O MIRANTE Retrospectiva 2013 - Personalidades do Ano 2013

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SEMANÁRIO REGIONAL - DIÁRIO ONLINE SUPLEMENTO RETROSPECTIVA DO ANO 2013 - Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1130 deste jornal e não pode ser vendido separadamente

AS NOTÍCIAS E AS PESSOAS QUE

MARCARAM As matérias principais deste suplemento são as entrevistas feitas às Personalidades do Ano escolhidas pelos jornalistas da redacção de O MIRANTE. Os jornais têm a obrigação de noticiar tudo o que se destaca da normalidade e não apenas os factos negativos. O MIRANTE cumpre essa missão diariamente, no papel e na Internet e, por mais que digam que a desgraça vende mais que a excelência, preferimos sempre distinguir esta última.

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Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014


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Há uma casa

que abre

portas

à esperança. Uma casa onde cabe a ação social, saúde, educação, voluntariado, cultura e património, investigação, empreendedorismo e jogos sociais. Uma casa onde cabe um passado com 5 séculos de obra e um presente cheio de esperança, que nos inspira para o futuro. Uma casa das Boas Causas.

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Prémio Personalidade do Ano

Personalidade do Ano

Luís Vasconcellos e Souza

“Quem não mudar tanto como o Mundo fica fora dele” Luís Vasconcellos e Souza é avesso a protagonismos e honrarias mas não se livra de icar na história da agricultura na região. Com outras pessoas de visão fundou a Agrotejo e a Agromais na altura certa e conseguiu mobilizar os agricultores para as mudanças necessárias. Criou e ajudou a criar riqueza. A Agrotejo é a organização de classe. A Agromais trata da parte do negócio (comercialização de cereais e de outros produtos agrícolas como tomate, cebola e batata) e continua em expansão estando agora a receber a produção de agricultores de outras zonas, nomeadamente do Alqueva. Numa altura em que o país olha com outros olhos para a agricultura O MIRANTE considera que Luís Vasconcellos e Souza é a pessoa certa para receber o prémio Personalidade do Ano. Alberto Bastos Como nasceu a ideia de constituir a Agrotejo? A Agrotejo foi feita muito a correr porque nos apareceu a oportunidade, na pré-adesão à Comunidade Económica Europeia, de fazermos um projecto que achávamos verdadeiramente integrador, de electrificação destes 12 mil hectares. Tinha que haver um promotor desse projecto e constituiu-se a Agrotejo para esse efeito, sabendo à partida que a organização iria ser o embrião de outras coisas como a Agromais e a Agromais Plus. Essa é uma história pouco divulgada... Estávamos em 86/87 e o país não era nada do que é hoje. A mentalidade das pessoas era muito diferente. Só para lhe dar uma ideia, a parte de média tensão era comparticipada a cem por cento. As pessoas só tinham que fazer a baixada e mesmo essa despesa também era comparticipada, se não estou em erro. A adesão foi de apenas 42 por cento. A maioria, 58 por cento, não quis a electricidade. Quis manter os motores a gasóleo com tudo o que isso implicava como ir pôr gasóleo de xis em xis horas, mudar filtros, pôr empanque, etc. As pessoas até se riem se contarmos isto mas era o país que tínhamos. As pessoas eram mais avessas às mudanças do que se possa imaginar. Havia muita gente que nem sequer sabia ler. Mas a Agrotejo concretizou-se e no ano seguinte nasceu a Agromais. É verdade mas a Agromais acabou por ser menos transversal do que era inicialmente. Houve uma fase inicial em que a esmagadora maioria entrou e depois começaram a sair algumas pessoas por acharem que não lhes era dado o protagonismo que gostavam de ter. É um dos males deste país. Não conseguimos levar uma ideia até ao fim mesmo quando é uma boa ideia porque as pessoas personalizam muito aquilo que se faz. Quando não lhes pedem a sua opinião todos os dias, ou reagem 6

pondo-se contra, ou desistem porque acham que já não é o projecto delas. Nessa altura como era a agricultura aqui no Norte do Vale do Tejo? O milho era a cultura dominante e era praticada em regime de monocultura. A armazenagem e comercialização do cereal eram monopólios da EPAC, o que fazia com que a actividade comercial do sector cerealífero não existisse. Com a adesão de Portugal à, então CEE, este cenário mudou. A EPAC deixou de ter o monopólio e foi necessário organizar a produção. Criar alternativas. Foi nessa altura que decidimos avançar com a Agromais. Não podiam fazer isso com a Agrotejo? A Agrotejo era um órgão de classe em que as pessoas tentavam organizar a classe e ter uma função social, por assim dizer. Optámos por separar a parte do negócio. A cooperativa tradicional tinha tudo junto. Por isso é que surgem problemas. A mistura das questões da classe com o negócio dá o desconto indevido; dá o fechar os olhos a quem deve; dá a concessão de crédito a quem não é capaz de respeitar compromissos. A novidade da Agromais foi incutir a noção de que quem cumpre tem a ganhar e quem não cumpre é melhor não entrar. Acabou por ser essa escolha, de quem entra e de quem não entra, que permitiu que as coisas andassem mais depressa. Quem era associado da Agrotejo ficou automaticamente associado à Agromais? São duas estruturas mas são as mesmas pessoas. A ideia da Agromais foi fazer uma empresa que correspondesse às expectativas da classe organizada. No fundo quisemos criar uma estrutura de negócio. Um centro de custos de negócio que permitisse às pessoas terem aquilo de que necessitavam para manter

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os seus negócios, de uma forma previamente estipulada. E em termos contabilísticos? Totalmente diferentes. Uma era uma associação sem fins lucrativos e a outra era uma empresa. E então começámos a investir. Investimos muito depressa. Aí teve uma função fulcral o Eng.º Alfredo Orvalho. Tínhamos a noção que aquilo que estávamos a fazer era o que era correcto mas chegámos à conclusão que poucos ou nenhuns estavam a fazer o mesmo. O tempo acabou por vos dar razão. Num esforço conjunto dos produtores da região criaram-se estruturas de secagem e armazenagem colectivas, constituiu-se uma equipa de apoio técnico de campo e profissionalizou-se a comercialização da produção. Tudo isto em simultâneo com a formação profissional dos empresários agrícolas que aderiram em massa ao projecto. Em finais da década de 80 já a Agromais era a maior cooperativa de cereais do país. A agricultura europeia continua a ser

bastante subsidiada. Até quando? É mas cada vez menos subsidiada. O que acontece é que a agricultura europeia faz o que nenhuma outra agricultura do mundo faz. Nós temos na Europa, no sector agrícola, restrições que mais nenhuma zona do globo tem, nomeadamente a nível ambiental. E essas restrições traduzem-se em custos. Obviamente que o que existe neste momento é uma ajuda para que as pessoas continuem a respeitar normas ecológicas e técnicas específicas da Europa. Se não houvesse essas ajudas muitos agricultores não fariam aquilo que fazem. O Mundo está a mudar. O que nos vai acontecer? Na Europa, nestes últimos anos, viveu-se como nunca ninguém viveu no mundo. E isso é preciso que as pessoas tenham a noção. A pessoa não pagava a assistência médica, tinha uma reforma razoável, havia quase pleno emprego. Houve uma conjugação de coisas que se acabou por perceber que não era sustentável. Houve uma situação de bem estar depois


da guerra como nunca tinha havido na humanidade. Hoje em dia o Mundo é muito diferente e a questão é saber se somos capazes de mudar tanto como o Mundo. Quem não mudar tanto como o Mundo fica fora dele. Ou fecha a porta ou acaba por ter uma vida mal remunerada. Aquilo a que estamos a assistir é a uma limpeza a seco. Todos os negócios estão a mudar. Não tínhamos empresas competitivas. Não tínhamos serviços públicos capazes. No fundo éramos um povo que vivia fora do mundo à custa de pedir dinheiro emprestado aos outros. A Agromais vai ter mais associados? Não. As pessoas antes tinham propriedades muito pequeninas. Hoje em dia está a haver uma consolidação das propriedades. É muito difícil voltar a ter mil e trezentos sócios. Já não há 1300 pessoas a ter terras nesta zona. Os filhos vendem, o vizinho compra. Tínhamos quarenta e tal produtores de tomate e neste momento temos nove que produzem muito mais. Com a batata passa-se o mesmo. Eram quarenta e temos dez que conseguem produzir mais. Hoje em dia os quinze maiores produtores de milho produzem mais que todos os outros juntos. O que é preciso é que as pessoas andem para a frente. Há pessoas que acham que o choro ainda compensa. Que ainda se tem pena do coitadinho mas já ninguém tem pena de ninguém. Vão aumentar a produção? Temos vindo a crescer e vamos continuar a crescer com opções que temos feito ultimamente. Sobretudo com opções de termos outras origens de produção. Faz todo o sentido. E temos que especializar quer os produtores quer as zonas. Vamos também arrancar com a produção de alho. O que significa? Ir produzir para o Alqueva, por exemplo. São produtores de lá. Nós próprios, Agromais, criámos empresas que estão a produzir lá e

este ano já vamos ter pessoas daqui que vão para lá produzir connosco. NEM TODA A GENTE QUE GOVERNA TEM A NOÇÃO DO PAÍS QUE GOVERNA Frequentemente ouve-se dizer que é produzida muita legislação mas que a maioria é de má qualidade. Também acontece no sector agrícola? Os nossos problemas não são provocados por má legislação. Se as pessoas forem capazes a má legislação não as mata. Pode dificultar-lhes a vida mas não as mata. Do que nós precisamos é de acreditar. Temos um deficit enorme de fé e de vontade de fazer coisas. Ainda há demasiados portugueses a fazer vida de café. Pessoas que gostam demasiado de telenovelas e de centros comerciais. Temos que ter uma atitude activa no crescimento económico e na criação de riqueza no país. As pessoas pensam que os políticos é que têm que lhes dar o que elas precisam. Por falar em políticos, que ideia tem dos nossos políticos? Nem toda a gente que governa tem a noção do país que governa. Eu costumava dizer, há alguns anos, na brincadeira, que a governação não percebia que dez a quinze por cento das mulheres portuguesas ainda usavam carrapito. Nós não somos o país que os políticos querem que sejamos. Nós somos o país que somos. Isto não é fácil de gerir quando não se quer ver. Quando se acha que se tem uma população que não se tem, acaba-se a governar para uma população que não existe. Numa intervenção que fez na Convenção Empresarial da AIP em Outubro do ano passado afirmou que o Estado tinha que sair da frente de quem queria trabalhar. Temos um Estado que nos está a exigir demais. Temos uma dívida pública que não é nossa. Não é de quem gera riqueza. E o Esta-

do exige que quem gera riqueza pague ainda mais a má gestão que ele fez dos dinheiros públicos. É um sobrecusto injusto. No fundo, cada vez há menos gente a pagar mais impostos para mais gente. A Agromais lançou o projecto “Restolho” em que disponibiliza às Instituições de Solidariedade Social o que fica nos campos na altura das colheitas. Que avaliação faz? Nós somos uma parte dessa possibilidade. Damos o “restolho” e as outras entidades têm que arranjar voluntários para o recolher. Não está a ser fácil. No Baixo Alentejo estamos a fazer uma coisa mais interessante, directamente com o consumidor final. As Instituições de

Um pensador que executa Luís Vasconcellos e Souza, fundador e presidente da Agromais - Entreposto Comercial Agrícola, com sede em Riachos, foi escolhido para Personalidade do Ano por O MIRANTE. Engenheiro Agrónomo de formação, natural de Lisboa mas a residir na Golegã desde 1978, tem um percurso profissional totalmente ligado à enorme evolução do sector agrícola na região, nomeadamente a partir de meados da década de oitenta, após a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia. Foi um dos fundadores, em 1986, da Agrotejo - União Agrícola do Norte do Vale do Tejo e no ano seguinte da Agromais que é actualmente a maior organização do sector de comercialização de cereais e outros produtos agrícolas. Do universo Agrotejo e Agromais faz também parte a Agromais Plus - Comércio e Serviços Agrícolas.

Solidariedade Social levam para os campos onde decorrem as colheitas as pessoas que vão comer o que vão apanhar. Isso faz mais sentido. Ali há uma relação directa entre o que se apanha e o que se come. Vão beneficiários do Rendimento Mínimo Garantido, desempregados, etc... Aqui na região não foi possível? A assistência social é uma coisa muito mais complexa do que se pensa. Eu não fazia ideia onde me ia meter com o projecto “Restolho”. A câmara dá; a junta de freguesia dá; a loja dá; a escola dá; a Misericórdia dá; a Cáritas dá; a Conferência de S. Vicente de Paulo dá...aqui a Troika ainda não chegou.

Considerado pelas pessoas que com ele trabalham uma pessoa discreta e avessa a protagonismos, Luís Vasconcellos e Souza não deixa de dizer o que tem para dizer e di-lo com frontalidade e por vezes de forma cáustica. É uma pessoa pragmática que acredita ser possível melhorar ainda mais o que parece estar bem e que não perde uma oportunidade de criar condições para que seja possível criar mais riqueza no país. Graças ao trabalho das organizações que fundou e que tem administrado houve uma geração de agricultores que conseguiu aumentar significativamente os seus rendimentos, graças ao aproveitamento das oportunidades dadas pela entrada na União Europeia. O presidente da Agromais define-se a si próprio como um “pensador que executa”. Considera que, do ponto de vista agrícola, o Vale do Tejo é a melhor zona de Portugal e considera que o percurso feito com a Agrotejo e Agromais foi das coisas mais importantes da sua vida.

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Prémio Personalidade do Ano

Vida

Fernando Lopes de Jesus

“Fico feliz quando faço os outros felizes” Fernando Lopes de Jesus, 77 anos, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Tomar gere a instituição há 17 anos, tentando conciliar as razões do coração com as razões da razão. Gosta de referir que as contas estão equilibradas e orgulha-se do caminho feito até agora. Foi empresário, autarca e esteve ligado à fundação da Associação Empresarial de Santarém Nersant. Ficou surpreendido por ter sido considerado Personalidade do Ano na área Vida mas apesar de ser avesso a protagonismos icou grato por ver o seu trabalho reconhecido publicamente. Elsa Ribeiro Gonçalves Gere a Misericórdia com o coração ou com a razão? A maior parte das vezes é com o coração. Mas tenho orgulho em gerir uma organização equilibrada, que honra os seus compromissos, que procura realizar um trabalho de excelência e fomenta a dignificação do trabalho dos seus colaboradores. Nunca nenhum carenciado deixou de ter assistência da Misericórdia por não poder pagar. Aliás, temos situações de dívidas elevadas, resultantes da falta de condições para as liquidar. Abordam-no na rua a pedir ajuda? Sim, por vezes, e estou sempre aberto a apoiar, de forma muito concreta e não arbitrária. Para além das pessoas que estão quase de forma gratuita nas várias valências, também damos muitos apoios em medicamentos e alimentação, etc, da qual a misericórdia é proprietária. Há casos em que a Misericórdia suporta as despesas mas esta ajuda é sempre baseada em factos que demonstram que a pessoa não tem condições para satisfazer os

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encargos. Privilegíamos sempre a informação ou relatório dos nossos serviços sociais. Porque razão a Misericórdia de Tomar apostou mais na Saúde e Apoio a Idosos? O foco principal tem sido na área dos idosos, quer seja em lar, centro de dia, apoio domiciliário, quer seja nos Cuidados Continuados de Longa Duração e Unidade de Internamento Privada mas também temos uma componente de apoio a crianças com o Centro de Acolhimento Temporário de Crianças em Risco. Temos procurado fazer investimentos que possam vir a ser financiados e apoiados pois assim conseguimos baixar os custos de funcionamento e permite-nos libertar mais verbas para mais investimentos. Nos últimos 12 anos promovemos investimentos no valor de vários milhões de euros. Orgulho-me do caminho que tenho traçado na gestão dos investimentos, tendo sempre em atenção o não endividamento da instituição. O projecto das residências assistidas para idosos é o maior que já teve em mãos? Não. O maior projecto prendeu-se com a recuperação do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, cujo investimento final foi de cerca de três milhões de euros, comparticipado pelo Programa Saúde XXI. O que está actualmente em curso, o das Residências Assistidas, ficará perto dos 2,2 milhões de euros e está a ser financiado pelo Mais Centro. Destaco ainda o edifício do Centro de Acolhimento Temporário que pode acolher até 14 crianças em risco ou a Casa Morturária, onde gastámos muito dinheiro mas era muito importante para a cidade. Sente que ser Provedor da Misericórdia mudou-o como pessoa? Muito. Antes tinha a ideia que as Misericórdias podiam fazer mais. Só via a parte da solidariedade. Faltava-me ver a outra parte: a do equilíbrio económico e financeiro que deve sustentar estas intituições. Se não fizermos uma gestão rigorosa e esbanjarmos, sobra menos para a solidariedade. Para mim é uma dor de cabeça quando uma mãe me bate à porta a dizer que os filhos têm fome. Que balanço faz da sua passagem pela política? Nunca me aproveitei do facto de ser autarca para retirar vantagens disso para a Misericórdia. Sou militante do PSD. Na política,

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às vezes, diz-se uma coisa e faz-se outra. Aqui não pode ser assim. Foram anos intensos e interessantes. Se todos disponibilizassemos um pouco do nosso tempo para nos dedicarmos às organizações existentes na sociedade, sejam elas políticas, desportivas, de solidariedade ou outras, estaríamos a contribuir para uma verdadeira prática de cidadania activa. Quais são os seus hobbies? Adorava ir à caça mas o ano passado já não fui. Faço parte de algumas associações de caçadores no concelho. Foi um escape que tive durante muitos anos. E qual tem sido o seu fio condutor? Tem sido o trabalho. E tento pautar-me pelas virtudes: prudência, coragem, sentido de justiça e solidariedade. O que o deixa feliz? Entrar no Centro de Acolhimento Temporário (CAT) e ver aquelas crianças felizes.... Ir ao Lar de Idosos e verificar que as pessoas, apesar da idade avançada que têm, estão bem e felizes. Em suma, confirmar que, com o con-

tributo dos Corpos Sociais e dos colaboradores da Misericórdia, conseguimos fazer felizes um conjunto muito alargado de pessoas. Fico feliz quando vejo que os outros estão felizes. Eu sou assim. Deixa-me feliz cumprir a missão que me foi confiada como Provedor. Como se iniciou a sua ligação à Misericórdia de Tomar? Entrei para a Misericórdia em 1984 a convite de Vasco Pena Monteiro que era, na ocasião, o presidente da mesa da assembleia-geral. Estava em Tomar há pouco tempo, depois


de muitos anos em Angola e Brasil. Recebi o convite para fazer parte da lista e fiquei como Mesário. Tinha à minha responsabilidade a Fármácia que, a par do apoio domiciliário e centro de dia, eram as únicas valências que existiam na instituição. Mais tarde candidatei-me e fui eleito Provedor em Novembro de 1996. Até hoje. Do que recorda dos seus primeiros tempos como Provedor? Quando assumi funções, há 17 anos, recordo que o Lar de Nossa Sra. da Graça ainda não tinha sido inaugurado porque existia um litígio entre a Segurança Social e o Sr. Provedor Furtado, provedor cessante. Decidi que tinha que fazer algo em relação a isso e contactei o director da Segurança Social para desbloquear a situação. Disse-lhe que ou vinha cá um governante fazer a inauguração ou abria o lar sem cerimónia. Poucas semanas depois, em 28 de Fevereiro de 1997, tinha cá o ministro Dr. Ferro Rodrigues a inaugurar o lar. Já estava ligado a estas causas sociais enquanto membro da sociedade civil? Não de uma forma directa mas, talvez devido às minhas vivências em Angola e no Brasil, sempre foi uma questão que me suscitou muito interesse. Durante a minha passagem pela vereação no Município de Tomar procurei dar sempre algum do meu tempo e a minha melhor atenção às questões sociais. Para mim não é importante traduzir teoricamente esta nossa preocupação mas sim fazê-lo de forma desinteressada. Considera que este é um cargo exigente? Extremamente exigente. Há sempre dificuldades que surgem diariamente e têm que ser resolvidas na hora. Por isso é que não me costumam ver em cerimónias, a dar entrevistas ou a aparecer em fotografias no jornal. Tenho tanto que fazer que, pura e simplemente, não vou. Este cargo obriga-nos a uma dedica-

ção de plena exclusividade, se pretendermos acompanhar toda a vivência e dinâmica da instituição. Temos que analisar muitas situações que não estão previstas. É muito desgastante. Para estar aqui a falar consigo sei que vou ter uma pilha de papéis amanhã em cima da secretária. Qual é o maior desafio para um Provedor de uma misericórdia? É cumprir o compromisso que temos equilibrando o trabalho de solidariedade com a parte económica e financeira. Por exemplo, a farmácia da Misericórdia é uma farmácia como qualquer outra que deve ser gerida com espírito empresarial de forma a ser uma fonte

Uma vida repartida por três continentes Fernando Lopes de Jesus, 77 anos, está há mais de 17 anos à frente dos destinos da Santa Casa da Misericórdia de Tomar, uma instituição com mais de 500 anos. Avesso a entrevistas, até porque diz não ter muito tempo livre devido aos seus afazeres, é considerado uma pessoa discreta. Com raízes familiares em Tomar, nasceu a 31 de Dezembro de 1936 na freguesia dos Anjos, em Lisboa, para onde onde o pai, ligado ao ramo da construção civil, foi viver e trabalhar. Toda a sua vida empresarial esteve ligada ao ramo automóvel, tendo trabalhado mais de trinta anos numa das principais empresas de Angola e alguns meses no Brasil, antes de regressar definitivamente a Tomar. Foi vereador a tempo inteiro na Câmara Municipal de Tomar, eleito pelo PSD, no mandato de Jerónimo Graça,

de rendimento. Assim, fazendo investimentos que criam mais dinâmica à Misericórdia, originando receitas a fim de aumentar o apoio aos mais necessitados. Nem sempre somos compreendidos. Nestes anos que levo à frente da instituição, triplicamos os serviços que prestamos, incluindo os gratuitos à classe mais desfavorecida, fruto de um plano de investimentos que realizamos. Tem alguma história que costume recordar? Antes de existir a actual Casa Mortuária (junto do cemitério velho da cidade) os velórios tinham lugar na Igreja da Misericórdia, que tinha um zelador. Um dia, durante um

entre 1986-1989. Integrou a mesa da Assembleia Municipal de Tomar, como primeiro secretário, entre 2002 e 2013, embora já fosse eleito deste órgão há mais anos. Está ligado ao nascimento da NERSANT- Associação Empresarial de Santarém, fazendo parte dos órgãos fundadores da associação como vicepresidente. É uma pessoa prática que gere a Misericórdia com o Coração mas também com a Razão. Considera que este é um cargo bastante exigente e confessa que tem um gabinete em cada uma das valências da Santa Casa para poder dar conta do recado. Quando tomou posse como Provedor, a 30 de Novembro de 1996, a convite do amigo Vasco Pena Monteiro, na instituição apenas existia a Farmácia e o serviço de apoio domiciliário. Actualmente, a instituição tomarense dá emprego directo a 160 pessoas, que estão distribuídas por dez valências: Lar,

velório, alguém se lembrou de acender uma fogueira para aquecer a sala, sem pensar nas consequências que dali podiam surgir. Ordenei que daquele dia em diante o serviço de velório fosse suspenso naquele espaço o que levou a ter recebido algumas críticas. Foi quando falei com o presidente da câmara de então, António Paiva, e ficou decidido que a autarquia iria dar o terreno para possibilitar a construção da nossa Casa Mortuária. Como reagiu quando soube que tinha recebido este prémio? Por acaso foi engraçado porque disse para mim mesmo: “ao fim de tantos anos lembraram-se de mim”. Só tenho que agradecer.

Centro de Dia, Apoio Domiciliário, Centro de Acolhimento de Crianças em Risco, Farmácia, Casa Mortuária, empresas de insercção de lavandaria e limpeza, Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração. O mais recente projecto que tem em mãos é o Edifício Social para Residências para População Adulta, que se destina a acolher idosos autónomos, e se encontra em fase de acabamento, num terreno junto às imediações do Lar Nossa Sra da Graça, perto da Igreja de Santa Maria dos Olivais. Casado e com dois filhos, tinha na caça o seu principal hobbie mas, por questões de tempo e saúde, teve que abdicar desde há algum tempo a esta parte. E quando perguntamos a Fernando de Jesus o que é o que o deixa verdadeiramente feliz responde: “Fico feliz quando vejo que os outros estão felizes, cumprindo a missão que me foi confiada como Provedor”. Até poder, vai continuar a cumprir essa missão.

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Prémio Personalidade do Ano

Associativismo

NersANt - Associação empresarial da região de santarém

“Novo quadro comunitário é determinante para o país e para as empresas”

Salomé Rafael, presidente da direcção da NERSANT entre três dos principais quadros técnicos da associação empresarial

Ao longo dos seus vinte e cinco anos de existência a Nersant Associação Empresarial da Região de Santarém foi exemplar ao nível do apoio prestado aos seus associados em todas as áreas. O seu dinamismo e capacidade de inovação izeram dela a maior associação regional a nível do país. O seu trabalho tem uma visibilidade e impacto maior em alturas difíceis o que atesta a sua solidez e proissionalismo. Foi assim no passado e conirmou-se recentemente com o eclodir da crise económica. A Nersant, agora liderada por Salomé Rafael, voltou a ser essencial para as empresas e os empresários da região. Ana Isabel Borrego Embora esteja desde a primeira hora ligada à direcção da Nersant, assumiu a presidência numa altura de grandes dificuldades para as empresas e sucedeu a um presidente carismático. Foi mais fácil ou mais difícil do que estava à espera? Procurei que fosse um trabalho de continuidade. Tive o privilégio de ter sido vice-presidente do Dr. José Eduardo Carvalho, que deixou uma obra notável no distrito de Santarém. Assumir o cargo num período de contracção económica levou-me a ter que trabalhar muito, em conjunto com toda a equipa, para responder às novas necessidades dos associados e para que a Nersant seja aquilo que hoje é. Quando se fala das questões de género em matéria de lideranças são sempre realçadas algumas diferenças. Concorda com essas análises ou acha que o que conta são apenas as qualidades de trabalho e o saber de cada um independentemente do sexo? 10

Há duas décadas estive na Confederação do Comércio e nessa altura sim, era difícil uma mulher estar à frente de uma estrutura associativa. Os meus colegas trataram-me sempre muito bem, até com alguma deferência, mas senti-me obrigada a trabalhar muito mais do que me era exigido pelo facto de ser mulher. Actualmente não sinto diferenças. Trabalho em função daquilo que me parece melhor, tendo em conta aquilo que sou, a minha personalidade e sensibilidade. Não me sinto obrigada a imitar ninguém. As câmaras municipais da região têm sido parceiras da associação empresarial em inúmeros projectos. As dificuldades que algumas delas estão a atravessar podem vir a afectar negativamente o trabalho da Nersant? As câmaras municipais têm sido parceiras muito importantes para as empresas e para a Nersant e irão continuar a sê-lo independentemente das eventuais dificuldades económicas que possam atravessar. Está satisfeita com os resultados do trabalho desenvolvido em conjunto com algumas das Escolas Superiores dos Politécnicos de Santarém e Tomar? Essa cooperação pode ir mais além? Temos um bom relacionamento com os dois politécnicos, no entanto consideramos

Dinamismo a toda a prova A Nersant foi fundada em Julho de 1988 como delegação da Associação Industrial Portuguesa. Um ano depois adquire autonomia jurídica passando a designarse por Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant. É a maior associação regional do país e a mais dinâmica contando actualmente com mais de duas mil empresas associadas. É presidida desde 2011 pela empresária Salomé Rafael que sucedeu a José Eduardo Carvalho no cargo de presidente da direcção. O presidente da comissão executiva é António Campos, ex-director regional da Segurança Social do distrito de Santarém. O trabalho da Nersant já era

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que a cooperação existente é insuficiente e que tem que ir mais além. Temos que dar um salto qualitativo em termos de inovação e investigação. É importante que estes estabelecimentos de ensino superior percebam o que está a ser feito há vários anos no terreno. Fala-se muito da emigração e da saída de quadros para outros países. Esse problema é sentido na região? Existem áreas de formação onde sentimos falta de quadros técnicos altamente qualificados. Isso acontece sobretudo na área das engenharias [mecânica, robótica, electrónica, comando, automação]. O que tem mudado na área da formação da responsabilidade da Nersant? A Nersant tem tentado adaptar as suas áreas de formação às necessidades das empresas. A grande alteração, onde a Nersant tem tido óptimos resultados, tem sido a formação altamente qualificada de muitos empresários [mais de quatro centenas]. Consideramos isto muito positivo porque durante muitos anos os empresários não tinham formação financiada. Tem havido uma grande adesão nesta área. As declarações dos governantes são de algum optimismo relativamente à situação económica do país e alguns indicadores, a nível de emprego e de aumento de

reconhecido mas ganhou maior relevo no actual contexto de crise. A associação multiplicou-se em iniciativas de apoio às empresas aos mais diversos níveis. É frequente a associação empresarial realizar acções de formação para ajudar as empresas associadas. Desde 2010 que a Nersant tem apostado na internacionalização das empresas. Durante os últimos anos organizou 22 missões empresariais, recebeu 11 delegações de empresários estrangeiros e participou em 12 feiras internacionais em Angola (FILDA e Expo-Huíla), Moçambique (FACIM) e Cabo Verde (FIC). Participaram nessas acções de internacionalização promovidas pela Nersant cerca de 433 empresas da região. Já há dois anos que a associação empresarial organiza o Nersant Business,

Os dados que recolhemos indicam que as empresas que participaram nas acções que realizámos em 2010 e 2011 registaram um aumento de exportações na ordem dos 250%, no seu conjunto consumo interno, são positivos. A Nersant partilha esta visão do país e da economia? A Nersant quer acreditar que seja verdade. Este quadro comunitário de apoio é determinante para o país e para as empresas. É importante que o Banco de Fomento sirva de facto as empresas. É importante dar este salto e que o crédito às empresas, nomeadamente os spreads, seja competitivo e que acabem os disparates que hoje em dia se colocam no mercado. Um dos grandes constrangimentos das empresas tem sido a falta de financiamento quando têm que exportar e investir em tecnologia. Para evoluirmos, a questão do crédito tem que ser resolvida. A atitude da banca em relação às empresas tem-se alterado? Existem dois bancos onde se sente uma diferenciação mais positiva relativamente à concessão de crédito mas é manifestamente insuficiente. É necessário haver alguma regulamentação relativamente aos spreads. Temos bancos que demoram 30 dias a dar uma resposta. Cinco ou seis dias seria suficiente. O Governo tomou algumas medidas para aliviar a carga fiscal das empresas. Devia ter ido mais além? Percebemos que o Governo tem que consolidar as contas públicas e que não é fácil. Houve um saldo positivo mas tem que haver um saldo ainda maior em relação aos cuidados necessários relativamente ao equilíbrio que é necessário. O problema é que empresas portuguesas têm uma carga fiscal que não é suportável. Importa fazer uma revisão maior, caso contrário não se consegue o crescimento necessário. Há garantias efectivas das empresas virem a beneficiar dos apoios dos fundos comunitários? Os regulamentos da União Europeia estão vocacionados precisamente para isso e também é uma opção do Governo. É desejável e imperioso que isso aconteça. Temos que criar riqueza e emprego. É fundamental que as verbas que estão alocadas às empresas sejam mesmo para elas porque existe sempre alguma tendência para não ser exactamente

um dos maiores encontros internacionais de negócios do país. Estiveram presentes no distrito de Santarém mais de uma centena de empresários oriundos de doze países entre eles Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, entre outros. As parcerias com autarquias, escolas e outras instituições também merecem destaque. Outra das iniciativas da Nersant que tem tido sucesso é o Emprescola, onde os jovens de várias escolas do distrito apresentam boas ideias de negócio planificadas detalhadamente, depois de terem respondido ao desafio lançado pela associação empresarial. O objectivo desta iniciativa é dar a conhecer aos mais jovens o que é o empreendedorismo e como funciona a actividade empresarial.


assim. Há empresários muito cépticos e que só acreditam quando virem. Penso que não podemos cair no mesmo erro do passado e que o dinheiro tem que ser mesmo para as empresas. O país vai ganhar com isso. A Nersant definiu em 2009 a internacionalização das empresas como a sua principal prioridade para o ano seguinte. Como analisa essa decisão a esta distância? O tempo acabou por nos dar razão. A decisão tomada na altura foi a mais acertada. É possível dar uma ideia da actividade da Associação Empresarial neste processo? Durante os últimos anos a Nersant organizou 22 missões empresariais, recebeu 11 delegações de empresários estrangeiros e participou em 12 feiras internacionais em Angola (FILDA e Expo-Huíla), Moçambique (FACIM) e Cabo Verde (FIC). Apoiámos

ainda o Agrocluster Ribatejo através da sua participação em 5 eventos de referência do sector. O balanço destas iniciativas é claramente positivo, tendo possibilitado a identificação de várias oportunidades de negócio e possibilidades de parcerias para as empresas da região. Para muitos empresários tratou-se de avançar em terrenos completamente desconhecidos. Como avalia o percurso feito? Participaram nas acções de internacionalização promovidas pela Nersant cerca de 433 empresas da região. Para muitas delas tratou-se da primeira abordagem a mercados externos. Hoje, e passados três anos sobre a primeira abordagem, os dados que recolhemos indicam que as empresas que participaram nas acções que realizámos em 2010 e 2011 registaram um aumento de exportações na ordem dos 250%, no seu conjunto.

O que pode ser feito a nível diplomático para ajudar as empresas envolvidas em processos de internacionalização? Consideramos que os nossos diplomatas devem intervir mais ao nível da diplomacia económica, apoiando empresas que pretendam abordar esses mercados. O que se verifica actualmente com a nossa diplomacia é que, para além de não ser um factor facilitador se torna, algumas vezes, num obstáculo a essa mesma abordagem. É nossa percepção que a própria AICEP deveria ter um papel mais activo na identificação e divulgação de oportunidades de negócio nos mercados onde está presente, tal como a Nersant tem vindo a defender nos locais próprios há já muito tempo. Os vistos, nomeadamente os vistos de trabalho, continuam a ser uma questão muito sensível. Há alguns avanços nessa

matéria, nomeadamente em relação a Angola e Moçambique? Não se têm registado avanços positivos nesta matéria, muito pelo contrário. Todos os anos a Nersant, em conjunto com o jornal O MIRANTE, atribui o Galardão Empresa do Ano às empresas que se destacam. Agora é a vez da Nersant receber um prémio. Como se sente com o facto de a Nersant ser reconhecida pelo seu trabalho? É uma satisfação muito grande a redacção de O MIRANTE ter reconhecido a Nersant. Este é um prémio que distingue todos os dirigentes desta casa e os seus técnicos, que são altamente qualificados e de uma dedicação ímpar. É um prémio que distingue todos os que trabalharam para a Nersant ser o que é hoje e que distingue os empresários associados da Nersant.

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Prémio Personalidade do Ano

Cidadania

Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém

“Quanto mais profunda é a crise maior é a solidariedade” O Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém nasceu em 2008 para ajudar a suprir as necessidades básicas de muitas famílias e combater o desperdício alimentar em dez concelhos da Lezíria do Tejo. A sua actividade tem vindo em crescendo e actualmente é parceiro de 68 instituições de solidariedade social da região, apoiando mais de oito mil pessoas. O presidente da organização, Ramiro Matos, diz que o Estado não consegue chegar a todo o lado, pelo que é necessária a intervenção da sociedade civil na luta contra a pobreza. Na conversa com O MIRANTE participaram ainda os dirigentes Alecta Ferreira, Cecília Rebelo e Hugo Santos.

de produtos que distribuímos. Quais são as outras fontes de recolha de alimentos, para além das campanhas? Há, por exemplo, a campanha “Papel por alimentos”, em que uma empresa nos dá 100 euros por cada tonelada de papel que recolhemos. Temos ainda o projecto das hortas solidárias em parceria com a Direcção Geral dos Serviços Prisionais. Na cadeia de Alcoentre os reclusos cultivam produtos agrícolas, com sementes e plantas fornecidas por nós, e nós depois vamos buscar. Dizia há pouco que o número de pessoas apoiadas a nível alimentar pelas instituições vossas parceiras tem aumentado nos últimos tempos. Sim. Estamos a apoiar neste momento 8.148 pessoas. Quando começámos, em 2008, não chegavam a 5 mil pessoas. Agradecemos muito este prémio que O MIRANTE nos concede, é um reconhecimento a todas as centenas de voluntários que colaboram connosco, mas o

João Calhaz A última campanha que fizeram, em Dezembro de 2013, constituiu a maior de sempre em supermercados da região, com a recolha de 80 toneladas de alimentos. Parece que quanto maior é a crise, maior é a solidariedade. É uma constatação, não só nos nossos números mas também a nível nacional, apesar de estarmos numa conjuntura extremamente difícil. Felizmente as campanhas de recolha cada vez recebem mais alimentos e também temos conseguido, fruto do nosso trabalho, procurar novas fontes de abastecimento. As nossas duas campanhas anuais representam neste momento apenas cerca de 30% do total 12

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que mais queríamos, acreditem, era nem sequer haver necessidade de existirmos enquanto instituição. Era um bom sinal. O que vos levou a avançar com esta organização? A equipa que constituiu o Banco Alimentar em Santarém, e que actualmente é praticamente a mesma, é constituída por pessoas de diferentes áreas profissionais e de conhecimento, mas todas com sensibilidade para as áreas sociais. Diagnosticámos que não havia uma instituição dedicada só ao problema alimentar, que é essencial. O nosso objecto é apenas angariar e distribuir alimentos e combater o desperdício alimentar. Já havia várias IPSS que faziam apoio alimentar, daí também o nosso processo de actuação não ir até às pessoas. Reconhecemos que já existem no

terreno parceiros credíveis e idóneos para fazer esse trabalho. Há pessoas carenciadas a pedirem-vos directamente apoio? Há pessoas que nos contactam por email, por telefone e através do Facebook. Muitas não se identificam. Tentam perceber como é o nosso procedimento. A chamada pobreza envergonhada existe cada vez mais, pois a conjuntura está a apanhar a chamada classe média. Há contactos de pessoas carenciadas com relatos pormenorizados de situações de desemprego involuntário dos membros do casal, de divórcios, de doença. O desperdício de alimentos é um flagelo dos tempos que correm difícil de aceitar. É e temos plena consciência que conseguimos combater o desperdício apenas numa ínfima parte. Um dos últimos projectos que desenvolvemos com a associação Entreajuda foi o projecto Restolho. A Entreajuda angaria voluntários para apanhar o restolho dos campos depois de passarem os meios mecânicos. Já recebemos batatas, courgetes e cebolas. Há também os excedentes de produção agrícola. Temos, por exemplo, um produtor de fruta de Achete que todos os anos nos dá muitos alimentos. Há ainda parcerias com lojas Pingo Doce de Santarém e do Cartaxo, de onde recebemos produtos com o prazo de validade a terminar e produtos frescos como hortaliças, pão e peixe que são depois encaminhados na sua maior parte para as cantinas sociais. É uma recolha que anualmente é muito representativa, são cerca de 100 toneladas. Há poucos dias, numa sessão pública, o director distrital da Segurança Social disse que na região só passa fome quem quer, dada a resposta social existente. Concorda com essa avaliação? Essa avaliação tem dois parâmetros. Um primeiro é perceber de quem é a responsabilidade de as pessoas não passarem fome. Há uma tentação da sociedade em dizer que a primeira e quase única responsabilidade é do Estado. Essa é uma lógica que a nossa existência também pretende combater. O Estado tem recursos finitos, tem dificuldades e nós estamos cá, como movimento da sociedade


civil, para tentar superar as ineficiências do Estado em algumas áreas, nomeadamente na social. As respostas efectivamente existem ao nível da alimentação e as instituições funcionam muito bem. A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome esteve em Novembro de 2012 no centro de uma polémica após ter dito que os portugueses têm de aprender a viver mais pobres e que estamos a empobrecer porque vivíamos acima das nossas possibilidades. Comunga dessas opiniões? A polémica que envolveu Isabel Jonet foi ao nível das palavras e não do pensamento que ela quis expressar. Quem conseguiu perceber o pensamento dela não pode deixar de concordar. É uma constatação que, no geral, andámos a viver acima das possibilidades do país e essa é uma das causas da crise que atravessamos. Não vamos é entrar nas conjecturas que se fizeram depois, sobre de quem é a culpa. Se foram as famílias, se foram os bancos ao facilitarem o

Ajudar quem precisa e combater o desperdício alimentar A delegação de Santarém do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) foi criada em Novembro de 2008 e a sua actividade tem crescido ao longo do tempo quer no volume de bens recolhidos em campanha quer no combate ao desperdício alimentar. Nasceu a partir da Associação de Santarém contra a Insuficiência Alimentar, fruto da vontade de homens e mulheres da região preocupados com os elevados índices de carência alimentar na sub-região da Lezíria do Tejo. Na campanha de Dezembro de 2013, o Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém atingiu o maior volume de alimentos recolhidos, cerca de 80 toneladas, e contou também com o maior número de voluntários envolvidos, cerca de 2500 pessoas. Dados que ajudam a justificar a entrega, por O MIRANTE, do Prémio Personalidade do Ano na área da Cidadania referente a 2013. A organização solidária, que funciona graças ao trabalho voluntário de muitos cidadãos, recebe produtos recolhidos em superfícies comerciais de 10 concelhos da Lezíria do Tejo. Canaliza-os depois para 68 instituições da região que se candidataram para

crédito ou se foi o próprio Estado ao induzir as pessoas a consumirem, porque tudo isso é verdade. Não sou apologista de um Estado caritativo. O Estado deve é criar condições para as pessoas não precisarem. Mas a realidade é que há pessoas com fome. As campanhas do Banco Alimentar têm merecido algumas críticas, havendo quem considere que acabam por beneficiar muito os supermercados onde as recolhas são feitas e que nesses dias vendem muito mais. A questão das campanhas é muito polémica e concordo com algumas das críticas que são feitas. É verdade que para além dos beneficiários, que são os que mais ganham, ganham também as grandes superfícies. Mas há uma cadeia de supermercados, por exemplo, que nos dá muitos produtos frescos e não ganha nada com isso. No entanto, o mais escandaloso disto tudo é o que ganha o Estado, que não só não provê directamente estas necessidades como depois ainda recebe o IVA das campanhas.

o efeito e, que por sua vez, distribuem os alimentos a famílias com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas nas cantinas sociais. Actualmente a sua ajuda abrange mais de 8 mil pessoas. O combate ao desperdício alimentar é outra das missões do Banco ao longo do ano, lembra o presidente da organização, Ramiro Matos. Um trabalho permanente que não tem a visibilidade mediática das campanhas de recolha de alimentos de Maio e de Novembro/Dezembro mas que é igualmente fulcral para o apoio a muitas famílias. A delegação de Santarém procede ainda, três vezes por semana, à recolha de alimentos frescos como pão, bolos, vegetais ou lacticínios em três lojas de uma cadeia de supermercados em Santarém e numa loja da mesma marca do Cartaxo. São excedentes alimentares que iriam para o lixo se não fossem recolhidos e que assim são aproveitados na ajuda a quem mais precisa. O Banco Alimentar Contra a Fome de Santarém é também medianeiro na distribuição de alimentos doados pela União Europeia a diversas instituições seleccionadas pela Segurança Social. Os concelhos abrangidos pela sua actividade são Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém.

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Prémio Personalidade do Ano

Desporto feminino

Equipa sénior feminina de triatlo de “Os Águias” de Alpiarça

“O Miguel Jourdan acreditava que podíamos ter atletas nos Jogos Olímpicos de 2016”

Henrique Santana, presidente da direcção do Clube Desportivo “Os Águias” de Alpiarça, é um homem feliz. Embora o clube tivesse tradição a nível do triatlo, a aceitação pela direcção do clube do projecto de Miguel Jourdan, antigo seleccionador nacional da modalidade, para um melhor aproveitamento dos atletas e para a obtenção de melhores resultados, foi determinante para o sucesso. O falecimento inesperado do mentor da ideia levou à contratação de quem tinha trabalhado de perto com ele. Foi outra aposta ganha. Sérgio Santos manteve o projecto em marcha e os resultados estão à vista. O MIRANTE distingue a equipa sénior feminina de triatlo dos Águias, campeã nacional, como Personalidade do Ano na área do Desporto.

quer internacional. Chegaram ao título nacional no quarto ano de implementação do projecto. Esperavam alcançar esse patamar tão cedo? Como sabe este projecto de dinamização do Triatlo em Alpiarça foi elaborado e começou a ser desenvolvido pelo Miguel Jourdan, um homem que infelizmente nos deixou cedo. A sua morte súbita quando disputávamos uma prova no Algarve ainda está bem fresca na nossa memória. Mas a verdade é que quando o Miguel nos apresentou o projecto acreditava que a equipa e as atletas evoluiriam rapidamente. Falava mesmo que em 2016 era possível ter atletas nos Jogos Olímpicos. Por isso os títulos já ganhos acabam por não ser uma surpresa. Mas este título de seniores foi o primeiro? Sim, foi o primeiro. Mas é preciso voltar as folhas um pouco para trás porque ao longo dos anos foram campeãs nas suas categorias. Foram agora campeãs de seniores com uma equipa que é formada com base nas jovens que começaram no clube e que na sua maior parte ainda são juniores ou juvenis. São jovens que atingiram o ponto mais alto do triatlo nacional e internacional. Referiu a qualidade dos técnicos e o facto de todas as atletas trabalharem

Fernando Vacas de Jesus Qual foi a receita para êxito das equipas de triatlo? Não vou dizer que é muito trabalho porque os nossos adversários também trabalham imenso mas há pormenores que fazem a diferença como, por exemplo, a qualidade de trabalho e das pessoas que integram este projecto. Existe também muito investimento da nossa parte e da parte dos técnicos para que as atletas evoluam. E os resultados obtidos têm relação directa com o investimento feito na formação. As nossas campeãs chegam aos 17/18 anos com muitas internacionalizações e com vários títulos conquistados quer a nível nacional 14

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imenso mas para jovens que começam na modalidade, por vezes aos 7 e 8 anos, não deve ser fácil tanta entrega. Não é fácil para uma jovem estar disponível para saltar para dentro da piscina para treinar às cinco e meia da manhã, depois ir para a escola e no fim das aulas ir correr e no dia seguinte ir andar de bicicleta. É preciso um grande trabalho de motivação a par do trabalho físico e técnico para que não virem a cara à luta e para que não desistam. Não houve quebra após o falecimento de Miguel Jourdan? Eu costumo dizer que o melhor treinador do mundo de triatlo era o Miguel Jourdan/ Sérgio Santos, fizeram uma carreira muito juntos, foram durante vários anos treinadores da Selecção Nacional. Após a fatalidade que aconteceu ao Miguel só nos restava um caminho que era ir buscar quem conhecia bem o trabalho do Miguel e sabia o que ele queria. Essa pessoa só podia ser o Sérgio Santos. Procurámo-lo e entregamos-lhe o projecto dizendo que só ele lhe poderia dar continuidade. Ele disponibilizou-se mas com algumas limitações por estar a trabalhar na Desmor em Rio Maior. Felizmente tivemos também as portas abertas por aquela empresa municipal.

Foi importante o protocolo que assinaram com a Desmor? Muito importante mesmo. Estrategicamente já se falava que era necessário encontrar algo mais para que a equipa pudesse evoluir e chegar a patamares ainda mais altos. E aí surgiu a Desmor que pela mão do técnico Sérgio Santos e do seu administrador Carlos Coutinho abriram-nos as portas de par em par e foi possível avançar com o projecto que o Miguel Jourdan nos deixou. O que é que um presidente do clube diz às atletas antes das provas para as incentivar? O trabalho é feito durante a semana pelos técnicos. A preparação mental está mais do que consolidada, elas sabem bem para que trabalham mas eu tenho uma relação muito próxima com todas elas e por isso há algumas coisas que eu gosto de lhes transmitir. Primeiro peço-lhes que se divirtam. A seguir lembro-lhes que é muito bom praticar desporto e que se estão a fazer aquilo que gostam o passo seguinte é vencer. É fácil recrutar jovens para o triatlo? Começamos logo na escola de natação onde temos neste momento três dezenas de crianças dos oito aos dez anos, que trabalhamos para o futuro do triatlo. É a partir daí que trazemos a juventude até nós. Começámos também agora a campanha de detecção de talentos, que já trouxe até nós algumas dezenas de jovens interessados em praticar a modalidade. É mais fácil lidar com meninas ou com rapazes? Não há grandes diferenças. No Triatlo de “Os Águias” vive-se um ambiente de família. Os homens e as mulheres trabalham muitas vezes juntos e isso cria laços de amizade muito importantes. Na mente de todos eles está sempre a vontade de se ajudarem uns aos outros. O que é que os levou a criar um projecto desta dimensão? Antes do Miguel Jourdan nos apresentar este projecto já existia triatlo há alguns anos em Alpiarça mas era algo desgarrado, sem perspectivas de bons resultados no futuro. Quando o Miguel nos colocou o projecto à frente tivemos que repensar as coisas. Juntámos esforços, criámos um grupo de trabalho ligado ao triatlo, falámos com a câmara municipal e com alguns parceiros privados. Tivemos o aval de todos eles e fomos em frente. Quais são os objectivos para esta época? Conseguir consolidar o trabalho em todos os escalões. Conseguirmos atingir o maior número de vitórias a nível nacional e se possível conseguirmos alguns títulos internacionais. Claro que queremos que


as equipas seniores, masculina e feminina, voltar a ser campeãs nacionais. É o presidente dos Águias mas não se limita a presidir. O que é que não faz no clube? Somos um clube muito eclético, temos muitas modalidades e faço tudo para estar o mais possível junto de todas. Apenas não faço competição porque não posso, fui operado à coluna e só consigo fazer uma “manutençãozinha”. Não interfiro nas questões técnicas mas estou ligado à organização em todas as modalidades. É claro que não faço nada sozinho. Temos um bom grupo de trabalho no “Águias”. A Secção de Triatlo é fundamental mas não é o presidente que trata de tudo. O traba-

Uma modalidade que ganhou asas para ir ainda mais longe Quando passam quatro anos desde o início do projecto apresentado pelo antigo atleta e selecionador nacional, já falecido, Miguel Jourdan, o Clube Desportivo “Os Águias” de Alpiarça foi campeão nacional de clubes em masculinos e femininos, tendo para os homens sido o segundo título consecutivo. Os títulos conquistados em 2013 são fruto da melhoria de condições dadas aos atletas. A equipa feminina não só conseguiu a vitória no campeonato como venceu colectivamente todas as provas que disputou. Uma superioridade incontestada que lhe valeu ainda as

lho que é desenvolvido pelos dirigentes e técnicos é excepcional. Quais são as maiores dificuldades com que se depara actualmente? É normal dizer que a primeira dificuldade é financeira e nós não somos excepção mas aqui no “Águias” a maior dificuldade é arranjar pessoas para trabalhar em prol do clube. Hoje em dia já há mais gente a trabalhar connosco mas precisamos de ainda mais. Têm uma ajuda importante da Câmara de Alpiarça? A Câmara Municipal de Alpiarça é o nosso parceiro principal. Temos também outros parceiros que nos ajudam muito mas sem o apoio do município não tínhamos

vitórias individuais no escalão feminino e alguns êxitos internacionais, como a medalha de prata conquistada por Luísa Condeço no Campeonato da Europa de Juniores. Ana Filipa Santos foi campeã nacional individual, tendo o clube sido presença constante nos pódios das principais provas nacionais, bem como nas convocatórias para as selecções nacionais jovens e seniores. Quinze atletas de vários escalões etários, entre os quais Luísa Condeço e Miguel Arraiolos, participaram pela primeira vez em 2003 no circuito nacional de triatlo, dando início a um percurso de crescente sucesso do clube na modalidade. Actualmente “Os Águias” contam com 75 triatletas licenciados, 21 dos quais no circuito nacional jovem. Tem 22 atletas

hipótese de levar este projecto por diante. A continuidade do triatlo no clube está em risco? De modo algum. Pelo contrário, o triatlo está cada vez mais solidificado, a estrutura está cada vez melhor planificada e vamos de ano para ano organizando tudo cada vez melhor. O Henrique disse há pouco que quando era mais jovem praticou vários desportos no clube. Praticou triatlo? Curiosamente o triatlo foi a modalidade que nunca pratiquei. Sempre tive jeito para o desporto. Era ‘bonzinho’ em quase todas as modalidades que praticava mas como me envolvi em muitas e nunca me dediquei a sério a nenhuma também nun-

ca fui ‘muito bom’ em nenhuma. O clube ocupa-lhe muito tempo. Consegue arranjar tempo para si e para a sua família? Tem que se ter uma grande elasticidade. Sou casado e tenho dois filhos. É preciso haver uma grande compreensão da parte da família e essa eu tenho-a de certeza. Depois é preciso ter uma boa capacidade mental para estar um dia inteiro a trabalhar e à noite ainda vir para a sede fazer mais umas horas de trabalho diário. Aos fins de semana estou sempre ao serviço do clube em várias modalidades. Não é fácil e é muito desgastante. Mas faço tudo com gosto e dedicação. E ainda consigo encontrar um tempinho para a família e até para ir à pesca que é uma coisa que adoro.

de nacionalidade portuguesa no grupo de competição, mais nove brasileiros, quatro espanhóis e um sul coreano, sendo os restantes dos escalões de “age groups”. Após a morte de Miguel Jourdan, em Abril de 2012, a secção de triatlo foi reorganizada, tendo os seus dirigentes levado a cabo o que o, até então, líder do projecto já planeara: colocar um grupo restrito de triatletas a treinar no Centro de Alto Rendimento de Rio Maior. A integração dos atletas no CAR em Rio Maior permite-lhes estarem enquadrados com todas as condições necessárias ao treino para o Alto Rendimento, acompanhada de uma grande proximidade aos locais de ensino que os atletas frequentam e treinam sob a orientação técnica do seu director Sérgio Santos.

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Prémio Personalidade do Ano

Bruno Nobre

Desporto masculino

“Há dias em que me queixo do cansaço mas o treinador faz de conta que não ouve” Bruno Nobre era uma miúdo rebelde de Santo Estêvão, uma freguesia do concelho de Benavente, que teve a sorte de encontrar ao longo da vida as pessoas certas. O professor Carlos Matias agarrou-o aos trampolins e fez dele campeão nacional e do mundo. O maestro Jorge Silva ensinou-lhe música e deu-lhe a possibilidade de sonhar através dos sons que arranca do trompete. O padrinho Paulo Pinto encaminhou-o para os Bombeiros permitindo-lhe descobrir o gosto por ajudar os outros. Com tudo isso, e o amor dos pais, o país e o mundo ganharam um cidadão completo que agora tenta passar aos mais jovens, na qualidade de professor, o que lhe foi concedido. Fernando Vacas de Jesus O que o levou para a ginástica? Em 1993, em Santo Estêvão (concelho de Benavente), a possibilidade da prática de qualquer desporto e quando o professor Carlos Matias implementou a ginástica no Clube de Futebol Estevense a juventude aderiu imediatamente. Eu, como menino rebelde que era, fui um dos primeiros a ir experimentar. E ficou. O professor Matias viu que eu tinha condições para vir a ser um bom ginasta na área dos trampolins e convenceu-me a ficar. Felizmente os resultados começaram a aparecer muito

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rapidamente. A sensação de saltar é óptima e fiquei apaixonado desde o primeiro dia. Apaixonou-se pelos trampolins. Foi isso que o impediu de se apaixonar e casar? Tento não olhar por esse prisma mas sinto que a minha vida profissional, de ginasta e de treinador, sendo muito ocupada, pode ser um entrave a uma relação. Nenhuma mulher quer viver com um homem que tem muito pouco tempo para estar com ela. Isso não significa que eu deixe de tentar. Tenho actualmente um

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namoro sério e espero estar a trilhar o caminho certo para casar e para ser pai que é algo que desejo muito. Como é que um atleta da sua categoria se mantém num clube de uma terra pequena? No mundo dos trampolins estou plenamente satisfeito aqui em Santo Estêvão. Sou fiel à minha terra e ao meu treinador. Sei que em lado nenhum iria encontrar uma pessoa como o professor Carlos Matias, capaz de aguentar o Bruno Nobre em treinos e em competições.

Reconheço que sou um atleta complicado de gerir durante os treinos. Depois estou num clube que é dos mais bem apetrechados a nível nacional para desenvolver esta modalidade. Nunca teve convites para sair? Tive alguns convites para ir para os Estados Unidos da América, mas nunca quis deixar o treino dos ginastas mais novos, que considero como filhos que ainda não tenho. O carinho que as pessoas da terra me dedicam também é importante para continuar a tentar dar alegrias a todos os amigos que tenho em Santo Estêvão. E aqui estou com os meus pais, algo que é muito importante para mim. Ainda se lembra da sensação que teve ao ser campeão do mundo? É muito difícil descrever as sensações. Era muito novo no mundo da ginástica. Sabia que tinha evoluído muito mas desconhecia o que se passava no estrangeiro. Fui para a África do Sul um pouco às escuras. Fiz as coisas de uma forma natural e quando dei por mim era campeão do mundo. Foi uma sensação extraordinária que ainda perdura até hoje. Ao longo de todos estes anos que já leva de ginástica nunca se colocou a hipótese de ir aos Jogos Olímpicos? No início ainda sonhei com isso mas a minha vocação maior é para o duplo mini trampolim que não é uma modalidade olímpica. Por outro lado iniciei-me nos trampolins aos 14 anos que é uma idade tardia para quem quer ir longe. Apesar de integrar habitualmente o grupo de quatro atletas chamados à Selecção Nacional, nunca consegui resultados para ser um dos dois que podem ir aos Jogos Olímpicos. Como foi o seu percurso escolar? Fiz a quarta classe aqui em Santo Estêvão e parei de estudar nos quatro anos seguintes. Só quando ganhei os primeiros dinheiros na ginástica é que voltei a estudar e fiz o 12º ano. Estou a ponderar ir mais além e não coloco de parte a faculdade embora esteja bem preparado para ser treinador de ginástica. Fiz os três cursos da Federação que me deram condições para exercer a actividade tanto a nível nacional como internacional.


Profissionalmente é Sapador Bombeiro em Lisboa. Foi uma escolha ou foi o que apareceu? Já em 2001 tinha recebido uma proposta do meu padrinho para enveredar pela profissão de Bombeiro mas entretanto fui chamado para a tropa e só em 2003 entrei efectivamente para os Sapadores Bombeiros. Não foi uma escolha mas descobri o prazer de ajudar o próximo. E também é uma profissão que tem sido óptima para a minha carreira na ginástica. Trabalho 12 horas seguidas de dia e tenho um dia de descanso. Trabalho 12 horas seguidas de noite e tenho dois dias de descanso. Fico com tempo para gerir a minha vida na ginástica e na música. Na música? Sou trompetista na Banda Filarmónica Estevense. Entrei para a música dois meses antes de entrar para os trampolins e nunca mais deixei. Já actuo na banda há mais de 20 anos e também sou músico na Banda dos Bombeiros em Lisboa. Sou conhecido como bombeiro, músico e ginasta, três coisas que faço na vida por gosto. Que relação tem com cada uma dessas actividades? Costumo dizer que os trampolins são uma paixão e a música é um refúgio. Através dela acalmo os nervos e abafo as tristezas. Quando as coisas não correm bem, chego a casa pego no trompete fecho-me no quarto e toco. A música mexe comigo. Nos Bombeiros não há evasão. Tem alguma história que o tenha marcado especialmente? Tenho muitas. Nós somos gente com coração e não somos imunes às emoções. Posso contar o caso de um jovem que resolveu ir para o terraço da sua casa, prendeu uma cama de baloiço a duas chaminés. Uma delas não aguentou e caiu-lhe em cima. fomos chamados

e quando chegámos o miúdo estava em paragem cardiorespiratória. Iniciámos manobras de reanimação com os pais ajoelhados ao nosso lado a rezarem e a pedir-nos para salvar o filho. Foi uma angústia muito grande que felizmente terminou bem. Conseguimos reanimar o jovem e fomos abraçados por toda a família. Trabalho, viagens, música e ginástica. Quando chega a hora de treinar nunca lhe apeteceu volta as costas aos saltos? Mesmo que quisesse era impossível. Com o professor Carlos Matias não há meios termos. Quando é para treinar é para treinar a cem por cento. Já tem acontecido queixar-me do

O puto rebelde que chegou a campeão do Mundo Aos 33 anos Bruno Nobre conquistou a medalha de bronze no Campeonato do Mundo de Trampolins, um feito que está ao alcance de poucos ginastas da sua idade. O atleta que aos 19 anos foi Campeão do Mundo de Mini-Trampolim garante que foi a ginástica que fez dele um homem e mudou por completo o rumo da sua vida. Bruno Nobre é natural de Santo Estêvão, uma aldeia do concelho de Benavente. Filho de famílias humildes, fez ali a escolaridade obrigatória, a antiga quarta classe, de onde saiu ainda com nove anos. Muito novo para avançar para qualquer trabalho e sem qualquer ocupação apenas vagueava com outros companheiros pela aldeia. Até que aos 13 anos foi convidado a integrar a classe de ginástica de trampolins do Clube

dia intenso de trabalho e de dores nas costas mas ele finge que não me ouve. É cansativo mas, como diz o povo, quem corre por gosto não cansa e eu faço isto por gosto. Como se sente quando o seu esforço é reconhecido publicamente? Este ano foi aquele em que mais senti esse reconhecimento. Penso que isso se ficou a dever à maior visibilidade do meu trabalho na comunicação social, especialmente pelo jornal O MIRANTE. O presidente da Câmara de Benavente e o presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão manifestaram-me o seu reconhecimento pelo meu feito. A nível

de Futebol Estevense, e aí a sua vida mudou por completo. O treinador Carlos Matias conseguiu transformar o jovem rebelde num homem e num ginasta de eleição, que começou a competir a sério e a chegar aos lugares mais altos do pódio na área dos trampolins, quer a nível nacional quer internacional. Seis anos depois de começar chegou ao título de Campeão do Mundo de Duplo Mini Trampolins, no Campeonato do Mundo disputado na África do Sul, e a ginástica instalou-se definitivamente na sua vida. Bruno Nobre teve então muitos convites para sair para outros clubes. Até dos Estados Unidos da América surgiram convites aliciantes mas o atleta manteve-se fiel ao clube da sua terra natal, onde para além de atleta é treinador e dirigente. Isso também aconteceu porque na mesma altura entrou para a Escola de Música da Sociedade Filarmónica Estevense, onde agora é trompetista. Aos 18 anos

nacional não sinto o mesmo. Teoricamente tenho o estatuto de atleta de alta competição mas ainda não saiu do papel. Qual é a importância de O MIRANTE nesse campo? A visibilidade dada pelo jornal aos nossos resultados e ao nosso trabalho é de grande importância. E O MIRANTE tem sido dos mais atentos nesse campo. Claro que gostávamos de ter ainda mais visibilidade mas o que tem feito deixa-me satisfeito e a atribuição deste prémio (Personalidade do Ano - Desporto Masculino) é também uma forma de reconhecimento do trabalho que temos feito aqui no clube.

ingressou nos quadros dos Sapadores Bombeiros de Lisboa. Com os primeiros ordenados e a vida estabilizada, Bruno Nobre resolveu voltar aos estudos e nesta altura já fez o décimo segundo ano e ainda não abandonou a ideia de ingressar na faculdade para tirar um curso universitário. Pelo meio foi também fazendo cursos de treinador de ginástica que lhe permitiram treinar jovens em Santo Estêvão e Carregado. É por isso que o ginasta Bruno Nobre, que já ganhou provas nos mais diversos países da Europa e do Mundo, foi campeão nacional mais de uma dezena de vezes na sua especialidade de mini trampolim e também em trampolim individual, está agradecido aos pais que são o seu maior apoio e aos três amigos que lhe mudaram a vida. Carlos Matias que o levou para a ginástica, o maestro Jorge Silva que o iniciou na música e o padrinho Paulo Pinto que o levou para os Bombeiros.

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Prémio Personalidade do Ano

João Salgueiro

Tauromaquia

“Sou um artista e por isso gosto de surpreender e de transmitir emoções que deixem marca” João Salgueiro fez 25 anos de alternativa de cavaleiro tauromáquico no ano passado Vinte e cinco anos de alternativa como cavaleiro tauromáquico proissional podem ser considerados muito tempo mas não para João Salgueiro. O toureiro responde aos que lhe falam em retirar-se que, se conseguir, vai tourear até morrer. Assume que é uma pessoa impulsiva, emotiva e que às vezes pode passar por meio louco mas diz que sendo um artista não pode programar antecipadamente gestos e reacções. Quem o conhece sabe que é a antítese da imagem da vaidade que é associada aos toureiros. O prémio Personalidade do Ano na área da Tauromaquia deve-se à qualidade do seu toureio e ao seu talento e não à quantidade de corridas em que participou. António Palmeiro Comemorou 25 anos de alternativa na temporada do ano passado mas fez poucos espectáculos. Já está cansado? Foi uma opção. Já em 2012 também fiz poucos espectáculos. Preferi apostar na qualidade em vez da quantidade, também para não desgastar a minha imagem. Provavelmente este ano terei que aceitar mais corridas porque tenho recebido sinais de que as pessoas que me admiram me querem ver tourear. E como correu a época de 2013?

O toureiro que é uma pessoa simples Não é exagerado dizer que João Salgueiro não encaixa na ideia que se tem dos toureiros. É a antítese da imagem de vaidade que está associada a quem anda na arte. É uma pessoa simples, sem vaidades e diz o que lhe vai na alma mesmo que seja mal interpretado ou que isso lhe traga problemas. De nome completo João Inácio de Ferreira Girão Salgueiro da Costa, nasceu em 21 de Fevereiro de 1968 numa clínica em Lisboa mas foi registado em Valada do Ribatejo, concelho do Cartaxo, onde vive numa casa com mais de 100 anos que pertencia à sua família. Salgueiro, membro daquela que será a mais antiga dinastia de toureiros que prossegue com o seu filho João Salgueiro da Costa, apresentou-se como cavaleiro na praça de toiros de Salvaterra de Magos no dia 31 de Agosto de 1985. Tinha 17 anos. Fez a prova de cavaleiro praticante um ano depois na Moita do Ribatejo no dia 24 de Maio. Tirou a alternativa no dia 29 de Maio de 1988 18

Houve corridas em que deixei a minha marca. Em 10 corridas tive seis triunfos. Ganhei o prémio no Açores nas sanjoaninas, na ilha Terceira, que é uma das feiras mais importantes. Também estive bem em Santarém, Almeirim e Évora. Fazer 25 anos de alternativa representa uma responsabilidade acrescida. Sim. Mas o que tento sempre é fazer com que cada espectáculo seja um acontecimento

na praça de Almeirim. Terra à qual tem ligações, onde passou a infância e onde morava o seu avô que foi o seu grande mestre na arte da equitação e do toureio. O seu pai e a irmã vivem nesta cidade onde João vai com frequência. Na alternativa o seu padrinho foi o seu avô, Fernando Salgueiro e teve como testemunhas o seu pai Fernando Salgueiro (ex-cavaleiro) e os toureiros João Moura, Paulo Caetano e Joaquim Bastinhas. Além de treinar e de tourear, João gosta de fazer outras coisas. Gosta de ler sobretudo livros ligados à veterinária, um gosto que lhe foi incutido pelo avô. Mas também gosta de livros de arte e adora ler sobre histórias de vida. Pratica desportos náuticos quando pode. Por viver perto do Tejo tem a facilidade de andar de moto de água. Ver filmes e documentários são outras coisas com que se ocupa nos tempos livres. Não tem feitio para estar muito tempo de férias. Uma semana basta. Porque gosta de estar no seu meio habitual. Não é uma pessoa de ter rituais ou objectos para dar sorte mas confessa que de há um tempo a esta parte passou

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que fique na memória. É claro que podia ter sido melhor mas estou satisfeito. Este ano o meu apoderado é o Ricardo Levezinho, um empresário relativamente novo na festa mas já com provas dadas. É uma pessoa dinâmica e estou convicto que vai ser uma boa temporada. Hoje tirar a alternativa tem a mesma importância do que quando começou? A alternativa está transformada mais numa festa. Perdeu a importância que devia ter

a ter uma superstição relacionada com o pagamento das actuações. Diz que se não lhe pagarem antes da actuação o mais certo é ter azar até porque vai para a arena preocupado com coisas que não devia. Considera-se uma pessoa solidária e admite que não se importa de colaborar com os empresários das praças quando uma corrida não corre bem em termos de receitas. Mas confessa que não gosta quando sente que está a ser quase forçado a fazê-lo. Na localidade de Valada os habitantes tratam-no por João e os mais velhos por menino João. Treina numa quinta a poucos quilómetros de casa, perto do Tejo, onde tem os cavalos, e onde pode desfrutar de uma vista deslumbrante sobre os campos. O toureiro diz que a sua vida gira em torno da família, realçando que são muito unidos. João Salgueiro viveu em Coruche até aos seis anos, depois em Espanha e passou a juventude em Almeirim até casar. Estudou em Coruche até aos 17 anos. Estava num curso técnico-profissional que dava equivalência ao 12º ano de escolaridade mas abandonou os estudos no 11º ano para se dedicar ao toureio.

e está um pouco banalizada. Agora os cavaleiros aparecem a tourear e em pouco tempo tiram a alternativa. Antes demorava-se muito mais tempo. Qual foi a pessoa que mais o influenciou na sua carreira? O meu avô Fernando Salgueiro. Foi um homem extraordinário e um equitador fora de série. Ele foi o meu pai para o toureio, para a vida, para tudo. Fui criado com ele. Tive a sorte de ter um avô que me ensinou tudo. Tínhamos uma grande cumplicidade e os nossos sonhos eram idênticos. A tauromaquia é uma marca da sua família? Não há uma dinastia no toureio, em Portugal e talvez no Mundo, tão antiga como a da nossa família. Na minha alternativa estiveram simultaneamente na mesma arena o meu avô, o meu pai e eu. Com o seu filho a seguir-lhe as pisadas já começa a pensar em retirar-se? Não imagino retirar-me do toureio. Sinto-me no auge das minhas forças e não me vejo a fazer outra coisa. Esta é a minha vida. Se conseguir vou ser como o meu avô que montou a cavalo até quatro meses antes de morrer. Mas já deve ter tido momentos de desalento em que pensou parar. Uma vez, há bastantes anos, dois dos meus melhores cavalos tiveram problemas e eu fiquei sem uma quadra de cavalos para praticar o toureio que idealizava. Disse ao meu avô que ia parar. Ele respondeu-me que fugir dos problemas não era solução e desisti logo da ideia. As preocupações influenciam as suas actuações? Às vezes a tristeza faz-me deitar arte, ou-


actuações? Às vezes a tristeza faz-me deitar arte, outras é a felicidade. O melhor é não levarmos as preocupações e a necessidade de nos prepararmos para as coisas ao extremo. Reconheço que sou um bocado estranho porque vivo esta profissão de outra forma. Sou muito emotivo e diferente da maior parte dos outros toureiros. Vivo esta arte com paixão, com entrega. Chego a arrepiar-me todo com as minhas actuações. É um artista ou um vendedor de espectáculos? Sou um vendedor de emoções e de sensações. Quando nas minhas actuações consigo transmitir às pessoas o que estou a sentir, marco a diferença. Há pessoas que passados muitos anos se lembram desta ou daquela actuação que fiz porque ficaram marcadas pela emoção. Se tiver um grande espectáculo montado e programado ao pormenor, as pessoas batem palmas mas passado pouco tempo já não se lembram. E não se sente cansado? Sou dos toureiros de topo, dos mais antigos, o mais novo em idade e alternativa. Do que me sinto cansado é das rotinas que não deixam a festa dos toiros evoluir. Quer dizer que há dentro da tauromaquia pessoas que estão a bloquear o desenvolvimento da festa? Às vezes é difícil as pessoas aceitarem mudanças porque estão acostumadas a certas coisas há muitos anos. A festa não pode ser a mesma de há 25 anos, ou mesmo de há 50 anos. O espectáculo tauromáquico não pode ter o mesmo tempo, as mesmas voltas e neste aspecto a festa estagnou. A sua carreira tem sido caracterizada por momentos muito altos e outros baixos. Porque é que não consegue ter uma linha regular? Não consigo ter uma regularidade porque não tenho um “número” montado, pré-concebido. Vou tourear consoante o que o toiro dá e gosto de improvisar, que é das coisas mais bonitas que há. Considero-me um artista e como todos os artistas, num dia faço magia e noutro dia não consigo ser mágico. O público é exigente. A minha vontade é dar o máximo sempre. As pessoas esperam muito de mim e quando pagam o bilhete para me verem a imagem

que querem levar é a de um João Salgueiro no seu melhor. Quando isso não acontece é um semifracasso. Em 2007 no Campo Pequeno saltou do cavalo e foi enfrentar o toiro a pé sendo colhido. O que lhe passou pela cabeça? Foi um impulso. Uma situação que aconteceu e da qual não me arrependo. Quanto à morte não penso nisso. Temos que a enfrentar com naturalidade e basta levantarmo-nos de manhã para podermos morrer. É frequente os toureiros queixarem-se dos toiros. E os toureiros não têm também culpa quando as lides são más? Entendo que esta arte deve ter uma grande parte de improviso e actualmente temos uma lide cada vez menos improvisada. É mais o espectáculo pelo espectáculo. Quanto aos toiros é conhecido que as ganadarias se modificaram e os toiros estão mais mansos. Quando comecei a tourear os toiros tinham mais mobilidade. Hoje temos toiros mais parados. Gostava de ter tirado um curso superior? Não é preciso tirar um curso ou ter um diploma para se saber de uma área de que se gosta. Podemos comprar os livros e estudar os assuntos. Gosto de medicina veterinária por exemplo. O meu avô era veterinário e aprendi muito com ele. Sei coser um cavalo, sei fazer diagnósticos. Se calhar sei mais que alguns que tiraram o curso. Na altura em que estava a estudar não conseguia conciliar os estudos com o toureio e tive de optar, até porque tive uma ascensão muito rápida. Quer dizer que não é importante tirar um curso. Os estudos são importantes. A minha filha é advogada e o meu filho está a tirar um curso de gestão da informação. Mas os estudos não são tudo na vida. Para sermos educados e cultos não precisamos de licenciaturas.

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Prémio Personalidade do Ano

Política feminino

Fátima Galhardo

“Sempre gostei de fazer coisas diferentes e de aprender” Fátima Galhardo, 39 anos, não sonhava ser autarca mas quando entrou para a Câmara de Coruche, como adjunta do presidente, Dionísio Mendes, encarou a situação como um desaio e uma oportunidade de contribuir para a mudança do concelho. Chegou a vice-presidente do município neste mandato. Pessoa decidida e persistente, conhecida pela sua popularidade e proximidade aos munícipes, tem na educação a sua paixão e na necessidade de encontrar soluções para as pessoas que vivem com diiculdades uma preocupação. Criou o banco do voluntariado e já se comprometeu a ser voluntária. É uma pessoa que prefere arriscar do que icar paralisada pela indecisão. António Palmeiro O seu primeiro contacto com a vida autárquica foi há 12 anos, como adjunta do presidente Dionísio Mendes. Como foi o seu percurso até vice-presidente, cargo que agora ocupa? Há 12 anos eu nem sequer sabia que era possível aos autarcas terem adjuntos, chefes de gabinete, secretários. A minha vida era noutro domínio. Fui animadora cultural na Escola Dr. Armando Lizardo em Coruche, dei aulas de matemática em Arraiolos e fui animadora de rádio. Mas agora posso dizer que a minha entrada para a câmara foi o terceiro momento mais importante da minha vida. Os dois anteriores tinham sido a entrada na universidade e ter sido mãe. O que é ser autarca? É gostar de resolver problemas das pessoas da nossa comunidade e ter possibilidade de o fazer. É gostar do contacto com os outros e de contribuir para melhorar mais e mais as suas vidas. Já contribuí para resolver algumas coisas que estavam mal e quero continuar a fazê-lo. Como foi a adaptação às funções autárquicas? Foi fácil porque sempre gostei de fazer coisas diferentes e de aprender. Foi convidada para integrar a lista do PS por ser uma pessoa popular? Provavelmente terá sido isso que contribuiu para a minha escolha uma vez que nem sequer era filiada no partido. Foi muito

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importante no meu percurso a minha passagem pela rádio local e o facto de comunicar bem e de me interessar pelos assuntos. Ainda hoje tenho saudades de fazer rádio. O país vive com dificuldades e as autarquias não têm a mesma capacidade de realização. É desmotivador? Antes pelo contrário. O desafio é maior mas o objectivo continua a ser o mesmo e estou motivada. Temos que encontrar soluções diferentes. Encontrar respostas novas para os problemas. Faz cada vez mais sentido, ainda mais para quem gosta de trabalhar para as pessoas, estar no poder autárquico. Mais do que nunca. Porque se inscreveu no partido socialista? Fazia parte de uma equipa socialista. Se estava no projecto, se acreditava nele e se ele tinha por base o PS não via porque havia de continuar independente. Foi também uma forma de fazer parte e apoiar o partido onde acabo por encontrar as ideias gerais que partilho em relação ao poder autárquico. Foi uma decisão minha. Nunca ninguém me pressionou para isso. É uma pessoa divertida. A política é melhor se não for tão séria? Sem sombra de dúvida. Sou uma pessoa espontânea e até costumavam dizer para não ser assim porque as pessoas não me levavam a sério. Hoje posso dizer que é possível fazer um bom trabalho em termos autárquicos e motivar as pessoas pela forma afável com que lidamos com elas e com as situações. Qual é a sua receita para obter resultados? Se conseguir motivar as minhas equipas dando-lhes autonomia e incutindo-lhes os meus objectivos, o trabalho faz-se melhor. Também é preciso ter uma relação aberta com quem trabalha connosco. É preciso ter uma atitude sincera e não andar a dizer uma coisa hoje e outra amanhã. Se assim for e se aceitarmos ouvir os outros e acolher as suas sugestões, é possível haver cumplicidade e obter bons resultados. Parece tudo fácil. Não é, mas se tivermos uma atitude positiva ajuda. Trabalhar com pessoas significa enfrentar problemas e ter que encontrar soluções. Temos que saber ouvir e esperar que os outros nos oiçam também, que percebam e que se empenhem para encontrarmos os melhores caminhos. Quem entra no meu gabinete exaltado, por exemplo, traz mais um problema para além daquele que o levou até ali. Nunca é fácil admitir os nossos erros. Concorda? Nem sempre estamos certos e voltar atrás numa decisão não é sinal de fragilidade mas de força. Quando as pessoas votam esperam

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que quem vá para as funções autárquicas as trate bem. As pessoas precisam que se faça alguma coisa e que se crie uma resposta para os problemas. A minha paixão no poder

autárquico é poder contribuir para que alguma coisa se resolva mas estou preparada para ser criticada. Estar preparada é uma coisa e aceitar


é outra. Devemos tratar bem quem nos trata bem e tratar sempre muito bem quem nos considera mas não afasto as pessoas que possam ter sido menos correctas comigo porque admito que embora devesse ter outro comportamento, o facto de ter agido como agiu pode ter sido motivado por algum lapso meu. Nestas funções uma mulher divorciada com um filho tem mais dificuldades? Estou divorciada há cinco anos e meio. Na altura não foi fácil. Mas tenho tido a felicidade de existir com os líderes da autarquia uma cumplicidade e estes vêem o meu filho como mais um da equipa. Ao longo do meu percurso consegui conciliar o ser mãe, às vezes pai, e o ser vereadora. Desde os três anos que o meu filho me acompanha em actividades ao fim-de-semana e quando não há ele já me pergunta se não há nenhuma iniciativa da câmara. Isto acaba por ser uma bênção que tenho. Ser vice-presidente é na generalidade uma rampa de lançamento para a presidência da câmara. Já pensou nisso? O meu objectivo é ajudar o presidente e contribuir para a concretização do nosso programa. Quero que as pessoas sintam que fizemos um bom trabalho. O Francisco Oliveira, mais do que presidente da câmara, é um amigo. Temos um percurso que fizemos juntos. Se a questão de ser candidata a presidente um dia se colocar é porque as situações se encaminharam nesse sentido. Qual foi o marco que deixou no mandato passado? Há uma área que considero determinante, que é a da educação. Conseguimos ser precursores em alguns projectos ao nível da educação ambiental e do lançamento de programas intermunicipais, além de termos modernizado o parque escolar.

Também destaco a grande ligação que temos conseguido manter com as escolas, o desenvolvimento de iniciativas como a resposta aos pais para a ocupação dos filhos, a carreira para transporte de alunos na área urbana, além de outras iniciativas. A nossa preocupação tem sido encontrar resposta para que as famílias com crianças tenham uma vida mais facilitada.

A autarca que veio da rádio Maria de Fátima Raimundo Galhardo entrou para a Câmara de Coruche como adjunta do presidente e chegou a vicepresidente este mandato que começou em Outubro do ano passado. Tem à sua responsabilidade a coordenação dos serviços de Educação, Acção Social, Desporto, Ambiente, Refeitórios, entre outras tarefas. É licenciada em engenharia biofísica, gestão e ordenamento do território e abraçou o desafio do poder local com a vontade de mudar as coisas em prol das pessoas. Diz que é persistente e que prefere arriscar do que adiar uma decisão. Antes da vida autárquica fez trabalhos para o Instituto da Conservação da Natureza na reserva da biosfera no Paul do Boquilobo, participando na elaboração do plano de ordenamento daquele espaço. Tem a paixão pela rádio tendo sido animadora da Rádio Diana (Évora) e Voz do Sorraia (Coruche) onde tinha um programa sobre a autarquia. Em 2012 lançou o banco do voluntariado e recentemente já se comprometeu com uma instituição

Para este mandato qual é o grande objectivo? Para os próximos quatro anos tenho uma grande preocupação que é encontrar respostas para uma população envelhecida. Já estamos a delinear estratégias. Já lançámos um projecto pioneiro da câmara com a Multicare e uma associação sénior de Coruche, que visa contrariar o desmantelamento que tem

de solidariedade do concelho em dar algum do seu tempo. Considera que nos tempos que correm o voluntariado é importante para melhorar a vida das pessoas. Pessoa preocupada com as dificuldades das pessoas costuma beber café num estabelecimento em frente à câmara onde recebe também as queixas e os pedidos dos cidadãos. Quando anda pela rua, fruto da sua popularidade e simplicidade, é abordada por várias pessoas com quem fala de forma aberta. É filha única. Os pais durante 18 anos tentaram ter um filho e quando já tinham desistido o sonho concretizouse. Nasceu em 4 de Janeiro de 1975. “O facto de na altura os meus pais terem cerca de 40 anos e actualmente 80, também me deu em alguns momentos da minha infância alguma independência”, realça, acrescentando que a partir dos nove anos teve que começar a orientar a sua vida, desde arrumar a casa a outras tarefas. Diz que é uma mulher que não tem preocupações com a linha, nunca fez dieta e nunca foi magra mas realça que gosta da forma como é. Gosta de feijoada, de sopa de cação, de ensopado

havido na área da saúde a nível nacional. Os idosos podem ir a um consultório privado pagando muito menos. Há um cartão com uma anuidade de 18 euros e numa consulta que custe 55 euros só se paga 20 euros. Mas também estou atenta às questões sociais em geral. As pessoas, o emprego e a qualidade de vida serão o foco do nosso trabalho neste mandato.

de borrego mas também de sushi. Costuma ir almoçar a casa mas também por vezes come nas cantinas das escolas ou no refeitório da câmara. Gosta de cozinhar e nunca consegue fazer comida só para dois. Faz sempre refeições que dão para quatro ou cinco. Mas não desperdiça e o que sobra é comido no dia seguinte. Não tem horários para comer e tenta conciliar a refeição com o que entende ser uma necessidade de ficar à hora de almoço na autarquia, quando está pouca gente, para atender quem precisa. Nasceu em Évora. Os pais são alentejanos e foram viver para Coruche quando Fátima era ainda pequena. O pai trabalhava em Montemor-o-Novo e com três anos começou a ir com ele para o armazém onde vendia rações. “Isso foi bom para mim porque aprendi a estar num meio que era exclusivo dos homens. Hoje não tenho problemas de trabalhar num meio com muitos homens”. Como filha única não se considera egoísta mas admite ser mimada. “Também se não fosse mimada não teria a afabilidade que tenho para com as pessoas”, realça. Gosta de dançar e estar entre amigos. Para ela, convívio é estar com pessoas.

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Prémio Personalidade do Ano

Política masculino

“Não estou aqui para me promover mas para promover Santarém”

Ricardo Gonçalves Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, foi escolhido por O MIRANTE como Personalidade do Ano 2013 na área de Política pela vitória alcançada nas eleições autárquicas de 29 de Setembro numa situação adversa para o seu partido. Uma vitória que só não foi por maioria absoluta por dois votos. O autarca socialdemocrata garante que não se deslumbrou com o poder e que não mudou a sua maneira de ser. Só lamenta não ter mais tempo para estar com a família e para conviver com os amigos. João Calhaz Recorda-se de quando lhe passou pela primeira vez pela cabeça a ideia de se meter na política? Como sabem sou da Azóia de Baixo, uma terra que, quando era criança, era bastante politizada. Havia muitas pessoas afectas aos diversos partidos. Havia cafés e colectividades conotados com determinados partidos e desde muito novo tive a percepção do que era o fenómeno político. Tínhamos vindo de uma revolução e na década a seguir estava tudo ainda muito fresco. Recordo-me de achar interessante e apelativo esse mundo da política. A iniciativa de se filiar num partido e de participar na actividade política partiu de si? Foi por convite. Estava já na faculdade. Fiz-me militante do PSD e da JSD em 1995. Já me tinham convidado várias vezes para ser militante, gostava de conversar sobre política, participava nalguns debates na faculdade, mas de início não quis filiar-me. Posso até dizer que a primeira sede de um partido que frequentei em Santarém foi a do PS, onde cheguei a ir a algumas festas. Mas o PSD era mais próximo das minhas ideias. E quando Fernando Nogueira perdeu as eleições legislativas para António Guterres, em 1995, decidi fazer-me militante do PSD. Achei que não o deveria fazer quando o partido estava por cima. Tinha algum ídolo ou referência na política nessa altura? A referência que tinha era Sá Carneiro. Sei que é um lugar comum no PSD dizer is-

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to, mas há uma coisa que me marcou, que foi ver a minha mãe a chorar na noite em que se soube que ele tinha morrido. Para além de ser uma pessoa com grande visão e que estava à frente do seu tempo, acho que a grande marca de Sá Carneiro era a coragem que tinha. Demonstrou-o no Parlamento e enquanto primeiro-ministro. Mais tarde descobri outra particularidade a que achei graça, a de ter nascido no mesmo dia que ele, 19 de Julho. Como é que os seus pais viram a sua ligação à política? Não o aconselharam a dedicar-se aos estudos e a deixar-se disso? Foi mesmo assim. Os meus pais nunca acharam muita piada à questão. Sobretudo a minha mãe. E hoje já estão habituados a vê-lo como presidente da Câmara de Santarém? Estão habituados. Mas recordo que a minha mãe dizia que não estava preparada para ver a cara do filho em todo o lado e a ouvir falar, bem ou mal, de mim. Foi uma coisa a que se teve de ir habituando. Incomoda-o ouvir dizer que os políticos só querem é tacho? Isso revolta. Mas pelo menos desde o século XIX que não houve capacidade dos políticos em reverterem essa ideia. Tem de haver a percepção que estamos de passagem por estes lugares. E houve um mal, que foi o de as pessoas se irem eternizando nos lugares. A distância que por vezes se verifica entre eleitos e eleitores também não ajuda. Durante muito tempo os políticos foram endeusados e parecia que só por estarem num lugar político eram diferentes dos outros. Não somos. Penso que as últimas eleições autárquicas contribuíram um pouco para mudar esse quadro. E viram-se grandes figuras nacionais, que pensavam ganhar as eleições, a ser derrotadas. As pessoas deixaram de votar em ilusões, deixaram de votar em promessas e preferiram votar em pessoas que conhecem e que vêem como seu semelhante. Acha que foi a proximidade à população, o facto de ter a imagem de “bom rapaz” que fez a diferença nas últimas eleições? Fico contente por ouvir dizer que sou um bom rapaz mas na política não se procura ser bom ou mau rapaz, procura-se, sim, fazer o melhor. Mas é verdade que as pessoas me conhecem e que sempre fui assim. As pessoas sabem onde estudei, onde trabalhei, quem são os meus amigos. O Ricardo é uma pessoa igual às outras. O poder não o deslumbrou nem mudou os seus hábitos? Não mudou os meus hábitos, nem pode


mudar. Claro que tenho muito mais responsabilidades, mas é fundamental que assim seja pois estamos sempre de passagem por estes lugares e temos de fazer o nosso melhor. Não estou aqui para me promover, estou sim para promover Santarém, o meu concelho e as pessoas que nele vivem. É isso que quero fazer nos próximos oito anos. Há muita gente que se aproveita destes lugares para promoção pessoal, mas hoje em dia quem vota já percebe isso. A vida de autarca é muito absorvente. Não tem saudades dos tempos em que tinha as noites e os fins de semana para si? Tenho. E mais ainda desde que nasceu a minha filha, que faz hoje um ano. Hoje, 31 de Janeiro, é um dia muito importante para mim. Desde que a Beatriz nasceu que noto ainda mais essa questão de não ter o tempo que gostaria para mim e para a família. A actividade é realmente absorvente. Aos fins de semana há muitas actividades no concelho e o município deve estar representado. Houve coisas que teve de deixar de fazer após ter entrado para o executivo da Câmara de Santarém? Claro que sim. Como as idas ao futebol a Lisboa. Agora acabo por ir mais aos jogos do distrital. Antes ia ver os jogos do Sporting com amigos, agora vou menos vezes e mesmo na televisão, muitas vezes, já não consigo acompanhar. Se me dissessem há 10 anos que eu algum dia ia perder um jogo do Sporting na televisão ou no estádio não acreditava. Mas não me consigo abstrair. Tento sempre ir acompanhando o resultado através do telemóvel. A medalha de ouro da cidade atribuída pela Câmara de Santarém, em 2009, ao então primeiro-ministro José Sócrates, foi um “sapo” difícil de engolir?

Um jovem autarca que prefere os actos às palavras Ricardo Gonçalves, 38 anos, teve o seu teste de fogo na vida política nas últimas eleições autárquicas, quando se candidatou a presidente da Câmara de Santarém num contexto adverso. Ser militante do partido que lidera um Governo muito contestado, ter sido número dois de Moita Flores numa autarquia que viu a sua dívida crescer para números nunca vistos e ter de enfrentar nas urnas a experiente candidata socialista Idália Serrão eram factores de peso. Mas o povo deu-lhe a vitória, que por dois votos não foi com maioria absoluta. E assim se tornou o primeiro militante do PSD eleito presidente do município escalabitano, facto aliás muito sublinhado na noite eleitoral. Pai da Beatriz, nascida há um ano, fruto do casamento com Vânia Neto, também companheira de lides políticas na JSD e no PSD e com quem chegou a partilhar a vereação em anterior mandato, o autarca diz-se um homem do povo e pragmático, que não gosta de perder tempo com polémicas desnecessárias e discursos quezilentos. Embora também não fuja à refrega. Mesmo os adversários políticos reconhecem a simpatia e urbanidade no trato do autarca que tem a espinhosa missão de suceder ao mediático Moita Flores à frente de um município que vive momentos difíceis a nível financeiro. Licenciado em

Como sabem, eu não votei a atribuição dessa medalha. Estava doente na altura. Por sua iniciativa atribuiria essa medalha ao anterior primeiro-ministro? Não. E ao actual? Também não. Está a ter um papel difícil, mas acho que uma medalha de ouro só deve ser atribuída a quem fizer algo de muito relevante para a cidade e concelho. Se houver um primeiro-ministro que desvie a linha ferroviária de Santarém, que consiga consolidar as barreiras de Santarém e que o município não tenha de pagar um cêntimo por isso, acho que é merecedor da medalha de ouro da cidade. Deixo aqui um repto aos próximos primeiros-ministros: se quiserem a medalha de ouro de Santarém têm aqui duas obras que serão merecedoras dessa homenagem. Mas só no fim de estarem concluídas. Manteve o contacto com o ex-presidente da câmara, Moita Flores, após este ter saído de Santarém? Já não falo com o dr. Moita Flores há muito tempo. Não houve assuntos pendentes que necessitassem desse contacto entre ambos? Neste momento não temos nada pendente que o justifique. Poderá eventualmente vir a acontecer no futuro. Os dois votos que faltaram para atingir a maioria absoluta neste mandato têm-lhe feito muita falta? Claro que gostaríamos de ter ganho por mais, mas na política temos de aceitar o que a população dita. Temos de nos adaptar, pois vivemos numa democracia. E convivo bem com isso. A gestão da câmara faz-se na mesma e eu sou uma pessoa que procura consensos. Gostaria que o PS e a CDU tivessem pelouros, mas eles assim não entenderam.

Economia e com pós-graduação em Direito das Autarquias Locais, filiouse no PSD em 1995 após esse partido ter perdido as eleições legislativas que levaram o socialista António Guterres ao poder. Ricardo Gonçalves nasceu em Santarém a 19 de Julho de 1975, É oriundo de uma numerosa família tradicional com raízes na aldeia de Azóia de Baixo, onde vivem os pais. A sua ligação à política autárquica começou no final de 2001 como presidente da Junta de Freguesia de Azóia de Baixo, localidade a meia dúzia de quilómetros de Santarém. Em 2006 estreou-se como vereador no executivo camarário. Aí ficou até final do mandato, assumindo pelouros como os do trânsito e obras municipais. Em 2009, já como número dois na lista de Moita Flores, é reeleito e passa a vice-presidente. A nível partidário foi presidente das concelhias de Santarém da JSD e do PSD e vice-presidente distrital do PSD. Sportinguista militante e sofredor, não perde um bom petisco e gosta do convívio com os amigos em ambiente de tertúlia. É uma pessoa simples nos gostos e no vestir, nunca renegando o seu afecto ao meio rural onde viveu durante muitos anos. O autarca considera que a juventude não é um óbice, referindo que as pessoas já o conhecem há muitos anos na vida pública. “Ser jovem é algo que passa com o tempo”, diz com humor, catalogando-se como “um filho da terra” que as pessoas de Santarém conhecem bem.

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Prémio Personalidade do Ano

Lucky Duckies “Não é fácil viver da música mas não é impossível” Cultura

Os Lucky Duckies, fundados por Marco António na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, auto classiicam-se como uma “banda de nostalgia” e têm um reportório versátil centrado em canções dos anos 40, 50 e 60. Integram dois vocalistas, Marco e Cláudia Faria, o guitarrista João “ipsus” Santos, o contrabaixista Pedro “roll on” Rolão, o baterista Isaac “mindricus” Achega e o pianista João “shoota” Carreira. Em palco parecem saídos de um ilme antigo e até os microfones e outros adereços são de época. Ao im de 27 anos de actividade continuam a provar que com muito trabalho e persistência é possível viver da música em Portugal”. O ano passado editaram Glamour & Nostalgia (Part Two). Filipe Matias

Como começaram os Lucky Duckies? Começaram por ser um biscate. Em 1987 quando formei o grupo nunca pensei viver exclusivamente da música mas após alguns concertos com bastante adesão das pessoas nunca mais parámos.

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Onde aprendeu música? Quando era miúdo era cristão evangélico e foi na igreja, aqui na Póvoa de Santa Iria, que aprendi. Comecei com teoria geral de música e solfejo. Comecei por cantar no coro. Aos 16 anos comprei o meu primeiro instrumento, um órgão electrónico numa loja chinesa no metro de Entrecampos. O ADN da banda é o rock n’ roll. Onde começou essa paixão? Em 1977, eu tinha 10 anos e o meu pai era projeccionista no cinema da Póvoa. Um dia ele recebeu um telefonema do gerente, Eurico “Coxo”, que queria que o meu pai fosse a Lisboa trocar o filme do Bruce Lee que estava programado por um do Elvis porque ele tinha morrido e era oportuno passar Elvis. Acabei por ir com o meu pai, vi o filme e apaixonei-me não só por aquela música como por aqueles ambientes. Nesse tempo era fácil ter acesso a músicas do Elvis? Na Póvoa existia uma casa de jogos com uma “jukebox” e foi aí que comecei a ouvir. Mais tarde um tio teve uma loja de discos e eu pedia-lhe que me gravasse em cassete as músicas do Elvis. Vim a descobrir todo um património de música americana. Não se apaixonou pela música dos anos sessenta, Beatles, Rolling Stones.... Parei por essa altura. Quando os artistas deixaram de usar smoking e laço ou casaco e gravata, deixaram crescer o cabelo desgrenhado e começaram a aparecer com camisas às flores ou até em tronco nu... É fácil viver da música em Portugal?

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Não é fácil, mas não é impossível. Quando penso que estamos no 27º ano a viver somente da música dá-me um calafrio. Nem sei bem como é que isso foi possível. Viver só da música dá muito trabalho, exige muitos tele-

fonemas e é preciso muita luta por causa de certos lobbies. Neste momento as maiores rádios nacionais são dominadas por meia dúzia de agentes e indivíduos que têm interesses próprios e só querem divulgar as suas bandas. O


círculo está fechado. Quando aparece alguém independente não consegue entrar. Os Lucky Duckies podiam ir mais longe mas tínhamos que engolir muita coisa e iríamos ganhar menos do que estando sozinhos. Têm muita gente a pedir-vos borlas? Sim, nomeadamente para concertos de caridade. É o que não falta por aí. É preciso cuidado porque há caridades sérias e outras duvidosas. Já participámos em meia dúzia delas em que descobrimos que era tudo treta. Foram esquemas para ganhar dinheiro. A partir daí temos mais cuidado. As pessoas esquecem-se que vivemos disto. Se nunca cobrarmos dinheiro, qualquer dia sou eu que peço uma caridade para mim. Que instrumentos vos põem a chorar? Gosto de um piano e uma guitarra de jazz... Cláudia Faria - Eu adoro a harpa. É um instrumento muito feminino e romântico. O que se faz quando a letra da música foge do palco? Altera-se, improvisa-se. Já me aconteceu repetir a quadra anterior, inventar alguma coisa e até passar a canção ao pianista, por exemplo (risos). Têm alguns fãs fanáticos? Cláudia Faria - Ter fãs é bom mas há alguns que se tornam desagradáveis. São perseguidores. Gosta que lhe chamem o Elvis Português? Detesto. Eu sou português mas não sou o Elvis. Os Lucky não são uma banda de rockabilly. Quem vai ver um espectáculo nosso e percebe de música sabe isso. Temos um reportório muito diversificado dentro daquilo que é considerado música da nostalgia. Os Lucky Duckies só tocam clássicos dos anos 20 aos anos 60, Swing jazz; Country; Blues; Bossa Nova, Clássicos da Música Ligeira Portuguesa e originais nossos compostos com sonoridade e arranjos retro. É tudo pensado para ser o mais

genuíno possível. A que artistas davam um puxão de orelhas? Ao Justin Bieber, à Paris Hilton, à Miley Cirus e a toda a gente que ganha dinheiro à conta do povo sem o merecer. Esta nova geração de cantores internacionais tem tiques de vedeta. Têm um comportamento arrogante. Cláudia Faria - A Ella Fitzgerald, o Elvis e o Sinatra eram vedetas e não se comportavam assim. Porque continuam na Póvoa de Santa Iria? Já viajei o suficiente para poder dizer que é muito bom viver em Portugal e nomeada-

Glamour e Nostalgia A 25 de Abril de 2014 os Lucky Duckies completam 27 anos de existência e estão a viver um dos melhores momentos da sua existência. O ano passado editaram o seu segundo disco, Glamour & Nostalgia (Part Two) e continuam a trilhar os caminhos retro com clássicos e originais das décadas de 40,50 e 60 do século passado. O grupo nasceu em 1987 na cidade da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, pelas mãos do músico ribatejano Marco António, que aprendeu música na igreja que frequentava quando era criança e que se apaixonou pelo rock n’roll aos dez anos, depois de ver um filme sobre Elvis Presley no antigo cinema da cidade. Fundou os Lucky Duckies com a premissa de evocar e celebrar a música produzida entre as décadas de 20 e 60 nos Estados Unidos. O nome da banda

mente no concelho de Vila Franca de Xira. Tem mais qualidade de vida do que as zonas vizinhas, como Massamá ou Cacém. Há também muita gente jovem. É bonito ser ribatejano e tenho muito orgulho nisso. A internet é uma ameaça ou uma vantagem? Para nós ainda é uma vantagem. Aparecemos com discos numa era em que gravar discos não é um negócio lucrativo. O disco é sobretudo um cartão de visita que dá status. A parte importante do disco é que faça notícia. Isso gera espectáculos, gerando três ou quatro bons espectáculos o disco fica pago. A internet tem um papel importante na difusão do nome

é dedicado aos adeptos do rock n’roll. “Duck” que em inglês significa pato, era o nome dado na América aos que usavam poupa no cabelo, ao estilo de Elvis Presley. A escolha de “Lucky”, que significa sortudo em português, reflecte a alegria dos rocker’s na sua actuação e a vontade de espalhar os clássicos do género pelo mundo. Marco é o crooner do grupo, o nome dado aos cantores que se fazem acompanhar por uma big band ou orquestra. Marco António e Cláudia Faria são os vocalistas do grupo, que conta também com João “ipsus” Santos na guitarra, Pedro “roll on” Rolão no contrabaixo, Isaac “mindricus” Achega na bateria e João “shoota” Carreira, no piano. Os Lucky Duckies são considerados por muitos como uma das melhores bandas nostálgicas da Europa e têm sido presença frequente em palcos portugueses e estrangeiros.

e da música da banda. Qual foi o vosso maior público? 40 mil pessoas na concentração motard de Faro. Gosto de ver a cara das pessoas durante um concerto. Para mim cantar é um acto de comunicação. Estar a cantar no escuro é desagradável. Quando canto gosto de olhar os espectadores nos olhos. É mais fácil tocar no estrangeiro ou em Portugal? É mais fácil cá, por causa da logística. Ir de propósito ao estrangeiro fazer apenas um espectáculo não compensa. Tentamos sempre fazer vários nos locais por onde passamos para rentabilizar a estadia.

No final do ano estiveram em Macau e no Dubai. Mas já tocaram em casinos, cruzeiros de luxo, festivais de música no Cazaquistão, Espanha, Brasil e Turquia. Já ganharam o prémio de melhor banda de nostalgia de Sardenha (região autónoma de Itália), ficando à frente de nomes internacionais como Zucchero ou Simply Red. Em Portugal já pisaram o Centro Cultural de Belém, a Casa da Música no Porto e animaram a concentração do motoclube de Faro, tocando para mais de 40 mil pessoas. Sem concessões em termos de qualidade e com um estilo muito próprio, os Lucky Duckies interpretam clássicos de Nat King Cole, Dean Martin, Frank Sinatra ou Elvis Presley. É objectivo do fundador da banda, Marco António, continuar a expandir o sucesso do grupo e internacionalizar ainda mais a banda e o seu conceito.

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Prémio Personalidade do Ano

Tiago Guedes

Cultura

“Tira-me o sono o que está a acontecer neste momento no país” Tiago Guedes começou a sua carreira como coreógrafo aos 21 anos. Há dez anos fundou a Associação Cultural Materiais Diversos que organiza um festival anual com o mesmo nome que é um dos mais importantes acontecimentos culturais da região e que tem como marca o envolvimento das populações. Actualmente também tem a seu cargo a programação do Teatro Virgínia em Torres Novas. Por todas estas razões O MIRANTE decidiu atribuir-lhe o prémio Personalidade do Ano na área da Cultura. Margarida Serôdio Como apareceu a “Materiais Diversos”? Comecei por ser um coreógrafo independente. A Associação Cultural Materiais Diversos surge porque, quando o meu trabalho começou a circular internacionalmente, houve necessidade de criar um enquadramento jurídico. O nome vem de um espectáculo meu com o mesmo nome que me fez dar o salto a nível internacional. Um solo que fiz em 2003 que cruza as artes plásticas e a dança. O Festival Materiais Diversos, que surgiu em 2009, conta já com cinco edições e é um evento marcante na região do Médio Tejo ao nível das artes performativas. Cumpre os objectivos para que foi criado ou ainda está aquém das suas expectativas?

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O Festival está ainda numa fase de adolescência embora seja um evento que muito rapidamente marcou o seu lugar. É um evento intermunicipal que acontece no concelho de Alcanena, Torres Novas e Cartaxo. Acho que mexeu com as pessoas porque há um envolvimento comunitário muito grande em que os artistas dormem em casa das pessoas, fazemos almoços comunitários, conversas, workshops, o que faz com que as pessoas se aproximem dos artistas e dos seus projectos. Desde a primeira edição do Festival que temos muito público e esse público tem vindo a crescer. Temos uma políti-

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ca de preços muito baixa porque queremos que seja um evento onde o público venha descobrir coisas novas, com prazer. Diria que agora estamos em fase de crescimento ao nível da qualidade. O que é que o marcou mais ao longo destes quase 10 anos à frente da Associação Cultural Materiais Diversos? O que me marcou mais foi a capacidade que tivemos de fazer com que a associação não andasse sempre à volta do meu trabalho e que muitos outros artistas pudessem beneficiar dela. O que mais me orgulha foi ter conseguido criar na associação uma má-

quina bastante oleada que permite apoiar outros artistas, porque na realidade o meu trabalho como criador não é a parte principal da minha actividade, estou muito mais focado na programação. Desde Março 2013 é também director artístico do Teatro Virgínia, em Torres Novas. Porque aceitou esse desafio? O Teatro Virgínia é um equipamento que me é muito caro há muito anos porque foi aqui que comecei as minhas primeiras aulas de dança, aos 14 anos. Também é um dos palcos do Festival Materiais Diversos, desde a primeira edição. Quando a câmara municipal me desafiou a apresentar um projecto de programação para o Teatro Virgínia pareceu-me interessante por ser algo orgânico. Tem sido uma experiência positiva. Conseguimos um diálogo muito estreito entre as ideias que a autarquia tem para este espaço e a minha programação. Considero que temos trabalhado muito bem. É difícil estabelecer uma programação que agrade à população em geral? Sim, é. E isso foi novo para mim porque no Festival Materiais Diversos a programação é muito afunilada, são trabalhos muito específicos. As pessoas achavam que sendo eu a dirigir o Teatro teríamos uma espécie de Materiais Diversos ao longo do ano. Isso seria impossível porque um teatro municipal tem outra missão que não tem o Festival. O Teatro Municipal tem de ter um leque abrangente de propostas de modo a que quase todos os munícipes, quando abrem a agenda, tenham pelo menos uma coisa que gostariam de ir ver. Tem de haver um entendimento muito grande do que é a população, do que são as pessoas que frequentam o Teatro Virgínia. Dá muita importância à promoção dos grupos artísticos locais? Sim. São as forças vivas da terra. Descurar isso seria um tiro no pé porque as pessoas que fazem coisas são também o nosso público. Quando anda nos corredores chamam-lhe Tiago ou Sr. Director? Depende. Agora tratam-me mais por Tia-


go, mas no início era mais por Sr. Director. Para mim a questão das hierarquias não se põem, todos nós temos a nossa função, todos fazemos parte desta máquina e o teatro não funciona se não tiver director, mas também não funciona se não tiver a senhora que vem fazer a limpeza. Todas as peças desta máquina são importantes. Tem uma rotina muito marcada? Sim, tenho porque como faço muitas coisas é essencial organizar tudo muito bem para que nada falhe. Passo grande parte da semana em Torres Novas mas faço muitas viagens a Lisboa, quer seja para estar com a equipa da Materiais Diversos, cujos escritórios base estão em Lisboa, quer seja para ver espectáculos porque para os programar tenho de os ver antes noutros sítios. A sexta-feira é o dia da semana que eu consagro para viajar e ver espectáculos. Com esta correria toda consegue ter tempo para si e para a família? Consigo ter tempo para mim e para a família, tento não descurar isso. Faço com que os encontros com a família sejam uma prioridade como é o trabalho. Foi coreógrafo residente num teatro

Um coreógrafo que também gosta de programar cultura Oriundo de uma família em que muitos dos seus elementos estão ligados à música, Tiago Guedes começou por estudar música no Conservatório de Música e Dança de Minde. O passo até às aulas de dança foi pequeno. Aos 14 anos ia três vezes por semana a Torres Novas para ter aulas de dança, precisamente no palco do Teatro Virgínia, onde considera que aprendeu a parte técnica da dança mas onde também apreendeu o lado criativo que esta pode ter. Sempre foi bom aluno e na altura de escolher a área de estudos superiores optou pela dança, tendo-se formado na Escola Superior de Dança de Lisboa.

francês. Como é que classifica essa fase da sua vida? Foi uma fase muito importante porque a realidade francesa é completamente diferente da nossa. Eles têm uma máquina cultural montada que não tem nada a ver connosco. Ali trabalhei durante três anos, entre 2006 e 2008, onde ganhei algumas ferramentas para fazer o que faço hoje enquanto director de teatro porque trabalhava muito com a directora do teatro francês. Pensávamos em conjunto, falávamos das suas programações, o que é que ia fazer, como é que lidava com a equipa e foi onde conheci o outro lado do teatro que nós não vemos, os técnicos, as montagens, parte administrativa, tudo o que está por detrás e que não imaginamos. É fácil conciliar a função de coreógrafo e dinamizador cultural? É muito difícil e por isso estive cinco anos sem fazer uma peça e eventualmente estarei outros cinco sem fazer outra. É complicado porque fazer uma peça envolve a maior parte do tempo e depois não consigo fazer as outras coisas. Para fazer esta última peça que fiz (“Hoje”) foi muito complicado conciliar tudo.

A família achava que depois da dança ele iria tirar outro curso superior mas não foi isso que aconteceu. Depois de se formar começou logo a trabalhar como coreógrafo residente num teatro francês, onde esteve durante três anos. Aos 21 anos escreveu a sua primeira peça: “Um Solo”. Seguiu-se o seu “Materiais Diversos”, um solo que circulou bastante internacionalmente e que já tem 11 anos. Em 2005 decide criar a Associação Cultural Materiais Diversos que tem como principal missão incentivar a investigação e experimentação artísticas e sensibilizar o público em geral para as artes performativas, com especial enfoque na área da dança. Dirige, desde 2009, o Festival Materiais Diversos, um evento marcante na região do Médio Tejo que se realiza anualmente, abrangendo várias

Gosta mais de estar em palco ou fora do palco? Gosto mais de estar fora do palco. Gosto muito desta sensação de desapego a partir do momento em que a peça é livre e é do mundo. Sentir que ela vai para onde tiver que ir e que já não tem de ir comigo. É claro que também gosto muito de estar em palco, gostei muito de voltar a fazer os solos antigos, por exemplo, mas parece que é algo de uma outra época. Agora gosto mais de estar numa outra posição. O que é que lhe tira o sono? Tira-me o sono o que está a acontecer neste momento no país. O estado anti-social a que o país chegou e a forma como grande parte das pessoas está a ser desrespeitada nas coisas mais essenciais, como a cultura, a educação, saúde, os pilares base da nossa sociedade. Isso tira-me o sono e angustia-me. Angustia-me a forma como os valores estão invertidos e angustia-me saber que os nossos jovens têm crescido neste ambiente assustador. O que é que se imagina a fazer daqui a 10 anos? Estou a entrar numa fase em que o meu

trabalho gira à volta da direcção e programação artística de equipamentos culturais. Estou no Teatro Virgínia e estes projectos demoram tempo a ser implementados, os resultados não se vêem num ano. Os projectos precisam de maturação e daqui a 10 anos vejo-me a continuar a fazer o que estou a fazer agora.

salas de espectáculos da região e que pretende dar a conhecer o que de mais interessante se está a fazer no mundo das artes performativas. Aos 32 anos abraçou um novo desafio na sua actividade profissional: ser director artístico do Cine-Teatro São Pedro, em Alcanena, cargo que manteve por dois anos. Em Março de 2013 assume a direcção artística do Teatro Virgínia, em Torres Novas. Entre a programação artística e a sua veia de criador, estreou no final do ano passado o espectáculo de bailado “Hoje”, a sua mais recente criação em cinco anos. Tiago Guedes reparte a sua vida entre Lisboa, Torres Novas e os Alvados, aldeia a cerca de 20 minutos de distância de Torres Novas onde reside. Quando não está a trabalhar aproveita para descansar e estar o mais tranquilo possível.

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Os principais acontecimentos do ano: SOCIEDADE Um hospital novo e uma máquina única a nível mundial para separação de resíduos Relvão, apresentou um novo equipamento que separa para reciclagem mais de noventa por cento dos resíduos urbanos depositados indiscriminadamente nos contentores. O sistema, único no mundo, permitiu baixar o preço de deposição de resíduos em aterro e baixar o preço que os municípios pagam por cada tonelada de lixo entregue.

18 de Julho FECHOU O CENTRO COMERCIAL VILA FRANCA CENTRO O MIRANTE contou a situação em que se encontrava o centro comercial Vila Franca Centro, que funcionava sem as mínimas condições, com falta de limpeza, com elevadores e escadas rolantes avariadas. Um cenário a que todos fechavam os olhos. Acabou por ser feita uma vistoria após a notícia do jornal e o centro comercial acabou por fechar em Outubro. Mantém-se encerrado e existe a possibilidade de a câmara transferir para o local alguns serviços, que estão espalhados pela cidade.

22 de Agosto 14 Fevereiro PRESIDENTE DA CONFORLIMPA ACUSADO DE FRAUDE O presidente da empresa de limpezas Conforlimpa, em Castanheira do Ribatejo, é acusado pelo Ministério Público de associação criminosa e fraude fiscal, que terá lesado o Estado em 42 milhões de euros. A Conforlimpa acabou por entrar em insolvência e no âmbito do processo de recuperação passou a ter uma administração constituída por funcionários que converteram os créditos que tinham a receber em capital social da empresa, que chegou a ter mais de cinco mil funcionários. Armando Cardoso aguarda decisão do julgamento que decorreu ao longo do ano.

21 de Fevereiro TEMPORAL PROVOCA DOIS MILHÕES DE PREJUÍZOS Um temporal que assolou sobretudo o concelho de Ourém provocou estragos que foram avaliados em cerca de dois milhões

de euros. Houve várias ruas que ficaram em muito mau estado.

14 de Março ADVOGADO RIDICULARIZA SANTUÁRIO DE FÁTIMA O advogado da Câmara de Ourém, Cândido de Oliveira, na contestação de um processo movido contra a autarquia pelo Santuário de Fátima, ridicularizou a instituição e a igreja católica. Disse que o santuário devia andar desnorteado, que foi fabricado apenas para rezar, que tinha uma visão extraterrestre, acusando ainda os padres de ganância. Cândido Oliveira acabou condenado pelo tribunal da cidade a pagar uma multa de 3900 euros e uma indemnização de três mil euros ao santuário.

21 de Março NOVO HOSPITAL DE VILA FRANCA DE XIRA O novo Hospital de Vila Franca de Xira está pronto e o grupo Mello que ficou com a gestão da unidade pública apresentou as modernas instalações que começaram a receber os primeiros utentes a 28 de Março. 90 por cento do equipamento do hospital com vista para o Tejo é novo. As antigas instalações, pertença da Misericórdia, ficaram desocupadas e continuam na mesma situação, havendo a perspectiva de que venham a ser adaptadas a unidade de cuidados continuados.

6 de Junho

Francisco Vieira 28

SISTEMA MECÂNICO DE SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS NA RESITEJO A Resitejo - Associação de Gestão e Tratamento de Lixos do Médio Tejo, com sede em Carregueira, Chamusca, no Eco-Parque do

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FUGA DE ÁCIDO Uma fuga de ácido nítrico na fábrica de celulose do Caima, em Constância, causou o pânico na população. O derrame provocou uma enorme nuvem tóxica. O filho de um ex-trabalhador da fábrica, Nuno Alfaiate, veio dizer que já tinha havido episódios de poluição anteriores. E contava que era frequente haver emissão de partículas poluentes que caiam sobre os carros, os telhados e os quintais.

26 de Setembro INSIGNARE CONSEGUE MANTER TRÊS TURMAS QUE GOVERNO QUIS CORTAR A Insignare (associação responsável pela

Teresa Ferreira Escola Profissional de Ourém e Escola Profissional de Hotelaria de Fátima) conseguiu manter três turmas que o Ministério da Educação (ME) a tinha obrigado a cortar. Enquanto entidade formadora externa do Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Insignare conseguiu autorização para a abertura de dois cursos correspondentes nas áreas do Turismo e Restauração. Em relação ao curso não aprovado inicialmente (Gestão de Equipamentos Informáticos) a reclamação foi aceite e o curso aprovado.

17 de Outubro INAUGURAÇÃO DA ESQUADRA À REVELIA A esquadra da PSP do Cartaxo, que não estava ainda totalmente concluída foi inaugurada pelo presidente cessante da Câmara do Cartaxo, Paulo Varanda, na véspera de deixar o cargo. A cerimónia decorreu sem a presença da polícia e foi feita à revelia do Ministério da Administração Interna. A esquadra está para ser inaugurada oficialmente em breve e a curiosidade é o que vai acontecer à placa que Varanda descerrou com


o seu nome. O ex-presidente ficou também conhecido, na mesma altura, por ter atribuído um louvor ao irmão comandante da polícia, que agora veio a concluir-se que é ilegal.

14 de Novembro ENCERRAMENTOS DE TRIBUNAIS Aumentam de tom os protestos contra o encerramento de tribunais e a concentração de competências em Santarém. Os autarcas do Médio Tejo queixam-se de discriminação na reorganização dos tribunais. O Conselho da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) considera a situação “uma afronta”. Dos previstos encerramentos dos tribunais de Mação, Ferreira do Zêzere, Alcanena e Golegã, além do Tribunal de Trabalho de Abrantes, acabou por salvar-se o da Golegã e o de Alcanena que foram transformados numa secção.

21 de Novembro ÁGUAS DE SANTARÉM COM COBERTURA DE SANEAMENTO A 94 POR CENTO A empresa Águas de Santarém anuncia que o investimento que está a realizar na área do saneamento básico, rondando os 135 milhões de euros, permitirá uma cobertura de 94% da sua área de intervenção até ao final de 2014.

Uma Casa que abre portas à esperança Mais exigente, mais ambiciosa e moderna na sua atuação, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fez de 2013 um ano de esperanças renovadas. Sob a liderança do Provedor Pedro Santana Lopes, esta instituição de referência está à procura de respostas pioneiras para os grandes desafios do nosso tempo, investindo na acção social, na saúde e investigação de excelência, na cultura, no estímulo à inovação social e ao empreendedorismo. Os Prémios Santa Casa Neurociências são disto exemplo. Criados em 2013, estes prémios anuais de 200 mil euros cada, constituem uma aposta inédita na investigação médica e científica nacional para o tratamento de lesões vertebromedulares e de doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento. A pensar na melhoria dos cuidados continuados e paliativos, bem como no tratamento das demências, a Santa Casa está a estender o apoio, pela primeira vez na sua história, a Misericórdias de todo o país, com o projeto “De Mãos Dadas”. Neste âmbito, alocou já uma verba no orçamento de 2014 que inclui o financiamento para a construção do Centro Geriátrico de Vila de Rei, na sequência de protocolo assinado em 2003 pela então Provedora, Maria José Nogueira Pinto. Garantirá, também, a continuidade do programa “Saúde Mais Próxima” nas ruas da capital, junto dos mais idosos e carenciados. A promoção de um envelhecimento com mais saúde e mais digno, na pro-

ximidade entre gerações, está, de resto, na base do desenvolvimento de programas como o “Viver Melhor”, com aulas gratuitas de ginástica em espaços verdes de Lisboa; ou dos 270 “Encontros com Vida” que se realizaram em 2013, com animação e concertos em lares e centros de dia. Este ano abre também um lar, inspirado neste paradigma intergeracional, que funcionará em conjunto com uma residência universitária e espaços de lazer comuns, propiciando trocas de experiências e histórias de vida. Para incentivar o empreendedorismo entre gerações, a Santa Casa desenvolveu ainda, em 2013, o “United At Work”, programa distinguido pela Comissão Europeia com 850 mil euros, no quadro do Banco de Inovação Social, que começou também ele a apoiar projectos geradores de emprego e de valor social.

Estas novas metodologias de trabalho surgem já como resultados do Programa Intergerações, que levara jovens recém-licenciados, em 2012, ao encontro de idosos em Lisboa, demasiados a viverem em condições degradantes e de isolamento. No combate à pobreza extrema, o Provedor lançou, em 2013, um segundo desafio com o programa “InterSituações de Exclusão e Vulnerabilidade Social”, que permitiu identificar 852 sem-abrigo por toda a cidade, avançando-se agora para a articulação de respostas sociais capazes de tirar estas pessoas da rua, nomeadamente um Centro de Recuperação de Competências Psicossociais e um Centro de Alojamento de Transição. Na Cultura e Património, foi reforçado o investimento na reabilitação urbana e na requalificação imobiliária, destacando-se o restauro da Igreja da Conceição Velha, sede original da Misericórdia de Lisboa, e procurou-se dinamizar acervo artístico da instituição, em particular com a exposição de nível internacional “A Encomenda Prodigiosa” que evidencia a importância da edificação da Capela de São João Baptista – Igreja de São Roque. Porque o amanhã é dos mais jovens, a Santa Casa tem estado mais próxima deles, através da participação nas redes sociais, do apoio à música nacional, do incentivo ao seu talento, numa aposta para continuar. Do balanço positivo de 2013, fica finalmente o compromisso de fazer mais num novo ano, com o objetivo de tornar a Santa Casa na casa das Boas Causas para o século XXI.

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28 de Novembro O LIVRO INTRAGÁVEL Numa entrevista a O MIRANTE o director das bibliotecas municipais de Vila Franca de Xira assume que proibiu a entrada do livro que é um sucesso de vendas mundial, “As 50 Sombras de Grey”. Vítor Manuel Figueiredo considerou a obra intragável e demasiado má para ser comprada para as bibliotecas. A situação gerou uma grande polémica e o presidente da câmara veio posteriormente dar ordem para que o livro fosse adquirido.

5 de Dezembro COMPORTAMENTOS IMPRÓPRIOS DO PADRE DA GOLEGÃ O MIRANTE avança com a notícia de que o pároco da Golegã tinha sido afastado da paróquia e estava incontactável por ser sus-

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peito de comportamentos impróprios com jovens num acampamento de escuteiros. A diocese informou que o padre estava a ser tratado de doença do foro psíquico. Posteriormente o padre foi detido pela Polícia Judiciária. António Júlio Ferreira aguarda o desenrolar da investigação e julgamento em liberdade, em local secreto, tendo sido obrigado a pagar uma caução de 3.500 euros, proibido de contactar com menores e teve de entregar o passaporte.

Primeiro-Ministro assistiu ao fecho da edição de aniversário de O MIRANTE O primeiro-ministro visitou no dia 19 de Novembro de 2013, as instalações de O MI-

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RANTE em Santarém, no âmbito das comemorações do 26º aniversário do nosso jornal, que se celebrou a 16 de Novembro. Pedro Passos Coelho foi recebido pelo director geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, e pela directora do departamento de Marketing/Publicidade e Projectos Especiais, Joana Emídio, tendo-se inteirado do trabalho desenvolvido pelo jornal ao longo destes 26 anos e acompanhado parte do fecho da edição de aniversário, que incluiu um caderno especial com a participação de mais de uma centena de empresas e 64 marcas de topo. Durante a visita o director geral de O MIRANTE defendeu o fim do “porte pago” (sistema em que o Estado paga 40 por cento dos custos com a expedição de jornais pelo correio) e a aplicação desse dinheiro, que ronda os cinco milhões de euros anuais, em programas de apoio à contratação de jornalistas e de outros trabalhadores.

Iniciativas O MIRANTE Ao longo de 2013 O MIRANTE desenvolveu várias iniciativas de carácter cultural que visaram reforçar a ligação do jornal com os seus leitores. De destacar o ciclo de conferências “Lisboa aqui tão perto - Conversas Sobre Cultura e Política no Ribatejo” que decorreu no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira e que procurou envolver directamente os alunos da Escola Secundária Alves Redol. No dia 10 de Abril o tema foi “Nos Bastidores dos Telejornais” e a conversa foi com o jornalista Adelino Gomes, autor de um livro sobre o assunto. No dia 19 de Abril o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres falou sobre “A televisão e as telenovelas” e no dia 2 de Maio a poesia e a literatura em geral estiveram em destaque durante uma conversa com os poetas Jaime Rocha e M. Parissy.


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Os principais acontecimentos do ano: ECONOMIA Uma região com massa cinzenta e capacidade de inovação encontrar soluções inovadoras para vencer o actual momento, vai ficar muito mais forte e lança um alerta aos potenciais clientes: “Esta é uma boa altura para comprar um Peugeot porque nunca existiram tantas oportunidades como hoje em dia”.

29 de Abril

7 de Fevereiro NERSANT PREMIADA AO NÍVEL DO EMPREENDEDORISMO Quatro projectos de empreendedorismo criados pela Nersant (EmpCriança, EmpreEscola, ApoiarMicro e Sítio do Empreendedor) foram distinguidos pelo Governo no âmbito do Programa Estratégico para o Empreendedorismo e a Inovação (+e+i), coordenado pelo Ministério da Eco-

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nomia e do Emprego. A Nersant foi a única entidade da região a ser premiada.

19 Abril É SEMPRE BOA ALTURA PARA COMPRAR UM PEUGEOT António Martinho, director-geral do concessionário Peugeot Pedro Lamy de Vila Franca de Xira, um dos maiores concessionários de automóveis da região, acredita que quem

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CHAMA-SE RADLER A NOVA ESTRELA DA SAGRES No lançamento da Sagres Radler, produzida na unidade industrial da Sociedade Central de Cervejas em Vialonga, a administração disse acreditar que as vendas da nova bebida (que mistura cerveja e sumo de limão em partes iguais) atingiriam cinco milhões de litros em oito meses. Não foi preciso esperar tanto tempo uma vez que, em finais de Setembro, a meta já tinha sido atingida.

23 de Maio CENTRO DE NEGÓCIOS E INOVAÇÃO EM RIO MAIOR Foi inaugurado o Centro de Negócios e Inovação de Rio Maior com o objectivo de incentivar o empreen-

dedorismo no concelho. O projecto foi dinamizado pelo município e pela empresa municipal Desmor. As instalações funcionam no pavi-

lhão multiusos de Rio Maior, onde até há pouco tempo esteve a Escola Superior de Desporto de Rio Maior.


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25 de Julho

28 de Novembro

5 de Dezembro

AGROMAIS APOIA INSTITUIÇÕES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL A Agromais- Entreposto Comercial Agrícola, C.R.L. lançou, em parceria com Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF) e a Entrajuda-Associação para o Apoio a Instituições de Solidariedade Social, um projecto de aproveitamento dos desperdícios das colheitas, denominado “Restolho - uma segunda colheita para que nada se perca”.

BUSINESS ANGELS EM SANTARÉM A associação empresrial Business Angels realizou durante o mês de Novembro, em Santarém, a 7ª Semana Nacional de Business Angels, integrando a primeira Semana Europeia de Business Angels que decorreu em 34 países. O aumento de novas empresas constituídas com investimentos dos Business Angels não pára de crescer.

TAGUSGÁS INAUGURA UNIDADE AUTÓNOMA DE GASEIFICAÇÃO DE CORUCHE A Tagusgás inaugurou em Novembro a nova Unidade Autónoma de Gaseificação (UAG), na Zona Industrial de Coruche. O presidente da Tagusgás, José Eduardo Carvalho, disse que as empresas de Coruche que escolheram ser abastecidas com gás natural da UAG vão ter uma substancial redução na sua factura energética.

1 de Agosto POLITÉCNICO DE TOMAR ASSINA PROTOCOLO COM EMPRESA DO GRUPO IBM O Instituto Politécnico de Tomar, a Câmara Municipal de Tomar e a empresa SoftINSA, do grupo IBM, assinaram, a 30 de Julho, um protocolo para a criação do CENIT-IBM, um Centro de Inovação e Tecnologia. A empresa compromete-se a privilegiar na selecção e recrutamento para os cerca de duzentos postos de trabalho que irá criar, diplomados do IPT nas áreas das engenharias e da gestão.

9 de Outubro CONVENÇÃO EMPRESARIAL DA AIP REUNIU 1500 EMPRESÁRIOS Mais de mil e quinhentos empresários de todo o país reuniram-se na Convenção Empresarial denominada “Sobreviver e Crescer”, organizada pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa. O presidente da AIP, José Eduardo Carvalho, lamentou a ineficácia das medidas tomadas pelo Governo para resolver a crise e relançar a economia.

21 Novembro RISA CONSULTING CADA VEZ MAIS INTERNACIONAL A RISA Consulting, fundada em 1977 em Alcanena, tem soluções de software presentes em 14 países, Espanha, Brasil, Itália, Angola, Rússia, Moçambique, Venezuela, Colômbia, Irlanda, Panamá, Gana, Chile, São Tomé e Guiné. A nível da angariação de incentivos comunitários apresentou mais de 1500 projectos, que envolveram mais de 1500 milhões de euros de investimento e mais de 600 milhões de euros de incentivos atribuídos aos seus clientes. Ao longo da sua existência foi cinco vezes distinguida como PME Excelência. ESCOLA PROFISSIONAL DO VALE DO TEJO COM A MAIOR LIGAÇÃO ÀS EMPRESAS A Escola Profissional do Vale do Tejo - EPVT, em Santarém, distingue-se por ser a única escola profissional do país cuja estrutura accionista é composta por trinta empresas da região onde está implantada. O trabalho em parceria com o tecido empresarial e com a comunidade envolvente é uma das mais-valias do seu projecto educativo.

21 Novembro BANCO BIC MAIS PERTO DOS CLIENTES ATRAVÉS DO DESPORTO A época do Banco BIC começou com a renovação do apoio à Volta a Portugal em Bicicleta. Depois foi tempo de apostar em quatro equipas da primeira liga de futebol. Mais recentemente o banco tornou-se patrocinador oficial da Selecção Portuguesa de Futsal e das principais competições da modalidade. O objectivo é estar mais próximo dos clientes. PRESIDENTE DA CCDR - ALENTEJO EXPLICA NOVO CICLO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo foi incumbida pelo Governo de preparar regionalmente (NUT II) a programação do novo ciclo de fundos comunitários, para o período de 2014/2020, dinamizando para o efeito um processo técnico e de participação e consulta pública na região. A programação de- António Costa Dieb corre num contexto em que o país e a região terão de recorrer de forma muito intensa no horizonte 2020 aos fundos comunitários como suporte essencial ao seu desenvolvimento económico e social. 34

Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014

29 Novembro NERSANT BUSINESS PROPORCIONA NEGÓCIOS A NERSANT juntou no NERSANT Business 2013, que se realizou entre 26 e 29 de Novembro, doze países e mais de uma centena de empresas estrangeiras, vindas da Europa, África, América do Sul e Ásia. Durante os quatro dias em que durou o encontro realizaram-se mais de 750 reuniões de negócios entre empresários estrangeiros e portugueses.

19 Dezembro PROMOÇÃO DO TURISMO COMEÇA POR GOSTARMOS DO QUE É NOSSO O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Ceia da Silva apelou aos ribatejanos para terem orgulho do seu património.


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Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014

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Os principais acontecimentos do ano: POLÍTICA Vasco Estrela

Menos freguesias e mais mulheres na presidência de câmaras municipais 9 de Fevereiro

Alberto Mesquita

Isaura Morais

DISTRITAL DO PSD DE SANTARÉM É A ÚNICA LIDERADA POR UMA MULHER A única Comissão Política Distrital do PSD liderada por uma mulher é a de Santarém. E é no distrito de Santarém que aquele partido tem o maior número de mulheres como

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25 Julho CORUCHE E VILA FRANCA SÃO OS MUNICÍPIOS MAIS EFICIENTES EM TERMOS FINANCEIROS A Câmara Municipal de Coruche ficou em 1º lugar entre os pequenos municípios (até 20 mil habitantes) e Vila Franca de Xira em 2º lugar entre os municípios grandes (com mais de 100 mil habitantes) na classificação do Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses relativo a 2011 e 2012. Entre os municípios médios (entre 20 mil e 100 mil habitantes) os resultados são mais modestos: Abrantes é o melhor classificado da região, em 19º lugar, seguindo-se Salvaterra de Magos na 22ª posição e Benavente na 24ª.

1 Agosto OCTÁVIO OLIVEIRA CHEGA A SECRETÁRIO DE ESTADO DO EMPREGO O dirigente distrital do PSD e ex-autarca em Torres Novas, Octávio Oliveira, tomou posse no dia 26 de Julho como secretário de Estado do Emprego. A nomeação do conhecido político da região surgiu na sequência de uma remodelação governamental. Natural de Tramagal (Abrantes), Octávio Oliveira, economista de formação, era presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional à data da nomeação. Foi vereador pelo PSD na Câmara de Torres Novas, director do Centro de Emprego de Torres Novas, director do Centro de Emprego de Picoas, em Lisboa, e director do centro de formação profissional para a indústria da cerâmica das Caldas da Rainha, entre outros cargos.

Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014

22 de Agosto JOAQUIM RAMOS RENUNCIA À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DE AZAMBUJA Joaquim Ramos renuncia ao mandato como presidente da Câmara de Azambuja por motivos de saúde. O autarca sofreu um ataque cardíaco no dia 5 de Abril que obrigou ao seu internamento hospitalar e, numa primeira fase, à suspensão do mandato. O pedido de renúncia de Joaquim Ramos, que estava no cargo desde 2001, foi aprovado na reunião de câmara de 13 de Agosto. A situação implicou a redistribuição de pelouros pelo novo presidente, Luís de Sousa.

3 de Outubro SOCIALISTAS GANHAM ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS O PS foi o grande vencedor das eleições autárquicas de 29 de Setembro na região, em que pela primeira vez vigorou a lei de limitação de mandatos. O que impediu vários presidentes de câmara de se recandidatarem. Os socialistas conquistaram Entroncamento, Tomar, Salvaterra de Magos e Chamusca, e conseguiram superar cisões internas em Almeirim, Golegã e Cartaxo, mantendo essas autarquias. Continuaram ainda a reinar em Abrantes, Alcanena, Coruche, Ourém, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Tal como em Azambuja e Vila Franca de Xira, já no distrito de Lisboa. O PSD foi o grande derrotado da noite, ao perder Entroncamento e Tomar. O melhor que conseguiu foi manter a capital de distrito, Santarém, e Rio Maior (em coligação com o CDS), Ferreira do Zêzere, Sardoal e Mação. A CDU perdeu a Câmara da Chamusca mas aguentou em seu poder Alpiarça, Constância e Benavente. Conseguiu ainda a eleição de vereadores em câmaras onde não tinha representação, como Santarém, Salvaterra de Magos, Entroncamento, Rio Maior, Abrantes e Tomar. Já o Bloco de Esquerda perdeu a Câmara de Salvaterra de Magos (a única que tinha no país) para o socialista Hélder Esménio, tendo como alegria a eleição de um verea-

Mário Pereira

18 de Julho

cabeças de lista às câmaras municipais, seis no total. Para além da própria presidente da distrital, Isaura Morais, que há quatro anos ganhou a Câmara de Rio Maior, com maioria absoluta, depois de um longo reinado do PS e que se recandidatou ao cargo, os social-democratas apresentaram como candidatas a presidentes, Elza Vitório em Abrantes, Susana Aparício em Alcanena, Aurelina Rufino na Chamusca, Liliana Santos Pinto em Coruche e Isilda Aguincha no Entroncamento.

Helder Esménio

MIGUEL RELVAS DEMITESE DO GOVERNO Não chegou a metade do mandato a passagem de Miguel Relvas pelo Governo enquanto ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. O então presidente da Assembleia Municipal de Tomar, líder do PSD no distrito de Santarém durante vários anos e ex-deputado por esse mesmo círculo eleitoral legislaturas a fio, não sobreviveu ao desgaste causado pelas dúvidas suscitadas acerca das circunstâncias em que obteve a sua licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais, concluída em apenas um ano graças a uma série de equivalências.

Paulo Queimado

11 de Abril

Francisco Silvestre Oliveira

Miguel Borges

AGREGAÇÃO DE FREGUESIAS - POMBALINHO PASSA A PERTENCER À GOLEGÃ A transferência da freguesia do Pombalinho do concelho de Santarém para o da Golegã foi a única alteração registada no mapa dos municípios portugueses no âmbito da reorganização administrativa do território das freguesias, cuja lei foi publicada em Diário da República a 28 de Janeiro de 2013. A mesma lei formalizou também a agregação de freguesias que levou à extinção de 1164 juntas de freguesia em todo o país, 52 delas no distrito de Santarém. O novo mapa das freguesias entrou em vigor após as eleições autárquicas de 29 de Setembro de 2013.

dor para a Câmara de Torres Novas. Manteve ainda o seu representante na Câmara do Entroncamento.


dade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Os vice-presidentes são os presidentes do Cartaxo e de Benavente, respectivamente Pedro Magalhães Ribeiro (PS) e Carlos Coutinho (CDU). União é o mote para o novo mandato.

Fernanda Asseiceira

MARIA DO CÉU ALBUQUERQUE PRESIDE À COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO MÉDIO TEJO A presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), é a nova presidente do Conselho Intermunicipal do Médio Tejo, que agrega 11 municípios do norte do distrito de Santarém e dois concelhos do sul do distrito de Castelo Branco. Para vice-presidentes foram eleitos Júlia Gonçalves Amorim (CDU), presidente da Câmara de Constância e José Farinha Nunes (PSD), presidente da Câmara da Sertã.

28 de Novembro

Júlia Amorim

10 de Outubro DISTRITO DE SANTARÉM É O QUE TEM MAIS MULHERES ELEITAS PRESIDENTE DE CÂMARA O distrito de Santarém foi o que elegeu mais mulheres para presidente de câmara a nível nacional nas autárquicas de 29 de Setembro. Dos 21 concelhos, cinco passam a ser governados por mulheres apesar de a região ainda ser associada a uma certa tradição marialva. Uma representação muito acima da média nacional, já que das 308 câmaras do país apenas 23 têm uma mulher como presidente. Maria do Céu Albuquerque (PS) em Abrantes, Fernanda Asseiceira (PS) em Alcanena e Isaura Morais (PSD/ CDS) em Rio Maior repetem a eleição de há quatro anos, juntando-se ao grupo Anabela Freitas (PS) em Tomar e Júlia Amorim (CDU) em Constância. VOTOS BRANCOS E NULOS CONTINUAM A AUMENTAR Os 1.323 votos em branco registados nas eleições autárquicas de 29 de Setembro no concelho de Santarém chegavam para ganhar as eleições para a câmara municipal em três concelhos do distrito, onde as listas vencedoras tiveram votações abaixo desse valor: Golegã (1.304 votos no PS); Sardoal (1.284 votos no PSD); e Constância (1.080 votos na CDU). Em Ourém atingiu-se os 1111 votos em branco, em Tomar 940 e em Torres Novas 870 votos. O número de votos em branco no distrito de Santarém quase duplicou de 2009 para 2013, passando de 4.638 para 8.906. O aumento ainda foi mais acentuado em relação aos votos nulos, que de 2.354 passaram para 6.889, quase triplicando. E é de salientar que o número total de votantes no distrito de Santarém até diminuiu em quase trinta mil, de 242.420 (59,93% de votantes) nas autárquicas de 2009 para 214.260 (53,68%) em 2013.

MUNICÍPIOS DA REGIÃO PERDERAM QUASE MIL FUNCIONÁRIOS EM TRÊS ANOS O município de Vila Franca de Xira é o que na região do Vale do Tejo perdeu mais funcionários nos últimos três anos. Situação que está a causar problemas de funcionamento na autarquia. A norte do distrito de Santarém a Câmara do Sardoal é a que tem maior rácio de número de funcionários municipais por cada mil habitantes. Situação que é comum a outros municípios pequenos ou que têm uma grande área territorial. No total nos 23 municípios da área de abrangência de O MIRANTE as câmaras municipais perderam 917 funcionários desde 2010. Excepções são a Chamusca e Entroncamento que aumentaram o número de trabalhadores.

Pedro Magalhães Ribeiro, Pedro Ribeiro e Carlos Coutinho

18 de Dezembro SECRETÁRIO EXECUTIVO DA COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DA LEZÍRIA DO TEJO RECONDUZIDO NO CARGO O secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) foi reconduzido no cargo. O nome de António Torres foi proposto pelo conselho intermunicipal, que reúne os presidentes de câmara, e aprovado por unanimidade pela assembleia. António Manuel Carvalho Torres, natural de Lisboa, trabalha em Santarém desde 1994 e reside na cidade desde 2007. Trabalhou na Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo antes de ir para a comunidade intermunicipal como administrador. É por ele que passam os projectos e a gestão dos fundos comunitários que são contratualizados com a CIMLT. A comunidade agrega os municípios de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém.

31 de Outubro PEDRO RIBEIRO LIDERA COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DA LEZÍRIA DO TEJO O socialista Pedro Ribeiro, que é também presidente da Câmara de Almeirim, sucede a Sousa Gomes como presidente da Comuni-

António Torres Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014

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Os principais acontecimentos do ano: DESPORTO quando venceram o Klaksvik, das Ilhas Faroé, por 2-1, num jogo a contar para a Liga dos Campeões da Europa de futebol feminino.

9 de Maio PENÁLTIS NA FINAL DA TAÇA O Clube Desportivo Amiense venceu pela terceira vez a Taça do Ribatejo que este ano se disputou pela 36ª vez. No Dia do Trabalhador, 1 de Maio, no Entroncamento, o Clube Atlético Ouriense equilibrou a partida durante os noventa minutos regulamentares e só claudicou na marcação de grandes penalidades.

23 de Maio

Atletas femininas mostram a sua raça 28 de Março O VETERANO QUE NÃO SE CANSA José Canelo é já um caso sério de longevidade. Aos 87 anos o atleta veterano do CLAC - Clube de Lazer Aventura e Competição do Entroncamento, conquistou quatro medalhas

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de ouro nas provas em que participou nos Campeonatos Europeus de Veteranos, EVACI 2013, em pista coberta que decorreram de 19 a 24 de Março em San Sebastian, Espanha. Por isso e pelo que tem vindo a fazer nos últimos anos, o atleta foi homenageado pela Associação Nacional de Atletismo Veterano.

Retrospectiva do Ano 2013 - 20 Fevereiro 2014

2 de Maio ATLÉTICO OURIENSE DÁ CARTAS NO FUTEBOL FEMININO A tarde do dia 28 de Abril de 2013 vai ficar na história do concelho de Ourém. A jovem equipa feminina de futebol de onze do Atlético Ouriense venceu 1-0 o Clube de Albergaria e conquistou o Campeonato Nacional da Primeira Divisão de Futebol de Onze, quebrando uma hegemonia do 1º de Dezembro, de Sintra, que durava há uma década. A 10 de Agosto de 2013 voltariam a fazer história

GOLEGÃ CAPITAL DO CAVALO A inauguração do Centro de Alto Rendimento do Desporto Equestre da Golegã fica a ser um marco histórico nos mandatos de José Veiga Maltez como presidente da Câmara Municipal da Golegã. O equipamento marca também um passo gigante em frente no desenvolvimento do desporto equestre em Portugal. É um investimento de 3,2 milhões de euros que coloca a vila ribatejana no topo de equipamentos do género na Europa.

1 de Agosto NATAÇÃO SINCRONIZADA EM ALMEIRIM A natação sincronizada é a parente pobre da modalidade no distrito de Santarém. No entanto em Almeirim trinta jovens trabalham sob as ordens da professora Marta Vilela para virem a fazer parte da elite nacional. A moda-


lidade apenas sobrevive graças ao apoio dos educadores que clamam por algum apoio das entidades da cidade.

o feito inédito de conquistarem para Alpiarça o título de Campeão Nacional de Clubes de Triatlo nos sectores masculino e feminino.

26 de Setembro

14 de Novembro

PROTOCOLO COM FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE NATAÇÃO A Desmor, EM, SA, empresa que assegura a gestão do Complexo Desportivo de Rio Maior, assinou com a Federação Portuguesa de Natação (FPN), um protocolo que assegura o início formal do funcionamento do Centro de Alto Rendimento de Rio Maior - Natação, através da criação do Centro Nacional de Preparação de Base para o Alto Rendimento da Natação (CPAR). A cidade passa a ser a casa preferencial da natação portuguesa. O presidente da Desmor, Carlos Coutinho, conseguiu mais uma vitória a juntar à duplicação da ocupação do Centro de Estágio nos últimos quatro anos.

VIOLÊNCIA ENTRE PAIS NUM JOGO DE CRIANÇAS Vergonha no Campeonato Distrital de Infantis de Futebol. Actos de violência entre os pais dos jogadores obrigaram o árbitro a terminar o jogo entre o CADE e o Núcleo Sportinguista de Rio Maior ainda na primeira parte. A Associação de Futebol de Santarém levantou um processo disciplinar aos dois clubes que acabaram punidos com derrota, realização de um jogo à porta fechada e multa.

17 de Outubro ÁGUIAS A VOAR ALTO Os triatletas do Clube Desportivo “Os Águias” de Alpiarça tiveram uma época extraordinária conseguindo, na mesma época,

BRONZE NO DUPLO MINI TRAMPOLIM PARA BRUNO NOBRE Bruno Nobre conquistou a medalha de bronze no duplo mini trampolim nos Campeonatos do Mundo. Com uma carreira recheada de êxitos o ginasta, que se mantém fiel ao emblema da terra de onde é natural, o Clube de Futebol Estevense, de Santo Estêvão, Benavente, conseguiu o feito aos 33 anos, 14 anos depois de se ter sagrado campeão do mundo na África do Sul.

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