2013-05-02 ascensao e dia da mae

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Vantagens da eficiência energética das empresas são tema de seminário na Nersant A sede da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém, em Torres Novas, acolhe no dia 8 de Maio, pelas 09h30, uma sessão que visa promover a reflexão sobre as vantagens económicas e financeiras das boas práticas no domínio da eficiência energética e ambiental. As inscrições são gratuitas e a iniciativa pretende alertar as empresas da região para a necessidade de uma melhor

gestão no que diz respeito às questões energéticas e ambientais. O desenvolvimento da economia torna evidente a necessidade de proceder a uma integração cada vez maior das questões ambientais e de energia nos sistemas de gestão, de forma a satisfazer as necessidades socioeconómicas, optimizando a utilização de recursos, reduzindo custos operacionais, protegendo o ambiente e

ECONOMIA ESPECIAL ASCENSÃO

prevenindo a poluição. A participação nesta sessão não tem qualquer custo para os empresários, sendo no entanto necessário que cada empresa proceda à sua inscrição no site da Nersant em www.nersant. pt. As empresas presentes poderão ainda ser seleccionadas para a realização de um estudo (sem qualquer encargo) relativo à optimização da energia e do ambiente.

02 de Maio de 2013

Quinta do Bill e artistas da Chamusca são as estrelas do programa da Ascensão Os grandes concertos estão de volta às festas da Ascensão na Chamusca, este ano com os consagrados Quinta do Bill como cabeças de cartaz. Mas a prata da casa não foi esquecida e entre os diversos espectáculos agendados, destacam-se os dos fadistas da terra João Chora e Manuel João Ferreira. Os festejos começam já esta sexta-feira, 3 de Maio, com o prólogo da Ascensão 2

“A Chamusca tem feito bastante pela cultura ribatejana” António Matias Coelho, professor e estudioso das tradições da região, explica a importância que manifestações festivas, como a Semana da Ascensão, têm para a valorização das tradições e para o reforço da identidade de uma comunidade. “No concelho da Chamusca damos um relevo especial ao lado cultural da vida e a valorização dos rituais não é apenas uma questão meramente simbólica, folclórica ou turística”4 Entrevista

Fersant com lotação quase esgotada Feira Empresarial decorre em Junho em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura 11

A comemorar 83 anos de vida, a Banda da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense “Victória” está numa fase de reestruturação e desenvolvimento, após ter vivido momentos conturbados. O maestro Bruno Moedas substituiu António Augusto e revolucionou todo o repertório e organização da banda 6

Pinéus Bike Team um grupo informal CTIC com paixão pelas bicicletas obtém Certificação ISO 9001 Quinta da Feteira é uma O grupo tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta a vila de Ulme 3

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Os gémeos que também se uniram no mundo dos negócios Empresa Sucatas Lopes, gerida pelos irmãos Pedro e João Lopes, foi criada há 12 anos 10 Identidade Profissional

AgroCluster Ribatejo reforça parcerias internacionais

“Banda da Carregueira” tem um novo maestro que fez uma pequena revolução

Central fotovoltaica inaugurada em Ferreira do Zêzere

Transferência de tecnologia para Instalados 990 painéis solares, empresas da região é o objectivo 14 na UniOvo em Areias 14

referência para casamentos e baptizados Espaço localizado em Fazendas de Almeirim está a funcionar há 15 anos 11 Empresa da Semana


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ESPECIAL ASCEnSão 02 MAIO 2013

Quinta do Bill, Quim Barreiros e prata da casa são as estrelas do programa da Ascensão

Corrida de Ascensão marca programa taurino

foto arquivo o MiraNTE

Tradição. Festa da Semana da Ascensão é vivida intensamente na Chamusca

Os grandes concertos estão de volta às festas da Ascensão na Chamusca, este ano com os consagrados Quinta do Bill como cabeças de cartaz. Mas a prata da casa não foi esquecida e entre os diversos espectáculos agendados, destacam-se os dos fadistas da terra João Chora e Manuel João Ferreira. Os festejos começam já esta sexta-feira, 3 de Maio, com o prólogo da Ascensão.

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uinta-Feira de Ascensão só se celebra esta ano a 9 de Maio, mas a festa na Chamusca começa já dia 3 de Maio com o prólogo da Ascensão que dura até 7 de Maio, com uma variedade de actividades culturais e desportivas, de que se destaca sexta-feira o espectáculo com a fadista Célia Barroca no cine-teatro da vila pelas 21h30. O mesmo recinto acolhe na tarde de sábado (16h30) a revista “Aldeias Teatro” e à noite (21h30) o espectáculo musical “Portugal Ó-I-Ó-Ai”. No domingo há mais teatro à tarde (16h30) com as peças “Revolta dos Micróbios” e “O Principezinho”. À noite (21h30) o espectáculo “Poesia em movimento” vai conjugar no mesmo palco a música, a dança e a poesia. A animação musical nocturna vai ser também uma constante na esplanada do Poizo do Bezouro ao longo desses dias.

A Feira e Festa da Ascensão começam a 8 de Maio e nesse mesmo dia são inauguradas duas exposições de fotografia pelas 19h00. No cine-teatro, José António Cabaço mostra o seu trabalho, designado “Nuvens com rosto”, enquanto na casa junto ao picadeiro Ascensão, no Largo 25 de Abril, vão estar imagens dos Fotógrafos Amadores do Ribatejo. “Ribatejo, o outro lado da cor é o tema”. Ainda na quarta-feira, 8 de Maio, Rui Tanoeiro lança o seu livro e CD intitulado “É este o meu fado”, no cine-teatro, a partir das 19h30, com a participação especial de João Chora, Bruno Mira, Dora Maria, Pedro e Raul Caldeira. As Funny Girls actuam às 21h30 no Palco Arraial e o salão dos bombeiros recebe uma noite de fados e as actuações dos grupos de danças da Carregueira e da AVEJICC. Pelas 22h30, no Palco Ascensão, actua o grupo musical Gritos Mudos, de tributo aos Xutos & Pontapés. À meia-noite há largada de toiros e o programa encerra com a actuação do grupo Declinius + DJ Dreamcatcher. Quinta-Feira de Ascensão é o dia grande, marcado desde logo pela emblemática entrada de toiros que está prevista para as 12h00. Mas o dia começa cedo, pelas 07h30, com a tradicional apanha da espiga que tem concentração marcada para o Largo da República. Pelas 10h30, realiza-se uma eucaristia alusiva à data e bênção dos dons da terra e dos animais, junto à Igreja Matriz. À noite, pelas 21h30, exibe-se o Grupo de Danças e Cantares da Chamusca e do Ribatejo no Palco Arraial e, pelas 22h00, o

fadista João Chora sobe ao Palco Ascensão com um vasto naipe de convidados. O dia encerra com a música dos conhecidos FH5 no Palco da Juventude. O popular Quim Barreiros é o cabeça de cartaz de sexta-feira, 10 de Maio, actuando pelas 22h30. Mas uma hora antes será o folclore a reinar com as exibições dos ranchos do Pinheiro Grande e da Parreira. Pela meia-noite há mais uma largada de toiros e a noite musical fica depois por conta do grupo Alive, de tributo aos Pearl Jam, e do DJ Marko Lopez. No sábado, 11 de Maio, a manhã é consagrada ao desporto com o passeio hípico da Ascensão (09h00) e o torneio de basquetebol Nuno Semedo, pelas 09h30, no pavilhão gimnodesportivo da Escola EB2/3+S. O cine-teatro recebe nessa tarde, pelas 17h00, os grupos Acordatecla e Laranjinhas e a prata da casa vai estar em foco novamente pelas 18h00, no Palco Tradição, com as actuações do Grupo de Danças e Cantares da SRV e do Grupo Etnográfico do Paúl da Trava (ambos de Vale de Cavalos). No Palco Arraial, a partir das 21h30, actuam os ranchos adulto e infantil da Carregueira no

O feriado municipal da Chamusca é também marcado pela tradicional corrida de toiros, pelas 17h00, na praça da vila, este ano com os cavaleiros Rui Salvador, João Moura Caetano e Marcos Bastinhas. A pegar os seis toiros Manuel Veiga vão estar os forcados amadores da Chamusca e de Coruche. No sábado, 11 de Maio, pelas 15h00 as actividades taurinas voltam à cena com a Prova da Vaca no Largo 25 de Abril e duas horas mais tarde a praça de toiros abre novamente portas para um programa de variedades taurinas com os cavaleiros Tiago Lucas, Maria Valente, Francisco Parreira e Alexandre Gomes. Os quatro novilhos Prudêncio serão pegados pelos Forcados Amadores da Chamusca. As largadas de toiros são outro dos pontos de interesse para quem gosta de actividades ligadas à festa brava, estando programadas para as noites de quarta, sexta e sábado, sempre pela meia-noite. No domingo, 12 de Maio, pelas 16h30, há uma entrada taurina onde vão participar o Grupo de Forcados Femininos de Benavente, jogos de cabrestos, campinos e três reses bravas.

Palco Arraial, antecedendo a actuação dos consagrados Quinta do Bill, marcada para as 22h30. A noite acaba com a música de Pedro Galinha. O último dia da Ascensão conta diversas provas desportivas em modalidades como a pesca, BTT, trial e futebol e na área cultural é dedicado à prata da casa, com destaque para o espectáculo de música e poesia popular “Minha terra, minha gente”, pelas 21h30, e para o concerto do fadista João Manuel Ferreira pelas 22h30

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02 MAIO 2013 ESPECIAL

Pinéus Bike Team um grupo informal com paixão pelas bicicletas Grupo está a tratar da sua legalização como associação desportiva

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equipa Pinéus Bike Team nasceu há cerca de um ano em Ulme e o grupo de jovens que levou por diante o projecto fez questão de manter viva, na designação de “Pinéus”, a alcunha pela qual as gentes da vila são apelidadas pelas populações vizinhas. O grupo é ainda informal. “Esperamos ter a sua legalização como associação pronta muito em breve”, disse a O MIRANTE Marco Santos, um dos mais entusiastas elementos do grupo. A ideia da sua formação nasceu da vontade de um grupo de amigos que se juntava aos fins de semana para dar uns passeios de bicicleta. “No início éramos dois ou três, depois começaram a surgir mais interessados e resolvemos avançar para a criação da equipa”. Foi uma questão de tornar as coisas mais

O grupo coloriu a apresentação dos circuitos cicláveis O Grupo Pinéus Bike Team foi o convidado de honra na apresentação dos Circuitos Cicláveis do Concelho da Chamusca, que se realizou no dia 21 de Abril, na Biblioteca Municipal da Chamusca. Foram seis os percursos apresentados. Os seis percursos, marcados e desenvolvidos pelo Gabinete de Desporto da Câmara Municipal da Chamusca,

sérias. “Já participávamos em algumas actividades um pouco por todo o distrito, cada um tinha o seu equipamento que às vezes não dizia nada à terra, por isso uma das primeiras coisas que levámos por diante foi arranjar um equipamento próprio para todo o grupo. Entre os elementos do grupo arranjámos uma parte da verba necessária e depois conseguimos o patrocínio de algumas empresas e encontrámos formas de estrear este equipamento que envergamos com dignidade”, disse Marco Santos. O grupo Pinéus Bike Team tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta, a vila de Ulme situada no concelho da Chamusca.

dividem-se em várias zonas do concelho, com extensões e dificuldades para vários escalões de destreza física e técnica. Uns destinam-se a atletas já com elevada preparação, outros podem ser utilizados por toda a família. Têm todos uma grande vertente turística, com paisagens algumas vezes deslumbrantes. A seguir à apresentação dos percursos realizou-se um passeio de bicicleta pela ruas da vila, com o equipamento dos “Pinéus” a alegrar o pelotão. Passeio que teve como objectivo sensibilizar todos os participantes para uma vida activa e saudável.

Nesse sentido, o grupo participa no maior número possível de passeios e maratonas que decorrem principalmente no distrito de Santarém. Organiza anualmente um passeio/maratona de BTT que já está a ser reconhecido como um dos melhores na região. “Já fizemos três maratonas e agora em Junho vamos organizar uma prova de resistência de BTT, onde esperamos uma grande participação”, garante Marco Santos. Por outro lado, o grupo está a colaborar com a Sociedade Recreativa de Ulme e demais organizações e entidades na realização de eventos relacionados com a modalidade. “Nas provas que organizámos tivemos sempre a colaboração da sociedade e por isso os lucros que tivemos reverteram para ela”. Em Ulme promovem treinos no sentido de incentivar a prática deste desporto e de captar novos praticantes para a equipa. “E trazer também as pessoas da vila a colaborar nas nossas organizações. Temos tido uma excelente adesão e temos ouvido elogios de quem nos visita nos dias das nossas provas”.

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O grupo Pinéus Bike Team tem como principal objectivo a prática do desporto, em particular BTT, tentando proporcionar momentos de lazer activo, para além de promover e divulgar, através da utilização da bicicleta, a vila de Ulme situada no concelho da Chamusca

com a abertura do secretariado. Há para distribuir prémios para os primeiros classificados da geral masculinos e femininos, por escalões e por equipas. As inscrições podem ser efectuadas até ao dia 5 de Junho, em pineusbiketeam.blogspot.pt

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PROVA DE RESISTÊNCIA BTT EM JUNHO A equipa Pinéus Bike Team leva a efeito, no dia 10 de Junho, a sua 1ª prova de Resistência BTT. Serão três horas a pedalar num circuito perfeitamente assinalado e com bons acesso para o público. O atleta vencedor será o que fizer mais voltas ao circuito, que como é natural terá dificuldades acrescidas. A prova desenrola-se a partir das 7h30

Agente Autorizado WINREST – WINPLUS – SAM4S Revendedor Autorizado : PEDRO PORTO Rua dos Aliados, n.º13E • 2080-116 Almeirim Telf. 243 509 326 • Telm. 919 372 996 egtecnico.geral@sapo.pt


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ESPECIAL ASCEnSão 02 MAIO 2013 foto O MIRANTE

“A Chamusca tem feito bastante pela cultura ribatejana” António Matias Coelho, professor e estudioso das tradições da nossa região, explica a importância que manifestações festivas como a Semana da Ascensão têm para a valorização das tradições e para o reforço da identidade de uma comunidade. “No concelho da Chamusca tem-se dado um relevo especial ao lado cultural da vida. Tem-se entendido que a valorização destes rituais não deve ser apenas uma questão meramente simbólica, folclórica ou turística”, diz. João Calhaz A Quinta-Feira de Ascensão continua a ser feriado em vários concelhos do Ribatejo mas a data parece ser cada vez menos celebrada, salvo algumas excepções como na Chamusca. O que pensa disso? Isso acontece porque se foram perdendo as memórias que estão associadas à sua origem. Aliás, o decreto que legalizou o feriado municipal da Chamusca explicava porque concedia a esse município e a mais alguns o direito de celebrarem esse dia. Tinha a ver com as tradições rurais ligadas ao amadurecimento das searas e à apanha da espiga. É um conjunto de rituais muito próprios do mundo rural e muito particularmente desta zona do país. Com o andar dos tempos as coisas foram mudando. Entretanto os anos passaram, a vida mudou. Por acaso este ano o Ribatejo tem mais trigais, mas durante anos houve poucos, isto foi invadido pelo girassol no tempo dos subsídios e, mais recentemente, pelo milho. O Ribatejo rico é hoje um mar de milho. Além disso, hoje a agricultura é feita sobretudo por máquinas e uma das características das máquinas é que não têm tradições e não apanham a espiga. Na Chamusca ainda se mantém essa tradição. É natural que as tradições se vão perdendo, a não ser que haja um esforço, como o que a Chamusca fez em devido tempo, para as valorizar e para as promover. Para que, estando elas fatalmente condenadas ao desaparecimento, porque nada é eterno, se possa

Um ribatejano de gema que vive no “lado certo” do Tejo

António Matias Coelho considera-se um ribatejano de gema. Nasceu em 11 de Julho de 1957 em Salvaterra de Magos, onde viveu a infância e parte da juventude. Já formado em História, residiu na Chamusca, onde continua a leccionar, vivendo já há uns bons anos na Golegã. É também assessor cultural da Câmara Municipal de Constância. Durante toda a sua vida só saiu da região que o viu nascer quando estudou em Lisboa e no Porto e quando deu aulas durante dois anos na Madeira. Casado, pai de uma filha e já avô, tem uma visão curiosa do Ribatejo, que explica quando o questionamos após dizer que

pelo menos retardar o seu definhamento. No concelho da Chamusca o apanhar da espiga não é uma manifestação para a fotografia ou para turista ver. É uma manifestação genuína e popular mantida por pessoas que vão apanhar a espiga porque os pais apanhavam, porque os avós apanhavam e porque lhe atribuem significado. Acreditam que o apanhar da espiga tem um valor benéfico, que lhes garante um ano de felicidade, de paz. Em que medida este tipo de manifestações é fundamental para a preservação e reforço da identidade de uma comunidade? Sobretudo num mundo cada vez mais globalizado, se não valorizamos as coisas que nos distinguem um dia destes somos todos iguais. A apanha da espiga é uma afirmação da nossa identidade rural. O povo da Chamusca dá mais importância às datas simbólicas e a certos rituais do que as populações de outros concelhos? No concelho da Chamusca tem-se dado um relevo especial ao lado cultural da vida. Tem-se entendido que a valorização destes rituais não deve ser apenas uma questão meramente simbólica, folclórica ou turística, mas sim uma forma de as pessoas se reverem nessa simbologia, de assumirem isso como seu e de serem a garantia que essas manifestações vão prosseguir. As escolas podem ter um papel importante no recordar dessas datas marcantes de uma comunidade. E têm. No concelho da Chamusca, as escolas e jardins-de-infância têm feito um trabalho notável com os alunos para dar continuidade a essas tradições. Tem a noção de como é que os seus alunos vivem a Semana da Ascensão? A própria escola assume que na Semana da Ascensão é desaconselhável marcar testes de avaliação. Há uma certa tolerância, especialmente na sexta-feira, pois na quinta-feira é feriado.

Na Chamusca a Ascensão é um conjunto de manifestações da qual a apanha da espiga é a primeira de todas e eu diria a mais importante. Mas é apenas uma. Nos últimos 25 anos, devido sobretudo à intervenção do município da Chamusca, as celebrações da Ascensão foram revitalizadas actualmente vive “do lado certo do rio” Tejo, referindo-se à margem norte. “Passou-se sempre tudo do lado de cá do Tejo, pelos séculos fora. O outro lado é o lado esquecido, sempre foi. As grandes vias de comunicação do país, desde a Idade Média, passaram sempre a norte do Tejo. E a Chamusca é especialmente esquecida. Almeirim, Benavente e Salvaterra têm auto-estrada. Alpiarça tem uma auto-estrada perto. A Chamusca não tem nada. Tem uma ponte que foi melhorada mas que é um funil”. E acentua: “O Ribatejo é composto pela lezíria, pelo bairro e pela charneca. A lezíria é a parte rica, o bairro é a zona que diria remediada e depois há a charneca, que é o mundo dos pobres. Zona pedregosa, onde as distâncias são grandes, que ficou para

E a Ascensão na Chamusca não se resume à apanha da espiga... Sim. Na Chamusca a Ascensão é um conjunto de manifestações da qual a apanha da espiga é a primeira de todas e eu diria a mais importante. Mas é apenas uma. Nos últimos 25 anos, devido sobretudo à intervenção do município da Chamusca, as celebrações da Ascensão foram revitalizadas, quer na componente das tradições rurais como na das tradições taurinas, que são uma outra componente. E o que se fez neste quarto de século de promoção da Quinta-Feira de Ascensão transformou-a - hoje já nem tanto, por causa da crise - numa grande festa do Ribatejo, frequentada por muita gente que já não tem qualquer relação com o campo, que não conhece ou não valoriza as tradições que deram origem à festividade. Outras componentes menos tradicionais da festa passaram a ser mais valorizadas? Essas pessoas, e os meus alunos também, se calhar valorizam mais a parte dos concer-

os eucaliptos, para os fogos, para a desertificação humana”. Um panorama que, na sua óptica, é difícil reverter. “Estas coisas têm sempre tendência a agravar-se. Não temos visto que se faça seja o que for para contrariar isto. É uma espécie de ciclo vicioso de onde é muito difícil sair”. Matias Coelho refere que essas circunstâncias estão na origem de ter ido residir para a Golegã. “Sou uma vítima, entre aspas, disto. Preferia viver na Chamusca e não vivo lá há quase 30 anos porque não consegui arranjar casa. Empurraram-me para o lado certo da vida, para o lado certo do Tejo”, afirma, reconhecendo que o facto de a Chamusca ter mantido esse lado mais pobre, mais fechado, teve a vantagem de conservar melhor as tradições. “A mudança nesses meios é mais lenta”, alega.

tos, da cerveja, das brincadeiras com os toiros, mas, sobretudo, a parte talvez menos recomendável da festa, que é a da cerveja e das bebedeiras. O estar em Ascensão, que foi uma feliz designação que se arranjou, infelizmente para muitos jovens significa hoje estar com uns copos a mais. O que mexe mais consigo nessa festa da Chamusca? É o lado rural da festa. Nasci no campo, em Salvaterra de Magos, sou filho de agricultores, fui criado neste universo. A minha mãe ainda hoje apanha a espiga, tal como eu. Não há Quinta-Feira de Ascensão sem apanha da espiga. Faz parte do meu estar na vida. O que mexe mais comigo na Quinta-Feira da Ascensão é o louvor da natureza. Acontece 40 dias depois da Páscoa, quando a natureza está madura e se exibe em toda a sua pujança. É o tempo dos dias bonitos, do tempo quente

Do que se compõe o ramo da espiga Embora as pessoas apanhem a espiga de forma espontânea, porque o que interessa é fazer um ramalhete vistoso, há uma forma “canónica” de se fazer o ramo da espiga, explica Matias Coelho. O ramo é composto de três espigas de trigo (que representam o pão, a fartura, o alimento), três malmequeres amarelos ou brancos (que representam a riqueza - o amarelo simboliza o ouro e o branco a prata), três papoilas (que representam o amor e a vida), um raminho de oliveira em flor (que simboliza a paz), um esgalho de videira com o cacho em formação (que representa o vinho e a alegria), um pé de alecrim, um pé de rosmaninho (que representam a saúde e a força).


02 MAIO 2013 ESPECIAL foto O MIRANTE

sem ser tórrido. Apanhar a espiga representa essa ligação quase umbilical à terra. O que distingue a Semana da Ascensão na Chamusca de outras festas ribatejanas de cariz tradicional? A alma, a matriz é o que a distingue. A apanha da espiga e também a tradição taurina são a essência última da matriz rural da Chamusca. E por isso é que são preciosas. É qualquer coisa que persistiu para além do desaparecimento do que lhe esteve na origem. Porque num tempo em que quase não há camponeses, ou pelo menos já não há camponeses como no tempo em que essas coisas se faziam, a tradição ainda vive. “O RIBATEJO NÃO MORREU” A Câmara da Chamusca provou nos últimos anos que não é necessário gastar rios de dinheiro para manter viva a tradição. As autarquias devem continuar a empenhar-se neste tipo de actividades ou devem passar mais a responsabilidade para a chamada sociedade civil? Penso que as autarquias não podem fazer tudo. Nem devem. Mas podem fazer alguma coisa e têm essa obrigação, porque os municípios são órgãos que representam as populações e a sua identidade e têm responsabilidades ao nível da cultura e dos valores locais. O essencial é a defesa e valorização dessas tradições, para permitir depois à sociedade civil fazer o preenchimento do resto. Os municípios são os guardiões desse sentimento profundo das gentes, da sua matriz cultural. Acha que tem havido sensibilidade por parte dos autarcas ribatejanos para essas questões? Há autarcas que fizeram esforços notáveis nesse sentido e há péssimos exemplos de autarcas que pura e simplesmente se demitem dessa função, que não fazem nada. Não vou

dizer quem são, mas as pessoas sabem. E depois há ainda pior, que são aqueles que fazem o contrário do que deviam fazer. Porque às vezes mais vale estar quieto. Mas diria que, em termos gerais, há municípios que têm feito bastante pela cultura do Ribatejo. A Cha-

O significado da Ascensão A Ascensão significa a subida de Jesus Cristo ao céu. “O que a tradição cristã nos transmitiu é que Cristo morreu na Sexta-Feira Santa, ressuscitou ao terceiro dia e depois mantevese na terra 40 dias, durante os quais apareceu aos apóstolos e depois, à vista deles, elevou-se aos céus. No calendário católico a Ascensão, que é sempre à quinta-feira por ser 40 dias contados após o Domingo de Páscoa, é o momento em que se celebra a consumação da missão do Deus vivo

musca é um deles. São festas como a da Semana da Ascensão que ajudam a manter viva a alma ribatejana, apesar de o Ribatejo administrativamente já não existir e cada vez estar mais dividido? Mas o Ribatejo existe, porque existe dentro de nós. Se me perguntarem o que é que sou, respondo que não sou de nenhuma NUT ou CCDR nem pertenço ao QREN não sei do quê. Sou português primeiro e ribatejano a seguir. O Ribatejo não morreu apesar das reformas administrativas, porque os ribatejanos se sentem ribatejanos. A cultura ribatejana é muito rica e variada. A tradição dos cavalos na Golegã, dos toiros na Chamusca, da Boa Viagem em Constância, do Colete Encarnado em Vila Franca, do Barrete Verde em Alcochete, da Feira de Maio na Azambuja, dos Santos no Cartaxo, dos Tabuleiros em Tomar, entre outras, fazem a alma do Ribatejo e ele só acaba quando não houver ninguém em Portugal que se diga ribatejano.

na terra. O filho de Deus que se faz homem, que vive a sua vida, que faz a sua pregação, que morre, que vence a morte ressuscitando e que depois volta ao céu, de onde veio. Esta é a explicação religiosa”, diz Matias Coelho. E acrescenta: “Não foi a tradição rural que ‘cavalgou’ a tradição católica no que toca à tradição da apanha da espiga nesse dia, mas o contrário. Foi a festa religiosa que se colou a uma tradição que já existia, associada à maturação das plantas e que já se fazia no tempo dos romanos anteriores ao cristianismo”.

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ESPECIAL ASCENSÃO 02 MAIO 2013

Um novo ciclo na vida da Banda Filarmónica Carregueirense “Victória” O maestro Bruno Moedas substituiu António Augusto e revolucionou todo o repertório e organização da banda A comemorar 83 anos de vida, a Banda da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio Carregueirense “Victória” está numa fase de reestruturação e desenvolvimento, após ter vivido momentos conturbados.

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“Filarmónica Victória”, fundada em 1930 na Carregueira, freguesia do concelho da Chamusca, vai comemorar os seus 83 anos de vida nos dias 1 e 2 de Junho, num fim-de-semana de festa. Depois de um período algo conturbado em que chegou a ver os seus instrumentos serem vendidos em leilão, a sociedade recuperou e está mais viva do que nunca. Na altura mais complicada os componentes da banda nunca perderam a cabeça. Os

instrumentos, apesar de adquiridos por um comprador em leilão, nunca chegaram a sair da sede da colectividade. Os músicos, o maestro de então e os dirigentes mobilizaram-se e com a ajuda da população, da Câmara da Chamusca e da Junta de Freguesia da Carregueira, conseguiram juntar o dinheiro necessário para recuperar os instrumentos. “A banda nunca fechou portas, sempre respondeu às solicitações para actuar”, disse a O MIRANTE o dirigente José Maria Oliveira. A colectividade conseguiu “endireitar-se” e continuar a praticar cultura na Carregueira, no concelho e um pouco por todo o país e mesmo pelo estrangeiro. No final do ano passado sofreu outro abalo, com a saída do maestro António Augusto, que dirigia a banda há cerca de trinta anos. Os dirigentes foram obrigados a procurar um novo maestro e encontraram dentro de casa o sucessor, Bruno Moedas, que se formou como músico na Banda

da Carregueira, passou pelo conservatório e é actualmente membro da Banda do Exército. O novo maestro aceitou o repto e iniciou um novo ciclo na vida da filarmónica que passa por uma reestruturação total do repertório da banda e da escola de música que lhe está subjacente. “Tem sido um trabalho extraordinário, registou-se o regresso de muitos músicos que por motivos pessoais se tinham afastado. Estamos a fazer uma modernização

total do repertório, sem deixarmos de actuar quase todas as semanas. Tem sido um trabalho de ‘doidos’, mas a vontade dos músicos, do mais novo ao mais velho, é entusiasmante e já conseguimos atingir um nível excepcional”, garante Bruno Moedas. A entrada de Bruno Moedas para a direcção musical da Banda Filarmónica teve também o condão de trazer consigo a esposa, que é uma jovem professora universitária de musicologia que se predispôs reorganizar e estruturar a escola de música da colectividade. “Sem pedir um cêntimo em troca do seu trabalho”, disse José Maria Oliveira. A banda continua a ser o ex-libris da freguesia da Carregueira e mesmo do concelho da Chamusca. “Levamos o nome da terra e do concelho a todo o país e não tenho dúvidas que o fazemos com grande dignidade”, disse o dirigente.


02 MAIO 2013 ESPECIAL

“Somos uma grande família” Ainda frequenta a escola de música, mas já veste a farda da Banda Filarmónica “Victória”, chama-se Pedro Afonso, tem 10 anos e vive na Carregueira. Toca bombardino, um instrumento de sopro que diz ter gostado de tocar desde que entrou para a escola de música. “Tocar na Banda da Carregueira é super extraordinário. Nesta banda existe um ambiente que não sei se será muito comum noutros lados. Somos uma grande família. Na escola de música

Uma professora universitária na organização da escola de música Luzia Rocha é esposa do maestro Bruno Moedas e predispôs-se a acompanhar o marido nesta aventura de dirigir a Banda Filarmónica Carregueirense “Victória”. “Quando convidaram o Bruno e ele aceitou, aceitei também colaborar de forma informal, sem receber nada em troca, na reorganização da escola da música, que estava muito desorganizada. Tratei de arregaçar as mangas, tracei um plano, formei turmas, classes e defini horários para que tudo funcionasse efectivamente como uma escola”, explicou a professora. “Nunca me passou pela ideia tirar algum lucro do meu trabalho. A minha formação na música começou na Banda Filarmónica da minha terra, Outeiro Grande, Torres Novas. Ali toquei e fui maestrina durante muitos anos, saí para ir para a universidade, onde agora sou professora. Sei das dificuldades por que passam estas organizações para conseguirem levar por diante o seu trabalho e é por isso que não quero receber nada em troca a não ser a amizade de toda a gente”, diz. Com a chegada de Luzia Rocha ao comando da escola registou-se um aumento exponencial de alunos. “Foi realmente algo que eu não esperava. Em cinco meses o número de alunos triplicou, temos quase meia centena de alunos. Temos as classes mais novas, entre os quatro e os seis anos, e o ensino de adultos. Digo que temos porque há outros professores na escola. Eu dou mais a parte teórica, depois temos um professor para cada instrumento, são jovens que também são músicos na banda, que também trabalham por carolice”. Para Luzia Rocha e para os dirigentes da sociedade o aumento do número de alunos na escola de música foi uma agradável surpresa. “Fiquei surpreendida com o aparecimento de tanta gente e também com as aptidões que têm. São pessoas muito intuitivas e têm também uma grande vontade de aprender a ler as pautas e de saber o que se está a fazer. É um trabalho cada vez mais aliciante”, garante. À pergunta de como é que não exige uma compensação monetária para o seu trabalho, Luzia Rocha responde com a sua experiência na banda onde foi maestrina. “Isto não é a minha profissão. Sou musicóloga, dou aulas de Musicologia na universidade. Mas aprendi música na banda da minha aldeia, toquei saxofone durante quase 20 anos e fui maestrina durante alguns anos. Ainda acredito que as filarmónicas são o conservatório que o povo pode ter. A música faz muita diferença num ser humano. Não tenho dúvidas de que uma pessoa que sabe música é uma melhor pessoa. Sei que nos dias que correm as famílias não têm dinheiro para dar essa formação aos filhos nos conservatórios e nas bandas têm essa formação de borla. Pagam apenas uma quota de sócio de um euro por mês”.

aprendemos a tocar e a ser disciplinados. A professora é muito exigente. Às vezes é mazinha, mas é uma amiga muito querida”, diz entusiasmado Pedro Afonso. O jovem veio para a escola de música por influência do pai e do professor da escola primária. “Quando andava no primeiro ano o professor influenciou-me a vir para aqui. Vim, gostei e agora estou agradecido por me terem influenciado. Adoro o que faço e a modernização do repertório que está a ser levado a cabo pelo maestro Bruno Moedas é excepcional”.

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“Ainda tenho muito para aprender”

É um dos elementos mais novos a fardar-se na Banda “Victória”, chama-se Joana Lúcia, tem oito anos, e é despachada a falar como é despachada a tocar clarinete. Frequenta ainda a escola de música. “Ainda tenho muito para aprender e a professora e o monitor são as pessoas indicadas para me ensinar”. Joana Lúcia anda há apenas um ano na escola de música, mas é o que se pode chamar de menina-prodígio. Começou por tocar flauta, mas uma avaria nesse instrumento levou-a a mudar para o clarinete. “Um dia estava a tocar flauta e ela avariou. Fiquei desiludida e o maestro perguntou-me se queria esperar pelo arranjo da flauta ou passar para outro instrumento. Parada é que eu não queria estar e passei para o clarinete, depois já não o quis deixar”. “Via vir a minha prima

A presidente que toca saxofone

para a música e ficava triste por não vir. Um dia confessei essa tristeza à minha tia, que telefonou logo à minha mãe para ela me deixar vir. Foi assim que vim. Fiquei e agora já não quero mais deixar. A professora e o moni-

Artur Varela voltou após ausência prolongada Artur Varela entrou para a Banda da Carregueira com oito anos, manteve-se ali até aos 18 anos, altura em que saiu para fazer a sua vida noutras paragens. É músico profissional, é um dos elementos da Banda da GNR. “Agora voltei a viver na Carregueira e voltei logo para a banda. Aliás nunca a deixei, esteve sempre no meu coração. Quem por aqui passa e vive este ambiente de amizade sincera nunca o esquece”. Toca clarinete, pois foi o instrumento que à partida o fascinou. “Iniciei-me na música na Carregueira, depois fui para o Conservatório para Tomar, passei por Santarém e acabei o curso no Conservatório em Linda-a-Velha. Sou músico na Banda da GNR e por gosto colaboro também com a Banda da Carregueira”, disse Artur Varela. Para Artur Varela, a Banda da Carregueira é extraordinária, “tem um grupo de músicos amadores com uma vontade enorme de aprender e chegar ao lado dos profissionais. Vive-se aqui um ambiente extraordinário, é uma mega família que se ajuda nos bons e maus momentos. A mudança de maestro foi benéfica, não porque o antigo não fosse excelente mas sim porque a mudança traz sempre coisas novas”.

tor da escola de música são muito bons. O ambiente na banda é de grande amizade. Os mais velhos ajudam os mais novos e nós temos um grande respeito por todos eles”, disse com graça Joana Lúcia.

Anabela da Luísa é uma mulher de armas, toca saxofone e é presidente da direcção da sociedade. Há 40 anos começou a tocar clarinete na Banda da Carregueira, em 1985 mudou de instrumento. “Mudei de instrumento, mas não mudei o meu amor pela música, pela banda da minha terra. A banda é a minha segunda família. O meu sogro foi um dos fundadores, foi aqui que conheci o meu marido e foi para aqui que vieram os meus três filhos. Somos a geração mais antiga da banda”, diz com orgulho. Apesar disso Anabela da Luísa não esconde as dificuldades que é gerir uma casa daquelas. “Gerir esta casa não é fácil, mas a fé move montanhas e com a ajuda de todos os músicos, maestro, professora, monitores, dirigentes e amigos da banda consegue-se sempre levar a

água ao nosso moinho. Mas não é fácil”. Sobre a mudança de maestro diz: “Foi uma mudança radical, é tudo peças novas, é um trabalho muito árduo de todos nós, músicos e maestro. O Bruno é um jovem

com muita vontade e muito valor, está a fazer um excelente trabalho quer na área musical, quer na união de todos os músicos. Os mais velhos aceitam sem rebuço as suas exigências e ajudam a integrar os mais novos”.


02 MAIO 2013 ESPECIAL

Duarte Arsénio lançou livro de poemas “Versus Intemporais” No âmbito das comemorações do 39º aniversário da “Revolução dos Cravos”, realizou-se no dia 25 de Abril, na Carregueira, o lançamento do livro “Versos Intemporais”. A obra é da autoria de Duarte Arsénio e a sessão de apresentação encheu o salão da Sociedade “Os Unidos”. A obra, publicada pela editora Chiado, é constituída por um conjunto de poemas escritos por Duarte Arsénio, um homem que dedica muito tempo à comunidade. Nesta altura, para além da sua profissão de electricista, é presidente do Centro de Bem Estar Social da Carregueira e eleito pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal da Chamusca. E como disse Horácio Ruivo, que prefaciou e apresentou a obra, “é um livro que agita consciências, próprio de um homem que luta pelas suas convicções”. A prova da afectividade e da componente humana de Duarte Arsénio ficou bem vincada quando o poeta se levantou para invocar o seu primo em primeiro grau, o jornalista desportivo Carlos Arsénio, falecido em 2012. “Faço questão de oferecer este centro de mesa de cravos vermelhos à viúva do meu primo Carlos Arsénio, para que seja depositado na sua campa no cemitério da Carregueira. É a forma mais simples que encontrei para homenagear outro Arsénio que mesmo a viver longe nunca esqueceu a sua terra”. Esta é a segunda obra de Duarte Arsénio, que aos 55 anos garante: “Não quero ficar calado quero continuar a lutar para que os mais desprotegidos possam ter uma vida melhor. Nos meus poemas debruço-me sobre muitas coisas que estão a ser retiradas às pessoas, é como que um grito de protesto e um agitar de consciências. Os portugueses não podem ficar quietos e calados quando Portugal se afunda cada vez mais”. A cerimónia de apresentação do livro contou com animação musical que esteve a cargo de Bruno Mira e Rui Tanoeiro, enquanto alguns amigos recitaram poemas do livro.

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O MIRANTE | 02 MAIO 2013

Celebrar o Dia da Mãe num tempo em que nascem cada vez menos crianças Toda a gente conhece o problema mas tardam medidas eficazes para o resolver

foto O MIRANTE

Temos a quarta taxa de natalidade mais baixa da Europa e nos últimos anos tem-se registado a tendência para termos mais mortes que nascimentos.

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ai ser cada vez mais difícil celebrar o Dia da Mãe em Portugal a manter-se a diminuição de nascimentos dos últimos anos. Segundo dados divulgados pela Comissão Europeia, o nosso país tinha em 2011 a quarta taxa de natalidade mais baixa da União Europeia, com 1,35 nados-vivos por mulher. A média na União Europeia (UE) no mesmo ano foi de 1,57. A tendência é para que a situação se venha a agravar. O relatório mostra que, em 2002, Portugal tinha uma taxa de natalidade ligeiramente acima da UE: 1,47 contra 1,46, tendência que se inverteu em quatro anos, uma vez que em 2006 já era de 1,36 contra 1,54 nados-vivos por mulher. Em 2009, nasceram em média em Portugal 1,32 bebés por mulher e 1,59 na UE, em 2010 os números foram, respectivamente de 1,36 contra 1,6 e, no ano seguinte, 1,35 em Portugal e 1,57 na UE. Em 2011, as mais baixas taxas de natalidade foram registadas na Hungria (1,23 nados-vivos por mulher), Roménia (1,25) e Polónia (1,3), seguindo-se Portugal e Chipre. As mais altas verificaram-se na Irlanda (2,5) e França (2).

DIMINUÇÃO. Alterações sociais profundas ocorridas nos últimos 40 anos estão na origem do problema A natalidade é o número de nascimentos ocorridos numa região durante um determinado tempo. A taxa de natalidade exprime o número de nados-vivos em relação a um grupo médio de 1000 habitantes. Os dados são preocupantes. Não vai deixar de haver mães mas a sua diminuição acentua-se e não parece haver grande empenho

da parte de quem tem capacidade para alterar as políticas de incremento à natalidade num sentido positivo. Alterações sociais profundas ocorridas nos últimos quarenta anos estão na origem do problema. Em 2011 Portugal registou mais mortes do que nascimentos, numa diferença de quase seis mil. Foram assinalados 102848 óbitos e 96856 na-

dos vivos. Os números são retirados das Estatísticas Demográficas do Instituto Nacional de Estatística divulgadas há poucas semanas. Nesse ano, a natalidade atingiu o valor mais baixo de que há registo, tendo-se observado 96.856 nados vivos, menos 4,5% face a 2010, referem as estatísticas, que fazem uma análise global da situação demográfica no país, na última década, adianta o Instituto Nacional de Estatística (INE). Também morreram menos 3106 pessoas do que em 2010. A maioria dos óbitos em 2011 (66,8%) diz respeito a pessoas com 75 ou mais anos. Ainda por cima, a mortalidade infantil aumentou ligeiramente, em 2011, para os 3,1 óbitos por mil nados vivos, quando em 2010, ano em que foi atingido o valor mais baixo de sempre, era de 2,5 óbitos, nota o INE. A proporção de óbitos de crianças com menos de um ano foi de 0,3%, contra 0,2% em 2010. O Dia da Mãe em Portugal celebra-se actualmente no primeiro Domingo do mês de Maio em homenagem a Virgem Maria, mãe de Cristo. A Igreja católica está atenta ao problema. No início do mês os bispos reunidos, através do porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reclamaram do Governo incentivos fiscais para combater a crise da natalidade, a promoção o emprego juvenil e medidas que permitam a conciliação de trabalho e vida familiar. Segundo o padre Manuel Morujão, “a crise que atravessamos também é reflexo da crise demográfica”. Poucos dias antes o Governo anunciou que, para ajudar as famílias que desejem ter filhos ou mais filhos, pretende recorrer a verbas europeias para promoção do trabalho parcial. O objectivo, segundo o Ministro Pedro Mota Soares, é dar mais tempo às mulheres e aos homens para poderem ser pais

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