ExpoCartaxo

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Centro de Novas Oportunidades da Nersant já ultrapassou as mil inscrições São já mais de 1000 as inscrições recebidas pelo Centro de Novas Oportunidades (CNO) da Associação Empresarial da Região de Santarém - Nersant, uma estrutura que tem desenvolvido o processo de RVCC – Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências em vários concelhos do distrito de Santarém. Recentemente entregou diplomas a 62 das 103 pessoas ali certificadas.

Apesar de receber inscrições a título individual, o CNO da Nersant também se encontra a desenvolver o processo de RVCC em várias empresas da região, ao abrigo do Plano de Qualificação e Emprego, projecto do IEFP inserido na Iniciativa Emprego 2009. Através deste plano, o Centro de Novas Oportunidades permite que as empresas que se encontram em lay-off (redução de horários

de trabalho devido à crise económica), possam ocupar o tempo desenvolvendo o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências. As empresas ou pessoas interessadas em integrar este projecto, que permite a conclusão do 4.º, 6.º, 9.º ou 12.º ano de escolaridade, poderão ainda inscrever-se junto da Nersant, através do e-mail dfp@nersant.pt.

Economia Fernando Howell o dono da drogaria que tem uma costela de enólogo

O MIRANTE 29 de Outubro de 2009

Centenária Feira dos Santos regressa em paralelo com a ExpoCartaxo Uma feira dois em um a que ninguém gosta de faltar. Tradição e modernidade estão de volta de 30 de Outubro a 3 de Novembro. II

Já lá vão os tempos em que analisava vinhos do Cartaxo pela noite dentro VI

“Esperamos ter a ExpoCartaxo num novo pavilhão em 2010” Jorge Pisca, responsável pelo Núcleo Nersant do Cartaxo VIII

Profissionalmente falando

Os segredos de quem prepara uma pizza Adriano Santos confirma que segredo está na massa XII

ExpoCartaxo visita quatro empresas e distingue empresário e empresa de 2008 IV Portugueses reconhecem dificuldades em viver com rendimento mensal

Três Dimensões

Revela inquérito Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social XVIII

60 anos, director da Escola Secundária de Alcanena XI

Frederico Nunes


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29 Outubro 2009 | O MIRANTE

“Esperamos ter a ExpoCartaxo num novo pavilhão em 2010” Entrevista com Jorge Pisca, responsável pelo Núcleo Nersant do Cartaxo desde 2005 Em véspera de inauguração de mais uma edição da ExpoCartaxo o empresário Jorge Pisca fala das actividades do núcleo do Cartaxo da Associação Empresarial de Santarém, das zonas empresariais ambicionadas que tardam em ser concretizadas e do que é hoje um concelho que, com excepção do vinho, não tem um sector económico marcante.

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foto O MIRANTE

Ricardo Carreira

proximamo-nos de mais uma edição da ExpoCartaxo. Este evento é o ponto alto da actividade no Núcleo Nersant do Cartaxo? É pelo menos a nossa acção mais visível e também a que mais representa para os empresários do concelho. É a melhor oportunidade que têm de expor e divulgar os seus produtos e serviços. Dia 2 temos ainda o dia aberto às empresas, em que se procura mostrar o trabalho realizado, mas também confrontar dificuldades de empresários, sejam sócios ou não sócios da Nersant. Contamos também com os prémios “empresário do ano” e “empresa do ano”, como forma de incentivar e distinguir quem mais se destacou em 2008 ao longo de uma carreira. O núcleo tem grande dependência de actuação da casa mãe da Nersant em Torres Novas? Somos o veículo de informação da Nersant no concelho do Cartaxo, entidade que organiza a ExpoCartaxo com a colaboração da câmara, que cede as instalações. Temos uma funcionária

da Nersant que agiliza processos. Os restantes elementos são empresários que fazem parte deste órgão social e são sócios. As nossas actividades estão mais vocacionadas para a informar os destinatários da realização de acções de formação em áreas como a contabilidade e fiscalidade, informatização de empresas e a sua organização. Dispomos ainda de apoio técnico-jurídico a custo zero para sócios em matérias laborais, fiscais e jurídicas, informações sobre candidaturas a fundos comunitários, visitas a efectuar pelo pais e estrangeiro. O pavilhão de exposições não passou já do prazo para albergar a ExpoCartaxo? Temos as condições possíveis. Esperamos que em 2010 o evento já se possa realizar no falado pavilhão multiusos que se previa ter sido construído há já dois anos. Mesmo assim o actual pavilhão tem condições razoáveis e uma beleza própria. Conseguido um novo espaço não faltará mais nada, já que de acessibilidades o Cartaxo está muito bem servido por estradas nacionais para sul e norte, pelo acesso à A1 e pela linha ferroviária. Em que é que o acesso à A1beneficiou de facto os empresários e o Cartaxo? Houve de imediato uma abertura maior do corredor de acesso à zona norte e oeste que permitiu a muitas empresas que faziam outros circuitos de transporte acederem mais facilmente aos seus destinos, baixarem custos de produção e escoarem os seus produtos. Por exemplo, na exploração agrícola. Faz sentido a separação física da ExpoCartaxo da Feira dos Santos que a câmara tem previsto? Ainda não sabemos bem como vai ser ao certo esse projecto mas ter os dois eventos em simultâneo seria juntar o útil ao agradável e uma mais-valia para a organização. Sabe-se que quem visita a feira tradicionalmente dá um salto à ExpoCartaxo e vice-versa. Vinho e agricultura têm ainda grande peso económico e arrastam outros negócios Falando de tradição, o sector do vinho no concelho ainda tem um peso forte na actividade económica? O ponto mais imediato desse peso é o mais recente investimento em Vila Chã de Ourique com a Quinta Vale D’Algares e a sua produção de vinho, aliada à promoção turística. O vinho e a agricultura ainda são a base de grande actividade económica e falo por mim que também sou produtor de vinho tinto. Restam as casas agrícolas, que antigamente funcionavam por força das famílias que as geriam, mas são necessários projectos mais profissionais. De resto, há lugar para todos. Numa visita recente a Logroño (Espanha) tive oportunidade de ver como explorações com a dimensão de um quarto de um hectare (2.500 metros quadrados) são rentáveis, desde que seja valorizado o vinho do produtor. Mas o concelho do Cartaxo parece ser hoje uma manta de retalho de uma


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série de actividades empresariais sem ter aquele sector forte que o distinga na região e no país. Sim mas a produção de vinho é ainda a actividade mais marcante. É verdade que grandes empresas da metalomecânica como a Moali e a Metalgrupo, ou a Opel e a Ford no concelho de Azambuja, se desmantelaram e isso não é positivo. Mas há que olhar para outras realidades e novas oportunidades como as indústrias tecnológicas e amigas do ambiente.

No âmbito da formação de empresários, para quando está prevista a concretização da Escola de Negócios do Vale do Tejo? Pensamos que em 2010 o projecto terá luz verde para a zona do campo da Feira. É importante dispormos desta formação vocacionada para formação superior em pós-graduações para empresários e quadros das empresas como forma de os motivar para a formação, o conhecimento e daí retirarem benefícios para os seus negócios

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Esperamos ter o Casal Branco em andamento em 2010 e o Valleypark no máximo de três anos A Zona de Actividades Económicas do Casal Branco foi aprovada ao cabo de sete anos, mas ainda pouco ou nada se fez no terreno. E já passaram três anos sobre o início do processo de formação da Área de Localização Empresarial (ALE) do Falcão. A grande luta pelos parques de negócios tem sido apanhada pela burocracia e pelos estudos de impactes. Já se perderam oportunidades ao longo destes anos para instalação de empresas e criação de empregos. É pena porque temos acessibilidade rodo-ferroviárias. Esperamos que futuramente estes processos venham a ser aprovados em dois anos como está previsto. Mas é bom recordar que os processos de licenciamento das empresas

na ALE do Falcão serão promovidos pela entidade gestora do parque de negócios para os empresários que adquiriram lotes. Eu diria que no limite, ao fim de três anos, seria ideal ter aí empresas a laboral. Há interesse de empresas do Cartaxo em transferirem e reforçarem as suas instalações para o Valleypark. A instalação da Avipronto no Casal Branco, um dos projectos mais falados, parece longe de se concretizar. A crise veio refrear um pouco os ânimos de investimento e sabemos que as condições de financiamento não são tão favoráveis actualmente. Mas é um investimento com que contamos no concelho, bem como com outras empresas a ocuparem os seus lotes já em 2010.


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Fernando Howell o dono da drogaria que tem uma costela de enólogo Já lá vão os tempos em que analisava vinhos do Cartaxo pela noite dentro Por detrás do balcão da Drogaria Guedes, na Rua Batalhoz, no Cartaxo, funcionou durante décadas um laboratório onde Fernando Howell Guedes, hoje com 78 anos, ocupava as noites a analisar vinhos dos produtores da terra.

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Ana Santiago

os tempos em que na então vila do Cartaxo se produziam milhares de pipas de vinha, entre as várias casas agrícolas da zona, Fernando Howell Guedes,

comerciante de uma casa com o nome da família, na rua Batalhoz, fechava a porta do estabelecimento ao final da tarde para se dedicar ao trabalho das análises de vinho madrugada fora. Ao fundo da drogaria, soalho de madeira e armários altos, num sítio esconso, ainda permanece o laboratório, herdado do pai, onde o senhor Guedes, como gosta de ser tratado, 78 anos, regressa em dias muitos especiais para fazer uma ou outra análise ao vinho. Era nos boletins em papel, impressos na tipografia, que discriminava manus-

critamente as características dos vinhos. Referenciava o teor alcoólico do vinho e o grau de acidez, entre outros parâmetros, calculados com recurso a instrumentos como o acidímetro, usado na medição da acidez total. Os produtores entregavam amostras de vinho no laboratório para que fossem apuradas as características. “Havia alguns problemas com os vinhos amuados e tínhamos que tratar deles”, explica. Concluiu o liceu no Cartaxo, mas nunca chegou a ingressar no ensino superior. Tudo o que aprendeu foi com o pai, que

frequentou o terceiro ano do curso de medicina, mas não chegou a acabar os estudos. “Já li mais livros de enologia que aqueles que se lêem nos cursos e acontece que tenho uma prática grande”, defendese Howell Guedes, que assume ter “costela de enólogo” e se orgulha de ter ajudado uma casa do concelho a ganhar um prémio nacional em tempos áureos. “O rapaz era funcionário do Grémio da Lavoura. Chamávamos-lhe o sacristão. Morava no largo da Igreja. Tinha uma vinha em Vila Chã de Ourique e a partir daí é que fizemos o célebre vinho tinto


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que ganhou o concurso”. Conta que chegava a fazer duas mil análises de vinho por ano. Actualmente diz que faz cerca de uma centena. “Trabalhava durante a noite porque tinha casas agrícolas que me pediam análises ao vinho. É muito trabalhoso. De maneira que tinha as minhas noitadas até às duas da manhã”. Os produtores compravam na loja os produtos enológicos - entretanto substituídos por perfu-

Humor inglês ao balcão “Estou a meio de uma entrevista. Faça o favor de não me interromper”, avisa Fernando Howell Guedes, com ar profundamente sério, dirigindo-se a uma cliente da Perfumaria Guedes. O humor verdadeiramente “inglês” do comerciante do Cartaxo, 78 anos, oriundo de famílias do país de sua majestade, já é conhecido na cidade e perdoado pela freguesa que acaba por despedir-se com um beijo e sair com um sorriso. O homem de telefonia presa nas calças verde-camuflado, que entra a ranger o soalho, ainda permanece à espera de ser atendido, mas Howell Guedes passa a bola à mulher, companheira de quase meio século de vida. “Maria Helena, em que ano casámos?”. A companheira sorri e não tem a certeza. Howell Guedes acha que foi em 1953. Aos 16 anos perdeu a mãe. Aos 29 ficou sem pai. “Tive a sorte de conhecer a minha mulher que me salvou”, diz referindo-se à mãe dos seus dois filhos - uma profes-

mes, brinquedos e bijuteria - para tratamento e correcção de mostos e quando era necessário Howell Guedes fazia correcções. Em 1959, quando o pai faleceu, tomou conta da loja e do laboratório. Howell Guedes conta que um enólogo amigo, Octávio Pato, que costumava visitar a casa, se queixava da exigência do laboratório. “Aprendi a fazer vinho com o meu pai. Não era adegueiro. Tive a minha prática. Passou-me muito

vinho pela mão”. Tem esperança de que o filho, engenheiro químico, siga os seus passos. Howell Guedes admite que trabalhar no mundo do vinho é complexo e exige um condão especial. “Respeito os enólogos deste país, mas em determinadas alturas acho que não estou a beber vinho estou a beber outra coisa qualquer”, critica, referindo-se aos novos aromas de que não é apreciador

sora e um engenheiro químico. “A minha mulher é que me veio buscar ao Cartaxo. Vinha a casa de uma pessoa de família e depois catrapisquei-a. Mas tive algumas vinte!”, continua, não fosse descendente de ingleses. “A minha mulher é bisneta do Visconde de Seabra – foi o homem que fez o código civil -, mas vem aqui atender os clientes ao balcão”. A mulher interrompe para dizer que prefere estar na loja, onde sempre convive, do que sozinha em casa. Na loja de família vendem óleo milagroso para as mobílias. É anti caruncho, dá brilho e conserva a madeira. É o último dos produtos que Howell Guedes manipula e embala. “Um tradicionalismo. Vendo isto para o Canadá. São os emigrantes que levam. Querem que coloque isso lá à venda, mas explico-lhes que tenho que fazer”. A fórmula é sua. Do pai herdou a de um formicida que se vendia aos milhares, mas que foi proibido. “Se as meninas o colocassem na ponta da língua iam desta para outra”. Hoje vende na loja, que já conta com 140 anos de vida, frascos de água-de-colónia, perfumes, bijuterias, brinquedos, detergentes e

utilidades para o lar. Mas o estabelecimento já foi de drogas, ferragens e artigos de caça. Os armários estreitos, a tocar no tecto, pintados de branco, ainda são desse tempo. Foram feitos pelo avô, que padeceu vítima da pneumónica. Durante muitos anos geriu a fábrica de gelo que fornecia o mercado municipal. Negócio conseguido pelo pai, subdelegado procurador da república na Comarca do Cartaxo. O avó, de Cachoeiras, Vila Franca de Xira, Joaquim Calisto da Silva Guedes, foi dono de uma farmácia, e assinou também invenções. O pai fez questão que Howell Guedes aprendesse piano com um professor particular e falasse francês. “Ia-me tramando porque isso na prática não resultou. Depois dediquei-me de corpo e alma a esta brincadeira e aqui estou”. Nasceu no dia 31 de Agosto de 1931 - o pai dizia a brincar que foi um grande 31 - exactamente por cima da primeira lâmpada que o cliente vê ao entrar, do lado direito. Naquela casa quer morrer. A maior parte dos clientes já partiu. “Aqui estou a aguardar os novos acontecimentos e a urna”, diz a soltar duas gargalhadas.

Recordações do tempo do vinho a martelo “Vinho a martelo”. O termo soa mal aos ouvidos de Howell Guedes, um comerciante do Cartaxo, que se dedicou à análise de vinhos da terra. “Impressiona-me falar disso”. A esposa atesta: “Quem aqui chegava com isso era posto na rua”, diz Maria Helena. Howell Guedes discorda com a falsificação dos vinhos, mas habituado que está a esmiuçar as características dos néctares, sabe bem como era preparado o líquido. “A base era o açúcar. Utilizavam vinho, mas acrescentavam aditivos impróprios para aumentar as capacidades de produção. Matérias corantes, como aquelas que se utilizam nos bolos, melaços e outras coisas do género que a lei não permite. Usavam corante bordeaux, que era a cor que mais se gastava nos vinhos”, lamenta. Foram casos isolados, garante Howell Guedes, que nota à distância que o vinho é falsificado e por isso impossível de analisar já que as referências são alteradas. “Havia indivíduos especializados nisso que imitavam com alguma perfeição. Mas a junta nacional de vez em quando fazia estragos e havia selagens de vinhos”. Nada que chegasse à sua casa. “Eu tinha um estabelecimento honesto. Ninguém me enganava. Fui escanção e sei provar um copo de vinho. É um condão que as pessoas têm”.

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29 Outubro 2009 | O MIRANTE

Uma feira dois em um a que ninguém gosta de faltar A ExpoCartaxo e a Feira dos Santos estão de volta de 30 de Outubro a 3 de Novembro e O MIRANTE quis saber junto das

Custos elevados, más condições e pouca organização Filomena Fagulha, 42 anos, escriturária, Cartaxo Elevados valores de instalação, dificuldade de manobramento de máquinas para montagem dos stands e falta de condições do pavilhão são pontos negros que Filomena Fagulha aponta à organização da ExpoCartaxo no pavilhão municipal de exposições. Presença habitual na mostra económica a empresa para onde trabalha deixou de estar representada há três anos. “Há investimento muito grande para retorno que não se verifica e valores elevados que se exigem, aos expositores. Ocupamos muito espaço com grandes máquinas e ferramentas e deviamos ter melhores condições, como nos oferece a Fersant, até em matéria de preço”, refere Filomena Fagulha. Aponta ainda como aspectos a melhorar a sujidade do espaço, o vento que se faz sentir no interior e de organização do espaço, não misturando carros para venda com botijas de gás e vinhos logo ao lado. Sem esquecer o artesanato e os frutos secos. Pessoalmente e como socorrista da Cruz Vermelha, Filomena Fagulha costuma estar destacada para o certame. Sobre a mudança da feira ironiza que qualquer dia ficará em Vila Chã ou Santarém. Sobre a construção de um pavilhão multiusos que venha a receber a ExpoCartaxo, só acredita nessa realidade depois de estar construído.

pessoas se os dois eventos só têm razão de existir em simultâneo e lado a lado. As opiniões e sugestões são variadas.

Pavilhão de exposições Mudar o local precisa de uma remodelação da feira é escondê-la Edite Costa, 46 anos, comerciante, Vila Chã de Ourique A Expocartaxo é um evento ao qual Edite Costa não costuma faltar, até porque costuma dar apoio ao marido com os produtos da empresa que tem habitualmente em exposição. Gosta de ver que comerciantes lá estão, as novidades que são apresentadas e as pessoas que vêm de outros locais. Menos bem está o espaço do pavilhão de exposições. “A feira tem evoluído no sentido positivo mas o espaço precisa de obras. Está a ficar muito degradado nos tectos e falta climatização, ora porque faz muito frio ou calor. O pavilhão já está um pouco desactualizado”, confessa Edite Costa. A comerciante defende que ExpoCartaxo e Feira dos Santos estão interligadas e que uma desligada da outra não será a mesma coisa. “Não é habitual as pessoas irem em massa à ExpoCartaxo. Quem vai a uma local visita sempre o outro. Daí que tenho dúvidas se for por diante a ideia de separar pavilhão e feira para locais distintos”, sustenta. Edite Costa aproveita a presença no certame para almoçar nas tasquinhas. Na Feira costuma apenas comprar castanhas assadas, enquanto os filhos se divertem nos carrosséis.

Isabel Vitorino, 37 anos, cabeleireira, Pontével Isabel Vitorino costuma ir à Feira dos Santos por duas razões. Primeira, porque os filhos de cinco e 11 anos exigem andar nas pistas de carros e nos carrosséis, e tem de os acompanhar. Segunda, aproveita para comprar castanhas, nozes e frutas da época que, em seu entender, têm melhor qualidade que as do hipermercado. Estando na feira aproveita para visitar a ExpoCartaxo no pavilhão de exposições. “Penso que a área de expositores e empresas melhorou bastante e tem actualmente mais empresas representadas. Mas notei no ano passado mais empresas de fora do que do próprio concelho do Cartaxo. Se calhar algumas empresas de cá estão a passar algumas dificuldades e não podem suportar os custos de instalação”, analisa a cabeleireira. Isabel Vitorino não concorda com a mudança de local da Feira dos Santos, considerando que tal pode acabar com a tradição de as pessoas li se deslocarem. “É certo que se chove a feira fica ‘intragável’ mas com a mudança pode passar despercebida a quem circula na cidade”, conclui.

ExpoCartaxo é montra de divulgação de empresas e dos seus produtos José Gomes, 43 anos, comerciante, Vale da Pinta Tendo já participado como expositor na ExpoCartaxo, José Gomes tem natural curiosidade em conhecer a realidade do certame. “Gosto de conhecer as actividades económicas, a parte de exposição comercial e também o convívio com os amigos nas tasquinhas. Não tenho sido assíduo mas vou lá com bastante regularidade. A ExpoCartaxo é uma montra para divulgação de empresas e dos seus produtos e serve também para conversas informais com potenciais e futuros clientes”, refere o comerciante que também costuma dar uma volta nos carrosséis na companhia da filha. O comerciante pensa que a ExpoCartaxo já merecia melhores condições de exposição como instrumento interessante de divulgação de empresas. Por isso espera que a construção do pavilhão multiusos esteja para breve, como sinal de dignificação dos expositores e dos seus produtos. Quanto à mudança da Feira para local distinta do certame económico, diz esperar que seja vantajosa. “Uma feira precisa de espaço e bons acessos”, conclui.


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O MIRANTE | 29 Outubro 2009

Ver onde param as modas

Manter viva a tradição

Paulo Lambéria, 40 anos, gerente comercial, Cartaxo Paulo Lambéria dedica mais atenção às novidades dos stands da ExpoCartaxo do que à secular feira franca que se realiza no exterior do campo da feira. O comerciante costuma ver as novidades das empresas no dia seguinte ao da inauguração do certame para evitar a confusão da abertura. “Gosto de ver o que está exposto e onde param as modas. Ver o que se vende e o que se compra e as novidades apresentadas pelos expositores”, afirma. A Feira dos Santos já nada lhe diz. Por vezes são os filhos que o puxam para uma volta nos carrosséis e noutras diversões instaladas no campo da feira. “Caso contrário até não iria”, acrescenta.

Miguel Pedro Nunes, 37 anos, director técnico de farmácia, Cartaxo

Lamentando que o trânsito já pouco passe na rua Batalhoz, considera que se for para melhor e dispor de estacionamento a mudança de local das feira pode ser positiva.

Pavilhão novo pode chamar mais expositores Jacinta Leandro, 58 anos, comerciante, Cartaxo Durante vários anos Jacinta Leandro expôs artesanato da sua autoria no pavilhão de exposições durante a ExpoCartaxo e foi mesmo das primeiras na zona junto às tasquinhas. “Apesar de não conhecer o que se passou no último ano, penso que a Expocartaxo tem crescido. Se for construído um novo pavilhão para realizar a Expocartaxo até posso pensar em voltar a ter um mostruário de artesanato”, analisa Jacinta Leandro. A comerciante diz que quando se têm filhos mais novos é natural ir à feira a proporcionar-lhes momentos de diversão. Pelo seu lado, não tem por hábito

ir à feira secular, seja para ver comércio ou comprar frutos secos. “Isso compro cá fora sem ir para o meio da confusão”, graceja.

Cada vez menos feirantes e animação Helena Gonçalves, 35 anos, administrativa, Cartaxo Helena Gonçalves costuma ir com frequência à ExpoCartaxo e à Feira dos Santos mas tem notado que nos últimos anos a tradicional feira franca não é a mesma coisa. “Tem havido muito menos feirantes, menos animação e alguns até estão menos dias. A seguir ao feriado de dia 1 já não está lá praticamente ninguém. Se calhar também tem a ver com a realização de feiras próximas, como a da Golegã e da gastronomia, em Santarém, que às vezes coincidem”, Justifica, acrescentando outro possível factor. “O espaço exterior é pouco convidativo pelas condições do terreno que fica enlameado se chover”. Helena Gonçalves lembra-se de em

miúda brincar nos carrosséis e nos carrinhos de choque e dos tempos em que a feira se realizava em torno da praça de touros e no campo da feira, já com o pavilhão de exposições. Em ambos os casos, repleta de gente.

Sempre que pode Miguel Pedro Nunes gosta de passar pela Feira dos Santos e pela ExpoCartaxo para ver um pouco de tudo. As tasquinhas, os concertos, o pavilhão e ver como está a feira. “Gosto de ver as coisas relacionadas com a terra. Especialmente no convívio e no manter da tradição do contacto com a população para não se perder a proximidade com as mais coisas mais antigas do Cartaxo”, refere. Miguel Pedro Nunes diz que não sabia da ideia da câmara de deslocar a Feira dos Santos para junto de uma das rotundas da alameda norte mas considera que se forem criadas melhores condições até concorda com a ideia. “Se for para extinguir o que existe, já não tanto. Dentro da cidade a feira seria uma mais valia e tenho receio que possa vir a perder importância. Muita gente ainda se

desloca a pé ao campo da feira”, exemplifica o farmacêutico.


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