Edição 1138 (17-04-2014) Vale do Tejo

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Alberto Bastos | 17/04/2014฀•฀ANO฀XXVI฀฀•฀฀N.º฀1138฀• 0.75 | omirante@omirante.pt Semanário Regional • EDIÇÃO VALE DO TEJO Director: R.31 de Janeiro,22 ,2005-188 Santarém | 243 30 50 80 | Av.Comb.da Grande Guerra,57 - 2600-131 Vila Franca de Xira.| 263 299 078 

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Falso cobrador dos bombeiros anda a burlar em Alhandra e Sobralinho Maria Helena Cunha foi uma das dezenas de vítimas e ficou sem 50 euros. “Era um rapaz alto, magro, bem-falante. Disse que vinha dos bombeiros e que eu estava a dever dinheiro”. É assim que é descrito o burlão 4

Polícia apanhou casal que roubava por esticão em Vila Franca Atropelada por mota quando regressava do supermercado

Edifício para deficientes em Azambuja está fechado à espera de apoios da Segurança Social

Dília Martins de Benavente morreu atropelada por uma mota quando caminhava na berma da Estrada Nacional 118 6

Câmara de VFX negoceia compra de edifício em risco de derrocada

Instalações são das mais modernas da região com lar residencial para 12 utentes e custaram mais de um milhão. Quando o projecto avançou, há três anos, a Segurança Social comprometeu-se com a instituição a criar os acordos mas até ao momento não houve disponibilidade para apoiar a Cerci Flor da Vida 9

A Câmara de Vila Franca de Xira está a negociar a compra do edifício em risco na Rua Salvador Marques, em Alhandra, para depois o poder demolir 2

Salgueiro Maia é a grande figura do 25 de Abril

Este suplemento faz parte integran te da edição nº 1138 deste jornal

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e não pode ser vendido separada

40 anos do 25 de Abril

mente

Salgueiro Maia é a grande figura do 25 de Abril para os autores dos depoimentos que dedicado aos 40 anos da Revolução dos Cravos. A Justiça e as reformas no sector publicamos neste suplemento merecem quase todas as criticas

Salgueiro Maia é a grande figura do 25 de Abril para os autores dos depoimentos que publicamos neste suplemento dedicado aos 40 anos da Revolução dos Cravos. A Justiça e as reformas no sector merecem quase todas as criticas

O MIRANTE ECONOMIA

Centro de Recuperação Infantil de Benavente inaugura Lar Residencial 8 Conferência AIP/EuroDefense/AFCEA na Universidade Lusófona 6 Opticalia há dois meses em Benavente 7 Xiraverde comemora 10º aniversário com o lançamento de serviço de hidro-sementeira 7 MELOM TEJO cria parceria para ajudar Bombeiros Voluntários de Azambuja 7 Restaurante A Canoa na Póvoa de Santa Iria organiza jantar para cavalheiros 9 Clínica Tágides organiza formação em implantologia 9 Casaleiro’s organiza jantar vínico com Noite de Fados com os Marialvas 8

Não há articulação entre formação nas escolas e necessidades das empresas Carlos Reis é responsável por um agrupamento de três escolas com perto de mil alunos numa das áreas mais populosas da cidade de Alverca. Defende a articulação entre escolas e empresas que tarda em ser posta em prática e elogia o esforço feito pela Câmara de Vila Franca na recuperação do parque escolar degradado. 10

Ex-internacional de Basquetebol treina as camadas jovens do Vilafranquense O MIRANTE conversou com Jorge Barbosa sobre a sua carreira no Basquetebol que incluiu sete campeonatos nacionais com o Benfica e mais de 50 internacionalizações pela selecção. 28


2 | SOCIEDADE

Cartoon da notícia Alguns arrumadores costumam andar pelos parques do concelho de Vila Franca de Xira a pedir moedinhas e escolhem sobretudo os parques dos supermercados. No último sábado a actividade de peditório ia dando para o torto para um dos proissionais da arrumação de carros e da arte de pedir. Quando um condutor estacionou a viatura no parque do supermercado um dos arrumadores aproximou-se e começou a pedir moedas. Como o condutor não as quis dar, o homem enfureceu-se e desatou a injuriar o dono do carro. Por não ter gostado dos palavrões o condutor foi confrontar o arrumador para que este tivesse tento na língua mas em vez de acalmar a situação ainda foi pior. No meio da discussão o condutor resolveu tomar medidas radicais e foi ao porta bagagens do carro de onde tirou um taco de basebol que certamente não seria para praticar este desporto tipicamente americano. O arrumador fugiu a sete pés e ainda foi perseguido alguns metros pelo condutor do carro. Alguns clientes do supermercado que assistiam à cena aplaudiram o condutor pela exibição e foram à sua vida sem terem que largar uma moedinha.

17 ABRIL 2014 | O MIRANTE

Pernas Para que te quero…

foto O MIRANTE

Estacionamento pago em Azambuja volta a ser equacionado

PERIgO. Edifício está abandonado há mais de 20 anos

Câmara negoceia compra de edifício em risco de derrocada em Alhandra A Câmara de Vila Franca de Xira está a negociar a compra do edifício em risco na Rua Salvador Marques, em Alhandra, para depois o poder demolir. A parte lateral do imóvel de dois andares ruiu no passado dia 12 de Fevereiro e na altura alguns destroços caíram para a via pública. O município notificou o proprietário no sentido de este avançar para a demolição mas o dono diz não ter condições financeiras para realizar a intervenção. Entretanto a circulação de trânsito já foi reposta na rua apesar de agora ser proibida a passagem de veículos pesados. “A população estava bastante descontente com o fecho

da artéria que é uma das principais da vila”, elucida a secretária da junta, Sara Machado, explicando que também receberam reclamações dos moradores que ficaram sem lugares de estacionamento. “Depois da avaliação de alguns técnicos camarários resolvemos autorizar a circulação automóvel apesar de ainda haver barreiras que delimitam o imóvel que está em risco de derrocada”, explica Sara Machado. A autarca teme que a situação se agrave se voltar a chover. O edifício localiza-se junto à escada de acesso aos pombais e ao adro da igreja e está abandonado há mais de vinte anos.

O estacionamento pago dentro da vila de Azambuja volta a ser equacionado pelo presidente do município, Luís de Sousa que acha que é a “altura ideal para avançar com o projecto”. Já em 2012 a proposta tinha sido aprovada com fortes críticas da oposição mas não chegou a avançar devido à extinção da Empresa Municipal de Infra-Estruturas de Azambuja (EMIA) que iria ficar responsável pelo estacionamento tarifado. O assunto tem sido debatido nas sessões camarárias pelos munícipes que se queixam do facto dos lugares para estacionar

no centro de Azambuja estarem ocupados por utentes da estação de comboios durante todo o dia. “Azambuja tem falta de um parque de estacionamento junto à estação da CP e é responsabilidade da câmara, em conjunto com a CP, arranjar áreas de parqueamento”, referiu o munícipe José Caetano. O presidente responde que a questão tem recebido a devida atenção por parte da autarquia e afirma que seria importante avançar com o projecto do estacionamento pago.

Bombeiros de Alverca pedem dinheiro para comprar botas

causas para a gravidade dos ferimentos dos bombeiros acidentados foi a utilização de botas em que a sola se separava. Este ano os bombeiros estão esperançados em receber equipamentos de protecção individual para combate a incêndios florestais (casacos e calças) através de uma candidatura feita ao Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) da Área Metropolitana de Lisboa. As doações podem ser feitas no quartel dos bombeiros ou transferias para a conta NIB : 003500830000212063094.

Os Bombeiros Voluntários de Alverca estão a fazer uma campanha de angariação de fundos para a compra de botas próprias para o combate a incêndios florestais. A corporação precisa de 60 pares de botas que custam 9.360 euros. Segundo a associação no Verão passado uma das principais

Motoclube de Alverca celebra 15º aniversário O Motoclube de Alverca celebra no dia 26 de Abril, sábado, o seu 15º aniversário. Haverá actividades e música entre as 11h00 e as 04h00, incluindo um show surpresa. Fundado em 24 de Dezembro de 1999, por vontade de um grupo de sete amigos aman-

tes do espírito motociclista, o Motoclube de Alverca cresceu e desenvolveu-se no concelho de Vila Franca de Xira, contando já com duas centenas de sócios e centenas de amigos espalhados por todo o país.


GUARDA RIOS | 39

O MIRANTE | 17 ABRIL 2014

Ter a fama e não ter o proveito Um burlão anda em Alhandra e Sobralinho a fazer-se passar por cobrador dos bombeiros de Alhandra. Uma idosa ligou para os bombeiros a dizer que o homem era jovem, vestia calças beges e estava a tocar às campainhas na sua rua. Um jovem de calças bege que circulava na mesma rua foi apanhado por vários populares mas não era o burlão. É o que se chama estar na hora errada no sítio errado!

Diplomacia O presidente do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, Ceia da Silva, esteve na inauguração da Ávinho em Aveiras de Cima e cumprimentou todos os presidentes de junta que lhe apareciam à frente. Homem habituado à promoção, turística entenda-se, a cada um dos autarcas dizia que a sua freguesia era a melhor do concelho. No final os autarcas concluíram que eram todos bons e agora só há uma forma de resolver a situação. Para o ano faz-se uma prova de vinhos e Ceia da Silva vai ser o júri.

Tempo para quê? A última reunião de Câmara em Benavente ficou marcada pelas declarações do vereador socialista, José Rocha, que disse não ter tempo para consultar o processo de revisão do Plano Director Municipal. Mas ao mesmo tempo mostrou-se descontente por ter havido poucas reuniões da comissão de acompanhamento do PDM da qual fazia parte. Será que o vereador só tem tempo para reuniões?

A casa do Benfica... Na última Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira a eleita do CDS-PP, Filomena Rodrigues, apresentou uma moção propondo a atribuição do nome de Eusébio a uma rua do concelho. A ideia não caiu bem à esquerda, com Carlos Patrão do Bloco de Esquerda a dizer que a assembleia “não é uma casa do Benfica” para andar a discutir esses assuntos. Uma verdadeira entrada de carrinho que só por milagre não levou cartão vermelho do presidente da mesa, João Quítalo.

Uma questão de ginástica O Guarda-Rios sabe que alguns munícipes em Azambuja já estão em polvorosa por pensarem que podem vir a pagar pelo estacionamento das suas viaturas na vila. No entanto, basta olharem para o espaço vazio no Campo da Feira que nem a 200 metros fica do centro para pensarem que talvez nem seja assim tão grave. É só uma questão de pôr as pernas a mexer.

O que vem lá? Nesta fotografia é claramente visível que ninguém estava a prestar atenção ao discurso do presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, Ceia da Silva, na festa do vinho, Ávinho, em Aveiras de Cima. O que terá chamado a atenção dos autarcas? Será chuva? Será gente?

Olha o boneco… Um boneco a uma porta de Aveiras de Cima destacou-se durante a festa do vinho desta localidade do concelho de Azambuja. O boneco que chamava a atenção de muita gente estava preso à porta por um cordel, não sabemos se com medo que caísse de bêbedo ou se para não o roubarem.

Um gabinete para apoiar o gabinete Inactivo mas iluminado A plataforma logística da Castanheira do Ribatejo nunca cativou um único negócio mas não se pode dizer que o espaço esteja abandonado. Pelo menos tem luz e está sempre acesa durante a noite para ver se algum iluminado descobre uma solução para dar vida ao local.

Um empresário de Vila Franca de Xira recorreu ao gabinete de apoio ao investidor da Câmara de Vila Franca de Xira e ficou durante três semanas à espera de receber uma resposta. Um problema que levou o presidente do município, Alberto Mesquita (PS), a admitir que isso é “o completo oposto” de como um gabinete de apoio deve funcionar. Perante este problema o melhor é começar a pensar em criar um gabinete de apoio ao gabinete de apoio ao investidor.


A empresa editora de O MIRANTE é

Páginas desta edição: 88 • 17 Abril 2014

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A Ávinho - Festa do Vinho e das Adegas é essencialmente uma festa onde impera a boa disposição e onde o vinho é o mote para saborear os petiscos que a freguesia de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, tem para oferecer. No espaço “O Cantinho das Avozinhas”, estas habitantes estiveram quase toda a tarde a preparar coscorões que depois foram entregues a várias instituições de solidariedade do município.

dos leitores 25 de Abril - “ Acabar com certos vícios e esbanjamentos não é fácil. Os militares deram-nos a cana. Nós é que temos que pescar” - Carlos Augusto Monchique Touradas - “As más tradições são banidas e relembradas apenas através de documentos, ainda mais quando existe tanta gente contra” - Vanda Bregieiro Idoso - “Lamento que um homem de setenta anos deixe de ser homem para passar a ser um idoso quando chega às mãos dos jornalistas.” - Benvindo Romão Cadeia - “Estranhamente, ou talvez não, a notícia nem sequer faz referência ao nome do empresário nem sequer à empresa prevaricadora. Mais valia não terem noticiado nada.”- Ilídio Nunes Justiça - “Para quem cumpre os seus de-

no Facebook Na Suíça à procura de vida melhor Desejo muita sorte a esta portuguesa que por desgraça destes governantes, que desgovernam o nosso país, teve de deixar a sua família e partir. José Carlos Grachat Admiro a coragem desta jovem. Também deixei Portugal há 25 anos e cheguei a Genebra tinha 17 anos. Coragem e um grande obrigado por contar a realidade da Suíça, porque existem muitos portu-

veres e paga as suas obrigações é bom ler notícias destas. Eu também fui empresário e paguei tudo o que tinha a pagar.” - Victor Gomes Politécnico - “O Professor Justino é uma pessoa séria mas acho que era tempo de experimentar outros métodos e de encontrar novos caminhos.” - Fernanda Teles Ilegal - “O que eu gostava de saber é qual foi o presidente da Câmara de Alpiarça que permitiu construções clandestinas e o fiscal que fechou os olhos.” - M. Eugénio Carvalho Mateus Tomar - “Dos 78 mil euros que devia ter pago às associações em 2013 a Câmara de Tomar ainda só pagou 32 mil mas apressou-se a anunciar que vai aumentar os apoios.” - António Coelho Galifões - “As eleições dentro de qual-

quer partido do poder são sempre entre os galifões que querem manter os cargos e os que os querem ocupar” - Maria Luísa Olavo Ramalho Internet - “Se a internet é distribuída gratuitamente pelas autarquias a qualquer cidadão, independentemente dos rendimentos, porque é que não é feito o mesmo com a água?” - Susana Moura Cultura - No Entroncamento o anterior presidente da câmara meteu a cultura no pavilhão de desportos. O actual só faz corridas e caminhadas. É a cultura...física” João Carlos Malaquias Estacionamento - “Se as ruas de Vila Franca são estreitas e os bombeiros não passam ou se proíbe o estacionamento ou se arranjam carros de socorro pequeninos” - Isolete Franquelim

gueses que não contam o que é a verdadeira vida de emigrante. Elisabete Reis O problema é a xenofobia que existe no país que nos acolhe. Se formos de férias tratam-nos bem mas se formos para trabalhar nem por isso. Os portugueses quando é para encherem estádios juntam-se, agora se for para nos acolherem noutros países viram-nos as costas! Tânia Ferreira Junta de Pernes pede voluntários É requerer junto do estabelecimento

prisional da área alguns reclusos. Que agradecem trabalhar cá fora e fazerem algo de útil à sociedade. Não podemos esquecer que por vezes há reclusos que o são por vicissitudes da vida e que pretendem integrar-se na sociedade. Clélia Moço David Abreu joga em França Um dos melhores jogadores que passou por Almeirim e um dos pilares principais que levou a equipa do Hóquei Clube “Os Tigres” à primeira divisão nacional. Nuno Pardal

Estratégia Desde sempre nos recordamos de ouvir falar que os recursos disponíveis seriam alocados em função de uma estratégia estudada e assumida. Normalmente, não passou de entornar abundante dinheiro em cima dos problemas. Os resultados estão à vista e todos os conhecemos; alguns enriqueceram ilicitamente. Sabendo que a estratégia é a forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, visando os resultados, percebemos que tudo, ou quase, foi ao contrário. Mais uma vez, no início de um novo período de desenvolvimento (2014-2020), onde se assumiu a rotura com muitos dos sagrados paradigmas instituídos, a retórica é mais ou menos a mesma. Fala-se agora, com pompa e circunstância, na Estratégia de Eficiência Inteligente. Desde logo, qualquer estratégia que se preze tem de ser eficiente e inteligente. Todavia, fica assim assumido que até aqui não fomos eficientes nem inteligentes. Os brilhantes discursos de ilustres consultores vindos de Lisboa, alguns ex-ministros, sempre adequados e politicamente corretos ao contexto em que são ditos, e principescamente pagos, não resultaram. Sempre tivemos a tradição e vontade de por o nosso destino nas mãos de terceiros como forma de nos desresponsabilizar, os tais “brandos costumes” assentam-nos mesmo bem. Agora sim, vamos, finalmente, ser eficientes e inteligentes. Os mesmos de sempre, sim porque somos pequenos e poucos e por isso são sempre os mesmos, vão agora conseguir implementar uma estratégia que vale a pena, do turismo à indústria passando pela agricultura. Finalmente uma estratégia eficiente e inteligente que visa um desenvolvimento inteligente que nos conduza a mais riqueza de que tanto necessitamos. No fim, o que se deseja é crescimento, crescer depois de crescer. Crescer como fim único e permanente é qualquer coisa que nunca nos pareceu sustentável, tão só porque na natureza isso não existe. Nada cresce infinitamente, como o nosso modelo de sociedade parece exigir. Mas como agora vamos ser eficientes e inteligentes pode ser que alguma coisa mude para melhor. O melhor mesmo seria assentar estes desígnios no senso comum, sabendo que na natureza o que funciona é o mais simples. É necessário que cada um, com humildade, dê o seu contributo à causa do desenvolvimento. Só assim é possível alcançar um dos principais objetivos do ciclo, a inovação como mudança cultural de atitudes. De facto, apesar da conjuntura global não ser a melhor, mantemos a ideia de que muito está na nossa mão. Talvez a (pequena) diferença entre o abandono e o tratar a terra, entre a pobreza e a riqueza. Como romper o “ciclo de pobreza” em que muitas famílias, demasiadas, se encontram? No fim, todos nós “apenas” queremos ser felizes na terra em que nascemos. É pedir muito? E o que fazemos para isso? Carlos A. Cupeto cupeto@uevora.pt Professor na Universidade de Évora

Comentário

Homenagear palavras Faço minhas as frases fortes dos depoimentos que enchem o suplemento sobre os 40 anos do 25 de Abril incluído nesta edição de O MIRANTE. Não conseguiria dizer mais sobre a data e o que ela representa para mim. Tirei as aspas para que a minha liberdade de usar as palavras ficasse quase perfeita. Fui vizinha de Salgueiro Maia e ouvi da sua boca relatos do 25 de Abril. Tenho memória de um país cinzento que existia antes do 25 de Abril. O Estado é um monstro que vive à

custa do povo em vez de o servir. As gerações anteriores à minha cresceram com a angústia de irem para a guerra. Apesar de todos os defeitos o nosso sistema político é o adequado ao nosso país. Muitos portugueses ainda não perceberam que o Estado somos todos nós. Alguns atropelos à democracia afastam-nos dos valores de Abril. Temos o desafio de nos superarmos para fazermos todos os dias um novo Abril. Sem o 25 de Abril eu não teria sido eleito para o cargo que ocupo hoje. O 25 de Abril não é uma foto mas sim um filme em movimento.... Não concebo a democra-

cia sem mais igualdade e mais justiça social. Com tristeza vejo centros de saúde encerrados e pessoas sem médico. Celebrar Abril é denunciar o que põe em causa a liberdade. Tirando a liberdade o resto foi uma desilusão. A diabolização dos políticos não ajuda em nada a preservar a democracia. As ingerências do Governo nas autarquias são contrárias aos ideais de Abril. Acredito que vamos retomar o Portugal solidário de Abril. Vivemos em democracia embora haja quem nos queira convencer do contrário. O poder local tem vindo a ser atacado e tenta-se diminuir a

sua capacidade de intervenção. Só valorizamos o que conhecemos, o que respeitamos… Não podemos ser um país que maltrata os idosos e incentiva os jovens a emigrar. Eu e a minha irmã nascemos em França por o meu pai estar envolvido na luta contra a ditadura. Foi o 25 de Abril que me deu a oportunidade de tirar um curso superior. Como autarca tenho obrigação de defender uma das grandes conquistas de Abril. A justiça é fraca perante os fortes e forte perante os fracos. Precisamos de uma revolução mas com recurso às armas da participação cívica. JAE


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