Edição 27º Aniversário O MIRANTE (1169-20-11-2014)

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Edição comemorativa do 27º aniversário

Este jornal faz parte integrante da edição 1169 (20-11-2014) de O MIRANTE e não pode ser vendido separadamente

Há doze anos que O MIRANTE pode ser lido em qualquer parte do Mundo através da internet e há sete que associou, à informação escrita complementada com fotografias, a edição de vídeos. É esta vontade de estar sempre próximo dos seus leitores que faz com que sejamos, há mais de década e meia, o maior jornal regional do país, figurando, em lugar de relevo, no conjunto de toda a imprensa portuguesa. A edição semanal em papel tem uma tiragem superior ao conjunto de tiragens de todos os meios de comunicação social impressos da região. Os mais de trinta mil exemplares também suplantam as tiragens de algumas publicações de âmbito nacional. Mas é no online que se joga o futuro da comunicação social e aí a supremacia de O MIRANTE é esmagadora. A página do nosso Diário Online regista mais de meio

O MIRANTE nasceu há 27 anos mas não se quer afirmar pela longevidade. Quer fazer sempre mais e melhor e estar o mais próximo possível dos leitores e dos anunciantes. A página do nosso Diário Online regista mais de meio milhão de visualizações mensais. A edição semanal em papel tem uma tiragem superior ao conjunto de tiragens de todos os meios de comunicação social impressos da região. milhão de visualizações mensais. Os vídeos dos acontecimentos mais importantes da região já foram vistos mais de 3,7 milhões de vezes. O MIRANTE completou no domingo, 16 de Novembro, 27 anos, com a certeza de que não é a longevidade que interessa a leitores e anunciantes mas sim a qualidade, o rigor

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e a independência da sua informação. O jornal procurou e vai procurar estar sempre na vanguarda em termos editoriais e no aproveitamento máximo das novas tecnologias. Foi caminhando que fizemos caminho. Ganhámos experiência que é algo que ao invés de cansar dá ânimo para quem quer ir mais longe. Nós queremos ir mais e mais longe. Quem está connosco sabe que não vale a pena procurarnos nas brumas de qualquer passado, por muito glorioso que tenha sido. Trabalhamos para sermos encontrados na primeira linha do futuro. A melhor notícia é aquela que ainda não demos. A melhor edição é aquela que está para sair. Neste número comemorativo do 27º. aniversário damos voz a quem tinha uma estória de vida para contar. Uma edição especial para guardar e coleccionar.


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Estórias de vida

O MIRANTE | 16 Novembro 2014 Edição 27º aNiVERSÁRio

Fiquei ferido e não consegui salvar a vítima A história de vida que partilho convosco passa-se em Coruche. Já lá vão cerca de 28 anos mas parece que foi ontem. Estávamos em plenas Festas do Castelo e eu tinha terminado o serviço militar há cerca de três meses. Era um belo dia de Agosto e o programa das festas chamava-me para a vila. Não podia perder mais uma largada de toiros. Juntei-me com uma rapaziada amiga e lá fomos nós da Fajarda até Coruche, diretamente para a antiga manga dos toiros, ali junto ao rio Sorraia e atualmente Avenida do Sorraia, obra que tive a honra de inaugurar, no último Agosto. Por ali andámos animados, entre a margem do Sorraia e o café Tadeia. Começava-se a juntar uma enorme multidão para assistir à largada e eu e os meus amigos também à espera que começasse a brincadeira com os toiros. Os mais afoitos foram os primeiros a saltar para dentro da manga à procura de emoções fortes. Toiro após toiro as brincadeiras iam-se repetindo, sempre a medirmos as devidas distâncias, até que… algo de grave acontece! A alguns metros de nós uma pessoa é colhida. Percebemos logo que a situação era complicada e aproximamo-nos para tentar ajudar. Convém recordar que na época aquela rua era em terra batida. Ou seja, o piso era mais favorável aos toiros, que nos seus terrenos se movimentam com maior facilidade. Um homem de forma tranquila (talvez demasiado tranquila) atravessa a manga dos toiros e de repente, sem que nada o fizesse prever e com uma agilidade natural e uma enorme bravura, o toiro avança sobre o indivíduo, que apenas queria atravessar a rua de um lado para o outro, sem sequer provocar o animal. Instalado o pânico com a brutal colhida, eu e os meus amigos avançamos sobre o toiro, como bons ribatejanos, para tentar ajudar. Sim, porque não foi apenas uma colhida. A primeira cornada foi violentíssima, sendo que o toiro continuava no chão a castigar e a derrotar o homem. Pior, o animal não dava espaço para que pudéssemos tirar dali a vítima. Este cenário obrigou-nos a correr riscos. Chegámos mesmo muito perto e chamámos pelo toiro, mas este nem assim largava a pessoa. Mas eis que, a determinado momento, o toiro encara comigo e avança! Reagi de imediato. Eu era um jovem na altura e estava bem preparado fisicamente, corri o mais depressa que pude, mas o terreno favorecia o toiro… de modo que, e como se costuma dizer, deixei-me agarrar. No meio de toda este aparato fui bafejado pela sorte. O toiro escorrega no momento da colhida e não me consegue dar o segundo derrote. Fiquei no chão junto às tronqueiras, o que me possibilitou rebolar por baixo delas e sair da manga. Já cá fora, dou por mim rodeado de pessoas preocupadas a perguntarem-me se estava bem. Para o susto que foi sentia-me ótimo até que de repente alguém diz: “Tás furado!”. A adrenalina foi tanta que nem percebi que tinha sido ferido. Comecei a ouvir toda a gente a dizer que tinha de ir ao hospital. E lá fui eu. O hospital ainda funcionava no centro da vila, tanto que até fui a pé. Quando lá cheguei não me atenderam de imediato, pois estava para chegar alguém ferido com mais gravidade, vindo também da largada de toiros. Ali fiquei sentado na sala de espera a sangrar. Esperei uns minutos, mas as pessoas que ali estavam comigo insistiram para que eu batesse à porta, pois estavam preocupadas com o muito sangue que estava a perder! Bati à porta e lá

entrei para as urgências. O médico assim que me viu perguntou se eu estava ferido nas mãos, tal era a quantidade de sangue que tinha nas mãos. “Nas mãos, não”, respondi eu. Acho que tenho um furo na virilha”. O médico constatou o furo e enfiou literalmente o dedo indicador, no buraco provocado pela cornada. A seguir disse-me: “meu jovem, afinal isto é sério, mas olha podes festejar que hoje já te saiu a sorte grande, porque mais dois centímetros e apanhava-te a femoral e não tinhas chegado aqui de certeza! Vamos colocar-te um dreno e esperar que tudo corra bem.” E assim foi, correu muito bem. Cicatrizou sem problemas e sem dores. A aficion continua dentro de mim, mas

Francisco Silvestre de Oliveira*

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desde aí sempre com precauções redobradas em relação à minha segurança e à dos meus. Ainda hoje gosto e vou às largadas, gosto da festa brava e tenho um respeito enorme pelos artistas. Infelizmente o esforço e o arrojo que eu e os meus amigos demonstramos naquela manhã de Agosto a tentar salvar uma pessoa não teve recompensa. O homem que tentei ajudar viria a falecer em virtude dos ferimentos causados pela investida do toiro. Um dia aficionado, sempre aficionado! Agora muito mais enquanto espetador, mas sempre que posso ainda faço uma “perninha”. Resta dizer que em boa hora fizemos regressar os toiros às ruas do centro histórico da vila de Coruche. O perigo existe na mesma, mas quem gosta de brincar com os toiros reconhece que ali o toiro não tem tanta vantagem por causa do piso. Esta é uma história de vida que se passou em Coruche, mas que poderia ter-se passado em outro qualquer lugar do nosso Ribatejo. * Presidente da Câmara Municipal de Coruche


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Estórias de vida

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Se querem entrar na política Fiz muita coisa na vida mas a arranjem primeiro um trabalho minha melhor realização são os meus filhos

Quando me pediram uma estória de vida a minha primeira reação foi achar que ainda não tinha idade para ter estórias de vida. Mas a verdade é que os anos vão passando e de uma maneira que nem nós nos apercebemos. Se hoje escrevo estas linhas é sobretudo pelo facto de ser presidente de câmara. Assim sendo, vou contar um episódio que de certo modo marcou a minha vida pessoal e política e com isso aquilo que sou na atualidade. A primeira vez que tive funções executivas foi em 1998. À época, fruto da idade e da inexperiência, pensava que o mundo se mudava de um dia para o outro. Que bastava pensar e logo tudo acontecia. Por isso foi com algum espanto e deceção que na primeira reunião com o presidente da câmara de então ouvi estas palavras. “Há aqui gente que tem filhos mais velhos que tu. Se pensas que vens para cá para mudar isto de um dia para o outro podes ir-te já embora. Primeiro tens um trabalho e vida lá fora, depois fazes política”. Conto este episódio, até porque, como é sabido, anos mais tarde, quando decidi ser candidato à câmara o ex-presidente esteve do outro lado da barricada. Hoje estou certo que estas palavras e a sua atitude de então me fizeram perceber muita coisa. Como dizem os brasileiros, fizeram-me “cair na real”. Se mais tarde tive oportunidade de sair da política por discordâncias com certas opiniões e atitudes, mantendo a minha “coluna”, só o fiz porque tinha trabalho e não dependia da política para sobreviver. Sou naturalmente insuspeito para dizer isto, sobretudo após o que se passou, mas a conversa tida naquele gabinete marcou para sempre a minha vida pessoal, profissional e política. E por isso só tenho a agradecer. Nesse ano, 1998, fiz as provas para funcionário da Administração Tributária e no ano seguinte ingressava nos quadros da então Direção-Geral de Impostos.

Pedro Ribeiro*

Nesse ano, 1998, iz as provas para funcionário da Administração Tributária e no ano seguinte ingressava nos quadros da então Direção-Geral de Impostos. Hoje tenho consciência que o que me foi dito tinha uma boa intenção e por isso não o esqueço Hoje tenho consciência que o que me foi dito tinha uma boa intenção e por isso não o esqueço. Aproveito, aliás, para deixar o mesmo conselho a outros jovens ou menos jovens que querem estar na política. Sem trabalho, sem uma profissão, serão sempre alvos fáceis de quem vos quiser manipular. E isso em política é terrível. * Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

Manuel Gomes Valério*

Sou filho de uma família numerosa de dez irmãos. O meu pai era um grande mestre de obras e empreiteiro. Depois da escola primária feita na minha terra, Faniqueira, no concelho da Batalha, fui estudar para o seminário de Fátima e a seguir para o extinto Colégio Dr. Correia Mateus, em Leiria, propriedade da filha do ex-Presidente da República, Bernardino Machado, Beatriz Franco Vieira Machado. Como as mensalidades eram caras acabei por ir estudar à noite para a Escola Industrial e Comercial de Leiria, para onde ia todos os dias de bicicleta ou à boleia. Eram vinte quilómetros, ida e volta. Alistei-me como voluntário na Força Aérea Portuguesa onde fiz um curso de mecânico de aviões. Em 1963 fui colocado na Beira, Moçambique. Casei no ano seguinte e quando terminei o serviço militar trabalhei numa empresa da Beira, no ramo do turismo. Comecei como operador mecanográfico e cheguei, quatro anos mais tarde, a administrador. Na Beira nasceram os meus dois primeiros filhos, hoje com 48 e 43 anos. Em Abril de 1974 vim administrar a empresa que o grupo tinha em Oeiras, Organização de Turismo Continental. Devido às convulsões pós 25 de Abril a empresa passou a ser gerida por uma Comissão de Trabalhadores e eu fui para o Brasil com o meu patrão de sempre. As coisas não correram bem porque os nossos “irmãos” brasileiros revelaram-se especialistas no chamado “golpe do baú” e regressei a Portugal onde tive êxito noutras áreas de negócio, nomeadamente no comércio de electrodomésticos e ao mesmo tempo na área da agro-pecuária, na freguesia da Batalha. Nesse mesmo período, em parceria com um engenheiro civil, adquiri uma empresa de obras públicas, com sede em Benfica-Lisboa, que estava tecnicamente falida, sem carteira de obras e com um quadro de pessoal sem terem trabalho. Corria o ano de 1977, criei também, com o mesmo sócio, novas empresas na área da impermeabilização e da serralharia. Fui concessionário durante dez anos da área de restauração na Faculdade de Direito de Lisboa, na cidade universitária. Em 1985 decidi voltar a trabalhar no Brasil mas mais uma vez não tive sucesso. Em fins da década de oitenta comprei, com o meu sócio, a Quinta dos Pereiras, na Cabeça Gorda - Vaqueiros, onde construímos habitação e uma exploração agro-pecuária. Reiniciei também actividade na construção civil, quer nas obras públicas e particulares, quer em construção e promoção imobiliária para venda. Nos últimos quinze anos os únicos prédios feitos de raiz, de habitação colectiva, em Pernes, são de minha iniciativa. Todas as vivendas construídas na Estrada de Vaqueiros também. Na década de 90 projectei e esteve aprovado, com licença levantada e paga, um Kartódromo da freguesia de Vaqueiros, com uma componente hoteleira e turística, que só não foi concluída por incompetência grosseira da Câmara de Santarém. Este processo morreu no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, com desvantagem e volumosos prejuízos para o pro-

Nos últimos vinte anos dediquei-me também à reabilitação urbana, em Lisboa. Actualmente estou reformado mas com actividade na área da avicultura. Tenho projectos em vista por realizar. A área da construção foi “herdada” pelo meu ilho mais velho, actividade para a qual tem formação motor. Estavam aprovados pela Direcção Geral do Turismo e pelo Fundo de Turismo 200.000 contos (um milhão de euros), a fundo perdido, para a criação de postos de trabalho. Também nessa altura construí no concelho de Torres Novas, freguesia de Santa Maria, um complexo hoteleiro e de restauração, com capacidade para seiscentas pessoas sentadas numa propriedade comprada para o efeito, com quatro hectares, dentro da zona urbana. Este estabelecimento tinha área construída de 1.500 m2. Com os meus dois filhos construí um bar, com categoria e dignidade, que estaria bem em qualquer cidade do país, virado para a população mais jovem. Um investimento feito no local errado, porque, para haver negócio, tem que haver consumo, para haver consumo tem que haver população. Já na primeira década deste século construí um estabelecimento de restauração em Pernes. É a única churrasqueira existente. Nos últimos vinte anos dediquei-me também à reabilitação urbana, em Lisboa. Actualmente estou reformado mas com actividade na área da avicultura. Tenho projectos em vista por realizar. A área da construção foi “herdada” pelo meu filho mais velho, actividade para a qual tem formação e que exerce desde os vinte anos em grandes empresas de obras públicas. O filho do meio é comandante da aviação comercial. A filha, mais nova, é advogada. Depois de tudo o que fiz, considero que os meus filhos são a minha melhor e maior realização. * Proprietário da FIANÇA - Empresa de Administrações Financeiras e Imobiliárias


Estórias de vida

O MIRANTE | 16 Novembro 2014 Edição 27º aNiVERSÁRio

O Mundo é feito de desequilíbrios que temos que combater todos os dias No contexto do 27.º aniversário do jornal O MIRANTE, que felicito pela longevidade e patamar de elevado relevo já alcançado no panorama do jornalismo regional em Portugal, foi-me lançado o desafio de redigir umas breves linhas onde pudesse partilhar uma qualquer história de vida que considerasse de interesse para o universo dos leitores de O MIRANTE. A história que entendi partilhar veio-me à memória recentemente quando, em Vila Franca de Xira e no contexto das funções que desempenho de presidente de câmara, recebi uma delegação de três deputadas municipais do Tarrafal (Cabo Verde), no âmbito da geminação entre os dois municípios. Esse encontro fez-me recordar um episódio que lhes relatei e que se passou comigo no início deste século, quando então, enquanto vereador na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, visitei Cabo Verde (Santa Catarina) e concretamente algumas ‘salas de aula’. As ‘salas’ tinham condições precárias: as cadeiras, bancos e quadros eram amostras disso mesmo, um dos pés da mesa da professora estava suportado por pedras debaixo. Na ‘sala’, sobrelotada, olhares de crianças entusiasmadas e ávidas de “aprendizagem” e gestos maternalistas de uma professora feliz com o simples facto de poder transmitir ensinamentos. Pensei, tanto com tão poucas condições. Por paralelo, em Vila Franca de Xira,

Alberto Mesquita*

onde à data tinha as responsabilidades do pelouro da Educação, estávamos, na sequência da elaboração da Carta Escolar, a construir novas escolas, a remodelar e beneficiar outras, num investimento a rondar os 100 milhões de euros que se prolongou ao longo de uma década. Apesar disso, em visitas a escolas, era muitas vezes abordado por agentes educativos reclamando porque um ou outro pormenor não estava bem, como se fosse o maior problema do mundo.

É assim o nosso Mundo. Feito de desequilíbrios que temos de combater no nosso dia a dia. E combater, através da Educação, ensinando as letras, os números, mas também através da transmissão de valores fundamentais ao ser humano e à vivência em sociedade Era então que lhes mostrava o paralelo: da minha carteira retirava a fotografia da sala de aulas de Cabo Verde. A conversa amenizava. Falava-se do problema com outra serenidade e resolvia-se, pois era afinal, na maior parte das vezes, uma questão de fácil resolução. É assim o nosso Mundo. Feito de desequilíbrios que temos de combater no nosso dia a dia. E combater, através da Educação, ensinando as letras, os números, mas também através da transmissão de valores fundamentais ao ser humano e à vivência em sociedade. * Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

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Estórias de vida

A nossa vida é um conjunto de acasos Neste 27.º aniversário de O MIRANTE, há que, em primeiro lugar, felicitar todos aqueles que têm contribuído para o sucesso, incomparável e destacado, deste órgão de comunicação, que é muito mais que um simples jornal, mas antes uma verdadeira instituição da nossa região e do nosso país. Parabéns a todos os colaboradores, na pessoa dos seus timoneiros, o Joaquim Emídio e a Joana Emídio. Para a edição comemorativa desta significativa data, pedem-me para relatar um episódio de vida. Depois de realizar uma sempre agradável retrospetiva e regressão, não consigo individualizar um episódio, com o incontornável receio de resumir a vida passada a uma situação agradável, a um momento caricato ou a uns minutos de humor, a pensar, principalmente, em quem irá ter a coragem de ler a minha reflexão. Pensei antes em comemorar a vida como um todo de partes inseparáveis, de duvidosa hierarquização. Gosto de olhar sobre o ombro para o passado, mas virado para o futuro. A nossa vida é um conjunto de acasos. É um rol de acontecimentos, para os quais contribuímos numa ínfima parte. A vida de cada um é feita em partilha, e é construída, maioritariamente, pelos outros. E cair na tentação de destacar um episódio seria o exercício mais incompleto que um humano poderia fazer. Poderia enfatizar a amizade, o amor, a família, a realização pessoal ou profissional, a alegria, a felicidade, a solidariedade, sem nenhuma ordem em especial. Nunca seria apenas um episódio, nunca poderia ser apenas um parágrafo, um texto ou até um livro. Todos já tivemos incontáveis bons e maus momentos nas diversas “partes” da nossa vida. Daqueles que dá vontade de contar. Na amizade há momentos de euforia, mas também de decepção. No amor há momentos de coração a mil, a mover montanhas e outros de frustração e desilusão. A família, aquele porto seguro, preenche grande parte das nossas vidas com alegrias, mas os sentimentos de perda ou nostalgia que pode causar, arrasam, de forma inigualável. Recorda quem tem memória. Recordar é viver porque, como escreveu Gabriel García Márquez, “A vida de uma pessoa não é o que lhe acontece, mas aquilo que recorda e a maneira como o recorda”. Recordamos aquilo que representamos como especialmente bom ou mau, mas a nossa subjetividade tem um papel preponderante na apreciação e valoração que fazemos dos nossos acasos. O que é singularmente espetacular para mim, pode ser uma minudência para outros.

O MIRANTE | 16 NOVEMBRO 2014 EDIÇÃO 27º ANIVERSÁRIO 10 Ramiro Matos* A nossa vida é feita de cada pedaço, de cada momento, de cada recordação. Mas apenas todos eles, em conjunto fazem sentido, apenas o todo nos faz sonhar, nos faz acreditar que vale a pena viver Como humanos, temos a capacidade de rir, de amar, de chorar, de projetar, de sermos felizes. A nossa vida é feita de cada pedaço, de cada momento, de cada recordação. Mas apenas todos eles, em conjunto fazem sentido, apenas o todo nos faz sonhar, nos faz acreditar que vale a pena viver. E que o puzzle das nossas vidas seja um aglomerado de sucesso. Que o sucesso de O MIRANTE contagie a nossa insaciável vivência, porque ele faz, também, parte da nossa vida! * Advogado


Estórias de vida

Por um Tostão Terei, certamente, outros factos mais interessantes ou hilariantes como “história de vida”, como é natural, para quem já ultrapassou meio século de existência…com alguma vivência, nomeadamente como médico e autarca. Pelos tempos que correm, e vão decorrendo, rebusquei da minha memória de infância um episódio simples, mas marcante, fruto do “educador” que era meu pai, função de que nunca se alheou, não a deixando jamais em mãos alheias, apesar de uma vida intensa e preenchida, sendo exigente consigo próprio, como o era com os filhos. A “história” remonta aos anos 60, período do nosso país durante o qual um grande número de pais andava mais absorto a tentar deixar filhos melhores para Portugal, em vez de lhes deixar, como hoje é preocupação, um Portugal melhor para eles. Havia ingressado no liceu fazia pouco tempo! Era uma criança, que ainda não há muito, quando ao domingo à noite da Golegã para Lisboa pensava que a Lua seguia o carro de meu pai!! Um dia ao anoitecer estava à janela de nossa casa em Lisboa quando vi o meu pai, que chegava do consultório, de carro, arrumando-o tradicionalmente na direcção que lhe eramos sobranceiros. Achei por graça atirar “lá p’ra baixo” um objecto que me fizesse anunciar e tendo na mão uma moeda de um tostão (10 centavos) arremessei-a pois não tinha valor, não era contundente e tilintaria. Chegado a casa, meu pai logo me questionou sobre a natureza do objecto que tinha caído no chão ao que lhe retorqui que era simplesmente um tostão! “Ah! Era?!”, comentou. E mais não disse. À época frequentava o Liceu Camões, à Praça José Fontana, para onde me deslocava no autocarro da Carris, cuja ida e volta custava 2$00 (1 cêntimo da moeda actual). À noite, como era

O MIRANTE | 16 NOVEMBRO 2014 EDIÇÃO 27º ANIVERSÁRIO 11 José Veiga Maltez * Rebusquei da minha memória de infância um episódio simples, mas marcante, fruto do “educador” que era meu pai, função de que nunca se alheou, não a deixando jamais em mãos alheias, apesar de uma vida intensa e preenchida, sendo exigente consigo próprio, como o era com os filhos habitual, deixou-me no quarto 1$90 (19 tostões). No dia seguinte meti-me no autocarro para ir para as aulas, mas o problema surgiu na viagem de regresso a casa, pois saí na primeira paragem, já que o condutor não perdoou o tostão. Vim a pé, à chuva e ao frio, dando o real valor ao tostão e matutando na lição…que jamais esqueci!! * Presidente da Assembleia Municipal da Golegã


Estórias de vida

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Disponibilidade absoluta para ajudar mas sempre no anonimato A vocação do serviço ao outro manifestou-se cedo e nunca mais a deixou. Foi uma vida inteira dedicada a ajudar quem precisava e continua a ser um exemplo para todos nós, em Abrantes. Começou ainda antes dos 18 anos. Esteve ligada à Juventude Católica e às Conferências de S. Vicente de Paulo. Hoje, com quase 95, ainda faz voluntariado na Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes e gere o empréstimo

de camas articuladas e cadeiras de rodas a quem precisa. Dotada de um entusiasmo contagiante faz com que tudo pareça fácil. Diz que não se importa de pedir para os outros, para quem precisa, e assim vai conseguindo apoios junto de empresas e instituições para comprar os equipamentos de ajudas técnicas. Foi assim que comprou a primeira cama articulada. Procurou nas páginas amarelas e

fez a encomenda. Foi também assim que comprou uma cadeira de rodas elétrica, para ajudar um jovem paraplégico. Depois vieram outras, sempre para dar resposta a quem precisava. Sempre tentando atender às necessidades dos doentes, de quem sofre. Uma vez contactou a câmara porque precisava de um transporte para uma cama articulada. Pouco tempo depois voltou a ligar. Agra-

Galilei Saúde nomeia novo Presidente Joaquim Nabais Esperancinha, 67 anos, licenciado em Engenharia Eletrotécnica, com um percurso profissional na área industrial, em que ocupou cargos de gestão nos grupos CUF, Quimigal e Uralita, e na área da saúde, em que ocupou o cargo de Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE nos períodos de 2003-2005 e 2012-2014, assumiu desde o dia 01 de agosto do corrente ano a Presidência do Conselho de Administração da Galilei Saúde. A Galilei Saúde é um operador de referência na prestação de serviços e cuidados de saúde diferenciados pela inovação, personalização e qualidade de serviço, assente numa rede própria de unidades prestadoras de cuidados de saúde. A Galilei Saúde focaliza a sua atividade em três segmentos distintos, mas fortemente relacionados: Cuidados Hospitalares; Cuidados Ambulatórios; e Diagnóstico Radiológico e Imagiológico. A Galilei Saúde detém, para além do British Hospital Lisbon XXI, o British Hospital Saldanha, a British Management Care, o IMI – Imagens Médicas Integradas e a CEDIMA – Centro de Imagiologia Médica. O British Hospital Lisbon XXI é uma das Instituições Hospitalares nacionais mais diferenciadas na prestação privada de serviços de saúde em regime de ambulatório e de internamento e tem a sua atividade orientada para prestação de cuidados de saúde de elevada qualidade, seguindo programas certificados pelas normas ISO 9001 e ISO 14001, que validam toda a prestação do hospital. Atualmente, esta Unidade Hospitalar de referência encontra-se dotada de cerda de 50 camas, 3 salas de Bloco Operatório, Sala de Hemodinâmica, Unidades de Cuidados Intensivos e Intermédios, uma Unidade de Cirurgia Ambulatória, Gabinetes de Consulta Externa, Hospital de Dia e modernos equipamentos que servem as áreas de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, nomeadamente um Serviço de Imagiologia com capacidade de diagnóstico nas várias especialidades, quer para crianças, jovens

ou adultos. O British Hospital Saldanha é uma unidade de cuidados de saúde ambulatórios, com enfoque inicial na área oftalmológica, especializada em cirurgia laser, nomeadamente na cirurgia refrativa, bem como em cirurgia da catarata, glaucoma, retinopatia e vários exames oftalmológicos (incluindo OCT), tendo passado a dedicar-se também a outras especialidades, com destaque para a Dermatologia, Cirurgia Plástica, Medicina Estética, Ortopedia, Neurocirurgia, Pediatria, Pneumologia e Cirurgia Vascular. O IMI está equipado com tecnologia de ponta destinada ao disgnóstico médico por imagem, disponibilizando as mais diversas valências na área da imagiologia médica, nomeadamente Raios-X, Ecografia, Tomografia Computorizada (TAC),

Mamografia, Densitometria Óssea e Ressonância Magnética. A aposta num crescimento cada vez mais próximo dos Clientes, faz com que, neste momento, o IMI disponha de unidades em Lisboa (República e Parque), Cascais, Almada, Santiago do Cacém e Leiria. A British Hospital Management Care está integrada no Campus das Torres de Lisboa, funcionando em estreita articulação com o BHLXXI, oferecendo cuidados integrados e dedicados na área da sinistralidade, especialmente nos acidentes de trabalho, acidentes pessoais, acidentes desportivos e acidentes de viação e também serviços de medicina física e de reabilitação (fisioterapia).

Maria do Céu Albuquerque*

deceu e disse que já não precisava, porque tinha conseguido noutro sítio. Noutra ocasião quis saber se restava alguma coisa do nosso orçamento, já que precisava de comprar uma cadeira de rodas suplente, para quando fosse necessária. É um trabalho de disponibilidade absoluta feito no anonimato, em

silêncio. Não gosta de falar de si. Não gosta de se expor. Apenas quer continuar a fazer o que sempre fez. E apesar disso é uma história que merece ser contada e é uma dádiva digna de agradecimento à Tia Mira. * Presidente da Câmara Municipal de Abrantes


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Recordação das viagens à “terra” A hora de saída (bem cedo) escrupulosamente cumprida pelo meu pai! O carro, um Opel Kadett branco, velhinho e onde tínhamos que “puxar” o ar e esperar que aquecesse. Não existia ar condicionado. Lisboa – Riachos em 2 horas, sempre pelo Porto Alto, para evitar o “trânsito” e a subida em Santarém. Mal sabia eu que seria a cidade que me iria acolher. Passagem pela ponte da Chamusca, onde religiosamente cantávamos “olha a ponte do vozinho” (ainda hoje canto silenciosamente). Estávamos a chegar! Pit Stop na Golegã para cumprimentar os tios e primos. Na casa dos Avós, à chegada, a visita à horta era obrigatória! Os coelhos, patos e galinhas, as árvores de fruto e as couves. Tudo devidamente plantado, regado e criado pelo meu avô! Dentro de casa a avó preparava um belo almoço, onde era obrigatória a “sopa da avó”. É como a “sopa da Mãe”, tem sempre um sabor diferente… A verdadeira casa de campo, “pobre”, mas muito humilde e onde a riqueza (que felizmente herdei) eram os meus avós! Não tive a felicidade de conhecer os meus avós paternos e talvez por isso tenha valorizado tanto os maternos. O mérito também é deles, pois eram dois seres humanos maravilhosos! O avô Alfredo, amigo, conselheiro e compreensivo. Era eu o seu cúmplice na compra dos Kentucky e para ir na Vespa de “fugida” à tasca beber uma cerveja e um Sumol. A avó São, ou avó “velhita”, mais rigorosa, mas muito carinhosa e a quem facilmente “dávamos a volta”, tinha sempre um carinho

Rodolfo Garcia Nunes*

Dentro de casa a avó preparava um belo almoço, onde era obrigatória a “sopa da avó”. É como a “sopa da Mãe”, tem sempre um sabor diferente… A verdadeira casa de campo, “pobre”, mas muito humilde e onde a riqueza (que felizmente herdei) eram os meus avós to uma “festa de despedida”. Os familiares e amigos discursam e convivem, relembrando gostos e homenageando as coisas boas da vida! Faz sentido! Estas teriam sido algumas das palavras com as quais eu teria homenageado os meus avós. Fazem e farão sempre parte da História da minha vida! Garantidamente o amor, carinho, orgulho e respeito eram mútuos. Estas viagens têm mais de 27 anos! Obrigado a O MIRANTE por esta oportunidade!

e umas bolachas enroladas em papel pardo, guardadas religiosamente para quando a visitávamos. Adorava ir a Fátima e ouvir a missa na rádio! Quando já na Universidade eu aparecia de surpresa, lá vinha o chouriço, o queijo, o pão e o vinho para uma boa hora de conversa. Sabia-me bem receber aquele conforto! Perdi o meu avô uma semana antes de saber que ia ser pai do meu primeiro filho. Tive pena de não lhe poder contar! Tive que me despedir da minha avó. Foi duro! Estive recentemente em Amesterdão na cerimónia fúnebre do tio Quim e por lá têm o saudável hábito de fazer daquele momen-

* Manager - Ribatel Connect - Direcção de Vendas

Maria João Silva Dermatologista Consultórios: Santarém - 243 328 303 Almeirim - 243 579 602


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A organização que melhor representa o espírito humanista das gentes de Pernes A Santa Casa da Misericórdia de Pernes, com mais de quatro séculos de existência ao serviço dos pobres e desvalidos, perdura,numa corrente de solidariedade humana. Esta nobre instituição, cuja origem remonta a 1587, por transformação da antiga Confraria do Divino Espírito Santo em Irmandade da Misericórdia de Pernes, vê, em 23 de Maio de 1594, confirmada a sua criação por Alvará de El-Rei D. Filipe I. Ao longo do tempo são vários os beneméritos que têm dado o seu contributo, destacando-se, já no século XX, os que foram constituídos na “Fundação Comendador José Gonçalves Pereira”. A S.C.M. Pernes é, ainda hoje, a organização que melhor representa o espírito humanista, secular e religioso dos pernenses e daqueles que, nos últimos quinhentos anos, nesta terra viveram. Nenhuma outra instituição actual da freguesia tem como ela o peso dos séculos, tornando-a ímpar, não só por isso mas também pela missão e valores que ao longo dos tempos

Manuel João Maia Frazão* (ao centro)

A S.C.M. Pernes dá apoio a mais de 300 famílias. Para além disso, emprega cerca de 60 pessoas, tornando-se na maior entidade empregadora da freguesia foi perpetuando através da concretização das obras de misericórdia e na valorização da própria terra. A instituição tem vindo a desenvolver-se no sentido de dar uma resposta adequada aos tempos e necessidades modernas através de diversas acções de âmbito assistencial e outras do sector educacional, cultural e patrimonial, não descurando o potenciar da criação de mais postos de trabalho. Actualmente, a S.C.M. Pernes dá apoio a mais de 300 famílias, nos diversos contextos relacionados com as diferentes respostas sociais em que presta serviço. Para além disso, emprega cerca de 60 pessoas, tornando-se na maior entidade emprega-

dora da freguesia. Sempre com a preocupação da sustentabilidade e da prestação de serviços de qualidade, esta Misericórdia tem no passado, presente e futuro vindo a fazer um caminho que a torna uma referência relativamente às suas congéneres. Importantes passos têm sido dados, presentemente, no sentido de continuar a caminhada desta instituição. Estes passos estão relacionados com obras de requalificação e ampliação de diferentes estruturas, que se pretendem capacitar de melhores e mais seguras condições, de forma a proporcionar me-

lhor qualidade de vida aos que delas podem usufruir, preparando-a para as exigências futuras. Acompanhando este caminhar, e não menos importante que as obras, é a preocupação constante de motivar, formar e dar competências a todos os colaboradores que dela fazem parte, fazendo com que o esforço de cada um seja valorizado e reconhecido. Queremos continuar a caminhar, prestigiando sempre esta instituição, que a todos, principalmente aos pernenses, deve orgulhar. * Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pernes


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O Estado Novo e a sua elite “bacoca” e ignorante Os anos sessenta e setenta foram marcantes para qualquer português. Os meus pais nasceram em 37 e 38, período negro da Península Ibérica em plena guerra civil de Espanha. Seguiu-se a Segunda Guerra Mundial. Casaram em 1959. A guerra colonial estava no seu início! Relembrar estes anos de fascismo e de guerra é comparar a noite (de escolas primárias sem aquecimento, de professora de régua em punho, da maioria das crianças a viver em casas com electricidade deficiente e sem água potável) com os dias de hoje onde qualquer destes casos é tratado como excepção, é imediatamente notícia e as autoridades são obrigadas a intervir. O caminho que os meus pais (e muitos milhares de jovens como eles) encontraram para enganar o destino foi emigrar! Primeiro o meu pai e anos mais tarde toda a família. Em 1970, já os meus pais estavam bem instalados numa pacata cidade nos arredores de Joanesburgo e com uma empresa a prosperar. O mais natural era esquecerem um Portugal atrasado em que a única preocupação do Estado Novo era marcar a diferença entre uma elite “bacoca” e ignorante e o resto dos portugueses que queria analfabetos e submissos. Mas não, as suas raízes falaram mais alto: a África do Sul não era futuro - colocar os filhos a estudar Português para um dia entrarem na universidade em Portugal era o seu sonho. E lá fomos nós para Moçambique. Primeiro eu e a minha irmã; os meus irmãos mais novos em 72. Lourenço Marques era uma cidade linda. Um clima fantástico! Uma sociedade mais aberta, com forte influência da cultura inglesa (até se conduzia pela esquerda). Da elite “bacoca” não se dava conta. Já se respirava uma liberdade que não se sentia em Portugal. Foi lá, no Colégio Maristas, entre a Avenida 24 de Julho e a Pinheiro Chagas que há quarenta anos recebemos a notícia da Revolução em Portugal. Não assistimos, no dia da assinatura dos acordos de Lusaka (7 de Setembro de 1974), à manifestação que ocupou a Rádio Clube de Moçambique (e ainda emitiu em nome do Movimento Moçambique Livre) porque estávamos de férias na África do Sul. Ouvíamos atentamente a rádio. Era o nosso futuro que estava em causa. Não vivemos os dias de pânico e de violência que se seguiram à rendição daquele Movimento no dia 10 de Setembro. Voltámos para o início das aulas. Em 21 de Outubro de 74 a “Cidade do Cimento” era mais uma vez tomada pelo pânico. Sem comunicações de qualquer espécie (as linhas telefónicas tinham sido cortadas), as notícias chegavam com os feridos ao hospital, do outro lado da Avenida Pinheiro

António Paiva*

Chagas. Eram às dezenas. Nunca vivi nada semelhante. Mulheres aos gritos, carrinhas de caixa aberta a servir de ambulâncias. Os nossos pais a 600km de distância não resistiram ao susto e retiraram-nos de lá. Logo que se restabeleceram comunicações voámos de vez para a África do Sul. O cenário na Avenida do aeroporto era dantesco: Restos de carros que arderam com famílias lá dentro. Casas incendiadas. O princípio do fim. Foi assim o meu Novembro de 1974. Há precisamente 40 anos. Tinha 14 anos. Centenas de milhar de portugueses brancos, negros, mestiços fugiram de Moçambique nos primeiros anos que se seguiram à independência e mais de um milhão e meio na década seguinte. Em Novembro de 1980 regressámos a Portugal. De Moçambique ficaram as memórias. * Administrador da Aquino Construções, SA


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Ao serviço de uma educação de excelência O Colégio José Álvaro Vidal apresenta-se como uma escola centrada em atividades estruturantes para a formação da personalidade de cada aluno. Os inúmeros domínios das Artes, dos Ofícios e do Desporto são um dos seus cartões-de-visita. Mauro, hoje adulto, é um dos resultados deste Projeto Educativo integrado, inclusivo e diferenciado, que se norteia pelos princípios da solidariedade. Foram 12 anos, quase metade da sua vida. As memórias continuam fortes. Chegou ao Colégio José Álvaro Vidal, em Alverca, com 3 anos e saiu com 15, juntamente com o primeiro grupo de finalistas da CEBI. Hoje, Mauro Domingues tem 30, já trabalhou no outro lado do mundo com vietnamitas e neozelandeses, mas volta constantemente ao seu “porto seguro”, à casa que o viu crescer, ao colégio onde ainda reconhece os rostos dos professores que considera parte da sua “família”. É engenheiro eletrotécnico numa empresa do concelho, mas já foi professor e trabalhou em fábricas de peixe na Austrália. Agora quer servir de testemunho para os próximos “Mauros” da Fundação CEBI, sendo um dos membros dinamizadores de uma Associação de Antigos Alunos que pode vir a estar em pleno funcionamento já em 2015. UMA GERAÇÃO DE OURO Fez parte da geração que cresceu com a ampliação da estrutura e da oferta educativa do Colégio José Álvaro Vidal. Inaugurou as instalações do 1º ciclo na Quinta de Santa Maria e constituiu o grupo de alunos que integrou as três primeiras turmas de 2º e 3º ciclos. Mas a “Marca CEBI”, confessa, sempre

CEBI - Fundação para o Desenvolvimento Comunitário de Alverca*

O colégio entretanto cresceu. Posicionou-se como uma escola de referência, merecendo a atribuição, em 2009, do prestigiado Prémio Gulbenkian Educação uma “porta constantemente aberta”. Aliás, garante que, “se tiver filhos” quer que eles também façam parte da “família da CEBI”.

Mauro - Antigo aluno da Fundação CEBI o acompanhou, sendo um pilar fundamental para a construção da sua personalidade, do seu lado humano, dos seus valores e princípios – “sou muito mais rico e consciente enquanto pessoa por ter passado pelo Colégio José Álvaro Vidal”, afirma. O inglês era uma das suas disciplinas preferidas. Recorda que tinha uma professora exigente, o que, em parte, fez com que pudesse aventurar-se além-fronteiras e ser “um autêntico cidadão do mundo”. Revê hoje as qualidades que já sentia no passado, a proximidade entre diferentes anos escolares e a “triangulação sólida entre pais, alunos e professores”. Sente que tem na Fundação CEBI

UMA CONSTANTE PROCURA POR SERVIÇOS DE EXCELÊNCIA O colégio entretanto cresceu. Muito. Modernizou-se. Está hoje certificado segundo a norma ISO 9001:2008. Posicionou-se como uma escola de referência, merecendo a atribuição, em 2009, do prestigiado Prémio Gulbenkian Educação. Alargou o seu Projeto Educativo, oferecendo atualmente perto de três dezenas de Atividades de Enriquecimento Curricular. O Mauro também está mais experiente. Mas as relações com este colégio continuam fortes. Resistentes. E prometem-se douradoras. Até porque, afinal, “é mesmo muito fácil voltar aqui”.


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Raízes e Modernidade Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo

A Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo nasceu, formalmente, no dia 17 de Abril de 1947, com a criação da Confraria da Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo. Somos, assim, uma instituição nova. Mas, a sua matriz, remonta a 1225. É desta data o primeiro documento que refere uma obra pia no Cartaxo. Trata-se do foral concedido por D. Sancho II a Pero Pacheco, com a obrigação de este erigir um estabelecimento que albergasse os pobres e os caminhantes que utilizavam a estrada real que atravessava o lugar do Cartaxo. Em 1279, D. Dinis mandou passar uma «Carta de Foro…» a Martim Neto concedendo-lhe o «herdamento» da Albergaria, com a obrigação de a manter com leitos e roupa e, também, a de zelar pela adminis-

tração de todo o património. Nas Memórias Paroquiais de 1758 é referido o Albergue, também conhecido como Asilo e Casa dos Pobres, com a designação que haveria de fixar-se: «Hospital de Santa Cruz». A missão deste estabelecimento, à época, já se alargara, prestando cuidados de saúde,

distribuindo bodo aos pobres em datas festivas, auxiliando viúvas e órfãos. Para assegurar financeiramente estes serviços, o Hospital contava com donativos e heranças, e com as rendas do seu património. Em 1813 os edifícios estavam degradados, necessitando de reedificação, o que foi conseguido graças à herança que António de Sousa Freire deixou à Confraria do Espírito Santo, concedendo o rei D. João VI autorização para que o novo hospital e a Albergaria se unissem num único estabelecimento. Em 1947 é criada a Santa Casa, com a entrega do Hospital à Irmandade, sendo mantidos os serviços de saúde e modernizando-se os equipamentos. Desde o século XIX, as Mesas Administrativas promoviam espectáculos taurinos, e outros, para angariação de fundos. A no-

va Irmandade também se socorreu dessas festas e organizou cortejos de oferendas. Em 1974, o Estado toma conta do Hospital e a Irmandade empreende a construção do Lar de S. João, adaptando as instalações da extinta Enfermaria-Abrigo. Neste Lar de Idosos desenvolvem-se todas as respostas sociais respeitantes a esta faixa etária e, aí, tem a sua sede a Santa Casa. Em Maio de 2007, o Hospital de Santa Cruz dá lugar à Casa de Santa Cruz, uma residência para idosos. É mais uma obra que nos enche de orgulho, um emblema do começo de um novo século. Outras obras hão-de ver a luz do dia quando a ocasião e as disponibilidades materiais se conjugarem, pois esta Irmandade tem como lema e missão abraçar o desafio da dádiva constante, respondendo às necessidades que os tempos exigirem.


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Vidas dedicadas a boas causas * Os beneméritos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são homens e mulheres que, com a sua generosidade, muito têm contribuído para a concretização da missão de Boas Causas da instituição que conta com 516 anos de história. Os beneméritos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são homens e mulheres que, com a sua generosidade, muito têm contribuído para a concretização da missão de Boas Causas da instituição, que conta com 516 anos de história. Cerca de 90% do património da Santa Casa é proveniente de beneméritos. Desse espólio fazem parte, a título de exemplo, o Hospital Ortopédico de Sant’Ana, a Unidade de Saúde Dr. José Domingos Barreiro ou a Residência Faria Mantero. A ligação destas pessoas à Santa Casa é muitas vezes discreta e a escolha da Misericórdia de Lisboa como herdeira surpreende em múltiplas ocasiões os seus familiares e amigos. Foi o caso do embaixador João Pequito, um dos maiores beneméritos da Santa Casa no Século XXI. Com raízes fami-

liares no Alentejo, João Eduardo Nunes de Oliveira Pequito nasceu em Lisboa em 1925, na altura mais conturbada da I República. Frequentou o liceu em Santarém, de onde regressaria à capital para ingressar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Tornou-se então um cidadão do mundo e as suas funções no corpo diplomático português levaram-no a exercer funções em lugares como Paris, Hong-Kong, Roma, Rio de Janeiro, Cidade do México ou Bruxelas. De forma ponderada e meticulosa escolheu a Santa Casa e o britânico Imperial Cancer Research Centre como principais herdeiros. A Misericórdia de Lisboa tornou-se assim herdeira, não só dos bens materiais de João Pequito, mas também da confiança na missão de boas causas da instituição. A herança deixada por João Pequito ascende a mais de

quatro milhões de euros, entre património financeiro, ações, certificados de aforro, depósitos bancários e património imobiliário, composto por vários prédios rústicos. Outro exemplo é o de Delmira Maçãs, professora, personalidade extremamente devota, meticulosa produtora e colecionadora de informação. Nomeou a Santa Casa herdeira universal dos seus bens, com a condição de que a instituição teria impreterivelmente de publicar os seus escritos, num prazo limite de dois anos após a sua morte, que aconteceria em 2007, aos 84 anos. A sua vontade foi cumprida em outubro de 2009 com a apre-

sentação da obra dividida em três coleções. Numa vida passada maioritariamente entre Portalegre, Lisboa e o Cartaxo, na quinta de Santa Eulália, a benemérita teve ainda uma passagem pela Alemanha em meados do século XX, onde lecionou Língua e Cultura Portuguesa e foi investigadora na área da Filologia. Foi já depois do 25 de abril que se tornou professora do secundário, no liceu de Azambuja. Alguns dos seus 16 livros foram escritos na quinta de Santa Eulália que, de resto, ficou retratada na obra de 1991 “Santa Eulália na Ribeira do Cartaxo”. * Santa Casa da Misericórdia de Lisboa


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Queremos ensinar aos nossos alunos uma língua para a vida

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O corpo docente da escola é composto por professores nativos, oriundos de países de língua inglesa. Com o objectivo de assegurar um trabalho mais eicaz e personalizado mantemos as nossas turmas pequenas - com o máximo de 12 alunos – dentro do que é possível. A Cavendish House está, orgulhosamente, em Azambuja há mais de 22 anos e desde 2011 que é gerida por Cristina Pereira (África do Sul). Depois da formação específica como professora de Inglês como língua estrangeira em 1992, foi convidada a integrar a equipa de docentes na escola ainda sob a gerência de Patrícia Smyth. Desde então, a par com outras formações, obteve acreditação como examinado-

ra de orais pela Universidade de Cambridge. Uma vez que reside e leciona há 22 anos na Cavendish House tem o prazer de colher frutos do seu trabalho ao ver ex-alunos seus a usarem a língua inglesa nas suas áreas pessoais e profissionais. E agora até dar aulas aos filhos deles. A Cavendish House tem autorização definitiva de funcionamento pelo Ministério de Educação desde 1999 e os nossos níveis se-

guem o padrão do Quadro Europeu Comum de Referência para línguas estrangeiras. Para a nossa escola o principal enfoque vai para os exames da Universidade de Cambridge, para os quais fazemos preparação. Sabemos por experiência que qualquer aluno que possui um dos exames da Universidade de Cambridge está em vantagem. Por isso encorajamos os nossos alunos a realizarem o First Certificate in English (B2), Certificate in Advanced English (C1) ou mesmo o Certificate of Proficiency in English (C2). Foi o que fizemos no ano letivo 2013/2014 e obtivemos resultados muito positivos. Alguns destacaram-se e obtiveram mesmo notas de excelência. Estes resultados não são obra do acaso. Acreditamos no potencial que cada aluno tem e cabe aos professores maximizarem esse potencial. Bons resultados são produto de anos de esforço, trabalho e dedicação de professores e mais ainda dos alunos. O corpo docente da escola é composto por professores nativos, oriundos de países de língua inglesa. Com o objectivo de assegurar um trabalho mais eficaz e personalizado mantemos as nossas turmas pequenas - com o máximo de 12 alunos – dentro do que é possível. Dispomos de salas equipadas com projectores e usamos material interactivo. Para além da componente pedagógica também realizamos viagens de estudo ao Reino Unido que servem de motivação extra aos alunos. Por outro lado as viagens são boas oportunidades para usarem a língua que aprendem em contexto real – pedirem comida nos restaurantes, interagir com os residentes, nas visitas aos museus e até ouvir um musical em inglês. Na Páscoa de 2013/2014 realizámos mais uma bem sucedida visita a Londres.


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Sentir o peso da confiança de quem em nós confia O desafio que me foi lançado pelo Jornal O MIRANTE para escrever sobre a minha história de vida acabou por se tornar uma experiência interessante. Comecei esta reflexão com um primeiro pensamento sobre se tenho seguido o caminho correto e se as minhas opções foram sempre as mais certas e cheguei rapidamente a um marco principal. O meu percurso tem sido feito com muito trabalho, muita responsabilidade, honestidade e respeito pelo próximo. Neste balanço e procura de lembranças confirmei, com naturalidade, que a minha vida se fundamenta numa forte ligação com os lugares que me viram nascer e crescer: Santarém e Azoia de Baixo. Em 2001 tomei uma opção que marcou profundamente a minha vida: decidi ficar em Santarém e não regressar a Lisboa – onde tinha estudado e previa voltar após um estágio - pois acabara de ser eleito presidente da Junta de Freguesia da Azoia de Baixo. Quando todos festejavam à minha volta, lembro-me de pensar: “ Vais ter que ficar e fazer o teu melhor. Não os podes desiludir”. Muita gente que nunca tinha votado no meu partido político votara agora na “chaminezinha” (expressão que era utilizada pela minha querida e saudosa vizinha Elvira sobre a sua forma de identificar o meu Partido pelo seu símbolo) para que um filho da terra vivesse as suas preocupações e os seus momentos de alegria mais de perto, com as responsabilidades que lhe eram inerentes.

Ricardo Ribeiro Gonçalves*

Senti o peso da confiança e de uma expectativa acrescida e sabia que todos me conheciam e por isto sempre me esforcei para que a sabedoria das coisas simples imperasse nas minhas decisões. A força que recebi de todos era de uma infinita beleza. Lembro-me, uma vez, de ter chegado muito tarde a um jantar de amigos porque estivera a sintonizar uma TV nova do meu saudoso amigo Leonidio. Os meus amigos não acreditaram e ainda hoje guardo na memória a autenticidade daquele sorriso sincero.

Quem ama a sua terra, quem quer trabalhar e quem coloca o bem comum acima dos seus interesses, percebe bem esta minha partilha. Foram estas experiências que me ensinaram a não ter medo de dar o meu melhor naquilo que pareceriam ser pequenas tarefas, pois de cada vez que conquistei uma, fiquei visivelmente mais forte. É, pois, inegável que o conhecimento das gentes da minha terra concorreram de forma determinante na minha formação e no desenvolvimento da minha vida. Shakespeare disse uma vez que “Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos”. É por isso, que este simples texto - que pretende tratar uma pequena parte da minha história - acaba por ser um tributo a todos aqueles que passaram até agora pelo meu percurso: aos que confiaram em mim, aos que aceitaram fazer parte da minha equipa, aos que trabalharam comigo, aos que me deram palavras de incentivo, aos que me criticaram construtivamente, e aos que me transmitiram todo o seu saber e ser. De facto, devo agradecer a todas estas pessoas que contribuíram para ser quem sou e que contribuíram para o meu progresso, pois afinal nós somos o resultado da confiança, da força do nosso trabalho e sentido de equipa e de coesão. Quem ama a sua terra, quem quer trabalhar e quem coloca o bem comum acima dos seus interesses, percebe bem esta minha partilha. * Presidente da Câmara Municipal de Santarém


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Felizmente há Mulheres Paulo Nuno Resende*

O meu pensamento tem girado à volta dos que são felizes e porquê. Dos que são capazes, vencem e porquê… dos que vivem a vida de forma fácil e bem, dos que têm o que não merecem…..e porquê (?) Os homens e as mulheres e o que valem… Tenho 30 mulheres na fábrica a quem basta eu não pôr um sorriso no bom dia da manhã para saberem que as coisas não vão bem. Mulheres que me levam a sério quando dou uma ordem com um sorriso (14 músculos) e homens a quem tenho que pôr ar sério (72 músculos) para mostrar a importância do que afirmo. As profissionais a quem vendo os lavató-

rios, nos projectos que me cruzo, que sabem o que pedem e não me dão o trabalho de enviar várias e diferentes propostas sobre o mesmo, para depois decidirem. A gerente de conta do banco que sabe que quando telefono porque as comissões dispararam (nova versão do ai aguentas ... aguentas) tem a solução e me poupa o trabalho de ralhar e pedir explicações. Mas também tenho uma ministra que me esmifra e …. Aceito e penso, antes a loira que o outro… nova forma de não me sentir na manada, …sei bem que só pago porque quero….enfim, o espelho não me goza, leal e calado.

Tenho a mulher em casa, que me envia SMS com as ordens do fim do dia para não esquecer na rotina dos dias (córtex em pré hibernação), onde estão os filhos e a que horas, para não faltar ninguém à mesa de jantar. As Universidades onde os meus filhos estudam com maioria esmagadora de mulheres nos cursos. As filhas com os olhares de lado, aos comentários que faço, não próprios, do que comento do meu dia ou oiço na televisão. Estive recentemente num Fórum de design de hotéis ingleses, com empresas de toda a Europa, no qual vi a força de mulheres a chamar a si o centro das discussões, prolongando as tertúlias fora de horas, umas por serem mais giras outras por serem mais eficazes nos argumentos. As conclusões eram comuns: trabalha-se bem e com qualidade em Portugal. Os atoalhados , a iluminação, os móveis, os sanitários….Quando comparo a força do trabalho na maioria da Europa que conheço, os homens são em maior percentagem; nas indústrias com quem contacto em Portugal na maioria estão mulheres. Será esse o argumento da qualidade que está a ser reconhecida ???? Recentemente ouvi uma canção de um autor, Miguel Araújo – Os maridos das Outras “(.…) toda a gente sabe que os homens são lixo (…)abaixo de bicho (…)” divertida a canção, mas apoio uma mão no corrimão outra no peito para sentir o coração e penso não me vou deixar deprimir, penso nas minhas canas da pesca … afinal tenho futuro. * Gerente da Danbanho Equipamentos sanitários e materiais de construção - Cartaxo


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Não imagino melhor sítio que Mação para os meus filhos crescerem Escrever, ou pensar escrever sobre a nossa vida, é um exercício fantástico de memória, de quatro décadas de memórias. Nasci em Mação, no então ainda Hospital de Mação, no dia 6 de Julho de 1971. Os meus pais viviam cá e as minhas memórias de infância e juventude têm sempre Mação como pano de fundo. Estudei na Escola Primária de Mação, com o Professor Pomba. Fiz o 10.º e o 11.º ano do secundário em Abrantes e o 12.º em Mação. Tive catequese, entre outros, com o Sr. Francisco Sequeira e com o Dr. Piçarra. Como os rapazes de então, e os meus filhos hoje, joguei futebol na ADM (Associação Desportiva de Mação). Fiz também vários programas na RVM (Rádio Voz de Mação) que era a rádio local e que emitia a partir da sacristia da Capela do Calvário. Mação era muito diferente na altura. Consigo perceber imensas mudanças e muita evolução. Os meus filhos têm hoje acesso a actividades que eu não tive, mas tive, sem dúvida, uma infância feliz. Brinquei muito na rua. Fui escuteiro, quando ainda havia escuteiros em Mação. Os meus pais moraram sempre na vila e o meu crescimento acompanhou o de Mação sendo que tinha também raízes no Sardoal de onde era a minha mãe e tenho grandes memórias e ensinamentos dos meus avós maternos. Lembro-me muito da minha avó paterna mas o meu avô António, que era sapateiro, morreu meses antes de eu nascer. Ele queria ter um neto chamado Vasco e vem

Vasco Estrela *

daí o meu nome. Vasco porque ele queria e António porque era o nome dele. Em 1987 entrei para os Bombeiros com alguns amigos, entre eles o Pedro Jana, que é hoje o Comandante da corporação. Saí em 1991. Houve outras associações e eventos que sempre me cativaram em Mação. Colaborei em mais de 20 organizações do Autocross. Fiz, e faço, parte dos órgãos sociais de diversas associações do concelho. Curioso é que nunca, em todos aqueles anos, me imaginei presidente da câmara apesar de ter intervenção política desde muito

Lembro-me muito da minha avó paterna mas o meu avô António, que era sapateiro, morreu meses antes de eu nascer. Ele queria ter um neto chamado Vasco e vem daí o meu nome. Vasco porque ele queria e António porque era o nome dele

novo e ter feito parte da Assembleia Municipal de Mação desde 1991. Profissionalmente sentia, desde miúdo, um certo fascínio em ser advogado. Houve uma altura, por motivos pessoais relacionados com a saúde do meu pai, em que quis ser cirurgião, talvez pela ideia de poder tratar as pessoas de quem gostava. Mas na altura de decidir venceu a advocacia. Quando era miúdo o Tribunal funcionava no edifício onde é hoje a câmara e a sala de audiências funcionava no 1.º andar do cine-teatro e eu ia lá frequentemente. Cheguei a ir sozinho, assistir a audiências. Tirei Direito na Inter-

nacional, foi quando saí de Mação para Lisboa. Concluí o curso em 1997 e estagiei num Gabinete onde fiquei depois a trabalhar até vir para Mação, em 2001, a convite do então presidente Saldanha Rocha. Integrei o Gabinete da Presidência como assessor, depois fui vereador, vice-presidente e cheguei de uma forma natural a Presidente. Digo natural pois nunca foi algo que ambicionei. Foi-se tornando o caminho a seguir e ainda bem. A minha ligação a Mação foi sempre muito intensa, nunca a perdi. Quando estive fora a estudar e depois a trabalhar vinha a casa, a Mação, praticamente todos os fins-de-semana. Recordo-me com particular saudade do meu pai, que faleceu há 24 anos, e que me influenciou neste apego a Mação, que considero ter herdado dele. A opção de viver em Mação e aqui construir a minha vida esteve sempre presente e foi possível que se tornasse realidade quando em conjunto com a minha mulher, então namorada, decidimos que a nossa vida seria cá. Foi o caminho que seguimos e hoje dá-me grande satisfação ver os meus três filhos a crescer em Mação. Têm uma vida privilegiada. Estão perto da família, têm um leque vasto de actividades, não imagino melhor sítio para crescerem”. * Presidente da Câmara Municipal de Mação


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Preparado para enfrentar os desafios dos próximos vinte anos Em 1992 juntaram-se os industriais de curtumes do país e, com a ajuda do Estado, criaram o Centro Tecnológico das Indústrias do Couro. Após alguma reflexão decidiram colocá-lo em Alcanena onde, naquela altura, já se localizava a maior parte da indústria. Com o apoio do PEDIP foram construídas as instalações com o respetivo apetrechamento tecnológico, nomeadamente os laboratórios e uma unidade fabril piloto, que foram inauguradas em 1994. A equipa da altura era constituída por dez colaboradores. Passaram-se alguns anos de contínuo crescimento, cumprindo a sua missão de fomentar a inovação tecnológica nas empresas, quer através da prestação de serviços, quer pelo desenvolvimento de projetos de I&DT em conjunto com empresas e universidades, com o indispensável apoio de programas comunitários. Mas como a vida também é feita de contrariedades, em finais de 2002 deu-se a suspensão do então programa PRIME para a região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o CTIC se inseria, provocando um impacto bastante negativo. No entanto, por vezes as adversidades transformam-se em oportunidades e a estratégia alternativa foi a aposta numa maior ligação ao mercado, de que resultou uma

Alcino Martinho*

expansão do volume de negócios, ainda que desvirtuando em parte os objetivos subjacentes à criação dos Centros Tecnológicos. Este redireccionamento e as competências existentes conduziram, por outro lado, ao reforço da atividade no setor agroalimentar.

Com uma equipa vinte e quatro proissionais qualiicados e dedicados, e apoiado nos seus laboratórios acreditados, o CTIC oferece um leque bastante alargado de serviços em áreas chave O ano de 2005 trouxe boas notícias no que respeita ao acesso aos programas comunitários de incentivos, graças à saída da região de Lisboa e Vale do Tejo e a integração na região Centro. A diversificação das áreas de intervenção do CTIC, adequando-se às necessidades do sector empresarial nacional nos mais variados setores de atividade, foi benéfica. Com uma equipa vinte e quatro profissionais qualificados e dedicados, e apoiado nos seus laboratórios acreditados, o CTIC oferece um leque bastante alargado de serviços em áreas chave como Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Eficiência Energética, Tecnologias Ambientais, Segurança Alimentar, Segurança e Saúde do Trabalho, Certificação de Sistemas de Gestão e Formação Profissional. Ao longo destes vinte anos de vida, o CTIC desenvolveu, em conjunto com outros parceiros do Sistema Científico e Tecnológico e empresas, diversos projetos de inovação, entre os quais, se salientam: Projeto a nível europeu, com a participação de uma dezena de países e liderado pelo CTIC, no âmbito do programa Leonardo da Vinci, para o desenvolvimento de ferramentas avançadas de formação para curtumes;

Projeto VERICA, para tratamento de resíduos orgânicos por um processo de digestão anaeróbia, com valorização energética; Projeto BeNature, para produção de couro biodegradável, eliminando o impacte ambiental no final do ciclo de vida do produto. Com um volume de receitas anuais à volta de 1,3 milhões de euros, dos quais cerca de 80% resultam de ação direta no mercado, o Centro continua a enfrentar o desafio da sustentabilidade. Lamentavelmente, os apoios públicos de que beneficiam este tipo de infraestruturas na generalidade dos países europeus não são uma realidade em Portugal. Mas a vida continua e o CTIC está preparado para enfrentar os próximos vinte anos. * Administrador do CTIC - Centro Tecnológico das Indústrias do Couro


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Aquela montra… Separava-me daquela guitarra muito mais que um simples vidro. Sete mil e trezentos escudos nos separavam. Uma fortuna!!! Aquela montra encantava-me. Não porque tivesse alguma decoração especial ou, tão pouco, algo de interesse para alguém com 13 anos de idade. Aquela montra encantava-me. Bem junto da minha casa, todos os caminhos por lá passavam e em frente dela passava tempos intermináveis de sonho. De manhã, à tarde e, quantas vezes, noite dentro. No lado direito daquela montra estava uma guitarra. Não era uma qualquer guitarra, era a minha guitarra. A guitarra de tantas horas de namoro. Separava-me daquela guitarra muito mais que um simples vidro. Sete mil e trezentos escudos (aproximadamente trinta e seis euros e cinquenta cêntimos) nos separavam. Uma fortuna!!! A solução estava naquelas férias escolares que tinham início em julho e terminavam já outubro dentro. Foram três meses de duro trabalho! Não pelo esforço do carregar dos sacos de farinha, não pelas grades das mais variadas bebidas nos longos dias de verão, carregadas num número infindável, mas porque o tempo nunca mais passava… Chegou o grande dia e com ele o fruto de três meses de trabalho (sete mil e quinhen-

António Miguel Borges

tos escudos). A guitarra é minha!!! No dia 1 de outubro (Dia Mundial da Música) o vazio daquela montra passou a ter um encanto ainda maior. Com a minha guitarra cresci, aprendi, lutei, percorri “mundos”, conheci muita gente. Hoje, partilha a minha casa num lugar especial, como se de um membro da família se tratasse. Ainda hoje olho aquela montra com um encanto especial!!! * Presidente da Câmara Municipal do Sardoal


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Uma história ao longo de cinco séculos Hospital de Vila Franca de Xira

O Hospital Vila Franca de Xira (HVFX) iniciou atividade há cerca de 18 meses no novo edifício, mas a sua História remonta ao séc. XVI. Não é conhecida a data exata em que foi fundado o Hospital, mas sabe-se que foi doado à Confraria das Misericórdias de Vila Franca de Xira, juntamente com a Igreja do Espírito Santo, por Alvará d’El-Rei D. Sebastião, em 1563. Passou por três localizações distintas e foram já vários os nomes que o apelidaram, como “Hospital da Caridade”, “Hospital dos Incuráveis” e “Hospital Civil”, no qual eclesiásticas atendiam maioritariamente casos de pessoas carenciadas e

com indícios de tuberculose. Programado para substituir o Hospital Civil, em 18 de novembro de 1951, foi inaugurado o Hospital da Misericórdia, cuja missão era tratar os pobres e indigentes. Na década de 60, o Hospital passou a contar com o auxílio de médicos de Lisboa. Até então a assistência médica era prestada pelos clínicos da vila, de um modo geral a título gracioso ou englobada numa avença anual ou sazonal. Em 1972 foi qualificado como Hospital Distrital. Por despacho do Secretário de Estado da Saúde, a 3 de dezembro de 1993, data comemorativa do nascimento do Prof. Dr.

Reynaldo dos Santos, o Hospital passou a denominar-se “Hospital de Reynaldo dos Santos” em homenagem ao ilustre médico nascido em Vila Franca de Xira, um dos principais introdutores da especialidade de Urologia em Portugal. Em setembro de 2005 deu-se a assinatura do despacho conjunto dos Ministros das Finanças e da Saúde para o lançamento do Novo Hospital, sob a forma de parceria público-privada. Seguiu-se um concurso público do qual resultou a gestão através de um modelo de parceria entre o Estado português e o Grupo José de Mello Saúde, em vigor desde o dia 1 de junho de 2011. O HVFX é hoje uma unidade prestadora de cuidados de saúde diferenciados, integrada na rede oficial hospitalar e classificada como hospital geral e distrital, que responde às necessidades da população dos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira. Entrou em funcionamento pleno nas novas instalações, após uma transferência faseada dos vários serviços, no dia 3 de Abril de 2013. Focado na qualidade e na melhoria contínua dos seus serviços, o HVFX submete-se a rigorosas avaliações. Em 2014, o Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, da Entidade Reguladora da Saúde, reconheceu a classificação máxima, de nível de excelência clínica, a Ginecologia, Obstetrícia e Ortopedia. Em outubro de 2014 o HVFX prossegue a sua aposta na Segurança Clínica com a obtenção da Acreditação pela Joint Commission International, a mais prestigiada

organização acreditadora na área da saúde, a nível mundial. O HVFX constitui hoje numa equipa e num projeto orientados para servir a comunidade e assentes em valores de futuro. ESPAÇO MUSEOLÓGICO JÁ PODE SER VISITADO Se ficou com curiosidade de saber mais sobre a História do Hospital, venha visitar o novo espaço museológico do Hospital Vila Franca de Xira, inaugurado no dia 18 de novembro de 2014. Nele poderá encontrar imagens do Hospital, uma maquete de sala de bloco operatório dos anos 50, equipamentos e instrumentos colecionados ao longo dos tempos e o relato de toda a História desta Instituição.


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Noventa anos pelo nosso futebol Quis o destino que no ano da celebração do 90.º aniversário da Associação Futebol de Santarém, um dos nossos filiados tivesse alcançado um dos maiores feitos da história do futebol português. Estamos a falar do Clube Atlético Ouriense, que se sagrou bicampeão nacional de futebol feminino, ganhou a Taça de Portugal e foi a primeira equipa portuguesa de futebol feminino a ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Importa realçar também que nos finais da década de 60 e meados da década de 70, o União de Tomar militou por seis épocas no primeiro escalão do futebol português, constituindo-se, até hoje, como o único clube do distrito de Santarém a participar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Nestes 90 anos, a Associação Futebol de Santarém conseguiu ainda colocar árbitros, jogadores e dirigentes no patamar maior

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do futebol nacional o que mostra bem a qualidade do trabalho que dezenas de pessoas fazem para promover o nosso futebol. Reconhecemos e enaltecemos o esforço de homens e mulheres que tudo fazem em prol do futebol e futsal no distrito de San-

tarém. Nos últimos anos houve uma melhoria significativa nas instalações desportivas, na formação de técnicos, dirigentes, o que se tem refletido na melhoria qualitativa dos nossos atletas quer no futebol quer no futsal. A par dos sucessos individuais e coletivos, na história recente da Associação Futebol de Santarém destaca-se também um prémio atribuído pela UEFA, com o torneio organizado há 10 anos e que juntou todo o distrito numa jornada única. Esse prémio foi o reconhecimento do trabalho da Associação e logo na altura foi partilhado com toda a comunidade futebolística que contribuiu para tal distinção da mais alta instância do futebol europeu. Esperamos ter mais distinções do género apesar de não vivermos obcecados com isso. Reconhecemos que no presente e no futuro vamos continuar a viver com muitos constrangimentos financeiros, mas é em fases como estas que temos de trabalhar mais unidos com um único fim: proporcionar a todos os filiados, onde os seus dirigentes desenvolvem um trabalho gigantesco, boas condições de competitividade e entretenimento. * Presidente da Associação de Futebol de Santarém

MEDICINA DENTÁRIA

DR. BART LIMBURG Consultas todos os dias úteis, das 8.30 às 12.30 horas e das 14 às 18.00 horas. Acordos com C.G.D. e com Sams Quadros Av. Bernardo Santareno, 13 - 1º Dtº (Av. do Hospital Novo) Telef. 243332757 - 2005-177 SANTARÉM


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O Médico do Povo: breve história de uma vida longa Quando em 1958, no início, o meu pai “desembarcou” em Salvaterra de Magos já eu vinha junto. Veio o meu pai para o consultório do Dr. Castro Mendes exercer exclusivamente medicina privada. Arranjou “consultórios” em Salvaterra e Marinhais e esperou... Esperou que aparecessem doentes para ganhar alguns cobres. Ofereceu-se para prestar serviço na Misericórdia de Salvaterra graciosamente, oferta essa, não aceite. Lentamente os doentes foram-no descobrindo e passado pouco tempo tinha o consultório cheio, sendo que a maior parte das consultas não eram cobradas. O tempo passou e o doutor Marçal passou a ser conhecido por “Médico dos pobres” pois não só não cobrava consultas, como, e uma vez que estava em Stª. Maria para fazer a especialidade de Dermatologia, que o haveria de afamar a nível distrital, transportava os doentes que necessitavam de cuidados mais diferenciados para esse hospital. Educou quatro filhos e faleceu tranquilamente na sua residência a 7 de Novembro

Luís Marçal*

de 2009 com 80 anos. Um beijo meu Pai, pelo seu exemplo. * Médico. Proprietário da Clínica Dr. Luís Marçal - Salvaterra de Magos

Um projeto bem estruturado e competitivo Mário Fróis Figueiredo*

A Nutrileite Sociedade Agrícola, Lda., empresa que se destina à criação e exploração de bovinos de leite, bem como de produção de forragens, nasceu no final de 2011, fruto da experiência de agricultores e produtores de leite há mais de 30 anos e de jovens agricultores do concelho de Rio Maior. Com um projecto ambicioso, bem estruturado e competitivo, apostam na continuidade e inovação através do programa Jovens Agricultores, dando prioridade ao bem estar animal e a todas as condições sanitárias e acreditando, sem dúvida alguma, no nosso país e nas suas capacidades. Decidiram apostar no concelho de Rio Maior porque acreditam nas suas potencialidades e assumiram compromissos para com os trabalhadores e futuramente propõem-se

aumentar o número de postos de trabalho devido ao aumento da produção. Nos primeiros dois anos de vida a empresa obteve a aprovação de um Projecto Proder para Jovens Agricultores, a certificação do IAPMEI como PME, a Declaração de Utilidade Pública Municipal e o reconhecimento, por parte da Cooperativa Proleite, da importância da Nutrileite no sector leiteiro e agrícola em Portugal, através de leite de grande qualidade. Em 2015, passados 4 anos desde a sua criação, está prevista a inauguração de uma das mais inovadoras explorações leiteiras do nosso país, na qual se apostou claramente no bem estar animal e em todas as condições sanitárias e ambientais. * Nutrileite - Sociedade Agrícola Ldª


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A paixão de Alhandra pela sua coletividade mais antiga Euterpe Alhandrense - Colectividade de Cultura, Recreio e Ensino

Prestes a evocar o seu 152º aniversário a Euterpe Alhandrense assume-se hoje como uma das mais ecléticas instituições do nosso país: a prática de mais de duas dezenas de atividades que movimentam semanalmente acima de 1.200 associados, chegando também a cerca de 1.000 alunos do 1º ciclo nas escolas onde se desenvolvem Atividades de Enriquecimento Curricular, dividindo-se por mais duas freguesias, para além da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz (onde se localiza a sua sede social), e com o início de atividades em curso em outras duas freguesias do concelho, ficando assim praticamente todas as freguesias do município de Vila Franca de Xira abrangidas com atividade promovida pela Euterpe, é prova disso mesmo. Há a juntar a toda esta dinâmica as atividades desenvolvidas no concelho vizinho de Arruda dos Vinhos e inúmeras parcerias estabelecidas com outras instituições/entida-

des, sendo evidente a dimensão da Euterpe Alhandrense nos dias de hoje. O trabalho de prestígio que tem vindo a desenvolver em torno de um lema que assume cada vez uma importância mais significativa nos dias que correm “da formação à excelência”, é hoje mais do que um desiderato, é um caminho que trilhamos e que é naturalmente reconhecido por muitos. Temos para com os nossos associados/ utentes uma enorme consideração, sendo reconhecida a qualidade do trabalho desenvolvido pelos nossos técnicos, que com a coordenação de uma equipa técnica/pedagógica de qualidade tem conseguido consolidar de forma decisiva todo o trabalho efetuado e concretizado as linhas estratégicas definidas pela direção. Também é merecedor de referência o trabalho de todos os funcionários (mais de 100) que de forma empenhada contribuem para o sucesso do projeto Euterpe. Os resultados obtidos, o reconhecimento das diferentes atividades junto dos associa-

dos, público e parceiros são fundamentais para continuarmos a renovar diariamente o sonho que foi para os fundadores e para todos aqueles que fizeram com que a Euterpe chegasse aos dias de hoje com a vitalidade que lhe é reconhecida. Quem se dedica à Euterpe vive-a, não se desliga. Talvez seja este “bichinho” o segredo da resiliência, da sobrevivência à sua história. É este vibrato a essência da luta por mais e melhor. E sempre a pensar no futuro – só o envolvimento e a entrega em prol da formação para a cidadania, através do desporto, da cultura e das artes pode permitir a continuidade do movimento associativo, cativando os mais jovens para abraçar a continuidade desta missão, acrescentando-lhe valor ao longo dos tempos. No próximo dia 1 de dezembro teremos a Banda de Música a desfilar pelas ruas de Alhandra, sob os acordes do Hino da Restauração. O facto de este ano a data ter deixado de ser assinalada com dia feriado só vem alterar a altura de saída da banda, que não sairá ao alvorecer, mas nesse dia ao entardecer, sempre com o mesmo espírito, agradecendo à população de Alhandra a paixão que mantém pela sua coletividade mais antiga.


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Três anos (a ajudar) a desobstaculizar… Um pedaço da vida numa história de vida ocorrida durante três anos na Administração Pública - uma experiência única recordada mais de vinte anos depois – traduz sempre uma visão particular do mundo. Uma história de vida nunca poderá ser um relato desinteressado. I Lembro-me como se fosse hoje! No fim das férias de Verão de 1989 tínhamos tido a agradável surpresa da visita da Adelina. Num fim de tarde descontraído, numa esplanada da praia de Carcavelos, entre algumas bebidas e muitas histórias perguntei-lhe: - Estou a precisar de “mudar de ares”. Para essas novas funções não me queres requisitar para teu motorista?! - Estás a falar a sério? - Estou, pois! E a conversa ficou por aqui… Desde sempre chefe de gabinete do ministro Adjunto e da Juventude (António Couto dos Santos) Adelina Camilo fora recentemente nomeada vogal do conselho diretivo do Instituto da Juventude (IJ) criado no final de 1988. Naquele final de tarde de Verão esta nova estrutura estava já a funcionar há mais de meio ano. No início de 1990, a Adelina veio jantar

Orlando Ferreira

connosco e trouxe a novidade. A minha requisição depois de autorizada pela tutela das Finanças e dos Transportes estava já a caminho da Rodoviária Nacional. Queria-me lá o mais depressa possível! A requisição viria a cair que nem uma bomba na empresa. Nem eu sabia que este processo estava em marcha. Algum cansaço, a confiança na Adelina, o apelo por novos desafios incluindo a vontade de experimentar a Administração Pública fez-me ‘apetecer’ esta radical mudança de vida. Ao longo de três anos o grau de

exigência e a complexidade foram sempre aumentando mas comecei pelo princípio. A minha primeira tarefa foi conhecer cada uma das Delegações (e Delegados) Regionais do IJ, uma por cada capital de distrito, o que me serviu também para conhecer ‘terras’ do meu país que não conhecia como eram por exemplo Bragança, Vila Real e até Portalegre. Relembro que em 1990 ainda era uma tortura conseguir-se chegar a Bragança ou a Vila Real. De tantas e tantas histórias vividas foi talvez em Portalegre onde tive o momento que mais me marcou nesta, afinal, tão curta passagem pelo IJ. Portalegre, cidade que desconhecia, encantou-me pela simplicidade das pessoas, pelo afável acolhimento, mas também pela alguma angústia sentida pela sua gente (pareceu-me) face à constante comparação com os injustos privilégios de Beja e Évora sempre justificados a nível central pelo mais elevado decréscimo da sua população juvenil e pelo seu mais acelerado despovoamento. Quando me deslocava a Portalegre quer o José Manuel Barradas, hoje presidente do Conselho de Administração da Fundação Robinson e na altura delegado Regional do Instituto da Juventude quer o Dr. João Transmontano, tão simpático (já falecido) presidente da câmara municipal da altura sempre me davam o privilégio e o prazer da sua companhia. Portalegre era de facto um lugar diferente. II UMA HISTÓRIA DE VIDA PARA MEMÓRIA FUTURA No PIDDAC (Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central) do IJ relativo ao Programa Centros de Juventude, relativamente a Portalegre aparecia nos dois últimos anos uma verba de 200.000 contos (quase um milhão de euros) quando se sabia que, face ao projeto herdado da DGEMN (Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais), a obra custaria exatamente o dobro. Assim, a obra não se fazia e a autorização de investimento passava para o

ano seguinte. A justificação que me davam era que os indicadores (poucos jovens) não tornavam prioritária aquela construção. Um absurdo. CENTRO DE JUVENTUDE DE PORTALEGRE Com alguma teimosia, consegui autorização superior para contratar um gabinete de arquitetura para dividir o projeto em duas fatias (com racionalidade mínima) de aproximadamente um milhão de euros (200.000 contos) e acabei, para surpresa de alguns concorrentes, a lançar um concurso público para uma empreitada de escavações, movimentação de terras, fundações, lajes e pilares! A obra, confesso, não era assim muito interessante mas a verdade é que removi mais um obstáculo (sempre autorizado pelo Tribunal de Contas, claro!). Em seguida, com o José Barradas promovemos uma fantástica cerimónia de lançamento da primeira pedra desta empreitada que, com toda a pompa e circunstância, contou com a presença do secretário de Estado da Juventude (excelente intervenção sobre o despovoamento), com a bênção do senhor Bispo, com programas em direto das rádios locais e uma nacional, eu sei lá! Com algumas azias pelo meio, com mais alguns empurrões, a verdade é que o refluxo da cerimónia permitiu que no PIDDAC do ano seguinte estivessem lá os 200.000 contos necessários para completar o investimento que deu a Portalegre o Centro de Juventude que eu sempre julguei tão merecido mas que, face aos indicadores de evolução da sua população jovem, o distrito nunca iria ter. Hoje, o Centro de Juventude de Portalegre é uma invejável realidade com todos os seus ateliers, estúdios de rádio, bibliotecas, hemeroteca, auditórios… enfim tudo o que eu gostaria de ter tido quando era jovem e não tive oportunidade de ter. E vivia em Lisboa! O despovoamento do interior de Portugal é sem dúvida um fenómeno dramático, mas todos nós podemos ajudar a que não seja uma inevitabilidade. Em Portalegre, eu sinto que ajudei um pouquinho. * Administrador da Rodoviária do Tejo


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W Shopping em Santarém já faz parte da identidade da região É com enorme prazer que nos associamos a mais um aniversário de O MIRANTE, pois constitui motivo de orgulho celebrar mais um ano de êxito, um ano de realizações, um ano em que uma vez mais contribuíram com um jornalismo de referência, informando com seriedade e dignidade para a formação e informação da nossa região. Apreciamos a dinâmica do vosso jornal, a capacidade de inovar, a atualidade da notícia, os assuntos que apresentam tão diversos como objetivos assim como a forma idónea, assente numa base de transparência e isenção que fazem de O MIRANTE um projeto de sucesso. Há cerca de um mês festejámos também nós o 11º aniversário do W Shopping e quisemos fazê-lo de forma distinta, homenageando a Cultura Avieira, tendo o Tejo como pano de fundo… conseguimos concentrar num único espaço o rio, o campo, a etnografia, a cultura…a alma do nosso Ribatejo, numa exposição que foi visitada por cerca de 250.000 pessoas. Tem sido nossa preocupação e prioridade manter o W Shopping atrativo, com grandes e distintas marcas, com um ambiente confortável, leve, eclético, não descuidando as preocupações ambientais, mas que se distingue também pela responsabilidade social no apoio à Cultura, ao Desporto, à Solidariedade que complementam o quotidiano de todos nós. Somos, na verdade, um espaço de eleição, capaz de complementar a dinâmica

Rui Rosa*

Tem sido nossa preocupação e prioridade manter o W Shopping atrativo, com grandes e distintas marcas, com um ambiente confortável, leve, eclético, não descuidando as preocupações ambientais, mas que se distingue também pela responsabilidade social no apoio à Cultura, ao Desporto, à Solidariedade que complementam o quotidiano de todos nós

do Natal, no dia 13 de Dezembro, contaremos com a assinalável presença de Herman José… juntaremos a estes dois espetáculos de referência um mês preenchido com atividades que irão também fascinar os mais pequenos. Terminamos com um abraço especial a O MIRANTE e a todos aqueles que trabalham penhoradamente para o seu sucesso, mas fazendo também esse abraço especial extensivo às gentes de Santarém, às gentes do Ribatejo, aos cerca de 40 milhões de visitantes que tívemos ao longo destes 11 anos. São todos eles, afinal, a nossa principal razão de existir. E para quem com o nosso melhor profissionalismo, dedicamos diariamente todo o esforço da nossa ação. Bem hajam. * Director do WShopping

ra que transforma o ambiente do centro e que tem como ex-libris uma árvore de Natal gigante que instalámos na Calçada 66, bem no coração da cidade. E como Natal para além de paz e solidariedade é alegria quisemos também oferecer à cidade a alegria do António Raminhos e Pedro Soares num espetáculo de música, stand-up comedy e muito humor no dia 15 de Novembro. E mais próximo da cidade, e essa preocupação está sempre presente em nós, não nos centrando apenas numa visão unicamente comercial senão numa visão mais abrangente com uma perspetiva de proximidade, que na realidade faz parte da assinatura da nossa gestão. E com esta dinâmica quisemos de novo contribuir para o engrandecimento da nossa cidade e mesmo da nossa região, apostando mais uma vez este ano numa decoração de Natal apelativa e acolhedo-


Estórias de vida Jorge Justino* O pecado de amar É do conhecimento geral que tenho uma dedicação extrema ao Instituto Politécnico de Santarém. Em 1987 iniciei a minha atividade como docente na Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) e logo cedo constatei a importância do instituto como polo dinamizador da região. Após alguns anos de docência, em 1996, fui o primeiro presidente eleito do IPSantarém e presentemente ainda ocupo a presidência do instituto, intercalada com um mandato na direção da ESAS. São inúmeros os objetivos propostos e alcançados pela “minha” instituição, valorizando-a para as gerações atuais e futuras, nomeadamente a implementação do projeto do Sistema de Garantia da Qualidade, a criação do Centro de Investigação em Qualidade de Vida, em parceria com o Instituto Politécnico de Leiria, os projetos da plataforma de empregabilidade Universia e da plataforma ALUMNI, rede e portal dos antigos alunos do Instituto Politécnico de Santarém, a candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional Imaterial e da UNESCO e a criação do Núcleo IPSantarém International School, cujo principal objetivo é o desenvolvimento da gestão integrada da formação internacional. Também é necessário mencionar alguns indicadores que estimulam, à partida, a opção, por parte dos estudantes, pelo Instituto Politécnico de Santarém, nomeadamente o 3.º lugar, em termos de menor nível de desemprego, entre os Politécnicos, a nível nacional, o 2.º lugar na 11ª edição do Concurso Nacional Poliempreende, o estudo sobre o impacto socioeconómico do IPSantarém na região, o qual indicou que por ca-

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da euro investido pelo Estado se obtém um retorno de 5 euros e a colocação do número de alunos, que este ano letivo foi superior em 138 (acréscimo de 13%), relativamente ao ano anterior. Para a concretização destes dados, as Unidades Orgânicas desempenharam uma ação importante, acompanhando o futuro do instituto na sua missão, identidade e gestão do conhecimento. Enfim, estes resultados são mais do que suficientes para que continue a lutar pela afirmação do IPSantarém e pelo seu futuro com objetivos e estratégias bem definidas. Pugnarei para manter ou até mesmo valorizar o patamar já atingido pelo instituto numa situação de sustentabilidade e de segurança para toda a comunidade e pela intensificação da sua cultura organizacional e de desenvolvimento. Sim, é verdade. Tenho uma grande paixão e orgulho pelo Instituto Politécnico de Santarém. Será pecado? *Presidente do Instituto Politécnico de Santarém


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Licenciamento imediato e um vasto leque de vantagens para as empresas * Os Parques de Negócios do Vale do Tejo são as primeiras e únicas Áreas de Localização Empresarial (ALE’s) do país, licenciadas pelo Ministério da Economia. Situados no distrito de Santarém, os três parques de negócios têm localizações de excelência: Torres Novas, Rio Maior e Cartaxo, sendo geridos por sociedades gestoras privadas. De base inovadora, este conceito surgiu originalmente em 2000, quando foi elaborado um Plano Estratégico de Desenvolvimento para todo o distrito. Chegou-se à conclusão que havia falta de áreas devidamente infraestruturadas para instalar grandes empresas e concluiu-se que a criação dessas áreas era um projeto estruturante para o desenvolvimento da região. Além de ser um importante instrumento no ordenamento de território. Numa primeira fase, foi encomendado um estudo prospectivo a uma universidade para determinar as áreas com maior potencial de crescimento e desenvolvimento da região. Com base nessa análise rigorosa foram escolhidos cinco locais que reuniam as condições necessárias e consideradas adequadas à instalação destes equipamentos. No entanto, este era um produto diferenciador e inovador que não existia em Portugal, pois até esse momento, apenas existiam dois modelos de áreas empresariais. Existiam as zonas industriais geridas pelas autarquias, sem disporem de infraestruturas básicas como gás natural, fibra ótica, boas acessibilidades. E na mesma altura começavam a surgir os primeiros parques portugueses de ciência e tecnologia como por exemplo o Taguspark. Contudo, a dinâmica empresarial destes parques é normalmente liderada por universidades e assenta em empresas de base tecnológica, o que significa que os mesmos só conseguem viabilidade junto dos grandes centros urbanos e com universidades vocacionadas para a dinâmica

Os Parques de Negócios do Vale do Tejo são as primeiras e únicas Áreas de Localização Empresarial (ALE’s) do país, licenciadas pelo Ministério da Economia. Situados no distrito de Santarém, os três parques de negócios têm localizações de excelência: Torres Novas, Rio Maior e Cartaxo. empresarial e económica. Com a ideia de criar um produto inovador e intermédio entre as zonas industriais e os recentes parques de ciência e tecnologia, os responsáveis pelo projeto levaram a cabo um benchmarking pelas diferentes áreas empresariais da Europa. E, assim, surgiram os PNVT, espaços qualificados e de excelente qualidade urbanística vocacionados para empresas dos mais variados sectores, geridos por sociedades gestoras com competências de licenciamento, gestão condominial, fiscalização e prestação de serviços de apoio às empresas. As ALE estão previamente sujeitas a rigorosos processos de licenciamento pelo ministério da Economia, que lhes atribui um alvará, com descriminação dos CAE que são permitidos instalar no Parque e restantes condições. O que significa que as empresas que se instalem nas ALE usufruem de licenciamento imediato, desde que o seu CAE conste do alvará da ALE.

Isto é possível pois Portugal tem em matéria de licenciamento e ordenamento da actividade económica da legislação mais avançada da Europa. A agilização do processo de licenciamento das empresas a instalar em ALEsé apenas um dos muitos aspetos inovadores dos Parques Negócios Vale do Tejo. As empresas aqui instaladas usufruem de um vasto leque de vantagens como, por exemplo, isenções de IMI e IMT, redução de taxas de licenciamento, excelentes acessibilidades, infraestruturas completas, qualidade urbanística e serviços de apoio e complementares da actividade económica (aldeia empresarial com creche, hotel, restaurante, centros de formação, cafetaria, bancos, entre outros). Apesar de algumas condicionantes que surgiram ao longo do processo, como a morosidade na alteração do uso do solo, o projeto tem avançado com sucesso. O Parque de Negócios de Rio Maior tem já três empresas instaladas (Nobre, Alumínios Cortizo e PMBN) e fez recentemente a escritura de venda de mais um lote para a construção de uma unidade industrial de produção de rações para animais domésticos. 42% da área infraestruturada do Parque de Negócios de Rio Maior está vendida. O Parque de Torres Novas tem cerca de metade da área ocupada por duas empresas. Uma é a cadeia de distribuição Lidl, que tem em Torres Novas um dos quatro entrepostos logísticos do país, outra é a Di-

gidelta que se encontra neste momento a ampliar a unidade já construída no Parque. O Parque do Cartaxo está em fase final de conclusão das obras de infra-estruturação da 1ª fase e tem já instalada a primeira empresa – TAGUSGAS – cujas obras de edificação decorreram em simultâneo com a das infraestruturas do parque. O investimento global efectuado pelas sociedades gestoras dos PNVT é de 26,3 M€. As dezanove empresas já instaladas nos PNVT investiram 79,6M€. O capital aportado pelos accionistas a este projecto foi até agora de 6,6M€. Os PNVT serão um pólo de excelência para a atracção de investimento estrangeiro contribuindo, assim, para o desenvolvimento económico da região e do país. * Parques de Negócios do Vale do Tejo


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Empresários que madrugam para trocar oportunidades de negócios BNI - Performance de Santarém *

O que leva cerca de 30 empresários e gestores a levantarem-se tão cedo para trocar oportunidades de negócios sem ganhar comissão? É o que muita gente pergunta. Ainda não são 6 da manhã e já um grupo de empresários começa com a agitação no salão dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Trocam-se sorrisos, brincadeira e apertos de mão. O BNI (Business Network International ) é uma organização de origem americana que está em 54 países. Em Portugal está distribuída de norte a sul e ilhas com 73 grupos num total de cerca 1700 membros.

Santarém está representada pelo BNI Performance e reúne todas as sextas-feiras das 6h00 até às 8h30 no salão das bombeiros voluntários. São cerca de 30 empresários de Santarém, Almeirim, Rio Maior, Alcanede, Chamusca, Coruche e Azambuja, com actividades diversificadas que passam entre si oportunidades de negócio. O BNI Performance iniciou a sua actividade em 6 de Janeiro de 2012 e até à data gerou cerca de 3.8 milhões de euros entre os seus membros, o que faz uma média semanal cerca de 25.000,00. Valor que os membros oferecem entre eles em cerca de 3 horas por semana.

FUNCIONAMENTO DE UM GRUPO BNI VISITAS Qualquer empresa pode candidatar-se a ser membro do BNI Performance contactando o grupo ou ser convidado por um membro para participar numa das nossa reuniões de trabalho.

PONTUALIDADE E ASSIDUIDADE A reunião começa quando o 2º membro chegar, por isso tem inicio às 6 da manhã. Até às 7h15 é o momento de networking, hora em que começa a reunião estruturada que nos levará até às 8h30, hora do pequeno-almoço. O objectivo é que estes encontros não prejudiquem o dia de trabalho. A esta hora os telemóveis não tocam e não há trânsito o que facilita a pontualidade.

ÁREAS DE ACTUAÇÃO Cada grupo só pode ter uma empresa por área de actividade. Nos grupos não existem empresas concorrentes, existe sim parcerias e entre ajuda para fazer negócios.

MELHOR É DAR QUE RECEBER O objectivo é receber referências de possíveis negócios e também dar ao grupo os nossos contactos. Não há comissões, nem qualquer tipo de remuneração nesta troca de referências.

OS 60 SEGUNDOS Cada membro dispõe de 60 segundos por semana para promover o seu negócio. Existe também uma apresentação de 10 minutos onde será feita uma abordagem mais completa da empresa.

OBRIGADO PELO NEGÓCIO Uma das práticas de qualquer grupo BNI é o agradecimento do negócio. Se uma referência gerar negócio para um membro ele deverá agradecer divulgando o valor gerado nesse negócio.

Qualquer empresário pode candidatar-se a entrar no BNI Performance. Para isso basta que a actividade da sua empresa não esteja ocupada por um concorrente. No BNI são aceites apenas uma empresa por ramo de actividade por grupo. Sendo assim basta ser convidado por um membro ou mostrar o interesse em visitar o grupo, o que pode ser feito pelo tlm: 918 636 202 ou em www. facebook.com/BNIPerformance. Neste momento temos vários negócios para passar a outros empresários em áreas de actividade que não temos no grupo como por exemplo cabeleireiras, clínicas médicas

dentárias, clínicas de especialidades médicas, canalizadores, imobiliárias e formação. * Business Network International


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Aliar experiências e saberes para melhor responder às necessidades dos clientes Rocha,Valente,Figueiredo & Associados - Sociedade de Advogados*

A Rocha, Valente, Figueiredo & Associados - Sociedade de Advogados RL, é a primeira sociedade de advogados no concelho de Vila Franca de Xira que segue um modelo adaptado às exigências do mercado e da economia actual sem se desligar das raízes do passado. A sua forma de estar assenta numa prática de muitas dezenas de anos, transmitida na primeira pessoa aos

actuais sócios, através dos seus pais, também eles advogados há muitos anos, e com quem ainda podem contar. Paulo José Rocha , 42 anos, nasceu em Vila Franca de Xira, filho de pai advogado e mãe professora. Estudou e viveu em Lisboa mas optou por se manter fiel às raízes e exercer a sua profissão em Vila Franca de Xira. Filipe André Valente, 36 anos, tam-

bém filho de pai advogado e mãe professora, nasceu em Lisboa mas optou por exercer a sua vida profissional em Vila Franca de Xira onde o seu pai já exercia advocacia há largos anos. Andreia Figueiredo, 34 anos, filha de pai e mãe enfermeiros, nasceu e viveu sempre no concelho, onde se mantém pela proximidade às suas origens. Após vários anos em exercício em prática isolada sentiram a necessidade de aliar a experiência e os saberes adquiridos e formaram esta equipa para serem capazes de responder à multiplicidade de necessidades e exigências dos que os procuram. Juntaram-se há cerca de dois anos, quando todos eram (dois ainda são) representantes da Ordem dos Advogados a nível local e foi nessa fase que perceberam que se complementavam muito bem a trabalhar. Desde então a Rocha, Valente, Figueiredo & Associados tem abraçado causas muito interessantes sob o ponto de vista da relevância dos processos e do desafio intelectual que representam, com muitos e bons resultados. Só através da especialização de cada um dos elementos, que colabora nesta sociedade, é que se passou a conseguir dar resposta adequada às várias exigências dos que procuram os serviços da advocacia. Hoje a Sociedade consegue dar resposta a todas as questões e necessidades como, por exemplo, na área fiscal – IRS, IRC, IVA, IMI, IMT, Taxas de Portagem e multas, Sociedades – Constituição e assessoria, Arrendamento e Despejo, Condomínios, Partilhas, Obras, Dívidas, Insolvências e PER, Contractos, Providências Cautelares, Direito Criminal, Despedimento e Indemnizações, Processos Disciplinares, Acidentes de Trabalho, Acidentes de Viação, Di-

vórcios, Regulação das Responsabilidades Parentais, relações com câmaras municipais e com o próprio Estado, etc. Apesar de ter o principal escritório no concelho de Vila Franca de Xira, a Sociedade tem também parcerias dentro e fora do país (especialmente com Moçambique) com outros escritórios de advogados e não deixa de ser procurada por pessoas e empresas de norte a sul de Portugal. Além de serem um grupo de profissionais que não gosta de grandes formalidades, são também um grupo que gosta de fazer com que quem os procura sinta que tem ali alguém pronto para fazer o serviço solicitado e não alguém que vai complicar mais, apesar de manterem a rigorosidade e eficácia. * Com sede em Vila Franca de Xira


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O Caminho do Futuro O Projeto Educativo da Escola Profissional de Rio Maior comemorou há dias 22 anos de existência. E demonstra uma vitalidade e uma dinâmica invejáveis, graças a uma política de melhoria contínua, à inovação e à permanente reinvenção, que são armas de que procuramos dispor para nos mantermos na vanguarda. O lema “EPRM – o Caminho do Futuro” é revelador da visão central da escola, focada na melhoria contínua da qualidade da formação ministrada e no desafio de desenvolver nos alunos competências para participar e interagir num mundo global e altamente competitivo. A EPRM procura, a todo o tempo, diferenciar-se face à concorrência, fazendo formação integral do indivíduo. Recorrendo a atividades e projetos de complemento curricular procuramos adicionar as soft skills à educação formal, algo que o mercado de trabalho cada vez mais valoriza. Por outro lado, continuamos a preservar as nossas marcas distintivas, como é o caso do ambiente familiar, pois não queremos uma escola em que os alunos sejam um ser anónimo e, por isso, o nosso grande objetivo é manter, precisamente, essa cultura de proximidade - pois entendemos que é esta mesma cultura de proximidade que permite o êxito e sucesso escolar dos nossos alunos. Graças aos sucessos alcançados, temos conseguido convencer alunos, pais, empresários e, em geral, a comunidade, de que a via profissionalizante não é para os menos capazes, não é para os menos inteligentes, não é para os enjeitados de um

Luciano Vitorino*

sistema educativo que tantas vezes promove a ilusão do saber em vez do saber fazer e do saber ser. Quer isto dizer que o Ensino Profissional evoluiu muito nos últimos anos e é hoje em dia um ensino de primeira escolha em paralelo com o ensino regular. Desde há alguns anos a esta parte, a EPRM tem implementado uma política de parcerias com o tecido empresarial, incidindo sobre várias vertentes: a realização de estágios curriculares de qualidade, a realização de workshops e encontro com profissionais, a obtenção de recursos e equipamentos para a formação em condições vantajosas, a promoção da empre-

gabilidade dos nossos alunos, etc. Graças a estas parcerias, a formação ministrada pela EPRM tem mais qualidade e é mais credível. Hoje, estamos certos de que um diploma, atestando uma qualificação, emitido pela escola, é uma mais-valia para os jovens, pois é reconhecido e valorizado pelas empresas. A título de exemplo, atestando o estreitamento de relações entre a escola e o tecido empresarial, este ano tivemos a felicidade de contar com quatro empresas parceiras que se associaram a nós e, usando da sua generosidade e responsabilidade social, se predispuseram a suportar o prémio de mérito, distinguindo os nossos melhores alunos do ciclo de formação 2011/2014. À Rodoviária do Tejo, à Vulcano, à Talenter e à Fravizel, o nosso bem hajam! Cientes de que a formação do indivíduo será tanto melhor quanto mais abrangente for, e que a formação integral implica outras competências além das técnicas, na EPRM promovemos a manutenção de uma relação de proximidade entre toda a comunidade educativa e a participação em projetos nacionais e internacionais, de carácter interdisciplinar, incluindo visitas de estudo ao estrangeiro e estágios curriculares transnacionais, procurando também enriquecer o currículo dos nossos alunos através do incentivo à participação em ações de solidariedade, voluntariado e cidadania e valorizar a criatividade e o espírito empreendedor. Pela dinâmica que criam, além de se constituírem autênticas experiências “open mind”, os projetos funcionam também como promotores da taxa de sucesso escolar e contribuem para a redução das taxas de absentismo e abandono. Os profissionais deste novo século en-

Os proissionais deste novo século enfrentam desaios intensos e apenas haverá espaço para aqueles que souberem enfrentar crises e mudanças repentinas e estiverem de mente aberta para o mercado de trabalho frentam desafios intensos e apenas haverá espaço para aqueles que souberem enfrentar crises e mudanças repentinas e estiverem de mente aberta para o mercado de trabalho. A EPRM empenha-se em preparar os alunos para esse caminho …. o caminho do futuro! * Director da Escola Profissional de Rio Maior


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Inovação permanente e preservação de um ambiente familiar Como filho do Entroncamento sempre me preocupei com a vida e desenvolvimento do meu concelho. A minha empatia com a Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento (SCME) começou quase com o seu nascimento, na altura da inauguração do Hospital São João Baptista, em 1955, em que participei com um rancho do qual era ensaiador. Mais tarde passei pela presidência do município. Como autarca sempre dei todo o meu apoio a esta instituição. Foi durante o mandato como presidente da Câmara do Entroncamento que o Hospital foi nacionalizado e foi devolvido pelo Governo em total degradação. Esse foi o momento que mais me ligou à SCME, uma vez que a recuperação teria sido impossível sem o apoio da câmara municipal. Aquando da doença que atingiu Manuel Rosa Valério, Provedor na altura, efectivei o compromisso para com a SCME, com o objectivo de fazer crescer mais a instituição, as suas acções, os seus serviços e o seu património, sempre com a intenção de proporcionar melhores serviços à população em geral. O Hospital São João Baptista é um dos grandes destaques deste património que, para além de moderno, é cada vez mais vasto. A sua actividade é composta pelas vertentes de cuidados continuados na parte da convalescença (com cerca de 15 camas), a consulta aberta e a cirurgia. Com uma vasta gama de especialidades, o hospital

Manuel Fanha Vieira*

está ainda equipado com um sistema completo de radiologia e imagiologia. O conjunto de protocolos contempla parcerias com o Sistema Nacional de Saúde (SNS), o IASFA, ADSE, PSP, GNR, SSCGD, SAMS, PT-ACS e um conjunto de vastos planos de seguros de saúde. Outra unidade relevante da SCME é a Unidade de Cuidados Continuados Manuel Fanha Vieira, que construímos em 2010. Para a Média Duração (30 a 90 dias) está dotada de 40 camas e para Longa Duração

e Manutenção dispõe de 30 camas. Tenho na nossa equipa uma das mais-valias desta unidade. Desde técnicos especializados em Medicina, Psicologia, Serviços Sociais, Enfermagem, Medicina Física e de Reabilitação (Fisioterapia, Auxiliares de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da Fala), Animação Socio-Cultural e Auxiliares de Acção Médica, configuram uma oferta multidisciplinar que tem como objectivo a reabilitação, a readaptação e a reinserção familiar e social dos nossos utentes. No que se refere a soluções para a terceira idade a SCME dispõe de dois lares: o Lar Fernando Eiró (1978) e o Lar da Santa Casa da Misericórdia (2009). Actualmente acompanhamos 114 idosos em regime de internamento, 22 em centro de dia e 52 em apoio domiciliário a quem, além das refeições ao domicílio, são também disponibilizados serviços de enfermagem, higiene, limpeza e acompanhamento em caso de doença.

Aquando da doença que atingiu Manuel Rosa Valério, Provedor na altura, efectivei o compromisso para com a SCME, com o objectivo de fazer crescer mais a instituição, as suas acções, os seus serviços e o seu património, sempre com a intenção de proporcionar melhores serviços à população em geral

A constante inovação das unidades, a aposta no conforto e na preservação de um ambiente familiar que une o corpo de profissionais a todos os utentes, faz com que, em diversos momentos, seja acarinhado com agradecimentos, que me dão força para continuar a lutar pelos interesses da SCME. * Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento


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No princípio era assim… Mário Augusto Carona Henriques Rebelo* (ao centro)

Falar da Misericórdia de Santarém é falar de pessoas e de histórias de vida cujas marcas perduram no tempo. Se tivesse que contar a evolução desta instituição às crianças começaria por: era uma vez uma Rainha, que se chamava Leonor e que em tempos difíceis, mas também grandiosos da nossa História decidiu, com o poder que só as rainhas têm, sejam elas de que reino forem, criar uma organização a que se chamou Misericórdia. A primeira foi a de Lisboa, pois era a capital do reino e por isso era lá que a rainha vivia e isso aconteceu em 1498. Que tempos esses com tão famosos e intrépidos navegadores, que iam em busca de novas terras, novos povos e levavam com eles o nome de Portugal. Eles partiam em nobre missão, mas cá deixavam as famílias e foram elas a razão da nossa Rainha agir e decidir que a Misericórdia não podia ficar só em Lisboa mas que tinha de chegar a todo o país para apoiar os que ficavam sós e desprotegidos. As Misericórdias foram fundadas com

o objectivo de ajudar os que precisavam, os que careciam não só de bens materiais mas também de apoio espiritual e faziam-no através do cumprimento das 14 Obras de Misericórdia, sendo 7 Corporais e 7 Espirituais. Passaram-se mais de 500 anos e os objectivos da criação das Misericórdias mantêm-se actuais. Eu diria que numa conjuntura socioeconómica difícil elas são na maioria das situações a referência para as populações locais porque continuam associadas aos valores de preservação da dignidade do ser humano. É disso exemplo a Santa Casa da Misericórdia de Santarém, que visa ser uma instituição de referência pela qualidade a nível local, nacional e transnacional. Desde 1500, ano da nossa fundação, há períodos que se destacam e como são muitos há que escolher. Vamos ao final do século XX, aos anos 80, e à mudança do Hospital Distrital de Jesus Cristo para novas instalações. O edifício devoluto gerou um movimento de reflexão e planeamento das respostas sociais diagnosticadas

como necessárias mas ainda inexistentes: o Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário vieram juntar-se ao já existente Lar dos Rapazes a funcionar desde 1874 e que ainda hoje é uma referência, fruto de mudanças geradas através de um processo de constante avaliação. Como diz o poeta: “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Temos feito um “caminho, caminhando”, aprendendo sempre, quer com as boas práticas, quer com os erros. Criou-se em 1990 o primeiro Lar de Acamados do Distrito, resposta inovadora com reforço na prestação de cuidados de saúde. Usámos o conceito pleno de “Cuidar”. Implementámos um Lar de Idosos, destinado prioritariamente aos utentes que reabilitávamos mas não o suficiente para voltarem para os seus domicílios. Respondemos às necessidades da comunidade na área da Infância, da Anciania e da Família. Reencontrámo-nos com a área da saúde em 2011 com a abertura da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção”.Cuidamos das memórias, das marcas que são o nosso legado, por isso o retomar do nome de “Hospital de Jesus Cristo” nessa Unidade.

As pessoas encontram na Misericórdia de Santarém sempre uma resposta disponível. Até quando dizemos “não” nos disponibilizamos para ajudar a procurar alternativas. Fazemos bem o Bem, por isso contamos com todos os que nos procuram, ajudam e gerem, os que nos elogiam e os que nos apontam o dedo crítico e que são um desafio para fazermos melhor. Somos o que somos! Agradecemos a todos sem excepção que connosco trabalham, que dão o seu melhor no quotidiano para fazerem a diferença na vida dos que cuidamos, aos parceiros, aos voluntários sempre disponíveis, aos órgãos sociais, o nosso muito obrigado. Contem com todos da Misericórdia, que nós contamos convosco para nos desafiarem à continuidade! E, tal como no princípio, lembremos a Rainha cuja obra iniciada foi para além do seu sonho, ela estaria feliz com a concretização do mesmo. Vale a pena sonhar, fazêmo-lo todos os dias quando aqui entramos e nos lembramos dos que contribuíram para chegarmos onde estamos, com as pessoas! * Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém


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Salvar uma família inteira num dia de temporal Era um Inverno particularmente frio e chuvoso. Estávamos em Fevereiro de 1979. Concretamente, no dia 11 de Fevereiro de 1979. Eu teria uns 18 anos. Era domingo, e nessa noite tinha chovido copiosamente. A família estava toda reunida (pais, 4 irmãos, cunhados, etc.) num daqueles almoços inesquecíveis em que se sentia o calor humano. O poder da família... lareira acesa, mesa farta. A interromper a amena cavaqueira, ouvimos os gritos desesperados de alguns caçadores que, mal conseguindo falar de tão afogueados estavam, pediam socorro com quantas forças tinham. Uma família inteira estava prestes a morrer afogada, num paul, não muito longe dali. Como naquele tempo não havia telemóveis, alguém ficou a fazer telefonemas a pedir ajuda (Bombeiros, Protecção Civil, etc., etc.), e todos os restantes arrancámos a correr directos ao local. Quando lá chegámos o quadro era arrepiante e desolador. Uma velha casa estava totalmente submersa na cheia, mostrando apenas a chaminé de fora com toda a família nela agarrada. A mãe (que estava grávida em fim de tempo) e as duas crianças de cerca de 5 e 6 anos estavam sentadas na chaminé com as pernas dentro de água. O pai estava, já sem espaço, dentro de água, apenas agarrado ao bordo da chaminé. À volta podíamos ver galinhas e porcos pendurados nos ramos mais altos dos freixos. Só os patos andavam felizes. Depois de ver o cenário principal fiz o enquadramento. O Paul em causa localiza-se na Bocarra, em terrenos da Santa Casa da Misericórdia de Santarém. O rendeiro, nessa altura, trazia um grupo de touros de lide guardados pelo pastor “Miguel” e pelos seus cães. Como a cheia ocupou toda a área mais baixa, os touros e os cães foram subindo no terreno disponível, ficando “encurralados” entre a cheia e a vedação. Ora, o acesso ao bordo da cheia mais próxima da casa (e da família) era precisamente aquele parque onde estavam os animais. Não havia outra opção. Tinha de entrar no parque para ter acesso à água onde a distância até à casa seria a menor (mesmo assim uns bons cento e tal metros). Entrei no parque dos touros. Os cães inicialmente refilaram, mas depois foram uns auxiliares preciosos para me darem algum “espaço” entre mim e os touros. Ainda assim, havia umas oliveiras ainda muito jovens que serviram para pendurar a roupa e calçado (e dar alguma tranquilidade relativamente aos touros…). Medi bem a localização do arame farpado que dividia os parques para não ficar lá preso e fui buscar, um a um, todos os membros da família. Comecei pela criança mais pequena, depois pelo irmão, que fui entregando à minha irmã mais nova (a qual veio a ser educadora de infância). Depois fui buscar a senhora grávida e por fim, o pastor Miguel. Lembro-me tão bem como se fosse hoje da cara de cada um dos elementos da família. Estavam em estado de choque, encharcados, em

Emídio Almeida*

hipotermia. Nem conseguiam falar. Olhavam fixamente o infinito… E agora? Pensámos todos. O que vai ser desta família? Das muitas coisas que os meus queridos pais nos ensinaram esta foi uma delas. Acolheram a família durante algum tempo (meses?) na nossa quinta. Amigos e conhecidos todos se mobilizaram e arranjamos o indispensável para aquela família poder recomeçar… Sei que depois foram para a zona do Pombalinho ou Golegã. Este assunto ficou apenas na intimidade da família durante estes 35 anos, até a “Nobre Casa de Cidadania” o ter trazido à luz do dia. E depois a SIC (canal de televisão). Não escondo, porém, que sinto alguma curiosidade em saber o que se teria passado com aquelas duas crianças…melhor, três. Será que já me cruzei com eles??? Conforta-me saber que os pude ajudar. Apenas acho que tive o privilégio de ter tido a oportunidade de ajudar aquela família. A minha mãe passou umas boas horas nos 2 ou 3 dias a seguir a tirar-me espinhos dos pés. http://sic.sapo.pt/Programas/ boatarde/2014-01-13-conheca-tres-cidadaos-exemplares https://www.facebook.com/portugalnobre/photos/a.622748341117880.1073741826. 172616539464398/622749324451115/?type=1 &permPage=1 * Director Clínico no Hospital Veterinário Tutivete Centro Cirúrgico de Santarém


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Testemunhar a vida e a morte Enquanto técnica de saúde mental e prestadora de cuidados continuados a idosos tenho acompanhado percursos de vida que reiteram a máxima de que o nosso caminho é um percurso, onde me apercebo, nem sempre linear e fácil… Entendo a nossa missão com o objectivo principal de cuidar. Cuidar daqueles que muitas vezes, e já sozinhos, não podem. Todavia, o facto “já não poder”, não significa (como é muitas vezes aferido), que este já não vive a vida. Ele está sim em outro estádio onde os condicionalismos são muitos, os constrangimentos e obstáculos ainda maiores. E questões que até então poderiam estar em segundo plano,ganham protagonismo: é assim mesmo – a Vida pressupõe a Morte e quando disso se trata falta-nos a vontade, falta-nos a palavra pois sabemos que, mesmo não querendo, também Viver pressupõe tocar a morte. Quando o idoso pensa neste assunto, (julgo eu), que acontece uma espécie de chamamento/questionamento interno, o exame de consciência, o reviver do seu passado conferindo a nítida percepção da “Sua” (nossa) condição humana: a Finitude. Esta inevitabilidade pode trazer sentimentos que esmagam a sua força e são geradoras de dor emocional profunda. E eis que, mesmo “ferido de morte”, o idoso tem de viver com essa realidade: preparar-se, inculcando em si uma melhor compreensão deste mistério sobre o fim, que afinal, sempre o acompanhou durante toda a vida… A constatação do óbvio faz-se: Pensar, Falar sobre a Despedida e o Fim é mandatório para que se consiga preparar com dignidade esse momento, quando chegar. Mesmo sendo um processo muito individual, com respostas difíceis de encontrar, medos de admitir, acontece, acontecerá a todos, pois há coisas que não são passíveis de controlo e a morte é uma dessas coisas sobre a qual o Homem não tem poder. Proporcionar aos nossos idosos um fim de vida acompanhado, em paz, onde a fa-

Monira Osman*

mília e cuidadores ganham protagonismo (devido à partilha de momentos, sentimentos), procurando trabalhar a angústia característica desta etapa, conduz a uma melhor aceitação do fim. Do Eu físico mas, quiçá, não do Eu espiritual. A morte, que até então é tida só num Universo abstracto, torna-se concreta e, confinada no nosso Eu e, extravasa para lá do imaginável. É isto que perturba, Ela, até então desconhecida, impõe-se como uma certeza e para breve… A morte existe pelos condicionalismos da vida. Coloca à prova as nossas crenças e capacidades para lidar com a inevitabilidade. A fundamentação religiosa e cultural sobre este tema podem ser elementos contentores de sentimentos como a tristeza, sofrimento, desespero ou solidão. Redireccionando o Eu espiritual que procura conforto, serenidade e plenitude final. É importante consciencializar o idoso para este processo, (que também é para quem fica a fazer o luto honesto e sem negação), onde a dor vivida vai sendo preparada. Assim, também ela é naturalmente

aceite como parte daquilo que é o ciclo da vida, do seu carácter irreversível. O que resta? Restam as memórias que, quando recordadas, reforçam o sofrimento, a dor da ausência, o sentimento de perda mas também o património afectivo, a partilha em vida, a herança dos momentos e tempos em conjunto… E esta perda tem o seu processo, é preciso um trabalho interior, consciente ou não, que sedimenta a certeza do fim, sem nunca deixar que o nosso idoso seja esquecido, pois a morte deixa, claro está, saudade, vestígios, nostalgia e anuncia que também nós caminhamos no mesmo sentido… Pois a morte precede a vida, que a pretendemos rica, plena, digna de todos os seres humanos que vêm ao Mundo e que dele nos despedimos Todos da mesma forma. * Directora Geral do Lar e Repouso do Ribatejo LDA & Residencial Lar da Minha Mãe LDA, Psicóloga Centro Clínico SAS


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Uma lição para a vida Uma das fases da minha vida pessoal, profissional e política que mais me marcou foi a minha passagem pela presidência da Junta de Freguesia de Rio Maior. Não pela sua componente política, mas pela sua dimensão social que, quer queiramos ou não, interfere sempre com a nossa vida privada, quanto mais não seja ao nível emocional. Muitos têm tendência a pensar que o presidente da junta é meramente mais um político eleito, mais um de muitos que em cada ato eleitoral se candidatam a um lugar de subserviência aos interesses superiores das câmaras municipais e que passarão quatro anos a ter como função aparecer nas cerimónias e reuniões públicas e a tomar uma ou outra decisão de pouco interesse. Essa é a visão de quem não conhece a realidade do nosso meio rural, das nossas aldeias e das nossas gentes. É que, para elas, o presidente de junta é o “homem” que resolve qualquer coisa a qualquer hora, é o conselheiro financeiro e sentimental, é o responsável pelo buraco na estrada e pelas valetas cheias de ervas, é aquele cuja casa passará durante quatro anos a ser também a sede da junta. Se houve tempo que me marcou foi esse, o de, numa freguesia de 10.000 eleitores e algumas dezenas de lugares, ter que ouvir e conhecer tudo e todos, conhecer os problemas no terreno, perceber as necessidades dos fregueses e ajudá-los a superar os seus problemas, muitos deles do foro pessoal, conhecer o isolamento em que vivem muitos idosos, as dificuldades porque passam famílias e crianças. Toda esta vivência de proximidade com os

Isaura Morais*

Toda esta vivência de proximidade com os problemas da nossa sociedade tornou-me uma mulher melhor, mais forte, mais segura, capaz de agir e não de apenas reagir medidas que tomam, saberiam qual o real impacto das suas decisões naqueles que os elegeram. Ser presidente de junta foi o meu ponto de partida na vida política pública mas os ensinamentos que aí colhi serão sempre o meu ponto de chegada. * Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior

problemas da nossa sociedade tornou-me uma mulher melhor, mais forte, mais segura, capaz de agir e não de apenas reagir quando estão em causa valores que nos definem enquanto comunidade. Foi uma experiência rica, cujos ensinamentos conservo, pois a sabedoria do nosso povo e dos nossos mais velhos, pode e deve orientar-nos na nossa vida pública e estão presentes no meu dia-a-dia enquanto presidente de câmara. Houvesse mais dos nossos políticos a passar por esta experiência, a conviver com as populações no dia-a-dia, a prestarem todos os dias contas dos seus atos e das suas ações, que teríamos certamente um país diferente, pois saberiam medir melhor o alcance das


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Restolho – uma pequena história feita de muitos sucessos Era uma vez uma família de batatas sem valor comercial que não queria ficar abandonada no campo. O seu produtor cuidou delas como de todas as outras: preparou o terreno onde foram semeadas, adubou-as e regou-as com todo o cuidado, mas estas batatas não ficaram com o calibre que o cliente do produtor exigia. Mas elas não queriam ficar no campo. Elas tinham a certeza que o seu sabor era tão bom como o das outras batatas e que podiam alimentar muitas famílias. Tinham razão e provaram-no. Estas batatas tinham sido produzidas num campo de um produtor que aderiu o projeto “Restolho” e, com a ajuda de uma equipa de voluntários, chegaram a casa de quem mais precisava de ajuda. A AGROMAIS, a AGROTEJO, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF) e a ENTRAJUDA juntaram-se no projeto “RESTOLHO, uma segunda colheita para que nada se perca”, no sentido de procurar combater, de uma forma simples mas muito diferenciadora, o desperdício alimentar. O sucesso do projeto assenta na capacidade de juntar vontades e mobilizar parceiros para poderem fazer a recolha da produção que fica nos campos dos produtores da AGROMAIS, retomando uma prática ancestral, conhecida em português como “restolho” ou “rabisco”. O projeto, que arrancou em 2013, está numa fase de grande consolidação, fruto do aumento do envolvimento de todas as partes e do alargamento das parcerias, o que permitiu minimizar algumas dificuldades e criar novas oportunidades de fazer mais e melhor. No ano de 2014 foi criado o Banco de Voluntários AGROMAIS que numa versão local permitiu que a colheita fosse feita por pequenos grupos de entidades associadas, fundamentalmente Instituições Parti-

culares de Solidariedade Social (IPSS) da região, encaminhando os produtos para essas próprias entidades, e consequentemente para os seus utentes, na maioria idosos e crianças. Este é efetivamente um projeto com uma forte componente de cidadania, que se quer proactiva, e que é um valor a promover a todas as camadas da sociedade, começando, desde logo, pelos mais novos. Para promover isso mesmo temos efetuado junto das escolas, jardins-de-infância e colónias de férias da nossa área de influência, ações de divulgação do programa Restolho e o resultado tem sido surpreendente. Até porque existem já várias crianças que reconhecem o projeto e a sua forma de operar. E porque o resultado de todo este esforço são as colheitas, este ano foram colhidas e entregues a instituições cerca de oito toneladas de produto. Mais uma vez queremos reforçar o empenho e o envolvimento dos agricultores que têm contribuído (e de muitos outros que querendo contribuir ainda não foi possível estarem integrados), porque sem eles este projeto não seria possível. Todos os que possam, juntem-se a nós! AGROMAIS - Entreposto Comercial Agrícola

Uma história numa vida Fui professora durante cerca de 40 anos e uma das circunstâncias em que experimento maior prazer acontece quando encontro antigos alunos. Gosto muito de os reencontrar: rapazes com mais quilos e menos cabelos, meninas muitas vezes mais magras e, quase sempre, com cabelos de outra cor. - Professora, está igualzinha – dizem com aquela simpatia e delicadeza que lhes procurei incutir. Agradeço, finjo acreditar mas, para ser sincera, aquelas palavras afectuosas trazem ao meu quotidiano uma satisfação indisfarçável que, completada com as informações que me dão sobre os seus percursos de vida, tornam muito gratificante a especificidade da minha vivência profissional. No entanto, há muitos anos, ia eu, um dia, a atravessar o Largo do Seminário quando avistei, ao longe, o vulto de um jovem sujo, desleixado, arrastando os pés, a imagem de um autêntico farrapo humano. Cruzámo-nos e ele disse: - Olá professora, não me reconhece? Sou o… Fito-o nos olhos, o olhar não muda, e fico petrificada. Reconheço de imediato, o rapaz de sorriso alegre e olhar meigo que, há alguns anos, integrava uma das minhas turmas de 11º ou 12º anos. Recordo a simpatia, a simplicidade, alegria com que tentava acompanhar os meus esforços para que a Filosofia lhes pudesse, de alguma forma, ser útil para a compreensão do mundo e dos outros. Não me lembro das banalidades que lhe disse, tal foi o meu espanto e a minha desilusão. O que aconteceu no pouco tempo que medeou entre as duas imagens?

Maria Alecta Ferreira

Não sei… Não consegui saber. Nunca mais o vi… Mas nunca esquecerei a sua imagem. Ela tem-me acompanhado para me recordar a pequenez da nossa capacidade de intervenção no mundo e na vida. Foi uma lição de humildade. Este breve relato pretende enviar um enorme abraço a todos os meus alunos a quem a vida não realizou os legítimos sonhos de uma juventude já distante, que tive a oportunidade de ouvir e ler em olhares cheios de esperança. Um enorme abraço e a partilha de responsabilidades pelo fracasso que foi de cada um de vós, também de mim e, talvez sobretudo, de uma sociedade que não soube, ou não conseguiu, apoiar-vos e encaminhar-vos como devia. Um enorme abraço, a partilha de responsabilidades e o desejo de que a realidade, que tem uma enorme capacidade de nos surpreender, vos traga, ainda, a esperança num futuro alcançável por quem, apesar de tudo, não pode perder a possibilidade de sonhar. A juventude que eu conheci merece uma oportunidade. Felicidades…


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Trinta anos na via do futuro O CENFIM – Centro de Formação Profissional da Industrial Metalúrgica e Metalomecânica vai comemorar o seu 30º aniversário no próximo dia 15 de Janeiro de 2015. Através de um amplo concurso de ideias escolheu o slogan “30 Anos na via do futuro”, como frase orientadora para o próximo ano. O CENFIM é um centro protocolar do I.E.F.P. (Instituto de Emprego e Formação Profissional) constituído em 1985 e tem como seus outorgantes, para além do próprio I.E.F.P. as associações patronais do setor, AIMMAP e ANEME. A nível global o CENFIM desenvolve a sua atividade em 13 centros distribuídos por todo o território nacional, tendo desenvolvido 960 ações de formação, num total de três milhões de horas, em que participaram 14350 formandos. O Núcleo de Santarém desenvolve a sua atividade formativa desde Junho de 1987 tendo desde início dado apoio ao tecido empresarial da região ribatejana. Abrange concelhos como Abrantes, Alcanena, Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Constância, Coruche, Entroncamento, Golegã, Mação, Ourém, Rio Maior, Salvaterra de Magos, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Esta unidade do CENFIM desenvolve a

Tiago Vieira da Cruz *

sua atividade na formação do sistema de aprendizagem, nos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) nos cursos de Formação Modular Certificada, cursos da Especialização tecnológica e cursos de Formação Contínua, bem como ainda na formação à medida das necessidades e especialidades

das empresas. Com um leque alargado de soluções para empresas, como formações à medida, apoio tecnológico e organizacional e formação contínua de aperfeiçoamento, que vão desde o Desenho, à Organização e Gestão Industrial, passando pelas Construções Mecânicas e Metálicas, Manutenção Industrial e Qualidade e Ambiente, o CENFIM desenvolve ainda formação para as áreas comercial e administrativa, informática aplicada aos vários setores da organização das empresas, Energia, Eletricidade e Eletrónica e línguas Inglesa, Alemã, Espanhola e Francesa. Todo este tipo de formação desenvolve-se de forma modelar e específica, de acordo com as necessidades de cada empresa. A formação profissional desenvolvida pelo CENFIM proporciona a todos que dela beneficiam as competências necessárias com vista à empregabilidade qualificada e dá a necessária ajuda a todas a empresas de transformação que pretendam exportar. Hoje as exportações do setor metalúrgico e metalomecânico representam mais de 13 mil milhões de euros, sendo sem dúvida um dos setores mais exportadores da nossa economia. O setor tem estado a dar uma enorme empregabilidade o que faz com que o CENFIM dinamize cada vez mais a sua atividade valorizando as competências profissionais de cada indivíduo.

A qualidade dos cursos ministrados mede-se, também, pelos resultados obtidos em vários concursos de profissões, onde o CENFIM conseguiu já lugares de vulto. Os jovens formandos no CENFIM e concorrentes aos Euroskils e WorldSkils têm como grande mérito atitude e profissionalismo tendo trazido para este centro primeiros lugares e medalhas honrosas em todas as participações que o CENFIM tem entrado em representação de Portugal nas suas vertentes e saídas profissionais que em conjunto com o IEFP tem na Europa e no mundo representando este país. Porque valorizamos as pessoas e as suas competências o CENFIM sente que está preparado para o desafio do futuro possuindo este centro várias acreditações que lhe têm reconhecido a sua qualidade, como é o caso: da norma NP EN ISO 9001:2008, NP EN ISO 14001:2004, OHSAS 18.001:2007/ NP 4397:2008, NP 4427:2004 e ainda da ACT, da Autodesk, da Direção Geral de Energia e Geologia e da Direção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), entre outras. Em particular, o Núcleo de Santarém e Trofa estão acreditados para desempenhar formação autorizada pela Federação Europeia e o Instituto Internacional da Soldadura (EWF/IIW). * Director do Núcleo de Santarém do CENFIM - Centro de Formação Profissional da Industrial Metalúrgica e Metalomecânica


Estórias de vida

O MIRANTE | 16 NOVEMBRO 2014 EDIÇÃO 27º ANIVERSÁRIO 47

Atribuição de selo de qualidade exemplar de água para consumo humano * Em 2014 foi a confirmação da nossa dedicação e competência na prestação de serviços públicos essenciais à qualidade de vida das pessoas e à sustentabilidade infraestrutural do concelho de Alcanena, com a atribuição do selo de Qualidade do serviço de abastecimento público de água 2014, com a atribuição do selo de Qualidade exemplar da água para consumo humano 2014 e nomeação para o Prémio de qualidade de serviço em águas e resíduos 2014 pelo segundo ano consecutivo. Fundada em 1987, a Luságua Alcanena Gestão de Águas, SA é uma empresa privada que faz serviço público com qualidade reconhecida. Iniciou a atividade em Janeiro de 1988 com o arranque do sistema de despoluição do Alviela. Ultrapassou um conjunto de adversidades próprias da complexidade de um sistema pioneiro e único em Portugal, tendo tido o privilégio de dar um forte contributo para a devolução de uma parte da flora e da fauna a um rio que estava morto desde a década de 70. Implementou e manteve um sistema de gestão de qualidade, certificado pela norma NP EN ISO 9001:2001 desde 2001, na ETAR de Alcanena até 2005, tendo sido nesse mesmo ano renovada a certificação para o contrato de concessão da exploração e gestão do sistema de abastecimento de água do concelho de Alcanena até à presente data. Sempre com um grande empenhamento de todos os colaboradores, a empresa tem

vindo a melhorar continuamente os seus níveis de desempenho na qualidade da água e de todos os serviços conexos com a sua produção, tratamento e distribuição assim como a manutenção de todas as infraestruturas relacionadas. O reconhecimento tem vindo a ser efetuado ano após ano pelos nossos clientes/ utilizadores e pela Câmara Municipal de Alcanena, evidenciado pelos inquéritos de satisfação realizados anualmente. Em 2013 fomos distinguidos com o selo de qualidade exemplar da água para consumo humano e nomeados para o prémio de Qualidade de Serviço de Águas e Resíduos 2013, tendo ficado honrosamente no pódio das três melhores Entidades Gestoras Nacionais na categoria da Qualidade de Serviço de Abastecimento público de Água. Em 2014 foi a confirmação da nossa dedicação e competência na prestação de serviços públicos essenciais à qualidade de vida

das pessoas e à sustentabilidade infraestrutural do concelho de Alcanena, com a atribuição do selo de Qualidade do serviço de abastecimento público de água 2014, com a atribuição do selo de Qualidade exemplar da água para consumo humano 2014 e nomeação para o Prémio de qualidade de serviço em águas e resíduos 2014, pelo segundo ano consecutivo. Foi com muita satisfação que a Administração e os trabalhadores da Luságua Alcanena tomaram conhecimento destes reconhecimentos a nível nacional atribuídos pela Entidade Reguladora do Serviço de Água e Resíduos. No entanto, temos a consciência e a humildade em reconhecer que ainda existe muito a fazer para otimizar um conjunto de eficiências que no futuro se traduzam numa redução do preço para o consumidor final. É esse o principal objetivo da Luságua Alcanena e o seu compromisso com o Município de Alcanena e a sua população. * Luságua Alcanena - Gestão de Águas, SA


Estórias de vida

O MIRANTE | 16 NOVEMBRO 2014 EDIÇÃO 27º ANIVERSÁRIO 48

Investimento na internacionalização da escola A história de vida da Escola Superior de Saúde de Santarém tem vindo a ser escrita não apenas pelo desenvolvimento da atividade académica, mas também pela participação em redes de cooperação, nacionais e internacionais. Decorrem dum investimento na internacionalização que visa criar condições que permitirá o seu desenvolvimento e afirmação no futuro. Esta máxima, associada aos Programas de Mobilidade e Aprendizagem ao Longo da Vida é, há muito, parte da história desta instituição, líder em vários processos neste âmbito, que desde 1999, têm possibilitado o estudo e aprendizagem em realidades exteriores, a estudantes, professores e não docentes tanto nacionais como provenientes de outros países. As várias parcerias - com 11 instituições europeias – resultam em sucessivos programas de mobilidade, traduzidos num aumento do número de participantes e num aumento da diversidade de escolha e o apelo à adesão aos mesmos. O recém-chegado Erasmus +, ao proporcionar mais oportunidades de realizar esta aprendizagem, veio uniformizar e flexibilizar todo o processo e traz novos desafios às instituições, incentivando o dinamismo e a inovação. Oferece a oportunidade de adicionar à história desta Escola novos projetos, com finalidades diferenciadas, consolidando outros já existentes, alguns dos quais pioneiros na realidade nacional. A participação no consórcio europeu formado pela Universidade de Oviedo, pela Universidade de Metropolia em Helsínquia, pelo Instituto Politécnico de Santarém (IPS) e pela Universidade do Algarve, é um dos marcos nesta história. Iniciada em setembro do corrente ano, a 3ª edição do Curso Erasmus Mundus em Enfermagem de Emergência e Cuidados Críticos acolhe em Santarém estudantes de quatro continentes, numa viagem transnacional pelo conhecimento em enfermagem. Permite o aprofundamento das relações de cooperação com instituições do ensino superior estrangeiras na Europa, no espaço lusófono e Ibérico. A extensão à cooperação com países terceiros está já também inscrita na história desta escola e do IPS, efetivada na parceria, denominada Lifelong Learning in Aplied Fields, com países da Europa Oriental, Ásia Central, Balcãs Ocidentais e Região Mediterrânica, liderada por universidades de Israel. Portas mais recentes se têm aberto à cooperação. Relevam-se os desenvolvimentos com o Brasil, a Universidade Federal de S. Carlos – Estado de S. Paulo, Instituto Federal de Pernambuco e Centro Universitário do Sul de Minas Gerais. Esta última desloca delegação de 19 estudantes de pós-graduação e 3

Isabel Maria Rodrigues Ribeiro Barroso da Silva*

professores à Escola Superior de Saúde, entre 15 e 22 de novembro. Vem com o objetivo de participar em seminários no âmbito do sistema de saúde português, organizados por docentes da escola. Reconhece-se o elevado valor e contributo de profissionais de saúde de instituições parceiras. Em outubro a Escola lançou novo projeto, este com a Universidade de Trakia, da Bulgária, visando estabelecimento de Parceria Estratégica. Para o efeito foi organizado workshop versando a temática dos Cuidados Continuados Integrados, com a participação de instituições prestadoras e da Coordenação Regional da ARSLVT. A Escola Superior de Saúde procura sinergias e enriquecimento mútuo, novas ideias, novos intervenientes e novas formas de cooperação. Aproveita e cria oportunidades; contribui e beneficia do propósito major da sua missão. * Diretora da Escola Superior de Saúde de Santarém


Estórias de vida

O MIRANTE | 16 Novembro 2014 Edição 27º aNiVERSÁRio 49

Um grande senhor e um grande autarca chamado Ladislau Teles Botas Quando O MIRANTE me lançou o desafio para contar a história de uma vida de imediato passei a ter um dilema porque, felizmente, conheço muitas que mereciam ser contadas. Depois de muito pensar, decidi que tinha obrigatoriamente de contar a história de um grande homem, grande autarca, grande escalabitano, mas acima de tudo, para mim, um exemplo de vida. Esse SENHOR foi Ladislau Teles Botas, um homem que na altura certa o concelho de Santarém teve a sorte de escolher para presidir aos seus destinos. Ladislau Teles Botas durante toda a sua vida se dedicou a servir o seu semelhante. Primeiro como dirigente associativo e depois como um grande político. Hoje já poucos se lembram de como era o concelho de Santarém em 1976, mas os que têm mais idade recordam o tempo em que as estradas eram de pó no verão e lama no inverno. A muitas localidades

ainda não tinha chegado a energia eléctrica e não havia água, onde não existia recolha de resíduos urbanos. O “Presidente Botas” rapidamente mobilizou vontades e apoios para que estes serviços fossem chegando às populações porque, para além de um “fazedor de obras”, era também um homem de grande coração. Um coração sempre aberto a ajudar o seu semelhante, mesmo aquele que há cinco minutos tinha falado mal da sua pessoa. Um coração onde as palavras ajudar e contribuir eram fundamentais. Recordarei para sempre a primeira reunião que mantive com ele no meu primeiro mandato como autarca de freguesia. Eu, um jovem com então 25 anos, acabado de ser eleito e levei para essa reunião uma folha cheia de obras que queria realizar. Ele ouviu-me, com muita paciência, e quando acabei olhou para mim e disse-me: “vamos trabalhar os dois para conseguir realizar

as tuas propostas mas eu primeiro tenho de te dar alguns conselhos”. Durante cerca de uma hora ali fiquei sentado, calado a ouvi-lo dizer coisas que nunca esqueci e que ainda hoje me servem de guia quanto tenho de tomar decisões. Desde esse dia inesquecível tive o privilégio de poder ter nele o amigo, o camarada, mas acima de tudo, aquele que sempre esteve presente quer para me dar aquela mão amiga, mas, também, quando era necessário, para me chamar à realidade e me dizer que o caminho não era aquele por onde eu estava a caminhar. O “Presidente Botas” deu tudo o que havia em si ao seu/nosso concelho sem nunca nada pedir em troca. São histórias de vida, como a do “Presidente Botas”, que eu sempre irei recordar e que quero guardar para contar aos mais jovens, pois será sempre com estas histórias de vida que Portugal pode continuar a ter futuro.

Diamantino Duarte*

Por tudo isto teria de aproveitar esta oportunidade para recordar o amigo, o camarada, mas acima de tudo o GRANDE AUTARCA. * Administrador Delegado da Resitejo Gestão e Tratamento de Lixos do Médio Tejo


Estórias de vida

O MIRANTE | 16 Novembro 2014 Edição 27º aNiVERSÁRio 50

Quem conta um conto... acrescenta-lhe um ponto Vítor Rego*

Vítor Rego com um dos seus parceiros de negócios no Médio Oriente O nosso conto começa nos anos sessenta. Tínhamos acabado há pouco tempo a admissão ao Instituto Industrial de Lisboa, vindos das secções industriais leccionadas na Escola Industrial e Comercial das Caldas da Rainha. A indústria já me esperava mas mais tarde. Tinha a ambição de estudar e com dezassete anos rumei sozinho à capital. Não havia recursos para os meus pais me acompanharem. Entrei no Banco Totta Aliança, na Rua do Ouro, e perguntei timidamente junto a um balcão, um pouco mais alto que eu, se havia alguma possibilidade de “arranjar dinheiro para estudar”. A finalidade era entrar na

Escola Náutica, tirar Engenharia em Máquinas Marítimas, fazer o serviço militar na Marinha Mercante e evitar o pesadelo da guerra nas Províncias Ultramarinas. A primeira resposta que obtive não foi positiva. Contudo, a minha insistência levou-me a alguém com mais capacidade de decisão que o interlocutor anterior. Pediu-me para arranjar um familiar que fosse meu avalista. Eu até tinha um com possibilidades de o fazer mas ele recusou-se. Apesar disso acabou por me ser disponibilizado pelo Banco um valor mensal, válido por três anos, para obtenção da minha Licenciatura. O total em escudos proveniente daquela

entidade, cujo responsável me soube ouvir, liquidei-o passados precisamente quatro anos, depois de ter feito o pedido e já com um ano de actividade como Eng. Maquinista da Marinha Mercante, ao serviço da então prestigiada Companhia de Transportes de Petróleo, SOPONATA. Os vinte e um anos de resistência à ausência de família e de amigos, e ao isolamento do mundo em geral, tinham potenciado em mim um orgulho enorme que se reflectia na minha carreira, como profissional e como homem. Promovido prematuramente a Eng. de Máquinas, rapidamente angariei pela minha personalidade, clareza e força de vencer, a amizade da maior parte dos meus colegas e amigos, tendo chefiado alguns dos maiores super tanques da época. Uma semana após ter deixado a Marinha lacei-me na actividade industrial, como director de Manutenção duma Multinacional alemã, na área da Indústria médica, onde desenvolvi em Portugal e na Alemanha a minha actividade durante quatro anos. Foi uma nova experiência cujo resultado e empatia de processos, tornou fácil o desenvolvimento da nossa actividade, sendo o desempenho alemão fortemente evolutivo e do máximo rigor. Novo desafio apareceu quando um empresário, daqueles que mais tarde se evidenciam pela falta de escrúpulos, me aliciou para tomar a sua posição na liderança da sua sociedade no sector da indústria alimentar, porque ele iria desenvolver os seus negócios em Angola. Tudo correu bem até à descapitalização da empresa com os desvios usuais de capitais próprios que provocam o desmoronar das empresas. Durante algum tempo até conseguir colocar em dia todas as remunerações dos vinte seis colaboradores. Mantive a liderança até que fui convidado para outra empresa de prestígio

• Clínica Geral - Drª Francelina Peixoto / Dr. João Chantre Lima • Cardiologia - Dr. David Durão • Cirurgia Vascular - Dr. Augusto Ministro • Consulta da Dor - Drª Elsa Verdasca • Dermatologia - Drª Joana Parente • Fisiatria - Drª Fernanda Gabriel • Gastroenterologia - Dr. Rui Mesquita

na mesma área, onde desenvolvi durante 16 anos e até finais de 2011, a minha actividade como director fabril, altura em que solicitei a minha aposentação. Deixava para trás uma vida de trabalho, na maior parte e mormente nos últimos anos, sem gozo de férias, fins-de-semana ou horas para conviver e desfrutar a vida familiar. Licenciaram-se e casaram os meus dois filhos mas faltava-me fazer algo que estava nas minhas mãos concretizar que era dar algo mais aos outros. Tinham sido tantos os anónimos que me ajudaram que não podia deixar de fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para legar algo aos que necessitavam mais do que eu e aos meus filhos em particular, pois os filhos são sempre a maior razão da nossa existência. Foi assim que nasceu a Festivo Começo SA, resultado do desaparecimento da Confeitaria Mirene, cuja crise instalada no final de 2011, relegaria mais 57 trabalhadores para o desemprego. Achámos que estávamos em condições de, com o que fôramos aprendendo ao longo da nossa existência, com os amigos que sempre respeitámos e com a clareza de processos que sempre utilizamos e as ambições que não nos tiraram a clarividência, colmatar o desaparecimento de mais uma empresa e evitar a degradação da qualidade de vida de cinquenta e sete famílias que viriam o seu futuro e o dos seus filhos em causa. Sem acrescentar um ponto a esta simples maneira de viver, sinto-me uma pessoa feliz e verificando que em longínquas paragens árabes, amigos recentes também aceitam os nossos propósitos como se de familiares se tratassem acabo assim por acrescentar mais um ponto à minha história de vida. Bem Hajam * Proprietário da Festivo Começo

• Neurocirurgia - Dr. Luis Távora • Oftalmologia - Dr. Joaquim Nunes • Psicologia Clínica - Drª Carla Ferreira / Dr.ª Susana Carvalho • Ortopedia - Dr. Rui Faustino • Pediatria - Drª Dina Eiras • Urologia - Dr. Martim Justo • Acupunctura - Dr. Rui Crisóstomo

• Fisioterapia - Ft. Gonçalo Batista • Terapia da Fala - Drª Maria João Pedro • Endocrinologia - Dr.ª Sílvia Saraiva • Homeopatia - Dr.ª Cristina Pombo • Pneumologia - Dr. João Roque • Consulta úlcera de perna e do pé Enfª Virgínia Linhares • Serviços de Enfermagem


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