Revista Vestir 02

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Revista da Indústria do Vestuário

Abr/Mai/Jun – 2012

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Perfil

Nelson Abbud João fala sobre sua trajetória de sucesso no segmento

medida

Bom Re

Conheça a tiro his do bairro q tória sinônimo de ue é m e estilo em oda São Paulo

certa

Transformação no perfil antropométrico do brasileiro influencia a indústria do vestuário

Na intimidade Mercado de lingerie cresce e consumidores exigem cada vez mais qualidade, conforto e design


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SUMÁRIO 4 EDITORIAL Os destaques da edição e do setor

5 PALAVRA DO PRESIDENTE Ronald Masijah fala sobre a queda no índice de atividade do setor de vestuário

6 ENTREVISTA Economista Antonio Carlos Correa de Lacerda e a internacionalização da economia

16 Capa: Inovação

Como a antropometria interfere nas características e tendências da produção final do vestuário

10 POR DENTRO 29 Na rede DO SINDICATO Notícias e informes institucionais do Sindivestuário

22 História Bom Retiro: reduto paulistano de confecções e lojistas

Novidades mais relevantes da internet

30 Contexto

Haroldo Silva, executivo do Sindivestuário, analisa o mercado e as expectativas da indústria

32 Trabalho 26 PERSONAGEM e Justiça Nelson Abbud João, presidente do Sindicamisas, e sua experiente trajetória no setor

A advogada Maria Thereza Pugliesi esclarece questões sobre a mudança na Lei do Aviso Prévio

28 Fuxico

34 Agenda

Principais notícias e lançamentos do segmento industrial

Programe-se para os próximos eventos, dentro e fora do Brasil

12 Próxima ESTAÇÃO

Mercado de lingerie e o perfil de consumo de homens e mulheres

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Editorial

Números e medidas Produção industrial e aspectos do perfil antropométrico dos brasileiros repercutem no setor Muitos acham que certas lutas do setor têxtil são

pura choradeira de empresários. Porém, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no mês de fevereiro deste ano, apontam que a produção industrial sofreu a pior queda do setor desde 1992. Leia no artigo desta segunda edição da Revista Vestir, mais detalhes sobre as lutas da categoria junto ao Governo e como este quadro preocupante pode ser alterado. A matéria de capa relaciona uma pesquisa publicada recentemente no jornal britânico Daily Mail sobre o aumento de quase 10 cm do quadril feminino com a realidade do Brasil neste mesmo contexto. Pesquisadores nacionais explicam que por aqui também ocorreram mudanças e especialistas ouvidos pela Vestir apontam os motivos que as desencadearam.

Essas alterações têm sido identificadas, principalmente, em pesquisas de perfil antropométrico realizadas. Aproveitando o gancho do Salão Moda Brasil 2012, evento que começou focado no setor de lingeries e aos poucos alcançou maior abrangência, preparamos uma matéria especial que aponta dados atuais do mercado de moda íntima, o qual ultrapassou 665 milhões de peças produzidas no País, em 2011. Saiba quais são as características deste consumidor que, aliás, há tempos não é mais o mesmo. E ainda na seção ‘Personagem’, conheça a importante história de Nelson Abbud João, presidente do Sindicamisas, uma das entidades que compõe o Sindivestuário. Com mais de 50 anos de ligação afetiva e experiência no setor ele relembra suas lutas e vitórias durante este meio século. Boa leitura.

REVISTA VESTIR é uma publicação trimestral do Sindicato da Indústria do Vestuário do Estado de São Paulo (Sindivestuário). O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião do Sindivestuário. Jornalista responsável Roberto Souza (Mtb 11.408) Editor-executivo Fábio Berklian Editor-chefe Hélio Perazzolo Editor Rodrigo Moraes Subeditora Tatiana Piva Reportagem Marina Panham, Mirella Stivani, Rosângela Silva e Tatiana Ferrador Projeto Editorial Fábio Berklian Projeto Gráfico Rogério Macadura/StartUP Comunicação Designers Felipe Santiago, Leonardo Fial e Luiz Fernando Almeida Contato comercial rspress@rspress.com.br Conselho Editorial Haroldo Silva e Maria Thereza Pugliesi Apoio editorial e gráfico: Edgar Melo e Rogério Macadura /StartUP Comunicação Tiragem 5.000 exemplares Rua Cayowaá, 228, Perdizes | São Paulo - SP | CEP: 05018-000 11 3875-5627 / 3875-6296 | rspress@rspress.com.br www.rspress.com.br

Diretorias - Triênio 2010 / 2013 Sindivest Sindicato da Indústria do Vestuário Feminino e Infanto Juvenil de São Paulo e Região Ronald Moris Masijah – Presidente; Stéfanos Anastassiadis – Vice-Presidente; Maurice Marcel Zelazny – Diretor-Secretário; Joseph Davidowicz – Suplente de Diretoria; Sidney Knobloch – Suplente de Diretoria; Oscar Dominguez – Suplente de Diretoria; Dorival Carlos Cecconello – Conselho Fiscal; Luiz Jaime; Zaborowsky – Conselho Fiscal; Haylton de Souza Farias Filho – Conselho Fiscal; Mario Perel – Suplente do Cons. Fiscal; Eliana Penna Moreira – Suplente do Cons. Fiscal; Juliana Saicali Dominguez – Suplente do Cons. Fiscal; Haroldo Silva, Diretor Sindiroupas Sindicato da Indústria do Vestuário Masculino no Estado de São Paulo Heitor Alves Filho – Presidente; Max Paul Cassius – Vice-Presidente; Carlos Ernesto Abdalla – Diretor Secretário; Heitor Alves Netto – Suplente de Diretoria; Wilson Ricci – Suplente de Diretoria; José Alberto Sarue – Suplente de Diretoria; Francesco D`Anello – Conselho Fiscal; Rubens Alberto Cohen – Conselho Fiscal; Renato André Cassius – Conselho Fiscal; Humberto Pascuini – Suplente de Conselho Fiscal; Osvaldo Zaguis – Suplente do Conselho Fiscal; Antonio Valter Trombeta – Suplente do Conselho Fiscal Sindicamisas Sindicato da Indústria de Camisas para Homem e Roupas Brancas de São Paulo Nelson Abbud João – Presidente; Antonio do Nascimento Dias Poças – Vice Presidente; Heitor Alves Netto – 1º Secretário; Adriana Dib Cury Silveira – 1ª Tesoureira; Ronaldo Ferratoni Alves – Conselho Fiscal; Déborah Abbud João – Conselho Fiscal; Rodney Abbud João – Conselho Fiscal; Roberto da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Vera Lúcia da Silva Carvalho – Suplente Conselho Fiscal; Wady João Cury – Suplente Conselho Fiscal Rua Mario Amaral, nº 172, 2º andar, Paraíso - São Paulo-SP Tel.: 11 3889-2273

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Palavra do Presidente

Queda recorde Nossa luta começou em agosto de 2011, quando pedimos

ao Governo que diminuísse encargos na folha de pagamento. Solicitamos que este encargo fosse distribuido por toda sociedade de forma equânime, sem onerar mais fortemente nenhum setor da economia. Ou seja, que fizessem uma distribuição uniforme na contribuição para o INSS. A indústria de confecção é uma das que mais contribui já que emprega muito. Se isso tivesse sido feito em todos os setores da economia o número seria pequeno, talvez 0,2%. Mas o Governo colocou a contribuição sobre o faturamento nas empresas que estavam sendo desoneradas e foi estabelecido 1,5%, o que não gerava benefício para as indústrias de confecção. Continuamos a discutir alegando que a medida não era eficiente e a redução passou para 1%. O benefício é bom, mas está aquém do que precisamos para estabelecer competição saudável com produtos importados. Portanto, estamos pedindo outras melhorias. Uma delas é que haja transformação da indústria de confecção, independentemente da receita bruta, para um regime similar ao simples, hoje limitado a um teto de faturamento de R$ 3,6 milhões por ano. Este regime fez com que empresas começassem a se fragmentar fechando unidades industriais e distribuíssem a produção para outras microempresas. E assim conseguiam taxações tributárias menores. Isso diminuiu a economia de escala do País, pondo em risco um controle de qualidade, pois se tem a produção distribuída em diversas empresas. Se conseguíssemos retirar o teto simples, exclusivamente para confecção, teríamos grandes benefícios. As empresas que se mantiveram no lucro real e aquelas que pulverizaram suas unidades fabris as retomariam sob seu controle. Voltariam a ter uma economia de escala com muitas vantagens concorrenciais, e um controle

de qualidade maior. Assim teríamos condição de competir com os importados. No produto do vestuário a mão de obra corresponde a quase 60% do custo da peça. Não estamos pedindo uma redução salarial do trabalhador, na verdade sabemos que pouca coisa sobra na mão deles, já que 2/3 são diluídos entre encargos e obrigações trabalhistas e só 1/3 fica para eles. Pedimos a desoneração do INSS que até foi feita, apesar de não ser um número ideal. Além de uma desoneração em cima de PIS e COFINS, itens que pesam na folha de pagamento. Nossas lutas têm fundamento. Os dados com base no acumulado até fevereiro de 2012 são assustadores! Plagiando uma frase muito conhecida ‘nunca antes na história deste País’ se viu números tão negativos no setor. O estado de São Paulo teve uma queda, em relação ao mesmo período de 2011, de 33% no índice de atividade do setor de vestuário. No Brasil a redução foi de 20%. São informações assustadoras para um setor que emprega tanta gente. Os dados mostram que nossos pleitos não são ‘choradeira de empresários’. Eles provam que a mercadoria do Brasil foi substituída pelos importados. Queremos mostrar uma sintonia de voz entre empresários e trabalhadores. Por isso estamos juntos provando que a situação é bastante crítica. Muito emprego ainda vai ser perdido se não forem tomadas medidas a curto prazo.

Medidas no Governo ainda são insuficientes para evitar queda no índice de atividade do setor de vestuário

Ronald Masijah presidente do Sindicato do Vestuário (Sindivestuário)

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Entrevista Tendência

Importantes elos da cadeia produtiva estão sendo substituídos pela importação, incentivados pelo câmbio valorizado e pelas demais condições sistêmicas adversas. Estamos a um passo da desindustrialização? A Revista Vestir entrevistou o economista Antonio Cor-

Corda

BAMBA 6 Revista Vestir

rêa de Lacerda, para falar sobre o cenário econômico e industrial do País, desafios, entraves e oportunidades. Professor Lacerda, como é conhecido, é professor doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também coordena o Grupo de Pesquisas em Desenvolvimento Econômico e Política Econômica (DEPE), e professor convidado da Fundação Dom Cabral. Doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (2003), mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998) e graduado em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1981), é diretor do Centro Internacional Celso Furtado, membro do Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Conselho Temático de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em políticas macroeconômicas e projeções econômicas. O professor Lacerda também é organizador, entre outros livros, de “Crise e oportunidade: o Brasil e o cenário internacional” (Lazuli/Cia. Editora Nacional, 2007). Vestir - Qual o impacto do crescimento das importações no País frente à produção local em importantes elos da cadeia produtiva? Antonio Corrêa de Lacerda - A produção industrial ficou praticamente estagnada


Por Tatiana Ferrador | Foto Divulgação

em 2011 (+0,3%), em um claro contraponto com o desempenho do comércio, que cresceu em torno de 7%. O governo tomou medidas para desaquecer o ritmo da atividade econômica e o aumento dos estoques nos últimos meses. No entanto, a valorização do real fez com que diminuísse a competitividade da produção brasileira, não apenas para exportação, mas frente aos importados, especialmente de países, que, ao contrário do Brasil, mantém sua moeda desvalorizada e subsidiam fortemente seus produtores para ganhar mercados. Vestir - Assim sendo, quais fatores ainda prejudicam a geração de valor agregado local? Lacerda - São vários, como o custo elevado de financiamento e crédito, carga tributária sobre investimentos e exportação, infraestrutura e logística, caras e deficientes, custo elevado de insumos, como aço e energia, etc. Há ainda o mais importante, a valorização cambial, que potencializa todos os fatores citados anteriormente. O Produto Interno Bruto (PIB) acumulou um crescimento de cerca de 10% no período, mas a indústria parou. Somos um mercado de consumo relevante, mas um produtor decadente. Vestir: Então corremos o risco da desindustrialização no Brasil? Lacerda - A desindustrialização é um fenômeno precoce e intempestivo no Brasil, algo que devemos combater com todas as forças. A indústria é um forte indutor do desenvolvimento, como denotam as experiências históricas internacionais e a nossa própria, sendo fator determinante do padrão do valor agregado, comércio exterior, renda, emprego, tecnologia e de balanço de pagamentos. Especialmente em um país com as nossas características. Não se trata de uma escolha excludente entre produzir bens primários ou manufaturados, já que temos potencial para sermos competitivos em ambos. O que precisamos, de fato é que haja condições sistêmicas isonômicas e um arcabouço de políticas de fomento voltadas para tal. Só depende de estratégia e de olhar além do curto prazo!

Vestir: O senhor vê um cenário de estagnação da economia brasileira considerando a projeção de crescimento do PIB para 2012? Lacerda - Os dados denotam que sim, pois o grande desafio continua sendo o de transformar nosso grande mercado consumidor em um fator de incremento da agregação de valor local. Os desempenhos do consumo e da produção continuam descompassados. Grande parte da demanda doméstica tem sido atendida pelas importações. Tendo em vista o grau de desaquecimento da economia, especialmente na indústria de transformação, isso exigirá mais medidas de estímulo, como a ampliação do investimento público. Como muitos países, ao contrário de nós, tem um câmbio depreciado, isso tira muito da nossa competitividade. O fato de passarmos a ter um desempenho melhor do que no passado não nos garante que estaremos melhores do que os nossos competidores.

Não se trata de uma escolha excludente entre produzir bens primários ou manufaturados. Precisamos de condições sistêmicas isonômicas e um arcabouço de políticas de fomento (Sobre o risco da desindustrialização)

Vestir: Como avalia as medidas propostas pelo Plano Brasil Maior? Lacerda - Vejo mais virtudes que vícios, no entanto, é preciso um maior senso de urgência, entre o diagnóstico, as iniciativas e sua efetiva implementação. Países com os quais concorremos oferecem condições de ambiente sistêmico muito mais favoráveis. A situação vigente será inviável no futuro próximo, seja pelo impacto negativo nas contas externas – efeito do desequilíbrio entre importações e exportações – seja pela perda potencial de valor agregado, empregos, renda e tecnologia e knowhow. Um aspecto positivo é que há hoje mais coesão na condução das políticas macroeconômicas, especialmente no que se refere à redução dos juros, ampliação do crédito e financiamento público, e medidas de cunho cambial. Mesmo porque não há medida de competitividade que possa substituir os grandes preços macro. A questão é que, infelizmente, apesar dos avanços, permanecemos ainda muito longe do ideal, considerando o benchmarking internacional.

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Entrevista Tendência

Vestir: Então há distorções nas medidas propostas e sobre sua efetividade? Lacerda - O favorecimento das compras governamentais, aceitando um diferencial de preço de até 25% para quem produza localmente é um recurso clássico de incentivo. No entanto, em muitos casos, isso tem aberto a possibilidade de ocorrência de distorções provocadas por custos excessivamente elevados, comparativamente ao beneficio gerado. Um segundo aspecto que tem que ser melhorado é no que se refere à possibilidade de substituição da tributação da cota patronal do INSS, de 20% incidente sobre a folha de pagamento de salários das empresas, pela Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) de 1% sobre a Receita Bruta no mercado interno. Para se beneficiar da possibilidade da desoneração, há uma dificuldade prática porque as empresas teriam que faturar separadamente os produtos beneficiados. Isso amplia a burocracia e aumenta o risco tributário decorrente de divergência de interpretações junto ao Fisco. Ou seja, temos algumas medidas bem intencionadas, mas que apresentam efeito prático adverso.

Não adianta ficar olhando o espelho retrovisor e repetir o erro cometido no início da crise, em 2008. Enquanto o mundo despencava estávamos cá a aumentar os juros! Depois, demoramos muito para baixá-los e o fizemos muito lentamente (Sobre a crise mundial)

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Vestir: Quais foram as lições da crise mundial para o Brasil? Lacerda - O “rebaixamento” da avaliação dos títulos da dívida pública norte-americana gerou uma enorme volatilidade nos mercados, que estão em busca de novas referências de preços para os ativos, em face das novas circunstâncias. A avaliação correta do cenário externo e seus impactos será fundamental para a mudança de rota na política econômica. Para nós restou o recado: temos que mudar, porque o panorama mudou. Não adianta ficar olhando o espelho retrovisor e repetir o erro cometido no início da crise, em 2008. Enquanto o mundo despencava estávamos cá a aumentar os juros! Depois, demoramos muito para baixá-los e o fizemos muito lentamente. Mas, também tivemos acertos importantes, como a expansão do financiamento público e liberalização dos empréstimos com-

pulsórios retidos no Banco Central, que foi fundamental para compensar a queda dos créditos internacionais. Os estímulos ao consumo com a redução de impostos também foram importantes. O governo foi bem na comunicação com a sociedade, o que manteve a confiança. Vestir: E, hoje, como o senhor vê a economia internacional? Já dá sinais de recuperação ou ainda são inócuos diante da proporção tomada? Lacerda - Apesar das incertezas quanto à Europa, o quadro internacional tem melhorado. Os Estados Unidos vem crescendo de maneira razoavelmente firme e embora haja expectativa de uma diminuição do ritmo da economia chinesa, ainda há um crescimento expressivo no mundo em desenvolvimento. Além disso, acredito que as medidas que o governo vem tomando para aquecer a economia devem fazer mais efeito no segundo semestre: queda dos juros, flexibilização das restrições de crédito e ampliação do financiamento público, assim como desonerações tópicas. Vestir: Podemos dizer que a valorização do real perante os demais países nos prejudicou em competitividade? Lacerda - O Real foi a moeda que mais se valorizou entre as 58 maiores economias do mundo nos últimos anos, conforme estudo do insuspeito Banco das Compensações Internacionais (BIS- Bank for International Settlements) – o “banco central dos bancos centrais”. Isso faz, sim, com que percamos competitividade perante nossos principais países concorrentes. Subsidiamos as importações e inviabilizamos as exportações de industrializados. Afinal, quem vai se aventurar a produzir localmente com condições sistêmicas tão desfavoráveis, se é tão barato trazer logo os produtos prontos de fora? Os coeficientes de importação na indústria estão aumentando significativamente, não apenas em máquinas e equipamentos, mas também e principalmente em bens intermediários e de consumo.


Vestir: Então a moeda forte é um risco à economia? Lacerda - Precisamos analisar os reais prós e contras de manter nossa moeda valorizada. Uma moeda artificialmente forte nos entorpece e cria uma falsa sensação de riqueza. Não apenas o caso mais citado da China, países em sua fase de desenvolvimento optam por manter uma moeda fraca, justamente para estimular, juntamente com outros instrumentos de fomento à competitividade, o valor agregado local, os investimentos produtivos, as inovações e as exportações. Podemos escolher permanecermos como paraíso da arbitragem com câmbio e juros, de ampla oferta de produtos baratos e de viagens de turismo ao exterior. A pergunta é como vamos pagar a conta desta festa “imodesta”. Vale questionar se podemos abrir mão de gerar renda, empregos e tecnologia, em troca de nos tornarmos, no limite, apenas um entreposto comercial. Precisamos analisar nossa capacidade de elaborar e implementar um Projeto de Desenvolvimento autônomo e sustentável.

nos dar ao luxo de viver da produção e exportação de commodities. Além disso, não há porque abdicar da indústria de transformação, justamente o diferencial que nos proporcionou o grande salto dado pela economia brasileira no século passado. Vestir: Então qual é o principal desafio brasileiro considerando este cenário? Lacerda - O desafio brasileiro é, ao invés de retroceder, avançar no processo, agregando mais valor em todas as cadeias produtivas e incorporar novas tecnologias para diminuir a dependência de importados, assim como ampliar e diversificar nossas exportações.

Como muitos países, ao contrÁrio de nós, tem um câmbio depreciado, isso tira muito da nossa competitividade. O fato de passarmos a ter desempenho melhor do que NO PASSAdO não nos garante que estaremos melhores do que os nossos competidores

Vestir: Considerando a estrutura industrial brasileira, ainda não somos competitivos com os nossos países concorrentes? Lacerda - O Brasil se abriu ao mercado externo desde o início dos anos 1990, mas não oferece até hoje um ambiente competitivo em condições isonômicas com os demais países. As empresas têm como se adaptar, aumentando o seu conteúdo importado. No limite, podem se transformar em meros representantes locais de indústrias oriundas de outros países. Embora sob o ponto de vista individual, microeconômico, a estratégia pode prolongar a viabilidade do negócio, é obvio que se trata de uma prática insustentável ao longo prazo e danosa ao país. O Brasil não pode abrir mão da sua indústria. Ao contrário de países como o Chile, cuja população total é inferior a da área metropolitana da cidade de São Paulo, ou mesmo da Austrália, não podemos

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Por dentro do SIndicato Notícias

Informe Institucional O Sindivestuário divulgou em seu site um artigo, assinado pela advogada do sindicato, Maria Thereza Pugliesi, com o objetivo de informar e alertar os interessados sobre os fatos e mitos da questão da padronagem de medidas e a repercussão de recorrentes reportagens que saem na mídia relacionadas ao assunto. Confira o artigo na íntegra no site do Sindivestuário.

Sindivestuário participa de Reunião da Frente Parlamentar No dia 16 de abril o presidente do Sindivestuário Ronald Masijah marcou presença na Reunião da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecções do Estado de São Paulo que contou com a participação de aproximadamente 35 pessoas e ocorreu na Assembleia Legislativa do estado. Outros presidentes de Sindicatos Patronais, Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis e de Confecções e ain-

da representantes de Associações Comerciais e empresários também participaram da reunião com os deputados Chico Sardelli (PV), Antonio Mentor (PT), Cauê Macris (PSDB) e Ary Fossen (PSDB). O principal assunto foi em relação a desleal concorrência que a indústria têxtil tem sofrido com os produtos chineses e o atual panorama do setor por conta disso. E ainda apontou para uma união das diversas categorias para se combater este quadro.

Campanha do Agasalho: Resultados expressivos em doações no setor Com o objetivo de aproximar as indústrias do vestuário de

São Paulo de um dos mais importantes projetos sociais do Estado, a Campanha do Agasalho, o Sindivestuário participou vigorosamente na arrecadação de milhares de peças de roupas novas e usadas em boas condições de uso. Sob o slogan “Roupa Boa a Gente Doa”, a Campanha foi prestigiada por empresários e trabalhadores do setor de vestuário paulista. Segundo o presidente do Sindivestuário, Ronald Masijah, “ a ideia principal foi criar uma grande movimentação em nosso setor e formar novos captadores para a Campanha do Agasalho. E sermos cada vez mais solidários”. O lançamento no setor foi na sede do Sindivestuario, quando Dona Lucia Alckmin, ou dona Lu, como é mais conhecida, reforçou

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a ideia de que esse ano a Campanha foi lançada com maior antecedência, para promover um maior volume de doações. E lembrou: “Não somente a quantidade, o volume, de roupas arrecadadas é importante, mas sim a qualidade das roupas doadas, que se explica no slogan da campanha: “Roupa boa a gente doa”. “Este ano, resolvemos começar a campanha mais cedo justamente para distribuir as peças antes de o inverno começar”, completou d. Lu. que agradeceu o engajamento dos presidentes Ronald Masijah e Heitor Alves Filhos e do diretor Marcel Zelazny. “O que vocês estão fazendo é muito importante. É um gesto de solidariedade que todos deveriam fazer”, disse no evento de abertura. Ao todo o Sindivestuário obteve doações que completaram 30 caixas (Veja foto ao lado), até o encerramento da campanha em 15 de maio.



Próxima estação Investimento

A moda de

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Por Mirella Stivani | Fotos Shutterstock e Divulgação

O mercado de lingerie conquista cada vez mais espaço e mostra sua importância no Brasil

As brasileiras (e brasileiros também) estão dando

cada vez mais importância à moda íntima. A lingerie deixou de lado o status de “apenas necessária”, para fazer parte do universo das roupas que oferecem estilo, praticidade e conforto. Com isso, o mercado de vestuário no Brasil ganha mais um forte nicho de investimentos e lucros, que gera renda e empregos extras. Dados de mercado estimam que o volume de lingerie produzido no Brasil ultrapassa a marca de 665 milhões de

peças. Em 2011, o segmento de moda íntima cresceu cerca de 4% em relação a 2010. E com as vendas aumentando a cada ano, alguns varejistas resolveram aumentar o investimento neste setor, criando inclusive lojas especializadas. Estilistas renomados agora são convocados para assinar coleções de lingerie. E linhas exclusivas para noivas também são um grande sucesso. Recentemente, o Núcleo de Inteligência de Mercado do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) realizou o 1º Levantamento Estatístico sobre o “Comportamento de Compra do Consumidor de Roupas Íntimas no Brasil”. A pesquisa, coordenada por Marcelo Villin Prado, diretor do instituto, mostra minuciosamente o perfil dos brasileiros e suas escolhas. A amostra contou com pessoas de ambos os sexos, com idade acima de 15 anos, de todas as classes sociais, residentes nos mais diferentes estados da federação. Ao todo, participaram voluntariamente da pesquisa 1.100 consumidores que responderam ao questionário sobre moda íntima masculina e feminina. Os resultados mostraram exatamente o que consumidor brasileiro procura quando o assunto é lingerie. Marcelo Prado explica que, além destas informações, a pesquisa faz uma radiografia completa do comportamento do consumidor, incluindo canais de compra, aspectos regionais, ocorrências dos perfis nos diferentes grupos da população, formas de pagamento, diferenças de comportamento e lembrança de marcas, entre outros. “Acreditamos que a pesquisa é uma ferramenta indispensável para a tomada de decisão de quem atua neste segmento de produtos.” Conforto e praticidade Quando o assunto é moda íntima a imagem de conforto e praticidade supera todos os demais aspectos para ambos os sexos. Em relação à lingerie feminina, os consumidores exigem primeiro o conforto (38,3%) e praticidade (básico 14,6%) para suas ações do cotidiano. Ao mesmo tempo, estas peças não se destinam apenas a proteger a intimidade do corpo e também precisam ser sensuais (13,9%) e românticas (6,8%) em algumas ocasiões.

Com as vendas aumentando a cada ano, alguns varejistas resolveram aumentar seu setor de moda íntima, criando inclusive lojas especializadas nessas peças

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Próxima estação Investimento

Em relação à roupa íntima masculina, novamente o item conforto é o mais importante para homens, com 38,7% no total; assim como a praticidade (14,2% do total). Em paralelo, as peças masculinas também não se destinam apenas a proteger a intimidade do corpo: elas precisam ser jovens (10,3%), atuais (10,1%), e sexy (8,3%). Perfil do consumidor A pesquisa realizada pelo IEMI apontou vários aspectos importantes sobre o comportamento de compra dos consumidores de roupa íntima no Brasil. Entre os principais, destacam-se: Os consumidores são, na maioria, do sexo feminino, jovens, na faixa etária entre 25 e 34 anos; 48% destes estão no ensino médio e 29,9% no ensino superior. A maior concentração dos consumidores de roupas íntimas femininas (57,1%), está nas classes econômicas B2/C, cuja renda familiar situa-se entre R$ 2.041 e R$ 7.650 mensais. Mais de 78% realizaram suas compras em lojas físicas, 48% em lojas multimarcas e 33% em lojas de departamentos. A compra de revendedoras (porta a porta) ocupa uma posição de destaque neste produto, muito além da média no grupo de roupas em geral, com nada menos que 19,7% de participação, contra 7% para roupas masculinas. O pagamento à vista foi praticado em 66% das compras. E o gasto médio do consumidor foi de R$ 93,20 na última compra. Os consumidores de roupas íntimas masculinas também estão na faixa etária entre 25 e 34 anos. 53,4% deles estão no ensino médio e 20,5% no ensino superior. A maior concentração (59,8%), está também nas classes econômicas B2/C, cuja renda familiar se situa entre R$ 2.041 e R$ 7.650 mensais. A maior parcela dos consumidores não é um grupo fidelizado, ou seja, que tem uma frequência regular na mesma loja. Mais de 90% dos consumidores de roupa íntima masculina fazem suas compras em lojas físicas: 51% em lojas multimarcas e 28% em lojas de departamentos. 72% deles pagaram sua última compra à vista. O gasto médio foi de R$ 115,85.

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Palavra da especialista A consultora de moda para lingerie do Senac e professora na unidade Senac São Paulo Lapa Faustolo, Patrícia Castellões, fala com exclusividade à revista Vestir sobre a importância do mercado de roupas íntimas no Brasil e tendências em lingerie. Confira. Vestir: Atualmente, como pode ser definido o mercado de lingerie no Brasil? Patrícia Castellões: O mercado brasileiro é segmentado por “life style”, ou seja, por estilo de vida. A lingerie é uma peça do vestuário que traduz um momento, um desejo, um sonho, ou uma necessidade. O mercado responde e as grandes marcas entendem estes desejos rapidamente e lançam constantemente novidades. Podemos usar uma peça colorida, jovem, sensual, básica, inovadora, fashion, com atributos, aliando conforto, design e beleza. A lingerie não é mais aquela peça que ficava escondida, ela tem papel significativo na moda e vive um momento de grande expansão. Vestir: A moda lingerie segue tendências de acordo com as estações do ano? Como será na primaveraverão 2013? Patrícia: Sim, sempre segue as tendências e inspirações das estações Inverno/Verão alterando cores, padronagens e estilo. Para a próxima estação, as cores vibrantes serão ponto-chave para o segmento mais jovem. Inspiração nas praias trazem florais, listras e motivos náuticos. Muito brilho prateado e dourado tanto para tecidos como rendas. Será um verão alegre e muito colorido. Vestir: No mercado de moda íntima também já existe um espaço para os chamados ‘plus size’? Patrícia: O mercado plus size sempre existiu em cores básicas e modelagens tradicionais. Hoje, com o aumento de peso da população, as marcas estão antenadas para produzir peças para um público cada vez mais jovem, que busca diversificação neste tipo de produto, com cores, materiais e estampas. Existe sim, atualmente, um aumento significativo neste segmento.

Vestir: O que a brasileira mais gosta quando se trata de lingerie? Patrícia: Ela gosta de combinar a lingerie com a roupa, fazendo desta um acessório. Gostamos de inovar com alças diferenciadas, mostrar algum detalhe nas costas, no ombro ou no decote. A brasileira, segundo pesquisas, procura uma lingerie que seja confortável, bonita e sensual. Vestir: Quais são os materiais mais indicados para a confecção de lingerie? Patrícia: Os tecidos de malha com elastano, em que o grande volume está nas microfibras mais leves, tecidos com fibras naturais, rendas largas e estreitas, tules e laises - sempre acompanhando as últimas tendências da estação.

Patrícia Castellões consultora de moda para lingerie do Senac e professora na unidade Senac

Vestir: Os homens também têm preocupação com a escolha da roupa íntima? Quais os modelos favoritos? Patrícia: Cada vez mais eles compram pessoalmente sua peça íntima, antes comprada pela mulher (mãe, namorada ou esposa). Buscam primeiramente conforto, praticidade e beleza. Querem entender a composição do tecido, buscam fibras naturais e se preocupam com os elásticos da cintura que vai fazer toda a diferença. por último, escolhem cores e estampas. Com o crescimento da prática de lutas e artes marciais, acredito que a grande inspiração está nos modelos boxer com “perninhas”. Vestir: Quais são os nichos de moda lingerie que mais faturam no Brasil? Patrícia: O segmento de moda íntima está em ascensão como um todo. Usamos peças íntimas todos os dias, e decidimos o que vestir de acordo com a ocasião. Temos lingerie para vários momentos do dia, desde a linha mais básica, passando pela divertida e mais jovem, temos a casual que usamos no dia a dia. Acredito que este nicho seja o maior, pois atinge um público de 18 a 45 anos. temos a linha de atributos, a linha sensual e não podemos esquecer da linha noite onde entram os pijamas, camisolas e o loungewear também em crescimento no mercado.

Cada vez mais eles compram pessoalmente sua peça íntima, antes comprada pela mulher (mãe, namorada ou esposa)

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CAPA

Tecnologia

Pesquisas internacionais e nacionais apontam para uma constante transformação no perfil antropométrico

Um recente estudo divulgado no jornal britânico Daily Mail apontou que o

tamanho médio do quadril feminino cresceu quase 10 cm nos últimos 40 anos. De acordo com essa pesquisa, as calças de número 44 tinham 24 polegadas (aproximadamente 60 cm) em 1975 e hoje, a mesma numeração é de 28 polegadas (quase 70 cm). O que significa que as mulheres que usam jeans 42 agora, teriam de comprar calças 38 na década de 1970. Segundo especialistas brasileiros, essa transformação também ocorreu por aqui e algumas pesquisas de perfil antropométrico [um dos objetos de estudo da ergonomia] realizadas no País já mostram alterações significativas nestes tamanhos. “Todos nós mudamos nossos comportamentos se comparados com uma década atrás. Quando falamos em 40 anos essa alteração é ainda maior”, analisa Flávio Sabrá, orientador de pesquisas da área de Antropometria da Faculdade Senai/ CETIQT e gerente da Assessoria de Inovação de Estudos e Pesquisas (AIEP) da mesma instituição. Designer de moda e estilista com experiência de 25 anos no mercado, Sabrá já participou de atividades diversas dentro da cadeia têxtil e atualmente compõe uma equipe que coordena pesquisas antropométricas por meio de body scanners [escaneadores corporais

Mescla de

que ajudam a fornecer dados precisos, como a circunferência abaixo do joelho ou a altura dos ombros]. Portanto, ele explica que alterações no biótipo da sociedade têm uma relação direta com o crescimento econômico que vive determinado país. O que gera mudanças “Nos últimos anos houve uma mudança de comportamento de consumo da população brasileira que agora tem acesso a uma culinária diferenciada e passou a ter um novo tipo de alimentação. Por isso, temos consumido mais produtos industrializados, refrigerantes e ainda estamos mais sedentários.” Tais quesitos resultam em uma mudança corpórea em homens e mulheres, pois as pessoas não mudam uma só região, mas todo o corpo. “Se consumimos produtos como refrigerante, ingerimos mais açúcar. E onde vai se concentrar este tipo de gordura? Cintura e glúteo, claro”, acrescenta Sabrá. Tal sedentarismo da população brasileira foi confirmado em pesquisa feita pelo Ministério da Saúde e divulgada em abril deste ano. Os dados mostram que o excesso de peso e a obesidade aumentaram nos últimos seis anos no Brasil. E a proporção de pessoas acima do peso avançou de 42,7%, em

perfis


Por Tatiana Piva Fotos Shutterstock e Divulgação Senai CETIQT

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CAPA

Tecnologia

Flávio Sabrá orientador de pesquisas da área de Antropometria da Faculdade Senai/CETIQT, do Rio de Janeiro, e gerente da Assessoria de Inovação de Estudos e Pesquisas (AIEP)

2006, para 48,5%, em 2011, o que corresponde a quase metade da população. No mesmo período, o percentual de obesos também subiu de 11,4% para 15,8%. Mas essas alterações de comportamento da população não são justificadas somente na mudança alimentar do brasileiro. Elas atingem outros universos e que também podem influenciar nos biótipos como o estético. “Tivemos mudanças significativas no setor de vestuário feminino por conta de cirurgias de redução de estômago e implante de silicone, por exemplo. Elas fizeram com que o corpo da mulher brasileira sofresse alterações nos últimos anos. Somos o segundo país que mais implanta silicone e tudo isso é levado em consideração ao estabelecer um perfil antropométrico”, diz Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário. Além disso, Sabrá aponta que homens e mulheres com idades mais avançadas sofrem alterações por conta da gravidade. Hábitos comportamentais como quanto tempo uma pessoa dedica praticando esporte também deve ser considerado, segundo ele. “Ela corre, faz caminhada? Então não vou ter alteração de biótipo nem de tamanhos na vestimenta. Mas se os hábitos alimentares mudam e as pessoas não fazem nada para impedir o ganho de peso, então este corpo muda e se torna natural que os tamanhos sejam cada vez maiores.” Porém, Flávio cita outra questão comportamental importante quando se trata dessa alteração. “Será que as pessoas vão querer usar estes números maiores? Que existe o aumento dessa silhueta, isso é nítido, notável. Mas nem sempre as pessoas aceitam bem isso, especialmente as mulheres brasileiras.” Pesquisas nacionais Essas mudanças corpóreas têm sido identificadas especialmente por conta de pesquisas antropométricas realizadas no Brasil. As primeiras foram feitas pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) na década de 1970. No ano de 1978 começava uma pesquisa utilizando a antropometria tradi-

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cional com paquímetros – espécie de réguas gigantes. E na ocasião, o objetivo era, justamente, obter medidas oficiais para o vestuário. Inclusive, na década de 1980 havia um projeto de mapear as medidas antropométricas no Brasil inteiro, mas isso se tornou inviável economicamente e em função da grandiosidade do País. Em 2002, o método tradicional de medida foi substituído pelo uso de scanners 3D que mais recentemente (2008) também foram trocados por conta da aquisição de um scanner 3D a laser [aparelho que possui as mesmas funções que o outro, porém com maior precisão de fornecimento de dados]. Segundo o INT, atualmente são registradas 53 medidas do corpo para o dimensionamento de postos de trabalho em uma base de dados de quase 5 mil adultos. Dentre elas 27 medidas do corpo são para confecção de vestuário. Nos últimos anos foram elaborados diversos estudos antropométricos. Entre eles, uma importante fonte de pesquisa é um estudo contínuo feito pelo Senai/CETIQT desde 2005 e que já


Este trabalho quer identificar os diferentes biÓtipos existentes na população brasileira para então estudá-los

mediu 3.400 pessoas na cidade do Rio de Janeiro, municípios da região metropolitana e serrana do estado. Este pretende avaliar até o final deste ano 6 mil pessoas e até o fim do projeto 10 mil corpos de diferentes regiões do País. “Este trabalho quer identificar os diferentes biótipos existentes na população brasileira para então estudálos. Com essa amostra nacional de tipos corpóreos, vamos poder ajudar a

estabelecer alguns parâmetros de tamanhos no universo das confecções.” Sabrá acredita na necessidade de se obter fundamentos e o máximo de informações sobre esses parâmetros em função da existência de vários fatores que influenciam na construção correta de um produto final. Em paralelo a esta pesquisa, são coletados dados quantitativos e de hábitos de consumo destes entrevistados.

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CAPA

Tecnologia

Mas como uma pessoa vai andar com uma fita métrica na bolsa para saber quanto mede seu quadril, sua cintura, suas pernas? Parece inviável

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E, segundo Sabrá, que também é coordenador e docente do Senai, os dados têm mostrado que os brasileiros possuem diferentes estaturas, circunferências, larguras de ombros e, dependendo da região onde essa pessoa vive, a diversidade é ainda maior. “No Sul e Sudeste a maioria das mulheres usa tamanhos M, G e GG. No Norte e no Nordeste a maior saída é de PP e P, afinal as mulheres são mais ‘miúdas’. E isso tem a ver com a colonização de cada um destes estados.” Ele cita, por exemplo, que a mulher carioca tem um tipo de vida diferente da paulista e um estilo de se vestir também. “As cariocas usam decotes mais profundos, calças mais coladas. Elas gostam mais de malhar, pois estão sempre expostas nas praias do Rio. Na verdade temos vários ‘brasis’ em um único País. Portanto, são vários corpos.” Sabrá conta ainda que já foram encontrados 15 diferentes tipos de silhueta durantes estes sete anos de pesquisa e dentro de um único grupo de mulheres, com média de 30 anos e que possuem vida urbana, foram identificados três tipos diferentes. Normas Baseado nesses estudos e na própria experiência e percepção do mercado têxtil pelas indústrias de confecção, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elabora, desde 1995, normas que servem como referenciais de medidas do corpo humano. Em 2007 foi levantada a necessidade de refazer algumas dessas normas. E em novembro de 2009 surgiu a Norma de Padronização do Vestuário Infantil/Bebê (NBR 15800) que possui uma tabela sugestiva de medidas para confecção voltada para este público. Mais recentemente – em 18 de abril deste ano – aconteceu o lançamento e apresentação da norma ABNT NBR 16.060:2012 que estabelece referenciais de medidas masculinas. O objetivo é nortear a criação de roupas masculinas. Mas, quando se fala em vestuário feminino, as coisas são bem mais complexas. Afinal, enquanto

na moda masculina o homem utiliza cuecas, bermudas, shorts, calças, camisetas, camisas, blusas e ternos. As mulheres contam com uma infinidade de opções de peças como calcinhas, sutiãs, meias-calças, saias, bermudas, shorts, calças, macacão, camisetas, camisas, vestidos, entre tantos outros. Entretanto, de maneira geral, todos os setores do mercado de vestuário destacam a importância dessas medidas, pois elas servem para que as indústrias que não possuem quaisquer informações técnicas utilizem os dados da ABNT como base. “São convenções estabelecidas para guiar a criação dos produtos”, explica Sabrá. Vale lembrar que elas não são obrigatórias, afinal existem indústrias que já possuem grande experiência e que elaboraram suas próprias pesquisas mercadológicas. Isto é, já conhecem bem o cliente que consome seu produto final. “É fundamental que as normas não deixem as confecções engessadas. Pois a criatividade é o grande diferencial da moda brasileira”, diz Masijah. Além disso, nessas normas a ABNT sugere que se acrescente nas etiquetas das roupas informações como os tamanhos em centímetros de cintura e o da largura dos ombros. Essa situação tem gerado bastante polêmica entre as indústrias do vestuário, por não acreditar que a sugestão funcionaria na prática. “Neste contexto surgiram alguns segmentos vislumbrando lucros e está se tentando incutir na cabeça da população brasileira que haja uma padronização de etiquetas no País. Mas como uma pessoa vai andar com uma fita métrica na bolsa para saber quanto mede seu quadril, sua cintura, suas pernas? Parece inviável”, defende o presidente do Sindivestuário. Profissionais da área confirmam, ainda assim, a importância de se ter informações sempre atualizadas para que cada vez mais seja possível oferecer uma peça que atenda às necessidades do consumidor. “A cada dia que passa, e com melhores condições financeiras da população, maior será a exigência


deste consumidor em relação ao produto final. Estudos de campo podem melhorar muito a qualidade do atendimento final ao cliente”, defende Sabrá. Em países da Europa como a Itália, há um conceito de que a cada cinco anos haja a medição da população do País. Inclusive o projeto conta com o apoio do governo, pois as informações de medidas do corpo servem como referência para o acompanhamento da alimentação e saúde dos cidadãos. Apesar da grandiosidade do Brasil, é o que se defende para que se possa obter informações atualizadas das medidas do corpo da população brasileira. “É importante monitorar as pesquisas constantemente. Não dá para parar, pois, e se metade da população brasileira daqui 10 anos parar de usar carro e passar a andar de bicicleta? Este corpo vai mudar e temos de monitorar isso e fazer as devidas alterações nas pesquisas”, explica Sabrá. O presidente do Sindivestuário ainda acrescenta, que essa transformação não acaba nunca e se altera muito com o decorrer do tempo, pois está ligada a fatores econômicos, que são variáveis. “Amanhã a moda não é mais a mulher colocar silicone no seio e os dados vão ter de ser ajustados novamente. Defendemos que as tabelas sugestivas sejam avaliadas com maior frequência, mas nunca em um contexto de obrigatoriedade”, conclui Masijah.

Amanhã a moda não é mais a mulher colocar silicone no seio e os dados vão ter de ser ajustados novamente

Antropometria em outras áreas As medidas do corpo humano colhidas em estudos de perfil antropométrico não servem apenas para guiar a criação de peças do vestuário. Ela é base de dados para a fabricação de cadeiras usadas em ambientes de trabalho, escritórios, acentos de automóveis, ônibus, metrô, tamanho das camas, de assentos de sofá, entre outros. “Nosso corpo veste vários objetos que nos circundam”, explica Flávio Sabrá, orientador de pesquisas da área de Antropometria da Faculdade Senai/CETIQT.

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História

Ponto de vista

Região movimenta cerca de R$ 3,5 bilhões por ano e é preferência de consumidores e revendedores que buscam últimas tendências da moda a preços acessíveis

Rubens Chiri/ Banco de Imagens do Estado de São Paulo

Quem passa pelas ruas do Bom Retiro, tradicional

Bom Retiro

bairro da região central de São Paulo, e acompanha o vai e vem das mais de 80 mil pessoas que circulam por lá diariamente em busca de melhores oportunidades de compras – mais especificamente, roupas – não imagina que o nome do local foi dado graças a sua tranquilidade e procura para aqueles que buscavam retiros de final de semana. Sim, o bairro já foi calmo e formado por chácaras antes de ter início o processo de loteamento e urbanização do bairro, em meados do século 20. Inicialmente colonizado por italianos de baixa renda que prestavam serviços especializados em sapatarias e farmácias, o Bom Retiro teve suas atividades comerciais desenvolvidas por imigrantes portugueses, turcos, sírios e libaneses. Em seguida, vieram os judeus que passaram a exercer o comércio, em decorrência da 2ª Guerra Mundial, e dez anos depois, eles já eram a maioria no bairro. Já na década de 1960, foi a vez dos sul-coreanos ocuparem a região, adquirindo as principais lojas dos judeus, que optaram por residir em bairros como Higienópolis, e os quais não quiseram continuar com os negócios da família.

para compras 22 Revista Vestir


Por Tatiana Ferrador

Atualmente, encontra-se uma mescla de culturas naquela região, onde sinagogas dividem quarteirões com igrejas católicas, ortodoxas, presbiterianas, e ainda recebe uma grande concentração de gregos, lituanos e bolivianos entre os moradores do bairro. Polo da moda Referência no quesito moda têxtil, a região acumula números tão respeitáveis quanto sua história: 55% da moda feminina do Brasil sai hoje do Bom Retiro; o polo gera mais de 50 mil empregos diretos e 30 mil indiretos; e mensalmente são produzidas 20 mil peças por cada empresa – do total de 1,6 mil empresas, 1,4 mil estão na região, segundo dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro. Atraída por revendedores, sejam sacoleiros ou donos de lojas em outras cidades e bairros, o Bom Retiro atende aos mais variados perfis de público no segmento de vestuário, porém com a predominância para moda feminina. E para acompanhar essa tendência, é crescente o número de lojas de acessórios e bijuterias. É comum encontrar na região lojas tradicionais que mantiveram o ponto e até mesmo o nome, mas que modificaram a atuação e segmentação de produtos. Com 40 anos de existência na região do Bom Retiro, a “Olha que linda! Bijoux” é um desses exemplos. Passou de confecção para loja de bijuterias há cinco anos, depois que os filhos Luigi e Bianca assumiram o controle da loja juntamente com a mãe, Perla Goldzak. Para expandir a área de atuação, os empresários estudaram o mercado e optaram pela mudança de segmento, com produtos inovadores e diferenciados. O objetivo é tornar a loja uma referência global no segmento de acessórios femininos, reconhecida no mercado interno e externo. Hoje a “Olha que linda! Bijoux” conta com duas lojas no Bom Retiro: uma na tradicional José Paulino e outra na Rua Ribeiro de Lima. Apesar de pelo menos oito entre 10 homens serem avessos às compras de roupas, a região atende satisfatoriamente ao público masculino. E há lojas com tradição de quase um século por lá, como é o caso da Companhia 233, fundada em 1930 por descendentes de judeus que vieram ten-

tar a sorte no Brasil. De acordo com Etejane Hepner Coin, herdeira da loja, seus pais, um polonês e uma lituânia, fundaram a então Hepner Confecções antes de seu nascimento e lá permaneceram até o final de Depósito da 4º Seção - vista suas vidas, transferindo o controle da fachada do edifício situado da confecção de roupas masculina rua Afonso Pena nas, para suas filhas e genros. Com o passar dos anos, os novos gestores mudaram o perfil de confecção para loja de camisas de marcas tradicionalmente reconhecidas. Localizada na Rua José Paulino, a mais tradicional do bairro, a loja que ocupa o número 233 adequouse aos diferentes públicos que surgiram com o passar dos anos. “Hoje temos muitas lojas bonitas na região, em sua maioria comanRio Tietê - dragagem na raia dadas por coreanos, e tivemos náutica; à frente, barco de que adequar tanto nossa estrutura passageiros; a meio campo, física como de negócios para não draga para limpeza de leitos de rios ficar para trás”, explica Etejane. “O sistema de vendas ‘atacarejo’ – modalidade de compras feita por meio de grupos que compram no varejo com preços de atacado – é uma tendência para manter o fluxo e atrair novos clientes que deu muito certo por aqui”, comemora. E por falar em ‘atacarejo’, tal modalidade tem atraído não apenas revendedores, como vem conquistando também consuAv. Santos Dumont, avenida midores comuns em busca de moda a um iluminação pública, vista preço mais acessível que os praticados em da esquina com a avenida shoppings e grandes magazines. Muitos do Estado em direção deles até convocam um grupo de amigas a Ponte das Bandeiras para as compras em lojas que vendem por atacado, como é o caso da representante comercial Andréa Ruffo. “Além de economizarmos, fazemos um programa divertido só para mulheres e ainda ficamos antenadas com a moda!”, comemora. Do outro lado, lojistas atentos a esse novo perfil, investem maciçamente em Bom Retiro equipes de criação e estilo, buscam ten- atende aos mais dências em outros países, e até contratam variados perfis consultores que trazem novidades em cor- de público tes, tecidos e modelos. Para se ter uma no segmento ideia do potencial das empresas instala- de vestuário, das na região, cada grife cria, em média, porém com a seis novas peças diariamente. Tudo para predominância atrair o consumidor e consolidar a migra- para moda ção desse público para o comércio de rua. feminina

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História

Ponto de vista

Hoje o maior desafio para os lojistas são os produtos importados ilegalmente que invadem o comércio e dificultam a vida dos fabricantes nacionais

De acordo com dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, o comércio da região movimenta anualmente cerca de R$ 3,5 bilhões. Suas ruas setorizadas de confecção, calçados, acessórios, maquinários, aviamentos e tecidos ainda são ocupadas, em grande parte, por revendedores (60% do público circulante). Diariamente chegam ao Bom Retiro cerca de 30 ônibus com compradores vindos de outras regiões do País, principalmente do Sul. Mas como diz o ditado popular que “nem tudo são flores”, o Bom Retiro ainda encontra muitos desafios para conti-

O Bom Retiro em números: • Possui 1.600 lojistas no bairro, sendo 1.400 fabricantes; • Responsável pela geração de 50 mil empregos diretos e 30 mil indiretos; • Cada empresa produz em média 20 mil peças por mês; • 55% da moda feminina do Brasil sai do Bom Retiro • Diariamente circulam 80 mil pessoas pelas ruas da região e no final de ano esse número chega a 120 mil pessoas; • Grifes da região criam seis novas peças por dia; • 60% das compras são realizadas por revendedoras de moda; • Região recebe cerca de 30 ônibus por dia com compradores de vindos de outras regiões do país, principalmente da região Sul; • Mais de 52 restaurantes e lanchonetes abastecem consumidores e lojistas na região; • Cerca de 30 estacionamentos atendem visitantes, localizados entre as principais ruas: José Paulino, Correia de Melo, Prates, etc; • Possui ruas setorizadas por confecção, calçados, acessórios, maquinários, aviamentos e tecidos; • Comércio da região movimenta mais de R$ 3,5 bilhões por ano

nuar como potência no polo têxtil. “Hoje o maior desafio para os lojistas são os produtos importados que invadem o comércio e dificultam a vida dos fabricantes nacionais, já que tais produtos chegam aqui com um custo bem menor”, explica Kelly Cristina Lopes, da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Bom Retiro. “Isso tem a ver com a grande carga de impostos, principalmente a trabalhista, que onera muito ao empresário brasileiro. Dessa forma, fica muito difícil competir com produtos que entram ilegalmente no País”, diz a executiva. Em contrapartida, lojistas defendem que a região, com apoio tanto governamental quanto da iniciativa privada ainda tem muito a crescer e a oferecer à população. “Não se trata de uma área saturada, e sim que precisa de ajustes para continuar expandindo”, explica Kelly. “Muitas ruas ainda podem ampliar suas atividades, como a Rua Anhaia, e parte da Rua dos Italianos e Rua da Graça. Alguns segmentos têm crescido muito, como o de acessórios e calçados, e é neles que vemos o maior potencial”, conclui. Para Janeta Zaidman Charatz, proprietária da Loja 445, instalada no Bom Retiro há mais de 54 anos, os lojistas têm conseguido avanços com o poder público acerca de revitalização da região. “Antigamente a iluminação das ruas era precária, mas agora temos fios embutidos, o que colabora tanto para a segurança como estética da região”, diz. “Além disso, estamos com propostas em andamento na Subprefeitura da Sé para a melhoria das galerias (conhecidas como bocas de lobo) que atualmente não suportam o volume das chuvas e a água invade calçadas e até algumas lojas”. Vinda para o Bom Retiro aos 12 anos de idade com pais imigrantes, Janeta possui a loja voltada a lingeries femininas e roupas íntimas masculinas que recebe revendedores de todas as localidades: do Rio Grande do Sul, interior da Bahia e do Paraná, Nordeste em geral e até do Pará. Como podemos notar, o Bom Retiro já ultrapassou fronteiras logísticas e conquista todo o País como polo de confecção para diversos perfis consumidores.



PERSONAGEM

História de sucesso

Nelson Abbud João, presidente do Sindicamisas, destaca-se como um dos personagens mais importantes do segmento

Referência setorial Mais de 60 anos desde que Nelson Abbud João Durante todos esses anos que atuo como presidente do Sindicamisas, posso afirmar que obtive várias conquistas significativas

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teve o seu primeiro contato com o setor do vestuário, ainda na infância, já que seu pai trabalhava com tecidos. Depois, em 1955, juntamente com os irmãos decidiu abrir uma confecção, a Camisas Abbud. O negócio evoluiu bastante, chegou a ter aproximadamente 700 operários. “Exportávamos para países sul-americanos como Chile e Argentina, além de fornecer material para grandes lojas do Brasil como Mesbla, Mappin, Casas Pernambucanas, C&A e Riachuelo”, relembra.

Depois de alguns anos, tentaram exportar roupas que confeccionavam para países “pouco usuais” como a África do Sul, mas a experiência não deu muito certo. “O pagamento demorava a sair, foi uma situação bem difícil. Preferimos não repetir a experiência”, conta Abbud. A história de sua confecção mudou na época do governo Collor. Conta Abbud: “a facilidade nas importações em nosso setor criou uma concorrência desleal. Entraram vários produtos de fora. Nesse momento decidi me dedicar inteiramente a outras funções”. Com isso, a confecção foi subdividida


Por Mirella Stivani | Fotos Arquivo Sindivestuário

em diferentes setores e trocou o nome para Arpel. Quem passou a cuidar dos negócios foram outros familiares, como filhos e netos. Apesar de já ter atuado também como juiz classista e economista, é no setor de vestuário que sempre encontrou – e ainda encontra – sua maior satisfação. Por conta disso e do conhecimento e interação com os demais industriais do setor, foi natural na vida de Abbud ingressar no meio sindical. Nesse cenário, também conquistou um papel de extrema importância e ocupa, há 40 anos, a presidência do Sindicamisas, uma destas entidades que completam o Sindivestuário. Além da experiência, é necessário respeito e dedicação pelo que se faz. “Durante todos esses anos que atuocomo presidente do Sindicamisas, posso afirmar que obtive várias conquistas significativas”. Entre elas, Abbud cita o fato de ter ajudado a unir os principais sindicatos de vestuários em uma organização só, aumentar o número de sócios, expandir a atuação para o plano estadual e não apenas regional, fazer com que a importação e exportação crescessem ainda mais, dar apoio aos sindicalistas além de uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para formar mão de obra especializada para o setor. Portanto, não é exagero dizer que Abbud é um dos grandes responsáveis pela existência do Sindivestuário. A reunião das entidades que representam o vestuário feminino e infanto juvenil, o masculino e o de camisas para homem e roupas brancas, que juntas representam mais de sete mil indústrias do vestuário, empregando cerca de 250 mil trabalhadores e faturando mais de 14 bilhões de reais por ano, com a produção de 2,6 bilhões de peças, somando mais de 40% da produção nacional. Assim que assumiu a presidência da Sindicamisas, Abbud tinha em mente ser o porta-voz dos interesses da cadeia produtiva do setor do vestuário, juntamente com as outras entidades do Sindivestuário. E até hoje cumpre o papel perfeitamente. Tanto que com atuação marcante perante a Indústria, Governo e Socie-

Mercado promissor

Com o trabalho no sindicato, Abbud e todos os envolvidos sempre buscam, como já citado anteriormente, a evolução e aprimoramento do setor, valorização e que a sociedade, de maneira geral, entenda a fundamental importância do setor de vestuário no dia a dia de todos. Quanto ao futuro, Abbud acredita que a tendência é sempre melhorar. “O mercado de vestuário no Brasil já cresceu bastante, mas pode crescer mais. Por exemplo, as camisas que são importadas da China são um problema porque fica difícil competir com preços assim tão baixos. Antigamente, não havia cursos específicos para modelista, estilista e tudo mais. Hoje, são várias escolas e a mão de obra fica cada vez mais especializada o que, consequentemente, aumenta a qualidade do produto final. O futuro, que já está presente, é bastante promissor”, finaliza.

dade, o Sindicamisas recebe solicitações de indústrias diariamente, que são prontamente atendidas, conforme suas necessidades. Afinal, são milhares de empresários que têm no sindicato uma assessoria de alto nível, em áreas como Sindical, Fiscal, Trabalhista e Tributária. Tudo com a supervisão dele. Hoje, aos 83 anos, Nelson Abbud João se mantém na ativa. Além do sindicato, se divide entre reuniões e encontros setoriais como Conselheiro Fiscal da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Conselheiro do Serviço Social da Indústria (SESI) e também da área têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

são milhares de trabalhadores que têm no sindicato uma assessoria de alto nível, em áreas como Sindical, Fiscal, Trabalhista e Tributária

Ronald Moris Masijah, presidente do Sindivestuário

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Fuxico

Mercado

WEB Fashion films A aposta da Piccadilly para

conquistar de vez as consumidoras foi essa: transformar as tendências e o portfólio da marca em uma série de vídeos sobre as apostas do mundo fashion para o Outono Inverno 2012. Chamados de fashion films, os curtas foram produzidos em cinco versões, exibindo estilos diferentes de looks: #folk, #fashion, #clássicos, #fun life e #maxi therapy. Usados pelas principais marcas de moda do mundo, os fashion films traduzem o conceito e lifestyle da coleção. Os vídeos da Piccadilly trazem dicas de como as mulheres podem compor esses cinco looks, sugerindo peças-chave combinadas aos calçados da marca.

RA POR MAR E POR TER

Inverno 2012 da Levi’s se espelha na natureza Uma viagem por cidades do campo e litorâne-

as dos Estados Unidos serviu de inspiração para a coleção Inverno 2012 da Levi’s. O olhar profundo de quem admira e respeita a natureza trouxe para a coleção as cores, movimentos, força e os presentes que a natureza, gentilmente, oferece ao homem. Visitas a comunidades do interior inspiraram uma moda do estilo de vida de quem vive no campo ou na praia. O tema ‘Praia’ mistura os tons mais escuros do mar com a suavidade

neutra da areia em sua cartela de cores. Tons mais fortes surgem inspirados nas algas marinhas, corais e flores litorâneas. Nas peças, muita fluidez nos caimentos, tecidos mais leves e detalhes artesanais em tops e bottoms. Já na linha com a inspiração no “Campo”, cores trazidas dos resultados das colheitas – amarelo do milho, vermelho do tomate e verde do pimentão – unem-se aos tons da terra e os verdes predominantes nas folhagens. O denim fica mais rígido e prevalece a mistura de tecidos com texturas mais rústicas.

Coleção de inverno NOVIDADES

chique e com uniforme

Com a mudança de estação está na hora de preparar os cola-

Para conhecer acesse o link abaixo e procure por: http://www.youtube.com #MaxiTherapy - Piccadilly - Outono/Inverno 2012 #Fun Life - Piccadilly Outono/Inverno 2012 #Folk - Piccadilly - Outono/Inverno 2012 #Clássicos - Piccadilly Outono/Inverno 2012 #Fashion - Piccadilly Outono/Inverno 2012

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boradores para a chegada do inverno. A Grifer, empresa paulista especializada em design de uniformes femininos e masculinos, está com uma nova coleção voltada para trabalhadores domésticos e até executivos e profissionais da área de serviços. Uma das novidades para 2012 é a linha social ou alfaiataria, como terninhos e blazers. “Com excelente caimento, a linha é destinada ao pessoal de escritórios, incluindo secretárias, recepcionistas, advogados e gerentes”, resume Lilian Nigri que comanda a Grifer. Na linha residencial, a novidade fica a cargo das cores quentes como vinho e índigo, além dos tradicionais cinza, marinho,

xadrez e verde, todos em clidelia. Quando o assunto é lã, usados em casacos e suéteres, a Grifer, entrou o inverno de 2012 acrescentando o preto e o fendi às opções já conhecidas como branco e marinho. Para a dirigente da empresa, outra peça que chegou para ficar devido à versatilidade é a cacharel preta e branca, que funciona como coringa em qualquer guarda-roupa podendo ser usada por baixo de blusas, casacos e jaquetas ou ainda como peça única naqueles dias mais amenos. “As inspirações para as novidades vieram das tendências da moda, mas também nas pesquisas que realizamos regularmente junto ao nosso público”, resume Deborah Lafer, também sócia da empresa.


Na rede Notícias

Mais informação

Canal YouTube moda traz conteúdo específico apresentado por cinco vlogueiras A C&A é a patrocinadora exclusiva do primei-

ro canal de parceria de conteúdo do YouTube no Brasil. A parceria viabilizada pela agência de publicidade DM9DDB foi lançada oficialmente no final de abril e oferece vídeos que apresentam o universo fashion em vários ângulos. Dentro do YouTube. com/moda haverá cinco canais específicos sobre looks, acessórios, tendências, truques e outro trará as novidades da C&A.

A produção de conteúdo é feita pela Damasco Filmes e os vídeos são apresentados por cinco vlogueiras que já possuem seus blogs com audiência na web. Paula Martins, Chris Francine, Joana Hanson, Helô Gomes e Mariana Santarém foram as escolhidas para comandarem a apresentação dos vídeos no canal. Para acessar entre no www.youtube.com/moda.

Vendas

Portal de compras têxteis Seguindo a realidade mundial dos sites de compras

online, o portal de e-shop ‘SOS Têxtil’ apresenta uma série de facilidades para o industrial do setor têxtil. Com um catálogo disponível com mais de 15 mil itens cadastrados e serviço de pronta entrega, o portal oferece peças e equipamentos para as linhas de costura, bordado, corte, recobrimento, passadoria, peças para máquina de fusionar, esteiras, limpeza, além de acessórios e ferramentas para os equipamentos têxteis. Para atender às necessidades dos clientes, possui atendimento online, oferece descontos diariamente e recebe pedidos 24 horas por dia. Acesse www.sostextil.com.br e confira.

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CONTEXTO Debate

Capitalismo tardio e

desindustrialização precoce:

será esse o destino histórico do Brasil? Antes de buscar uma resposta para essa questão, é indispen-

sável revisitar a tese de doutoramento, que se transformou no clássico livro de João Manuel Cardoso de Mello, “O Capitalismo Tardio” (Unicamp, 1998, 10ª edição). A obra aponta diversas razões pelas quais o Brasil demorou muito tempo para entrar, de fato, no modelo capitalista. Sem a pretensão de esgotá-las, seria possível listar, sobretudo: i) a escravidão e, portanto, a consequente falta de consumo de massa interno; ii) a dependência total de uma economia primário-exportadora, predominante em alimentos e matérias-primas; e iii) a subordinação plena aos comandos dos países centrais (industrializados). A despeito disso, o Brasil evoluiu, ainda que lentamente, até atingir certo grau de industrialização que, mesmo assim, foi denominado pelo pesquisador como “industrialização restringida”. Isto é, se, por um lado, havia industrialização porque a dinâmica da acumulação passou a ser sustentada na expansão industrial (mais lucro, mais investimento, mais salário); de outro, manteve-se restringida tendo em vista que as bases técnicas (inovação) e as financeiras eram incipientes. Mesmo diante dessa entrada tardia no capitalismo, por parte do Brasil, e de uma industrialização restringida, atualmente, o País dispõe de um complexo

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industrial dinâmico, diversificado e inovador, como exige o cenário concorrencial mundial. Muito embora preparada para concorrer globalmente em vários segmentos, a indústria brasileira entra nessa disputa enfraquecida. Consequência de inúmeros obstáculos, a competitividade industrial do Brasil se esvai principalmente pelo ralo do câmbio apreciado em Pindorama e depreciado na concorrência internacional. Segundo a revista The Economist, por meio do seu índice Big Mac – pelo qual é possível comparar o preço do famoso sanduiche ao redor do planeta – a Suíça tem o mais caro Big Mac do mundo (US$ 6.81), seguida do Brasil (US$ 5.68). Na China e na Índia os preços são bem mais baixos (US$ 2.44 e US$ 1.68), respectivamente. Dito de outro modo: a China é 57% mais barata do que o Brasil, de uma forma geral! Importante dizer, portanto, especialmente aos defensores de última hora do “livre mercado”, sobretudo àqueles que querem aproveitar as facilidades da importação, que a TEC (Tarifa Externa Comum) de 35% – aplicada ao vestuário – sequer é capaz de equalizar o diferencial de câmbio, sem falar em todas as outras assimetrias, como legislação trabalhista, ambiental, obrigações assessoriais e a asfixia causada pelo peso da carga tributária.


Por Haroldo Silva | Fotos Shutterstock e Divulgação

Já se sabe que contra fatos e dados, pouco valem os argumentos contrários. Diante disso, basta ver o que ocorre na indústria do vestuário paulista (no Brasil o resultado é semelhante). Com base nos números do IBGE, relativos à produção física industrial, nota-se que 2012 é o pior momento, desde 1992. No gráfico é possível observar que a produção acumulada entre janeiro e fevereiro deste ano é apenas 66,9% do que foi transformado no mesmo período do ano passado. Em outras palavras, a indústria do vestuário paulista encolheu 33,1%, de um ano para outro. Se isso não é desindustrialização acelerada e, mais grave, prematura, não inventaram ainda outra denominação melhor. Retomando os motivos do nosso atraso no capitalismo, sabe-se que parcela das mazelas da escravidão, já foi superada, embora não totalmente, basta ver que a maior corte do País, o Supremo Tribunal Federal (STF) esteve, recentemente, diante da discussão sobre as políticas de cotas raciais. No entanto, muito ainda está por ser feito para transformarmos o Brasil em um país justo socialmente. Isso, em verdade, só irá acontecer a partir do emprego como mecanismo legítimo de inclusão social, para além dos programas assistencialistas que – embora necessários – deveriam ser, da mesma forma, efê-

meros e transitórios. Existem 13 milhões de famílias que recebem transferência de renda do Governo Federal. Parte desses brasileiros poderia encontrar emprego na indústria do vestuário, se houver uma política efetiva de melhoria da competitividade dessa que é a segunda maior empregadora da indústria de transformação. Quando João Manuel escreveu seu clássico, o Brasil estava voltado para o exterior como única fonte de crescimento. Não podemos cometer idênticos erros e sofrer, portanto, das mesmas restrições. Hoje, os tempos são outros e inegavelmente melhores, do que os relatados pelo professor em sua tese. O Brasil possui um dos mais importantes ativos que um país precisa para manter sua economia em expansão: o mercado consumidor doméstico. Contudo, empresas e empregos estrangeiros é que estão sendo os grandes beneficiários desse mercado dinâmico. Não há como mudar o passado, já que entramos tardiamente no capitalismo. Todavia, é perfeitamente possível mudar o futuro e evitar o desastre da desindustrialização precoce. Mas, para impedir que a história da indústria no Brasil não termine melancolicamente, é imperativo que o Estado assuma seu papel de indutor, como ocorre nas nações ditas industrializadas. Nada mais do que isso.

Haroldo Silva Diretor-executivo do Sindivestuário e prof. da UniÍtalo executivo@sindicatosp.com.br

Gráfico 1 - Série Histórica - Produção Física Industrial do Vestuário - São Paulo

Com base nos números do IBGE, relativos à produção física industrial, nota-se que 2012 é o pior momento, desde 1992

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Trabalho e Justiça Artigo

novo AVISO

PRÉVIO Desde a publicação da Lei nº 12.506, de 13 de outubro

O aviso prévio proporcional terá variação de 30 a 90 dias, dependendo do tempo de serviço na empresa 32 Revista Vestir

de 2011, que altera o aviso prévio, temos recebido inúmeras consultas questionando a sua aplicação. Portanto, abordaremos alguns dos conceitos desse novo instituto. A Lei sob comento dispõe sobre os novos prazos para concessão do aviso prévio, alterando em parte o art. 477 da CLT, e estabelece: Art. 1º - O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei 5452, de 1º de maio de 1943, será con-

cedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único – Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. Pois bem, a nova lei é omissa em todos os outros aspectos relativos à concessão do período suplementar do aviso prévio.


Por Maria Thereza Pugliesi | Fotos Shutterstock e Divulgação

O que é o aviso prévio? É uma indenização paga pela parte que deu causa à rescisão do contrato de trabalho, e a sua finalidade é possibilitar ao empregado uma recolocação no mercado de trabalho antes de ter rescindido o contrato, de forma a lhe garantir o salário durante este período. E, na hipótese de pedido de demissão, o objetivo é possibilitar ao empregador a contratação de outro trabalhador para o cargo do demissionário, minimizando-lhe possíveis prejuízos de ordem produtiva. Antes do advento da Lei 12.506/11, o aviso prévio era de 30 dias, mas a regra mudou e trouxe muitas indefinições. A Secretária de Relações do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), expediu uma circular interna com orientações aos servidores que exercem atividades na assistência à homologação das rescisões contratuais, e se pronunciou da seguinte forma, “in verbis”: O aviso prévio proporcional terá variação de 30 a 90 dias, dependendo do tempo de serviço na empresa. Dessa forma, todos terão no mínimo 30 dias durante o primeiro ano de trabalho, somando a cada ano mais três dias, devendo ser considerada a projeção para todos os efeitos. Assim, o acréscimo de que trata o parágrafo único da lei, somente será computado a partir do momento em que se configure uma relação contratual de dois anos ao mesmo empregador. Nesse sentido, a contagem do acréscimo ao tempo de serviço deverá ser calculada, a partir do segundo

ano completo da seguinte forma (veja box ao lado). Consigne-se que, se o aviso devido for de 90 dias, o mesmo se projetará para todos os efeitos legais, na hipótese de o empregado cumprir apenas 30 dias e, o empregador indenizar o período restante, a data do desligamento a ser assinalada em sua CTPS será a data final da projeção do aviso prévio. E, na parte destinada a Anotações Gerais deverá ser procedido o detalhamento da situação com a indicação da data do último dia efetivamente trabalhado. Outra dúvida recorrente referese ao período de acréscimo - se ele deverá ser cumprido ou indenizado. Não houve qualquer alteração neste aspecto, o empregador poderá optar entre as duas situações, no caso de indenização do período do aviso prévio, as verbas rescisórias devem ser satisfeitas até o décimo dia, contado da data da notificação da dispensa. Quando for trabalhado, as verbas rescisórias devem ser pagas até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato. Durante o cumprimento do aviso, também não foram alteradas pela nova lei a jornada reduzida de duas horas diárias durante 30 dias, ou a faculdade de ausência no trabalho por sete dias corridos, neste período. Caso você tenha outras dúvidas sobre o assunto, entre no site das entidades www.sindicatosp.com.br, clique no link NOTÍCIAS, página 19, e confira a matéria postada por meio de perguntas e respostas.

Tempo de Serviço Ano Completo Até 02 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Aviso Prévio dias 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72 75 78 81 84 87 90

Maria Thereza Pugliesi Advogada do Sindivestuário jurídico@sindicatosp.com.br

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AGENDA

Novos negócios

Febratex 2012

Beauty Fair

Maquintex 2012

Há mais de 20 anos, a Febratex vem acumulando sucessos, o que lhe garante o título de maior feira para a Indústria Têxtil da América Latina. E nela estarão reunidos os principais segmentos da cadeia têxtil, entre eles: máquinas de costura, máquinas de corte, aviamentos, etiquetas, embalagens, equipamentos, acabamentos, beneficiamentos, fios, estamparias, automação industrial, informática, teares e matérias-primas.

Uma das mais famosas no mundo, a Feira Internacional de Cosméticos e Beleza é um evento anual de negócios formatado para atender toda a cadeia produtiva do segmento de beleza como profissionais, indústria, comerciantes, distribuidores, importadores e exportadores. O evento é reconhecido por oferecer uma programação educacional variada e completa aos profissionais e empresários do setor. É na Beauty Fair que os profissionais de moda e beleza têm acesso, em primeira mão, aos lançamentos de produtos, equipamentos e serviços e ainda ficam por dentro das principais tendências de beleza.

A Feira de Máquinas, Equipamentos, Serviços e Química para a Indústria Têxtil, evento que une todos os elos da cadeia têxtil, integrando, em sintonia maquinário de ponta ao universo criativo dos estudantes e estilistas. Nesta edição, haverá a realização concomitante da Femmic – Feira de Máquinas para a Indústria Coureiro Calçadista, que apresentará as principais empresas deste setor, em segmentos como acabamentos em couro, adesivos, componentes para calçados e artefatos, curtumes, embalagens, solados e muito mais.

Data: 14/08/2012 17/08/2012 Local: Parque Vila Germânica – Blumenau - SC Temporada: 2012 Periodicidade: Bianual Site: www.febratex.com.br

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Data: 08/09/2012 - 11/09/2012 Local: Expo Center Norte – São Paulo - SP Temporada: 2012 Periodicidade: Anual Site: www.beautyfair.com.br Facebook: www.facebook.com/ beautyfairprofissional Twitter: @feirabeautyfair

Data: 20/08/2013 23/08/2013 Local: Expoceará - Fortaleza - CE Temporada: 2013 Periodicidade: Bianual Site: www.maquintex.com.br




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