Especial Coruche, Samora Correia e Vialonga (Edição 1154 - 07-08-2014)

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Nersant com oferta formativa a pensar nas empresas com estagiários Tendo as empresas beneficiárias do Passaporte Emprego 3i a obrigatoriedade de prestar formação profissional aos estagiários que albergam ao abrigo deste programa, a Nersant Associação Empresarial da Região de Santarém decidiu abrir uma oferta formativa adequada ao cumprimento desse requisito. As inscrições estão abertas a toda e qualquer empresa e as acções de formação iniciam-se em Setembro.

A associação vai abrir duas acções de formação de 25 horas cada, o que totaliza as 50 horas obrigatórias previstas para os estagiários dos Passaportes Emprego 3i. As acções disponíveis são “Ambiente, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho” e “Organização Pessoal e Gestão do Tempo”, e realizar-se-ão em horário laboral ou pós-laboral. As empresas que ainda não tenham cumpri-

do este requisito podem fazer a inscrição dos seus estagiários no portal da Nersant, em www. nersant.pt. Embora a associação tenha optado por abrir estas acções de formação para os estagiários do Passaporte Emprego 3i, toda e qualquer empresa/candidato pode frequentar as mesmas, devendo realizar a sua inscrição igualmente nessa localização.

ECONOMIA

07 de Agosto de 2014

Festas em Coruche e Samora Correia promovem as tradições ribatejanas Deolinda, GNR e Sophia são cabeças-de-cartaz das Festas de Nossa Senhora do Castelo em Coruche que decorrem até dia 18 de Agosto. Esperas de toiros, sardinha assada, concertos e cortejos etnográficos e religiosos são alguns dos destaques do programa das festas de Samora Correia 2 a 10 Especiais Coruche e Samora Correia

Ourisola em Ourém garante qualidade em revestimentos

O holandês que decidiu mudar de vida e escolheu Portugal

“Começou a dar-se importância à agricultura tarde demais”

Leonardo Nunes trabalha há mais de trinta anos no ramo e tem pessoal especializado 21

Willy Hulshof é produtor de queijo e leite de cabra em Coruche há 24 anos 21

Mário António Rodrigues, administrador da Frutalmente, Vila Franca de Xira 22

Empresa da Semana

Identidade Profissional

Pastelaria Rosa no Entroncamento com café a 45 cêntimos Junto ao Museu Ferroviário com horário das 6 da manhã às 10 da noite e atendimento personalizado 15

NESTA EDIÇÃO: ESPECIAL

GUIA DE RESTAURANTES

Nersant de Ourém promove Formação de Formadores 23

Três Dimensões


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ESPECIAL CORUCHE 07 AGOSTO 2014

Deolinda, GNR e Sophia são cabeças-de-cartaz das Festas de Nossa Senhora do Castelo Programa de animação estende-se até dia 8 de Agosto na vila de Coruche foto arquivo O MIRANTE

dEvOçãO. Procissão em Honra de Nossa Senhora do Castelo é um dos momentos marcantes das festas

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eolinda, GNR e a cantora da terra, Sophia, são as atracções musicais de mais uma edição das Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo em Coruche, que decorrem até 18 de Agosto. A apresentação do

programa das festas realizou-se na tarde de sábado, 2 de Agosto, na galeria do Mercado Municipal da vila ribatejana. As festas são organizadas numa parceria entre a Comissão de Festas, a Irmandade de Nossa Senhora do Castelo - responsável pelos festejos reli-

giosos - e a Câmara Municipal de Coruche. Os festejos começam no dia 14 de Agosto (quinta-feira) com uma alvorada, pelas 7h00, seguindo-se o desfile da Banda da Sociedade de Instrução Coruchense pelas ruas da vila. A inauguração oficial das festas está marcada para as 18h00, no Parque do Sorraia. Às 19h30 há um espectáculo de zumba, no palco das tasquinhas, e pelas 22h00 realiza-se o desfile de fanfarras pelas ruas da vila. À meia-noite não vai faltar o tradicional fogo-de-artifício sob o rio Sorraia. Meia hora mais tarde tem início o concerto da Sociedade de Instrução Coruchense no palco principal das festas. Na sexta-feira, 15 de Agosto, feriado nacio-

Os festejos começam no dia 14 de Agosto (quinta-feira) com uma alvorada, pelas 7h00, seguindo-se o desile da Banda da Sociedade de Instrução Coruchense pelas ruas da vila. A inauguração oicial das festas está marcada para as 18h00, no Parque do Sorraia.

nal que celebra Nossa Senhora da Conceição, e é também o Dia da Padroeira (Nossa Senhora do Castelo) em Coruche, o dia começa com um concurso de pesca (9h00) no rio Sorraia, seguindo-se uma aula de zumba (10h00) no palco das tasquinhas. Pelas 13h00 realiza-se a final do concurso de pesca e respectiva entrega de prémios. Para as 16h30 está marcada a cerimónia de recepção oficial aos grupos que vão participar em mais um Festival de Folclore “António Neves”. A cerimónia realiza-se no Museu Municipal de Coruche. Depois da missa na igreja matriz (17h00) realiza-se a tradicional procissão em Honra de Nossa Senhora do Castelo, que sai da igreja pelas 18h00, e percorre as ruas da vila. Pelas 22h00 começa o Festival de Folclore “António Neves” que conta com a participação do Rancho Folclórico Regional do Sorraia, Rancho das Lavradeiras da Trofa, Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Santana do Mato, Grupo Típico “O Cancioneiro de Castelo Branco”, Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré e Rancho Folclórico da Fajarda. A animação prossegue pela noite fora com animação musical no palco das tasquinhas e “Festa Fluorescente - Glow”. No sábado, 16, destaque para aulas de zumba (10h00 e 20h00) e espectáculo de radiomodelismo, no terreno Vinha das Baleias, a partir das 14h00. Pelas 21h00 começa a actuação musical dos FMI, seguindo-se o concerto com a banda portuguesa Deo-


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foto O MIRANTE

Missas e festejos religiosos Os festejos religiosos começaram a 6 de Agosto. Até dia 13 de Agosto (quarta-feira) realiza-se todos os dias, pelas 21h30, uma novena em honra de Nossa Senhora do Castelo. No dia 14 de Agosto, pelas 12h00, há missa solene de acção de graças pela vitória na Batalha de Aljubarrota. Às 21h00 realiza-se missa em memória dos Irmãos já falecidos. A 15 de Agosto (feriado), ao meio-dia, realiza-se missa solene em acção de graças a Nossa Senhora do Castelo.

linda (23h00), no palco principal. A partir da 00h35 actuação da banda Spanish Soul. No domingo realiza-se o tradicional cortejo histórico e etnográfico pelas ruas da vila (11h00). Pelas 13h30 tem início o Almoço do Campino, seguindo-se a homenagem aos campinos, junto ao Mural dos Toureiros, a partir das 16h30. Às 21h00 realiza-se o espectáculo musical “Melodias de Portugal”, no palco das tasquinhas. Os GNR sobem ao palco principal pelas 23h00 seguindo-se uma actuação de sevilhanas no espaço de tertúlia do Grupo de Forcados Amadores de Coruche, a partir das 00h35. No último dia dos festejos destaque para o espectáculo musical dos Sexto Sentido, no palco das tasquinhas (21h00). A cantora de Coruche, Sophia, encerra mais uma edição das Festas de Nossa Senhora do Castelo, subindo ao palco pelas 23h00. A noite termina, como é hábito, com o espectáculo de fogo-de-artifício.

“É cada vez mais difícil arranjar patrocínios que ajudem a manter qualidade das festas” A presidente da Comissão de Festas de Coruche, Berta Santos, diz que é cada vez mais difícil manter o “bom nível” das festas porque em tempos de crise é complicado arranjar patrocinadores. “O subsídio da câmara é 80 mil euros e o total das festas custa quase o dobro. É muito complicado arranjar 80 mil euros em dinheiro. Tivemos que bater a muitas portas, abdicar de muitas coisas a nível pessoal para conseguirmos o nosso objectivo”, sublinha, agradecendo o apoio de todas as pessoas que ajudaram a

comissão de festas, incluindo todas as colectividades do concelho. O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira (PS), destacou o facto desta festa ser a mais importante do concelho e que tem maior representatividade, com a participação de todas as colectividades do concelho. O autarca referiu que as festas em honra de Nossa Senhora do Castelo são a festa da amizade, da família e do encontro. Explicou ainda que as pequenas alterações e ajustes feitos no recinto visam

melhorar as festas. No final da sessão de apresentação, Berta Santos pediu a palavra para reprovar aqueles que “criticaram” e “disseram mal” do trabalho dos elementos da comissão de festas e elogiou a “sua” equipa. “Quero deixar uma palavra de apreço a todos os membros da comissão de festas que, apesar das críticas, continuaram sempre com um sorriso no rosto a lutar todos os dias para termos este ano mais uma festa digna, que nos orgulha a todos”, frisou.


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ESPECIAL CORUCHE 07 AGOSTO 2014

Coruche tem qualidade de vida mas para quem tem negócios faltam clientes Numa terra de cortiça poucos têm objectos feitos daquele material

Não há quem viva e trabalhe em Coruche que diga mal da vila e do concelho. Elogios à sua beleza e à qualidade de vida são a regra. Para os comerciantes só falta uma coisa para se sentirem melhor, que são os clientes. Como a população não aumenta e não há grandes urbes por perto, as perspectivas de investimento são mínimas. A ruralidade do local não faz das pessoas rurais. Gostam da tranquilidade e de ver as largadas de toiros mas são raras as que já experimentaram andar a cavalo. Objectos de cortiça são raros, numa terra onde está instalado o Observatório da Cortiça.

Jacinto Joaquim, 58 anos, Agência Funerária Jacinto, Coruche

Miguel Coelho, 35 anos, Mediador de Seguros, Coruche

Ângela Neves, 38 anos, Empresária, Coruche

“Gosto de ver as largadas de toiros mas em segurança”

Espectáculo musical de encerramento das festas este ano é especial

“Adoro o convívio e gosto de assistir ao cortejo etnográfico”

Jacinto Joaquim nasceu na aldeia de S. Torcato onde vai com frequência porque gosta do contacto com a natureza e da tranquilidade do lugar. Faz questão de ir todos os anos às Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo. Só falha quando tem trabalho. O que mais gosta de ver são as largadas mas fá-lo sempre ao longe. Nunca se aventurou a meter-se na frente de um toiro. Quando recebe amigos de outras zonas do país, gosta de os levar ao Miradouro da Senhora do Castelo e à zona do Parque do Sorraia. Apesar de ter nascido no campo e de ser ribatejano, Jacinto Joaquim nunca montou a cavalo. “Nunca calhou”, admite. Mas diz que gostava de experimentar. Apesar de ser a terra da cortiça não tem nenhum objecto de cortiça em casa. A vantagem de ter uma agência funerária em Coruche é a proximidade com as pessoas. A desvantagem é o facto de existirem quatro na vila, o que, na sua opinião, é demasiado.

Do que mais gosta das Festas de Nossa Senhora do Castelo é dos espectáculos musicais. Este ano vai ser especial, sobretudo a noite de encerramento, uma vez que a atracção musical, Sophia, é sua esposa. Vê as largadas de toiros nas ruas da vila mas não é grande aficionado. Nunca andou a cavalo. “Nunca surgiu a oportunidade de o fazer”, justifica. O mediador de seguros gosta de passear pela zona ribeirinha da vila. “A reabilitação da Avenida do Sorraia, inaugurada recentemente, é um bom exemplo do que Coruche tem de melhor”, afirma. Quando os seus amigos visitam Coruche pela primeira vez leva-os a conhecerem o miradouro de Nossa Senhora do Castelo. Não tem qualquer objecto de cortiça. Diz que Coruche é um sítio bom para vivar e para investir mas depende do negócio. Num grande centro há mais clientes.

Ângela Neves adora as Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo e todos os anos tenta ir todos os dias ao recinto, pelo menos um bocadinho. O que atrai é o convívio e a oportunidade de rever os amigos que durante o ano não encontra com tanta regularidade como gostaria. Também não dispensa assistir ao desfile do cortejo etnográfico. Diz que nesta altura do ano tem mais trabalho. “Há sempre mais clientes. Mesmo que não comprem, pelo menos ficam a conhecer a loja”, afirma. O marido costuma andar a cavalo e já a desafiou várias vezes mas ela recusa porque tem medo de cair. A zona do Castelo, a igreja matriz, o parque ribeirinho e toda a avenida ao longo do rio Sorraia são os locais preferidos. Objectos em cortiça é que não tem nenhum. Diz que é vantajoso ter o seu negócio em Coruche porque está numa zona central. A desvantagem é estar distante de outras populações, o que torna mais difícil conquistar novos clientes.


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João Baptista, 27 anos, Farmacêutico, São José da Lamarosa

Gabriela Matos, 46 anos, Veterinária, Coruche

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Manuel Ribeiro, 66 anos, Fotógrafo, Coruche

“Pontes metálicas e zona ribeirinha Andar a cavalo transmite são cartões de visita da vila” sensação de paz e liberdade

“Caí muitas vezes do cavalo mas nunca ganhei medo”

João Baptista não tem visitado as Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, em Coruche, nos últimos anos, por falta de tempo. Quando consegue ir gosta das tasquinhas porque é aí que consegue conviver com os amigos que não vê tanto quanto gostaria durante o ano “devido à correria profissional”. O que mais aprecia em Coruche é a beleza das várias pontes metálicas antigas e a zona ribeirinha. São essas imagens que gosta que os amigos levem como “recordação” do seu concelho. O farmacêutico andou a cavalo uma única vez quando era criança mas a experiência não foi muito boa. “Assustei-me e nunca mais tive vontade de repetir a experiência”. Uma machadinha e um chapéu pequeno são os objectos que tem em cortiça. Ter uma farmácia em São José da Lamarosa, aldeia a 15 quilómetros de distância da capital do concelho, é bom porque é a única farmácia da aldeia e mau porque os únicos clientes são os moradores.

Aos 12 anos já Manuel Ribeiro guardava cavalos e éguas e nunca teve medo de montá-los. Mesmo depois de algumas quedas. “Andar em cima de um cavalo é muito tranquilizante. É uma sensação muito boa”, defende. Em Coruche gosta muito dos campos e só tem pena que estejam cheios de máquinas. “É sinal que as máquinas estão a roubar o lugar das pessoas que podiam estar a trabalhar”, refere com alguma nostalgia. A vista que o miradouro da Senhora do Castelo proporciona costuma levá-lo até lá. “Tenho pena que tenham destruído o castelo que dizem que Coruche tinha. Somos a única terra que tem um miradouro do Castelo, uma Santa do Castelo, mas não tem castelo”, lamenta. Quando os amigos o visitam prefere levá-los aos restaurantes do concelho para provarem as iguarias da sua terra. Não tem objectos em cortiça e defende que Coruche não tem que ser a capital da cortiça. “Sempre ouvi dizer que a cortiça era alentejana e nós somos ribatejanos”, sublinha. Já não é assíduo frequentador das Festas. Às vezes até escolhe o tempo em que as mesmas decorrem para passear noutras paragens.

Gabriela Matos adora montar a cavalo ou não fosse ela uma apaixonada por animais. Diz que estar em cima de um cavalo lhe dá uma sensação de “enorme liberdade”. Mas explica que é preciso haver confiança. “Quando se consegue estabelecer uma grande harmonia com o animal e este entende as nossas ordens quase que nos transformamos num só e aí a sensação é indescritível”, explica. Natural de Palmela (distrito de Setúbal) mas a viver em Coruche há cerca de 20 anos, Gabriela Matos costuma ir às festas de Nossa Senhora do Castelo sempre que tem tempo disponível. Considera que todas as actividades se complementam, não destacando uma em particular. Gosta de dar a conhecer o que Coruche tem de melhor aos amigos que a visita. O miradouro do Castelo e os espaços à beira do rio Sorraia são os seus eleitos. Em casa tem várias peças feitas em cortiça, das quais destaca uma casa feita pelo pai do seu filho. A vantagem de ter uma clínica veterinária em Coruche é que pode atender também aos animais de grande porte e de produção. “Não encontro muitas desvantagens porque adequei a clínica às necessidades dos clientes”, explica.


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ESPECIAL CORUCHE 07 AGOSTO 2014

Actividades taurinas não vão faltar durante as festas de Coruche

Fernando Rodrigues, 39 anos, Empresário, Azervadinha

“Largadas de toiros e convívio com os amigos são as melhores coisas” Fernando Rodrigues costuma ir às Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo e aproveita para rever os amigos e conviver com eles. Não perde as largadas de toiros pelas ruas da vila. Montou uma vez a cavalo, gostou da experiência mas nunca mais repetiu. “Não se proporcionou”, confessa. Vive e trabalha em zona de campo e adora a lezíria de Coruche. Quando vai à vila gosta de visitar o Miradouro do Castelo e o Parque Ribeirinho junto ao Rio Sorraia. “Até de Inverno são locais bonitos para se visitar e ficar a contemplar a paisagem”, afirma. Tem alguns objectos em cortiça nomeadamente maletas em miniatura. Uma desvantagem de ter o seu negócio do ramo automóvel no concelho de Coruche é estar longe dos centros urbanos onde há mais pessoas. A vantagem é que ainda há emprego no concelho de Coruche e por isso ainda vai havendo dinheiro a circular, o que lhe permite ter uma boa carteira de clientes.

Em terra de toiros e toureiros não vão faltar actividades taurinas para os aficionados. No dia 14 de Agosto (quinta-feira) vai haver largadas de quatro toiros na Rua 5 de Outubro e Rua Virgílio C. do Amaral (01h00). No dia 15 de Agosto, pelas 22h30, a praça de toiros de Coruche recebe pela primeira vez um concurso de recortadores internacional com toiros de fogo. Acrobatas portugueses, espanhóis e franceses farão as delícias do público diante de toiros de João Ramalho, numa co-produção com a empresa líder dos espectáculos populares espanhóis da Toropasíon. No sábado, 16, destaque para a condução de cabrestos (10h15), seguindo-se a entrada de toiros com campinos pelas ruas da vila (10h30). Às 11h00 vão ser largados seis toiros pelas ruas do centro histórico de Coruche. Às 16h00 realiza-se uma prova de condução de cabrestos, no terreno Vinha das Baleias. Uma hora mais tarde é a vez da “Picaria à Vara Larga”. Vão ser largados dois toiros, um para campino e outro para amadores. Esta iniciativa também se realiza no terreno Vinha das Baleias. A noite termina com

a largada de mais quatro toiros nas ruas da vila (01h00). Já no domingo, dia 17 de Agosto, pelas 18h00, a praça de toiros da vila do Sorraia volta a abrir as suas portas para ser palco da tradicional corrida de toiros das suas festas, que contará este ano com o cartel mais desejado. Pela primeira vez nessa arena actuam em solitário três cavaleiros da Torrinha - António, Manuel e João Ribeiro Telles. As pegas estarão a cargo dos Forcados Amadores de Coruche, comandados por Amorim Ribeiro Lopes, que irão enfrentar seis toiros da prestigiada ganadaria de Pinto Barreiros. Na segunda-feira, 18, último dia da festa, há condução de cabrestos (10h00), entrada de toiros com campinos (10h30) e largadas de seis toiros (11h00), sempre pelas ruas da vila. Pelas 15h30, vão ser entregues os prémios da prova de condução de cabrestos, Picaria e Melhor Toiro à Corda. Às 16h30 haverá largada de bezerras para senhoras e crianças. Uma iniciativa que se vai realizar na Rua Virgílio Campos Pais do Amaral. Às 18h30 há Tourada à Corda, com pastores e capinha da Ilha Terceira (Açores).


07 AGOSTO 2014 ESPECIAL

Centro de Competência do Sobreiro e da Cortiça vai funcionar em Coruche O Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça (CCSC) foi constituído no dia 29 de Julho e vai funcionar no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, em Coruche. O CCSC é um fórum de partilha e articulação de conhecimentos, capacidades e competências, que congrega os agentes económicos envolvidos na fileira da cortiça, produtores e industriais, com os agentes das áreas da investigação, divulgação e transferência de conhecimento, potenciando a cooperação e o reforço da qualidade da produção de matéria-primeira e dos processos industriais. O novo CCSC pretende ter uma acção determinante na fileira promovendo mais investigação aplicada, inovação

e boas práticas suberícolas, garantindo a transferência e divulgação do conhecimento. A nova estrutura tem como membros fundadores o Ministério da Agricultura e do Mar, Câmara Municipal de Coruche, Universidade de Évora, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Instituto Superior de Agronomia, AIFF - Associação para a Competitividade das Indústrias da Fileira Florestal, FILCORK - Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça, APCOR - Associação Portuguesa da Cortiça, Centro Tecnológico da Cortiça, UNAC - União da Floresta Mediterrânica, Companhia das Lezírias, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e

CORUCHE

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O novo Centro pretende ter uma acção determinante na ileira promovendo mais investigação aplicada, inovação e boas práticas suberícolas, garantindo a transferência e divulgação do conhecimento Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Os responsáveis do novo Centro de Competências do Sobreiro e da Cortiça consideram que com este novo projecto Portugal renova uma aposta de qualidade no futuro de uma fileira da qual é líder incontestado, convocando o que de melhor existe a nível mundial em termos de conhecimento, tecnologia e experiência.


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ESPECIAL CORUCHE 07 AGOSTO 2014 foto o MiraNTe

Apontamentos da cultura tauromáquica na requalificada Avenida do Sorraia em Coruche Obra, da responsabilidade do município, custou 847 mil euros e foi inanciada por fundos comunitários. Atenção da autarquia vira-se agora para a requaliicação da margem esquerda do rio. A estrada em terra batida, utilizada como manga para as largadas de toiros, foi requalificada transformando-se na moderna e nova Avenida do Sorraia, junto ao rio, em Coruche. Dispõe agora de um novo traçado, reorganizando a circulação automóvel e de peões. A inauguração da nova avenida ocorreu no sábado, 2 de Agosto, e contou com a presença de dezenas de populares e do presidente da Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Rural e Vale do Tejo (CCDRLVT), João Teixeira.

Esta obra custou 847 mil euros tendo sido financiada por fundos comunitários em 725 mil euros. Ao longo da avenida é possível ver vários burladeros (protecções de madeiras para os toureiros nas arenas), os bancos e muretes estão pintados na chamada cor “sangue de boi”, dando assim alguns apontamentos da cultura tauromáquica. O lago artificial com rochas foi o espaço que mais atraiu a curiosidade dos presentes, dando um toque moderno ao local. Os passeios junto ao rio são largos permitindo que os ciclistas possam pedalar no local, ligando esta zona à ciclovia já existente. Foram aproveitadas as árvores de grande porte que já existiam para dar sombra nos dias de maior calor e proporcionar esta avenida como um espaço ideal para as famílias passearem ou praticarem actividades desportivas. O concurso para exploração do bar/ quiosque, com o exterior em cortiça, situado na avenida, já foi aberto. A nova avenida liga à Rua de Salvaterra de Magos, uma das principais artérias de entrada da vila, que também foi requalificada com a criação de uma rotunda no entroncamento que liga ao centro da vila e sobe para o miradouro de Nossa Senhora do Castelo. O presidente do município era um homem orgulhoso pela obra agora inaugurada. Francisco Oliveira referiu que a situação financeira “estável” do município permitiu que concorressem aos fundos comunitários

requalificação. O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira (à direita) descerrou a placa com o presidente da CCDRLVT, João Teixeira disponíveis para fazerem esta obra. “Espero que esta obra proporcione muitos dias de lazer e bem-estar aos coruchenses e a todos aqueles que nos visitam. Melhoramos também as condições dos desportos náuticos que se praticam no rio Sorraia. Estamos todos de parabéns com esta obra”, sublinhou o autarca. O próximo objectivo de Francisco Oliveira é reabilitar a margem esquerda do rio Sorraia. Uma obra que querem fazer a curto prazo. Para isso, já encomendaram ao mesmo gabinete de arquitectura responsável pela requalificação da Avenida do Sorraia um projecto para que se possa avançar com a obra. O presidente da Câmara de Coruche sabe que tem que se ter em conta as cheias nos Invernos mais rigorosos que com a subida

A nova avenida liga à Rua de Salvaterra de Magos, uma das principais artérias de entrada da vila, que também foi requaliicada com a criação de uma rotunda no entroncamento que liga ao centro da vila e sobe para o miradouro de Nossa Senhora do Castelo das águas do Sorraia alaga aquela margem. “Vamos ter tudo isso em conta na hora de elaborar o projecto. Queremos que a outra margem do Sorraia possa ser usufruída pelos coruchenses da mesma forma que esta margem está bem aproveitada”, justificou.


07 AGOSTO 2014 ESPECIAL

Cortejo etnográfico revisita usos e costumes de outros tempos O cortejo etnográico que anualmente se realiza durante as Festas de Coruche é uma oportunidade para se recordar usos e costumes de outros tempos no concelho. Um momento muito apreciado pelos visitantes, cheio de cor e movimento, que conta com o indispensável empenho de colectividades e de muitos voluntários. Aqui recuperamos as imagens de outras edições do desile. Este ano o cortejo é no domingo, 17 de Agosto, a partir das 11h00.

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10 ESPECIAL SAMORA CORREIA 07 AGOSTO 2014

Esperas de toiros, sardinha assada e concertos animam Samora Correia durante seis dias Paulo de Carvalho é cabeça de cartaz juntamente com outros cantores populares foto O MIRANTE

A cidade de Samora Correia espera milhares de visitantes durante as festas em honra de Nossa Senhora da Oliveira e de Guadalupe, que este ano se realizam entre os dias 13 e 18 de Agosto. Música, sardinha assada, toiros, cortejos etnográicos e religiosos são alguns dos destaques do programa. Entre os dias 13 e 18 de Agosto a cidade de Samora Correia, concelho de Benavente, volta a estar em festa, com um vasto programa para todos os gostos. Os festejos em honra de Nossa Senhora da Oliveira e de Guadalupe contam este ano com a actuação de Paulo de Carvalho, Vanessa Silva, Jorge Guerreiro e David Antunes. Não vão faltar, como é habitual, as actividades tauromáquicas, os cortejos e a homenagem ao campino e a noite da sardinha assada. Todos os dias da festa há entradas de toiros no Largo 25 de Abril e Fonte dos Escudeiros, marcadas para as 00h30 (dia 13), 19h00 (dia 14), 18h00 (dia 15), 18h30 e 02h00 (dia 16) e 19h00 (dia 18). Na largada de sábado, às 18h30, os toiros vão passar na avenida O Século, que estará cortada ao trânsito. A noite da sardinha assada é outro dos pontos altos do programa. Vão ser oferecidas 25 mil sardinhas, pão e vinho aos visitantes, na noite de sábado, dia 16, depois das 21h30, hora a que os fogareiros serão acesos. São esperados milhares de visitantes nos seis dias de festa, especialmente dedicada à festa brava e à cultura tauromáquica. No primeiro dia, 13 de Agosto, será inaugurada a exposição “Oliveira Irmãos - Símbolos de uma época”, no Palácio do Infantado, pelas 17h30. A inauguração do monumento evocativo da ganadaria Oliveira e Irmãos, no largo João Fernandes Pratas está marca-

da para este dia às 18h00. Meia hora depois começa uma demonstração de toureio em comemoração dos 25 anos de alternativa do matador Eduardo Oliveira, com a participação do matador Luís Reina, o mexicano Giovani Aloi e o cavaleiro Pedro Salvador, com a presença dos forcados de Samora Correia. Os novilhos são de João Folque, David Ribeiro Telles e Samuel Lupi. Ainda no dia 13 de Agosto realiza-se no auditório do Palácio do Infantado um colóquio subordinado ao tema “Evocar a gana-

daria Oliveira e irmãos”, pelas 21h30. No dia 16 de Agosto destaque para a prova de condução de cabrestos, com perícia de campinos, no terreno em frente à sede da Associação Recreativa e Cultural Amigos de Samora (ARCAS), entidade que organiza as festas. Neste dia há ainda o desfile etnográfico (16h00) com campinos, marialvas, cavaleiros amadores e ranchos folclóricos, entre a Avenida o Século e o largo 25 de Abril. Depois do cortejo é homenageado o campino António “Baixelas”. No dia 17 de

Devoção e etnografia

21h30). No dia 17 realiza-se às 16h00 o cortejo de Nossa Senhora de Alcamé e uma hora depois decorre a missa em honra de Nossa Senhora da Oliveira. A procissão com todas as imagens pelas ruas de Samora, acompanhada pela banda da Sociedade Filarmónica União Samorense e a fanfarra dos bombeiros de Samora Correia é às 18h00. No que toca à etnografia está prevista uma feira de artesanato, no jardim

As festas de Samora Correia têm também boa parte do seu programa preenchido com actividades religiosas. É o caso do cortejo de cavaleiros a acompanhar as imagens de Nossa Senhora de Guadalupe e São João Baptista (dia 15, 21h00), e a procissão do Senhor Jesus, entre a igreja da Misericórdia e a igreja Matriz (dia 15,

Agosto haverá uma prova de maneio de gado bravo, em frente à ARCAS, pelas 11h00. No que toca à música destaque para as actuações de David Antunes & The Midnight Band com Vanessa Silva e Paulo de Carvalho (dia 18 a partir das 23h30), Bruno China e Lando Suarez (dia 18, 22h00), Jorge Guerreiro (dia 17, 22h00), Art e Som (dia 16, 23h00) e Banda Sinal, no dia 15 de Agosto, depois das 23h00. Abrem o programa os Companhia Limitada, quinta-feira, depois das 22h00.

do Palácio do Infantado, durante os seis dias de festa e um Festival de Folclore, no dia 16, pelas 21h00, na Praça da República. Actuam os ranchos do Grupo Etnográfico Samora e o Passado, Rancho Folclórico da Ria Formosa (Olhão), Rancho Folclórico de Gouveia (Beira Alta), Rancho Folclórico das Rosas do Casal Pinheiro e Fragosas (Alcobaça) e Grupo Coral As Escouralenses (Santiago do Escourel).


07 AGOSTO 2014 ESPECIAL

Centralidade e boas vias de comunicação são maisvalias de Samora Correia

Sérgio Santos, 35 anos, Sócio-Gerente, Tacofrota, Samora Correia

Proximidade com Lisboa afecta o comércio Na opinião de Sérgio Santos o crescimento das cidades é sempre positivo, lamentando que o actual estado da economia não permita um crescimento ainda maior. Diz que a proximidade de Samora Correia com Lisboa tem levado a que cada vez menos gente faça compras no comércio local, o que não é bom para Samora Correia. No seu ramo de negócio diz que a localização da cidade é excelente por beneficiar de boas vias de comunicação e de uma posição central no mapa do país. A sua empresa fica situada entre o Porto Alto e Samora, confessando-se desiludido com o actual estado em que se encontra o Porto Alto. “Viemos para cá há cinco anos, mas fizemos o negócio do armazém há sete anos. Isto tinha outro movimento e dinâmica que tem vindo a cair. Várias empresas fecharam”, lamenta. Sérgio confessa que não é aficionado mas costuma ir às festas. Este ano, por ter sido pai há pouco tempo, não sabe ainda se o fará. Mas reconhece a importância das festas e o seu papel dinamizador junto da comunidade.

SAMORA CORREIA

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Para vários empresários da região a cidade de Samora Correia é um local com diversas vantagens onde vale a pena investir, a começar pela sua centralidade no mapa nacional e o rápido acesso a boas vias de comunicação. De aspectos menos bons só conseguem mesmo eleger a crise económica, que continua a complicar os negócios. Para os empresários as festas de Samora são boas para promover a terra e para dar um empurrão nas vendas.

Sónia Freixo, 36 anos, empresária, funerária O Século, Samora Correia

Rui Maduro, 69 anos, sócio-gerente, restaurante Unidos do Volante, Porto Alto

Festas são importantes para a cidade e a região

Construção das novas pontes retirou clientes

Para Sónia Freixo a cidade de Samora Correia está a transformar-se num dormitório, por causa do aumento de pessoas que ali residem. Sónia diz que o aumento de população não coloca em risco as tradições tauromáquicas da terra e prefere destacar como principal preocupação a falta de serviços na cidade, cuja abertura não tem sido proporcional com o aumento de população que tem sido verificado. Elogia o novo balcão único criado em Benavente, que permite aos moradores tratar de vários documentos no mesmo local. Não costuma ver as largadas, apesar de respeitar quem gosta. Não costuma participar nas festas por causa do trabalho, que lhe rouba bastante tempo. “Enquanto comerciante participo no apoio para a festa, ela é importante para dinamizar a cidade e a região”, explica. Elogia Samora Correia como uma cidade que gosta de receber bem e se encontra bem localizada. O maior problema continua a ser a crise económica, que leva a uma contracção do consumo das famílias.

Apesar de se encontrar no Porto Alto, às portas de Samora Correia, Rui Maduro tenta sempre dar um pulo às festas de Nossa Senhora da Oliveira e de Guadalupe. Diz que são importantes para reencontrar amigos ou pessoas que andam afastadas da terra há vários anos. “É uma festa muito agradável”, elogia. Gosta de tauromaquia e por isso vai tentar ir ver as esperas de toiros. Mas apenas como espectador. “Com os meus pés pesados já não é fácil estar à frente do toiro”, diz com um sorriso. Rui Maduro defende que apesar do crescimento da cidade é importante que as tradições se mantenham e sejam reforçadas. Elogia Samora Correia e o Porto Alto como localidades que sabem e gostam de receber quem as visita. Diz que a localização privilegiada, central, é uma mais-valia da terra, apesar de notar que a construção da ponte Vasco da Gama e da ponte das Lezírias foram responsáveis por uma diminuição do tráfego automóvel e, como consequência, da redução do número de clientes.


12 ESPECIAL SAMORA CORREIA 07 AGOSTO 2014

Vânia Correia, 36 anos, reformada, Porto Alto

Festas são oportunidade para esquecer a crise O excesso de trânsito em ruas sem capacidade para acolher tantos automóveis é, na opinião de Vânia Correia, o principal problema associado ao crescimento da cidade de Samora Correia. Defende que os novos residentes também gostam das tradições tauromáquicas, assim sejam cativados pelos actuais residentes da terra. Elogia as festas de Samora Correia e do Porto Alto como festas capazes de atrair milhares de pessoas à região. “Desde que sofri um acidente que deixei de ir às festas mas mesmo antigamente quando ia notava-se que mesmo as pessoas de fora gostavam muito do ambiente e havia um grande intercâmbio”, elogia. Na opinião de Vânia, as festas são uma oportunidade excelente para a população esquecer a crise e distrair dos problemas do dia-a-dia. “As pessoas acabam por se divertir e isso é muito importante”, refere, notando que as festas são também boas para dinamizar os negócios e o comércio. Na opinião de Vânia Correia o maior problema do comércio é a crise, que não deixa os clientes com margem para compras. “Sem dinheiro não dá para comprar nada”, lamenta.

José Carlos Serrador, 57 anos, Sócio-gerente, Emegás, Samora Correia

Paula Nunes, 47 anos, empresária, 2004 Cabeleireiros, Samora Correia

Sem gente jovem não haverá tradições

Uma cidade que recebe bem

O facto de muita gente jovem estar a abandonar Samora Correia é motivo de preocupação para o empresário José Serrador. Na sua opinião a cidade está a envelhecer e nos desfiles etnográficos já é raro ver gente jovem. E sem jovens para continuar as tradições da terra estas correm o risco de desaparecer. A crise económica que está a empurrar os jovens para outros países também não ajuda. “Quando sair o último deixa de haver desemprego, porque já cá não estão”, lamenta. José gosta de ver as largadas de toiros e considera-se um aficionado de bancada, gostando da festa brava desde miúdo. Confessa que não vai à festa mas apenas às largadas de toiros, por uma questão de dinheiro e de disponibilidade. Elege a boa qualidade das vias de comunicação como o principal atributo de Samora Correia, mas lamenta que o actual quadro económico só permita “resistir à rasca” à passagem dos dias. Nota que hoje os lucros das empresas mal dão para pagar os impostos.

Na opinião de Paula Nunes a cidade de Samora Correia tem crescido nos últimos anos em termos de população e isso é bom. Mas lamenta que todo esse crescimento não tenha sido acompanhado de equipamentos e serviços que pudessem tornar a cidade mais cosmopolita e menos rural. Diz não ter medo de se perderem as tradições taurinas por causa das novas pessoas que vão habitar em Samora Correia. É ribatejana e por isso costuma acompanhar as actividades taurinas, não perdendo uma oportunidade de visitar as festas. Só não vai quando o trabalho aperta. “Vou sempre como espectadora e tento ir a um bocadinho de tudo”, elogia. Paula Nunes elogia a cidade e as pessoas que nela habitam. “Gosto muito de estar aqui, foi uma terra que me acolheu muito bem, gosto da clientela, que é fiel e não tive problema em fixar-me aqui. O menos bom só mesmo a crise mas isso nota-se em quase todos os negócios”, lamenta.


07 AGOSTO 2014 ESPECIAL

SAMORA CORREIA

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Desafiar o perigo nas ruas para não esquecermos que a natureza não é apenas flores e borboletas Uma festa taurina serve para recordarmos de onde viemos e o caminho que izemos até ao conforto do mundo moderno foto arquivo O MIRANTE

Um toiro, é um toiro, é um toiro. Uma festa com toiros na rua não é macia. É rija e brava como tudo o que é rijo e bravo. A natureza consegue ser impiedosa. Brutal. Mata, destrói, assusta. Há quem diga que o homem construiu as cidades para se proteger da natureza, que muitas pessoas confundem com flores aromáticas, passarinhos a cantar e borboletas multicolores. Em Samora Correia as festas são à medida de gentes que, apesar dos mil e um confortos da vida moderna, não esquece as suas origens. Lúcio Perinhas Batista, campino de Samora Correia, dizia o ano passado que nunca se queixou de trabalhar de sol a sol porque uma paixão não tem horários. Entrou aos 14 anos para a Casa Prudêncio. Era de uma família de nove irmãos. Aos trinta anos foi colhido por um toiro que fugiu dos curros. Saiu do Hospital de Vila Franca após ter sido

tratado e não foi para casa descansar. Foi ajudar os companheiros a enjaular o animal. Confessa que não tem medo da morte. Diz que, para ele, morrer é deixar de ser campino. O discurso de Lúcio Batista, e de todos ao apaixonados pelo mundo dos toiros, não é compreendido num mundo em que as crianças para verem uma galinha têm que andar quilómetros numa excursão até um qualquer parque temático. Porque é que as gentes do Ribatejo desafiam toi-

Os aicionados feridos abandonam os hospitais e voltam para as largadas ainda a sangrar ros na rua? Porque viajam pessoas de todo o Mundo para correrem à frente de toiros em pontas nas Festas de S. Firmin em Espanha? Porque é que um grupo de forcados salta à arena para agarrar um toiro com mais de quatrocentos quilos apenas com as mãos? Todos se espantam com as notícias das colhidas durante as Festas de Samora Correia. Festas em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe e Nossa Senhora da Oliveira, santas a quem muitas rezam, sabendo à partida que não há milagres que cheguem para nos livrar dos males do mundo. Os aficionados feridos abandonam os hospitais e voltam para as largadas ainda a sangrar. Dentada de cão cura-se com o pelo do mesmo cão, diz a sabedoria popular. Quando a criança cai no escorrega há pais que a forçam a tentar nova descida. A vida não é fácil. Colocarmo-nos numa redoma não nos livra dos perigos. Vem um Tsunami, um tornado, um incêndio, um vírus, uma seca extrema, uma enxurrada, uma guerra, uma onda gigante, um camião fora de mão, um míssil perdido num céu perigosamente azul bebé e adeus... Um toureiro ou um adepto de touradas e de largadas de toiros chega a casa e faz mil festas ao cão que o recebe com saltos de alegria. Depois beija apaixonadamente a mulher e brinca com os filhos ou ajuda-os a fazer os trabalhos da escola. Emociona-se a ver um filme de amor na televisão. Antes de dormir ainda passa pelos estábulos para ver se os seus cavalos estão bem. Há pessoas que ele não conhece que o insultam sem compaixão. E ele entra na arena ou salta a vedação do cercado onde o toiro o espera e enfrenta todos os seus medos com a certeza que está a ser apenas um homem. Um homem descendente de homens que tiveram que enfrentar todos os medos, privações e terríveis feras para que ele chegasse onde chegou. E por isso se levanta a cada queda ou infortúnio, sentindo um secreto orgulho de ser quem é e de poder honrar os seus antepassados mais remotos. Rui Ricardo


14 ESPECIAL SAMORA CORREIA 07 AGOSTO 2014

Reabilitação da igreja matriz de Samora Correia está a decorrer com normalidade A primeira fase da reabilitação da igreja matriz de Samora Correia, iniciada em Março último, prossegue a bom ritmo, mas o padre Heliodoro Nuno, vigário paroquial, diz que os trabalhos deverão prolongar-se pelos próximos anos com o arranque da segunda e terceira fases do projecto, ainda sem datas previstas. Os trabalhos obrigaram a alterar os horários. Nos dias úteis a igreja só abre às 17 horas para as celebrações litúrgicas. Aos sábados e Domingos funciona no horário habitual. O pároco de Samora Correia e Santo Estevão, Heliodoro Nuno, explica que a primeira fase das obras está orçada em 664.280 mil euros e deverá estar concluída no final de 2014. A comparticipação comunitária é de 70 por cento. A Câmara Municipal de Benavente vai pagar cerca de 21 por cento e tem a seu cargo a fiscalização dos trabalhos. Para o presidente da câmara, Carlos Coutinho, esta era uma medida prioritária pois considera que a igreja faz parte do património edificado mais importante do concelho. A cobertura do templo está a ser totalmente substituída e as paredes restauradas, tanto no exterior, como interior, sob a responsabilidade de uma empresa de Ourém, a Tecnorém - Engenharia e Construções, na qualidade de empreiteiro geral. A comissão da Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Samora Correia é a entidade responsável pela obra e continua a trabalhar para que as verbas necessárias para o restauro interior sejam totalmente conse-

guidas e que o monumento, com mais de duzentos anos, apareça com novo aspec-

to, para orgulho da população da cidade de Samora Correia.


18 ESPECIAL VIALONGA 07 AGOSTO 2014

Exposições, tasquinhas e muita música nas festas de Vialonga de 14 a 17 de Agosto Romana e os Melech Mechaya são os cabeças de cartaz num evento que terá dois palcos foto arquivo O MIRANTE

Os portuguesíssimos Melech Mechaya vão incendiar a noite de Sábado com a sua música endiabrada, de raízes judaicas, com inspirações nas músicas cigana, árabe e dos Balcãs. A conhecida Romana actua na sexta-feira. O folclore e a música portuguesa dos “Folha Verde” são outros destaques em termos de animação. As festas de Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, decorrem entre 14 e 17 de Agosto com animação, concertos, artesanato e tasquinhas. Os cabeças de cartaz serão Romana e os Melech Mechaya. Os festejos em honra de Nossa Senhora da Assunção contam com dois palcos, o palco arraial e o palco igreja, onde vão actuar vários artistas. Romana actua no segundo dia dos festejos, na sexta-feira 15 de Agosto, no palco arraial, pelas 23h00. Por este mesmo espaço passam Toque de Classe Pra Dançar (dia 14, 23h30), Melech Mechaya (dia 16, 23h30) e os Reguilas, que vão fazer um tributo ao rock português no dia 17 pelas 21h00. No palco

igreja as actuações começam no dia 14, pelas 22h00, com Cristais da Noite. Nos dias seguintes actuam Turno da Noite (dia 15 pelas 22h00) e Ouriços (dia 16 pelas 22h00). O programa da festa inclui também a

abertura na quinta-feira, dia 14, de uma exposição no salão nobre da junta de freguesia sobre a revolução de Abril, intitulada “Tempo de participação popular, no caminho do progresso”. Ainda na quinta-feira haverá

arruadas e baile. No último dia de festa, 17 de Agosto, destaque para um festival de folclore, que contará com as participações dos ranchos da Casa do Povo de Vialonga, Grupo de música tradicional portuguesa “Folha


07 AGOSTO 2014 ESPECIAL

“A procissão em honra de Nossa Senhora da Assunção, realiza-se no dia 15, pelas 18h00. Acompanhada da Banda Filarmónica Azambujense percorrerá várias ruas de Vialonga. Os festejos são organizados pela Junta de Freguesia de Vialonga, que este ano tem como objectivo captar novos públicos.” Verde”, Rancho Folclórico “Os Camponeses” do Grupo Desportivo de Santa Eulália, Grupo “Monte Serves” e o Grupo da ADCS Parque Residencial de Vialonga. Além das populares cavalhadas, no domingo pelas 16h00, na estrada do túnel, junto à variante, há também cerimónias religiosas. A procissão em honra de Nossa Senhora da Assunção, realiza-se no dia 15, pelas 18h00. Acompanhada da Banda Filarmónica Azambujense percorrerá várias ruas de Vialonga. Os festejos são organizados pela Junta de Freguesia de Vialonga, que este ano tem como objectivo captar novos públicos. “Queremos trazer às festas os habitantes das novas urbanizações, que ainda sentem pouco as festas e têm pouca ligação com elas”. Com um placo dedicado à juventude esta é uma forma se conseguir captar novos públicos, explica a O MIRANTE José António Gomes (CDU), presidente da junta. O autarca diz que as festas de Vialonga são especialmente dedicadas às pessoas da terra mas que qualquer pessoa que as visite será bem recebida.

VIALONGA

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A música endiabrada dos Melech Mechaya Ninguém consegue estar parado durante uma actuação dos Melech Mechaya e em certas alturas mais parece que toda a gente tem o diabo no corpo, sejam músicos ou espectadores. O grupo foi entrando com pezinhos de lá no panorama da música feita por portugueses e hoje é uma das mais entusiasmantes bandas para ver ao vivo, apesar dos vários CD entretanto lançados. Nascida em 2006, os Melech Mechaya são conhecidos como a mais proeminente banda portuguesa de música Klezmer. Os seus mentores foram João Graça, Miguel Veríssimo, André Santos, João Novais e Francisco Caiado. Começando por explorar temas tradicionais judaicos, os Melech Mechaya estreiam-se em palcos na noite de 10 de Março 2007. Em 2008 lançam em edição de autor o seu EP de estreia “Melech Mechaya”, que incluía já alguns temas originais, e no mesmo ano o grupo dá os seus primeiros passos internacionais com vários espectáculos em Espanha. Em 2009 lançam pela editora Ovação seu primeiro longa-duração Budja Ba, que conta com a participação das Tucanas. Actuam no Festival de Músicas do Mundo de Sines , nos Bons Sons de Cem Soldos, Tomar, no Super Bock Surf Fest e fazem a abertura do concerto de Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra no Coliseu dos Recreio em Lisboa. Participam ainda em vários festivais na Espanha e Croácia. Depois do lançamento de “Aqui Em Baixo Tudo É

Simples” actuam no Rock In Rio Lisboa, Maré De Agosto, ou Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, num espectáculo com a participação da compa-

nhia de teatro catalã La Fura Dels Baus. O disco foi nomeado para melhor disco instrumental de 2012 nos Independent Music Awards.


20 ESPECIAL VIALONGA 07 AGOSTO 2014

Proximidade da auto-estrada e de Lisboa são vantagens para empresários de Vialonga Vila do concelho de Vila Franca de Xira acolhe várias pequenas e médias empresas Vialonga tem empresas de grande dimensão mas também acolhe várias pequenas e médias empresas que dão dinâmica económica à vila do concelho de Vila Franca de Xira. Muitos empresários escolheram esta vila pela proximidade à principal auto-estrada do país e por estar perto da capital mas ainda longe da confusão.

Hélder Oliveira, empresário, Passa Maria, Quinta do Duque

Cármen Sequeira, Zen-Centro de Terapia, Vialonga

Proximidade dos locais de trabalho é mais-valia

A melhor publicidade é o boca-a-boca

Para Hélder Oliveira a localização da sua empresa de serviços de limpeza, na Quinta do Duque, Morgado, é uma mais-valia por a maioria dos clientes ser dos arredores de Vialonga, Alverca do Ribatejo e Póvoa de Santa Iria. A carteira de clientes inclui particulares e pequenas empresas, nomeadamente nas áreas da construção, contabilidade, trabalho temporário, além de condomínios. Hélder Oliveira considera que a proximidade dos locais das prestações de serviço permite rentabilizar as deslocações do pessoal, além de também não encarecer o serviço. A propósito das Festas de Vialonga, diz que gosta de festas populares mas confessa não ser um frequentador habitual. Quanto ao que gostaria de ver melhorado no concelho fala nos espaços verdes da zona onde mora, na urbanização da Malvarosa, em Alverca, que “estão uma desgraça”. “Já telefonei para a câmara, disseram que iam resolver o problema mas até hoje está tudo na mesma”, lamenta.

Cármen Sequeira decidiu abrir a sua loja há oito anos no centro de Vialonga porque, nessa altura, não havia na vila nada neste ramo de actividade, vocacionada para as massagens e medicinas alternativas, incluindo acupunctura e tratamentos de estética. “Ainda hoje não há muita coisa e achei que seria um bom investimento para a terra e para as pessoas”, diz, acrescentando que começou a trabalhar por conta própria depois de ter concluído o curso profissional de Massagista e Reabilitação. No início achou que poderia ser uma desvantagem por ser um meio pequeno, mas com o passar do tempo “tornou-se numa vantagem porque toda a gente se conhece e, a nível de publicidade, a melhor coisa é o boca-a-boca”. Na maioria são mulheres que pretendem tratamentos de estética que procuram Cármen Sequeira, que trabalha em parceria com um psicólogo e terapeutas da fala, que podem dar o seu contributo para “melhorar a auto-estima”.

Estamos perto de tudo e afastados da confusão

Ivo Delgado, empresário, Delgometal, Boca da Lapa

Para Ivo Delgado a principal vantagem da sua empresa de metalomecânica estar sediada em Vialonga é o fácil acesso à auto-estrada A1, o que facilita o escoamento dos produtos. “Estamos num sítio estratégico, perto de tudo e afastados da confusão”, diz o empresário, adiantando que a firma fica a 10 minutos de Lisboa, onde estão os maiores clientes. Ivo Delgado tomou conta de um espaço familiar que existe na Boca da Lapa há 20 anos. “Não pensamos em mudar daqui. É uma ideia que temos na nossa mente”, sublinha, acrescentando que trabalha essencialmente com ferro, inox ou alumíno, utilizados por empresas da área das telecomunicações. “Fazemos qualquer tipo de construções metálicas”, explica. Ivo Delgado aprecia muito as festas populares, como as de Vialonga, e acha que nunca deviam acabar. “Tenho muita admiração por haver alguém que ainda mantenha de pé essas tradições”, refere.


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