ANO I – NÚMERO 0 – MAIO DE 2013
UM OLHAR SOBRE A EUROPA - POLÍTICA ECONOMIA SOCIEDADE - OS PONTOS DE VISTA NA WEB
AS FRASES AS REFLEXÕES
MOEDA ÚNICA: UM FIM ANUNCIADO?
TROIKA – O QUE TALVEZ VALHA A PENA CONSIDERAR
NA HORA DO AJUSTE DE CONTAS A EUROPA NÃO QUER VIVER JUNTA
PORQUE PODE A GRÉCIA ESTAR À BEIRA DA GUERRA CIVIL
A CRISE ECONÓMICA CÁ E LÁ OS PAIS ADOPTIVOS DA EUROPA
NÚMERO DE TESTE – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – WWW.FACEBOOK.COM/UNIAOEUROPEIA PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA ATRAVÉS DE WWW.ISSUU.COM
EDITORIAL
Teo Cavaco
No dia 1 de Novembro de 1993 entrou em vigor o Tratado da União Europeia (assinado pelos chefes de Estado e de Governo representados no Conselho Europeu de Maastricht, Holanda, a 9 e 10 de dezembro de 1991, e portanto assim designado), o documento que definiu as linhas-mestras da política e das instituições europeias, tendo estabelecido a cidadania europeia e identificando como objetivos a união económica e monetária, a política externa e a política de segurança comuns. Uma vez que se assinala precisamente este ano o seu vigésimo aniversário, a Comissão Europeia propôs que 2013 fosse designado «Ano Europeu dos Cidadãos». Ora, o objectivo do Ano Europeu dos Cidadãos consiste em facilitar aos cidadãos da União o exercício do seu
Carlos Romeira
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Eis o formato Magazine OnLine, do site “A Europa hoje ao Meio-Dia”. Longe do modelo de uma Revista convencional, a evolução do nosso site de reflexões sobre a Europa para um formato paginado não é mais do que a compilação das reflexões e análises dos amigos e colaboradores que têm enriquecido o nosso trabalho na web ao longo dos últimos meses. O espaço das redes sociais tornou-se o meio de comunicação e expressão mais democrático que alguma vez existiu. Pela primeira vez na História, a voz de qualquer um, pode chegar com o mesmo poder a qualquer canto do Mundo. Porém, como aconteceu com todas as coisas boas criadas pelo Homem, existe um reverso da medalha. A liberdade de expressão obrigou a que fosse ao mesmo tempo impossível distinguir o óptimo do menos bom, o interessante do interessante
direito de circular e residir livremente no território da UE, assegurando um fácil acesso às informações sobre os seus direitos e políticas da EU, estimulando a sua participação activa no processo de elaboração das políticas da União, através do debate sobre o impacto e o potencial do direito de livre circulação, em especial em termos de reforço da coesão e de compreensão mútua. Este projecto editorial, humilde mas generoso, será assim um fórum, no qual cada um de nós, indivíduos pertencentes a um estado livre (antes de tudo o mais a nossa consciência), no pleno gozo dos nossos direitos civis e políticos, e sujeitos a todas as obrigações inerentes a essa condição, nos reservaremos a ousadia de procurar intervir na construção da nossa Europa, num tempo tão incerto, e portanto tão excitante!... Boas reflexões!
dispensável. Autores de valor, mas discretos até então, passaram a estar ao alcance de todos, da mesma forma que textos com rigor científico duvidoso e moralidade inexistente começaram a circular com o risco de se tornarem verdades absolutas! Nunca a falácia da “mentira dita muitas vezes torna-se verdade” esteve tão presente. O leitor ficou confuso e tornou-se desconfiado. Por essa razão, acreditamos que temos a responsabilidade de vincular o nosso compromisso perante quem nos lê. Não o fazemos por acreditarmos que possuímos o conhecimento da verdade absoluta. Longe disso! Fazemo-lo porque temos a ousadia de colocar em causa as restantes verdades do Mundo.
Pág. 2 - Editorial Pág. 3 - Ficha técnica
FRASES CÉLEBRES
- Frases célebres: Thatcher, Monnet, Napoleão Pág. 4 - Merkel propõe eliminação de salário mínimo - Frases célebres: Eça, Churchill Pág. 5 - Porque pode a Grécia estar à beira de uma Guerra Civil, por Pedro Esgalhado Pág. 6 - A Terceira Guerra Mundial - As perguntas aos cibernautas Pág. 8 - Hitler chegou ao poder há 80 anos - O início do fim?! Pág. 9 - Na hora do ajuste de contas
"A Europa nunca será como a América. A Europa é um produto da história. A América é um produto da filosofia. " Margaret Thatcher
Pág.10 - A Europa não quer viver unida!, por Pedro Toscano Pág.12 - Talvez valha a pena considerar o seguinte Pàg. 14 - A amnésia colectiva dos alemães Pág. 15 - A descida do Rating alemão Pág. 16 - A crise económica cá e lá Pág. 19 - Moeda única: Um fim anunciado? Pág.20 - Os pais adoptivos da Europa
"Não coligamos Estados, unimos pessoas" Jean Monnet
FICHA TÉCNICA Direcção: Teo Cavaco e Carlos Romeira Mensal – Ano I – número 0 – Maio de 2013 Distribuição Gratuita Publicação exclusiva em www.issuu.com
Este é um número de teste. Todos os artigos foram inicialmente publicados na WebPage
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"Com a Europa dividida em nacionalidades formados livremente e livre internamente, a paz entre os Estados seria mais fácil: os Estados Unidos da Europa tornou-se uma possibilidade" Napoleão Bonaparte
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"Merkel considera salário mínimo responsável por desemprego"
EÇA DE QUEIROZ
Agência Lusa, 18 Abril 2013.
É curioso que seja a partir do país onde o Estado Social foi inventado por Bismark se venham agora esbofar ideologias tão radicais e irrealistas. Se por um lado, não devemos temer a liberalização do mercado de trabalho, onde deveria ser possível às empresas despedirem mais facilmente e aos trabalhadores terem actividades e meio-tempo ou acumuladas, sem que com isso sejam penalizados, por outro, descartar a protecção da Lei a quem produz é regressar ao tempo feudal.
"Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução. Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico." Eça de Queirós
Não podemos enfiar a cabeça na areia e correr o risco de vermos a população europeia caminhar para o mesmo estádio de escravização laboral que existe em continentes concorrenciais. Onde é que a Europa marcaria a diferença, pela positiva? Para além disso, relacionar os salários mínimos com o desenvolvimento da economia é uma falácia. Quanto muito, as suas oscilações são conjunturais em relação ao crescimento, que é precisamente o que se passa em Portugal, neste momento. Senão, como se explicaria o sucesso de grandes economias que possuem altos salários mínimos estabelecidos?
Já que esta físico/química não parece entender muito bem o funcionamento da economia, é preciso que alguém lhe explique que tal como em física, na economia também é válido admitir que para cada acção, ocorrerá uma reacção! E quem dera que não conheçamos a reacção a uma medida desajeitada e irresponsável como a que a Sra. Merkel propõe!
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"Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir." Winston Churchill
CRÓNICA
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Pedro Esgalhado Escrevo este comentário em resposta a um desafio que me foi proposto, embora inicialmente tenha manifestado alguma relutância. Contudo, porque não gosto de virar costas a desafios, porque a possibilidade não é descartável e porque depois de ter lançado a especulação noutros comentários aqui no facebook não podia ater-me à posição de “mandar a boca” e deixá-la no ar, aqui deixo o porquê de considerar tal possibilidade. Antes de prosseguir, deixem-me esclarecer que para mim, uma guerra civil é um conflito violento dentro de um Estado soberano em que se confrontam duas ou mais facções. Pode ser mais ou menos violenta e/ou destrutiva, pode prolongar-se mais ou menos no tempo, estende-se á maioria do espaço geográfico do país e pode ter origem em ambições corporativas inconciliáveis, em rivalidades étnicas, ou em questões de visão política da condução do Estado. Mas em todas, a História o demonstra, existem pontos comuns: - Grande descontentamento da parte de uma facção, e consequente vontade de alteração do status quo - Fragilidade extrema ou ausência completa de poderes instituídos - Visões fracturantes e irreconciliáveis - Equilíbrio de forças entre facções (condição sine qua non, caso contrário a facção maioritária rapidamente domina a minoritária e não se chega a atingir uma situação de guerra). Falta alguma coisa? Falta. Numa situação volátil, ou existe um sopro que dissipa os vapores explosivos pela atmosfera, ou à menor faísca a coisa explode. A França pós-revolucionária caiu numa quase-guerra, com vários cenários de violência entre girondinos e jacobinos. O povo francês vivia na miséria, queria mudar, derrubou o poder instituído substituindo-o por outro de legitimidade questionável e girondinos e jacobinos equilibravam-se, se não em número, pelo menos em potencial bélico. Portugal, após a guerra peninsular, cai numa guerra civil entre liberais e absolutistas que durou várias décadas, com breves intermitências. O povo português vivia na miséria, embora estivesse dividido entre a lealdade ao Rei e ao status quo e a vontade de mudança. Em Espanha viveu-se uma das mais sangrentas guerras civis do século XX, entre uma multitude de facções que ora se coligavam, ora actuavam
isoladamente. Também aqui o povo vivia na maior pobreza
isoladamente. Também aqui o povo vivia na maior pobreza e atraso, havia grande divisão ideológica (mas também de pendor nacionalista, com várias regiões com pretensões independentistas) o poder instituído estava fragilizado – o Rei tinha abdicado, dando lugar a uma república não legitimada – e as facções equilibravam-se. Na ex-Jugoslávia viveu-se outra guerra civil violentíssima apenas porque desapareceu o pulso forte que garantia a agregação de povos que alimentavam rivalidades de séculos presa por arames. Que tem isto tudo a ver com a Grécia de hoje? Por enquanto, o povo não vive na miséria, é um facto. Mas a mancha de pobreza alastra de dia para dia e se não se formar rapidamente um governo que segure a situação, a economia colapsa e então a miséria fica fora de controlo. Teremos então, não uma minoria, mas sim uma maioria de gente em situação de desespero. Não há poder instituído. O falhanço das eleições impede a formação de um governo legitimado e o que se encontra em gestão, além de estar limitado nos poderes e competências, também será sempre um governo cuja autoridade é questionada. Esta questão, além dos problemas internos que já deixa a descoberto, agrava o problema das relações com o mundo económico o que pode dar o empurrão final para a economia do país cair no abismo. Como o falhanço das eleições veio pôr a nu, a multitude de partidos políticos a sufrágio representa igual número de rasgões no tecido ideológico e a incapacidade de conseguir uma coligação para governar indica bem até que ponto os diferendos são inconciliáveis. Não há uma facção dominante (ou o problema ter-se-ia resolvido nas urnas). Isto significa que existe algum equilíbrio de forças, ou que o desequilíbrio é mínimo, possivelmente, até oscilatório. O que é que falta neste momento? A situação atingir a insustentabilidade (banca rota, independentemente da saída do euro ou da sua manutenção). A faísca iniciadora. Que até já ocorreram várias, mas que só não deram piores resultados porque foi em altura em que existia poder instituído e legitimado, e havia quem controlasse e orientasse as forças da ordem. Quero com isto dizer que vai acontecer? Não. Eu só disse que pode… esperemos que não.
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Muitos analistas consideram que a Terceira Guerra Mundial não será um conflito bélico, mas económico. O risco de aniquilação total, devido à inevitabilidade nuclear, manteria o paradigma da "pax" da Guerra Fria. Utilizaram-se demasiados recursos na construção de grandes infraestruturas, para que os Estados estivessem dispostos a arriscar a sua destruição num conflito dessa natureza. Por outro lado, a globalização da comunicação e a ascensão do activismo humanista, aproximou a raça humana. Os povos aperceberam-se que não possuem tantas diferenças entre si e as pessoas deixaram de estar disponíveis para morrer pela pátria. Os valores humanos superam os valores patrióticos, apesar destes não se terem totalmente perdido, a avaliar pelo comportamento social.
Não existindo dúvidas quanto ao carácter económico desse Terceiro Conflito, o que suscitaria curiosidade seria o seu formato. Pensava-se que ocorreria entre blocos económicos. Porém, já começou no seio da "velha" Europa e um pouco à imagem das guerras antecedentes, iniciou-se regionalmente, com a crise das dívidas soberanas. Em 1914 a Alemanha tinha alcançado um assinalável desenvolvimento industrial e estava na vanguarda dos direitos cívicos e laborais, antecipando um sistema de protecção social que ainda não existia, por exemplo na Inglaterra, pioneira da Revolução Industrial. Em 1939, não obstante a inflação galopante, a Alemanha crescia economicamente, contra todas as perspectivas que o Tratado de Versalles antecipava.
AS PERGUNTAS FEITAS AOS CIBERNAUTAS
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Hoje, todos os Estados-membros continuam a sentir essa hegemonia alemã, que impôs ao projecto da moeda única um Pacto de Estabilidade afim de afastar o fantasma da inflação, ao qual a França respondera com a exigência de um Pacto de Crescimento. Porém, a "Europa Austera" de hoje ficou obcecada pela estabilidade, em prejuízo do crescimento. Os mercados tornaram-se excessivamente ambiciosos e o sistema monetário ganhou vida própria, sendo um parasita que se consome a si mesmo. Se em 1914 a Alemanha se viu arrastada politicamente para o conflito, por auxílio ao Império Austro-Húngaro que se pretendia vingar da Sérvia, e em 1939 foi presa fácil de um líder lunático, hoje poderemos encará-la como um gigante que é vítima do seu tamanho.
O sucesso alemão foi excessivo em relação aos restantes parceiros da zona Euro e essa discrepância legitimou o sentimento alemão de chamar a si os benefícios do seu esforço. Porém, é igualmente compreensível que os seus parentes pobres reclamarem mais ponderação nas políticas de um país que também eles, ajudaram a crescer. O globalizado relacionamento económico e financeiro entre as principais praças mundiais, antevê que a crise da Europa seja o bater de asas de um efeito borboleta que alcançará todos os mercados do globo com a tempestade de uma Terceira Guerra Mundial em que nós europeus, uma vez mais, seremos os principais protagonistas.
AS PERGUNTAS QUE A EUROPA GOSTARIA DE VER RESPONDIDAS: - QUANDO ACABARÁ A PRESENTE CRISE? - QUEM É, OU QUEM SÃO, OS RESPONSÁVEIS POR ELA? - O QUE FAZER PARA ULTRAPASSAR A CRISE? 7
"Se sairmos da União Europeia será uma viagem sem retorno" David Cameron
Pessoalmente, preferia que a França pedisse um resgate financeiro do que a saída do Reino Unido da UE.
A actual liderança apesar disso, tem toda a legitimidade e atrevo-me até a dizer, toda a obrigatoriedade para proceder às necessárias reformas. Penso aliás que é urgente. O "timming" de 2017 proposto por James Cameron não será de todo inocente. Para os interesses ingleses "além-União", seria até benéfico que a "Estratégia 2020" falhasse. Uma Europa mais desenvolvida ameaçaria a hegemonia ultramarina inglesa.
Numa coisa Cameron tem razão. Não se pode continuar neste rumo e peca-se por lentidão nas decisões. O hiato democrático entre Bruxelas e os cidadãos que ele refere é verdadeiro mas também necessário neste momento, pois a Europa unida ainda não está suficientemente amadurecida para ser dirigida por uma liderança democratica e directamente eleita, como defendem os ingleses.
A Alemanha de Merkl já começou a mudar o discurso e compreendeu finalmente que não se pode matar a galinha dos ovos de ouro. Por equanto os ingleses poderiam ter a ganhar com o abandono da União Europeia. E no futuro? Verificar-se-ia o mesmo? Será que irão explicar isso aos ingleses na hora de votarem o referendo, ou vão omitir-lhes esta parte tão importante?
OS COMENTÁRIOS
“A EUROPA HOJE AO MEIO-DIA” DEBATE ABERTO EM: www.facebook.com/uniaoeuropeia 8
OPINIÃO Carlos Romeira
Os Estados europeus decidiram ajustar algumas contas antigas ignorando os Tratados. Será que a Europa possui sustentabilidade suficiente para aguentar tal inépcia?
Vivemos um período de aflição, no país e na Europa, sendo perverso ignorar esta conjuntura. Parece-me que “aflição” é o estádio que precede as crises e antecede o descontrolo. Na Europa, a crise das dívidas soberanas veio colocar a nu as fragilidades das relações internacionais entre Estadosmembros. Mas muito mais do que isso, veio desembuchar alguns pensamentos e políticas que há muito tempo se iam contendo, escondidas atrás da ideologia europeísta do bom senso e pela prática da “coisa certa”. Esta foi a oportunidade por que algumas franjas políticas esperavam para enfim se revelarem. Desenterraram-se ódios antigos e a Alemanha puxando dos galões assumiu-se como o “motor da Europa”, que com toda a legitimidade cobra o seu preço aos países que não lhe seguem o exemplo em matéria de produção e criação de riqueza. Por sua vez, a Grécia não está com meias medidas e responde ao país germânico com a factura das despesas da guerra que os primeiros provocaram, para acerto da conta-corrente entre ambos! O que ninguém se lembrou foi que o precedente aberto pode virar moda. E para nós, Portugal, isso até viria a calhar pois temos umas contas militares ali a ajustar com a vizinha Espanha!
Já se ouvem rumores com alguma perrice, que não pertence aos Estados garantir os depósitos dos Bancos. Assertivo, tendo em conta que são as únicas Empresas privadas que se podem gabar de ter total garantia de que não entrarão em falência, mesmo que lá se coloque em peso toda a antiga administração do BPN! Porém, estas ideias vanguardistas, nas quais a Islândia se tem assumido uma pioneira, revelam-se um pau de dois bicos. Criarão desconforto entre os depositantes e detentores de capitais. Mais uma vez ninguém se lembrou do óbvio! Estando nós dependentes do modelo financeiro/monetário actual, entrar neste radicalismo precoce é um risco demasiado alto para os mercados. Enquanto não matarmos a “besta” teremos que lhe ir dando alimento, senão poderá devorarnos por estar faminta. Os Estados europeus estão mais comprometidos em ajustar contas, do que em arranjar soluções para os seus problemas. Um grande confusão! É um salve-se quem puder. A debandada total antes da chegada da cavalaria inimiga. Entre mortos e feridos, alguém se há-de safar. A pergunta será: quem?
Por outro lado, o Chipre como medida para garantir financiamento, decide taxar os depósitos bancários. Quis justificá-lo com os exacerbados juros pagos aos depositantes russos, mas ninguém se lembrou que se estariam a quebrar compromissos contratuais, algo impensável à luz do Direito comunitário! Isto sem falar nas repercussões ao nível financeiro, porque devido às medidas de contenção de capitais nesse Estado da zona Euro, ficamos na dúvida de qual será o valor da moeda cipriota em comparação com o valor da moeda alemã. Estaremos a falar do mesmo Euro? Da mesma Europa? É que os Euros do Chipre desvalorizaram 30%... perdão… apenas para alguns (serão os mais ricos?!) o que é ainda mais grave!
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OPINIÃO Pedro Toscano
-- por Pedro Toscano --
Nos dias de hoje, muito se fala e se escreve sobre o futuro da União Europeia. Fala-se de separação, fala-se de união a duas velocidades, fala-se de um modelo político igual ao dos Estados Unidos … uma Federação de Estados!
- O que é uma Federação.
www.facebook.com/pedro.toscano.39 http://avidaempequenashistorias.blogspot.com.es/
Segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, “Federação” é a “União de muitos Estados particulares num só”. Ou seja, um Estado soberano composto por diversas unidades territoriais autónomas dotadas com governo próprio. Internacionalmente, apenas é reconhecido o Estado federal e as principais competências políticas, económicas e sociais são decisão de um governo central. Nos nossos dias, temos vários exemplos: Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Emiratos Árabes Unidos, Estados Unidos, Índia, Malásia, México, Nigéria, Rússia e Suíça. Fazendo uma análise superficial à História de todos estes países, verificamos que, exceptuando os casos da Alemanha, da Rússia e da Suíça, todos os restantes foram colónias de países europeus. Estas ex-colónias foram construídas do nada e foramse formando em redor de um ideal comum, debaixo de uma bandeira e de uma religião. Todos obtiveram a sua independência e mantiveram os mesmos princípios. Alguns tiveram problemas com os nacionalismos (Índia e Nigéria) mas mantiveram a sua base e organização territorial.
- Um pouco de História. Sem querer aprofundar em demasia a história desta União Europeia, tudo começou em 1957 com a “união” entre França, Itália, Alemanha Ocidental, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Em 1973, aderiram o Reino Unido, Irlanda e Dinamarca. Em 1981 entrou a Grécia e, em 1986, Portugal e Espanha. Em 1990 deu-se a unificação alemã e em 1995 juntaram-se ao grupo a Áustria, Finlândia e Suécia. Em 2004 entram Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa. Em 2007 entram Roménia e Bulgária.
- O que é viver num Estado federado. Viver num Estado federado é, com as devidas diferenças, como viver num prédio de cinco andares, com quatro apartamentos
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em cada andar. Ao princípio, é tudo muito bonito. Mas quando surgem os primeiros problemas, ou se tem um gestor de excelência capaz de sanar os problemas e apresentar soluções honestas, ou então os problemas agravam-se e torna-se difícil a convivência entre todos os moradores. Porque cada família tem os seus próprios interesses. Porque cada um olha apenas por si. Se num condomínio, um dos condóminos lhe apetece fazer festas todos os fins de semana, não estará respeitando as regras acordadas entre todos. Se o administrador não puser travão à situação, todos vão começar a fazer o mesmo. É o “se os outros podem eu também quero”. Se devido à crise, uns deixam de pagar porque o dinheiro não chega para tudo, outros (mesmo que tenham muito dinheiro) deixam de querer cumprir com as suas obrigações e começam as ameaças. Os que não têm dinheiro não querem pagar e os que têm não querem andar a sustentar os restantes.
- A problemática de uma Europa federada. Analisando o passado recente desta “Europa unida”, verificamos que esta união só funcionou bem entre 1957 e 1981, enquanto viveu com países com uma mentalidade muito parecida. E pode-se dizer que os desequilíbrios começaram a partir da década de 80, com as adesões da Grécia, Portugal e Espanha. Países ricos e industrializados tiveram que começar a “dar” dinheiro a países que viviam “à sombra da bananeira”, sob o ideal de uma Europa forte e capaz de rivalizar com os Estados Unidos. Começaram a surgir os dinheiros europeus para tudo e para nada! Eram tempos bons porque haviam bastante dinheiro. Dinheiro suficiente para dar e estragar. Mas era uma união com futuro. Os países que entraram em 1995 permitiram manter o prato da balança equilibrado. Agora eram onze países fortes que podiam ajudar os quatro mais pobres. O dinheiro europeu continuava a sustentar muita coisa. Mas em 2004 quebrou-se o equilíbrio. Os países “preguiçosos” começaram a estar em maioria. A mentalidade do “deixa andar” e do “dinheiro fácil” começa a ganhar terreno. Todos vivem à custa do dinheiro de meia-dúzia. E em 2008 estala a crise que vivemos hoje em dia. Esta Europa que Bruxelas quer … no meu humilde ponto de vista … não pode resultar. Esta Europa, que alguns querem federar, não pode resultar. Esta Europa “manta de retalhos” não pode funcionar. De um lado, temos os países latinos, e do outro, os países saxónicos e germânicos. Temos, a sul a religião católica, a norte o protestantismo e a este os ortodoxos. No sul, temos a mentalidade gastadora e no norte a mentalidade de poupança. No norte, temos a entreajuda, no sul o “gamanço” e o “desenrascanço”. No norte existe o cumprimento da lei e no sul o fugir à lei. Temos, no norte a vida regrada e, no sul, a vida de opulência. Querer federar países com mentalidades
vida de opulência. Querer federar países com mentalidades tão diferentes é impossível. Quer dizer … é possível mas é uma convivência impossível. Podemos recuperar o exemplo de um condomínio de vizinhos onde apenas três ou quatro famílias cumprem com as suas obrigações e as restantes quinze ou dezasseis famílias fazem o que querem e lhes apetece. Os países nórdicos, adeptos do rigor político e económico, não querem continuar a financiar uma Europa, maioritariamente, preguiçosa. Não querem sustentar os países do sul onde, uma pequena percentagem da população (mas com enormes rendimentos) não quer cumprir com as suas obrigações e foge com o seu dinheiro para outras paragens. Os países germânicos tentam, pela via económica, o que antes não conseguiram pela via das armas. E os países pobres não querem deixar fugir o dinheiro europeu. Necessitam desse dinheiro para alimentar os bolsos de meia-dúzia de figuras públicas. No meio disto tudo, está o povo, que vê as suas poupanças a ficarem reduzidas a nada. Na minha humilde opinião, se a ideia de uma Europa Federada avançar será porque é uma imposição dos que têm o dinheiro. De certeza absoluta que se perguntarem ao povo se está de acordo com esse tipo de modelo político, uma grande maioria dirá que não. E dirá que não porque cada país (sobretudo os mais pobres) perderá a (pouca) autonomia que ainda tem. E terá que aceitar tudo o que venha de Bruxelas. Razão têm os noruegueses que disseram “não” por duas vezes à adesão à União Europeia. Fazem parte do “espaço Schengen” que permitem a livre circulação de pessoas e fazem trocas comerciais com a UE mas não querem fazer parte deste “clube de gente falida”. Espertos foram os ingleses e dinamarqueses que, enquanto todos os outros países foram obrigados a aderir à moeda única, eles mantiveram a sua moeda nacional. E a Suécia que vai conseguindo escapar ao euro. Se um comum mortal, que é cumpridor nas suas obrigações (e têm pouco dinheiro), não é capaz de conviver com o vizinho do lado, que não cumpre nas suas obrigações e esbanja dinheiro em férias e carros topo de gama, como querem que países ricos aceitem conviver e financiar portugueses, espanhóis, gregos e outros tais? O normal será um dos lados procurar um novo lugar para viver… digo eu! Ou então, os preguiçosos começarem a trabalhar mais e todos viverão felizes e contentes para sempre...
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-- por Teo Cavaco --
ANÁLISE Teo Cavaco
https://www.facebook.com/teo.cavaco
1. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) foram criados em 1944, como resultado da conferência de Bretton Woods (NewHampshire, nos Estados Unidos), tornando-se agências especializadas das Nações Unidas (embora com estatuto especial e diferente das demais entidades intergovernamentais) para administrar as relações financeiras e monetárias internacionais, devendo implementar ou coimplementar políticas de ordenamento monetário, o que, de facto, vigorou entre 1946 e 1973, um sistema de paridades cambiais fixas (mas ajustáveis), baseado no padrão ouro-dólar;
2. Para além desta função económica/monetária, estas Instituições têm desempenhado um papel político (para alguns até "ideológico"), uma vez que acabam por se envolver na administração prática da vida económica dos países membros, daí derivando uma série de implicações políticas (e jurídicas), as quais despertam mais paixão do que racionalidade no debate;
3. Quando, em Agosto de 1971, os EUA declararam não mais honrar o compromisso assumido em 1944 e suspenderam unilateralmente a conversibilidade do dólar em ouro, o sistema original fracassou e, desde 1973, com as várias modificações e tentativas de convénios e soluções, a economia mundial vive num regime de ausência total de paridades correlacionadas, ou seja, vivemos, como referiu Joseph Eugene Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, um "não-sistema" monetário internacional;
4. Assim, os países adoptam regimes de flutuação cambial consoante o seu nível de desenvolvimento, vinculando as suas moedas a algumas divisas fortes, geralmente o dólar, o euro ou o iene, pelo que aquele pode ser totalmente livre, o que não impede a intervenção dos bancos centrais nos mercados quando tal é considerado necessário; 12
5. Temos vivido uma "anarquia" monetária e cambial desde o desmembramento do modelo de Bretton Woods, pelo que houve uma concentração dos regimes monetários nacionais em torno das três grandes moedas da actualidade, as já referidas dólar, euro e iene (o renmimbi chinês em breve será considerado…);
6. O "modelo de Bretton Woods" não parece ter oportunidade de renascer, num futuro próximo, muito embora, segundo alguns, os regimes monetários baseados em taxas ajustáveis e correlacionadas continuem atraentes em razão de sua aparente promessa de estabilização cambial, algo tão desejável como a preservação do poder de compra de uma moeda;
7. Assim, quando ouvimos que o FMI “desistiu” da Grécia, talvez valha a pena chamar, uma vez mais, a História: em 1944, os acordos de Bretton Woods previam a criação de uma Entidade, voltada para o comércio (efectivamente criada em Havana em 1948, mas nunca ratificada no seu formato original e apenas implementada como Organização Mundial do Comércio - em 1995…), para abrir os mercados em regime de economia privada, baseada na livre conversibilidade das moedas, na ausência de discriminações (cláusulas de nação-mais-favorecida e do tratamento nacional) e de restrições quantitativas ou de barreiras não-tarifárias ao comércio de bens e serviços, bem como definir e manter políticas económicas sólidas e responsáveis, para evitar graves desequilíbrios internos ou externos que pudessem comprometer a economia mundial e os fluxos de comércio entre os países. É muito importante salientar que não tinha sido prevista a liberdade de movimentação dos capitais exclusivamente financeiros. O Banco Mundial, por sua vez, deveria ocupar-se dos financiamentos de longo prazo a taxas reduzidas, de forma a permitir investimentos de um certo vulto a países desejosos de obter recursos em obras de infraestrutura ou em projectos de lenta maturação;
8. Embora, ao longo destes últimos 60 anos, o FMI tenha feito muitos empréstimos para "ajuste estrutural" das economias em situação de graves desequilíbrios financeiros e o BIRD tenha providenciado recursos exclusivamente financeiros, não para construir casas ou estradas, mas para sanar deficiências de balanço de pagamentos, o "modelo de Bretton Woods" prende-se, mais frequentemente, às imposições de políticas económicas formuladas pelo FMI aquando da concessão de créditos e financiamentos estruturais, os quais, obviamente, significam a "imposição" de algumas condicionalidades ditas "neoliberais" pelos adversários do dito "consenso de Washington";
9. Ouvem-se, geralmente, alguns equívocos nas acusações dirigidas ao FMI (representado pela maioria do capital accionista, obviamente dominado pelas economias mais importantes do Mundo e dirigido por um verdadeiro "directório político"), mas é inegável que esta Instituição tem fomentado a liberalização dos intercâmbios, a diminuição da intervenção do Estado na economia, a solidez das políticas fiscais, o realismo cambial e a ausência de restrições aos fluxos reais e financeiros;
10. Embora sejam rígidos os métodos de implementação do ajuste, a ortodoxia monetária e financeira tem sido aplicada de comum acordo com as autoridades económicas dos países que solicitam um crédito de emergência;
11. Resta, portanto, perguntar: - quais as razões que levaram a esta necessidade de “resgate” – erros próprios ou absoluta incapacidade de sobrevivência dos países com economias mais frágeis num mundo cada vez mais globalizado?
Vale a pena um “novo Bretton Woods”?
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-- por Omar Mateiro -A ingratidão dos países, tal como a das pessoas, é acompanhada quase sempre pela falta de memória. Em 1953, a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou Kaput, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como a Grécia actualmente. A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street. O dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido. Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós--guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã. O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia. As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida. Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava. Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação. As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além
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disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável. Qual foi a reacção parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida. Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota. "Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas. O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do século xx. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante. "No século xx, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch. O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas. A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países. Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente.
OPINIÃO
A DESCIDA DO RATING ALEMÃO – por Armando Gil –
Pois na verdade... os alemães tb precisam de sentir o rabito um pouco mais quente... como se sabe até agora a integração económica e a criação da moeda única aproveitou de forma evidente à Alemanha, que viu a sua balança comercial a subir a pique... Esta é uma altura em que as consequências do desequilíbrio sobem um pouco mais acima na geografia e na economia. Na verdade pode explicar-se desta forma : quando o bom cliente deixa de pagar o fornecedor definha... Como os bons clientes (países de sul) já são vários a não poder pagar ... a coisa muda figura! Bom agora são os detentores de crédito comercial e financeiro que podem não ter "crédito" junto das agências de rating... Agora os nossos fornecedores alemães vão entender que os preguiçosos dos portugueses, gregos e espanhóis deixaram de comprar... Não lhes resta senão entender melhor a globalidade do problema europeu, em vez de se escudarem em evasivas simplistas e tristes sobre esta matéria! Querendo ter uma visão otimista da situação diria que tudo é, não Fado mas uma lição e uma oportunidade!!!! Eu defendo que a atual situação económica só pode ser ultrapassada por
que a atual situação económica só pode ser ultrapassada por via de maior integração europeia para o que será necessário maior capacidade de negação dos nacionalismos que apenas aproveitam a alguns e emperram a máquina Europeia, que poderia ser uma potência... eu sinto-me um cidadão europeu com cultura portuguesa naturalmente. Valorizo a minha cultura, a identidade portuguesa e orgulho-me da nossa história gloriosa, mas na verdade vivo no presente e não no passado, e o passado também não me garante o futuro! Assim, estou convicto que não esquecendo a história e os valores mais patrióticos necessitamos de um governo Europeu no presente que nos garanta o futuro. Não se pode caminhar para a solução do nosso problema ouvindo todos os dias os galos das diversas capoeiras... temos de ter um GOVERNO EUROPEU que lute pela economia, de todas as regiões europeias. Um governo desta natureza não discutiria os "lambões" dos portugueses, antes trataria de reduzir as assimetrias regionais da Europa. Um governo desta natureza teria de garantir as mesmas obrigações direitos e garantias a todos os franceses, portugueses, espanhóis, irlandeses, italianos etc. Para isto acontecer só com com cedências nacionalistas e dar gás e ritmo integracionista... A velha Europa tem que se mostrar capaz de ser jovem dinâmica e abandonar a velha Europa dividida ou quase...
www.facebook.com/uniaoeuropeia REFLEXÃO
O LADO ERRADO DA HISTÓRIA – por Elsa Margarida Rodrigues – Nas dicotomias maniqueístas com que se foi escrevendo a narrativa ocidental (a única que conhecemos), Portugal esteve sempre do lado certo do mundo. Nem sempre o lado moralmente correto, mas o lado dos fortes, dos vencedores, dos que produzem os acontecimentos e os interpretam. Dos que narram a história. Do ocidente, norte ou oeste, coordenadas geopolíticas a partir das quais se mapeou o mundo. O lado de cá do império. O lado da civilização, do progresso, da cultura, da ciência. Da democracia, da igualdade, da tolerância, dos direitos. O lado da narrativa dominante que, por isso, é sempre o lado do bem, da luz, do esclarecimento. Mas o mundo mudou. As coordenadas deslocam-se. Novas potências emergem. Novos mapas se impõem. Novas formas de imperialismo. Novos donos do mundo. Poucos serão os portugueses, ou até os europeus, que hoje se sentem do lado certo da história. São os outros, os não ocidentais, aqueles que durante séculos foram dominados, que assumem agora o protagonismo. A acreditar em Hegel, esse é o movimento natural do mundo. Os impérios nascem e morrem para dar lugar a outros, num movimento dialético que faz cumprir a história em direção ao seu fim. Sendo difícil aceitar um plano prévio ou fim para a história, resta-nos confiar que ela não tem fim e que, seja qual for a nossa posição, estaremos cá para assistir ao seu curso.
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-- por Pedro Esgalhado --
(Uma visão diferente sobre as causas e a negação da fatalidade) Corre aí por este cantinho à beira-mar plantado, que o país está sem dinheiro! E porque é que não há dinheiro? Porquê? Porquê?... Existem 2 explicações: - a 1ª, mais simples, explica a parte do problema que é da exclusiva responsabilidade dos portugueses; - a 2ª, não estando os portugueses totalmente isentos de culpas, extravasa o próprio domínio do solo pátrio: Começando pela 2ª, vejamos então como é que tudo se passou para chegarmos a este ponto. Comecemos por comentar uma teoria recente que aponta um grosseiro erro de cálculo nas variações do PIB nas nações com elevada dívida soberana. Segundo esta teoria, países com elevada dívida externa têm um crescimento económico muito superior ao que as anteriores teorias indicavam. Esta descoberta, além de não trazer nada de novo para lá da descoberta de um erro na introdução de dados numa folha de processamento de cálculo, não só não elimina o que são (provavelmente, sublinho) os erros fundamentais, como também não traz quaisquer soluções para o problema em mãos: Como recuperar do sobreendividamento sem traumas sociais graves. Se formos à origem de tudo isto, única forma de um diagnóstico correcto da situação, vemos que o problema actual das sociedades ocidentais nasceu com a revolução industrial. O crescimento da capacidade produtiva traduzir-se-ia em enriquecimento se, e enquanto o escoamento da produção estivesse garantido. Taylor e Ford encerraram a fase da revolução industrial, o primeiro, escrevendo as leis elementares da massificação da produção, o segundo, lançando as bases da massificação do consumo. A revolução industrial iria coexistir com e progressivamente dar lugar à revolução tecnológica: Bens de consumo nunca antes sonhados surgiam a um ritmo crescente, produzidos em quantidades também cada vez maiores. Tudo corria bem enquanto existiam mercados capazes de absorver as produções.
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Contudo, pouco a pouco, os mercados livres começaram a dar sinais de fadiga e de saturação. Mas a coisa ainda ia bem, porque continuavam a existir mercados de escoamento alternativos. No entanto, e no seguimento, o último quartel do século passado traz os primeiros sinais de alarme, que não só foram displicentemente ignorados, como até foram erradamente (ou talvez não) interpretados como uma nova oportunidade (sim... daí o "ou talvez não"). Terminada (também nesta época) a revolução industrial, com a robotização quase generalizada da produção, o limite da dispensabilidade do individuo no processo produtivo impunha o primeiro desafio: dispensando o individuo, que vai ele fazer para ganhar a vida e assim continuar a consumir o que a máquina agora produz? A entrada no novo século/milénio vem revelar as falácias da visão anterior e os erros recém-cometidos. - Por um lado, o ciclo da produção/consumo não era uma espiral infinita e o seu fim atingiu-se mais depressa do que alguém previsse (na verdade, só a capacidade de consumo atingiu o limite, não a capacidade de produção, porque essa, continua a crescer); - Por outro lado, os antigos mercados de escoamento tinham deixado de o ser, quer porque adquiriram a sua própria capacidade produtiva, quer porque passaram a mercados concorrentes ao produzirem excedentes dos mesmos produtos que antes eram exclusivo das primeiras sociedades industrializadas; este efeito é exemplarmente ilustrado pela evolução da industria informática nos EUA, com 3 fases distintas: 1ª I&D feita por bem-pagos engenheiros americanos nos EUA (Silicon Valley); 2ª I&D feita por engenheiros indianos nos EUA, a metade do salário dos engenheiros americanos (criando as primeiras dificuldades de emprego para os "da casa"); 3ª I&D feita por engenheiros indianos na India (Bangalore – a Silicon Valley na Índia), a metade do salário de um engenheiro indiano nos EUA, ou seja, a 1/4 do salário de um engenheiro americano.
Grande erro: a industria do software entregou o ouro ao bandido, porque para aumentar os lucros dos accionistas transferiu o seu património mais precioso: o conhecimento. O exemplo do software está longe de ser o único, ou mesmo o mais significativo em termos económicos - apenas foi escolhido porque é o mais simples de explicar para mostrar a mecânica do erro cometido e o processo para lá ter chegado. Mas não se pode encerrar a ideia sem comentar outros dois exemplos que ilustram o que aconteceu e continua a acontecer: a industria têxtil, quer a de produção, quer a de confecção, toda ela transferida para a Ásia – se é verdade que a tentação de transferir a confecção era irresistível (é e será sempre uma industria de mão-de-obra intensiva), já a produção, mecanizada em elevado grau, é mais difícil de compreender. Mas aconteceu e regiões como a Covilhã (até aos anos 60 considerada a “Manchester portuguesa) ficaram reduzidas à quase inactividade industrial; mas ainda mais absurdo é o Lego, brinquedo cuja produção quase dispensa intervenção humana (excepto no que toca à concepção de novos modelos) é agora produzido na China – azar: os chineses, mestres copistas, já têm o seu próprio “lego” que vendem na Europa (e provavelmente em todo o mundo), a pouco mais de metade do preço do original, as embalagens indicando despudoradamente que é “compatível com outras marcas”.
e, por paradoxo, o mais facilmente aceite pelas populações do lado de cá; 2 - O pacífico/passivo - este, assente numa teoria por comprovar e que é a de que, no futuro, o dinheiro se vai comportar como as marés: agora, migrou para lá, onde os custos sociais e ambientais para produzir são ridículos, quando comparados com os nossos, e para onde os detentores de capital transferiram os investimentos; mais cedo ou mais tarde, os povos de cá vão aceitar perda de direitos e privilégios (tornando-se mais baratos) e os de lá vão começar a fazer exigências (tornando-se progressivamente mais caros); nessa altura, os investidores começarão novamente a trazer para cá os investimentos. (continua)
E assim explicada a perda da que foi a vantagem comercial do passado, levanta-se o segundo grande desafio: como recuperar a competitividade perdida? Sendo a China, só por si, quase um quinto da população mundial (não é um gigante industrial: é já um colosso, impossível de superar nas actuais circunstâncias); sendo a China, mais o sudeste asiático, mais a India e Paquistão, quase metade da população mundial, e para piorar, transformadas em potências do conhecimento; estando estes mercados apoiados por mega-praças financeiras como Singapura, Macau e Hong Kong, o mundo ocidental parece estar ultrapassado nesta competição desigual, para a qual só vejo dois cenários possíveis: 1 - O bélico/activo - nem quero pensar, mas seria o mais rápido
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(continuação) Nisto tudo, em que ficamos? Bom, reportando à 1ª causa no início deste texto, nós temos um grave problema económico, é certo, mas a montante, temos um problema de mentalidade e de atitude por resolver: - Existe socialmente um desprezo mútuo entre elites e bases, que não motiva reacções de lealdade e de cooperação; - Existe uma castração efectiva do espírito crítico ao longo de todas as cadeias hierárquicas; - Blindagem do "clube" que aproxima perigosamente o país de um estado socialista (e que leva, internamente, à inveja rasteira e ao nivelar por baixo); - Chico-espertismo, quer das bases (que se compreende), quer das elites... Um caldinho destes é pouco dado á evolução e desenvolvimento. Estes são os ingredientes com que a sociedade portuguesa tem cozinhado a sua justiça e a sua educação, em suma: a sua desorganização. Economicamente, o problema do país é conseguir produzir mais do que consome (este governo conseguiu isso, mas foi à custa de cortar no consumo... e o país está a consumir abaixo do que precisa, ou seja, é pobre!). Para produzir mais do que consumimos, vamos precisar de mercados para onde exportar. Mercados que nos paguem aquilo que nos importam. Ora uma Europa, unida ou dividida, cheia de desempregados não é um mercado que paga importações e o mais honesto que nos podem fazer é deixarem de importar os nossos produtos (muitas das nossas pequenas exportadoras bem sabiam - antes do seu funeral - o que era mandar camiões de produtos que regressavam com promissórias nunca mais liquidadas). Ou seja, economicamente, o segundo problema dos produtores portugueses é descobrirem mercados pagadores. E nisso, talvez até tenham alguma vantagem relativamente ao
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resto dos países europeus: na CPLP existem economias emergentes que significam oportunidades de negócio lucrativas para nós - só falta resolvermos o primeiro problema: por isto a produzir qualquer coisa vendável. Mas para isso, precisamos de baixar os custos de produção, quer reduzindo - e drasticamente os impostos, quer abaixando - e muito - os custos energéticos, quer fomentando a investigação e desenvolvimento, o que, por sua vez, implica uma forte aposta no ensino superior e o reforço da ligação entre a universidade e o mercado interno. Agora, numa sociedade competitiva, o trabalho é remunerado de acordo com o valor que acrescenta. Se continuarmos a querer fazer camisas e sapatos baratos iguais ao que se faz na Ásia, nem baixando os salários a metade do actual vamos conseguir competir. Para serem competitivas, as empresas precisam de uma força de trabalho motivada (e não é com o pai preocupado com o que vai por na mesa, ou como vai pagar os estudos para os filhos que se lhe pode exigir que se dedique ao trabalho de corpo e alma). Sim: temos que subir os salários, ao invés de os baixar. Temos que dar condições às pessoas, para que possamos exigir delas - e saber recompensar e saber punir... e compensar e punir de facto. Os únicos cortes com a mão-de-obra que vão constituir o grande desafio deste século (para todos) derivam da progressiva mecanização, que substitui a manufactura - as pessoas dão o lugar às máquinas. Isso é inevitável, mas pode não ser uma fatalidade... Portugal tem criatividade para dar e vender, e tem qualidade (nas gentes e nos produtos). A pequenez não é desculpa - é mito. Portugal pode apostar nos seus trunfos e joga-los de forma decidida, porque tem o segredo para vencer nos negócios: a capacidade de fazer mais que a concorrência, ao mesmo preço que ela propõe. É só uma questão de nos organizarmos. Conseguiremos?
-- por Carlos Romeira -Esta crise prolongou-se de forma tão banal e cruel que já se perdeu a noção do seu significado. Afinal, o que significa estar em crise? E com que tipo de crise estaremos nós realmente a lidar? Acredito que seja essencialmente financeira/monetária. Pelo menos assim começou com os escândalos financeiros da ruptura do sistema bancário islandês, da Enron nos Estados Unidos ou o mais recente caso do Barclays Bank, muito longe de se tornar realmente mensurável. Os efeitos nefastos na economia global são profundos e prolongados. O sucesso da nossa sociedade de consumo e do nosso "arcaico" modo de vida está totalmente dependente da capacidade para a aquisição de bens, e por essa razão, a crise económica emanada da crise financeira passou rapidamente a crise social! Num piscar de olhos, tornou-se também numa crise política, perante uma sociedade demasiado dependente da paternalidade dos Governos e onde a capacidade dos políticos para disfarçarem os seus falhanços, ficou comprometida a partir do momento em que obstinadamente iam anunciando o seu fim, sem contudo conseguirem alcançar esse objectivo!
Como em todas as crises, as estruturas quebram pela parte mais fraca e é consensual afirmar que uma moeda única debilmente concebida num sistema monetário mal estruturado tornou-se num ponto nevrálgico deste processo. O que já não é tão consensual são as previsões quanto ao seu futuro. O fim do Euro enquanto moeda agrada a uns e escandaliza outros. Mas quais serão as verdadeiras consequências para esse fim anunciado? Assistiremos ao seu fim, ou pelo contrário obteremos como produto final uma moeda única mais estável e reforçada? São vários os cenários possíveis e as consequências de cada um deles serão ditadas pela especulação dos mercados cuja irracionalidade contraria toda a lógica da ciência económica e cuja imprevisibilidade nos impede de fazer futurologia. Uma única coisa é certa. Para que no futuro venhamos a deparar-nos com as mesmas dificuldades e resultados que conhecemos hoje, bastará continuar a agir da mesma maneira que temos feito até aqui. Se realmente quisermos superar a crise, algo terá que ser mudar. Portanto importa questionar: que futuro para a moeda única?
COMENTÁRIOS
“A EUROPA HOJE AO MEIO-DIA” DEBATE ABERTO EM: www.facebook.com/uniaoeuropeia 19
Seria curioso saber que posições tomariam ou que conselhos nos dariam Kalergi, Monnet, de Gaspari, Spaark, Schuman ou até mesmo Brandt, se tivessem a oportunidade de ter participado na última Cimeira do Conselho Europeu, onde se discutiu exaustivamente o próximo Orçamento Europeu! Aqueles que já nos habituámos a considerar os pais da Europa, não se inspiraram em políticas egoístas, copiadas do legado de Maquiavel, ou na defesa dos interesses nacionais dos Estados membros, acima do projecto europeu em que se inseriam. Aliás, a Europa dos Tratados de Roma foi arquitectada sob a ideia de que a maneira mais eficiente para manter a paz e ao mesmo tempo fomentar a prosperidade e o desenvolvimento social, seria fazer depender os Estados uns dos outros economicamente. Desta forma, partilhando os recursos disponíveis, orientando as políticas no mesmo sentido e aceitando as diferenças e a coabitação entre eles num espaço europeu mais pequeno que qualquer outro continente (excluindo a Oceânia, da qual é apenas um pouco maior), nenhum teria a chance de partir para uma guerra que em nada os beneficiaria.
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Os pais da Europa já partiram, para uma viagem sem retorno. Mas todos eles tiveram algo em comum. Todos eles conheceram de muito perto os horrores de uma guerra que foi um marco histórico para o paradigma nacionalista europeu que devastou o velho continente por mais que uma vez. Paul-Henri Spaak e Konrad Adenauer estiveram em campos de concentração nazis, Robert Schuman foi preso pela Gestapo, Alcide de Gaspari foi perseguido pelos fascistas de Mussolini, Willy Brandt foi refugiado na Noruega e o Barão Coudenhove-Kalgeri refugiado nos EUA. Apenas Jean Monnet não teve a sina de prisioneiro ou refugiado, mas não deixou de viver de perto os horrores e as dificuldades dos aliados frente a uma Guerra terrível, colocando à disposição das forças do bem as suas capacidades de banqueiro experiente e estratega diplomático habilidoso. Hoje são compreensíveis as dificuldades para se chegar a um acordo sobre um orçamento para a União Europeia que já se adivinhava difícil, mas é inaceitável que não se chegue a um consenso por motivos nacionalistas. Sim, nacionalistas! Afinal não é a isso que estamos a assistir? O contrário de tudo
a isso que estamos a assistir? O contrário de tudo aquilo porque lutaram aqueles homens que conheceram as maiores razões do mundo para o combater. As maiores razões do mundo para defender uma Europa solidária e unida. As maiores razões para dizerem: “nunca mais!”… No entanto, a nossa Europa cedo ficou órfã dos seus pais "biológicos" e nesta nova conjuntura, Merkl, Hollande, precedido por Sarkozy, Mário Monti, David Cameron e todos os outros, estão a assumir o papel de pais adoptivos. Mas ao contrário dos casos reais, onde muitas vezes os pais adoptivos desempenham um papel ainda mais fraternal do que os pais biológicos, no caso europeu não poderemos afirmar o mesmo. Estes novos pais não conheceram a parte sombria da Europa como todos aqueles que arquitectaram o projecto da União desde a fase embrionária até à sua verdadeira efectivação. Nenhum deles ainda era nascido em 1945 (apenas Mário Monti tinha 2 anos de idade!), e o acontecimento europeu mais significativo a que assistiram foi a queda do Muro de Berlim, algo que
teve muito mais de positivo do que negativo. Tornaram-se assim uma espécie de europeus mal habituados, estes novos pais que estão a desbravar caminhos há muito tempo encerrados, mas cujos trilhos parecem não ter sido esquecidos. Caminhos que já nos levaram à perdição por mais que uma vez. Não consideram os riscos que corremos e nem parecem encarar com a devida preocupação o cavalgar de novos sentimentos nacionalistas, eurocepticismos marxistas e apelos à anarquia popularistas. Não quer dizer que estejamos à beira de uma nova guerra civil europeia (assim lhe chama o ilustre Adriano Moreira – afinal morreram mais civis do que militares). Mas também não quererá dizer que não possa vir a ser coisa pior...
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