1325 16 11 2017 ESPECIAL aniversário 30 anos O MIRANTE

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EDIÇÃO ANIVERSÁRIO O MIRANTE estava lá!

Este jornal faz parte da edição nº 1325 de O MIRANTE e não pode ser vendido separadamente

No trigésimo aniversário de O MIRANTE, e recordando-nos do slogan então criado para publicitar o jornal que dizia, “Estamos onde está a notícia; não faltamos à reportagem, temos sempre uma história para contar”; confirmámos que não fizemos publicidade enganosa: O MIRANTE esteve quase sempre onde devia estar. Nos bons e nos maus momentos. Em cidades e nos lugares mais distantes da sua vasta área de abrangência. De entre milhares de fotografias escolhemos meia centena para republicar. Não estão ordenadas cronologicamente mas

aleatoriamente como um puzzle que desafia a nossa memória. Refugiados kosovares acolhidos na região; autarcas a cantarem as Janeiras no Terreiro do Paço em defesa do Tejo; operários de ar sombrio em velhas fábricas que já fecharam; inaugurações de pontes; auto-estradas e museus com políticos a dançar em campanha; incêndios; cheias; vendedores de rua com cartazes em escudos e euros. De entre centenas e centenas de parceiros e amigos desafiámos quatro dezenas a reflectirem sobre a região e todos disseram coisas tão importantes e interessantes que será difícil a qualquer leitor não guardar esta edição especial para ir lendo ao longo das próximas semanas.


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Hoje é dia de O MIRANTE Hoje é dia da festa dos 30. O número da magia, da liderança, da sorte, da proximidade, da vitória, da diferença, da paixão, do desafio, da competitividade, do sucesso, do optimismo e de O MIRANTE. O número da minha vida que são as pessoas. As que têm 30. As que ainda não chegaram aos 30. As que já passaram os 30. As que já dobraram os 30. As que já fizeram 30 e caminham para ter 30 em cada perna. As que vivem com o espírito de 30. As que têm uma alma cheia da singularidade dos 30. As que são feitas da massa em que eu fui cozinhada e nunca andam em banho-maria. As que, como eu, vão sempre com tudo e caminham para o sucesso assente no trabalho. As que andam sempre voltadas para a frente e são a mudança que querem ver. As que acreditam. As que não têm medos nem tabus e respiram liberdade. As que são mais felizes hoje do que ontem. São estas as minhas pessoas. As que administram empresas e instituições. As que lideram com voz grossa mas que também têm frio na barriga. As que arriscam. As que não ficam pelo caminho. As que gerem sem contemporizações e meias medidas. As que eu escolhi. As que me contaminam, me constroem, me contagiam, me comovem, as que fazem parte de mim e deste meu passaporte que me fez chegar a elas: O MIRANTE.

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Joana Salgado Emídio* Por aqui festejamos 30 todos os dias. Cultivamos diariamente a renovação. Somos parte de um projecto onde se faz tudo destemidamente e incondicionalmente como no Amor. Acompanhamos a velocidade a que o mundo muda para não corrermos o risco de envelhecer. Somos todos jovens e estamos em força do lado bom da Vida. * Directora Executiva

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O caminho que vamos continuar a fazer O fundador de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, deu início ao jornal sozinho. Sem financiadores sonantes nem grupo de cooperantes; sem uma sede bem equipada e mobilada com estilo; sem uma redacção cheia de jornalistas vindos das “melhores proveniências”; sem um grafismo encomendado a especialistas na matéria; sem metas nem objectivos grandiosos. Tinha ao seu lado a esposa, Maria de Fátima Salgado, e por isso escolheu a data do seu aniversário para fazer sair o primeiro número, como forma de lhe agradecer ter-se disposto a ser o seu porto de abrigo. Depois fez aquilo que fazem os homens que não se conformam quando percebem que o futuro não está a acontecer. Leitor de muitas leituras, escolheu versos do poeta António Machado para melhor explicar como iria fazer o que tinha a fazer. “Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar…”. Estes versos de partida podem ser complementados agora com outros do mesmo poema uma vez que reflectem o que continua a ser O MIRANTE. “Ao andar se faz caminho / e ao voltar a vista atrás / se vê a senda que nunca / se há-de voltar a pisar”. O MIRANTE criou uma forma diferente de fazer jornalismo de proximidade. Criou um novo modelo de empresa de comunicação social. Criou

“Se neste aniversário cedemos à tentação de olhar de relance para o que foi feito por nós e pelos muitos amigos que fomos fazendo ao longo do caminho não foi por nostalgia mas por vontade de futuro. O que nos move é o caminho que há para fazer. E vamos fazê-lo”. uma nova forma de os jornais se relacionarem com empresas, instituições, associações. Olhos nos olhos e de igual para igual. Os leitores e os anunciantes perceberam e por isso o apoiaram e apoiam. Se neste aniversário cedemos à tentação de olhar de relance para o que foi feito por nós e pelos muitos amigos que fomos fazendo ao longo do caminho não foi por nostalgia mas por vontade de futuro. Quem ler os depoimentos de alguns desses parceiros que publicamos nesta edição e quem ler a mensagem da directora executiva, Joana Salgado Emídio, verificará que tudo o que foi escrito sobre o caminho feito foi apenas para ganhar fôlego. O que nos move é o caminho que há para fazer. E vamos fazê-lo! Alberto Bastos Director de conteúdos e plataformas digitais


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Sinto desencanto por a minha geração não ter feito um país mais próspero e desenvolvido

José Eduardo Carvalho

nascido a 09/09/1957 Presidente da AIP Associação Industrial Portuguesa P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A região tem tido um desenvolvimento interessante nas últimas décadas. Se tivesse um só Instituto Politécnico, com diversas escolas espalhadas pelo distrito teria sido melhor. P. O que pensou dos grandes investimentos públicos feitos na região no princípio do século? R. Vivíamos um clima de grande euforia e pouca sensatez, como mais tarde viemos a perceber e a pagar. Termos três hospitais públicos do Médio Tejo, por exemplo, demonstra o desvario na gestão dos equipamentos públicos. P. Portugal aderiu à CEE há pouco mais de trinta anos. Como acha que seria actualmente o país se essa adesão

não tivesse acontecido? R. Um país ainda mais pobre, carenciado e com fraca mobilidade social. Talvez não tivéssemos uma dívida externa e pública tão elevada mas tínhamos salários mais baixos e um instrumento de desvalorização cambial que só nos criaria ilusões sobre a nossa competitividade. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE desde a sua fundação. Tenho uma relação de muito respeito e admiração. É um projecto editorial e empresarial que deveria constituir um “study case”. Nunca me passaria pela cabeça ousar propor alterações a uma área muito especializada e com “savoir faire” muito particular como é o jornalismo. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Vivia em Lisboa e no Cartaxo. Sinceramente, não tenho desejo algum em regredir a contextos sociais e económicos passados. Tenho é um sentimento de algum desencanto pelo facto da minha geração não ter conseguido tornar este país mais próspero e desenvolvido. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Nada de diferente. As decisões que se tomam são o resultado da conjugação do racional e da emoção. Foram as que tiveram de ser. P. Viveu bem a sua juventude? R. Fiz o que quis e o que as condições permitiram.

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Há dezasseis anos não voltei as costas a Alcanena apesar de ninguém me apoiar

Fernanda Asseiceira

nascida a 18/04/1961, Presidente da Câmara de Alcanena

Viveu a juventude muito rapidamente se pudesse voltar a ter trinta anos fazia tanta coisa de forma diferente que nem se atreve a dizer o quê para não maçar os leitores com uma lista imensa. Em 2001, Fernanda Asseiceira tomou uma das decisões mais difíceis da sua vida ao aceitar ficar na Câmara de Alcanena como vereadora da oposição. Diz que valeu a pena mas não esquece que não teve o apoio de ninguém. Nem da família. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Tanta coisa! Precisaria de uma página inteira do vosso jornal e não tenho esse espaço.

P. Viveu bem a sua juventude ou desaproveitou-a? R. Se tivesse hoje 15 anos vivia-a melhor! Cresci depressa demais. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigada a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. A decisão mais relevante que tomei foi quando em 2001 aceitei ficar como vereadora na oposição pelo Partido Socialista, na câmara municipal, após o PS ter perdido as eleições. Alterou completamente o rumo da minha vida. Na altura, ninguém na minha família me apoiou nessa decisão mas decidi que não podia virar as costas e abandonar aquele projecto. Fiquei sozinha, fui a única que aceitou assumir o lugar. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Faltou o que ainda hoje falta, pensamento e acção estratégica para a região. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos

Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Lembro-me de todos estes relevantes acontecimentos. Ficamos bastante agradados sempre que há grandes investimentos para a Região que a valorizam e que tornam os serviços mais próximos das pessoas. Hoje só não me revejo nos três hospitais. Foi um erro, ou melhor três erros, que todos pagámos bem caro e em muitos casos, eventualmente, há quem o pague com a própria vida. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço há 30 anos! O MIRANTE fez um percurso de implantação na região. O meu relacionamento com o jornal é de respeito institucional e também de amizade pessoal. Talvez artigos

de opinião sobre a região e de personalidades relevantes pudessem melhorar o jornal. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Resido no concelho há mais de 50 anos. Alcanena está muito diferente. Cresceu e desenvolveu-se sobretudo na melhoria de equipamentos nas áreas da educação, saúde, cultura, desporto e a nível de vias de comunicação. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Menos desenvolvido, sem dúvida. Os Quadros Comunitários de Apoio permitiram relevantes investimentos no nosso país e assim continuará com o Portugal 2020”.


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Fizeram-se vários hospitais em vez de um hospital a sério só para satisfazer os orgulhos dos autarcas

José Veiga Maltez

nascido a 07/10/1956, médico e Presidente da Câmara da Golegã

P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Já na Golegã. Era uma terra que vivia da glória do passado!! Uma década depois tentei, como presidente de câmara, usar esse passado, não como “passadista” já que não o sou, para servir de estímulo para o presente e de referência para o futuro, usando a nossa história, a nossa memória e a nossa identidade cultural, como base do progresso e desenvolvimento, numa simbiose de tradição com a modernidade. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trin-

ta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Acho que seria bastante diferente já que chegou o progresso e o desenvolvimento desejados com essa adesão, que certamente seriam mais tardios e morosos. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Recordo-me muito bem destes acontecimentos. E o que pensei na altura? Entre outros, o erro de se terem construído vários hospitais, como o de Torres Novas, de Tomar e de Abrantes, ao invés de se ter construído um bom, eficaz e operante hospital, que servisse todas as valências médicas e cirúrgicas, localizado no epicentro na nossa região, como um hospital central, que servisse as populações daquelas cidades e de todas as vilas que as circundam. A descentralização actual dos recursos e os custos de acesso e mobilidade mostraram a falta de visão política. No fundo, limitaram-se a satisfazer os desejos e os orgulhos dos autarcas respecti-

vos e não a satisfação dos verdadeiros direitos merecidos por todas as populações, merecedoras de um serviço de saúde mais apto, mais capaz, pela oferta qualificativa, que teria ao ser centralizado! P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Uma relação saudável! Alteração? Talvez não! Um aditamento. Um Canal TV diário e regular para a nossa região, à semelhança, sem ser semelhante, do Canal do Correio da Manhã, entre outros. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. O eterno “Se”!! Na maioria dos casos, quer a nível pessoal, quer a nível profissional, manteria as mesmas decisões e soluções que encontrei. É que como Rudyar Kipling no seu “Se”, tento ser capaz de sonhar, sem que o sonho me domine, de confiar em mim, quando os outros de mim duvidam, de tentar bem en-

frentar o triunfo e os dissabores, de conservar o meu senso, quando os outros o perdem e de tentar não decepcionar aqueles que contam comigo. Sobretudo, continuaria, se voltasse a ter 30 anos, a ser igual a mim próprio. P. Viveu bem a sua juventude ou desaproveitou-a? Porquê? R. Acho que vivi bem a minha juventude. Aproveitei-a como pude, aliás, é uma fase da minha vida, que me deu grande prazer descrever e de relatar pelas vivências que tive, no meu livro “Entre a Razão e o Coração – Dilema de um Médico Autarca”. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Lembro-me e bem! A circunstância de não ter pensado na carreira hospitalar, em Lisboa, e optado pela carreira de clínica geral, então em Torres Novas para regressar e me fixar na Golegã, terra das minhas origens!


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Fiz todos os “disparates” entre os 13 e os 18 anos e depois procurei ter algum juízo

António Borges

nascido a 24/8/1965, Presidente da câmara do Sardoal

O presidente da Câmara Municipal do Sardoal, Miguel Borges, diz que tomou decisões muito importantes para a sua vida por altura dos trinta anos mas opta por não divulgar nenhuma delas. Sobre o que não foi feito na região destaca a despoluição do Tejo. “O meu avô era do Pego (um pegacho com muito orgulho) e tinha um barco no Rio Tejo, onde passeávamos e pescávamos. Eram dias de grande festa num Tejo, na época, saudável”, desabafa. Há trinta anos residia em Abrantes, de onde sou natural. Era uma cidade típica do interior com a qualidade

de vida que este mesmo interior oferece. Gostava que a minha terra não perdesse o que de bom deve ter uma cidade “pequena” do chamado interior. A proximidade, um relativo e saudável bairrismo. Uma cidade onde as pessoas se conhecem pelos nomes! Se não tivéssemos aderido à CEE em 1986 estaríamos votados ao isolamento e ao “abandono”. Fora da Europa não teríamos a qualidade de vida que, apesar de todos os constrangimentos, vamos conseguindo ter. Conheço O MIRANTE praticamente desde o seu início. É um jornal que sempre me deu uma perspectiva regional que mais nenhum me dá. Se voltasse a ter trinta anos não mudava nada. Sinto-me muito bem com o meu passado. Não encontro nada de significativo que pudesse ou merecesse ser alterado, mesmo nos erros, nas falhas. Também estes me ajudaram a construir a minha personalidade, a minha forma de estar ou ser. Vivi muito bem a minha juventude, dentro dos constrangimentos da época. Comecei a trabalhar muito cedo, aos 14 anos. Trabalhando e estudando consegui alguma independência. Fui “gestor do meu tempo” e de mim próprio praticamente desde os 13 anos. Costumo dizer, pretendendo ter alguma piada, que fiz todos os “disparates” que podia ter feito entre os 13 e os 18 anos. Depois procurei ter algum juízo. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de

algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? Os grandes investimentos foram importantes para a região. A construção da A23 e a extinção das lixeiras a céu aberto (como a de Abrantes, junto ao Tejo) foram os acontecimentos que vivi mais de perto. Também a possibilidade de muitos jovens, ou menos jovens, da nossa região, fazerem formação superior perto da área de residência graças aos Politécnicos de Tomar e Santarém é uma grande vantagem.


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O mundo é feito de integrações e a diversidade enriquece e aproxima os povos

Pedro Bastos

nascido a 07/07/1967, Presidente da Comissão Executiva do Hospital Vila Franca de Xira

“A identidade dos países e da sua população acentuase com a partilha das experiências. Os movimentos de exclusão que assistimos em alguns países e regiões terão consequências muito nefastas sobretudo para as populações desses mesmos países” P. A Ponte da Lezíria sobre o Tejo e o Sorraia, ligando o Carregado a Benavente, foi inaugurada em 2000. O novo Hospital Vila Franca de Xira em 2013. O que pensou desses investimentos na altura?

R. Visitei a Ponte da Lezíria durante a sua construção e lembro-me que, na altura, fiquei espantado com a sua extensão. É efectivamente uma obra de engenharia notável e de excelente integração com o meio ambiente. No caso do Novo Hospital de Vila Franca de Xira vivi e fui um dos protagonistas na sua negociação, da sua construção e posteriormente da sua gestão. Apesar de suspeito na sua apreciação, considero que o Novo Hospital, que representou a concretização de um sonho de décadas, é efectivamente uma revolução na qualidade da prestação de cuidados da população para os concelhos de Alenquer, Azambuja, Arruda dos Vinhos, Benavente e Vila Franca de Xira. Os vários reconhecimentos nacionais e internacionais assim o têm evidenciado. A recente reacreditação do Hospital pela Joint Commission International é mais um motivo de orgulho para as populações que servimos. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Gosto mais de olhar a vida numa perspectiva positiva. Muito aconteceu nos últimos 30 anos. Apesar das dificuldades com que muitas famílias ainda vivem, o nível e a qualidade de vida melhoraram significativamente nos últimos 30 anos. Destaco naturalmente a qualidade e o acesso aos serviços de saúde a

toda a população. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. O mundo é feito de integrações e não de exclusões, de pontes e não de muros, como refere o Papa Francisco. A diversidade aproxima os povos e enriquece-os. A nossa vida, o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos seriam certamente de menor qualidade de vida, menor conhecimento de uma realidade global, de um enorme isolamento. A identidade dos países e da sua população acentua-se com a partilha das experiências. Os movimentos de exclusão que assistimos em alguns países e regiões terão consequências muito nefastas sobretudo para as populações desses mesmos países. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e profissionais? R. Faria certamente tudo muito semelhante. As escolhas pessoais e profissionais realmente importantes foram sempre devidamente ponderadas. Não creio que a maior experiência de vida que hoje tenho me tivessem levado à tomada de decisões importantes diferentes. P. Aproveitou bem a sua juventude?

R. Aproveitei a minha juventude muito bem. Sempre viajei muito, o que me deu uma noção do mundo muito “aberta”. A minha família e os meus amigos foram os grandes pilares no meu desenvolvimento. Considero o equilíbrio no desenvolvimento o melhor que se pode dar a um jovem. Tive essa experiência e julgo que a transmito na educação dos meus filhos. P. Quais os acontecimentos mais importantes da sua vida por altura dos trinta anos? R. Lembro-me de três decisões/acontecimentos muito importantes na minha vida perto dos 30 anos de idade: o meu casamento, o nascimento do nosso primeiro filho e a decisão de iniciar uma carreira no sector da saúde na José de Mello Saúde. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço o jornal O MIRANTE há cerca de 7 anos, desde que vim trabalhar para Vila Franca de Xira. Tenho vindo a assistir ao seu desenvolvimento e espanta-me o seu dinamismo e o conhecimento que tem de uma vasta região que cobre. É um extraordinário exemplo de um jornal regional. Parabéns à sua direcção e a todos os seus profissionais, não só os actuais mas também aqueles que ajudaram a construí-lo.


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Penso que seria útil para a região termos apenas um Politécnico com dois ou três pólos

Isabel Barroso

nascida a 10/05/1961, Directora da Escola Superior de Saúde de Santarém Há trinta anos, exactamente, aceitei o convite para dar aulas na então Escola de Enfermagem de Santarém. Isso foi um marco importante em termos profissionais e académicos. Em 2011 decidi candidatar-me a directora da Escola Superior de Saúde de Santarém e isso também alterou a minha vida profissional, no sentido em que me deu mais experiência e maior capacidade de desenvolvimento e aprendizagem em contextos diversos e complexos.

A diversidade das pessoas com quem me tenho cruzado nestes últimos anos fez de mim uma pessoa melhor. Sinto-me privilegiada pelas amizades que tenho feito, quer no país quer a nível internacional. Tive a sorte de nascer numa família que privilegiou o desenvolvimento académico e a importância de conhecermos lugares e pessoas. Nesse sentido a minha juventude foi muito rica de experiências que fez com os valores pela vida, tolerância, liberdade, respeito pelas pessoas e responsabilidade fossem valores que orientaram toda a minha vida pessoal e profissional e foram também esses valores que incuti aos meus filhos. A cidade de Santarém já deveria ser Património Mundial da Unesco, dada a sua riqueza histórica e arquitectónica. Também gostava que a cultura dos Avieiros tivesse maior protagonismo no país e no contexto internacional. Seria útil para a região termos apenas um Politécnico com dois ou três pólos. Em relação aos hospitais de Tomar e Torres Novas também acho que teria sido melhor termos um só, dadas as distâncias e a importância de rentabilização dos recursos. Há trinta anos residia, tal como hoje, no Entroncamento. É uma cidade relativamente nova que, nos últimos trinta anos, teve um crescimento grande mas um pouco desordenado. A zona do Boni-

to foi bem arranjada mas tenho pena que ainda não tenha sido feita a reabilitação do Cine-Teatro para ser possível desenvolver actividades culturais. Se não fizéssemos parte da União Europeia seríamos mais pobres, isolados e subdesenvolvidos. Ainda temos muito para fazer e “crescer” mas o facto de sermos cidadãos europeus permitiu-nos um maior acesso à educação e, principalmente, ao ensino superior que, no meu ponto de vista, é o caminho para o desenvolvimento de um país.


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Devia ter sido feita a deslocalização da linha ferroviária no concelho de Santarém

Ricardo Gonçalves

nascido a 19/07/1975, Presidente da Câmara Municipal de Santarém P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Faço referência intencional a dois factores que considero estruturantes para o desenvolvimento do nosso concelho: deslocalização da linha do norte e a construção de novos acessos para a zona norte do concelho. P. A ponte Salgueiro Maia, a A23, a extinção das lixeiras a céu aberto, a construção dos novos hospitais de Tomar e Torres Novas...qual destes acontecimentos o tocou mais de perto? R. Recordo-me especialmente de um deles, que acompanhei mais de perto, que foi a extinção das lixeiras a céu aberto, pois, nessa altura, era intenção da Câmara

Municipal de Santarém construir um aterro junto à freguesia da Azóia de Baixo, de onde sou natural e onde residia na altura. P. Como seria Portugal sem a adesão à então CEE? R. Sou um europeísta convicto e não tenho dúvidas que Portugal hoje seria um país muito menos desenvolvido. Os primeiros fundos comunitários que Portugal recebeu e utilizou foram realmente estruturantes para o salto qualitativo a que assistimos no nosso país. Temos que nos lembrar que no início dos anos 90 Portugal foi apelidado de “o bom aluno”, facto que nos permitiu dar os primeiros passos para uma verdadeira integração europeia. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço o jornal O MIRANTE desde que começou a ser distribuído em Santarém. Recordo-me que a primeira vez que tive contacto com O MIRANTE foi na Biblioteca Braancamp Freire para onde ia estudar na minha altura de liceu. Reconheço-lhe grande seriedade, isenção e imenso profissionalismo, assim como uma grande proximidade aos problemas da sua região. No que respeita a eventuais alterações deixo um desafio: estando nós numa era mais digital, seria uma mais valia haver mais reportagens vídeo que, quem sabe, poderiam ser o ponto de partida para um projecto piloto de uma TV Regional.

P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Não faria nada de muito diferente. As grandes decisões na minha vida são sempre tomadas de forma reflectida e ponderada pelo que, no geral, faria tudo de novo. P. Viveu bem a sua juventude? R. Claro que vivi bem a minha juventude, especialmente os anos do secundário e da faculdade, sempre junto dos

meus amigos. Penso que faz parte do nosso crescimento aproveitar a vida nos momentos certos e há coisas que só se vivem nessa altura. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? R. Há 30 anos residia na Azoia de Baixo que não mudou muito desde então. Mantém-se uma terra de gente acolhedora, um local pacato e muito bonito. Hoje quando a visito gostaria de ali poder encontrar muitos amigos que já não estão entre nós. As leis da vida assim o ditam.


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Se tivesse trinta anos e soubesse o que sei hoje trabalhava mais para ser escritor

Pedro Ferreira

nascido a 02/01/1952, Presidente da Câmara de Torres Novas

Se voltasse a ter trinta anos o actual presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, Pedro Paulo Ramos Ferreira, diz que apostaria mais na formação em áreas sociais, tema que o estimula permanentemente (é um dos fundadores do CRIT - Centro de Reabilitação e Integração Torrejano) e iniciaria “sem medos” um percurso como escritor de livros infanto-juvenis e na área das artes plásticas. Profissionalmente, tendo começado a trabalhar como inspector na área de Seguros, diz que faria exactamente o mesmo. P. Viveu bem a sua juventude? R. Vivi-a muito bem. Toda ela foi integrada no escutismo, que é uma escola extraordinária onde o sentido da responsabilidade e da solidariedade se entrosam com momentos de aventura, de imensa alegria e de espírito de grupo. Fiz aí amizades para toda a vida. Ainda hoje, tantos anos depois, recordo com imensa saudade esses momentos e só deixei o escutismo para me dedicar à criação do CRIT. Além disso, faço parte dos “sortudos” que durante a sua juventude testemunharam a chegada do homem à Lua, a revolução musical dos anos sessenta, com destaque para os Beatles, o 25 de Abril de 1974 (estava no Quartel Gene-

ral do Campo Militar de Santa Margarida nessa altura). Pessoalmente testemunhei também os anos dourados do meu Benfica com o Eusébio, o Coluna, o torrejano José Torres e muitos outros. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? R. Talvez a decisão mais importante tenha sido rejeitar o convite feito pelo então primeiro Bispo da Diocese de Santarém para ser Chefe Regional do Corpo Nacional de Escutas, a fim de me dedicar a cem por cento à criação do CRIT- Centro de Reabilitação e Integração Torrejano, que me agarrou como Presidente da direcção durante 37 anos. Foi uma experiência maravilhosa. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A valorização da marca Ribatejo. O Médio Tejo e a Lezíria do Tejo, embora solidariamente unidos, não têm uma linha comum estratégica que consolide e promova uma província rica em património natural, cultural e com grande potencial socioeconómico. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Lembro-me obviamente de todos mas sobretudo da A23 que teve um significado especial para mim. Enquanto inspector de seguros, ao fazer a zona de Mação, tinha passado pela experiência da não existência de uma via rápida, essencial para o desenvolvimento dos concelhos do interior. De igual modo senti que era muito importante para Torres Novas como elo de ligação às via rápidas, ficando numa localização extraordinariamente privilegiada e que iria provocar um maior desenvolvimento económico, como aconteceu. Quanto aos três hospitais do Médio

Tejo continuo a pensar que foi um erro político que ainda hoje estamos a pagar. Devíamos ter apenas um único hospital na região, situado numa zona estrategicamente bem escolhida, onde se concentrasse todo o esforço financeiro, dotando-o dos melhores equipamentos e de bons técnicos onde se concentrassem todas as valências e especialidades médicas. Em suma, um hospital equivalente aos melhores do país. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE desde a sua fundação há trinta anos. Depois de um forte esforço O MIRANTE conseguiu ter uma abrangência regional. É um jornal com uma linha editorial onde a polémica suscita a procura mas onde todos, mesmo não gostando dele, gostam de nele constar, se numa linha positiva. Nos dias de hoje, na era da notícia e internet onde os olhos semicerram e se transformam ao jeito do ecrã e se perde o cheiro do papel pintado de letras e o sopro para mudar a folha, que alterações poderei sugerir? Sinceramente, acho que a busca de alterações constantes poderá originar muitos jornais iguais e aí já não haverá interesse em pegar em nenhum em especial. P. Onde residia há trinta anos?

Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Sempre residi em Torres Novas. Há trinta anos era mais pacata e sem os equipamentos culturais, educacionais e desportivos que tem hoje e que a referenciam a nível nacional mas sempre foi uma terra bonita. Pessoalmente gostaria que voltasse a ser uma referência internacional no sector da fiação e tecidos e da metalurgia, embora hoje outros sectores industriais se evidenciem e gerem emprego. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. A adesão à CEE gerou alguns sonhos e expectativas de uma igualdade socioeconómica comparativamente com os outros estados membros, que ainda está longe de acontecer. É imperioso que a União Europeia persista na busca da equidade dos seus povos, na segurança dos mesmos, em suma: no melhoramento contínuo de qualidade de vida. O saldo da entrada de Portugal na CEE até hoje continua a ser muito positivo, fruto também da conquista e cultivo da liberdade democrática que originou esta adesão.


15 | 16 NOVEMBRO 2017

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Edição de Aniversário

1º CADERNO

O progresso económico e a qualidade de vida são essenciais para a democracia

Pedro Ribeiro

nascido a 14/02/1974, Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

P. Uma decisão importante que tenha tomado por volta dos trinta? R. Foi em 2005. Tinha 31 anos, era vereador e decidi sair da câmara devido a algumas divergências. Estive fora um ano. Foi uma decisão importante para mim e para quem ficou. A mim permitiu-me relativizar muitas coisas e deu-me uma visão diferente do que fazia. Isso contribuiu muito para aquilo que

sou hoje. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Não aconteceu a regionalização e devia ter acontecido. A regionalização é a única forma de garantir que o nosso desenvolvimento será sustentável no futuro sem depender do “Terreiro do Paço”. P. Como acompanhou a concretização dos grandes investimentos feitos na região? R. Lembro-me da construção da Ponte Salgueiro Maia e da importância que passou a ter na ligação de Almeirim à A1 e a Santarém, sobretudo em tempos de cheias. Com essa ponte as cheias deixaram de ser um problema. Lembro-me de percorrer o distrito numa altura em que não havia auto-estradas e do que isso implicava em termos de tempo. Lembro-me da polémica da construção de três hospitais do Médio Tejo e lembro-me das lixeiras e da importância que tiveram os aterros sanitários. Também acompanhei a construção da Ponte das Lezírias mas sempre pensei que teria um maior impacto na região. P. Como seria Portugal sem a adesão há CEE? R. Seria um país muito mais atrasado, sem as infra-estruturas básicas resolvidas e provavelmente já teríamos regressado ao 24 de Abril uma vez que o desenvolvimento económico e a qualida-

de de vida são fundamentais para manter e melhorar a democracia. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Desde os tempos em que iniciei a minha actividade política em 1991. É um jornal de sucesso e pela minha parte acho que não necessita de grandes mudanças. P. Onde residia há trinta anos? Tem saudades de alguma coisa desse tempo? R. Vivia em Almeirim. Não tenho uma recordação muito nítida mas lembro-me que era uma terra em crescimento onde, ano após ano, a nossa qualidade de vida melhorava. A única coisa de que tenho saudades é do ambiente dos cafés da altura e das conversas à mesa. Gostava que deixássemos a realidade virtual e voltássemos ao contacto presencial. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje? R. Em termos profissionais penso que faria tudo igual mas tentava arranjar mais tempo para a minha vida pessoal porque aquilo que faço ocupa-me muito tempo e por norma é a parte pessoal que “paga”. P. Viveu bem a sua juventude? R. Vivi bem a juventude em determinadas áreas mas o facto de ter tido responsabilidades muito cedo fez com que os momentos de lazer e convívio não fossem tantos como seria natural.


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Edição de Aniversário

Tenho por princípio não avaliar as decisões do passado com base no que sei hoje

Teresa Ferreira

nascida a 08/10/1974, Administradora Executiva da Águas de Santarém

Santarém tem uma excelente localização face às vias rodoviárias do país; tem preços para instalação de empresas muito competitivos; está perto de Lisboa mas ainda não se conseguiu afirmar como uma “capital empresarial”. É esse facto negativo que mancha toda a avaliação positiva que Teresa Ferreira faz da região e do progresso assinalável conseguidos nas três últimas décadas. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Tento manter um princípio - não avaliar decisões do passado com base no que sei hoje. Acho que não é uma avaliação justa. O que sei hoje pode e deve influenciar as decisões do futuro. Quanto

ao passado, o que interessa é se decidimos bem no contexto e com o conhecimento que tínhamos na altura. No essencial, não me arrependo das decisões tomadas. P. Viveu bem a sua juventude? R. Vivi muito bem, claro está, nos padrões da época, em que os ‘Erasmus’ eram uma raridade e viagens ao estrangeiro quase inacessíveis. Convivi, diverti-me, terminei a minha licenciatura com 22 anos e comecei logo a trabalhar e depois disso fiz uma pós-graduação e um MBA. Nunca me isolei nem vivi só para os estudos. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado pelos trinta anos? R. Tinha precisamente trinta anos quando nasceu a minha filha mais velha. Não creio que haja decisão mais importante ou acontecimento mais marcante do que o nascimento dos nossos filhos. P. Dos investimentos concretizados nos últimos trinta anos, qual o que destaca? R. Todos tiveram impacto positivo na nossa região mas a Ponte Salgueiro Maia trouxe outra fluidez e modernidade nos acessos a Santarém. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Sou leitora assídua de O MIRANTE há muitos anos. Aprecio a sua ousadia, a procura de novos caminhos e a interacção com os leitores…. Parabéns pelo 30º aniversário! P. Onde residia há trinta anos? O que gostava que voltasse a ser como era nessa altura? R. Morava em Santarém e, como não sou muito saudosista e gosto mais de viver com os olhos voltados para a frente do que para trás, não há muito de substancial que gostasse que voltasse a ser como era. No entanto, apesar de perceber todas as

vicissitudes que motivaram a mudança da FNA (Feira Nacional da Agricultura) para o CNEMA e reconhecer a qualidade superior e muito mais profissionalizada da “feira”, a minha geração recorda com ternura os tempos em que a Feira estava no Campo Infante da Câmara. Os escalabitanos reclamam, e no meu ponto de vista com toda a legitimidade, um bom projecto para aproveitamento daquele espaço. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trin-

ta anos. Que balanço faz dessa decisão? R. Sou uma europeísta convicta. Não tenho dúvidas que a adesão ao projecto europeu e a sua consolidação foi fundamental para o desenvolvimento do país. As grandes obras, a formação profissional, os apoios às empresas, permitiram que o nosso nível de vida esteja muito mais próximo dos restantes países europeus. A mobilidade de pessoas, principalmente dos jovens, e o alargamento dos mercados potenciam muitíssimo as nossas oportunidades.


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Edição de Aniversário

1º CADERNO

Pertencer à União Europeia não é a causa dos nossos males como alguns nos querem fazer crer

Domingos Martinho nascido a 24/03/1954, director do ISLA Santarém

P. Como foi a sua juventude? R. Vivi a minha juventude com o espectro da guerra colonial sempre presente. E isso marcou muito a forma como a minha geração viveu essa altura da vida. A ideia de ter uma vida pela frente em que todos os sonhos eram possíveis perdia sentido quando assistíamos ao que se passava com os nossos amigos e vizinhos alguns anos mais velhos do que nós e que iam para a guer-

ra. Alguns não voltavam e outros voltavam com problemas para o resto das suas vidas. P. E se voltasse a ter trinta anos? R. Se voltasse a ter trinta anos, julgo que não alterava nada do que fiz. Nessa altura, tal como agora, voltaria a sentir saudades do futuro! P. Qual foi a decisão mais importante que tomou por volta dos trinta anos? R. A decisão mais importante que tomei foi ter voltado a estudar já com 35 anos. Candidatei-me aos então chamados exames “ad hoc” para ingressar no ensino superior, e entrei no ISLA que tinha acabado de abrir em Santarém, onde fiz a licenciatura em Informática de Gestão. Esta decisão deu-me oportunidades de realização profissional que de outra forma nunca teria tido. P. O que é que falta fazer na região? R. Já deveríamos ter sido capazes de afirmar a região, enquanto comunidade com identidade cultural e histórica, quer a nível nacional quer a nível internacional. Já perdemos muito tempo mas ainda é possível. Vamos a isso? P. Lembra-se do que pensou quando foram feitas as grandes obras como pontes, auto-estradas, etc... R. Perante alguns investimentos públicos feitos no início do século lem-

bro-me de ter pensado que ainda iriam abrir um hospital ou uma escola do ensino superior na minha terra, que é Reguengo do Alviela e que agora tem 24 habitantes e há 30 anos tinha cerca de 200. Falando a sério, pensei que éramos um país do oito ou do oitenta. Estávamos a passar do centralismo em que era “Lisboa e o resto paisagem” para um regionalismo de “capelinha”, pequenino, de vistas curtas, para satisfazer clientelas que, como agora se está a ver, só nos podia trazer a este resultado. P. Desde quando conhece O MIRANTE? R. Conheço O MIRANTE desde sempre. O MIRANTE é o amigo com quem tomo café pelo menos uma vez por semana e que me conta as grandezas e misérias da minha terra. P. Onde vivia há trinta anos? Como era a terra nessa altura? R. Há trinta anos residia em Santarém. O centro histórico já estava a ficar deserto logo que chegava a noite mas ainda assim tinha (mais) vida. P. E se não tivéssemos aderido à então CEE? R. Se não tivéssemos aderido à CEE, hoje União Europeia, seríamos um país diferente para pior. Pertencer a este grande espaço de liberdade e de progresso não é a causa dos nossos males como alguns nos querem fazer crer.


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A região já se devia ter autonomizado completamente de Lisboa há muito tempo

Anabela Freitas

nascida a 21/11/1966, Presidente da Câmara de Tomar

A principal decisão que Anabela Gaspar de Freitas tomou nos últimos trinta anos foi a de ser mãe. A actual presidente da Câmara Municipal de Tomar confessa que, embora tenha sido um processo complicado do ponto de vista clínico, foi o momento mais gratificante que viveu até hoje. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Penso que a região se deveria ter autonomizado mais de Lisboa. Deixar

de ser considerada “uma quinta” de Lisboa. Penso que hoje em dia esse sentimento ainda persiste em alguns “sectores”. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. O nível de desenvolvimento que o país sofreu pelo facto de ter aderido à então CEE foi imenso, apesar de entender que alguns dos fundos comunitários deveriam ter sido melhor aproveitados. No entanto se não tivéssemos aderido, em muitas matérias, para não dizer em todas as áreas da nossa vida, estaríamos num estádio de desenvolvimento muito inferior. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Há trinta anos residia em Tomar e trabalhava em Torres Novas. Tomar era um concelho fechado sobre si próprio. Penso que nunca devemos voltar ao passado, devemos sim, honrá-lo e aliar aquilo que é o nosso passado com o futuro P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Penso que não faria nada diferen-

te, quer em termos pessoais quer em termos profissionais. Se algum erro foi cometido ajudou-me para o futuro. P. Viveu bem a sua juventude? R. Acho que aproveitei muito bem a minha juventude enquanto durou porque há 32 anos foi quando a minha mãe faleceu o que obrigou a uma mudança na minha vida, deixando de ser tão despreocupada, estado próprio da juventude. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século. Lembra-se em particular de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Lembro-me essencialmente da inauguração da ponte Salgueiro Maia e da conclusão da A23. Na altura trabalhava em Salvaterra de Magos o que me

facilitou as deslocações P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE há perto de 30 anos. O meu pai era assinante, eu lia o jornal quando ia a sua casa. Penso que O MIRANTE relata com isenção aquilo que é a vida do nosso distrito, no entanto, gostava de ver mais notícias sobre o Médio Tejo.


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Edição de Aniversário

O acontecimento mais importante dos meus trinta anos foi ter sido pai

Frederico Roque

nascido a 20/01/1969, Administrador da Roques Vale do Tejo Se voltasse a ter trinta anos julgo que não faria nada diferente. E se cometi alguns erros serviram-me de ensinamento para o futuro. Na minha juventude tive sempre a oportunidade de fazer o que gostava. Vivi esse tempo de forma intensa entre Lisboa e Santarém. Dediquei uma boa parte

dessa fase da vida ao desporto automóvel que ainda hoje é a minha grande paixão. O acontecimento mais importante dos meus trinta anos foi ter sido pai. Houve outros acontecimentos que recordo mas esse foi o principal. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? A região devia ter tido mais investimento económico para gerar aumento da população e posterior criação de postos de trabalho. Recordo-me dos grandes investimentos feitos este século na região mas há uns que recordo mais que outros. Saliento a relevância da A23 e da ponte Salgueiro Maia, no que respeita às acessibilidades. Conheço O MIRANTE praticamente desde o início. Existe uma relação de proximidade porque a empresa da nossa família, que hoje dirijo, sempre foi parceira de O MIRANTE. Há trinta anos residia em Santarém onde ainda hoje vivo. Não podemos, hoje, comparar o que era há 30 anos. O mundo evoluiu e Santarém não foi excepção. Considero a cidade muito simpática para se viver. Felizmente Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) em 1986. Se não fosse isso, hoje estaríamos isolados e seríamos um país subdesenvolvido.

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O que nos faltou enquanto região foi tirar um maior partido da proximidade a Lisboa

Isaura Morais

nascida a 19/06/1966, Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Era uma questão que nos levaria muito tempo a debater mas, muito resumidamente, penso que nos faltou, enquanto região, tirar um maior partido da proximidade a Lisboa para atrair mais investimento produtivo e promover os nossos pontos de interesse turístico. Estamos hoje a começar a trilhar esse caminho mas podíamos ter partido mais cedo. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Tenho ideia de alguns deles mas, em concreto, apenas recordo a Ponte Salgueiro Maia e a inauguração da A15, pela ligação rápida que proporcionaram de Rio Maior a todo o país, uma mais valia do meu concelho. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE há muitos anos, embora com uma maior atenção nos últimos 15 anos. Gosto do jornal pelo formato e clareza da informação. Desde que assim continue não necessita de mudanças. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Embora estudasse fora nunca deixei de viver na terra que me viu nascer, a pequena localidade da Fonte da Bica, perto das Marinhas do Sal, em Rio Maior. Era uma terra humilde, de gente muito trabalhadora

no campo, na pecuária e no sal, e que hoje tem condições de vida que há 30 anos não existiam. Pessoalmente prefiro não falar em passado, mas sim projectar um futuro de crescimento e qualidade de vida para a terra onde vivi os melhores anos da minha vida. P. Como seria o país sem a adesão à CEE em 1986? R. Seria certamente um país muito mais pobre e isolado da Europa. Se não fossem todos os fundos e programas comunitários que injectaram dinheiro no nosso país nos últimos anos, certamente não teríamos as infra-estruturas que temos hoje, nem a qualidade de vida seria a mesma, nomeadamente nos investimentos múltiplos que os municípios fizeram nos seus concelhos em prol da população. P. Qual o acontecimento que mais influenciou a sua vida por volta dos trinta anos?

R. O início da doença do meu marido perto dos meus 31 anos e o seu posterior falecimento, dois anos depois. Tínhamos uma filha com cinco anos e isso obrigou-me a encontrar forças que não sabia que tinha. Conciliar ainda a minha vida profissional com a decisão de prosseguir com a minha formação académica ensinou-me muito do que hoje ponho em prática na minha vida. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente? R. Voltaria a fazer tudo da mesma forma. Não me arrependo de nenhuma das decisões que tive que tomar ao longo da vida. P. Viveu bem a sua juventude? R. Vivi a minha juventude dentro do que era normal na altura. Para mim foi bem vivida e ajudou-me a formar-me e a ser a pessoa que sou hoje.

A AUSTRA foi criada em dezembro de 1991, com o objetivo de efetuar a gestão do “Sistema de Alcanena” composto pela ETAR - Estação de Tratamento de Águas Residuais, pelos Aterros de Lamas e Resíduos Sólidos Industriais (Indústria de Curtumes) e pelo SIRECRO - Sistema de Recuperação de Crómio. Neste âmbito efetua o tratamento e controlo das emissões de efluentes das empresas, participando também na definição da estratégia ambiental do setor. Por forma a tratar os resíduos e efluentes das indústrias de curtumes, de forma integrada, a AUSTRA possui três estruturas principais:

ETAR - Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena

Aterros de Resíduos Sólidos Industriais e Lamas

SIRECRO - Sistema de Recuperação de Crómio de Alcanena

Telef.: 249 881 338 - Fax.: 249 891 531 • Lagar do Freixo • Apartado 76 • 2384 - 909 ALCANENA • PORTUGAL E-mail: austra@austra.pt • www.austra.pt


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Uma vida a dois e com filhos dá preocupações e uma alegria “inimaginável”

Nuno Paim

nascido a 27/05/1977, gerente da Agridirect Máquinas Agrícolas de Precisão Nuno Paim aproveitou bem a juventude, dentro dos limites e sem os exageros que por vezes acontecem naquela altura da vida, e não vê qualquer vantagem em voltar à altura em que tinha trinta anos. Foi nessa altura, segundo conta, que construiu os alicerces da sua vida actual em termos pessoais. “Foi o início de

vida a dois, o pilar da família: Nasceram duas filhas e já o próximo está a caminho. Efeitos na vida? Preocupações, claro mas acima de tudo um gozo inimaginável.”, explica. Optimista, diz que a pouco e pouco tudo o que é importante para a região tem vindo a ser feito, embora em alguns casos existam coisas que andam mais devagar do que seria esperado. Dos investimentos públicos feitos destaca a Ponte Salgueiro Maia. “Na altura estudava à noite em Santarém e a ponte facilitava o acesso à cidade. Veio fazer o elo de ligação que faltava, por auto estrada, do norte ao sul e vice versa”, lembra. Quando era criança e vivia com os pais em Benavente lembra-se de O MIRANTE chegar semanalmente à loja. Dá sempre uma vista de olhos ao jornal mas actualmente consulta mais a edição online do que a edição em papel. Acredita que se Portugal não tivesse aderido à então Comunidade Económica Europeia, em 1986, hoje dependeria, quase exclusivamente, do turismo.

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Falta fazer uma nova travessia sobre o Tejo que ligue a A23 à margem sul

Maria do Céu Albuquerque nascida a 10/7/1970, Presidente da Câmara de Abrantes

P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A construção de uma nova travessia sobre o Tejo que ligue a A23 à margem sul. A fixação de população e o seu rejuvenescimento. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra nessa altura? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Vivia em Casais de Revelhos e estava de saída para Coimbra, para estu-

dar na Universidade. Gosto mais de pensar no que “gostava que venha a ser”. No futuro que, como nos ensinou Maria de Lourdes Pintasilgo, começa hoje e está nas nossas mãos. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente? R. O tempo não volta atrás. Não me arrependo de nada nem faria diferente. Estou expectante dos próximos 30 anos e aí terei oportunidade de fazer o que me faltou e o que gostaria de fazer diferente. P. Viveu bem a sua juventude? R. Bem, no quadro das oportunidades que vivi. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigada a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Há 30 anos estava no 12.º ano a escolher o meu percurso académico, o que veio a condicionar/potenciar os 30 anos seguintes. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das li-

xeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século. Lembra-se do que pensou na altura? R. Destes acontecimentos registei, e registo, o seu impacto e importância na melhoria da qualidade de vida dos ribatejanos. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos. Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Continuaríamos orgulhosamente sós. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o

jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Não consigo precisar. Sou uma leitora assídua. Tudo o que for feito para aprofundar o jornalismo de proximidade é, em minha opinião, uma excelente aposta a favor das comunidades locais e do crescimento das regiões.


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Não aproveitámos todas as oportunidades que nos foram dadas pela União Europeia

Ana Maria Lima

Presidente da CEBI - Fundação para o Desenvolvimento Comunitário de Alverca

“Reflectir sobre o passado é um exercício que nos leva a equacionar as causas ou razões que nos levaram a tomar determinadas opções. Apesar de Portugal ter registado alterações muito grandes em todos os aspectos, principalmente no pós 25 de Abril, penso que em termos da minha vida pessoal e profissional pouco alteraria que me fosse permitido voltar a ter trinta anos. Sinto-me realizada.” P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria hoje o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Se reconhecermos que ainda ho-

je Portugal tem algum atraso em termos económicos e sociais comparativamente à maioria dos países europeus, estou convicta que o país estaria numa posição mais fragilizada se não tivesse aderido à União Europeia. Só lamento que não tenhamos aproveitado todas as oportunidades que nos foram dadas, em devido tempo, para que o tecido económico se tivesse estruturado correctamente, o que evitaria certamente a extinção de grandes empresas ou a sua alienação a estrangeiros. P. Qual a decisão que tomou por volta dos trinta anos que mais impacto teve na sua vida? R. Ter aceite o desafio de representar o Banco Crédito Predial Português, hoje integrado no Santander Totta, no Conselho de Administração da Fundação CEBI. Até essa altura a minha vida profissional estava ligada apenas à Banca e a partir desse momento foi enriquecida pois passei a relacionar-me com uma realidade bem diferente. A CEBI dirige a sua actividade para crianças, jovens, idosos e famílias, criando respostas para o combate à exclusão e à pobreza, e para a criação de uma sociedade mais solidária e inclusiva. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. O concelho de Vila Franca de Xira é muito vasto e, por isso, seguramente repleto de desafios. Cingindo-me à cidade de Alverca, onde a CEBI tem sede há quase 50 anos, há projectos que estão em “banho-maria” há quase uma década. De entre eles destaco o problema da circulação rodoviária, não tendo avançado uma alternativa viável à EN 10, que atravessa a cidade, nomeadamente retirando a circulação de veículos pesados. Por outro lado, o acesso dos alverquenses ao rio Tejo seria muito bem-vindo com áreas de recreio e lazer, bem como o alargamento do caminho pedonal urbano e ribeirinho

de Alhandra até Alverca e consequentemente a sua junção com o parque urbano da Póvoa de Santa Iria. Desafios, ainda, a perseguir. P. Como viveu a sua juventude? R. Tive a felicidade de pertencer a uma família que me ajudou a crescer de uma forma equilibrada e adaptada a cada idade. Procurei conjugar os compromissos familiares e escolares, tanto no liceu como na faculdade, com os momentos de diversão por forma a poder chegar aos dias de hoje com a satisfação de ter sabido viver esses tempos que me deixaram excelentes memórias. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Só comecei a dar-lhe mais atenção nos últimos anos quando alargou a sua cobertura ao sul do concelho de Vila Franca de Xira. Considero que desempenha um papel muito importante na imprensa regional escrita, em particular por fazer um jornalismo de proximidade que passa, obrigatoriamente, por falar do território e das pessoas, verdadeiros protagonistas de casos de sucesso e motores do desenvolvimento económico e social das suas regiões. No que respeita a alterações sugeria apenas o aumento de artigos de opinião e de especialistas que abordassem questões de particular interesse para a região.


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Edição de Aniversário

Temos quatro hospitais mas os casos de AVC e de enfarte do miocárdio vão para Lisboa

Vítor Martins

nascido a 03/06/1954, Director clínico e proprietário da Clínica do Coração - Santarém

O médico cardiologista, Vítor Paulo Baltazar Martins, não se arrepende das escolhas que fez ao longo da vida. Quanto ao tempo de juventude diz que foi muito ocupado. “O tempo dedicado ao estudo durante o Curso de Medicina e na obtenção da especialidade de Cardiologia levaram a alguma perda de disponibilidade para mais momentos de prazer e de relaxamento mas concretizei muitos dos meus sonhos. Sempre valorizei as viagens pelo mundo como meio de ganho de conhecimento e hoje posso dizer que valeu a pena”, afirma. A vinda para o Ribatejo foi porventura a minha decisão mais importante tomada nos últimos 30 anos. Para um beirão de nascimento, mas um lisboeta em permanência durante 35 anos, foi uma decisão crucial com impacto directo na

minha vida pessoal e profissional. O meu contributo profissional foi dado com o início da Arritmologia terapêutica, que beneficiou a região no seu todo e em especial os seus habitantes. A distância entre o Ribatejo e Lisboa encurtou-se porque as vias de comunicação são melhores. No entanto a indústria e o turismo deveriam ser mais apoiados. Muitos monumentos não estão ainda recuperados. A sinalética precisa de ser optimizada. A cultura continua a ser esquecida. Há muito para fazer, para melhorar o bem-estar e dar a conhecer os nossos tesouros e a nossa verdade. Apesar de termos quatro hospitais na região não temos o tratamento de duas situações que são responsáveis pela maioria das mortes em Portugal: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Enfarte Agudo do Miocárdio na sua fase aguda são sistematicamente transferidos para os Hospitais de Lisboa dada a ausência de um Laboratório de Hemodinâmica e de uma Unidade de AVC. A extinção das lixeiras a céu aberto fez-nos pensar que estamos num mundo mais civilizado e saudável. As vias de comunicação permitiram-nos estarmos mais próximos do resto do país. Os novos hospitais, inicialmente muito prometedores, estão agora em desagregação, por culpa de projectos mal concebidos e desinseridos da realidade. Os Politécnicos foram importantes pela vinda da juventude que rejuvenesceu a vida citadina mas pecam pelo reduzido número de cursos. O MIRANTE é um órgão de comunicação regional com afirmação nacional, com autoridade e critica activa de todos os eventos no Ribatejo. O seu corpo redactorial jovem e interveniente não se tem vergado ao poder político e tal é reconhecido e valorizado pelos seus leitores. Sem a adesão à União Europeia teríamos perdido trinta anos de desenvolvimento. Estaríamos fora da Europa desenvolvida e seriamos muito mais pobres. Iríamos ser obrigados a emigrar de modo definitivo.

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Continuar a lutar pela preservação do Tejo e pela defesa do seu ecossistema

Alberto Mesquita

nascido a 26/08/1949, Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira

P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Tinha exigido a mim mesmo ter tirado uma licenciatura na área da engenharia. Na altura as prioridades eram outras. P. Viveu bem a sua juventude? R. Considero que tive uma juventude bem vivida, com muitas e boas amizades, algumas das quais ainda hoje perduram. A actividade desportiva teve um papel muito importante nessa agradável vivência. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Foi a decisão de mudar de emprego para uma das grandes empresas na área da metalomecânica do país, a MAGUE. Esta decisão foi muito importante em termos profissionais e pessoais. Vim viver para Alverca do Ribatejo, onde resido há 43 anos, constituí família e depois de muitas terras por onde passei esta foi aquela onde me radiquei e gosto de viver.

P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A preservação do rio Tejo, a defesa do seu ecossistema, salvaguardando assim este valioso património natural. P. A inauguração do Novo Hospital de Vila Franca de Xira foi em 2013. A inauguração da ponte da Lezíria sobre o Tejo e o Sorraia, ligando o Carregado a Benavente, foi inaugurada em 2007… lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Lembro-me perfeitamente da construção e entrada em funcionamento do novo hospital. Foi uma ambição de muitos durante décadas e foi necessário muito empenhamento e determinação para que hoje a população dos cinco concelhos que são abrangidos tenham ao seu serviço uma unidade hospitalar de altís-

sima qualidade. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE há bem mais de 20 anos. Devido às minhas funções autárquicas continuei a lê-lo com um outro olhar. A relação que sempre tive com O MIRANTE, como aliás tenho com toda a Comunicação Social, é de respeito. Informar os leitores de uma forma isenta, dar a conhecer o que de bom se faz no nosso concelho, na nossa região e assinalar o que deve ser melhorado ou corrigido. É isso que O MIRANTE tem feito, numa caminhada que não tem sido fácil, pelo que seria atrevimento da minha parte referir algo a melhorar. Direi apenas que devem manter-se assim por muitos e bons anos.

P. Onde residia há trinta anos? R. Como já referi, há 30 anos já residia em Alverca. Na altura era uma vila em franco crescimento habitacional a fim de acolher muitos dos que, tal como eu, decidiram vir trabalhar para muitas das empresas aqui existentes. Gostaria que tivesse sido possível manter no concelho algumas dessas empresas com actividade industrial como, por exemplo a MAGUE. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Muito temos a agradecer ao Dr. Mário Soares a nossa adesão à CEE. Se assim não fosse, continuaríamos ainda mais distantes em termos económicos e sociais de outros países europeus mais desenvolvidos.


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Viver tudo na altura certa é o segredo para um envelhecimento sem frustrações

Diogo Baptista

nascido em 17/09/1982, médico dentista, director clínico da Denticare Há trinta anos vivia em Almeirim que era uma vila pacata e acolhedora. Era ainda bastante ruralizada mas bastante feliz. Almeirim era um pedaço de céu rodeado pelas lezírias e perto do Rio Tejo. Com as vicissitudes da modernização a cidade perdeu um pouco da sua ingenuidade mas continua com aquele carácter típico que nos dá a ideia de uma “casa mãe”. A capital da Sopa da Pedra será sempre um ponto emblemático da região do Ribatejo. A União Europeia abriu-nos novas portas, novos horizontes e novas oportunidades. Hoje somos mais fortes com a Europa unificada. A livre circulação de bens e pessoas e a sensação de pertencermos a um grande espaço global faz-nos querer crescer mais e melhor com a certeza de que o caminho é a evolução e modernização, mantendo sempre a personalidade que nos distingue em qualquer parte do globo. Se voltasse a ter trinta anos não mudava nada! Felizmente tive o privilégio de ter um percurso pessoal e profissional bastante próspero e agradável. Tendo consciência que não existem percursos perfeitos ou ideais mas o meu foi super positivo e num crescendo bem estruturado. Na minha juventude consegui fazer sempre tudo no “timing” certo e isso fez de mim o que sou hoje. Viver tudo na al-

tura certa é o segredo para um crescimento saudável e um envelhecimento sem medos ou frustrações. A decisão mais importante que tomei foi a de abrir a minha primeira clínica, em Santarém! Foi um marco importante no meu percurso pessoal e profissional. O culminar da auto-realização que me permitiu e permite ainda hoje em dia desenvolver a minha actividade na sua plenitude e segundo as minhas próprias regras e rigor. Tem-se assistido no Ribatejo, nos últimos anos, a um forte crescimento e investimento empresarial. Isso tem-se traduzido numa melhoria da qualidade de vida dos ribatejanos. No que toca à minha área de especialização, a oferta de serviços no ramo da saúde tem sido cada vez mais e melhor. As pessoas conseguem, sem terem de se deslocar aos grandes centros urbanos, obter tão bons ou melhores cuidados de saúde. Sempre olhei com bons olhos o investimento em acessibilidades e infra-estruturas. Elas permitem aos cidadãos uma maior facilidade em desempenhar as tarefas do quotidiano de uma forma simples e descomplicada. Por outro lado, aumentando a oferta formativa na região, como aconteceu, esta torna-se mais atractiva, jovem e dinâmica. Conheço O MIRANTE desde que me conheço. Sempre foi um jornal de referência na região e continua a ser um marco da informação actualizada e inovadora. Nos últimos anos temos estabelecido uma relação muito estreita e regular com a publicação de artigos na área da Medicina Dentária, sensibilizando os diversos públicos para as várias temáticas desta vertente da saúde. Sinto que posso sempre contar com o seu apoio e sem dúvida é uma parceria que veio para ficar.

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Se voltasse aos trinta anos só daria importância aquilo que é verdadeiramente relevante

Luciana Nelas

nascida a 27/06/1948, Presidente da Casa S. Pedro de Alverca

Luciana Maria Maia Nelas considera que a construção do novo Hospital Vila Franca de Xira foi um marco extraordinariamente importante para a região que o mesmo abrange mas um acontecimento que também a fez feliz foi ter sido dado o nome Salgueiro Maia à nova ponte entre Santarém e Almeirim. “Trata-se de alguém a quem devemos a liberdade e a democracia”, sublinha. P. Houve algum acontecimento por volta dos seus trinta anos que tenha influenciado decisivamente a sua vida? R. Perto dos trinta anos, não conseguindo engravidar apesar dos muitos tratamentos a que me sujeitei, decidi, em conjunto com o meu marido, não os continuar a fazer e adoptar uma criança. Começámos a dar os primeiros passos nesse sentido, em Setembro de 1978 e, em finais de Novembro desse

ano, soube que engravidara. É evidente que este milagre transformou completamente a nossa vida. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Seria um país ainda menos desenvolvido e com um atraso muito mais significativo em relação a outros países europeus nas áreas da saúde, educação, cultura, desporto, acessibilidades, etc. P. Viveu bem a sua juventude ou acha que a desaproveitou? R. Os tempos de então não permitiam que se vivesse a juventude como hoje. Embora tivesse tido uma adolescência feliz, até aos 19 anos estive num colégio interno, o que já por si diz tudo. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e profissionais? R. Em termos pessoais teria, sem dúvida, mais capacidade para apenas dar importância àquilo que na vida é verdadeiramente relevante. Profissionalmente, teria tentado conciliar a vida familiar com a vida académica e ir para a faculdade bastante mais cedo. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que alterações lhe faria? R. Conheço O MIRANTE há já 23 anos. É minha leitura semanal e utilizo-o para publicitar informações relativas à Casa S. Pedro a que presido. Sinceramente, não sei o que poderia mudar no jornal. P. Onde residia há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? O que é que faz mais falta à região? R. Há 30 anos já residia em Alverca. Quando para aqui vim encontrei uma terra em franco desenvolvimento, com grandes indústrias na área da metalomecânica. Gostaria que fábricas como a Mague e outras ainda existissem. Quanto ao que acho que faz falta ao concelho de Vila Franca de Xira acho que é o ensino universitário.

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Temos que aproveitar as terras férteis, o mar e o bom tempo que são as riquezas que temos

Vítor Rego

Nascido a 10/02/1948, Proprietário da D’Almo - Fiesta - Sabores da Natureza, Santarém P. Como viveu a sua juventude? Arrepende-se de alguma coisa? R. Vivi-a bem porque sempre trabalhei para poder vencer as dificuldades financeiras existentes. Posso dizer que não desaproveitei a minha juventude. Nem só de diversões se faz a juventude. Podemos fazer uma preparação para a vida profissional desde muito cedo. E eu preparei-me a partir dos 13 anos. P. Tomou alguma decisão quando

tinha trinta anos que tenha alterado a sua vida? R. Fui obrigado a tomar uma decisão muito importante, cujo resultado salvou algumas vidas e que se deveu a um acto de coragem pessoal. Este facto fez com que numa reflexão sobre o valor da vida me tornasse num ser mais solidário. P. O que não tem sido feito na região nestes últimos trinta anos e não deveria ter sido feito? R. As pessoas deveriam ter tido um procedimento solidário com a sua terra e não terem deixado secar celeiros tão valorosos como são os férteis terrenos que fazem desta região uma região verdadeiramente agrícola. P. Como acompanhou o aparecimento de grandes obras como a A23, a Ponte Salgueiro Maia, a Ponte da Lezíria, etc...? R. Ninguém pode deixar passar em claro tais investimentos mas sempre achei que estávamos a fazer pouco para as necessidades em geral, porque, repito, tínhamos as terras ao abandono e ninguém fazia ressurgir a riqueza proveniente da agricultura. E temos outras riquezas mal aproveitadas como o mar, um sol que nos sorri 365 dias no ano por várias horas.... P. Há quanto tempo conhece O MIRANTE? Que alterações sugere para a sua melhoria? R. Há cerca de 20 anos. Alterações?

Ousar sugerir alterações a um grupo de profissionais como os que fazem O MIRANTE será ousadia da minha parte. Porém em sectores específicos gostaria de ver o jornal como professor e não só como comunicador. P. Onde morava há trinta anos? R. Há trinta anos corria o mundo numa actividade deveras arriscada mas que me formou para a vida. Não gostaria de ver esta terra regressar a esse tempo, pois hoje as diferenças começaram a ser bastante grandes, para melhor, claro.


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Pelos trinta anos deixei um emprego certinho e a cinco minutos de casa

Diamantino Duarte

nascido a 25 de Dezembro de 1956 Director Geral da Resitejo

Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje Diamantino Duarte diz que dificilmente faria coisas diferentes das que fez até hoje mas faz uma ressalva. “A única coisa que poderia alterar era a confiança em algumas pessoas que me desiludiram” P. Viveu bem a sua juventude? R. Felizmente posso dizer que apesar dos tempos difíceis que se viviam tive uma boa juventude. Tive a felicidade de viver grande parte da mesma ao serviço da Armada Portuguesa, o que me possibilitou viajar e conhecer muitos países, muitas culturas e muitos povos. Esses factos deram-me a possibilidade de me formar como pessoa, com uma forma diferente de ver o mundo. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? R. Foi precisamente por volta dos meus trinta anos que tomei a decisão mais importante da minha vida. Deixei a vida pacata de alguém que tinha um trabalho certinho a cinco minutos de casa e com um bom vencimento e arrisquei novos caminhos, não tendo sequer garantia do trabalho. Isso é que me deu e dá a possibilidade de fazer coisas que me proporcionam muito mais prazer e me fazem todos os dias um bocadinho mais feliz. Essa decisão então tomada permitiu-me ter tido a oportunidade de poder ajudar a melhorar a vida de outros cidadãos, facto que me faz sentir bem todos os dias. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Infelizmente não aconteceram muitas coisas que deviam ter acontecido. Para não ser maçador aponto só três que para mim são as mais importantes: Primeiro: um maior empenhamento dos responsáveis políticos para evitar a desertificação do interior do nosso distrito; Segundo: Um maior empenhamento em atrair para a região novas empresas que possibilitassem a fixação de jovens e menos jovens; Terceiro: Um forte empenhamento para que o rio Tejo fosse um motor do desenvolvimento do Ribatejo e não um rio abandonado e que hoje nos faz chorar quando olhamos para ele. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Felizmente não só me lembro de todos estes acontecimentos como tive o privilégio de acompanhar o desenvolvimento de alguns desses projectos. Pensei

na altura, como penso ainda hoje, que todos esses investimentos eram, e são, de extrema importância na vida do Ribatejo. Infelizmente, no que concerne às vias de comunicações a região não foi ainda capaz de potenciar a sua existência. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE praticamente desde a sua nascença. Lembro-me bem de quando apareceram os primeiros exemplares à venda nos quiosques da cidade de Santarém, tendo desde essa altura sido uma das minhas referências no jornalismo do distrito. Não sei o que faria para gostar mais dele. É sempre difícil dar uma opinião essencialmente quando se sabe da competência de quem o gere e do seu corpo de jornalistas. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos?

R. Há trinta anos residia em Tremez (Santarém) onde ainda hoje continuo a residir. Era uma terra que vivia essencialmente da agricultura e das fábricas de cerâmica. Era uma terra que onde, e apesar das muitas divergências de opinião, sempre existiu um forte apelo para o desenvolvimento da mesma, com especial relevo para a vida cultural e associativa. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Ainda bem que Portugal aderiu à CEE. Esse facto possibilitou um desenvolvimento ímpar do país quer ao nível das infra-estruturas, quer do desenvolvimento económico. Se hoje não fizéssemos parte deste grande mercado europeu decerto estaríamos todos muito mais pobres.


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A construção da A23 deu-me jeito porque a minha filha estudava na Covilhã e não havia portagens

Daniel Romão

nascido em 21/05/1959, presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga

Daniel Romão começou a trabalhar com treze anos mas não faz drama. Diz que a situação era normal à época e que aquele foi o caminho certo para crescer e para se tornar naquilo que é hoje. Se voltasse a ter trinta anos acredita que não faria nada de forma diferente. Para ele vale o verso do poeta espanhol, António Machado, que também foi escolhido pelo fundador de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, para figurar no Estatuto Editorial do jornal, em Novembro de 1987; “Caminhante, não há caminho/faz-se caminho ao andar” P. Onde vivia há trinta anos? R. Vivia na Azinhaga que era muito diferente do que é hoje. A Azinhaga hoje é uma aldeia com condições excepcionais para viver. Só gostaria que o rio Almonda voltasse a correr com mais água e menos poluída. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Estaríamos mais atrasados no desenvolvimento do nosso país devido às dificuldades económicas existentes nessa época. Portugal sozinho não teria capacidade para evoluir e tornar-se competitivo, ficaríamos cada vez mais para trás.

P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Lembro-me de uma situação pela qual passei em que fazer o certo ou errado determinou o rumo da minha vida pessoal e profissional. Quando desafiado a fumar um “charro” disse não porque achei que não era o caminho certo a percorrer. Acho que se tivesse aceitado hoje não seria quem sou e não estaria onde estou. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Atendendo ao facto de ter passado grande parte dos últimos trinta anos fora da região, devido à minha situação profissional, a única coisa que posso dizer é que gostaria de ver os rios Tejo e Almonda menos poluídos. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século. Lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. Lembro-me da inauguração da ponte Salgueiro Maia como uma grande melhoria nos acessos a Santarém e a homenagem ao grande “Capitão de Abril”. Lembro-me ainda da conclusão da A23 e do quanto ela foi importante para quem se deslocava para o interior, tendo eu beneficiado bastante da sua construção pelo facto da minha filha ter estudado na Covilhã e ainda mais atendendo ao facto de nesse tempo ainda não se pagarem portagens. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Já conheço O MIRANTE há muitos anos mas não me lembro desde quando. Fui assinante do jornal durante alguns anos, tendo encerrado a minha assinatura quando saí em trabalho para fora do país.

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Tive o privilégio de viver a integração europeia e de perceber a diferença….

Nuno Pinto de Magalhães

nascido a 5/3/1956, Director de Comunicação da Central de Cervejas

A adesão de Portugal à então CEE, hoje União Europeia, aconteceu quando o director de Comunicação e de Relações Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas estava a dois meses de fazer trinta anos. Nuno Pinto de Magalhães diz que foi o melhor que nos poderia ter acontecido. “Fora da UE estávamos isolados e voltados para a imensidão do Atlântico, num mundo onde as caravelas já não têm destinos para descobrir”. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e profissionais? R. Considero-me uma pessoa feliz e agradecida por tudo o que a vida me proporcionou. Gostaria de ter tido uma experiência profissional, de 3 a 5 anos, no estrangeiro e depois regressar ao nosso país.

P. Viveu bem a sua juventude ou desaproveitou-a? Porquê? R. Vivi a minha juventude com grande intensidade, nomeadamente num período que foi determinante para a minha formação, que foi a mudança de regime em 1974. Nessa altura tinha 18 anos e comecei a trabalhar! Mais tarde tive também o privilégio de viver a integração europeia e perceber a diferença…. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Aos 30 anos tive os meus primeiros filhos(gémeos), tirei a carta de condução e comprei o primeiro carro! Foram três marcos importantes, não todos com a mesma relevância, que me abriram “o mundo”. Ter filhos modifica profundamente o nosso sentido de prioridades, de testemunho e de responsabilidade. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Poderia ter havido um melhor planeamento do desenvolvimento imobiliário e urbanístico em certas zonas urbanas, que não descaracterizasse a sua ruralidade e especificidade e acautelasse o seu eco-sistema. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Desde sempre, sendo para mim o jornal de referência do Ribatejo, que continua a ter como foco na sua agenda os problemas da região, dando voz a quem aqui habita, trabalha e desenvolve! P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Vivia no centro de Lisboa, onde ainda hoje vivo. A cidade mudou em algumas coisas para melhor, nomeadamente nas infra-estruturas e oferta cultural mas perdeu-se proximidade com aqueles que vivem à nossa volta.

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Quando era criança havia um espírito de equipa, entreajuda e amizade fantásticos

Ana Asseiceira

nascida a 31/10/1976, Administradora da Aziagri - Fabrico e reparação de alfaias agrícolas

Quando foram inaugurados alguns dos principais investimentos públicos na região Ana Asseiceira estava fora de Portugal mas as notícias que lhe chegavam deixavam-na satisfeita. “Lembro-me perfeitamente de receber algumas notícias com muito entusiasmo, nomeadamente a extinção das lixeiras a céu aberto, a inauguração dos Institutos Politécnicos e dos Hospitais. Considero que o acesso à educação e à saúde são os bens mais essenciais para o desenvolvimento de uma região”. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Em termos pessoais penso que não alteraria nada. Em termos profissionais alteraria as minhas qualificações. Apostaria em gestão comercial. Seria uma mais-valia para meu desempenho profissional. Mas mesmo não voltando a ter trinta anos nunca é tarde…quem sabe um dia. P. Viveu bem a sua juventude? R. Vivi muito bem a minha juventude. De forma feliz, saudável e responsável. Fiz o que considero próprio para a idade. Vivi experiências novas, convivi com diferentes pessoas. Todas essas vivências contribuíram em parte para a pessoa que sou hoje. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigada a tomar por altura dos

trinta anos ou nos últimos trinta anos? R. A melhor e mais importante decisão pessoal por volta dos meus trinta anos foi sem dúvida o nascimento da minha primeira filha. Um amor incondicional, que nos responsabiliza e fortalece. Voltei a vivenciar o momento 10 anos depois… Inigualável. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A criação de emprego. Com o encerramento da S.I.C (Sociedade Industrial de Concentrados), por volta de 1980, o desemprego acentuou-se e a Azinhaga não mais voltou a ter o dinamismo e a actividade económica que tinha na altura. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Conheço O MIRANTE seguramente há mais de 20 anos. O jornal sempre foi lido em casa dos meus pais. Continua a ser uma mais valia muito grande. Informa e dá a conhecer as nossas gentes. P. Onde residia há trinta anos? R. Há 30 anos residia com os meus pais e a minha irmã em Mato de Miranda. Uma terra pequenina mas com muitas crianças. Foi lá que fiz as minhas primeiras amizades, algumas das quais se mantêm até hoje. Lembro-me que brincávamos todos os dias na rua e só parávamos depois de os

nossos pais nos chamarem, no mínimo, dez vezes para o jantar. O espírito de equipa e de entreajuda e a amizade que nos unia eram absolutamente fantásticos! Hoje dificilmente isso acontece por vivermos, numa sociedade de consumismo, de falta de tempo, de intolerância para com os outros…é uma pena. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como

acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Muito diferente, sem dúvida. Graças à adesão à CEE Portugal desenvolveu-se ao nível da economia, saúde, educação e infra-estruturas. Desde a assinatura deste acordo que o acesso ao saneamento básico, à saúde e à educação permitiram uma diminuição brutal das taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil. E o país melhorou em termos de economia.


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Ser pai é uma exigente viagem para a vida que se justifica plenamente

Duarte Bernardo

nascido em 10/06/77, Director Geral da Escola Profissional de Salvaterra de Magos

Conhece O MIRANTE desde a primeira metade dos anos noventa e considera-o um importante veículo de comunicação de reconhecido mérito no que concerne ao acompanhamento e actualização de informações políticas, económicas e sociais da nossa região mas gostava que não fossem usadas fotos suas de arquivo e explica porquê. “Aparento um ar austero quando, na verdade, sou uma pessoa (...) jovial que está bem com a vida” P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. Não consigo imaginar o nosso/ meu país fora da União Europeia. P. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século. Lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? R. A inauguração da Ponte Salgueiro Maia está-me mais presente na memória pelo facto de, nessa época, me deslocar praticamente todos os dias da semana a Santarém. Como vivia a sensivelmente trinta quilómetros, recordo-me de ter sentido que a minha casa tinha ficado mais próxima face ao tempo anteriormente despendido na viagem. Do conjunto de investimentos destaco também a construção do novo Hospital Vila Franca de Xira. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A regionalização. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria

diferente em termos pessoais e/ou profissionais? R. Nada. Vejo a vida como uma fotografia analógica sem direito a photoshop. Os nossos erros são excelentes oportunidades de aprendizagem, fazendo parte de um processo de constante crescimento. P. Viveu bem a sua juventude ou desaproveitou-a? Porquê? R. Acredito que vivi a juventude como um adolescente comum! Cheio de sonhos e quimeras, com altos e baixos, normais de um tempo onde as interrogações são o chão maior que nos sustenta. Neste aspecto ainda sou extremamente jovial. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Ser pai foi a decisão de maior importância pessoal que tomei até hoje. Admito que sempre receei o embarque nesta viagem. As incertezas sobre como ser pai neste mundo assolavam-me o pensamento. Com o tempo, e à medida que o meu filhote crescia, fui descobrindo que parte desses medos assentava em alicerces infundados. É uma exigente viagem para a vida que, no meu caso, se justifica plenamente. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Há 24 anos que sou um filho adoptado da lezíria do Ribatejo. Nasci em Leiria mas para onde quer que vá, transporto em mim grande parte da lezíria ribatejana. O meu pai é ribatejano e parte das minhas férias de infância eram passadas em Salvaterra de Magos. Nas minhas lembranças surge o olhar sobre um Rio Tejo de cara mais lavada, bem diferente do rio que hoje conhecemos. Gostava de voltar a ter esse Tejo! Projectando o futuro, julgo que é imperioso estabelecer uma concertação de interesses a favor de um Tejo despoluído, que consiga posicionar-se e fazer-se ouvir junto de instâncias superiores, tanto a nível nacional como com a vizinha Espanha. A este recurso endógeno não pode ser dissociado da nossa identidade cultural. Com o aumento do fluxo turístico que temos vindo a presenciar (em particular em Lisboa) e face ao nosso privilegiado posicionamento geográfico, considero vital o papel do rio enquanto elemento agregador de sinergias em prol do desenvolvimento regional e da afirmação da marca Ribatejo.

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Um bom amigo e um “bon vivant” com uma família perfeitamente “europeísta”

José Pereira

nascido em 30/12/1948, presidente da Assembleia Municipal Tomar Se voltasse atrás na vida José Pereira está convencido que voltava a fazer o mesmo percurso que fez até hoje. Diz que aproveitou bem o tempo de vida e revê-se na definição que dele foi feita num blog onde alguém escreveu que Zeca Pereira é um bom amigo e um ‘bon vivant’, expressão francesa que se refere a alguém que é amante dos

prazeres da vida. Europeísta convicto, o Presidente da Assembleia Municipal de Tomar estranha que haja pessoas a defenderem a saída de Portugal da União Europeia. A decisão tomada por volta dos trinta anos que mais importância teve na sua vida actual foi ter-se casado e a explicação que dá sobre esse acontecimento entronca na livre circulação de pessoas permitida pela adesão de Portugal à então CEE (Comunidade Económica Europeia) e hoje União Europeia. “Isso tornou possível ter hoje uma filha música e casada que tem um filho na Holanda. E ter um filho engenheiro aeroespacial a viver em Londres, que é empresário em Portugal em conjunto com um amigo veterinário em Madrid.” José Pereira elogia os investimentos na região embora ache que deveria haver mais projectos estruturantes que pudessem ter evitado uma tão acentuada desertificação do interior. Conhece e lê O MIRANTE há muitos anos e recomenda o jornal a quem queira estar informado sobre o que se passa na região. Natural de Tomar, onde ainda vive, embora não seja saudosista, sente saudades de algumas belezas de outros tempos. “Resido, como sempre residi, em Tomar, embora tenha passado alguns meses de tropa na Escola Prática de Cavala-

ria em Santarém e cinco anos na Força Aérea, nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico em Alverca. Depois do Serviço Militar regressei a Tomar e ingressei no ensino oficial até à minha aposentação. Gosto da cidade mas tenho saudades de ver os bonitos canteiros de flores desta “Cidade Jardim”, bem como ver deslizar nas águas límpidas do rio Nabão os barcos de recreio”, confessa.”


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A aprendizagem e a formação académica são os melhores investimentos das nossas vidas

Hélder Esménio

nascido a 14/05/1960, Presidente da Câmara de Salvaterra de Magos

Teve uma juventude preenchida, parte dela vivida “com empenho e entusiasmo” no pós 25 de Abril de 1974. Estudou, trabalhou, participou no movimento associativo e a única coisa que faria diferente, se voltasse aos trinta anos, era completar logo a licenciatura (era bacharel em engenharia civil) e fazer um mestrado, em vez de ter esperado dez anos como aconteceu. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. Perdemos demasiado tempo até começar a dar passos para a valorização da marca Ribatejo e por essa via ajudarmos a criar produto turístico que possa ser gerador de novos projectos empresariais, mais empregos e maior volume de negócios. P. E para além do atraso na valorização da marca Ribatejo? R. Houve a perda de apoios da União Europeia para a rede viária municipal. Isso vai impedir muitos municípios de características mais rurais e de povoamento disperso de melhorarem as condições de vida das suas populações. P. Há solução? R. A região não fez uma reflexão séria sobre o estado actual dos vários concelhos - ao nível de infra-estruturas e equipamentos, de condições de vida, de coesão social e territorial, etc - depois de

40 anos de Poder Local, o que não nos permite ponderar a possibilidade/necessidade de ter de introduzir alterações à Lei das Finanças Locais. Essa atitude dos autarcas e governantes contribui sobremaneira para as assimetrias regionais que cada vez são mais evidentes e para as quais até os Fundos Europeus de Desenvolvimento Regional (FEDER), que as deviam atenuar, antes pelo contrário, as potenciam. Um dos exemplos mais recentes do mau serviço que prestamos às populações é o absurdo destino de verbas para a regeneração urbana que premeiam meio país, discriminando a outra metade. P. A inauguração da Ponte da Lezíria sobre o Tejo e o Sorraia, ligando o Carregado a Benavente, foi inaugurada em 2007. O novo Hospital de Vila Franca de Xira em 2013. Que importância tiveram para si estes investimentos? R. A melhoria das acessibilidades ao concelho de Salvaterra de Magos, em particular com a ponte da Lezíria, a ponte e o viaduto na EN 118 em Benavente e a A13 foram as decisões da administração central que mais contribuíram para nos aproximar da rede viária fundamental e por essa via do país. Já nas questões da saúde somos ainda um concelho periférico - às portas da Área Metropolitana de Lisboa e da capital de distrito - que aguarda pela fixação de mais médicos de família ao seu território. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. É uma relação (muito) antiga. Se pudesse alterar-lhe alguma coisa talvez lhe mudasse a cor verde do cabeçalho (riso) P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra nessa altura? R. Vivia em Salvaterra de Magos. Há hoje melhores condições para viver no concelho. P. Como acha que seria Portugal se tivéssemos ficado fora da União Europeia? R. Um país menos desenvolvido, menos infraestruturado e com piores condições de vida a todos os níveis.

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Se voltasse a ter trinta anos não faria tudo igual mas não alterava as principais decisões

Luís Albuquerque

nascido a 24/12/66, Presidente da Câmara de Ourém P. Como acha que seria Portugal se não tivéssemos aderido à CEE em 1986? R. Acho que se isso não tivesse acontecido Portugal não teria atingido o nível de desenvolvimento que atingiu nos últimos 30 anos. Estaríamos isolados e sem qualquer perspectiva de futuro e as nossas empresas teriam muitas dificuldades em se imporem num mercado cada vez mais globalizado. P. Se tivesse trinta anos e soubesse

o que sabe hoje... R. Se tivesse hoje 30 anos obviamente que não faria tudo igual, mas nas decisões mais importantes que tomei, nada alteraria. Em termos pessoais tenho uma vida familiar estável, pelo que nada mudava. Já em termos profissionais, posso considerar de que as opções que tomei foram correctas, pelo que também aí, não alteraria grande coisa em relação às decisões que tomei. P. Aproveitou bem a sua juventude? R. Considero-me um privilegiado, pois os meus pais procuraram sempre proporcionar-me as melhores condições para que pudesse aproveitar da melhor forma os tempos de juventude. Esses tempos foram muito dedicados ao desporto, que é ainda hoje uma grande paixão, e entendo por isso que a aproveitei muito bem. P. Quais as decisões mais importantes que tomou por volta dos trinta anos? R. A constituição de uma empresa na minha área de actividade onde ainda hoje exerço a minha profissão e a decisão de contrair o matrimónio com a minha mulher que também me ajudou a ter a estabilidade familiar que tenho hoje. P. O que já devia ter sido feito na região e ainda não foi? R. É uma pergunta difícil mas entendo que na área da Saúde não foram tomadas as melhores decisões no Médio Tejo.

A construção de três hospitais em cidades muito próximas não contribuiu para que os seus habitantes tenham um bom acesso aos cuidados primários de saúde. Devia ter sido equacionada a construção de um único hospital em local central, que serviria da melhor forma os grandes concelhos do Médio Tejo. P. Dos grandes investimentos públicos feitos na região já neste século qual foi o mais importante? R. A construção da A23 foi o acontecimento que melhor recordo, porque tenho família e raízes no concelho de Abrantes e a A23 contribuiu para diminuir, de uma forma acentuada, o tempo de viagem de minha casa até às Mouriscas para onde me deslocava com alguma frequência para visitar os meus avós. P. Como era Ourém há trinta anos? R. Ourém era uma vila familiar onde todos se conheciam e com grandes carências ao nível das suas infra-estruturas básicas. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? R. Conheço O MIRANTE há pelo menos 15 anos mas só comecei a ter um contacto mais próximo a partir do momento em que começou a ser distribuído no nosso concelho. Sou um leitor assíduo, atento e aprecio a forma isenta e objectiva como abordam os diversos temas que vão surgindo semanalmente nas vossas páginas.


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Uma região com autonomia é um elemento essencial de coesão e de desenvolvimento

Mário Pereira

nascido a 29/04/1969, Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. A regionalização, tal como no todo nacional. Falta esta dimensão administrativa do país, que está definida na Constituição desde 1976 e que, por força do centralismo reinante nos partidos que se têm revezado no governo, tem sido impedida, em prejuízo das regiões e das populações, a diversos níveis. Uma região administrativa com autonomia do Ribatejo ou que englobasse o Ribatejo seria um elemento essencial de coesão e de desenvolvimento. P. Portugal aderiu à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos (1 de Janeiro de 1986). Como acha que seria actualmente o país se essa adesão não tivesse acontecido? R. A entrada de Portugal na CEE esteve muito ligada a uma determinada perspectiva política, a uma definição de modelo de sociedade que fosse o oposto de caminho que estava a ser seguido, na sequência do enorme impacto da Revolução de Abril e de todas as conquistas do povo português. Portugal na CEE (UE) é o processo de integração no sistema capitalista, com o progressivo acentuar dos diferentes défices do nosso país (comercial, agrícola, alimentar, energético, etc.) e o aumento da dependência do exterior que, de crise em crise, de que o maior exemplo é a intervenção da “troika”, nos tornam um país submisso, com políticas deter-

minadas pelos interesses estrangeiros. P. A ponte Salgueiro Maia, a Ponte das Lezírias, a A23, a extinção das lixeiras a céu aberto, a construção do novos hospitais, foram alguns dos grandes investimentos públicos feitos na região nos últimos trinta anos. Lembra-se do que pensou na altura em que foram feitos? R. Foram realizações muito importantes para o distrito de Santarém e para o Ribatejo. No que respeita ao impacto directo em termos pessoais, destaco a ponte Salgueiro Maia, que foi um importante elo de ligação entre os concelhos da região e entre o norte e o sul do país, com tudo o que isso implica de positivo. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Leio O MIRANTE desde que começou a aparecer por Alpiarça, no bar dos Águias, logo nos primeiros anos de existência, quando ainda era visto como o jornal da Chamusca. Desde essa altura o jornal deu importantes saltos qualitativos que o levaram a extravasar a nossa região, conquistando milhares de leitores. Quanto à sugestão de alterações, é coisa que não faço. É aspecto que deixo aos seus profissionais e à administração que, tal como até aqui, saberão encontrar as formas de levar um jornal e um jornalismo de qualidade a cada vez mais gente, ultrapassando os enormes desafios que se colocam à imprensa neste momento. P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente? R. Há tantas coisas que eu faria de forma diferente se voltasse a ter 30 anos. Não sou como “o outro” que dizia que nunca tinha dúvidas e que raramente se enganava. Mas como não voltarei a ter 30 anos também não terei as oportunidades necessárias para fazer as coisas de forma diferente do que fiz e, por isso, nem vale a pena gastar muito tempo a pensar no assunto. P. Viveu bem a sua juventude ou desaproveitou-a? Porquê? R. Julgo ter aproveitado bem os meus tempos de adolescência e juven-

tude, procurando aprender, divertindo-me, criando amizades para a vida, cometendo erros e fazendo algumas asneiras também, tudo isso aspectos que considero fundamentais para a formação da minha personalidade e do que sou como pessoa. Como diriam os meus avós: “foram tempos bons que não voltam mais”. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Há 30 anos, no memorável ano de 1987, vivia na terra mais bonita do mundo, porque é a minha, Alpiarça; tinha feito 18 anos, tinha acabado o 12º ano e jogava futebol no CD “Os Águias” de Alpiarça, entre várias outras coisas que fazia, sobretudo as coisas que cimentam as amizades para a vida. Embora tivesse sempre gostado da minha terra, com 18 anos há a natural vontade de conhecer outras realidades; foi o que aconteceu algum tempo após, com a entrada na Universidade; e depois, passados uns anos, o regresso às origens. A nostalgia da nossa infância e juventude leva-nos muitas vezes a desejar regressar ao passado, o que é impossível. P. Lembra-se de alguma decisão pessoal importante que tenha tomado ou sido obrigado a tomar por altura dos trinta anos ou nos últimos

trinta anos? Qual foi e que efeitos teve na sua vida? R. Lembro. Refiro duas decisões muito importantes na minha vida: foi exactamente quando tinha 30 anos que eu e a minha mulher tomámos a decisão de aumentar a família, ou seja, de termos filhos; foi exactamente quando tinha 30 anos que também decidimos vir viver (no meu caso, de regressar) para Alpiarça, depois de cerca de 10 anos na bonita cidade de Braga.


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Se estivéssemos fora da União Europeia seríamos um país mais autónomo

Acácio Coelho Neto

nascido a 10/05/1958, Director do Agrupamento de Escolas Artur Gonçalves

“Vivi a minha juventude como qualquer jovem dos anos 60 e 70 residente num pequeno meio rural da Serra da Estrela. Durante as férias e fins de semana ajudava os meus pais nas actividades agrícolas.”

O director do Agrupamento de Escolas Artur Gonçalves, de Torres Novas, Acácio Coelho Neto, tem uma visão crítica de alguns investimentos públicos feitos na região, nomeadamente por os mesmos não terem sido pensados em termos regionais mas locais como aconteceu, por exemplo, com a construção dos novos hospitais da sub-região do Médio Tejo. “Recordo-me da inauguração dos hospitais de Torres Novas e Tomar. Já na altura pensava que era preferível construir uma grande unidade com todas as valências hospitalares.”, declara. Quando lhe perguntamos o que não foi feito nos últimos trinta anos, reforça a sua visão. “Os grandes investimentos deviam ter sido pensados em termos regionais e menos em termos concelhios. Também a aposta na produção, transformação e distribuição de produtos locais teria sido uma boa solução. Por outro lado devia-se ter evitado o encerramento de instituições nas aldeias com o consequente despovoamento dos meios rurais”. Quanto a si, diz que a decisão mais importante que tomou nos últimos trinta anos foi a assumpção do cargo de direcção na escola. “Entendo este cargo como um serviço cívico prestado à sociedade. Este cargo absorve 24 horas por dia, incluindo fins-de-semana”, explica. Apesar de tudo diz que se pudesse vol-

tar atrás três décadas não faria nada diferente, nem em termos profissionais nem em termos pessoais. A residir no Entroncamento diz que aquela localidade não mudou muito nos últimos trinta anos, tirando o facto de ter muito mais habitação, mais hipermercados e melhores acessos através da A23. Conhece O MIRANTE há cerca de vinte anos e gostava que o jornal tivesse, de vez em quando, um suplemento dedicado às escolas da região. Reconhece que se Portugal não tivesse aderido à CEE em 1986 seria um país muito diferente e não teria as infra-estruturas que tem hoje mas diz que a adesão também foi prejudicial. “(Sem a adesão) Portugal seria um país mais autónomo. Não estaria à espera dos fundos comunitários para realizar as necessidades mais básicas como, por exemplo, a formação contínua de professores, construção do parque escolar ou até a implementação de medidas de promoção do sucesso escolar”, defende.


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Não conseguimos atrair grandes investimentos capazes de criar emprego e riqueza

Luís Marçal

Gerente da Clínica Médica Dr. Luís Marçal P. Recorda algum acontecimento marcante passado há trinta anos? R. A minha demissão de médico do Centro de Saúde de Salvaterra de Magos, após uma perseguição desenfreada do Dr. Alves Dias e do socialista Dr. Carlos Ferreira que, inclusivamente, cometeram ilegalidades para me prejudicarem. Como resultado a minha saúde mental melhorou substancialmente. P. O que não foi feito na região nas últimas décadas? R. Não se conseguiram atrair, através de incentivos, grandes investimentos para criar emprego e riqueza. P. Tem alguma observação a fazer sobre as grandes obras públicas feitas

na região? R. Lembro-me de todas essas obras. Na altura o que me chamou mais a atenção foi a incompetência do projectista dos acessos à Ponte Salgueiro Maia na margem sul do Tejo. Lembro-me também de ter pensado no valor das portagens da ponte da Lezíria e do pouco tráfego que ia ter por isso. Foi de tal modo que hoje até a iluminação está desligada. P. Onde vivia há trinta anos? R. Em Salvaterra de Magos, na zona onde vivo. Na altura havia mais população, mais comércio e menos ruínas. Gostava que as ruínas fossem reabilitadas para que fosse possível voltar a haver gente nova a povoar a zona. P. Como seria Portugal se não tivéssemos aderido à então Comunidade Económica Europeia? R. Mais pobre e mais isolado. P. Se soubesse o que sabe hoje e voltasse a ter trinta anos o que mudava? R. Se voltasse a ter trinta anos já estava divorciado em vez de aturar aquele martírio que durou até aos 33 anos. Em termos profissionais faria exactamente o mesmo. P. Aproveitou a juventude ou ficou alguma coisa por fazer daquelas que se fazem nessa altura? R. Vivi muito bem a minha juventude. Já na faculdade apanhei o 25 de Abril que nunca se concretizou, primeiro por culpa do Partido Comunista, que levou o país à bancarrota, e depois pelos oportunistas que nos governaram sempre a pensar nas eleições e não em termos futuros.

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Ainda está por fazer a travessia do Vale do Sorraia e falta cumprir a regionalização

Francisco Oliveira

nascido a 11/11/64, Presidente da Câmara de Coruche P. Se voltasse a ter trinta anos e soubesse o que sabe hoje o que faria diferente? R. Acho que não faria nada de muito diferente, excepto dar mais atenção à família que é o meu porto de abrigo. O importante é vivermos no tempo próprio e sentir-nos bem com as decisões e atitudes que tomamos. Gosto muito do que faço e realizo-me nas funções que desempenho actualmente. P. Viveu bem a sua juventude? R. Cada um viveu a juventude à sua maneira em função do grupo de amigos e das possibilidades dos pais. Nesse sentido posso dizer que vivi bem a minha juventude. Sou filho único, os meus pais sempre me acompanharam e me transmitiram valores importantes que ainda hoje me servem de referência e sempre fiz o que achei que devia fazer, sem grande oposição deles. Gostava de ter tido um irmão ou irmã com quem pudesse ter partilhado muita coisa mas tive muitos e bons amigos que, de certa forma, compensaram isso. P. Quais foram os acontecimentos e as decisões mais importantes da sua vida pessoal nos últimos trinta anos?

R. Tive dois momentos marcantes. O falecimento do meu pai na sequência de um acidente de viação há 13 anos, que foi um choque tremendo para mim e para a minha mãe, pois éramos muito próximos e amigos e nada fazia prever o que aconteceu; e o nascimento do meu filho. Tem hoje 14 anos e é um jovem extraordinário, muito atento, muito responsável, muito sensível e preparado a todos os níveis. É o filho que sempre quis ter. P. O que não aconteceu na região nos últimos trinta anos e deveria ter acontecido? R. O desenvolvimento da região foi notável quer a nível económico, quer de acesso aos cuidados básicos de saúde, à educação, à justiça, à cultura. Melhoraram-se as acessibilidades, o que permitiu aumentar o potencial de atractividade do distrito que só por si tem uma localização extraordinária para potenciais investidores e há uma maior equidade entre rendimentos mas faltou cumprir a regionalização. P. Dos grandes investimentos feitos em termos públicos quais destaca? R. A Ponte Salgueiro Maia fez toda a diferença para a população de Coruche. Basta pensarmos, por exemplo, no tempo que demorávamos a chegar ao Hospital de Santarém. O mesmo posso dizer da A23 porque todos nos lembramos que chegar ao norte do distrito era muito moroso. Lembro-me sempre do que era viver no interior antes das auto-estradas e das vias rápidas e antes de existir o ensino politécnico na região mas não posso deixar de dizer que está mais que na hora de a tutela olhar de uma vez por todas para o sul do distrito como um todo e que ainda está por fazer a travessia do Vale do Sorraia. P. Há quantos anos conhece

O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Sou um leitor assíduo do Jornal O MIRANTE. Olhando para o seu trabalho conseguimos desenhar a região e visualizar os principais acontecimentos ocorridos na mesma. Este é o nosso jornal; o jornal da região. Porque O MIRANTE tem um pouco de cada um de nós, de cada ribatejano. Soube adaptar-se à evolução dos tempos, continuando fiel à matriz de dar voz aos concelhos do distrito e conseguiu criar as parcerias necessárias (Já não consigo imaginar o Expresso sem O MIRANTE) para o fazer ainda com maior eficácia evoluindo para o online. P. Onde residia há trinta anos? Como era a terra há trinta anos? O que é que gostava que voltasse a ser como era? R. Vivia na minha freguesia de nascimento, a Fajarda, que passados trinta anos está muito diferente porque foram feitas infra-estruturas rodoviárias e foi feito o abastecimento de água e implantado o saneamento básico na maior parte da freguesia. Tudo tem o seu tempo próprio e não podemos viver agarrados ao passado mas há trinta anos atrás vivíamos com menos preocu-

pações, principalmente dos perigos que nos ameaçam e aos nossos filhos na actualidade. Havia também mais tempo para o verdadeiro convívio social e pessoal, sem a internet a gerar dependências. Claro que não podemos viver agarrados ao passado, como se não existisse nada melhor nem outras opções de vida. É importante acompanhar o desenvolvimento a todos os níveis. Afinal, hoje somos cidadãos do mundo. P. Como seria Portugal fora da União Europeia? R. Apesar de todos os problemas e ameaças, sou um europeísta convicto e acredito que se Portugal não tem aderido à CEE em 1986 estaríamos hoje com níveis de atraso ainda maiores em relação aos restantes países da Europa. Foi a adesão que contribuiu para o desenvolvimento económico e social que tivemos nos últimos trinta anos. Sem os fundos estruturais não teríamos uma das mais elevadas taxas de esperança média de vida, nem a maioria das crianças teria acesso ao ensino pré-escolar. Os estudantes não teriam acesso ao Erasmus nem teríamos a possibilidade de circular livremente pela Europa. Não são só rosas, é verdade, mas tudo visto e ponderado não consigo imaginar Portugal fora da União Europeia.


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Há notícias regionais que só são publicadas no jornal O MIRANTE

António Violante

nascido a 30/09/1954, gerente da Rectifical

A Rectifical, em Santarém, empresa que se dedica à rectificação e montagem de motores de veículos ligeiros, pesados e de máquinas industriais e agrícolas, é a menina dos olhos de António Joaquim Fonseca Violante. Se voltasse a ter trinta anos continuava a dedicar-se à Rectifical. Um dos acontecimentos ocorridos há trinta anos que recorda como importante foram as grandes alterações na estrutura da empresa para a revitalizar e manter em funcionamento.

P. Dos investimentos de vulto feitos em Santarém nas últimas três décadas quais são os que considera mais importantes? R. Da minha casa vejo a ponte Salgueiro Maia, que liga Santarém e Almeirim. Assisti a toda a sua construção e foi essencial para melhorar o escoamento do trânsito, favorecendo bastante cidadãos e empresas. O Instituto Politécnico de Santarém deu uma nova vida à cidade com os estudantes e a A23, ao facilitar a ligação entre o Centro e o Interior Norte, serviu para unir mais as populações. P. Viveu bem a sua juventude? R. Acabaram por ficar aventuras para se viver e outros projectos para realizar. Mas de uma maneira geral foi uma vivência saudável. P. Onde residia há trinta anos? R. Residia em Santarém, no mesmo local que resido hoje. Santarém há 30 anos era mais acolhedora e o facto de estarmos isolados acabava por ser mais confortável. Gostava que existisse uma ligação agradável com o que existia e com os meios de comunicação que temos hoje em dia. P. Há quantos anos conhece O MIRANTE? Que relação tem com o jornal e que alterações lhe faria para gostar mais dele? R. Conheço O MIRANTE há volta de quinze anos e já fiz algumas vezes publicidade no jornal. Não faria alterações uma vez que é um jornal com uma maior proximidade com a população local da sua área de abrangência. Há notícias regionais que só saem no Jornal O MIRANTE. P. Como pensa que seria Portugal sem a adesão à CEE (actual União Europeia) há pouco mais de trinta anos? R. Seria um país mais isolado dos restantes dos países e mais pobre. Os incen-

tivos que a União Europeia proporcionou ao país foram essenciais para o seu desenvolvimento.


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Hoje é sábado e faço 30 anos!

Orlando Ferreira

nascido a 05/02/1953, Administrador Rodoviária do Tejo Hoje é sábado e um dia especial para mim. Faço 30 anos! Já estamos em 1983 e a verdade é que não dei pelos anos passarem, um sinal que vivi bem a minha juventude. Daqui a exactamente dois anos nascerá Cristiano Ronaldo e, daqui a nove, Neymar, mostrando que o dia 5 de Fevereiro é mesmo uma data para predestinados…do futebol. E falando de futebol, o Campeonato Nacional da 2ª Divisão está ao rubro com o meu Belenenses na luta pelo título. Há muito tempo que não se viam tantos sócios no Estádio do Restelo. O assunto deste sábado será certamente o fim da Aliança Democrática (AD) e a marcação de eleições antecipadas para o próximo dia 25 de Abril. O Presidente da República, General Ramalho Eanes, assinou ontem o decreto de dissolução do Parlamento recusando assim uma nova proposta de Governo. Dispondo já de dois canais de televisão - a RTP1 que começa às 18h30 e termina logo após as Últimas Notícias da meia noite e a RTP2 que começa por

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volta das 17h30 e termina também logo após o Jornal da Noite às 23h00 horas podemos considerar que somos uns sortudos, tanta é a disponibilidade de informação! Alguns telefonemas e dois telegramas de felicitações acabados de chegar, recordaram-me ser hoje o dia do meu aniversário e que tenho ainda que decidir o que vou fazer logo à noite. Um jantar em família e uma ida ao cinema, pareceu-me uma boa ideia para um fim de noite nesta ainda calma Lisboa onde vivo. Com a adesão à CEE, que só ocorrerá daqui a três anos, em Portugal será criada a ilusão de se pertencer já ao grupo restrito do primeiro mundo. “Foi um pouco como num Casino: os portugueses passaram a entrar nas melhores mesas mas com dinheiro emprestado”, diria um dia Belmiro de Azevedo. Apesar de se saber onde residiam as nossas melhores oportunidades de investimento, o factor Europa cegou-nos ao ponto de transformar o nosso sector primário num parente pobre. Venderíamos este abandono e o preço seria o chamado ‘dinheiro da CEE’ que nunca parou de entrar no país. Só entre 1989 e 2013 seriam disponibilizados a Portugal nove milhões de euros por dia que nos ajudariam a viver melhor do que antes mas que falhariam redondamente nos seus objectivos de desenvolver o país tornando-o mais coeso, menos assimétrico e menos injusto. Houve de tudo na gestão desses fundos comunitários - desde desvios de dinheiro até projectos que nunca deveriam ter sido aprovados. A aplicação de um deles ficaria conhecida por se destinar a ensinar a fazer queijo da Serra no Algarve! Até o Ribatejo venderia a sua alma ao diabo para captar os financiamentos comunitários do período 2007-2013. A região de Lisboa e Vale do Tejo seria alterada, perdendo o Oeste e o Médio Tejo para a região Centro e a Lezíria do Tejo

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para a região do Alentejo, restringindo-se assim, erradamente, a nova região de Lisboa às sub-regiões mais desenvolvidas da Grande Lisboa e da Península de Setúbal. Afinal, não só se perderia a coerência regional como também Lezíria e Médio Tejo seriam muito prejudicados na aprovação de projectos comunitários. José Eduardo Carvalho, então presidente da Nersant, viria a afirmar: “A experiência que estamos a ter com a nossa inserção nas regiões plano do Alentejo e Centro é péssima demais para nos restar alguma dúvida sobre a bondade da solução referida”. Neste sábado em que faço 30 anos, algures num Ribatejo que ainda desconheço, um jovem Joaquim Emídio, com apenas 27 anos, imaginava já algo que iria abanar a tradicional imprensa regional. Vou ter ainda que esperar quatro anos e meio para ler a primeira edição de O MIRANTE como mensário do concelho da Chamusca. Só mesmo alguém ‘sempre insatisfeito com o mais fácil’ poderia sonhar que, em 2017, O MIRANTE se teria tornado numa referência como pujante e temido projecto editorial local e regional. Nesse distante 2017 alguém de “cuja vida fazem parte as pessoas que cortam a direito e escondem um coração mole atrás de um pulso firme” seria já um(a) imprescindível pilar desse projecto editorial de sucesso! Começarei a ler O MIRANTE em 2001 quando mudar (em boa hora o faria) a minha actividade profissional para o Ribatejo. O aprofundar do meu contacto com o jornal acontecerá a partir de 2006, com as cerimónias anuais de reconhecimento do mérito de pessoas simples que se destacaram pelo seu trabalho e dedicação à região. Para esta aproximação contribuirão também as ‘Conversas do Vale do Tejo’ organizadas pela Nersant em 2004 e editadas pelo O MIRANTE. Neste ano em que faço 30 anos eu não tinha ainda conhecimento... • da inauguração do Hospital Rainha Santa Isabel em Torres Novas ocorrida em 2001, uma instalação de luxo que cus-

tou sete milhões de contos; • da vinda a Tomar, em 2003, do então primeiro-ministro Durão Barroso para inaugurar o novo hospital integrado no Centro Hospitalar do Médio Tejo; • da inauguração do espaço museológico do novo Hospital de Vila Franca Xira ocorrido algures em 2014; • do papel crescente na região do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). A minha curiosidade relativamente ao IPT foi pela primeira vez despertada quando soube que o então presidente da Câmara Municipal de Tomar, António Paiva, tinha sido Vogal da sua Comissão Instaladora e que era docente do seu Departamento de Engenharia Civil. • da conclusão da ‘Auto-Estrada da Beira Interior (A23)’ algures em 2003, tornando-se assim na mais rápida ligação à fronteira de Vilar Formoso a partir de Lisboa. • da inauguração da Ponte da Lezíria no Verão de 2007 efectuada pelo então primeiro-ministro José Sócrates. Considerada a maior obra pública nacional da primeira década do século XXI com um custo anunciado de 220 milhões de euros. Faço hoje 30 anos e tenho a certeza que daqui a 30 anos continuarei a manter uma visão optimista para Portugal e para esta região. Lisboa será nessa altura ‘um lugar só para alguns’ mas continuarei ainda a surpreender-me com as inúmeras riquezas e potencialidades da região ribatejana. Apesar do continuado encerramento de serviços públicos, do crescente despovoamento e do envelhecimento demográfico continuarei a acreditar na valorização do interior do país e a considerar que ele não está necessariamente condenado. Os estudos e os diagnósticos estão feitos. Basta haver vontade política (não tem havido) para colocar este assunto na lista de prioridades da agenda decisional do Governo. Não serei o único a pensar assim, não serei certamente ‘a formiga no carreiro que vai em sentido contrário’ do José Afonso!


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Pagou-se para se deixar de produzir e criaramse auto-estradas para receber as importações

Emídio Almeida

nascido a 22/07/1961, CEO Tutivet, Human Power e Pentabizz

“Os miúdos aprendiam o que era o trabalho e iam para a escola já com a escola da vida. Cedo aprendiam a tratar dos animais ou a mexer num tractor. Aprendiam a negociar e a dar valor ao dinheiro. Hoje vão comprar pacotes de leite ao supermercado e pedem dinheiro aos pais para o telemóvel novo. Não fazem a mínima ideia de onde vêm as coisas, nem do seu valor. Não o digo com saudosismo mas creio que os jovens hoje têm muitas distracções e poucas responsabilidades. Isto potencia a imaturidade”. A minha juventude foi muito rica e não a trocaria por nada. Cresci no meio agrícola e tive a sorte de ter uns pais maravilhosos que me ensinaram valores fundamentais como a integridade, a honra, a ética, a humanidade, a leal-

dade, a justiça, a importância do trabalho, etc… O exemplo é a coisa mais contagiosa que existe. E eu tive excelentes exemplos. Uma criança aprende a criar os seus próprios valores através dos exemplos que observa na família, na escola, etc. Nós criamos os nossos valores e depois eles criam-nos a nós. Porém, nós não somos o resultado daquilo que nos aconteceu mas sim o resultado daquilo que escolhemos ser. O que determina o nosso destino não são as nossas condições mas sim as nossas decisões. A nível pessoal a decisão mais importante que tomei por volta dos trinta anos foi adoptar uma criança. Um filho altera radicalmente a nossa vida e é uma experiência maravilhosa. A nível profissional a grande decisão foi a de iniciar a minha actividade empresarial, tanto na clínica de campo, como inaugurando a minha primeira clínica veterinária. Santarém é capital de distrito e o respeito pela sua riqueza histórica não teria sido beliscado se tivesse sido dada atenção ao seu desenvolvimento. O desenvolvimento a nível industrial, comercial e de serviços, teria alavancado, diria mesmo catapultado, o desenvolvimento de Santarém. Muitos investimentos teriam ficado neste concelho em vez de terem “escorregado” para outros lados. Santarém precisa de uma linha ferroviária à sua medida, por exemplo. Os grandes investimentos em obras públicas no início do século melhoraram a qualidade de vida na região. Foram, naquela altura, acontecimentos com uma dimensão enorme. Hoje vemo-los como simples passos de um desenvolvimento absolutamente necessário e normal. Conheço O MIRANTE há uns vinte anos e tenho com ele uma relação de

admiração e de respeito. É um jornal que apresenta uma verticalidade e independência invejáveis. Também tem uma capacidade de “pensar fora da caixa” inovando e assumindo o risco, como o faz por exemplo com esta edição e envolvendo-se com organizações de renome como a Nersant e o BNI. Há trinta anos eu residia, tal como hoje, nesta linda cidade de Santarém, na quinta onde cresci e onde sempre vivi. Fiz a minha licenciatura em Medicina Veterinária, em 1985, e comecei de imediato a trabalhar na extinta Ribacal – Cooperativa Leiteira do Ribatejo. Quando comecei a trabalhar não havia horários, nem fins-de-semana, nem feriados. Os partos, as cesarianas aconteciam a qualquer hora, maioritariamente à noite, e nessa altura não havia telemóveis. Muitas vezes ia fazer uma cesariana a Leiria, por exemplo, e quando chegava, tinha uma chamada para ir fazer outra na exploração ao lado. Há trinta anos os agricultores, associados da Ribacal, com explorações maiores, davam emprego a muita gente. Os agricultores de menor dimensão, muitas vezes trabalhavam nalguma empresa durante a semana e a família, cônjuge e filhos tomava conta das vacas, vitelos, horta, etc…. Ao fim-de-semana era quando havia maior reboliço. Todos geravam riqueza.

Uns iluminados acharam que Portugal não tinha condições para fazer agricultura e que devia restringir-se ao turismo. Pagou-se para se deixar de produzir. Criaram-se muitas auto-estradas para receber as importações. Vi com muita tristeza centenas de explorações agrícolas a fechar, a ficar ao abandono. Fora da União Europeia estaríamos num nível de desenvolvimento muito distanciados do resto da Europa. Mas, como já o disse antes, a história deve servir para interpretarmos o presente e projectarmos o futuro. Mais do que aquilo que nos aconteceu, ou porque aconteceu, devemos focar as nossas energias e galvanizarmo-nos em torno de uma visão futura, com objectivos bem definidos. O que nos falta é liderança e a liderança não é inata. Aprende-se. E nós não temos ensino de liderança em Portugal. E um país sem líderes está pré destinado ….


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No tempo das quimeras diluíram-se as fronteiras entre a realidade e a ficção

Jorge Tavares

nascido a 29/08/1967, Director do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita do Cartaxo

Há coisas que nunca mudam mas muda-se sempre muita coisa, nomeadamente aos trinta anos. O director do Agrupamento de Escolas Marcelino Mesquita, do Cartaxo, resume com algum humor algumas mudanças que fez. “Com cerca de 30 anos mudei de casa, de escola, de carro e nasceu o meu filho Bruno. Mudar tudo? Era só o que faltava! Não mudei de mulher nem de clube (FCP até que Deus me leve)”. P. O que aproveitou e desaproveitou da juventude? R. Lembrando a juventude de outrora, desaproveitei-a, obviamente! O tempo foi demasiadamente roubado em estados de alma institucionais que me ritualizavam e afogavam pensamentos mais atrevidos. P. Se tivesse trinta anos e soubesse o que sabe hoje? R. Voltar a ter 30 anos é voltar a um horizonte longínquo que chego a perseguir silenciosamente. Era voltar à Escola C+S de Aveiras de Cima e permanecer mais tempo com a presidente Teresa Valente e beber mais ensinamentos que me seriam úteis na direcção das Escolas do Cartaxo. P. Qual foi a época dourada da

região? R. O início do século XXI foi o “tempo das quimeras”. Os acontecimentos chegavam de revoada à Lezíria e Médio Tejo. Subíamos a A23 sem pagar e o Cartaxo ficava colado à A1. A inauguração da ponte da Lezíria permitiu deslizar silenciosamente sobre os campos do Ribatejo num desejo imperioso de modernidade e de progresso. Estava diluída a fronteira entre a realidade e a ficção. P. O que ficou por fazer na região mas que valia a pena ser feito? R. A não construção do aeroporto na OTA hipotecou o sonho, aprisionando o nosso tempo. P. Quando conheceu O MIRANTE? Que alterações faria ao jornal? R. O MIRANTE foi-me apresentado pelo meu sogro quando este pretendia ser assinante há cerca de duas décadas. Tenho uma relação de proximidade semanal enquanto leitor, assinante e até de colaborador, bem como de anunciante. Em tom de desafio gostaria de, no futuro, poder ter mais artigos de opinião. P. Onde vivia há trinta anos? R. Há 30 anos o meu cartão de eleitor anunciava que tinha residência na Cunheira (Alter do Chão), onde orgulhosamente fui criado. Escrevi a monografia “Cunheira, ontem e hoje”; fui vice-presidente do Grupo Recreativo e Olímpico da Cunheira (GROC), colaborador do jornal regional “O Mensageiro de Alter” e acólito, por orientação da minha mãe. P. Nos anos 80 o grupo rock “Táxi” cantava “Quero ver Portugal na CEE. Fazia coro? R. Na década de 80 também fui daqueles que queria ver Portugal na CEE. Três décadas mais tarde sinto que a Europa, para nós, deixou de ser um horizonte longínquo, que a presença da Troika em Portugal foi de um estrondo apocalíptico mas se essa adesão não tivesse acontecido estaríamos por aqui acantonados com rosto inexpressivo e sem olhar de futuro.

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Optei pela minha família e pela minha região e não estou arrependido

Nuno Castelão

nascido a 26/06/1963, Gestor da Gráfica César Castelão & Filhos, Lda

Diz que se lhe fosse dada a oportunidade de voltar a ter trinta anos isso lhe iria permitir ficar mais novo porque em termos daquilo que fez, tanto pessoalmente como profissionalmente, nada mudaria. Nuno Castelão teve oportunidade de seguir outros caminhos mas considera que as grandes decisões que tomou foram sempre bastante ponderadas e que não se arrepende do percurso que escolheu. Acho que vivi bastante bem a minha juventude. Tive sempre um núcleo fantástico de amigos, o que é determinante. E tivemos momentos memoráveis que ainda hoje são tema de conversa. Fiz muito desporto, que é uma das

minhas paixões, e aproveitei bastante a Festa Brava. Aos trinta anos tive que decidir entre acompanhar o negócio da família ou ir trabalhar para a Ernst & Young com sede em Londres. Optei pela família e pela minha região e não estou arrependido. A Chamusca não é uma zona carenciada mas poderia estar mais desenvolvida. Existem graves problemas que teimam em manter-se. Infelizmente não temos pessoas no concelho que façam com que o mesmo mereça uma atenção especial por parte de quem decide ao nível do poder central. A ponte Salgueiro Maia foi inaugurada em Junho de 2000, a A23 foi concluída em 2003, a extinção das lixeiras a céu aberto foi há menos de vinte anos, os novos hospitais de Tomar e Torres Novas foram inaugurados no início do século, os Institutos Politécnicos de Santarém e Tomar têm pouco mais de trinta anos...lembra-se de algum destes acontecimentos e do que pensou na altura? De todos os investimentos feitos na região saliento a construção da Ponte

Salgueiro Maia. Na altura fiquei com a ideia que o progresso estaria a chegar à região. Quem não se lembra das expectativas criadas com a possibilidade de ser feita a auto-estrada que ligaria Almeirim a Tomar. Infelizmente foi tudo uma ilusão enganadora e ficou-se por ali. Conheço O MIRANTE desde a sua fundação há trinta anos. O jornal alargou o seu âmbito, da Chamusca para a região, e tem hoje um reconhecimento que deve ser referido e enaltecido. Que se mantenha com a mesma qualidade e vigor. E muitos parabéns. Não é fácil manter uma empresa tantos anos e muito menos neste vosso sector de actividade. O meu percurso de juventude foi todo na Chamusca e Lisboa, onde es-

tudei. Conheci a Chamusca praticamente igual ao que é hoje. Foram feitas algumas infra-estruturas mas não foi o suficiente para atrair investimento. Os jovens não têm oportunidades de se fixar e isso não permite o crescimento da região. Ultimamente, com o Eco-Parque do Relvão nasceram outras esperanças. Assim se consiga manter e desenvolver. Fora da União Europeia teríamos cavado um fosso ainda maior entre os países do Norte e Centro da Europa. O atraso seria significativo, a formação diminuta e a os vários serviços e produções não teriam capacidade competitiva. No entanto urge mudar alguns conceitos e filosofias, ajudando a melhorar a relação entre os países. A estabilidade da União Europeia depende disso.


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Doença das vacas loucas põe políticos a comer bifes em Santarém. Edição 1 de Maio de 1996 - No sábado, 27 de Abril de 1996, a CAP e os produtores de bovinos juntaram-se em Santarém para um almoço de carne de vaca. O ministro da Agricultura, o presidente da Assembleia da República, dois secretários de Estado e vários deputados. O objectivo da acção mediática era restabelecer a confiança dos consumidores mas, apesar dos discursos e das manifestações de fé na qualidade do bife nacional, ficaram muitas dúvidas.

Humidade estraga obras de arte. Edição 31

Mestre David Ribeiro Telles contra as entradas de toiros. Edição 31

Agosto 1991 - Numa entrevista publicada a 31 de Agosto de 1991 o cavaleiro tauromáquico e “ganadero” declarou-se contra a forma como decorriam as entradas de toiros nas festas taurinas. “(...) se para os toureiros, que são profissionais e sabem tourear, se embolam os toiros, como é que nas largadas se soltam para o meio do público, toiros desembolados, toiros assassinos? As pessoas estão num dia de festa em que as famílias estão reunidas. Como é que se soltam toiros assim?”

Dois mortos em explosão de fábrica de pirotecnia. Edição

16 Julho 1997 - Em Torres Novas, uma série de explosões destruiu parcialmente uma fábrica de pirotecnia e provocou duas vítimas mortais. Os rebentamentos ocorreram por volta das quatro e meia da tarde de segunda-feira, 14 de Julho de 1997, e foram ouvidos em toda a cidade. Foi o segundo acidente do género registado na região em três anos. No Verão

de 1994 uma explosão destruiu por completo uma fábrica de pirotecnia no concelho de Vila Nova da Barquinha.

Dezembro 1997 - No Museu Martins Correia, na Golegã, a humidade tomou conta de tudo. Antes do Natal de 1997 fomos ver. O salitre das paredes já atingiu dezenas de obras de arte de valor incalculável. As luzes não podem ser acesas por causa do risco de curto-circuitos. Dos tectos cai água e há quadros amontoados pelo chão. Muitas esculturas estão manchadas pelo bolor. O cheiro a bafio é insuportável. O MIRANTE já tinha denunciado a situação em 1994 mas a situação agravou-se.


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Emigração nos anos oitenta.

Edição Outubro 1989 - O MIRANTE acompanhou, no dia 27 de Setembro de 1989, a partida de um grupo de vinte emigrantes com destino à Alemanha para trabalhar na construção civil. Na altura eram já mais de duzentos os homens da Chamusca que tinham partido.

Assinada escritura da Tagusgás. Edição 12 Fevereiro 1997 Saramago na inauguração da Biblioteca da Chamusca. Edição Agosto 1988 - O escritor José Saramago proferiu uma conferência na inauguração da Biblioteca da Chamusca no dia 31 de Julho de 1988. Entrevista com o primeiro Bispo de Santarém. Edição Outubro 1990 - A entrevista com D. António Francisco Marques decorreu no Seminário de Santarém. O Bispo respondeu a todas as perguntas, mesmo as mais incómodas. Desafiado a comparar filmes com actores nus e os nus de Miguel Ângelo, pintados no tecto da Capela Sistina, em Roma, disse: “Uma coisa é arte, outra é erotismo. Uma coisa é admirar a beleza da natureza humana, a própria criatura, o próprio homem, a própria mulher e outra coisa é ver tudo isso do prisma erótico. São duas coisas diferentes. Por isso, quanto a mim, o erotismo não é aceitável de maneira nenhuma”.

-O interesse pela distribuição do gás natural na região do Vale do Tejo juntou empresas e autarquias. O projecto foi considerado como estruturante para a região, tendo sido assinada a escritura e a empresa entregou ao Governo o pedido para a concessão da exploração da rede de distribuição da nova energia. O projecto estava avaliado em 25 milhões de contos.


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Católicos saúdam o novo bispo. Edição 25 de Março 1998 - No domingo, 23

Caloiros aguentam praxes com medo de represálias. Edição 7

Os cíclicos deslizamentos de terras em Santarém. O Inverno de 2001 foi particularmente destrutivo em Santarém, com deslizamentos de terras que causaram fortes danos em infraestruturas. Um troço da estrada de Alfange (na foto), que liga o planalto citadino ao bairro ribeirinho de Alfange, ficou intransitável e obrigou a obras avultadas. Na alcáçova, um troço de 15 metros de muralha foi encosta abaixo. Antes e depois, sucederam-se episódios de instabilidade nas barreiras que, entre outras consequências, obrigaram ao corte da Estrada Nacional 114 entre Santarém e a Ribeira de Santarém, situação que actualmente se verifica desde Agosto de 2014.

Sinos tocam a rebate por causa de uma rua. Edição 14 Março 1995 - A população do Arripiado, Chamusca, convenceu-se que o Eng. Rui Sommer de Andrade queria cortar uma estrada localizada em terrenos privados mas que é utilizada há dezenas de anos pelas pessoas. Os sinos tocaram a rebate no dia 10 de Março de 1995, Sexta-feira, e as pessoas saíram à rua com pás e picaretas. Uma acção precipitada como acabou por ficar demonstrado, que acabou por onde devia ter começado. Pelo diálogo.

de Março de 1998, duas horas antes da entrada solene do novo Bispo de Santarém na praça fronteira à Sé, já havia quem guardasse lugar para não perder pitada da cerimónia de posse de D. Manuel Pelino Domingues como sucessor de D. António Francisco Marques. O largo encheu-se de fiéis que aplaudiram e deram as boas vindas ao segundo titular da Diocese de Santarém.

Outubro 1998 - Os caloiros do ensino superior de Santarém aguentaram as praxes da ordem mas não acharam graça. Com as caras e roupas pintadas, com os cabelos adubados com estrume e fartos de perguntas sobre a sua vida sexual, alguns dos novos estudantes afirmam que só aguentaram as humilhações por temerem represálias.

A notícia do Nobel para Saramago na sua Azinhaga natal.

Edição 14 de Outubro 1998 A notícia chegou inesperadamente a 8 de Outubro de 1998. José Saramago, nascido na Azinhaga, concelho da Golegã, foi distinguido como Nobel da Literatura. À excepção do Vaticano, as reacções foram unânimes no reconhecimento da justiça do galardão. Na edição de 14 de Outubro recordamos um colóquio que o escritor foi fazer à Golegã, publicamos uma carta aberta do presidente da câmara e uma reportagem que fomos fazer à terra do escritor.


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Quando Arons de Carvalho quis acabar com O MIRANTE. O maior ataque que O MIRANTE sofreu em trinta anos de

existência foi desferido em 2001 pelo então secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho (PS). Pressionado por vários jornais da região, alguns dos quais já extintos ou em extinção, que acreditavam poder sobreviver se nós deixássemos de existir, publicou a Portaria nº 225/2001, de 19 de Março, que, entre outras coisas, fixava, não um preço máximo como seria normal para proteger os leitores, mas um preço mínimo de assinatura. Foi um diploma feito, única e exclusivamente para O MIRANTE que tinha uma assinatura anual barata, de apenas mil escudos e que foi obrigado a aumentar a mesma para dois mil e quinhentos escudos, penalizando os leitores. A justificação era, principalmente o facto de o Estado pagar os portes de correio dos jornais enviados aos assinantes e haver jornais que aproveitavam esse facto para enviar jornais só com publicidade,

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situação que não se verificava com O MIRANTE que raramente deixou que o espaço ocupado com publicidade fosse superior a 30 por cento do total. O dinheiro dos portes de correio nunca passava pelos jornais. Era pago pelo Estado directamente aos CTT e funcionava como incentivo à leitura. Ou seja, na prática, era um apoio a cidadãos leitores de jornais. Na altura a Alta Autoridade para a Comunicação Social emitiu um parecer a condenar tal medida, em que dizia que a fixação de um preço mínimo de assinatura lhe suscitava “sérias reservas” porque se tratava de “uma verdadeira ingerência do Estado na liberdade de iniciativa das empresas jornalísticas, para além de ser duvidosa face à lei da concorrência e contrária à tendência de liberalização dos preços do mercado”. Apesar disso a Portaria manteve-se. O MIRANTE não baixou os braços, ultrapassou o obstáculo e continuou a crescer com o apoio dos leitores e anunciantes. Na altura, goradas todas as tentativas para dialogar com o governante, o jornal usou o humor para o criticar por ter tomado tão “aberrante” decisão.

Meio milhão de euros pelas pegadas dos dinossauros - Ao fim de dois anos de negociações foi encontrada uma solução. As pegadas

Terror na auto-estrada com quatro mortos e setenta feridos. Edição 23

de Fevereiro 2000. Eram sete e meia da manhã de segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2000, e o nevoeiro estava cerrado. Cenário ideal para os momentos de horror que se iriam seguir na auto-estrada nº 1, perto da área de serviço de Santarém. Tudo começou com um choque entre dois veículos. Condutores curiosos começaram a abrandar para ver o que se passava e deram origem a vários choques em cadeia que envolveram mais de uma centena de viaturas. Quatro pessoas morreram e perto de setenta ficaram feridas.

de dinossauro da pedreira do Galinha, situada na Serra d’Aire, já pertencem ao Ministério do Ambiente. O importante património natural custou ao Estado mais de meio milhão de contos. A importância é paga a título de indemnização ao empresário Rui Galinha. A informação foi dada a 1 de Agosto de 1996. O local foi classificado como monumento natural.


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Salvaterra de Magos ganha valor com Falcoaria como Património da Humanidade. A Falcoaria Portuguesa foi classificada pela UNESCO como

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O advento das ETAR e a melhoria do ambiente. A estação de

Património Cultural Imaterial da Humanidade. A decisão foi anunciada no dia 1 de Dezembro de 2016, em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde decorreu a 11ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. O presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio (PS), viajou com a comitiva portuguesa para a Etiópia pois o seu município liderou a candidatura entregue em 2015. A candidatura foi liderada pelo município de Salvaterra de Magos, em parceria com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria e o apoio da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. No cerne da candidatura está a existência em Salvaterra de Magos de um edifício icónico, a Falcoaria Real, construído no século XVIII por ordem de D. José I, classificado em 1953 como Imóvel de Interesse Público e recuperado pelo município em 2009, depois da aquisição a um privado que usava o espaço como celeiro agrícola, sendo actualmente um museu vivo.

tratamento de águas residuais (ETAR) de Alverca, localizada na área adjacente à antiga salina de Alverca, na margem direita do rio Tejo e numa zona próxima dos caminhos-de-ferro, entrou em funcionamento em Dezembro de 2010 e teve um custo de 18,5 milhões de euros. É um exemplo do muito que foi investido pelos municípios e outras entidades nas três últimas décadas na área do tratamento de esgotos domésticos, contribuindo decisivamente para a melhoria da qualidade ambiental.

Congresso de Medicinas Alternativas. Edição 1 de Julho de 1998 Decorreu em S. João da Ribeira, Rio Maior, no último fim-de-semana de Junho de 1998. e juntou curandeiros, cartomantes, astrólogos, hipnotizadores, massagistas e médicos num debate polémico e bastante participado.

Aterro sanitário da Resitejo entra em funcionamento. Edição

Reacção à entrada em vigor do euro. Edição 3 Janeiro 2002 - O euro

entrou em circulação às zero horas do dia 1 de Janeiro de 2002 mas os escudos mantiveram-se em circulação até ao dia 28 de Fevereiro. No dia 2, quarta-feira, primeiro dia útil do ano O MIRANTE fez reportagem em Santarém e verificou que, apesar das lojas funcionarem com as duas moedas, a maioria preferira pagar em escudos. Na altura, só um pouco mais de metade das caixas multibanco permitiam levantamentos em euros.

12 Maio 1999 - Esta é uma fotografia histórica. O primeiro carro a entrar no aterro sanitário da Resitejo, quinta-feira, 6 de Maio de 1999, despeja as primeiras toneladas de lixo doméstico num espaço concebido para receber lixo. O acto protagonizado pelo camião da Câmara da Chamusca simboliza o princípio do fim do tempo das lixeiras a céu aberto poluindo terras e contaminando o ar e recursos hídricos.


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Cemitérios de almas. Edição 21 Fevereiro 2002. Cruzes em madeira e

ramos de flores multiplicam-se nas bermas das estradas, assinalando acidentes de viação mortais. São homenagens singelas de familiares e amigos que servem ao mesmo tempo de alerta para os automobilistas que por ali passam. A igreja católica recomenda que o culto aos mortos seja feito nos cemitérios mas quem perdeu entes queridos na estrada não abdica daquele tipo de homenagem.

Museu do Neo-Realismo é uma homenagem à cultura do século XX. Edição 25-10-2007. O abraço sentido do escritor Arquimedes da Silva Santos ao filho de Alves Redol, António Mota Redol, ilustrou a emoção. O novo Museu do Neo-Realismo, inaugurado no dia 20 de Outubro de 2007, em Vila Franca de Xira, era um sonho com 20 anos e a sua concretização foi o fim de um árduo caminho. A mesa, a cadeira, a máquina de escrever, os manuscritos e a boina de Redol remetem alguns amigos para momentos profundos. Há emoção na troca de olhares que rompe os cordões de segurança montados para proteger o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. A confusão obriga a gestora do protocolo a pedir mais cadeiras para as entidades oficiais. Na primeira fila, Dias Lourenço, destacado comunista e Maria Barroso Soares, mulher do antigo Presidente da República, seguem atentamente a cerimónia. A maior ovação foi quando se pronunciou o nome de António Redol. O filho do autor de Gaibéus não conseguiu dar voz ao discurso que escreveu e foi a presidente da câmara, Maria da Luz Rosinha, que procedeu à leitura com alguns momentos de humor que aliviaram o ambiente tenso da cerimónia.

As “missas das mulheres” na igreja católica. Edição 8 de Agosto

2002. Em Paialvo, Tomar, e um pouco por toda a Diocese de Santarém há celebrações religiosas católicas presididas por mulheres. Uma forma da Igreja suprir a falta de padres, sem abrir o sacerdócio ao sexo feminino. 0 povo fala na “Missa das Mulheres”, Maria de Lurdes Marques, ministra da Eucaristia há vinte anos, não permite que se diga tal coisa quando está por perto e nunca se cansa de explicar as diferenças.

Um guerreiro do mestre cutileiro guarda o Castelo de Almourol.

Edição 24 Outubro 2002. A Câmara da Chamusca não fez a coisa por menos. Para enquadrar o Castelo de Almourol, visto das arribas do Arripiado, encomendou uma escultura ao consagrado e polémico escultor João Cutileiro. “O Guardião do Templo”, rude, agreste e de tamanho gigante, está no Miradouro do Almourol e tem todos os ingredientes para deslumbrar.

Santarém não autoriza grandes superfícies. Edição 13 Março 1996 - A Câmara de Santarém diz não às grandes superfícies para proteger o comércio tradicional por dois anos. A decisão foi tomada no dia 11 de Março de 1996 por unanimidade. A medida foi saudada pela Associação Comercial da cidade mas foi sol que brilhou pouco tempo.


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Na Capital do Cavalo a GNR não tem cavalos.

21 Fevereiro 2002. O novo quartel da Guarda Nacional Republicana da Golegã, inaugurado na terça-feira, 19 de Fevereiro de 2002 pelo primeiro ministro António Guterres, apesar de estar numa terra que se intitula Capital do Cavalo e organiza anualmente uma Feira Nacional do Cavalo, tem uma falha. Não possui instalações para cavalos.

Primeira associação lésbica criada em Santarém. Edição 21 Fevereiro 2002 - A primeira associação portuguesa de lésbicas assumiu, em 21 Fevereiro de 2002, o desafio de se dar a conhecer em Santarém, cidade com grandes tradições marialvas. Com uma existência informal de alguns anos, o clube Safo ganhou existência jurídica para desenvolver “uma identidade lésbica positiva”, disse Fabíola Cardoso, uma das fundadoras.

A primeira sex shop da região. Edição 11 Julho 2002

- A Malandrice Sex-Shop abriu em Abril de 2002, em Almeirim. Foi a primeira loja do género na região e despertou muita curiosidade.

Auto-Estrada 13 com tecnologia avançada reforçou mobilidade na Lezíria do Tejo. Edição de 3-2-2005 No dia 1 de Fevereiro foi

inaugurada uma nova via na Lezíria do Tejo que veio melhorar as condições de acesso ao sul do país. A Auto-Estrada 13, no traçado que era para ser do Itinerário Complementar 3 (IC3) liga Almeirim e Santo Estêvão, deveria ter continuação para a Chamusca, de modo a evitar o trânsito de pesados, que aumentou com os aterros sanitários e centros de tratamento de resíduos perigosos, em Carregueira. Mas que não foi feita passados mais de dez anos. Antes de a ligação ser concluída houve manifestações em Foros de Salvaterra porque um dos traçados do IC3 passava muito perto de casas. A construção da auto-estrada implicou uma engenharia complexa, sobretudo no viaduto do Vale do Sorraia, com quase dois quilómetros, que tem sensores e sistemas electrónicos que verificam o comportamento estrutural da ponte, permitindo saber se há deformações na estrutura ou se esta está a ser atingida por sismos. A obra foi inaugurada pelo então primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, que na altura disse acreditar que a A13 iria tornar a sub-região da Lezíria “mais atractiva” e permitir fixar a população. O que não teve, até agora, o impacto esperado.


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O inferno na Chamusca. Edição de 2003.08.07 O dia

3 de Agosto de 2003 ficou marcado a negro no concelho da Chamusca. Um violento incêndio florestal devastou o território, causando quatro mortos, dois homens e duas mulheres, na freguesia de Pinheiro Grande. Arderam 30 mil hectares de floresta e terrenos agrícolas, ficaram destruídas 20 habitações nas freguesias de Pinheiro Grande, Ulme e Vale de Cavalos, para além de dezenas de pequenas cozinhas e barracões. Trinta e duas pessoas ficaram desalojadas. Desapareceram duas mil cabeças de gado e uma unidade fabril que dava emprego a 24 pessoas ficou completamente destruída, o mesmo acontecendo com três carvoarias. A velocidade com que as chamas, impelidas pelo vento forte e temperaturas elevadíssimas, se propagaram suplantou a perspectiva dos piores cenários. Perdidos no meio das chamas, dois homens, de nacionalidade chilena, de uma equipa de prevenção de fogos florestais ligada à indústria de celulose, morreram carbonizados na viatura em que seguiam. O incêndio em Pinheiro Grande ceifou mais duas vidas, duas mulheres que não conseguiram escapar à fúria das labaredas: Lúcia Duarte, 35 anos, e Lurdes Rocha, 67 anos. “Em oito horas ardeu mais área deste concelho do que nos últimos 30 anos”, afirmava Sérgio Carrinho, presidente da Câmara Municipal da Chamusca.

Fábrica das Palavras é a nova referência cultural de Vila Franca de Xira. Edição de 24.09.2014. Vila Franca de Xira tem biblioteca nova, aberta ao Escola Prática de Cavalaria despediu-se de Santarém. Edição de

22.11.2006. A emblemática Escola Prática de Cavalaria (EPC), de onde saiu a mítica coluna de Salgueiro Maia na madrugada de 25 de Abril de 1974, despediuse formalmente de Santarém na manhã de 17 de Novembro de 2006, com uma cerimónia oficial na Praça Sá da Bandeira. Uma sessão marcada por alguma emoção e que cativou a atenção de largas dezenas de pessoas, que aplaudiram os militares. Na hora do adeus rumo a Abrantes, onde não permaneceu muito tempo, ficou a garantia que a unidade iria deixar ao município algum espólio com valor museológico para integrar um futuro museu onde fique registada a passagem da EPC pela cidade. Museu esse que continua por cumprir.

público desde 20 de Setembro de 2014. Um espaço construído no local da antiga fábrica de descasque de arroz, daí o nome escolhido para a nova biblioteca, Fábrica das Palavras, que junta a recordação de um modo de vida que agora pertence ao passado com a promessa de um futuro repleto de possibilidades por criar e descobrir como é e será sempre o universo das palavras. Para além das palavras também os números fazem a história desta obra: 5 milhões e 750 mil euros foi o montante total do investimento pelo município para pôr de pé os sete pisos dedicados à cultura e à aprendizagem social, erigidos sobre 3.200 metros quadrados de área requalificada. Desse investimento total, dois milhões de euros saíram dos cofres camarários. Todo o restante foi coberto pelo financiamento comunitário destinado a reabilitar aquela zona degradada da cidade.

Apresentação da candidatura de Santarém a Património da Humanidade. Edição 26

Fevereiro de 1997 “Esta é uma bela tarde para morrer de emoção”. Foi assim que o presidente da Câmara de Santarém, José Miguel Noras, iniciou o seu discurso, na sala dos actos do seminário, no sábado, 22 de Fevereiro de 1997, ao fim da tarde, na abertura da cerimónia do lançamento dos livros que contêm o trabalho de investigação que sustentou a candidatura do Centro Histórico da cidade a Património da Humanidade. A candidatura acabaria por ser retirada para não ser chumbada pela Unesco e o processo acabou por morrer aí.


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Striper anima manifestação. Edição 23 Junho

1999. Oitenta pessoas deram a voz mas Alda Simão, uma artista de “striptease”, deu o corpo à revolta das populações das freguesias de Erra e Lamarosa, concelho de Coruche, contra os problemas ambientais

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provocados pela empresa ITS Marques, uma fábrica transformadora de matérias de risco resultantes de abate de animais com a doença das vacas loucas. Uma manifestação insólita na tarde de terça-feira, 22 de Junho de 1999.

Trabalho assassino. Edição 1 de Novembro Uma escola nova que é uma “bênção” nos tempos que correm. Edição de 2013.05.30

“Esta nova escola é uma bênção para todos os que a frequentam e que a venham a frequentar porque tão cedo não deverá haver uma inauguração destas”. A frase da presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM), Cristiana Santos, proferida durante os

discursos oficiais que marcaram a inauguração das novas instalações da escola, em 24 de Maio de 2013, sintetiza na perfeição a realidade. A obra representou um investimento público de 13,5 milhões de euros e impressiona pela sua dimensão e pelas condições que proporciona à comunidade académica. A Escola Superior de Desporto de Rio Maior funciona na cidade desde Setembro de 1998, tendo ocupado ao longo dos anos instalações provisórias cedidas pelo município.

2001. Em menos de uma semana registaramse três mortes por acidentes de trabalho no distrito de Santarém. As investigações sobre estes casos estão agora a decorrer no âmbito do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT), através da delegação de Santarém e da sub-delegação de Tomar. No distrito, a maior parte dos acidentes de trabalho ocorre na construção civil e na agricultura.


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Refugiados de guerra kosovares abandonam Salvaterra sem aviso.

Edição 26 de Maio de 1999. Quinze dos 48 refugiados kosovares alojados em Salvaterra de Magos desapareceram sem deixar rasto. Dez deles saíram na madrugada de segunda-feira, 24 de Maio de 1999, e acabaram por se dirigir para a Alemanha, de onde uma mulher do grupo telefonou no dia seguinte ao provedor da Misericórdia de Salvaterra a agradecer o alojamento que lhes foi ali proporcionado e a pedir desculpa pela partida sem aviso. Centenas de refugiados foram acolhidos na região.

Inauguração da Agromais. Edição de 8 de Dezembro de 1992 - O ministro da Agricultura esteve em Riachos, no dia 28 de Novembro para a inauguração formal das instalações da Agromais - Entreposto Comercial e Agrícola. Para além dos elogios à capacidade e dinamismo daquela cooperativa, Arlindo Cunha a nossa “saída do jardim à beira-mar plantado para a integração europeia trouxe benefícios mas trouxe também novos desafios e as incertezas que sempre acompanham os períodos de grandes mudanças”.

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Cantar as janeiras como forma de protesto em defesa do Tejo.

Edição 1 Fevereiro 1994 - Os autarcas do Distrito de Santarém foram a Lisboa no dia 27 de Janeiro de 1994, cantar as Janeiras como forma de protesto à porta do Ministério do Planeamento e Administração do Território. A iniciativa destinou-se a chamar a atenção do ministro, Valente de Oliveira, para a necessidade do desassoreamento e regularização do rio Tejo. “Importa fazer riqueza/ Impõe-se regularizar / Trazer pão para a nossa mesa/ Nestas águas navegar”, foi uma das quadras cantadas.

Abertura Núcleo Museológico do Tempo. Edição 4 de Agosto. A

Torre das Cabaças, em Santarém, deixou de ser albergue de pombos e um espaço à beira da ruína para se transformar num original e funcional espaço museológico dedicado ao Tempo. O ministro da Cultura presidiu à inauguração no dia 28 de Julho.

Estado castiga famílias numerosas.

Edição 7 de Setembro de 2000. O Estado é responsável pela baixa natalidade porque castiga as famílias numerosas. A afirmação é da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas que luta por regalias como impostos mais justos ou um cartão especial que garanta descontos em material escolar, transportes ou cuidados de saúde. O MIRANTE foi à Portela das Padeiras, em Santarém, em Setembro de 2000, conhecer uma família numerosa e saber as dificuldades do dia a dia.


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O caso da família de Foros de Salvaterra que mobilizou a sociedade civil. Na madrugada de 20 Junho

de 2008, elementos da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Salvaterra de Magos, escoltados pela GNR, entraram pela casa de Marília Batista, em Foros de Salvaterra, e retiraram-lhe os três filhos menores por, alegadamente, a casa onde viviam ter falta de condições de higiene e habitabilidade. A intervenção despropositada nunca chegou a ser explicada pelos responsáveis dessa entidade. A sociedade civil emocionou-se com essa história, indignou-se com a decisão da CPCJ e mobilizou-se para construir uma nova habitação de raiz para que as crianças pudessem voltar ao lar. O que veio a acontecer em Março de 2010, depois de terem estado institucionalizadas durante um ano e oito meses. O caso chegou a ter contornos maquiavélicos quando em certa altura a assistente social deu um parecer negativo para que a família ocupasse a casa nova, por esta ter demasiado pó. O receio de que lhe retirassem novamente os filhos levou Marília Batista a emigrar com eles para Inglaterra, onde reconstruiu a sua vida e se sente feliz.

Tomar acordou com um hospital novo. Edição de 18.12.2002 A cidade

de Tomar ainda dormia quando, às 7h30 de dia 12 de Dezembro de 2002, o primeiro doente internado no velho hospital saiu em maca para inaugurar uma cama na nova unidade, situada do outro lado da cidade. Duas horas e meia depois saía em maca a última doente, a pequena Suzy Micaela Silva, que estava internada para curar uma pneumonia. Com a transferência dos últimos 26 doentes e do serviço de urgência, o Hospital Nossa Senhora da Graça foi inaugurado simbolicamente nessa data. Um dia histórico que passou ao lado da maioria dos habitantes da cidade. Fechou-se assim um ciclo de investimento em novos hospitais públicos no Médio Tejo, depois da construção das unidades de Abrantes e de Torres Novas.

A morte da “Santa da Ladeira”. Edição de 13.08.2003 Uma paragem cardiorespiratória pôs termo à vida de Maria da Conceição Mendes Horta, a “Mãe Maria” ou a “Santa da Ladeira”, como ficou conhecida. Morreu no dia 10 de Agosto de 2003, no Hospital de Torres Novas. Tinha fama de vidente e milagreira e foi, provavelmente, um dos maiores fenómenos da religiosidade popular das últimas décadas. No funeral de “Mãe Maria”, centenas de fiéis prestaram a última homenagem a essa mulher de 72 anos, natural de Riachos, Torres Novas, que ao longo dos anos “curou” os doentes, “entrou em contacto” com divindades, criou uma fundação e exerceu uma considerável acção social, auxiliando idosos e crianças desprotegidos. O corpo foi transportado para o Santuário de Nossa Senhora das Graças, na Ladeira do Pinheiro, Meia Via, onde a “Mãe Maria” teve uma longa cerimónia fúnebre que se prolongou por dois dias. Colónia balnear da Nazaré. Edição

21 Agosto 1996 - O MIRANTE visitou a colónia balnear da Nazaré, propriedade dos municípios do distrito de Santarém, em Agosto de 1996. Para muitas crianças carenciadas do distrito de Santarém é a única oportunidade de passarem alguns dias longe das privações que o quotidiano lhes proporciona. Anualmente, entre Julho e Setembro, passaram por ali cerca de 400 crianças de idades compreendidas entre os 8 e os 13 anos.


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O primeiro dia da nova basílica de Fátima. Edição de

17.10.2007. Custou 70 milhões de euros, o dobro do previsto, e tornou-se desde o dia 12 de Outubro de 2007 um atractivo adicional da Cova d’ Iria, onde anualmente rumam milhões de peregrinos. No dia da inauguração da imponente Basílica da Santíssima Trindade viveu-se em Fátima a agitação dos grandes dias e o Estado português marcou presença através dos seus mais altos dignitários, nomeadamente o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Homicídio chocante de adolescente de 14 anos em Salvaterra de Magos. Edição 22-04-2016 Pelas circunstâncias e os pormenores envolvidos é o

crime mais chocante das últimas décadas na região. Um jovem de 17 anos matou um adolescente de 14 anos, de quem era amigo recente, em Salvaterra de Magos, no dia 11 de Maio de 2015. Quase um ano depois, Daniel Neves foi condenado a 17 anos e meio de prisão pelo homicídio e ocultação de cadáver de Filipe Diogo. O tribunal de Santarém considerou que o crime foi de uma “violência atroz”. O jovem confessou em tribunal ter desferido os golpes fatais, com um tubo metálico, que levaram à morte de Filipe. Por se tratar de um crime hediondo o colectivo de juízes não aplicou o regime de protecção especial para jovens, que daria uma atenuação da pena. Ficou provado que Daniel depois de ter matado Filipe num apartamento abandonado, escondeu o cadáver no sótão do prédio e nos dias seguintes usou as sapatilhas e o vestuário da vítima.

O surto de legionella em Vila Franca de Xira. Edição de 12.11.2014 A primeira vítima mortal do surto de legionella que atingiu o concelho de Vila Franca de Xira, em Novembro de 2014, era bombeiro em Vialonga. Fernando Azeitona era uma pessoa estimada na freguesia e já tinha ido à Unidade de Saúde Familiar de Vialonga pedir ajuda antes de ser internado no hospital. A bactéria causou 12 mortes e infectou 375 pessoas. As vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos. Em Março deste ano foi proferida uma acusação do Ministério Público que indiciou sete pessoas e duas empresas (a Adubos de Portugal e uma firma responsável pelo tratamento de água) pelos crimes de infracção de regras de conservação e ofensas à integridade física. As vítimas constituíram-se em associação e continuam a exigir justiça.

Ribatejo foi a Lisboa dizer não à fusão de freguesias mas de nada valeu. Edição de

04.04.2012. Mais de três mil pessoas em representação de freguesias da região integraram manifestação nacional contra a proposta de reforma administrativa territorial autárquica que levaria à fusão de centenas de freguesias por todo o país. Foi com alegria, palavras de ordem, mas sobretudo com diversas mensagens em tarjas e papéis que se fez a participação do distrito de Santarém na manifestação nacional da tarde de 31 de Março de 2012, em Lisboa, contra a proposta de agregação ou extinção de freguesias prevista na reforma administrativa territorial autárquica proposta pelo Governo. Algumas representações apostaram na etnografia. No entanto, os esforços e protestos de nada valeram.


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O Dia de Portugal em Santarém.

10 de Junho de 2009. Santarém foi o centro das atenções do país com o acolhimento das comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que levou até à capital de distrito as mais altas figuras do Estado. O programa, vasto e diversificado, prolongou-se por três dias, tendo contemplado uma homenagem a Salgueiro Maia por parte do então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a deposição de uma coroa de flores no monumento ao ‘capitão de Abril’. A cidade saiu à rua por esses dias e viveu momentos de júbilo e auto-estima até agora irrepetíveis. Do balanço, ficou também uma pesada factura para o município pagar.

Uma nova travessia entre Santarém e Almeirim. Foi no dia 11 de Junho de 2000 que os concelhos de Almeirim e de Santarém passaram a estar ligados por uma nova travessia rodoviária sobre o Tejo, a majestosa Ponte Salgueiro Maia, integrada num troço do Itinerário Complementar (IC) 10 que deveria ligar a Coruche e Montemor-o-Novo mas que se ficou por Almeirim. Vivia-se um tempo de grandes obras públicas, ainda na ressaca da Expo98, e a festiva e muito concorrida inauguração, a que não faltaram ranchos folclóricos dos dois concelhos, contou com a presença do primeiro-ministro António Guterres, do ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, para além de deputados e dos autarcas que lideravam os dois municípios: José Sousa Gomes (Almeirim) e José Miguel Noras (Santarém). A ponte Salgueiro Maia passou a ser uma alternativa à velhinha ponte D. Luís, que registava um tráfego intenso, e uma opção a quem ruma ao sul a partir da Auto-Estrada nº 1 (Lisboa – Porto), sem ser necessário passar pelos centros das cidades.

O princípio do fim da metalúrgica Costa Nery de Torres Novas.

Edição 1 Março 1994 - Por cento e noventa e dois votos a favor, quatro votos contra e dois em branco, os trabalhadores da Metalúrgica Costa Nery ,de Torres Novas, deram luz verde à administração para requerer a declaração de situação económica difícil. Na reunião esteve presente o coordenador da CGTP, Carvalho da Silva. Quase todas as antigas indústrias da região, acabaram por fechar ou reconverter-se.

Folclore, música e animação na festa da nova Ponte da Lezíria. Edição de 11.07.2007.

Foi em ambiente de festa que a Ponte da Lezíria passou a proporcionar, a partir de 8 de Julho de 2007, uma ligação rápida sobre o Tejo entre os concelhos de Benavente e Alenquer que faz parte da A10. A curiosidade para conhecer a nova ligação e a animação levaram centenas de pessoas ao tabuleiro da ponte. Depois da cerimónia formal, as gravatas e os fatos deram lugar às t-shirts do povo, que assistiu à actuação dos ranchos folclóricos e de várias associações e colectividades dos concelhos de Vila Franca de Xira, Alenquer e Benavente. Os concertos da banda The Gift e do músico José Cid foram os pontos altos da tarde ventosa. No entanto, a festa não agradou a todos e, pouco tempo depois de terem chegado, começaram a sair os primeiros autocarros, levando dezenas de pessoas pouco satisfeitas com a festa.


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O novo Hospital Vila Franca de Xira. 30 Maio 2013. O novo Hospital

Vila Franca de Xira, gerido pelo Grupo José de Mello Saúde, foi inaugurado a 22 de Maio de 2013 e representou um acréscimo de qualidade e aumento das respostas na área dos cuidados de saúde nesse concelho e municípios limítrofes. O novo equipamento custou 108 milhões de euros e é três vezes maior do que o antigo Hospital de Reynaldo dos Santos, entretanto desactivado. Tem capacidade anual para 16 mil internamentos, oito mil cirurgias, 192 mil consultas externas, 104 mil urgências, 280 camas de internamento, nove salas do bloco operatório e 33 gabinetes de consulta externa.Está equipado com cinco salas de parto e uma de cesariana, além de passar a ter três novas especialidades: hemodiálise, infecciologia e psiquiatria.

A mais nova cidade do distrito de Santarém. Edição de 18-06-2009 Pontes de Pernes, Ulme e Constância fechadas ao trânsito. Edição de

29 de Março de 2001. Depois de casa roubada, trancas na porta, diz o povo. Duas semanas e meia depois do desabamento do tabuleiro da ponte de Castelo de Paiva e da morte de 59 pessoas, foram mandadas encerrar três pontes no Distrito de Santarém. Uma decisão rápida que em alguns dos casos só pecou por tardia. No entanto, à rapidez no encerramento não vai corresponder uma mesma rapidez na criação de condições para a sua reabertura.

Em Julho de 2009, a Assembleia da República aprovava por unanimidade a passagem de Samora Correia, no concelho de Benavente, à categoria de cidade. A decisão foi recebida com uma grande festa popular. Na altura um movimento popular reclamava também que a localidade passasse a concelho, o que se desvaneceu com o passar dos anos. A freguesia chegou a ser sede de concelho desde o século XIV até à reforma administrativa de Passos Manuel (1836). Com 322,4 quilómetros quadrados, Samora é uma das maiores freguesias do país em termos populacionais, com cerca de 16 mil habitantes. Antes de Samora Correia, a última localidade a ser elevada à categoria de cidade foi Fátima, no concelho de Ourém, em 1997.

Encerramento da SPALIL da chamusca.

Edição 18 Abril 2002 - A SPALIL - Sociedade de Produtos Alimentares Luso Italiana, Ldª, fechou em Abril de 2002 após muitos meses de dificuldades financeiras, deixando cerca de meia centena de trabalhadores no desemprego e muita nostalgia na vila. A fábrica de transformação de tomate tinha sido inaugurada em 1938 e foi a primeira do género em todo o país.


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