1340-01-03-2018 Retrospectiva

Page 1

Edição Especial Retrospectiva 2017 2017 = Fogos, eleições autárquicas e poluição no Tejo

Teresa Ferreira - Personalidade do Ano Política F

Adega Cooperativa do Cartaxo - Personalidade do Ano Associativismo

Carlos Alexandre - Personalidade do Ano

Oposição trava novo hospital privado em Santarém

Câmara de Benavente Insignare com Centro lança-se na valorização Qualifica aprovado do arroz carolino

Inês Henriques vence 50km marcha nos mundiais de atletismo

Festa dos Tabuleiros de conservação do reconhecida como melhor evento público nacional Politécnico de Tomar

Campo Pequeno - Personalidade do Ano Tauromaquia

Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1340 de O MIRANTE e não pode ser vendido separadamente

O ano de 2017 vai ficar gravado na história do país e da região pela tragédia dos incêndios. Outro flagelo recorrente é o da poluição no Tejo agravada em 2017. O ano passado foi também ano de eleições autárquicas. Este suplemento inclui entrevistas às Personalidades do Ano eleitas pelos jornalistas de O MIRANTE.

Elogios ao curso

Alhandra Sporting Club - Personalidade do Ano Desporto

Vítimas da Legionella à espera de justiça Distrito de Santarém perdeu mais de doze mil eleitores desde as últimas autárquicas

União Desportiva e Recreativa da Zona Alta Personalidade do Ano Desporto

Ambientalista processado por denunciar poluição no Tejo

Nersant Business é um dos maiores encontros internacionais de negócios em Portugal

Morre após fazer exame médico

Projecto para potenciar Eco Parque do Relvão

Ceia da Silva diz que falta alojamento na região

Vasco Estrela - Personalidade do Ano Política M

Diamantino Duarte - Personalidade do Ano Vida

Júlio Isidro - Personalidade do Ano Nacional

Recuperado material de guerra de Tancos Rodoviária do Tejo baixa preços dos passes

Orquestra Típica Scalabitana - Personalidade do Ano Cultura F

A navegação à vista da Comissão Nacional de Eleições

Joaquim Guardado - Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II - Personalidade do Ano na Cidadania

Banda Republicana Marcial Nabantina Personalidade do Ano Cultura M


PUBLICIDADE

2

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

3


PUBLICIDADE

4

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

5


Fogos, eleições autárquicas e poluição do Tejo O ano de 2017 vai ficar gravado na história do país pela tragédia dos incêndios florestais que dizimaram floresta e vidas humanas como nunca antes tinha acontecido. A região não escapou ao flagelo, particularmente o norte do distrito de Santarém. O concelho de Mação, considerado modelar no ordenamento florestal, foi novamente fustigado e a paisagem cobriu-se de negro, tal como ocorreu em vastas áreas dos municípios de Abrantes, Ferreira do Zêzere e Sardoal, onde arderam milhares de hectares. Outro flagelo recorrente é o da poluição no Tejo, situação que em 2017 foi agravada pelos baixos caudais próprios de um ano de seca severa. O fenómeno ganhou maior visibilidade graças ao trabalho de alguns activistas que aproveitaram as redes sociais para mostrar ao mundo o estado do rio. Nesse capítulo destacou-se Arlindo Consolado Marques, a quem O MIRANTE designou como “O incansável guardião do Tejo” no título da reportagem publicada em 2 de Março de 2017. A falta de fiscalização e a inércia do Estado foram muito criticadas e o assunto ganhou ainda mais projecção mediática no início de 2018 quando um manto de espuma branca cobriu o rio na zona de Abrantes, levando finalmente o Ministério do Ambiente a tomar medidas concretas. 2017 foi também ano de eleições autár-

6

O MIRANTE

Outro flagelo recorrente é o da poluição no Tejo, situação que em 2017 foi agravada pelos baixos caudais próprios de um ano de seca severa. quicas, embora sem grandes obras para mostrar pelos candidatos no poder, porque os fundos comunitários do Portugal 2020 tardam a chegar. Dados a reter foram os das mudanças em Constância, onde o socialista Sérgio Oliveira destronou a comunista Júlia Amorim, e em Ourém, onde a coligação PSD/CDS, liderada por Luís Albuquerque, chegou ao poder, apeando os socialistas que tiveram como cabeça-de-lista Cília Seixo. A candidata foi uma solução de recurso após o tribunal impedir a recandidatura do presidente em funções, Paulo Fonseca, por estar insolvente. De resto, não houve mudanças de presidentes nem de cores políticas na liderança dos 23 municípios da área de abrangência de O MIRANTE (Os 21 do distrito de Santarém e Azambuja e Vila Franca de Xira no norte do distrito de Lisboa), que são agora todos governados por maiorias absolutas. O PS, o partido com mais autarquias na região, continuou a liderar as comunidades intermunicipais do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo.

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

7


Personalidade do Ano Juiz Carlos Alexandre

Carlos Alexandre falou com os jornalistas de O MIRANTE da varanda da sua casa de Mação de onde se vê uma paisagem desoladora devido aos fogos

“A minha palavra é a primeira palavra mas não é a última” Chama-se Carlos Manuel Lopes Alexandre, é natural de Mação e faz 57 anos no dia 24 de Março. É juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal e tem a seu cargo casos muito mediáticos. Sobre ele já se escreveu tanto que a certos momentos da entrevista, após responder, sublinha que o que disse está na internet. “Basta ir ao google”. A conversa com O MIRANTE durou duas horas. Os assuntos eram do seu agrado. Mação, incêndios em Mação, a poluição do Tejo no concelho de Mação...ainda a primeira pergunta não tinha sido feita e já ele estava a falar. Alberto Bastos Fez o ensino básico em Mação e o secundário em Abrantes. Como foi o exame para entrar para a Universidade? Fiz o chamado Propedêutico no ano lectivo 78/79. As aulas eram transmitidas pela televisão à noite. Durante esse ano trabalhei como servente de pedreiro. Para um vizinho GNR que andava a fazer uma vivenda aqui perto e nas obras de restauro de uma capela. Já tinha experiência de ajudar o meu pai a construir a casa dele. Fiz o exame nacional para entrar para a Universidade, em Santarém. Tive 14,4 valores. Entrei para Direito. O seu pai tinha dinheiro para o ter em Lisboa? O meu irmão é treze anos mais velho que eu e a minha irmã dez. Se algum deles ainda estivesse a estudar era difícil. O meu pai, que era carteiro, tinha ficado a ganhar mais depois do 25 de Abril mas infelizmente teve uns problemas de saúde e os rendimentos diminuíram. Concorreu a alguma bolsa de estudo? Eu era considerado rico porque éramos só três pessoas lá em casa e o rendimento “per capita” não dava para ter bolsa de estudo, nem isenção de propinas, nem alojamento. Durante esse tempo ver colegas com direito a ajudas mas com carro à porta da facul8

O MIRANTE

dade, quarto na residência de estudantes e a vestirem roupas caras deu-me alguma capacidade para entender certas coisas. Aqui da varanda de sua casa podemos ver que os fogos deste Verão andaram muito perto. Em 2003 chegaram até a estar mais perto. Nessa altura eu quando vinha cá ficava ali na casa que era dos meus pais onde agora vive a minha irmã. Não estive cá mas vi pela televisão e contaram-me. Nos incêndios do ano passado esteve cá? No primeiro incêndio estava a trabalhar. Estive no incêndio de Agosto. Não sei se podemos agradecer ao senhor CONAC (Comandante Operacional Nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil) o facto de não ter ardido o concelho todo. Salvou-se 25 por cento do concelho e nesses dez mil hectares que não arderam estão incluídas as ruas, estradas, casas...temos que lhe agradecer porque na verdade podia ter ardido o concelho todo. Noto alguma ironia nas suas palavras. O que viu e como se sentiu? Já manifestei a minha disponibilidade a quem de direito para ir depor sobre este assunto. Da segunda vez pude assistir aqui mesmo a este espectáculo dantesco. Assisti aqui com alguma estupefacção à chegada

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

de meios, meios, meios... contei quarenta auto-tanques. Estavam ali encostados à parede neste largo aqui perto. E partidas para o terreno nada. São conhecidos muitos pormenores de falhas na coordenação de meios. O fogo era muito à volta da vila toda. Esteve a dez metros das bombas de combustível. Fui dar uma volta à vila com a minha mulher e o meu filho mais novo para ver. A situação era preocupante. Não é gratificante ver um helicóptero a aterrar, mandar evacuar uma piscina aqui perto, a uns 150 metros. Tirar água da piscina com aquele balde, em desespero de causa, e ir largá-la um pouco mais em baixo às bombas de gasolina. Isto é o pânico. E depois os helicópteros não iam logo. Andavam aqui à volta. Houve alguma discussão por causa da ajuda de uma unidade militar espanhola... Também vi o destacamento militar de emergência espanhol e lembro-me de toda a gente em Lisboa e noutros locais a perorar sobre a bandeira hasteada nesse destacamento. Mas a Unidade Militar Espanhola ajudou a salvar muitas aldeias em coordenação com as autoridades portuguesas. Se

Um cidadão de Mação O juiz Carlos Alexandre, natural de Mação, é conhecido por ter a seu cargo alguns dos maiores e mais complexos processos de criminalidade económico-financeira, tráfico de droga, terrorismo, entre outros. A sua escolha para Personalidade do Ano é uma forma de salientar a total seriedade e dedicação à justiça e por sempre ter dado provas de não procurar qualquer tipo de reconhecimento ou mediatismo, nem de fugir às suas responsabilidades.

me chamarem como testemunha digo isto e mais coisas a que assisti. Está arrependido de ter feito aqui uma casa nova? Comecei esta casa há quatro anos. Dei a minha parte da outra casa aqui ao lado, que era dos meus pais e que ajudei a construir, desde os caboucos até ao telhado, de garantia. Estou a habitá-la desde Agosto. A minha ideia e da minha esposa é virmos para aqui definitivamente. O meu filho mais velho formou-se em Engenharia Química em 2015 e já trabalha. O mais novo tem 19 anos e anda no 2º ano de Direito. Esta é a minha terra e esta foi a nossa opção. Com todos os problemas que o interior tem acredita que fizeram uma boa opção? Esta terra é conhecida pelos três ás. Ar, água e azeite... Percebo a ideia mas há mais que isso a ter em consideração. Não tenho a pretensão de acreditar que todos os problemas do interior vão ser resolvidos mas pelo menos que sejam atenuadas algumas assimetrias. A minha irmã e o meu cunhado, que viveram noutros locais, também vieram para Mação. Não estão à procura de centros comerciais nem de cinemas, etc... mas tal como nós têm a expectativa que as coisas funcionem. É necessário serem optimistas... Nem todos poderão vir para Mação na expectativa de irem para o Lar de Idosos porque ele não comporta todos. Temos o hospital de Abrantes que está mais perto. A antiga estrada daqui a Abrantes tem 96 curvas. Ainda lá está. Arranjaram uma alternativa mas não facilitaram. Temos que pagar portagem se queremos evitar aquelas curvas todas. Investiu na sua terra à qual está e estará ligado. Ao fazer aqui a casa tive que pedir um empréstimo, primeiro de cem mil euros e depois outros cem mil euros para acabar. É um empréstimo que ando a pagar. Hei-de morrer antes de conseguir pagar o empréstimo porque o prazo vai até aos 80 anos mas não sei se durarei até lá. Tenho a expectativa que isto melhore. Aqui recuperou a casa dos seus pais.

Oriundo de uma família humilde (o pai era carteiro e a mãe tecelã numa fábrica), regressa à sua terra natal sempre que pode e continua a conviver com os seus amigos que, apesar das funções que ele exerce, o olham mais como um membro da comunidade que se interessa pelo que se lá passa do que como o famoso juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal a quem são entregues casos de enorme importância. Fez uma casa na terra, ao lado da casa dos pais, onde conta passar a sua reforma. Este ano, na madrugada de Domingo de Páscoa, voltará a cantar o Terço da Farinheira, pelas ruas da vila, na companhia dos seus conterrâneos.


Fez o mesmo no Alandroal de onde é a sua esposa. Isso é verdade e essa minha faceta é conhecida. Digo, na brincadeira, que se tenho casado com a filha de um construtor hoje era provavelmente empreiteiro. Noutra reencarnação devo ter sido pedreiro. Para além dos incêndios tem aqui à porta um rio, o Tejo, extremamente poluído. Do Ar e da Água fica o azeite se não arderem também as oliveiras. Quando numas férias da faculdade, em 82/83, trabalhei como carteiro, para fazer as férias de alguns carteiros, ia a Ortiga e já havia fenómenos no rio. Poluição, pragas de jacintos de água. Uma empresa de celulose meteu uma acção contra um ambientalista, Arlindo Consolado Marques, por difamação, por ele ter ligada a empresa à poluição. O senhor vai ser testemunha abonatória dele. Foi ele que lhe pediu? Não, não. Eu ofereci-me. Não é por protagonismo, ao contrário do que possa parecer. Em Outubro farei 33 anos de tribunais. Sei o que é um processo de difamação e como é que as coisas são e depois o que podem ser. Ligar uma empresa à poluição... Uma pessoa pode ter uma forma de expressão ao falar dessas coisas mas quem está do outro lado tem que ter a inteligência superior para perceber se aquilo é dito com intuito difamatório e ofensivo ou como um grito de alma. É nisto que reside o elemento subjectivo do crime de difamação. Ter o “animus” de difamar aquela pessoa ou aquela empresa em

concreto. O homem vê a poluição, percorre o rio, vê e volta a ver. Interroga-se. Estarão eles a cumprir? Será daqui? Faz vídeos, fotografias, participa o caso às autoridades e as autoridades vão lá e levantam autos. Se se ofereceu para ser testemunha abonatória é porque está convencido que não houve intenção de difamar a Celtejo. O senhor Arlindo é um cavaleiro andante do rio. Quando a gente vê que as pessoas estão a desempenhar um papel de cidadania activa tem que pensar. O mais fácil para ele, que é guarda prisional em Torres Novas e amanhã pode estar noutro lado qualquer, era não fazer nada. Mas ele tem raízes aqui. Quando eu me interesso por assuntos que dizem respeito à minha comunidade, como os incêndios, a poluição do Tejo ou outros, estou a ter um papel de cidadania activa. Fala de si, da sua família, do concelho de Mação com entusiasmo e muitos pormenores e datas. Está a preparar alguma autobiografia? Não. Nunca pensei nisso mas vou com muita facilidade ao detalhe. Tomo notas diárias de muitas coisas que faço no dia-a-dia, tanto a nível profissional como pessoal. De contactos que tive, etc...não vou ao pormenor mas registo. No cargo que ocupa tem muito poder. Lida com casos complexos de criminalidade económico-financeira, tráfico de droga, terrorismo... Os dossiers foram lá parar pela sua natureza. Suscitavam a intervenção de determinados profissionais e de determinado tribu-

nal. Não é uma escolha minha. E o meu poder é limitado. A minha palavra é a primeira palavra mas não é a última palavra. Não há nenhuma decisão, a não ser sobre coisas como a marcação de uma diligência, por exemplo, que não seja escrutinada pelos tribunais superiores, se houver recurso. A minha decisão é confirmada ou não. Tudo está registado? Eu mantenho uma base de dados no próprio tribunal com todas as decisões dos tribunais superiores, Relação, Constitucional... com todas as decisões que foram proferidas sobre as minhas decisões. E tem estado à disposição dos senhores inspectores. Para além de muitas serem públicas e estarem colocadas nos sites daquelas entidades. O balanço é positivo? Atrevo-me a dizer que sim. Tenho menos de dez por cento de reprovações e são centenas de decisões. Nos interrogatórios, como consegue perceber quando as pessoas que interroga falam verdade? Como sabe quando deve parar ou insistir? Quando tem que fazer mais perguntas? Como aprendeu isso? O caminho faz-se caminhando. Há a experiência dos que nos antecederam, a experiência que nos foi transmitida durante o estágio. Depois vamos aprendendo. Uma coisa é certa, não há ninguém que possa entrar na cabeça de outra pessoa. Esta relação que existe durante xis horas entre determinadas pessoas não depende só da expressão verbal de cada um ou até da sua própria mímica, das expressões faciais, dos gestos...tenho-me

01 MARÇO 2018

esforçado pela documentação dos actos ao nível de gravação e de vídeo-gravação porque isso permite surpreender as reacções das pessoas a qualquer pergunta. Mas como disse o caminho faz-se caminhando. Continua viciado no trabalho? Gosto muito do meu trabalho. Envolvi-me a duzentos por cento no meu trabalho. Não sei se terei feito a melhor opção mas agora já não vou a tempo de mudar. É verdade que tem mau feitio? Tenho (sorriso). Já cortou relações com algum dos seus amigos de infância? Não. Sou muito amigo dos meus amigos mas eles também são muito amigos. Alguém escreveu que anda sempre com um terço no bolso. É verdade? É verdade. (Leva a mão a um bolso das calças, sorri e diz que deve estar no casaco) Foi o senhor que escolheu o nome da rua, João Paulo II? Não. Tenho muita admiração por esse Papa mas não tive nada a ver com a atribuição do nome. Também tenho admiração por este Papa, ainda vivo. Esta zona chamava-se Portela do Vale. É chamado a tomar decisões em casa. Como são acolhidas? Normalmente sou chamado mais para ajudar nas tarefas de casa, dentro daquilo que sei fazer. É condenado, digamos assim. E recorre? Não, não. Tomara eu que não aumentem a pena.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

9


Personalidade do Ano

Nacional

Júlio Isidro

Profissional da Comunicação Social

foto DR

“Nunca andei na rua à espera de beijinhos e abraços mas felizmente tenho muitos” Júlio Isidro fez cinquenta e oito anos de carreira na área da Comunicação Social a 16 de Janeiro deste ano. Começou pela televisão e só depois trabalhou na rádio. Fez centenas e centenas de entrevistas a artistas, tanto nacionais como estrangeiros. Sempre foi um reconhecido divulgador de talentos. É considerado um elegante sedutor com um refinado sentido de humor e vasta cultura que utiliza quando é de utilizar mas nunca exibe. É extremamente bem educado mas não é neutro e muito menos acrítico. Foi professor de cursos de Comunicação, escreveu livros para crianças e desde criança que é apaixonado por aeromodelismo. Alberto Bastos Como se manifesta o “Lado Lunar” do sempre simpático e sorridente Júlio Isidro? Em casa, em manifestações de grande indignação relativamente a vigarices, intrujices, impunidades e/ou maldades. Publicamente, basta ler ou ouvir as minhas metáforas, pintadas de humor para se perceber que estou zangado com uma boa parte do mundo. Nunca brigou com ninguém? Nem sequer em criança? Como dizia o pensador, não há nenhum homem que aos trinta anos já não tenha di-

O comunicador de quem os portugueses não prescindem Júlio José de Pinho Isidro do Carmo nasceu em casa, a mil metros da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, num dia 5 de Janeiro, estava a II Grande Guerra quase no fim. Chegou sem percalços assistido por uma parteira amiga da família, 10

O MIRANTE

to de outro: - Eu mato-o!! Em miúdo era pacífico, educado, amestrado e condicionado nos meus ímpetos bélicos. No prefácio do primeiro volume, chamemos-lhe assim, da sua autobiografia “O Programa Segue Dentro de Momentos”, o Baptista-Bastos escreve que o Júlio Isidro “(...) não quer ser cúmplice de participar no embuste da omissão.”. No entanto, no livro, nota-se que passa à frente quando aborda episódios de traições, limitando-se, quando muito a um sarcástico “Também tu, Brutus?!”, por exemplo, nunca identificando os Brutos e os brutos que lhe calharam na rifa da vida. Se fossem estrangeiros era mais fá-

por volta da hora do almoço. A primeira vez que falou em público foi para ler um texto de seu pai, numa homenagem ao seu padrinho de baptismo, António Lé, durante uma homenagem póstuma que lhe foi feita pela direcção do clube do bairro, o Valbom Atlético Clube. Nos três dias seguintes ficou de cama com febre altíssima, provocada por uma reacção psicossomática. Frequentava o Liceu Camões quando a RTP decidiu criar um programa Juvenil e andou pelos liceus à procura de apresentadores. O ensaiador do coro e o instrutor

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

cil nomeá-los? Quando o meu querido Baptista-Bastos fala do embuste da omissão está a referir-se a todos aqueles que mesmo depois do Dia da Liberdade não tinham a liberdade de mostrar o que valiam nas suas artes. Em programas meus, nunca omiti ninguém. Quanto aos malandros que conheci na vida, tive um ataque de amnésia no meu livro, para não lhes dar o gozo de serem citados. Consegue brincar com o facto de ser hipocondríaco ou o assunto é demasiado sério para isso? Depois do primeiro magistrado da Nação ter falado da sua hipocondria, constatei que sou apenas um modesto amador.

de aeromodelismo inscreveram-no para ir prestar provas. Apesar de ter sido o melhor não foi escolhido, segundo lhe explicaram, por ser feio. No entanto acabaria por ser incluído no programa como autor e apresentador de uma rubrica de modelismo chamada “Mãos à Obra”. A estreia foi no dia 16 de Janeiro de 1960 e ainda está no activo com muito para criar e apresentar, quer em televisão quer em rádio. Ajudou a revitalizar o canal RTP Memória onde é autor do programa Inesquecível e participa no programa Tráz Prá a Frente. Na Renascença faz parte da equi-

Já viveu alguma situação preocupante por causa dessa característica? Lembro os versos do António Lobo Antunes, cantados pelo Vitorino : - Todos os homens são maricas quando estão com gripe. No primeiro concurso para participar num programa da RTP foi o melhor em tudo mas rejeitaram-no com o argumento de ser feio. Nessa altura até chorou. Quando é que conseguiu ultrapassar por completo esse trauma que lhe criaram? Quanto tempo passou até alguém lhe dizer que era bonito? Não chorei por ser feio. Chorei por sentir que ia ficar pelo caminho só por causa de um nariz. Nunca consultei psicólogos por causa da fealdade. Também nunca ninguém me disse que sou bonito. Fico-me pelo contentamento de me acharem sedutor na palavra e elegante nos gestos. Tem conta, pelo menos no Facebook. Foi “a pedido de várias famílias”, como se costumava dizer, ou por vontade própria? Foram as minhas filhas que me abriram a página, porque há uma que é falsa com fotos e tudo, e não há maneira do facebook a apagar apesar dos meus pedidos. Tem sido útil para eu falar da minha actividade profissional (não para angariar contratos), escrever sobre espectáculos a que assisto e deixar passar alguns momentos da família que me faz feliz. O que pensa das redes sociais em geral? São úteis, até para os boateiros, moralistas, justiceiros e carrascos do teclado. Mas, há tanta gente a mostrar o melhor de si que me faz crer que vale a pena ser feicebuqueiro. Penso que ainda tem uma casa na zona do Cartaxo. Como foi parar ao Cartaxo? Deduzo que não tenha sido por se tratar da Capital do Vinho? Fui à procura de ar, espaço, tranquilidade e de uma reforma que ainda não se concretizou. De tudo, menos cura de águas. O que faz quando está aqui pelo campo, digamos assim? Aproveita e vai dar um passeio até Lisboa, por exemplo? Gostava de ter tempo para agriculturar,

pa do programa Hotel Califórnia. Júlio Isidro é casado, desde 24 de Abril de 1998, com Sandra Isidro e tem duas filhas desse casamento: Francisca Isidro do Carmo e Mariana Isidro do Carmo. Tem uma filha do seu primeiro casamento, Inês do Carmo. Em 2016 editou uma autobiografia com o título “O Programa Segue Dentro de Momentos”, que foi a principal fonte consultada para a elaboração deste breve perfil. Entre muitas distinções, Júlio Isidro recebeu a Comenda da Ordem do Infante, em 2006, atribuída pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.


jardinar e passear campos fora. Quanto a Lisboa, vou todos os dias à RTP, não assinar o ponto, mas trabalhar nos conteúdos dos meus programas. Ainda vai ao teatro, ao cinema? A concertos? Ainda? Não se pode estar na minha vida e profissão sem ler, ver, ouvir e aprender. Basta ler o meu Facebook para saber o que faço depois de um dia de trabalho. Por falar nisso...se fosse obrigado a viver sempre no campo ganhava uma neura de que tamanho? Depreendo que se preocupa com o meu equilíbrio psíquico. Só me faz neura, a incompetência, a ignorância vaidosa, o oportunismo, a sabujice e o vedetismo de trazer por casa. Mas tenho a minha família para me ouvir desabafar. Presumo que quando anda na rua ou às compras as pessoas metam conversa. Gosta disso? Já gostou mais? Nunca andei na rua à espera de beijinhos e abraços mas felizmente tenho muitos. Posso dizer que nunca fui alvo de um tratamento indelicado. Se gosto? Muito, porque não se pode andar nesta vida só pelo cheque. O choque saboroso com os aplausos é o melhor que há. Nunca me incomodei com as pessoas que se me dirigem. Ainda pensa no Ribatejo como um local de campinos, cavalos, toiros, bailadores de fandango e coisas assim? Isso é uma pergunta que resulta de uma velha anedota. O Ribatejo é uma zona muito bela do país, com uma cultura própria mas não está cercado de muros. É tradicional mas também moderno, é passado mas também futuro. Passa mais tempo a pensar no passa-

do ou no futuro? Passo mais tempo a pensar, ponto. Como é que vou arranjar tempo para escrever e editar o meu “Inesquecível”, como é que tenho tempo para escrever três livros que agora me encomendaram, como vou ter tempo para escolher a selecção musical do programa de rádio “Hotel Califórnia” da RR, quando é que vou até à minha oficina carpinteirar, quantos espectáculos poderei aceitar e até… como terei tempo para responder a esta entrevista. Ao longo do livro “O Programa Segue Dentro de Momentos”, quando quer fazer uma comparação usa frequentemente exemplos da política. Ao referir-se à reparação de um dos seus primeiros modelos de avião com cola, pergunta porque não usaram a mesma técnica com as privatizações, por exemplo. Fala de um galo na cabeça a crescer... ao ritmo da dívida pública sessenta anos mais tarde. Na resposta em coro da turma fala num coro tão amestrado como o povo. Usa sempre alusões à política nestas situações? Como o meu livro foi escrito num registo, se não de humor, pelo menos bem humorado, nada melhor do que analogias políticas para fazer rir. A política é olhada por mim com respeito. Os políticos…. Conheceu o Mário Viegas, que era de Santarém, e conseguiu a proeza de o ter a dizer/recitar poesia em horário nobre. Era fácil conseguir aprovação para um programa como o Palavras Ditas? Pequeno enquadramento histórico. O Palavras Ditas começou por ser um programa de rádio que eu criei para o Mário Viegas falar comigo de poesia e dizer como só ele sabia. Durou dois anos e foi depois levado pa-

ra a televisão. Já trazia o certificado de garantia do seu sucesso e da enorme qualidade artística do Mário. Lê poesia? O que mais gosta de ler? Leio poesia com o prazer de sentir que um poema nunca está lido e pode revelar-se sempre de novo. Poupo a lista porque felizmente Portugal é um país de poetas. Com o país a envelhecer e a juventude a ver cada vez menos televisão porque é que a RTP Memória não é o canal com mais audiência? A RTP Memória não é um canal de velhos e é o projecto mais bem sucedido do universo RTP. Sobe todos o meses e terá sempre e cada vez mais espectadores. Porque ali está a história da televisão, o imaginário de muita gente e também porque os jovens de hoje um dia também quererão revisitar o seu tempo. Conheceu e entrevistou, ao longo de décadas, centenas e centenas de artistas. Como se sentiu quando um dia começaram estas denúncias de assédio sexual e a loucura que se lhes seguiu de linchar quem é acusado? Não faço ideia se as centenas e centenas de artistas que entrevistei tiveram ou têm alguma coisa a ver com as denúncias feitas. Considero esta questão muita séria e até já maculada por falta de análise e excesso de especulações. As relações humanas são para mim o primado da vida. Vender papel ou publicidade à conta de assuntos sérios é um mau sinal dos tempos. A sua estreia pública foi a ler um elogio fúnebre escrito pelo seu pai, no funeral do seu “tio” António Lé. Na altura esteve vários dias com febres de 40 graus. Se agora aceitar falar no funeral de uma

01 MARÇO 2018

pessoa amiga o que acha que lhe poderá acontecer? Outro assunto sério. Emociono-me profundamente com a perda de pessoas de quem gosto, admiro e que fazem parte da minha vida. Se um dia falar numa situação de perda, chorarei com certeza. Vai a funerais? Tenho ido a poucos, mas quase nunca falto aos velórios. Creio ser inevitável estar presente no meu. Como foi a experiência de estar no Festival da Canção do ano passado e deste? Fui apresentador do Festival em dois anos, 1991 e 2015. O ano passado fui presidente de júri e reconduziram-me de novo este ano. Gosto do Festival, das canções, dos artistas, dos meus colegas de júri e de termos o Euro Festival em Portugal em Maio. * Entrevista realizada por escrito

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

11


Personalidade do Ano

Política Feminino

Teresa Ferreira

Administradora Executiva da Águas de Santarém

“Temos que estudar até ao fim da vida e quem não pensa assim desengane-se” A administradora executiva da empresa municipal Águas de Santarém, Teresa Ferreira, considera-se uma política mas não sente apetência por cargos partidários nem entra em guerras por lugares em listas. Sente-se bem nas funções que está a desempenhar desde 2013 e onde tem mostrado obra. De perfil discreto mas assertiva quando é preciso, a gestora diz que se sente realizada a servir a comunidade. João Calhaz Desempenha um cargo de nomeação e confiança política há cinco anos. É bom para a auto-estima sentir o trabalho reconhecido? Claro que sim. Fico muito satisfeita com esse reconhecimento. É um trabalho de equipa de que eu sou apenas o rosto mais visível. O que faço é tentar, o melhor que posso e sei, motivar e gerir essa equipa. Haver ainda tantas localidades no país sem cobertura de saneamento básico é uma realidade que nos envergonha? Evoluiu-se muitíssimo nos últimos anos. Houve financiamentos comunitários preci-

Gestora e política de perfil discreto Teresa Ferreira, 43 anos, integra o conselho de administração da empresa municipal Águas de Santarém desde Novembro de 2012, tendo assumido o cargo de administradora executiva em Janeiro de 2013. O seu trabalho tem-se destacado pelos investimentos avultados realizados nos últimos anos na rede de saneamento básico, garantindo uma cobertura quase total do concelho. De perfil discreto mas assertivo, o seu 12

O MIRANTE

samente para ajudar todos os municípios a atingirem uma taxa de cobertura na ordem dos 90%. Nós candidatámo-nos e ainda com a anterior administração foram lançadas empreitadas de montantes muito elevados. A Águas de Santarém investiu até 2015/2016 cerca de 50 milhões de euros, embora com comparticipação da União Europeia. Mas implicou um esforço muito grande porque uma parte não foi financiada. Tem havido relutância de alguns cidadãos em ligarem-se à rede de saneamento básico? De início houve, até porque havia um custo expressivo associado. A actual administração conseguiu inverter isso e actual-

desempenho à frente da empresa tem sido considerado bastante positivo e está agora focado noutro grande objectivo: reduzir as perdas de água na rede pública de abastecimento, que actualmente rondam os 32%. Teresa Ferreira bebe habitualmente água da torneira e garante que a da Águas de Santarém é de muito boa qualidade. Militante do PSD desde a sua juventude, tem consciência que desempenha um cargo político e que, como tal, está sujeita ao escrutínio da oposição, que diz encarar com serenidade e distanciamento. Considera que as críticas são normais

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

mente não há custos para fazer a ligação do ramal à rede de saneamento. Mas há um caso ou outro em que é necessário fazer algumas obras, que são a cargo do cliente. Há algumas dificuldades pontuais. E também há os casos daquelas pessoas menos sensíveis às questões do ambiente, que não pagavam nada de saneamento e achavam que estava tudo bem, que gostariam de assim continuar. Obviamente que não pode ser. Em 2017 fizemos cerca de mil ligações e este ano o primeiro mês também foi bom. Vamos chegar ao final deste ano com a cobertura de 90%. A água é outro problema da agenda nacional e não só. Vivemos um ano de seca severa e nada nos garante que as coisas vão melhorar. Como olha para essa realidade enquanto administradora de uma empresa que tem a missão de assegurar o fornecimento de água às populações? Naturalmente com muita atenção e alguma preocupação. Não estamos numa si-

e constituem um factor de motivação para fazer cada vez mais e melhor. Aponta como defeitos próprios ser por vezes demasiado espontânea e um bocadinho emotiva e ingénua, pois ainda acredita muito nas pessoas. Já quanto às qualidades, considera-se uma pessoa humilde nas relações laborais, apesar do cargo que ocupa, com capacidade de trabalho e de organização. Casada com José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa, e mãe de duas filhas, Marta e Leonor, Teresa Ferreira nasceu em Lisboa em 8 de Outubro de 1974 mas foi vi-

tuação de alerta, porque houve felizmente a decisão, há muitos anos, de se recorrer a soluções que podiam ser um bocadinho mais caras mas muito mais eficazes, que são as captações subterrâneas. Temos um sistema que nos dá uma segurança que outros municípios não têm, nomeadamente os que optaram por soluções como barragens e águas superficiais. Há cerca de dois anos fizemos planos de segurança para a água e para o saneamento no concelho de Santarém que nos indicavam que não haverá problemas agudos dessa natureza no nosso concelho. Entretanto houve um ano de seca… Sim e vejo com preocupação que estamos em Fevereiro e neste Inverno, se somarmos todos os dias em que choveu, se calhar não chega a uma semana. Isso leva-nos a estar atentos e não podemos dizer que, se nos próximos anos a situação persistir, não tenham que ser tomadas outras medidas. A qualidade da água subterrânea numa zona de agricultura intensiva como a nossa não está em risco? Não. Temos monitorizações, fazemos sondagens... São cerca de 40 captações activas no concelho de Santarém e houve duas durante o Verão que acompanhámos com um pouco mais de cuidado, uma em Santarém e outra na Moçarria, mas que já estão normalizadas. Eu diria que mal estaria o país se Santarém começasse a ter problemas de abastecimento de água. Noutros pontos da região já houve problemas com a qualidade da água captada no subsolo devido ao uso intensivo de fertilizantes na agricultura. Aqui nunca houve registos disso. A qualidade da nossa água é óptima. Já tem saudades de ver cheias no Tejo? Tenho. Até porque, quanto mais não seja, a paisagem era lindíssima. Isso demonstra que as alterações climáticas estão a acontecer. Com muita frequência havia cheias em Santarém. Hoje, as minhas filhas, que têm 13 e 8 anos, não se lembram de ver cheias em Santarém. Os sistemas intermunicipais para gerir

ver para Santarém com apenas alguns meses, quando os seus pais vieram trabalhar para a região. É licenciada em Economia e tem um MBA em Gestão de Empresas. Depois de concluir a licenciatura estagiou numa empresa no Cartaxo, trabalhou na NERSANT como técnica superior e esteve depois alguns anos na empresa Iberscal, onde chegou a directora-geral. No final de 2012 foi convidada pelo presidente da Câmara de Santarém para integrar a administração da Águas de Santarém e meses depois assumiu as funções de administradora executiva.


as redes de abastecimento de água e de saneamento básico são um modelo cada vez mais comum no país. Santarém vai ficar sozinha até quando? Não posso responder a isso. O accionista é a Câmara Municipal de Santarém e essa decisão compete ao executivo e não à administração da Águas de Santarém. Acho é que para haver uma decisão dessa natureza tem que se comprovar que é melhor para os munícipes. Se o serviço é melhor, se o equilíbrio tarifário é melhor numa solução dessas ou como está agora. Essas são as questões que devem ser discutidas e avaliadas com um estudo independente e que comprove o que é melhor para o município de Santarém. Se for essa a conclusão eu serei a primeira a apoiar. Mas até hoje não vi essa evidência. Como viu à distância a polémica que envolveu a criação da Águas do Ribatejo e a saída de Santarém dessa empresa, já lá vão uns 10 anos? Acompanhei com interesse porque era munícipe de Santarém, mas não participei em nada nem conheço a visão dos decisores dessa época. Porque as decisões têm sempre lógicas que desconhecemos. Na altura teria visto com bons olhos que Santarém tivesse entrado e que tivesse assumido uma posição de relevo, porque o concelho tem mais clientes do que qualquer um dos outros municípios da Águas do Ribatejo. Para além de que Santarém já na altura tinha um bom serviço de água e saneamento. Entretanto as coisas mudaram e já não estamos há dez anos atrás. É filiada num partido, o PSD, mas não é presença habitual nas listas, seja em eleições internas seja nas autárquicas. É

opção sua ou não tem sido convidada? Sou filiada no PSD desde os 17 ou 18 anos. Fiz o percurso todo da JSD, distanciei-me um bocadinho da actividade partidária, da ida a plenários, durante alguns anos, quando estive fora a estudar, mas desde há alguns anos que acompanho mais de perto. Vou aos plenários, conheço as decisões, tenho proximidade com alguns dos protagonistas das lides partidárias locais, mas para dizer com franqueza nunca senti apetência nem motivação para criar uma lista interna. Fui convidada para listas internas mas expliquei os motivos porque não aceitaria. E quanto a listas para eleições autárquicas. Cria-se muito ruído à volta disso. Acho que temos de servir o partido e Santarém com aquilo que melhor podemos oferecer. Aqui na Águas de Santarém estão muitos projectos em curso, se eu fizer uma auto-avaliação do meu trabalho, que é naturalmente sempre enviesada, diria que é positiva, e há projectos para fazer e concluir. Considerou-se que o meu contributo na Águas de Santarém seria melhor para a cidade do que noutro tipo de funções. A formação superior é uma mais valia mesmo que alguns cursos tenham pouca aplicação prática e/ou reduzida saída no mercado de trabalho? Continuo a acreditar que sim. É uma mais valia não por que se acabe o curso com tudo sabido, bem pelo contrário. Mas dá-nos uma ginástica mental e metodologias de estudo e aprendizagem que vamos seguir para o resto da vida. Porque temos que estudar até ao fim da vida e quem não pensa assim desengane-se. Há pessoas excelentes que não são licenciadas, que têm

uma auto-disciplina e uma capacidade de aprendizagem muito grande mas considero que uma licenciatura ajuda sempre pois dá-nos uma formação de base mais ampla e capacidade de trabalho e de estudo. Tem feito a sua vida profissional nesta região. Gostava de experimentar um desafio noutro ponto do país ou até no estrangeiro? Acho que todos temos um momento na vida em que pensamos nisso e eu não estaria a ser sincera se dissesse o contrário. Mas não é nada que eu pense de forma muito séria nem sequer penso muito nisso. Gosto muito de viver em Santarém e há muito trabalho para fazer em Santarém. Já para não falar da qualidade de vida, pois o nosso tempo é muito mais bem aproveitado.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

13


Personalidade do Ano

Política Masculino

Vasco Estrela

Presidente da Câmara Municipal de Mação

“O desenvolvimento do interior do país tem que ser uma causa nacional” O advogado Vasco Estrela cumpre o segundo mandato como presidente da Câmara Municipal de Mação. Trabalha para que o seu concelho e os concelhos do interior em geral, sejam olhados com outros olhos que não apenas os que classificam as terras com base nos votos existentes. Recusa ser tratado como um autarca de segunda porque sente-se tão capaz como os que governam municípios do litoral. Lembra que o primeiro-ministro foi a Mação com meio Governo elogiar a política de gestão do território mas que como não se voltou a olhar para o interior os fogos voltaram a devastar quase tudo. António Palmeiro É fácil ser-se jovem num concelho como Mação? Depende do ponto de vista. Se falarmos sobre a qualidade de vida que se queira ter, as infra-estruturas, a tranquilidade, o associativismo e o dinamismo que lhe é imprimido, os equipamentos para a prática desportiva e para acesso à cultura, é fácil ser jovem em Mação. O que mais nos preocupa é a falta de postos de trabalho qualificados que possibilitem aos jovens fixarem-se

Desportista, bombeiro e radialista Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, nasceu a 6 de Julho de 1971. É licenciado em Direito e foi advogado até entrar para a vida autárquica. Nunca cortou amarras com o seu concelho e mesmo quando estava a estudar em Lisboa eram raras as vezes que não ia à terra aos fins de semana. É dos autarcas do país que mais tem lutado contra o esquecimento do interior e pela necessidade de se valorizarem os territórios, cada vez mais envelhecidos, apesar de confessar que muitas vezes sente que não lhe dão atenção. Na juventude foi jogador de futebol e 14

O MIRANTE

e constituírem família. E o problema é que não é só em Mação. É também nos concelhos limítrofes. É um território cada vez mais de idosos e para idosos. Não quero ver as coisas assim e acho que poderá ser um pouco redutor. As estatísticas dizem que efectivamente 36% a 38% da população do concelho de Mação tem mais de 65 anos mas também sabemos hoje que os 65 anos de hoje não são os 65 anos de há décadas. Já não é essa idade que estabelece a barreira a partir da qual uma pessoa é idosa.

de andebol. Também foi bombeiro na corporação da terra e não esquece os colegas que morreram em serviço. O seu pai e um tio tinham sido bombeiros e isso teve alguma influência. “Custou-me muito aquilo que aconteceu a um grande amigo que tinha, que era o antigo comandante, que morreu no ano de 2000, o Bruno, que morreu com ele, mais o bombeirito António, como nós lhe chamávamos”. Não foi à tropa e acha que não lhe fez falta, apesar de respeitar a instituição militar. A situação que mais o marcou na vida foi a morte do pai. “O meu pai faleceu quando eu tinha 19 anos. Ele sempre foi uma pessoa doente e grande parte da recordação que tenho dele teve muito a ver com a doença”, lembra. Como pai dá o

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

Mas não vale a pena iludirmos a realidade e dizermos coisas muito diferentes daquilo que elas são. Eu acho que Mação é um território onde há qualidade de vida. Se temos as oportunidades que gostaríamos que os jovens tivessem em termos de empregos e possibilidades de futuro, efectivamente não temos. Está preparado para ver os seus filhos saírem de Mação? Se eles tiverem oportunidade de aqui fazerem a sua vida, gostaria que aqui ficassem. Eles têm que se realizar e ser felizes.

exemplo na tentativa de rejuvenescimento do concelho. Tem três filhos, dois rapazes de 14 e 11 anos e uma menina de nove anos. Diz que às vezes se martiriza por não estar o tempo que gostaria com os filhos e com a família. Vasco Estrela fez o ensino primário (primeiro ciclo) na escola junto à câmara que actualmente é o Instituto Terra e Memória, onde são ministrados cursos, como os de pós-doutoramento em Arte Rupestre. Confessa que levou as reguadas necessárias, considerando que era um jovem que cometia os abusos inerentes à idade. Aos 12 anos frequentou os escuteiros ligados à igreja católica, mas apenas porque os amigos estavam no agrupamento. Actualmente vai à missa de vez em quando.

Se puderem concretizar isso na terra onde o pai foi presidente de câmara, ficarei contente. Gostaria de deixar um concelho minimamente preparado para que os meus filhos e os dos outros possam ter aqui um futuro. Quando era jovem, apetecia-lhe sair daqui? Sempre estive muito ligado a esta terra. Estudei em Abrantes e em Lisboa mas eram raras as vezes que não vinha a Mação ao fim-de-semana. Nunca mudei a minha morada oficial. Estive sempre ligado à minha terra, quer nas associações quer noutro tipo de actividades. Nunca tive vontade de fugir daqui e acho que o mesmo acontece com a maioria dos jovens. Muitos deles têm pena de não ser possível viverem em Mação ou na região. Quando deixar as funções públicas vai retomar a sua actividade como advogado? Não sei o que o futuro me reserva. Sei que tenho uma profissão, tenho um documento que me habilita a trabalhar mas estaria a ser desonesto se dissesse que estou perfeitamente preparado para abrir um escritório. O que sei é que sinto capacidade para retomar, obviamente com as dificuldades inerentes a quem recomeça do zero mas com outras experiências e outros conhecimentos que também poderão ser úteis. Não tenho de viver atemorizado com isso. Gostaria de continuar em funções públicas? Tenho um compromisso com a população do concelho e comigo próprio para os próximos três anos e meio. Se não houver nada de extraordinário, nem problemas de saúde, vou cumprir este mandato. Neste momento não estou a perspectivar nada. Em termos legais poderei fazer mais um mandato se eu o entender e se o partido e a população do concelho quiserem. Se tiver de abandonar a câmara espero ter arte, engenho, sabedoria e sorte para retomar a minha vida e cuidar da minha família.

O autarca também fez rádio. Na Rádio Voz de Mação foi locutor e fazia um programa de música calma aos sábados à noite. Gosta da música de artistas dessa altura como Dire Straits, Rui Veloso e Trovante. Considera-se uma pessoa sem contas a ajustar com o passado. Diz que aproveitou as oportunidades que teve e que trabalhou muito para chegar a presidente de câmara. Foi para o curso de Direito porque a área o fascinava em jovem. Lembra-se de, muito jovem, ir sozinho ver julgamentos que decorriam no Tribunal de Mação. Dessa experiência aprendeu que algumas vezes as atitudes das pessoas não são fruto do acaso nem da maldade pura mas de meros problemas circunstanciais.


Como é que vive com a interioridade? Sente-se isolado? Claramente! E não é pelo facto de estarmos a uma hora e um quarto ou a três horas de Lisboa, conforme o itinerário escolhido, que estamos mais ou menos isolados. Sentimos isso em procedimentos e na forma como as pessoas nos vêem. O esquecimento destes territórios já não tem ponto de retorno? Está mais ou menos enraizado na cabeça das pessoas que as coisas são assim e serão assim. Até enquanto presidente da câmara sinto a estratificação e a diferenciação que por vezes é feita entre os municípios das cidades do litoral e as do interior. Sente-se tratado como um presidente de segunda? Sinto que há quem me queira rotular dessa forma, tanto a mim como a outros colegas presidentes de câmara mas eu não me sinto de segunda. Não me sinto com menos capacidade, nem com menos valia que a esmagadora maioria dos autarcas do país. A calma que caracteriza este concelho não o deixa às vezes um bocado deprimido? Mais do que me deixar deprimido às vezes deixa-me angustiado e triste. Já cheguei a dizer que ninguém sofria mais do que eu quando fechava a porta da câmara às seis ou sete da tarde e não via pessoas nas ruas. Mação corre o risco de ficar conhecido apenas pelos incêndios no Verão? Espero bem que não. Tentamos ao longo dos anos uma inversão e começamos a ser conhecidos por muitas outras coisas, muito fruto daquilo que fazemos em termos de plano florestal; daquilo que é feito no museu; dos presuntos; do rio. Estamos a conse-

guir criar marcas. Como acha que vai ficar conhecido? Serei seguramente conhecido como um presidente que buscou todas as possibilidades de inverter ou de suster este estado de coisas. Isto implica convocar associações, convocar juntas de freguesias, a sociedade civil e todos aqueles que querem connosco colaborar. Aquilo que tenho dito, de forma às vezes até chata, é que todos somos necessários para conseguir minimamente contrariar a interioridade. Como é que se consegue captar empresas e empregos para este território? Tentando vender aquilo que temos, tentando dar tudo o que é possível, no limite da lei e muitas vezes pisando o risco, dando os terrenos para as empresas se instalarem, ajudando nas infra-estruturas. Temos um gabinete empreendedor que faz candidaturas a fundos comunitários de apoio seja para cafés e restaurantes, seja para outros agentes económicos. A câmara é a tábua de salvação dos empresários e das populações. Não posso é chegar ao fim do dia, ou ao fim do mandato, com a sensação que poderia ter feito mais alguma coisa e que não fiz. Claro que isto depende muito também de termos massa crítica, de termos gente boa. Fala-se muito da valorização da floresta, do ordenamento do território mas os fogos vão destruindo tudo. É só conversa? Estamos num concelho onde arderam 20 mil hectares em 2003 e agora arderam 27 mil hectares. Estamos num concelho onde, a partir de 2004/2005, pela voz do vice-presidente António Louro, começámos a dizer que era preciso inverter as coisas, que o or-

denamento tinha de ser feito e que o território estava insustentável. Toda a gente reconheceu que tínhamos razão. Em 2016 o primeiro-ministro, António Costa, veio a Mação com mais quatro ministros e não sei quantos secretários de Estado, reconhecer que éramos um município exemplar nesta questão da gestão do território... E no entanto... Quando tudo isso foi feito e acontece o que acontece em 2017, obviamente que a sensação que temos, além da enorme tristeza pelas pessoas do concelho de Mação que sofreram o que sofreram, é que perdemos tempo e que foi pena não se ter feito alguma coisa em prol do interior do país. Ainda acredita que aparecerá alguém com capacidade de resolver o que está mal? Sinceramente, tenho muitas dúvidas. É preciso fazer o que tem de ser feito em territórios do interior, onde há poucas pessoas. Onde não há votos. Ou isto é uma causa realmente nacional e se aposta a sério nestes territórios, ou com o passar do tempo as coisas vão-se diluindo, vão se esquecendo e outras prioridades vão surgindo. O meu receio é que, infelizmente, a massa crítica presente em muitos des-

01 MARÇO 2018

tes territórios já é tão pouca que por si só já não consegue dar a volta ao assunto. Quem é que mais tem ajudado o concelho de Mação? O seu partido ou o PS? Quer uns quer outros podiam ter feito mais por Mação, pelo interior. Eu às vezes fui mais crítico do PSD do que do PS. Como foi o caso das portagens na A23. O PSD não geriu bem esse assunto. Quanto ao PS, é pública a minha guerra contra a situação inconcebível de discriminação nos apoios do Governo em relação aos prejuízos dos últimos incêndios. Faz sentido manter serviços públicos quando já não há quase ninguém a utilizá-los? Se o Estado quer ser um Estado presente no território tem de ter esses serviços públicos. Mas não sou demagógico ao ponto de dizer que as coisas têm de ser todas como estavam. Contrariamente ao que seria mais adequado a um presidente da câmara dizer, admito perfeitamente que o volume processual em Mação não justifique um juiz e um procurador em permanência no tribunal. Coisa diferente é pura e simplesmente encerrar o tribunal. Há formas de se adaptarem os serviços públicos aos novos tempos.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

15


Personalidade do Ano

Vida

Diamantino Duarte

Administrador Delegado da Resitejo

“Não sou pessoa para estar quinze dias de férias” Começou a trabalhar aos nove anos, como moço de recados numa farmácia, e desde então a sua vida tem sido uma autêntica correria. Diamantino Duarte é há muitos anos Administrador Delegado da Resitejo - Sistema Intermunicipal de Lixos do Médio Tejo e presidente dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Antes disso desempenhou um vasto número de cargos. Homem do associativismo, formado na universidade da vida, costuma dizer que só não tem tempo quem não quer. João Calhaz Em Janeiro de 2012 entrevistámo-lo e dizia-nos que não tinha férias há seis anos. Já conseguiu tirar uns dias de descanso desde essa altura? Vou conseguindo tirar um dia ou outro, aproveitando quando tenho de sair em serviço para algum sítio e juntando mais um dia ou dois. Mas nunca tiro quinze dias de férias seguidos. Se os tirasse acho que até me sentia mal. Não sou pessoa para estar quinze dias sem fazer nada. Uma semana para mim já chega e até é demais. Estou a caminhar para o fim da vida activa com este ritmo e nessa altura terei tempo para estar com a família.

A alegria de fazer aquilo de que se gosta É preciso ter algum fôlego para descrever o número de cargos que Diamantino Duarte desempenha ou já exerceu ao longo de muitos anos de vida pública. Começou a sua vida activa a trabalhar numa farmácia e é já há muitos anos administrador executivo da Resitejo - Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Te16

O MIRANTE

O que é que o consegue fazer desligar do trabalho? Só as minhas idas ao Estádio da Luz. É o tempo que tenho para mim. Há uns anos abdicou da caça por não ter tempo. Entretanto foi abdicando de mais alguns passatempos? Gostava de ter mais tempo para estar com a família, mas vou conseguindo conciliar as outras actividades. Impus uma regra a mim próprio que é a de almoçar com a família ao domingo. Só em situações muito especiais é que abdico do almoço com a família. Como é que vai compensando os elementos da sua família pelo tempo que está ausente?

jo e presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Tem também uma empresa de prestação de serviços na área do ambiente. Casado, pai de duas filhas e avô de uma neta, Diamantino Duarte foi também presidente da Junta de Freguesia de Tremês, vereador da Câmara de Santarém, administrador dos Serviços Municipalizados de Santarém, presidente da União de Santarém e da Federação de Bombeiros do Distrito de Santarém, dirigente da Federa-

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

Estando com eles sempre que posso e acompanhando-os o melhor que posso. Ao longo dos anos tem desempenhado variadíssimas funções, como presidente de junta, presidente de associações e colectividades, lugares de administração... Qual foi aquele em que se sentiu mais útil à comunidade? Sem dúvida nenhuma que é aqui onde estamos a conversar, na Associação dos Bombeiros Voluntários de Santarém. Dá-me um prazer duplo, que é o de poder fazer um trabalho de que gosto como dirigente associativo, coisa que está no meu sangue, e acima de tudo dá-me o privilégio de saber que estamos a trabalhar numa causa a que uma série de mulheres e de homens se dedicam de alma e coração. Vim para os bombeiros como dirigente em 1994 e tomei posse como presidente em 1995. A par disso é há muitos anos administrador da Resitejo - Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo. É outro cargo que me dá muito prazer. Pela importância do serviço que prestamos em defesa do ambiente e porque, sendo uma empresa que emprega muita gente, estamos a ajudar pessoas com problemas na vida, que precisam de arranjar trabalho para ter o seu rendimento ao final do mês. Que cargo gostaria de ainda vir a somar no seu vasto currículo? Nenhum. Acho que cheguei a uma idade

ção Portuguesa de Caça e do Partido Socialista em Santarém e na Chamusca, entre outros cargos. O dia-a-dia de Diamantino Duarte continua a ser uma autêntica correria que vai controlando com uma disciplina férrea do tempo, a cumplicidade de boas equipas e abdicando de alguns prazeres e do convívio com a família. Costuma dizer que só não tem tempo quem não quer e que só consegue ter alegria quando está a fazer aquilo de que gosta. Na sua rotina há dois

em que posso dizer que já desempenhei todas as funções que gostava de desempenhar. Já atingi todas as metas que pretendia mas também é verdade que todos os dias surgem novos desafios. E o senhor não é de os enjeitar… Pois não. Se aparecerem, cá estamos para os enfrentar. A reforma é uma meta à vista ou ainda há muito para pedalar até lá? Depende do que se entende como reforma. Se for a aposentação, então deve estar à vista, mas não será certamente para ir para o banco do jardim. Até porque estou a preparar a minha vida para continuar a ter alguma actividade, embora não com este ritmo e com estas obrigações diárias de cumprir horários. E já tem alguma coisa em mente? Já tenho muitas coisas pensadas e há uma coisa que nunca vou deixar, que é a vida associativa. Já desistiu de tirar o curso de Direito ou ainda tem essa ambição? Essa é uma das coisas em que vou pensar quando chegar o momento de desligar alguns botões. Posso nunca o conseguir tirar mas vou pelo menos tentar fazer algumas cadeiras. Começou a trabalhar ainda menor de idade... É verdade. Comecei a trabalhar aos nove anos, no dia 3 de Outubro de 1966, numa farmácia. Trabalhava das 8h30 às 22h00 e recebia 60 escudos por mês. Que mais valia representou essa experiência para a sua vida profissional? Marcou-me para toda a vida. Para já deu-me o privilégio de trabalhar com a mesma pessoa, o senhor Costa, até 1990. Essa experiência deu-me tudo o que sei na vida. Deu-me os princípios, a disciplina, a percepção de que só conseguimos atingir os nossos objectivos com trabalho, aprendendo a abdicar de algumas coisas como festas e férias, porque tinha de trabalhar… Penso que se não tivesse tido essa aprendizagem não teria atingido os objectivos que atingi. Hoje muitos jovens acabam as licenciaturas sem terem tido qualquer experiência laboral a sério, nem sequer nas férias. É uma desvantagem para quem se apresta a entrar no mercado de trabalho?

momentos sagrados: o almoço com a família aos domingos e ver o Benfica quando joga no Estádio da Luz. Nascido no dia de Natal de 1956 em Tremês, concelho de Santarém, onde ainda reside, Diamantino Duarte não frequentou nenhum curso superior mas tem a licenciatura na universidade da vida e ainda não perdeu a esperança de um dia, quando a agenda estiver menos sobrecarregada, tirar o curso de Direito.


Sem dúvida. Aliás, quase todos os técnicos que trabalham na Resitejo saíram da universidade, foram fazer o seu estágio curricular e depois o seu estágio profissional comigo. E eu verifiquei isso perfeitamente. Uma coisa é o conhecimento académico que trazem de saber lidar com os problemas, de os analisar, que é muito bom. Mas depois têm grandes dificuldades em os aplicar na prática. Costumo dizer que há dois tipos de universidade: a académica, que é essencial, e a da vida. E quem não conseguir assimilar as duas nunca vai atingir os objectivos. A profissionalização dos corpos de bombeiros é uma das soluções apontadas para melhorar a operacionalidade da protecção civil. Qual é a sua opinião enquanto presidente de um corpo de bombeiros voluntários? É evidente que tem que haver em todos os concelhos um número de bombeiros em permanência e profissionais. Mas isso tem que ser estudado para que essa realidade conviva com o voluntariado. A solução óptima seria ter só profissionais, só que isso tem que ser avaliado à luz da relação custo-benefício. Isso está a ser analisado mais com o coração do que com a cabeça, atendendo ao que se passou em 2017. E como é a realidade em Santarém? O concelho de Santarém tem três corpos de bombeiros voluntários e uma corporação de bombeiros municipais. Se calhar as corporações são à conta e até podiam coexistir todas, mas o responsável da protecção civil do concelho, que é o senhor presidente da câmara, pessoa por quem tenho muita estima, continua a ver a protecção civil, na minha óptica, da forma errada. Em que aspecto?

Porque com o dinheiro que se gasta em bombeiros no concelho, se isto estivesse organizado de forma diferente se calhar tínhamos a protecção civil a funcionar muito melhor. Fala de uma possível fusão entre bombeiros voluntários e municipais? Se eu fosse presidente da câmara não tinha bombeiros municipais mas sim equipas de profissionais em que cada um dos corpos assegurasse as 24 por dia, como deve ser. Já fiz essa proposta ao senhor presidente da câmara e acho que com o mesmo dinheiro conseguia-se ter mais gente operacional. Além disso, as associações de bombeiros voluntários dos concelhos onde há bombeiros municipais são penalizadas nas verbas que recebem da Autoridade Nacional da Protecção Civil. E mais: o Estado não nos paga uma EIP (equipa de intervenção permanente) porque existem bombeiros municipais no concelho de Santarém. Veria com bons olhos uma fusão dos bombeiros voluntários e municipais em Santarém? O que veria com bons olhos era uma reestruturação disto tudo para que o concelho pudesse ter mais receitas da Autoridade Nacional da Protecção Civil e a Câmara de Santarém continuasse a ter a mesma despesa ou ainda menor. O que queremos é ter mais bombeiros profissionais ao serviço do concelho de Santarém. E há possibilidade disso. As pessoas têm é que se sentar à mesa e verem isto de forma desapaixonada e não cada um olhando pela sua quintinha. Dados do ano passado revelam que cerca de 30 por cento dos portugueses nunca fez separação selectiva dos resíduos para posterior reciclagem. É uma

realidade preocupante? É muito preocupante! Mais: é uma realidade que vamos ter de ultrapassar a bem ou a mal. E como é que isso se faz? Os políticos deste país vão ter que arranjar coragem de assumir que isso vai ter um custo de popularidade, mas não tenhamos dúvidas que as metas que a União Europeia nos impõe obrigam-nos a tomar esse caminho. Se não for a bem vai ter que ser à força. Vamos ter metas extremamente apertadas para cumprir até 2025, embora o Governo esteja a tentar alargar o prazo até 2030. E o que definem essas metas? Que a deposição em aterro, por exemplo, não pode ser superior a 10 por cento da totalidade dos resíduos. Temos também metas na reciclagem do plástico e do vidro que,

01 MARÇO 2018

neste momento, a nível da área da Resitejo, no caso no vidro, estamos ainda aí a 50 por cento de as atingir. Na unidade de tratamento mecânico verificamos que cerca de três mil toneladas de resíduos que lá entram anualmente são vidro que devia ter sido depositado no vidrão. É um valor preocupante. As pessoas não se preocupam muito e põem tudo dentro do contentor. E tanto faz porem 10 quilos como porem 20 porque pagam o mesmo. Ao não se pôr o vidro no vidrão estão a cometer-se vários pecados: a obrigar o município a pagar mais dinheiro pela deposição de lixo em aterro, porque os municípios pagam à tonelada; não estão a contribuir para as metas de reciclagem; e estão a contaminar um produto que pode ser reutilizado, que é a matéria orgânica.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

17


Personalidade do Ano

Associativismo

Adega Cooperativa do Cartaxo

“Os associados são muito interventivos e receptivos a inovações” A Adega Cooperativa do Cartaxo tem sabido apostar na qualidade e marcar o panorama vinícola nacional, com marcas bastante conhecidas dos portugueses, como o Bridão. Com cerca de 200 associados, a adega é das que paga acima da média e é um exemplo de associativismo, com os associados a participarem activamente. Desde há 64 anos que a cooperativa se tem assumido, cada vez mais, como uma marca do Cartaxo, ajudando o concelho a cimentar o título de Capital do Vinho. António Palmeiro Como é que se gere uma cooperativa? A estrutura é gerida como nós gerimos a nossa casa, com muito rigor. Sendo esta uma estrutura com base associativa, mas que gere muito dinheiro e negócios, o que é preciso para que os sócios andem contentes?

Uma cooperativa que sabe acompanhar os novos tempos A Adega Cooperativa do Cartaxo adaptou-se aos novos tempos, cresceu, e é uma referência no sector dos vinhos em Portugal, fruto de uma gestão cuidada ao longo dos anos, de investimentos e da aposta na qualidade. Conseguiu libertar-se do estigma do vinho carrascão e produz anualmente cerca de oito milhões de litros, que são vendidos no mercado nacional e internacional. A adega exporta para países como a China, Brasil, Alemanha, Estados Uni18

O MIRANTE

Gerimos a Adega Cooperativa do Cartaxo como se fosse uma empresa. Todos nós temos interesse em que ela funcione bem, porque todos nós somos associados e quanto melhor gerirmos a nossa adega, a nossa casa, melhores proveitos iremos usufruir. Tem de haver rigor, tem de haver muita dedicação, muito trabalho. Foi assim que conseguimos chegar até aqui, tendo uma equipa boa, como temos. A di-

dos da América, França, Canadá e estão a crescer as vendas para a Suíça e para o Luxemburgo. O desenvolvimento desta cooperativa deveu-se à visão sobre como deve ser gerida uma estrutura destas, tendo-se desde muito cedo implementado métodos empresariais. A única diferença é que uma empresa tem um número de sócios reduzido em comparação com a cooperativa, que neste momento tem 200 associados. Já foram muitos mais. O número baixou, mas aumentou-se a área de vinha. Actualmente estão afectos à cooperativa cerca de 900 hectares de vinhas. “Aqui, quando tomamos decisões, temos de pensar num universo de 200 pessoas”, refere o presidente da cooperativa, Jorge Antunes. A média de idades dos associados anda

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

recção e todos os colaboradores trabalham em conjunto. O que é que se ganha por ser presidente da cooperativa? Muitas vezes ganham-se cabelos brancos e preocupações, mais do que na nossa vida particular. Mas os sócios colaboram e quando é preciso avançar com projectos há uma boa receptividade. Para se ser dirigente de uma cooperativa como esta é preciso ter qualidades especiais? É preciso saber ouvir e manter a calma. Mesmo que se digam coisas que não correspondem à verdade, temos que ter a capacidade de encaixar e de explicar bem as coisas. Como é que uma cooperativa como a do Cartaxo consegue ombrear com em-

na casa dos 50 anos, mas há alguns com idades entre os 20 e os 30 anos, que pegaram nas explorações dos avós ou dos pais e apostaram na viticultura. Adega do Cartaxo foi a primeira a aparecer no mercado com um vinho frisante, que ainda hoje é uma referência, o Plexus. Orgulha-se de pagar acima da média aos agricultores e de ter um acompanhamento permanente das culturas. Também apostaram em novas tecnologias e conseguiram levar os associados a melhorarem os transportes de uvas, que actualmente são quase todos feitos em reboques de inox com descarga hidráulica. A Adega Cooperativa do Cartaxo tem uma história de associativismo com 64 anos, que se comemoram este ano. A cooperativa foi fundada em 1954 por 22 pessoas interessadas na produção vitivinícola,

presas com grande capacidade de promoção? Temos que ter um bom sector comercial e obter rendimentos para que todos os associados possam estar satisfeitos. E isto também depende da produção, nomeadamente em termos de novas castas plantadas e reestruturação das vinhas velhas. O conjunto de várias situações leva-nos a ter um bom produto que tenha um retorno na parte final para os associados. Já não estão a aceitar aumentos de área de vinho. Já não têm capacidade para produzir mais? Este ano fizemos um corte no aumento de área porque esgotámos a capacidade da adega em termos de fermentação e de produto acabado, além da capacidade de armazenagem. Os agricultores queriam fazer novas plantações mas isso representaria problemas para a adega, porque nesta altura não está estruturada para isso. Um aumento da produção ia também implicar que vendêssemos vinho a granel, situação em que não estamos interessados, porque preferimos apostar nas nossas marcas e na qualidade. É melhor começarem a pensar numa ampliação da adega… No meu entender acho que não, porque isso vai ter um custo enorme, um investimento muito elevado. Mas têm vindo a fazer reestruturações das instalações. Nos últimos anos fizemos determinadas construções. A adega quase todos os anos tem feito investimentos. Claro que os investimentos não se podem fazer todos de uma só vez, porque os encargos são grandes. E estão previstos mais investimentos na melhoria das instalações? Ainda este ano vamos fazer investimentos na área da armazenagem e de fermentação. A adega trabalha muito com vinhos

numa região com fortes tradições na área, mas que precisava de mais inovação e profissionalismo. Hoje muita gente conhece o Cartaxo pelo seu vinho, sobretudo o tinto, e isso levou também o município a adoptar a designação de Capital do Vinho. A cooperativa funcionou nas instalações da antiga Junta Nacional do Vinho até 1974, altura em que mudou para as actuais instalações construídas de raiz para o efeito. Da produção da cooperativa, cerca de 70 por cento é de tintos. Em 2014, a cooperativa foi distinguida com o estatuto de PME Excelência, prémio que tinha obtido também no ano anterior. A visão dos dirigentes da cooperativa é fazer com que esta seja cada vez mais considerada uma referência no sector, assentando os seus valores na Qualidade, Cultura, Rigor, Ética e Respeito.


tintos, que têm exigências grandes ao nível da fermentação. Conseguem ter a recepção das uvas organizada? Quando não chove na altura da vindima as coisas vão rolando com calma mas quando os anos são anos atípicos, ou muito chuvosos, toda a gente quer vindimar na mesma altura, e se não tivermos a capacidade para fazermos a recepção, ficamos todos a perder. Fica o associado a perder e fica a adega a perder porque a qualidade vai baixar. É nessa base que vamos investir no aumento da capacidade de fermentação, que vai libertar também espaço para a recepção. O Cartaxo ficou conhecido por ser a terra do carrascão. Isso prejudica ou ajuda a imagem da adega? Essa situação não beneficiou em nada a adega noutros tempos mas hoje penso que essa imagem está afastada porque a adega produz vinhos de qualidade, completamente diferentes. O Cartaxo é hoje visto de uma forma diferente. Basta ver pelos prémios que nós temos vindo a ganhar ao longo destes anos, a nível nacional e a nível internacional. Para isso tiveram de investir não só na qualidade mas também na promoção? Não é uma questão de promoção, é uma questão mesmo de qualidade. Esse é o único segredo para manter a adega como uma referência no sector? Não é o único segredo, mas se tivéssemos uma boa matéria-prima, para depois podermos ter, na parte final, uma boa qualidade, não conseguíamos chegar onde chegámos. Essa é a grande base ajudada pela parte comercial. As boas promoções

fazem-se e consegue-se vender mais alguma coisa, mas o que é importante é realmente uma pessoa acreditar num produto que está a comprar. A melhor publicidade é a publicidade boca a boca. Quando a pessoa compra e fica satisfeita vai voltar a comprar. Em que medida é que os prémios têm contribuído para o desenvolvimento da cooperativa? Os prémios nos concursos de vinhos vêm comprovar a nossa qualidade e fazem com que tentemos ser cada vez melhores e fazermos melhores vinhos. Um prémio internacional é sempre um prémio internacional, um vinho medalhado é um vinho medalhado. Tem um valor completamente diferente numa prateleira do que um vinho que não é medalhado. Os associados acompanham muito a actividade na adega ou limitam-se a deixar cá as uvas? Os associados actuais já têm uma visão completamente diferente do que há muitos anos. Há 10 ou 15 anos a mentalidade dos associados era a de que vendiam as uvas à adega. Agora é diferente e participam na vida da cooperativa, são interessados e querem estar por dentro dos assuntos. Antes as pessoas não percebiam que tinham uma quota na adega. Ter associados mais interventivos complica a vida à direcção? O associado que faça críticas esclarecidas está a ajudar a adega e o universo dos associados. Temos todo o interesse que as coisas caminhem no melhor sentido. Quanto melhor for para a adega melhor é para todos nós. Não somos uma família mas somos quase como uma família.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

19


Personalidade do Ano

Cidadania

Joaquim Guardado

director do Centro João Paulo II e administrador da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI, em Fátima

“A vida é melhor se formos afectuosos e se tivermos a capacidade de partilhar” O advogado Joaquim Guardado é o tutor de mais de uma centena de crianças que vivem no Centro João Paulo II, todos deficientes profundos cujos pais não têm capacidade financeira para os criar ou o tribunal ordenou que ali fossem institucionalizados e é administrador da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI para doentes com Alzheimer. Para além destes cargos é ainda Provedor da Misericórdia de Pombal. Admite que o facto de não ter filhos faz com que tenha mais tempo para os outros mas diz que só pode estar naquelas instituições quem, para além de uma boa preparação técnica, sente verdadeira paixão pelo que faz. Ana Isabel Borrego Os utentes do Centro João Paulo II são deficientes que foram abandonados ou cujos pais não têm condições para os ter consigo. Como se relaciona com estes jovens? Estes utentes são bons para mim porque me transmitem felicidade, agradecimento e, principalmente, porque há um toque ou um olhar que nos dão muito. Só se pode estar nestas instituições de forma apaixonada e enquanto tivermos ideias para melhorar e inovar. Esta oportunidade que a vida me deu não foi planeada. Foi algo que aconteceu. Se me tivessem convidado para assumir um cargo destes aos 30 anos não acei-

Um homem de afectos que não gosta de ser o centro das atenções Joaquim Guardado não gosta de ser o centro das atenções e quando lhe foi anunciado que tinha sido distinguido com o prémio Personalidade do Ano de O MIRANTE na área da Cidadania fez questão de dizer 20

O MIRANTE

taria porque na vida há um tempo para tudo e nessa altura eu não estava preparado. Como lida com estes dramas profundos sem ser afectado? Procuro ter alguma naturalidade mas há casos que me chocam. Ninguém pode ficar indiferente a uma criança que temos cá, cujos pais são simultaneamente seus irmãos, por exemplo. Não se fica indiferente a uma criança que foi de tal maneira abanada que ficou com sequelas cerebrais gravíssimas. Sabendo que essa criança teve um momento mau, se pudermos melhorar um bocadinho a sua vida isso é fundamental. Essa é a descoberta que todos nós tentamos fazer aqui, particularmente os funcionários, que fazem um trabalho de excelência. Esta

que o mérito do prémio era das instituições que dirige, nomeadamente do Centro João Paulo II. A outra é a Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI para doentes com Alzheimer. Por opção própria é tutor de mais de metade dos 192 utentes que vivem no Centro, todas elas deficientes profundas e com idades entre os seis e os quarenta e cinco anos. “A primeira vez que aqui entrei levei um murro no estômago. É impossível não sairmos daqui pessoas diferentes”, confessa. Tem uma relação próxima com todos os

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

é uma casa mágica onde a ternura e o afecto são extremamente importantes. E nós até recebemos muito mais do que damos. Está a dizer que os funcionários do Centro João Paulo II têm uma relação mais que profissional com os utentes. A relação dos funcionários com os utentes é de tal maneira próxima que no Natal, por exemplo, eles pedem autorização para levá-los para casa para poderem passar essa quadra juntos. Os utentes também são a família dos funcionários e quando eles falecem são os funcionários que choram por eles. Quem está aqui a trabalhar tem uma relação afectuosa com todos. Além da capacidade técnica para fazer o seu serviço tem a noção da importância dos afectos.

utentes do Centro. Conhece-os a todos pelo nome e durante a visita com O MIRANTE falou e brincou com todos. É um homem de afectos e a ternura está na mão que passa em cada um deles a demonstrar o seu carinho. Joaquim Guardado nasceu a 2 de Agosto de 1955 em Faro, no Algarve, mas aos 15 dias de idade foi para Pombal com os pais e é lá que ainda hoje vive. “A minha mãe é do Algarve e quis ter o seu único filho junto da sua família que era de Faro, por isso é que nasci lá”, explica.

Lidar com pessoas com deficiência profunda faz-nos ver a vida de outra forma? Relativizamos os nossos problemas porque as situações destes utentes é que são problemas sérios. Disse-vos durante a visita às instalações que iriam sair diferentes da forma que entraram e foi isso que aconteceu. Somos capazes de dar valor àquilo que temos depois de uma visita ao Centro João Paulo II. A vida é melhor se formos capazes de sermos afectuosos e se formos capazes de partilhar as coisas. A vida é toda ela uma partilha. Também é administrador da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI em Fátima dirigida a pessoas com demências. É uma instituição de qualidade que acolhe sessenta pessoas que sofrem de demências, particularmente na área do Alzheimer. A União de Misericórdias decidiu criar esta unidade para ter algo de topo, diferente e pioneiro. Recebemos regularmente instituições que querem saber como funcionamos. É preciso perceber o que nós entendemos dos nossos idosos. Vamos entrar numa fase em que os nossos idosos vão viver mais tempo mas as suas doenças vão ser mais relacionadas com as demências e temos que estar preparados para isso. O que o levou a aceitar o convite para dirigir a Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI? A minha mãe e a minha sogra sofreram ambas com Alzheimer, o que me deu a experiência de cuidador nesta área da saúde. Como é que se lida com essa realidade de ter uma mãe e uma sogra com Alzheimer? Aprendi a despedir-me da minha mãe antes da sua morte. É complicado. É outra pessoa com quem nos estamos a relacionar diferente daquela que conhecemos toda a vida. Temos que encarar as coisas com alguma naturalidade. Sabemos que um dia não estaremos cá. Nunca pensei que a minha mãe viesse a sofrer de Alzheimer mas aconteceu. Quando me despedi dela já tínhamos tudo conversado entre nós.

Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra e tem escritório de advocacia em Pombal. Esteve ligado a diversas associações e foi vereador na Câmara de Pombal há cerca de trinta anos. É Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pombal há 13 anos. Admite que o facto de não ter filhos também lhe permite ter uma maior disponibilidade para ajudar os outros. “Tenho a minha mulher na retaguarda que me ajuda bastante e sabe que gosto de fazer estas coisas, que não deixam ninguém indiferente. Ela é o meu porto de abrigo”, afirma.


Fala-se o suficiente sobre doenças relacionadas com demências em Portugal? Nunca se falou tanto de demências como agora. Temos é que saber preparar os técnicos e os funcionários para saberem lidar com este tipo de doentes. Cada caso é um caso. Uns são muito agitados, outros são calmos. As Misericórdias têm um papel importante a desempenhar nesta área. Têm que aprender a lidar com este tipo de doentes. Tem que se estudar sobre as características das doenças relacionadas com demência para estarmos melhor preparados. Os pacientes privados vão ficar de fora da Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI? Temos um total de 60 camas e quando inauguramos a Unidade pusemos dez camas para pacientes privados mas agora são todos vindos do público. Há um excesso de procura? Existe um excesso de procura mas também preferimos ter um valor certo de utentes derivado das contingências que possam aparecer porque os custos de manter uma unidade destas são altos e o poder económico da maior parte das pessoas não é muito elevado. A região e o país não têm falta deste tipo de equipamentos? Muita falta mesmo. O que vai acontecer daqui por uns anos é que os lares vão tornar-se cada vez mais unidades de cuidados continuados. Antigamente as pessoas iam para os lares porque estavam sozinhas ou acamadas. Hoje começa a ser diferente. Até em termos arquitectónicos as instituições têm que ser diferentes e modernizar-se porque o idoso está cada vez mais exigente e tem mais formação académica que antigamente.

Além destas actividades e de manter o seu escritório de advogados também é Provedor na Santa Casa da Misericórdia de Pombal há 13 anos. O que é que faz nos poucos tempos livres que lhe sobram? Gosto muito de ler e quando tenho tempo gosto de estar com os meus amigos. Ler é um hábito antigo e quando tenho tempo telefono a alguns amigos para almoçar ou jantar. É algo que me dá um gozo enorme porque gosto de cultivar as minhas amizades. No final do dia consegue desligar de tudo ou leva no pensamento os seus utentes? É impossível não levar comigo em pensamento a vida que os utentes tiveram, particularmente em alguns casos sociais que ainda mexem comigo. Foi autarca. Que cargos desempenhou? Fui vereador na Câmara Municipal de Pombal. Na altura tinha 30 anos. Entrei na política em Pombal pelo PSD e depois fui também numa lista do PS. O que me move são as pessoas e não os partidos. Nunca me filiei. Depois disso já fui convidado mas a política já não me diz nada. Desiludido? Os tempos mudaram muito e há coisas em que prefiro não me meter. Têm que se escolher os melhores dos melhores para os cargos políticos. Pessoas que gostam da terra e que são capazes de fazer sacrifícios pelo seu concelho. Quando vejo que as secções dos partidos políticos são constituídas por meia dúzia de militantes e que depois são eles que mandam em concelhos com 20 mil ou 50 mil eleitores custa-me a aceitar. Sente-se um homem realizado?

Sinto-me bem comigo e isso é o mais importante. Faço o que é possível fazer. Tenho consciência que sou um cidadão correcto, sou um indivíduo educado, respeitador e que faço aquilo que talvez não haja muita gente a fazer mas não sou o único a fazê-lo. Há imensa gente capaz de fazer o que faço mas a vida é feita de oportunidades e eu tive essa oportunidade para fazê-lo. Consegui aproveitá-la e faço aquilo que gosto.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

21


“Só uma associação muito acarinhada pela população é que consegue sobreviver” A Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina é a colectividade mais antiga do concelho de Tomar. Foi fundada no reinado de D. Luís I e resistiu a várias crises ao longo dos seus 143 anos de existência. A entrevista a O MIRANTE contou com a presidente da direcção, Filipa Fernandes, que está no cargo há cerca de dois anos, e com os elementos da direcção Alexandra Vasconcelos, Sónia Pais e João Vital. Ana Isabel Borrego Que balanço faz destes dois anos de mandato à frente da direcção da Nabantina? Filipa Fernandes (F.F.) - Temos apostado sobretudo em melhorar a nossa sede. Quando iniciamos o mandato era um espaço que não estava devidamente cuidado e precisava de obras. Começamos por recuperar o telhado porque tinha muitas infiltrações. Depois recuperámos o salão onde decorrem os ensaios da banda. Fizemos também uma parceria com a câmara municipal e o Insti-

A colectividade mais antiga do concelho de Tomar A Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina comemorou 143 anos no dia 12 de Setembro de 2017. É a colectividade mais antiga do concelho de Tomar e uma das mais acarinhadas da população. Em 1874 Carlos Campeão e José Matias de Araújo, que partilhavam o gosto pela música, decidiram fundar a banda à qual - como viviam no tempo da Monarquia, sob o reinado de D. Luís I – deram o nome de Real Banda Marcial Nabantina. Após a implementação da República, a 5 de Outubro de 1910, a Banda deixou de ser Real para passar a Republicana e não 22

O MIRANTE

tuto Politécnico de Tomar para recuperarmos a fachada do prédio. Por último, aproveitamos uma sala que servia de arrecadação e criámos uma sala de convívio que serve para pequenos beberetes. Demos-lhe o nome João Vital. Porquê? F.F. - O João Vital fez parte de muitas direcções e é uma forma de o homenagear por tudo o que tem feito em prol da Nabantina ao longo dos anos. É uma referência para nós e para a população de Tomar. É uma pessoa humilde, trabalhadora e dá sem querer nada em troca. Além disso, as pessoas

foi necessário o 25 de Abril de 1974 para a Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina se implantar como uma casa de cultura e de oposição ao regime salazarista. Foi na sua sede, no centro histórico da cidade, que nos anos sessenta e setenta, o maestro tomarense Fernando Lopes-Graça começou a mostrar o seu talento e foi por lá que passaram também, como animadores de ciclos culturais, outros vultos da cultura nacional como Alves Redol ou Fernando Namora. Além da Banda a sociedade tem uma escola de música onde o ensino sempre foi gratuito. Os alunos aprendem primeiro na escola e depois passam para a banda. Há filhos e pais a aprenderem. A Banda é composta por cerca de 40 elementos, com idades compreendidas entre os nove e os 90 anos. O mais velho

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

devem ser homenageadas em vida. O João Vital é uma pessoa merecedora dessa homenagem porque é, provavelmente, a pessoa que mais deu a esta causa, de forma muito discreta, e continua a dar. Uma actuação da Nabantina que guardem na memória? F.F – A actuação o ano passado para comemorar o 25 de Abril, em que fizemos um espectáculo de tributo a Zeca Afonso, foi muito marcante e correu muito bem. Esgotamos o Cine-Teatro Paraíso e foi um momento alto. Queremos repetir esse espectáculo. João Vital (J.V.) - Outra actuação marcante foi na Expo’98 a convite do Presidente da República da altura, Jorge Sampaio, que tinha estado em Tomar no Dia da Cidade [1 de Março] e convidou pessoalmente a Nabantina para fazer uma actuação durante a Expo’98, no dia 12 de Setembro, que coincidiu com a data de aniversário da banda. Quantas actuações têm, em média, por ano?

é o senhor Diamantino que é considerado a alma da banda e ainda acompanha nos concertos. Só não participa nas arruadas pelas ruas porque as pernas já não o permitem. Os ensaios da banda são às sextas-feiras à noite porque muitos elementos estudam fora e outros trabalham. Os ensaios da escola acontecem antes do ensaio da banda e também aos sábados. Os seis professores da escola de música são elementos da banda que ensinam em regime de voluntariado. A Nabantina tem outras secções como o teatro (Nabantina ao Palco) e danças de salão. A Tuna Templária também ensaia na sede da associação. A Escola de Música Canto Firme e o grupo de teatro Fatias de Cá nasceram na Nabantina, nos anos 80 do século passado. “Eram secções da Na-

Personalidade do Ano

Cultura Masculino

Sociedade Banda Republicana Marcial Nabantina foi fundada há 143 anos

F.F - A banda tem várias solicitações por parte de festas populares e de comissões de festas do concelho. São cerca de dez, doze por ano mas já foram mais. Antes da crise quase todos os fins-de-semana tínhamos uma actuação. No entanto, a procura começa a aumentar. É fácil recrutar elementos para a banda? F.F. - Todos os anos, em Setembro, abrimos as inscrições para a escola de música e fazemos divulgação dessas inscrições. Mantém-se o mesmo número de inscrições de um ano para o outro. Temos sempre três ou quatro novos elementos que entram todos os anos.

bantina que depois sentiram necessidade de crescer e saíram criando a sua própria autonomia”, explica João Vital, que já pertenceu a várias direcções da Nabantina desde 1986. Há dois anos a Nabantina foi distinguida pela Câmara de Tomar com a Medalha de Mérito da Cidade no dia município, a 1 de Março. A Banda actua várias vezes por ano em vários pontos do país e já chegou a tocar em Espanha. A Nabantina não se queixa de falta de público uma vez que, explicam os dirigentes, os seus espectáculos têm sempre casa cheia. Graças à dedicação dos seus associados a Nabantina chegou aos dias de hoje rejuvenescida e revitalizada. Para resumir o seu percurso foi escolhida a frase: “Há coisas que com o tempo ganham Alma”.


Preocupam-se com a renovação da banda nos próximos anos? F.F. - É uma preocupação constante que tentamos ultrapassar. Felizmente, na nossa banda até temos alguns elementos jovens que, se continuarem, vão assegurando o futuro. O que traz estes jovens à Nabantina? F.F. - É o gosto pela música e o facto de quererem aprender um instrumento. Termos uma escola de música que ensina gratuitamente é uma vantagem. E a escola foi criada para permitir que as pessoas com menos possibilidades financeiras pudessem aprender música. Que receitas têm para manter a colectividade a funcionar? F.F. - Temos o subsídio anual da câmara municipal e cerca de 400 associados que pagam uma quota anual por 12 euros. Têm parcerias com outras entidades? F.F. - Temos uma parceria com o Canto Firme de Tomar. Se eles precisam de algum material que nós temos cedemos-lho e vice-versa. A junta de freguesia urbana também nos tem ajudado. Não têm uma situação desafogada. F.F. - Temos que fazer muita ginástica e ser muito criativos para encontrarmos novas formas de angariar dinheiro. O ano passado, por exemplo, criamos uma iniciativa para celebrar o São João, onde convidamos todos os comerciantes da Rua Silva Magalhães a aderir à nossa animação de rua, com música ao vivo. Envolvemos a comunidade e a rua encheu. Deveria haver limites de mandatos no dirigismo associativo como há nos municípios? F.F. - Sim, era importante isso acontecer

para as associações não estagnarem. As direcções começam com grande entusiasmo mas ele vai-se perdendo ao longo dos anos. Não é porque se deixe de gostar mas porque começa a haver outras prioridade. É importante haver renovação de direcções para manter uma associação viva e com ideias novas. Mas por outro lado não deve ser fácil encontrar pessoas disponíveis para os cargos de direcção? F.F. - Pois, isso é um pouco mais complicado. São quase sempre os mesmos porque não há pessoas disponíveis. Há pessoas que querem pertencer à direcção de colectividades mas é preciso saber se querem trabalhar ou se querem vir apenas por vir. Porque vir só por vir não adianta nada. Felizmente, em Tomar começa a haver jovens a interessarem-se pelo associativismo. A que se deve esse interesse? F.F. - Penso que querem sentir-se úteis e fazer alguma coisa pela sua cidade. Sentem que têm esse dever. A Nabantina é mais do que uma colectividade onde se aprende música? F.F. - Penso que serve também como referência em termos de sobrevivência e longevidade. É uma espécie de alma das associações. É a mais antiga, resistiu a tanta crise e passou por tantos momentos complicados do país e da própria colectividade que serve de exemplo. Tivemos várias divergências entre sócios e dirigentes nos anos 90 do século passado mas tudo se ultrapassou e a colectividade continua bem viva e cheia de força. Existem várias colectividades de música no concelho de Tomar. A competição é saudável? F.F. - Neste momento, é saudável mas

nem sempre foi assim. Há uns anos havia uma competição muito renhida principalmente entre a Gualdim Pais e a Nabantina. Por vezes chegou-se a vias de facto entre elementos de ambas as colectividades. Agora está tudo ultrapassado e existe uma boa relação com todas as associações. A rivalidade existe sempre mas agora é saudável. Quanto mais partilharmos entre associações mais ganhamos todos e quem ganha principalmente é a população de Tomar. Sónia Pais - Há dois anos organizamos uma iniciativa para celebrar o Dia Internacional da Música e convidamos as outras três bandas de Tomar para se juntarem a nós em arruadas. Saímos de locais diferentes e encontramo-nos todos na Praça da República. Foi um espectáculo muito bom. Qual foi o momento mais alto da Nabantina?

01 MARÇO 2018

J.V. - É difícil dizer porque são mais de cem anos mas o centenário da colectividade, em 1974, foi um momento muito alto porque juntou uma série de bandas a nível nacional e veio um elemento do Governo ao aniversário. Foi um grande evento que envolveu a cidade toda. Além disso, viviam-se os primeiros meses após a Revolução do 25 de Abril e havia um enorme espírito de festa. Foi também a primeira colectividade do concelho a comemorar o século e por isso foi marcante. Qual é o segredo do sucesso para a longevidade da Nabantina? J.V. - É a entrega e o amor à música e à cultura. Os tomarenses são muito bairristas e gostam muito das suas tradições. O carinho que as pessoas têm à Nabantina faz com que nunca a deixem morrer. Esperemos que seja sempre assim.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

23


Personalidade do Ano

Cultura Feminino

Orquestra Típica Scalabitana

“É difícil cativar os jovens para este tipo de música tradicional” A Orquestra Típica Scalabitana (OTS), ex-libris da música popular do Ribatejo, foi fundada em 1946 pelo jovem maestro António Gavino, músico amador e autodidacta, autor da famosa “Marcha Ribatejana”. Assinala 72 anos de existência em 2018. O vice-presidente da OTS, Manuel Coelho, diz que a carolice de todos e a paixão pela música é o segredo da longevidade. O mais difícil, admite, é recrutar jovens para o grupo e renovar a equipa. Ana Isabel Borrego A OTS celebra este ano 72 anos. Qual foi o momento mais importante para a orquestra? Talvez tenham sido os espectáculos que assinalaram o 68º e o 70º aniversário, em

O ex-libris da música popular do Ribatejo A Orquestra Típica Scalabitana (OTS), ex-libris da música popular do Ribatejo, foi fundada em 1946 pelo jovem maestro António Gavino, músico amador e autodidacta, autor da famosa “Marcha Ribatejana”. Na época, António Gavino tinha muitos conhecimentos de música e piano e começou a compor. Além disso, pegava em vários temas populares e regionais e dava-lhes outra orquestração, sem fugir da raiz das músicas. Começou com uns amigos a tocar e houve adesão de outros músicos e assim nasceu a OTS, a primeira orquestra que Gavino teve. Actualmente é constituída por orquestra e coro misto. Tem cerca de quarenta elementos, com idades compreendidas entre os 17 e os 73 anos. A OTS destaca-se por trajar a rigor. Os músicos envergam o traje 24

O MIRANTE

2014 e 2016. Um com o tenor Carlos Guilherme e o outro com o guitarrista Custódio Castelo. Foram as actuações que fizemos que tiveram mais impacto e que tiveram maior adesão do público. E o mais difícil? Estarmos numa sala a actuar para vinte

de campino enquanto o maestro usa o traje de domingo do lavrador rico. No coro, os homens usam calça, colete e cinta pretos e camisa branca, ou seja, o traje de domingo do trabalhador do campo. As senhoras usam trajes mais diversos da região, como o das Mondadeiras de Coruche ou das trabalhadoras do campo da zona ribeirinha dos avieiros ou das zonas de Almeirim e Alpiarça. Os músicos tocam bandolim, viola, guitarra portuguesa, violão baixo, acordeão, flauta, flautim, clarinete e bateria. A OTS dispõe de centenas de músicas no seu reportório, a maioria foram deixadas por António Gavino. A “Marcha Ribatejana” é a música mais popular da orquestra e que não falha em nenhum espectáculo. Desde a sua fundação tem vindo a desenvolver uma actividade contínua com importante papel na divulgação da música e da cultura ribatejana, tendo já actuado um pouco por todo o país e também no estrangeiro,

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

ou trinta pessoas e a pouco e pouco ficarem apenas três ou quatro na plateia. Foi um espectáculo num meio rural pequeno em que só subimos ao palco depois de ter sido feito um leilão. Estava muito frio e as pessoas foram-se embora antes de começarmos a actuar. No entanto, tocamos na mesma porque todas as oportunidades são boas para tocarmos em conjunto. Foi um ensaio ao vivo. Claro que quem está em cima do palco gosta de ter público a assistir. Qual o segredo da vossa longevidade? É a carolice de todos e termos em comum a paixão pela música. Além disso, damo-nos todos muito bem e somos próximos, como uma família.

nomeadamente Espanha, França, Bélgica, Alemanha e Macau. “O espectáculo mais importante em que participamos até hoje foi no Festival Internacional de Orquestras de Macau, em 1995. Foi um bocadinho antes da inauguração do Aeroporto de Macau porque tivemos que aterrar em Hong Kong e atravessar o rio de barco até Macau. Foi o evento mais marcante em que demos a conhecer o nosso trabalho”, recorda Manuel Coelho, vice-presidente da Orquestra Típica Scalabitana e que integra o grupo há 36 anos. A Orquestra Típica Scalabitana é uma secção do Círculo Cultural Scalabitano e ensaiam pelo menos uma vez por semana – às sextas-feiras à noite – numa das salas do Teatro Taborda, no centro histórico da cidade de Santarém. Em 1996 a OTS foi distinguida com a Medalha de Ouro da cidade de Santarém pelo meio século de existência do grupo, pelo então presidente do município José Miguel Noras. Em Dezembro

Como fazem para renovar a equipa? É o mais complicado. Durante muitos anos a orquestra teve os amigos do maestro António Gavino que vinham a Santarém para tocar com a Orquestra. Agora temos dificuldade em cativar pessoas, sobretudo jovens, porque existem muitas outras solicitações e eles também não aderem com facilidade a este tipo de música. Além disso, quando chega a altura de irem para a universidade a tendência é deixarem a orquestra. Neste momento, estamos a atravessar sérias dificuldades porque não estamos a conseguir fazer a renovação da equipa. Temos um jovem com 17 anos mas depois temos outros com 20 e 30 anos mas precisamos de mais gente. Tivemos durante algum tempo no Círculo Cultural Scalabitano uma escola de música mas com a falta de apoios e com a diminuição do interesse a escola fechou. O que poderia ser feito para cativar os mais novos? Algumas vezes seria importante os próprios jovens, entre si, motivarem-se e desafiarem-se a procurar a Orquestra para tocar instrumentos ou pertencerem ao coro. Não podemos obrigá-los e se eles não sentem entusiasmo para este tipo de música mais popular torna-se complicado cativá-los. Se houvesse uma aposta maior no ensino de Música nas escolas públicas seria benéfico para colectividades como a OTS? Uma parceria com o Conservatório de Música de Santarém seria o ideal. Já pensamos nisso algumas vezes para fazer um intercâmbio para os alunos conhecerem o funcionamento da orquestra. Nós portugueses somos muito fieis aos nossos hábitos mas não a todos. Se formos a Espanha, a Sevilha por exemplo, vemos pessoas na rua vestidas com trajes locais. As mulheres de sevilhanas ou os homens com traje campero. Em Santarém

do ano passado foi lançado o livro “História viva de uma grande orquestra”, onde o antigo director da Orquestra Típica Scalabitana, Armando Paulo, condensou as histórias daquela que é a mais emblemática instituição de cultura tradicional da região. Luís Rodrigues é o actual presidente da direcção e Manuel Coelho foi o número dois da lista, dada a sua experiência em anteriores direcções e também à sua disponibilidade uma vez que está reformado há cerca de cinco anos. A OTS tem um novo maestro. Abílio Figueiredo assumiu o cargo há cerca de um ano. A aposta forte da Orquestra é na renovação do grupo que é aquilo que consideram que tem sido o mais difícil nos últimos anos. “Os jovens gostam de música mas não demonstram tanto interesse por orquestra e como têm outras alternativas torna-se complicado trazê-los para cá”, lamenta Manuel Coelho em entrevista a O MIRANTE.


os jovens têm relutância em vestir-se assim e o facto da Orquestra trajar com roupas tradicionais também afasta os mais novos. Na nossa região, infelizmente, não se cultiva o uso de trajes antigos. A Orquestra beneficiaria com uma direcção profissional e a tempo inteiro? Não sei se o volume de actividades que temos o justificaria porque para existir uma direcção a tempo inteiro não poderia ser uma direcção amadora e isso iria ter encargos e sem receitas não podemos ter encargos. Que existam duas ou três pessoas com capacidade de decisão e espírito de iniciativa tudo bem mas a esse nível não era possível nem vantajoso. A Orquestra poderia ser mais do que apenas uma secção do Círculo Cultural Scalabitano? A Orquestra é uma secção desde o início. São muitas décadas que levam a que haja um laço afectivo. Não dependemos do Círculo a nível artístico ou cultural mas dependemos de forma afectiva. Se nos tornássemos independentes do Círculo poderíamos estar a dar um tiro no pé, como se costuma dizer. Quantas actuações têm, em média, por ano? Infelizmente, temos poucas comparando com o número de espectáculos que fazíamos há 10 ou 15 anos. Actualmente, são cer-

ca de dez actuações por ano. A Orquestra actuava muito em festas populares e eram as associações que nos convidavam e pagavam. O problema é que de há alguns anos para cá os apoios têm desaparecido e essas associações já não têm possibilidades financeiras para nos pagar. Participamos algumas vezes em eventos de carácter solidário e suportamos nós as despesas para actuarmos em algumas iniciativas mas não pode ser sempre porque a Orquestra tem custos. Um traje, por exemplo, não custa menos de 300 euros e os apoios que recebemos não são assim tão elevados. Estar na vice-presidência de uma colectividade com sete décadas de existência é muito exigente? A orquestra tem um nome e não é um nome qualquer. Quando aceitamos pertencer aos órgãos sociais de uma entidade como esta temos que saber que acima de nós está a colectividade. Temos uma imagem a defender, defender a imagem da Orquestra, como se fosse a nossa família. É fácil encontrar pessoas disponíveis para os cargos de direcção? Isto requer tempo e as pessoas estão cada vez mais assoberbadas com a sua vida pessoal e profissional. Além disso, as pessoas também se sentem relutantes em assumir estes cargos porque dão trabalho e res-

ponsabilidade e não se pode falhar. Antigamente havia mais tempo e disponibilidade do que hoje em dia. As pessoas estão cada vez mais desligadas do associativismo. Porquê? As pessoas habituaram-se a ter tudo feito e não querem mais coisas que lhes dêem mais trabalho além do que já têm. Dedico algumas horas do dia à orquestra que podia dedicar a outras coisas minhas. Às vezes também me apetecia ficar no sofá em casa mas não pode ser. Assumimos compromissos e temos que os cumprir. É a paixão pela música que nos move. Enquanto dirigente quais são as principais dificuldades com que tem que lidar no dia-a-dia? Recordar as pessoas que há compromissos assumidos que temos que cumprir e isso requer trabalho e trabalho requer ensaios. No Inverno não apetece sair de casa e temos que incutir o interesse, o gosto e o sentido de responsabilidade de que as coisas têm que ser trabalhadas para quando chegar a altura o espectáculo correr bem. Um músico, por muito bom que seja, tem que trabalhar muito. Qual a importância que o lançamento do livro sobre a história da Orquestra Típica Scalabitana tem para o concelho de Santarém e para a região?

01 MARÇO 2018

Tem muita importância porque as pessoas estão habituadas a ouvir falar na orquestra na rádio ou a ler no jornal mas não sabem o que é que está por detrás de tudo desde o início, das histórias, das dificuldades por que passou para chegar onde chegou. E é um excelente arquivo de memórias para as gerações futuras saberem o que é e o que foi a Orquestra Típica Scalabitana. Quais são os principais desafios que se colocam hoje? Fazer mais e melhor. Isso só se consegue com trabalho, dedicação, amor e companheirismo entre todos. Temos que continuar a trabalhar, temos que nos valer das pessoas que temos, tentar angariar novas pessoas que venham enriquecer a orquestra. Inovar a equipa com mais capital humano e sobretudo jovens e pessoas interessadas. Refazer reportório. E nunca desistir porque quem desiste nunca ganha.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

25


Personalidade do Ano Tauromaquia

Campo Pequeno

“O Campo Pequeno está ligado a todo o país mas tem uma relação especial com o Ribatejo” Paula Resende é administradora da sociedade gestora do Campo Pequeno e é uma mulher num mundo de homens. Gosta de ponderar bem todas as decisões e ter os pés bem assentes na terra mas não hesita em arriscar se sentir que há boas oportunidades de negócio no horizonte. Na sua gestão o Campo Pequeno tem conseguido crescer e afirmar-se nacional e internacionalmente, não apenas como arena tauromáquica mas cada vez mais como sala de concertos e colóquios por excelência. Filipe Matias É administradora nomeada pelo tribunal para gerir o Campo Pequeno (CP) há quatro anos. Como tem conseguido que o espaço se renove e capte novos públicos? Sou uma mulher que gosta de trabalhar com os pés bem assentes na terra mas que não hesita em arriscar quando sente que há boas oportunidades de negócio. Quem

26

O MIRANTE

não arrisca não petisca, diz-se. Mas penso em tudo mais do que uma vez. Qual é a sua formação e como encara este desafio? Sou licenciada em Direito e faço recuperação de empresas. O Campo Pequeno esteve numa situação delicada que ainda não foi ultrapassada. Foi necessário alguém com o meu perfil para assegurar a gestão. Pessoalmente fui-me apaixonando pelo edifício. Um factor chave é que hoje

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

o Campo Pequeno não é uma praça de toiros, é uma sala multiusos e polivalente. Os principais desafios que enfrentamos são a diversidade, ou seja, fazer a gestão de uma época taurina juntamente com uma época musical e de eventos. E além disso negociar lojas no nosso centro comercial, que tem mais de 70 espaços. Temos de saber adaptar-nos às condições e aproveitar os fluxos de público. A diversidade é a chave do sucesso. O Campo Pequeno celebrou em 2017 os seus 125 anos. De que forma a cidade compreendeu a importância desta data?

Um passado repleto de história A praça de toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, foi inaugurada a 18 de Agosto de 1892, em pleno reinado de D. Carlos I. É um dos edifícios mais importantes daquela cidade, com um historial rico e variado e uma oferta em várias áreas que vai já muito para além da actividade tauromáquica. Hoje em dia, mais que uma mera praça de toiros, é também uma moderna sala de concertos, colóquios e eventos culturais. Tem também um centro comercial e vários pisos de estacionamento. Os visitantes têm ao seu dispor um museu. No passado foi o cenário das corridas de toiros em honra dos chefes de Estado estrangeiros que visitavam Portugal até ao 25 de Abril de 1974. Em 1919 foi o centro de recrutamento de voluntários para defenderem a república contra a restaurada monarquia do

A comemoração dos 125 anos foi um momento alto e teve uma extraordinária repercussão nacional e internacional. Destaco três iniciativas que realizámos. A primeira foi o lançamento de um livro que dá uma perspectiva do Campo Pequeno e da sua interligação à cidade de Lisboa. Realizamos também uma corrida comemorativa com um espectáculo misto de fado com Camané e Nathalie. Participaram os cavaleiros João Moura, António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol, os forcados de Santarém e de Lisboa e os toiros vieram das ganadarias Palha, Ribeiro Telles, Oliveira Irmãos, Mário e herdeiros de Manuel Vinhas, Murteira Grave e Passanha, tendo contado também com a charanga a cavalo da Guarda Nacional Republicana. No final do ano tivemos uma actuação de Carlos do Carmo e Raquel Tavares. É aficionada? Sim, desde nova. Sou de Lisboa mas tenho raízes na região Oeste. Depois do 25 de Abril vivi na zona de Torres Vedras com os meus pais e ainda lá tenho uma casa de férias para onde gosto de ir quebrar a monotonia e fugir do bulício da cidade. Comecei por gostar mais dos cavalos nas corridas de toiros mas neste momento o toureio a pé desperta-me cada vez mais emoção e interesse. Esteticamente o toureio a pé é de uma beleza muito grande. As corridas mistas estão a voltar e este ano vamos ter uma programação também com corridas mistas. No dia 5 de Abril teremos a nossa primeira corrida com três cavaleiros mas temos a intenção de fazer mais mistas.

norte. Em 1936, num comício político ali realizado, surgiu o movimento que iria fundar a Legião Portuguesa. No último ano o Campo Pequeno celebrou os seus 125 anos, data assinalada com diferentes eventos e várias corridas de toiros, onde também não faltou a primeira grande corrida de O MIRANTE naquela praça. Uma noite de emoções fortes onde Parreirita Cigano tirou a sua alternativa. Actualmente o Campo Pequeno é visitado por centenas de milhares de espectadores por ano, divididos entre a sala multiusos e o centro comercial. O Campo Pequeno desfruta hoje do seu momento mais alto de visibilidade e reconhecimento nacional e internacional das últimas décadas, pelo trabalho que tem realizado ao serviço da cultura tauromáquica em Portugal mas também enquanto versátil sala de espectáculos ao serviço de toda a população.


Qual a maior virtude do Campo Pequeno neste momento? É estarmos no coração de Lisboa há 125 anos com muita força, num edifício modernizado, bonito e cuidado. Lisboa sem Campo Pequeno é como um jardim sem flores. E somos o único museu tauromáquico de Lisboa. Todos os dias entro na sala e gosto de contemplá-la. É das mais bonitas que conheço. Sente-se nela uma grande carga emocional, histórica e afectiva. Desde as obras de restauro e requalificação que nos convertemos numa sala multiusos com capacidade para acolher eventos tão diversificados como uma corrida de toiros, ópera, concerto e até reuniões empresariais, congressos e eventos desportivos. Temos sido uma das salas mais requisitadas de Lisboa. É uma mulher num mundo de homens. Isso aflige-a?

De modo nenhum. Nem nunca tive problemas com isso, a maior parte deles recebe-me muito bem. Eles acham que somos mais frágeis mas enganam-se (sorrisos). Em muitas matérias tomamos a dianteira e ganhamos as batalhas. Como classifica a ligação entre o Campo Pequeno e o Ribatejo? Por natureza o Campo Pequeno está profundamente ligado a Portugal mas temos uma relação muito próxima com o Ribatejo. Conheço o Ribatejo e é uma zona de que gosto muito. Vou lá muita vez. O cavalo e o toiro são símbolos da festa brava, do Ribatejo e do Campo Pequeno. É uma honra receber este prémio de O MIRANTE porque é muito importante sermos reconhecidos nessa região. Sente nos ombros o peso de dirigir a maior praça de toiros do país?

Somos uma referência e tentamos sempre dar o nosso melhor. Os nossos aficionados sabem-no e confiam em nós. Não queremos nem podemos baixar a guarda por isso tentamos sempre fazer mais e melhor. Temos tido cada vez mais lugares abonados [cativos] que são já dez por cento da praça, um número que nunca tinha sido alcançado. Como lida com os protestos anti-taurinos à porta sempre que há corridas? As manifestações são um direito mas além disso tem que haver bom senso e educação. É preciso que as pessoas saibam que os seus direitos terminam quando ameaçam os direitos dos outros. Os anti-taurinos quase nunca entendem isto. Provocam e insultam quem não pensa como eles. Os aficionados têm tido uma enorme paciência. Gostaríamos, sem impedir o direito de ma-

01 MARÇO 2018

nifestação, que eles fossem colocados a uma maior distância da praça de toiros. São um número reduzido de pessoas, umas 30 ou 40, quando na praça raramente estão menos de cinco mil aficionados. Esta desproporção explica tudo. Que futuro desenha para o Campo Pequeno? O nosso projecto passa por fazer mais e melhor sabendo desde já que trabalhar no Campo Pequeno é um desafio constante e permanente, só possível pela grande simbiose que há entre cada um dos que aqui trabalham com o ADN deste edifício e deste projecto. Queremos trazer os melhores artistas e centralizar no Campo Pequeno eventos do maior significado cultural e trabalhamos para isso. Cada prémio, como este que recebemos de O MIRANTE, significa uma responsabilidade acrescida para fazer mais.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

27


28

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

29


Personalidade do Ano

Desporto Feminino

União Desportiva e Recreativa da Zona Alta - Torres Novas

“Quem luta nem sempre ganha mas quem não luta perde sempre” A União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, de Torres Novas, é uma colectividade de bairro com projecção regional, e até nacional, graças a modalidades como o basquetebol feminino, a ginástica e o tiro com arco, entre outras. Está em sétimo lugar entre os clubes de ginástica com mais praticantes a nível nacional num universo de 228 clubes existentes. Rosália Jorge Com a inauguração da nova sede e do polidesportivo, quais são os objectivos a alcançar? João António (J.A.), presidente da direcção - Vamos continuar, agora com melhores condições, o nosso trabalho na formação dos jovens atletas e na sua preparação para que atinjam os melhores resultados. Ajudá-los a trilhar um caminho de sucesso, não só na prática desportiva mas também na vida pessoal.

Gonçalo André (G.A.) - director desportivo - Esta direcção está apostada também em tornar o clube totalmente autónomo em termos financeiros até 2019. Queremos ter as melhores condições de apoio para os nossos atletas e proporcionar estabilidade à Associação para que a comunidade possa usufruir em pleno de tudo o que foi conseguido. Qual é a motivação para assumir um projecto deste tipo? J.A. - Assumir desafios e ajudar a concretizar projectos é um lema que me

acompanha. A comunidade da Zona Alta é como uma grande família. Contribuir para que as pessoas possam usufruir de melhores condições de convívio e divertirem-se com o desporto que agrega e dá saúde, é uma grande motivação. Depois, ajudar os jovens atletas a superarem-se, a ganharem hábitos de trabalho, de partilha com a sociedade é outra grande motivação que me agarra a este projecto muitas horas por ano. Procuro envolver a minha família para poder estar presente. O meu filho de três anos, está na ginástica e a minha esposa, médica, vem sempre que o trabalho permite. G.A. - A motivação passa por ajudar a comunidade, as famílias e os jovens a su-

Um clube de bairro com estatuto nacional A União Desportiva e Recreativa da Zona Alta nasceu há trinta e nove anos no Bairro de Santo António, em Torres Novas, e foi conquistando espaço no contexto desportivo da região e do país. Tem cerca de quinhentos e cinquenta sócios, mais de quatrocentos jovens atletas e dezanove treinadores, todos formados em desporto. João António, professor de Educação Física, é o presidente da direcção, e Gonçalo André, também professor de Educação Física, é o director desportivo. Em 2017 a nova direcção assumiu o objecti-

30

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

perar dificuldades, a olhar para a sociedade como um todo e ajudar a alterar comportamentos. Vou contar o caso de um jovem que foi meu aluno: o Amorim, agora formado em Medicina e que sempre foi um aluno brilhante. Frequentava as aulas, treinava todos os dias e tinha uma vida social muito activa, ajudava sempre nas iniciativas promovidas pelo clube. Tinha excelentes resultados desportivos e em contexto de equipa era um elemento que procurava integrar sempre os colegas com algumas dificuldades de sociabilização. É este espírito de partilha e boa formação que queremos incutir nos jovens atletas que ajudamos a formar. Claro que esse jovem tem qualidades. Como foi acompanhado? G.A. - Os nossos treinadores são todos formados e exigimos profissionalismo, simpatia e cortesia. Os bons resultados desportivos conseguem-se com uma formação humana assente na sensibilidade, na partilha, na capacidade de ouvir e ajudar a ultrapassar dificuldades. Quais são as modalidades que ainda querem ter? J.A. - Já temos todas as modalidades que queríamos. Agora queremos estabilizar o número de atletas nos quinhentos e aumentar as condições para a prática desportiva cada vez com melhor qualidade. G.A. - Na época 2016/2017 o clube conquistou quarenta títulos nacionais e cerca de setenta títulos distritais. Somos o sétimo clube do país na ginástica artística masculina, com duzentos e setenta praticantes. Temos um treinador a treinar intensivamente um atleta, o Diogo Soares, que está na Selecção Nacional de Ginástica artística masculina e temos muitos outros casos de sucesso desportivo. O Joel Catarino vai ao campeonato da Eu-

vo de até 2019 tornar o clube totalmente autónomo financeiramente. O grande sonho da colectividade era ter uma sede que permitisse as melhores condições para o convívio e um polidesportivo que servisse praticantes de todas as idades. Esse objectivo está concretizado. A nova sede e o polidesportivo renovado foram inaugurados no dia 24 de Fevereiro depois de concretizada a obra que custou cerca de cento e quarenta mil euros. João António e Gonçalo André dizem que querem deixar o seu cunho pessoal no clube como forma de um contributo à comunidade. Sublinham que a União Desportiva e Recreativa da Zona Alta é uma grande família, onde a confiança, o rigor de gestão e a aposta na superação das dificuldades fazem do clube de bairro um exemplo de cidadania.


ropa de juniores de ginástica e está preparado para conseguir um excelente resultado. O basquetebol é outra das modalidades com um caminho promissor no horizonte. Temos cerca de setenta e oito jovens que com doze anos já dão mostras de virem a obter excelentes resultados no futuro. Quais são os conselhos que fazem questão de dar sempre aos jovens atletas em formação? J.A. - Como fazemos essencialmente formação até aos dezoito anos procuramos incutir regras, hábitos de trabalho, respeito por tudo e por todos. Procuramos envolver as famílias, no sentido de perceber as dificuldades e podermos ajudar a superá-las. A perseverança, a superação, a resiliência aos problemas são máximas sempre presentes na nossa formação. G.A. - Como coordenador desportivo procuro transmitir sempre o espírito de conquista por mais e melhor mas também me preocupa perceber porque é que os atletas não conseguem atingir os melhores resultados e algumas vezes pensam em desistir. Procuramos saber se há problemas económicos na família porque, apesar dos jovens pagarem uma mensalidade na ordem dos vinte euros por mês, por vezes há

dificuldades que condicionam as famílias a suportar essa despesa. Nesses casos, tratamos a questão de forma discreta e permitimos que os jovens frequentem o clube e treinem de forma gratuita. J.A. - Temos um lema na nossa associação que nos acompanha em todos os projectos “Quem luta nem sempre ganha mas quem não luta perde sempre”. Esta máxima serve para acompanhar a prática desportiva e incentivar os melhores resultados mas também tem de estar presente no dia-a-dia dos jovens em contexto escolar, familiar e social. Quais os projectos para o futuro? J.A. - Queremos continuar a apostar em conseguir as melhores condições para os nossos jovens treinarem e atingirem os melhores resultados. Precisamos de um praticável novo porque o número de atletas de ginástica que usam o actual é muito significativo e o equipamento está desgastado. Custa quarenta mil euros por isso ainda vamos tentar reunir essa verba para comprar um novo, garantindo melhor qualidade e segurança para a ginástica. Também queremos integrar a rede nacional de associações juvenis que abrirá portas para a realização de campos de férias e estágios para jovens estrangeiros.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

31


Personalidade do Ano

Desporto Masculino

Alhandra Sporting Club

“No dia em que se paguem ordenados a directores o associativismo morre” O presidente do Alhandra Sporting Club, Rui Macieira, diz que a colectividade está bem e recomendase. O clube, situado à beira do Tejo, no concelho de Vila Franca de Xira é nos tempos actuais, uma máquina de fazer campeões de triatlo. O dirigente garante que o sucesso se baseia no trabalho e no facto de nunca ter vergonha de reclamar o melhor para a casa que dirige. Um dos maiores sonhos continua a ser a construção de um moderno campo de futebol que substitua o velho campo da Hortinha que está em funcionamento desde 1922. João Lourenço, António Soares, João José, Joaquim Carmo e Isabel Macieira são outros dos rostos dos órgãos sociais da colectividade. Filipe Matias O Alhandra Sporting Club (ASC) foi fundado em 1921. O que motivou as gentes da altura para se formar um clube? Foi fundado principalmente para apoiar todos os miúdos da nossa vila que não tinham nada para os seus tempos livres. A partir daí as coisas começaram a ganhar velocidade e passados uns tempos já não havia só futebol mas também andebol, ginástica, ténis de mesa e outras modalidades. Cons-

Aposta na formação é garantia de futuro Fundado a 1 de Dezembro de 1921 o Alhandra Sporting Club (ASC) é a maior associação desportiva da freguesia de Alhandra e uma das mais antigas do concelho de Vila Franca de Xira. É também hoje em dia uma das maiores potências nacionais na formação de triatlo, modalidade que agrupa três disciplinas diferentes: natação, ciclismo e corrida. Atletas como João Pereira ou Melanie Santos, que já representam Portugal nos campeonatos mundiais e europeus, foram formados no Alhandra Sporting Club. Na base da fundação do clube esteve 32

O MIRANTE

truímos uma piscina e logo começaram a aparecer novos valores na natação. Além do Baptista Pereira, que é a nossa referência, também tivemos o Carlos Vieira da Silva e o João Carvalho. Depois tivemos a vela, com valores muito bons como o Valada de Sousa e o Pedro Cavaco. Na canoagem tivemos o Rui Câncio, muito medalhado internacionalmente. Agora vivemos o auge do triatlo, de onde saiu a Melanie Santos e o João Pereira. Para mim as pessoas que fundaram o ASC foram como o Marquês de Pombal:

um grupo de pessoas da vila ribeirinha de Alhandra dedicado a oferecer a prática desportiva aos jovens, que na altura não tinham qualquer ocupação e viviam debaixo da forte poluição gerada pela fábrica de cimento da Cimpor. O clube nasceu com o futebol e em Setembro de 1922 foi inaugurado o Campo de Jogos da Hortinha, que ainda hoje continua a funcionar mas sem grandes condições. A luta actual dos dirigentes é para conseguir, com o apoio da Câmara de Vila Franca de Xira, construir um moderno parque desportivo que substitua o velho campo de futebol. Ao longo da sua história o clube proporcionou à comunidade modalidades como o ciclismo, atletismo e andebol. Foi o primeiro

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

conseguiram ter uma visão de futuro e perceber o que era preciso fazer em Alhandra. Na génese da fundação do clube esteve também uma tentativa de combater a poluição que na altura era quase insuportável. Sim, a poluição da fábrica foi um dos causadores da fundação do clube. As pessoas criavam os filhos e pensavam logo que eles tinham de sair dali porque o ar era irrespirável. Ainda hoje em dia temos episódios. Devia despoluir-se Alhandra. Não ape-

clube do concelho a construir uma piscina e a começar a oferecer a prática de natação. Baptista Pereira, um dos portugueses que cruzou o Canal da Mancha e era atleta do Alhandra Sporting Club, é ainda hoje uma das referências do clube na natação. A proximidade com o rio levou ao surgimento de uma secção náutica, com canoagem e vela, que funciona até aos dias de hoje. Nos últimos anos, graças às boas condições que o clube oferece, o triatlo tem sido muito procurado e o que tem granjeado mais sucessos ao clube alhandrense, com atletas campeões do mundo e da Europa a levarem mais longe o nome de Alhandra e do concelho vilafranquense.

nas o ar que se respira mas também os terrenos da antiga Cimianto (fábrica de fibrocimento). E temos a poluição do Tejo e o ruído dos comboios e da auto-estrada. Os dirigentes associativos devem ser remunerados? No dia em que isso aconteça o associativismo morre. Isso não pode acontecer. Anda aqui muita gente a trabalhar por gosto e sem pensar em vir a ganhar seja o que for. O amor à camisola está com a gente. Há 70 anos comíamos pó de cimento e o associativismo até era muito maior do que é actualmente. Gerir um clube com os sucessos que o ASC tem alcançado tira-lhe o sono? Às vezes (risos). Obviamente orgulha-nos mas o crescimento traz-nos sempre novas responsabilidades. Damos apoio às três secções que temos [futebol, náutica e natação e triatlo] dentro das nossas possibilidades. O ASC precisa das secções para dar nome ao clube. O segredo para o sucesso é ter boas instalações e muito trabalho. Não há muitos clubes de triatlo a treinar como os nossos atletas, em piscina própria de água quente e a várias horas do dia. É um trabalho honesto que tem sido feito e dado resultados. Se não gostarmos de nós próprios não crescemos. As pessoas da terra reconhecem a importância do vosso trabalho? Sim, apoiam e querem o desenvolvimento do clube. Isto não é fachada. Queremos gente a trabalhar e a treinar. Somos exigentes perante a Câmara de Vila Franca de Xira porque queremos sempre mais. Precisamos de ser olhados como um grande clube. Somos das associações do concelho que mais património tem, criado depois do 25 de Abril. A única lacuna que temos é a falta de um campo de futebol. Apesar das várias intenções do município ainda não há um novo campo de futebol para substituir o pelado sem condições da Hortinha. Não. E é uma questão de igualdade pa-

Actualmente o Alhandra Sporting Club está organizado em três secções: náutica (com vela, windsurf, canoagem e kayak pólo), futebol (onde se inclui também futsal) e a secção de natação e triatlo, que inclui também natação adaptada e para bebés, hidroginástica, aquazumba, reabilitação física, yoga, indoor cycling e taekwondo. Frequentam o clube mais de 300 atletas. 110 só no triatlo. Vive sobretudo das quotizações dos 2.800 sócios. A formação é a sua maior aposta, com um trabalho já considerado importante para a comunidade e o país. Os clubes grandes de Lisboa, como Benfica e Sporting, já se aperceberam disso e recrutam com frequência atletas formados no ASC.


ra as outras modalidades. Gostávamos que as modalidades que estão em baixo fossem vistas como as que estão agora por cima. Gostávamos que todos os atletas tivessem as mesmas condições. Este ano temos três equipas de formação na Hortinha mas não cobramos nada aos pais e ainda oferecemos lanches aos miúdos nos dias de jogo, não apenas pelo dever cívico mas porque não conseguimos cobrar a alguém para jogar e treinar naquelas condições. E há solução à vista? Há sempre luz ao fundo do túnel. Desde que permutámos um terreno com a câmara em 2000 que estamos à espera. O município comprou um terreno junto à velha fábrica da Cimianto mas não dá para construir o campo que precisamos. Temos a garantia que o município vai continuar a tentar resolver o problema e mantemos a esperança. Só queremos ser tratados como os outros clubes do concelho. Como está a situação financeira do ASC? O clube está bem e não devemos nada a ninguém no que diz respeito a contas correntes. Mas temos as nossas despesas como todos os clubes, água, luz e um empréstimo que fizemos para construir a piscina. O que queremos garantir é que os nossos jovens possam ter as mesmas condições para praticar actividades de lazer e desporto que os jovens das outras terras. É por isso que lutamos todos os dias. O que o tira do sério no seu dia-a-dia? Sou presidente do ASC desde 2006 e sou técnico de manutenção civil. Gosto que as pessoas à minha volta tenham a mesma honestidade para mim que eu tenho para com

elas. Uma das coisas que não admito é a falta de honestidade mas até hoje não tenho razões de queixa. Liderar um projecto destes é desafiante porque a pessoa tem de pensar bastante sobre como fazer as coisas andar. Vim para o ASC pela primeira vez em 1990 porque tinha a minha filha na náutica. E decidi que tinha de fazer qualquer coisa em prol do clube que estava a apoiar a minha filha. Dei-me bem e fiquei 12 anos. Fiz várias coisas, boas e más, mas a actividade foi muito intensa. A dada altura formámos, em 2002, uma comissão administrativa e mais tarde aceitei liderar uma direcção para o clube. A poucos anos de celebrar o centenário o que tem em vista para o clube? Queremos continuar o trabalho que temos desenvolvido e continuar a crescer. É o amor à camisola que nos move e vamos continuar a lutar por engrandecer o nome do clube. Venho ao ASC todos os dias, geralmente à piscina e ao futebol. Hoje em dia temos mais modalidades mas muitas empresas deixaram de dar apoios como davam no passado. Vivemos da quotização dos sócios, que são 2.800, e estamos a fazer-nos sócios de outros clubes da região.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

33


Joaquim Esperancinha foi um homem empenhado e leal no exercício das suas funções Joaquim Nabais Esperancinha, falecido a 8 de Janeiro de 2017, com 69 anos, foi presidente do Centro Hospitalar do Médio Tejo, que inclui os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, nos períodos de 2003 a 2005 e de 2012 a 2014. Era conhecido pela sua inteligência, competência, capacidade de diálogo e qualidades humanas. Natural de Portalegre, residia no Cartaxo há muitos anos e era visto como uma pessoa da região. Quando terminou as suas funções de presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo recebeu um louvor do então ministro da Saúde, Paulo Macedo, no qual era realçado o seu empenho, dedicação e lealdade no exercício das suas funções, em condições profissionais e pessoais difíceis. A tal louvor não foi alheio o facto de Joa-

34

O MIRANTE

quim Esperancinha ter assumido o seu segundo período de gestão do Centro Hospitalar numa altura em que o mesmo passava por uma grave situação a todos os níveis, situação essa que ele conseguiu reverter em grande parte. Licenciado em Engenharia Electrotécnica, começou por trabalhar na área industrial, tendo ocupado cargos de gestão nos grupos CUF, Quimigal e Uralita. Após a sua

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

Personalidade do Ano

Homenagem a Título Póstumo

Joaquim Esperancinha

saída do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Joaquim Esperancinha foi, até à altura do seu falecimento, presidente do conselho de administração da Galilei Saúde, um operador privado na área da prestação de serviços e cuidados de saúde.


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

35


Os principais acontecimentos do ano: ECONOMIA JANEIRO

vido pela Agromais - Entreposto Comercial Agrícola, na Golegã. A distinção do ministério visa reconhecer publicamente a excepcional contribuição para o desenvolvimento da agricultura e o mérito desta organização que se tem evidenciado em prol da agricultura e do mundo rural.

AGRICULTORES COM SERVIÇO DE ATENDIMENTO NA LOJA DO CIDADÃO EM SARDOAL A Associação de Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação criou um serviço de atendimento quinzenal na Loja do Cidadão do Sardoal, garantido nas segunda e quarta terças-feiras de cada mês, entre as 9h00 e as 12h30. A medida resulta de um protocolo estabelecido com a Câmara do Sardoal. Esse serviço já vinha sendo prestado desde Outubro de 2016 mas sujeito a marcação prévia. O protocolo assinado entre as duas entidades tem como objectivo estimular a actividade agroflorestal através da dinamização da política de apoios, bem como da formação dos recursos humanos existentes.

JOSÉ EDUARDO CARVALHO REALÇA CAPACIDADE DAS EMPRESAS PORTUGUESAS QUE SOBREVIVERAM AO PROCESSO DE REAJUSTAMENTO O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, realçou, durante uma visita à fábrica da Renova, em Torres Novas, a capacidade das empresas portuguesas que sobreviveram ao processo de reajustamento e que nesse período “cresceram e se desenvolveram”. José Eduardo Carvalho falava durante a primeira de dez visitas a indústrias efectuadas no âmbito da celebração dos 180 anos da AIP, destacando o arranque da iniciativa numa empresa “extraordinária” e “emblemática no país, dentro de um sector extremamente concorrencial”.

FEVEREIRO CIENTISTA ELVIRA FORTUNATO DISTINGUIDA COM PRÉMIO INTERNACIONAL A cientista Elvira Fortunato, conhecida pela invenção do transístor de papel e que tem ligações familiares a Alcanena, foi distinguida com o Prémio Czochralski 2017, atribuído pela Academia Polaca de Ciências e pela Sociedade Europeia de Investigação de Materiais. O prémio, concedido pela primeira vez a um investigador português, é promovido também pela Sociedade Polaca de Ciência dos Materiais e pela Sociedade Polaca de Crescimento de Cristais. ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGAL LANÇA NOVA EDIÇÃO DO PROJECTO “+PRODUTIVIDADE” A AIP lançou uma nova edição do projecto “+ Produtividade” dirigida a PME industriais e do sector dos serviços de todas as regiões do país. Trata-se de uma solução que

36

O MIRANTE

pretende actuar ao nível dos designados “investimentos inteligentes” que promovem a produtividade pela melhoria da capacidade de gestão dos recursos já detidos pelas organizações. EDP ATINGE MELHOR RESULTADO DE SEMPRE AO NÍVEL DA QUALIDADE DE SERVIÇO A EDP Distribuição atingiu, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor resultado de sempre ao nível da Qualidade de Serviço no abastecimento de energia eléctrica, demonstrando o sucesso da gestão de investimentos que vem sendo desenvolvida pela empresa. O valor anual referente ao indicador TIE (Tempo de Interrupção Equivalente) internacionalmente adopta-

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

do para avaliar a continuidade do abastecimento foi de 52 minutos, uma melhoria de cerca de 70% da qualidade de serviço em Portugal continental na última década e que corresponde a uma fiabilidade de 99,99% da rede de distribuição de energia eléctrica.

MARÇO AGROTEJO RECEBE MEDALHA DE HONRA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA A Agrotejo recebeu das mãos do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, a medalha de honra do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, no decorrer do XV Encontro de Agricultores promo-

CEIA DA SILVA DIZ QUE FALTA ALOJAMENTO NA REGIÃO O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo aproveitou a sessão de apresentação das Tasquinhas de Rio Maior para reforçar a ideia de que falta alojamento na região e que sem alojamento não há turismo. Ceia da Silva diz que é necessário um “boom” significativo nesta região. Ceia da Silva defende que se houver investimento, sobretudo na hotelaria, o turismo aumenta “e foi isso que nós fizemos durante cerca de sete anos no Alentejo e é possível verificarmos hoje que naquela região foram investidos 500 milhões de euros por privados e foram criadas mais de 160 novas unidades hoteleiras”, disse.


TRABALHO DESENVOLVIDO PELAS SMAS DE VILA FRANCA DE XIRA É EXEMPLO NACIONAL O trabalho feito pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira é “um exemplo nacional” nos municípios que se preocupam com as perdas de água e o real impacto que estas têm no ambiente e na economia. A ideia foi defendida numa conferência realizada sobre o tema das perdas de água na Fábrica das Palavras no Dia Mundial da Água. Todos os anos os SMAS de Vila Franca de Xira têm investido no combate às perdas de água, monitorizando caudais nocturnos, consumos fantasma, ligações fraudulentas e identificando possíveis rupturas e fugas na rede. Investimentos avultados que, a longo prazo, acabam por beneficiar o ambiente e os clientes, já que quanto menos água for desperdiçada mais barata será a factura. Em Vila Franca de Xira os serviços registam perdas de água na casa dos 18 por cento, valor bem abaixo da média nacional de 30 por cento de perdas e uma das mais baixas da Área Metropolitana de Lisboa.

ABRIL ÁGUAS DE SANTARÉM COM RESULTADO LÍQUIDO POSITIVO DE 431 MIL EUROS A empresa municipal Águas de Santarém anunciou em Abril de 2017 que registou, em 2016, um resultado líquido positivo de 431 mil euros, semelhante ao de 2015. A facturação também se manteve estável, atingindo os 8,1 milhões de euros. A administradora executiva da Águas de Santarém, Teresa Ferreira, revelou que estão concluídos e activos todos os investimentos no sistema

de saneamento básico, que constituíram a prioridade da empresa nos últimos anos. Em 2016 foram activados os novos sistemas de Abrã, Almoster, Alqueidão do Rei, Santos e Vaqueiros, bem como a ampliação dos sistemas de Santarém e Tremês. Ao todo, estão em funcionamento no concelho 21 estações de tratamento de águas residuais (ETAR), 67 estações elevatórias e 508 quilómetros de colectores.

MAIO SALVATERRA DE MAGOS EM DESTAQUE NA ENTREGA DE PRÉMIOS DA ENTIDADE REGIONAL DE TURISMO DO ALENTEJO E RIBATEJO O município de Salvaterra de Magos recebeu um Prémio Especial da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR) pela candidatura da Falcoaria Real que desde Dezembro de 2016 é Património Imaterial da Humanidade da Unesco. Este foi um dos vários prémios que a ERTAR atribuiu na cerimónia que decorreu na vila alentejana de Cuba.

JUNHO AIP COM BOM DESEMPENHO A Associação Industrial Portuguesa, presidida por José Eduardo Carvalho, está a ter um ano com uma melhoria do desempenho económico e financeiro da associação, que fechou o ano anterior com um resultado líquido positivo de 187 mil euros. Nesta altura a associação confirmava um percurso de cinco anos de consolidação, com a redução dos custos de exploração, entre outros.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

37


SECTOR DA CORTIÇA EXPORTOU QUASE MIL MILHÕES DE EUROS O sector da cortiça, que representa mais de 900 empresas e oito mil empregos directos, exportou em 2016 quase mil milhões de euros, dando um contributo muito importante para o acréscimo das exportações nacionais. Os dados foram divulgados pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, durante a inauguração da nona edição da FICOR (Feira Internacional da Cortiça) em Coruche. Um sector que o presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, diz ter grande importância económica, social e ambiental para o concelho, para a região e para o país. EMPRESÁRIOS JÁ PODEM COMPRAR TERRENOS NO VALLEYPARK A apresentação das condições de comercialização da Área de Localização Empresarial do Falcão – Valleypark – ocorreu a 31 de Maio no Cartaxo e contou com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. Desde essa altura que os empresários já podem comprar terrenos no Valleypark que foi construída em 2012. Nessa sessão o presidente da Associação Industrial Portuguesa referiu que já foram investidos cerca de 6,3 milhões

de euros no Valleypark e está previsto investir-se mais 10,3 milhões, num total de investimento de cerca de 16 milhões de euros. O capital social do Valleypark é de 1,1 milhões de euros, sendo que 77 por cento (%) pertence a privados e 23% a capitais públicos.

AGOSTO CIMLT LANÇA APLICAÇÃO COM INFORMAÇÃO TURÍSTICA DA REGIÃO “Lezíria 360” é o nome da nova APP da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) onde pode ser encontrada toda a informação turística da região. A aplicação está disponível para Android, Windows e iPhone. A “Lezíria 360” foi criada pela CIMLT juntamente com os 11 municípios que a integram - Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém.

OUTUBRO SALOMÉ RAFAEL REELEITA PRESIDENTE DA NERSANT A Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém apresentou, na noite de 24 de Outubro, os corpos sociais para o

mandato que se estende até 2019. Salomé Rafael foi reeleita presidente para um último mandato com a convicção de que a Nersant é um exemplo a nível nacional no associativismo empresarial. A assembleia-geral da Nersant, no triénio 2017-2019, é presidida por Francisco Mascarenhas, em representação da Petroibérica - Sociedade Petróleos Ibero Latinos, S.A.; Conselho Fiscal por Gualter Vasco, em representação da CAIMA - Indústria de Celulose, S.A., o Conselho Geral por António Jorge Rosa, em representação da Mitsubishi Fuso Truck Europe - Soc. Europeia Automóveis, S.A. NERSANT BUSINESS JÁ É UM DOS MAIORES ENCONTROS INTERNACIONAIS DE NEGÓCIOS EM PORTUGAL A sexta edição do Nersant Business – Encontro de Negócios do Ribatejo decorreu entre os dias 23 e 25 de Outubro em Tomar. O evento é um dos momentos mais altos do apoio da Nersant à exportação dos produtos e serviços da região. Ao todo, contou este ano com 38 países presentes, mais dez que a edição passada. O evento, que no ano anterior contou com 26 países participantes, voltou a superar os números da anterior edição, sendo já considerado um dos maiores encon-

38

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

tros internacionais de negócios em Portugal, contando nesta edição com mais de 70 empresários/importadores inscritos de 38 países. W SHOPPING CELEBRA 14 ANOS E ANUNCIA NOVAS LOJAS O centro comercial W Shopping, em Santarém, celebrou 14 anos de actividade e o seu administrador, Rui Rosa, anunciou na cerimónia que o espaço vai ter duas novas marcas em breve. A abertura destes novos espaços seguem o dinamismo que tem sido colocado na gestão do espaço. “Os últimos anos têm sido marcados por um grande dinamismo com as forças vivas da cidade, com o associativismo e as instituições de solidariedade”, referiu ainda Rui Rosa, que administra o centro comercial há sete anos.

NOVEMBRO ERTAR ARRECADA TRÊS PRÉMIOS COM FILME PROMOCIONAL DA CAMPANHA “DESLIGUE” A Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo arrecadou três prémios com o filme promocional “Desligue” durante a 10.ª edição do Art & Tur – Festival Inter-


nacional de Cinema de Turismo, realizado em Vila Nova de Gaia, Porto. O filme, que promove os destinos Alentejo e Ribatejo, conquistou, entre mais de 300 projectos oriundos de 41 países, os prémios nas categorias “Turismo de Aventura”, “Destinos Turísticos/ Região” (na competição de filmes portugueses) e “Melhor Filme do Alentejo” na categoria especial “Melhores Filmes das Regiões Portuguesas”. Este festival é a etapa nacional de um circuito internacional do qual faz parte o Istanbul Tourism Film Festival e o Finisterra Arrábida Film Art & Tourism Festival, eventos onde “Desligue” foi distinguido com o terceiro prémio nas categorias “Tourism Destination/Region e Publicidade”, respectivamente. AGROMAIS INVESTIU MAIS DE 16 MILHÕES DE EUROS EM 30 ANOS DE ACTIVIDADE A Agromais investiu mais de 16 milhões de euros em diversos projectos nos 30 anos de actividade, sendo que tiveram uma taxa de comparticipação de fundos comunitários de 50 por cento. O director-geral da Agromais, Jorge Neves, explicou, durante a sessão que assinalou o seu 30º aniversário, que tem sido política constante do entreposto comercial agrícola apostar e investir no aumento de capacidade e modernização das suas instalações. Nas últimas três décadas a Agromais colocou mais de dois milhões de toneladas de milho no mercado nacional. Desde 1992 que já forneceram quase 266 mil toneladas de batata para indústria e desde 1994 já produziram mais de 715 mil toneladas de tomate para o mercado nacional e espanhol. PROJECTO PARA POTENCIAR ECO PARQUE DO RELVÃO É apresentado o projecto EPR.COLAB, financiado pelo Fundo Ambiental, que tem como objectivo final criar mais em-

prego, investimento e competitividade, melhores remunerações dos trabalhadores e menos custos às empresas sediadas no Eco Parque do Relvão, Chamusca. Esta é uma das grandes medidas da nova Associação do Eco Parque do Relvão que passou a gerir de forma profissional o parque das empresas ligadas ao ambiente.

DEZEMBRO ROQUES VALE DO TEJO FORNECE VIATURAS À CÂMARA DE SANTARÉM A Roques Vale do Tejo entregou uma frota de 27 viaturas à Câmara de Santarém através da empresa de gestão de frotas Finlog. A autarquia lançou um concurso em 2017 para o fornecimento de várias viaturas com diversas características e o concessionário Renault, com sede em Santarém, que já tem há anos uma parceria com a empresa de frotas seleccionada, à qual fornece viaturas para várias entidades sobretudo da administração pública. Para o administrador da Roques Vale do Tejo, Frederico Roque, esta foi “uma operação importante para a empresa”.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

39


Os principais acontecimentos do ano: SOCIEDADE FEVEREIRO CÂMARA DE ABRANTES COMBATE DESEMPREGO Para atrair investimento e combater o desemprego a Câmara de Abrantes disponibiliza incentivos financeiros à contratação de trabalhadores por parte das empresas que escolham instalar-se no concelho. A medida foi anunciada durante a apresentação da campanha de desenvolvimento económico Abrantes INVEST. O município avança com incentivos de instalação a preços reduzidos para indústrias em Abrantes, Pego e Tramagal a 1,5 euros por m2 e para comércios e serviços a 5 euros por m2. Prevê-se a isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis (IMT) e de Derrama para empresas com volume de negócios não superior a 150 mil euros. RODOVIÁRIA DO TEJO BAIXA PREÇOS DOS PASSES A Rodoviária do Tejo baixou os preços dos passes para quem se deslocar de Almeirim e Alpiarça para Lisboa na carreira rápida “laranja” como forma de facilitar as viagens de muita gente que trabalha na capital ou que precisa de se deslocar para Lisboa. A partir das duas localidades os passageiros passaram a pagar de passe normal 139 euros em vez dos 160 euros.

MARÇO INSIGNARE COM CENTRO QUALIFICA APROVADO A Insignare, da qual fazem parte a Escola Profissional de Ourém e a Escola de Hotelaria de Fátima, viu aprovado pela Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP), o seu Centro Qualifica, sucessor do CQEP (Centro para a Qualificação e Ensino Profissional). Com esta aprovação a Insignare vê “recompensado o seu pioneirismo ininterrupto nesta área de quase duas décadas, sendo ainda hoje encarada como um dos mais relevantes actores regionais do sector”, afirma a instituição. UNIDADES MÓVEIS DE SAÚDE EM RIO MAIOR Projecto desenvolvido entre o município e o Centro de Saúde tem cada vez mais procura, sobretudo entre a população ido-

40

O MIRANTE

sa, atingindo em 2017 mais de 700 utentes. O projecto das unidades móveis de saúde, pioneiro nesta região, começou a funcionar em 2010 numa cooperação entre o município liderado por Isaura Morais e a Unidade de Cuidados na Comunidade do Centro de Saúde (UCC) de Rio Maior. É considerado uma mais-valia pelas entidades que tutelam o sector da saúde.

ABRIL CHMT O MELHOR NA REDUÇÃO DE TEMPOS DE ESPERA O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) começa o ano com os dados que teve a melhor recuperação de tempos de espera, situação que foi elogiada pela comissão de utentes. Em relação às cirurgias e consultas externas o centro hospitalar conseguiu ser das unidades com melhores resultados a nível nacional. Até ao final de 2016 tinham sido realizadas mais mil cirurgias com tempos de espera abaixo da média. Destaque também para o facto de a unidade de Tomar passar a dispor de uma TAC (Tomografia Axial Computorizada) e de um reforço dos técnicos de fisioterapia. Já no final de 2017 são anunciados investimentos de 6,5 milhões de euros nos hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, destacando-se a requalificação e expansão da Urgência Médico-Ci-

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

rúrgica de Abrantes com um valor de 1,5 milhões de euros. ELOGIOS AO CURSO DE CONSERVAÇÃO DO POLITÉCNICO DE TOMAR A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, elogiou o trabalho desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Tomar na área da conservação e do restauro patrimonial. Para a governante a instituição, que tem um curso de conservação e restauro, tem-se salientado nesta matéria. A governante sublinhou ainda que o Politécnico de Tomar tem sido um pólo de progresso nesta área, inserido numa cidade com um “vasto património” tanto material como imaterial.

MAIO CÂMARA DE BENAVENTE LANÇA-SE NA VALORIZAÇÃO DO ARROZ CAROLINO COMO UMA MARCA DO CONCELHO E assim nasce o Festival do Arroz Carolino das Lezírias Ribatejanas como forma de promover um sector de actividade com grande importância para a economia do concelho mas também como aposta numa estratégia turística. Além das questões económicas o arroz tem importância do ponto de vista ambiental. E é por tudo isto que o

festival é um espaço para a valorização deste produto e para a dinamização de estratégias que contribuam para que seja mais conhecido e atraia pessoas a Benavente. SÉTIMA RECUSA PARA INSTALAR TRIBUNAL DE COMÉRCIO EM VFX O Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) declina a sétima proposta da Câmara de Vila Franca de Xira para um novo local onde se poderia instalar provisoriamente o Tribunal do Comércio na cidade até que as instalações definitivas, previstas para a zona das antigas Escolas da Marinha, fiquem concluídas. A recusa não se percebe atendendo a que as instalações onde funciona provisoriamente, em Loures, deixam muito a desejar. Ao longo do ano não houve desenvolvimentos do caso e continua-se à espera que o tribunal se instale na cidade.

JUNHO ARQUIVADO INQUÉRITO À MORTE DE JOVEM POR FALTA DE ASSISTÊNCIA O Ministério Público arquivou o inquérito à morte de David Duarte no Hospital de São José, em Lisboa, em 2015, enquanto aguardava por uma cirurgia a um aneurisma cerebral. A 14 de Dezembro de 2015 David Duarte, de 29 anos, de Vila Chã de Ourique, Cartaxo, morreu vítima de um aneuris-


ma cerebral por alegada falta de assistência médica especializada uma vez que não havia equipas médicas especializadas ao fim-de-semana.

JULHO NOVO POSTO DA GNR DE ALCANENA GRAÇAS À CÂMARA A Câmara de Alcanena cede gratuitamente um edifício ao Ministério da Administração Interna para aí ser instalado o posto da GNR da vila que funciona num espaço sem condições há muitos anos. A autarquia assegura as obras no imóvel, onde funcionou o departamento de obras municipais, que foi comprado pelo município à EDP por 250 mil euros. Entretanto o projecto também já foi feito.

AGOSTO INCÊNDIOS AFECTAM REGIÃO Os incêndios voltam a afectar vários concelhos do norte do distrito de Santarém, como Mação, Abrantes, Ferreira do Zêzere,

Sardoal e Tomar. O concelho de Mação foi dos mais afectados com dezenas de milhar de área ardida e muitos prejuízos. Arderam habitações, vários anexos, tractores, viaturas, barracões e morreram animais. Nos incêndios foram evacuadas duas dezenas de aldeias de Mação e houve pessoas que ficaram sem nada. SANTARÉM RECONHECIDA PELAS POLÍTICAS ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS A Câmara de Santarém foi reconhecida pela CDP – Driving Sustainable Economies - pela sua aposta em políticas de mitigação e adaptação às alterações climáticas, no âmbito da sua participação no Programa Europeu CDP Cities 2017. Esta organização reúne uma plataforma da Comissão Europeia que conta com mais de 500 cidades. A autarquia tem criado, nos últimos anos, as condições para implementar uma estratégia ambiental local, focada em encontrar as soluções para a mitigação e adaptação do seu território ao fenómeno real que são as alterações climáticas.

SETEMBRO CONDENADO POR EXPLORAR TRABALHADORES O dono de uma exploração agrícola de Paço dos Negros, Almeirim, que usava mão-de-obra estrangeira ilegal é condenado a 14 anos de prisão. O tribunal considerou que as condições em que 23 nepaleses ilegais estavam alojados na exploração, num barracão sem janelas e condições de higiene, eram desumanas. O caso remonta a 15 de Junho de 2016 quando uma operação conjunta da Autoridade para as Condições do Trabalho e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras verificou a presença dos trabalhadores em situação ilegal na propriedade. SEMANA SANTA DO SARDOAL A PATRIMÓNIO CULTURAL NACIONAL O Sardoal comemorou os 486 anos de elevação à categoria de vila com o anúncio de que o município avançou com uma candidatura para que a Semana Santa do Sardoal seja

01 MARÇO 2018

integrada no inventário nacional do Património Cultural Imaterial, gerido pela Direcção Geral do Património Cultural. Esta candidatura pretende dar relevo e salvaguardar as tradições da Semana Santa no concelho do Sardoal para que estas sejam mantidas e divulgadas de forma consistente e reconhecidas como uma mais valia a nível nacional.

OUTUBRO NOVO TROÇO DA CIRCULAR URBANA DE ALMEIRIM O mais recente troço da circular urbana de Almeirim, entre a zona do kartódromo e a Estrada do Moinho de Vento, foi inaugurado no dia a seguir às eleições pelo presidente reeleito, Pedro Ribeiro. A obra foi feita em grande parte por administração directa, com funcionários e maquinaria do município. Nessa altura a câmara já tinha decidido comprar mais quatro parcelas de terrenos para fazer a continuação da circular urbana, que caminha para a conclusão, ligando à Nacional 118 na zona norte da cidade.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

41


trução, na sua grande maioria apresentados por vítimas que ficaram com sequelas graves, exigindo que o Ministério Público (MP) proceda a novas diligências para encontrar um nexo de causalidade em pelo menos 251 pessoas afectadas pela bactéria. OURÉM INVESTE 2,9 MILHÕES NA DRENAGEM DE ÁGUAS O Município de Ourém aprova projectos para redes de drenagem de águas residuais em duas uniões de freguesias, no valor de 2,9 milhões de euros. Na zona de Ramalheira e Casal da Sobreira o projecto prevê a recolha e drenagem de esgotos domésticos numa área de influência que incide sobre 220 moradias. Em Rio de Couros e Casal dos Secos, além da recolha e drenagem de esgotos, o projecto prevê também a execução de um emissário em Rio de Couros, numa área de influência que afecta 264 moradias. RECUPERADO MATERIAL DE GUERRA DE TANCOS A Polícia Judiciária Militar recupera na região da Chamusca, com a colaboração da GNR de Loulé, o material de guerra roubado dos Paióis Nacionais de Tancos. O material foi para os Paióis de Santa Margarida. O material, como granadas foguete anticarro, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, tinham desaparecido de Tancos, Vila Nova da Barquinha, em Junho. A situação causou um grande alvoroço na Chamusca, onde na altura não se sabia bem o que se ti-

nha passado para o material ter aparecido numa zona de floresta.

NOVEMBRO FEIRA DO CAVALO NA GOLEGÃ MAIS VALORIZADA A Feira Nacional do Cavalo/Feira de S. Martinho realizou-se em 2017 com uma nova pujança, em que se reforçou a segurança através de novas regras e condutas, introduzidas pelo presidente da câmara, Veiga Maltez. A feira, além da introdução de “regras e condutas que a elevem e dignifiquem”, beneficiou também do investimento num novo piso na Manga e no seu Picadeiro Central. VÍTIMAS DA LEGIONELLA À ESPERA DE JUSTIÇA Três anos depois de um surto de ‘legionella’ ter afectado o concelho de Vila Franca de Xira as vítimas continuam a aguardar por uma indemnização e pela responsabilização dos responsáveis pela justiça. O surto de Legionella em Vila Franca de Xira, em Novembro de 2014, causou 12 mortes e infectou 375 pessoas com a bactéria. Em Março de 2017 o Ministério Público indiciou sete pessoas e duas empresas (a Adubos de Portugal e uma

42

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

firma responsável pelo tratamento de água) pelos crimes de infracção de regras de conservação e ofensas à integridade física. Entretanto a associação das vítimas, que continua a lutar por justiça, inaugurou uma sede e foram feitos 54 pedidos de abertura de ins-

DEZEMBRO MORRE APÓS FAZER EXAME MÉDICO Marisa Nunes, de Fazendas de Almeirim, fez uma reacção alérgica a um produto injec-


TAGUSGÁS SOLIDÁRIA COM INSTITUIÇÕES Os colaboradores da Tagusgás mobilizaram-se numa iniciativa solidária da empresa dirigida ao Centro Local de Acção Social do Cartaxo (CLAS) e à Associação Comunitária Assistência Social Vila Chã de Ourique. Foram entregues 25 cabazes e brinquedos a 25 famílias carenciadas. A distribuidora de gás canalizado nos distritos de Santarém e Portalegre fez ainda a pavimentação em pavês de betão do acesso exterior da Associação Comunitária Assistência Social Vila Chã de Ourique.

tado para fazer um exame médico e morreu após cinco meses em coma. A reacção alérgica ao produto de contraste administrado nas veias, para permitir obter imagens no aparelho de Angio-TC Coronária, não é frequente mas pode acontecer. Na sequência de uma queixa da família a procuradora de Leiria ordenou a autópsia, o que levou à interrupção do velório. Entretanto o Ministério da Saúde decidiu abrir uma investigação ao caso.

AMBIENTALISTA PROCESSADO POR DENUNCIAR POLUIÇÃO NO TEJO Ao longo do ano foram vários os casos de poluição denunciados pelo ambientalista Arlindo Marques, natural do concelho de Mação. No final do ano a celulose Celtejo, apontada como responsável pela poluição que se faz sentir sobretudo na zona de Abrantes, avançou com um processo contra o ambientalista, no qual pede uma indemnização de 250 mil euros. A produtora de pasta de papel alega que cumpre as normas ambientais e que o réu tem causado prejuízos à imagem da empresa. Arlindo Marques tem vindo a receber vários apoios, como da Câmara de Mação e do juiz Carlos Alexandre, que reside neste concelho.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

43


Os principais acontecimentos do ano: POLÍTICA do tecido empresarial do concelho. O autarca manifestou o seu desagrado pelo esquecimento a que sucessivos governos têm votado esses projectos.

MARÇO

JANEIRO OPOSIÇÃO TRAVA NOVO HOSPITAL PRIVADO EM SANTARÉM A oposição socialista e comunista na Câmara Municipal de Santarém chumbou no dia 23 de Janeiro o pedido de informação prévia para viabilidade de construção de um hospital privado na Quinta do Caramona, na zona das Ómnias, nos arredores da cidade. Os votos contra dos quatro vereadores do PS e do vereador da CDU - que juntos tinham maioria no executivo, pois o PSD só tem quatro eleitos - impediram assim que o processo burocrático com vista à empreitada pudesse prosseguir. O assunto ainda não voltou à apreciação do executivo. REPOSIÇÃO DE SERVIÇOS EM TRIBUNAIS DA REGIÃO AGRADA A AUTARCAS Os tribunais de Ferreira do Zêzere e de Mação reabriram no início de 2017 por determinação do Ministério da Justiça, que reverteu dessa forma o encerramento resultante da reforma do mapa judiciário implementada pelo anterior Governo em Setembro de 2014. As mudanças atingiram também o tribunal de Alcanena, que voltou a receber julgamentos, e o tribunal de Abrantes, que recuperou a Secção de Famí-

44

O MIRANTE

lia e Menores que havia perdido. Reposição de serviços foi elogiada pelos autarcas desses municípios. PRESIDENTE DE ALPIARÇA ABSOLVIDO DE TER MANDADO VEREADOR PARA O C… O presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira (CDU), foi absolvido pelo Tribunal de Almeirim do crime de injúria agravada por ter mandado para o c… o vereador da oposição, Francisco Cunha (coligação PSD/MPT). A juíza que julgou o caso deu como provado que o presidente usou a expressão numa reunião do executivo camarário, que esta é grosseira e revela falta de educação, mas considerou que tal não atingiu o bom nome do vereador porque foi dita num contexto de combate político.

FEVEREIRO VEREADORA DE ALMEIRIM USA CARGO EM GUERRA DO MARIDO COM RIVAL DO UNIÃO A vereadora da Educação na Câmara de Almeirim, Maria Emília Moreira (PS), usou a sua posição de autarca para afrontar o empresário e presidente do União de Almeirim, tomando as dores do marido, que é presidente do Fazendense e que anda em

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

guerra com o dirigente do clube rival, André Mesquita. A vereadora mandou em Setembro de 2016 um e-mail a Mesquita, do seu endereço electrónico da câmara, na qualidade de vereadora, no qual, além de fazer considerações sobre o carácter do presidente do União, ainda dizia, em tom de ameaça, que poderá rever o seu sentido de voto em relação a certos assuntos e certas propostas. O caso chegou à justiça e o Tribunal da Relação de Évora considerou que a vereadora tem uma elevada probabilidade de vir a ser condenada no caso do e-mail ameaçador tendo revogado a decisão do juiz de instrução criminal de Santarém, que tinha despronunciado a autarca, mandando o caso para julgamento. SANTARÉM NÃO ABDICA DA VARIANTE FERROVIÁRIA E DE OBRAS NA EN362 O presidente da Câmara de Santarém apelou, em reunião do executivo, à união de todas as forças políticas no sentido de pressionar o Governo a não esquecer dois investimentos que considera cruciais para o desenvolvimento do concelho: a variante da Linha do Norte entre Vale de Santarém e Mato de Miranda e a requalificação da Estrada Nacional (EN) 362 entre Santarém e Alcanede, zona onde está situada boa parte

JUÍZES DA RELAÇÃO CONFIRMAM QUE CHAMAR LADRÃO A VEREADOR DE ALPIARÇA NÃO É DIFAMAÇÃO O Tribunal da Relação de Évora confirmou a absolvição do chefe de gabinete do presidente da Câmara de Alpiarça, que chamou “ladrão” ao vereador da oposição, Francisco Cunha (PSD/MPT). Os juízes decidiram manter a decisão do Tribunal de Almeirim que absolveu o comunista João Osório do crime de difamação e do pagamento de uma indemnização de 7500 euros, pedidos pelo vereador. A decisão do recurso interposto por Cunha foi no mesmo sentido da decisão de 2016 da juíza Raquel Marques, da primeira instância, ao considerar que estas situações estão relacionadas com o combate político. AUTARCAS DE OURÉM ACUSADOS DE ESQUEMA PARA BENEFÍCIO POLÍTICO COM DINHEIRO PÚBLICO O Ministério Público defendeu a perda de mandato do então presidente da Câmara de Ourém, o socialista Paulo Fonseca, porque quebrou a confiança nele depositada para o exercício das funções, ao arranjar um esquema para pagar o ordenado a um treinador de futsal de um clube com dinheiro público. Nesse esquema participaram também o então presidente da empresa municipal OurémViva e vice-presidente da câmara, José Alho, o ex-chefe de gabinete do presidente, João Heitor, o presidente da Junta de Freixianda, Rui Vital, e o treinador Pedro Henriques. Foram todos acusados dos crimes de peculato, em concurso aparente com o crime de prevaricação, e falsificação de documentos.

ABRIL CÂMARA DE TOMAR ABRE PROCESSO DE AVERIGUAÇÕES POR CAUSA DE MULTAS À PRESIDENTE A Câmara Municipal de Tomar mandou abrir um processo de averiguações no sentido de apurar a responsabilidade dos servi-


ses de prisão, com pena suspensa por igual período, e a perda do mandato autárquico, por ter usado a sua posição de autarca para andar a pedir donativos para o Fátima. Acabaria por ser absolvido pelo Tribunal da Relação de Évora.

da Reforma das Florestas. Apesar das críticas deixadas na Assembleia da República à gestão das ZIF, o autarca reconhece que se trata de um bom modelo, mas tem que ser bem aplicado e com maior intervenção dos municípios.

MAIO

EX-AUTARCA DE BENAVENTE CONSIDERA “RIDÍCULA” ACUSAÇÃO DE CORRUPÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO O antigo presidente da Câmara de Benavente, António José Ganhão (CDU), classifica de “ridícula” a acusação do Ministério Público, que lhe imputa os crimes de corrupção e prevaricação de titular de cargo político, no âmbito de processos urbanísticos. Além de Ganhão, militante do PCP e presidente do município entre 1979 e Outubro de 2013, estão ainda acusados Miguel Cardia, vereador no executivo entre 2005 e Outubro de 2013, Daniel Ferreira, presidente da Junta de Freguesia de Santo Estêvão de 2005 a 2009, eleito pelo PS, Vasco Feijão, engenheiro civil na Divisão Municipal de Obras Particulares, Planeamento Urbanístico e Desenvolvimento, e Tiago Gallego, empresário do ramo imobiliário. Corrupção activa e passiva, prevaricação de titular de cargo político e tráfico de influência são alguns dos crimes pelos quais os arguidos estão acusados.

SUPREMO DETERMINOU PERDA DE MANDATO DO PRESIDENTE DA JUNTA DE FRÁGUAS O Supremo Tribunal de Justiça determinou a perda de mandato do presidente da Junta de Freguesia de Fráguas, no concelho de Rio Maior, José Manuel Azenha Santos. O autarca foi condenado por utilizar uma retroescavadora da junta para derrubar um muro privado que confinava com um terreno de que é proprietário.

JULHO ços da autarquia no caso da falta de resposta a um munícipe que motivou uma segunda multa à presidente do município, Anabela Freitas. O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria condenou a autarca a pagar do seu próprio bolso 7.817.50 euros por litigância de má-fé. Antes, Anabela Freitas já tinha sido condenada a pagar 2.332 euros. Ambas as penalizações resultam de processos movidos pelo munícipe Benvindo Baptista que apresentou vários requerimentos à câmara, tendo alguns ficado sem resposta.

CÂMARA DE OURÉM PAGA 10 MIL EUROS PARA DEFENDER VICEPRESIDENTE EM TRIBUNAL A Câmara de Ourém pagou 10 mil euros pela defesa do vice-presidente, Nazareno do Carmo (PS), no caso em que foi condenado por andar a pedir dinheiro para o Centro Desportivo de Fátima. A autarquia fez um ajuste directo de apoio jurídico com a sociedade João Nabais, com data de 23 de Março, justificando ausência de recursos próprios. Nazareno do Carmo foi condenado pelo juízo criminal de Ourém a um ano e oito me-

AUTARCA DE SARDOAL ARRASA GESTÃO DAS FLORESTAS O presidente da Câmara de Sardoal e representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), criticou na Assembleia da República a forma como as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) têm vindo a ser geridas. “A gestão destas ZIF não é nada, é um conjunto de mato completamente selvagem, completamente desorganizado. Julgo que há aqui um caso de polícia, porque houve uma entidade gestora que recebeu financiamento e pura e simplesmente desapareceu”, denunciou Miguel Borges, representante da ANMP, no âmbito de uma audição parlamentar no grupo de trabalho

01 MARÇO 2018

DISTRITO DE SANTARÉM PERDEU MAIS DE DOZE MIL ELEITORES DESDE AS ÚLTIMAS AUTÁRQUICAS Os vinte e um concelhos do distrito de Santarém perderam 12.296 eleitores desde as eleições autárquicas de Setembro de 2013.

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

45


rém foi definitivamente afastado como recandidato à presidência da autarquia. Paulo Fonseca foi recusado como candidato do PS pelo Tribunal Constitucional, para onde tinha recorrido depois de ter sido recusado pelo Tribunal de Ourém por duas vezes. A razão da recusa teve a ver com o facto de Paulo Fonseca estar insolvente. Como candidata à presidência do município pelos socialistas avançou a número dois da lista, Cília Seixo. A coligação PSD/CDS acabaria por ganhar as eleições. A NAVEGAÇÃO À VISTA DA COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES Actuação da Comissão Nacional de Eleições nos períodos de pré-campanha e de campanha eleitoral só acontece mediante queixa, o que leva a que o que é proibido num concelho não o seja num concelho vizinho, como é o caso da colocação de cartazes anunciando obras dos municípios ou de divulgação de informações nos portais das câmaras na Internet. Proibições atingiram municípios como os de Azambuja, Santarém, Torres Novas e Vila Franca de Xira. O MIRANTE comparou o mapa de eleitores usado nas anteriores eleições locais com o que será utilizado nas autárquicas de 1 de Outubro (publicado a 17 de Julho no Diário da República nº 136 - 2ª série) e constatou que o único dos 21 concelhos do distrito que não perdeu eleitores foi o de Benavente, onde há agora mais 406 inscritos do que há quatro anos. O número de eleitores perdidos pelo distrito de Santarém nos últimos quatro anos é superior à soma dos eleitores dos seus três concelhos mais pequenos. Número corresponde a catorze por cento do total de eleitores perdidos a nível nacional.

AGOSTO VICE-PRESIDENTE DE VILA FRANCA DE XIRA RENUNCIA AO MANDATO A dois meses das eleições autárquicas, o vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira (PS), renunciou ao mandato invocando motivos pessoais, numa altura tensa de conflito com os grupos de teatro do concelho. O autarca viria a ser o cabeça-de-lista do PS à Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, sendo actualmente o presidente desse órgão autárquico. RICARDO COSTA CANDIDATASE A SER O AUTARCA MAIS ANTIGO DO PAÍS Ricardo Costa, presidente da União de Freguesias de São Vicente do Paul e de Vale

46

O MIRANTE

de Figueira, no concelho de Santarém, entregou lista para mais uma candidatura ao cargo. É autarca há 35 anos e presidente de junta há 28 anos, tendo sido reeleito em 1 de Outubro para mais um mandato de quatro anos. E ainda pode cumprir outro. LUÍS BOAVIDA DEIXA CORRIDA À CÂMARA DE TOMAR POR RAZÕES DE SAÚDE Três dias depois do anúncio da desistência de Luís Boavida como candidato à presidência da Câmara Municipal de Tomar, por razões de saúde, o PSD de Tomar anunciou José Delgado como seu substituto nas eleições autárquicas de 1 de Outubro. O PS acabaria por vencer novamente as eleições no município nabantino. Luís Boavida explicou em conferência que no dia 27 de Junho foi acometido de um ataque convulsivo seguido de desmaio e que depois disso passou 22 dias em internamento hospitalar, nas unidades de Abrantes, Tomar e no serviço de Neurologia do Hospital de São José, em Lisboa. Actualmente combate um tumor no cérebro. PARTICIPAM NAS ELEIÇÕES PORTUGUESAS PARA SE SENTIREM MELHOR INTEGRADOS NO PAÍS QUE OS RECEBEU Há 412 cidadãos estrangeiros inscritos nos cadernos eleitorais dos municípios do distrito de Santarém (a nível nacional são 27.106). Cidadãos de países da União Eu-

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

ropeia que residem em Portugal e se inscreveram no recenseamento são 331. Os restantes 81 são cidadãos brasileiros, cabo-verdianos e de outros países com os quais Portugal também tem acordos de reciprocidade em matéria eleitoral, como Argentina, Chile, Colômbia, Islândia, Noruega, Nova Zelândia, Peru, Uruguai e Vnezuela.

SETEMBRO PAULO FONSECA É DEFINITIVAMENTE AFASTADO DE CANDIDATO EM OURÉM O presidente da Câmara Municipal de Ou-

OUTUBRO PS MANTÉM HEGEMONIA, PSD AGUENTA-SE E CDU PERDE PODER NAS AUTÁRQUICAS O Partido Socialista cumpriu um dos seus objectivos das eleições autárquicas de 1 de Outubro na região ao conseguir manter a maioria de câmaras no distrito de Santarém que lhe permitiu continuar a liderar as comunidades intermunicipais da Lezíria do Tejo (CIMLT) e do Médio Tejo (CIMT). O PS conquistou 13 dos 21 municípios do distrito. O PSD, sozinho ou


em coligação com o CDS, ganhou seis e a CDU venceu em dois. As únicas mudanças verificaram-se em Ourém, onde a coligação PSD/CDS destronou o PS, e em Constância, onde os socialistas acabaram com o longo reinado da CDU. Ainda na área de abrangência de O MIRANTE, mas já no distrito de Lisboa, o PS venceu também em Azambuja e Vila Franca de Xira. Todas as vitórias foram com maioria absoluta.

VEREADORA COM MOBILIDADE REDUZIDA PRECISOU DA AJUDA DOS BOMBEIROS PARA ASSISTIR A TOMADA DE POSSE A vereadora da Câmara de Vila Franca de Xira, Manuela Ralha (PS), sentiu dificuldades em aceder à tomada de posse dos eleitos da Assembleia de Freguesia de Alverca porque o edifício onde se realizou a sessão, o quartel de bombeiros da cidade, não tem acesso a pessoas com mobilidade reduzida. A autarca desloca-se em cadeira de rodas e não conseguiu superar sem ajuda as escadas de acesso ao salão. O episódio marcou a noite da tomada de posse. Valeu a ajuda dos bombeiros que estavam no local e ajudaram Manuela Ralha a subir os vários lances de escadas mas ainda assim a situação gerou desconforto entre os moradores e na manhã seguinte as redes sociais já lamentavam a situação.

NOVEMBRO NOVA LEI PARA A DEFESA DA FLORESTA VAI SER DIFÍCIL DE CUMPRIR Uma lei impossível de cumprir. É assim que o vice-presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, classifica uma das alterações à lei referente ao Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, aprovada em Agosto último. O novo articulado confere a competência aos municípios de, até 31 de Maio de cada ano, limparem os terrenos particulares, em povoações, que estejam inseridos ou que confinem com espaços florestais caso não tenham sido limpos pelos proprietários, como define a lei.

DEZEMBRO QUASE UM TERÇO DOS TRABALHADORES DA OURÉMVIVA À BEIRA DO DESEMPREGO A empresa municipal OurémViva vai ser extinta durante o ano de 2018 e ainda não se sabe o que vai acontecer a meia centena de trabalhadores, já que a câmara só pretende integrar 130 dos 180 funcionários. O cronograma de extinção da empresa foi aprovado em reunião do executivo camarário e o presidente do município, Luís Albuquerque (PSD/CDS), já reuniu com os funcionários da OurémViva para os colocar a par do futuro da empresa municipal.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

47


Os principais acontecimentos do ano: DESPORTO

MARÇO VITÓRIA DE SANTARÉM VENCE TRÊS TAÇAS DO RIBATEJO NUM FIM-DE-SEMANA As equipas de juvenis e juniores masculinos e de seniores femininos do Vitória de Santarém venceram a Taça do Ribatejo nos seus escalões. Essas equipas já tinham conquistado os respectivos campeonatos distritais. Os juvenis golearam o Futalmeirim por 14-1 e a equipa de juniores venceu 4-2 o AD Mação. A equipa feminina venceu a equipa do Futalmeirim por 4-1.

ABRIL CORUCHENSE CAMPEÃO DISTRITAL O Coruchense sagrou-se campeão distrital de Santarém no domingo, 2 de Abril, depois de vencer por 1-0 em Almeirim o União local. O título foi alcançado a duas jornadas do fim do campeonato e a equipa de Coruche ascendeu ao Campeonato Nacional de Seniores.

48

O MIRANTE

ATLETA DA EUTERPE ALHANDRENSE CAMPEÃ EUROPEIA DE KARATÉ Inês Salgueiro, atleta de 18 anos que representa a Sociedade Euterpe Alhandrense, sagrou-se no dia 1 de Abril campeã europeia na modalidade de kata individual - juniores Sub 21, na JKA European Cup, competição que se realizou em Sittard, na Holanda.

ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA DE MAÇÃO VENCE TAÇA DO RIBATEJO Houve taça no Entroncamento, com o campeão distrital Coruchense a ser derrotado na final, após desempate através de pontapés da marca de grande penalidade, pela Associação Desportiva de Mação, que fez a festa.

MAIO

JUNHO

COMO PEIXES NA ÁGUA Diogo tem 17 anos, Rita tem 15 e Rodrigo tem 10. Vivem na Póvoa de Santa Iria, são irmãos e atletas federados de natação e de natação adaptada no caso de Diogo, que tem Síndrome de Down. Uma deficiência que não o impede de competir ao mais alto nível, pois apurou-se para representar Portugal no Campeonato da Europa de Natação em Paris. No meio das rotinas exigentes dos dias repartidos entre treinos e aulas, juntaram-se com a mãe, Maria, e com o treinador de Diogo, Carlos Matos, para explicarem a O MIRANTE a paixão que os move.

AREPA LEVOU AS TAÇAS TODAS DE ANDEBOL FEMININO A AREPA (Associação Recreativa do Porto Alto) foi a grande triunfadora das finais das taças de andebol feminino promovidas pela Associação de Andebol de Santarém. O clube do concelho de Benavente venceu as finais dos três escalões, disputadas em Salva-

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

terra de Magos: em infantis bateu a Associação 20 Kms de Almeirim por 23-13; em iniciados venceu o CA Salvaterra de Magos por 39-14; e em juvenis ganhou à Associação 20 Kms de Almeirim por 15-10. GINASTA DE TORRES NOVAS CAMPEÃO NACIONAL DE CAVALO COM ARÇÕES O ginasta da União Desportiva e Recreativa da Zona Alta (Torres Novas), Joel Catarino, sagrou-se campeão nacional de cavalo com arções nas superfinais organizadas pela Federação de Ginástica de Portugal onde estiveram presentes os melhores atletas de todas as disciplinas da ginástica. Nas provas que decorreram em Guimarães, o jovem ginasta foi ainda vice-campeão nacional de solo e saltos, terceiro classificado


em paralelas e ficou em 4º lugar nas argolas e 5º na barra-fixa. SEIÇA SAGRA-SE CAMPEÃO MUNDIAL DE FUTEBOL AMADOR O Grupo Desportivo e Cultural de Seiça, no concelho de Ourém, sagrou-se campeão mundial de futebol amador ao vencer o torneio da modalidade nos World Sports Games que decorreu em Riga, Letónia. O Seiça nem teve necessidade de jogar a final para conquistar o título uma vez que os israelitas do Hapoel Hasmal Darom não compareceram no local do jogo à hora agendada. As versões foram díspares: fonte da organi-

zação alegou que o clube forçou a falta de comparência por motivos religiosos, embora subsistam rumores que dão conta de um erro na comunicação sobre a hora da final.

rolina Silva (juniores), todas na categoria de trampolim individual.

dial nos 50 km marcha é um feito “extraordinário”, mas alcançado com dificuldade.

AGOSTO

SETEMBRO

CLUBE DE TRAMPOLINS DE SALVATERRA COM TRÊS CAMPEÃS NACIONAIS Três atletas do Clube de Trampolins de Salvaterra de Magos sagraram-se campeãs nas Super-Finais do Campeonato Nacional de Trampolins realizado no Pavilhão Multiusos de Guimarães. Os títulos foram alcançados por Francisca Santos (no escalão de iniciados), Carolina Vazem (juvenis) e Ca-

INÊS HENRIQUES VENCE 50KM MARCHA NOS MUNDIAIS DE ATLETISMO A marchadora de Rio Maior Inês Henriques conquistou a medalha de ouro nos 50 km marcha, na estreia dessa prova nos Mundiais de Atletismo, batendo o recorde mundial que já lhe pertencia. Para a atleta, de 37 anos, a medalha de ouro conquistada no domingo, 13 de Agosto, e o recorde mun-

CRIAÇÃO DA SAD É A BÓIA DE SALVAÇÃO PARA O SPORT LISBOA E CARTAXO Mais de duas dezenas de associados aprovaram, por unanimidade, em assembleia-geral a constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sport Lisboa e Cartaxo (SLC). As dificuldades do clube, que colocavam em causa a continuidade da equipa de seniores de futebol, foi o principal moti-

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

49


vo para que se avançasse com a decisão. Os investidores, estrangeiros, ficaram responsáveis pelas equipas de seniores e de juniores enquanto as equipas de formação vão ser dirigidas pelo SLC. JOVENS RIBATEJANOS ENTRE A ELITE MUNDIAL DO SKI NÁUTICO Francisco Rodrigues, de 24 anos, e Marta Simões, de 21, marcaram presença no Cam-

50

O MIRANTE

peonato do Mundo Open de Ski Náutico que se realizou em Paris. Através da Internet conseguiram os apoios financeiros indispensáveis para participar na prova.

OUTUBRO ABRANTES TEM O MELHOR CAMPO DE BASEBOL DO PAÍS MAS NÃO TEM EQUIPAS NEM PÚBLICO

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

Torneio de âmbito nacional não contou com equipas da região e passou um pouco ao lado da cidade. O desporto, muito popular nos Estados Unidos da América, ainda não caiu nas boas graças dos ribatejanos. O MIRANTE foi assistir a alguns jogos e juntou-se aos poucos mais de trinta espectadores numa bancada junto ao “melhor campo do país e talvez um dos melhores da Europa”, dizem os entendidos.


MARTA CARVALHO NA SELECÇÃO NACIONAL DE ESQUI ALPINO A esquiadora ribatejana Marta Carvalho, campeã nacional de slalom e slalom gigante na categoria U12, foi convocada para integrar a selecção nacional de esqui alpino no escalão U14 (menos de 14 anos). A jovem participou no primeiro estágio de preparação pré-competitiva da selecção nacional que decorreu em Espanha.

DEZEMBRO ULTRAMARATONISTA JOÃO PAULO FÉLIX DEU A VOLTA AO RIBATEJO EM TRÊS DIAS Muitas vezes sozinho e nalguns momentos acompanhado, o atleta de Salvaterra de Magos João Paulo Félix cumpriu o objectivo de percorrer o Ribatejo em menos de 72 horas. Uma prova de esforço com 328 km ao alcance de muito poucos. Só os concelhos de Coruche e Mação ficaram de fora.

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

51


Os principais acontecimentos do ano: CULTURA JANEIRO CONFERÊNCIA DE ARTE MEGALÍTICA EM MAÇÃO A 14 de Janeiro Mação foi palco para a conferência “Megalitismo de Mação”, que Vera Moleiro proferiu no Museu de Mação. A sessão inseriu-se no ciclo de “Histórias de Mação” que o Museu de Arte Pré-Histórica e o Instituto Terra e Memória promovem desde Maio de 2016. A entrada foi livre e a iniciativa pretendeu transmitir os resultados das pesquisas que o museu e o instituto têm feito nos últimos anos. EUNICE MUNÕZ HOMENAGEADA NO SARDOAL A actriz Eunice Munõz, que recentemente assinalou 75 anos de carreira, esteve no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, onde foi homenageada de forma simbólica pelo município. A deslocação da actriz ao Sardoal decorreu no âmbito da Rede Eunice, um projecto de difusão de espectáculos produzidos e coproduzidos pelo Teatro Nacional D. Maria II que assume essa designação em homenagem à actriz.

o prémio na Gala dos Eventos que decorreu. Anabela Freitas salientou o facto deste certame ser um festa “genuinamente” feita pelo povo. “Este é um prémio para todos os tomarenses mas também é um reflexo da

BIENAL DE FOTOGRAFIA DE VILA FRANCA DE XIRA COM SEIS MIL VISITANTES A Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, a única do país dedicada a esta forma de expressão artística, recebeu no seu programa curatorial perto de seis mil visitantes. No ano em que a Bienal mudou completamente o seu figurino e apostou na renovação os números deixaram satisfeita a organização. A bienal levou à cidade alguns dos nomes mais reconhecidos da fotografia contemporânea portuguesa, que apresentaram os seus trabalhos em 15 pontos diferentes da cidade.

FEVEREIRO FESTA DOS TABULEIROS PREMIADO COMO MELHOR EVENTO PÚBLICO NACIONAL A Festa dos Tabuleiros de Tomar recebeu o troféu de Melhor Evento Público realizado em Portugal. A presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas, e o Mordomo da Festa, João Victal, receberam

52

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018

aposta séria que o município tem vindo a realizar na promoção do turismo como um dos recursos mais valiosos do concelho, afirmando-se como cidade de referência e destino de excelência”, realçou.

MARÇO MAIS DE 30 BALÕES EM FESTIVAL DE BALONISMO EM CORUCHE Mais de 30 balões de ar quente voaram pelos céus de Coruche na primeira edição do Festival Internacional de Balonismo que a vila recebeu de 28 de Março a 2 de Abril. Organizado pela Windpassenger e pela Câmara de Coruche, o festival teve a participação de quase meia centena de equipas de balonismo, provenientes de Portugal e de vários países da Europa, mas também do Brasil e dos Estados Unidos da América. Oito dos balões tiveram formas especiais como uma coruja ou um pelicano. Esta foi a primeira edição do evento que tem intenção de, nos próximos anos, chegar aos 100 participantes. Durante seis dias os visitantes puderam fazer voos livres juntamente com pilotos experientes; observar a vila ribatejana a partir do céu num balão estático; assistir ao Night Glow, um espectáculo de luz e som onde os balões sincronizaram os seus queimadores ao ritmo da música; artesanato e actividades para toda a família.


MAIO SOCIEDADE RECREATIVA DA GRANJA CHEGA AOS 88 ANOS E QUER MANTER A CASA CHEIA A Sociedade Recreativa da Granja, a colectividade mais antiga da freguesia de Vialonga, festejou no dia 14 de Maio os seus 88 anos de vida com vontade de fazer mais pela população e ter sempre as portas abertas e a casa cheia. A colectividade reparte-se pela parte recreativa, pelo grupo de caça e pesca e pela união columbófila mas funciona como um todo.

JUNHO MÚSICO DE ALVERCA LANÇA TEMA DE HOMENAGEM A BERNARDO SASSETTI O músico alverquense Rogério Godinho apresentou em Junho um tema de homenagem ao pianista e compositor Bernardo Sassetti. A canção foi destaque nacional pela sua simplicidade e por ser tocada apenas no instrumento que Sassetti conhecia bem, o piano. Rogério Godinho evoca a sua memória ao piano recuperando uma pauta escrita há precisamente cinco anos, quando soube que Sassetti tinha falecido. Natural de Alverca, Rogério Godinho é pianista, compositor e cantor. FILME RODADO EM VILA FRANCA DE XIRA VENCE PRÉMIO INTERNACIONAL O filme “Fábrica de nada”, realizado por Pedro Pinho e filmado em áreas industriais devolutas de Alverca, Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, venceu o prémio FIPRESCI, da Federação Internacional de Críticos de Cinema, durante o Festival de Cinema de Cannes, em França. “Fábrica de nada” é um filme que propõe uma reflexão crítica sobre o estado do país nos últimos seis anos e um filme “iminentemente político”. O filme segue a vida de um grupo de operários que tentam segurar os postos de trabalho através de uma solução de autogestão colectiva e, dessa forma, evitar o encerramento da fábrica.

PARREIRITA CIGANO CUMPRIU O SONHO DE TIRAR A ALTERNATIVA NO CAMPO PEQUENO Parreirita Cigano cumpriu o sonho de ser cavaleiro tauromáquico profissional. O cavaleiro do Cartaxo tirou a alternativa na Grande Corrida de O MIRANTE no Campo Pequeno, com o seu mestre e padrinho de alternativa, Manuel Jorge de Oliveira, que voltou à praça ao fim de muitos anos de afastamento. O espectáculo assinalou também um momento importante para o Campo Pequeno e para o jornal, já que se assinalaram os 30 anos de O MIRANTE e os 125 anos da inauguração da praça lisboeta.

JULHO DIANA DAVID VENCEU FINAL DO FESTFADO RIBATEJO Diana David, jovem de Benavente com 19 anos, venceu na noite de 7 de Julho a gala final do festival FestFado Ribatejo que decorreu no Cineteatro de Benavente. Diana David recebeu o primeiro prémio, um cheque de dois mil euros oferecido pela Câmara Municipal de Benavente, que foi dado à editora Música Unida para apoiar a edição do primeiro CD de Diana.

SETEMBRO JOVENS CHEGAM-SE À FRENTE PARA MANTER FESTAS EM VALE DE CAVALOS O bairrismo e o apego às tradições locais estão inculcados nos jovens da freguesia de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca, que com o objectivo de angariarem fundos para 01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

53


a construção de um lar do “ Aconchego” – Centro de Apoio Social da terra, fazem questão de pertencer à Comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios ou de ser voluntários e ajudar na realização da mesma. Um apoio que vai desde vender rifas, grelhar febras, fritar batatas, servir às mesas ou oferecer um bolo. A freguesia de Vale de Cavalos esteve em festa de 1 a 4 de Setembro.

OUTUBRO RICARDO RIBEIRO E ARTEMSAX & LINO GUERREIRO VENCEM PRÉMIO CARLOS PAREDES O fadista Ricardo Ribeiro, com o trabalho “Hoje é assim, amanhã não sei”, e o quarteto Artemsax & Lino Guerreiro, com o “projecto Michel Giacometti” foram os vencedores da edição de 2017 do Prémio Carlos Paredes, promovido pela Câmara de Vila Franca de Xira. O júri, constituído por José Jorge Letria, Pedro Campos, Ruben de Carvalho e Carlos Alberto Moniz, considerou que os dois projectos vencedores, sendo estruturalmente diferentes, “representam o que de melhor se faz actualmente e de forma complementar, por um lado no fado tradicional, e por outro na música tradicional, reinventada com um estilo único”. EXPOSIÇÃO SOBRE VICTOR MENDES VISTA POR MAIS DE 12 MIL PESSOAS A exposição dedicada à vida do toureiro Victor Mendes foi vista por mais de 12 mil pessoas enquanto esteve patente no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira. O toureiro emocionou-se na inauguração da exposição em seu nome e tornou a emocionar-se ainda mais quando esta chegou ao fim com um espectáculo de flamenco a que assistiram algumas centenas de pessoas no final da tarde de domingo, 9 de Outubro.

NOVEMBRO QUINTA DO BILL FECHA DIGRESSÃO DOS 30 ANOS COM CONCERTO ESPECIAL NA CASA DA MÚSICA A comemorar 30 anos de carreira a banda Quinta do Bill subiu ao palco da Casa da Música, no Porto, na noite de 25 de Novembro, para assinalar três décadas de vida com um concerto especial.

DEZEMBRO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO AJUDA A CONHECER MELHOR A LIGAÇÃO DE SALVATERRA À ARTE DA FALCOARIA Entrou em funcionamento no final de 2017 o Centro de Documentação “Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes” no edifício da Falcoaria Real, em Salvaterra de Magos. Um espaço há muito esperado pela Associação Portuguesa de Falcoaria e pelos investigadores da arte da falcoaria e que conta, sobretudo, com o espólio documental sobre falcoaria doado por Joaquim da Silva Correia e Natália Correia Guedes, dois nomes sonantes no estudo da falcoaria e da história do concelho. “O município tem-se empenhado na promoção e divulgação da história, das tradições, dos costumes do concelho”, garantiu o presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, durante a inauguração do novo Centro de Documentação da Falcoaria Real. 54

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


PUBLICIDADE

01 MARÇO 2018

- RETROSPECTIVA DO ANO 2017

O MIRANTE

55


PUBLICIDADE

56

O MIRANTE

RETROSPECTIVA DO ANO 2017 -

01 MARÇO 2018


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.