diretamente o DNA brasileiro. Acredito que os pontos fortes do meu produto são a qualidade de tecido, acabamento e aviamentos. São feitas uma a uma dentro da minha confecção e acompanho pessoalmente todos os processos da construção. Gosto de pensar que as peças que são compradas hoje, podem futuramente ser usadas pelas filhas das minhas clientes

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Projeto:http://www.cafundoestudio.com.br/blog/ coisas-nossas/xmile-cafundo-desenvolvendo-games OM: Como o curso de Design de Jogos ajudou a construir sua carreira? Alexandre: O curso de Jogos me deu as oportunidades e apoio para participar de campeonatos de desenvolvimento, os quais me trouxeram uma experiência enorme com criação de games. Também como monitor do Laboratório de Criatividade, sempre estive em contato com professores e alunos, que me ensinaram e possibilitaram que evoluísse como pessoa e como profissional. OM: Já realizou algum curso de especialização ou pós-graduação? Pretende realizar? Alexandre: Já pensei muito em minha pósgraduação, tenho muita vontade de iniciá-la, mas neste ano me dedicarei apenas ao trabalho. Os cursos de pós-graduação do Brasil têm um foco muito grande em desenvolvimento, e eu procuro algo mais teórico nesta área. OM: Antes de trabalhar como designer de jogos na Cafundó Estúdio Criativo, quais foram suas experiências profissionais?

Alexandre Lima Alexandre Lima é formado na primeira turma do curso de Design de Jogos e Entretenimento Digital que saiu para o mercado em 2012. Desde o período do curso envolveu-se em muitos projetos da área e já atua no mercado. Olhares Múltiplos: Depois de concluir a graduação, quais foram seus primeiros passos? Alexandre Lima: Após me formar, comecei a enviar currículo para empresas especializadas na área, porém esse mercado é um pouco fechado para iniciantes. Em setembro de 2012, consegui uma oportunidade de uma startup em Florianópolis para trabalhar com desenvolvimento web e aplicativos para Facebook. Abracei a ideia, peguei minhas trouxas e fui para a capital. Aprendi muito dentro da startup, mas algumas situações me levaram a voltar a procurar emprego diretamente na área que amo, games. Em maio de 2013, recebi a confirmação de que havia sido aceito na empresa Cafundó para o projeto Xmile. Fiquei muito feliz pois já conhecia um pouco do estúdio e sabia da qualidade de seus trabalhos.

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Prata da Casa Alexandre: Logo quando me formei recebi uma proposta de um ex-professor e colega para ministrar um workshop de desenvolvimento de games na UDESC e fiquei muito feliz com a oportunidade. Minha primeira experiência como profissional foi na Zerotrack com o desenvolvimento web, o que me deu muita “XP” no mercado, e então comecei a ver um pouco do retorno aos meus estudos. Atualmente no Cafundó trabalho como desenvolvedor . OM: Como foi o processo pra ter seu trabalho reconhecido e conquistar os primeiros clientes? Alexandre: Como não trabalho de modo independente não tenho clientes, mas acredito que todos os meus trabalhos por menores que fossem, sempre foram reconhecidos e é isso que me motiva a continuar. Ainda não tive nenhum cliente com uma grande fama, mas isso é questão de tempo e esforço.

OM: Quais foram as principais dificuldades encontradas em sua vida profissional? E os próximos desafios? Alexandre: Vou dizer que o que mais dificultou o início de minha vida profissional foi o perfil de muitas empresas de jogos do país. Boa parte das empresas brasileiras de games são startups. Apesar disso ser um ponto positivo por mostrar crescimento do mercado, não existe muita contratação, até porque geralmente essas empresas são formadas por sócios (não sou contra startup, apoio bastante a ideia). Então só resta procurar nas “grandes”, que por sua vez, buscam um profissional inexistente na área, pedindo por anos de experiência em um mercado pouco maduro. Porém, empresas com um pensamento mais evoluído tem entrado nesse mercado, e daqui a alguns anos com o crescimento das startups, essa visão atrasada das “grandes” ficará obsoleta. Assim espero . OM: Como funciona seu processo criativo? Onde busca inspiração para criar seus produtos? Alexandre: Constantemente tenho ideias de games, elas vêm das formas mais corriqueiras. Às vezes estou vendo um filme, ou caminhando e principalmente quando converso com amigos. Sempre procuro produzir uma imagem ou um texto para descrever essa ideia e lembrar dela mais tarde. As inspirações vêm de muitas formas, mas principalmente de filmes, mangás, games, livros e experiências diárias. Sempre achei que muitos brasileiros têm certa tendência em gostar de um tipo de game e buscar referências apenas naquele tipo e naquela mídia, e assim, acabam fazendo mais do mesmo. Acredito muito na transposição de mídias quando se fala em ideia, ou seja, trazer referências de coisas que não tenham relação com game para dentro dele. Assim, dessa forma, é possível chegar a mais inesperado. OM: Você destaca alguma criação específica? Fale a respeito do seu produto e do mercado em que ele está inserido. Alexandre: Apesar de fazer alguns “freelas”, eles não foram relevantes a minha área. Jogo é um processo muito demorado, tenho alguns projetos que estão rolando de modo independente, mas a coisa está indo com calma. Gosto de todos os títulos que ajudei a criar com minha equipe apesar de nenhum ter uma grande fama.

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Design de aniversário! Por Graziela Morelli

Em plena adolescência, o curso de Design Industrial da Univali comemora15 anos firme e forte, distribuindo talentos para o mundo A Univali tem muitas razões para se orgulhar este ano. Além da instituição estar completando 50 anos, ela também comemora os 15 anos do curso de Design Industrial. Em plena adolescência, o curso de Design Industrial, que iniciou suas atividades em 1998 no campus de Balneário Camboriú, tem motivos de sobra para se orgulhar da sua trajetória e de seus frutos, que vão desde profissionais reconhecidos no mercado em grandes empresas e com premiações internacionais até a parceria com seus cursos irmãos mais novos: o Design de Moda, Gráfico, Jogos e, mais recentemente, o tecnólogo em Design de Produto. O curso de Design Industrial tem uma característica que agrega um diferencial desde a sua concepção: sua criação se deu através da interface com outras áreas de conhecimento e o envolvimento com a comunidade. Através de um estudo turístico realizado na década de 90 pela Faculdade de Turismo e Hotelaria - FATHUVI que veio a se tornar depois o Centro de Educação Superior de Balneário Camboriú da Univali, foram identificadas várias demandas na região, entre elas a de design voltado para o lazer e o turismo. O curso de Design Industrial foi o primeiro bacharelado em Design da Univali iniciando seu funcionamento em fevereiro de 1998, sendo um dos primeiros cursos de Design de Santa Catarina. Tendo em vista a grande ligação com a vocação regional da cidade para o entretenimento, o descanso e a qualidade de vida, o diferencial do curso se tornou a ênfase no desenvolvimento de produtos voltados a área de turismo e lazer. Mesmo não sendo o único curso de Design do Estado de Santa Catarina, isso fez com que ele se distinguisse regional e nacionalmente dos demais. curso, desde a formatura de suas primeiras turmas, teve boa classificação na pesquisa das Melhores Universidades feita pela Editora Abril e publicada no Guia do Estudante a cada ano com pontuação 3 estrelas. Isso se deve não só a toda a estrutura do curso e a um grupo de professores qualificados, mas também aos egressos que se colocaram profissionalmente em algumas das maiores empresas do país, e também aos prêmios conquistados em concursos de design. Os cursos de Design, assim como todos os cursos do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação, Turismo e Lazer, estão em permanente atualização procurando manter-se alinhados com o mercado de design. A Profa. Bianka Cappucci Frisoni, que coordenou o curso de Design Industrial por 3 anos e

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hoje coordena os cursos de Design, Design de Moda e Design de Jogos e Entretenimento Digital, comenta a respeito da relação com os acadêmicos: “Procuramos entender os discentes em suas diferentes nuances oferecendo uma informação atual e consistente, além de auxiliar na gestão do conhecimento de maneira que ele tenha sabedoria na hora de aplicá-lo. As perspectivas são de não ter limites para sermos reconhecidos por um ensino de excelência em Design, que forme um egresso que interaja socialmente em prol do bem da humanidade”. A história desses 15 anos é difícil de ser contada em poucas linhas pois envolve muitas pessoas, muitos esforços, muitos sacrifícios e também muitas conquistas. Alguns dos formados na primeira turma podem ser encontrados até hoje nos corredores da Univali, não mais como acadêmicos, mas, sim como professores. Renato Buchele Rodrigues, que hoje é coordenador dos cursos de Tecnologia em Design Gráfico, Produção Publicitária, Design de Interiores e Fotografia no Campus Ilha em Florianópolis é um exemplo disso. Ele conta que escolheu a área acadêmica para trabalhar, mas comenta que o mercado evoluiu muito desde os tempos que era acadêmico. “As empresas passaram a entender o design e suas diferentes habilitações como fator de diferenciação em seus processos, produtos e imagem. O crescimento e demanda por estagiários de design no final da década de 90 refletiu em um processo de contratação de designers e abertura de escritórios no início deste século. Foi tudo muito rápido e nossa turma foi absorvida de maneira muito diversificada nas diferentes frentes de atuação”. Rui de Oliveira, também

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egresso da primeira turma do curso de Design Industrial, complementa: “O olhar sobre o design mudou muito nos últimos anos, e não menos no mercado catarinense e brasileiro. Os cursos superiores contribuíram muito para essa mudança de olhar. Percebeu-se que desenvolver um produto exige pesquisas, estudos, a utilização de ferramentas e métodos com o propósito de promover o desenvolvimento contínuo de novas ideias e experiências na concepção de novos produtos bem como uma conscientização dos designers (mas também da indústria) estimulando-os para uma busca por uma nova mentalidade a partir da realidade que se apresenta atualmente”. Liliane Laemmle, também formada na primeira turma, que trilhou sua carreira na indústria cerâmica, especializou-se em produção e fotografia e atualmente atua no setor de marketing. Ela relembra sua estada na Univali. “Adoro saber que faço parte da primeira turma de Design Industrial da Univali. Para mim, é um orgulho e demonstração de quanto eu acreditava naquela época em design. Há 15 anos, o curso era completamente novo, experimental, faltavam laboratórios, estrutura, biblioteca (poucos livros), tudo era uma aventura. Foi um ótimo período, porque conhecemos pessoas diferentes de outros estados, que já tinham uma história de estudo em design, que apostaram na ideia de ensinar design em Santa Catarina e em uma cidade litorânea”. Rui de Oliveira também comenta a respeito: “Quando iniciamos o primeiro semestre do curso de Design Industrial não tínhamos a menor ideia do que viria. O curso estava apenas começando; consequentemente não havia muitos laboratórios e faltavam alguns materiais necessários para o desenvolvimento do curso. No entanto, juntamente com o coordenador do curso na época, Prof. Salomão e sua equipe, lentamente fomos conquistando o nosso espaço, ao qual necessitávamos para colocar em prática o que nos era ensinado na teoria. Desta forma, sinto-me muito realizado e feliz, não só eu, mas com certeza, toda esta primeira turma, por estar fazendo parte deste momento especial, pois tenho consciência que todos estes alunos fizeram história dentro do curso de Design, de uma forma muito marcante”. Renato também relembrou a época, as dificuldades e os desafios: “Na época, foi um importante passo a instituição apostar nas carreiras voltadas para a economia criativa – conceito este que nem sequer era falado na região. Ainda lembro, como se fosse ontem, a primeira aula, os primeiros contatos com o corpo docente que era coordenado pelo Prof. Salomão e que, pela falta de professores na região, ‘importava’ profissionais de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro para ministrar as disciplinas do curso. Também lembro da apresentação do terreno onde hoje ficam localizados os blocos 8 e 9 como área que passaria a ser ocupada pelos laboratórios dos cursos de Design. Todos os meses tinha alguma novidade, um novo equipamento, material, laboratório ou alguma adaptação de espaço de ensino para o nosso curso. A turma era muito unida, exigente e com bastante vontade de abrir mercado”. Certamente, hoje o curso de Design Industrial não passa mais por dificuldades como aquelas citadas, mas sempre há novos desafios. Os investimentos em laboratórios, equipamentos e livros e a formação profissional tanto dos profissionais que vieram de fora para aqui ficar como também aos que foram se formando são valores agregados do curso que vão se atualizado constantemente. Se não fosse assim, o Design Industrial não teria aberto espaço para outros cursos de Design que passaram a integrar rol de cursos da Univali. O primeiro foi o Design de Moda, depois o Design Gráfico e mais recentemente o Design de Jogos e Entretenimento Digital. Todos esses cursos com suas atualizações de matrizes, adaptações às exigências do mercado, reconhecimento do ensino pelas empresas e pelos acadêmicos se deram com a contribuição do corpo docente e dos coordenadores que por aqui passaram: Prof. Luiz

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Salomão Ribas Gomez (1998-2003), Prof. Flavio Anthero Nunes Vianna dos Santos (2003-2010), Profa. Bianka Cappucci Frisoni (2010 - 2013) e atualmente Prof. Marco Aurélio Petrelli, egresso do curso. Petrelli, como é chamado pelos colegas, comenta sobre a sua participação no curso: “Pensar nestes 15 anos de Design na Univali, consiste em relembrar os melhores anos de minha vida. Na profissão que escolhi, nas pessoas que conheci durante estes 13 anos que vivencio o curso. Primeiramente como aluno, professor e agora, coordenador de curso. Ao olhar para trás percebo o quanto crescemos... éramos apenas um; Design Industrial. Mas, com o passar do tempo, ganhamos novos irmãos: Design de Moda, Design Gráfico, Design de Jogos e os caçulas: tecnólogo em Produto e Gráfico. A cada mudança, novas caras e comportamentos que hoje constituem uma identidade que continua sendo construída. Vislumbramos um futuro de desafios que serão superados com a participação de nossos alunos, professores e colaboradores. Desta maneira, estaremos preparados para os próximos 15 anos”.

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Lucas Guse Design Gráfico 4º periodo Hiper-realismo em grafite sobre Canson

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E SE... ...você fizesse outra coisa na vida? O que você gostaria de ser? Nos nossos sonhos quase sempre imaginamos escolher uma outra profissão, ser uma outra pessoa ou vivenciar experiências relacionadas
 a ideias criadas na infância: ser astronauta, palhaço ou se tornar alguém famoso. Muitas vezes esses sonhos não se transformam em realidade e eles ficam para sempre na nossa memória, esperando uma pequena chance de se concretizar, mesmo que eles possam ser muito distantes. Este E se... dá continuidade a proposta da edição passada procurando descobrir 
que sonhos são esses que ficaram na 
mente de algumas pessoas. Lúdicos, divertidos, dramáticos ou assustadores, proporcionamos a vivência de alguns momentos a nossos convidados. São eles: Carlos Eduardo Borba, mais conhecido como Duda, professor dos cursos de Design; Tibor Maximiliano Guedes, aluno do 8o período do Curso de Design Industrial; David Ruan Costa Nunes, aluno do 6o período do Curso de Design de Moda, Alice Grosseman Mattosinho, aluna do 7o período do Curso de Design de Jogos e Kamila Uberto, funcionária do setor de Marketing do Campus Balneário Camboriú da Univali. Para saber quem foi o personagem encarnado por cada um, confira nas páginas a seguir: Fotógrafia: Euclides da Cunha Neto Produção: Tabata Kadur Assistente de produção: Luis Eduardo Moser, Nívea Ceratti, Lucélia Silvestri, Damaris Ramos Make e hair: Leonardo Barbosa Edição e Ilustração: Thiago Boller Modelos: Kamila Uberto, Tibor Guedes, Alice Mattosin, David Ruan Nunes, Carlos Eduardo Borba

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Kamila Uberto

Funcionária do setor de Marketing da Univali

E SE... Você fosse uma aeromoça? “Desde muito pequena, antes mesmo da minha primeira viagem de avião, sempre observei a elegância das aeromoças e a gentileza com que tratavam as pessoas. Seus uniformes sempre impecáveis, assim como seus cabelos e maquiagem, me chamavam a atenção. Viajar e conhecer novos lugares, culturas e pessoas me inspiram. Acredito que hoje, se eu realmente fosse uma aeromoça, iria aproveitar cada viagem para conhecer o mundo. Fotografar, provar novas comidas, conhecer pessoas diferentes, conversar muito e tirar proveito da experiência.”

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Tibor Maximiliano Guedes

Aluno do 8º período do curso de Design Industrial

E SE...Você fosse um cientista? “Sempre tive interesse em química e física, acho que por influência de meu avô e meu pai. Pela televisão, admirava os cientistas e inventores que assistia no programa “Mundo de Beakman”. Acabei escolhendo cursar Design Industrial por ser um campo que consegue trabalhar paralelamente às ciências exatas, mas mantendo a criatividade e senso artístico como fatores principais. Se eu fosse um cientista hoje me imaginaria em situações bem sérias estagiando em alguma bolsa de iniciação científica, ou algo do tipo”.


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Alice Grosseman Mattosinho

Aluna do 7º período do curso de Design de Jogos

E SE... Você fosse atriz de filmes de terror? “Sempre gostei muito de atuação e fiz teatro durante nove anos. Tive que parar quando terminou o colégio, mas jogar RPG Live Action foi uma maneira de continuar atuando, com personagens criados por nós mesmos, quase como um teatro de improviso. A questão dos filmes de terror é um gosto pessoal, influenciado principalmente pelos jogos de RPG, que sempre fizeram parte da minha vida. Se eu fosse uma atriz de filmes de terror, adoraria interpretar algum vampiro, como em “Entrevista com o Vampiro”. Gostaria de fazer algum personagem obscuro, misterioso, mas forte e com sentimentos que o público se identificasse.”

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David Ruan Costa Nunes

Aluno do 6º período de Design de Moda

E SE... Você fosse um bailarino? “Quando estava na 4ª série, fui levado por um amigo do colégio à aula de ballet. Desde os 10 anos eu queria ser bailarino profissional, ganhar a vida com isso. Hoje a dança contribui muito, pois ainda vivo essa arte. Se eu fosse um bailarino profissional estaria dançando nos maiores teatros pelo mundo em uma grande companhia de dança contemporânea.

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Prof. Carlos Eduardo Borba

Professor dos cursos de Design da Univali

E SE... Você fosse o Popeye? “Popeye é um cara simples, que valoriza suas amizades e procura sempre fazer o bem. Temos a mesma filosofia de vida, além do fato de que ambos somos desprovidos de beleza. Se eu fosse o Popeye, arrumava outra gatinha para o Brutus e pegaria a Olivia de jeito! (risos)”

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Oba! bienal Bienal Por Arina Blum

A consagrada Bienal Brasileira de Design chega a Santa Catarina em sua 5ª edição, após passagem por São Paulo, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. A 5ª edição da Bienal Brasileira de Design será em Santa Catarina. Florianópolis é a sede do evento que reunirá, em 2015, designers, empresas, instituições e, lógico, um maravilhoso arsenal de design. Tendo “Oba!” como lema, a Bienal em Santa Catarina se propõe, ainda, ao Design For All, ou seja, o design acessível a todos. “Oba!”, expressão de alegria e de contentamento, registra o entusiasmo com que os catarinenses abraçam esse evento. “Oba!” é também a sigla para Objeto Brasileiro Autêntico, expressando que, aqui, se cultiva qualidade e autenticidade para todos. Trazer a Bienal Brasileira de Design para Santa Catarina foi um desafio inicialmente abraçado pela entidade de representação dos designers deste estado, a SCDesign – Associação Catarinense de Design. A diretora presidente da SCDesign, Roselie de Farias Lemos, comenta que, para que essa conquista fosse possível, foram necessários dois anos de empenho na elaboração do projeto de conceituação do evento, além de todo o processo para articulações de contatos estratégicos e de adequado planejamento. Para Roselie, a Bienal Brasileira de Design em Santa Catarina colocará o estado em um importante patamar de visibilidade nacional e internacional junto aos diversos setores que abarcam o design, entre eles os meios empresarial e acadêmico. E os primeiros números da 5a Bienal de Design já mostram que, de fato, muitos olhos estão voltados para este evento e que está valendo a pena todo o esforço. Uma das primeiras ações foi o concurso para a identidade visual que obteve, nada mais, nada menos, que 1236 inscritos em sua primeira etapa. A SCDesign entende que eventos do porte da Bienal geram frutos com relação aos negócios e propagam ações que ajudam a disseminar a ideia do design em seu papel gerador de desenvolvimento econômico sustentável.

Vale lembrar que Santa Catarina já vem desempenhando esse papel. Prova disso é a história do design no estado que se fez e se faz pela geração de conteúdo consistente e de contribuição à estruturação do design brasileiro. Entre tantas ações visionárias ao longo do tempo, aqui destacamos a atuação, nas décadas de 1980 e 1990, do Laboratório Brasileiro de Design Industrial (LBDI) em Florianópolis. Ligado ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo (MICT), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), entre outros, o LBDI participou ativamente na consolidação de parcerias que impulsionaram pequenas e grandes empresas catarinenses. Para muitos, um “abrir de olhos” para as positivas oportunidades que o design promove.

4ª Bienal Brasileira de Design, em Belo Horizonte, 2

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l em Santa Profissionais da área, empresas e instituições de todos os cantos já estão motivados a mostrar para o mundo seus produtos valorizados pelo design. Cabe ressaltar, no entanto, que para expor na Bienal em 2015, os interessados devem aguardar o edital que será lançado pela curadoria do evento. Mas quem quer contribuir desde já, pode propor um evento pré-Bienal. A SCDesign está recebendo esses projetos. Eles são avaliados e, se aprovado, o evento recebe o selo da pré-Bienal e entra no calendário que se estende até 2014. Dentre os diversos eventos pré-Bienal que já estão ocorrendo por aí, um deles é a exposição Index/SC, que reitera a importância da economia catarinense para o Brasil. Destacando a indústria de Santa Catarina e a sua contribuição para o desenvolvimento de produtos bem-sucedidos, a exposição conta com cases de 12 empresas: Altenburg, Marithimu’s, Docol, Whirlpool (Brastemp), Intelbras, Oxford, Eliane, Nugali, Mormaii, Hering, Imaginarium e Jader Almeida. São empresas de peso com produtos valorizados pelo design – apenas um “pedacinho” de tudo de bom que vem por aí em termos de identidade reginal e nacional – objetos autenticamente brasileiros. Oba! Que venha a Bienal 2015! Santa Catarina está de braços abertos!

Produto exposto na 4ª Bienal Brasileira de Design

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Conselho Diretor Mário Cesar dos Santos, Prof. Dr. Reitor Amândia Maria de Borba, Profa. Dra. Vice-Reitora Cássia Ferri, Profa. Dra. Pró-Reitora de Ensino Valdir Cechinel Filho, Prof. Dr. Pró-Reitor de Pesquisa, PósGraduação Extensão e Cultura Mércio Jacobsen, Prof. MSc. Secretário Executivo da Fundação Universidade do Vale do Itajaí Vilson Sandrini Filho, Prof. MSc. Procurador Geral da Fundação Universidade do Vale do Itajaí Carlos Alberto Tomelin, Prof. Dr. Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas Comunicação, Turismo e Lazer Bianka Cappucci Frisoni, Profa. MSc Coordenadora dos cursos de Design, Design de Moda e Design de Jogos e Entretenimento Digital Marco Aurélio Petrelli, Prof. MSc Coordenador dos cursos de Design Industrial, Design de Produto e Design Gráfico



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