ESPECIAL Retrospectiva / Personalidades do Ano 2018

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Este suplemento faz parte integrante da edição nº 1390 de O MIRANTE e não pode ser vendido separadamente

Edição Especial Retrospectiva 2018 O MIRANTE entrega todos os anos desde 2005 os prémios Personalidade do Ano que visam distinguir pessoas e entidades da região que merecem o reconhecimento público. Nesta edição publicamos as entrevistas aos premiados e fazemos um pequeno balanço das notícias que consideramos dignas de figurarem numa retrospectiva do ano, embora não conseguíssemos espaço para todas as que seleccionamos. Os prémios Personalidade do Ano vão ser entregues dia 14 de Fevereiro, às 18 horas, numa cerimónia marcada para o Convento de São Francisco, em Santarém.


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“Quem decide sabe que tem que o fazer sem ter toda a informação” António Ramalho, presidente do Novo Banco, é Personalidade do Ano Nacional para os jornalistas de O MIRANTE foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Nacional António Ramalho Presidente do Novo Banco

Ainda criança o gestor António Ramalho já ouvia o pai falar sobre assuntos da banca, nomeadamente ao jantar. Apesar de ter começado por se licenciar em Direito diz que sempre sentiu que tinha a banca no ADN. Foi um dos gestores mais jovens do sector bancário mas também foi gestor na CP e na Infraestruturas de Portugal, empresa onde estava antes de ser convidado para gerir o Novo Banco. Tem uma forte ligação à região de Santarém onde tem casa e onde casou. Alberto Bastos P. Qual é a sua ligação a Santarém? R. A família da minha mulher é do Oeste e temos casa na Azóia de Baixo. Nasci em Lisboa mas a família é alentejana. O meu pai é de Évora. A minha mãe, por acaso, é de Coimbra mas a família é de Beja. Vieram para Lisboa e eu já nasci em Lisboa. Não tenho propriamente uma terra. Nasci em Benfica que na altura era um bocadinho extra-cidade e estudei sempre em Lisboa. P. Casou em Pontével, concelho do Cartaxo?

R. Casei-me em Pontével numa missa campal. Sempre pensei que me havia de casar na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Purificação em Pontével, que é uma igreja do Século XII, lindíssima, classificada como Imóvel de Interesse Público. Curiosamente esperou-se, não sei se dez ou doze anos, por um subsídio para fazer o arranjo da igreja e calhou o subsídio ter vindo na altura em que estava para me casar e a igreja entrou em obras. P. Acabou por casar fora da igreja. R. Tive que pedir uma dispensa bispal para poder fazer um casamento numa missa

Um dos mais conceituados e multifacetados gestores portugueses É natural que muitas pessoas de Santarém já se tenham cruzado, na cidade ou no concelho, com o presidente do Novo Banco, António Manuel Palma Ramalho. Profissionalmente não prescinde dessa presença e particularmente devido às relações com a família da sua esposa, Maria do Rosário Rebelo Pinto, professora de Di6

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reito do Trabalho na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. O seu casamento foi realizado numa “inesperada” e “sui-generis” missa campal em Pontével e tem uma casa na Azóia de Baixo onde costuma passar algum do seu tempo livre. Foi durante muitos anos frequentador do Kartódromo de Almeirim

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campal, pela inexistência da Igreja que estava destinada porque a mesma tinha entrado em obras. Ao contrário do que desejava, não casei na Igreja de Nossa Senhora da Purificação mas casei em Pontével na Quinta da Várzea, que fica numa zona baixa. Tinha um bocadinho de vista para a igreja. P. Também passa algum tempo em Santarém? R. Juntamo-nos regularmente na Azóia. Encontramo-nos nas nossas tertúlias, no nosso refúgio, nos nossos debates. Basta um pão ali da Portela, um vinho da região, uns queijos da Casa Ramalho que são uma forma notável de honrar o meu nome (riso). São queijos de um senhor que não faço a mínima ideia quem seja mas que tem uns queijos deliciosos. Sentamo-nos na cozinha e convivemos. P. Conhece bem a região. R. Fazia regularmente karting em Almeirim. Tinha uma box no kartódromo do Casalinho. Julgo que em determinada altura

e continua a fazer percursos de bicicleta entre Lisboa e Santarém ou Azambuja. Apesar de já ter ocupado cargos de gestão na área dos transportes e das infra-estruturas, o actual presidente do Novo Banco, António Ramalho, costuma dizer que tem a banca no sangue, por influência do seu pai que foi o director número um do Banco de Fomento Nacional. Licenciado em Direito pela Universidade Católica, foi na banca que começou o seu percurso profissional, aos trinta anos

cheguei a ter a volta mais rápida do kartódromo de Almeirim. P. Vamos tentar averiguar. R. Pode averiguar mas se descobrir que não tive esse recorde... não escreva (risos). No meu quarto em Santarém tenho uma fotografia da equipa de karting a que pertenci, que ganhou uma prova que foi feita no CNEMA (Centro Nacional de Exposições). As seis horas do CNEMA. P. O senhor é crítico da utilização que é feita do CNEMA. Pelo menos serviu para a prova de karting. R. Acho que se fez ali uma estrutura demasiado rígida. O CNEMA continua a ter uma utilidade relevante, mas as funções adicionais que poderia ter têm dificuldade em descolar, não sei porquê. Talvez devessem ser feitas mais parcerias com Lisboa para receber outras feiras de menor dimensão que pudessem ser descentralizadas. Mas há algumas coisas que se fazem bem como as bicicletas no CNEMA. O Festival Bike em Setembro, por exemplo. Nós próprios (Novo Banco) já lá fizemos o ano passado o encontro de colaboradores. P. Também é entusiasta das bicicletas. R. É um desporto que faço discretamente há muitos anos. Hoje em dia faço menos. Vou de Lisboa a Santarém de bicicleta. Vou de Lisboa a Azambuja. Às vezes combino e bicicleta... P. A região tem bons acessos a Lisboa há mais de vinte anos e tem andado este tempo todo a discutir o que fazer com isso? É um tempo razoável para uma discussão? R. É uma questão de definição de estratégias. Nem sempre é fácil. Braga, por exemplo, também teve alguma dificuldade em arrancar e actualmente é um centro de crescimento, de juventude, nas áreas da tecnologia, da inteligência artificial... quando vamos a Braga e perguntamos se têm um aeroporto eles dizem que têm um a 40 minutos de distância. Santarém também tem um aeroporto a 40 minutos de distância e não consta que em Santarém se diga, temos um aeroporto. Santarém tem um importante sector de produção animal que tem um peso de 30 a 32 por cento, mas depois quando vemos isso em termos de transformação e de criação de valor no sector agro-alimentar o valor é de dez por cento, por exemplo. Santarém não tem crescido de acordo com o seu potencial.

de idade, tendo sido um dos gestores mais novos do sector. Desempenhou funções bancárias, no Pinto & Sotto Mayor, Santander, BCP e Unicre. Na altura em que foi convidado para gerir o Novo Banco, António Ramalho era presidente executivo da Infraestruturas de Portugal. Entre 2004 e 2006 foi presidente da CP - Comboios de Portugal. Trabalhou no sector público e no sector privado mas diz com humor que seria muito difícil gerir os negócios do futebolista Cristiano Ronaldo.


P. Nasceu em 20 de Agosto de 1960, passou pelo 25 de Abril quando era adolescente. Apanhou a turbulência que também se viveu a nível do ensino? R. Antes do 25 de Abril, na altura da chamada Primavera Marcelista, apanhei a Reforma Veiga Simão. Já fiz terceiro e quarto ano do ensino preparatório. Fui dos primeiros alunos desse projecto-piloto. No 25 de Abril estava no quarto ano, o que equivaleria ao segundo ano do liceu e apanhei a turbulência natural daquele período que nós recordamos como muito intenso mas também muito curto em termos de tempo. P. E na universidade? R. A Católica, em 1977, já estava numa fase de alguma acalmia daquela agitação social posterior à revolução. Era uma Universidade razoavelmente protegida a esse nível. P. Era um jovem rebelde? R. Tenho um irmão mais velho e os irmãos mais novos costumam ser os mais rebeldes, efectivamente. O 25 de Abril apanhou-me numa fase importante da vida, na adolescência. O meu irmão estava no Técnico. O meu pai já era da Ala Liberal antes do 25 de Abril. Em minha casa o debate político já era bastante intenso. A seguir ao 25 de Abril participei activamente em muitas actividades. Agora dir-se-ia que de uma forma precoce, mas não na altura. Isso marcou-me, seguramente. A vida nesses primeiros tempos da democracia, o entusiasmo, a discussão dos valores... isso fica marcado para o resto da vida. P. Esteve envolvido politicamente? R. Partidariamente, vivi a origem do Partido Popular Democrático. Gostei dessa fase. Foi uma fase intensa, de trabalho e de entusiasmo. O princípio era o de dar, oferecer,

sem pensar... era assim em toda a sociedade. Havia imensa generosidade e empenho... P. É um bom orador e fala muitas vezes de improviso. Já era assim nessa altura? R. Talvez. Na altura havia muita intervenção... nas associações estudantis, por exemplo. O meu envolvimento na Universidade e seguramente na política, levou-me a, pelo menos, ser obrigado a ser confrontado com várias coisas; com a liberdade de expressão e com a necessidade de me expressar bem. Conheci Francisco Sá Carneiro e trabalhei com Francisco Pinto Balsemão, no PSD. A forma como apresentávamos as nossas ideias era meio caminho andado para sermos aceites e bem sucedidos. P. A escolha da sua área de estudos foi influenciada familiarmente? R. Não. Essa é uma das influências que atribuo ao período revolucionário. Costumo dizer que sou filho de uma matemática e de um financeiro. Intelectualmente sou muito matemático. Muito numérico. Escolhi o curso de Direito e acho que o curso de Direito é a síntese perfeita que encontrei entre aquilo que eram as minhas convicções políticas e o meu desejo de intervir na sociedade. P. Direito mas não para ser advogado. R. Tirei o curso de Direito e logo a seguir comecei a especializar-me no mercado de capitais. O meu irmão era engenheiro electrotécnico de correntes fortes. P. Depois de estudar um assunto demora muito tempo a decidir? R. Tenho um treino muito grande a tomar decisões que é o da sala de mercados. Os melhores professores em termos de tomadas de decisão são os homens das salas de mercados. Eles sabem que tomar decisões ou não

tomar decisões tem sempre influência. Sabem que têm que tomar decisões sem terem a informação completa, que é algo que nunca se pode ter. E sabem que o importante é que as boas decisões sejam sempre mais que as más decisões. Quando estamos a adiar uma decisão estamos já a tomar uma decisão. P. O seu pai, Pinto Ramalho, foi o director número um do Banco de Fomento Nacional e o senhor costuma dizer que a banca lhe está no sangue. R. Eu ouvia falar da banca regularmente. Era algo do dia-a-dia. Era familiar. Naturalmente a minha vida acabou por beneficiar muito dessa circunstância; da evolução que houve; da transformação que houve. Discutíamos muito os assuntos. Tínhamos visões muito diferentes como pode imaginar. Conversávamos muito sobre a banca do futuro. Fui um dos gestores mais novos da banca, no Banco Pinto & Sotto Mayor... P. Os meios de comunicação social revelaram há dias os principais devedores da Caixa Geral de Depósitos e os montantes das dívidas? Como assistiu ao que se passou? R. Nós temos que preservar o sigilo como o princípio essencial da nossa actividade mas o escrutínio da sociedade também é um princípio a respeitar. Embora seja difícil, pode e deve haver uma conciliação de princípios. Basta pensar que numa fase de reestruturação como a do Novo Banco em que uma parte dos impostos dos portugueses é afecta a alguns investimentos. Há um dever de escrutínio em relação a essa situação. Mas isso ser tratado de forma mediática descontrolada, não gosto. P. Como é que o cidadão António Ra-

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malho olha para grandes questões internacionais como o Brexit, por exemplo? R. Aquilo que sou como gestor é um pouco o reflexo do que sou enquanto cidadão. O que sou como pessoa influencia o que sou como gestor. Como gestor posso dizer que o Brexit é tecnicamente um erro de gestão porque vai causar, no curto prazo, consequências do ponto de vista da organização, quer da Europa, quer da Grã-Bretanha mas há outras questões que também devem ser reflectidas em simultâneo e é bom para os gestores que a façam porque essa ideia da gestão separada da vida real já deu o que tinha a dar. P. A Wikipedia é uma espécie de enciclopédia do povo. Alguma vez se deu ao trabalho de ler o que lá está escrito? R. Já fui ver e até me aconselharam a mudar algumas coisas que estavam incorrectas mas não o fiz. A Wikipedia é aquilo e vale por isso mesmo. Havia pelo menos uma coisa que me elogiava porque dizia que sou engenheiro. Achei que era um elogio. P. E as redes sociais? R. As redes sociais colocam alguns desafios. O pior das redes sociais é o anonimato opinativo. Permite que muita informação falsa circule. Cabe à sociedade ser criteriosa na sua avaliação. Se nós só formos ver à Wikipedia vamos ficar com informação extremamente pobre. P. Para um gestor com o seu currículo gerir a fortuna e os negócios do Cristiano Ronaldo, por exemplo, era simples? R. Na gestão, o mais difícil, o mais entusiasmante e o mais desafiante é gerir pessoas. É o elemento central da gestão. Nesse sentido não me parece que gerir o Cristiano Ronaldo fosse fácil.

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“Vencer nunca é banal e cada vitória tem uma história” Inês Henriques é Personalidade do Ano para os jornalistas de O MIRANTE

foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Inês Henriques Tem vindo a adiar a possibilidade de ser mãe e a decisão de trabalhar como enfermeira, apesar de ter tirado a licenciatura. A sua prioridade tem sido a marcha atlética. O seu objectivo tem sido o de se superar. Quando os homens abriram às mulheres a possibilidade de fazerem os 50 quilómetros marcha, foi recordista mundial. Depois campeã europeia. Mais que o currículo desportivo, o que impressiona em Inês Henriques, a rapariga da Estanganhola, é a simplicidade, a humanidade e o amor à família. “Difícil, difícil é o que faz a minha mãe todos os dias”, diz com um sorriso nos lábios. João Calhaz P. Cada vitória é como se fosse a primeira? R. Sem dúvida. O Campeonato do Mundo foi uma vitória fantástica! O Campeonato da Europa foi diferente mas sem dúvida

Uma campeã nunca se cansa de vencer Atleta de Rio Maior foi campeã dos 50 km marcha em 2018 e Personalidade do Ano de O MIRANTE. Inês Henriques foi a primeira campeã do mundo dos 50 Km marcha atlética feminina com recorde homologado oficialmente e é a actual campeã da Europa da mesma distância, título conquistado em Agosto de 2018. Só por isso merecia ser escolhida como Personalidade do Ano por O MIRANTE mas a escolha teve também em conta o seu humanismo, a sua simplicidade, a sua força interior, a sua resiliên8

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algo muito especial, porque 2018 foi um ano de muitas mudanças, tanto como atleta como na minha vida pessoal. Foi um ano difícil. Antes do Campeonato da Europa estava muito bem mas ocorreram algumas adversidades que tive de contornar, entre elas uma lesão, e nota-se bem pelas fotos

cia, a sua entrega à defesa dos direitos das mulheres e o seu amor à família. Alguém que depois de ser questionada sobre a dureza de fazer os 50 Km marcha diz que duro, duro é aquilo que a sua mãe faz diariamente no negócio familiar de lenha e carvão, merece todas as medalhas de ouro e condecorações como a de Grande Oficial da Ordem de Mérito, que recebeu das mãos do Presidente da República em Setembro de 2018. Houve outras mulheres que lutaram pela possibilidade de competirem numa prova que era só para homens, mas Inês Henriques conseguiu com o seu recorde abrir outras portas de par em par para as atletas femininas. E continua a lutar, com

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a alegria que me ia na alma quando cortei a meta. P. Quando vencer se torna banal como se combate a acomodação? R. Vencer nunca é banal. Cada vitória tem uma história e todas as minhas vitórias foram árduas, envolveram muito trabalho e muitas dificuldades. Por isso, quando cortamos a meta e conseguimos alcançar os nossos objectivos vivemos um momento fantástico. P. Há um braço-de-ferro dentro de si entre a Inês que quer ser mãe e a Inês atleta, que não se cansa de ganhar e arranja sempre novos desafios? R. É óbvio que quero ser mãe, mas neste momento não está equacionada essa hipótese. O que tiver que ser será. Estou tranquila. P. Neste momento está focada no objectivo Tóquio 2020?

outras atletas e um advogado empenhado na causa (Paul De Meerter), para que o Comité Olímpico Internacional inscreva a prova de 50 km marcha feminina em Tóquio em 2020. Inês Henriques nasceu em Santarém a 1 de Maio de 1980, mas a sua verdadeira terra, aquela que dá sempre como referência, é Estanganhola, uma aldeia perto de Rio Maior, onde a família vive. Começou a praticar atletismo na escola e teve sempre como orientador técnico Jorge Miguel, o treinador dos campeões de marcha de Rio Maior. A primeira vez que fez 50 quilómetros a pé foi a andar normalmente, numa peregrinação, desde a sua terra até Fátima.

R. Actualmente, esse é o principal objectivo. P. As lesões não lhe dão vontade de desistir, encara-as como as provações que dão mais sabor a futuras vitórias? R. O meu percurso nunca foi fácil. Tive sempre que superar muitos obstáculos. Neste momento estou a superar mais outro, que é uma lesão. De alguma forma, é para me dizer que nada é fácil. Há sempre alguma coisa que tenho de enfrentar. Mas costumo dizer que o que não me mata torna-me mais forte. E após recuperar desta lesão vou voltar ainda mais forte. P. E os portugueses podem contar com novas vitórias da Inês… R. Sim, esse é o objectivo. Tenho muito trabalho para fazer. Quando recomeçar a marchar tem que ser com muita cautela, não posso ir com muita sede ao pote porque posso magoar-me novamente. Mas aí sou controlada pelo Jorge Miguel (treinador) e pelos meus fisioterapeutas, a Susana Nogueira e o Tiago Gamelas, que estão a fazer um trabalho extraordinário. P. Continua a participar em provas de atletismo populares no concelho de Rio Maior. É uma forma de descomprimir e manter a forma? R. Acho muito importante não nos esquecermos das origens. Comecei no atletismo pelas provas populares e também acho que é importante os atletas de nível mais elevado estarem perto dos jovens, para os incentivar. É por isso que participo e porque me continua a dar prazer. Tanto sou feliz nas provas populares como num Campeonato do Mundo ou nos Jogos Olímpicos. Faço-o também pela minha satisfação pessoal. P. Quando deixar de ser atleta de alta competição pensa continuar a participar nessas provas, aí já na categoria de veteranos, provavelmente? R. (risos) Não sei... O atletismo vai estar sempre comigo. Isso é para pensar depois, quando terminar. P. Costuma pensar com os seus botões que já não tem idade para andar metida nessas andanças? R. Tenho a idade que tenho, mas ninguém me dá essa idade. As pessoas, quando me perguntam, ficam surpreendidas. E, para 50 quilómetros marcha, 38 anos é uma idade em que ainda temos muito para dar. O meu objectivo, em termos de compromisso com a minha equipa de trabalho, é até Tóquio 2020. Mas não sei se vou terminar em Tóquio. Vai ter muito a ver com as respostas do meu corpo. Aí será feito o balanço Com graça diz que demorou cinco horas, um tempo muito superior às 4 horas, 5 minutos e 56 segundos do seu recorde mundial de Agosto de 2017, entretanto batido por uma atleta chinesa. A atleta do Clube de Natação de Rio Maior licenciou-se em enfermagem mas o seu futuro profissional pode passar pela carreira de treinadora. Após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 ponderou retirar-se da competição para realizar o sonho de ser mãe, mas quando o treinador lhe colocou o desafio dos 50 Km marcha, adiou os seus planos. Está actualmente a recuperar de uma lesão mas quer fechar a carreira de atleta nos Jogos Olímpicos de 2020 que se realizam em Tóquio, no Japão.


e logo se verá. P. Saber ganhar é mais difícil do que saber perder? R. Temos que saber perder e temos que saber ganhar. Muitas vezes as pessoas não sabem perder, mas é importante saber reconhecer que os outros estiveram melhor em dado momento. Foi muito difícil para mim superar a desistência no Campeonato do Mundo por equipas, dei os parabéns à atleta chinesa por ter batido o recorde do mundo e encarei o que aconteceu. Tive de parar para pensar sobre o que tinha feito bem e menos bem, porque só reconhecendo os erros se consegue voltar mais forte. P. Esse revés acabou por servir de motivação? R. É importante saber ganhar mas ainda é mais importante saber perder e não atribuir as culpas aos outros. Isso foi muito importante para me reerguer e conseguir a vitória no Campeonato da Europa. É óbvio que estou a escrever uma história muito bonita, em termos do desporto mundial, que vai ficar para sempre: sou a primeira recordista do mundo dos 50 km marcha, a primeira campeã do mundo, a primeira campeã da Europa. Sou especial por isso, mas não me sinto em bicos dos pés. P. Ser de Rio Maior e ter continuado sempre em Rio Maior ajudou ao seu êxito desportivo? R. Rio Maior dá-me todas as condições. Não preciso de sair da cidade para treinar, com excepção dos estágios em altitude. O facto de ter estas condições ajudou-me a evoluir enquanto atleta. P. As condições que tem hoje são muito diferentes das que tinha há 20 anos? R. Não têm nada a ver. Treinávamos num campo de futebol pelado aqui em Rio Maior e íamos duas vezes por semana à pista de cinza da Ribeira de São João, tomávamos banho com água fria… Valorizo tudo o que tenho, pois não tínhamos nada disto. Rio Maior cresceu em termos desportivos e todos os atletas de cá, mesmo os que representam clubes de fora, devem estar gratos a Rio Maior, ao seu complexo desportivo e à DESMOR. P. Continua a representar o Clube de Natação de Rio Maior. É uma das poucas atletas de topo que não representa os chamados clubes grandes. R. A minha opção foi ficar em Rio Maior, em 2017, se quisesse, podia ter ido para um clube grande. P. Pode saber-se qual? R. Prefiro não falar disso. Optei por

continuar no clube que representava há 25 anos, porque quis continuar a representar a minha cidade. Podia ter vantagens financeiras, mas o dinheiro não é tudo. Há outras coisas importantes e sempre tive muito apoio dos riomaiorenses. As camisolas dos grandes nunca me seduziram. Consigo fazer a mesma coisa ou melhor estando num clube pequeno, da minha cidade. P. É uma figura pública prestigiada junto da opinião pública que alguns partidos, provavelmente, gostariam de capitalizar em votos. Já a convidaram para se associar a algum projecto político? R. Estou sempre disponível para promover Rio Maior mas nunca me meti em questões políticas. Sou atleta de Rio Maior e sou atleta de Portugal e não me vou meter em partidos políticos. P. Sente-se confortável na pele de figura pública ou em certas ocasiões preferia passar despercebida? R. Sempre fui uma atleta discreta. Estava no “top-ten” mundial mas passava muito despercebida. Depois do Mundial foi um “boom”. Durante algumas semanas estive nas capas de jornais e revistas, na televisão e agora quando vou a algum lado as pessoas conhecem-me. Sinto que os portugueses têm um carinho muito grande por mim e isso é gratificante. P. E as pessoas aqui de Rio Maior mudaram a atitude em relação a si? R. Houve de tudo. Situações boas, menos boas e más. Percebi que posso confiar em poucas pessoas. Tive que mudar um pouco a minha forma de estar e de ser. Houve situações menos favoráveis de que tive que me afastar a bem do meu equilíbrio emocional. Foi difícil enfrentar algumas situações mas o Jorge Miguel esteve lá sempre. Foi sem dúvida a pessoa que me conseguiu manter mais estável, embora tenha havido outras pessoas que me apoiaram. O Jorge manteve-me o equilíbrio, pois às vezes fervo em pouca água (risos). E isso, aliado à forma como sou tratada neste centro de estágios, foi fundamental antes do Europeu.

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“Ultrapassei aquilo que encontrei nos meus melhores sonhos” Marco Chagas é Personalidade do Ano Vida para os jornalistas de O MIRANTE

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Personalidade do Ano Vida Marco Chagas Marco Chagas, 62 anos, é o português que mais vezes venceu a Volta a Portugal em bicicleta. Conseguiu-o em quatro ocasiões, na década de 1980, conquistando por mérito próprio um lugar na galeria de ídolos do desporto nacional. Continua a viver na vila de Pontével, no concelho do Cartaxo, terra onde nasceu e hoje tem um clube de ciclismo com o seu nome. Continua a pedalar e diz que as pantufas e o sofá, por enquanto, podem esperar. João Calhaz P. Como é ser uma lenda viva do desporto nacional? R. Não penso muito nisso. Acho engraçado as pessoas pedirem-me para tirar uma fotografia, para falar comigo ou apercebe-

O português com mais vitórias na Volta a Portugal Marco Chagas é uma lenda viva do desporto nacional, sendo o ciclista português que mais vezes venceu a Volta a Portugal em bicicleta. Ao todo foram quatro triunfos, nos anos de 1982, 1983, 1985 e 1986, sendo só superado pelas cinco vitórias do espanhol David Blanco. Natural de Pontével, concelho do Cartaxo, onde nasceu em 19 de Novembro de 1956, Marco Chagas mantém-se ligado ao ciclismo como comentador televisivo de provas velocipédicas. Foi um dos que ajudou a romper com o preconceito de 10

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rem-se que sou eu até pela voz, pelo facto da ligação à RTP como comentador de ciclismo nos últimos anos. P. Lidar com o final da carreira, após tantos triunfos e alegrias, foi um momento doloroso? R. Nada! Digo isto de forma muito clara que os ciclistas eram todos homens rudes incompatibilizados com o bom português. As leituras que o acompanham desde a infância deram-lhe lastro. Lamenta não ter estudado mais. A vida modesta da família não o permitiu. Começou a trabalhar novo. O seu primeiro emprego foi numa casa fotográfica que havia no Cartaxo. Recebia de salário 300 escudos por mês, que eram uma ajuda para o magro orçamento da família. Foi com o dinheiro ganho a trabalhar que comprou a sua primeira bicicleta de corrida, aos 14 anos. Depois foi sempre a pedalar, pela montanha da vida acima, até chegar ao topo naquilo que fazia. As privações a que se submeteu nos melhores anos da juventude levam-no a dizer que ser ciclista naquela altura era quase

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e algumas pessoas até poderão pensar que estou a exagerar. Quando tomo uma decisão, mesmo que por vezes não seja a mais correcta, está tomada. No final da época de 1989 disse à então minha mulher que a minha carreira ia terminar no ano seguinte. E até fiz uma época interessante, com 5º lugar na Volta a Portugal, andava bem, andava na frente, mas estava decidido e ponto final. No dia 5 de Outubro de 1990 despedi-me definitivamente do ciclismo como atleta profissional. P. E não tem saudades desse tempo? Não é uma pessoa nostálgica? R. Não me dá nenhuma saudade. Isso pode tocar mais às pessoas que acham que ficaram com algo por fazer. Acho que ultrapas-

um sacerdócio. Marco Chagas sagrou-se pela primeira vez campeão de Portugal de profissionais pelo Sporting em 1974, com apenas 18 anos, feito que repetiria na época seguinte. Do Sporting foi para o Costa do Sol e depois para o Águias/Clock, vencendo em 1978 a prova portuguesa de perseguição em estrada. No ano seguinte mudou-se para o Lousa e ganhou a Volta a Portugal em bicicleta. Dias depois a vitória foi-lhe retirada por uso de doping. Desanimado, foi correr para França, ao lado de Joaquim Agostinho. Regressou a Portugal e vence a Volta em 1982 (FC Porto) e 1983 (Mako Jeans). Em 1984, de novo com a camisola do Sporting, preparava-se para vencer nova volta mas acusou doping. Desforrou-se em 1985, vencendo a volta e sagrando-se campeão de Portugal. Em 1986

sei aquilo que alguma vez nos meus melhores sonhos tinha pensado, quando era miúdo. Achava que se um dia ganhasse uma etapa da Volta a Portugal já era um grande herói. Como venci quatro Voltas a Portugal e consegui ganhar muitas outras coisas e estar no Tour por duas vezes, aos 33 anos decidi parar. P. Tinha outros desafios em mente? Apetecia-lhe fazer outras coisas na vida? R. Principalmente, achava que era altura de mudar de vida. Levantar todos os dias e saber que há muitas horas de bicicleta para fazer, muito treino, é um desafio duro. As competições são a parte melhor da vida de um atleta. O problema é o que se tem que fazer para chegar até lá. E pelo facto de ter começado muito jovem também já começava a faltar alguma motivação. P. Como são os seus dias hoje? R. Sou uma pessoa muito dinâmica por natureza... P. Ou seja, sofá e pantufas não é consigo. R. Não! Só mesmo ao fim do dia e nem sempre. Por vezes, à noite vou andar de bicicleta com amigos e faço isso com grande prazer. A minha vida é muito activa, gosto de ter sempre alguma coisa para fazer. P. E em termos profissionais, ainda tem a empresa de vending? R. Não, agora é só mesmo a ligação à RTP como comentador e faço também alguns trabalhos para uma produtora que também trabalha no ciclismo. Devido a problemas de saúde que me afectaram há uns anos, em que necessitei de ter uma vida mais descansada, entendi que era melhor afastar-me daquela actividade, que me preenchia muito, e decidi vender o negócio. P. Viveu o ciclismo como uma espécie de sacerdócio, com a privação de muitas coisas boas da vida. Desforrou-se depois? R. Nunca é tarde para se viver aquilo que não se pôde viver antes, mas nunca fui muito de exageros, porque viver a vida com saúde deve ser das melhores coisas que há. Foram 18 anos de entrega total à modalidade, passando ao lado daquilo que é a vivência normal de um jovem. Até aos 33 anos não pude ser muito bom marido e muito bom pai devido às ausências frequentes a que estava sujeito. Só tenho uma filha e ela não teve um pai muito presente. Tem mais hoje do que quando era miúda. P. E já é avô? R. Já. Tenho dois netos, o Martim e o Diogo. O Martim joga futebol nas escolas

conseguiu a quarta Volta a Portugal. No seu currículo destacam-se ainda vitórias na Volta à África do Sul em 1978, Volta da Independência do Brasil em 1982, Volta à Madeira em 1983 e a clássica Porto-Lisboa, Volta ao Alentejo em 1984 e G.P. do Minho em 1987. Deixou o ciclismo profissional em 1990. Marco Chagas, pai de uma filha e avô de dois netos, é também fundador e dirigente do clube de ciclismo com o seu nome, onde continua a pedalar e a promover a prática do ciclismo nas suas diversas vertentes, tendo como parceira de pedaladas a sua actual companheira. O seu percurso de vida e apego às raízes levaram o município do Cartaxo a homenageá-lo, em Dezembro de 2016, durante as comemorações dos 200 anos do concelho.


do SL Cartaxo e o Diogo ainda está pouco definido em relação ao desporto pois só tem cinco anos. P. Ganhou bom dinheiro com o ciclismo? R. Ganhei algum dinheiro mas a minha geração passou os tempos mais difíceis do ciclismo, embora ainda tenha apanhado um pouco dos tempos melhores que vieram nos anos 90. Quando deixei o ciclismo havia uma melhoria substancial das condições. Passei grandes dificuldades e se não fosse a ajuda que os meus pais me deram no início não tinha conseguido ser corredor de bicicleta. Eu e os meus colegas dessa época passámos muito mal. Há histórias quase inacreditáveis sobre o que passávamos para levar por diante a paixão de ser corredor. P. Como por exemplo? R. No primeiro ano em que fui à Volta a Portugal, em 1976, estava numa equipa, a Costa do Sol, em que o senhor que a fez apenas nos deu um subsídio de dois meses. A equipa foi criada por um apaixonado do ciclismo da zona do Estoril mas sem condições financeiras para isso. Passámos o ano todo sem receber mais dinheiro nenhum. Comíamos aquilo que a esposa dele nos cozinhava, fazíamos estágios entre nós e uns tempos antes da Volta a Portugal andámos a pedir dinheiro por aquelas empresas de mármores da zona de Pero Pinheiro, onde havia muita gente que gostava de ciclismo e que era do Sporting - nós, maioritariamente, tínhamos vindo do Sporting, que tinha suspenso a modalidade. Foi assim que fomos para a Volta. O meu tio, que tinha um táxi e um café aqui em Pontével, deixou tudo e foi no carro de outro amigo fazer apoio à

nossa equipa na Volta a Portugal. Hoje, são coisas impensáveis... P. O estigma do doping ficou também colado à sua carreira. É uma situação que o incomoda ou vive bem com isso? R. Foi uma coisa que me marcou e que marcou alguns dos meus contemporâneos também. O ciclismo está muito associado ao doping, muitas vezes de forma injusta. Senti-me muito mal com isso, porque tinha e tenho a consciência tranquila em relação a duas de três situações. Na outra reconheço que posso ter tido uma quota parte de responsabilidade. Nas outras duas situações, em 1984 e 1987, tive controlos positivos na Volta a Portugal que me impossibilitaram de disputar a vitória. Foi exactamente com a mesma substância que eu continuo a garantir que, de forma deliberada, nunca vi ou tomei. Mas o que é um facto é que me apareceu na urina. Chama-se norefedrina, um derivado da efedrina que se encontra supostamente em xaropes para a tosse e problemas respiratórios. P. Procurou explicações para o sucedido? R. Suspeito que esteja relacionado com algum suplemento, tipo alimento líquido, que ingeríamos. Coisas excelentes que vinham dos Estados Unidos mas que nalguns casos, e aconteceu a diversos atletas de nível mundial, estavam contaminados com pequenas quantidades dessa substância. Havia lá vestígios como dizia na altura o responsável do controlo anti-doping. Mas eram vestígios que davam positivo. E eu, de uma forma inocente, acabei por me ver muito marcado por essas situações. P. É natural de um concelho com his-

tória no ciclismo e de onde saíram grandes ases do pedal, como Alfredo Trindade, José Maria Nicolau, Francisco Valada e Marco Chagas. O concelho tem sabido honrar essa memória? R. Diria que sim. O Cartaxo tem a particularidade de ser o concelho do país com mais vitórias na Volta a Portugal. E para além dos nomes que referiu houve outros belíssimos corredores, como o meu tio Martins, que esteve nos Jogos Olímpicos de Roma, o Gonçalo Amorim, que também esteve nos Jogos Olímpicos, o Luís Domingos, o Xavier... P. Não se justificava a criação de um museu dedicado ao ciclismo, tendo em conta o espólio existente e o currículo de tanta gente ilustre da modalidade com raízes no Cartaxo? Penso que fazia sentido. Inclusivamente,

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doei o meu acerco, que tem alguma riqueza, há já alguns anos à Junta de Freguesia de Pontével, mas ainda não foi possível encontrar um espaço e criar as condições para as pessoas poderem ver o que doei. As coisas estão algures guardadas em caixas. P. Continua a viver em Pontével, a sua terra natal. É um homem agarrado às raízes? R. Gosto muito de ser de Pontével e das suas gentes. Gosto muito de ter esta proximidade com as pessoas. Nunca pensei viver noutro lugar. Fui emigrante um ano, quando estive a competir em França com o saudoso Joaquim Agostinho, e as ausências custavam muito, até porque a minha filha tinha nascido há pouco tempo. Quando vinha a casa ela não me conhecia e isso marcou-me muito.

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“Se há críticas a fazer ao meu trabalho muito agradeço que as façam” Ana Paula Vitorino, Ministra do Mar, é Personalidade do Ano Política F. para os jornalistas de O MIRANTE foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Política Feminino Ana Paula Vitorino

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A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, olha os seus interlocutores directamente nos olhos e diz o que tem a dizer. É exigente consigo mesma e com os outros, nomeadamente com os seus colaboradores mas também sabe sorrir e sorri frequentemente. Além disso não regateia elogios a quem os merece. É uma defensora incansável da presença de mulheres, tanto na política como em cargos de grande responsabilidade. Falou com O MIRANTE no edifício que o ministério ocupa, em Algés, de onde se avista a saída do Tejo para o mar. Alberto Bastos P. Este ano iniciam-se as comemorações dos Quinhentos anos da viagem de circum-navegação iniciada por Fernão de Magalhães e concluída por Elcano. A

Uma relação de pertença com Almoster A ministra do Mar do actual Governo, Ana Paula Vitorino, é combativa, resiliente, frontal e exigente, qualidades que concilia com um sentido de humor que por vezes é desconcertante e com uma delicadeza no trato que surpreende quem se habituou a vê-la no centro de duras negociações sobre os mais complicados assuntos. A sua pontualidade mais que britânica já a fez passar muito tempo dentro do carro oficial, um pouco por todo o país, à espera de quem devia estar à sua espera. 12

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senhora é ministra do Mar mas também é uma apaixonada pelo mar e fala frequentemente da falta que o mar lhe faz. Alguma vez fez uma viagem longa de mar? Era um desafio que aceitaria? R. Teria todo o gosto mas não tenho Começou por ser contra o sistema de quotas na política mas hoje é uma defensora daquela imposição e reconhece que sem ela o país demoraria ainda muitos anos até ter a percentagem de mulheres deputadas e governantes. Natural de Lourenço Marques, hoje Maputo, Moçambique, de onde veio em criança, diz que não se sente de uma única terra. É do Alentejo porque os seus pais são de Vila do Cano, em Sousel. É de Lisboa porque foi onde estudou e onde vive a maior parte da família e dos amigos; Tem uma ligação especial ao Porto onde tem amigos e por cujo círculo eleitoral foi eleita deputada, mas o seu porto de abrigo é a sua casa em Almoster, Santarém, e confessa ter uma relação de

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disponibilidade. Não é possível. Aqui há uns dias dizia a brincar ao ministro da Defesa que gostava de fazer uma parte do percurso no Navio Escola Sagres que vai fazer a rota de Magalhães ao longo destes dois anos... mas não vou ter essa sorte. P. Deve ir alguma vez a bordo e provavelmente fazer algum pequeno percurso. R. Sim, é possível mas não a viagem toda. Já agora aproveito para dizer que vão ser umas comemorações interessantíssimas porque a viagem representa algo que foi inovador. Algo histórico. Segundo me conta o encarregado de missão, Dr. José Marques, que já foi a todas as cidades que estão na rota de Magalhães, as pessoas de lá têm uma fortíssima ligação connosco. Com Portugal.

pertença com a terra porque é lá que se sente sempre bem. Enfrentou um cancro quando foi secretária de Estado dos Transportes e um segundo, bem mais grave, no início do mandato como ministra. A doença e os tratamentos podem tê-la abalado mas nunca deixou que isso transparecesse. Depois de informar o primeiro-ministro, continuou a trabalhar sem faltas nem falhas. É licenciada em Engenharia Civil, ramo de Urbanização e Transportes, pelo Instituto Superior Técnico (IST), tem um curso de especialização em Organização e Gestão de Empresas de Transportes e é Professora Assistente do Instituto Superior Técnico, da secção de Urbanismo, Transportes, Vias e Sistemas do Departamento

P. Não se esqueça dos espanhóis. Eles são muito ciosos do papel que tiveram nesse empreendimento. R. Nós criámos, para além da equipa de missão, uma comissão de comemorações, que é presidida pelo nosso primeiro-ministro e que tem alguns ministros (Negócios Estrangeiros, Mar e Defesa Nacional), que é parceira da comissão de comemorações espanhola. Grande parte dos grandes eventos serão organizados em colaboração com o governo espanhol. P. É normal que assim seja. R. Magalhães era português e foi contratado pelos reis de Espanha. Por vezes os espanhóis referem-se à viagem Magalhães/ Elcano. Elcano concluiu efectivamente a viagem mas numa parte que já era conhecida pela rota dos portugueses. P. Nunca fez nenhuma grande viagem de navio? Nem um cruzeiro? R. Vim de Moçambique quando era bebé. Devia ter uns dois meses. Não me lembro, claro. A minha mãe é que contava. Penso que o navio se chamava Angola... Tenho fotografias no navio ao colo dos meus pais. P. Nunca mais navegou assim num grande navio? R. Fiz só a viagem do Faial para o Pico e volta. Todos os anos prometo a mim própria que vamos fazer um cruzeiro mas depois há sempre qualquer coisa que nos impede de ir. P. Almoster, onde tem casa, fica a cinquenta minutos do mar. Está longe do mar? R. Há quem possa dizer que o mar está longe mas realmente não está assim tão longe. Por razões de trabalho e por razões pessoais, nos últimos anos não tenho feito praia e as poucas vezes que fui à praia, sem ser oficialmente, foi à praia dos Supertubos, ali perto de Atouguia da Baleia, Peniche. São 45 minutos de viagem. P. Não encontrou muitas beatas quando estendeu a toalha? Sei que é bastante crítica da nossa relação com o de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos, desde 1989/90. Foi secretária de Estado dos Transportes entre 2005 e 2009 e embora saiba que quando se ocupam cargos políticos há sempre projectos que se deixam por concretizar diz que tem pena que assim seja e refere como exemplo a modernização da linha do Douro que estava adjudicada e que não avançou. Garante que quando está convencida que é um projecto útil para o país e para os portugueses luta por ele até ao fim mas que tem uma relação desapaixonada com a vitória e a derrota porque tem sempre a consciência de que enquanto pôde, fez o melhor que, sabia e podia e o que as circunstâncias lhe permitiram.


mar e com as praias... R. É verdade que sou bastante crítica mas acho que, de uma maneira geral, os portugueses estão a fazer o seu caminho. Foi uma aprendizagem que começou há muitos anos e que temos vindo a fazer com recurso a campanhas de sensibilização e nas escolas. P. Teve alguma má experiência com lixo numa praia? R. Aqui há uns anos, na praia de Ferragudo, terra dos meus sogros, fiquei espantada porque houve pessoas que passaram todo o santo dia a fumar e a apagar as beatas na areia e quando o nadador salvador lhes chamou a atenção na altura em que estavam para ir embora, e até lhes deu um saquinho para as apanharem e porem no lixo, um senhor começou aos gritos a dizer que queria falar com o capitão do Porto, que não admitia que um nadador salvador lhe desse ordens. P. Falou de beatas e de fumadores. É fumadora? R. Fui fumadora. Deixei de fumar há onze anos e só me arrependo de não ter deixado de fumar mais cedo... falando verdade, arrependo-me é de ter começado. P. A sua visão do mar tem uma forte componente económica. De vez em quando há protestos porque quer tirar as vistas às pessoas. R. Infelizmente as nossas cidades não podem ser exclusivamente cidades postal em que é tudo bonito. Para o bem e para o mal temos que trabalhar. Tem que haver sítios onde as pessoas trabalhem e não pode ser apenas no turismo. Temos uma posição estratégica fantástica. Estamos no cruzamento de rotas Este/Oeste e Norte/Sul. Temos uma centralidade euro-atlântica sem igual. Esta nossa relação com o Atlântico dá-nos tantas mais-valias quanto nos dá o facto de sermos europeus. Estamos a fazer uma grande aposta na nova economia do mar mas temos uma área de grande importância que é a pesca e toda a indústria transformadora do pescado. Um sector que é promissor e criador de grande número de postos de trabalho é o sector portuário. E o sector portuário...

P. Implica gruas e contentores a taparem as vistas? R. Se tivermos consciência que o Porto de Lisboa, que não é o maior do país, representa cinco por cento da economia de Lisboa e Vale do Tejo, o que é mais importante para nós? Termos ali o terminal de contentores da Liscont, ou que o hospital que está a ser construído atrás tenha boa vista para o Tejo? P. Numa entrevista ao Expresso confessou que tinha tido um cancro na altura em que foi secretária de Estado dos Transportes, outro enquanto ministra do Mar e disse que nem sabia o que lhe poderia acontecer se chegasse a Presidente da República. Colocado o humor de lado, e as doenças lá longe, não acha que já faz falta a Portugal ter uma mulher Presidente da República ou primeira-ministra? R. Estamos bem servidos tanto a nível de primeiro-ministro como de Presidente da República. P. Não pensei que fosse dizer algo diferente mas, dentro daquilo que tem defendido para as mulheres, não gostaria de ver mulheres nesses cargos num

Às vezes estou parada dentro do carro à espera que quem me vai receber chegue. Sou de uma pontualidade que é algo excessiva para Portugal. E não é só a nível institucional. futuro próximo? R. O caminho faz-se caminhando... P. E às vezes nessa caminhada tem que haver uns empurrões como aconteceu, por exemplo, com a criação das quotas? R. Relativamente às quotas na política inicialmente até achei ofensivo terem sido propostas. Pensei sou engenheira, sempre conquistei os meus lugares, é quase ofensivo as mulheres estarem a ocupar determinados lugares só por causa das quotas. Mas o que é verdade é que, se não fossem as quotas, poucas de nós teríamos conseguido aceder a estes lugares. P. Havia mulheres que pensavam como a Senhora mas havia outros argumentos contra a imposição de quotas, mormente por parte de alguns homens. R. No meu partido, na primeira reunião da Comissão Política, houve presidentes de concelhias que foram lá falar da especificidade dos seus municípios, para justificar que não conseguiam arranjar mulheres para as listas porque elas não queriam. Se calhar levaram-nas a não querer. Felizmente fez-se caminho. Com o tempo, até as próprias horas a que se realizavam as reuniões foram sendo alteradas. P. Tem vindo a resultar. R. Hoje já temos muitas secretárias de Estado. Temos algumas ministras. A diferença é enorme e por vezes já não nos lembramos. Eram tão poucas mulheres deputadas e no Governo que, se fizermos um esforço de memória, quase nos lembramos delas todas. Agora é difícil porque, por exemplo, na Assembleia da República temos cerca de 40 por cento de mulheres. P. Em Maio há eleições europeias. Do que se vai ouvindo é pouco provável que Portugal venha a ter mais deputadas no Parlamento Europeu. E a nível dos outros vinte e sete a situação não é muito diferente. R. A nível do Partido Socialista a lista vai ser paritária. Ela será anunciada em devido tempo mas vamos continuar a ter uma grande representação feminina no Parlamento Europeu. P. Está satisfeita? R. Acho que temos que ir mais longe, Não é só uma questão do mesmo número de mulheres e de homens. Temos que fazer um esforço maior para termos mais mulheres em lugares de topo. Antes as mulheres surgiam de três em três. Era a terceira, a sexta, a nona... P. No Ribatejo não se alterou muito, pelo menos em relação ao primeiro lugar nas listas dos partidos maiores. Em 21 câmaras municipais só há quatro mulheres na presidência (Abrantes, Tomar, Alcanena e Rio Maior). Continua a ser uma imensa minoria. R. Se as mulheres não forem em primeiro lugar nas listas a situação não se altera. As mulheres têm que ter lugar por direito próprio.

P. A Pilar Del Rio insiste em auto-designar-se Presidenta da Fundação José Saramago e insiste na utilização desse feminino em Português. Concorda com ela? R. Não faço questão. Reconheço que em algumas circunstâncias a linguagem é um bocado machista mas não é por aí que se resolvem as desigualdades. Se formos fazendo este caminho e se algum dia quisermos mudar algumas coisas a nível da linguagem, acho muito bem mas a mim não me faz confusão, talvez por ser mulher. O meu marido, por exemplo (Eduardo Cabrita ministro da Administração Interna), não há vez nenhuma que não diga: “... a todas e a todos”. Mas ele é homem. Se calhar sente que tem que fazer isso. Eu, como sou mulher, é bom dia a todos. P. O seu pai era militar. Optou por não ir para medicina como o seu irmão e irmã mais velhos. Foi rebeldia ou genuína vontade de seguir a área de estudos que seguiu (engenharia)? R. Foi um bocadinho das duas coisas. Reconheço que sempre tive um feitio um pouco rebelde mas a minha irmã também era uma Maria-rapaz como eu. Também tivemos a fase de gostarmos de bonecas e de histórias de princesas mas gostávamos muito de brincadeiras de rapazes e muita actividade física. P. O seu pai impunha alguma disciplina militar aos filhos? E a sua mãe era disciplinadora? R. Em casa sempre fomos ensinados e incentivados a sermos afirmativos; a sermos independentes e a lutarmos pelas nossas coisas. A minha mãe que sempre trabalhou em casa a tratar da família, sempre nos in-

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centivou a estudar e não era estudar por estudar. Era para ganharmos a vida e sermos independentes. P. E hábitos militares? R. Uma coisa que aprendi com o meu pai foi a pontualidade. Sou extremamente pontual. Percorro o país e se me dizem que uma cerimónia onde tenho que estar presente é às dez e meia eu chego, no máximo, às dez e vinte e cinco. P. Apanha valentes secas, calculo? R. Às vezes estou parada dentro do carro à espera que quem me vai receber chegue. Sou de uma pontualidade que é algo excessiva para Portugal. E não é só a nível institucional. Quando faço almoços de família em Almoster, por exemplo (já chegámos a juntar trinta pessoas no almoço de Natal), fico sempre um pouco enervada porque alguns dos meus sobrinhos não ligam às horas. Sou eu e o meu pai que geralmente é quem cozinha, com a minha ajuda. Temos sempre tudo pronto aí ao meio-dia e alguns chegam às duas e tal. P. Como está a sua relação com Almoster onde tem casa? R. Posso dizer que tenho uma grande relação de pertença com Almoster. É o nosso refúgio. P. Tem tempo para ler? R. Vou lendo, mas nada que se compare com o que lia. Eu e o meu marido continuamos a comprar livros e eles vão-se acumulando. Isso aborrece-me bastante porque ler relaxa-me imenso. É ler e cozinhar, mas agora porque chegamos tarde a casa também não cozinho muito. Comemos sopa, fruta, yogurte... e não é para fazer dieta. É porque não temos tempo.

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“É difícil fixar pessoas mas o pior que podemos fazer é desistir” Francisco Oliveira é Personalidade do Ano Política M. para os jornalistas de O MIRANTE

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Personalidade do Ano Política Masculino Francisco Oliveira Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Aos 17 anos ofereceu-se como voluntário para fazer o serviço militar na Força Aérea e diz que não seguiu a carreira militar porque lhe custava estar longe de casa e da família. Francisco Oliveira nasceu na vila, em Coruche, mas é da aldeia da Fajarda. Um aldeão culto que se licenciou depois de ter trabalhado como desenhador e fiscal de obras e que é presidente da câmara municipal do seu concelho. Tem uma postura descontraída e gosta de falar olhos nos olhos mas reconhece que teve que fazer muito caminho até conseguir manter-se calmo quando é provocado pelos opositores políticos. António Palmeiro P. Um presidente de câmara envelhece mais rapidamente? R. Hoje em dia todas as profissões são muito exigentes porque as pessoas têm responsabilidades que vão para além dos seus horários de trabalho. No caso dos presidentes de câmara há um leque de competências

Queria ser militar mas o apego à terra levou-o a presidente Francisco Oliveira gosta de vestir de maneira informal mas isso não significa que não dê total atenção à forma institucional de exercer o cargo. Diz que não é um presidente “fixe” embora preze a negociação, o diálogo e o bom senso. Não gosta de estar zangado muito tempo com alguém mas reconhece que teve que aprender a controlar-se em momentos de 14

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que implica uma grande disponibilidade e dedicação. Isso retira-nos tempo para aquilo que gostaríamos de fazer, que é falar com as pessoas, andar na rua, acompanhar as situações… fazer uma política de proximidade. O meu lamento é ter de passar cada vez mais tempo no gabinete. P. É desgastante ser autarca num concelho como Coruche, que tem uma das

maior crispação com a oposição. Presidente da câmara desde 2013 considera que a capacidade de explicar os assuntos é sempre um importante factor de ligação às pessoas e leva a que os opositores o respeitem. O autarca nasceu no Hospital de Coruche, quando muitas vilas de província tinham maternidades, no dia 11 de Novembro de 1964. Considera-se um homem da aldeia da Fajarda, terra do concelho de onde são os pais e onde tem as suas memórias e o porto de abrigo quando precisa desanuviar. E fá-lo a mexer na terra, a dar uma volta na sua moto ou num dos carros

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maiores áreas do país? R. Quando comecei tinha pouco mais de 30 anos e hoje já tenho meio século. É natural que com o passar do tempo e o avolumar de situações nos desgastemos. Quando idealizamos e concretizamos o que projectamos isso dá-nos ânimo. A compensação que o autarca tem é quando consegue realizar a obra, quando sente a satisfação nos olhos das pessoas para as quais trabalha. P. Quando entrou para a política já era com a ideia de ser presidente de câmara? R. As coisas aconteceram por acaso. Enquanto funcionário da Câmara de Coruche nunca tive a aspiração de seguir uma carreira política. Senti o bichinho do serviço público e foi o descobrir de uma função em mim que desconhecia. A minha situação não é original mas é diferente da maioria dos casos. Não vim de fora para dentro. Primeiro vim para

antigos que tem na casa da mãe. O pai faleceu em 2004, num acidente de tractor e ainda hoje o autarca se emociona quando fala do assunto. Francisco Oliveira entrou como voluntário para os páraquedistas com 17 anos. Só não fez carreira nas Forças Armadas porque não suportava estar longe da família e da terra. Foi desenhador de construção civil, actividade que desenvolveu durante oito anos até ingressar na Câmara de Coruche como fiscal. Já na autarquia tirou um curso superior no ISLA de Engenharia da Segurança do Trabalho. Antes de ter sido presidente de câmara

a vida autárquica e depois é que fui para a política, em 2001 quando o PS ganhou as eleições. P. Arranjou mais inimigos como fiscal municipal ou como autarca? R. Em qualquer área profissional temos de ter o bom senso de que estamos a cumprir uma determinada função e cumpri-la. Temos de ter uma regra que discipline a nossa actividade. Nunca tive problemas quando estava no serviço de fiscalização. A minha entrada na vida autárquica também se deveu ao facto de ter um conhecimento muito abrangente do concelho. P. Coruche é uma terra com tradições tauromáquicas. O anterior presidente era forcado e o actual o que tem que o ligue a esta área? R. Quando tinha 22 anos numa largada de rua fui colhido por um toiro. Não fiz aquela a que por vezes se chama a última viagem porque devia já ter destinada uma missão importante a desempenhar na terra. Fui perfurado na perna esquerda, junto à femoral, e a partir daí a minha “afición” é pela identidade que a tauromaquia tem no território de Coruche. Nunca me deu para ir para a forcadagem. P. Não sente necessidade de viver numa cidade onde tem muito mais coisas à mão? R. Identifico-me muito como sendo um rural. Sou uma pessoa que cresceu e viveu no mundo rural e sinto-me bem a viver e a trabalhar na minha terra. Decidi abandonar a carreira militar porque estava afastado da família e não me permitia ter a ligação forte que tenho com a terra. P. Diz que é um rural mas tem um estilo mais citadino. R. Vou dizer isto de forma grosseira. Um rural não tem de ser necessariamente patego. Os rurais também são pessoas cultas, instruídas e informadas. Sou um rural na essência das tradições e valores. Também gosto da cidade e sou um citadino quando vou ao teatro, quando vou usufruir das coisas boas da cidade. Mas sempre a pensar na viagem de regresso para o meu porto de abrigo. P. Quem é que lhe compra a roupa de estilo mais moderno que usa? R. Não acredito que me façam esta perfoi vereador e vice-presidente. A experiência autárquica já lhe ensinou, entre outras coisas, que o poder isola, sobretudo quando não se tem tempo para estar com os amigos de longa data ou para um convívio sem preocupações de horários. Costuma dizer que na política o que se perde é mais do que o que se ganha. Apesar da sua facilidade de comunicação não se considera um comunicador nato. Afirma que gosta de ouvir as pessoas e de as ajudar a resolver os seus problemas, mesmo os pessoais. Tenta colocar-se sempre no lugar do outro e refere que o melhor na vida política é falar verdade.


gunta (risos). Sou eu que compro a roupa. Vou poucas vezes às compras mas quando vou compro uns “trapinhos”. É verdade que não me visto muito de presidente. Só me visto mais formal nas situações obrigatórias. Tenho quatro fatos. Compro um fato por ano, normalmente para a inauguração das Festas do Castelo. P. Como é que se gere um concelho com uma população envelhecida? R. É difícil mas o envelhecimento não é necessariamente grave. O grave é que as taxas de natalidade sejam negativas. Estamos em perda de população e isso leva à quebra da actividade económica. Há dificuldade em fixar as pessoas. É importante encontrar um modelo para inverter este ciclo. Estamos apenas a 80 quilómetros do litoral mas sofremos os mesmos problemas do interior profundo. Investimos no emprego, na segurança, nas condições de habitação e das escolas, para tentarmos impedir a perda de população. P. Sente que às vezes está a fazer um esforço inglório? R. Não podemos desistir. Temos de ter capacidade de resiliência. Mesmo na freguesia onde a taxa de natalidade é baixíssima temos que requalificar a escola, temos de melhorar as condições da praça. Se não o fizermos estamos a sacrificar a aldeia e a possibilidade de ela vir a gerar movimento. No concelho de Coruche a população tem tantas condições como numa cidade, em termos desportivos, de acessibilidades… P. É possível que alguns lugares do concelho desapareçam? R. Estamos a investir em condições que possam ser geradoras de atractividade. Quan-

do construímos os centros escolares da Lamarosa, da Fajarda ou de Coruche e percebemos que só metade dessas infraestruturas estão a ser utilizadas, isso é verdadeiramente preocupante. Mas Coruche tem uma posição estratégica em termos geográficos e isso é um atractivo para promover o desenvolvimento económico. P. Que estratégia tem Coruche para criar empregos, que é uma das condições essenciais para fixar pessoas? R. Tem a única área empresarial disponível a sul do Tejo que permite a instalação de empresas e tem uma fiscalidade atractiva para as empresas que se queiram instalar. Isso associado a programas que apoiam estudantes e dão apoio ao arrendamento. Estou em crer que conseguimos atrair empresas e criar mais empregos. P. Que influência poderá ter o novo aeroporto previsto para o Montijo? R. Estando suficientemente longe para não sermos incomodados com o que o aeroporto poderá ter de mau, como os barulhos e a impossibilidade de edificação, podemos aproveitar os benefícios que um equipamento destes representa, como a instalação de áreas logísticas e também áreas de residência. Dos tais dez mil empregos que o aeroporto irá criar, nem toda a gente ficará no Montijo ou em Benavente e muitas também podem vir para o concelho de Coruche. Estamos a criar condições para acolhermos os novos residentes. P. Qual é a melhor coisa que lhe aconteceu enquanto presidente? R. Uma das melhores coisas que me acontece regularmente é o agradecimento de uma pessoa que me encontra na rua e

que me diz que lhe consegui resolver um problema, seja uma ligação de água ou outra coisa qualquer mesmo pouco significativa. É pena que a sociedade hoje esteja um pouco desprovida de alguns valores, como os da gratidão, da compreensão, da ligação à família, do respeito… As pessoas estão um pouco balançadas com as redes sociais que criam algum distanciamento e permitem dizer tudo de forma irresponsável. P. Apesar de ainda poder fazer mais um mandato, já começou a preparar-se para quando deixar de ser presidente? R. Já começo a pensar nisso mas o mais importante da vida é termos a capacidade de fazermos o nosso trabalho de forma condigna e conseguirmos dormir todos os dias de forma tranquila. É isso que vou tentando fazer. Tento fazer o melhor que posso e sei.

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Não consigo imaginar-me a fazer outra coisa que não tenha a ver com o serviço público. Vejo pessoas a contarem os dias para entrarem na reforma e espero que ela venha o mais tarde possível. P. Tem o lado de fiscal municipal e agora o lado do executor político que tem de exercer a autoridade em várias áreas como a limpeza de terrenos. Como é que se consegue compatibilizar isto com a captação de votos? R. Não é fácil. Mas quando as coisas se explicam verdadeiramente, as pessoas compreendem. Quando temos essa capacidade fiscalizadora nós temos de a cumprir, é a nossa obrigação. Não sou apologista da anarquia. O pior é quando não se consegue explicar em tempo útil o que estamos a fazer e porquê.

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“Orgulhamo-nos do passado mas o que nos entusiasma é o futuro” Ateneu Artístico Vilafranquense é Personalidade do Ano na Cultura F.

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Personalidade do Ano Cultura Ateneu Artístico Vilafranquense É uma casa de cultura com um passado exemplar que lhe serve apenas de referência para perspectivar o futuro. Para além das múltiplas actividades que disponibiliza para os seus associados e população em geral, tem vindo a promover espectáculos de qualidade no seu auditório com capacidade para cerca de seiscentas pessoas. O contínuo reforço da sua ligação à comunidade é uma prioridade permanente. Filipe Matias P. Como está actualmente o Ateneu? R. A nossa história é rica e todos nos orgulhamos do passado do Ateneu, que é feito de muitas dificuldades e momentos bonitos. Vivemos hoje um presente feliz mas olhamos com muito entusiasmo para o futuro. Somos uma instituição da cultura mas que também tem nas suas actividades o desporto e a recriação. O ex-líbris do Ateneu é a banda, que tem uma longa tradição e

A maior casa de cultura do concelho O Ateneu Artístico Vilafranquense, uma das maiores colectividades do concelho de Vila Franca de Xira, celebra em 2019 os seus 128 anos de existência e passa por uma fase de crescimento e mudança. Depois de vários anos de um vazio directivo encontrou, em Março de 2017, novos rostos para o dinamizar. A prioridade é consolidar as contas da colectividade ao mesmo tempo que mantém as portas abertas à comunidade, oferecendo actividades culturais e desportivas diferenciadoras. O Ateneu foi formalmente criado em 1939 mas as suas raízes datam do dia 1 de 18

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um prestígio que transporta consigo há 127 anos. Movimentamos nas actividades regulares perto de meio milhar de praticantes, não é coisa pouca. Sabemos o nosso papel na comunidade. P. Herdaram uma situação financeira frágil. Como estão a conseguir dar a volta a esse cenário? R. Em jeito de balanço, podemos dizer que o ano passado ultrapassámos os objectivos que tínhamos definido. Herdámos o Ateneu numa situação muito frágil e havia

Maio de 1891 quando arrancou a Fanfarra 1º de Maio. Em 1906 a colectividade passou a designar-se por Grémio Popular Vilafranquense e em 1916 a Fanfarra deu lugar a uma banda de música, passando a associação a designar-se por Grémio Artístico Vilafranquense. Uma década mais tarde adoptou o nome que tem actualmente e foi consolidando o seu papel na comunidade vilafranquense. Durante o período da ditadura, e em particular na década de 70, o Ateneu viveu um dos seus maiores picos de actividade. Em 1993 foi reconhecido como instituição de utilidade pública. Em 1999 o Governo distinguiu a associação com a Medalha de Mérito Cultural e também a Junta de Freguesia e a Câmara de Vila Franca de Xira

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um vazio directivo há muito tempo. Esta direcção não tem nenhuma ligação às direcções que por aqui foram passando e não nos conhecíamos uns aos outros mas enche-me de orgulho liderar este grupo porque todos se dedicam de forma exemplar, extrema e muito profissional, ao Ateneu. E todos de forma benévola. P. Inicialmente surgiram relatos de carência extrema. Falou-se que tiveram de pagar do vosso bolso a conta da luz por falta de dinheiro. R. Sim, isso aconteceu. Há oito meses, quando entrámos, perguntámos a cada um com quanto é que podia contribuir para pagar as facturas. Neste momento já não temos problemas de tesouraria e a nossa gestão corrente está garantida. Mas temos dificuldades, porque herdámos a casa com défice e dívidas correntes de 15 mil euros. Estamos a fazer caminho mas estamos mui-

lhe atribuíram a medalha de mérito, prata e ouro, pelos seus serviços em prol da cultura na cidade e no concelho. A banda de música é um dos ex-líbris da associação, com uma longa tradição e qualidade que transporta consigo há décadas. Além de uma orquestra juvenil, o Ateneu tem também uma escola de música onde ensina não apenas os instrumentos de sopro que integram os naipes da banda como também tem aulas de piano, guitarra e violino. O seu auditório, com capacidade para 570 pessoas, é a maior sala do concelho de Vila Franca de Xira e acolhe anualmente dezenas de espectáculos, do teatro à música passando pela dança. No último ano a maioria dos eventos realizados no auditório do Ateneu teve casa

to optimistas. Este ano vamos dar um salto enorme em termos de orçamento. Ainda estamos a apurar contas mas já podemos dizer que movimentámos cerca de 300 mil euros. Foi um salto enorme. P. Como conseguiram? R. Realizámos muitas actividades e foram geradas receitas extraordinárias. Isso aconteceu a partir da legalização do edifício. Dormimos descansados porque temos espírito de missão e sentimos que as coisas estão a evoluir favoravelmente. No ano passado investimos mais no Ateneu em obras do que se investiu nos últimos 30 anos. Foram feitas pinturas e outras pequenas intervenções. Foram colocadas lâmpadas LED, o ar condicionado foi reparado. Hoje já não estamos com o credo na boca mas temos ainda um caminho a percorrer. P. Como sentem que a cidade olha para a associação? R. Sentimos que a população voltou a olhar para o Ateneu com orgulho. Ele é de todos e é para todos. Verdade se diga que a associação não estava fechada mas não tinha a abertura à comunidade que neste momento tem. As portas do Ateneu escancararam-se na nossa gestão e as nossas actividades não ficaram circunscritas a este espaço. Fomos para a rua, estamos perto das pessoas e há dois anos sucessivos que fazemos as animações de Verão no largo do município. Queremos ir mais além e ter outras responsabilidades na organização de grandes eventos da terra e da cidade, como o Colete Encarnado. P. O vosso auditório é único no concelho. Tencionam explorá-lo mais? R. Quando começámos a promovê-lo deparámo-nos com situações impensáveis, de vilafranquenses que não o conheciam. O auditório era também uma despesa mas este ano vamos inverter a situação e ele vai começar a gerar receita. Aliás, isso já aconteceu em 2018 e vai continuar. P. Como? R. Trazemos espectáculos de fora e nós próprios promovemos iniciativas. Com esta legalização do auditório queremos inscrevê-

cheia e para este ano a expectativa dos dirigentes é chegar aos 20 mil espectadores. O último ano foi também um ano de melhorias na sede da associação. Houve pinturas e reparações, mas o mais importante foi a legalização do auditório, que ainda não tinha alvará de utilização emitido. O Ateneu Vilafranquense tem ao dispor da comunidade aulas de dança contemporânea, dança criativa, hip-hop, ballet, teatro, coros, escola de flamenco, aulas de taekwondo, esgrima e ténis de mesa. Também funciona no edifício uma oficina de desenho e pintura. As actividades regulares movimentam cerca de meio milhar de pessoas e tem actualmente mais de 1.100 associados, números que os dirigentes esperam conseguir aumentar nos próximos anos.


-lo na rede das grandes salas de espectáculos nacionais. O grande objectivo que temos é fazer do Ateneu uma instituição de referência nacional, pelas boas práticas de gestão e pela qualidade da nossa oferta cultural e desportiva. P. Sem pessoas não há associações. Têm conseguido que a população saia de casa e adira aos vossos eventos? R. Não tem sido fácil tirar as pessoas de casa mas ainda assim tem sido mais fácil do que pensávamos. Tem havido um incremento de espectadores nas nossas iniciativas. Antigamente fazia-se um espectáculo ocasionalmente, agora durante pelo menos sete meses do ano temos espectáculos todos os fins-de-semana e conseguimos ter casa cheia, na maioria deles. Estimamos, em 2019, atingir a cifra de 20 mil espectadores e 60 mil utilizadores do edifício. É um valor realista. P. Qual o critério para a escolha dos espectáculos? R. Temos tentado oferecer cultura e diversidade cultural para chegar a vários públicos. Temos desde os espectáculos de revista à portuguesa até festas de associações de estudantes. As pessoas são um pouco comodistas apesar de se passar imensa coisa em Vila Franca de Xira. Há sempre muita coisa a acontecer mas muitas pessoas não vão. É uma questão de hábito que pode ser alterada. Admito que não temos tido capacidade de promover da melhor maneira o que vamos fazendo mas vamos melhorar. P. Como se relacionam com as restantes associações do concelho? R. Somos adeptos de uma rivalidade saudável que nos ajude a ser melhores. Se os nossos concorrentes forem bons tere-

mos de ser melhores para os poder superar. Gostamos de uma rivalidade praticada com valores e princípios. Estamos a desenvolver a esgrima hoje, por exemplo, porque não havia mais ninguém a oferecer a modalidade de esgrima no concelho. P. O Ateneu esteve vários anos sem direcção. O associativismo está doente? R. Os políticos dizem que o associativismo está pujante mas não é assim. A sociedade actual é mais individualista e isso tem reflexos no associativismo, que é um exercício de equipa. P. O que mais desincentiva quem quer fazer alguma coisa no associativismo? R. Há um fenómeno muito desagradável. Por vezes, quando alguém decide dar o seu tempo em prol do associativismo surgem boatos a dizer que essa pessoa só quer atingir um objectivo pessoal, subir aqui ou ali, especialmente na política. É provável que haja quem use o associativismo como rampa para a política mas não é o nosso caso. As pessoas que estão disponíveis para dar o seu tempo às colectividades não estão disponíveis para levar com essa conotação, sentem-se injustiçadas. P. Os dirigentes deviam ser remunerados? R. Não é esse o nosso entendimento e por isso o nosso trabalho é voluntário. É assim que nós queremos que as coisas sejam feitas. Não há dinheiro nenhum que pague o nosso trabalho. Sou dirigente associativo desde os 18 anos e profissionalmente fui militar. P. Que objectivos têm para o futuro? R. Queremos dar continuidade ao aumento do número de sócios. Quando come-

çámos tínhamos 840 e hoje já somos 1.100. Queremos incrementar o número de praticantes das modalidades e dar continuidade a todo este processo de requalificação do edifício. Temos necessidade de reorganizar os espaços e criar salas multifunções. As relações com a câmara municipal tiveram altos e baixos nos anos anteriores mas somos hoje parceiros, demos essa garantia de equilíbrio e sustentabilidade da associação. E a câmara tem ajudado bastante. Esta casa tem um potencial enorme para crescer e desenvolver-se. *Entrevista realizada com o presidente da direcção, José Luís Ferreira, na presença de outros membros da equipa directiva - Cristina Mateus, Carlos Paizinho, Filipe Valente e Catarina Amaral. João Fernandes também integra o grupo mas não pôde estar presente.

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Promover a inovação cultural sem cedências a nível da qualidade Centro Cultural Regional de Santarém é Personalidade do Ano na Cultura M. foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Cultura Centro Cultural Regional de Santarém O Centro Cultural Regional de Santarém foi criado de cima para baixo, há 38 anos, por iniciativa do Governo, que criou outros organismos semelhantes em cada um dos Distritos. Alguns anos mais tarde os centros deixaram de fazer sentido como dinamizadores culturais distritais e o de Santarém reinventou-se. Centrou a sua actividade no concelho e na cidade, atraiu cidadãos amantes da cultura e tornou-se, com uma programação eclética e de qualidade, uma referência. Junto à sua sede tem o Fórum Mário Viegas, personalidade que dá o nome ao prémio de poesia que entrega a cada dois anos. Marta Ribeiro P. Na génese da criação do Centro Cultural Regional de Santarém (CCRS) está a descentralização da cultura. Pensa que isso tem sido conseguido nestes quase 40 anos de existência? R. Em 1980 foi iniciativa do Governo de então criar um Centro Cultural em todas

as capitais de distrito, tal era reconhecida a falta de oferta de animação cultural. Dez a quinze anos depois a maioria dos concelhos passou a dispor de equipamentos culturais próprios. Santarém manteve o seu Centro Cultural que deixou de ser distrital para se centrar na cidade e no concelho. O objectivo continuou a ser a divulgação e descentralização da cultura.

Uma programação para manter a cidade culturalmente acordada Para Elias Cachado Rodrigues, director do Centro Cultural Regional de Santarém (CCRS) desde 2017, falar da Cooperativa é falar de pessoas, nomeadamente dos elementos que com ele compõem a direcção, dos colaboradores mais próximos, dos inúmeros voluntários, dos mecenas e dos jovens que se têm aproximado do Centro e criado novos núcleos de acção cultural. Criado a 10 de Julho de 1980, na sequência de um projecto de descentralização cultural da Secretaria de Estado da Cultura, com o apoio da Câmara Municipal de Santarém e da Fundação Calouste 20

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Gulbenkian, o Centro surgiu com a preocupação da formação de agentes culturais e da divulgação do produto artístico dos núcleos culturais espalhados pelo distrito. Hoje em dia o CCRS propõe-se acolher e dinamizar manifestações culturais, constituindo um pólo activo de debate da cultura e da cidadania. São exemplo disso os destaques da programação cultural de 2018, como exposições de artes plásticas individuais e colectivas e com parcerias diversas, nomeadamente com a Câmara Municipal de Santarém. Realce também para três exposições em parceria com o

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P. Sendo a Fundação Calouste Gulbenkian uma das apoiantes do projecto não deveria haver mais interacção, isto é, mais exposições cedidas pela Gulbenkian em Santarém, ou mais concertos? R. Aquando da criação do CCRS, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Secretaria de Estado da Cultura e os cooperantes fundadores participaram com partes iguais de 30% do valor para aquisição do edifício-sede, ficando os restantes 10% a cargo do município de Santarém. A partir daí a Gulbenkian não se envolveu mais nas actividades culturais do Centro, então assumidas exclusivamente pelas várias direcções da cooperativa. P. A situação alterou-se recentemente. R. Sim. No actual mandato houve contactos com a Gulbenkian que manifestou abertura a diversas parcerias. O início dessa relação ficou marcado pela realização em Instituto Politécnico de Santarém, através da Escola Superior Agrária (ESA): A Arte e o Vinho; A Arte e o Cavalo; O Espírito da Terra (esta última em comemoração dos 130 anos de aniversário da ESA). O Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas, instituído como bienal, esteve parado desde 2014, voltando em 2018 para a sua quarta edição. O número de candidaturas recebidas e os apoios conseguidos levam o centro a acreditar que será possível repor e manter a ideia inicial de uma realização bienal. Segundo o director do CCRS, o mesmo tem uma programação que, culturalmente, acordou e abanou a cidade com eventos culturais diferenciadores, como a vinda da Orquestra Sinfónica e exposições com

Santarém, em 2017, no Convento de São Francisco, de um concerto pela Orquestra Gulbenkian que teve lotação esgotada, com mais de 400 pessoas na assistência. P. A conotação inicial do CCRS com uma certa elite artística de esquerda ainda se justifica? R. Se já teve tal conotação, hoje afirmamo-nos abertos a todas as instituições exteriores e públicas sem qualquer tipo de espartilhos ideológicos. Somos uma cooperativa cuja base assenta na liberdade de pensamento e na solidariedade, que é motivada pela dinamização e enriquecimento cultural dos habitantes da cidade, do concelho. P. Quais os destaques para a agenda de 2019 do CCRS? R. Ao longo de 2019 daremos continuidade à diversidade dos projectos de qualidade comprovada em 2018 e que mereceram a presente distinção na área da Cultura. Destaco as exposições de artes plásticas, a Residência Artística Santarém (RAS) para jovens criativos, noites de fado, eventos de jazz e de música clássica e, claro, o Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas. Além destes projectos, com realce para o concerto de Música Clássica e o SantarémJazzFest, em Setembro, no Convento de São Francisco, serão novidades para 2019 o recém-criado Núcleo de Fotografia com a exposição e concurso “Serra dos Candeeiros”, a oficina de gravura e serigrafia a instalar, aulas, workshops e cursos de desenho e pintura e uma parceria com o Cine Clube com ciclos temáticos no Fórum Mário Viegas onde se vão relacionar os mundos do cinema e da fotografia. Há também a destacar as actividades que decorrem em Fevereiro, como o Jazz ao Centro com o Trio Vicente Magalhães, dia 22, ou o concerto de canto e órgão pela soprano Hélia Castro na Igreja da Misericórdia, a 23 de Março. P. Voltar a entregar em 2018 o Prémio Nacional de Poesia Actor Mário Viegas foi a concretização de uma ambição antiga. É para continuar em 2019 e anos seguintes? R. Este prémio foi instituído como bieartistas de craveira nacional. A grande preocupação é a diversidade e a qualidade de forma a atrair diferentes públicos de diferentes idades. Há programas específicos para os mais pequenos, como o “Vem ser Cientista” há residências artísticas para jovens, como o RAS e há programas para toda a família como as exposições, os concertos ou os Passeios com História e Passeios com Ciência. Com 150 cooperantes, mas uma afluência bastante superior nos seus espectáculos e actividades, o Centro Cultural Regional de Santarém tem como grupos sedeados o Grupo Guitarra e Canto de Coimbra, o TEATRINHO – Teatro para Crianças, um Ateliê de Artes Plásticas e o recém-criado Núcleo de Fotografia.


nal, uma regularidade que a actual direcção pretende repor. Sendo assim, a próxima edição ocorrerá em 2020. A edição de 2018 foi a quarta edição do prémio e, pelo número de candidaturas que recebemos, 243, podemos dizer que foi um sucesso. P. Que apoios teve? R. Foi apoiado não só pela Câmara Municipal de Santarém, através do Programa de Apoio ao Associativismo e Agentes Culturais (PAAAC), como também por mecenas como a Fundação Millennium BCP e o Fundo de Fomento Cultural, do Ministério da Cultura. P. Tem sido dada a devida importância à figura de Mário Viegas, tanto a nível do distrito como a nível nacional? Como pode o CCRS contribuir para que não caia no esquecimento? R. Sendo um actor de valor inquestionável a nível nacional, não tem tido o merecido reconhecimento a nível local. A família vem fazendo esforços para criar um núcleo museológico com espólio seu, mas não teve até agora qualquer apoio municipal. Não teve também, até ao momento, um evento ou festival de teatro com o seu nome… mas pela nossa parte não cairá no esquecimento. Tem o seu nome no Fórum e no Prémio Nacional de Poesia. Aquando da entrega do prémio, em Novembro do ano passado, fizemos-lhe uma homenagem com a abertura ao público de uma exposição sobre a sua vida e obra intitulada “O Sonho ao Poder”. Recebemos numerosas mensagens de encenadores e actores que com ele trabalharam. P. Quando foi eleita, a nova direcção defendeu um maior envolvimento dos jovens nas actividades do Centro e parcerias com instituições locais e nacionais.

Pode dar-nos exemplos concretos? R. A Residência Artística Santarém (RAS) com jovens criativos é um caso de sucesso, que virá a ser reforçado com o ateliê, aulas e workshops de artes plásticas. Os concertos de Jazz ao Centro e o Santarém JazzFest, tendo um público específico, atraem os jovens, tal como outros eventos musicais realizados no Fórum. É importante salientar que o desejável envolvimento de jovens deve ser entendido nos dois sentidos, pois além das iniciativas do CCRS estamos abertos a ideias e iniciativas de jovens que dirijam a nós. P. O CCRS tem sede num edifício antigo. Está em boas condições? R. Fizemos recentemente obras de manutenção que necessitam de ter continuidade. Temos procurado fazer passo a passo. No nosso mandato substituímos todas as janelas e resolvemos as infiltrações no telhado. Há sempre obras a fazer num edifício com mais de 150 anos. Procuramos patrocínios e fazemos uma gestão de prioridades mas fica sempre algo para trás. Em breve gostaríamos de pintar a fachada. Queria aqui fazer uma referência aos responsáveis pelos mandatos anteriores que resolveram grande parte da dívida acumulada durante anos e que nos passaram a casa em ordem.

de: Eduardo Garcia

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“Um clube histórico que soube adaptar-se às alterações sociais e económicas de Tomar” União Futebol Comércio e Indústria de Tomar é Personalidade do Ano no Desporto

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Personalidade do Ano Desporto Masculino União Futebol Comércio e Indústria de Tomar O União Futebol Comércio e Indústria de Tomar é um dos grandes clubes históricos da região ainda em actividade. Nos tempos em que o comércio e a indústria da cidade eram pujantes e assumiam com meios próprios a promoção de Tomar, o clube chegou a disputar o principal campeonato nacional de futebol. Actualmente mantém o futebol sénior mas notabiliza-se principalmente pela promoção do futebol e do atletismo jovem, contando com centenas de atletas em actividade. Falámos com Abel Bento, presidente da direcção do clube desde 2012. Marta Ribeiro P. O nome União Futebol Comércio e Indústria de Tomar, adoptado há mais de uma centena de anos, revelava uma ligação forte do clube ao tecido empresarial da cidade. É uma relação que ainda se mantém? R. Infelizmente não sentimos qualquer

apoio nem por parte do comércio nem por parte da indústria que praticamente já nem existe em Tomar. O nome é só história. Se fosse só eu a mandar já tinha deixado cair o Comércio e Indústria do nome do clube. P. O União de Tomar é mais conhecido pelo futebol, mas também se tem destacado no atletismo nos últimos anos. É uma aposta para manter e reforçar?

Quanto mais condições são criadas mais aumenta o número de praticantes O União Futebol Comércio e Indústria de Tomar é um clube centenário que nasceu em Tomar, a 4 de Maio de 1914, com uma forte ligação ao tecido empresarial da cidade nabantina. Por ele passaram fugazmente velhas glórias em fim de carreira como Eusébio, Simões, Manuel José ou Raul Águas. Foram tempos dourados que permitiram ao União de Tomar competir por seis temporadas na primeira divisão (entre 1968 e 1976). Mas o palmarés do União não se fica por aqui. Somam-se os títulos de cam22

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peão nacional da segunda e da terceira divisões e, em 2018, a conquista da Taça Ribatejo. Actualmente com mais de 350 atletas e cerca de 18 equipas, duas das quais nos escalões seniores, o emblema de Tomar é uma referência do distrito de Santarém ao nível do futebol. A conquista da Taça Ribatejo teve um sabor agridoce, uma vez que gerou o interesse de outros emblemas pelos jogadores do União e desfalcou o clube que anda agora a reconstruir-se. O União apostou na criação de

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R. Somos um dos clubes de referência do distrito no atletismo. É uma secção que está a trabalhar bem e por isso os resultados estão à vista. Estamos sempre na disputa dos lugares cimeiros. O foco da secção de atletismo é a formação, mas não descuramos a competição sénior. Quando entramos em prova o objectivo é sempre ganhar. P. A “casa” do União é o Estádio Municipal de Tomar. Gostariam de ter um espaço inteiramente vosso? R. É uma situação para a qual não vejo grande saída. O União de Tomar fez o projecto de construção de um campo, para um terreno que seria cedido pela autarquia, mas a autarquia nunca chegou a ter esse terreno disponível. Ouvi dizer que andam novamente em negociações e como é uma situação que já foi deliberada pela Câmara uma segunda equipa de seniores, Equipa B, para fixar os jovens atletas que fazem a transição de júnior/sénior. Muitos deles vão para a faculdade e assim podem continuar a jogar, uma vez que os treinos são só à sexta-feira. O União de Tomar é também uma referência na área do atletismo. Em 2018 ganhou a classificação de super clube, atribuída aos clubes com maior participação em provas e, no mesmo ano, recebeu o certificado de prata por parte da Federação Portuguesa de Atletismo, por ter mais de 110 atletas federados. O Clube está sempre na disputa dos lugares cimeiros e quando entra em provas ganhar é o objectivo.

poderia ser desta vez. A ver vamos. P. Conseguir o feito de marcar presença por seis temporadas na primeira divisão (entre 1968 e 1976) é um motivo de orgulho. São tempos que o clube gosta de recordar com saudosismo ou são o exemplo de que tudo é possível? R. Isso é a parte dourada da história do União. As presenças na primeira divisão, os títulos de campeão nacional da segunda e da terceira divisões... É uma página importante na história do clube, mas não vale a pena ter ilusões porque a realidade não permite que isso possa voltar a acontecer. A não ser que apareça um mágico com um saco cheio de milhões de euros. P. A passagem de Eusébio e de Simões (duas antigas estrelas do Benfica) pelo União de Tomar marcou uma época. Que recordações tem desse tempo? R. Passaram também o Manuel José o Raul Águas, Conhé, Barnabé e muitos outros atletas de grande nível do nosso país. Ainda assisti a alguns jogos. Esse tempo era diferente. O facto de existir um quartel em Tomar e de haver muitos jovens futebolistas a fazer o serviço militar obrigatório, que jogavam para não serem mobilizados para as colónias, levou a que muita gente envergasse a camisola unionense. Também temos que dar mérito às direcções do clube da altura, que integravam muitos construtores civis (os chamados patos bravos), que investiam no clube. P. Chegou a contactar directamente com esses ídolos dos relvados? R. Tive oportunidade de falar com vários deles, mas só agora mais recentemente. Na altura era muito novo. Temos até um livro com o prefácio do Simões. O Manuel José vem muitas vezes a Tomar, tem aqui laços familiares e encontramo-nos com frequência. P. Fernando Mendes, presidente do clube na altura, queria mais sócios e mais público nos jogos do União. Continuam em défice? R. Os campos por onde o União de Tomar passava enchiam para ver o Eusébio e o Simões, foi um sucesso. Hoje a realidade

A relação com a autarquia é boa e a promessa de equipar a pista de atletismo, para que os atletas possam treinar em Tomar modalidades técnicas como o salto em altura e salto com vara, foi cumprida. Há uma nova bancada no Estádio Municipal prevista para 2020 e a autarquia está, em parceria com o Instituto Politécnico de Tomar, a colocar um sintético novo no campo do IPT, o que vai abrir mais espaço e possibilitar a melhoria das condições de treino das equipas que actualmente treinam três ou quatro em simultâneo. Fica por resolver a questão da “casa” do União para que adeptos e atletas tenham mais e melhores condições.


é diferente, o próprio estádio municipal tem poucas condições para acolher adeptos. Temos a promessa da autarquia para a construção de uma bancada nova em 2020, esperemos que com isso os nossos sócios e adeptos ganhem maior motivação. P. O lugar do União, pela sua história e palmarés, devia ser nos campeonatos nacionais ou a actual situação reflecte a realidade do clube? R. O lugar do União é no campeonato de Portugal, mas é preciso muito dinheiro, apoios da autarquia e de entidades privadas e uma estrutura que permita que o clube suba um dia e lá se mantenha. Não quero para o União o que acontece com muitos dos nossos clubes vizinhos que sobem mas não conseguem manter o lugar. P. Vencer pela primeira vez a Taça Ribatejo deu novo ânimo a adeptos e jogadores? R. Todos ficámos orgulhosos. Nunca tínhamos ganho a Taça, mas verdade seja dita poucas vezes participávamos nesta competição porque andávamos sempre nos campeonatos nacionais. Foi uma grande festa, mas infelizmente perdemos uma dúzia de jogadores por causa desse sucesso. P. O emblema nabantino é uma referência do distrito de Santarém ao nível de praticantes da secção juvenil. Ainda há espaço para crescer? R. Neste momento não temos essa possibilidade. A câmara municipal está, em parceria com o Politécnico de Tomar, a colocar um sintético novo no campo daquele estabelecimento de ensino, o que vai abrir mais espaço e possibilitar a melhoria das condições das nossas equipas. Actualmente

não temos nenhuma hora em que as nossas equipas treinem sozinhas, treinam sempre três ou quatro em simultâneo. O trabalho é dificultado, mas mesmo assim os nossos treinadores estão de parabéns. P. Os atletas da formação pagam para jogar? Essa receita é fundamental para manter as escolas de futebol? R. Pagam uma quota mensal que engloba inscrição, seguros e transporte. É uma receita fundamental para a sobrevivência do clube. Temos muitos encargos, somos um clube pequeno mas deixamos na Associação de Futebol de Santarém cerca de 25 mil euros por época. Trabalhamos muito ao longo do ano para conseguir fundos. Hoje o União é um clube sem dívidas, mas quando a minha direcção chegou a situação era muito grave. P. O apoio da Câmara de Tomar é fundamental? R. Temos uma boa relação com o executivo actual e o município tem-se esforçado por melhorar as condições. Exemplo disso é a aplicação do novo sintético em parceria com o IPT. Também nos prometeu e tem cumprido equipar a pista de atletismo, para que os atletas possam treinar modalidades técnicas como o salto em altura e salto com vara, coisa que antes só podiam fazer em Leiria. P. Jerónimo Capelão, responsável pela secção juvenil, afirmou recentemente que há muitos Ronaldos, referindo-se à dificuldade de gerir vontades e frustrações dos pais que gostariam de ter sempre os filhos em campo. Esta participação dos pais está a tornar-se um problema ou ainda é fácil de controlar?

R. Há pessoas mais impulsivas que por vezes criam problemas e questionam os treinadores. Isso é compreensível mas o que não podemos aceitar é a violência, seja dentro ou fora do campo. Bocas e coisas do género são normais. Ofensas e agressões é que não. Nunca tivemos problemas graves mas se os houver cá estaremos para os resolver. P. Não perde um jogo do União? R. Com tantas equipas é difícil (risos). Tenho um filho que joga na Equipa B dos seniores e gosto de assistir. Normalmente opto por estar presente nos jogos em casa. Quando a Equipa A joga em casa vou assistir. Quando joga a Equipa B também tento estar presente. É a única forma de ir acompanhando as duas equipas uma vez que jogam sempre à mesma hora.

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“Somos mais conhecidos fora do Cartaxo porque não podemos realizar provas em casa” Associação Escola de Atletismo Correr + do Cartaxo é Personalidade do Ano no Desporto F.

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Personalidade do Ano Desporto Feminino Associação Escola de Atletismo Correr + do Cartaxo O presidente da direcção da Associação Escola de Atletismo Correr + do Cartaxo, Pedro Nazaré Barbosa, reflecte no seu discurso a ambição de um clube jovem que acredita no futuro. Há atletas, há treinadores e dirigentes, os resultados desportivos vão surgindo com naturalidade e há trabalho a fazer também fora das pistas. Captar patrocinadores para subsidiar treinadores e atletas, impedindo que eles tenham que sair para os grandes clubes de Lisboa e construir uma grande equipa sénior de atletismo. Joana Gradíssimo P. Qual foi a intenção de fundar a Associação Escola de Atletismo Correr + do Cartaxo? R. Quisemos sair debaixo da asa do Ateneu Artístico Cartaxense e formar uma escola exclusiva para a prática do atletismo. O objectivo era, e continua a ser, formar jovens atletas, mantendo a tradição de obter excelentes resultados em campeonatos distritais e nacionais. Fundámos esta escola com 20 atletas e neste momento contamos com 78 atletas federados e fomentamos a ambição de chegar mais longe, em número e qualidade. P. Como estão em termos de apoios? R. O crescimento já é uma realidade, mas não podemos dar passos maior do que a perna, porque não temos qualquer apoio ou ajuda. Somos o único clube do distrito que não tem uma marca na camisola, porque não temos qualquer patrocinador. Sentimos muita dificuldade em adquirir novos equipamentos desportivos e o local de treino não oferece as melhores condições para os nossos atletas. P. O Estádio Municipal do Cartaxo não reúne as condições necessárias para a prática plena da modalidade? R. Não. Os nossos atletas mereciam melhores condições de treino. A pista do estádio não está devidamente equipada, o piso 24

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precisa urgentemente de ser requalificado e o prazo da sua homologação já expirou em 2011. Esta situação impede-nos de realizar provas no Cartaxo e de assim podermos dar a conhecer a nossa Escola e o nosso município a outros atletas. O ideal seria conseguirmos uma pista coberta e com um piso digno para os nossos atletas treinarem. P. Não são conhecidos no Cartaxo? R. A nossa escola tem coleccionado excelentes resultados nas seis épocas desportivas que já realizámos mas a verdade é que somos mais conhecidos noutros locais onde realizamos provas do que no Cartaxo. A população cartaxense sabe que aqui está sediada uma equipa forte no atletismo mas apenas porque já é assim desde que começámos no Ateneu Artístico Cartaxense. P. Fazem captação de novos atletas?

Sete anos a formar campeões A Associação Escola de Atletismo Correr + do Cartaxo é a casa de uma centena de atletas que ali recebem formação e lutam por marcas de destaque em campeonatos distritais e nacionais. Em Setembro de 2019, esta associação comemora sete anos de existência, com 78 atletas federados em

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R. Actualmente a nossa escola reúne atletas de vários concelhos do distrito de Santarém e do concelho de Azambuja. Conseguimos captá-los porque mantemos uma relação de proximidade com os agrupamentos de escolas mas muitos vêm porque já têm cá um amigo e decidem experimentar. No entanto, não fazemos captação junto de outros clubes, porque não achamos que isso seja correcto. Gostamos de treinar os nossos atletas de raiz. P. Os melhores saem da região? R. Sim, infelizmente é uma constante. Com Lisboa aqui à porta, os nossos melhores atletas quando chegam ao escalão de júnior são captados para equipas de maior relevo, como o Sporting ou o Benfica. Em seis épocas desportivas, mais de uma dezena de atletas já foram para outros clubes. Enquanto dirigentes e treinadores percebemos que esses clubes lhes dão maior dinâmica desportiva em campeonatos de relevo. Sentimos orgulho de todos os que partiram para representar outros clubes mas custa vê-los partir. P. Os atletas que se formaram aqui regressam para incentivar os que estão a iniciar o seu percurso? R. Não deixa de ser curioso, porque muitos dos atletas que já nos deixaram contiseis épocas desportivas, com uma média de 70 provas realizadas em cada época. A Escola de Atletismo do Cartaxo chegou a integrar o Ateneu Artístico Cartaxense, até que 20 atletas decidiram lançar-se a solo e fundar uma escola exclusiva para a prática de atletismo. Desde 2012 têm vindo a crescer em número de atletas, provenientes do Cartaxo e de outros municípios da região, que têm alcançado vários títulos em campeonatos distritais e nacionais.

nuam a treinar connosco. Embora representem outros clubes, sentem que esta continua a ser a casa deles. Incentivam os mais novos e acabam por servir de exemplo, mostrando que com empenho e dedicação se alcança o sucesso, a par com o respeito pela escola que os formou. Nalguns casos sentem que eram mais valorizados aqui do que em clubes de maior dimensão onde são apenas mais um, no meio de muitos. P. É possível criar talentos? R. O talento não nasce com todos mas acredito que com o espírito de superação que incutimos na nossa equipa nascem grandes atletas. É a persistência que os leva mais longe, não o talento inato. Em seis épocas somamos 120 títulos de campeões regionais e fomos duas vezes campeões nacionais. Somos a equipa de atletismo com maior evidência no distrito de Santarém e estamos entre as cinco equipas nacionais com maior taxa de crescimento. Podemos dizer, que somos uma incubadora onde atletas se superam a cada época. P. Os vossos atletas são maioritariamente jovens em idade escolar. Estudos e desporto são um casamento possível? R. São o casamento ideal. Embora por vezes falhe. De um modo geral temos alunos

Na corrida para o sucesso, a direcção desta escola tem como meta conquistar o apoio de patrocinadores, para poder melhorar os equipamentos existentes e subsidiar os seus atletas. Sem espaço próprio, os treinos são realizados no Estádio Municipal do Cartaxo e embora as requalificações da pista tardem em chegar é ali que funciona a incubadora de atletas que em seis anos soma 120 campeões regionais e dois campeões nacionais.


que têm notas de excelência e não falham um treino e muito menos uma competição. Cada treinador tem o papel de se manter informado sobre o percurso escolar de cada um, para conseguir gerir os treinos sem prejudicar o atleta que também é aluno. O objectivo é que tenha sucesso nos dois campeonatos, ou seja, na escola e na modalidade que pratica. P. Aqui ensina-se mais que atletismo? R. Sem dúvida. Os ensinamentos que aqui são incutidos e experimentados são fundamentais na vertente desportiva e educacional do atleta em formação. Passa tudo pelo seguinte ensinamento: Se trabalharmos e nos dedicarmos os resultados aparecem. E isto é algo que cada um deve interiorizar e aplicar em qualquer obstáculo que a vida lhe coloque. P. Tentar formar atletas de alto rendimento precocemente é um erro? R. É o maior erro do atletismo! Não é correcto treinar crianças e jovens até aos 14 anos como se fossem adultos em miniatura. É muito fácil fabricar um campeão prematuro, dando-lhe grandes volumes de treino mas se o fizermos estamos a roubar-lhe etapas futuras. Nestes casos, os atletas raramente chegam ao escalão sénior, porque já queimaram todos os seus recursos e abandonam o atletismo antes do tempo. P. Qual a frequência dos treinos? R. Nesta escola somos contra treinos bi-diários em idades inferiores a 14 anos, pois até essa idade os treinos devem ocorrer no máximo três vezes por semana e não duas vezes por dia. Os treinos têm de ser adequados a cada faixa etária, para que capacidades como a flexibilidade e a coor-

denação motora sejam desenvolvidas no tempo certo. P. O atletismo é um desporto individual, embora inclua provas colectivas. Como fomentam o espírito de equipa? R. Mais do que trabalhar individualmente e vencer provas, aqui os atletas são estimulados a melhorar a sua técnica e os seus tempos. Apesar de ser um desporto individual, o espírito que lhes incutimos é de evolução colectiva, enquanto equipa. Quando um se supera, ou vence uma competição, é como se cada um deles ganhasse. Há um apoio muito grande entre todos, que às vezes falta em modalidades exclusivamente colectivas. P. Qual o sonho que ainda falta cumprir? R. T e r m o s meios financeiros para podermos garantir um subsídio aos nossos atletas e aos técnicos, pois sobrevivemos apenas com a cotização dos associados. Temos seis treinadores a trabalhar nesta escola em regime de

voluntariado que gostam do que fazem, mas ninguém quer passar uma vida a trabalhar de graça. P. E em relação aos atletas? R. Para os atletas a situação é a mesma, só com a atribuição de subsídios conseguimos prolongar a estadia deles nesta escola, evitando que vão para outros clubes. Temos muito

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amor à camisola e acreditamos que daqui a duas épocas desportivas conseguiremos ter uma equipa sénior coesa a participar em campeonatos nacionais. Qualidade já temos, o que falta é somente a auto-suficiência financeira. * Entrevista a Pedro Nazaré Barbosa com a participação dos dirigentes Carlos Alexandre e Isabel Santos.

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“Os aficionados não podem ficar indiferentes perante os ataques à cultura taurina” Poisada do Campino é Personalidade do Ano na Tauromaquia foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Tauromaquia Poisada do Campino em Azambuja Quase tudo o que está relacionado com a tauromaquia em Azambuja tem a marca da Associação Cultural - A Poisada do Campino. Grupo de Forcados, Escola de Toureio e Praça de Toiros são da sua responsabilidade. E a Feira de Maio, um certame anual dos mais castiços do Ribatejo, é organizado pela câmara municipal, tendo como parceiro principal a Associação. Filipe Matias P. Que balanço faz do seu primeiro ano à frente da associação? R. Está a ser positivo e tenho contado com a ajuda de toda a minha equipa. A associação está ligada às tradições e cultura da Azambuja, que é uma terra muito taurina e é isso que queremos preservar. Tudo o que tem a ver com a festa brava, toiros, campinos e cavalos é connosco. Somos a associação responsável pela dinamização da praça de toiros e temos como secções o grupo de forcados e a escola de toureio.

Uma associação que agrega tudo o que diz respeito à festa brava A Associação Cultural A Poisada do Campino, em Azambuja, foi fundada a 19 de Março de 1989. Na génese da sua criação esteve a ambição de um grupo de homens que quis preservar a memória e identidade taurina da localidade, prestando homenagem a essa figura ímpar da 26

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O mundo da tauromaquia não é fácil mas temos conseguido cumprir com os nossos objectivos e somos hoje uma associação aberta à comunidade. P. Qual o ponto de situação do grupo de forcados? R. O grupo de forcados passou por uma altura menos boa e chegou a haver uma fase em que só fazia uma corrida na Feira de Maio. Quando assumi ficar à frente da Poisada do Campino, o meu objectivo era zelar pelos forcados e pela escola de toureio. Temos conseguido dar-lhes mais corridas com a ajuda do empresário Ricardo Leve-

festa brava que é o campino. Um outro objectivo, que se mantém até aos dias de hoje, é ajudar o município na organização da Feira de Maio, evento que agrega em Azambuja meia centena de campinos e atrai milhares de visitantes. A associação já passou por três sedes diferentes. Actualmente está no centro da vila, perto do pavilhão municipal. O recinto, propriedade municipal que está cedido à colectividade, foi inaugurado em 2008 e reúne nas suas paredes algum do vasto espólio taurino da associação, incluindo raras fotografias de figuras ligadas à tauromaquia. A Poisada do Campino tem

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sinho. Estamos a conseguir elevar o nome dos forcados e em 2018 eles fizeram cinco corridas e dois festivais. E já conseguimos mais duas corridas para 2019. Não tem sido fácil renovar o grupo mas há gente nova a entrar. O futuro está assegurado, disso não tenho dúvida. P. A escola de toureio também passou por momentos atribulados recentemente... R. Na escola de toureio esteve cá o maestro Ernesto Manuel, por quem tenho grande estima e fez um trabalho excelente. Houve aí um momento tenso de ameaças de fechar no tempo do anterior presidente, que entrou em choque com ele. Isso foi tudo ultrapassado. Fiquei cá e desde a primeira hora quis salvar a escola e conseguimos. O Ernesto foi embora em Abril por causa de não ser remunerado. Entretanto falámos com o Carlos Pimentel, que é uma pessoa que nos tem ajudado muito na escola de

356 sócios e a tendência é para crescer. O actual presidente da direcção, Joaquim Campino, está ligado à colectividade há quase uma década. No início de 2018 decidiu constituir um grupo de pessoas para integrar novos corpos sociais. A Poisada do Campino é hoje uma referência regional ao agregar em Azambuja tudo o que está relacionado com a festa brava e tem também duas secções. O Grupo de Forcados Amadores de Azambuja, que tem 23 elementos e que está a apostar forte em regressar à glória de outros tempos, e a escola de toureio, que treina 13 alunos e que tem visto nos últimos meses

toureio, e neste momento está o Fábio Machado, uma pessoa com ligações à Azambuja. Temos 13 alunos e alguns já muito bons. E outros estão a interessar-se pela escola e a quererem experimentar. P. O futuro da festa brava depende da escola de toureio? R. Depende dos alunos e do seu entusiasmo e valor. Acompanho-os todos os dias e dá-me alegria vê-los crescer. Temos um menino com sete anos, que está aqui há quatro e é fantástico. Tem evoluído bastante. Tivemos também um miúdo com vários problemas familiares, abandonado pela mãe e que era mau na escola, não falava com ninguém. Desde que veio para aqui transformou-se. Isto faz bem. Os miúdos sentem-se bem aqui e esse é um caso sem igual. A escola tem tido procura e ainda há duas semanas admitimos um novo aluno. P. Como se cativam os mais jovens? R. Vamos apostar nas escolas. Queremos que os miúdos venham conhecer e experimentar. Eles são o futuro. Não duvido que as próximas gerações continuarão a ter muitos aficionados mas tem de se trabalhar muito para que isso seja uma realidade. Se estivermos à espera que as coisas aconteçam de forma natural, como antigamente, não vamos conseguir. A festa tem futuro mas as pessoas devem envolver-se mais. P. Quando tentam realizar actividades taurinas da escola encontram dificuldades? R. Quase sempre porque as entidades nacionais não facilitam nada. Todos os eventos que temos feito com jovens da escola de toureio temos tido problemas. Ora são queixas de um gabinete de advogados de Lisboa por os alunos serem menores; queixas para a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens ou para a Inspecção-Geral das Actividades Culturais. Assim é complicado. Nunca tivemos de cancelar um evento porque somos persistentes e vamos à luta. Se cedêssemos estaríamos a fazer o que os anti-taurinos querem. Vamos lutar pela nosso cultura e pelas nossas tradições até à exaustão. Poderemos tentar melhorar algumas coisas mas acabar com a festa, como alguns querem, isso é impensável.

a procura de jovens a aumentar. A associação é também responsável pela dinamização da praça de toiros da localidade, realizando nela corridas de toiros, vacadas e treinos dos forcados e dos alunos. Para ajudar a financiar as actividades da associação a sede é usada também como espaço para pequenas festas, convívios e colóquios. Um dos objectivos da associação para o futuro é fomentar junto dos mais novos o gosto pela festa brava através de campanhas nas escolas da localidade e manter o rumo de crescimento e consolidação financeira que tem sido conseguido pela actual direcção.


P. O que pode ser melhorado? R. Os empresários que dominam a tauromaquia. Tenho aqui apanhado umas decepções grandes com alguns deles e a associação já foi enganada. Fazem contratos que não cumprem, número de corridas por fazer que não fazem, corridas para dar aos forcados que não dão, entre outras coisas. P. Há uma máfia nos toiros como dizem alguns aficionados? R. Máfia não diria mas há pessoas menos sérias que prejudicam a festa. Nós só temos futuro se trabalharmos com gente séria. P. Porque decidiu avançar com uma lista para dirigir a Poisada? R. Eu já pertencia à casa desde 2011 e já fazia parte da direcção até que um dia decidi tomar as rédeas da associação. Com o António José Matos as coisas estavam orientadas mas depois ficou um presidente que fazia tudo sozinho e como não concordava com a gestão que estava a ser feita tentei fazer melhor. E sabia que tinha condições para fazer melhor. Estou muito satisfeito e orgulhoso da equipa que tenho, não estou arrependido de ter avançado. Sou aficionado e gosto muito das largadas e dos toiros. Gosto mais do toureio a pé. P. Como analisa os ataques à tauromaquia? R. É uma questão de interesses. As pessoas preocupam-se muito com os toiros mas depois se for preciso maltratam outros animais. Esses ataques combatem-se dando a conhecer aos jovens o que é a tourada, para que vejam o que é este mundo, o que é um toiro. O toiro deve ser o principal elemento da festa. Do que realmente gosto na tauro-

maquia é do toiro. Quando vejo um toiro no campo dá-me um prazer imenso. Sou capaz de passar horas a vê-lo. P. Ainda há campinos? R. Ainda existem e fazem um trabalho importantíssimo. Para nós têm sido uma mais-valia. A profissão alterou-se com os anos, evoluiu, mas muito ainda é o que era. Em Azambuja as pessoas gostam muito de ver os campinos, as largadas, as provas, os jogos de cabrestos. Sempre houve muitos e bons campinos aqui. O espírito do campino aqui está mais vivo do que nunca. P. Porquê poisada e não pousada? R. Boa pergunta, também não consegui ainda perceber porque motivo. Correndo o risco de errar, acho que terá a ver com o facto de antigamente os campinos usarem, na semana em que ficavam no campo, uma poisada, pequenas casas tipo palhotas... P. Quais os objectivos futuros para a associação? R. A associação está estável, temos nas nossas contas dinheiro para manter o funcionamento da Poisada e a tendência é para continuar a subir. Temos tentado sempre, à parte de apoiar os forcados e a escola de toureio, manter eventos que fazemos com os campinos e a comunidade. Os alugueres

do nosso espaço são uma fonte de rendimento importante. Queremos continuar a melhorar as condições e elevar o nome do grupo de forcados. Ambicionamos que o grupo continue a crescer e a afirmar-se, de uma forma sustentável e com os pés bem assentes na terra, sem pressas. Na escola de toureio gostava que se fizesse aqui um matador de toiros. Não é fácil mas é a tentar que vamos conseguir. P. Como sentem que a vila olha para o vosso trabalho? R. Acredito que com bons olhos. Toda a gente valoriza o nosso trabalho, nos dá os parabéns e força para continuar. Temos conseguido que muitas pessoas, mesmo as que não tinham ligações à Poisada, apareçam para ajudar e colaborar connosco. As pessoas têm sido incansáveis.

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P. Está satisfeito com o uso dado à praça? R. Sim. Na praça de Azambuja fizemos duas corridas e um festival o ano passado, juntamente com muitos treinos dos forcados. Duvido que haja algum grupo no país que faça tantos treinos como o grupo da Azambuja. E fizemos umas 17 vacadas. Uma das primeiras coisas que falámos com o presidente da câmara foi sobre a ideia de valorizarmos o investimento feito na praça. Ainda haveremos de fazer muita coisa ali. P. Se encontrasse um anti-taurino o que lhe diria? R. Dizia-lhe para ter juízo. Respeito-os e toda a gente devia respeitar-nos. Neste momento não há esse respeito da parte deles para connosco. No Campo Pequeno já me chamaram todos os nomes.

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“Para fazerem a sua vida os jovens são forçados a sair da terra e isso custa-lhes”

Associação de Jovens de Arrouquelas - H2O é Personalidade do Ano no Associativismo

foto O MIRANTE

Personalidade do Ano Associativismo Associação de Jovens de Arrouquelas - H2O Alexandre Jacinto é um dos sócios fundadores da Associação de Jovens de Arrouquelas - H2O e passados vinte e dois anos continua como presidente da direcção da colectividade da pequena aldeia do concelho de Rio Maior. Conta que a aventura, que vai longa e tem crescido, começou com preocupações relacionadas com as actividades dos jovens e as questões ambientais. Uma história de sucesso que merece destaque, tanto em Portugal como na Europa. Inês Monteiro Mónica P. Como surge a ideia de fundar a

H2O?

R. Tudo começou há vinte e dois anos. Eu e um grupo de jovens de Arrouquelas tivemos sempre muita preocupação com o desenvolvimento da nossa aldeia e da região. Estávamos numa região rural que precisava e continua a precisar de dinamis-

Voluntariado e consciência social são a base do sucesso A Associação de Jovens de Arrouquelas - H2O é uma associação sem fins lucrativos, com sede na pequena aldeia de Arrouquelas, concelho de Rio Maior. Fundada em 1996, tem mais de 100 sócios, com idades entre os 14 e os 35 anos. A grande maioria são mulheres. A H2O começou a sua actividade tendo por mote a consciencialização ambiental. Aliás, não é em vão o nome escolhido. H2O, além de ser o símbolo da água, simboliza a vida e a na28

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mo e fundámos a Associação para pormos a aldeia a mexer. P. Foi difícil arrancar? R. Houve um período muito burocrático mas conseguimos o principal que foi o apoio dos jovens da aldeia. Conseguimos transmitir o nosso ímpeto inicial e houve muito apoio. As acções que tínhamos pensadas foram muito bem acolhidas e só assim foi possível.

tureza e os associados quiseram remeter este conceito para os projectos que estão na sua génese. A missão da H2O passa ainda por criar formas de participação entre os jovens da aldeia e as realidades regionais, nacionais e até internacionais através da dinamização de projectos a estas escalas. Dentro da freguesia intervém ao nível da recuperação do património, da florestação e da recolha de resíduos. O voluntariado é o alicerce da associação. Os sócios têm conseguido incentivar os jovens para o trabalho em equipa, com uma atitude de responsabilização, sem preconceitos e com respeito pela diversidade cultural. A H2O estabelece parcerias com todos os estabelecimentos de ensino de Rio Maior e com cerca de 100 instituições a

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P. Porquê o nome H2O? R. Esse nome surge porque sempre tivemos uma vertente ambiental muito forte. Não tínhamos nenhuma pessoa formada na área do meio ambiente mas sabíamos o suficiente para termos uma atitude ecológica correcta. Sempre tentámos passar essa mensagem e os nossos projectos continuam a estar muito ligados ao ambiente. P. Como é Arrouquelas? R. Arrouquelas é uma aldeia com muito dinamismo. Tem uma população muito dinâmica e um grande espírito associativo. É de louvar que uma aldeia com cerca de 600 habitantes tenha cinco organizações a funcionar. No que respeita à H2O, tirando o meu caso, os elementos dos corpos sociais foram sempre variando. P. A H2O é uma associação com muinível nacional. Actualmente são uma das organizações juvenis mais reconhecidas a nível nacional a trabalhar com projectos de mobilidade internacional. No programa Erasmus+ são das poucas associações a nível nacional que organizam projectos de intercâmbio com o máximo de participantes (60 ao todo). A associação tem cerca de 200 projectos a decorrer ao nível da mobilidade e cerca de 500 jovens do concelho envolvidos em projectos um pouco por toda a Europa. Cerca de 1000 jovens de vários países da Europa já passaram na região, em projectos organizados pela H2O. A H2O tem expandido as áreas de intervenção social e exemplo disso é o projecto que estão a desenvolver para instalar na sua sede uma família de refugiados, numa parceria directa com a Plataforma de Apoio

tos projectos regionais, nacionais e até internacionais. Como conseguiram este crescimento? R. De facto é notável o crescimento que tivemos, dado que somos uma associação juvenil, sedeada numa pequena aldeia rural. Mas, com muito trabalho e saber procurar apoios nos locais certos, foi o caminho que trilhámos. Nunca abdicamos dos nossos pilares que são o ambiente, o voluntariado e a solidariedade. P. Qual o projecto mais interessante em que se envolveram? R. O projecto europeu Erasmus + é o mais importante. É o projecto que mais financia a associação e ajuda a que continue ainda no activo. Além disso, através desse projecto conseguimos colocar o nome de Arrouquelas um pouco por toda a Europa. Recebemos jovens europeus, que ficam na sede da nossa associação a residir durante seis meses, a fazer estágios profissionais ou académicos ou em modelo de voluntariado. E, através da H2O, muitos jovens da região já foram também fazer os mesmos programas no estrangeiro. O Erasmus + foi uma porta que se abriu e que trouxe muitas oportunidades, cada uma consoante o que cada jovem quer fazer com a sua experiência de vida ao nível internacional. P. Quantos jovens costumam estar envolvidos? R. A título de curiosidade, em 2017, através da H2O, cerca de mil e quinhentos jovens tiveram a possibilidade de ter a experiência de ir para um país estrangeiro ou de vir até Arrouquelas. Em 2018, foram quinhentos jovens que estiveram envolvidos em mobilidades, intercâmbios, formações ou serviço voluntário europeu. P. Ao nível dos intercâmbios e formações quais são os principais temas que abordam? R. Os intercâmbios têm vários temas, mas tentamos sempre incluir os que tenham a ver com o desenvolvimento rural e ambiente sustentável. Em 2018 direccionámos muito para as questões da floresta,

aos Refugiados. O trabalho da H2O já tem sido reconhecido e o prémio de Boas Práticas que receberam em Bruxelas, em 2007, para o projecto realizado no Navio Creoula, é exemplo disso mesmo. No historial da associação existem ainda dois projectos alvo do Alto Patrocínio do Presidente da República. Em 2016, a Câmara de Rio Maior atribui medalha de Mérito e, em 2017, a Fundação Inatel destinguiu a H2O pelo seu projecto social. Ainda em 2017 são distinguidos pelo Instituto Português do Desporto e Juventude. Em Outubro de 2018 o Conselho de Ministros atribuiu à associação o Estatuto de Utilidade Pública, algo único a nível regional no que respeita a organizações juvenis.


promoção de bons hábitos ambientais, a prevenção de incêndios e a vigilância da floresta. Além disso, terminámos um projecto em Agosto, cuja responsável foi uma das nossas jovens voluntárias, que é um projecto no âmbito da igualdade de género. P. Sente-se na juventude da aldeia o efeito H2O? R. Já ouvi professores dizerem que notam diferenças entre os jovens de Arrouquelas e os das outras freguesias do concelho de Rio Maior. É natural porque por aqui passam outros jovens de outras latitudes e culturas. Os jovens comunicam entre si, sobre as suas origens, tradições, hábitos religiosos e culturais e isso é muito enriquecedor. Termos jovens a frequentar o programa de Serviço Voluntário Europeu, ou as formações internacionais, os intercâmbios... tudo isto serve para enriquecer socialmente um jovem. P. Continuam ligados à população em geral? R. Só dessa forma pudemos crescer estes anos todos e continuar a nossa acção. Gosto de dizer que somos um complemento às acções da junta de freguesia e da câmara municipal. Já restaurámos vários espaços da aldeia, fazemos vigilância da floresta e durante as férias escolares os voluntários recebem os mais pequenos que os pais nos confiam. Isso é muito importante. Organizamos debates sobre várias questões, trabalhamos com uma instituição que apoia pessoas com graves problemas de mobilidade e uma instituição que apoia pessoas com deficiência intelectual na nossa região.

P. Há sempre novos desafios? R. Nesta altura estamos a preparar-nos para receber uma família de refugiados em Arrouquelas. É uma nova vertente da H2O. Trata-se de uma parceria directa com a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). Vamos tornar-nos responsáveis pela tutoria dessas pessoas, dando-lhes apoio e acompanhando-as na sua integração na comunidade em todas as dimensões. Já iniciámos a nossa preparação enquanto organização, e também a da parte logística, e agora estamos focados na preparação da comunidade. P. Em Outubro foram reconhecidos como entidade de Utilidade Pública. Como se sentiram com esta distinção? R. Há quatro anos que fizemos a candidatura para sermos reconhecidos como Entidade de Utilidade Pública e para uma associação juvenil não é fácil porque implica uma série de condicionantes. Conseguimos corresponder com todas as garantias e conseguimos ter homologado este estatuto, o que nos deixa muito orgulhosos. P. Quais são as maiores dificuldades da H2O? R. As dificuldades são inerentes à nossa ruralidade, ao facto de estarmos no interior. Sinto que os jovens agora querem fazer a sua vida e têm muita necessidade de sair da aldeia. Deixa-me um pouco triste, mas não há grande coisa a fazer. Mas ainda sinto que gostam de voltar, nem que seja ao fim-de-semana para continuarem a estar ligados à aldeia e à associação que os ajudou a crescer.

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Nos Bombeiros de Almeirim ninguém faz trabalho sozinho

Associação Humanitária dos Bombeiros de Almeirim é Personalidade do Ano na Cidadania

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Personalidade do Ano Cidadania Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almeirim Os bombeiros da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almeirim, que em 2018 assinalou 70 anos de serviço à população, distinguem-se pela sua capacidade técnica, formação e espírito de união. É assim que eles justificam os seus altos níveis de operacionalidade. A corporação destaca-se também por ser um modelo de cidadania, com vários exemplos de dedicação, como a do comandante, Jorge Costa, que dá esta entrevista, que apesar de não ter de fazer serviços de ambulância, faz questão de ser incluído nas escalas e todas as semanas realizar trabalho de emergência pré-hospitalar, no terreno. António Palmeiro P. O que é que distingue os bombeiros de Almeirim? R. Isso é fácil. Acima de tudo o potencial humano, de mulheres e homens, que todos os dias disponibilizam um pouco do seu tempo a esta causa, que é a protecção e o socorro à população, desde os directores,

Uma corporação que ultrapassa dificuldades graças ao espírito de união Nos últimos anos a corporação dos Bombeiros Voluntários de Almeirim passou por várias situações difíceis e traumáticas, como agressões em serviço e um suicídio de um bombeiro no quartel. Se as situações abriram feridas profundas e nunca totalmente curadas, porque não se esquecem, também acabaram por revelar e reforçar o espírito de união, camaradagem e a capacidade dos bombeiros em ajudarem os outros. 30

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corpo activo, quadro de honra e escola de infantes e cadetes. P. A corporação é das que na Lezíria tem mais elementos disponíveis para as ocorrências. Como se consegue isso? R. Tem havido uma aposta na profissionalização. Hoje em dia a primeira resposta ao socorro deve ser assegurada no imediato. Em termos de efectivos do quadro activo

A corporação nunca baixa os braços e procura sempre melhorar e ultrapassar as situações, dando ferramentas de trabalho e de apoio aos seus 66 elementos. Na sequência do episódio traumático da morte do camarada de trabalho, foi feito um trabalho pioneiro com a Autoridade Nacional de Protecção Civil e hoje o corpo de bombeiros é precursor na criação de equipas preparadas para prestar apoio psicológico interno, que também ajuda no trabalho no terreno. Os bombeiros de Almeirim estão hoje mais bem preparados para lidarem com situações de elevado stress operacional e para gerirem as situações operacionais. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Almeirim existe há sete

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contamos com 66 elementos. Destes, 25 são profissionais divididos em várias áreas, sendo que o socorro e o transporte de doentes são as que representam o maior número de serviços da corporação. P. Com as cada vez maiores exigências e solicitações, as corporações não deviam ser totalmente profissionais? R. A história das corporações está muito décadas e o corpo de bombeiros é um dos mais bem apetrechados e operacionais da Lezíria do Tejo, o que se deve a uma aposta em equipas permanentes no quartel durante o dia para responderem rapidamente às solicitações, sejam emergências médicas, sejam incêndios, inundações e outras ocorrências. A corporação de Almeirim está dotada de viaturas e materiais modernos e aposta na formação contínua e especializada dos operacionais, fruto de uma gestão rigorosa que lhe permite ter as contas equilibradas. Há oito anos foi criada uma escola de infantes e cadetes que forma crianças e jovens para que um dia possam ser bombeiros. Esta escola tem actualmente 23 crianças que desenvolvem actividades pedagógicas relacionadas com o voluntariado e a forma-

ligada ao associativismo e ao voluntariado. À necessidade que as pessoas sentiram de se juntarem para garantirem a sua protecção e socorrerem as populações. O voluntariado é importante, até porque a nossa instituição acaba por ser também uma escola de cidadania e de valores e é desta forma que se consegue chegar mais próximo das pessoas. Agora a primeira resposta deve estar garantida com efectivo profissional, para não estarmos dependentes da disponibilidade de elementos que têm a sua vida profissional em outras áreas. P. Esta aposta na profissionalização nos Bombeiros de Almeirim faz com que a vossa intervenção já ultrapasse os limites do concelho. R. É verdade, sobretudo na área da emergência pré-hospitalar, em que há um número significativo de serviços fora do concelho. Mas as corporações de bombeiros também funcionam de forma articulada com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém. Isto permite que se uma corporação não tiver em determinado momento capacidade de resposta, a situação será assegurada pela corporação mais próxima. P. Como é que se consegue captar elementos novos para os bombeiros? R. Cada vez há mais dificuldade em recrutar pessoas para a formação base da carreira de bombeiro. No nosso caso a grande maioria dos elementos que vai frequentar o curso inicial de bombeiro vem da escola de infantes e cadetes. O gosto que têm pelos bombeiros, o que eles representam em termos de disciplina e trabalho de equipa, permite que venham já com essas bases. E é isso que nos tem ajudado. Das novas inscrições para o curso de formação, que exige disponibilidade, muitos acabam por desistir. Essa percentagem de desistências é muito menor entre quem já vem da escola de infantes e cadetes. P. A que se deve esse menor interesse em ser bombeiro? R. Os jovens actualmente têm muitas formas de se ocuparem e acabam por perder o espírito de associativismo e a motivação para contribuírem para a sociedade. Isso também se deve ao facto de a actividade dos bombeiros exigir disponibilidade e cumprimento de regras. É preciso sacrifício pessoal que é o que está a faltar nas camadas mais jovens. P. O que é preciso para manter os níveis de operacionais que permitem socorrer as pessoas em tempo útil? R. Além da disponibilidade, é precisa ção cívica, além de receberem as primeiras noções de protecção e socorro. As primeiras reuniões com vista à formação de um corpo de bombeiros na cidade começaram em 1946, com uma comissão constituída por Francisco de Freitas Moura, Luís Vasconcelos Dias e Deodato da Mota Cerveira. Dois anos mais tarde foi formada uma direcção para organizar e formalizar uma associação humanitária. O primeiro presidente foi Adelino Novais Branco. O primeiro comandante operacional foi Manuel dos Santos. O primeiro acto da primeira direcção foi recuperar a antiga central eléctrica (onde hoje é o posto de turismo), cedida pela câmara, para fazer o quartel, que esteve no local muitos anos.


formação, treino regular e investimento em equipamento e viaturas. Temos todas as semanas formação base e treino operacional, inseridos no plano anual do corpo de bombeiros. E temos também formação ministrada pela Escola Nacional de Bombeiros, além de outras formações, nomeadamente no Instituto Nacional de Emergência Médica e em instituições com quem temos parcerias. A qualidade do socorro passa muito por um leque alargado de formação. P. A corporação também se tem destacado por ela própria prestar formação a outras pessoas e entidades. R. Temos uma parceria com o ISLA de Santarém nesse sentido. Temos no quartel um conjunto de elementos especialistas no socorrismo e combate a incêndios, que fazem formação externa para empresas e também colaboramos com outras entidades, como agrupamentos de escolas. Isto representa também o reconhecimento de que a corporação tem uma boa capacidade técnica. P. Como é que se motiva e se consegue ter uma equipa unida? R. Qualquer tipo de trabalho realizado pelos bombeiros é feito em equipa. Aqui ninguém consegue fazer algo sozinho. É por isso que tentamos promover sempre a união. Nem sempre é fácil motivar mulheres e homens com ideias diferentes mas o segredo se calhar passa pelos laços de amizade que se criam nesta corporação. P. Fazem muitas iniciativas de angariação de fundos. Como é a resposta? R. Este é um trabalho de todos. De dirigentes, bombeiros e familiares que têm um papel importante. Também temos a colaboração de pessoas amigas. Participamos em diversos eventos e o que conseguimos de

receita é para as despesas da associação mas sobretudo para investir em equipamentos. A nossa aposta tem vindo a ser em equipamentos de protecção individual. P. Qual é a principal característica necessária para se trabalhar nos Bombeiros de Almeirim? R. É preciso gostar-se deste trabalho. Porque se não gostarmos desta actividade, com o grau de exigência e as situações que encontramos, dificilmente permanecemos nos bombeiros. A gratidão e o prazer que nos dá ajudar as pessoas é o que nos dá o ânimo. P. A formação dos bombeiros é essencialmente técnica? R. Hoje o bombeiro também tem de ser um pouco psicólogo, padre, amigo. As situações que vivemos todos os dias contribuem também para o enriquecimento pessoal e profissional. A formação está em primeiro lugar, mas há sempre necessidade de procurar outro tipo de capacidades para falarmos com as pessoas e ajudá-las. P. O corpo de bombeiros já teve vários casos de agressões em serviço. As pessoas não compreendem o vosso trabalho? R. É um reflexo social. Trata-se de questões de egoísmo e falta de civismo de determinadas pessoas. Estas situações desmotivam-nos na altura em que acontecem. Fazem-nos pensar muitas vezes se valerá a pena o nosso trabalho. É preciso gostar muito de ser bombeiro para superar essas incompreensões e injustiças. P. Qual a imagem que os cidadãos em geral têm dos bombeiros? R. Hoje já se vê, em termos gerais, o trabalho dos bombeiros e já se olha para o bombeiro de forma diferente. Antes a ideia que havia era de que fazíamos um trabalho

amador e isso não é verdade. Cada vez mais temos pessoas nos bombeiros com formação superior. No caso de Almeirim, temos vários bombeiros licenciados, alguns deles em áreas relacionadas com o socorro, emergência pré-hospitalar e em outras áreas que também contribuem para o bom trabalho da corporação. P. O facto de o comandante também fazer serviços de emergência pré-hospitalar, o que é caso raro, é uma forma de mostrar que esta corporação é diferente? R. Faço o que gosto. Ter a possibilidade de continuar a trabalhar na área da emergência pré-hospitalar, atendendo até à minha formação, acaba por ser o contributo que posso dar para ajudar os outros. Pondo ao serviço delas os meus conhecimentos. Sendo uma situação diferente da generalidade das corporações, não é só isso que nos diferencia.

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José Andrade esteve preso em Caxias por defender uma propriedade da família José Andrade é Personalidade do Ano a Título Póstumo

foto arquivo O MIRANTE

peão de ralis no primeiro campeonato da modalidade realizado em Portugal. Dizia que não era pessoa de criar inimizades nem de guardar rancores. Adorava viajar e viver sem horários rígidos. Conheceu vários países da Europa, América Central e África. Tinha o sonho de viver em S. Tomé e Príncipe, por ter ficado apaixonado pelas paisagens e pela paz que o país lhe transmitia. Incluía-se no grupo de portugueses que considerava masoquistas por gostarem de viver num país que os tratava mal.

Personalidade do Ano Título Póstumo José Andrade Foi presidente da CAP, Confederação dos Agricultores de Portugal, mas saiu quando achou que a mesma se tinha transformado numa mera agência de serviços. Esteve preso em Caxias depois do 25 de Abril por se opor à ocupação de uma herdade da família. Foi uma figura incontornável da agricultura portuguesa. António Palmeiro José Joaquim Lima Monteiro de Andrade, engenheiro agrónomo, faleceu no dia 3 de Abril de 2018, com 69 anos de idade. Foi fundador do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas em Santarém e responsável pela mudança da Feira Nacional de Agricultura do centro da cidade para aquele local. José Andrade era um homem de luminosa inteligência, como fez questão de referir o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua mensagem de condolências, logo após o falecimento, tendo acrescentado o facto de ter sido sempre uma figura incontornável na de-

fesa da agricultura portuguesa. A vida de José Andrade também se cruzou com a política, tendo sido um dos mais jovens deputados na primeira legislatura após o 25 de Abril, entre 1976 e 1980, eleito pelo PPD/PSD. Era então um recém-licenciado com 25 anos de idade. Enquanto deputado fez parte de uma comissão restrita do PPD, constituída por três elementos, que conseguiu negociar com o ministro António Barreto, do PS, a primeira reforma agrária em 1977. Foi vereador da Câmara de Santarém, pelo PSD, na oposição, entre 2002 e 2005. O facto de se ter formado em Agronomia em 1974, numa época conturbada, foi o principal motivo para ter uma participa-

ção activa na área associativa e política. Esteve preso dois meses em Caxias, já depois do 25 de Abril, porque defendeu uma propriedade do pai, em Évora, que tinha sido ocupada por homens armados. José Andrade nasceu a 8 de Maio de 1948, no Vale de Santarém, concelho de Santarém, porque a sua mãe sempre fez questão de ter os filhos na casa dos pais mas viveu a sua vida em Almeirim. Foi presidente da CAP, Confederação dos Agricultores de Portugal, entre 1996 e 1999, mas já antes estava ligado à organização. Abandonou a CAP porque entendia que a mesma devia ser mais reivindicativa e não uma mera agência de serviços. Numa entrevista a O MIRANTE, em 2008, dizia que a confederação tinha deixado de defender os agricultores e perdido influência política. José Andrade teve também uma intensa actividade como desportista. Foi jogador de futebol no clube do seu coração, o Sporting, no escalão de juniores. Foi vice-cam-

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Acontecimentos do ano: SOCIEDADE foto O MIRANTE

O Caso Oliveira Domingos deu origem a um livro exemplar “O Processo - Tentativas de condicionamento da informação em Portugal” Orlando Raimundo é o autor do livro “O Processo - Tentativas de condicionamento da informação em Portugal”, editado pela Rosmaninho Editora de Arte, apresentado na tarde de quarta-feira, 19 de Setembro de 2018, na sede de O MIRANTE em Santarém. A obra começa por relatar um processo movido pelo advogado Oliveira Domingos a O MIRANTE, devido ao jornal ter noticiado, em 6 de Janeiro de 2010, que o causídico,

Janeiro

Importância da Rodoviária do Tejo e a sua ligação às comunidades que serve A Rodoviária do Tejo, S.A. define como sua missão aumentar a qualidade de vida das populações através da prestação de serviços adequados às diferentes necessidades de deslocação contribuindo para a preservação do equilíbrio ambiental. É uma empresa activa e inserida na comunidade, sendo parceira a nível autárquico, escolar e empresarial e assume-se como preocupada com a qualidade de vida e a sua sustentabilidade. Nas zonas onde opera, e dada a sua ligação às comunidades, é geralmente designada apenas por “Rodoviária”. A Rodoviária do Tejo, cujo administrador executivo é o engenheiro Orlando Ferreira, é uma empresa certificada com base na norma ISO 9001:2015, nos serviços Urbanos, Interurbanos, Aluguer, Expresso e Internacional.

Não à tauromaquia Num concelho de grandes tradições tauromáquicas, o novo executivo da Junta de Freguesia de Alverca decidiu que não quer qualquer tipo de actividade ligada à tauromaquia, como corridas de toiros, largadas ou garraiadas. Foi a primeira freguesia do

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enquanto avençado da Câmara de Santarém, exigia o pagamento de muitos milhares de euros ao município. Invocando o espírito crítico do escritor Eça de Queiroz, Orlando Raimundo não poupou o sistema judicial, referindo que

hoje, mais de cem anos depois dos tempos em que Eça arrasava a sociedade portuguesa, “passou-se da monarquia clerical para a república dos juízes”. O que considera “perigoso e preocupante”. “O que está aqui em causa é a capacidade

de um advogado espertalhão que montou uma artimanha que esteve prestes a resultar” e que, tendo sucesso, poderia significar o fim do jornal, dado o elevado montante da indemnização pedida e que chegou a envolver números na ordem dos milhões de euros, conforme se relata na obra. O processo só terminou sete anos mais tarde com a absolvição dos proprietários e do director editorial de O MIRANTE pelo Supremo Tribunal de Justiça. “Um caso exemplar, pela negativa, que irá perdurar como uma mancha negra na história do jornalismo e da justiça em Portugal”, como se sintetiza na contracapa do livro. Nota: O advogado José de Oliveira Domingos já pagou à entidade proprietária de O MIRANTE, em cinco prestações, cerca de vinte e seis mil euros. O pagamento refere-se às custas que O MIRANTE teve de suportar numa contenda na Justiça que o referido advogado perdeu no Tribunal da Relação de Évora e no Supremo Tribunal de Justiça, depois de ter ganho em primeira instância no Tribunal de Santarém. foto O MIRANTE

concelho de Vila Franca de Xira a assumir esta posição.

Rede de prostituição A PSP desmantelou uma rede de prostituição, que envolvia perto de duas dezenas de pessoas, e que operava em Alverca do Ribatejo e Vila Franca de Xira. Já dois anos antes tinha sido desmantelada outra rede que operava a partir de Alverca. As mulheres eram transportadas para Portimão, no Algarve, para se prostituírem. Os arguidos desse processo foram condenados por crimes de lenocínio com penas suspensas.

Javalis doentes e destruidores Os serviços veterinários autorizaram os caçadores a organizarem caçadas de javalis, que começavam a ser uma praga na zona de Vila Franca de Xira, destruindo culturas, matando outros animais e causando acidentes de viação. Em causa estava também a transmissão de doenças a humanos, como a tuberculose.

Ambientalista sem medo Com um processo judicial em cima, movido pela empresa Celtejo, tida como uma poluidora do Tejo, o ambientalista Arlindo Consolado Marques não desistiu de conti-

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nuar a denunciar casos de poluição. A empresa pede uma indemnização de 250 mil euros. O processo ainda está para decisão, mas o ambientalista, natural de Mação e residente no Entroncamento, conta com testemunhas abonatórias de peso, como o juiz Carlos Alexandre. Entretanto, pescadores do Tejo também meteram o Estado em tribunal, pedindo 100 milhões de euros de indemnização devido aos danos causados à actividade piscatória.

Primeira comandante A primeira mulher comandante de bombeiros no distrito de Santarém é nomeada para dirigir a corporação de Salvaterra de Magos, que estava num período conturbado. Lurdes Fonseca, natural de Coruche, assumia um comando aos 41 anos, depois de ter feito carreira nos Bombeiros Municipais de Coruche, para onde entrou com 18 anos de idade.


foto O MIRANTE

Fevereiro

Braço-de-ferro em Abrantes Começa o braço-de-ferro entre a entidade detentora do Cine-Teatro S. Pedro em Abrantes e a câmara municipal, que explorava o espaço. A família Bastos Carreiras, que desde Novembro de 2017 passou a controlar a Iniciativas de Abrantes, dona do espaço, não renovou o contrato de comodato com a autarquia, que vigorava há 19 anos. E não aceitou a proposta da autarquia de compra do imóvel por 270 mil euros. Até ao momento não há entendimento e o espaço continua fechado e a degradar-se.

Abril

Vítima de legionella avança com primeira acção

Vida difícil para médicos da Chamusca A médica do Centro de Saúde da Chamusca que prestava serviço na extensão do Chouto foi insultada por utentes devido a uma falha informática à qual a médica era alheia. A profissional recusou-se a trabalhar mais na localidade, que esteve sem médico várias semanas. Em Maio um médico é agredido no consultório na Extensão de Saúde de Vale de Cavalos por não ter renovado a baixa de uma utente. O clínico foi agredido pelo marido desta e não mais voltou ao trabalho na localidade, que esteve sem médico durante três meses.

CRIA em dificuldades A passar por uma profunda crise financeira, o Centro de Recuperação Infantil de Abrantes (CRIA), gerido pelo ex-presidente da câmara, Nelson Carvalho, está também a ter problemas com a justiça. A Segurança

Alferrarede, Abrantes, também fecharam e os serviços passaram a ser feitos numa papelaria, enquanto os de Riachos (Torres Novas) foram para a junta de freguesia. A empresa também mudou o centro de distribuição postal, onde é organizada a entrega de correspondência, da Chamusca para Riachos. Ao longo do ano foram algumas as queixas do serviço de distribuição, um pouco por todo o distrito, mas sobretudo no concelho de Vila Franca de Xira.

Social enviou para o Ministério Público um relatório sobre irregularidades detectadas no centro. Entre as suspeitas de irregularidades está a eleição de Nelson Carvalho, que em pouco mais de dois anos de direcção esteve em várias controvérsias e polémicas, que levaram a que o conselho fiscal se demitisse. Ainda não é conhecido o desfecho da investigação.

Março

Enguia é o prato do dia em 21 restaurantes de Salvaterra de Magos De 1 de Março a 1 de Abril a enguia foi prato do dia em 21 restaurantes do concelho de Salvaterra de Magos com a

realização de mais uma edição do Mês da Enguia. Enguias fritas com arroz de feijão, ensopado de enguias, caldeirada de enguias ou enguias grelhadas são algumas das várias formas de cozinhar o petisco e que constaram nas ementas dos 21 restaurantes que aderiram ao Mês da Enguia. Para além da gastronomia, a novidade deste ano foi a primeira edição da Feira Nacional de Artesanato e de Produtos Tradicionais que contou com 100 expositores.

Protestos e mudanças nos CTT A 27 de Fevereiro foi fechada a estação dos CTT em Alpiarça. Neste ano as contestações de autarcas e populações não evitaram outras mudanças nos Correios. Os CTT de

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É intentada a primeira acção por uma das vítimas do surto de legionella em Vila Franca de Xira, em 2014. No processo cível, Leonel Ferreira, que esteve dezasseis dias em coma por causa da doença, pede 200 mil euros de indemnização. O caso continua nos tribunais.

Suspensas obras no bloco As obras do bloco operatório do Hospital de Santarém, consideradas urgentes atendendo à degradação do equipamento, são suspensas na sequência do Tribunal de Contas ter recusado o visto para uma parte dos trabalhos. O tribunal justifica a situação com o facto de o hospital não ter na altura do contrato com a empresa vencedora do concurso, para os trabalhos de ventilação e ar condicionado, fundos disponíveis para pagar as despesas. A situação arrastou-se todo o ano de 2018 e só no início de 2019, já com uma nova administração, se consegue desbloquear a situação com a reformulação do processo e uma engenharia financeira.

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Junho

Quedas do hospital No início de Junho um doente, de 73 anos de idade, atirou-se do nono andar do Hospital Distrital de Santarém e morreu. A vítima, que residia em Coruche e estava internada com um tumor, deslocou-se até à janela, partiu o vidro e atirou-se. Foi o primeiro caso. Duas semanas depois uma mulher sofreu ferimentos graves ao cair do primeiro andar. As situações levaram a Entidade Reguladora da Saúde a recomendar ao Hospital Distrital de Santarém a adopção de medidas que previnam a ocorrência de quedas.

Corrida aos crematórios Em 2018 assistiu-se a uma autêntica disputa pela instalação de crematórios. Depois de Almeirim ter avançado a custas próprias para a construção de um crematório, o

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Entroncamento desbloqueou o processo parado há anos, por falta de interessados, e adjudica a concepção, construção e exploração do crematório na cidade. Almeirim faz o projecto e o concurso para a construção do equipamento que vai ser gerido pela junta de freguesia da cidade. Pelo caminho também Santarém dá passos e já no início de 2019 assina o contrato com privados para a concepção e exploração do crematório junto ao Cemitério dos Capuchos.

Agosto

Escolas da Insignare continuam a apostar em estágios no estrangeiro Quarenta e seis alunos da Escola Profissional de Ourém (EPO) e da Escola de Hotelaria de Fátima (EHF) estiveram a estagiar em várias cidades da Europa durante dois meses, adquirindo novas


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competências e experiências. Os jovens regressaram na segunda-feira, 30 de Julho, tendo dado continuidade a uma tradição de vários anos consecutivos dessas escolas em proporcionar estágios curriculares em várias cidades europeias, apoiados pelo programa Erasmus +. Aliás, as duas escolas da Insignare - Associação de Ensino e Formação já viram aprovada a candidatura que permitirá que mais 48 alunos seus frequentem estágios no estrangeiro no próximo ano lectivo.

Festival da Sopa de Pedra “está maior porque melhor é impossível” O Festival da Sopa de Pedra decorreu até 2 de Setembro, em Almeirim, e apresentou este ano várias novidades. As principais são a criação de um ponto de venda só de sopa de pedra e o aumento do número de tasquinhas. Durante a inauguração que decorreu a 29 de Agosto, o presidente da Câmara de

Almeirim, Pedro Ribeiro, afirmou que o evento gastronómico “está maior porque melhor é impossível”.

Setembro

Escola Profissional do Vale do Tejo reconhecida na interacção a nível internacional A Escola Profissional do Vale do Tejo (EPVT), em Santarém, foi acreditada com o “Vet Mobility Charter”, uma certificação internacional que comprova a qualidade na organização de mobilidades de ensino e formação profissional a nível internacional. O que vem também reconhecer o trabalho da instituição de ensino nos programas Erasmus + e na Ação-Chave 1, de mobilidade de alunos entre países. Segundo a EPVT, esta acreditação vem, não só elevar a nível de exigência da escola, mas também surge como forma de recompensar a qualidade de trabalho

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desenvolvido pela escola quanto à mobilidade para fins de aprendizagem.

Outubro

Hospital Vila Franca de Xira é dos melhores do país na excelência clínica O Hospital Vila Franca de Xira, gerido pela José de Mello Saúde em regime de parceria público-privada, está entre os melhores hospitais do país na área da excelência clínica, novamente, este ano, à semelhança do que tem acontecido em anos anteriores. Os dados são revelados pelo Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), responsabilidade da Entidade Reguladora da Saúde.

Mulheres também matam maridos A mulher do triatleta Luís Grilo, de Vila Franca de Xira, é presa preventivamente pela morte do marido, tal como o seu aman-

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te. São acusados de terem matado o empresário, que estava desaparecido desde 15 de Julho, e de se desfazerem do corpo, que foi encontrado a 134 quilómetros, em Alcórrego, concelho de Avis. Antes, em Agosto, a professora Margarida Rolo, de 43 anos, era presa pela morte do marido, também professor, assassinado à martelada e facada na habitação do casal em Abrantes.

Apoios dos incêndios em tribunal A Câmara de Mação interpõe uma providência cautelar para impedir que os 50,6 milhões de euros de Fundo de Solidariedade da União Europeia (FSUE) sejam gastos sem contemplar o município. É mais uma forma de pressão já que, como disse o presidente Vasco Estrela posteriormente, o processo pode levar anos e o dinheiro não pode ficar retido. Em causa está o facto de Mação não ter sido contemplado com apoios pelos prejuízos dos fogos, ao contrário de outros municípios. Cerca de 80%

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do município de Mação foi destruído pelos incêndios de 2017.

Novembro

Urgências do Hospital de Abrantes recebem obras de 2,1 milhões O serviço de urgências do Hospital de Abrantes está em remodelação. Numa fase inicial está a ser preparada a ala esquerda para acolher os pacientes durante as grandes obras de modernização desse serviço, orçadas em 2,1 milhões de euros e com arranque previsto para o primeiro trimestre de 2019. A obra, a cargo do SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, apresentada a 13 de Novembro à comunicação social, está “adiantada” segundo Ilda Rocha, engenheira responsável pelo projecto.

Guia de Restaurantes Certificados da Lezíria apresentado no Festival de Gastronomia

O assalto à Caixa Agrícola da Chamusca que só O MIRANTE noticiou Ladrões roubaram os cofres individuais da Caixa Agrícola da Chamusca, depois de foto O MIRANTE

O Guia de Restaurantes Certificados da Lezíria do Tejo foi lançado a 26 de Outubro, na Casa do Campino, em Santarém, durante a inauguração de mais uma edição do Festival Nacional de Gastronomia. O Guia é mais uma iniciativa da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR). O presidente daquela entidade, António Ceia da Silva, dedicou o trabalho, que considerou de elevadíssima qualidade, “aos homens da restauração da Lezíria do Tejo”. Referindo que os restaurantes são o “primeiro posto de turismo avançado”. foto O MIRANTE

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desactivarem os sistemas de segurança e entrarem pelo telhado da instituição bancária. Todos os clientes que tinham cofres individuais, cerca de duas dezenas, perderam tudo o que tinham confiado ao banco. O curioso é que ninguém deu pelo assalto pela calada da noite. A GNR esteve no local na altura mas não viu qualquer sinal estranho. A instituição pediu aos clientes lesados uma lista de bens roubados para tentar compensá-los.

Hospital de Dia de Medicina Interna abre em Abrantes Abriu a 5 de Novembro o novo Hospital de Dia de Medicina Interna, que vai ocupar uma ala do 10º piso da Unidade Hospitalar de Abrantes. O Hospital de Dia de Medicina Interna vai funcionar de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 19h00, com uma equipa permanente de enfermagem e com


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um médico sempre disponível. No Hospital de Dia de Medicina Interna haverá uma agenda própria e um contacto telefónico que será fornecido aos doentes caso surja alguma dúvida ou complicação.

Dezembro

Fundação CEBI celebra 50 anos com novo lar de idosos como meta Num pavilhão repleto de pais, alunos, professores e convidados, a Fundação CEBI, de Alverca do Ribatejo, assinalou o seu 50º aniversário no dia 6 de Dezembro. Dar “resposta aos novos desafios e necessidades da comunidade” é a ambição da fundação cuja teia social contempla respostas dirigidas a crianças, idosos e famílias desprotegidas. “Para breve, a CEBI deseja ter boas notícias do projecto para a construção do novo lar de idosos, com condições mais adequadas que substitua o actual”, anunciou Ana Maria Lima, presidente do conselho de administração.

Morte trágica de amigas O ano termina com um acontecimento trágico. Duas amigas de Almeirim morrem carbonizadas num acidente de viação no IC10 em Santarém. Patrícia Patrício e Diana Ferreira, ambas de 31 anos, ficaram irreconhecíveis e foi necessário fazer testes de ADN para as identificar. O processo demorou três semanas e só na segunda semana de Janeiro foi possível realizar os funerais.

foto DR

Unidade Coronária do Hospital de Santarém volta a funcionar em pleno A Unidade Coronária do Hospital Distrital de Santarém (HDS) voltou a funcionar em pleno, 24 horas por dia, a 2 de Janeiro. A notícia foi avançada pela administração do HDS que revela a contratação de três cardiologistas em regime de prestação de serviço. A falta de médicos cardiologistas já se tinha registado em Novembro e agravou-se em Dezembro, levando ao encerramento da Unidade Coronária em alguns períodos de alguns dias. De acordo com a administração do hospital a situação foi provocada pelo “abandono de alguns profissionais nos últimos anos”. Recorde-se que, até há pouco tempo, este era um serviço de referência na região.

Isaura Morais esteve nos estúdios da TVI para discutir projecto inovador de Rio Maior A presidente da Câmara de Rio Maior, Isaura Morais, juntamente com o secretário de Estado da Educação, João Costa, e o director do Agrupamento de Escolas de Rio Maior, Paulo Almeida, estiveram no dia 20 de Dezembro, nos estúdios da TVI. Em debate esteve o projecto ActiveLab. Um programa educativo inovador que utiliza novas estratégias e novos recursos e que o Agrupamento de Escolas Fernando Casimiro Pereira da Silva de Rio Maior foi um dos pioneiros do país a introduzi-lo.

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Acontecimentos do ano: ECONOMIA foto O MIRANTE

Nersant continua a ser um forte apoio para o tecido empresarial da região A pouco e pouco, com a retoma da economia, a região de Santarém começa a atrair investimentos importantes. Não são tantos quanto seria expectável dado o seu posicionamento estratégico, mas atrás de uns outros vêm e mais outros hão-de vir. Apesar das sempre elogiadas acessibilidades a região ainda é castigada pela falta de uma nova travessia do Tejo, prevista há mais de uma década, e pela introdução de portagens, nomeadamente na A23. O dinamismo da Associação Empresarial Nersant tem sido um factor fundamental, nomeadamente a nível da modernização e internacionalização das empresas mas o facto de a maioria ser de pequena dimensão não facilita. Janeiro

Rio Maior ganhou corrida pela fábrica da farmacêutica Generis A farmacêutica Generis anunciava construir uma fábrica em Rio Maior, município que ganhou a corrida a outros concelhos, entre eles o de Santarém. A Generis ad-

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como por exemplo o México. O mercado árabe é também um destino dos produtos ali produzidos.

Março

Administrador da Roques Vale do Tejo e os carros a energia eléctrica O Zoe, modelo eléctrico da Renault, já é líder de mercado em Portugal no seu segmento e só não tem mais compradores em Portugal por falta de locais para abastecimento. Apesar disso, o administrador da Roques Vale do Tejo, Frederico Roque, está optimista. Para atenuar aquela lacuna a Renault oferece uma caixa eléctrica que os clientes utilizam em casa para carregarem o veículo. A Roques Vale do Tejo é a distribuidora mais antiga da marca Renault na Península Ibérica e tem instalações em Santarém, Vila Franca de Xira, Rio Maior e Torres Novas. quiriu um conjunto de lotes com cerca de 88.000 m2 de área global. A farmacêutica portuguesa Generis foi comprada no início do ano de 2017, pela farmacêutica indiana Aurobindo Pharma, por 135 milhões de euros. A empresa tem um amplo portfólio de produtos com grande participação nas áreas terapêuticas de cardiovascular, anti-infecciosos e sistema génito-urinário de medicamentos.

Central de biomassa a caminho do Eco Parque do Relvão Uma central de biomassa residual, que vai permitir reduzir os lixos depositados em aterro, instalou-se no Eco Parque do Relvão, na Carregueira, concelho da Chamusca. Um investimento que rondou os nove milhões de euros. Tendo sido financiado em cerca de cinco milhões de euros por fundos comunitários.

Fevereiro

IKI Mobile em Coruche é a primeira fábrica de telemóveis portuguesa A zona industrial de Monte da Barca, em Coruche, recebeu a unidade de produção da

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IKI Mobile, a primeira fábrica de telemóveis portuguesa. Com 1900m2, que correspondem a um investimento de 1,6 milhões de euros, a nova unidade fabril empregava já 36 pessoas mas visava, até ao final de 2018, totalizar 100 postos de trabalho directos e 200 indirectos. A fábrica de Coruche produz telemóveis para a Europa, África, América do Norte e alguns países da América do Sul,

Investimento de 30 milhões de euros para modernizar regadio da Lezíria Grande O Projecto de Modernização do Aproveitamento Hidroagrícola da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, que representa um investimento de 30,5 milhões de euros, foi apresentado numa cerimónia onde esteve presente o ministro da Agricultura, Floresfoto O MIRANTE


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tas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos. O ministro anunciou a beneficiação de 6.500 hectares da lezíria através do novo sistema de condutas. O projecto de execução incluia ainda a rede primária e secundária de rega, rede viária e de drenagem, sistema de automação e telegestão, expropriações e análise da gestão do aproveitamento hidroagrícola.

Maio

Formandos de Santarém vencem Cenfim Empreende 2018 Tiago Velez, Mauro Amaral e André Figueiredo, formandos do Núcleo de Santarém do Cenfim (Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica), venciam o concurso Cenfim Empreende deste ano. Em competição estiveram formandos de oito núcleos que imaginaram, desenharam, propuseram, projectaram, estudaram e implementaram os seus projectos. Para além do prémio monetário, estes formandos vão ter a oportunidade de realizar um mês de estágio numa cidade europeia com todas as despesas suportadas pelo Cenfim. Reconhecer a importância do empreendedorismo na sociedade e passá-la aos formandos é o objectivo do projecto Cenfim Empreende.

Julho

Nersant com 108 novas empresas associadas em 2018 A Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém reforçou a sua estrutura associativa no primeiro semestre de 2018 com 108 novas empresas. As mesmas representam, no total, uma facturação de 190 milhões de euros e contam com 1.136 trabalhadores. Quanto aos sectores de actividade, destacam-se o Comércio e Serviços (89), a Indústria (16) e a Agricultura (3). Quanto à origem geográfica dos novos associados, destaque para o concelho de Ourém, que foi o que mais empresas integrou na estrutura da Nersant no primeiro semestre de 2018, tendo angariado 22 empresas. Santarém, com 16 empresas, e Rio Maior, com 15, foram os concelhos que ficaram em segundo e terceiro lugar no ranking.

Agosto

Governo aprova investimento de 81 milhões em três centrais solares em Santarém O Governo aprovou três novas centrais solares, sem subsídios pagos pelos consumidores, que serão promovidas pela Escalabis foto O MIRANTE

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Solar, num investimento de 81 milhões de euros para uma capacidade instalada total de 145,5 megawatts. As centrais de Alforgemel, Casal do Paul e Encarnado, vão localizar-se em Almoster, concelho de Santarém. Segundo o Governo, cada um destes parques vai ter 161,67 mil painéis fotovoltaicos, num total conjunto de 485 mil painéis. A potência de cada central vai atingir os 48,5 megawatts, com a capacidade instalada combinada dos três parques a alcançar os 145,5 megawatts.

Novembro

Novo Banco, SIC Notícias e jornal Expresso distinguem ribatejanos O Novo Banco, juntamente com a SIC Notícias e o jornal Expresso, distinguiram Gonçalo Pereira, o empresário que detém as marcas VGT e MVP Gin (Gotik), de Santarém, e Paulo Pereira da Silva, administrador da Renova, de Torres Novas. A cerimónia inseriu-se no projecto Os Nossos Campeões, que pretende mostrar o potencial de Portugal através das histórias de pessoas que são referências da economia, das empresas e das artes nas várias regiões do país.

Outubro

Tagusgás já fez investimentos superiores a 110 milhões de euros A Tagusgás – Empresa de Gás do Vale do Tejo, SA é a empresa distribuidora de gás combustível canalizado da área de concessão correspondente aos distritos de Santarém e Portalegre. A Tagusgás é certificada no âmbito de Ambiente, Qualidade e Segurança pela entidade certificadora APCER desde Abril de 2004. A empresa já investiu mais de 110 milhões de euros desde que iniciou a sua actividade em 1998; transporta anualmente mais de cento e vinte milhões de metros cúbicos de gás natural e é a distribuidora dessa energia em 21 dos 36 concelhos onde tem a concessão, nos distritos de Santarém e Portalegre. Fornece gás natural às principais empresas da região e é a única distribuidora do país que tem 19 municípios na sua estrutura accionista. O presidente do conselho de administração da Tagusgás – Empresa de Gás do Vale do Tejo, SA é José Eduardo Carvalho.

CADOVA investe um milhão de euros para fornecer milho à indústria cervejeira

Agro-Ribatejo recebe prémio “Lealdade” na convenção dos 100 anos da BERCO

O investimento no posto de recepção de cereais, da Cooperativa Agrícola do Vale de Arraiolos CRL - Chamusca (CADOVA) avançou. Taxas de juro mais baixas, uma grande aposta no milho para consumo humano, os produtores apostados na produção deste tipo de milho e os apoios da Comunidade Europeia foram fundamentais para avançar com o investimento de cerca de um milhão de euros para melhorar as instalações da cooperativa.

A empresa de Santarém, Agro-Ribatejo, distribuidora da marca BERCO em Portugal desde 1958 recebeu o prémio “Lealdade”. A BERCO faz parte do prestigiado grupo ThyssenKrupp e comemora 100 anos de existência. A Agro-Ribatejo foi eleita para receber, das mãos do CEO da ThyssenKrupp Forged Technologies, Alexander Becker, o prémio “Lealdade “ pelo facto de ser representante BERCO há 60 anos e continuar a ser uma das empresas a nível mundial que se tem

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mantido parceira sempre com lealdade à marca BERCO.

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Águas de Santarém mantém aposta no combate às perdas de água O tarifário da água em Santarém vai ser igual ao de 2018 mas vai registar-se um aumento de 4 por cento (%) na tarifa de saneamento, que, no entanto, no primeiro escalão de consumo, não chega a um cêntimo por metro cúbico de água consumida. Isso mesmo foi referido pela administradora executiva da Águas de Santarém, Teresa Ferreira. O volume de investimento previsto é de 3,1 milhões de euros, sendo 58% para aplicar no sistema de abastecimento de água no sentido de manter a qualidade da água e reduzir as perdas na rede, que ainda rondam os 30 por cento. Nesse sentido, prevê-se a substituição de 9,3 quilómetros de condutas de água, reabilitação


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de reservatórios e a conclusão da substituição de condutas elevatórias na encosta de São Bento. Obras que serão realizadas com meios financeiros da empresa, sem recurso à banca ou a fundos comunitários. Já o investimento previsto para a reabilitação do sistema elevatório da Ribeira de Santarém, avaliado em 40 mil euros em 2019 e 980 mil euros em 2020, só poderá ir em frente caso seja garantido financiamento da União Europeia. A rede de saneamento básico tem investimentos previstos na ordem dos 667 mil euros para intervenções pontuais e para o sistema de Santarém estima-se um investimento de 369 mil euros para reabilitação de colectores e remodelação do sistema de gradagem da ETAR da cidade, bem como na construção de bacias de retenção e câmaras de regulação de caudal e a construção de uma estação elevatória na bacia da D. Rita.

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um auditório com 80 lugares e duas salas de formação com capacidade para 30 pessoas cada.

Dezembro

Zona de Desenvolvimento Económico de Alcanede vai ser modernizada A candidatura a fundos comunitários feita pela Câmara de Santarém com vista à requalificação da Zona de Desenvolvimento Económico de Alcanede foi aprovada pelo Alentejo 2020, entidade gestora dos fundos da União Europeia para a sub-região da Lezíria do Tejo. O projecto tem um valor de 987.281 euros, estando garantida comparticipação europeia no montante de 839.189 euros. A área de intervenção tem cerca de 56,5 hectares e o projecto prevê disponibilizar às empresas redes de infraestruturas essenciais ao desenvolvimento da sua actividade, nomeadamente ao nível das acessibilidades, electricidade, TIC, energia, ambiente/resíduos, entre outros. Perspectiva-se ainda a criação de equipamentos e serviços de apoio técnico e administrativo ao desenvolvimento empresarial.

Financiamento garantido para ampliar Centro de Inovação Empresarial de Santarém A candidatura da Câmara de Santarém a fundos comunitários visando, a ampliação do Centro de Inovação Empresarial de Santarém (CIES), também conhecido por Startup Santarém, foi aprovada pela entidade gestora Alentejo 2020. Dos 117.841 euros de investimento previsto, 85% são garantidos pela União Europeia. A intervenção visa dotar as instalações de mais 12 salas de incubação de empresas, com áreas a variar entre os 10,42 e os 29,58 metros quadrados, 14 FEVEREIRO 2019

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Acontecimentos do ano: POLÍTICA O alarido sobre a limpeza de terrenos e a reflorestação O Município de Mação diz ter sido discriminado pelo Governo em termos de ajudas dadas na sequência dos incêndios florestais e anuncia recorrer aos tribunais. Autarcas afadigam-se a pagar dívidas agora que as novas regras não os deixam gastar descontroladamente como noutras eras. As poucas obras vistosas que antes definiam o que era um bom autarca, só vão chegar em 2021, que é ano de eleições autárquicas. Janeiro

Presidente da Golegã revela dívidas do município para arrasar antecessor Uma edição do boletim oficial da Câmara da Golegã arrasa a gestão da autarquia no anterior mandato, quando era liderada por Rui

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Medinas (PS), estando plasmadas nas suas páginas informações sobre dívidas do município a diversas entidades, como a Águas de Santarém, a EDP ou a Resitejo, que só nestes três casos ultrapassam o milhão de euros. O novo presidente da câmara, José Veiga Maltez (PS), vai acertando contas com o seu ex-delfim Rui Medinas, que lhe sucedeu no cargo em 2013 e com quem se incompatibilizou na altura. Um mês depois, Medinas reagiu com outro boletim, onde lança críticas e acusa Veiga Maltez de ser movido pelo ódio e pela vingança.

Fevereiro

Paulo Fonseca desapareceu de Ourém após as eleições O ex-presidente da Câmara de Ourém, que foi impedido pelo tribunal de se recandidatar, tendo sido substituído pela segunda pessoa da lista, deixou de aparecer no concelho e está a residir em Santarém, onde já passava algum tempo quando era autarca. Paulo Fonseca manteve-se como cabeça-de-lista até pouco tempo antes das autárquicas de Outubro de 2017 e o seu afastamento, devido ao facto de estar insolvente, contribuiu para que o PS tivesse perdido as eleições para o PSD.

Nova lei sobre limpeza de terrenos sob fogo dos autarcas Municípios dizem que não têm capacidade para limpar todas as propriedades de particulares que não cumpram a nova legislação e repudiam a ideia de ainda serem punidos por isso. Críticas à nova legislação foram ouvidas um pouco por toda a região, nomeadamente

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em Tomar, Rio Maior, Sardoal e Mação.

Lezíria com fundos aprovados para eficiência no uso de recursos Os municípios da Lezíria do Tejo têm, até ao momento, aprovados 24,6 milhões de euros de Fundo de Coesão para 36 projectos em nove áreas de intervenção do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR). Segundo a informação disponibilizada pelo POSEUR, os 11 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) viram aprovados, desde 2016, projectos de investimento para produção

de energia renovável, eficiência energética, mobilidade urbana, adaptação às alterações climáticas, prevenção e gestão de riscos, resíduos, ciclo urbano da água e protecção da biodiversidade e dos ecossistemas.

Março

Empresa municipal vai assumir redes de água e saneamento básico em Alcanena O município de Alcanena aprovou a criação da Empresa Municipal de Águas e Saneamento de Alcanena. Com este passo, a AUSTRA vai deixar de ser a entidade resfoto O MIRANTE


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ponsável pela gestão da rede de esgotos domésticos, conforme já vinha sendo exigido pela entidade reguladora do sector.

Câmara de Ourém intenta acção contra empresa MaisOurém para reaver património A Câmara de Ourém intentou uma acção contra a MaisOurém para que o município seja ressarcido do valor dos terrenos transferidos para essa empresa, que se encontra em liquidação por decisão da Conservatória do Registo Predial de Ourém. A MaisOurém detém o Estádio Municipal de Fátima (actual Estádio Papa Francisco) e cerca de 16 hectares de terrenos adjacentes ao equipamento e terrenos do areeiro do Carregal.

António Gameiro reeleito presidente da Federação Distrital do PS O presidente da Federação Distrital de Santarém do Partido Socialista, António Gameiro, foi reeleito para um novo mandato por cerca de 92% dos mais de 600 militantes do distrito que votaram. António Gameiro disse que a votação expressiva na sua candidatura, a única concorrente, decorre do exercício de liderança da distrital socialista que exerce desde 2012. As eleições foram pouco participadas nalguns concelhos,

como o de Abrantes, onde apenas votaram 16 dos 44 militantes.

Maio

Ventos de mudança no PSD de Santarém O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, venceu a corrida pela liderança da estrutura concelhia de Santarém do PSD. O autarca contou com o apoio de dissidentes da anterior concelhia, liderada por José Gandarez, para somar 253 votos. Maria Fernanda Azoia, que liderou a lista de continuidade, teve 170 votos, e a ex-vereadora Susana Pita Soares teve 70 votos.

João Moura destrona Nuno Serra na distrital de Santarém do PSD João Moura foi eleito presidente da comissão política distrital de Santarém do PSD, destronando do cargo o deputado Nuno Serra, que também foi a votos. O actual presidente da Assembleia Municipal de Ourém contou com apoios de peso, como a presidente da Câmara de Rio Maior Isaura Morais, eleita presidente da mesa da assembleia distrital – e os presidentes da Câmara de Santarém e de Ourém, Ricardo Gonçalves e Luís Albuquerque. Como vice-presidentes da distrital foram eleitos Tiago Carrão (Tomar) e Vânia Neto (Santarém). foto O MIRANTE

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guesia de Samora Correia foi tema de debate na reunião do executivo camarário de Benavente. Em causa a acesa troca de palavras que aconteceu no final da sessão da Assembleia de Freguesia de Samora Correia, concelho de Benavente, entre um independente eleito pelo PSD e uma eleita da CDU.

Presidente da Câmara do Sardoal diz que interioridade não é inferioridade

Julho

Águas do Ribatejo duplica capital e fecha portas à entrada de privados Junho

Pancadaria na Junta de Vila Franca de Xira acaba no Ministério Público O executivo da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira anunciou, durante uma sessão da assembleia de freguesia, que apresentou uma queixa no Ministério Público contra João Conceição, líder da bancada da CDU naquele órgão, por alegada agressão a Ricardo Carvalho, membro do executivo do PS. Os socialistas dizem que as supostas agressões aconteceram nas instalações da junta, no dia 18 de Maio, e suportam a queixa apresentada na justiça com a gravação das imagens de videovigilância que mostram o momento em que tudo terá acontecido.

Presidente de Benavente condena postura de “ofensa e confronto” entre autarcas Troca de insultos na Assembleia de Fre-

A empresa intermunicipal Águas do Ribatejo aprovou em assembleia-geral a duplicação do capital social da empresa dos 6.871.681 euros para os 13.743.362 euros. Na mesma reunião foi também aprovada a alteração dos estatutos com o fim de manter o capital social em exclusivo na posse dos municípios. Essas propostas tiveram primeiro que ser aprovadas pelas câmaras e assembleias municipais dos sete municípios que integram actualmente a empresa: Almeirim, foto O MIRANTE

nicípios afectados pelos incêndios de 2017 e incentiva o seu presidente da câmara a recorrer ao tribunal. O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), disse que se congratula com o “apoio manifestado pela unanimidade dos eleitos”, tendo feito notar que “o que está em causa não é uma questão política, mas de justiça”.

Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas.

Setembro

Benavente recusa transferência de competências do Governo já em 2019 A Assembleia Municipal de Benavente aprovou com os 12 votos favoráveis da maioria CDU, a proposta da Câmara de Benavente, liderada por Carlos Coutinho (CDU), para que o município não receba novas competências do Governo, em 2019, conforme prevê o processo de descentralização em curso.

Mação processa Estado por causa das indemnizações dos incêndios A Assembleia Municipal de Mação aprovou no dia 19 de Setembro, por unanimidade, uma moção em que repudia uma alegada “discriminação” nos apoios aos mu-

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“Interioridade não é sinónimo de inferioridade, é de qualidade”. Essa é uma das frases que o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges (PSD), não se cansa de repetir e que voltou a proferir durante a abertura oficial das Festas do Concelho de Sardoal, a 21 de Setembro. “Aqui temos problemas na área da saúde, da justiça e da educação, mas os grandes centros também os têm. Por isso, temos de mudar o discurso de que este é um território deprimido, porque não é verdade. Até porque aqui temos mais qualidade de vida”, afirmou.

Vila Franca de Xira ameaça cortar relações com Turismo de Portugal O presidente do município de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), insiste na exigência de receber um pedido de desculpas formal por parte do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, caso contrário “nunca mais falará” com aquele responsável. Em causa está o alegado pedido feito pelo responsável do turismo para

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que o logótipo da entidade que dirige fosse removido dos programas e brochuras oficiais da Semana da Cultura Tauromáquica e do Colete Encarnado, distribuídos pela câmara, situação que provocou um profundo desagrado e mal-estar na comunidade e no executivo municipal.

Outubro

Orçamento da Câmara de Santarém para 2019 com muitas obras no horizonte Mais dinheiro para obras, mais dinheiro para as juntas de freguesia, mais dinheiro para associações, colectividades e instituições. Esta é a tendência do orçamento da Câmara Municipal de Santarém para 2019, que foi aprovado pela maioria PSD em reunião extraordinária do executivo camarário realizada na tarde de 31 de Outubro. A oposição socialista absteve-se. O orçamento municipal para 2019 é de 54,6 milhões de euros, um valor superior em 7,35% ao de 2018, e é motivo de confessado orgulho para o presidente do município, Ricardo Gonçalves (PSD), que o definiu como um documento “com uma base de crescimento realista”. E com um mote claro: “Mais investimento, menos impostos municipais e aproveitamento dos fundos comunitários”.

ao Partido Comunista Português farto de este não o deixar pensar e falar pela sua própria cabeça. Garante que é presidente de todos os alhandrenses e enquanto a assembleia de freguesia deixar vai continuar à frente dos destinos da junta. Se houver boicote da CDU a resposta é clara: eleições antecipadas.

Paulo Queimado quis limpar imagem na polémica com bombeiros mas foi ignorado O presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado (PS), quis desvalorizar o conflito com os bombeiros voluntários da vila, por causa da isenção do IMI, ao realizar uma entrega de material à corporação, numa cerimónia menosprezada pelo presidente dos

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Resitejo sai de cena para dar lugar a empresa intermunicipal A nova empresa intermunicipal que vai substituir a Resitejo – Associação de Gestão

e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo vai ser criada no primeiro trimestre de 2019. As diligências formais para constituição da RSTJ - Gestão e Tratamento de Resíduos, que se vai dedicar à gestão de resíduos, limpeza urbana e valorização energética, encontram-se na fase final.

SMAS de Vila Franca de Xira ganham selo de qualidade exemplar Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira foram distinguidos recentemente, pela terceira vez, com o selo de qualidade exemplar de água para consumo humano. A distinção é atribuída pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). Os prémios que distinguiram as entidades gestoras que atingiram resultados de excelência no último ano foram entregues em Lisboa na sessão solene que encerrou a 13ª Expo Conferência da Água. Para receber esta distinção, atribuída ao município de Vila Franca de Xira, esteve presente a vereadora Fátima Antunes, do Conselho de Administração dos SMAS.

Dezembro

Câmara de Alcanena entregou 75 Cabazes Bebé Feliz em 2018 A Câmara Municipal de Alcanena procedeu no dia 21 de Dezembro à última entrega de Cabazes Bebé Feliz de 2018. Foram entregues três cabazes às famílias de dois meninos e uma menina, numa sessão onde estiveram presentes a presidente

O presidente da Junta de Freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, bateu com a porta

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Novembro

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Presidente da Junta de Alhandra demite-se do PCP ao fim de 30 anos como militante

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bombeiros, que não esteve presente. José Monteiro, que poucos dias antes tinha desancado Paulo Queimado, dizendo-se enganado pelo autarca por não cumprir as promessas de isenção do IMI em relação a imóveis pertencentes à associação, não compareceu nessa acção para melhorar a imagem da câmara, dizendo que “tinha mais que fazer”. Monteiro disse que já tinha feito o que era necessário dois meses antes, que foi assinar o protocolo para receber o material.

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do Tribunal de Contas vai fazer com que obras decorram após a Festa dos Tabuleiros de 2019.

Presidente da Câmara da Chamusca desrespeita eleitos da assembleia municipal

do município, Fernanda Asseiceira, e os vereadores Hugo Santarém e Luís Pires. O ano de 2018 terminou com 75 Cabazes Bebé Feliz entregues às famílias de 33 meninas e 42 meninos. Ao longo dos três anos do projecto, iniciado em Janeiro de 2016, foram entregues 235 Cabazes Bebé Feliz (117 do género feminino e 118 do género masculino).

Da Assembleia da República para gestora do banco Montepio A deputada do PS Idália Serrão, que começou a sua vida política em Almoster, Santarém, como presidente de junta, vai deixar o cargo de deputada e de secretária da mesa da Assembleia da República, a casa da democracia, para aceitar um cargo

na associação mutualista dona do Banco Montepio, onde terá um salário substancialmente superior.

Responder por escrito às questões colocadas pelos deputados da assembleia municipal nas sessões desse órgão autárquico passou a ser um hábito do presidente da Câmara da Chamusca, Paulo Queimado (PS). Desde que há poder local democrático, a assembleia municipal tem como missão escrutinar a actividade do executivo camarário, mas o presidente da Chamusca faz uma interpretação curiosa desses atributos e não responde perante o plenário às questões e pedidos de esclarecimentos colocados, nomeadamente pela oposição, refugiando-se

na resposta à posteriori, por escrito. E assim, tanto os eleitos como quem assiste às sessões da assembleia municipal ficam a zero sobre o que pensa ou sabe Paulo Queimado sobre determinado assunto. O que não abona em nada no que toca à transparência que deve existir no exercício dessas funções.

Tribunal dá razão a Vila Franca de Xira no caso dos cartazes alusivos a obras A participação feita na justiça pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) referente à colocação, pela Câmara de Vila Franca de Xira, de painéis informativos na via pública nos meses anteriores às últimas eleições autárquicas, realizadas em 1 de Outubro de 2017, mereceu despacho de arquivamento do Ministério Público provando assim que o município ribatejano agiu dentro da legalidade. A denúncia à CNE tinha sido feita pela CDU. foto O MIRANTE

Obras de requalificação da Várzea Grande em Tomar depois da Festa dos Tabuleiros A empreitada de requalificação da Várzea Grande foi adjudicada ao concorrente Ângulo Recto – Construções, Lda por 2.655.990,00 euros (mais IVA). A autarquia recebeu oito propostas tendo descartado algumas por incumprimento dos requisitos e outras por terem apresentado valores acima do preço base fixado em dois milhões e 750 mil euros. O critério-regra de adjudicação escolhido foi o da proposta economicamente mais vantajosa. O visto

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Acontecimentos do ano: CULTURA foto DR

Ano em cheio no Cegada de Alverca

Os solos diabólicos na igreja que marcaram os Bons Sons A Diocese de Santarém foi sensível a um protesto de um grupo de católicos conservadores que se insurgiu contra um concerto do Festival Bons Sons na igreja da aldeia de Cem Soldos, Tomar, onde o mesmo decorre anualmente, e lembrou aos padres que as obras a executar em igrejas e capelas são obrigadas a ir a uma espécie de “censura prévia”. Mais um motivo de interesse para a edição deste ano do grande festival anual de música portuguesa. Janeiro

Escultor de Ferreira do Zêzere expôs na Dinamarca Uma escultura criada pelo jovem de Ferreira do Zêzere, Samuel Silva, durante uma residência artística, realizada entre Agosto e Dezembro de 2017 na escola dinamarquesa Odder Hojskole, inte-

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O Teatro Estúdio Ildefonso Valério (TEIV) em Alverca, espaço da companhia teatral Cegada, teve um ano em cheio, com muito público e grandes espectáculos, tal como já tinha ficado prometido em Fevereiro quando a companhia lançou no palco uma peça de João Lagarto e simultaneamente apresentou a sua programação para 2017. Ao todo foram feitos no último ano 23 espectáculos de música, dança, cinema e teatro, divididos em mais de meia centena de sessões.

Março

Peça dos Esteiros ganha prémio em Vila Franca de Xira grou um parque de esculturas desenvolvido por jovens artistas de todo o mundo. A participação de Samuel Silva, licenciado em escultura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, na residência artística decorreu no âmbito de um intercâmbio que o município mantém com a Odder Hojskole, situada em Odder, no condado de Arhus, centro da Dinamarca.

Cartoonista vilafranquense venceu prémio europeu O cartoonista de Vila Franca de Xira, Vasco Gargalo, 41 anos, foi eleito o melhor cartoonista europeu de 2017 pela Cartoon Home Network International. A distinção deste canal de informação dedicado à arte, fotografia, cartoon e caricatura premiou ainda o trabalho de outros sete cartoonistas de várias nacionalidades. A distinção de Vasco Gargalo mereceu um voto de

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louvor pela Câmara de Vila Franca de Xira, notando “o justo reconhecimento do valor artístico” do criativo vilafranquense, que já foi jornalista e ilustrador de imprensa em regime de freelance.

Fevereiro

Trinta e cinco anos da banda de Vale do Paraíso celebrados com CD A Banda de Música da Associação de Desportos e Recreio “O Paraíso”, de Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, comemorou 35 anos e assinalou a data com um concerto e o lançamento de um CD. O disco foi gravado nas instalações da Academia Almadense, em Almada, teve um custo de produção de 2.000 euros e a Câmara de Azambuja comparticipou com metade do valor.

A peça “O Jardim dos Bichos de Cristal”, do Grupo de Teatro Esteiros, de Alhandra, venceu o prémio de melhor espectáculo nos Prémios de Teatro Mário Rui Gonçalves, prémio municipal instituído pela Câmara de Vila Franca de Xira. A concurso estiveram obras do Grupo de Teatro do Grémio Dramático Povoense (Póvoa de Santa Iria), da Companhia Ato Certo, de Vialonga, e dos Esteiros, de Alhandra. Os espectáculos foram levados à cena entre Novembro e Dezembro. Além do prémio de melhor espectáculo foram também entregues os prémios de melhor encenação (João Santos Lopes, Esteiros), sonoplastia (Daniel Gonçalves, Grémio), luminotecnia (Joaquim Morais, Esteiros), guarda-roupa (Dores Correia, Grémio), cenografia (João Santos Lopes, Esteiros), melhor interpretação feminina (Antonieta Vendrell dos Esteiros e Rita Heleno do Grémio) e melhor interpretação masculina para Bruno Nogueira, dos Esteiros.


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Barros (Azambuja), Isabel Barros (União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa), Maria Rei e Laura Russo (Vila Nova da Rainha) desfilaram em traje regional, casual e de noite.

Agosto

Julho

De 9 a 12 de Agosto a pequena aldeia de Cem Soldos, nos arredores de Tomar, transformou-se mais uma vez na capital da música portuguesa com a realização de mais um festival Bons Sons. Salvador Sobral, Sara Tavares, Dead Combo e Primeira Dama foram alguns dos nomes da música nacional que integraram o cartaz do Festival que este ano teve oito palcos para cerca de meia centena de concertos.

Ex-combatentes falaram de amor no Cartaxo Antigos combatentes participaram no espectáculo “Amores Pós-Coloniais” que a companhia Hotel Europa apresentou no Cartaxo. A companhia realizou uma residência artística em Pontével e aproveitou a concentração de várias pessoas regressadas de África na zona, para uma reflexão sobre como se vivia o amor, o que era ou não permitido, relações legítimas e ilegítimas e os filhos que nasceram dessas relações.

Museu de Benavente recebeu obras e ficou mais moderno O Museu Municipal de Benavente foi requalificado para se tornar num espaço mais moderno e funcional e as obras custaram 900 mil euros. O edifício chegou a servir fins habitacionais e estava desajustado da sua função de museologia. O museu daquela sede de concelho tem um acervo com mais de 20 mil peças, que o município considera precisar de serem “divulgadas e mostradas” à comunidade. A intervenção teve o apoio de fundos comunitários.

Abril

Copos e muita música no primeiro festival de tunas do Politécnico de Santarém O primeiro festival de tunas do Politécnico de Santarém foi considerado um sucesso e juntou várias tunas em Santarém. Foi a primeira vez que a Scalabituna, a Tufes, a TAGES, a IssóTuna, a Arriba-Ó-Tunapikas, a TAESAS, a Bagatuna e Sal&Tuna se juntaram num encontro, “Acordes&Copos”, que quis mostrar como é uma tuna em palco em género de festival.

Maio

João Barradas em ascensão na música europeia O acordeonista do Porto Alto, Benavente, João Barradas, integrou na última temporada o programa ECHO Rising Stars, que colocou em circulação jovens valores da música europeia. O músico ribatejano foi escolhido, por nomeação da Casa da Música, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Philharmonie Luxembourg, e tornou-se o terceiro nome português seleccionado para o ECHO Rising Stars, depois do clarinetista Horácio Ferreira, em 2016/17, e do Quarteto de Cordas de Matosinhos, em 2014/15.

Junho

Inéditos de Saramago apresentados em Santarém Vários textos inéditos de José Saramago foram apresentados no Centro Cultural Regional de Santarém, assinalando os oito anos da morte do prémio Nobel da literatura. Foi uma oportunidade para muitos tomarem contacto com escritos até agora não conhecidos do escritor de “Memorial do Convento” ou “Ensaio sobre a Cegueira”.

Ângela Varino coroada Rainha das Vindimas de Azambuja Ângela Varino foi coroada Rainha das Vindimas do concelho de Azambuja. O lugar de 1ª Dama de Honor coube a Maria Rei (Vale do Paraíso) e como 2ª Dama de Honor foi eleita Cristiana Mendes (Alcoentre). Ângela Varino acumulou o Prémio Simpatia e a 1ª Dama de Honor acumulou o de Fotogenia. Cristiana Mendes, Ângela Varino, Milena 52

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Bons Sons voltou a pôr a música portuguesa no topo

Vila Franca de Xira candidata Colete Encarnado a património cultural e imaterial O município de Vila Franca de Xira anunciou em 2018 a


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sua intenção de colocar as festas do Colete Encarnado e os festejos taurinos vilafranquenses na lista do inventário do Património Cultural Imaterial Português. Num momento de ataque generalizado à tauromaquia e à festa brava, o presidente do município, Alberto Mesquita, acredita que esta pode ser uma forma de garantir a preservação destes festejos típicos da cidade para o futuro.

Setembro

Ultra conservadores católicos e a guitarra “diabólica” na igreja de Cem Soldos Um grupo identificado como ultraconservador católico publicou na sua página do Facebook “Senza Pagare” um vídeo com uma parte da actuação do músico, Afonso Dorido, autor do projecto musical “Homem em Catarse”, na igreja de São Sebastião, em Cem Soldos, Tomar, durante o Festival Bons Sons e deu-lhe o título: “Woodstock na igreja de São Sebastião em Cem Soldos”. O caso levou à emissão de um comunicado da Vigararia Geral da Diocese de Santarém em que são referidas “observações de escândalo”. A mesma entidade lembra aos padres que as obras a executar nas igrejas são sujeitas a exame prévio.

Bandarilheiro Pedro Gonçalves despediu-se das arenas em Santarém O bandarilheiro Pedro Gonçalves considerado como um dos melhores da sua

geração deixou a actividade numa corrida realizada na praça de toiros de Santarém, no dia 21 de Outubro. A corrida destacou-se pelo facto de apresentar um cartel aliciante. Actuaram os cavaleiros Manuel Jorge Oliveira, Joaquim Bastinhas, Ana Batista e Manuel Oliveira. No toureio a pé estiveram Eduardo Oliveira, Nuno Casquinha, João Augusto Moura e Diogo Peseiro.

Rainha das Vindimas de Portugal é de Pontével Joana Azenheira, que representou o concelho do Cartaxo, foi eleita, na noite de 8 de Setembro, Rainha das Vindimas de Portugal. A jovem de 24 anos, natural da freguesia de Pontével, licenciada em Psicologia e eleita Rainha das Vindimas do Cartaxo em 2017, conquistou a gala final, que decorreu no Pavilhão Municipal de Alenquer, onde estiveram 15 rainhas das vindimas dos municípios associados da AMPV – Associação de Municípios Portugueses do Vinho.

Verónica Cabaço tira alternativa na Moita A cavaleira de Samora Correia Verónica Cabaço tirou a alternativa na Praça de Toiros Daniel Nascimento, na Moita. A cavaleira, de 27 anos, apresentou-se ao público pela primeira vez na praça de Sobral da Adiça, a 22 de Março de 2008, e realizou a prova de praticante em Albufeira a 7 de Julho de 2011. Foi a segunda mulher a assumir em 2018 o estatuto de cavaleira profissional, depois de Cláudia Almeida já o ter feito na Nazaré. foto O MIRANTE

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Outubro

Santarém celebra 150 anos de elevação a cidade A exposição “Sá da Bandeira – Filho da Vila, Pai da Cidade”, inaugurada a 26 de Setembro na Casa do Brasil, em Santarém, constituiu o início das comemorações dos 150 anos da elevação de Santarém a cidade. Na cerimónia participaram autarcas, entidades civis e militares e familiares de Bernardo de Sá Nogueira, marquês de Sá da Bandeira.

Daniel Pereira venceu Prémio Carlos Paredes A obra “Cavaquinho Cantado”, do músico Daniel Pereira, venceu, por unanimidade do júri, a edição de 2018 do Prémio Carlos Paredes, instituído pela Câmara de Vila Franca de Xira. O júri sublinhou a excelência interpretativa e a criatividade das obras tocadas no disco. O seu percurso a solo começou com um desafio vindo da Galiza e com o convite de Júlio Pereira para fazer um trabalho discográfico que aliasse o canto ao cavaquinho.

de conservação, mas acima de tudo por serem referências da iconografia mundial. A imagem medieval do Cristo de Mont’Irás, um trabalho hispânico em madeira policromada e tecido, com a cruz trabalhada em madeira entalhada e dourada, do século XIII, é apontada como a mais icónica de todo o museu.

Margarida Arcanjo lançou primeiro disco

Nuno Barroso celebrou 20 anos de canções

A jovem fadista vilafranquense Margarida Arcanjo concretizou o sonho de lançar o seu primeiro disco – “des.tino” - e fê-lo na Fábrica das Palavras, em Vila Franca de Xira, no dia 29 de Setembro. Perante casa cheia, Margarida deu a conhecer vários temas do álbum, acompanhada por três outros músicos. Ao palco subiram também quatro convidadas para partilhar histórias de vida, já que parte da verba proveniente da venda do disco se destinou à Associação Imprescindíveis em Acção.

Nuno Barroso subiu ao palco do Teatro Virgínia para celebrar 20 anos de canções. O concerto comemorativo contou com os Além Mar e muitos convidados especiais como Pedro Barroso, Nuno Norte, Noa, Yola Dinis, João Miguel, Carlos Peres Feio, Guilherme Azevedo ou Nelson Laranjo. O espectáculo do pianista, compositor, cantor, guitarrista, intérprete e autor, com raízes na freguesia de Riachos, concelho de Torres Novas, serviu também para gravar um CD e DVD ao vivo.

Cândido Portinari no Museu do Neo-Realismo

Escultor cria presépio de areia em Rio Maior

Várias obras de Candido Portinari foram expostas pelo Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, comemorando o 11º aniversário do espaço. A obra Café, cedida pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, foi o grande destaque desta mostra, regressando a Portugal 78 anos depois de estar exposta pela primeira vez em 1940, no Pavilhão do Brasil na “Exposição do Mundo Português”.

O escultor Pedro Mira usou quinze toneladas de areia para criar um presépio diferente. No total, foram mais de oitenta horas de trabalho, mais umas quantas horas de espera para que a areia ficasse compactada.

Novembro

Museu Diocesano de Santarém na rota europeia da Arte Sacra O MIRANTE visitou e deu a descobrir aos seus leitores um novo olhar sobre o Museu Diocesano de Santarém. Espaço povoado por esculturas e pinturas dos séculos XV a XVIII, que têm colocado o espaço na rota da arte sacra. As obras que dão vida às duas salas primam pelo estado

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Dezembro

Bons Sons movimentou quatro milhões de euros A edição 2018 do Festival Bons Sons teve um impacto económico na ordem dos quatro milhões de euros e atraiu a Cem Soldos festivaleiros de 88 concelhos de Portugal e de mais seis países, revelou a organização. O estudo de análise do público do festival, realizado na aldeia de Cem Soldos, no concelho de Tomar, atribuiu ao evento “benefícios económicos e sociais” para a região, na ordem dos “quatro milhões de euros”, divulgou o Sport Clube Operário de Cem Soldos, organizador do Bons Sons. O evento recebeu 38.500 visitantes.

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Acontecimentos do ano: DESPORTO foto DR

Atletas até no esqui alpino

Mação é campeão distrital e sobe ao Campeonato de Portugal

Em Agosto, a marchadora Inês Henriques voltou a mostrar as suas capacidades ao tornarse Campeã Europeia dos 50 Km Marcha, mas ao longo do ano a região mostrou a sua enorme diversidade a nível de modalidades, com inúmeros praticantes a conquistarem lugares de relevo nas competições em que entraram.

A Associação Desportiva de Mação venceu por 0-4 na deslocação ao terreno do Samora Correia, num jogo a contar para a 23ª jornada da 1ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Santarém e conseguiu pela primeira vez a subida de divisão para o Campeonato de Portugal quando ainda faltavam disputar três jornadas.

Maio

Uma ribatejana que dá nas vistas no esqui alpino

Março

Judocas de Cem Soldos campeões nacionais em juniores Soraia Ribeiro (categoria de -44kg) e Bernardo Ribeiro (categoria de -50kg), judocas do Sport Clube Operário Cem Soldos (SCOS), tornaram-se campeões nacionais nas suas categorias, no escalão de juniores, numa prova que decorreu no Pavilhão António Mexia, em Coimbra, a 3 de Março. A estes títulos juntaram-se ainda o segundo lugar de Bruno Barros (-60kg) e o terceiro lugar de Daniel Fernandes (-50kg), numa prova onde estiveram presentes 67 clubes. O SCOS, do concelho de Tomar, foi o terceiro clube mais medalhado na competição.

Iniciados da Académica de Santarém fazem história A equipa de iniciados de futebol da Académica de Santarém faz história ao apurar-

consquistarem a Taça de Portugal - Troféu Bowl no escalão de sub 16, após jogo contra o Sporting/Belas em que o resultado final se cifrou em 16-8.

Marta Carvalho, 14 anos, vive em Santarém, longe da Serra da Estrela, mas isso

não a impede de ser campeã nacional de esqui alpino no seu escalão há quatro anos consecutivos. E já foi chamada à selecção nacional. Deslizar na neve a grande velocidade é uma paixão. Além de se sagrar campeã nacional na sua categoria (U-14) atingiu o pódio (3º lugar) na classificação geral absoluta (todos os escalões etários) na modalidade de slalom e quarto lugar no slalom gigante.

União de Tomar vence pela primeira vez a Taça Ribatejo O treinador Lino Freitas já tinha dito na antevisão do jogo da final da Taça Ribatejo em futebol que queria quebrar o favoritismo da Associação Desportiva de Mação e foi mesmo o que aconteceu. O União de Tomar conquistou a Taça Ribatejo a 13 de Maio, no Entroncamento, e levou pela primeira vez o troféu. foto O MIRANTE

-se para a terceira e última fase do nacional da categoria, que apura o campeão nacional. Os jovens escalabitanos mediram forças com SL Benfica, Sporting CP, FC Porto, SC Braga e Académica, tendo terminado no quinto lugar.

Abril

Rugby Clube de Santarém faz dobradinha em sub16 A equipa de Sub16 do Rugby Clube de Santarém (RCS) sagrou-se campeã nacional de Sub16 B ao vencer a Academia de Rugby Club de Setúbal, detentor do título na época transacta. O jogo do título realizou-se no dia 14 de Abril, no Campo do Jamor, e os escalabitanos derrotaram os setubalenses por 26 - 12. Em 27 de Maio fariam a dobradinha ao

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Junho

Juniores do JAC campeãs nacionais de andebol A equipa feminina de juniores do JAC Alcanena venceu o título nacional de andebol nesse escalão ao derrotar a equipa do Maiastars por 26-25 num jogo emocionante que decorreu num Pavilhão da Escola Secundária de Alcanena lotado.

Ginasta da Zona Alta campeão nacional de cavalo com arções e saltos

Base e Campeonato Nacional Universitário que se realizou em Anadia.

O ginasta João Maia, da União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, de Torres Novas, sagrou-se campeão nacional de cavalo com arções e saltos, no Campeonato Nacional de Ginástica Artística da Divisão

Inês Henriques soma e segue

Colégio de Fátima campeão nacional escolar em voleibol O Colégio Sagrado Coração de Maria de Fátima sagrou-se campeão nacional de voleibol do Desporto Escolar 2017/2018, no escalão de iniciados femininos, ao vencer na final a equipa da Escola Secundária Boa Nova, do Porto, por 3-0.

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A atleta do Clube de Natação de Rio Maior Inês Henriques sagra-se, a 7 de Agos-

to, campeã europeia nos 50 km marcha, em Berlim, nos Campeonatos Europeus de Atletismo, juntando o título continental ao do mundo, conquistado em 2017. Em Fevereiro de 2018 já vencera o título nacional dos 20 km marcha em estrada, ao triunfar na prova disputada em Quarteira. A marchadora olímpica somou o seu quinto título nacional de estrada mas realçou que foto DR

Julho

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Agosto

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Escola de Triatlo de Torres Novas com dois títulos nacionais Ricardo Batista e Joana Miranda conquistaram, a 22 de Setembro, o título nacional de Triatlo em juniores na sua estreia em distância olímpica (1,5km/natação, 40kms/ ciclismo e 10kms/corrida). Ricardo Batista conseguiu ainda terminar em segundo lugar absoluto essa prova relativa ao Campeonato Nacional Absoluto de Triatlo, sagrando-se vice-campeão nacional em Elites.

Outubro

Triatleta da Golegã sagra-se campeã nacional de cadetes A atleta do Núcleo Sportinguista da Golegã, Beatriz Ferreira, venceu a prova de foto DR

o mais importante foi mesmo fazer a marca que lhe permite continuar a receber apoio na preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.

Setembro

Judoca Patrícia Sampaio campeã europeia de juniores A judoca Patrícia Sampaio, que representa a Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, de Tomar, sagrou-se a 15 de Setembro campeã europeia de juniores, na categoria de -78 kg, ao vencer na final, em Sófia, a alemã Christina Faber, por ‘waza ari’. Em Outubro conquistaria ainda a medalha de bronze nos mundiais de juniores.

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foto DR

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Dezembro

Clubes de Torres Novas dominam nacional de Tiro com Arco A Secção de Tiro com Arco, da Sociedade Filarmónica União Matense, de Mata, Torres Novas, vence o nacional de clubes em tiro com arco numa época em que acumulou pódios individuais e vitórias colectivas durante as várias etapas da competição. Outro clube de Torres Novas, a União Desportiva e Recreativa da Zona Alta, esteve também em destaque no mesmo campeonato. Terminou em terceiro na geral colectiva, tendo vencido a última etapa. Ao longo da competição averbou também muitos pódios individuais.

Benavente distingue jovens atletas triatlo a contar para o Campeonato Nacional de Clubes de Triatlo Cross e sagrou-se campeã nacional na categoria de Cadetes.

A Câmara de Benavente decidiu atribuir medalhas de mérito desportivo grau ouro aos jovens atletas do concelho, Salvador Nogueira Salvador e Lucas Loureiro Santos, pelo seu desempenho desportivo. Lucas

Novembro

O jovem Alexandre Montez, de Alcanede, Santarém, conquistou uma medalha de ouro e uma medalha de prata na modalidade de triatlo nos Jogos Olímpicos da Juventude realizados em Buenos Aires, Argentina. O seu desempenho foi destacado e elogiado em reunião do executivo da Câmara de Santarém.

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Salvador Nogueira Salvador conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude, ao serviço da selecção portuguesa de andebol de praia. foto DR

Alexandre Montez brilhou nos Jogos Olímpicos da Juventude

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Santos conquistou o título de campeão do mundo em duplo mini trampolim na competição mundial por grupos de idade que se realizou em São Petersburgo, na Rússia.

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