ASCENSAO 2017 - FEIRA DE MAIO AZAMBUJA 2017

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aniversário

ECONOMIA

18 de Maio de 2017 Faz parte integrante da edição de O MIRANTE nº 1299

Não deve haver ninguém da Reabriu a Pastelaria Santa Clara Chamusca que queira faltar da Rua 31 de Janeiro em Santarém à grande festa da Ascensão Maria Margarida Franco é Obras de beneficiação foram feitas a pensar no conforto dos clientes 20

Na Chamusca, na Semana da Ascensão poucos falarão sobre a elevação de Jesus Cristo ao céu, quarenta dias após a sua ressurreição. Mas vai seguramente falar-se muito de amizade, convívio, alegria, toiros, petiscos, tradição e música. O MIRANTE falou com jovens sobre o seu amor à terra e com um casal da terra que se ama há 60 anos Suplemento 2

a nova Notária de Azambuja

Natural do concelho de Torres Vedras a nova notária de Azambuja diz que concorreu à licença disponível porque gosta de zonas mais rurais e mais ligadas à cultura da terra e à proximidade da família 12

Clínica Sorriso Diário no Centro Comercial Atrium em Azambuja

Objectivo a curto prazo é alargar o atendimento a outras especialidades 15

Sabores da Europa e do Mundo no Bask Coffee Shop em Santarém

Pequenos-almoços, almoços, lanches e brunch aos sábados e take-away 21

Rita Varanda, Beatriz Luz, Mário Pereira e Nuno Mira aprendem a pegar a vida de caras

Feira de Maio celebra as tradições ribatejanas

Solicitador João Núncio abre escritório na Golegã

Solicitador com alguns anos de experiência abriu escritório na sua terra natal. Os lemas de João Núncio são seriedade, eficácia e responsabilidade 20

Frutiservice tem novas instalações em Fazendas de Almeirim Gerida por Bruno Duarte, a FrutiService faz gestão de condomínios, executa serviços de limpeza e comercializa produtos de limpeza 21

FACTIS lança plataforma para a transformação digital do serviço TI A centenária Feira de Maio, uma das mais castiças festas ribatejanas, está de regresso à vila de Azambuja entre 25 e 29 de Maio. São cinco dias recheados de festa brava e aficion, na qual não vão faltar actividades animação e muita música. Suplemento 11

Empresas já podem concorrer ao Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego A Nersant vai realizar sessões de esclarecimento para que as empresas possam começar a preparar os seus investimentos 20

Sedeada no CIES Startup de Santarém, aposta num serviço de excelência com os melhores profissionais, metodologias e ferramentas 22 NESTA EDIÇÃO

GUIA DE RESTAURANTES

CLASSIFICADOS XXIV


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Não deve haver ninguém da Chamusca que queira faltar à grande festa da Ascensão O MIRANTE falou com jovens sobre o seu amor à terra e com um casal da terra que se ama há 60 anos foto arquivo O MIRANTE

O MIRANTE desafiou vários empresários da Chamusca a falarem da festa, de si e das suas expectativas sobre o futuro. São testemunhos que permitem tirar qualquer conclusão definitiva mas que contribuem para um retrato de um concelho que estando tão perto de Lisboa em termos geográficos sofre já dos problemas que atingem a grande maioria do interior do país. O objectivo desta feira dentro da festa é promover a actividade, as respostas sociais e os projectos dos parceiros da Rede Social, destacando o tema dos idosos e seniores com vista ao envelhecimento activo, com particular destaque das Academias e Universidades Sénior e, ao mesmo tempo, mobilizar os mais jovens, a partir do ensino secundário e/ou universitário, para a causa social dos idosos, seniores e respectivas organizações do sector, freguesia a freguesia através do voluntariado

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Na Chamusca, na Semana da Ascensão poucos falarão sobre a elevação de Jesus Cristo ao céu, quarenta dias após a sua ressurreição. Mas vai seguramente falarse muito de amizade, convívio, alegria, toiros, petiscos, tradição e música.

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Festa da Semana da Ascensão na Chamusca é de 20 a 28 de Maio. O dia mais importante é Quinta-Feira de Ascensão, dia 25, porque é feriado municipal no concelho e em vários outros concelhos da região, o que contribui para uma maior presença de público, tanto no espectáculo dessa noite no palco principal, que este ano é com o fadista da terra, João Chora, como na entrada de toiros, durante a manhã, com os animais escoltados por campinos a atravessarem a vila, vindos da entrada sul, até à praça de toiros. Há naturais da Chamusca que residem noutras zonas do país que tiram férias nesta altura para não faltar à festa que assim se transforma num momento de reencontros e convívio entre amigos e familiares. Tasquinhas, artesanato, gastronomia, fado, mostra de produtos regionais e muita festa brava também fazem parte das sugestões para estes oito dias de festa. O programa completo está disponível no site do município. Pelo palco principal, montado junto ao edifício da câmara municipal, vão passar artistas diversos numa tentativa de agradar ao máximo de pessoas sem gastar muito em

“cachets” porque apesar do optimismo dos governantes e de notícias de maravilhas económicas em catadupa o dinheiro de cidadãos e de autarquias continua a não esticar. Áurea actua na primeira noite. No dia 21 sobe ao palco o grupo Átoa. Dia 22 actua a Banda Filarmónica da Carregueira. Dia 23 Fernando Daniel. Dia 24 o algarvio Diogo Piçarra que ganhou um concurso de talentos televisivo em 2012. Dia 25 o fadista João Chora. Nas três últimas noites actuam os artistas mais conhecidos. Cuca Roseta a 26, Luís Represas a 27 e Jorge Fernando a 28. FEIRA SOCIAL COM DIVERSAS INICIATIVAS PARA TODAS AS IDADES A Feira Social promovida pela Rede Social do Concelho da Chamusca, o município e restantes parceiros, vai voltar ao “Jardim do Coreto”, e tem várias propostas tanto para os mais velhos como para os mais novos. Das várias actividades propostas destaque para a exposição de rodas e bicicletas antigas decoradas que vai estar patente de 20 a 28 de Maio. O espectáculo de variedades “Toca p’ra Diante & Desgarrada Sénior, “interpretado pelo Grupo de Teatro do Clube Viva da Santa Casa da Misericórdia da Golegã e Companhia de Teatro da Chamusca, sobe ao palco do cine-teatro da vila no dia 22 de Maio, às 15h00. A música não vai faltar e no dia 25 de Maio quem quiser dar um pé de dança pode fazê-lo no baile popular marcado para as 22h00, com o Duo Cláudio e Rita, no Palco do Coreto.


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Chamusca terra linda de onde nenhum jovem quer sair mas de onde quase todos saem Nuno Mira, Rita Varanda, Mário Pereira e Beatriz Luz aprendem a pegar a vida de caras foto O MIRANTE

Quatro jovens da Chamusca que adoram a sua terra mas que sabem que para ali continuarem, junto da família e dos amigos e para ali constituírem família, vão ter que aceitar trabalhos que nada têm que ver com a sua área de estudos e isso se tiverem a sorte de os encontrar.

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uno Mira tem 26 anos e licenciou-se em Gestão na Universidade de Évora. É da Chamusca e trabalha há quatro anos no sector administrativo e financeiro da Resitejo, uma empresa in-

termunicipal que faz o tratamento dos resíduos da sub-região do Médio Tejo, que está localizada na Freguesia da Carregueira e que é a maior empregadora do concelho. Para quem quer trabalhar numa área rela-

cionada com o seu percurso académico e não quer sair da sua terra pode dizer-se que lhe saiu a sorte grande. O mesmo não pode dizer Rita Varanda, de 25 anos, que tirou Reabilitação Psicomotora no Instituto Piaget. Depois de ter enviado dezenas e dezenas de currículos para empresas que empregam pessoas com as suas habilitações, deitou a toalha ao chão e limitou-se a procurar trabalho. Esteve um tempo na Decathlon em Santarém e agora é gestora de clientes na empresa especialista em marcas de distribuição Font Salem, também na área da cidade de Santarém. No dia 13 de Maio à tarde O MIRANTE juntou quatro jovens da Chamusca no Jardim do Coreto (Largo D. Maria Marques de Carvalho), que aceitaram falar sobre as suas vidas e as suas expectativas. A conversa foi franca, descontraída e sem sombra de desânimo apesar de não se vislumbrar nenhum milagre a nível de criação de emprego nos próximos tempos. Dos quatro só Rita Varanda já não vive com os pais, tendo optado por viver com o namorado. Beatriz Luz tem 18 anos e ainda frequenta o Secundário. Quer ingressar no ensino superior mas não decidiu ainda qual o curso que quer ou que deve tirar. Mário Pereira, de 23 anos, licenciou-se em Engenharia de Produção Animal na Escola Superior Agrária de Santarém. É recém-licenciado e recém-desempregado. Estagiou numa empresa de Vale de Cavalos, no concelho da Chamusca, que tem um

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Apesar de haver nuvens negras no futuro dos mais jovens, aqueles que falaram com O MIRANTE falaram sempre naquele tom de quem sabe que vai conseguir encontrar um caminho para tudo dar certo. efectivo de bovinos de carne com uma raça portuguesa e uma raça francesa. Não ficou a trabalhar porque não havia lugar para mais um técnico mas apenas trabalho físico. Nuno Mira, que é autarca na Assembleia de Freguesia da União de Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande, faz um resumo da situação. “A Chamusca é uma terra muito bonita e tem excelentes condições para as pessoas aqui viverem mas tem os problemas de toda a zona interior do país, nomeadamente a desertificação populacional. Desde os anos 70 que perdemos cerca de mil habitantes por década. E é difícil fixar os jovens no concelho porque não há trabalho qualificado. Não temos grandes empresas e não temos serviços. É um problema do interior”. O pai de Beatriz Luz está emigrado em Itália há dez anos mas ela não quer sair de Portugal, nem sequer da Chamusca. “É aqui que tenho os meus amigos e é aqui que quero continuar a viver”, diz. A seu lado, Mário Pereira repete o mesmo discurso por outras palavras. “Gostava de ficar na Chamusca. Tenho cá família e amigos e aqui há potencial para se poder desenvolver qualquer actividade, seja qual for o sector”. Nuno Mira é ainda mais peremptório. “Não me passa pela cabeça sair da Chamusca. Já tive propostas para ir para Lisboa mas quis sempre ficar. É a minha terra. Gosto muito de aqui viver. E também quero dar o


18 MAIO 2017 meu contributo para tentar resolver alguns dos problemas”. Ao começar a trabalhar na área comercial Rita Varanda descobriu um novo mundo e começou a descobrir outras capacidades que não supunha ter. Apesar de ter que fazer diariamente 70 quilómetros de carro diz que vai trabalhar sem sacrifício e que gosta muito do que faz. Quando lhe perguntamos se ponderaria a possibilidade de criar o seu próprio negócio, responde que sim, embora acrescente que provavelmente também teria que investir fora da Chamusca.

O MIRANTE - ESPECIAL ASCENSÃO Mário Pereira está a desenvolver um projecto na sua área de estudos, em conjunto com um professor e também admite poder vir a criar o seu próprio emprego através da criação de uma empresa que alie a área florestal à da agro-pecuária. Apesar de haver nuvens negras no futuro dos mais jovens, aqueles que falaram com O MIRANTE falaram sempre naquele tom de quem sabe que vai conseguir encontrar um caminho para tudo dar certo. Ouvindo-os somos levados a acreditar que vai dar mesmo...

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A Semana da Ascensão é para reencontrar amigos, recarregar baterias e reforçar a ligação à terra Quem levava Rita Varanda à entrada de toiros de Quinta-Feira de Ascensão quando ela era criança era um avô. Adivinha-se-lhe no sorriso que quando tiver um filho será ela a iniciá-lo no gosto pelas tradições taurinas e pela grande Festa popular que é a Ascensão. Como em Santarém não é feriado, a gestora de clientes da Font Salem já pediu um dia de férias para não perder pitada. “Tenho amigos que não vivem aqui e aproveitamos para por a conversa em dia e reforçar a amizade que temos uns pelos outros e que não queremos que seja afectada pela distância. Faço questão de ir todos os dias ao palco principal, seja que espectáculo for e gosto da entrada de toiros porque é uma grande descarga de adrenalina”, confessa a jovem. Mário Pereira diz que quem o levava à festa era a avó. “Os meus pais trabalhavam e eu ficava com ela na Semana da Ascensão. Ia com ela à entrada de toiros e às picarias. Ela gostava muito das picarias e íamos ver sempre”, conta com um sorriso. Beatriz Luz vai à Festa com os amigos. Quando era criança ia com os pais e sempre gostou de ir. Os restantes colegas de conversa metem-se com ela quando diz

que não bebe bebidas alcoólicas. Dão a entender que ela não diz a verdade porque o que disser vai ser lido pela mãe. Ela limita-se a sorrir. Quanto a Nuno Mira a festa é também o reencontro com colegas da Universidade. “Todos os anos cá tenho alguns que não são de cá. Juntamo-nos à tarde, jantamos juntos, vemos o espectáculo dessa noite e no dia seguinte se houver corrida também vamos”, conta entusiasmado, já a perspectivar o reencontro deste ano. Na entrada de toiros diz que se coloca sempre no meio da estrada com ar de valentão mas que assim que vê os animais aproximarem-se foge para se esconder e quando volta a olhar os toiros já passaram. Ri-se enquanto faz o relato mas acrescenta que tem no currículo um pega de caras. “Nunca fui forcado mas tive que pegar uma vaca quando andava a estudar em Évora, durante uma vacada académica. Como eu era da Chamusca ninguém acreditava que eu não era capaz e apesar de estar cheio de medo lá teve que ser”. Explica que não saiu em ombros mas que se saiu bem e que a terra se pode orgulhar da sua coragem.

Bruno Oliveira Presidente da União das Freguesias de Parreira e Chouto

Houve uma lufada de ar fresco que acabou com a festa monótona que existia Para o presidente da União de Freguesias de Parreira e Chouto a semana da Ascensão é uma lufada de ar fresco no concelho da Chamusca. “Como todos sabemos é o evento mais marcante do concelho, evento esse que dinamiza e promove em larga escala o nosso concelho e a nossa região. Nos últimos anos cresceu de forma exponencial. Quer pelo seus grandes cartazes, tradições, inovações mas acima de tudo diversificação. Esta diver-

5 sidade e aposta na cultura, que tem marcado o concelho durante todo o ano e não apenas nesta semana, rompe com o passado monótono e traz uma frescura e vivacidade às nossas terras”, declara o autarca. Apesar de não possuir dados reais, Bruno Oliveira diz ter a percepção que a Ascensão tem um efeito benéfico na economia. “O comércio local é dinamizado pelo crescente número de visitantes do certame. E penso que esta aposta na “desmonotonização” de uma Ascensão é muito boa para a vila. Temos um programa rico quer em quantidade quer em qualidade”, refere. Apesar das exigências do cargo que ocupa não lhe permitirem participar na festa de uma maneira mais activa o presidente da União de Freguesias de Parreira e Chouto diz que vai à Chamusca durante a Semana da Ascensão sempre que pode e que participa nas diversas actividades de forma vibrante, sendo presença assídua nos espectáculos apresentados no Palco Principal. Quanto a melhorias diz que o maior segredo é ir diversificando para agradar ao maior número possível de cidadãos. Quando lhe perguntam se está satisfeito com as mudanças políticas registadas a nível local, com a passagem da gestão municipal da CDU para o PS e nacional, com a constituição de um Governo PS com apoio parlamentar do BE e PCP, não hesita. “Se falar em política pode parecer que estou a puxar para esta nova onda política... mas sinceramente não quero saber...basta ver o presente e como estávamos há quatro anos quer a nível nacional, concelhio ou das nossas freguesias. Sei e estou convicto que marcámos uma mudança mas acima de tudo quero que ela perdure positivamente e sem os “vícios” do passado”.


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Paulo Marujo Colaborador da empresa Paulo Vicente Sociedade Unipessoal Lda

As várias maneiras de viver uma festa bem castiça Acordeonista em vários ranchos folclóricos, Paulo Marujo usufrui da festa da Ascensão de várias formas: Tocando, participando em actividades tradicionais e nos expositores e convivendo com os amigos nas largadas de toiros e nos concertos. Quando lhe perguntam o que poderia ser melhorado refere a contratação de um leque de artistas mais variado. Refere que as mudanças políticas verificadas a nível local e nacional se notaram ao nível dos apoios e na divulgação das tradições e costumes. Para ele a festa da Ascensão dá visibilidade ao concelho e contribui para o desenvolvimento do comércio local. “Esta é a festa mais castiça do Ribatejo”, afirma. Quanto ao futuro, confessa estar apreensivo embora considere que o concelho está no bom caminho e que há índices de mudança positivos e que a empresa onde trabalha também está a ter um desenvolvimento sustentado.

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Manuel Rodrigues Barbearia e Cabeleireiro

Luís Freire Gerente da Tasquinha do Carcavelo Carregueira - Chamusca

É preciso fazer mais Um dia da Semana pelo crescimento da Ascensão da economia local dedicado às tertúlias É natural de Ulme, concelho da Chamus- do concelho ca, e um aficionado. Aprecia particularmente o toureio a cavalo e durante a grande festa da Semana da Ascensão não perde a entrada de toiros da manhã de quinta-feira. A festa é também aproveitada para confraternizar com os amigos. Quanto ao programa da mesma diz que “está óptimo”. Considera que os festejos da Ascensão atraem muita gente de fora do concelho ajudando a dinamizar a economia local. Lamenta o encerramento de muitas empresas e considera que até a agricultura sofreu com a crise económica. Deseja que haja mais iniciativa e vontade para dinamização da economia e faz um apelo aos responsáveis autárquicos para que dêem mais atenção à limpeza da vila. Casado e com 66 anos de idade gosta de ler, de estar com a família e com os amigos e em termos de viagens gostaria de ir aos Açores ou à Madeira. No 13 de Maio teve uma grande alegria porque o seu Benfica conquistou o seu primeiro tetra campeonato.

Dar destaque às tertúlias do concelho da Chamusca durante a Semana da Ascensão é a proposta do gerente do restaurante Tasquinha do Carcavelo. “Gostava de poder ver um dia da Semana da Ascensão dedicado às tertúlias da Chamusca e um concurso de tertúlias com a atribuição simbólica de um prémio. Seria mais uma forma de dinamização da festa e serviria para mostrar aos visitantes as lindas tertúlias que temos, que não são tão poucas como isso”, explica. Luís Freire diz que, apesar de não haver aficionados na família, é aficionado desde criança e auto-intitula-se um “aficionado da festa activa”. Quanto à festa é um verdadeiro especialista na matéria. “Desde miúdo que vou à festa. Primeiro como simples cidadão, mais tarde como empresário e durante muitos anos com as tasquinhas. É com muita saudade que recordo os grandes almoços de ‘mas-

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sa à barrão’ com os amigos, depois da tradicional entrada de toiros na quinta-feira”, recorda. Acrescenta que além de frequentar a grande festa do concelho também a promove no restaurante através de eventos que organiza e da venda de bilhetes para as corridas de toiros, tornando assim a tasquinha do Carcavelo como um local de referência. Diz que a Festa da Ascensão é muito importante porque promove a gastronomia, as tradições, o folclore e dinamiza a economia local. “É nesta altura que podemos mostrar ao país porque somos o “coração do Ribatejo”, refere, desejando que não haja brigas e conflitos provocados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Luís Freire considera-se uma pessoa optimista e é dessa forma que encara o futuro, tanto do concelho como do seu restaurante mas na parte que lhe toca não deixa as coisas ao acaso e declara que trabalha todos os dias “com enorme dedicação” para agradar aos seus clientes. Deixa também um elogio ao trabalho que está a ser desenvolvido pelo executivo municipal. “Para mim um cliente é um amigo. Este é o lema que me incutiram desde jovem e que tem passado de geração. E o resultado está à vista uma vez que em Agosto a Tasquinha do Carcavelo vai celebrar 55 anos”. Benfiquista dos quatro costados está feliz com a mais recente conquista do seu clube e realça o facto de poder manifestar o seu benfiquismo sem problemas apesar de ter muitos clientes de outros clubes, graças “ao ambiente familiar da casa”.


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Daniel Marques Maria Sócio-Gerente da Sociedade de Construções Daniel M. Maria & Marques, Lda

António Godinho Director Geral da Carpintaria Mário em Vale de Cavalos

Uma carrinha na zona da passagem dos toiros para as pessoas poderem ver sem perigo

“Num momento parece que vamos descolar e logo a seguir parece que não”

Há muitos anos que Daniel Marques Maria não marca qualquer trabalho para Quinta-Feira da Ascensão a fim de poder usufruir totalmente do principal dia das festas da Semana da Ascensão. “Considero-me fiel às tradições. Participo levando uma carrinha para algumas pessoas subirem lá para cima e poderem ver mais à vontade a entrada dos touros”, explica o empresário que gosta de tudo o que tenha a ver com o toureio e a chamada festa brava. Considera que a Semana da Ascensão é importante por atrair gente de fora do concelho e por ser um momento de reencontro de amigos. Diz que não tem qualquer sugestão de melhoria porque “ultimamente tudo tem melhorado” ao nível da organização. No entanto não mostra grande entusiasmo quando interrogado sobre o efeito positivo a nível local e nacional, resultantes das recentes alterações políticas. Refere que as perspectivas de futuro para os jovens são más devido à falta de trabalho e que a sua empresa, apesar de ter progredido, poderia estar melhor se o sector da construção tivesse tido melhorias significativas.

Define-se com um aficionado q.b. (quanto baste). Diz que gosta de assistir a uma tourada mas que já gostou mais e que não é entendido em matéria de tauromaquia. Não é contra as actividades taurinas porque respeita e defende as tradições. Sobre a festa da Semana da Ascensão diz ser um entusiasta e que só não passa pela festa todos os dias porque actualmente não mora no concelho. “Participo na Festa mas confesso que deveria participar de forma mais activa. Eu e grande parte da população do concelho. Ultimamente tenho tido uma dupla participação, não só como visitante mas também como expositor com um pequeno stand da empresa. Esta é uma festa de união. É na Ascensão que muitas vezes se encontram pessoas que há muito não víamos, principalmente pessoas de outras freguesias, somos um concelho grande e algo disperso o que potencia o afastamento e isolamento. É e

deverá ser sempre uma festa de tradições que não podemos deixar morrer”, declara. Do ponto de vista económico considera que a Ascensão é uma oportunidade para as empresas do concelho se darem a conhecer e darem a conhecer a oferta que existe no concelho. Do ponto de vista cultural, os programas agradam-lhe embora gostasse que o contributo das freguesias para a festa tivesse maior visibilidade e que fosse dada maior importância aos aspectos sócio-económicos. “No nosso concelho este evento é impar. Nenhum outro atrai as pessoas que este atrai e nenhum outro permite o contacto directo com as pessoas como este, portanto acho que mais do que o retorno imediato deve ser aproveitada como uma montra que é vista por milhares de pessoas e que pode trazer resultados no futuro”, explica. Quanto aos resultados resultantes das alterações políticas diz que a nível local, por muito boa vontade que exista é difícil fazer melhor pois os recursos são escassos e o concelho é pobre. A nível nacional mostra-se apreensivo pois apesar de considerar que o Governo está a trabalhar bem, a classe média continua sufocada com impostos e é taxada como se fosse uma classe rica. Acrescenta que o que aconteceu no passado não

7 deveria ser esquecido e que não se deveriam cometer os mesmos erros. “Este aparecimento súbito de dinheiro deixa-me apreensivo, espero que seja algo real e sustentado. A factura recente que todos pagámos e continuamos a pagar é demasiado alta para ser repetida”, afirma. Considera que a agricultura e a exploração florestal terão um papel fulcral no desenvolvimento do concelho e que se deveria olhar para o rio Tejo de uma outra forma, transformando-o numa “imagem de marca”. Quanto à sua empresa confessa que o tempo ainda é de cautelas. “Estamos num período de grandes incertezas e não é possível planear a médio prazo. Como tal não podemos arriscar demasiado. Num momento tenho a sensação de que estamos a “descolar” e no momento seguinte a sensação de que afinal ainda não. O acesso ao crédito continua muito dificultado às pequenas empresas e quando acontece as decisões são demasiado demoradas pelo que neste momento a banca não está a ser o parceiro desejável às pequenas empresas. As pequenas empresas vivem muito do enorme esforço que é feito pelos proprietários e suas famílias e nem sempre é fácil aguentar o barco”, conclui.


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Luís Vieira Sócio-gerente Restaurante O Corticeiro Chamusca

“Sou optimista e trabalho todos os dias para continuar a ser” O sócio-gerente do Restaurante O Corticeiro considera-se um optimista e quer manter o optimismo apesar da economia da Chamusca ter sido afectada pelo encerramento de várias empresas que davam emprego e criavam riqueza. Considera que a grande festa da Semana da Ascensão é uma iniciativa interessante, tanto a nível cultural como económico. “A Festa tem importância para o comércio, sobretudo o local, pois nesta altura existe sempre um aumento do consumo nomeadamente na restauração”, refere. Por causa do restaurante tem pouco tempo disponível para se divertir mas aproveita-o da melhor maneira. “Como bom chamusquense faço sempre questão de dar uma “escapadinha” para ver as iniciativas da festa e para estar com os amigos e familiares pois esta é uma altura de reencontrar pessoas que não vemos durante o ano todo”, explica Luís Vieira. É aficionado e o que mais gosta de ver a nível tauromáquico são as touradas e as pegas em especial. Diz que gostava que os cartéis das corridas de touros fossem melhores. As mudanças políticas ocorridas no concelho não o entusiasmaram por aí além. “Na Chamusca não se notou alteração nenhuma, apenas um desenvolvimento no Eco Parque do Relvão”, justifica.

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Cláudia Cardoso Sócia-Gerente e Gestora da Dentalezíria

“É difícil, senão mesmo impossível, não se gostar da Chamusca” Cláudia Cardoso é uma mulher do norte que passou a residir em Abrantes há cerca de dois anos. Na zona de onde é originária não existe tradição tauromáquica e por isso quando lhe perguntam se é aficionada, limita-se a explicar que é defensora da preservação do património cultural português. Acrescenta com simpatia que provavelmente acabará também por se transformar numa aficionada. Este ano irá pela primeira vez à Festa da Ascensão na Chamusca e tem natural expec-

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tativa sobre o que irá ver. No entanto, pelo que conhece da Chamusca pressente que irá gostar. “Ainda me considero uma ‘imigrante’ na Chamusca, contudo é uma vila que me cativou desde o início pela simpatia e disponibilidade das pessoas; pelos valores culturais inestimáveis que aqui se vivenciam e pela cordialidade que a população oferece a quem chega a esta terra. É difícil, senão mesmo impossível, não se gostar da Chamusca. Como chamusquense, que já me começo gradualmente a sentir, este ano serei participante activa nesta tradição da Semana da Ascensão”, explica. Cláudia Cardoso marca também presença na Ascensão na área económica, divulgando a sua clínica dentária, a Dentalezíria, porque sabe que nenhuma empresa sobrevive se não tiver população que a procure, seja em que área for. “O futuro da Dentalezíria assenta no oferecer à população a prática da medicina dentária através de um serviço personalizado, de qualidade e segurança, garantindo a satisfação dos seus pacientes. Compete-nos disponibilizarmos serviços de excelência em que o principal protagonista terá de ser sempre o paciente. Eu e o meu marido, Diogo Fragoso (também director clínico da Dentalezíria), adquirimos a clínica há um ano atrás e gostaríamos de deixar o nosso agradecimento pela confiança que os Chamusquenses nos depositaram”, faz questão de declarar. Sobre a importância da festa diz que é uma forma de a Chamusca mostrar as suas potencialidades. “A festa poderá ser uma forma de atrair e angariar investimento empresarial já que os visitantes, além de ajudarem o comércio local, podem igualmente in-

18 MAIO 2017 teressar-se pela sediação de investimentos, como foi o meu caso”. A Dentalezíria fica situada na Rua Miguel Bombarda nº 4, na Chamusca, e pode ser contactada através do telefone 249 768 393. Tem acordos com Médis, Advancecare, SSCGD, Multicare, Medicare, Future-Healthcare, entre outros. Usa como slogan “Somos profissionais apaixonados por sorrisos!”


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Festival de Folclore e Encontro Ibérico na Chamusca O Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo vai realizar, no dia 27 de Maio (sábado), o seu 29º Festival de Folclore. A novidade deste ano é a realização do 1º Encontro Ibérico. O festival vai contar, além do grupo organizador, com o

António José Lima Oficina Campos e Nazário - Chamusca

“Vejo um futuro muito mau porque as coisas estão cada vez piores” António Lima é um verdadeiro amante da tauromaquia e costumava acompanhar o Grupo de Forcados Amadores da Chamusca. Um dos seus desejos é ir um ano destes à célebre Feira de San Fermín, em Pamplona, Espanha, onde toiros em pontas fazem o percurso pelas ruas até à praça onde vão ser lidados, correndo atrás de uma multidão de entusiastas. Na Chamusca os toiros também correm em pontas da entrada sul da vila até à praça, situada no outro extremo da terra, e também há emoção mas tirando alguns jovens mais atrevidos que tentam tudo para separar um ou outro animal do grupo que vai escoltado por campinos, para poderem depois andar na brincadeira, tudo se passa muito depressa. “Não perco a festa da Ascensão por nada e sou fiel às tradições. Só não vou quando não posso mesmo ir. E tento participar em todos os eventos o mais possível. Esta é a festa que dá nome à Chamusca. Muita gente pensa nelas quando ouve o nome da terra”, declara. Sobre o figurino dos festejos não tem nada a propor. Quanto a alterações que tenham ocorrido tanto a nível local como nacional, devido à mudança dos actores políticos, afirma que não viu nenhuma significativa. Sobre o futuro do concelho está pessimista. “Vejo um futuro muito mau. As coisas estão cada vez piores”.

Rancho de Danças e Cantares de Vermil (Guimarães); Rancho Folclórico Unhais da Serra (Serra da Estrela); ADEPEC – Grupo Etnográfico Paúl de Trava (Vale de Cavalos); Grupo de Baile “Semente da Arte Galega” acompanhado pelo Grupo de Gaitas,

de Arume/Beade [Espanha]. A recepção dos grupos visitantes está marcada para as 17h00. Meia hora depois segue-se o desfile dos grupos pelas ruas da vila. O Festival de Folclore e Encontro Ibérico tem início pelas 18h00.


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Uma história de amor com mais de 60 anos Quando Fernando despe a farda de Provedor e é apenas o marido da Dona Gracinda

Nunca tinham namorado com ninguém quando se conheceram. Gracinda tinha vinte anos e Fernando vinte e dois. Casaram na igreja matriz da Chamusca a 29 de Dezembro e foram apanhar a camioneta para passarem a Lua de Mel em Lisboa. Voltaram antes da passagem de ano porque o dinheiro acabou. Festejaram 60 anos de casados o ano passado. foto O MIRANTE

F

ernando Barreto é Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca há 26 anos. Parece muito tempo mas acaba por não ser nada quando comparado com os mais de 60 anos que já leva como marido de Gracinda Barreto. Um dia, daqui a muitos anos, o seu nome continuará associado à instituição mas para os seus dois filhos, os seus seis netos e os outros descendentes que virão, tanto ele como a esposa serão apenas um belo exemplo de uma longa história de amor.

“Estudei pouco tempo porque tinha muita inclinação para os negócios” “Frequentei o Colégio Padre Fernando Eduardo Pereira aqui na Chamusca. Estudei só até ao 4º ano. Mais tarde até fiquei com o colégio. Ao princípio era eu, o padre Diogo e mais dois professores. Depois fiquei eu sozinho”, explica Fernando Barreto. A esposa acrescenta que o marido chegou a ter terreno e planta para fazer um colégio de raiz mas que o 25 de Abril e as alterações ocorridas também no sector do ensino o forçaram a abandonar a ideia. Fernando Barreto retoma a narrativa sobre o seu percurso. “Comecei a trabalhar nas bombas de combustível da BP, tinha 15 anos e fui para lá para o escritório. Tive como mestre o senhor Francisco Cid que me ensinou contabilidade. Ele era Guarda Livros do Grémio da Lavoura mas trabalhava lá à noite. Dali fui para a Fábrica de

O pai de Fernando Barreto era carpinteiro. Durante dois anos viveu com a esposa na Golegã e foi lá que lhe nasceu o filho mais velho, o primeiro de dois que o casal iria ter. “Nasci na Golegã por acaso. Foi em 16 de Novembro de 1931. A casa onde nasci ainda lá está, à entrada da vila. Depois os meus pais foram viver para o Pinheiro Grande. Tenho um irmão nascido em Setembro de 1933”. É segunda-feira, 15 de Maio, pouco passa das três da tarde. A conversa decorre na

Papel de Santa Maria de Ulme. Trabalhei lá trinta anos mas continuei nas bombas de combustível que tive em sociedade com o dono da fábrica, Eng.º Rosa Rodrigues e o dono do prédio, Sr. Hernâni Lopes da Costa”. Actualmente o casal mantem a empresa de combustíveis e distribuição de gás que é gerida pelo filho. A esposa acrescenta que o marido até chegou a ter uma agência do totoloto e totobola. “Em sociedade com o barbeiro”, acrescenta Fernando Barreto. “Ele tinha que dar uma caução de 12.500 escudos à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e tinha medo de perder o dinheiro. Eu avancei e ficámos sócios”, explica. Gracinda Barreto também não era mulher para ficar parada. Primeiro foi para gerente da fábrica de malhas que havia na Rua da Quintinha, ao pé do cinema. Mais tarde abriu a sua própria fábrica. Malhas Lezíria. O negócio corria bem mas com a chegada dos têxteis chineses começaram os problemas. Os clientes não vendiam e depois não pagavam à fábrica. O golpe fatal ocorreu a 2 de Agosto de 2003 quando a fábrica ficou completamente destruída na sequência

sala de estar da casa onde o casal mora há 52 anos. Gracinda Barreto vai buscar fotografias dos filhos, dos genros e dos netos, enquanto vai falando de si. “Eu nasci em 1933, no dia 2 de Fevereiro. Dia de Nossa Senhora das Candeias. Também nasci acidentalmente em Riachos. Os meus pais trabalhavam no campo e estavam a tomar conta de uma Quinta do Dr. Maldonado. Fui baptizada em Riachos e registaram-me em Torres Novas. Faz uma pausa e acrescenta numa espécie de homenagem aos progenitores. “Eu também trabalhei no campo até aos 33 anos”. Quando Gracinda tinha vinte anos dançou com Fernando num baile e aceitou que ele fosse pedir autorização ao seu pai para a namorar, apesar dele a dançar “ser um autêntico “pé de chumbo”. Era uma Quinta-Feira Santa e muito provavelmente quem estava a tocar concertina era o artista popular de Alpiarça, de seu nome António Padeiro, mas a quem todos chamavam António Queijeiro por ter um negócio de venda de queijos. Fernando Barreto não perdeu tempo e quando falou com o pai de Gracinda pediu-lhe logo para lá ir a casa no Domingo de Páscoa. “O meu pai nem dormiu”, conta Gracinda. “Como eu rejeitava todos os pretendentes que me apareciam ele estava convencido que eu nunca me iria casar”. No dia combinado lá estava o ansioso jovem com um pacotinho de amêndoas para lhe oferecer e com o coração a transbordar de amor e ansiedade. Foi o primeiro namoro dos dois e o único até agora. No dia 29 de Dezembro do ano passado foi a festa dos 60 anos de casados a que compareceu meio mundo. Vinte ou trinta vezes mais pessoas do que as que estiveram no casamento “pobrezinho”, realizado pelo já falecido Padre Diogo, na Igreja Matriz da vila. “A Lua-de-Mel foi em Lisboa. Saímos do casamento e foram-nos levar à camioneta das quatro. Voltámos no dia 31 à noite porque estivemos a fazer contas e o dinheiro já não dava para passarmos lá o fim de ano”, conta Fernando Barreto. A mesa da sala começa a encher-se de molduras com fotografias da família. “Esta é a minha filha, a Maria João. Trabalha em

de um incêndio que devastou grande parte do concelho da Chamusca, provocando quatro mortos e milhares de euros de prejuízos. “Só ao fim de nove anos conseguimos chegar a acordo com a Seguradora. Perdemos muito dinheiro”, conta Gracinda Barreto. Ao longo de uma vida longa e preenchida nem tudo é um mar de rosas. O incêndio da fábrica não foi o único revés do casal mas como tristezas não pagam dívidas, Fernando Barreto e a esposa Gracinda conduziram toda a conversa sempre pelo lado mais luminoso das suas memórias. Já perto do final o Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Chamusca fala da instituição que dirige para dizer que nunca hesitou em ajudar os outros, mesmo aqueles de quem se dizia que não mereciam ser ajudados, que com o passar da idade sente de forma mais intensa as desgraças do mundo e que sai da Misericórdia no final do actual mandato, em Dezembro de 2018. “Nunca me arrependi de ter ido para a Misericórdia”, afirma. A seu lado a esposa sorri e guarda para ela a última frase. “Ele nunca se arrependeu de ter ido para a Misericórdia. Eu é que me arrependi de o deixar ir”.

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“Só faltei a uma corrida de QuintaFeira da Ascensão” Com a Festa da Semana da Ascensão à porta, Gracinda Barreto faz questão de revelar a sua paixão pela tauromaquia e de explicar onde é que ela nasceu. “O meu pai era doido por touradas e levava-me sempre com ele. O gosto dele pelos touros e o facto de se referir muitas vezes às “crenças” dos animais valeram-lhe a alcunha de Tio crença. Eu, desde que comecei a ir em garotinha à corrida de Quinta-Feira de Ascensão só faltei a uma”, declara. O casal acompanha a época tauromáquica e vai a muitas touradas nas mais diversas praças do país. E foi sempre assim desde que estão casados. Fernando Barreto mostra uma fotografia antiga em que ele e a esposa estão junto ao cavaleiro tauromáquico José Mestre Baptista, falecido em 1985, poucos meses antes de fazer 45 anos e ao seu apoderado de então. “Esta foto foi tirada aqui na Chamusca, em 1968, numa altura em que aqui veio o cirurgião Christian Barnard que tinha feito o primeiro transplante de coração dois anos antes”, explica.

Lisboa na Direcção Geral de Contribuições e Impostos. Dirige uma equipa de 80 ou 90 trabalhadores. Em Lisboa. Tem quatro filhos. Duas filhas já são formadas e estão a trabalhar. Vem todos os fins-de-semana à Chamusca. Este é o meu filho Fernando José. Tem dois filhos”, explica Gracinda Barreto. Depois desfia o nome dos seis netos. “Helena Maria, Isabel Maria, António Maria, Teresa Maria, Constança Maria e José Pedro. São todos Maria em homenagem à Virgem Maria e o José é Pedro porque gostavam muito do S. Pedro”. Toda a família é católica

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Feira de Maio celebra as tradições ribatejanas em Azambuja A centenária Feira de Maio, uma das mais castiças festas ribatejanas, está de regresso à vila de Azambuja entre 25 e 29 de Maio. São cinco dias recheados de festa brava e aficion, na qual não vão faltar actividades equestres, taurinas, animação popular e muita música. O cartaz é recheado e promete ser do agrado de todos. O grupo Lucky Duckies vai actuar no dia inaugural, 25 de Maio. David Antunes e a sua banda são as atracções na “noite da sardinha assada”, sexta-feira, 26 de Maio. No sábado, 27 de Maio, destaque para a actuação dos Amor Electro. No Campo da Feira, a “Praça das Freguesias” apresenta a gastronomia regional e a animação artística mais típica das freguesias do concelho. No mesmo recinto estará, também, o pavilhão das actividades económicas e de artesanato “Artes e Ofícios”. Nas ruas da vila a grande atracção da festa vai para as largadas de toiros, que fazem as delícias dos mais aficionados, e dos milhares de visitantes. Sem esquecer as tertúlias particulares que abrem as portas a todos os que queiram beber um copo ou petiscar. Para a noite de sexta-feria, 26 de Maio, está reservado um dos momentos altos da festa. O desfile dos campinos com o gado à luz de archotes e, a partir da meia-noite, após a recolha dos toiros, a distribuição gratuita de sardinhas, pão e vinho em diversos locais da vila. Pela noite dentro, para além da actuação de David Antunes, seguem os arraiais até ao romper do dia. Na manhã de domingo, 28 de Maio, um momento solene, com a tradicional homenagem ao campino. Destaque ainda para a tradicional corrida de toiros à portuguesa, pelas 17h00, na Praça de Toiros Dr. Ortigão Costa. A encerrar as festividades, na manhã de segunda-feira, 29 de Maio, centenas de alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico vão encher as ruas de Azambuja com o projecto de multiactividades “Feira na Vila”. À meia-noite, um espectáculo de fogo-de-artifício dará por encerrado o certame.

Corrida de Toiros da Feira de Maio é no domingo

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A Praça de Touros Dr. Ortigão Costa recebe a tradicional Corrida de Toiros da Centenária Feira de Maio em Azambuja no domingo, 28 de Maio, pelas 18h30. Os cavaleiros Rui Salvador, Bastinhas Júnior e Duarte Pinto vão lidar seis toiros da ganadaria São Martinho. As pegas estarão a cargo dos Forcados Amadores do Ribatejo, de Alcochete e da Azambuja. A música que animará a festa será executada pela Banda do Centro Cultural Azambujense. Por ser no mesmo dia da final da Taça de Portugal, que decorre pelas 17h00, o município de Azambuja disponibilizará um ecrã gigante na Praça das Freguesias ao lado da Praça de Touros. Até à véspera da corrida, nas bilheteiras da praça, estão disponíveis os bilhetes especiais para tertúlias com o preço de 15 euros e com a melhor localização.


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Maria Margarida Franco é a nova notária do concelho de Azambuja “O que me fascina na profissão é o contacto com as pessoas e o poder ajudar “

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aria Margarida Franco, notária a quem foi atribuída licença para instalação do Cartório Notarial de Azambuja, iniciou funções no dia 7 de Abril, na Rua Teodoro José da Silva, nº 45, Edifício Atrium (onde funcionava o cartório do anterior notário). Natural e residente no concelho de Torres Vedras, a notária diz que concorreu à licença de Azambuja porque gosta de zonas mais rurais e mais ligadas à cultura da terra e à proximidade da família. No anúncio que fez publicar sobre a atribuição da licença refere que se mantêm no local onde vai exercer os arquivos do extinto Cartório Notarial Público de Azambuja e o da Notária Ana Margarida Jacob Moreira. A fim de que as pessoas percebam um pouco melhor o que é dito, Maria Margarida Franco explica que as licenças postas a concurso para abertura de cartório e atribuídas mediante concurso do Ministério da Justiça têm diversas variáveis que cada concorrente tem em conta. “Existem concelhos onde pode abrir um cartório que ainda não existe, outros onde já existe um e não pode haver outro. Existem ainda concelhos onde podem existir vários e já se encontram preenchidas todas essas vagas e outros onde ainda há várias vagas por atribuir. Existem cartó-

foto O MIRANTE

Maria Margarida Franco

rios cujas licenças implicam ficar com arquivos que já vêm do tempo do notariado público outros com arquivos mais recentes e ainda licenças novas sem qualquer arquivo afecto”, refere, acrescentando que a localização do cartório, a idade da população, as perspectivas de desenvolvimento e muitas outras variáveis, também pesam na hora de decidir onde abrir Cartório. Interrogada sobre aquilo que a levou

a exercer a profissão diz que o que mais a fascina é o contacto com as pessoas. “O notário tem na sua origem o tabelião que reduzia a escrito os negócios das pessoas comuns. Hoje em dia uma das funções do notário ainda se mantem essa mesma, escrever nas suas notas, sob a forma das conhecidas escrituras, as declarações que as várias partes fazem para completar um determinado negócio, seja ele a venda e

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A localização do cartório, a idade da população, as perspectivas de desenvolvimento e muitas outras variáveis, também pesam na hora de decidir onde abrir Cartório. respectiva compra de uma casa, o empréstimo com as necessárias garantias ao banco, a partilha dos bens que o casal já falecido deixou aos seus herdeiros, entre vários outros”, explica. Acrescenta que embora com a evolução tecnológica o notário hoje também serve de ponte, muitas das vezes através de plataformas informáticas, entre o cidadão e as várias instituições públicas a que têm de chegar. Seja através de registos online, de predial, comercial ou automóvel ou através mesmo do acesso à justiça com a competência para tramitar processos de inventários, continua a haver o contacto com a pessoa pois muitos cidadãos ainda recorrem ao notário para aconselhamento, para pedir uma informação, para pedir um conselho, para pedir ajuda porque não soube explicar no serviço x ou z aquilo que queria ou precisava tratar. “É este contacto com a pessoa que me fascina, o fazer a ligação entre a história do cidadão e os termos jurídicos que é necessário colocar nas escrituras, nomeadamente nos testamentos, em que muitas vezes precisamos de explicar que a lei não permite que determinada vontade seja expressa da forma que se quer. E, sem dúvida, o poder ajudar”, resume a notária Maria Margarida Franco

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Centro Comercial

Atrium Azambuja (desde 2004)

Palmo & Meio (vestuário de criança) PINK (lingerie/roupa interior) Belimpa (lavandaria e engomadoria) Rádio Ribatejo Jornal Correio de Azambuja Flôr de Sal (restaurante e takeaway) ALMA (decoração de interiores) Explicações do Centro (explicador de várias disciplinas) Tatuagem e Piercing Atrium of Beauty (estética e manicure) Artes e Cores (retrosaria) L3C (sapataria, vestuário e acessórios) GAEE (gabinete de apoio e informação à empresa e ao empreendedor) Tranquilidade (seguros) Às Cores (gifts/brinquedos) J & K Oliveira (transportadora) Imobiliária do Centro (venda e arrendamento de imóveis) So Beautiful (salão de cabeleireira) Atrium Café (café, creperia, gelataria) Patyanne (pastelaria, restaurante) Rosa Chá By Floriana (vestuário de senhora e homem) Babi & Bijoux Style (bijuteria, acessórios de moda) Atrium Viagens (agência de viagens) Nuno Martinho (mediação de seguros) Mundopinguim (agência criativa e publicidade) Sorriso Diário (clínica dentária) Escola de Condução de Azambuja Gym Atrium (ginásio) Cartório Notarial Dra. Margarida Franco Construaza-Construções e Projectos Adaz – Águas da Azambuja Drop Clining (lavagens auto e estacionamento) Rua Engº Moniz da Maia e Rua Teodoro José da Silva - Telf. 263 403 628 - Telm. 964 242 660 - geral@grupoide.pt


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Adriana Florêncio Empregada do pronto a vestir Rosa Chá, antiga Floriana Azambuja

“As pessoas empenham-se totalmente na preparação da Feira”

Vai à Feira de Maio e lamenta não poder estar lá mais tempo por causa do trabalho. Elogia as pessoas de Azambuja e a sua disponibilidade para organizarem algo de que se orgulham. “A Feira de Maio é muito importante para a Azambuja. As pessoas andam o ano todo a preparar a festa. É uma loucura e as pessoas juntam-se em grupos formando as tertúlias”, conta. Considera-se uma defensora das tradições e gosta de ver uma boa corrida de toiros. Não mudava nada no figurino da Feira embora reconheça que qualquer melhoria é sempre bem vinda. Diz que o certame atrai muita gente de fora e que é benéfico para a economia local. Olha para o futuro com esperança e acredita que a empresa onde trabalha vai crescer e ganhar mais clientes e visibilidade graças a melhorias que estão a ser concretizadas nomeadamente em termos de imagem.

Luís Rodrigues Gerente Aveiramariscos - Restaurante Marisqueira - Aveiras de Cima

“Os toiros das largadas deviam ser embolados para evitar tragédias” Apesar de algum decréscimo do consumo motivado pelo encerramento da Opel na Azambuja e pelos anos da Troika, o gerente do Restaurante-Marisqueira Aveiramariscos é um homem com confiança no futuro. “Em relação ao meu restaurante os critérios mais importantes para o crescimento são a qualidade e variedade dos nossos produtos e serviços. Todos os dias trabalhamos em prol da satisfação dos nossos clientes pois são eles a nossa primeira e principal preocupação. O crescimento que temos tido deve-se ao rigor e profissionalismo não só da minha equipa mas dos nossos parceiros que todos os dias nos apresentam produtos de referência e qualidade. Esta empresa tem 33 anos e duas gerações e sempre seguiu estes critérios”. A Feira de Maio é importante para a economia local porque atrai muitos visitantes e por isso merece o elogio do empresário. Mas como simples cidadão Luís Rodrigues também gosta do certame. “O que acho diferente na Feira de Maio de Azambuja é o reencontro e o convívio com os amigos. Participamos na feira não só pela festa mas pelo reencontro com amigos e emigrantes, pois grande parte dos nossos visitantes são nossos clientes que se deslocam da feira ao meu estabelecimento”, refere. É aficionado e respeita as tradições mas é também defensor da segurança. “Como aficionado respeito as tradições antigas, contudo sou da opinião que os touros deviam ser embolados nas festas pois aquilo que é uma festa entre família e amigos pode acabar em tragédia e não é esse o espírito da Feira de Maio”.

Marta Pratas Chefe de agência - Atrium Viagens - Azambuja

“Onde há pessoas há movimento de capitais e isso é um factor positivo” Não precisa ir à Feira de Maio de propósito porque a feira vai até ela uma vez que a Atrium Viagens fica numa das ruas onde decorrem as largadas de toiros. Sente-se envolvida pela atmosfera e pelo espírito da Feira embora em termos de adesão a algumas tradições e às actividades taurinas não seja uma entusiasta, preferindo definir-se como “simpatizante”. Sobre os efeitos positivos do certame na economia local não tem qualquer dúvida. “A Feira de Maio traz muita gente de fora à vila. Não apenas turistas mas também pessoas que sendo naturais, ou que tenham cá trabalhado, aproveitam esta festa para a reunião e confraternização. Onde há pessoas há movimento de capitais e isso é um factor positivo. São apenas algumas as actividades económicas que lucram com o evento mas como em tudo, é impossível agradar a todos”. Considera que o concelho de Azambuja tem potencialidades, do ponto de vista do turismo, porque fica perto da capital e conserva alguma ruralidade, o que acaba por atrair quem gosta do contacto com a natureza. Nota também que há pessoas com capacidade e vontade de inovar e apostar na região. Quanto ao desempenho da Atrium Turismo refere o esforço que é feito não só para corresponder às expectativas e necessidades dos clientes mas para as superar.

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Sérgio Ramos Jorge Sócio gerente da empresa Jorge e Filhos oficina de reparações automóvel

“O impacto económico da Feira estende-se às freguesias vizinhas”

O empresário Sérgio Jorge tem uma sugestão a fazer aos responsáveis pela organização da Feira de Maio. Diz ele que a recolha dos touros das largadas poderia ser feita para dois locais distintos em vez de apenas para um, o que permitiria dividir a manga ao meio. A observação não é feita por alguém estranho ao meio uma vez que Sérgio Jorge é aficionado, participa em todos os eventos da grande feira de Azambuja e vai a quase todas as largadas. Diz que o impacto económico da Feira de Maio no comércio local extravasa a Azambuja e se estende às freguesias mais próximas da sede do concelho e serve para mostrar a quem vem de fora a identidade cultural daquela região. Apesar de reconhecer que os responsáveis políticos estão a fazer o seu melhor e que tem havido melhorias em termos de infra-estruturas, nomeadamente a nível do desporto e na área social, manifesta alguma preocupação por considerar que os investimentos já feitos ainda ficam aquém das necessidades. E dá um exemplo. “Gostaria de constatar melhorias no sector económico uma vez que temos uma zona empresarial inactiva”.


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Clínica Sorriso Diário no Centro Comercial Atrium em Azambuja Objectivo a curto prazo é alargar o atendimento a outras especialidades médicas

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clínica “Sorriso Diário”, em Azambuja, está preparada para dar resposta a todas as situações ao nível da medicina dentária. Reabilitação oral, cirurgia oral, implantes, ortodontia fixa e removível, odontopediatria, estética dentária, prótese fixa e removível, dentisteria e periodontologia. Distribuir sorrisos é uma das suas frases-chave para resumir o principal objectivo dos seus médicos, cada um dos quais com a sua área de actuação especializada. “Temos um atendimento personalizado e abrangente. Estamos preparados para cuidar da saúde oral de quem nos procura assim para dar resposta a questões estéticas”, explica a directora clínica da “Sorriso Diário”, Kelly Vieira, formada em medicina dentária e especializada na área de Ortodontia, que trabalha com uma equipa de seis profissionais. A “Sorriso Diário” existe nas Caldas da Rainha e abriu em Azambuja no mês passado. Para além da medicina dentária a clínica quer prestar serviços ao nível de outras especialidades médicas, de acordo com as necessidades da população. “Queremos ter uma equipa multidisciplinar para cuidar não apenas da boca mas também do cor-

po e da mente”, explica a directora clínica. A clínica “Sorriso Diário” está sediada na Rua Engenheiro Moniz da Maia, Lote 29 Centro Comercial Atrium Azambuja. Funciona das 10h00 às 19h00, de segunda a sexta-feira e das 09h00 às 13h00 aos sábados. Pode ser contactada através dos telefones 263 098 254 ou 914 884 998

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