31º Aniversário O MIRANTE

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Edição 31º Aniversário - 16 Nov 2018

Este suplemento faz parte da edição nº 1377 de O MIRANTE e não pode ser vendido separadamente

Esta edição especial de aniversário de O MIRANTE, com 60 páginas, reúne o que de melhor conseguimos juntar em termos de colaboração editorial e divulgação comercial. O tema da edição é “A Nossa Terra”, pergunta que resolvemos colocar a todas as personalidades que aceitaram escrever para este número comemorativo dos 31 anos do jornal.

O MIRANTE é um semanário regional com duas edições em papel e um jornal online com dezenas de actualizações diárias. Trabalhamos em vinte e três concelhos do Ribatejo e praticamos o preço de assinatura mais baixo de todos os jornais portugueses.


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Editorial

O MIRANTE - A nossa terra

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Metida num 31

Esta edição especial de aniversário de O MIRANTE, com 60 páginas, reúne o que de melhor conseguimos juntar em termos de colaboração editorial e divulgação comercial. O tema da edição é “A Nossa Terra”, pergunta que resolvemos colocar a todas as personalidades que aceitaram escrever para este número comemorativo dos 31 anos do jornal. Com a internet a nossa terra é a terra toda. E a terra de quem constrói diariamente o jornal, de quem o apoia e de quem o lê... chama-se O MIRANTE! uma visão paroquial. Mas também houve quem optasse por recuar do país para a cidade e da cidade para o bairro, definindo-o como...a sua terra. Outros temas abordados nesta conversa colectiva que envolveu pessoas influentes e inteligentes da área de abrangência do jornal, foram a amizade, os valores, e até os melhores momentos da vida de cada um, que cada um aceitou partilhar. As respostas estão nesta edição especial comemorativa que representa mais um dos muitos trabalhos editoriais de fôlego. Ter numa edição, não uma, nem duas, nem três entrevistas, mas cinquenta e uma, é algo de que

Alberto Bastos Director de Conteúdos e Plataformas Digitais Somos todos da mesma Terra embora alguns de nós possam por vezes andar na Lua ou parecerem, em certos dias, ter acabado de chegar de Marte. Para a edição que celebra os 31 anos de existência de O MIRANTE, uma das perguntas que decidimos colocar a meia centena de amigos que acompanham há anos o percurso do jornal foi sobre qual consideram ser a sua terra. Há quem tenha colocado a questão de parte com o argumento de ter uma visão alargada de terra, recusando

poucos jornais se podem gabar. Há quem pense que dos empresários, dos dirigentes e dos políticos basta conhecer as ideias, as promessas, as frases de belo efeito e, eventualmente, a cor da gravata ou o estilista que lhes desenha os fatos. Que não importa saber de onde vieram, qual foi o seu percurso, quem os educou e que valores lhes transmitiu. Esta visão robótica só nos interessa quando percebemos que os robôs também se engasgam. Resta-nos deixar também uma palavra sobre a nossa terra. Sobre ela diremos que começou por ser a Chamusca. Foi ali que o jornal nasceu mas não foi ali que ficou. Alargou horizontes, criou novos amigos, conheceu inúmeras cidades, vilas e aldeias até chegar a um ponto em que a sua terra são todas as terras por onde passa e onde é lido. Com a internet a nossa terra é a terra toda. E a terra de quem constrói diariamente o jornal, de quem o apoia e de quem o lê...chama-se O MIRANTE! Esta é, verdadeiramente, a nossa terra!

CLUBE DE PARCERIA INFORMAÇÃO LEITORES DE ONLINE COM ACTUALIZAÇÕES O MIRANTE é distribuído ao O MIRANTE de Leitores de PERMANENTES sábado com o jornal Expresso OO Clube MIRANTE é uma associação A edição online de O MIRANTE alojada em www.omirante.pt tem actualizações ao longo do dia e é uma referência no panorama da informação regional e nacional.

em toda a nossa área de influência.

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sem fins lucrativos que pretende juntar todos os leitores do nosso jornal à volta de interesses comuns.

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O MIRANTE organiza todos os anos as iniciativas Galardão Empresa do Ano e Prémio Personalidade do Ano de forma a premiar pessoas e instituições da nossa área de abrangência.

Joana Salgado Emídio Directora Executiva A minha vida é um 31. O 31 que O MIRANTE comemora hoje. O 31 onde estão metidos os empresários, políticos e dirigentes associativos que fazem parte da minha vida. O melhor de um 31. O contrário do que é, na gíria, um 31. O meu 31 são empresários optimistas, que lideram com inteligência e nunca perdem a sensibilidade. O meu 31 são empresários, políticos e dirigentes associativos que não se repetem e não têm voz monocórdica. Gente que trata por tu as dificuldades e sabe que é com querer e vontade que se constroem sonhos. Gente que não vende a alma ao Diabo. Gente que não conhece a pequenez e a falta de ambição. O meu 31 está espelhado nestas páginas onde se mete o dedo na ferida e a mão no coração. O meu 31 são as pessoas que editorial e comercialmente fazem parte da minha vida. As que nunca perdem o magnetismo. As corajosas. As persistentes. As de palavra. As que gerem com magia e nunca perdem a esperança. As que sabem morder a língua mas falam com propriedade. As mais felizes porque não dão confiança aos trinta e uns. As que fazem trinta e uns de cabeça e nunca resistem às mudanças. As que não conhecem a preguiça e sabem que dar o exemplo é a melhor forma de fazer acontecer. As humildes. As que põem tudo em causa. As que arriscam. As que dão o tudo por tudo. As que sabem contemplar as estrelas e que vêem na lua a luz do sol. As que gerem com barba rija mas também têm arrepios na espinha. As que correm sempre com a bola nos pés. O meu 31 é a vida que escolhi. A da proximidade. A do jornalismo independente que vive e sobrevive à margem de interesses instalados. O meu 31 é fazer parte de um projecto editorial que marca a diferença e é um caso de sucesso editorial e comercial. O meu 31 é O MIRANTE e todos os parceiros. O meu 31 é fazer parte de uma equipa que sabe usar as novas e velhas tecnologias e tem a certeza que vale a pena resistir porque resistir é, também, uma forma superior de combater. O meu 31 é trabalhar com uma equipa que não conhece a palavra crise e nunca recorre à choradeira nacional. De fato de macaco vestido, estou, apaixonadamente, metida num 31.


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“Desagradam-me os galos que julgam que o sol nasce só para os ouvir cantar”

Orlando Ferreira Administrador Executivo - Rodoviária do Tejo

Quais foram as pessoas mais importantes durante a sua infância? A minha mãe, um seguro porto de abrigo, sempre capaz de perceber tudo o que eu fazia e sentia; a minha irmã, como apoio escolar quando o que eu queria mesmo era andar na rua; a minha professora primária, apesar de só mais tarde ter percebido a importância que teve em mim e, finalmente, os meus amigos da rua, mesmo sabendo que os actos praticados pelo grupo não foram sempre os mais exemplares. Foi com eles que conheci o retrato duro das condições de vida naquela época em Campolide. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram?

Aprendi que as coisas mais importantes da vida são sempre as mais simples; aprendi a importância de saber ‘calçar os sapatos dos outros’; aprendi a honrar a palavra dada; aprendi que as coisas não caem do céu, que tudo requer muito esforço e... confiança. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Apesar de recordar com saudade muitos dos meus amigos de rua e da instrução primária, não conservo nenhuma dessas amizades. Mais tarde, foi o ambiente do Liceu Normal de Pedro Nunes, nesses transformadores anos sessenta, que me proporcionou algumas amizades que ainda hoje se mantêm. Como referência para toda a vida, ficou também o nosso querido professor de Ciências Físico-Químicas. Rómulo de Carvalho era de facto uma presença marcante que irradiava competência, sabedoria e uma imensa serenidade. Já para não falar da áurea poética de António Gedeão que, por vezes, irradiava dentro de si! Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Porque nunca me acostumei a apenas sobreviver, sinto não ter passado pela vida sem a viver! O que mais lhe desagrada no dia-a-dia? Havendo muitas coisas a merecer reparo, o que me desagrada verdadeiramente são alguns comportamentos. Desagradam-me, por exemplo, todos os galos que julgam que o sol nasce só para os ouvir cantar e também me desagradam todos aqueles que, sistematicamente, vendendo a alma ao Diabo ainda conseguem viver felizes com aquilo que lhes resta.

Incomoda-o pagar impostos ou aceita com naturalidade? O que verdadeiramente nos incomoda, não entendemos e dificilmente aceitamos, são alguns impostos que pagamos sem nada receber em troca por parte do Estado. Um exemplo deste ‘paga-se porque tem que se pagar’ refere-se aos impostos cobrados por cada litro de combustível abastecido, com mais de metade das receitas de gasóleo abastecido a irem directamente para os cofres públicos. Recentemente, foi anunciada a reversão do aumento adicional do imposto sobre os produtos petrolíferos decidida em 2016 no primeiro Orçamento do Estado deste Governo. Mas, surpresa das surpresas, esta reversão irá apenas abranger a gasolina, desincentivando ainda mais o uso do TP (transporte público). E o gasóleo ficou de fora porquê? Certamente porque este consumo representa cerca de dois terços das vendas de combustível rodoviário. Foi mais uma enorme vitória para as Finanças e, uma vez mais, uma pesadíssima derrota para a Economia. A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? Gosto de viver em Portugal e para mim é essa a minha terra. No entanto, ligam-me especiais laços afectivos a alguns lugares - a Campolide, o território onde comecei a envelhecer (tenho vindo a fazê-lo desde que nasci) mas também ao Ribatejo, lugar onde tenho vindo a desempenhar a minha actividade profissional. Não pretendendo ser ‘Ribatejo’, quero apenas partilhar o direito de haver um ‘Ribatejo’ que sou eu! E Campolide? Campolide foi onde vivi até aos 19 anos.

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A sua configuração humana ainda resulta da muita gente que foi necessário trazer para as obras de construção do Aqueduto das Águas Livres e que logo dividiu a freguesia em duas áreas, uma para os ‘mestres’ e outra para os ‘operários’, semeada de barracas. Não sendo ‘o lugar onde Jesus perdeu as botas’, Campolide sempre foi considerado um lugar distante e de difícil acesso, uma zona ‘fora de portas’ na Lisboa oitocentista. E assim se vai manter, porque... para as obras de expansão do Metropolitano de Lisboa, talvez por causa das botas, foi agora assumido: “A Campolide não vai, não!“. Santarém tem perdido população. Qual a análise que faz a esse facto? O distrito de Santarém possui um pouco menos de 500 mil habitantes, prevendo-se que, com o declínio populacional e o envelhecimento a constituírem uma tendência transversal, em 2030 não passe dos 430 mil habitantes. O despovoamento crescente, a que não é alheio o esquecimento a que os governos têm votado o interior, está também associado ao desemprego (os jovens saem porque o tecido empresarial é frágil) e ao sucessivo encerramento de serviços públicos.


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“Foi um grande privilégio poder viver intensamente o 25 de Abril de 1974”

Alberto Mesquita Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Uma das pessoas mais importantes na minha infância foi o meu avô materno. Sempre que precisei de uma palavra amiga, de um aconchego, ele esteve sempre presente. Os valores que me foram transmitidos e que considero fundamentais, foram a honradez e a solidariedade. Nos vários ciclos da vida tive oportunidade de ter muitos amigos, principalmente na área desportiva, na qual conservo fortes amizades. Também noutros domínios, inclusivamente enquanto autarca, tenho o prazer de ter amigos em

todos os quadrantes políticos. Foi para mim um grande privilégio poder viver intensamente o 25 de Abril de 1974, que nos abriu portas para a democracia e liberdade. Liberdade essa que permite, por exemplo, estar hoje em dia a comunicar com os leitores de O MIRANTE. A nível pessoal houve outros momentos marcantes, relacionados com a constituição da minha família. A nossa terra tem a ver com o percurso de vida de cada um de nós. No meu caso, a terra onde nasci foi a cidade de Lobito, em Angola, mas, verdadeiramente, a minha terra é o Município de Vila Franca de Xira, onde resido, na cidade de Alverca, e à qual estou ligado numa parte muito significativa da minha vida. O que me liga à minha naturalidade é uma imagem de infância que guardo com muito afecto. Quanto à minha terra de facto, ela representa para mim a constituição da minha família, da minha vida profissional de muitos anos, a criação de grandes amizades e representa sobretudo o facto de me ter proporcionado uma missão de serviço público que continuo a exercer, com convicção e paixão, na presidência da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Agrada-me verificar o desenvolvimento social e económico que tem ocorrido no município de Vila Franca de Xira nas últimas décadas. No campo da arquitectura, realço a Fábrica das Palavras – Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira, que é um edifício reconhecido internacionalmente, por exemplo, através de prémios atribuídos ao seu projectista, o Arq.º Miguel Arruda. Considero ser este um motivo de orgulho, não só para mim, mas também para todos os munícipes

deste concelho. Em termos de serviços úteis às pessoas, o município está bem apetrechado. Destaco o novo Hospital de Vila Franca de Xira, que também é reconhecido como um dos melhores do nosso país. Há também a sublinhar o trabalho que vem sendo feito pela câmara municipal na área de regeneração urbana, mais concretamente na requalificação das margens ribeirinhas, que atraem cada vez mais pessoas, mesmo de fora do concelho, para usufruírem deste plano de água magnífico que é o rio Tejo. O município de Vila Franca de Xira tem vindo a ganhar população e isso está directamente relacionado com a atractividade que o município tem vindo a ganhar. É um município onde a taxa de desemprego é das mais baixas do país e que tem tido a capacidade de atrair muitas empresas que contribuem para o desenvolvimento económico. Há também um dado que merece realce. O concelho de Vila Franca de Xira, no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, apresenta dos mais baixos índices de marginalidade. Lamento que ainda não se tenha conseguido, junto dos decisores políticos com competências directas na matéria, que seja tido em consideração o pleno aproveitamento da Pista de Aviação de

16 NOVEMBRO 2018 | 6 Alverca, a qual possui enormes potencialidades para se tornar num factor de atracção e de desenvolvimento económico para o concelho e para a região. E também lamento que o rio Tejo ainda não tenha entrado definitivamente na agenda política governamental, com vista à sua requalificação. Em termos fiscais, tem existido por parte deste executivo uma atitude social adequada aos interesses da população e aos empresários. São disto mesmo exemplo as opções tomadas nos orçamentos dos últimos anos – e já aprovadas também pela câmara municipal para 2019 –, ao nível do IMI, que se mantém na taxa mais baixa prevista por Lei (0,3%) e também na aplicação do IMI familiar, mantendo-se as reduções fixas de 20 euros para famílias com um filho, 40 para famílias com dois filhos e 70 para quem tenha 3 ou mais filhos. Está também assegurada a isenção de IMI às colectividades de cultura, recreio, desporto, sociais e similares, relativamente aos prédios destinados à prossecução das suas actividade. No que respeita ao lançamento da Derrama relativa ao IRC, estão isentas deste imposto todas as empresas em que o volume de negócios seja igual ou inferior a 150 mil euros, estando também previstas isenções para as micro, pequenas e médias empresas do concelho que, tendo volumes de negócio entre 150 mil e 300 mil euros, tenham criado e mantido postos de trabalho nos dois anos anteriores.


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“Estou empenhado na eliminação de barreiras para deficientes motores”

Martins Lopes Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Golegã

A melhor época da minha vida foi a fase da adolescência do meu filho. Nessa altura procurei sempre não o desiludir e ele é o meu herói. Se eu vier a ter um neto(a) será o complemento dessa fase da minha vida. Nesta altura continuo empenhado na luta pela diminuição ou eliminação de barreiras arquitectónicas para deficientes motores. Quando era criança havia abismais diferenças sociais. Nessa época as pessoas mais

influentes eram o padre, o juiz, o presidente da câmara municipal e o zelador. Os valores que aprendi muito cedo, e pelos quais ainda me norteio, são honestidade, respeitabilidade, vontade de aprender com todos os outros que sabem mais do que eu. Considerando a velocidade com que o mundo gira, se os humanos deixarem de pensar que o Homem e a Mulher valem pela obra então a conservação de amigos terá os dias contados. A minha terra é a Golegã. É a terra onde nasci e que amo muito e fui o homem da minha geração que, de longe, mais lhe dei. A Golegã tem muito que outras terras têm e tem aquilo que as outras não têm. A Golegã continua a ser uma terra de hortas e de quintas. É uma terra com qualidade de vida mas que precisa urgentemente do seu parque habitacional recuperado. Tudo indica que a Golegã irá continuar a perder população, considerando que a área dominante continuará a ser agrícola e esse sector não se vislumbra que venha, no futuro, a criar muitos postos de trabalho para jovens qualificados. A saída dos nossos melhores valores para outras paragens é a grande razão da falta de investimento para a economia local. As tributações de câmaras municipais como a nossa são parcas e se não fossem essas receitas a sua capacidade económica seria menor.

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“Tenho uma visão alargada (não paroquial) do conceito de terra”

Jorge Rosa Presidente & CEO da Mitsubishi Fuso Truck Europe, SA

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? Tenho uma visão alargada (não paroquial ) do conceito de terra. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Uma terra que me abriga e que me faz sentir em casa.

Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Porquê? Naturalmente a minha família. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Os normalmente atribuídos a uma pessoa com os valores que a sociedade reconhece e valoriza. Ainda conserva amigos de infância? Conservo alguns bons amigos de infância e a vida foi-me dando outros igualmente importantes. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Cada fase com os seus encantos e desafios. Não consigo eleger uma em particular. Talvez a próxima. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? A qualidade de vida e a localização. A sua terra tem perdido população? Os problemas da interioridade são transversais e as consequências de difícil inversão. A sua terra é segura? A segurança é um dos activos que temos de preservar e um dos factores que nos faz sentir em casa.


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“A poluição é provocada por empresas de pessoas ignorantes e sem escrúpulos”

Pedro Ferreira Presidente da Câmara Municipal de Torres Novas

Na minha casa de infância viviam oito pessoas. Os meus pais, três irmãos e uma irmã e duas tias. Claro que os meus pais foram as pessoas mais importantes da minha infância, mas os restantes, já que eu era o mais novo, também foram muito importantes e contribuíram para que eu fosse aquilo que sou hoje. Como era uma casa muito aberta à co-

munidade torrejana e cheia de alegria, habituei-me a considerar como família, muitos vizinhos na Rua Miguel Arnide. É uma forte amizade que ainda hoje se mantém de geração para geração. Honestidade, respeito e solidariedade pelos outros e para com os outros e nunca desistir de lutar por aquilo em que acredito, foram os valores que me foram transmitidos. Conservo muitos e muitos amigos de infância. Como diz a sabedoria popular, os “amigos mesmo, contam-se nos dedos de uma mão”, pelo que guardo e trago sempre no coração um punhado deles. Claro que as tais voltas da vida deram a conhecer-me outros que preservo, respeito e que faço retorno dessa amizade. Para lá da fase da minha história familiar, já casado e com dois filhos e uma filha, a fase que considero mais interessante e empolgante da minha vida foi, sem dúvida, a criação do CRIT e ter tido a honra de me confiarem a presidência da direcção da instituição durante 37 anos. Foi uma experiência inesquecível, onde aprendi muito, sobretudo a descobrir que os heróis não são os que ganham sempre mas os que nunca desistem de lutar. A minha terra, o “ninho” onde nasci e cresci, é Torres Novas. Toda a história da minha vida, as coisas boas e más, têm sido vi-

vidas e sentidas tendo como cenário a Serra de Aire, o Castelo e o rio Almonda. Faço parte de uma enorme família bairrista de cerca de trinta e sete mil habitantes, onde, com relativa facilidade, por todo o concelho identifico pela fisionomia raízes familiares e lugares onde me habituei a descobrir riquezas naturais, culturais e sociais. Por não conseguir imaginar nem desejar viver em qualquer outro lugar do mundo a minha terra será sempre Torres Novas. E com um carinho especial Alcanena, de onde vieram os meus pais e onde nasceram. Torres Novas é uma cidade histórica, dinâmica e culturalmente rica. É uma cidade “capital” da solidariedade, exemplo nacional e por isso merecedora de, pela 10ª vez ininterruptamente, receber a Bandeira Verde atribuída pela Associação Nacional de Municípios, o que traduz a simpatia das suas gentes. É a cidade melhor localizada em termos de centralidade no país e de acessibilidades rodoviárias, o que a torna desafiante para a visitação. Tem equipamentos culturais e desportivos de relevância e invulgaridade como a biblioteca municipal, os museus, o Palácio dos Desportos e o Teatro Virgínia. Promove durante todo o ano múltiplos eventos que fazem uma diferença positiva ao nível regional.

16 NOVEMBRO 2018 | 10 Torres Novas, nos Censos de 2011, aguentou-se sem perder notoriamente população e tenho a sensação e a esperança de que, pela sua localização estratégica e criação de emprego (a taxa de desemprego é uma das mais baixas no Médio Tejo), conseguiremos manter o equilíbrio. Estamos a fazer um esforço e investimentos no centro histórico da cidade para proporcionar habitações a preços módicos para jovens casais. O que mais me desagrada são os episódios esporádicos de poluição, sobretudo no Rio Almonda que é um dos nossos ex-libris, originados por pessoas e empresas sem escrúpulos e ignorantes, pois só pensam no lucro, descuram a defesa da saúde deles próprios e dos outros. Temos aplicado nos últimos anos uma taxa muito abaixo do limite máximo permitido para o IMI. Temos aplicado 0,38 quando o máximo é de 0,45. Também na Derrama todas as empresas que tenham um volume de vendas anual até 150.000 euros não pagam nada à autarquia. Em suma, sem pôr em causa o equilíbrio financeiro do município, temos procurado facilitar as pessoas e as empresas por via das taxas e impostos municipais, sem esquecer as famílias numerosas. A minha terra é segura e tem uma forte e positiva agitação nocturna por parte dos jovens, sobretudo aos fins-de-semana. Infelizmente todos sabemos que a criminalidade tem aumentado no país e na Europa e a preocupação, sobretudo com os menores, será sempre importante por parte das famílias. A presença da PSP e da GNR na cidade ajuda a criar um clima de segurança.


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“Adoro a vida e procuro tirar o máximo partido de cada momento”

Ana Maria Lima Presidente da Fundação CEBI - Alverca

Nasci no Monte Estoril. Essa é a minha terra. Mantenho relação íntima com a minha terra, aliás vivo a cerca de 10 minutos de distância. Para quem não conheça, trata-se de uma região linda, cheia de sol, junto ao Oceano Atlântico com praias espectaculares e com a Serra de Sintra que a enquadra de uma forma sublime.

As pessoas mais importantes da minha infância foram os meus pais e avós e também os meus primos, dois deles principalmente foram, e são, os irmãos que não tive. Tive uma infância e adolescência muito felizes, com excelentes momentos de brincadeira e convívio. Os principais valores e princípios que regem a minha conduta são a ética; o humanismo; a solidariedade; a justiça; o amor e a amizade, que se traduzem no respeito pelo outro. Felizmente mantenho amigos de infância e juventude que estão no leque dos melhores amigos mas fui construindo novas amizades ao longo dos anos. Para mim os amigos são parte integrante da minha vida. Felizmente tenho um círculo de amigos com os quais convivo, posso dizer diariamente, nos mais diversos momentos e que me acompanham em passeios, viagens, férias de Verão, etc. Sabem que podem contar comigo em qualquer situação, celebramos juntos os bons momentos e estamos sempre perto nos menos bons. Eu adoro a vida. Com o espírito positivo que tenho procuro tirar o máximo partido de cada momento. É por isso muito difícil para mim definir um momento especial da minha vida. Ainda hoje tenho a felicidade de me deslumbrar com pessoas, momen-

tos, situações, viagens... A minha actividade profissional, que teve início há mais de 45 anos, tem-me proporcionado “viver o dia-a-dia” em diferentes locais. Como costumo dizer, conheço melhor esses locais do que propriamente a terra onde habito. Genericamente considero que se tem apostado na revitalização das terras, nem sempre de acordo com as necessidades dos munícipes. Por vezes realizam-se obras

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de “fachada”, que não melhoram a qualidade de vida das pessoas. Acompanho sempre com muito interesse todas as questões relacionadas com a gestão das câmaras municipais. No caso dos impostos, a razoabilidade está sempre relacionada com a forma como são aplicados. Nesse sentido penso que nem sempre são aplicados da melhor forma, nomeadamente em infra-estruturas que possam melhorar a qualidade de vida dos munícipes. Nos momentos que correm, infelizmente, há poucos locais públicos seguros. Hoje em dia já não são os filhos mas os netos que me preocupam mas como ainda são pequenotes, andam sempre acompanhados de adultos.


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“Há problemas que só existem por falta de vontade política do poder central”

Pedro Ribeiro Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

A minha terra é segura, assim como a região e o país são seguros. E não sou eu que o digo são os números. Basta falar com pessoas de fora para se perceber isso. Agora naturalmente que queremos sempre mais e melhor. Não tenho filhos com idade de sair à noite, mas se tivesse não ficava preocupado especificamente pela segurança. Nasci em Almeirim e sempre aqui vivi. É aqui que tenho a família, os amigos, o trabalho. É aqui que gosto de viver. Aqui as tradições andam de braço dado com a modernidade. A nossa terra é sempre a melhor . As pessoas mais importantes da minha infância foram os meus pais e o meu avô materno. Eu era neto único, a casa dos meus pais tinha um quintal comum e eu passei muitos tempo com ele. Era agricultor de uma agricultura de subsistência mas com uma enorme capacidade de analise da sociedade. Passou-me muitos valores que hoje são fundamentais na minha vida. Ensinou-me que nada se consegue sem trabalho e que a vida dá muitas voltas e por isso

nunca devemos esquecer de onde viemos e o que já fomos. Ensinou-me também a nunca dar um passo maior que a perna e a ter um enorme amor à terra e à minha terra. A fase da minha vida mais interessante foi o período dos 17 aos 25 anos. Pela autonomia. Pelas descobertas da vida. Pelos amores e desamores. Pela fase da utopia pura, de achar que o mundo se mudava de um dia para o outro. Aos 25 comecei a trabalhar e a ver a vida de uma forma diferente. Continuo a sonhar mas agora acordado. Depois, mais recentemente, o nascimento do meu filho mudou por completo a minha vida e muito da minha forma de pensar em relação a algumas coisas. É uma fase nova e boa. Quando passeio em Almeirim gosto do ordenamento, gosto das casas e das ruas, gosto muito de ver gente na rua a passear ou simplesmente a fazer a sua vida, gosto de ver a vida que a terra tem. Gosto desta qualidade de vida que é imensa mas a que talvez alguns só passem a dar valor se um dia tiverem de viver noutro local. Em relação aos Censos de 2011 penso que tivemos uma redução de cerca de 200 pessoas. Não somos um concelho problemático nessa área. Andamos na dita média nacional. O problema é que a média não é muito famosa. Temos de fazer todos mais para aumentar a natalidade. Tenho muita dificuldade em explicar que há problemas que afectam Almeirim cuja resolução não depende de dinheiro mas de vontade política que não está na nossa esfera de actuação, mas por norma em Lisboa. Um poder central mais próximo seria meio caminho para resolver muito do que não está bem. No nosso caso os valores dos impostos municipais são os mesmos há mais de uma década. Aliás sempre me lembro das mesmas percentagens. A questão da razoabilidade não está no que se cobra mas no destino que se dá a esses impostos. E, embora seja suspeito, penso que de uma forma geral temos dado bom uso a essas verbas.

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“Peço contenção aos autarcas porque mais despesa hoje são mais impostos amanhã”

José Eduardo Carvalho Presidente da AIP - Associação Industrial Portuguesa

Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Todas as fases da minha vida têm sido vividas com muita intensidade. Mas reconheço que o serviço militar foi um marco. Fez-me ver que a sociedade e a demo-

cracia ocidental é um bem a preservar e que há instituições fundamentais que estruturam a nossa vida social. Depois gosto de me rever nas coisas em que tive o trabalho e a sorte de correrem bem. Todos os anos as câmaras municipais fixam impostos como o IMI ou a Derrama sobre rendimentos das empresas. Acha que tem havido razoabilidade no seu concelho? Os autarcas fazem o que podem. E fazem-no bem. Só lhes peço que refreiem uma tentação: não metam mais funcionários no quadro. Mais despesa hoje transforma-se em impostos amanhã. E estamos saturados e carregados deles. A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? A minha terra será sempre Vila Chã de Ourique (Cartaxo) onde nasci e onde foram socializadas relações de infância, adolescência e familiares. Passei uma parte da minha infância em Setúbal e Figueira da Foz. Mas o local onde se nasce marca-nos para a vida. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Terra de gente de trabalho e orgulhosa.

Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Porquê? Pais, avós maternos e tio. Deram-me aquilo que necessitava: carinho e alegria. É o que mais se precisa nessas idades. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Trabalho e nunca desistir perante as dificuldades e as fases menos boas da vida.

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Ainda conserva amigos de infância? Da infância menos. Da adolescência alguns. A vida depois proporciona-nos encontrar outros bons amigos. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? A qualidade de vida. Há algumas coisas que lhe desagradem? Quando se gosta de algo ou de alguém não se aponta publicamente os seus defeitos. A sua terra é segura? Um pai pode deixar sair os filhos à noite sem ficar preocupado? Acho que a terra onde vivo é segura. Preocupações sempre houve e sempre haverá.


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“Quem não exerce o direito de voto não tem legitimidade para se estar sempre a queixar”

Pedro Bastos Presidente da Comissão Executiva do Hospital Vila Franca de Xira

Sou “alfacinha de gema”, nascido e criado na capital. Tenho raízes na região de Viseu, onde passei inúmeras férias de Verão e por esse facto, sou igualmente Beirão. Nos últimos anos aprendi a ser Ribatejano, com

este forte envolvimento com a comunidade que servimos que a função actual me proporciona. Descrevendo esta região ribatejana considero-a com uma cultura muito própria, com uma forte influência do rio Tejo, dos touros e da gastronomia. A proximidade a Lisboa poder-lhe-ia retirar interesse e identidade mas, neste caso, acentuou-a. A ligação ao rio Tejo que se foi perdendo ao longo de muitos anos está neste momento a ser revigorada e com um fantástico potencial. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram os meus pais e irmão. Foram os meus pais que me transmitiram valores como honestidade, compromisso, lealdade, trabalho, responsabilidade e solidariedade. Os amigos que conservo são os da faculdade, são como família. Reunimo-nos ainda hoje com as respectivas famílias mensalmente. São relações muito fortes e que perdurarão por toda a vida. A vida deve ser vivida com intensidade e atitude positiva nas suas diferentes fases. Todas marcam. Todas reflectem o nosso passado e moldam as fases futuras. O conceito de Bairro é algo que me agrada profundamente. A possibilidade de sair-

mos à rua e tratarmos do que necessitamos sem necessidade de utilizarmos transporte próprio ou colectivo, o dispor de espaços de convívio, praças, esplanadas, espaços verdes, enfim, tudo aquilo que um correcto planeamento urbanístico efectuado de raiz deveria respeitar. Sempre que possível a existência do elemento água deverá ser potenciado. O que me desagrada no dia-a-dia é o lixo, o caos no planeamento urbanístico, a ausência de espaços para as pessoas poderem estar fora de casa, a ausência de espaços verdes e o privilegiar os carros em detrimento das pessoas. As terras com menor dinamismo tendem a perder população para os grandes centros urbanos ou para terras contíguas com melhor qualidade de vida. Num cenário de redução de população a nível nacional este

16 NOVEMBRO 2018 | 14 fenómeno é ainda mais acentuado. Os autarcas e o poder central nas suas competências são os principais responsáveis na criação de boas condições de vida e de criação do dinamismo necessário ao progresso das regiões. Obviamente que a população tem sempre a possibilidade de mudar os protagonistas quando é chamada a pronunciar-se nas eleições. Quem não exerce o direito de voto não tem legitimidade para se estar sempre a queixar. Todos conhecemos algumas zonas pouco recomendáveis na cidade de Lisboa. Desde que sejam evitados esses locais não tenho qualquer problema em sair à noite ou deixar os meus filhos sair.


15 | 16 NOVEMBRO 2018

Edição comemorativa do 31º Aniversário

“Tolerância, humildade, força e perseverança são valores que mais prezo”

Ricardo Gonçalves Presidente da Câmara Municipal de Santarém

Sou da Azoia da Baixo e tenho uma forte ligação à minha terra e às suas gentes. Foi lá que aprendi os valores que formaram a minha personalidade e que tento transmitir aos meus filhos. A nossa terra é parte de nós. Sentimo-la como nossa e sentimo-nos orgulhosos quando falamos dela. Muitas

vezes acontece que a nossa terra é aquela onde nascemos mas também pode acontecer que seja a terra que escolhemos para viver, para ter os nossos filhos e para ajudar a construir. Sinto isso em relação a Santarém. Azoia de Baixo, que é uma freguesia do concelho de Santarém, é uma terra simples, acolhedora, de gente humilde, onde as pessoas ainda se cumprimentam pelo nome quando se encontram na rua. Foi a terra que acolheu o escritor Alexandre Herculano, no séc. XIX quando ele, cansado da vida política e social de Lisboa, construiu em Vale de Lobos um refúgio para se dedicar à agricultura mas onde continuou o seu trabalho intelectualmente brilhante e maravilhosamente assertivo. Mãe é mãe e a minha mãe é a minha principal referência. Mas o meu pai, o meu avô e os meus irmãos foram essenciais para o meu crescimento e a minha formação. Lembro-me com muita saudade dos tempos em que era “a mascote” dos meus irmãos e amigos, tanto nos jogos de futebol, como na escola e nas festas, etc. Também me recordo de percorrer muitas feiras de gado com o meu avô Herculano e de todos os ensinamentos e valores que me passou e que ainda hoje sigo religiosamente. Estas pessoas maravilhosas e de fibra marcaram a minha vida e incutiram-me a vontade de ser sempre melhor.

Educação, tolerância, humildade, força, perseverança, resiliência e determinação foram os valores que aprendi com eles e marcou-me também muito ter sido criado na Azoia de Baixo. Incutiu-me o valor da comunidade; o sentimento de pertencer a algo maior do que a família de sangue. Foi esse sentimento telúrico que criou raízes muito profundas no meu coração, que me instigou a olhar para a nossa terra e para o mundo como locais que temos sempre de preservar. Felizmente mantenho muitos dos meus amigos de infância e a vida trouxe-me muitos outros amigos. A amizade que me dispensam faz parte da pessoa que sou. Tive muitas fases interessantes na minha vida mas a mais extraordinária é a que estou actualmente a viver, enquanto presidente da Câmara Municipal de Santarém porque desafia os meus limites, físicos e emocionais. É um cargo desempenhado 24 horas sobre 24 horas com muitas pressões, quer internas quer externas, que me coloca permanentemente fora da minha área de conforto. O cargo torna-me mais exigente comigo mesmo e com os outros mas também mais tolerante e cooperante. O facto de ter sido pai também deu outra dimensão e outro sentido à minha vida. A Beatriz e o Afonso são a luz que ilumina a minha vida e a da minha esposa Vânia.

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Santarém é uma cidade muito rica em termos históricos e patrimoniais e que tem vindo a crescer em termos de qualidade de vida, nomeadamente no que respeita a acessibilidades, infra-estruturas e serviços. Perdeu população nos últimos anos, tal como aconteceu em todo o país mas temos movimentos pendulares positivos. Todos os dias entram no concelho mais cerca de três mil pessoas para trabalhar, do que aquelas que saem do concelho para o mesmo fim. Há que fixar essas pessoas no concelho. O facto de estarmos perto de Lisboa e de a cidade não ser vista como um dormitório, será no curto prazo factor diferenciador e essencial para esse fim. Santarém é um dos concelhos que mais se vai desenvolver economica e socialmente nos próximos anos. Todos temos um papel a desempenhar na construção de sociedades mais justas, solidárias, equitativas e fraternas. Temos que compreender e interiorizar que o ser humano é maior que a soma de todas as ambições individuais e que no final, custe o que custar, deve reinar a paz. Sempre afirmei que um dos objectivos deste mandato seria a redução de impostos. O grande esforço de consolidação que fizemos ao longo dos últimos anos permite que, em 2019, concretizemos esse objectivo, iniciando uma tendência de descida dos impostos municipais de forma sustentada, com a redução do IMI e da Derrama e com a criação do IMI Familiar. E assim iremos continuar até final do mandato. Vamos acabar de vez com um historial de impostos municipais altos.


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“Interioridade não é sinónimo de inferioridade”

Miguel Borges Presidente da Câmara Municipal do Sardoal

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que o liga a ela? Neste aspecto sinto-me privilegiado. Sou natural de Abrantes, cidade de que gosto muito e à qual estou ligado por fortes afectos e vivo e trabalho em Sardoal, vila que

adoro. Por isso, tenho a melhor cidade do mundo e a melhor vila do mundo. Dos meus quatro filhos, dois são naturais de Abrantes e dois naturais de Sardoal. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Abrantes é uma cidade muito bonita, no centro do país, onde tudo pode acontecer. Sardoal é beleza, património, cultura, natureza, qualidade de vida. É uma vila onde tudo acontece. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Sem dúvida alguma o meu avô paterno. Alguém que sempre me guiou, uma referência de carácter que terei sempre ao longo da minha vida. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Justiça, firmeza de carácter, perseverança. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Tenho muitos amigos de infância. Vemo-nos raramente mas quando isso acontece sentimos que a amizade é permanente. Ao longo da vida também vamos construindo boas amizades. Atenção que, para mim, a palavra amizade é muito forte e só a utilizo quando os amigos o são mesmo. Acho

horrível quando se utiliza o termo “amigo pessoal” não conheço outro tipo de amizade que não a pessoal e só a pessoal! Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Todas as fases tiveram e têm o seu interesse. São peças fundamentais de um percurso que se vai construindo. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? As pessoas são a nossa maior riqueza. É muito agradável poder passear numa terra onde todos se cumprimentam, onde toda a gente fala. Perguntem a quem vem de fora, pois esta é uma das melhores características dos sardoalenses. A sua terra tem perdido? Qual o motivo? Estamos num país cada vez mais inclinado para o litoral. Todo o interior tem perdido população. As políticas até agora implementadas para invertermos esta situação não nos têm levado a lado nenhum e, pior ainda, insistimos nelas. Precisamos de repensar o interior como um território positivo e não insistirmos em o “vender” como um território deprimido. Há alguma ou algumas coisas que lhe desagradem? No seguimento da resposta anterior, ninguém “compra” um território deprimido, então temos de mudar o discurso. Tenho afirmado com muita força que Interioridade não é sinónimo de inferioridade. Há que lutar para que assim seja. Como é que isso pode ser feito? A nossa forma de vermos o nosso interior tem de ser alterada. O nosso interior é tão

16 NOVEMBRO 2018 | 16 bom, tão bom, tão bom que até fica perto do mar. Sardoal tem um aeroporto à mesma distância (tempo) do Aeroporto Charles de Gaulle ao centro de Paris, à mesma distância (tempo) do Aeroporto de Lisboa a Cascais, temos equipamentos sociais ao nível dos grandes centros, mas, temos algo que não existe nos grandes centros e que é um bem precioso – temos tempo para usufruirmos de tudo isto. Temos qualidade de vida. É por aqui que temos de começar a “vender” o nosso interior. Todos os anos as câmaras municipais fixam (dentro de limites mínimos e máximos impostos por lei), impostos como o IMI, Derrama sobre rendimentos das empresas, Taxa de participação variável do IRS...costuma dar atenção a isso? E tem havido razoabilidade no seu concelho? Sem dúvida alguma. As taxas são fixadas de acordo com as possibilidades da nossa população e as necessidades do município. A sua terra é segura? Quem tem filhos menores pode deixá-los sair à noite sem ficar preocupado? Nenhum pai consciente deixa sair os filhos à noite sem ficar preocupado, mesmo no Sardoal!


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“A minha terra é onde sou feliz e sou feliz quando estou com os que gosto”

Maria do Céu Albuquerque Presidente da câmara municipal de Abrantes - 10/07/1970

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que a liga a ela?

A minha terra é aquela onde sou feliz. O que me liga à minha terra e às terras que marcam a minha vida são as pessoas e as relações interpessoais. Quando estou no Porto, com a minha filha mais velha, sou do Porto. Quando estou em Londres, com a mais nova, sou de Londres. Sou de Abrantes, quando estou com os meus pais. Os lugares são isso mesmo. Espaços onde fazemos relações. A minha terra é onde sou feliz. Sou feliz quando estou com os que gosto. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? A minha terra é, primeiro, o lugar onde sou feliz. Quanto a Abrantes é uma cidade que está em expectativa estratégica, como dizem os militares. Está no centro do país, tem excelentes acessibilidades ferroviárias e rodoviárias, tem pessoas simpáticas que sabem receber, um património que importa conhecer e valorizar e uma gastronomia rica e diversificada. Por isso, contamos que os turistas se sintam atraídos para que possam conhecer o que temos para oferecer. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Porquê? Para além da minha família directa,

mãe e pai, a minha avó materna, a minha tia Alice e a minha prima Teresa. A minha professora do 1º e 2º ano tem um lugar especial também. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? O trabalho, a honestidade, a lealdade. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Conservo muitos amigos de infância mesmo sem termos uma relação próxima por vicissitudes da vida de cada um de nós. Mas quando nos encontramos, foi apenas ontem que deixámos essa fase da nossa vida! Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Todas as fases têm o seu encanto e isso é o que me encanta na vida. Coimbra. A universidade. O meu marido. Abrantes. As minhas filhas. O serviço público como presidente de câmara. Agora os meus pais, que velhinhos, vem ocupar o lugar deixado pelas miúdas que estudam fora. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada?

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Agrada-me o céu azul. O património natural e construído. Nas aldeias. No centro histórico. A nossa história. As pessoas simples. A sua terra tem perdido ou ganho população? Qual a sua explicação para isso acontecer? Tem perdido. À semelhança do que se passa no país e na Europa. A tendência demográfica que importa contrariar. Há algumas coisas que lhe desagradem? Nem tudo é perfeito. Por isso mesmo sou presidente de câmara. Para tentar fazer um pouco mais pela minha terra e pelos meus concidadãos. Num exercício de cidadania activa. Todos os anos as câmaras municipais fixam (dentro de limites mínimos e máximos impostos por lei) impostos. Considera que tem havido razoabilidade no seu concelho? Achamos que sim. Devolvemos às famílias IRS e IMI. Não cobramos as taxas máximas. Isentamos a Derrama às empresas com lucros inferiores a 150.000Euros. Atribuímos idênticos incentivos para a criação de emprego. No comércio do centro histórico. Mais de 20 lojas abertas. No Parque Tecnológico. Mais de oito postos de trabalho qualificados apoiados. Damos incentivos para a regeneração urbana. Hoje há 105 imóveis privados a serem reabilitados.


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“Nunca deixar para trás os que têm dificuldade em ter uma vida digna”

Diamantino Duarte Director Geral da Resitejo

Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? As pessoas mais importantes da minha infância foram os meus pais e os meus irmãos, pois para além de serem sempre os meus melhores amigos sempre me deram todas as condições para que eu tenha conseguido ao longo da vida atingir os ob-

jectivos a que me vou propondo alcançar. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Lealdade, solidariedade, amizade e o mais importante: nunca deixar para trás aqueles que por infelicidade têm dificuldade em ter uma vida digna da pessoa humana. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Ainda conservo alguns amigos de infância, mas a vida tem me possibilitado conhecer outras pessoas e esse facto possibilitou-me ter hoje alguns bons amigos, alguns vivendo a muitos quilómetros. A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? A minha terra de coração será para toda a vida Tremez, onde nasci, cresci e aprendi a ser homem. E o que me vai sempre ligar a ela são as recordações de infância e da adolescência e os valores que os mais velhos sempre me transmitiram. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Uma terra onde se vive a vida de uma

forma alegre, onde não existe a pressão das grandes urbes, onde os filhos e netos podem brincar na rua e onde se pode estacionar o carro sem que uma qualquer empresa nos cobre uma taxa qualquer. Em suma onde se pode viver uma vida saudável. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Ao longo da minha vida houve duas fases importantes: a primeira quando, aos dezasseis anos, abandonei a terra onde sempre tinha vivido e cheguei à Marinha portuguesa. Foram anos que marcaram o resto da minha vida, pelo que vivi, pelo mundo que conheci e pelo que apreendi. A segunda está relacionada com os últimos dezasseis anos, período em que tenho tido a possibilidade de viver um projecto (Resitejo) que para além do trabalho realizado para ajudar o país a atingir os objectivos ambientais a que o mesmo se comprometeu tem possibilitado a criação de um grande número de postos de trabalho para quem até aí o não tinha e dessa forma disponibilizar, a todos aqueles que têm podido usufruir desse bem “trabalho”, uma vida melhor. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? Aquilo que mais aprecio é a qualidade

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de vida pois sem ela todas as outras coisas têm um valor relativo. A sua terra tem perdido população? A minha terra, como quase todas as outras que estão incluídas nos espaços rurais do país, tem vindo a perder população e infelizmente não vislumbro grande alteração a essa realidade. Para a inverter temos de começar por ser capazes de transmitir aos mais novos que um dos bens mais importantes da nossa vida é a qualidade da mesma e isso o mundo rural ainda pode dar. Depois é preciso que o poder local e nacional criem nas comunidades rurais as condições que possibilitem aos casais em início de vida a sua fixação nas mesmas, a começar, por exemplo, por um local onde possam deixar os seus filhos enquanto trabalham. Tem havido razoabilidade na fixação dos impostos municipais no concelho de Santarém? Infelizmente acho que, nesse aspecto, nem sempre se decidiu com a razoabilidade necessária. A sua terra é segura? Felizmente a minha terra é uma terra segura, onde todos podemos sair à rua sem ter de andar a olhar para a nossa sombra.


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“A nossa terra é aquela a que nos ligamos afectivamente”

Hélder Esménio Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que o liga a ela? A nossa terra é aquela a que nos liga-

mos afectivamente. Em regra é o local onde vivemos de modo permanente. No meu caso é Salvaterra de Magos e trata-se de uma relação já com 36 anos. Foi em Salvaterra de Magos que nasceram dois dos meus filhos e o mais velho tinha meses quando escolhemos viver aqui. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? É um local aprazível, perto dos grandes centros urbanos, mas prudentemente distante deles para não sofrer os impactos negativos em particular da Área Metropolitana de Lisboa. É um concelho que vai da Lezíria à Charneca cuja fronteira poente é o Rio Tejo, que vive e respira Ribatejo e que tem um relevante património cultural, com particular ênfase para o facto de ser a Capital Nacional da Falcoaria. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Os meus pais e irmãos, pelo que aprendi e pelos laços que estabeleci com eles e os meus amigos com os quais fundei uma associação desportiva que enquadrava as nossas brincadeiras e motivava o nosso espírito empreendedor e de trabalho em equipa. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje

perduram? Os valores da honestidade, da correcção e do respeito pelos outros, do trabalho, da frontalidade, da coragem física e o de tentar nunca perder a lucidez, qualquer que seja o ruído. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Mantenho pouco contacto com os meus amigos de infância, o que de algum modo é compensado com os amigos que fiz na minha passagem pelo ensino superior e no concelho de Salvaterra de Magos. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Todas as fases da vida nos deixam memórias agradáveis. Talvez o período em que estudei em Coimbra (a partir dos 18 anos) seja o mais marcante desses momentos. Sair de casa para estudar, fazer amigos, conhecer novos locais, crescer e ainda o trabalho militante numa associação de estudantes são algumas das razões. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? Destacaria o equilíbrio entre a qualidade de vida e a tranquilidade, a proximidade ao rio, o pôr-do-sol e os laços de amizade que uma comunidade com a nossa dimensão possibilita e até promove. A sua terra tem perdido ou ganho população? Nos últimos 40 anos a população do

16 NOVEMBRO 2018 | 20 concelho terá aumentado cerca de 30%, em grande medida pela proximidade a Lisboa e a Santarém e por ser aprazível viver no nosso concelho. Há algumas coisas que lhe desagradem? Desagrada-me a dificuldade financeira que o município tem em responder a necessidades básicas de alguma da sua população – como seja o saneamento básico e a rede viária pavimentada, a que não é estranho o facto de termos dos orçamentos municipais mais baixos da região e por tradições históricas se ter permitido um povoamento muito disperso no território municipal, com custos de infra-estruturação que ainda estamos longe de poder assumir na totalidade. Quem pode resolver o problema? A indisponibilidade dos sucessivos Governos e da ANMP para avaliarem a aplicação no terreno das Finanças Locais, 40 anos volvidos sobre a data da sua publicação não permite encarar de frente a justeza dos parâmetros que asseguram a distribuição das verbas do O.E. pelas diversas autarquias, nem sequer estudar a adopção de um factor correctivo que pusesse termo a um desenvolvimento do país e intra-regional assimétrico, potenciado pela ineficácia da Lei das Finanças Locais e pela aplicação de fundos europeus que, ao invés de assegurarem a coesão territorial, cavam ainda mais as diferenças, como é o caso recente dos PEDU’s e dos PARU’s, que discriminaram metade dos municípios portugueses em relação aos restantes.


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“Devemos ser justos nas nossas “O poder político nem sempre decisões independentemente entende as necessidades do cargo que desempenhamos” das populações”

Anabela Freitas Presidente da câmara municipal de Tomar

Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Todas as fases. Cada fase da vida tem coisas positivas e coisas menos positivas, mas todas têm um encanto especial. Desde a infância e juventude que é uma fase mais “despreocupada” até à actual fase em que se tem mais responsabilidade. O importante é focalizarmo-nos sempre na parte positiva das coisas. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? As pessoas obviamente mais importantes foram os meus pais e a minha irmã que me educaram em matéria de valores, respeito pelo próximo, tolerância e acima de tudo justiça. Devemos ser justos nas nossas decisões, independentemente do cargo que desempenhamos a cada momento. Não posso deixar de referir também a minha professora primária. O professor ou professora primários são sempre pessoas marcantes na nossa vida, quando deixamos o seio familiar. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Os principais valores foram o respeito pelo próximo, a tolerância e, como já disse, a justiça. Todos os dias, em todas as decisões estes valores estão presentes. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-na a ter outros bons amigos? Ainda tenho amigos de infância apesar de ao longo da vida ter criado outros bons amigos. Algumas das minhas amigas de infância e juventude são as minhas melhores amigas às quais acrescentei outras. O curioso é que não é preciso estarmos no mesmo espaço físico para saber que podemos contar com elas. O conforto é saber que, se for preciso, dizem presente! A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que

nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que a liga a ela? Apesar de ter trabalhado noutras terras, a minha terra é e será sempre Tomar. Foi onde nasci, cresci, vivi e vivo e tenho portanto uma ligação afectiva muito grande com Tomar. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Tomar é uma terra onde podemos passear pela história secular do nosso país, com muito património não só histórico mas também contemporâneo, com um rio que divide a cidade, uma terra com dimensão humana onde nos tratamos pelo nome, uma terra onde temos qualidade de vida. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? A qualidade de vida que no fundo encerra todos os factores mencionados, o poder passear em locais com história, o poder ir a todo o lado sem o stress de filas de automóveis, o poder passar devagar pelas coisas. A sua terra tem perdido ou ganho população? Qual a sua explicação para isso acontecer? Tal como muitas terras do nosso país, sobretudo do interior, temos perdido população. Os jovens saem do concelho para estudar e como no litoral existem mais oportunidades de emprego é natural que se fixem no litoral. Há algumas coisas que lhe desagradem? Existem algumas coisas que me desagradam profundamente. Desde logo a falta de tolerância e educação de algumas pessoas, esquecendo que o espaço publico é de todos, tendo todos o dever de cidadania de cuidar daquilo que é de todos Acha que poderiam ser alteradas? Podem ser alteradas, mas só com mudanças de mentalidades, o que demora gerações. Como é que tem sido decidida a aplicação dos impostos municipais em Tomar? Entendo que no concelho de Tomar tem existido razoabilidade na fixação das taxas. No caso do IMI estamos com uma taxa intermédia e com factores de diferenciação positiva para famílias com dependentes. Na Derrama a proposta para o próximo ano, concede pela primeira vez uma isenção para empresas novas que tenham sido criadas no concelho e que tenham criado postos de trabalho, precisamente como tentativa de atrair e fixar população. No IRS mantemos há vários anos a taxa de participação de 5%. A sua terra é segura? Se tiver filhos menores deixa-os sair à noite sem ficar preocupada? Considero Tomar uma cidade segura e deixo sair o meu filho à noite com os amigos.

Vítor Martins Director Clínico da Clínica do Coração em Santarém

Sou Beirão de nascimento apesar de ter vivido em Lisboa até aos 35 anos. Desde então moro e trabalho em Santarém, sentindo que pertenço a esta terra para a qual quero continuar a contribuir. Santarém é um lugar com História e onde as nossas raízes se inscrevem mas que precisa se diferenciar e afirmar num mundo

sempre em mudança. A cidade talvez tenha estagnado no tempo pela proximidade relativa da capital do país e pela fraca convicção dos decisores e da própria população. O poder político nem sempre entende as necessidades das populações e o escrutínio da sua actividade nem sempre é realizado. No entanto todos nós podemos ter um papel numa alteração ou progressão de situações menos favoráveis. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram os meus pais pelos ensinamentos e valores transmitidos, nomeadamente o respeito pelo próximo e a importância da família. É interessante e gratificante reviver amizades antigas. Mantenho algumas amizades dessas mas sobretudo venho construindo novas amizades, talvez mais fortes, relacionadas com a própria evolução. Santarém não pode continuar a ter os valores máximos de IMI, Derrama e de outros impostos, sobretudo se quiser captar novas empresas ou manter as actuais. Há muito trabalho a precisar de ser realizado para que Santarém funcione como agente aglutinador de ideias e projectos. Penso que terá que se começar por uma discussão abrangente mas fundamentalmente inovadora.


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“Estes anos como autarca eleita têm sido os mais interessantes da minha vida”

Isaura Morais Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior

A sua terra é segura? Se tiver filhos menores deixa-os sair à noite sem ficar preocupada? Acho que Rio Maior é uma localidade segura, no global, com algumas situações

pontuais que ocorrem em função dos espaços nocturnos da cidade. Eu deixava a minha filha sair quando era menor mas, com segurança ou não, não há mãe que não fique sempre preocupada até os sentir entrar em casa. Ainda hoje é assim… Todos os anos as câmaras municipais fixam impostos como o IMI, Derrama sobre rendimentos das empresas, taxa de participação variável do IRS e os munícipes em geral não gostam de pagar impostos. Como concilia a necessidade de obter receitas com a pouca disponibilidade dos cidadãos para pagar mais? Como presidente da câmara tento sempre que dar atenção a esses aspectos e temos sido bastante razoáveis na sua aplicação. Temos vindo a reduzir gradualmente, dentro do possível, os impostos que cobramos aos nossos munícipes. Rio Maior tem perdido ou ganho população? Qual a sua explicação para isso acontecer? Tem perdido população, como acontece com todo o país, embora de forma muito reduzida. Penso que será natural, até pelas vivências de hoje e pela dificuldade em assegurar as exigências financeiras que permitam às famílias au-

mentarem o agregado com mais filhos. Há algumas coisas que lhe desagradem? Desagrada-me ainda não ter conseguido concretizar tudo aquilo a que me propus como presidente da câmara, mas lá chegarei antes do final do meu mandato. Algumas não dependem de nós, caso da EN 114, obra do Governo e da Infraestruturas de Portugal, há muitos anos desejada e que custa ver nascer. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? A fase da vida em que mais aprendi e que mais interesse despertou foi esta que ainda hoje vivo, a de autarca eleita, quer como presidente de junta de freguesia, quer hoje como presidente da câmara, pelo que me permitiu descobrir do meu concelho, pelas relações que criei nos mais diversos níveis e, principalmente, por poder ajudar a resolver os problemas dos meus concidadãos e projectar um conjunto de investimentos que, acredito, deixarão o meu concelho muito confortável para se afirmar na região nos próximos anos. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Os pais pela educação e valores que

16 NOVEMBRO 2018 | 22 me transmitiram, valores que tento pôr em prática todos os dias. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Honestidade, seriedade e gratidão são valores essenciais que procuro pôr em prática todos os dias, para além dos valores religiosos, vindos da educação cristã. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-na a ter outros bons amigos? Muitos dos meus amigos de infância ainda me encontram todos os dias, mas aos amigos são para somar e não afastar e orgulho-me do meu conjunto de bons amigos, apesar de não ter hoje tanto tempo para estar com eles como devia. A nossa terra é a terra onde nascemos mas pode não ser assim. Depende do rumo das nossas vidas, penso eu. A minha terra é Rio Maior, sempre aqui vivi, aqui estão a família, os amigos de infância, o meu trabalho, mas compreendo perfeitamente, até porque conheço alguns casos, que a terra que nos adopta possa ser “a nossa terra”. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Prefiro não descrever, prefiro convidá-los a visitar Rio Maior e a conhecerem a pequena aldeia da Fonte da Bica e as nossas Marinhas do Sal, onde nasci e cresci, porque as palavras serão certamente poucas para descrever a beleza daquele local.


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Edição comemorativa do 31º Aniversário

“Há pouca capacidade de serem assumidos desafios que marquem gerações”

António Campos Presidente da Comissão Executiva da NERSANT

Há três fases da minha vida que me marcaram muito. O nascimento dos meus filhos e a vivência que tenho com eles; a minha actividade profissional, nomeadamente a altura em que ocupei o cargo de director da Segurança Social, altura em que pude sentir-me de uma enorme utilidade pelas decisões que tomava em prol dos mais desfavorecidos e carenciados da nossa sociedade e a minha actividade política, porque me permitiu transmitir aquilo que eu idealizo, numa sociedade realmente livre e justa. Fui educado num ambiente católico. Os principais valores que me foram

transmitidos e que tento manter foram o respeito pelos outros, o procurar fazer sempre melhor não tendo medo de errar pois o caminho faz-se caminhando. As pessoas que mais me influenciaram na infância foram os meus pais e os meus amigos. É nessa fase da vida que ganhamos os nossos referenciais de sociedade e de princípios, expectativas de vida e a ambição de contribuir para a criação de um mundo melhor. A nossa terra é aquela onde, efectivamente, vivemos a maior parte da nossa vida e da qual temos as maiores recordações: familiares, pessoais, profissionais, independentemente do local em que nascemos. O sítio onde vivemos a nossa infância é marcante, pois talha-nos muito a nossa forma de ser e ver o mundo. No meu caso, apesar de não ter nascido em Santarém, esta é a minha terra. Estou cá, já vão 37 anos, e aqui está a minha pegada: estudei, casei, nasceram os meus filhos e desenvolvo a minha actividade profissional. Também aqui está a maioria dos meus amigos. Para quem não conhece Santarém direi que é uma terra tranquila, segura e no meio de tudo. Como ponto negativo está o facto de Santarém não ter sido capaz de acompanhar a modernidade e o desenvolvimento que outras capitais de distrito têm sido capazes de trilhar nos últimos 40 anos. A Santarém falta atractividade, com tudo o que isso possa significar, apesar da sua centralidade e da proximidade à capital do nosso país. Não conservo amigos de infância pois o mundo deu muitas voltas e a mudança

de Moçambique para Portugal fez com que cada um tivesse ido para lugares distintos. Mas tenho amigos de décadas que são muitos, bons e grandes amigos. Tem faltado visão estratégica e planeamento e há pouca capacidade de serem assumidos desafios que marcam gerações. Acho que tudo radica numa grande falta de ambição dos organismos

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públicos e privados que têm a responsabilidade de nos conduzir para a modernidade. As sociedades isoladas e entregues a si próprias não são capazes de se auto regenerar. Acompanho os esforços que muitos municípios fazem para diminuir a carga de impostos para as famílias e empresas, mas penso que estas situações só têm efeitos positivos se houver uma estratégia efectiva e consequente que vá ao encontro da modernização e captação de investimento e que permita melhorar as condições de vida das populações.


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Edição comemorativa do 31º Aniversário

“Não há nada que se compare à simplicidade das conversas com as pessoas que conhecemos”

Mário Pereira Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

Alpiarça é a minha terra, à qual estou ligado por um forte sentimento de pertença, de identidade, de afinidade com os mais profundos valores locais, o sentimento de alguém que é em grande medida o resultado da sucessão de várias gerações de alpiarcenses. É uma terra com personalidade forte, de gente trabalhadora, solidária, com uma forte identidade marcada por uma rica história ligada à luta contra a opressão, contra a exploração, e em defesa da liberdade e da democracia; uma terra que preserva estes valiosos valores e que pretende projectá-los no futuro. É claro que há muitas outras características culturais, urbanísti-

cas, económicas, ligadas ao ambiente e à paisagem, aos costumes e tradições, ao património ou às artes que poderei destacar, mas considero mais definidoras as que estão ligadas ao carácter do nosso povo. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram a minha mãe e os meus avós. A minha família foi atingida por uma enorme tragédia com a morte do meu pai aos 26 anos, três meses antes de eu nascer. Como se pode imaginar, a família teve de reunir todas as forças para me dar a melhor formação e a melhor vida possíveis. E deram-me sempre tudo o que puderam. Também não esqueço outros familiares e amigos da família que foram e são muito importantes na minha vida. Quanto ao meu pai, que era um jovem muito popular e querido em Alpiarça (ainda hoje, quase 50 anos depois, muitas pessoas se referem a mim como “o filho do Mário José”), acho que a popularidade que tinha e a imagem que deixou são algo que sempre me beneficiou junto dos meus conterrâneos. Agrada-me muito pensar que a minha família conseguiu educar-me com base em princípios e valores sólidos, humanistas, progressistas, de respeito pelos outros, de humildade e de solidariedade. Mas a verificação em mim desses valores caberá certamente às outras pessoas. A maior parte dos meus amigos mais próximos de hoje continua a ser os que já o eram na infância e adolescência. Felizmente que o que faço me permite o contacto muito regular com muitos dos meus amigos de há muitos anos. É uma das grandes vantagens de viver numa terra como Alpiarça, onde quase toda a gente se

conhece e tem vivências comuns. Estudei e trabalhei fora; vivi na bonita cidade de Braga durante 10 anos; fiz novos amigos por onde passei, incluindo alguns ligados à própria actividade política; mas é uma grande alegria a vida que tenho hoje permitir-me contactar diariamente com amigos de sempre. Quando nos perguntam qual a fase da nossa vida mais interessante somos tentados a responder que foi a infância ou a juventude. E foram, de facto, épocas muito boas na minha vida. Mas há outras também muito importantes e enriquecedoras: a conquista da autonomia pessoal, o casamento e a constituição de família, com o nascimento e crescimento dos filhos. Até estes últimos anos, exercendo as funções que exerço, têm aspectos muito positivos e que deixarão saudade. O que mais me agrada quando passeio em Alpiarça é o sentimento de pertença, de familiaridade com o que conheço desde sempre: as pessoas, os edifícios, as ruas, por exemplo. A existência de serviços de qualidade e úteis é muito importante. A qualidade de vida é fundamental. Aliás, são sobretudo esses aspectos que dão razão de ser à intervenção de qualquer autarca. Contudo, não há nada que se compare à simplicidade das conversas com as pessoas que conhecemos ou à afectividade do trato ou ainda à possibilidade de percorrer os espaços marcados na nossa história de vida, coisas que só são possíveis numa terra à qual estejamos estreitamente ligados, como eu sempre estive a Alpiarça. Alpiarça tem tido uma ligeira perda populacional desde 2004, 2005, ao ritmo da

16 NOVEMBRO 2018 | 24 média da região. Na nossa NUT III só dois concelhos não perderam população nos últimos anos e são os mais influenciados pelas dinâmicas da área metropolitana de Lisboa. Esta é uma região de charneira e a separação entre o que chamamos litoral e interior dá-se aqui. A perda de população é um fenómeno muito preocupante que atinge mais de dois terços do território do país e a maior parte dos seus concelhos. Deve-se acima de tudo a uma história marcada pelo centralismo da capital, de litoralização das principais actividades económicas e, mais recentemente, das políticas de ataque aos serviços públicos e à presença do Estado em grande parte do território nacional, obrigando as pessoas a sair para os grandes centros e até para o estrangeiro. Apesar do papel meritório e da acção dos autarcas após o 25 de Abril para inverter estas tendências, só com a inversão das políticas pelos governos seguidas e com a regionalização será possível o desenvolvimento equilibrado do país, com igualdade de oportunidades nas diferentes regiões. Alpiarça teve durante cinco anos consecutivos a taxa mínima de IMI, poupando assim muito dinheiro aos munícipes num período muito difícil da vida económica e social do país. Foi muito bom para os munícipes mas criou dificuldades às finanças municipais, pelo que tivemos de aumentar a taxa no último ano. As outras taxas e tarifas municipais não sofrem qualquer aumento desde 2009. Alpiarça é uma terra segura. Tem dos mais baixos índices de criminalidade de toda a região. Todos os dados das forças de segurança o demonstram. Tenho dois filhos (uma rapariga com 17 e um rapaz com 16 anos) e eles saem à noite naturalmente com os amigos. Mas, apesar disto, sei por experiência própria que, seja onde for ou em que tempo for, não há nenhum pai ou mãe que não sinta qualquer tipo de preocupação pela segurança dos filhos.


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Edição comemorativa do 31º Aniversário

“O concelho de Ourém tem mantido o número de habitantes nos últimos anos” o que contraria a tendência de decréscimo da população que se tem vindo a registar em muitos dos concelhos do nosso país. Existem situações que continuam a não me agradar e que estamos a procurar resolver rapidamente. Falo da ma-

Luís Albuquerque Presidente da Câmara Municipal de Ourém

Nos dias de hoje a verdadeira amizade tem um inestimável valor. Infelizmente muitas das amizades de hoje são de conveniência. Se estamos por cima aparecem muitos amigos, convites para almoços e jantares. Se estamos por baixo esses novos amigos tendem a desaparecer. Tenho alguns verdadeiros amigos, tanto dos tempos de infância como de outras alturas, que sempre estiveram comigo, tanto nos bons como, principalmente, nos maus momentos. Em todas as fases da minha vida tenho tido momentos de felicidade e satisfação mas houve uma altura, entre os 20 e os 30 anos, que talvez tenha sido a mais interessante. Foi nessa altura que iniciei o meu percurso profissional e que conheci a minha mulher, que me ajudou a encontrar a estabilidade familiar, que ainda hoje preservo. A nossa terra é aquela onde nos sentimos bem, independentemente do local onde nascemos. No meu caso particular, nasci em Abrantes mas a terra onde cresci, estudei e trabalho, onde ajudei a criar postos de trabalho e onde o meu filho está a crescer e a estudar é Ourém, à qual me ligam laços familiares e de amizade. Seriedade, trabalho, lealdade, solidariedade e família são valores que me foram transmitidos pelos meus pais e dos quais não abdico. A terra onde vivo continua, infelizmente, a ter muitas carências, quer a nível de Infra-estruturas, quer ao nível de acesso a alguns serviços públicos essenciais, que nos foram sendo retirados ao longo dos últimos anos. No entanto, continua a ter uma qualidade de vida muito boa e onde a tranquilidade, a segurança, a localização, a acessibilidade e o emprego são factores muito importantes. O concelho de Ourém continua a ser um dos melhores concelhos para viver. O concelho de Ourém tem mantido o número de habitantes nos últimos anos,

nutenção dos espaços verdes, das principais vias de comunicação, que estão em mau estado, das principais entradas da cidade e do enfraquecimento do comércio local que, no passado, era um factor de desenvolvimento e de criação de emprego.

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Estamos a trabalhar para proporcionar melhores condições de vida a todos os oureenses, com a requalificação das principais vias da cidade e isso, tenho a certeza, irá reflectir-se na melhoria do comércio e dos serviços da cidade. Desde que assumimos funções executivas já baixamos por duas vezes a taxa de Derrama, tornando-a numa das mais competitivas da região e acabamos de baixar a taxa de IMI, tornando-a adequada às circunstâncias sociais, comparativamente aos concelhos vizinhos com a mesma dimensão.


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“Estamos perto de Lisboa mas suficientemente longe para manter uma boa qualidade de vida”

Francisco Oliveira Presidente da Câmara Municipal de Coruche

A minha terra é Coruche. Foi aqui nasci, que constitui família e onde tenho o privilégio de dar o meu contributo para o bem comum. É um grande desafio fazer da “nossa” terra, uma terra que seja atrativa e acolhedora para quem já cá reside mas também para todos aqueles que vejam em Coruche uma oportunidade para trabalhar, investir, criar as suas famílias e se fixarem neste concelho. Nós costumamos dizer que “Coruche Inspira” e não é cliché. Temos orgulho na beleza da nossa vila, no potencial do Rio Sorraia, da nossa lezíria, da charneca e do montado de sobro. Criamos a marca “Coruche Capital Mundial da Cortiça” e um Observatório do Sobreiro e da Cortiça. Temos um enorme potencial no turismo de natureza e nas diversas atividades que podemos praticar ao ar livre e por isso investimos nos percursos pedonais, na requalificação das margens do Rio Sorraia, no Aquatlo e no Triatlo mas também na pesca desportiva. Temos uma das maiores manchas de montado do país, um importante cluster de biodiversidade, que nos permite des-

de a observação de aves, à realização de percursos pedestres ou de BTT ou um passeio a cavalo, a visita a coudelarias e ganadarias ou simplesmente uma viagem de balão que nos permite desfrutar de uma paisagem magnífica. Aliás, por isso estamos a apostar no Festival Internacional de Balonismo que já vai na segunda edição e tem sido um enorme sucesso. Temos um património cultural inigualável, uma gastronomia única, vivemos as nossas tradições e investimos na preservação dessa identidade. Por isso criamos o Museu Municipal, o Núcleo Tauromáquico, o Núcleo Rural – Centro de Artes, Ofícios e Saberes Tradicionais , a Escola Museu Salgueiro Maia e iremos investir num núcleo “Casa Tradicional” da Erra. Os principais pilares da nossa vida são transmitidos pela família. É o que hoje, como pai, transmito ao meu filho, tal como os meus pais me transmitiram a mim. Fundamentalmente valores como a importância do trabalho para alcançar objetivos, a dedicação a tudo o que fazemos, humildade e honestidade como pilares da construção da nossa personalidade. Também tento sempre colocar-me na pele do outro. Durante um período da minha vida, na infância e adolescência, tivemos de nos deslocar para a Azambuja Os amigos que fiz durante a minha vivência pelas terras da Azambuja foram muito importantes para a minha formação enquanto jovem e adolescente. Estive lá até aos 17 anos. Tive oportunidade de fazer bons amigos e só posso agradecer a forma como a Azambuja me acolheu a mim e aos meus pais. Felizmente, posso dizer que tenho a sorte de ter feito amigos e criado laços nos vários sítios e situações por onde passei ou estive. A irreverência da juventude leva-nos a viver aventuras e experiências que recordamos para a vida. Costuma-se dizer que a partir dos 50 recordamos sempre com muita nostalgia a vivência da nossa juventude. A minha passagem pelo serviço militar marcou muito a minha personalidade. Cheguei a ponderar seguir

a carreira militar nos paraquedistas mas mudei de ideias. Não fiz planos para ter uma carreira política e hoje “estou” presidente de câmara. Esta é também uma fase da vida muito interessante porque tenho oportunidade de servir o próximo. Estamos perto de Lisboa mas suficientemente longe para manter uma boa qualidade de vida que se traduz na segurança que se sente neste concelho, na beleza cénica do território natural e urbano e em equipamentos que são fundamentais para as famílias, sobretudo na área da Educação. Temos duas creches municipais e uma boa rede de ensino pré-escolar e do primeiro ciclo. Hoje temos um concelho com excelentes equipamentos desportivos, investimos na requalificação das estradas e do espaço público, tornando-o mais atrativo e diminuindo distâncias. Queremos atrair pessoas e por isso temos as infraestruturas coletivas que permitem servir essas mesmas pessoas. Naturalmente, que estamos a trabalhar para capacitar o nosso território e temos tudo o que precisamos para fazer de Coruche o motor do Ribatejo, acredito que com a criação do nosso Parque Empresarial, obra que já se iniciou, estaremos na linha da frente para sermos atrativos em matéria de investimentos. No nosso dia-a-dia e num território como Coruche, com mais de 1114 km², há sempre situações a que a autarquia não dá resposta em tempo, ou por questões logísticas ou de recursos humanos. Por outro lado, desagrada-me a burocracia dos procedimentos de contratação pública. Os prazos nem sempre se coadunam com o tempo dos projetos. Hoje deparamo-nos com empresas

16 NOVEMBRO 2018 | 26 que, por não terem mão-de-obra suficiente para conseguirem executar as empreitadas, ultrapassam todos os prazos para a execução das obras e entram em incumprimento. Isto faz com que os nossos trabalhadores tenham de acompanhar de perto os trabalhos e também nós, eleitos, temos de fazer um esforço maior para exigir o cumprimento dos contratos pois temos o nosso próprio contrato social com os munícipes e um programa para cumprir. Temos conseguido manter reduzidas as taxas de IMI e de Derrama e ainda devolver IRS a quem tem domicílio fiscal em Coruche, uma vez que aplicamos uma taxa variável de 3% devolvendo assim 2% aos coruchenses. Já ao nível do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) mantemos a taxa nos 0,34% e a Derrama entre os 0,5% para o volume de negócios até 150 mil euros e 1% para os negócios superiores a 150 mil euros. Além disto, continuamos pelo quarto ano consecutivo a aplicar o IMI Familiar. Coruche é um concelho seguro. Tenho um filho adolescente que é menor e não sou um pai diferente dos demais, isto significa que tenho os cuidados que devemos ter na transmissão de conhecimentos, de educação, de definição de regras e de o responsabilizar pelos seus atos mas também de aprender a gerir a sua autonomia. Felizmente, tem sido um trabalho bastante compensador vê-lo crescer e ser um jovem que age com essa responsabilidade. Mas é claro que tudo o que envolve a segurança dos nossos filhos nos preocupa seja aqui seja em qualquer lugar.


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“Não sou a pessoa que era há vinte anos mas os meus princípios mantêm-se”

Duarte Bernardo Director Geral da Escola Profissional de Salvaterra de Magos

Pela afectividade e educação, entre outros motivos mais, os meus pais foram, sem dúvida, as pessoas mais relevantes na minha infância. Entre muitos valores que me transmitiram destaco a lealdade, a resiliência, a tolerância e o altruísmo. Pelas vicissitudes que a vida traz, apenas uma pequena minoria de amigos de infância

ficou nas memórias que o tempo guardou. Mas não me queixo! O caminho tem sido bom. Conservo desses tempos um “irmão” que até hoje se comporta como tal. Posso assegurar que já vivi fases muito interessantes na minha vida, mas quero acreditar que ainda estão por escrever novas etapas, quem sabe mais interessantes que as anteriores. Temos muitas vidas dentro de uma vida só. Independentemente de os princípios basilares permanecerem intactos, não sou a mesma pessoa de há 20 anos, tal como acontece com o mundo e a sociedade. À medida que vamos envelhecendo, a erosão do caminho percorrido afasta os afectos entre pessoas para gavetas escondidas. Para mim, a afectividade e o respeito devem estar sempre no centro das relações humanas. Como também sou “romântico”, destaco do meu percurso de vida, a infância e a adolescência, onde os filtros e sonhos não cabem na estratégia de um tabuleiro de xadrez, como fases bonitas já vividas. A nossa terra é aquela que nos faz sentir afectivamente, socialmente ou profissionalmente conectados. No meu caso, e porque já vivi em várias terras, os concelhos de Salvaterra de Magos e Leiria são onde me sinto em casa. São as terras que transportam o cheiro da minha infância e o meu

crescimento enquanto pessoa. A minha terra adoptiva, Salvaterra de Magos, destaca-se pela beleza das paisagens fluviais e pelos campos a perder de vista. É um concelho em que as actividades económicas se encontram predominantemente ligadas ao sector primário, com ênfase na agricultura. Estar próximo da grande metrópole, ter tranquilidade, boas acessibilidades e serviços de apoio é um privilégio. Na vila que dá nome ao concelho encon-

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tram-se alguns edifícios que remontam ao tempo da monarquia, nomeadamente a Capela Real ou a Falcoaria, que merecem uma visita, não esquecendo uma degustação dos famosos Barretes, dos pratos de enguias e da ginjinha local. Considero Salvaterra um concelho seguro para se viver. Não terei grandes problemas em deixar sair os meus filhos à noite, desde que sinta neles a capacidade de tomarem decisões acertadas perante as mais variadas situações. Na maioria das vezes, os problemas não estão só na segurança de uma localidade ou espaço. As opções que um jovem toma poderão ter uma enorme influência na possibilidade de uma noite ser mais ou menos segura. Mas preocupado estarei sempre, porque sou pai...


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“Há os verdadeiros amigos e há aqueles que se dizem amigos”

Miguel Carlos Gerente da Pneusol - Santarém

Miguel Carlos, gerente da Pneusol, foi criado numa família muito unida. “Éramos muito nós”, diz, referindo-se a si próprio e aos pais que sempre estiveram

presentes na sua vida e que lhe incutiram os valores da educação, humildade e honestidade. Não será por acaso que quando fala de si refere que ter sido pai foi a melhor coisa do mundo. Natural do Cartaxo e a residir em Vila Chã de Ourique, considera que a sua terra é Santarém. Há vinte anos que trabalha na cidade e é lá que tem muitos dos meus amigos e grande parte dos seus clientes. “Em Santarém sinto-me em casa”, sublinha. Quanto aos amigos diz ser muito exigente. “Tenho amigos que considero como amigos, cuja consideração que têm por mim é recíproca e isso sente-se. Há outros que se dizem melhores amigos mas, que pelas atitudes que demonstram, nem conhecidos chegam a ser mas tudo faz parte da aprendizagem da vida”, explica. Tem pena que Santarém não atraia mais empresas para poder haver mais emprego e mais habitantes e elogia a qualidade de vida, a segurança, o facto de a cidade ter quase tudo o que os habitantes precisam, ter um custo de vida moderado, uma situação geográfica privilegiada e boas vias de comunicação, tanto rodoviárias como ferroviárias, bem como ensino superior.

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“Conservo amigos de infância e quando nos reencontramos a cumplicidade é imediata”

Nuno Pinto de Magalhães Director de Comunicação e Relações Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? Lisboa! É o local onde nasci, onde fui educado, onde sempre vivi e onde comecei a minha vida profissional. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Cosmopolita, inclusiva, vibrante e de grande interesse histórico e artístico, para além de ser à beira rio.

Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? A família, nomeadamente os meus pais, pois foram eles que me passaram os valores que tento seguir na minha vida. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? Respeito pelos outros e pela verdade, ser íntegro, agradecido. Os seus melhores amigos são os amigos de infância ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Conservo ainda alguns amigos de infância e quando estou com eles, mesmo que tenha passado muito tempo desde o último encontro, a cumplicidade é imediata! Mas com o evoluir dos tempos vou tendo outros amigos. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Porquê? Quando nasceram os meus filhos... foi uma sensação, a par de uma responsabilidade, única! Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? A diversidade e a riqueza cultural! Detesto o lixo que cada vez é mais e os “grafitis” selvagens que estão por todo o lado! O interior continua a perder pessoas para Lisboa. Qual pode vir a ser o resultado? Portugal tem um caminho a percorrer em termos de crescimento demográfico pois estamos em risco, se a situação não se inverter, que a nossa noção de nação se perca.

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“Desagrada-me a incompreensão de algumas pessoas e a falta de sinceridade”

Luís de Sousa Presidente da Câmara Municipal de Azambuja

A minha terra é Alcoentre. Foi onde nasci, fui criado, frequentei a escola primária e onde sempre vivi. Ali casei, ali nasceram as minhas filhas e é lá que passo muito tempo com os meus seis netos. Uma vida de 66 anos até ao dia de hoje e que vai ficando gravada no nosso coração. É uma terra simpática e segura. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram os meus pais, a minha professora e a minha catequista. Os meus pais, receberam-me neste mundo, sempre me ajudaram e ensinaram-me a seguir o caminho certo. A minha professora ensinou-me a ler e a escrever para um dia poder ser alguém. A minha catequista ensinou-me o caminho de Deus. Ainda conservo amigos de infância e partilho momentos bons da minha vida com eles mas ao longo da vida fui fazendo outros amigos. O que mais me desagrada no dia-a-dia é, por vezes, a incompreensão de algumas pessoas e a não sinceridade.

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“Os meus pais ensinaram-me a ser humilde, a ajudar o próximo e a nunca desistir” ta gente da vila e seria egoísta da minha parte defender o seu encerramento. Estando a trabalhar no Centro Social Para o Desenvolvimento do Sobralinho e tendo, por essa razão, um contacto muito próximo com a população, sinto que esta vila também faz parte da minha vida. As pessoas mais importantes na minha infância foram os meus pais e os meus quatro irmãos (uma rapariga e três rapazes). Além da família, tive a sorte de

Raquel Henriques Coordenadora Pedagógica - Centro Social do Sobralinho

A terra em que nasci, Alhandra, continua a ser a mesma onde vivo. Os laços afectivos que tenho com os meus pais e a minha sogra são o que me levaram a nunca sair da terra. É uma vila antiga, simpática, com algum valor histórico e o que mais caracteriza a terra são os telhados pretos. O que mais me agrada na minha vila de Alhandra é ter um pouco de tudo, a nível de serviços públicos e comércio local. Além disso tem uma zona ribeirinha fantástica onde, além de se poder passear e desfrutar da paisagem é um local ideal para praticar desporto. O que mais me desagrada é a fábrica da Cimpor mas é difícil alterar aquela situação uma vez que a empresa dá trabalho a mui-

ter duas grandes amigas, a Anabela Vilares e a Célia Ribeiro, as quais marcaram muito a minha infância. A Anabela Vilares era como minha irmã gémea e, como vivíamos no mesmo prédio, passávamos muito tempo na casa uma da outra. Com a Célia Ribeiro brincava diariamente no parque infantil que se situava nas traseiras do prédio onde vivia. Ainda somos amigas apesar de ao longo da vida termos feito outras amizades.

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Os valores que me foram transmitidos pelos meus pais e que ainda preservo são dar graças a Deus por tudo o que recebo, ser humilde, ajudar o próximo, ter vontade de vencer e nunca desistir. A fase da minha vida que achei mais interessante foi a da Faculdade. Naquela altura achamos que somos adultos quando afinal não passamos de adolescentes sem responsabilidades. Mas é por isso que vivemos tudo muito intensamente. Não costumo dar atenção à fixação a nível municipal do IMI a pagar, por exemplo, e faço o mesmo em relação a outros impostos. Deixo esses assuntos mais para o meu marido.


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“A Câmara da Chamusca não liga muito às pessoas e não ajuda o comércio”

Manuel Rodrigues Cabeleireiro - Ulme

Durante muitos anos Manuel Rodrigues foi operador de máquinas de terraplanagem. Trabalhava um pouco por todo o país e diz que algumas vezes viveu tempos complicados, principalmente quando fazia frio. Na altura já aproveitava o tempo disponível para trabalhar como cabeleireiro e diz que foi a fase mais interessante da sua vida porque conheceu muita gente e porque fez trabalhos difíceis, dos quais ainda hoje se orgulha. Tendo nascido na Chamusca, foi viver para Ulme onde ainda reside. Tem amigos nas duas localidades. Uns são amigos de infância, outros são amigos do tempo da

tropa. Gosta de viver onde vive porque a terra é tranquila, com qualidade de vida e segura e porque as pessoas são amigas umas das outras. Os valores que lhe transmitiram, tanto a família como os amigos e os professores, são os que o guiam na vida: honestidade, humildade e tolerância. Diz que a perda de população se deve à falta de empregos e lembra o tempo em que havia fábricas a trabalhar no concelho. Agora em Ulme só a fábrica de engarrafamento de água porque a do papel e do tijolo são só uma memória. “Gostava que houvesse mais trabalho e mais pessoas jovens porque assim as pessoas vão embora. Tivemos também uma altura em que havia falta de terrenos para habitação e muitos jovens tiveram de ir embora, uns para o Entroncamento e outros para a Golegã e Almeirim. E esses faziam cá falta hoje”. Manuel Rodrigues considera que as câmaras municipais não dão atenção suficiente às pessoas e ao comércio local. Para ele a Câmara da Chamusca tem tido alguma responsabilidade no encerramento de algum comércio, tanto na sede do concelho como nas freguesias. “Se a terra fosse mais desenvolvida e se tivesse mais habitantes e mais empregos existia mais comércio e um maior desenvolvimento. Aqui em Ulme existiam oito lojas e sete ou oito cafés e agora só existem três ou quatro e nem isso. Uma coisa boa é a população. Junta-se toda nas festas. Há uns anos fizemos o cortejo de oferendas para fazermos o centro de dia e foi maravilhoso. Toda a gende se juntou e correu muito bem”.

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“A segurança também passa pelas atitudes adoptadas pelos jovens”

Carina João Oliveira Directora Executiva da Insignare Associação de Ensino e Formação

Fátima é a minha terra, como também projecto o mesmo sentimento em relação a Portugal. Aqui nasci e cresci, aqui vivo agora e aqui tenho família. Mesmo em momentos em que saí para estudar ou trabalhar estas são as minhas raízes. Para mim a minha terra é o centro do mundo! O mais importante da minha infância foi a minha família. Tive a sorte de ter uma família que me educou com muito amor e que me transmitiu valores importantes que ainda hoje me orientam como trabalho, honestidade e sabedoria. A vida já me brindou com muitos amigos e amigas e infelizmente afastou-me de ou-

tros, mas conservo muitos amigos de infância que são aqueles por quem o tempo não passa. A fase mais interessante da minha vida é a actual porque eu só tenho saudades do futuro. Fátima tem ganho população fruto de ser pólo agregador de emprego. É uma cidade com muitos encantos mas gosto sempre de mais e melhor e por isso gostaria de ver melhorados os espaços verdes, de lazer e recreio. Espero, e tenho por certo, que o futuro vai trazer cada vez mais a necessidade das autarquias projectarem melhorias para o bem-estar da população. É um caminho que já se começou a percorrer. Dou muita atenção à fixação dos impostos porque são factores determinantes para a competitividade das empresas, sem as quais não há empregos. Acho que a questão dos impostos não é somente uma questão concelhia. No país há muito a fazer para se sentir um alívio fiscal que favoreça a competitividade. A minha terra é segura mas as atitudes dos jovens também têm que ter em conta a segurança. As preocupações de uma mãe nunca acabam…

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“Para mim um amigo é aquele que quando precisamos diz presente”

Joaquim Catalão Presidente da Junta de Freguesia de Almeirim

A minha terra é aquela à qual estou ligado por laços afectivos, onde tenho os amigos. A minha terra é Almeirim. É onde sempre vivi, é onde tenho as minhas recordações boas e más, é onde me sinto bem e com a minha gente. É uma terra linda, segura, com boa comida e gente boa. Tem condições de vida magníficas, sendo um local onde vale a pena viver e onde temos tudo o que é necessário para sermos felizes, desde bons equipamentos públicos a boas acessibilidades. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram os meus pais. A minha mãe porque esteve sempre pre-

sente, foi uma grande mulher e era o meu porto seguro. O meu pai porque foi sempre um exemplo para mim. Um homem que me transmitiu todos os valores importantes que me guiam, nomeadamente o respeito pelos outros, a honestidade e humildade. Para mim um amigo é aquele que quando precisamos diz presente e nesse sentido ainda conservo amigos de infância mas é claro que ao longo da vida fui fazendo outros bons amigos. Toda a minha vida está recheada de fases boas e é bom ter sabido aproveitar todos esses bons momentos. Mas sem dúvida que o nascimento dos meus filhos e o seu crescimento foram as fases mais bonitas da minha vida. Como presidente da junta de freguesia quero fazer sempre mais mas tenho a noção das limitações orçamentais que o país sofre. Em matéria de impostos com um peso significativo nos orçamentos das autarquias, o que não acho correcto é o poder central ter passado para as mesmas o ónus de determinar a percentagem do imposto que cabe a cada um pagar.


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“Preocupa-me o vandalismo de jovens e a falta de civismo de menos jovens”

João Apolinário Presidente da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim As pessoas mais importantes da minha infância foram os meus pais e a minha avó materna, pelo amor que me deram e pelos valores que me transmitiram. No caso da minha avó pela cumplicidade que tínhamos. De entre os meus amigos mais próximos, alguns são do tempo da infância e, felizmente, muitos outros apareceram ao longo da minha vida. Como momentos marcantes da minha

vida destaco o meu casamento e o momento em que fui pai pela primeira vez, pois foi uma grande mudança na minha vida de jovem, um pouco rebelde, o que era próprio da minha geração. Embora tenha nascido em Almeirim, presentemente terei que considerar as Fazendas de Almeirim como a minha terra porque passei aqui mais de metade da minha vida. Casei cá, resido cá, é aqui que estou estabelecido profissionalmente, foi aqui que criei os filhos e ajudo a criar os netos. Fiz muitas amizades e estou como autarca há mais de vinte e um anos. Fazendas de Almeirim é uma freguesia rural, muito bonita, aprazível para viver, com usos e costumes próprios da sua ruralidade mas também com ofertas culturais, desportivas e de lazer muito actuais. Tem um excelente agrupamento escolar, associação de apoio às famílias, centro de

saúde, CTT, biblioteca, espaço do cidadão e associações culturais, recreativas e desportivas que se destacam pelo seu dinamismo. Não temos problemas graves de segurança mas há, como em todo o lado, casos pontuais de furtos. Uma coisa que me desagrada bastante, nos últimos tempos, é o vandalismo praticado por parte de alguns dos nossos jovens e a falta de civismo dos menos jovens em relação aos espaços e coisas públicas.

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“Actuais vantagens fiscais não ajudam a atrair empresas ou a fixar populações”

Jorge Humberto Guardado Director Clínico e Executivo da Ucardio - Riachos

Os pais de Jorge Humberto Guardado foram as pessoas mais importantes da sua infância. Foi com eles que iniciou a aprendizagem de valores seguros como a família que considera ser núcleo central da vida e grande porto de inter-ajuda e de abrigo; a amizade que é parte crítica do crescimento e educação e a honestidade, que tem como

o valor moral mais nobre na sociedade competitiva e individualista dos nossos dias. Natural de Riachos, diz que o local onde nascemos, crescemos, fomos educados e onde está a nossa família é único e que instintivamente nos sentimos ligados ao mesmo. “Riachos e o Ribatejo serão sempre a minha terra”, sublinha. Fez amigos na infância, alguns dos quais ainda conserva, mas também ao longo do percurso académico e profissional. Guarda alguma nostalgia da vida académica em Coimbra e da passagem por Madrid, já mais tarde, quando fez o treino e formação médica em Cardiologia de Intervenção mas gostou de todas as etapas da sua vida. O nascimento do filho foi o ponto de maior intensidade emocional que diz ter vivido até ao momento. Quando passeia na sua terra gosta de sentir o cheiro a campo, de ver as margens do rio Almonda e de observar o modo “ope-

randis” ainda rural representado nas pinturas colocadas nas principais ruas, em casas e nos muros (um aspecto bastante peculiar de Riachos) contra balanceando o rebuliço da cidade e da vida profissional. Apesar de Riachos ser uma terra segura sabe que quem tem filhos nunca fica tranquilo quando eles saem à noite, seja ali ou noutra qualquer localidade. Pensa que o facto de Riachos se situar entre três localidades importantes do Médio

16 NOVEMBRO 2018 | 38 Tejo (Torres Novas, Golegã e Entroncamento), junto ao acesso à A23 e com um razoável núcleo empresarial e comercial por perto, explique porque é que a população não tem diminuído de forma significativa. O apoio a idosos, os cuidados de saúde e a educação dos mais jovens são as questões que considera preocupantes na actualidade e defende que a sociedade civil tem que participar activamente na resolução dos mesmos. Diz não acreditar que as autarquias consigam, através das suas políticas fiscais, melhorar a competitividade das empresas e os rendimentos dos cidadãos. “Até hoje muito poucas empresas ou pessoas deixaram de viver ou investir neste ou naquele concelho por este motivo”, refere.


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“O ano em que o meu filho nasceu foi o mais importante da minha vida”

Maria Etelvina Raposo Gaudêncio Directora Técnica da Scalconta

Nasci em Ulme, “Terra de Pinéus”, vila muito antiga. Guardo memórias muito carinhosas de onde passei a minha infância, entre verdes arrozais, até ficarem loiros de maduros e a charneca de mato, sobreiros e eucaliptos. Aos nove anos fui para Almeirim, onde acabei a escola primária

e fiz a Telescola. Comecei a trabalhar aos treze anos. Fui trabalhar para Santarém pelos dezasseis anos e a estudar em regime nocturno. Apaixonei-me pela cidade e aqui vivi intensamente a minha adolescência, o meu primeiro namoro, as minhas amizades. Foi também em Santarém, que é a minha cidade de eleição, que iniciei a minha profissão ligada à contabilidade. Durante a infância a pessoa mais importante para mim foi a minha mãe, alentejana de Grândola, senhora austera com sabedoria de vida e pulso forte. Mas houve mais pessoas importantes para mim naquela altura. Os meus irmãos, a minha madrinha, tias, professores, as minhas amigas da escola, o padre da aldeia e até os meus animais me ensinaram a ser pessoa. A minha mãe, através de conversas muito curtas, ensinou-me a ter carácter, a assumir o bem e o mal e ensinou-me o respeito, a integridade, a verdade, a lealdade, a responsabilidade e o amor pelos outros. Tenho ligação a alguns amigos de infância, muito importantes e que para mim são família. As voltas da vida fez com que alguns deixassem de estar por perto mas outros chegaram e criámos

boas amizades. O ano em que o meu filho nasceu foi o mais importante da minha vida. Foi um misto de dificuldades, aprendizagem e de muito amor. Seguiram-se anos muito especiais e gratificantes de parceria com a sua infância e todo o seu percurso até adulto. Crescemos juntos. Santarém é uma cidade limpa, a arquitectura antiga é admirável, os serviços úteis às pessoas são em locais acessíveis,

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mas ainda há coisas que devem melhorar. A população tem aumentado e são necessários investimentos que criem empregos para poder aumentar a população produtiva. A Derrama de IRC sempre foi aplicada no máximo no concelho de Santarém. Uma Derrama mais baixa ou o afastamento de derrama poderia, eventualmente, trazer algumas sedes de empresas para aqui. Penso continuar nesta cidade, grata a tudo o que aqui vivo de forma profissional, certa que ainda tenho um longo caminho à frente da Scalconta, com colaboradores que garantem a sua continuidade futura, numa empresa renovada e em crescimento.


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“Há muita conversa de café e pouco rasgo a pensar o futuro”

António Pinto Correia Otorrinolaringologista - Santarém*

As pessoas mais importantes da minha vida foram, em primeiro lugar, os meus pais, que souberam educar-nos a mim e aos meus irmãos, transmitindo-nos valores que hoje parecem estar um pouco fora de moda. Tiveram o cuidado de privilegiar a nossa educação, em detrimento do acesso fácil aos bens materiais, dando-nos ferra-

mentas que, posteriormente e em ambiente bem adverso, foram fundamentais para o nosso futuro. Não tenho uma só terra. Nasci em Angola, de onde saí com 23 anos. Estou marcado por esta vivência africana onde passei a minha infanto adolescência e onde fui muito feliz. Apesar do corte abrupto que tive de efectuar, as memórias mantêm-se muito vivas e tenho consciência que moldaram muito o meu modo de ver o mundo. Toda a minha infância foi passada em ambiente de grande liberdade de espaço com muitos amigos e em ambiente de muita prática desportiva. Tudo isso contribuiu muito para moldar o meu carácter. Esses amigos de infância, devido à diáspora de 1974/75, estão espalhados um pouco por todo o mundo. O contacto vai-se mantendo mas não com a frequência que gostaria. Cheguei a Santarém em Janeiro de 1977 e foi nesta cidade que iniciei e tenho feito toda a minha vida profissional. Foi também em Santarém que organizei e criei a minha família e onde têm vindo nascer os meus netos. Depois de mais de quarenta anos a viver no concelho, entre a cidade e a aldeia da Moçarria, onde actualmente resido, Santarém é de facto a minha terra e é onde me sinto muito bem.

Santarém é uma cidade de média dimensão no contexto de Portugal, lindíssima, com um património histórico muito relevante e com equipamentos sociais de qualidade, a nível de educação, saúde, instalações desportivas, culturais , etc, que a tornam ideal para criar uma família. Tem ainda uma característica que acho muito importante. Está bastante perto de tudo para ser fácil deslocarmo-nos para outros pontos do país e suficientemente longe para manter a sua personalidade própria . Talvez o que mais me desagrade é a pouca participação dos escalabitanos na vida do dia a dia da sua cidade. Vejo muita conversa de café e sempre pela negativa e muito pouco rasgo a pensar o futuro. A melhor época da minha vida foi, sem dúvida, a década dos meus 40/50 anos. Correspondeu à conjugação de uma maturidade pessoal, familiar e profissional que me permitiu usufruir um pouco mais da vida e ao mesmo tempo ter mais disponibilidade para encarar novos desafios pessoais e profissionais. Há um envelhecimento evidente em Portugal com perda de população que no caso do concelho de Santarém é mais evidente e progressivo nas freguesias que estão mais afastadas da cidade. A fixação de jovens só é possível se houver boa

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“É estranho mas a boa educação parece estar fora de moda”

Elsa Rodrigues Sócia Gerente da Prink Alverca

A minha família foi sempre muito presente durante a minha infância, nomeadamente os meus pais, tios e principalmente a minha avó materna porque fui criada por ela. Os princípios da boa educação… o bom dia, boa tarde, o por favor e o obrigada… coisas simples que hoje em dia parecem já não estar na moda, foram os valores que aprendi na infância.

Dos meus amigos de infância guardo um muito especial. É o meu marido. Conhecemo-nos no liceu, no 9º ano e já lá vão 32 anos! A minha adolescência, que foi durante os loucos anos 80, vivemos tudo muito intensamente. Foram anos com muitas novidades ao nosso alcance e muitas descobertas. Nasci em Lisboa, na Maternidade Dr. Alfredo da Costa. Lisboa não é propriamente a minha terra de coração mas actualmente é considerada por muitos a melhor cidade do mundo e isso deixa-me orgulhosa. A minha verdadeira terra é a Póvoa de Santa Iria, onde resido. É uma boa cidade para viver apesar de alguns problemas inerentes a uma cidade de periferia. Está bem servida a nível de transportes e de acessos a Lisboa. Do que não gosto é da falta de estacionamento e da acumulação de lixo nos contentores e ilhas ecológicas. Gosto de fazer caminhadas na zona ribeirinha. Não confio muito na segurança de hoje em dia, nem na Póvoa de Santa Iria, nem noutra cidade qualquer. Se os meus filhos saem à noite fico sempre preocupada. Julgo que o concelho tem impostos municipais bastante altos. O IMI podia ser mais baixo e a taxa de resíduos é totalmente absurda. Dou por mim a pensar que não vale a pena fazer a separação do lixo em casa, faço a reciclagem e ainda tenho de pagar todos os meses!

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“O tempo em que cumpri o serviço militar foi o mais interessante da minha vida”

José Silveira Presidente da Direcção do Centro Social Paroquial de São João Baptista

A nossa terra nem sempre é a terra onde nascemos. No meu caso - apesar de ter o coração dividido, por ter nascido e vivido cerca de 26 anos na Região Autónoma dos Açores - a minha terra é São João da Ribeira, concelho de Rio Maior, onde resido há 34 anos. Estou ligado a

esta terra pelo casamento. Tive a oportunidade de viver e trabalhar na ilha de São Jorge, Angra do Heroísmo, Lamego, Lisboa, Santarém, Abrantes, Caldas da Rainha, Rio Maior, mas onde criei laços afectivos foi na freguesia de São João da Ribeira (a Sintra do Ribatejo como chegou a ser conhecida no século passado) pela simpatia das pessoas, tranquilidade do lugar, pela proximidade de Lisboa, das praias ou das salinas de Rio Maior e da capital do Gótico que é Santarém. O Castro do Monte de São Gens, onde se pode fazer um bom piquenique nos dias quentes de Verão e que tem uma bela vista, a Torre Mourisca, de base circular e ameada ao alto, a Igreja Matriz, de nave única coberta de madeira, o Museu Rural e Etnográfico, pertença do Grupo de Danças e Cantares de São João da Ribeira são alguns dos lugares emblemáticos de S. João da Ribeira. As pessoas mais relevantes durante a minha infância foram os meus pais, avós, tios e tias maternos e a professora primária que me transmitiram valores que ainda hoje permanecem como honestidade, sentido do dever, obediência, ponderação e lealdade. Amigos de infância só conservo um,

o meu primo José Brasil, que é o melhor amigo, porque as voltas da vida levaram-me a ter outros bons amigos, que conheci ao longo da minha vida profissional. O tempo de serviço militar foi uma fase importante da minha vida e foi muito interessante enquanto ministrei formação a Tirocínios para Oficiais, a Cursos de Promoção a Sargento-Ajudante, a Cursos de Formação de Sargentos e a cerca de mil e duzentos Escriturários, na Escola Prática

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de Cavalaria e no Regimento de Infantaria de Angra do Heroísmo. Não há nada mais gratificante do que ensinar. Aproveito a oportunidade para saudar todos os camaradas e ex-militares com quem convivi. Há duas coisas que me desagradam de sobremodo. A indústria de transformação de tomate que provoca queixas devido ao forte ruído provocado durante o período nocturno e as descargas poluentes de suiniculturas com a contaminação de linhas de água e os maus cheiros exalados. Costumo dar atenção à fixação do IMI. As taxas a nível nacional variam, em média, entre 0,30% e 0,50% e no concelho de Rio Maior é de 0,38%, portanto é razoável.


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“Estão a nascer mais crianças e há alguns jovens a fixarem-se aqui”

Bruno Oliveira Presidente da Junta de Freguesia da Parreira e Chouto

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que o liga a ela?

A nossa terra aquela onde nos sentimos realizados, pode ser ou não a que nascemos ou vivemos. Temos afectividades com locais que por norma são a nossa terra, local onde vivemos ou outros onde gostamos de estar. No meu caso, como dou muito valor à família e amigos, penso que é um dos elementos fundamentais de ligação à minha terra. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Humilde, progressista, de nobre coração e com orgulho nas suas raízes. Quais foram as pessoas mais importantes da sua infância? Toda a minha família e amigos. Sem eles a vida não tinha sentido. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos? Humildade, generosidade, honestidade, integridade. São valores que me passaram e que tenho obrigação de preservar e de transmitir a outros. Ainda conserva amigos de infância? Os meus amigos de infância são os mesmos da actualidade, mantive-os e reforcei com novos amigos que fui conhecendo ao longo da vida. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje?

Espero que a mais interessante ainda esteja para vir. Mas olhando para o passado, gostei dos tempos de criança quando nos contentávamos com o que havia e dávamos valor ao que tínhamos, sem egoísmo nem maldade. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? Adoro a nossa paisagem natural. O nosso território é vasto e isso permite-nos ir descobrindo locais interessantes, continuamente. A sua terra perdeu população. Há esperança? Tal como aconteceu em praticamente todo o pPaís temos perdido população, no entanto estou bastante esperançado numa recuperação devido ao elevado número de crianças nascidas nos últimos anos e à fixação de alguns jovens. Temos feito um esforço adicional para proporcionar condições aos residentes e aos que aqui queiram residir. A sua terra é segura? Temos o privilégio de viver numa terra segura. No entanto há que ter sempre atenção. Actualmente o meu maior receio não tem a ver com crime mas com o elevado tráfego nas estradas da freguesia.

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“Desagrada-me a deslealdade, a arrogância, a incompetência e a burocracia”

Joel Marques Presidente da Junta de Freguesia da Carregueira

Embora tenha tido oportunidade de crescer e aprender com muita gente, foram os ensinamentos e os valores transmitidos pelos meus pais que mais me influenciaram e por isso eles foram as pessoas mais importantes da minha infância. Dos valores que me transmitiram, destaco o respeito pelo próximo, a dedicação, a honestidade, a fé e a lealdade. Conservar os amigos de infância é um privilégio de quem vive em aldeias. Grande parte dos meus amigos de hoje já o eram há trinta anos. O melhor momento da minha vida é sempre o bom momento que ocorre “hoje”. Não sou saudosista e enquanto tiver a minha família e amigos por perto viverei certamente mais e melhores momentos. A minha terra é a Carregueira. O que me liga a ela são os laços afectivos, os cheiros, as recordações, os ensinamentos, as experiências, as amizades, a partilha e a colaboração.

O mais importante da minha terra são as pessoas. De nada serve ter património cultural e paisagístico sem pessoas boas, simpáticas e acolhedoras. A Carregueira concilia o património cultural, o paisagístico e natural a pessoas participativas, informadas e especialmente fraternas e preocupadas com os outros. Felizmente a taxa de desertificação da freguesia da Carregueira está abaixo da média das aldeias do interior, mas acredito que são pequenos passos que podem mudar este cenário. A criação da Secretaria de Estado para a Valorização do Interior é claramente um passo dado em frente. A decisão de sediá-la em Castelo Branco mostra uma vontade férrea de alterar a tendência e de começar de uma vez por todas a apostar num país com mais coesão social e territorial. Não podemos continuar a ter 70% da população nacional a residir numa faixa de 50Km do litoral. Por motivos óbvios estou atento aos impostos e taxas municipais e posso afirmar que no meu concelho há uma preocupação clara em manter uma política fiscal amiga das famílias e empresas. Agradam-me as pessoas, agrada-me o “bom-dia” pela manhã, agradam-me os sorrisos, a mensagem que um simples olhar pode transmitir, a conversa, o contacto e fundamentalmente a simpatia que a população da Carregueira e do Arripiado tem para partilhar. Desagrada-me a deslealdade, a arrogância, a prepotência, a incompetência, a burocracia, a tecnocracia e… o Benfica quando não tem bons resultados.

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“As pessoas têm que pensar “Gostei da minha vida de em primeiro lugar no estudante porque conheci bem-estar de todos” novas pessoas e novos locais”

Augusto Barros Presidente da Junta São João Baptista e Santa Maria dos Olivais (Tomar)

Natural de Carvalhos de Figueiredo, Tomar, o actual presidente da Junta de Freguesia de São João Baptista e Santa Maria dos Olivais diz ter uma profunda ligação à sua terra que considera ser “a mais bela e

histórica no tempo”. As pessoas mais importantes da sua vida foram os pais e os avós pelo apoio que sempre lhe deram e a sua esposa, desde que se casou até agora, por estar sempre ao seu lado e lhe dar apoio e ânimo. Os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje o guiam são a boa educação e o respeito pelo próximo. Conserva grandes amigos de infância a par de outros que foi fazendo ao longo da vida. Os melhores momentos pessoais são os ligados à família, nomeadamente o nascimento dos filhos e a celebração dos 50 anos de matrimónio, as chamadas bodas de ouro. O motivo é óbvio. “Foram datas que me marcaram quer pela alegria quer pelo valor que deram à minha vida”, sublinha. Lamenta que Tomar tenha perdido população devido ao encerramento de muitas empresas. Enquanto autarca e cidadão o que mais lhe desagrada são os entraves dos adversários políticos a algumas iniciativas que são pensadas para melhorar e enriquecer a cidade. Defende que muitas coisas que estão mal podem ser melhoradas “quando as pessoas pensarem em primeiro lugar na construção do bem estar de todos em geral”.

Vasco Reis Presidente conselho de administração da CADOVA na Chamusca

Quando me perguntam qual a minha terra eu digo que todas as terras onde passei e passo grande parte do meu tempo são marcantes, sobretudo por laços afectivos. Mação, por ser o meu local de nascença e

local de parte das férias, sobretudo durante a infância e adolescência. Azinhaga por ter sido lá que vivi durante a infância, adolescência e parte da vida adulta. Abrantes que é local de habitação desde há cerca de 18 anos e onde nasceram os meus filhos e Chamusca, que é a sede da Cadova - Cooperativa Agrícola do Vale de Arraiolos, onde trabalho há vinte e um anos. Relativamente a Abrantes é uma cidade excelente para habitar, em contacto com o campo. É servida de bons acessos e está situada no centro do país, estando perto de tudo. Os impostos municipais têm sido fixados com razoabilidade e é uma cidade segura que tem perdido população, julgo que pela diminuição de actividades e empresas. Uma coisa que me desagrada é alguma arquitectura nova, sem o mínimo de atracção. A altura mais interessante da minha vida foi quando era estudante. Pela apreensão de novos conhecimentos; por ter conhecido novas pessoas e novos locais e pelos bons tempos passados, próprios da fase em questão. Os valores que aprendi em criança, e que mantenho como referência, são a sensatez, a honra e a gratidão. As pessoas mais importantes da minha vida, para além da família, foram e são os amigos que me acompanharam ao longo da vida estudantil e nas actividades de lazer. Neste caso os amigos da Azinhaga. Continuam a ser meus amigos, dos melhores amigos, mas felizmente, principalmente ao longo da minha vida profissional, também fiz grandes amizades.


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“A fase mais interessante da minha vida foi quando passei a contactar com muita gente”

José Pereira Presidente da Assembleia Municipal de Tomar

Pela minha maneira de ser e de estar, orgulho-me de continuar a ter os meus amigos de bairro e de escola primária, em conjunto com muitos outros amigos que fiz ao longo da vida. Posso dizer que tenho um enorme exército de amigos à minha volta. A fase da minha vida que achei mais interessante foi a da juventude, entre os 10 e os 20 anos, por ter sido nessa altura que convivi mais com as pessoas da nossa cidade, e por guardar dessa altura memória de belíssimos momentos de diversão. Uma outra fase foi como pai dos meus dois filhos, Margarida e Vasco, que tenho acompanhado até aos dias de hoje e dos quais muito me orgulho pelo patamar que ambos atingiram. A minha terra é, e será sempre Tomar, cidade onde nasci, na Rua da Fábrica de Fiação, nº 50. É uma terra bonita, outrora conhecida como “cidade jardim”, pelos seus lindíssimos canteiros de flores belas e de bonito colorido, no Mouchão Parque e no Jardim da Várzea Pequena. É uma cidade repleta de monumentos extraordinários, tendo como símbolo a famosa janela Manuelina do Convento de Cristo (Janela do Capítulo) e

igrejas e capelas de rara beleza, tendo como ponto de partida para os descobrimentos a famosa Igreja de Santa Maria do Olival. As pessoas mais importantes na minha infância foram sem dúvida alguma os meus pais, pela educação que me transmitiram, a mim e aos meus irmãos, seguindo-se os meus professores na Escola de Santo António e, mais tarde, na Escola Industrial e Comercial de Tomar, a quem agradeço por tudo aquilo que me ensinaram. Os principais valores que estes me transmitiram foram muitos, mas principalmente a educação, a honestidade, e a dedicação ao trabalho, que me levou a poder chegar a um patamar de que me orgulho, de estar a exercer um cargo como representante do povo deste concelho. Como a maioria dos concelhos, Tomar tem perdido alguma população devido à falta de mais investimento que permita criar empregos para jovens, que os levem a fixar-se em Tomar. Acredito que isso irá acontecer com a ajuda do grande trabalho que está a ser feito pelo Instituto Politécnico de Tomar. Reconheço que ainda há muito por complementar e implantar no concelho mas há investimentos prontos para arrancar e alguns mais no papel para futura concretização: lembro a entrada de Tomar (Carvalhos de Figueiredo), o saneamento em zonas por nós reconhecidas como em falta, o parque de feiras, já que o habitual vai arrancar como um cartão-de-visita para quem chegar de transporte ferroviário ou rodoviário, não esquecendo o nosso rio Nabão, que necessita de urgente intervenção na esperança de voltar a ver a beleza dos barcos deslizando num lençol de água límpida para ser usufruída pelos patos e outras aves, como antigamente com o ex-líbris do pica-peixe, do saudoso Nini Ferreira. Considero a minha terra como um local seguro para viver. Apesar de haver de vez em quando algum caso ocorrido durante a noite nunca tive receio de deixar sair os meus filhos para as actividades que praticavam e que frequentavam na área da cultura e desporto.

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“O que mais gosto de ver numa “Os meus pais terra é a alegria das pessoas” ensinaram-me o valor da vida e da felicidade”

Vítor Rego Administrador da Festivo Começo de Santarém

Vítor Rego diz que a sua mãe foi a pessoa mais importante da sua vida porque, sublinha, “Quem dá o pouco que tem, por nós, merece o maior respeito do mundo”. Não é pessoa de ter muitos amigos

porque é bastante selectivo. Amigos de infância conserva dois, que devem ser mesmo muito especiais. Como valores adquiridos na infância guarda a educação, a seriedade, o trabalho e a capacidade de olhar para o futuro em função do passado. A fase da sua vida que considera ter sido a mais interessante até ao momento foi quando trabalhou como engenheiro de máquinas na Marinha Mercante. “Conheci muita gente, ensinei muitas pessoas a saberem viver e recebi muitos ensinamentos que me ajudaram a compreender melhor o próximo e a tornar-me mais humano”. Para o administrador da Festivo Começo a nossa terra é onde realizamos os nossos sonhos, sejam eles o casamento, o nascer de um filho ou o facto de contribuirmos para o bem comum. O que mais gosta de ver numa terra é a alegria das pessoas e uma boa qualidade de vida. Entristece-o ver animais abandonados. Considera que não há razoabilidade na fixação dos impostos e muito menos nos contínuos aumentos. “Razoabilidade têm as telenovelas que se mantêm no mesmo patamar de interesse durante meses”, refere.

Manuel Simões Director Geral da Ecodeal - Gestão Integrada de Resíduos Perigosos

O director geral da Ecodeal - Gestão Integrada de Resíduos Perigosos nasceu em Castanheira de Figueiró, em Figueiró dos Vinhos, terra onde nasceu a sua mãe e onde ainda vive o seu pai. Diz que na infância as pessoas mais importantes da sua vida foram os pais e que foram eles que lhe ensinaram o valor da vida e da felicidade. Quanto à sua terra, Manuel Simões define-a como um “típica aldeia portuguesa” que, como muitas outras, tem perdido população.

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“A qualidade de vida e a tranquilidade estão no topo da cidade de Santarém”

Filipa Martinho Delegada do Administrador ISLA Santarém

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? O que a liga a ela? A minha terra é Santarém. Aqui nasci, cresci e onde ainda vivo. Santarém faz parte das minhas raízes, lugar onde tenho a minha família e amigos. É em Santarém que trabalho todos os dias em prol do ensino e do desenvolvimento da região. Como descreveria a sua terra a alguém que não a conheça? Santarém é uma cidade bonita, terra interessante, cheia de história e tradições, onde é possível viver feliz. Santarém tem qualidade de vida. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? Os meus pais e os meus avós. Pessoas que me transmitiram os valores basilares da minha educação e que me ensinaram a crescer com vontade de perseguir sempre os meus sonhos. O sonho comanda a vida. A família para mim é um exemplo de vida, pilar que norteia as minhas decisões, todos os dias. Quais os principais valores que lhe foram transmitidos e que ainda hoje perduram? A lealdade, honestidade, humildade e gratidão. Perduram e assim vão continuar. Sempre. Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Ainda mantenho algumas amizades de infância. Só que a vida dá muitas voltas que nos levam a encontrar outros bons amigos pelo caminho. Tal como refere o escritor Antoine de Saint-Exupéry sobre os amigos: “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Qual foi a fase da vida que achou mais

interessante viver até hoje? Porquê? Uma muito interessante foi o tempo de estudante, desde o secundário à universidade, por todas as vivências do mundo académico, e todo o conhecimento e ensinamentos que me foram transmitidos. Foi um marco na minha vida, que me ajudou a formar como pessoa e profissional. Ainda hoje, no papel de professora do ensino superior tenho como referências alguns dos docentes que marcaram o meu percurso, a minha história. Quando passeia na terra onde vive o que mais lhe agrada? A arquitetura? A existência de serviços úteis às pessoas? A qualidade de vida? A qualidade de vida e a tranquilidade estão no topo da cidade de Santarém. Fazem-me sentir em casa. E não há lugar como a nossa casa, verdade? A sua terra tem perdido ou ganho população? Qual a sua explicação para isso acontecer? Tenho a percepção que mantém mais ou menos a mesma gente que tinha há 20 anos. No entanto, a população está mais envelhecida como de resto acontece na maioria do nosso país. Inverter este estado é um grande desafio colectivo que temos, não no futuro, mas já. Há algumas coisas que lhe desagradem? Não há nada em Santarém que me desagrade profundamente. No entanto, gostaria de ver o centro histórico mais habitado e com mais vida. Santarém apresenta um legado histórico e cultural que deveria estar mais bem preservado e potenciado em várias vertentes, nomeadamente na óptica da oferta turística para quem nos visita. Como se pode alterar essa situação? É um trabalho de todos. Só é possível fazê-lo com o esforço de todos: os que habitam em Santarém, trabalham em Santarém ou visitam Santarém. Só assim conseguimos reforçar a marca. Cada vez mais é necessário fazer e não esperar pelos outros. Todos os anos as câmaras municipais fixam (dentro de limites mínimos e máximos impostos por lei), impostos como o IMI, Derrama sobre rendimentos das empresas, Taxa de participação variável do IRS...costuma dar atenção a isso? E tem havido razoabilidade no seu concelho? Estou atenta e tenho a noção que os impostos podem tornar-se um factor de maior ou menor competitividade do concelho. E acredito que as entidades responsáveis também estão atentas a isso. A sua terra é segura? Se tiver filhos menores deixa-os sair à noite sem ficar preocupada? A minha terra é segura. Hoje é normal que os pais fiquem preocupados quando os filhos saem à noite. Como muita coisa na vida a noite é imprevisível. Devemos estar atentos e apurar o grau de responsabilidade dos jovens.

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“Desagrada-me haver monumentos de Santarém fechados aos fins-de-semana”

Eduardo Lopes Médico oftalmologista - Climeco Santarém

O médico oftalmologista Eduardo Lopes diz que a segurança é um dos problemas graves da sociedade e que Santarém, onde trabalha, não é uma excepção. Por isso, se tivesse filhos menores e os deixasse sair à noite ficaria preocupado. Colocado perante a eventualidade de

explicar como é Santarém a alguém que nunca visitou a cidade não seria sobre segurança que falaria mas de uma cidade em pleno Ribatejo com um misto de culturas e tradições, de estilo gótico e belíssimas paisagens. Não se esqueceria de a indicar também como “um ponto central de roteiros gastronómicos”. Destaca os professores no grupo de pessoas que o influenciou na infância e a nível de valores dá destaque à amizade, referindo que ainda tem amigos dessa altura da sua vida, apesar de ao longo do tempo ter feito outras boas amizades. A infância foi também o período da sua vida que achou mais interessante porque vivia despreocupado e podia ir à pesca ou brincar com os amigos, quando queria. Desagrada-lhe a ingratidão de certas pessoas e, a nível da cidade, o facto de haver monumentos fechados durante o fim-de-semana. Costuma estar atento à fixação anual dos impostos e não está satisfeito com o que se tem passado. Diz que não tem existido razoabilidade em relação à zona histórica e que deveriam existir benefícios para quem investisse noutras empresas.

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Edição comemorativa do 31º Aniversário

“Preocupa-me a desumanidade, o desapego e o desprezo pelos outros”

Daniel Romão Presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga

A nossa terra é, e será sempre, a terra onde nascemos. O que me liga a ela é tudo e ao mesmo tempo nada mas é o lugar onde tenho sempre regressado com a maior satisfação e alegria e onde até hoje me sinto em casa! A Azinhaga tem mudado muito com o passar dos anos, acompanhando os novos tempos. Hoje posso dizer que vivo numa aldeia que há 80 anos foi considerada a mais portuguesa do Ribatejo e que tudo faz para manter a sua dignidade e herança. Tem tudo o que hoje em dia precisamos para cá viver. Diria até que tem mais do que muitas vilas do nosso país. As pessoas mais importantes na minha infância foram, como seria de esperar, os meus

pais, já falecidos os dois. No entanto, não poderei esquecer outras duas pessoas como o meu avô materno, também já falecido, e o meu irmão que ainda por cá anda entre nós de boa saúde e que eu muito considero. O valor principal que me foi transmitido pelos meus pais foi o respeito por todos e principalmente pelos mais velhos. No entanto, com a vida, e o que ela representa de aprendizagem para nós, aprendi que a amizade, camaradagem e lealdade não são menos importantes mas que se completam. Conservo amigos de infância e, devido às voltas da vida que me levaram a tanto lado, fiz muitos mais amigos que ainda hoje conservo, com muito gosto. Não tenho uma fase da vida que considere ter vivido de maneira mais interessante até hoje. Para mim a vida representa um todo que deve ser vivido em consciência e totalidade, sem arrependimentos. Está feito, está feito! É assumir a responsabilidade e seguir em frente com a aprendizagem da vida. Contas com a vida, só no final! A minha terra tem perdido população, como no geral acontece com as povoações do interior do nosso país. Hoje em dia é muito comum acontecer que cada casal só tem um filho ou filha. Preocupa-me a desumanidade, o desapego e o desinteresse de muitas pessoas em relação ao seu próximo e aos problemas que são de todos nós. Em termos de impostos municipais só passei a dar mais atenção depois de ter sido eleito. Acho que no meu concelho tem havido razoabilidade na sua fixação. A Azinhaga é uma terra segura. Podemos deixar sair os nossos jovens à rua sem grandes preocupações.

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“Os impostos são adequados ao bom funcionamento de uma sociedade democrática”

Diogo Baptista Director Clínico da Denticare Santarém

Os principais valores que me foram transmitidos em criança são aqueles que ainda me caracterizam. Humildade, Honestidade, Responsabilidade, Solidariedade e Perseverança. Todas as fases da minha vida me marcaram pelos seus aspectos mais positivos. Talvez a adolescência e entrada na idade adulta tenham sido os mais importantes. A formação académica e a entrada no mercado de trabalho, desenvolvendo aquilo com que sempre desejei para a minha vida pessoal e profissional, são fases marcantes e que sempre se destacarão no meu percurso. Nasci e cresci em Almeirim mas Santarém foi a terra onde construí a minha primeira clínica e onde estabeleci grande

parte das minhas relações profissionais e afectivas. O Ribatejo é uma região com imenso potencial, com gentes de grande garra e carisma. É uma região única para se viver e trabalhar. É também tranquila e segura. Felizmente vivemos num país seguro. Um verdadeiro “jardim à beira-mar plantado”. Destaco também em Santarém a arquitectura; as acessibilidades; os serviços públicos e privados. Acredito que a região está muito bem capacitada e dotada dessas infra-estruturas. Os indicadores sócio económicos apontam para um aumento da densidade populacional nas regiões mais interiores do país. A explicação prende-se com uma melhor qualidade de vida aliada a cada vez melhores condições salariais. As pessoas estão a fugir dos centros para o interior. É uma realidade. Para se viver em comunidade e num mundo civilizado e organizado é importante serem feitas as respectivas contribuições e obrigações fiscais. Ficamos sempre com a sensação de que a carga fiscal é exagerada mas a realidade é que esta é ajustada e adequada ao bom e correcto funcionamento de uma sociedade democrática e própria de um estado de direito.


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Edição comemorativa do 31º Aniversário

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“O que mais me agrada “Já nem a minha terra em Santarém é o ser a terra é segura porque as leis mais quente do país” protegem os marginais”

Acácio Benavente Sócio Gerente da Funerária Lopes & Benavente

A pessoa que mais influenciou Acácio Benavente quando era criança foi uma avó. Segundo conta ela era a única que não lhe

batia e isso era muitíssimo importante. Ainda por cima ela ensinou-lhe o respeito e a educação, valores que ele afirma ter preservado até agora. Diz que gosta muito de Santarém porque é a cidade onde se verificam geralmente as temperaturas mais elevadas de Portugal, nomeadamente no pino do Verão. Os seus grandes amigos continuam a ser os amigos de infância e o seu lema de vida, provavelmente inspirado pela profissão, é o seguinte “Vivo o dia de hoje e amanhã logo se vê”. Diz que o facto da região ter vindo a perder população é provocado pelo poder político que, na sua forma simplificada de análise, “enxota empregos”. O motivo porque isso acontece é que lhe causa dúvidas. Não sabe se o faz por “orientação” ou por “desorientação”. O MIRANTE também não escapa ao tom irónico do agente funerário. Diz que o jornal falha muito no português e que o melhor que tem é o papel. Tal afirmação levará concerteza os responsáveis a sentir que enquanto houver leitores como Acácio Benavente a edição em papel não irá desaparecer.

André Neves Dias Gerente da André Neves Dias & Filhos, de Almeirim

Quase todas as terras perdem população. As pessoas cada vez têm mais dificuldades para poder ter filhos porque têm de

trabalhar para poder viver e o Estado não tem creches pagas onde se possam colocar os filhos. Infelizmente não há apoios para quem quer ter filhos ou para quem já tem filhos. A fase mais interessante da minha vida foi a adolescência porque é a idade em que... não há problemas. O que me liga a Almeirim, terra onde vivo desde os sete anos, são laços de amor. Casei com a paixão da minha vida, nasceram dois filhos e temos três netos que são os amores das nossas vidas. Esta é uma terra bonita e acolhedora e, como é sabido, é uma terra onde se come muito bem. O que mais me agrada é ver e sentir o que Almeirim cresceu ao longo de 70 anos e sentir que também contribuí com uma pequena quota parte. As pessoas mais importantes durante a minha infância foram, principalmente, a minha mãe e o meu pai, que me deixaram muitos valores imateriais como a seriedade; a honestidade e o respeito pelo próximo. Graças a Deus ainda tenho alguns amigos de infância mas tenho muitos outros amigos que fui fazendo ao longo da vida. O nosso concelho não é dos que cobram menos a nível de impostos municipais mas também não é dos que cobram mais. Pelo menos é um dos melhores pagadores do país. A minha terra, na minha mocidade, era segura, mas agora, nem sequer a minha terra é segura porque as leis feitas pelos nossos deputados protegem os marginais.


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“Em algumas áreas da freguesia deveriam ser vistos mais agentes da PSP a certas horas”

João Rodrigues dos Santos Presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

A nossa terra é a terra onde nascemos ou pode ser uma outra terra a que nos ligam laços afectivos ou outros. Qual é para si a sua terra? Nasci em Vila Franca de Xira. Faço parte integrante do grupo dos vilafranquenses. É habitual dizer-se que os vilafranquenses não são piores nem melhores...são diferentes e é o sentimento de pertença a esse “grupo” que me liga à minha terra. É no sentimento de integração e de identificação com os acontecimentos e vicissitudes de Vila Franca de Xira que se desenvolveu a minha identidade e isso fez de mim o que sou hoje. Quais as pessoas mais importantes durante a sua infância? As pessoas mais importantes da minha infância foram os meus pais, a família mais próxima e os meus amigos. Os valores que hoje considero mais importantes e que motivam as minhas acções e me fazem manifestar certas preferências em vez de outras, apreendi-os dos meus pais. E são também esses valores que transmito aos meus filhos. A gratidão; a solidariedade; a honestidade; a lealdade; a justiça; a igualdade; a cidadania; a liberdade.

Ainda conserva amigos de infância? São os seus melhores amigos ou as voltas da vida levaram-no a ter outros bons amigos? Dificilmente se encontra um adulto que não tenha um amigo desde os tempos de criança. Esse facto, por si só, atesta a importância das relações de amizade na infância. Eu tenho contacto regular com alguns amigos de infância. As redes sociais oferecem um bom contributo para a manutenção destes relacionamentos. No entanto, também tenho amizades genuínas que se geraram mais tarde, em diversos contextos e circunstâncias da minha vida. Qual foi a fase da vida que achou mais interessante viver até hoje? Com a condição de pai surge, definitivamente, a fase mais interessante da minha vida, que perdura e perdurará. A sensação de amor incondicional e a responsabilidade de educar são, simultaneamente, esmagadores e empolgantes. E não devemos esquecer que os filhos também são importantes para o sucesso dos pais, nas mais variadas dimensões das suas vidas. E isso tem acontecido, de facto, comigo. Os meus filhos são a minha força motriz. O que mais lhe agrada na sua terra? Destaco o novo Hospital, a Fábrica das Palavras, projecto cuja qualidade é internacionalmente reconhecida e diversos serviços de natureza lúdica e cultural. Sublinho ainda as variadas remodelações e requalificações urbanas na cidade, enfatizando a remodelação de parte significativa das redes de abastecimento de água e de saneamento e o melhoramento da dimensão funcional das respectivas vias de comunicação. Destaco, ainda, a frente ribeirinha completamente requalificada,

que constitui um importante recurso colocado à disposição dos vilafranquenses, podendo ser utilizada, por exemplo, para a prática de exercício físico. Há alguma coisas que lhe desagradem? Desagrada-me ver sem vilafranquenses, num sábado solarengo, o cais de Vila Franca de Xira, que é um espaço absolutamente ímpar do ponto de vista paisagístico. Desagrada-me ver o relativo despovoamento da cidade. É um tema que deve mobilizar a sociedade civil da freguesia e a Administração Pública Local para uma reflexão conjunta e construtiva. Quanto ao relativo despovoamento da cidade, a câmara municipal está a desenvolver alguns programas com o objectivo de estimular a ocupação das habitações desocupadas, particularmente por parte da população mais jovem. Relativamente à realidade dos espaços socioeconomicamente mais fragilizados da freguesia, a Rede de Acção Social de Vila Franca de Xira tem estado atenta aos fenómenos de pobreza e de exclusão social, e tem sido muito interventiva. Uma baixa continuada dos impostos municipais pode prejudicar o investimento? Considero que tem havido razoabilida-

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de na fixação dos valores. A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira tem mantido a taxa de IMI no valor mais baixo permitido por lei. Para além disso, de acordo com o que o Código do IMI prevê, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira tem efectuado, sistematicamente, reduções que permitem aliviar, em matéria fiscal, as famílias com mais encargos do ponto de vista relativo. Este quadro tem vindo a configurar, decerto, uma penalização para os orçamentos anuais da câmara municipal mas não tem deixado de ser uma opção. Isso deve ser reconhecido como um ponto muito positivo. E a Derrama? Relativamente à Derrama sobre os lucros das empresas, a câmara municipal tem conjugado a necessidade efectiva da sua aplicação, para efeitos de investimento público e redistribuição social, com isenções de natureza estratégica. Esta isenções, estratégicas, visam sobretudo escudar as empresas de menor dimensão, atrair investimento para o território municipal e estimular a criação de postos de trabalho. A sua terra é segura? De acordo com a minha percepção pessoal, creio que, em algumas áreas da freguesia deveriam ser vistos mais agentes da PSP, particularmente em alguns períodos do dia. A presença da Polícia de Segurança Pública desencadeia um importante efeito dissuasor de potenciais comportamentos criminosos. No entanto, os dados estatísticos indicam que em Vila Franca de Xira a criminalidade tem observado uma tendência de diminuição.


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“São inadmissíveis estradas sem alcatrão e zonas sem saneamento básico”

Luís Alves Presidente da União de Freguesias de S. Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo

A minha terra será sempre a terra onde ganho o meu pão de cada dia, o local onde resido e tenho os meus amigos e conhecidos e, também, o local de morada dos meus entes queridos.

A minha terra fica numa zona de transição entre a paz do campo e o seu apelo telúrico e o bulício da cidade. Conhecer e ser conhecido por toda a gente gera um calor humano que suprime todas as outras necessidades. As pessoas mais importantes durante a minha infância, para além dos meus pais e irmãos, foram o meu avô materno, o meu professor da escola primária, Sr.Carvalho e os meus amigos, China, Tonica, Silveira, Pita, Laro, Lambaz, Cigano, entre outros. A minha terra tem perdido população, sobretudo jovem. É o preço da interioridade e de anos e anos de más políticas, de decisões discriminatórias e negativas no que ao interior respeita. Decisões de políticos e assessores que desconhecem o termo “equidade” e o que isso representa no desenvolvimento harmónico do todo nacional e da valorização das gentes deste Portugal que se vê abandonado à sua sorte e que só é notícia pela desgraça. Essa descriminação dói quando tem origem no poder central mas pesa e dói ainda mais quando tem a sua origem no poder local. Muitas coisas me agradam, pois com o advento do poder local muito foi feito

em prol do interior e das populações, todavia, é inadmissível e inaceitável a existência de arruamentos em terra batida, sem esgotos e sem o mínimo de qualidade que a todos é devida. Isto poderia e deveria ser alterado, bastando que se desse prioridade às pessoas e se atendesse à satisfação das necessidades mais básicas a que estas têm direito. Os impostos e as derramas, sendo elementos de arrecadação de receitas pelas câmaras necessárias à persecução das suas actividades e planos, são sempre elementos de coesão territorial que, quando aplicados com critério, podem tornar mais apetecível e vantajoso a fixação das populações e empresas já residentes e motivo de atracção para novos residentes e empresas. Tudo depende do planeamento e das prioridades dos executivos camarários e o que pretendem para os seus territórios. Aqui estamos a perder população. Para os padrões policiais a minha terra é segura. Para os padrões dos pais nenhuma terra é segura mas não conheço ninguém que não fique preocupado por saídas à noite dos filhos. Pessoalmente nunca iria coarctar a liberdade responsável dos meus filhos.

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“Temos que saber aceitar as derrotas para saber valorizar as vitórias”

João Violante Eng.º mecânico na Rectifical - Santarém

A família e os amigos foram quem teve mais influência no meu crescimento mas quero fazer referência ao Grupo de Futebol de Empregados do Comércio, “Caixeiros”, de Santarém, que através do hóquei em patins nos fez crescer, a mim e aos meus amigos, com tantas vitórias e derrotas e momentos de camaradagem.

Os principais valores que me foram transmitidos e que ainda hoje perduram são essenciais para a vida de qualquer um. Ser humilde e ter sempre uma atitude positiva porque nesta vida estamos sempre a aprender. Saber aceitar as derrotas para saber valorizar as vitórias. Existem amigos que mesmo não os vendo ou contactando com a frequência que deveria ou desejaria, quando os encontro, são sempre os meus melhores amigos. O sentimento não muda pela distância ou pelo tempo. Continuo com vários amigos de infância que serão para sempre os meus melhores amigos. Aliado a estes, vamos sempre adicionando vários melhores amigos ao longo da vida. Neste campo sinto-me afortunado. A altura da minha vida mais interessante e importante foi quando nasceu o meu filho Pedro. Ser pai tem sido o melhor papel da minha vida. Cheio de desafios, mas o melhor, sem dúvida. É a mais bela viagem, que ainda agora começou. A minha terra será sempre a cidade onde nasci, Santarém. Apesar de ter vivido 10 anos fora de Santarém, esta sempre foi a que considerei como sendo a minha terra. Foi onde cresci, estudei e agora trabalho e onde se concentram grande parte dos meus amigos e familiares. A cidade é conhecida como Capital do

Gótico e apresenta uma qualidade de vida bastante superior em comparação com a de uma grande cidade. Aqui tudo é mais calmo e tranquilo, principalmente quando a vida em família e a educação e acompanhamentos dos filhos ganham prioridade. Possivelmente Santarém tem estado a perder população. Pelo menos é a impressão que tenho. Isto apesar de começar a rever antigos colegas de escola que, como eu, voltam, depois de anos a viver noutra cidade ou país, à procura de uma melhor qualidade de vida em família. A fraca vida da cidade ao fim-de-semana é o que mais me desagrada. Por vezes parece deserta. Falta cultura, animação, informação e o comércio aberto. É fraca a aposta no investimento/desenvolvimento na cidade, que deveria valorizar-se mais, estar mais próxima da população do distrito e dos turistas nacionais e internacionais. Os impostos que pagamos estão longe de ser razoáveis. Somos dos países com maior carga fiscal sobre os contribuintes e empresas e o nosso concelho fixa-se perto do limite máximo. Quando era adolescente podíamos passear pela cidade a qualquer hora do dia ou da noite, no entanto, nos dias de hoje, temos sempre mais cautela. Ainda assim penso que Santarém é bastante segura.

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O que pensa de O MIRANTE? O que pensa do trabalho editorial de O MIRANTE? Uma pergunta, em causa própria, que a maioria dos autores das 51 entrevistas desta edição resolveram responder como segue: “O MIRANTE agora fala muito de muitos outros lados e menos da Chamusca. Acho que é aí que o jornal falha porque nasceu e foi criado na Chamusca. E se não fala da Chamusca destas terras mais pequenas, como Ulme, ainda menos”. Manuel Rodrigues - Cabeleireiro em Ulme

“Uma avaliação é sempre subjectiva. O MIRANTE tem sido ao longo das últimas três décadas uma presença assídua nas nossa vidas, mantendo sempre vivo o seu objectivo de informar de forma transparente e independente. O espaço de melhoria existe sempre e deve ser também o motor e a razão da sua existência”. Jorge Rosa - Presidente & CEO da Mitsubishi Fuso Truck Europe , SA

“Se eu fosse directora de O MIRANTE por uma edição, optaria por um especial cultura da região, abrangendo património; gastronomia; promoção da leitura; talentos e projectos locais; agentes culturais (público, privados e associativos); folclore; bandas filarmónicas; etc. O melhor do jornal é o seu compromisso com a região e as pessoas que a habitam, contribuindo para o fortalecimento da opinião pública e para o desejado desenvolvimento sustentável”. Maria do Céu Albuquerque - Presidente da Câmara Municipal de Abrantes

“Não vejo que O MIRANTE tenha falhas pois consegue ser um órgão de comunicação transversal. Tem de tudo, um pouco. Para mim, por defeito profissional a secção de Economia é a mais importante. É fundamental transmitir a todos a vitalidade económica da região, pois cria confiança. O MIRANTE cumpre bem esse papel de transmitir que somos uma região dinâmica e que quer estar no futuro”.

João Rodrigues dos Santos - Presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

“Gosto de ler O MIRANTE porque tem notícias muito diversificadas de toda a região. Como leitor sinto que uma lacuna do jornal é não ter mais notícias de desporto”. Eduardo Lopes - Médico oftalmologista - Climeco Santarém

Duarte Bernardo - Director Geral da Escola Profissional de Salvaterra de Magos

António Campos - Presidente da Comissão Executiva da NERSANT

“Costumo referir-me a O MIRANTE como o “monstro sagrado” da comunicação social regional. Ele só falha quando não transmite nenhuma notícia de locais onde é distribuído, por exemplo, ou pela imparcialidade com que trata certas notícias que divulga. Pessoalmente tenho gratas recordações da altura, já lá vão trinta anos, em que fui um modesto colaborador do jornal”. Martins Lopes - Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Golegã

“O MIRANTE tem sabido construir e manter uma relação de confiança com os seus leitores , integrando-os num conceito de pertença a uma região alargada. Penso que poderia contribuir para uma discussão sobre as vantagens e desvantagens de uma regionalização séria”. António Pinto Correia - Otorrinolaringologista - CUF Santarém

“O MIRANTE é um jornal de abrangência regional absolutamente indispensável para a região. É também um importante elemento de agregação identitária dos vários territórios onde é distribuído”.

“O MIRANTE tem uma ampla cobertura territorial no distrito de Santarém e não só. É o jornal regional de maior tiragem e audiência a nível nacional. Destaco no jornal o seu espírito crítico, a sua irreverência e a permanente actualização da informação sobre a região divulgada através da edição online”.

“A melhor característica de O MIRANTE é ser livre e independente. Pessoalmente gostaria de ver publicadas mais notícias sobre Tomar mas se calhar é uma falha nossa ao nível da comunicação”. Anabela Freitas - Presidente da Câmara Municipal de Tomar

“De uma forma geral O MIRANTE é um jornal de proximidade e isso hoje em dia é uma enorme mais valia. As pessoas querem saber o que se passa na sua terra, na sua região. Para o bem e para o mal a proximidade é o que faz a diferença”. Pedro Ribeiro - Presidente da Câmara Municipal de Almeirim

“O MIRANTE é um dos jornais regionais com maior qualidade que conheço. É um jornal em permanente inovação e está sempre a investir na qualidade da informação que divulga. A melhor coisa de O MIRANTE é, indiscutivelmente, a equipa que o constitui, que é coesa, empenhada e profissional. É a alma do jornal e a razão do seu crescendo sucesso”. Diogo Baptista - Director Clínico da Denticare Santarém

“Admiro no jornal O MIRANTE a proximidade. Com ele, conseguimos ter semanalmente ou diariamente (online) a radiografia da região. Onde falha em termos de notícias? Para responder a isso vou ter de pensar um pouco mais”. Miguel Borges - Presidente da Câmara Municipal do Sardoal

“Penso que as notícias na zona norte do distrito são um pouco esquecidas por O MIRANTE e isso talvez aconteça por falta de comunicação de alguém. Como tomarense, gostava que o jornal fosse mais interveniente no dia-a-dia do concelho”. Augusto Barros - Presidente da Junta de Freguesia de São João Baptista e Santa Maria dos Olivais de Tomar

“A melhor coisa de O MIRANTE é continuar a existir e a dar-nos, sem falhas, as notícias de toda a nossa região, estando nós por cá ou longe daqui!” Daniel Romão - Presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga


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“Considero O MIRANTE um jornal abrangente, regular em termos de notícias e tendo como aspecto positivo a sua edição online que permite uma actualização ao minuto”. João Apolinário - Presidente da Junta de Freguesia de Fazendas de Almeirim

“O MIRANTE cumpre totalmente a sua missão enquanto Semanário Regional. Os critérios são jornalísticos por isso não considero que existam falhas. Penso que o melhor que o jornal tem é a sua objectividade”. Pedro Bastos - Presidente da Comissão Executiva do Hospital Vila Franca de Xira

“O MIRANTE teve o mérito de juntar a sua edição, em termos de distribuição, a um grande jornal semanal como o Expresso. A proximidade e a presença do jornal nos eventos que se realizam pelos vários concelhos do distrito demonstra uma preocupação em ser representativo do Ribatejo. Só posso desejar vida longa a O MIRANTE.” Francisco Olveira - Presidene da Câmara Municipal de Couche

Edição comemorativa do 31º Aniversário “Se O MIRANTE tem falhas não são perceptíveis por mim. O que eu sei é que não é fácil um jornal regional manter esta performance durante tantos anos. E já lá vão trinta e um”. André Neves Dias - Gerente da André Neves Dias & Filhos, de Almeirim

“O MIRANTE cumpre muito bem o seu papel regional cobrindo tudo o que se passa na sua área de abrangência, sendo uma excelente acção a sua incorporação, aos sábados, com o Expresso”.

José Silveira - Presidente da Direcção do Centro Social Paroquial de São João Baptista

“O MIRANTE, como tudo na vida, não é perfeito. No entanto as falhas que possam acontecer são suplantadas pelas não falhas. O melhor que o jornal tem, como acontece em qualquer empresa que procura trabalhar bem, são os seus recursos humanos”. Diamantino Duarte - Director Geral da Resitejo

“Acho O MIRANTE um jornal equilibrado e de leitura fácil e interessante. Talvez devesse ter uma página, para publicitar gratuitamente as festas e eventos da sua área de abrangência”. Luís Alves - Presidente da União de Freguesias de S. Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo

“Penso que o/um novo desafio para O MIRANTE deverá ser o de melhorar ainda mais aquilo que é já a sua marca distintiva que é a presença e a cobertura alargada de toda a região ribatejana. O melhor do jornal é essa cobertura objectiva e de proximidade da realidade e da vida política, social, económica, cultural e desportiva da nossa região.” Mário Pereira - Presidente da Câmara Municipal de Alpiarça

“O MIRANTE é um jornal com uma área de cobertura Nuno Pinto de Magalhães - Director de Comunicação e Relações muito grande. Essa é a Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas melhor característica e o que faz com que seja um jornal regional mas é também um dos problemas que enfrenta. “A comunicação social É normal que falhe alguma coisa e não consiga regional é absolutamente estar em todo o lado nem contar todas as necessária para dar relevo histórias que fazem a nossa actualidade”. às dinâmicas dos respectivos Isaura Morais - Presidente da Câmara Municipal de Rio Maior concelhos e para chamar a atenção para o que não está a ser bem feito. Considero - e esta reflexão não é particular para O MIRANTE - que, por vezes, os assuntos “O melhor que O MIRANTE não são suficientemente aprofundados, vindo tem actualmente é a posteriormente a revelar-se infundados, sem actualidade do online que se consigam atingir as motivações que porque veio reforçar o levaram ao surgimento de tais informações”. excelente jornalismo de Alberto Mesquita - Presidente da câmara municipal de VFX

“Lanço o desafio ao jornal O MIRANTE para que publique semanalmente duas páginas sobre um determinado concelho da região, com dados sobre a sua história, população, freguesias, património, actividades económicas, festas e romarias, cultura, locais de interesse turístico, personalidades, gastronomia, artesanato, colectividades, organizações, etc. Dará um contributo importante na divulgação dessas sub-regiões e os seus leitores sentirse-ão ainda mais identificados com ele”.

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“O MIRANTE tem uma grande cobertura territorial e apresenta sempre novidades. Como leitora gostaria de ler mais artigos de opinião de figuras regionais e nacionais (sobre impactos locais). Gostaria de ver reflectida a massa crítica da região. O seu pensamento dominante sobre a nossa contemporaneidade”. Carina João Oliveira - Directora Executiva da Insignare (Ourém)

“Recomendo a leitura de O MIRANTE a quem quer saber o que se passa no concelho de Vila Franca de Xira. A mim agrada-me o que leio. Gosto essencialmente de assuntos relacionados com a Póvoa de Santa Iria e Alverca. Seria interessante o jornal ter anúncios de emprego de empresas aqui da zona”. Elsa Rodrigues - Sócia Gerente da Prink Alverca

“O MIRANTE continua a trabalhar bem. Gosto da parte económica do jornal e da secção de desporto. Fico surpreendido com os êxitos desportivos dos jovens da nossa região”. José Eduardo Carvalho - Presidente da AIP

proximidade que o jornal sempre fez. Em termos gerais, penso que podia melhorar a informação desportiva. Temos milhares de praticantes na região e dezenas de modalidades e sinto que podia haver mais notícias nesta área”. Ricardo Gonçalves - Presidente da Câmara Municipal de Santarém

“Há muitos anos que leio O MIRANTE e tiro o meu chapéu ao esforço que os seus jornalistas fazem para acompanhar a vida das comunidades num território que é vasto e onde seria mais fácil fazê-lo apenas na capital do distrito e nas cidades limítrofes. Esta proximidade faz do jornal o mais importante a nível regional”. Hélder Esménio - Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

“A melhor coisa do jornal O MIRANTE é a sua independência, que lhe permite abordar qualquer assunto de forma livre. Também a enorme diversidade de assuntos abordados nas diversas edições é uma mais valia. Gostaria que o jornal pudesse acompanhar mais de perto a actividade associativa, social e política de Ourém”. Luís Albuquerque - Presidente da Câmara Municipal de Ourém


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O que não lhe perguntamos que gostava de responder?

O MIRANTE deu a possibilidade a todas as personalidades que assinam os textos desta edição de responderam a uma pergunta formulada pelos próprios; eis o resultado: “Não me perguntaram se gosto de ser presidente de junta e ainda bem porque uma edição inteira de O MIRANTE não chegaria para descrever a satisfação, paixão e orgulho que tenho pela função que as minhas gentes me confiaram!” Joel Marques - Presidente da Junta de Freguesia da Carregueira

“Gostaria que me tivessem perguntado como tem sido o meu percurso político até chegar ao cargo que hoje ocupo para poder responder que nunca precisei da política para viver e que não necessitei fazer um percurso através das “jotas” para chegar onde cheguei”

“O que não me perguntaram? Tanta coisa! Mas agora também não é a altura para eu responder a algumas das perguntas que me poderiam ter feito. Fica para quando eu escrever as minhas memórias”. Diamantino Duarte - Director Geral da Resitejo

Luís Albuquerque - Presidente da Câmara Municipal de Ourém

“O que não me perguntaram e que eu gostaria que me tivessem perguntado? Ui… tanta coisa. Mas ainda bem que não perguntaram!” Miguel Borges - Presidente da Câmara Municipal do Sardoal

“Se me tivessem perguntado se me sinto integrado nesta região responderia que sim. Completamente! Aliás, esta é uma máxima, não só de Santarém, mas do Povo Português. Ninguém se sente estrangeiro em lado nenhum”. António Campos - Presidente da Comissão Executiva da NERSANT

“Gostava que tivessem tido motivos para me perguntar como me sentia, como sportinguista, depois de o meu clube ter ganho seis campeonatos de futebol seguidos. Fica para a próxima!”

“A pergunta a que gostava de ter respondido era uma sobre eventos culturais. Gostava que no nosso distrito se realizassem mais eventos culturais de qualidade que atraíssem muitas pessoas, contribuindo para a melhoria da economia local”. Eduardo Lopes - Médico oftalmologista - Climeco Santarém

“Não me perguntaram como são as nossas relações com a comunidade onde a nossa cervejeira está inserida. Responderia que as relações são excelentes e que temos de continuar a trabalhá-las de forma a manter este ‘status’ de confiança e abertura”. Nuno Pinto de Magalhães - Director de Comunicação e Relações Institucionais da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas

“Esta seria a pergunta que gostava que me tivessem feito: ‘Relativamente à sua região e ramo de actividade (agricultura) o que gostaria de transmitir ?’. A minha resposta seria: Aos consumidores em geral aconselho que adquiram produtos agrícolas nacionais. O que é nacional é mesmo bom!” Vasco Reis - Presidente Conselho de Administração da CADOVA na Chamusca

“Gostaria que me tivessem perguntado o que eu gostaria de ver no país antes de morrer. Eu responderia que gostaria de ver Portugal ser governado por um Governo sério e honesto”. Alberto Mesquita - Presidente da Câmara Municipal de VFX

Ricardo Gonçalves - Presidente da Câmara Municipal de Santarém

“Não me perguntaram se vale a pena lutar politicamente pelo conceito Ribatejo. Eu responderia que sim porque considero que é uma forma de reanimar e reforçar, dentro de uma mesma estratégia, uma região actualmente dividida entre duas comunidades intermunicipais recheadas de valores patrimoniais e socioeconómicos”. Pedro Ferreira - Presidente da Câmara Municipal de Torres Novas

Gostava que me tivessem perguntado qual a minha opinião, como agente funerário, sobre a localização anunciada para o futuro crematório de Santarém. A resposta seria: ‘Que estupidez!’ “ Acácio Benavente - Sócio Gerente da Funerária Lopes & Benavente

“Aproveito esta oportunidade para manifestar o meu apreço pelo trabalho desenvolvido por O MIRANTE ao longo destes 31 anos de existência e apresento, na pessoa do seu director, a todos os colaboradores deste jornal, a minha consideração e o desejo de longos anos de actividade, com muito sucesso. Os meus parabéns”. André Neves Dias - Gerente da André Neves Dias & Filhos, de Almeirim


59 | 16 NOVEMBRO 2018

Edição comemorativa do 31º Aniversário

| O MIRANTE

2º CADERNO

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16 NOVEMBRO 2018 | 60

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